p e r i ód i c o g a l e g o d e i n f o r m a ço m c r í...

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NÚmerO 117 15 de aGOsTO a 15 de seTemBrO de 2012 1,20 € periódico galego de informaçom crítica NOm vOu PaGar 14 Há anos que há gente que recusa pa- gar a título individual nas autoestra- das, mas agora nasce a campanha Nom vou pagar com o objetivo de es- palhar estas açons e dar soluçom le- gal a possíveis multas. PrefereNCiais 15 As pessoas afetadas pola venda de parti- cipaçons preferenciais rejeitam a arbi- tragem ofertada por Novagalicia Banco com a cumplicidade da Junta e conti- nuam a denunciar as fraudes cometidas nos escritórios das velhas caixas. N ovas da G ali a “Em período de crise económica a sanidade pública deveria ser o último que se tocasse” pABlo VAAMonde, médico de família e co-autor do livro ‘A saúde como negocio’ pág. 6 OPiNiOm A reVoltA sociAl ou o preÇo duM prÉdio eM lisBoA por isabel g. couso / 3 ligeiro clic-clic-clic por samuel l. paris / 28 criAr poder populAr por eliseo fernández / 3 suPLemeNTO CeNTraL a revisTa de veraO que foi de... ronseltz? Quase vinte anos depois, os autores de Unicornio de cenorias que cabalgas os sábados continuam ligados à criaçom artística prAiAs gAlegAs e luitA de clAsses Um percurso pola conflituosa história social das praias galegas e umhas das suas práticas associadas: o naturismo Políticos reciclam-se em empresas privadas Permissividade Na Lei de iNCOmPaTiBiLidades NoVAS dA GALizA analisa os exem- plos do já socializado conceito político de portas giratórias, é di- zer, daqueles cargos públicos que umha vez concluída a sua dedi- caçom politica passam a integrar umha grande empresa privada ou vice-versa, aproveitando a impre- cisom da lei de incompatibilida- des. dentre os casos mais conhe- cidos deste sistema de portas gi- ratórias, estám membros da clas- se política espanhola, como Feli- pe González ou José Maria Az- nar. Na Galiza, um dos casos mais notáveis é o do conselheiro atual do Meio Ambiente, Territó- rio e infraestruturas, Agustín Hernández Fernández de Rojas, que desempenhou cargos nos conselhos de administraçom de empresas relacionadas com a construçom, como a Sercoysa ou o Grupo Puentes, adjudicatária da construçom e exploraçom do Hospital de Vigo. / PÁG. 20 Dono de bordeis explora migrantes num restaurante Leis em conflito com a nossa cultura As touradas som exemplo da imposiçom dumha legislaçom alheia que sanciona eventos como a chega de bois / PÁG. 19 A denúncia dum empregado permitiu conhecer as condiçons de trabalho, com jornadas de até 17 horas, num estabelecimento usado para branquear dinheiro Nas últimas semanas desvendá- rom-se casos de exploraçom la- boral num restaurante do Barco de Val d’Eorras cujo proprietário estaria a empregar o estabeleci- mento para branquear dinheiro da prostituiçom. Este empresá- rio, Pablo Mayo Sampedro, pos- sui também um bordel valencia- no e é expresidente da ‘Asocia- ción Nacional de Empresarios de Locales de Alterne’ (Anela). As- sim mesmo, presume de ter boas amizades políticas e ademais é proprietário de negócios relacio- nados com o setor imobiliário e o da lousa. As alteraçons na direti- va de Anela afetárom também a outro empresário galego vence- lhado à prostituiçom, Manuel Crego Gómez, propietário dos clubes La Luna e La Fuente, em Bergondo. Tanto Mayo como Crego deixarom a cúpula da as- sociaçom pouco depois do ultra- direitista valenciano José Luis Roberto Navarro, presidente da organizaçom xenófoba España 2000, quem ademais dirige um gabinete de advogados com lo- cais em Madrid, Barcelona, Va- lência e A Corunha. / PÁG. 16

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NÚmerO 117 15 de aGOsTO a 15 de seTemBrO de 2012 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ço m c r í t i c a

NOm vOu PaGar 14Há anos que há gente que recusa pa-gar a título individual nas autoestra-das, mas agora nasce a campanhaNom vou pagar com o objetivo de es-palhar estas açons e dar soluçom le-gal a possíveis multas.

PrefereNCiais 15As pessoas afetadas pola venda de parti-cipaçons preferenciais rejeitam a arbi-tragem ofertada por Novagalicia Bancocom a cumplicidade da Junta e conti-nuam a denunciar as fraudes cometidasnos escritórios das velhas caixas.

Novas da Gali a

“Em período decrise económica asanidade públicadeveria ser oúltimo que setocasse”

pABlo VAAMonde, médico de famíliae co-autor do livro ‘A saúde como negocio’pág. 6

OPiNiOm

A reVoltA sociAl ou o preÇo duM prÉdioeM lisBoA por isabel g. couso / 3

ligeiro clic-clic-clic por samuel l. paris / 28

criAr poder populAr por eliseo fernández / 3

suPLemeNTO CeNTraL a revisTa de veraO

que foi de... ronseltz?Quase vinte anos depois, os autores de Unicornio de cenoriasque cabalgas os sábados continuam ligados à criaçom artística

prAiAs gAlegAs e luitA de clAssesUm percurso pola conflituosa história social das praias galegas e umhas das suas práticas associadas: o naturismo

Políticos reciclam-se em empresas privadas

Permissividade Na Lei de iNCOmPaTiBiLidades

NoVAS dA GALizA analisa os exem-plos do já socializado conceitopolítico de portas giratórias, é di-zer, daqueles cargos públicos queumha vez concluída a sua dedi-caçom politica passam a integrarumha grande empresa privada ouvice-versa, aproveitando a impre-cisom da lei de incompatibilida-des. dentre os casos mais conhe-cidos deste sistema de portas gi-ratórias, estám membros da clas-se política espanhola, como Feli-

pe González ou José Maria Az-nar. Na Galiza, um dos casosmais notáveis é o do conselheiroatual do Meio Ambiente, Territó-rio e infraestruturas, AgustínHernández Fernández de Rojas,que desempenhou cargos nosconselhos de administraçom deempresas relacionadas com aconstruçom, como a Sercoysa ouo Grupo Puentes, adjudicatáriada construçom e exploraçom doHospital de Vigo. / PÁG. 20

Dono de bordeis exploramigrantes num restaurante

Leis em conflito com a nossa cultura

As touradas som exemplo da imposiçom dumha legislaçomalheia que sanciona eventos como a chega de bois / PÁG. 19

A denúncia dum empregado permitiu conhecer as condiçons de trabalho, comjornadas de até 17 horas, num estabelecimento usado para branquear dinheiroNas últimas semanas desvendá-rom-se casos de exploraçom la-boral num restaurante do Barcode Val d’Eorras cujo proprietárioestaria a empregar o estabeleci-mento para branquear dinheiroda prostituiçom. Este empresá-rio, Pablo Mayo Sampedro, pos-sui também um bordel valencia-no e é expresidente da ‘Asocia-ción Nacional de Empresarios deLocales de Alterne’ (Anela). As-sim mesmo, presume de ter boasamizades políticas e ademais éproprietário de negócios relacio-nados com o setor imobiliário e o

da lousa. As alteraçons na direti-va de Anela afetárom também aoutro empresário galego vence-lhado à prostituiçom, ManuelCrego Gómez, propietário dosclubes La Luna e La Fuente, emBergondo. Tanto Mayo comoCrego deixarom a cúpula da as-sociaçom pouco depois do ultra-direitista valenciano José LuisRoberto Navarro, presidente daorganizaçom xenófoba España2000, quem ademais dirige umgabinete de advogados com lo-cais em Madrid, Barcelona, Va-lência e A Corunha. / PÁG. 16

Novas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 201202 OPiNiOm

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociais in-toleráveis. Endereço: [email protected]

O PeLOuriNhO dO NOvas

maNifesTO em defesadO aTeNeu ferrOLÁm

As pessoas abaixo-assinados, re-jeitam drasticamente a operaçomque está levando a cabo o governoPopular do Concelho de Ferrol, deocupar a atual sede do Ateneucom outras entidades, reduzindoo espaço ateneísta a umha peque-na parte em que mal poderiam de-senvolver-se as atividades habi-tuais da entidade. igualmente, odito governo Popular pretende al-terar o nome do edifício, AteneuFerrolám, polo de “Centro culturaly cívico Concepción Arenal”.

os edifícios, situados na ruaMadalena 202 e o primeiro andardo número 204, conformam a se-de do Ateneu Ferrolám desde hámais de trinta anos, e assi som co-nhecidos pola cidadania. Um no-me, Ateneu Ferrolám, que em simesmo guarda o conceito funda-mental que encerra a entidade:aberta, plural, democrática e de-fensora dos valores culturais do

nosso país. Caraterísticas de es-pecial reconhecimento no ámbitolocal, nacional e estatal.

o Ateneu ferrolám, criado emFerrol em 1879, é um lugar aber-to à cidadania e impulsor dumhapermanente atividade de carátercultural, social e progressista, emtodas as suas manifestaçons. Poroutra banda, possui umha biblio-teca-hemeroteca de grande inte-resse, utilizada diariamente porleitores e investigadores.

É por todo isto que nom pode-mos permitir que o Partido Popu-lar, no uso da sua maioria absolu-ta no Concelho de Ferrol, distri-bua arbitrariamente os espaçosdo Ateneu, do mesmo modo quepretenda fazer desaparecer o seunome associado ao edifício. Fei-tos os dous que parecem provirdo desejo de silenciar o tradicio-nal desenvolvimento cultural daentidade em favor de Ferrol e dacultura galega.

Pode-se assinar o manifesto emhttp://www.ateneo-ferrolan.blogs-

pot.com

redONdeLa, “COmuNidadeem TraNsiçOm”

o projeto 'Senghasoil' é umhainiciativa juvenil nacional quepretende que Redondela adoptepráticas típicas das “comunida-des em transiçom”.

Conscienciar as pessoas da nos-sa alta dependência ao petróleoexplicando as consqüências destadependência; potenciar um desen-volvimento sustentável; fomentara participaçom e o envolvimentocidadáns; melhorar ambiental esocialmente o nosso entorno; oupromover a coesom social som al-

guns dos objetivos do movimentoe portanto do projeto.

Mobilidade e energia, alimenta-çom, associacionismo e resíduossom as quatro linhas principaisque este coletivo pretende traba-lhar através da educaçom e a cons-cienciaçom social.

Este projeto apresentado co-mo iniciativa juvenil no progra-ma Juventude em açom foi apro-vado e será realizado com finan-ciamento europeu.

A Senghasoil apresentou-sequinta-feira 2 de agosto ás 21:30na praça da torre de Redondela,num ato que incluiu passa-rúas,atividades informativas, projeçonsde vídeo e que culminou com oconcerto do grupo revelaçom Tri-dentes. Esta foi a primeira tomadade contato entre o coletivo e a vila,mas nom será a única pois depoisda apresentaçom o coletivo segui-rá com um amplo programa de ati-vidades que irám decorrer até overao de 2013.

Coletivo Senghasoil

Omaior assalto dos últimostempos contra as conquis-tas sociais mais básicas, já

nom as feitas polas nossas mais epais, mas polas nossas avoas eavós, está a ser efetuado maquia-velicamente polos meios de comu-nicaçom empresariais. os discur-sos que atiram cada dia rádios, te-levisons, jornais e portais da inter-net, falam do lado de quem estámaqueles que os dirigem. Nom po-demos enganar-nos, porque portrás dos títulos grandiloquentesque falam de “drama”; da repeti-çom sistemática da palavra crise;das acusaçons ao funcionariadocomo causante da mesma; do fo-mento da emigraçom entre a mo-cidade, a que agora chamam “ca-tálogo de oportunidades laborais”;

da criminalizaçom das pessoas mi-grantes, conhecidas mediatica-mente como subsaarianas, ve-nham de onde vinherem... por trásde todo isto há uns interesses, um-has páginas vendidas ao capitalis-mo mais feroz, uns meios colabo-racionistas, que contam apenasparte da realidade, enquanto ca-lam com silêncio cúmplice outras.os seus representantes na Terra,burocratas de apelidos compostos,esquecem a dignidade própria,campanha mediática após campa-nha mediática: agora andam a tra-balhar polo desprestígio dos servi-ços sociais, esquecendo que se es-tes terminam vendidos à gestomprivada, os ricos também perdem.

Um sistema mediático concebi-do para nos adormecer, para nos

fazer pensar que nom há saída eque promove a resignaçom social:mudanças legislativas gravementelesivas para a gente, como os cor-tes na Saúde, na Educaçom; as Leisdo aborto ou as mudanças do Códi-go Penal,… há que tragar com todoo que vinher. Assim é como fam pa-ra calar-nos, fazendo-nos impoten-tes para decidirmos sobre o nossofuturo, apresentando-nos um cená-rio de catástrofe contra o pareceimpossível reagir, a nom ser  acei-tando a imposiçom de fortes medi-das, elaboradas polas mentes ultra-liberais que dirigem o sistema.

Porém, nunca deixou de haverdúzias de grupos a realizar açonsde resistência, sejam coletivos vizi-nhais, sejam centros sociais, orga-nizaçons de todo tipo, cooperativas

de consumo, editoras, médios decomunicaçom... As pessoas quemês após mês realizamos o jornalque tés nas maos acreditamos nanecessidade de acompanhar estaGaliza em movimento, abrindofendas comunicativas próprias,mostrando a realidade que nos ro-deia dumha maneira crítica. Nomse trata de fazer contra-informa-çom, senom informaçom crítica:de analisar, por vezes valorar, o queestá por trás doutros titulares.

Este mês abre-se para o NoVAS

dA GALizA umha nova etapa, já queeste é o primeiro número que faze-mos sem ter como diretor a CarlosBarros, a quem agradecemos osanos de dedicaçom e a quem suce-demos na responsabilidade deprosseguir o caminho iniciado.

Num seu artigo intitulado 'Renova-çom para o futuro' (NGz Nº116),Barros falava da oportunidade queeste jornal nos dá de exercer o jor-nalismo tal como desejamos, dejeito independente, mesmo mili-tante. Porque como lembra AntomSantos, colaborador e companhei-ro neste jornal, no seu artigo novolume Por uma democracia radi-

cal (Estaleiro Editora, 2012), “Que-brados os planos vitais por umcontexto económico cada vez maisadverso, situados na precariedadelaboral, no desgaste emocional ena confusom respeito de qualquerfuturo”, fica só a militáncia, e é nomovimento, no nom parar, ondeestá a chave para ultrapassar estestempos de contemplaçom céptica,e continuar a avançar.

Acompanhando a Galiza em movimentoediTOriaL

humOr miNCiNhO

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

editorAMinho MediA s.l.

conselho de redAÇoMcarlos calvo Varela, iván garcía riobó, Aarón lópez rivas, Xavier Miquel, Antia rodríguez garcía, raul rios, olga romasanta,Alonso Vidal, paulo Vilasenin

secÇonscronologia: iván cuevas / economia:Aarón lópez rivas / Agro: paulo Vilasenine Jéssica rei / Mar: Afonso dieste / Media:Xoán r. sampedro e gustavo luca / A terra treme: daniel r. cao / Além Mi-nho: eduardo s. Maragoto / povos: José

Antom ‘Muros’ / dito e feito: olga roma-santa / A denúncia: iván garcía / cultura:Antia rodríguez / desportos: Anjo rua nova, isaac lourido e Xermán Viluba /consumir Menos, Viver Melhor: Xan duro /A criança natural: Maria Álvares rei /Agenda: irene cancelas / A revista: carloscalvo / A galiza natural: João Aveledo /gastronomia: luzia rgues., sino seco /língua nacional: Valentim r. fagim / criaçom: patricia Janeiro / cinema:francesco traficante, Xurxo chirro

desenho grÁfico e MAquetAÇoMhilda carvalho, Joám fernandes, Manuel pintor, helena irímia

fotogrAfiAArquivo ngz, sole rei, galiza independente(gzi-foto), zélia garcia, Borja toja

AdMinistrAÇoMsara pérez neira

logÍsticA e puBlicidAdeXoán r. sampedro e daniel r. cao

AudioVisuAl: galiza contrainfo

huMor grÁficosuso sanmartin, pestinho, Xosé lois hermo,gonzalo, ruth caramés, pepe carreiro, Mincinho

correÇoM lingÜÍsticAXiam naya, fernando corredoira, Vanessa Vila Verde, Mário herrero

iMAgeM corporAtiVAMiguel garcia

colABorAM neste nÚMeroeliseo fernandez, isabel g. couso, Júlio teixeiro, Maria Álvares, M.B., p. tambre., José do rio pampim, carlos seco, Antomsantos, isaac lourido, samuel l. paris, raquel Meigasblue, ramón r. nogueira,Manuel rumbo

fecho de ediÇoM: 14/08/2012

Com frequência, a proxi-midade dos confrontoseleitorais deturpa os de-

bates sociais e confunde as ur-gências das elites políticas comas necessidades em longo prazodo conjunto da sociedade. E acontinuidade dos processos elei-torais, locais, autonómicos, esta-tais, europeus..., termina por em-pobrecer qualquer discussão econverte o intercâmbio e con-fronto de ideias numa feira decharlatães. É por isso que enten-do que a reflexão teórica e tam-bém a ação prática têm de afas-tar-se da retórica partidária pró-pria do imediatismo eleitoral.

A experiência de subordinar aatividade dos movimentos so-ciais às necessidades eleitoraisimediatas resulta sempre um ra-quítico negócio, pois afinal o quehá é um enfraquecimento e des-prestígio das organizações popu-lares. Quando as pessoas detec-tam que participam em movi-mentos tele-dirigidos apartam-sedeles e mesmo renunciam aqualquer outra atividade socialou política. Acredito que não épreciso ser anarquista para par-tilhar a ideia de que é a força dosmovimentos sociais (o movimen-to sindical, as associações de vi-zinhos, grupos ecologistas e mul-tidão de coletividades sociais) aque garante do melhor jeito pos-sível a capacidade de opor-se àspolíticas neoliberais e de cons-

truir uma alternativa social.Tenho para mim que uma es-

tratégia possível não é tanto ade criar os chamados “espaçosliberados” como a de tentar le-var a cada uma das lutasquotidianas à compreen-são do sentido último daconstituição dum contra-poder popular. Tratar-se-ia dum poder capaz deconfrontar-se com as im-posições à população,mais também um contra-poder que faça visível apossibilidade duma outraorganização social cons-truída de baixo para cima.

A construção dum movi-mento de movimentos re-quer não confundir as ne-cessidades particularesdo grupo militante comas problemáticas so-ciais que afetam aoconjunto da socie-dade. Muitas ve-zes a insistênciados coletivos emseus projetos “al-ternativos” pró-prios conduz à ir-relevância ou aoque é pior ainda,ao mesquinhoêxito dentro dogueto político,por sua vez des-conetado do res-to da população.Ao contrário,penso que o se-

gredo do êxito é conjugar o in-tuito político duma sociedademais democrática e participativacom as necessidades quotidianas

da gente. Nessa linha, a autênti-ca unidade não seria mais umacoligação oportunista dos parti-dos políticos para as vindouraseleições, senão a criação dumpoder popular combinando asreações populares espontâneasdiante de problemas reais comum enfoque político de caráterassembleário e autogestionário.

03OPiNiOmNovas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

OPiNiOm

17 de abril de 1969. os estu-dantes de Coimbra exigiammais liberdade na sua Uni-

versidade: um momento para aHistória, um grito da mocidadecontra a mordaça do poder. Alber-to Martins, presidente da Associa-ção Académica, porta-voz estu-dantil, pede a palavra na cerimó-nia de inauguraçom da Faculdadede Matemática. A intervençom éproibida, o ato subitamente encer-rado e Martins é detido pola PidE.

iniciam-se daquela sucessivosepisódios de luita: manifestaçonsàs portas da polícia; abstençomdos exames por parte duns seis milestudantes; Coimbra foi sitiada po-la Polícia; na final da Taça de Por-tugal o jogo transformou-se emmanifestaçom contra o regime; o

ministro de Educaçom tivo de sedemitir; e uns 60 estudantes, osmais ativistas, fôrom obrigados aincorporarem-se ao exército. Fi-cou já em terra a semente de liber-dade que nom tardaria mais decinco anos em abrolhar na Revo-luçom do 25 de abril.

Tivem a sorte de escuitar a umdaqueles estudantes que berrároma prol dum ensino para todos,dumha universidade para o povo,há mais de 40 anos. Traio aqui um-ha das suas conclusons para abriro debate dumha reflexom a quevenho tempo dando-lhe voltas.“Hoje tenho amigos”, dixo, “quepodem presumir, e presumem, deter um prédio em Lisboa ou umcarro de grande motor, eu prefirogabar-me de ter participado da-quela revolta e de ter feito o que ti-vem à mao para mudar o mundo”.

Hoje, na Galiza e na Europa, as-sistimos (e participamos) a umhasucessom de protestos e manifes-taçons que ponhem em questom omodelo político e sistémico atual.Primeiro os chamados Indigna-

dos, depois os funcionários, os pa-rados, os pensionistas, os estudan-tes... E a minha pergunta é: Estáno objetivo destas marchas mudaro mundo? Tenhen como fim últi-mo denunciar e derrubar o siste-ma capitalista, desigual, baseadona exploraçom do trabalho, cen-tralizado e autoritário? ou polocontrário é, na sua maior parteparte, um movimento caprichosoe infantil que nem mesmo teria re-fletido sobre as injustiças do siste-ma se nom chega a ver-se num lu-gar menos vantajoso da balança?

Velaí outro conceito em extin-çom: o da renúncia. Nos dias pas-

sados estivo presente em todos osmeios de comunicaçom o modeloMarinaleda. 47 euros diários, 1200euros mensais. Esse é o salário detodos os habitantes do concelhoandaluz: o mesmo para um funcio-nário municipal, para um jornalei-ro ou para o próprio alcalde. Umhaquantia suficiente para viver, masumha utopia para muitos a dia dehoje. Estamos todos dispostos a as-sumir esse salário? ou só aquelesque hoje cobram por debaixo?

Nas conversas, nas tabernas, oqueixume é constante. Nom há tra-balho, imos viver pior que os nos-

sos pais, imos ter de emigrar... Se-melha que já ficou esquecida a nos-sa História, e falo da mais recente.Celso Emílio falava de um Fuco Bu-xán, filho da fome, trabalhando desol a sol e vivendo de prestado enom há que remontar-se muito nasnossas próprias famílias para to-par a um parente seu. Acho quenom há que renunciar às conquis-tas das que hoje gozamos, mastambém penso que se perdeu pers-petiva e que é preciso recupera-la.

Estudantes como Martins, os demaio do 68 ou mesmo os do Burgodas Naçons dos anos 80, tinhamcerta consciência da sua luita.Num contexto de repressom arris-cárom o seu presente e o seu futu-ro para mudar o estado das cou-sas. Hoje é necessário vermo-nosprivados desse futuro para sair-mos à rua. Convertemo-nos empequeno-burgueses e muitos,acho que mesmo nom teriam essaconsciência se conseguissem o an-siado prédio em Lisboa e um carrodos que presumir.

[email protected]

A revolta social ou o preçodum prédio em Lisboaisabel g. couso

Criar poder populareliseo fernández

nas conversas, nas tabernas, o queixume é constante. nom há trabalho, vamosviver pior que osnossos pais, vamoster de emigrar...

A reflexão teórica e a ação prática têm de afastar-se da retórica partidáriacaracterística do imediatismo eleitoral

Novas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 201204 aCONTeCe

aCONTeCeColetivos sociais da comarca, como a CUTou AcampadaMorraço, chamam a mobili-zar-se semanalmente em Cangas do Morra-ço, diante do prédio do Concelho, contra oscortes sociais. As convocatórias expandi-rám-se a concelhos como Bueu e Moanha.

mOBiLizaçONs CONTra Os COrTes NO mOrraçO

Umha oficina de recadaçom de multase dous caixeiros automáticos fôrom sa-botados em Ponte Vedra durante a ma-drugada do 25 de julho. Lembarm o un-décimo aniversário do assassinato deCarlo Giuliani durante a cimeira do G8.

saBOTaGem sOLidÁria COm CarLO GiuLiaNi

10.07.2012 / Condenados a pe-nas de prisom sete mariscado-res por bloquear a entrada degaseiros a Reganosa em 2007.

