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PARQ: Revista de tendências de distribuição gratuita. Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2oesq. 1000-251 Lisboa Assinatura anual: 12 euros

Director: Francisco Vaz Fernandes ([email protected]) Editor: Francisco Vaz Fernandes ([email protected])Editor de Moda: Rúben de Sá OsórioDesign: Valdemar Lamego (www.k-u-n-g.com)

Periocidade: Bimestral Depósito legal: 272758/08 Registo ERC: 125392 Edição: Conforto Moderno Uni, Lda. NIF: 508 399 289Propriedade: Conforto Moderno Uni, Lda. Rua Quirino da Fonseca, 25 – 2oesq. 1000—251 Lisboa Telef: 00351 218 473 379

Impressão: Eurodois. R. Santo António 30, 2725 Sintra12.000 exemplaresDistribuição: Conforto Moderno Uni, Lda.

A reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da PARQ. Todos os direitos reservados. Copyright © 2008 — 2018 PARQ.

You Must10 Marco Laborda12 Kanal Centre Pompidou14 Foekje Fleur16 Pedro Sottomayor18 Constança Entrudo20 Cds22 Sreya24 Irmãos Coen25 Wes Anderson26 Faguo+Absolut+Pixa Bixa27 Beleza28 You Must Buy

Soundstation30 Stereossauro32 Boy Arsher

Central Parq34 Grabriel Abrantes36 Wandson Lisboa38 Instasurgery42 Feminismo

Fashion ed.46 Dis.connected52 Shooting58 S H E

Parq Here64 Sala de Corte66 Mercado de Arroios

Editorial: O tempo das lutas

A hora das reivindicações chegou a Portugal como já lá fora acontecia. Velhas reivindicações que agora são renovadas, porque este é o tempo do descontentamento, o tempo em que as causas de sempre voltam a estar mais próximas de nós. De novo, assistimos ao colapso das nossas repre-sentações sociais e urge então o tempo da reconstrução ideológica. Segue já os seus passos. Vamos ser mais utó-picos ou pragmáticos? Quem responde às nove mulheres assassinadas em contexto doméstico que ocorreram em Portugal nos primeiros dois meses do ano? É um facto que nos faz parar para pensar na sociedade em que vivemos. Não há desculpas, o feminismo reinventa-se e afirma-se. Sempre fez sentido discutir os direitos das mulheres, reivin-dica-los todos os dias para uma sociedade certamente me-lhor. Porque o feminismo faz sentido, trouxemos este tema como nosso artigo principal, porque também é a nossa luta.

Qual é a tua?Ainda no terreno da atualidade, trazemos a questão

de como a nossa aceitação social passa cada vez por uma perceção visual ilusória, a uma escala global. Simulação é a palavra de ordem e como tal as pequenas plásticas estão em alta a partir da adolescência. Falar de “Instasurgery”, faz sentido? Tudo temas que precisam de uma luz prima-veril cheia de esperança, para melhor entender as nossas mudanças. Por isso a PARQ combina tão bem com espaço aberto e verde, de preferência.

Francisco Vaz Fernandes

TextosCarla CarboneCarlos Alberto OliveiraDiana da NobregaFrancisco Vaz FernandesJoana TeixeiraJoão LevezinhoJoão PatrocínioLiliana PedroLuís SerenoMargarida SantosMaria São MiguelPatrícia César VicenteRafael VieiraRoger Winstanley

Rui Miguel AbreuSara MadeiraSara SilvaFotosAna Vieira de CastroFrederico SantosNuno VieiraSara J. BentoValeria Galizzi SantacroceStylingAna Beatriz AlvesMaria PaisanaMaria NobrePedro AparícioRaquel Guerreiro

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MARÇO 2019

ALBA BAPTISTA e JOÃO JESUS fotografados por NUNO VIEIRA. ALBA BAPTISTA total look MARA FLORA. JOÃO JESUS usa top DANIELA PEREIRA.

www.parqmag.com

facebookinstagramyoutube

/parqmag/parqmag/parqmag

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FREDPERRY.COM

LISTEN TO BLACK / CHAMPAGNE / CHAMPAGNE

FRED PERRY STORES:NORTE SHOPPING, MATOSINHOS / PORTO

ARRÁBIDA SHOPPING, V. N. GAIARUA DO OURO, LISBOA

SHOP-IN-SHOP:EL CORTE INGLÉS GAIA / PORTO

EL CORTE INGLÉS LISBOAMARQUES & SOARES, PORTO

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O mundo, quando observado através da lente de MARCO LABORDA, é de uma “beleza melancólica” que a poucos satisfaz, mas que a todos encanta. De Barcelona a Madrid, este artista multidisciplinar começou a pintar, revelou-se em 2013 como realizador e é agora conhecido pelas suas colagens. A arte desconstrutiva de LABORDA é levada a cabo pela intuição. Uma simples imagem numa revista pode chamar a sua atenção, levando o artista a recortá-la e desconstruí-la, fazendo dela a caixa de areia de um parque infantil onde vários recortes se juntam para brincar com cores, formas e texturas. As suas

composições não são nada mais do que um jogo de pequenos detalhes aglutinados, que um dia fizeram parte de imagens maiores. Montar retratos através da colagem de uma série de elementos de origens diversificadas é definitivamente a grande paixão de LABORDA —“quando visito uma exposição, o que me fascina são os retratos, como captam a alma humana com todos os seus sonhos, neuroses e conflitos internos”. LABORDA acredita que os seus retratos feitos de colagens servem de metáfora para a vida, pois, no fundo, somos todos feitos de pedaços de outras pessoas.

MARCO LABORDA

texto por Joana Teixeira

YOU MUST SEE

http://www.marcolaborda.com

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DARETO CARE PAMPA ORGANIC

PALLADIUM PORTUGAL PALLADIUMPORTUGAL

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ANDRÉ CITROËN —o próprio— fez edificar na década de 30 esta enorme fábrica a um passo do centro da cidade de Bruxelas, a Citroën Yser. De indústria pesada a showroom, ocupada durante a guerra e após décadas a expelir automóveis, foi decaindo lentamente no esquecimento alheio. Como o património industrial merece mais e a arte é um veículo, foi lançado concurso de arquitectura para a sua reconversão num novo espaço cultural —da cidade e do mundo, um hub artístico de dimensões ciclópicas: 35.000 m2 dedicados à contemplação e criação artística. Este concurso foi ganho pelos noArchitecten, EM2N e SERGISON BATES e irá promover um ambicioso programa, reunindo artes plásticas e visuais, design e arquitectura, potenciada pelas colecções do POMPIDOU. Até Junho de 2019 é possível visitar o edifício tal como está, imenso e esventrado, plataformas sobre plataformas que se tocam por rampas; pés triplos, quádruplos, preenchidos de obras e instalações artísticas expostas pelos seus amplos vazios comunicantes. Depois desta breve temporada, o edifício entrará em obras e reabrirá, borboleta após crisálida, no final de 2022, princípio de 2023. Aqui a arte não basta, é vasta.

V E R S O - U N I V E R S O DA A R T E C O N T E M P O R Â N E AKANAL CENTRE POMPIDOU

texto por Rafael Vieirafotos por Veerle Vercauteren

YOU MUST SEE

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YOU MUST SEE

De plástico a porcelana. De garrafas de detergente a arte contemporânea. FOEKJE FLEUR é uma artista que decidiu simplificar a narrativa artística para transmitir uma mensagem ambientalista. A artista holandesa, formada em Artes e Design, começou por recolher algumas embalagens de detergente que deram à costa do rio Maas, na sua cidade —Roterdão— para depois transformá-las em moldes para criar a coleção “The Bottle Vases”. Encheu-os com porcelana líquida e transformou as outrora embalagens de detergente —e símbolos de um consumismo

insustentável para o meio ambiente— em inspiradores vasos de porcelana banhados em tons pastel. As peças são elegantes na sua simplicidade e FOEKJE acredita que a mensagem de sustentabilidade acaba por passar nas entrelinhas, sendo que o observador vai ficar sempre curioso por conhecer a história por trás das peças.Bottle Vase Project é a plataforma artística que FOEKJE criou para atrair a atenção dos mais distraídos para a poluição dos mares por plástico —para que o lixo não-biodegradável nunca chegue a substituir a arte nos museus.

F O E K J E F L EU RTHE BOTTLE VASES

texto por Joana Teixeira

http://www.foekjefleur.com

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YOU MUST SEE

P E D RO S OT TO M AYO RLESS

texto por Carla Carbone

YOU MUST SEE

Numa fase em que o design atravessa diversos caminhos, especialmente evidenciando-se mais numa vertente opositora e desagregadora dos princípios iniciáticos da sua nomeação, nomeadamente o dos “industrialismos” e da vertente racionalista, a obra de PEDRO SOTTOMAYOR parece desenvolver-se alheia a esses propósitos, delineando-se segundo um caminho súbtil, muito pessoal, trilhado com base numa acepção essencialista, e de cariz minimalista.

Sobre o tema do reducionismo, e do minimalismo no seu trabalho, o designer comenta: “Para mim, o projecto de um objecto é sempre bastante complexo no início, pois tento colocar o máximo de problemas e perspectivas sobre o problema a resolver. Depois vou solucionando um por um, e tento encontrar a melhor resposta global a todos eles, e reduzindo a forma/solução, o mais simples possível. O resultado final é por isso quase sempre muito simples, mas resulta sempre de um problema bastante complexo.

Parece-me que uma boa explicação sobre esse tema é a instalação/exposição que fiz na Galeria Who, em Lisboa, em 2011, à qual chamei LESS. Aí os bancos que desenhei, os protagonistas da exposição, são muito simples, e resultam de uma fina folha de chapa metálica dobrada. O resultado que procuro é sempre uma solução muito simples e minimalista, e por isso a exposição se chamava LESS”.

Assim, o designer anuncia que o caminho de um certo racionalismo é possível, desde que dentro de um critério socialmente consciente. As formas dos seus objectos surgem, por isso, por meio de contornos bem definidos, e servem as funções para as quais foram previamente pensadas. A tendência actual é para não contrariar as respirações intrínsecas dos materiais, a pulsão originária das suas formas puras, a ambivalência dos seus objectivos, a razar o objecto artístico. Motivadas por uma ideia formalmente “ecológica” (nem sempre autêntica), barroca, que se distancia da resposta imediata e serial da indústria, bem como dos objectos do quotidiano. A obra de SOTTOMAYOR é, por isso, claramente design com letra grande, não é arte, muito menos uma ambivalência entre as duas artes.

Por outro lado, revemos, nas peças de SOTTOMAYOR, uma herança sólida proveniente directamente da história do design, bem como dos seus movimentos e linguagens.

