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    Do ORIGINAL

    Rees Howells, Intercessor

    1952 by Lutterworth Press

    2003 by Editora BetniaPUBLICADOORIGINALMENTEPDR

    CLC PublicationsP. O. Box 1449, Fort Washington, PA

    19034, EUA

    REVISOLena Aranha

    CAPAInventiva ComunicaoFOTODA CAPA PhotodiscCOMPOSIOE IMPRESSOEditora Betnia

    Ficha catalogrfica elaborada por Ligiana Clemente do Carmo. CRB 8/6219Grubb, Norman

    O intercessor / Norman Grubb; reviso de Lena Aranha 3. ed. - Belo Horizonte : Betnia,2003.

    288p. ; 21 cm.

    Ttulo original: Rees Howells, intercessor, cl952 ISBN 85-358-0085-91. Biografia - Rees Howells. 2. Intercesso. 3. Orao. I. Ttulo.

    CDD 922248.32 232.82- EDIO, 1992 3-EDIO, 2DD3

    proibida a reproduo total ou parcial deste livro, sejam quais forem os meiosempregados: eletrnicos, mecnicos, fotogrficos, gravao ou quaisquer outros,

    sem permisso por escrito dos editores.

    TODOSOSDIREITOSRESERVADOSPELAEditora Betnia S/C

    Rua Padre Pedro Pinto, 2435, Venda Nova31570-000 Belo Horizonte, MG

    Caixa Postal 5010, 31611-970 Venda Nova, MGPRINTED IN BRAZIL

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    No duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus;

    mas, pela f, se fortaleceu, dando glria a Deus.

    (Rm 4.20)

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    NDICEPrefcio....................................................................................061. Os Primeiros Anos........................................................... 092. Dois Choques................................................................... 133. O Encontro com o Senhor Ressuscitado........................... 164. O Avivamento Gals......................................................... 225. O Esprito Santo Toma Posse............................................ 246. Amando um Rprobo........................................................ 317. Uma Aldeia sem o Avivamento.........................................35

    8. Os Mendigos......................................................................399. Amarrando o Homem Valente...........................................4610. Um Ramo na Videira.........................................................5111. A Mulher Tuberculosa.......................................................5412. O que um Intercessor?.....................................................6013. Desafiando a Morte............................................................6414. O Pai dos rfos................................................................6715. Lorde Radstock..................................................................7216. O Chamado Para uma Vida Annima................................8117. A Brigada sem Chapu.......................................................85

    18. O Voto de um Nazireu........................................................8919. A Cura do Tio Dick............................................................ 9520. Um Chamado Para Deixar o Emprego.............................. 10021. Ilha da Madeira.................................................................. 10322. O Casamento e a Vocao Missionria............................. 11123. Permanecendo na Fila....................................................... 11724. Os Avivamentos na frica................................................ 12225. A Compra da Primeira Propriedade em Gales.................. 13526. O Instituto Bblico de Gales.............................................. 14427. A Compra da Segunda Propriedade.................................. 146

    28. A Terceira Propriedade e o Lar das Crianas.................... 15129. O Livro de Orao Comum e o Rei Eduardo VIII............ 15530. A Comisso de Toda Criatura........................................... 15831. A Etipia........................................................................... 16332. A Visitao do Esprito..................................................... 16633. A Quarta Propriedade e os Judeus.................................... 17034. A Intercesso por Dunquerque......................................... 17635. A Batalha da Gr-Bretanha.............................................. 18336. A Rssia, a frica do Norte, a Itlia e o Dia "D" ........... 18737. O Chamado ao Lar........................................................... 196

    Ps-Escrito............................................................................. 200

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    PREFCIOUm dos grandes privilgios que tive foi colaborar na preparao destabiografia de Rees Howells. Em 1928, encontrei-me com o Sr. Howells pelaprimeira vez. Naquela poca, eu era um missionrio em frias e fui passaralguns dias com ele no Instituto Bblico de Gales, que ainda estava no seuincio. Eu sentia a luz simplesmente se derramar em minha alma medida queele narrava algumas das ocasies em que o Senhor se manifestara em seuinterior. Foi uma das grandes experincias da minha vida. Aprendi segredosdo Esprito - como Aquele que desce para realizar sua obra poderosa porintermdio de agentes humanos - segredos esses que revolucionaram meufuturo ministrio.

    Nos anos que se seguiram, tive muitos perodos de grande amizade com o Sr.Howells. E sempre desejei saber por que me foi concedido esse privilgio. Emmuitas ocasies, ponderei sobre o quanto eu gostaria de conseguir otestemunho dele - aquela luz que o Senhor revelara a seu servo e asmaravilhosas manifestaes do Esprito que ele experimentara - para oferecerpor escrito ao mundo. Agora percebo essa minha vivncia como se fosse umapreparao, no identificada na poca, para o que viria depois. Nunca penseique o Senhor fosse recolher seu servo to repentinamente; mas assim que ouvia notcia, aqueles pensamentos de anos passados voltaram minha mente.Foi devido a esse fato que a Sra. Rees Howells e Samuel Howells, o filhonico do casal, ofereceram-me a grande honra de escrever a biografia dele. Noentanto quero deixar claro que fui, por assim dizer, apenas o membro maisvelho de uma equipe de escritores.Primeiro, a Srta. Mary Henderson, secretria honorria do Sr. Howells,registrara fielmente as palestras matutinas e vespertinas que ele proferira noinstituto durante os ltimos dez anos -oitenta livros manuscritos contendoessas palestras, acrescidos de referncias, e das experincias dele prprio.Depois, no preparo para esta biografia, ela dedicou semanas para index-los.Assim, pude ir direto s passagens importantes. Fomos colaboradores diriosna preparao do livro, e ela conseguiu manter-me no caminho certo e estreitoda exatido em muitos pontos, alm de acrescentar pequenos trechos vitais deinformao.Depois vem o Dr. Kingsley Priddy, o diretor da escola do instituto bblico,que dedicou horas de seu tempo examinando cada captulo. Ele pde assimoferecer muitas sugestes valiosas. Com sua apreciao agudamente sensvelno que se referia ao contedo espiritual da vida do Sr. Howells, ele, muitasvezes, deu o toque necessrio para ressaltar a essncia contida numdeterminado incidente.O trabalho da Srta. Marie Scott tambm foi fundamental. Como professora deLiteratura Inglesa na escola e no instituto, bem como uma das pessoas cujavida foi impactada pelos contatos com o Sr. Howells, ela suavizou muitas

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    passagens cuja redao no era das melhores. Alm disso acrescentou toquesde inspirao ao texto.A Srta. Doris Ruscoe, a diretora, que bacharel em Letras, foi outra pessoaque participou dessa equipe. Ajudou, especialmente, a empregar os melhores

    mtodos de produzir a biografia.E, finalmente, tudo foi conferido pelo Sr. Samuel Howells, formado emCincia Humanas, o atual diretor do instituto bblico, e pela Sra. ReesHowells. Esta acompanhara o marido desde os primeiros dias de seuministrio e fora testemunha ocular de uma grande parte do que estregistrado neste livro.Achei uma experincia muitssimo edificante e divertida produzir um livro emequipe, em vez de individualmente. E a cada dia, estivemos, de formamaravilhosa, cnscios da mo bondosa do Senhor sobre ns.Quanto a alguns fatos referentes aos primeiros dias de Rees Howells,

    devemos muito a seu irmo mais velho, o Sr. John Howells, que sempre foigrandemente respeitado pela famlia; ao Sr. Dick Howells, um outro irmoque se aposentara como gerente de mina; sua irm, a enfermeira CatherineHowells, que foi profundamente dedicada a ele; e ao Sr. Tom Howells, onico membro remanescente da famlia que ainda vive na velha casa.Extremamente generoso, irreprimvel em sua alegria com o Senhor, a qualtransbordava dele ("O Esprito cheio de gracejos", ousou dizer certa vez),esse homem de Deus, que suportou em seu corao o sofrimento e o pecadodo mundo at suas ltimas foras, poderia ter contado sua prpria histriacom maior vivacidade do que ns. Contudo, que Deus possa se revelar at

    mesmo por meio destas pginas, pelo vu da carne humana e por intermdiode um homem transformado, "de glria em glria, na sua prpria imagem,como pelo Senhor, o Esprito" (2 Co 3.18).O Sr. Morgan James, diretor aposentado da Great Western Railway e amigodo Sr. Howells, expressou nosso sentimento muito bem:"Ele foi o cristo mais generoso que conheci."Os homens de Deus de sua gerao reconheceram a uno peculiar de Deussobre ele - Lord Radstock; o Sr. Albert Head, presidente da Conveno deKeswick; o Sr. D. E. Hoste, diretor da Misso no Interior da China; o Sr.Stephen Jeffreys, que fora poderosamente usado por Deus na evangelizao ecura, e que, em seus ltimos anos, dependera tanto da f que o Sr. Howellspossua; o Sr. Dan Williams, fundador da Igreja Apostlica; o Sr. PagetWilkes, do Grupo Evangelizador do Japo; o Rev. Andrew Murray, queescreveu um livrete a respeito dele e o convidou para uma visita; a Sra.Charles Cowman, autora deMananciais no Deserto.O Sr. Henry Griffiths, contador da National Coal Board, disse o seguinte comreferncia a seu primeiro contato com ele em 1921:"Li acerca da poderosa ao do Esprito por intermdio dele na frica. Certaocasio, estava agendado para que viesse a Llanelly, por isso, aquela noite,caminhei cinco quilmetros para ouvi-lo. De todas as histrias a respeito demissionrios que li, a dele foi, em minha opinio, a mais maravilhosa. Seu

    modo de falar era diferente, pois o Esprito trabalhara muito em sua vida.

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    Lembro-me de um jovem cristo perguntar-lhe como ele conhecia a voz deDeus e ele simplesmente perguntou ao rapaz:"- Ser que voc consegue distinguir a voz de sua me de outras vozesfemininas?

    "- Sim, claro, respondeu-lhe o jovem."- Bem, conheo a voz de Deus to bem quanto voc conhece a de sua me."Nunca me esqueci das reunies na Conveno de Llandrindod, depois de seuregresso da frica. Francamente, ele era uma pessoa excepcional. Tinhaapenas quarenta anos e estava no auge de sua vitalidade. Aquela reunio foito especial e elevada a ponto de todos ficarem fascinados. Todos estavamextasiados, inertes e ningum conseguia acompanh-lo. Solicitaram-lhe quefizesse um apelo e, a seguir, s perguntou quem gostaria de entregar a vida aDeus como ele fizera. Todos se puseram de p, inclusive os pastores. No diaseguinte, na reunio dos pastores, qual me foi permitido comparecer, o Sr.

    Paget Wilkes falou a todos ns e reconheceu prontamente a presena doEsprito na vida do Sr. Howells, e disse o seguinte:'"H algum aqui entre ns que eu gostaria de seguir por todo o pas, nem quefosse s para carregar suas malas e limpar seus sapatos'."Que Deus venha ao encontro de muitos durante a leitura deste livro; damesma forma como ele veio ao encontro do autor enquanto o escrevia.

