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GEOLOGIA DE MATO GROSSO DO SUL
ATLAS MULTIRREFERENCIAL , 1990
O arcabouço geológico do Mato Grosso do Sul está constituído por três unidades
geotectônicas distintas: Plataforma (Craton) Amazônica, Cinturão Metamórfico Paraguai-
Araguaia e Bacia Sedimentar do Paraná. Sobre estas unidades geotectônicas são visualizados
dois conjuntos estruturais, bem definidos nas imagens de radar, fotografias aéreas e imagens
de Landsat; o primeiro diz respeito às estruturas localizadas em terrenos pré-cambrianos, e
segundo àquelas dispostas em terrenos fanerozóicos.
O conjunto mais antigo, relacionado ao Pré- Cambriano refere-se às rochas do
Complexo Rio Apa, Grupo Amoguijá, Suíte Intrusiva Alumiador e grupos Cuiabá, Jacadigo e
Corumbá. Estas unidades exibem estruturas dobradas e falhadas, reflexo dos esforços
compressivos e de tensão que experimentaram. O comportamento desigual das estruturas
sugere que os fenômenos tectonorogênéticos agiram em diversas fases, atuando de maneira
desigual sobre as diferentes litologias no tempo e no espaço. O Complexo Rio Apa constitui-
se no embasamento, exibindo metamorfismo na fácies anfibolito e foliações predominantes
segundo NNE e NNO, mergulhando para SE e NE respectivamente. O Grupo Amoguijá exibe
tectônica ruptural, que cisalharam energeticamente as vulcânicas ácidas que o constituem. Os
granitóides que compõem a Suíte Aluminador, mostram tectônicas semelhantes, com falhas
preferenciais orientadas para NNO- SSO, onde é significativa a presença de rochas
cataclasadas. Apófises destas intrusivas são responsáveis por estruturas circulares, observadas
no flanco oeste da Serra da Bodoquena e parcialmente recobertas pelas rochas carbonatadas
do Grupo Corumbá. O Grupo Corumbá representa a sedimentação mais antiga do
Geossínclinio Paraguaio, ocupando suas porções mais internas. Metamorfisado na fácies xisto
verde, exibe padrão de dobramento com eixos caindo para NO, numa sucessão de anticlinais e
sinclinais, eventualmente inversos e fechados consoante esforços compressivos orientados de
leste para oeste. As rochas que predominam na unidade – xistos e filitos – exibem duas
xistosidades bem caracterizadas, evidenciando pelo menos duas fases de dobramento. A
xistosidade S2 crenula e transpõe a S1, mascarando-a freqüentemente. Na borda ocidental da
Bacia Sedimentar do Paraná, o Grupo Cuiabá está estruturado segundo uma longa faixa de
espessura variável, orientada para a direção NNE-SO, acompanhando o nível de meia encosta
das serras. Plutões graníticos estão introduzidos nos metamorfitos Cuiabá, com metamorfismo
de contato e presença de hornfels. O Grupo Jacadigo tem suas principais exposições
localizadas nas adjacências de Corumbá e na região das grandes lagoas, ao longo da fronteira
Brasil-Bolívia. Suas rochas estão dobradas e seccionadas por falhas indiscriminadas,
destacando-se padrões orientados para N-NO. Na região da Baía Vermelha é anotada a
presença de estrutura dômica. As rochas carbonatadas que compõe o Grupo Corumbá
experimentam esforços de compressão, evidenciados sob a forma de diferentes falhas, dobras
e fraturas. Os falhamentos mais importantes orientam-se segundo NNO e NNE, com
mergulhos geralmente apontando para NE e SE, respectivamente. Nas zonas mais
tectonizadas é comum a presença de faixas cataclásticas e silificação das rochas carbonatadas,
com presença de vênulas preenchidas por calcita e sílica. Na banda oriental da serra da
Bodoquena as dobras são mais acentuadas, assimétricas, orientando-se submeridianamente
com flancos invertidos e mergulhos atingindo 50º. As fraturas são comuns, exibindo padrão
retilíneo normalmente direcionado para NE-SO. Um aspecto estrutural importante do Grupo
Corumbá diz respeito à feição kàrstica que esta unidade apresenta, com freqüente presença de
grutas, cavernas, dolinas e drenagem subterrânea.
As feições lineares observadas nos sedimentos fanerozóicos, da Bacia Sedimentar do
Paraná, representam o segundo conjunto estrutural observado no ato Grosso do Sul.
Constituindo-se na borda oeste da referida Bacia, as unidades litoestratigráficas que a
compõem, dispõem-se segundo marcante horizontalidade e subhorizontalidade, com suaves
mergulhos para a zona central da Bacia. As feições lineares estão definidas por falhas e
fraturas, com abatimento basculado de blocos e eventual formação de grabens e horsts,
gerados por movimentos verticais impostos às rochas. Este quadro caracteriza uma tectônica
rígida, identificada com o modelo germanótipo. Houvera ainda três fases de basculamento,
onde a última e mais importante teria ocorrido “ após a deposição dos arenitos eólicos da
Formação Botucatu, antes e depois das efusivas da Formação Serra Geral”. É interessante
observar que o Grupo Cuiabá e as Intrusivas Ácidas Cambro-Ordovicianas apresentam
direções rupturais semelhantes às observadas na Bacia Sedimentar do Paraná. Acreditando-se
que estas sejam geradas pela reativação de antigas linhas de fraqueza pela ação da gravidade.
TERRENOS PRÉ-CAMBRIANOS
Área do Complexo Rio Apa.
Constitui-se o Complexo Rio Apa, essencialmente por rochas de composição ácida,
situadas segundo uma faixa que se estende desde as proximidades da cidade de Corumbá até
as margens do Rio Apa, no sentido NS prolongando-se para o território da República do
Paraguai. Esta faixa limita-se a Oeste com a Suíte Intrusiva Alumiador e a leste com as rochas
carbonatadas do Grupo Corumbá. Suas melhores exposições encontram-se entre os rios
Perdido e Caracol, na BR-267 que liga Porto Murtinho a Jardim. Estas rochas constituem a
unidade estratigráfica basal da coluna geológica do Estado do Mato Grosso do Sul sendo
recobertas discordantemente por rochas vulcânicas do Grupo Amoguijá, Formação Urucum
do Grupo Jacadigo, pelas formações Puga, Cerradinho e Bocaina do Grupo Corumbá e pelos
sedimentos quaternários constituídos por depósitos detríticos, Formação Xaraés e Formação
Pantanal. A idade destas rochas foi calculada pelo método Rb/Sr em 1690+- 30MA.
