prevenÇÃo e controle de infecÇÃo relacionada a
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PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO RELACIONADA A CATETER VENOSO
CENTRAL UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA*
La prevención y el control de las infecciones relacionadas con catéter venoso central una
revisión integradora de la literatura
Prevention and control of infections related to central venous catheter an integrative review
of the literature
Patrícia Britto Ribeiro de Jesus1
Enilda Moreira Carvalho Alves2
Geilsa Soraia Cavalcanti Valente3
RESUMO
Objetivos do estudo: identificar a percepção das enfermeiras em relação com a cultura de
segurança na atenção da saúde do usuário. Obter informação complementar das
enfermeiras; determinar as fortalezas e as oportunidades de uma melhora contínua, assim
como as debilidades relacionadas à cultura de segurança percebida pelo pessoal da
enfermagem. Metodologia: desenho quantitativo, descritivo e transversal numa população
de 90 enfermeiras. A medição da cultura de segurança foi a partir da análise duma encosta
da Agency for Healthcare Research adn Quality-AHQR. A estatística utilizada foi
descritiva. Resultados: as fortalezas encontradas foram: frequência de eventos notados;
aprendizagem organizacional orientada à melhora contínua e o trabalho em equipe no
serviço. As oportunidades de melhora: percepção de segurança; expectativas e ações da
direção do hospital na segurança do paciente; trabalho em equipe entre as unidades;
problemas nas mudanças de turno e transições nos serviços.
*Artigo elaborado a partir da monografia de especialização “Prevenção e controle de infecção relacionada a cateter
venoso central uma revisão integrativa da literatura” apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, do
Centro Biomédico na Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, da Universidade Federal Fluminense/UFF. Niterói
- RJ, Brasil. 2012 1 Enfermeira. Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica e em Controle de Infecção em Assistência à Saúde. E-mail:
[email protected] 2 Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela EEAP/UNI-RIO, professora do Departamento de Fundamentos de
Enfermagem e Administração da EEAAC/UFF, Niterói (RJ), Brasil. E-mail: [email protected] 3 Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela EEAN/UFRJ; Professora do Departamento de Fundamentos de Enfermagem
e Administração da Escola de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense, Niterói (RJ), Brasil. E-mail:
Fecha de recepción :02/04/2013
Fecha de aceptación:08/06/2013
Palavras chave: Cultura;
segurança do usuário.
RESUMEN
Objetivos de estudio: Identificar la
percepción de las enfermeras hacia la
cultura de seguridad en la atención de la
salud al usuario. Obtener información
complementaria de las enfermeras,
determinar las fortalezas, oportunidades
de mejora continua y debilidades
relacionadas a la cultura de la seguridad
percibidas por el personal de enfermería.
Metodología: Diseño cuantitativo,
descriptivo y transversal, la población fue
de 90 enfermeras. La medición de cultura
de Seguridad se analizó a través de la
encuesta de Agency for Healthcare
Research adn Quality-AHQR. Se empleó
estadística descriptiva. Resultados: Las
fortalezas encontradas fueron: Frecuencia
de eventos notificados, Aprendizaje
organizacional mejora continua y Trabajo
en equipo en el servicio. Las
oportunidades de mejora: percepción de
seguridad, Expectativas y acciones de la
dirección que favorecen la seguridad en
general, Franqueza en la comunicación,
Eventos notificados, Respuesta no
punitiva a los errores, Dotación de
personal, Apoyo de la dirección del
hospital en la seguridad del paciente,
Trabajo en equipo entre unidades,
Problemas en cambios de turno y
transiciones en los servicios.
Palabras clave: Cultura.
Seguridad del usuario.
ABSTRACT.
Study objectives: Identify nurses'
perceptions in relation to the culture of
safety in health care user. Get additional
information from nurses and determine
the strengths and opportunities for
continuous improvement, as well as the
weaknesses related to safety culture as
perceived by the nursing staff.
Methodology: Drawing quantitative,
descriptive and transversal in a population
of 90 nurses. The measurement of safety
culture was based on the analysis of a
slope of the Agency for Healthcare
Research Quality dna-AHQR. The
statistic used was descriptive. Results:
The fortresses were: frequency of events
noticed; organizational learning oriented
continuous improvement and teamwork
in service. Opportunities for
improvement: perceived safety;
expectations and actions of the hospital
patient safety, teamwork across units;
problems in shift changes and transitions
services.
