o monitoramento do estado nutricional … e biologicas/o... · atuar de maneira mais organizada na...

17
O MONITORAMENTO DO ESTADO NUTRICIONAL DA POPULAÇÃO INFANTIL NO DISTRITO FEDERAL (BRASIL) Jocilene Dantas Torres Nascimento¹ Izabel Cristina Rodrigues da Silva 2 1 Química. Aluna da Especialização em Vigilância Sanitária pela Universidade Católica de Goiás/IFAR. 2 Biomédica. Doutora em Patologia Molecular pela Universidade de Brasília (UnB). Especialista em Saúde Coletiva com Ênfase em Vigilância Sanitária. E-mail: [email protected] RESUMO O Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) é responsável pelo monitoramento da situação alimentar e nutricional da população, e constituiu uma das diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN). A população vigiada descrita neste sistema seria aquela atendida pela Atenção Básica do Sistema Único de saúde (SUS), e também é por beneficiários do programa de transferência de renda do Governo Federal. O presente trabalho propõe analisar o estado nutricional de crianças residentes no Distrito Federal (Brasil) cadastrados no SISVAN no período de 2002 a 2012. Foi realizado um estudo epidemiológico descrito/quantitativo com abordagem de séries temporais. A partir do ano de 2008 no DF, foi possível verificar que, independente do ano, a porcentagem total das crianças acima do peso (considerando-se a soma das porcentagens de indivíduos com sobrepeso e obesidade) era sempre inferior a dos indivíduos eutróficos. Em 2012 aumentou o número de crianças com risco de sobrepeso, porém houve diminuição dos casos de sobrepeso e obesidade em relação ao ano de 2008. No período estudado, o presente estudo evidenciou que a proporção de excesso de peso em meninos sempre era superior a das meninas. Evidenciando que mesmo ainda prevalente em meninos, o excesso de peso tem se mantido constante proporcionalmente entre meninos e meninas. O estudo do perfil nutricional entre as crianças das várias etnias estudadas mostraram similaridades, não apresentando diferenças significativas. Ao se comparar o estado nutricional de crianças contempladas com o programa Bolsa Família em relação às não participantes, notou-se que não há uma diferença nutricional marcante entre as crianças que participam ou não do programa. Palavras-chave: Vigilância Nutricional. Monitoramento. Estudos populacionais em saúde pública. Crianças. Abstract The Information System Food and Nutrition Surveillance (SISVAN) is responsible for monitoring the food and nutrition situation of the population, and was one of the guidelines of the National Food and Nutrition (PNAN). The population monitored described this system would be the one served by the Primary Care of the Unified Health System (SUS), and is also a recipient of the cash transfer program of the Federal Government. This study aims to analyze the nutritional status of children living in Distrito Federal (Brazil) SISVAN registered in the period 2002-2012. We conducted an epidemiological study described / quantitative approach to time series. From the year 2008 in Mexico City, we found that, regardless of the year, the total percentage of overweight children (considering the sum of the percentages of overweight and obesity) was always lower than that of normal individuals. In 2012 increased the number of children at risk of overweight, there was a decrease of cases of overweight and obesity in relation to 2008. In the period studied, the present study showed that the proportion of overweight in boys was always higher than girls. Showing that even still prevalent in boys, excess weight has remained constant proportion between boys and girls. The study of nutritional status among children of various ethnic groups studied showed similarities, showing no significant differences. When comparing the nutritional status of children served with the Bolsa Familia program in relation to non-participants, it was noted that there is no nutritional difference between striking children who participate in the program or not. Keywords: Nutricional Surveillance. Monitoring. Population Studies in Public Health. Children.

Upload: trinhkiet

Post on 08-Oct-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

O MONITORAMENTO DO ESTADO NUTRICIONAL DA POPULAÇÃO

INFANTIL NO DISTRITO FEDERAL (BRASIL)

Jocilene Dantas Torres Nascimento¹

Izabel Cristina Rodrigues da Silva2

1Química. Aluna da Especialização em Vigilância Sanitária pela Universidade Católica de Goiás/IFAR.

2Biomédica. Doutora em Patologia Molecular pela Universidade de Brasília (UnB). Especialista em Saúde

Coletiva com Ênfase em Vigilância Sanitária.

E-mail: [email protected]

RESUMO

O Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) é responsável pelo monitoramento

da situação alimentar e nutricional da população, e constituiu uma das diretrizes da Política Nacional de

Alimentação e Nutrição (PNAN). A população vigiada descrita neste sistema seria aquela atendida pela Atenção

Básica do Sistema Único de saúde (SUS), e também é por beneficiários do programa de transferência de renda

do Governo Federal. O presente trabalho propõe analisar o estado nutricional de crianças residentes no Distrito

Federal (Brasil) cadastrados no SISVAN no período de 2002 a 2012. Foi realizado um estudo epidemiológico

descrito/quantitativo com abordagem de séries temporais. A partir do ano de 2008 no DF, foi possível verificar

que, independente do ano, a porcentagem total das crianças acima do peso (considerando-se a soma das

porcentagens de indivíduos com sobrepeso e obesidade) era sempre inferior a dos indivíduos eutróficos. Em

2012 aumentou o número de crianças com risco de sobrepeso, porém houve diminuição dos casos de sobrepeso e

obesidade em relação ao ano de 2008. No período estudado, o presente estudo evidenciou que a proporção de

excesso de peso em meninos sempre era superior a das meninas. Evidenciando que mesmo ainda prevalente em

meninos, o excesso de peso tem se mantido constante proporcionalmente entre meninos e meninas. O estudo do

perfil nutricional entre as crianças das várias etnias estudadas mostraram similaridades, não apresentando

diferenças significativas. Ao se comparar o estado nutricional de crianças contempladas com o programa Bolsa

Família em relação às não participantes, notou-se que não há uma diferença nutricional marcante entre as

crianças que participam ou não do programa.

