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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Faculdade de Odontologia Avaliação do movimento de retração em massa dos dentes ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes. Leonardo Henrique de Lima Araújo Belo Horizonte – Minas Gerais 2007

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Faculdade de Odontologia

Avaliação do movimento de retração em massa dos dentes ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes.

Leonardo Henrique de Lima Araújo

Belo Horizonte – Minas Gerais

2007

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Faculdade de Odontologia

Leonardo Henrique de Lima Araújo

Avaliação do movimento de retração em massa dos dentes ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes.

Dissertação apresentada à banca examinadora

de Pós-Graduação da Faculdade de

Odontologia da Pontifícia Universidade Católica

de Minas Gerais como requisito para a

obtenção do título de Mestre em Ortodontia.

Orientador: Prof. Dr. Elton Gonçalves Zenóbio

Co-orientador: Prof. Wellington Pacheco Área de concentração: Ortodontia

Belo Horizonte – Minas Gerais

2007

FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Araújo, Leonardo Henrique de Lima A663a Avaliação do movimento de retração em massa dos dentes ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes. / Leonardo Henrique de Lima Araújo. – Belo Horizonte, 2007. 80f. : il.

Orientador : Prof. Dr. Elton Gonçalves Zenóbio. Co-orientador: Prof. Wellington Pacheco Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Faculdade de Odontologia.

Bibliografia.

1. Procedimentos de ancoragem ortodôntica. 2. Ortodontia. I. Zenóbio, Elton Gonçalves. II. Pacheco, Wellington. III. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Faculdade de Odontologia. IV. Título.

CDU: 616.314-089.23 Bibliotecária : Waney Alves Reis Medeiros – CRB 6/2223

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Lamir e Lêda, pelo esforço e

dedicação que tiveram na minha educação e pelo

sentimento de amor que sempre esteve tão presente

na nossa família.

AGRADECIMENTOS

À Deus, criador e mantenedor de todas as coisas, autor da vida e da

liberdade de consciência.

Ao meu pai, Lamir, pelo amor incondicional e pelos ensinamentos de

honestidade e justiça que me foram passados.

À minha mãe, Lêda, por me ensinar que “É preferível arriscar coisas

grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se a derrota do que formar

filas com os pobres de espírito que não gozam muito e nem sofrem muito, porque

vivem na penumbra obscura e cinzenta dos que não conhecem nem a vitória e nem

a derrota”.

Ao meu irmão, Luiz Henrique, que apesar da distância, a nossa amizade e o

companheirismo continuam sempre presentes.

À Fernanda, pelo amor e, principalmente, pelas palavras de conforto e

incentivo nos momentos difíceis dessa caminhada.

Aos meus padrinhos Waldir e Lúcia, pelo carinho e amizade que sempre

tiveram comigo.

À todos os meus familiares, tia Graça, Luiz Gonzaga, Arthur, avó Laurita, avô

Severiano, avó Laura, avô Ernani, tios e primos, por servirem de base para o meu

crescimento. Sem o apoio de vocês, ficaria tudo mais difícil.

Ao Professor Doutor Elton Gonçalves Zenóbio, meus sinceros

agradecimentos, pelos ensinamentos transmitidos e por me permitir a liberdade de

pensar e de me expressar, sem deixar de fazer as correções necessárias.

Ao Professor Wellington Pacheco, pelas orientações e ensinamentos clínicos,

fortificados por meio da excelente ortodontia sempre apresentada.

Ao Professor Maurício Grecco Cosso, pelo estímulo e confiança a que me

foram atribuídos em todos os momentos e pelo incansável zelo em auxiliar no

desenvolvimento deste estudo.

À Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas

Gerais, na pessoa de seu Diretor e Professor do Curso de Mestrado em Ortodontia,

Tarcísio Junqueira Pereira.

Ao Professor Doutor Roberval de Almeida Cruz, Coordenador dos Programas

de Mestrado em Odontologia, pela seriedade e responsabilidade com os cursos.

Aos meus amigos de turma, José Luiz, Klinger, Larissa, Mariana e Thiago

pelos indescritíveis momentos de companheirismo, união, cumplicidade, alegrias e

comemorações. Pessoas especiais que levarei sempre comigo como exemplos de

bom caráter e ótima convivência.

Aos demais amigos do curso de mestrado das turmas M5, M6, M7, M8 e M9,

Lívia, Cássio, Valéria, Jordana, Milena, Luciana, Mariana Pacheco, Silvana, Barbra,

Murilo, Cristhiane, Bruna, Ana Paula, Flávio, Ludmila, Roberta, Tony, Rafael, Bruno

Gribel, Bruno Fonseca, Maria Rita, Sara, Paula, Marcelo, Nilson e André, pelo

grande relacionamento pessoal e profissional.

Aos meus professores do curso de mestrado, Prof. Armando Lima, Prof.

Heloísio Leite, Prof. Dauro Oliveira, Prof. Wellington Pacheco, Prof. José Maurício,

Prof. Flávio Almeida, Prof. Hélio Brito, Prof. José Eymard, Prof. Ênio Mazzieiro, Prof.

Julio Brant, Prof. Tarcísio Junqueira, Prof. Ildeu Andrade, Prof. Marcos Carvalho,

Prof. Henrique Torres, por todo conhecimento transmitido.

Ao Professor Doutor Flávio Ricardo Manzi, pela disponibilidade e contribuição

para o desenvolvimento deste estudo.

À Lúcia Medeiros, pelas oportunidades profissionais e pela confiança.

Aos funcionários da PUC Minas, em especial ao Diego, pela amizade

construída durante o curso.

À todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste

estudo.

RESUMO

Introdução: Diversos estudos mostraram a aplicação dos mini-implantes na

ancoragem do movimento de retração dos dentes anteriores, sendo as principais

vantagens atribuídas a ausência de perda de ancoragem e a diminuição da

necessidade de colaboração dos pacientes no uso de aparelhos de ancoragem

convencional. Objetivo: O presente estudo avaliou o movimento de retração em

massa dos dentes ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes. Materiais

e Métodos: A amostra foi composta de nove pacientes, da clínica de Ortodontia da

PUC Minas, portadores de má-oclusão de Classe I biprotrusão ou Classe II de

Angle, com necessidade de extrações dos primeiros pré-molares superiores. A

retração foi realizada por mecânica de deslize e ancoragem ortodôntica em mini-

implantes. Medidas em telerradiografias cefalométricas iniciais e finais ao movimento

de retração foram utilizadas para avaliar a estabilidade dos mini-implantes,

alterações do posicionamento dos incisivos e dos primeiros molares superiores.

Resultados: Dos 18 mini-implantes utilizados, 8 mesializaram (média de 0,45 mm) e

3 extruíram (média de 0,14 mm). Os incisivos superiores foram retraídos em média

4,21 mm, extruíram 0,33 mm e retroinclinaram 10,3o. Não houve modificações

estatisticamente significantes no posicionamento dos dentes posteriores.

Conclusões: Apesar das pequenas alterações no posicionamento dos mini-

implantes, os movimentos pretendidos foram alcançados, estes dispositivos

forneceram ancoragem adequada para retração dos dentes ântero-superiores e não

houve perda de ancoragem dos dentes posteriores.

Palavras-chave: Ancoragem. Ortodontia. Mini-implantes ortodônticos.

ABSTRACT

Introduction: Several studies have demonstrated the application of mini-implants for

anchorage during the retraction movement of the anterior teeth. Although the

effectiveness of extraoral traction, it demands exceptional patient cooperation.

Purposes : The aim of this study was to evaluate the mass retraction movement of

the anterior teeth with mini-implants anchorage. Materials and methods: The

sample consisted of 9 patients, from the PUC Minas orthodontic clinic, with bad

occlusion of Class I, biprotrusion, or Angle Class II, with upper first premolars

extractions. The retraction was performed by using sliding mechanics and

orthodontic anchorage on mini-implants. Measures were taken by initial and final

cephalometric x-rays to the retraction movement so as to evaluate if the mini-

implants remained stationary, displacements of the incisive and the upper first

premolars. Results : Out of 18 mini-implants, 8 mesialized (0,45 mm, average) and 3

extruded (0,14 mm, average). The upper incisive were retracted on the average of

4,21 mm, extruded 0,33 mm and tipped 10,3o. There were no statistical significant

modifications on the placement of the posterior teeth. Conclusions: Although the

very small displacement of the mini-implants, they provided an adequate anchorage

for the retraction of the anterior teeth, and there was no loss on the anchorage of the

posterior teeth.

Keywords: anchorage; orthodontics; orthodontic mini-implants.

LISTA DE FIGURAS

3 ARTIGOS ANEXADOS

3.1 Artigo 1 - Evolução dos implantes na ancoragem ortodôntica

FIGURA I: A, Ancoragem direta na retração de canino. B, Ancoragem indireta

na distalização do primeiro molar superior...........................................................

23

FIGURA II: Retração dos dentes anteriores em paciente com perda dos dentes

posteriores, utilizando mini-implantes como forma de ancoragem......................

25

FIGURA III: Distalização do primeiro molar superior esquerdo com ancoragem

em mini-implante..................................................................................................

25

FIGURA IV: Mesialização do segundo molar inferior esquerdo e mecânica

para correção de linha média com ancoragem em mini-implante........................

26

FIGURA V: Retração em massa dos dentes ântero-superiores ancorada em

mini-implantes......................................................................................................

26

3.2 Artigo 2 - A utilização dos mini-implantes na ancoragem ortodôntica,

ênfase no movimento de retração dos dentes anteriores

FIGURA I: Perda de ancoragem durante o fechamento de espaço, devido a

não colaboração do paciente na utilização do aparelho extra-oral......................

32

FIGURA II(A e B): Ilustração da instabilidade dos mini-implantes utilizados

para ancorar o movimento de retração em massa dos dentes ântero-

superiores.............................................................................................................

35

FIGURA III: A, Arco segmentado na distalização do canino superior direito. B,

Arco close loop para retração dos inicisivos superiores.......................................

37

FIGURA IV: Movimento de retração em massa dos dentes anteriores ancorado

em mini-implantes ortodônticos do fabricante NEODENT...................................

