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  • 8/18/2019 Paulo Frederico Performance

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    I Jornada Acadêmica Discente –  PPGMUS/USP

    Samuel Kerr: Análise para performance de seus arranjos

     Paulo Frederico de Andrade Teixeira Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) –  [email protected]

    Resumo: Este artigo é uma explanação acerca da pesquisa que está sendo realizada para obtençãodo título de mestre. Os objetos da pesquisa são os manuscritos dos arranjos corais de Samuel Kerr.O trabalho busca um levantamento biográfico do arranjador que também desenvolveu carreiracomo regente e professor e uma análise para performance dos arranjos que nos permitirãoreconhecer técnicas e procedimentos recorrentes na obra e compreender a importância do conjuntode arranjos na produção musical brasileira.

    Palavras-chave: Samuel Kerr, arranjo coral, análise musical, performance musical.

    Samuel Kerr: Analysis of its arrangements for performance

    Abstract: This paper is an explanation about the research being carried out to obtain the title ofmaster. The objects of research are the manuscripts of the choral arrangements of Samuel Kerr.This work seeks a biographical survey of the arranger who also developed career as conductor andteacher and a performance analysis for the arrangements that will allow us to recognize recurringtechniques and procedures in the work and understand the importance of the set of arrangements inthe Brazilian musical production.

    Keywords: Samuel Kerr, choral arrangement, musical analysis, performance musical.

    1. 

    Introdução

    O arranjo coral é uma realidade cada vez mais notória no atual cenário da música

    coral no Brasil. Grande parte do repertório dos coros brasileiros é composta de arranjos corais

    dos mais variados estilos. Alguns trabalhos acadêmicos já retrataram o surgimento dessa

     prática, na segunda metade do século XX. Sempre citado como um dos mais influentes

    arranjadores de coro da música brasileira, Samuel Kerr tem uma vasta quantidade de arranjos

    que elaborou durante sua carreira como regente e professor de música. Para exemplificar,

     podemos recorrer às palavras de Sérgio de Oliveira em sua dissertação de mestrado:

    “...a mudança mais promissora, no que concerne ao Côro -Cênico, coube a outronome: Samuel Kerr. Professor, regente e arranjador, Kerr possibilitou, com uma

     proposta de trabalho que se utilizava basicamente de arranjos, a criação de umaoutra modalidade de Coro-Cênico: a cancionista.” OLIVEIRA (UNICAMP 1999,

     p.20)

     Nossa questão fundamental é compreender o estabelecimento da prática dos

    arranjos corais de música popular no Brasil, em especial em coros amadores, e a maneiracomo eles transformaram o repertório coral atual, investigando as quebras de paradigmas

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    ocorridas na trajetória profissional de Samuel Kerr e as circunstâncias culturais que

    culminaram com um novo processo de construção de um repertório e por consequência, na

    criação dos arranjos.

    Buscaremos também, através das entrevistas, investigar a relação do processo

    criativo de seus arranjos com arranjos de outros países, já que sabemos que durante sua

    formação musical, Samuel Kerr foi aluno de Robert Shaw nos Estados Unidos, onde a prática

    da escrita dos arranjos já estava direcionada também para coros não profissionais ou mesmo

     para formações de estudantes e já abordava a música popular como escolha de repertório.

     Nessa medida, buscaremos entender o quanto seus arranjos são uma adaptação

     para a realidade brasileira de uma prática já existente em outros países, e quais são os novos

    elementos inseridos por ele para essa adaptação, bem como a influência dos arranjadores

    contemporâneos, como Damiano Cozzella, Aricó Junior, Villa Lobos, Lorenzo Fernandez, e

    outros menos conhecidos que já produziam e publicavam trabalhos de arranjos de folclore

     brasileiro e música popular bem antes dele.

    É parte importante de nosso foco analisar os procedimentos criativos adotados por

    Samuel Kerr, bem como os acontecimentos que o levaram a começar a produzir arranjos, já

    que se trata de alguém com sólida formação musical erudita e profundo conhecimento do

    universo coral, além de professor de muitos regentes atuantes no país.

    2.  Pesquisa bibliográfica

    Existem alguns trabalhos acadêmicos produzidos recentemente que de maneira

    indireta abordam arranjos corais ou a figura do Regente Samuel Kerr, embora nenhum tenha o

    foco voltado em analisar os procedimentos musicais construtivos de seus arranjos.

