professor hospitalar

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25 Revista Educação Especial | v. 28 | n. 51 | p. 25-38 | jan./abr. 2015 Santa Maria Disponível em: <http://www.ufsm.br/revistaeducacaoespecial> * Professora Doutora da Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, Ceará, Brasil. http://dx.doi.org/10.5902/1984686X9118 Histórias de formação de professores para a Classe Hospitalar Sandra Maia Farias Vasconcelos* Resumo O serviço hospitalar, antes exclusivo da saúde, hoje comporta propostas educativas cada vez mais frequentemente, com pesquisas realizadas por professores de universi- dades. Mas ainda um questionamento se põe: há necessidade de formação de profes- sores para trabalhar com pessoas doentes? Quais as estratégias e quando utilizá-las? Como abordar indivíduos doentes e provocar-lhes interesse em aprender? Como es- tabelecer um método que respeite desigualdades e valorize pontos em comuns? Par- tindo dessas reflexões, tivemos como objetivo resgatar a história da Classe hospitalar e da formação de professores atuando em ambiente especial, também aportar conhe- cimentos acerca do tema, ainda incipiente no Brasil. Nossa pesquisa foi documental, com ênfase na Constituição de 1988 e na LDB, mas também resultante de nossa experiência acadêmica. A prioridade na formação de professores é tornar relevante a escolaridade no hospital, para o indivíduo e sua família. Classe hospitalar é prevista em lei, acontece em instituição de saúde, casa de repouso ou em residência e é diri- gida a indivíduos que sofreram um rompimento na sua escolarização. A finalidade é mostrar ao paciente que ele mantém sua capacidade de aluno, com atividades que acionam suas habilidades. As atividades não negligenciam critério e sistematização. O professor hospitalar respeita a fragilidade desses alunos, seus níveis escolares e seu desejo de voltar à escola. Essa sensibilidade pode ser inerente aos professores quando escolhem este trabalho, mas nada os obriga a continuar se uma situação causar-lhes choque. Esta responsabilidade permite aos professores perceber que a formação do- cente é sempre presente em sua vida pessoal e profissional. Palavras-chave: Classe hospitalar; Formação de professores; Legislação.

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professor hospitalar

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    Revista Educao Especial | v. 28 | n. 51 | p. 25-38 | jan./abr. 2015

    Santa Maria

    Disponvel em:

    Histrias de formao de professores para a Classe Hospitalar

    * Professora Doutora da Universidade Federal do Cear. Fortaleza, Cear, Brasil.

    http://dx.doi.org/10.5902/1984686X9118

    Histrias de formao de professores para a Classe Hospitalar

    Sandra Maia Farias Vasconcelos*

    ResumoO servio hospitalar, antes exclusivo da sade, hoje comporta propostas educativas cada vez mais frequentemente, com pesquisas realizadas por professores de universi-dades. Mas ainda um questionamento se pe: h necessidade de formao de profes-sores para trabalhar com pessoas doentes? Quais as estratgias e quando utiliz-las? Como abordar indivduos doentes e provocar-lhes interesse em aprender? Como es-tabelecer um mtodo que respeite desigualdades e valorize pontos em comuns? Par-tindo dessas reflexes, tivemos como objetivo resgatar a histria da Classe hospitalar e da formao de professores atuando em ambiente especial, tambm aportar conhe-cimentos acerca do tema, ainda incipiente no Brasil. Nossa pesquisa foi documental, com nfase na Constituio de 1988 e na LDB, mas tambm resultante de nossa experincia acadmica. A prioridade na formao de professores tornar relevante a escolaridade no hospital, para o indivduo e sua famlia. Classe hospitalar prevista em lei, acontece em instituio de sade, casa de repouso ou em residncia e diri-gida a indivduos que sofreram um rompimento na sua escolarizao. A finalidade mostrar ao paciente que ele mantm sua capacidade de aluno, com atividades que acionam suas habilidades. As atividades no negligenciam critrio e sistematizao. O professor hospitalar respeita a fragilidade desses alunos, seus nveis escolares e seu desejo de voltar escola. Essa sensibilidade pode ser inerente aos professores quando escolhem este trabalho, mas nada os obriga a continuar se uma situao causar-lhes choque. Esta responsabilidade permite aos professores perceber que a formao do-cente sempre presente em sua vida pessoal e profissional.

    Palavras-chave: Classe hospitalar; Formao de professores; Legislao.

