maquete

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22 ARTIGO Oficina de maquete de relevo: um recurso didático Romário Rosa de Sousa Curso de Geografia, Inst. Ciências Humanas e Sociais, UFMT, Barra do Garças, MT. [email protected] ABSTRACT WORKSHOP ON MODEL OF RELIEF. A DIDACTIC RESOURCE. This paper aims to help teachers on practical activities of developing a relief model for teaching-learning at the levels of basic education, high school, technical and undergraduate courses. The methodological procedures refer to seven stages, which are distributed both on theoretical and practical classes, as a didactic workshop. Data from the evaluation questionnaire reveals that all the 19 participants considered it good to attend the workshop on relief models. Considering the total of 19 participants, four have given a grade of 10 (ten); five have attributed grade 9 (nine); six, the grade 8 (eight); three evaluated as grade 7 (seven) and one gave a grade 6 (six). The students’ formation, as critical readers of maps, is important to break the manipulation or domination that can be performed by cartographic documents, making the students become thinkers agents of the space . Citation: Sousa R.R.de. 2014. Oficina de maquete de relevo. Um recurso didático. Terræ Didatica, 10(1):22-28. <http://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/>. KEYWORDS: Workshop, model, relief, teaching-learning. RESUMO Este trabalho teve como objetivo principal auxiliar os professores no ensino e aprendizagem de alunos do ensino fundamental, médio, técnico e de graduação, com aulas práticas de elaboração de uma maquete de relevo. Os pro- cedimentos metodológicos pautaram-se em sete etapas distribuídas em aulas teórica e prática, na forma de oficina didática. A análise dos questionários de avaliação respondidos após a oficina revela que todos os 19 participantes responderam que foi bom ter participado. Do total de dezenove participantes, quatro deram nota 10 (dez); cinco atribuíram nota 9 (nove); seis, a nota 8 (oito); três deram 7 (sete) e um deu nota 6 (seis). A formação de alunos, como leitores críticos de mapas, é importante para romper com a manipulação ou dominação que pode ser realizada por meio dos documentos cartográficos, fazendo com que os educandos se transformem em agentes pensadores do espaço. PALAVRAS-CHAVE: Oficina, maquete, relevo, ensino-aprendizagem.

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Maquete quimica

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  • TERR DIDATICA 10:22-28 2014

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    Oficina de maquete de relevo - um recurso didtico ARTIGO

    Oficina de maquete de relevo: um recurso didtico

    Romrio Rosa de SousaCurso de Geografia, Inst. Cincias Humanas e Sociais, UFMT, Barra do Garas, MT. [email protected]

    ABSTRACT WORKSHOP ON MODEL OF RELIEF. A DIDACTIC RESOURCE. This paper aims to help teachers on practical activities of developing a relief model for teaching-learning at the levels of basic education, high school, technical and undergraduate courses. The methodological procedures refer to seven stages, which are distributed both on theoretical and practical classes, as a didactic workshop. Data from the evaluation questionnaire reveals that all the 19 participants considered it good to attend the workshop on relief models. Considering the total of 19 participants, four have given a grade of 10 (ten); five have attributed grade 9 (nine); six, the grade 8 (eight); three evaluated as grade 7 (seven) and one gave a grade 6 (six). The students formation, as critical readers of maps, is important to break the manipulation or domination that can be performed by cartographic documents, making the students become thinkers agents of the space . Citation: Sousa R.R.de. 2014. Oficina de maquete de relevo. Um recurso didtico. Terr Didatica, 10(1):22-28. .

    KEYWORDS: Workshop, model, relief, teaching-learning.

    RESUMO Este trabalho teve como objetivo principal auxiliar os professores no ensino e aprendizagem de alunos do ensino fundamental, mdio, tcnico e de graduao, com aulas prticas de elaborao de uma maquete de relevo. Os pro-cedimentos metodolgicos pautaram-se em sete etapas distribudas em aulas terica e prtica, na forma de oficina didtica. A anlise dos questionrios de avaliao respondidos aps a oficina revela que todos os 19 participantes responderam que foi bom ter participado. Do total de dezenove participantes, quatro deram nota 10 (dez); cinco atriburam nota 9 (nove); seis, a nota 8 (oito); trs deram 7 (sete) e um deu nota 6 (seis). A formao de alunos, como leitores crticos de mapas, importante para romper com a manipulao ou dominao que pode ser realizada por meio dos documentos cartogrficos, fazendo com que os educandos se transformem em agentes pensadores do espao.