Palavras-chave: Vigilância Nutricional. Monitoramento. Estudos populacionais em saúde pública. Crianças.

Abstract

The Information System Food and Nutrition Surveillance (SISVAN) is responsible for monitoring the food and

nutrition situation of the population, and was one of the guidelines of the National Food and Nutrition (PNAN).

The population monitored described this system would be the one served by the Primary Care of the Unified

Health System (SUS), and is also a recipient of the cash transfer program of the Federal Government. This study

aims to analyze the nutritional status of children living in Distrito Federal (Brazil) SISVAN registered in the

period 2002-2012. We conducted an epidemiological study described / quantitative approach to time series.

From the year 2008 in Mexico City, we found that, regardless of the year, the total percentage of overweight

children (considering the sum of the percentages of overweight and obesity) was always lower than that of

normal individuals. In 2012 increased the number of children at risk of overweight, there was a decrease of cases

of overweight and obesity in relation to 2008. In the period studied, the present study showed that the proportion

of overweight in boys was always higher than girls. Showing that even still prevalent in boys, excess weight has

remained constant proportion between boys and girls. The study of nutritional status among children of various

ethnic groups studied showed similarities, showing no significant differences. When comparing the nutritional

status of children served with the Bolsa Familia program in relation to non-participants, it was noted that there is

no nutritional difference between striking children who participate in the program or not.

Keywords: Nutricional Surveillance. Monitoring. Population Studies in Public Health. Children.

INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde define Sistema de Informação em Saúde (SIS) como

um mecanismo de coleta, processamento, análise e transmissão da informação necessária para

se planejar, organizar, operar e avaliar os serviços de saúde. Considera-se que a transformação

de um dado em informação exige, além da análise, a divulgação, e inclusive recomendações

para a ação. Por meio deste dispositivo, os profissionais e os gestores de saúde podem avaliar,

monitorar e controlar as atividades desenvolvidas pelos prestadores de serviços por meio de

indicadores locais, facilitando a formulação e avaliação de políticas, planos e programas de

saúde (GUIMARÃES; ÉVORA, 2004).

Previsto na Lei Orgânica da Saúde, o Departamento de Informática do SUS

(DATASUS) tem a responsabilidade de coletar, processar e disseminar informações sobre

saúde (BRASIL, 1990). O DATASUS mantém em seu site uma planilha periodicamente

atualizada chamada “Caderno de Informações de Saúde”, com diversos indicadores –

demográficos, epidemiológicos, financeiros – sobre cada estado e município do Brasil, com a

finalidade de apoiar à gestão em saúde, fornecendo informações confiáveis, relevantes e

facilmente disponíveis. Com tais dados podem ser realizadas análises das situações sanitárias,

tomada de decisões baseadas em evidências e o organização e planejamento de programas

voltados à saúde (BRASIL, 2004).

No Brasil, existem cinco principais SIS ligados ao Ministério da Saúde: Sistema de

Informações sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos

(SINASC), Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), Sistema de

Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS) e Sistema de Informações Ambulatoriais do

SUS (SIA-SUS) (BARBOSA, 2006). Há ainda muitos outros SIS operados pela rede de

serviços do SUS, servindo como fontes complementares de dados, como: Sistema de

Informações de Atenção Básica (SIAB), Sistema de Informações do Programa Nacional de

Imunização (SI-PNI), Sistema de Informações do Câncer da Mulher (SISCAM), HiperDia,

Sistema de Informação sobre Orçamento Público em Saúde (SIOPS), Sistema de Informações

da Anvisa, Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) entre

outros.

O SISVAN foi primeiramente proposto pelo INAN (Instituto Nacional de Alimentação

e Nutrição) em 1976, mas somente na década de 90, após a promulgação da Lei Orgânica da

Saúde, e com a publicação da Portaria nº 1.156 publicada em 31 de agosto de 1990, é que o

SISVAN foi estabelecido nacionalmente. Esse sistema de informações é um instrumento para

obtenção de dados de monitoramento do estado nutricional e do consumo alimentar da

população de forma continuada. Todas as fases do ciclo de vida são contempladas pela

Vigilância Alimentar e Nutricional: crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes

(CGAN, 2013).

O SISVAN constituiu uma das diretrizes da Política Nacional de Alimentação e

Nutrição (PNAN), aprovada em junho de 1999, pela Portaria nº 710, de 10 de junho de 1999.

A PNAM é uma declaração do real comprometimento do Ministério da Saúde com a

erradicação das consequências negativas relacionados à falta de alimentos e à pobreza,

principalmente a desnutrição infantil e materna, e também o sobrepeso e a obesidade na

população adulta (RECINE, 2011).

O SISVAN atende à terceira diretriz da PNAN que trata da avaliação e monitoramento

da situação alimentar e nutricional da população brasileira (BRASIL, 2012). A concepção do

SISVAN aconteceu sob três eixos norteadores fundamentais: (a) formular políticas públicas;

(b) planejar, acompanhar e avaliar programas sociais relacionados à alimentação e nutrição e

(c) avaliar a eficácia das ações governamentais (CGAN, 2013).

O SISVAN é um valioso instrumento, pois fornece o diagnóstico da situação de saúde

e nutrição dos vários grupos populacionais, servindo de uma base para a tomada de decisões

pelos responsáveis por políticas, planejamento e gerenciamento de programas relacionados

com a melhoria dos padrões de consumo alimentar e do estado nutricional,cumprindo,

portanto, o papel de apoiar os gestores públicos na formulação, implementação e implantação

de políticas voltadas à alimentação e nutrição (CGAN, 2013).