11.07.2012 / Várias parróquias dePortas amencem com faixasacusando de corrupto o alcaldee reclamando a demissom.

12.07.2012 / José María Castella-no, presidente de NovagaliciaBanco, e César González-Bueno,conselheiro delegado, pedemperdom “polo que se fijo mal na

etapa anterior”, mas sem anun-ciar nengum tipo de medida.

13.07.2012 / Atiram pintura equeimam lixo na sede do PPem Ourense, trás movilizaçomespontánea contra os cortes.

14.07.2012 / Julgado de Camba-dos anula um contrato de parti-cipaçons preferentes e obriga aNCG a devolver o dinheiro.

15.07.2012 / Sociedade Galegade História Natural denuncia as

obras do TAV pola tala de 4.000árvores autóctones.

16.07.2012 / Cámara dos Blan-cos solicita a Junta que pagueos serviços que o governo mu-nicipal está obrigado a fornecer.

18.07.2012 / Procuradoria anti-corrupçom arquiva a denúnciacontra Baltar por considerá-la“pouco precisa”.

19.07.2012 / Ponferradino JoséAntonio Ramón Teijelo é deti-

do, junto com outras duas pes-soas, como presumível inte-grante dos Grapo polo seques-tro de Publio Cordón.

20.07.2012 / Trabalhador mortoenquanto pintava a fachada deum edifício em Ourense.

22.07.2012 / Arde umha plantade resíduos da empresa Xiloganas Somozas.

23.07.2012 / Comissom espa-nhola da Competência inícia

expediente contra a Associa-çom de Empressas Lácteas eoutras oito firmas por realizaracordos para impor preços econdiçons aos gadeiros.

24.07.2012 / Arcebispo de Com-postela, Julián Barrio, atribui acrise à “desordem moral”.

25.07.2012 / Sabotagens numhaoficina de recadaçom de mul-tas e dous caixeiros de PonteVedra no undécimo aniversárioda morte de Carlo Giuliani.

CrONOLOGia

NGZ / A Conselharia da Educaçomreduzirá 132 unidades e 199 pos-tos de trabalho mais na Educaçominfantil e Primária e na EducaçomEspecial. Segundo denuncia aCiG- Ensino, este cortes unem-seàs 49 supressons de postos nas es-colas infantis “Galinha Azul”. Acomeços de Agosto, a central sin-dical já denunciara a supressomde outros 993 postos de professo-res e professoras, sem receber ain-da contestaçom do Governo.

os novos dados conhecidos dasupressom de 132 unidades e 199

postos de trabalho em Educaçominfantil, Primária e Educaçom Es-pecial implicam também o encer-ramento de 12 centros, que afe-tam sobretodo a infantil.

A CiG-Ensino, sindicato que re-compilou os últimos dados e de-nunciou os cortes, considera que“deixa de ser casual que, mais um-ha vez, todo o que tem a ver com areduçom de postos de trabalho sefaga público em Agosto”. Assimmesmo, também denominarom oGoverno de Feijoo “campeom dosataques ao ensino público”, ao de-

nunciarem a reduçom de unida-des, a massificaçom nas aulas, aampliaçom do horário letivo doprofessorado, o incremento dosagrupamentos de estudantado dediferentes idades, a reduçom dosdepartamentos de orientaçom edos seus responsáveis e a redu-çom do professorado de atençomao estudantado com necessidadeseducativas; ao tempo que se lhemantém o concerto aos centrosprivados, entre eles “centros quesegregam o estudantado por sexoe som vinculados à opus dei”.

Cortes em Educaçomchegam à Galinha Azul

mais de miL POsTOs de TraBaLhO meNOs Para O eNsiNO iNfaNTiL

NGZ / o Governo galego vem deaprovar um novo teto de gastopara o próximo exercício de8.481 milhons de euros, 691 me-nos dos que figuram nos orça-mentos de 2012, depois de queo Conselho de Política Fiscal eFinanceira reducira à metade acapacidade de endividamentoda Galiza com novos limites pa-ra a déveda e o déficit. Esta no-va retalhada implica que no vin-deiro ano se disporá de 7,53%menos de orçamento que noatual, voltando às cifras do últi-mo exercício de Fraga.

No momento de expor o novoajuste perante os meios de comu-nicaçom, o presidente da Juntaquijo suavizar a cifra limitando-

se a falar de umha reduçom do3,3%. Em lugar de comparar a ci-fra com os orçamentos aprova-dos no Hórreo em 2012, preferiucompará-los com o orçamentoresultante logo dos cortes reali-zados ao longo deste ano, que seelevam a 8.771 milhons.

Feijóo retalha 700 milhonsnos orçamentos de 2013

NGZ / A Plataforma em defesados Montes do Morraço emitiuum comunicado rejeitando oPlano de Melhora Viária doMorraço realizado pola Conse-lharia de Meio Ambiente. A pla-taforma denuncia que o planoprocura apenas a construçomde 25,5 quilómetros de estradase que nom solucionará os pro-blemas viários da comarca “se-nom que os agravaria numhatrampa sem saida de efeito funildentro da fechada penínsulacosteira morraçana”. Para a pla-taforma os únicos beneficiários

seriam “as grandes empresasdo setor da construçom e da ex-traçom das energias fósseis edos derivados do petróleo”.

Este coletivo denuncia tam-bém o impacto ambiental queproducirám as obras destas in-fraestruturas, especialmenteem relaçom com o espaço na-tural dos Montes do Morraço.Para a plataforma as alternati-vas passam por iniciativas co-mo a vertebraçom e humani-zaçom das estradas existentese o uso responsável do auto-móvel privado.

Ambientalismo rejeitaPlano Viário do Morraço

05aCONTeCeNovas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

As mobilizaçons contra os cortes do PP no mês de ju-lho contárom com especial intensidade na cidade deourense atirando ovos e lixo à sé do PP, e ser apedrea-do um escritório do iNEM. Por esta última açom fôromdetidas três pessoas, posteriormente postas em liber-dade acusadas de danos e desordens públicas.

Três PessOas deTidas TrÁs PrOTesTOs CONTra COrTes dO PP

Um comunicado aos meios de comunicaçom reivindicouem nome da resistência galega a colocaçom de artefactosexplosivos nas instalaçons de rádio e televisom analógicasdo monte Sam Paio, em Vigo. os explosivos conistiam emdous artefactos de meio quilo de pólvora cada um e gaso-lina que fôrom desativados polos Tedax.

saBOTaGem em viGO reiviNdiCadO POLa resisTêNCia GaLeGa

26.07.2012 / Julgado da Cornua-lha impom multa de 1,62 mi-lhóns de libras à empresa galegaFillos de Vidal Bandin por pescailegal de pescada e maruca.

27.07.2012 / Maria Ángeles Ca-mino, zeladora do CHUAC, sui-cida-se trás ser-lhe impostaumha alta forçosa.

29.07.2012 / Um galego mortonumha operaçom da polícia ju-diciária portuguesa contra otráfico de haxixe.

30.07.2012 / Miles de pessoasmanifestam-se nas cidades ga-legas nas convocatórias daPlataforma Galega de Trabalha-dores das Administraçons Pú-blicas em contra dos cortes.

31.07.2012 / Tribunal Supremoconfirma multa de 850.000 eu-ros a Sam Genjo pola amplia-çom do porto desportivo.

01.08.2012 / Empresário galegoAntonio Gómez Gómez, de Gin-zo, é assassinado em Colômbia.

02.08.2012 / Alejandro Bueno eDaniel Fernández, piloto e copi-loto de umha avioneta para otransporte de órgaos, mortosquando tentavam aterrar na La-vacolha.

04.08.2012 / Vários centos depessoas manifestam-se naCorunha convocados por Ga-liza, melhor sem touradas. Às6 da tarde, umha dúzia de ati-vistas concentrárom-se tam-bém na entrada dos assisten-tes às touradas.

05.08.2012 / Inaugura-se, sempublicidade, a estátua a ManuelFraga Iribarne em Cambados,depois dos protestos que jun-tárom um cento de vizinhos.

06.08.2012 / Desativados dousexplosivos colocados numhaantena de radiotelefonia do Mon-te Sampaio (Vigo). Um terceiroestourou sem causar danos.

07.08.2012 / José Manuel Ro-may Beccaría, presidente doConselho de Estado e ex con-

selheiro da Junta, declara num-ha entrevista a Europa Pressque “o estado autonómico nomse pode soster”.

08.08.2012 / David Cal conse-gue a sua quinta medalha olím-pica, de prata. No dia anterior,Javier Gómez Noya atingira amedalha de prata em triatlo.

09.08.2012 / Um operário mortoe dous feridos graves nasobras do porto desportivo deCanido (Ferrol).

CrONOLOGia

NGZ / Mais de um cento de pes-soas dérom-se cita no dia da Pá-tria em Compostela, nas instala-çons do CS o Pichel, para reali-zar a primeira assembleia de caraa construir umha rede de proje-tos autogeridos galegos que co-bram todos os ámbitos da vida so-cial, os quais situam-se à margemdos parámetros do sistema capi-talista.

Pessoas independentes, ou vin-culadas a projetos comunitariossociais ou de construçom nacio-nal, como centros sociais, coope-rativas, Sindicato Labrego Gale-go (SLG), meios de comunica-çom, ecologismo ou reintegracio-nismo, acordárom voltar reunir-se no 29 de setembro emChantada. Será umha segunda

assembleia para sentar as basesideológicas e organizativas damancomunidade, que se inspiraem experiências como a da coo-perativa integral catalá, mas prin-cipalmente na tradiçom assem-blear e comunitária galega: con-celho aberto, monte em mao co-mum, etc. Alguns dos futuros pro-jetos citados na juntança fôrom amoeda social galega, um sistemade serviços públicos comunitários(educaçom, saúde, etc.), ou oalargamento das redes de coope-rativas de consumo ligadas a pro-dutoras rurais.

Projetos semelhantes No número do NoVAS dA GALizA

correspondente aos meses demaio e junho apresentava-se o

projeto da Cooperativa integralCatalá, que está a ter umha inci-dência mui grande, com a suaproposta de cooperativismo alémdo Estado e o capital. outra dasreferências encontra-se em terrascurdas, onde desde 2005 está afuncionar a Confederaçom de-mocrática do Curdistám, que or-ganiza desde baixo e de jeito as-semblear, todos os setores da po-pulaçom curda e as suas necessi-dades. Como referente históricono nosso país, o Partido Galeguis-ta aprovara em 1934 a propostade Ramom ovelha chamada “au-todeterminaçom funcional da Ga-liza”, que instava a auto-organi-zar-se independentemente de queo Estado espanhol concedesse ounom a autonomia à Galiza.

Começa a caminhar a proposta de autogestom integral na Galiza

a iNiCiaTiva quer CONsTruir umha rede de PrOjeTOs auTóNOmOs

NGZ / A Fiscalia de meio am-biente procedeu á apertura dediligências de investigaçom pe-nal contra o projeto da mina acéu aberto em Corcoesto, pordeterminar que a magnitude doproxeto, a súa proximidade áRede Natura e o emprego dum-ha tecnologia altamente conta-minante poderiam incurrirnum possível delito. Pola súaparte, a vizinhança organizadaem contra da mina agrupada naPlataforma em defesa do Cor-coesto segue a expandir a suatotal negativa ao projeto, que aempresa canadiana EdgewaterGold Mines está para realizarna parróquia do concelho deCabana de Bergantinhos. Entreas denuncias da Plataforma

atopamos a utilizaçom de cia-neto (técnica proibida na maio-ria de países europeus), a miti-gaçom por parte da Junta da le-gislaçom ambiental e urbanísti-ca, ou a falsa promessa dunspostos de trabalho que segun-do a Plataforma som falsos enom vam repercutir na popula-çom devido ao carater altamen-te qualificado dos trabalhos. APlataforma também denuncia aatuaçom do concelho, que estáa reprimir qualquer tipo de atoem contra da proposta atravésde sançons administrativas eameaças. Por outro lado, na zo-na tenhem-se denunciado ou-tras solicitaçons da empresapara reabrir minas que já fôromfechadas tempo atrás.

A Fiscalia investigará oprojeto de mina de ouro

NGZ / A entidade SoS Courelvem de denunciar umha novadesfeita meio-ambiental no Cou-rel, na Mina Romana da Toca,onde tem-se arrasado umha zo-na de bidueiros, carvalhos, casti-nheiros e pradairos, para a plan-taçom de pinheirais. Esta zona,que fai parte de um Hábitat Prio-ritário da Rede Natura 2000, po-la sua gram biodiversidade, afe-ta ademais aos canais que vampara o encoro romano, vulneran-

do também a legislaçom cultu-ral. SoS Courel denuncia que to-do isto está-se a fazer com o vis-to bom da direçom Geral deConservaçom da Natureza ou daEscola de Forestais da Universi-dade de Lugo e que estám a des-tinar-se fundos públicos da UE,enganando a vizinhança. Nom éa primeira vez que se denunciamestas plantaçons, e a entidade dique os pinheirais som perfeitospara a propagaçom do lume.

Denunciam plantaçomde pinheirais no Courelcom fundos públicos

ASSEMBLEIA DA COOPERATIVA INTEGRAL CATALÁ

Como vem os cortes no orça-

mento da Saúde Pública?

No dia a dia já estamos a sofrer oscortes, sobretudo nas ausênciasde profissionais: quando falta umcolega médico, somos os demaisquem atendemos os seus pacien-tes. Nem se criam vagas nem hápossibilidade de um trabalho emprecário, as substituiçons, e istorepercute na populaçom, já que asobrecarga de trabalho a longoprazo, pode supor um deterioroassistencial. Também é necessá-rio analisar a lei que tirárom emMadrid, o Real decreto Lei16/2012, que é um autêntico aten-tado contra o sistema sanitáriopúblico. Com ela voltamos paraos anos 70, ao recuperar a figurado assegurado, polo que, aquelapessoa que nom cotize, nom se lhepode garantir que tenha direito aassistência sanitária. isto passa já,e a partir de setembro vai afetaros imigrantes sem papeis. É umproblema gravíssimo, um atenta-do aos direitos humanos, e podeser, se nom o retificam, um pro-blema de saúde pública. Tambémpode ficar fora da cobertura a mo-cidade maior de 26 anos: na Gali-za temos mais de 50% dos jovensno desemprego, muita gente pre-parada que agora, além de nomter trabalho e ter um futuro precá-rio, enfrenta umha humilhaçommaior. Se querem ter direito auma assistência sanitária, tenhemque solicitá-la como pessoas semrecursos. de momento, figéromumha armadilha para que muitosjovens fiquem cobertos, mas oque está no espírito do Real de-creto é que aqueles que nom se-jam cotizantes, nom tenhem direi-to a assistência sanitária. É um re-trocesso histórico.

Mas há outras cousas...

Como a nova cotizaçom de artigosde farmácia, 10% da cotizaçom dospensionistas, os cortes numha par-te do transporte sanitário, nas pres-

taçons protésicas... o debate cen-trou-se no copagamento, que é gra-ve, mas há outras cousas como asmudanças na carteira de serviçosque o sistema oferece: até o mo-mento era um listado único deprestaçons, generalizadas para to-do o Estado, mas agora estabele-cem três níveis: básico, suplemen-tar e acesório. Que está no fundodesta catalogaçom? Com toda a se-gurança, em meio prazo os servi-ços sanitários públicos só garanti-rám o nível básico, e quem queiraaceder aos outros dous níveis, teráque contratar pólizas com asegu-radoras privadas, demanda histó-rica das companhias. Para que onegócio seja redondo, só resta de-cretar a desgravaçom fiscal dos se-guros privados. Trata-se de umhaestratégia para introduzir as em-presas privadas, o mercado e o âni-mo de lucro no que agora é um sis-tema dos melhores do mundo, dosmais baratos e eficientes. É precisodestacar que a percentagem doPiB que se dedica no Estado espa-nhol à Sanidade é mui inferior àque se dedica nos EUA, e na Euro-pa, enquanto temos uns indicado-res de saúde mui superiores.

Por que se estám a desenvolver

estas estratégias?

Porque há negócio. Porque agoraos bancos e as construtoras, como negócio imobiliário desmonta-do, vem o dinheiro na Sanidade,que tem um dos orçamentos maisimportantes das Autonomias.Entre 30 e 40% dos orçamentosda Junta vam para a Saúde públi-ca. Nom é que a crise obrigue oscortes, já que o que cortam porum lado, é malgastado por outro.Porque este tipo de estratégias,como o de construir um hospitalprivado em Vigo, e depois ter queestar pagando umha hipoteca du-rante anos, é muito mais caro queter um hospital construído e geri-do publicamente.

Porque nom sabemos destas mu-

danças que tanto nos afetam?

A oposiçom fai um trabalho pou-co visível, e os meios calam, por-

que estám ao serviço de quemmanda. La Voz da Galicia, porexemplo, participou de umhamaneira mui visível numha cam-panha de descrédito dos serviçospúblicos, dos mestres, do funcio-nariado, porque há interessespor trás. Na uniom temporáriade empresas à que lhe dérom aconcessom do novo hospital vi-guês, há gente como Rodrigo Ra-to, Manuel Lamela, Telmo Mar-tín... pessoas com envolvimentosdiretos, que estám por vezes napolítica, por vezes nas atividadesempresariais, segundo conve-nha. Lamela, por exemplo, aosdous meses de deixar de ser con-selheiro de Sanidade com Espe-ranza Aguirre era o mandatáriodo principal consórcio empresa-rial privado de Madrid. igual quea conselheira galega, quem foidurante muitos anos alta directi-va do grupo Povisa, e agora, dooutro lado da mesa, fai negóciocom Povisa a renovaçom do seuconcerto particular. A quem vaidefender? À sanidade pública,onde está de maneira conjuntu-ral, ou a seus chefes de toda a vi-da, junto o que provavelmente

vai voltar? Nom só há que serhonrado, senom que há que pa-recê-lo, e aqui há um evidenteconflito de interesses.

Em período de crise, que é pre-

ciso para manter estes serviços?

o sistema sanitário público deve-ria ser o último que se tocasse, sal-vo em situaçons de catástrofe, edeverá-se priorizar a Atençom Pri-mária, assegurar os meios, os re-cursos, a capacidade diagnósticae terapêutica e uns profissionaisbem formados para resolver asnecessidades da populaçom, por-que é a porta de entrada, a que ga-rante umha sanidade básica paratodo mundo. Reduzir os orçamen-tos é inadmissível, e é ainda maisofensivo sabendo que esse dinhei-ro público que se deixa de empre-gar para dar umha boa qualidadeassistencial, se está dando paranegócios como o hospital de Vigo;a central telefónica -que é de um-ha empresa leonesa e está dandoum serviço péssimo-; o centro delogística e suministros, que se vaimontar em Negreira, e vai custarmilhons de euros para fazer umtrabalho que se estava a fazer compessoal próprio, sem custe; os ser-viços informáticos, etc. destruír osistema público deste modo é pampara hoje e fame para amanhá, evai ser prejudicial para toda a po-pulaçom, incluídos os ricos. o sis-tema é justo, equitativo e igualita-rio, e se cai, mesmo os ricos per-dem, porque se tenhem umha pó-liza privada para cobrir determi-nadas eventualidades em quenom figura a possibilidade de terumha insuficiência real crónica, epoder submeter-se a diálese, mor-rem lentamente sem que nin-guém lhes garanta este tratamen-to. Se a reduçom nos orçamentossegue, se nom se renova pessoal,se nom há renovaçom tecnológi-ca, se nom se mantém, melhora ecapitaliza o sistema público, o de-terioro é inevitável.

06 aCONTeCe Novas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

“estám a introduzir o mercado e o lucro numdos melhores sistemas sanitários do mundo”

PaBLO vaamONde, médiCO de famíLia, COauTOr dO LivrO ‘a saÚde COmO NeGOCiO’

Arredor de 200 pessoas concentrárom-se no 9 de agostodiante do Parlamento de Galiza durante a sessom em quese aprovava a lei de adaptaçom do decreto de cortes de Ra-joy nas administraçons públicas. Foi convocado polos sindi-catos da área pública e as forças de seguridade conformá-rom um forte cordom que fechou o acesso ao prédio.

siNdiCaTOs da Área PÚBLiCa maNifesTam-se NO ParLameNTO

o setor ferroviário foi protagonista de umha greve de 24horas no 3 de agosto em protesto polas medidas aprova-das polo Governo espanhol que suporám a liberalizaçomdo transporte em comboio de viageiros a partir de 2013.A Confederaçom Geral do Trabalho (CGT) situou em90% a participaçom na jornada de greve.

Greve NO seTOr ferrOviÁriO CONTra a PrivaTizaçOm

ANTIA R. GARCIA / “Ainda nom somos verdadeiramente cientes do que nos estám a afe-tar os cortes nos serviços sociais. A Saúde pública, e sobretudo a Atençom Primá-ria, ficará em precário, vendida às empresas privadas”. Assim lho contou ao NOVAS DA

GALIZA Pablo Vaamonde, médico de família e coautor, junto com Mª Luísa Lores, Ma-

nuel Martín, Jesús Rey e Marciano Sánchez-Bayle de ‘A saúde como negocio’ (Laio-vento, 2012). Vaamonde também escreve no seu blog pessoal contra o discurso ofi-cial que assinala que o sistema é insustentável, enquanto deixa “entrar a saco” nosorçamentos a aseguradoras, a construtoras e as gestoras de hospitais.

“reduzem orçamentose precarizam a

qualidade assistencial”

NGZ / Continuam os movimen-tos no seio do nacionalismo ga-lego, com umhas eleiçons auto-nómicas que como tarde teriamque chegar em março. A modifi-caçom da Lei Eleitoral com aque Feijóo quer assegurar-se acontinuidade em Sam Caetano,dando-lhe mais peso aos seusgraneiros de votos tradicionais(Lugo e ourense), dificultaráainda mais a entrada no Hórreoa partidos até o de agora extra-parlamentares, o que poderiasupôr um incentivo para criaralianças nestas forças.

Yolanda díaz, a coordenado-ra nacional de Esquerda Unida(EU) na Galiza, vem de recolhera luva lançada por Beiras noseu discurso do dia da Pátria.o voceiro nacional de Anovachamava à “atuaçom conjunta”das organizaçons da esquerdanacionalista e também daque-las de ámbito estatal “que reco-nheçam o direito de autodeter-minaçom dos povos”, em alu-som velada a EU. Mariano Aba-lo, da Fronte Popular Galega(FPG) e integrado na direçomde Anova, já expressara ante-riormente a necessidade de um-

ha uniom destas caraterísticascom EU, com quem já partilhacoligaçom eleitoral no municí-pio de Cangas do Morraço, on-de é concelheiro por Alternati-va Canguesa de Esquerdas. Emtodo caso, a decisom sobre umpacto e as suas caraterísticas fi-ca em maos das assembleias lo-cais de Anova e EU.

Pola sua banda, Compromisopor Galicia (CxG) vem de anun-ciar através do twitter de RafaelCuíña o pacto com a formaçomde centro-direita galeguista Ter-ra Galega para as eleiçons auto-nómicas. Fontes deste coletivodeclarárom que CxG deve ter afunçom de ser “o que um dia eraCoalición Galega”.

Por enquanto, o BNG seguesem prestar-lhe atençom às cis-sons no seu dia-a-dia público,focando o seu discurso na criseeconómica. Apesar da fragmen-taçom no campo nacionalista,trás um dia da Pátria onde aglu-tinárom mais manifestantes queoutros anos, a fronte experi-mentou umha suba de quatrodécimas desde abril em inten-çom de voto segundo o CiS, che-gando o 0,7% em todo o Estado.