    -Norman P. Grubb

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    OS PRIMEIROS ANOS

    Rees Howells nasceu a 10 de outubro de 1879. Era o sexto filho de umafamlia de onze. O pequeno chal caiado ainda est de p junto a LlandiloRoad, na aldeia mineira de Brynamman, no sul do pas de Gales, onde

    Thomas e Margaret Howells criaram suas trs meninas e seus oito rapazes. de admirar que a pequena casa pudesse abrigar uma famlia to numerosa!Foi uma luta dura nos primeiros anos. O pai de Rees trabalhava na siderurgiae, posteriormente, foi trabalhar numa mina de carvo. Seu salrio, a nicafonte de renda da famlia, era irrisrio e, s vezes, quando havia greve, noganhava absolutamente nada. Alm disso, tambm no havia auxlio-desemprego. Anos mais tarde, ele abriu uma pequena loja na aldeia paravender e consertar calados e, medida que os filhos mais velhos deixavam escola e comeavam a trabalhar, as coisas iam ficando mais fceis.Contudo essa era uma famlia feliz, pois a piedade e o amor eram

    preeminentes no lar. O amor de sua me constituiu uma das mais profundasimpresses na vida do jovem Rees, especialmente devido ao incessantecuidado que dispensava aos trs pequenos membros da famlia, que mais tardevieram a falecer. Quanto ao orgulhoso pai, um visitante um dia intrigou ojovem Rees, pois, aps dar uma olhada ao redor e observar todas as crianas,exclamou ao seu pai: "Como voc rico!"- Como ele pde dizer que o senhor rico? perguntou ele ao pai mais tarde.- Bem, por quanto eu venderia voc? retrucou-lhe o pai. Por cinco mildlares? Ou ser que venderia o John, quem sabe o David ou o Dick, porcinco mil dlares cada um? E por essa razo que sou rico!

    A maioria das crianas comeou sua vida de trabalhador na usina de estanholocal, situada no fundo do vale abaixo da aldeia. A instruo que recebiam eraministrada apenas na nica escola da aldeia. No era permitido que ascrianas trabalhassem antes de completarem treze anos. No entanto, quandoRees estava com doze anos, costumava levar a comida para seus irmos nausina. Ento um dia o gerente lhe perguntou se ele gostaria de fazer algumtrabalhinho. Seu nome no constaria da folha de pagamento, porm elereceberia um salrio que seria includo no nome de seu irmo Moiss. Assim,aos doze anos, Rees abandonou a escola e passou os dez anos seguintes nausina de estanho, onde ele era considerado um bom operrio. Ele trabalhavadoze horas por dia. Levantava-se s 6:00h e no voltava para casa antes das18:00h.

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    Tanto Rees como seus irmos sentiam necessidade de ter mais instruo, porisso freqentavam as aulas noturnas semanais na escola da aldeia. Naquelesdias, no havia ali uma biblioteca. O nico centro de leitura era uma pequenaloja de jornais, onde podiam ler o jornal e tomar emprestado um livro,

    mediante a taxa de um centavo por ms. Foi dessa maneira que dois de seusirmos passaram em diversos exames. John, o mais velho, empregou-se naRailway Company e Dick tornou-se gerente da mina de carvo.Rees no seguiu nenhuma linha especfica de estudo, porm ele mostravasinais de capacidade organizadora. Quando sua me pedia aos meninos parafazerem alguns servios espordicos, cada um deles faria sua parte. ComRees, porm, era diferente - ele daria um jeito de arranjar uma meia dzia deamigos para ajud-lo - e depois pedia me que desse jantar a todos eles. Eladevia pensar se realmente valia a pena pedir a Rees que fizesse algum servio!A generosidade, que foi mais tarde uma caracterstica to acentuada em sua

    vida, j podia ser observada na sua meninice. Ele dava tudo o que tinha. Umde seus irmos conta que uma freguesa entrou na loja para comprar sapatosquando o pai estava ausente. A freguesa tentou persuadir esse irmo a reduziro preo do produto que queria, mas ele recusou. Poucos dias depois, elachamou o pai e lhe contou a histria, falando como era o "vendedor".Conforme a descrio, poderia ser tanto o Rees como seu irmo. O pai noprecisou nem de um segundo para concluir sobre quem ela se referia, pois elesabia que Rees no teria se recusado a dar o desconto!Rees desenvolveu um belo porte e tinha interesse em treinamento fsico. Eletrouxe para casa halteres, luvas de boxe e assim por diante. Muitas vezes,

    lutava amistosamente com seus irmos. Um apetite saudvel acompanhavaum corpo saudvel. Algumas noites, Dick e Rees chegavam tarde, apscumprirem suas diversas obrigaes. Se Dick chegasse primeiro, assim narra histria, a me que j subira para o quarto, perguntaria l de cima: " voc,Dick? Sirva-se de um pedao de torta". Contudo, se Rees chegasse antes deDick, a me perguntaria l de cima: " voc, Rees? H uma torta na mesa.Deixe um pedao para o Dick!"No entanto o que sobressaa em Rees em seus primeiros dias era a conscinciaque tinha de Deus. Era como se uma presena invisvel o protegesse desde onascimento. Parecia ser como no caso de Paulo, que o Senhor separara desdeo ventre materno e chamara por sua graa. Sob esse aspecto, os avs de Reesconstituram a mais poderosa influncia sobre seus primeiros anos. O lar delesera outro chalezinho pintado de branco, chamado Pentwyn, situado naMontanha Negra. Conforme Rees declarou anos mais tarde, cruzar seusumbrais era passar da terra para o cu. Eles se converteram no avivamento de1859, e Rees sempre acreditou que a bno se estendeu a ele. Alguma coisa oatraa quela pequena casa."Deus era sua atmosfera", diria ele.Ele gostava de caminhar de sua casa, l embaixo no Vale de Amman, subirpelos campos e ir deixando as casas para trs, uma a uma, at que um portode ferro rangesse atrs dele. Ali, saa pelos espaos silenciosos dos declives

    da montanha, que em anos futuros tantas vezes foram seu lugar predileto para

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    uma conversa com Deus. Naquele lugar, os nicos sons que perturbavam osilncio eram o canto da cotovia, o balido ocasional das ovelhas e o lamentodo riacho que descia a montanha.O jovem Rees iria at a crista do monte e, a seguir, desceria para o outro lado.

    Cortava com passos firmes os doze quilmetros do verde vale gals, que seestendia diante dele, at que alcanasse Pentwyn, seu amado chalezinho, queficava empoleirado nos declives ngremes. Ali, o terreno coberto de urzesdava lugar novamente a cercas e campos. Geralmente, quando cruzava a portade entrada, ouvia o som da voz de sua av lendo a Bblia para seu Tio Dick,que era invlido. Esse episdio nos faz lembrar de outro rapaz que,provavelmente, passava muitas horas em uma outra montanha negra, a Kara-Dagh, com Listra aos seus ps, a cidade onde o jovem Timteo, sob ainfluncia piedosa de sua av Lide e de sua me Eunice, cresceu.Na verdade, os jovens dos tempos bblicos, como Jos e Davi que temiam e

    serviam a Deus desde os dias de sua meninice, tiveram grande influnciasobre Rees. Seu sbio pai criara os filhos no conhecimento das histriasbblicas: as mais antigas lembranas de Rees eram aquelas leituras aoentardecer e o efeito que tiveram sobre ele. A histria do Salvador - seu nasci-mento, sua vida e sua morte - estava acima de todas as demais e sempre olivrou de tomar seu nome em vo ou de ousar pecar contra ele.Os prazeres normais do mundo no o atraam. Ele caminharia quilmetrospara ouvir algum pregar e fazer com que ficasse "sob a influncia de Deus",porm no "cruzaria a estrada para ouvir um concerto". Somente uma vez,assistiu a uma partida de futebol. medida que os torcedores "gritavam e

    berravam" ao seu redor, percebeu que aquele no era um lugar para ele. Dessemodo, fez um voto que, quando pusesse os ps fora dali, nunca mais iria a umlugar desses. E nunca mais foi.O apstolo Paulo fez aquela admirvel declarao acerca de servir a Deus,como o fizeram seus antepassados, com a conscincia pura. Rees pareciaconstituir outro exemplo disso."No corri para o pecado", disse ele anos mais tarde. "Havia sempre um freioem mim. Parece que algumas pessoas so muito mais sensveis do que outras,mesmo antes da converso. Violentei minha conscincia uma vez, quandomeu pai me mandou entregar sapatos a um fregus e eu lhe cobrei um valormais alto que o preo real. Comprei mas com a diferena. Embora tenhaconfessado esse pecado a meu pai, nunca consegui afast-lo da minha mente -especialmente quando eu via mas! Na verdade, violentara minhaconscincia. Naturalmente, devido ao efeito que teve em mim, esse incidenteimpediu-me de cometer qualquer pecado maior."Entretanto teve um outro efeito, o qual posteriormente reconheceu ser falso,pois acrescentou:"Naqueles dias, eu pensava que, provavelmente, nascera com uma boanatureza!"Tornou-se membro da igreja aos treze anos. De acordo com o conhecimentoque tinha naquela poca, resolveu que agora deveria "viver altura do ensino

    do Salvador". A leitura do livroEm Seus Passos, que Faria Jesus? de Charles

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    M. Sheldon, plantou essa idia em sua mente. No entanto, mais tarde, eledescobriu que, naturalmente, no poderia realizar esse anseio.O contato com os outros jovens colegas na usina de estanho no o levou aabandonar suas preferncias. Swansea, uma cidade cerca de apenas trinta e

    poucos quilmetros de seu vilarejo, nunca o atraiu."A vida da cidade, uma vida superficial, nunca me atraiu", disse ele. "Paramim, no ir a teatros no era uma provao, pois, realmente, no gostavadesses lugares. Eu me sentia vontade nas capelas e nas reunies de orao.A natureza - os montes, os vales e os riachos - me atraa. As manhs dedomingo eram momentos maravilhosos para mim: o silncio e a paz reinavamem tudo. Sentia que podia falar com Deus todas as noites, porque vivia umavida pura, limpa, assim como centenas de pessoas em Gales que tambmviviam assim."No havia nesse rapaz gals nada de extraordinrio - era pacato, levava uma

    vida simples e trabalhava duro. Tampouco havia algo que inspirasse profeciaspara o futuro dele; exceto, talvez, uma piedade incomum, que poderia serestranha aos olhos ingleses, embora no o fosse aos olhos galeses. No Deus, porm, quem transforma as coisas ordinrias em extraordinrias,quando lhe dada oportunidade?

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    Dois CHOQUESSomente depois que Rees completou vinte e dois anos que aconteceu algopara alterar o tranqilo curso de sua vida em casa. Nessa poca, era um jovemde boa aparncia, ombros largos, mais de l,80m de altura, mos habilidosas,testa larga, que uma caracterstica comum entre os galeses, e, acima de tudo,

    olhos observadores, claros como cristal e penetrantes - os olhos de umprofeta. Todavia, sob a face tranqila, corria uma forte tendncia - a ambio.Queria ver o mundo, queria ganhar dinheiro, e os Estados Unidos tornaram-seum m. Diversos jovens da aldeia j haviam ido para l e estavam enviandonotcias entusiastas referentes ao dinheiro que estavam ganhando: recebiamem um dia o que levavam uma semana para conseguir no sul de Gales.Quando Rees ouviu isso, nada mais pde det-lo, nem mesmo o apego ao lar.Ele "calculava os lucros e as perdas, e a Amrica sempre saa ganhando".Seus irmos estudavam para fazer carreira. Ele, porm, decidiu "ganhardinheiro e aposentar-se cedo na vida"! Seu primo, Evan Lewis, emigrara e

    trabalhava em New Castle, na zona do ao nos arredores de Pittsburgh, e Reestomou um navio para juntar-se a ele. Ali, conseguiu um emprego numa usinade estanho.Contudo, antes de ele deixar Brynamman, veio-lhe uma palavra da parte deDeus, a qual considerava a maior bno recebida antes de sua converso. Umdomingo noite, um ms antes de embarcar, ele chegou atrasado igreja e,como ela estava apinhada de gente, ficou de p na entrada. O ministro liaHebreus 12.1:"'Portanto, tambm ns, visto que temos a rodear-nos to grande nuvem detestemunhas...' Essas testemunhas", disse ele, "so os homens de f

    mencionados no captulo anterior. Devemos saber que eles esto ao nossoredor; que so reais, porque Moiss e Elias falaram ao Salvador no monte, natransfigurao, e os discpulos os viram."Depois, o ministro foi incisivo, como se soubesse que Rees estava ouvindo:"Jovem, voc pode deixar o lar, pode ir a um lugar onde seus pais no ovejam. Lembre-se, porm, de que a nuvem de testemunhas e tambm Deusvem voc."Essas palavras foram dirigidas a Rees. No as conhecia, eram novas para ele,mas o efeito foi tremendo, pois foi tomado por uma impresso do outromundo."Eu vi o monte de Hebreus 12.22", disse ele, "a cidade do Deus vivo, aassemblia universal e a igreja dos primognitos."