    Um dos trabalhos que abordam a figura do regente Samuel Kerr é a dissertação de

    mestrado de Sérgio Alberto de Oliveira de 1999 na UNICAMP em que o tema é “Coro-

    cênico: uma nova poética coral no Brasil” na qual o autor exalta a importância de Samuel

    Kerr como um grande nome da prática do Coro-cênico no Brasil.

    Outro trabalho acadêmico que abordou Samuel Kerr como arranjador e educador

    foi a dissertação de mestrado de Sandra Mendes Sampaio de Souza de 2003 na UNESP com o

    tema “O arranjo como educação musical em coro amador” no qual a autora inclui Samuel

    Kerr em uma lista de arranjadores a fim de investigar os processos educativos que passam

     pelo arranjo coral.

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    Também abordando a questão dos arranjos corais, o trabalho Cristina Moura

    Emboaba da Costa Julião de Camargo intitulado: “Criação e Arranjo: Modelos de repertório

     para o Canto Coral no Brasil” apresentado como dissertação de doutorado à USP evidencia

    três arranjadores corais, entre eles Samuel Kerr, e traz uma discussão sobre a substituição do

    repertório tradicional coral pelos arranjos que são influenciados pela industria cultural.

    Como fonte de pesquisa, temos ainda a dissertação de mestrado do próprio

    Maestro Samuel Kerr, apresentada à UNESP em 2000 com o título “ A história da atividade

    musical na Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo” que, embora não aborde os arranjos,

    nos traz uma clara noção da sólida formação musical e nos leva a entender a proximidade que

    o autor teve desde a infância com o canto coral através das experiências relatadas.

    Existem ainda textos escritos pelo arranjador, como a ”Carta Canto Coral”,

     publicada em “ Ensaios: Olhares sobre a música coral brasileira”, entrevistas como na

    revista “Coral da União” de 1994 ou mesmo o manual “ Monitores Corais” organizado pelo

     próprio Samuel Kerr para a Secretaria de Cultura de São Paulo. Nesses textos o investigado

    relata procedimentos de seu trabalho como músico, regente e arranjador que serão de grande

    valia para a feitura do meu trabalho.

    3. 

    Levantamento biográfico

    A primeira parte do trabalho visa evidenciar a atividade de Samuel Kerr como

    arranjador, regente e professor para mostrar ao leitor fatos e caminhos que produziram a vasta

    obra e que será em parte analisada por nós. Os procedimentos adotados para tal propósito são

    o levantamento da pesquisa bibliográfica e a criação do texto biográfico que possa registrar

    fatos importantes. Para este artigo, reduzimos o texto em um verbete biográfico.

     Nascido a 5 de maio de 1935, filho de Walwick Kerr e Ondina de Moraes Kerr,

    Samuel Moraes Kerr iniciou seus estudos musicais de piano em 1949 e de órgão em 1955,

    ocupando até 1960 o cargo de Organista da Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo.

    A partir de 1957, frequentou os Seminários de Música da Pró-Arte, tendo como

     professores Hans Graf (piano)1, Roberto Schnorrenberg2  (harmonia, história e coral),

    Pianista Austríaco, casado com a também pianista brasileira Carmen Adnet, ambos professores da Academia demúsica de Viena.2  Importante maestro de carreira reconhecida no Brasil, discípulo de Hans-Joachim Koellreutter

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    Antonieta Moreira Leite (análise) e Damiano Cozzella3 (solfejo). Aperfeiçoou seus estudos de

    regência com Robert Shaw4 na Meadow Brook School of Music, nos EUA.

    Foi organista da Fábrica de Órgãos WHINNER de 1960 a 1964 e em 1962,

    iniciou atividades como regente do Coro da Terceira Igreja Presbiteriana Independente de São

    Paulo, cargo que ocupou até 1972. Paralelamente, foi regente do Coral Atlas (Industrias

    Villares) de 1963 a 1965 e do Coral da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São

    Paulo, de 1964 a 1974 à frente do qual foi duas vezes premiado no Primeiro Festival Latino-

    Americano da Canção Universitário, em Santiago do Chile (1967). Mais tarde assumiu a

    regência da Associação Coral “Cantum Nobile” de 1974 a 1984.

    Como barítono, integrou o quarteto vocal Mestres Cantores5  (1968) ao lado de

    Henrique Gregori6 (contra-tenor) Diogo Pacheco7 (tenor) e Paulo Herculano8 (baixo).

