refúgio do poeta 049

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ANTÓNIO CRUZ

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APRENDIZ DE POETA

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Page 1: refúgio do poeta 049

ANTÓNIO CRUZ

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ANTÓNIO CRUZ

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“ PREFÁCIO DE UMA VIDA”

Escrevi num mês distante, trinta e tantos, poemas a fio sem parar, numa espécie de êxtase. E hoje, é um dia triunfal da minha simples existência, nesta minha vida. O que se seguiu depois de alguma tinta ser gasta e muito papel ter sido utilizado; só sobrou um cesto de papéis cheio, foi o aparecimento de um novo “Poeta – Escritor”. Tudo isso, se verificou no continuar do pequeno Sonho de Criança que há muito tempo vinha a desenvolver no meu interior, utilizando pequenas rimas ou alguns pensamentos muito sugestivos da minha maneira de ser. E de ter vivido quando criança e também algumas situações, já como adulto. Desculpem – me, o absurdo da frase; mas apareceu em mim um enorme desejo de transcrever para o papel algo com sentido ou mesmo sem! Era simplesmente aquilo que vindo do meu eco interior ou directamente da minha mente, ditava por palavras ou frases simples, numa leitura rápida, e a minha mão escrevia para um bocado de papel. A expressão que sobressaia no meu rosto era a de um pequeno sorriso esboçado quando terminava mais um tema, mesmo que esse não tivesse muito sentido! Mas, era como se tivesse restituído alguma vida aos mais simples “poemas” ou “contos”, que eram para mim algo profundo mas muito belas. Só que por vezes, bastava unicamente o esboçar de um sorriso para me agradar e aquilo que acabava de transcrever logo por si existiria numa folha de papel sentindo toda a sua magia sem sequer poder falar! E, num certo dia, à noite quando relia tudo aquilo que já havia escrito em simples rascunhos, por vezes, revia ali a minha própria sombra retractada. Eram, e são, simplesmente memórias, brincadeiras, ou mesmo chamadas de atenção para o mundo em que vivemos. Sei que um dia alguém as vai poder ler e as irá existir na prateleira da sua biblioteca para quando este ser já ter abandonado o planeta Terra. Um simples risco da minha curta vida ficará lá conservada, para sempre todo o sempre como sinal da minha pequena existência terrena! E, só assim poderei viver eternamente, por milhares de anos a fio, recordando a Alegria, a Tristeza, o Amor, a Solidão e tudo aquilo que tiver dado a este Mundo! Mas, uma coisa Eu sei, que serei alguém que existiu um dia neste “Universo da Escrita”!... E essa recordação ficará para sempre nas memórias de todos, sendo como aquele que deixou um “Verso” quando morreu, e talvez seja a “Profecia” de uma vida!...

Mozelos, 2000 / 10 / 10 TONY CRUZ

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0 PREFÁCIO DE UMA VIDA MOZELOS, 2000 / 10 / 10

1 DESABAFOS DE AGORA SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 11 / 02

2 REFUGIO - ME SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 11 / 04

3 O FADO DA AMIZADE SANTA MARIA DA FEIRA, 2010 / 11 / 04

4 PESCADOR MOZELOS, 2010 / 11 / 07

5 MAGIA DO FUTEBOL SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 11 / 08

6 JANELA ENFEITADA SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 11 / 11

7 ONZE DE SETEMBRO MOZELOS, 2010 / 11 / 13

8 BANCO DO TEMPO SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 11 / 16

9 NOSSO CANTO SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 11 / 18

10 MOMENTOS ÚNICOS MOZELOS, 2010 / 11 / 21

11 HOJE NESTE LOCAL SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 11 / 25

12 SOFREDORES DESTE MUNDO SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 11 / 30

13 UM POETA MOZELOS, 2010 / 12 / 03

14 A SAUDADE MATA SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 12 / 09

15 SAUDADE DA TRISTEZA SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 12 / 13

16 ESCREVO HOJE SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 12 / 14

17 À SOMBRA DA LUA SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 12 / 17

18 SEM RAZÃO OU MOTIVO MOZELOS, 2010 / 12 / 27

19 NESTE REFÚGIO SÃO PAIO DE OLEIROS, 2010 / 12 / 21

Mozelos, 2010 / 12 / 27

Revelando a magia do futebol à janela enfeitada

Em "Refúgio do Poeta" simplesmente escrevoOs desabafos de agora assim como pescador me atrevo E refúgio-me no banco do tempo sendo um poeta

TONY CRUZ

TITULO LOCAL / DATA

Como no onze de Setembro a saudade mataTambém os sofredores deste mundo procuram ter lataJá que neste refúgio escrevo o fado da amizadeSem razão ou motivo descubro o nosso canto da felic idade.

Escrevo hoje momentos únicos não sendo treta.

E hoje neste local escrevo sobre nadaÀ sombra da Lua com a saudade da tristezaQue se revela nas palavras com muita certeza.

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“DESABAFOS DE AGORA” Tomo um café ao balcão Sento-me no sofá a ver televisão Chove a potes lá fora Vejo as notícias sobre um furacão. A polícia matou mais alguém Em defesa própria ali de prontidão Era traficante ou será um bandido Levava uma pistola na sua mão. Se diz que se fez justiça Surgem os rumores no café É preso mais um deputado Por vigarice sobre algum “Zé”. Já não existe mais absolvição Ao faltar mais santos nesta nação A lei é contornada sobre o mais fraco Virando-se tudo no saco da razão. A programação e as outras notícias Levam todos à lógica da violência Sentado estou de frente para a televisão Procurando me entreter ao faltar a paciência. Escrevo algumas palavras que surgem Ao ver que falta trabalho Para quem precisa de trabalhar Baralhando as cartas com cheiro a alho. Já não existe medo nem censura Cada canal faz as suas notícias Trabalham as mesmas à sua maneira Qual será a mais correcta sem delicias.

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É que a lei pró mais fraco É sempre a mais fodida Agora qualquer um pede o diploma Até a prostituta mais perdida. E querem que eu seja educado Se não posso neste dia falar Sobre os meus pecados vadios Já que aprumado ando sem falhar. Onde pára a nossa liberdade Pois o mundo a condena simplesmente Ao não saber como pedir A migalha ao pobre nem a sua semente. Escrevo agora sentado neste sofá Enquanto lá fora chove a potes Refugio-me nas palavras que se diz Espalhadas pelo café como lotes. É que o nosso mundo pede Mas não dá a nossa liberdade Enquanto se procura paz e trabalho Se nota a falta da igualdade. Neste dia acordei bem cedo Não tendo sossego nem tempo extra Não conseguindo raciocinar com tempo Levo um não de prontidão como letra. Já que arregaço as minhas mangas Do meu corpo nu misturado nos lençóis Ao ver que na hora não tenho sossego Tendo uma espada erguida prós sois.