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    E ele os viu no como espies, mas estavam ali para encoraj-lo e fortalec-lo. Era novamente a mo de Deus protegendo, colocando um freio externo emseu vaso escolhido, at que seu Filho lhe fosse revelado. Pois, at que esse diachegasse, essa nuvem de testemunhas continuaria sendo "a maior realidade"

    de sua vida.Aps deixar sua terra natal, Rees continuou vivendo a mesma vida religiosanos EUA, onde se tornou membro de uma igreja e nunca faltou a uma reuniode orao sequer. Somente uma vez, quase cedeu tentao dos divertimentosmundanos, quando um amigo o convidou para irem a uma grande luta deboxe. Sem dvida, seu antigo interesse pelo boxe foi uma atrao. No entantoa mo controladora de Deus estava sobre ele. No dia anterior luta, veio-lhealgo mente:"Se seu pai, ou se seu tio, estivesse aqui, voc iria? E o que fazer com essanuvem de testemunhas?"

    Por fim, disse ao amigo que no o acompanharia naquela noite nem por umafortuna!Como Deus poderia lev-lo ao reconhecimento de que nascera em pecado enecessitava ser salvo, se ele vivia uma vida to reta? O prprio pastor de suaigreja pensava que ele era "o melhor jovem da congregao" - um indcio deque o pastor, provavelmente, tambm necessitava daquilo de que Reesnecessitava! Seu caso no era diferente do caso de Paulo, "quanto justiaque h na lei, irrepreensvel" (Fp 3.6). Entretanto, enquanto no houverconvico da necessidade de mudana, no pode haver nenhum desejo dealcan-la. Deus, no entanto, tem seus prprios caminhos.

    A primeira marca que Deus fez nele foi por intermdio de seu primo EvanLewis. Certa noite, ele provocou um choque repentino em Rees ao lheperguntar se ele era "nascido de novo". Rees nunca ouvira essa expresso. Eleignorava isso "tanto quanto Nicodemos". Entretanto percebeu que fora feridoe armou suas defesas:- O que voc quer dizer? Minha vida to boa quanto a sua.- No essa a questo. Vamos coloc-la em outros termos: Voc sabe se estsalvo? perguntou-lhe o primo.- Sou cristo e isso me basta, disse Rees.Muito embora professasse no estar convicto, sua complacncia fora abalada.Seu primo era leal e no deixou que o assunto morresse, embora aquelaconversa sempre parecesse terminar em uma discusso infrutfera.Um dia, no entanto, a seta realmente foi direta ao alvo. O primo lhe disseraque quando sua irm estava moribunda, ela lhe falara a respeito danecessidade de aceitar o Salvador e, enquanto ela falava, ele "vira o Calvrio".Mais uma vez Rees no entendeu o que seu primo queria dizer, porm,instintivamente, sentiu que estava pisando terreno santo, e uma voz pareciaadverti-lo de que parasse de argumentar. A impresso foi to forte que eleresolveu deixar o lugar e procurar trabalho em outra parte, para que ele no"tocasse em coisa proibida".Mudou-se para Martin`s Ferry, que ficava a uns160 quilmetros dali. Entretanto, quando seu primo se despediu dele na

    estao, suas ltimas palavras reforavam ainda mais a prova:

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    "Se ao menos voc fosse nascido de novo, no me importaria com sua partida.Contudo o que me preocupa v-lo partir, sabendo que voc no reto paracom Deus."Rees no conseguia esquecer essas palavras. O gracioso Caador do Cu

    estava no seu encalo, "perseguindo a caa sem pressa, com o passoimperturbvel", com aqueles ps fortes que o seguiam e o seguiam, sem parar.Realmente, um certo dia, quando estava lendo um extraordinrio livro muitoaclamado na poca,Natural Law in the Splritual World(A lei natural nomundo espiritual), do Prof. Henry Drummond, a luz comeou a raiar. Esseautor disse que jamais pensara que fosse possvel dar uma definio de vida,at que encontrou uma definio nas obras de Herbert Spencer. Este dizia quea vida a correspondncia com o meio ambiente. A criana nasce com oscinco sentidos e vrios rgos, e cada um desses rgos corresponde com algono ambiente: os olhos vem as coisas, os ouvidos ouvem os sons, os pulmes

    respiram o ar, e assim por diante."Enquanto puder corresponder com meu meio ambiente, terei vida", diziaSpencer, "mas, se algo me acontecer, que me impea de corresponder commeu meio ambiente, ento eu morrerei. A morte, portanto, a falta decorrespondncia."Drummond estendeu essa definio at Ado. O Senhor dissera a Ado queno dia em que desobedecesse, certamente morreria. E morreu? Segundo adefinio de Spencer, Ado morrera espiritualmente, pois embora continuassea ter uma vida natural, ele perdera sua correspondncia com Deus. Agora, spoderia voltar ao Senhor por intermdio do sacrifcio, por meio de uma vtima

    morta em seu lugar.Ao ler isso, Rees passou a levantar uma srie de questionamentos: Ser queele mantinha correspondncia com Deus? Ser que o Salvador era to realpara ele quanto sua me? Ser que conhecia a Deus como uma Presena diriaem sua vida, ou ele s pensava em Deus como Algum presente nas reuniesde orao? Se morresse, ser que teria outro meio ambiente com o qual secorresponder? Ele era uma parte de seus pais e a distncia no interferia nacomunho que mantinham, porm no tinha um relacionamento assim comDeus. Nesse momento, recordou aquelas palavras que seu primo lhe dirigiaconstantemente:"Se algum no nascer de novo, no pode ver o reino de Deus.""Finalmente, entendi!" disse Rees. "Eu acreditava no Salvador, mas tambmsabia uma outra coisa: eu no era nascido dele. Com relao a manter umacorrespondncia com o reino espiritual onde o Salvador vivia, eu era umhomem morto, pois estava fora do reino. Toda minha vida decente e minhareligio nunca me capacitaram a entrar no reino. Eu estava do lado de fora,embora no fosse brio nem ladro - porque no tinha correspondncia comDeus."Sua complacncia religiosa caiu ao cho, despedaada. No tinha uma grandeconvico em relao ao pecado, mas sabia que havia um abismo entre ele eDeus. Assim, uma preocupao mais profunda por seu destino eterno, mais do

    que por quaisquer dos negcios desta vida, apossou-se de sua mente.

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    O ENCONTRO COM OSENHOR RESSUSCITADO

    O Caador est chegando cada vez mais perto da caa. Aquilo que, em

    teoria, Rees comeou a meditar, logo passou a enfrentar na realidade. Derepente, caiu de cama com febre tifide, sempre perigosa, mas naquela pocaera uma doena que, com freqncia, era fatal. No demorou muito para quevisse a morte face a face. Nessa amarga experincia, estava sozinho, morandonum quarto de penso e longe do lar. Contudo, novamente, ali estava o dedode Deus, pois, como ele disse mais tarde:"Pela primeira vez tive medo e, quando me defrontei com a possibilidade dedeixar este mundo e entrar num reino desconhecido, a agonia se apossou demim, como nunca antes acontecera. Graas a Deus, meus pais no estavam alipara tirarem de mim aquele medo. Graas a Deus que a solidariedade humana

    no me cegou para a eternidade, pois podemos viver no meio de umamultido, mas s podemos encontrar a Deus e enfrentar a eternidade sozinho."Ele clamou ao Senhor para que no o deixasse morrer. Enquanto eleimplorava ao Senhor que lhe desse a vida eterna, a alegria que tivera deganhar dinheiro, de viajar e de ver novidades ficara esquecida."D-me mais uma oportunidade", clamava ele, "e eu te darei minha vida."Fizera um voto nesse clamor. O Senhor o escutou. Mas, antes de conhecer aresposta, e enquanto o clamor subia ao cu, Rees sentiu no corao que eleno morreria. A partir desse momento, comeou a melhorar. Contudo j eraum homem mudado.

    " medida que enfrentava a perda de tudo e a entrada nas trevas eternas,toquei a vida real pela primeira vez", disse ele. "Eu vira o mundo, e tudo oque ele tinha de melhor, atirando-me a uma eternidade perdida, e sabia quedevia tudo ao Deus que me livrara."Desse momento em diante, ele jamais considerou a eternidade levianamente,pois ele enfrentara a realidade do inferno uma separao de Deus para sempre. medida que se recuperava, a gravidade de sua recente experincia o faziaexaminar sua posio com renovado fervor. Fora libertado da morte, mas nodo temor da morte. Ele sempre crera na encarnao, na expiao, naressurreio - essas eram as mais preciosas verdades em sua vida. Por que,

    ento, no eram reais para ele? Se Cristo vencera a morte, por que a temia

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    tanto? Aqueles que o ouviram falar nesse perodo de sua vida jamais seesquecero de como ele fazia ecoar a resposta a essas questes:"Descobri que tinha apenas um Cristo histrico, no um Salvador pessoal quepoderia levar-me para o outro lado."

    Durante cinco meses, buscou diariamente o caminho para Deus. Ele disse quegastaria cada centavo de bom grado e iria de uma extremidade a outra daquelevasto pas, se pudesse ao menos encontrar um homem que lhe mostrasse ocaminho para a vida eterna. Ento, dirigiu-se ao nico que lhe veio mente.Percorreu os 160 quilmetros que o levariam de volta at New Castle, a fimde perguntar a seu primo acerca do caminho. Embora o primo conhecessepessoalmente o caminho, parecia que no era capaz de torn-lo claro paraRees.Durante esses meses, mudou-se novamente. Dessa vez foi para Connellsville,na Pensilvnia. Ali, afinal, "a caada" deveria terminar.

    "Cesse, quanto a mim, esse som de passos: Ser que minha escurido, afinalde contas, sombra da mo do Senhor, estendida carinhosamente paramim?"Como era maravilhoso, pois cada movimento inquieto no passava de apenasmais um passo frente na perseguio e na captura da presa. No fazia muitotempo que Rees estava em sua nova residncia, quando ouviu que um judeuconvertido, Maurice Reuben, de Pittsburgh, estava na cidade para uma sriede reunies e encontros. A primeira noite em que foi ouvi-lo, Reuben contou ahistria de sua converso e de como o Esprito Santo lhe revelara o Calvrio."J ouvira um sem-nmero de pregaes sobre o Calvrio e acreditava nele",

    disse Rees, "mas, antes daquela noite, nunca vira o Calvrio."Estava sendo reconduzido exatamente ao ponto que tanto o impressionara notestemunho de seu primo.Maurice Reuben contou que pertencia a uma famlia abastada, pois tinha omelhor que o mundo podia lhe dar e que vivera para ganhar dinheiro. Eragerente da Solomon e Reuben, uma das maiores lojas de Pittsburgh. Contudoa vida de um de seus fregueses causara um grande impacto sobre ele, at queum dia disse a esse cliente:- Voc deve ter nascido feliz.- Sim, replicou o cliente, em meu segundo nascimento. Aceitei o SenhorJesus Cristo e nasci de Deus. Em meu primeiro nascimento, era to infelizquanto voc!Reuben ficou to comovido com esse testemunho, que comprou um NovoTestamento. Ao ler esses relatos sobre a vida de Jesus e sobre a igreja,impressionou-se com o fato de que todos os que seguiram Jesus eram judeus:Joo Batista, que indicou que Jesus era o Cordeiro de Deus; Pedro, Tiago eJoo, os principais discpulos. Alm disso, o Salvador disse a um judeu: "So-bre esta pedra edificarei a minha igreja" (Mt 16.18). Depois, ele leu a histriado jovem rico. Foi um momento dramtico -um judeu rico e convicto dosculo vinte tomava conhecimento das relaes do Salvador com um judeurico do primeiro sculo! Reuben percebeu o problema da seguinte maneira: se

    Jesus dissera quele jovem para vender tudo a fim de herdar a vida eterna,

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    como ele, Reuben, poderia herdar a mesma ddiva, a no ser que sesubmetesse mesma condio? Essa foi sua prova suprema. Se ele se tornassediscpulo, sabia que tambm perderia todos os seus bens. Contudo era tardedemais para recuar, pois fora tocado pela leitura e deveria seguir adiante.

