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1 Patricia de Brito Vargas O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA SOCIEDADE CAPITALISTA Rio de Janeiro 2003

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Patricia de Brito Vargas

O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA SOCIEDADE

CAPITALISTA

Rio de Janeiro

2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA

SOCIEDADE CAPITALISTA.

OBJETIVOS:

Conscientizar educadores sobre as verdadeiras causa

do fracasso escolar através das práticas e intervenções

psicopedagógicas no sistema de ensino.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu pai Amiltom pelas virtudes que me foram ensinadas.

A minha mãe Marlene pelas manhãs que esteve do meu lado.

Ao meu irmão pela sua compreensão.

Ao meu namorado Nonaka que com muita paciência tem me auxiliado

na minha vida acadêmica e profissional.

A minha grande amiga Luciana com quem briguei, dialoguei, aprendi e

ensinei.

A minha cunhada Lizandra e ao meu 1º sobrinho.

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DEDICATÓRIA

Sempre a Deus que tudo pode e sempre me fortalece.

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RESUMO

Todo mecanismo que intervém, prejudicando, o processo de aprendizagem

representa um obstáculo, mas este não deve ser visto como patogenia, simplesmente.

O fracasso escolar pode não estar em fatores biológicos propriamente dito do

indivíduo que possuiria seus sistemas físicos e mentais em perfeita ordem e sim se

encontrar na instituição escolar e/ou no meio em que o aprendente vive.

Nos capítulos a seguir pode-se observar que o fracasso escolar dos alunos

pertencentes às camadas populares da sociedade foi construído ao longo da história

da educação e que o sistema capitalista vem contribuindo para a evasão,

descriminação e exclusão desses alunos, com o intuito de manter uma sociedade

estratificada em classes.

Há uma distorção das explicações sobre os fatores determinantes do insucesso

escolar, apontando na maioria dos casos, o individuo como único responsável pelo

seu fracasso.

A psicopedagogia institucional vem revelar os aspectos relacionados do

funcionamento da escola que tem limitado o processo de aprendizagem e como o

psicopedagogo pode contribuir para o novo papel dessa instituição na sociedade

inclusiva.

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METODOLOGIA

Esta monografia pretende analisar as relações entre a Sociedade Capitalista e

o fracasso escolar, tendo entre como o principal foco de interesse as contribuições

dos fatores intra, extra-escolares referentes ao aluno.

Trata-se de focalizar o papel do psicopedagogo Institucional diante da

reprodução da sociedade vigente, que tem a escola como uma das instituições

encarregadas de garantir seu status quo.

A linha de trabalho adotada será a pesquisa bibliográfica com a análise das

obras de autores diretamente ligados ao tema. Será desenvolvida uma abordagem

histórica da origem do fracasso escolar, o papel da escola nesse processo, chegando

ao psicopedagogo e as suas possibilidades de intervenção nessa realidade.

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SUMÁRIO

Introdução 8

Capitulo I 10

A origem da escola 11

Capitulo II 18

O fracasso escolar como produto da Sociedade Capitalista 19

Capitulo III 24

A escola como máquina reprodutora 25

Capitulo IV 33

Práticas e Intervenções Psicopedagógicas na Instituição 34

Capitulo V 40

O novo papel da escola na sociedade Inclusiva. 41

Conclusão 45

Bibliografia 47

Anexo 49

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INTRODUÇÃO

A preocupação com o aumento do fracasso escolar nas escolas públicas, não

deve escapar ao pensamento crítico dos que convivem com a teoria e a prática da

educação.

Muito se discute sobre os altos índices de evasão e repetência. Embora a falta

de preparo dos educadores e a precariedade das condições funcionais e estruturais da

escola, entre outros fatores, sejam apontadas como causa do insucesso escolar, a

culpa ainda é, em grande parte atribuída a problemas individuais dos alunos. No

entanto, a escola é extremamente insatisfatória do ponto de vista quantitativo e

qualitativo.

A educação precisa mudar. Vive-se, não é de hoje, o que se chama de “crise

do ensino”, é preciso ressaltar que esse sistema educacional não se encontra

desgarrado do contexto histórico-social, econômico e político da sociedade onde

atua. Pode-se afirmar com propriedade, que as mazelas da educação atual não foram

criadas somente pelos educadores, não saíram simplesmente de dentro da escola.

Elas fazem parte de um processo maior que tem seu fortalecimento no interior da

instituição escolar.

Numa análise sobre a questão do fracasso, observa-se que muitos fatores

precisam ser revistos com mais compromisso por parte dos profissionais da

educação. A escola não pode ser apenas um veículo de reprodução, descriminação e

exclusão.

A reprodução da sociedade capitalista existe para manter uma sociedade de

classe e o sistema de ensino tem sido usado como uma máquina reprodutora.

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O psicopedagogo pode ser visto como parte importante dessa engrenagem se

tornando uma alavanca de transformação levando a instituição escolar a ter um

novo olhar sobre o processo educativo, principalmente, ao que refere-se as

dificuldades de aprendizagem dos nossos alunos, favorecendo a reflexão da prática

pedagógica.

Trata-se de analisar as possibilidades de intervenção pelo psicopedagogo na

pratica educacional que reproduz os interesses de uma sociedade de classe que

produz o fracasso escolar como mecanismo de garantia das suas necessidades.

A psicopedagogia trás a esperança de uma Educação consciente da influência

de uma sociedade perversa e sua possibilidade de intervenção na reestruturação dos

sistemas de ensino e na prática pedagógica do corpo docente.

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CAPÍTULO I

A Origem da escola

Só há uma solução para os problemas brasileiros da Educação. Uma única. Exclusivamente uma: levar a educação a sério. É enfrentar a tarefa de criar, aqui e agora para todas as crianças, a escola primária universal e gratuita que o mundo criou.

Darcy Ribeiro

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A Origem da escola

Se a escola pretende valorizar as potencialidades e a personalidade de cada

um de seus alunos, não pode esquecer as diferenças existentes entre os mesmos.

A Escola deve evitar que tais diferenças se transformem em desigualdades

formativas e conseqüentemente aumentem os insucessos, dificuldades, evasões e

desvantagem escolar.

Ao investigar a origem da Instituição de ensino, percebemos que desde a

sociedade primitiva ao capitalismo neoliberal, aspectos de ordem econômica,

política, social e cultural de cada época tem influenciado a educação de forma a

contribuir para o fracasso escolar e para a manutenção de uma sociedade injusta. A

abordagem histórica dos fatos da educação é um indispensável instrumento de

análise das situações do presente.

A comunidade primitiva foi a primeira formação social da história do

homem. Nesse período histórico não existia escolas nem métodos de educação

conscientemente reconhecidos. No entanto, existia educação, cujo o objetivo era

promover o ajustamento da criança na sociedade por meio da aquisição de

experiências passadas de geração a geração.

Uma das formas de adquirir esse conhecimento era pela imitação que nos

primeiros anos de vida era inconsciente e mais tarde tornava-se consciente.

Os chefes de grupos familiares foram os primeiros professores e

posteriormente os sacerdotes foram considerados os primeiros professores

profissionais.

