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Potencial alelopatico de especies arboreas nativas do Cerrado

Giovanna Bezerra da Silva I, Liliana Martim I, Claudio Lima da Silva I, Maria Claudia Marx Young 1 eAngela Maria Ladeira l ,2

Recebido: 05.07.2005; aceito: 16.05.2006

ABSTRACT - (Allelopathic potential of Cerrado native arboreous pecies). Allelopathy has not been studied in theCerrado. The aim of this work was to investigate the allelopathic potential of leaves from 15 arboreous species present inCerrado, described as of high impOt1ance value in the Reserva Biologica e Esta9ao Experimental de Mogi-Gua9u. Theeffect of powder and ethanolic extracts obtained from leaves was tested on lettuce seed germination on Petri dish withfilter paper, and sterile and non- sterile soil. From the 15 species analyzed, only four had shown inhibitory effect: Ourateaspectabilis, Pouteria ramiflora, Qualea grandiflora and Stryphnodendron adstringens. Extracts obtained from these specieswere submitted to liquid-liquid partitition on solvents with differents polarities (hexane, chloroform, ethyl acetate, andn-butanol) to caracterize the active compounds. The four species analysed showed active compounds on chloroform andethyl acetate extracts, indicating the inhibitory effect is related to a mixture of compounds. The allelopathic effects wereobserved with concentrations higher than 5 mg mL- 1, except for Stryphnodendron which showed inhibitory action at 2 mgmL- 1

• Stryphnodendron was then selected for detailed phytochemical and biological studies. Chloroform and ethyl acetatefractions were submitted to colunm chromatography with the appropriated eluents. These analyses produced four activefractions on ethyl acetate and three on chloroform, all presenting positive reactions for terpenoids.Key words: allelopathy, germination, Stlyphnodendron adstringens

RESUMO - (Potencial alelopMico de especies arb6reas nativas do Cerrado). Um dos aspectos menos estudados no Cerradoe 0 da alelopatia. 0 objetivo do pre ente trabalho foi analisar 0 potencial alelopatico de folhas de 15 especies arb6reas doCerrado, descritas como de alto indice de valor de importiincia, devido asua frequencia, na Reserva Biol6gica e Esta9aoExperimental de Mogi-Gua9u. 0 efeito do p6 e de extratos etan61icos de folhas sobre a gemlina9ao de alface foi determinadoem bioensaios realizados em diferentes substratos, placas de Petri com papel de filtro, terra esteril e nao esteril. Das 15especies investigadas apenas quatro mostraram efeito inibidor de gemlina9ao: Ouratea spectabilis, Pouteria ramiflora, Qualeagrandiflora e Stryphnodendron adstringens. Em fun9ao desse resultado os extratos das quatro especies foram submetidosa parti9ao Iiquido- liquido em solventes com diferentes polaridades: hexano, clorof6rmio, acetato de etila e butanol, paradetermina9ao do tipo de polaridade do composto inibidor em cada especie. Todas as quatro especies mostraram compostosativos nas fra90es clorof6rmio e acetato de etila, mostrando que 0 efeito alelopatico observado e consequencia de umamistura de compostos. 0 efeito e observado para concentra90es maiores que 5 mg mL- 1, exceto para Stryphnodendronque age tambem em concentra90es de 2 mg mL- I

. Esta especie foi entao selecionada para continuidade do estudo quimicoe biol6gico. As frayoes em c1orof6nnio e acetato de etila foram submetidas a fracionamento em col una de silica com oseluentes adequados. Foram obtidas quatro fra90es inibidoras no extrato acetato de etila e tres na fra9ao clorof6rmica, todaselas apresentaram rea9ao positiva para terpen6ides.Palavras-chave: alelopatia, germina9ao, Stryphnodendron adstringens

Introdu~ao

o Cerrado e urn dos ecossisternas do Brasil que

ocorre hoje em areas relativamente restritas, devido autilizayao feita pelo hornem. Recenternente esforyos

vern sendo realizados para a rnanutenyao e conser­

vayao dessas areas, tendo em vista a irnportancia da

biodiversidade vegetal e da fauna nelas presentes.