    PALAVRAS-CHAVE: Oficina, maquete, relevo, ensino-aprendizagem.

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    truo da maquete um dos primeiros passos para um trabalho mais sistemtico das representaes geogrficas, tornando sua utilizao, no auxlio ao ensino, uma tcnica muito importante e boa para a compreenso do mundo geogrfico.

    A maquete pode ser esttica ou dinmica; a est-tica permite somente a observao dos elementos espaciais ali representados, j a maquete dinmica permite, no somente a observao, como tambm a interveno, levando os alunos a desenvolverem o senso crtico sobre aquilo que est sendo repre-sentado (Simieli 1991).

    Atualmente, o que no falta em muitas escolas, tanto pblicas quanto particulares, so recursos didticos, como televisores, mapas, vdeos, docu-mentrios, aparelhos data-show, internet com sites especficos para professores e outros meios, que, quando utilizados com criatividade pelo professor, despertam o interesse dos alunos para o contedo aplicado, dando, assim, uma nova perspectiva ao ensino de Geografia. A esse respeito, Postuschka et al. (2007) concluem que textos escritos, de car-tografia, relevo, astronomia, climatologia, rochas, minerais e as demais linguagens, juntos, aumentam para os alunos as oportunidades de entenderem o espao geogrfico e, consequentemente, fica mais fcil entender o mundo em que vivem.

    Para Almeida (2008), a cartografia escolar vem se estabelecendo na interface entre cartografia, educao e geografia, de maneira que os conceitos cartogrficos tomam lugar no currculo e nos con-tedos de disciplinas voltadas para a formao de professores. Com isso, todos os educadores concor-dam que aprender a ler um mapa necessrio para a formao bsica dos educandos; dessa forma, cabe ao professor buscar metodologias interessantes para obter a participao dos alunos nas aulas.

    O professor de Geografia pode usufruir das cartas topogrficas, de diversas formas, como fon-te de informao fcil e dinmica, para tornar suas aulas atrativas e participativas; uma alternativa a utilizao das curvas de nvel para a elaborao de maquetes de relevo.

    ObjetivosO presente trabalho teve como objetivo prin-

    cipal auxiliar os professores no ensino e aprendi-zagem de alunos do ensino fundamental, mdio, tcnico e de graduao, com aulas prticas de ela-borao de uma maquete de relevo.

    Introduo e contextoO aluno que sabe compreender a realidade em

    que vive capaz de estudar questes e espaos mais distantes e ter uma viso mais crtica da realidade (Callai 2000). Nessa linha de pensamento, a produ-o de um bom material didtico, como maquetes, desempenha um papel importante como auxiliar dos professores, na organizao de atividades de ensino, estimulando, assim, os alunos a pensar e interagir nas aulas, de forma dinmica e participa-tiva (Botelho 2005).

    Didtica e metodologias de ensino formam uma unidade, mantendo entre si relaes recpro-cas, cabendo ao professor desenvolver metodologia de trabalho prpria, a fim de transmitir o conhe-cimento para os alunos. Dessa maneira, de acordo com (Libneo 1994), o processo didtico efetiva--se, a partir da mediao escolar, desenvolvendo os contedos e provocando a aprendizagem, o que tem como consequncia, a formao do meio social. Castrogiovanni & Goulart (2003) argumentam que, no ensino fundamental e mdio, o livro did-tico no deve ser a nica fonte de conhecimento, cabendo ao professor buscar outras fontes e dife-rentes maneiras de trabalhar suas aulas, de forma prazerosa e interessante. Deve ele fornecer, sim, aos alunos elementos que estimulem, a partir da prtica da observao, a interpretao, a reflexo e a anlise, construindo uma viso crtica da realidade e levando-o a sentir -se como agente transformador da sociedade.

