portuguese punk rock - 70's
DESCRIPTION
History of Portuguese Punk Rock Aqui D'el Rock UHF Xutos & Pontapés Minas e Armadilhas Os FaiscasTRANSCRIPT
PUNK ROCK
PORTUGUÊS
INTRO
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Por
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nen
huma
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A
INFO
RMAÇÃ
O.
década de 70 Context.económico, político e social
A t
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(Ramones, 1976)
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rat
e Drea
m R
ecor
ds, uma
edit
ora
igual
men
te
ileg
al. Nes
sa c
ompil
ação
- P
unk
Roc
k 77
- e
nco
ntr
aram
-se
ban
das
como
os M
orhea
d, S
ex P
isto
ls, Th
e Ja
m, Gen
arat
ion X
ou L
ondo
n.
«Em 7
6, o
u m
elhor
em 7
7, c
omeç
ou-s
e a
formar
entr
e nós
, ou
mel
hor
, en
tre
os «
van
guar
dist
as» d
a ca
pit
al u
ma
peq
uen
a co
munid
ade
de s
impat
izan
tes
do p
unk. C
opia
ndo
com
afinco
os
mod
elos
das
rev
ista
s es
tran
gei
ras
, usa
vam
blu
sões
de
cabed
al, ti
nham
cab
elos
com
prid
os (...)
A u
ma
dada
alt
ura, s
urgir
am g
rupos
musi
cais
que, à
imag
em d
o qu
e su
cedi
a em
Ingla
terra, s
e di
ziam
músi
ca p
unk. M
as q
ue
bas
e cu
ltural
e s
ocia
l te
ria
m e
les
par
a os
lev
ar, no
nos
so
paí
s, e
m q
ue
todo
s os
mov
imen
tos
cult
urai
s ch
egam
atr
asad
os e
já
dilu
ídos
, a
tomar
est
a pos
ição
rad
ical
e p
rov
ocat
ória
?»
«Em 1
969, o
s meu
s pai
s co
mprar
am u
ma
tele
vis
ão p
ara
assi
stir
mos
à i
da à
Lua
e ti
ve
a so
rte
de
ver
um c
once
rto
dos
Dee
p P
urple
. Fiq
uei
fas
cinad
o, p
asse
i a
comprar
tod
as a
s rev
ista
s da
esp
ecia
lida
de, ou
via
Cree
dence
Cle
arwat
er R
eviv
al.’ N
uma
altu
ra
em q
ue
as c
oisa
s de
mor
avam
a c
heg
ar a
Por
tugal
. Po
r i
sso
é qu
e ti
nha
um g
rupo
de a
mig
os q
ue
se junta
va
par
a en
comen
dar d
isco
s de
Ingla
terra; s
eguía
mos
as
ban
das
de c
ult
o, p
roc
uráv
amos
coi
sas
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as. Ain
da h
oje
faço
muit
o is
so, dá
-me
imen
so g
ozo
desc
obrir
nov
os p
rojec
tos. P
ara
mim
, o
roc
k’n'rol
l não
ser
viu
apen
as p
ara
toca
r, er
a to
do o
con
hec
imen
to, ex
per
iênci
a de
vid
a. D
esse
grupo
de a
mig
os f
azia
par
te a
lgum e
lemen
to d
os X
uto
s? O
s Xuto
s vie
ram
mai
s ta
rde
, só
os
con
hec
i par
a fo
rmar
a b
anda
. Co
mec
ei a
ouvir
fal
ar d
e punk
em 1
976, a
trav
és d
e um p
equen
o ar
tigo
sobre
os R
amon
es, e
acab
ei p
or m
anda
r v
ir o
prim
eiro
álbum d
e In
gla
terra. C
om
a ev
oluçã
o do
mov
imen
to, ac
abei
por
ir a
um f
esti
val
de
punk, e
m 1
977. E
m 1
978
conhec
i o
Kal
u, at
rav
és d
e um a
núnci
o de
jor
nal
.Faz
er u
ma
ban
da e
m 1
978
era
um p
riv
ilég
io. Te
nho
a im
pres
são
que
o punk
mod
ifico
u i
sso
tudo
. Ante
s er
a muit
o di
fíci
l um g
ajo
ambic
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ser
músi
co, le
váv
amos
› muit
o mai
s co
m
ban
das
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z do
que
roc
k. Q
uan
do o
mov
imen
to c
heg
ou a
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boa
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uma
esca
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enor
, cl
aro
– co
meç
ou t
ambém
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ação
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Bai
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Alt
o, c
om b
ares
inte
res
sante
s co
mo
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k Hou
se, o
Frág
il. Tu
do i
sso
foi
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tante
par
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surgim
ento
de
ban
das
como
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s, o
s Min
as e
Armad
ilhas
, e
depoi
s a
ger
ação
do
João
Pes
te. Na
altu
ra, h
avia
uma
gran
de m
ovid
a na
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ida
de R
oma. P
orqu
ê, o
que
se p
assa
va
lá?