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    Revista Educao Especial | v. 28 | n. 51 | p. 25-38 | jan./abr. 2015

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    Stories of teacher training to education in hospital

    AbstractThe hospital service has always been a health exclusive service, however, it comprises todays educational proposals more and more often, with research conducted by pro-fessors from universities. But a question arises: is there a need for training teachers to work with sick people? What are the strategies and when should they be used? How to approach patients and get them to be interested in learning? How to establish a method that respects inequalities and enhance common points? Based on these re-flections, we aimed to rescue the history of hospital classes and teachers training in special environment, also to provide knowledge on the subject, still in its infancy in Brazil. Our research was docummental, with emphasis in 1988s Constitution and the LDB, but also due to our academic experience. The priority in teachers training is to make schooling relevant in the hospital, to the individual and his family. Hospi-tal education is provided by law, takes place in healthcare facilities, nursing homes or at peoples residences and it is aimed towards individuals who have suffered a disrup-tion in their schooling. Its purpose is to show the patients that they maintain their student capacity, with activities that trigger their skills. The activities do not neglect criterion and systematization. The hospital teacher respects these students fragility, their school levels and their desire to return to school. This sensitivity can be inherent to the teachers when they choose this work, but nothing forces them to continue if the situation shocks them. This responsibility allows teachers to realize that teaching is always present in their personal and professional lives.

    Keywords: Hospital Education; Teacher training; Legislation.

    Primeiras palavrasO servio hospitalar foi, por muito tempo, servio exclusivo da sade. Atual-

    mente outros servios so oferecidos e propostas de servios educativos so cada vez mais frequentes, graas aos trabalhos de investigao realizados por professores de universidades. A insuficincia de profissionais de educao especial no Brasil, nota-damente em hospitais, para doentes crnicos, alguns em estado terminal, incentiva a criao de um intenso movimento de formao de professores nas universidades aten-dendo reivindicao da sociedade. O artigo 214 da Constituio Federal afirma que as aes do Poder Pblico devem conduzir universalizao do atendimento escolar. O documento Classe hospitalar e atendimento pedaggico domiciliar, publicado pela Secretaria de Educao Especial do Ministrio da Educao (2002) traz, em sua apresentao, a informao de que foi a partir dos movimentos internacionais que comeou a acontecer a implantao de uma poltica de incluso de alunos com necessidades especiais no sistema regular de ensino. Isso se torna fato, embora a histria dos povos trate sobre abordagem educacional a leprosos, doentes mentais e deficientes fsicos ainda na Idade Mdia (ARIS, 1976).

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    Histrias de formao de professores para a Classe Hospitalar

    Algumas questes, todavia, se pem na contramo desse movimento: neces-sria uma formao de professores para trabalhar com crianas doentes? Quais so as estratgias e em que momento utiliz-las? Como se aproximar de indivduos doentes e provocar seu interesse em aprender? Como estabelecer um mtodo para um grupo diversificado sem ferir as desigualdades, valorizando os pontos em comum? A reali-dade do pblico pode influenciar fortemente o seu pensamento de maneira que, com um pblico de internao, necessrio considerar restries, como horrios de inter-venes mdicas e, sobretudo, seu estado de sade. A escolha do mtodo funo do pblico que se deseja acompanhar.

    Nossa abordagem na formao docente para o atendimento escolar em hos-pital interacional, sob a perspectiva de Goffman (2011), que trata sobre a maneira como duas pessoas, embora intuitivamente, conduzem uma conversao de qualida-de. O que temos chamado em nossos estudos de conversao de qualidade adapta-se aprendizagem de conceitos, defendidos por Paulo Freire (1979), e qual adicio-namos a preservao de face. Freire argumenta que o papel fundamental do professor dialogar com o aluno sobre situaes concretas e, a partir delas, construir conhe-cimento. A funo interacional inerente linguagem e ao discurso, como defende Bakhtin em sua obra, e o grande interesse da lingustica russa pela lngua falada atribui importncia situaes de vida e do cotidiano, que atribuem significado aprendizagem pela valorizao da realidade do aluno. No contexto especfico deste estudo, a realidade impressa pela rotina medicamentosa no pode ser ignorada, uma vez que o estado de sade e de disposio do aprendiz ser determinante para a in-terveno docente.