NGZ / Nos últimos meses o Minis-tério do interior do espanhol estáa anunciar novas medidas em po-lítica penitenciária. ignacio Ulloa,secretário de Estado da Seguran-ça, reconheceu que estám a estu-dar que umha parte da segurançano interior dos cárceres corra porconta de empresas privadas. An-tes, em maio, o ministro Fernán-dez díaz e o secretário-geral dasinstituiçons Penitenciárias, ÁngelYuste, criticárom os supostos “ele-mentos sumptuários nos cárce-res” com a consequente marejadamediática. “Por exemplo - assina-lava Yuste -, que haja umha pisci-na coberta e climatizada num cen-tro penitenciário, ou televisons deplasma nas celas. Nom creio queisso tenham que pagá-lo os cida-

daos”. A verdade é as pessoas pre-sas só tenhem televisom se a pa-gam, e apenas as marcas e mode-los que a prisom permite. Quantoàs piscinas, poucos som os presosque podem aceder às instalaçonse algumhas, como a do CP de Tei-xeiro, continuam sem água desdeque fôrom construídas.

Situaçom dos presos políticosNa atualidade, entre os presosindependentistas galegos,Eduardo Vigo, na cadeia de Cór-dova, continua em regime de 1ºgrau no módulo de isolamentodesde que chegou à prisom an-daluza. Telmo Varela denunciourecentemente através dumhacarta à plataforma Que Voltemà Casa que está a ser submetido

a constantes mudanças de mó-dulo: “com estas mudanças nomquerem que me estabilize emnengum módulo, nem que merelacione com os presos maisconscientes, por isso quandovem que me acostumo e fagoum pequeno grupo de amizademudam-me” Em dezembro sai-rám de prisom Santiago Vigo eJosé Manuel Sanches.

A presa política galega doPCE(r) Aurora Cayetano, presaem Alacante num módulo de iso-lamento,  iniciou segundo contaSocorro Vermelho internacional,umha greve de fame no dia daPátria reivindicando o cumpri-mento do seu direito a nom par-tilhar cela, conseguindo a come-ços de agosto o seu objetivo.

07aCONTeCeNovas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

As declaraçons do Ministro de Justiça espanhol, Al-berto Ruíz Gallardón, sobre a Lei do Aborto explici-tárom o carater regressivo do Governo espanhol aopretender excluir as malformaçons congénitas co-mo suposto para poder interromper voluntariamen-te a gravidez.

GOverNO esPaNhOL quer resTriNGir O aBOrTO

A iniciativa Legislativa Popular para introducir o portu-guês no ensino regrado galego já conta com 3.500 assina-turas das 15.000 que fam falta para que a proposta sejadebatida no Parlamento da Galiza. A data límite é a finaisde outubro, polo que solicitam ajuda para recolher assi-naturas pola rua e por eventos organizados no país.

iLP Paz-aNdrade aCada 3.500 assiNaTuras

Cresce a polarizaçomentre os cindidos do BNG

Ministério espanhol do Interior faidemagogia com a situaçom atualdo conjunto da populaçom presa

emPresas POderÁm eNCarreGar-se da seGuraNça Nas Cadeias

CÁRCERE DE TEIXEIRO

Novas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 201208 aCONTeCe

NGZ / os atos políticos com mo-tivo do dia da Pátria em Com-postela começárom na tarde do24 com a quinta ediçom da Ca-deia Humana pola Liberdadedos Presos e as Presas inden-pendentistas de Ceivar, ondeumhas duzentas pessoas dé-rom-se a mao e deslocárom-seda Praça de Galiza até a Praça8 de Março, onde escuitárom aspalavras do sindicalista e presopolítico Telmo Varela.

Na tarde dessa jornada, a or-ganizaçom isca! convocou porvez primeira um passa-ruas in-dependentista que percorreu asruas de Compostela. de PortaFaxeira saiu a manifestaçom deBriga, que estivo acompanhadaem todo momento por um fortedispostivo policial. À noitinhaestava prevista a saida Ronda-

lha da Mocidade pola Bandeira,ato que leva convocando a As-sembleia da Mocidade indepen-dentista (AMi) e o que este anopor vez primeira se somárom asjuventudes de Adiante. Umhaforte atuaçom policial impedeua sua saida, realizando-se naPraça do 8 de Março o ato polí-tico. À noite tivérom lugar dis-túrbios, sendo retido e levadoum jovem a disposiçom policiale posto em liberdade com car-gos por desordens públicas. Natarde do 25 seriam detidas ou-tras quatro pessoas que seriampostas em liberdade acusadasde um delito de danos.

os atos do dia 25 começáromcom umha manifestaçom do sin-dicato CUT que reclamava um-ha greve geral. A Alameda foi ocenário do que partírom boa

parte das manifestaçons nacio-nalistas e independentistas, no-meadamente as de BNG, Nós-UP e Causa Galiza. A primeiradas manifestaçons independen-tistas em sair foi a de Nós-UP, naque participárom centos de pes-soas. A convocatória de CausaGaliza tivo umha assistênciasensivelmente menor às convo-catórias dos anos passados. Polasua banda, as novas formaçonsANova e Compromiso por Gali-cia (CxG) realizárom os seusatos em praças compostelanas.

Noutras comarcas do pais ti-verom lugar nos dias préviosatos em celebraçom do dia daPátria Galega. Assim, em Vigorealizou-se o Lipdub Terra Vigo,em Marim umha romaria popu-lar e em ourense um ato abertoa todo o soberanismo.

Reivindicaçons independentistasfigérom-se ouvir no Dia da Pátria

medram Os aTOs desCeNTraLizadOs aO LONGO dO Pais

Delimitaçom dos espaçose usos do porto de Vigonom cumpre a lei vigenteNGZ / A Ria Nom Se Vende apre-sentou em 9 de julho de 2012alegaçons à proposta de delimi-taçom dos Espaços e Usos Por-tuários (dEUP) da AutoridadePortuária de Vigo.

Esta rede de coletivos denun-cia, entre outros, a irregularida-de da situaçom legal do porto,os aterros incontrolados, a desa-pariçom de lugares de cria e quea proposta dEUP ignora as suasobrigaçons legais.

destacam dous princípios co-muns nestas alegaçons: racio-nalidade e legalidade conculca-da em matéria de obras de con-cessons. Também salientam anecessidade dum informe sobreo estado ambiental da Ria quenom existe, e medidas de urgên-cia como um plano de gestomambiental redigido com os seto-res afetados.

Incompatibilidade legislativaSegundo denuncia o grupo decoletivos da RNV, a proposta dadEUP nom segue o processo deAvaliaçom Ambiental Estraté-

gica que contempla a Junta. Es-te processo emprega-se comoinstrumento de prevençom e érelativo à avaliaçom dos efeitosque determinados planos e pro-gramas tenhem sobre o am-biente, ademais esta solida-mente sustentado no ámbito le-gislativo pola diretiva da comu-nidade Europeia 2001/42/CE e a Lei 9/2006.

Nom é esta a única matérialegal que ignora a dEUP, aalegaçom observa como se as-sume a zona de Serviço Marí-tima de 1966 (estabelecida emtempo de ditadura) que care-ce de justificaçom legal, ope-ratividade e que abrange es-paços naturais.

O desastre ecológicoA denúncia ecológica é amais preocupante pola irre-versibilidade dos danos comoo sepultamento direto ou in-direto dos melhores bancosmarisqueiros da Ria, algunsdeles milenares, e de granderiqueza natural.

09fOTO-rePOrTaGemNovas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

percurso em imagens dalgumhas das mobilizaçonssoberanistas dos dias 24 e 25 de julho em compostelafOTO-rePOrTaGem

A Polícia espanhola impediu que a Cadeia Humana de Ceivar percorresse a zona velha de Compostela / NGZ

A Rondalha da Bandeira de AMI e Adiante nom pudo sair por culpado contundente depregue polical na Praça 8 de Março / GZ CONTRAINFO

O sindicato CUT saiu por vez primeira num 25 de julho numha manifestaçomcentrada nas reivindicaçons da classe operária / GZ CONTRAINFO

A rondalha de Briga percorreu as ruas compostelanas acompanhada dum forte cordom policial / GZ CONTRAINFO

A manifestaçom do nacionalismo institucional reuniu milhares de pessoas na praça da Quintá / BNG

Por segundo ano consecutivo as militantes e simpatizantes de Nós-UPsaírom em manifestaçom reclamando a independência / GZ CONTRAINFO

A convocatória de Causa Galiza contou com umha assistência menor à de anos anteriores / GZ CONTRAINFO

10 aCONTeCe Novas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

aGrO

P.V. / o setor leiteiro na Galizavolta mais umha vez à crise depreços que ameaça com asestar-lhe um novo golpe de maior re-percussom que os anteriores àeconomia de numerosas comar-cas galegas fortemente ligadas àganderia. Porém, desta volta hásintomas de mudança no diag-nóstico da crise, por vez primei-ra já nom som só as exploraçonsreduzidas as que sucumbem àescalada de preços nas matériasprimas, mas também as de gran-des dimensons e com umha for-te investimento em tecnologiacada vez mais, nom som quemde fazer frente aos pagos.

Radiografia do setorNo atual sistema de produçom,segundo diversos estudos técni-cos, os custos de produçom po-dem chegar a atingir os 30 centsde euro por litro. o preço nesteúltimo mês na Galiza rondou os0,28 céntimos de euro por litrode média. A perda, que se traduzem 2 céntimos por litro fica embenefício, ao descontar as amor-tizaçons, mas isto a custo de umnegócio de subsistência. Peranteeste cenário já estám previstasvárias mobilizaçons ao longo dopaís, como sucedeu há 3 anos,quando também se alcançou ummomento crítico para as finan-ças das exploraçons. Mas destavez a situaçom é ainda mais dra-mática, devido a que o preço ob-tido polo leite é praticamente omesmo, quando os custos, espe-cialmente em alimentaçom te-nhem sofrido incrementos demais do 100% em determinadoscomponhentes da raçom basecomo pode ser a soja.

A passada semana um ganadei-ro de Boimorto proprietário deumha exploraçom modernizadade leite com arredor de 150 ani-mais em produçom fazia a seguin-te reflexom “estamos a dar de ali-

mento ao gado cereais de umhaaltíssima qualidade, que pode-riam ser aproveitados por huma-nos, quando um ruminante équem de transformar a celulosevegetal em algo que nós podemosaproveitar”. A crise é tam palpá-vel que os argumentos que atébem pouco só saíam da boca desetores como o da produçom eco-lógica, já formam parte da agri-cultura convencional que olha ca-da vez mais esgotadas as possibi-lidades de sair adiante com o sim-ples incremento da produçom emesmo se aboca a umha mudan-ça de paradigma.

Os limites de um modeloEstudos de contabilidade técnicarecentes demostram que umhaexploraçom de leite no marcoatual de preços nom pode incre-mentar o benefício através do au-mento da produçom sob risco deincorrer em perdas importantes,ao ter de abastecer-se de alimen-tos no mercado devido à escassa

capacidade de incrementar asproduçons de forragens próprias.As exploraçons galegas som es-pecialmente suscetíveis a este fe-nómomeno pola escassa base ter-ritorial da que disponhem.

Apesar do risco de quebra demuitas exploraçons ser iminente,umha outra medida ameaça comdar o golpe de graça no futuro demais perto. No ano 2015 a elimi-naçom de quotas leiteiras e subsí-dios ligados à produçom supom aeliminaçom de umha importantefonte de liquidez que sustém amuitos produtores na atualidade.

Revoluçom ou queda do setorNas próximas semanas as mobili-zaçons vam-se suceder como jáocorreu no passado dia 10 na vilade ordes, onde a maioria dos co-mércios fechárom em solidarie-dade com a causa do agro. A luitaque emprende desta vez o setorformula-se como a última oportu-nidade de fazer frente os abusos,mas também como toma de cons-ciência no facto de que deve estarapoiada numha mudança de pa-radigma face a produçom susten-tável que possibilite algumha es-perança de futuro a um modo devida que necessita de alternativaspara manter-se a pé.

Produçom de leite tem risco dedesaparecer polo preço atual

mar

Incerteza para os marinheiros galegosnas águas mauritanasNGZ / Em conseqüência do no-vo acordo pesqueiro entre aUniom Europeia e a Mauritâ-nia de julho deste ano, uns 24cefalopodeiros galegos deve-rám deixar de pescar nas águasterritoriais desse estado, pois oconvénio acordo proíbe a pes-ca de polvo. Assim, já a come-ços do mês de agosto ia arri-bando ao porto de Marim um-ha dúzia de barcos que pesca-vam em águas desse estado. onovo acordo (o anterior era de2006) dificulta também a ativi-dade de marisqueiros e pesca-dores de pescada, que doravan-te se verám obrigados a deslo-car-se da sua zona de pesca ha-bitual e deverám pagar novastaxas e afrontar umha suba.

Em conferência de impren-sa, o deputado do BNG BieitoLobeira denunciou que esta de-cisom “implicará mais desem-prego, menos capacidade pro-dutiva e mais miséria” para osetor do mar. o deputado na-cionalista afirma que a Juntade Galiza se submeteu dianteda UE ao nom conseguir que semantivesse o acordo de 2006.Assim, Lobeira qualificou a ne-gociaçom que se desenvolveupor parte das autoridades gale-

gas, europeias e espanholas de“fraudulenta” assinalando queo processo partia da exclusomdos cefalopodeiros galegos. onacionalista crê que “para aJunta de Galiza a frota galeganom existe”. 

A Junta da Galiza afirmouque fará “todo o possível” parafrear no próximo Conselho deMinistros de Agricultura e Pes-cas da UE o acordo pesqueiroassinado com a Mauritánia. oConselho foi marcado os dias 24e 25 de setembro.  A conselhei-ra do Meio Rural e do Mar, RosaQuintana, criticou que se tratadum pacto realizado “de costasaos estados-membros e prejudi-cial para a frota espanhola”. Porseu lado, os armadores tememque o novo tratado signifiqueum golpe à economia das zonasdo Morraço e Vigo, das quaisprocedem os navios polveirosque trabalhavam nas águasmauritanas, e prevêm que essesbarcos acabem desmantelados.

A crise de preços afeta também a exploraçons modernizadas

siNdiCaTOs: “a maiOr ParTe das COmarCas dePeNdem dO LeiTe”

ganadeiros assumemque o modelo atual

nom funciona

Acordo entre ue e a Mauritánia proibe

pesca de polvo

CeNTrOs sOCiaisCs abrenteArcade · Souto Maior

aguilhoarS. Marinha · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

Cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

aturujoPrincipal · Boiro

CsO Bairro do CuraBairro do Cura · Vigo

Bou evaTerço de Fora · Vigo

a Casa da estaciónPonte d’Eume

a Casa da TrigaP. Maior · Ponte Areias

CsO Casa do ventoFigueirinhas · Compostela

CsO a Kasa NegraPerdigom · Ourense

Ls do Coletivo TerraBoa Vista · Ponte d´Eume

a Cova dos ratosRomil · Vigo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

O frescoBº da Ponte · Ponte Areias

O fuscalhoRua Colom · Guarda

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

henriqueta OuteiroQuir. Palácios · Compostela

CsO Liceo Estribela · Marim

Cs Lume!Gregório Espino · Vigo

mádia LevaSerra de Ancares · Lugo

Csa La madriguera del Oso PardoR. México · Ponferrada

CsO PalaveaPalaveia · Corunha

O PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do BerbésRua Real · Vigo

a revolta de TrasancosA Faísca · Narom

CsOa O salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

a TiradouraReboredo · Cangas

Cs vagaLumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

Csa Xogo descubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

Cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

Com a chegada da crise saltá-rom às páginas dos jornais eaos ecráns da televisom e dascomputadoras umha série determos económicos quase in-compreensíveis para a gente dea pé. NOVAS DA GALIZA quer reali-zar um esforço para procurar asdefiniçons desses termos. Des-ta vez, Júlio Teixeiro explica bre-vemente que é o prémio de ris-co, ate onde chega o poder doBanco Central Europeu e que éum mercado secundário.

Júlio teixeiro

Prémio de risco: É o indicadorque mede o risco de insolvênciadum estado. Na UE considera-seque a Alemanha conta com o es-tado mais solvente; por isso, esteindicador define-se formalmentecomo a diferença entre os jurosque paga um estado, aos compra-dores dos seus títulos de dívidapública a dez anos, e os que pagaAlemanha. Expressa-se em pon-

tos básicos, que se calculam mul-tiplicando, os pontos percentuaisque indicam os juros, por cem.destarte, se quigermos comparara solvência da República france-sa a respeito do Estado espanhol,observaremos os juros que se pa-gam polas suas respectivas dívi-das a dez anos. Por exemplo: Es-panha: 6,85%, França: 2,11%,Alemanha: 1,44%.

o prémio de risco para a dívidaespanhola, neste caso, é de 541

(685-144) pontos básicos; e para afrancesa de 67 (211-144). os inves-tidores no mercado de dívida, pois,estám a determinar que o risco deinsolvência do Estado espanhol e474 (541-67) pontos básicos maiordo que o da República francesa.

Banco Central Europeu: Umbanco central dum estado é obanco que emite a moeda desseestado. o Banco Central Europeué o banco central dos estados per-tencentes à Uniom Económica eMonetária europeia (UEM); querdizer o banco emissor dos euros.Ao partilhar banco central, os es-tados da UEM renunciam á sobe-rania em política monetária. Nom

podem, por exemplo, desvalori-zar a moeda para favorecer as ex-portaçons.  Conservam formal-mente, porém, todas as compe-tências em política fiscal; isto é,em matéria de orçamentos, recei-tas e despesas.

Esta separaçom entre políticafiscal e monetária  mui criticadade certos pontos de vista  nom éum erro imprevisto, mas a essên-cia do desenho da UEM. dentrodeste desenho, a funçom principaldo Banco Central Europeu é o con-trolo da inflaçom. Esta e a razomque alega, sempre, BCE para nomcomprar dívida espanhola ou ita-liana. implicaria a monetizaçomdessa dívida; isto é, a troca de títu-

los de dívida por euros emitidospolo BCE. Quando um banco cen-tral fai isso, o espaço económicoda sua moeda entra em risco de in-flaçom. Ao estar constantemente,com a compra de dívida soberana,injetado dinheiro na economia eu-ropeia, o BCE desvalorizaria o eu-ro provocando o crescimento dospreços e o conseguinte empobre-cimento da populaçom.

Mercado secundário: Umha vezque uns determinados títulos(ações, dívida, etc.) som transmi-tidas por primeira vez num mer-cado primário, podem ser nego-ciadas no mercado secundário.obviamente, no mercado secun-dário, os que oferecem os títulosnom têm por que ser os seusemissores.  o paradigma de mer-cado secundário som as bolsas devalores. No caso das açons prefe-renciais, os clientes dos bancosque as emitirom constituírom oseu mercado primário.  Comosom títulos de caráter perpétuo,aqueles que as possuem nom te-nhem qualquer garantia de que obanco lhes volva algum dia o ca-pital investido. Podem, porém, re-cuperá-lo se encontram compra-dores no mercado secundário. oproblema surge obviamentequando  nesse mercado secundá-rio  os problemas de solvência dobanco correspondente som co-nhecidos, em cujo caso a vendadesses títulos sem vencimento setorna impossível.

11aCONTeCeNovas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

nesta primeira entrega exponhem-se definiçons de prémio de risco, Banco central europeo e mercados secundárioseCONOmia

Dicionário da crise económica (I)NOs ÚLTimOs aNOs Os meiOs de COmuNiCaçOm eNCherOm-se de TermOs iNCOmPreNsíveis Para O PÚBLiCO

Ao partilhar bancocentral os paises da

ueM perdem soberania

os investidores decidem o risco de

insolvência do estado

A.L. / o sindicato nacionalistaCiG denunciou, após fazer-sepúblicos os dados do paro re-gistrados no mês de julho, queexistem umhas 104.132 pes-soas desempregadas que nomestám a receber nenhum tipode prestaçom económica. ototal de pessoas sem trabalhoascende na Galiza a 260.198 afinais de julho, um total de37.198 mais que no mesmomês em 2011. A CiG quijo sa-lientar que deste total somapenas 156.066 as que estáma cobrar algum tipo de presta-

çom e que a metade delas ape-nas percebem os 426 euroscorrespondentes à renda ativade inserçom social.

A central sindical tambémdefine como “alarmantes” osdados sobre a temporalidadedos contratos, já que do totaldos contratos assinados o 94%fôrom temporais. Em relaçomcom o mês de julho do ano an-terior, onde mais medrou o pa-ro foi no setor serviços, onde oincremento foi de um 20,63%,seguido pola construçom, aagricultura e a indústria.

Mais de cem mil pessoasnom cobram nenhumtipo de prestaçom

O Governo espanhol regula ERE’s parapessoal contratado pola AdministraçomA.L. / o Governo espanhol está atramitar um “Projeto de Real de-creto polo que se aprova o regula-mento de despedimento coletivo,suspensom de contratos e redu-çom de jornada” que tem comoespecial novidade a inclusom dapossibilidade de realizar despedi-mentos massivos no pessoal labo-ral fixo das Administraçons públi-cas. Já se abrira a porta a estaaçom quando na última reformalaboral estabelecera-se como cau-sa de despedimento objetivo a “in-sufuciência orçamentária” duran-te três trimestres consecutivos.

A seçom da Administraçom Au-tónómica da CiG qualificou, atra-vés da sua web, este novo movi-

mento do Governo como un “gol-pe constitucional” e mostra o seutemor polo futuro do pessoal fun-cionário de carreira. Assim, o sin-dicato vê também nestas novasmedidas um passo mais cara a pri-vatizaçom dos serviços públicos.

15M desvendou documentosque detalham novos recortesA começos do mês de agosto omovimento 15M começou a difun-dir umha série de documentosque teria apresentado o Ministé-rio de Economia numha juntançado Conselho Europeu no mês dejulho. Nestes escritos, que nom fo-ram difundidos por nenhum meiono Estado espanhol, exponhem-

se umha série de cortes que pode-riam levar-se a cabo na volta doverao e entres os quais destaca oanúncio de umha reforma do sis-tema de pensons. Ainda que estareforma foi negada em várias oca-sions polo Executivo, os escritosdifundidos falam da necessidadede recortar neste apartado uns10.000 milhons de euros.

Segundo a Plataforma Audito-ria Cidadá da dívida, nestes do-cumentos pom-se cifra aos cortesque haverá em políticas de empre-go, como as relacionadas com osubsídio para pessoas desempre-gadas, que acadarám os 1.900 mi-lhons em 2012, 5.810 milhons em2013 e 6.050 milhons para 2014.

DANIEL R. CAO / A iniciativa glo-bal ‘Boicote, Desinvestimentoe Sançons’ BDS tira umhacampanha alertando acercado perigo que para a pazmundial supom a possessomde armas nucleares por partedo Estado de Israel , assimcomo as desigualdades queeste feito denota.

No ano 1966 a prática totalidadedos estados que existiam na altura(188) assinam o chamado Tratadode Nom Proliferaçom Nuclear,com os objetivos fundamentais dodesarme progressivo e o compro-misso de uso da energia nuclearsó com fins pacíficos. A habitualdesigualdade entre países nas di-versas instituiçons internacionais,reflite-se também na assinaturadeste Tratado, já que os cinco paí-ses que fam parte do Conselho deSegurança som os impulsores doplano e, ao mesmo tempo, os úni-cos que poderiam continuar pos-suindo ditos arsenais. desde a ce-lebraçom do Tratado, três paísesnegarom-se a assinar: israel, Índiae Paquistám, aos que no ano 2003se somaria Coreia do Norte, trásdenunciar que as inspeçons que aoNU realiza habitualmente nospaíses assinantes eram realmentemissons de espionagem. dá-se acasulidade que estes quatro paísesencontram-se na atualidade emconflitos bélicos ou pré-bélicos, aÍndia e Paquistám continuam como seu confronto histórico pola pos-sessom da Caxemira, Coreia doNorte em confronto com o seu vi-zinho do Sul e israel embarcadona consecuçom do projeto sionis-ta em que se deriva a eliminaçomfísica da populaçom palestiniana.

