repórter do marão

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Prémio GAZETA do Tâmega e Sousa ao Nordeste repór ter do marão Nº 1263 | maio '12 | Ano 29 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | t. 910 536 928 | Tiragem média: 20 a 30.000 ex. OFERECEMOS LEITURA. MAIO ’ 12 Jovens chamados a criar o seu futuro DOURO Um vale de oportunidades LUGARES INCOMUNS | O ANJO DOS DALTÓNICOS | APRENDER NO VERÃO | 40 MIL SEM TRABALHO NO TÂMEGA R

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Revista Mensal de Informação. Tiragem média de 20 a 30 mil exemplares. Distritos do Porto, Vila Real e Bragança e parte dos de Viseu, Aveiro e Braga. Regiões do Douro, Tâmega e Sousa, Trás-os-Montes

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As capacidades de um território

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Page 3: Repórter do Marão

O Douro é um território com recursos e uma identidade própria tão intensa que pode ser considerada uma região de excelência para investir. Este foi o tema central do fórum de empreendedorismo e empregabilidade realizado na UTAD no início de maio e que perspetivou o Douro como região que encerra múltiplas potencialidades capazes de se transformarem em oportunidades. O fórum reuniu diversos especia-listas à volta da temática do empreendedorismo, numa perspetiva de sensibilização da sociedade e dos jovens para a criatividade, o desenvolvimento de competências de aprendizagem ao longo da vida, o fomento de uma cultura de inovação, visando estimular o aparecimento de novas ideias e abordagens que permitam desenvolver novos paradigmas e formas alternativas de pensar e de agir. Durante o encontro fo-ram apresentadas diversas iniciativas empresariais que estão a emergir nesta região Património Mundial, de forma a chamar a atenção para todo o potencial endógeno que encerra.

Esta iniciativa cruzou com o objetivo mais ambicioso da rede empreenDouro: motivar a inversão do movimento de saída de população duriense, nomeadamen-te de jovens, para outras regiões e conseguir dinamizar novas iniciativas empresa-riais no Douro. Esta rede envolve 26 entidades durienses que se uniram e a uma só voz pretendem provocar e apoiar a criação de iniciativas empreendedoras e inova-doras visando dinamizar uma nova atitude de empreendedorismo no Douro. O ob-jetivo central é o de criar sinergias que conduzam a uma colaboração mais próxima e ativa entre os atores que prestam serviços na área do empreendedorismo e os pró-

prios empreendedores, otimizando recursos e tornando os serviços mais acessíveis e adaptados às necessidades do investidor.

Em termos práticos, qualquer empreendedor que tenha uma ideia de negócio pode recorrer a uma das entidades parceiras, caso das câmaras municipais, associa-ções de desenvolvimento, comerciais ou empresariais e centros de emprego que ga-rantem o encaminhamento do processo dentro da rede, funcionando a UTAD como uma instituição de front office. O apoio passa pela maturação da ideia, na elaboração do plano de negócios e na análise de risco, até à formação na área do empreende-dorismo e gestão empresarial, pela constituição formal da empresa, pelo “coaching” (treino) ao empresário nos primeiros anos de atividade, apoio na cooperação empre-sarial e internacionalização, entre outros aspetos.

Novo papel da universidade A UTAD ao desempenhar o papel de charneira nesta rede assume uma nova li-

derança na região. O emprego para toda a vida terminou, queremos que os alunos cheguem ao fim do curso com ideias de negócio... No futuro, os jovens devem trazer as ideias de negócio quando entram para a universidade, cabendo aos universitários criar um ecossistema que formate as ideias, procure os financiamentos e auxilie os jo-vens a fazer diferente. As Universidades criaram os gabinetes de apoio à inserção na vida ativa, os quais têm obrigatoriamente de evoluir no sentido do apoio à criação de emprego e de empresas.

UMA BOA REGIÃO PARA EMPREENDERANTÓNIO FONTAÍNHAS FERNANDES Coordenador do Projeto e do Gabinete de Pré-incubação

As capacidades de um território

Page 4: Repórter do Marão

Sandra Tavares40 anosVale de Mendiz (Pinhão)

Wine & Soul / PintasProdução e comercializa-ção de produtos vinícolas “Acredito muito na marca Douro, em todo o seu património e no seu enorme potencial”

Graça Soares42 anosVila Real

Ervas FinasProdução e comercializa-ção de ervas aromáticas, flores comestíveis

“Tem sido duro empreender, mas temos que ter visão e superar as nossas dificuldades”

Joana Pratas30 anosBarcos (Tabuaço)

joanapratas.comConsultora em Comunicação e Relações Públicas “As pessoas ainda não apostam muito na co-municação. Nos vinhos, existe esta lacuna”

Rui Manuel Ferreira23 anosVila Real

Ruimanuelferreira.comFotografia, vídeo, comunicação “A crise é uma oportunidade de negócios. Basta estar atento”

Marco Barbosa24 anosBraga

BewarketSocial CommerceComércio online

“Se trabalharmos com paixão, conseguimos atingir os nossos objetivos”

Filipe Pinto23 anosMatosinhos

Raizes do somCriação e produção musical “Temos que ter garra, fugir do pessimismo, ser originais e acreditar"

Fotos D.R./Arquivo/RM e Lusa

Page 5: Repórter do Marão

Quem somos? A Lateral é uma start-up, em período de incubação, composta por quatro elementos, Joana Lopes for-

mada em Produção e Realização Audiovisual, João Rebelo em Design Industrial e Pedro Braz e José Miguel Pires formados em Ciências da Comunicação na área de Audiovisuais e Multimédia. Apresenta-se como um grupo de criativos que oferece serviços na área da comunicação, desde branding, design, audiovisuais e multimédia. A Lateral encontra-se sediada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, ao abrigo do CITMAD (Centro de Inovação de Trás-os-Montes e Alto Douro).

Qual é a nossa filosofia?O pensamento lateral é a nossa filosofia, já que este pensamento é caracterizado pela capacidade do

ser humano usar ambos os hemisférios cerebrais, em perfeito equilíbrio. É desta forma que se cria o ambien-te perfeito para a proliferação da criatividade, semente da inovação. Queremos promover esta forma de es-tar, é por isso que assumimos esta denominação. Ao mesmo tempo, utilizamos um conjunto de ferramen-tas criativas e metodológicas no trabalho, quer na estruturação da ideia de negócio, quer na abordagem aos projetos desenvolvidos com os nossos parceiros.

Porquê a região?Para além de sermos desta região ou termos criado aqui algumas raízes, entendemos que Trás-os-Mon-

tes e Alto Douro é uma zona mística e inspiradora, fora do paradigma estético nacional e europeu, e tem as-sim, então, associada à sua imagem elementos rústicos, sóbrios e pacatos. Através desses elementos pre-tendemos criar um estilo de serviços contemporâneos, mas próprios e distintos, aglomerando a fusão de fatores externos e a personificação das paisagens transmontanas. Com estas influências temos em nossa posse a maior ferramenta inovadora para podermos servir a população. Esta diferenciação do comum ad-vém da nossa força, juventude e rebeldia para melhor comunicarmos visualmente. Ao percebermos a re-gião, sentimos a responsabilidade de a respeitarmos e de inovar, de um modo pensado e estético. Através desta visão pretendemos transmitir estes valores aos nossos clientes/parceiros.

Gostaríamos de poder ver a região a crescer e a demonstrar todo o potencial humano existente na cria-ção do seu futuro e dos que a rodeiam.

Quais os nossos objetivos?A alteração do paradigma tecnológico tem permitido o aparecimento de novos dispositivos e aplica-

ções que já demonstraram que podem capacitar as empresas de novas formas de chegar aos seus públi-cos. Os nossos objetivos passam por poder servir os nossos clientes/parceiros com a mesma qualidade que é possível obter nos grandes centros urbanos, pensamos que uma empresa situada no interior do país tem direito à mesma qualidade e visibilidade de uma empresa dos grandes meios urbanos. A lateral vem preen-cher uma lacuna existente na oferta deste tipo de serviços na região e a proximidade pode constituir uma mais valia competitiva. É neste sentido que identificamos o nosso lugar no mercado, colocando-nos como o elemento que numa lógica de parcerias, e, compreendendo a essência de cada marca/cliente, dará forma aos seus conteúdos para que se ajustem aos novos veículos de comunicação. Acreditamos que os nossos parceiros/clientes podem beneficiar de uma estratégia de comunicação dotada de um grande estilo visual. A qualidade é o nosso caminho, porque só assim podemos alcançar a sustentabilidade necessária para ali-mentar esta aventura de querer vencer as barreiras, que tantas vezes nos querem colocar.

Quais as principais dificuldades?A conjuntura económica atual é um entrave nacional e nós não somos exceção. Para além disso existem

encargos fiscais que são pesados para pessoas com a nossa iniciativa, seria benéfico que existissem regimes especiais para casos como o nosso. O equipamento tecnológico necessário ao desenvolvimento da ativida-de é dispendioso, pelo que consideramos importante crescer devagar e de forma sustentável, investindo es-sencialmente trabalho e não capital.

Tiago Costa26 anosVila Real

Age+Associação JuvenilMusic’s Cool “Abraçar o empreendedorismo foi vocação. Se criarmos valor, conseguimos vingar”

Page 6: Repórter do Marão

Lugares com históriaSó o acaso ou indicações muito precisas fazem

com que alguns lugares do Nordeste Transmontano sejam (re)descobertos. Agora que o mercúrio esca-la o termómetro, calce umas sapatilhas, vista uma roupa confortável e venha conhecer este patrimó-nio quase despercebido.