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Fico assim afastado na hora Quieto no meu lugar fui sofrendo, Ao ver se erguendo um corpo nu Suspirei de paixão pelo seu enredo. Chegou a esta hora e só fico Sentado a ouvir a chuva cair Neste lugar que assumi como refugio Escrevendo as contradições e sem sorrir. Dinheiro pede o meu filho Para jogar nas maquinas do café Olho com aquele olhar de atrofiado Ao não ter sequer uma moeda pró “Ricoré”. Aguardo sentado vendo a televisão Vou esperando que chegue mais alguém Podendo dar duas de letra, pois então Visto que está a chegar o Natal deste além. Já que nada muda na televisão Escrevo ao mundo estes desabafos de agora Terminando com mais um café corridinho Dizendo adeus me vou por hoje embora. São Paio de Oleiros, 2010 / 11 / 02 ANTÓNIO CRUZ

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“REFUGIO – ME” Medito nas palavras que escrevo Ao ter a mania de ser poeta Sou doente pela escrita que leio Saltando à vista um pouco de peta. Passeio os meus olhos pela poesia Seja para que lado eu for Não faço fitas nessa mesma hora Já que tenho esta mania e amor. E quando ouço uma música Agarro as suas rimas com garra Trauteando em delírio mais um poema Que surge com palavras de farra. Canto assim o meu fado poético Refugiando nas palavras o meu coração Que ouço e roubo aquele momento Fixando-as no papel com certa paixão. Pareço uma coruja sábia do momento Agarrando cada letra vinda na hora E agregando uma a uma sem medo Toco esta “guitarra” até me ir embora. Esteja onde estiver no momento Com as palavras que surgem deliro Tentando mostrar ao mundo o meu refúgio Mesmo sendo um aprendiz não me retiro.

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Ao ser o fadista do meu lamento Canto como um rufia sempre a gingar Gritando ao povo que me circunda Que também sei escrever sem parar. Como sou hoje um aprendiz Grito ao povo as palavras minhas Com um entusiasmo fora do comum Sacrificando as letras nestas mesmas linhas. Faltando-me por vezes a voz Ao secar a minha garganta de aprendiz Já que não sei cantar por ora Receio a doença que ficou desde petiz. Não sei se tenho algum tratamento Ou mesmo cura para este refúgio Que levo e que ninguém me segura Ao tomar notas deste meu triste pio. E que por vezes as notas que faltam Ficam gravadas dentro de mim simplesmente Acabando por moer o meu cérebro Levando-me à doença que se cura livremente. Já que a mesma não mata Recorro a beber as palavras e ouvir Das bocas que saem desta malta Que percorre as ruas sem as ver sorrir.

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É que faz falta a esta gente Viver o dia-a-dia sem ter de sofrer Mostro assim neste meu refúgio de aprendiz Que desejo ser feliz até ao dia que morrer. Voo assim por estas linhas preenchidas Pelas letras que escrevo livremente E como uma coruja refugio-me por ora Fugindo à noite do crime secretamente. São Paio de Oleiros, 2010 / 11 / 04 ANTÓNIO CRUZ

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“O FADO DA AMIZADE” Canto neste meu lamento poético O fado da amizade que respiro Mesmo sendo um rufia bem patético Levo a vida cantando aquilo que aspiro. Já como aprendiz recorro amizade Gritando ao mundo com entusiasmo Que a minha ideia não muda de verdade Estando no meu sangue aquele sacarmos. E no meu sangue também está A minha forma de ser fadista Querendo por vezes morrer aqui ou lá Cantando o fado da amizade saudosista. E nesta veia corre aquele sangue Que me leva a escrever a verdade Mesmo sendo um rufia sem gangue Só procuro neste mundo um pouco de amizade. Assim uma boa palavra minha multiplica Em cada verso meu pelos meus amigos Mesmo não tendo uma linguagem prática Sou um fadista que está cheio de artigos. Esses artigos e os vendo nestas linhas Servindo de refúgio à linguagem afável Atraindo muitas respostas de algo em si amáveis Sobre a verdadeira amizade sem ser questionável. Por isso canto com os meus amigos Tentando respeitar a sua vontade diária Escolhendo estas linhas para as palavras Tipo conselheiro das mil letras da “Maria”.

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Como amigo procuro escrever a verdade Ao querer e desejar ser um fiel Utilizando as folhas de papel como protecção Visto as minhas serem um escudo de mel. Já que o mel é doce de vida Ao regar os nossos sentimentos puros Já que os mesmos são o nosso tesouro Que procuramos descobrir para lá dos muros. Pois a verdadeira amizade é um tesouro Que devemos guardar com mil espadas Já que nada se iguala ao seu valor Comparando estas palavras minhas a mil fadas. Mesmo que seja a fada do lar Que governa o meu coração doente Partindo em busca do remédio da vida Assim vou virando fadista ao Sol Poente. E como fadista nesta minha história Que revela letras tementes a Deus Procuro achar mais um amigo fiel Nunca descorando o presente dos amigos meus. Já que nesta vida que levo hoje Recebi de coração aberto excelentes amizades Canto nestas linhas o meu fado amigo Porque o meu amigo é semelhante ás verdades. Pois as mesmas vão para lá da morte Predominando a minha bravura neste fado Utilizo o que resta desta minha alma Visto que canto assim o meu fado alado.

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Não restam dúvidas sobre a amizade Que não quero perder neste caminho Que lavro através de um canto sem igualdade Feito de bronze retirado da terra e do linho. Pois nada se compara à verdadeira amizade Que canto neste fado e navegando os oceanos Vou atravessando o imenso mar da liberdade Que foi construído pelo mundo dos “Caetanos”. Já que esse cantor é poeta também Vai revelando um grito de sobrevivência Em todo aquele amor que vêm do além Utilizando a sua magia conquistada com paciência. Mas como aprendiz nada se equipará Tendo apenas uma flor como minha força Desbastando com este meu fado que nada pára A minha tendência para a amizade com essa moça. Pois com a sua verdadeira amizade Canto ao sabor do seu aroma de Verão Este meu fado sem nada deter a felicidade Que conquistei com o assedio ao seu coração. E nestes dias que canto o fado Revelo nestas letras a minha amizade verdadeira Abrindo as portas de aço como ser amado Mesmo sendo aprendiz do prazer de primeira. Assim neste meu grito quebro rochas Que por mais duras que sejam liberto A minha forma de ser acendendo as tochas Para poder ver neste mundo algo incerto.

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Restando-me assim a verdadeira amizade Que me leva a vencer o tempo com ironia Por isso vou cantando o meu fado sem igualdade Ocultando as minhas rimas de toda a tirania. Mas não oculto as mesmas dos amigos Procurando nessas únicas palavras a meditação Mesmo que seja algo atroz e repleta de castigos Conquisto assim o ouro verdadeiro do coração. Pois o meu fado revela a amizade E a mesma é guardada numa arca E que Deus a vigia sem nenhuma maldade Pousando a sua mão em mim como marca. Uma marca que marca a vida Que levo como aprendiz de pé veloz Escrevendo sobre estas linhas a amizade retida Com este meu fado sem tempo e algo atroz. Começo a ficar sem tinta para escrever O fado que canto faltando-me também fulgor E nada zombará deste meu fado da amizade Ao ser verdadeiro trepo as pirâmides com amor. Nenhuma outra amizade se compara assim A este amor que sinto dentro de mim Construindo este meu fado da amizade por fim Sobre estas linhas como refúgio e meu jardim. Santa Maria da Feira, 2010 / 11 / 04 ANTÓNIO CRUZ

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“PESCADOR” Sou um náufrago neste meio Já que procuro sobreviver ás letras Impondo frases de pescador sobrevivente De um naufrágio imposto pelas tretas. Como um golfinho aventuro-me no mar Em dias de mau tempo marcado Sigo o Inverno das minhas rimas Sendo rigoroso sempre com o ser amado. Avançando por entre as ondas Que se formam gigantemente no mar Vindas de encontro à minha embarcação Viro assim pescador das letras sem parar. Vou ao encontro do meu refúgio Fazendo desaparecer o meu medo Estendendo a minha mão a uma caneta Escrevo sem parar e com muito credo. Já que creio ter chegado a hora De virar pescador das letras Sem temer Deus ou mesmo os doutores Refugio-me assim sem medo nestas tretas. São letras para muita gente Mas sei que só morto irei parar De escrever as frases e rimas que matraca O meu pensar de aprendiz neste falar. Pesco assim como aprendiz a felicidade Com um espírito revolto de solidão Ao ser um pescador perdido em mar aberto Procurando companhia para o meu nobre coração.

