revista greenpeace 02/2009
DESCRIPTION
Revista trimestralTRANSCRIPT
Rev
ista
abril
- m
aio
- ju
nho
| 200
9
A farra do boina Amazônia
gree
npea
ce.o
rg.b
r
RenováveisUm mar de energia eólica
EntrevistaAdalberto Veríssimo, Imazon
| 3
O gado na região da BR 163, no Pará, avança sobre áreas de foresta.© Ricardo Funari/Lineair
4 De volta às origens
6 O Green na web
7 Floresta de chifres
12 Entrevista: Adalberto Veríssimo
13 A lenda continua
14 A hora e a vez dos orgânicos
15 Em ação
16 Bons ventos que vêm do mar
17 Green no mundo
18 Urgência climática
19 Foto-oportunidade
O Greenpeace é uma organização global e independente que promove cam-panhas para defender o meio ambiente e a paz, inspirando as pessoas a mu-darem atitudes e comportamentos. Nós investigamos, expomos e confronta-mos os responsáveis por danos ambientais.Também defendemos soluções ambientalmente seguras e socialmente justas, que ofereçam esperança para esta e para as futuras gerações e inspiramos pessoas a se tornarem responsáveis pelo planeta.
Marcelo FurtadoDiretor Executivo
Greenpeace Brasil
diár
io d
e bo
rdo
Caros colaboradores,
O papel do Brasil nas discussões sobre mudanças climáticas é fundamental por ser o quarto maior poluidor do planeta. O país anunciou no ano passado um Plano Nacional de Mudanças Climáticas e tem se destacado internacionalmente por seu discurso, mas na prática a reali-dade é bem outra.
Há, por exemplo, uma ofensiva ruralista em curso no Brasil que coloca em risco todas as iniciativas que buscam zerar o desmata-mento na Amazônia. O BNDES, banco de investimento do governo federal, tem financiado parte da destruição da floresta ao oferecer crédito a pecuaristas que atuam na região, conforme denunciamos no relatório A Farra do Boi na Amazônia – destaque desta edição.
No Senado, foi aprovada em plena semana do Meio ambiente, uma Medida Provisória que entrega uma área da floresta amazônica do ta-manho dos estados de São Paulo, Ceará e Rio Grande do Sul a pessoas e empresas que ocuparam e desmataram ilegalmente essas terras.
Enquanto o governo brasileiro diz uma coisa e faz outra, a cri-se climática global ganha terreno e ameaça milhões de brasileiros. Cidades inteiras do Norte e Nordeste do país ficaram debaixo d’água no início do ano devido a uma das piores enchentes da história da região, enquanto a região sul era castigada por uma seca igualmente intensa. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a incidência de eventos climáticos extremos no Brasil aumentou drasticamente entre 1970 e 2008, causando a morte de milhares de pessoas e prejuízos da ordem de US$ 10 bilhões.
Está na hora do Brasil assumir sua responsabilidade e liderar o debate climático, atuando firmemente para que tenhamos um acor-do global eficiente no combate às mudanças climáticas na próxima reunião da ONU, marcada para dezembro em Copenhague. Para assumir essa liderança, o governo brasileiro precisa, o quanto antes, entender que o desenvolvimento do país é fundamental, mas não deve ser feito às custas do clima do planeta.
Contamos com vocês nesta luta!
© G
reen
pea
ce/R
odrig
o B
alei
a
sumário
capa
4 | abril-maio-junho 2009
ocea
nos
© G
reen
pea
ce/N
ick
Cob
bin
g
A região também deu nome a um dos navios mais simbólicos do Greenpeace, o Arctic Sunrise (em português, Aurora do Ártico), um quebra-gelo que, antes de ser comprado em um leilão, era utilizado na caça de focas. Hoje a embarcação é usada para con-frontar quem promove agressões ao meio ambiente e para registrar os impactos do aquecimento global no planeta.
Este ano o Greenpeace e o Arctic Sunrise partem para uma de suas mais desafiadoras expedições: registrar os efeitos das mudanças climáticas sobre o Pólo Norte e sua biodiversidade. O Arctic Sunrise navegará até a geleira Petermann,
o ponto mais ao norte da Terra, ja-mais alcançado por qualquer navio de nossa frota.
A expedição será realizada em três etapas e vai compilar informa-ções e materiais para mostrar aos governos mundiais que as mudan-ças climáticas estão ocorrendo e o tempo para reverte-las está se esgotando. Nossos pesquisadores estimam encontrar uma realidade muito pior do que os cenários previstos por especialistas. É pos-sível que durante a visita do Arctic Sunrise à região ocorra o despren-dimento de uma geleira do tama-nho da ilha de Manhattan. O ano de 2009 poderá bater o recorde de derretimento de geleiras e, segun-
De volta às origens
do o Centro Nacional de Dados da Neve e do Gelo, instituto de pesquisa ligado à Universidade de Colorado (EUA), 70% das camadas de gelo do Ártico já estão suscetí-veis ao derretimento.