O lendário Castelo do TourãoErgue-se altivo num penedo rochoso, com vista sobre

a aldeia de Rebordãos e a cidade de Bragança, que dista 10 km. O Castelo de Rebordãos, também designado por Cas-telo do Tourão, está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1955.

Quando D. Sancho I quis firmar a sua autoridade no Nordeste Transmontano, Rebordãos foi uma das povo-ações que recebeu Carta de Foral, o que revela a impor-tância do aglomerado nos primeiros séculos de indepen-dência do reino de Portugal. A construção da fortificação datará dessa época (princípios do seculo XIII).

De pequenas dimensões, o castelo apresenta uma planta elíptica e um sistema defensivo interior mui-to rudimentar, desprovido até de torre de menagem. Se-gundo o historiador e arqueólogo Abade de Baçal, as mu-ralhas de alvenaria de pedra argamassada tinham troços com 1.5 metros de largura por três de altura. O castelo está protegido por desfiladeiros a Oeste e a Norte, pelo que o acesso é feito a partir de Sul e de Este.

A sua função militar foi-se diluindo no tempo, mas re-siste ainda a lenda que lhe está associada. Alexandre Para-fita, escritor transmontano, conta que no castelo vivia “um potentado mouro, a quem as povoações limítrofes paga-vam o tributo de certo número de donzelas para o seu ha-rém; mas uma delas, certa noite, quando ele dormia, deu sinal, segundo combinara, colocando uma vela acesa no

prado, ainda hoje, por isso, chamado da Vela Acesa, e o ré-gulo foi atacado, morto, o castelo destruído e as donzelas libertas” (in A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpen-tes, Tesouros).

Atualmente em ruínas, alguns dos achados arqueoló-gicos ali recolhidos podem ser observados no Museu do Abade de Baçal, em Bragança.

Talco nas minas transmontanasO talco é um mineral macio que dá a sensação de ser

gorduroso ao tato. Esta substância é utilizada, fundamen-talmente, como fundente na indústria da cerâmica e como carga nas indústrias de papel, tintas e fertilizantes. O termo “soapstone” (ou pedra de sabão) designa uma forma mas-siva de rocha, que apresenta quantidades de talco até 50 %, enquanto as massas altamente puras dão pelo nome de esteatite.

Segundo o estudo “Portugal – Indústria Extrativa”, do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, o talco produ-zido no país em 1998 era proveniente unicamente da re-gião Norte, sendo explorado no distrito de Bragança em di-versas minas.

Sete Fontes, no concelho de Vinhais, Vale da Porca, Ta-lhinhas, Talhas, Prado, Salselas, em Macedo de Cavaleiros, são as minas de talco ainda em atividade, de acordo com dados da Direção Geral de Energia e Geologia. Por outro lado, as minas de Soeira, de Pena Maquieira e de Mouris-queiro (no maciço de Morais) foram desativadas.

O maior túnel da Linha do TuaAté 1991, a Linha do Tua estabelecia a ligação ferrovi-

ária entre as estações do Tua e a de Bragança. Atualmen-te, dos quase 134 quilómetros de via estreita encontram-se em funcionamento apenas 16, no troço Cachão-Carvalhais.

Situado nas proximidades do povoado de Arufe, na freguesia de Rebordainhos (Bragança), o túnel de Arufe é o maior da Linha do Tua, com uma extensão de 155 me-tros. O comboio deixou de passar entre as estações de San-ta Comba de Rossas e de Sortes em 1992, por isso, o acesso ao túnel deve ser feito através do trajeto onde, antigamen-te, se situavam os carris.

A estação de Santa Comba de Rossas merece ainda uma visita, já que era tida como a mais alta estação ferrovi-ária portuguesa, a 850 metros de altitude.

Fornos de cal

Até às primeiras décadas do século XX, a cal (também conhecida como óxido de cálcio) foi uma substância muito utilizada na construção civil (como argamassa, na produ-ção de adobes ou na pintura de edifícios), na agricultu-ra (para controlar a acidez dos solos, regularizá-los no tra-tamento da vinha ou para proteger as árvores de fruto de pragas) e nas indústrias transformadoras (farmacêutica, vi-dreira, siderúrgica, por exemplo).

Depois de extraído e britado o calcário, procedia-se à calcinação (juntamente com raízes de urze) em fornos para a transformação em cal. Nas aldeias de Vale da Porca (Ma-cedo de Cavaleiros), Gebelim (Alfândega da Fé), Dine (Vi-nhais), Cova de Lua e Samil (Bragança), é possível apreciar antigos fornos.

Desativados há mais de meio século, essas estruturas vão subsistindo como símbolos dessa atividade produtiva que gerava emprego e dinâmicas comerciais nos meios ru-rais. Durante largos, a cal que produziam abasteceu os mer-cados regionais e até nacionais. Os fornos de Cova de Lua, por exemplo, chegaram a empregar 40 homens e cada for-nada nos fornos de construção mais antiga representava oito toneladas de cal, em cada três a quatro dias.

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos P.P.

MC Alvescar-Dia do Cliente Opel-Imprensa_RM

sexta-feira, 11 de Maio de 2012 12:31:04

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MC Alvescar-Dia do Cliente Opel-Imprensa_RM

sexta-feira, 11 de Maio de 2012 12:31:04

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Portuense cria código universal para dar cor aos daltónicos

Azul, amarelo, roxo, rosa, verde, violeta,… cores que se percebem e apercebem em tudo o que rodeia e cuja existência se dá por adquirida. 90 por cento da comunicação é feita através do uso da cor que se torna um elemento integrador na sociedade. Mas, e se por alguma razão o vermelho se confundisse com o verde ou o azul ou tudo fosse apenas preto e branco? Estima-se que 10 por cento da população masculina de todo o mundo seja daltónica, alguém que “não troca as cores, apenas as confunde”, como explica Miguel Neiva, um designer portuense, que um dia criou um código gráfico de identificação de cores para daltónicos: o Color ADD.

“Estava a desenvolver Mestrado em Design e Marketing e quando tive que decidir o tema da tese procurei integrar assumidamente o design de co-municação e o design inclusivo. Algo que pudesse transportar o design para fora dos designers e servir a sociedade em geral de um modo inclusivo”, lembra Miguel Neiva em entrevista ao Repórter do Marão.

Atualmente professor convidado da Escola Su-perior de Propaganda e Marketing em São Paulo (Brasil), Miguel Neiva, que nem é daltónico, perce-beu que o design tem a missão de “melhorar a qua-lidade de vida da sociedade” e assim surgiu o Color ADD, com a ideia de desenvolver um instrumento que pudesse ajudar os daltónicos a identificar as cores, sem ser preciso vê-las.

Para um daltónico, “as dificuldades são inúmeras e muito transversais”, conta o designer que, como

ponto de partida, realizou um estudo com daltóni-cos de diversos países através do qual percebeu as limitações e dificuldades que um individuo daltóni-co tem ao nível da integração social e profissional, pelo simples fato de não identificar corretamente as cores. Ao longo de oito anos de estudo e trabalho na tese, Miguel Neiva estudou e investigou as causas do daltonismo, origens, limitações e consequências para entender até “se havia interesse em procurar uma solução que servisse uma percentagem signi-ficativa da população mundial”.

Ao constatar essa mesma necessidade, partiu para “a análise e o estudo de diversos códigos e sím-bolos universalmente reconhecidos (como sinais de trânsito), concluindo que são a cor e a forma que ga-rantem essa universalidade”. E como para este obje-tivo em específico a cor não poderia ser incluída, res-tava “ser a forma para garantir essa função”.

Por outras palavras, Miguel Neiva queria criar um código de símbolos que identificassem a cor, mas teria de ser simples de fácil perceção e repro-dução em diferentes dimensões e técnicas e, essen-cialmente, “que fosse algo positivo, nada constran-gedor para o daltónico e que se integrasse rápida e facilmente no vocabulário visual de cada um”.

Forma

Nasce o Color ADD, um código gráfico de iden-tificação de cores para daltónicos. A ideia foi recu-perar o conceito de adição de cores aprendido na escola com caixas de guaches onde existiam as três cores primárias: azul, amarelo e magenta. “Desse modo, a ideia foi atribuir a cada uma dessas três co-res primárias um símbolo gráfico que a represen-tasse”, explica Miguel Neiva. Partindo do conheci-mento de que, por exemplo, se mistura azul com amarelo para obter verde, “este código permite

conjugar o símbolo que representa o azul com o símbolo que representa o amarelo e assim identi-ficar o verde”.

Assim, e “apenas com a memorização de três símbolos” (as cores primárias), mais o branco e o preto (para tonalidades claras e escuras), o daltó-nico consegue identificar todas as cores. O Color ADD, ao contrário do Braille ou da linguagem ges-tual, é um código universal já que “o conceito de adição das cores primárias – neste caso de símbo-los – é igual em qualquer parte do mundo”.

Possibilitando a correta interpretação das co-res, o Color ADD permite a inclusão de 350 milhões de pessoas em todo o mundo – os daltónicos – e acaba por “ser uma nova linguagem para o mundo adotar que, quem sabe, não será um legado portu-guês deixado à Humanidade”, destaca o designer.

CódigoÉ que este código pode ser aplicado “em tudo”,

desde selos do correio, mapas de transportes, fár-macos hospitalares, bandeiras da praia e até aos conteúdos curriculares das escolas. A própria em-presa portuguesa de lápis Viarco já incluiu o Color ADD em alguns dos seus produtos, estando previs-tas até ao final do ano muitas e diversas parcerias.

