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BRANCO

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Presidente: James D. Wolfensohn

Vice-Presidente Regional: David de Ferranti

Diretor de País: Vinod Thomas

Oficial Principal: Antônio Rocha Magalhães

Líder do Setor de Desenvolvimento Humano: Maria Madalena dos Santos

Líder do Setor de Desenvolvimento Socioambiental: Luís Gabriel Azevedo

Especialista em Desenvolvimento Social e Sociedade Civil: Zezé Weiss

Assistente da Equipe de Sociedade Civil: Carla Zardo

www.bancomundial.org.br

Brasil

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“Precisamos reconhecer que a

juventude tem um papel a cumprir.

Precisamos dar responsabilidade e

oportunidade às lideranças jovens

para que possam, de fato, ajudar a

construir o mundo que desejam”.

James D. Wolfensohn

Presidente do Banco Mundial

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Realização: _________________________ Equipe de Sociedade Civil – Banco Mundial – BrasilCoordenação: ______________________ Zezé WeissAssistentes de Coordenação: __________ Carla Zardo, Renata FlorentinoProdução: __________________________ Sandra Dantas, Zezé WeissEdição: ____________________________ Zezé WeissRevisão: ___________________________ Diva Ferreira, Leo Feler, Sandra Dantas, Suely GehrePesquisa ___________________________ Alessandro de Leon, André Videira, Carla Zardo, Renata Florentino

Redação e Sistematização _____________ Alessandro de Leon, André Videira, Carlos Alberto Odas, Clovis HemriqueLeite de Souza, Eduardo Rombauer Vanden Bosch, Erika Janaína Costa L. Soares, Fabiana Mayume Kuriki, Fabio César PiresLima, Fábio Deboni, Fabrizia Kring Paliano, Ísis Lima Soares, Jefferson Luiz Damascendo Somma, Paulo Roberto Petri daSilva, Robson Luiz Santos Silva, Soraia Silva de Mello e Renata Florentino.

Textos e Palestras ___________________ Agnelo Queiróz, Alencar Ferreira, Alessandro Ponce de Leon, Alexandra Selhorst,André Videira, Antônio Rocha Magalhães, Armand Pereira, Azelene Kaingang, Beto Cury, Camila Godinho, CristovamBuarque, Ernesto Rodriguez, Eva Maria Chiavon, Érika Kokay, Fábio Deboni, Gladys Andrade, Ísis Lima, Jorge Werthein,Josbertini Clementino, Juan Felipe Sanchez, Katherine Bain, Luiz Dulci, Leonardo Jianoti, Luã Gabriel, Luiz Cavalcante,Marcus Fuchs, Maria Bernadete Lopes, Maria Helena Guimarães, Maria Inês Barbosa, Maria Valéria Pena, Marília Pastuk,Marina Macedo, Mariza Soares, Nena Lentini, Oded Grajew, Patrícia Maria, Reginaldo Lopes, Remígio Todeschini, ReinaldoFernandes, Renata Florentino, Ricardo Young, Rodrigo Abel, Rodrigo Amaral, Ronaldo Garcia, Rudá Ricci, Rui Mesquita,Silvio Caccia Bava, Soraia Mello, Vinod Thomas, Viviane Senna e Zezé Weiss.

Tradução: __________________________ Milton R. CoelhoProjeto Gráfico e Diagramação: ________ Extrema ComunicaçãoFotografias: ________________________ Débora AmorimFotolito, impressão e acabamento: _____ Gráfica BrasilLocal e Data de Impressão: ____________ Brasília, Setembro de 2004Distribuição: _______________________ Banco Mundial – BrasilTiragem desta Edição: ________________ 1.000 Exemplares

FICHA

TÉCNICA

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Às organizações e movimentos de juventude, pela coragem de ousar construir o Vozes Jovens em parceria com o BancoMundial.

À James D. Wolfensohn, Vinod Thomas e Juan Felipe Sanchez, pelo incentivo à ousadia.

Ao Governo Brasileiro, pelo apoio e participação.

À Escola Superior de Administração Fazendária-ESAF, Agência Americana para o Desenvolvimento-USAID, Organizaçãodas Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura-UNESCO e Organização Internacional do Trabalho-OIT, pelaconfiança.

À Agência de Notícias dos Direitos da Infância-ANDI, Comissão Especial de Políticas Públicas para Juventude da Câmarados Deputados, Grupo Interministerial de Juventude, Instituto Ayrton Senna, Instituto Cidadania, Rede de MonitoramentoAmiga da Criança e ao Seviço Brasileiro de Assistência à Pequena e Média Empresa-SEBRAE, pelos excelentes trabalhos quesubsidiaram, em grande parte, a tomada de decisão pelas lideranças jovens participantes do Vozes Jovens.

A Agnelo Queiróz, Alencar Ferreira, Alessandro Ponce de Leon, Alexandra Selhorst, Ana Drummond, AndréaGuedes,André Videira, Antônio Rocha Magalhães, Armand Pereira, Azelene Kaingang, Beatriz Cunha, Benedito R. deOliveira Neto, Beto Cury, Camila Godinho, Cristovam Buarque, Elizeu Chaves, Ernesto Rodriguez, Eva Maria Chiavon,Érika Kokay, Fábio Deboni, Gladys Andrade, Ísis Lima,Gloria La Cava, Jorge Werthein, Josbertini Clementino, Juan FelipeSanchez, Katherine Bain, Luiz Dulci, Leonardo Jianoti, Luã Gabriel, Luiz Cavalcante, Luciana Tannus, Lucila Beato, MarcusFuchs, Maria Bernadete Lopes, Maria Helena Guimarães, Maria Inês Barbosa, Maria Valéria Pena, Marília Pastuk, MarinaMacedo, Mariza Soares, Mauro Azeredo, Nena Lentini, Oded Grajew, Patrícia Maria, Paulo Vannuchi, Reginaldo Lopes,Remígio Todeschini, Reinaldo Fernandes, Renata Florentino, Ricardo Young, Rodrigo Abel, Rodrigo Amaral, RonaldoGarcia, Rudá Ricci, Rui Mesquita, Sílvio Caccia Bava, Soraia Mello, Vinod Thomas, Viviane Senna, Viviana Mangiaterra eWendy Cunninhan, pelo saber compartilhado em palestras, textos, sonhos e idéias.

A Alessandro de Leon, Andréia Amaral, André Videira, Carla Zardo, Carlos Alberto Odas, Clovis Hemrique Leite deSouza, Cláudia Cunha, Danilo Parmegiani, Eduardo Rombauer Vanden Bosch, Egydio Guerra, Erika Janaína Costa L. Soares,Fabiana Mayume Kuriki, Fabio César Pires Lima, Fábio Deboni, Fabrizia Kring Paliano, Geralda Magela, Humberto de Jesus,Ísis Lima Soares, Jefferson Luiz Damascendo Somma, Jorgemar Radaelli, Marco Aurélio G. Lemos, Mariza Soares, PauloRoberto Petri da Silva, Penildon Filho, Priscila Silva, Robson Luiz Santos Silva, Renata Florentino, Rodrigo Dalmasso,Sandra Dantas, Socorro Aquino, Soraia Silva de Mello, Thaís Pena, Uênia Pereira e Wellington Braga, pelo jeito simples eeficiente de fazer o Vozes Jovens acontecer.

Zezé WeissCoordenadora do Vozes Jovens

agradecimento

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Esta publicação foi produzida pela Equipe de SociedadeCivil do Banco Mundial no Brasil, em colaboração comexpressivas lideranças das organizações e movimentos dejuventude brasileiros, com recursos do Fundo Social doPresidente do Banco Mundial, James D. Wolfensohn e doorçamento do Banco no Brasil.

Os dados, interpretações, julgamentos, conclusões epropostas aqui apresentadas são de responsabilidade de seusautores, ou resultam da construção coletiva do Vozes Jovens,razão porque não refletem, necessariamente, a opinião doBanco Mundial.

Esta publicação consolida os resultados do EncontroVozes Jovens – Um Olhar das Organizações e Movimentosde Juventude sobre o Brasil do Século XXI, realizado porum grupo de jovens líderes com o apoio do Banco Mundiale a colaboração da ESAF, UNESCO, OIT e USAID.Cópia eletrônica desta publicação encontra-se disponívelna página do Banco Mundial : www.bancomundial.org.br.Cópias impressas podem ser solicitadas a:PIC – Banco Mundial - Setor Comercial Norte, Quadra A,Edifício Corporate Financial Center, 6º Andar70.712-900 – Brasília – Distrito Federal - BrasilTelefone: 55 61- 329-1001Fax: 55 61 –329-1010

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Juventude e Políticas Públicas ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 11Luiz Dulci

Juventude e Banco Mundial ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 15Vinod Thomas

Juventude e Inclusão Social -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 17Juan Felipe Sánchez

Juventude e Empoderamento ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 19Ernesto Rodriguez

Da Construção Participativa do Vozes Jovens ----------------------------------------------------------------------------------- 22Alessandro de Leon e Renata Florentino

Guia para Participante -------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 29

Jovens participantes e Entidades --------------------------------------------------------------------------------------------------- 32

Vozes Jovens Avaliação ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 37

Educação e Diversidade ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 39

Direitos Humanos: Raça, Etnia e Gênero ---------------------------------------------------------------------------------------- 43

Cidadania e Solidariedade ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 49

Combate à Exclusão ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 55

índice

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Comunicação ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 61

Empreendedorismo ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 67

Empregabilidade --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 73

Cultura, Esporte e Lazer ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 77

Meio Ambiente ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 81

Competitividade Global e Responsabilidade Social ----------------------------------------------------------------------------- 87

Violência e Criminalidade ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 91

Rede e Desenvolvimento Local ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 95

Bibliografia -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 101

ANEXOS:

Agenda 21 - Capítulo 25 --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 103

Carta de Braga ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 107

Estratégia de Dakar ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 113

Agenda Jovem ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 123

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L u i z D u l c i

Há 10, 15 anos seria impossível fazer, no Brasil, umevento do tipo do Vozes Jovens, porque não havia umaorganização juvenil à altura, independente,disseminada por este País. Se hoje é possível, é porqueos jovens brasileiros se organizaram a partir daquelasorganizações clássicas, que são importantíssimas,decisivas, que têm um papel mais geral em defesa dademocracia, dos direitos humanos, dos interesses dasclasses populares, como a União Nacional dosEstudantes-UNE e seus Diretórios Centrais deEstudantes-DCEs.

Além dessas entidades, ao longo desses anos todosse constituiu no Brasil um vasto tecido de organizaçõesde jovens relacionadas aos direitos das mulheres, decombate ao racismo, de questões de orientação sexual,de direitos indígenas e de defesa de outros jovens emvárias áreas, como esporte, trabalho e também de outrosdireitos subjetivos.

Isso fez com que, ao longo do tempo, a administraçãopública se interessasse mais por essas questões, e tambémcom que as organizações nacionais e internacionais queatuam no Brasil fossem, aos poucos, se dedicando maisàs questões juvenis, porque os próprios movimentos dosjovens, de maneira mais ou menos explícita, mais ou

menos formalizada, mais ou menos doutrinária,acabaram pautando essa questão.

Questão que eu chamaria da singularidade dostemas juvenis, pois, de uma forma ou de outra, aadministração pública brasileira já tratava da questãodos jovens há décadas, mas antes não tratavareconhecendo a singularidade da questão juvenil,tratava no âmbito das demais questões.

Dessa maneira, determinadas políticas acabavamtendo como sujeito também os jovens - políticas deassistência social, políticas esportivas, políticas voltadas

Ministro Luiz Dulci em discurso proferido naCerimônia de Abertura do Encontro Vozes Jovens, naEscola Superior de Administração Fazendária - ESAF,em 24 de maio de 2004

juventude e políticas públicas

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para a questão do trabalho, doemprego - mas que deveriam partirdo reconhecimento de que existeuma questão exclusivamentejuvenil.

Atualmente, a administraçãopública brasileira já reconhece quetodos esses movimentos de jovensde diferentes partidos ou deorganismos não partidários, deigrejas, cidades, enfim, de tantasinstituições, acabaram fazendocom que no Brasil de hoje já sefirme essa singularidade, já setenha a convicção de que nãose trata apenas de fazer mais

políticas para jovens, mas de ter umapolítica pública global, articulada, que dê conta dosdiferentes anseios da juventude.

Todos nós sabemos que a juventude também não éhomogênea, nem do ponto de vista de classe social,nem do ponto de vista de faixa etária, de região do país.As regiões são muito diferentes, felizmente, e então ajuventude também é muito plural, o que é bom.

Há 10, 15 anos havia muitas atividades feitas parajovens, mas poucas entidades autônomas,independentes, dirigidas por jovens, lideradas por jovens,constituídas por jovens. Eu diria que foi um processoanálogo ao da luta feminista no Brasil, que há 20 anostambém foi de uma atitude muito heróica, pois erampoucas as entidades que buscavam mudanças,enfrentando preconceitos, enfrentando incompreensõesconceituais.

Quando o Presidente Lula assumiu e nos convocou,nós verificamos que havia muitos programas, dediferentes ministérios, voltados para a juventude. Naverdade, são 40 programas voltados para a juventudenos ministérios, alguns específicos, outros gerais, mas

todos procurando de alguma forma atender, atingir, ebeneficiar a juventude. Esses programas são muito bons,funcionam bem; alguns são novos, criados nesteGoverno; outros eram programas que já existiam; nósos aperfeiçoamos e eles foram mantidos, postergados osobstáculos.

Na área da cultura, por exemplo, há programas muitointeressantes que visam não só assegurar o acesso dosjovens à produção cultural, ao direito de assistir a umfilme, uma peça de teatro, ou a ouvir uma boa música.Não só o direito de assistir, mas também o direito deproduzir, de criar, porque nós todos sabemos que ajuventude é criativa, e que a arte é uma linguagem tãocriativa e tão vigorosa quanto a linguagem, por exemplo,da militância política e, às vezes, mais capaz de traduziro que vai pela alma das pessoas.

Há muitos programas bons, mas o Governo Federalnão tem uma política articulada, global, para ajuventude. Podemos ter 40 programas, podendo estesaté ser ampliados para 45, 50, e esses programas têm,cada um deles, muitas ações práticas, mas é inconcebívelque o Governo não tenha uma política propriamentedita, digna, apesar do esforço enorme de gentededicada, dos diferentes ministérios, que acredita nacausa da juventude.

Um governo de mudanças como o nosso, que veiopara mudar, e vai mudar o País ao longo de quatroanos, de acordo com o programa de reformasinstitucionais, que é o nosso programa, tem a obrigaçãode identificar o que há de bom e consolidar, e o deverde reconhecer também as nossas limitações e procurarsuperá-las. As esquerdas têm que partir, antes de maisnada, da verdade, trabalhar com um diagnósticoverdadeiro, inclusive com as limitações eventuais dopróprio Governo.

Por essa razão, o Presidente Lula formou um GrupoInterministerial constituído por 18 ministérios do nossoGoverno, que têm programas com ações voltadas para

“O Presidente Lula formou um GrupoInterministerial constituído por 18ministérios do nosso Governo, que têmprogramas com ações voltadas para ajuventude, com o objetivo exatamentede fazermos um diagnóstico dotrabalho que o Governo já realiza eavaliarmos as condições necessáriaspara darmos um salto de qualidade.”

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a juventude, com o objetivo exatamente de fazermosum diagnóstico do trabalho que o Governo já realiza eavaliarmos as condições necessárias para darmos umsalto de qualidade.

Nós somos ciosos daquilo que o Governo já faz – fazmuita coisa boa - e queremos conservar o que está feito,mas estamos cientes também de que, para darmos essesalto de qualidade, precisamos passar a ter uma políticapública global e articulada.

Só para dar um exemplo: às vezes temos umprograma numa área que trabalha com uma noção dejuventude, com uma faixa etária de 14 a 22 anos, e emoutro ministério do nosso mesmo Governo, temos umprograma que trabalha com jovens de 16 a 24 anos. Aprópria delimitação do que seria a juventude comosujeito da ação do Governo varia de ministério paraministério. E não varia, evidentemente, por má-fé, variaporque ainda não estamos trabalhando de maneiraintegrada.

Nós temos, por exemplo, diferentes programasvoltados para a questão do trabalho, para geraroportunidades de trabalho para a juventude. Essesprogramas muitas vezes não dialogam entre si. Às vezes,há um ministério executando um bom programa voltadopara gerar ocupação e oportunidade de emprego e derenda para o jovem, e outros ministérios com programastambém com o mesmo objetivo. Todos são programassérios, executados com muito empenho moral, empenhopolítico e administrativo, mas um ministério não sabeque o outro está fazendo um trabalho com idênticopropósito.

Temos interlocução com dezenas de entidadeslideradas por jovens, entidades de apoio ao trabalhodos jovens e às suas lutas. Mas sabemos de redes que jáestão constituídas e que fazem a interlocução comalguns programas, sem que seus resultados sejamaproveitados por outras iniciativas do Governo. Emboraa intenção seja ótima, e o engajamento de cada

ministério seja o melhorpossível, isso acaba gerandoi r r a c i o n a l i d a d e ,sobreposição, duplicação deesforços, e muitas vezesdispêndio desnecessário deenergia.

Então, o que o PresidenteLula nos determinou é quefizéssemos um diagnóstico –que já está feito, já foiconcluído e acertado – detodos os programas e ações queexistem, em termos estatísticos,no Governo Federal, para integrá-los.

Agora, nós do Governo, estamos trabalhando nasegunda etapa, que é a do diálogo com todas asentidades juvenis e entidades interessadas na questãojuvenil existentes no País, sem dúvida com asorganizações internacionais que atuam no Brasil, quetêm dado uma contribuição muito grande, como oBanco Mundial, a Unesco, a USAID, a OIT e outrasinstituições das Nações Unidas ou não, sobretudoaproveitando aquilo que a juventude brasileira jáproduziu.

O Governo Brasileiro valoriza muito o que estásendo feito, mas sem achar que tudo é perfeito. OGoverno sabe que precisa dar um salto de qualidadepara fazer com que o Brasil tenha uma política públicade juventude federal — tanto quanto possívelarticulada com políticas públicas estaduais e municipais— que dê conta, globalmente, daquilo que nós estamoschamando de a singularidade da questão juvenil, nosseus diferentes aspectos.

Para fazer isso, precisamos do apoio da sociedade,pois não faria sentido o Governo consolidar uma políticapública partindo apenas da sua própria experiênciaenquanto Governo, sem colocar essa experiência em

“É impossível uma administraçãopública, hoje em dia, no Brasil,não tratar da questão dajuventude. Se fizer isso, estarádiscordando de uma fortemobilização social, inclusive, e éum tema que hoje não éexclusivamente dos jovens,porque ele se incorporou à pautade qualquer projeto nacional dedesenvolvimento no Brasil.”

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diálogo com o saber acumulado pelas instituiçõesjuvenis e pelas instituições que estudam com seriedade,com afinco, há muitos anos, há várias décadas, a questãojuvenil.

É impossível uma administração pública, hoje emdia, no Brasil, não tratar da questão da juventude. Sefizer isso, estará discordando de uma forte mobilizaçãosocial, inclusive, e é um tema que hoje não éexclusivamente dos jovens, porque ele se incorporou àpauta de qualquer projeto nacional de desenvolvimentono Brasil.

O Governo Federal passará a ter, muito brevemente,dentro desse processo governamental e não-governamental, uma política articulada, global, para asquestões de juventude. Isto não significa que osprogramas sairão dos ministérios. Não faz nenhumsentido que o Programa 2º Tempo deixe de serexecutado e dirigido pelo Ministério dos Esportes, ouque o Programa Primeiro Emprego deixe de serexecutado e dirigido pelo Ministério do Trabalho.

A nossa idéia é que haja uma integração, umaarticulação, uma racionalização, para que os programasque já existem, e os novos que venham a ser criadossejam articulados previamente, sejam monitoradoscoletivamente ao longo do processo. E que dialoguementre si, para que uns fortaleçam os outros, e todos sefortaleçam mutuamente. Para que a política dejuventude seja uma política de Governo, uma políticade Estado, independente de onde, administrativamentee politicamente, os projetos sejam executados. Isso vaiimplicar, com certeza, em algum tipo de mecanismoinstitucional coordenador.

Um evento como o Vozes Jovens não vale apenaspela contribuição que dará ao Governo e aos seusdiferentes ministérios, mas vale também por consolidar

a organização independente da sociedade civil. Sãoduas coisas diferentes, com as quais as organizações dasociedade civil podem e devem contribuir, sobretudono caso de um Governo como o nosso, que édemocrático, popular, transformador. Mas aorganização independente dos jovens, a sua vocaçãonão é se exaurir nas políticas federais, nas políticasgovernamentais.

É fundamental que a sociedade civil permaneçacom suas organizações independentes durante o nossoGoverno e perante os futuros governos. Então, umevento como o Vozes Jovens tem sempre uma duplaface, que é consolidar a experiência autônoma dasociedade civil, fortalecendo o seu trabalho, e ao mesmotempo dialogar com o Estado na elaboração de políticaspúblicas.

Em breve, o Grupo Interministerial apresentará aopresidente Lula uma proposta global de uma novapolítica pública de juventude, e o presidente temconsciência de que não poderá lançar uma políticaachando que está esgotada a etapa de elaboração.Vamos lançá-la e vamos cotejar permanentemente apolítica com a reflexão e a prática da própria sociedadebrasileira, cientes que estamos de que a nossa tarefa écoordenadora, integradora, racionalizadora.

Sabemos que todos os ministérios que têm interfacecom a questão da juventude estão também muitoatentos para as necessidades urgentes de definiçãodessas políticas públicas que colocarão o jovem brasileironão apenas como espectador, mas como protagonistada sua história.

Luiz Dulci, Ministro-Chefe da Secretaria Geral da

Presidência da República

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V i n o d T h o m a s

O Brasil tem motivos de sobra para se orgulhar dasua Juventude. Os rapazes e moças com quem venhome deparando pelas salas e corredores do BancoMundial, especialmente durante este último ano,mostram o lado bonito de uma geração comprometidaem fazer do Brasil um país mais justo, sustentável ecompetetivo.

Para o Banco, conviver com a presença de jovenslíderes tem sido um grande aprendizado. Constatamosa inovadora capacidade de setores expressivos dajuventude brasileira de buscar espaços para se inserir,de forma madura e responsável, nos processos de tomadade decisão sobre ações estratégicas que possam impactara qualidade da política pública no Brasil.

O momento é especialmente propício para aabordagem do tema Juventude na política públicabrasileira. Passamos por um período no qual as questõesde juventude e desenvolvimento são inseparáveis. Osjovens do Brasil, como em diversos outros países domundo, encaram o dobro da taxa de desemprego dapopulação em geral, têm a maior taxa de pobreza, eencontram-se mais vulneráveis à criminalidade, sendoo crime a maior causa de morte entre jovens.

Aprendemos, nos diversos projetos implementadoscom o apoio do Banco Mundial no Brasil e no mundo,que a inclusão das comunidades e populaçõesbeneficiadas nos processos de decisão propicia melhoresresultados. O mesmo aplica-se aos jovens.

Aprendemos, sobretudo, a ver com bons olhos aarejada perspectiva da juventude, que possa ajudar o

juventude e banco mundial

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Banco a aperfeiçoar suas políticas para melhor atenderas necessidades de desenvolvimento brasileiras. Essenovo olhar chamou a atenção do Banco para aimportância de ampliar nossos canais de diálogo social,de investir mais na produção e disseminação doconhecimento e de incorporar os temas que preocupam,envolvem ou entusiasmam a juventude brasileira emnosso programa de trabalho para o Brasil.

Um resultado concreto dessa nova visão encontra-se na Estratégia de Assistência ao País-CAS para operíodo 2004-2007. Embora compartilhássemos com ajuventude a preocupação com a desigualdade socialque afeta, principalmente, os mais de 20 milhões dejovens que vivem em famílias com renda per capitamensal de até um salário mínimo – muitos deles semacesso à educação e ao emprego – foi a partir daparticipação organizada de jovens nas consultaspreparatórias do CAS (julho-outubro de 2003) que oBanco incluiu, pela primeira vez, o tema Juventude noCAS do Brasil.

A confiança estabelecida durante a experiência depreparação do CAS permitiu, nos meses seguintes(novembro 2003 – maio 2004), que um grupo de jovenspudesse organizar, com o apoio do Banco e mediantesua equipe de desenvolvimento social e sociedade civil,o Encontro Vozes Jovens – Um Olhar das Organizações

e Movimentos de Juventude sobre o Brasil do SéculoXXI. Aqui, uma vez mais, a sensação do Banco foi a deestar passando por um grande aprendizado.

As dezenas de moças e rapazes que se debruçaramsobre os grandes temas brasileiros para produzir ametodologia e a programação do Vozes Jovens foramcapazes de construir uma agenda com temas tãocomplexos como Educação e Diversidade, DireitosHumanos – Raça, Etnia, Gênero e Ações Afirmativas,Cidadania, Inclusão Social, Trabalho,Empreendedorismo, Cultura, Esporte, Lazer, MeioAmbiente, Qualidade de Vida, Competitividade e,dentre outros, temas inovadores como a da participaçãodas redes sociais, da responsabilidade social e dainteração das atuações global e local para geração dedesenvolvimento.

A soma das muitas experiências e esperançasexpressadas pelo vasto mosaico da juventude brasileirapresente nas diferentes etapas de preparação, realizaçãoe avaliação do Vozes Jovens encontram-se aquireproduzidas neste livro. Dessa forma, o Banco Mundialespera estar colocando em prática um pouco do muitoque vem aprendendo com a juventude brasileira.

Vinod Thomas, Diretor do Banco Mundial para o Brasil

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J u a n F e l i p e S a n c h e z

Algumas pessoas poderiam se perguntar: Por queuma política específica de juventude? Por que o Banco,tendo tanta experiência acumulada nas áreas dainfância e da adolescência, volta-se agora com tantoentusiasmo para a temática da juventude?

A resposta encontra-se nos dados recentes queanalisamos sobre jovens: O mundo tem hoje,

proporcionalmente, mais jovens do que em toda ahistória da humanidade.

São 1 bilhão de jovens, se considerarmos apenas afaixa etária dos 14 aos 24 anos. Incluídas as crianças eadolescentes, a população infanto-juvenil passa para 3bilhões de pessoas, ou seja, o mesmo que a populaçãototal do planeta em 1960. Indo nesse ritmo, segundo aUSAID, nos próximos 100 anos metade da populaçãodo planeta será constituída por jovens.

Trabalhar com a maior parcela da população daTerra faz, portanto, muito sentido. Quer queiramos ounão, o tamanho e a proporção desse grupo demográficoproduz grandes impactos na vida atual dos povos daTerra. A majoritária presença da juventude na maioriadas sociedades modernas traz implicações para aeconomia, a cultura, o meio ambiente e para asegurança da vida no planeta.

Outra razão para se trabalhar com jovens diz respeitoao custo-benefício dos programas voltados para ajuventude. Estudos mostram que investir em jovens éuma das formas mais eficazes de produzir bonsresultados para as gerações futuras. No meu país, aColômbia, por exemplo, investir na educação de jovensuniversitários significa assegurar a esses jovens a chancede ter uma renda de 25 a 30% maior depois de formados.Para esses jovens, a chance de se inserir no mercadoformal de trabalho é muito maior.

juventude e inclusão social

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Trabalhar com jovens cumpre, por outro lado, amissão do Banco de combater a pobreza e a exclusãosocial. Do 1 bilhão de jovens no mundo, cerca de 25%,aproximadamente 238 milhões de jovens, estão abaixoda linha de pobreza. Ou seja, vivem com menos deUS$ 1 por dia. Essa situação é particularmente críticanos nossos países da América Latina e do Caribe.

Brasil e México são, infelizmente, campeões dadesigualdade social entre jovens. O desemprego juvenilnesses dois países é duas vezes maior do que a médiamundial. Estudos mostram que a falta de emprego erenda, de acesso à educação formal, à saúde, ao esporte,ao lazer e à cultura debilitam o tecido social dos povose das nações modernas. Os países se tornam maisvulneráveis à violência e ao conflito social quando nãocuidam bem da sua juventude.

Há, porém, razões para se ter esperança. No Brasil,por exemplo, sociedade e Governo vêm demonstrandoum importante compromisso com a juventude do País.Enquanto o Governo trabalha para a construção deuma política específica e integrada de juventude,conforme a apresentação do Ministro Luiz Dulci, osmovimentos e organizações de juventude se mobilizam,constróem propostas, formam alianças e apresentamplataformas com soluções práticas e criativas para darresposta aos desafios que enfrentam. Estar aqui, nesteEncontro de Vozes Jovens, nos dá a certeza de que algomuito importante está acontecendo no Brasil.

Essa parceria inédita dos setores organizados dajuventude brasileira com o Banco Mundial, para tratarde uma ação pontual – a construção de propostasconcretas para empoderar cada vez mais os movimentose organizações de juventude – resultou, de imediato,na inclusão do tema Juventude na Estratégia do Bancopara o Brasil. A pergunta subseqüente deste Encontroe das nossas ações futuras seria então: Em que maispode o Banco contribuir?

O Banco Mundial espera poder contribuir mais com

o Governo e as juventudes brasileiras no sentido defacilitar a troca de experiências, colocando à disposiçãode ambos o conhecimento que acumulou ao longo dostempos; de disponibilizar recursos financeiros para ofinanciamento de programas de juventude, sempre equando sejam de interesse dos governos e das sociedades;e de fomentar a produção e disseminação do conhecimentosobre assuntos de interesse da juventude.

Esse é um desafio que poderá gerar excelentesrespostas para muitos problemas ainda sem soluçãono Brasil, na América Latina e no mundo. Umaparticipação mais efetiva da juventude poderá, comcerteza, contribuir para o cumprimento das Metasdo Milênio, gerar uma maior inserção da juventudenos principais programas de governo, em todos osníveis – nacional, subnacional e local – e, com relaçãoao Banco, incorporar uma visão mais integrada deapoio aos programas de juventude.

Demos, com essa pequena iniciativa de apoio aoVozes Jovens, um evento construído e coordenadopor lideranças jovens, o passo inicial para trazer, noBrasil, a questão da juventude, para o centro da mesade debates sobre inclusão e desenvolvimento social.Abrimos, com alegria, mais um espaço importantede diálogo do Banco com a Sociedade Civil.Incluímos a juventude na Estratégia do Banco para oPaís. Estamos identificando e buscando apoiar asprincipais iniciativas relacionadas a políticas deJuventude no Brasil.

O engajamento das lideranças jovens brasileiras como Vozes Jovens faz crescer nossa convicção daimportância da juventude para o fortalecimento doprocesso de desenvolvimento que o Brasil vive hoje. OVozes Jovens renova, portanto, nossa confiança de que,no Brasil, jovem é solução.

Juan Felipe Sanchez, Especialista Sênior em Infância e

Juventude, Banco Mundial - Washington

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E r n e s t o R o d r í g u e z

Na maior parte dos governos da América Latina, osjovens são considerados – e o são em boa medida emquase todas as partes – simplesmente um grupo de risco,vulnerável, que está em certas condições sociaisprecárias, que têm de ser assistidos por alguns programasespecíficos para que melhore suas condições de vida.

Em nenhum momento se considera que os jovens possamser atores, na presença do desenvolvimento.

Em alguns casos, se avança em termos deperspectivas e enfoques metodológicos e se considera aidéia de que os jovens não são só um grupo de risco, sãosujeitos de fato. Isso ajuda na lógica do trabalho comcrianças e adolescentes, e melhora muito a perspectivaanterior porque ao menos impede o assistencialismo quepredomina muito nos programas públicos, mas seguemconsiderando os jovens só como receptores de políticas,salvo em alguns campos. Em outros casos, predomina aidéia de que o jovem tem direito a ter acesso a umconjunto de serviços e que o importante é que ele vátrabalhar para cumprir com o exercício desses direitos apartir das políticas públicas.

O enfoque pretende superar as práticas quetemos desenvolvido há muito tempo no nosso país,inclusive, quando se olha o PPA aqui no Brasil, e seanalisa, também, a quantidade de investimento, oorçamento, no exercício de governo. Algumas dessaspráticas predominam no contexto de um governoprogressista favorável a mudanças profundas nasociedade, mas o que se nota é que a maior parte dasofertas que há para jovens, definidas e financiadas, tema ver com a consideração dos jovens como um grupo derisco e, no seu conjunto, são ações muito concentradasem educação ou no desenvolvimento de programas

juventude e empoderamento

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vinculados ao controle social, para não dizer, programasvinculados a menores infratores.

Isso quando nos referimos a programas específicos,digamos, quando analisamos os impactos que o conjuntode políticas públicas, o conjunto de investimentos derecursos têm nos jovens. Isso explica as mudanças, porémos mais preponderantes, os mais relevantes, são osespecíficos, porque é onde está a maior quantidade derecursos. Evidentemente, isso contrasta, com o discurso,no melhor sentido da palavra, que muitas vezes têm ospróprios governos e a maior parte dos atores, de participardesses processos, que insistem muito na necessidade deconstruir cidadania, por exemplo, com os jovens, ou detrabalhar muito na inserção desses jovens, socialmentee no mercado de trabalho. Porém, nos deparamos, àsvezes, com o fato de que essas áreas ou não estãodevidamente priorizadas no plano de desenvolvimentoglobal de governo ou têm inserção muito baixa.