    É Bacharel em Composição e Regência pela Faculdade de Música e Educação

    Artística do Instituto Musical de São Paulo, título obtido em 1978 e mestre em Artes pelo

    Instituo de Artes da UNESP em 2000.

    Um fato que nos chama a atenção, é o de que mesmo antes de obter o título de

     bacharel pelo Instituto Musical de São Paulo em 1978, Samuel Kerr já havia sido professor na

    graduação da USP e começara a trabalhar na UNESP. Isso se explica quando estudamos a

    história do ensino superior em São Paulo constatamos que os primeiros cursos de música

    estavam sendo criados nessa época e que muitos artistas, mesmo sem os títulos que hoje em

    dia são requesitos nas mesmas universidades, eram convidados a ministrar as aulas pelo seu

    notório conhecimento na área em que iriam atuar, na qualidade de Professores Colaboradores.

    3 Aluno de Hans-Joachim Koellreutter, importante músico, professor e arranjador paulista.

    4 Renomado regente, considerado em 1943 pela National Association of Composers and Conductors o maior

    maestro de coral da América.5  A designação não era expressão de exagerada auto-consciência de valor de seus componentes. Era uma

    tradução da expressão Meistersänger, trazendo em si sugestões de uma prática medieval.6 Fundador dos Mestres Cantores, após ter sido cantor do Coral Paulistano (1945) e professor do SENAI (1950).

    Tornou-se regente de corais e alcançou renome pelas suas iniciativas causadoras de sensações. Foi, em 1954, um

    dos fundadores do Movimento Ars Nova, inicialmente um quarteto vocal; ao movimento pertenceram, entre

    outros, Klaus-Dieter Wolff, Dilza de Freitas Borges e Willis de Castro.7 Participou dos cursos de Tanglewood, Massachusetts, com apoio do Berkshire Music Center e doDepartamento de Estado dos EUA (1959). Em 1964, viajara por países europeus a convite do Ministério dasRelações Exteriores para proferir conferências a respeito da música brasileira. Atuava como crítico musical doJornal da Tarde, como colunista de O Estado, sendo responsável pelos Concertos das Segundas-Feiras no TeatroAnchieta, do SESI.8 Também professor de matérias teóricas e instrumentos (cravo, piano, órgão) e canto nos Seminários de MúsicaPró-Arte, era estreitamente vinculado aos movimentos de vanguarda e um dos mais destacados representantes darenovação da vida musical e cultural. Ao mesmo tempo, fora um dos fundadores do conjunto Musikantiga,ensemble pioneiro sob muitos aspectos da prática de instrumentos musicais antigos no Brasil e que alcançara

    excepcional ressonância no país. Distinguia-se pelo fato de atuar como compositor de trilhas sonoras paracinema e teatro, assim como como autor de orquestrações e arranjos. Tinha sido diretor musical da peça MaratSade, um marco na história teatral paulistana dos anos 60.

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    I Jornada Acadêmica Discente –  PPGMUS/USP5

    Foi Diretor da Escola Municipal de Música de 1971 a 1975 e regente da Orquestra

    Sinfonica Jovem Municipal de São Paulo de 1971 a 1982. Foi professor de Regência Coral no

    Departamento de Música da ECA –  USP de 1974 a 1975.

    Em 1977 inicia suas atividades no Instituto de Artes da UNESP, onde seria

    Professor de Regência até 2005. Durante este período foi Diretor do Movimento Coral do

    Estado de São Paulo de 1983 a 1984 e Coordenador e Diretor Artístico da Área de Música do

    SESC Vila Nova de 1984 a 1987.

    Mostraremos em forma de tabela, para maior clareza das informações, os diversos

    coros em que Samuel Kerr atuou como regente:

    CORAL PERÍODO

    Coral da Terceira IgrejaPresbiteriana Independente de São

    Paulo

    de 1962 a 1972

    Coral Atlas (IndustriasVillares)

    de 1963 a 1965

    Coral da Faculdade de CiênciasMédicas da Santa Casa de São Paulo

    de 1964 a 1974

    Associação Coral “Cantum

    Nobile” de 1974 a 1984

    Coral da UNESP de 1980 a 1992

    Coral Paulistano de 1980 a 1984 e de 1990 a 2001Madrigal “Psychopharmacon”  de 1988 a 1991Coral da B`nai B´rith de São

    Paulode 1989 a 1997

    Coral do Esporte ClubePinheiros

    de 1989 a 2002

    Cia Coral de 1990 a 1992Coral do Curso de Música e do

    Curso de Educação Artística doInstituto de Artes da UNESP

    de 1994 a 2005

    Coral dos Voluntarios daAACD

    de 1998 a 2004

    Atuou ainda como Regente convidado da Camerata Antiqua de Curitiba em 2002,

    2004 e 2005 e Regente convidado do Coral da OSESP em 2003 e 2005.