    Assim como diz Freire, a educao no pode ser feita a partir do exterior para o interior. Pelo contrrio, de dentro para fora, pelo prprio aprendiz, ajustado pelo professor (1979; 72). A aprendizagem deve nascer da experincia do sujeito. No hospital, a escolarizao um fato distanciado da realidade, mas no expe o aluno a uma situao de desvantagem. Apesar de nunca haver-se referido educao hos-pitalar, Freire disseminou no Brasil a conscincia de uma educabilidade possvel nas situaes mais improvveis. Interveno escolar no hospital pode ser uma maneira di-ferente de ver o mundo e de construir uma nova autoimagem, respeitvel, sem medo de ser rejeitado por outros. Isso acontece quando escolaridade entendida como instrumento de liberdade, tal como defendido pelo educador. Em seus conceitos, o indivduo presume-se ser aprisionado pela ignorncia, pela falta de oportunidade.

    Partindo dessas reflexes, tivemos como objetivo resgatar a histria da Classe hospitalar e da formao de professores que atuam em ambiente especial, bem como aportar conhecimentos acerca do tema, ainda incipiente em nosso pas. Nossa pes-quisa foi documental e bibliogrfica, mas tambm nascida de uma experincia pessoal de nossa pesquisa acadmica. Vale ressaltar que tratamos aqui de Classe Hospitalar, objeto especfico no domnio da Educao Especial, vez que concerne interveno escolar para crianas, cuja enfermidade no implica necessariamente dficit intelec-tual.

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    procura de teoria e prtica na Classe HospitalarNa formao dos professores, difcil conceber classe hospitalar se no come-

    armos por nos sensibilizar com a situao do sujeito com o qual vamos trabalhar, j que o corpo encontra-se nas palavras e as palavras no corpo. Ento, por que uma es-colarizao em hospital para crianas doentes? E qual o papel do professor? Algumas respostas que formulamos em estudo anterior (MAIA-VASCONCELOS, 2010; 23) podem ser dadas a ttulo geral:

    Compensar as lacunas e devolver um pouco de normalidade ao modo de vida da criana;

    Ser guardio global da criana para que ela possa ser tratada de seu problema de doena, sem esquecer suas necessidades como pessoa;

    Manter laos que o ajudem a encontrar seu caminho de volta para seu mundo atravs da linguagem;

    Ser uma espcie de agncia educacional para que a criana hospitalizada possa desenvolver atividades que a ajudem a construir um percurso cognitivo, emocio-nal e social, a fim de manter uma ligao com sua vida familiar e a realidade no hospital;

    Assegurar o reconhecimento da sua identidade;

    Fornecer um percurso cognitivo apropriado a sua idade para compreender a realidade do hospital;

    Oferecer situaes de jogos e diverses;

    Assegurar a continuidade educativa com a escola de origem;

    Ajudar a criana e a famlia a empreender novos ritmos e novos projetos, quan-do o projeto de antesse tornou impossvel.

    Neste, contexto se inserem as contribuies de escolaridade e formao de professores para atuao em hospitais. A questo central na formao de professores tornar relevante a escolaridade no hospital, a partir da viso atual que a criana doente tem da escola, onde agora est ausente, em relao de escola atual dentro do hospital. Os processos de ensino operados no cotidiano hospitalar no so os mesmos que aqueles realizados em uma escola regular. As condies esto fora dos modos de trabalho educativo da escola, onde normalmente a sade um requisito, onde a palavra no necessariamente uma prioridade e onde o silncio muitas vezes equivalente ateno.

    Para a execuo deste trabalho, indicamos aos educadores o desenvolvimento de algumas competncias sugeridas por Par(1977, III), a saber:

    Estar atento s crianas;

    Consider-las o centro do trabalho, no a doena;

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    Histrias de formao de professores para a Classe Hospitalar

    Ter autenticidade e autoconfiana;

    Ser flexvel o que envolve a auto-superao;

    No temer derrotas;

    Adaptar-se a sua realidade;

    Estar aberto a mudanas de humor dos pacientes;

    Ser disponvel, espontneo e descontrado.