Podemos, por isso, observar no trabalho de SOTTOMAYOR, uma prática que não descura essa sabedoria da história, respeitando a sua hierarquia, sendo que o evidencia no projecto das cadeiras de esplanada. As cadeiras Maria e Manel são mais um testemunho desse respeito pela tradição e pelo passado, sendo esse aspecto que o integra perfeitamente num nível de design contemporâneo, de assento historicista, e de tradição, oposto à acepção modernista que reprimia um olhar positivo, e enriquecedor, sobre o passado. As cadeiras Maria e Manel (2017), editadas pela Adico, são inspiradas num modelo clássico português, de cadeiras de esplanada, oriundas dos anos 30 e 50. Empilháveis, como a versão original, estas cadeiras redesenhadas por SOTTOMAYOR, são mais leves por serem produzidas em tubo redondo de alumínio, e posteriormente revestidas por uma pintura epoxy.

Na linguagem discreta das formas, presente habitualmente, nos objectos desenhados por SOTTOMAYOR, observa-se uma atenção cuidada sobre as cores. Podemos observar essa atenção, das cores quase puras (como o verde, o azul, o amarelo e o vermelho), sobretudo em certas peças, como as cadeiras Ergos Big (2015), estas últimas produzidas em molde por injecção, e em material leve, como o polipropileno.

O equipamento de SOTTOMAYOR tem sido integrado em zonas exteriores e interiores, de considerável importância, especialmente no caso das cadeiras de esplanada que servem áreas exteriores de pastelarias, de referência na cultura lisboeta (Maria e Manel), e as cadeiras Adágio, editadas pela Nautilus, que, "termoformadas", revestem o interior de uma das salas de concertos da Casa da Música, tendo sido, estas últimas, especialmente desenhadas com vista a responder a aspectos de ordem acústica.

☺ Maria e Manel ↘

☺ Ergos Big ↘ ↖ Cadeira Cast ☺

http://www.pedrosottomayor.com

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YOU MUST SEE

Na porta 20, na rua Cecílio Sousa, no Príncipe Real, em Lisboa, encontramos CONSTANÇA ENTRUDO a dar os últimos toques e retoques na coleção outono/inverno 2019-2020 que vai apresentar na próxima edição da Moda Lisboa. A designer têxtil regressa ao handmade e dá uma chance aos estampados. O ponto de partida? Um manifesto. “A minha coleção parte de um livro que encontrei na Gulbenkian de um senhor de Trás-os-Montes que escreve um pequeno manifesto sobre como o traje de Trás-os-Montes ou da Nazaré tem que ser reconhecido como tal. Sem querer desrespeitar o autor, na minha coleção procuro inverter essas regras, mostrando que elas já não existem.”

Desde a estreia da sua marca na Moda Lisboa que a sua vida tem mudado em todos os sentidos, tanto na esfera profissional como na esfera pessoal. “O impacto foi tão positivo que tive que deixar o meu emprego em Paris para me dedicar a 100% à minha marca em Portugal.”

CONSTANÇA ENTRUDO trabalha para pessoas reais. Ao desenvolver novas técnicas têxtil, a designer tem como objetivo desenhar coleções usáveis em todos os momentos, seja numa saída à noite com os amigos ou num passeio de fim-de-semana com a família. “Adoro a complexidade humana. Adoro ver como é que as pessoas se comportam com as minhas peças. O que são e não são com elas.”

C O N S TA N ÇA E N T RU D OMODA TEMPERAMENTAL

texto por Liliana Pedrofotos por Nuno Vieira

http://www.constancaentrudo.com

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01— A Primavera ganha um sabor a Verão com os POND no single de avanço do seu novo disco Tasmania, que chega às lojas a 1 de Março via Spinning Top/Marathon Artists/Caroline/Interscope. A banda revela que o single Daisy "inclui uma interpolação dos the PIGRIM BROTHERS ‘I Feel Like Going Back Home’. Trata-se de uma música acerca do verão."

02— O escocês C DUNCAN (aka CHRIS DUNCAN) tem um novo disco, Health, e partilhou o seu novo single Impossible. Health é o seu terceiro disco de originais e sai a 29 de Março pela Fatcat. Foi produzido por CRAIG POTTER dos ELBOW.

03— Os THE DRUMS vão lançar o seu quinto disco de originais Brutalism será lançado a 5 de Abril pela Anti. O vocalista da banda, JONNY PIERCE, comenta a propósito do single Body Chesmetry: "Um ano antes de escrever esta música, tinha lidado com o crescente sentimento de estar deprimido."

Também a 5 de Abril, chega às lojas e plataformas digitais o novo disco WEYES BLOOD, Titanic Rising, que, segundo a artista, se trata de um encontro entre os THE KINKS e WWII ou BOB SEGER e ENYA. Titanic Rising será o primeiro disco com a chancela da via Sub Pop.

04— Got To Keep On foi o terceiro tema a ser retirado do muito esperado nono álbum dos THE CHEMICAL BROTHERS, No Geography, que chega às lojas a 12 de Abril via Virgin/EMI.

O artista canadiano ROBERT ALFONS, mais conhecido por TR /ST, vai lançar o seu novo disco The Destroyer - Part One a 19 de Abril. Gone foi o primeiro single a ser retirado do seu novo registo de originais.

05— A pródiga artista Indie Folk SOAK tem um novo álbum a caminho Grim Town. Será lançado a 26 de Abril pela Rough Trade Records. De acordo com uma conferência de imprensa, o disco retrata: "Amor à distância, depressão, divórcio e ansiedade social, bem como as mudanças da sociedade moderna (sexualidade, política, emoções)".

06— O músico JAMISON ISAAK, que adota o nome de TEEN DAZE em palco, prepara-se para editar o seu sexto disco Bioluminescence a 26 de Abril. O álbum será editado pela sua própria editora Flora.

Os FOXYGEN estão de volta com um novo álbum chamado Seeing Other People. O disco será lançado a 26 de Abri via Jagjaguwar, e o seu single de avanço Livin’ a Lie já foi divulgado.

Any Random Kindness, que sairá a 10 de Maio, é o titulo do novo álbum dos HÆLOS. Kyoto foi o primeiro single a ser retirado do seu novo registo de originais. Para a composição deste disco, a banda recrutou um novo membro, DANIEL VILDÓSOLA, e um novo produtor, ORLANDO LEOPARD.

C D SPOSSÍVEIS SONS DE PRIMAVERA

texto por Carlos Alberto Oliveira

YOU MUST LISTEN

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YOU MUST LISTEN

Numa entrevista informal e descontraída a PARQ teve a oportunidade de conhecer melhor o trabalho da SREYA. Embora ainda no início do seu percurso musical, sabe para onde quer ir e a meio do caminho é receptiva e vive a música de forma positiva e honesta.

Preferes que te tratem por SREYA ou por RITA? “O meu nome é RITA, mas se quiserem podem tratar-me por SREYA. Até porque não há muitas por aí.” RITA é uma pessoas totalmente virada, voltada e encontrada entre o meio das artes. Música, cerâmica, escrita, ilustração e de certeza que haverá mais talentos escondidos. É amiga de CONAN OSÍRIS há muitos anos, há mais de metade da sua vida, para sermos mais precisos. Foi com o CONAN que há alguns anos teve uma banda e com quem partilhava o gosto pela música. Antes de fazer trinta anos e ainda antes do mundo inteiro e arredores conhecer o CONAN, RITA pediu ao amigo que produzisse o seu primeiro álbum. Juntos escreveram metade do álbum, foi produzido e lançado em 2017. Podem ouvir algumas das suas músicas no soundcloud ou comprá-lo através de sreya.bandcamp.com.

Nos espectáculos que tem feito, tem sido acompanhada por BERNARDO ALVARES, que também toca contrabaixo. Recentemente foi convidada para fazer parte de um espectáculo no Lux e prepara-se para gravar um segundo álbum. Será um projecto mais maduro, pretende ter a oportunidade de trabalhar com vários produtores. Fiel ao que acredita, aos poucos vai ganhando o seu espaço, conhecendo mais pessoas, tendo novas ideias e cada vez mais, está a chegar a um público cada vez mais ávido de pessoas como a RITA, decididas a fazer novas abordagens e com vontade de serem elas próprias, sem medo de serem diferentes na música portuguesa.

Toda a versatilidade num mundo que ainda gosta de rótulos, SREYA não consegue ser ou fazer só uma coisa, Sreya é impossível de catalogar. E isso é mais do que um bom motivo para a ouvir.

O CANTO DA SREYA!

texto por Patrícia César Vicente

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Uma iniciativa conjunta

Parceiro de MediaIndústria

Cofinanciado por

Parceiros

Tv oficial Rádio oficial Tv InternacionalPatrocínios Apoio Hotel oficial

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YOU MUST WATCHYOU MUST WATCH

Os irmãos COEN voltaram! Voltaram com a ajuda e patrocínio da Netflix nesta sua mais recente produção de nome A balada de Buster Scruggs estreada no mais recente Festival de Veneza, visto que em Cannes foram impedidos de se mostrarem.

Mas como é o oeste dos irmãos COEN? Excessivo, poeirento, melancólico, devastador e sobretudo desconcertante. São 6 histórias que revisitam o velho oeste com todos os seus cânones imagéticos e narrativos que nasceram com os mestres JOHN FORD e também SERGIO LEONE. Estas seis histórias variam muito, desde o tom pitoresco de alguns quadros até ao minimalismo sentimental de outros. Os seis episódios são independentes —a presença da morte é uma constante, pois, como avisa o cartaz da longa-metragem,

“as histórias vivem para sempre, as pessoas não”— e avançam em diferentes registros, da comédia musical ao conto moral sombrio, da paródia total à fábula gótica. Às vezes os majestosos planos abertos dos COEN reduzem os cowboys, que parecem pontos insignificantes nas vastas pradarias ou agigantam-se confinados a uma cabine puxada por cavalos. Existe, pois, o pequeno e grande numa escala de planos que cromaticamente nos levam a um velho oeste inspirado e delirante.

C O E N B ROT H E R SBALADAS A OESTE

texto por João Levezinho

Desde 1996 (ano em que lançou o filme Bottle Rocket ) WES ANDERSON tem vindo a impressionar-nos, com os seus trabalhos incríveis, mas só nos últimos tempos é que tem conseguido cativar um público cada vez mais abrangente, tornando-se um dos realizadores mais aclamados da atualidade. Os seus filmes já foram nomeados para vários Óscares sendo que a mais recente nomeação foi nos Óscares deste ano, com o filme Isle of Dogs, para melhor filme de animação.

Mas o que é que têm de tão especial os filmes de WES ANDERSON? A resposta para esta pergunta pode ser dada numa única palavra: estilo. Distinguir um filme do realizador é uma tarefa fácil devido ao seu estilo único e à sua forma original de retratar as personagens e a história. Num filme de ANDERSON tudo é pensado ao pormenor desde as cores, aos planos, ao guarda-roupa e à banda sonora e como todas essas partes se constituem num todo. Cada frame é pensado como uma obra de arte e tudo é meticulosamente preparado.