A tripulação do Arctic Sunrise que fará essa expedição ao Pólo Norte passou por treinamento es-pecial em Helsinque, na Finlândia, e será liderada pelo capitão Pete Wilcox, que esteve no Brasil du-rante a primeira parte da expedi-ção Salvar o Planeta. É Agora ou Agora no início deste ano. Uma equipe de imagens (foto e vídeo) vai registrar as geleiras e também a fauna local ameaçada – ursos polares, focas, raposas e pássaros.
O Ártico está intimamente ligado à história do Greenpeace. Foi lá que a organização fez seu primeiro grande protesto, quando um grupo de ativistas navegou em 1971 até as ilhas Aleutas, no Alasca (EUA), para impedir os testes nucleares americanos.
| 5
saib
a m
ais
Acompanhe em nosso site as novidades dessa expedição e confira também em tempo real imagens do navio.
http://www.greenpeace.org/international/photosvideos/arctic-sunrise-webcam/
O quebra-gelo Arctic Sunrise vai navegar até
a geleira Petermann – o ponto mais ao norte
do planeta – para registrar os efeitos das
mudanças climáticas na região. Segundo dados
científicos, 70% das camadas de gelo do Ártico
já estão suscetíveis ao derretimento.
Participação especial
A 61ª reunião da Comissão Internacional Baleeira (CIB), reali-zada este mês na Ilha da Madeira, em Portugal, teve um gosto es-pecial para o Greenpeace. Junichi Sato, coordenador da campanha de oceanos no Japão, recebeu permissão das autoridades de seu país para ir à reunião e discutir o fim da caça comercial de baleias. Em maio de 2008, Junichi e Toru Suzuki (também ativista) intercep-taram uma caixa de carne de ba-leia e apresentaram ao Ministério Público japonês como prova do contrabando com fins comerciais promovido por quem afirma estar fazendo ‘pesquisa científica’. Foi aberta uma investigação sobre a possível corrupção envolvendo o programa de caça subsidiado pelo governo japonês, que foi interrom-pida logo depois. No mesmo dia, Junichi e Toru foram presos e o escritório do Greenpeace Japão revistado. Se condenados, Junichi e Toru podem pegar até dez anos de prisão.
6 | abril-maio-junho 2009
Boas notícias para o planeta!
Líderes europeus surpreenderam o mundo ao anunciar, na reunião da ONU sobre clima em Copenhague, um acordo global ousado para re-duzir as emissões de gases do efeito estufa. Não acredita? Deu no International Herald Tribune, versão do New York Times vendida fora dos EUA.
Infelizmente tal edição histórica não é real, faz parte de uma atividade do Greenpeace em parceria com o pessoal do Yes Man. A versão dos sonhos da edição do jornal foi distribuída durante encontro dos líderes europeus em Bruxelas.
Confira a nossa versão do jornal em
http://iht.greenpeace.org/
Black PixelSer ecologicamen-
te correto dá trabalho, certo? Não necessaria-mente. Basta instalar
um arquivo no seu computador que “apagará” um pedacinho do seu monitor. Parece pouco, mas já imaginou 1 milhão de Black Pixels ajudando a economizar energia? Saiba mais em
www.blackpixel.org.br
Sempre atualizado Você pode não saber o que é, mas com certeza já ouviu falar no Twitter. Esse canal da internet permite aos usuários trocarem links, fotos e mensagens em até 140 caracteres. O Greenpeace, claro, não poderia ficar de fora, para acompanhar nossas ações e nossas últimas notícias, acesse: www.twitter.com/greenpeacebr
Greentube
Não se trata de uma versão verde do YouTube, mas um jei-to criativo que a agência Almap achou para explicar o impacto das mudanças climáticas na vida das pessoas. Confira em:
www.youtube.com/greenbr
Isso éConfira o novo vídeo institucional chamado “Inspiring Action”
www.greenpeace.org/me2Depois de assistir, não deixe de assinar a petição para se tornar um “ativista pelo clima”. A idéia é somar 3 milhões de pessoas para pressionar os governos mundiais a tomarem medidas efetivas de combate às mudanças climáticas.
World leaders gathered at the Copenha-
gen Climate Summit took an historic
step to halt climate change and global
warming today. The deal will force ambi-
tious cuts in global carbon emissions,
end deforestation and help fund climate
protection measures in the developing
world.
The intense negotiations spilled into
the early morning hours with U.N. nego-
tiators eventually emerging clutching a
170-page document that will set the
world on a new industrial and economic
path. The agreement heralds a revolu-
tion in the way energy is produced and
how tropical rainforests are protected. It
also provides large sums of money to en-
A TURNING POINT FOR THE PLANET French President Nicolas Sarkozy, Ger-
man Chancellor Angela Merkel and European Commission President Jose Ma-
nuel Barroso congratulate each other following the Copenhagen Climate Sum-
mit, where world leaders agreed to massive reductions in greenhouse gas
emissions. The new policy came about in response to public protests around
the globe demanding that world leaders do the right thing for the planet.