    Essas habilidades no dizem respeito apenas ao ensino no hospital, mas tam-bm quele realizado nas escolas. A classe hospitalar apenas um ambiente diferente onde a escolarizao trar, frequentemente, mais embarao ao profissional que aos alunos-pacientes. Contudo, a criao da classe hospitalar constitui uma necessidade para o hospital, uma questo social e deve ser vista com a mesma seriedade e o mesmo engajamento que a promoo da segurana pblica. A classe hospitalar se dirige s crianas, mas deve se estender s famlias, sobretudo quelas que no acham pertinente falar sobre doenas com seus filhos. Atinente aos objetivos, acreditamos ser importante observar que a escolaridade toma elementos que, em geral, esto au-sentes do ambiente escolar. Isto , devido aos imperativos da pessoa internada que so diferentes, pois essa pessoa tem, entre outras coisas, necessidade de recuperar a sua imagem. A finalidade da classe hospitalar dar ao paciente as condies de sentir-se inserido no mundo dos no-doentes, mostrando-lhe que no perdeu suas capaci-dades intelectuais, por meio de atividades que acionam suas habilidades. Isso pode garantir-lhe uma valorizao dos conhecimentos prvios, enquanto reduz a evaso escolar e a excluso social.

    A evaso causada pela doena bastante constante. No entanto, algumas aes comearam a ser desenvolvidas ao longo do sculo passado, com o objetivo de mo-dificar o quadro. Na Frana, desde 1929, a preocupao dos profissionais para que crianas e adolescentes hospitalizados tivessem uma continuidade de sua escolaridade fez surgirem duas associaes, em Paris e Lyon, em acordo com a administrao dos hospitais, a fim de aliviar a lacuna escolar dessas pessoas (Delorme, 2000). em 1948 que a Educao Nacional se engaja no projeto de classe hospitalar e cria o primeiro cargo de professor em ambiente hospitalar.

    A Classe Hospitalar tem seu incio em 1935, quando Henri Sellier inaugura a primeira escola para crianas inadaptadas, em Paris. Seu exemplo foi seguido em outros pases, a fim de suprir as dificuldades escolares de crianas tuberculosas. Po-de-se ainda considerar como marco a Segunda Guerra Mundial. O grande nmero de crianas atingidas, mutiladas e impossibilitadas de ir escola engajou, sobretudo, mdicos, que hoje so defensores da escola em seu servio. Foi Marie-Louise Imbert que transformou o sentimento de ansiedade de maneira prtica, quando fundou a primeira associao de ensino no hospital. Na poca, o interesse repousava sobre a reeducao das vtimas da guerra, para dar-lhes a oportunidade de serem vistos como pessoas inteiras, capazes de aprender e assim aliviar muito de sua dor. Isso foi no incio um trabalho filantrpico. Outras associaes foram criadas desde ento e, em

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    1992, elas somavam 14, o que tornou possvel a criao da Federao para o ensino dos doentes em domiclio e em hospital (FEMDH). Na Frana, atualmente, o n-mero de associaes 36, nos 31 departamentos do pas. O objetivo principal deste trabalho apoiar a vida e garantir o direito educao de crianas e adolescentes, pois a escola, diz Delorme (2000), significa normalidade. No hospital, vemos claramente que essa normalidade o primeiro passo para outros interesses a buscar.

    O ensino escolar no hospital , ainda hoje, gratuito, individual e aberto a todas as crianas hospitalizadas. As aulas so asseguradas por educadores voluntrios competentes, que trabalham junto aos mdicos e s instituies escolares onde esses pacientes esto matriculados. Os contatos desempenham um papel semelhante que-le do preceptoral, uma vez que o aluno-paciente recebe aulas em todas as disciplinas da escola de origem e pode ter vrios professores por semana. A educao hospitalar acontece em instituio de sade, clnica ou hospital ou mesmo abrigo; dirigida a indivduos que sofreram uma ruptura na sua escolarizao. Segundo Delorme (2000), o ensino oferecido jovens pacientes ultrapassa uma contribuio de conhecimen-tos antes negligenciados ou adiados: essencial continuidade do desenvolvimento, contribuindo para o processo de cura; a garantia de equilbrio e desenvolvimento, independentemente de futuro, pois, atravs dele, as necessidades bsicas da pessoa permanecem preservadas ou restauradas: a necessidade de autonomia, de expresso, de socializao.