No presente momento, a população vigiada descrita no SISVAN seria aquela atendida

pela Atenção Básica do Sistema Único de Saúde, e também é composto por um módulo que

trata dos beneficiários do programa de transferência de renda do Governo Federal, o

Programa Bolsa Família (BRASIL, 2012). Desta forma, a ferramenta SISVAN possui dois

sistemas informatizados, ambos acessados pelas Secretárias de Saúde via Internet: o SISVAN

Web e o Sistema de Gestão da Bolsa Família.

Por outro lado, estas ferramentas de análises podem ser úteis para promover a

implementação do PNAN, e cabe aos gestores do SUS, nas esferas federal, estadual, distrital e

municipal, a responsabilidade desta promoção, por meio da viabilização de parcerias e da

articulação interinstitucional necessária para consolidar os Planos de Saúde e de Segurança

Alimentar. Além disso, conhecer o perfil nutricional de uma população específica pode

auxiliar nas ações de nutrição em todos os níveis de atenção à saúde;e o setor de saúde poderá

atuar de maneira mais organizada na perspectiva de uma atenção nutricional adequada com a

inclusão de programas mais eficientes para a promoção de saúde (BRASIL, 2012).

Neste sentido, o presente trabalho propõe analisar o estado nutricional de

criançasresidentes no Distrito Federal (Brasil) cadastrados no SISVAN no período de 2002 a

2012, para possível reflexão e direcionamento de propostas de políticas públicas para

promoção da saúde alimentar de crianças de 0 a 10 anos.

METODOLOGIA

A investigação se caracterizou por um estudo epidemiológico descritivo/quantitativo

com abordagem de séries temporais.

Os dados utilizados se referem ao contido no SISVAN referentes ao Distrito Federal.

O módulo gerador de relatórios do SISVAN Web pode ser acessado no site

<http://nutricao.saude.gov.br/sisvan/relatorios_publicos/> e é composto por informações

sobre o estado nutricional e o consumo alimentardos indivíduos acompanhados pelo SISVAN

Web, sendo que a atualização dos dados é realizada semanalmente. O módulo é composto por

duas opções: o estado nutricional dos indivíduos acompanhados e o consumo alimentar.

Na opção “Estado nutricional dos indivíduos acompanhados” foi possível analisar esta

variável versus outras variáveis do banco, a saber: 1) o período, sendo que as informações

escolhidas foram anuais no período de2002 a 2012; 2) as fases de vida: criança, adolescente,

adulto e idoso (no ano de 2012); 3) ao sexo (em crianças); 4) à raça/cor (em crianças; no ano

de 2012) e 5) à origem do registro (sistema), sendo: SISVAN-WEB; Sistema de Gestão do

Bolsa Família ou todos (em crianças). As opções “Estado e “cidade ou regional” foram

fixadas respectivamente em Distrito Federal e Brasília (única cidade descrita para esta região

federativa no banco); e a opção “região de cobertura foi fixada em Todas”.

Para a vigilância do estado nutricional é adotado o método antropométrico. A

antropometria é um método universalmente aceito de investigação em nutrição baseado na

medição das variações físicas e na composição corporal global. Tal método é muito vantajoso,

pois é barato, simples, de fácil aplicação e padronização e pouco invasivo. Além de todas

essas vantagens, ele pode ser aplicado em todas as fases da vida, permitindo uma classificação

dos indivíduos/grupos conforme seu estado nutricional (BRASIL, 2004).

Segundo afirmam Dame e colaboradores (2011), os critérios adotados para avaliação

do estado nutricional das crianças e adultos assistidos pelo SISVAN baseiam-se em nos

seguintes índices antropométricos: o peso relativo à idade (peso/idade) no diagnóstico da

desnutrição infantil; peso relativo à altura (peso/altura) no diagnóstico da obesidade infantil;

Índice de Massa corporal – IMC (kg/m2) no diagnóstico da obesidade em adultos.

Desta forma, para crianças (menor de 7 anos de idade), o SISVAN apresentou

classificações do estado nutricional conforme a recomendação da Organização Mundial da

Saúde, segundo os pontos de corte mostrados na Tabela 1 abaixo. Para crianças (maiores de 7

e menores de 10 anos de idade), o SISVAN recomenda a utilização dos pontos de corte: p3;

p10 e p97 (BRASIL, 2002; WHO, 1995).

Tabela 1 – Pontos de corte (P/I) estabelecidos para crianças menores de 7 anos.

Percentil Diagnóstico nutricional

< Percentil 0,1 Peso muito baixo para a idade

≥ Percentil 0,1 e < Percentil 3 Peso baixo para a idade

≥ Percentil 3 e < Percentil 10 Risco nutricional

≥ Percentil 10 e < Percentil 97 Adequado ou Eutrófico

≥ Percentil 97 Risco de sobrepeso

Fonte: WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO, 1995; MS, 2002.

Os dados foram coletados foram transferidos do banco e analisados no programa SPSS

versão 20.0 (SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos). As frequências relativas e absolutas das

variáveis foram registradas. Para comparações das proporções, o teste de homogeneidade de

proporções (a estatística qui-quadrado de Pearson) foi executado. O nível de significância

adotado foi de 5%. Os gráficos foram construídos no programa GraphPadPrism versão 6.0.