38

FIGURA V: Sistema de aplicação de força utilizando mini-implantes como

forma de ancoragem para a retração em massa dos dentes ântero-

superiores.............................................................................................................

38

3.3 Artigo 3 - Protocolo cirúrgico para a instalação dos mini-implantes a

serem utilizados como ancoragem na retração em massa dos dentes

ântero-superiores

Figura I: Região de inserção do mini-implante ortodôntico / Espaço inter-

radicular entre os elementos dentários 15 e 16 (segundo pré-molar e primeiro

molar superior direito)...........................................................................................

45

Figura II: Guias podem ser confeccionados e radiografados com o objetivo de

facilitar o procedimento cirúrgico e diminuir o risco de traumatizar raízes

dentárias...............................................................................................................

45

Figura III: Perfuração da cortical externa (vestibular) com a utilização de uma

fresa de 1.1mm de diâmetro.................................................................................

46

Figura IV: Captura do mini-implante ortodôntico de 1.3mm de diâmetro, 11mm

de comprimento e cinta média.............................................................................

Figura V: Instalação do mini-implante ortodôntico auto-perfurante por meio de

uma chave manual...............................................................................................

46

47

Figura VI: Mini-implante adequadamente instalado em mucosa ceratinizada

inserida.................................................................................................................

47

Figura VII: Radiografia periapical realizada em um outro paciente que utilizou

mini-implantes como forma de ancoragem para o movimento de retração dos

dentes anteriores..................................................................................................

48

Figura VIII: A. Fase inicial do tratamento; B. inserção do mini-implante; C.

retração em massa dos dentes ântero-superiores; D. fase de finalização do

tratamento............................................................................................................

48

3.4 Artigo 4 - Avaliação do movimento de retração em massa dos dentes

ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes

Figura I: Radiografias periapicais inicial e final à inserção dos mini-implantes.... 57

Figura II: Telerradiografia em norma lateral e fotografias intra-orais iniciais da

mecânica de retração em massa dos dentes ântero-superiores com

ancoragem em mini-implantes.............................................................................

57

Figura III: Telerradiografia em norma lateral e fotografia intra-oral após 6

meses de retração em massa dos dentes ântero-superiores com ancoragem

em mini-implantes................................................................................................

58

Figura IV: Fotografia ilustrando o alinhamento do mini-implante com o gancho

soldado na região anterior do fio retangular.........................................................

58

Figura V: Pontos e planos utilizados na análise cefalométrica............................ 60

Figura VI: Representação das medidas determinadas na maxila........................ 61

LISTAS DE TABELAS

3.4 Artigo 4 - Avaliação do movimento de retração em massa dos dentes

ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes

TABELA I: Medidas relacionadas aos mini-implantes.......................................... 63

TABELA II: Medidas relacionadas aos incisivos superiores................................. 63

TABELA III: Medidas relacionadas aos primeiros molares superiores................. 64

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 12

2 OBJETIVOS........................................................................................................ 15

2.1 Objetivo geral................................................................................................. 16

2.2 Objetivos específicos.................................................................................... 16

3 ARTIGOS ANEXADOS....................................................................................... 17

3.1 Artigo 1 - Evolução dos implantes na ancoragem ortodôntica................. 18

3.2 Artigo 2 - A utilização dos mini-implantes na ancoragem ortodôntica,

ênfase no movimento de retração dos dentes anteriores................................

30

3.3 Artigo 3 - Protocolo cirúrgico para a instalação dos mini-implantes a

serem utilizados como ancoragem na retração em massa dos dentes

ântero-superiores.................................................................................................

41

3.4 Artigo 4 - Avaliação do movimento de retração em massa dos dentes

ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes....................................

52

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 69

5 ANEXOS............................................................................................................. 73

12

1 - INTRODUÇÃO

13

1. INTRODUÇÃO

Diversos estudos revistos na literatura analisaram os efeitos das extrações

dos pré-molares em tratamentos ortodônticos de pacientes apresentando má-

oclusão de Classe I de Angle associada à biprotrusão ou Classe II de Angle (PARK

et al., 2001; THIRUVENKATACHARI et al., 2006).

Neste processo, um dos desafios enfrentados no tratamento ortodôntico com

exodontias é a grande dificuldade no controle da ancoragem. Isso porque, como já

postulado por Isaac Newton em sua terceira lei – ação e reação - uma força

aplicada pode ser dividida em um componente de ação e um componente igual e

oposto de reação. Desta forma, na retração dos dentes anteriores com ancoragem

nos dentes posteriores, há uma força contrária à de retração e que tende a

mesializar os dentes posteriores, provocando, assim, a perda de ancoragem

(CHUNG et al., 2007).

No tratamento ortodôntico com ancoragem convencional, os ortodontistas

utilizam dispositivos - como o aparelho extra-oral - que possibilitam um controle

efetivo da ancoragem. Entretanto, os resultados advindos de tais dispositivos

dependem diretamente da cooperação dos pacientes – o que pode comprometer o

sucesso na finalização do tratamento ortodôntico (KANONI, 1997).

Neste contexto, a introdução de dispositivos de ancoragem esquelética no

protocolo de tratamento ortodôntico, visa a proporcionar uma ancoragem adequada,

além de diminuir ou até mesmo eliminar os efeitos indesejáveis resultantes da

movimentação ortodôntica (KYUNG et al., 2003).

Diante destas considerações, é que se torna evidente a importância de

estudos científicos que avaliem as reais vantagens e desvantagens destes

14

dispositivos, a estabilidade dos mini-implantes, os fatores determinantes nos casos

de insucesso e, principalmente, no que diz respeito ao processo de integração com

o tecido ósseo.

Considerando o estado atual do conhecimento sobre ancoragem esquelética

por meio de mini-implantes ortodônticos, o presente estudo avaliou, nos tratamentos

ortodônticos com extrações dos primeiros pré-molares superiores, o movimento de

retração em massa dos dentes ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes

ortodônticos.

15

2 – OBJETIVOS

16

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

O presente estudo teve como objetivo avaliar o movimento de retração em

massa dos dentes ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes, em

pacientes com má-oclusão de Classe I de Angle com biprotrusão, ou Classe II de

Angle, com necessidade de extrações dos primeiros pré-molares superiores.

2.2. Objetivos específicos

� Por meio de medidas registradas nas telerradiografias cefalométricas,

antes e após a retração ortodôntica ancorada em mini-implantes, avaliou-

se:

1. Alterações do posicionamento vertical e horizontal dos mini-

implantes;

2. Alterações do posicionamento vertical, horizontal e da inclinação

dos incisivos superiores;

3. Alterações do posicionamento vertical e horizontal dos primeiros

molares superiores.

17

3 – ARTIGOS ANEXADOS

18

3. ARTIGOS ANEXADOS

3.1 - ARTIGO 1: Evolução dos implantes na ancoragem ortodôntica

Autores:

Leonardo Henrique de Lima Araújo Mestrando em Ortodontia pela PUCMINAS Flávio Rodrigo Vilaça Mestrando em Ortodontia pela PUCMINAS Elton Gonçalves Zenóbio Professor Adjunto III do mestrado em ortodontia da PUCMINAS Wellington Pacheco Professor Adjunto III do mestrado em ortodontia da PUCMINAS Maurício Greco Cosso Professor Assistente III do mestrado em implantodontia da PUCMINAS

19

Evolução dos implantes na ancoragem ortodôntica.

RESUMO

As ausências dentárias vêm sendo tratadas com uma alta taxa de sucesso com a

utilização de implantes de titânio osseointegrados. No entanto, a utilização destes

dispositivos na ancoragem ortodôntica apresenta diversas limitações, tais como:

região de inserção, tempo de cicatrização, direção de aplicação de força e

dificuldade de remoção. Com o intuito de superar essas dificuldades, Kanoni, em

1997 sugeriu a utilização de dispositivos de titânio com o comprimento e diâmetro

reduzidos em relação aos implantes convencionais. Estes dispositivos foram

denominados mini-implantes e a sua utilização na ancoragem ortodôntica

propiciaram movimentação dentária com maior controle dos movimentos

indesejáveis. Este estudo propõe revisar a literatura e discutir a evolução das formas

de ancoragem esquelética na ortodontia.

Palavras-chave: Ancoragem. Ortodontia. Implantes ortodônticos.

Evolution of implants for orthodontic anchorage ABSTRACT Dental absences are often being treated with high rates of success by using

osseointegrated titanium implants. However, the use of these mechanisms on the

orthodontic anchorage presents several limitations such as: region of insertion;

healing process; direction of the force application and the difficulty of removal.

Therefore, in order to overcome those disadvantages, Kanoni, in 1977, suggested

the use of titanium mechanisms with reduced length and diameter when compared to

conventional implants. These mechanisms are known as mini-implants and their use

on the orthodontic anchorage offers a controlled dental movement. The purpose of

the present study is to make a literature review and also discuss the evolution of the

various forms of skeletal anchorage on the orthodontics.

Keywords: anchorage; orthodontics; orthodontic implants.

20

1. ANCORAGEM ESQUELÉTICA NA ORTODONTIA

O controle da ancoragem é um dos aspectos de maior importância no

tratamento ortodôntico. Neste sentido, pesquisas foram realizadas com o objetivo de

desenvolver um sistema de ancoragem que não dependesse da colaboração do

paciente e que fosse o mais eficiente possível.

Em 1945, Gainsforth & Higley8, de forma pioneira, inseriram parafusos no

ramo mandibular de cães, e aplicaram uma força utilizando elásticos de Classe II,

que se estendiam do parafuso ao gancho no fio maxilar, com o objetivo de

distalização dos dentes superiores. Entretanto, o resultado não foi satisfatório, visto

que todos os parafusos falharam entre 16 e 31 dias após sua inserção. Deste modo,

tal forma de ancoragem não teve uma boa repercussão.

Após 24 anos sem publicações a respeito da utilização de implantes

endósseos para ancoragem, Linkow11, no ano de 1969, apresentou um caso tratado

com a inserção de implantes (laminados) na mandíbula. O tratamento consistiu na

utilização de elásticos Classe II, ligados diretamente dos implantes até os dentes

superiores. Ao contrário do estudo anterior, os resultados aqui obtidos foram

satisfatórios.