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A formação de uma linguagem escrita, de uma literatura e a substituição de

uma organização genética da sociedade por uma organização política veio

caracterizar os primeiros estágios da civilização.

Nas aldeias chinesas existiam as escolas elementares que funcionavam em

qualquer sala vaga de uma casa particular. A atividade escolar tinha como objetivo

decorar os caracteres dos livros didáticos.

A educação Hindu se diferenciava da chinesa e de outros sistemas orientais

devido ao sistema de castas.

Os Sudras ou classe servil não recebiam nenhum tipo de educação formal. Os

membros das classes guerreira e industrial tinham acesso às escolas mantidas pelos

membros da classe superior. A educação literária superior, no entanto era reservada,

aos brâmanes ou sacerdotes.

A educação judaica deu muito mais importância para o desenvolvimento da

personalidade.

A educação grega deu mais oportunidade para o desenvolvimento individual.

Como resultado dessa característica surgiu um novo conceito de educação que ainda

hoje é denominada liberal.

Já no século IX em Esparta, o Estado passa a manter extremo controle

governamental sobre a educação, cujo objetivo era dar a cada individuo um nível de

perfeição física, coragem e hábito de obediência às leis que o tornaria um soldado

ideal.

A educação Ateniense desenvolveu-se dentro de um ideal de formação

completa do homem, colocando no mesmo patamar a educação física e intelectual.

Apesar de o Estado ter seu papel na formação do cidadão, os pais tinham a obrigação

de cuidar que seus filhos se preparassem para a vida.

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Em Roma a Educação era caracterizada pela formação do caráter moral das

pessoas. O lar era praticamente a única escola, a disciplina era severa e os ideais

eram seguidos rigorosamente. A característica fundamental do método de educação

romana, era a imitação: o jovem tinha de tornar-se piedoso, respeitoso, corajoso,

prudente, honesto pela imitação de seu pai e de outros romanos.

Posteriormente surgiram as escolas elementares, que passaram a ministrar os

rudimentos das artes de ler, escrever e contar.

Quando a Grécia foi transformada em província romana, passou a influir

sobre a cultura do conquistador, principalmente no campo da educação.

O contato com outros povos fez surgir novos tipos de instituições

educacionais, tais como as escolas gregas de gramáticas e de retórica e a escola de

retórica latina.

Roma e Constantinopla tiveram os melhores centros docentes; tais

instituições tornaram possível o surgimento das universidades.

O fato de a educação romana ter passado a se limitar à classe mais elevada

colaborou para a sua decadência.

A religião surgiu como elemento agregador e a igreja se transformou em

soberana e absoluta da vida espiritual e passou a exercer sua influência na educação e

nos princípios morais, políticos e jurídicos da sociedade. A educação ministrada pela

primitiva Igreja cristã veio, gradualmente, substituir a decadente educação romana.

Sob o domínio da Igreja predominou uma concepção de educação que se

opunha ao conceito liberal e individualista dos gregos, e ao conceito de educação

prática e social dos romanos. O cristianismo passou a dar maior importância ao

aspecto moral.

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As escolas eram chamadas de catecumenatos. Mais tarde essas escolas vieram

a ser organizadas pelos bispos com o intuito de preparar o clero para as igrejas que

estavam sob sua direção, e que passaram a ser denominadas escolas das catedrais.

Os mosteiros preparavam os únicos sábios e estudiosos da época. Eram os

únicos centros de pesquisa, as únicas casas editoras para a multiplicação dos livros e

as únicas bibliotecas para a conservação do saber.

No século XIII surgiram as universidades, supõe-se que a primeira que

consagrou professores e alunos organizados por seção nas quaro grandes divisões

daquela época (Teologia, Direito, Medicina e Filosofia) tinha sido a de Nápoles.

Durante a Idade Média foi grande a influência da universidade. Ela forneceu

o primeiro exemplo de organização democrática. O Renascimento propôs uma nova

educação que promovesse o ideal da nova vida. O interesse da educação estava

centrado, nos propósitos, nas atividades específicas da humanidade. A literatura dos

gregos e romanos era apenas um meio para a compreensão de tais atividades. Por

isso, o aprendizado da língua e da literatura dos gregos e romanos tornou-se o

problema pedagógico mais importante.

Victorino da Feltre foi o maior inovador no campo educacional desse período.

Criou a escola Casa Giocosa que se preocupava com a formação integral do homem.

Para ele o ensino deveria ser gradual e de acordo com o desenvolvimento psíquico

do aluno, e transcorrer num ambiente de alegria e satisfação. Novas e importantes

transformações deram início a Idade Contemporânea.

A educação, não pôde deixar de interagir com essas transformações, mais no

sentido de sofrer suas influências do que atuando sobre as suas ocorrências.

No início da Idade Moderna (século XVI), alguns líderes religiosos passaram

a protestar contra o que consideravam abusos da autoridade Papal e a não mais

obedecer ao Papa, separando-se da Igreja de Roma. A partir desse fato, os cristãos

dividiram-se em católicos e protestantes.

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A reforma religiosa teve repercussões econômicas, políticas, sociais, culturais

e educacionais.

Os protestantes, especialmente Martin Lutero, contribuíram para que a

educação se libertasse das amarras da Igreja e que se ampliasse o acesso à escola e a

freqüência fosse obrigatória e imposta pelo Estado.

Os católicos reagiram criando a Companhia de Jesus, que montou um sistema

educacional eficiente, abrangendo a educação secundária e a superior, visando a

formação de lideres. O método de ensino tinha como principal característica a

revisão freqüente das matérias.

As grandes transformações que ocorreram na passagem da Idade Média para

a Idade Moderna fortaleceram o movimento que restringiu a Igreja a fatos apenas

religiosos, separando a Igreja e o Estado.

A ciência moderna contribuiu para as modificações dos métodos educacionais

através das idéias de Bacon, Galileu e Decartes.

Comenius foi o principal pensador da educação da época. Tentou aplicar o

método científico ao estudo das línguas e formulou os princípios gerais da didática.

A escola na época do absolutismo era privilégio de nobres, clérigos e filhos

de burgueses ricos, enquanto a maior parte da população permanecia na ignorância, o

que era considerado natural pelas autoridades.

A influência de Rousseau na educação foi muito importante. Ele contrapõe-se

ás idéias da época sobre a natureza humana. Segundo essas idéias, a natureza humana

seria má, pois o homem nasce com o pecado original, cabe a educação,

principalmente a religiosa, destruir a natureza original e substitui-la por uma

modelada pela sociedade. Rousseau propôs uma educação de acordo com a natureza,

com as inclinações naturais do indivíduo, nas diversas fases do seu desenvolvimento.

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A passagem da Idade Moderna para a Idade Contemporânea, na Segunda

metade do século XVIII, foi assinalada pelas revoluções burguesas que acarretaram o

fim do absolutismo e a consolidação do capitalismo. Tais revoluções tiveram

repercussões na educação, principalmente em conseqüência da separação entre a

Igreja e o Estado e o desenvolvimento dos sistemas públicos de educação.

A educação na sociedade capitalista é vista como algo decisivo para o

desenvolvimento econômico, há uma ligação entre a educação e trabalho.