Para o designer, a maior conquista é o reconhe-cimento desta linguagem e toda a sua dimensão, universalidade e multidisciplinariedade, até por-que, e como diz, “este projeto, no seu todo, não está nem nunca estará fechado”. “Há sempre algo mais a fazer, a melhorar. Um dia, todos nós iremos e este projeto ficará”, garante o designer do Porto, que sempre quis contribuir para um mundo melhor e assim criou um projeto de inclusão ‘Made in Portu-gal’ que permite aos daltónicos ‘verem’ todas as co-res, com três símbolos apenas.

Liliana Leandro | [email protected] | Fotos D.R.

Nome completo: José Miguel Fonseca Neiva SantosData de nascimento: 11 de março de 1969Local de Nascimento: Porto, PortugalHabilitações literárias: Licenciatura em Design de Comu-

nicação, Mestrado em Design e MarketingLivro Preferido: "Poesias Completas" de António GedeãoFilme: “As asas do desejo” de Wim WendersMúsica: “Cuts You Up” de Peter Murphy

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MARCO DE CANAVESES: DOLMEN - Alameda Dr. Miranda da Rocha, 266 | T. 255 521 004

Cabaz PROVE no Douro VerdeA Dolmen - Cooperativa de Formação, Educação e Desenvolvimento do Baixo

Tâmega, CRL é uma das entidades parceiras do projeto nacional “PROVE – Promo-ver e Vender”, desenvolvido na sequência da Iniciativa Comunitária EQUAL, que pretendeu desenvolver e testar um sistema de comercialização de proximidade de produtos agrícolas.

Em dezembro de 2010 foi criado em Baião o primeiro núcleo do Douro Ver-de, com o apoio da Câmara Municipal através da cedência de instalações e associando-se ao núcleo seis produtores do concelho de Baião e uma produtora do concelho do Marco de Canaveses. Em março de 2011, em parceria com o projeto “CAERUS” da Fundação Santo António inaugurou-se o núcleo do Marco de Canaveses com cinco produto-res. Desde setembro passado, com o apoio da Associação Viver Ca-nadelo, o cabaz PROVE está também em Amarante, fazendo parte do núcleo seis produtores. A Junta de Freguesia da Madalena cede as suas instalações para a preparação e entrega dos cabazes.

Todas as semanas ou quinzenalmente, de acordo com a vontade de cada consumidor, são entregues cabazes recheados com frutas e legumes da época, colhidos no dia da entrega. O preço (5, 7 ou 9 €) e a quantidade do cabaz (5 a 7kg ou 7 a 9kg) são comuns ao núcleo de Baião, Marco de Canaveses e Amaran-te, podendo variar apenas a sua constituição.

Os bons resultados alcançados permitem alargar o horizonte e replicar a expe-riência noutros territórios. Além da distribuição do Cabaz Prove nestes concelhos, os produtores do Marco de Canaveses distribuem cerca de sessenta cabazes se-manalmente, em Vila Nova de Gaia. Dentro de dias, Baião também terá outro núcleo

de produtores, o Núcleo de Produtores da“Cochêca”, que entregará os cabazes no centro da cidade do Porto.

Através da aquisição de cabazes de frutas e legumes selecionados e de elevada qualidade, os consumidores do cabaz Prove, contribuem para o acréscimo do ren-dimento mensal dos pequenos produtores, a diminuição do êxodo rural e abando-

no da atividade agrícola, a alimentação saudável da própria família e aumen-to do contacto e troca de conhecimento entre produtores (meio rural) e

consumidores (meio urbano).O projeto Prove foi recentemente distinguido como “Iniciativa

de Elevado Potencial de Empreendedorismo Social- ES+” do con-celho do Porto. A Dolmen orgulha-se do seu papel na parceria e do seu envolvimento no projeto, pois enquadra-se na sua Estratégia de Desenvolvimento Local, através da aposta em novas formas de

comercialização, da cooperação no escoamento de hortofrutícolas regionais, melhorando a sua qualidade de vida dos produtores e pro-

movendo o desenvolvimento do território.No âmbito deste projeto de parceria nacional, entre os dias 9 e 13 de

maio, representantes do PROVE dos três concelhos estiveram em Puy en Ve-lay (França), participando no “International Market for Regional Products” (fotos). Estiveram presentes 64 pessoas que de algum modo estão associadas ao proje-to (essencialmente, produtores e técnicos de acompanhamento), dos quais 5 do território “Douro Verde”. A iniciativa teve como principal objetivo o contacto com projetos considerados exemplares e que de algum modo estão ligados à agricul-tura e economia local.

Cinco representantes do programa estiveram em França

PROVE na RegiãoDouro Verde em números

24 Produtores 1170 Cabazes/mês 350,00€/mês/produtor 8.400,00€/mês/total 8 ton. produtos/mês

Page 11: Repórter do Marão

BAIÃO: DOLMEN - Centro de Promoção Produtos Locais | Rua de Camões, 296 | T. 255 542 154

Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

Tendo por referência a Estratégia Local de De-senvolvimento traçada pela Dolmen no âmbito do subprograma 3 do PRODER, direcionado para a di-namização das zonas rurais, as Paisagens Milena-res assumem-se como fator identitário do Territó-rio "Douro Verde", constituindo missão da Dolmen o contributo ativo na promoção do seu desenvolvi-mento sustentável.

Nesta perspetiva prosseguimos, entre outros, o objetivo do aumento da atratividade do Douro Ver-de, valorizando os recursos endógenos, através da promoção de diversas ações enquadradas no PACA - Plano de Aquisição de Competências e Animação.

É neste contexto que a Dolmen promoverá no próximo fim de semana, em Marco de Canaveses, o Mercado Medieval a decorrer entre o dia 18 e 20

em S. Nicolau, pretendendo-se valorizar as nossas raizes histórico-culturais, tendo o período medieval deixado marcas inegáveis no nosso território, e o Encontro Equestre, que decorre no dia 20 na EPA-MAC - Escola Profisisonal de Agricultura, em Ro-sém, sendo demonstrativo da riqueza que a diversi-ficação de atividades, na exploração agrícola, gera em termos económicos e turísticos.

DOLMEN promove Mercado Medieval e Encontro Equestre

OBJETIVO É AUMENTAR AATRATIVIDADE DO DOURO VERDE

Page 12: Repórter do Marão

12 maio '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão regiões

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro abre mais uma vez as suas portas, no Verão de 2012, a novos públicos! Contribuin-do para aproximar a ciência dos cidadãos, é tempo de partida para a UTAD lançar a Universidade de Verão, um novo desafio que en-volve inúmeras atividades de índole científica e cultural, estágios nos seus centros de investigação, ofertas educativas de curta dura-ção e ainda uma Universidade Júnior.

Sob o lema “Verão, que a UTAD é Vossa” a Universidade dos mais novos irá decorrer de 25 a 29 de junho no Campus da UTAD em Vila Real, visando promover a ciência, tecnologia e cultura junto dos mais jovens e auxiliar os estudantes que pretendem ingressar no ensino superior na escolha de uma área de estudo. O programa inclui um vasto leque de atividades científicas, pedagógicas, lúdi-cas e culturais a desenvolver em ambiente universitário, podendo os jovens ter a oportunidade de conviver com colegas de diferen-tes regiões geográficas num contexto divertido.

Sob a orientação de professores e investigadores das diferen-tes áreas, os jovens são convidados a conhecer os diversos traba-lhos de análise, pesquisa, debate, bem como experiências do en-sino desenvolvido na UTAD. Estas atividades ocuparão os dias, de segunda a sexta, com exceção da quarta-feira, que será reservada a uma visita ao Douro e Alvão, incluindo percursos pedestres de rara beleza. Esta iniciativa dá a oportunidade aos jovens dos 9 aos 15 anos de conhecer melhor a vida académica, expandir conhe-cimentos, desenvolver competências e ganharem apetência pelo ensino superior. Os jovens podem partilhar a experiência de viver antecipadamente um pouco do ambiente universitário e da vida académica, conhecendo as instalações e o quotidiano da univer-

sidade. Simultaneamente, possibilita a exploração de vocações e o desenvolvimento do gosto pela aprendizagem em diferentes do-mínios, através da participação em projetos à sua escolha, em dife-rentes áreas do saber. A participação de jovens de diversos pontos do país está garantida, pois existe a oferta de regime de interna-to. Por outro lado, a UTAD pretende celebrar ainda protocolos com câmaras municipais ao abrigo da responsabilidade social, de for-ma a facilitar a participação de alunos carenciados nesta iniciativa. No site da UTAD pode ser obtida informação adicional e efetuada a inscrição online, estando a participação limitada às vagas existen-tes. O custo de participação é de 40€/semana e inclui o seguro es-colar, os materiais necessários às atividades e as refeições do dia (almoço e lanche da tarde), sendo que o alojamento terá um cus-to adicional. A.F.F.

Universidade Júnior na UTADabre portas no final de junho

Especialistas mundiais do

vinho reúnem em Vila Real

Especialistas de diversos países da fileira vitivinícola participam em Vila Real, a 30 e 31 de maio, no fórum In-fowine, um evento que reúne a in-vestigação, a produção e a comercia-lização do setor.

O encontro, organizado pela revis-ta Vinideias e que tem lugar no audi-tório do Teatro de Vila Real, reunirá quatro dezenas de especialistas dos Estados Unidos da América, Austrá-lia, Espanha, França, Itália e Portugal.

A organização adiantou que en-tre os oradores convidados mere-cem destaque as presenças de Bru-no Quenioux, enólogo e especialista em marketing de vinhos, Denis Du-bourdieu, investigador, enólogo consultor e produtor, Joshua Gree-ne, editor da Wine & Spirits, Nicholas Guichard, enólogo e presidente da Associação de Enólogos de Bordéus, Peter Godden, diretor do Instituto Australiano de Pesquisa de Vinho, e Roger Boulton, investigador na Uni-versidade de Davis.