Keywords: Culture, user security.
INTRODUÇÃO
Durante a graduação de Enfermagem e
Licenciatura, especialmente no estágio
curricular do 9º período em uma unidade
privada hospitalar na cidade de Niterói,
no estado do Rio de Janeiro, tive a
oportunidade de realizar meu estágio na
Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar. A partir de então, me
despertou o desejo em saber mais sobre
essa área tão rica, onde o enfermeiro
dispõe de autonomia e aprendizado
contínuo. Portanto, ao terminar a
graduação de enfermagem, ingressei na
Residência de Clínica Médica e Cirúrgica
Geral, onde no programa do primeiro ano,
passamos o período de 01(um) mês,
totalizando 160 horas, na Comissão de
Controle de Infecção Hospitalar. Quando
passei este mês na CCIH, tive a
oportunidade de atuar com enfermeiros
competentes e atuantes na área, além de
participar de visitas técnicas da ANVISA
na unidade hospitalar onde atuava como
enfermeira residente.
Todos esses momentos
particulares aguçaram ainda mais o meu
desejo em atuar e trabalhar na área de
controle de infecção, onde assim decidi
realizar a especialização nessa área.
Portanto, durante o curso de
especialização, dentre tantos temas ricos e
atuais que necessitam da visão e atuação
do enfermeiro optei por pesquisar e
aprofundar meus estudos na prevenção e
controle de infecções por corrente
sanguínea relacionadas ao cateterismo
venoso central.
O cateterismo venoso central é
utilizado para infusão de medicações e
soluções endovenosas em clientes com
limitação de acesso venoso periférico, ou
ainda para infusão de nutrição parenteral,
drogas vasoativas e acesso para
hemodiálise, além de permitir a medida
da pressão venosa central.1
Ainda de acordo com os autores, a
escolha do local de inserção do cateter
depende da anatomia de cada paciente,
sendo os locais mais comuns: veias
jugulares internas, veias subclávias e
veias femorais.
Constituindo-se como um
instrumento indispensável em pacientes
de terapia intensiva, entretanto
atualmente, é uma importante fonte de
infecção de corrente sanguínea primária.
Sendo utilizado por um tempo mais
prolongado e com técnicas de curativos
mais modernos, acarretou em um
aumento no número de infecções deste
procedimento tão comum nas unidades de
terapia intensiva. A infecção aparece
como uma das principais complicações de
seu uso, pois a migração de bactérias da
pele para o subcutâneo e posteriormente
para o sangue, é considerada o principal
mecanismo na patogênese da sepse
relacionada ao cateter venoso central.1
Como ilustra o Centers for
Disease Control and Prevention e o
National Nosocomial Infections
Surveillance (NNIS), os hospitais dos
Estados Unidos da América, publicaram
taxas de infecção da corrente sanguínea
(ICS) em unidades de tratamento
intensivo, variando de 4,9 em unidades de
tratamento intensivo cardiotorácica a 11,9
em unidades de trauma, por 1.000
cateteres centrais/dia, referente ao período
de 2002-2004.2
O risco de infecção por acesso
vascular está diretamente relacionado à
localização do acesso vascular, da
solução infundida, experiência do
profissional que realiza o procedimento,
tempo de permanência, tipo e
manipulação do cateter, dentre outros.
Estes fatores estão relacionados aos
pontos principais para o desenvolvimento
de ações preventivas para tal infecção.3
O enfermeiro é a figura chave no
controle de infecções hospitalares, sendo
sua presença indispensável para a
realização das tarefas básicas do controle
de infecções. Algumas atividades se
misturam com a dos outros profissionais
da equipe, entre eles principalmente o
médico e o farmacêutico, mas existem as
atribuições que são próprias deste
profissional.4
Portanto, o papel do enfermeiro
como ilustra o autor, é de extrema
importância na prevenção e controle das
infecções hospitalares, participando em
todo o processo. Por isso, se faz
necessário a presença de profissionais
atuantes e determinados no propósito de
treinar outros profissionais da área em
serviço, preconizando e enfatizando que
prevenir é controlar, e dessa forma se
reduz tempo de permanência dos usuários
nos hospitais, custo em medicações e até
mesmo tempo de trabalho.