Diante dessas transformações a escola não poderia continuar sendo a mesma,

reservada às elites. A burguesia começou a perceber a necessidade de um mínimo de

instrução para a massa trabalhadora, com isso, ao lado da escola dos ricos, foi

surgindo a escola dos pobres, reforçando a segregação social existente.

Com o tempo passamos a ter um único sistema educacional, e a seleção passa

a ser feita no decorrer dos anos escolares. Os melhores são selecionados para

continuar os estudos em níveis superiores e os outros ficam entregues a própria sorte.

Sendo que os “melhores” são sempre os filhos de burgueses devido as melhores

condições extra-escolares e as escolas serem organizadas segundo valores e a cultura

da classe burguesa.

Novas idéias acerca da educação, influenciadas pelas propostas de Rosseau,

surgiram no século XIX. Pestalozzi procurou pôr em pratica as idéias de Rousseau,

entendia a educação como principal meio de reforma social, desde que respeitasse a

natureza e o desenvolvimento do aluno.

Herbert foi mais teórico, deu ênfase à importância da instrução bem

organizada para a educação do caráter e Frobel destacou-se pela organização dos

jardins de infância.

Avanços tecnológicos, guerras e revoluções marcaram o início do século XX.

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Numerosos educadores procuraram introduzir idéias e técnicas que tornassem

o processo educativo mais eficiente e mais realizador para o ser humano, tornando a

escola mais adequada aos novos tempos.

Entretanto, a escola resiste a transforma-se e se isso, acontece não é por falta

de propostas inovadoras. Muitos educadores propõem a mudança da escola e da

educação com base em duas idéias: o aluno como centro e sujeito da própria

educação e os métodos ativos, em que o próprio aluno constrói o conhecimento.

Dewey propôs uma educação adequada ao mundo atual, que fosse fator de

progresso e de ação social. Para ele a escola deve harmonizar os aspectos

psicológicos e sociais da educação.

Maria Montessori propôs a reconstrução, na escola, de um mundo adaptado à

criança e que lhe possibilitassem educar-se a si mesma.

Para Kerschensteiner a escola deve fundar-se no trabalho educativo, com

vista à preparaçào de cidadãos úteis, consciente de seu dever para com o Estado.

Freinet procurou integrar jogo e trabalho em sua escola.

Atualmente o direito à educação é reconhecido mundialmente e está expresso

na Declaração Universal dos Direitos do Homem, mais convém dizer que nossas

escolas continuam reproduzindo as desigualdades sociais. O seu próprio

funcionamento seleciona e elimina, não há espaço para a diferença.

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CAPÍTULO II

O FRACASSO ESCOLAR COMO PRODUTO DA SOCIEDADE CAPTALISTA.

O ato da desobediência como ato de liberdade é o começo da razão.

Erich Fromm

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O FRACASSO ESCOLAR COMO PRODUTO DA SOCIEDADE CAPTALISTA.

Pode-se dizer que o fracasso escolar é o sintoma da crise educacional. Dessa

forma faz-se necessário descobrir suas raízes aos olhos de muitos ainda encobertos.

Nossas escolas têm se mostrado ao longo do tempo incompetente para a

educação das camadas populares, gerando o insucesso escolar. Grande parte dessa

responsabilidade se fundamenta na criação desta instituição para servir apenas as

classes privilegiadas. Se hoje as classes menos favorecidas tem direito a educação,

foi por causa de sua luta pela democratização do saber, através da democratização do

sistema de ensino.

Entretanto, é preciso esclarecer que o sistema escolar está estruturado para

excluir, para manter uma sociedade estratificada em classes através da cultura do

fracasso que dele se alimenta. Cultura que legitima práticas, rotula fracassados,

trabalha com preconceito de raça, gênero e classe e que exclui.

Para adaptar as camadas populares às exigências de uma sociedade capitalista

e ocultar as verdadeiras intenções dos discursos políticos sem colocar em discussão a

estrutura da sociedade, busca-se fora dela causas que expliquem o fracasso escolar.

Segundo Soares (2001), a primeira explicação é a ideologia do dom. O sucesso ou

mau êxito deveria ser buscado nas características dos indivíduos, ou seja, o que se

pretende afirmar é que a escola não seria responsável pelo fracasso, a causa estaria na

própria criança. O que explicaria as diferenças de rendimento escolar seria a

diferença de desigualdades naturais (adaptação, inteligência, talento de cada um).

Embora a ideologia do dom ainda esteja presente na educação, a

cientificidade de seu pressuposto foi abalada, dando lugar à ideologia da deficiência

cultural.Essa é a segunda explicação dada por Soares. A causa do fracasso não estaria

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no individuo e sim no grupo, na classe menos favorecidas. Essa defende a

superioridade do contexto social da classe dominante em relação ao contexto cultural

em que vive a classe dominada. Segundo a ideologia da deficiência cultural, o aluno

seria portador de déficits sociais, o meio em que vivem não seria pobre só do ponto

de vista econômico, mas também do ponto de vista cultural.

Para as ciências sociais e a antropologia isso, é inaceitável, pois não há

culturas superiores ou inferiores e sim diferentes.

Portanto, uma terceira explicação seria a ideologia das diferenças culturais.

Neste caso, segundo Soares, há uma diversidade de “culturas” diferentes umas das

outras, mas igualmente estruturadas. O que acontece é que a escola valoriza a

cultura das classes dominantes e ignora ou despreza os padrões culturais das classes

dominadas de forma discriminativa.

Percebe-se que o fracasso nas duas primeiras ideologias é visto como algo

externo ao processo de ensino e à sua organização. Coloca-se a culpa sempre no

individuo ou porque seria portador de desvantagens intelectuais ou porque seria

portador de déficits sócio-culturais.

É preocupante como o neoliberalismo máscara suas verdadeiras intenções

tirando da escola a responsabilidade pelo insucesso escolar, fazendo com que não

critiquem a estrutura social responsável pela desigualdade social, pela existência de

classes dominantes e dominadas.

Freire afirma que:

A educação como prática de dominação, que vem sendo objeto desta critica, mantendo a ingenuidade dos educandos, o que pretende em seu marco ideológico(nem sempre percebido por muitos do que realizam), é indoutriná-los no sentido de sua acomodação ao mundo da opressão.

(Freire, 1987, p. 66)

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Pode-se dividir os contribuintes do fracasso escolar em fatores intra-

escolares (referentes as condições internas do aluno e ao sistema escolar) e extra

escolares (referente ao funcionamento da sociedade). No entanto tais instâncias se

intercruzam, perpassando simultaneamente o universo da escola, sendo praticamente

impossível separar tais categorias no cotidiano educacional.

Neste capítulo nos reteremos ao fator intra-escolar no qual se refere ao aluno

e no extra escolares referentes ao funcionamento da sociedade. Posteriormente

discutiremos sobre o fator escolar.

A escola é um lugar de todos, um mundo onde se misturam potencialidades

diversas, diferentes grupos étnicos, culturais e sociais que devem ser respeitados.

Portanto, se esta instituição pretende valorizar essas diferenças se faz necessário

quebrar o mito da homogeneização.

Na verdade, sabemos que esta divisão dos alunos em busca da homogeneidade é ilusória e perigosa, pois é estigmatizante e mais impeditiva do que benéfica à progressão escolar.