Entre os oradores nacionais, são anunciadas as presenças de Adrian Bridge, responsável dos Fladgate Partnership e Yeatman Hotel e Álva-ro van Zeller, consultor e produtor da Quinta de Zom.

A terceira edição do infowine.fo-rum conta com o apoio institucio-nal da Douro Alliance, do Instituto de Vinhos do Douro e Porto (IVDP), da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e da Associação para o Desenvolvimento da Viticul-tura Duriense (ADVID).

A Vinideas é uma revista técnica da área dos vinhos mais lida do mundo, com aproximadamente 50 mil leito-res e editada em seis idiomas.

Ambiente nega que barragem do Tua seja ameaça para o Douro

O Ministério do Ambiente garantiu que a classificação do Alto Douro Vinha-teiro como património mundial não está ameaçada devido às obras da barragem do Tua e adiantou que vai ser preparado um relatório para responder às dúvidas da UNESCO.

Os esclarecimentos do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT) surgem na sequência de notícias que apontam que a UNESCO (organização das Nações Unidas responsável pela clas-sificação do património da humanidade) se prepara para mandar parar as obras da barragem de Foz Tua por terem "um impacto irreversível" sobre a paisagem do Alto Douro Vinhateiro.

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EPAMACii Encontro Equestre EPAMAC

No dia 20 de Maio, vai realizar-se na nossa Es-cola uma actividade inovadora e que pretende manter uma forte dinâmica no seio da própria escola, propícia ao funcionamento do curso TÉC-NICO DE GESTÃO EQUÍNA.

Trata-se do II Encontro Equestre EPAMAC. Este encontro, que nasceu da vontade da Escola e dos seus professores e alunos de corresponder às ne-cessidades e dinâmicas socioculturais do seu ter-ritório de intervenção, permite o encontro entre os aficionados dos Cavalos e as muitas empre-sas do Concelho e Região que trabalham nesta área. Permite, ainda, que centenas de aficiona-dos e curiosos tenham acesso directo à realida-de equestre que normalmente passa desperce-bida no nosso dia-a-dia, mas que é muito forte na Região.

A Escola cumpre, assim, com mais esta acti-vidade, uma função de ser local de dinamização de encontros entre a Comunidade Local e as suas Empresas e Instituições, num ambiente descon-traído, em que os seus alunos, sob coordenação dos professores, organizam eventos, desenvol-vendo as suas competências técnicas, profissio-nais e cívicas. Na EPAMAC, aprende-se fazendo.

CURSO TÉCNICO DE GESTÃO EQUINA

– um novo desafio

A EPAMAC, numa dinâmica de diversificação da sua oferta formativa que corresponda às ne-cessidades do tecido económico-social Conce-lhio e Regional, lançou no ano lectivo transac-to um novo curso profissional - o Curso Técnico de Gestão Equina. Este curso, muito específico e virado para a Natureza e para o Mundo Rural é uma resposta aos jovens da região que preten-dem ter uma vida profissional ligada ao mundo equestre.

Para garantir todas as condições para a apren-dizagem, nomeadamente para a componente prática do curso, a Escola tem um protocolo com a Coudelaria Luís Almeida, onde se desenvolvem as aulas práticas de equitação, e está a proceder à

instalação, na sua exploração, de boxes, picadei-ro (40mx20m) e paddock que permitirão já este ano a realização de aulas práticas dessa discipli-na na própria Escola (foto na coluna ao lado).

O Técnico de Gestão Equina é uma oferta ino-vadora no Concelho e na Região e pretende dar a oportunidade aos nossos Jovens de terem uma formação muito prática ligada ao mundo eques-tre. o técnico de gestão equina é o profissio-nal qualificado que, mercê de uma formação polivalente, integrada e pluridisciplinar, está apto a orientar, organizar e executar as tare-fas necessárias à gestão das mais diversifica-das estruturas equestres existentes no País. É um técnico com aptidão didáctica e conheci-mentos suficientes para o ensino do cavalo e do cavaleiro em todas as suas vertentes.

Este curso exige como habilitação de entra-da o 9º ano de escolaridade e, após a sua conclu-são, os alunos recebem um diploma de 12º ano e uma certificação profissional de nível IV.

Os Jovens da Região vão ter no ano lectivo 2012/2013 mais esta área de formação à sua dis-posição para completarem o 12º ano de escolari-dade, através de um curso muito prático, ligado à Natureza e ao Mundo rural e com financiamen-to do FSE (POPH). Os alunos que o frequentarem não terão despesas com os seus estudos. As ins-crições já estão abertas.

Além destas novas ofertas, a EPAMAC conti-nuará a oferecer os Cursos Profissionais de Téc-nico de Produção Agrária e Técnico de Turismo Ambiental e Rural para alunos que tenham con-cluído o 9º ano de escolaridade e pretendam ob-ter o 12º ano, bem como o Curso de Educação e Formação de Jardinagem e Espaços Verdes para alunos que ainda não tenham concluído o 9º ano de escolaridade.

A EPAMAC proporciona, ainda, aos jovens da região, e em conjunto com a Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, dois Cursos de Espe-cialização Tecnológica para os alunos que já con-cluíram o 12º ano – os CET de Cuidados Veteriná-rios e Animação Turística.

A 20 de Maio Escolapretende criar

um CentroHípico

A construção de um picadeiro na nos-sa Escola pretende ser o embrião de um Centro Hípico na EPAMAC, de âmbito re-gional, iniciativa que poderá envolver outras instituições, nomeadamente a Câ-mara Municipal do Marco de Canaveses.

É nesse sentido que a Direcção da EPAMAC sugeriu ao Presidente da Câma-ra Municipal a adesão do nosso Municí-pio a uma associação integradora de lo-calidades com actividades equestres, tornando o Marco de Canaveses "um Pólo Regional Dinamizador da Activida-de Equestre, nomeadamente em todo o Interflúvio Douro-Tâmega".

A Escola tudo está a fazer quer no sentido de potenciar o desenvolvimen-to de actividades equestres de relevância regional/nacional no concelho e região, quer no sentido de facilitar o desenvolvi-mento de acções conjuntas nos diversos domínios da Actividade Equestre.

De assinalar que a EPAMAC é neste momento a única escola em toda a região a norte do Douro, com uma oferta forma-tiva deste tipo – o Curso Técnico de Ges-tão Equina, TGE, de nível IV e que no res-to do país há apenas mais cinco escolas com este curso.

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Produção editorial da responsabilidade da EPAMAC

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Do outro lado da rua, o velho de sempre, está onde sempre esteve: à janela. Tem os olhos secos e a pele escura. Da-qui a nada o tempo

dele já foi. Passa a ser o tempo de ou-tro velho, novo agora. Talvez meu. O velho de olhos secos não tem dinhei-ro para quase nada. Não tem família para quase nada. Todos os dias o ve-lho levanta-se e vai à farmácia. Não compra nada. Conversa apenas com a menina do balcão, sem se queixar, sustendo os ossos num orgulho de homem velho, escondendo nas mãos fechadas o desespero que lhe cor-rói os bolsos. O velho gosta de far-mácias porque lhe cheiram a salva-ção, a esperança de cura. O homem velho não tem dinheiro para melho-rar. Só falta dele para estar doente. Por isso o velho conversa com a me-nina do balcão, conta-lhe meia dú-zia de palavras embrulhadas num sorriso sem dentes. A menina do bal-cão é menina nova. Tem cabelos lon-gos que brilham ao sol, quando se encosta à porta da farmácia nos bre-ves momentos de almoço, com o pão com queijo e fiambre na mão. A me-

claram Maria como culpada por ter casa e carro. Pecou por gula. Agora vai pagar o crime. Crime por injus-ta causa. Morreram-lhe na televisão as esperanças que a ligavam à má-quina. “Finde-se a esperança!”, gri-taram e continuam a gritar vozes que não chegam ao céu. Finde-se a esperança. Maria desenhou nuvens no tecto do quarto, para se deitar com a certeza que existe um outro lado. Um lado que lhe permita sor-rir sem pedir desculpa, um lado onde não seja julgada em praça pública, todos os dias, por ter acreditado que podia ter uma vida como a que lhe disseram. Uma vida que era a única e a melhor possível. Maria acreditou no que lhe venderam, seguiu os ca-minhos que lhe ensinaram, de olhos fechados. Sem perceber que afinal o túnel era muito longo e escuro e que os sons que ouvia não eram canções aos ouvidos, mas gritos que se adi-vinhavam por dentro. Eram gritos cantados em silêncio pelo Ricardo, pela menina do balcão, pelo velho de olhos secos. Gritos que todos juntos talvez cheguem ao outro lado. Ou então, não. Talvez fiquem pelo ca-minho, sem direito a recurso, a uma providência cautelar.

