norval f. pease - pela fé somen

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Norval f. Pease - Pela Fé Somen

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    PPEELLAA FF SSOOMMEENNTTEENORVAL F. PEASE

    SOLAMENTE POR FEPUBLICACIONES INTERAMERICANASPACIFIC PRESSPUBLISHING ASSOCIATIONMountain View CaliforniaCopyright 1968, by

    Pacific Press Publishing AssociationEditado e impreso porPUBLICACIONES INTERAMERICANASDivisin hispana de laPacific Press Publishing Association 1350Villa Street, Mountain ViewCalifornia, EE.UU., de N. A.Traduo: Carlos BiaginiPrimera edicin

    19685. millar

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    CONTEDO

    Prefcio...................................................................................3Introduo...............................................................................5

    I. A JUSTIFICAO PELA F: UMA DOUTRINA BBLICA1. O Evangelho no Antigo Testamento.............................102. O Evangelho nos Evangelhos.......................................283. O Evangelho Interpretado por Paulo.............................554. O Evangelho no Apocalipse..........................................715. Aplicao prtica do ensino bblico...............................74

    II. A JUSTIFICAO PELA F ENSINADA PELA IGREJA ANTES DOSCULO XIX6. De Paulo a Joo Wesley: Um Resumo.........................77

    III. INTERPRETAO ADVENTISTA DA DOUTRINA DAJUSTIFICAO PELA F7. As primeiras quatro dcadas........................................988. O Congresso da Associao Geral de 1888...............1169. A agitada dcada de noventa.....................................135

    10. O adventismo do sculo XX e a justificao pela f...163

    IV. CONCLUSO11. Vislumbre do futuro.....................................................207

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    PREFCIO

    Este livro, PELA F SOMENTE, aparece em momento oportuno. Quando seu autorapresentou uma parte do material que o constitui, durante uma assemblia de obreiros de

    uma unio, h alguns meses, solicitaram que o preparasse na forma de livro, e agora elecumpriu com este pedido. Recomendamos este livro, que prevemos uma amplacirculao, aos adventistas do stimo dia de todos as partes, para que faam dele objeto dereflexo.

    Fica claro que o autor dedicou muita investigao cuidadosa e um intenso estudo notema que aborda, porque sua exposio bastante convincente. Diversas pessoas,especialmente nos ltimos meses, tm comentado o Congresso da Associao Geralcelebrado em 1888 e a anlise da justificao pela f realizado durante suas sesses.Poucas pessoas tm sugerido de modo totalmente errado que a Igreja Adventista errouo caminho pelo fato de no aprender este grande ensino fundamental. Este livro pe as

    coisas no seu devido lugar.Nos primrdios de nossa histria como igreja, nossos vigorosos antepassados na f

    criam que tinham a responsabilidade de ressaltar certas doutrinas bblicas peculiares queeles consideravam que foram descuidadas durante longo tempo. Estes precursores denossa f, levados por seu zelo e seu fervor, supunham que compreendiam e aceitavamsatisfatoriamente a grande verdade da justificao pela f. Puseram em relevo aobedincia verdade e aos mandamentos de Deus, porque, conforme sua opinio,

    pensavam que estes ltimos eram considerados muito levianamente e mesmo tratados, demodo geral, com certa indiferena. Em seu zelo pela verdade de Deus, passaram por altoo fato de que a obedincia constitui um fruto espiritual da converso e a salvaomediante Cristo, e no tanto um requisito prvio que conduz a esta experincia. Temosque reconhecer que a grande doutrina fundamental do Evangelho, a salvao unicamente

    pela f, nem sempre era posta no seu devido lugar. Freqentemente, como resultado dessedescuido, eram expostas doutrinas vazias, ou, usando uma expresso de Ellen G. White,"sermes sem Cristo". Tal situao alcanou um ponto culminante no Congresso daAssociao Geral de 1888, celebrado em Minepolis; e l mesmo foi enfrentadadiretamente. confortante saber que, embora houvesse alguns que hesitavam em aceitareste meio de salvao, houve muitos naquele tempo, e tem havido muitssimos mais nosanos subseqentes, que se apegaram a esta grandiosa verdade e participaram da

    maravilhosa experincia da salvao unicamente pela f em Cristo, e "no por obras dejustia que houvssemos feito".

    Neste sentido, o surgimento e o desenvolvimento da Igreja Adventista tem sidosemelhante ao de muitas outras igrejas. Conforme as palavras do autor: "Em muitoscasos, igrejas que tinham comeado com uma profunda nfase evanglica perderam algode seu ardor com o transcurso dos anos." O autor assinala que o aparecimento de novas

    pautas de pensamento religioso freqentemente tm extinguido o ardor evanglico. "Osadventistas do stimo dia oferecem uma variao interessante da tendncia usual que semanifesta entre os corpos religiosos." "A histria adventista evidencia uma nfasecrescente nas verdades evanglicas, que pode ser atribudo grandemente influncia dosescritos de Ellen G. White."

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    Durante os ltimos 70 anos, os editoriais adventistas tm produzido uma corrente,que se torna cada vez mais intensa, de livros e brochuras, muitos deles provenientes da

    pena da Sra. White, que apresentam a Cristo e instam a aceit-Lo como nossa esperanade salvao. O conhecimento que esta nfase tem aumentado constantemente entre ns,

    produz muita satisfao. Esta posio adventista sublinha a clara declarao do apstoloPaulo: "Porque pela graa sois salvos, mediante a f; e isto no vem de vs; dom deDeus; no de obras, para que ningum se glorie."

    Queremos terminar parafraseando as palavras das ltimas linhas que aparecem nestelivro: "Devemos aprender o significado da grande verdade que ensina que os homens sosalvos unicamente pela f, e devemos proclam-la fielmente.

    Rubn R. Figuhr12 de Fevereiro de 1962

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    INTRODUO

    "O que justificao pela f? - a obra de Deus ao lanar a glria do homem nop e fazer pelo homem aquilo que ele por si mesmo no pode fazer." (Testemunhos

    para Ministros, pg. 63.)"Quando Deus declara que somos justos, ficamos livres da condenao e somosrestaurados ao Seu favor. -nos concedida uma nova posio diante de Deus. Somos

    perdoados. Fica remitida a pena de morte que merecamos pela transgresso da lei.Somos recebidos no favor divino. Agora Sua graa flui abundantemente a ns e nosconcede toda beno espiritual. E a base disso tudo Jesus Cristo e Sua obraacabada." (Carlyle B. Haynes,Righteousness in Christ, p. 15).

    "Poderamos dizer que a f a mo que o pecador estende para receber o 'domgratuito' da misericrdia de Deus... Deus espera sempre derramar sobre ns este dom,

    e est disposto a faz-lo, no como uma recompensa por algo que ns possamos fazer,seno simplesmente por causa do seu amor infinito. Esse dom para ns, e podemosreceb-lo mediante pela f." (The Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 6,

    pg. 502).Estas declaraes provenientes de trs autores adventistas, juntamente com

    milhares de outras declaraes semelhantes, revelam a profunda nfase evanglica dosadventistas do stimo dia. Este discernimento espiritual comeou com a nfase nodever e na profecia. No que no se acreditavam nas grandes verdades doEvangelho, seno que estas foram dadas por sentadas. Muitos dos primeiros crenteseram conversos de outras congregaes e conheciam por experincia pessoal osignificado da salvao.

    Com o transcurso do tempo, se descuidou a nfase evanglica devida necessidade imperiosa de defender as doutrinas peculiares, tais como o sbado, aimortalidade condicional e a segunda vinda de Cristo. Chegou o momento quando oslderes denominacionais perceberam este descuido e fizeram campanha para restauraresta nfase perdida na salvao unicamente pela f. Um congresso notvel da Associao Geral, milhares de pginas publicadas e uma dcada de reavivamento,

    juntamente com muitos outros fatores, contriburam para implantar a nfaseevanglica, de modo que seu fruto fosse permanente e duradouro.

    Este livro persegue quatro finalidades: primeiro, reviver alguns aspectos dadoutrina da justificao pela f como ensinada na Bblia. A primeira parte dedicada aeste propsito. Esperamos que esta seo ajude aos leitores a ver a justificao pela fcomo um tema que corre ao longo de toda a Escritura Sagrada. Esperamos tambmque se preste ateno especial ao captulo intitulado: "O Evangelho e os Evangelhos".Freqentemente, se menciona Paulo como a fonte principal a respeito da justificao

    pela f. Os escritos de Paulo tm uma tremenda importncia, mas os quatroEvangelhos tambm so vitais na revelao das verdades bblicas sobre as quais Pauloe todos os demais apologistas edificaram.

    O segundo propsito consiste na apresentao de um breve estudo da histria dadoutrina da justificao pela f, desde Paulo at Wesley. Este estudo indispensvel

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    para a compreenso do lugar que esta doutrina ocupa na Igreja Adventista. Todadoutrina tem suas razes no passado e pode ser compreendida plenamente to-s nocontexto desse passado. A segunda parte desta obra explora os sculos cristos para

    proporcionar este necessrio antecedente.

    O terceiro propsito deste livro examinar a atitude da igreja adventista emrelao doutrina da justificao pela f. O meu interesse neste aspecto do tema foiestimulado por primeira vez em 1937 quando, em meus primeiros anos de pastorado,me encontrei diante das pretenses de uma organizao dissidente que ensinava ateoria de que a Igreja Adventista havia rechaado a doutrina da justificao pela f em1888. Poucos anos depois tive o privilgio de investigar nos arquivos denominacionaise reconstruir os acontecimentos ocorridos em torno ao bem conhecido congressocelebrado em Minepolis em 1888. Como se ver, no estou de acordo com os que

    pretendiam que a denominao havia rechaada completamente a doutrina em 1888, etampouco concordo com aqueles que sustentem que a doutrina foi aceitaentusiasticamente naquele tempo. Creio que o desenvolvimento de uma poderosanfase evanglica na igreja adventista deve avaliar-se na base das perspectivashistricas que abrangem mais de um sculo. O congresso de 1888 foi um incidenteimportante em uma longa e complicada seqncia histrica. Esforcei-me parareconstruir uma seqncia nos aspectos essenciais.

    O quarto propsito que persegue este livro consiste em oferecer ao leitor umaamostra das publicaes adventistas acerca da justificao pela f. Peo desculpas pelagrande quantidade de material citado. Por exemplo, no captulo 1, "O Evangelho noAntigo Testamento", aparece uma srie de citaes tiradas dos livros que Ellen G.

    White escreveu sobre o Antigo Testamento: Patriarcas e Profetas e Profetas Reis.Este captulo compre duas finalidades: mostra os antecedentes que a doutrina da

    justificao pela f tem no Antigo Testamento e apresenta a interpretao adventistadesse material tal como o encontramos nos escritos da Sra. White. As referncias queapresentamos neste livro no se limitam de modo nenhum s obras de Ellen G. White.O captulo intitulado "o adventismo do sculo XX", abunda em citaes pertencentes aautores adventistas modernos representativos. Esperamos que as numerosas citaescontidas neste livro ajudem o leitor a apreciar a riqueza das publicaes adventistasneste aspecto da verdade.