A história nuclear... israelitao Holocáusto da Segunda Gran-de Guerra, do qual também fô-rom vítimas milhons de judeus,levou a que a grande parte da in-

teligência judia fora assassinada,polo que fôrom engenheiros fran-ceses a finais dos cinquenta que-nes construirom o primeiro rea-tor nuclear em território israelita.Na altura, eram muitas as decla-raçons de independência de vá-rios países orientais, mas tambémsobre a necessidade de afianzarum país que servira de canaliza-dor dos interesses ocidentais nazona, de aí a colaboraçom paratornar israel poderoso. Em décadas posteriores fôromrealizados ensaios nucleares emdiversas partes do mundo que, aocontrário de que ocorreu com ou-tros países, nom receberom san-çom, um deles denunciado pologoverno de Carter, realizado con-juntamente com África do Sul du-rante o regime do Apartheid.

Um mundo desigualdesde a sua criaçom, o Estado deisrael tem sido o nítido paradig-ma da desigualdade existente nalegislaçom internacional. As ar-mas nucleares som só mais um

exemplo. Assim, enquanto israelpossui armas nucleares, que teminclusive utilizado, é um dos paí-ses que mais tenhem alentadoconflitos bélicos como a invasomdo iraque no 2003, ou mais recen-temente a de irám e, no mês dejulho do presente ano, Síria, astrês sob a escusa injustificadadestes Estados possuirem armasde destruiçom massiva, nuclearese químicas. dá-se a circunstán-cia, de que tanto iraq, irám, comoa Síria tenhem permitida a entra-da de observadores internacio-nais às suas bases nucleares para

a realizaçom de informes sobrearmamento, enquanto israelmantém a sua posiçom de opaci-dade, negando a existência dasarmas e, por sua vez, impedindoas inspeçons, pese a que expertosafirmam que pode estar em pos-sessom de entre 80 e 400 cabeçasnucleares (Federaçom de Cientí-ficos Americanos e Centro de Es-tudos Estratégicos e internacio-nais, respetivamente).

A campanhaA campanha de BdS, baixo a le-genda "Um milhom de vozes naoNU" pretende pressionar as ins-tituiçons internacionais para quese faga efetivo o programa denom proliferaçom nuclear, que ti-vo desde os seus começos a eivade nom ter criado aparatos decontrolo efetivos sobre os incum-plidores do mesmo, forem ounom assinantes. Para isto está-selevando a cabo umha recolhidade assinaturas em papel ou porinternet (stopisraelnuclear.org)que posteriormente seriam entre-

gadas às Naçons Unidas. Em de-claraçons de Elvira Souto, ativistagalega da campanha BdS, a re-clamaçom pretende que se "apli-que o direito internacional e seponha fim à impunidade de quegoza israel”. denunciam ademaisque a já debilitada paz da zonavê-se ainda mais ameaçada aopossuir a parte beligerante prin-cipal de armamento tam sofisti-cado, mais ainda quando as pos-sibilidades de conflito parecemaumentar dadas as intençons dogoverno israelita e as pressonsque este exercem sobre os seusimediatos aliados em ocidente.outros dos elementos que se re-marcam é que esta nom é senommais umha das até trinta resolu-çons das Naçons Unidas que oEstado de israel incumpre, par-tindo da possessom de armas nu-cleares até os ilegais assentamen-tos de colonos em Cisjordânia eJerusalém Leste, assim como osdiversos bombardeios aéreos co-metidos contra a populaçom dosterritórios palestinianos.

Novas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 201212 iNTerNaCiONaL

desde a sua criaçom, o estado de israel tem sido o nítidoparadigma da desigualdade existente na legislaçom internacional

israel, um perigo para a paz mundial

a Terra Tremea Bds iNiCia CamPaNha de PressOm iNTerNaCiONaL Para fazer efeTiva a NOm PrOLiferaçOm NuCLear

israel pode ter deentre 80 e 400

cabeças nucleares

Bds pretende quese “ponha fim à

impunidade”

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O PRÉMIO NOBEL DA PAZe presidente dos EUA, Barack Obama,

tem encoberto em diversas declaraçonspúblicas o programa nuclear israelita

JOSÉ ANTOM ‘MUROS’ / Lugar iso-lado e remoto para o mundo oci-dental-norteamericano, e tambémasiático, foi socializado nos mitosdo ocidente como um lugar para-disíaco e de romántico retiro.

A colonizaçom, primeiro ingle-sa, na seqüência das viagens de Ja-mes Cook, e depois francesa, trou-xo os piores defeitos do imperialis-mo: falta de soberania alimentar,perda da auto-estima cultural, de-

senvolvimento centrado excentri-camente na Capital e Porto Exte-rior Papeete e a ilha central de Ta-hiti (onde vive 80 por cento da po-pulaçom) e na turistificaçom.

Nom todo embora pode ser con-siderado negativo. o Movimentoindependentista Polinésio tem muiclaro os conceitos de soberania,desenvolvimento autocentrado eharmonioso. Tem governado emetapas em que consolidou um pla-

no educativo de imersom nas eta-pas de infantil, Primária e Secun-dária. A Televisom das ilhas TahitiNui Television esta integramenteem tahitiano dando grande impor-tância às notícias locais. desde2004 tem-se abrandado a o proces-so de substituiçom do Haitiano po-lo francês, sendo o idioma autócto-ne recuperado e apreciado mui es-pecialmente pola gente moça.

As ilhas tratam de buscar o seu

caminho, um movimento político-social independentista de caráterdecrescentista enfrenta-se aos po-deres franceses e ocidentais e aosseu peons locais. o seu objetivo éa plena independência das ilhasda atual Polinésia Francesa e con-formar umha Confederaçom har-monizada dos cinco arquipélagosque a conformam. Este objetivoencomiável nado nestes últimosséculos de colonialismo e sociali-

zado com o movimento antinu-clear da década de 2000 (os “en-saios de segurança” do Atol deMururoa...) tem inimigos muitopoderosos e de múltiplos rostos(turistificadores, populístas-folcló-ricos, fascismo francês pleno eagressivo....) mas que outra cousaalém de justa e dignificadora hápara a sobrevivência deste Povodesta Galiza do Pacífico que a Ple-na e Real independência?

13iNTerNaCiONaLNovas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

o Movimento independentista polinésio consolidou um plano educativo de imersom lingüística nas etapas escolaresPOvOs

Polinetia Tahite, fugir dos paraisos ocidentais

A outra Voz da capital da cultura europeia na vila de guimarãesE. MARAGOTO / Ainda estás atempo de visitar Guimarães,capital da cultura europeiaeste ano. No programa des-tacam, logicamente e comosempre, aqueles espetáculosque se assistem passiva-mente, mas, quem sabe sepor causa da crise, tambémfoi deixado espaço para mui-ta criaçom democrática. Emgeral, nota-se bem o afámpor explorar a contempora-neidade tam ao gosto dosagentes culturais portugue-ses e que nem sempre é re-cebido com entusiasmo des-te lado da raia. A cada passo,umhas camisas penduradasonde ninguém estava à espe-ra ou umhas cadeiras onde édifícil tomar assento, lem-bram-nos que estamos naCapital da Cultura, mas nomnumha qualquer. Porém, commuito bom critério, o populare o local transparecem comvigor em muitas interven-çons artísticas.

Bom exemplo disso é a outra Voz,umha entidade de grupos vocaiscriados nas diferentes freguesiasdo concelho que fai parte da Áreade Comunidade. Há outras áreas,como a de Artes Performativas oua de Cidade, e ainda há umha sé-rie de coletivos a ‘fazer parte’ doevento europeu, mas a Área deComunidade e nomeadamente aoutra Voz representam melhor do

que nengumha outra a vontade dedemocratizaçom de um programacultural, algo que faltou em Com-postela quando foi Capital da Cul-tura e volta a faltar agora que temumha Cidade da Cultura.

Outra VozSalão Paroquial da Nossa Senho-ra da Conceição. Hoje vinhéromdezoito, mas costumam ser maismeia dúzia. É um dos muitos en-saios semanais da outra Voz pordiferentes freguesias. Confluemnoutro mensal, onde toda a gente,mais de cem pessoas, se junta. Umdos quatro orientadores dos en-saios, o músico João Guimarães,começa por explicar a ocupaçomdo espaço e o percurso que vai se-guir a próxima atuaçom e, depoisda descontraçom muscular, come-çam os primeiros exercícios vo-cais que vam avançando para adeclamaçom coletiva de poemas ecançons, primeiro quietos, já de-pois em movimento. A meio de ju-lho já se vê umha grande coorde-naçom entre os elementos do gru-po. “Começamos pouquinha gen-te e agora somos cento e tal”, di-nos Cármen, que resume empoucas palavras as razons que alevam até ali: “Além de aprender-

mos, divertimo-nos”. Soledad vêum antes e um depois da Capitalcultural: “dantes havia atividadesculturais, mas eram menos divul-gadas. Nunca pensei que a minhavoz servisse para algumha cousa”.Como o Luís Miguel Fernandes,som muitas as pessoas que chega-ram à conclusom de que “nomsom precisos grandes estudos pa-ra fazer cultura.”Com a vista posta no espetáculofinal de setembro, a outra Voz en-saia com grupos de pessoas que,em muitas ocasions, nunca subi-ram a um palco. Trata-se da açomcultural que mais gente envolveda Capital cultural: de todas asidades (entre os 12 e os 84 anos),de qualquer profissom e de todasas freguesias do enorme concelhode Guimarães. Todas exploramnovas sonoridades vocais comraiz minhota, em colaboraçom,muitas vezes, com artistas degrande nomeada (como AméliaMuge, António José Martins, Mi-chales Loukovikas ou Tokaki).Bobby McFerrin, por exemplo, jádirigiu umha oficina da outra Voz.Para Maria Rui “isto é importante,porque sentimos que o nosso tra-balho é mais reconhecido e que-remos continuar a fazer este tipode cousas”. É a outra face da cul-tura, a gerada, de facto, polas pes-soas em comunidade, emboradesta vez, como poucas, seja geri-do através de umha potente insti-tuiçom de existência efémera: aCapital da Cultura.

aO LadO dOs esPeTÁCuLOs dO COsTume, O POvO TamBém se aPrOPriOu dO PrOGrama COmemOraTivO

o coletivo ensaia com grupos de pessoas que nunca subiram a um palco e envolve gente de todas as idadesaLém miNhO

conta com áreas comocomunidade, Artes

perfomativas ou cidade

Um dos promotores doprojeto outra Voz, Car-los Correia, costuma

andar, como nom, polo Círculode Arte e Recreio, um desses es-paços físicos que se dam à cul-tura de cariz popular quase co-mo no pós 25 de abril. o Círcu-lo de Arte e Recreio, chamadofamiliarmente CAR, é dirigidopor jovens voluntários e foi fun-

dado em 1939, sob a designa-çom de “Grupo Musical RitmoLouco”. Tanto na área cultural(onde destaca o papel desem-penhado no teatro ou na músi-ca) como na área desportiva eformativa tem umha políticaorientada pola abertura à co-munidade e polo fortalecimen-to do associativismo, particu-larmente entre os mais jovens.

Vale a pena conhecer:Círculo de Arte e Recreio

14 diTO e feiTO Novas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

diTO e feiTO nasce a campanha coletiva ‘nom vou pagar’ para extender este tipo de açons de desobediência civil

M.Á. / A dGT renconhece quenos últimos meses deu segui-mento a cerca de 3.000 denún-cias a condutores galegos quesaltárom a portagem. Na reali-dade o número de veículos quepassou sem pagar nestes mesesdeve ser bem maior, já que muipoucas destas açons som denun-ciadas. Nas últimas semanas,meios de comunicaçom anun-ciárom que o boicote ao paga-mento de portagens seria multa-do com 100 euros. Mas. de mo-mento, só alguns condutores, osque saltárom a portagem na viaT, paga com dispositivo eletróni-co, fôrom multados com 80 eu-ros. Som, no entanto, multas fá-ceis de recorrer judicialmente,dim-nos pessoas multadas, queafinal fôrom isentadas de pagar.

Com a crise económica a agra-var-se e as portagens a subir(duas vezes neste ano e falta ain-da setembro, com a suba geral doiVA até 21%), estas açons de boi-cote estám a tornar-se mais fre-qüentes nas auto-estradas gale-gas. A iniciativa começou a coor-denar-se com o exterior median-te a plataforma ‘Nom Vou Pagar’.Com todas estas subas, o trajetode carro pola auto-estrada AP-9Corunha-Vigo passará a custar28 euros a partir de setembro.Um luxo fora do alcance de mui-tos lares. A Junta de Galiza, pres-sionada polo mal-estar, social jáanunciou através do conselheirodas infra-estruturas, AgustínHernández que irá negociar coma Audasa (concessionária damaioria das auto-estradas gale-gas) a diminuiçom das taxas aoscondutores que usam a auto-es-trada todos os dias.

Não é de mais recordar que, jána década de 90, os condutoresdo Morraço davam a batalha con-tra a portagem de Rande atravésda ‘Plataforma Antipeaxe’: al-guns passárom a pagar peseta apeseta, para sobrecarregar asportagens, outros recusavam-sea pagar. Em 2006, o preço destetramo foi assumido pola Junta. Ea começos dos anos 80 foi a orga-nizaçom armada LAR que levoua cano umha série de açons con-tra “a navalhada do Atlántico”,como o derrube de escritórios da‘Autopista del Atlántico’ ou aqueima de maquinaria industrialda empresa construtora.

Organiza-se a insubmissom nas portagensa emPresa audasa LuCrarÁ-se COm as POrTaGeNs da aP-9 aO CONTar COm a CONCessOm aTé O aNO 2048

Acompanhando outras campanhas, nomeadamente na Catalunha e noutros paí-ses da UE, começa a espalhar-se entre nós a insubmissom ao pagamento dasportagens. Desde há anos, dúzias de pessoas recusavam pagar a título indivi-dual; agora nasce, organizada através das redes sociais, a campanha: “Nom vou

pagar”. O objetivo é espalhar estas açons e dar soluçom legal a possíveis multas.Na web de recente criaçom som disponibilizados vários modelos de recursos.Nos últimos dias, também a organizaçom política Compromiso por Galicia levoua cabo protestos em Sigüeiro, Ferrol e Vigo.

A dgt reconheceuque em quatro mesesmais de 3000 pessoassaltárom as portagens

o trajeto em carro entre corunha e Vigopassará a custar 28euros em setembro

AAudasa é a empresa concessionária dequase todas as auto-estradas galegas:a AP-9 (Corunha-Tui, com as variantes

Rande-Vigo e Corunha-Ferrol), Vigo-Baiona(AG-57) ou a Corunha-Carvalho (AG-55). Estaempresa pertence ao grupo itinere, que porsua vez é parte da divisom de infra-estruturasdo fundo de investimento estado-unidense doCitibank, desde que a Sacyr vendeu as suasaçons no ano 2008 por uns 7.900 milhons deeuros. A empresa, que tem a concessom daAP-9 até 2048, obtivo uns rendimentos de 52,5milhons de euros em 2011 com tarifas a cres-

cerem ano após ano. os volumosos rendimen-tos nom impedírom que a Audasa reduzisse opessoal em 4,5 por cento nos últimos dousanos. Foi igualmente umha das primeiras em-presas a aplicar a reforma laboral para reduzira jornada ou forçar a transferência de oito tra-

balhadoras. Entretanto, as remuneraçons noconselho de administraçom aumentárom em2,76 por cento, ultrapassando uns vencimen-tos anuais de 186.000 euros, segundo a Comis-som Nacional do Mercado de Valores. outrasautovias (Lalim-ourense ou Padrom-Ribeira)som financiadas com portagens na sombra, oque significa que a Junta paga umha taxa porcada veículo que passa. de modo que todosnós, usemos ou nom a autovia, tenhamos ounom carro, temos que pagar. Em 2010, a Juntadeu 26 milhons de euros para subsidiar estamodalidade (NoVAS dA GALizA, 104).

Audasa, dinheiro para o CitigroupAudasa tivo uns lucros

netos em 2011 de 52 milhons de euros

Júlio Barros (nome fictício) levatreze anos a saltar as portagensde maneira habitual. Agora cominiciativas como a de ‘Nom VouPagar’ entende que se fará visí-vel “um problema que interessaa toda a cidadania galega”.

Desde quando andas a saltar as

portagens? Como fás?

desde há doze ou treze anos deforma habitual. o método que em-prego é passar atrás do carro quevai diante. Sei de gente que em-prega a autorizaçom de passa-gem, que consiste em dizer quenom tés dinheiro ao chegar ao

posto onde há que pagar, mas émais incómodo e lento.Por que começache a fazê-lo?

Ademais da questom pessoal, pormotivos económicos, há tambémumha questom política detrás:considero que é ilegítimo pagar aumha empresa privada algo quefoi feito como bem público e queademais está amortizado há anos.Considero também que com o im-posto de circulaçom também es-tamos a pagar isto.Foste multado por este motivo?

Umhas quatro vezes. Recorrimasmultas todas e dérom-me a razom.Conheces mais gente que o faga?

Sim. Sei de quinze ou vinte pes-soas. É umha cousa bastante mi-noritária. No sul da Galiza é maispopular, sobretodo graças a quese conseguiu suprimir a portagemna ponte de Rande. Penso que emVigo e no Morraço ficou na me-mória de muita dessa luita.Que pensas do ‘Nom Vou Pagar’?

É um mui bom passo para visibi-lizar na Galiza este problema. osproblemas coletivos requeremsoluçons coletivas. o meu atéagora é umha opçom pessoalmas nom é umha luita, e com asituaçom que vivemos compretorná-lo em luita.

“Levo treze anos sem pagar etampouco paguei multa algumha”

nos 90 houvo umhagrande luita coletiva

contra as portagens nacomarca do Morraço

15a eXameNovas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

a eXame A arbitragem pretende lavar a imagem da novagaliciaBanco semprocurar umha soluçom global para o problema das preferenciais

Milhares de pessoas afetadas polas açonspreferenciais continuam à espera de soluçom

Nestes meses de verao a Pla-taforma de Afetados polasParticipaçons Preferenciaisdo Morraço atende o públiconumha sala da Casa da Ju-ventude de Cangas três diaspor semana. Um ir e vir degente que quer saber ondelhe vam os aforros que tinhadepositados em entidadesque se supunha serem deconfiança. “É a primeira vezque venho, tenho preferen-ciais e subordinadas”, ouve-se, e nom se pode deixar depensar nalguém expondo ossintomas dumha doença ouas feridas dumha punhalada.Já som muitos meses de mo-bilizaçons contínuas, de re-clamaçons, de conversascom banqueiros e políticos, econtinuam a aparecer casosnovos que evidenciam aspráticas abusivas dos ban-cos e caixas que vírom nagente comum umha rica fon-te de rendimentos.

A.L. / A Plataforma de Afetadospolas Participaçons Preferenciaisdo Morraço foi umha das primei-ras na Galiza a denunciar e rea-gir contra os abusos que padecê-rom como clientes das caixas deaforros. Em finais de 2011, trêspessoas a que lhes era impedidoretirar os aforros das agências dobanco juntárom-se para tomarum café e conversar da sua situa-çom. daí saiu a ideia de reparti-rem panfletos polas feiras da co-marca, convidando a gente acomprovar se realmente podiaretirar os aforros da entidade emque os tinha depositados. Em ja-neiro do ano em curso figéromumha assembleia e a ela concor-rêrom 50 pessoas, em fevereirojá eram 300 e em março 700. Se-gundo indica a Plataforma, nascomarcas do Morraço e Ponte Ve-dra consta que há 2.000 pessoasafetadas pola compra de açonspreferenciais e obrigaçons subor-dinadas, pessoas que ignoravamqual era a classe de produto fi-nanceiro que estavam a adquirir,e que agora nom conseguem reti-rar o dinheiro do banco.

o mesmo se passou noutros lu-gares, como no Rosal, Vigo, a Co-runha, ourense ou Santiago.Comprárom açons preferenciaisumhas 43.000 pessoas, outras30.000 comprárom dívida subor-

dinada e há quem tenha o dinhei-ro preso nestes dous tipos de pro-dutos financeiros.

Que tipo de produtos som?Muitas das pessoas que adquirí-rom preferenciais ou subordina-das desconheciam que estavam aadquirir um produto de alto risco ecriam que os tinham num depósitoa prazo fixo ou cousa semelhante.Segundo explica a Plataforma, aclientela ia às agências para depo-sitar o dinheiro. Entom ali, propu-nham-lhe este tipo de produtosmas sem lhe explicar em profundi-dade de que se tratava. “Mira, me-temos-chos aqui e ademais há-chede dar mais réditos”, diziam do ou-tro lado da secretária. E aceitava-se: “mete, mete. Eu o que quero éque o meu dinheiro esteja guarda-do”. Esta é umha conversa repeti-da milhares de vezes nas agênciasdas caixas galegas.

Foi em 2009 que as entidadesbancárias espanholas começároma comercializar massivamente asaçons preferenciais. Estes produ-tos som emissons de dívidas numprazo definido ou, dito doutro mo-do, perpétuas. de resto, este tipode produtos nom está asseguradopolo Fundo de Garantia de depó-sitos. É portanto um produto quefoi pensado para grandes investi-

dores, nom para gente comum.Por esta razom, em 2007 a direti-va sobre Mercados de instrumen-tos Financeiros (MiFid) qualifi-cou as açons preferenciais comoprodutos complexos e obrigava àsentidades emissoras destes pro-dutos a avaliar os conhecimentosdo cliente. A crise das preferen-ciais começou em 2011, ao deixa-rem de computar para efeitos decapital de máxima qualidade paraa Autoridade Bancária Europeia(ABE) e se tornou impossível co-locá-las no mercado grossista derenda fixa privada em que se co-mercializavam. Mal aconselhadapor banqueiros de caixas de afor-ros de toda a vida, muita gente ad-quiriu estes produtos financeiros.o resultado é que, em vez de se-gurança, vê o seu dinheiro preso.

Quanto às obrigaçons subordi-nadas som também um produtofinanceiro de alto risco e estámsujeitas às mesmas condiçons queas açons preferenciais: nom es-tám cobertas polo Fundo de Ga-rantia de depósitos, cotizam nosmercados secundários onde se co-mercializa a dívida das entidadesbancárias... A única diferençasubstancial com as preferenciaisé que a maioria das subordinadasvence num prazo determinado.

Arbitragem: operaçom cosméticaNo mês de julho, o Banco de Espa-nha e a Uniom Europeia autoriza-vam à NovagaliciaBanco (NGB)para que abrisse um processo dearbitragem para devolver dinheiroàs pessoas afetadas. Esta notícia foi

acompanhada dumha intensa cam-panha mediática em que a entida-de que preside José María Castella-no alardeava do seu “compromisocon Galicia”. Castellano chegou apedir “perdom” publicamente po-las más práticas que se podam tercometido. Na altura, a NGB recebiadous reveses judiciais. Por um lado,a sentença que obrigava a devolver7.500 euros a um afetado e, por ou-tro, a denúncia coletiva interpostapola Fiscalía Superior de Galiciaem defesa de mais de 1.000 pessoasafetadas em que se pede umha fian-ça de 1.108 milhons de euros.

As pessoas enganadas polo ban-co afirmam que a arbitragem, talcomo foi concebida, é umha sim-ples operaçom cosmética que iráresolver apenas uma parte míni-ma dos casos (10 ou 15 por cento).Já desde que soubérom da propos-ta de arbitragem, de lábios do pre-sidente da Junta, os afetados nomduvidárom em rejeitá-la, pois pu-nha nas maos do banco a escolhade quem iria recuperar o dinheiro

confiado à entidade. Para revisaros perfis da clientela, a NGB con-tratou os serviços da auditora Pri-ceWaterhouseCoopers (PwC). Amesma firma que fijo a auditoriado processo de fusom da Caja Ma-drid e Bancaja ou o relatório emque se baseou o ERE levado a ca-bo na Rádio Televisom Valenciana(RTVV); a mesma que foi contra-tada polo Concelho de Composte-la, segundo denunciou a Candida-tura do Povo, para auditar as con-tas desta cidade assim que o PPchegou ao poder municipal.