Para regulamentar esse serviço,
em 1998 lançou-se a Portaria 2616 para
organização do Programa de Controle de
Infecções Hospitalares (PCIH) onde
preconizou a constituição nos hospitais de
uma Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar (CCIH), que deverá ser
composta por profissionais da área de
saúde, de nível superior. Dentre esses
profissionais, encontra-se o enfermeiro.
Segundo a Portaria nº
2616/MS/GM de 12 de maio de 1998, o
enfermeiro tanto pode ser consultor como
executor do serviço da CCIH, sendo
preferencialmente um dos membros
executores, tendo sua carga horária diária
calculada de acordo com a
proporcionalidade de leitos, como por
exemplo, nos hospitais com 200 leitos ou
fração deste número com carga horária
diária, mínima de 6(seis) horas para o
enfermeiro.
Já, nos hospitais com leitos
destinados a pacientes críticos, os
membros executores terão acrescidas
2(duas) horas semanais de trabalho para
cada 10(dez) leitos ou fração.5
Enfim, observa-se que é de
competência do enfermeiro promover
assistência integral ao cliente,
minimizando o medo, a ansiedade e
prevenindo as complicações inerentes ao
processo de hospitalização, em especial
aqueles que estão indefesos em unidades
de terapia intensiva que precisam de
cateterismo venoso central.
Assim, por meio do ensino, o
enfermeiro deve propor treinamentos em
serviço periódicos, visando a
conscientização da importância da
aplicação de medidas para a prevenção da
infecção hospitalar, em especial nesse
estudo nas infecções de corrente
sanguínea (ICS) para todas as equipes
atuantes em unidades clínicas. Além de
desenvolver pesquisas que contemplem
problemas vivenciados no cotidiano e
seus resultados possam evidenciar
práticas que possibilitem a melhoria da
assistência prestada ao cliente e as
condições de trabalho na unidade, bem
como a diminuição dos custos
hospitalares.
Portanto, acredito que por meio do
levantamento na literatura científica que
aborda o uso de cateterismo venoso
central, é possível avaliar e elaborar ações
preventivas para evitar as infecções de
corrente sanguínea por tal procedimento.
A problemática desse estudo
envolve-se na seguinte questão: Quais as
ações preventivas para o controle de
infecções de corrente sanguínea (ICS)
para os pacientes internados na terapia
intensiva?
Objetiva-se Identificar ações para
a prevenção e o controle de infecções de
corrente sanguínea relacionadas em ao
cateter venoso central em artigos
indexados nas principais bases de dados
online e também discutir as principais
ações da enfermeira nesse processo,
elucidando a sua importância na prática
em saúde.
A realização deste trabalho
justifica-se pela sua importância ao
cuidado que deve ser prestado a clientes
internados em terapia intensiva que
precisam do uso de cateter venoso central
(CVC) que podem estar expostos ao risco
de infecção por corrente sanguínea. Pois
além da preocupação com do cliente e da
sua família em relação ao seu
prognóstico, o risco da infecção pelo
cateter também tem como consequência
um aumento na permanência gerando
tempo maior de afastamento da família,
custos de medicações e monitorização
invasiva.
A relevância deste estudo está na
importância que esses dados irão
contribuir e somar esforços para o
controle e prevenção de infecções de
corrente sanguínea por cateterismo
venoso central, que são eventos adversos
durante a hospitalização de pacientes.
MATERIAL Y MÉTODOS
Realizou-se uma revisão integrativa da
literatura que se constitui um método
valioso para a enfermagem, pois muitas
vezes os profissionais não dispõem tempo
para realizar a leitura de todo o
conhecimento científico disponível.
Então, por meio deste método, é possível
a compilação de estudos já publicados
que leva a conclusões gerais a respeito de
uma determinada área de estudo.6
A revisão integrativa pode ser
considerada um instrumento da Prática
Baseada em Evidências (PBE), onde se
caracteriza por ser uma abordagem
voltada ao cuidado clínico e ao ensino
fundamentado no conhecimento e na
qualidade da evidência da prática clínica.6
Para a sua concretização foram
seguidos seis passos metodológicos
propostos por Ganong:7
1. Selecionar as hipóteses ou
questões para a revisão; 2.Estabelecer os
critérios para a seleção da amostra; 3.
Apresentar as características da pesquisa
primária; 4.Análise dos dados; 5.