Estudos fitosociol6gicos (Mantovaru 1983, Ribeiroet al. 1985, Mantovani & Martins 1988, Oliveira &Gibbs 1994, Santos et al. 1997) e ecol6gicos (Coutinhoet al. 1982, Johnson et al. 1983) foram realizados em

varias regioes de Cerrado. Entretanto a conservayaoeo uso sustentavel de areas do Cerrado depende ainda

de conhecimentos basicos sobre 0 desenvolvirnento e

adaptayao das especies ocorrentes nesse ecossistema.

I. Instituto de Botanica, Seyao de Fisiologia e Bioquimica de Plantas, Caixa Postal 4005, 0 J06 J-970 Sao Paulo, SP, Brasil2. Autor para correspondencia: amladeira@yahoo.com.br

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Diversos estudos sobre germina<;:ao e crescimentode v,hias especies caracteristicas do Cerrado foramrealizados (Melhem 1975, Arasaki & Felippe 1991,Godoy & Felippe 1992, Paulilo et al. 1993, Francoet al. 1996, Sassaki et al. 1996, Barbosa et al.1999, Sassaki et al. 1999). Urn dos aspectos menosestudado e 0 das rela<;:oes alelopaticas (Ferreira &Aquila 2000).

A alelopatia pode ser entendida como qualquerefeito causado, direta ou indiretamente por urnorganismo sobre outro, atraves da liberayao desubstancias quimicas no ecossistema, mas 0 termotern sido mais relacionado a efeitos prejudiciais(Ferreira 2005).

Quanto a natureza quimica, as substanciasalelopaticas sao, em geral, compostos do metabo1ismosecundario, tais como terpenoides, compostosfenolicos e alcaloides. Esses compostos podem serproduzidos em qualquer orgao vegetal, porem emconcentra<;:oes muito baixas e com caracteristicasintrinsecas aplanta, como por exemplo especie, idade,etc. (Rivzi & Rivzi 1992).

Inibidores de germina<;:ao foram detectados emfolhas e extratos de algumas especies do Cerrado,tais como Calea cuneifolia, Dipteryx alata, Alibertiahumilis (Coutinho & Hashimoto 1971, Melhem 1975,Struffaldi-De Vuono 1977).

A Reserva Biologica e Esta<;:ao Experimental deMogi-Guayu, Sao Paulo, e composta por vegeta<;:aode Cerrado e Mata Ciliar. Nela vern sendo realizadosdiversos estudos sobre 0 desenvolvimento e utiliza<;:aode varias especies nativas (Isej ima et al. 1991,Figueiredo-Ribeiro 1993, Ruggiero & Zaidan 1997).

o levantamento fitosocio1ogico feito por Batista(1982) foram encontradas 15 especies arboreas queapresentaram maior frequencia na area, tendo sidodenominadas como de maior indice de valor deimportancia (IVI). Para 0 emprego dessas especies narecuperayao de areas degradadas e interessante saber seelas influenciam 0 desenvolvimento de outras. Assimsendo, 0 objetivo do presente trabalho foi analisar 0

potencial alelopatico dessas especies arboreas.

Material e metodos

Material vegetal - Foram coletadas folhas das15 especies arboreas de maior indice de valor deimportancia (IVI) no Cerrado da Reserva Biologicae Estayao Experimental de Mogi-Guayu, segundoBatista (1982). Foram feitas coletas de folhas nosmeses de agosto e dezembro de 1999. 0 material da

primeira coleta (150 g de cada especie) foi utilizadoem bioensaios de detec<;:ao de atividade dos extratos.Nesta coleta nao foram encontradas, em born estado,folhas de Acosmium subelegans, Byrsonia verbacifolia,Styrax ferrugineus e Vochysia tucanorum. Na novacoleta, em dezembro, foram coletados 1 kg de folhasde cada especie, a tim de poder realizar os bioensaiosutilizando terra como substrata e as estudos defracionamentos dos extratos. Nessa coleta nao foramencontradas folhas das especies Rapanea guianensise Didymopanax vilosum.