A Plataforma diz que a NGBpretende, com a cumplicidade dogoverno galego, desembaraçar-se dos casos que pola via judicialteriam umha sentença contráriaaos seus interesses. “Há casosem que nom há contratos, há as-sinaturas falsificadas, vendeu-sea analfabetos, a menores. Som oscasos mais claros em que para obanco é impossível demonstrarque som investidores. Mas tam-bém está a maior parte da genteque assinou um contrato, quetem entre 30 e 70 anos, que temestudos. Pessoas logo, que, se de-vidamente informadas de ondeiam a meter o dinheiro, poderiamter ideia do que acontecia. Essessom os que tenhem todas as hi-póteses de ficarem fora da arbi-tragem”. Para a Plataforma doMorraço é evidente que a NGBnom procura umha soluçom glo-bal para as pessoas prejudicadas.Entretanto, as ruas continuamcheias da raiva de gente roubadapola cobiça dos banqueiros.

eNTidades fiNaNCeiras veNdiam PrOduTOs de aLTO risCO a PessOas sem PerfiL iNvesTidOr

há 43.000 pessoas afetadas pola fraude

das preferenciais

feijóo é partidário de que o banco

escolha a quem sedevolve o dinheiro

sentença obriga angB a devolver

7.500 euros a umhapessoa afetada

Novas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 201216 a fuNdO

M.B. / Além de negócios no setorda construçom na Galiza e no PaísValenciano, para os que utiliza asempresas Paylo Valdeobras, Pro-mociones Mayen e Hasuocha, oempresário valdeorrés gere nasua localidade natal um estacio-namento em superfície e o restau-rante Casa Lameiro. Um dos em-pregados deste local, Renato Bar-bosa dos Santos, decidiu denun-ciar a sua situaçom laboral e ascondiçons de trabalho e compare-ceu publicamente junto aos res-ponsáveis comarcais da CiG, queaproveitárom para anunciar queparticiparám os feitos à Fiscaliajunto a outros 13 casos mais de-tectados em diversos estabeleci-mentos da zona.

o trabalhador relatou que che-gou à Galiza procedente de Valên-cia com a sua companheira depoisde o filho de Pablo Mayo, Jorge,lhes oferecer um posto de traba-lho em melhores condiçons. Foiassim que resolvêrom abandonaros seus empregos e vinhérom vi-ver ao Barco. “desde que chega-mos, logo vimos que nada era co-mo nos dixeram”, laia-se.

A primeira surpresa foi sabe-rem que iriam ser contratados deforma ilegal para trabalhar no res-taurante Casa Lameiro e que o sa-lário da mulher é inferior ao quefora pactuado. o empresário pro-pom-lhe 900 euros em lugar dos1.200 do acordo. “di-me que nomlhe vai pagar o mesmo que a mim,que ela deixe de trabalhar e queme sobe o soldo a min; polo queao final me dá 200 euros mais”.deste modo, o salário “em negro”deste empregado nom passa de1.400 euros mesais, trabalhando

17 horas diárias e tendo apenasum dia de folga por semana. “Ade-mais, eu era o encarregado de to-do. Nom só era camareiro; faziaas compras, os pedidos, as reser-vas, atendia os clientes e mesmoreparava cousas”.

o trabalhador brasileiro expli-cou que quando foi aberto, o res-taurante tinha oito pessoas em-pregadas, mas que logo em poucotempo estes passárom a dous.Com a reduçom de pessoal, au-mentou também a duraçom dajornada de trabalho, que passoude 13 para 17 horas diárias. demodo que, se no início era de12.00 a 1.00 horas, os emprega-dos deviam permanecer no localaté 5.00 horas. o único dia de fol-ga era segunda-feira.

As horas-extras nom lhes erampagas, como tampouco tinham di-reito a férias nem a gastos de vi-venda ou manutençom. “E, no en-tanto, quando me ofereceron oposto assegurárom que teria a vi-venda incluída, mas aos três me-ses o dono do apartamento ondevivia dixo-me que ninguém lhepagara o aluguer”, assegura. Foientón que Mayo lhe deixou muiclaro que todos os gastos corriamda sua conta.

Mas o pior chega agora, quan-do acaba de receber uma ordemde expulsom do território espa-

nhol. “Recusárom dar-me a docu-mentaçom para poder obter os pa-péis e depois de 16 meses de tra-balho nom tenho direito a nada”.Barbosa relata que quando comu-nicou ao empresário que tinhaque abandonar o território espa-nhol e lhe pediu o dinheiro paracomprar o bilhete, este dixo-lheque já cobrara todo e que podiamarchar quando quigesse. “En-tóm, pedim-lhe que polo menosme deixasse acabar o mês parapoder cobrar o salário; em princi-pio acedeu, mas uns dias depoisdixo-me que me fosse porque jácontratara outra gente; isso sim,dixo-me que podia denunciá-lo sequeria porque nom me ia pagarnada, que podia ir jantar e cear aliaté a minha partida”.

Finalmente, conseguiu reunircerca de 2.000 euros, o preço dapassagem, e hoje já está de regres-so no Brasil. deixou no entantouma procuraçom notarial à CiGpara que continue o processo.“Acompanharei todo o processoatravés da internet; alguém temque travar essas práticas, porquepenso que o país está como estápor gente como esta; só pedia es-tar assegurado e receber o que é

meu, porque depois de 16 mesestrabalhando nom tenho direito anada”, critica.

Líder dos proxenetaso valdeorrês Pablo Mayo Sampe-dro é um dos proxenetas maisimportantes do Reino de Espa-nha. Proprietário do conhecidoclube valenciano El Romaní des-de 1990 -gerido polo filho, Jorge-presidiu desde a sua fundaçomem 2001 a ‘Asociación Nacionalde Empresarios de Locales de Al-terne’ (ANELA). Em julho destemesmo ano foi substituído na di-reçom do coletivo por Juan Car-los Martínez, proprietário doHostal Ederrena, em Navarra,que antes ocupava o cargo de te-soureiro.

o valdeorrês pablo Mayo sampedro é proprietário do clube el romaní de Valência e presidiu a patronal de proxenetasa fuNdO

PaBLO mayO Presidiu à PaTrONaL dOs PrOXeNeTas, reLaCiONada COm umha PLaTafOrma uLTradereiTisTa

capo da prostituiçom explora imigrantes emlocal de hotelaria onde branqueia dinheiro

O empresário galego Pablo Mayo Sampedro, proprietário do conhecido bordel va-lenciano El Romaní e presidente da patronal dos proxenetas durante mais dumhadécada, explora laboralmente imigrantes num restaurante do Barco de Valdeorras

em que branqueia dinheiro procedente da prostituiçom. A denúncia dum emprega-do brasileiro permitiu conhecer as condiçons de trabalho no seu local, que incluijornadas laborais de até 17 horas e um único día de folga por cada semana.

o galego Manuel crego foi impulsor doprimeiro macrobordel

no nosso país

um dos empregadosdo restaurante relatou

jornadas laborais de até 17 horas

PABLO MAYO, no centro, foi presidente

da patronal dos proxenetas

17a fuNdONovas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

Pablo possui uma enorme fin-ca de recreio no meio da sua vilanatal, o Barco de Valdeorras. Pre-sume de ser amigo do alcalde, Al-fredo García Rodríguez, doPSoE, e do ex-presidente da de-putaçom, José Luis Baltar, do PP.No município valdeorrês é pro-prietário de vários negócios rela-cionados com a promoçom econstruçom imobiliária e, sobre-todo, com o sector da lousa, o mo-tor económico da comarca. o seuúnico clube é El Romaní, todo umclássico em Valência e que o le-vou à presidência da ANELA.

As estreitas relaçons entre aAnela e representantes políticosde PP e PSoE ficárom patentesna “ceia-espetáculo” organizadacom motivo da primeira ediçomdos prémios da organizaçom no

complexo hostaleiro Paladium deVila Martim de Valdeorras em2002. Ao ato assistírom empresá-rios, jornalistas, policias e guar-das civis, bem como numerososalcaldes da regiom, como Alfre-do García, do PSoE, regedor doBarco de Valdeorras; José Vicen-te Solarat, que na altura era al-calde da Rua; o alcalde do Bolo,Manuel Corzo, do PP; e o alcaldede Petim, Miguel Bautista Car-ballo, do PSoE; ademais de de-

putados provinciais, advogados,economistas e fornecedores.

Antes do início do ato, uma de-legaçom da patronal dos proxe-netas reuniu-se com a diretora-geral do Turismo da Junta emSantiago de Compostela, MaríaAntón Vilasánchez, atual presi-denta do Consórcio da cidade.Segundo diz a própria ANELA, opresidente da Junta, Manuel Fra-ga, teria escusado a sua ausênciapor carta.

Ao mesmo tempo, os diretivosda ANELA também se esforçá-rom sempre em manter boas re-laçons com as forças policiais.Tanto assim, que esta agremia-çom empresarial atribuiu um pré-mio à Unidade Central operativada Guarda Civil, em agradeci-mento, “ao labor que este corpo

realiza contra bandas, máfias edemais grupos organizados quevivem da exploraçom de mulhe-res e nenas em Espanha, e contraquem ANELA se enfrenta a diá-rio, bem denunciando as suasatuaçons criminais perante asforças policiais ou tribunais, bemprestando ajuda à vítimas de es-tas organizaçons criminais, queos empresários associados des-prezam profundamente”.

Impulsor do primeiro macrobordel galegoAs recentes alteraçons na dire-çom da ANELA afetárom tam-bém outro galego, Manuel CregoGómez, proprietário dos clubesLa Luna e La Fuente, em Bergon-do, que deixou a secretaria-geraljunto a Mayo. É curioso notar que

os dous empresários galegos dei-xárom a direçom da ANELA pou-co depois de que também aban-donasse o coletivo o ultradireitis-ta valenciano José Luis RobertoNavarro. Navarro, advogado eeconomista de profissom e presi-dente da organizaçom xenófobaEspaña 2000, foi o verdadeiro im-pulsor da patronal dos proxene-tas e exerceu como secretáriotécnico e chefe dos serviços jurí-dicos desde a sua fundaçom. Háuns meses anunciou a sua renú-cia alegando a má imagem que asua ideologia estava a causar àassociaçom.

Navarro foi diretor da EscolaMilitar de Valência, preside à Le-vantina de Seguridad, dirige umgabinete de advogados, Roberto& Salazar, com locais em Madrid,Barcelona, Valência e a Corunha.A sua empresa de segurança sem-pre estivo no centro da polémica.Umas vezes polas quantiosas ad-judicaçons recebidas da Generali-tat Valenciana, mesmo para a for-maçom agentes da Policia Local epara custódia de centros de me-nores, outras por vender simbolo-gia nazi na sua web ou obrigar osseus empregados a afiliar-se à Fa-lange Española.

Quanto a Manuel Crego Gó-mez, ele é outro dos históricos daprostituiçom na Galiza. integroua candidatura de Mayo à junta di-retiva da ANELA, onde dessem-penhou as funçons de vogal e se-cretário-geral até julho deste ano,em que abandonou o coletivo. Na-tural de Vila de Cruzes, trabalha-va como taxista em Vigo e come-çou no mundo da prostituiçom di-rigindo uma barra americana emPonte Ulha, nas proximidades deSantiago de Compostela.

depois fixa-se em Bergondo,onde abre La Luna, o primeiromacrobordel galego, e La Fuente,hoje o maior da Galiza. Possuitambém uma importante rede denegócios no sector da hotelaria,com discotecas, hotéis e restau-rantes. o restaurante El Canguroe o hotel os olivos som algunsdos locais mais conhecidos. Temuma propriedade em oleiros, on-de vive a sua família, nom longedumha propriedade do dono dainditex. dizem que num dos seuslocais de alterne tem exposto umdos automóveis apreendidos a AlCapone, o mafioso.

o irmao, José, é proprietário doclube Tritón na localidade lugue-sa do Corgo e um habitual da cró-nica criminal. Foi condenado porprostituir umha menor romanano seu local e por agredir, emcompanhia doutros dous sujei-tos, um clientes do local.

As relaçons da AnelAcom representantes

de pp e psoe fôromvisíveis em atos públicos

Especialistas no combate à prostitui-çom tenhen relacionado este negócioilegal à extrema direita espanhola. Es-

ta relaçom torna-se evidente nas coincidên-cias entre a organizaçom ultra España 2000 ea ANELA, a patronal dos proxenetas espa-nhóis. o secretário-geral de España 2000, Jo-sé Luis Roberto, foi secretário-geral técnicoda Anela desde a sua fundaçom. Nas eleiçonsmunicipais de 2003 candidatou-se como ca-beça de lista para o concelho de Paterna. onúmero dous dessa candidatura, Anselmodomínguez, mais conhecido como 'Rubén ElGallego', foi também membro da Anela e édono de vários locais de alterne, como PuntoG e Las Palmeras, em Castelló; La Rosa, emValdepeñas; ademais doutros muitos.

A referir ainda o caso do advogado ManuelSalazar Aguado, sócio de Roberto e genro dogeneral Escandell, advogado do general Mi-lans del Bosch durante o processo aos golpis-tas do 23-F e a quem lhe é atribuída a reda-çom do bando do motim militar na cidade deValência. Ao mesmo tempo, o sogro de Sala-zar foi defensor de generais da Guarda Civilcomo Atarés, quen ameaçou ao ministro da

defensa de Suárez, Gutiérrez Mellado, dian-te de centos de testemunhas civis e militares.

outro é José Roca, chefe de marketing daAnela. Reside perto de Xàtiva, povoaçom doPaís Valenciano onde foi concelheiro do Par-tido Popular. Gere a Roca Asesores, empresamediante a qual administra as páginas webde muitos clubes de alterne, da Levantina deSeguridad, da ANELA e as de España 2000.Ele é o encarregado de todos os chats e forosdessas páginas de extrema dereita e dirige apropaganda de España 2000, incluíndo oscartazes e outros materiais de promoçom dasmanifestaçons xenófobas que organiza o par-tido de José Luis Roberto Navarro.

Mas a ideia de fundar a associaçom par-tiu do próprio Roberto, para o que se ro-deou de advogados e de pessoal da ultrade-reita. Quando a ANELA é oficialmente re-

gistada, em fevereiro de 2001, a gestom éatribuída a um dirigente da Falange Espa-ñola e representante de Roberto em Madrid,Eduardo Arias. Em simultâneo, foi eleitajunta diretiva formada exclusivamente porempresários de locais de alterne, à excep-çom de Roberto, que foi nomeado secretá-rio-geral técnico, uma espécie de diretor-adjunto de total confiança do presidente,Pablo Mayo. Para os proprietários dos bor-déis, Roberto, um home bem relacionadonos ambientes policiais (no seu gabinetetrabalham guardia civis e polícias) e conde-corado com medalhas ao mérito militar, era,com efeito, a melhor garantia de segurança.

Além da Roberto & Salazar, é vinculado aginásios. Alguns deles fôrom investigadospor organizar campeonatos ilegais de vale-todo. Foi detido durante a chamada Transi-çom acusado de colocar bombas nuns en-contros independentistas, feitos polos quaisnunca foi condenado. Também foi acusadopor diversos sectores de fundar e financiaros grupos ultra ‘Acción Radical’ (ativo entre1990 e 1995), ‘Frente Antisistema’ (FAS) ou‘Alianza Nacional’.

Extrema direita e prostituiçomMembros de españa 2000

figerom parte da patronalespanhola dos proxenetas

os galegos deixároma direçom da AnelApouco depois do líder

de españa 2000

MANIFESTAÇOM DE ESPAÑA 2000O seu líder José Luis Roberto foi um dos

impulsionadores da patronal dos proxenetas

18 PaLesTra Novas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

PaLesTra o debate entre monogamia e poligamia é apenas um dos muitosque pode encerrar a questom amorosa das relaçons humanas

Quero o amante que geme de felicidade, e

desprezo o hipócrita que reza umha prece

Omar Khayyam

Osofrimento vem da segregaçom, oprazer vem da uniom. Quantomais nos segregarmos a respeito

do que nos rodeia, quanto mais isoladasnos acharmos, mais iremos sofrer. os ciú-mes e a vontade de se agarrar a umha pes-soa em concreto som um produto dessasegregaçom. Tratando de controlar osatos e mesmo os pensamentos de alguém,esquecemos que tudo é nossos, que temosa fenomenal possibilidade de desfrutar-mos de tudo e de todas e de sermos des-frutadas por tudo e por todas.

Amar nom é reter, amar é contemplare ver mudar. da mesma maneira que aligaçom com umha pessoa por meio dojugo constituído por umha obriga nomgarante o amor eterno com ela, o respei-to da sua liberdade -da sagrada liberda-de com que essa pessoa nasceu- nom sig-nifica que a vaiamos perder. Aconteceantes tudo o contrário: é bem mais doa-do perder alguém embora a tenhamosalgemada e atada polo pescoço do quever como se afasta em liberdade.

No mundo em que vivemos hoje emdia, as pessoas pensamos de mais. E es-pecialmente pensamos de mais no malchamado amor. o amor fai-se, nom sepensa. Neste terreno em concreto, pen-

sar é quase o contrário de viver. Quandoum breijo ou um azivro nos alegram a vi-da um pouco, nom sobrevenhem as dú-vidas, a frustraçom e o terrível perigo dese a planta em questom deixará de gos-tar de nós e se afastará para sempre. Pa-ra obter nom é preciso exigir. Exige edeixarás de obter, contempla e alimenta-rás a espiral do amor. Umha parte nadadesprezível das neuras e as obsessonsque temos procedem precisamente des-sa vontade de controlo e retençom, aqual tem a sua origem no medo. Apren-der a deixar medrar melhora substan-cialmente a vida da pessoa que aprende,mas também das que a rodeiam.

A Terra precisa de nós. A Terra quer

que sejamos o seu povo. o povo da Ter-ra ama-se e ama a Terra. Segregar éafastar-se da Terra e do povo. Se só te-mos olhos para umha pessoa, a Terra eo povo ficam mais longe. olhar só parao estalote, por magnífico que o estalotefor, acaba com os nossos olhos paraolhar o vidoeiro. Cortar o estalote é ma-tá-lo, nom é nem eternizá-lo nem fazê-lonosso. Só se pode eternizar e fazer nos-sa umha pessoa no nosso foro interno.Tiramos umha fotografia fixa e idealiza-da e colocamo-la aí, na nossa alma. Po-rém, só a nefasta vontade de reter e al-gemar nos fai colocar a nossa fotografiapor cima da pessoa fotografada, semnos decatarmos do estúpido delírio queisto significa: conservamos a fotografianum quadro e damos-lhe brilho todos osdias enquanto as nossas ánsias abafama pessoa fotografada. o medo a umhacousa conduz diretamente para a cousatemida. o medo à doença conduz para adoença por meio da somatizaçom e a hi-pocondria. o medo à rejeiçom por partede alguém conduz para a rejeiçom pormeio da vontade de retençom e o fastio.A simples alegria de partilhar qualquercousa conduz para o entendimento e oamor mútuo, sem prejuízo de terceiraspessoas serem amadas, como o som osrios e as montanhas.

Gentes educadas no medo e na certezada desgraça futura: deixemos de especu-lar e de temer terríveis amanhás. Abando-nemos o pánico à doença, à soidade, à re-jeiçom, à repressom, ao castigo divino, esimplesmente vivamos e luitemos comosabemos que somos quem de fazê-lo. Nomqueiramos a nossa Terra e nom nos quei-ramos entre nós de mentira, como amamo seu deus os cristaos hipócritas: rompa-mos as cadeias e mergulhemos no povo.

Romper as cadeias,mergulhar no povo

P. Tambre

Certamente, na Galiza coexiste, ecoexistiu, monogamia e poliga-mia esporádica. Em varias co-

marcas da Galiza tradicional as moçasaceitavam no parrafeio das quintas-fei-ras e dos domingos vários moços à vez,que esperavam pacientemente polo seuturno às portas da casa e visitavam tam-bém várias moças na noite. Sem maisverniz político, os campos das festas aco-lhiam no verao e com completa normali-dade parelhas criadas no dia do Carmeque nom chegavam ao da Santa Maria.o entruido da vida que era a juventude,porém, dava passo à tranquilidade do co-mum, pois apenas a modernidade foi ca-paz de criar umha configuraçom social–e umha juventude, no sentido de preca-riedade vital, hipertrofiada– que acrediteno carnaval como forma de poder vivertodo o ano, e aliás o viva como umha es-colha libertadora.

o paradoxo do capitalismo, dizia San-tiago Alba, é que cumpriu os sonhos daesquerda ilustrada mas em forma de pe-sadelo: da rigidez do calendário cristao,à tirania do tempo abstrato e a impossi-bilidade de ritmos partilhados; do traba-lho alienante e monótono, à ditadura daflexibilidade… E como nom, do matri-mónio escravizante de por vida, ao zap-ping amoroso.

A modernidade consegui, em algunscasos, safar-nos das imposiçons do ma-trimónio, a todas luzes tiránicas, que ti-nha como principal vítima as mulheres,mas que convertia também os homensem vítimas relativas, como lhes chamaBourdieu, submetidos ao dever da virili-dade e à vigilância constante do honor.o machismo é, antes do que um sujeitoque nos enfrenta, umha relaçom que nosdomina, contra a qual os homens devê-ramos tomar parte ativa. Mas à par dejeitos mais saudáveis de acompanhar-sena vida, surgírom também novas doen-ças sociais até entom desconhecidas: aincompetência emocional para mantervínculos fortes, relaçons que semelhamjanelas do navegador de internet que seabrem e pecham à vontade nas que ape-

nas se pode contar para o doce, genteque numha espiral de consumo de rela-çons remata por nom sentir nada ou a ti-rania do prazer que pola primeira vezenche as consultas de psicanalistas comgente preocupada por nom gozar o sufi-ciente. Nos seios dos movimentos alter-nativos: sentimentos de culpabilidadeentre as que nom gostam das relaçonsabertas, por vezes com o efeito frustran-te de mesmo nom poder verbalizá-lo pormedo à incorreçom política.

A esquerda progressista, como em tan-tas outras cousas, foi vanguarda do mitodo “mais e mais”. Tanto que à velha pru-dência conservadora se opujo umha an-gústia existencial por “perder de ganhar”.Sair das rebaixas após mercar por quinzeeuros umha camisa que duas semanas an-tes estava a vinte, e pensar que se aforrá-rom cinco euros, no canto de pensar quese gastárom quinze: eis a equaçom destaprofunda inversom antropológica. do te-mor a perder o/a parceiro, ao desesperopor perder de estar com outras.

Monogamia ou poligamia é um debatetam reducionista e monótono –com assuas variantes adereçadas de dados et-nológicos ou sociobiológicos– como to-dos aqueles que se encerram em duaspalavras, já que como dizia acertada-mente Chesterton, “apenas o progressis-ta moderno e o moderno conservador secontentaram com duas palavras”. Maisinteressante, e prático, é trazer à tona ovelho sentido comum, aquele que diziaque nom se pode ter todo à vez. Justa-mente essa contradiçom em foto-fixaque promove a moderna ética indolor: asolidariedade sem custos, o comunitaris-mo de indivíduos com privacidade blin-dada e, claro está, o poliamor com a in-tensidade e os cuidados da parelha está-vel. Tomar consciência de que o ganhode umha qualidade quase sempre acar-reta a perda de outra, saber dos limites,e com essa bússola orientar-se na vida:sem complexos nem inseguranças, mastambém sem esse sentimento de supe-rioridade moral face o diferente tam ca-raterístico dos ambientes alternativos.

se só temos olhos paraumha pessoa, a terra eo povo ficam mais longe

Quem toca o carrilhomnom vai na procissom

José do Rio Pampim

19a deNÚNCiaNovas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

a deNÚNCia galiza tem umhas 200 licenças de tablaos flamencos enquanto Andaluzia só tem 60

Sançons às chegas de boisem Moinhos, especulaçompara conceder licenças por ta-blaos flamencos em SantaComba, reordenamento terri-torial da Galiza porque os con-celhos som "irracionais"... Vá-rias polémicas jornalísticasque ciclicamente sulcam osmeios galegos entre quilomé-tricos debates que ocultam onúcleo do problema: a imposi-çom na Galiza dumha legisla-çom alheia, pensada à medidade Espanha. Até tal ponto foiassumido por parte do própriogaleguismo este etnocentris-mo espanhol, que característi-cas próprias da nossa naçomsom vistas como "erros": asleiras demasiado pequenas eas aldeias demasiado separa-das; mas nunca os latifúndiosdemasiado grandes, ou osconcelhos castelhanos dema-siado concentrados. Fecha-seo círculo culpabilizando comtópicos essencialistas o povogalego dos problemas deriva-dos da sua pouca adaptaçoma um sistema legal estranho.