    Devo fazer um comentrio concernente terminologia. Em geral, tenho utilizadoa expresso teolgica mais familiar "justificao pela f" e em lugar das expresses"salvao pela f" ou "justia pela f". Nas publicaes adventistas, freqentementeestas expresses so empregadas no mesmo sentido, embora alguns autores limitem"justificao pela f" ao seu significado bsico relacionado com a converso. Tentarmanter uma cuidadosa distino entre a graa de Deus tal como opera para converterum homem e a graa de Deus tal como atua para manter um homem em Cristo,constitui uma distino teolgica que escapa ao propsito deste livro.

    Na apresentao dos fatos histricos procurei ser objetivo, compreendendo, que

    uma objetividade completa no possvel nem tampouco sempre desejvel. Cadacristo fervorosoest profundamente comprometido com a grande verdade. Este no

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    pode analisar com desapego a graa de Deus e sua prpria f ou as experinciaschamadas justificao e santificao. Estas verdades significam tudo para ele. Estimplcito toda sua felicidade presente, o propsito de sua vida e seu destino eterno.Sua vontade, suas emoes e seu intelecto esto igualmente comprometidos. Ele ora

    fervorosamente para que outros experimentem o que ele experimentou em Cristo.Espero que este volume no somente proporcione informao histrica edoutrinal, mas que tambm sirva para a glria ficara deus por cuja graa so salvos.

    O AUTOR

    Nota especial para a edio em espanhol

    Desde a publicao da edio inglesa deste livro, em 1962, foram levados a caboa duas investigaes importantes acerca da histria da doutrina da justificao pela fna Igreja Adventista do Stimo Dia; o resultado da primeira o livro Through Crisisto Victory, do pastor A. V. Olson; a outra investigao foi concretizada na forma deum manuscrito ainda no publicado no momento de escrever estas linhas, intitulado

    Eternal Verities Triumphant, do Dr. L. E. Froom. Os autores vo explorardetalhadamente certas reas apresentadas em forma geral neste livro. Recomendo aleitura das duas obras citadas.

    Norval F. PeaseLoma Linda University

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    RECONHECIMENTO

    O autor agradece a colaborao dos seguintes editores e fideicomissionrios quelhe permitiram citar os diferentes livros sobre os quais tm direitos reservados:

    Charles Scribner's Sons (Nova Iorque): A History of Christian Though, por Arthur C.McGiffert; eHistory of Christian Doctrine, por George Park Fisher.The Macmillan Company (Nova Iorque): The New Testament in Modern English, J.

    B. Phillips, 1958. Utilizado com permisso da Macmillan Company.The Oxford University Press (Nova Iorque): The New English Bible The Delegates of

    the Oxford University Press e Syndics of the Cambridge University Press, 1961.T. & T. Clark (Edimburgo): Churches Dogmatics, por Karl Barth, University of

    London Press Limited (Londres): The Beginnings of Arminianism, por A. H.Harrison.

    The Judson Press (Filadlfia): A Manual of Christian History, vol. 2, por A. H.

    Newman. Copyright, 1931. Utilizado com permisso.Thomas Nelson & Sons (Nova Iorque): Revised Standard Version of the Holy Bible.Copyright, 1946 e 1952, pela Division of Christian Education of the NationalCouncil of Churches. Utilizado com permisso.

    Vm. B. Eerdman, Publishing Company (Grand Rapids, Michigan): Faith andJustification, por G. C. Berkower; e Institutes of the Christian Religion, por JohnCalvino.

    The Westminster Press (Filadlfia): The Epistle of Paul to the Romans, por Charles R.Erdman. Copyright, 1925, por F. M. Braselman, Copyright renovado em 1953, porC. R. Erdman. The Westminster Press.

    Fideicomissionrios do Westminster Theological Seminary, UW, J. Gresham Machen(Filadlfia): What Is Faith?por J. G. Machen.

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    O EVANGELHO NO ANTIGO TESTAMENTO

    O Servo Sofredor

    SE ALGUM me perguntasse qual a parte do Antigo Testamento onde oEvangelho de Cristo tem sua expresso mais acabada, responderia sem vacilao:"Isaas 52:13 a 53:12". Esta passagem constitui um poema de apenas cinco estrofes, ecada uma delas descreve alguma fase do ministrio de Cristo. Penso que estas estrofesmagnficas constituem uma adequada introduo para este livro. Coloquei em cadaestrofe o ttulo sugerido pelo grande erudito escocs do Antigo Testamento, JorgeAdams Smith:

    O Servo Divino

    "Eis que o meu Servo proceder com prudncia; ser exaltado e elevado e sermui sublime.

    Como pasmaram muitos vista dele (pois o seu aspecto estava mui desfigurado,mais do que o de outro qualquer, e a sua aparncia, mais do que a dos outrosfilhos dos homens),

    assim causar admirao s naes, e os reis fecharo a sua boca por causa dele;porque aquilo que no lhes foi anunciado vero, e aquilo que no ouviramentendero.

    O Enfermo Divino

    "Quem creu em nossa pregao? E a quem foi revelado o brao do Senhor?Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; no

    tinha aparncia nem formosura; olhamo-Lo, mas nenhuma beleza havia quenos agradasse.

    Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe oque padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, eradesprezado, e dele no fizemos caso.

    O Substituto Divino

    "Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levousobre si; e ns o reputvamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.

    Mas ele foi traspassado pelas nossas transgresses e modo pelas nossasiniqidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas

    pisaduras fomos sarados.Todos ns andvamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo

    caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqidade de ns todos.

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    O Sacrifcio Divino

    "Ele foi oprimido e humilhado, mas no abriu a boca; como cordeiro foi levadoao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele no

    abriu a boca.Por juzo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou?Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgresso do meu

    povo, foi ele ferido.Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua

    morte, posto que nunca fez injustia, nem dolo algum se achou em sua boca.

    A Satisfao Divina

    Todavia, ao SENHOR agradou mo-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a suaalma como oferta pelo pecado, ver a sua posteridade e prolongar os seusdias; e a vontade do SENHOR prosperar nas suas mos.

    Ele ver o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficar satisfeito; o meu Servo, oJusto, com o seu conhecimento, justificar a muitos, porque as iniqidadesdeles levar sobre si.

    Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartir ele odespojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com ostransgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelostransgressores intercedeu."

    Por mais belo e completo que seja este poema, no de modo nenhum a nicapassagem que proclama o Evangelho no Antigo Testamento. A misso salvadora deCristo, como o tema de uma sinfonia, emerge em quase cada livro do VolumeSagrado. Ellen G. White, em dois de seus livros, Patriarcas e Profetas eProfetas e

    Reis, freqentemente menciona tais passagens. Apresentaremos vrias delas nestecaptulo.

    De Ado a Jos

    Os captulos iniciais do Antigo Testamento proclamam a Deus como o Criador.Este conceito fundamental para o cristianismo evanglico. Espera-se que um deusque criou o homem assuma a responsabilidade com relao ao objeto de seu amor ecriador. O evangelho, as boas novas de Deus da redeno, para apresentar amanifestao deste amor divino.

    A doutrina bblica da trindade revela um ntimo vinculo entre a criao e aredeno:

    "O Soberano do Universo no estava s em Sua obra de beneficncia. Tinha um

    companheiro um cooperador que poderia apreciar Seus propsitos, e participar deSua alegria ao dar felicidade aos seres criados. "No princpio era o Verbo, e o Verbo

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    estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princpio com Deus." Joo 1:1 e2. Cristo, o Verbo, o Unignito de Deus, era um com o eterno Pai - um em natureza,carter, propsito - o nico ser que poderia penetrar em todos os conselhos e

    propsitos de Deus." 1

    Quando resultou evidente que o homem necessitaria redeno, revelou-se que "amor divino havia concebido um plano pelo qual o homem poderia ser remido". 2"Deus ia ser manifesto em Cristo, 'reconciliando consigo o mundo'. II Cor. 5:19.

    O homem se tornara to degradado pelo pecado que lhe era impossvel, por si mesmo,andar em harmonia com Aquele cuja natureza pureza e bondade. Mas Cristo, depoisde ter remido o homem da condenao da lei, poderia comunicar fora divina para seunir com o esforo humano. Assim, pelo arrependimento para com Deus e f emCristo, os cados filhos de Ado poderiam mais uma vez tornar-se 'filhos de Deus'. IJoo 3:2." 3

    As linhas anteriores condensam a doutrina da salvao pela f. A lei condenava ohomem, mas no podia salv-lo. Cristo, na cruz, redimiu o homem desta condenao.Essa redeno foi definitiva, completa e adequada. O preo foi pago, de modo que estaexperincia da redeno estaria ao alcance de cada ser humano que a aceitar "peloarrependimento para com Deus e f em Cristo". Esta redeno no apenas poria ohomem em uma relao satisfatria para com Deus, mas tambm lhe garantiria umafonte de poder divino que lhe permitisse viver o tipo de vida apropriado a um "filho deDeus".

    Das portas do den em diante, foi ilustrado vez aps vez esta proviso divina deredeno. Em Hebreus 11 lemos: "Pela f, Abel ofereceu a Deus mais excelente

    sacrifcio do que Caim"."Abel apreendeu os grandes princpios da redeno. Viu-se como um pecador, e

    viu o pecado e sua pena de morte de permeio entre sua alma e a comunho com Deus.Trazia morta a vtima, aquela vida sacrificada, reconhecendo assim as reivindicaesda lei, que fora transgredida. Por meio do sangue derramado olhava para o futurosacrifcio, Cristo a morrer na cruz do Calvrio; e, confiando na expiao que ali seriafeita, tinha o testemunho de que era justo, e de que sua oferta era aceita." 4

    Em contraste, milhares de pessoas naqueles dias da antigidade seguiram oexemplo dos construtores da Torre de Babel, cujo pecado consistiu em confiar "em si

    mesmos" e "o mesmo que governou Caim ao apresentar ele a sua oferta".5Para preservar o conhecimento de Deus no mundo, Deus escolheu homens como

    Abrao e os demais patriarcas. Deus prometeu a Abrao que ele seria o pai de umagrande nao. "E a isto acrescentou-se esta certeza, mais preciosa do que todas asoutras para o herdeiro da f, de que o Redentor do mundo viria de sua linhagem: 'Em tisero benditas todas as famlias da Terra'. Gn. 12:2 e 3." 6Esta promessa foi repetidaa Abrao em diversas ocasies. como se Deus tivesse escolhido momentos de crisena vida de Abrao nos quais a repetio da promessa lhe proporcionaria coragem eesperana.

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    A vida de Jac foi manchada por uma conduta fraudulenta. Este finalmenteexperimentou um momento de crise em Jaboque, onde lutou com o anjo. Foi ali ondeaprendeu uma lio com relao ao significado do mtodo de redeno de Deus.

    "Foi pela entrega de si mesmo e por uma f tranqilizadora que Jac alcanou o

    que no conseguira ganhar com o conflito em sua prpria fora. Deus assim ensinou aSeu servo que o poder e a graa divina unicamente lhe poderiam dar a bno que eledesejava com ardor. De modo semelhante ser com aqueles que vivem nos ltimosdias. Ao rodearem-nos os perigos, e ao apoderar-se da alma o desespero, devemconfiar unicamente nos mritos da obra expiatria. Nada podemos fazer de nsmesmos. Em toda a nossa desajudada indignidade, devemos confiar nos mritos doSalvador crucificado e ressuscitado. Ningum jamais perecer enquanto fizer isto." 7

    A vida de Jos no esteve manchada por nenhuma das fraquezas que pesavamsobre seu pai. O vigor e a formosura do seu carter foram to surpreendentes, que suavida tem sido apresentada como uma ilustrao da vida de Cristo.