A centralização, a simetria e a cor são as três características visuais que todos associam a um filme do realizador. Tudo nos seus filmes, parece ter sido criado, apenas, para aquele filme e isso faz com que exista um mundo próprio daquele filme, sentimos que tudo pertence àquele mundo. Mas para além de toda esta estética tão particular, também, encontramos temas que se prolongam em todos os filmes de ANDERSON, nomeadamente a nostalgia, a juventude, a família e de certa forma a própria vida do realizador.

WES sabe, vê e sente o que quer que o público saiba, veja e sinta. Prestando bastante atenção aos detalhes consegue dirigir a atenção do espetador para onde ele quer e quando ele quer, dando ao público tudo o que quer que o filme transmita. Faz com que todas as imagens sejam importantes e não está interessado em criar suspense, mas sim em ser o mais direto e claro possível. O seu estilo é sem dúvida uma extensão dele próprio, faz tudo parte do seu imaginário, do seu psicológico. Ele próprio é aquelas cores, aqueles planos, aquele guarda-roupa, aquelas memórias nostálgicas.

Ao contrário da maioria dos realizadores, ANDERSON, em vez de expressar a sua personalidade através das suas personagens expressa-a através do look do filme.

Apesar destes filmes serem fantásticos, numa perspetiva cinematográfica, nem todos apreciam este género, muito visual, e pode até ser um pouco confuso. Mas uma coisa é certa, não é preciso gostar dos filmes deste realizador para apreciar o movimento da câmara, a composição dos planos, a direção dos atores e claro as cores.

Para quem ficou curioso sobre este realizador aconselho vivamente a começar por ver Bottle Rocket e de seguida Rushmore, assim percebe-se bem a diferença entre como o realizador começou (Bottle Rocket, 1996) e como aos poucos foi acentuando o seu estilo único (Rushmore, 1998). Ou pode-se partir logo para o filme mais “Wes Anderson” de ANDERSON, o The Grand Budapest Hotel (2014). Para os fãs de filmes de animação aconselho o Fantastic Mr. Fox (2009) e o Isle of Dogs (2018). Pessoalmente, gosto bastante do Moonrise Kingdom (2012), um filme em que a nostalgia e a juventude são os temas principais.

O UNIVERSO DE WES ANDERSON

texto por Margarida Santos

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YOU MUST WEAR / SEE

Vamos lá fazer despertar a veia de bartender que temos em nós, em casa, entre os amigos, mas à grande. Isso porque todos aqueles acessórios em cobre reluzente que estamos habituados a ver num bar Absolut Elyx, ou seja, o já famoso balde de gelo em forma de ananás, os diferentes copos de cocktail, misturadores, coadores e medidores, estão agora disponíveis na boutique on-line da marca. Com um posicionamento de Luxo, essa vodka premium, a primeira especificamente criada para ser degustada, oferece agora para o teu bar privado um complemento em sumptuosidade a partir dos seus acessórios marcantes.

FAGUO na língua chinesa significa França, uma relação indissociável à origem da marca que nasceu quando dois colegas franceses se encontram num curso em Pequim. NICOLAS e FREDERIQUE, no âmbito de um projeto universitário, desenvolveram uma marca de calçado, que poucos esperariam que em poucos anos já era uma das startup modelo francesas. A marca cresceu e dos sapatos passou a estar em todo o universo de moda, tal como ela é vivida pelos jovens franceses. Como gostam de referir, é uma marca emocional que acompanha as dinâmicas da sua própria juventude, agora a uma escala cada vez mais global, sem nunca perder de vista a essência da moda da rua. Partem dos básicos, peças-chave que todos os jovens têm que ter e trabalham os detalhes sempre

com o espírito de humor e a leveza que encontram na sua geração. No fundo trabalham a sério sem se levarem a sério como se pode ler no site da marca. Acompanhando as grandes preocupações da sua geração a marca preocupa-se com a pegada de carbono da sua empresa e implanta ações que minimizam o efeito estufa. Para além dos seus produtos serem pensados em termos da durabilidade, são transportados por via marítima em embalagens que não usam colas. Os embrulhos são em papel reciclado. Por outro lado, tem tido uma ação gigantesca na reflorestação das florestas de forma que a árvore se tornou o símbolo da marca, uma vez que cada produto vendido representa uma árvore plantada.

PIXA BIXA é dos projectos mais estimulantes que despontaram recentemente no panorama da arte urbana lisboeta. Não porque lancem murais do tamanho de prédios ou porque sigam pela previsibilidade fácil do aparato plástico, é pela temática: arte de rua queer. Não secundam a estética, mas é pela intervenção, pura e dura, arremetida via cartazes, stencil e autocolantes, que se fazem notar pelas fachadas. Comentam: “Já tínhamos notado uma ausência de intervenções artísticas voltadas para a temática queer, ou seja, uma arte de rua com um apelo mais orientado para as causas LGBTQI+. Que provocasse não só o olhar e o questionamento das pessoas, mas também que mostrasse o trabalho de artistas que trabalham e pensam sobre este tema”. Eis o estímulo, a arte do confronto porvir, um confronto necessário. Continuam: “Falta imenso trabalho a ser feito a fim de educar a sociedade para aceitar e compreender a cultura queer, mesmo o meio artístico que ainda mantém algum conservadorismo na forma como se expressa nas ruas”. PXBX quer continuar a experimentar as ruas pela intervenção directa, oportuna, dilatar-se a outros bairros e colaborar. Querem fazer do «discurso viado algo que incomode o fluxo dos cidadãos». Que ninguém se acomode, eis aqui um manifesto, anotem: “Queremos arte queer em toda a parte”.Sigam o Instagram dos PxBx: @pixabixa_lx

A B S O LU TELYXtexto por Maria São Miguel

M O DA F R A N C E S AFAGUOtexto por Maria São Miguel

QU E E R N AS RUAS : A R T E TA PA - N A - CA R APIXA BIXAtexto por Rafael Vieira

YOU MUST WEAR

Nem só de maquilhagem se vive e como estão a chegar os dias mais bonitos, as nossas unhas querem acompanhar as cores dos dias primaveris. A marca ANNY acaba de lançar uma nova coleção de vernizes, com cores incríveis e divertidas, inspiradas na essência da avenida mais trendy do mundo: Melrose Avenue. Desde os nomes dos vernizes à pigmentação, La La Life chega no momento certo para animar os nossos dias e nos fazer sonhar.

Quando pensamos em marcas, temos tendência a juntá-las por categoria. Umas correspondem a moda, outras a beleza, outras, quem sabe, a desporto. Neste caso, em particular, assistimos aqui a um casamento, entre desporto e beleza, ou mais precisamente, PUMA e MAYBELL INE. Pois é, as duas marcas uniram-se em força, para lançar uma linha de maquilhagem

única, dedicada às Gerações Z e Millenials, tendo como ponto de partida, um estilo de vida movimentado é multifacetado.

A mensagem é tão especial como esta novidade: manter uma rotina ativa, acompanhada de produtos, que nos motivem a aproveitarmos cada momento.

Se já tínhamos ficado fascinados com a qualidade dos primeiros produtos da linha FENTY BEAUTY de RIHANNA, preparem-se, porque agora chegam ainda mais surpresas. Em 2017, RIHANNA iniciou o Fenty Effect, com o lançamento de 40 tonalidades, pensadas para todos os tipos de pele. Dois anos depois, a aposta recai em mais 10 novos tons nas bases e juntando-se à família, mais pincéis, uma nova esponja e pós de acabamento. FENTY BEAUTY eleva o conceito de beleza ao máximo, privilegiando todos os tipos de pele e realçando os traços de todas as mulheres, sempre com aquele extra glow tão característico da marca.

Para todos os amantes de maquilhagem que se prezem, vêm aí excelentes novidades do mundo de KAT VON D. Já todos conhecíamos o batom Lolita lançado anteriormente, pelo seu equilíbrio de tons e o nude perfeito para todos os tipos de pele. Agora, para dar continuidade a este objeto de desejo mais do que icónico, chega às lojas Sephora, uma

coleção de maquilhagem em tom de celebração do tão queridinho rosado castanho. As embalagens também não passam despercebidas. As suas cores e elementos são o reflexo da inspiração na cultura latina, tão presente na vida de KAT VON D. É caso para dizer que Lolita é, sem dúvida, um must-have.

A N N YLA LA LIFEtexto por Sara Silva

PUMA x MAYBELLINEtexto por Sara Silva

BY R I H A N N A10 SHADES OF FENTYtexto por Sara Silva

K AT VO N DLOLITA PARA OS AMIGOStexto por Sara Silva

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YOU MUST BUY

01— Puma02— Givenchy03— Fila

04— Dior Homme05— Nike06— Linda Farrow

07— Merrell08— Moschino09— Pony

10— Carrera11— Fila12— Polaroid

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YOU MUST BUY

13— Linda Farrow14— New Balance15— Christian Dior

16— Nike17— Fendi18— Merrell

19— Havaianas20— Le Coq Sportif21— Dior Homme

22— Faguo23— Palladium24— Lacoste

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SOUNDSTATION SOUNDSTATION

Tem por título Bairro da Ponte, o novo disco em que STEREOSSAURO cruza CARLOS DO CARMO, CAMANÉ, GISELA JOÃO e ANA MOURA com NERVE, CHULLAGE, SLOW J e ACE e tanto mais...

O hip hop e o fado têm muito mais em comum do que se poderia pensar. E só alguém que amasse tanto as duas culturas poderia facilmente ver o que as une em vez de se focar no que as separa. Alguém como STEREOSSAURO.

STEREOSSAURO é um veterano que carrega nos ombros uma carreira que se estende pela melhor parte de duas déca-das: experimentação solitária primeiro, no quarto, com dis-cos e gira-discos, com colagens disparatadas, tudo alimen-tado a uma curiosidade infinita, daquela que ainda não se saciava com uma pesquisa no google; depois veio a alian-ça com o seu inseparável companheiro DJ RIDE, cabeça de pensamento similar, com quem criou os BEATBOMBERS e ao lado de quem conquistou dois títulos mundiais na exi-gente arte do scratch; e em cima de tudo isso contabiliza ainda várias mixtapes, produções avulsas, batidas criadas para muitos MCs, exercícios de derrube de barreiras entre o que entendia ser o “seu” hip hop e a música portugue-sa que sempre abraçou —os CLÃ e PEDRO ABRUNHOSA, os MÃO MORTA e SÉRGIO GODINHO, ZECA AFONSO... ou CARLOS PAREDES e AMÁLIA.