Litologicamente detecta-se ganisses de composições diversas, migmatitos, milonitos, biotita
granitos, anfibolitos, xistos, dioritos, monzonitos, tranquitos e gabros, entre outros.
O Grupo Amoguijá tem sua área de ocorrência a leste da cidade de Porto Murtinho
paralelamente ao Complexo Rio Apa, sobrepondo-se a este de maneira discordante. É
recoberto parcialmente pelas formações Urucum, Cerradinho e Pantanal. Faz contato
tectônico através de falhas indiscriminadas com a Suíte Intrusiva Alumiador e Gabro Morro
do Triunfo. A idade destas rochas foi calculadas pelo método Rb/Sr, fornecendo uma idade
de 1.650 + - MA. Petrograficamente o Grupo Amoguijá compõe-se de riolitos, dacitos,
riodacitos, tufos, metavulcânicas ácidas e intermediárias, hornfels, andesitos e dioritos. A
distribuição destas rochas na área em foco se dá de maneira errática, em pequenas em
pequenas exposições ocupando uma faixa de largura variável e extensão aproximada de 45
km, desde a fazenda Flórida ao sul, até as proximidades do curso médio do Rio Tererê.
Rochas de composição granítica são representadas na área pela Suíte Intrusiva
Aluminador, formando as serranias do Rio Perdido, São Paulo, São Miguel e Paraguaio. Elas
se estendem ao longo de uma faixa de orientações NS, por cerca de 100 km tendo uma largura
média de 8 km, desde o Rio Apa até pouco a sul do rio Aquidabã. Estas rochas acham-se
intrusivas no Complexo Rio Apa, fazendo parte de uma fase comagmática às Rochas do
Grupo Amoguijá. Acham-se parcialmente encobertas por sedimentos clástico-carbonatados da
Formação Cerradinho e clásticos das Formações Urucum e Pantanal, através de discordância
litológica. Geocronologicamente, dez amostras foram analisadas pelo método Rb/Sr,
indicando uma idade de 1.600 + - 40 MA. As rochas pertencentes à Suíte intrusiva
Alumiador foram reunidas por Araújo et al (19810) em vários grupos principais: a) granitos
foliados; b) granitos não foliados; c) granitos porfiríticos.
DEPRESSÃO DO RIO MIRANDA
Na área que compreende e Depressão do Rio Miranda, ocorrem principalmente rochas
do Grupo Cuiabá, que ocupam a região Centro-Oeste da Folha SF.21, Campo Grande,
mostrando uma conformação Triangular, tendo o vértice sul situado nas nascentes do Córrego
Mutum. A norte, elas se estenderiam até o limite da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil,
desaparecendo sob os sedimentos quaternários da Formação Pantanal. Para noroeste, estende-
se em forma de fina faixa, bordejando a encosta ocidental da Serra de Maracaju e Serra o
pantanal, em afloramentos descontínuos. Suas melhores exposições encontram-se entre as
localidades de Aquidauana-Miranda e Aquidauana-Bonito. Estas rochas apresentam razoável
extensão aflorante no Estado do Mato Grosso do Sul, principalmente nos tratos da Folha
SF.21 Campo Grande. Acham-se intruídas por rochas graníticas, representadas pelos granitos
Taboco, Rio Negro e Coxim, situadas ao longo da borda oeste da Serra de Maracajú.
Geocronologicamente, foram analisadas pelos métodos K/AR e Rb/Sr, fornecendo idades
respectivas de 639 ma e 484 + - MA, sendo esta última idade considerada como época do
resfriamento regional do último evento tectonotermal que as atingiram. As litologias do
Grupo Cuiabá são representadas fundamentalmente por micaxistos ocorrentes principalmente
entre as cidades de Bonito e Miranda, em área conhecida como Depressão Periférica do rio
Miranda. Apresentam uma grande variação mineralógica que denominam os diversos tipos de
xisto ocorrentes. Calcários, mármores e metagrauvacas, além de quartzitos ocorrem de
maneira localizada, porém frequentes. Esporádicos metaconglomerados ocorrem na parte
ocidental da área de afloramento do Grupo Cuiabá, em contato com a Formação Cerradinho,
sendo que os tipos litológicos menos comuns são as metagrauvacas, milonitos, filitos,
ardósias, hornfels, etc.
ÁREAS DE OCORRÊNCIA DOS GRUPOS JACADIGO E CORUMBÁ
Os Grupos Corumbá e Jacadigo são formados respectivamente pelas formações Puga,
Cerradinho, Bocaina, Tamengo, Urucum e Santa Cruz. As ocorrências das litologias
pertencentes ao primeiro grupo se dão principalmente ao longo da Serra da Bodoquena, sendo
que o segundo grupo se localiza maiormente na região de Corumbá.
O Grupo Corumbá constitui-se pelas formações Puga, Cerradinho, Bocaina e
Tamengo, formações estas que se sobrepõe às Rochas do Complexo Rio Apa com contato
discordante do tipo litológico. Em alguns locais, sotopõem-se às rochas do Grupo Cuiabá,
através de falhas de Grande Ângulo, mas normalmente se encontram superpostas a estas. A
idade do Grupo Corumbá é suposta pré-cambriana superior, em razão do conteúdo fossilífero
das formações Bocaina e Tamengo. Sua distribuição geológica se dá no sentido S-N,
aproximadamente, desde as margens do Rio Apa, até além da estrada Noroeste do Brasil,
onde suas litologias são encobertas pela sedimentação da Formação Pantanal, reaparecendo de
maneira ampla e continua nos limites da cidade de Corumbá e daí, estendendo-se para o
Território Boliviano.