    "A pacincia e humildade de Jos sob a injustia e a opresso, seu perdo prontoe a nobre benevolncia para com seus irmos desnaturados, representam o resignadosofrimento do Salvador, pela malcia e maus-tratos de homens mpios, e Seu perdono somente aos Seus assassinos, mas a todos que a Ele tm vindo confessando seus

    pecados e buscando perdo."8

    O xodo

    Moiss realizou uma grande deciso quando lanou sua sorte com a da nao

    escrava de Israel. Mas o incidente do assassinato do egpcio expe sua ignorncia dosmtodos de Deus. "Tinha ainda a aprender a mesma lio de f que havia sidoensinada a Abrao e Jac - no confiar na fora e sabedoria humanas, mas no poder deDeus" 9

    "A pscoa devia ser tanto comemorativa como tpica, apontando no somentepara o livramento do Egito, mas, no futuro, para o maior livramento que Cristocumpriria libertando Seu povo do cativeiro do pecado. O cordeiro sacrifical representao 'Cordeiro de Deus', em quem se acha nossa nica esperana de salvao. Diz oapstolo: 'Cristo, nossa pscoa, foi sacrificado por ns.' I Cor. 5:7. No bastava que o

    cordeiro pascal fosse morto, seu sangue devia ser aspergido nas ombreiras; assim osmritos do sangue de Cristo devem ser aplicados alma. Devemos crer que Elemorreu no somente pelo mundo, mas que morreu por ns individualmente. Devemostomar para o nosso proveito a virtude do sacrifcio expiatrio." 10

    Os meses que se seguiram a este acontecimentos foram marcados pelaproclamao da lei de Deus no Sinai e a promulgao de regulamentos concernentes vida individual e tribal de Israel. Mas o Sinai no era unicamente o monte da lei:

    "Por essa luz era o intuito de Deus impressionar Israel com o carter sagrado eexaltado de Sua lei, e a glria do evangelho revelado por meio de Cristo. ... Enquanto

    Moiss estava no monte, Deus apresentou-lhe no somente as tbuas da lei, mastambm o plano da salvao. Ele viu que o sacrifcio de Cristo era prefigurado por

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    todos os tipos e smbolos da era judaica; e era a luz celestial que flua do Calvrio, nomenos que a glria da lei de Deus, que derramava tal brilho no rosto de Moiss.Aquela iluminao divina simbolizava a glria da dispensao de que Moiss era omediador visvel, representante do nico verdadeiro Intercessor." 11

    A importncia desta observao fica mais evidente ao considerarmos o sistemade culto em Israel mediante Moiss. Em todo o complicado sistema de sacrifcios,festas e outras observncias, se pode ver a idia bsica da expiao. A lei definia o

    pecado. Os rituais realizados no antigo santurio constituam uma lio objetiva dada aum povo primitivo com relao ao modo como se resolveria o problema do pecado.Em todo o ciclo de cerimnias dirias e anuais, Israel era lembrado continuamente que1) o pecado srio, 2) o pecado causa morte, 3) Deus perdoa ao contrito sincero."Acima da lei estava o propiciatrio, sobre o qual se revelava a presena de Deus, e doqual, em virtude da obra expiatria, se concedia o perdo ao pecador arrependido." 12

    "Como naquele cerimonial tpico o sacerdote olhava pela f ao propiciatrio queno podia ver, assim o povo de Deus deve hoje dirigir suas oraes a Cristo, seugrande Sumo Sacerdote que, invisvel aos olhares humanos, pleiteia em seu favor nosanturio celestial." 13

    Os smbolos do cerimonial do santurio constituam uma recordao constante doplano da redeno. Por exemplo:

    "O incenso que subia com as oraes de Israel, representa os mritos eintercesso de Cristo. Sua perfeita justia, que pela f atribuda ao Seu povo, e queunicamente pode tornar aceitvel a Deus o culto de seres pecadores. Diante do vu dolugar santssimo, estava um altar de intercesso perptua; diante do lugar santo, um

    altar de expiao contnua. Pelo sangue e pelo incenso deveriam aproximar-se de Deus- smbolos aqueles que apontam para o grande Mediador, por intermdio de quem os

    pecadores podem aproximar-se de Jeov, e por meio de quem unicamente, amisericrdia e a salvao podem ser concedidas alma arrependida e crente." 14

    "Em tais condies, no ministrio do tabernculo e do templo que mais tardetomou o seu lugar, ensinavam-se ao povo cada dia as grandes verdades relativas morte e ministrio de Cristo, e uma vez ao ano sua mente era transportada para osacontecimentos finais do grande conflito entre Cristo e Satans, e para a final

    purificao do Universo, de pecado e pecadores." 15

    A interpretao adventista do Antigo Testamento colocou Cristo em seu lugar dedestaque. No somente relaciona Cristo com o Pai na Criao (Joo 1:3), comotambm O apresenta como o Lder de Israel no deserto (I Cor. 10:4):

    "Em todas estas revelaes da presena divina, a glria de Deus se manifestavapor meio de Cristo. No somente por ocasio do advento do Salvador, mas atravs detodos os sculos aps a queda e promessa de redeno, 'Deus estava em Cristoreconciliando consigo o mundo'. II Cor. 5:19." 16

    "Desde que o Salvador verteu Seu sangue para a remisso dos pecados, e subiuao Cu para 'comparecer por ns perante a face de Deus' (Heb. 9:24), tem estado a

    fluir luz da cruz do Calvrio e dos lugares santos do santurio celestial. Mas a luz mais

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    clara que nos concedida no nos deve levar a desprezar a que nos primeiros temposfoi recebida mediante os tipos que indicavam o Salvador vindouro." 17

    O plano de salvao de Deus ilustrado nas disposies divinas conhecidas comoos "pactos". O "antigo pacto", o contrato de Israel com Deus, estava baseado no

    princpio de: obedece e vive; desobedece e morre. O "novo pacto" ou 'pacto eterno"constitua um contrato de Deus com o homem. Estava estabelecido sobre "melhorespromessas": as promessas de Deus; no as do homem. Inclua "promessas do perdodos pecados, e da graa de Deus para renovar o corao, e lev-lo harmonia com os

    princpios da lei de Deus. ... Em vez de cuidarmos em estabelecer nossa prpriajustia, aceitamos a justia de Cristo. Seu sangue expia os nossos pecados. Suaobedincia aceita em nosso favor." 18 O novo pacto no representa nada seno oEvangelho. a disposio de Deus mediante a qual Sua graa e a f do indivduo

    produzem a redeno da pessoa.Um incidente na histria da peregrinao de Israel ilustra a dinmica da

    redeno. Israel tinha cometido um grave pecado e estava sendo castigado pela pragade serpentes mortferas. Moiss foi instrudo a erigir uma serpente de bronze no meiodo povo, para que todo aquele que olhasse para a serpente de bronze vivesse.

    "O levantamento da serpente de bronze deveria ensinar a Israel uma importantelio. No poderiam salvar a si mesmos dos efeitos fatais do veneno em seusferimentos. Apenas Deus os poderia curar. Contudo exigia-se-lhes mostrar f no meioque Ele provera. Deviam olhar, a fim de viverem. A sua f que era aceitvel diantede Deus; e, olhando a serpente, mostravam a sua f. Sabiam que no havia virtude naserpente mesma, mas era ela um smbolo de Cristo; e a necessidade de f em Seus

    mritos era-lhes assim apresentada ao esprito. ..."Os israelitas salvaram a prpria vida olhando para a serpente levantada. Aquele

    olhar envolvia f. Viviam porque acreditavam na palavra de Deus, e confiavam nomeio provido para o seu restabelecimento. Assim o pecador pode olhar a Cristo, eviver. Recebe perdo pela f no sacrifcio expiatrio. Diferente do smbolo inerte einanimado, Cristo tem poder e virtude em Si mesmo para curar o pecador arrependido.

    "Conquanto o pecador no possa salvar-se a si prprio, tem algo que fazer paraconseguir a salvao. "O que vem a Mim", disse Cristo, "de maneira nenhuma olanarei fora." Joo 6:37. Mas devemos ir a Ele; e, quando nos arrependemos de

    nossos pecados, devemos crer que Ele nos aceita e perdoa. A f dom de Deus, mas afaculdade de exerc-la nossa. A f a mo pela qual a alma se apodera das ofertasdivinas de graa e misericrdia.

    "Nada alm da justia de Cristo pode dar-nos direito s bnos do concerto dagraa. Muitos h que durante longo tempo tm desejado e procurado obter essas

    bnos, mas no as tm recebido, porque tm acariciado a idia de que podiam fazeralgo para se tornarem dignos das mesmas. Eles no tm olhado fora de si, e crido queJesus um Salvador inteiramente capaz. No devemos crer que nossos prpriosmritos nos salvaro; Cristo a nossa nica esperana de salvao. 'Debaixo do Cu

    nenhum outro nome h, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.' Atos4:12." 19

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    Os Profetas

    Muitos anos depois, quando os hebreus estavam bem estabelecidos em sua terra,

    Samuel instituiu um sistema educacional para os lderes religiosos, que veio a serconhecido como a escola dos profetas. Com relao ao plano de estudos destasescolhas, somos informados:

    "Nos registros da Histria Sagrada acham-se traadas as pegadas de Jeov.Referiam-se as grandes verdades apresentadas pelos tipos, e a f apreendia o objetivocentral de todo aquele conjunto cerimonial, a saber, o Cordeiro de Deus que deveriatirar o pecado do mundo." 20

    Anos depois o profeta Elias passou por uma grande crise em sua vida. Depois deuma notvel vitria sobre os profetas de Baal, passou por um perodo de profundodesnimo. A Sra. White registra o seguinte comentrio acerca desta experincia do

    profeta:"Companheiro cristo, Satans conhece tuas fraquezas; apega-te, pois, a Jesus.

    Permanecendo no amor de Deus, poders resistir a cada prova. A justia de Cristounicamente pode dar-te poder para te opores onda do mal que est inundando omundo. Acrescenta f tua experincia. A f faz leve cada fardo, alivia cada fadiga.Providncias que so agora misteriosas poders compreender por contnua confianaem Deus. Anda pela f no caminho que Ele traar. Sobreviro provas; mas prossegueavante. Isto fortalecer tua f e te preparar para o servio." 21

    Isaas, o "profeta evanglico", viu claramente os princpios da graa divina e

    procurou ensin-los em seus dias:"Pelo contemplar a seu Deus, o profeta, como Saulo de Tarso s portas de

    Damasco, no tinha recebido somente viso de sua prpria indignidade; ao seucorao humilhado viera a certeza de perdo, pleno e livre; e ele se tornara um homemmudado. Havia visto o seu Senhor. Apanhara um lampejo da amabilidade do carterdivino. Podia testificar da transformao que se operara pela contemplao do InfinitoAmor. Da em diante ele fora inspirado com o incontido desejo de ver o transviadoIsrael livre do fardo e penalidade do pecado." 22

    Isaas apresentou claramente o convite evanglico:

    "Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto est perto. Deixe operverso o seu caminho, o inquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que secompadecer dele, e volte-se para o nosso Deus, porque rico em perdoar" (Isa. 55:6,7).