RESULTADOS

Conforme a análise de dados do banco do SISVAN notou-se que, no ano de 2012,

foram cadastrados no banco 27.941 indivíduos, sendo que 23,5% destes eram crianças de 0 a

10 anos (n = 6566). A composição nas demais faixas etárias foi de 3.974 adolescentes com 10

a 19 anos (14,2%), de 15.820 adultos (56,6%) e 1.581 idosos (5,7%).

A análise da distribuição dos sujeitos (conforme a faixa etária e o estado nutricional no

ano de 2012) apontou quea proporção de indivíduos eutróficos,quando comparada com as

demais, era mais prevalente em indivíduos abaixo de 20 anos. Esta proporção é maior em

crianças (69,7%) e similar em adolescentes (69,3%), sendo menor em adultos (35,5%) e em

idosos (35,5%). Por outro lado, mais da metade dos casos de sobrepeso é em idosos (n = 868;

54,9%). A proporção de adultos acima do peso foi de 62,3% (sobrepeso e obesidade,

respectivamente, 34,1% e 28,2%). A proporção de crianças acima do peso foi de 22,7%.Os

dados descritos acima estão organizados na Tabela 2.

Analisou-se os dados do estado nutricional em crianças nos anos de 2002 a 2012,

visando entender se a prevalência de obesidade em crianças secomportou da mesma forma em

2012 e nos últimos dez anos, ou se houve transição epidemiológica. Notou-se que os anos de

2002 a 2007 foram pouco informativos para a vigilância nutricional, visto que apenas cinco

crianças foram registradas no banco de dados. No entanto, a partir do ano de 2008, foi

possível verificar que, independente do ano, a porcentagem total das crianças acima do peso

(considerando-se a soma das porcentagens de indivíduos com sobrepeso e obesidade) era

sempre inferior a dos indivíduos eutróficos: no ano de 2008, a porcentagem de crianças

eutróficas era 66,3% e a das acima do peso era de 25,6% (20,1% com sobrepeso e 5,5% eram

obesas). No ano de 2009, as eutróficas perfaziam 70,1% da população infantil contra 22,6%

das que se apresentam acima do peso. Também no ano de 2010, eram 68,0% de crianças com

peso adequado contra 23,7%.Esta análise está descrita na Tabela 3.

Ainda sobre estes dados anuais do estado nutricional em crianças, um questionamento

plausível seria verificar a variação percentual sofrida na frequência dos infantes em cada

estado nutricional por ano, quando comparados com o ano de 2008. Em 2012, houve a

diminuição do número de crianças com sobrepeso e obesidade em relação ao ano de 2008. Os

dados estão expressos no Gráfico 1.

Além disso, foi possível observar se a proporção de crianças em cada tipo de estado

nutricional era similar entre meninos e meninas nos anos de 2008 a 2012. No ano de 2008, as

meninas e os meninos eutróficos perfaziam 67,9% e 64,8% respectivamente, sendo que a

proporção de meninos (27,2%) acima do peso era superior a das meninas (24,1%). Também

no ano de 2009, a proporção de meninos (23,6%) acima do peso era superior a das meninas

(21,6%). Essa tendência de uma maior proporção de meninos acima do peso foi verificada

para os demais anos analisados. Os dados estão registrados na Tabela 4.

Tambémcom os dados da Tabela 4, foi possível notar que no período registrado, a

prevalência de excesso de peso em meninos sempre era superior a das meninas e evidenciou

que mesmo ainda prevalente em meninos, tal quadro tem se mantido constante

proporcionalmente entre meninos e meninas.

Outra avaliação realizada foi comparar a distribuição das crianças atendidas conforme

o estado nutricional e a raça no ano de 2012. Foi possível verificar que o perfil nutricional

entre as crianças das várias etnias pesquisadas (branca, negra, amarela, parda e indígena)

estavam similares, não sendo possível inferir relações significativas entre o estado nutricional

e a etnia. A população amostral indígena não é significativa com apenas 5 indivíduos.

Por fim, foi analisada se a proporção do estado nutricional era diferente entre as

crianças cadastradas no programa Bolsa Família e aquelas que não participavam do programa,

no ano de 2012. O estado nutricional era proporcionalmente diferente nos indivíduos

cadastrados no programa de governo daqueles não cadastrados (Tabela 5), isto pode ter

ocorrido devido a grande diferença entre a quantidade de crianças cadastradas (n = 1.100,

13,3%) e das não cadastradas (n = 7157; 86,7%). Constatou-se estranhamente que as crianças

que não participavam do programa apresentavam, proporcionalmente, mais o estado eutrófico

que outros estados nutricionais (n = 4.937; 69,0%).

Tabela 2 - Distribuição dos indivíduos atendidos conforme a faixa etária e o estado

nutricional. Brasília, 2012.

Baixo

peso Eutrofia

Risco de

sobrepeso

(0-5 anos)/

Sobrepeso

(0-5 anos)/

Obesidade

(0-5 anos)/

Faixa

etária

Sobrepeso

(5 ou mais)

Obesidade

(5 anos ou

mais)

Obesidade

Grave (5

anos ou

mais)

Tota

l % P

N % N % N % N % N %

Criança

(0 a 10 anos) 495 7,5 4.577 69,7 883 13,4 372 5,7 239 3,6

6.56

6 23,5

0,00

0

Adolescente

(11 a 19

anos) 140 3,5 2.755 69,3 665 16,7 347 8,7 69 1,7

3.97

6 14,2

Adulto

(20 a 59

anos) 346 2,2 5.623 35,5

5.39

5 34,1

4.45

6 28,2 0 0

15.8

20 56,6

Idoso

(60 anos ou

mais) 152 9,6 561 35,5 868 54,9 0 0 0 0 1581 5,7

Total

112

1 4,0

13.51

6 48,4 7811 28,0

5.17

5 18,5 308 1,1

27.9

43 100

Fonte: SISVAN, 2013.