Heads of state agree historic climate-saving deal
able developing nations to leapfrog car-
bon-heavy, industrial development to
create a cleaner future.
The executive secretary of the United
Nations Framework Convention on Cli-
mate Change, Yvo de Boer, emerged
bleary-eyed but smiling to declare: “The
deal has been sealed. A deal that will
place the world on the path to avert run-
away climate change. A deal we can all
be proud of.”
A visibly delighted De Boer kicked
off the closing press conference with a
celebratory speech worthy of an Oscar
winner. Clearly emotional, De Boer went
on to thank European leaders for their
courage in breaking the deadlock in ne-
gotiations early last summer. The Euro-
pean Union’s landmark pledge last June
to contribute $50 billion (€35 billion) for
climate protection measures in develop-
ing countries was matched this week by
U.S. President Barack Obama, who
promised to contribute a further $60 bil-
lion (€43 billion).
De Boer went on to thank the army of
anonymous bureaucrats who worked
tirelessly to create a coherent frame-
work, the scientists who rang the alarm
bell and spoke out against political com-
promise and the world leaders who set
aside their differences and worked to-
gether in the best interest of the planet
and its people. Most notably, he thanked
the thousands who, over the past several
months took part in nonviolent direct ac-
tion to put the agreement’s conditions
firmly on the negotiating table.
“Thanks to the determined mobiliza-
tion of hundreds of thousands of citi-
zens, the leaders of world have agreed to
ambitious greenhouse gas emission cuts
and to fund climate change adaptation
in the developing world,” said de Boer.
The Copenhagen deal binds indus-
trial nations such as the U.S. and the Eu-
ropean Union to a 40 percent cut in their
greenhouse gas emissions, compared to
1990 levels. Developing countries also
promised to slow their current growth in
emissions by 30 percent, with the help of
$155 billion (€110 billion) in total fund-
ing from industrialized countries. The
deal also sets up a U.N. managed fund to
help protect forests across the globe.
U.N. secretary-general Ban Ki Moon
said: “The road to Copenhagen has been
long and winding, and sometimes felt
more like a highway to hell, but the deal
has been sealed. The developed world
has shouldered its responsibility and
agreed to make ambitious greenhouse
gas emission cuts and to fund emission
reductions and climate change adapta-
tion in the developing world, including
rainforest protection. In return develop-
ing countries have agreed to adopt the
necessary reduction measures.”
According to negotiators the deal has
been structured to keep global tempera-
ture rise to below two degrees Celsius,
the tipping point beyond which scientists
warn of runaway climate change.
Throughout the two weeks of U.N. talks,
COPENHAGEN
European leaders
instrumental in driving
the agenda
BY MICHAEL COUNTRY
HIsTORIC wIN
fOR AMAzON
pROTECTION
CELEB CLIMATE
DENIER RECANTs
pOsITION
RENEwABLE
BOON ON
TRADING fLOOR
GREEN DIRECTOR
fACEs HITCH
Markets soar
on news of
Copenhagen
climate deal
Mass activism
just clicks for
more people
than ever
When the deal to save the climate was
announced in the early hours of the
morning in Copenhagen the first mar-
kets to respond were in East Asia. Mar-
kets in the Philippines and Indonesia
soared as analysts adjusted prices to re-
flect the global step back from the
brink.
“It’s a complete myth that the mar-
kets have never believed in climate
change,” said Damon Wong, markets
analyst with HSBC. “For years long term
investments in places like the Philip-
pines have been viewed as likely to be
sunk by the end of the century. Literally.
Now that civilization is not going to col-
lapse, we can plan for the long term.”
European markets were also expect-
ed to open sharply higher today, as the
prospect of massive investment pro-
grams in wind and solar power is expect-
ed to boost national economies. Unex-
pected beneficiaries included U.K. ship-
yards, which are already looking for-
ward to a raft of new orders following
Gordon Brown’s commitment to put
100,000 offshore wind turbines in the
North Sea over the next five years.
“Building offshore platforms for 100,
000 turbines and the fleet to install and
maintain them is a dream come true for
shipbuilding,” said John Moore of Swan
Hunter shipyards. “With our experience
in North Sea drilling this is an area where
U.K. shipbuilding should lead the
world.”
Big winners from the new energy
economy are expected to be Germany,
Denmark and Spain, whose investments
in renewable energy have created thriv-
ing industries. President Sarkozy of
France was part of a round of late night
diplomacy, which resulted in the re-
placement of nuclear export agreements
with guarantees of technical support for
solar power.
The move could make the pan-Medi-
terranean solar grid a reality, previously
Over the last six months, hundreds of
thousands of people across Europe
participated in nonviolent direct action
focused on corporate and government
targets across the continent.