    Por meio do profeta Jeremias foi dada a promessa do "novo pacto", aquele queinclua um perdo completo:

    "Porque esta a aliana que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias,diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, tambm no corao lhasinscreverei; eu serei o seu Deus, e eles sero o meu povo. No ensinar jamais cada

    um ao seu prximo, nem cada um ao seu irmo, dizendo: Conhece ao SENHOR,porque todos me conhecero, desde o menor at ao maior deles, diz o SENHOR. Pois

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    perdoarei as suas iniqidades e dos seus pecados jamais me lembrarei." (Jer. 31:33,34).

    Zacarias, mediante uma surpreendente alegoria, exps a idia da redeno:"Em viso o profeta contemplou 'o sumo sacerdote Josu', 'vestido de vestidos

    sujos' (Zac. 3:1 e 3), o qual estava diante do anjo do Senhor, suplicando a misericrdiade Deus para o seu povo afligido. Enquanto ele suplicava o cumprimento daspromessas de Deus, Satans se apresentou ousadamente para resistir-lhe. Eleapresentou as transgresses de Israel como razo pela qual no poderiam serreabilitados no favor de Deus. Reclamava-os como presa sua, e exigia que fossementregues em suas mos.

    "O sumo sacerdote no podia defender nem a si nem a seu povo das acusaes deSatans. Ele no afirma que Israel esteja isento de faltas. Em vestes sujas,simbolizando os pecados do povo - pecados que ele levava como seu representante -ele est perante o anjo, confessando os pecados deles, mas apontando para o seuarrependimento e humilhao, e descansando na misericrdia de um Redentor que

    perdoa o pecado. Em f ele reclama as promessas de Deus."Ento o anjo, que o prprio Cristo, o Salvador dos pecadores, reduz ao silncio

    o acusador do Seu povo, declarando: 'O Senhor te repreenda, Satans; sim, o Senhor,que escolheu Jerusalm, te repreenda: no este um tio tirado do fogo?' Zac. 3:2.Longo tempo havia Israel permanecido na fornalha da aflio. Por causa de seus

    pecados havia sido quase consumido no fogo que Satans e seus agentes haviamacendido para a sua destruio; mas Deus tinha agora estendido a Sua mo para tir-los.

    "Havendo sido aceita a intercesso de Josu, dada a ordem: 'Tirai-lhe estesvestidos sujos'; e a Josu o anjo diz: 'Eis que tenho feito com que passe de ti a tuainiqidade, e te vestirei de vestidos novos.' 'E puseram uma mitra limpa sobre a suacabea, e o vestiram de vestidos...' Zac. 3:4 e 5. Seus prprios pecados e os de seu

    povo foram perdoados. Israel fora vestido 'de vestidos novos' - a justia de Cristo aeles imputada. A mitra posta sobre a cabea de Josu era como a que os sacerdotesusavam, e levava a inscrio: 'Santidade ao Senhor' (xo. 28:36), significando que noobstante suas anteriores transgresses, ele estava agora qualificado para ministrar

    perante Deus em Seu santurio....

    "Foi pela f no Salvador vindouro que Josu e seu povo tinham recebido operdo. Pela f em Cristo haviam eles sido restaurados no favor de Deus. Pela virtudede Seus mritos, se andassem nos Seus caminhos e guardassem os Seus estatutos,seriam "homens portentosos", honrados como os escolhidos do Cu entre as naes daTerra. ...

    "A controvrsia se repete em relao a casa alma que liberta do poder do mal, ecujo nome escrito no livro da vida do Cordeiro. Jamais algum recebido na famliade Deus sem que se exalte a decidida resistncia do inimigo. Mas Aquele que foi entoa esperana de Israel, sua defesa, justia e redeno, a esperana da igreja hoje. ...

    "O homem no pode, em sua prpria fora, enfrentar as acusaes do inimigo.Com suas vestes manchadas de pecado e em confisso de culpa, ele est perante Deus.

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    Mas Jesus, nosso Advogado, apresenta uma eficaz alegao em favor de todo aqueleque, pelo arrependimento e f, confiou a guarda de sua alma a Ele. Ele defende suacausa, e mediante os poderosos argumentos do Calvrio, derrota o seu acusador. Sua

    perfeita obedincia lei de Deus deu-Lhe poder no Cu e na Terra, e Ele reclama de

    Seu Pai misericrdia e reconciliao para com o homem culpado. Ao acusador do Seupovo Ele declara: 'O Senhor te repreenda, Satans. Estes so os que foramcomprados com o Meu sangue, tio tirado do fogo.' E aos que nEle descansam em f,Ele d a certeza: 'Eis que tenho feito com que passe de ti a tua iniqidade, e te vestireide vestidos novos.' Zac. 3:4.

    "Todos os que se vestiram da justia de Cristo estaro perante Ele comoescolhidos, e fiis e leais. Satans no tem poder para arranc-los da mo do Salvador.

    Nenhuma alma que em penitncia e f reclame a Sua proteo, permitir Cristo quepasse para o poder do inimigo. ...

    "Como Josu suplicou perante o anjo, assim a igreja remanescente, comquebrantamento de corao e inabalvel f, suplicar perdo e livramento por meio deJesus, seu Advogado. Esto inteiramente cnscios da pecaminosidade de suas vidas,vem sua fraqueza e indignidade; e esto a ponto de desesperar. ...

    "Mas conquanto os seguidores de Cristo tenham pecado, eles no se entregaramao controle das instrumentalidades satnicas. Arrependeram-se de seus pecados, e

    procuraram o Senhor em humildade e contrio; e o Advogado divino pleiteia poreles. Aquele que tem sido abusado ao mximo pela ingratido deles, Aquele queconhece os seus pecados e tambm a sua penitncia, declara: 'O Senhor te repreenda, Satans. Eu dei a Minha vida por estas almas. Eles esto gravados na palma das

    Minhas mos. Eles podem ter imperfeies de carter; podem ter falhado em seusesforos; mas se arrependeram, e Eu os perdoei e aceitei.' ...

    "As vestes imaculadas da justia de Cristo so postas sobre os tentados filhos deDeus. Provados e fiis o desprezado remanescente est vestido de vestes gloriosas,

    para no mais serem aviltados pelas corrupes do mundo. Seus nomes estoconservados no livro da vida do Cordeiro, inscritos entre os fiis de todos os tempos."23

    Um Olhar ao Futuro

    Quase no fim do seu livro Profetas e Reis, a Sra. White inclui um captulointitulado "A Vinda de um Libertador". Neste captulo a autora resume as referncias eas profecias do Antigo Testamento que apontam para a vinda de Cristo como oSalvador. Alguns pargrafos extrados dele sero suficientes para ilustrar a maneiracomo o Evangelho da salvao destacado no Antigo Testamento:

    "Atravs dos longos sculos de "angstia e escurido" (Isa. 8:22) que marcaram ahistria da humanidade desde o dia em que nossos primeiros pais perderam o seu larno den at o tempo em que o Filho de Deus apareceu como o Salvador dos

    pecadores, a esperana da raa cada esteve centralizada na vinda de um Libertadorpara livrar a homens e mulheres do cativeiro do pecado e da sepultura." 24

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    O primeiro anncio da vinda da Redentor est na promessa feita a Ado e Evaregistrada em Gnesis 3:15. Nossos primeiros pais foram levados a compreender quelhes seria "permitido um perodo de graa, durante o qual, pela f no poder de Cristo

    para salvar, poderiam tornar-se uma vez mais filhos de Deus." 25

    Esta promessa tornou-se a fonte da esperana do homem atravs de todos ossculos escuros que se seguiram:"Esta esperana de redeno por meio do advento do Filho de Deus como

    Salvador e Rei, jamais se extinguiu no corao dos homens. Desde o incio tem havidoalguns cuja f tem alcanado alm das sombras do presente penetrando as realidadesdo futuro. Ado, Sete, Enoque, Matusalm, No, Sem, Abrao, Isaque e Jac pormeio destes e outros homens dignos o Senhor tem preservado as preciosas revelaesde Sua vontade. Assim foi que aos filhos de Israel, povo escolhido por cujo intermdiodevia ser dado ao mundo o Messias prometido, Deus partilhou o conhecimento dosreclamos de Sua lei, e da salvao a ser realizada graas ao sacrifcio expiatrio doSeu amado Filho." 26

    A esperana do Messias que viria nas nuvens foi mantida viva por meio deMoiss e os profetas. Passagens como a de Isaas 53 apontam inequivocamente aCristo como o Salvador. Entre muitas outras profecias messinicas de Isaas seencontra a predio de Isaas 61:1, 2, aquela que Jesus empregou como o texto de Seu

    primeiro sermo que se tem registro. Esta passagem descreve a misso de Jesus comoalgum que traz "boas novas", como quem sara os quebrantados de corao e dliberdade aos presos.

    Na profecia de Daniel revelado o tempo quando viria Aquele que haveria de

    "expiar a iniqidade" e "trazer a justia eterna" (Dan. 9:24). Esta profecia algo maisque uma lio de aritmtica. Aponta consumao do Evangelho: a vinda doSalvador. isto precisamente o que d significado profecia.

    Depois de mencionar as predies do Antigo Testamento acerca da vinda deCristo, a Sra. White conclui seu captulo com estas palavras: "Nosso Redentor abriu ocaminho, para que o mais pecador, o mais necessitado, o mais oprimido e desprezado,

    possa encontrar acesso ao Pai." 27 medida que os sculos transcorreram e o momento da vida de Cristo se

    aproximou, produziu-se um fenmeno religioso conhecido com o nome de "judasmo".

    Foi este o sistema que Cristo enfrentou e ao qual ops resistncia durante Seuministrio. A Sra. White comenta a respeito deste corrente religiosa dos ltimostempos do Antigo Testamento:

    "Como nao, o povo de Israel, conquanto desejando o advento do Messias,estava de tal modo separado de Deus no corao e na vida que no podia alcanarverdadeira concepo do carter ou misso do prometido Redentor. Em lugar dedesejar a redeno do pecado, e a glria e paz da santidade, tinham o corao posto nolibertamento de seus inimigos nacionais, e a restaurao do poder temporal." 28

    O livroProfetas e Reis termina com um vislumbre da vitria final da igreja de

    Deus. Contemplando os dias que precederiam a segunda vinda de Cristo, a autora diz:

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    "Revestidos da armadura da justia de Cristo, a igreja deve entrar em seu conflitofinal." 29

    Depois de descrever as alegrias que sero experimentadas na Terra feita nova, aautora exclama:

    "Companheiro peregrino, ns estamos ainda em meio s sombras e tumultos dasatividades terrenas; mas logo nosso Salvador dever aparecer para nos dar livramentoe repouso. Olhemos pela f ao bendito futuro, tal como a mo de Deus o pinta. Aqueleque morreu pelos pecados do mundo, est franqueando as portas do Paraso a todo quenEle cr." 30

    De acordo com o que temos visto, a nota tnica dos livros Patriarcas e Profetas eProfetas e Reis, a f salvadora em Cristo. Esta nfase reflete o tema do AntigoTestamento. Por meio da revelao escrita, as profecias, os cnticos e as alegorias,Deus procurou revelar a Seu povo da antigidade a grande verdade de que "a salvao do Senhor". A graa divina estava manifestada, no to claramente como no NovoTestamento, segundo pode ser apreciado em Hebreus captulo 11. Os personagens doAntigo Testamento que recebero a imortalidade, sero os receptores da mesma graae os poderes da mesma f que seus irmos do Novo Testamento. Sua salvao foigarantida antecipadamente pelo sacrifcio realizado no Calvrio. Eles viram somente

    por meio de figuras e smbolos o plano divino para sua salvao, porm Deus aceitousua entrega e honrou sua confiana.

