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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Escola de Engenharia de Lorena - EEL
Departamento de Engenharia Química
Paulo Filho Marques de Oliveira
Rodolfo Minto de Moraes
Síntese e caracterização de nanocompósitos do tipo polímero – silicatos lamelares compostos por
poli(estireno-co-acrilato de n-butila)/Laponita RD visando sua aplicação na formulação de tintas para
o setor imobiliário
Lorena/SP 2012
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PAULO FILHO MARQUES DE OLIVEIRA RODOLFO MINTO DE MORAES
Síntese e caracterização de nanocompósitos do tipo polímero – silicatos lamelares compostos por poli(estireno-co-acrilato de n-butila)/Laponita RD visando sua aplicação na formulação de tintas para o setor imobiliário.
Monografia submetida à Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo como trabalho de conclusão de curso de graduação em Engenharia Química Área de Concentração: Materiais – Novos materiais/Nanocompósitos Orientador: Prof. Dr. Amilton Martins dos Santos
Lorena/SP 2012
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RESUMO OLIVEIRA, P. F. M e DE MORAES, R. M. Síntese e caracterização de nanocompósitos do
tipo polímero – silicatos lamelares compostos por poli(estireno-co-acrilato de n-
butila)/Laponita RD visando sua aplicação na formulação de tintas para o setor
imobiliário. 2012, Monografia (Trabalho de conclusão de curso de Engenharia Química) –
Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo – EEL/USP.
A nanociência associada à nanotecnologia busca estudar e desenvolver objetos de dimensão
nanométrica. Em se tratando de nanocompósitos, pequenas quantidades de cargas já são
suficientes para obterem-se melhorias nas propriedades mecânicas, de barreira contra gás e
umidade, resistência a chama e ignição, por exemplo. Na preparação de um nanocompósito do
tipo polímero/silicato lamelar é fundamental que a argila esteja bem dispersa na matriz
polimérica. As propriedades de um material híbrido estão diretamente relacionadas com sua
morfologia interna e, neste caso, o estado da dispersão da fase inorgânica é muito importante.
Quando partículas sólidas desempenham a função de estabilizante numa polimerização em
emulsão, o sistema é então chamado de emulsão Pickering. A presença dessas partículas sólidas
na interface óleo/água permite a estabilização das partículas, devido à redução da energia
interfacial total. Esses estabilizantes podem ser partículas inorgânicas (como partículas de sílica,
partículas de argila, etc). Dentre as potenciais aplicações deste tipo de látices, com as devidas
propriedades, podemos destacar seu uso em tintas, adesivos e revestimentos, sendo que as tintas
representam uma das aplicações mais importantes dos polímeros. A diversidade de materiais
poliméricos empregados por essa atividade industrial é ampla, e, o Brasil é um dos cinco
maiores mercados mundiais para tintas. Fabricam-se no país tintas destinadas às mais variadas
aplicações, com tecnologia de ponta e grau de competência técnica comparáveis aos dos mais
avançados centros mundiais de produção, com destaque para tintas do setor imobiliário que
representam 79% do volume produzido e 63% do faturamento líquido da indústria de tintas.
Neste contexto, o presente trabalho dedicou-se à síntese e caracterização de látices híbridos de
poli(estireno-co-acrilato de n-butila)/Laponita RD buscando obter-se propriedades para
aplicação em tintas para o setor imobiliário. Os látices foram sintetizados via polimerização em
emulsão, estabilizados e reforçados com a argila sintética Laponita RD em processo semi-
contínuo e caracterizados quanto às propriedades coloidais referentes a diâmetro hidrodinâmico
de partícula (Dh), índice de polidispersidade (Poly) e teor de coágulos; as conversões global
(Xg) e instantânea (Xi) dos monômeros foram obtidas por gravimetria e os filmes em estado
seco foram caracterizados principalmente quanto às propriedades mecânicas através de análise
térmica dinâmico-mecânica (DMA) visando avaliar os ganhos com a inserção da argila no
sistema polimérico. Difratometria de Raios-X (DRX) também foi utilizada para verificar a
esfoliação sofrida pela argila, transparência dos filmes também foi comparada e testes
geralmente aplicados a polímeros para aplicações em tintas e revestimentos, tal como dureza,
foram realizados. Os resultados mostraram que a concentração de argila influencia na taxa de
polimerização, bem como no Dh das partículas, sendo que à medida que a se eleva a quantidade
da carga inorgânica a velocidade aumenta e o Dh diminui. Também se obteve melhorias nas
propriedades mecânicas com incrementos de até 10000% no módulo de armazenamento do
nanocompósito quando comparado a um filme convencional. Os testes para aplicação destas
resinas na composição de tintas revelaram baixas dureza e resistência à água, o que indicou a
necessidade da adição de compatibilizantes que promovam maior interação partícula-partícula e
partícula-substrato.
Palavras-chave: nanocompóstios polímero/argila, copolímero, tintas.
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ABSTRACT
OLIVEIRA, P. F. M e DE MORAES, R. M. Synthesis and characterization of
polymer/layered silicates nanocomposites based on poly(styrene-co-butyl
acrylate)/Laponote RD for application in paints for real estate sector. 2012, Monograph –
Engineering School of Lorena – University of São Paulo - EEL/USP.
Nanoscience associated to nanotechnology seeks to study and develop nanoscale objects.In the
case of nanocomposites, small amounts of cargo are enough to get to improvements in
mechanical properties, barrier against gas and moisture, resistance to flame and ignition, for
example.When preparing a nanocomposite polymer/lamellar silicate type it is essential that the
clay is properly dispersed in the polymeric matrix. The properties of a hybrid material are
directly related to their internal morphology and in this case, the state of dispersion of the
inorganic phase is very important. When solid particles perform the function of stabilizer in
emulsion polymerization, the system is so-called Pickering emulsion. The presence of such
solid particles in the oil/water interface allows stabilization of the particles due to decreased of
total interfacial energy. These stabilizers can be inorganic (such as silica particles, clay particles,
etc.). Among the potential applications of this kind of latexes, with the adequate properties, it is
possible highlight their use in paints, adhesives and coatings. The paints are the most important
application of the polymers. A variety of polymeric materials employed by this industrial
activity is broad, and, Brazil is one of the five largest global markets for paints, especially paints
for real estate sector that represents 79% of volume of production and 63% of net sales in the
paint industry. In this context, the present work was dedicated to the synthesis and
characterization of hybrid latexes of poly (styrene-co-n-butyl acrylate)/Laponite RD clay
seeking to obtain properties for application in paints for real estate sector. The latexes were
synthesized by emulsion polymerization, stabilized and reinforced with synthetic Laponita RD
clay in semi-continuous process and characterized with respect to the colloidal properties, the
particle hydrodynamic diameter (Dh), polydispersity index (Poly) and content of clots; overall
(Xg) and instantaneous (Xi) conversions of monomers were obtained by gravimetry and the
films in dry state were characterized mainly on the mechanical properties by dynamic
mechanical thermal analysis (DMA) to evaluate the gains from the inclusion of clay in
polymeric system. X-ray diffraction (XRD) was also used to check exfoliation suffered by clay,
transparency of the films was also compared, and tests generally used in polymers for paints and
coatings, as hardness were performed. The results showed that the concentration of clay
influences the polymerization rate as well as in Dh of the particles, as increasing the
amount of inorganic charge the rate increases and Dh decreases. It was also obtained
improvement in mechanical properties with increments up to 10000% in the storage
modulus of the nanocomposite as compared to a conventional film. Tests of these resins
for use in the paints composition showed low hardness and water resistance, which
indicates the need for addition of compatibilizer to promote increased particle-particle
and substrate-particle interaction.
Keywords: polymer/clay nanocomposites, copolymers, paints.
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SUMÁRIO
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................. 7
1.1 Compósitos........................................................................................ 7
1.2 Nanocompósitos................................................................................ 7
1.2.1 Tipos de nanocompósitos quanto a elemento de carga................. 7
1.3 Nanocompósitos de Matriz Polimérica............................................... 8
1.3.1 Nanocompósitos polímero/silicatos lamelares (PLSN)................... 8
1.3.2 Métodos de obtenção de PLSN...................................................... 10
1.4 Silicatos lamelares ou argilas............................................................. 10
1.4.1 Argila Laponita................................................................................ 11
1.5 Polimerização in-situ intercalativa...................................................... 12
1.5.1 Polimerização em emulsão e em miniemulsão............................... 12
1.6 Polimerização em emulsão................................................................ 12
1.7 Copolimerização................................................................................ 13
1.8 Sistemas Pickering............................................................................. 14
1.8.1 Modificação dos silicato lamelares.................................................. 17
1.9 Tecnologia de tintas........................................................................... 19
2. MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................... 24
2.1 Reagentes e Materiais....................................................................... 24
2.2 Síntese de látices híbridos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD via
polimerização em emulsão em processo semi continuo..........................
24
2.3 Preparações de filmes dos látices..................................................... 26
2.4 Caracterização................................................................................... 26
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................. 31
3.1 Caracterizações cinética e coloidal dos látices híbridos.................... 31
3.1.1 Estudo do efeito do método de adição de monômero e iniciador
na síntese de látices de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD.........................
31
3.1.2 Estudo do efeito da variação da concentração de Laponita RD
na síntese de látices de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD.........................
37
3.1.3 Estudo do efeito da adição do surfatante SDS na síntese de
látices de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD...............................................
41
3.2 Caracterização dos nanocompósitos de poli(estireno-co-acrilato de
n-butila)/Laponita RD obtidos em processo semi contínuo......................
45
6
3.2.1 Propriedades mecânicas (DMA)................................................... 45
3.2.2 Difratometria de raios – X (DRX).................................................. 48
3.2.3 Morfologia dos materiais (TEM)................................................... 49
3.2.4 Dureza........................................................................................... 51
3.2.5 Resistência à água........................................................................ 52
3.2.6 Estabilidade temporal.................................................................... 55
4. CONCLUSÃO........................................................................................ 57
5. DIFICULDADES ENCONTRADAS........................................................ 60
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................... 61
7
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1 Compósitos
Entende-se como compósito um material multifásico cujas fases
constituintes devem ser quimicamente diferentes e devem estar separadas por
uma interface distinta. Esses materiais exibem uma proporção significativa das
propriedades de ambas as fases que o constituem, de tal modo que é obtida
uma melhor combinação das propriedades[1].
A primeira fase é chamada de matriz, que é contínua e de maior fração
volumétrica na mistura envolvendo a segunda fase, chamada de fase dispersa
ou simplesmente carga. Assim, os diferentes tipos de compósitos podem ser
classificados em três classes principais, agrupados de acordo com a natureza
da matriz: compósitos de matriz metálica (CMM), compósitos de matriz
polimérica (CMP) e compósitos de matriz cerâmica (CMC)[2].
1.2 Nanocompósitos
Nanotecnologia diz respeito ao entendimento, controle e exploração de
materiais e sistemas cujas estruturas e componentes exibem propriedades e
fenômenos físicos, químicos e biológicos significativamente novos e/ou
modificados devido à sua escala nanométrica. A nanoescala é definida pela
existência de pelo menos uma dimensão física característica na faixa entre 1 e
100nm (1nm = 10-9m = 1 bilionésimo de metro) [3].
Assim, por extensão, define-se como nanocompósitos, materiais
poliméricos, cerâmicos ou metálicos, reforçados com cargas dispersas que
possuam pelo menos uma de suas dimensões na escala.
1.2.1 Tipos de nanocompósitos quanto a elementos de carga
Podem-se distinguir três tipos de nanocompósitos, dependendo de
quantas dimensões dos objetos dispersos (nanocargas) estão na escala
nanométrica. Quando as três dimensões estão na ordem de nanômetros, trata-
se de nanocargas isodimensionais, tais como nanopartículas esféricas de
sílica, por exemplo. Quando duas dimensões estão na escala nanométrica e a
terceira é maior, formando uma estrutura alongada, trata-se de nanotubos ou
8
nanofilamentos, como por exemplo, nanotubos de carbono[4] ou filamentos de
celulose[5,6].
O terceiro tipo de nanocompósitos é caracterizado por possuir somente
uma dimensão na faixa nanométrica. Nesse caso a carga se apresenta na
forma de lamelas com espessura de um ou poucos nanômetros e até centenas
de nanômetros de largura. Pode-se referir a essa família de compósitos como
nanocompósitos de polímero-cristais lamelares. Esses materiais são quase
exclusivamente obtidos pela intercalação de um polímero (ou um monômero
subsequentemente polimerizado) dentro dos espaços interlamelares.
1.3 Nanocompósitos de Matriz Polimérica
Nanocompósitos poliméricos são materiais formados pela mistura de um
material polimérico e um material de carga que tenha pelo menos uma de suas
dimensões na ordem de grandeza de nanômetros. Para os nanocompósitos, as
melhorias de propriedades podem ser obtidas para concentrações de carga
muito baixas (menores que 5%) e ainda surgem outras vantagens em relação
aos compósitos convencionais tais como melhores propriedades mecânicas,
barreira contra umidade, aumento na resistência ao fogo e ignição e
especialmente menor densidade[7, 8]. Estas melhorias são originadas do
desenvolvimento de grandes interfaces entre os materiais orgânico e
inorgânico devido às dimensões nanométricas do elemento de carga[7, 9].