Interpretação dos resultados;
6.Apresentação da revisão. Em diante,
serão descritos os passos metodológicos
sugeridos para esta revisão.
1. Questão para a revisão: Definiu-se a
seguinte questão de pesquisa: Quais as
ações preventivas para o controle de
infecções de corrente sanguínea (ICS)
para os pacientes internados na terapia
intensiva descritas em periódicos?
2. Critérios de seleção dos estudos: Os
artigos foram selecionados de acordo com
os seguintes critérios de inclusão:
publicados e disponíveis em periódicos
nacionais, indexados nas bases de dados
eletrônicos, na íntegra, no idioma
português e publicados nos últimos 06
anos.
3. Características da pesquisa primária: A
fonte de dados utilizada foi a Biblioteca
Virtual em Saúde(BVS), onde se buscou
artigos científicos por meio dos seguintes
descritores: Unidades de Terapia
Intensiva; Infecção Hospitalar AND
Enfermagem. Nas bases da Literatura
Latino-Americana e do Caribe de
Ciências da Saúde (LILACS), Base de
Dados de Enfermagem (BDENF) e
Scientific Eletronic Library Online
(Scielo). A coleta de dados foi realizada
em fevereiro de 2012.
Para analisar os artigos, utilizamos como
critérios para a coleta de dados, os
seguintes itens: título, ano, autores, base
de dados/periódicos (ano, volume,
número, páginas).
RESULTADOS
Análise dos dados: No quadro 1,
apresentamos os artigos encontrados em
cada base de dados pesquisada com os
três descritores, analisados
separadamente: Unidades de Terapia
Intensiva, Infecção Hospitalar e
Enfermagem, englobando todo o período
apresentado, sem ainda adotar os critérios
de análise.
QUADRO 1
MATERIAL CIENTÍFICO ENCONTRADO NAS BASES DE DADOS ESCOLHIDAS
DENTRO DA BVS, INDIVIDUALMENTE.
Biblioteca virtual de saúde
Descritores Bdenf Lilacs Scielo Total
Unidades de
Terapia
Intensiva
608 761 573 1942
Infecção
Hospitalar 330 442 0 772
Enfermagem 2554 5760 3309 11623
Foi realizada a associação em dois ou três
dos descritores citados acima, cujas
fontes de dados foram as mesmas citadas
anteriormente. Após essa etapa, devido ao
grande volume de artigos encontrados
envolvendo a temática, realizou-se um
refinamento na pesquisa de acordo com
os critérios de inclusão. Com a associação
de Unidades de Terapia Intensiva;
Infecção Hospitalar e Enfermagem, foram
encontrados respectivamente Bdenf(0),
Lilacs(04) e Scielo(0), totalizando 04
produções. Já com associação de
Unidades de Terapia Intensiva e Infecção
Hospitalar foram encontrados Bdenf(19),
Lilacs(29) e Scielo(0), totalizando 48
produções.
Com a associação de Infecção
Hospitalar e Enfermagem encontrou-se
Bdenf(03), Lilacs(30) e Scielo(0),
totalizando 33 produções e associando
Unidades de Terapia Intensiva e
Enfermagem foram encontradas 81
produções, respectivamente Bdenf(24),
Lilacs(26) e Scielo(31).
Com os resultados alcançados, e
no intuito de desvelar os objetivos da
pesquisa procedeu-se uma leitura prévia
onde foram considerados os títulos das
produções científicas, aquelas com os
descritores associados em dupla e em trio.
A seguir, foi realizada uma leitura
exploratória, de grande valor para a
localização do material para ser escolhido
para formar a bibliografia potencial.
Sendo importante neste momento, a
exclusão de dados desnecessários e
obtenção de conteúdo concernente a
problemática da pesquisa.
Assim, foi separada a bibliografia
potencial baseada nos artigos
fundamentais que foram selecionados de
acordo com a base Lilacs utilizando
descritores associados em dupla:
Unidades de Terapia Intensiva e Infecção
Hospitalar(01); Infecção Hospitalar e
Enfermagem(02); Unidades de Terapia
Intensiva e Enfermagem(0). Na base de
dados Scielo, não foi encontrada
nenhuma produção da área. Na base
Bdenf, Unidades de Terapia Intensiva e
Infecção Hospitalar(04); Infecção
Hospitalar e Enfermagem(02); Unidades
de Terapia Intensiva e Enfermagem(0).