Foram estudadas as seguintes especies:Acosmium subelegans (Mohlenbr) Yakolev.,"perobinha", W Mantovani 738 (SP),Anadenantherafalcata Speg., "angico", W Mantovani 999 (SP),Aspidosperma tomentosum Mart., "peroba­do-campo", S. Barnuevo s.n. (SP346314),Byrsonima coccolobifolia (Spr.) Kunth "murici­mirim', S. Barnuevo s.n. (SP346312), Byrsonimaverbacifolia Rich ex A. Juss. "murici", S. Barnuevos. n. (SP346311), Didymopanax vilosum E. March"mandioquinha", S. Barnuevo s.n. (SP346307),Kielmeyera variabilis Mart., "pau-santo",S. Barnuevo s.n. (SP34631 0), Machaerium villosumVog., "jacaranda-paulista", W Mantovani 1313(SP), Ouratea spectabilis (Mart.) Engl., "murici­bravo", W Mantovani 1069 (SP), Pouteria ramiflora(Mart.) Radlk., "brasa-viva", W Mantovani1042 (SP), Qualea grandijlora Mart., "pau­terra", S. Bm'nuevo s. n. (SP346315), Rapaneaguianensis Aubl., "pororoca", S. Barnuevo s.n.(SP346313), Stryphnodendron adstringens (Mart.)Coville, "barbatimao" W Mantovani 1025 (SP),Styrax ferrugineus, "benjoeiro", S. Barnuevo s.n.(SP346309), Vochysia tucanorum Mart., "pau-de­tucano" S. Barnuevo s.n. (SP346308).Obten<;:ao do po de folhas - As folhas foram secas asombra e a temperatura ambiente em Mogi-Guayue enviadas a Sao Paulo em sacos de papel pardo.Em seguida foi feita a seleyao das fo1has que naomostravam sinais de senescencia. Esse materialfoi 1avado e seco em estufa, a 60°C, por 24 horase triturado em liqiiidificador industrial (Sire) ate aobten<;:ao de urn po. 0 po obtido de cada especie foipesado e armazenado em sacos de papel pardo, atemperatura ambiente.Preparo do extrato etanolico - 100 g de po de folhasdas diferentes especies foram submetidos aextrayaoexaustiva com etanol. Os extratos obtidos foramconcentrados em evaporador rotatorio ate urn volume

aproximado de 30 mL, em seguida foram colocadosem frascos e deixados em banho-maria a 60°C ate asecagem completa. AS frascos foram entao pesadospara determinayao da massa obtida dos extratos decada especie.Bioensaios de germinayao - a po das folhas de cadauma das diferentes especies coletadas foi misturadocom terra esteril nas proporyoes 1: leI :5. Utilizou-setambem 0 substrato nas proporyoes 1:5 lavado com I e2 L de agua destilada. Nos ensaios realizados com terranao esteril utilizou-se a proporyao I: 1. as bioensaiosde germinayao de sementes de alface foram realizadosem placas de Petri, de 5 cm de diametro, contendo2 g dos diferentes substratos a serem analisados, 50sementes de alface (Lactuca sativa var. grand rapids)e 3 mL de agua destilada, com cinco repetiyoes.Foram utilizados germinadores FANEM a 25°C eluz constante (437 /lW cm-2). Foi feito 0 controle complacas contendo apenas terra e 3 mL de agua destilada.A observayao da germinayao foi feita apos 24 e 48 h dasemeadura com 0 intuito de verificar se os compostosdos vegetais inibiam ou retardavam a germinayao dassementes (Leather & Einhellig 1986).Bioensaios de germinayao dos extratos etanolicos- as bioensaios de germinayao de sementes dealface foram realizados em placas de Petri de5 cm de diametro, contendo duas folhas de papel defiltro, as quais foram adicionados 2 mL dos extratos(10 mg mL-') de cada especie analisada, com cincorepetiyoes. Em seguida, as placas foram deixadasabertas, por pelo menos 10 dias, dentro de capelasdo laboratorio com exaustor ligado diariamente, parasecagem do solvente. Apos esse periodo, 50 sementesde alface e 2 mL de agua destilada foram colocadosnas placas. Foram utilizados germinadores FANEMnas condiyoes descritas anteriormente. A contagemda germinayao tambem foi realizada apos 24 e 48 h.Foram feitos controles com agua destilada e etanol(Leather & Einhellig 1986).Fracionamento dos extratos das quatro especies quemostraram atividade inibidora - Extratos etanolicosforam obtidos de 200 g de po de folha das especies:Stryphnodendron adstringens, Qualea grandiflora,Ouratea spectabilis e Pouteria ramiflora. Em seguidaesses extratos foram submetidos a fracionamentospor partiyao liquido-Iiquido com solventes dediferentes polaridades (hexano, cloroformio, acetatode etila en-butanol). As frayoes obtidas foram secas,o rendimento de cada uma devidamente anotado ediferentes concentrayoes (10, 5, 2, 1 e 0,5 mg mL-')