Tabela 3 - Distribuição das criançasatendidas conforme o ano e o estado nutricional. Brasília,

2012.

Baixo

peso

Adequado

ou

Eutrófico

Risco de

sobrepeso

(0-5 anos)/

Sobrepeso

(0-5 anos)/

Obesidade

(0-5 anos)/

Ano

Sobrepeso

(5 ou mais)

Obesidade

(5 anos ou

mais)

Obesidade

Grave

(5 anos ou

mais) Total P

N % N % N % N % N %

2002 0 0 0 0 0 0 0 0 1 100 1

2003 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

2004 0 0 0 0 0 0 0 0 1 100 1

2005 0 0 0 0 1 100 0 0 0 0 1

2006 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

2007 0 0 2 100 0 0 0 0 0 0 2

2008 516 8,0 4.264 66,3 842 13,1 451 7,0 355 5,5 6.428

2009 586 7,2 5.654 70,1 1.066 13,2 399 4,9 363 4,5 8.068

2010 325 8,4 2.642 68,0 492 12,7 216 5,6 210 5,4 3.885

2011 622 7,3 5.754 68,2 1.186 14,1 486 5,8 386 4,6 8.434

2012 495 7,5 4.577 69,7 883 13,4 372 5,7 239 3,6 6.566

Fonte: SISVAN, 2013.

Tabela 4 - Distribuição das criançasatendidas conforme o ano, sexo e o estado nutricional.

Brasília, 2008 a 2012.

Baixo

peso

Adequado

ou

Eutrófico

Risco de

sobrepeso

(0-5 anos)/

Sobrepeso

(0-5 anos)/

Obesidade

(0-5 anos)/

Ano Sexo

Sobrepeso

(5 ou mais)

Obesidade

(5 anos ou

mais)

Obesidade

Grave

(5 anos ou

mais) Total P

N % N % N % N % N %

2008 Feminino 256 8,0 2.159 67,9 398 12,5 213 6,7 155 4,9 3.181

Masculino 260 8,0 2.105 64,8 444 13,7 238 7,3 200 6,2 3.247

Total 516 8,0 4.264 66,4 842 13,1 451 7,0 355 5,5 6.428

2009 Feminino 271 6,8 2.829 71,5 540 13,6 180 4,5 138 3,5 3.958

Masculino 315 7,7 2.825 68,7 526 12,8 219 5,3 225 5,5 4.110

Total 586 7,3 5.654 70,1 1.066 13,2 399 4,9 363 4,5 8.068

2010 Feminino 138 7,1 1.349 69,6 249 12,8 105 5,4 98 5,1 1.939

Masculino 187 9,6 1.293 66,4 243 12,5 111 5,7 112 5,8 1.946

Total 325 8,3 2.642 68,0 492 12,7 216 5,6 210 5,4 3.885

2011 Feminino 316 7,5 2.884 68,9 586 14,0 247 5,9 155 3,7 4.188

Masculino 306 7,2 2.870 67,6 660 14,1 239 5,6 231 5,4 4.246

Total 622 7,4 5.754 68,2 1.186 14,0 486 5,8 386 4,6 8.434

2012 Feminino 275 7,9 2.444 70,4 440 12,7 188 5,4 123 3,5 3.470

Masculino 220 7,1 2.133 68,9 443 14,3 184 5,9 116 3,7 3.096

Total 495 7,5 4.577 69,7 883 13,5 372 5,7 239 3,6 6.566

Fonte: SISVAN, 2013.

Tabela 5 - Distribuição das crianças atendidas conforme a presença e o estado nutricional.

Brasília, 2012.

Baixo peso

Adequado

ou

Eutrófico

Risco de

sobrepeso

(0-5

anos)/

Sobrepeso

(0-5 anos)/

Obesidade

(0-5 anos)/

Presença

de bolsa

família

Sobrepeso

(5 ou

mais)

Obesidad

e (5 anos

ou mais)

Obesidade

Grave

(5 anos ou

mais) Total % P

N % N % N % N % N %

Sim 89 8,1 726 66,0 149 13,5 74 6,7 62 5,6 1.100 13,3

Não 520 7,3 4.937 69,0 993 13,9 409 5,7 298 4,2 7.157 86,7

Total 609 7,4 5.663 68,6 1142 13,8 483 5,8 360 4,4 8257 100

Fonte: SISVAN, 2013.

Gráfico 1 - Distribuição da variação percentual das criançasatendidas (em relação ao ano de

2008) conforme o ano e o estado nutricional. Brasília, 2012.

Fonte: SISVAN, 2013.

Tabela 6 – Distribuição das crianças atendidas conforme o estado nutricional e a raça no ano

de 2012.

Baixo

peso

Adequado

ou

Eutrófico

Risco de

sobrepeso

(0-5 anos)/

Sobrepeso

(0-5 anos)/

Obesidade

(0-5 anos)/

Raça

Sobrepeso

(5 ou

mais)

Obesidade

(5 anos ou

mais)

Obesidade

Grave

(5 anos ou

mais) Total %

N % N % N % N % N %

Branca 211 8,4 1.748 69,5 340 13,5 133 5,3 84 3,3 2.516 42,8

Negra 21 6,8 210 68,2 34 11,0 28 9,1 15 4,9 308 5,2

Amarela 27 9,4 183 63,8 41 14,3 14 4,9 22 7,7 287 4,9

Parda 195 7,1 1.970 71,4 365 13,2 148 5,4 83 3,0 2.761 47

Indígena 0 0 5 100 0 0 0 0 0 0 5 0,1

Total 454 7,7 4.116 70 780 13,3 323 5,5 204 3,5 5.877 100

Fonte: SISVAN, 2012.