Quando remexeu em Verdes Anos, assumindo os pads da sua MPC como o mestre assumiu o aço das cordas da sua guitarra, STEREOSSAURO abriu —talvez seja melhor escrever “escancarou”— um universo de possibilidades: o maestro ANTÓNIO VITORINO DE ALMEIDA, numa cerimónia oficial, viu e ouviu STEREOSSAURO a reinterpretar Verdes Anos e aplau-diu o resultado. De repente, ganhámos todos uma música que era nossa, que era moderna e intemporal, que olhava para o passado e para o futuro e por isso definia o presen-te. Foi a música escolhida pela RTP para anunciar a chega-da a Portugal da grande festa da canção: os BEATBOMBERS puderam depois interpretar a sua versão de Verdes Anos na cerimónia de encerramento do Festival Eurovisão da Canção perante uma plateia verdadeiramente global.

STEREOSSAURO deu agora o passo seguinte: Bairro da Ponte. O trabalho com que sucede a Bombas em Bombos, o seu pri-meiro álbum em nome próprio, editado em 2014, é, simples-mente, o mais ambicioso da sua carreira e um disco que tem tudo para assumir uma justa condição de registo histórico.

É com a voz de AMÁLIA que o Bairro da Ponte se abre: “eu canto este meu sangue, este meu povo”, revela a diva. E está criado o clima para um disco que ao longo de 19 fai-xas reúne um número sem precedente de convidados num projecto destes. Por ordem de entrada em cena: CAMANÉ, NBC, SLOW J, PAP ILLON, PLUTÓNIO, ANA MOURA e DJ R IDE, DINO D’SANTIAGO, CARLOS DO CARMO, LEGENDARY TIGERMAN e RICARDO GORDO, GISELA JOÃO, CAPICUA, ACE, RUI REININHO, NERVE, RAZAT e PAULO DE CARVALHO, HOLLY e SR. PRETO.

Gente do Norte e do Sul. Gente do fado e do hip hop. Do rock. Gente de várias gerações, de diferentes posturas, com diferentes sotaques. Gente de todas as cores. Homens e mulheres. Cantores, músicos e produtores. Amigos: como RIDE e HOLLY, claro, e como RAZAT, companheiro na explo-ração dos fundos mais graves que tristemente desapare-ceu em vésperas da edição deste Bairro da Ponte. Ele era um natural habitante deste lugar cheio de futuro.

E há tanto mais aqui dentro: as vozes de AMÁL IA ou de ALFREDO MARCENE IRO, as guitarras de CARLOS PAREDES ou ANTÓNIO CHAÍNHO e até o assobio de VASCO SANTANA. Depois de tantos anos mergulhado em feiras de velharias em busca dos vinis de que também se faz a nossa memó-ria, STEREOSSAURO deu o passo seguinte e foi beber direc-tamente à fonte, aos arquivos, onde repousa a memória de uma cultura que está mais viva do que nunca. Pegar nessa memória e devolver estas vozes, estes dedos, estes sons e estes sopros ao presente é erguer algo de novo. E STEREOSSAURO, DJ e produtor, assume também no disco a condição de músico e até de letrista: criou ele as pala-vras que GISELA JOÃO ou ANA MOURA cantam neste disco. Um bairro novo, portanto. Erguido à sombra desta ponte que nos continua a permitir cruzar águas e tempos, vidas e culturas. É assim que se faz história. E esta é a história de STEREOSSAURO.

O FA D O D O H I P - H O Ptexto por Rui Miguel Abreu

S T E R E O S S A U R OS T E R E O S S A U R O S T E R E O S S A U R OS T E R E O S S A U R OS T E R E O S S A U R OS T E R E O S S A U R OS T E R E O S S A U R O

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Encaixados num rotulo possível de banda Minimal Wave, o duo BOY HARSHER consolida, no seu segundo disco de origi-nais Careful, o trilho iniciado com o seu álbum de estreia Yr Body is Nothing. A atmosfera densa e claustrofóbica continua a espelhar o seu mundo apocalítico, tecnológico, futurista graças às suas referências mais obscuras da New Wave.

Embebidos de uma estética sonora muito próxima do ci-neasta JOHN CARPENTER, a banda introduz-nos o mote da sua mais recente viagem com Keep Driving, abrindo-nos as portas para as aventuras do seu novo álbum. A intensida-de intimista da vocalização de JAE MATTHEWS, cria um es-petro crucial para este novo ciclo de canções.

A sua música evoca um turbilhão de emoções que vão des-de a raiva até à tristeza, passando por assédio sexual. No meio de tudo isto, há a constante urgência, ou apelo para a dança. Mas o mais curioso é que a banda consegue pegar neste caldeirão e misturar tudo de uma só vez.

Aliada aos poderosos beats e repetição dos sintetizado-res alfa numéricos, as vocalizações etéreas, chegando até a ser fantasmagóricas, dão uma dimensão gótica aos ele-mentos sonoros com forte inspiração Synth-pop, como é o caso de Face de Fire. Não é de estranhar, portanto, que se compare aos temas mais obscuros dos DEPECHE MODE ou dos NEW ORDER.

Bandas como FRONT 242 e os alemães AND ONE, são a mais provável influência para Fate, onde o Techo com contor-nos mais industrial se faz sentir. As orquestrações tam-bém estão lá e, aliadas aos efeitos sonoros criados pelos teclados, encorpam o tema, transportando-nos para mais um poderoso momento sensorial, que povoa o nosso ima-ginário cinematográfico mais obscuro.

O recurso aos sintetizadores Bounce, criam em L.A. aque-la sensação irresistível de que chegámos a uma festa Rave Gótica, onde ADAMSKI poderia estar a tocar com os INFORMATION SOCIETY. Se há consistência neste disco de-ve-se sobretudo à densidade da vocalização, criando a ilu-são de que a nossa mente poderá ficar simbioticamente ligada à música.

A intimidade orgânica foi substituída por uma intimidade glaciar tecnológica, mas mais entranhante com Come Closer, como se fosse inevitável fugir ao chamamento telepático da banda para uma comunhão de sentidos mais sincroni-zada entre a banda e o público.

Num ambiente mais eletropop obscuro, o tema That Look you gave (Jerry) revisita o experimentalismo de bandas como os italianos CHARLIE nos idos anos 80, onde ainda assim a melodia é possível. No mesmo alinhamento de frequência, Tears criando a possibilidade de podermos transportar fisi-camente, para um mundo virtual, as nossas emoções, onde o homem tecnológico é muito mais orgânico que a relação homem máquina, anunciado precisamente nos anos 80. Olá CRONENBERG, novamente!

Provavelmente o momento mais luminoso do disco aconte-ce com o tema Lost, onde os sintetizadores menos sotur-nos criam a sensação de leveza, podendo inclusive apontar para um dos momentos mais próximos da Pop.

Os temas quase instrumentais como Crush e Careful —o tema que encerra o álbum, poderiam figurar numa banda sonora de filmes como BLADE RUNNER ou THE THING, dada a sua extraordinária complexidade sonora. O nosso imagi-nário, mais uma vez, evoca atmosferas sónicas bucólicas, despidas de qualquer tipo de humanidade e, de certa, for-ma aterradoras.

Apesar de tudo, a obscuridade de Careful, embora claus-trofóbica, atrai-nos para uma rendição ao estranho mun-do de BOY HARSHER. Existe como que uma poderosa força atrativa para a inevitabilidade da agregação dos elementos, onde nós, por uma estranha identificação, cedemos para lhes pertencer. Não podemos fugir, nem ignorar o seu cha-mamento. Ao invés, aceitamos o convite da banda para a integração total, com bom grado e sem reservas.

B O Y H A R S H E RBOY HARSHER BOY HARSHERB OY H A R S H E RB OY H A R S H E R BOY HARSHER BOY HARSHERBOY HARSHER BOY HARSHERBOY HARSHER BOY HARSHER

BOY HARSHER BOY HARSHERO A D M I R ÁV E L E S T R A N H O M U N D O

texto por Carlos Alberto Oliveira

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Diamantino é uma trágico-comédia com um twist psicadélico com sabor a algodão doce, que deixa um travo a romance no final. Parece-vos complicado? Acreditem que não é. À primeira vista parece apenas mais uma paródia à carreira de CRIST IANO RONALDO, mas depois revela-se como uma narrativa complexa, em camadas, e sentimo-nos como Alice, caindo por tempo indeterminado dentro do bura-co por onde fugiu o Coelho Branco. Realizado por GABRIEL ABRANTES e DANIEL SCHMIDT, Diamantino venceu o Grande Prémio da Semana da Crítica no Festival de Cannes, per-correu mais de sessenta festivais internacionais e tem a sua estreia comercial em Portugal a 4 de Abril.

Como foi realizar Diamantino —a sua pri-meira longa-metragem?

Foi uma experiência incrível, principalmente com todas as respostas positivas que tem recebido do público, da impren-sa e dos festivais de cinema. Foi um final muito feliz. Mas o filme levou oito anos para acontecer, desde o primeiro roteiro até ao início da produção. Ao longo desse período de tempo houve muitos altos e baixos. Para mim, a melhor parte foi ter co-realizado com DANIEL SCHMIDT. Fizemos também duas curtas-metragens juntos, com orçamentos apertados. Mas este projeto foi muito mais ambicioso, foi um investimento enorme comparado com as curtas-me-tragens que fiz antes.

Como caracteriza, na generalidade, o seu estilo cinematográfico? O que procura sempre passar em imagem, independen-temente do guião?

Os meus filmes mudam bastante em estilo. Co-realizei agora com DANIEL SCHMIDT, mas também já o fiz com BENJAMIN CROTTY, KATIE WIDLOSKI, BEN RIVERS e ALEXANDRE MELO, e os estilos que criámos juntos são todos diferentes. Estudei numa escola de artes, e tenho uma paixão por história da arte —pintura mais especificamente— por isso os meus fil-mes muitas vezes contêm referências de fontes históri-cas da arte. Os filmes são quase todos realizados em fil-me S16mm, que proporciona uma sensação sensual que eu acho muito bonita, e as referências visuais atravessam vários gêneros, cinema pop de filmes de terror até clichês de James Bond, TV da paródia de South Park ao CSI "tec-nologia falsa", ou cinema de autor, especialmente comédia de autor, de Lubitsch a Pasolini.

Quais foram as inspirações visuais para realizar este filme?

As nuvens cor-de-rosa repletas de filhotes caninos de Diamantino foram inspiradas nas pinturas de WILL COTTON, e a forma como o filmámos em campo foi inspirada por PARENO e GORDON, Zidane. O estilo de penteado cross-dres-sing de Aisha foi inspirado no visual do ASAP ROCKY. E de-pois há várias inspirações da cultura pop: hologramas azuis de laboratório arrancados de Iron Man, irmãs malvadas ti-radas de Cinderela, um génio maligno preso a uma cadeira de rodas retirado do Dr. Strangelove, um falso anúncio de propaganda intitulado Portugal Exit —retirado de uma cam-panha pró Brexit.