O Grupo Jacadigo foi estudado principalmente por Dorr II (1945) e Almeida (1945),
constituindo-se pelas formações Urucum e Santa Cruz, tendo a sua primeira denominação
dada por Lisboa (1909). Os principais afloramentos deste grupo situam-se nos arredores da
cidade de Corumbá, nas morrarias de Mutum-Jacadigo (Linha divisória Brasil - Bolívia),
Urucum, São Domingos, Santa Cruz, Tromba dos Macacos, Rabichão, Ladário, Zanetti,
Sajutã, Bomfim, Amolar e Insua. Algumas ocorrências isoladas encontram-se próximas à
cachoeira Grande do Rio Apa. Em termos de posição estratigráfica, o Grupo Jacadigo assenta-
se discordantemente sobre rochas do Complexo Rio Apa, sendo recoberto por sedimentos das
formações Pantanal, Xaraiés, depósitos detríticos e aluviões atuais. A idade pré-cambriana
superior para o Grupo Jacadigo foi indicada através da análise geocronológica. Segundo
Walde, Gerth e Leonardos (1982) a idade radiométrica obtida foi de 1 (hum) bilhão de anos.
A litologia do grupo é constituída por sedimentos clásticos, tais como arcóseos grosseiros e
conglomeráticos; ocorrem ainda grauvacas, siltitos e localmente calcários; para o topo na
Formação Santa Cruz, ocorrem arcóseos ferruginosos, arenitos, jaspelitos ferruginosos, óxidos
de manganês, hematita silicosa, lentes intercaladas de óxidos de manganês, de siltitos,
arenitos e conglomerados subordinados. Em estudos mais recentes com base em microfósseis,
a idade indicada para o grupo tem sido proterozóica.
Os gabros troctolíticos do Morro do Triunfo foram descritos anteriormente por Correia
et al (1976) e posteriormente por Araújo et al (1981 e 1982). Trata-se de uma única
ocorrência, localizada a cerca de 55km a nordeste de Porto Murtinho, nas proximidades do
curso médio do Rio Tererê, em terrenos da Fazenda Emadicá, onde configura um maciço
rochoso isolado. Este maciço possui formato elipsoidal disposto no sentido E-O, com cerca
de 500 m acima da planície Pantaneira. As relações de contato do Gabro Morro do Triunfo
não estão bem estabelecidas, uma vez que os sedimentos quaternários da Formação Pantanal
recobrem lateralmente toda essa unidade, em nítida discordância litológica. Na extremidade
oeste do corpo, uma falha indiscriminada coloca as rochas gabróicas em contato com
vulcânicas ácidas do Grupo Amoguijá. Com respeito à sua idade, as dúvidas existentes,
fizeram com que fossem excluídas da coluna geológica consideradas como rochas de
posicionamento indefinido.
TERRENOS FANEROZÓICOS
Sob esta designação, encaixam-se unidades litoestratígráficas com idades variáveis de
570 M.A., relativas à instruções ácidas Cambro-Ordovicianas culminando com deposições
aluvionares recentes, englobando rochas Paleozóicas, Mesozóicas, além de depósitos
sedimentares Cenozóicos.
INTRUSIVAS ÀCIDAS CAMBRO-ORDOVICIANAS
No âmbito do Mato Grosso do Sul, foram caracterizados três conjuntos de rochas
intrusivas ácidas relacionadas ao período do Cambro-Ordoviciano: Granito Taboco, Granito
Rio Negro e Granito Coxim. Estas Unidades são consanguíneas e estão correlacionadas ao
evento magmático, pós-cinemático, que deu origem ao batólito identificado Granito São
Vicente, no Estado de Mato Grosso. Localizadas de maneira sucessiva e descontinua na borda
ocidental da Bacia do Paraná, ao longo da escarpa oeste da serra de Maracaju, estas rochas
estão introduzidas nos metassedimentos do Grupo Cuiabá desenvolvendo auréola de
metamorfismo de contato, melhor observada nas bordas do Granito São Vicente.
Reconhecido em três pequenos corpos na borda ocidental da serra de Maracaju, o
Granito Taboco está grosseiramente alinhado na direção nordeste, acompanhando a linha de
contato entre o Grupo Cuiabá e a Formação Furnas. Suas principais exposições são
observadas na Fazenda Serrito, entre o córrego da Piúva e a margem direita do rio Taboco,
cerca de 18km a noroeste de Cipolândia. Na rocha ígneas observadas na região do Taboco não
foram encontradas variações litológicas significativas, apenas granitos foram identificados.
Macroscopiamente, estas rochas são homogêneas, com coloração rósea a cinza-claro,
composição mineralógica à base de feldspato róseo, quartzo, minerais micáceos e pontuações
máficas. A granulação oscila de média a grosseira, podendo localmente, definir termos
porfiríticos e micrograníticos. As rochas com granulações mais fina (aplíticas) estão
localizadas próximas ao contato com as encaixantes do Grupo Cuiabá.
Ocupando uma área mapeada de aproximadamente 16km², os afloramentos do Grande Rio
Negro situam-se cerca de 20 km a noroeste da cidade homônima, à margem direita do rio
Negro, na fralda ocidental da serra do Maracaju onde o rio tem visível controle estrutural sob
a forma de falha. As exposições mais ressaltáveis são observadas nos arredores das fazendas
Rincão e Porteiro, próximo à rodovia MS-228, que liga a cidade de Rio Negro com a BR-419.
O Granito Rio Negro está espacialmente disposto entre os granitos Taboco e Coxim,
respectivamente posicionados a sul e norte, ao longo do alinhamento nordeste, comum a todas
estas unidades. As litológicas encontradas foram petrograficamente caracterizadas como
tonalitos, aos quais estão associados litotipos de caráter vulcânico classificados como
andesitos. Macroscopicamente os tonalitos estão fraturadas apresentam esfoliação esferoidal,
exibem coloração cinza, textura fanerítica, granulação média a grosseira e composição
mineral representada por quartzo, feldspato, biótica e anfibólio.
O Granito Coxim aflora sob a forma de estreita faixa alinhada para nordeste, com
cerca de 70 km de comprimento e 1 km de largura, representando o mais belo exemplo
brasileiro de magmatismo fissural. Esta faixa está localizada na borda oeste da Bacia
Sedimentar do Paraná, posicionando-se ao longo da linha de escarpa da banda ocidental da
serra do Maracaju, trecho compreendido entre as margens do rio Taquari (limite norte) e
poucos quilômetros a sul do paralelo 19 (limite sul). A caracterização litológica e petrográfica
efetuada por Del’Arco et al, (1982), caracterizaram dois litotipos para esta unidade: granito e
tonalito. Macroscopicamente, o granito é uma rocha de coloração avermelhada, maciça,
isótropa, constituída por quartzo, feldspato e máficos. Observado sob microscópio revela
textura xenomórfica e composição mineralógica a base dos seguintes minerais: ortoclásio,
oligoclásio, quartzo, biotita, opacos, epidoto, alanita, apatita, clorita, serita e saussurita; os
dois últimos são produtos da transformação do plagioclásio, enquanto o epidoto (clinozoisita)
provém da biotita e plagioclásio. Em amostra de mão o tonalito apresenta coloração rosada
com tonalidades cinza, é homogêneo com granulação média e textura granular hipidiomórfica.
