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We Blog You

The Glockenwise

Film Reviews

30

32

40Ana Amaro

58

66

72

Anna Balecho

Anarchicks

Peace of Cake

82

86

88

Radar Spots: ID Bespoke Shoes

À Cabeceira

Em Cartaz

SUMÁRIO

22Lady of The Rings

46

Cantigas de Es-cárnio e Mal-Dizer

Joana Cardoso

Editorial “F*ck Mundane”

78Radar Tech

90No Radar

Page 4: Radar 9

EditoraDaniela Salsa

Paginação

Daniela Salsa

RedactoresDaniela Salsa

Sansão GomesJoão Carvalho

Rui VelosoPatrícia Silvério

Ana Mestre

[email protected]

Facebookfacebook.com/magazineradar

Page 5: Radar 9

Caros leitores,

Esta é, muito provavelmente, a última edição de 2013. Com o final do ano a aproximar-se, queremos que entrem em 2014 repletos de boas energias e, acima de tudo, muita motivação.Numa altura em que a crise assola o nosso país é importante mantermos a confiança e não deixar que esta nos impeça de sonhar e seguir os nossos ins-tintos. Por vezes torna-se complicado ter um pensamento positivo e ganhar forças para continuar, mas depois, aparecem projectos como aqueles que vos apresentamos em cada edição, que se tornam uma inspiração para mim, para os colaboradores e, espero eu, para os leitores.Nesta edição, damos a conhecer o We Blog You, um blog, no mínimo, dife-rente, que anda a revolucionar a blogosfera portuguesa. E como qualquer blog não vive sem boas imagens, quisemos ficar a conhecer melhor o trabalho de duas jovens portuguesas que não vivem sem uma máquina fotográfica: Anna Balecho e Joana Cardoso.E para aproveitarem os últimos meses do ano da melhor forma, nada melhor do que a companhia dos The Glockenwise, a banda oriunda de Barcelos que já muito dá que falar...e que ouvir! Se vos falta ideias para os presentes de Natal, convidamo-vos a deliciarem-se com os produtos da Lady of The Rings. Mas se bijuteria não é o que procuram, então estejam atentos ao trabalho de Ana Amaro, uma jovem amante de moda que cria as suas próprias peças. Se, por sua vez, querem algo para oferecer ao público masculino, então não percam o Radar Spots desta edição, que vos apresenta os ID Bespoke Shoes.

Para terminar, nada como lerem o nosso artigo sobre a Peace of Cake. Garantimos que irão ficar com água na boca!

Mas não ficamos por aqui, como poderão comprovar já a seguir!

Boa Leitura!

Daniela Salsa.

EDITORIAL

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WE BLOG YOU

por DANIELA SALSAFotograFia: WE BLOG YOU

Fred Gomes e Raquel Graça (que já con-hecem dos projectos Maçã de Adão e Bei-ja-Flor que demos a conhecer em edições anteriores) são dois antigos colegas de tra-balho que, após paragens em Istambul e Barcelona, se conheceram no Porto e se en-contraram na empresa onde trabalhavam como designers. Apesar da empatia ter sido imediata, o de-sencanto com um trabalho que “não nos enchia as medidas e isso fez-nos son-har com projectos nossos, onde pudés-semos fazer as coisas como achávamos bem e tratar os clientes da forma que achávamos mais justa. Como éramos a companhia um do outro, fomos son-

-hando juntos e assim nasceu a id-eia do We Blog You, entre mil viagens matinais a blogs que nos inspiravam para mais um dia de trabalho.”Frequentemente partilhavam links de blogs e admiravam o trabalho que viam publicado na maior parte deles. No entan-to, todos eram internacionais. Foi então que começaram a pensar que, em Portugal, muita coisa teria de mudar, uma vez que os blogs lá foram ocupam um espaço muito generoso, sendo até considerados um em-prego para muitos bloggers.E assim surgiu o We Blog You, como uma forma de colmatar algumas destas falhas através da oferta de um serviço que, por cá,

BLOGUE

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ainda ninguém oferecia: ensinar a bloggers aspectos básicos de desgin, fotografia, gestão de conteúdos e tipografia, para que estes pudessem trabalhar melhor e fazer “coisas bonitas como as que víamos lá fora”.Segundo Raquel e Fred, o We Blog You pretende “ser uma rede de blogues, uma verdadeira família”. Mas os objectivos deste pro-jecto não se ficam por aqui:

“Queremos ser um ponto de informação e formação, daí os nossos truques e dicas, que publicamos todas as semanas, e os nossos workshops onde tentamos desmistificar imensas coi-sas e ensinar ferramentas básicas aos bloggers mas que farão toda a diferença no seu contributo para a blogosfera. Quere-mos mostrar que tal como acontece lá fora, se remarmos todos na mesma direcção, se partilharmos conhecimento, seremos melhores e sairemos a ganhar!”

O We Blog You nasceu com este objectivo, dar workshops, pois na opinião destes dois jovens, “é importante que se comece a perce-ber o design e não só por designers”. Nos seus workshops, que-rem mostrar que o design é algo com sentido, que é pensado para nos facilitar a vida em muita coisa e não é arte pois, apesar de ter uma grande componente criativa, tem de obedecer a certas regras.

tante que se comece a perceber o design e não só por design-ers”. Nos seus workshops, querem mostrar que o design é algo com sentido, que é pensado para nos facilitar a vida em muita coisa e não é arte pois, apesar de ter uma grande componente criativa, tem de obedecer a certas regras.Até agora, têm feito design e redesign de blogs, desenho de esta-cionário (cartões de visita, envelopes, papel de carta, etiquetas, ca-rimbos, etc...), infografia, vídeo e fotografia, tendo também já criado identidades corporativas para marcas recentes no mercado.

E como (normalmente) o trabalho árduo e a paixão pelo que se faz dá frutos, a adesão e o feedback não podia ser mais positiva!

BLOGUE

Page 9: Radar 9

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Page 10: Radar 9

“Temos pouco mais que um ano de ex-istência e nunca esperamos que em tão pouco tempo tivéssemos tanto trabalho e tão diferente. Consegui-mos aquilo que queríamos, chegar às pessoas e mostrar que o nosso trabal-ho é, de facto necessário, e que não pode ser feito ali pelo primo que até sabe trabalhar no photoshop. Temos um grande sen-timento de gratidão por todos aqueles que nos seguem e pelos nossos clientes. Era isto que sonhávamos para o nosso We Blog You mas que não sabíamos que poderia ac-ontecer em tão pouco tempo.”

Questionados sobre o que de melhor e pior esta experiência lhes tem trazido, afirmaram não conseguir enumerar coisas más, mesmo correndo o risco de parecer-em pouco honestos.

“A única coisa que nos está a fugir do controlo é o nosso tempo livre. Tive-mos vontade de deixar um emprego para termos mais liberdade, mais tempo para nós e para aproveitarmos as coisas todas, e agora está tudo a correr como era esperado mas temos trabalhado das 9 às 21h em dias bons.

“Somos apaixonados por imagem e se che-garem desafios bons

aceitamos com grande entusiasmo.”

Page 11: Radar 9

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BLOGUE

Antes saíamos às 18h e agora, em mui-tos dias da semana esquecemos o jantar e acaba por ser quase dois turnos segui-dos, como costumamos dizer. Mas até nisto há uma parte boa, antes saíamos esgotados às 18h, agora podemos acabar às 23h (ou mais) e pelo menos estamos satisfeitos com o nosso trabalho e en-tusiasmados por mostrar as propostas aos clientes ou por fazer um post bonito para o nosso blog.”

Sendo o seu público principal os bloggers - apesar de já terem chegado a outros públi-cos - a curiosidade veio à tona: Mas afinal o que é necessário um blog ter para ser bem sucedido?Tendo o seu blog como exemplo, por lhes ser mais próximo e por ser ele que lhes paga as contas, afirmam que para ter sucesso o mais importante é serem sinceros e quererem faz-er o melhor que conseguirem.

“Quem faz porque quer alcançar isto ou aquilo geralmente cansa-se de tudo isto que é ter um blog e a trabalheira que dá. Depois essa falta honestidade também passa para fora e os leitores acabam por sentir isto. Um blogger tem de ser verda-deiro, bom comunicador e ter qualquer coisa que agarre os leitores. Acredita-mos que toda a gente tem qualquer coisa de especial e que o distingue dos outros por isso esta parte não será difícil.Saber e querer passar isso cá para fora é que não é para todos.

Depois há que ter cuidado com a ima-gem que é no fundo o cartão de visita para quem entra num blog pela primei-ra vez. Ter conteúdos que surpreen-dam os leitores é muito importante!(Já dissemos montes de coisas não foi?)”