Entretanto, a incorporação do elemento de carga nas matrizes não
necessariamente leva a um forte aumento da resistência. De fato, as
nanocargas costumam mostrar uma tendência a aglomerar e são
extremamente difíceis de dispersar [10]. A falta de afinidade entre a nanocarga
inorgânica e o polímero causa aglomeração do mineral na matriz polimérica.
Portanto, modificações na superfície da (nano)carga facilitam a compatibilidade
entre as duas fases de tal forma que se obtenha uma boa dispersão e
consequentemente propriedades superiores.
1.3.1 Nanocompósitos polímero/silicatos lamelares (PLSN)
A elaboração de materiais nanocompósitos usando-se silicatos lamelares
foi reportada pela primeira vez em 1961, quando Blumstein realizou a
9
polimerização de monômeros vinílicos intercalados em montmorillonita
(MMT)[11]. Mas só recentemente é que essa nova classe de materiais encontrou
maior interesse tecnológico acrescido quando pesquisadores da Toyota
reportaram, em 1993, a descoberta de um nanocompósito de poliamida-6
contendo 5% de argila, que apresentava maior módulo de tensão, módulo de
flexão e maior resistência térmica, apenas com uma pequena perda na
resistência ao impacto [8].
Nanocompósitos do tipo polímero/silicatos lamelares (PLSN) têm atraído
considerável interesse industrial e acadêmico ao longo dos últimos anos, pois
muitas vezes apresentam notáveis propriedades mecânicas, térmicas, ópticas
e de inflamabilidade. Geralmente é admitido que as melhorias nas
propriedades originam-se do pequeno tamanho e, consequentemente da
elevada área superficial das lamelas proporcionando fortes interações entre a
argila e a matriz polimérica [12].
A morfologia do nanocompósito polímero/argila é ilustrada na Figura 1.1.
No estado convencional miscível, o espaçamento interlamelar em uma argila
está no seu mínimo. Quando a resina polimérica é inserida dentro das galerias
entre as lamelas adjacentes, o espaçamento expande, e esse estado é
chamado de intercalado[13]. O resultado é uma estrutura multicamada bem
ordenada de camadas alternadas de polímeros e inorgânicos, com uma
distância de repetição entre eles. Neste caso, tal estrutura costuma apresentar
um espaço entre as plaquetas menor que 20-30 Ả[14]. Por outro lado, quando as
lamelas estão completamente separadas a argila é considerada na forma
esfoliada [13]. Neste caso, o polímero separa as plaquetas de argila por 80-100
Ả, ou mais [14]. Em geral, comparado com polímeros virgens, os PLSN
demonstram melhorias significativas com apenas teores moderados de cargas
dispersas variando entre 2% e 10% em peso [8]. Dentre as melhorias podem-se
citar aquelas relacionadas às propriedades mecânicas como aumento das
características de tensão, compressão, dobra e fratura; propriedades de
barreira à gases e líquidos; aumento da estabilidade térmica e habilidade de
promover retardo de chama e aumento da biodegradabilidade de polímeros
biodegradáveis [15, 16].
10
Figura 1.1 - Tipos de compósito polímero/argila: (a) miscível convencional, (b) parcialmente
intercalado e esfoliado, (c) intercalado e disperso e (d) esfoliado e disperso [13]
.
1.3.2 Métodos de obtenção de PLSN
Os nanocompósitos de matriz polimérica podem ser obtidos utilizando
vários métodos[8, 15], dentre eles consideram-se quatro como rotas principais:
a) esfoliação-adsorção: Este método envolve misturas de silicatos lamelares e
polímeros hidrofílicos diretamente em meio a um solvente comum.
b) polimerização in-situ intercalativa: Neste método, a argila é inchada no
monômero o qual é subsequentemente polimerizado. A polimerização pode ser
iniciada por radiação UV, pela difusão de um iniciador adequado ou pela
fixação de um iniciador orgânico por troca catiônica dentro do espaço
interlamelar em etapa realizada previamente.
c) intercalação no estado fundido: A argila mineral é misturada com a matriz
polimérica no estado fundido. A separação das folhas de silicato,
especialmente a esfoliação, depende do estabelecimento de interações
favoráveis entre o polímero e a superfície da argila.
d) sínteses moldadas: Esta técnica é particularmente bem adaptada para
polímeros solúveis em água. Nela os silicatos são formados in-situ em uma
solução aquosa contendo o polímero em meio gel.
1.4 Silicatos lamelares ou argilas
11
Quando comparados com outros elementos de carga inorgânicos, as
argilas minerais possuem várias características atrativas como os sítios ativos
tais como grupos hidroxilas, com características de ácido de Lewis e
Brönsted[10], além de uma propriedade única que é a presença de cátions
metálicos tais como Na+, Li+, Ca2+, etc. que se encontram entre as lamelas
carregadas negativamente de silicato, funcionando como espaçadores. Como
resultado, cátions orgânicos carregados positivamente podem ser acoplados às
superfícies das argilas através de um processo de troca iônica[8, 17]. Além disso,
são silicatos hidratados constituídos dos elementos mais abundantes na crosta
terrestre (O – 46,6%; Si – 25,7% e Al – 8,1%), e por isso são um dos materiais
mais comuns e antigos conhecidos pelo homem. Estes materiais quando
devidamente preparados podem apresentar uma das dimensões em escala
nanométrica, já que normalmente se apresentam na forma de placas muito
finas. O Brasil é rico em materiais argilosos, sendo este grupo de minerais de
grande caráter estratégico para a economia nacional[18]. Montmorillonita,
hectorita e saponita são os silicatos mais comumente usados na obtenção de
PLSN[15, 19]. Dados referentes a silicatos comumente usados na obtenção de
PLSN são fornecidos na Tabela 1.1[15].
Tabela 1.1 – Fórmula química e parâmetros característicos de 2:1 Filossilicatos comumente
usados na obtenção de NPSLs: M, cátion monovalente; x, grau de substituição isomórfica
(entre 0,5 e 1,3).
1.4.1 Argila Laponita
A Laponita RD é uma argila sintética do grupo das hectoritas que
apresenta como dimensões, 1 nm de espessura e aproximadamente 30 nm de
diâmetro. Essa argila tem algumas vantagens em relação às argilas naturais
por ser quimicamente pura, isto é, livre de impurezas tais como sílica cristalina.
A Laponita RD apresenta uma capacidade de troca catiônica relativamente
2:1 Filossilicatos Fórmula Química CTC (mEquiv/100g)
Montmorillonita Mx(Al4-xMgx)Si8O20(OH)4 110
Hectorita Mx(Mg6-xLix)Si8O20(OH)4 120
Saponita MxMg6(Si8-xAlx)Si8O20(OH)4 86,6
12
baixa de aproximadamente 75 miliequivalente por 100 gramas de argila
(meq/100g) [20].
1.5 Polimerização in-situ intercalativa
A polimerização in-situ intercalativa tem sido realizada por diversas
técnicas. Sínteses em solução[21], suspensão[22], massa[23], emulsão[24] e
miniemulsão[25] têm sido apresentadas.
1.5.1 Polimerização em emulsão e em miniemulsão
Nos sistemas de emulsão, a polimerização pode ocorrer em meio aquoso
ou em meio orgânico (neste caso conhecida como emulsão inversa) formando,
ao final da reação, partículas de polímero na forma de dispersão coloidal. Mais
precisamente, um produto de reação de polimerização em emulsão é
conhecido como látex sintético para diferenciar do látex de origem natural. Uma
das grandes vantagens dessa técnica de polimerização, e isto inclui a
copolimerização, é a possibilidade de sintetizar tanto látices com diferentes
propriedades coloidais (morfologia, tamanho de partículas e distribuição de
tamanhos de partículas, concentração de partículas, propriedade de formação
de filmes etc.) como polímeros com diferentes propriedades estruturais
(composição, microestrutura, distribuição de massa molar, grau de
cristalinidade, entre outras)[26, 27].
1.6 Polimerizações em emulsão
Polimerização em emulsão é o processo de polimerização mais utilizado
na indústria para a obtenção de polímeros via radicais livres, devido a diversas
vantagens, sendo a principal delas a utilização da água como fase dispersa,
também conhecida como fase contínua. Essa técnica permite a síntese de
látices com diferentes propriedades coloidais bem como de polímeros com
diferentes composições estruturais[26]. Polimerização em emulsão tem
demonstrado ser uma poderosa técnica de polimerização para a preparação de
13
nanopartículas híbridas de polímero, tais como partículas de polímero- sílica,
encapsulação de pigmentos, e encapsulação de argila[28].
Trata-se de um processo heterogêneo no qual monômeros são dispersos
em uma fase contínua pela adição de um surfatante e são polimerizados via
radicais livres provenientes da decomposição de um iniciador solúvel na fase
contínua. As moléculas de surfatante se associam em água na forma de
micelas, onde pode ser iniciada a polimerização. Considerando-se a
solubilidade em água de alguns monômeros e a concentração de surfatante no
meio reacional, é possível afirmar que a maioria das partículas se formam
pelas nucleações micelar e/ou homogênea[26].
Os monômeros utilizados na polimerização em emulsão se difundem
através da fase aquosa para o interior das partículas, proporcionando o
crescimento destas até que não existam mais monômeros e o processo de
iniciação radicalar seja finalizado[26].
1.7 Copolimerização
A copolimerização consiste na polimerização simultânea de dois ou mais
monômeros dando origem ao copolímero, contendo duas ou mais espécies de
unidades monoméricas em uma mesma molécula. Durante a copolimerização
convencional (sem interferência externa) de dois comonômeros diferentes (M1 e
M2), dependendo da reatividade de cada um deles consigo mesmo e com o
outro, tem-se a tendência para a geração de copolímeros distintos, ou seja,
alternado e aleatório. Em um dado instante da polimerização, ou mais
precisamente, durante o crescimento da cadeia polimérica, são possíveis
qualquer uma das quatro reações abaixo listadas. Para cada uma delas existirá
uma constante de reatividade Kij associada.
Pode-se simplificar a análise assumindo-se que nesse dado instante da
reação a concentração das espécies é constante. Com isso, o valor da
constante de reatividade Kij é que vai determinar a velocidade de reação, pois
v=Kij[Mi][Mj]. Definindo-se a razão de reatividade (r) como: r=r1.r2, sendo
r1=K11/K12 e r2=K22/K21.
14
~~~~M1* + M1 ~~~~M1—M1*
~~~~M1* + M2 ~~~~M1—M2*
~~~~M2* + M1 ~~~~M2—M1*
~~~~M2* + M2 ~~~~M2—M2*
Quando r é próximo de zero, significa que cada um deles (r1 e r2) é um
valor pequeno, menor que um. Para isso a constante de reatividade de um
monômero consigo mesmo (K11 e K22) deve ser menor do que com o outro (K12
e K21), e portanto a condição de comonômeros iguais é dificultada, gerando um
copolímero alternado. O mesmo raciocínio pode ser feito para r1 e r2 com
valores grandes, onde a preferência neste caso é da reação de comonômero
consigo mesmo, gerando polímeros em bloco. Quando a razão de reatividade
apresenta-se intermediária aos valores acima, há uma preferência definida,
gerando copolímeros com distribuição dos meros de modo aleatório[29].
1.8 Sistema Pickering
Devido a uma elevada energia interfacial entre a água e um solvente
orgânico imiscível, emulsões do tipo óleo/água (O/A) e água/óleo (A/O) só
alcançam estabilidade através da adição de compostos ativos de superfície,
como surfatantes, que agem reduzindo essa energia interfacial. No entanto,
Pickering[30] em 1907, observou que emulsões água-óleo também podem ser
estabilizadas pela presença de partículas insolúveis, onde a elevada energia
interfacial entre a água e a fase orgânica é minimizada e então a estabilidade é
adquirida pela inserção de partículas sólidas, geralmente inorgânicas, na
interface. Mais recentemente, esse sistema nomeado de Pickering, em
homenagem ao autor que o apresentou pela primeira vez, vem sendo relatado
na estabilização de látices.
O emprego das técnicas de polimerização em emulsão e miniemulsão na
síntese de látices híbridos do tipo polímero/silicatos lamelares é recente. A
preparação desses materiais inclui heterocoagulação do silicato mineral sobre as
K11
K12
K21
K22
15
partículas de polímeros, utilização do silicato como estabilizante (Pickering) e
modificação da superfície do silicato através de trocas iônicas ou de ligações
covalentes nas arestas do silicato para facilitar a dispersão do silicato na matriz
polimérica[31 ] .