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de cada frayao foram submetidas a bioensaios degerminayao de alface, conforme a metodologiadescrita acima.Analise da atividade do extrato de Stryphnodendronadstringens - as bioensaios foram realizados comlotes de cinco placas de Petri de 9 cm de diametrocontendo duas folhas de papel de filtro, as quaisforam adicionados 5 mL do extrato bruto deStryphnodendron adstringens na concentrayao de10 mg mL- I

. Em seguida, as placas permaneceramabertas por pelo menos 10 dias para secagem dosolvente. Apos esse periodo, 30 sementes de cadaespecie e 7 mL de agua destilada foram colocadosnas placas. Foram utilizados germinadores FANEM a25°C e luz constante. as ensaios foram realizados commilho (Zea mays), feijao (Phaseolus vulgaris) e picao(Bidens pilosus). A contagem de germinayao foi feitadepois de tres dias para feijao e milho e depois de seisdias para 0 picao (Correa et al. 2000).Analise estatistica - Utilizou-se 0 teste t de Student aonivel de 5% de significancia, de acordo com Snedecor& Cochran (1967).Cromatografia em coluna das frayoes obtidas dosextratos de folhas de Stryphnodendron adstringens- A frayao acetato de etila (632 mg) foi submetidaa analise por cromatografia em coluna de silica gel,70-230 mesh 60A (Sigma Aldrich). Para eluiyaofoi utilizado cloroformio:metanol em polaridadecrescente (I :0, 9: 1 e 8:2). Frayoes de 30 mL foramcoletadas e reunidas apos cromatografia em camadadeIgada, de acordo com a semelhanya e a pureza doscomponentes revelados.

Na analise por cromatografia em camadadelgada utilizou-se placas de vidro de 20 x 20 cm,contendo silica gel G60 (Merck). As placas foramdesenvolvidas em cloroformio:metanol (94:6),observadas sob luz ultra-violeta (UY) e reveladascom vapores de iodo.

As frayoes reunidas foram secas em banho-maria,pesadas e analisadas em bioensaios de germinayaocom sementes de alface, conforme metodologiadescrita acima para a analise dos extratos.

A frayao cloroformica (338 mg) tambem foisubmetida a fracionamento cromatografico em col unade silica gel. as eluentes utilizados foram cloroformio:metanol (94:6, 8:2, 7:3, 6:4, I: I, 4:6, 0: I) e acidoacetico:metanol (I: I). Frayoes de 10 mL foramcoletadas e reunidas apos cromatografia em camadadelgada, de acordo com a semelhanya e a pureza doscomponentes revelados.

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a analise por cromatografia em camada delgadautilizou-se placas de vidro de 20 x 20 cm contendosilica gel G60 (Merck). As placas foram desenvolvidasem cloroformio:metanol (94:6), observadas na luz UVe reveladas com vapores de iodo.