Enquanto jovens portugueses - e em-preendedores - quisemos ouvir os consel-hos que tinham para nos dar. Resumindo, para esta equipa criativa o melhor é pas-sarem horas a dar voltas à cabeça para ar-ranjarem forma de colocar as vossas ideias em prática pois apesar de considerarem a situação atual do país complicada “se es-tiverem mesmo cheios de vontade as coisas acabam por acontecer.”

Por último, quiseram deixar a uma men-sagem aos nossos leitores:“Aos bloggers, visitem o nosso blog, aos que não são bloggers, criem um blog, e a toda a gente que anda por aí digam, criem, mostrem e partilhem coisas bonitas!

Page 12: Radar 9

Música

Page 13: Radar 9

3713

Depois do álbum de estreia “Building Waves”, de

2011, a banda portuguesa de Rafa, Fiusa, Cris

e Nuno, The Glockenwise, é a vez de o álbum

“Leeches” dar que falar. Com 2013 a ser um ano

gratificante para a banda, que contou com con-

certos no Primavera Sound e Paredes de Coura, os

Glockenwise conversaram com a Radar e deram

origem a uma das entrevistas mais inusitadas de

sempre.

por Daniela salsa

THE GLOCKENWISE

Page 14: Radar 9

EM PRiMEiRo lUgAR, E Só PARA oS noSSoS lEiToRES voS ConhECEREM UM PoUCo MElhoR (o QUE é SEMPRE BoM), FAlEM-noS UM PoUCo SoBRE voCêS...

Os Glockenwise são quatro rapazes de Barcelos que gostam muito de passear e beber uns copos e por isso fizeram uma banda  para tornar todas essas coisas mais fáceis.

oS gloCkEnWiSE SURgiRAM APóS UMA noiTE ATRiBUlADA viviDA PoR QUATRo MARMAnJoS QUE ATé CUR-TiAM MúSiCA E, no AUgE DA AvEnTU-RA noTURnA, UM DElES SE lEMBRoU DE DizER “vAMoS CRiAR UMA BAn-DA?” oU o PRoCESSo DE CRiAção DA BAnDA PoUCo oU nADA TEvE A vER CoM iSTo?

Nada disso! Quando os Glockenwise se for-maram ainda mal saiam a noite mas no entanto se trocarmos a noite pela tarde as coisas foram mais ou menos parecidas.

E o noME Foi DAQUElAS CoiSAS DiFíCEiS DE EnConTRAR oU nEM PoR iSSo? E Já AgoRA, A QUE SE DEvEU A ESColhA Do noME?

Page 15: Radar 9

Por acaso até chegamos bem rápido ao nome mas no entanto não nos podem perguntar o que significa porque nenhum de nós sabe responder a essa pergunta.

AgoRA, PASSAnDo UM BoCADinho Ao QUE inTERESSA, o QUE é QUE o voSSo novo álBUM, lEEChES, noS TRAz DE novo?

Penso que acima de tudo traz novas canções que revelam algumas facetas nossas que no dis-co anterior não tinham sido  muito exploradas.

o QUE MUDoU DESDE “BUilDing WAvES”, lAnçADo EM 2011?

Mudou muita coisa! Tivemos bastantes concer-tos e passeamos bastante. Acho que com tudo isso ganhamos bastante  enquanto banda e isso facilitou-nos muito as coisas noutros aspectos.

RElATivAMEnTE àS lETRAS, TAM-BéM SEnTEM QUE há UM AMADUREC-iMEnTo, oU é Só iMPRESSão MinhA?

Acho que esse “amadurecimento” tem mais a ver com as coisas que fizemos enquanto banda do que com as coisas da nossa vida pessoal. Está directamente ligado com todas as surpresas agradáveis e desagradáveis que tivemos desde o

Música

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Page 16: Radar 9

o lançamento do “Building Waves”. 

nA hoRA DE CoMPoR, o QUE voS inSPiRA?

Não há nada em específico que nos inspire, gostamos muito de fazer isto e isso basta para compor coisas novas.

o QUE AChAM DA MúSiCA FEiTA EM PoRTUgAl?

Penso que Portugal vive o seu melhor momento musical. Há im-ensas coisas boas a serem feitas cá e acima de tudo penso       que a música portuguesa está a perder aquele toque “tuga” que tornava as coisas um bocado secantes e muito parolas.

SEnDo voCêS JovEnS PoRTUgUESES E ESTAnDo nAQUE-lA iDADE EM QUE Já São ConSiDERADoS ADUlToS E MiniMAMEnTE ConSCiEnTES, DigAM-ME: PRETEnDEM vivER DA MúSiCA oU iSSo EM PoRTUgAl Já é DE TAl MoDo iMPoSSívEl QUE é MElhoR TiRAR o CA-vAlinho DA ChUvA?

Penso que sim (que Portugal é um bom país para as artes), acho que não é pelo facto de ser praticamente impossível viver das artes que Portugal não é um bom sitio para a prática das mesmas. No nosso caso, viver da música é uma coisa que não nos passa pela cabeça, nunca perdemos muito tempo a pensar nisso.

2013 TEM SiDo UM Ano DE loUCoS PARA voCêS, no SEnTiDo PoSiTivo DA CoiSA. ATé AgoRA, ConSEgUEM ESColhER o MoMEnTo MAiS MARCAnTE? E CoMo TEM SiDo A REACção Do PúBliCo Ao voSSo TRABAlho?

Tem sido muito gratificante e acima de tudo uma enorme surpresa para nós. Em relação ao momento mais marcante do ano   é muito complicado decidir, mas assim de repente aponto facilmente para os concertos no Primavera Sound ou em Paredes  de Coura pois nunca pensamos fazer parte de cartazes tão grandes.

Música

Page 17: Radar 9

“ACho QUE não é PElo FACTo DE SER PRATiCAMEnTE

iMPoSSívEl vivER DAS ARTES QUE PoRTUgAl não é UM BoM SiTio PARA A

PRáTiCA DAS MESMAS.”

E CoMo é QUE oS noSSoS lEiToRES PoDERão ADQUiRiR o voSSo álBUM?

Isso é muito fácil! Podem falar directamente connosco ou com a nossa editora “Lover’s and Lollypops”. Podem também recorrer a algumas lojas como a Louie Louie, CD Go ou Fnac.

TEnDo EM ConTA QUE gooDBYE SE MAnTéM PARA EnCERRAR o DiSCo,

PARECE QUE goSTAM DE DEixAR MEnSAgEnS AoS voSSoS oUvinTES, PoRTAnTo APRovEiTEM ESSA gARRA ToDA E DEixEM UMA MEnSAgEM AoS lEiToRES DA RADAR.

Nós gostamos muito de dizer adeus no fim dos nossos discos mas desta vez acho que fica melhor um “Olá” visto que esta é a nossa primeira vez na revista Radar :) 

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Page 18: Radar 9

por João Carvalho

o hoMEM ElEFAnTE “ThE ElEPhAnT MAn” (1980) – DAviD lYnCh

Este filme reflecte a importância da capacidade que tem

um ser humano, seja ela de índole sentimental, de carácter,

intelectual, e que os homens nunca deverão ser julgados

pela sua aparência. É a história verídica de John Merrick

(exemplarmente interpretado por John Hurt), que sofre

de síndrome de Proteus, uma doença congénita que causa

crescimento exagerado e patológico da pele. Ocorre em

Inglaterra, em plena era Victoriana, onde um cirurgião,

Frederick Treves, ajuda John, a ter, ou pelo menos a tentar

ter uma vida digna, apesar da doença que tem. Anthony

Hopkins faz de Frederick Treves, e dá uma dimensão genu-

inamente humana ao filme, e é escusado dizer, que o papel

que faz, roça a perfeição. Sublinhe-se o toque do realizador

David Lynch, ao captar o desprezo e repugnância das out-

ras pessoas para com a doença de John, ou seja, aquela

deformidade nada tem a ver, com a pessoa sensível e inteli-

gente que ele é.

Uma história que choca pela tenacidade e crueza da reali-

dade. A conclusão que se chega é que a alma, de facto, nunca

morre, e o que realmente conta, está dentro de cada um de

nós. Uma obra-prima do cinema, e um filme intemporal.