    A introduo da escola no hospital uma realidade em vrios pases da Europa e no Brasil. Ainda que alguns registros mostrem a interveno educativa para defi-cientes desde a antiguidade, os projetos registrados aconteceram conforme mostra o quadro abaixo. Mantivemos os nomes originais dos projetos por questes ticas. No quadro, vemos que o pblico e os objetivos deste trabalho so semelhantes:

    Pas Frana Espanha Itlia BrasilProjeto Ecole lhpital Pedagogia

    HospitalriaScuola in Ospedale

    Classe Hospitalar

    Data de criao

    1929 ? 1970 1950

    Pblico Crianas e adolescentes doentes crnicos e hospitalizadosQuadro demonstrativo das Classes Hospitalares

    Em 1939, criado o C.N.E.F.E.I. Centro Nacional de Estudos e de For-mao para a Infncia Inadaptada de Suresnes, nos arredores de Paris, tendo como objetivo a formao de professores para o trabalho em institutos especiais e em hos-pitais. Tambm em 1939, criado o Cargo de Professor Hospitalar pelo Ministrio da Educao na Frana.O C.N.E.F.E.I. tem como misso mostrar que a escola no um espao fechado. O Centro promove estgios em regime de internato dirigido professores e diretores de escolas, mdicos de sade escolar e assistentes sociais. A Formao de Professores para atendimento escolar hospitalar tem durao de dois anos. Desde 1939, o C.N.E.F.E.I. j formou mais de 3.000 professores, aproximada-

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    Histrias de formao de professores para a Classe Hospitalar

    mente trinta por turma. Anualmente ingressam 15 novos professores. Isso resulta que hoje todos os hospitais pblicos na Frana tenham em seu quadro quatro professores: dois de ensino fundamental e dois de ensino mdio. Cada dupla trabalha em expe-dientes diferentes, de segunda a sexta-feira.

    A interveno escolar em hospitais no BrasilNo Brasil, o Estatuto da Criana e do Adolescente Hospitalizado reconheceu,

    atravs da Resoluo n. 41 de outubro de 1995, no item 9, o Direito de desfrutar de alguma forma de recreao, programas de educao para a sade, acompanhamento do currculo escolar durante sua permanncia hospitalar. Em 2002, a Secretaria de Educao Especial do Ministrio da Educao elaborou um documento de estrat-gias e orientaes para o atendimento nas classes hospitalares, assegurando o acesso educao bsica. Segundo esse documento, a educao a chave para reconstituir a integralidade e a humanizao nas prticas de ateno sade; para efetivar e defen-der a autodeterminao das crianas diante do cuidado; para propor outro tipo de acolhimento das famlias nos hospitais, inserindo a sua participao como uma inte-rao de aposta no crescimento das crianas; para entabular uma educao do olhar e da escuta na equipe de sade mais significativa afirmao da vida.

    De acordo com as diretrizes da LDB Leis de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, Lei n. 9.394/96, a educao considera direito de todos. Conforme o ex-posto na Constituio Federal de 1988, item da Educao, da Cultura e do Desporto, Seo I, artigo 205:

    a educao direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho.

    Se a educao , por lei, um direito de toda e qualquer criana e adolescente, podemos, por analogia, deduzir que crianas e adolescentes que estejam hospitaliza-das tambm devem ter esse direito garantido. Nessa lacuna, algumas leis foram decre-tadas, como a Lei n. 1.044/69, que dispe sobre tratamento excepcional para alunos portadores de enfermidades, em suas residncias, e a Lei n. 6.202/75, que trata sobre atividades escolares propostas em domiclio s estudantes gestantes. No havia, at ento, nada especfico acerca das classes hospitalares. Somente na dcada de 1990 criaram-se, no Brasil, leis especificas para a Classe Hospitalar, como um olhar pecu-liar para esta necessidade. Dentre essas leis especficas, tm-se o Direito da Criana e do Adolescente, em especial, o artigo 9, que trata do direito educao: Direito de desfrutar de alguma forma de recreao, programa de educao para a sade.

    E tm-se, tambm, a lei dos Direitos das Crianas e Adolescentes Hospita-lizados, por meio da Resoluo n. 41 de 13/10/1995. Essas leis visam resguardar a infncia e a juventude, constituindo-se num instrumento para tentar garantir uma sociedade mais justa.

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    A Classe Hospitalar est implantada na LDB 9.394/96 como educao es-pecial, e vista na perspectiva da educao inclusiva. Sabemos, entretanto, que a educao inclusiva atende alunos com necessidades educacionais especiais em sentido amplo, a saber, os deficientes mentais, auditivos, fsicos, com deficincias motoras e mltiplas, sndromes em geral e alunos que apresentam dificuldades cognitivas, psi-comotoras e de comportamento, alm daqueles alunos que se encontram em situao de doena que os impede de frequentar as aulas em razo de tratamento de sade que implique internao hospitalar ou atendimento ambulatorial.