Examinado em lâmina delgada, o tonalito revela ser cataclasado, ter granulação variável de
fina a grosseira, textura hipidiomórfica e assembleia mineral formada por oligoclásio, quartzo,
microclínio, biotita, hornblenda, clorita, epidoto, apatita, esfeno, minerais de argila opacos.
FORMAÇÃO COIMBRA
Os afloramentos que constituem a Formação Coimbra estão restritos à região do Forte
Coimbra, onde são encontrados no topo dos confrontantes morros da patrulha e do
Marinheiro, respectivamente na margem direita e esquerda do rio Paraguai. Também são
observados em diversos morros posicionados a noroeste do Forte Coimbra, claramente
destacáveis na topografia plana da planície pantaneira: morro Grande a 10 km e o conjunto
denominado Morro Comprido a 20 km. As principais litologias caracterizadas são arenitos,
recobrindo delgados estratos de folhetos e conglomerados. Os arenitos são normalmente
duros, com cimento sílicoferruginoso, coloração rósea, com eventuais manchas brancas e
amareladas, granulações grosseiras, compostos principalmente por quartzo em grãos
angulosos a subarredondasdos, com esfericidade baixa a regular. Feldspatos alterados
(caulinizados), opacos e micas aparecem de maneira subordinada. Níveis conglomeráticos
com até 10 cm de espessura são comuns, formados por grânulos e, eventualmente, seixos de
quartzo. Estas Rochas estão bem acomodadas, suborizontalizadas ou com frequente
estratificação plano-paralela e cruzada. Os folhetos argilosos e de coloração cinza, assim
como os conglomerados, ocorrem de maneira bastante subordinada, sotopondo-se aos
arenitos.
BACIA SEDIMENTAR DO PARANÁ
A Bacia Sedimentar do Paraná localiza-se na porção centro-oeste da Plataforma Sul
Americana, comportando-se como uma unidade geotectônica fanerozóica com evolução
registrada a partir do Eo-Siluriano logo após a estabilização da Plataforma Brasileira. A sua
atual configuração foi grandemente influenciada por fraturas, arqueamentos e flexuras do
embasamento o que dificulta extrapolações que visem a total investigação sobre a sua
evolução pretérita. Segundo a maioria dos pesquisadores, esta Bacia representa uma depressão
intracratônica, cujo eixo principal de deposição se alinha numa direção aproximada NNE-
SSW a NS, refletindo um padrão estrutural com visíveis deslocamentos de blocos e
falhamentos escalonados próprios dos estilos paratectônicos ou germanótipos. As
deformações estruturais originais em função dessa tectônica rígida, ou foram produzidos por
movimentos ascendentes ou descendentes de considerável amplitude vertical, envolvendo
grandes áreas, ou relacionam-se com falhas de pequeno rejeito associadas aos eixos dos
grandes arqueamentos regionais, ou ainda devido a reativação de velhas linhas de fraqueza do
embasamento. Estes sistemas de falhas e fraturas alojam sills (solteiras) e diques básicos em
estreita relação com os derrames basálticos, assim como manifestações alcalinas tardias,
relacionadas ao Cretáceo. Na porção setentrional da Bacia é visível a concordância de suas
estruturas falhadas com trend regional do substrato, o que viria confirmar a reativação de
estruturas do seu embasamento. Durante toda época da formação, a Bacia Sedimentar do
Paraná com sua designação retirada do rio hormônio que a divide quase simetricamente na
altura do seu médio/alto curso, acumulou-se aproximadamente 5.000m de sedimentos e lavas.
A área brasileira abrangida pela Bacia, representa aproximadamente 1.150.000 km², sendo
que 60.000 km² ramificam-se para Argentina, Uruguai e Paraguai. Seu preenchimento por
sedimentos e lavas, associado a deformação e movimentos epirogênicos regionais,
implantaram-lhe características que levaram-na a receber controvertidas classificações, onde
as mais aplicadas são bacia interior ou intracratôniaca, sinéclise e antéclise, dentre outras. No
presente trato cartográfico, a Bacia Sedimentar do Paraná em sua porção oriental adentra os
Estados de São Paulo, Minas Gerais (Triângulo) e Goiás na parte nordeste. Já a porção
sudoeste é limitada pelo planalto de Maracajú e serra da Bodoquena e na parte centro-
ocidental e norte ocidental faz limite com o Pantanal Matogrossense. Os litotipos detectados
na unidade em epígrafe, mostram-se discordantes em relação ao seu substrato, aqui
representados principalmente pelos grupos Corumbá, Cuiabá e Intrusivas Acidas Cambro –
Ordovicianas (Taboco, Rio Negro e Coxim).
A sedimentação desenvolvida no compartimento em questão, mostra seus primórdios
registrados a partir de transgressões silurodevonianas, com a sedimentação do Grupo Paraná,
aqui representado pelas formações Furnas e Ponta Grossa. Logo após já no Carbonífero e
Permiano, a Bacia Sedimentar do Paraná recebeu as deposições relacionadas Supergrupo
Tubarão, na presente área representado pelo Grupo Itararé, através da Formação Aquidauana
e do Grupo Guatá, aqui representado pela Formação Palermo. Posteriormente registrou-se a
deposição de litotipos relacionados ao Grupo São Bento no Estado do Mato Grosso do Sul
constituído pelas formações Pirambóia, Botucatu e Serra Geral. O período relativo ao
Mesozóico seria completado com a deposição cretácica do Grupo Bauru; bem representativa
nos tratos cartográficos em questão, constituído assim pelas Formações Caiuá, Santo
Anastácio, Adamantina e Marília. As coberturas lateríticas Terciário-Quartenário
Indiferenciadas, de origem pedológicas, correntes sobre rochas da bacia e relacionadas a
processos de pediplanação cenozóica, encerram a longa fase de eventos geológicos de tão
representativa unidade geotectônica.