Quando uma partícula de látex com morfologia Pickering é gerada, as
partículas sólidas permanecem na superfície do polímero formado com uma
cobertura, total ou parcial. Obtêm-se partículas híbridas constituídas de um
núcleo de polímero rodeado por partículas sólidas, resultando na formação de
um látex “blindado” (armored latex), conforme apresentado na Figura 1.2. Estas
partículas sólidas na superfície das partículas do polímero conferem a
estabilidade coloidal ao sistema.
Figura 1.2 – Partícula de látex estabilizada por partículas sólidas (sistema Pickering).
A capacidade de sólidos inorgânicos de conferir estabilidade coloidal a
látex de polímeros não é recente. O interesse neste sistema emergiu na
década de 1990 com o trabalho pioneiro de Armes e colaboradores[32-35] sobre
a síntese de látex de (co)polímero vinílico/sílica estabilizados por partículas de
sílica ultrafinas. Desde então, uma variedade de sólidos inorgânicos têm sido
relatada como estabilizantes de polimerização em emulsão[36-42].
As técnicas de polimerização em meio disperso mais utilizadas para gerar
sistemas particulados do tipo Pickering são a polimerização em emulsão[12, 43] e
em miniemulsão[44]. Quando o sistema Pickering via emulsão é obtido com
sucesso, as interações da argila em escala nanométrica ocorrem devido a uma
boa esfoliação da argila, que proporcionam uma melhoria nas propriedades
mecânicas, térmicas e de barreira[7,8].
16
Uma emulsão estável de estireno/água, na ausência de surfatante, foi
preparada com hectorita sintética como estabilizante por Bon et al. [44]. Após a
polimerização do estireno, uma dispersão de partículas de látex estabilizadas
por lamelas de argila sintética foi obtida. Ma et al. [45],fazendo uso também da
técnica de polimerização em emulsão Pickering, prepararam nanocompósitos
a base de poliestireno com estrutura núcleo-casca onde, como carga inorgânica,
foram utilizadas partículas sólidas de sílica. Herrera et al.[43] também
sintetizaram, com sucesso, nanocompósitos via emulsão Pickering. Neste
trabalho os autores modificaram a Laponita trocando os cátions da argila com
os de um iniciador azo-catiônico, o hidrocloreto de 2,2-azobis(2-metil
proponoamidina) (AIBA).
Stefan Bon[44] relatou a polimerização em miniemulsão Pickering
utilizando a argila Laponita RD como estabilizante. As polimerizações via
radical livre foram realizadas utilizando uma variedade de monômeros
(estireno, (met)acrilato de lauroíla, (met)acrilato de n-butila, acrilato de octila e
acrilato de 2-etil hexila). A polimerização em miniemulsão Pickering foi um
sucesso para uma variedade de monômeros hidrofóbicos utilizados. As
polimerizações em miniemulsão estabilizadas por lamelas de Laponita RD
formaram látices blindados, nas quais as superfícies das partículas foram
cobertas com discos de argila. Este mesmo grupo reportou a estabilização de
látices em presença de nanopartículas de sílica sob condições de
polimerização em emulsão Pickering batelada e um estudo do destino das
nanopartículas medindo sua concentração em na fase aquosa[39, 46].
Van Herk et al.[47] relataram a preparação de partículas de polímero-argila
por polimerização em (mini)emulsão inversa pelo sistema Pickering,
estabilizadas por lamelas hidrofóbicas de montmorilonita.
Em estudos mais recentes, Bourgeat-Lami[48] e colaboradores
demonstraram que o uso de metacrilato de poli(etileno glicol) como
comonômero auxiliar promoveu a adesão de partículas de sílica na
polimerização em emulsão Pickering do estireno. Dos Santos[49] e
colaboradores utilizaram o mesmo artifício na copolimerização em emulsão
Pickering do estireno e acrilato de n-butila usando discos de argila Laponita
como estabilizante, relatando que uma quantidade mínima de Laponita RD é
necessária para a obtenção de látices estáveis com teor de sólidos 40%. Análises
17
de cryo-TEM confirmaram a morfologia blindada das partículas de polímeros
pelas lamelas de argila (Pickering). Bon et. al.[50], também publicaram um
estudo onde partículas híbridas de polímero puderam ser obtidas utilizando-se
discos de argila Laponita XLS como agente de estabilização do sistema
Pickering em sistema descintínuo com baixo teor de sólidos, aproximadamente
10%.
1.8.1 Modificação dos silicatos lamelares
Em sistemas imiscíveis, os quais tipicamente correspondem aos
polímeros mais convencionalmente reforçados com cargas inorgânicas, a má
interação física entre os componentes orgânicos e inorgânicos leva à
propriedades térmicas e mecânicas pobres. Em contrapartida, interações fortes
entre o polímero e o silicato lamelar nos PLSNs, levam a fases orgânicas e
inorgânicas dispersas em escalas nanométricas. Como resultado desta
eficiente dispersão, nanocompósitos exibem propriedades únicas, não
atingidas por polímeros cargueados convencionalmente[8].
Para favorecer a interação interfacial e controlar a morfologia das
partículas, alguns pesquisadores têm realizado modificações orgânicas nas
partículas da argila. Com isso, modificadores orgânicos são utilizados para tornar
a superfície da argila hidrofóbica e favorecer a penetração de monômero no
espaço interlamelar. Modificadores orgânicos contendo grupos reativos também
podem reagir com a matriz polimérica e reforçar ainda mais a interação
interfacial polímero-argila. Três grandes categorias de modificadores de argila são
relatadas: troca catiônica, silanização e adsorção física de compostos polares
(tanto polímeros quanto moléculas pequenas) [45 ]. Tratamentos deste tipo
disponibilizam grupos funcionais reativos que, estando ligados quimicamente à
matriz polimérica, favorecem a ocorrência da reação de polimerização próxima
aos espaços interlamelares ou galerias (polimerização in situ), aumentando
dessa forma a possibilidade de intercalação ou esfoliação das lamelas do
silicato. Além disto, pode-se aumentar a força de interface entre a fase
inorgânica e a matriz polimérica[51, 52].
A troca catiônica é baseada na troca de cátions inorgânicos estruturais da
argila intercalada por um cátion orgânico, que pode conter em alguns casos, um
grupo reativo. Yang et al. [53] relataram a síntese de um iniciador radicalar
18
catiônico e sua intercalação em galerias de MMT para iniciar a polimerização do
estireno a partir da superfície da argila. Já Qutubuddin et al. [54] incorporaram
cloreto de vinilbenzildimetildodecilamônio em MMT também por troca catiônica.
O produto obtido foi um nanocompósito parcialmente esfoliado mediante a
polimerização do estireno na presença desta argila organofílica. Entretanto, como
não se fez uso de surfatante para estabilizar as partículas formadas, o látex
obtido não possuiu boa estabilidade coloidal. Recentemente, Sedlakova et al. [55]
seguiu uma abordagem semelhante utilizando o cloreto de 2-
(Acriloiloxi)etiltrimetilamônio para promover adesão interfacial polímero/argila.
A quantidade de cátions orgânicos que podem ser trocados com a argila
depende da quantidade de sítios de troca e, portanto, depende da capacidade
de troca catiônica (CTC) e da estrutura do filossilicato. Por outro lado,
organossilanos são moléculas com a fórmula geral RnSiX4n, em que X é um
grupo hidrolisável (halogênio, alcóxi, etc) e R representa um radical orgânico não
hidrolisável que pode formar ligações covalentes com superfícies da argila. Na
verdade as bordas das lamelas da argila oferecem a presença de grupos
hidroxila que podem reagir com organossilanos formando ligações siloxano. Por
outro lado, escolhendo-se moléculas do tipo organossilanos contendo grupos
polimerizáveis, ligações covalentes podem ser criadas entre o silicato de
enchimento e a matriz polimérica. Embora muitos estudos tenham sido relatados
sobre a enxertia de agentes de acoplamento silano à superfície de partículas de
óxido mineral, comparativamente, apenas um número limitado de trabalhos foi
publicado sobre reação de silanização das argilas[56 ].
Negrete-Herrera et al. [57] relataram a enxertia de alfa-metacriloxi
trimetoxipropilsilano nas bordas das plaquetas de argila Laponita. As argilas
organofílicas foram utilizadas como sementes para a síntese de nanocompósitos
de poli(estireno-co-acrilato de butila)/Laponita através da técnica de
polimerização em emulsão. Ianchis e colaboradores[58] também fizeram uso de
agente silano. Eles utilizaram agente silano com diferentes grupos alquil na
sintetize de látex de poliestireno via polimerização em emulsão livre de
surfatante na presença da argila MMT. Neste estudo a argila modificada ficou
localizada dentro e fora das partículas de polímero.
Além dos modificadores orgânicos reativos, alguns grupos de
pesquisadores também relataram o uso de compostos catiônicos não-reativos
19
(que geralmente são alquilamônio ou surfatantes zwiteriônicos) também com a
finalidade de promover a esfoliação da argila[59 , 60] .
Recentemente, Faucheu et a l . [61] reportaram a síntese de partículas de
polímero-Laponita através da polimerização em miniemulsão utilizando os
monômeros metacrilato de metila e acrilato de butila. A técnica utilizada
permitiu que a morfologia das partículas fosse controlada com precisão, com as
lamelas de argila Laponita se localizando na superfície das esferas de látex
formadas ou se incorporando no interior dessas. Para as partículas de polímero
blindadas, um iniciador catiônico (AIBA) foi incorporado nas lamelas de argila
por troca de cátions. Já para as partículas que apresentaram lamelas de argila
incorporadas, um agente de acoplamento organossilano (alfa-
metacriloxipropiltrimetoxisilano) foi enxertado nas bordas das lamelas e, além
disso, um surfatante quartenário de alquil amônio (brometo de
dodecildimetilamônio) foi intercalado nas lamelas de argila através da troca de
cátions. Os filmes obtidos apresentaram significativas diferenças nanoestruturais
e, portanto, diferentes comportamentos mecânicos e de permeabilidade
(absorção de água). Os látices de partículas blindadas levaram a formação de
uma rede de percolação de argila para alto teor de argila, já os látices com a
Laponita encapsulada mostraram somente contatos limitados entre argila-argila
já que as plaquetas de argila estavam confinadas no interior de partículas de
polímero individualmente. Assim, os látices blindados apresentaram maior
reforço mecânico do que os látices encapsulados, ambos sintetizados com a
mesma concentração de argila.
1.9 Tecnologia de tintas
As tintas representam uma das aplicações mais importantes dos
polímeros. A diversidade de materiais poliméricos empregados por essa
atividade industrial é ampla.
O Brasil é um dos cinco maiores mercados mundiais para tintas.
Fabricam-se no país tintas destinadas às mais variadas aplicações, com
tecnologia de ponta e grau de competência técnica comparável à dos mais
avançados centros mundiais de produção. Há centenas de fabricantes, de
grande, médio e pequeno porte, espalhados por todo o país. Os dez maiores
20
fabricantes respondem por 75% do total das vendas. O faturamento líquido do
setor passou de US$ 3,03 bi em 2009 para US$ 3,90 bilhões em 2010 e o
volume produzido de 1,232 bilhão de litros para 1,359 bilhão de litros, dados
que representam crescimento de mais de 10% no último ano[62,63].
Segmentos em que o setor se divide:
-Tinta imobiliária: representa cerca de 79% do volume total e 63% do
faturamento
-Tinta automotiva (montadoras): 4% do volume e 7% do faturamento
-Tinta para repintura automotiva: 4% do volume e 8% do faturamento
-Tinta para indústria em geral (eletrodomésticos, móveis, autopeças,
naval, aeronáutica, tintas de manutenção etc.): 13% do volume e 22% do
faturamento[66].
As tabelas 1 e 2 apresentam os dados dos últimos dez anos para
indústria de tintas.
Tabela 1.2 Volume de tintas produzidas no Brasil nos últimos dez anos[63]
.
VOLUME (milhões de litros)
ANO Imobiliária Repintura Ind.Automotiva Ind. Geral TOTAL
2011 1,119 52 51 176 1,398
2010 1,083 51 50 174 1,359
2009 982 47 46 157 1,232
2008 975 49 48 171 1,243
2007 800 45 42 158 1,045
2006 741 40 40 147 968
2005 722 40 39 141 942
2004 701 37 37 138 913
2003 662 34 31 133 860
2002 663 33 30 131 857
2001 654 32 30 127 843
2000 653 30 28 119 830
21
Tabela 1.3 Faturamento da indústria de tintas nos últimos dez anos no Brasil[63]
.
FATURAMENTO (milhões de dólares)
ANO Imobiliária Repintura Ind.Automotiva Ind. Geral TOTAL
2011 2,865 355 309 965 4,503
2010 2,470 310 270 850 3,900
2009 1,936 246 204 648 3,033
2008 1,983 262 221 727 3,193
2007 1,448 223 171 600 2,442
2006 1,206 191 152 501 2,050
2005 1,110 180 135 455 1,880
2004 888 139 107 366 1,500
2003 792 119 79 330 1,320
2002 672 101 67 280 1,120
2001 837 128 90 350 1,405
2000 910 140 90 380 1,520
De acordo com esses dados, é possível verificar o mais importante
mercado se refere aos produtos utilizados na linha arquitetônica, também
chamada de imobiliária ou de construção civil. É neste contexto que reside a
importância de desenvolvimento de novas tecnologias para produção de tintas.