0

20

40

60

80

100

120

2008 2009 2010 2011 2012

Baixo peso

Adequado ou Eutrófico

Risco de sobrepeso

Sobrepeso

Obesidade

Var

iaçã

o e

m r

elaç

ão a

20

08

(%

)

Gráfico 2 - Distribuição das crianças atendidas conforme raça/cor e o estado nutricional.

Brasília, no ano de 2012.

Fonte: SISVAN, 2013.

DISCUSSÃO

Nas últimas décadas, a população brasileira passou por grandes transformações sociais

que resultaram em mudanças no seu padrão de saúde e consumo alimentar. Essas

transformações levaram a diminuição da pobreza e da exclusão social e, consequentemente,

da fome e da desnutrição. Por outro lado, observa-se aumento do excesso de peso em todas as

camadas da população, apontando para um novo cenário de problemas relacionados à

alimentação e nutrição (BRASIL, 2012).

O quadro nutricional do DF revela a coexistência de desnutrição, sobrepeso e

obesidade em todos os segmentos da população. Tais situações são de extrema gravidade

social, visto que levam a um desequilíbrio da saúde do indivíduo expondo-o a um maior risco

de adoecer ou morrer.

Baseados nos dados coletados no Distrito Federal, observou-se que a proporção de

adultos e idosos, acima do peso é maior que a de crianças e adolescentes. Porém, é necessário

lembrar que estudos apontam que crianças com excesso de peso na infância apresentam maior

chance de se tornarem adultos obesos, acelerando o processo de desfechos precoces de

morbidade e mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis (VENN et al, 2007).

Segundo Grande e colaboradores a criança com excesso de peso tem, pelo menos, duas vezes

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

Baixo peso Eutrófico Risco de Sobrepeso

Sobrepeso Obesidade

Branca Negra Amarela Parda IndígenaPo

rce

nta

gem

de

re

gist

ros

mais chances de ser um adulto obeso quando comparada a indivíduos saudáveis (GRANDE et

al, 2012).

Considerada como uma verdadeira epidemia mundial, a obesidade vem aumentando

de forma alarmante atingindo todas as faixas etárias, especialmente as crianças. Em países

desenvolvidos, a prevalência de excesso de peso é maior entre crianças com menores

condições socioeconômicas. Porém, países em desenvolvimento têm prevalência de obesidade

maior entre crianças com boas condições socioeconômicas (GRANDE et al, 2012).

Nos EUA, comparando-se os inquéritos nacionais de 1965 e 1980, constatou-se que a

obesidade nas crianças de 6 a 11 anos aumentou em 67% entre os meninos e em 41% entre as

meninas. Em 2004, 25% das crianças americanas eram consideradas obesas, sendo que a

maioria pertencia a classes sociais com menor poder aquisitivo.

Os dados do SISVAN de 2012 apontam que a excesso de peso infantil no Brasil atinge

cerca de 30,9% das crianças (CGAN, 2013). No Brasil, as crianças mais atingidas pela

obesidade ainda pertencem às classes sociais mais privilegiadas (GIUGLIANO; MELO,

2004). Contrário ao que muitos pensavam, obesidade e sobrepeso infantil é também uma

realidade nas classes de baixa renda, e houve um aumento na prevalência das mesmas,

possivelmente atribuída ao maior consumo de alimentos ricos em gordura e carboidrato, seja

pela falta de conhecimento do que seria uma alimentação saudável, seja pelo menor preço

desses alimentos (PAULA et al, 2012).

A obesidade é uma doença multifatorial (Classificação Internacional de Doenças-10,

CID-10: E65-E68) (GRANDE et al, 2012) que pode ser definida como o acúmulo excessivo

de gordura corporal. Esse acúmulo pode originar agravos à saúde dos indivíduos, tais como:

dificuldades respiratórias, problemas dermatológicos e distúrbios do aparelho locomotor, além

de favorecer o surgimento de enfermidades virtualmente letais como as dislipidemias

(CARNEIRO; FONTES; TOGEIRO, 2012); doenças cardiovasculares (EYKEN; MORAES,

2009); Diabetes Não-Insulino-Dependente (Diabetes Tipo II) (MORAES et al, 2010) e certos

tipos de câncer (ILIAS; KASSAB; MALHEIROS, 2010). É importante frisar que o grau de

excesso de gordura, sua distribuição corpórea e as implicações para a saúde podem apresentar

diferença entre os obesos (GIROTTO; ANDRADE; CABRERA; 2010).

A partir do ano de 2008 no DF, foi possível verificar que, independente do ano, a

porcentagem total das crianças acima do peso (considerando-se a soma das porcentagens de

indivíduos com sobrepeso e obesidade) era sempre inferior dos indivíduos eutróficos. Em

2012, houve uma diminuição de casos de sobrepeso e obesidade em relação ao ano de 2008.

No período estudado,o presente estudo evidenciou que a proporção de excesso de peso

em meninos sempre era superior a das meninas. Evidenciando que mesmo ainda prevalente

em meninos, o excesso de peso tem se mantido constante proporcionalmente entre meninos e

meninas.