UNIDADES SILURO DEVONIANAS
O Grupo Paraná em território do Estado de Mato Grosso do Sul, representa a
sedimentação Siluro-Devoniana e constitui-se pelas formações Furnas e Ponta Grossa,
ocorrendo a partir da porção central do Estado, arredores do município de Aquidauana,
estendendo-se através de uma faixa contínua e pouco estreita com direção aproximada N 10º.
E a partir do município acima citado. Adentrando-se para norte no vizinho Estado de Mato
Grosso. Litologicamente observam-se arenitos ortoquartzíticos, colorações claras, com
intercalações subordinadas de conglomerado e finos leitos siltito e argilito cinza-esverdiado
e/ou cinza-amarelado. Estratificações cruzadas de pequeno a médio porte, além de
estratificações planas paralelas e raras marcas de ondas, completam as características
inerentes à Formação Furnas. Já a Formação Ponta Grossa, acompanhando litologicamente
arenitos finos a médios, gradando para o topo a siltitos, folhelhos sílticos e/ou argilosos.
Pontuações concreções e nódulos ferruginosos, além de uma espessa capa laterítica, associada
a colitos ferruginosos, muito bem caracterizam a Formação Ponta Grossa, que não ultrapassa
a 200 m de espessura; estruturas singenéticas como laminações plano-paralelas,
estratificações cruzadas de pequeno porte e mais raramente marcas de ondas assimétricas,
além de camadas bioturbadas são bastante comuns nesta unidade.
UNIDADES PERMO-CARBONÍFERAS
O Supergrupo Tubarão, constitui-se na área em apreço pelo Grupo Itararé, englobando
a Formação Aquidauana e pelo Grupo Guatá representado pela Formação Palermo.
A Formação Aquidauana, início do processo da sedimentação Gonduânica, no
presente trato cartográfico, aflora continuamente desde a região de Bela Vista, no Sul do Mato
Grosso do Sul, até no município de Pedro Gomes, porção norte da área, adentrando o
contíguo Mato Grosso, com espessura estimada em torno de 500 m. Litologicamente,
evidencia-se a presença de arenitos com granulometria variável de fina a grosseira, cores
vermelho-tijolo, esbranquiçadas, cinza arroxeadas. Associados ao pacote arenítico observa-se
a presença de níveis conglomeráticos, além de intercalações de siltito, argilito avermelhado e
subordinadamente, lentes de diamictito. Em todo o pacote individualiza-se feições
singenéticas como as estruturas plano-paralelas, estratificações cruzadas de médio a grande
porte e raras marcas de ondas. Estruturas secundárias relativas a disfunções poligonais
lembram feições evocativas de “cascos de tartaruga”. A Formação Palermo que completa o
ciclo Gonduânico no estado do Mato Grosso do Sul, mostra uma inexpressiva e descontínua
área de ocorrência, bordejando a Serra Preta e sua extensão sul (Barretinha, Torrinha, Caracol
e São Domingos), até as imediações da localidade de Jauru, região norte do Estado.
Litologicamente a Formação Palermo é representado por chert oolítico e/ou pisolítico, assim
como coquinas silicificadas, além de arenitos cinza-arroxeados, fino a muito fino, siltito
amarelado a avermelhado e esporadicamente silicificado.
UNIDADES MESOZÓICAS
NO Estado do Mato Grosso do Sul, o Grupo São Bento engloba as formações
Pirambóia, Botucatu e Serra Geral. No Mapa afeito ao presente trabalho a sequência em foco
aparece anexada à Formação Botucatu, pois a escala de trabalho não possibilitou a perfeita
individualização cartográfica da Formação Pirambóia. Entretanto, acredita-se que novas
etapas de campo virão suprir tal lacuna Litologicamente observa-se arenitos finos a muitos
finos, médios, esporadicamente micro - conglomeráticos e/ou grosseiros, com siltitos e
argilitos subordinados. Estruturas predominantes referem-se a estratificações cruzadas
acanaladas de pequeno a grande porte. A Formação Botucatu estende-se a partir do sudoeste
do Estado (divisa com o Paraguai, município de Bela Vista) em faixa contínua num sentido
aproximado de SW-NE, onde os contrafortes da Serra Preta (norte do Estado do Mato Grosso
do Sul) adentra o contíguo Mato Grosso. Litologicamente foram detectados arenitos finos a
muito finos, bem selecionados, apresentando feições evocativas de “micro-ponteamentos”, o
que muitas vezes caracteriza processos de abrasão eólica (impacto entre os grãos carregados
pelos ventos). A presença nestas rochas de grãos foscos, associados a estratificações cruzadas
planares de grande porte, tende a confirmar a presença de transporte e deposição eólica em
ambiente desértico. Muitas vezes tais rochas mostram-se bastante silicificadas, porém, é
comum seu alto poder de desagregação, causando em decorrência os típicos areões. A
Formação Serra Geral, parte superior do Grupo São Bento, mostra uma expressiva área de
ocorrência, aparecendo a partir do extremo sul do estado, até confrontar-se com o Chapadão
do Taquarí, limite com o vizinho estado do Mato Grosso. Litologicamente, as exposições dos
derrames basálticos são constituídas por rochas de cores verdes e cinza-escuro, localmente
vítreas, granulação fina a média, afanítica, ocasionalmente porfirítica; quando alteradas
superficialmente adquirem coloração amarelada, com amígdalas preenchidas por quartzo,
calcita ou nontronita. A disjunção colunar e esfoliação esferoidal, estruturas típicas de
derrames espessos, ocorrem também em corpos intrusivos ocupando uma posição
aproximadamente média a alta na sucessão dos derrames, quando costumam por vezes
mostrar diaclasamentos poligonais. A presença de arenitos intertrapeados, sugerindo origem
eólica e às vezes subaquosos são evidenciados com uma certa frequência ao longo das faixas
de domínio do basalto pertencente à Formação Serra Geral. Comumente estes arenitos
apresentam-se intensamente afetados pelo vulcanismo o que os fazem apresentarem-se com
fortes recozimentos.