Composição básica[62, 64]
Os componentes básicos da tinta podem ser divididos em 4 grandes
grupos: Pigmentos, solventes, aditivos e resinas.
Pigmento
Material sólido finamente dividido e disperso no meio composto de
solventes, resinas e aditivos. É utilizado ara conferir cor, opacidade e certas
características de resistência como proteção anticorrosiva e outros efeitos.
Solvente
22
A maior parte é formada por líquidos orgânicos de baixo ponto de
ebulição, utilizado na indústria de tintas e derivados para dissolver a resina e
conferir viscosidade adequada à aplicação e retardar ou acelerar o sistema de
secagem.
Aditivo
Utilizados para auxiliar nas diversas fases de fabricação da tinta os
aditivos proporcionam características especiais, melhorias nas propriedades e
conferem particularidades necessárias à aplicação. Existe uma grande
variedade de aditivos usados na indústria de tintas e vernizes, dentre eles
podemos citar os secantes, antisedimentantes, niveladores, antiespumantes,
antipele e os aditivos de preservação. Os aditivos são usados em quantidades
relativamente pequenas, mas influenciando significativamente na manufatura,
estabilidade, aplicabilidade, preservação, qualidade e aspecto final do
revestimento aplicado.
Resina
Sendo um dos componentes não voláteis da tinta, a resina é utilizada
para aglomerar as partículas de pigmento, como também é responsável pela
formação do filme. Ela denomina o tipo de tinta ou revestimento empregado na
pintura, por exemplo: tinta alquídica, acrílica, vinílica, epóxi, poliéster e outras.
Todas as tintas levam o nome da resina que as compõe.
A resina e as possíveis combinações entre resinas representam o
principal componente em qualquer tinta. As propriedades físico-químicas da
tinta, como aplicabilidade, secagem, cura, durabilidade, adesão, resistência
química e mecânica, flexibilidade e dureza, são governadas basicamente pela
natureza das resinas. Algumas variações menores dessas propriedades podem
ser conseguidas pela modificação de outros componentes da formulação, mas
cabe ao sistema de resinas a maior influência. A durabilidade deste sistema de
resinas também funciona como fator limitante da estabilidade da tinta e merece
especial atenção para obtenção de um produto com bom desempenho.
23
Outros componentes também podem ser necessários na formulação tanto
das resinas como nas tintas, tais como plastificantes para ajustes na
temperatura de formação do filme e também de reologia, trabalhando-se com
ajustes na viscosidade utilizando-se espessantes.
A grande variedade de polímeros englobados pela indústria de
revestimentos advém do elevado número de monômeros atualmente
disponíveis que permitem diversas combinações. Outro aspecto que contribui
para essa variedade de polímeros é a existência de diferentes processos de
preparação, que permite para uma mesma composição monomérica, obter
veículos de propriedades totalmente diferentes; a química dos polímeros é
extremamente importante em tintas, pois permite obter o sistema polimérico
adequado para uma determinada aplicação. Por exemplo, uma consequência
direta da combinação da disponibilidade de monômeros adequados com o
processo de polimerização por emulsão é a obtenção de diferentes emulsões,
sem as quais não existiriam as tintas ao látex. Ainda convém lembrar-se da
importância da técnica de polimerização em emulsão no tocante a aplicação de
resinas sintetizadas por esta técnica, pois sendo o meio de polimerização e
aplicação a água, os impactos ambientais causados por solventes orgânicos
são fatalmente reduzidos.
Neste trabalho trataremos da síntese de resinas obtidas pela
copolimerização do acrilato de n-butila e estireno via polimerização em
emulsão, que serão reforçadas com argila Laponita RD, a qual atuará na
estabilização dos látices, constituindo assim um nanocompósito. Os látices
serão sintetizados visando estudo de propriedades coloidais, dos filmes
formados e como potenciais constituintes na formulação de tintas para o
mercado imobiliário, visto que a demanda por tintas no mercado brasileiro é
crescente. É neste contexto que a nanotecnologia pode contribuir na obtenção
de tintas com maior desempenho.
24
2 MATERIAIS E METODOS
2.1 Reagentes e Materiais
Neste trabalho a água utilizada nas copolimerizações foi deionizada. A
argila Laponita RD foi produzida pela empresa americana Southern Clay
Products (SCP), com capacidade de troca catiônica de 75 mEquiv/100g. Os
monômeros estireno (98%, Basf e Rohm & Haas) e acrilato de n-butila (98%,
Basf e Rohm & Haas) foram purificados de forma complementar através de
destilação a pressão reduzida. O peptizante pirofosfato tetrabásico de sódio
(Na4P2O7, Synth, grau analítico), persulfato de potássio (K2S2O8, 98%, Aldrich)
e dodecil sulfato de sódio (SDS, Rhodia) foram utilizados conforme recebidos.
Todas as reações de polimerização em emulsão foram realizadas em
reator de vidro encamisado com capacidade de 250 mL ou 3000 mL e com
saída inferior para retirada de látex, equipado com condensador, banho
termostático com controlador de temperatura e agitador sob atmosfera
controlada de nitrogênio de grau analítico 5.0.
2.2 Síntese de látices híbridos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD via
polimerização em emulsão em processo semi continuo.
Neste trabalho, todas as reações foram conduzidas em reator
encamisado de vidro de 250 mL com saída inferior para coleta de látex,
equipado com um tubo purgador de nitrogênio, condensador, banho
termostático com controlador de temperatura e agitador. Bombas dosadoras
foram utilizadas, uma para a alimentação de monômeros e outra para a
solução de iniciador ou surfatante (quando utilizados na alimentação). Utilizou-
se agitação mecânica de 300 rpm e a temperatura do meio reacional foi
mantida a 70ºC. As reações foram conduzidas em atmosfera de nitrogênio
gasoso, grau 5.0. A Figura 2.1 apresenta esquematicamente o sistema
reacional utilizado neste trabalho.
Para cada estudo, uma metodologia diferente foi utilizada e seus efeitos
quanto às propriedades coloidais e mecânicas dos látices obtidos foram
avaliadas. As formulações e as metodologias das sínteses dos látices híbridos
25
de poli(estireno-co-acrilato de n-butila)/Laponita RD via polimerização emulsão
em processo semi contínuo, para melhor compreensão, serão apresentadas
juntamente com as discussões dos resultados. De modo geral, os
procedimentos adotados para as reações de polimerização foram:
(i) Água e peptizante foram pesados. O peptizante foi então solubilizado
sob agitação magnética de 350 rpm e sob atmosfera de nitrogênio
gasoso por aproximadamente 5 minutos ou até que todo o peptizante
se dissolvesse completamente. A função do peptizante é de
neutralizar as cargas das bordas da argila, aumentando sua
esfoliação e promovendo melhor dispersão;
(ii) Em seguida, a argila Laponita RD, previamente pesada, foi
adicionada lentamente à solução da água mais o peptizante e
mantida sob agitação por 30 minutos sob fluxo de gás nitrogênio para
eliminação do oxigênio (inibidor da polimerização) presente no meio;
(iii) Após 30 minutos de agitação, mantendo-se o sistema sob agitação
por mais 15 horas.
(iv) Com a velocidade da agitação mecânica já ajustada em 300 rpm, a
mistura contendo água, peptizante e argila foi transferida para o
reator e, para algumas reações, 10% m/m dos monômeros utilizados
na sínteses dos látices híbridos foram também adicionados nesse
instante. Degaseificou-se o meio reacional através da passagem de
nitrogênio gasoso durante 15 minutos.
(v) Após a degaseificação, o sistema de circulação de água quente, já a
70ºC, foi ligado na camisa do reator e aguardou-se até que a
temperatura do meio reacional se estabilizasse;
(vi) Com a temperatura do meio reacional estabilizada, a solução de
iniciador, previamente preparada e degaseificada por
aproximadamente 5 minutos, foi totalmente adicionada no reator ou,
cem por cento ou parcialmente utilizada na alimentação do reator;
(vii) Posteriormente, as bombas dosadoras de monômero, de solução de
iniciador e/ou de surfatante (quando utilizadas) foram ativadas e
essas alimentaram o reator durante tempos determinados. Alíquotas
de aproximadamente 2,0 mL de látex foram retiradas nos seguintes
26
tempos: 0 (inicio da polimerização), 5, 15, 30, 45, 60, 90, 120, 180,
240, 360 e 480 minutos.
Figura 2.1: Sistema utilizado na síntese dos látices híbridos poli(estireno-co-acrilato de n-
butila)/Laponita RD.
2.3 Preparações de filmes dos látices
Os látices híbridos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD obtidos foram
diluídos para aproximadamente 17% de teor de sólidos e, posteriormente,
depositados em molde de silicone e colocados em uma capela para secar à
temperatura ambiente, durante 5 dias.
2.4 Caracterização
As seguintes técnicas de caracterização foram utilizadas neste projeto:
análise gravimétrica, medidas de pH, teor de coágulos, espalhamento de luz,
difração de raios X (XRD), análise dinâmico-mecânica (DMA), microscopia
27
eletrônica de transmissão (TEM), dureza, resistência à água e estabilidade
temporal – estocagem.
a) Analise gravimétrica
A cinética de reação foi acompanhada através de análises de conversão
global instantânea e de conversão global acumulada. Cada amostra foi retirada
em tempos pré-determinados durante o período de reação, utilizando frascos
de vidro, que foram imediatamente imersos em água com gelo, para
interromper a reação. Por fim, a conversão foi determinada por análise
gravimétrica em estufa com circulação de ar a 105ºC por 20h.
As análises de teor de sólidos foram realizadas em duplicata e a média foi
utilizada para calcular a conversão global acumulada [Xg (t)] das reações de
polimerização em emulsão, utilizando a equação 1.1.
(1.1)
Onde: TSt é o teor de sólidos no instante t; TSi(t-0) é o teor de sólidos no início da reação
(conversão 0%) e TSTf é o teor de sólidos teórico no final da reação (conversão 100%).
Para o cálculo da conversão global instantânea (Xgi (t)) em processo
semi-contínuo foi utilizada a equação 1.2, que leva em consideração a massa
dos reagentes adicionados durante a reação.
(1.2)
Onde: TS(t) é o teor de sólidos no instante t; mE(t) é a massa total no reator no instante t; mS(t) é
a massa de sólidos adicionados até o instante t e mMon(t) é a massa total dos monômeros
adicionados até o instante t.
b) Medidas de pH
Medidas de pH foram feitas no tempo final de polimerização utilizando um
titulador automático TIM880, da marca Radiometer Analytical.
c) Teor de coágulos
28
Os coágulos foram separados através da filtração dos látices finais em
peneiras com malha de 200 mesh. O teor de coágulos foi determinado pela
relação da massa de coágulos seca e a massa de sólidos totais da formulação,
nas mesmas condições das análises gravimétricas.
d) Diâmetro médio de partículas e polidispersidade
O diâmetro médio das partículas e a polidispersidade do látex foram
obtidos a partir da média de 30 medidas, de uma solução diluída de látex em
água deionizada, utilizando o equipamento da marca Malvern, modelo
Zetasizer 1000.
f) Difração de raios X (XRD)
A difração de raios X dos filmes da matriz polimérica de poli(Sty-co-BuA) e
dos nanocompósitos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD foi obtida em um
equipamento Empyrean da PANalytical com fonte de raios X de CuKα (1,542
Ângstrons), ângulos de difração (2 θ) variando de 5 a 70º e taxa de varredura
de 1º(2θ)/min para verificar as mudanças no espaçamento basal dos silicatos
lamelares.
g) Análise Dinâmico-Mecânica (DMA)
As propriedades termodinâmico-mecânicas (DMA) dos filmes da matriz
polimérica de poli(Sty-co-BuA) e dos nanocompósitos de poli(Sty-co-
BuA)/Laponita RD foram obtidas em um equipamento da TA Instruments,
modelo DMA-2980, no modo de tensão, de -60 a 150°C, com taxa de
aquecimento de 3°C/min, numa freqüência de 1Hz.
h) Microscopia Eletrônica de Transmissão (TEM)
A morfologia dos materiais foi caracterizada por microscopia eletrônica de
transmissão (TEM). Estas análises foram realizadas em equipamento da marca
Jeol, modelo Jem-1 011, operado a 80KV locado no instituto Adolfo Lutz, São
Paulo.
i) Dureza
29
Para os ensaios de dureza, os filmes foram preparados utilizando um
extensor do tipo bird calibrado para películas de 300 µm de espessura para
distribuir os látices na forma de dispersão líquida sobre uma placa de vidro, e,
em seguida, foram levados à estufa a 140°C por 15 min para secagem.
Os ensaios de determinação da dureza das amostras foram realizadas
em um equipamento da marca BYK Gardner utilizando o pêndulo do tipo König,
segundo as normas utilizadas na empresa Basf, unidade de Guaratinguetá-SP.