(Patto, 1990. p.211)

A escola trata a todos da mesma maneira, todos devem ter o mesmo ritmo de

trabalho, devem adquirir os mesmos conhecimentos e serem submetidos ao mesmo

processo de avaliação, é um pressuposto irreal que não respeito as diversidades,

acarretando o fracasso escolar. Mas, a culpa nunca é da instituição escolar é sempre

do individuo ou do contexto social em que está inserido.

As crianças não aprendem porque são elas as culpadas. Esse é um dos

aspectos da cultura escolar que se materializou ao longo do tempo, centrando as

causas do insucesso na criança.

O pensamento dominante na escola e na sociedade sobre as relações de saúde

e aprendizagem segundo Colares e Moysés (1996), é que “para ter saúde é preciso

ter conhecimento e para aprender é preciso ser sadio”. Nesta maneira de pensar de

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acordo com as autoras não há espaço para determinantes como políticas públicas,

condições de vida, classe social.

O capitalismo neoliberal consegue manter desta forma o conformismo da

sociedade em relação à educação. Essas idéias perduram até hoje em nossas escolas

nos discursos de alguns educadores e até mesmo na própria família dos educandos. O

capitalismo a cada dia propaga essas idéias com maior intensidade e eficiência

levando as crianças ao insucesso.

Tudo tem sido transformado em doença, em um problema biológico

individual. A criança não aprende porque é desnutrida, deficiente, imatura, possui

distúrbios de aprendizagem, distúrbios de comportamento e outras inúmeras doenças.

Para os profissionais da saúde e da educação, a doença impede a

aprendizagem, não importa a gravidade (ou sua ausência), se a doença realmente irá

causar a dificuldade de aprendizagem ou não. Esse processo é transformado em

saúde total ou doença total. No entanto, é preciso ter conhecimento que a doença é

um fator que pode interferir na não aprendizagem, mas não é a causa. Se

pensássemos mais na prática de sala de aula e nos rótulos muitas vezes injustos,

poderíamos talvez termos respostas para este problema.

A facilidade no diagnóstico é cúmplice do tirocínio, tanto a instituição escolar

como os médicos exercem muito mais a ação de rotular do que a de diagnosticar.

É preciso rever nossas práticas pedagógicas, reestruturar os sistemas de

ensino e estar atentos as influências e desejos do capitalismo.

Através da manipulação, as elites dominadoras vão tentando conformar as massas populares a seus objetivos. E, quanto mais imaturas, politicamente, estejam elas (rurais ou urbanas), tanto mais facilmente se deixam manipular pelas elites dominadoras que não podem querer que se esgote seu poder.

(Freire, 1987, p. 144)

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Os fatores extra-escolares apresentam uma perspectiva ampla e permeiam os

demais(intra-escolares); uma vez que abrangem o funcionamento da sociedade, sua

cultura, estruturação, política, econômica e as demais instancias que nos cercam. A

situação econômica brasileira com distribuição inadequada de renda, baixo

investimento em setores emergenciais, principalmente no campo da educação

também contribui para o fracasso escolar.

Com relação aos investimentos em educação, os dados relatados pelo

MEC/INEP/SEEC (1997) apontam que o Brasil investe 4,6 % do PIB em educação,

índice que vem subindo aos anos anteriores, mas que ainda é insuficiente perante a

crise educacional brasileira.

Goldemberg (1993), discute sobre a necessidade de desenvolvimento de

políticas públicas associadas a uma política social de longo alcance e conscientização

dos obstáculos políticos, econômicos e culturais que precisam ser superados para a

obtenção de um sistema educacional de qualidade.

Essa insuficiência dos investimentos, tem acarretado os baixos salários dos

professores e profissionais de educação, gerando auto-desvalorização de sua

atividade profissional, desmotivação para a prática pedagógica e poucas condições

para o aperfeiçoamento profissional. Além das questões referentes aos educadores,

também entram no rol das necessidades básicas, os materiais didáticos e a

reestruturação do espaço físico de nossas escolas, o qual deve ser adaptado segundo

as necessidades de nossos alunos.

Portanto, tanto os fatores intra-escolares como os extra-escolares podem

contribuir para o fracasso escolar, sendo, que até o momento, nossos olhos estão

direcionados a fatores referentes às condições internas do aluno, olhar

preconceituoso e injusto.

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CAPÍTULO III

A ESCOLA COMO MÁQUINA REPRODUTORA

A lição sabemos de cor, só nos resta aprender.

Beto Guedes

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A ESCOLA COMO MÁQUINA REPRODUTORA

A história da educação escolar foi marcada pela discriminação social e

econômica, o que não mudou muito nos dias de hoje, onde percebem-se o abandono

dos seus objetivos. As escolas públicas a cada dia perdem sua identidade e entra no

processo de falência, deixando cada vez mais a classe “pobre” sem acesso a uma

qualidade de ensino que promova seu desenvolvimento intelectual moral e ético. A

instituição escolar tem deixado de ser um espaço de construção do saber elaborado

onde se pode sonhar, ter ilusões, desejos, utopias, vontades e esperanças, para ser um

espaço de reprodução do sistema já existente.

A realidade da escola desmente suas promessas de acesso igual para todos. A

maior parte das reformas e inovações pelas quais passam o ensino são simples

retoques que não propiciam o alcance dos seus principais objetivos.

A escola reproduz a divisão da sociedade em categorias sociais distintas. Ela

ainda funciona como um espaço de reprodução, o que muito vem preocupando

alguns educadores, que através de estudos e pesquisas questionam o rumo que a

escola vem tomando neste século.

Segundo o autor Althussor (1999), a permanência da sociedade capitalista

depende da reprodução de seus componentes propriamente econômicos (força de

trabalho, meios de reprodução) e da reprodução de seus componentes ideológicos.

A sociedade Capitalista não se sustentaria se não houvesse mecanismos e

instituições encarregadas de garantir o seu estatus quo.

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A escola constitui-se num desses aparelhos de reprodução. É uma máquina

programada a legitimar uma situação pré existente.

...fala-se da crise da escola como se ela existisse desagregada do contexto histórico-social, econômico e político da sociedade concreta onde atua; como se ela pudesse ser decifrada sem a inteligência de como o poder, neste ou naquela sociedade, se vem constituindo, a serviço de quem e desservindo a quem, em favor de que e contra que...

(Freire, 1988, p. 80).

Soares (2000), afirma que “não há escola para todos, e a escola que existe é

antes contra o povo que para o povo.”

Na verdade, a instituição escolar produz muito mais insucessos do que

sucessos. As altas taxas de repetência e evasão vem comprovar a afirmação de

Soares. Os alunos que conseguem entrar nas escolas públicas, nela não conseguem

aprender, ou muitas vezes não conseguem ficar. A não aprendizagem e a evasão das

camadas populares tem demonstrado as relações existentes entre origem social e

fracasso escolar.

O baixo rendimento acadêmico muitas vezes não está relacionado com o

desempenho do aluno e sim com a instituição que ao longo do tempo foi e continua

sendo, manipulada por uma classe dominante que deseja manter a hierarquização da

sociedade, preparando uma minoria dirigente e uma maioria que seriam os dirigidos.