    Assim, enquanto Reuben dizia essas palavras, Rees as repetia em seu prpriocorao - era tarde demais, tambm, para ele recuar.Reuben enfrentou o problema honestamente e calculou o custo. Sua esposapoderia deix-lo, seu irmo poderia afast-lo do negcio e nem um s judeu oseguiria, mas ele j tomara sua deciso. Se perdesse tudo, isso no faria amenor diferena. Ento, um dia, a caminho da loja, Reuben ouviu uma vozque lhe repetia as palavras de Joo 14.6: "Eu sou o caminho, e a verdade, e avida; ningum vem ao Pai seno por mim". A verdade resplandeceu sobre ele- ele aceitou a Cristo e recebeu a vida naquele momento. Depois, contou ofato a seu irmo e a outros. De acordo com a vontade de seu pai, ele perderia

    o direito a cada centavo se mudasse de religio, mas o irmo lhe ofereceu umagrande quantia - sua parte do negcio - se ele sasse dali e fosse paraMontana, no outro extremo do pas. Reuben, no entanto, replicou:"Recebi a luz em Pittsburgh e em Pittsburgh que darei testemunho." tarde, naquele sbado, os detetives vieram e o levaram para o distritopolicial. Na segunda-feira, dois mdicos o visitaram em sua cela e lheperguntaram acerca da voz que ouvira. "Ser que duvidam da minha sanidademental?" pensou ele.Duas horas mais tarde vieram os guardas do hospcio e o levaram para umquarto onde havia vinte e nove pessoas com distrbios mentais. A amargura

    de estar ali dominou-o. Ele alcanara vitria no encarceramento, mas aquiloparecia mais do que ele poderia suportar. Ajoelhou-se ao p da cama ederramou seu corao ao Senhor. J no sabia mais h quanto tempo estavaali, mas parecia que se perdera e, a seguir, teve uma viso do Calvrio. Disseque presenciou cada fase da crucificao. Esqueceu-se de seus prpriossofrimentos diante dos sofrimentos do Salvador e, enquanto olhava fixamentepara a cruz, o prprio Mestre lhe disse: "E devo suportar a cruz sozinho e todomundo andar livre?" De corao partido, Reuben respondeu: "No. H umacruz para todos. E h uma cruz para mim". A partir daquela hora, ele era umnovo homem. Em vez de queixar-se por estar no hospcio, comeou a orarpelos outros vinte e nove homens que se encontravam ali e disse ao Salvador:"Permite-me sofrer pelo Senhor. Seja o que for que me faas suportar, no mequeixarei jamais".Duas semanas mais tarde, o irmo de Reuben veio v-lo e censurou-o por suainsensatez em se meter naquele lugar.- Por que voc no mostra um pouco de inteligncia? perguntou ele. Saia dae v para Montana, rematou o irmo de Reuben.- Essa oferta ainda est de p? Portanto no uma condio mdica, mas algodiferente que est me mantendo aqui! disse Reuben com toda a agudeza desua mente lgica.Alguns amigos cristos, com os quais mantinha contato, promoveram uma

    abertura de inqurito. Em seis semanas conseguiram sua liberdade. O caso foi

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    a tribunal e o julgamento foi referente voz que escutara. O juiz chamou omdico e perguntou-lhe por que aquele homem fora considerado insano.- Porque ele ouviu uma voz, disse o mdico.- O apstolo Paulo tambm no ouviu uma voz? contraditou o juiz que era

    cristo. Isso uma vergonha para a bandeira norte-americana, concluiu.A seguir, voltando-se para Reuben, disse-lhe que processasse todos osenvolvidos no caso. A resposta de Reuben foi esta:- Nunca processarei ningum, mas farei uma coisa, orarei por eles.Ele atravessou o tribunal e foi oferecer a mo a seu irmo, mas este lhe voltous costas. Foi sua esposa, porm ela fez mesma coisa. No entanto, quevitria obtivera em sua prpria alma!Alugou um pequeno quarto em Chicago, onde morava sozinho com o Senhore muitos se converteram com seu testemunho e pregao, embora, por doisanos, no tivesse dinheiro para fazer nem uma refeio substancial. Um ano

    mais tarde, sua esposa foi ouvi-lo numa reunio ao ar livre e se converteu. E,pela primeira vez, viu seu filhinho que nascera logo depois que sua esposa odeixara. Ela estava disposta a reconstituir seu lar com ele, desde que eleganhasse a vida como qualquer outro cristo. Seu corao se afeioou aofilhinho e essa prova foi ainda maior do que a primeira. O pedido dela pareciarazovel, porm ele sabia que o Senhor o chamara do mundo para a vida def. Ele pleiteou com o Senhor, mas a nica resposta que recebeu foi: "Voltepara o Egito!"Isso foi o suficiente e, uma vez mais, Reuben abraou a cruz. Ele foi sedespedir de sua esposa e filho, que estavam de partida para uma outra

    localidade - mais uma experincia muito difcil. Contudo, medida que otrem se afastava da estao, parecia que Deus derramava em sua alma aalegria do cu. Ele, literalmente, danava na plataforma. No viu a esposa pormais trs anos. No entanto, numa outra reunio ao ar livre, ela tambm teveuma revelao da cruz, cujo resultado ela testificou, ao relatar que, emboraanteriormente no estivesse disposta a participar da vida sacrifcial do marido,se fosse para a glria de Deus, ela agora se dispunha a mendigar seu po deporta em porta. Reuniram-se novamente e ela se tornou uma colaboradoramaravilhosa no ministrio dele.Uma coisa que impedia Rees Howells de alcanar suas vitrias antes era que,embora as pessoas dissessem que haviam nascido de novo, ele no podia verem que a vida delas era melhor do que a sua. Como poderia, ento,convencer-se de que elas tinham algo que ele no tinha? No entanto algumasvezes dissera ao Senhor:"Se algum dia eu vir uma pessoa que viva de acordo com o Sermo do Monte,eu me renderei."Antes que Reuben chegasse ao fim de sua histria, o Senhor disse a Rees:" esse o homem que voc procura?"O que aconteceu a seguir naquela pequena capela metodista, Rees Howellsconta com suas prprias palavras:" medida que Maurice Reuben trazia aquelas cenas sagradas diante de ns,

    eu tambm via a cruz. Parecia que passara anos e anos aos ps do Salvador, e

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    eu chorava sem parar. Sentia como se o Senhor tivesse morrido apenas pormim. Eu me perdi.Vivera no temor da morte, mas vi Jesus tomar sobre si aquela morte por mim.Meus pais me amavam muito e, at aquele tempo, para mim no havia

    ningum como eles. Contudo eles nunca sofreram a morte por mim. Cristosofreu. Seu amor por mim, comparado ao deles, era to imensurvel queenchia os cus e a terra e, portanto, o Senhor conquistou meu amor - cadapedacinho dele. Ele me quebrou e tudo em mim foi direto para ele."A seguir, o Senhor me disse o seguinte:"- Eis que estou porta e bato. Posso entrar em sua vida, como entrei na deReuben e tomei o lugar da esposa, do filho, do lar, da loja e do mundo? Querme aceitar?"- Sim, respondi."Ele entrou e, naquele momento, eu me transformei. Eu nasci para um outro

    mundo. Encontrei-me no reino de Deus, e o Criador tornou-se meu Pai.Naquela noite, recebi o dom da vida eterna, aquele dom que o dinheiro nopode comprar."Quando fui para casa, meu amigo que me acompanhara reunio, noentanto, no vira nada de interessante nela. Ele parecia-me to rude. Todos osque no eram nascidos de novo pareciam rudes. O Salvador era tudo paramim. Ele no somente era o mais belo entre dez mil, mas entre milhes! Seuamor sempre estivera ali, mas antes de perceb-lo, eu no esboara nenhumaresposta. No entanto, depois disso, o Senhor teria muitas respostas de minhaparte. Tudo deste mundo era rude, grosseiro, mas tudo a respeito de Jesus era

    to santo, puro e belo."Transformei-me por completo. Nenhum de meus velhos amigos podiaentender o que acontecera. Eu no tinha comunho com as coisas naturais.No era nada referente a um ponto de doutrina, no era isso que eu via - s viao Calvrio. No era um assentimento mental; no mesmo, pois o vu foraafastado, meus olhos se abriram e eu vi o Senhor. Naquela noite, vi estemundo como um lugar amaldioado e ocorreu-me o pensamento de que eununca mais o tocaria."O amor do Salvador foi-me revelado. No possvel explicar o que umarevelao. Vi que o Salvador e o Pai, antes que eu sofresse, preferiram sofrerpor mim. Nenhum amor natural neste mundo como o amor do Salvador.No era algo simples, o Salvador me ajudando de maneira exterior a ele; no,ao contrrio, ele tomou meu lugar. Comparado ao amor dele, todo outro tipode amor era algo rude, motivado por nosso ego, nosso 'eu'. Entretanto podiaver esse amor atravessando os sculos incontveis da eternidade. Quandovoc recebe o Salvador, recebe o amor de Deus. Esse amor inundou meu ser eo inunda desde aquele momento."Percebi que, por habitar em mim, ele amaria os pecadores por meuintermdio, como ele me amou. No seria o mesmo que me forar a amar aosoutros, como o Salvador no se forou para me amar. Ningum poderia sermeu inimigo, porque eu fora inimigo do Senhor antes de reconciliar-me. Se

    vivo no reino onde ele est, vivo para ter misericrdia, para ser bondoso, para

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    amar aos outros. Ser que o amor de Deus em mim poderia causar dano aalgum? Deixara o mundo e sua loucura para nascer para aquele reino, ondeh somente o amor de Deus - a vida mais atraente e fascinante para ser vividana face da Terra."

    Rees sempre se referia ao seu nascimento espiritual como o dia maisimportante de sua vida. Foi o dia em que decidiu encerrar sua estadia nosEstados Unidos. Ele jamais se esqueceu de que foi naquele pas, e porintermdio de um judeu, que ele encontrou o Salvador. Portanto tinha umadvida para com o povo escolhido de Deus, uma dvida que ele saldaria emanos vindouros. Contudo sentia que seu primeiro testemunho deveria ser aoseu prprio povo, que o nutrira nas coisas de Deus.A idia de voltar para casa cristalizou-se em poucos dias, em razo de umaaguda tentao relacionada ao seu ponto fraco de antes - o amor ao dinheiro.O gerente das obras onde ele estava empregado o tinha em elevado conceito e

    ofereceu-lhe um servio para ganhar um bom salrio para aquela poca, atmesmo para um norte-americano. No entanto isso representaria exigir mais doseu tempo. Ele disse a seu amigo que deixaria o pas to logo lhe fossepossvel, porque o gerente estava colocando uma tentao diante dele, poisdissera ao Senhor que nunca viveria por dinheiro. O novo nascimento oempurrava rapidamente para fora da antiga vida. Conforme dizia, sara paraver panoramas e, realmente, vira o maior de todos os panoramas do mundo o--Calvrio!