Com o advento da osseointegração, apresentada por meio dos estudos de

Branemark et al. 2, diversos ortodontistas vislumbraram a possibilidade de se utilizar

implantes osseointegrados como forma de ancoragem na movimentação

ortodôntica.

Creekmore et al.6, baseados no conceito da osseointegração, inseriram um

implante osseointegrado sob a cavidade nasal, com o intuito de obter uma

21

ancoragem absoluta para o movimento de intrusão dos incisivos centrais superiores.

Como resultado, os incisivos foram intruídos 6 mm sem que houvesse qualquer

dano ao implante.

Em 1984, Roberts et al.19 instalaram implantes de titânio com superfície

tratada no fêmur de coelhos com três a seis meses de idade. Depois de um período

de seis a doze semanas de cicatrização, uma força de 100 gramas foi aplicada por

quatro a oito semanas utilizando uma mola de aço entre os implantes. Os resultados

mostraram que os implantes permaneceram estáveis durante a aplicação de força, o

que confirmou a utilização destes como forma de ancoragem ortodôntica.

Roberts et al.20 em 1990, apresentaram um caso clínico, no qual o paciente

possuía ausência do primeiro molar inferior esquerdo e, por meio da ancoragem em

um implante endósseo na região retro-molar, foi possível intruir e mesializar o

segundo e terceiro molares inferiores esquerdos para a região de ausência dentária.

No ano de 1995, Block & Hoffman1 desenvolveram um novo sistema para

fornecer ancoragem ao movimento ortodôntico. Este dispositivo denominado

Onplant foi constituído de um disco texturizado e coberto com hidroxiapatita de um

lado, com encaixe interno do outro. O onplant foi inserido no palato e, após a

integração, pôde ser conectado aos dentes como forma de ancoragem. O autor

apresentou um estudo realizado em cães, e foi observado movimentação unilateral

de dentes em direção ao onplant.

Posteriormente, em 1996, Wehrbein & Merz21 descreveram o sistema de

implantes palatais (Orthosystem), os quais funcionavam como forma de ancoragem

indireta para a movimentação ortodôntica. O implante inserido no palato era

conectado aos dentes posteriores e, desse modo, forneciam ancoragem para a

movimentação ortodôntica.

22

Contudo, percebeu-se, principalmente com Kanoni17, no ano de 1997, que os

implantes dentais apresentavam algumas limitações na ortodontia, como a região

para a sua inserção; dificuldade no direcionamento da aplicação de força; gravidade

da cirurgia; desconforto na cicatrização inicial; tempo de espera para o inicio da

aplicação da força; dificuldade de sua remoção e elevado custo. Com o intuito de

superar tais limitações, o autor descreveu um implante com tamanho reduzido e que

poderia ser utilizado no tratamento ortodôntico. Este dispositivo, que é utilizado para

fixação de placas de titânio em cirurgias maiores, apresenta 1.2 mm de diâmetro e 6

mm de comprimento e, dessa forma, pode ser inserido entre as raízes de dentes

adjacentes.

Kanoni17, com a utilização de um mini-implante inserido no osso alveolar,

mais especificamente, entre os ápices radiculares dos incisivos centrais inferiores,

tratou ortodonticamente um paciente apresentando mordida profunda. Três

implantes adicionais foram implantados entre as raízes dos incisivos centrais

superiores e no local de ambos os segundos pré-molares inferiores para futura

tração. Após quatro meses da mecânica ortodôntica, os incisivos inferiores haviam

sido intruídos 6 mm.

Umemori et al. 22, em 1999, apresentaram um novo sistema de ancoragem

esquelética (mini-placas de titânio), que possibilitava o tratamento de mordidas

abertas por meio de intrusão de dentes posteriores.

Em 2000, Celenza & Hockman4 descreveram as duas formas de ancoragem

(direta e indireta). A ancoragem direta consistia na utilização de implantes, os quais

serviriam de suporte direto para a movimentação ortodôntica. Na ancoragem

indireta, os implantes seriam utilizados para estabilizar unidades específicas de

dentes, que serviriam de ancoragem direta para a mecânica empregada (Fig.I).

23

Figura I – A, Ancoragem direta na retração de canino. B, Ancoragem indireta na distalização do primeiro molar superior. FONTE: Departamento de ortodontia (PUC-MG).

Kyung et al.18, em 2003, apresentaram o primeiro mini-implante desenvolvido

especificamente para a Ortodontia. Este novo dispositivo possuía diversos diâmetros

e comprimentos e, além disso, uma cabeça sobre a qual podem ser utilizados

correntes elásticas, fios de amarrilho e outros acessórios ortodônticos.

Cheng et al.5, em 2004, descreveram as complicações e as falhas associadas

aos implantes ortodônticos por meio da avaliação de 140 dispositivos de ancoragem

(48 mini-implantes e 92 mini-placas) utilizados em pacientes com necessidade de

ancoragem ortodôntica. Nos resultados, os autores constataram que 7 dispositivos

apresentaram infecções peri-implantares e em 15 foram detectadas mobilidade. Os

resultados confirmaram a efetividade destes dispositivos, embora se julgasse

necessária a melhora da técnica de inserção e dos cuidados de higienização destes

dispositivos com o objetivo de aumentar as taxas de sucesso.

Park et al.15, em 2006, avaliaram as taxas de sucesso dos mini-implantes e os

possíveis fatores que afetam o sucesso clinico destes. A amostra foi composta de 86

pacientes que utilizaram durante o tratamento ortodôntico mini-implantes. A taxa de

24

sucesso destes dispositivos foi de 91,7% e de acordo com os autores, o

posicionamento ocluso-gengival, ângulo de inserção dos mini-implantes, método de

aplicação da força ortodôntica e higiene oral representam alguns dos fatores que

podem determinar o insucesso dos mini-implantes.

2. DISCUSSÃO

A dificuldade no controle da ancoragem é um aspecto de grande importância

na ortodontia, sendo que os dispositivos de ancoragem convencionais, como

aparelhos extra-orais e elásticos, dependem da cooperação dos pacientes, o que

pode resultar no comprometimento do tratamento. A introdução dos implantes na

ancoragem ortodôntica resultou na diminuição da necessidade de cooperação dos

pacientes em relação ao uso de aparelhos extra-orais e em uma mecânica

associada a uma ancoragem absoluta 3,7,17.

Além da questão da cooperação por parte do paciente, outra indicação da

utilização dos implantes na ancoragem ortodôntica é em pacientes com perda de

dentes posteriores e que necessitam de retração dos dentes anteriores (Fig. II).

25

Figura II – Retração dos dentes anteriores em paciente com perda dos dentes posteriores, utilizando mini-implantes como forma de ancoragem. FONTE: Departamento de ortodontia (PUC-MG).

Com a evolução dos mini-implantes, as indicações foram ampliadas para os

diversos movimentos ortodônticos, tais como: intrusão de dentes posteriores,

distalização de dentes posteriores (Fig. III), mesialização de molares (Fig.IV),

retração em massa dos dentes anteriores (Fig.V) e outros9,10,12,13,14,16.

Figura III – Distalização do primeiro molar superior esquerdo com ancoragem em mini-implante. FONTE: Departamento de ortodontia (PUC-MG).

26

Figura IV – Mesialização do segundo molar inferior esquerdo e mecânica para correção de linha média com ancoragem em mini-implante. FONTE: Departamento de ortodontia – Dr. José Maurício Vieira de Barros(PUC-MG).

Figura V – Retração em massa dos dentes ântero-superiores ancorada em mini-implantes. FONTE: Departamento de ortodontia (PUC-MG).

3. CONCLUSÃO

Os mini-implantes de titânio utilizados na ancoragem ortodôntica estão sendo

desenvolvidos em diferentes desenhos, superfícies e tamanhos por diversas

empresas. Estes dispositivos ampliaram e criaram novas possibilidades para o

tratamento ortodôntico, permitindo a realização de diversos movimentos de alta

complexidade (intrusão de molares, mesialização de molares) com um controle

efetivo. No entanto, estudos a respeito da técnica de instalação dos mini-implantes,

27

tempo de espera para aplicação de força, mecanismo de integração com o tecido

ósseo e mecânicas ortodônticas associadas a estes dispositivos devem ser

realizados, com o objetivo de fornecer um maior conhecimento científico a respeito

dos mini-implantes ortodônticos.

28

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ∗∗∗∗

1. BLOCK, M.S. & HOFFMAN, D.R. A new device for absolute anchorage for

orthodontics. Am. J. Orthod. , v. 107, p. 251-8, 1995.

2. BRANEMARK et al. An experimental and clinical study of osseointegrated in treatment of the edentulous jaws. Experience from a 10-year period. Scandinavian Journal of Plastic Reconstructive Surgery . v.16, p.11, 1977.

3. CARANO, A. et al. Clinical applications of the miniscrew anchorage system.

J. Clin. Orthod., v.39, n.1, p.9, 2005.

4. CELENZA, F. & HOCHMAN, M.N. Absolute anchorage in orthodontics: direct and indirect implant-assisted modalities. J. Clin. Orthod. , v.34, n.7, p.397-402, 2000.

5. CHENG, S.J. et al. A prospective study of the risk factors associated with

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6. CREEKMORE, T.D. & EKLUND, M.K. The possibility of skeletal anchorage.

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7. FRITZ, U. et al. Clinical suitability of titanium microscrews for orthodontic anchorage – preliminary experiences. J. Orofac. Orthop., v.5, p. 410-418, 2004.

8. GAINSFORTH B.L & HIGLEY L.B. A study of orthodontic anchorage

possibilities in basal bone. Am. J. Orthod. Oral Surg. , v.31, p.406-17, 1945.

9. HONG, R.K. et al. Lever arm and mini-implant system for anterior torque control during retraction in lingual orthodontic treatment. Angle Orthod., v.75, p.129-141, 2004.

10. LIOU, E.J. et al. Do miniscrews remain stationary under orthodontic forces?

Am. J. Orthod. Dentofac. Orthop., v.126, n.1, p. 42-7, 2004.