    É membro da Associação Brasileira de Organistas ABO, do Instituto Historico e

    Geográfico de São Paulo, foi Presidente da Sociedade Amigos do Museu Paulista –  SAMPA e

    Vice-Presidente da Associação Brasileira de Regentes Corais de 1999 a 2001, além de

    Conselheiro da Associação Evangélica Beneficente AEB, Conselheiro da AssociaçãoEvangélica de Música Sacra SOEMUS, Sócio Honorário do Centro Acadêmico Manoel de

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    I Jornada Acadêmica Discente –  PPGMUS/USP6

    Abreu da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e Assessor Musical

     para o Projeto “Parque da Grota” de reurbanização da Bela Vista, do Arquiteto Paulo Mendes

    da Rocha, em 1974.

    É Autor dos Livros “História da atividade musical na Igreja Presbiteriana Unida

    de São Paulo  –   Uma Fisionomia Possível”, São Paulo, Editora Edicon, 2000  e “Vick

    Lembranças do Kerr ”, São Paulo, Editora Edicon, 2007 e teve participação no livro “Ensaios

     –   Olhares sobre a música coral brasileira” –  Rio de Janeiro, Centro de Estudos de Música

    Coral, 2006 com o capítulo “Carta Coral” 

     No teatro, trabalhou como diretor musical em “Hans Staden no País da

    Antropologia” em 1971, “Jesus Cristo Superstar” em 1972, “Aurora da Minha Vida” em 1981

    (São Paulo), “Aurora da Minha Vida” em1982 (Rio de Janeiro), “Um beijo, um abraço, um

    aperto de mão” em 1984 (São Paulo), “Um beijo, um abraço, um aperto de mão 1985” em

    1985 (Rio de Janeiro),” Mulheres de Holanda” em 1991 e “A Vida é Sonho” em 1992.

    Durante sua carreira, foi premiado com o Troféu da OMB, de Melhor Regente.

    1973, Premio Especial APCA, em 1974, pelo trabalho como Diretor da Escola Municipal de

    Música, Indicação para o Prêmio de Direção Musical, pela APETESP, em 1984, Melhor

    Regente Coral de 1992 - Premio APCA, Personalidade do ano, 1999  –  Associação Comercial

    de São Paulo, distrital Ipiranga, Indicação para o Prêmio Carlos Gomes 1998.

    Recebeu ainda as seguintes medalhas e congratulações: Voto de Júbilo e

    Congratulações da Câmara Municipal de São Paulo pela atuação junto aos Corais do

    Movimento Mario de Andrade e da Câmara Municipal de São Paulo (Diário Ificial da PMSP

    de 24 de setembro de 1973), Medalha da Primavera “Agenor Couto de Magalhães”, da

    Sociedade Geográfica Brasileira, Medalha “Pero Vaz Caminha” do Instituto Histórico e

    Cultural Pero Vaz de Caminha, Medalha “Carlos Gomes” da Sociedade Brasileira de

    Educação e Integração.

    Percebemos durante a produção do texto que transpareceram as convicçõesartísticas que levaram Samuel Kerr a se aproximar da música popular e a consequente criação

    dos arranjos para seus próprios coros.

    4.  Procedimentos analíticos

    A segunda parte do trabalho trará as análises para performance de alguns dos

    arranjos. Tenho posse dos arranjos desde o inicio de 2012 quando o prof. Samuel Kerr

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    disponibilizou-me cópias de seus manuscritos. Após uma primeira catalogação no software

    Excel, onde organizei os duzentos e dois arranjos por ordem alfabética, registrando seu título,

    sua formação instrumental e vocal, compositores e demais informações fornecidas pela

     partitura, pude elencar os arranjos que seriam mais interessantes de analisar do ponto de vista

    de alguém que busca uma diversidade de elementos criativos na obra e ao mesmo tempo,

    elementos unificadores na escrita coral de Samuel Kerr.

    Os arranjos escolhidos passaram por uma editoração via software Sibelius, pois

    muitos deles serão possivelmente executados em oportunidades durante o processo, como já é

    o caso de alguns que integram o repertório dos coros comunitários do Comunicantus  –  

    Laboratório Coral, onde tenho a possibilidade de presenciar a aplicação e a funcionabilidade

    de cada arranjo.