Podemos encontrar uma explicação fazendo umparalelo entre as políticas vinculadas à mulher e aspolíticas vinculadas à juventude e descobrimos que,em muitos feitos, na maior parte dos países da AméricaLatina, estas duas dinâmicas de política públicacomeçaram a ter uma certa força e certa presençapública, mais ou menos ao mesmo tempo, no final dosanos setenta e início dos anos oitenta. Trinta anos depois,vemos que a situação das mulheres continua tendoenormes diferenças, desigualdades, etc. A situaçãomelhorou com relação há 30 anos e isso não ocorre comos jovens. Temos encontrado uma explicação básicavinculada ao fato de que as políticas das mulheres foramimpulsionadas por movimentos de mulheres muitoativos, o que não ocorreu tanto no campo dos jovens. Eseu êxito foi explicado porque, em boa medida, acondição social do jovem é uma condição, por definição,passageira, é uma condição social transitória. Todosdeixamos de ser jovens, então, isso contribui para que apreocupação central com os jovens seja diferente de

outros setores sociais organizados. As mulheres, ostrabalhadores, os campesinos lutam por temas muitoconcretos, vinculados à sua vida cotidiana, e o fazemem termos coorporativos.

Os jovens não atuam com perspectiva corporativa,não realizam ações vinculadas com a defesa estrita desuas carências; estão mais preocupados em construirum mundo melhor para se viver do que melhorar suascondições de vida, passageira por definição. Parece serum ponto de vista pouco consistente, mas foi a únicaexplicação que encontramos para avaliar, durante muitotempo, em muitos diversos governos, em várioscontextos nacionais e locais, o fato de que as políticaspúblicas avançam, de que os jovens, organizados, foramprotagonistas de muitos processos relevantes naAmérica Latina, porém não foram de reivindicaçõesespecíficas da maneira como foram outros atores; foramprotagonistas centrais de processos vinculados àdemocracia, à defesa dos valores humanos, mas nãocom potência específica.

Aqui há uma diferença importante que eu gostariade comentar. Por que priorizar os jovens? Eu diria queos jovens são atores estratégicos do desenvolvimento.Por um lado, eles são um grupo numericamente muitoimportante. E, em termos demográficos, estamos empresença da maior geração jovem de toda a históriademográfica do nosso planeta, sobretudo em um paíscomo o Brasil. Já não nasce, como há 50 anos, umcontingente de crianças que obrigava a centrarem-semuitas políticas vinculadas à infância. Ainda não temosna sociedade uma quantidade expressiva de adultosmaiores, (na perspectiva para 2030, 2040, 2050), para osquais se preparou os sistemas de previdência social. Issovai até, aproximadamente, 2010, 2012, especialmenteem países como o Brasil, depois começa a decair ecomeça o aumento das populações adultas.

Isto é, portanto, um argumento numérico paraatender mais e melhor as gerações jovens. É a melhor

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relação que temos entre população ativa e passiva,entendendo como população passiva os mais velhos eas crianças, que não participam da dinâmica cotidianado mercado de trabalho.

O segundo processo fortifica a importância relevantedos jovens como atores estratégicos do desenvolvimento,é o que podemos chamar de construção da sociedadede conhecimento. O século XX se caracterizou porsociedades que remetiam a si mesmas, com condiçõesmais ou menos similares, o que permitia prever, de formafactível, o que poderia ocorrer nos 10, 15 anos seguintes,Portanto, gerava contas com boa capacidade deprevisão. Isto já existe, foi a única coisa permanenteque há nesse caso, e tem a ver com a abertura daseconomias.

Hoje, o conhecimento é um atributo fundamental,mas passa é ligado ao jovem, que tem muito maiscapacidade para lidar com a informação, com acomunicação, com a tendência a deslocar-seregularmente e permanentemente em uma parte desua vida, e isso dá à geração jovem uma relevância quenunca teve em termos de desenvolvimento em seu país.Portanto, a política pública deveria poder trabalharmuito mais e melhor na promoção do jovem como atorestratégico do desenvolvimento.

Isso pode ser feito de muitas maneiras: promovendoprogramas grandes de voluntariado juvenil, oudesenvolvendo elementos para trabalhos de atividadecoletiva, quer dizer, deixando nas mãos dos jovens aimplantação de grandes políticas públicas, não somentepensando em melhorar os serviços aos quais os jovenstêm acesso, como educação, saúde, emprego,recreação, esportes, etc, mas também dando a volta edizendo como eles podem colaborar com odesenvolvimento, como podem ser atores centrais decampanhas de combate à pobreza, de valorização, desaúde preventiva, etc. E, de fato, muitos que participamsão jovens, mas só que nunca se identificam

grupalmente como tal. Então, é preciso ter uma propostamais sistemática de como trabalhar com os jovens sob oponto de vista de considerá-los como atores dodesenvolvimento.

Além disso, se melhoraria muito a própria questãodo desenvolvimento de políticas públicas, porque estádemonstrado que o jovem pode ser muito melhor doque o adulto em muitos aspectos. Poderíamos comentarmuito mais esse tipo de experiência, inclusive, pois hámuitos exemplos de como essas coisas funcionam, emuito bem, em muitos países da América Latina.

Para que tudo isso funcione, faltam sistemasinstitucionais e minha impressão é a de que essessistemas institucionais estão em construção em quasetodas as partes, inclusive aqui no Brasil. A outra idéia éque essa secretaria especial ou esse ministério que sepode criar tenha, muito claro, os tipos de funções quevai cumprir e os tipos de funções que não vai cumprir.Essas experiências na América Latina demonstram queaqueles ministérios da juventude que tentaramexecutar políticas públicas concretamente fracassaram.O mais atual exemplo é a República Dominicana. Aocontrário, outros ministérios de juventude que estãoconcentrando funções de atividade criativa, deanimação, de articulação, de promoção, de valoração,porém não de execução, tiveram êxitos e talvez aexperiência mais relevante seja a do Chile, que obtevesucesso nesse sentido.

Temos de ter consciência de que, para que os jovenspossam ter um protagonismo importante nessas políticaspúblicas, eles têm que se “empoderar” intensamente,para saber como fazer as coisas, para poder discutiradequadamente com quem toma decisões, em que tipode assunto, porque senão a batalha estará perdida antesde começar.

Ernesto Rodríguez

Centro Latinoamericano de Juventude — CELAJU

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A l e s s a n d r o P o n c e d e L e o n

R e n a t a F l o r e n t i n o

1. INTRODUÇÃO

O grande diferencial do Vozes Jovens – Um Olhardas Organizações e Movimentos de Juventude sobre oBrasil do Século XXI, talvez tenha sido a constataçãode que esse não foi apenas mais um dos muitos eventostradicionalmente organizados para atender a agendade um organismo internacional. Na verdade, o VozesJovens foi o resultado de um processo que, emborainicialmente impulsionado pelo Banco Mundial, foitotalmente apropriado e co-dirigido por expressivaslideranças de diversos movimentos e organizações dejuventude do Brasil.

A estratégia para realização do Vozes envolveu trêsworkshops e dezenas de reuniões para a troca de idéiase informação sobre as principais questões de interesseda juventude neste início de milênio. Do ponto de vistado Banco Mundial, essas consultas serviriam, a princípio,para incluir a inédita contribuição da juventudebrasileira no processo de elaboração da Estratégia doBanco Mundial para o País – CAS (2004-2007). Para aslideranças jovens, o objetivo era influenciar o BancoMundial para incluir a temática de juventude comolinha específica no seu plano de ação para o Brasil.

Jovens lideranças assumiram esse desafio com tantaresponsabilidade que esse envolvimento resultou narealização do Vozes Jovens, como um encontro detroca de conhecimento e experiências, visando aformulação de políticas públicas inclusivas sob aperspectiva da juventude. O empreendimento deuma prática política diferenciada, democrática eparticipativa foi o norte constante em todas as açõesao se preparar o Vozes Jovens.

As metas iniciais de reconhecimento mútuo, derespeito às diferenças e à diversidade e de participaçãoautônoma efetiva, foram alcançadas junto com outrasimportantes conquistas do projeto, como o aumento daconfiança entre os atores sociais, através do encontro,reencontro e realização de pequenos pactos, com aconstrução participativa compartilhada do próprioevento e com a busca da concertação de pontosestratégicos entre os participantes desse processo.

As juventudes partidárias, religiosas, comunitáriase organizações não-governamentais desempenharamum papel crucial para a realização do Vozes. Sem opacto inicial de convivência desses jovens atorespolíticos, não teríamos as condições necessárias paraexercitar uma prática política diferenciada, baseada natolerância e respeito às diferenças.

da construção participativa

do vozes jovens

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O conceito de capital social ou de cooperação, ouainda de indivíduos e redes aptos a interagir de formasustentável com o seu meio, serviu como base conceitualpara o desenho da estratégia do Vozes Jovens, tendo odesenvolvimento social, ambiental, econômico ehumano da juventude como objetivo maior das açõesdesenvolvidas.

Embora não pretendamos visualizar aqui umaconceituação precisa de capital social, podemoschamar a atenção para o fato de que o Vozes permitiuàs lideranças jovens traçar estratégias dedesenvolvimento levando em conta a juventude comovariável de construção social. Ou melhor, o VozesJovens permitiu a atuação das organizações dejuventude, levando em conta a geração de capitalsocial entre as organizações e entre estas e outrasinstituições da sociedade civil.

Nesse sentido, podemos concluir que o Vozes Jovensfoi, antes de tudo, uma experiência concreta de vivênciapolítica. Uma construção coletiva de um espaço para odebate aberto, para a livre expressão de idéias, para odiálogo fraterno e para o compartilhar doconhecimento. Para a análise dos temas centrais queafetam a vida da nossa juventude. E para a aposta nosonho de se fazer do Brasil, de fato, um País de todos. Ede todas. De todas as regiões. De todas as raças. Detodos os gêneros. De todas as crenças. De todas as cores.De todos os sonhos. De todas as juventudes.

Por essas razões, com intuito de aumentar aconectividade, a co-responsabilidade e a confiança dosjovens atores sociais, se adotou uma metodologia deconstrução coletiva para o desenvolvimento de todo oprocesso de construção do Vozes Jovens.

2. O CAS COMO PONTO DE PARTIDA

Para a elaboração da sua Estratégia de Assistência¹

ao País-CAS (2004-2007), o Banco Mundial adotouuma abordagem participativa, realizando consultas não

só com o Governo, mas também com os principais setoresorganizados da Sociedade Civil brasileira.

Durante esse processo, realizado no segundosemestre de 2003, buscou-se realçar as iniciativas doGoverno Brasileiro, aumentando a transparência, oentendimento do público e a participação da cidadaniabrasileira na construção das políticas públicas do País.

Para tanto, foram consultadas lideranças dosmovimentos e redes sociais, das organizações não-governamentais, dos grupos empresariais, dos sindicatose da comunidade acadêmica. E, neste CAS, pelaprimeira vez na história do Banco Mundial no Brasil,foram realizadas consultas específicas com os segmentosorganizados dos movimentos e organizações dejuventude.

No caso da juventude, o modelo tradicional deconsultas do Banco Mundial transformou-se em umprocesso participatório, que resultou na inclusão do temajuventude no CAS e, um pouco depois, na realizaçãodo encontro Vozes Jovens, com a participação de maisde 100 organizações e movimentos de juventude,representando o vasto mosaico de sonhos e inquietudesde importantes segmentos da juventude brasileira.

3. AS CONSULTAS COMO INSTRUMENTO

DE FORMAÇÃO DE CAPACIDADES

As lideranças participantes do Vozes Jovensconcluíram que os espaços de diálogo construídoscoletivamente a partir das Consultas do CAS servirampara o desenvolvimento de capacidades dos jovensatores sociais, que puderam resolver suas disputas demodo sustentável para forjar, assim, os consensos e asconcertações necessárias para o desenvolvimento daspolíticas públicas de juventude.

O processo de apropriação do Vozes Jovens por parteda juventude mostrou aos próprios jovens que oinvestimento na parceria das organizações de juventudecom o Estado, o setor privado e/ou os organismos

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internacionais, quando voltado para um objetivocomum, pode fomentar uma nova cultura de diálogoentre os setores organizados da juventude brasileira eseus parceiros.

A condução do processo de produção doconhecimento dentro dos parâmetros de respeito àdiversidade, à liberdade de pensamento e de expressão,e ao direito de discordar inclusive da política do Banco,contribuiu para a formação de capacidades entre osjovens, que se fortaleceram individual einstitucionalmente, preparando-se assim para produzirefetivas contribuições para o desenho de umaGovernança Inclusiva – com a participação dajuventude – no Brasil.

A seguir, detalhamos o conhecimento adquirido eapropriado pelas jovens lideranças no processo das consultasrealizadas e/ou facilitadas pelo Banco Mundial:

CONSULTA I - 9 de julho de 2003:Reconhecimento dos Participantes Enquanto AtoresPolíticos e Chuva de Idéias

Foi no ano de 2003 que o Brasil iniciou, de fato, aconstrução da sua política nacional de juventude. Ochamado do Banco Mundial – neste mesmo ano – paraa discussão do CAS em consonância com o PPAencontrou as organizações e movimentos de juventudeem estado de ebulição intelectual.

O espaço democrático de discussão aberto peloBanco na primeira Consulta, onde o Diretor do Bancono Brasil, Vinod Thomas, explicou, a uma atenta platéiade cerca de 25 jovens lideranças, a estrutura do Banco,sua história no Brasil, sua carteira de projetos e suaintenção de produzir um CAS consoante com aestratégia de desenvolvimento do Governo Federal,despertou no grupo um sentimento inicial, ainda quelimitado, de confiança. A franca discussão que seseguiu produziu a chuva de idéias depois transformadaem pontos mencionados pelo Banco em seu CAS.

J o r g e W e r t h e i n

Começo parabenizando o BancoMundial por esta nova iniciativa que eleempreende, sobre a juventude, com ajuventude, para a juventude. Isso mostracomo tem chegado fortemente ao BancoMundial, nos últimos anos, uma temáticacomo esta, e a preocupação que o Bancotem e a forma como promove esses tipos defóruns que nos permitem escutar os jovens,escutar os adultos falarem dos jovens,escutar os jovens falarem para os adultos.

Tendo em vista os últimos sete anos, pelomenos, noto o crescimento desses espaçosde diálogo nos quais é possível trabalhar umatemática que se tornou fundamental, e euestou profundamente feliz que hoje noBrasil esse tema da juventude seja definido,finalmente, como uma grande prioridadepara uma política pública. Para uma políticapública destinada a jovens entre 15 e 24anos, como define as Nações Unidas, quesão em torno de 34 milhões no Brasil.

vozes jovens

espaço de diálogo e

concertação social

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O compromisso do Diretor do Banco de incluir ospontos principais levantados pelas lideranças jovens noCAS, dentre estes a visão de que a educação, aassistência às empresas e aos negócios iniciados porjovens, e os programas comunitários são essenciais parareduzir a violência - razão maior de preocupação entrea juventude, assim como o entendimento daimportância do desenho de programas que incorporemo fortalecimento da auto-estima, dos valores éticos,morais e de respeito aos direitos humanos, do incentivoà criatividade, ao idealismo, e do estímulo às idéiasinovadoras dos jovens brasileiros, permitiram aconstrução de uma plataforma básica de consenso paraa continuidade do diálogo entre jovens e o BancoMundial.

A constatação, nos meses seguintes, da inclusãodos pontos consensuados no documento oficial do CAScr i a ram a s cond içõe s ob je t iva s pa ra acontinuidade do diálogo e da colaboração entreJuventude e Banco Mundial.

CONSULTA II - 17 de fevereiro de 2004:Construção Coletiva dos Eixos de Trabalho através deMetodologia Participativa.

Esta consulta começou com uma apresentação dosmais relevantes temas de juventude por reconhecidaslideranças nacionais. Reginaldo Lopes, Presidente daComissão Especial de Políticas Públicas para Juventudeda Câmara dos Deputados apresentou a ConferênciaNacional de Juventude, realizada em Brasília mesesdepois com a presença de mais de 2000 jovens. RodrigoAbel, Assessor da Secretaria Geral da PresidênciaRepública introduziu os trabalhos do GrupoInterministerial de Juventude. E, pela Sociedade Civil,Carlos Odas, do Instituto Cidadania, trouxe para a mesao Projeto Juventude.

As apresentações foram seguidas por várias horasde trabalho em grupo, sob a facilitação de Alessandro

Ponce de Leon e Carla Zardo, que utilizaram comoferramenta metodológica de construção o DAFO(Debilidades, Ameaças, Fortalezas e Oportunidades),adaptado.

Partindo de um tema central – o papel dasorganizações de juventude, foram discutidos os pontosfracos e pontos fortes (internos e externos) domovimento juvenil brasileiro.

Na discussão inicial foram discutidas as principaisformas de atuação (papeis possíveis) a seremdesenvolvidos pelos movimentos de juventude,determinando as três referenciais orientadores dotrabalho:

1. Criação de oportunidades - ex: implementando açõesde empreendedorismo e empregabilidade.

2. Exercer a cidadania de forma plena – repensarvalores.

3. Ser sujeito legítimo de mudança.

A seguir, foram identificados os Pontos Fracos dosmovimentos e organizações de juventude:

Grupo1:

· Falta de engajamento cívico (crise de valores)

· Falta de ação do Estado

· Ausência de formação específica para as organizações,de “agendas mínimas” e de visão estratégica

Grupo2:

· Falta de cultura democrática

. Falta de integração e articulação

Grupo3:

· Falta de possibilidades para assumir seu papelprotagonista

· Modelo Político, Econômico e Cultural impostos

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· Falta de organização e de perspectiva de mudançaconcreta

Depois, foram consensuados os Pontos Fortes domovimento juvenil brasileiro:

Grupo1:

· Avanço da democracia

· Possibilidades de parcerias com setor público,organizações nacionais e internacionais

Grupo2:

· Temática mobilizadora

· Anseio de Transformação

· Novo contexto político nacional e internacional

Grupo3:

· Respeito à diversidade

· Ambiente favorável para a construção de agendapública e privada para as políticas de juventude

· “T” (tesão) da juventude

Após uma primeira etapa, os participantes chegaram àdefinição de três eixos prioritários, consideradosestratégicos:

EIXO I: Participação Democrática

· Exercício da Cidadania

· Democracia como valor

· Respeito à diversidade

EIXO II: Mobilização Social:

· Política Pública de Juventude - Ambiente favorável

· Ausência de formação específica para a construçãode agendas mínimas e visão estratégica

Estamos falando que, de 34 milhões dejovens, quase 30% estão estudando e quase30% estão só trabalhando. Há, ainda, uns 7milhões de jovens de 15 a 24 anos que estãofora da escola e fora do mercado de trabalho,jovens que não têm nem presente nemfuturo. Estamos falando de um contingentede juventude que é maior que a populaçãoda Argentina, que é o dobro de umapopulação assim como a do Uruguai, ouseja, uma quantidade de jovens que estámarginalizada, e é inaceitável que asociedade aprove, aceite, uma situação demarginalização tão grande.

Nesses últimos sete anos o Brasil fezmuitos esforços e, juntamente com asorganizações parceiras desse processo - aOIT, a USAID, a Unesco, e algumas quenão estão - definimos como prioridadetentar entender a juventude e tentarreproduzir diagnósticos que permitissemsocializar essa importante massa deinformação que se tornará disponível parapoder forçar, no bom sentido da palavra, asautoridades públicas e a sociedade civil acompreenderem, e ao mesmo temporesponder, o que os jovens estão colocando.

É muito grande a quantidade depesquisas dos últimos anos, inclusive,recentemente, a Unesco lançou o Relatóriode Desenvolvimento Juvenil, umapublicação que permite focalizar a situaçãoda juventude no Brasil. Creio que tudo isso

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· Temárica integradora e mobilizadora depotencialidades

EIXO III: Juventude como protagonista naconstrução de um projeto de País:

· Fator “T”, ou seja, o tesão da juventude

· Anseio de transformação

· Forte potencial de articulação das organizações dejuventude

CONSULTA III - 13 de abril de 2004: A Decisãode se Fazer o Encontro Vozes Jovens

As reuniões de jovens com o Banco continuaramem abril de 2004, quando foi definida a realização doEncontro Vozes Jovens, para o qual coube à juventudedefinir a temática, o programa, a metodologia e a listade palestrantes. Também coube aos jovens, por suaprópria iniciativa, a construção coletiva dos textos dereferência para subsidiar os debates.

Primeiro, esta construção foi feita virtualmente, pormeio de “impulsionadores” para cada temática, o queagregou a participação dos e das jovens nos Grupos deTrabalho antes mesmo da semana do evento. Alémdisso, a própria participação dos jovens nos grupos detrabalho foi uma escolha de cada organização no atode inscrição.

4. O ENCONTRO VOZES JOVENS COMO

INSTRUMENTO DE PROMOÇÃO DO DIÁLOGO

SOCIAL

O Vozes Jovens foi realizado em Brasília, de 24 a 26e maio de 2004, com a participação de mais de 100organizações e movimentos de juventude. Durante oencontro, esses jovens puderam dialogar entre si ou comorganizações que trabalham com jovens - e vislumbrarespaços para a ação conjunta.

O Encontro contou com a participação de jovensde todas as regiões do País, com seu perfil pluralrefletindo as áreas de atuação na juventude. Uma dasintenções era colocar o ambiente juvenil em ritmode concertação. Uma outra era fazer com que adiversidade não só fosse aceita, mas trabalhada comoimportante fator de diálogo para a construção de umaplataforma comum.

A coordenação coletiva do Encontro decidiufazê-lo voltado não somente aos governos e aosorganismos internacionais, mas também às própriasjuventudes, participantes ou não do encontro. Maisque uma mensagem “para fora”, foi uma construção“para dentro” do movimento juvenil, visando àconstrução de um espaço próprio de reflexão para asmuitas juventudes brasileiras.

As vár ias tarefas de organização foramassumidas pe las l ideranças jovens que seapropriaram do espaço. Nos dias do encontro, oacalorado trabalho nos Grupos Temáticos – GTsfoi facilitado por jovens militantes das maisdiversas áreas de atuação: militância partidária,religiosa, minorias, gênero, quilombolas, indígenas,ou ongue i ros de causas d iver sas . Jovensfacil itadores, profissionais ou com vocaçãodescoberta no encontro, organizaram o espaço dedebate e criação em grupos temáticos, que seresponsabilizaram pela geração de 10 propostascada um. Essas propostas foram registradas por umrelator/a escolhido/a pelo próprio grupo, eencontram-se agora documentadas neste livro.

O espaço foi apropriado de tal forma pelasorganizações de juventude que estas se articularam paraa formação de uma rede independente e autônoma, aRede Nacional de Organizações de Juventude –RENAJU ([email protected]),para continuar o intercambio iniciado no Vozes Jovens.O diálogo e a construção da Proposição de Brasília,

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aprovada por consenso durante o encontro, só foipossível graças ao exercício efetivo de diálogo e departicipação social.

Alessandro Ponce de Leon, Máster Em Estudos Políticos

Aplicados pela Fundação Internacional e para

Iberoamerica de Administração Pública. Consultor em

Projetos Relacionados com o desenvolvimento das

Políticas Públicas de Juventude. Co-Coordenador do Vozes

Jovens.

Renata Florentino, Dirigente da ONG Interagir e Co-

Coordenadora do Vozes Jovens.

veio permitir que, pela primeira vez setentasse neste país, definir uma políticapública para esse segmento da populaçãobrasileira e acho que este é um encontroque se inscreve dentro desse esforço que oGoverno está fazendo para discutir, escutare finalmente formular essa política públicaque estamos esperando e que daqui apouco teremos em mãos.

Quero parabenizar o Ministro Luís Dulcie dizer o quanto estou contente que eleesteja encabeçando esse processo, que éuma prova de que há uma decisão políticafundamental para definir uma política decaráter público. Quero, também, salientarque estão acontecendo importantesiniciativas que vão confluir para essa políticapública, seja por meio de um programa comoo do Primeiro Emprego para a juventude,seja pelo do Programa 2º Tempo, doMinistério do Esporte e do Ministério daEducação, de abertura de escolas nos finsde semana para ceder seus espaços para queos jovens possam usufruir eventos culturaise de lazer. Enfim, são iniciativas importantesque finalmente estamos tendo e que sãodirigidas à juventude.

Jorge Werthein, Diretor da Unesco no Brasil.

Discurso proferido na Cerimônia de

Abertura do Vozes Jovens

¹Os programas do Banco Mundial em cada país-membro são

regidos pelas Estratégias de Assistência ao País-CAS (Country

Assistance Strategiy ). O CAS do Brasil para 2004-2007 foi

apresentada ao Conselho de Diretores do Banco Mundial em

outubro de 2003. Pela primeira vez na história do Banco no

Brasil se aprovou um CAS incluindo o desenvolvimento

sustentável como eixo e a questão da juventude como linha

de ação.

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1) O Banco Mundial

O Banco Mundial é a maior fonte mundial deassistência para o desenvolvimento, e seusinvestimentos no Brasil somam 0,4% do PIB. O Bancousa recursos financeiros, pessoal altamente treinadoe ampla base de conhecimentos para ajudar paísesem desenvolvimento, focando em crescimentoestável, sustentável e justo. O objetivo principal éajudar as pessoas e os países mais pobres. Surgiu nopós-guerra buscando combater a pobreza nos paíseseuropeus. A instituição é formada por cincoorganizações: O Banco Internacional deReconstrução e Desenvolvimento (BIRD), aAssociação Internacional de Desenvolvimento(AID), a Corporação Financeira Internacional (IFC),a Agência Multilateral de Garantia de Investimentos(AMGI) e o Centro Internacional para Acerto deDisputas de Investimento (CIADI)

2) O Encontro Vozes Jovens

Encontro criado e realizado por organizações dejuventude que tomaram a frente do processo, o VozesJovens contará com a presença de mais de 100organizações e movimentos de juventude das maisdiversas origens e bases de todo Brasil, que estarãoreunidos, tendo a oportunidade de dialogar,estabelecer relações com pessoas interessantes,

compartilhar anseios e desejos e também visualizarespaços para ação. Palco para a elaboração depropostas, tem como foco atingir não só o Governoou organismos internacionais, mas a própriajuventude. Além do Banco Mundial, envolve aOrganização Internacional do Trabalho – OIT, aOrganização das Nações Unidas para a Educação,Ciência e Cultura – UNESCO, a AgênciaAmericana para o Desenvolvimento – USAID e aEscola Superior de Administração Fazendária –ESAF, como parceiras dessa empreitada.

3) Você

Participar de um encontro nacional comorepresentante de uma organização de juventude é umprivilégio. Lembre-se que você está num lugar almejadopor várias outras pessoas e que você conquistou commuito trabalho. É importante estar consciente de queessa é uma oportunidade imperdível, não podendoser desperdiçada de maneira alguma. Para exerceressa função, deve-se ter muitas responsabilidades.Os jovens da sua organização e do seu convíviodependem de você para obter informações sobre areunião. Haverá também outros jovens noEncontro esperando que você atue como fonte deinformações sobre sua área e também como umparceiro em potencial para futuras ações.

guia para participantes*

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4) Você no Vozes Jovens

Por que estou neste encontro? O mais provável éque você tenha metas específicas e resultados quedeseje ver materializados. Tenha em mente essas razõesfundamentais que justifiquem sua presença numencontro nacional.

Quem são os jovens ao meu redor? São seusparceiros, conterrâneos, cidadãos do mundo e em geralpessoas inteligentes e bem preparadas. Não cabedúvida que sempre haverá certas figuras nesseambiente, mas lembre-se de que as pessoas ao seu redorestão aqui porque, assim como você, se importam comas mesmas causas.

Por que eu estou participando disso? As respostasvariam de pessoa para pessoa. Como jovem, você temum papel único de transição, repassando oconhecimento e habilidades aos jovens que estãocomeçando a atuar. E quando chegar o momento desair da categoria de juventude, poderá atuar comoaliado, levando adiante a preocupação pela participaçãoda juventude.

5) O Vozes Jovens em miúdos:

Impulsionador(a): É o participante que se envolveuna etapa anterior ao encontro, colocando osparticipantes dos Grupos Temáticos em contato uns comos outros, iniciando previamente a discussão dos temas.Ajudará também a fomentar discussões nos ambientesinformais do evento, não apenas nos GTs.

Grupo Temático: É o espaço para se discutir idéiase construir as propostas do Encontro, identificandodificuldades e oportunidades, desenvolvendo epriorizando proposta referentes ao tema debatido.

Facilitador(a): É peça-chave para o bomandamento das discussões dentro e fora dos GruposTemáticos. É a pessoa que cuida para que cada etapa

do debate seja desenvolvida da maneira maisparticipativa e concertada possível, buscandoharmonizar objetivos comuns.

Relator: Será escolhido pelo Grupo no início dasatividades. É a pessoa responsável por conduzir aapresentação das propostas nas plenárias e sistematizaro registro do debate, em conjunto com o Facilitador.

Plenária: Quando todos os membros do Encontrose reúnem para se inteirar do que foi debatido nos GTse contribuir com o debate. Todos os GTs irão apresentarsua propostas, enquanto os jovens inscrevem seusdestaques para debater após as apresentações. Teremosduas plenárias, uma para cada eixo: DesenvolvimentoHumano e Desenvolvimento Econômico eSócioambiental. A plenária conta com um coordenadordos trabalhos de mesa, um secretário auxiliar e a equipede facilitadores, para fazer a ponte entre a mesa e osparticipantes.

Comitê de Sistematização das Propostas dosGTs: Subgrupo montado a partir dos 12 GTs para cuidarda organização e redação das propostas desenvolvidas.É responsável pelo sucesso das atividades deste comitê,pois daí se visualizará a capacidade de criação e inovaçãodas juventudes no encontro. Relatores, Facilitadores eImpulsionadores trabalharão em equipe nessa etapa.

Carta de Proposições: Fruto das propostas surgidasnos GTs, onde colocaremos de forma estratificada asprioridades propostas pelas juventudes.

* Este Guia foi produzido a partir de trechos adaptados

de: “Navegando por reuniones Internacionales”- ONU/

Canadá, para facilitar o processo de construção coletiva e

de participação das lideranças no Vozes Jovens. O Guia

foi distribuído aos e às participantes com no mínimo uma

semana de antecedência, à medida em que as lideranças

se inscreviam via Internet para o Encontro.

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carta de brasília*

Representantes de organizações e movimentos dejuventude do Brasil participaram do evento VozesJovens, realizado em Brasília, Distrito Federal, entre osdias 24 e 26 de maio de 2004.

O encontro foi referenciado na Agenda 21 Global (1992),no Plano de Ação de Braga para a Juventude (1998), naEstratégia de Dakar para o Empoderamento da Juventude(2001) e na Agenda Jovem – 2002 (Rio de Janeiro).

O Vozes Jovens, organizado pelo Banco Mundial,conduzido por organizações e movimentos de juventudecom o apoio da Organização Internacional do Trabalho- OIT, Organização das Nações Unidas para o aEducação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, AgênciaNorte-Americana para o DesenvolvimentoInernacional – USAID e a Escola Superior deAdministração Fazendária -ESAF, contou com aparticipação de mais de 100 organizações e movimentosde juventude das mais diversas regiões do Brasil,representando a riqueza da pluralidade e dadiversidade deste País.

Estruturado em dois eixos norteadores,Desenvolvimento Humano e DesenvolvimentoEconômico Sócioambiental, o evento contou compainéis e mesas redondas com especialistas e autoridadesde diversos segmentos, que impulsionaram as discussões,além de 12 grupos de trabalho que objetivaram formulare priorizar propostas de ações estratégicas em parceria

com governos, organismos multilaterais, juventudes,grupos historicamente excluídos, movimentos sociais esociedade civil organizada.

Os grupos debateram sobre Educação eDiversidade; Direitos Humanos: Raça, Etnia, Gêneroe Ações Afirmativas; Formação para o Exercício aCidadania; Combate à Exclusão em suas diversasmanifestações; Criminalidade e Violência; Fomentoàs Políticas e Redes Locais de Organizações dejuventude; Geração de Trabalho e Renda:Empreendedorismo e Empregabil idade;Comunicação e Socialização do Conhecimento;Cultura, Esporte e Lazer; Meio Ambiente, VidaSaudável e Eco-Negócios nas Áreas Urbanas e Ruraise Competitividade Global e Atuação Local comResponsabilidade Social.

Com base nos trabalhos destes grupos foramrealizadas plenárias deliberativas para aprovar aspropostas geradas, a partir de um amplo consenso entreas juventudes de diversos partidos políticos, movimentossociais e organizações não-governamentais.

Texto introdutório do documento de proposições produzido

e aprovado por aclamação na plenária final do Vozes

Jovens, em 26 de maio de 2004. As propostas específicas

de cada um dos 12 Grupos Temáticos compõem o núcleo

central deste Livro.