Esse método avalia a dureza medindo o tempo de amortecimento da
oscilação de um pêndulo contendo duas esferas de aço apoiadas sobre a
superfície do revestimento. Há uma relação física entre o tempo de oscilação, a
amplitude e a dimensão do pêndulo. O comportamento viscoelástico do
revestimento determina sua dureza. Quando o pêndulo é colocado em
movimento as esferas de aço deslizam sobre o revestimento, pressionando-o
sobre a superfície. Dependendo da elasticidade, o amortecimento será mais
forte ou mais fraco. Nos ensaios realizados, o pêndulo foi liberado a um ângulo
de 6° e a dureza é obtida contando-se quantas oscilações aborsão sofridas até
passar-se pela última vez pelo ângulo de 3°.
j) Resistência à água
A resistência à água dos filmes nanocompósitos foi estudada de duas
diferentes formas: resistência à água quando secos sob um substrato, e quanto
à variação na massa dos filmes padronizados.
Para o primeiro, os filmes foram formados utilizando-se um extensor de
filmes do tipo bird na espessura de 150 µm sob uma placa de vidro e secos a
60°C por 5 min. Então, após atingirem a temperatura ambiente, foram
gotejadas 10 gotas de água em um ponto homogêneo do filme, e verificando-se
o tempo em que haveria mudança aparente no aspecto.
Para o estudo da variação de absorção de água, os filmes de mesmo
espessura e de dimensões de 2 cm x 2 cm, e provenientes de látices de
mesmo teor de sólidos, foram imersos em 20 mL de água deionizada. As
massas dos filmes secos e após dias foram pesadas.
k) Estabilidade temporal – estocagem
30
A fim de se obter dados referentes a estabilidade dos látices híbridos,
medidas de diâmetro de partícula foram realizadas utilizando espalhamento de
luz no mesmo equipamento utilizado para estudos e diâmetro de partícula
versus tempo de reação apresentados anteriormente.
31
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos nesse relatório se dividem basicamente em quatro
estudos: (i) estudo do efeito do método de adição de monômero, bem como do
iniciador no meio reacional; (ii) avaliação do efeito da variação da concentração
de Laponita RD para as duas sínteses que apresentaram melhor estabilidade
coloidal no estudo anterior; (iii) estudo do efeito da adição de surfatante na
síntese dos látices híbridos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD e (iv)
caracterização dos filmes em estado seco para avaliar os ganhos nas
propriedades mecânicas.
3.1 Caracterizações cinética e coloidal dos látices híbridos
Todas as copolimerizações foram realizadas em processo semi contínuo
e visando a obtenção de látices estáveis na ausência surfatante. Os teores de
sólidos foram calculados em função da massa total dos componentes utilizados
na formulação. As concentrações de argila e iniciador foram calculadas em
função da massa total de monômeros, já as concentrações de peptizantes
foram calculas em função da massa total de argila utilizada nas
copolimerizações e por fim, a quantidade de surfatante foi calculada em relação
à água, mantendo-se abaixo da CMC (concentração miscelar crítica), para
evitar a formação de miscelas.
3.1.1 Estudo do efeito do método de adição de monômero e iniciador na
síntese de látices de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD.
Nesse primeiro estudo, sete copolimerizações em emulsão do sistema
estireno-acrilato de n-butila com 40% de teor de sólidos e com concentração de
argila igual a 5%, foram realizadas. As sete polimerizações foram realizadas
com mesma formulação, entretanto, cada uma delas foi estudada com uma
diferente metodologia de adição de monômero e de iniciador no meio reacional,
para que, posteriormente, o efeito de cada metodologia pudesse ser avaliado
quanto às propriedades coloidais dos látices obtidos, e assim a melhor
metodologia pudesse ser utilizada nos estudos posteriores.
32
A Tabela 3.1 apresenta as formulações utilizadas nas sínteses desses
látices. As diferenças na metodologia referentes às respectivas reações quanto
à adição de monômero e de iniciador no meio reacional estão apresentadas na
Tabela 3.2.
Tabela 3.1: Formulações para as sínteses dos látices híbridos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD
com teor de sólidos igual a 40% e concentração de argila igual a 5% (m/m).
Formulação RP-Bat.,RP-1, RP-2, RP-3, RP-4, RP-5, RP-6
Estireno 35,86 g
Acrilato de n-butila 44,14 g
Laponita RD 4,00 g
Pirofosfato tetrasódico 0,40 g
Água deionizada 126,00 g
KPS 0,40 g
As Figuras 3.1(a), (b)(c) e (d) mostram os perfis das curvas de conversão
global instantânea versus tempo, conversão global acumulada versus tempo,
diâmetro médio de partícula (diâmetro hidrodinâmico - Dh) e da
polidispersidade do látex (Poli) versus tempo para a copolimerização em
emulsão do estireno e acrilato de n-butila, com teor de sólidos igual a 40%, 5%
de argila e com diferentes metodologias de adição dos monômeros e do
iniciador no meio reacional.
Tabela 3.2: Método de adição de monômero e de iniciador no meio reacional para as sínteses
dos látices híbridos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD com teor de sólidos igual a 40% e
concentração de argila igual a 5% (m/m).
Monômero (%m/m) Iniciador (%m/m)
Reação t=0 min. Alimentaçãoa t=0 min. Alimentação
b
RP-Bat. 100% - 100% -
RP-1 - 100% 100% -
RP-2 - 100% - 100%
RP-3 - 100% 50% 50%
RP-4 10% 90% 100% -
RP-5 10% 90% - 100%
RP-6 10% 90% 50% 50%
a durante 240 minutos.
b durante 360 minutos.
33
Figura 3.1: (a) Conversão global instantânea versus tempo, (b) conversão global acumulada
versus tempo c) diâmetro médio de partículas versus tempo, (d) polidispersidade versus tempo
da copolimerização em emulsão do sistema estireno-acrilato de n-butila, com teor de sólidos
igual a 40% e 5% de argila.
A partir da análise das Figuras 3.1(a) e 3.1(b) é possível verificar que as
diferentes metodologias quanto à adição de monômero e de iniciador no meio
reacional influenciaram de maneira significativa a cinética de copolimerização,
com todas as polimerizações apresentando conversões finais elevadas e alto
teores de sólidos, também objetivo do trabalho, com destaque à influência da
presença de uma carga de iniciador e monômero desde o início da
polimerização. Os resultados mostram que quando há no sistema monômero e
iniciador, maiores são os valores obtidos de conversão. Este fato está
34
relacionado à maior eficiência na nucleação do sistema e fica ainda mais
evidente quando tomamos RP-Bat para discussão, que mesmo ocorrendo em
sistema batelada ainda levou a maiores taxas de polimerização, conversões
mais elevadas e diâmetros menores que RP-2, reação em semi contínuo, com
toda carga de monômeros e iniciador sendo dosadas.
As copolimerizações que tiveram 100% do iniciador utilizado na
alimentação (RP-2 e RP-5) apresentaram um decréscimo nos seus valores de
conversão global instantânea, logo após o início da polimerização, com
posterior aumento e, também apresentaram baixos valores de conversão global
acumulada. Esse comportamento se deve à pequena quantidade de radicais
livres provenientes da decomposição térmica do iniciador presente no meio
reacional durante a reação. Já para as reações conduzidas com 100% ou 50%
do iniciador adicionado no início da polimerização, as mesmas contaram com
uma grande quantidade de radicas livres provenientes do iniciador,
apresentando desta maneira, um favorecimento na cinética de polimerização,
confirmada pelos elevados valores de conversão global instantânea e global
acumulada. Quando uma carga de iniciador é utilizada no inicio da reação, esta
apresenta uma alta concentração de radicais livres provenientes do iniciador,
conjunto a uma taxa crescente de radicais que estão presente no meio
reacional, espécies anfifílicas, radicais monoméricos e oligoméricos,
principalmente na fase inicial de polimerização, que estão reagindo entre si,
levando dessa forma a uma taxa elevada de nucleação de partículas. Caso o
sistema não possua argila suficiente para estabilizar esse grande número de
partículas nucleadas, poderia ocorrer coalescência das mesmas (perda de
estabilidade) propiciando a formação de uma grande quantidade de coágulos e
elevados valores de Dh, caso de RP-2 (1842 nm) e de RP-5 (929 nm). Além
disso, é conhecido que o iniciador KPS interage com a argila Laponita RD, e
dessa forma, utilizando-se uma carga de iniciador no início, as partículas terão
seu sítio de nucleação nas lamelas da argila que poderá estabilizar o sistema
mais eficientemente assim que cadeias atingirem um tamanho crítico. Tal
observação é confirmada para RP-4, onde as partículas mantiveram seus
diâmetros reduzidos durante todo o tempo de reação, bem como os menores
valores de Poli.
35
A Figura 3.1(c) mostra que dentre as seis copolimerizações, as reações
que apresentaram toda carga de iniciador ou parte desta adicionada no início
da polimerização (RP-1, RP-3, RP-4 e RP-6) foram as que apresentaram
melhor estabilidade coloidal, evidenciada pelos baixos valores de DP e pela
baixa variação que suas respectivas curvas de diâmetro médio de partículas
versus tempo apresentaram durante os 480 min de reação, além da baixa
viscosidade de seus látices finais.
Quanto ao método de adição de monômero, as copolimerizações
realizadas sem carga inicial de monômero, de modo geral, deveriam apresentar
uma nucleação de partículas mais lenta do que reações com carga inicial de
monômero, devido ao maior tempo que levam para a formação de espécies
anfifílicas, por apresentarem baixa concentração de monômero no inicio dessas
reações. Assim, o sistema perde estabilidade (evidenciada por altos valores de
Dh) no decorrer da copolimerização. Convém ainda ressaltar, como já
discutido, a importância da junção entre cargas inicias de iniciador e
monômeros que geram um fluxo elevado de radicais de diversas espécies
desde o início da polimerização mantendo os valores de conversão global
instantânea elevados e reduzindo os valores e Dh.
A reação conduzida em sistema batelada apresentou o menor valor de
conversão limite (94%). Isto pode ser atribuído ao efeito de heterocoagulação
que é ocasionado pela formação de muitas partículas, resultando numa baixa
taxa de cobertura (cobertura pelas lamelas de argila) e consequentemente
baixa estabilidade coloidal. Se o fenômeno da heterocoagulação for muito
acentuado, o diâmetro médio de partículas aumenta, o número de partículas
diminui e, consequentemente, a velocidade de polimerização também diminui.
A caracterização dos látices híbridos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD em
termos de conversão, Dh, polidispersidade (Poli), pH e o teor de sólidos final
dos látices (TS) são apresentados na Tabela 3.3.
A partir da Tabela 3.3, é possível observar que as seis copolimerizações
em sistema semicontinuo apresentaram conversões finais de monômero
razoavelmente altas, ampla distribuição de tamanho de partículas (evidenciada
pelos elevados valores da polidispersidade dos látices) e baixos valores de teor
de coágulos, além de baixa viscosidade, sendo possível a obtenção de filmes
para todas as reações. Outro fato interessante é que não foi observada
36
influência significativa nos valores de pH dos látices finais quando diferentes
métodos de adição de monômero e iniciador foram empregados nas sínteses
desses látices de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD.
Tabela 3.3: Caracterização dos látices híbridos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD.
Reação Conv. (%) Dh (nm) Poli Coag. (%) pH TS (%)
RP-Bat. 94,00 956,1 0,454 0,9450 8,33 37,82
RP-1 97,35 760,6 0,435 0,3082 8,17 42,03
RP-2 98,62 1842,0 0,806 0,6659 8,05 41,64
RP-3 95,29 727,3 0,335 0,3583 8,25 39,90
RP-4 99,09 406,2 0,207 0,4352 8,19 42,20
RP-5 95,10 929,0 0,459 0,4809 8,02 39,54
RP-6 98,09 971,9 0,313 0,3583 8,28 40,83
Para essa série de polimerizações, as reações RP-3 (Dh = 727,3 nm e %
de coágulos de 0,3582) e RP-4 (Dh = 406,2 nm e % de coágulos de 0,4352).
foram as que apresentam melhor estabilidade coloidal. No entanto, como o
sistema respondeu melhor à adição de toda a carga de iniciador no início da
copolimerização, considerou-se RP-1 (Dh = 786,6 nm e % de coágulos de
0,3082), resultado de igual significância. Assim sendo, suas metodologias
reacionais referentes ao método de adição de monômero e iniciador no sistema
reacional foram adotadas para as sínteses dos látices de poli(Sty-co-
BuA)/Laponita RD desenvolvidas nos próximos estudos. A Figura 3.2 mostra os
filmes de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD obtidos neste trabalho.
Figura 3.2: Filmes de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD secos: (a) RP-Bat, (b) RP-1, (c) RP-2, (d)
RP-3, (e) RP-4, (f) RP-5 e (g) RP-6
Pode ser visto da Figura 3.2 que os filmes dos nanocompósitos de
poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD, preparados a partir dos látices sintetizados em
(a) (b) (c) (d) (e) (f) (g)
37
RP-1, RP-3, RP-4 e RP-6 ficaram mais transparentes, principalmente a RP-4.