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Por vezes pareço um morto como preferível Ao não conseguir lembra-me das histórias Com que escrevo a minha vida de pescador Visto que a rede sai vazia de algumas memórias. Já que as memórias passam a ter sentido Ao transformar os meus pensamentos em poemas Mesmo sendo aprendiz nesta vida de letras Sinto um agradável sentimento vindo ás remas. Pois assim que ponho em contacto Esta caneta com o papel branco Passam a ter um sentido certo Sobre as linhas da vida que tranco. Tranco as letras que solto Na minha rede de pescador poético Com algumas metáforas a descoberto Permitindo o meu contacto algo patético. Já que sou um naufrago nesta vida Perante uma sociedade contemporânea de doutores Enfrentando o meu problema com alguma solidão Tornando tudo numa questão a ser resolvida com dores. Pois não sou único neste mar Visto que a solidão a todos toca Ao estarem sozinhos nesta vida urbana Tudo se torna profundo apanhando uma moca. Visto que não conseguem pescar As letras revoltas da sua poesia, Ao não conseguirem evoluir nesta sociedade Deixam os seus sentidos seguirem na maresia.

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E assim virei pescador de letras Seguindo um rumo na minha vida Tentando encontrar aquele caminho certo Já que sozinho estava sem ter uma lida. Mas foi com essa minha forma Que também consegui vencer livremente Perante as garras de um falcão Que sobrevoava os céus constantemente. Levando-me a naufragar nestas águas Que descobri como refúgio da poesia Ao navegar sobre as letras da vida Conquistando um lugar onde sei o que perdia. Pois assim hei-de continuar a viver Com ajuda de Deus nesta forma de ser Naufragando por entre o mar das letras Até ao dia como pescador tiver que falecer. Mozelos, 2010 / 11 / 07 ANTÓNIO CRUZ

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“MAGIA DO FUTEBOL” Dizem as más-línguas por aí Que sinto um fraquinho pelo Benfica É certo que em pequeno o era Já gostava daquela equipa que dava pica. Pois naquele tempo era o melhor Com Bento, Néné, Shéu e companhia Jogavam à bola como ninguém Fazendo valer o seu conjunto no dia. No dia de se ir à bola Ou na noite das grandes decisões Sobre o relvado a mesma rolava Sobrepondo-se a todos como campeões. Já que subia ao relvado Naquelas tardes, noites o glorioso Com Humberto Coelho a capitão Arrumava a casa em comando talentoso. Era o voo da águia sem igual Sobre o grito do povo avançavam Com o rei Eusébio nas bancadas Manifestando mais uma vitória que abraçavam. E com um gracioso bater de asas Sobre aquele relvado a multidão agita E cantando o hino aos seus heróis Ao terminar o jogo quando o arbitro apita. Brinda assim a multidão numa onda Enquanto a águia bate asas livremente No seu leve agitar sobre o estádio da Luz Já que a bola gira no tapete apressadamente.

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Fazendo daquele tapete verde majestoso O santuário das águias do glorioso Procurando no seu jogo um golo marcar Dando mais uma vitória como bem precioso. Gritavam as roucas gargantas do povo A uma só voz golo do Toni – Benfica Enquanto os heróis correm em festejos Agradecendo ao publico e que bem lhes fica. Pois a nobre águia os inspirou No seu voo e a noite – tarde é linda Tornando-se sumptuosa em mais uma vitória Nada os fazia para na sua arte finda. Acontece que com aqueles jogadores A bola parecia ser mágica e misteriosa Perante aquela equipa que o povo amava Vestidos de encarnado e mais uma noite gloriosa. Enquanto ouvia aquele velho rádio “Grundig” Decorava os golos daqueles meus heróis Gravando na minha pequena memória Mais uma vitória sorrindo e ouvindo até depois. Já que corria até à rua festejando As jogadas incríveis que na rádio ouvia Sobre aquele Benfica da minha infância Por isso homenageá-los, resolvi como pretendia. Já que este Benfica de agora Nada tem do Benfica das noites puras Que até nas suas poucas derrotas Mostrava a sua grandeza com loucuras.

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Apesar de amar o meu Belenenses Não esqueço aquele Benfica tão glorioso Que levava Portugal nas suas camisolas Demonstrando aquele seu voo bem talentoso. Pois com tanta bravura alcançou vitórias Nas noites Europeias frias e escuras Fazendo brilhar o seu belo futebol Que tanto me levou atingir certas loucuras. Hoje a gloriosa águia voa livremente Mas já sem o brilho ou a grandeza Daqueles tempos dos heróis sagrados Ficando triste por falta de tanta esperteza. Já que a magia do seu futebol Se apagou alguns anos na Luz Por isso recordo assim nestas palavras Deixando de ser essa a minha cruz. São Paio de Oleiros, 2010 / 11 / 08 ANTÓNIO CRUZ

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“JANELA ENFEITADA” Recordo o meu primeiro beijo Roubado sobre uma janela enfeitada A uma jovem de outrora bela Que me cedeu seus lábios de amada. Posso parecer um pouco poético Mas ainda sinto hoje o seu sabor Foi terno e carregado de calor Numa meiguice não faltando amor. Minha paixão por aquela fada Que encantava o meu pobre coração Me faz recordar ainda hoje Aquele primeiro beijo ficando em tesão. O meu olhar naquela hora foi de encontro Aos seus lábios carnudos de bela amada Fazendo estremecer os nossos corpos De jovens inocentes num conto de fada. Naquele beijo senti meu corpo estremecer Num toque de línguas ao sentir seus lábios Fazendo sobressair o cheiro do seu perfume Carregado de prazer, fazendo despertar os sábios. Sua pele perfumada fez em mim despertar A inocência de criança para um jovem Ao sentir o gosto daquele primeiro beijo Fazendo em mim nascer o simples homem. Enquanto as nossas respirações ficavam aceleradas Num bater de corações jovens carregados de desejo A pressão aumentava e cada vez mais forte Perante aquele nosso primeiro e eterno beijo.

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Foi aquele beijo que transformou A minha solidão vivida até aí Caindo em graça como minha sorte Revoltando o meu ser partindo dali. Já que o encontro dos nossos lábios Em verdade abonaram o meu ser Provocando dentro de mim uma resistência Para a qual não sabia viver. Foi ao provar o sabor daqueles lábios Que me levou a fazer uma penitencia Procurando com aquele primeiro beijo Acabar com até então a minha inocência. Pois hoje não interessa os pecados Que ao longo da minha curta vida Fui cometendo após aquele primeiro beijo Mas sei que foi a minha descoberta perdida. Já que até aquela hora nada sabia Sobre os sabores de uns lábios Tendo então o apoio dos meus anjos Diz a minha descoberta falada pelos sábios. Agora refugio-me nestas palavras escritas Recordando todos os beijos já sentidos Por este ser covarde perante a vida Que nada mais interessa nestes pecados cometidos. Jamais esquecerei aquele primeiro beijo Em que foi roubado numa janela enfeitada Por um rosto de uma jovem donzela Sem desarranjos alguns para aquela minha amada. São Paio de Oleiros, 2010 / 11 / 11 ANTÓNIO CRUZ