Em um estudo realizado com crianças de 2 a 6 anos no município de São Paulo,

observou-se a prevalência de excesso de peso (sobrepeso+obesidade) superior para o sexo

masculino (37,2%) em relação ao feminino (33,4%) (SIMON et al, 2009). Balaban e Silva

(2001) encontraram, em crianças de 6 a 9 anos, diferença significativa entre as prevalências

de obesidade segundo sexo, sendo a maior prevalência verificada entre os meninos

(BALABAN; SILVA, 2001). De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (2008-

2009), o número de crianças brasileiras entre 5 e 9 anos de idade com sobrepeso era de

33,5%. Entre os meninos 16,6% do total entrevistado foram considerados obesos e 11,8% das

meninas estavam na mesma situação nutricional (PIMENTA; ROCHA, 2012). Porém, o

Consenso Latino-Americano de obesidade relata que na infância a ocorrência da obesidade

não difere entre os sexos.

O estudo do perfil nutricional entre as crianças das várias etnias estudadas mostraram

similaridades, não apresentando diferenças significativas. Um estudo realizado em 2001 com

crianças na faixa etária de cinco a nove anos, da rede de ensino públicoe privado de Feira de

Santana (BA) mostrou no grupo étnico branco havia maior prevalência de sobrepeso

(OLIVEIRA; CERQUEIRA; OLIVEIRA, 2003).

Finalmente comparou-se o estado nutricional de crianças contempladas com o

programa Bolsa Família em relação às demais. Notou-se que não há uma diferença nutricional

marcante entre as crianças que participam ou não do programa.

O programa federal de assistência social denominado Bolsa Família assiste famílias

compostas por crianças na idade de zero a quinze anos ou gestantes em situação de pobreza e

de extrema pobreza em todo o país. A transferência dos recursos do programa Bolsa Família é

vinculada ao cumprimento de condicionantes, pelas quais se busca garantir a segurança

alimentar, as boas condições de saúde e a manutenção das crianças e dos jovens na escola

(MDS, 2013).

Caldas e colaboradores (2012) avaliaram o estado nutricional e as condições

socioeconômicas de crianças integrantes do Programa Bolsa Família (PBF) de uma Unidade

Básica de Saúde (UBS). Verificaram alta frequência de consumo diário de cereais (95,7%),

leguminosas (96,7%) e leite (90,3%), corroborando as recomendações dietéticas. Contudo

houve baixa frequência de consumo diário de frutas, carnes e vegetais e elevada frequência de

consumo de doces. Neste estudo conclui-se que o PBF tinha uma importante participação no

rendimento familiar, porém houve elevada prevalência de desvios nutricionais e inadequação

alimentar o que denota a necessidade de orientações sobre alimentação saudável para as

famílias participantes do PBF, visando melhorar os hábitos alimentares (CALDAS;

OLIVEIRA; SANTOS, 2012).

Paula e colaboradores (2012) realizaram um estudo com crianças de 6 a 10 anos de

idade de uma escola municipal de Belo Horizonte/MG. Foram avaliados o perfil

antropométrico e alimentar de crianças beneficiárias e não beneficiárias de programas de

transferência de renda (PBF). O estudo apontou alta prevalência de sobrepeso, inadequações

no consumo alimentar e similaridades no perfil antropométrico das crianças beneficiadas e

não beneficiadas, apesar da constatação de maior consumo de alimentos de melhor qualidade

nutricional entre as que não recebiam qualquer tipo de benefício (PAULA et al, 2012).

CONCLUSÃO

O excesso de peso é preocupação mundial e tem repercussões na saúde pública de um

país. A partir do ano de 2008 no DF, foi possível verificar que, independente do ano, a

porcentagem total das crianças acima do peso (considerando-se a soma das porcentagens de

indivíduos com sobrepeso e obesidade) era sempre inferior a dos indivíduos eutróficos. Em

2012 houve diminuição dos casos de sobrepeso e obesidade em relação ao ano de 2008.

No período estudado,o presente estudo evidenciou que a proporção de excesso de peso

em meninos sempre era superior a das meninas. Evidenciando que mesmo ainda prevalente

em meninos, o excesso de peso tem se mantido constante proporcionalmente entre meninos e

meninas.

O estudo do perfil nutricional entre as crianças das várias etnias estudadas mostraram

similaridades, não apresentando diferenças significativas.

Ao se comparar o estado nutricional de crianças contempladas com o programa Bolsa

Família em relação às não participantes, notou-se que não há uma diferença nutricional

marcante entre as crianças que participam ou não do programa. É importante que os

programas sociais de transferência de renda estejam articulados a ações de educação alimentar

e nutricional para a população beneficiada, de maneira a promover o conhecimento necessário

para a escolha de alimentos seguros do ponto de vista nutricional.

REFERÊNCIAS

BALABAN,Geni; SILVA; Gisélia A.P. da.Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças

e adolescentes de uma escola da rede privada de Recife. Jornal de Pediatria, v. 77, n. 2,

2001.

BARBOSA, Débora Cristina Modesto. Sistemas de informação em saúde: a percepção e a

avaliação dos profissionais diretamente envolvidos na atenção básica de Ribeirão Preto /

SP. 2006. 100 f. Dissertação (Mestrado) - Departamento de Medicina Social, USP, Ribeirão

Preto, 2006.

BATISTA FILHO, Malaquias; RISSIN, Anete. A transição nutricional no Brasil: tendências

regionais e temporais. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2012.

BEZERRA, Ilana Nogueira; SICHIERI, Rosely. Características e gastos com alimentação fora

do domicílio no Brasil. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 44, n. 2, Apr. 2010 .

BRASIL. Lei Orgânica da Saúde, nº 8080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as

condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o

funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da

República Federativa do Brasil, Brasília, 1990.