Isto pode ser uma indicação de alto grau de esfoliação da argila na matriz
polimérica. Este é um excelente resultado, uma vez que existe um interesse
muito grande, tanto do ponto de vista industrial quanto acadêmico, em preparar
nanocompósitos, na ausência de surfatante, capazes de formar filmes
transparentes à temperatura ambiente. Entretanto, os látices híbridos de
poli(Sty-co-BuA)/Laponita RP-Bat., RD RP-2 e RP-5, formaram filmes mais
opacos, provavelmente, devido a argila não estar no seu estado totalmente
esfoliado. A argila apresenta coloração branca e quando não está totalmente
intercalada com a matriz polimérica confere este aspecto opaco ao produto
final. Outro motivo que pode explicar a opacidade desses filmes é a má
dispersão da argila, formando agregados, os quais comprometem a
transparência do filme.
3.1.2 Estudo do efeito da variação da concentração de Laponita RD na
síntese de látices de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD.
Neste segundo estudo foram preparados látices híbridos de poli(Sty-co-
BuA)/Laponita RD com teor de sólidos de 40% e diferentes quantidades de
argila, utilizando as mesma metodologias de síntese das reações RP-1 e RP-4,
descritas anteriormente. O objetivo desse estudo foi avaliar o efeito da variação
da concentração de argila na síntese de látices híbridos de poli(Sty-co-
BuA)/Laponita RD. Para isso foram realizadas seis copolimerizações em
emulsão do sistema estireno-acrilato de n-butila com concentrações de argila
iguais a 3%, 5% e 7%. Inicialmente, as copolimerizações de estireno-acrilato de
n-butila foram realizadas de acordo com a metodologia de RP-4 com seguintes
concentrações de Laponita RD: 5% (RP-4), 7% (RP-7) e 3% (RP-8).
Posteriormente, utilizando-se a metodologia abordada em RP-1, outras três
copolimerizações com diferentes concentrações de argila foram realizadas: 5%
(RP-1), 7% (RP-9) e 3% RP-10. Os outros componentes da formulação foram
mantidos constantes e estão apresentados na Tabela 3.4.
As Figuras 3.3 (a), (b), (c) e (d) mostram os perfis das curvas de
conversão global instantânea versus tempo, conversão global acumulada
versus tempo, diâmetro médio de partícula (diâmetro hidrodinâmico - Dh) e da
polidispersidade do látex (Poli) versus tempo para a copolimerização em
38
emulsão do estireno e acrilato de n-butila, com teor de sólidos igual a 40% e
diferentes quantidades de argila, utilizando as mesmas metodologias de
síntese das reações RP-1 e RP-4.
Tabela 3.4: Estudo da influência da concentração de argila na síntese de látices híbridos de
poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD com teor de sólidos de 40%.
Formulação RP-4 RP-7 RP-8 RP-1 RP-9 RP-10
Estireno 35,86 g 35,86 g 35,86 g 35,86 g 35,86 g 35,86g
Acrilato de n-butila 44,14 g 44,14 g 44,14 g 44,14 g 44,14 g 44,14g
Laponita RD 4,00 g
5,60 g
2,44 g
4,00 g
5,60 g
2,40g
Pirofosfáto
tetrasódico
0,40 g 0,56 g 0,24 g 0,40 g 0,56 g 0,24g
Água deionizada 126,00 g 129,50 g 124,00 g 126,00 g 129,50 g 124,00 g
KPS 0,40 g 0,40 g 0,40 g 0,40 g 0,40 g 0,40 g
Como pode ser visto na Figura 3.3 (a) e (b), altos valores de conversão
foram obtidos para todos os experimentos, especialmente para os de maiores
concentrações de argila, RP-1, RP-4, RP-7 e RP-9, que mantiveram conversão
mais elevada durante a reação; e nesta mesma tendência observou-se que o
menor valor foi obtido quando 3% de argila foram utilizados em RP-8, sendo
possível implicar que a argila afeta fortemente a nucleação das partículas e
consequentemente a cinética de polimerização, quanto maior a quantidade de
argila em água, maior a taxa inicial de polimerização. Além disso, mais uma
vez discutido, o método de adição de monômero também influencia o período
de nucleação. Quando não há monômero no inicio, a polimerização tem uma
nucleação mais lenta devido a um período de formação de espécies anfifílicas
e o sistema perde estabilidade e aumenta o Dh a partir 35% de conversão (90
min.), bem como a velocidade de polimerização, isto é, a conversão se eleva
ao mesmo tempo, fato este que pode ser outra vez visualizado para RP-1.
Dessa forma, não consideramos RP-10 como uma formulação que levaria a um
látex estável. Por outro lado, quando uma carga inicial de monômero é
utilizada, a reação pareceu demonstrar uma maior taxa de nucleação e de
cobertura das partículas pela LapRD, conferindo maior estabilidade coloidal
(menores valores de Dh e de Poli) para RP-7 e RP-9 (Figura 3.3 (c) e (d)).
39
Figura 3.3: (a) Conversão global instantânea versus tempo, (b) conversão global acumulada
versus tempo c) diâmetro médio de partículas (diâmetro hidrodinâmico – Dh) versus tempo, (d)
polidispersidade versus tempo da copolimerização em emulsão do sistema estireno-acrilato de
n-butila, com teor de sólidos igual a 40% e diferentes concentrações de argila.
Os resultados então, também revelaram que o tamanho de partícula é
função da quantidade de argila. Uma vez que a polimerização foi realizada sem
surfatante, é óbvio o efeito da LapRD nos diâmetros das partículas e
estabilidade coloidal; os valores de Dh reduzem à medida que aumentamos o
teor de argila utilizada na síntese (Figura 3.3(c)). O resultado mais interessante
para ser enfatizado é a reação RP-8, realizada com 3% de argila. Neste caso,
os altos valores de Dh (1318 nm) e Poli (0,956) evidenciam um problema de
40
perda de estabilidade durante a reação, indicando mais uma vez que na
ausência de surfatante a concentração de LapRD é um parâmetro vital. Este
resultado, associado à observação de que não há diferenças significativas
entre as polimerizações RP-4, RP-7 e RP-9, que, apesar da diferença na
concentração de argila utilizada nas sínteses (de 5% para 7%), se torna
evidente que há uma concentração mínima de argila requerida para blindar e
estabilizar as partículas dos látices e alcançar a estabilidade coloidal desejada.
Vale destacar também, o comportamento de RP-10, que aparentemente
não seguiu a tendência de melhor estabilidade e menores diâmetros quando se
eleva a concentração de argila. Na verdade houve formação de aglomerados
que precipitavam no momento das análises de espalhamento de luz para
obtenção dos valores de Dh e Poli desta reação, que então, passava a
considerar somente as partículas que se mantinham em suspensão.
Da Figura 3.3(d) foi possível observar baixos valores de polidispersidade
para o látices híbridos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD de maior concentração
de argila, indicando a formação de partículas de tamanhos pouco variados.
A caracterização dos látices híbridos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD em
termos de conversão, Dh, polidispersidade do lates (Poli), pH e o teor de
sólidos final dos látices (TS) são apresentados na Tabela 3.5.
Tabela 3.5: Caracterização dos látices híbridos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD.
Reação Conv. (%) Dh (nm) Poli Coag. (%) pH TS (%)
RP-1 97,35 760,6 0,435 0,3082 8,17 42,03
RP-9 94,58 346,0 0,211 0,1775 8,25 39,35
RP-10 97,07 469,4 0,723 0,5162 8,12 40,49
RP-4 99,09 406,2 0,207 0,4352 8,19 42,20
RP-7 96,78 335,0 0,255 0,1534 8,27 40,22
RP-8 92,55 1020,0 0,956 0,9311 8,08 38,47
A partir da Tabela 3.5, é possível observar que as seis copolimerizações
em sistema semicontinuo apresentaram altos valores de conversão,
especialmente as reações de maiores concentrações de argila, RP-1, RP-4,
RP-7 e RP-9, e o menor valor foi obtido quando 3% de argila foi utilizado em
RP-8. Observa-se também baixos valores de teor de coágulos, além de baixa
viscosidade, sendo possível a obtenção de filmes para todas as reações. Mais
41
uma vez não foi observada influência significativa nos valores de pH dos látices
finais quando diferentes métodos de adição de monômero e iniciador, e
diferentes concentrações de argila foram empregados nas sínteses desses
látices de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD.
Para essa série de polimerizações, foi possível a obtenção de filmes para
as seis reações, uma vez que os látices finais apresentaram baixa viscosidade
e baixos valores de teor de coágulos, conforme pode ser visto na Figura 3.4.
Figura 3.4: Filmes de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD secos: (a) RP-4, (b) RP-7, (c) RP-8, (d)
RP-1, (e) RP-9 e (f) RP-10.
Pode ser visto da Figura 3.4 que os filmes das reações dos
nanocompósitos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita de 5% (RP-1, RP-4) e 7% (RP-7
e RP-9) argila ficaram totalmente transparentes. Isto deve evidenciar o alto
grau de esfoliação da argila na matriz polimérica.
3.1.3 Estudo do efeito da adição do surfatante SDS na síntese de látices
de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD.
Visando à obtenção de partículas que apresentassem valores reduzidos
de Dh, nesta seção foram realizadas polimerizações que associam um sistema
de estabilização pela argila LapRD pelo surfatante aniônico dodecil sulfato de
sódio (SDS). O período para alimentação de SDS foi considerado da seguinte
forma: objetivou-se látices com valores de Dh final que girassem em torno de
200 nm, e dessa forma, iniciou-se a adição do surfatante em um momento
anterior a esse valor de Dh desejado, tomando como base RP-4, ou seja, em
t=30 min; e o para fim da vazão de SDS, optou-se por manter uma taxa de
alimentação por duas horas além do fim de adição de monômeros (t=360 min)
(a) (d) (b) (e) (f) (c)
42
para que essa quantidade ainda não convertida de monômero pudesse entrar
nas partículas ao mesmo tempo em que SDS auxiliaria na estabilização das
mesmas.
Quatro copolimerizações em emulsão do sistema estireno-acrilato de n-
butila em processo semi contínuo, com 40% de teor de sólidos, diferentes
concentrações de argila e surfatante na concentração miscelar crítica, para que
não promovesse renucleação do sistema, foram realizadas. As polimerizações
foram realizadas conforme formulação descrita na Tabela 3.6.
Tabela 3.6: Estudo do efeito da adição do surfatante SDS na síntese de látices de poli(Sty-co-
BuA)/Laponita RD com teor de sólidos igual a 40% e diferentes concentrações de argila.
Formulação RP-4 RP-11 RP-12 RP-13
Estireno 35,86 g 35,86 g 35,86 g 35,86 g
Acrilato de n-butila 44,14 g 44,14 g 44,14 g 44,14 g
Laponita RD 4,00 g 4,00 g 5,60 g 2,40 g
Pirofosfáto tetrasódico 0,40 g 0,40 g 0,56 g 0,24 g
SDS - 0,30 g 0,30 g 0,30 g
Água deionizada 126,00 g 126,00 g 129,50 g 124,00 g
KPS 0,40 g 0,40 g 0,40 g 0,40 g
As Figuras 3.5(a), 3.5(b) 3.5(c) e 3.5(d) mostram os perfis das curvas de
conversão global instantânea versus tempo, conversão global acumulada
versus tempo, diâmetro médio de partícula (diâmetro hidrodinâmico - Dh) e da
polidispersidade do látex (Poli) versus tempo para a copolimerização em
emulsão do estireno e acrilato de n-butila, com teor de sólidos igual a 40%,
diferentes concentrações de argila e adição de surfatante.
É possível observar pelas Figura 3.5 (a) e 3.5 (b) que não houve
variações significativas entre os perfis das curvas de conversão global
instantânea e acumulada para as polimerizações realizadas. Observa-se
também que todas alcançaram conversões finais acima de 90 %. Mas, a
observação mais importante está relacionada aos valores de Dh, que não
apresentaram diferenças significativas, e aos baixos valores de Poli, obtidos
para as três reações que fizeram uso de surfantante (Figuras 3.5 (c) e 3.5 (d)).
A baixa polidispersidade alcançada se dá tanto pela eficiência do SDS na
estabilização, como pelo fato de não ter ocorrido renucleação do sistema, o
43
que levaria à formação de uma nova família de partículas elevando o índice de
polidispersidade.
No entanto, em relação aos diâmetros das partículas, de forma
interessante, não variaram para quantidades diferentes de argila. O que se
pode discutir até o momento é que a associação da quantidade de SDS
adicionada, com a Laponita RD é suficiente pra manter os valores de diâmetros
de parículas no mesmo patamar (para os valores de Dh de uma mesma
reação), ressalvando o fato de que as propriedades mecânicas devem ser
melhoradas à medida que se eleva a quantidade de argila.