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Participantes:

Alessandra Ferreira Selhorst ----------------------- Confederação Nacional de Jovens Empresários - CONAJEAlexandre Marinho da Silva---------------------------------------------------------------------- Quilombo EldoradoAlison Domingos ------------------------------------------------------------------------- Juventude Progressista - JPPAmanuá Seus Kamayurá ----------------------------------------------------------------------------------- Alto XinguAnderson Gleison E. da Costa --------------------------------------------------------------- Programa para o futuroAndré Luiz Monteiro -------------------------------------------------------------------------------- Nova InteligênciaAndré Noblat ---------------------------------------------------------------------------------------- Educação em FocoAndré Videira ------------------------------------------------------ Instituto Negócios da Juventude do Brasil - INJAnne Michelle B. Vieira -------------------------------------- Confederação Brasileira de Desporto UniversitárioAntonia Francinéia S. da Silva ----------------------------------------- Oficina Escola de Lutheria da AmazoniaAntonio Dantas -------------------------------------------------------------------------- Juventude da Força SindicalArlete Magalhães Leão -------------------------------------------------- Consórcio Social da Juventude — BrasíliaBenedito R. de Oliveira Neto ---------------------------------------------------- Clube Jovens Empresários do DFBernard Batista de Brito -------------------------------------------------------------- Consórcio da Juventude do RJBreno Almeida Fernandes ------------------------------------------------------------------------ Movimento FutureCamila Argôlo Godinho------------------------------------------------ Conselho PNUMA Jovem/ Grupo InteragirCarolina Lopes -------------------------------------------------------------------------- União dos Escoteiros do BrasilCarolina Mesquita P. Padilha ----------------------------------------------------------------------------- WCF BrasilDaniel Vaz Freire ------------------------------------------------------------------------------------------- Opção BrasilDaniela Indianara dos S. Silva ---------------------------------------------------- Núcleo Rotação de São Paulo/StDanilo Parmegiani ----------------------------------------------------------------- Legião Brasileira da Boa VontadeDanuse Silva de Queiroz --------------------------------------------------------------------- Fundação Athos BulcãoDenildo Rodrigues --------------------------------------------------------------------------------- Quilombo EldoradoDoreni Isaías Caramori Jr. ------------------------------------------- Conselho de Jovens Empresários de JoinvileEdson Padilha ----------------------------------------------------------------------- Fundação Estadual de CidadaniaEgydio Guerra --------------------------------------------------------------------------------------- Terra da Sabedorialbiana Kuriki --------------------------------------------------------------- Aracati - Agência de Mobilização Social

jovens participantes

e lista de entidades

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Fabiano Machado ------------------------------------------------------------- Instituto Brasileiro de Juventude - IBJFábio Pena ----------------------------------------------------------------------------------------------- Saúde e AlegriaFernanda Colares Brandão------------------------------------------ Instituto Estudos Socioambientais do AmapáFernanda S. de Oliveira ---------------------------------------------------------------- Rede Global de Ação JuvenilFlávia Souza do Nascimento -------------------------------------------------------------------------- Grupo AtitudeFrancisco Josué F. da Silva -------------------------------------------------- Juventude Socialista Brasileira - JPSBGilmar Dias----------------------------------------------------------------------------------------------------------- SertaGilson Scharnik --------------------------------------------------------------------------------------------------- IIDACGiovani Miguez da Silva ---------------------------------------------- Conselho do Conjove – Jovens EmpresáriosHugo Almeida de Souza----------------------------------------------------------------------------------------- CDIPEHumberto de Jesus ------------------------------------------------------------------------------------ Juventude do PTIlana dos Anjos --------------------------------------------------------------- - Instituto Alianca com o AdolescenteIonara Talita P. da Silva --------------------------------------------------------------------- Fundação Athos BulcãoIsis Lima Soares -------------------------------------------------------------------------- Projeto Cala-Boca já morreuIvete de Azevedo Belém---------------------------------------------------- Agência UGA-UGA de ComunicaçãoJeniffer R. de Souza Cruz -------------------------------------------------------------------------------------- CamaráJoão Batista Pereira Neto ------------------------------------------------------------------------------------- ApôitcháJoão Jeronimo da Silva ----------------------------------------------------------------- Irmandade do Rosário de StaJocivania Bacelar Brasil ------------------------------ CEFT-Centro de Estudos dos Trabalho do baixo AmazonasJosbertini V. Clementino ---------------------------------------------------------------- Empreendedores de SonhosKatia Sabrina Dudyk ----------------------------------------------------------------------------- Instituto Paulo FreireLeandro Monteiro ----------------------------------------- Federação Nacional dos Estudantes de AdministraçãoLeonardo Barros Jionoti ------------------------------------------------------------- WBnews Agência de NotíciasLiane Munlenberg -------------------------------------------------------------------------------------------------- IPAMLuã Gabriel dos Santos ------------------------------------------------- Argonautas: Ambientalistas da AmazôniaLuana Batista da Cunha -------------------------------------------------------------------------------------- CDL - DFLuana Silva Costa ------------------------------------------------------------- Humbiumbi - arte, cultura e educaçãoLucas Guerrieri Vilas Boas ------------------------------------------------ Instituto Juventude do Baixo Sul/BahiaLuciana Gomes Alves -------------------------------------------------------------- Kwarup - Liderança e JuventudeLuciana Teles Fontes ------------------------------------------------------------------------------------------ PurangawLuciano da Rosa ------------------------------------------------------------------------- Associação Negro AtividadeLuiz Augusto G. de Almeida ------------------------------------------------------- Consórcio da Juventude ABCLuiz Cavalcante ------------------------------------- Brasil Júnior - Confederação Brasileira de Empresas JunioresMaiquel de Lima Siqueira ---------------------------------------------------------------------------- Kanindé - AssocManoel Jonhson S. Sousa ---------------------------------------------- Movimento Hip-Hop Organizado - MH20Marcelo Bandiera -------------------------------------------------------------------- Comunidade Executiva GlobalMárcio Peilke ------------------------------------ Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde-MT

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Marco Aurelio G. de Lemos --------------------------------------------- Centro de Atividades e Estudos PoliticosMarcus Wagner ------------------------------------------------ Instituto Brasileiro de Politicas de Juventude - IBPJMaria Márcia R. de Almeida -------------------------------------------- Comunidade Quilombola - Angico - PEMaria Marta N. de Oliveira ----------------------------------------------------------------------------------- MOVERMaria Thereza F. Teixeira ------------------------------------------------ Rede da Juventude Pelo Meio AmbienteMarilia da Silva --------------------------------------------------------------------------------- Programa para o futuroMarina Macedo -------------------------------------------------------------- Academia de Desenvolvimento SocialMario Augusto Graf Moraes ------------------------------------------------- Associação da Juventude TrabalhistaMirella Farias Rocha --------------------------------------------------- Instituto Treinar de Educação e TecnologiaMiriam José da Silveira ---------------------------------------------- Comunidade Quilombola - Morro Alto - RSMoisés dos Anjos Ataiades ------------------------------------------------------------------ Ministério da EducaçãoPablo Rodrigo O. Vogel --------------------------------------------------------------- União dos Escoteiros do BrasilPatricia Maria da S. Santos ----------------------------------------------- Juventude Ecumênica da Boa VontadePatricia Navaux ------------------------------------------------------------------------------------------ CNDL - JovemPaula Fernanda da Rocha -------------------------------------------------------------------- Ministério da EducaçãoPaulo Eduardo Barreto -------------------------------------------------------------------------- Instituto Terra SocialPaulo Roberto Petri da Silva --------------------------------------------- Comissão dos Jovens Advogados - OABPedro Cardoso Aspahan----------------------------------------------------------- Associação Imagem ComunitáriaPenildon Silva Filho ---------------------------------------------------------------------------- Oficina da CidadaniaRafael Oliveira -------------------------------------------------------------- Escola de Empreendedores das AméricasRaimunda Creuza Ferreira ----------------------------------------------------------------------------- Grupo TXAIRangel Mohedano ------------------------------------------------------------------- Instituto de Energias RenováveisReinaldo C. Gomes -------------------------------------------------------------------------------- Educação em FocoRenata Florentino --------------------------------------------------------------------------------------- Grupo InteragirRoberto Carlos Pereira -------------------------------------------------------------- Forum da Juventude do RecifeRobson Luiz Santos Silva ------------------------------------------ Escola de Cultura Negra Ba-Ntu (Quilombo)Robson M. do Nascimento --------------------------------- Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento AmazônicoRodrigo Amaral -------------------------------------------------------- Instituto de Juventude Contemporânea - IJCRodrigo Delmasso --------------------------------------------------------------------------------- Juventude do PSDBRogério Medeiros Fernandes ------------------------------------------------- Sindicato Metalúrgicos ABC/CUTRogeson de Oliveira Silva ----------------------------------------------------------------------------------------- IDERRonaldo dos Santos ---------------------------------------------------- Associação de Quilombos do Rio de JaneiroRozileuza Rodriques da Silva -------------------------------- Movimento de Mulheres Ribeirinhas do AmazonasSandra Rocha Rodrigues ------------------------------------------ Movimento de Mulheres Camponesas do BrasilSandro Resende Cardoso ---------------------------------------------- Organização Brasileira da Juventude - OBJ

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Sara Tarsila do Amaral --------------------------------------------- Rede Jovem de Impulso ao EmpreendedorismoSelma Dealadina ------------------ Movimento das Comunidades Remanescentes do Quilombo em São MateusSérgio Murilo ----------------------------------------------------------------- Núcleo Jovem do Tortura Nunca MaisSilvano Medeiros dos Santos -------------------------------------------- Movimento de Apoio à Integração SocialSonia Soares da Silva ------------------------------------------------------------------------------ Instituto Elo AmigoSueide Oliveira de Jesus---------------------------------------------------- Centro de Ref. Integral de AdolescenteTiago Leonardo A. Muniz ------------------------------------------------------------------------- CDI - Enter JovemTiago Oliveira -------------------------------------------------------------------------- WBnews Agência de NotíciasVerônica Maia --------------------------------------------------------------------------------- Fundação Athos BulcãoVladyson da Silva Viana--------------------------------------------------------- Instituto de Juventude e EsperançaWalberto Araújo ----------------------------------------------------------------------------------------- Instituto IdéiasWeldes B. de Medeiros ----------------------------------------------------------------- Instituto Movimento e AçãoWillmar Cristians Rodrigues --------------------------------------------------------------- Agência Mandalla dhsaMariza Soares ------------------------------------------------------------------------------------- I nstituto EmpreenderGeorgina Correia ------------------------------------------------------------------------------------ Educação em FocoLuciene Costa ----------------------------------------------------------------------------------------------------- Gaia 21Priscila Silva ------------------------------------------------------ Instituto Brasileiro de Desenvolvimento - IBRADRita de Cássia Rabello ---------------- Comissão de Direitos Humanos - Câmara Legislativa do Distrito FederalUênia Pereira -------------------------------------------------------------------------------------- Instituto Empreender

Facilitadores:

Carlos Alberto OdasClovis Henrique Leite de SouzaEduardo Rombauer Vanden BoschErika Janaína Costa L. SoaresFabiana Mayume KurikiFabio Cesar Pires LimaFabio DeboniFabrizia Krig PalianoÍsis Lima SoaresJefferson Luiz Damaceno SoomaPaulo Roberto Petri da SilvaRobson Luiz Santos SilvaSoraia Silva de Mello

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Palestrantes

Agnelo Queiroz -------------------------------------------------------------------------------------- Ministro do EsporteAntônio Rocha Magalhães ------------------------------------------- Oficial Principal do Banco Mundial no BrasilBeto Cury ------------------------------- Subsecretário de Articulação com a Sociedade Civil da Secretaria GeralÉrika Kokay ----------------- Deputada Distrital, Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DFErnesto Rodriguez ------------------------------------------------ Centro Latinoamericano de Juventude CELAJUEva Maria Chiavon ---------------- Secretária Executiva do Conselho de Desenvolvimento Econômico e SocialGladys Andrade ---------------------- Diretora do Departamento do Trabalho e Emprego de Juventude do MTEJorge Werthein ------------------------------------------------------------------------- Diretor da UNESCO no BrasilJuan Felipe Sanchez ----------------------------- Especialista Sênior em Infância e Juventude do Banco MundialKatherine Bain - ------- Líder da Equipe de Sociedade Civil do Banco Mundial para América Latina e CaribeLuiz Dulci ----------------------------------------- Ministro Chefe – Secretaria Geral da Presidência da RepúblicaMaria Bernadete Lopes ---- Diretora de Proteção do Patrimônio Afro-Brasileiro, Fundação Cultural PalmaresMaria Inês Barbosa ------------------------Secretária-Adjunta da Secretaria de Promoção da Igualdade RacialMaria Valéria Pena ----------------------------------------------------------- Cientista Social Líder, Banco MundialNena Lentini ------------------------------------------------------------------------------ Oficial de Programas USAIDReginaldo Lopes - Deputado Federal, Presidente da Comissão Especial de Políticas Públicas para a JuventudeRemígio Todeschini ------------ Secretário de Políticas Públicas e Emprego, Ministério do Trabalho e EmpregoReynaldo Fernandes ------------------------------------------- Diretor-Geral, Escola de Administração FazendáriaRodrigo Abel ------------------------------------- Assessor Especial Secretaria Geral da Presidência da RepúblicaRonaldo Garcia --------------------- Secretário-Adjunto do Conselho de Desenvolvimento Econômico e SocialZezé Weiss --------------------------- Especialista em Desenvolvimento Social e Sociedade Civil Banco Mundial

Coordenadores:

Alessandro Ponce de LeonAndré VideiraFábio DeboniRenata Florentino

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vozes jovens avaliação

Para se monitorar a eficácia das atividadesempreendidas em toda essa etapa do Vozes Jovens queculminou com o Encontro de maio, os participantesrealizaram avaliação em que, além de assinalaralternativas, puderam expressar suas opiniões esentimentos acerca do momento político queconstruíram.

O que começou como um desafio para aorganização, a experiência da gestão democrática - queimplica compromissos e responsabilidadescompartilhados e apropriados por todas as pessoas

envolvidas, com interdependência e autonomia - serevelou nessa etapa a grande fortaleza do Vozes Jovens.Colocando uma gama diversa de vozes jovens nodesenvolvimento e execução do projeto, foi possívelestabelecer uma experiência concreta de“empoderamento”, fortalecendo as organizaçõesparticipantes, com o ambiente desenhado para aformação de parcerias, que culminou na formação daRede Nacional de Juventude.

Outro aspecto abordado foi o desenho participativoque se manteve nos dias do encontro, em especial noGrupos de Trabalho, que com um eficiente método defacilitação, gerido por jovens, abriu espaço para aconstrução de propostas. Para se construir realmentepropostas coerentes com a realidade jovem, arepresentação de minorias foi percebida comonecessária e positiva, mostrando que a diretriz de secriar um espaço para a convivência democrática foiconcretizada ao longo do percurso.

Ao se pontuar elementos onde o Vozes Jovens aindateria de se aperfeiçoar, foi sentida a necessidade e avontade de que a agenda de trabalho estabelecida noencontro tivesse continuidade, conforme mostra otrecho da carta de proposições, com o qual os jovensencerraram o documento:

O que começou como um desafio para a organização,

a experiência da gestão democrática - que implica

compromissos e responsabilidades compartilhados e

apropriados por todas as pessoas envolvidas, com

interdependência e autonomia - se revelou nessa

etapa a grande fortaleza do Vozes Jovens.

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impacto, de acordo

com as vozes jovens*

“É inegável a importância do Vozes Jovens comoum marco e uma referência para a juventude brasileirae mundial. Diante disso, sugere-se que os jovensparticipantes monitorem e avaliem a divulgação e aimplementação das propostas desenvolvidas nos três diasde evento a partir da composição de uma equipevoluntária, plural e protagonista que seresponsabilize por fazer este acompanhamento eprepare um documento que deverá ser objeto de análisevisando sua continuidade.

Sugere-se que o Vozes Jovens aconteça em ciclode dois anos, a partir de 2005, sendo o ano ímpar derevisão e avaliação das ações dos governos, dos

organismos multilaterais, da sociedade civil organizadae dos movimentos sociais, em relação às temáticas derelevância para juventude; e o ano par, de criação denovas propostas de ação e proposição de políticaspúblicas.

As diversas organizações presentes tambémaprofundaram o debate acerca da construção de umarede nacional autônoma de organizações de juventudepara fortalecer os movimentos de juventude.”

Avaliação consolidada por André Videira

*Trecho da carta de proposições, originalmente intitulado

“Desdobramentos do Vozes Jovens”

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educação ediversidade

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1- Estabelecer um pacto com diversos atores sociaispara que a educação seja entendida como prioridadenacional, garantindo assim os recursos necessários paraa efetiva consolidação de uma educação pública e dequalidade.

2- Lutar pela erradicação do analfabetismo.

3- Fazer com que, em médio prazo, todas asinstituições de ensino públicas sejam centros dereferência na e para a comunidade. Para isso, é precisointegrar a comunidade à escola, envolvendo osestudantes com a realidade local, desenvolvendo acidadania e resgatando valores familiares. Sendo

Entendendo a educação pública como prioridade

nacional, e considerando os 51,4% dos e das jovens

do Brasil que não freqüentam a escola, dos quais 1,2

milhão são analfabetos, o Grupo Temático de

Educação e Diversidade alertou para a emergência de

se estabelecer um Pacto de Cooperação Nacional

para a Educação, visando a implementação de

projetos político-pedagógicos que aproximem a

escola da comunidade, motivem seus professores e

alunos, e visem a formação crítica do ser humano.

necessária a convocação da comunidade ao debate deconstrução do projeto comunitário da escola, tambémenvolvendo a diretoria, os professores e os alunos.

4 - Valorizar o corpo docente por meio domapeamento da qualidade dos professores.

5 - Criar programas para suprir as necessidadesdetectadas no mapeamento.

6 - Acompanhar avaliação dos professores com aco-participação dos movimentos estudantis, dacomunidade e do país; e criar um bônus de desempenhobaseado na avaliação.

7 - Fortalecer a formação de capital social, visandoo surgimento de modelos inovadores e impactantes, eque os mesmos possam ser democratizados em âmbitonacional.

8 - Criar uma Rede de Proteção Familiar, comalimentação, acesso à instituição de ensino e auxíliosocial à família, com investimento e acompanhamentodo trabalho do Governo e da Rede. Inserir odesenvolvimento pessoal e cidadão no currículo escolar.

9- Proporcionar a cada jovem a construção de umaidentidade própria, tornando-o/a um cidadão ou cidadãparticipativo/a. Trabalhar, com a participação dasociedade civil, temáticas como: identidade, auto-estima, ética, sexualidade, drogas, trabalho, cidadaniae comunicação, dentre outras, na rede de ensinopúblico. Incluir o compromisso da inclusão de pessoasportadoras de necessidades especiais nas instituições

Criar, sem pedir licença,

um mundo de liberdade.

Pedro Tierra

educação e diversidade

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Fonte: Projeto Juventude. Instituto Cidadania/SEBRAE

de ensino por meio da garantia da acessibilidade a todosos espaços das escolas. Criar aulas personalizadas erelacionadas com o cotidiano e peculiaridades regionais,dinâmicas de grupo, valorizando a opinião dos e dasjovens, aumentando assim o interesse da comunidadeestudantil pela escola.

10- Efetivar a construção participativa do projeto

C r i s t o v a m B u a r q u e

Uma característica da pobreza é o baixo nível deleitura, mesmo entre os alfabetizados. As bibliotecastradicionais são prédios distantes da população,construídos quase sempre dentro das Universidades, aserviço de seus alunos e não das comunidades. Em geralconsidera-se a arquitetuta dos prédios mais importantesdo que o acervo de livros. Para promover a leitura, épreciso levar as bibliotecas para perto do povo. Isso pode serfeito por meio das já testadas bibliotecas domésticas,chamadas malas do livro. As malas do livro são conjuntosde poucas centenas de livros colocados em uma casa, quepassa a servir de biblioteca para os jovens e crianças da ruaem que vivem. Cada mala do livro pode, em geral, atendera um conjunto de 1.000 pessoas, se considerarmos apenas

a promoção da leitura

a população sem acesso a livros na própria casa. Assumindouma média de 200 livros pra cada mala do livro, o Brasilprecisaria de 20 milhões de livros para atender suascomunidades pobres que ainda não dispõem de Bibliotecasou outra fonte de acesso à leitura. O custo total desseprojeto, se todos os livros tivessem que ser comprados, seriade no máximo R$ 1,2 bilhão, ou seja, aproximadamente0,43% da receita nacional. Essa ação traria conseqüênciasdiretas para a Educação no Brasil. A primeira seria obarateamento do livro, o que acarretaria uma novadinâmica produtiva nas editoras. A segunda, bem maisimportante, seria a divulgação do gosto pela leitura entretoda a população brasileira, especialmente as criançase os jovens de populações mais pobres.

Cristovam Buarque, Senador da República

político-pedagógico em cada escola (Currículosignificativo, gestão compartilhada). Condicionar oambiente onde os estudantes possam demonstrar seusímpetos transformadores afirmando sua identidadepessoal. Identificar, apoiar e disseminar as experiênciasexitosas da sociedade civil organizada no sistemaeducacional e na educação não-formal.

Dificuldade em ler e escrever

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M a r i a H e l e n a G u i m a r ã e s

No Brasil e no Estado de São Paulo, astransformações sofridas na estrutura demográfica e avulnerabilidade social de crianças e adolescentesapontam para a necessidade de se reforçarem asestratégias do poder público de atenção aos jovens.

Por essa razão, o Governo do Estado de São Paulo,por intermédio da Secretaria Estadual de Assistência eDesenvolvimento Social, lançou o Projeto Ação Jovem:um esforço para enfrentar as situações de pobreza e

exclusão social de jovens, criando oportunidades paraaqueles que não puderam freqüentar a escola na idadeapropriada.

O Projeto Ação Jovem promove o retorno à escolade jovens, na faixa etária de 15 a 24 anos, moradores desetores com alta concentração de pobreza da RegiãoMetropolitana de São Paulo, para completar aescolaridade básica e, a partir daí, aumentar suaschances de inserção ativa no mundo do trabalho.

A ação se dá a partir de apoio financeiro de R$60,00/mês, via cartão magnético bancário; a garantiade vaga no Sistema Estadual de Ensino Regular e/ouEducação de Jovens e Adultos, além de transportegratuito na rede estadual. Ações de capacitaçãoprofissional são acopladas ao projeto a partir de parceriascom fundações empresariais, entidades de classe, ONGs,outras secretarias estaduais e outras organizações quequeiram ‘adotar’ e ajudar os jovens cadastrados.

A meta de atendimento é de 10 mil jovens em 2004.

Os instrumentos de monitoramento e avaliaçãodesenvolvidos pela Secretaria possibilitarão a expansãodo projeto – e sua transformação em programa – deforma criteriosa a partir de 2005.

É desenvolvido pela Secretaria Estadual deAssistência e Desenvolvimento Social, coordenado pelaSecretaria Maria Helena Guimarães de Castro, emparceria com as secretarias Estaduais da Educação, daJuventude, Esporte e Lazer, dos TransportesMetropolitanos e com outros órgãos estaduais eorganizações da sociedade civil.

O Projeto Ação Jovem preocupa-sefundamentalmente em possibilitar a esses jovens os meiospara continuar o aprendizado para seu desenvolvimentopessoal e para o efetivo exercício da cidadania.

Maria Helena Guimarães, Secretária Estadual

de Assistência e Desenvolvimento Social do

Estado de São Paulo

ação jovem pela educação

Importância da escola na vida da juventude

Fonte: Projeto Juventude. Instituto Cidadania/SEBRAE

educação e diversidade

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educação e diversidade

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direitos humanos,raça, etnia e gênero

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Entendendo o acesso pleno aos Direitos Humanos

como direito de todos e considerando a diversidade de

gênero, raça, etnia e classe, o Grupo Temático de

Direitos chegou à conclusão de que o Brasil precisa de

ações afirmativas que reforçem valores e

considerem a questão sóciocultural como norteadora

para as ações do Governo e da Sociedade:

1- Criar uma política nacional de comunicação deDireitos Humanos para a juventude, para informar opúblico na sua diversidade social (negros, índios,mulheres, brancos...) com: comerciais alternativos ecomunitários sobre Direitos Humanos na TV e norádio; materiais didáticos como cartilhas e campanhasnas escolas, em nível nacional; e “a cara” dacomunidade.

2- Criar o Balcão da Cidadania e Direitos Humanospara a Juventude como um programa de incentivo àdivulgação e implementação das políticas de DireitosHumanos, com foco na discussão sobre a idade penal ea população carcerária.

Meus olhos arregalados

não piscam pra qualquer um

nem fecham pra qualquer medo

Marta Medeiros

3- Fortalecer o Programa de Sigilo e ApoioPsicológico para a proteção de pessoas que denunciamcrimes raciais, de gênero e de violação dos DireitosHumanos.

4- Criar um órgão fiscalizador da responsabilidadepela exibição de imagens que violem os DireitosHumanos das populações excluídas. O mesmo órgãodeverá incentivar as iniciativas que promovam ainclusão dos excluídos nos espaços da grande mídianacional.

5- Criar e/ou implementar leis e programas quefiscalizem e punam qualquer prática ofensiva às religiões,seitas e quaisquer manifestações religiosas.

6- Criar um programa nacional e internacional deintercâmbio étnico-cultural que também possa abrangeras culturas dos diversos estados e cidades de nosso País.

7- Combater a violação cultural dos povoshistoricamente excluídos, como as diversas naçõesindígenas e as comunidades quilombolas, e promover ointercâmbio entre as populações tradicionais.

8- Criar e/ou fortalecer um fundo de financiamento de projetos que priorizem a garantia dosDireitos Humanos no seu desenvolvimento, comfacilidade de acesso aos recursos. Promover ofinanciamento de intercâmbio de entidades que

direitos humanos,raça, etnia e gênero

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trabalham com a mesma temática dos DireitosHumanos com instituições do exterior.

9- Criar uma campanha ou programa nacional deinclusão de seminários que discutam nas escolaspúblicas, privadas e técnicas de ensino fundamental,médio e superior a temática: Políticas de AçõesAfirmativas. Incluir no currículo escolar as discussõessobre Direitos Humanos.

10- Criar o Fundo Nacional para o fortalecimentode entidades que trabalham com as iniciativas voltadasà oportunidades para mulheres em situação de exclusão.

A z e l e n e K a i n g a n g

A situação dos Direitos Humanos da juventudeindígena no Brasil reflete a dificuldade que o EstadoBrasileiro tem em reconhecer as diversas identidadesformadoras da sociedade Brasileira. Conceber o Brasilcomo um País de população homogênea impede oGoverno Brasileiro de pensar, formular, definir eexecutar políticas públicas de inclusão cidadã de acordocom as peculiaridades culturais dos Povos Indígenas.

A falta de políticas específicas que tenham comoobjetivo maior frear o processo de erosão das culturasindígenas, tem sido um grande gerador de pobreza,discriminação e exclusão dos e das jovens indígenas,que, em recente oficina realizada com o apoio doUNICEF, citam o resgate, o fortalecimento e avalorização cultural como uma das ações prioritárias e

emergenciais para a construção de uma identidadeindígena na perspectiva de inclusão enquanto povosdiferentes. Para isso é necessário que o Brasil supere avisão e a postura de que, ou se reconhece amulticulturalidade do nosso País, ou se mantém a soberaniae a integridade territorial. É preciso superar esse mito, jáque a consolidação da democracia e o fortalecimento dasoberania do nosso País dependem, ao contrário, doreconhecimento e do respeito às diferentes culturas queformam o povo brasileiro e como tais merecem a atençãoque lhes é devida, pelo menos, enquanto pessoas.

Nossos jovens são a garantia da continuidade dosnossos povos, cabe a nós construirmos um mundo queos acolha não como desiguais, mas como diferentes.

Azelene Kaingang, Presidente do Warã

Instituto Indígena Brasileiro

juventude indígena e direitos humanos

Como jovem é melhor ser homem ou mulher:

Fonte: Projeto Juventude. Instituto Cidadania/SEBRAE

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R o d r i g o A b e l

Desde o final do século XX, muito se debate aproblemática juvenil no mundo e no Brasil. Esteuniverso complexo de 34,4 milhões de jovens brasileirosnos faz refletir sob uma nova ordem política e social,combinada com uma agenda cada vez mais específica.A demora em reconhecer que a juventude necessitade políticas diferenciadas fez com que o Estado brasileirolevasse uma década para absorver tais noções, paratransformá-las em políticas públicas efetivas.

É urgente que se rompa com a visão de que o jovemé portador de uma série de problemas, porque ao superaresta máxima é possível percebê-lo como uma dasalternativas para o desenvolvimento social e humanodo país. A geração que hoje ocupa espaços de poderdecisórios, e de certa forma protagoniza o discurso dojovem como alternativa para o desenvolvimento, aindanão fez, contudo, seu encontro geracional com aquelaque está às portas deste novo tempo.

Estudiosos afirmam que o jovem deve ser entendidoa luz dos seus direitos. Mas afinal, quais são os seusdireitos? Diria que são os direitos universaisresguardados em nossa Constituição. O fundamental,entretanto, é considerar o público jovem a partir das

suas singularidades e especificidades sociais eeconômicas. É urgente realizarmos um grande pactointrageracional, que permita um encontro entre ageração que detém as condições de alterar a vida demilhões de pessoas e os jovens de hoje, já que suasaspirações e sonhos são distintos daqueles preconizadospelas gerações dos anos 60 e 70. O mundo mudou, oBrasil não é mais o mesmo.

A juventude atual precisa ser compreendida eouvida, já que foi criada à luz de outros valores, outrossímbolos e em uma outra realidade própria da suageração. Esta é a chave para entender a necessidadede uma política pública de juventude. Já é chegada ahora de darmos não mais as velhas respostas para osnovos problemas.

Quando falamos em políticas públicas para os jovens,a primeira resposta que nos vem é que tudo deve tercomo foco a escola: ensino fundamental, médio euniversitário. Muito embora esteja correta tal análise,ela é insuficiente em relação aos anseios da juventudepor uma política pública específica. Ela quer muito mais,quer cultura, quer trabalho, quer lazer, quer diversão,quer ter acesso aos meios de comunicação, queraprender informática e navegar na internet.

Este é o novo conjunto de políticas que os jovens

direitos humanos,raça, etnia e gênero

políticas diferenciadas de juventude

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demandam dos Governos. Muito mais do que educação,querem tudo, ao mesmo tempo, agora. Devemosaprender a decodificar a forma irreverente com que osjovens vêm se expressando ao longo dos anos. Muitomais do que ouvi-los precisamos é entendê-los.

Quando chegamos ao primeiro ano do GovernoLula, percebemos que aquilo que vínhamos fazendo,por mais importante que fosse, era insuficiente pararesponder às demandas da juventude. Criamos então,um Grupo Interministerial de Juventude para conceberessa nova forma de ação do Estado, o maior já criadopelo Governo Brasileiro ao longo da história deste País.

Para dar ao tema a importância que lhe é devidaprecisamos considerar que este público não homogêneoé portador de necessidades diferenciadas pela situaçãoeconômica, geográfica, social, de gênero, racial ecultural. Entendamos nós desta forma, já será umgrande avanço.

Ao Presidente Lula coube a tarefa de fazer o Brasilacordar para as questões da juventude, reconhecendoque ela seja portadora de direitos e chave para odesenvolvimento do país. Não haverá uma outrachance. A juventude clama por políticas sociais, detrabalho, educação, saúde, cultura, esporte, lazer,tecnologia, dentre tantas outras.

Quando o então candidato à Presidência daRepública disse na campanha eleitoral de 2002 “temos

que sonhar com uma nova geração”, ali já estava dada asenha de que os jovens seriam peça importante destenovo Brasil que está surgindo: “Um Brasil de todos”. Ede todas. Um Brasil forjado na esperança da suajuventude de participar da vida do País, paratransformá-la.

Rodrigo Abel, Assessor na Secretaria Geral da Presidência

da República

O que são Direitos Humanos - Síntese

Fonte: Projeto Juventude.Instituto Cidadania/SEBRAE

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cidadania esolidariedade

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1 - Criar e fortalecer os espaços de participação dojovem, inclusive democratizando o acesso e a produçãode conteúdos nos meios de comunicação em massa.

2 - Criar e promover programas de qualificação deeducadores, incentivando a adoção de novasmetodologias para a construção de conhecimentocoletivo a partir da realidade local.

3 - Investir na difusão de telecentros e cursos parauniversalizar a inclusão digital, tendo como pressupostoa gestão democrática junto à comunidade.

4 - Garantir a participação da juventude na discussãoe na definição da aplicação, acompanhamento eavaliação dos recursos dos organismos de cooperaçãomultilateral investidos no Brasil.

5 - Criar programas que financiem cursos,intercâmbios e capacitação de lideranças e entidadesque trabalham com formação para cidadania por meioda parceria com todas as esferas de governo e organismosde cooperação internacional.

6 - Criar e regulamentar linhas e fundos de apoio aprojetos de, e para, a juventude, voltados à formaçãodo exercício da cidadania, a partir de critérios elaboradoscom a participação da juventude.

7 - Incentivar atividades e meios de valorização dacultura e identidade locais.

Entendendo que o exercício da cidadania pressupõe o

acesso pleno a um conjunto fundamental de direitos,

dentre eles, o acesso a informações que lhes

possibilitem a autonomia intelectual e o senso crítico;

e compreendendo os meios de comunicação e as

instituições de ensino como poderosos instrumentos

de geração e difusão de tais informações, o Grupo

Temático de Cidadania e Solidariedade propõe:

Não queremos conquistar o mundo.

Queremos tranformá-lo em um

mundo novo.

Movimento Zapatista

cidadania e solidariedade

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8- Mapear, sistematizar e divulgar experiências-modelos voltadas à formação para o exercício dacidadania, com foco na juventude.

9- Incentivar a implementação de projetos degeração de trabalho e renda ambientalmentesustentável, com foco na juventude.

10- Criar e fortalecer programas de educação paraa cidadania em todas as esferas educacionais queabordem novos conteúdos e valores; fomentem temastransversais; promovam espaços de debate de temáticassociais; estimulem a criação de projetos para formaçãocidadã; integrem atividades extra-classe.

V i v i a n e S e n n a

A construção de uma política de juventude emnosso País não é uma tarefa simples e a complexidadedas questões juvenis exige a configuração de um arcode forças reunindo pessoas, organizações e sobretudojovens que têm representado o melhor do pensamentoe da experiência em nosso País. O Vozes Jovens fazparte dessa soma de esforços.