C.C.V. / Sem irmos mais longe, oSempre em Galiza é um enormeinventário destes conflitos decor-rentes dumha legislaçom pensa-da para umha naçom com cara-terísticas às vezes opostas às nos-sas. Revemos aqui três casosatuais e rechamantes, mas sommuitos mais.

Tablaos flamencos no país das foliadasA indústria da "movida" é um dosprincipais motores económicosem vários concelhos galegos.Com ela aparecem amiúde osproblemas de drogas e violênciatratados polo geral com hipocri-sia, mas também corruptelas lo-cais por mor das licenças e horá-rios de funcionamento. o proces-samento de responsáveis polafraude clamorosa que consistiana concessom de licenças paratablaos flamencos a pubs gale-gos, voltou a trazer à atualidadeo problema. Uns 200 estabeleci-mentos galegos contam com estalicença -que permite manterabertos os locais até 5h30 da ma-drugada, enquanto as licenças depub obrigam a fechar às 4, ou asde discoteca que exigem umha

insonorizaçom mais potente-que só tenhem 60 locais na An-daluzia, menos das que há só emordes e Santa Comba.

Além das evidentes fraudes le-gais, o tema apenas foi abordadoem termos folclóricos: "Por queum hoteleiro galego que mal dis-tingue umhas castanholas dunsmexilhons solicita umha licençapara abrir um tablao flamenco?",perguntavam-se em La Voz de

Galicia. Ninguém ousou pôr emcausa a existência na Galizadumha licença específica para lo-cais dumha música popular dou-tras terras que acarreta váriosprivilégios legais, enquanto nomsó é que nom exista algo seme-lhante para a nossa música tradi-cional, senom que é mesmo per-seguida. o gaiteiro BernardoMáiz explicava neste jornal que"o encerramento de locais e asmultas de estabelecimentos hote-leiros associados à música tradi-cional galega multiplicam-se nascidades e nas vilas do país. A Gai-ta Grileira em Vigo, a Cova Folk eo Repichoca na Crunha, o antigoCS Artábria em Ferrol, o Xa Che-gou em Compostela, e muitosmais locais que tivérom que pa-gar multas, ou deixar de fazermúsica tradicional", denuncian-do a existência da legislaçom es-pecial para o flamenco, e o para-doxo de na capital galega nomexistir um local consagrado à

música tradicional galega ao vi-vo: "é como se vamos a BuenosAires e nom existe um local ondeescuitar e ver tangos, ou a dubline que nom exista um pub onde ira umha sessom de música tradi-cional irlandesa, ou a Lisboa enom ter local nenhum para escui-tar e ver fados".

Chegas de bois tortura, touradas cultura?o caso da substituiçom no conce-lho de Moinhos da chega de boispolas touradas é um exemplo sig-nificativo da dupla vara de medirque proíbe as pelejas mas permi-te as touradas e os encierros.

A chega de bois é um espetácu-lo tradicional do sul da Galiza enorte de Portugal, em que dousbois som ceivados em campoaberto para que pelejem. Nas últi-mas décadas foi recuperada noconcelho arraiano de Moinhos,

tendo lugar durante 28 anos até2008, embora continuem até hojena clandestinidade. Nesse ano, asdenúncias da Amigos da Terra de-sembocárom em numerosas san-çons económicas da Conselhariado Meio Ambiente que detivéromas pelejas. Pondo de parte destavez as importantes consideraçonséticas sobre os espetáculos queempregam animais, e centrando-nos na espanholidade das leis, nofundo subjaz a mesma problemá-tica que no caso dos tablaos: cor-ridas de touros -tradiçom espa-nhola- é legal, chegas de bois -tra-diçom galego-portuguesa- ilegal,sem que a diferença de tratamen-to radique no grau de sofrimentodo animal. Neste contexto, em2008 a Moinhos organizou umhaexibiçom de forcados portugue-ses, para depois transformar o es-petáculo em tourada até dar mor-te aos animais, sem nengum tipode impedimento legal.

A Lei 1/1993, de 13 de abril, deProteçom de animais domésticose selvagens em cativeiro prescre-ve em referência aos espetáculosque "é proibida a utilizaçom deanimais em espetáculos, pelejas,festas populares e outras ativida-des se isso pode ocasionar-lhesdanos, sofrimentos ou fazê-losobjeto de tratamento antinatural"(número 1, art. 5º). Porém, logo aseguir o número 2 do mesmo ar-tigo diz: "Ficam excluídos do ám-

bito de aplicaçom desta Lei a fes-ta dos touros, encierros e outrosespetáculos taurinos" (nº 2).

Umha territorialidade ilegalo sistema de organizaçom territo-rial da Galiza (aldeia-paróquia-co-marca, também chamada país oubisbarra) aparece em investiga-çons como um dos de maior conti-nuidade histórica. Assim, o nacio-nalismo, desde as origens e sob osignificativo nome de "provincialis-mo", não deixou de denunciar a im-posiçom dum modelo de organiza-çom territorial que assenta na divi-som em concelhos e províncias eque é alheio e inoperante; segundoeste modelo, considerado o únicopadrom homologado, na Galiza"sobrariam" aldeias que teríamoserguido de modo irracional.

A operaçom de marketing políti-co do governo do PP -denunciadono NoVAS dA GALizA nº113- queanunciou a fusom de concelhos pa-ra resolver os problemas económi-cos da Administraçom, voltou atrazer à tona a polémica. desde ogaleguismo, o BNG apelou unica-mente para "questons técnicas" epediu a supressom das deputa-çons, e um meio de comunicaçom,o Praza Pública, lançou a sua pró-pria proposta, elaborada por Lean-dro Regueiro conforme critériosde gestom, populaçom, igualaçom,etc., fazendo tábula rasa dos crité-rios históricos e tradicionais.

Apenas o Partido da Terra, mo-bilizado contra a fusom de Lousa-me e Noia, invocou -como sem-pre defendeu o independentismo-a defesa da adequaçom da lei àorganizaçom tradicional que sub-sistiu ao longo de séculos, funda-mentada na aldeia-paróquia-co-marca, aliás, como espaço tradi-cional de democracia direta atra-vés do concelho aberto, assem-bleia paroquial, etc.

Legislaçom à medida de Espanha criaconflituosidade na realidade galega

aO PrOiBir-se a CheGa de BOis em mOiNhO COmeçÁrOm as TOuradas COm mOrTe dO aNimaL

A substituiçom emMoinhos da chega debois polas touradas é

um exemplo significativo

A organizaçom territorialda galiza manifesta

continuidade histórica

PROTESTO contra as touradas de Maria Pita convocadopolo coletivo ‘Galicia, mellor sen touradas’

A licença de tablaospermite abrir até as5.30 horas da noite

Muitos locais tivéromque pagar multas ou deixar de fazermúsica tradicional

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Novas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 201220 em aNÁLise

o anterior conselheiro de economia montou umha empresa de consultoria financeira com grande acolhida no setorem aNÁLise

XAVI MIQUEL / No governo atual,o caso mais notável é talvez o doconselheiro do Meio Ambiente,Território e infra-estruturas,Agustín Hernández Fernández deRojas, que desempenhou cargosnos conselhos de administraçomde empresas relacionadas com aconstruçom, como a Sercoysa ouo Grupo Puentes, adjudicatária daconstruçom e exploraçom doHospital de Vigo. Hernández Fer-nández favoreceu à Sercoysa,atribuindo-lhe, enquanto era di-retor-geral das obras Públicas,contratos no valor de quase 26 mi-lhons de euros; pouco depois, en-trava a trabalhar nessa firma. Mashá muitos mais casos e a lista élonga. Nom omitamos o conse-lheiro da Economia e indústria,Javier Guerra, que declarou emdezembro passado um patrimó-nio de 15,6 milhons de euros, frui-to dumha longa trajetória em em-presas têxteis privadas, consulto-rias económicas ou sociedades deinvestimento. E nom só conse-lheiros beneficiam do sistema deportas giratórias, também outrosaltos cargos da Junta sabem tirar-lhe proveito. Como o diretor-geralda Planificaçom Económica eFundos, Francisco Javier Rodrí-guez Seijo, intimamente ligado aosetor bancario (foi, com efeito,conselheiro de várias entidadesde fundos de risco e da SiCAV'srelacionadas com o Banco Pastore La Caixa como a diroju ou aMoterfin). ou o diretor da Agên-cia Galega das indústrias Cultu-rais, Juan Carlos Fernández Fase-ro, o sócio da inversiones depor-tivas Auria (promotora da pole-mica televisom ourensana AuriaTV, que começou sem licença eacabou por ter um canal na TdT),que se estreou no cargo dando-seumha subvençom, quer dizer,subsidiando com 18.000 eurosumha das suas empresas, a zou-ma Producciones. Como dizía-mos, a lista é longa. outros nomesainda: Javier Alonso González,presidente da Fundaçom illa Si-

món que foi conselheiro da con-serveira Escuris (grupo JealsaRianxeira S. A.) ou o diretor-geralda inovaçom na Gestom da Saú-de Publica, Manuel Varela Rey,que tivo cargos importantes emempresas como a Applus ou a in-geniería Nacarsa. Neste capítulosom de referir as empresas parti-cipadas pola Junta, em que altoscargos públicos passam a integraro conselho de administraçom. As-sim, na Reganosa, o diretor-geralda Política Financeira, ManuelGaldo Pérez como secretário ou asecretária-geral do Património,Maria Martin Hierro, como con-selheira. Um caso destacado é oda Gas Galicia, empresa filial daGas Natural Fenosa e participadaem 25 por cento pola Junta, em

cujo conselho encontramos o di-retor-geral dos orçamentos, Mi-guel Corgos López-Prado ou o se-cretário-geral da Secretaria daEconomia, Borja Verea Fraiz.

Galegos que passárom para a empresa privadaComo vemos, abundam políticose altos cargos que provenhem domundo da empresa privada, ondedesempenhárom funçons comfreqüência relacionadas direta-mente com os cargos públicos que

depois viriam a ocupar. É umhacousa que se vem fazendo desdesempre. Em sentido oposto, hátambém bastantes exemplos depolíticos galegos que, depois deabandonarem um posto público,fôrom recrutados por empresasprivadas, beneficiando dos conta-tos e das influências que colhê-rom no exercício do cargo públi-co. o caso do conselheiro (PP) daEconomia e Fazenda entre 1989 e2005, José Antón orza, que era ac-cionista do Grupo Tojeiro, é um

dos muitos que cabe citar. Estegrupo participava no capital daReganosa e a venda dos terrenosonde se localiza a planta de gásdérom um rendimento de 2000por cento, ja que fôrom compra-dos a umha filial do grupo Tojeiro.outro exemplo notável é o do con-selheiro da Economia no biparti-do, José Ramón Fernández Anto-nio, que depois de abandonar aconselheria montou a GondarConsultores y Asesores, umhaconsultoria estratégica e financei-ra. Já fora conselheiro dumha ca-pital de investimento de alto risco,a Barcelona Empren e diretor decontrolo de gestom da AUNA, as-sim como sócio fundador de duasimobiliárias da Corunha. Tam-pouco o BNG desdenhou estaspráticas. Lembrem-se os negóciosde Anxo Quintana com as empre-sas eólicas, que dérom azo umhaampla polémica na sociedadeapós o concurso eólico. Assinale-mos, por fim, o jornalista de La

Voz de Galicia, Fernando SalgadoGarcia, de dilatada carreira, sem-pre a alternar jornalismo e políti-ca (foi secretário-geral da Comu-nicaçom e conselheiro da Econo-mia e Fazenda com o governo deGonzález Laxe).

portas giratórias: a fina linha entre aempresa privada e a dedicaçom pública

a Lei PermiTe que POLíTiCOs se ‘reCiCLem’ em emPresas Para as que LeGisLÁrOm POsiTivameNTe NO PassadO

hernández foi dirigente da empresado novo hospital viguês

Nos últimos tempos tem-se socializado o conceito político de portas giratórias,cargos públicos que umha vez concluída a sua dedicaçom politica passam a in-tegrar umha grande empresa privada ou vice-versa, aproveitando a imprecisomda lei de incompatibilidades. Entre a classe politica espanhola, é inevitável lem-brarmos os casos de Felipe Gonzalez, que entrou no conselho de administra-çom da Gas Natural, ou de José Maria Aznar na Endesa. Ou ainda o da ex-mi-

nistra da Economia, Elena Salgado, que passou a integrar a Endesa Chile ou ode Pedro Solbes na Enelou Barclays. Som apenas um ramalhete de altos fun-cionários que passárom a fazer parte dos conselhos de grandes empresas. Nocaminho de sentido inverso, mencionemos o atual ministro da Economia, Luisde Guindos, que foi correspondente da Lehman Brothers em Espanha e Portu-gal quando eclodiu a maior crise financeira da história destes Estados.

o diretor de AgAdicsubsidiou umha

das suas empresasJAVIER GUERRA AGUSTÍN HERNÁNDEZ

JAVIER ALONSO GLEZ. J. CARLOS F. FASERO

LUÍS DE GUINDOSfoi representante da Lehman Brothers

na península ibérica quando quebrou o banco

Muitas mudanças está a pro-vocar a crise. A visom da mi-graçom e a sua imagem nosmeios é umha delas. Desdeque o saldo migratório espa-nhol se tornou negativo, emvez de “miséria”, “ilegalidade”ou “delinqüência” ouve-se fa-lar de “cérebros”, “oportuni-dades” e “trabalho”.

DANIEL R. CAO / 15 de março de

2008, 14:25h, o telejornal da Tele-madrid abre a programaçom comumha nova lida pola apresenta-dora com rosto amuado: "webs emeios de comunicaçom social se-negaleses convidam a migrar pa-ra Espanha". duas cousas ilus-tram a nova: as palavras dum Co-mandante da Guarda Civil a aler-tar para o "perigo" e imagens so-brepostas de caiúcos, membrosda Cruz Vermelha e militares as-sistindo migrantes.

22 de julho de 2012, 14:45h, osinformativos da TVE entrevistamvários jovens migrados que falamda sua boa experiência, enrique-cedora em termos pessoais, eco-nómicos e formativos. No mesmodia, El País publica umha repor-tagem sobre países dos cinco con-tinentes. Ficamos a saber das bai-xas taxas de desemprego, se com-paradas com a espanhola, assimcomo dos sectores em que existemaior demanda. É de notar quemuitos desses países som naçõessul-americanas dirigidas por go-vernos progressistas, polo que in-distintamente se pode ler numhapágina ou outra como se rearticu-lam movimentos opositores con-tra esses governos dada a situa-çom de crise a que conduzírompara um pouco mais adiante lercomo tenhem taxas de desempre-go menores que muitos paísesdos chamados desenvolvidos.

A migraçom passa nos livrosde estilo de ser um gerador dedelinqüência a simplesmentetornar-se mais um facto social,derivado dumha conjuntura de-terminada. o racismo dialécticoclaro pode observar-se em qual-quer título jornalístico, o que an-tes eram "avalanchas de sem-pa-péis" som agora "fugas de cére-bros". o único que mudou na mi-graçom é a cor de pele e a nacio-nalidade de quem emigra. Aobservaçom de qualquer estatís-tica publicada, de inquéritos rea-lizados a pessoas estrangeirasno Estado espanhol mostra co-mo a qualificaçom das pessoas

chegadas e as que agora partemé equivalente, senom superior.

Existe um outro detalhe sa-lientável da imagem da nova mi-graçom, e é que esse eurocen-trismo pode ser visualizado tam-bém nos sectores laborais que El

País propom na sua reportagem,excepto para Malta e o Canadáem que as ofertas vam desde ahotelaria à construçom, o restode países, desde o Brasil à Índiaexigem financeiros, médicos oufisioterapeutas. Porém, outroscomo o Peru ou a Colômbia pre-cisam de "diretivos", ofício deque parece nom haver muitaprocura, por exemplo, em Fran-ça, inglaterra ou Alemanha.

Fomento da migraçomÀ primeira vista, estes titulares,deixando já as consideraçons ra-ciais, nom parecem senom enco-rajar os jovens espanhóis a mi-grarem, precisamente aquilo quese condenava há uns anos. Masque interesses fomentam esteêxodo? Salientemos três. Busca-se, em primeiro lugar, aliviar a si-tuaçom do mercado de trabalhointerno. depois, espera-se polasremessas da emigraçom e, nommenos importante, confia-se nes-ta partida em massa como válvu-la de escape à tensom social; pois,com efeito, o perfil das pessoasemigrantes aproxima-se do perfildas pessoas que se mobilizam po-liticamente - o que numha situa-çom de incerteza politica favore-ce o status quo. dous exemplos:no começo deste século, a Europaendurece a sua política de entra-das cara América do Sul e a que-da dos governos neoliberais foiimediata, no passado ano a criseeconómica (somado a outras va-riáveis) fam que se os fluxos donorte de África cara Europa se re-duzam e começa o maior proces-so revolucionário do século XXi.

21mediaNovas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

o que antes eram "avalanchas de sem-papéis" som agora “fugas decérebros” o racismo dialéctico claro pode observar-se em qualquer títulomedia

“Nom confunda: isso é a nível nacional!”. A correçom procede dum conotado nacionalista. Admite queo conceito de Naçom defina o Estado.

Sucede no barulho dumha tertúlia radiofónica. o nacionalista renuncia ao eixo do seu discurso políti-co em nome da escala de valor da liga de futebol.

Aimprensa e rádio privilegiam dia após dia esta classe de hierarquias falsas: “nacional” adjetiva o Es-tado e implica a subordinaçom automática de quem o pronuncia, a minorizaçom do seu. Mesmo a

informaçom meteorológica, no aparente limbo da imparcialidade política, reparte o tempo por “regions”.

Aescala nom é casual. Para o Faro de Vigo, por exemplo, o lugar mais alto a que pode aspirar a cidada-nia da Galiza é a emigraçom a que chama “a cima”.

Numha secçom de destaque titulada “Gallegos en la cima”, identifica o olimpo com o exílio. Nuncaantes um meio celebrara tam resolutamente a fuga de cérebros.

Umha investigadora em anatomopatologia no Clínico foi procurada por um hospital de Baltimore. ojornal nom aforra parabéns para o grande salto, sem dúvida fundamentado na sua origem (Galiza)

com dinheiro público procedente dos impostos. Pagará impostos o jornal?

Estar “na Cima” custa dinheiro público galego e outros sacrifícios. o centro de investigaçom da Novainglaterra está na “zona mais perigosa do mundo”. de noite ouvem-se tiros. Umha bala perdida fere

um aluno. A investigadora de Compostela está grávida mas o seu trabalho só lhe concede mês e meio pa-ra criar o filho. Nom por isso pom em causa o jornal a excelência do exílio.

Outros meios galegos, entre eles a TVG, aderem animosos à campanha de promoçom da emigraçom.o seu sentido utilitarista nom resiste um só verso de Rosalia e Curros. Antes merecera a ironia de

Voltaire e Mirabeau.

Noroeste, Regiom, “Naçom”, Cima. A classificatória é do Franquismo no qual os jornais viveram umtempo idílico.

A emigraçom como idílio

A migraçom a preto e brancoCONfia-se Na ParTida em massa COmO vÁLvuLa de esCaPe à TeNsOm sOCiaL

NOTas de rOdaPé

os meios parecemencorajar os jovens a

migrarem, o que secondenava antes

o único que mudouna migraçom é a corde pele e as origens

de quem emigra

o racismo dialécticopode observar-se em

no conteúdo dos títulos jornalísticos

PARA ‘LA VANGUARDIA’ esta é a nova imagem da migraçom, os jovens africanos à beira da hipotermia deixam lugar a estéticas modernas

22 CuLTura Novas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

CuLTura “se com o pouco investido na banda desenhada se conseguiu chamar aatençom do mercado, as administraçons deveriam pensar nela a sério”

KiKO da siLva, deBuXaNTe e CriadOr da esCOLa de Bd ‘O GaraXe herméTiCO’

Como surgiu a ideia de abrir a

primeira escola de banda dese-

nhada da Galiza?

A Bd nom se contempla como es-pecialidade nos estudos regrados:nom está nas Universidades nemnas Escolas de Arte. As pessoaschegam à profissionalidade embase ao sistema de prova e erro,um modo complexo que vai fazen-do que se desanimem. o difícilnom é aprender a debuxar, senomaprender a ganhar a vida debu-xando e contando histórias, fazerperceber à gente que isto é umhaprofissom. Antes aprendíamos in-do de ajudante ao estudo de umdebuxante, e mais tarde indo a es-colas privadas, que só havia emBarcelona ou Madrid. Partindo dafilosofia destas escolas, onde auto-res em ativo ensinam a profissomnas aulas, comecei a pensar emmontar um centro destas caracte-rísticas na Galiza. Aqui temos tra-diçom de criaçom de Bd, mas nomde indústria, e a abertura de esco-la era um passo necessário. Aindacomeçamos há nada, mas pensoque vamos ver os frutos em cincoou seis anos, quando tenhamos jáum par de geraçons formadas.

Como faziam antes os debuxan-

tes para publicar ou para se da-

rem a conhecer?

Vás a concursos, fanzines, fás umbook, percorres editoriais, vás afestivais... E se nom fores bemorientado, podes acabar muiqueimado. É preciso trabalhardesde o começo de maneira pro-fissional, apresentando nas edi-toriais histórias já fechadas, umbook completo que se adeque aoque fai essa editora, que mereçaa pena publicar. Nesta profissomcostuma haver pressas, mas nompodes queimar o teu trabalhosem preparar-te antes de entrarem contacto com o mundo edito-rial, como acontece também nou-tras artes, como a música.

O Garaxe Hermético é umha es-

cola privada...

A decisom de fazê-lo assim vempor dous motivos. Primeiro, para

expedir um título oficial obriga-vam-nos a meter gente nom pro-fissional a dar aulas na escola, se-nom com títulos. Nom por ser de-buxante tés um título, já que nomserve para muito. Eu tenho o títulode Belas Artes, onde nom apren-dim absolutamente nada sobre Bde, neste caso, a nossa ideia era quetodos os mestres da escola fossemprofissionais em ativo, com ou semtítulo. Por outro lado, chegamos àconclusom de que expedir um tí-tulo tampouco servia para nada,porque o interessante era que agente saísse com um book com-pleto, com o que pudesse acabarpublicando.

Tu sempre dizes que és um afor-

tunado ao poder viver disto. Para

além deste projeto, também de-

buxas para jornais, a revista El

Jueves, e montaste a revista Re-

tranca.

Retranca foi montada com osmeus aforros de debuxante de có-mics, e a revista ia bem. Funcio-nou de 2007 a 2012, mas a distri-buidora deve-me uns 20 mil euros,e tivemos que parar. Justo passouisto quando começava a montar aescola, portanto tivem que tomara decisom de parar por um lado,para que nom morressem os dousprojetos. Quando a escola estejaem pleno funcionamento, retoma-remos a revista.

Porque pensas que tivo tanto

sucesso a Retranca?