No estado do Mato Grosso do Sul, o Grupo Baurú, aparece constituído pelas
Formações Caiuá, Santo Anastácio, Adamantina e Marília. A Formação Caiuá é representada
por uma característica uniformidade de litológica, que se observa tanto no oeste paulista como
no norte paranaense. Com espessura não superior a 150 m, visualizam-se arenitos bastante
porosos, facilmente desagregáveis, e na maioria das vezes seus grãos encontram-se envoltos
por uma película de limonita. A Formação Santo Anastácio acompanha a configuração
cartográfica imprimida pela subposta Formação Caiuá, com sua individualização dificultada,
pelo espesso e constante solo arenoso, além da inexpressividade de seus afloramentos. Na
parte inferior da Formação Santo Anastácio, destaca-se um arenito cinza-pardo, vermelho-
arroxeado ou creme, encontrando-se sempre envolto por uma película limonitizada. A
granulação é predominantemente fina e esporádicamente média a grosseira, mostrando a
presença de um cimento síltico e carbonático, que gradativamente vai aumentando; detecta-se
sempre tênues intercalações síltico-argilosas, tornando-se mais espessas para cima.
Superiormente observou-se um arenito a médio, creme-avermelhado ou pardacento,
selecionamento médio com cimento silicoso e carbonático mais frequente. Litologicamente a
Formação Adamantina constitui-se essencialmente por arenitos finos a médios,
subarcoseanos, de coloração variando entre cinza-róseo, cinza-esbranquiçado a amarelo-
esbranquiçados. Os grãos médios apresentam-se subarredondados, enquanto os grãos mais
finos são predominantemente subangulosos. Geralmente estes arenitos apresentam uma matriz
algo argilosa e pouco consistente. O aspecto brechóide, a tendência ao concrecionamento,
bolas de argila, orifícios tubiliformes, nódulos, fragmentação tipo “confete” e em
“bastonetes”, esfoliação esferoidal, além de estruturas singenéticas, como plano-paralelas,
laminações tubulares e entrecruzadas, e ainda estraficações cruzadas (acanaladas e
tangenciais) de pequeno a médio porte, intercalações sílicas das rochas areníticas, argíliticas e
sílicas, aliadas a lentes conglomeráticas, imprimem uma condição mais dinâmica ao pacote
rochoso, caracterizando sobremaneira a presente unidade. A Formação Marília não mostra
uma configuração geográfica expressiva no Estado do Mato Grosso do Sul; individualiza-se a
grosso modo, como variações da Fácies Ponte Alta na serra do Aporé todo o conjunto de
arenitos calcíferos, podendo conter lentes e nódulos com maior possança de calcário
conglommerático ou brechóide além de níveis irregulares de arenitos de diversas naturezas,
siltitos que ocorrem com maior frequência na porção superior do pacote. Já na porção norte,
onde foram individualizadas ocorrências da Formação Marília, observou-se que ali ocorreria
somente a fácies superior, ou seja, a Fácies Itiquira no sentido de Souza Jr. et al.(1983),
correlacionável à Fácies Serra da Galga, Itaqueri e Membro Borolo (Gonçalves e Schneider,
1970). Litológicamente, observou-se um conjunto de rochas bastante silicificadas,
predominando rudáceos, representados por paraconglemerados, brechas conglomeráticas e
níveis irregulares de conglomerados polimictos desagregados que constituem as tradicionais
“cascalheiras”. O corpo da rocha é um arenito variável de médio a grosseiro, maciço, mal
selecionado, com colorações róseo-avermelhado, contendo tênues intercalações síltico-
argilosas.
COBERTURAS DETRITO-LATERÍTICAS TERCIÁRIAS E QUARTENÁRIAS
INDIFERENCIADAS.
Grandes áreas aplainadas, localizadas em cotas superiores a 800m, são reconhecidas
em grande parte da região Centro-Oeste. De uma maneira geral, estas superfícies foram
consideradas primeiramente como sendo constituídas por um pavimento detrito-laterítico,
contendo em sua parte superior um solo homogêneo vermelho-escuro. São de larga ocorrência
na parte noroeste do Estado, principalmente nas áreas aplainadas mais elevadas conhecidas
regionalmente como chapadões, recobrindo rochas paleozóicas e mesozóicas da Bacia
Sedimentar do Paraná. No Mato Grosso do Sul especificamente, formam o extenso chapadão
dos Gaúchos, cuja extensão engloba a Chapada do Taquari. Outra ocorrência digna de nota é
aquela que se verifica no Chapadão de São Gabriel, onde se situa a cidade homônima.
Reconhece-se três horizontes com espessura variável: 1) Horizonte C ou Inferior - constituído
pela parte alterada da rocha subjacente, mostrando evidências de laterização. Está diretamente
interligada ao Horizonte B (intermediário). Apresenta intensa atividade química ascendente
e/ou descendente, através de veios de lixiviação irregulares e entrecruzados. Geralmente,
certas rochas alteradas têm coloração amarelo-ocre, denotando o início de laterização. Nesta
porção inferior, nota-se a intensa migração arenosa e substituição argilo-ferruginosa, que
gradativamente vai substituindo a rocha, evidenciando o fenômeno da pedogenização. 2)
Horizonte B ou Intermediário-Constitui a zona dos alvéolos, onde ocorre a maioria das
reações químicas e se concentram as frações limoníticas e argilosas. Os pisolitos, amêndoas e
fragmentos angulosos de limonita, com incremento de ferrificação, proporcionada por
migrações diversas, percolações e variações do nível freático, tendem a soldar-se
compactando-se e formando os pacotes de couraças lateríticas. Observados na área em
questão, como até 10 m de possança. 3) Horizonte A ou Superior – Constitui dentro do perfil
da sequência detrito-laterítica, a porção mais espessa e uniforme. É composta por dois tipos
de solos principais: LEd e LVD – latossolos vermelho-escuros e amarelos, distróficos, textura
argilosa a muito argilosa, localizados em relevo plano a suavemente ondulado. Os horizontes
inferiores são areno-argilosos, tendendo a argilo-arenosos. Este horizonte raramente mostra
fragmentos rochosos, provenientes dos horizontes localizados imediatamente abaixo,
mostrando solos bastante maduros e uniformes.
ALCALINA FECHO DOS MORROS
Estas rochas constituem uma série de pequenos morrotes ilhados e realçados na
planície pantaneira, posicionados de maneira restrita e bem localizada nas proximidades da
margem esquerda do rio Paraguai, cerca de 25 km à montante da cidade de Porto Murtinho.
Os morros são de pequena expressão topográficas à exceção do maciço do Pão de Açúcar e
normalmente exibem topos abaulados. Nos maciços que constituem as Alcalinas Fecho dos
Morros foram petrograficamente caracterizados diversos tipos litológicos como: nefelina
sienitos, traquitos pórfiros, biotita-aegirina sienitos e aegirina-arfvedsonita sienitos entre
outros.