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    O AVIVAMENTO GALSO retorno de Rees ao pas de Gales ocorreu num ano 'estratgico. Foiem 1904, a poca do grande avivamento, e sua experincia pessoal recente opreparou para tomar parte nele. Ele relatou o seguinte:"Em pouco tempo o pas todo estava em chamas. Cada igreja foi agitada at

    suas profundezas. Homens fortes derramavam lgrimas de arrependimento, eas mulheres eram movidas por um novo fervor. As pessoas eram revestidas depoder pelo Esprito, como no dia de Pentecostes, e para os de fora, muitasdelas estavam embriagadas. Nos cultos, oravam, cantavam e davamtestemunho. Era um avivamento da igreja, transformando os cristos por todaparte em testemunhas: 'Pois ns no podemos deixar de falar das coisas quevimos e ouvimos' (At 4.20)."A presena e o poder do Esprito Santo na igreja sempre um fatoreconhecido pelos verdadeiros crentes. Assim, no era tanto um caso de pedir-lhe que viesse, mas de reconhecer sua presena e, muito em breve, reconhecerseu poder. Contudo muitas vezes eles tinham de orar pedindo a remoo dosobstculos s bnos. A desobedincia e os coraes rancorosos eram doispecados que tinham de ser constantemente considerados. Todavia aobedincia s sugestes do Esprito e a confisso franca de Cristo traziam asbnos.Aps o primeiro hino, a reunio continuava por si mesma. No haviadirigente, mas o povo percebia um controle invisvel. Muitas vezes, osoradores eram interrompidos pelo cntico de um hino e pela orao, mas noocorria discrdia nem quebra de harmonia. Havia barulho, excitamento eemoo nas reunies, mas isso era apenas a manifestao de pessoas queforam libertadas da escravido. Quando algum se queixava, um velho

    pregador dizia que ele preferia o barulho da cidade ao silncio do cemitrio!O avivamento provou o que o Esprito Santo podia fazer por intermdio deum grupo de crentes que tinham um s esprito e uma s mente como no diade Pentecostes. Inmeras vezes vimos o que o Senhor podia fazer por meio deum evangelista ou de um pastor entregue nas mos de Deus, como Moody ouFinney. No entanto o avivamento gals foi o poder divino manifestado porintermdio da igreja. A nota dominante era: "Curve-se igreja e o mundo sersalvo".O nico objetivo era a salvao de almas. O Salvador disse que h alegriaentre os anjos por um pecador que se arrepende, e eles podiam dizer que havia

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    alegria na igreja pelos convertidos. Os sinos do cu tocavam o tempo todo ehavia um grito de vitria no acampamento.Sob a influncia do Esprito, havia um irresistvel poder. Os mais dbeis,muitas vezes, revestiam-se de uma majestade indescritvel. Suas palavras

    eram cheias de uno quando mostravam como o Salvador foi "entregue porcausa das nossas transgresses e ressuscitou por causa da nossa justificao"(Rm 4.25). Congregaes inteiras se enterneciam, e as pessoas clamavam emagonia de alma: "Que devemos fazer para obter a salvao?" Multidesexperimentavam o poder do sangue de Jesus Cristo para a purificao de todopecado.O problema real, porm, surgia medida que o avivamento prosseguia emilhares de almas eram acrescentadas s igrejas. O nmero de "crianas" quenasciam era maior do que o de "enfermeiras" para cuidar delas. A edificaodos convertidos tornou-se a maior necessidade, a qual, se no fosse satisfeita,

    constituiria a mais perigosa fraqueza do avivamento. medida que o entusiasmo arrefecia, percebamos que, com certeza, muitosestavam mais apegados aos sentimentos, pois a Palavra de Deus ainda no erao alicerce slido de sua f. O diabo tirava vantagem dessa situao. Assim,alguns se tornavam frios e indiferentes, e o conflito espiritual comeava.Vrios crentes, como Rees Howells, embora fossem jovens no esprito,estavam pelo menos um pouco mais adiantados do que os que haviam seconvertido no avivamento. Estes eram necessrios, pois podiam atuar comointercessores e mestres, para levar a carga dos "bebs recm-nascidos" - ouseja, orar com eles e orient-los a prosseguir.

    Esses jovens intercessores, no entanto, logo comearam a descobrir o quantoo inimigo das almas era poderoso. Perceberam tambm que havia um conflito,no contra a carne e o sangue, mas contra os principados das trevas destemundo, o qual no pode ser combatido com armas carnais. Eles necessitavamdaquilo que eles mesmos ainda no haviam recebido, o dom do Esprito Santopara o servio. Conforme Rees Howells disse mais tarde:"A intercesso do Esprito Santo em favor dos santos neste presente mundomal deve ser feita mediante os crentes cheios do Esprito Santo." (Rm8.26,27).Foi isso que levou ele e os outros a sentirem a necessidade que tinham daplenitude. Nada faltava na alegria e na satisfao que Rees encontrara noSalvador com relao sua vida pessoal, mas ele no conhecia o segredo dopoder para o servio. Disse ele:"Muitos culpavam os novos convertidos pelos seus deslizes, porm nosculpvamos a ns mesmos, porque no estvamos em condies de conduzi-los vitria. Oh que tragdia estar desamparado diante do inimigo quando ele'peneirava' os recm-convertidos como trigo!"No captulo 59 de Isaas, lemos que Deus viu que no havia nenhumajudador e admirou-se de que no havia intercessor, exatamente como nonosso caso. Muitos de ns sentamos a necessidade de sermos 'revestidos depoder do alto'. Estvamos na mesma posio daqueles discpulos a quem o

    Senhor disse que permanecessem at que fossem revestidos de poder. O relato

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    prossegue e diz que 'eles, adorando-o, voltaram para Jerusalm, tomados degrande jbilo' (Lc 24.52). Eles tinham jbilo antes de terem o poder, de sorteque o jbilo no era prova daquele revestimento do Esprito. Tnhamos amesma alegria no avivamento, no conhecimento de um Cristo ressurreto e a

    certeza da vida eterna - um jbilo indescritvel - mas, ao mesmo tempo,sentamos a falta de poder para o servio."

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    O ESPRITO SANTOTOMA POSSE

    Ao voltar da Amrica, Rees acomodara-se novamente na antiga casa dafamlia, onde teve uma calorosa recepo. Contudo, em vez de retornar usina de estanho, como alguns de seus irmos, encontrou emprego numa mina

    da vizinhana, a uma distncia de quase dois quilmetros, situada no vale.Ali, trabalhava no subsolo, extraindo carvo - o trabalho mais rduo de todos.Empregava suas horas de folga nas atividades do avivamento, mas o senso denecessidade espiritual crescia entre os obreiros. Ento, em 1906, um grandegrupo decidiu passar sua semana de frias de vero buscando o Senhor deuma forma especial. Foram para a Conveno de Llandrindod Wells - que, emGales, corresponde Conveno Inglesa de Keswick- para o aprofundamentoda vida espiritual. Para Rees Howells, esse deveria ser, aps seu novonascimento, o mais revolucionrio acontecimento de sua vida. Pouco antes dodia em que deveria partir, Rees se encontrava numa reunio em Brynamman,

    onde uma jovem lia Romanos 8.26-30. A leitura era bem vagarosa, o que davatempo para cada palavra calar bem fundo: Predestinou... justificou...glorificou... Enquanto Rees ouvia, ele disse para si prprio: "Sei que soupredestinado segundo a prescincia de Deus, e justificado - mas ser que souglorificado?Isso o deixava perplexo, e a seguinte pergunta estava sempre emsua mente: O que significa ser glorificado?Dois dias mais tarde, no trem que o conduzia a Llandrindod, com essepensamento ainda diante dele, uma voz lhe falou:- Quando voc voltar, ser um novo homem.- Mas eusou um novo homem! Protestou ele.

    - No, voc uma criana, foi resposta.No vago em que viajavam, os outros cantavam o mais recente hino doavivamento, O Cntico de Glria.No entanto Rees no foi capaz de ouvi-lo,pois andava pelo corredor com aquela voz soando-lhe aos ouvidos: "Voc serum novo homem".Na primeira manh da conveno, quem falou foi o Rev. Evan Hopkins, queera talvez o maior pregador sobre "a vida no Esprito" que a ConvenoInglesa de Keswick j produzira. Ele citou Efsios 2.1-6: "Ele vos deu vida...nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus". Elesalientou que foi o Senhor ressuscitado que apareceu aos discpulos aps aressurreio; mas quando o Esprito Santo desceu, ele revelou o Salvadorexaltado mo direita do Pai. A seguir, o Rev. Hopkins fez a pergunta:

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    "Vocs foram vivificados por Cristo? Foram ressuscitados para assentar-secom ele nos lugares celestiais?"Em seu corao, Rees respondeu: "Sim, eu sei que fui vivificado, mas no fuiressuscitado com Cristo para aquele lugar de poder". E, no momento em que

    disse isso, ele viu o Senhor glorificado."Vi o Cristo glorificado - de modo to real como quando vira o Cristocrucificado e o Cristo ressurrecto - e a voz que ouvira no trem me disse:'Gostaria de sentar-se ali com ele? H um lugar para voc'. Nesse momento,eu me vi elevado com Jesus. Agora, sabia o que significava ser 'glorificado'.Eu o vi como Joo o vira em Patmos e fiquei deslumbrado como o apstoloPaulo. Quando o Senhor revela uma coisa, ela exatamente como no imaginao. Toda aquela noite estive na presena de Deus e do meu Salvadorglorificado. Nada existe na natureza que seja suficientemente refinado paradescrev-lo. Via os homens como rvores que andavam."

    Na manh seguinte, o Rev. Hopkins falou sobre o Esprito Santo. Ele deixouclaro que o Esprito Santo uma Pessoa, com todas as faculdades de umapessoa, exatamente como o Salvador. Ele tem inteligncia, amor e vontadeprpria; e, como Pessoa, antes que ele venha morar em um homem, devereceber plena posse de seu corpo."Enquanto ele pregava", disse Rees, "o Esprito Santo me apareceu e eu oreconheci como Aquele que me falara no dia anterior e me mostrara o lugar deesplendor e de glria que os olhos naturais no podem contemplar. Antesdesse dia, jamais me ocorrera que o Esprito Santo fosse uma Pessoaexatamente como o Salvador e que ele deveria vir e habitar em carne e

    sangue. Na verdade, a igreja conhece mais a respeito do Salvador, que esteveno mundo somente trinta e trs anos, do que a respeito do Esprito Santo queest aqui h dois mil anos. Sempre pensara nele apenas como uma influnciaque se manifestava nas reunies, e isso era o que pensvamos muitos de nsno avivamento. No percebera ainda que ele deve viver em corpos, conformeo Salvador viveu aqui em seu prprio corpo."O encontro com o Esprito Santo foi to real para Rees Howells, quanto o foraseu encontro anterior com o Salvador. Ele relatou:"Eu o via como uma Pessoa parte da carne e do sangue, mas ele me disse:'Como o Salvador tinha um corpo, assim eu tambm habito no templopurificado do crente. Eu sou uma Pessoa. Sou Deus e venho pedir-lhe que med seu corpo para que eu opere por intermdio dele. Preciso de um corpo parameu templo (1 Co 6. 19), mas este deve pertencer-me sem reservas, porquantoduas pessoas com vontades diferentes nunca podem viver no mesmo corpo.Quer me dar o seu? (Rm 12.1.) Contudo, se eu entrar, venho como Deus, evoc deve sair (Cl 3.2,3). No me misturo com seu eu'."Ele deixou muito claro que jamais partilharia da minha vida. Percebi a honraque ele me dera quando se ofereceu para habitar em mim. No entanto haviamuitas coisas que me eram muito caras e sabia que o Esprito no conservarianenhuma delas. A mudana que ele faria era muito clara. Significava que cadapedacinho da minha natureza decada deveria ir para a cruz e ele traria sua

    prpria vida e sua prpria natureza."