Nos últimos cinco anos, o Instituto Ayrton Sennavem desenvolvendo Programas de Juventude com oobjetivo maior de contribuir para a construção dessatão necessária política de juventude. Esse tempo detrabalho com decisores governamentais, empresariais ecomunitários, com pessoas e organizações que atuamcom jovens e, especialmente, com os próprios jovens emtodo o território nacional nos permite afirmar com certezaque os esforços para que o Brasil tenha a política dejuventude têm de acontecer em quatro âmbitossimultâneos: no âmbito do compromisso ético dosdecisores públicos e privados com a causa da juventude;no âmbito da vontade política desses decisores para, defato, criarem oportunidades de desenvolvimentohumano aos jovens; no âmbito do desenvolvimento decompetência técnica dos profissionais que atuam comjovens; no âmbito da preparação dos jovens para quefaçam escolhas e participem das decisões sobre suasvidas e as vidas de suas comunidades.

Os dois primeiros âmbitos citados acima(compromisso ético e vontade política) são atualmenteem nosso país os grandes obstáculos para que o saber-fazer e o querer-ser envolvidos no desenvolvimento decompetência técnica e da preparação para fazer escolhasse concretizem.

Os programas sociais e educativos do InstitutoAyrton Senna demonstram que atuar sobre amentalidade das pessoas que trabalham com jovens esobre o desejo dos jovens de serem reconhecidos comoparceiros e interlocutores das ações voltadas a eles éuma tarefa árdua, mas bastante possível seja em pequenaou em larga escala.

No entanto, o esforço de mudança em relação aoposicionamento das elites governantes de nosso País –os decisores públicos e privados, os formadores deopinião, os especialistas – em relação à juventude exigeuma soma de forças muito mais intensa.

Isso porque, ao longo dos últimos anos, temosobservado, apesar dos esforços realizados nos âmbitosdas políticas públicas e da solidariedade social, que achamada visão da problemática juvenil vem dandomostras de que está se agravando em nosso País. Cresceo número de pessoas que relacionam os jovens àviolência, disseminação do uso de drogas lícitas e ilícitas,

juventude e cidadania

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gravidez na adolescência e incidência das doençassexualmente transmissíveis. Ou seja, é a visão negativasobre a juventude.

Como conseqüência, os jovens estão ganhandocentralidade na agenda de governantes, políticos,pensadores e educadores, mas, infelizmente, dentrodessa perspectiva negativa. Ver o jovem como umproblema social conduz a ações equivocadas –assistencialistas, preventivistas, tutelares –, menospreocupadas em desenvolver seu potencial e maisvoltadas a administrar as ameaças que os jovensrepresentariam.

Outra parcela da sociedade – da qual o InstitutoAyrton Senna faz parte – não vê a juventude dessa formae entende que está na hora de criar uma nova equação deco-responsabilidade ante o desafio da questão juvenil, tendopor base o consenso em torno de alguns pontos:

1. A chamada onda jovem, muito mais do que umrisco, deve ser encarada como uma extraordináriaoportunidade para o avanço do Brasil em termoseconômicos, sociais e políticos;

2. Os jovens não podem mais continuar a seremvistos como problemas, mas como solução – agorae no futuro – das dificuldades e impasses, que

têm impedido nosso País de realizar plenamente oseu imenso potencial;

3. O entendimento de que só uma política deconjunto, que supere as fronteiras entre os diversossetores das políticas públicas de um lado, o paralelismoe superposição de ações tanto no âmbito do Estado comono da sociedade civil, de outro, poderá dar conta dainteireza e complexidade da tarefa coletiva que nosestamos propondo;

4. A consciência de que a orientação de todo esteesforço nacional deve dar-se no sentido da construçãodo jovem que queremos e, não, no sentido de evitar ourefluir o surgimento do jovem que não queremos;

5. A convicção de que a política de juventudenecessária a este momento crucial de nossa evoluçãohistórica deve ter como eixos estruturadores a criaçãodas condições que promovam o desenvolvimentopessoal, social e produtivo da nossa juventude, por meiodo oferecimento de oportunidades nos campos da saúdegeral e reprodutiva, da educação básica e profissional eda utilização solidária, criativa e construtiva do tempolivre por aqueles que, entre o não mais da infância e oainda não da idade adulta, estão empenhados nadecisiva tarefa sócioexistencial de construir suasidentidades e seus projetos de vida.

É nesse sentido que contamos com iniciativas comoo Vozes Jovens, em que a participação juvenil estánecessariamente vinculada à crescente promoção deautonomia, solidariedade e competência para as pessoas jovens.

Viviane Senna, Presidente do Instituto Ayrton Senna

cidadania e solidariedade

têm impedido nosso País de realizar plenamente oseu imenso potencial;

3. O entendimento de que só uma política deconjunto, que supere as fronteiras entre os diversossetores das políticas públicas de um lado, o paralelismoe superposição de ações tanto no âmbito do Estado comono da sociedade civil, de outro, poderá dar conta dainteireza e complexidade da tarefa coletiva que nosestamos propondo;

4. A consciência de que a orientação de todo esteesforço nacional deve dar-se no sentido da construçãodo jovem que queremos e, não, no sentido de evitar ourefluir o surgimento do jovem que não queremos;

5. A convicção de que a política de juventudenecessária a este momento crucial de nossa evoluçãohistórica deve ter como eixos estruturadores a criaçãodas condições que promovam o desenvolvimentopessoal, social e produtivo da nossa juventude, por meiodo oferecimento de oportunidades nos campos da saúdegeral e reprodutiva, da educação básica e profissional eda utilização solidária, criativa e construtiva do tempolivre por aqueles que, entre o não mais da infância e oainda não da idade adulta, estão empenhados nadecisiva tarefa sócioexistencial de construir suasidentidades e seus projetos de vida.

É nesse sentido que contamos com iniciativas comoo Vozes Jovens, em que a participação juvenil estánecessariamente vinculada à crescente promoção deautonomia, solidariedade e competência para as pessoas jovens.

Viviane Senna, Presidente do Instituto Ayrton Senna

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N e n a L e n t i n i

O Brasil vive hoje um momento especial em seucenário político: o debate público sobre os direitos dajuventude e sobre o quanto esses direitos sãodeterminantes para o desenvolvimento do País ganhounovos interlocutores – os próprios jovens. Envolvendoesferas tão diversas como a sociedade civil organizada, asorganizações internacionais e o próprio governo, asdiscussões sobre políticas públicas voltadas para a juventudeganharam visibilidade e força nos últimos anos.

O evento “Vozes Jovens”, organizado pelo BancoMundial em maio de 2004, em parceria com a OIT,Unesco, USAID e ESAF, mostrou o quanto aparticipação dos jovens é estratégica para a qualidadee eficácia das propostas nessa área. O material produzidodurante o evento é rico justamente por evitar aconstrução de uma visão estereotipada do público jovemcomo um “ser do futuro”, e contemplar as diferentes“juventudes” como sujeitos em suas diversas condiçõessociais, culturais e de gênero, entre outros aspectos.

Essa mudança de paradigma requer um esforçocoletivo. É preciso que as organizaçõestradicionalmente fechadas e hierarquizadas criemformas de incorporar a voz do jovem à elaboração,gestão e avaliação das políticas públicas. É necessárioque se abram espaços para as diferentes formas deexpressão da juventude.

Por outro lado, é fundamental que os jovenstambém assumam essa responsabilidade e venham parao debate com informação, argumentação, criação,vontade, preparo. A tarefa a que estamos nos propondonão é fácil, mas já é possível computar avanços quando

juventude e diversidade

avaliamos propostas como as que foram apresentadaspelas diversas redes de juventude que participaram do“Vozes Jovens”, e que são descritas nesta publicação.Para a USAID, esse desafio representa não só umaprioridade, mas, principalmente, uma oportunidadeúnica para apoiar avanços em direção aodesenvolvimento sustentável.

Nena Lentini, Oficial de Programa e Desenvolvimento Social

Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento

Internacional (USAID)

Quando se ouve falar em cidadania, qual é

a primeira coisa que vem à cabeça?

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Fonte: Projeto Juventude. Instituto Cidadania/SEBRAE

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combate àexclusão

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1- Estimular o primeiro negócio, entendendo o“auto-emprego” como uma das boas alternativas degeração de emprego e renda.

2- Apoiar a estruturação da Economia Jovem emrede, mapeando os ativos existentes na economia eoportunidades de negócio.

3- Estimular o desenvolvimento de redes comcapilaridade e não-governamentais que fomentem odesenvolvimento e a manutenção doempreendedorismo formal ou não formal para arealização de novas idéias, propostas e também para oaperfeiçoamento das já existentes, articulando a criaçãode núcleos de empreendedorismo e desenvolvimentolocal em comunidades carentes, a partir dos ativos locais.

4- Criar mecanismos de trabalho, auto-emprego esociabilização para jovens portadores de necessidadesespeciais.

5- Apoiar experiências de geração de oportunidadesde sobrevivência nas comunidades por meio daincubação de negócios, empresas e ONGs quetrabalhem com indústria cultural, produções culturaislocais e relacionadas ao esporte e ao lazer, valendo-sedas mídias como ferramentas de combate à exclusãoem suas diversas manifestações (rádios comunitárias,jornais de bairro, infocentros).

O Grupo de Trabalho de Combate à Exclusão,

inicialmente denominado “Juventude e Combate à

Pobreza”, adotou o termo “exclusão” em substituição

ao termo “pobreza” para que pudesse desenvolver

raciocínios mais amplos para o desenvolvimento do

debate e de suas atividades. Esse grupo conceituou

pobreza como um produto da exclusão em suas

diversas manifestações, sejam econômicas, sociais,

tecnológicas, culturais, educacionais e financeiras.

Ressaltando a “visão míope” em relação ao talento,

ao potencial, ao sonho e à meritocracia da atuação

juvenil, o Grupo Temático de Combate à Exclusão

construiu as seguintes propostas pragmáticas e

efetivas para o combate à exclusão:

E não te cales:

o silêncio não dá fruto.

Tereza Balté

combate à exclusão

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6- Criar um ambiente que fomente oempreendedorismo em suas diversas manifestações,desde o ensino fundamental, médio, superior, eincluindo os jovens que não freqüentam o ensinoregular, envolvendo a inspiração, a criação e a evoluçãodo empreendimento.

7- Disponibilizar ferramentas para o pleno acessoaos recursos existentes no mercado de crédito efomento, tais como consultorias técnicas deuniversitários, fundo de aval com recursos oriundos deentidades estatais, paraestatais e organismosmultilaterais, entre outros.

8- Desenvolver e apoiar ações de Educação Popular(urbana/periférica/rural) baseada na regionalidade eplanejamento consecutivo, sistema educacional - essebaseado na capacitação em - empreendedorismo.

9- Criar centros de referência para a juventudeque tratem de uma política transversal de transformaçãoda realidade jovem brasileira.

10- Criar um instrumento governamental dejuventude, com âmbito nacional, com as funções deplanejar, executar, coordenar e avaliar as políticaspúblicas de juventude, bem como a de servir como canaldireto para apreciação das iniciativas localizadas ecoordenação dos esforços sinérgicos, entre elas. Esseinstrumento esse que deverá se estruturar em umarede regionalizada com coordenações locais trabalhandona aproximação do planejamento com a execução efetivadas diretrizes coletivas; este instrumento contará aindacom a participação de um conselho representativo deentidades da sociedade civil organizada que trabalhacom a juventude, no auxílio do planejamento e controlede suas ações.

P a t r i c i a M a r i a

A Legião da Boa Vontade (LBV) desenvolve pro-gramas educativos que atendem à população menosfavorecida, de todas as idades. A juventude é integradanas ações de promoção humana e social queacontecem em suas escolas e Centros Educacionais eComunitários. Além desses cursos profissionalizantes,os jovens são estimulados a desenvolver atividadespróprias, buscando interagir com o mundo em quevivem e transformar o que, material, moral e espiri-tualmente, possa causar dano ao ser humano.

A juventude é parcela da sociedade que sofre,como as demais, os males da desigualdade deoportunidades. Considerando esse problema, o ideal

é permitir que o jovem, que não recebeu formaçãosuficiente para o ingresso no mercado de trabalho e navida social, possa ser estimulado a buscar maioraprofundamento intelectual e crítico, recebendo espaçode estudo e aplicação do conhecimento adquirido.

No combate à exclusão, é preciso identificartalentos. Perceber que aquele que está à margem dasociedade não é incapaz. E a partir dessa consciência,investir na capacitação, na autonomia e nacapacidade de escolha e desenvolvimento dos valores(morais, éticos e espirituais) que façam desse indivíduoum agente multiplicador da postura solidária esocialmente sustentável que buscamos.

Patricia Maria, Juventude Ecumênica de Brasília

talentos excluídos

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J o s b e r t i n i C l e m e n t i n o

A Juventude brasileira passa por problemas nuncadantes vistos do ponto de vista de sua focalização comoGrupo Social. Diferentemente dos negros, mulheres,portadores de necessidades especiais, a juventude épouco vista como um agrupamento social que necessitede políticas específicas.

Na dimensão econômica, percebemos uma profun-da exclusão dos jovens com cerca de 3,7 milhões delesencontrando-se sem trabalho e representando 47% dototal de desempregados no Brasil, pressionando a taxade desemprego, já que entre os jovens a falta de opor-tunidade no mercado produz uma taxa em torno de18%, contra 9,4% da média brasileira *(PNAD:2001).Na educação, os dados não são diferentes, 17 milhõesde jovens não estudam, ou seja, mais de 50% do totalde jovens de 15 a 24 anos. Outro aspecto relevante é oenvolvimento da juventude com a criminalidade, ondeverificamos que 75% da população carcerária é jovem.

O quadro apresentado justifica e fortalece o pessi-mismo do jovem brasileiro quanto ao futuro, apontado

em pesquisa da Unicef relativa a 1999. O Brasil, nestequesito, está em segundo lugar no ranking, perdendoapenas para Colômbia. Para estes, a criminalidade, asgangues e o consumo de drogas são alternativas paraocupar o ócio. É neste ponto onde reside um dos princi-pais problemas sociais brasileiros. A juventude já é umagrande emergência social.

Está muito claro que não é possível nenhum gover-no, de qualquer nível e sob qualquer matriz ideológi-co-partidária superar, isoladamente, os gravíssimos pro-blemas envolvendo nossa juventude. É necessário, des-de já, que o Estado em todas as suas esferas trabalhe efortaleça programas sérios e específicos para esse público,em parceria com a Sociedade Civil Organizada, paraque a violência e desarmonia social não gerem aumen-to quantitativo de jovens excluídos.

Dessa forma se faz necessária uma grande aliançados Três Setores da Sociedade (Estado, Mercado eSociedade Civil) para trabalharem juntos na busca desoluções concretas para a juventude brasileira. Isso devese traduzir numa união de esforços canalizados para aarticulação, agenciamento e viabilização de PolíticasPúblicas e Privadas para a Juventude, numa perspectivade se organizar a oferta e demanda dessas políticas.

Apesar do contexto desfavorável para a juventudebrasileira, algo muito positivo acontece: as juventudesse organizam cada vez mais. Lastreados por um grandepotencial criativo, os jovens se organizam em torno decausas diversas: religião, esporte, cultura, política, meioambiente, educação, etc, em todas as regiões do País,indiferente do extrato social a que pertençam.

Esse grande número de Organizações de Juventudeexistentes no País indica que parte da solução dos pro-blemas que assolam os jovens passa necessariamentepor essa diversidade de organizações. No entanto, paraser parte da solução, as juventudes necessitam de apoiopara melhor se organizarem e buscar sustentabilidadeàs suas ações. Muitas dessas organizações pecam pela ca-

políticas de juventude:da oferta à demanda

combate à exclusão

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rência de planejamento, informação ou recursos apropria-dos, valendo-se apenas da sua boa vontade em solucionardeterminados problemas.

Por outro lado, existe uma série de políticas, projetos,programas e ações sendo realizadas pelos governos, igre-jas, federações empresariais, sindicatos, clubes de servi-ços, universidades, empresas, fundações, financiadoresdo terceiro setor que estão dispersas e muitas vezes nãosão canalizadas para apoiar iniciativas realmente ino-vadoras e de baixo custo. Muitas dessas iniciativas nãotrabalham numa perspectiva de um alcance social mais

denso e universal, verificando-se um problema naorientação da oferta de políticas públicas e privadasvoltadas para juventude.

Surge, portanto, a necessidade de unir esforços ecompatibilizar a oferta de políticas públicas e privadasvoltadas para juventude com as demandas dasjuventudes e das suas organizações.

Josbertini Clementino, Coordenador Nacional da

Comunidade Empreendedores de Sonhos

JOVENS - Renda Familiar per capita

Fonte: Grupo Interministerial (IPEA)

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comunicação

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1 - Constituir uma Rede de Agências Jovens deInformação que, em âmbito nacional, criará o PortalJuventude Virtual de Comunicação, como instrumentoestratégico para a difusão do conhecimento, produzidopor todos os setores da sociedade (sociedade civilorganizada, governos, empresas, universidades,movimentos sociais etc), para o desenvolvimentojuvenil, acompanhado de um projeto de lei que

Por meio da discussão conceitual sobre termos como

comunicação, informação, recepção e produção de

conhecimento e informação, para maior sinergia e

identidade do grupo, surgiu o termo “transcepção”

e o agente “transceptor”, que consiste no indivíduo

que atua como agente receptor e transmissor no

processo comunicativo, buscando o equilíbrio com

alto senso crítico. Nesse contexto, o Grupo Temático

Comunicação e Socialização do Conhecimento

construiu propostas no sentido de articular e

consolidar ações de fortalecimento comunitário no

âmbito midiático, entre outras:

permita que o conhecimento produzido sejadisponibilizado pelo Portal.

2 - Formar de um Conselho Estratégico deComunicação com membros da Rede de AgênciasJovens e entidades referência, governamentais ou não,em gestão do conhecimento para gerir o PortalJuventude e alinhar as diretrizes de socializaçãomidiática.

3 - Incentivar as iniciativas de mídia televisivaproduzida por jovens valorizando aspectos locais erespeitando a diversidade cultural, como forma defortalecer a participação juvenil na democratização dosmeios de comunicação.

4 - Garantir o cumprimento efetivo do artigo da Lei8.680/93, que determina que todos os meios destinemespaço e tempo para divulgar a juventude e suaimportância na vida nacional. Propor ao GovernoFederal que regulamente a lei, determinando que estesprodutos a serem divulgados sejam produzidos pelospróprios jovens.

5 - Promover a educação pelos meios decomunicação por meio da inclusão das novas linguagensao currículo escolar.

6 - Instituir canais de financiamento público aosmeios comunitários de comunicação (telecentros,rádios, TVs, jornais etc), com apoio legal para fomentode oficinas e associações coletivas de produção e gestão.

comunicação O que eu sei mesmo

é que toda ação

principia mesmo

na palavra pensada

Guimarães Rosa

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7 - Buscar a regionalização dos meios decomunicação, estimulando a responsabilidade social deempresas concessionárias de mídia para que estas abramespaço para produções locais.

8 - Financiar iniciativas de inclusão digital eformação midiática mediante a criação de CentrosRegionais de Comunicação, visando aoempoderamento midiático da população, a formaçãode uma sociedade “transceptora” e a democratizaçãodos instrumentos de produção. O Centro Regionalde Comunicação é um espaço aberto, de preferêncianas escolas, que disponibiliza os instrumentos deprodução (computador, câmeras, etc) para usocoletivo da população.

9 - Criar e fortalecer os canais de interação comoresposta construtiva aos canais de mão única, inclusivepor meios de prêmios que incentivem o desenvolvimentode tecnologias e sistemas “transceptores”, ou seja, decomunicação interativa (mão dupla).

10 - Criar um fórum permanente entre asuniversidades brasileiras, sobre as tecnologias decompartilhamento de informações, a exemplo dastecnologias P2P (pessoa-a-pessoa) de troca de arquivosvia Internet e garantir a participação da juventude noConselho Nacional de Comunicação, preparadosdurante a realização de um Encontro Nacional deComunicação Jovem Comunitária precedido porencontros regionais.

Hábito de leitura de jornais e seções de preferência, por sexo:

Fonte: Projeto Juventude.Instituto Cidadania/SEBRAE

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cala boca já morreu

I s i s L i m a S o a r e s

O artigo 11 da Declaração Universal dos DireitosHumanos prevê o “direito a um nível básico de acesso àinformação mediante instituições públicas e provedoresde serviço”. Ora, não basta apenas garantir o acesso,

nesse século marcado pela imensa quantidade deinformações vindas de todos os lados e das formas maisvariadas. Não seria essa, aliás, uma maneira de nostornarmos somente consumidores de idéias, veiculadasprincipalmente pelas grandes mídias, assim como jásomos em relação a roupas, alimentos, tecnologias, etc?

Mais do que direito à informação, entendemos queé necessário garantir a todos o direito à comunicação:direito de ler e escrever a vida de acordo com asdiferentes experiências; direito de falar, de selecionarimagens, de editar o mundo; direito de expressar epartilhar sentimentos e pensamentos.

Afinal, as nossas verdades são construídas por meiode diferentes pontos de vista (e quando muda o ponto,muda a vista) e o direito à comunicação, assim como odireito à informação, não pode ser monopólio de umpequeno grupo social.

A história deve ser registrada por todos, da mesmamaneira que é feita por todos. Quando isso acontece,mudam as relações: tornamo-nos sujeitos de nós mesmose, conseqüentemente, solidários e comprometidos com aspessoas com quem convivemos e o lugar onde moramos.

Isis Lima Soares, integrante-fundadora da ONG

“Projeto Cala-boca já morreu

Novo Tempo

No novo tempo que virá, tudo será novo. Seremos novos eu e você: preto, branco, verde, vermelho e azul.E será nova a nosa casa, que é o nosso país. Ele, um dia, será nação, até!

É assim: amanhã, tudo será melhor, mas amanhã, tem que começar hoje à tarde, daqui a pouco, agora!

Porque não há melhor futuro que um bom presente. E, ainda que a história fosse cíclica, nós é que vamoscontá-la dessa vez!

Carlos Odas

comunicação

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M a r c u s F u c h s

Nos últimos anos temos assistido a uma mudançasignificativa nos paradigmas relativos à juventude noBrasil. A mobilização de vários setores da sociedade,iniciada na década de 80, resultou em mudançasimportantes na visão que temos hoje, na qual crianças,adolescentes e jovens começam a ser compreendidoscomo sujeitos de direitos, distantes do parternalismoque marcava tal relação até recentemente.

Essa mudança de postura pode ser identificada, porexemplo, nos meios de comunicação, que na últimadécada avançaram significativamente em termosquantitativos e qualitativos na cobertura de temasligados à infância, adolescência e juventude. Hojetemos na imprensa brasileira um espaço privilegiado parao debate de soluções e no jornalista um aliado da causados direitos da infância.

Por outro lado, as mudanças culturais profundasocorrem lentamente; ainda há um longo caminho apercorrer até que o sentido de prioridade para as

populaçãoes mais jovens, explicitado até mesmo naConstituição, seja de fato respeitado. É preciso vencera etapa final, aquela em que os desejos da opinião públicasão transformados em ações concretas, ou melhor, empolíticas adequadas e investimentos públicos em escalasuficiente para garantir que todos os direitos de criançase adolescentes possamsair do papel.

Para que isso ocorra de fato, é fundamental podercontar com a própria participação do jovem, o maiorinteressado nas mudanças pelas quais lutamos. É pormeio da informação e conscientização de crianças eadolescentes, e do estímulo ao seu engajamento nadiscussão de alternativas, que os avanços poderãoocorrer de forma permanente e legítima. Nesse sentido,iniciativas como esta, do Vozes Jovens, permitem queum dos principais direitos humanos sejam exercidos - odireito do jovem em manifestar sua própria opinião eparticipar, de forma cidadã, das decisões que afetamsua vida e seu futuro.

Marcus Fuchs, Diretor de Planejamento da ANDI

juventude e direitos

A avaliação qualitativa da produção jornalística se apóia em um indicador

básico: os temas considerados como de Relevância Social (aquelas abordagens

que contribuem para ampliar o nível de informação e apoiar a formação do

jovem) e as que tratam de questões de menor substância, embora legítimas no

cardápio de interesses, necessidades e curiosidades dos adolescentes e dos

jovens. Fazem parte deste grupo (de temas não socialmente relevantes)

inserções classificadas como lazer e entretenimento, moda e beleza e

comportamento. Fonte: ANDI

Juventude na Mídia

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empreendedorismo

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Empreendedorismo foi apontado como fator

importante para geração de renda e mudança de fator

comportamental. É necessário que se estimule o

empreendedorismo, em todas as suas vertentes

desde a educação fundamental, que fomente a criação

de redes, tanto de empreendedores como de

instituições afins, que o Custo Brasil seja enfrentado,

que sejam identificadas as potencialidades locais e,

principalmente, que o governo possa estabelecer

como diretriz a prioridade de estímulo ao auto-

emprego, mediante o incentivo ao primeiro negócio.

O Grupo Temático de Geração de Trabalho e Renda:

Empreendedorismo construiu propostas para agir em

três níveis: (1) Perfil Pessoal do Empreendedor;

(2) Ambiente e Desenvolvimento – Sociedades e

Modelos e (3) Atuação Governamental.

1 - Estimular a criação de uma rede de instituiçõesde fomento/apoio ao empreendedorismo juvenil com oobjetivo do fortalecimento institucional por meio dointercâmbio de melhores práticas.

2 - Fomentar o cooperativismo e o associativismocomo formas de aquisição de ganhos de escala paramicro e pequenas empresas.

3 - Estimular o desenvolvimento de grandes redesde relacionamento entre empreendedores com vistas àtroca de experiências, à capacitação comparativa e aoestímulo de negócios entre os participantes.

4 - Promover o empreendedorismo juvenil em suasdiversas manifestações (culturais, sociais, etc) pautadosem políticas públicas, que garantam qualidade de vida,produtividade econômica e equilíbrio ambiental.

5 - Criar Políticas Públicas de EmpreendedorismoJuvenil nos níveis municipais, estaduais e federal,contemplando:

a. A priorização de ações propostas à populaçãojuvenil historicamente excluída, a exemplo dasmulheres, negros, índios, jovens do meio rural,portadores de deficiências, entre outros.

b. O estabelecimento de diretriz prioritária e estímuloao auto-emprego, por meio do incentivo ao PrimeiroNegócio.

c. A identificação das potencialidades locais.

d. A qualificação orientada para o desenvolvimentolocal.

e. A redução da Carga Tributária.

De vez em quando a alegria

joga pedrinhas na minha janela.

Quer avisar-me que está ali esperando.

Mario Benedetti

empreendedorismo

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empreender é preciso

f. A racionalização da Burocracia.

g. O desenvolvimento de Linhas de CréditosEspecíficas.

h. A incubação de Pequenos empreendedores.

i. A consultoria e acompanhamento técnico aopequeno empreendedor;

j. O fortalecimento dos APL´s (Arranjos ProdutivosLocais).

k. A reorientação do ensino público mediante ainclusão do empreendedorismo em todos os seusníveis como tema transversal.

l. A criação de um programa nacional de apoio aosempreendedores, contemplando um fundo definanciamento com recursos públicos e privados.

A l e s s a n d r a S e l h o r s t

A nova gestão da Confederação Nacional de JovensEmpresários - Conaje está completando um ano. Estadiretoria abraça a missão, que nada mais é do que aformatação de conceitos que já convivem com todosnós desde a criação da entidade. Decididamente,queremos ser vistos como os grandes vendedores daidéia do empreendedorismo e do negócio comoinstrumento efetivo da geração de emprego e renda.

Vivemos num país que está repleto deuniversidades e cursos de nível superior – muitos dequalidade duvidosa –, e estes estão abarrotados dealunos atraídos pela ilusão do emprego e daestabilidade econômica. Nada mais normal numdesenho que funcionou por décadas e alimentoumilhares e milhares de casos individuais de sucesso

profissional nas mais diversas carreiras. Trata-se, porém,de um modelo esgotado. Não adianta continuarformando engenheiros, advogados, arquitetos, etc.,para um mercado de trabalho que já não mais existe.Afinal, o mercado formal de trabalho encolhe a cadadia e o chamado emprego de carteira assinada tem osseus dias contados.

Não se pode continuar a agir como se nada tivessemudado. Em vez de se formar profissionais para oprimeiro emprego, é necessário que sejam formadosprofissionais para o primeiro negócio, pois até mesmo osempregos que são oferecidos já são investidos de caráterde negócio, na forma de terceirização. O mundo e oPaís mudaram e este desenho já não resolve. O Brasilmudou e, hoje, as escolas de nível superior estãoproduzindo mão-de-obra barata ou desempregados comuma certa qualificação.

Intenção de fazer trabalho social ou no bairro

Fonte: Projeto Juventude. Instituto Cidadania/SEBRAE

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emprego para jovens

A r m a n d P e r e i r a

Segundo dados da Organização Internacional doTrabalho (OIT), o número de jovens sem emprego nomundo atingiu o recorde de 88 milhões em 2003.Enquanto a população jovem cresceu 10,5%, desde1993, a oferta de trabalho para essa faixa detrabalhadores cresceu apenas 0,2%. O problema é aindamaior nos países latino-americanos, onde o número

absoluto de jovens sem emprego passou de 6,5 milhõesem 1993 para 9,4 milhões em 2003 (um aumento de44,2%)1. “Estamos desperdiçando uma parte importanteda energia e do talento da geração de jovens maiseducada que tivemos”, concluiu o diretor-geral da OIT,Juan Somavia.

Diante dessa situação foi criada, no contexto daDeclaração do Milênio das Nações Unidas, a Rede deEmprego de Jovens, (Youth Employment Network –

Aí é que entra o empreendedorismo como açãoessencial para o desenvolvimento econômico e socialdo Brasil, tanto no campo da formação profissional comono terreno da criação do ambiente institucionalnecessário para a disseminação e consolidação deempreendimentos sólidos e perenes. É preciso aprofundara análise sobre o universo de empreendedores de pequenoporte, estabelecendo políticas e práticas institucionais queos incluam nas primeiras categorias de estratégias dedesenvolvimento do Brasil.

Apenas um pouco mais de um terço dos brasileirosestão empregados na economia formal urbana. Segundoo Sebrae, 3,6 milhões de micro e pequenas empresasabsorvem 44% da mão-de-obra empregada. Econtribuem com notáveis 20% do Produto Interno Bruto

brasileiro. O professor Ignacy Sachs, profundoconhecedor do País, constata, em seu livro“Desenvolvimento Humano”-Trabalho Decente e o Futurodos Empreendedores de Pequeno Porte no Brasil, que, forada agricultura, há 8,6 milhões de pessoas trabalhando porconta própria, ao lado de 4,3 milhões de ocupados em ummilhão de empresas informais. E a eles se somam agricultoresfamiliares (4,53 milhões por conta própria, mais 4,76 milhõesnão remunerados e 3,2 milhões trabalhando para consumopróprio) e operários agrícolas (4,54 milhões).

É verdade que esse cenário carrega fortes tintas dedificuldade: a produtividade é baixa, as condições detrabalho são precárias e a remuneração, insuficientepara uma subsistência digna. Mas é possível fazerlimonada deste limão: transformar essa dificuldadenuma oportunidade, integrando essas pessoas numprojeto estratégico do desenvolvimento nacional. E issoestá aqui, não em outro território do planeta. Afinal,este é um país de contrastes, mas também de grandesoportunidades. Cabe-nos, pois, arregaçar as mangas efazer deste País continental uma grande nação.

Alessandra Selhorst, Diretora da Confederação

Nacional de Jovens Empresários - CONAJE

empreendedorismo

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Tipo de trabalho social ou negócio que gostaria de fazer ou faz:

YEN), com o objetivo de desenvolver e implementarestratégias que dêem aos jovens, em todo o mundo,uma oportunidade real de encontrar trabalho decentee produtivo. Trata-se de uma parceria do secretário-geral das Nações Unidas com o Banco Mundial e aOIT (que exerce a Secretaria-Executiva), cujosprincipais temas são a criação de emprego, oempreendedorismo, a empregabilidade e a igualdadede oportunidades.

Uma das principais recomendações da Rede é a dese convidar organizações de jovens a assessorar aformulação de programas de promoção do empregojuvenil, a contribuir com a sua implementação, e a ajudara monitorar os compromissos assumidos pelos governoscom a Rede. A fim de estimular o debate entre osjovens sobre os temas acima, foi realizada, em Salvador,em setembro de 2003, a Mesa Redonda sobre Rede deEmprego de Jovens2. Na ocasião, cerca de 50 jovenspuderam expressar suas opiniões e preocupações aoministro do Trabalho e Emprego, à Secretária Especialde Políticas de Promoção da Igualdade Racial, ao DiretorGeral da OIT e a outras autoridades presentes. Durante

o evento, o Brasil formalizou o interesse de se tornar umdos países líderes da Rede, assumindo o compromisso,no mais alto nível, de formular um plano nacionalpara a promoção do emprego de jovens.

O seminário Vozes Jovens é, também, umaexcelente iniciativa de dar aos jovens, verdadeirosatores soc ia i s de mudança , a chance deexpressarem suas idéias e apresentarem propostasvisando à diminuição dos desafios do ingresso nomercado de trabalho.

Para que os projetos nacionais para a juventudealcancem as metas delineadas, é fundamental aparticipação ativa dos jovens na conscientização dasua importância e na elaboração e monitoramentoda sua implementação. Como foi ressaltado durantea segunda reunião do painel de Alto Nível da Redede Emprego de Jovens, “os jovens não são apenas oslíderes de amanhã, mas também os parceiros de hoje”.