11. LINKOW L.I. The endosseous blade implant and its use in orthodontics. Int. Journal Orthod. v.18, p. 149-54, 1969.

12. PARK, H.S. et al. Micro-implant anchorage for treatment of skeletal Class I

bialveolar protrusion. J. Clin. Orthod., v.35, p.417-422, 2001.

13. PARK, H.S. et al. Micro-implant anchorage for forced eruption of impacted canines. J. Clin. Orthod. , v.38, n.5, p.297-302, 2004.

∗ Normas da ABNT, 2002.

29

14. PARK, H.S. Group distal movement of teeth using microscrew implant

anchorage., Angle Orthod., v.l75, n.4, p. 510-517, 2005. 15. PARK, H.S. et al., Factors affecting the clinical success of screw implants

used as orthodontic anchorage. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop. , v.130, p. 18-25, 2006.

16. PARK, Y.C. Esthetic segmental retraction of maxillary anterior teeth with a

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17. KANONI, R. Mini-Implant for orthodontic anchorage. J. Clin. Orthod. , v. 31,

n. 11, p. 763-767, 1997.

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20. ROBERTS, W.E. et al. Rigid endosseous implant utilized as anchorage to

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21. WEHRBEIN, H. et al. The Orthosystem – a new implant system for

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22. UMEMORI, M. et al. Skeletal anchorage system for open-bite correction. Am.

J. Orthod. Dentofacial Orthop. , v.115, p.166-74, 1999.

30

3.2 - ARTIGO 2: A utilização dos mini-implantes na ancoragem ortodôntica,

ênfase no movimento de retração dos dentes anteriores.

Autores:

Leonardo Henrique de Lima Araújo Mestrando em Ortodontia pela PUCMINAS Elton Gonçalves Zenóbio Professor Adjunto III do mestrado em ortodontia da PUCMINAS Wellington Pacheco Professor Adjunto III do mestrado em ortodontia da PUCMINAS Maurício Greco Cosso Professor Assistente III do mestrado em implantodontia da PUCMINAS

Artigo submetido à publicação na revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia

Facial.

31

A utilização dos mini-implantes na ancoragem ortodôntica, ênfase no

movimento de retração dos dentes anteriores.

RESUMO

A Ortodontia de excelência atual busca dispositivos técnicos que possam

facilitar a movimentação ortodôntica sem comprometer o resultado final. Um dos

efeitos colaterais do tratamento ortodôntico e de difícil controle é a perda de

ancoragem. A utilização dos implantes ortodônticos modifica conceitos, pois

promove uma ancoragem, que propicia uma movimentação dentária eficaz e segura.

Neste contexto se faz necessário avaliar as reais vantagens e desvantagens dessa

nova forma de tratamento. Para tanto, o presente estudo propõe revisar a literatura e

discutir a utilização destes dispositivos de ancoragem no movimento de retração dos

dentes anteriores dentro do conhecimento científico atual.

Palavras-chave: ancoragem; mini-implantes ortodônticos; ortodontia.

The use of mini-implants for orthodontic anchorage, emphasis on the

retraction movement of the anterior teeth.

ABSTACT

Excellence in orthodontics seeks new appliances which are able to provide

orthodontic movement without compromising the final result. One of the collateral

effects during orthodontic treatment and yet hard to control is the loss of anchorage.

The use of orthodontic implants provides an efficient and stable anchorage. That is

the reason why it is more than necessary to evaluate the real advantages and

disadvantages of this new technique. So, the purpose of the present study is to

discuss the use of mini-implants for orthodontic anchorage on the retraction

movement of the anterior teeth, taking into consideration the actual scientific

knowledge.

Keywords: anchorage; orthodontic mini-implants; orthodontics.

32

1. INTRODUÇÃO

Um dos desafios observados nos tratamentos que envolvem extrações

dentárias é a grande dificuldade no controle da ancoragem.1No tratamento

ortodôntico, especificamente no movimento de retração dos dentes anteriores é

praticamente impossível se obter uma ancoragem absoluta utilizando dispositivos

intra-orais. Objetivando um maior controle da ancoragem, os ortodontistas podem

utilizar dispositivos de ancoragem extra-orais, porém os resultados advindos de tais

aparelhos dependem da cooperação dos pacientes.4

Celenza & Hockman3 em 2000, observaram que as formas de ancoragem

ortodôntica nem sempre são as ideais, uma vez que necessitam da cooperação do

paciente na utilização de elásticos e/ou aparelhos extra-orais. Por outro lado,

quando os próprios dentes são utilizados como suporte para alguma mecânica, os

mesmos podem sofrer movimentação indesejada, o que pode comprometer o

sucesso do tratamento (Fig.I). Dessa forma, torna-se evidente a importância do

controle da ancoragem nos resultados dos tratamentos ortodônticos.

Figura I – Perda de ancoragem durante o fechamento de espaço, devido a não colaboração do paciente na utilização do aparelho extra-oral. Fonte: Departamento de Ortodontia (PUC-MG).

33

Neste contexto, a introdução dos implantes ortodônticos, no protocolo de

tratamento ortodôntico, visa proporcionar ancoragem esquelética adequada para os

diversos movimentos ortodônticos.10

Este estudo de revisão da literatura sobre o sistema de ancoragem

esquelética tem como objetivo discutir a utilização dos implantes ortodônticos na

ancoragem do movimento de retração dos dentes ântero-superiores.

2. MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS NA RETRAÇÃO DENTAL

Park et al.7, em 2001, relataram que os mini-parafusos de titânio utilizados

para retração dos dentes ântero-superiores deveriam ser, preferencialmente

implantados entre as raízes dos primeiros molares e dos segundos pré-molares

superiores, onde a largura inter-radicular permite uma fácil inserção, sem

interferências radiculares. A cabeça dos parafusos poderia ser situada na junção

muco-gengival ou abaixo desta, dependendo da linha desejada para a aplicação da

força.

Os autores apresentaram um caso clínico de uma paciente apresentando má-

oclusão de Classe I com biprotrusão dos insicivos. O plano de tratamento consistia

nas extrações dos primeiros pré-molares superiores e inferiores, instalação de

aparelho ortodôntico fixo e a inserção de implantes ortodônticos com o objetivo de

ancorar o movimento de retração em massa dos dentes anteriores, tanto maxilares

quanto mandibulares. 7

Os mini-mplantes ortodônticos foram instalados no osso alveolar, entre as

raízes dos segundos pré-molares e primeiros molares superiores e inferiores. Após

um período de 15 dias de cicatrização, iniciou-se o movimento de retração em

34

massa dos dentes anteriores, utilizando molas fechadas de níquel titânio, com molas

de força média de 200 gramas por lado. Nos resultados obtidos, pela sobreposição

das telerradiografias inicial e final, houve mudança na inclinação do incisivo inferior

de 100.50 para 790. No arco superior, também houve retroinclinação dos dentes

ântero-superiores o que, segundo os autores, ocorreu devido à aplicação de força

abaixo do centro de rotação destes dentes.7

Em 2004, Park et al.8 mostraram um tratamento de mordida aberta, no qual o

planejamento consistia em extrações dos quatro primeiros pré-molares e a

instalação de quatro mini-implantes para servir de ancoragem, tanto para retração

em massa dos dentes anteriores, como para aplicação de forças intrusivas nos

dentes posteriores, controlando, dessa forma, a altura facial ântero-inferior da

paciente.

Com relação à estabilidade dos mini-implantes, Liou et al.6, em 2004,

realizaram um estudo em uma amostra composta de dezesseis pacientes que

utilizaram mini-implantes (2 mm de diâmetro e 17 mm de comprimento) como forma

de ancoragem direta para retração em massa dos dentes ântero-superiores. Os

resultados foram obtidos por meio da sobreposição de uma telerradiografia prévia à

aplicação da força e outra nove meses após o inicio da retração. Os implantes

mesializaram e extruíram em sete dos dezesseis pacientes. Os autores concluíram

que os mini-implantes forneciam ancoragem adequada, embora suas posições não

fossem totalmente estáveis (Fig.II).

35

Figura II(A e B) - Ilustração da instabilidade dos mini-implantes utilizados para ancorar o movimento de retração em massa dos dentes ântero-superiores. Fonte: LIOU et al., 2004.

Por sua vez, Hong et al.5, em 2004, descreveram a dificuldade em controlar o

torque dos dentes anteriores durante o movimento de retração. Os autores

apresentaram dois casos clínicos de Classe I biprotrusão, nos quais foram extraídos

os primeiros pré-molares, tanto maxilares quanto mandibulares; instalação de

aparelho fixo lingual e a inserção de implantes ortodônticos para ancoragem do

movimento de retração em massa dos dentes anteriores. Utilizando-se de ganchos

soldados aos arcos e, por meio de telerradiografia cefalométrica em norma lateral,

tornou-se possível determinar o local desejado para a instalação dos mini-implantes

ortodônticos, bem como ajustar os ganchos dos arcos, com o objetivo de situá-los o

mais próximo possível do centro de resistência dos dentes anteriores.

Em 2006, Thiruvenkatachari et al.11 compararam a quantidade de perda de

ancoragem dos molares com e sem o uso dos mini-implantes ortodônticos durante a

retração de caninos. Os autores utilizaram uma amostra composta de 10 pacientes

ortodônticos no qual a terapêutica envolvia a exodontia dos primeiros pré-molares.

A

36

Os mini-implantes foram implantados de um lado nos arcos maxilares e

mandibulares em 8 pacientes e apenas na maxila em 2 pacientes. Após 15 dias os

mini-implantes e os molares foram ativados com molas fechadas para retração dos

caninos. Radiografias cefalométricas iniciais e finais ao movimento foram

sobrepostas para mensurar a quantidade de perda de ancoragem. Os resultados

indicaram uma média de perda de ancoragem de 1.6 mm na maxila e 1.7 mm na

mandíbula no lado com a ancoragem no molar e não houve perda de ancoragem no

lado dos mini-implantes ortodônticos.