FilMreVieWs

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FiLM rEviEws

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FiLM rEviEws

21

A QUEDA : hiTlER E o FiM Do TERCEiRo REiCh “DER UnTERgAng” (2004) – olivER hiRSChBiEgEl

Existem inúmeros filmes a retratar a Segunda Guerra

Mundial, uns de forma exemplar, outros de forma mais

vaga, preferindo erradamente, dar apenas relevo à parte

bélica e de combate. Pois bem, este filme, é sobre os últi-

mos dias de Hitler e restante comitiva no bunker. Como

mencionei, estamos em plena Segunda Guerra Mundial,

os céus da “Germania” estão a ser rasgados com ataques

aéreos, e soldados seguidores do regime, lutam em terra

contra as ofensivas aliadas. Até aqui nada de novo, para

quem conhece a história da Segunda Guerra, ou já viu

algum documentário ou filme relacionado. A grandeza do

filme é o papel de Bruno Ganz, que é bastante fiel, ao que

se consta do ditador. Enérgico, convicto, e até a imitar na

perfeição os tremeliques numa das mãos. Hitler, até ao fim,

pediu sempre afinco total das suas tropas e seguidores, e

que nunca se renderia aos aliados. Na sua comitiva, estão

presentes fervorosos defensores do regime e do chefe, mas

também alguns que não vêm futuro no Partido Nacional-

Socialista e não acreditam neste modo de governação para

a Alemanha, e que ainda tentam fugir das garras do regime.

No fim, o inevitável, o suicídio de Hitler, bem como o de os

mais cegos e devotos ao ditador, e a posterior condenação

de muitos oficiais de Guerra nazis.

Os pontos fortes da película são o realismo retratado da

época, os factos, e a convicção cega do ditador e os demais

acérrimos defensores que era possível conquistar toda a

Europa com a Guerra.

Page 22: Radar 9

Lady of the rings

Lady of the Rings é uma loja virtual onde qual-quer pessoa pode adquirir peças de bijuteria e, mais recentemente, malas a preços acessíveis. Esta é uma loja que marca a diferença pela selecção e qualidade das peças mas também pelo atendimento individualizado e envio rápido e sem complicações dos artigos comprados. O rosto por detrás da marca é Anabela, uma pro-fessora de Português e Inglês de 31 anos apaix-onada por música, cinema, moda e, claro, ensinar, que viu na Lady of The Rings o seu plano B numa altura em que as sequelas do desemprego se fi-zeram sentir.

TExTo: DANIELA SALSAFoTogRAFiA: DANIELA GANDRA, ANA

GARCêS E NáDIA SEPúLVEDA

Page 23: Radar 9

LOja OnLinE

23

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Page 25: Radar 9

25

Anabela confessa ser uma pessoa bastante

perfeccionista. Como costuma dizer, tem

“comichão na alma”, que trocando por miú-

dos significa que gosta de criar e desenvolver

projectos e envolver-se neles com garra.

Dessa “comichão”, surgiu a Lady of the Rings

pois após alguns anos de ensino, Anabela

deu por si numa encruzilhada: de um lado

o desemprego, do outro, tudo o resto! Foi aí

que as ideias que tinha dentro de si saíram

cá para fora, surgindo então um plano B: um

centro de estudo e, posteriormente, a Lady

of the Rings.

“Sempre gostei de bijuteria e este pro-

jecto permitia-me mostrar o meu lado

mais feminino, empreendedor e cria-

tivo.”

O processo de dar uma identidade ao pro-

jecto foi complicado, segundo Anabela.

“Cá em casa choviam nomes de todo o

lado. Acho que até o meu gato tentou

opinar… Um dos primeiros nomes (eu

nem devia dizer isto!) foi kiss kiss Bling

Bling… Sem comentários!”

Foi então que, num momento de epifania,

surgiu Lady of the Rings (em jeito de tro-

cadilho com Lord of the Rings).

“no livro/filmes o anel é o bem mais pre-

cioso…Da mesma forma vejo as minhas

peças: não são de ouro, não há diaman-

tes, mas para mim e para cada uma das

minhas clientes são preciosas.”

Mas não só a escolha de uma identidade

foi complicada já que perceber qual seria o

público-alvo foi um processo difícil.

“Eu tinha o meu gosto pessoal, seguia,

dentro do possível, as tendências da

moda, mas não sabia ainda o per-

fil do meu futuro comprador. Comecei

por experimentar peças de dois tipos:

mais simples e “clean” e outras mais

“statement”. o tempo e as escolhas das

minhas clientes ditaram o rumo da loja.

De facto, as peças mais vistosas, mais

vibrantes e não tão facilmente encon-

tradas nas lojas “mainstream” foram as

mais procuradas.”

A segunda grande dificuldade foi a escolha

dos fornecedores. Como já possuía dentro de

si o bichinho do negócio, passado pela sua

mão que teve uma papelaria durante trinta

LOja OnLinE

Page 26: Radar 9

LOja OnLinE

Page 27: Radar 9

“se um colar ou um par de brincos contri-buir para que saiamos

de casa mais confiantes, óptimo! Enfrentamos a crise de frente com um

belo par de brincos!

anos, Anabela reconhecia a importância de

encontrar fornecedores com peças de boa

qualidade e a preços acessíveis, com os quais

pudesse criar uma boa relação profissional.

Nada que não obtivesse solução pois, segun-

do a prpçlópria, “um pouco de investiga-

ção e um marido com grandes aptidões

de detective resolveram o assunto rapi-

damente.”

Com uma vasta gama de produtos dis-

poníveis para

venda e com mais

de 5 mil gos-

tos na página do

Facebook, acre-

ditamos que o

segredo do negó-

cio está bem explí-

cito: a beleza e a

qualidade dos seus

artigos. Por isso

mesmo é que o

processo de escolha dos mesmos é algo

que leva o seu tempo, é algo pensado e que

tem em conta alguns factores importantes,

como a relação qualidade/preço, o gosto

pessoal de Anabela aliado às tendências, as

preferências das clientes e, claro, uma boa

dose de carinho e dedicação.

Além disso, sempre que tem oportunidade,

a jovem professora experimenta ela própria

as peças para poder ter uma melhor percep-

ção das mesmas.E quando uma pessoa dedi-

ca tanto tempo, amor e dedicação ao que faz,

isso reflete-se de alguma forma e, neste caso,

essa reflexão está na adesão do público, que

segundo Anabela, tem sido muito boa já que

em menos de 6 meses a Lady of the Rings

vai a caminho dos 6 mil gostos. O feedback e

as mensagens de carinho que recebe na sua

página também demonstram isso mesmo, o

que não poderia deixar Anabela mais radi-

ante.

Com tanto

sucesso, quise-

mos saber o

que leva alguém

como Anabela a

lançar-se num

projecto ligado à

bijuteria numa

altura de crise.

“Eu queria ini-

ciar um negó-

cio, isso era ponto assente” - afirma - “e

como sempre gostei de bijuteria decidi

que esse seria o caminho a seguir. Além

disso, o investimento inicial não seria

muito grande, o que também contri-

buiu para a escolha do ramo.”

No entanto, acrescentou que, por outro

lado, é importante que as pessoas se sin-

tam bem com elas próprias e “se um colar

ou um par de brincos contribuir para que

27

Page 28: Radar 9

saiamos de casa mais seguras e confi-

antes, óptimo! Enfrentamos a crise de

frente com um belo par de brincos!”

Uma das características da Lady of the Rings

é trabalhar com a blogosfera portuguesa.

A Radar quis saber até que ponto é que

Anabela considera este trabalho conjunto

benéfico e crucial para o desenvolvimento do

seu projecto e ainda de que forma é que estas

parcerias se refletem nas vendas.

Anabela afirmou que, quando lançou a pági-

na, convidou todos os seus amigos, e o do

seu marido também, e ainda assim o número

de gostos era pequeno. Uma vez que era

necessário dinamizar a marca, aliou-se a

bloggers para o fazer.

“ Respeito muito o seu trabalho e já

seguia algumas antes desta aventura.

Essas foram as primeiras a ser con-

tactadas e, felizmente, todas elas foram

extraordinárias e ajudaram imenso na

divulgação da página. vejo as bloggers

como mulheres reais, com estilo e per-

sonalidade, com as quais as mulheres

em geral se identificam. não têm de ser

manequins: podem ser altas, baixas,

louras ou morenas, podem ter um estilo

casual, chic, alternativo ou vintage...

São elas próprias, inspiram outras mul-

heres e isso é o que interessa.”

Este seu contacto com bloggers permitiu-lhe

também conhecer novas pessoas que além

de extraordinárias possuem grande talento,

como é o caso da Ana Garcês do blog Infinito

Mais Um. “Encaixamos muito bem desde

o início e hoje tenho-a como minha par-

ceira: a Ana faz muitos dos looks inspi-

radores e é a responsável por grande

parte do design da página.”

E com tanto sucesso atingido, e outro tanto

por alcançar ainda, nada melhor do que

darem um saltinho à Lady of the Rings e

verem com os vossos próprios olhos a diver-

sidade e qualidade da gama de produtos que

esta tem para oferecer. Para tal, basta ace-

derem à página no facebook, em facebook.

com/ladyoftheringsbiju.