Armand Pereira, Diretor da Organização

Internacional do Trabalho-OIT no Brasil

Fonte: Projeto Juventude.Instituto Cidadania/SEBRAE

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M a r i z a S o a r e s

O IBRAD – Instituto Brasileiro de Administraçãopara o Desenvolvimento é uma organização dasociedade civil de interesse público, parceiro do AIR -Instituto Americano de Pesquisa e do CDI - Comitê deDemocratização para a Informática, na implementaçãodo programa Enter Jovem1.

O objetivo principal do Programa Enter Jovem é ainserção de jovens no mundo do trabalho. O Programatem como público-participante, jovens de famílias combaixa renda, matriculados no ensino fundamental oumédio de escolas públicas, das regiões metropolitanasde Salvador e Recife, na faixa etária de 14 a 21 anos.

No início de 2004, jovens que participam do Programa,fizeram uma pesquisa denominada: O Mercado deTrabalho para Jovens, com pequenos empresários dasregiões metropolitanas do Recife e de Salvador, na qualidentificaram que, para os empresários, as principaisdesvantagens de se contratar jovens são: irresponsabilidadee inexperiência e as principais vantagens são: motivação,rapidez e dinamismo.

Após identificar conteúdos, estes devem serabordados na formação e reconhecendo a importânciada participação dos jovens e das jovens como sujeitosno processo de transformação social, o Enter Jovem sepropõe a contribuir para a formação cidadã deste públicoem um processo contínuo de qualificação para o mundodo trabalho.

O Enter Jovem adota uma metodologia baseada naeducação popular e na pedagogia de projetos, utilizandoa informática como instrumento para o desenvolvimentodo senso crítico e para a elaboração de projetos de ação,que favoreçam a mudança de atitude e a participaçãocidadã, por meio de atividades de life skills eprofissionalização.

Mariza Soares, Coordenadora do IBRAD – Instituto

Brasileiro de Administração para o Desenvolvimento e

Membro do Comitê Gestor do Programa Enter Jovem.

1 O Programa Enter Jovem é financiado pela USAID - Agência

dos Estados Unidos para a Promoção do Desenvolvimento

Internacional.

enter jovem

empreendedorismo

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empregabilidade

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Tendo como base os níveis de desemprego de jovens

hoje no Brasil, e partindo do ponto de vista de que a

empregabilidade tem conexão direta com a educação

e a capacitação, o Grupo Temático de Geração de

Trabalho e Renda: Empregabilidade propõe:

1 - Reduzir a jornada de trabalho para todos ostrabalhadores, sem redução salarial e garantindo direitoao lazer, educação e saúde entre outros.

2 - Otimizar o PNPE – Programa Nacional dePrimeiro Emprego, garantindo um monitoramento naexecução com governos estaduais com efetivaparticipação da juventude.

3 - Investir em programa de geração de trabalho erenda para juventude do campo.

4 - Aplicar e fiscalizar a Lei do Aprendiz e aResolução 01 de 21 de janeiro de 2004, do ConselhoNacional de Educação e publicada no DOU em 04/02/2004 (Lei que estabelece diretrizes nacionais paraorganização e realização de estágio).

5 - Fortalecer as ações de qualificação para inserçãodos jovens no mercado de trabalho, por meio dosprogramas construídos em parcerias com o Governo e asociedade civil organizada.

6 - Criar um programa de sensibilização de empresasprivadas, governos e organizações da sociedade civilsobre a importância da educação por meio do trabalho,como uma forma de realização pessoal e dignificaçãohumana dos jovens.

7 - Ampliar o sistema técnico de ensinoprofissionalizante nacional, com criação de novos cursose maiores fundos de apoio à pesquisa nestes ambienteseducacionais.

8 - Fomentar as iniciativas de incubadoras sociais,de empresas, de cooperativas e de economia solidária,que apresentem oportunidades de trabalho para ojovem, em parceria com as universidades.

9 - Criar um programa condicionando empresasque recebam ou venham a receber incentivo e/oufinanciamentos governamentais a terem comocontrapartida a geração de emprego para jovens.

10 - Potencializar o desenvolvimento local parafomentar o turismo sustentável, visando maiorempregabilidade nesta área para o público jovem.

“Nosso dia vai chegar, queremos nossa vez,

Não é pedir demais, quero justiça,

Quero trabalhar em paz...”

Renato Russo

empregabilidade

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juventude e o mundo do trabalho

R o d r i g o A m a r a l

Dialogar sobre a situação da juventude no mundodo trabalho, geração de renda e empregabilidade é umaquestão bem complexa, pois esta temática afeta regiões,países, estados, municípios, homens, mulheres, ricos,pobres, negros, indígenas, pessoas com deficiência eprincipalmente os jovens.

A experiência do Consórcio Social da Juventudede Fortaleza mostra claramente que se precisa ter noBrasil uma maior prioridade para aqueles jovens maisafetados pelo desemprego.

O desafio de trabalhar com esses jovens passa portrês questões, são elas: a metodologia de trabalho, aparticipação juvenil e a inclusão social e profissional.Como adequarmos atividades para esses jovens? Comoenvolvê-los na decisão, execução, planejamento eavaliação? Como garantir efetividade de inserção nomundo do trabalho?

Falo de jovens sem oportunidades, quefreqüentaram escola sem qualidade no ensino, defamílias desestruturadas, mães e pais de crianças semplanejamento, egressos do sistema penal, cumprindomedidas sócioeducativas, em um mercado cruel ecompetitivo, com alto índice de preconceito, jovenspobres, com baixa escolaridade ou fora da escola,moradores de periferia urbanas e rurais, negros,indígenas, mulheres, jovens com deficiência. Precisa-se sensibilizar toda a sociedade, governos,empresários(as) trabalhadores(as), e os próprios jovens.Estes sujeitos não podem ver isto como uma caridade,mas com um compromisso de mudança do Brasil, comdesenvolvimento sustentável.

O Governo Federal, mediante o Programa PrimeiroEmprego, vem encontrando alternativas para inserçãode jovens no mercado, quer seja via linhas definanciamento para jovens empreendedores por meiodo SEBRAE, quer seja via parceria com a sociedadecivil organizada, pelos Consórcios Sociais da Juventude,uma experiência de sucesso que, de forma criativa,possibilitou a inserção de diversos jovens por meio deestágio, como menor aprendiz, portadores dedeficiência, contratação formal ou empreendimentosindividuais ou coletivos.

O mundo do trabalho transforma vidas e nossaintervenção se faz indispensável e urgente paraconstruirmos uma nova relação que garanta trabalhodecente à juventude brasileira.

Rodrigo Amaral, Instituto de Juventude Contemporânea

Inserção no Mercado de Trabalho

Fonte: Projeto Juventude. Instituto Cidadania/SEBRAE

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A l e n c a r F e r r e i r a

O cenário econômico brasileiro começa a frustrarde maneira enfática os críticos que apostavam que 2004seria mais um ano quando, para o País, não haveriaprimavera.

A indústria exibe a maior oferta de vagas dos últimoscinco anos. O Cadastro Geral de Emprego eDesemprego-Caged registra o maior saldo de empregoformal desde 1992. A renda dos assalariados está emfase de recuperação. O nível de ocupação no setoragrícola registra alta de quase 22% em relação aoestoque do início do ano.

Mas, tão importante quanto buscar semear boaspolíticas é ter consciência de que não se pode taparcom o sol de vinte meses de governo a peneira de séculosde injustiças e desigualdades. Segundo os indicadoresnacionais e internacionais, uma das parcelas sociais quemais sofre com essa desigualdade é a juventude. Quasemetade do desemprego mundial concentra-se napopulação com idade entre 15 e 24 anos.

No Brasil, a taxa de desemprego entre a juventudeé o dobro da taxa média nacional. Ainda temos 1,2milhão de analfabetos, e dois terços dos jovens em idadepara ter concluído o ensino médio, não o conseguiram.

de olhos bem abertos

É preciso ter os olhos sempre abertos ao potencialdessa realidade de gerar jovens sem trabalho,subempregados e vulneráveis a meios violentos desobrevivência. Nesse reconhecimento está o nascedourodo Grupo Interministerial da Juventude, queconcentrará 18 áreas do Governo Federal na proposiçãosistemática de políticas voltadas para produzir respostasimediatas e duradouras.

O programa Primeiro Emprego (PNPE), doMinistério do Trabalho e Emprego, é uma dessas ações.Daí a criação de mecanismos que facilitarão a adesãodos empresár i o s , p o r m e i o d a s u b v e n ç ã oe c o n ô m i c a o u d a c o n s c i ê n c i a d aresponsabilidade social, e que expandirão ossistemas de participação, e acompanhamentodessa participação, para mais de 700 pontos deatendimento que estamos cr iando. A essaabordagem aliam-se a ampliação dos consórciossociais da juventude para todas as 27 capitais; opro je to So ldado Cidadão; o Serviço CivilVoluntário; o projeto Jovem Empreendedor emparceria com o Sebrae; o estímulo ao cumprimentoda lei da aprendizagem, além de um númeroenorme de parcerias que vimos construindo com asociedade civil e órgãos internacionais como a OITe o Banco Mundial.

Tudo isso para que, em breve, em movimento desinergia com as ações do Grupo Interministerial daJuventude, passemos da semeadura de bons projetos àcolheita de bons resultados. Não bastam ações degoverno. Os setores incluídos da sociedade e osempresários têm de ser parceiros nessa empreitada. Abriros olhos para essa demanda significa construir ummundo melhor para todos nós.

Alencar Ferreira, Economista e Secretário-Executivo

do Ministério do Trabalho e Emprego

empregabilidade

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cultura,esporte e

lazer

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Seguindo a meta proposta ao grupo, discutiu-se

cultura de forma ampla, conciliando-a com esporte e

lazer. Tendo em vista o compartilhamento de

conhecimentos, verificou-se que cultura envolve as

peculiaridades de cada região no Brasil e de cada

etnia presente no País. O Grupo Temático Cultura

Esporte e Lazer, evidenciando tais premissas propõe:

1 - Criar núcleos de produção nas áreas decultura, esporte e lazer de interesse da juventude paragerar renda.

2 - Isentar de impostos projetos sociais sem finslucrativos e prêmios culturais e esportivos.

3 - Criar um banco de dados, atualizadoperiodicamente, com participação da sociedade civil,para financiar, a partir das instituições, grupos,movimentos artísticos para inclusão social.

4 - Criar um fundo para pequenos projetos, atéR$ 20 mil reais feitos e/ou direcionados para jovensexcluídos.

5 - Fomentar iniciativas/atividades/produçõesque visem o autoconhecimento das raízes históricas eculturais das pessoas e comunidades.

6 - Incentivar políticas de inclusão econômicasocial a partir da produção cultural, com a criação deincubadoras de indústrias culturais, arranjos produtivosculturais e cadeia produtiva do artesanato.

7 - Incentivar produções já existentes como:Festival Internacional de Teatro, Palco e Rua (FIT)BH, festas juninas nordestinas, produções de Hip-Hop,Afro, Nativos, manifestações regionais, entre outros.

8 - Criar práticas que possibilitem o acesso dascomunidades de baixa renda a elementos emanifestações culturais, hoje, elitizadas, como: teatro,ópera, cinema, canto lírico, artes plásticas, entre outros.

9 - Qualificar, por parte do poder público efinanciadores em geral, a produção cultural a serapoiada com a participação decisória das comunidades;(adoção do orçamento participativo de cultura).

10 - Apoiar, por parte do poder público efinanciadores em geral, o desenvolvimento de mídiasalternativas que se contraponham ao processo dedeculturação e aculturação das pessoas ecomunidades, promovendo o resgate, a valorizaçãodas raízes históricas e culturais do povo e apoiar ofomento, quanto ao esporte, inclusive por meio dopatrocínio do Circuito Nacional.

A gente não quer só comida,

a gente quer comida, diversão e arte.

Arnaldo Antunes

cultura, esporte e lazer

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M a r i l i a P a s t u k

Não se pode falar de juventude e nem de culturaem uma sociedade como a nossa onde as diferençassociais são tão marcantes. Na realidade, temosjuventudes e culturas que têm como ponto comum aescolha de signos determinados para expressar uma faseda vida onde identidades e projetos estão sendodefinidos, a partir de condições dadas a priori. E nessesentido a vivência dessa fase da vida varia muito emfunção de contingências diversas. Temos a juventudedo asfalto e a juventude da favela e da periferia comsuas culturas próprias que nem sempre se confundem,ainda que, por diversos momentos, uma se espelhe naoutra, não raro virando caricatura. De fato, o jovem dafavela e da periferia - fruto do contexto onde estáinserido e das suas reais condições de existência quandonão está consumindo uma cultura que lhe é imposta,produz uma cultura que lhe é peculiar exemplificada,na atualidade, por meio do funk e do hip hop, ambosexpressões legítimas do pedido de socorro e/ou dadenúncia de uma sociedade que ignora seuspotenciais, necessidades, vontades e direitos decidadania, inclusive de cidadania cultural. E estaúltima pressupõe o respeito à diferença. Diferençaessa que não quer dizer desigualdade e simreconhecimento de identidades particulares e de suasexpressões, e ao mesmo tempo, tolerância evalorização mútua, assim como a afirmação de direitoscomuns. Inalienáveis. Como o direito à vida.

Marília Pastuk, Superintendente da

Ação Comunitária do Brasil

juventude e cultura

Razão que impede de fazer o que gostaria

Atividades que gostaria de fazer

Fontes: Projeto Juventude. Instituto Cidadania/SEBRAE

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Agnelo Queiroz

Nunca no Brasil se debateu com tamanhaprofundidade e abrangência a questão do esporte e dolazer para juventude. Esta é, hoje, uma questão de Estadoem nosso país. Por isso está na pauta de prioridades doGoverno Federal, em primeiro lugar, e dos governosestaduais e municipais, que são em última instância o elomais forte com a sociedade, em especial a juventude.

A iniciativa de utilizar o esporte como ferramentade desenvolvimento de habilidades jovens é umaoportunidade das políticas públicas de também forneceralternativas de ocupação do tempo livre juvenil, e depromover o desenvolvimento físico e intelectual,prevenindo o envolvimento com drogas e outros males.

Nessa linha, desenvolvemos nosso programa carrochefe, “O Segundo Tempo”, em parceria com oMinistério da Educação, com o objetivo de possibilitar oacesso à prática esportiva aos alunos matriculados noensino fundamental e médio dos estabelecimentospúblicos de educação do Brasil, principalmente emáreas de vulnerabilidade social.

programa segundo tempo: o

esporte como alternativa

O Programa prevê a iniciação esportiva em diversasmodalidades coletivas e individuais, fornecendo assimoportunidades aos alunos envolvidos de ampliar seusconhecimentos e seu regular contato com o esporte.Esperamos com esse Programa que nossos jovensdesenvolvam: os raciocínios lógico e espacial; oaprendizado da ação coletiva, favorecendo a inserçãodo indivíduo no grupo; e a melhoria da comunicação,fortalecendo a compreensão e expressão nas crianças eadolescentes envolvidos.

Como resultado, prevê-se o fortalecimento de valoressociais, privilegiando as noções naturais de liderança,de trabalho em equipe e de disciplina individual ecoletiva, o que deverá contribuir para formar cidadãosmais preparados, mais solidários e com maior sentido decooperação. Esperamos com isso contribuir para odesenvolvimento integral da juventude brasileira e,conseqüentemente, para o desenvolvimento da nação.

Agnelo Queiroz, Ministro do Esporte. Discurso proferido

durante a Cerimônia de Abertura do Vozes Jovens em 24

de maio de 2004

cultura, esporte e lazer

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meio ambiente

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meio ambiente

A partir da percepção de que a busca por sociedades

sustentáveis é um pressuposto fundamental para

garantir o futuro aos jovens, seja do ponto de vista

econômico, social e ambiental, o Grupo Temático

Meio Ambiente, Vida Saudável e Eco-negócios nas

Áreas Urbanas e Rurais propõe:

Minha vida...

quebrando pedras

e pantlando flores

Cora Coralina

1 - Estabelecer mecanismos que garantam asoberania nacional perante os recursos naturaisbrasileiros, por meio do uso da base legal e da defesa dopoder soberano em plataformas e negociaçõesinternacionais, dando especial atenção às seguintestemáticas:

- Lei de patentes;- Pesquisa;- Biodiversidade;- Biopirataria;- Bacias hidrográficas (internacionalização);- Seqüestro de carbono;- Água (privatização).2 - Implementar programas que ofereçam condições

básicas de saneamento, principalmente em áreasperiféricas e rurais, mediante esforços entre governos,iniciativa privada, cooperação internacional e sociedadecivil, atentando para o desenvolvimento de soluçõesalternativas.

3 - Fomentar, instrumentalizar, formar e apoiar oempreendedorismo sustentável juvenil utilizandopesquisas e o conhecimento tradicional local paramelhor aproveitamento dos recursos naturais(agricultura familiar, extrativismo e pesca) e de resíduos

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sólidos, como uma das alternativas de geração de rendae soluções ambientais, compartilhando experiências emultiplicando tecnologias;

4 - Desenvolver e apoiar campanhas organizadaspor jovens para esclarecimento e divulgação depesquisas sobre as vantagens e desvantagens daprodução e consumo de alimentos geneticamentemodificados e participação ativa da juventude tantona formação da opinião pública, quanto nas decisõespolíticas sobre o tema.

5 - Promover, fortalecer e ampliar a participação dapopulação jovem, com especial atenção aos gruposrurais, populações tradicionais, indígenas e étnicos, nasinstâncias formais de decisão sobre questões ambientaispor meio de:

- Fórum;- Redes;- Seminários;- Grupos comunitários.

6 - Criar um programa específico no FNMA paraapoio a projetos ambientalistas propostos pororganizações de juventude.

7 - Ampliar a divulgação da Agenda 21 através dosmeios de comunicação com apoio do Governo e deentidades ambientalistas; criar um programa que vise acapacitação, instrumentalização.

8 - Viabilizar do trabalho de jovens como educadoresambientais, tornando-os multiplicadores nas escolas ecomunidades em geral.

9 - Propor a criação de um fundo internacional quecompense financeiramente os países que tenham sucessona proteção e uso sustentável de seus recursos naturais eefetivamente implementem sua legislação ambiental.

10 - Propor ao Banco Mundial rever sua estratégiade financiamento de empreendimentos de grandeimpacto ambiental (agricultura extensiva, pecuária,mineração, etc) por meio de planejamento/estudo deimpacto socioambiental e reordenamento territorial.

F á b i o D e b o n i e

S o r a i a M e l l o

A degradação ambiental afeta cada vez mais asgerações “do futuro” no presente. Comprometidos coma resolução dos problemas sócioambientais, novosambientalistas que fazem parte das diferentes“juventudes” no Brasil estão buscando trabalhar adimensão ambiental em algumas de suas pautas clássicascomo saúde, cultura, educação, trabalho e renda,cidadania, etc. As suas preocupações e propostasconvergem na busca de um mundo com mais qualidade

de vida e felicidade para todos. Esses diferentes olharescontribuem para a superação dos complexos desafiosque dependem não somente de atitudes individuais,mas, principalmente, das ações coletivas decorrentesde uma cultura de participação política.

Estas ações, a nosso ver, necessitam estarsintonizadas em duas perspectivas de transformação –a cultural e a social, as quais têm sido focadas de maneiracompletamente distintas. A primeira delas, maisdisseminada na sociedade atual e junto a este público,é aquela que remete à premência por mudanças nasformas de se olhar e de relacionar com o mundo, a

a participação das juventudes

na questão ambiental atual

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partir da realidade que nos cerca. Falamos danecessidade de mudanças culturais não só na interação“seres humanos e outros seres” como também nainteração entre nós humanos - homens e mulheres, ricose pobres, etc. A segunda perspectiva – a datransformação social - parte do pressuposto quequalquer intervenção relacionada à questão ambiental,deve ir além da sua contribuição ao processo detransformação cultural (exemplificado pelas tãoconhecidas expressões de “conscientização”, “mudançade hábitos, valores e atitudes”, dentre muitas outras)de uma determinada comunidade, localidade, região.Deve almejar a promoção de profundas e efetivastransformações na estrutura social local/global atual.

Não estamos falando de um mero ativismosocioambiental, mas de um sincero compromisso ecomprometimento com uma causa, orientada emdiversos níveis e dimensões - mental, espiritual, pessoal,cultural, social e política – e de uma concepção de queé possível construir conhecimento e participarefetivamente dos processos de decisões sobre a questãoambiental no bairro, no município, no estado, no Brasile no mundo; caminhando com mais firmeza em direçãoàs tantas mudanças desejadas e necessárias.

Certamente há espaços de participação e deaprendizagem já conquistados e outros a serem, nosquais a participação das distintas “juventudes” é defundamental relevância, por diversos motivos.Primeiro, porque a questão ambiental afeta todaselas; segundo, porque elas podem contribuir devárias maneiras na reversão deste processodegradatório e terceiro, porque há claros sinaisde inovação quanto a estas formas de intervenção,que certamente têm como elemento principal ofator criatividade.

O olhar da simplicidade sobre a complexidadedas questões socioambientais talvez seja oingrediente que dará um sabor especial e peculiara esta “Participação das juventudes na questãoambiental atual”, com especial destaque ao Brasil.

Fábio Deboni, agrônomo e Educador Ambiental,

Técnico da Diretoria de Educação Ambiental do

Ministério do Meio Ambiente.

Soraia Mello, engenheira Florestal e Educadora

Ambiental, Técnica da Coordenação Geral de Educação

Ambiental - Ministério da Educação.

meio ambiente

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C a m i l a G o d i n h o

Trabalhar com meio ambiente, significa realizaratividades que integrem os aspectos ambientais, sociais,políticos, culturais e ambientais. É impossível hoje ver aquestão ambiental sem considerar os outros fatores comos quais ela se entrelaça. É nesta nova concepção quese baseia a maior parte das ações da juventude brasileirana área ambiental.

Ações diversas ocorrem no Brasil. A maioria delas ébaseada na educação ambiental, sensibilização econscientização. Os temas trabalhados variam de acordocom as características locais, contudo existe umapredominância da abordagem de questões relacionadasà água, biodiversidade e consumo e produçãosustentáveis.

A ação juvenil em 2003 contou com o importanteapoio dos Ministérios do Meio Ambiente e Educaçãoquando foram criados Conselhos de Jovens em todos os27 Estados Brasileiros. Jovens ativistas ambientais tiverama oportunidade de se conhecer e começar a se articular.Hoje, o desenvolvimento desta articulação e a formaçãode parcerias ocorre por meio da Rede de Juventudepelo Maio Ambiente (REJUMA).

O processo da Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente abriu um espaço de diálogoentre os jovens e organismos do Governo Federal,contudo ainda precisamos potencializar estacomunicação. Vale ressaltar que a pesquisa Perfil daJuventude Brasileira realizada pelo Instituto daCidadania, revela que apenas 1% dos entrevistadosparticipam de grupos de defesa do meio ambiente.

juventude e meio ambiente

Destes, 57% afirmaram que, mesmo não participandodestes grupos, gostariam de fazê-lo. Os jovens estãopercebendo que, ao realizar ações relacionadas àquestão ambiental, estão contribuindo para construirsociedades sustentáveis.

Camila Godinho, Conselho PNUMA

Jovem e Grupo Interagir

CONFERÊNCIA INFANTO-JUVENIL “VAMOS

CUIDAR DO BRASIL - 2003”

Alcance de Jovens envolvidos nas discussões:• 27 Comissões Organizadoras nos Estados• 553 pessoas/instituições• 27 Conselhos Jovens• 317 participantes de movimentos de juventudeConferências do Meio Ambiente• 4.067 municípios• 15.452 escolas• 5.660.692 participantes

A Conferência Infanto-Juvenil foi um processo amploe democrático que envolveu a juventude brasileira nadiscussão de políticas ambientais. O processo foiiniciado com o pioneirismo dos Ministérios doMeio Ambiente e Ministério da Educação.

Fonte:www.mma.gov.br/propostasdasescolas 28/01/2004

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R i c a r d o Y o u n g

A iniciativa ‘Vozes Jovens’, organizada pelo BancoMundial, com apoio da Organização Internacional doTrabalho – OIT, da Organização das Nações Unidaspara o Desenvolvimento da Educação e Cultura –UNESCO, da Agência Norte-Americana para oDesenvolvimento – USAID e da Escola Superior deAdministração Fazendária – ESAF, vem demonstraruma vez mais o quanto a ampliação de espaços departicipação da sociedade é condição imprescindívelpara a promoção do desenvolvimento sustentável.

Diante da necessidade de lançarmos um novo olharsobre os princípios que devem nortear estedesenvolvimento, a sensibilização e a capacitação deuma nova geração para este olhar são garantias de queos fundamentos para a mudança estarão consolidados.A construção de uma nova sociedade reserva aos jovensum papel-chave, que será exercido na medida em quenovas visões e competências sejam por eles adquiridas.

Vale lembrar que, dentre as diversas faces dadesigualdade, uma das mais perversas é a própria

juventude e

desenvolvimento sustentável

desigualdade no acesso a oportunidades de voz eparticipação. Dar aos beneficiários das políticas sociaisa oportunidade de se manifestar sobre os rumos destaspolíticas não é um ato de benevolência; é, antes,garantir-lhes o exercício de um direito e umaoportunidade de prática cidadã. Representa tambémum caminho para se entender melhor a realidade eassim focalizar e definir as políticas públicas.

A consistência das propostas apresentadas por estasjovens vozes, em temas tão diferentes quanto educação,direitos humanos, violência, empregabilidade, meioambiente e outros, só vem comprovar esse pensamento.Em especial as propostas construídas no tema doempreendedorismo, priorizando questões como aformação de redes e a definição de políticas públicasespecíficas, mostram a importância de se construir juntoa esse público competências voltadas para odesenvolvimento sustentável. Refletem ainda o desejodo jovem de participar como protagonista - e desde já -na transformação da realidade do país.

Ricardo Young, Instituto Ethos

meio ambiente

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competitividade globale responsabilidade social

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A partir dos debates que tiveram como base as

experiências locais analisadas na perspectiva da

competitividade global, houve o consenso de que para

fortalecer as iniciativas locais de responsabilidade

social, em especial dos jovens, o Grupo Temático

Competitividade Global e Atuação Local com

Responsabilidade Social propõe:

1- Criar uma agência que sistematize, divulgue,potencialize e dissemine as tecnologias sociais exitosasoriundas das próprias comunidades.

2 - Ampliar as oportunidades de acesso ao créditopara jovens por meio de um processo educativo e deacompanhamento sistemático do empreendimento.

3 - Fortalecer o comércio local por meio de estímuloà criação de redes regionalizadas monitoradas.

4 - Estruturar os sistemas de produção e transporte(“microcentros de consumo”).

5 - Criar redes de pequenas empresas socialmenteresponsáveis que possam competir de forma qualificadae profissional nos mercados em potencial (nacional eexterior).

6 - Criar um processo de certificação de micro epequenas empresas socialmente responsáveis.

7 - Mobilizar a sociedade para uma mudança dacultura de consumo, com valorização dodesenvolvimento local.

8 - Promover ambientes e canais de troca deprodutos e serviços em uma lógica de economia solidáriaentre as iniciativas de juventude.

9 - Promover a educação da juventude de forma adesenvolver suas plenas potencialidades e respeitar assingularidades locais, para a integração competitiva nasociedade global.

10 - Criar uma política de incentivo fiscal aosempreendimentos liderados por jovens com apoio dosorganismos de cooperação multilaterais (BancoMundial, OIT, USAID, UNESCO, BID...) e governos.

As leis não bastam

Os lírios não nascem das leis

Carlos Drumond de Andrade

competitividade global

e responsabilidade social

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A n d r é V i d e i r a

As jovens e os jovens reunidos no evento VozesJovens deram seu recado: As organizações emovimentos de e para a Juventude querem resultadosefetivos. Isso significa, também, interação no mundo global a partir do envolvimento das organizações de e para a juventude em concertaçãotripartite com os atores sociais (governos, sociedade civile iniciativa privada). Unidos em forte visão comum deresponsabilidade social e desenvolvimento sustentável,competitividade global e excelência mundial, e comforte inclusão econômica e social das comunidades, asjovens e os jovens apontam sua visão de futuro.

A criação de agendas e pautas de discussãolocal, de articulação política, social, cultural e econômica em nível global, permite o fortalecimento ea preparação competitiva de organizações de, e para ajuventude como catalisadores de uma nova era da democracia representativa e de massas no Brasil, tendo ajuventude como efetiva protagonista.

O Brasil tem uma identidade cultural rica, muito estudada e comentada. No entanto, pouco se utiliza

competitividade global e atuação

local com responsabilidade social

esta identidade para se fazer desenvolvimento de açõesinternacionais ou mesmo negócios com jovens, comoestratégia de desenvolvimento sustentável do País.

O protagonismo juvenil, como se vê neste registro histórico,reforça o compromisso de forte ação local da juventude,conectada com as maiores questões que envolvem ahumanidade e a construção de um Brasil diferente.

Essas diferentes formas de atuação são pertinentes. E,por meio do fortalecimento e da amplificação de suasorganizações, mediante a criação de “espaços múltiplos e públicos onde a juventude possa reunir-se paradiscutir sobre diferentes assuntos por meio de debates temáticos”, que visem fortalecer a juventude enquantomembros de uma organização da sociedade civil, e deuma comunidade local em busca de um desenvolvimentoequilibrado e socialmente justo. E, enquanto jovens que têmseus próprios questionamentos, aspirações, desejos e ambições.

Essa juventude, agente de mudanças e herdeirade um passado glorioso de lutas históricas, assume seupapel como protagonista da história, buscando sinalizarcaminhos novos para a Nação Brasileira do século XXI.

André Videira, Instituto Negócios da Juventude

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O d e d G r a j e w

Um país que deseja construir uma sociedade justae sustentável tem necessariamente de estabelecerpolíticas públicas para a juventude. Precisa cuidar bemde todos os seus filhos e filhas. Há um abandonohistórico dos governos e da sociedade com os jovens.

Estamos bastante atrasados nesta tarefa, mas temosque destacar iniciativas como “Vozes Jovens” que,apoiadas por organismos internacionais e nacionaiscomo o Banco Mundial, a Organização Internacionaldo Trabalho – OIT, a Organização das Nações Unidaspara o Desenvolvimento da Educação e Cultura –UNESCO, a Agência Norte-Americana para oDesenvolvimento – USAID e a Escola Superior deAdministração Fazendária – ESAF, vêm propor uma

juventude e competitividade

agenda de políticas de juventude que prioriza a buscapelo desenvolvimento sustentável e tem como objetivoa plena realização das metas estabelecidas pelas NaçõesUnidas para o milênio.

A Carta de Proposições, um conjunto de propostasconcretas para a criação de políticas públicas que,colocada em prática, certamente responderá às questõescentrais da juventude, tem o mérito exemplar de tersido construída com a participação dos jovens.

Este é mais um importante aprendizado que a atualjuventude brasileira vai deixar para as gerações futuras:não há política pública bem-sucedida que exclua dasua gênese a participação protagônica dos principaisinteressados. Neste caso, os próprios jovens.

Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos

competitividade global

e responsabilidade social

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violência ecriminalidade

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1 - Criar programas de estruturação, valorização efortalecimento das famílias em situação de risco atravésda junção das políticas públicas existentes (campanhaspublicitárias promovidas pelo Estado em articulaçãocom os agentes da sociedade civil organizada com oobjetivo de sensibilizar e conscientizar); incluindo ojovem em programas sociais como agente multiplicadorde cidadania, por exemplo: estágios sociais, efortalecimento e fomento de programas deenvolvimento juvenil nas comunidades, como o“Agente Jovem”, garantindo uma formação cidadã eprotagonismo da juventude.

2 - Gerar e alinhar Políticas de Emprego e Renda.

3 - Criar alternativas de acesso à cultura, esporte elazer aproveitando as estruturas já existentes, abrindoespaços públicos e privados ociosos para fomentar uma

Considerando as chamadas causas externas como a

principal causa de morte de jovens hoje no Brasil, em

suas mais diversas faces: doméstica, sexual, moral,

sociocultural e etc. e diante da realidade

sócioeconômica globalizada e excludente, o Grupo

Temático Criminalidade e Violência propõe :

melhor convivência familiar e comunitária com práticasculturais alternativas, esportivas, profissionalizantes eeducacionais em articulação com órgãos públicos esociedade civil.

4 - Discutir permanentemente a temática daviolência, inserindo a disciplina curricular nas escolaspara discussão e conscientização das novas geraçõesobjetivando a formação de uma cultura de PAZ eincorporando o conceito de responsabilidade social.

5 - Qualificar os policiais com os direitos humanosbásicos e respeito à comunidade, e criar ações deintegração entre as polícias e delas com a comunidade,visando à construção de uma relação de confiabilidademútua.

6 - Promover eventos com financiamento públicoque devem conter em seus projetos contrapartidassociais, ou seja, em eventos voltados ao público jovemque comercializem bebidas alcoólicas, cigarros, etc.Deverão obrigatoriamente oferecer uma contrapartidasocial, seja aos participantes do evento ou à comunidadeem geral, como condição para receber verba pública.

7 - Criar um órgão que centralize e divulgueinformações de todos os programas que contemplem osjovens, abrindo as possibilidades de parcerias comorganizações da sociedade civil para a divulgação deseus projetos e divulgando uma cartilha consolidandoos programas existentes.

Quem disse que está tudo perdido?

Venho oferecer meu coração

Fito Paes

violência e criminalidade

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8 - Construir um sistema único de coleta e análisede dados relativos à situação da juventude e sistemasde atendimento e uma proposta metodológica padrãode pesquisa.