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    Era uma rendio incondicional. Do encontro, Rees saiu para um campo ondeele se desfez em lgrimas, porque, conforme disse:Recebera uma sentena de morte, to real quanto a que um prisioneiro recebeno banco dos rus. J vivera em meu corpo por vinte e seis anos. Ser que

    poderia abandon-lo facilmente? Quem poderia entregar sua vida a uma outrapessoa em apenas uma hora? Por que um homem luta quando a morte chega,se fcil morrer? Sabia que o nico lugar apropriado para a velha natureza eraa cruz. Paulo deixa isso muito claro no captulo 6 de Romanos. Contudo, umavez que isso se torne realidade, algo que dever durar para sempre. Noconseguiria ir ao encontro disso.Queria faz-lo, mas, Deus meu, o custo era alto demais! Chorei alguns dias.Perdi trs quilos e meio, apenas porque vira o que o Senhor me oferecera.Como desejava que nunca tivesse visto isso! Ele me lembrou de uma coisa:que tinha vindo somente para tomar o que eu j prometera ao Salvador, no

    em parte, mas em sua totalidade."Visto que ele morrera por mim, eu morreria nele e sabia que a nova vida erasua e no minha. Isso era claro para mim e pensei dessa forma por trs anos.Portanto ele s tinha de vir e tomar o que lhe pertencia. Sabia que somente oEsprito Santo em mim poderia viver como o Salvador. Tudo o que ele medizia fazia com que minha vontade crescesse, mas tudo no passava de umaquesto referente ao prejuzo que haveria para realizar isso. No dei minharesposta impulsivamente, mas ele tambm no queria que me precipitasse."Foram necessrios cinco dias para tomar a deciso, os quais passou a ss comDeus. Ele continuou:

    Como Isaas, vi a santidade de Deus, e vendo-o, vi minha prpria naturezacorrupta. No eram os pecados que eu via, mas a natureza tocada pela queda.Eu era corrupto no mago do meu ser. Sabia que tinha de ser purificado.Percebi e vi que havia tanta diferena entre o Esprito Santo e meu ser, comoh entre a luz e as trevas.Nada mais real para mim do que o processo pelo qual passei aquela semanatoda. O Esprito Santo continuou lidando comigo, expondo que a raiz daminha natureza era o ego, e s podemos expor aquilo que brota de nossa raiz.O pecado fora cancelado, mas no era com o pecado que ele estava lidando.Ele lidava com o ego - o resultado da queda."Ele no aceitaria nenhuma submisso superficial. Ele colocou o dedo emcada parte da vida do meu ego, e eu tinha de tomar decises impassivelmente.Ele nunca poderia retirar nada de mim enquanto no lhe desse meuconsentimento. Portanto, no momento em que permiti que isso ocorresse,houve algo purificador (Is 6.5-7), e nunca mais poderia tocar naquilo. No setratava de dizerque estava purificado, pois aquilo ainda tinha algum domniosobre mim; no, era uma ruptura e o Esprito Santo assumiu o controle. Dia adia, o processo continuou. Ele estava entrando como Deus, e eu s viveracomo homem. Ele, porm, disse-me que 'o que era permissvel a um homemcomum, no seria permissvel a mim'."Essa "experincia de Llandrindod" marcou a crise, que foi seguida pelo

    processo de santificao (veja o comentrio do prprio Sr. Howells pg.

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    100), durante o qual o Esprito Santo, base de sua rendio inicial, substituiupasso a passo a natureza do ego por sua prpria natureza divina (2 Pe 1.4).Primeiro, havia o amor ao dinheiro, essa "raiz do mal" que, anteriormente,levara Rees Amrica. O Senhor lhe disse que tiraria de sua natureza todo o

    gosto pelo dinheiro e qualquer ambio pela posse de dinheiro."Tinha de considerar o que isso significava", disse Rees. "O dinheiro no teriapara mim maior valor do que teve para Joo Batista ou para o Salvador. Decerta forma, isso foi considerado em meu novo nascimento, mas agora oEsprito Santo ia raiz do problema."As consideraes sobre esse ponto duraram um dia inteiro e, ao entardecer,sua atitude para com o dinheiro j mudara completamente.Depois, havia o fato de que ele nunca teria o direito escolha na formao deum lar."Percebi que nunca poderia dar minha vida a outra pessoa a fim de viver para

    ela somente. Ser que o Salvador daria sua vida e sua ateno a uma spessoa, em vez de d-las a um mundo perdido? Tampouco o Esprito Santopoderia fazer isso. Ele tomou todo o tempo que foi necessrio para mostrar-me exatamente o que isso significaria: a vida que ele viveria seria para serviraos homens. Ser que eu estava disposto a isso?"Uma das reas com a qual lidou foi a ambio. Como era possvel alimentaralguma ambio se o Esprito Santo entrasse em sua vida? O modo como oSenhor lhe mostrou isso foi da seguinte maneira: suponha que ele tivesse umamisso numa cidade e, aps algum tempo, uma outra misso iniciasse umtrabalho no mesmo lugar. Se, por um acaso, houver cimes entre as duas

    misses, e para a cidade for melhor que haja somente uma, ento seria a suaque teria de sair. Ou, suponhamos que ele e um outro homem secandidatassem ao mesmo cargo, ele teria de deixar que o outro ficasse com ocargo. Ou ainda, se ele ganhasse um certo valor por dia, e um outro homem,que tivesse uma famlia, estivesse ganhando muito menos, o Esprito poderiadizer-lhe que desse seu cargo quele homem. Ele via o Esprito Santo, dessamaneira, assumindo o lugar do outro e sofrendo em seu lugar. Sim, ele estavadisposto a isso.No quinto dia, sua reputao foi atingida. Enquanto pensava nos homens daBblia que foram cheios do Esprito Santo e, especialmente, Joo Batista, oSenhor lhe disse: "Ento posso viver por seu intermdio o tipo de vida quevivi por intermdio dele". Um nazireu, vestido com pele de camelo, vivendonum deserto! At mesmo nesse caso, ou aquilo que pudesse corresponder vida de Joo Batista nos tempos modernos, era necessrio tomar uma deciso.A palavra do Senhor sobre o assunto era esta: "Se eu viver por intermdio desua vida, caso esse seja o tipo de vida que eu escolher voc no poder medeter".Como o Salvador fora desprezado, ele deveria tambm estar disposto a serdesprezado.At aquela sexta-feira noite, cada ponto de seu ego fora mencionado. Elesabia exatamente o que lhe fora oferecido. Assim, a escolha era entre o que

    ganharia com o temporal e com o eterno. O Esprito resumiu o problema para

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    ele nesses termos: "Em nenhuma circunstncia permitirei que voc acaricieum s pensamento de seu ego, e a vida que eu viver em voc ser 100%dedicada aos outros. Voc nunca ser capaz de salvar-se, assim como oSalvador no pde se salvar quando esteve neste mundo. Pois bem, est

    disposto?" Ele deveria dar uma resposta definitiva.Naquela noite, um amigo lhe disse:"Se alguns de ns nos apresentssemos aps a reunio para um testemunho,voc nos falaria de sua posio em Cristo?"Imediatamente, o Esprito o desafiou: "Como voc poderia fazer isso? Voc jviu a posio dos vencedores, mas ainda no a alcanou. Venho lidando comvoc h cinco dias; mas voc deve dar-me sua deciso hoje, at s dezoitohoras. Lembre-se, no entanto, de que sua vontade deve desaparecer. Emhiptese nenhuma permitirei que voc apresente um argumento contrrio.Para onde eu o mandar, voc ir. O que eu lhe disser para fazer, voc far."

    Era a batalha final contra a vontade."Pedi-lhe mais tempo", continuou Rees, "mas ele disse: 'Voc no ter nemum minuto aps as dezoito horas'. Quando ouvi isso, foi como se uma ferativesse se despertado dentro de mim.""- O Senhor me deu o livre-arbtrio, respondi, e agora me fora a abandon-lo."- No o foro, replicou ele, mas faz trs anos que voc me diz que mepertence e que desejava entregar sua vida ao Salvador to completamentequanto ele deu a dele por voc."Desabei num segundo. O modo como me expressara era um insulto Trindade.

    "- Lamento muito, disse-lhe eu, no tinha a inteno de dizer o que disse."- Voc no obrigado a abrir mo de sua vontade, disse ele novamente, mass dezoito horas virei saber sua deciso. Depois disso, voc no ter outraoportunidade."Essa era sua ltima oferta e minha ltima oportunidade! Vi aquele trono (Ap3.21) e todo meu futuro eterno dissipar-se. Disse-lhe: 'Perdoa-me, por favor.Eu o farei.'"Uma vez mais escutei a pergunta: 'Est realmente disposto? ' Faltavam dezminutos para as dezoito horas. Queria tomar a deciso, mas no podia. Nossamente muito astuta quando somos provados e, num instante, veio-me estequestionamento: Como o ego pode dispor-se a abrir mo do ego? Faltavamcinco para as dezoito horas. Estava com medo daqueles ltimos cincominutos. Podia at contar os tique-taques do relgio. Ento, o Esprito faloude novo."'Se voc no tem foras para dispor-se, gostaria que eu o ajudasse? Estquerendo dispor-se? '"'Tome cuidado', sussurrou o inimigo. 'Quando uma pessoa mais forte do quevoc est do outro lado, querer dispor-se exatamente a mesma coisa quedispor-se'."Enquanto pensava sobre esse ponto, olhei para o relgio. Faltava um minutopara as dezoito horas. Curvei a cabea e disse:

    "'Senhor, estou disposto'."

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    Uma hora depois, a terceira pessoa da Trindade j habitava e controlavatotalmente sua vida eseu ser. O Esprito lhe citou as palavras de Hebreus10.19: "Tendo, pois, irmos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelosangue de Jesus". Com essas palavras, conforme o relato de Rees, ele foi

    imediatamente transportado para outro reino, para o interior daquele vusagrado, onde o Pai, o Salvador e o Esprito Santo vivem."Ali, ouvi Deus falar-me e ali vivi desde aquele momento. Quando o EspritoSanto entra, ele entra para habitar para sempre. Ao sangue seja a glria!"Como adorei a graa de Deus! O Senhor vai to longe a ponto de nos dar oarrependimento. Foi Deus que me ajudou a abrir mo da minha vontade.Havia algumas coisas que ele solicitara durante a semana e que fui capaz dedo-las, porque, agora, eu era senhor delas. Quando, porm, me pediu paraabrir mo da minha vontade, verifiquei que no poderia - at que ele me fezvencer essa dificuldade."