Eduarda FreitasFoto: © http://1000awesomethings.com

nina do balcão da farmácia tem em-prego e trabalho. Quando chega ao fim do dia, tem uma casa para ali-mentar. Ela que até gosta de sapa-tos novos agora conta todos os pas-sos para que o dinheiro lhe chegue ao fim do mês. Na rua de uma cidade perto, um homem e uma mulher es-tão a atravessar a estrada. Em fren-te a eles caminha Ricardo. Um anel no dedo mindinho, o passo trôpe-go. Ricardo vê o mundo ao contrá-rio, por isso não é de admirar que se sinta igual a sempre, quando o corpo lhe cai na calçada de um chão aca-bado de chover. O homem e a mulher que vão a passar, param. Perguntam--lhe se está bem, tentam ajudar. Per-guntam-lhe o nome. Ricardo olha-os com os olhos vermelhos de solidão. “Sou Ricardo, e depois?”. Quase so-letra sem ouvir a resposta. Quando chega a ambulância, o álcool deci-de que - afinal - Ricardo está bem, é só levantar-se, seguir os passos, com cuidado, que andam carros pela rua e não dava jeito algum que algum o atropelasse. Maria vê ao perto, inca-paz de um gesto de conforto, fecha-da numa teia que magoa, que pren-de. Maria pinta quadros. Quadros cinzentos . Todos os dias, os dias de-

Ao longe, sem saídaD

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O desemprego na região do Tâmega e Sousa continua galopante (quase 40 mil pessoas), com os aumentos de ins-critos nos centros de emprego mais elevados a registarem--se em Penafiel, Paredes, Amarante e Marco de Canaveses. No espaço de um ano perderam o posto de trabalho ou ins-creveram-se para o primeiro emprego mais 6 396 pessoas, contabilizando os doze concelhos da Comunidade Inter-municipal do Tâmega. O número de inscritos nos centros de emprego na CIM Tâmega é de 39 947 pessoas.

O número de desempregados dos cinco municípios do Vale do Sousa mais industrializados aumentou 23 por cento em 12 meses, afetando 22 727 pessoas, revelam dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), publi-cados recentemente.

Entre março de 2011 e o mesmo mês de 2012 ficaram sem trabalho 4 352 pessoas nos concelhos de Paços de Fer-reira, Lousada, Paredes, Penafiel e Felgueiras.

No mesmo período, nos três concelhos da sub-região do Baixo Tâmega, agregados no Centro de Emprego de Ama-rante, o número de inscritos aumentou 1 368 – Amarante (579 novos inscritos), Baião (50) e Marco de Canaveses (739).

O desemprego total nos três concelhos atingia em mar-ço 11 262 pessoas – 4 827 em Amarante, 1 984 em Baião e 4 451 no Marco de Canaveses.

No Vale do Sousa, o concelho de Penafiel foi o que regis-tou um crescimento mais acentuado, com 30,57 por cen-to, seguido de Paços de Ferreira (29,28%) e de Lousada (25,40%).

Em termos absolutos, Paredes é o concelho onde há mais desempregados, afetando 6 998 pessoas, um crescimento

de quase 23 por cento face a março de 2011.Paços de Ferreira e Paredes são responsáveis por mais de

60 por cento da produção nacional de mobiliário, com cen-tenas de pequenas e médias empresas, e os números do de-semprego traduzem as dificuldades daquela indústria nos últimos dois anos, com o encerramento de muitas dezenas de empresas.

Apenas Felgueiras regista uma tendência menos acentu-ada do aumento de desemprego e desde janeiro tem vindo mesmo a decrescer. Ainda assim, há mais 209 inscritos no período homólogo de um ano. O setor do calçado, que pre-domina naquele concelho, tem-se adaptado melhor à cri-se que o mobiliário e o têxtil, nomeadamente através da ex-portação para novos mercados.

Tâmega e Sousa tem 40 mil desempregados

17maio '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãoregiões | diversos

Paredes (6 998) e Amarante (4 827) lideram número de pessoas sem trabalho nas duas sub-regiões

Page 18: Repórter do Marão

18 maio '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão empresas & crónica

Cenários deEnvelhecimento

Cláudia Moura

VIOLÊNCIA NOS IDOSOSUma realidade oculta e silenciosa

A violência nos idosos, pode manifestar-se de múltiplas formas, desde maus-tratos físicos, psicológicos e

sexuais, exploração económica, abandono passivo e autoabandono, abuso de medicamentos, abandono

ativo, castigos e marginalização.

[email protected] Professora Universitária e Investigadora na área da Gerontologia.

DEiXo-voS A PENSAr … O aumento do número de idosos no mundo é visto como

algo preocupante pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no que pertence às conhecidas situações de violência, relacio-nadas particularmente com a rutura de laços tradicionais entre gerações. Face a uma população a envelhecer cujos sistemas de suporte intergeracionais nem sempre funcionam, depara-mos com casos representativos de abuso físico, emocional, ne-gligência e exploração financeira às pessoas idosas mais fragi-lizadas.

Quanto maior o índice de dependência do idoso e a pre-cariedade social, maior a probabilidade de ocorrência de si-tuações de violência.

A manter-se em 2050 as tendências atuais de natalidade, mortalidade e de migração prevê-se que a população jovem que em 2006 foi de 15,5%, passe a ser de 13%, sendo a po-pulação idosa de 32% que é quase o dobro da que tínhamos em 2006, que era 17,3%. Tal cenário alteia maior atenção quan-do dados da APAV indicam que os agressores são usualmente homens 73% e as vítimas de abuso são na sua maioria mulhe-res 80%, não ignorando que em 57% dos casos o agressor vive na mesma casa que o idoso. Aliás, na grande maioria dos ca-sos, o agressor é o companheiro(a) ou os próprios filhos. É de referir que a violência contra os idosos, praticada pela família e cuidadores são muitas vezes agravados pela falta de prepa-ração e conhecimento, originando assim pouca sensibilização para a questão da velhice. Daí a urgência em proporcionar mo-mentos de debate e esclarecimento junto dos cuidadores se-jam formais ou informais sobre as questões relacionadas com o envelhecimento, de forma a potenciar a prevenção de even-tuais situações.

O ponto focal desta questão é contrariar a sociedade atu-al para a usual desvalorização da experiência e sabedoria dos mais velhos, (indicador e reflexo de uma crescente perda da tradição e dos valores morais), e particularmente da alteração do estatuto da pessoa idosa.

Perante uma realidade oculta e silenciosa, é urgente im-pulsionar a procura de ajuda por parte desta faixa etária, víti-ma destes abusos, encorajando-os a denunciar estas situações, desvalorizando os sentimentos de culpa, vergonha e medo das represálias.

Conscientes de que tudo isto se traduz numa enorme per-da da autoestima à pessoa idosa é preciso mudar esta mentali-dade voltada para a piedade e transformá-la num maior inves-timento da dignidade do idoso, estimulando-lhe o prazer e a alegria em estar vivo.

Sendo a violência contra os idosos um problema de todos nós e não só dos idosos, é imprescindível revalorizar o papel do idoso na vida social, familiar e económica, concebendo opor-tunidades para que utilizem as suas capacidades em atuações que dignifiquem a existência, não desprezando o respeito pela individualidade.

O Município de Sousel adjudicou à Santana a empreitada de Construção do Centro Escolar de Sousel pelo valor de €4.650.000,00. A obra tem um prazo de execução de 18 meses.

Este centro escolar tem uma área de construção de 7450m2. Será um edifício com uma linguagem ar-quitetónica realçada pelos seus painéis de ensombramento em betão que além de garantirem a seguran-ça permitem o sombreamento sem comprometer a magnífica visão para o exterior.

O edifício dispõe de um conjunto de elementos cénicos em fibra de vidro (bolas, livros, etc).Os arranjos exteriores previstos permitirão o uso e conforto necessários para que o edifício se torne ele

próprio motivador de interesse na relação entre o seu exterior e interior.

Santana SA constrói Centro Escolar em Sousel

O Grupo JAP foi nomeado como novo con-cessionário Volkswagen para a região de Trás-os--Montes e Alto Douro e a região de Porto Este.

A JAP Blue irá operacionalizar essa representa-ção VW, com o objetivo de colocar a marca ao ní-vel do seu reconhecido valor.

Foram assim inauguradas no dia 3 de maio as novas instalações em Vila Real. A cerimónia contou com a presença do Presidente da Câmara de Vila Real, Dr. Manuel Martins, e do Presidente da SIVA, Dr. Fernando Monteiro, e de inúmeros convidados.

A VW é uma marca de alta referência no territó-rio, quer pelo seu histórico bem como pelos pro-dutos que atualmente comercializa, para além do mítico GOLF. Associado a este valor a JAP Blue do-tou as instalações dos mais elevados meios tec-nológicos capazes de prestar um serviço de mais alto nível de qualidade, conforme apanágio do Grupo JAP.

Especialmente vocacionado para um público que admira uma elevada satisfação, a JAP Blue deu especial enfase à preparação das suas equipas de

forma a surpreender, pela positiva, o cliente.Com 4.000 metros quadrados de área comercial

e de serviços e com mais de 35 colaboradores, a JAP Blue de Vila Real representa um investimen-to de 1 milhão de euros, disponibilizando os mais variados serviços da VW e do Grupo JAP: Viaturas Novas, Veículos Comerciais, Veículos Usados e Se-minovos, Após-Venda, Peças, Pneus, Seguros, Fi-nanciamento, Rent-a-Car, Serviço de Colisão, Ser-viços Rápidos, Horários alargados, entre outros.

A JAP Blue tem como objetivo atingir um nível de vendas superior a 600 viaturas/ano e um volu-me de negócio na ordem dos 23 milhões de euros.

Para julho está previsto a abertura das instala-ções JAP Blue em Penafiel, reforçando assim a sua presença no Vale do Sousa.

Recorde-se que o Grupo JAP mantém uma pre-sença centenária no ramo automóvel e represen-ta marcas como a Volkswagen, Renault, Nissan e BMW, assegurando uma cobertura territorial, composta por 27 pontos de venda e 16 pontos de assistência.

Grupo JAP inaugura instalações VW em Vila Real

[INFO COMERCIAL: Informação disponibilizada pelas marcas]

Page 19: Repórter do Marão

O Governo prepara uma reorganização territorial dos bombeiros voluntários, intenção há dias revelada pelo secretário de Estado da Administração Interna e que já motivou fortes críti-cas da Liga de Bombeiros.

O secretário de Esta-do Filipe Lobo D’ Ávila, em entrevista à agência Lusa, considerou que na atual conjuntura é incontorná-vel fazer uma reestruturação dos corpos de bombeiros voluntários.