No final, Anabela fez questão de deixar uma

mensagem a todos os nossos leitores, mas

também a todos aqueles que pretendem

lançar-se num projecto semelhante ao seu:

“não fiquem parados em casa, nem

deixem a conversa da crise atordoar os

vossos sonhos. Sejam empreendedores,

dediquem-se, trabalhem com afinco e

Page 29: Radar 9

amor e respeitem os vossos clientes.

Diz-se que “o segredo é a alma do negó-

cio”, mas concordo com o que li um dia

(lamento, mas não me lembro da fonte)

“a alma é o segredo do negócio”.

LOja OnLinE

oNDE ENCoNtrar?

facebook.com/ladyoftheringsbiju

29

Page 30: Radar 9

Quem tem acompanhado esta cróni-

ca todos os meses (em primeiro lugar

merece os meus parabéns porque

não sei se eu teria essa paciência)

tem-se apercebido que quase todas

elas foram sobre álbuns de rap.

por Sansão Gomes // Fotos: Filme 8 Mile

Cantigas deEscárnio eMal Dizer

Os melhores/piores preconceitos contra os rappers

Sempre foi o meu estilo favorito e

eu acho que isso se deve ao facto

de eu não saber cantar, tal como a

maior parte dos rappers.

Assim sendo, como sou solidário com

quem não sabe cantar, este mês vou

OPiniÃO

Page 31: Radar 9

dedicar-me a analisar os três maio-

res preconceitos de que os rap-

pers são vítimas. Não porque eu

seja uma pessoa idónea e correc-

ta, mas sim porque este mês não

saiu nenhum album de que me

apeteça falar.

preconceito #1: isso é música de pretosQuem acredita nesta premissa

nunca viu o 8Mile na vida. Por um

lado não perdeu hora e meia com

um filme de merda, mas por outro

não deve saber quem é o Eminem.

Além do mais, este é um duplo

preconceito (não sei se isso existe)

porque tem implícito que os pretos

são seres inferiores. Ora quem diz

isso, também nunca viu um preto

sem roupa (eu também não, feliz-

mente)

preconceito #2: os rappers pro-movem a violênciaDizer que os rappers incentivam à

violência, roubos e tráfico de droga

é tão válido como dizer que este

governo incentiva a economia por-

tuguesa. No fundo trata-se de levar

a sério aquilo que é apenas uma

representação artística e ficcional

da realidade: e nisso encaixa tanto

um videoclip do 50 Cent como

uma demissão do Paulo Portas.

preconceito #3: Música sem instru-mentos não pode ser tão boa como a outraEntre outros, João Pedro Pais, Celine

Dion, Bon Jovi, 30 Seconds to Mars

(etc.) fazem música com instrumen-

tos. Não é preciso dizer mais nada

31

Page 32: Radar 9
Page 33: Radar 9

Joana Cardoso é uma jovem de 23 anos, natural do Por-to, que desde cedo nutre uma paixão inexplicável por fo-tografia. Com imagens capazes de nos transportar para um mundo paralelo ao nosso, onde reina a fantasia e até o mistério, a Radar quis conhecer melhor este talento português, bem como o seu trabalho. Sigam-nos nesta aventura a um mundo fantástico pois estou certa de que não se irão arrepender.

Joana Cardoso

FOTOGraFia

por Daniela Salsa

33

Page 34: Radar 9

Apaixonada por fotografia desde os 13

anos, altura em que percebeu que esta

arte era algo fundamental na sua vida

após receber a sua primeira máquina

digital, Joana Cardoso confessa que nu-

tre um gosto especial pela captação de

momentos.

A estudar na Faculdade de Belas Artes

da Universidade do Porto e com uma

formação estritamente ligada ao mundo

artístico, esta jovem confessa que o seu

gosto pela arte de fotografar foi crescen-

do ao longo do tempo e se alojou dentro

de si.

Questionada sobre o que mais gozo lhe

dá nesta arte, Joana mostra-se reticente

pois, na sua opinião, esta é uma pergun-

ta difícil já que a resposta vai mudando

ao longo do tempo.

“ACho QUE goSTo DA iDEiA CliChé DE CongElAR MoMEnToS”

“Acho que gosto da ideia cliché de congelar momentos, mas gosto es-sencialmente do facto de este ser o meu modo preferido de me expres-sar e poder mostrar o mundo como o vejo, como eu gostaria que fosse, como o idealizo. Basicamente a foto-grafia permite-me contar histórias que, por outros meios, seriam para mim mais complicados de contar. Ba-sicamente, a fotografia é o meu pro-cesso de transcrever os pensamen-tos e emoções para um estado mais físico e palpável, para que outros os possam ver e, quiçá, entender.”

Apesar de não ser - nem se considerar

- fotógrafa, a verdade é que o seu por-

tefólio é já bem vasto e, indubitavel-

FOTOGraFia

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mente, aliciante. Como qualquer artista,

Joana necessita de algo que a inspire e esta

afirma que, basicamente, esta provém um

pouco de todo o lado.

“Existem momentos (e por vezes meses inteiros) em que não tenho um único momento inspirador... e de repente, do nada, tenho um rasgo de “criatividade” e a musa vem cantar-me aos ouvidos, di-zendo-me algo para fazer. Muitas vezes não tenho ainda os meios para concre-tizar os meus projectos mais loucos e megalómanos, mas sei que um dia hei-de lá chegar. Acho que ao fim ao cabo posso dizer que essencialmente históri-as, vivências, contos e outra arte são os principais factores de inspiração para

mim. lendo um livro ou vendo um filme, ou até uma exposição, poderei mesmo começar a ter pensamentos e ideias que correm a mil à hora, e são esses os mo-mentos que mais adoro.”Mas apesar de todas estas fontes de in-

spiração, a verdade é que existem algumas

“tendências” que são recorrentes nas suas

fotografias: o ambiente sonhador, ou até

mesmo romântico, e o auto-retrato. Joana

explica que “Para algumas pessoas, o auto-retrato é apenas algo narcisista e egocêntrico, enquanto que para mim é uma vertente artística tão válida como qualquer outra. Tudo começou pelo fac-

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to de querer muito trabalhar com out-ras pessoas mas não conseguir arran-jar pessoas dispostas a fazer aquilo que pretendia, e como ninguém se disponha a ser meu modelo, decidi passar para a frente da câmara. Ao longo do anos, aca-bei por perceber que na maior parte do tempo sou a minha melhor modelo uma vez que sei exactamente aquilo que que-ro e como quero. Já o ambiente sonha-dor... bem, é assim que vejo o mundo, em parte. olho para as coisas e quase que as vejo como se elas estivessem “editadas” de forma mental e se parecessem exac-tamente com aquilo que gostaria. Para mim este tipo de ambiente entra mais num mundo fantástico, de fantasia, que é aquele que tenho quase sempre

na minha mente, sendo ele mais bonito ou mais sombrio. Para mim, há sempre algo de sonhador e irreal em tudo. Já me chamaram de surrealista, e penso que talvez o termo me assente bem.”

Para conseguir transmitir esta sua visão de

um mundo fantástico, Joana Cardoso re-

corre muitas vezes à pós-edição. Nesta se-

quência, a jovem artista confessa entender

quem não é a favor deste processo mas que

para si, sem edição, as imagens são tal e qual

como qualquer pessoa as veria, mas como o

que vê é diferente, necessita da pós-edição

para fazer transparecer a sua visão aos out-

ros.

“ Muitas pessoas se riem mas costumo dizer que quando estou a tirar uma foto

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que está nos planos desta jovem há já al-

guns anos, e apesar de estar consciente

dos obstáculos que terá de enfrentar, de-

sistir desta sua vontade é algo que não

fará certamente. No entanto, reconhece

que a situação actual do país só veio difi-

cultar mais a vida a quem vive das artes,

no geral.

“Apesar de toda a gente gostar de ver “coisas bonitas” e obras de arte, nin-guém acha legítimo que uma pessoa seja “artista” de profissão. Se tudo isto já era assim, neste momento, com uma crise financeira e política, que deu uma tão grande machadada na cultura, o cenário para um es-tudante de artes é ainda mais negro, isto se não pensar em imigrar e ir

consigo já visualizar como será a foto depois de editada. A pós-edição é, para mim, o pó de perlimpimpim que dá o toque de sonho às minhas imagens, tal e qual como eu gosto. o que não dispen-so é sempre um toque diferente de luz, mesmo em temáticas mais sombrias gosto sempre de uma luz especial, talvez muito inspirada por umas das minhas grandes influências, Caravaggio.”Para a ajudar, Joana não dispensa a compan-

hia da sua Canon EOS 550D, bem como uma

série de len tes e, por vezes, flashes externos

e outros elementos que considera indispen-

sáveis. Já na pós-edição, o seu fiel compan-

heiro é o Photoshop CS5.