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“ONZE DE SETEMBRO” Neste meu refúgio poético não podia deixar Um dia de escrever sobre Onze Setembro Relembrando as memórias da gente perdida Escrevendo um pouco sobre o que me lembro. Pois avançava a aurora naquela manhã Espreitando o Sol com o Vento a urrar Por entre os cabos eléctricos como prenuncio De algo estranho que estava para começar. O impensável estaria para acontecer Com um terror no ar bem presente Gerando ás mentes pérfidas uma mensagem Com cataclismo iminente sem tolerância diferente. Já que a mesma tolerância se escapava Por entre as mãos dos nossos governantes Como um manto sujo e negro assim surgia O terror que pairava no ar com choros dilacerantes. Escrevo agora com algum sangue na alma Pois crateras profundas foram abertas Pelo homem nos nossos corações já sofridos Perante tanta crueldade e desumanidade despertas. Pois nos céus voaram abutres de ferro Famintos de uma fome espalhando o terror Que jamais a humanidade tinha presenciado Ao sofrendo com um medo e muita dor. Nessa manhã as cinzas pairavam nos céus Copulando com as nuvens brancas da paz Transformando o mundo com uma indignação Descrita nas páginas mais tristes de quem jaz.

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Também agora escrevo nestas páginas Com o meu coração sofrendo em sangue E muita dor ao ter um buraco no céu Que foi formado pelas mãos de certo gangue. Recordo as mãos nos rostos refugiando-se Perante um terror e angustia escondida Na alma da humanidade sem incompreensão De um medo fixado sem razão ou medida. Pedaços de tudo, misturados com pedaços de vida Fazem de destroços num amontoado presenciado pelo terror Já que vidas foram destruídas em apenas alguns minutos E derrubando dos céus as Torres Gémeas sem favor. Sangue, lágrimas e pó nos rostos Demonstrando ao mundo toda aquela dor Enquanto o dia não se apagou na hora Vão ficando as memórias de tanto sofredor. Tanta vida foi ceifada sem se esconder Ficando imagens terríveis e momentos inesquecíveis Sentindo-se no ar tanto sofrimento e falta de palavras Surgindo apenas vozes tristemente roucas e pouco audíveis. Já que o sofrimento veio do ar De onde ninguém queria ou podia acreditar No entretanto aquelas imagens continuavam a chegar Fazendo derramar lágrimas atrás de lágrimas em cada olhar. E as horas iam passando perante tanto terror Todos os sentimentos de raiva e ódio vão aumentando Espalhando-se nos rostos de quem vê tanto desespero Perante as vidas que simplesmente se iam ceifando.

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Hoje recordo nestas minhas palavras Essa mesma porque foi até aí provocada Por gente sem sentimento humano e coração Ao provocar tamanha chacina naquela eterna Alvorada. Foram vidas de inocentes ali ceifadas Onde jamais se tinha visto tal filme de terror Fazendo em nós rever essa mesma dor Vendo as Torres Gémeas derrubadas do seu esplendor. Um vazio ficou nos céus do mundo Homenageio com estas minhas palavras agora Os mártires daquele dia Onze de Setembro Escrevendo para a história terminando aqui por ora. Mozelos, 2010 / 11 / 13 ANTÓNIO CRUZ

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“BANCO DO TEMPO” Neste meu canto encontro caminhos Que por vezes estão cheios de espinhos Não sabendo sobre o que queria falar Procuro em mim algo de errado nestes trilhos. Trilhos que faço diariamente assim Procurando encontrar palavras suaves em mim Perante um virar de rosto ao longe Estando perto daquele nosso momento enfim. Tu não podes dizer que não sou forte Se não me deixares responder livremente Já que à mais pequena coisa explodes Deixando nossos rostos lavados em lágrimas simplesmente. Pois uma coisa é certa no momento Que dividimos as lágrimas que de nós brotam Perante tantos sonhos planejados com zelo Para uma vida inteira que não se esgotam. Basta que libertes o teu coração e o meu Espalhando as nossas palavras ao vento com amor Apresentando as condições que reservamos com carinho Para esta nossa vida cortando na nossa dor. Já que planeamos anos afim as razões Que nos levaram a receber este nosso amor Pois através destes anos cresci para te amar Num compromisso sem te ofender nem provocar dor. Visto que nas palavras que utilizava diariamente Paralisei o meu coração com um orgulho tolo Ao encontrar o teu pensar não podendo ceder Já que este meu ser estava embrulhado num rolo.

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Segui então este meu caminho de espinhos Em que tu nunca tentaste realmente ser diferente Ou pelo menos assim parece, recebendo eu a culpa Por tentar fazer de tudo sendo a minha semente. Uma semente onde coloquei o meu amor Sem ter condições durante estes anos todos Não sabendo agora como voltar atrás neste caminho Que povoaste espalhando espinhos sem nenhuns modos. Pois esses espinhos espalhados rasgaram meu corpo Ferindo o meu coração sem tempo como aprendiz Fazendo brotar de mim o sangue vivo da paixão Secando os meus olhos de tanto ver o nu de petiz. Já que este meu amor foi abandonado E espalhado aos ventos sem ter condições Pensando sempre que me amavas livremente Mas hoje não sei quais foram as tuas razões. Razões, essas que me levaram a amar-te assim Parecendo ser engraçado para ti o meu amor Não fazendo diferença o mesmo ter chegado ao fim Seguindo os trilhos e suplicando que se acabe esta dor. Já que por ora só faço contas Ao tempo que gastei tentando ser diferente Durante estes anos todos que te amei livremente Procurando carinhos teus mesmo para lá do poente. Sigo agora este meu caminho cheio de espinhos Divagando nas palavras escritas por mim ao relento Não tendo onde me abrigar do mal que surgiu Trazido por ti e pelas ondas do simples vento.

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Refugio-me sentado neste banco do tempo Procurando palavras para um novo começo Enquanto aguardo encontrar o caminho que me leve daqui Assim nestas curtas linhas por agora me despeço… São Paio de Oleiros, 2010 / 11 / 16 ANTÓNIO CRUZ

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“NOSSO CANTO” Hoje sento-me aqui neste canto Que em tempos foi o nosso canto Sentindo o cheiro daqueles nossos momentos Em que a paixão deu lugar aos lamentos. A Lua espreita lá no alto Por entre as nuvens escuras do espanto Recusando-se a se mostrar livremente Enquanto fecho os olhos neste canto. Assim que fecho os olhos no momento Sinto uma força interna cheia de sentimento Sinto que estás no ar meu ser E que o me coração procura te ver. Já que és o meu belo refúgio O amor da minha vida sentida E que continuo amar como o prometido Neste mesmo banco com a Lua escondida. Sei que prometi diante desta Lua Podendo ouvir ou te ver também nua Ao transformar as nossas lágrimas em sorrisos Perante esta nossa paixão sendo assim precisos. Quero e desejo ser teu amigo Assim como teu amante confidencial Já que acredito naquilo que escrevo Vendo o teu olhar que para mim é fatal. Visto que o teu olhar era profundo E sentindo a tua voz serena neste mundo Acreditava na paz que nas tuas mãos depositada Ao sentir o calor do teu corpo de amada.