Em 2007, Park et al.9 apresentaram o tratamento de uma paciente com má-

oclusão de Classe I biprotrusão, no qual foi necessária a exodontia dos primeiros

pré-molares superiores e inferiores. A ancoragem para retração dos dentes ântero-

superiores foi obtida com a instalação de dois mini-implantes por vestibular no

espaço inter-radicular entre os segundos pré-molares e primeiros molares superiores

e dois mini-implantes no palato, sendo que sobre estes foi adaptada uma estrutura

metálica feita especificamente para ser utilizada como ancoragem.

Os autores mostraram neste estudo as vantagens estéticas da utilização dos

mini-implantes e da retração em massa dos dentes anteriores. Além disso, foi

ilustrado um sistema de aplicação de força que tem por objetivo permitir uma

movimentação de corpo dos dentes a serem retraídos. Durante a retração foi

utilizado um fio de aço 0.9 mm que contornava as superfícies linguais dos dentes

ântero-superiores e apresentava um braço de força saindo das coroas dos caninos

em direção a região palatina. Por vestibular foi confeccionado um braço de força

estético nos caninos. A aplicação de força foi dada por meio de correntes elásticas.9

37

3. DISCUSSÃO

A dificuldade no controle da ancoragem é um aspecto de grande importância

na Ortodontia, sendo que os dispositivos de ancoragem convencionais, como

aparelhos extra-orais e elásticos, dependem da cooperação dos pacientes, o que

pode resultar no comprometimento do tratamento. A introdução dos mini-implantes

na ancoragem ortodôntica resultou na diminuição da necessidade de cooperação

dos pacientes em relação ao uso de aparelhos extra-orais. Os mini-implantes tem

também provocado mudanças expressivas na mecânica ortodôntica já que esta

agora dispõe de ancoragem absoluta.2,4,10

Várias filosofias de tratamento ortodôntico têm como protocolo em casos com

extrações de pré-molares, a distalização inicial dos caninos e posteriormente a

retração dos incisivos e isso se deve em parte a dificuldade no controle da

ancoragem (Fig.III).

Figura III – A, Arco segmentado na distalização do canino superior direito. B, Arco close loop para retração dos incisivos superiores. Fonte: Departamento de Ortodontia (PUC-MG).

38

Com a utilização dos mini-implantes ortodônticos neste tipo de tratamento,

torna-se possível a retração em massa dos seis dentes anteriores sem perda de

ancoragem dos dentes posteriores (Fig. IV).5,7,9

Figura IV – Movimento de retração em massa dos dentes anteriores ancorado em mini-implantes ortodônticos do fabricante NEODENT.Fonte: Dissertação em ortodontia (PUC-MG) - Leonardo Henrique de Lima Araújo, 2007.

.No movimento de retração em massa dos dentes anteriores é interessante a

criação de um sistema de aplicação de força que seja próximo ao centro de rotação

deste grupo de dentes com o objetivo de reduzir os movimentos de inclinação,

possibilitando assim uma mecânica próxima do ideal e com excelentes resultados

estéticos e funcionais (Fig. V).5,6,11

Figura V – Sistema de aplicação de força utilizando mini-implantes como forma de ancoragem para a retração em massa dos dentes ântero-superiores. Fonte: Dissertação em ortodontia (PUC-MG) - Leonardo Henrique de Lima Araújo, 2007.

39

4. CONCLUSÃO

A literatura a respeito dos mini-implantes como forma de ancoragem tem

demonstrado uma efetividade destes dispositivos e uma diversidade das aplicações

clínicas. Aspectos positivos como a simplicidade de instalação e remoção, ausência

de movimentos recíprocos indesejáveis, diminuição da necessidade de cooperação

por parte dos pacientes e o baixo custo tornam os mini-implantes ortodônticos um

dos principais mecanismos de ancoragem para retração dentária na ortodontia atual.

40

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ∗∗∗∗

1. BLOCK, M.S. & HOFFMAN, D.R. A new device for absolute anchorage for

orthodontics. Am. J. Orthod. , v. 107, p. 251-8, 1995.

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9. PARK, Y.C. Esthetic segmental retraction of maxillary anterior teeth with a palatal appliance and orthodontic mini-implants. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop. , v.131, p. 537-44, 2007.

10. KANONI, R. Mini-Implant for orthodontic anchorage. J. Clin. Orthod. , v. 31,

n. 11, p. 763-767, 1997.

11. THIRUVENKATACHARI et al. Comparison and measurement of the amount of anchorage loss of the molars with and without the use of implant anchorage during canine retraction. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop. , v.129, p. 551-4, 2006.

∗ Normas da ABNT, 2002.

41

3.3 - ARTIGO 3: Protocolo cirúrgico para a instalação dos mini-implantes a

serem utilizados como ancoragem na retração em massa dos dentes ântero-

superiores.

Autores:

Leonardo Henrique de Lima Araújo Mestrando em Ortodontia pela PUCMINAS Elton Gonçalves Zenóbio Professor Adjunto III do mestrado em ortodontia da PUCMINAS Wellington Pacheco Professor Adjunto III do mestrado em ortodontia da PUCMINAS Maurício Greco Cosso Professor Assistente III do mestrado em implantodontia da PUCMINAS

Artigo submetido à publicação na revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia

Facial.

42

Protocolo cirúrgico para a instalação dos mini-implantes a serem utilizados

como ancoragem na retração em massa dos dentes ântero-superiores.

RESUMO

A grande dificuldade enfrentada em tratamentos ortodônticos com extrações de pré-

molares é o controle da ancoragem, principalmente durante o movimento de

retração dos dentes anteriores. O controle da ancoragem é fundamental para o

sucesso do tratamento ortodôntico. A introdução dos mini-implantes ortodônticos

tem como objetivo proporcionar uma ancoragem esquelética adequada para

retração tanto de um dente ou de um bloco de dentes anteriores e um dos aspectos

de maior importância é a redução na necessidade de cooperação do paciente. Este

artigo tem por finalidade demonstrar toda a seqüência de um protocolo cirúrgico para

a instalação dos mini-implantes que serão utilizados na ancoragem do movimento de

retração em massa dos dentes ântero-superiores.

Palavras-chave: ancoragem; mini-implantes ortodônticos; ortodontia.

Surgical protocol for installing mini-implants which are going to be used for

anchorage on the mass retraction movement of the anterior teeth.

ABSTRACT

The greatest difficulty faced during orthodontic treatments with extractions of

premolars is to control the anchorage, mainly during retraction movement of anterior

teeth. In this way, anchorage control is fundamental to successful orthodontic

43

treatment. The orthodontic mini-implants provide an adequate skeletal anchorage for

retraction of a tooth or a block of anterior teeth and one the most important aspects is

the fact that it is almost no longer needed the cooperation of the patient. The purpose

of this study is to demonstrate the sequence of a surgical protocol for installing mini-

implants which are going to be used for anchorage on the mass retraction movement

of the anterior teeth.

Keywords: anchorage; orthodontic mini-implants; orthodontics.

44

1. INTRODUÇÃO

Com o advento dos dispositivos de ancoragem esquelética, tornou-se

possível a realização, com maior facilidade, de diversos movimentos ortodônticos

como a intrusão de dentes posteriores, mesialização de dentes posteriores,

verticalização de molares e retração em massa dos dentes anteriores.1,2,3,11,12,14

O procedimento cirúrgico visando à inserção dos mini-implantes modificou

muito e isso se deve principalmente a evolução do design destes dispositivos.

Inicialmente, quando Kanoni em 1997 descreveu um implante de tamanho reduzido

e que seria utilizado na ortodontia, a cirurgia para instalação consistia na abertura de

retalho muco-periósteo, inserção do mini-implante, fechamento do retalho e após

este primeiro procedimento era aguardado um tempo de 3 meses para reabrir o

mini-implante e instalar uma placa sobre a cabeça dos mini-implantes e sobre esta

seria aplicada a força.10

Com a evolução dos mini-implantes para a linha de auto-perfurantes, tornou-

se possível a realização de um procedimento simplificado para a instalação destes

dispositivos.8,9,13

Ante o exposto, o presente estudo propõe demonstrar o protocolo cirúrgico

abordado na clinica de Implantodontia da PUCMinas para a inserção de mini-

implantes ortodônticos auto-perfurantes com o objetivo de servir como forma de

ancoragem do movimento de retração em massa dos dentes ântero-superiores.

45

2. PROTOCOLO CIRÚRGICO PARA A INSTALAÇÃO DOS MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS

A área de escolha para a inserção dos mini-implantes que serão utilizados

como ancoragem para o movimento de retração em massa dos dentes ântero-

superiores é preferivelmente o espaço entre as raízes dos segundos pré-molares e

primeiros molares superiores.5,6,7,9

A avaliação do espaço inter-radicular é feita por meio de radiografias

periapicais obtidas com a técnica do paralelismo da região de interesse (Fig. I e II).

Figura I – Região de inserção do mini-implante ortodôntico / Espaço inter-radicular entre os elementos dentários 15 e 16 (segundo pré-molar e primeiro molar superior direito).

Figura II – Guias podem ser confeccionados e radiografados com o objetivo de facilitar o procedimento cirúrgico e diminuir o risco de traumatizar raízes dentárias.

46

A parte cirúrgica é dividida em três etapas: 1ª - anestesia local da região com

o uso preferencial de lidocaína 0,2%. 2ª - perfuração apenas da cortical externa, com

fresa de 1.1 mm de diâmetro adaptada ao motor de implantes osseointegrados (Fig.

III).

Figura III – Perfuração da cortical externa (vestibular) com a utilização de uma fresa de 1.1mm de diâmetro.

3ª - após a perfuração da cortical externa, é realizada a inserção de um mini-

implante ortodôntico auto-perfurante de 1.3 mm de diâmetro, comprimento variando

de 9 a 11mm e cinta média (Sistema Neodent). (Figuras IV, V e VI)

Figura IV – Captura do mini-implante ortodôntico de 1.3mm de diâmetro, 11mm de comprimento e cinta média.

47

Figura V – Instalação do mini-implante ortodôntico auto-perfurante por meio de uma chave manual.

Figura VI – Mini-implante adequadamente instalado em mucosa ceratinizada inserida.