Fazer da fotografia um modo de vida é algo

FOTOGraFia

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para qualquer outro país que valori-ze mais aquilo que fazemos e onde terá de trabalhar arduamente para se afirmar. Sei que há quem dentro do nosso país consiga singrar, há quem trabalhe anos para o conseguir fazer, mas infelizmente no panora-ma actual e dentro da mentalidade geral não há lugar para mais do que meia dúzia de artistas.”

Colocando este triste panorama de lado,

Joana continua a falar do que pretende

atingir no futuro.

“no futuro, pretendo acabar o curso de faculdade, começar outro em fo-tografia, talvez um mestrado e out-ras coisas relacionadas com aprendi-zagem. Em termos de fotografia, será sem dúvida fazer mais e melhor, alargar ainda mais o meu portefólio e conseguir pôr em prática muitas das ideias que tenho. no geral quero viajar e inspirar-me, conhecer out-ras pessoas e ideias, e lutar e trabal-har por tudo aquilo que quero. Sei que é vago, mas é basicamente isto.”

Já no final, Joana Cardoso fez questão

de dirigir algumas palavras a todos os

nossos leitores, bem como a todos aque-

les que seguem o seu trabalho.

“não cruzem os braços nem fechem os olhos aos vossos sonhos. Com empenho e força conseguirão fazer tudo, ou quase tudo. os sonhos não se concretizam a não ser que algo façamos para tal acontecer, e não acredito em sonhos impossíveis, ap-enas em pessoas estagnadas e con-formadas com as ideias que uma sociedade geral lhe impõe. Pode ser difícil e pode demorar, mas a perse-verança e a fé, especialmente em nós mesmos, consegue derrubar barrei-ras e levar-nos longe.nas palavras de um senhor que é uma grande fonte de inspiração minha:“one person’s craziness is another person’s reality.” – Tim Burton”

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MODa

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ANA AMAROAna Amaro é uma jovem criadora de moda portuguesa que afirma ter ainda muito para aprender. No entanto, a vontade de se afirmar nesta área é inegável e por isso mesmo é que a Radar a quis ficar a conhecer melhor,

bem como ao seu trabalho.

cargocollective.com/anaamaro

por Daniela Salsa

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Desde que se lembra que Ana Amaro respon-dia com firmeza à questão “O que queres ser quando fores grande?”. “Estilista”, respondia. Foi aproximada-mente aos 6 anos de idade que esta jovem se apercebeu que queria seguir uma carreira na moda pois, segundo a própria, foi nesta altura que teve uma maior noção do que gostava de ver e desenhar: roupas.

Foi em 2008 que começou a criar as suas próprias peças, altura em que ingressou em Design de Moda na Universidade da Beira Interior. No entanto, colecções bem estru-turadas em termos de etapa e número de looks apenas surgiram em 2011, durante o projecto de mestrado. Pelo meio, Ana Amaro foi organizando colecções cápsula para desfiles organizados pelos alunos.

Apesar de todo o trabalho que tem vindo a desenvolver, a jovem criadora ainda não possui uma marca própria registada pois, para isso, “são necessários factores que ainda não possuo, como capital para investir, projecção no panorama nacio-nal e internacional e muito know-how, ou possuir uma parceria com alguém que o tenha”. Contudo, a vontade de lá chegar é muita, e sempre ouvimos dizer que quem sonha e batalha pelo que quer, acabará por ser recompensado.

Na hora de idealizar e confeccionar as suas peças, o que mais lhe preocupa é se o que cria irá ser um deja vu de alguma coisa. “gosto de manter tudo simples com algumas surpresas em detalhes, mas não me agrada nada a ideia de cópia ou inspiração demasiado literal”, afirma.

Questionada sobre o que distingue as suas criações das restantes criadas por marcas nacionais e internacionais, Ana Amaro ape-nas explica que, no geral, vemos um merca-do muito saturado e repetitivo. “Estamos perante um mercado onde tudo é pos-sível mas onde as marcas se mantêm muito gémeas. gosto de tentar pensar fora da caixa, não recorrer a tendên-cias pré-ditadas por alguém, seguir o meu instinto e, principalmente, os meus recursos, o meu gosto pessoal e a visão daquilo que penso que poderá funcionar daqui a um ano. Esta ati-tude pode não correr muito bem a nível comercial, mas por agora é assim que me comporto criativamente.”.

Quanto aos materiais que prefere utilizar nas suas criações, aponta as malhas, prin-cipalmente tricotadas à mão pois conferem um toque muito pessoas e intimista já que nunca se consegue fazer duas vezes a mesma coisa, de forma igual. Além disso,

MODa

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afirma que as malhas são muito versáteis e confortáveis.

No decorrer da conversa, quisemos ouvir a sua opinião relativamente ao mundo da moda e das artes em geral no nosso país. “Estamos, no geral, cegos. ignoramos uma fonte de criatividade e riqueza cultural gigante nas artes em geral mas principalmente na moda. Portugal tem uma história maravilhosa no que diz respeito à indústria têxtil e de confecção e talentos a saírem todos os dias das escolas. no entanto, nesta área (como em muitas outras) olhá-mos para o lado e idolatrámos nomes estrangeiros. Quem pode, não investe nas arte como deveria, não patrocina, não cria um mecenato que as mentes dos jovens artistas portugueses me-reciam ter”.

Apesar de considerar a situação atual do país no que diz respeito à sua área muito pouco positiva, Ana Amaro mantém-se con-fiante, e apesar de ser péssima a fazer pla-nos para o futuro, afirma que a prioridade é conquistar um cargo na área da moda e beber de todas as fontes que consiga para continuar a sua aprendizagem. E apesar de ainda não se venderem de forma maciça as suas peças (algo que espera ver acontecer

brevemente já que tem alguns projectos no forno) poderão contactar a própria Ana e adquirir algumas das criações que já possui no seu portefólio.

Com a conversa prestes a terminar, a jovem artista quis deixar algumas palavras a todos os aqueles que nos estão ler:

“Continuem a olhar para projectos como a Radar, continuem a dar atenção ao que se passa à vossa volta pois é pre-ciso descentralizar as leituras culturais e apostar em novos formatos”

MODa

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EDiTOriaL

F*ck Mundane

Photography by Jessica SilvaModel Bárbara Inês

Styling and Makeup Inês Manique

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Anna Balecho usa as fotografias como memórias da sua in-terpretação do que representa o seu mundo hoje. São corpos jovens, uns solitários, tatuados, sonhadores, apaixonados, mas todos despidos de preconceitos perante uma câmara que conhecem e sentem. É uma intimidade que está nas pessoas, nos ambientes e no olhar particular de quem retira a vida, o amor, os sonhos e a amizade de cada fotografia.Quem fica intrigado com as imagens tem de conhecer a fotógrafa que poderia ter sido copy, não gosta de rótulos e considera o seu luxo ficar sentada no sofá, a beber café en-quanto folheia um par de revistas.

por ana Mestre

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1. Quem é a Anna Balecho e como surgiu a fotografia na tua vida?A fotografia surgiu de uma forma muito natural. Sempre estudei arte e desde rela-tivamente cedo ficou claro que, fosse o que fosse que eu viesse a fazer, estaria relaciona-do com a imagem. Queria trabalhar no meio da cultura visual. Fiz um cursinho de foto-grafia no aR.Co aos 15 anos e dai, até estar a licenciar-me em fotografia, parece que foi a correr - parece só porque, pelo meio, estudei Design, Imagem para Cinema. Tinha fases de completa obsessão e outras de completo desinteresse. Quando percebi estava com-pletamente dependente disso para me sentir realizada.

2. Qual o significado de uma fotografia?Não mais do que quem a estiver a observar lhe quiser dar e isto é válido para quase tudo. Para mim continua a ser uma memória, seja ela real ou não.

3. o teu universo fotográfico apela a um voyerismo cru e intimista da juventude. Porquê?Eu nunca descrevi o meu trabalho dessa for-ma. Já o li em vários sítios e percebo a de-scrição, mas nunca foi intencional, nunca expus o íntimo de alguém de forma gratuita, não acho especial graça a nus… Eu fotografo - num trabalho mais pessoal - o que conheço e

sinto. A verdade é, se aos 15 anos fotografar no “palco” da casa ocupada da Praça de Es-panha me deixava feliz, aos 20 estava muito mais virada para “dentro” para as pessoas só por si e por ai fiquei.