As frayoes reunidas foram secas em banho-maria,pesadas e analisadas em bioensaios de germinayaocom sementes de alface. A caracterizayao quimicadas frayoes ativas foi realizada com 0 emprego dereagentes especificos para terpenoides (soluyaoetanolica de vanilina 6%, dissolvida em 2 mL de acidosulfUrico, e posterior aquecimento a 100-105 0q,flavonoides (soluyao etanolica de cloreto de aluminio1% e observayao em luz UV), alcaloides (reagentede Dragendorf) e compostos fenolicos (reagente deGodin) (Lederer 1960, Harborne 1984).

Resultados e Discussao

Segundo White et al. (1989) pode ser dificilcaracterizar a alelopatia e seu verdadeiro impacto,a menos que fatores da planta, do solo e demicroorganismos sejam levados em considerayao.Por essa razao, varios autores concordam que nao sepode fazer extrapolayao dos resultados encontradosem laboratorio para 0 campo (Correa et al. 2000).

Diversos exemplos do papel da alelopatia saocitados em ecossistemas manipulados e naturais(Rivzi & Rivzi 1992, Harborne 1993, Chou 1999).A alelopatia na agricultura e urn dos aspectos maisestudados, entretanto na sucessao de vegetayoesencontramos apenas casos comprovados no desertoda California, em campos abandonados na Africa ounos Estados Unidos.

Em areas do Cerrado nenhum fenomeno queindique a ocorrencia de alelopatia tem side observado,o que nao significa que defesas quimicas nao sejamproduzidas pelas especies do cerrado.

No presente trabalho verificou-se inicialmente queo po e os extratos das folhas das 15 especies analisadasinibiam a germinayao de alface (tabela 1). Nos substratoscontendo terra esteril e po das folhas na proporyao I: Itodas as especies inibiram a germinayao de alface 24horas apos 0 inicio do bioensaio. A porcentagem degerminayao apos 48 h ja indicou uma perda do efeitoinibidor de 30, 25, 25 e 15% nas especies de Kielmeyeravariabilis, Byrsonima verbacifolia, Vochysia tucanorume Machaerium villosum, respectivamente. A rnistura depo de folhas com terra na proporyao 1:5 nao alterou esseresultado.

Extratos etanolicos das folhas de II especiesque mostraram atividade inibidora em terra

Tabela I. Porcentagem de inibi<;ao obtida nos bioensaios com pas de folhas misturados com terra esteril e com extratos etanalicos(10 mg mL-') na germina<;ao de sementes de alface (Lactuca sativa). Letras diferentes indicam diferen<;as significativas entre os trata­mentos a 5%, pelo teste de Tukey. # - ensaios nao realizados.

Especie % inibi<;ao % inibi<;ao % inibi<;ao terra % inibi<;ao terraterra I: I terra 1:5 lavada com I L agua lavada com 2 L agua Extrato

24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h

Acosmium sube/egans 100 a 100 a 99,6 b 90,8 b 41,2 d 21,2 d # # # #Aspidosperma tomentosum 100 a 100 a 100 a 100 a 48,0 d 15,2 d # # 88,0 d #Anadenalllhera fa/cala 100 a 100 a 100 a 100 a 21,6 e 12,0 d # # 92,0 f #Byrsonima coccolobifolia 100 a 100 a 100 a 100 a 10,0 ef 0 # # 94,0 c #Byrsonima verbacifolia 98,0 a 75,0 b 82,0 b 18,0 d 78,0 b 61,0 c # # # #Didymopanax vilosum # # # # # # # # 99,8 a 67,2 bKie/meyera variabilis 97,2 b 70,4 d 61,6 d 59,8 e 54,4 d 47,6 b # # 6,4 f 2,4 c

Machaerium villosum 100 a 85,6 c 98,0 b 71,2 c 87,6 c 40,0 be # # 80,0 e #

Ouratea spectabilis 100 a 98,0 b 100 c 89,6 d 99,0 ab 66,8 be 96,8 ab 65,2 ab 100 a 97,2 b

Pouteria ramiflora 100 a 99,2 b 99,6 b 94,4 b 95,2 be 62,8 b 74,0 a 60,4 ab 99,6 be 88,0 b