BRASIL. Ministério da Saúde. Série Caderno de Atenção Básica n. 11. Saúde da Criança:

acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília: MS; 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Série B. Textos

Básicos de Saúde.Brasília: MS; 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância alimentar e nutricional - SISVAN: Orientações

básicas para a coleta, processamento, análise de dados e informação em serviços de saúde.

Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília: MS; 2004

BRASIL. Ministério da Saúde. Avaliação do programa Bolsa Alimentação. Brasília:

Ministério da Saúde; 2005.

CALDAS, Bárbara Galvão; OLIVEIRA, Dayanne Alves Araújo Brito; SANTOS, Luana

Caroline dos. Estado nutricional e caracterização socioeconômica de crianças integrantes do

programa bolsa família. Pediatria moderna; v. 48, n.1, Jan. 2012.

CARNEIRO, Glaucia; FONTES, Francisco Hora; TOGEIRO, Sônia Maria Guimarães

Pereira. Consequências metabólicas na SAOS não tratada. J. Bras. Pneumol., São Paulo,

2012.

CGAN (Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição). SISVAN – Notas Técnicas.

Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi-win/SISVAN/CNV/notas_sisvan.html>

Acesso e m 23/01/2013.

CGAN (Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição). SISVAN – Sistema de Vigilância

Alimentar e Nutricional. Disponível em: <http://nutricao.saude.gov.br/sisvan.php> Acessado

em 23/01/2013.

CGAN (Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição). SISVAN – Relatórios Públicos.

Disponível em:

<http://nutricao.saude.gov.br/sisvan/relatorios_publicos/rel_consolidado_acompanhamento_r

et.php> Acessado em 23/01/2013.

Consenso Latino-Americano de Obesidade. Disponível em:

<http://www.abeso.org.br/pdf/consenso.pdf> Acessado em 25/01/2013.

DAME, Patrícia Klume Viégas et al. Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional

(SISVAN) em crianças do Rio Grande do Sul, Brasil: cobertura, estado nutricional e

confiabilidade dos dados. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 27, n. 11, Nov. 2011.

EYKEN, Elisa Beatriz Braga Dell'Orto Van; MORAES, Claudia Leite. Prevalência de fatores

de risco para doenças cardiovasculares entre homens de uma população urbana do Sudeste do

Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, Jan. 2009.

GIROTTO, Edmarlon; ANDRADE, Selma Maffei de; CABRERA, Marcos Aparecido Sarriá.

Prevalência de obesidade abdominal em hipertensos cadastrados em uma Unidade de Saúde

da Família. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 94, n. 6, June 2010.

GIUGLIANO, Rodolfo; MELO, Ana L. P. Diagnóstico de sobrepeso e obesidade em

escolares: utilização do índice de massa corporal segundo padrão internacional. Jornal de

Pediatria, v. 80, n. 2, 2004.

GRANDE, Antonio José et al. Atividade física para prevenção e tratamento de obesidade em

crianças: evidências das Coleções Cochrane. Diagn. Tratamento, 2012, v.17, n.3.

GUIMARÃES, Eliane Marina Palhares; ÉVORA, Yolanda Dora Martinez. Sistema de

informação: instrumento para tomada de decisão no exercício da gerência. Ciência da

Informação, Brasília, v. 33, n. 1, 2004.

ILIAS, Elias Jirjoss; KASSAB, Paulo; MALHEIROS, Carlos Alberto. Câncer e obesidade:

efeito da cirurgia bariátrica. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 56, n. 1, 2010.

OLIVEIRA, Ana Mayra A. de;CERQUEIRA,Eneida de M.M.;OLIVEIRA,Antônio César de.

Prevalência de sobrepeso e obesidade infantil na cidade de Feira de Santana-BA: detecção na

família x diagnóstico clínico. Jornal de Pediatria, v. 79, n. 4, 2003.

PAULA, Danielle Vasconcellos deet al.Avaliação nutricional e padrão de consumo alimentar

entre crianças beneficiárias e não beneficiárias de programas de transferência de renda, em

escola municipal do Município de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, Brasil, em 2009.

Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 21, n. 3, Jul-Set 2012.

PIMENTA, Teófilo Antônia Máximo; ROCHA, Renato. A obesidade infantil no Brasil: Um

estudo comparativo entre a PSN/1989 e a POF/2008-09 entre crianças de 5 a 9 anos de idade.

FIEP Bulletin, v. 82, Special Edition, article I, 2012.

MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome) - Bolsa Família. Disponível

em: <http://www.mds.gov.br/bolsafamilia> Acessado em 31/01/2013.

MORAES, Suzana Alves de et al. Prevalência de diabetes mellitus e identificação de fatores

associados em adultos residentes em área urbana de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, 2006:

Projeto OBEDIARP. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 26, n. 5, Mai. 2010.

RECINE, Elisabetta; VASCONCELLOS, Ana Beatriz. Políticas nacionais e o campo da

Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva: cenário atual. Ciênc. saúde coletiva, Rio de

Janeiro, v. 16, n. 1, Jan. 2011.

SIMON, Viviane Gabriela Nascimentoet al. Prevalência de sobrepeso e obesidade em

crianças de dois a seis anos matriculadas em escolas particulares no município de São Paulo.

Rev. Bras. Crescimento Desenvolvimento Hum., v. 19, n. 2, 2009.

VENN, Alison J et al. Overweight and obesity from childhood to adulthood: a follow-up of

participants in the 1985 Australian Schools Health and Fitness Survey. The Medical Journal

of Australian, v. 186, n. 9, Mai. 2007.

WORLD HEALTH ORGANIZATION.Physical Status: the use and interpretation of

anthropometry. WHO Technical Report Series n. 854. Geneva: WHO, 1995.