    O educador deve estar ciente de que, tratando--se da Geografia, podem ser utilizados inmeros recursos didticos e metodolgicos, ou seja, usar das diferentes linguagens, entre elas, a geografia em cano, em atividades culturais, dramatizao, debates, explorao e outros mtodos. ma carac- mtodos. ma carac-. ma carac-terstica importante do mundo atual o desenvolvi-mento das chamadas tecnologias da comunicao e da informao. Por um lado, os avanos permitem simultaneidade, ou seja, tornam possvel presen-ciar fenmenos naturais, astronmicos, polticos, sociais e outros. ediante isso, o professor do ensi- e outros. ediante isso, o professor do ensi-no fundamental e mdio e, at mesmo, universit-rio, pode usufruir de inmeros meios tecnolgicos para dinamizar suas aulas (Cavalcante 2008).

    Para Castrogiovanni (2000) a maquete um modelo tridimensional de espao; como um laboratrio geogrfico, onde as interaes sociais do aluno, no seu dia a dia, so passveis de serem percebidas, quase que na sua totalidade. A cons-

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    Materiais, mtodos e tcnicasO Estado de ato Grosso est

    localizado entre as coordenadas geo-grficas de latitudes 7 a 18 a sul do equador e longitudes 50 a 62 oeste de Greenwich. As altitudes variam de 100 a 1200 metros, no centro do Continente Sul Americano. A escolha da rea foi definida entre as coordenadas T de longitu-de 360000 a 380000 e de latitude 8260000 a 8244000 no permetro da cidade de Barra do Garas (T), localizada s margens do Rio Ara-guaia, no estado de ato Grosso, na divisa com o estado de Gois (Fig. 1). As ilustraes que acompanham o artigo foram elaboradas pelo autor em 2012.

    Assim, a rea escolhida faz parte do Parque Estadual da Serra Azul e apresenta um relevo interessante: anfiteatros, nascentes, cachoeiras, reas de risco (sujeitas a inundaes e eroso), uso e ocupao do solo e impactos ambientais e vegetao de encosta. Com o objetivo principal de auxiliar no ensino e aprendizagem, os procedimentos metodolgicos pautaram-se em sete etapas:

    1 Etapa: aquisio da Carta Topogrfica IBGE, Folha Barra do

    fez-se uso dos materiais listados na Tabela 1):

    MetodologiaAps a ampliao da rea escolhida da carta topo-

    grfica, foi feita a impresso em um banner medin-medin-do 1,17m x 100cm, em papel sulfite, 75 gramas no formato A0, contendo as curvas de nvel. Os parti- Os parti-Os parti-cipantes formaram grupos de seis pessoas, e, para cada grupo, na qual foi dada a incumbncia para a realizao de uma etapa de trabalho, durante a oficina. Assim, um grupo foi instrudo a fixar os carbonos/filme, com fita durex, na parte de trs do banner, para que pudesse passar as curvas de nvel para as folhas de isopor. Enquanto isso, outro grupo selecionou as folhas de isopor e emendou as que eram necessrias. Posteriormente, o banner foi afixado nas folhas de isopor, de modo que ficou sobreposto; a partir da, o trabalho foi de passar o lpis sobre os contornos

    Figura 1: localizao da rea de estudo

    Garas (T), cdigo internacional SD.22-Y-D-IV I-2206 escala 1:100.000, equidistncia das curvas de nvel de 50 m;

    2 Etapa: aula terica sobre o tema a ser abor-dado;

    3 Etapa: aquisio dos materiais de baixo custo;4 Etapa: ampliao da rea escolhida, a partir da

    escala 1:100.000 para 1:20.500 aproximadamente, de escala horizontal; j a escala vertical foi definida em 1:5.000. A ampliao foi realizada em software da linha Corel; posteriormente, a impresso foi efetuada no formato A0;

    5 Etapa: transposio das curvas de nvel da rea escolhida para folhas de isopor;

    6 Etapa: elaborao da oficina didtica;7 Etapa: aplicao de um questionrio avalia-

    tivo e quantitativo para se mensurar a aceitao da oficina.