Não
se
pas
sava
gran
de c
oisa
. Era
onde
nos
enco
ntr
ávam
os, na
Muniq
ue, u
ma
cervejar
ia n
o Aree
iro
que
hoje
é um b
anco
. Ía
mos
lá
beb
er u
ns
canec
os,
met
íamos
uns
alfinet
es n
a boc
a ou
onde
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has
se, pin
távam
o-nos
e c
ada
um t
inha
a su
a ban
da. Na
ver
dade
eram
ban
das
que
não
exis
tiam
mas
que
nós
tín
ham
os n
a mes
ma. N
ão s
abía
mos
to
car, mas
aqu
ela
idei
a to
rnav
a-nos
impor
tante
s. D
uran
te o
dia
est
ávam
os n
a Aven
ida
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oma, entr
e o Váv
á e o Ti
c-Ta
c. U
m d
os ele
men
tos do
s Sé
tima
Leg
ião viv
ia em f
rente
ao ca
fé,
onde
com
eçar
am a
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iar. H
avia
uma
séri
e de
mús
icos
naq
uel
a zona, o R
ibas
viv
ia em A
lval
ade, t
al com
o o Jo
ão C
abel
eira
, ér
amos
o p
esso
al d
os jar
dins qu
e se
ocu
pava
entr
e as
gan
zas e o
pert
ence
r a
uma
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. Pa
ssav
am a
ssim
o d
ia t
odo, sem
faz
er n
ada?
Rig
oros
amen
te n
ada. L
impá
vam
os a
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çada
e p
erte
ncíam
os a
uma
banda
.
Isso
bas
tava.»
Exce
rto
da
entr
evis
tas
Zé P
edro
dos
Xuto
s
06 d
e Fev
erei
ro
de 2
010, J
ornal
I
9
A c
laust
rof
obia
soc
ial
das
gran
des
cida
des
brit
ânic
as a
cabav
a de
cria
r, uma
das
ger
açõe
s mai
s em
ble
mát
icas
na
luta
do
roc
k co
ntr
a to
dos
os s
iste
mas
por
exce
lênci
a. I
sto
é, m
ais
do
que
uma
causa
musi
cal, o
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apres
ento
u-s
e co
mo
uma
bof
etad
a pol
ític
a, a
rras
tando
con
sigo
todo
s os
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elde
s e
desc
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s, s
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xce
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o.
Em P
ortu
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, e
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ifica
men
te e
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, os
seu
s ec
os f
oram
sen
tido
s, a
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ar d
e, e
stet
icam
ente
, nunca
ter
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tingid
o os
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emos
toc
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pel
os S
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isto
ls o
u X
-Ray
Spex
. No
enta
nto
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seu a
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ento
no
circu
ito
musi
cal
nac
ional
não
é e
spon
tâneo
, te
ndo
um h
omem
sid
o o
res
pon
sável
pel
o se
u a
pad
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ham
ento
: Antó
nio
Sér
gio
e o
seu
prog
ram
a Rot
ação
da
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ição
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ds, uma
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colectivo a
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r-se n
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reito de
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clam
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írito do
mov
imen
to p
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cen
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usica
is.
Três
anos
após
a c
ham
ada
Rev
oluçã
o do
s Cr
avos
(25
de
Abril
de
1974
), viv
iam-s
e em
Por
tugal
gran
des
tran
sfor
maç
ões, g
ran
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, mas
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men
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sofia; e
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par
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s prin
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RP –
Voc
ês e
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aram
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Se
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punk
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omin
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PUNK / UM OLHAR CRÍTICO
15
Módulo Expositivo - Revolução 9
Jornal de Exposição16 páginas
Janeiro - 2011
um projecto deAndreia Constantino
Bernardo CaldeiraSílvia Matias
Imagem da capa:UHF - Concerto no Pavilhão do Resto
Aniversário do programa Rock em Stock