No filme Diamantino toca em vários tópi-cos que marcam a actualidade, como a corrupção, o crescimento da investigação científica nem sempre para fins huma-nitários, a crise dos refugiados, o nasci-mento de novos nacionalismos... Em que medida a realidade política o interessa e de que forma podemos encontrá-la no cinema de hoje?

Diamantino é uma comédia romântica e paródia política. Fala sobre muitas das questões que aparecem constantemente

no ciclo noticioso e que muitas vezes me assustam —como o ressurgimento da extrema direita, a ascensão do Trumpismo, a xenofobia institucionalizada e o racismo. Mas, acho que o filme é uma comédia que deve ser divertida e libertadora. Acho que a parte mais política do filme é, na verdade, o seu fim, que não vou estragar para aqueles que não o viram ainda.

Em Diamantino temos visões surreais como campos de futebol cheios de cães felpu-dos. Porquê avançar nesse sentido?

Foi uma espécie de visão que se manifestou espontanea-mente. Parecia uma ideia tão engraçada e fofa sobre o que acontece na cabeça de um génio do futebol —um paraíso infantil do resto do mundo.

Diamantino aparece como um salvador na-cional, tal como em momentos históricos tivemos outros, no entanto, numa visão mais íntima como é dada neste filme ele está muito longe de corresponder às es-peranças que nele depositam. Portugal é um país de esperanças vãs? E o cinema em Portugal?

Acho que não. Em relação ao cinema que sai de Portugal acho que alguns dos filmes mais maravilhosos, sensíveis, inspiradores e gratuitos vieram de realizadores portugue-ses. Estes filmes têm recebido alguns dos principais pré-mios nos festivais mais prestigiados do mundo. O cinema português é uma coisa maravilhosa, e eu realmente espero que continue cada vez mais forte, especialmente em ter-mos do financiamento.

Tem-se uma vaga impressão caricatural no início do filme, mas depressa pare-cemos entrar num conto para crianças onde há uma figura cândida cercada por vilões. Em que medida este guião serve o seu cinema?

O filme foi inspirado em contos de fadas, que muitas vezes têm a trágica figura infantil no centro, cercada por bru-xas malvadas, madrastas, feiticeiros e ogres. Tanto DANIEL SCHMIDT como eu temos muitas vezes uma tendência a tentar colocar demasiado nos nossos filmes, para tentar falar sobre tudo, e então começámos a procurar uma ma-neira de simplificar a narrativa que queríamos ter, através de uma espinha dorsal muito clara onde conseguimos pen-durar toda a nossa diversidade de parafrenias estéticas e conteúdo disperso.

Pode comentar o final em que o amor vence como em qualquer bom romance, ou conto de fadas, mas numa relação não muito óbvia que passa por grandes transformações?

Novamente, não quero estragar o final, então não vou fa-lar muito. Mas se o filme tem algum tipo de mensagem, é uma espécie de anti-mensagem, queremos que seja uma ode à ambiguidade, à liberdade e ao amor.

Se tivesse de convencer os portugueses a verem este filme, o que diria?

Venham ver o Diamantino. Ganhou um dos grandes prémios de Cannes, já esgotou as salas todas do Cinema São Jorge, e nunca se riu tanto num filme português!

Se tivesse de descrever este filme em três palavras...

CR7, Cãezinhos Felpudos.

CINEMA CINEMA

DIAMANTINOby Gabriel Abrantesand Danie l SchmidtD I A M A N T I N O

b yGabr ie l Abrante sand Danie l Schmidt

D I A M A N T I N Oentrev is t a a Gabr ie l Abrantespor Joana Tei xe i ra

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FOTOGRAFIA FOTOGRAFIA

WANDSON, quem? WANDSON do Instragram.

WANDSON LISBOA —do Maranhão para o Porto, do Instagram para o Mundo. A rede social é a montra do seu portefólio artístico, mas é também o seu parque de diversões virtual. É fã de Toy Story, gosta de ídolos acessíveis e está a causar alvoroço na internet em Portugal. Acima de tudo, WANDSON quer que lhe paguem finos. Quem nunca?

Vem do Maranhão, no Brasil. Quando e como chegou até ao Porto, em Portugal?

Sempre quis ser o melhor nos estudos. Acho que desde pequeno sentia que precisava sempre ser bom naquilo que eu gostava. Queria criar, fazer coisas e sempre pensar a melhor forma de mostrar para as pessoas a realização de uma ideia minha. Vim para Portugal estudar. Estava em busca de um curso que abrisse mais a minha cabeça e que alargasse os meus horizontes.

O que é que Portugal tem para si?Tem amigos, uma vida calma e um metro ao lado da minha casa. É muito mais fácil ir de um lado para o outro e eu gosto de estar aqui. Percebo que a calmaria e a paz que tenho no Porto não vou encontrar em mais lugar nenhum.

Como o chamamos: artista, criativo, ilus-trador, designer...?

Prefiro ser chamado de WANDSON. Brincadeira. É engraça-do isso de as pessoas precisarem de dar rótulos para as coisas. Sinto-me um bocadinho de tudo isso e mais outras coisas. Mas gosto muito de criar.

Como é ter sido uma das primeiras pes-soas a ter Instagram em Portugal? Não se sentiu um pouco sozinho na rede até a moda pegar?

Nunca usei o Instagram com o sentido de moda pegar. Sempre o usei como diário visual das experiências que me foram aparecendo pela frente. Uma palavra engraçada. Uma coisa esquisita. Uma comida estranha. Está tudo lá. Não apaguei nada. Depois percebi que poderia usá-lo como um portefólio. E é o que faço até hoje.

Que tipo de trabalhos está a fazer no momento?

Criação de conteúdos para algumas marcas e ilustração também. Conciliar isso com “brincar de Instagram” está a ser uma tarefa difícil. Mas eu realmente gosto e é o que me dá prazer. Nunca pensei dizer isso, mas acho que o meu trabalho é brincar com aquilo que me faz feliz.

Artisticamente, tira inspiração de...O meu pai, o CADINHO. Foi ele quem me ensinou a ser quem sou e eu me espelho muito nele. Ele deu asas para tudo o que eu tenho hoje e abdicou de muita coisa para me fazer feliz. Ele é o meu herói. Por causa dele conheci muita coi-sa, muitos brinquedos, filmes, jogos e a TV.

Como define o seu estilo artístico? Reparei que a cor é uma aposta forte.

Eu gosto muito das cores primárias, me remetem sempre à infância. Lembro-me das aulas de educação artística na escola e da professora Patrícia (sim, sou bom com nomes) nos ensinar todo esse processo. Vermelho, azul e amare-lo estão sempre presentes comigo. E também são as co-res do Toy Story.

Como descreve o seu processo criativo? É muito intuitivo. Criado, depois é processado, e mais depois diluído —e só depois consumido. É um bocadinho de organi-zar as ideias em papel e em seguida aplicar tudo o que foi

pensado numa fotografia ou peça. Tenho sempre um ca-derno comigo onde desenho as fotos. E sempre descarto a primeira ideia. Ela pode até ser boa, mas toda a gente já deve ter feito. É assim que funciona comigo.

Qual é a sua opinião sobre as redes so-ciais no sentido de prós e contras?

Eu acho que se cada um usar da melhor forma é incrível. O contra é só que ninguém vê a cara das pessoas que que-rem fazer o mal. Eu por sorte não tenho essa experiência pois sou mais tranquilo. Mas há tanta coisa para melhorar e evoluir. No caso do Brasil, e da política brasileira, 2018 foi um ano de caos nas redes sociais.

Como encaixa a importância das redes sociais na produção de arte em geral?

A nível de impacto é importante para se passar uma mensa-gem. Eu nessas horas penso um bocado, largo o meu Zelda e tento passar uma mensagem. E nisso tudo as redes aju-dam as pessoas a terem acesso facilmente às nossas ideias e às nossas mensagens. O meu meio é a minha mensagem.

Se não existissem redes sociais, como acha que promoveria o seu trabalho?

Provavelmente estaria na parede do vosso quarto ou numa capa de um caderno daqueles de marcas boas onde a im-pressão é toda xpto e as folhas são cheirosas.

A sua presença no Instagram não passa apenas por promover o seu trabalho, tam-bém é muito ativo nas stories. No fundo, funciona como uma montra de trabalho e um hobbie?

As duas coisas andam bem juntas. Eu realmente me divirto com as brincadeiras e uso o Instagram como uma criança. E é exatamente isso. Esta montra visual das minhas com-petências como criativo.

E a pergunta clichê: projectos ou objecti-vos para 2019 que possa revelar?

Nem sei o que vou comer hoje. Mas imagina que vou can-tar no Super Bowl 2020? Ou que vou apresentar o prémio de melhor videoclipe do ano nos VMAs? Para o infinito e mais além!

@ WA N D S O N@ WA N D S O N@ WA N D S O N@ WA N D S O N@ WA N D S O N

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Um dia em conversa com uma amiga minha que tem uns “valentes” 31 anos como eu, contava-me que conheceu um grupo de raparigas entre os vinte e vinte e quatro anos, os seus principais temas de conversa eram as redes sociais, Instagram para ser mais exacta, assim como a revelação e respectiva descrição das operações plásticas que tinham feito. Mamoplastia de aumento, rinoplastias e lifting de glúteos. A minha amiga limitou-se a ouvir atentamente e sentiu-se desactualizada, sem perceber muito bem o que é que tinha acontecido ao que se chama a juventude dos vinte anos. Contou-me mais tarde, que não compreendia o porquê das “miúdas” com vinte anos, já se terem sub-metido a cirurgias plásticas e estéticas como se tivessem cinquenta anos. O que é que tinha acontecido, para aos 23 anos recorrerem ao botox, por umas supostas rugas que elas juram a pés juntos que se notam muito bem nas foto-grafias do Instagram, caso não usem filtros ou Photoshop. “Se pensam assim aos vinte, o que é que vão fazer quando che-garem aos quarenta?” Não sabe-mos a resposta, por enquanto. Há milhares de desfechos e possibilidades, tudo de-penderá dos avanços da medicina, do profis-sionalismo dos mé-dicos e acima de tudo do bom sen-so de cada um. Decidi falar com várias pessoas que conheço e algumas ami-gas com vin-te e poucos anos, quis perguntar se conheciam al-guma história, assim mais de perto, sobre colegas de fa-culdade ou ami-gos que tenham recorrido á medi-cina estética e plás-tica. Entre uma gar-galhada enorme, ouvi: “Patrícia, conheço tanta gente. Isso é super comum!” Num ápice, com um simples scroll pelo Instagram tive uma ideia da quantidade de pessoas que aos vinte anos já tinham dado um “jeito” aos lábios, aos glúteos, ás orelhas, ao contorno da mandíbula, etc. Algumas eram pessoas que já conhecia, outras que tive a oportunidade de conhecer e outras que são conhecidas por serem influencers, que ninguém des-confia que recorrem a clínicas de estética para fazerem “pequenos ajustes” á cara e ao corpo. Influencers que se mostram como defensores da beleza real e contra os pa-drões de beleza, sem que os seguidores saibam que não é com a graça de Deus, mas sim, com ajuda de um médico que conseguem ser tão bonitas(os) e perfeitas(os). E foi este o ponto de partida para termos chegado a este momento.