    O que aparece de mais recente em relao Classe Hospitalar e ao atendimen-to pedaggico domiciliar foi publicado em 2002, no Brasil. Esta publicao destaca que:

    Tm direito ao atendimento escolar, os alunos do ensino bsico internados em hospital, em servios ambulatoriais de ateno integral sade ou em domicilio; alu-nos que esto impossibilitados de frequentar a escola por razes de proteo sade ou segurana, abrigados em casas de apoio, casas de passagem, casas-lar e residncias teraputicas.

    No Brasil, a Classe Hospitalar comeou em 1950, com a inaugurao da Clas-se Hospitalar Jesus, no Rio de Janeiro, e onde as primeiras experincias foram regis-tradas. Hoje, elas so em nmero aproximado de 100, nos 26 Estados do pas. Em Fortaleza, no Nordeste do Brasil, alguns trabalhos j mostram resultados satisfatrios. No hospital onde realizou-se esta pesquisa, o projeto ABC + Sade teve incio em 1995, tendo como objetivo oferecer interveno escolar crianas e adolescentes hos-pitalizados. As atividades tm carter educativo, recreativo e ocupacional. As estrat-gias implantadas estabelecem relao entre a atividade e as mltiplas aprendizagens das crianas hospitalizadas.

    Os trabalhos eram, como na Frana, produzidos por professores voluntrios, geralmente aposentados. A partir de 1997, alguns cursos de Pedagogia de Fortaleza comearam a inserir, em seus programas, a possibilidade de estgio em hospital. As atividades comearam, assim, a tomar outro papel, mais relacionados educao formal, num ambiente informal. Estamos ainda longe de ter o sistema organizado como na Europa, cujas atividades escolares aplicadas em hospital so enviadas pela escola de origem. Os hospitais ainda no contratam professores, mas aceitam suas presenas como necessrias ao desenvolvimento da criana em tratamento. Mas sem-pre podemos sonhar...

    A abordagem clnica para chegar ao dilogoO trabalho dos professores no hospital se realiza sistematicamente no leito dos

    pequenos pacientes, onde esses professores vm para a prtica da sua formao. Um dos objetivos especficos desta interveno no hospital a formao pela narrativa. A narrativa de experincias dos personagens de fico em atividades, frequentemente, leva os aprendentes a contar suas prprias experincias. No pretendemos aqui fazer um arrazoado da prtica, seno uma reflexo acerca da formao para o trabalho.

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    Histrias de formao de professores para a Classe Hospitalar

    A palavra clnica j dupla em sua origem: clinucus do latim e do grego kli-nikos, aquele que visita os doentes no leito, a raiz klines significando leito. Disso, mais tarde, vem a expresso inclinao, inclinar-se. Podemos ento pensar sobre o movimento de inclinar-se para ver de perto aquele que est no leito. Ver de perto, obviamente, no sentido prprio e no sentido metafrico. , provavelmente, neste sentido metafrico que a expresso passou da Medicina Psicologia e Sociologia e, a partir da dcada de 1990, tambm s Cincias da Educao.

    Guy de Villiers (1989) nos informa que o adjetivo clnico pode descrever uma situao cada vez que uma prtica coloca a cincia em contato com o homem con-creto. Resumindo, a real e direta relao entre o observador e o observado como objeto emprico da cincia. Deste modo, descobrimos que, na abordagem clnica, o sujeito epistmico no o ideal para a pesquisa. De acordo com Imbert (1995), impossvel ao indivduo deixar de estar envolvido no processo e suas palavras devem ser consideradas tais quais so expressas. , novamente, o sujeito real que defendido por Imbert, que assegura no haver clnica sem a interao dos sujeitos envolvidos. Portanto, estamos muito longe do conceito original mdico de clnica.

    em Blanchard-Laville (1999) que a abordagem clnica aprofunda-se em Ci-ncias da Educao, na dcada de 1990, desta vez, defendida como uma possibilida-de de engajamento psicanaltico das situaes de transferncias entre pesquisador e objeto de pesquisa. A relao entre estes dois elementos implica a constituio de um caminho, cuja dinmica o ponto chave para a formao do professor. Essa dinmica formadora de uma relao nova de conhecimento. Abordagem no muito cientfica, nem completamente praxiolgica, Blanchard-Laville defende o relevo de inspirao psicanaltica para sugerir uma compreenso menos enganosa do termo. Implicao , talvez, o termo adequado para a abordagem clnica. Mas estar implicados - ou envol-vidos - pode confundir cientistas rgidos, aqueles que acreditam unicamente no valor da pesquisa em que o pesquisador se distancia do objeto. Particularmente, receio infinitamente ter um olhar mope, se ficar longe de meus sujeitos. por esta razo, inclusive, que considero muito apropriado o termo klinikos. Inclinando-se sobre meu

    objeto, eu o vejo melhor.