The protests were designed to dis-
rupt “business as usual” and force these
companies and politicians into devel-
oping a sane climate change agenda. In
almost non-stop actions, thousands
were arrested, raising public aware-
ness of the urgency of action on global
warming and raising the stakes and po-
litical costs for politicians and corpora-
tions who tried to ignore the issue.
“Financially and in a public-rela-
tions sense, we simply couldn’t afford
to put a large percentage of the popula-
tion in jail for nonviolent political dis-
sent,” admitted Wolfgang Schäuble,
the Interior Minister of Germany. “We
had to change our policy. Personally, I
was relieved. I’ve always been a closet
environmentalist and these activists
made it possible, even fashionable, for
me to come out of that closet.”
While much of the civil disobedi-
ence was spontaneous or quickly orga-
nized by activist groups, at least one
website helped make civil disobedi-
ence a mainstream phenomenon. Be-
yondTalk.net provided a convenient
and accessible method for people to
participate in nonviolent direct action.
Those who signed up could learn
the principles of civil disobedience, in
the model of Gandhi and Martin Luther
King, and were then quickly given the
opportunity to put that knowledge into
practice. The website also offered an
“action offset” program that provided
those who couldn’t risk arrest with the
means to help those who could by do-
nating funding for food, transportation
and bail.
“I used to get my energy and envi-
ronmental policy from whatever ener-
gy company I was meeting with that
LONDON
Germany, Denmark and
Spain are winners of the
new energy economy
BY JIM MADDOX
COPENHAGEN
Websites and networking
help thousands to save
climate, make change
BY pETER BAUMANN
SATURDAY, DECEMBER 19 , 2009
i h T - S E . C o M
A S p E C i A l E D i T i o n o f T h E i n T E R n AT i o n A l h E R A l D T R i B U n E
IN THIS FREE
ISSUE
world News 3
Views 5
Business 6
Crosswords 7
NEWSSTAND PRICES
Belgium € 0,-
The Netherlands € 0,-
Bulgaria € 0,-
Hungary HUf 0,-
Iceland IKR 0,-
Latvia Ls 0,-
poland zI 0,-
Us Military
(Europe) Us$ 0.-
He’s a man that many love to hate, even
in his own country. French president
Nicolas Sarkozy is often satirized as
controlling and pushy and with a bling
lifestyle and trophy wife whom he loves
to flaunt. As his many critics analize
Sarkozy’s complex presidential
psychology and its impact on his be-
haviour and political actions, the
French president never seems to miss
an opportunity for self- publicity.
Yet even Sarkozy will surely never
match the startling impact of his decla-
ration upon arrival at the Copenhagen
summit: “Nuclear is dead. I have killed
it. This death releases an initial €10 bil-
lion of investment in renewables in
France and €5 billion to help the devel-
Sarkozy: Nuclear is dead
PARIS
France revolutionizes the
climate summit, stuns
delegates and leaders
BY fRANÇOIsE BOUTON
oping world to kick-start mitigation,
reduce emissions and kill deforesta-
tion by 2015. This is the way forward
for France and for the planet.
“We are also withdrawing all state
support for the construction of new
generation nuclear power and stop-
ping the Olkiluoto 3 reactor project in
Finland. The French taxpayer will no
longer subsidize the dying nuclear in-
‘Clean Coal’ Prank Gone Wrong
Coal industry executives apologized
for claims they could produce clean
coal. “It was a prank that simply got out
of hand,” said one executive. Page 14
Climate Activists Worry
Long-time climate activists scored a
major victory at the Copenhagen Cli-
mate Summit. Now they are worrying
about their job prospects. Page 17
From the Publishers
This special edition of the International
Herald Tribune was produced by
Greenpeace to show world leaders,
and all of us, the future we might have if
they do right by the planet. Page 54
Global Warming Skeptics
Switch Positions
Some scientists, who were previously
outspoken skeptics of global warming,
are now warning that significantly re-
ducing CO2 emissions is their new
worry. “What happens if we reduce our
emissions too much?” wonders one
skeptic. Page 9
PAGE 4 | WORLD
PAGE 5 | VIEWSPAGE 6 | BUSINESS
PAGE 7 | CULTURE
more on page 6
The U.K. abandoned coal. Barack
Obama, seriously ruffled for once,
tried to grab back the initiative but was
ultimately left to follow the French
lead and belatedly confirmed the Unit-
ed States’ full commitment to peak
emissions by 2015, 40 percent emis-
sions cuts by 2020 and $60 billion for
developing countries.
The United States, China and the
others scrambled to save face on the
largest possible public stage.
Sarkozy’s environmental critics could
only laud his achievement whilst
pointing out that they created his pro-
gram in the first place.
Sarkozy remains a divisive figure.