Falei com a Maria (nome fictício, a seu pedido). A Maria contou aos pais e aos amigos mais chegados que recor-reu á medicina estética aos vinte e dois anos. Mas não se quer justificar aos conhecidos e muito menos, ás pessoas com quem trabalha ou nas suas redes sociais. Para a Maria

as redes sociais tiveram um enorme impacto na tomada de decisão para fazer uma rinoplastia. Admite que desde muito cedo que tinha problemas de autoestima e que foi vítima de bullying, durante a adolescência quis pertencer e ser aceite num grupo, precisava de se sentir integrada na escola, na sociedade. Acredita que já na altura precisa-va de ter tido outro tipo de acompanhamento, mas tal não aconteceu. O que fez com que hoje em dia, em fase adul-ta, seja mais difícil ganhar autoconfiança. Geralmente os pais têm a ideia de que a adolescência é só uma fase e que quando forem adultos, tudo passa e tudo se esquece. Mas antes pelo contrário, cada vez mais, é na adolescência que estão a formar carácter, é nesta fase que a autoestima e confiança é moldada e terá enorme impacto na vida adulta.Maria não se recorda ao certo, quando é que as redes so-ciais passaram a ter um impacto na forma como ela se via

ao espelho, mas sempre tentou projectar uma imagem de si própria para o mundo digi-

tal: “Uma vez quando tinha quinze anos, coloquei umas fotografias

no Facebook e recebi uma men-sagem privada de uma rapa-

riga que eu não conhecia, a perguntar-me como

é que eu era capaz de postar fotogra-fias com um nariz horrível como o meu.” Passados estes anos to-dos, Maria ain-da se sente envergonhada quando con-ta esta his-tória. Sempre se sentiu des-confortável com a sua aparência e acreditava que podia ser bonita

com o nariz cer-to. Ter crescido

debaixo dos holo-fotes das redes so-

ciais, causou dema-siados estragos á sua

autoestima. A adolescên-cia já era difícil por si só,

com as redes sociais cresceu drasticamente a pressão de ser-

mos perfeitos, termos vidas perfeitas, relações perfeitas, em lugares perfeitos.

Trata-se de uma pressão com a qual os jovens tendem a querer viver e sobreviver, se possível.

De acordo com o médico britânico, T IJ ION ESHO, que tem várias clínicas estéticas no Reino Unido, muitos jovens so-frem de “dismorfia de Snapchat”, expressão inventada pelo próprio. De acordo com um estudo de 2015, pelo Office for National Statistics (ONS), 27% dos adolescentes que usam as redes sociais mais de três horas por dia, apresen-tam sintomas de risco para a saúde mental. Em Portugal a medicina estética e plástica tem vindo a aumentar e ser comum entre os jovens, no entanto, Portugal representa apenas 1% das operações estéticas a nível europeu. A nível mundial, de acordo com a ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgeons), o país que lidera o ranking de operações plásticas e estéticas são os Estados Unidos da América, em segundo lugar, o Brasil e em terceiro o Japão.

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Maria, afirma que já fez preenchimento labial. Quando ques-tionada porque o fez, Maria diz que tinha os lábios muito finos e em conversa com as suas amigas, algumas já o ti-nham feito e sugeriam que o fizesse. No entanto, Maria disse-me que o fez porque os lábios definidos e carnudos fazem parte do ideal de beleza feminina. Perguntei-lhe qual o seu ícone de beleza, até para entender qual o tipo de be-leza que na sua opinião, preenche todos os requisitos de beleza feminina. A resposta: BELLA HADID. Acredita que se não tivesse crescido na era das redes sociais, talvez não se tivesse tornado tão complexada, talvez não tivesse tan-ta necessidade de comparação, talvez não sentisse a ne-cessidade constante de aprovação dos outros através de um like. Talvez…, mas asseguro-vos de que a Maria é muito mais bonita ao vivo, mais bonita do que ela acredita ser, ou de qualquer projecção que possa fazer de si no Instagram através de um post.

De acordo com a última reunião anual da sociedade americana de cirur-gia plástica estética, que se realiza em Nova Iorque, as operações da linha man-dibular e pescoço têm aumentado e torna-ram-se uma tendên-cia. Assim como a utilização de ex-certos de gordu-ra para definir os contornos corporais, ou lifting dos glú-teos (brazilian butt lift). As operações mais procu-radas pelas mulheres são a mamoplastia de aumento, a lipoaspiração e o lifting dos glú-teos. Quanto aos procedimentos es-téticos não cirúrgi-cos mais procurados são as injecções de bo-tox (toxina botulínica) e o preenchimento labial. As operações que têm mais pro-cura pelos homens são a abdo-minoplastia, o aumento peniano e os implantes capilares.

Na sequência deste artigo, tive a oportunidade de falar com o director da clínica Nubio Clinic. A clinica nasceu a partir da ideia de haver um espaço acessível, natural, sem preconceitos e com os melhores profissionais da área. As principais cirurgias da clínica são: contorno da mandíbu-la, rinoplastia, lipoescultura, lipoaspiração de papada e o lifting de glúteos. Inicialmente pensavam que o seu tar-get seria entre os trinta e os cinquenta anos. No entan-to, as clientes são cada vez mais jovens e actualmente, as clientes que têm entre os 18 e 25 anos, muitas tornam-se clientes regulares e chegam a procurar a clínica uma vez por mês. “Estão sempre a tentar melhorar a imagem, prin-cipalmente por causa das redes sociais.” Defende que os médicos devem estar atentos e ter alguma sensibilidade, até porque algumas pessoas necessitam primeiramente de acompanhamento psicológico. São pessoas com baixa

autoestima, que depositam nas operações plásticas esté-ticas demasiadas expectativas, como se fossem resolver todos os seus problemas. “Muitos jovens fazem cirurgias estéticas para ficarem parecidos com as suas fotogra-fias com filtros. Acreditam que são muito mais bonitos e atraentes com os filtros, do que são ao vivo ou nas foto-grafias naturais.” Questionado sobre o ícone com que to-das as jovens querem ficar parecidas. “A principal referên-cia são as KARDASHIAN, sem dúvida, que é o que as jovens mais procuram.”

Na sua clínica quando se apercebem de qualquer tipo de exagero ou qualquer cirurgia que possa representar qual-quer tipo de perigo, recusam-se a fazê-lo. No entanto, afirma que o problema é que existem outras clínicas, que aceitam e operam em quase todas as circunstâncias, des-

de que haja dinheiro. Alguns médicos operam apenas a pensar no dinheiro, porque lhes

custa pouco a eles, mas custa mui-to dinheiro a quem quer fazer a

cirurgia.

Perguntei o que acontece nesses casos, para de-

fender os pacientes. “Na medicina como em tantas outras áreas existem cunhas e protec-ções. Onde há dinheiro envol-vido, não have-rão crimino-sos. Ou pelo menos, nun-ca os vamos conhecer.”

Para além dos médicos que não estão de-vidamente ha-

bilitados, os que que colocam o

dinheiro acima do bem-estar dos seus

pacientes, ainda exis-tem pessoas sem qual-

quer formação na área que usam as fragilidades dos

outros, para obter vantagem e fazer lucro. Mesmo que isso

coloque em risco a vida de pessoas. Cerca de cinco vezes por mês, a Nubio

Clinic, recebe clientes entre os dezoito e os vin-te cinco anos que através de um centro de estética e por pessoas não credenciadas, tentaram fazer preenchimento labial. Geralmente vão através das recomendações de uma amiga, que é amiga de uma amiga, que conhece alguém que faz preenchimento labial com um ácido supostamente mi-lagroso e inovador. Acabam por pagar entre 150€ a 180€ por injecção e mais tarde acabam por recorrer a clínicas credenciadas. O que alicia estas jovens é a ideia de terem a cara ou o corpo de sonho, por um valor muito baixo e que possam pagar. Mesmo que isso implique ou represen-te riscos para a sua saúde. Algumas pessoas acabam por nem sequer apresentar queixa e deixar passar.

Inevitavelmente fiz a pergunta: quem se opera regularmen-te aos vinte anos, aos 40 terá necessidades especiais para rejuvenescer a pele? “Se o processo for gradual e muito

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bem feito, não. O objectivo é que as pessoas envelheçam com calma, as pessoas podem envelhecer com beleza e sentirem-se bonitas, o objectivo da medicina estética é manter a beleza mais tempo, não é transformar a cara das pessoas de forma repentina e irreconhecível. A nossa cara tem personalidade, não nos podemos tornar em robots, as cirurgias devem ser feitas com personalidade.”

Decidi perguntar sobre o botox, do perigo de haverem abusos deste procedimento não cirúrgico. “O botox (toxi-na botulínica) é muito natural. É um paralisador muscular, quando injectado nos sítios certos. O botox tem adição e a partir de certa altura, o botox deixa de fazer efeito e são necessárias cada vez mais injecções. Pelo que fazemos o acompanhamento e aconselhamos a reduzir de vez em quando. Para que lentamente aceitem a sua velhice com calma e através do botox consigam resultados muito bons a longo prazo.” As complica-ções de procedimentos mal feitos, podem ser complicações respi-ratórias, infecções, ou a subs-tância mover-se de forma imprevisível do sítio onde foi injectada e bloquear os vasos sanguíneos.

Uma coisa é cer-ta, devido ás re-des sociais e ás contas de Instagram de celebridades que são vistas por milhares de jovens se-guidores, as operações estéticas não param de au-mentar. No en-tanto, maioria dos seguidores não tem capaci-dade de pagar ci-rurgias plásticas e acabam por encon-trar supostos médi-cos que estão dispostos a fazê-lo por um preço “inferior”.

Quando questionado sobre o que distingue um médico credível, de um que está mais interessado no dinheiro, do que na paciente: “Um médico credível, não é aquele que vai dizer sim a tudo o que as pessoas querem ouvir. A cirurgia tem de ser uma coisa pensada. Sinto que há muita falta de informação. A cirurgia definitiva deve ser o último recurso.” No entanto, de acordo com os casos a que tem acesso, “as pessoas que estão demasiado presen-tes nas redes sociais, a primeira coisa que pensam é em mudar. Querem fazer alterações na cara e/ou no corpo. A aceitação passou para ultimo plano.”