    Lani-Bayle (2002) prefere o termo dinmica clnica abordagem clnica pelo sentido do movimento da implementao de um processo que se desenvolve enquanto se faz. A autora defende seu ponto de vista pelo fato de que em cincias da educao tocamos a formao de pessoas. Ento mais adequado pensar em um termo que indique, ao mesmo tempo, construo e temporalidade. E, alm disso, o educador clnico deve permanecer aberto s surpresas dos momentos clnicos anunciados pela autora. Lani-Bayle diz que no h clnica sem experincia de intera-o ou co-construo. Isso o que marca, portanto, segundo a autora, a linha que separa a abordagem clnica da abordagem psicanaltica.

    A dinmica clnica exige contato em que as trocas podem ser feitas. Ao esco-lher a abordagem clnica como metodologia de formao docente, presumimos estar preparados para esses compromissos interpessoais, que rompem com a onipotncia

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    do formador em relao a seu aprendiz. A dinmica clnica no funciona em linha reta, o efeito de loop que inclui a sua dinmica e incorpora sua complexidade. Isto permite no s um vai e vem, mas os contornos, as rondas de movimentos que po-dem expressar a organizao do assunto. Este movimento ir envolver estreitamente o formador, porque est em seu trabalho, est em sua escrita. No h, na verdade, escritura sem autor, nem autor sem escritura. Mesmo que este autor acredite ser posto distncia, ele est l, ele passa atravs da extenso de seu brao que segura esta mo que escreve.

    Jean Blanc(1999; p. 48) assegura que o pesquisador clnico no pode (...) sonhar com uma linguagem objeto, um instrumento cortado de sua experincia. A escrita requer a incluso do pesquisador em seu texto. Ento, a escolha metodolgica de dinmica um duplo desafio, que comea bem antes do compromisso sensorial completo do pesquisador no apenas escuta com seu objeto de pesquisa e de aprendizagem, e o fato de fingir terminar pela escrita aquilo que definiu pesquisar, j que uma pesquisa nunca est acabada; uma pesquisa, assim como uma aprendiza-gem, pode ficar em stand-by. A dinmica clnica permite esta avaliao do fato que

    no h uma ao perfeita que seja garantida antecipadamente (CIFALI, 2001). A clnica responde e corresponde a uma dinmica do encontro entre o observador e o observado.

    Neste registro, Vincent de Gaulejac (1993; p. 76) defende a necessidade de observar a interao psicossocial do sujeito-objeto, a fim de compreender o seu fun-cionamento. Gaulejac concebe o fenmeno social como a origem do fenmeno psi-colgico, isto , o meio determina, de alguma forma, inclinaes e gostos. Por isso, nos afirma o autor que opsiquismo que produzido para o social, produzir mais tarde este social. Isso o que Edgar Morin chamou recursividade, estes mo-vimentos de vaivm constantes que pem em relao integral inmeros aspectos da vida, mantendo-os distintos e formadores da complexidade.

    A opo metodolgica foi fundamentada sobre a valorizao das falas dos pa-cientes, por intermdio de uma abordagem clnica com base na afetividade. Os edu-cadores so estimulados a realizar uma interveno em que predomine uma escuta sensvel, baseada nos conceitos de Barbier (1997). o paciente que, relatando suas histrias, reflete sobre sua condio atual, sobre o seu passado, sobre as mudanas que a doena lhe provoca cotidianamente. Em outras palavras, em vez de lhe mostrar aquilo que ele era capaz de fazer no passado, os professores os incentivam a pensar e dizer suas oportunidades do presente.