    "Eis que vm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e,rei que , reinar, e agir sabiamente, e executar o juzo e a justia na terra. Nos seusdias, Jud ser salvo, e Israel habitar seguro; ser este o seu nome, com que ser

    chamado: Senhor, Justia Nossa." (Jer. 23:5, 6). Deste modo, a misso de Cristo comoSalvador da humanidade resplandece desde os tempos mais antigos.

    Referncias

    1. White, Ellen G., Patriarcas e Profetas, pg. 34.2. Idem, pg. 63.3. Idem, pg. 64.4. Idem, pg. 72.

    5. Idem, pg. 123.6. Idem, pg. 125.7. Idem, pg. 203.8. Idem, pg. 240.9. Idem, pg. 247.

    10. Idem, pg. 277.11. Idem, pg. 330.12. Idem, pg. 349.13. Idem, pg. 353.

    14. Ibidem.15. Idem, pg. 358.

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    16. Idem, pg. 366.17. Idem, pgs. 367, 368.18. Idem, pg. 372.19. Idem, pgs. 430, 431.

    20. Idem, pg. 594.21. E. G. White, Profetas e Reis, pg. 175.22. Idem, pg. 314.23. Idem, pg. 583-591.24. Idem, pg. 681.25. Ibidem.26. Idem, pgs. 682, 683.27. Idem, pg. 702.28. Idem, pg. 709.29. Idem, pg. 725.30. Idem, pgs. 731, 732.

    O EVANGELHO NOS EVANGELHOS

    "TODO o Novo Testamento, os Evangelhos tanto como as epstolas, mostra aJesus de Nazar como algum que desde o princpio Se apresentou a Si mesmo, e com

    plena justificao, como o objeto da f para os homens pecadores." 1Tem-se suposto freqentemente que toda a informao acerca da justificao pela

    f se encontra nas epstolas de Paulo, especialmente em Romanos e Glatas.Entretanto, vimos a riqueza do Antigo Testamento em suas referncias sobre o mtodo

    de Deus para salvar os homens, e veremos que a mais abundante fonte sobre adoutrina da salvao pela f se acha nos quatro evangelhos. Este ponto de vista no

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    tem o propsito de diminuir a importncia da contribuio de Paulo. Paulo, de modonotvel, interpretou o Evangelho cristo de acordo com as pautas do pensamento desua poca. Porm o Evangelho que ele interpretou de modo to acertado se encontraem sua plenitude nos Evangelhos.

    A compreenso deste princpio de valor incalculvel para os que desejamapresentar com clareza as verdades da salvao. Por exemplo, a parbola do filhoprdigo pode falar mais diretamente ao corao do homem comum que as maisbrilhantes exposies sobre a lei e a graa. Os milagres de Jesus podem ensinar a fcom mais eloqncia do que qualquer tratado abstrato sobre a f e as obras. Enenhuma poro da Escritura Sagrada apresenta de modo mais completo os princpiosda f salvadora do que o Evangelho de Joo. O autor tem a convico de que oscristos compreenderiam e apreciariam melhor a salvao pela f em Cristo seexplorassem os tesouros das quatro Evangelhos.

    Os Milagres Ensinam a F que Salva

    Certo dia, quando Jesus e uma multido integrada por seus seguidores saam deJeric, um cego chamado Bartimeu "estava assentado beira do caminho". Quandosoube que Jesus estava perto dali, comeou a dizer-Lhe: "Tem misericrdia de mim!"Jesus chamou a Bartimeu e lhe perguntou: "Que queres que eu te faa?"

    Bartimeu respondeu: "Mestre, que eu torne a ver."Jesus respondeu: "Vai, a tua f te salvou."

    Dois fatores intervieram na restaurao deste homem: a graa de Jesus e a f deBartimeu. E assim como Bartimeu pde ver graas sua f em Jesus, assim tambmos que esto cegos espiritualmente so salvos pela f em Jesus. (Mar. 10:46-52)

    Jesus e trs de Seus discpulos desciam do monte da transfigurao. Fora umaexperincia maravilhosa. Pedro, Tiago e Joo tiveram uma viso da glria do cu. Masao aproximar-se dos demais discpulos tiveram a sensao desagradvel de que algoandava mal. Uma multido havia se reunido entre a qual estavam os acusadoresfariseus e os nove discpulos. A ateno de todos se dirigia a um menino que estavadeitado e acometido por alguma dificuldade. O pai do garoto explicou a Jesus que seu

    filhos estava sob a influncia de um esprito que lhe provocara muita angstia. Osdiscpulos no puderam lhe prestar nenhuma ajuda.

    O menino foi levado at Jesus, e imediatamente se iniciou um dilogointeressante:

    Jesus: "H quanto tempo isto lhe sucede?"Pai: "Desde a infncia, respondeu; e muitas vezes o tem lanado no fogo e na

    gua, para o matar; mas, se tu podes alguma coisa, tem compaixo de ns e ajuda-nos."

    Jesus: "Tudo possvel ao que cr."

    Pai: "Eu creio! Ajuda-me na minha falta de f!" (Mar. 9:14-29).

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    Depois da confisso de f pelo pai, Jesus lhe apresentou seu filho "perfeitamenteso de esprito e de corpo". 2

    Ao comentar este milagre, a Sra. White faz a seguinte aplicao experincia da

    salvao:" 'Se Tu podes fazer alguma coisa, tem compaixo de ns, e ajuda-nos.' Mar.9:22. Quanta alma oprimida pelo pecado tem repetido esta splica! E a todos respondeo compassivo Salvador: 'Se tu podes crer; tudo possvel ao que cr.' Mar. 9:23. a fque nos liga ao Cu, e nos traz fora para resistir aos poderes das trevas. Deus

    providenciou, em Cristo, meios para vencer todo pecaminoso trao de carter, eresistir a toda tentao, por mais forte que seja. Mas muitos sentem que lhes falta a f,e assim permanecem afastados de Cristo. Que essas almas, em sua impotenteindignidade, se lancem sobre a misericrdia de seu compassivo Salvador. No olheis

    para vs mesmos, mas para Cristo. Aquele que curava os doentes e expulsava osdemnios, quando andava entre os homens, ainda hoje o mesmo poderoso Redentor.A f vem pela palavra de Deus. Apegai-vos, pois, a Sua promessa: "O que vem a Mimde maneira nenhuma o lanarei fora." Joo 6:37. Lanai-vos a Seus ps, com o clamor:"Eu creio, Senhor! ajuda a minha incredulidade." Mar. 9:24. No podeis perecernunca, enquanto assim fizerdes - nunca." 3

    Durante o ministrio de Jesus na Galilia, um centurio romano acudiu a Elepedindo ajuda para seu servo atacado pela paralisia. Jesus Se disps a ir a sua casa ecurar o servo. O centurio manifestou que no era digno que Jesus pousasse sob seu

    teto. "Apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz ser curado".Jesus Se "maravilhou" da f deste romano. Disse: "Em verdade vos afirmo que

    nem mesmo em Israel achei f como esta." Como resultado de sua confiana, Jesusdisse ao centurio: "Vai-te, e seja feito conforme a tua f." (Mat. 8:5-13).

    "Os ancios judeus que haviam recomendado o centurio a Cristo, tinhammostrado quo longe estavam de possuir o esprito do evangelho. No reconheciamque nossa grande necessidade nosso nico ttulo misericrdia divina. Em sua

    justia prpria, louvaram o centurio por causa do favor que manifestara para com

    "nossa nao". Mas o centurio disse de si mesmo: "No sou digno." Seu corao foratocado pela graa de Cristo. Viu a prpria indignidade; no temia, no entanto, pedirauxlio. No confiava na prpria bondade; o argumento que apresentava era suagrande necessidade. Sua f apegou-se a Cristo em Seu verdadeiro carter. No crianEle apenas como operador de milagres, mas como o amigo e salvador dahumanidade.

    " assim que todo pecador, se deve aproximar de Cristo. 'No pelas obras dejustia que houvssemos feito, mas segundo a Sua misericrdia, nos salvou.' Tito 3:5.Quando Satans vos diz que sois pecador, e no podeis esperar receber bnos de

    Deus, dizei-lhe que Cristo veio ao mundo para salvar pecadores. Nada temos que nosrecomende a Deus; mas a justificao em que podemos insistir agora e sempre, nossa

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    condio de completo desamparo, o qual torna uma necessidade Seu poder redentor.Renunciando a toda confiana prpria, podemos olhar cruz do Calvrio e dizer:

    " 'O preo do resgate eu no o tenho; Tua cruz prostrado me sustenho'." 4

    Todo tipo de pessoas experimentaram os resultados do ministrio vivificador deCristo. Certa ocasio um dirigente de uma sinagoga, chamado Jairo, solicitou a Jesusque fosse sua casa e curasse sua filhinha. Manifestou sua confiana dizendo a Jesus:"Vem, impe as mos sobre ela, para que seja salva, e viver". Enquanto se dirigiam casa de Jairo chegou um mensageiro com a notcia de que a menina tinha morrido."Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: No temas, crsomente."

    Isto foi um tremendo desafio para a f do pai. Quando chegaram casa, Jesuslevou junto Pedro, Tiago e Joo, e o pai e a me; junto se dirigiram cama ondeestava a menina morta. Ali foi realizado um milagre. (Mar. 5:22, 23, 35-43.) "Crsomente", Jesus dissera ao pai. Que recompensa para a f! Esta mesma f

    proporcionar vida espiritual aos que esto mortos no pecado; e essa mesma f, com otempo, ressuscitar para a vida eterno os que morreram na f. Nada impossvel paraa f. At a morte cede diante da crena em Cristo.

    Enquanto Jesus Se dirigia casa de Jairo, uma mulher que estivera afligidadurante doze anos, abriu caminho entre a multido e tocou a veste de Jesus. Se euapenas lhe tocar as vestes, ficarei curada. Jesus percebeu seu toque e reconheceu suaf: Filha, a tua f te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal.