ÁREAS CENOZÓICAS
O domínio englobado pelas áreas cenozóicas se faz representar por depósitos
sedimentares sob a forma de elúvios, colúvios, alúvios e lateritos ferruginosos, ocorrentes
indistintamente em todo o estado, conforme descrições a seguir:
Sob a denominação de Depósitos Detríticos foram mapeados elúvios, colúvios, alúvios
e sedimentos lateríticos-ferruginosos ocorrentes na planície do rio Paraguai, em torno das
encostas e áreas topograficamente elevadas. As variações climáticas no Pleistoceno foram
provavelmente as responsáveis pela formação de grande quantidade de leques aluviais, na
parte superior da Formação Pantanal, evidenciando a ocorrência de processos torrenciais de
deposição que em clima semi-árido, tornaria possível a formação de depósitos detríticos. Em
alguns locais, sobre estes sedimentos, encontram-se blocos e matações soltos, evidenciando
processos erosivos recentes, atuando principalmente nas escarpas. Os elúvios e lateritos
ferruginosos são representados por paleos-solos, ocorrendo com mais frequência nas áreas
aplainadas adjacentes aos afloramentos das litologias do Grupo Cuiabá.
Os Colúvio-Alúvio compõem a maioria dos sedimentos detríticos mapeados na área,
formando sedimentos típicos em diversos locais, tais como: sopé das serras de Ínsua, Bonfim,
Jacadigo, Urucum, Santa Cruz, Rabichão, Pantanal e Maracaju. Estas duas últimas serras
delimitam a borda oeste da Bacia do Paraná e seus depósitos detríticos formam cones
coalescentes. Nas serras de Jacadigo e no maciço de Urucum, dada a sua importância
econômica, os colúvios foram delimitados, recebendo no Mapa Geológico a sigla
MF,representando o principal componente do minério de ferro. Os fragmentos mais comuns
são de hematita fitaja e jaspelito ferruginoso. Estes depósitos são extremamente ricos em
Ferro (FE) devido a lixiviação da sílica. A sul do Estado, em área próxima à ocorrência do
Granito Taboco, margeando a borda da serra de Maracajú, ocorre um depósito colúvio-alúvial
em uma faixa de aproximadamente 25 km de comprimento por 5 km de largura. É constituído
por depósitos conglomeráticos com matriz arenosa e cimento ferruginoso, contendo
fragmentos de tamanhos desde seixos a matações. Os fragmentos são principalmente quartzo,
metassedimentos do Grupo Cuiabá e arenitos da Formação Furnas; subordinadamente
encontram-se fragmentos de rochas graníticas.
Considerou-se como depósitos eluvionares, as concreções limoníticas, associadas a
grãos de quartzo e fragmentos das rochas subjacentes intemperizadas. Eles formam o que já se
convencionou denominar de “piçarra”. São mais comuns nas áreas de ocorrências de rochas
do Complexo Rio Apa e Grupo Cuiabá. Estes depósitos foram denominados por Almeida
(1965a) de “Depósitos Sedentários”. Os lateritos Ferruginosos conhecidos como “canga”
formam nódulos com diâmetros variáveis, dispersos em matriz argiloso-siltosa ou como
agregados. Estes afloram em forma de lajedos, blocos e matações, sendo constituídos por
óxidos e hidróxidos de ferro, geralmente associados a grânulos de quartzo. As concreções
limoníticas em formação hoje, nos sedimentos da Formação Pantanal, resultam de processos
de lixiviação condicionados a oscilações do lençol freático e tem aspecto distinto dos lateritos
ferruginosos.
Desde as primeiras observações efetuadas nos meados do século XVI, o Pantanal
Matogrossense revela o forte fascínio que exerce sobre os homens. A extraordinária riqueza
representada por suas férteis pastagens naturais anualmente renovadas, a abundância e
variedade de sua magnífica fauna de pelo e pena, a piscosidade de seus rios, a amplidão da
planície com seu relevo monótono, as lagoas, o instável comportamento de suas drenagens,
conferem-lhe características peculiares. Santuário ecológico, com formidável vocação para a
pecuária, o Pantanal Matogrossense é uma região única, sem rival no globo pelas dimensões
que apresenta. Oliveira & Leonardos (1943) descreveram a maior parte dos depósitos
sedimentares que ocorrem na depressão do rio Paraguai e nas planícies e pantanais
matogrossenses; agrupando os sedimentos inconsolidados em uma unidade litoestratigráfica
denominada Formação Pantanal, constituída, segundo ele por “vasas, arenitos e argilas
formando uma capa relativamente delgada sobre o fundamento paleozóico da Bacia do Alto
Paraguai. São depósitos na maior parte recentes”. A Formação Pantanal recobre a planície
pantaneira em cotas oscilando de 80 a 140 m, ocupando cerca de 20% da área total do Mato
Grosso do Sul. A principal área de ocorrência configura extensa faixa variável de até 250 km,
com formato grosseiro de cunha estendendo-se desde as margens do rio Piquiri ou Itiquira a
norte onde possui maior largura – até as margens do rio Apa a sul, já na divisa com a
República do Paraguai, na qual adentra. A oeste extravasa os limites do Estado, adentrando
em território boliviano e paraguaio. O limite leste é representado por uma linha formada pelas
escarpas da serra do Pantanal, serra do Maracaju e serra da Bodoquena. A Formação Pantanal
é composta por depósitos aluviais inconsolidados e semi-consolidados, constituídos por
sedimentos arenosos, síltico-argilosos e alguma matéria orgânica. As areias quartzosas
apresentam a tônica litológica dos pantanais matogrossenses, com os pelitos sendo observados
nas áreas interfluviais, onde sua sedimentação está associada com inundações periódicas
verificadas na região. A porção arenosa compreende grãos de quartzo hialino com
granulações média, arredondados, esfericidade boa a regular. Níveis de simétricos de
composição síltico-argilosa podem ser observados de maneira intercalada, assim como
sequência com estratificação gradacional. No topo da sequência existe variação faciológica,
entre as frações areia e argila, com predominância alterada. Na parte inferior o pacote arenoso
torna-se mais grosseiro, areno-conglomerático, com grãos subarredondados a subangulosos,
localmente com níveis conglomeráticos.