Nesse sentido, com rastreamento
dos dados foram selecionadas 07
bibliografias potenciais, as quais são
descritas no quadro 04. As obras foram
impressas e lidas na íntegra, onde após
leitura exaustiva e análise dos artigos,
realizou-se o cruzamento de informações
e ratificação dos dados obtidos.
QUADRO 2. DESCRIÇÃO DA BIBLIOGRAFIA POTENCIAL APÓS A LEITURA EXPLORATÓRIA DOS
ARTIGOS SELECIONADOS COM PRODUÇÃO CIENTÍFICA, ANO DE PUBLICAÇÃO,
AUTORES, BASE DE DADOS/REVISTA COM VOLUME – NÚMERO.
Produção Científica Ano Autores Base de Dados/Revista com
Volume – Número
Dificuldades dos profissionais da saúde
no controle de infecções hospitalares 2010 Araújo MFM,
Beserra EP,
Marques MB,
Moreira RAN et
al.
Rev enferm UFPE on
line.abr./jun.;4(2):587-95
Infecção de cateter vascular central em
pacientes adultos de um centro de
terapia intensiva
2009 Marques Netto S,
Echer IC, Kuplich
NM,
Kuchenbecker R,
Kessler F.
Rev Gaúcha Enferm., Porto
Alegre (RS) set;30(3):429-36.
Infecções da corrente sangüínea em
pacientes em uso de cateter venoso
central em unidades de terapia intensiva
2007 Mesiano ERAB,
Merchán-Hamann
E.
Rev Latino-am Enfermagem
2007 maio-junho; 15(3)
Risco de Infecção no Cateter Venoso
Central - revisão da literatura 2010 Andrade MR,
Silva HG, Olivera
BGRB3, Cruz ICF
OBJN Online Vol 9, No 2
Sepse associada ao cateter venoso central
em pacientes adultos internados em
unidade de terapia intensiva
2011 Todeschini BG,
Trevisol FB Rev Bras Clin Med. São Paulo,
set-out;9(5):334-7
Conhecimento dos enfermeiros sobre a
técnica de inserção do cateter central de
inserção periférica em recém-nascidos
2010 Lourenço SA,
Ohara SVS
Rev. Latino-Am. Enfermagem
18(2):[08 telas] mar-abr
Atuação da enfermagem na prevenção e
controle de infecção de corrente
sanguínea relacionada a cateter
2011 Mendonça KM et
al. Rev. enferm. UERJ, Rio de
Janeiro, 2011 abr/jun;
19(2):330-3.
DISCUSSÃO
Interpretação dos resultados: A análise
dos dados permitiu a identificação de dois
eixos que nortearam a produção de
conhecimento sobre ações de prevenção e
controle de infecção relacionada a cateter
venoso central. Desse modo, suscitaram
do estudo duas categorias: Maneiras de
prevenção e controle das Infecções de
Corrente Sanguínea e Ações do
enfermeiro no controle das Infecções de
Corrente Sanguínea. Essas categorias são
apresentadas a seguir:
Na primeira categoria temática,
Maneiras de prevenção e controle das
Infecções de Corrente Sanguínea, em um
estudo de campo destacou-se que o
controle das Infecções Hospitalares, é
uma temática complexa, com múltiplos
fatores causais, havendo muitas
dificuldades para a implementação de um
programa efetivo de prevenção e controle,
de maneira que, hoje, o enfrentamento
das IH representa um desafio cada vez
maior para os profissionais de saúde.8
No que se concerne às Infecções
de Corrente Sanguínea (ICS), por meio de
um estudo de revisão de prontuários, os
autores referem os fatores de risco ao
desenvolvimento de infecções associadas
ao dispositivo vascular incluem idade
inferior a um ano ou superior a 60 anos,
sexo feminino, psoríase, queimaduras,
antibioticoterapia, uso de medicamentos
imunossupressores, presença de foco
infeccioso à distância, gravidade de
doença de base, tempo de hospitalização
prévia e grau de umidade da pele,
dependente do tipo de curativo utilizado.
Porém, ainda se destacam a duração do
uso de acesso vascular e a escolha do sítio
de inserção.9
Ainda nesse estudo, os autores
ilustram que a chave para o controle das
infecções de cateter é a educação
permanente dos profissionais de saúde.