Sendo estes jovens, tão jovens, que certamente na sua maioria ainda vivem com os pais ou estão na faculdade, como conseguem ter dinheiro para cirurgias estéticas. “Há pessoas que não comem para porem maminhas, há rapa-rigas que não comem para pagar uma lipoescultura. Tem tudo a ver com estas novas prioridades. Esta urgência em ficarmos bem e mostrarmo-nos ainda melhores.”

As redes sociais trouxeram-nos um mundo que antes não conhecíamos, aproximou-nos de um mundo e de pessoas que estavam tão distantes, aumentou a necessidade de comparação, o sentir que não somos suficientemente bons, fez com que projectássemos através das nossas redes so-ciais a parte que consideramos ser boa e interessante de nós. Em alguns casos acaba por ser uma projecção total de quem não somos, mas que gostávamos de ser. Procura-se a validação, a aceitação, a admiração e a necessidade de reconhecimento. As pessoas acreditam que são boas ou más, devido ao número de seguidores e de likes, procuram nas cirurgias estéticas e tratamentos a resposta para a autoestima que deixou de existir. Numa altura em que está na moda mostrar fotografias a assumir supostas imperfei-ções é quando o número de cirurgias plásticas estéticas não pára de aumentar.

Não devemos ser contra o Instagram, não devemos ser contra as cirurgias es-

téticas e muito menos ser pre-conceituosos, devemos pon-

derar qual o tipo de pessoa que queremos ser, o que

ambicionamos alcan-çar e se a opinião de

quem não conhece-mos deve ter mais importância do que a nossa.

Quanto ás ci-rurgias es-téticas na adolescên-cia e juven-tude, resta--me apenas continuar a ter acesso a informação, tentar com-preender, para

poder explicar da melhor forma

através da escrita. Acredito que ainda

há pouca informação, ainda é um tabu para

muitas pessoas, o que faz com que existam pessoas

mal informadas, o que involun-tariamente as leva, por vezes, a

fazer más escolhas.

Acredito que há pessoas que precisam mais de injecções de autoestima, do que de botox. Acredito que há pessoas que precisam mais de afecto, do que de likes. Acredito que há pessoas que precisam mais de ter verda-deiros amigos, do que de seguidores ou haters.

t ex to por Pat r íc ia Césa r Vicente

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Esta geração de mulheres rejeita o machismo, sai para a rua e usa as plataformas arte e internet como poderosos veículos de comunicação.

“Por favor não chore, enxugue os olhos, nunca desistaPerdoe, mas não esqueça,Mantenha a sua cabeça erguidaE quando ele diz que você está louca, não acredite neleE se ele não consegue aprender a amar, você deve deixá-loPorque você não precisa dele.(…)E desde que todos nós viemos de uma mulherRecebemos o nosso nome de uma mulher e a nossa educação de uma mulherEu me pergunto por que tiramos das nossas mulheresPorque violamos as nossas mulheres, odiamos as nossas mulheres?

É hora de curar as nossas mulheres, de sermos verdadeiros para com as nossas mulheresSenão vamos ter bebés que vão odiar as senhoras que os fazemE desde que um homem não pode fazer umEle não tem o direito de dizer a uma mulher quando e onde criar umOs homens de verdade vão se levantar?Eu sei que vocês estão fartas, mas mantenham a cabeça erguida”.

Tupac Shakur in Keep Ya Hea

O feminismo é muitas vezes mal-entendido. Enquanto mui-tos não perdem tempo a tentar perceber o que o feminis-mo realmente significa, outros associam o termo a um es-tereótipo qualquer —mulheres que detestam homens, que são contra-cultura, que não se depilam, entre outros ab-surdos. Não que haja algo de errado com estas posições, mas simplesmente não é o caso. O feminismo diz respeito á igualdade e á justiça entre os sexos. Tão simples quan-to isso. Não, igualdade ainda não existe. Não, a situação não está melhor do que antes. E —chocante— este não é só um assunto de mulheres, mas de todos.

Em Portugal, temos que falar do impacto do machismo. Muitas vezes descartado como trivial, é, na verdade, um preconceito que está por detrás de todas as formas de violência contra as mulheres —desde os olhares explora-dores, a avanços indesejados, até ao assédio sexual, viola-ções e assassinatos.

Os crimes de violência doméstica têm marcado o início de 2019. São doze as vítimas mortais (muitas delas mães) em menos de dois meses. O estado de emergência é ainda mais gritante se contarmos com vários outros casos que resul-taram em feridos graves —ou com os que não foram denun-ciados. ANDREA PENICHE, parte do colectivo feminista Rede 8 de Março, que organiza a Greve Internacional Feminista 2019, no dia 8 de Março, na Praça do Comércio, ás 17h30, afirmou á PARQ que "a violência, o assédio e a justiça ma-chista praticada nos tribunais portugueses são também razões que nos fazem sair á rua, porque de silenciamento estamos fartas e já percebemos há muito tempo que se queremos um futuro diferente, a nós cabe a tarefa de o construir, derrotando a cultura e as instituições que nos impõem quotidianos insuportavelmente desiguais". Os gritos de revolta chegaram ao governo que se ocupam agora de alterar leis e formas de atuação na resposta a este flagelo.

ESTAMOS JUNTAS E SOMOS MUITAS

Um dia após a inauguração do presidente actual dos E.U.A., milhões em todo o mundo aderiram á Marcha Feminina de 2017. Um dos principais objetivos foi garantir os direitos das mulheres, que muitos entenderam estar sob ameaça. Outro momento decisivo veio quando alegações de assé-dio sexual foram feitas contra o produtor de filmes HARVEY WEINSTE IN por mais de 80 mulheres —alegações que ele nega. No online, o activismo feminista também ganhou

força. O movimento iniciado pela activista TARANA BURKE em 2006, o #MeToo, tornou-se viral no twitter. Meio mi-lhão de pessoas juntou-se á acção nas primeiras 24 horas e a hashtag foi usada em mais de 80 países. Movimentos como o #everydaysexism e fóruns de discussão como a pa-lestra TED da escritora CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE, ho-mónima do seu livro-manifesto "Todos Nós Devemos Ser Feministas", também tocaram milhões.

Todos esses movimentos seguem algumas preocupações que estavam no cerne de trabalho de várias artistas. No caso português, a artista plástica e performer R ITA GT enquadrava esta questão no projecto activista We Shall Overcome. Refere —"...em todos os lugares há uma sensa-ção de descontentamento, de injustiça, de dissuasão da democracia por tiranias subversivas que minam e domi-nam os meandros da sociedade, política e economia. (Por outro lado) há uma reativação dos impulsos sociais" que, nas palavras da artista, "contaminam a evolução, a paz e sobretudo o amor". São exatamente essas as emoções ex-pressas no trabalho de WURA-NATASHA OGUNJI, uma artista visual e intérprete cujo trabalho é profundamente inspirado pelas interações diárias que ocorrem na cidade de Lagos, Nigéria. As performances de OGUNJI exploram a presença das mulheres no espaço público e incluem frequentemen-te a investigações de vários ambientes. Os seus desenhos são compostos por figuras costuradas á mão em papel e geralmente incluem pigmentos brilhantes e tintas irides-centes. "Muitas das minhas performances destacam a re-lação entre o corpo e o poder social e a presença. Estou interessada em como as mulheres, em particular, ocupam o espaço através das acções", esclarece.

CAROL DALL FARRA, ROOL CERQUEIRA e VIC SALES são ver-dadeiras revolucionárias e representam inúmeras mulheres que se recusaram a ser silenciadas novamente. Essas ar-tistas femininas são parte dos Slams das Minas —encontros de poesia spoken word encabeçados por mulheres e que ocorrem desde 2015 em vários locais do Brasil. Através dos vídeos disponíveis online é possível sentir a força destes espaços de resistência, aceitação e visibilidade. As poe-tas garantem representação, reivindicam a auto-estima das mulheres e dão poder ás suas vozes, atuando como estratégias de combate á opressão. Os eventos da pala-vra falada catapultam a sabedoria das mulheres da peri-feria da sociedade.

Num encontro dirigido a grupos considerados "minorias" do sexo masculino, parte da sua Fundação, BARACK OBAMA descreveu o que significa ser um homem —"é, em primeiro lugar, ser um bom ser humano— isso significa ser respon-sável, confiável, trabalhador, gentil, respeitoso, compassivo. A noção errada de que a masculinidade depende de derru-bar alguém em vez de levantá-lo, de dominar, ao invés de apoiar...Essa é uma visão antiga que felizmente, vejo mui-tos jovens a rejeitar. O que queremos fazer é criar um es-paço em que os jovens não precisem de agir de uma certa forma para se sentirem respeitados e admirados na co-munidade". E continuou, "é importante destacar exemplos de homens de sucesso que não adotam essa abordagem. Se você é confiante da sua força, não precisa oprimir ou-tra pessoa. Mostre a sua força ao levantar alguém e tratar bem alguém, ao ser respeitador e liderar dessa maneira".

"Eu gostaria de pedir que começássemos a sonhar e a pla-near um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e de mulheres mais felizes e mais verdadeiros para consigo mesmos. E é assim que deve-mos começar: devemos educar as nossas filhas de forma diferente. Nós também devemos educar os nossos filhos de forma diferente…” - CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE em We Should All be Feminists.

ESTAMOS JUNTAS E SOMOS MUITASESTAMOS JUNTAS E SOMOS MUITASESTA MOS J U N TAS

E SOMOS M U ITASESTA MOS J U N TAS

E SOMOS M U ITASESTAMOS JUNTAS E SOMOS MUITAS

FEMINISMO FEMINISMO

t ex to por D iana da Nóbrega

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APAV | Associação Portuguesa de Apoio à Vítima: 21 358 7900

UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta: 218 873 005

Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género: 800 202 148

FEMINISMO FEMINISMO

01, 02, 03, 04— Rede 8 de Março, teasers da manifestação para divulgação online

05— RITA GT, We Shall Over Come, 2016. Cartaz para a exposição no MNAC, Lisboa.