9 - Reestruturar o sistema de segurança e justiçacom a criação de um mecanismo de acompanhamentoinformatizado dos inquéritos e dos processos judiciais,visando à agilização processual, à condenação dosculpados e o devido cumprimento das penas,

R u d á R i c c i

É necessário destacar as questões que atingem maisduramente os jovens brasileiros, na busca da montagemde uma pauta que oriente a construção de projetos depromoção do protagonismo juvenil. Não há como serprotagonista numa sociedade que nega seus direitos eonde as condições de sobrevivência e autonomia sãoextremamente limitadas.

A definição de temas e dilemas que constituemesta “pauta de referência” cumpre, ainda, uma outrafunção. Através dela é possível perceber que os projetosque envolvam os jovens são, necessariamente,interdisciplinares. Sua elaboração e gestão implicam,ainda, a superação dos “gestores de programas ouprojetos setoriais” na direção de “gestores públicos”,cujos focos são a comunidade e o cidadão e não asmetas setoriais ou dinâmicas administrativas da estrutura

juventude e conflito

informatizando e integrando os sistemas de segurançae justiça, por meio de um cadastro nacional que acelereo processo de implementação do Sistema Único deSegurança Pública (SUSP).

10 - Criar políticas de acompanhamento e reinserçãosocial dos Jovens Infratores e Detentos, estimulando autilização das penas alternativas para crimes de menorpotencial ofensivo e propiciar a mudança de ótica dosistema carcerário para reeducação e socialização e não,meramente, punibilidade.

Fonte: Projeto Juventude.Instituto Cidadania/SEBRAE

Problemas que mais preocupam atualmente:

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Violência e criminalidade

Fonte: Projeto Juventude. Instituto Cidadania/SEBRAE

Contato com armas de fogo:

burocrática. Com efeito, quando a comunidade ou ocidadão é o foco da ação pública – e não a sua demandaespecífica – não há como atendê-los de maneirasegmentada, justamente porque as condições concretasde vida de uma comunidade são determinadas por suaação política, pelo acesso aos bens culturais e depromoção social, pela estrutura do mercado de trabalho,e assim por diante.

Novamente, o novo equipamento público quepromoverá o protagonismo juvenil necessita integrarprogramas, secretarias, numa estrutura interdisciplinar.

Vejamos, portanto, ainda que sinteticamente, umapossível pauta que subsidiaria projetos de promoção doprotagonismo juvenil em relação à violência:

Segundo a pesquisa “A Voz das Crianças”, 43% dascrianças e dos adolescentes da América Latina sesentem inseguros no lugar onde vivem.

Estudo realizado pelo IBGE, a partir de dadoscoletados entre 1980 e 2001, as mortes causadas porviolência diminuem consideravelmente a expectativade vida dos brasileiros. No caso dos homens, talfenômeno reduz em 2,4 anos a expectativa de vida.

Os óbitos causados por violência atingemsobremaneira os jovens do sexo masculino entre 15 e 24anos de idade, no Estado de São Paulo. Segundo apesquisa do IBGE, São Paulo apresenta o maior índicede mortes violentas de jovens de todo o país. Em 2000,as mortes violentas de jovens atingiu 85,6% do total deóbitos registrados para jovens entre 15 e 24 anos.

Vários estudos sugerem que a violência é umfenômeno urbano e que não possui correspondênciacom renda ou taxa de desemprego.

O fenômeno da violência contra jovens é internacional.Nos EUA, apenas 27% das mortes de jovens entre 10 e 19anos possuem causa naturais. Entre 1985 e 1991, 90% dosassassinatos de jovens nesta faixa etária envolveram armade fogo (aumento de 154% no período).

No caso das ações violentas cujos autores sãoadolescentes, o principal fator desencadeador é o usode drogas, como revelam pesquisas recentes sobre osistema de atendimento ao adolescente autor de atoinfracional. Por sua vez, a motivação ao uso de drogas éo sentimento de abandono familiar. Lembremos que aporta de entrada para uso de drogas pesadas entrejovens é a cerveja, muitas vezes incentivada pelos paisdos usuários.

Rudá Ricci, Consultor YBNews - Minas Gerais

Doutor em Ciências Sociais, Professor da PUC-Minas e

Diretor da CPP Consultoria em Políticas Públicas.

violência e criminalidadeviolência e criminalidade

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redes edesenvolvimento local

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redes edesenvolvimento local

A partir da necessidade de criar plataformas de

colaboração e intercâmbio de boas práticas – entre

organizações e movimentos de juventude – é

fundamental fortalecer, criar e programar

mecanismos de comunicação entre as juventudes,

bem como dialogar com governos e organismos

multilaterais, para com isso reforçar a capacidade na

formulação de políticas (de, com e para) juventude,

que sejam “trans-setoriais”, abrangentes, plurais e

elaboradas com visão de longo prazo. O Grupo

Temático Fomento às Redes Locais de Organizações e

Movimentos de Juventudes propõe:

1 - Mapear iniciativas, movimentos e organizaçõesjuvenis, consolidando os resultados em um banco dedados disponibilizado para todos, que subsidiemproposições de intervenção, ações conjuntas e fomentoàs redes, entre outras.

Onde quer que eu vá

estarei sempre procurando o mundo

em caminhos fora do mundo

Maria Dolores Wanderley

2 - Criar política de apoio e fomento à constituiçãoe/ou fortalecimento de redes em âmbito municipal,estadual e federal.

3 - Apoiar as iniciativas juvenis que visem à criaçãode plataformas de comunicação, intercâmbio de idéias,boas práticas e experiências tendo em vista odesenvolvimento, implementação e operacionalizaçãode TICs (Tecnologia de Informação e Comunicação).

4 - Construir junto com a juventude um diagnósticotécnico e participativo sobre sua realidade local,identificando suas peculiaridades e demandas.

5 - Desenvolver programas de capacitaçãosubsidiados para:

a. Formação de multiplicadores e facilitadores.

b. Formação de articulação entre organizações emovimentos de juventudes

c. Gestão de Redes

d. Mobilização

e. Fortalecimento institucional e gerencial

f. Sustentabilidade de Redes

g. Conceitos e contexto

6 - Realizar no Brasil uma edição do FestivalMundial de Juventude.

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Participação social da juventude

7 - Fomentar a criação de espaços locais, estaduais,regionais e nacionais que qualifiquem os jovens comoatores políticos na expressão e negociação de suasdemandas locais e/ou nacionais junto ao poder público.

8 - Criar um Sistema Nacional de Juventude queinclua: secretaria nacional ou ministério; conselhosmunicipais, estaduais e nacional, mais um fundo deapoio à juventude.

9 - Reivindicar um percentual mínimo do orçamentopara a juventude nos três níveis governamentais,viabilizando o sistema nacional de juventude.

10 - Criar uma rede nacional de organizações emovimentos de juventude, com espaços locais dearticulação.

S i l v i o C a c c i a B a v a

A participação social da juventude é um tema damaior importância. E um dos maiores desafios também,principalmente em países onde a exclusão social é tãoforte como no Brasil, e os jovens estão entre os setoressociais mais penalizados.

Políticas para a juventude, políticas de gênero,políticas para idosos, podem ser propostas de duasmaneiras: ou como parte das políticas focalizadas,assistencialistas, que atendem uma parcela reduzidada sua clientela potencial e não modificam as condiçõesestruturais da exclusão social; ou como políticastransversais, que buscam fortalecer a articulação entrepolíticas públicas, por exemplo, de educação, emprego,esportes, saúde, cultura, assistência social, para potenciar

a ação do Estado na construção de melhores condiçõesde atenção para com os jovens.

Nas duas maneiras consideradas há dificuldades ase enfrentar. Como políticas focalizadas, elas expressama negação de direitos, uma vez que não alcançam auniversalidade, não beneficiam a todos. Como políticastransversais, elas estão ameaçadas pela formahierárquica e vertical de organização do aparelho doEstado e da implementação de políticas sociais, quetêm recusado esforços de integração e detransversalidade.

Em qualquer caso, a questão da participação socialda juventude não pode ser uma convocatória dirigida aindivíduos. A participação dos indivíduos não tem forçapara modificar políticas públicas. Torna-se apenas avalidação das políticas propostas pelos governos. Para

Fonte: Projeto Juventude. Instituto Cidadania/SEBRAE

Respostas para os problemas do país:

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que a juventude assuma um papel protagônico naformulação de políticas, é preciso que os governos:

1. reconheçam e valorizem suas representaçõescoletivas, suas redes de associações e entidades, seusmovimentos, suas manifestações de autonomia eindependência;

2. reconheçam e valorizem os conselhos de gestãode políticas setoriais, que já existem, são paritários e

deliberativos, e contam com a participação cidadã, taiscomo os conselhos de saúde, defesa dos direitos dacriança e do adolescente, assistência social;

3. invistam na qualificação dos jovens para atuarem,através de suas representações coletivas, nos espaçospúblicos de gestão e controle social das políticas públicas.

Políticas para a juventude, num país que hoje temna juventude sua maior parcela populacional, precisamser políticas de afirmação de direitos universais. Garantira universalização e melhorar a qualidade das políticaspúblicas é a resposta correta, mas que só será possívelnos marcos de um novo modelo de desenvolvimentoque se oriente para satisfazer as necessidades de bem-estar social da maioria da população, e não a lógica domercado, como vem sendo atualmente.

Sílvio Caccia Bava, Diretor Instituto Pólis

redes edesenvolvimento local

B e t o C u r y

Uma das tarefas que se colocam na ordem do dia éa constituição de mecanismos e controle democráticodas políticas públicas de juventude. Mas, para que sejamefetivamente democráticas, é fundamental contar comuma juventude consciente e mobilizada, ativa eparticipativa, disposta a agir sobre a dinâmica políticareal, cotidianamente, em cada conjuntura. Essa novarelação implica numa renovação da cultura política dosmovimentos sociais e populares. E é importante lembrarque, quando tratamos de juventude, é necessáriovislumbrar o caráter transversal que esse controleassume. Cada ministério tem impacto de políticas dejuventude e esse trabalho deve ser produzido e avaliado

como uma política comum e não isolada em cadaministério. A política Nacional de Juventude tem umadimensão republicana e contemporânea que ademocracia brasileira precisa adquirir

A Secretaria-Geral trata da governabilidade social,das relações com os diversos setores da sociedade. Nessesentido, o governo iniciou uma grande agenda detrabalho para viabilizar esse controle social das políticasde juventude. Com a juventude, estamos participandodo esforço que o governo está fazendo no sentido dedefinir as nossas políticas públicas para esse setor social.

Primeiro, se montou um Grupo Interministerial deJuventude, coordenado pela Secretaria Geral, com oobjetivo A primeira etapa teve como objetivo mostrarum retrato fiel às condições sociais da juventude

participação jovem no governo lula

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brasileira, com base em dados da Pnad (PesquisaNacional por Amostra de Domicílio) elaborados peloIPEA. O segundo passo foi mapear ações e programasna área de juventude, envolvendo todo os Ministériosque executassem algo na área. Foram encontradascerca de 143 ações que atendem a jovens, direta ouindiretamente, sendo que 20 dessas são focadasespecificamente na faixa etária dos 14 aos 24 anos.Entre as que atendem indiretamente os jovens, estãoprogramas como o EJA (Alfabetização de Jovens eAdultos), o PROGER (Programa de Geração deEmprego e Renda) e o SUS (Sistema Único deSaúde). Dentre os focados na juventude se encontram,por exemplo, o Programa Primeiro Emprego e oSegundo Tempo.

Durante os meses de funcionamento, o Grupocontou com vários jovens em sua composição, desdetécnicos de pesquisa do IPEA, até membros dos

Ministérios, aí incluído o do Trabalho, Meio Ambiente,Educação e Esportes. Esse esforço, no sentido depromover o diálogo e a participação social não é ummovimento dirigido a abolir ou substituir a democraciarepresentativa. O sentido dessa ação política éaperfeiçoar a democracia brasileira, instituindo canaisde democracia participativa.

Esse método de governar, com diálogo e participação,não só é coerente com o que sustentou o PT ao longode sua história, como também o é com as formulaçõesda esquerda contemporânea. É nesse novo espaço quese criará uma vasta rede de articulação e solidariedadesocial, novas formas de identidade e o exercício de umacidadania mais ativa, em que os jovens assumirão umamaior responsabilidade na transformação do nosso país.

Beto Cury, Subsecretário de Articulação Social da

Secretaria-Geral da Presidência da República.

Fonte: Banco Mundial

Juventude e Participação Social

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redes edesenvolvimento local

L u ã G a b r i e l

As redes de juventudes hoje são de extremaimportância no Brasil, pois as mesmas funcionam comoagentes gestores e fiscalizadores das políticas públicaspara os jovens no País. Esses organismos plurais edescentralizados são ótimas escolas de militância paraos atores que interagem, uma vez que nelas ocorre umatroca de experiências e de informações entre jovens doBrasil inteiro, porém ainda são novidades para muitos,por ser ainda bastante recente o aparecimento dessasredes e por não haver muita divulgação.

Ao mesmo tempo em que nascem muitos organismosindependentes, ocorre também o surgimento dos Gruposde Trabalhos de Juventudes em redes que já têm umtrabalho, uma identidade feita e um longo histórico. Istoocorre porque dentro destas é identificada geralmentea grande participação da juventude em ações, ou pelofato de sentirem necessidade de fortalecerem a redecom membros jovens, para que possam assim dar certaimpulsionada nas ações executada por esta.

Essas redes de juventude estão cada vez maisganhando o reconhecimento e até o respeito das

as redes de juventude no brasil

esferas de poder governamental e não-governamentalpor seus trabalhos que vêm sendo executados edando bons frutos a favor das questões da juventudeno Brasil.

Luã Gabriel, Diretor Argonautas

Ambientalistas da Amazônia

Protagonismo Juvenil

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Relatório Final. Projeto Juventude, Instituto Cidadania/SEBRAE. São Paulo – 2004

A Mídia dos Jovens. ANDI/ Instituto Ayrton Senna. Brasília. Ano 06. número 10 – 2002

Jovens no Brasil: Problemas e Desafios. Grupo Interministrial de Juventude/IPEA. Brasília – 2004

Relatório de Desenvolvimento Juvenil 2003. Waiselfisz, Julio UNESCO. Brasília - 2004

Um Brasil para as Crianças e Adolescentes. Rede de Monitoramento Amiga da Criança. São Paulo – 2004

Making Commitments Matter: a Toolkit for Young people to evaluete national youth policy. ONU, Nova Iorque – 2003

Relatório Preliminar. Comissão Especial de Políticas Públicas para Juventude. Câmara dos Deputados. Brasilia – 2003

Agenda 21, Capitulo 25. A infância e a juventude no desenvolvimento sustentável. Nações Unidas - 1992

Carta de Braga. Primeira Conferência Mundial dos Ministros Responsáveis pela Juventude. Portugal 1998

Estratégia de Dakar. Fórum Mundial da Juventude do Sistema das Nações Unidas. Senegal. 2001

bibliografia

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INTRODUÇÃO

25.1. A juventude representa cerca de 30 por centoda população mundial. A participação da juventudeatual na tomada de decisões sobre meio ambiente edesenvolvimento e na implementação de programas édecisiva para o sucesso a longo prazo da Agenda 21.

ÁREAS DE PROGRAMAS

A. Promoção do papel da juventude e de suaparticipação ativa na proteção do meio ambiente e nofomento do desenvolvimento econômico e social

Base para a ação

25.2. É imperioso que a juventude de todas as partesdo mundo participe ativamente em todos os níveispertinentes dos processos de tomada de decisões, poiseles afetam sua vida atual e têm repercussões em seufuturo. Além de sua contribuição intelectual ecapacidade de mobilizar apoio, os jovens trazemperspectivas peculiares que devem ser levadas emconsideração.

25.3. Propuseram-se muitas ações e recomendaçõesna comunidade internacional para assegurar àjuventude um futuro seguro e saudável, o que incluium meio ambiente de qualidade, , melhores padrõesde vida e acesso à educação e ao emprego. Essas

questões devem estar presentes no planejamento dodesenvolvimento.

Objetivos

25.4. Cada país deve instituir, em consulta com suascomunidades de jovens, um processo para promover odiálogo entre a comunidade da juventude e o Governoem todos os níveis e estabelecer mecanismos quepermitam o acesso da juventude à informação e dar-lhe a oportunidade de apresentar suas opiniões sobre asdecisões governamentais, inclusive sobre aimplementação da Agenda 21.

25.5. Até o ano 2000, cada país deve assegurar quemais de 50 por cento de sua juventude, comrepresentação eqüitativa de ambos os sexos, estejamatriculada ou tenha acesso à educação secundáriaadequada ou em programas educacionais ou deformação profissional equivalentes, aumentandoanualmente os índices de participação e acesso.

25.6. Cada país deve adotar iniciativas destinadas areduzir as atuais taxas de desemprego dos jovens,sobretudo onde elas sejam desproporcionalmente altasem comparação com a taxa geral de desemprego.

25.7. Cada país e as Nações Unidas devem apoiar apromoção e criação de mecanismos para que arepresentação juvenil participe de todos os processos

A INFÂNCIA E A

JUVENTUDE NO

DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVELAGENDA 21

CAPÍTULO 25

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das Nações Unidas, a fim de que ela influencie nessesprocessos.

25.8. Cada país deve combater as violações dosdireitos humanos da juventude, em particular dasmulheres jovens e meninas, e examinar a maneira deassegurar a todos os jovens a proteção jurídica, osconhecimentos técnicos, as oportunidades e o apoionecessário para que realizem suas aspirações e potenciaispessoais, econômicos e sociais.

Atividades

25.9. Os Governos, de acordo com suas estratégias,devem tomar medidas para:

(a) Estabelecer até 1993 procedimentos quepermitam a consulta e a possível participação dajuventude de ambos os sexos, nos planos local, nacionale regional, nos processos de tomada de decisões relativasao meio ambiente;

(b) Promover o diálogo com as organizações juvenisem relação à redação e avaliação dos planos e programassobre o meio ambiente ou questões relacionadas com odesenvolvimento;

(c) Considerar a possibilidade de incorporar àspolíticas pertinentes as recomendações das conferênciase outros fóruns juvenis internacionais, regionais e locaisque ofereçam as perspectivas da juventude sobre odesenvolvimento social e econômico e o manejo dosrecursos;

(d) Assegurar o acesso de todos os jovens a todos ostipos de educação, sempre que apropriado, oferecendoestruturas de ensino alternativas; assegurar que o ensinoreflita as necessidades econômicas e sociais dajuventude e incorpore os conceitos de conscientizaçãoambiental e desenvolvimento sustentável em todo ocurrículo; e ampliar a formação profissional,implementando métodos inovadores destinados aaumentar os conhecimentos práticos, tais como aexploração do meio ambiente;

(e) Em cooperação com os ministérios e asorganizações pertinentes, inclusive representantes dajuventude, desenvolver e implementar estratégias paracriar oportunidades alternativas de emprego eproporcionar aos jovens de ambos os sexos o treinamentorequerido;

(f) Estabelecer forças-tarefas formadas por jovens eorganizações juvenis nõo- governamentais paradesenvolver programas de ensino e conscientizaçãosobre questões decisivas para a juventude, voltadosespecificamente para a população juvenil. Estas forças-tarefas deverão utilizar métodos educacionais formaise não-formais para atingir o maior número de pessoas.Os meios de comunicação nacionais e locais, asorganizações nõo-governamentais, as empresas e outrasorganizações devem prestar auxílio a essas forças-tarefas;

(g) Apoiar programas, projetos, redes, organizaçõesnacionais e organizações juvenis nõo- governamentaispara examinar a integração de programas em relação àssuas necessidades de projetos, estimulando a participaçãoda juventude na identificação, formulação,implementação e seguimento de projetos;

(h) Incluir representantes da juventude em suasdelegações a reuniões internacionais, em conformidadecom as resoluções pertinentes da Assembléia Geralaprovadas em 1968, 1977, 1985 e 1989.

25.10. As Nações Unidas e as organizaçõesinternacionais que contem com programas para ajuventude devem tomar medidas para:

(a) Examinar seus programas para a juventude e amaneira de melhorar a coordenação entre eles;

(b) Aumentar a difusão de informação pertinenteaos Governos, organizações juvenis e outrasorganizações nõo-governamentais sobre a posição eatividades atuais da juventude, e monitorar e avaliar aaplicação da Agenda 21;

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(c) Promover o Fundo Fiduciário das NaçõesUnidas para o Ano Internacional da Juventude ecolaborar com os representantes da juventude naadministração dele, centrando a atenção especialmentenas necessidades dos jovens dos países emdesenvolvimento.

Meios de implementação

Financiamento e estimativa de custos

25.11. O Secretariado da Conferência estimou ocusto total anual média (1993-2000) da implementaçãodas atividades deste capítulo em cerca de $1,5 milhõesde dólares, a serem providos pela comunidadeinternacional em termos concessionais ou de doações.Estas são estimativas apenas indicativas e aproximadas,não revisadas pelos Governos. Os custos reais e os termosfinanceiros, inclusive os não concessionais, dependerão,inter alia, das estratégias e programas específicos que osGovernos decidam adotar para a implementação.

B. A criança no desenvolvimento sustentável

Base para a ação

25.12. Os Governos, de acordo com suas políticas,devem tomar medidas para:

(a) Assegurar a sobrevivência, a proteção e odesenvolvimento da criança, em conformidade com asmetas subscritas pela Cúpula Mundial da Infância de1990 ;

(b) Assegurar que os interesses da infância sejamlevados em plena consideração no processoparticipatório em favor do desenvolvimento sustentávele da melhoria do meio ambiente.

25.13. Os governos, em comformidade com suaspolíticas, devem adotar medidas para:

(a) Zelar pela sobrevivência, proteção edesenvolvimento das crianças, em conformidade com

os objetivos subscritos pela cúpula mundial em favor dainfância de 1990.

(b) Assegurar que os interesses da infância sejamplenamente tomados em conta no processo departicipação conducente ao desenvolvimentosustentável e a melhoria da qualidade do meioambiente.

Atividades

25.14. Os Governos devem tomar medidas decisivaspara:

(a) Implementar programas para a infânciadesignados para alcançar as metas relacionadas com acriança da década de 1990 nas áreas de meio ambientee desenvolvimento, em especial em saúde, nutrição,educação, alfabetização e mitigação da pobreza;

(b) Ratificar a Convenção sobre os Direitos daCriança (resolução 44/25 da Assembléia Geral, de 20de novembro de 1989, anexo) o mais rápido possível eimplementá-la, dedicando-se às necessidades básicasda juventude e da infância;

(c) Promover atividades primárias de cuidadoambiental que atendam às necessidades básicas dascomunidades, melhorar o meio ambiente para ascrianças no lar e na comunidade e estimular aparticipação das populações locais, inclusive da mulher,da juventude, da infância e dos populações indígenas,e investi-las de autoridade para alcançar o objetivo deum manejo comunitário integrado dos recursos, emespecial nos países em desenvolvimento;

(d) Ampliar as oportunidades educacionais para ainfância e a juventude, inclusive as de educação paraa responsabilidade em relação ao meio ambiente a aodesenvolvimento, com atenção prioritária para aeducação das meninas;

(e) Mobilizar as comunidades por meio de escolas ecentros de saúde locais, de maneira que as crianças e

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seus pais se tornem centros efetivos de atenção para asensibilização das comunidades em relação às questõesambientais;

(f) Estabelecer procedimentos para incorporar osinteresses da infância em todas as políticas e estratégiaspertinentes para meio ambiente e desenvolvimento nosplanos local, regional e nacional, entre elas asrelacionadas com a alocação dos recursos naturais e odireito de utilizá-los, necessidades de moradia erecreação e o controle da poluição e toxicidade, emzonas urbanas e rurais.

25.15. As organizações internacionais e regionaisdevem cooperar e encarregar-se da coordenação dasáreas propostas. O UNICEF deve continuar cooperandoe colaborando com outras organizações das NaçõesUnidas, Governos e organizações nõo-governamentais

no desenvolvimento de programas em favor da infânciae programas de mobilização da infância para asatividades delineadas acima.

Meios de implementação

(a) Financiamento e estimativa de custos

25.16. As necessidades de financiamento da maioriadas atividades estão incluídas nas estimativa de outrosprogramas.

(b) Desenvolvimento dos recursos humanos ecapacitação

25.17. As atividades devem facilitar as atividadesde capacitação e treinamento que já figuram em outroscapítulos da Agenda 21.

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Plano de Ação de Braga para a JuventudeIntroduçãoNós, os representantes dos jovens e das organizações ao

serviço da juventude, do Sistema das Nações Unidas e deoutras organizações inter-governamentais, reunimos de 2 a7 de Agosto de 1998 em Braga, Portugal, no terceiro FórumMundial da Juventude do Sistema das Nações Unidas.

Congregamo-nos aqui para promover a Participação dosJovens no Desenvolvimento Humano, convictos de que aparticipação da juventude é um requisito indispensável aodesenvolvimento da humanidade no seu todo.

No limiar do próximo milênio, os jovens estão plenosde esperança e empenhamento. Estamos convictos de quecom uma parceria dos jovens e organizações ao serviço dajuventude, por um lado, e dos governos das nações, o Sistemadas Nações Unidas e outras organizações inter-governamentais, por outro, poderemos moldar o nossomundo com vista à criação de um melhor futuro para todos.

Os jovens sofrem os desafios da injustiça e da exclusão,resultantes sobretudo das enormes iniqüidades nadistribuição do rendimento, da riqueza e do poder quedominam o mundo de hoje. Existe um fosso cada vez maiorentre ricos e pobres porque o comércio e os acordos erelações para o investimento continuam a não ser justos.

Os jovens são sobrecarregados com a crise financeira ede endividamento e, como resultado dos ProgramasEstruturais de Ajustamento, sentem as conseqüências doscortes que os governos vão fazendo nas despesas com osserviços humanos. Os sistemas educativos estão em declínio,

o acesso dos jovens aos serviços de saúde é restringido e odesemprego juvenil aumenta.

Os jovens sofrem atos de xenofobia e de racismo, dehomofobia e de exclusão da participação democrática. Osjovens não tem acesso à informação, apesar das novaspossibilidades de comunicar além-fronteiras, que deviampromover a tolerância em sociedades multi-étnicas, umrespeito acrescido pelos Direitos do Homem e uma maiorparticipação.

Só a nível mundial se podem encontrar soluções reais esustentáveis para estes problemas, por meio da criação denovas parcerias entre todas as partes envolvidas. Essas soluçõesincluem a promoção de despesas sociais, graças aocancelamento da dívida externa dos países pobres maisseriamente endividados, acordos comerciais que respeitem odireito ao trabalho e condições decentes de vida, ocumprimento do objetivo acordado de 0,7% do PIB paraApoio Oficial ao Desenvolvimento, o pagamento integral eincondicional das dívidas à ONU em devido tempo, bemcomo a continuação da reforma do Sistema das Nações Unidas.

Os jovens podem e devem participar na solução dosproblemas mundiais. Em todo o lado jovens e organizaçõesde juventude mostram que não são obstáculos, mais recursosvaliosos para o desenvolvimento. Os jovens estãoconstruindo a liderança democrática, a sociedade civil e ocapital da sociedade para o Século XXI.

Com o Plano de Ação da Juventude de Braga, queremosemancipar os jovens para que participem no desenvolvimentohumano. A Participação da Juventude no DesenvolvimentoHumano exige que:

CARTA DE

BRAGA

FÓRUM MUNDIAL

DA JUVENTUDE

DO SISTEMA DAS

NAÇÕES UNIDAS2 A 7 DE AGOSTO, BRAGA, PORTUGAL

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§ a comunidade internacional, o setor privado eespecialmente os governos forneçam aos jovens os recursosfinanceiros adequados para dar realização a todo o seupotencial, tornando-os parceiros integrais e ativos noprocesso de desenvolvimento;

§ os jovens sejam reconhecidos, não só como futurosdirigentes, mas como atores da sociedade contemporânea,com uma participação direta no processo dedesenvolvimento;

§ os jovens de ambos os sexos tenham condições departicipação em termos de igualdade: a discriminação sexualé um obstáculo que tem de ser ultrapassado, e a emancipaçãoda mulher é um pré-requisito indispensável aodesenvolvimento;

§ TODOS os jovens tenham a possibilidade de participarcomo autores e também como beneficiários dodesenvolvimento: o desemprego, o analfabetismo, adiscriminação contra os jovens indígenas, contra os jovensdeficientes e que se baseia nos credos religiosos, bem comooutras formas de exclusão social, são ameaças aodesenvolvimento;

§ a justiça entre as gerações presente e futura sejareconhecida como base fundamental para umdesenvolvimento sustentado: os jovens devem participarnas decisões tomadas sobre os recursos do amanhã;

§ os jovens participem nas decisões políticas tomadasem todos os níveis, podendo organizar-se como ONGjuvenis, associações de estudantes, sindicatos e partidospolíticos e que colaborem na criação dos meios decomunicação de massa, a fim de participarem cabalmente navida política, econômica, cultural e social;

§ as questões da juventude não sejam tratadasisoladamente, mas em harmonia com todas as decisõespolíticas. O terceiro Fórum Mundial da Juventude é umexemplo de como uma abordagem trans-setorial pode serusada com sucesso.

O Plano de Ação de Braga para a juventude é umcompromisso conjunto para a Participação dos Jovens nodesenvolvimento Humano, assumido pelas ONG juvenis, osistema das Nações Unidas e outras organizações inter-governamentais em parceria.

Como participantes no terceiro Fórum Mundial daJuventude do Sistema das Nações Unidas, afirmamos o nossoempenhamento pessoal e inabalável na Participação dosJovens no desenvolvimento Humano.

Apelamos agora a todos os jovens, aos governos domundo e à comunidade internacional para que trabalhem aonosso lado, para concretizarmos estes compromissos e

tornarmos a nossa visão da Participação dos Jovens noDesenvolvimento Humano uma realidade.

O Fórum Mundial da Juventude Recomenda:POLÍTICAS DE JUVENTUDEPolíticas de Juventude Integradas Trans-setoriais:1. Até o ano 2005, a formulação, em todos os estados,

de políticas de juventude que sejam trans-setoriais,abrangentes e elaboradas com visão a longo prazo, emconjunto com Planos de Ação que tenham em conta asorientações traçadas no Plano Mundial de Ação até e paraalém do Ano 2000. As políticas de juventude devem terestatuto jurídico e ser apoiadas por estruturas legislativas epor recursos suficientes. Encorajamos todos os governos acriar e/ou reforçar instituições juvenis de referência, noâmbito da estrutura governamental. As políticas dejuventude devem ser formuladas após um extenso processode consultas entre as plataformas do governo e as das ONGjuvenis nacionais, bem como de outros intervenientes, comoparceiros iguais no processo.

2. A implementação efetiva de políticas de juventudetrans-setoriais, de acordo com os Planos de Ação e os seuscalendários, a formular em simultâneo com as políticas dejuventude. Os Planos de Ação deverão ser usados por todosos intervenientes, especialmente as plataformas de ONGjuvenis, como indicadores para o acompanhamento eavaliação do nível de implementação das políticas dejuventude.

3. Que as Nações Unidas, em colaboração com outrasorganizações inter-governamentais e não-governamentais,identifique as melhores práticas na formulação eimplementação das políticas de juventude e encorajem aadaptação dos princípios e das experiências entre os EstadosMembros das Nações Unidas. O mecanismo do GrupoTemático de Jovens podia ser mais utilizado no âmbito doSistema dos Coordenadores Residentes das Nações Unidas,para aumentar a coordenação das entidades das NaçõesUnidas na área da juventude, com vista à promoção depolíticas nacionais de juventude. O Grupo Temático dejovens deveria das prioridade à colaboração entre ONGjuvenis e as entidades das Nações Unidas.

Cooperação das ONG Juvenis a Nível Nacional:4. A criação e/ou reforço de plataformas de ONG juvenis

nacionais, representando o maior número possível deorganizações juvenis democráticas de cada Estado, a criarpor iniciativa das próprias organizações de jovens. Asplataformas deverão respeitar a independência organizativade cada membro e funcionar com base nos princípios da

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solidariedade e da democracia. Os governos deverãoreconhecer legalmente as plataformas das ONG juvenisnacionais como parceiros na decisão política de proporcionar-lhes o apoio financeiro adequado e garantir o livrecrescimento das ONG.

5. A criação de mecanismo informais e formais de consultaentre as plataformas de ONG juvenis nacionais e os governos,que devem funcionar com base nos princípios do respeitomútuo e da parceria em plano de igualdade, de modo a queas preocupações dos jovens se reflitam por inteiro nasdecisões políticas nacionais.

6. O Sistema das Nações Unidas e as organizaçõesinternacionais, incluindo as plataformas de ONG juvenisnacionais e internacionais, deverão reforçar a capacidadedas ONG juvenis a nível nacional, regional e internacional,através de um cooperação alargada a todos os níveis.

Juventude, Erradicação da Pobreza eDesenvolvimento

7. Com base na Iniciativa de Braga sobre a Crise deEndividamento, os governos, a comunidade internacional,incluindo o FMI, o Banco Mundial e outras agências dasNações Unidas deverão trabalhar em associação com asONG juvenis, no sentido de organizarem semináriosregionais antes do ano 2000, de modo a avaliar os impactosda crise de endividamento nos jovens de ambos os sexos quevivem em países com estas dívidas. Os resultados das suasobservações deverão ser utilizados para estabelecer políticasesclarecidas a nível da comunidade internacional, emparticular nas áreas dos programas de ajustamento estrutural,da formação de capacidades, e do reforço da sensibilização eapoio ativo, visando a erradicação da pobreza. Estesseminários regionais deverão, também dar origem a umaconferência conjunta internacional das ONG juvenis e dosistema das Nações Unidas, incluindo o Banco Mundial e oFMI, a realizar antes do ano 2001.