Além de citarem outras medidas
preventivas como a escolha apropriada do
sítio de inserção, do tipo de material do
cateter, a correta higiene das mãos no
manuseio do cateter, a técnica asséptica
para a inserção, antissepsia da pele,
cateteres e cuffs( porção subcutânea do
cateter que possui revestimento)
impregnados com antimicrobianos,
antissépticos, antibiticoprofilaxia.9
Em uma pesquisa de campo com o
objetivo de contribuir para a elaboração
de ações voltadas para a prevenção e
controle das infecções da corrente
sanguínea em pacientes em uso de cateter
venoso central, os autores identificam os
benefícios decorrentes de se usar curativo
com clorexidina, no entanto, o álcool a
70% e o PVPI alcoólico a 10% também
conferem proteção contra a infecção.3
Ainda nesse ínterim, a pesquisa elucida o
curativo no local da punção que deve ser
permeável ao vapor d´água, confortável
para o paciente e de fácil manuseio pelo
profissional de saúde e/ou paciente,
podendo ser transparente ou com gaze
fixada com fita adesiva.3
Ainda nessa pesquisa, os autores
enfatizam a importância da troca de
curativos que se realizado com gaze, deve
ser trocado sempre que úmido, sujo ou
solto.3,9 Quanto ao local de inserção,
segundo os autores, deve-se dar
preferência as veias femurais, seja direita
ou esquerda que reduzem o risco de
infecção. No que se relaciona ao número
de lumens do cateter venoso, encontrou-
se maior porcentagem de infecção
naqueles com duplo lúmen, apontando
como preferência o uso de cateter de
lumens único.3
Em outro estudo de revisão de
prontuários, constatou-se que o uso
racional de antimicrobianos pode ser um
fator indispensável no controle de
infecções.10
Através de outra pesquisa
narrativa, encontrou-se que a
manipulação controlada do cateter é
considerada a medida principal e eficaz
na prevenção e controle de infecção.
Além, da medida mais importante, o
cuidado com a lavagem das mãos como
fator primordial na prevenção das
infecções hospitalares. Para isso, faz-se
necessário a sensibilização da equipe de
profissionais para favorecer condições
necessárias para a realização de tal
procedimento.11
Nesse estudo, os autores
pesquisados concluem que em relação à
troca das conexões, esta deve ser
realizada a cada 72 horas, incluindo os
dispositivos do sistema fechado, caso a
solução a ser infundida for dextrose e
aminoácidos, os dispositivos devem ser
trocados, também a cada 72 horas, a troca
de equipos para administração de sangue,
derivados e soluções lipídicas deve ser
em até 24 horas, com desinfecção dos
injetores com álcool a 70% ou PVPI antes
de perfurá-los, é importante a
higienização das mãos com sabão anti-
séptico ou álcool-gel antes e após o
manuseio do acesso venoso.11
Na segunda categoria temática,
Ações do enfermeiro no controle das
Infecções de Corrente Sanguínea, em uma
pesquisa de campo elucidou-se o ato
caracterizador do enfermeiro, prestar o
cuidado, está relacionado diretamente ao
paciente, logo este profissional se envolve
como um dos principais veiculadores de
Infecção Hospitalar, devendo ser treinado
continuamente e incentivado a atualizar
seu saber e adquirir consciência do seu
compromisso com o controle da IH. Além
da importância da integração e
comunicação permanentes entre os
membros da equipe para se reconhecer e
analisar a realidade.8
Em um levantamento de
produções científicas acerca do papel da
enfermagem sob a perspectiva da
prevenção e controle de infecções,
identificou-se na legislação, como
responsabilidade do enfermeiro assessorar
o médico na instalação do acesso
intravenoso central.12 Como também,
outras ações do enfermeiro na prevenção
e controle das infecções hospitalares, tais
como: avaliação contínua do sítio de
inserção do cateter e estada clínico do
paciente, observando presença de
hiperemia e drenagem de exsudato
purulento em sítio de inserção do cateter,
associado à febre, mau funcionamento do
dispositivo, bradicardia, oligúria, entre
outros, atentando nesse caso para os
registros de enfermagem claros e
objetivos.12 Assim como a realização de
curativo com solução de clorexidine
alcoólica e filme transparente estéril que é
trocada a cada sete dias ou quando há
presença de sujidade ou secreção.