Qua/ea grandiflora 100 a 100 a 100 a 100 a 90,4 be 56,0 b 61,2 b 52,8 b 87,0 d #

Rapanea guianensis 100 a 100 a 100 a 100 a # # # # 99,0 b #

Stryphnodendron adstringens 100 a 100 a 100 a 100 a 98,0 a 88,4 a 81,6 ab 69,6 a 84,0 e #

Styrax ferrugineus 100 a 99,2 b 100 a 98,4 b 98,8 b 74,0 c # # # #

Vochysia tucanorum 100 a 74,8 c 92,4 b 32,8 d 94,8 b 88,4 b 53,6 d 37,2 e # #

Contrale da terralagua 3,2 c 3,1 e 3,1 e 3,2 f 3,2 f 3,2 de 3,0 c 3,2 c # #

Controle agua # # # # # # # # 3,0 f 3,0 c

Controle etanol # # # # # # # # 2,0 f 2,0 c

tam bern apresentaram essa atividade, exceto 0 de

Kielmeyera variabilis.A lavagem dos substratos (1 :5) com 1 L de agua

levou a urna diminui9ao da inibi9ao da germina9ao dealface verificada inicialmente. Assim sendo, compostosinibidores que fossem liberados no meio ambiente,pela maioria das especies analisadas, seriam arrastadospela agua de chuvas e 0 efeito alelop<itico nao seriaobservado. Cinco especies mostraram porcentagem deinibi9ao com valores de no maximo 50%. A maioria das

especies de Cerrado analisadas nao inibiu gennina9aode alface, 0 que nos leva a crer que sao passiveis deutiliza9ao na recomposi9ao de areas degradadas.

Desse modo 0 potencial alelopatico s6 foiconfirmado em quatro especies: Ourateaspectabilis, Qualea grandifiora, Pouteria ramiflorae Stryphnodendron adstringens. A lavagem dossubstratos com 2 L de agua, nos bioensaios realizadoscom essas especies, levou a uma diminui9ao dasporcentagens de inibi9ao. Stryphnodendron foia especie que mostrou menor porcentagem dediminui9ao da porcentagem (de 81,6 para 69,6%).

Tendo em vista a constancia da inibi9ao nos subs­tratos lavados enos extratos das folhas, estudos maisdetalhados foram feitos com essas quatro especies.

Muller (1969) sugere que os aleloquirnicos podemdesempenhar urn papel significativo no padrao de vege­ta9ao e nas varia90es em micro-escala no ambientequimico do solo, tais como aquelas causadas pela decom­posi9ao de residuos vegetais e libera9ao de metab61itossecundarios, que seriam importantes para a germina9aoe estabelecimento de sementes individuais.

o potencial alelop<itico das quatro especies citadasnao foi alterado nos ensaios realizados com terra esterilou nao esteril, indicando que as substancias inibidorasnao estao sendo degradadas por microorganismos oupor condi90es fisicas do solo.

Com rela9ao aos compostos responsaveis pelaatividade alelopMica, os extratos e p6s de folhas podem

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ter urn ou varios compostos, que poderao inclusiveagir sinergisticamente (Lodhi et al. 1987, Einhellig& Leather 1988, Lehman et al. 1994, Ferreira 2005).Estudos de fracionamento sao portanto fundamentaispara identifica9ao das substancias ativas.

Os resultados dos bioensaios de germina9ao dealface nas fra90es obtidas por parti9ao Iiquido-Iiquidodos extratos de folhas das quatro especies podem serobservados nas tabelas 2, 3, 4 e 5.

As fra90es em hexane en-butanol praticamente

nao apresentaram atividade inibidora de germina9ao.Os compostos inibidores estao presentes nas fra90esem c1orof6rmio e acetato de etila.

Os compostos relacionados em Brito (1986) comocomuns nas familias das quatro especies analisadaspodem todos ser responsaveis pelo efeito inibidor. Saoacidos fen6licos, terpen6ides, flavon6ides e taninos.Assim sendo, analises quimicas mais detalhadas saonecessarias para esclarecer quais desses compostosseriam os responsaveis.