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Já que aqui neste mesmo lugar Perdi-te perante tanta beleza humana Visto que nada disso tinha ainda encontrado E que simplesmente partiste no nada e emana. Não sei porque foste assim sem nada Porque saíste da minha vida “conto de fada” Num simples fechar de olhos bem longo Acabando com os nossos sorrisos cúmplices logo. Pois alguns segredos foram revelados Através dos nossos rebeldes olhares Utilizando palavras meigas pelo meio Nas nossas noites loucas por vários lugares. É que não foram só as noites Mas os dias de loucuras com afoites Tirados nas tardes calmas deitados nas areias Olhando o Sol e o Mar por entre as teias. Já que nelas nos envolvemos livremente Cobrindo os nossos corpos nus Levaste então contigo aquela nossa paixão E deixaste-me pregado a esta minha cruz. Assim levaste também contigo uma parte de mim Abro os meus olhos neste lugar por fim Vendo esta nossa Lua escondida por ora Enquanto fico sentado por aqui agora. Pois neste nosso canto fico mais um pouco Revivendo cada nosso momento juntos Pensando que o meu coração é teu E que para sempre te amarei mesmo ao sermos defuntos. São Paio de Oleiros, 2010 / 11 / 18 ANTÓNIO CRUZ

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“MOMENTOS ÚNICOS” Reparo neste momento que passa agora Que trago as minhas abertas com lamento E nelas sinto um vazio de um nada Espero por ora um sopro do vento. Junto as minhas mãos neste vazio Em forma de concha sem sentido Espero assim mesmo por uma gota De um amor já que ando perdido. Pois tudo aquilo que eu sonhei É hoje um nada na minha vida Perante as tardes calmas de Verão Em que recebia o amor da flor perdida. Uma flor que desabrochou em pleno Verão Revelando ao mundo tudo com que sonhei Sentindo em mim o seu fruto rebelde Confidenciando a este tempo o que tanto desejei. Reparo aqui nestas linhas pintadas Que trago os meus olhos abertos Estampando neles tudo aquilo que li Num tempo remoto escrito pelos espertos. Já que percorri alguns desertos nesta vida Pintando algumas telas singelas de paixão Refugiando-me por jardins então secretos Gravando essas imagens dentro do meu coração. Pois também gravo as imagens do mundo Com palavras discretas e muitas sem sabores Que neste tempo se apagam perante o silêncio De palavras trocadas com sentido e cheias de odores.

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Já que existe um silêncio como refúgio Que simplesmente utilizo para fechar a boca Aninhando em cada troca que faço abruptamente Ao surgir o mistério nesta história de poesia louca. Percorro assim cada história que escrevo Num ensaio de palavras cheias de amor Que me fizeram viver um conto de fadas Libertando a minha alma poética carregada de dor. Lamento muitas vezes o tempo perdido Perante o mistério da minha vida solitária Reparando como a sua alma vinha limpa Ao ser audaz para comigo como na primária. Hoje o meu peito grita num avanço Pois cada dia que passa se torna veloz Em que as cores passam a ser preto e branco Pintando assim as imagens de todos nós. Sei que posso oferecer nas palavras escritas As cores que embelezam esta minha vida Reencontrando aquele amor descoberto e que se fundiu Como um belo amanhecer audaz para despedida. Reparo assim que a vida nos trás Algumas surpresas através de momentos raros Com um único sentido marcado para nós Que nos leva a tornar o nosso amor dos mais caros. São momentos únicos e que vemos hoje A sua indelével beleza perante estas vidas Utilizo agora estas minhas palavras vazias do nada Podendo jurar que jamais nestas linhas estão perdidas. Mozelos, 2010 / 11 / 21 ANTÓNIO CRUZ

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“HOJE NESTE LOCAL” Nesta hora refugio-me na poesia Enquanto tento acalmar a minha alma Deixando no ar uma ponta solta Para poder escrever com alguma calma. Sento-me neste local procurando palavras Que recito no meu interior humano No momento em que não olho o céu Procurando a luz deixada pelo meu mano. Estou assim neste meu refúgio secreto Chorando por uns instantes procurando rimas Que me possam levar daqui para fora Sem saber ao gosto das amargas limas. É minha hora mais triste e mais alegre Onde surge a infelicidade assim como a felicidade Vinda através das palavras que circulam livremente Nesta hora que sinto aquela triste saudade. Já que a vida em mim marcou Uma passagem sem ter hora marcada Surgindo ao sabor dos meus pensamentos tresloucados Enquanto fazia perguntas a Deus sem ter amada. Procurando as respostas para a minha solidão Ia pedindo a Deus assim nestas linhas Que me ajudasse a encontrar um amor Já que o mesmo tantas vezes se negou a milhas. Sentado hoje estou neste meu refúgio Sentindo a saudade bater no meu atribulado coração Sabendo que sou e sempre serei um fiel À paixão que sinto por uma flor com razão.

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Pois com ela obtive certo reconhecimento Ao ganhar uma nova vida sem sofrimento Surgindo a resposta do céu perante tanto apelo Recolho agora neste local pedaços deste meu sentimento. Posso assim acreditar no chão que piso Que encontrei um amor no meio da sociedade Andando perdido no tempo e longe da vida Seguindo à deriva em busca da minha felicidade. Sei que mais ninguém neste mundo Sente mais saudade do que eu Daquele tempo que procurei a felicidade Recebendo ajuda de quem me bem conheceu. Já que apareceu uma alma viva Neste duro caminho que até então percorri Hoje neste meu local secreto refugio-me solitário Recolhendo os pedaços espalhados pelo chão onde morri. Pois morri para aquele meu passado sofrido Renascendo para um futuro com amor e paixão Utilizando palavras soltas com um sentido bonito Descobrindo também que as mesmas trazem ilusão. Por isso saco do fundo do poço as rimas Tentando mudar sozinho a cidade deste mundo Elevando o amor que sinto dentro de mim Com a poesia que escrevo ficando mudo. Tento assim aceitar este meu dom Sentado neste meu local secreto escrevendo Perante um humilhante destino que se reservou Sendo jogado a um canto afastando de mim o medo.

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Hoje acredito que Deus me guia simplesmente Protegendo-me como fez com o seu povo Tornando-se meu protector nesta minha curta vida Já que acreditei muitas vezes inocentemente sendo ainda novo. Pois acreditei que a caridade existisse Por entre a nobreza dos homens ao ser poeta Desprezando a fome pela qual passei um dia E tendo o amor para conquistar como minha meta. Assim neste canto que não acredito Que não haja alguém que não tenha um passado Ou mesmo repetindo algumas das minha burrices Que o tempo já levou só que hoje sou amado. Neste canto secreto hoje escrevo livremente As palavras que sinto mais ninguém as sente, Escrevo assim nestas folhas dobradas em quatro Tudo o que leio e penso saído assim de repente. Espero que um dia as mesmas voem Pelos quatro cantos do mundo como semente Já que sou um simples aprendiz de poeta Sentando hoje neste local e escrevendo livremente. São Paio de Oleiros, 2010 / 11 / 25 ANTÓNIO CRUZ

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“SOFREDORES DESTE MUNDO” Neste mundo que vivemos existe medo Um medo que assombra vários lares Onde a violência impera como rotina Surgindo por vezes a mesma em pares. Escrevo nestas linhas em branco agora Como refúgio neste tempo de hoje moderno Em que a violência doméstica ainda existe Apontando o dedo nas folhas deste caderno. É que um jovem um dia escreveu Que muitas vezes os agressores são os maiores Ao se acharem senhores das suas vitimas Vingando-se de tudo e de todos de males piores. Já que as vitimas para eles merecem Toda a sua vingança é imposta a ferros Bastando um olhar inocente da sua vitima Para que o ciúme parta para a violência e berros. Pois para eles ninguém pode ser simpático Fazendo evoluir a sua violência sem nível Imperando o medo dentro dos seus lares Faltando a coragem para a denuncia ser audível. Essas vítimas, por vezes pensam sozinhas Em um dia apresentar ao mundo o seu terror Mas o medo existe sempre dentro de si Pensando que esse dia tudo mudará para o seu agressor. Ou o simples facto de pensarem para si Que talvez mereçam receber todas as agressões Por terem cometido algum erro no seu passado Só que vão fechando suas bocas assim como seus corações.