06— WURA-NATASHA OGUNJI , But I am breathing under water, 2017, desenho e bordado sobre pape

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fotos por SARA DE JESUS BENTOstyling por MARIA NOBRE e RAQUEL GUERREIRO

make-up & hair por MARIANA ANJOSmodelos EMMA (Elite) e MICHAEL (Blast)

special thanks to NOBRECHIADO

EMMA:camisola de malha FRED PERRY,brincos SWAROVSKI,pregadeira da stylist

MICHAEL:perfecto de cabedal ANTHONY MORATO, jeans LEVIS, botas em pele DR. MARTENS

EMMA:vestido em tule ELISABETTA FRANCHI, bikini GUESS, jeans LEVIS, meias HYSTERIA by HAPPY SOCKS, sandálias em pele JUST CAVALI, pulseiras SWAROVSKI

D I S . C O N N E C T E D46 47

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MICHAEL:jeans e cinto em pele LEVIS,botas em pele DR. MARTENS

EMMA:vestido MORECCO, camisa LEVIS, cinto ELISABETTA FRANCHI, colar SWAROVSKI

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MICHAEL:jeans LEVIS,botas em pele DR. MARTENS

EMMA:vestido borado a missangas MARTU,saia de pregas FRED PERRY, colar SWAROVSKI

EMMA:vestido borado a missangas MARTU, saia de pregas FRED PERRY, calções CARLOS GIL, meias WESTMISTER, sandálias em pele NUNO BALTAZAR, colar e pulseira SWAROVSKI

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fotos por ANA VIEIRA DE CASTROstyling por MARIA PAISANA

modelos CAROLINA MONTEIRO e INÊS BENTES (Karacter Agency)

CAROLINA:blusa TOMMY HILFIGERcalças VOLCOMsneakers PALLADIUM

S H O O T I N G

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INÊS:vestido COSsneakers MERRELL

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INÊS:blusa COScalças TOMMY HILFIGER

CAROLINA:camisola TOMMY HILFIGERcalças FILA

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fotos por FREDERICO SANTOSstyling por PEDRO APARÍCIO

ass.styling por CARLOTA BOTELHOhair por ANA PAULA SILVA

make-up por FREDERICO SIMÃOmodelos ISABELLA GUZMAN, EDY OLIVEIRA e JOÃO PEDRO HENRIQUES (Central Models)

S H E

ISABELLA:vestido NUNO BALTAZAR, calções BARBOUR, óculos GUCCI em Olhar de Prata,brincos INÊS NUNES

ISABELLA:bikini GUESS, calções FOREVER 21 x KENDAL&KYLIE, carteira GUESS, sapatos PRIMARK

JOÃO:vestido CARLOS GIL, botas ZARA, óculos Olhar de Prata,brincos INÊS NUNES

EDY:top CARLOS GIL, casaco BARBOUR, calções e botas ZARA

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ISABELLA:vestido NUNO BALTAZAR, óculos GUCCI em Olhar de Prata,brincos INÊS NUNES

ISABELLA:top PRIMARK, calças e carteira GUESS, sapatilhas FILA

EDY:sobretudo NUNO BALTAZAR, saia GUESS, sapatilhas FILA,óculos GUCCI em Olhar de Prata, brincos INÊS NUNES

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JOÃO:casaco NYCOLE, macacão PRIMARK, botas ZARAóculos GUCCI em Olhar de Prata

ISABELLA:vestido GUESS,sapatos LUÍS ONOFRE

JOÃO:blazer NUNO BALTAZAR, top PRIMARK, calças DUARTE,botas ZARA, brincos INÊS NUNES

EDY:leggings NUNO BALTAZAR, botas ZARA

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Carne maturada existirá em muitos restaurantes que primam pela qualidade do produto e sofisticação técnica na cozinha, mas certamente ninguém em Lisboa faz disso uma bandeira como a Sala de Corte do Chef LUÍS GASPAR. E o que é a maturação? É um processo enzimático natural de amaciamento da carne em condições de temperatura controlada (acima do ponto de congelamento), que inicia após o estado extremo de contração muscular do animal após o abate. O objetivo da maturação é melhorar o sabor, a suculência, o odor e, sobretudo, a maciez da carne. Por isso não é de estranhar que o novo espaço da Sala de Corte tenha reservado parte da sua entrada para colocar as arcas de refrigeração onde os diferentes lotes de carne estão em exposição, sendo o cliente naturalmente convidado a escolher a peça de corte que bem entender. Podemos dizer que são todas únicas, todas etiquetadas, com os tempos de maturação à vista. Em geral, o auxílio da equipa é necessária, se não estiver familiarizado com a seleção. Cada peça de corte tem cerca de quinze dias a um mês de maturação e o valor de algumas depende do seu peso. É de referir que na Sala de Corte a carne é maturada no sistema “Dry Age”, que é uma maturação que se processa a seco, dispendiosa e que poucos sítios se podem dar a esse luxo.

Tal como dantes, a Sala de Corte é para os amantes da carne de vaca que procuram excelência. Para quem já conhecia o antigo espaço na rua da Ribeira Nova, agora, a poucos metros, ganha uma sala com o aparato suficiente para se tornar num espaço mítico da restauração lisboeta. A decoração é para o sóbrio, apenas com apontamentos de alguns brilhos dado pelos cobres da iluminação que se repete por todo o espaço já por si, marcado pela imponência das suas arcadas. De resto, tudo desliza sobre rodas, não fosse uma equipa já muito experiente que faz com que tudo se desenrole na perfeição e sem pretensiosismos. A experiência culmina numa oferta única aos clientes que podem assim desfrutar a dois ou com os amigos. É tudo muito simples, a carta oferece diversos tipos de cortes que o cliente pode selecionar e depois conjugar com um conjunto de acompanhamentos e molhos a escolher. No meu caso optei por um Chuletón Galego para dois que teve como acompanhamento, tomate, cereja assado, puré de batata com azeite trufa (divinal) e esparregado de espinafres com queijo de São Jorge. É de salientar ainda, os croquetes de carne para entrada, que chegaram à mesa crocantes e estaladiços e que só por si merecem uma ida ao balcão para quem esteja apenas de passagem.

C H E F LU Í S G AS PA RSALA DE CORTE

texto por Francisco Vaz Fernandes

PARQ HERE

SALA DE CORTEPraça D. Luís I, 7Lisboa (Cais do Sodré)

T— 213 460 030

Seg. → Qui.12:00 → 15:00 19:00 → 01:00

Sáb.19:00 → 01:00

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Page 34: powered by · cultural —da cidade e do mundo, um hub artístico de dimensões ciclópicas: 35.000 m 2 dedicados à contemplação e criação artística. Este concurso foi ganho

Com o avanço turístico por todo o cen-tro de Lisboa, a identificação de centro da cidade foi sendo compulsivamente redesenhado, consequentemente. Se nos anos 90, o turismo pouco passa-va do Rossio e da rua Garrett, nos últi-mos anos, acabou por abraçar as zonas históricas ribeirinhas. Agora alastra-se pela mancha urbana interior e, como em todas grandes cidades, estabelece vários centros. Depois do novo folgo do Intendente, o Mercado de Arroios, que ao contrário de outros, não se trans-formou numa espécie de praça alimen-tar de centro comercial, acolhe novos projetos, trazendo nova vida ao bair-ro. O MEZZE, o restaurante Sírio, foi a âncora necessária, para trazer novos públicos que saúdam o recente res-taurante Fome e a padaria, Terrapão.

Apesar do dramatismo do nome, a equipa que comanda o restaurante é jovem e tudo flui com uma singu-lar simpatia. Conta com a experiência de ADRIANO JORDÃO, o principal im-pulsionador do projeto, contrastando com o do lado, de ANDRÉ MAGALHÃES, Taberna das Flores. Até podíamos en-contrar aqui algumas parecenças com muitos projetos que fizeram renascer o espírito das tabernas portuguesas,

mas no Fome, acrescenta--se mais técnica. Ou seja é uma cozinha de autor que conta com a direção do jo-vem chef, FÁBIO ABREU, que estagiou no Belo Canto de MARTIN AVILEZ e no Geranium de Copenhaga, três estrelas Michelin, apontado com 17º nesse ranking de excelên-cia. Além dessas experiên-cias, FÁBIO ABREU percorreu vários países asiáticos para aprofundar os seus conhe-cimentos sobre a fermen-

tação. Para quem gosta de pensar a partir da qualidade do produto e po-tenciar a sua excelência os processos de fermentação podem fazer a dife-rença, diz. Por exemplo, uma corvina passada por esse processo, 4 dias de-pois ganha em sabor e na boca parece manteiga. A praça é vista como uma grande dispensa, que, para além dos produtos frescos do dia, traz muitas surpresas da época, o que lhe permite uma cozinha sazonal com uma carta palpitante sempre renovada. Quando os clientes voltam para repetir deter-minado prato, há sempre algo diferente para superar as expectativas. O carác-ter criativo e experimental define este restaurante que oferece uma cozinha a valores abaixo da média. Codorniz de-sossada que se diz explosiva, terrina de língua e rabo de boi, creme brulé de abóbora são apenas alguns dos pratos

que provámos e que, certamente nos mataram a fome e, matarão a fome de qualquer um. Nós iremos voltar.

Uma padaria artesanal, é outra das grandes novidades do Mercado de Arroios. De terça a domingo, lá po-demos encontrar vários formatos de pães, à base de diversas misturas de tipos de trigo e centeio, preferencial-mente nacionais, alguns misturados com espelta. Todos eles passaram por um processo de fermentação lenta e natural que os torna diferentes com um leve trago ácido a saber ao pão do tempo das avós. Aqui a massa des-cansa cerca de 20 horas, tal como se fazia no Alentejo, tal como fazia a avó do JOÃO CELESTINO, um dos três só-cios da padaria. O projeto tem uma história que começa em 2014 quando a MARTA FIGUEIREDO e a RITA BORGES, que estavam a frente do restaurante da Estrela da Bica descontentes com o pão que havia no mercado decidiram implementar um fabrico próprio, recru-tando o JOÃO. Havia uma procura para pão com mais qualidade e perceberam que outros restaurantes e mercearias também queriam ter o pão delas para os seus clientes. Mas daí a terem uma padaria vai uma grande distância e só quando o JOÃO regressou dos EUA, jun-tos começaram à procura de um es-paço. Pareceu-lhes óbvio estarem no Mercado da Ribeira, mas impossibilita-dos, acabaram por concorrer às lojas do Mercado de Arroios, inserido num bairro que dizem rejuvenescido. O pão é definitivamente a âncora do proje-to, mas na esplanada uma longa mesa corrida tornou-se o pretexto para ofe-recerem refeições ligeiras, todos com produtos exclusivos, que vêm direta-mente dos produtores, como por exem-plo a sua já famosa manteiga de ove-lha. Trazem para Arroios a experiência que acumularam na Estrela da Bica, em torno de uma ideia cozinha autêntica.

MERCADO DE ARROIOS

texto por Francisco Vaz Fernandesfotos por Valeria Galizzi Santacroce

PARQ HERE

FOMEMercado de ArroiosRua Ângela Pinto, 4Lisboa

T— 212 470 650

TERRAPÃOMercado de ArroiosRua Ângela Pinto, 40D loja 8Lisboa

T— 910 484 446

Fábio Abreu com Eurico e Adriano Jordão do Fome

João Celestino e Marta Figueiredo do Terrapão

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