His relationship with the other world
leaders will always be prickly but for
now he is the man of the hour. Sarkozy
came to Copenhagen daring to lead
the drive to meet the global climate
challenge and through sheer force of
personality and ambition won the po-
sition he most coveted on the top step
of the podium.
dustry. We will use this money for the
benefit of our future generations, not
to burden them with nuclear risks and
death...sorry, debt.”
His stunning proposal will free up
massive investment in renewable en-
ergy in France and give technical and
financial assistance for the developing
world. He will achieve this by ending
all subsidies to the French nuclear
power industry. Determined to domi-
nate proceedings and force forward
the climate change agenda, he ener-
gized the summit and left his counter-
parts momentarily speechless.
The consummate risk-taker was
taking a consummate risk by laying
out his biggest concession at the out-
set. Other delegates could have been
taken aback by Sarkozy’s gesture and
resorted to gradually decreasing ges-
tures of support. But the gamble
worked. Sarkozy’s challenge rapidly
generated a snowball effect of climate
change-busting bids from world lead-
ers desperate not to be shown up.
Sarkozy announces an end to reli-
ance on nuclear energy in France.
GREENPEACE / JOËL VAN HOUDT
more on page 6
more on page 2
AFP PHOTO/ ERIC FEFERBERG
Extra! Extra!
| 7
amaz
ônia
Floresta de chifres
Financiadores internacionais cortam créditos de frigoríficos que estimulam o desmatamento, supermercados param de comprar carne de fazendas que criam gado em áreas desmatadas da Amazônia, grandes marcas de roupas e calçados tentam esclarecer a procedência do couro vindo da região. Mas o que levou esse pessoal todo a se mexer? Esse movimento começou depois das empresas verem suas marcas ligadas à destruição da floresta amazônica pelos fatos escancarados em nosso relatório A Farra do Boi na Amazônia, lançado em junho.
A repercussão foi gigantesca e o assunto caiu na boca do povo – está nos jornais, portais de internet, redes sociais e até programas matinais de TV, daqueles que indicam receitas de pratos para o almoço do dia-a-dia.
Com tantas evidências reunidas no documento e o assunto reverbe-rando pela imprensa, além de processos movidos pelo Ministério Público Federal do Pará, muitas empresas procuraram o Greenpeace para enten-der melhor o papel delas no aumento da destruição da floresta.
Depois do lançamento do nosso relatório A Farra do Boi na
Amazônia, a pecuária nunca mais será a mesma. O estudo
revelou a contribuição de produtores, comerciantes e
consumidores na destruição da floresta e
que o governo brasileiro é sócio da expansão da pecuária na Amazônia.
© R
icar
do
Funa
ri/Li
neai
r
8 | abril-maio-junho 2009
Grandes redes de supermercados como Wal-Mart, Carrefour e Pão de Açúcar suspenderam os negócios com 11 empresas frigoríficas para-enses temendo a multa, estabeleci-da pelo Ministério Público Federal (MPF) do Pará, de R$ 500 por quilo de carne vinda de áreas de desma-tamento na Amazônia. Além da preocupação com danos à imagem das empresas. IFC, o braço de finan-ciamento para empresas do Banco Mundial, suspendeu o investimento de US$ 90 milhões com o frigorífico Bertin e cancelou a liberação da última parcela do acordo, no valor de US$ 30 milhões.
Mas isso é só o começo de uma longa jornada para impedir que a pecuária destrua a Amazônia. O próximo passo é exigir que os frigoríficos enviem, juntamente com a nota fiscal do produto, as guias de trânsito do animal, que mostram exatamente de onde veio a carne que é vendida nos super-mercados. Além disso, as ações do MPF restritas ao Pará precisam ser estendidas também aos estados de Rondônia e Mato Grosso, que têm grandes rebanhos.
A pecuária é o maior vetor de desmatamento da Amazônia, que abriga 63 milhões de cabeças de gado, 30% de todo o rebanho na-cional. Dados de satélite e autori-zações de desmatamento emitidas entre 2006-2007 mostram que mais de 90% dos desmatamentos da Amazônia são ilegais.
A exemplo do que aconte-ceu com a soja e a madeira da Amazônia, é preciso que haja agora o comprometimento de todos os frigoríficos com uma moratória da carne, para se evitar novos desmatamentos na região por conta da criação de bois.
Wal-Mart, Carrefour e Pão de Açúcar não vão mais comprar carne de gado criado em áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia. As redes de supermercado temem a multa estabelecida pelo Ministério Público Federal (MPF) do Pará.
| 9
Semana do Meio Ambiente O mês de junho tem em seu calendário uma comemoração muito importante: a Semana do Meio Ambiente, que acontece nos primeiros sete dias do mês.
Nossas equipes de Diálogo Direto e de voluntários foram às ruas em seis capitais brasileiras com a exposição Salvar o Planeta. É Agora ou Agora. A mostra promovida pelo Greenpeace aconteceu em São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Salvador, Porto Alegre e Belo Horizonte.