Figura 3.5: (a) Conversão global instantânea versus tempo, (b) conversão global acumulada
versus tempo c) Diâmetro médio de partículas versus tempo, (d) polidispersidade versus tempo
da copolimerização em emulsão do sistema estireno-acrilato de n-butila, com teor de sólidos
igual a 40% e diferentes concentrações de argila e adição de surfatante.
44
A caracterização dos látices híbridos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD em
termos de conversão, Dh, polidispersidade do lates (Poli), pH e o teor de
sólidos final dos látices (TS) são apresentados na Tabela 3.7.
Tabela 3.7: Caracterização dos látices híbridos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD.
Reação Conv. (%) Dh (nm) Poli Coag. (%) pH TS (%)
RP-4 99,09 406,2 0,207 0,4352 8,19 42,20
RP-11 93,48 251,8 0,103 0,0775 8,22 39,16
RP-12 90,41 254,6 0,205 0,0240 8,27 37,41
RP-13 96,11 267,0 0,185 0,0272 8,13 39,94
Observa-se, a partir da Tabela 3.7, que as três reações que fizeram uso
de SDS apresentaram baixos valores de Dh finais, além de serem bem
próximos entre si. Evidencia-se também, baixos valores de polidispersidade
para essas reações e a influência não significativa nos valores de pH dos
látices finais quando diferentes métodos de adição de surfatante e diferentes
concentrações de argila foram empregados nas sínteses dos látices de
poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD.
A Figura 3.6 mostra os filmes de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD obtidos
neste estudo. Pode ser observado que os filmes dos nanocompósitos de
poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD preparados a partir dos látices sintetizados das
formulações RP-4, RP-11, RP-12 e RP-13 ficaram transparentes indicando o
alto grau de esfoliação da argila na matriz polimérica.
3.6: Filmes de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD secos: (a) RP-4, (b) RP-11, (c) RP-12 e
(d) RP-13.
(a) (b) (c) (d)
45
3.2 Caracterização dos nanocompósitos de poli(estireno-co-acrilato de n-
butila)/Laponita RD obtidos em processo semi contínuo.
3.2.1 Propriedades mecânicas dos filmes – Análise térmica dinâmico-mecânica
(DMA)
Essa técnica fornece informações a respeito do módulo elástico ou de
armazenamento (E’), do módulo de dissipação viscosa (E’’) e do
amortecimento mecânico ou atrito interno (tanδ = E’’/E’) de um material,
quando sujeito a uma solicitação dinâmica. A partir dessas variáveis, pode-se
correlacionar propriedades como tenacidade, resistência ao impacto, rigidez,
módulo e amortecimento; obter dados acerca do efeito de modificadores,
tenacificadores, cargas e outros aditivos, entre outros. Através desta técnica
também é possível determinar-se a temperatura de transição vítrea (Tg), que
apresenta a grande vantagem de ser um método direto de medição, permitindo
ainda determinar transições secundárias que estão relacionadas à relaxação
de grupos ou partes de grupos laterais da cadeia polimérica. Essas
temperaturas de transição podem ser definidas através de máximos nas curvas
de amortecimento mecânico (tanδ) como uma função da temperatura.
Figura 3.7: Curvas de DMA dos nanocompósitos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD com 40%
TS.
A Figura 3.7 apresenta os resultados de análises térmicas dinâmico-
mecânicas (DMA) em termos de módulo de armazenamento (E’) em função da
46
temperatura para o filme de copolímero puro e para os alguns filmes contendo
argila Laponita RD, selecionados a partir dos resultados relacionados às
propriedades coloidais dos látices. A Tabela 3.8 apresenta os valores de E’ nas
temperaturas de -40 e 80°C, bem como os valores e transição vítrea.
Tabela 3.8: Dados de DMA – avaliação das propriedades mecânicas dos filmes compósitos
Experimento E’ a -40°C (MPa) E’ a 80 °C (MPa) Tg (°C)a
Sem argila 726 0,3179 26
RP-1 1533 66,4 22
RP-4 1388 37,9 21
RP-7 1410 49,9 24
RP-8 1395 31,1 26
RP-9 2037 62,0 23
RP-10 1563 35,6 26
RP-11 2175 20,61 26
aDeterminado através dos picos de tanδ.
Como pode ser observado na Figura 3.7 e na Tabela 3.8, a adição da
carga inorgânica resultou em valores superiores de E’ quando comparados ao
filme obtido de copolímero puro, isto é, sem argila LapRD. A utilização da argila
para reforçar os látices promoveu, por exemplo, para RP1 um incremento de
111% no módulo de armazenamento a -40°C, 94% para RP9 e 180% para RP-
8 na mesma temperatura. Ganhos de mesma ordem foram observados para
todos os demais filmes compósitos, onde também se pode destacar a
influência da quantidade de argila incluída no sistema. À medida que maiores
quantidades de argila são utilizadas como reforço e estabilizante, maior a
resistência dos filmes obtidos. Dessa forma, os maiores valores de E’ foram
obtidos para sínteses nas quais maiores concentrações de argila foram
utilizadas, RP-9 (7% LapRD) com ganhos em torno de 20000% a 80°C (acima
da temperatura de transição α), e é reduzido quando emprega-se 3% de argila,
onde metade desse incremento foi alcançado na mesma temperatura.
Além disso, convém ressaltar, como apresentado, que os maiores efeitos
de reforço, ou seja, maiores valores E’ foram obtidos na temperatura 80°C,
acima da transição α, correspondente a Tg do material, quando comparados
com os ganhos a -40°C, com incrementos na ordem de 104 e 102 para as
47
temperaturas citadas respectivamente. É observado na literatura que os
incrementos nos comportamentos mecânicos tendem a serem maiores acima
da temperatura de transição vítrea [65,66]. Este efeito é atribuído a interações
polímero/argila que se tornam maiores com o aumento da temperatura, o que
possibilita maior oportunidade para imobilização da matriz acima da Tg do que
abaixo da mesma, o que está de acordo com resultados já reportados [31,67].
É possível ainda destacar que a utilização do surfatante nas sínteses na
presença de Laponita RD (RP-11) provocou redução no módulo de
armazenamento quando comparado a filmes que foram sintetizados nas
mesmas condições, caso de RP-4, porém na ausência de SDS. Este resultado
corrobora com discussões da literatura que atribui o comportamento ao efeito
plastificante ou lubrificante do surfatantes utilizados em emulsões [68].
Estes resultados evidenciam a diferença nas propriedades mecânicas dos
nanocompósitos obtidos a partir da associação de polímeros/silicatos
lamelares. De acordo com Ajayan, Schadler e Braun (2003) [67], existem
evidências diretas de que cargas submetidas ao material são transferidas para
as nanofolhas de silicato, e quanto maior for a razão de aspecto da argila maior
é o módulo do material. No entanto, outros estudos atribuem a melhoria nas
propriedades mecânicas não somente à transferência de carga para as placas
de silicato, mas também relacionam a quantidade de polímero que tem seu
grau de liberdade reduzido pelas placas de silicato [69]. Porém, para que se
obtenha um incremento superior no módulo E’ é necessário garantir a interação
polímero/argila, através da dispersão maximizada do silicato, isto é, promover a
esfoliação da argila. Diante dos resultados apresentados de ganho no módulo
de armazenamento dos filmes, tanto a -40 como a 80°C, também é possível
inferir que uma estrutura intercalada ou esfoliada foi obtida.
Pode-se ainda verificar através da Tabela 3.8 como a adição de argila
influenciou a temperatura de transição vítrea dos copolímeros. Como
observação geral, não foram grandes as variações na Tg, porém, é possível se
discutir uma tendência. A introdução da argila deveria levar a valores mais
elevados de Tg como discutido por Noh e Lee (1999) [70] que sintetizaram
nanocompósitos PS-argila via polimerização em emulsão e por Yeh e
colaboradores (2006) [71] que sintetizaram nanocompósitos do tipo resina epóxi-
argila por polimerização em solução. Em ambos os trabalhos foram verificados
48
aumentos na temperatura de transição vítrea como conseqüência da adição de
silicatos lamelares na síntese de polímeros. Os autores atribuíram esse fato a
restrições na movimentação de segmentos da matriz polimérica na interface
entre as fases orgânica-inorgânica e nas regiões próximas aos compósitos
intercalados. No entanto, o comportamento observado foi inverso, pois os
menores valores e Tg foram obtidos para os filmes sintetizados com 5 e 7% de
argila que correspondem a RP-1, RP-4 e RP-7, RP-9 respectivamente; e os
maiores valores de Tg foram verificados para os filmes sintetizados com 3% de
Laponita RD que correspondem a RP-8 e RP-10. Estes resultados
encontraram-se convergentes aos resultados de Choi et al (2002) [72] e Kim et
al. (2002) [73] que prepararam compósitos via polimerização em emulsão
utilizando-se como carga inorgânica a argila montmorilonita (MMT). Estes
autores reportaram a que ocorreu uma diminuição da temperatura de transição
vítrea dos matériais com teores de argila, e, que foi explicada como um
provável efeito decorrente da existência de polímeros de menor massa
molecular nas regiões interlamelares onde ocorreu a intercalação. Além disso,
o efeito do surfatante em RP-11 com 5% de argila que apresentou Tg de 26°C
sugere que SDS interage com a argila devido às cargas de ambos,
promovendo maior interação entre polímero/argila resultando em maior
dificuldade de movimentação e consequentemente maior Tg.
3.2.2 Difratometria de Raios – X (DRX)
A Figura 3.8 mostra as curvas de DRX para a argila Laponita RD e para
os filmes do copolímero puro e dos compósitos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita
RD para concentrações de argila de 3, 5 e 7%. A difração de raios X é utilizada
para medir o espaçamento basal, ou seja, a distância que se repete entre as
lamelas. Essa medida pode ser determinada através da observação do pico
correspondente ao plano (100) da argila, denominado espaçamento basal
(d001), e aplicando-se a “Lei de Bragg nλ=2d.senθ, onde n é a ordem de
difração, λ é o comprimento de onde da radiação incidente, d é a distância
interplanar e θ é o ângulo de difração. Dessa forma, seria importante obter-se
difratogramas que discriminassem o pico característico da argila Laponita RD,
e dessa forma comparar neste mesmo ângulo a intensidade obtida pela
49
difração de raios-X dos filmes híbridos, demonstrando assim a esfoliação
sofrida pela argila que teria seu pico total ou parcialmente reduzido.
Figura 3.8: Curvas de DRX dos nanocompósitos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD com 40% TS
Entretanto, verifica-se a partir da Figura 3.8 que não foi possível a
visualização do pico correspondente ao plano d001, pois as curvas de DRX da
argila e dos nanocompósitos apresentaram interferências na região de baixo
ângulo (2θ abaixo de 10 graus), possivelmente mascarando o pico referente ao
plano (100) da Laponita RD, além do fato de limitações no equipamento
utilizado para realização de análises a baixo ângulo. Assim, não foi observado
picos de base estreita e de elevada intensidade nas curvas de DRX dos
compósitos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD, assim como na curva de DRX do
copolímero puro, ou mesmo para a argila LapRD.
3.2.3 Morfologia dos materiais (TEM).
As Figuras 3.9, 3.10 e 3.11 mostram as micrografias dos látices RP-4, RP-
7 e RP-11, respectivamente, obtidas por microscopia eletrônica de transmissão
(TEM). As Figuras 3.9(a), 3.10(b) e 3.11(b) exibem a formação de uma
estrutura conhecida como favos de mel ou “honeycomb”, a qual é obtida
quando se utiliza uma temperatura de processamento para preparação da
50
amostra de látex para a análise acima da transição vítrea (Tg) do polímero.
Esta estrutura confirma a esfoliação da argila em escala nanométrica o que é
responsável pela geração de filmes transparentes.
(a) (b)
Figura 3.9: Micrografias obtidas por TEM para o filme do látex híbrido poli(Sty-co-
BuA)/Laponita RD sintetizado na reação RP-4.
(a) (b)
Figura 3.10: Micrografias obtidas por TEM para o filme do látex híbrido poli(Sty-co-
BuA)/Laponita RD sintetizado na reação RP-7.
51
(a) (b) (c)
Figura 3.11: Micrografias obtidas por TEM para o filme do látex híbrido poli(Sty-co-
BuA)/Laponita RD sintetizado na reação RP-11.
Quando uma partícula de látex com morfologia Pickering é gerada, as
partículas sólidas permanecem na superfície do polímero formado uma
cobertura, total ou parcial. Neste caso, obtêm-se partículas híbridas
constituídas de um núcleo de polímero rodeado por partículas sólidas,
resultando na formação de um látex “blindado” (armored latex). Estas partículas
sólidas na superfície dos polímeros conferem estabilidade ao sistema. As
Figuras 3.9(b) e 3.11(c) mostram que as partículas híbridas de polímero/argila
possuem sua superfície coberta por lamelas de Laponita RD. Estes resultados
evidenciam a formação de sistema Pickering para as copolimerizações RP-4,
RP-7 e RP-11 utilizando-se argila como carga sólida.