    Para a análise dos arranjos, utilizo o questionário de análise do Prof. Dr. Marco

    Antonio da Silva Ramos, meu orientador. O questionário é uma ferramenta que aborda a obra

    musical em suas mais diversas características. Embora utilize o questionário, as análises serão

    elaboradas em forma de texto para maior fluidez da redação, procedimento adotado pela

    maior parte dos trabalhos por ele orientados.

    Após analisarmos os aspectos estruturais de alguns dos arranjos, munidos

    de um conhecimento adquirido em pesquisa sobre as obras originais e os arranjos de

    mesmo gênero que, e principalmente, após levantarmos os procedimentos e

     preferências adotados por Samuel Kerr na construção de um arranjo coral,

    conseguimos elencar até o momento algumas conclusões que poderão se confirmar

    até o final do processo de análises. Por exemplo, observamos que uma melodia

     popular, embora possa ser vista por muitos como uma canção de menor valor, pode

    resultar em uma bela obra coral quando tratada com domínio da linguagem e da

    condução vocal. Observamos ainda o “cuidado com o horizontal”  predominante nas

    vozes dos arranjos até aqui analisados, a fim de torná-las cantáveis, o que, segundoSamuel Kerr é um pré-requisito para um bom arranjo. Percebemos que de uma boa

    construção linear podem surgir harmonias complexas, sem que o arranjo se torne

    necessariamente difícil de ser executado, e que a exploração dos diversos timbres que

    a voz pode produzir, organizados ritmicamente, pode enriquecer as possibilidades

    sonoras de um coro, mesmo não sendo um coro profissional, como é o caso de muitos

    que arranjos de Samuel Kerr pelo Brasil.

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    5.  Entrevistas

    Como última etapa do trabalho, marcaremos uma entrevista com o professor

    Samuel Kerr onde poderemos abordar as análises dos arranjos escolhidos e coletar dados

    adicionais sobre o contexto em que os arranjos foram construídos; sabendo a realidade docoro para qual ele os destinou; se o coro era amador ou profissional; qual era a formação de

    naipes dos coros; de onde surgiu a ideia de trabalhar essa música; qual era o programa do coro

    na ocasião e finalmente o porquê das escolhas dos procedimentos utilizados em cada um

    desses arranjos.

    Por já existirem muitas entrevistas e trabalhos acadêmicos nos quais Samuel Kerr

    relata sua carreira, seu trabalho como regente e arranjador, optamos por, na entrevista, focar

    os arranjos escolhidos a fim de enriquecer as análises. Eventuais dados biográficos serãoincorporados á primeira parte do trabalho, juntando-se ao que for levantado na pesquisa

     bibliográfica, que de resto parece pródiga nessa questão. A pesquisa será realizada após a

    conclusão das análises.

    Referências:

    KERR, S. Carta Canto Coral.In: FIGUEIREDO,C.A...[et al];organização EduardoLakschevitz. Ensaios: olhares sobre a música coral brasileira. Rio de Janeiro: Centro deEstudos de Música Coral, 2006. p.199-238.

    KERR, S. A História da Atividade Musical na Igreja Presbiteriana Unida de São Paulo –  Uma fisionomia possível. 2000. Dissertação (Mestrado em Artes) Instituto de Artes,Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), São Paulo, 2000. 

    CAMARGO, Cristina Moura Emboaba da Costa Julião de Criação e Arranjo: Modelos deRepertório para o Canto Coral no Brasil. 2010.(Mestrado em Artes) ECA –  USP.

    OLIVEIRA, S. A. Coro-cênico: Uma Nova Poética no Brasil. 1999.193 f.

    Dissertação (Mestrado em Artes) - Instituto de Artes, Universidade Estadual deCampinas (UNICAMP), Campinas,1999.

    SOUZA, S. M. S. O Arranjo como educação musical em coro amador. 2003.201 f. Dissertação (Mestrado em Artes) Instituto de Artes, Universidade Estadual Paulista“Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), São Paulo, 2003. 

    Coral da União, São Paulo, Gráfica UCBEU, ano I, n.5, agosto/setembro, 1994, pp.3-5(ParteI)

    Coral da União, São Paulo, Gráfica UCBEU, ano I, n.6, outubro/novembro, 1994, pp.3-5(parte II)