8. Recomendamos que as organizações juvenis, emcooperação com os governos, as agências e organizações dasNações Unidas, as OIG e as instituições financeirasinternacionais, se estabeleçam onde não existem e quereforcem as redes e agências para a juventude existentes anível nacional, subregional e regional. Estas organizações,dotadas de autonomia em termos de planejamento, de poderde decisão e de implementação, deverão executar planoseficazes de erradicação da pobreza, participar em programasde desenvolvimento e atuar como organismo de supervisãopara avaliar os progressos. Deverão prestar a devida atençãoaos antecedentes sociais e culturais dos grupos-alvo,

promovendo uma formação e acompanhamento adequados,com envolvimento de membros da comunidade local.

9. Embora enfatizando o fato de os principais responsáveispela erradicação da pobreza serem os Governos e acomunidade internacional, o Fórum Mundial da Juventudeconfirma a contribuição indispensáveis dada pelos jovens paraa erradicação da pobreza e para o desenvolvimento.Recomendamos que todos os principais agentes envolvidosnas áreas da pobreza e da juventude, promovam, apóiem,desenvolvam e financiem o voluntariado da juventude. Alémdisso, deverá ser dada uma importância especial aovoluntariado de iniciativa dos jovens, durante o AnoInternacional dos Voluntários em 2001.

PARTICIPAÇÃO DA JUVENTUDEParticipação de TODOS os jovens:10. Que seja reconhecido que os jovens afetados por

deficiências têm maiores dificuldades em participar nasociedade devido à inexistência de oportunidades iguais.Para melhorar o seu acesso, de modo independente, aoambiente físico, é indispensável fornecer uma informaçãoadequada, dispositivos auxiliares e equipamentos e realizarcampanhas de sensibilização e de angariação de fundos. Estasações devem ser promovidas e incentivadas a todos os níveis,através da cooperação entre ONG preocupadas com osproblemas relacionados com as deficiências, assim comoentre agências das Nações Unidas, os Governos e as OIG.

11. Os governos, as ONG, as OIG e o sistema das NaçõesUnidas devem promover a compreensão inter-cultural entreas diferentes culturas através de reuniões de trabalho,seminários, programas de intercâmbio e campos dejuventude, utilizando um processo de avaliação adequadopara assegurar que todas as culturas, e especificamente Osjovens indígenas, sejam totalmente reconhecidas, respeitadase valorizadas pela sociedade. Propomos igualmente que asNações Unidas patrocinem uma Conferência Mundial daJuventude Indígena e que, em re1ação a quaisquer futurasatividades ligadas à juventude, patrocinadas pelas NaçõesUnidas, sejam criados mecanismos para assegurar que sãoespecificamente incluídos participantes indígenas comodelegados com direitos próprios.

12. Que as ONG tomem a iniciativa, em cooperaçãocom agências especializadas, programas e fundos das NaçõesUnidas, assim como com plataformas nacionais para ajuventude, de realizar conferências que permitam umintercâmbio de experiências e informação sobre o trabalhocom jovens vivendo em condições de extrema pobreza ecom jovens que necessitem de proteção contra a violência,

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em particular as mulheres jovens. Deverá ser dada prioridadeao contato com jovens que vivam em condições de extremapobreza e ao trabalho, em estreita 1igação com os mesmos,de criação e implementação de políticas de juventude eprojetos concretos nas áreas da saúde, educação, formação eemprego. Propomos, também, a criação de centros nacionaisde supervisão que apresentem ao Sistema das Nações Unidasum relatório anual sobre os indivíduos jovens vitimas deviolência. Os resultados das conferencias sobre os jovensexcluídos por condições de pobreza extrema e o relatóriosobre os jovens vitimas de violência deverão ser objeto deuma ampla divulgação através de todos os tipos de meios decomunicação, sendo utilizados como referência na avaliaçãoda implementação das políticas nacionais de juventude.

As Organizações para a Juventude e o Sistema dasNações Unidas:

13. As Nações Unidas apóiam um envolvimento amplo,de forma democrática, das ONG juvenis no processo detomada de decisão de todo o Sistema das Nações Unidas.Pedimos a intensificação do processo de consultas e umaparticipação plena e eficaz das ONG juvenis nas conferências,comissões, agências especializadas, programas e fundos doSistema das Nações Unidas - as quais deverão reunir-se emdiferentes regiões de modo a assegurar urna representaçãogeográfica eqüitativa. Encorajamos os Estados Membros aincluírem representantes das ONG juvenis nas delegaçõesnacionais à Assembléia Geral e a outras conferencias ecomissões do Sistema das Nações Unidas. Este procedimentodeverá garantir uma representação ampla, abrangente eequilibrada, em função dos sexos, de todos os jovens,incluindo grupos como os indivíduos indígenas, os jovenscom deficiências, os imigrantes, os refugiados e todas asminorias.

14. O reconhecimento da responsabilidade dos jovensem quererem assumir, por si próprios, o auxílio necessário àimplementação do Plano de Ação de Braga para a Juventude,e de outras iniciativas das Nações Unidas - deste modo,oferecemos ao Sistema das Nações Unidas os serviços dosjovens aos níveis nacional, regional e internacional. Paraque seja obtido êxito, devera existir uma maior coordenaçãoda implementação tanto ao nível nacional como regional e ainformação deverá ser facilmente acessível a todos osindivíduos jovens (ação que poderá ser facilitada pelasdelegações do Sistema das Nações Unidas); deverá ter-seem consideração a questão do financiamento nacional paraalargar a eficácia das ONG juvenis, visando utilizar essesfundos para criar eventuais organizações autônomas; e ajuventude não associada devera ser envolvida de modo aassegurar a implementação eficaz de todos os programas.

15. Que seja dada, no Sistema das Nações Unidas, amaior prioridade às questões relacionadas com a juventude.Recomendamos o reforço do Departamento da Juventudedas Nações Unidas e dos seus equivalentes em outrosfundos, programas e agências especializadas e que lhes sejamatribuídos maiores recursos em termos financeiros e depessoal - em especial de pessoal jovem. Recomendamosque o respectivo mandato seja alargado por forma a incluira disseminação da informação e a coordenação das políticase programas entre as ONG juvenis e as várias agendas,fundos e programas especializados. Deverão existirescritórios nacionais de ligação, para os Jovens, nosescritórios locais das Nações Unidas bem como uma quotapara as organizações juvenis nos programas nacionais dasNações Unidas. Deverão igualmente assegurar acontinuação do processo dos Fóruns Mundiais para aJuventude, incluindo a convocação de fóruns regionais paraa juventude/de consulta, tanto para a preparação eacompanhamento do Fórum, como para o fortalecimentodas suas l igações com as futuras conferências-intergovernamentais ao mais alto nível sobre a juventude(como seja a Conferência dos Ministros da Juventude),através da preparação, sessões e acompanhamento conjuntos.Os Estados membros deverão contribuir generosamente parao Fundo das Nações Unidas para a Juventude, o qual deverádar prioridade ao projeto Sul - Sul.

Educação para o Século XXI:16. Que a educação seja gratuita a todos os níveis e

igualmente acessível a todos. O acesso a todos os níveis deeducação não deverá estar sujeito a situação econômica.Exortamos os governos a atribuírem mais recursos aeducação, e que a UNESCO seja a agência coordenadora,com Os contributos técnicas e financeiras dos Governos, dacriação de um Fundo Mundial para a Educação que concedabolsas de estudo, de modo a permitir uma igualdade deacesso à educação a todos os níveis.

17. Que se reconheça a emancipação da juventude comoum direito, através de uma participação ampla e ativa e deuma representação em todos os níveis de educação, instandoos governos a procederem de igual modo. Recomendamosaos governos que reconheçam e promovam a importânciada educação não formal, como parte integrante dodesenvolvimento completo dos indivíduos e das sociedades,sendo, portanto, complementar da educação formal.Recomendamos a criação de Departamentos de EducaçãoNão Formal no âmbito dos Ministérios da Educação, osquais trabalharão em parceria com as ONG responsáveispelas políticas da educação não formal, através de um fórumdemocrático das ONG.

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18. Embora reconhecendo que a educação deve serrelevante para as oportunidades de emprego, exortarmos osgovernos a analisar e rever as suas políticas de educaçãoformal, de modo a incorporarem o ensino de línguas, incluindoas línguas locais e indígenas, e a educação global dos cidadãos,com ênfase para os conceitos universais de paz, direitoshumanos, compreensão intercultural e inter-religiosa,proteção ambiental, desenvolvimento sustentável eigualdade entre os sexos. O Fórum Mundial para a Juventudepreconiza o desenvolvimento de materiais de ensino regionaise internacionais através das agências das Nações Unidas, aformação adequada de todos os educadores e a criação deunidades de coordenação nacionais.

Emprego dos Jovens para o Desenvolvimento Social:19. O reconhecimento de que o problema do

desemprego dos jovens é uma questão séria e complexa querequer ações, tanto a nível macro como micro-económico,por parte dos governos, dos parceiros sociais, das ONG e doSistema das Nações Unidas. Existe necessidade de promover,melhorar e alargar a forma e imp1ernentação das políticas eprogramas destinados a promover o emprego dos indivíduosjovens. Recomendamos que o Sistema das Nações Unidas,em co1aboração estreita com as ONG juvenis, procedam auma avaliação comparativa da situação dos programas parao emprego dos jovens, em diferentes países de diferentesregiões. Esta avaliação deverá dar relevo aos programas paraos jovens que apresentem desvantagens, nomeadamente,mas não exclusivamente, para as mulheres, os jovens comdeficiências, os desempregados há muito tempo, os povosindígenas e os migrantes. A avaliação deverá incidir sobrequestões como a sustentabilidade dos empregos, criadosquando os programas terminarem, a qualidade dos empregoscriados e a contribuição do projeto para o desenvolvimentosocial.

20. O reconhecimento de que existe uma falta decapacidade institucional das ONG na área do emprego e decomunicação entre as ONG e o Sistema das Nações Unidas.As ONG enfrentam freqüentemente dificuldades naangariação de fundos para financiar projetos e na falta deconhecimentos sobre programas e projetos já existentes parapromover o emprego juvenil. Para ultrapassar estasdificuldades, propomos um novo Sistema de troca deinformações entre as ONG juvenis e o Sistema das NaçõesUnidas, assim como um plano estrutural de colaboraçãopara fornecer apoio técnico e financeiro às ONG. O primeiropasso a dar e garantir-lhes o acesso a serviços relevantes decomunicação. com a ajuda das Nações Unidas. O segundo

passo diz respeito a criação de um web site e de um diretóriode caixa de envio de correio, com e para as ONG, comooutros meios de comunicação. O Webster deve conter, entreoutras coisas, informações que digam respeito as ONG e àspróprias Organizações Internacionais, material impresso emformato eletrônico publicado pelo Sistema das NaçõesUnidas, atualizações de projetos e experiências e idéias sobrecomo obter apoio financeiro e técnico para atividadesrelacionadas com o emprego juvenil.

21. Que há uma necessidade de dar autonomia, mobilizare informar os jovens acerca dos direitos fundamentais nomercado de trabalho. Esses direitos tem de ser respeitadospor todos, para assim se promover o desenvolvimento social.As ONG juvenis devem participar nos esforços da OIT paradivulgar as suas Convenções, Recomendações e Resoluções,particularmente a “Declaração sobre os Princípios e DireitosFundamentais do Trabalho”, aprovada peia ConferênciaInternacional do Trabalho, que teve lugar em Junho de 1998.Recomendamos ainda que seja empreendida pelas ONGuma campanha de divulgação de informações, com o apoiofinanceiro do Sistema das Nações Unidas, para esclarecer osjovens acerca dos seus direitos de acordo com os documentosda OIT. A campanha deve ser constituída por conferências,materiais de informação e formação e deve realçar aparticipação das bases.

Juventude, Saúde e Desenvolvimento:22. A formulação/análise e implementação de uma

política de saúde nacional integrada para a juventude quetrate de todos os temas importantes da saúde, incluindo asaúde sexual e reprodutiva, o HIV/AIDS. as doençasinfecciosas, o abuso de substâncias, a nutrição e a higiene, aspráticas tradicionais nocivas como a mutilação dos órgãosgenitais femininos, o abuso sexual, a exploração sexual, asaúde mental, a saúde ocupacional e ambiental. Tudo istorequer a participação ativa da juventude, das organizaçõesrelacionadas com a juventude, dos órgãos do governo dasONG, das organizações internacionais e das agências doSistema das Nações Unidas.

23. A prestação de serviços de saúde orientados para ajuventude, serviços de aconselhamento e particularmentede saúde reprodutiva, que sejam globais, acessíveis eparticipantes, para assegurar o bem-estar holístico de todosos jovens.

24. A comunidade internacional devera implementar apesquisa fidedigna, a supervisão e a avaliação das necessidadesde saúde dos jovens com a sua total participação e a troca

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alargada e interativa de informações que tratem dessasnecessidades. Os órgãos do governo, as ONG, asorganizações internacionais e as agências do Sistema dasNações Unidas, em colaboração com as organizações dajuventude, devem coordenar uma formação eficaz dos jovensdada pelos seus pares, em todas as situações que tenham deenfrentar na vida, bem como a formação dos pais,professores, lideres religiosos e tradicionais, e dos educadoressobre competências de apoio. Devem ser criados centros deinformação que serão geridos por e para jovens.

O Papel da Juventude na Promoção dos DireitosHumanos:

25. Que a educação dos direitos humanos sejareconhecida como um direito humano básico. Este direitoinclui o acesso e a troca de informações sobre direitoscívicos, culturais, econômicos, políticos e sociaisuniversalmente aceitos, assim como sobre as respectivasviolações. Tem por objetivo a defesa da implementaçãodos direitos humanos básicos. TODOS Os jovens devemestar envolvidos na educação para os direitos humanoscomo receptores e fornecedores-chave.

26. As instituições, incluindo os governos, o sistemadas Nações Unidas, as organizações intergovernamentaise as autoridades educativas responsáveis pela educaçãodos direitos humanos na comunidade, a nível nacional,regional e internacional, devem assegurar um meioambiente que favoreça o envolvimento dos jovens naeducação sobre direitos humanos. Isto inclui aoportunidade para uma participação ativa das organizaçõesde jovens no processo de tomada de decisões, naimplementação, assim como nos procedimentos jáexistentes de supervisão e informação para a educaçãoem direitos humanos.

27. Que as organizações da juventude secomprometam a desenvolver e implementar estratégiaseficazes sobre a educação em direitos humanos.Recomendamos que seja designado em cada organizaçãoda juventude um ponto fulcral dos direitos humanos.Deve ser criada uma parceria entre o sistema das NaçõesUnidas e esses pontos fulcrais, dentro do quadroestrutural da Década da Educação para os DireitosHumanos das Nações Unidas (1995-2004). Asmetodologias da educação para os direitos humanosdevem ter em conta a necessidade de uma sensibilizaçãocultural e devem incluir a criação de grupos depromoção, o estabelecimento de canais e a troca dasexperiências positivas, da formação de capacidades eda preparação de materiais nas línguas locais.

Carta dos Direitos da Juventude e Relator Especialsobre Direitos da Juventude:

28. Que a Unidade da Juventude das Nações Unidaspublique e ajude as ONG juvenis a divulgar a nívelinternacional, regional, nacional e local um compêndio sobreos direitos da juventude, composto pela recolha dos direitosexistentes que dizem respeito aos jovens, já incluídos nasresoluções adotadas pela Assembléia Geral e nos documentosdas Nações Unidas sobre os Direitos Humanos, incluindoconferências nacionais das Nações Unidas, tais como asconferências do Cairo, de Copenhague, de Viena e de Pequim.O referido compêndio deve ser publicado numa edição amigada juventude e estar disponível e ser acessível a todos osjovens do mundo.

29. O Relator Especial das Nações Unidas sobre osDireitos da Juventude deve ser nomeado pelo SecretarioGeral das Nações Unidas antes do fim de 1999, tendo comobase as indicações resultantes de consultas regionais das ONGa efetuar em Agosto de 1999. O/A Relator/a deve sermandatado por três anos (com possibilidade de renovaçãoate três mandatos). O/A Relator/a deve ser um peritoindependente jovem (que não tenha mais de 35 anos deidade à data da nomeação e da renovação do mandato), comexperiência em ternas relacionados com os direitos humanos,recentemente e diretamente envolvido em organizações dajuventude. Devem ser feitos esforços no sentido de evitardiscriminação nas nomeações, assegurando assim, em termosde futuro, oportunidades justas e iguais no acesso ao cargo.O/A Relator/a deve entregar um relatório anual ao SecretárioGeral das Nações Unidas e aos outros órgãos relevantes,incluindo recomendações para uma melhor implementaçãodos direitos dos jovens. O/A Relator/a deve ser apoiadoativamente pelas estruturas das Nações Unidas.

30. Exortamos o Secretário Geral das Nações Unidasa tomar, com a ajuda das agências especializadas, dasorganizações regionais importantes e das ONG juvenis, ainiciativa de organizar um acontecimento ad hoc sobre osDireitos Humanos, no sentido de unir os representantesdos Estados e de todas as ONG juvenis nacionais,regionais e internacionais interessadas. Esteacontecimento Mundial (quer seja uma sessão especialda Assembléia Geral das Nações Unidas quer seja umaConferência Mundial das Nações Unidas sobre ss Direitosda Juventude) deve ser preparado a nível nacional eregional, através de uma campanha que promova o maiorenvolvimento possível dos jovens. O acontecimento adhoc sobre Os Direitos Humanos deve analisar questõestendentes a melhorar a situação dos Direitos Humanosdos jovens sujeitos a sanções, embargos e injustiças nolocal de trabalho.

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1. Nós, os jovens que participamos da quarta sessão doFórum Mundial da Juventude do Sistema das NaçõesUnidas, sediado pelo governo do Senegal em cooperaçãocom as Nações Unidas, reunidos em Dakar de 6 a 10 deagosto de 2001:

2. Enfatizamos que este documento se destina afortalecer, e não substituir, o Plano de Ação de Braga para aJuventude, desenvolvido na terceira sessão do FórumMundial da Juventude do Sistema das Nações Unidas,realizado em Braga, Portugal, 1998. Desse modo,reapresentamos o Plano de Braga aos Estados-membros dasNações Unidas e exigimos que ele seja adotado junto com aEstratégia de Dakar para o Apoderamento da Juventude naAssembléia Geral.

3. Reconhecemos os esforços feitos pelos governos epelas Nações Unidas para adotar e efetivamente implementaras provisões do Programa Mundial de Ação para a Juventudeaté o Ano 2000 e Adiante, adotado pela Assembléia Geralem 1996, e a Declaração de Lisboa sobre Políticas eProgramas para a Juventude, adotada pela ConferênciaMundial de Ministros Responsáveis pela Juventude, realizadaem Lisboa de 8 a 12 de agosto de 1998

.4. Saudamos a oportunidade dada aos jovens de ter vozna próxima Sessão Especial sobre Infância da AssembléiaGeral das Nações Unidas, e também pedimos à sessão bianualsobre Juventude da Assembléia Geral que endosse asrecomendações contidas nesta Estratégia de Dakar para oApoderamento da Juventude.

5. Estamos muito preocupados com a contínuadeterioração da situação da juventude em todo o mundo,

que enfrenta níveis crescentes de desemprego, pobreza,conflito armado, doenças epidêmicas, analfabetismofuncional e abuso de drogas, entre outros desafios sociais eeconômicos, apesar dos progressos globais feitos emtecnologia, desenvolvimento empresarial, pesquisa médica,lazer e instalações recreacionais.

6. Temos consciência de que mais de um bilhão dapopulação mundial vive na pobreza, encarando diariamentecondições inaceitáveis de fome e desnutrição, doença, faltade moradia, meio ambiente perigoso e exclusão social, e quea maioria dessa população consiste de jovens, três quartosdeles vivendo em áreas rurais. Consideramos que o ciclo deendividamento dos países em desenvolvimento é uma dascausas principais da fome e da pobreza e observamos compesar que o perdão da dívida não está sendo implementadocom a conveniência e a urgência necessárias.

7. Reconhecemos que apesar dos progressos feitos naeducação básica, persiste a desigualdade baseada emcondições sociais e econômicas, sexo e deficiências, deixandomilhões de crianças e jovens fora da escola. Julgamos que aqualidade da educação básica precisa de uma melhorasubstancial e que deveria incluir capacitação para asobrevivência e as novas tecnologias da informação.

8. Reconhecemos que a juventude continua a enfrentargraves questões de saúde, em particular a pandemia de HIV/AIDS, que é o maior desafio para a nossa geração. Exortamosos governos a implementar a Declaração sobre AIDS daSessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas eestimulamos todos os gestores de portfólios a levar a cabo asresponsabilidades articuladas no anexo sobre HIV/AIDS da

Estratégia deDakar para oempoderamentoda Juventude

ESTRATÉGIA

DE DAKAR

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Estratégia de Dakar para o Apoderamento da Juventude.Além disso, reconhecemos que a juventude continua a perdervidas para infecções respiratórias agudas, para doençasevitáveis pela vacinação e para a desnutrição. Esses riscoscontinuam resultando em perda de vidas em grande escala.A violência e o suicídio são também fatores crescentes demortalidade da juventude. Reconhecemos também que oacesso a serviços de saúde de qualidade e amigáveis paracrianças e jovens, bem como a educação sobre saúde, aindasão questões que precisam ser enfrentadas com seriedade.

9. Estamos conscientes da necessidade de ação agorapara promover o desenvolvimento sustentável e aconservação e proteção do meio ambiente para o benefíciodas gerações futuras, apoiado no consumo responsável esustentável dos recursos mundiais pelas nações, comunidadese indivíduos. Pedimos uma ação renovada para implementaras provisões da Agenda 21 e da Agenda Habitat.

10. Observamos que as mulheres, em particular as jovense meninas, são as mais vulneráveis e mais afetadas pelosproblemas sociais e econômicos e pelos períodos de conflitoarmado, e que seu status de parceiras iguais nodesenvolvimento e apoderamento da juventude é essencialpara a superação dos desequilíbrios sociais que continuam aprevalecer.

11. Estamos muito preocupados com a preponderânciadas violações dos direitos humanos dos jovens, tais comotrabalho infantil, tráfico e exploração sexual, crianças ejovens em conflitos armados e vivendo em países sobocupação, e a exclusão de crianças e jovens infectados eafetados pela AIDS, inclusive seus órfãos.

12. Estamos muito preocupados com o fato de que 66milhões de jovens estejam desempregados em todo o mundo,o que representa mais de 40 por cento do desemprego global,e que centenas de milhões trabalham menos horas do quedesejam, e que ainda outros trabalham horas demais naeconomia informal, com pouco ganho e nenhuma proteçãosocial.

13. Estamos convencidos da importância de ofereceraos jovens os recursos e o ambiente apropriado para enfrentaros desafios pessoais e sociais que os cercam.

14. Observamos que há muito por fazer para promovera integração social e exortamos os governos a implementaras resoluções adotadas na Cúpula Social de Copenhague,bem como na Cúpula Copenhague +5. Entre os jovens quecorrem o risco de marginalização estão: jovens de ambos ossexos com deficiências, jovens indígenas, jovens de minoriasétnicas e culturais, jovens afetados pela violência, inclusiveaquela baseada em gênero e abusos de drogas, soldadosinfantis, refugiados e migrantes e infratores juvenis.

15. Exortamos os futuros Fóruns Mundiais da Juventudea dar o exemplo e remover as causas da marginalização,proporcionado acesso a serviços para jovens comdeficiências.

16. Decidimos dedicar esta sessão do Fórum Mundialda Juventude à identificação e à defesa das iniciativas quedão poder aos jovens para ter controle maior sobre seusdestinos individuais e coletivos e sobre sua capacidade decontribuir efetivamente para o progresso da comunidadeglobal

.17. Por fim, exortamos os governos, o Sistema dasNações Unidas e as organizações da sociedade civil a apoiaros jovens em seus esforços para obter recursos para programasamplos e compreensivo de apoderamento da juventude.

Na busca desses objetivos, identificamos as seguintesestratégias de apoderamento da juventude:

Educação e Tecnologias da Informação eComunicação (TIC)

18. A fim de garantir o acesso universal à educaçãoprimária, secundária e superior, tal como formulado no Planode Ação de Braga para a Juventude e no Fórum Educaçãopara Todos de Dakar (abril de 2001), recomendamos àsNações Unidas e aos organismos intergovernamentaisenvolvidos e políticas para a juventude e governos:

a) Um aumento do apoio técnico, tecnológico, materiale financeiro por meio da criação de um fundo de Educaçãoe TIC que promova a cooperação Norte-Sul e Sul-Sul, redesnacionais, regionais e internacionais, parcerias entre governoe setor privado em centros de treinamento de TIC, e apoioa serviços voluntários específicos para a juventude emeducação e TIC, formal e informal ;

b) a criação de educação pelos iguais e de programas deintercâmbio e políticas para estimular e melhorar o usoeqüitativo, livre e fácil de TIC em áreas subdesenvolvidasrurais, urbanas e remotas;

c) o estabelecimento de escolas vocacionais no nível dacomunidade, a criação de Internet-cafés, centros de ensinoà distância, treinamento de instrutores e o desenvolvimentode programas de retreinamento;

d) a intensificação dos meios de comunicação de massae rádios interconectadas, televisão e Internet existentes paraa melhoria dos processos educacionais.

19. A fim de mobilizar recursos e garantir um acessouniversal e eqüitativo à educação em todo o mundo, ajuventude precisa se engajar na defesa de políticas que:

a) Melhorem a qualidade e o acesso à educação e às

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TIC por intermédio da priorização da educação e dastecnologias de informação e comunicação e da isenção deimpostos sobre materiais dessas tecnologias destinados aouso gratuito da comunidade;

b) Criem parcerias entre o governo e setor privado,cooperação global e estratégias regionais para promover asTIC em educação;

c) aumentem as verbas para educação e TIC nosrespectivos orçamentos nacionais, expressas emporcentagens do PIB;

d) eliminem taxas escolares e sustentem as crianças pormeio de bolsas a fim de garantir que elas não abandonem aescola para trabalhar;

e) Estimulem a cooperação entre organizações não-governamentais e as Nações Unidas;

f) implementem o alívio da dívida bilateral e multilateralpara uma melhor e mais ampla implementação de programasde TIC;

g) reduzam os preços do material e do treinamento deTIC;

h) estimulem a produção local de conteúdo de educaçãoe de TIC e o acesso a esses conteúdos;

i) cuidem das necessidades especiais de grupos vulneráveise marginalizados.

20. Com o objetivo de dar poder aos jovens e diminuira divisão digital, é necessário que os jovens compreendamas tecnologias de informação e comunicação. As TIC devemser usadas como meio para a disseminação e informaçãosobre questões importantes como a prevenção e adesestigmatização de HIV/AIDS, a higiene pessoal e amanutenção de condições sanitárias, problemas ambientaise questões de natureza cultural e social que têm um impactoprático na vida cotidiana dos jovens.

Emprego21. Reconhecendo a necessidade urgente de criar

empregos decentes para os jovens, vemos com satisfação asrecomendações do Painel de Alto Nível sobre EmpregoJuvenil da Secretaria Geral e, em particular, a exortação aosgovernos nacionais para que desenvolvam dentro do períodode um ano pesquisas nacionais e planos de ação com respeitoao emprego para a juventude e que garantam um forteenvolvimento dos jovens nesse processo. Esses planos deação devem levar em conta as recomendações do FórumMundial da Juventude, bem como uma análise das dimensões

internacionais do emprego, tal como foi recomendado pela24.ª sessão especial da Assembléia Geral, intitulada “WorldSummit for Social Development and beyond: AchievingSocial Development for All in a Globalizing World.” (CúpulaMundial para o Desenvolvimento Social e adiante:Realizando o Desenvolvimento Social para Todos em umMundo em Processo de Globalização).

22. Reconhecemos que há jovens demais sem a educaçãoe o treinamento necessários para bons empregos produtivos,há muito poucos empregos e há empregos improdutivosdemais com baixa remuneração e segurança. Em vista disso,exigimos:

a) Um aumento do investimento em treinamento deaptidões relevantes, com ênfase no treinamento apropriadopara o mercado de trabalho e o setor informal, entre outrascoisas, e com uma maior colaboração entre os empregadorese quem oferece treinamento;

b) promoção mais eficaz da iniciativa empresarial entrejovens de ambos os sexos por meio do oferecimento demelhores informações sobre oportunidades de mercado,qualificação para os negócios, acesso a capital (crédito eoutros serviços), monitoramento por pessoas qualificadas eoutros serviços de apoio aos negócios;

c) estabelecimento de um piso social para os jovens pormeio da melhoria de suas condições de trabalho, da promoçãode seus direitos trabalhistas e do reconhecimento de sua voze representação no emprego, e a garantia de uma rendamínima que cubra os custos de vida para proteger ostrabalhadores pobres, de acordo com a Declaração da OITsobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho (vertambém a recomendação 9 do Painel de Alto Nível sobreEmprego Juvenil da Secretaria Geral).

23. É preciso garantir a liberdade de associação e odireito de greve dos trabalhadores jovens. É preciso tambémimpor taxação sobre grandes fluxos financeiros internacionaisdas empresas multinacionais entre países.

24. Estamos também seriamente preocupados com aacumulação da dívida internacional, em particular dospaíses em desenvolvimento, que cria um fardo a sercarregado pelos jovens e as gerações futuras. Pedimos acontinuação do processo de cancelamento da dívida porcredores bilaterais e multilaterais e, nesse contexto, agarantia do desenvolvimento social, questões tratadassubstancialmente pelas Estratégias de Redução da Pobrezadesenvolvidas pelos Países Altamente Endividados, etambém que os jovens de ambos os sexos sejam consultadosno desenvolvimento dessas estratégias. Desse modo,

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pedimos a alocação de uma porção dos recursoscorrespondentes da reconversão da dívida dos países emdesenvolvimento para fundos a serem co-administradospor jovens, os quais serão usados para integrar melhormulheres e homens jovens nos mercados de trabalho e emprogramas de criação de oportunidades de empregos.

25. Um elemento fundamental do apoderamento dajuventude é o acesso dos jovens aos órgãos de decisão políticanos níveis local, nacional e internacional. Dentro dessequadro, a quarta sessão do Fórum Mundial da Juventuderegistra o trabalho que está sendo elaborado pela OrganizaçãoInternacional do Trabalho (OIT) para desenvolver umaAgenda Global para o Emprego. Insistimos na forteparticipação dos jovens no Fórum Global do Emprego, a serrealizado pela OIT em Genebra, em novembro de 2001,para elaborar essa Agenda.

26. A mobilidade e a migração dos trabalhadores paraáreas de alto emprego não pode ser proibida ou detida. Elacausa, por exemplo, xenofobia, exploração e uma força detrabalho não-sindicalizada. Deve-se criar uma estrutura legalinternacional para conter e administrar essa noção.

Saúde e população27. Reconhecendo que os jovens devem ter um papel

ativo na conceituação, na tomada de decisões, naimplementação e na avaliação das políticas de saúde, e quedevem se organizar em vários níveis para criar redes efetivase desenvolver aptidões para mobilizar recursos a fim deimplementar as seguintes recomendações;

28. Solicitando aos organismos de governo local,nacional e internacional, às agências do Sistema das NaçõesUnidas, aos sistemas educacionais e organizações de saúdeque apóiem a participação da juventude na criação,implementação e avaliação das políticas e programaspertinentes às questões da saúde dos jovens;

29. Levando em conta que o HIV/AIDS está dizimandonossa geração, que a falta de educação e informação, aestigmatização e os tabus negativos aumentaram avulnerabilidade da juventude, e que os setores público eprivado, os governos nacionais e a comunidade internacional,inclusive organismos como a ONU e todas as ONGs devemagir para deter o HIV/AIDS:

Capacitação30. Pedir aos governos e ao sistema das Nações Unidas

acesso aos recursos nacionais e internacionais a fim de criarprogramas formais e informais de educação sobre HIV/AIDS,abuso de substâncias, saúde reprodutiva e sexual e saúdemental;

31. Realçar e reconhecer o papel dos pares por meio doreforço das capacidades de intervenção dos jovens, ao mesmotempo nos níveis técnico, material e financeiro;

32. Afirmar o importante papel que as famílias em todasas formas, os pares e as comunidades desempenham na criaçãode um ambiente conducente ao desenvolvimento de aptidõesque levem a uma vida mais saudável;

Advocacia33. Permitir que os jovens participem ativamente na

conceituação, tomada de decisões, implementação e processode avaliação para

- criar redes efetivas com foco na juventude;- a criação, o desenvolvimento e o apoio de assistência

de saúde gratuita para todos (inclusive atenção, tratamentoe vacinação);

- preparar e disseminar dados estatísticos que ilustrem asituação da saúde dos jovens para ONGs, governos locais enacionais, organismos internacionais e os próprios jovens;

- demonstrar ao sistema das Nações Unidas, aos governose ONGs o impacto positivo da participação dos jovens napromoção de comportamentos e práticas mais saudáveis.