Também nesse estudo, os autores
apontam os cursos de formação dos
enfermeiros no sentido de incorporar
medidas preventivas, independente do
procedimento específico a ser realizado
em associação com o raciocínio crítico.
Medidas estas, conhecidas como a
higienização das mãos (HM), uso de
equipamentos de proteção, prática segura
de administração de injetáveis e
manutenção da técnica asséptica durante a
inserção e manuseio do cateter.12
Além disso, ressalta-se ao
enfermeiro viabilizar protocolos, os quais
devem ser construídos de forma
multidisciplinar, com excelência e rigor
que os mesmos requerem, respeitando os
princípios éticos e bioéticos da profissão.
Enfatizando as ações do
enfermeiro, neste estudo de campo ilustra
o enfermeiro da Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar que no hospital
estudado, acompanha todos os pacientes
com cateteres vasculares centrais através
da busca ativa o que permite um melhor
acompanhamento dos pacientes
submetidos a essa cateterização.9
Em outro estudo de campo cita-se
a importância da autonomia da equipe na
implantação da mudança de
comportamento dos profissionais, e a
necessidade de apoio dos dirigentes
hospitalares.3
Nesta categoria foi evidenciado,
portanto, que as ações do enfermeiro na
prevenção e controle das infecções por
corrente sanguínea, perpassam na criação
de protocolos e padronização das
técnicas, mas também na atualização e
aperfeiçoamento constante dos
enfermeiros e aplicação da sistematização
do cuidado de enfermagem, para que a
construção e manutenção desse
conhecimento permitam ao profissional
enfermeiro definir diretrizes para a prática
clínica e melhorar a qualidade da
assistência prestada ao cliente.
Alcançando a fase 6, de
apresentação da revisão revela-se que
publicações demonstram o quanto é
amplo o campo de possibilidades de
ações que podem ser realizadas na
prevenção e controle de infecção
relacionadas a cateter venoso central, já
que esta atinge diferentes áreas de
conhecimento científico permitindo o
desenvolvimento de uma prática em
saúde, em especial da enfermagem cada
vez mais consciente, integrada e
humanizada.
CONCLUSÃO
O controle de infecção hospitalar foi, ao
longo dos anos, evoluindo e
evidenciando-se como um fenômeno e a
partir da década de 1970, quando
surgiram os cateteres venosos, que
evoluíram como alternativa de acesso
vascular e sendo hoje, um importante
fator de risco na contribuição para a
infecção de corrente sanguínea.
Portanto, nas literaturas científicas
analisadas, observou-se que grande parte
dos esforços no intuito da prevenção e
controle de infecção de corrente
sanguínea, devem ser implementados na
educação e treinamento dos profissionais
que lidam com esse equipamento, no
sentido de instalar barreiras mínimas
estéreis durante a inserção, manutenção,
manipulação e retirada do cateter venoso
central; uso de técnicas adequadas na
realização dos curativos; higienização das
mãos; atentar para a diminuição do tempo
de permanência do cateter.3,12 Um dos
estudos analisados cita como medida de
prevenção a formação de grupo de cateter
que possa padronizar rotinas relacionadas
ao seu uso, o que pode ser bastante
interessante nos grandes hospitais. 3,12
Enfim, prevenir e controlar as
infecções relacionadas ao acesso vascular,
é primordial no cuidado ao paciente
crítico, e a enfermagem tem um papel
essencial nessa prevenção e cuidado, pois
esta categoria profissional é responsável
pela sua manipulação diária e auxílio a
equipe médica em sua inserção. Sendo
assim, responsável desde o início do
processo até o fim, em sua retirada. No
entanto, observou-se nas produções
científicas e no cotidiano hospitalar, que a
baixa adesão dos profissionais às medidas
preventivas, eleva as porcentagens das
infecções de corrente sanguínea
relacionadas ao acesso vascular central.
Somado a isso, a elaboração de
protocolos, sistematização da assistência
e a existência de “bundles” para a
inserção de cateteres venosos centrais
podem contribuir para a diminuição de
infecções de corrente sanguínea por
acesso vascular central. Assim, a
mudança de comportamento dos
profissionais de saúde, expressa condição
essencial ao controle de infecção à
assistência à saúde.
REFERÊNCIAS
1. Santos ER, Leal R, Cavalheiro
AM. In: Terapia intensiva:
enfermagem. Knobel, E: co-
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