4. “life, love, dreams and friendships” são os ingredients principais das tuas imagens?Mais do que ingredientes, acho que é o que fica das minhas fotografias depois do visual. Se deixar alguém a pensar naquele momento, se já viveu algo assim ou que gostava de vi-ver, eu fico feliz.

5. Que mensagem pretendes passar no teu trabalho?Nenhuma. Espero daqui a 20/30 anos que o grosso do meu trabalho mais pessoal repre-sente um bocadinho do que vivemos nos dias de hoje, mas será apenas como eu, Anna Ba-lecho, o vi. Na minha opinião, existe uma necessidade enorme em conceptualizar tudo, como se uma descrição erudita tornasse a obra mais válida. Nunca foi a forma como me aproxi-mei da fotografia e espero que nunca seja.

6. Quais os momentos de maior orgulho/realização, maior dificuldade e maior desilusão advindos das tuas experiên-cias fotográficas?

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A maior dificuldade é sem dúvida lidar com budgets de digital quando eu tra-balho, tanto quanto posso, com negativo ou recusar aquelas borlas, que até queres muito fazer porque o projecto é interes-sante, mas não podes de forma nenhuma fazê-lo sem budget.A Memories All at Discount Rates (o solo show em Lisboa), em Outubro de 2012, foi um daqueles momentos em que re-spirei fundo e pensei que tanto suor e lágrimas estava a valer a pena. Ter uma marca de Los Angeles a enviar-me peças para fotografar, quando podiam facil-mente escolher alguém do mesmo con-tinente, também me deixa de sorriso na cara.

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7. o que te inspira?Quase tudo, e falo a sério, até o meu namorado a fazer a cama já me deu vontade de fotografar. Há uns tempos li o Just Kids da Patti Smith e queria fazer mil coisas mas não fiz nada. Pesquiso muito, vejo muito o que já foi feito, leio muito. Há uns dias li “de perto nada é normal” no meio de uma frase completamente random e já estou a trabalhar numa série de fotografias que associo a esse título. Não interessa de onde vem a inspiração porque pode vir de qualquer lado. Este tipo de inspirações funciona muito como impulsos para mim.

8. Já colaboraste com a Dazed Digital, a Con-tributor e, neste momento, estás na vogue Portugal online. Que outras colaborações ou trabalhos gostarias de fazer?Esta colaboração com a Vogue é num formato difer-ente. É uma rubrica quinzenal não é um trabalho pontual ou um editorial como nos outros casos. Quero fazer mais lookbooks. Já fiz alguns e é uma criação na qual gosto de participar, as marcas com que trabalhei até agora deram-me bastante liber-dade criativa e, talvez por isso, tenha ficado com vontade de experimentar mais.

9. Como é um dia de trabalho normal da Anna Balecho?Muito mais no networking e mails que a fotogra-far, infelizmente. Espero que nos próximos tempos possa ter ajuda e só fotografe.

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10. hoje a fotografia está massificada graças à internet [Flickr, Pinterest], aos programas como o Photoshop e meios como os iPhones. Como interpretas esta tendência e que consequências, boas ou más, pode incutir na área – qualidade do material, situação do fotógrafo profis-sional, etc. - ? Podíamos falar disto a noite toda… Acho que o truque (como em todas as áreas criativas onde isto pode acontecer) é relativizar. Todos os dias vai aparecer alguém a fotografar com 35mm ou alguém com skills no Photoshop a aplicar filtros que imitam o grão do filme...Não vais perder o sono, nem ficar amargo ou encarar a tua fotografia de forma diferente por causa disso, eu pelo menos não o faço. Claro que não é fixe teres alguém a pedir um valor muito abaixo do praticado, mas cada um sabe aquilo que quer e o que compra. encarar a tua fotografia de forma diferente por causa disso, eu pelo menos não o faço. Claro que não é fixe teres alguém a pedir um valor muito abaixo do praticado, mas cada um sabe aquilo que quer e o que compra.Por outro lado, acho que só pode ser bom todos terem acesso a experimentar e testar várias coisas. Isso pode e deve ser aplaudido e bem-vindo, certo? Honestamente, a massifi-cação da fotografia e de outras formas de arte/comunicação bem usadas é uma arma brutal, parte de cada um usá-lo ou não a seu favor.

11. Se não fosses fotógrafa o que serias?Gosto de pensar que seria uma boa copy, ahah.

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Não sei. Dentro do mundo da Comunicação se pudesse experimentava muito mais coisas. Está nos meus planos criar uma revista de raiz, vamos ver.

12. Quando não estás a trabalhar, o que gostas de fazer? Gosto muito da minha casa, dos meus livros/revistas, do Chiado, de um bom café, de sushi e de vinho. O que gosto de fazer está sempre relacionado com algum dos referidos.Infelizmente, ou não, na nossa casa não esta-belecemos bem o limite do trabalho. Há sem-pre um email a responder, um shoot a marcar, um site que quero ver porque tem algo interes-sante… Habituei-me a viver assim, mas tenho sempre a sensação que me falta tempo, que há sempre algo por fazer. Acho que a fronteira en-tre o lazer e o trabalho está cada vez menos definida para mim. Acordar às 9h00 e poder ficar no sofá com a chávena de café agarrada a duas revistas é um luxo que me faz muita falta. Dito isto tudo, sou muito feliz com a minha vida e com o que construi até agora.

13. o que vamos ouvir e ler sobre a Anna Balecho num futuro próximo?Espero que vos possa falar sobre um solo show em 2014 - ando à procura do spot e sponsor certo. Mais que ouvir falar de mim espero que possam ver, cada vez mais, fotografias minhas por ai.

Site: annabalecho.comFacebook:

facebook.com/AnnaBalechoPhotography

FOTOGraFia

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Música / EnTrEvisTa

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aNarCHiCKSQue melhor programa se pode ambicionar para um Sábado à noite, do que assistir a uma boa noite de concertos? Pela módica quantia de 6€, isso era possível no dia 12 de Outubro de 2013, no GNRation – Braga.Cheguei cedo, para poder falar com os membros da organização e também para conhecer melhor o espaço. É um local exce-lente em todos os aspectos. Moderno, orig-inal, bonito, com um staff super disponível, sempre prontos a receber os convidados com um largo sorriso. Tudo corria bem e a noite prometia.Introduzidos pelos excelentes e electri-zantes “Bed Legs”, as Anarchicks vieram a Braga presentear os seus fãs com um con-certo de apresentação do seu álbum de es-treia “Really?”, fazendo com uma atitude repleta de energia. Definitivamente estas quatro raparigas são cheias de estilo e re-beldia qb, fazendo-nos rapidamente “aba-nar o capacete”. No final do espectáculo, fomos falar com as Anarchicks.

anarchickspor Pedro Henrique Ribeiro

Fotos: Vanda Noronha

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Radar Magazine (RM): Boa noite. Sei que é impossível, mas para quem não vos conhece, quem são as Anarchicks?Anarchicks: As Anarchicks são quatro miúdas que pegaram nos seus instrumen-tos para fazer um rock… “visceral”.

RM: Como e porquê surgiu este pro-jecto?Anarchicks: Porque tínhamos todas muita vontade de fazer música e fazer barulho, e tínhamos de fazê-lo todas jun-tas e surgiu com contactos via facebook, juntámo-nos e resultou tudo muito bem.

RM: não é habitual em Portugal, ter-mos uma banda composta só por mul-heres. Pretendem marcar a diferen-ça?Anarchicks: A questão aqui não é tentar marcar a diferença. Nós queremos fazer rock, que é aquilo que gostamos de fazer, já todas tocávamos antes de nos conhecer e de este projecto existir, portanto não foi uma coisa que surgisse de repente, pois todas temos muitos anos de música. Ag-ora, nós achamos que tem que haver mais bandas com mulheres em Portugal e va-mos lá miúdas! Siga pegar nessas guitar-ras, baterias e baixos e “toca a tocar!” O sexo é meramente um detalhe.

RM: Então consideram que um pro-jecto destes já fazia falta no panora-ma nacional.

Anarchicks: Existe claramente uma lacu-na, mas nós não pensamos que queríamos preencher uma lacuna, nós pensamos sim que queríamos fazer a música que gosta-mos e formou-se assim uma banda, uma amizade e tudo isto tem surgido de uma forma muito natural. Pode ser que nós consigamos abrir um precedente para outras miúdas fazerem as suas próprias bandas, pois andam por aí imensas ra-parigas que querem tocar e fazer bandas, mas só falta juntarem-se e concretizarem aquilo que querem.