Verificou-se neste trabalho que a atividade

inibidora e consequencia de urna mistura de substanciascom polaridades diferentes.

Das quatro especies estudadas Qualea grandifiorae Pouteria ramifiora sao as que apresentaram menoratividade inibidora, uma vez que na concentra9aode 2 mg mL- 1 apresentam porcentagem de inibi9aoinferior a 32%. A partir da concentra9ao 1 mg mL- 1

ha grande queda da atividade inibidora nas quatroespecies analisadas.

Na natureza, essas especies s6 vao influir nodesenvolvimento de outras se a quantidade de folhas

que estiver sendo degradada produzir altos teores doscompostos ativos, caso contrario esse efeito nao seraobservado.

A especie que apresentou maior atividadeinibidora foi Stryphnodendron adstringens.Assim sendo, os extratos dessa especie foramsubmetidos a bioensaios com sementes de outras

Tabela 2. Porcentagem de inibic;:iio da germinac;:iio de sementes de alface (LaetL/ea sativa) nos bioensaios realizados com as frac;:oes ati­vas obtidas da partic;:iio liquido-liquido do extrato bruto de Stryphnodendron adslringens em diferentes concentrac;:oes. Letras diferentesindicam diferenc;:as significativas entre os tratamentos a 5%, pelo teste de Tukey. # - ensaios niio realizados.

Frac;:oes 10 mg mL- 1 5 mg mL- 1 2 mg mL- 1 1 mg mL- 1 0,5 mg mL- 1

24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h

Hexano 16 a 2 b # # # # # # # #Clorof6mlio 100 a 100 a 100 a 100 a 100 a 100 a 20 b 13 b II b DcAc. Etila 100 a 100 a 100 a 100 a 100 a 64 b 21 c 4d 18 b 4dn-Butanol 6 a Db # # # # # # # #

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Tabela 3. Porcentagem de inibi9ao da germina9ao de sementes dealface (Lactllca sativa) nos bioensaios realizados com as fra90esativas obtidas da parti9ao liquido-liquido do extrato bruto deQualea gralldiflora em diferentes concentra90es. Letras diferentesindicam diferen9as significativas entre os tratamentos a 5%, peloteste de Tukey. # - ensaios nao realizados.

Fra90es 10 mg mL- 1 5 mg mL- 1 2 mg mL- 1

24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h

Hexano 8 a 4a # # # #Clorof6rmio 100 a 94 a 100 a 80 a 32 b 15 bAc. Etila 98 a 34 b 6c Dc # #n-Butanol 16 a 14 a # # # #

duas especies cultivadas e uma nativa, e a novosfracionamentos, visando 0 isolamento does)composto(s) inibidore(s).

Stryphnodendron adstringens nao mostrouatividade sobre a germina<;ao de milho (Zea mays) efeijao (Phaseolus vulgaris), mas inibiu a germina<;aode picao (Bidens pilosus) em 1/3 com rela<;ao aoscontroles (tabela 6).

A extra<;ao a partir de 200 g de p6 das folhasproduziu 29,44 g de extrato etan6lico, que ap6sparti<;ao rendeu 3,29 g de extrato hexanico, 0,34 g doclorof6rmico, 0,63 g do acetato de etila e 1,05 g dobutan6lico.

o fracionamento do extrato em acetato deetila forneceu 110 fra<;oes, que foram reunidasem 16 grupos. Apenas as fra<;oes 10 (18,2 mg),II (22,5 mg), 12 (7,3 mg) e 13 (10,7 mg), eluidasem clorof6rmio, mostraram 96, 100, 100 e 100%de inibi<;ao da germina<;ao de sementes de alface,respectivamente. 0 extrato em clorof6rmioforneceu 311 frayoes que foram reunidas em 33grupos. Apenas as fra<;oes 6 (21,2 mg), 7 (3,4 mg)e 12 (6,1 mg), obtidas em clorof6rmio:metanol(94:6) e 30 (8,7 mg), obtida em clorof6rmio:metanol(8:2) mostraram 50, 45, 72,6 e 40% de inibi<;ao,respectivamente. As fra<;oes ativas apresentaramrea<;ao positiva para terpen6ides e negativa paraalcal6ides, flavon6ides e compostos fen6licos.