Indicando a escarpa em que se assenta Corumbá na margem direita do rio Paraguai
como seção-tipo, Almeida (1945b) define a sequência de calcários com a denominação
Formação Xaraiés, em lembrança à tribo indígena que habitava a região. A definição
litoestratigráfica da unidade distingue diversos tipos litológicos, aborda aspectos relacionados
á sua gênese e salienta seu registro fossilífero. No que tange a seu posicionamento
estratigráfico, Almeida (op.cit) a dispõe sobre uma superfície de erosão levemente ondulada,
recobrindo rochas dos Grupos Corumbá e Jacadigo. As principais zonas de ocorrência da
Formação Xaraiés são observadas na região das cidades de Corumbá e Bonito. Normalmente
estes depósitos são encontrados em terrenos baixos e aplainados, recobrindo rochas do Grupo
Corumbá (formação Tamengo e Bocaina), Formação Urucum e Complexo Rio Apa. A
Formação Xaraiés é formada por tufos calcários, travetinos e conglomerados calcíferos,
geralmente fossilíferos. Estas rochas compõem-se em depósitos superficiais (Colúvio-
aluviais) acompanhando vales de drenagem, associados com a presença de rochas
carbonatadas que lhes deram origem. Sobre as formações Bocaina, Cerradinho e Tamengo
dominam as variedades calcárias, enquanto nos depósitos dispostos sobre a Formação
Urucum destacam-se a presença de arcóseos e/ou minério de ferro.
Sousa Júnior & Tarapanoff (1986) apresentaram no XXXIV Congresso Brasileiro
de Geologia as primeiras informações a respeito da criação de uma unidade quaternária,
denominando-a de Formação Ponta Porã. Segundo aqueles autores, tal unidade se constituiria
essencialmente por uma fácies basal formada por intercalações argilo-siltosas, recobertas por
um pavimento rudáceo, bastante representativo e utilizado economicamente na região, ora
assinalada, principalmente no encascalhamento de estradas. A Formação Ponta Porã ocorre
em áreas não contínuas de aproximadamente 70 x 50 km, abrangendo parte dos municípios de
Ponta Porã, Itaúm e Antônio João, localizadas no sul do Estado. O modelado morfológico
que se desenvolveu através do pacote ora referido, traduz-se sob a forma de um mar de
colinas convexas alinhadas, truncadas por vale pouco profundos, geralmente ocorrendo sobre
o substrato basáltico. A espessura observada, tendo o seu ponto mais baixo na fazenda
Lacinho, MG-382 (parte inferior da sequência) até nos pontos mais altos (Antônio João), não
ultrapassa 30 m, Litologicamente observou-se a presença logo acima das rochas basálticas
de um conglomerado monomicto de aproximadamente 1 m de espessura, matriz areno-
argilosa, decomposta, de coloração avermelhada, granulação fina. agregando a grosso modo
rudáceos (grânulos e seixos) bem arredondados de quartzo. Sobreposto ao conglomerado,
detectou-se uma camada de até 2m de espessura, de um argilito cinza-prateado, alterando-se
para cores amarronzadas e amareladas (início do processo de laterização). Condicionado ao
argilito, observa-se intercalações subordinadas de lâminas sílticas com coloração amarelo-
cera, devido também a ferruginização. Níveis já bastante larerizados (sílticos), de forma
lenticular, ocorrem sob a forma sinuosa, entre o argilito e o arenito superior. Sobreposto à
camada de 2 m de argilito intercalado com nódulos e níveis orgânicos (cor preta), já atingindo
o grau da turfa, ocorre uma camada de arenito avermelhada, granulação fina, algo argilosa,
mostrando intenso grau de pedogenização com desenvolvimento de níveis ondulares de
“cascalho”, o que já indicaria o início do pavimento rudáceo. O arenito ora descrito
representa uma espessura entre 3 e 4 m, sugerindo o seu desenvolvimento para o solo que
recobre o Qpp e que também serve de matriz para o pavimento rudáceo. O pavimento
rudáceo que constitui a porção superior da Formação Ponta Porã, traduz-se sob a forma de uma
cascalheira de até 10 m de espessura, com matriz argilo-arenosa e esporadicamente areno-
argilosa, representado por um paleo-solo com resquício de uma pretérita estratificação,
agregando a grosso modo, grânulo , seixos e matações sub a bem arredondados de quartzo
(90%) e quartzito. Esporadicamente registra-se a presença de bolas de argiIa de até 10 cm de
diâmetro, assim como de fragmentos ferruginosos e manganesífero sob a forma placóide e
botrioidal, desprovidos de arredondamento, ocorrem a saciado e bastonetes limonitizados,
constituindo níveis reguares e ondulares que mais parecem o resultado de oscilações do nível
freático. Não se observou um sentido de sedimentação orientada, rudáceos encontram-se
imbricados caóticamente entre si com uma concentração também bastante irregular, o que
sugere deposições rápidas e irregulares. O tipo de sedimentação observado sugere uma bacia
fechada, sujeita a uma deposição irregular, onde ocorreu inicialmente a alternância de
deposições argilosas e arenosas, para só a partir daí acontecer uma dinâmica fluvial mais
expressiva, onde as deposições ocorriam mais rapidamente, sujeitas a canais e temporários,
haja visto estarem os rudáceos imbricado caóticamente.
A rede hidrográfica compreendida no presente trato cartográfico, limita-se à Bacia Platina,
destacando-se os depósitos ao longo dos rios de maior parte como o Paraguai que recobre
todos os tributários que cortam o Pantanal com acumulações de sedimento recentes
(condicionados às calhas dos rios), com até 5 km de extensão e os depósitos do rio Paraná
(sudoeste da área), onde a Ilha Grande observam-se acumulações de até 3 km de largura. Os
depósitos recentes caracterizam-se por cascalho, areia e argilas, predominando as frações
arenosas. Os cascalhos são representados por grânulos, seixos, blocos e matacões compostos
dominantemente por quartzo. As areias são quartzosas, variando de fina a grosseiras, com
classificação variável. Silte e argila são também comumente observados, porém em menor
intensidade que as areias. A composição dos sedimentos variam de região para região, estando
em consonância com as litologias retrabalhadas, pois os sedimentos holocênicos cortam
indistintamente terrenos arqueozóicos, proterozóicos e fanerozóieos.