    Uma testemunha ocular nos diz que no h palavras que possam descrever apequena reunio naquela casa; a glria de Deus habitou entre eles aquelanoite. Rees comeou a cantar o coro: "H poder no sangue", e, durante duashoras, no puderam parar de cantar. Ento, das 21:00h at s 2:30h damadrugada, tudo o que aconteceu foi que:"O Esprito Santo falava coisas com as quais nunca sonhara, assim como euno cessava de exaltar o Salvador."Quando acordou na manh seguinte, ele disse:"Reconheo que o Esprito Santo entrou para 'ficar para sempre'. A impressoque tive era de que 'ele me trouxera para a casa de banquetes e que o amor era

    sua bandeira sobre mim'. impossvel descrever as torrentes de jbilo que seseguiram."Rees Howells no era uma pessoa dada a falar em pblico; era naturalmentequieto e retrado. Contudo, quando o Esprito Santo entrou, soltou-lhe a lnguae lhe emprestou sua prpria intrepidez. Naquela manh, houve uma reunio delouvor na Tenda da Conveno, com cerca de mil pessoas presentes, inclusiveuns duzentos pastores. A primeira pessoa que Rees viu foi seu prprio pastore, se alguma coisa pudesse faz-lo parar de falar, era a presena desseministro de Deus. No entanto, durante a reunio, ele se ps de p e lhes falouclara e calmamente que chamava a todos para serem testemunhas de que omesmo Esprito Santo que entrou nos apstolos no dia de Pentecostes entraranele e produzira resultados semelhantes. O efeito foi to grande que durante asemana seguinte, quando as multides se reuniam para ouvir as mensagens deum famoso orador, centenas de pessoas vinham perguntar a Rees como foique o Esprito Santo entrou nele. Essa foi a primeira corrente daqueles riosprometidos que, conforme disse Jesus, fluiro daqueles em quem o Espritohabita.

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    AMANDOUMRPROBOQuando o divino proprietrio toma posse de uma propriedade, ele tem umobjetivo duplo: cultivo intenso e frutificao abundante. Se a terra, no entanto, terreno cujo plantio foi abandonado, ele s pode cultiv-la acre aps acre.Agora, veremos o Proprietrio trabalhando em sua propriedade recentemente

    reivindicada.O primeiro acre que ele cultivou novamente em Rees Howells foi a vida deorao. Rees fora usado para fazer oraes gerais. Mas, se algum lheperguntasse se ele obteria uma resposta, ele no saberia o que dizer. Agora oEsprito lhe disse: "O significado da orao a resposta. Assim, de tudo o queeu lhe der, veja que nada se perca". Disse-lhe tambm que a orao eficazdeve ser a orao orientada. Desse modo, ele no deveria mais orar por todosos tipos de coisas a seu bel-prazer, mas deveria fazer somente as oraes queo Esprito Santo lhe desse.Em conexo a esse fato, havia uma outra importante lio: que ele nunca mais

    pedisse a Deus que respondesse a uma orao por meio de outros, pois agoraele poderia responder por intermdio dele. Isso inclua seu dinheiro. Quandohouvesse uma orao pedindo dinheiro, ele deveria oferecer seu prpriodinheiro. O Esprito Santo mostrou-lhe que, no estado de insubmisso, elepoderia muito bem despender seu tempo pedindo a Deus que suprisse oscampos estrangeiros e outras causas, sem, no entanto, estar disposto a permitirque Deus respondesse orao por intermdio dele. Disse tambm que oSenhor fica, muitas vezes, "cansado de nossas palavras". Toda essa fantasiadeveria ser posta de lado, para que pudesse obedecer s Escrituras de ummodo mais prtico.A primeira orao desse tipo, em que o Esprito Santo orou por intermdiodele, foi a favor de um jovem chamado Will Battery. Ele viera para a cidadealguns anos antes a fim de morar com um tio, depois de ter sofrido meningiteque o deixara em condies muito precrias. Nesse estado, ele se deixaraconsumir pelo lcool e ia de mal a pior. Havia dois anos que no dormia numacama, pois passava as noites junto s caldeiras da usina de estanho. Andavasujo e no se barbeava; assim como no usava meias e nunca amarrava oscordes dos sapatos. O avivamento acontecera naquela cidade e centenas seconverteram, mas ningum o alcanara. Por intermdio do Sr. Howells, o quefoi um motivo de surpresa para ele, o Esprito Santo estava trabalhando afavor desse homem. Deveria interceder pela sua sanidade e sua salvao,

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    assim como deveria am-lo, "no por palavras, tampouco da boca para fora,mas por meio de aes e em verdade"."Jamais teria me ocorrido am-lo", disse ele, "mas quando o Esprito Santoentra, ele traz o amor do Salvador. Parecia que eu poderia entregar minha vida

    por esse homem. Havia um amor extravasando em mim que no conhecia ejamais experimentara. Naturalmente falando, ele seria o ltimo homem comquem gastaria meu tempo disponvel, e a usina de estanho seria o ltimo lugarque visitaria".Em suas horas de folga, fazia amizade com esse homem e passava todos osdomingos com ele. Conforme nos relatou, sentia mais alegria buscandoganhar s essa pessoa, do que na capela em companhia dos outros crentes.Chegava at mesmo a caminhar pela aldeia com ele, embora ficasseembaraado uma vez ou outra, quando as pessoas se voltavam e fixavam seuolhar neles. No entanto o Senhor o censurou por isso, conforme nos relatou.

    Uns dez dias antes do Natal, o Esprito perguntou a Rees qual seria o presenteque ele gostaria de receber, visto que esse era o primeiro Natal desde queentrara definitivamente em sua vida. A escolha que Rees fez era bvia: queWill Battery recebesse uma bno. Entretanto Battery desapareceu daqueledia em diante!"Procurei-o durante dez noites", disse Rees, "como uma me procura o filho.Ainda no conhecia os caminhos do Esprito Santo e no sabia que ele queriaque eu confiasse nele."Ento, na vspera de Natal, Battery foi procur-lo."Ainda posso ouvir seus passos, disse Rees, "e a sensao que tive naquele

    momento! Eu no fazia a menor idia do amor que o Esprito Santo nutre poruma alma perdida, at que ele amou uma por meu intermdio. Que noitepassamos juntos! No dia seguinte tive a alegria de passar meu primeiro Natal,depois que o Esprito Santo entrara em minha vida, na usina de estanho comesse jovem, desde as dez da manh at s seis da tarde. Minha me me deuuma cesta com o jantar de Natal para ns dois; mas a minha alegria era grandedemais e estava sem fome. Battery comeu tudo! As quatro da tarde, ele meperguntou se podia vir comigo para a reunio do chal. Que alegria senti aocaminhar com ele para l! Nunca lhe pedi que fosse, temendo embara-lo."O trabalho, no entanto, no ficou completo em algumas semanas ou meses.Battery levantou-se na vida pouco a pouco, at que Rees pde coloc-lo emum alojamento e conseguir-lhe um emprego na mina. Contudo ainda assimhavia contratempos, como na ocasio em que Rees teve de enfrentar umairada dona de penso. Will Battery fora deitar-se vestido com as roupas detrabalho da mina - inclusive as botas! Rees disse quela mulher, sem titubear,que mandasse os lenis para a lavanderia por conta dele! No entanto um diao povo da capela pde surpreender-se ao ver Battery sentado nas reunies,vestido de forma aprumada e respeitvel. Esse processo, no entanto, levou trsanos at a vitria final, quando, por fim, o Sr. Howells pde persuadi-lo avoltar para sua me, que era uma mulher convertida e orara por ele duranteanos.

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    "Desse modo", disse o Sr. Howells, "comecei do incio e amei apenas um.Contudo, se voc capaz de amar um, capaz de amar muitos. E, se consegueamar muitos, pode amar todos."A segunda orao de grande importncia que o Esprito Santo fez por

    intermdio dele foi a favor de um homem conhecido pelo nome de JimStakes, cujo nome verdadeiro era James Thomas. Esse foi tambm o meiopelo qual o Esprito Santo deu a Rees Howells sua primeira lio sobre "doarde forma abundante". Como disse mais tarde:"Visto que meu dinheiro agora pertence ao Novo Inquilino, o antigo inquilinotem de ser imparcial quanto quantia que aquele doa. O Novo Inquilino, porsua prpria natureza, mais generoso do que o antigo. Este viveu muitos anosno Egito e, posteriormente, no deserto, sob a lei, e s se acostumou, na melhordas hipteses, a dar o dzimo. Desse modo, quando o Novo Inquilino desejadar presentes dignos de um prncipe, primeiro ele prova a realidade do

    submisso. Se ele se mostra autntico, ento no haver futuros conflitos,quando forem exigidas quantias maiores."A prova para Rees estava em Jim Stakes. Esse homem era to mau-carter queo ditado comum era: O que Jim Stakes no fez, o prprio diabo no poderiafazer! Ele era um dos piores brios, e houve um grande espanto quando ele seconvenceu e foi em busca de salvao numa reunio de oraes. Ele tinhamuitos filhos, mas, devido ao seu velho vcio da bebida, sua famlia passavagrandes dificuldades, pois era muito pobre. Rees Howells o encontrara apenasuma vez, mas o conhecia bem, pois sua reputao era propagada pela boca dopovo. Uma manh, quando estava em orao, de maneira totalmente inespe-

    rada, esse homem "postou-se diante dele. Rees conta que:Jamais conhecera tamanho conflito para uma alma que se encontra no reinoespiritual. Pude permitir que o Esprito Santo orasse por meu intermdioapenas por uma hora. Eu vi o diabo, que o atacava, pois, se pudesse consegui-lo de volta, seria uma das melhores coisas que ele poderia fazer paracontraditar a obra do avivamento. Vi que se tratava de um conflito entreDeus e o diabo por uma alma e, a seguir, disse ao Senhor que faria qualquercoisa, se ele o guardasse.Naquela mesma noite, havia um homem porta que queria v-lo. Suasurpresa foi tremenda, pois tratava-se de Jim Stakes! Caminhara trsquilmetros porque, conforme relatou a Rees, disse que naquela manh, sdez horas, enquanto trabalhava na mina, Rees Howells "postou-se diante"dele. Foi naquela mesma hora, de manh, que Jim Stakes "postou-se diante"de Rees, e o peso da orao veio sobre esse homem!"Est em dificuldades?" perguntou-lhe Rees.Na verdade, ele estava. Estava com dois anos de aluguel atrasado e, naquelamanh, os oficiais de justia marcaram sua moblia para penhor-la. Dois anosde aluguel! Isso representava um bocado de dinheiro.Depois de uma hesitao momentnea, o Sr. Howells disse:"Eu lhe darei o aluguel de um ano, e tenho um amigo que, acredito, lhe dar orestante."

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    Subiu as escadas para apanhar o dinheiro, mas, antes de chegar ao topo, oEsprito Santo lhe falou. "Voc no me disse esta manh que daria tudo o quetinha para salv-lo? Por que est lhe dando s a metade? O Salvador nopagou toda a sua dvida e o libertou?"

    Rees Howells virou-se e desceu a escada correndo, para dizer quele homem:"Lamento ter-lhe dito que daria o aluguel de um ano. Vou dar-lhe o aluguel dedois anos e, alm disso, tudo de que necessitar. Vou livr-lo de tal modo que odiabo no poder mais usar esta situao para atingi-lo.""No momento em que disse isso", declarou o Sr. Howells mais tarde, "aalegria do cu desceu. Era como se algo estalasse em minha natureza e o doartornou-se mais abenoado do que o receber."A importncia do donativo cobria todas as dvidas dele.Naquela noite, o Sr. Howells o levou diretamente para ver um amigo e oraremjuntos. No caminho, ele lhe perguntou se sua esposa era convertida; se ela no

    percebera alguma mudana nele e no estava contente com isso."Sim", respondeu Jim, "porm ela no est salva; ela no tem roupa para ir sreunies."Enquanto ouvia, Rees Howells disse que sentiu no Esprito como se tivessesado virtude para ela e, naquele momento, soube que ela tambm seconverteria. No domingo seguinte, ele foi para a casa deles e a encontrouquebrantada. Aquele generoso donativo abatera-a, o amor a conquistara e oEsprito Santo a conduzira ao p da cruz. Ali ela viu que uma dvida aindamaior fora paga em favor dela, e paga com um valor ainda maior - o preciososangue de Cristo.