Com base nos dados obtidos podemosconcluir que Stryphnodendron adstringens e umaespecie que tern potencial alelopatico, urn vez quemostrou atividade inibidora da germina<;ao de umaespecie cultivada (alface) e de uma especie nativa(picao). Os compostos inibidores sao terpen6ides.A quantidade dos materiais obtidos nao permitiu aidentifica<;ao desses compostos, que poderao serobjeto de futura investiga<;ao.

o nfunero de trabalhos sobre alelopatia no Brasiltern aumentado bastante (Gatti et al. 2004, Alves et al.2004), mas estudos com especies caracteristicas do

Tabela 4. Porcentagem de inibi9ao da germina9ao de sementes de alface (Lactuca sativa) nos bioensaios realizados com as fra90esativas obtidas da parti9ao liquido-liquido do extrato bruto de Ouratea spectabilis em diferentes concentra90es. Letras diferentes indicamdiferen9a significativas entre os tratamentos a 5%, pelo teste de Tukey. # - ensaios nao realizado .

Fra90es 10 mgmL- 1 5 mg mL- 1 2 mg mL- 1 I mgmL- 1 0,5 mg mL- 1

24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h

Hexano 22 a Db # # # # # # # #Clorof6rmio 100 a 100 a 100 a 100 a 60 b 48 be 35 cd 27 de 17 ef 2 fAc. Etila 100 a 100 a 100 a 100 a 64 b 55 b 41 cd 33 d 11 e 5 en-Butanol 44 a 14 b 16 b 16 b 54 a 3 c # # # #

Tabela 5. Porcentagem de inibi9ao da germina9ao de sementes de alface nos bioensaios realizados com as fra90es ativas obtidas da parti9aoliquido-liquido do extrato bruto de Pouteria ramiflora em diferentes concentra90es. Letras diferentes indicam diferen9as significativasentre os tratamentos a 5%, pelo teste de Tukey. # - ensaios nao realizados.

Fra90es 10 mg IllL-1 5 mg mL- 1 2 mg mL- 1 I Illg IllL- 1 0,5 mg mL- 1

24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h 24 h 48 h

Hexano 94 a Db # # # # # # # #Clorof6rmio 98 a 94 a 90 a 90 a 26 b 14 c II c 5 d 11 c 3 d

Ac. Etila 100 a 100 a 100 a 96 a 27 b 24 b 9 c 2 c # #

n-Butanol 92 a 60 b 90 a 60 b 32 c 9 d 3 de Ie # #

Tabela 6. Porcentagem de germinac,:ao de feijao, milho e picaoem bioensaios realizados com extrato de folhas de St/yphno­dendron adstringens. Letras diferentes indicam diferenc,:assignificativas entre os tratamentos a 5%, pelo teste de Tukey.# - ensaios nao realizados.

Especies Extrato Controle Controle Tempo debrPuto etanol agua germinac,:ao

Picao 23,33b 68,66 a 66,66 a 7 diasMilho 100 a 100 a 100 a 4 diasFeijao 99,33 a 96,0 a 100 a 4 dias

Cerrado sao raros e 0 numero de especies analisadase pequeno (Oliveira et at. 2004a, b). Porfim, devemoslembrar que a detecc;;ao da influencia de uma especiena sucessao vegetal demanda urn trabalho continuode varios anos, como os realizados em Oklahoma ena Africa (Rivzi & Rivzi 1992).

Agradecimentos

Ao CNPq pelas bolsas de Iniciac;;ao/PIBIC epelo auxilio concedido e ao Sr. Samuel Bamuevo(funcionario de apoio tecnico do Instituto de Botanica)responsavel pela coleta dos materiais na ReservaBiol6gica e Estac;;ao Experimental de Mogi-Guac;;u.

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