A escola para convencer a cada um da “justeza” do seu processo de seleção,

muitas vezes coloca a culpa do fracasso escolar no indivíduo e em fatores extra-

escolares.

Anteriormente, quando nos referimos a ideologia do dom e a ideologia da

deficiência cultural, percebemos que as causas do insucesso escolar estariam no

aluno(ideologia do dom) e no contexto cultural que este provém (ideologia da

deficiência cultural).

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Para Soares (2001), o papel da escola de acordo com a ideologia do dom,

“seria, de adaptar, ajustar os alunos a sociedade, segundo suas aptidões e

características individuais.” A escola seria justa em selecionar, classificar e

hierarquizar os alunos em “mais capazes” e “menos capazes.”

A função da escola, na ideologia da deficiência cultural de acordo com Soares

(2001), seria de “compensar” as deficiências do aluno, resultantes de sua

“deficiência” “carência” ou privações culturais. A instituição escolar passa a ser

vítima do contexto e do tipo de alunos que recebe.

Na ideologia das diferenças culturais, a escola transforma diferenças em

deficiências, quando a serviço da sociedade capitalista, apenas assume e valoriza a

cultura das classes privilegiadas. A instituição de ensino é julgada como, ré, culpada,

responsável pelos produtos do fracasso e do sucesso escolar.

No processo educativo, os alunos provenientes da classe popular, já chegam à

escolas reprováveis, pois esta ignora a sua realidade e cultura. Nosso sistema de

ensino não foi estruturado para permitir uma experiência educativa cultural das

camadas mais abastadas da sociedade.

Abramowicz e Moll (1997), afirmam que:

Pesquisas já têm mostrado que a cultura escolar os estigmatiza e os rotula como diferentes, incapazes, inferiores, menos dotado para o domínio das habilidades pretendidas e exigidas pelo processo de ensino-aprendizagem.(p. 18)

Pode-se afirmar que a escola promove o fracasso, através do aprendizado da

competição, do sentimento de inferioridade, da submissão, do respeito pela ordem

estabelecida e do medo do conflito. Em sua obra sobre a produção do fracasso

escolar, Patto (1990) contesta os conceitos da marginalização, carência cultural e

educação compensatórios, voltando-se para uma análise do que acontece no interior

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da escola, do cotidiano da escola que participam professores, alunos, pais e demais

funcionários. Para ela:

... as explicações do fracasso escolar baseadas na teoria do déficit e da diferença cultural precisam ser revistas a partir do conhecimento dos mecanismos escolares produtores de dificuldades de aprendizagem.(1990, p. 340)

O relato da autora sobre o cotidiano da escola mostra que existe na produção

do fracasso um mecanismo de rejeição que opera duplamente, pois a escola não

aceita a criança como ela é, e a criança não aceita a escola tal como ela funciona,

como analisa Syvia Leser de Mello, na apresentação que faz do trabalho (Patto,

1990)

A vida na escola é uma violência para as crianças das classes populares, pois

o sucesso depende quase exclusivamente da aprendizagem de condutas e valores

diferentes dos seus.

Enquanto a violência dos opressores faz dos oprimidos homens proibidos de ser, a resposta destes à violência daqueles se encontra infundida do anseio de busca do direito de ser.

(Freire, 1987, p.43)

A explicação do mau êxito dessas crianças tem suas raízes no modelo de

escola da sociedade capitalista que não permite que haja uma integração entre as

vivências e experiência dessas crianças com o saber universal sistematizados que

lhes pretendem transmitir. Seu papel é selecionar, preservar e transmitir concepções,

normas e valores das classes privilegiadas.

Para acabar com o fracasso em massa das crianças mais pobres é preciso antes de mais nada ver e compreender como a escola está organizada por dentro. É preciso saber o que acontece com as crianças dentro da escola. É preciso conhecer os mecanismos e o modo de funcionamento dessa engrenagem que faz com que uns poucos tenham sucesso e que a grande maioria fracasse.

(Claudius Ceccon, et all, 1983)

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Observamos que fatores extra escolares interagem diretamente com fatores

intra escolares como causadores e produtores do fracasso escolar e que toda escola da

sociedade capitalista, se caracteriza por um processo de seletividade que atinge de

forma acentuada e brutal os alunos das classes populares.

Podemos ver claramente os mecanismos de reprodução da sociedade

capitalista manifesto no currículo, na avaliação, nos livros didáticos e na própria

prática pedagógica do professor.

Quanto ao currículo, é preciso estar atento, no que o currículo faz e não

meramente a sua parte técnica. Muitos autores como: Althusser, Bourdieue Passeron

apontam conseqüências da disseminação das ideologias dominantes que estão

introjetadas de maneira tão profunda no currículo que quase não conseguimos

perceber-las.

Os componentes e as atitudes transmitidas pelo currículo oculto “ensinam” as

crianças e jovens a se adequarem as injustiças da sociedade capitalistas de forma

obediente e individualista.

A força do currículo oculto está em ser oculto. Ao analisarmos o seu conceito

nos tornamos consciente de suas armadilhas e assim se torna mais fácil nos

prepararmos contra elas.

Outro fator contribuinte do fracasso escolar merecedor de discussão e

mudança refere-se às práticas avaliativas na escola.“A avaliação sempre foi uma

atividade de controle que visava selecionar e, portanto, incluir alguns e excluir

outros.” (Garcia, 1999, p. 29)

Segundo Luckesi, et all André e Passos, (1997) a avaliação tem tido uma

função essencialmente classificatória, disciplinadora e confirmadora da profecia

auto-realizadora dos professores.

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Esteban (1999, p. 12) afirma que: “A avaliação se revela um ‘mecanismo de

controle’ dos tempos, dos conteúdos, dos processos, dos sujeitos e dos resultados

escolares.”

É fundamental que a avaliação deixe de ser instrumento de classificação,

seleção e exclusão social, que perpasse os interesses individuais e coletivos.

A escolha do livro didático e a forma de trabalhar o mesmo, também

contribuem para o insucesso escolar. Nesse sentido os professores devem ser capazes

de perceber quem são os seus alunos, suas particularidades, o que trazem de

conhecimento prévio, do seu cotidiano e experiência de vida e fazer uma análise

crítica do livro adotado, utilizando-o criativamente, como mais um instrumento do

qual dispõe e não como o único e imutável.

A prática pedagógica do professor é crucial para a aprendizagem e o

desenvolvimento do aluno, porém, tais práticas também vêm contribuindo para o

fracasso.

Pelo discurso dos professores e diretores, a sensação é de que estamos diante de um sistema educacional perfeito, desde que as crianças vivam uma vida artificial, sem nenhum tipo de problemas, enfim, crianças que não precisariam da escola para aprender. Para a criança concreta que vive nesse mundo real, os professores parecem considerar muito difícil, se não impossível, ensinar. (Collares e Moisés, 1996, p. 26)

Esse processo de aprendizagem “autônoma” é apresentado como decorrente

de mecanismo inato à criança e, portanto, inacessível ao professor que nada pode

fazer quando a criança não aprende.