    Para o desenvolvimento da oficina pedaggica

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    uma a uma. Depois dos cortes nas folhas de isopor representando intervalos de nvel, ambas foram montadas e coladas, uma em cima da outra, das menores altitudes para as maiores, dando forma maquete, em cima da placa espessa de madeira Figs. 4 e 5.

    Aps a etapa de cortes, montagem e colagem, foi necessrio lixar as folhas de isopor para retirar as arestas mais agudas, suavizando, ao mximo possvel, os saltos artificiais do relevo e dando uma forma mais natural aos relevos representados na maquete.

    Dando continuidade elaborao da oficina, utilizou-se massa corrida PVA, com gua e pincel, para corrigir as imperfeies do relevo e suavizar as variaes de altura de uma folha de isopor para a outra. Aps secagem da massa corrida na maque-te, efetuou-se anlise criteriosa de observao, na carta topogrfica, sobre as formas do relevo da rea em questo.

    O prximo passo foi pintura da maquete, quando, de acordo com a altitude, elaborou-se o jogo de cores. Dessa forma para a representao do relevo, nas placas de isopor com altitudes maiores, foram usadas as cores quentes (amarelo, laranja,

    das curvas de nvel, com firmeza, de modo que ficou uma cpia delas no isopor (Fig. 2). Posteriormente a essa etapa, outro grupo comeou a realizar os cortes das folhas de isopor, com agulha aquecida em uma vela de parafina, de modo que cada curva de nvel se referia a uma altitude (Fig. 3).

    Na sequncia, foram cortadas todas as curvas de nvel, ou seja, cada curva de nvel em uma folha de isopor separada, correspondente, cada uma, a um intervalo de altitude determinado, totalizando uma quantia de nove folhas de isopor, trabalhadas

    Quantidade Descrio15 alfinete com cabea grande

    05bisnaga de corente solvel em gua nas cores azul, preto, amarelo, vermelho, verde

    01 caixa de fsforo

    01caneta de escrever em cd-rom, ponta grossa

    15 carbono filme

    01 carta topogrfica na escala 1:100 000

    10 copo plstico de 100 ml

    01 fita crepe larga transparente de 5cm

    10folha de isopor, medindo 50 x 100cm de tamanho e 1cm de espessura

    06 folha de lixa n 50

    01galo de 3,600 litros de massa corrida PVA

    01 galo de 3,600 litros de tinta branca ltex

    02 kilograma de jornal

    01litro de verniz transparente para pintar madeira

    01novelo l de croch com 125m na cor azul claro

    10 palito de palitar dentes04 parafuso 8mm com porca

    03 pincel de pinturas em tecido

    01placa espessa de madeira medindo 100cm x 80cm

    20 prego medindo 10 x 15 de bitola

    04sarrafo de madeira medindo 2cm x 2cm de largura e 90cm de comprimento

    01 tesoura 02 tubo de cola branca escolar 500g

    10tubo de cola de colar isopor de 80g no txica e lavvel em gua corrente

    03 vela de parafina Organizador: Romrio Rosa de Sousa (2013).

    Tabela 1. materiais utilizados na oficina

    Figura 3. cortes das curvas de nvel para o isopor

    Figura 2. processo de passar as curvas de nvel para o isopor

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    Oficina de maquete de relevo - um recurso didtico

    vermelho e marrom) e, para as menores altitudes, utilizaram-se as cores frias (violeta, azul e verde) (Figs. 6 e 7); dessa forma, cada cor representa um intervalo de cota altimtrica.

    Para artinelli (2009), o resultado a represen-tao do relevo, em escala pequena, por curvas de nvel, selecionadas convenientemente, entre as quais se acrescenta uma gama de cores, em ordem visual crescente, das mais claras s mais escuras, acompa-nhando a progresso para o alto das cotas de altitude. Essa elaborao dar ao relevo uma viso de conjunto da imagem de sua configurao plstica. Trata-se de um mapa morfomtrico do relevo, caracterizando-o, em suas relaes quantitativas, junto s faixas de alti-tude, porm, em termos de visualizao, obter-se- apenas a expresso da informao de nvel ordenado, no possibilitando a avaliao quantitativa, a noo do quanto de altitude ser obtido pela leitura da legenda.