    Comenta a Sra. White: Concentrara-se, naquele nico toque, toda a f de suavida.5

    Ao descrever este incidente ocorrido na vida de Jesus, a Sra. White formulouuma de suas declaraes mais profundas sobre a f que salva:

    A turba admirada que se comprimia em torno de Jesus, no sentira nenhumacrscimo de poder vital. Mas, quando a sofredora mulher estendeu a mo para toc-Lo, crendo que se restabeleceria, experimentou a vivificadora virtude. Assim nascoisas espirituais. Falar de religio de maneira casual, orar sem ter a alma faminta eviva f, nada aproveita. A f nominal em Cristo, que O aceita apenas como o Salvador

    do mundo, no pode nunca trazer cura alma. A f que opera salvao, no meroassentimento espiritual verdade. Aquele que espera inteiro conhecimento antes deexercer f, no pode receber bno de Deus. No basta crer no que se diz acerca deCristo; devemos crer nEle. A nica f que nos beneficiar, a que O abraa comoSalvador pessoal; que se apropria de Seus mritos. Muitos tm a f como uma opinio.A f salvadora um ajuste pelo qual aqueles que recebem a Cristo se unem a Deus emconcerto. F genuna vida. Uma f viva significa acrscimo de vigor, seguraconfiana pela qual a alma se torna uma fora vitoriosa.6

    Tm sido escritas milhares de pginas sobre a f, mas poucas vezes o significado

    da f tem sido apresentado de modo to claro e belo como nesta citao. Uma anliseda declarao revela que a f mais que um interesse casual nas coisas religiosas,

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    mais que uma orao formal, mais que uma crena nominal em Cristo, mais queum sentimento intelectual pela verdade, mais que um conhecimento. A f constituiuma revelao pessoal com Cristo, uma transao com Deus; a f vida. E oresultado da f fora, confiana e vitria. Tudo isso foi sugerido pelo milagre da cura

    da mulher que tocou as vestes de Jesus.O captulo 9 de Joo relata uma histria interessante de um jovem cego denascimento, a quem Jesus curou. Essa cura provocou muita agitao na comunidade.Os vizinhos estavam ansiosos por saber como ele tinha recobrado a viso. Osfariseus estavam indignados devido ao fato de o milagre ter sido efetuado no sbado, einsistiram que quem realizara o milagre no podia ser de Deus porque tinha violado osbado. Os pais do jovem recusaram comprometer-se temendo a excomunho. O

    jovem sabia bem pouco sobre a pessoa que o tinha restaurado, mas tinha certeza deque agora podia ver. Sups que seu benfeitor devia ser de Deus uma vez que tinharealizado esse milagre. Os fariseus, encolerizados, o expulsaram. Em seguida Jesusapareceu em cena e fez esta pergunta ao jovem: Crs tu no Filho do Homem? O

    jovem respondeu: Quem , Senhor, para que eu nele creia? Jesus replicou: J o tensvisto, e o que fala contigo. O jovem exclamou: Creio, Senhor. (Joo 9:35-38).No somente lhe fora restaurada a viso natural, mas haviam-lhe sido abertos osolhos do entendimento. Cristo lhe fora revelado alma, e ele O recebeu como oEnviado de Deus.7

    A mesma graa que operou em benefcio deste jovem aquela por meio da qualos homens so salvos das trevas espirituais.

    Os seis milagres de Jesus que analisamos constituem exemplos que indicamcomo a maior parte dos Seus milagres so lies objetivas da f. Podemos considerar o

    primeiro milagre de Jesus realizado nas bodas de Can, e vemos como inspirou fnele. Podemos mencionar a cura do filho do oficial do rei levado a cabo em Can,quando ele e toda a sua casa creram em Jesus. Podemos lembrar desse dramtico diaem Cafarnaum, quando um paraltico foi baixado do teto para que Jesus pudesse cur-lo, e que Jesus curou no somente o corpo mas tambm a alma doente.

    Poderamos reconstruir a histria da noite de tempestade no mar, quando Jesus,antes de manifestar Seu poder, disse a Seus discpulos: Como que no tendes f?

    (Mar. 4:40). A Sra. White faz o seguinte comentrio com relao a este milagre:Quantas vezes se repete em ns a experincia dos discpulos Quando as

    tempestades das tentaes se levantam, e fuzilam os terrveis relmpagos, e as ondasse avolumam por sobre nossa cabea, sozinhos combatemos contra a tormenta,esquecendo-nos de que existe Algum que nos pode valer. Confiamos em nossa

    prpria fora at que nos foge a esperana, e vemo-nos prestes a perecer. Lembramo-nos ento de Jesus, e se O invocarmos para nos salvar, no o faremos em vo. Emboranos reprove magoado a incredulidade e a confiana em ns mesmos, nunca deixa denos conceder o auxlio de que necessitamos. Seja em terra ou no mar, se, temos no

    corao o Salvador, nada h a temer. A f viva no Redentor serena o mar da vida, eEle nos guardar do perigo pela maneira que sabe ser a melhor.8

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    O maior milagre de Jesus, a ressurreio de Lzaro, tambm um exemploculminante da graa divina. Notemos a f vacilante de Marta manifestada em suas

    palavras: Senhor, se estiveras aqui, no teria morrido meu irmo. Mas tambm seique, mesmo agora, tudo quanto pedires a Deus, Deus to conceder. ... Eu sei ... que ele

    h de ressurgir na ressurreio ... Eu tenho crido que tu s o Cristo, o Filho de Deusque devia vir ao mundo.Marta tinha f? Sim, porm no era uma f perfeita, porque quando Jesus disse:

    Tirai a pedra foi Marta quem se ops. Ento Jesus replicou brandamente: No tedisse eu que, se creres, vers a glria de Deus?

    Nesse drama, a teno atingiu o ponto culminante quando Jesus Se dirigiu a SeuPai. Pediu que Sua orao fosse atendida para que creiam que tu me enviaste. Aorao foi atendida. Saiu aquele que estivera morto. (Joo 11:1-46).

    Na experincia do centurio romano cujo servo foi curado, no existia oantecedente de uma f notvel. Evidentemente, Jesus buscava construir a f dosdiscpulos, de Marta e de Maria. Mas a graa divina freqentemente responde a uma fimperfeita e vacilante. A graa divina freqentemente produz f. Enquanto que numsentido a operao da graa divina est limitada pela imperfeio da f do homem, encorajador notar que freqentemente Deus recompensa uma f pequena com umaabundante manifestao de Sua graa. A sinceridade da f parece ter mais importnciaque Sua quantidade, se que podemos empregar a expresso quantidade paradescrever a f.

    A ressurreio de Lzaro tinha outro propsito. Aquele poderoso milagre era asuprema prova dada por Deus aos homens, de que Ele enviara Seu Filho ao mundo

    para sua salvao.9A graa de Cristo manifestada a favor de Lzaro e de suas irms,era uma prova eloqente do amor do Salvador pelo homem e de Seu desejo de queeste tivesse vida eterna por meio dEle, que dissera: Eu sou a ressurreio e a vida.

    No preciso conhecer os termos teolgicos para compreender a justificao pelaf. Basta observar a Jesus no Seu ministrio. Olhai-O purificando os leprosos,restaurando a vista aos cegos, dominando a tempestade e ressuscitando os mortos.Depois de presenciar estas manifestaes de amor e poder divinos, no difcil crerque h salvao para o pecador que se aproxima do Salvador com f simples. A f no to complicada como alguns a fazem parecer. Consiste na atitude do homem ou

    mulher que esto preparados e dispostos a receber o que Cristo lhes ofereceu.Significa a submisso vontade de Deus e a entrega a Cristo. Consiste em tirar o eudo centro da vida e colocar a Cristo nela. Certamente no fundo, a f em certosentido algo muito simples; significa simplesmente abandonar o intil esforo paraconseguir acesso presena de Deus e se aceita o dom da salvao que Cristo oferececom tanta plenitude e abundncia.10

    Este princpio muito bem ilustrado nos milagres de nosso Mestre. H to-s umpasso da cura dos leprosos, da restaurao dos cegos, da cura dos endemoninhados eda ressurreio dos mortos salvao da alma. A graa de Deus e a f do homem se

    unem na realizao destas coisas.

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    As Parbolas Ilustram a F que Salva

    Trs parbolas de Jesus serviro para mostrar de que modo o Mestre, por meiodas histrias que referiu, proclamou Seu mtodo de salvao pela f. Em Lucas 18:9-

    14 encontra-se uma de suas histrias esclarecedoras e cheias de interesse humano, quealgumas vezes tem sido chamado os dois adoradores. O fariseu nesta parbolaconstitui um smbolo da salvao pelas obras.

    No atenta para o carter semelhante ao de Deus, nem para o corao cheio deamor e misericrdia. D-se por contente com uma religio que s se refere vidaexterior. Sua justia lhe prpria - o fruto de suas prprias obras. E julgada por um

    padro humano. ... Volta para sua casa destitudo da bno divina.11O publicano constitui um smbolo da salvao pela f:Sabia que em si no tinha mritos para recomend-lo a Deus, e em absoluto

    desespero, clamou: Deus, tem misericrdia de mim, pecador! Luc. 18:13. No secomparou com outros. Esmagado por um senso de culpa, estava como que s, na

    presena de Deus. Seu nico desejo era alcanar paz e perdo; sua nica splica, abno de Deus. E foi abenoado. Digo-vos, disse Cristo, que este desceujustificado para sua casa, e no aquele. Luc. 18:14.12

    A orao do publicano foi ouvida porque denotava submisso, empenhando-separa apoderar-se da Onipotncia. O prprio eu nada parecia ao publicano senovergonha. Assim precisa ser considerado por todos os que buscam a Deus. Pela f fque renuncia a toda confiana prpria precisa o necessitado suplicante apropriar-sedo poder infinito.13

    De que modo mais grfico podem ser apresentados o caminho falso e o caminhoverdadeiro quanto salvao? De um lado est o fariseu com sua exaltao prpria,seu orgulho espiritual, sua dependncia das obras e suas cerimnias religiosas. Dooutro lado est o publicano, que no tinha nada em que confiar, a no ser na graadivina. E este pecador arrependido foi justificado em vez do outro santo cheio deconfiana prpria.

    A segunda parbola que tem particular significado com relao ao tema em foco, a parbola da veste nupcial relatada em Mateus 22.

    Um rei realizou uma festa de bodas para seu filho, e convidou muitas pessoas.Quando os convidados no se apresentaram, o rei enviou seus servos peloscaminhos, e como resultado, pessoas de toda condio social se reuniram para a festa.

    Quando o rei entrou para ver os convidados, viu um homem que no usava o trajeprovido para os convidados boda. Esse homem no tinha desculpa nem motivo quejustificasse sua falta, de modo que foi expulso da festa.

    Pela veste nupcial da parbola representado o carter puro e imaculado, que osverdadeiros seguidores de Cristo possuiro. ... A justia de Cristo e Seu carterimaculado, , pela f, comunicada a todos os que O aceitam como Salvador pessoal.14

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    Somente as vestes que Cristo proveu, podem habilitar-nos a aparecer napresena de Deus. Estas vestes de Sua prpria justia, Cristo dar a todos os que searrependerem e crerem.15

    Este vestido fiado nos teares do Cu no tem um fio de origem humana. Em Sua

    humanidade, Cristo formou carter perfeito, e oferece-nos esse carter.16

    Ao nos sujeitarmos a Cristo, nosso corao se une ao Seu, nossa vontade imergeem Sua vontade, nosso esprito torna-se um com Seu esprito, nossos pensamentossero levados cativos a Ele; vivemos Sua vida. Isto o que significa estar trajado comas vestes de Sua justia.17

    O homem que foi ceia sem a veste de bodas representa a condio de muitoshoje em dia. Professam ser cristos e reclamam as bnos e privilgios do evangelho;contudo no sentem a necessidade de transformao de carter. Nunca sentiramverdadeiro arrependimento dos pecados. No reconhecem a necessidade de Cristo,nem exercem f nEle. No venceram suas inclinaes para a injustia, herdadas ecultivadas. Contudo pensam ser bastante bons em si mesmos, e confiam em seus

    prprios mritos em vez de nos de Cristo. Como ouvintes da Palavra, vo ao banquete,mas no tomaram a veste da justia de Cristo.18

    A interpretao que a Sra. White faz desta parbola mostra claramente queconsiderava o vestido de bodas como um smbolo no apenas do perdo mastambm dos frutos da experincia tal como se manifesta na vida crist. Quando umaalma recebe a Cristo, recebe tambm o poder de viver a vida de Cristo.19

    Assim, a experincia do cristo, do princpio ao fim, descrita como um dom deDeus. Pelo poder divino, aceito pela f, o indivduo redimido e seu carter

    transformado.