Após a instalação dos mini-implantes, é realizada uma radiografia periapical

da região onde o mini-implante foi inserido para confirmar o correto posicionamento

e sua relação com estruturas anatômicas ósseas e radiculares (Fig. VII).

48

Figura VII – Radiografia periapical realizada em um outro paciente que utilizou mini-

implantes como forma de ancoragem para o movimento de retração dos dentes anteriores.

A força é aplicada após 30 dias de cicatrização. A retração em massa dos

dentes ântero-superiores é realizada utilizando-se um fio retangular 0.018 x 0.025”

de aço, com ganchos soldados entre os incisivos laterais e caninos superiores.

Molas fechadas de níquel-titânio (NiTi) são ligadas diretamente dos mini-implantes

ao ganchos soldados no fio retangular (Fig. VIII).5,7,9

Figura VIII – A. Fase inicial do tratamento; B. inserção do mini-implante; C. retração em massa dos dentes ântero-superiores; D. fase de finalização do tratamento.

49

Caso necessário, a escolha de um mini-implante com menor diâmetro diminui

as possibilidades de contato ou proximidade com as raízes dos dentes envolvidos. A

opção por um maior comprimento objetiva o travamento deste dispositivo nas

corticais externa (vestibular) e interna (palatina), ou seja, uma bicorticalização do

mini-implante.

Outro aspecto de interesse é que os mini-implantes devem sempre que

possível ser instalados em mucosa ceratinizada inserida. Alguns pacientes podem

ter limitações anatômicas que dificultam o posicionamento ideal dos mini-implantes,

como a posição do assoalho do seio maxilar, pouca faixa de mucosa ceratinizada

inserida e proximidade das raízes dos dentes envolvidos.4

Estas limitações devem ser avaliadas no planejamento do local de inserção e

dependendo da situação pode-se alterar o protocolo cirúrgico.

3. CONCLUSÃO

O desenvolvimento dos mini-implantes ortodônticos auto-perfurantes facilitou

o procedimento de instalação e, dessa forma, aumentou o interesse dos

ortodontistas nestes dispositivos.

A evolução dos mini-implantes torna a sua utilização uma alternativa mais

viável, principalmente quando existe a necessidade de se realizar movimentações

complexas e de difícil controle dos efeitos colaterais da mecânica.

Estudos a respeito destes dispositivos de ancoragem esquelética são

necessários para que se consiga avaliar fatores ainda não definidos, como a

estabilidade dos mini-implantes, as reais causas nos casos de insucesso e

principalmente com relação ao processo de integração com o tecido ósseo.

50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ∗∗∗∗

1. BLOCK, M.S. & HOFFMAN, D.R. A new device for absolute anchorage for

orthodontics. Am. J. Orthod. , v. 107, p. 251-8, 1995.

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of anchorage loss of the molars with and without the use of implant anchorage during canine retraction. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop. , v.129, p. 551-4, 2006.

∗ Normas da ABNT, 2002.

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14. WEHRBEIN, H. et al. The Orthosystem – a new implant system for

orthodontic anchorage in the palate. J. Orofacial Orthop., v.57, p.142-153, 1996.

52

3.4 - ARTIGO 4: Avaliação do movimento de retração em massa dos dentes

ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes.

Autores:

Leonardo Henrique de Lima Araújo Mestrando em Ortodontia pela PUCMINAS Flávio Rodrigo Vilaça Mestrando em Ortodontia pela PUCMINAS Flávio Ricardo Manzi Professor Adjunto III de Radiologia da PUCMINAS Elton Gonçalves Zenóbio Professor Adjunto III do mestrado em ortodontia da PUCMINAS Wellington Pacheco Professor Adjunto III do mestrado em ortodontia da PUCMINAS Maurício Greco Cosso Professor Assistente III do mestrado em implantodontia da PUCMINAS

Revista indicada para publicação: American Journal of Orthodontics and Dental Facial Orthopedics

53

Avaliação do movimento de retração em massa dos dentes ântero-superiores

com ancoragem em mini-implantes.

RESUMO

Introdução: Diversos estudos mostraram a aplicação dos mini-implantes na

ancoragem do movimento de retração dos dentes anteriores, sendo as principais

vantagens atribuídas à ausência de perda de ancoragem e a diminuição da

necessidade de colaboração dos pacientes no uso de aparelhos de ancoragem

convencional. Objetivo: O presente estudo avaliou o movimento de retração em

massa dos dentes ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes. Materiais

e Métodos: A amostra foi composta de nove pacientes, da clínica de Ortodontia da

PUC Minas, portadores de má-oclusão de Classe I biprotrusão ou Classe II de

Angle, com a necessidade de extrações dos primeiros pré-molares superiores. A

retração foi realizada por mecânica de deslize e ancoragem ortodôntica em mini-

implantes. Medidas em telerradiografias cefalométricas iniciais e finais ao movimento

de retração foram utilizadas para avaliar a estabilidade dos mini-implantes,

alterações do posicionamento dos incisivos e dos primeiros molares superiores.

Resultados: Dos 18 mini-implantes utilizados, 8 mesializaram (média de 0,45 mm) e

3 extruíram (média de 0,14 mm). Os incisivos superiores foram retraídos em média

4,21 mm, extruíram 0,33 mm e retroinclinaram 10,3o. Não houve modificações

estatisticamente significantes no posicionamento dos dentes posteriores.

Conclusões: Apesar das pequenas alterações no posicionamento dos mini-

implantes, os movimentos pretendidos foram alcançados, estes dispositivos

forneceram ancoragem adequada para retração dos dentes ântero-superiores e não

houve perda de ancoragem dos dentes posteriores.

Palavras-chave: Ancoragem. Ortodontia. Mini-implantes ortodônticos.

54

ABSTRACT Introduction: Several studies have demonstrated the application of mini-implants for

anchorage during the retraction movement of the anterior teeth. Although the

effectiveness of extraoral traction, it demands exceptional patient cooperation.

Purposes : The aim of this study was to evaluate the mass retraction movement of

the anterior teeth with mini-implants anchorage. Materials and methods: The

sample consisted of 9 patients, from the PUC Minas orthodontic clinic, with bad

occlusion of Class I, biprotrusion, or Angle Class II, with upper first premolars

extractions. The retraction was performed by using sliding mechanics and

orthodontic anchorage on mini-implants. Measures were taken by initial and final

cephalometric x-rays to the retraction movement so as to evaluate if the mini-

implants remained stationary, displacements of the incisive and the upper first

premolars. Results : Out of 18 mini-implants, 8 mesialized (0,45 mm, average) and 3

extruded (0,14 mm, average). The upper incisive were retracted on the average of

4,21 mm, extruded 0,33 mm and tipped 10,3o. There were no statistical significant

modifications on the placement of the posterior teeth. Conclusions: Although the

very small displacement of the mini-implants, they provided an adequate anchorage

for the retraction of the anterior teeth, and there was no loss on the anchorage of the

posterior teeth.

Keywords: anchorage; orthodontics; orthodontic mini-implants.

55

1. INTRODUÇÃO

O sucesso do tratamento ortodôntico com a necessidade de extrações está

quase sempre relacionado à eficiência no controle da ancoragem. Os dispositivos de

ancoragem convencionais, entre eles os aparelhos extra-orais, são comumente

utilizados na prática ortodôntica e podem fornecer uma ancoragem adequada.

Entretanto, dependem da cooperação do paciente.1

Com a evolução dos dispositivos de ancoragem e o desenvolvimento dos

mini-implantes específicos para a Ortodontia2, houve uma modificação das formas

de ancoragem, principalmente nos casos que necessitam de movimentações

complexas e com difícil controle dos efeitos indesejados. As vantagens obtidas com

o uso dos mini-implantes são o fato de fornecerem ancoragem adequada para os

diversos movimentos ortodônticos e a diminuição da necessidade de colaboração do

paciente.3,4,5,6

O presente estudo teve como objetivo avaliar o movimento de retração em

massa dos dentes ântero-superiores, ancorado em mini-implantes ortodônticos, com

a utilização da mecânica de deslize, em pacientes portadores de má-oclusão de

Classe I com biprotrusão dentária ou Classe II de Angle, com necessidade de

extrações dos primeiros pré-molares superiores.

56

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Amostra

A amostra foi obtida após avaliação de cerca de 150 pacientes, sendo

selecionados nove pacientes e dentre estes, cinco do gênero masculino e quatro do

gênero feminino, faixa etária entre onze e vinte e um anos, sem comprometimento

sistêmico ou uso de medicação, da clínica de ortodontia da PUC Minas, portadores

de má-oclusão de Classes I biprotrusão ou II de Angle, com a necessidade de

extrações dos primeiros pré-molares superiores, os quais foram tratados

ortodonticamente.

2.2. Mecânica ortodôntica

Os tratamentos destes pacientes envolveram três fases. A fase inicial

consistiu nas extrações dos primeiros pré-molares superiores e no alinhamento e

nivelamento dentário. Já na segunda fase, foi realizado o fechamento dos espaços

causados pelas extrações dos primeiros pré-molares superiores. Por último, a

terceira fase compreendeu a finalização ortodôntica.

Para este estudo científico, apenas a segunda fase do tratamento foi

avaliada. Após a primeira fase do tratamento, ou seja, quando os dentes estavam

alinhados e nivelados, os mini-implantes ortodônticos com o design de 1.3 mm de

diâmetro, comprimento variando de 9 a 11 mm e cinta média do fabricante (Neodent,

São Paulo, SP, Brasil) foram inseridos no espaço entre as raízes dos segundos pré-

molares e primeiros molares superiores1,4, e para análise radiográfica da posição

57

dos mini-implantes foram utilizadas radiografias periapicais realizadas pela técnica

do paralelismo (Fig I).