Com 16 painéis fotográficos e uma tenda sensorial, o evento permitiu aos visitantes uma visão geral da urgência do tema das mudanças climáticas e quais as soluções possíveis e viáveis.
Salvar o planeta é agora ou agora. Clique em http://www.greenpeace.org.br/cop/envie_msg.php e exija que o Brasil assuma a liderança na construção de um novo modelo de desenvolvimento no mundo.
Itália Estados Unidos
Brasil
China
Reino Unido
Passo a passoDiversas fazendas apontadas no relatório do Greenpeace e localizadas na Amazônia, principalmente no Pará e no Mato Grosso, possuem imensas áreas de desmatamento. Há casos de fazendas com mais de 60% de sua área desmatada, chegando muitas vezes a 100%, quando o permitido por lei é 20%. Elas, no entanto, não estão embargadas nem tem multas, o que demonstra a falta de governança na região e a necessidade de ações por parte dos órgãos fiscalizadores. Os bois criados nessas fazendas são vendidos aos frigoríficos. Lá, se misturam com o gado criado em fazendas que respeitam as leis e dali, a carne, o couro e outras partes do boi pirata são distribuídas para empresas até chegar ao consumidor final, no Brasil e no Exterior.©
Ric
ard
o Fu
nari/
Line
air
© G
reen
pea
ce
10 | abril-maio-junho 2009
Incentivado pela atitude das empresas, o frigorífico Marfrig saiu na frente e anunciou em meados de junho uma moratória. A empresa, quarta maior produto-ra de carne bovina e derivados do mundo, se comprometeu a não comprar mais bois das fazendas que não respeitarem a lei daqui para frente.
Mas, além desse compromis-so dos frigoríficos, é necessária a criação de um sistema de mo-nitoramento que evite a compra de animais de fazendas em terras indígenas e com trabalho escravo. Esse tipo de sistema, que informa a origem da fazenda e sua localiza-ção georreferenciada por cada lote de produto fornecido, já existe no Brasil para a venda de carne fresca,
resfriada e congelada que vai para frigoríficos da União Européia. O sistema tem hoje uma finalidade apenas sanitária, mas tem que ser usado também para garantir a qua-lidade ambiental e social da carne.
O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo e é o maior exportador de carne. “A pecuária é importante para a economia do país, mas a indústria brasileira deve garantir respeito às leis ambientais e trabalhistas se quiser se manter competitiva no mercado global” afirma André Muggiati, coorde-nador da campanha de gado na Amazônia. “E isso é de interesse do consumidor brasileiro, que já de-clarou que não aceita mais desma-tamento na Amazônia”, completa. Marcas como Adidas, Gucci, Geox
A pecuária é o maior vetor de desmatamento da Amazônia e responde por cerca de 80% de toda a destruição florestal na região. A cada 18 segundos, um hectare de floresta é convertido em pasto.
e Kraf Foods estão em contato com o Greenpeace para entender o que deve ser feito para limpar sua cadeia de produção das fazendas com desmatamento.
Cadê o governo? Até agora, o governo não se
pronunciou sobre as denúncias de ilegalidades que contaminam o fornecimento de produtos bo-vinos provenientes da Amazônia. Além de ser, hoje, o maior vetor de desmatamento no mundo e a principal fonte de emissões de gases do efeito-estufa do Brasil, a pecuária brasileira conta com um sócio inusitado, que tem entre suas atribuições zelar pela con-servação da floresta amazônica: o Estado brasileiro.
| 11
© R
icar
do
Funa
ri/Li
neai
r
O governo, por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), transformou-se em sócio e investidor direto de frigoríficos que, segundo a investigação do Greenpeace, compram sua maté-ria prima de fazendas que desma-tam ilegalmente, põem seus bois para pastar em áreas protegidas e terras públicas e utilizam mão de obra escrava.
“O governo brasileiro também precisa assumir sua responsabili- saib
a m
ais
Para saber mais acesse: http://www.greenpeace/brasil/amazonia/gado
Você também pode fazer algo. Contate o SAC das empresas brasileiras de pecuária e diga que você não quer consumir produtos que destroem a floresta. Ligue ou mande um e-mail para
Bertin(14) 3533-2000 http://www.bertin.com.br
JBS0800 115057http://www.jbs.com.br
Marfrig(11) 4422-7200http://www.marfrig.com.br
Informe-nos sobre o que as empresas disseram: [email protected]
Ninguém ficou felizSe dependesse da mobilização virtual, que se refletiu em uma chuva de e-mails para a presidência e centenas de manifestações no twitter, Lula teria vetado os artigos mais polêmicos da Medida Provisória 458. Mas não foi isso o que aconteceu. Apenas dois dos quatro itens em questão foram vetados. Um que permitiria que empresas pudessem comprar terras na Amazônia e outro que impediria a legalização de terras em nome de laranjas. Do que jeito que ficou, o governo não agradou nem ruralistas nem ambientalistas. O Greenpeace puxou o coro dos insatisfeitos. A regularização fundiária na Amazônia é fundamental para reduzir a violência e impedir a destruição da floresta, mas não da maneira como foi feita. Com a medida, o governo federal e o Congresso, ao invés de sanar o problema da grilagem de terras na Amazônia, privatizaram quase de graça 67 milhões de hectares de terras públicas. As áreas de até 100 hectares serão doadas. A partir daí e até 400 hectares, será cobrado apenas um valor simbólico. As áreas maiores, com até 1.500 hectares, serão alienadas a valor de mercado, mas o comprador terá 20 anos para pagar.