    O terceiro exemplo da doutrina da justificao pela f tirado das parbolas deJesus vem do relato inimitvel do filho prdigo. Nesta parbola se encontra cada umdos fatores da experincia da salvao.

    Em primeiro lugar, o filho est extraviado e egosta, e o pai amante,representando o homem e Deus. Em segundo lugar, est o fato do pecado simbolizado

    pela ingratido, o egosmo, a complacncia e a imoralidade do filho perdido. Seuspecados eram os mesmos da humanidade. Em terceiro lugar, esto os resultados do

    pecado: fome, remorso, desiluso e desespero. Estas experincias so um retratonatural da vida! Em quarto lugar aparece o despertamento do filho prdigo. Caindoem si, refletiu. Compreendeu sua pecaminosidade e sua necessidade, e percebeu qualera a soluo correta ao seu problema. Em quinto lugar, o jovem tomou uma deciso eagiu de acordo com ela. Disse: Levantar-me-ei, e irei, e levantando-se, foi para seu

    pai. Esta deciso e esta ao foram a maneira como ele manifestou sua f. Estavalevantando-se; estava colocando-se numa posio onde o pai pudesse ajud-lo. Estavafazendo a entrega de si mesmo que tornaria possvel sua restaurao.

    Em sexto lugar, seu pai o viu e correu ao seu encontro. Isto constitui um belo

    smbolo da graa divina: o amor expresso a favor de algum que no merece. Emstimo lugar, o filho prdigo disse: Pequei. Aqui temos o arrependimento que um

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    passo vital na redeno. Em oitavo lugar o pai colocou sobre o filho uma veste paracobrir seus farrapos, ps um anel na mo e sapatos nos ps. Com isto se faz referncia justificao. Foi aceito. Voltou a fazer parte da famlia. As evidncias de seuextravio ficaram cobertas pelo amor. Em nono lugar, o irmo mais velho, fazendo

    alarde da justia prpria, se queixou. Isto constitui uma representao da salvaopelas obras. O irmo mais velho estava orgulhoso de seu fiel servio e de sua retidomoral, porm no estava disposto a abrir o corao a seu irmo arrependido. (Luc.15:11-32).

    Falta alguma coisa nesta descrio verbal do processo da salvao? Nesta histriasimples e confortadora existe mais teologia do que nos livros de muitos eruditos. Aigreja armada s com esta parbola tomada da experincia humana, pode explicar seuEvangelho da salvao pela f em termos tais que at o ignorante pode compreender eos instrudos podem apreciar.

    A F no Evangelho de Joo

    Um dos estudos mais fascinantes a respeito da doutrina da salvao estrepresentado pelo uso do verbo grego pisteo (eu creio) e seus derivados noEvangelho de Joo. Esta palavra, em suas diversas formas, ocorre 96 vezes no quartoEvangelho. Convm lembrar que em grego no h diferena entre f e crena, e overbopisteosignifica eu creio.

    Os antecedentes da f descrita por Joo nos seus aspectos mais profundos vm luz em Joo 20. Maria Madalena tinha visto a tumba vazia e tinha levado as novas a

    Pedro e Joo. Os doze discpulos correram at a tumba, e Joo chegou primeiro. Joose abaixou e olhou para dentro, mas quando Pedro chegou, entrou no sepulcro. Joo oseguiu, e os dois se viram frente evidncia da ressurreio do Senhor.

    Neste ponto, Joo descreve sua reao por meio de uma declarao significativa:Ento, entrou tambm o outro discpulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, ecreu (Joo 20:8). Durante todo o ministrio de Jesus, Joo tinha sido um discpulofiel, e no entanto agora reconhecia que Jesus no apenas era seu Mestre mas tambmseu Senhor ressuscitado. A crena de Joo nesse dia memorvel, iniciou uma reaoem cadeia que jamais terminou. No decorreu muito tempo at que Maria Madalena

    tambm creu; logo os discpulos que iam para Emas creram; ato contnuo, o gruporeunido no cenculo creu. Esse processo culminou na formao da igreja crist.

    Quando ocorreram as primeiras aparies do Senhor, Tom estava ausente.Informado que o Senhor ressuscitara, declarou: Se eu no vir nas suas mos o sinaldos cravos, e ali no puser o dedo, e no puser a mo no seu lado, de modo algumacreditarei (Joo 20:25). Uma semana depois, Jesus voltou a apareceu ao grupo, queagora inclua Tom. A esse discpulo foi dada ento a oportunidade de examinar asevidncias fsicas da ressurreio tal como ele tinha pedido; e Jesus lhe admoestou:No sejas incrdulo, mas crente (Joo 20:27).

    Esta passagem no inclui os 96 usos da expressopisteoem Joo, porque nestecaso so empregadas duas formas adjetivadas pistos(sem f) epstos(crente). Tom,

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    convencido pelo que vira, fez uma confisso de f mais abrangente do que a quetinham feito os demais discpulos. Contemplando ao Senhor ressuscitado, exclamou:Senhor meu e Deus meu! Jesus replicou: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que no viram e creram (Joo 20:28, 29).

    Os ltimos versculos de Joo 20 terminam seu grande tema da f: Na verdade,fez Jesus diante dos discpulos muitos outros sinais que no esto escritos neste livro.Estes, porm, foram registrados para que creiais que Jesus o Cristo, o Filho de Deus,e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (Joo 20:30, 31).

    Esta declarao final, como veremos, contm o tema do Evangelho de Joo: ocrer produz vida. No este o Evangelho em sua forma mais simples? A crena, ou af, em Cristo tira do crente a sentena de morte, abre o caminho para a vida maisabundante neste mundo, e proporciona a certeza da vida na Nova Terra. Estes

    benefcios saudveis da f so fundamentalmente benefcios da graa divina. A f to-s a atitude humana que possibilita a recepo da graa de Deus.

    No captulo 20 de Joo vimos os seis ltimos casos do emprego do verbo crerneste Evangelho. Agora iremos ao incio do livro e examinaremos os demais textos,que so numerosos, onde tambm se usa esta palavra.

    No primeiro captulo do livro se usam trs vezes o verbo crer. O versculo 7,referindo-se a Joo Batista, diz: Este veio como testemunha para que testificasse arespeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermdio dele. O versculo 12constitui uma revelao do princpio evanglico da salvao pela f: Mas, a todosquantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos quecrem no seu nome. A adoo como membros da famlia de Deus, que outra

    maneira de descrever a salvao, reservada aos que crem. No final deste captulo seencontra o incidente do chamado de Natanael. O novo discpulo expressou suaconfiana em Jesus, a qual era inspirada pelo conhecimento profundo manifesto peloMestre, da vida e experincia de Natanael:

    Ao que Jesus lhe respondeu: Porque te disse que te vi debaixo da figueira, crs?Pois maiores coisas do que estas vers. E acrescentou: Em verdade, em verdade vosdigo que vereis o cu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho doHomem (Joo 1:50, 51). Parecia que Jesus desejava que seus recm chamadosdiscpulos compreendiam a razo fundamental de sua f nEle.

    Os trs casos do verbo crer que aparecem no captulo 2 ocorrem de uma formamais ou menos acidental na corrente principal de pensamento. Depois que Jesusefetuou Seu primeiro milagre, dito que os Seus discpulos creram nEle (Joo 2:11).A poro seguinte do captulo descreve a purificao do templo, e inclui esta prediode Jesus: Destru este santurio, e em trs dias o reconstruirei, e a explicao foi queEle se referia ao santurio do seu corpo (Joo 2:19, 21). A esta declarao segue oseguinte comentrio: Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre os mortos, lembraram-seos seus discpulos de que ele dissera isto; e creram na Escritura e na palavra de Jesus(v. 22). Esta passagem indica a maneira como se estabelece a f por meio da evidncia

    de predies cumpridas.

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    O versculo 23 do captulo 2 constitui nada mais que uma referncia ao fato deque muitos em Jerusalm, durante a festa da Pscoa, "vendo os sinais que Ele fazia,creram no Seu nome". A New English Bible d um significado mais profundo natraduo deste texto: "Muitos Lhe obedeceram". A crena era, ento, mais que um

    assentimentoou uma identificao emocional com um novo lder. A f era, e continuasendo, "obedincia".O terceiro captulo de Joo repete oito vezes algumas formas do verbo "crer".

    Este verbo aparece sete vezes nos versculos 12-18. A importante verdade de que"crer" eqivale a "ter f" ilustrada na traduo que a New English Bible faz dosversos 13-18:

    "Ningum desceu do cu, seno Aquele que desceu do cu, o Filho do Homem,cuja morada est no cu. preciso que este Filho do Homem seja levantado assimcomo levantou a serpente no deserto, para que todo aquele que tenha f nEle possa ternEle a vida eterna. Porque de tal maneira amou Deus ao mundo que deu o Seu Filhounignito, para que todo aquele que nEle tenha f, no perea, mas tenha a vida eterna.Porque Deus no enviou Seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que omundo seja salvo por Ele. Quem nEle pe sua f, no condenado; mas o incrdulo, jfoi condenado porque no prestou obedincia ao Filho unignito de Deus."

    Nestes versculos est condensado o Evangelho da salvao pela f. A f precisaconcentrar-se numa Pessoa, e essa Pessoa Cristo. A f justifica: quem cr em Cristo"no condenado". A f obedincia a Cristo, e a f o meio pelo qual o homemrecebe a vida provida pela graa de Deus. O ltimo versculo do captulo 3 apresentacom toda claridade as alternativas oferecidas ao ser humano: "Quem cr no Filho tem

    a vida eterna; mas quem recusa crer no Filho no ver a vida, mas sobre ele permanecea ira de Deus" (Joo 3:36). A frase "quem recusa crer" no uma traduo de"pisteo", mas de um de seus derivados: "apeithn". Por esse motivo, esta forma de"crer" no est includa entre os 96 casos de "crer" que aparecem no Evangelho deJoo.

    O captulo 4 contm 7 versculos (21, 39, 41, 42, 48, 50, 53) onde usada algumaforma do verbo "crer". As quatro primeiras referncias tratam da experincia de Jesuscom a mulher samaritana. Como resultado do testemunho dela, muitos samaritanos"creram nEle" (Joo 4:39). Quando Jesus pregou aos samaritanos "muitos outros

    creram nEle, por causa da Sua palavra" (versculo 41), e seu testemunho foi oseguinte: "J agora no pelo que disseste que ns cremos; mas porque ns mesmostemos ouvido e sabemos que este verdadeiramente o Salvador do mundo" (Joo4:42). Nos versculos 48 e 50 descrito o incidente da cura do filho do oficial do rei,realizada em Can. A primeira resposta que Jesus deu a esse corteso foi: "Se,

    porventura, no virdes sinais e prodgios, de modo nenhum crereis." Quando Jesus lhedisse: "Vai, ... teu filho vive" o homem "creu na palavra de Jesus". Quando o cortesosoube que seu filho fora curado na mesma hora que Jesus tinha falado "creu ele e todaa sua casa".