O governante considera que é importante criar um novo mo-delo de financiamento dos corpos de bombeiros, numa altura em que dezenas de associações estão a braços com sérias dificul-dades económicas para manter as estruturas de socorro.

Há cada vez mais casos de corporações sem dinheiro sequer para combustível, situação que pode ser muito problemática no pico do combate aos incêndios florestais.

A fusão ou agregação de algumas corporações é outra hipóte-se sobre a mesa, embora essa ideia desagrade à maioria dos cor-pos de bombeiros.

"Acho que o caminho não é a extinção do voluntariado, mas te-mos que iniciar um processo de reestruturação, que é incontorná-vel e tem que começar pelos próprios interessados", adiantou.

"Temos um mapa territorial que, do ponto de vista dos cor-pos de bombeiros, não corresponde ao mapa de riscos em Portu-gal e, na maior parte dos casos, encontra-se desajustado da re-alidade e da necessidade de resposta que é preciso dar", realçou Filipe Lobo D’ Ávila.

A reestruturação poderá passar, segundo o governante, pela aposta de forças e respostas conjuntas, nomeadamente corpos de bombeiros do mesmo concelho ou concelho contíguos terem, do ponto de vista operacional, uma sinergia de meios materiais e humanos.

Nesse sentido, adiantou, o processo de reestruturação passa também por um novo modelo de financiamento, estando o Go-verno a trabalhar com a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) e a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).

Em Portugal existem mais de 30 mil bombeiros voluntários e cerca de 400 associações de bombeiros.

Governo prometereestruturar bombeiros

A Assembleia da República aprovou uma resolução em que recomenda ao Governo a eletrificação da Linha do Dou-ro, no troço entre as estações de Caíde de Rei (Lousada) e do Marco de Canaveses. Esta obra já esteve prevista pelo Gover-no anterior mas a crise económico-financeira travou a em-preitada quando se encontrava na fase de adjudicação.

A Câmara do Marco de Canaveses tem vindo a insistir no lançamento de uma empreitada menos dispendiosa (o proje-to anterior estava avaliado em cerca de 70 milhões de euros, que incluía a requalificação da linha e alguns interfaces), de-

fendendo junto do Governo apenas a eletrificação.O objetivo é que os comboios suburbanos de tração elétri-

ca que fazem o percurso entre o Porto e Caíde possam pros-seguir até Marco de Canaveses sem necessidade de mudar as composições, uma operação que a CP tem considerado mui-to dispendiosa e que alegamente justifica parte substancial dos prejuízos da linha.

Segundo a decisão parlamentar, já publicada em Diário da República, deve o Governo manter aquele troço de linha na rede suburbana do Porto da CP.

O Parlamento recomenda também a implementação de si-nalização eletrónica e telecomunicações na linha do Douro.

Curiosamente, a resolução foi apresentada pelo Grupo Par-lamentar do PSD – partido que suporta o Governo, juntamen-te com o CDS/PP, e aprovada por unanimidade no dia 20 de abril. No texto pode ler-se que deve ser mantida a "aposta prioritária em investimentos criteriosos de proximidade".

A pressão da autarquia (que culminou com uma manifes-tação de utentes a 22 de abril) teve já o mérito de travar a pretensão da CP de suprimir a maioria das ligações entre Ca-íde e Marco. Os horários de maior procura de passageiros fo-ram mantidos.

Parlamento aprovou recomendação para a eletrificação da linha do Douro até ao Marco

A estação de Aregos, na margem direita do Douro, que serve as populações das zonas riberinhas de Baião e Resen-de, vai ter uma oferta reforçada de comboios durante a épo-ca alta. A CP, atendendo que a estação ferroviária da linha do Douro está inserida numa região de grande procura turísti-ca, determinou a paragem dos comboios do serviço inter--regional até meados de outubro.

Aregos pode potenciar a utilização do comboio por par-te dos turistas que visitam a Fundação Eça de Queiroz, cená-rio do romance "A Cidade e as Serras", e ainda aqueles que frequentam Caldas de Aregos (na margem de Resende), um complexo turístico termal bastante frequentado no verão.

A Câmara de Baião criou um espaço de promoção dos produtos do concelho no centro do Porto (rua das Flores, 53 e 57), uma loja que será gerida pela Associação Porto de Baião.

O espaço, além de local de convívio para os naturais de Baião residentes na cidade do Porto, terá ao dispor artesa-nato e produtos tradicionais, nomeadamente vinhos e al-guma doçaria.

Na abertura, que juntou centenas de pessoas, foi salien-tada a importância de a Casa de Baião no Porto promover não só os produtos do concelho mas também os seus valo-res culturais e patrimoniais.

CP reforça comboios em Aregos Loja de produtos de Baião no Porto

A Associação das Coletividades do Marco de Canaveses e a Câmara Municipal organizam, entre 25 e 27 de maio, a quinta edição da Feira das Coletividades. Com um progra-ma de animação cultural e musical diversificado, este even-to, que tem o jardim municipal como palco, pretende realçar a força do movimento associativo concelhio.

Participam 25 expositores, onde as várias associações e coletividades terão a oportunidade de divulgar as ativida-des e/ou serviços que realizam em prol da comunidade.

Três restaurantes vão apoiar o evento, representando os sabores tradicionais da gastronomia regional e os vinhos verdes da Rota dos Vinhos do Marco.

Feira das Coletividades do Marco de 25 a 27 de maio

Jorge Manuel Costa Pinheiro

Comércio de todo o tipo de material de escritórioRua Teixeira de Vasconcelos - Amarante

Telef. 255 422 283 * Telem. 917 349 473

Page 20: Repórter do Marão

20 maio '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão opinião

[A seu pedido, alguns colaboradores escrevem de acordo com a antiga ortografia]

Precisamos de gente inteligente, séria e justa, já que abundam finórios espertalhotes que se desenrascam enras-cando-nos.

Começa no nosso problema maior e mais grave, o de uns senhores que nos visitam e devem sentir-se, não só uns soberanos pelo modo como os tratam, mas uns magos--prestidigitadores. Dão receitas que não resultam em lado nenhum, mas quem as segue acredita que sim pois são sim-ples de aplicar e aparentam sucesso. Emprestam-nos a mas-sa que sabem dará bom retorno, e os crentes/ credores es-mifram o pagode até ao tutano para lhes pagar. Tal qual um número de magia - perguntando-se a si próprios qual a rela-ção entre a sua não provada sapiência e a ignorância atrevi-da e basbaque de quem lhes assiste ao número - fazem apa-recer toda a espécie de sonhos e sucessos que os distraídos, no circo e elogios que não cessam de os mimar, acalentam e apregoam.

Outros iludidos depositam e apregoam esperanças nas eleições dos outros. De um lado um homem que se vai ver grego para governar, e do outro os que já são gregos e nem sequer conseguem um governo. Disfarça-se assim mais um pouco a nossa situação, encobrindo-a com a manta que de tão rota e puxada já mal chega para cobrir os que não de-viam precisar e a isto nos levaram, quanto mais para os que conhecem o frio e a fome com que nem sequer sonharam.

Além da magia há também milagres. Cai mais de um mi-lhão em conta partidária e não há explicação cabal a não ser o milagre. Também Cristo multiplicou pão e peixes e nin-

guém lhe perguntou como conseguiu. É uma questão de fé.Uns compadres lembram-se de abrir um banco, com-

pram e vendem acções entre eles e outros compadres, ac-tuam como se fossem verdadeiros banqueiros, compram e emprestam sem fundo, e depois esquecem-se que o são e vão ao Estado para pagar, com este a reflectir os custos na

Nação. Outro milagre de fé pois ninguém se lembrou de pergun-tar: “vão fazer um ban-co com quê? De onde vem a massa para tan-tas mordomias e re-compensas? Quem não sabe fazer um ban-co de pau será capaz de fazer um banco de dinheiro?”

Nas Finanças tam-bém não há dúvidas na equidade, justeza e profundidade das ava-

liações, taxas e processos, seja nas sisas que não se pagam acobertadas em trocas e baldrocas, avaliações de IMI a mul-tiplicar por 10 e outras a taxar choupanas como se fossem palácios e vice- versa.

Do suporte e qualidade de vida nem se fala pois além da perda generalizada (e definitiva?) dos 13º e 14º mês, ou-

tro leva caminho em acerto de IRS, a somar ao IVA que en-gordou em quase tudo. Outro rombo é na luz que a EDP co-bra em rendas e prebendas. Anuncia agora outros modos de fornecimento que ainda não entendi o alcance e objectivo. Se for como a enganosa campanha publicitária “amiga do ambiente” traz água no bico, como aliás parece certo quan-do anuncia que, além dela, ainda são mais meia dúzia de empresas a poder entrar no bolo. Uma benesse aos caren-ciados, como parece estarem na moda pois não há medida que não fale neles, com prazo de pagamento alargado para 20 dias e o corte de energia por falta dele a ter aviso prévio.

Resta-nos a Justiça que, desde as primeiras derrapagens de preços na Expo e Centro Cultural de Belém, continuando no regabofe dos Fundos Europeus, das parcerias (PP's) que “todos” fizeram, até aos múltiplos “milandros” que vamos ou-vindo, com mais ou menos pormenores e autores, diaria-mente, finalmente condenou o jovem que “fanou” três mú-sicas na internet.

Com tudo isto e o mais que aqui não cabe mas a gene-ralidade sabe e sente, onde está a pergunta que todo o res-ponsável deveria fazer: e depois? Como vai evoluir? Que fará a Sociedade? Até João Jardim, num assomo de lucidez, avi-sou e mostrou temor ao que a Europa pode gerar e os eu-ropeus assumir. E neste depois, que parece ninguém querer acautelar, não ficaria bem a pergunta a saber para que ser-virá o dinheiro mal ganho, mesmo que ilibado, justificado, prescrito ou bem lavado?