Só se admite a possibilidade de falhas no pólo do aprender e não no da

“ensinagem”. Se o processo não se efetiva é a criança que não aprendeu e é nela que

se deve buscar as causas. As causas não podem estar na instituição escolar e muito

menos na prática pedagógica do professor.

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Porém, é possível afirmar que o professor não possuiu uma prática

pedagógica adequada em termos de construção do conhecimento e em muitos casos,

pode se dizer, que a evasão é do professor no sentido de desistir de um saber,

acomodar-se a realidade que esta posta. Portanto, o professor também tem sido

apontado como culpado, como individuo responsável por seus atos e erros. O seu

fracasso tem levado muitas crianças a repetência e evasão escolar.

No processo educativo, ser devorado pela Esfinge é passar a fazer parte do sistema vigente, torna-se mais uma engrenagem dessa máquina social, reproduzindo-a a todo instante em nossos fazeres cotidiano.

(Gallo, 2000, p. 17)

Os professores têm contribuído para a manutenção do sistema educacional

vigente quando não compreendem as necessidades de seus alunos, retira sua

individualidade, rotula, faz juízos prévios sobre os mesmos e muitas vezes

medicaliza o processo ensino-aprendizagem, deslocando o eixo de uma discussão

político-pedagógico para causas e soluções pretensamente médicas, portanto

inacessíveis à educação.

Muitos educadores ignoram a existência de problemas de “ensinagem,” se

acomodam em sua prática de “cupabilizar” o aluno e a família pelo fracasso.

O professor ao longo do tempo tem se mantido senhor da verdade, único

detentor do saber. Com seu ar de superioridade, sua experiência profissional e muitas

vezes com o poder em suas mãos tem mantido a criança imóvel, petrificada,

confinada e reduzida ao mundo da escola. O professor em diferentes momentos

históricos vem domesticando essa máquina fantástica de desejos e prazeres que é a

criança, dificultando sua aprendizagem.

Baseado em sua experiência profissional e por trás de um inocente palpite

alguns docentes selam o futuro escolar de seus alunos pela profecia, que nasce

principalmente de seus preconceitos.

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Com essas práticas inadequadas fracassamos como educadores e levamos

nossos alunos de classes populares fracassarem na escola e na vida.

“É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode

melhorar a próxima prática.”(Freire, 1996, p. 44)

Para romper com essa prática reprodutora é preciso buscar realmente a

construção do conhecimento, a formação da consciência crítica e transformadora, ver

o professor como elemento de uma instituição social e também como “produto”

desta máquina.

É certo que muitos fatores intra-escolares também contribuem para o fracasso

escolar. Mas é preciso mudar a forma de encara-los, não se pode centralizar as causas

do mau êxito em qualquer segmento. Esse fazer, constitui-se um empecilho ao

avanço das discussões, da busca de propostas e transformações da instituição escolar

e do fazer pedagógico. É preciso colocar as análises para além dos tradicionais

diagnósticos.

Guazzilli (1979), afirma que:

Esperar a transformação da sociedade para depois modificar a educação é adiar essa possibilidade de hoje porque a transformação da sociedade não efetivará se a educação não romper com os vínculos que mantém com a sociedade capitalista.

A cada momento são reconhecidas as práticas que levam ao fracasso escolar,

e com isso, é de muitíssima importância e urgência que tais práticas sejam banidas. A

educação hoje tem um grande desafio, o de reestruturar os sistemas de ensino, tendo

a consciência que sofre uma grande influência dessa política neoliberal que só

reproduz a ideologia dominante.

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CAPÍTULO IV

PRÁTICAS E INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Como professor crítico sou um aventureiro responsável predisposto à mudança, á aceitação do diferente.

Paulo Freire

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PRÁTICAS E INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

O mau êxito escolar tem sido uma preocupação e um dos desafios da

educação. Um grande número de alunos tem apresentado dificuldades de diferentes

tipos, e rendimento insatisfatório em relação a padrões definidos pela escola. As

reprovações e o insucesso em sala de aula contribuem para desestimular os alunos.

Na escola privada o rendimento insatisfatório leva pais e professores a

procurarem auxílio de profissionais na busca de diagnósticos e de ajuda. Em muitos

casos, os alunos são encaminhados para profissionais de diferentes áreas, no sentido

de se esclarecerem possíveis causas do insucesso e de se definir procedimentos de

enfrentamento da situação.

O atendimento desses alunos tem sido feito, muitas vezes, em clínicas de

atendimento psicopedagógico. Porém quando se trata de escolas, com uma clientela

de classe econômica menos favorecida, isso não é possível.

O ideal seria as escolas terem essa equipe de profissionais, mais infelizmente

os problemas não deixam de existir, não há recursos financeiros, seja por parte dos

alunos ou da própria instituição.

A formação dessa equipe seria de grande importância para a escola na luta

contra o fracasso, uma vez que pode-se apontar entre as causas do mau êxito escolar,

o despreparo dos educadores e a precariedade das condições estruturais e funcionais

da escola, mesmo sabendo-se que normalmente a culpa é atribuída a problemas

individuais do aluno.

Segundo Fini (1996, p. 64):

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A pesquisa tem mostrado que, com frequência, os professores procuram explicar por que o aluno não aprende, atribuindo a culpa, apressadamente, a aspectos isolados, deficiência de natureza biológica, psicológica e cultural, carência de diferentes tipos em detrimento de pesquisas mais abrangentes e de análises mais criteriosas capazes de esclarecer a situação.

A escola tem sido responsável pela patologização do ensino, ou seja, por

converter problemas de ensino em problemas de aprendizagem. Muitas vezes, tem

desconsiderado o contexto e a interferência de diferentes fatores.

As pesquisas vêm mostrando a injustiça que se pode cometer ao deixar de

analisar a questão do insucesso escolar de maneira mais crítica e abrangente,

considerando os fatores intra, extra-escolares e os referentes as condições internas do

aluno.

O quadro da educação no país mostra a necessidade de avaliação e reforma no

nível político e estrutural. No entanto, enquanto aguardam essas modificações, não se

pode descartar a necessidade de uma ajuda imediata que possa colaborar bastante

para, se não resolver, pelo menos amenizar a questão do fracasso escolar.

Nos últimos anos, no Brasil, pode-se acompanhar uma significativa

ampliação do trabalho pisicopedagógico. Os atendimentos antes dispersos entre

várias pessoas centram-se num só profissional, foi se criando a consciência da

necessidade de uma formação mais globalizante e consistente, que unisse a ação

educacional na figura de um único indivíduo que facilite o vínculo do aluno com o

processo de aprendizagem e o resgate do prazer de aprender.

Segundo Mansini (1993 p. 174) é denominado pisicopedagogo qualquer

profissional (professor, orientador, psicólogo escolar, fonoaudiólogo) que lidar com

o processo de aprendizagem, propiciando condições para sua ocorrência,

acompanhando o processo do aluno para que este compreenda o que é ensinado e

supere suas dificuldades.

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Eis o importante papel da Psicopedagogia, que definimos como a área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e suas dificuldades e que, numa ação profissional, deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os.

(Scoz et al, 1992, p.2)

Rubinstein apud Sisto (1997, p. 68), destaca duas formas básicas da atuação

psicopedagogica: a clínica -mais voltada para a terapêutica (recuperação),

atendimento em consultórios, e a institucional – mais voltada para a prevenção.