A gente precisa publicaçons quefalem das cousas que acontecemna Galiza de umha maneira cer-cana. os médios de comunicaçomnom contam as cousas como secontam nos bares, analisando oque há por trás. Mesmo no humorgráfico, a imprensa nom se meteem certos temas e nom emprega asátira, porque depende muitas ve-zes de subsídios e nom podem sertodo o críticos que deveriam. Agente estava pedindo a berros quese falasse da política e da realida-de galega com má hostia, e isto foio que fixo que funcionasse Re-

tranca. E eu, como humorista,também precisava ter umha via deescape para contar certas cousas.Para além disto, ficou claro que sepode manter umha publicaçomem galego sem subsídios, vivendo

das vendas e da publicidade. Écerto que a gente é agora maisciente de que há que apoiar certaspublicaçons para que existam,quando a revista voltar, a gentedecidirá se dura cinco anos ou cin-quenta.

Também vês assim a BD na

Galiza? O público é ciente

da necessidade de apoiar

os autores próprios?

Nos anos 90, 80% de publicaçonseram subvencionadas ou de cortepedagógico, destinadas a escolasou a campanhas de promoçom, ehoje em dia 80% do que se publicanom tem ajudas, e tem detrás au-tores que querem contar histórias.Se isto é possível, é porque há lei-tores. Nom existiriam editoras pe-quenas se nom houvesse um mer-cado detrás. Há cinco anos istoera ciência ficçom, e agora mes-mo as editoras históricas come-çam a retomar algo que tinhamabandonado desde os anos 90. is-to quer dizer que está a aconteceralgo na Bd, que nasce dum movi-mento totalmente autoral. Hojefalamos de Bd galega graças aosautores, que se movêrom, figéromruído, conseguírom que se come-çasse a falar disto.

Como compaginavas o teu traba-

lho de humorista gráfico para

meios privados com o trabalho

para Retranca, mais livre da po-

derosa editorializaçom?

Som debuxante autónomo, e te-nho um compromisso com um jor-nal: sei como funciona, onde es-tou publicando, e até onde podochegar. Por outro lado, com Re-tranca fago o mesmo que quandopublico em El Jueves: sei que é umlugar onde nom temos problemasde censura e podemos dizer o quenos apetece. Essa é a funçom dasrevistas satírico-políticas, contaro que os meios nom contam, comhumor e retranca. Nom sei se al-gumha cousa que publicamos emRetranca incomodou a outrosclientes, mas eu nom tivem pro-blema. Até nos surpreendeu a po-lémica causada polo número emque tratávamos a visita do Papa àGaliza -a imprensa negou-se a en-tregar os exemplares para a suadistribuiçom, aducindo o seu de-sacordo moral com o conteúdo -,e a censura da Junta ao númeroem que tratamos o encerramentodas Galescolas.

Toca falar dos cortes nos

orçamentos, que também

ham afetar à BD...

É um sector que nunca exigiugrandes quantidades monetá-rias, e que por méritos própriosconseguiu umha repercussombrutal. Se com o pouco dinheiroque se investiu na Bd galega seconseguiu chamar a atençom domercado, e que se fale da Galizanos salons do cómic de Barcelo-na ou Angoulême, as adminis-traçons deveriam pensar nistode um modo igual de sério. Mui-tas vezes continua-se a conside-rar o cómic, a Bd como algo re-sidual, quando é umha profis-som criativa, que interessa amuita gente. E nom se deveradeixar de lado o apoio à genteque vem atrás, porém, no anopassado a Junta eliminou o pré-mio Gz Crea, dando um passoatrás. os cortes deveriam ir poroutro lados: nom por educaçom,nem por sanidade, e sim por ver-dadeiros privilégios políticosque parecem intocáveis.

ANTIA R. GARCIA / Encontramo-nos com Kiko DaSilva num descanso entre os atelies de Viñe-tas desde o Atlántico, o salom de banda des-enhada da Corunha que fai quinze anos e édos poucos encontros deste tipo que resistem

no País. “Todo graças a Miguelanxo Prado”,lembra, enquanto salienta que se aqui existeum pequeno mercado do cómic é polo trabal-ho dos autores e o apoio do público, e nom po-las administraçons. Nom fala de subvençons,

senom de promoçom, de interesse polo que sefai aqui e de aqui: “A cultura galega precisaapoio, porque está num contínuo de desprote-çom em favor das grandes indústrias estatais.Só é precisa ajuda para assentar-nos”.

“está a passar algo na Bd: um sucesso quenasce dum movimento totalmente autoral”

“A gente pedia que sefalasse da política eda realidade galega

com má hostia”

“isto foi o que fixoque funcionasse a revista ‘retranca’”

23Novas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012 CuLTura

dim PrOCurar “saTisfazer a eXPeTaçOm Criada”

recolhem assinaturas polo futuroe os recursos do Ateneu ferrolanoANTIA R.G. / o governo munici-pal pretende mudar o nome doedifício e reduzir o espaço daentidade.

o Ateneu é umha das entida-des culturais mais antigas e cul-turalmente ativas da cidade deFerrol. Criado em 1879, contacom umha biblioteca-hemerote-ca de grande interesse para in-vestigadores e leitores. Porém, ogoverno municipal do PP temem projeto reduzir o espaço queocupa, ao pretender transferiroutras entidades para o mesmoedifício. Segundo os responsá-

veis polo Ateneu, isto dificultariaa realizaçom das atividades pró-prias. Para além disto, o Concel-ho de Ferrol também tencionamudar o nome aos edifícios polode “Centro cultural e cívico Con-cepción Arenal”.

os dous prédios que acolhemo Ateneu Ferrolano, situados naRua Magdalena 202, e no primei-ro andar do número 204, confor-mam a sede do mesmo desde hámais de trinta anos, “e assimsom conhecidos pola cidadania”,salientam no blogue da entida-de. o nome de Ateneu Ferrola-

no, continuam, “em si mesmoguarda o conceito fundamentalque encerra a entidade: aberta,plural, democrática e defensorados valores culturais do nossopaís. Características de especialreconhecimento no ámbito local,nacional e estatal”.

do Ateneu promovérom um-ha campanha para recolher assi-naturas em contra dos projetosmunicipais que, assinalam, “pa-recem provir do desejo de acalaro tradicional desenvolvimentocultural da entidade em favor deFerrol e da cultura galega”.

centos de alegaçons pola independência doMuseu de ponte VedraA.R.G. / A integraçom do Museude Ponte Vedra na deputaçomdirigida por Louzán continua aprovocar polémica, e a sua des-apariçom como organismo autó-nomo dependente da entidadeprovincial. Em finais do passadomês de julho, colectivos cultu-rais, vicinais e particulares en-tregárom umhas 800 alegaçonsna deputaçom em favor da inde-pendência do Museu, entre eleso Ateneu de Ponte Vedra, a Asso-ciaçom de Amigos dos Museusda Galiza, a Associaçom Galegade Historiadores, a Sala de aulasCastelao de Filosofia ou a Funda-

çom Filgueira Valverde.No passado mês de junho, o

presidente da deputaçom de Pon-te Vedra, o popular Rafael Lou-zán, anunciava a sua decisom defazer desaparecer o Padroado doMuseu de Pontevedra e a supre-som do centro como ente autóno-mo da deputaçom. Porém, e ape-sar dos protestos, a responsávelpor Cultura da deputaçom, Anaisabel Vázquez, assinalava na-quela altura que a entidade nomprevia mudar a direçom do cen-tro e que, apesar das mudançasadministrativas, ia ser respeitadaa autonomia na sua gestom.

Axóuxere lança projetode residências para escritores e escritorasA.R.G. / A escritora catalá ireneLa Sen inaugurou no mês deagosto o projeto de Residênciade Escritores que a editoraAxóuxere puxo em andamentoem colaboraçom com o Concel-ho de Rianjo, na paróquia de Lei-ro, na aldeia de Briom, ao pé daconhecida Praia das Cunchas.

No projeto está incluído o alo-jamento de um escritor ou escri-tora durante 30 dias nesta viven-da que possui a editora, onde pa-ra além de poder desenvolver oseu trabalho criativo, também

poida realizar atelies, recitais eencontros com a vizinhança.

Com este projeto, contam deAxóuxere, aguardam “enrique-cer o espectro criador contem-porâneo, e dar pé a perceberque há sendas comunitárias quesem fomentar o consumo, o pro-dutivismo e a dependência ma-terial do exterior, permitem rea-lizar umha vida ética, e expe-riencialmente aberta, em cola-boraçom com outros”. Na suaweb já se pode aceder à convo-catória de outono.

A Junta aproveita a repercussomdo códice calixtino para o turismo

A.R.G. / Nom é preciso lembraraqui a história toda do roubo eposterior aparecimento do Có-dice Calixtino no Milhadoiro,mas sim que naquela altura opresidente da Junta, Núñez Fei-joo, fijo pública a sua vontadede tirar rendimento, nom políti-co, senom turístico, do episódio.Meu dito, meu feito: desde se-tembro deste ano e durante2013, umha exposiçom itineran-te percorrerá diversas cidadesdo Estado espanhol e do estran-geiro para “satisfazer a expec-taçom criada” ao redor destajoia bibliográfica.

A Secretaria Geral para o Tu-rismo, através do Jacobeu, é aimpulsora da amostra que, se-

gundo contam, quer servir tam-bém para apresentar a Galizacomo destino turístico, e que sepasseará, até o de agora, porMadrid, Leom e Málaga, já queo resto dos destinos estatais einternacionais “ainda estámem fase de negociaçom”. Tra-tará-se de umha amostra didá-tica sobre a história e conteú-dos do Calixtino, o ambientecultural em que nasceu, a men-talidade da época, a Catedral ea cidade de Santiago no séculoXii, assim como “umha sínteseda história do Caminho de San-tiago e dos seus valores cultu-rais”. Para além de peças origi-nais, fotografias e reconstru-çons virtuais, a amostra vai in-

cluir peças contemporâneas decriadores como Alfonso Suca-sas ou Paco Leiro.

A Galega também prepara umfilme sobre o roubo do CódiceA Televisom da Galiza, através deumha nota de imprensa, tambéminformou do seu intuito de se su-bir ao carro do episódio do Códi-ce Calixtino, anunciando que es-tá a “preparar o projeto” para fa-zer um telefilme sobre o seu rou-bo e posterior recuperaçom. Nocomunicado, a televisom públicaassegura ter encarregado “os pri-meiros estudos técnicos sobre oformato que teria a produçom”,enquanto procura “fórmulas definanciamento para o projeto”.

Novas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 201224 desPOrTOs

Agarra o palám e berra... nom, nom, nom, Panorama nom!XERMÁN VILUBA / desde o princí-pio dos tempos a Liga Nacionalde Bilharda entendeu que cadaAberto é muito mais do que umconjunto de Varados dispersos: éa força brutal de umha maquina-ria perfeitamente engraxada paraincitar à revoluçom e à autoesti-ma dos valores nacionais galegos,umha plataforma para a música ea exposiçom de arte alternativa

fora dos arcaicos e obsoletos con-dutos oficiais. É por isso que aaposta do referencial local com-postelano, a Gentalha do Pichel,em se tornar a sede para mostrarao mundo a espetacular zoca docampeom do Aberto do dia daPátria enche de raiva e orgulho aserpente multicor em cada umhadas suas incessantes incursons nacapital galega e no resto de al-

deias, vilas e cidades do país in-teiro... Sam Genjo com as bilhar-das a voar por riba da cabeça dopresidente do governo espanhol,a Terra Chá, Barrantes, Narom...e um sem fim de espaços que en-chem o calendário do verao bil-hardeiro com que fazer frente aoapartheid que imponhem as co-missons de festas e as suas odia-das orquestras . Assim aconteceu

há umhas semanas, quando a ser-pente multicor da LNB desembar-cou nas terras Courel para a rea-lizaçom do espetacular i Abertodo Urso Pardo, umha açom abso-lutamente histórica que situa oCourel como espaço LNB, comojá tinha acontecido com os Anca-res com seu mítico Aberto doUrogalo. Troca a Panorama porum aberto de bilharda!

d desP

OrTO

sdavid BLaNCO a POLa 5ª vOLTa a POrTuGaL

A Seleçom Galega de Pentatlo Modernologrou seis metais (2 ouros, 1 prata e 3bronzes) na Taça de Europa de Lisboa.A Galiza participou com 12 desportis-tas, obtendo pontos para o ranking eu-ropeu. destacárom as vitórias galegasde Esteban Basanta e Aroa Freije.

GaLiza: 6 medaLhas Na Taça de eurOPa de PeNTaTLO

o compostelano david Blanco, da equi-pa portuguesa Efapel-Glassdrive, qua-druple vencedor da Volta a Portugal(2006, 2008, 2009 e 2010) vai luitar porse tornar o primeiro em conseguir oquinto cetro na Grandíssima portugue-sa, que é realizada do 15 ao 26 de agosto.

a seLeCçOm GaLeGa veNCeu à da BreTaNha Na sua esTreia COmO COmBiNadO NaCiONaL desTe desPOrTO de raízes irLaNdesas

orgulho por defender e repre-sentar o nosso país, a nossa na-çom, a nossa gente. orgulho porpertencer a um colectivo de joga-dores implicados com um proje-to que viu um dos seus sonhosfeitos realidade. orgulho por ge-rar um sentimento de orgulho.

História porque começa umhanova etapa para as Seleçons Na-cionais Galegas. História porquea oficialidade está um degraumais perto. História polo facto deser todos galegos e bretons defen-dendo as suas respetivas cores.

A tarde do 20 de julho será lem-brada no tempo polo debute ofi-cial da Seleçom Nacional Galegade Futebol Gaélico. oficial, pois aGAA (a federaçom de desportosgaélicos) tem reconhecido o direi-to a participar das naçons sem es-tado, como a Galiza ou a Bretan-ha, em competiçons internacio-nais. Mas para poder chegar atéeste momento histórico, houvoprimeiro um longo processo quepermitiu conseguir a oficialidade,somado ao trabalho de muita gen-te para organizar o jogo.

Há dous anos que nasceu naCorunha a primeira equipa de fu-tebol gaélico da Galiza, os Fillosde Breogán. o seu trabalho ecompromisso fijo que este des-porto se estendesse na nossa te-rra, formando-se a segunda equi-pa, os Ártabros de oleiros. du-rante esse tempo, os bretons vin-ham puxando forte perante aGAA polo reconhecimento oficial

das naçons sem estado. Wences-lao zapata, presidente dos Fillos,aproveitou para aderir à deman-da dos bretons e conseguir tam-bém a oficialidade da SeleçomGalega: o primeiro passo estavadado. o segundo degrau foi subi-do da mao do Novas da Galiza,que serviu de canal para pôr osFillos de Breogán em contactocom os Siareir@s Galeg@s e aFundaçom Artábria. Aproveitan-do o Xii Festival da Terra e daLíngua em Narom, estes dous úl-timos colectivos decidírom apos-tar no futebol gaélico e fazer de-butar a Seleçom Nacional. os Fi-llos de Breogán aceitárom a pro-posta com entusiasmo. deste mo-do, o trabalho das três partes fijopossível o encontro, com os Fi-llos coordenando a parcela des-portiva, e Siareir@s Galeg@s e aFundaçom Artábria o plano eco-nómico e logístico. Apenas falta-va o terceiro degrau: o rival. Eaqui cumpre agradecer à Federa-çom Bretoa de Futebol Gaélico oseu compromisso. Com poucotempo para se organizarem, con-firmárom o seu desejo de formarparte deste dia histórico desde o

primeiro momento. Bons e gene-rosos os bretons no seu esforço,pois a sua presença serviu paradar consistência ao projeto.

o ambiente nos momentosprévios ao jogo era cousa bonita.Umha tarde soleada, as bancadasateigadas, os gaiteiros, os hinosnacionais e as bandeiras, todo co-mo em qualquer outro encontrooficial de qualquer outro despor-to. Começou o jogo com os gale-gos um pouco nervosos, o quepermitiu aos bretons levar vanta-gem no marcador. Mas nom de-morárom muito em repor-se e ni-velar o encontro. Só nos últimosmomentos, houvo erros defensi-vos galegos que permítirom aos

bretons liderar o marcador 10-11no descanso. o intervalo viu-lhede maravilha à seleçom galegapara arranjar desajustes. Come-çou a segunda metade e aumen-tou a intensidade defensiva gale-ga. os bretons, com menos tro-cas e umha longa viagem ao lom-bo, começárom a se desconcen-trarem. devagar, mas comdeterminaçom, Galiza foi gan-hando vantagem no marcadoraté abrir umha fenda que seriadefinitiva. Só restavam uns mi-nutos e os bretons, movidos poloorgulho, tentárom achegar-se,mas já era demasiado tarde. ASeleçom Galega de Futebol Gaé-lico ganhava no seu primeiro par-

tido oficial. inesquecível. o re-sultado final foi de Galiza 5-08 vBretanha 3-08, quer dizer, 23 v 17para os galegos. Mas isso era ode menos. o verdadeiramenteimportante já tinha acontecido.Cada segundo do jogo encheu deorgulho os dous povos, o galegoe o bretom, e serviu para fazerhistória.

A jornada festiva continuoudurante a noite. Cansados, massatisfeitos, os jogadores galegose bretons festejárom o fito histó-rico junto com os organizadores.E os festejos continuárom duran-te o fim-de-semana, o sábado emNarom com as diversas ativida-des do Festival, e o domingo naCorunha com outro jogo entre osFillos de Breogán e a Seleçom daBretanha.

Foi assim como se fijo história,com orgulho, e com o trabalho demuita gente comprometida comum projeto comum. Aguardemosque este evento tenha continui-dade, se quadra na Bretanha oano que vem, ou com um euro-peu de naçons, quem sabe. o ca-minho fica aberto.

Ainda que o jogo de que estive-mos a falar, talvez nom tivesse re-leváncia nengumha nos estamen-tos desportivos oficiais nem nosjornais convencionais, o seu sim-bolismo voa como os pássarospor cima dos lindeiros políticos.

Carlos Seco é treinador da Seleçom

Galega de Futebol Gaélico

Futebol gaélico: orgulho e históriaCARLOS SECO / Estas duas palavras batiam com força nas mentes dos rapa-zes da Seleçom Nacional Galega de Futebol Gaélico nos momentos pré-vios ao encontro perante a Bretanha. Orgulho e história faziam emergir a

tensom e a emoçom segundos antes de pisar a relva. Essas duas palavrasrefletiam os sentimentos que vivérom esses moços e os adeptos galegosno passado 20 de julho em Narom.

o simbolismo do jogovoa como os pássaros

por cima dos lindeiros políticos

A lnB desembarcouno courel para o

espetacular i Abertodo urso pardo

25desPOrTOsNovas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

aNa PeLeTeirO, CamPeOa muNdiaL de saLTO TriPLO

A atleta da Associaçom desportiva Barbanza supe-rou, com um melhor salto de 14,17 metros, a rivaisaté dous anos maiores, no campeonato de categoriajúnior realizado em Barcelona no mês de julho. Trei-nada por Abelardo Moure, culmina assim o bom tra-balho das últimas temporadas e enfrenta, com 16anos, um prometedor futuro atlético.

medaLhas OLímPiCas Para Gómez NOya e david CaL

o ferrolano Gómez Noya chegou em segunda posi-çom na prova de triatlo, após completar umha provamuito regular nos três setores (nataçom, ciclismo ecarreira a pé) e ficar a só onze segundos do britâni-co Brownlee. o canoísta do Morraço david Cal con-seguiu também a prata na prova de C1-1000 m., su-bindo ao pódio olímpico por quinta vez.

dO Lazer BurGuês à PrÁTiCa de massas, imPLaNTaçOm e deseNvOLvimeNTO NO País e O NaCiONaLismO

ANTOM SANTOS / Com efeito, nóspensamos e praticamos o despor-to, mais que o jogo popular. Masnom se trata de exaltarmos assuas vantagens, e sim de confes-sarmos que é onde emergem um-has mentalidades –as nossas– edu-cadas na concorrência, o pensa-mento quantitativo e o espetáculo.Talvez fosse isto o que acordou osreceios do Congresso internacio-nal dos Socialistas pola EducaçomFísica em 1913, que decidiu abolirclassificaçons e prémios. As pau-tas do desporto nascente, nom hádúvida nengumha, eram as daburguesia. E a elas se acolhem,com mui poucas matizaçons aocabo, todas as forças sociais orga-nizadas, do catolicismo ao movi-mento operário. A Galiza acome-teu a sua peculiar importaçom dofenómeno, sobretodo, graças àpermeabilidade que caracterizavaas rias: os portos mercantes, os es-taleiros ou as obras do telégrafotrazem trabalhadores británicosque incorporam à nossa Terra ofutebol e o atletismo; e a burgue-sia da pesca e a conserva mais re-cetiva que as classes proprietáriasdo interior, aginha aproveita a cen-tenária tradiçom remeira para ‘in-ventar’ um novo desporto, massi-vo e interclassista. Também nosdescobre domínguez Almansaoutras histórias com certa reso-náncia atual: como a industriali-zaçom fijo possível o ciclismo aomontar o proletariado na bicicle-ta, mas rebaixando logo o seu al-canço, ao deslocá-lo do centro dascidades pola chegada do tranvia.

o jogo esmorecia aos poucos eo desporto ocupava-o todo. Fugin-do do monopólio burguês, instala-va-se nas cidades e empapava asvilas. devêrom ficar, bem é certo,espaços irredutíveis. do mundolabrego, como sempre, nom exis-

tem testemunhos escritos; das fa-çons politizadas, porém, conhece-mos posicionamentos críticos.outeiro Pedralho que na impren-sa galeguista equiparava o futebolà taverna e ao dominó como for-mas de embrutecimento alheias àgaleguidade; ou, no outro extre-mo ideológico oposto, os libertá-rios corunheses de ‘El Corsário’,que pediam aos moços proletáriosque nom se enfraquecessem como desporto, para melhor servir arevoluçom social.

Estas posiçons fôrom as menos.Umha revisom do nome de algum-has equipas de futebol nos anos’10 e ’20, escolmados por domín-guez Almansa no seu livro dá pro-va de que todos os movimentos li-vravam batalha também no ámbi-to do desporto: disputavam-se jo-

gos entre um ‘F.C. Burgués’ e um‘F.C. Bolchevique’; a burguesiacentrava o progresso e o espanho-lismo batizando equipas com no-mes optimistas como “Fortuna”;cosmopolitas como ‘Suízo’; ou re-acionários como ‘Alfonso Xiii’;Lousada diegues, fundador das ir-mandades, constituía o ‘Eiriña’, ea influência ideológica e culturaldo galeguismo permitia que a nos-sa seleçom nacional tivesse a suaestreia: foi em Bouças, frente a umcombinado basco, em 1922.

O desporto como espelhoCom o devalar do jogo popular e otriunfo desportivo retrata-se ade-quadamente o fim da velha cultu-ra plebeia e o comunitarismo ru-ral que cede passagem às identi-dades particulares e às pugnas

próprias dos tempos modernos.Bem olhado, poucos espelhosmais fieis que o desporto para re-tratar as mudanças de umha so-ciedade. Polo seu interclassismo,o seu alcanço territorial, a sua in-fluência nos pactos de sociabilida-de e politizaçom, a história do des-porto aproxima-nos com certa ni-tidez da entrada da Galiza no sé-culo XX. Já que contamos comum espelho tam nítido, o livro dedomínguez Almansa pode ser um

bom incentivo para lermos o pre-sente sob o prisma do desporto.E assim irrompe o movimento ga-lego: em meados dos 90 com afundaçom de Siareir@s Galeg@s;na década seguinte, quando aAgrupaçom de Montanha AugasLimpas emula o excursionismogaleguista das Ultreias; e hojemesmo, quando os projetos so-ciais realizam as suas própriasolimpíadas e a Liga Nacional deBilharda recria aqui e lá os jogosdos nossos avôs.

Nom dizíamos que o arredismoe o nacionalismo careciam de re-flexom sobre o desporto? isso qui-çá sirva para dar-lhe modístia à te-oria, e para confiarmos na intui-çom da gente. Porque ainda des-conhecendo quase todo do nossopassado, umha certa inteligênciacoletiva nom escrita, própria dosmovimentos populares, gerou to-do um germolo de desporto auto-gerido que se irmanda –mesmosem sabê-lo– com o melhor tecidode outros tempos.