    Depois da fase de colorir a maquete, efetuou-se a colagem da legenda e os retoques finais. Poste-riormente, passou-se o verniz para impermeabilizar a maquete, aumentando sua durabilidade e resis-tncia (Fig. 8).

    Com a maquete j construda, o professor pode-r utiliz-la de vrias formas, para dinamizar as suas aulas e torn-las mais atraentes, ao mesmo tempo em que permite uma interao entre os alunos e ele mesmo.

    importante ressaltar que, para o educador rea-lizar a elaborao da oficina de maquete de relevo, em sua unidade escolar, necessrio que ele seja acompanhado por mais um adulto, porque, durante trabalhos da oficina, ser necessrio manusear objetos que se aquecem e so pontiagudos, e que, portanto, oferecerem certo perigo de queimar, cortar e perfurar o corpo humano. Assim, sugere-se que o professor comunique aos alunos dos riscos inerentes ativi-dade e que supervisione de muito perto o trabalho dos grupos, contando com colegas de outras turmas para esta superviso.

    Espera-se que, metodologicamente, as pesso-as envolvidas neste trabalho passem a ser agentes transformadores e divulgadores da metodologia, em um processo de formao dinmica, em que haja o envolvimento permanente e participativo para o exerccio do papel de cidado.

    Discusso e interpretao de resultadosO relevo o conjunto de salincias e reent-

    rncias que compem a superfcie terrestre. um componente da litosfera relacionado com o conjunto

    Figura 4: curvas de nvel cortadas

    Figura 5: montagem e colagem da maquete.

    Figura 6: pintura das curvas de nvel

    Figura 7: maquete com as cores altimtricas.

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    TERR DIDATICA 10:22-28, 2014 Romrio Rosa de Sousa

    do Curso de Geografia do Campus niversitrio do Araguaia da FT. Foi perguntado no questionrio de avaliao sobre o nvel de aceitao na oficina. Do total de dezenove acadmicos, cinco disseram que a oficina est excelente; nove timo; cinco bom; nenhum avaliou como regular ou ruim. Observando os questionrios avaliativos, verifica-se que todos os dezenove participantes responderam que foi bom ter participado da oficina de maquete de relevo, dentro do espao universitrio, como uma forma didtica de ensino e todos ficaram interessados por saber que elaborao de maquetes de relevo algo to envol-vente e criativo.

    Os participantes da oficina demonstraram-se interessados pela metodologia, de forma satisfat-de forma satisfat-ria, fazendo perguntas e sanando dvidas a todo o momento, por estarem aprendendo sobre relevo e cartografia de uma maneira diferente. Dezoito par-Dezoito par-par-ticipantes da oficina responderam no questionrio avaliativo que as explicaes durante a realizao da oficina de maquete serviram para melhorar o entendimento em outras reas do conhecimento da Geografia. Em contrapartida, um participante respondeu que no houve um entendimento. Do total de dezenove participantes, quatro deram nota 10 (dez); cinco foram nota 9 (nove); seis atriburam a nota 8 (oito); trs deram 7 (sete) e um deu a nota 6 (seis) (Tab. 2).

    Os participantes argumentaram, de forma escri-ta, que a elaborao da oficina de maquete de relevo deve continuar a ser desenvolvida no ano de 2012, e que a atividade de grande valia para os professores e alunos; tambm afirmaram que a aula fica mais prazerosa, e que eles se interessam por esse tipo de aula prtica, onde o aprendizado fluiu de maneira interessante e melhor, no s na rea da Geografia, mas tambm na atemtica, da Fsica, da Biologia, da Qumica e outras.