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Por isso se refugiam num canto seu Lamentando-se simplesmente pela vida que levam assim Faltando-lhes a coragem para enfrentar a sua liberdade Chegando mesmo por vezes a ser o seu fim. Mas a violência não é só nos lares Também surge como racismo ou sobre as crenças Já que neste mundo existe um pouco de tudo Fazendo com que os homens apreciem estas doenças. Já que para os que sofrem desta violência Vão fingindo que não sentem nenhuma dor É que existe neste mundo sempre quem se ache Um ser de outro mundo e sempre um ser bem superior. Perante tamanha violência falta por vezes Ao poeta palavras ou mesmo aquele jovem Para descrever o crime deste mundo velho Cheio de doenças e já sem cura para o homem. Pois para seres humanos que também são As suas vidas deixaram há muito de ter cor Sofrendo agressões de várias formas e feitios Passando a existir apenas para si aquela dor. Nestas curtas palavras relembro e me refúgio Nestas linhas horizontais em ter um destino Fugindo à solidão de outros tempos como violência Neste mundo cínico mas no qual escrevo com tino. É como o jovem que um dia escreveu Ainda existe esperança para os sofredores deste mundo Ergam a sua voz denunciando bem alto sua dor Com palavras proferidas através deste vosso escritor. São Paio de Oleiros, 2010 / 11 / 30 ANTÓNIO CRUZ

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“UM POETA” Era uma vez um menino que sonhava Sonhava um dia vir a ser poeta Pois os livros e as suas letras ele amava, Começando a escrever ao ver um cometa. E por querer ser um poeta ele escrevia Começando aos poucos a saber como “poetar” Encontrando assim o seu refúgio no que escrevia Assim também o que via ele não deixava de desenhar. Pois o desenho era o seu sonho também Quando não encontrava palavras para as suas poesias Assim lia e escrevia, não tendo nada mais de medonho Só queria ser alguém perante todas as maresias. Mas como aprendiz de poeta deixou de “poetar” Perdendo as suas folhas rabiscadas com poesia Nunca conseguindo entender acabou mesmo por parar Já que os seus sonhos se perderam durante o dia-a-dia. A vida lhe foi ensinando como era dura de viver A sua alegria foi morrendo aos poucos e poucos Deixando de falar ao mundo estando ele a sofrer Refugiando-se no seu pequeno quarto longe daqueles loucos. Só que hoje ele escreve sempre um poema Que talvez nunca finda nas brancas folhas Continuando sempre a sonhar e conquistando um tema Ao preencher as linhas da sua vida construída pelos trolhas. Pois um só poema nunca finda já que continua Escreve assim aos anjos e à sua bonita amada Perante uma Lua que ilumina a sua beleza nua Sobre o leito da paixão que à muito foi reclamada.

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Agora escreve palavras soltas em refúgio De um tempo que deixou para trás simplesmente Procurando não esquecer mais cada elogio Que surge no acontecer lançando sua semente. Já que ele e a vida travam uma batalha Ao andar sempre com a sua casa ás avessas E por vezes entra numa greve onde se malha Não tendo nomes para definir todas as travessas. Tudo parece ser difícil nessa sua longa greve Faltando um tema ou mesmo uma história Para poder contar em rimas mesmo que sejam breves Andando em busca do seu refúgio como vitória. Agora esse poeta só para si, ele escreve Sobre o horizontal branco das suas linhas Que a sua mente dita no seu breve momento Nunca deixando ou tentar sempre rimar como as minhas. Esse dom é para si como uma nova nascente Escrevendo linhas a fio sem ter um fim Já que nasceu em si forte como uma semente Fazendo-se acompanhar pelos caminhos nesse ritmo assim. E toda a sua vida não passará de um refúgio Em que a sua poesia de aprendiz faz livremente Sabendo que as mesmas nunca serão postadas pelo fio Ficando confiscadas aos pensamentos num tempo abertamente. Pois as suas belas poesias outrora foram rimando E traduzindo os seus mais nobres sentimentos profundos Hoje fazem parte do seu dia-a-dia sem ter fiado Os seus distantes momentos vividos pelos vários mundos.

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Procura assim atingir os picos da alegria Em que a sua felicidade está bem presente Enquanto dita palavras para uma folha esguia Tenta fazer rimar as palavras sem estar ausente. Já que na sua mente escreve as rimas Por um motivo qualquer que na sua vida ocorre Tudo vai mudando a cada letra como suas primas Fazendo de si um aprendiz de poeta que não morre. Pois é certo que um poeta não morre Ao deixar a sua semente com vida própria Em que a sua inspiração o faz viajar enquanto corre De lés a lés na sua escrita cheia de memória. E só a sua inspiração o faz assim viver Levando as suas rimas através dos ventos únicos Como um poeta que sonha em não deixar morrer A sua escrita com pensamentos rimados e sempre únicos. Mozelos, 2010 / 12 / 03 ANTÓNIO CRUZ

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“A SAUDADE MATA” Como aprendiz de poeta escrevo Sobre a saudade que aos poucos mata Mas por enquanto sorrio sem relevo Sobre a dor que me atormenta com lata. Esta saudade que me atormenta Tem os seus dias contados de vida Mesmo sendo para mim tristonhos se lamenta E leva o meu vazio para lá sem despedida. Sorrio sobre estas folhas que escrevo Para que tudo possa assim terminar Encontrando o meu refúgio e um trevo Que a sorte me trouxe ao saber amar. Já que uma dama vestida de flor Conquistou meu coração de uma forma Quando já nada mais me restava que a dor Abriu o livro dos sonhos encantador com a reforma. Assim o seu sonho encantador abriu meu céu Sorrio por ora perante o Sol que brilha Até se perder de vista a luz do céu Ao pesar a minha cruz durante uma milha. Senti assim a leveza da minha pesada cruz Ao carregar sobre os meus ombros doridos Ficando cansado avistei a sua nobre luz Esquecendo tudo e todos nestes versos coloridos. Sorri-o e vou mentido mesmo para mim Escondendo muitas vezes a dor de um passado Que a saudade levou tentando por um fim Podendo notar nestas minhas palavras que sou amado.

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Pois hoje posso dizer que sou amado E o mundo tem que deixar de supor Já que sou feliz assim neste meu fado Que escrevo simplesmente ao afastar a minha dor. Já que a saudade também era a solidão Que sentia por não estar acompanhado Mas o amor de uma flor encheu meu coração E hoje posso bem dizer que sou bem amado. E como aprendiz escrevo que o meu amor Reserva dentro de si a saudade neste presente Que sei que no passado amei com alguma dor E que a mesma não passou por muita gente. Escrevo agora que o meu presente emerge Ao não adivinhar qual o meu próximo futuro Convido estas palavras a levarem a saudade herege Sentindo-me vivo nestas linhas, mas de coração duro. Já que ao sentir a saudade que existe Tornando o presente num inferno que persiste Visto que uma dor ficou para trás e insiste Em martirizar a minha alma de pé em riste. Pois a mesma dor transporto nestas palavras Com um certo gosto da morte na minha boca Ficando para trás o meu desejo de cravas Sentido a saudade a querer sair da sua toca. Não existe uma só pessoa neste mundo Que não sinta a saudade bater à porta Por um amor que amou bem profundo Ou por uma infância que já está morta.