Figura I – Radiografias periapicais inicial e final à inserção dos mini-implantes. A forma de retração dos dentes ântero-superiores foi realizada por

mecânica de deslize1,7 e com ancoragem ortodôntica em mini-implantes.2,3,8 Para tal,

foi utilizado, na arcada superior, um fio retangular 0.018 x 0.025” de aço, com

ganchos feitos com fio retangular 0.017 x 0.025” de aço e soldados entre os incisivos

laterais e os caninos superiores. Dessa forma, possibilitou uma aplicação de força

paralela, por meio de molas de níquel-titânio do fabricante (GAC, Bohemia, NY,

EUA) com força média de 200 gramas por lado utilizada diretamente do gancho

soldado no arco até o mini-implante.1,9,10 A retração foi iniciada 30 dias após a

instalação dos mini-implantes (Fig. II e Fig. III). 1,11

Figura II – Telerradiografia em norma lateral e fotografias intra-orais iniciais da mecânica de retração em massa dos dentes ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes.

58

Figura III – Telerradiografia em norma lateral e fotografia intra-oral após 6 meses de retração em massa dos dentes ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes.

Os mini-implantes foram inseridos o mais próximo possível da linha muco-

gengival, mantendo a inserção do mini-implante sempre relacionados à mucosa

ceratinizada inserida.12 Os ganchos soldados no segmento anterior dos fios

retangulares foram alinhados aos implantes com o objetivo de se obter um

paralelismo na aplicação de força.

Figura IV – Alinhamento do mini-implante com o gancho soldado na região anterior do fio retangular.

59

2.3. Avaliações cefalométricas

O presente estudo utilizou medidas cefalométricas para avaliar a

estabilidade dos mini-implantes, alterações do posicionamento horizontal e vertical

dos incisivos e primeiros molares superiores, durante o movimento de retração em

massa dos dentes ântero-superiores.11

As telerradiografias laterais foram em número de dois: uma no início e outra

ao final da retração dos dentes ântero-superiores. Estas foram denominadas

respectivamente T0 e T1.

Os mini-implantes ortodônticos inseridos de ambos os lados da maxila

foram diferenciados na telerradiografia cefalométrica pelo posicionamento mais

anterior (mini-implante A) e mais posterior (mini-implante B).

Para as avaliações lineares e angulares referentes à estabilidade dos mini-

implantes ortodônticos, bem como para as alterações no posicionamento dos

incisivos e primeiros molares superiores, foram realizadas medidas nas

telerradiografias cefalométricas T0 e T1, sendo o plano palatino e o ponto ENA

(Espinha Nasal Anterior) referências para as medidas utilizadas11,13,14. As medidas

da distância entre ENA e ENP (plano palatino) foram realizadas em T0 e T1, com o

objetivo de determinar se houve diferença na medida horizontal do plano palatino

devido ao crescimento. Nos pacientes, em que foram identificados este crescimento

horizontal, estas alterações foram compensadas em relação às medidas horizontais.

No desenho cefalométrico, foram utilizados o ponto ENA (Espinha Nasal

Anterior) e ENP (Espinha Nasal Posterior). A partir da definição destes pontos

cefalométricos, o plano palatino e uma linha perpendicular ao plano palatino

60

passando por ENA foram traçados e estes serviram de referência para as medidas

cefalométricas (Fig. V).

Figura V – Pontos e planos utilizados na análise cefalométrica.

Com a determinação destes pontos e planos, definiram-se as medidas que

foram utilizadas para avaliação da estabilidade dos mini-implantes, e alterações do

posicionamento dos incisivos e primeiros molares superiores. (Fig. VI):

2.3.1. Medidas determinadas na maxila:

� Posição horizontal do mini-implante ortodôntico A: distância do

mini-implante A (mais anterior) a uma linha perpendicular ao plano

palatino passando por ENA (espinha nasal anterior);

� Posição vertical do mini-implante ortodôntico A: distância do mini-

implante A (mais anterior) ao plano palatino;

61

� Posição horizontal do mini-implante ortodôntico B: distância do

mini-implante B (mais posterior) a uma linha perpendicular ao plano

palatino passando por ENA (espinha nasal anterior);

� Posição vertical do mini-implante ortodôntico B: distância do mini-

implante B (mais posterior) ao plano palatino;

� Inclinação do incisivo superior: ângulo formado entre o longo eixo do

incisivo superior e o plano palatino;

� Posição horizontal do incisivo superior: distância do incisivo superior

a uma linha perpendicular ao plano palatino passando por ENA (espinha

nasal anterior);

� Posição vertical do incisivo superior: distância do incisivo superior ao

plano palatino;

� Posição horizontal do primeiro molar superior: distância do primeiro

molar superior a uma linha perpendicular ao plano palatino passando

por ENA (espinha nasal anterior);

� Posição vertical do primeiro molar superior: distância do primeiro

molar superior ao plano palatino.

Figura VI – Representação das medidas determinadas na maxila.

62

2.3.2. Analise Estatística:

Todas as análises e traçados foram realizados duas vezes pelo mesmo

avaliador, com intervalo de 48 horas, com intuito de determinar o intervalo de

confiança. Para medir este intervalo, foi calculado o Coeficiente de Correlação

Intraclass.

Após obtenção dos valores angulares e lineares das medidas cefalométricas,

os resultados foram submetidos a tratamento estatístico por meio do teste t Student

com nível de significância de 5%.

3. RESULTADOS

Os resultados da verificação do intervalo de confiança pelo Coeficiente de

Correlação Intraclass para as medidas realizadas, mostraram que as diferenças

apresentaram forte concordância (r=0.92).

Dos 20 mini-implantes inseridos entre os segundos pré-molares e primeiros

molares superiores, 2 apresentaram mobilidade no exame clínico, antes do início da

aplicação da força e foram substituídos. Desta forma, a taxa de sucesso dos mini-

implantes foi de 90% durante todo o experimento.

A análise das telerradiografias cefalométricas, iniciais e finais, ao movimento

de retração em massa dos dentes ântero-superiores com ancoragem esquelética,

demonstraram modificações estatisticamente significantes do posicionamento

horizontal e vertical dos mini-implantes ortodônticos (Tab.I). Dos 18 mini-implantes

utilizados como forma de ancoragem, 8 mesializaram (média de 0,45 mm) e 3

extruíram (média de 0,14 mm).

63

Tabela I: Medidas relacionadas aos mini-implantes Média d.p. Teste t Inicial Final Inicial Final Posição horizontal do 28,11 27,66 4,38 4,35 0,00049 mini-implante Posição vertical do mini- 18,92 19,05 4,31 4,21 0,048 Implante ∗d.p., desvio padrão; Teste t de Student pareado (p<0,05)

Na avaliação dos incisivos superiores, as comparações entre as medidas

cefalométricas iniciais e finais, demonstraram modificações significantes do

posicionamento horizontal, vertical e da inclinação dos incisivos superiores (Tab.II).

Os incisivos superiores foram retraídos em média 4,21 mm, extruíram 0,33 mm e

retroinclinaram 10,3o.

Tabela II: Medidas relacionadas aos incisivos superiores Média d.p. Teste t Inicial Final Inicial Final Posição horizontal do 1,44 -2,77 4,83 4,34 0,000003 Incisivo superior Posição vertical do 34,55 34,88 3,32 3,29 0,04 incisivo superior Inclinação do incisivo 116,1º 105,8º 8,64 7,55 0,00026 superior ∗d.p., desvio padrão; Teste t de Student pareado (p<0,05)

64

Nas medidas relacionadas com o posicionamento horizontal e vertical dos

primeiros molares superiores, foram observadas uma estabilidade destes dentes

durante a mecânica empregada para o fechamento do espaço das extrações

(Tab.III).

Tabela III: Medidas relacionadas aos primeiros molares superiores Média d.p. Teste t Inicial Final Inicial Final Posição horizontal do 32,94 32,83 3,86 3,90 0,17 primeiro molar superior Posição vertical do 26,11 26,27 3,407 3,474 0,34 primeiro molar superior ∗d.p., desvio padrão; Teste t de Student pareado (p<0,05) 4. DISCUSSÃO

Os resultados, obtidos com o presente estudo, demonstraram que os mini-

implantes forneceram ancoragem adequada para o movimento de retração em

massa dos dentes ântero-superiores. Apesar das alterações dos posicionamentos

horizontal de 8 mini-implantes (média de 0,45 mm) e vertical de 3 mini-implantes

(média de 0,14 mm) serem estatisticamente significantes, clinicamente estas

alterações não influenciaram no tratamento ortodôntico.

Neste contexto, Liou et al.11, no único estudo revisto na literatura sobre

alterações da posição dos mini-implantes, apresentou resultados semelhantes aos

aqui descritos, na avaliação da estabilidade dos mini-implantes na ancoragem do

movimento de retração em massa dos dentes ântero-superiores. Estes autores

encontraram uma mesialização e extrusão destes dispositivos (média de 0,4 e 0,1

65

mm, respectivamente) em 7 dos 16 pacientes da amostra. Estes autores concluíram

que apesar dos mini-implantes permanecerem clinicamente estáveis, sua posição

não foi absolutamente estável nos achados cefalométricos.

Estas modificações no posicionamento dos mini-implantes podem ser

atribuídas a diversos fatores, entre eles: a magnitude da força ortodôntica;

quantidade e qualidade óssea no sítio de instalação; período de espera para

aplicação da força; estabilidade inicial do mini-implante e a forma de integração da

superfície de titânio do mini-implante com o tecido ósseo.

A mecânica ortodôntica empregada para o fechamento dos espaços das

extrações dos primeiros pré-molares superiores, nos pacientes deste estudo, foi

bastante eficiente. Na avaliação cefalométrica do movimento foi observada a

retração em massa dos dentes ântero-superiores com retroinclinação destes dentes,

o que foi favorável para estes pacientes, pois apresentavam os incisivos projetados.

Esta inclinação de coroa dos incisivos para lingual pode ser atribuída ao fato da linha

de aplicação da força utilizada, passar abaixo do centro de rotação dos dentes

ântero-superiores.