A primeira tem como objetivo reintegrar ao processo de construção de conhecimento uma criança ou jovem que apresentem problemas de aprendizagem. A segunda tem como meta refletir e desenvolver projetos, pedagógicos educacionais, enriquecendo os procedimentos em sala de aula, as avaliações e planejamento na educação sistemática e assistemática. (Iagali e Vale 1993, p.9)

Nota-se que o psicopedagogo, na verdade não trabalha apenas em clínicas, em

atendimentos terapêuticos individuais, mas também em escolas.

A psicopedagogia institucional, na sua ação preventiva, tem como um de seus

papeis evitar o surgimento de dificuldades de aprendizagem provenientes da

inadequada atuação do docente, da cultura do fracasso e se possível das influências

do sistema capitalista.

Somente a aproximação do psicopedagogo com a escola irá permitir uma

avaliação mais ampla, além dos fatores referentes ao indivíduo. Esse procedimento

poderá apontar “o que e quanto”, contribui para o fracasso escolar.

A psicopedagogia na escola, é um grande passo para a educação, muitas

vezes o problema de aprendizagem que leva o sujeito ao consultório, tem sua causas

na inadequação dos métodos, do conteúdo, do professor e na estrutura de ensino.

Portanto, o trabalho psicopedagógico, pode e deve ser pensado a partir da instituição

escolar, pois, essa cumpre uma importante função social: a de socializar os

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conhecimentos, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção de regras de

conduta, dentro de um projeto social mais amplo, ou seja, apesar de não ser o único

espaço de desenvolvimento da aprendizagem, é responsável por grande parte. Deve

cumprir o seu papel de mediadora do processo de ensino-aprendizagem com

eficiência.

A psicopedagogia vem ganhando espaço nos meios educacionais brasileiros,

despertando cada vez mais o interesse dos profissionais que buscam subsídios para a

sua prática. A atuação psicopedagógica não se configura apenas no atendimento e

tratamento de problemas já instalados, mas também no nível da pesquisa sobre

aprendizagem e desenvolvimento, no diagnóstico de alunos, individualmente, ou

diagnóstico de situações escolares, atendimento individual e atendimento em grupo,

trabalho preventivo e trabalho de assessoria em escolas e para professores.

Essa prática deve estar presente no enfrentamento dos problemas cruciais da

educação assumindo uma ação consciente e comprometida.

Não é apenas quando a escola fracassa em garantir o acesso ao conhecimento, ou quando a criança não apresenta um rendimento escolar satisfatório, que a psicopedagogia é necessária. (Macedo apud Sisto 1996, p. 70)

Historicamente, a psicopedagogia nasceu para atender a patologia da

aprendizagem, mas ela se tem voltado cada vez mais para uma ação preventiva, sua

proposta é adotar uma postura crítica frente ao fracasso escolar, visando novas

alternativas de ação voltadas para a melhoria da prática pedagógica nas escolas.

Dedica-se a áreas relacionadas ao planejamento educacional e assessoramento

pedagógico. Sua atuação implica em compreender a situação de aprendizagem do

sujeito, individualmente ou em grupo, dentro do seu próprio contexto. Portanto, o

psicopedagogo tem como objetivo o aluno e o contexto que está inserido.

Pensar a escola, a luz da Psicopedagogia significa analisar um processo que

inclui questões metodológicas, relacionais e socioculturais, englobando o ponto de

vista de quem ensina e de quem aprende.

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Busca-se no diagnóstico a história escolar da criança, a análise do

funcionamento da escola, sua estrutura, ideologia procedimento pedagógico e

avaliativo.

Existem diferentes enfoques em relação ao que se entende por psicopedagogia na escola. Adotarei a posição de considerá-la como um trabalho em que se busca a melhoria das relações da própria aprendizagem de alunos e educadores. É dar-se ao professor e ao aluno um nível de autonomia na busca do conhecimento e, ao mesmo tempo, possibilitar-se uma postura crítica em relação à estrutura da escola e da sociedade que ela representa. Para isto, é necessário um posicionamento sobre o que a escola produz.

(Weiss, 1991, p. 4)

Observa-se que a escola vem se demonstrando excessivamente patologizante

e indiferente aos problemas cuja resolução foge ao seu alcance, produzindo o

fracasso escolar.

O objetivo da psicopedagogia é o desimpedimento da aprendizagem,

identificar todo e qualquer obstáculo que impeça essa construção. Abre-se, então, a

questão do papel da psicopedagogia na e para a instituição escolar.

O psicopedagogo deve ser capaz de atuar junto a pedagogos, orientadores e

professores, levá-los a encontrar caminhos que possibilitem a revisão de sua própria

prática e a descoberta de alternativas possíveis de ação. Este profissional deve estar

vinculado à realidade educacional brasileira, que lhe proporcionará uma visão global

do aluno.

O professor em uma ação conjunta com o psicopedagogo sente-se desafiado a

repensar sua prática, percebendo a possibilidade de novos procedimentos

educacionais.

Pode-se entender que uma ação psicopedagógica desempenha um papel

importante sobre os problemas reais de aprendizagem, porém, analisar o processo do

aluno em situação de sala de aula, na relação com o professor e os colegas, antes as

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condições de ensino que lhe são oferecidas, constitui uma drástica mudança no

quadro da escolarização, exigindo dos educadores constante reflexão sobre sua ação.

Isto não é fácil, pois envolve transformações de atitudes e do pensar dos educadores.

Esta é uma das razões pelas quais a proposta Psicopedagógica na escola

encontra resistência.

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CAPÍTULO V

O NOVO PAPEL DA ESCOLA NA SOCIEDADE INCLUSIVA

Os inocentes pagam por nada representarem por serem destituídos por nada deixarem por serem sem nome, sem destino pelo crime de não fazerem falta.

Fred Zero Quatro

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O NOVO PAPEL DA ESCOLA NA SOCIEDADE INCLUSIVA

Os sujeitos com “necessidades educacionais especiais”, no decorrer da

história passou por várias situações desde a discriminação até mesmo a mais

completa eliminação.

Atualmente, os referidos sujeitos continuam sendo discriminados e excluídos

por esta sociedade perversa que age de acordo com o interesse de uma ideologia

dominante. Suas intenções parecem claras e as melhores possíveis. Obscuros são

seus afetos e desejos em torno da pessoa com deficiência ou alguma dificuldade no

processo de aprendizagem.

A aceitação e a integração dessas pessoas são objeto de discurso e de

racionalizações. O discurso de que todos são iguais serve mais para ocultar

preconceitos e justificar a exclusão do que para reconhecer a diferença. Produz

estereótipos e rotulações.

Para Castel (1981):

...o que se esconde através da deficiência não é a irrupção do patológico, mas, o reino da desigualdade, desigualdade que remete à deficiência de uma constituição ou desigualdade que lida na luta pela vida concebida como concurso/percurso de obstáculos. Remete sempre a uma inferioridade. A deficiência naturaliza ao mesmo tempo a história da pessoa, fazendo de sua falta um déficit e a história social, assimilando as performances requisitadas em um certo momento histórico a uma normalidade natural. Por isto, é que é impossível distinguir, a rigor, os deficientes de certas formas de desadaptação social.