34. Os governos devem comprometer-se com aimplementação de políticas participativas que garantam:

- acesso gratuito dos jovens a informações sobre saúde,educação, serviços de saúde (em particular, saúde sexual ereprodutiva e saúde mental), a fim de evitar as doençassexualmente transmissíveis e HIV/AIDS, gravidez naadolescência, abortos ilegais, abuso de drogas e doençamental;

- implementação de políticas que promovam umaabordagem multi-setorial da saúde que responda melhor àsnecessidades específicas dos jovens;

- oportunidades e direitos iguais para todas as crianças ejovens, sem distinção de idade, gênero, raça, religião, etniae situação socioeconômica;

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- mobilização de recursos para implementar asrecomendações adotadas pela UNGASS (Sessão Especialda Assembléia Geral) sobre HIV/AIDS em 2001,especificamente aquelas que dizem respeito diretamente aosdireitos e necessidades dos jovens;

- a consideração da luta contra o HIV/AIDS, abuso dedrogas e suicídio como uma prioridade na promoção dasaúde dos jovens;

- o combate à mutilação genital feminina e à violênciacontra as mulheres;

Conscientização35. Das ONGs, governos locais e nacionais, organismos

internacionais e os próprios jovens para:- apoiar e sustentar atividades de educação pelos próprios

jovens baseadas na comunidade e que dão poder aos jovenspara aumentar a consciência sobre questões relacionadascom a saúde da juventude [HIV/AIDS, abuso de substâncias,saúde sexual e reprodutiva] nos setores formal e informal, eisso com atenção especial a tabus e crenças socioculturaistradicionais que têm efeitos negativos e crençassocioculturais tradicionais que têm efeitos positivos;

- reconhecer o papel fundamental que os jovens, asfamílias, os professores e as comunidades desempenham naconscientização da juventude sobre todas as questões desaúde, inclusive mental, sexual e reprodutiva;

- lembrar que as campanhas de conscientização devemreforçar comportamentos positivos e buscar transformar aspráticas negativas de uma forma construtiva e positiva emtodos os jovens, inclusive os marginalizados e excluídos.

Fome, pobreza e dívida36. Com o objetivo de dar poder aos jovens das áreas

urbanas e rurais para combater a fome e a pobreza,especialmente da juventude, eles precisam receber osrecursos e ter as capacidades necessárias para criar empregoe aumentar a renda para sua própria subsistência sustentável.Deve-se dar prioridade à juventude rural, altamente afetadapela fome e a pobreza, por meio de programas efinanciamentos específicos que incluam a provisão derecursos de produção tais como terra, água e sementes, detecnologias apropriadas e de treinamento em agriculturasustentável, aptidões de sobrevivência e gestão de recursosnaturais. As Nações Unidas, os organismos e agências daONU e as organizações regionais devem fazer esforçosdecisivos para criar um fundo para o desenvolvimento da

juventude, a ser gerido pela juventude e voltado para ajuventude.

37. A educação, o treinamento e a capacitação dajuventude são de importância fundamental na provisão deuma estratégia de longo prazo para minimizar os efeitos dafome e erradicar a pobreza. Para combater o analfabetismo,a educação básica gratuita tem de ser acompanhada pelacriação de um ambiente que possibilite a acomodação dasnecessidades dos jovens. Os currículos da educação básica edo treinamento não devem cobrir apenas os aspectosintelectuais do desenvolvimento humano, mas também ashabilidades práticas e sociais. Devem-se criar programasespeciais fora da escola para os analfabetos. Deve-se investirna capacitação para que os jovens possam responder comeficácia aos problemas globais, tais como mudançasclimáticas, degradação do solo, perda de biodiversidade,HIV/AIDS, marginalização crescente de grupos vulneráveis,abismo crescente entre ricos e pobres, instabilidade dossistemas financeiros internacionais e a predominância doparadigma neoliberal. Os governos, em colaboração com asorganizações juvenis, devem projetar, implementar emonitorar políticas que atendam às necessidades dos jovensem termos de educação, treinamento e capacitação. Asorganizações juvenis devem ser envolvidas nesse processoem todos os níveis.

38. Para lutar efetivamente contra a fome e a pobreza,uma abordagem abrangente precisa envolver todas as partesda sociedade civil, em especial a juventude, noestabelecimento de diretrizes políticas e na suaimplementação em áreas de fome, pobreza e dívida em todosos níveis. O cancelamento das dívidas externas não é somenteuma pré-condição de qualquer luta eficaz contra a fome e apobreza: ele também libera fundos para investimento emeducação, saúde e juventude. O monitoramento do uso dessesfundos e a implementação de estratégias de erradicação dapobreza devem ser monitorados pela sociedade civil e asorganizações juvenis. No processo de globalização, cada vezmais decisões são tomadas em nível internacional (porexemplo, pela OMC, pelo FMI e o Banco Mundial), decisõesque têm um forte impacto nas políticas nacionais, sem ainstalação de qualquer sistema de fiscalização e contrapeso.Os governos e as Nações Unidas devem garantir umarepresentação plena e ampla da sociedade civil, dasorganizações juvenis e das nações em desenvolvimento emtodos os fóruns de decisão globais e multilaterais. A fim deassegurar um padrão de vida mínimo para todos, os governosdevem instalar redes de segurança social e dar assistênciasocial aos jovens necessitados que enfrentam dificuldadesfora de seu controle.

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Assentamentos humanos e meio ambiente39. Reconhecendo a necessidade de um envolvimento

mais forte dos jovens no sistema das Nações Unidas, devehaver uma cooperação maior entre PNUMA, UNCHS(Habitat) e PNUD para enfrentar de modo adequado oalcance das questões envolvidas. Para começar, o ConselhoConsultivo da Juventude do PNUMA e o Jovens para aRede Internacional Habitat devem se integrar mais. Emconseqüência dessa cooperação, devem-se preparar planosde ação nacional e relatórios nacionais para a contribuiçãoda juventude à implementação da Agenda Habitat e daAgenda 21. Também devem ser empreendidos odesenvolvimento e a disseminação de uma versão amigávelpara os jovens da Agenda Habitat. Os Estados-membrostambém devem cumprir seus compromissos com a Agenda21 e a Agenda Habitat, incluindo jovens nas delegaçõesoficiais à Rio+10, na Comissão para AssentamentosHumanos, nas reuniões de acompanhamento da ConferênciaHabitat II e outros encontros importantes em todos os níveis.

40. Reconhecemos o papel potencial de plataformasregionais e nacionais de jovens para monitorar aimplementação da Agenda 21 e da Agenda Habitat. Devem-se criar subcomitês nessas plataformas nacionais e nosorganismos regionais para monitorar a implementação deagendas globais tais como a Agenda 21 e a Agenda Habitat.A comunicação entre esses subcomitês e os organismosregionais também deve ser estimulada.

41. Reconhecemos a necessidade da capacitação dosjovens em desenvolvimento sustentado a fim de aumentarsua participação. Com essa finalidade, devem existir várioscentros de treinamento para a Agenda 21 e a AgendaHabitat. Esses centros devem concentrar-se no treinamentode tutores que retornaram aos seus países, enfatizando aeducação pelos pares em questões de desenvolvimentosustentado. Esses centros devem também desenvolver efornecer métodos de treinamento e materiais multimídia afim de que os jovens os levem para suas comunidades. Umamaneira de implementar esses centros de treinamento poderiaser o envio de jovens a diferentes Estados-nações por umperíodo extenso (por exemplo, três meses), para efetuar otreinamento. Deverá haver um acompanhamento emonitoramento das sessões de treinamento, e oconhecimento indígena e tradicional também deve serrespeitado no treinamento.

42. Reconhecendo a dívida ecológica do Norte paracom o Sul, é preciso utilizar indicadores de desenvolvimentosustentável que meçam adequadamente os serviços

ambientais e que levem em consideração os atuaisecossistemas dos países do Sul e o impacto de seus padrõesde consumo sobre o meio-ambiente a fim de desenvolver, deforma integrada, políticas de eqüidade entre as regiões domundo. Exigimos também o fim da exportação de resíduose produtos de consumo poluidores.

Integração social43. O apoio técnico, humano e financeiro deve

concentrar-se na assistência aos jovens marginalizados evulneráveis para que ele se organizem a fim de tratar de suasnecessidades e seus interesses e dar sua contribuição aoprogresso social. O treinamento e o acesso às TIC parajovens marginalizados e vulneráveis por intermédio de meiostais como programas de agências e organismos do sistemadas Nações Unidas pode então tornar-se, entre outrosmétodos, uma ferramenta integral para formar redes,desenvolver a consciência de programas e a legislação quebeneficia a juventude marginalizada, facilitar osintercâmbios, grupos de pressão e apoio.

44. Os jovens das ONGs juvenis são os melhores agentespara promover a mudança de outros jovens, sendo ovoluntariado um instrumento-chave que deve ser fomentadoentre as organizações juvenis a fim de que elas tomem ainiciativa no treinamento de jovem para jovem, a fim deestimular, apoiar e facilitar o papel dos jovens marginalizadose vulneráveis na sociedade mais ampla. O sistema das NaçõesUnidas torna-se uma verdadeira organização em parceria.As parcerias devem desenvolver habilidades em três esferas:econômica, técnica e tomada de decisões conjuntas. As trocasdevem ser usadas para desenvolver a capacidade das ONGsjuvenis por meio da facilitação do intercâmbio deinformações tanto entre elas como com as agências eprogramas das Nações Unidas. O livre fluxo de pessoas entrenações deve ser facilitado.

45. A advocacia que é significativamente benéfica àparticipação e integração dos jovens marginalizados evulneráveis deve ser levada a cabo nos níveis local, nacionale internacional. Fazer conexões com as autoridades no nívellocal aumenta a capacidade das atividades de causar umefeito na vida dos jovens. Isso deve ser sensível àsoportunidades e estratégias do nível local. No nível regionale internacional, promover e assegurar os interesses dos jovensmarginalizados e vulneráveis nas plataformas jovens regionaise por representantes da juventude em órgãos de tomada dedecisões, tais como a Assembléia Geral. Devem-se fomentarorganismos nacionais e regionais para agir e representar as

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necessidades dos jovens dentro de um cenário que tenhavalores, história e métodos comuns. A advocacia devetambém promover oportunidades iguais para jovensmarginalizados e vulneráveis por intermédio de meios taiscomo a educação - formal, não-formal e informal - e emprego(inclusive treinamento), a fim de que eles participem emtodos os níveis e aspectos da sociedade. O nível internacionaldeve ser usado como uma oportunidade para compartilharmétodos e aptidões dentro de um cenário que não tenhapreconceitos e seja diversificado o suficiente para dar valor.

46. Compartilhar entre as organizações de jovensmarginalizados e vulneráveis as várias maneiras como elaspodem colaborar com o sistema das Nações Unidas. Issodeve incluir oportunidades de trabalhar com escritórios decampo e aprender sobre os processos e os critérios exigidospara obter status consultivo no Conselho Econômico e Socialdas Nações Unidas e nas agências, fundos e programasespecializados do sistema das Nações Unidas. As organizaçõesjuvenis devem se organizar para assegurar que os governosadotem e implementem efetivamente as resoluções adotadasdurante a cúpula social de Copenhague e sua +5, e assimfortalecer suas políticas e seus programas e integração social,entre eles reabilitação, saúde, educação, entretenimento eprogramas de treinamento vocacional. As organizaçõesjuvenis devem mobiliar os canais da integração social, família,mídia, escolas, ONGs juvenis, grupos religiosos, parapromover a conscientização sobre as causas e os custos daexclusão social e promover programas que fomentem aintegração social.

Cultura da paz47. A paz não é somente a ausência de guerra, mas

também um estado espiritual, individual ou coletivo, umaharmonia social, cultural, política e econômica. A paz étambém um modo de ser, uma maneira de viver. Portanto,para ter uma verdadeira cultura da paz, precisamosdesenvolver a justiça, respeitar os direitos humanos, lutarcontra a pobreza. Precisamos favorecer o diálogointercultural, que deve ser entre civilizações, e dar poder àsminorias e lutar contra a marginalização e a exclusão. Naqualidade de jovens e tendo em mente o que foi dito, énosso desafio aumentar nossa influência e deixar claro paranossos governos nossa preocupação com respeito ao diálogopara desenvolver uma cultura da paz. Desse modo, somos afavor das seguintes propostas concretas para apoiar ajuventude contra a opressão. Temos de reconhecer os váriosobstáculos existentes à concretização de uma verdadeiracultura da paz. Queremos enfatizar os seguintes elementos:

· Conflitos armados e tráfico e circulação de armas;· A interferência de interesses econômicos e financeiros

estrangeiros nos países em desenvolvimento como causa deconflito e exploração;

· Intolerância, analfabetismo e discriminação em todasas áreas.

48. Exortamos os jovens que estão envolvidos nasagências das Nações Unidas a iniciar, de modo bilateral, aresolução de conflitos em todos os níveis. Nossas trêsrecomendações para conseguir isso são:

· Formar uma rede de jovens que possa gerar mecanismospara garantir a participação de representantes da juventudeem processos de reconciliação, negociação e pacificação;

· Exigir compensação e justiça nos casos de escravidão,colonização e marginalização, considerados crimes contra ahumanidade;

· Criar e sustentar uma cultura da paz nos programaseducacionais das escolas de todos os níveis.

49. Exortamos as Nações Unidas e os governosglobalmente a pôr em funcionamento mecanismos queimpeçam os atos e as intenções de cometer genocídio e quepunam com severidade os perpetradores de genocídio.

50. Pedimos a proteção da herança material e não-material de países a restituição de bens culturais espoliados.

51. Exortamos as potências mundiais a investir emprojetos de desenvolvimento, em vez de financiar conflitos.

Política para a juventude, participação e direitos52. O sistema das Nações Unidas deve melhorar sua

maneira de se comunicar com as organizações juvenis,garantindo que qualquer reunião ou consulta preencha oscritérios de ser acessível, respeitando os canais democráticose legítimos da juventude existentes, e concedendoimplementação e avaliação. Reiteramos o apelo aos governosnacionais para incluir representantes da juventude,selecionados pelos jovens de modo aberto e democrático,em suas delegações à Assembléia Geral das Nações Unidas ea todas as outras reuniões intergovernamentais. A UnidadeJovem das Nações Unidas, com a ajuda das organizaçõesjuvenis com experiência nessa área, deve ter o papel de umcentro de informações para as organizações juvenis a fim deque possam pressionar seus governos a abrir essas posiçõesde representação aos jovens. Deve haver um aumento darepresentação juvenil na própria Unidade Jovem, por meiode um sistema de colocação de membros das organizaçõesjuvenis, bem como uma elevação do status da Unidade Jovem

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dentro do sistema das Nações Unidas para coordenar toda aparticipação juvenil nesse sistema.

53. Os governos nacionais devem implementar leis deproteção dos direitos humanos, inclusive dos direitos departicipação na tomada de decisões, de acesso à educaçãode qualidade que promova a cidadania responsável, e deacesso à educação sobre direitos humanos. Pedimos proteçãointernacional para os direitos dos jovens que vivem em paísessob ocupação, embargos e guerras. Também exortamos osgovernos nacionais e as Nações Unidas a promover edisseminar a Convenção sobre os Direitos da Criança, eexigimos que todos os governos demonstrem seucompromisso com a Convenção por meio de sua plenaimplementação.

54. É preciso proporcionar apoio financeiro, treinamentoe instalações em nível local, nacional e internacional a fimde assegurar aos jovens uma participação ativa na tomadade decisões e atividades e programas de desenvolvimento.Recomendamos ainda que os governos criem e implementemprogramas de capacitação institucional das organizaçõesjuvenis. Apoiamos a criação de conselhos da juventudeindependentes e democráticos em nível local e nacional,bem como plataformas regionais onde não existam.Exortamos os conselhos e as plataformas juvenis existentesa aderir aos princípios acima mencionados. Com o objetivode enfrentar os desafios dos jovens especificamente dos paísesem desenvolvimento, as Nações Unidas devem reconsiderarsua definição de jovem e alterar o limite superior de idadepara 30 anos.

Mulheres jovens e meninas55. Estimulamos todos os gestores de portfólios a investir

em educação gratuita compulsória em todos os níveis parameninas, adolescentes e mulheres jovens, tanto emambientes formais como não-formais. É preciso envolver asmeninas e mulheres jovens no planejamento, implementaçãoe avaliação de políticas e programas que tenham por alvo ajuventude. Exigimos a redução de custo dos contraceptivose do tratamento da AIDS, e prevenção e tratamento dedoenças sexualmente transmissíveis. Pedimos a melhoria doconhecimento, pesquisas e dados, qualitativos equantitativos, sobre as necessidades das adolescentes emulheres jovens.

56. Pedimos um aumento na informação e na coberturada mídia de questões relacionadas com meninas e mulheresjovens nos níveis local e internacional, com a utilização demeios de comunicação tradicionais e modernos. É necessáriointroduzir habilidades e conhecimentos profissionais

relacionados com a educação sexual, vida familiar e direitoshumanos em todos os níveis. Deve-se combater a violênciae pedimos a criação de atividades e serviços amigáveis paramulheres jovens e meninas, com a oferta de habilidades desobrevivência, aconselhamento, abrigos para mulheres jovensem risco. Pedimos um aumento no treinamento paraaconselhamento de jovens por jovens, respeitando eenfocando o equilíbrio de gênero. Há também uma grandenecessidade de garantir o acesso a atividades desobrevivência, tais como atividades de geração de renda,treinamento para o gerenciamento de microprojetos etc.

57. É essencial romper os estereótipos na educação,com a conscientização do papel e da contribuição das meninase mulheres jovens para a sociedade. As organizações juvenisdevem exigir que os governos ofereçam incentivoseconômicos ou políticas para aumentar a educação dasmeninas. A imagem positiva das mulheres jovens deve serrealçada com o estímulo para que mulheres jovens comeducação em ciências e matemática sejam usadas comomodelos e mentores.

Juventude, esportes e atividades de lazer58. Os esportes, as atividades de lazer tais como práticas

esportivas recreacionais, atividades culturais e formastradicionais de recreação, atividades socio-educacionais eaté as diversões pagas permitem que os indivíduosadministrem seu tempo livre sem restrições. Até mesmo emsituações difíceis, essas atividades dão aos jovens aoportunidade de se divertir, relaxar, jogar, brincar e encontrarenriquecimento cultural. Ademais, os esportes e as atividadesde lazer dão aos jovens a possibilidade de se expressarem, derealização pessoal e desenvolvimento como indivíduo e comomembro de um grupo. Além disso, os esportes e as atividadesde lazer podem aumentar a consciência dos jovens e inspirá-los a contribuir para a melhoria de suas condições de vidapor meio do voluntariado. Essas atividades devem estardisponíveis para todos os jovens, sem exclusão baseada emgênero, religião ou condição social. Ela favorece a inclusãosocial, inclusive de jovens com necessidades especiais.

60. As estruturas e associações de jovens devem receberdas organizações das Nações Unidas e de outras auxíliohumano, material e econômico, necessários para a realizaçãode diferentes atividades, especialmente aquelas relacionadascom o desenvolvimento de esportes, atividades de tempode lazer e atividades socioculturais.

61. As Nações Unidas devem estimular as organizaçõesinternacionais e as ONGs a trabalhar diretamente nos níveisde base, por meio de associações juvenis, para o

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desenvolvimento de esportes, cultura, atividades tradicionaise atividades socioculturais.

62. O sistema das Nações Unidas deve estimular,promover e encontrar meios para reconhecer a participação dostrabalhadores voluntários jovens em diferentes organizações, ONGse associações juvenis. Além disso, as Nações Unidas devem cuidarda segurança dos voluntários jovens e promover todas as instalaçõesde treinamento, bem como a assistência técnica para o trabalhodeles.

63. Encorajamos programas esportivos destinadosespecialmente às pessoas deficientes e estimulamos a participaçãode deficientes em atividades esportivas regulares em todos os níveis.

Implementação e monitoramento64. Devem-se criar mecanismos para o monitoramento

e a implementação da Estratégia de Dakar para oapoderamento da Juventude e do Plano de Ação de Bragapara a Juventude que incluam: (a) relatórios nacionais deorganizações juvenis; (b) relatórios nacionais dos governos;(c) relatório global sobre a juventude, baseado em relatóriosnacionais, publicado pelo Secretariado das Nações Unidas.

65. Os Estados-membros devem cumprir seucompromisso com a Agenda 21 (Capítulo 25.9h), incluindojovens nas delegações oficiais à Assembléia Geral das NaçõesUnidas e outras reuniões importantes em todos os níveis.

66. Todas as agências das Nações Unidas devem fortalecere coordenar seus programas para a juventude e desenvolverestratégias para aumentar a participação dos jovens.

67. Os Estados-membros devem dar financiamento reale suficiente às atividades dos jovens contribuindo comquantias significativas para o Fundo da Juventude das NaçõesUnidas, que deve se tornar mais transparente e responsávelperante os benefíciários-alvos.

68. O Secretariado das Nações Unidas deve receber osrecursos e o mandato para monitorar a implementação dasestratégias de Braga e Dakar, baseado em relatórios anuaisdos governos.

69. O sistema das Nações Unidas deve proporcionarsuficiente apoio político, financeiro e técnico para outrosfóruns mundiais da juventude, baseado num processo amplo,representativo e democrático, com critérios identificados.

Adotado em Dakar, Senegal10 de agosto de 2001ANEXO SOBRE HIV/AIDS

Preâmbulo1. Considerando que o HIV/AIDS representa a maior

ameaça à saúde e à segurança de nossa geração;2. Considerando que mais da metade de todas as mortes causadas

por HIV/AIDS ocorrem em jovens com menos de 24 anos;3. Considerando que o HIV/AIDS foi reconhecido como

uma questão crítica em documentos, entre eles o Fórum2000 de Desenvolvimento da África, o Documento daReunião da Juventude sobre AIDS da Assembléia Geral dasNações Unidas de 2001, a Declaração da Juventude da Ásia-Pacífico de 2001 e outros;

4. Considerando que o HIV/AIDS vai destruir grandeparte de nossa geração na África e é uma força cada vez maisletal na Ásia e no Pacífico, no Caribe, na América do Sul eem comunidades da América do Norte e da Europa;

5. Nós, os jovens do mundo, anexamos este documento àEstratégia de Dakar para o Apoderamento da Juventude emreconhecimento da relevância crucial da crise do HIV/AIDS paratodas as questões com que se defrontam os jovens no século XXI.

As responsabilidades dos jovens6. Nós assumimos a responsabilidade de liderar a luta contra

o HIV/AIDS em nossas comunidades e em todo o mundo;7. Resolvemos praticar e promover a responsabilidade

sexual, inclusive por meio do direito de escolher não fazersexo e, se decidirmos fazê-lo, usar camisinhas;

8. Resolvemos criar e apoiar programas e projetos deprevenção da disseminação de HIV/AIDS, reduzir o estigmae a discriminação relacionados com o HIV/AIDS e apoiar otratamento, a assistência e o suporte às pessoas que vivemcom HIV/AIDS;

9. Resolvemos organizar e apoiar a colaboração Norte-Sul e Sul-Sul para compartilhar as melhores práticas e osmelhores recursos entre organizações juvenis que combatemo HIV/AIDS;

10. Resolvemos estimular nossos governos e asinstituições internacionais a mobilizar recursos suficientes,vontade política e políticas apropriadas para combater comeficácia o HIV/AIDS, com a participação da juventude;

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11. Resolvemos pressionar nossos governos e asinstituições globais para que cumpram seus compromissos,tais como delineados na Declaração sobre AIDS daUNGASS 2001.

Responsabilidades do governo e da sociedade civil12. Exortamos os governos, as instituições internacionais

e a sociedade civil a respeitar os direitos humanos dajuventude e, em especial, dos jovens afetados e que vivemcom o HIV/AIDS;

13. Exortamos os governos, as instituições internacionaise a sociedade civil a remover as barreiras à prevenção, àassistência e ao tratamento efetivos - inclusive leis quereduzem o acesso a medicamentos essenciais, leis quediscriminam as pessoas que vivem com HIV/AIDS, leis queimpedem a comercialização social e a distribuição gratuitaou barata de camisinhas e outros materiais de prevenção, eleis que restringem o fluxo de uma educação sexualabrangente para os jovens;

14. Exortamos os governos e a sociedade civil a financiare sustentar a criação e distribuição de novas tecnologias decombate ao HIV/AIDS, inclusive de novos medicamentos,métodos de contracepção controlados pelas mulheres, entreeles camisinhas femininas e microbicidas, e maneirasculturalmente apropriadas de disseminar as informaçõessobre a prevenção do HIV/AIDS;

15. Exortamos os governos e as instituições multilateraisa perdoar a dívida bilateral e multilateral dos países menosdesenvolvidos, para que mais fundos possam ser usados paraenfrentar o HIV/AIDS e outras questões de saúde eeducação;

16. E exortamos os países em desenvolvimento edesenvolvidos a aumentar as alocações orçamentárias para oHIV/AIDS até um nível adequado ao escopo da crise, e elevaras contribuições ao Fundo Global para AIDS e Saúde até ouacima do nível pedido pela Secretaria Geral das Nações Unidas.

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Nós, representantes de organizações e movimentospolíticos e sociais de e para a juventude de todo o Brasil,reunidos na cidade do Rio de Janeiro, durante os dias 8 e 9de junho de 2002, com o objetivo de traçar uma agendamínima consensual entre as juventudes e especialistaspresentes no seminário “Agenda Jovem 2002”,comprometemo-nos a acolher em nossas lutas e atividadesfuturas os resultados da discussão delineada neste fórum:

1. A “Agenda Jovem 2002” - à luz das Declarações deBraga e Lisboa (de 1998), da Carta de Brasília (1998), daReunião de Salvador (2001) e da Estratégia de Dakar (2001)- foi elaborada identificando pontos comuns de ação econsiderando a inexistência de uma política nacional,construída a partir de fóruns legítimos de juventude, quecontemple a diversidade e especificidade dos jovens donosso País.

2. Congregamo-nos aqui para promover a participaçãodos jovens no desenvolvimento humano sustentado,convictos de que esta é indispensável ao desenvolvimentobrasileiro e da humanidade como um todo.

3. Cremos que os jovens não devem aguardar mais, eestamos plenos de esperança e empenho na construção deuma grande nação e de uma sociedade justa e igualitária.

4. Estamos convictos de que os atores jovens e suasorganizações, em parceria com o poder público em todos osníveis, somados ao envolvimento de toda a sociedade civil,terão a oportunidade de ajudar a construir em nosso Paísuma política de Estado e, assim, contribuir de fato naconstrução de um futuro melhor para todos.

5. Os jovens sofrem com a injustiça e com a exclusãosocial resultantes, sobretudo, das enormes iniqüidades nadistribuição dos rendimentos, da riqueza e do poder quedominam o mundo de hoje. Ainda persiste uma enormedistância - cada vez maior - entre ricos e pobres, brancos enegros, homens e mulheres; pois o comércio, acordos erelações, no tocante ao investimento e à distribuição,continuam injustos.

6. Alertamos que nossa geração vem sendo penalizadacom a crise financeira e de endividamento - como resultadorecessivo dos programas de ajustes - e sentimos asconseqüências dos cortes que os governos têm realizado nasdespesas e investimentos sociais.

7. Apesar dos progressos globais nas mais diversas áreasdo conhecimento, estamos muito preocupados com a faltade perspectivas da juventude em todo o mundo e, emespecial, em nosso País, pois enfrentamos ainda altos níveisde desemprego, pobreza, violência nas periferias das grandescidades, doenças epidêmicas, analfabetismo funcional e abusode drogas; entre outros desafios sociais e econômicos.

8. Muito embora tenha havido a ampliação do acesso àeducação básica, as questões que se colocam comomerecedoras de ações direcionadas são: a recorrente exclusãode crianças, adolescentes e jovens do sistema de ensino, faceàs condições sociais, econômicas, geográficas e/ou étnicasdestes; e a insipiência da formação alcançada pelos que estãoinseridos na educação formal.

9. A juventude continua a enfrentar graves questões desaúde, em particular a pandemia de DST/AIDS, que é um

AgendaJovem - 2002

AGENDA

JOVEM

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dos maiores desafios para a nossa geração. A violência,principalmente o homicídio, é também um fator crescentede mortalidade da juventude. Identificamos que o acesso aserviços de saúde de qualidade para crianças e jovens, bemcomo a educação sobre saúde, ainda são questões queprecisam ser enfrentadas com seriedade.

10. Observamos que as mulheres, em particular asadolescentes, são as mais vulneráveis e mais afetadas pelosproblemas sociais e econômicos; e que seu status de parceirasiguais no desenvolvimento e apoderamento da juventude éessencial para a superação dos desequilíbrios sociais quecontinuam a prevalecer.

11. Reconhecemos que o racismo no Brasil, praticadode forma velada, gera um agravamento significativo em todosos outros problemas sociais, atingindo prioritariamentejovens pertencentes aos grupos étnicos menos representadoseconômica e politicamente no país.

12. Ressaltamos as dificuldades e o desamparo do jovemrural, que necessita de atenção diferenciada, dadas asdificuldades específicas com que convive: falta de formação,falta de informação e ausência de oportunidades reais dealternativas produtivas.

13. A preocupação é latente com os indicadores dedesemprego na juventude, com o aumento do número decrianças e adolescentes em situação de trabalho irregular ecom a falta de políticas efetivas de geração de renda quepossibilitem a construção de novos projetos de vida dosjovens e de suas famílias.

14. A juventude acredita que podem ser encontradassoluções reais, eficientes e eficazes para estes problemas, pormeio da ampliação da participação democrática da sociedade,em especial dos jovens; bem como pela criação de novasparcerias em todos os níveis e entre todas as partesenvolvidas.

15. Os jovens podem e devem ter condições de participarda busca de soluções dos problemas locais, nacionais emundiais. Por todo Brasil e pelo mundo, os jovens e asorganizações de juventude mostram que não são obstáculos,e sim recursos valiosos para o desenvolvimento da sociedade.

16. Os jovens não querem ser considerados “o futurodo Brasil”, mas “o presente de nossa sociedade”. Para isso,exigem condições básicas para participar e construir aliderança democrática, e a sociedade civil brasileira: ocapital político, social e econômico de nossa sociedadepara o Século XXI.

17. A partir da “Agenda Jovem 2002” a juventude darámais um passo em direção a um novo paradigma derelacionamento entre as organizações e movimentos de

juventude e os governos em nosso País.18. Este marco visa ser um ponto de partida para “as

juventudes” brasileiras, buscando possibilitar aos jovens esuas organizações um instrumento de articulação e lutacoletiva, visando a efetiva participação da juventude nodesenvolvimento de nossa sociedade.

19. Ressaltamos a importância da atuação da sociedadecivil organizada, por meio da implementação de políticasespecificas para os jovens no que tange ao combate do usoindiscriminado de drogas, uso este que os exclui da vidasocial e econômica e impossibilita o seu desenvolvimentopessoal e social.

20. Os jovens brasileiros precisam deixar de serconsiderados um problema. Acreditamos que precisam serassumidos como parte imprescindível da solução dosimpasses e dificuldades que há tanto nos desafiam. É precisoreiterar que, mais que depositários dos conhecimentos,valores e atitudes que nos são repassados por outras gerações,devemos ser vistos como fonte de iniciativa, de liberdade ede compromisso com a construção do Brasil que queremos.

A participação da juventude no desenvolvimento exige que:A. Efetive-se a criação de um órgão executivo de

referência, gestor de políticas públicas de juventude, emnível federal, juntamente com um órgão de representação eparticipação das juventudes através de suas entidades,movimentos e lideranças;

B. O Governo e o setor privado invistam recursosnecessários para dar realização a todo o potencial dajuventude, tornando-nos parceiros integrais, aliadosestratégicos e ativos do processo de desenvolvimento;

C. Os jovens sejam reconhecidos não só como futurosdirigentes, mas como atores da sociedade contemporâneacom uma participação direta no processo dedesenvolvimento;

D. Os jovens de ambos os sexos tenham condições departicipação em termos de igualdade: a discriminação sexualé um obstáculo a ser ultrapassado, e a emancipação da mulheré um pré-requisito indispensável ao desenvolvimento;

E. Todos os jovens tenham a possibilidade de participarcomo atores e também como beneficiários dodesenvolvimento. Temos a convicção que o desemprego, oanalfabetismo e todas as formas de discriminação contra osjovens, bem como outras formas de exclusão social, sãoameaças ao desenvolvimento;

F. A justiça entre as gerações presente e futura sejareconhecida como base fundamental para um

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desenvolvimento sustentado: os jovens devem participarnas decisões tomadas sobre os recursos do amanhã;

G. Os jovens participem das decisões em todos os níveis,colaborando efetivamente na produção, nos meios decomunicação de massa, das decisões políticas em todo osníveis, econômica, cultural e social;

H. Sejam elaboradas políticas publicas especificas paraatenuar os problemas decorrentes do racismo no Brasil;

I. No meio rural sejam implantados planos de capacitaçãoe qualificação para o jovem, bem como linhas de créditoespecíficas para as demandas deste público.

J. As questões da juventude não sejam tratadasisoladamente, mas dentro das estratégias governamentais dedesenvolvimento, explicitadas nos Planos Plurianuais, e noOrçamento, em harmonia com todas as decisões políticas;

Consideramos fundamental a continuidade dos trabalhosda “Agenda jovem 2002”, através da realização de contínuose sucessivos seminários temáticos, com o objetivo deaprofundar os debates iniciados nos grupos de trabalhoiniciados neste evento; e apontamos a realização de um fórum“Agenda Jovem” como canalizador do processo construídonos seminários temáticos.

Por fim, conclamamos agora todos os jovens, osgovernos, a imprensa e todos os segmentos da sociedadecivil para trabalhar ao nosso lado, a fim de concretizarmosestes compromissos em defesa dessas iniciativas que visam aigualdade de oportunidades às juventudes; para quepossamos ter maior controle sobre nossos destinosindividuais e coletivos e, sobretudo, capacidade de contribuirefetivamente para o progresso de nossa sociedade.

Page 126: Public Disclosure Authorized 33342 · Telefone: 55 61- 329-1001 ... de questões de orientação sexual, ... administração pública brasileira já tratava da questão