E DEPOIS?...

Armando MiroJornalista

George Friedman é o nome sonante na geopolítica glo-bal, autor de um sucesso de livraria intitulado “Os Próximos 100 Anos”. Agora, outro título seu “A Próxima Década” acaba de che-gar ao mercado português (Publicações Dom Quixote, Feverei-ro de 2012). É um texto transparente, não deixa margem para equívocos. Os EUA são uma república na terra deles, fora das fronteiras compete-lhes o exercício de potência imperial. Ele questiona se poderá ser compatível a gestão do império com os predicados republicanos. Tem algumas dúvidas porque a cer-teza é de que os EUA serão uma força poderosa no mundo du-rante a próxima década. E ele explica-nos em que consiste essa certeza.

Na génese de tudo, temos os EUA já vigorosos e pulsantes que intervieram na I Guerra Mundial e que redefiniram os po-deres europeus e o comércio nos oceanos. Depois da II Guerra Mundial, os EUA assumiram-se como a potência que delineou uma estratégia de equilíbrio para impedir a força avassaladora da URSS em estender-se da Europa de Leste até à China, com infiltrações pontuais noutros continentes. Com o colapso da URSS, os EUA, um pouco à deriva e navegando à bolina, lan-çaram mão de uma estratégia para conter as grandes potên-cias ou pô-las umas contra as outras. Nos anos 90 invadiram ou intervieram em vários países (Kuwait, Somália, Haiti, Bós-nia e Jugoslávia). Foram ataques desarticulados, para satisfazer emergências. Depois do 11 de Setembro de 2001, os EUA mos-tram-se obcecados pelo terrorismo, parecem centrados na erra-dicação da ameaça terrorista, que parece palpitar, difusamente, no mundo islâmico. Torna-se pertinente, escreve George Fried-man, regressar a uma política de manutenção do equilíbrio de poderes regionais: distanciar-se de Israel, fortalecer o Paquistão, fazer tudo quanto é possível para quebrar a forçar a uma possí-vel aliança entre a Alemanha e a Rússia, estar atenta ao abran-damento económico da China que poderá saldar-se num foco de agressividade contra o Japão, enfim, agir como potência im-perial, já que lhe caiu esta incumbência acidentalmente. O au-tor escreve um livro enviando claramente recados à presidência já que a essa pessoa terá que gerir a realidade imperial, compe-te-lhe a ele trazer ordem para o império, estar à altura de outros presidentes que foram líderes eficazes, homens que consegui-ram ser totalmente implacáveis: Abraham Lincoln, Franklin Roo-sevelt e Ronald Reagan.

Sem ilusões escreve: “Os interesses fundamentais da Améri-ca são a segurança física dos Estados Unidos e um sistema eco-nómico internacional relativamente livre. Seja qual for o siste-

ma regulatório, os Estados Unidos têm de comprar e vender, de emprestar e pedir emprestado, precisam de investir e quem in-vista neles, com um alcance global. Quando a cultura económi-ca americana toca a outros países os afetados têm a opção de se adaptarem ou de serem submersos”. A década é o período compreendido entre 2011 e 2021, os presidentes da década te-rão de elaborar uma estratégia que reconheça que as ameaças

que ressurgiram nos passa-dos 10 anos não foram aber-rações. Uma estratégia que contemplará três princípios: permitir o equilíbrio de po-deres no mundo e em cada região, para consumir ener-gias e desviar as ameaças dos EUA; criar alianças nas quais os EUA manobrem ou-tros países, usar interven-ção militar apenas como úl-timo recurso. O presidente pode impedir que o impé-rio acidental destrua a repú-

blica mas para tal precisa de estar comprometido com o equilí-brio constitucional.

E começa aqui uma análise que se estende desde a crise fi-nanceira atual, percorre as diferentes regiões do mundo suge-rindo os ditos equilíbrios de poder no médio oriente, na Rússia, no continente europeu e no Pacífico Ocidental, passa a correr pela América Central e do Sul e por África e detém-se, por úl-timo, nas questões tecnológicas, demográficas e ambientais, cujos desafios serão os suportes ao equilíbrio de poderes.

Descreve o pânico financeiro de 2008 e como um colapso aparentemente centrado nos Estados Unidos irradiou para mui-tos outros países que tinham apostado as suas finanças em pro-dutos que se revelaram claramente tóxicos. E surpreende-nos com a seguinte frase: “O que a crise de 2008 fez em todo o mun-do foi redefinir os limites entre as empresas e o Estado, aumen-tando o poder do Estado e o poder dos políticos, reduzindo a autonomia do mercado e a elite financeira”. Parece que George Friedman, viu resultados que praticamente todos os outros co-mentadores não viram – afinal, onde é que aumentou o poder do Estado, em assumir bancos falidos, castigando brutalmente as classes médias e engrossando as correntes das populações pobres? Numa linguagem diáfana descreve a invasão do Iraque

para concluir que a fragilização deste país vital para o forneci-mento de petróleo transformou o Irão numa potência domi-nante na região que, observa o autor, não pode ser subjugado e que tem trunfos temíveis como o de poder minar o Estreito de Ormuz e criar o caos económico pelo bloqueio de fornecimen-to de petróleo a partir do Golfo Pérsico. Torna-se inevitável forjar uma aliança que aproxime os EUA ao Irão, reencontrando novos equilíbrios no Médio Oriente. No entanto, parece que o autor descura tudo quanto se está a passar no Egipto e que pode vir a comprometer a relação apaziguada deste com o Israel, todos estes equilíbrios são instáveis, passam igualmente pela Síria, Lí-bano e tudo mais que tem a ver com a Arábia Saudita que está menos pacífica de que muitos pretendem crer.

O autor fala da Rússia como de um monstro perigoso, ob-jeto de açaime. A longo prazo, escreve, a Rússia é um país fraco. Está a exportar energia mas não passa de uma ferramenta de cur-to prazo, terá de lidar com as suas fraquezas estruturais e uma po-pulação altamente dispersa. O perigo maior seria a unificação da Rússia e da Europa: “Criaria uma força cuja população, capacida-de tecnológica e industrial e recursos naturais iriam, pelo menos igualar os da América e com toda a probabilidade, ultrapassá-los”. É provável que surjam ajustamentos entre a Federação Russa, a Bielorrússia e até a Ucrânia. Mas os Estados Unidos deverão vetar a recriação do império russo. E introduz uma nota surpreendente sobre a Polónia: “Exposta de ambos os lados, a Polónia não vai ter grande opção a não ser acompanhar as decisões dos alemães e dos russos, o que seria desastroso para os Estados Unidos. É, por-tanto, do interesse americano garantir a independência da Poló-nia em relação à Rússia e à Alemanha. A Polónia é um embaraço histórico para a Alemanha e para a Rússia e é do interesse ameri-cano garantir que ela assim permaneça. A Polónia tem de perma-necer uma ameaça para ambos”.

Toda a análise de George Friedman é de inteiro menospre-zo com os continentes Europeu e Asiático, onde quer que seja só há ameaças para os interesses vitais dos Estados Unidos. Não esconde o desejo que a União Europeia fica circunscrita a uma zona de comércio livre. Desdramatiza o crescimento Chinês di-zendo mesmo que 80 % dos chineses vivem em condições comparáveis com as da pobreza da África Subsariana.

É um livro de leitura indispensável para se perceber até que ponto este império acidental irá recorrer a todos os expedientes para pôr potências em conflito para que os EUA possam con-tinuar a deter este cetro pelo qual o conhecemos: o polícia do mundo, a qualquer custo.

O quE SE ESPEra, na PrESEntE DécaDa, DO POlícIa DO munDO

Beja Santos Assessor D. G. Consumidor

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Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.

22 maio '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão crónica & artes

Idade FelizAmarante

- Anos 70

DUAS MANEIRAS DE DIZER O MESMOA.M.PIRES CABRAL

Andei todo o domingo, 13 de Maio, com uma incomodativa pedra no sapato. De manhã até ao fim da tarde. Razão: aproxima-se a hora de enviar a crónica mensal para o Repórter do Marão, e não me fosforeja no bestunto assunto capaz para ela. Há fases assim na vida dum fulano: uma secura interior, um vazio que nada parece poder preencher. É a tal angústia de que muitos escritores se queixam diante da folha branca do papel (no meu caso, do ecrã do computador). Quem nunca passou por transes destes dificilmente compreenderá a intensidade dessa angústia, só comparável, talvez, com a também muito celebrada angústia do guarda-redes antes do penálti.

A falar verdade, assuntos não faltam. Mas quê! Vão todos bater ao mesmo: crise, acordo (?) ortográfico… E a gente não pode estar sempre a bater na mesma tecla, pois não?

Ruminava eu este desconforto, quan-do o telejornal me traz a salvação. Ver-dade seja dita, é mais uma vez a crise o tema de fundo, mas parece-me que des-ta vez a poderei abordar de um ângulo ligeiramente diferente – pelo que me abalanço a ‘chover (uma vez mais) no molhado’.

Foram duas as notícias do telejornal que me deram o mote para esta crónica.

A primeira é a de que o primeiro--ministro foi recebido com vaias e in-sultos (‘cobarde’, ‘piegas’) na Feira do Livro de Lisboa. A recepção inamistosa esteve a cargo do chamado movimento dos indignados. É bom que se saiba que este movimento não é exclusivamente português, mas internacional. E não é especialmente benquisto da polícia: em notas de rodapé, leio que houve manifes-tações de indignados, confrontos com as autoridades e consequente repressão em Madrid e Londres.