Um dos grandes problemas é que as áreas maiores também poderão ser legalizadas por meio de um artifício bem simples: divididar a área entre membros da família.
Os dois enxertos feitos pelo Congresso na MP validados pelo presidente foram a redução de dez para três anos do período de carência para a venda da área regularizada e a dispensa de vistoria prévia nas terras com até 400 hectares.
O próximo enrosco no Congresso serão as discussões sobre o Código Florestal. Deputados e senadores da bancada ruralista, apoiados por setores do governo, querem mais do que dobrar a porcentagem de floresta que pode ser desmatada legalmente dentro de uma propriedade privada na Amazônia.
dade para resolver o problema”, diz Muggiati.
“Para começar, pode cancelar imediatamente todas as autoriza-ções de desmatamento, garantir que os bancos públicos não fi-nanciem atividades que derrubem a floresta e adotar sistemas de cadastramento e licenciamento ambiental das propriedades, além de um sistema de rastreabilidade que garanta que o gado criado na Amazônia não vem de áreas desmatadas”.
MP 458©
Gre
enp
eace
/Dan
iel B
eltr
á
12 | abril-maio-junho 2009
a sustentabilidade na amazônia é possívelO agronegócio brasileiro tem que se adequar aos novos tempos e promover a
conservação e uso sustentável dos recursos naturais caso queira prosperar. A
avaliação é do engenheiro agrônomo Adalberto Veríssimo, pesquisador
do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), pós-graduado
em Ecologia pela Universidade da Pensilvânia (EUA). Para ele, o desenvolvimento
sustentável em regiões como a amazônica não é apenas desejável como também
imprescindível para os interesses do país e dos próprios produtores rurais.
Confira a entrevista que o pesquisador concedeu à Revista do Greenpeace: © A
rqui
vo Im
azon
Revista do Greenpeace O que signi-fica para a Amazônia essa recente ofensiva ruralista no Congresso?Adalberto Veríssimo A ofensiva pre-ocupa a todos que estão interessados em promover um desenvolvimento sustentável para a Amazônia. Quando os ruralistas propoem reduzir as exi-gências ambientais, creio que estão olhando para o retrovisor da história e não para a frente. O século 21 vai exi-gir que a agropecuária brasileira seja mais produtiva e que possa crescer não em área, mas em produtividade.As reivindicações ambientalistas são um entrave para o desenvolvimento do país?As preocupações com o meio ambien-te vieram para ficar. Os setores ou líde-res empresariais e políticos que insis-terem em nadar contra essa tendência terão dificuldades cada vez maiores no século 21. Uma economia de baixa emissão de carbono, que não desmata e não degrada a floresta, será a eco-nomia do futuro. Negócios verdes irão prosperar em todas as frentes incluindo o agronegócio. Portanto, a conser-vação e uso sustentável dos recursos naturais são a chave dos negócios em nosso tempo. São parte essencial da solução e não do problema.É possível um desenvolvimento sus-tentável para a Amazônia?
Sim. Primeiro, precisamos che-gar a um pacto político com os setores importantes com atuação na região. Isso inclui pecuariastas, sojeiros, madeireiros e minerado-res. O pacto deveria caminhar para um compromisso de desmatamento zero, que pode ser explicitado no Zoneamento Ecológico-Econômico e no marco legal que assegure o cumprimento do acordo. Para as áreas de floresta será necessá-rio ampliar o manejo florestal e garantir o pagamento dos serviços ambientais. Os proprietarios rurais (sejam eles produtores rurais, comunitarios, extrativistas, indíge-nas) devem receber o pagamento por esse serviço. O Estado brasi-leiro deve manter o pulso firme no combate à ilegalidade, mas também precisa dar a mão e ajudar os produtores rurais que querem operar dentro da legalidade. Eles vão precisar de crédito, tecnologia e melhorias na infra-estrutura para escoar a produção.Em que ponto estamos em rela-ção a esse processo?Acho que estamos caminhando para estabelecer as bases de um entendimento. Isso vai depender do papel que o governo possa ter em arbitrar e mediar as visões diferentes
sobre a Amazônia. Mas acredito que tanto líderes do setor rural como as instituições de pesquisa e as organizações ambientalis-tas podem dialogar e propor uma agenda de trabalho em torno de questões chaves para a Amazônia. Precisamos dinamizar a economia da região, que precisa ser a favor da floresta e não contra. Precisamos gerar empregos, mas esses empregos precisam ter qualidade e estarem associados a cadeias produtivas legais e na direção da sustentabilidade.Qual é o maior perigo hoje enfrentado pela floresta?Temos duas grandes ameaças. A primeira é a falta de um projeto de desenvolvi-mento sustentável vigoroso e coerente para a Amazônia. Temos um Programa Amazônia Sustentável, o PAS, que traz um conjunto de boas idéias, mas não tem orçamento nem força política para deco-lar de fato. Segunda ameaça é a escassez de líderes políticos capazes de enxergar as oportunidades que estão se abrindo com a crise em curso. Portanto, na minha opinião, a crise na Amazônia é mais polí-tica. As questões de infra-estrutura (estra-das, hidrelétricas) e atividades economi-cas (madeira, soja etc) têm peso grande e pressionam muitas vezes a floresta. Mas é possivel desenvolver essas atividades se isso estivesse dentro de uma visão mais ampla e integrada de desenvolvimento sustentável para a Amazônia.