    A bno desse casal era o que Rees chamava de "o princpio dos dias" nacidade, pois foi na casa deles que tiveram incio as reunies de todos ossbados e domingos noite, dirigidas por Howells e seus amigos. Muitosvinham a essas reunies, e alguns dos piores indivduos da redondezaentregaram seu corao ao Senhor.Nessa nova experincia de vida no Esprito Santo, Rees tinha uma pessoa cujaamizade significava muito para ele - o Tio Dick. Quando ele voltou deLlandrindod, nem todos os crentes percebiam a necessidade dessa totalsubmisso ao Esprito Santo, e alguns chegavam at mesmo a se opor.Contudo Deus lhe deu algum com a mesma mente e o mesmo corao - seutio. De todos os crentes da regio, talvez, conforme nossa maneira de pensar,o Tio Dick fosse quem menos precisasse dessa plena submisso. Durantevinte e seis anos, ele fora invlido, incapaz de caminhar mais do que unspoucos metros, e no conseguia ler mais do que alguns minutos de cada vez.Ele aceitara essa condio como sendo a vontade de Deus e, diariamente,passava horas em orao e pedia para que os membros da famlia lessem aBblia para ele. Antes do avivamento, quando o estado espiritual no pas erabem degradante, ele se unia a muitos em orao por um avivamento eregozijou-se grandemente quando obtiveram uma resposta para essa orao.Entretanto ele tambm conhecia sua prpria necessidade. Antes doavivamento, mesmo dentre os mais piedosos das igrejas, poucos conheciam a

    vida eterna como um dom gratuito ou tinham a certeza de que seus pecados

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    foram perdoados. At mesmo depois do avivamento, a verdade do EspritoSanto como uma Pessoa divina, que habitava no corpo do crente, era algo quea maioria das pessoas desconheciam, inclusive o Tio Dick. Ele tinha umdesejo ardente de orar com mais poder, mas ainda no sabia como conseguir

    isso.Ele se regozijou na converso de Rees, e este continuou a considerar o tio seumais valioso guia espiritual. Naturalmente, ele seria o primeiro a quem Reesprocuraria quando voltasse de Llandrindod, para contar-lhe a respeito de suanova experincia. Essa visita, porm, no seria fcil, porque o Senhor jrevelara a Rees que ele deveria apresentar o Esprito Santo a seu tio. Assim, omais jovem, que fora acostumado a ser abenoado por intermdio do maisidoso, agora abenoava o mais velho, houve um inverso de papis.Contudo o Tio Dick estava pronto. Enquanto Rees lhe falava da bno e dopreo - uma completa submisso da vontade, sem reservas - seu tio reconhecia

    essa experincia como sendo a Palavra do Senhor e a verdade das Escrituras.Foram necessrias trs semanas para resolver esse assunto. Cada visita queRees fazia, o tio lhe dizia:"Estou certo de que estarei pronto dentro de poucos dias."Assim, quando ele ficou pronto, isso representou uma gloriosa vitria. Ele erauma ilustrao do fato de que um homem pode ser piedoso e devotado e,ainda assim, necessitar do Esprito Santo. Do mesmo modo, no foi demaneira nenhuma fcil para ele submeter-se plenamente.Daquele tempo em diante, e por muitos anos, a comunho no Esprito entre otio e o sobrinho foi muito profunda. Era uma parceria espiritual, em que o Tio

    Dick se tornou o principal parceiro de orao de Rees. Ele continuou sua obrade orao durante umas oito horas por dia, mas com uma diferena: antes,qualquer necessidade que surgisse, tornava-se automaticamente assunto deorao; mas, assim como aconteceu com Rees, desde que o Esprito Santotomou plena posse, a orao era guiada e tinha objetivos especficos. Portantopassou a ser um trabalho vitorioso com respostas definidas.

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    UMAALDEIASEMOAVIVAMENTO

    Havia uma aldeia a cerca de oitocentos metros da casa de Jim Stakes, na qualno havia um nico cristo sequer, ou um nico local de culto. poca doavivamento, algumas pessoas comearam a realizar reunies de orao ali,

    mas logo fracassaram. Depois que Jim Stakes e sua esposa foram abenoados,um dia o Senhor disse a Howells: "J que voc sentiu tanta alegria em ajudaraqueles dois, no gostaria de ajudar uma aldeia inteira? Mas, quando for l,tenho outra lio a ensinar-lhe - voc deve ser o primeiro sofredor". Issosignificava que ele deveria ser como um pai, que o primeiro a sofrer em suafamlia, ou como um bom pastor que d a vida pelas ovelhas.O Esprito mostrou-lhe que o Salvador tomou o lugar do pecador como oPortador do pecado, o Portador da enfermidade, o Portador da carga e que,portanto, em relao quela aldeia, deveria permitir ao Esprito revelar o amordo Salvador por intermdio dele, de modo prtico. Aquelas pessoas receberam

    a melhor pregao no avivamento, porm elas no foram tocadas por aquelapregao. Agora, o Esprito Santo levava seu servo para essa aldeia, para quefosse o primeiro sofredor. Desse modo, todos os que estivessem passandoalguma necessidade pediriam a ele que a suprisse.Assim, num domingo de manh, o Sr. Howells, com seu amigo Johnny Lewis,a Srta. Elizabeth Hannah Jones - que mais tarde seria a Sra. Howells - e outrosjovens obreiros cristos que se juntaram a ele, visitaram a aldeia. Eles nuncaviram nada igual antes. Barris de cerveja eram colocados ao ar livre, e aspessoas bebiam e jogavam todos os tipos de jogos. O nome do lugar era bemapropriado: Fogo do Inferno. Contudo, como disse o Sr. Howells mais tarde:

    "Eu abrigava s um pensamento: que o Esprito Santo tinha autoridade paraexpulsar os demnios e para perdoar os pecados."E isso ficou provado no primeiro lar que visitou. A dona da casa no estavadisposta a revelar a seus visitantes que estava assando bolo no domingo, demodo que acabou por deixar que o bolo queimasse no forno. Quando o Sr.Howells soube disso, voltou e disse a ela que pagaria pelo prejuzo que lhecausara e, a seguir, colocou sobre a mesa dinheiro suficiente para comprar dezbolos!Uma boa ao tem asas e no demorou muito para que os aldeesdescobrissem que esse bando de jovens, todos eles operrios das minas ou das

    oficinas, vinham com algo mais do que s palavras. Aquela mulher abriu as

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    portas de sua casa para as reunies. Ela e o marido, que tinham sidobeberres, foram os primeiros a se converter. E a mulher, principalmente,continuou seu caminhar com Cristo e passou a ser uma das melhores pessoasda aldeia.

    O Esprito deixou claro ao Sr. Howells que ele devia "viver a Bblia" para opovo. As roupas das pessoas eram diferentes das que ele costumava usar,portanto deveria se vestir mais modestamente, para no atrair ateno sobre si.Ele trouxera da Amrica um relgio de ouro, alm dos que comprara para darde presente - um para cada um de seus irmos e irms - mas ele no deveriamais usar o seu."Se voc vai ser o primeiro sofredor, no tenha um objeto que essas pessoasno podem ter", disse-lhe o Senhor. Quase todos na aldeia passavamdificuldades, e o Esprito lembrou-lhe as palavras do Sermo do Monte: "D aquem te pede" (Mt 5.42). O Esprito Santo complementou: "Todo aquele que

    estiver passando necessidades tem o direito de procur-lo, pois voc me deutudo quanto possui. Digo-lhe que tudo isso para as pessoas, e elas tm tantodireito a isso quanto voc".A maior oportunidade surgiu quando o Senhor alcanou o lder dos beberres.Por muito tempo, o Sr. Howells orou por ele e pediu uma oportunidade deaproximar-se mais dele. Esse homem podia ver o amor de Deus expresso navida de outros, mas ele mesmo ainda no o experimentara. A oportunidade, noentanto, havia chegado.Houve um certo distrbio fora da aldeia, no qual esse homem estavaenvolvido, e o caso poderia acabar no tribunal. O Senhor disse, pois, a Rees

    Howells: "Sua oportunidade agora. Oferea-se para resolver o caso paraele". Assim ele foi casa do homem e perguntou-lhe:"Ser que voc ficaria aliviado se este caso pudesse se resolver fora dotribunal? Se as outras pessoas estiverem dispostas a aceitar uma indenizao,gostaria que eu a pagasse por voc?"Isso o deixou sem fala. O Sr. Howells continuou a narrativa:"Ele era muito orgulhoso. Meras palavras jamais poderiam atingi-lo. Mas,quando ele viu o amor de Deus demonstrado daquela maneira, foi atingidonum ponto vital e no agentou. Confessou que fora o culpado e comeou avir s reunies. Ali, podamos sentir seu amor pelas outras pessoas."No demorou muito e mais de doze pessoas se converteram. Assim, asreunies regulares tiveram incio, incluindo uma escola dominical e um"grupo da esperana". Foram tantos que deixaram de freqentar os botequinse voltaram-se para o Senhor, que a equipe de obreiros achou que deveriadedicar todo seu tempo para estar com eles. Realizavam cinco reunies porsemana e passavam as outras noites visitando os lares. A obra do Espritopropagou-se para alm dessa aldeia, e logo havia convertidos espalhados portoda a vizinhana. Havia tamanho poder no ministrio, que as pessoascostumavam dizer:"Se Rees Howells visitar um lar, preste ateno, pois algum se converter!"O Sr. Howells ganhava seu salrio semanal na mina de carvo e possua

    tambm algumas economias. Mas, nesse ritmo, percebeu que o dinheiro logo

  • 7/29/2019 O Intercessor

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    acabaria. Foi ento que o Esprito lhe mostrou tanto um mandamento comouma promessa. Ao jovem rico, o Salvador havia ordenado: "Vende tudo o quetens, d-o aos pobres... depois, vem e segue-me" (Lc 18.22). E aos que oseguiam desse modo, ele prometeu: "Ningum h que tenha deixado casa, ou

    irmos, ou irms, ou me, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e poramor do evangelho, que no receba, j no presente, o cntuplo" (Mc10.29,30).Rees percebeu que, se desse um dlar, o Salvador disse que ele obteria cemdlares. Ser que isso era verdade? Se fosse, certamente aguardaria comansiedade o dia em que chegaria a esse ponto extremo, seu limite. Mas, serque era mesmo verdade? Isso foi o que lhe chamou a ateno e deu asas suaimaginao - no o fato de estar sem dinheiro, mas a possibilidade, medianteas promessas, de essa quantia ser reposta. Ser que essa permuta poderiarealmente ocorrer, e ele obter o cntuplo?

    Chegou o dia quando lhe restava s o ltimo dlar. O Esprito Santo lhe disseento: "Corte as cordas e receba as promessas". Era um chamado direto paradepender de Deus. No entanto, sempre mais fcil falar dessas coisas do querealmente pratic-las. Na verdade, fora muito mais fcil dar cem dlares,enquanto tinha em abundncia, do que desfazer-se desse ltimo dlar e chegarao fim de suas economias - pela primeira vez em quinze anos."Oh, como o diabo teve pena de mim e apresentou-me esses argumentos!"disse o Sr. Howells. "Ele me disse que estaria dando um passo no escuro eque, se houvesse uma conveno, ou qualquer coisa desse tipo, eu no teriacondies de ir, a no ser que tivesse pelo menos um dlar de reserva. O

    Esprito Santo, contudo, mostrou-me que, se Deus quisesse que eu fosse aalguma parte, ele,