Ainda, o retrato tem que sercompleto. Sabemos que esta me-ritória recuperaçom é umha pingade água num oceano. Um diquemui cativo contra o esbanjamentodo desporto espetáculo, das mas-sas e as televisons; umha fuga ain-da minoritária do encoro narcisis-ta dos ginásios e do culto à exte-rioridade. Se for certo que estesídolos tenhem os pés de lama, e sefor certo também –como apontamcada vez mais vozes– que som ostempos modernos os que envere-dam para a implossom e a deca-dência irreversível, entom outrodesporto também terá algo que di-zer num país e num mundo subs-tancialmente diferentes.

Antom Santos, preso independentista

Aranjuez, 2-5-2012

Desporto na Galiza, de ontem a hoje (e II)

poucos espelhosmais fieis que o des-porto para retratar as

mudanças sociais

26 TemPOs Livres Novas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

TemPOs Livres

XAN DURO / Vivemos tempos decrise. Económica? Sem dúvida,mas também abrange muitasoutras faces da nossa realidadepara se converter numha crisesistémica que compreende a so-ma de todas elas.

No entanto, eu vou-me pôraos pés dos cavalos para afir-mar que esta crise tem aspectospositivos, mesmo sabendo o tre-mendo impacto social que temnum sistema em descomposi-çom como o nosso.

Se fôssemos capazes de com-partimentar dimensons da nossarealidade poderíamos extrair es-tes elementos positivos. Assim,por exemplo, a crise tem um im-pacto positivo na reduçom dasemissons de gases responsáveispolo efeito estufa, consequência,por sua vez, da reduçom do con-sumo energético que nos dias dehoje está em níveis similares aosde 1990. Também a produçomde resíduos, fundamentalmenteurbanos, tem iniciado umha re-duçom significativa como conse-quência de um menor consumo,e o que é mais importante e po-sitivo, de umha racionalizaçomde esse consumo, aproveitandoao máximo a duraçom das cou-sas que compramos.

outro dos ámbitos onde se es-

tám a dar iniciativas mui interes-santes é o social: cooperativas deconsumo, redes de troco, merca-dos alternativos....

Hoje quero salientar o movi-mento (se for possível aplicartal nome) de recuperaçom deleiras para o cultivo hortícolade autoconsumo, individual oucolectivo, particularmente ashortas urbanas.

É bem certo que nom é algo in-ovador a nível internacional, nema nível histórico. iniciativas como“Bajo el asfalto está la huerta –BAH!”1, em funcionamento desde1999 ou a “Community SupportedAgriculture”2, baseada na colabo-raçom entre labregas e consumi-doras com 20 anos de atividadesom versons da mesma ideia: re-cuperar a capacidade de autoa-bastecimento de alimentos sans,ecológicos e de preço justo.

Com perspectiva histórica, po-demos reparar nos anos da ii Gue-rra Mundial nas cidades británi-cas, que devido ao bloqueio de

subministros por parte da Ale-manha nazi, fôrom situadas aoborde da fome. Perante isto, co-meçárom a cultivar parques, jar-dins e solares das cidades, tantoadjudicando parcelas a famíliascomo coletivizando a produçom.

Hoje em dia, pelo menos nas vi-las galegas, este movimento estáa emergir com força. Se existe al-gum dado que demostre essa for-ça é o facto de que já haja váriascámaras municipais a promoverhortas urbanas, como o caso dade Compostela, com as hortas deBelvis3 ou Arteijo. Porém, a maiorparte das vezes, é a própria vizin-hança ou coletivos os que levamumha parcela para a transforma-rem em horta urbana, como é ocaso da rede de hortas de Vigo ou

as hortas de Eiris na Corunha, porexemplo. A Associaçom Galegade Horticultura Urbana4 atua umpouco como nó de rede entre es-tas iniciativas.

Ao abeiro deste movimentonascem outras iniciativas de mui-to interesse como é a Rede Galegade Sementes5, que pretende recu-perar e trocar sementes de varie-dades autóctones desenvolvendovários encontros anuais. Tambémhá iniciativas no ámbito da forma-çom, a Fundación Galicia Verde6

desenvolve periodicamente cur-sos de horta, para além de trabal-har no eido das sementes autócto-nes, também a Granja Escola deBarreiros ou o Sindicato LabregoGalego desenvolvem cursosorientados à produçom de horta.

Em definitiva, um movimentoque implica recuperar o contactocom a terra e os seus ritmos, as-sumir o valor da alimentaçom co-mo bem físico, cultural e ambien-tal, apostar na colectividade eromper as cadeias de um sistemaagroindustrial e comercial paratrabalhar de umha maneira práti-ca pola soberania alimentar.

1. http://bah.ourproject.org/

2. http://www.localharvest.org/csa/

3. http://www.santiagodecompostela.

org/facendo_cidade/apartado.php?

txt=fc_ambiente&ap=3&lg=gal

4. http://hortaurbana.info/

5. http://redegalegadesementes.word

press.com/

6. http://www.fundaciongaliciaverde.

org/

ISAAC LOURIDO / o 25 de Julhosaiu às ruas o primeiro númerode O Golpe, publicaçom de pe-riodicidade semestral que se or-ganiza, neste volume, em tornodo debate “Política e Crise”. Co-mo em toda primeira achega, ocolectivo editor aspira a delimi-tar e reforçar umha determinadaposiçom, ideológica mas tam-bém política e estratégica, vin-culada ao setor do independen-tismo galego mais interessado(através da Escola Popular Gale-ga ou do portal galizalivre.org)na atualizaçom crítica das ferra-mentas da esquerda para o pen-samento e a açom.

Nessa lógica da afirmaçom,por vezes estagnada na simplesdegradaçom do referente “Es-panha”, encaixam bem a esque-mática introduçom “o nosso ca-

minho”, a sugestiva, epatante epanfletária (no melhor sentidodo termo) paráfrase do “Appel”do grupo Tiqqun (“Nos já come-çamos”), o artigo de César Cara-més já publicado em galizali-

vre.org (“dez falares”) ou o res-gate da reflexom de osvaldo Ba-yer sobre a aposta na legitimida-de da violência política do últimoGünter Anders.

Contodo, acho o maior interes-se da publicaçom na abertura adistintas linhas de fuga que con-cedem capacidade dialética etensom intelectual ao conjunto.Podemos ler neste sentido a con-versa com mulheres militantessobre o esgotamento dos mode-los (patriarcais) hegemónicos napolítica contemporánea, bem co-mo o reflexivo artigo de Roi Ri-beira sobre as instabilidades

criadas polo 15M na linha-de-água da Cultura da Transiçomespanhola.

Também, com certeza, os ri-

gorosos trabalhos de Júlio Tei-xeiro e Antom Santos, a meiocaminho entre a investigaçom eo ensaio. o primeiro analisa osvínculos entre política, moder-nidade e capitalismo, focandoas formas com que a TerceiraRevoluçom industrial provocouas crises do trabalho, do valor,da subjetividade moderna e darepresentaçom política. Santos,por sua vez, recupera para anossa historiografia distintasfórmulas de autogoverno desde

abaixo assentadas até nom hátanto na Galiza rural, num tex-to em que a consciência dos pe-rigos da idealizaçom nom evitao esboço de determinadasideias e valores para a planifi-caçom sócio-cultural.

No rearmamento intelectualda esquerda radical galega pare-ce imprescindível contar com umespaço como o que O Golpe pro-pom: posicionado, mas nom dog-mático. os seu reptos para o fu-turo: assegurar a continuidade,manter o horizonte dialécticodesenhado neste número, nuncadeixar de tratar as cousas queem verdade pagam a pena.

O Golpe.

Revista Galega de

Pensamento Arredista.

Número 1. Política e Crise

eNTreLiNhas O GOLPe: CaiXa de ferrameNTas

CONsumir meNOs, viver meLhOr aPOsTar Na COLeTividade Para rOmPer as Cadeias da aGrOiNdÚsTria

no rearmamento intelectual da esquerdaradical cumpre contar

com este espaço

hortas urbanas ebancos de sementes

contribuem na práticaà soberania alimentar

recuperando o contato com a terra

27TemPOs LivresNovas da GaliZa 15 de agosto a 15 de setembro de 2012

que fazer

17.08.2012 / XXIV ESMORGAFOLK / 22:30 em Bandeira.SILHEDAAtuam Tanto nos Ten, zurru-malla, Carapaus e os Cuchufe-llos.

17.08.2012 / CONCERTOS NAHORTA / 23:00 no Restauran-te Casa Lestón (Avenida daCorunha, 29 - Sardinheiro).FISTERRAAtua o grupo Grampoder (popcampestre).

17 e 18.08.2012 / FESTIVALDAS ARTES CÉNICAS ABE-LARDO GABRIEL / 20:30 naSala Multiusos e outros es-paços. RIÓSProjeçom das curtas premia-das no Festival de Cans e dofilme Vilamor. Concertos deTonhito de Poi, di Elas, Medo-medá e outros grupos e dJ’s.Mais informaçom emhttp://www.festivalderios.es/.

17 e 18.08.2012 / FESTIVALIRMANDINHO DE MOECHE /20:30 no Castelo de Moeche.MOECHENa sexta-feira haverá teatro erepichoca, e no sábado exposi-çons, atuaçons de No Comba-ro, Berros do Castro, Fred Mo-rrison & Matheu Watson, PabloSeoane Grupo e Alén de An-cos. Às 00:00, pregom e ‘Assal-to ao Castelo’.

18.08.2012 / FESTIVAL DOCASTRO / 11:30. PANTOMFeira de artesanato, sessomvermú, teatro, circo e as atua-çons de Ataque Escampem,Skarallaos e La Troba Kung-Fu, entre outros grupos.

18.08.2012 / XIII FESTA FOLCDE VILARINHO / 22:00 em Vi-larinho. CANGASAtuam Ludovaina, zurrumalla,Ruxe-Ruxe, A Compañía doRuído e Arremecághona's pro-dusións a pé de palco.

18.08.2012 / X NOITE FOLK /22:00 no Refúgio de Covas.NEGREIRACom as atuaçons de Malvela, ARequinta da Laxeira, Pan deCapazo e os Mercenarios deRois. Jantar popular às 14:00.

18 e 19.08.2012 / FESTA DAFALA / 12:00 em Cancio. NEGUEIRABilharda, roteiro, jantar popu-lar, concertos, obradoiros delíngua... Mais informaçom emhttp://www.27113comuna.org/.

19.08.2012 / FESTIVAL TE-RRA BRAVA / Toda a jornada.ÍNCIOJantar e jogos todo o dia, con-certos de Tiruleque, Quempa-llou e Labregos do Tempo dosSputniks à noite.

21.08.2012 / MERCADO ‘EN-TRE LUSCO E FUSCO’ /19:00 no Parque de Belvis.COMPOSTELATodas as terças-feiras.

21.08.2012 / CONCENTRA-ÇOM EM DEFESA DO DIREI-TO AO ABORTO / 20:30 dian-te do Marco (Rua do Prínci-pe). VIGOTodas as terças-feiras. Convo-ca a Marcha Mundial das Mul-heres.

22.08.2012 / JANTADOR EMFAVOR DAS PESSOAS PRE-SAS / 14:30 no C.S.O. Pala-vea (Rua Rio Quintas, 31).CORUNHATodas as quartas-feiras.

24.08.2012 / CONCERTOS NAHORTA / 23:00 no Restauran-te Casa Lestón (Avenida daCorunha, 29 - Sardinheiro).FISTERRAEspetáculo humorístico-musi-

cal ‘Chinchín por os da Ría’.

24 e 25.08.2012 / FESTIVALREBUMBIO / 23:00 no Rebul-hom. MOSConcertos da Turre’s Band ouSkarallaos na sexta-feira, e deChotokoeu, A Compañía doRuído e Hadri Hache, entre ou-tros, na noite do sábado.

25.08.2012 / XII ENCONTRONOS PENIDOS / 10:00 na pa-róquia de Sam Tomé. VALADOUROinclui roteiro, jantar, recital,ceia e queimada. organiza aLiga Céltiga Galaica.

25.08.2012 / MERCADINHODE TROCO DE MATERIALESCOLAR / 12:00 no Campo

de Marte. CORUNHAConvoca a Assembleia Popularde Monte Alto.

25.08.2012 / FESTIPOTE /20:00 no Campo do Pote deManinhos. FENEdegustaçom de chouriços aovinho e atuaçons de Estimabaque Viñeras, os Tres Trebóns eo Sonoro Maxín.

25.08.2012 / NOITE DA LÚAMEIGA / À noite no Torreiroda Gándara (Viso). REDONDELAAtuam As Lagharteiras, Cara-paus, zurrumalla e Ce orques-tra Pantasma.

25.08.2012 / FESTIVAL DORÍO BELELLE / Á noite no

Roxal. NEDAAtuam os Cempés e outros.

29.08.2012 / AS XEIRAS DOIEM / 18:00 no local do IEM(Aula de Cultura Ponte deRosas - Avenida da Feira,10). GONDOMARSaída aos moinhos de Vínciose à igreja de Santa Marinha.organiza o instituto de Estu-dos Minhoranos (iEM).

31.08 e 01.09.2012 / FESTIVALVIBRA / 11.00. BALBOANa sexta-feira atuam, entre ou-tros, Guintervan e dandy Fever(à noite) e no sábado haverájogos, cabaré e outras ativida-des, para além dos concertosde Folkolicos, Chotokoeu, Ska-rallaos e Hadri H.

31.08 e 01.09.2012 / FESTIVALDA POESIA NO CONDADO /19:30 no recinto da muralha.SALVATERRA DE MINHOProjeçons, exposiçons, feira deartesanato e as atuaçons deSés, Cuchufellos, o SonoroMaxín, Sacha na Horta e diosKe Te Krew.

03 a 07.09.2012 / CÁMPUSPOLIDESPORTIVO PARACRIANÇAS / 10:00 no pavil-hom e campo de futebol deSanta Isabel. COMPOSTELAPara nenos e nenas da 4 a 12anos. organiza Escola deporti-va Santiago. informaçom emescoladeportivasantiago.blogs-pot.com.

07.09.2012 / MASA CRÍTICA /20:00 na Praça de Maria Pita.CORUNHAConvocatória ciclista aberta,nom competitiva e nom comer-cial. Realiza-se a primeira sex-ta-feira de cada mês.

07 e 08.09.2012 / VII FESTI-VAL NOALLA VIVA / Á noiteem Noalha. SAM GENJONa sexta-feira há concurso debandas locais e no sábado to-cam The Skarnivals, Liviao deMarrao, zenzar e Familia Caa-magno. Também programamum roteiro, bilharda e outrasatividades.

10 a 14.09.2012 / OBRADOI-RO DE TEATRO ‘O CORO E AMÁSCARA’ / 10:00 e 14:00.COMPOSTELAorganizam iliria Teatro e Enla-ta Teatro. Ministra Ángel Si-món. Mais informaçom em [email protected].

15.09.2012 / APRESENTA-ÇOM DE ‘LETRAS DE AMORE GUERRA’, DE RAMIRO VI-DAL ALVARINHO / 20:30 noSalom Azul do Liceu (Praçada Galiza). BETANÇOSCom a participaçom do autor.

homenagens lembram vítimas da repressomfranquista em palas, poio e ponte Vedrao c.s. A revira e a fundaçom Ale-xandre Bóveda preparam duas ho-menagens ao inteletual ponte ve-drês no cabodano do seu assasi-nato, o 17 de agosto, ‘dia da gali-za Mártir’. na revira o historiadorXosé Álvarez vai falar (19:00) so-bre ‘A repressom franquista na co-marca de ponte Vedra’, a conti-nuaçom haverá uha ceia, e, para

rematar, um concerto de o leo iArremecaghoná (22:30).

por sua parte, a fundaçom so-ma-se ao ato institucional do con-celho de poio (às 13:00 na caeira)e promove outras atividades, entreelas a entrega do ‘Vii prémio diada galiza Mártir’ a Míni e Mero.

há mais informaçom no sitehttp://www.alexandreboveda.org/.

sixto Aguirre, camilo díaz Vali-ño, o curuxás, Marcial Villamor edelfino liñeira serám homenageia-dos também, no dia 18, por inicia-tiva da Adega e o galo, com um ro-teiro e um monólito na sua honra.

Vam celebrar um jantar na eirada Xoana, que oferece mais infor-maçom sobre os atos: http://eira-daxoana.blogaliza.org/.

curso sobre a sociedade ruralo instituto de estudos Minhora-nos (ieM) organiza para a univer-sidade internacional Menéndezpelayo o curso ‘desde o balado aoclic. A construçom das novas so-ciedades rurais galegas’, que sevai desenvolver entre o 6 e o 8 desetembro na Aula de cultura pon-

te de rosas, em gondomar. tratará-se a estrutura das socie-dades rurais e como a complexi-dade própria das grandes urbesse está a exportar ao campo, mo-dificando a vida das aldeias. Maisinformaçom e inscriçom emhttp://minhor.org..

A Assembleia de Mulheres docondado (AMc) tem aberta aconvocatória do iX certame li-terário feminista do condado.os trabalhos devem ser inédi-tos e terám-se que remitir an-tes do 30 de setembro desteano. A participaçom está res-tringida a mulheres e a temáti-ca, livre, deverá estar relacio-nada com o feminismo.

podem-se consultar as basesno blogue da AMc: condadoli-las.blogspot.com.

certameliteráriofeminista

CONvOCa amC

dia da GaLiza mÁrTir

OrGaNiza O iem

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GALIZA.

Novas da Gali a Apartado 39 (15701) coMpostelA tel. 692 060 607 [email protected]

Morrer com a tor-neira à altura dohipotálamo e

com as correntes neolibe-rais em automatizaçomabdominal. esticar-se coma cona aberta em oito edeixar nanoejacular cadaumha das propostas ma-nifestativas de um dia damátria qualquer enquantoa alma das zebras anova-das é percorrida por for-migas e formigas e cólicose formigas. cear o cérebrode nina simone com col-her de madeira. pensarque a poesia é útil ou pen-sar que as formigas ten-hem alma ou pensar toupai pai (clic-clic-clic).

suplicar por um registoefetivo de calugas que su-pliquem balas.

intransitivizar-se mulher(de um só olho) e cada va-so sanguíneo equivalente.tramar barco exigente-mente pirata ou ácrata ousegregacionista. Medir ospunhos oxítonos da dis-córdia através de todo oque nom sabem de ti. le-var a esquerda nacionalis-ta a salons de baile (tae-

nia saginata). engordar onosso desamor e transfor-má-lo em carlos Baute edar de si os pescoços dassuas camisas (clic-clic-clic).

o país está a morrer po-las asas.

Jesus cristo nom come-ça por ene. zangief bican-do a de Juana (clic-clic-clic).

todo o que lemos é pu-ra merda e isto nom tinhaporque ser menos e che-guei a casa depois deaguardar por outra mulhercousa de um quarto de ho-ra enquanto Billie holidayse queixava de como osbrancos perseguiam osnegros e estes se viam naobriga de subirem às ár-vores. fugir.

desperta. cheira o formigom.É agora ou nunca, ca-

rinho.

samuel l. paris

LiGeirO CLiC-CLiC-CLiCiNfiNiTO NOs

TaLONs

Dentro do projeto social d´As

Duas está a posta em prática da

soberania alimentar.

Maria Rosendo: Efetivamente,entendemos que se vivemos naGaliza o normal é comermos ebebermos produtos galegos. Nacomida apostamos por misturaros produtos ecológicos com osprodutos do país, de proximida-de, pois nom teria sentido ter co-mida ecológica se implicasse umgasto energético elevado por terque vir de mui longe. Por issotambém tentamos que todo o quese ofereça seja comida de tempo-rada, já sejam vegetais ou carne.

De onde trazeis os produtos?

M.R.: Trabalhamos com produto-ras. A carne e os ovos venhem deChantada. os vegetais som daprópria comarca de Compostela,do colectivo de produtoras Lentu-ra, que também abastece váriosgrupos de consumo da cidade.Tánia Tumbeiro: Trazem o quese dê em cada temporada: agoratemos cabacinhos, leituga, toma-te, cebolas...

Quanto às bebidas é mais

difícil levar à prática a soberania

alimentar, nom achades?

M.R.:Que seja galego ao centopor cento temos genebra, que afam em Vedra, ou a Galicola. oslicores também som de aqui e osvinhos som todos galegos, ex-cepto o Rioja.T.T.: Também está a sidra ou as in-fusons ecológicas.

Ainda nom é comum encontrar

um local que desenvolva toda a

comunicaçom na ortografia rein-

tegracionista. Quais som as moti-

vaçons?

M.R.: Nom é que se nos ocorrera,simplesmente nós somos reinte-gracionistas. isto é um espaço pró-prio, mas também colectivo, pare-ceu-nos a opçom mais lógica.Também sabemos que nom é nor-mal que neste tipo de entorno seaposte por esta norma, mas escol-her outra seria ir de algum modona nossa contra.T.T.: Pode haver algum prejuízo,é algo ao que te arriscas, mastambém é um jeito de achegar-tea um público.

O local é conhecido por desen-

volver charlas, projeçons de ci-

nema, juntanças ou atividades

mui diversas.

M.R.: isso era umha ideia que

tínhamos desde o princípio, queisto nom fosse só um bar. Nósvinhamos do mundo social equeríamos ter algo mais do queum sítio onde vender álcool. Te-mos umha assembleia em que ostrês trazemos ideias e decidimosque se pode fazer.T.T.: A gente também traz umhamoreia de propostas. Cada vezmais. Ao princípio éramos sobre-todo nós quem procurava ativida-des, mas a gente de fora foi gan-hando peso.M.R.: isso é algo genial, é o inte-ressante, servir como espaço pa-ra que a gente desenvolva as suasatividades. os dous ciclos de ci-nema que tivemos vinhérom defora. Tanto a Rede Feminista co-mo o grupo de consumo FabasLobas pensérom na praça da oli-veira e no nosso local para proje-tarem os filmes.

Ainda que o bar As Duas já leva

muitos anos funcionando, vos es-

tais desde há pouco tempo.

M.R.: Efetivamente, antes eramMaria e irene quem o levava, duasrapazas que vinhérom de Madridcom a ideia de montar e levar umbar. Elas já dérom ao bar um no-me e um conteúdo específico que

o fazia diferente. Por isso se nosocorreu meter-nos na loucura deestar aqui, se fosse outro bar o quese traspassasse nom se nos oco-rria colhê-lo, nem a brincar.

Ainda que conserveis o espírito,

mudou algo?

M.R.: Há cousas que se perderiame outras que se ganhárom. No te-ma da língua elas apostavam to-talmente polo galego, mas vin-ham de Madrid e inteirárom-seaqui de toda a questom do reinte-gracionismo.T.T.: Já tinham as cartas em reinte-grado e algumha cousa mais.M.R.: É diferente. Se calhar elastinham uns conteúdos muito maisfocados na questom feminista oulésbica e nós nom estamos ao mes-mo nível. Também é certo que sólevamos quatro meses, para nós éum mundo, mas ainda é poucotempo para termos feito muitas ati-vidades. Temos umha série de pa-râmetros que som inquestionáveis:que sejam em galego, que tenhama ver com o país e que tenham um-ha óptica feminista. dentro disso,a gente fai propostas que a nósnom se nos teriam ocorrido e sommais que bem-vindas. Eis a rique-za, que todo o mundo proponha.

“Queremos ser um espaço abertoonde a gente faga as suas atividades”RAUL RIOS /É difícil encontrar um anaco de parede que nom este-ja coberto polos movimentos sociais. As pedras do casco velhocompostelano que dam forma ao bar As Duas partilham espaçocom cartazes, fotografias ou colantes de vindicaçom política. De

um recanto privilegiado como a praça da Oliveira, esta coopera-tiva formada por Maria Rosendo, Tánia Tumbeiro e Xaquim Bou-ça mantém umha interaçom com a vizinhança mui afastada domodelo de taberna com simples consumidores passivos.

TÁNia TumBeirO e maria rOseNdO, TaBerNeiras dO Bar ‘as duas’