RM: Em Janeiro editaram o álbum “Really?” Como o descrevem?Anarchicks: Uma chapada de rock! Tem uma panóplia de emoções, cada música tem uma identidade e uma história difer-ente, mas na generalidade é apenas rock puro e duro. No final de tudo, é o culminar do início do nosso trabalho que compuse-mos, e certamente que poderão esperar coisas diferentes no futuro.

RM: o processo de criação é feito em conjunto, ou cada um desempenha o seu papel?Anarchicks: Cada um desempenha o seu papel, conjuntamente (risos). É quase anárquico o nosso processo de criação, basta uma puxar o fio do novelo e do nada já estamos todas alinhadas. Duma manei-ra mais técnica, as coisas surgem basica-mente dum “jam”; uma ou duas pessoas

Música / EnTrEvisTa

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surgem com uma ideia, trabalhamos essa id-eia em estúdio e depois é uma questão de jun-tar as peças do puzzle.

RM: “Restraining order” foi o single que escolheram para o lançamento do vosso disco. Existem alguma razão em especial para terem escolhido este tema em det-rimento de outro?Anarchicks: Para já era o mais consensual, mas também por ser a faixa, em traços gerais, que melhor representa o nosso som.

RM: Disponibilizaram o vosso tema para download gratuito. A realidade da que-bra de venda de discos e o aumento dos downloads ilegais, preocupa-vos?

Anarchicks: Claro que não! Somos total-mente a favor de downloads de música, porque nós temos que pensar que não é fazer downloads ilegais que vai prejudicar uma banda. O download gratuito de músi-cas proporciona que o trabalho das bandas chegue a mais pessoas, e são essas pessoas que depois vão aos nossos concertos e é isso que nós queremos.

RM: Consideram então os downloads gratuitos como uma mais-valia.Anarchicks: Sim! Não só para nós mas para todos os artistas. Qual é o objectivo de faz-eres música? Para estar guardada em casa? A música faz-se para chegar ao ouvinte, senão nada disto faz sentido.

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Música / EnTrEvisTa

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Nos nossos concertos, muita da nossa energia vem do público por isso quere-mos que a nossa música chegue ao maior número possível de pessoas. E quem real-mente gosta da banda acaba sempre por comprar o CD.

RM: Este ano tem sido muito positivo para as Anarchicks. Qual foi o mo-mento mais marcante dos muitos que tiveram? Anarchicks: O Superbock Superrock e jantar com a Peaches! Mas principalmente o Superbock. Nunca mais viveremos um festival de verão da mesma forma!

RM: Como foi actuar hoje em Braga e o que acharam do público bracarense?Anarchicks: Foi muito fixe! Este público foi muito caloroso, participativo e houve uma troca muito bonita de entusiasmo e energia.

RM: Alguma mensagem que queiram transmitir aos vossos fãs?Anarchicks: Se gostarem de nós sigam-nos nas redes sociais. Nós temos todo o gosto em tocar para vocês, e queremos fazer mais músicas boas. Falem connosco, que nós aqui estaremos para vos ouvir, e façam bandas! Muitas bandas. Queremos tocar com bandas novas, principalmente com miúdas.

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Licenciada em Artes Digitais e Multimédia, Mariana Carvalho é desde sempre uma apai-xonada por doces. Numa fase em que necessitou de escape criativo, surge a Peace of Cake. A Ra-dar quis conhecer melhor o mundo (doce) desta designer de formação que cria verdadeiras obras

de arte em forma de bolos e cupcakes.

PEACEOF CAKE

PrOjEcTO EMPrEEnDEDOr

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A Peace of Cake é um projecto por-tuguês que nasceu pelas mãos de Mariana Carvalho, uma jovem desi-gner sem qualquer tipo de formação na área da paste-laria que viu na pastelaria o seu escape criativo, numa altura em que o cupcake começava a gan-har destaque e fama em Portugal.A escolha do nome surgiu da expressão “it’s peace of cake” mas acaba por ter muito mais significado já que o objectivo de Mariana sempre foi criar um serviço que permitisse ao cliente ter festas per-feitas com o mínimo de preocupação, mas também porque iniciou este projecto ape-nas com cupcakes:“Achei que seria engraçado, pois os cupcakes são apenas um pedaço de bolo, certo?”Na Peace of Cake, Mariana oferece todo o tipo de serviços associados à preparação de uma festa ou evento, e é exactamente isso que destaca este projecto da concorrên-cia: “aqui o cliente encontra o serviço de doça-ria e/ou salgados, a criação de material gráfico, a decoração do espaço, e até uma loja online para que

possa envolv-er-se na parte decorativa se assim o dese-jar. Deste modo g a r a n t i m o s que o resultado final é coeso, harmonioso e único!”, afirma.

Confessa, no decorrer da conversa, que não teve de lidar com grandes obstáculos na hora em que se lançou neste projecto, acrescentado que o desafio está em man-ter a marca e fazê-la crescer.Com mais de 7 mil gostos na página do Facebook, esta jovem empreendedora afir-ma que chegar até aqui foi um processo bastante trabalhoso.“num negócio deste género o passa-palavra é chave, por isso cada like é fruto de muita dedicação! “Além dos serviços que oferece, a Peace of Cake dá, pontualmente, alguns workshops. Além disso, disponibiliza alguns artigos na sua loja online que surgiu para preencher uma lacuna no mercado das festas. “ Era difícil encontrar, em Portugal, produtos que fossem de encontro às necessidades de um mercado cada vez mais exigente, que não quer pratos de papel com personagens de desenhos

“Que a crise não seja o motivo porque criam algo. Que seja a vossa paixão e talento que

vos leve a dar esse passo”

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PrOjEcTO EMPrEEnDEDOr

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animados ou palhinhas e talheres de plástico.”Em jeito de despedida, Mariana quis deixar uma pequena mensagem aos nos-sos leitores:“Que a crise não seja o motivo porque criam algo. Que seja a vossa paixão e talento por determinada àrea o que vos leva a dar esse passo, ou até salto! Para mim este ponto é fulcral. As pessoas têm tendência em envere-dar por determinada àrea de negócio porque está na moda, veja-se a quan-tidade de pessoas que faz cake design hoje em dia por exemplo, e na minha opinião isso acaba por desvirtuar qualquer área de negócio. é essencial inovar e ter estilo próprio.”

Para terem acesso ao doce portefólio de Mariana Carvalho e para encomenda-rem as suas obras de arte, basta ace-derem à página da Peace of Cake no face-book (facebook.com/itspeaceofcake) ou ao blog do projecto (peaceofcakedesign.blogspot.com)

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PrOjEcTO EMPrEEnDEDOr

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por Rui Veloso

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TEcnOLOGia

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Microscópio low-CostO website Instructables lançou recente-

mente um artigo e vídeo sobre como

construir um microscópio funcional

pela módica quantia de 10 euros.

Para o uso deste microscópio apenas

será necessário a camara fotográfica

de um smartphone, uma lente de um

apontador laser, uma pequena lâm-

pada LED e uma estrutura que facilite

a colocação destes componentes e

a focagem. Isto poderá ser uma ideia

a colocar em prática por exemplo no

ensino onde muitas vezes as escolas

se vem retraídas na compra deste tipo

de material devido aos preços eleva-

dos dos microscópios. A essência desta

técnica assenta na lente do laser que

vai dar capacidade microscópica à

camara do smatphone. Os mais inte-

ressados poderão consultar o seguinte

vídeo de modo a criarem o seu próprio

microscópio Low-cost:

youtube.com/watch?v=KpMTkr_aiYU

Tablet MagalhãesNo seguimento do netbook Magalhães e dos

equipamentos tecnológicos dedicados às

crianças, a JP Inspiring Knowledge anunciou

o substituto do famoso portátil para os mais

pequenos. Mas não será agora um portátil

mas sim um tablet, que trata característi-

cas bastante interessantes onde se destaca

um ecrã de 10.1’’, um processador ATOM a

1,6GHz e sistema operativo Android versão

4.0.4. Este tablet uma vez que será essencial-

mente utilizador por crianças será resistente

a quedas, pó e água de modo a atingir um

tempo de duração alto. De destacar que o

tablet irá trazer já instalado um conjunto de

ferramentas para aprendizagem interativa no

ensino.