Não é possível minimizar, muito me-nos ignorar, este movimento. Ele é um fenómeno genuíno de base, e dá sinais de não se deixar instrumentalizar por partidos políticos, sempre prontos a ex-plorar a seu favor situações deste géne-ro. Enraíza no desespero de milhares de jovens condenados ao desemprego ou à precariedade, que o rosto frio do ultra--liberalismo fita com indiferença — o

mesmo ultra-liberalismo que protege e acarinha o capital erigido em deus máxi-mo de uma religião espúria que não está certamente feita à medida do homem. Seria bom que os poderes políticos lhe prestassem um pouco mais de atenção, porque, sendo potencialmente inflamá-vel, uma pequena mecha pode desen-cadear acontecimentos de imprevisível gravidade, mesmo em Portugal, país dito ‘dos brandos costumes’.

A segunda notícia é a de que em Fáti-ma, durante as celebrações de Maio des-te ano, foram queimadas mais de trinta toneladas de cera. O normal nos outros anos parece andar por um décimo disso. Este facto também dá que pensar. Se considerarmos, números redondos, que se juntaram em Fátima trezentas mil pes-soas, e se a minha matemática, desgasta-da pelo uso de calculadoras electrónicas, não me atraiçoa, cada uma daquelas pes-soas deitou para a fornalha, em média, um hectograma de cera. Trezentos mil hectogramas de cera! É obra.

Este aumento desconforme de cera queimada, no ano de 2012 – epicentro da crise mais medonha que já testemu-nhámos – não pode ser coincidência. É, pelo contrário, algo que tem na origem as mesmas motivações do movimento dos indignados. É uma forma de protesto contra a miséria, o desemprego, a aus-teridade cega, a ausência de uma luz ao fundo do túnel. É, claro está, um protesto todo interior: as pessoas voltam-se para o divino suplicando pão, cuidados de saú-de, segurança – enquanto o movimento dos indignados é um protesto todo exte-rior. O místico versus pragmático.

Mas, um e outro, diferentes embora, são duas maneiras de dizer o mesmo: que já não se suporta esta austeridade. E mal andarão o Dr. Passos Coelho e o Dr. Gaspar se não lerem na cera queimada de Fátima um sinal tão preocupante como as manifestações mais ou menos ruido-sas, mais bastonada menos bastonada, dos jovens indignados.

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Nota: Este texto foi escrito com delibe-rada inobservância do Acordo (?) Orto-gráfico.

O OLHAR DE...Eduardo Pinto 1933-2009

Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]

A despedida de Sarkozy !2012

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Page 23: Repórter do Marão

Hilário e HelgaEle entrou com o jornal de-

baixo do braço, bem vestido, bem calçado, deu meia dúzia de passos e reparou nas mesas que estavam livres. Olhou para mim, apontou com o dedo indicador da mão direita para a mesa do fundo, a que está junto da jane-la, a mesa sete, que só dá para dois clientes, e perguntou, edu-camente: posso sentar-me ali?

E eu disse: claro, faça favor, pode escolher, esteja à vontade.

Nessa altura o restaurante ti-nha mais mesas do que clien-tes. Aos domingos é sempre as-sim, só depois da uma da tarde é que começa a barafunda.

Ele chegou por volta da meia hora. Nessa altura só tinha servi-do dois casais de velhotes. São sempre os primeiros a aparecer. Chegam pontualmente ao meio dia e um quarto, fazem de con-ta que consultam a lista, cheios de dúvidas, mas eu já sei que pedem sempre a mesma coi-sa: sopa de legumes bem pas-sada, por favor, e puré de bata-ta com carne picada, mas bem picadinha por favor, pão, seven up natural e, para finalizar, um cafezinho, mas com adoçan-te por causa da diabetes. Antes do cafezinho bem cheiinho, tra-ga um fatiazinha de toucinho do céu para cada um, bem abo-nadinha, porque hoje é domin-go. O doce faz mal à saúde, pois faz, mas hoje é domingo e toda a gente tem direito ao seu peca-dinho. Agora a nossa felicidade está nas coisas pequeninas, te-mos de saber aproveitar.

Eu bem vejo que estão felizes por terem trocado as crocs gas-tas e as pantufas deformadas de todos os dias, pelos sapatos no-vos. Às vezes riem-se do que di-zem, e, felizes, esquecem por instantes as dentaduras posti-ças, que teimam em não ficar quietas na boca, e chamam-me pelo meu nome: menina Helga, menina Helguinha.

Mas não era isso que eu que-ria contar, desculpa. Voltemos ao tal cavalheiro que no domin-go passado entrou no restau-rante e sentou-se na mesa sete, junto da janela.

Quando tive a certeza que estava sozinho, levei-lhe a lis-ta e, para ser sincera, esqueci--me dele, porque, de repente, uma excursão invadiu o restau-rante. Aos domingos somos três a servir, e quando enche, não é pera doce. As pessoas nem so-nham como é complicado ser-vir gente.

O homem da mesa sete não se enervou. Leu o jornal todo, e fazia as palavras cruzadas quan-do eu apareci, depois de ter posto um sorriso de anjo, para ele não começar a falar alto.

E ele, imperturbável, só sorri-sinhos e sex appeal, pediu, lem-bro-me bem, uma sopa de le-gumes, cabrito assado, uma salada. Perguntou pela car-ta dos vinhos, eu corri a en-tregar-lhe e ele escolheu um vinho tinto, maduro, velho, ca-rote. Avisei para a cozinha que a mesa sete era prioritária e cor-ri a servi-lhe o vinho num copo de balão.

Ele bebericou, gostou, e eu servi-lhe a comida. Comia vaga-rosamente, com o olhar entre-tido na fauna que enchia o res-taurante. Depois pediu fruta, e um uísque velho, de trinta anos, se faz favor, e com duas, só duas pedrinhas de gelo.

E eu pensei: se todos os clien-tes fossem como tu, o meu em-prego está assegurado, não vou ficar como a Eva, que trabalha-va na cozinha. Reparei que ele tinha um olhar doce, levemente triste. Pediu café, outro uísque com duas, só duas pedrinhas de gelo. E eu pensei: de onde é que tu és, ó senhor engravatadinho?

Às vezes aparecem-me es-tes pensamentos malucos. Um cliente é sempre um enigma. Podemos ter naquela mesa um ladrão encartado, um assassino, um fugitivo, um louco, um escri-tor, um chulo, um polícia à pai-sana, um asae, ou um homem bom.

O homem da mesa sete, pas-sava já das três da tarde, pediu a conta.

Era gorda a conta que lhe pus em cima da mesa. Ele olhou para o papel, passou a mão pela barba cuidada e disse, com mui-tos bons modos: muito obriga-do pela refeição, há muito tem-po que não almoçava tão bem. Mas, infelizmente, não lhe pos-so pagar, estou falido. Chame a polícia, mande-me prender, eu não fujo, sou uma pessoa de bem. O meu nome é Hilário. En-genheiro Hilário Salavisa. Já fui empresário e proprietário.

Fiquei, com se costuma dizer, sem fala. Fui falar com o meu patrão. Não era justo que eu pagasse a conta do senhor en-genheiro. O meu patrão, com a sapiência dos sessenta e cinco anos propôs que o cliente sal-dasse a conta ajudando a lim-par a cozinha, que estava uma miséria.

O engenheiro respondeu que era uma proposta hones-ta, e que teria muito gosto em a acatar. E acatou, depois de cal-çar luvas, enfiar uma touca e vestir a bata da Eva.

António Mota

23maio '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãoeventos | crónica

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Obras de Graça Morais, Almada Negreiros e Nadir Afonso foram recriadas pela emblemática Manufatura de Tapeçarias de Portalegre, que conta com mais de cinquenta anos de existência. A exposição Nós na Arte - Tapeçaria de Portalegre e Arte Contemporânea, realizada em parceria com o Mu-seu da Presidência da República, mostra não apenas o resultado final, mas também um conjunto de elementos e artefactos que ajudam a compre-ender todo o processo. A exposição vai manter-se até 30 de setembro e abrange os principais equipamentos culturais da região de Trás-os-Montes e Alto Douro, com a seguinte temática: Museu do Douro - Nadir Afonso | Museu de Lamego - Histórica | Museu do Côa - Almada Negreiros | Cen-tro de Arte Contemporânea - Graça Morais | Museu do Abade de Baçal - Portuguesa | Mosteiro de Santa Maria de Salzedas - Internacional

Exposição de Pintura na Casa da Cultura de FafeFernanda Aguiar expõe até 08 de junho, na Casa Municipal de

Cultura de Fafe, os seus mais recentes trabalhos artísticos. A exposição da artista fafense, professora aposentada, é constituída por duas de-zenas e meia de trabalhos, executados entre 2010 e 2012 e em que se denota a evolução da pintora, nas suas técnicas e nos seus modelos.

Expôs individualmente pela primeira vez numa unidade hotelei-ra de Fafe, em 1998. Por quatro vezes, entre 2000 e 2009, mostrou a sua obra na Casa Municipal de Cultura de Fafe. Expôs igualmente na Socie-dade Martins Sarmento, em Guimarães, e no Teatro Club da Póvoa de Lanhoso. Participou também em diversas exposições coletivas.

Fernanda Aguiar obteve o Prémio Ilustração Bicentenário Ander-sen, Póvoa de Lanhoso, II Bienal Internacional de Pintura da Fundação Rotária Portuguesa – 2009 e Prémio José Augusto Távora - Póvoa de Lanhoso (2011).

Tapeçaria de Portalegre recria obras de Nadir Afonso e Graça Morais

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