    Segundo Lima (2007), os mapas esto presentes ao longo de todo o ensino da Geografia. Se eles esto presentes, durante a vida escolar (e tambm cotidia-

    rochoso subjacente e com os solos e sedimentos que o recobrem. Caracteriza-se por elevaes e depres-ses de diferentes formas como: horizontais, tabu-lares, convexas, cncavas, angulares e escarpadas que constituem o relevo (Florenzano 2008). Com isso os processos morfogenticos so responsveis pela esculturao das formas de relevo, representando a ao da dinmica externa sobre as vertentes (Crhis-tofoletti 1980).

    Na representao do relevo em curvas de nvel, foi feita representao em mapa pelo mtodo isa-rtmico (curvas de nvel) (artinelli 2009). Na construo de um mapa com a aplicao do mtodo asartmico consideramos que cada valor que expri-me a intensidade do fenmeno, tomado em pontos localizados e identificados em (X, Y) sobre a base cartogrfica, constitui uma terceira dimenso (Z), com isso o conjunto desses pontos com valor Z ser visto como uma superfcie tridimensional contnua, onde usa representao no plano do mapa a projeo ortogonal das linhas, intersees da superfcie com planos paralelos e equidistantes ao primeiro.

    Passini (1989) sugere que uma das melhores maneiras de se trabalhar a cartografia escolar, no ensino fundamental e mdio, a partir de atividades de leituras dos mapas e cartas topogrficas, estimulan-do os educandos a realizarem trabalhos interativos e jogos que visem sua participao, em grupo; sendo assim, a elaborao de oficinas didticas de relevo apenas uma das vrias metodologias possveis de se trabalhar em sala de aula. Isso porque as cartas topo-grficas trazem consigo uma srie de simbologias e uma grande variedade de informao, dentre elas, as curvas de nvel, que representam a cpia mais fiel das configuraes de relevo que compem a super-fcie terrestre.

    Participaram do desenvolvimento da oficina didtica de elaborao de maquete de relevo, aproxi-madamente, dezenove acadmicos, no ano de 2011,

    Figura 8: maquete pronta para uso.

    Tabela 2. Notas atribudas aps realizao da oficina.

    Nota Quantidade de participantes10 04 9 058 067 036 01

    Organizador: Romrio Rosa de Sousa (2013).

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    Oficina de maquete de relevo - um recurso didtico

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    na) das pessoas, e so compreendidos como instru-mentos geogrficos, transmissores de determinadas informaes, eles no podem ser vistos e utilizados apenas como ilustraes do texto; acredita-se na possibilidade de o mapa contribuir mais do que isso, auxiliando o aluno na compreenso de fenmenos geogrficos, sendo que, muitas vezes, o simples mapa capaz de transmitir o conhecimento geogrfico, no sendo preciso um texto escrito para explic-lo, mas, para isso, necessrio que o educador seja dinmico e interessado em lecionar os contedos da Geografia, de forma clara e instigante.

    Consideraes FinaisObservou-se que todos os participantes da

    oficina ficaram interessados pelas atividades das aulas prticas, e que ela proporcionou, de forma excelente, a integrao entre todos. Acredita-se que a oficina de maquete de relevo um recurso didtico, de fato efetivo como metodologia para auxiliar no ensino e aprendizagem para professores, alunos do ensino fundamental, mdio, tcnico e de graduao, com aulas prticas.

    A formao de alunos, como leitores crticos de mapas importante para romper com a manipula-o ou dominao que pode ser realizada por meio dos documentos cartogrficos, fazendo com que os educandos se transformem em agentes pensadores do espao. Entende-se que somente um leitor crti-co de mapas ser capaz de no se iludir com a repre-sentao visual, pois ser capaz de compreend-la dentro do processo de comunicao, que expressa a viso de mundo.

    Da a importncia da Geografia, como cincia humana voltada para analisar e interpretar o espa-o, cabendo ao professor trabalhar, de maneira interessante, as suas aulas, despertando nos alunos o interesse e o gosto pelos contedos ministrados pela Geografia.

    RefernciasAlmeida, R. D. 2008. Cartografia escolar. So Paulo:

    Contexto.