Estes achados estão de acordo com estudos que mostraram tratamentos de

pacientes apresentando má-oclusão de Classe I biprotrusão e que foram tratados

ortodonticamente com extrações dos primeiros pré-molares e os espaços fechados

com retração em massa dos dentes anteriores com ancoragem em mini-implantes,

sendo a linha de aplicação da força localizada abaixo do centro de rotação dos

dentes anteriores. Desta forma, durante o movimento de retração houve inclinação

lingual da coroa dos dentes anteriores.1, 4, 7, 8, 11

Na análise cefalométrica do posicionamento dos primeiros molares

superiores, os achados também estiveram de acordo com estudos que demostraram

66

ausência de mesialização destes dentes durante o movimento de retração em

massa dos dentes ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes.1, 4, 7, 8, 11

5. CONCLUSÕES

� A taxa de sucesso obtida neste estudo foi de 90% em relação à eficiência

dos mini-implantes ortodônticos;

� Os mini-implantes forneceram ancoragem adequada para a retração em

massa dos dentes ântero-superiores, apesar das alterações

estatisticamente significantes do posicionamento destes nos achados

cefalométricos;

� A mecânica ortodôntica empregada propiciou a retração proposta dos

dentes ântero-superiores, sendo que os incisivos superiores retraíram em

média 4,21 mm, extruíram 0,33 mm e retroinclinaram 10,3o;

� Os primeiros molares superiores não apresentaram modificações

estatisticamente significantes no posicionamento horizontal e vertical,

permanecendo estáveis.

67

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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from natural growth. J. Clin. Orthod., v.IX, n. 4, p.208-228, 1975.

68

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69

4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

70

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA DISSERTAÇÃO

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73

5 - ANEXOS

74

ANEXO A – Relatório de aprovação do presente estudo pelo Comitê de Ética

em Pesquisa da PUC Minas

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró-Reitoria de Pesquisa e de Pós-Graduação

Comitê de Ética em Pesquisa

Belo Horizonte, 14 de novembro de 2006. De: Prof. Heloísio de Rezende Leite Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa Para: Leonardo Henrique de Lima Araújo Faculdade de Odontologia – PUC Minas Prezado(a) pesquisador(a), O Projeto de Pesquisa CAAE 0101.0.213.000-06 “Avaliação do movimento de retração em massa dos dentes ântero-superiores com ancoragem em mini-implantes” foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da PUC Minas.

Atenciosamente,

Heloísio de Rezende Leite

Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa – PUC Minas

Av. Dom José Gaspar, 500 - Prédio 01 sala 203 - Fone: 3319-4211- Fax: 3319-4229 CEP 30.535-610 - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil

75

Anexo B – Termo de consentimento livre e esclarecido

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró-Reitoria de Pesquisa e de Pós-Graduação

Comitê de Ética em Pesquisa

Título da pesquisa:

Avaliação do movimento de retração em massa dos dentes ântero-superiores

com ancoragem em mini-implantes.

Este termo de consentimento pode conter palavras que você não entenda.

Peça ao pesquisador que explique as palavras ou informações não compreendidas

completamente.

1 ) Introdução

O seu filho (a) está sendo convidado (a) a participar da pesquisa “Avaliação

do movimento de retração em massa dos dentes ântero-superiores com

ancoragem em mini-implantes ” realizada no mestrado em ortodontia da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais, pelo Mestrando Leonardo Henrique de

Lima Araújo e sob orientação do Prof. Dr. Elton Gonçalves Zenóbio. Se decidir

participar dela, é importante que leia essas informações sobre o estudo e o seu

papel nesta pesquisa.

Ele (a) foi selecionado entre pacientes da clínica de ortodontia da PUC-MG, de

ambos os sexos, apresentando má-oclusão de Classe I ou II de Angle, que será

tratada ortodonticamente com necessidade de extrações dos primeiros pré-molares

superiores.

O presente estudo propõe avaliar o movimento de retração em massa dos

dentes ântero-superiores ancorados em implantes ortodônticos, em pacientes

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com má-oclusão de Classe I ou II de Angle, com necessidade de extrações dos

primeiros pré-molares superiores.

2 ) Procedimentos do estudo

O tratamento ortodôntico envolverá três fases. A fase inicial consistirá nas

extrações dos primeiros pré-molares superiores e no alinhamento e nivelamento

dentário. Já na segunda fase, será realizado o fechamento dos espaços causados

pelas extrações dos primeiros pré-molares superiores. A retração dos dentes ântero-

superiores será ancorada em implantes ortodônticos. Por último, a terceira fase

compreenderá a finalização ortodôntica.

Durante a segunda fase do tratamento será necessário que o paciente tire

uma radiografia após a instalação dos implantes ortodônticos e outra final ao

movimento de retração dos dentes ântero-superiores. Todos os cuidados

relacionados a biossegurança nas fases de radiologia e cirurgia para instalação dos

mini-implantes serão tomados. Durante a realização das radiografias, todos os

pacientes utilizarão avental de chumbo como forma de proteção à radiação.

3 ) Riscos e desconfortos

O tratamento em questão poderá, eventualmente, causar um leve desconforto

(dor) no que diz respeito à cicatrização da inserção dos mini-implantes, que pode ser

tratada com uso de analgésicos comuns. Os mini-implantes podem não apresentar

uma integração com a área receptora e dessa forma, torna-se necessária a sua

remoção. Nesses casos, novos implantes ortodônticos serão instalados sem

nenhum custo para o paciente.

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4 ) Benefícios

O presente trabalho irá beneficiar na correção da sua má-oclusão sem, no

entanto, a utilização de aparelho extra-oral ou outro dispositivo de ancoragem. A

ancoragem para retração dos dentes ântero-superiores se dará por meio dos mini-

implantes. Outra vantagem é o fato da não utilização dos dentes posteriores como

suporte para a retração dos dentes ântero-superiores e, dessa forma, evita-se

movimentos indesejados.

5 ) Tratamento Alternativo

Caso você decidir, que o seu filho (a) não participe deste estudo, existem

outros tratamentos disponíveis para o seu caso. A grande diferença do tratamento

proposto comparado com as outras formas de tratamento será a forma de

ancoragem para o movimento de retração dos dentes ântero-superiores. A

ancoragem convencional inclui a utilização dos dentes posteriores e/ou de

dispositivos como o aparelho extra-oral.

6 ) Custos/Reembolso

Não existirá nenhum gasto a mais do que o tratamento ortodôntico

convencional. A instalação do implante ortodôntico, assim como sua aquisição, é de

responsabilidade do pesquisador. A instalação do implante ortodôntico será

realizada nas clínicas da faculdade de odontologia da PUCMinas, pelo Prof.

Maurício Grecco Cosso. Você não receberá pagamento pela sua participação.

7 ) Responsabilidade

Efeitos indesejáveis são possíveis de ocorrer em qualquer tratamento, apesar

de todos os cuidados possíveis pode acontecer a perda do mini-implante, sem que a

culpa seja sua ou dos pesquisadores. Caso ocorram efeitos indesejáveis como

resultado direto da participação do seu filho (a) neste estudo, a necessária

assistência profissional será providenciada, assim como tratamento alternativo.

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8 ) Caráter Confidencial dos Registros

As informações obtidas com a participação do seu filho (a) neste estudo serão

mantidas estritamente confidenciais. Terão acesso aos registros apenas os

profissionais de saúde que estarão cuidando de você e o Comitê de Ética em

Pesquisa da instituição, onde o estudo está sendo realizado. Você não será

identificado quando o material de seu registro for utilizado, seja para propósitos de

publicação científica ou educativa.

9 ) Participação

A participação neste estudo é muito importante e voluntária. Os pacientes têm

o direito de não quererem participar ou de saírem deste estudo a qualquer momento,

sem penalidades ou perda de qualquer benefício ou cuidados a que tenha direito

nesta instituição. O desligamento do estudo pode acontecer a qualquer momento

sem o seu consentimento nas seguintes situações: (a) Não sejam seguidas

adequadamente as orientações/tratamento em estudo; (b) ocorram efeitos

indesejáveis não esperados; (c) o estudo termine.

Caso você decidir retirar seu filho (a) do estudo, favor notificar o profissional

e/ou pesquisador que esteja atendendo-o.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais, coordenado pelo Prof. Heloísio de Resende

Leite, que poderá ser contatado em caso de questões éticas, pelo telefone 3319-

4517 ou e-mail [email protected].

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo poderão fornecer qualquer

esclarecimento sobre o estudo, assim como tirar dúvidas, bastando contato no

seguinte endereço e/ou telefone:

Nome do pesquisador: Leonardo Henrique de Lima Araújo

Endereço: Av. Dom José Gaspar, n.500, prédio 46

CEP 30535.610 - Belo Horizonte - Minas Gerais – Brasil Telefone: (31) 9252-1060. E-mail: [email protected]. Av. Dom José Gaspar, 500 - Prédio 01 sala 203 - Fone: 3319-4211- Fax: 3319-4229

CEP 30.535-610 - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil

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11 ) Declaração de consentimento

Li ou alguém leu para mim as informações contidas neste documento antes de

assinar este termo de consentimento. Declaro que fui informado sobre o tratamento

a ser realizado durante o estudo, as inconveniências, riscos, benefícios e eventos

adversos que podem vir a ocorrer em conseqüência dos procedimentos.

Declaro que tive tempo suficiente para ler e entender as informações acima.

Declaro também que toda a linguagem técnica utilizada na descrição deste estudo

de pesquisa foi satisfatoriamente explicada e que recebi respostas para todas as

minhas dúvidas. Confirmo também que recebi uma cópia deste formulário de

consentimento. Compreendo que sou livre para retirar o meu filho (a) do estudo em

qualquer momento, sem perda de benefícios ou qualquer outra penalidade.

Dou meu consentimento de livre e espontânea vontade e sem reservas para que

meu filho (a) participe como paciente deste estudo.

__________________________________________________________

Nome do participante (em letra de forma):

_________________________________________

Assinatura do participante

___________________________________________________________

Nome do responsável (em letra de forma):

_________________________________________

Assinatura do responsável

Data ____/ ______/ ________

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Atesto que expliquei cuidadosamente a natureza e o objetivo deste estudo, os

possíveis riscos e benefícios da participação no mesmo, junto ao participante e/ou

seu representante autorizado. Acredito que o participante recebeu todas as

informações necessárias, que foram fornecidas em uma linguagem adequada e

compreensível e que ele/ela compreendeu essa explicação.

Assinatura do pesquisador

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