Hoje, a educação brasileira tem um grande desafio: a inclusão escolar desses

sujeitos.

O Brasil fez opção pela construção de um sistema educacional inclusive ao concordar com a Declaração

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Mundial de Educação para todos, firmada em Jomtien, na Tailândia, 1990, e ao mostrar consonância com os postulados produzidos em Salamanca (Espanha, 1994) na Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade.

(Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, 2001, Brasília).

Não basta apenas incluir, mas persistir em sua permanência com sucesso.

Muitos indivíduos não são aceitos pelo sistema escolar, pois esse sistema acredita

que não possui espaço físico e pessoal capacitado para fornecer assistência aos

portadores de necessidades especiais.

As escolas não têm conhecimento completo sobre as novas diretrizes

educacionais no Brasil, principalmente quando nos referimos a inclusão escolar do

portador de necessidades especiais. Esquecem que de dentro do próprio contexto

escolar nos deparamos com crianças ditas “normais” com dificuldade de

aprendizagem e que necessitam de acompanhamento e apoio diferenciado de outros

alunos.

O termo “necessidades educacionais especiais”, se refere a todos os

indivíduos, que perante suas necessidades educacionais especiais tem em sua origem

uma causa orgânica, psicógena ou do processo de aprendizagem motivado por uma

oligotimia do sistema educacional.

As diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica de julho

de 2001, fala o seguinte em seu artigo 5º:

Consideram-se educandos em necessidades educacionais especiais os que, durante o processo educacional, apresentam: I – dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos: aquelas não vinculadas a uma causa orgânica especifica; aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências;

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II – dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis; III – altas habilidades / superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leva a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes. ...Muitas crianças experimentam dificuldades de aprendizagem e, portanto possuem necessidades especiais em algum ponto durante a sua escolarização... (Declaração de Salamanca, 1994, p. 3)

Portanto, o grande desafio da Inclusão Escolar no momento esbarra em dois

aspectos distintos: os indivíduos de necessidades especiais e os indivíduos com

dificuldades de aprendizagem.

No processo de inclusão e até mesmo dentro do próprio processo da

educação, as escolas em muitos casos são discriminatórias. Sobre a pessoa com

deficiência / dificuldade de aprendizagem incide o estigma da incapacidade e da

invalidade, recai o peso da menos valia e da opressão.

O ato da inclusão significa lutar contra a exclusão. Lutar pela inclusão

envolve assumir que todos os sistemas de suporte sejam acessíveis para aqueles que

dele necessitem. Prover e manter estes sistemas de suporte é uma responsabilidade

cívica e não um favor.

A inclusão trata do aprender a viver com o outro e, portanto aceitar as

diferenças. O princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças

devem aprender juntas.

A escola desta forma é uma ferramenta de socialização e do despertar do

próprio ser. Não somente do portador de necessidades especiais, mais também dos

profissionais envolvidos neste processo.

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Como já mencionado, existem parâmetros para a inclusão e com o advento da

psicologia, estes poderão ser melhor desenvolvidos. Os impedimentos para a

inclusão do ser serão solucionados com todo um enfoque da teoria epistemológica.

A teoria epistemológica, elaborada por Jorge Visca, Considera o ser humano

uma totalidade integrada e única e seu processo de aprendizagem pode ser explicado

e compreendido nas áreas: afetiva, cognitiva e Social, numa abordagem

pluridimencional.

Em sua teoria, Visca analisa o desenvolvimento evolutivo do processo de

aprendizagem e os possíveis obstáculos que podem surgir e dificultar esse processo.

Sua posição é a de verificação empírica e assimilação recíproca através do fazer

psicopedagógico.

Portanto, o trabalho psicopedagógico tem sido cada vez mais valorizado pelo

sistema escolar e de grande importância no apoio de novas estratégias de ensino em

prol da inclusão e permanência escolar.

A inclusão e a permanência com sucesso dos indivíduos com “necessidades

educacionais especiais” tornam-se uma oportunidade e um catalizador para a

construção de um sistema democrático melhor e mais humano.

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CONCLUSÃO

Há muito tempo existe uma grande preocupação com a problemática do

fracasso escolar. E é lamentável que em pleno século XXI ainda pense tão pequeno

a respeito da educação.

Existem inumemos sintomas indicativos de que a escola não está cumprindo

o seu papel de maneira satisfatória. O cotidiano escolar dos indivíduos com

necessidades especiais e/ou com dificuldades de aprendizagem tem sido marcado

pela discriminação e exclusão sem lhes permitirem um projeto para o futuro. Porém,

apesar de todos os seus defeitos e deformações a escola de hoje busca uma

realidade mais justa.

A integração e permanência dos referidos sujeitos no sistema de ensino

parecem fazer parte desse momento da nossa história, no entanto, nesse contexto em

que se encontra a educação, cujo os princípios atuais privilegiam o mérito e a

competição, precisamos refletir sobre às contradições e discrepâncias entre o

discurso e a prática vigente para não cairmos nas armadilhas do neoliberalismo. Não

podemos deixar que a ingenuidade nos permita participar desse mecanismo

predatório que poderá eliminar a possibilidade de uma nova realidade escolar.

Não podemos construir um mundo de ilusões, onde a ideologia capitalista

distorce o conceito de democracia partindo do principio de que todos são iguais e

temos as mesmas capacidades.

A prática preconceituosa de raça, de classe, de gênero, ofende a substantividade do ser humano e nega radicalmente a democracia.

(Freire, 1996, p. 40)

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Precisamos construir um mundo com base na verdadeira democracia que

reconhece as diferenças e vantagens que cada diferença possa trazer aos indivíduos e

o contexto social.

A psicopedagogia nos leva a compreender que o indivíduo com necessidades

especiais e/ou aqueles com dificuldade de aprendizagem, são seres que nos

primeiros instantes de vida intra-uterinas devam ser vistos, estimulados, trabalhados

e amados em totalidade existencial, funcional, atingindo a proposta de uma educação

inclusiva e permanente para todos e que nem sempre a dificuldade de aprendizagem

é decorrente de fatores internos a criança.

O próprio movimento da história alerta sobre o caos em que se encontra a

educação, em grande parte devido a posturas ingênuas, acríticas e ao núcleo de

valores e crenças que permeia o cotidiano escolar.

Para que ocorra uma verdadeira transformação, é necessário abrir mão dessas

posturas e abraçar um trabalho consistente e articulado com a realidade.

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ÍNDICE

Introdução 8

Capitulo I 10

A origem da escola 11

Capitulo II 18

O fracasso escolar como produto da Sociedade Capitalista 19

Capitulo III 24

A escola como máquina reprodutora 25

Capitulo IV 33

Práticas e Intervenções Psicopedagógicas na Instituição 34

Capitulo V 40

O novo papel da escola na sociedade Inclusiva. 41

Conclusão 45

Bibliografia 47

Anexo 49

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ANEXOS

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ANEXO A

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ANEXO B

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ANEXO C

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ANEXO D

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ANEXO E

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ANEXO F

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ANEXO G