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TEcnOLOGia

screenXNa demanda por uma experiência ainda

melhor no cinema, na Coreia do Sul existe

um sistema que está a ter uma adesão

bastante grande e que tem como principal

trunfo a projeção em 270. Esta projeção é

conseguida através da colocação de telas

laterais no cinema. Para que se obtenha

a melhor experiência possível é necessário

que os filmes sejam gravados com três

camaras de modo a não haver problemas

de redimensionamento de imagem aquan-

do da projeção nestes ecrãs. A Coreia do

Sul pretende em 2014 ter já 30 salas de

cinema com esta tecnologia. Para quan-

do a chegada desta tecnologia às nossas

casas? Será que existirão paredes livres para

podermos visualizar filmes neste formato?

evento appleDepois da apresentação dos novos iPhones

a Apple preparou mais um evento onde se

esperaram bastantes novidades, e onde as

expectativas não saíram defraudadas. Entre

as novidades destaca-se a apresentação

do novo iPad Air, que contará com cerca

de 30% menos de espessura e menos 200g

que o seu antecessor, afirmando-se como

Page 81: Radar 9

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o tablet mais fino e leve do mundo. Este

novo tablet chegará a Portugal a partir de

1 de Novembro e terá preços a partir de

489 euros. Foi também apresentada a nova

geração dos iPad Mini que contam agora

com ecrãs Retina e um novo SoC, Apple 7.

A empresa anunciou também no evento as

novas linhas de computadores portáteis e

pessoais com especial enfase no aumento

de autonomia e diminuição de peso no

caso dos portáteis MacBook, e uma diminu-

ição de cerca de 8 vezes do tamanho no

caso dos computadores pessoais da marca.

Outra novidade de destaque foi o facto

de a Apple anunciar que o seu novo siste-

ma operativo o OS X Maverick ser gratuito

para os seus utilizadores. Boas novidades da

Apple nesta keynote, de onde se espera já

com entusiamo as próximas novidades da

marca.

samsung GlassNo início deste ano a Samsung avançou

com o pedido de patente na Coreia do Sul

para um dispositivo que deverá ser o con-

corrente direto do Google Glass, sendo que

foi agora aprovado o pedido da mesma. Ao

nível estético será bastante parecido com

o Google Glass sendo que ao nível das fun-

cionalidades que apresentará, será similar

ao Galaxy Gear. Segundo a descrição da

Samsung será um gadget dedicado ao des-

porto e que estará ligado ao smartphone do

utilizador. Possuirá também auscultadores

integrados assim como uma lente onde será

disponibilizada informação ao cinema com

esta tecnologia. Para quando a chegada

desta tecnologia às nossas casas?Será que

existirão paredes livres para podermos visu-

alizar filmes neste formato?

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por Patrícia Silvériowww.pumps-fashion.com

raDar spoTs

iD BespoKe sHoes

100% manual, 100% português, 100% Ernesto.

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raDar sPOTs

iD Bespoke Shoes é uma submarca de sapa-tos da iD Values, no seu conceito exclusiva-mente masculino que apresenta o refinar do Bespoke de Luxo.

O projeto nasceu da paixão por sapatos confeccionados pelas mãos especiais de um português sapateiro: o Ernesto.

Paulo Marques explica-nos “o Ernesto é um parceiro de Excelência que faz dos nossos iD shoes um quadro, feito à medida do cliente, com tudo o de melhor que um sapato pode ter... com-pletamente feito pelas mãos de um artista português que olha ao seu tra-balho com um amor infinito. Além de qualquer questão comercial, merecem ser olhados e apreciados”.

A ideia de criar a linha de sapatos surge da premência em responder à necessidades dos clientes da iD Values, “havia a pro-cura por parte dos nossos clientes, não havia oferta da nossa parte. não o tín-hamos feito até hoje porque não tín-hamos ainda conseguido um artista/parceiro com a qualidade e diferencia-

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raDar sPOTs

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ção que nos é exigida pelos nossos clientes , isto até con-hecermos o Ernesto, claro”.

O conceito da iD Bespoke Shoes diferencia-se pela confecção de um sapato único e irrepetível, 100% manual, que tenha o melhor material do mundo, ao gosto e medida específica de cada cliente. Este sapato destaca-se por ser um produto diferenciador e exclu-sivo.

O Atelier iD VALUES é um espaço vintage, assumidamente antigo, coberto de história e de património da arte de fazer sapatos em Portugal e é aqui que o Senhor Ernesto desenvolve todo o seu tra-balho, num processo de fabrico manual que ele próprio aprimorou durante décadas de trabalho.

A iD Bespoke Shoes está preparar uma nova linha de sapatos exclusivamente para senhora, personalizada pela blogger Pumps. Esta nova parceria será lançada muito brevemente e a Radar saberá tudo em primeira mão.

Facebook: facebook.com/iDVALUES

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ÀCabeceira

LiTEraTUra

IMAGEM IKEA

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Miopia e asTiGMaTisMo nUno MarKl

“O meu nome é Nuno Markl. Aqui dentro falo de bifes, lagostas, leitões, circos, touradas, a minha barriga de camionista, as minhas pernas de Popeye, os meus pulsos de baila-rina, cães, gatos, filmes para adultos, acordo ortográfico, Scrabble, dinhei-ro, empresas, cronistas cor-de-rosa, censos, lojas chinesas, música pop, televisão, assaltos, os 40 anos, sala-das, telemóveis, praia, almoços de trabalho, filmes, séries, patuscadas, beijos, vandalismo, Espanha, TV Shop, spam, futebol, feiras medievais, sinais, e há-de haver mais qualquer coisa que agora me escapa. É questão de ler. Mas em casa. Não é aqui na loja sem pagar. Pronto.”

sonoHarUKi MUraKaMi

«Há dezassete dias que não durmo.»Assim tem início a história que Haruki Murakami imaginou e escreveu sobre uma mulher que, certo dia, deixou de conseguir dormir. Pela calada da noite, enquanto o marido e o filho dor-mem o sono dos justos, ela começa uma segunda vida. E, de um momen-to para o outro, as noites tornam-se de longe mais interessantes do que os dias... mas também, escusado será dizer, mais perigosas.

SINOPSES

wook.pt

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MalaViTaesTreia: 14 De noVeMBro

Um chefe da máfia e a sua famí-lia são enviados para uma paca-ta cidade em França, ao abrigo do Programa de Proteção de Testemunhas, após terem denuncia-do os seus amigos do crime. Apesar dos esforços do Agente Stansfield para os “manter na linha”, Fred Blake, a sua mulher Maggie e os seus filhos, Belle e Warren, não con-seguem evitar recorrer aos velhos hábitos de resolver os problemas ao estilo da “família”. O caos instala-se

eM CarTaZo qUinTo poDeresTreia: 14 De noVeMBro

No filme, Benedict Cumberbatch é Julian Assange, um dos funda-dores do WikiLeaks. Ao lado de Daniel (Daniel Brühl), Julian acede a documentos do governo e de grandes empresas e, aos poucos, começa a divulgá-los. Quando um arquivo ainda mais secreto cai nas suas mãos, a dupla encontra um empasse: o que lhes acontecerá se aquelas informações vazarem?

quando os seus antigos compan-heiros da máfia os tentam encon-trar e quando isso acontece, as situações são resolvidas da forma mais improvável...

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cinEMa

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o ConselHeiroesTreia: 21 De noVeMBro

Um thriller intenso sobre um advogado criminalista que ao ser atraído para o emociona-nte e perigoso mundo do tráfico de droga, percebe que a sua decisão momentânea o conduz a uma espiral descendente de acontecimentos imparáveis e de consequências fatais...

os JoGos Da FoMe: eM CHaMasesTreia: 28 De noVeMBro

A continuação das Aventuras de Katniss Everdeen, num futuro não muito distante, onde os E.U.A. sucumbiram a secas, guerras, fogos e fome, e deram lugar a Panem, divi-dido em 12 Distritos.

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NO RADAR

OS ESPECTáCULOS QUE NãO VAIS

QUERER PERDER

1. piXies9 DE NOVEMBRO DE 2013, 21H00

COLISEU DOS RECREIOS, LISBOA

2. sCoTT MaTTHeW14 DE NOVEMBRO DE 2013, 21H00

CENTRO CULTURAL DE BELÉM, LISBOA

3. THe GloCKenWise15 DE NOVEMBRO DE 2013, 00:00

MUSICBOX, LISBOA

4. MinTa & THe BrooK TroUT23 DE NOVEMBRO DE 2013, 00:00

RUA TAPAS & MUSIC BAR, PORTO

5. panDa Bear13 DE DEzEMBRO DE 2013,

LUX, LISBOA

6. anna CalVi16 DE DEzEMBRO DE 2013, 21:00

CASA DA MúSICA, PORTO

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eMMy CUrl10 DE NOVEMBRO DE 2013 – 17:00

FNAC ALGARVE, ALBUFEIRA

BirDs are inDie30 DE NOVEMBRO DE 2013 – 23:30

TEATRO VIRGíNIA, TORRES NOVAS

noUVelle VaGUe13 DE DEzEMBRO DE 2013 – 22:00

PAVILHãO MULTIUSOS, FUNDãO

E AINDA...

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radar magazine