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Pois esse é o nosso maior sofrimento E como aprendiz de poeta escrevo assim Que a saudade por vezes é o nosso tormento Mesmo que a nossa vida esteja perto do fim. E se não passarmos pela vida que vivemos Não sentiremos a saudade como um desejo Sendo ela o nosso maior sofrimento que escrevemos Nestas linhas e nem que seja um simples beijo. Já que no nosso amor também mora a saudade E como poetas apaixonados a sentimos em nós Não somos nada se nunca tivermos sofrido pela amizade Recordando assim também a vida dos nossos avós. E como m simples aprendiz de poeta escrevo, Que a minha saudade também me mata Enquanto percorro estas linhas colocando relevo Nas rimas que faço terminando assim antes que parta… São Paio de Oleiros, 2010 / 12 / 09 ANTÓNIO CRUZ

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“SAUDADE DA TRISTEZA” Chega a saudade pé ante pé Mas não sei onde pára a tristeza Já que sem ela não sei nada É que a mesma tem a sua beleza. Faço uma prece neste meu refúgio Esperando que a mesma regresse Porque só com a saudade sofro E peço assim a Deus que a apresse. Tudo parece um contraste de realidade Mas não posso mais assim sofrer É que na realidade sem a tristeza Nada escrevo com a saudade a morrer. É que o tempo da saudade dita Se a tristeza trás a sua paz Existindo uma certa beleza na mesma Refugiando a minha alma poética desde petiz. Neste rapaz de hoje falta a tristeza Notando-se uma melancolia existente sobre a saudade Que se revela dentro de mim numa certeza E a mesma não sai de mim com felicidade. Espero por entre as linhas da vida Que a mesma possa um dia voltar Porque preciso da tristeza para escrever Coisas lindas e assim como loucas sem parar. É que no tempo de hoje me refugio Nos beijos que a minha boca deu Parecendo dois lábios colados peixinhos Namorando num imenso mar que cedeu.

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Nado assim por entre os versos Que a saudade repousou sem tristeza Depositando nos braços de uma amada Com milhões de carinhos cheios de beleza. Aperto o meu coração colado assim Sobre as rimas deste poeta com saudade Que eleva calado as suas palavras Num mundo desconhecido e sem igualdade. Procuro neste meu mundo regressar à vida Encontrando a tristeza que perdi pelo caminho Sem que o mesmo tenha um simples fim Tornando a mesma um negocio de linho. Já que noutros tempos fugi ao fim Que batia à minha porta livremente Sentindo a beleza da tristeza como rainha Ao depositar na sua soleira aquela semente. Hoje não a vejo e sinto sua falta Porque a saudade que sinto em mim Se refugia nas expressões escritas por mim Perante a voz e o cheiro duma dama alecrim. Pois a sua liberdade me fez sonhar Esquecendo a tristeza ao obter o seu carinho Surgindo assim uma amizade à beira-mar Com a luz da Lua iluminando o nosso caminho. Como não vejo aquela minha tristeza Imagino com saudade um certo vazio Que por vezes retira o meu sono profundo Fazendo-me sentir como um simples poeta vadio.

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Por isso hoje estou triste neste abandono Em que a amizade ganhou com amor Restando apenas a saudade ainda viva Para o meu refúgio como sentimento de dor. Mas como não quero perder o amor Escrevo perdido por entre a minha saudade Procurando a tristeza liberta das grades Fortalecendo ainda mais esta minha amizade. Já que a saudade que sinto hoje Deixa a tristeza para trás neste abandono Que como poeta escrevo sem ter sentido Mas sentindo em mim que sou apenas o seu dono. São Paio de Oleiros, 2010 / 12 / 13 ANTÓNIO CRUZ

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“ESCREVO HOJE” Perante um eclipse poético Escrevo na escuridão como aprendiz Revelando ao mundo palavras de lírico Como se fosse um feiticeiro feliz. Sentado numa rocha à beira-mar Espero ansiosamente pelo nascer do sol Pintando nas linhas destas folhas sem parar E escutando as ondas como musica sem rol. Uma chama arde vivamente em mim Enquanto escrevo a minha nobre poesia Com um sentimento que não tem fim Sentindo-me vivo nesta paixão que sinto dia-a-dia. Pois um fogo intenso neste momento sinto, Que se encontra vivo e cheio de sentimento Procuro com palavras descrever e não minto Que esta minha paixão tem muito alimento. Sirvo-me da maçã como meu pecado Alimentando a minha alma nua com rimas Ao refugiar-me como poeta na caverna do lado Sentindo o calor da vida junto das minhas primas. Já que percorro os rios da luxúria Com um fogo intenso ao som da música Que embala a minha sede pela Núria Aproximando-me do seu corpo nu sem túnica. Navego assim perante este meu refúgio Ao leme deste meus versos bem vadios Com esta minha escrita cheia que guio Na noite escura que aí “Dios Miú” dos cios.

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É que neste refúgio que criei agora Já algum tempo o tinha descoberto livremente Repousado estava na minha alma de sogra Sentindo um amor vazio depositado como semente. Mas como um poeta pego numa caneta E assim escrevo como aprendiz das letras Escrevendo sobre vidas escondidas numa gaveta Com um sentimento vivo na alma e sem tretas. Percorro assim labirintos sem ter alguma paz Pelas montanhas da verdade e da mentira Como um lobo solitário, mas bom rapaz Querendo descobrir a minha toca sem ter mira. Acredito sentado hoje nesta mesma cadeira Que estas minhas palavras voaram um dia Por entre as árvores do meu destino à primeira Sem ter um fim neste mundo como assim pedia. É que a chave do meu futuro diz Que um dia chegarei ao meu destino Dançando nas ruas da poesia que fiz Enquanto isso escrevo hoje, este desatino. São Paio de Oleiros, 2010 / 12 / 14 ANTÓNIO CRUZ

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“À SOMBRA DA LUA” Estou sentado num banco de pedra Olhando o brilho da Lua nesta noite Vejo os rostos das pessoas que passam Num corre, corre da vida com afoite. Passam sobre a pálida luz do lampião Colocado no passeio desta calçada Procuro um bocado de papel e escrevo Seguindo sem escolha esta minha chamada. Sigo nas linhas do papel com letras Com as luzes brilhantes como guias Vendo as pessoas passarem seguidas pela luz Que a Lua ilumina como se fosse espias. Por isso rezo todos os dias da vida Para poder ser forte nesta escrita Pois sei que o que vou fazendo Por vezes está errado, não tendo pita. Sigo assim a minha sombra nesta noite Os sons dos pés que passam ao ouvido Vou vendo a luz da Lua brilhante Sobre as águas do mar estando dividido. Mas enquanto houver uma Lua Vou escrevendo nestes meus únicos intervalos Já que há muito tempo atrás tornei-me Num falsificador de rimas vagueando sobre mil cavalos. Hoje sou aquilo que sou um vadio E ao não ter um refúgio já fui preso Por esta vida como um simples cordeiro Ao roubar inocentemente a poesia de peso.