    Em Joo 5, a primeira referncia do verbo crer aparece numa repetio doprincpio evanglico que Joodestaca com muita freqncia: "Em verdade, em verdade

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    vos digo: quem ouve a Minha palavra e cr nAquele que me enviou tem a vida eterna,no entra em juzo, mas passou da morte para a vida" (Joo 5:24). Esta passagem interessante por vrias razes. Primeiro, apresenta a crena em Deus como umcaminho vida eterna. O cristo no pode separar-se a Deus e a Cristo como objetos

    de sua lealdade e de sua devoo. Em segundo lugar, a vida eterna e a salvao sodescritas como possesses atuais. Os versos que seguem falam da ressurreio, mas ocrente "tem a vida eterna, no entra em juzo, mas passou da morte para a vida" (Joo5:24). A salvao por meio de Cristo completa, suficiente e segura. A graa de Deus suficiente. O nico requisito que se creia.

    Nos versculos 38-48 do captulo 5, o verbo "crer" aparece seis vezes em algumasde suas formas, e em cada caso est relacionado com uma censura feita aos judeusdevido sua resistncia em crer em Cristo. Cristo at ps em dvida a crena deles emMoiss, seu "santo patro", baseado em que Moiss escrevera acerca de Cristo e elesno tinham aceito Seu testemunho.

    O captulo 6 importante para a compreenso do significado da ao de crer.Neste captulo, so repetidas nove vezes alguma forma deste verbo. A primeira partedo captulo fala da alimentao dos cinco mil. Depois disso aparece o milagre deCristo no fato de caminhar sobre as guas. Logo que Ele e Seus discpulosdesembarcaram, foram recebidos por uma multido de admiradores ansiosos paraseguir Aquele que pde satisfazer as necessidades de sua vida de modo tomaravilhoso. Jesus pregou a esta multido a respeito do Po da Vida.

    As pessoas perguntaram: "Que faremos para realizar as obras de Deus?" A istoJesus replicou: "A obra de Deus esta: que creiais nAquele que por Ele foi enviado"

    (Joo 6:28, 29). Ato contnuo a multido pediu um sinal que lhes permitisse crer nEle,e com isso aludiram ao milagre da proviso de man para Israel. Tomando isto como

    ponto de partida, Jesus proferiu uma de suas declaraes mais notveis de Seuministrio: "Eu sou o po da vida; o que vem a Mim jamais ter fome; e o que cr emMim jamais ter sede" (v. 35). Logo os repreendeu por sua resistncia em crer depoisde tudo o que tinham visto.

    Os dois casos seguintes nos quais aparece alguma forma do verbo crer soreiteraes do tema que se repete com tanta freqncia neste livro: "De fato, a vontade

    de meu Pai que todo homem que vir o Filho e nEle crer tenha a vida eterna; e Eu oressuscitarei no ltimo dia" e "Quem cr em Mim tem a vida eterna (vs. 40, 47). Aexortao de Jesus a participar dEle como o Po da Vida, a comer Sua carne e a beberSeu sangue, foi uma maneira pitoresca de convidar Seus seguidores a crer nEle. Noversculo 64, o Mestre reconheceu que alguns de Seus seguidores no progrediram ao

    ponto de chegar a crer. Sua afirmao ficou comprovada ao se afastarem dEle muitosde Seus discpulos. Ento Jesus Se voltou para os doze e lhes perguntou: "Porventura,quereis tambm vs outros retirar-vos?" Pedro respondeu com uma confissomemorvel: "Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e ns

    temos crido e conhecido que tu s o Santo de Deus" (Joo 6:67-69). O tempo em queaparece o verbo crer neste caso sugere que a confiana atual de Pedro era o resultado

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    de sua ao passada de crer. A crena tinha produzido uma firme confiana que nopodia ser movida, independentemente de quantos abandonassem a sua lealdade aCristo.

    O captulo 7 contm cinco referncias que interessam ao nosso estudo. Trs delas

    (vs. 5, 31 e 48) so apenas referncias histricas que aludem a diversos grupos depessoas que creram e no creram. Os versculos 37-39 oferecem um interesse definido.A ao transcorre em Jerusalm, ao celebrar-se a festa dos tabernculos.

    "Dia aps dia ensinou Ele ao povo, at o ltimo, 'o grande dia da festa'. A manhdesse dia encontrou a multido fatigada do longo perodo de festividades. De repente,Jesus ergueu a voz, em acentos que retumbaram atravs dos ptios do templo:

    " 'Se algum tem sede, venha a Mim, e beba. Quem cr em Mim, como diz aEscritura, rios de gua viva correro de seu ventre.' Joo 7:37. O estado do povotornou esse apelo deveras eficaz. Estiveram eles empenhados em contnua cena de

    pompa e festividade, os olhos ofuscados com luzes e cores, e os ouvidos deleitadoscom a mais preciosa msica; nada, porm, houvera em toda essa srie de cerimnias

    para satisfazer as necessidades do esprito, nada para saciar a sede da alma por aquiloque imperecvel."20

    O versculo 39 interessante: "Isto ele disse com respeito ao Esprito que haviamde receber os que nEle cressem" (Joo 7:39). Qual a maneira, ento, de prepara-se

    para receber o Esprito Santo? Consiste em algo mais que orar ou jejuar: consiste emcrer.

    Joo 8:24 apresenta o tema de seu Evangelho de modo negativo: "Porque, se nocrerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados." A f proporciona vida; a

    incredulidade produz morte. Os versculos 30 e 31 so apenas referncias histricas.Os versculos 45 e 46 contm uma censura de Jesus contra os que no crem nEle,fazendo perguntas: "Mas, porque eu digo a verdade, no me credes. Quem dentre vsme convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que razo no me credes?"

    Joo 9 fala da histria do cego de nascimento, um relato que j foi analisadoquando falamos dos milagres de Jesus. Neste captulo, o verbo "crer" aparece quatrovezes em alguma de suas formas (vs. 18, 35, 36, 38).

    Este verbo aparece seis vezes no captulo 10. Nos versos 25 e 26, Jesus repreendeSeus inimigos por causa de sua incredulidade. Os versculos 37 e 38 constituem um

    apelo a Seus inimigos a crer nEle na base de que Ele realizava as obras de Seu Pai. Aterceira, a forma verbal de crer que aparece no versculo 38, "acrediteis" comotraduziu a Almeida RC ("para que conheais e acrediteis"), no uma traduo de"pisteo". mais correto traduzir esta parte como fez a Almeida RA: "para que

    possais saber e compreenderque o Pai est em Mim, e Eu estou no Pai" No vero 42lemos que "E muitos ali creram nEle."

    J analisamos o captulo 11 na seo onde estudamos os milagres de Jesus. Nahistria da ressurreio de Lzaro aparece oito vezes alguma forma do verbo "crer'.

    Neste captulo, novamente destacada a relao entre a crena e a vida. Jesus disse: "

    Eu sou a ressurreio e a vida. Quem cr em mim, ainda que morra, viver; e todo o

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    que vive e cr em mim no morrer, eternamente" (Joo 11:25, 26). Em nenhumcaptulo aparece mais clara esta relao entre a crena e a vida do que em Joo 11.

    No captulo 12 este verbo empregado nove vezes. A maior parte destasreferncias so histricas. No entanto, no versculo 44 Jesus exclama: "Quem cr em

    mim cr, no em mim, mas naquele que me enviou". Por meio destas palavras JesusSe identifica com o Pai. Esta idia empregada nos versculos finais deste captulo.Em Joo 13, o verbo "crer" aparece uma nica vez, no versculo 19, onde Jesus

    diz: "Desde j vos digo, antes que acontea, para que, quando acontecer, creiais queEU SOU."

    Em Joo 14, este verbo usado sete vezes de modo significativo: "Credes emDeus, crede tambm em mim" (Joo 14:1). Nesta passagem novamente Jesus Seidentifica com o Pai. Nos versculos 10 e 11 este pensamento ampliado. O versculo12 sugere uma conseqncia do crer que no mencionada com freqncia: "Aqueleque cr em mim far tambm as obras que eu fao e outras maiores far, porque euvou para junto do Pai." Isto nos mostra que a f produz obras. O versculo 20 repeteum dos princpios da interpretao proftica: "Naquele dia, vs conhecereis que euestou em meu Pai, e vs, em mim, e eu, em vs."

    O verbo "crer" no aparece no captulo 15, contudo no captulo 16 repetidoquatro vezes (vs. 9, 27, 30, 31). O versculo 27 combina o amor e a f de modointeressante. Depois que os discpulos reafirmaram sua crena, Jesus disse nosversculos 31 e 33: "Respondeu-lhes Jesus: Credes agora? Eis que vem a hora e j chegada, em que sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis s". A f seriasubmetida a uma prova severa.

    Em sua orao de Joo 17, Jesus menciona trs vezes alguma forma do verbocrer: duas vezes se refere crena de Seus seguidores e uma vez crena do mundo,de que Deus O havia enviado (vs. 8, 20, 21). Estas passagens ilustram os matizes dosignificado desta palavra dadas nos diferentes contextos. A lealdade e a entrega de umcrente a Cristo so muito diferentes em profundeza e significado da crena que omundo tem de que Cristo foi enviado por Deus.

    Os captulos 18 e 19 contm um nico caso do verbo crer (19:35), onde Joo seapresenta como um fiel relator dos acontecimentos que ocorreriam com relao

    crucifixo de Jesus. O captulo 20, ns j o analisamos no comeo desta seo.No Evangelho de Joo, a nfase posta na crena, ou f, se preferirem utilizar

    outro termo. Na primeira epstola de Joo, a nfase posta no amor. Estas duasnfases esto harmoniosamente combinadas em I Joo 3:23: "Ora, o seu mandamento este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aosoutros, segundo o mandamento que nos ordenou." A f e o amor constituem duasvirtudesgmeas da mensagem crist. "O ouro mencionado por Cristo, a TestemunhaFiel, que todos devem ter, tem-me sido mostrado como a f e o amor unidos." 21

    Com freqncia, Joo tem sido chamado o apstolo do amor pela nfase de sua

    primeira epstola; porm seria mais exato cham-lo como o apstolo da f e do amor.Embora enfoque o tema da f sob um ponto de vista diferente do de Paulo, sua

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    insistncia na crena ou f como a base da salvao to real como a de Paulo. Ohomem que "viu e creu" na tumba vazia deu igreja um dos mais eloqentestestemunhos da natureza e o valor da f que salva.

    Ensino de Jesus Concernente a Seu Evangelho

    O primeiro sermo de Jesus que se tem registro foi pregado por Ele na sinagogade Nazar, sua terra natal. O texto escolhido pelo Mestre foi Isaas 61:1-3. Suainterpretao desta passagem revelou claramente que tinha vindo "para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de corao, a proclamarlibertao aos cativos e a pr em liberdade os algemados". Sem dvida, nesse sbadode manh havia muitos na congregao que precisavam urgentemente o que lhes eraoferecido. Contudo, at onde saibamos nenhum recebeuo Evangelho, nenhum coraoquebrantado foi vendado, nenhum cativo foi liberto. Por qu? Porque os ouvintesrecusaram crer (Lucas 4:16-30).

    "Ao abrirem a porta dvida, o corao endureceu-se-lhes tanto m