    Isso nos leva ao loop da relao (MAIA-VASCONCELOS, 2010; 74) e ao termo mesmo de dinmica clnica pelo sentido de inclinao, em movimento de curvar-se para ver a pessoa de perto em sua totalidade. De minha parte, com adoles-centes com cncer, com quem trabalhei durante dez anos, e na formao de profes-sores para este atendimento to especial, ouso dizer, metaforicamente, que este ciclo se fecha quando, me inclinando para v-los, tambm vejo meus ps e percebo que o corpo humano no comporta extremidades fsicas, sociais ou psicolgicas. Tudo

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    composto de um grupo misto, que nem por isso nega a individualidade esta indi-visvel dualidade do sujeito:

    Diante de um sujeito que enfrenta uma doena grave e a iminncia da morte, as aes devem ser precisas e rpidas. O profissional no , talvez, nunca preparado com antecedncia. Isso corresponde ao que Lani-Bayle (1999) chama de uma din-mica clnica, neste sentido do movimento. Mireille Cifali (1993), afirma que no h na abordagem clnica oposio entre conhecimento e ao. Tais aes, segundo Ci-falli, so produtoras de conhecimento. Essas definies nos revelam uma metonmia da abordagem clnica: o texto pelo contexto e vice-versa. Transformar o indivduo de quem estamos falando em um conceito estigmatizante e contra todas as considera-es do humanismo. O assunto deve ser visto e aceito em toda sua dimenso, a fim de realmente ser reconhecido.

    Em busca de uma reflexo...O professor hospitalar incentivado a levar em conta a fragilidade de alunos

    especiais, seus nveis escolares e seu desejo de voltar escola no futuro. As aulas, embora flexveis, no acontecem sem critrios e exigem qualidade a fim de permitir revelar as capacidades destes alunos. Uma tarefa bem sucedida pode ser vivida pelo paciente como a crena na cura. Se parece muito imprudente pensar em cura, pode-se desenvolver a capacidade de buscar solues.

    Outro fator de destaque a socializao da criana pela escolarizao. Em vez de serem isolados do mundo, esses indivduos interagem com outras pessoas, fazem amigos pertencentes ao mesmo contexto, mas com quem ele poder trocar experin-cias, novas e antigas. No hospital, o ensino impele o indivduo a aprender uma nova maneira de viver, conhecer outros colegas e esforar-se, sobretudo, na comunicao.As lies em contato direto como professor tm como objetivo oferecer ao aluno simultaneamente a responsabilidade e o orgulho de saber resolv-las.

    O professor chega para lembrar que o corpo sofrido e doente do paciente abriga um ser capaz de aprender e desenvolver suas aptides e habilidades intelec-tuais. Destarte, esse contato mostra que a escola acontece na verdade no encontro entre o Professor e seu aluno, no apenas numa rea murada. Em qualquer local, independentemente de um diretor, um supervisor e mesmo de contedos, a escola une potencial e realidade. Isso no impede o desenvolvimento de um plano adequa-do s possibilidades do estudante. O fato de que esta prtica de escola seja aplicada em hospital no implica que as atividades negligenciem critrio e sistematizao. Ao contrrio, elas seguem um plano. Essas habilidades podem j estar no esprito dos professores no momento em que escolhem este meio para vir trabalhar, mas tambm

    Figura 1: Loop da relao (MAIA-VASCONCELOS, 2010; 74).

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    podem desenvolv-las durante o treinamento oferecido anteriormente. Este o mo-mento decisivo, em que educadores tambm podem declinar de sua deciso. Nada os obriga a continuar o trabalho no caso de uma situao causar-lhes um choque.

    Entendemos este processo como essencial formao docente, como a recor-rncia positiva do processo de reconhecimento humano. Nesta abordagem, concebe-mos o indivduo em constante aprendizagem e por isso necessitando ser reinserido continuamente em seu ambiente para no se tornar um estranho. Desse modo, a abordagem clnica apresenta-se como uma estratgia para formao de profissionais de educao que trabalham com pessoas que esto vivenciando uma situao que consideramos limite, e que pe esses profissionais tambm em situao limite, por-que estar nesse trabalho implica assumir responsabilidades em duplo sentido - do professor para o paciente e do paciente para o professor. Esta responsabilidade per-mite aos professores em formao perceber que a formao docente sempre presen-te em sua vida pessoal e profissional. Estamos ainda engatinhando na formao de professores para atuarem em situaes diferentes do corriqueiro, e talvez seja esse no saber constante o que mais nos mantm estveis.

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    CorrespondnciaSandra Maia Farias Vasconcelos Universidade Federal do Cear, Centro de Humanidades, Departamento de Letras Vernculas. Avenida Treze de Maio. Benfica, CEP: 60420-070 Fortaleza, Cear Brasil.

    E-mail: [email protected]

    Recebido em 03 de abril de 2014

    Aprovado em 10 de outubro de 2014