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Agora simplesmente fico na sombra da Lua Não podendo mostrar o meu rosto sujo À luz do dia ao ser um criminoso marcado Pela minha escrita como diz um outro cujo. Escondo assim o meu rosto sobre esta luz Enquanto a Lua ilumina um rosto belo Andando sozinha nesta calçada sem trono Fixando seus olhos de fera como um cutelo. Tento assim esconder este meu rosto Com a aba do chapéu tapando os olhos Já que sou um pecador neste mundo Roubando as palavras e rimas aos molhos. Percorro a figura esbelta nesta sombra Tocando o seu corpo com mãos de padre Enquanto tento descreve-la nesta folha de papel Acordo para a realidade como dizia a minha “madre”. Já que sou um vadio nesta vida Vivendo na sombra da Lua no dia-a-dia Escutando o som dos pés sobre a calçada E avistando as águas vou inventando a minha poesia. Pois enquanto houver uma Lua escreverei Ao ver as jovens que passam vou sonhando Sentado nos bancos de pedra desta calçada E contra o meu instinto animal vou lutando. Como pecador que sou neste mundo vadio Rezo a Deus para que humilde possa ser Amando à sombra da Lua estas palavras Que ao escutar os sons vou podendo escrever. São Paio de Oleiros, 2010 / 12 / 17 ANTÓNIO CRUZ

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“SEM RAZÃO OU MOTIVO” Escrevo sem razão ou motivo aparente Procuro apenas um refúgio na escrita Ou quem sabe um porto de abrigo Neste mundo cruel que a imprensa dita. Apenas quero ter uma estrada livre Neste meu mundo de sonho real Onde possa recordar ou mesmo reflectir Sobre tudo o que já me aconteceu afinal. Relembro assim nas palavras que escrevo Como era pequeno existindo em mim esperança Utilizava o meu sorriso como refúgio Sentindo-me completamente puro e inocente como criança. Por vezes não tinha a verdadeira noção Dos perigos que me rodeavam nem da morte Lidava sempre como se fosse uma brincadeira Escrevendo ou desenhando com alegria, era forte. Só que com o meu crescer fui moldando Como se o barro do oleiro se molda Nas suas mãos sábias bem calejadas Não faltando imaginação nem um pinga de solda. Descobrindo assim a dor e a revolta Ao crescer em mim uma tristeza solitária Acrescentando à saudade de ser novamente criança Sentindo que neste mundo sou nada na vida diária. Hoje escrevo sem razão ou motivo aparente Procuro apenas o meu refúgio nesta vida Como aprendiz de poeta vou aceitando Visto que é duro o mundo de alma perdida.

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Não sou nada neste mundo, eu sei Por isso escrevo com rimas e sem rimas Aceitando que é duro aceitar a saudade E seguir em frente vendo tudo por prismas. Já que mais duro é ainda recordar Como era feliz por isso vivo assim Com uma memória arrasada pelo tempo Como se fosse um furacão incontrolável sem fim. Pois vivo de sensações e sentimentos Nos quais refúgio a minha pobre alma Pensando por vezes em considerar a morte Como minha porta para atingir aquela calma. Embora escreva como refúgio de poeta Sendo intensa a dor que sinto hoje A mesma é completamente irracional e irreversível Perante esta minha doença de escrita que não foge. Visto não ter cura para esta razão Ou mesmo solução, já corrói e arruína Por vezes destrói e até aterroriza a alma Ao ficar abalado parecendo um disco de platina. É que nada irá um dia preencher O vazio que sinto ao não ser imortal Mesmo enquanto escrevo falta o antídoto nas palavras Para este meu amor não ter um ponto final. Já que escrevo assim sem razão ou motivo Simplesmente escrevo com alma dos nadas Procurando um refúgio nesta vida poética Em que uma caneta e uma folha são as minhas fadas. Mozelos, 2010 / 12 / 27 ANTÓNIO CRUZ

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“NESTE REFÚGIO ” Com uma caneta de aprendiz Escrevi versos sem rimas e sem fim Atravessado, as minhas memórias curtas Com um retrato sentido, pois sou assim. Já que juntei pedaços de mim Em linhas brancas estando horizontais Pois de traços simples fiz poesia Chegando aos limites e pontos finais. Mas com gotas de fé pura Consegui atingir a verdadeira realidade Ao juntar os meus sonhos de criança Escrevi palavras sem ter fim com felicidade. Por isso elaborei um fado lusitano Podendo o cantar cheio de garra Revelando ao abrir a janela do mundo E refugiando-me a um canto de toda a farra. Já que vivi nas asas da solidão Tempos infinitos sem receber o amor Que um dia os anjos de luz Me indicaram o seu caminho fugindo à dor. Assim passei a ter momentos de paixão Escrevendo no meu dia-a-dia com verdade Sobre as belas coisas do amor Refugiando a minha alma merecendo a igualdade. Pois do real ser em mim surgia Uma certa dor provocada sem fim Após os fragmentos da noite ressurgirem Espalhando-se pelo ar matreiro ao ser assim.

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Mas com laços de mel escrevi Sempre com muito amor e carinho Já que formei a minha árvore do destino Um dia algures ao seguir um novo caminho. Espalhei assim pelos ecos do universo Rimas feitas num tempo perdido Andando sempre ao sabor dos tempos Segui caminhos discretos procurando um sentido. Já que ao renascer das cinzas Tornei-me um aprendiz de poeta E através do olhar das almas Descobri um sentido para atingir uma meta. Atravessando sozinho os campos de saudade Nunca largando uma folha e uma caneta Fui escrevendo as minhas cartas eternas Ao ver no universo escuro surgir um cometa. Pois lutava contra as feridas de Verão Provocadas pela dor infligida sem sentido Assim fui escrevendo os retalhos da vida Sem perder tempo nem hora mesmo estando ferido. E como navegante dos oceanos segui Por mares da poesia como meu apelo Tentando descobrir os segredos de câncer Revolto para com a solidão e falta de zelo. Já que o poder do coração mandava Procurei assim uma nova fuga como refúgio Ao despertar os meus desejos em flor Com um aperto dentro de mim como litigio.

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Escrevendo sempre as histórias com loucura Como rascunhos sobre folhas já perdidas Encontrando a música da felicidade escrita Por alguém que já partiu das terras prometidas. Surgindo assim os desafios de glória Pelo caminho que percorri sem ter destino Com a nostalgia das letras em mim Socorrendo a minha alma de algum desatino. Talvez por isso atirei palavras ao vento Num tempo pré destinado como aprendiz Passando a ser viajante das estrelas Num momento solicitado como minha matriz. Fiquei perdido no império dos sentidos Ao avistar uma musa pelo caminho Tendo o canto de Vénus como encanto Nestas memórias que escrevo agora sozinho. E as páginas soltas largo a um canto Sentindo-me perdido no tempo com demagogia Escutando por ora os recados das nuvens Que trazem uma mensagem no seu dia-a-dia. Visto que sinto a magia do prazer Correndo dentro de mim sem querer parar E como um ás vadio segui o caminho Com a destreza de querer uma dama amar. Tomei um café pela manhã cedo Tomando notas soltas já que foram seguido Perante o silêncio da escrita viva Nunca nessa hora pensando em ter desistido.

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Já que a liberdade dos pensamentos Sentia dentro de mim como destino Escrevendo sobre a cruz da verdade Apelando ao resultado sem ter algum tino. Por isso lancei bolas de sabão Como se fossem notas de música livremente Sentindo uma honra das rosas dentro de mim Ao escutar a voz da poesia como minha semente. E voando sem limites fui escrevendo Nas asas do vento com algum alento Ao descobrir um despertar da inocência Escrita no tempo revolto do meu lamento. Assim neste refúgio de poeta termino A minha vida por entre as linhas Que os meus versos soltos ditam Girando pelo mundo das ervas daninhas. São Paio de Oleiros, 2010 / 12 / 21 ANTÓNIO CRUZ

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