3.2.4 Dureza
Os valores de dureza dos filmes foram determinados utilizando-se um
pêndulo do tipo König apresentado na Figura XX, método aplicada a películas
de tintas, vernizes e seus complementos, visando avaliar o desempenho de
tintas para construção civil principalmente. A Tabela XX apresenta os valores
de dureza König (ciclos) para os filmes com diferentes concentrações de argila,
com e sem surfatante na síntese.
52
Figura 3.12: Fotografia do Pêndulo König
utilizado para os testes de dureza de filmes
Tabela 3.9: Valores de Dureza König
para os filmes secos dos látices híbridos
Filme Dureza (ciclos)
RP-4 (5% Lap) 13
RP-7 (7% Lap) 16
RP-11 (5%Lap+SDS) 10
Os testes de dureza foram realizados para três diferentes filmes, RP-4,
RP-7 e RP-11 visando avaliar o efeito da concentração da argila nos filmes
híbridos. Conforme Tabela XX, comparando-se RP-4 e RP-7, com 5 e 7% de
argila respectivamente, é possível observar um aumento no número de ciclos a
medida que se aumenta a quantidade de argila, que por se tratar de uma carga
rígida, estaria influenciando diretamente na dureza dos filmes. Por outro lado,
para RP-4 e RP-11, ambas com 5% de argila na síntese, verifica-se uma
redução na dureza do filme em que há surfatante além da argila, sendo
reduzido de 13 ciclos, referente à reação sem surfatante, para 10 ciclos quando
se adiciona SDS para auxiliar na estabilização do látex. Como já discutido nas
análises de DMA, o surfatante pode estar afetando na plasticidade dos filmes,
e, dessa forma, também na dureza.
3.2.5 Resistência à água
Um dos grandes desafios da indústria de tintas é a obtenção de látices
que sejam bem dispersos em água antes da aplicação, mas que depois de
aplicados, formando filmes, sejam resistentes à umidade, não se desprendendo
do substrato. As Figuras 3.13, 3.14 e 3,15 apresentam o aspecto dos filmes
antes e depois de submetidos aos testes de resistência à umidade.
53
Figura 3.13: Testes de resistência à umidade. Antes da aplicação de água
Figura 3.14: Testes de resistência à umidade. 5 minutos após a aplicação
Figura 3.15: Testes de resistência à umidade. 10 minutos após a aplicação
RP-4 RP-7 RP-11
RP-4 RP-7 RP-11
RP-7 RP-11 RP-4
54
Através das Figuras 3.13, 3.14 e 3.15 é possível observar que após a
aplicação de água sobre os filmes secos, estes, começaram a mudar seu
aspecto de transparentes para esbranquiçados, e ao fim de 10 min,
começaram a se desprender do substrato. Os filmes com argila somente, RP-4
e RP-7, foram os que mais rapidamente sofreram o efeito negativo da água, se
tornando opacos e se desprendendo. Já RP-11, que além de argila como
reforço e estabilizante, possui também o surfatante SDS, levou maior tempo
para se desprender da placa de vidro. Estes resultados podem ser explicados
pela forma de interação entre as partículas de látex secas e o substrato.
Quando argila é adicionada, por ela estar na superfície blindando as partículas,
quando há a evaporação da água e coalescência para a formação do filme, o
contato entre polímero e substrato praticamente é anulado, predominando
contatos físicos argila-argila e argila substrato, e dessa forma a adesão é
reduzida. Mas, mesmo em pequenas quantidades, a presença do surfatante já
promove melhor adesão do filme. Nesse ponto pode-se inferir que é necessária
a utilização de um agente que promova melhor interação entre filme formado e
substrato.
Ainda nos ensaios de resistência à umidade , foi possível quantificar a
água absorvida pelo filme seco através da variação de sua massa em relação
ao tempo (dias) em que se manteve imerso em água. A Figura 3.16 apresenta
as curvas de variação da massa (%) versus tempo (dias) para alguns dos
filmes de látices híbridos obtidos.
Figura 3.16: Curvas de variação de massa (%) versus tempo (dias) dos nanocompósitos
de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD com 40% TS.
55
Como se pode observar, em um primeiro momento, até 2 dias, houve uma
variação positiva na massa dos filmes que possuem argila no sistema (RP-4 e
RP-7 e RP-11) e em um segundo espaço de tempo, de 2 até 8 dias, estes
mesmos filmes começaram a apresentar uma redução de massa total, o que
está relacionado possivelmente a redispersão das partículas híbridas em água,
indicando outra vez à baixa resistência a água destes filmes.
Ao contrário, quando não se utiliza argila e somente surfatante na síntese,
Branco (sem argila), a massa total dos filme continua aumentando
constantemente até o fim das medições. Mesmo havendo absorção de água
por estes filmes, não foi evidenciada nenhuma redispersão, evidenciando a
melhor resistência a água, o que confirma o fato de haver melhor adesão entre
partículas na formação do filme quando se utiliza somente SDS para
estabilidade do látex híbrido.
3.2.6 Estabilidade Temporal
Os látices híbridos tiveram sua estabilidade temporal investigada
medindo-se os diâmetros de partícula após 30 e 60 dias da síntese. Os valores
estão apresentados na Tabela 3.10 a seguir.
Tabela 3.10: Estabilidades temporal dos látices híbridos de poli(Sty-co-BuA)/Laponita RD
Reação Dha Dh
b Dh
c Reação Dh
a Dh
b Dh
c
RP-1 760,6 738,2 710,0 RP-8 1020,0 1042,2 1070,0
RP-2 1842,0 1752,2 1602,6 RP-9 346,0 326,1 301,2
RP-3 727,3 700,7 677,4 RP-10 469,4 442,6 410,1
RP-4 406,2 387,8 381,0 RP-11 251,8 234,4 214,6
RP-5 929,0 875,1 821,4 RP-12 254,6 235,2 206,3
RP-6 971,9 935,6 907,3 RP-13 267,0 242,9 218,9
RP7 335,0 308,3 278,9
aAo final do tempo de síntese,
b após 30 dias da síntese e
c após 60 dias da síntese.
Os resultados mostram claramente que a estabilidade da emulsão dos
látices se manteve ao longo do tempo, evidenciada pelas variações
desprezíveis nos diâmetros das partículas. Isso demonstra a eficiência da
argila Laponita RD na estabilização da emulsão do tipo Pickering formada para
sintetizar os nanocompósitos. Ainda convém ressaltar que para utilização de
56
látices na indústria de tintas é essencial que as dispersões de partículas
poliméricas se mantenham estáveis após certo tempo de estocagem, e, dessa
forma, até o momento estudado, os látices híbridos cumpriram este requisito.
57
4. CONCLUSÃO
Látices híbridos com alto teor de sólidos foram sintetizados via
copolimerização em emulsão do estireno e acrilato de n-butila sem surfatante
na presença de argila Laponita RD em sistema semi-contínuo;
Diferentes metodologias de adição de monômero e iniciador foram
estudadas, e pode-se observar que houve influência destes parâmetros
na cinética de polimerização. A ausência de iniciador desde o início da
polimerização levou a baixos valores de conversão. Por outro lado, ao
se utilizar uma carga de iniciador desde o inicio da reação, valores
elevados de conversão foram obtidos, que associada a uma carga inicial
de monômero, promoveu os melhores látices em relação à estabilidade
e Dh das partículas. Isso mostrou que o alto fluxo de radicais durante
toda a reação é requerido para que diâmetros reduzidos sejam obtidos,
caso, por exemplo, da reação RP-4, que contou com iniciador e
monômero desde o instante t=0;
Foi observado que a argila Laponita RD foi capaz de estabilizar as
partículas de polímero e também que participa efetivamente na
nucleação das partículas. Os resultados mostraram que a velocidade de
polimerização aumenta a medida que aumenta-se a concentração de
argila dispersa. Havendo mais argila no meio, maior o número de
partículas nucleadas e menores seus diâmetros. Mas convém ressaltar
que uma concentração mínima de argila foi requerida para estabilizar o
sistema, em torno de 5% m/m em relação aos monômeros, e para os
casos em que não havia Laponita RD suficiente, as partículas
coalesceram e como resultado obteve-se uma látices com elevados teor
de coágulos e com Dh. Também foi possível concluir que deve haver um
limite superior na concentração de argila a partir do qual, não há mais
efeito sobre o diâmetro, ou seja, não há variação significativa do
diâmetro, como foi observado para reações de mesma metodologia de
alimentação, porém com concentrações de Laponita RD de 5 e 7%.
58
Na intenção de reduzir os diâmetros das partículas, estudou-se a adição
de surfatante SDS somente como auxiliar na estabilização e foi possível
observar que na houve influência no perfil de velocidade de
polimerização, mas que houve redução de Dh como desejado. Através
dos resultados de Dh, ainda foi possível concluir que se há adição de
surfatante, menores concentrações de argila é necessária para
estabilizar as partículas, visto que para as três concentrações
estudadas, 3, 5 e 7% de argila, o diâmetro final foi o mesmo.
O pH do meio reacional manteve-se inalterado para qualquer metodologia
utilizada, bem como para qualquer concentração de argila utilizada.
As análises de propriedades mecânicas através de DMA revelaram que
ao se elevar a concentração de argila no sistema, maiores foram os
incrementos no módulo de armazenamento E’, em relação ao filme
sintetizado sem nenhum tipo de carga, podendo ultrapassar 10000% de
ganho para látices preparados com 7% de argila. O efeito de SDS na
síntese associado a argila como estabilizante resultou na perda de
resistência mecânica devido ao efeito plastificante do surfatante.
As análises de DRX não puderam ser conclusivas quando a informação
era sobre a esfoliação da argila, que teria seu espaçamento basal
modificado. Isso ocorreu devido à ausência de acessório para o
equipamento para varreduras em baixo ângulo. Contudo, foi possível
verificar a estrutura amorfa, típica dos polímeros utilizados.
A morfologia das partículas foi obtida com microscopia eletrônica de
transmissão (TEM) que mostrou a forma esférica das partículas e
estrutura blindada, comprovando o sistema Pickering, e diâmetros
condizentes com os obtidos através da técnica de espalhamento de luz.
Os látices híbridos do tipo polímero/argila constituídos poli(estireno-co-
acrilato de n-butila) também foram submetidos a testes de dureza, resistência à
água e estabilidade temporal, próprios da indústria de tintas e outros tipos de
revestimento.
59
Os resultados mostraram que os filmes compósitos não apresentaram boa
resistência à água devido provavelmente à ausência de um agente para
compatibilizar o filme e substrato, permitindo que haja adesão deste,
bem como entre as partículas no estado seco, não havendo redispersão
destas no meio. Observação esta confirmada quando, mesmo em
pequena quantidade, houve adição de dodecil sulfato de sódio. Para os
ensaios de dureza, foi possível observar que se elevando a carga
inorgânica rígida, houve elevação no número de ciclos, isto é, maior
dureza, como esperado. E por último, a estabilidade de estocagem pode
confirmar a eficiência da argila Laponita RD como agente estabilizante
da emulsão, sendo que não houve variação significativa nos valores de
diâmetros de partícula.
Diante destes resultados é possível concluir que para que seja possível a
aplicação dos látices híbridos polímero/argila como constituintes de
tintas para o setor imobiliário alguns ajustes devem ser realizados. Os
látices quando comparados aos já utilizados na indústria estão fora do
padrão para aplicações. No entanto, é importante ressaltar que os
látices sintetizados não sofreram nenhuma outra alteração antes das
aplicações, tal como ajuste de viscosidade com uso de espessantes, por
exemplo, que estariam influenciando tanto na dureza como na
resistência a água, não sendo descartado dessa forma, sua utilização
em formulações de tintas a base de água. Outro ponto que deve ser
destacado, é que, nas formulações industriais, diversos são os
monômeros utilizados na formulação, e nesse ponto, haveria a
necessidade de aprofundamento de estudo, adicionando-se ao sistema,
por exemplo, monômeros ácidos como ácidos acrílico e metacrílico que
além de contribuírem para a estabilidade, também promoveriam melhor
adesão, inter partículas e partícula substrato.
60
5. DIFICULDADES ENCONTRADAS
Neste trabalho objetivou-se a obtenção de látices híbridos com
temperaturas de formação de filme que possibilitassem seu uso em
formulações de tintas para o setor e eliminando ou reduzindo a utilização de
surfatantes que ao longo do tempo podem causar problemas como plasticidade
e umidade.
Látices de poli(estireno-co-acrilato de n butila)/Laponita RD foram obtidos
com sucesso apresentando estabilidade coloidal, bem como boas propriedades
mecânicas. Entretanto, algumas caracterizações dos filmes formados visando
otimização e conhecimento de suas propriedades não se concluíram no tempo
decorrido e análises de DSC e TGA, ainda estão em curso. Contudo, o trabalho
continuará sendo desenvolvido e espera-se que o objetivo final, que é a
formulação de tintas para o setor imobiliário com os nanocompósitos
sintetizados, seja alcançado com sucesso.
61
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