entr
evis
ta
| 13
© A
rqui
vo Im
azon
saib
a m
ais
Saiba mais em: http://www.greenpeace.org/brasil/institucional/noticias/vem-a-o-rainbow-warrior-iii
Foi assinado no início de julho, por Gerd Leipold, diretor-executi-vo do Greenpeace Internacional, o contrato que dará início à construção do Rainbow Warrior III. O veleiro, que será entregue pouco antes das comemorações dos 40 anos da organização, foi projetado com a última tecnologia ecologicamente correta disponível e sua construção está diretamente ligada ao maior desafio imposto à humanidade nos últimos tempos: o combate ao aquecimento global.
O Rainbow Warrior II, um veleiro a motor, foi comprado pelo Greenpeace em 1987 para substituir o antigo navio, afunda-do pelo serviço secreto francês em 1985. Hoje, com 52 anos de uso e 20 anos de campanha junto ao Greenpeace, o navio precisará ser inutilizado devido ao tempo. Seu substituto foi projetado pela Gerard Dijkstra, empresa holan-
desa especializada em engenha-ria naval e será construído pela Fassmer, construtora de navios lo-calizada em Bremem, Alemanha.
É a primeira vez que a organi-zação opta pela construção de um novo navio, em vez de reformar uma embarcação já utilizada. Isso porque, mesmo em épocas de cri-se financeira global, o Greenpeace acredita que vale a pena investir em uma embarcação de alta tec-nologia e desempenho, que tenha como prioridade a proteção ao meio ambiente. “O Greenpeace vem pedindo aos governos inter-nacionais que invistam em deci-sões ambientalmente corretas para combater o aquecimento global. Se é o correto a ser feito por eles, é também correto a ser feitos por nós.”, explicou Gerd.
O Rainbow Warrior III será prioritariamente um veleiro (usan-do energia dos ventos no lugar
de combustíveis fósseis), com a opção de mudar suas operações para motor, no caso de condições climáticas adversas, por exemplo. Toda a engenharia foi projetada para ser eficiente energeticamen-te, e o casco foi desenhado para proporcionar o máximo de apro-veitamento do combustível. O calor criado pelos geradores será reaproveitado no aquecimento da água utilizada a bordo e para o pré-aquecimento das máquinas.
Em breve estará disponível uma câmera remota para acom-panhar a construção do navio e um jogo de simulação on-line.
frot
a ve
rde
a lenda continua Vem aí o rainbow Warrior III
14 | abril-maio-junho 2009
A primeira-dama americana, Michelle Obama, começou, no início do ano, a preparar parte do jardim da Casa Branca para rece-ber uma horta orgânica, a primeira desde os jardins da vitória da era Roosevelt, que sustentaram boa parte do consumo de verduras do país durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Além de fornecer leguminosas e hortaliças livres de agrotóxico para as refei-ções da família Obama, a horta da Casa Branca também contribui para tornar a cultura orgânica ainda mais popular – nos Estados Unidos e no mundo.
A preocupação com a saúde alimentar e com o meio ambiente tem turbinado a demanda por produtos orgânicos. Em 2007, o setor movimentou US$ 40 bilhões em todo o mundo. No Brasil os números são mais discretos – cerca de US$ 300 milhões. A
produção orgânica vem crescen-do bastante em toda parte, mas ainda está abaixo da demanda. Isso contribui para que os preços dos orgânicos sejam mais altos do que o dos convencionais.
Outro motivo para essa dife-rença é o modo de produção: a agricultura convencional, que usa agrotóxicos e fertilizantes quí-micos, não contabiliza em seus custos os danos ambientais que provoca, nem os possíveis danos à saúde que uma fruta ou hortali-ça carregada de agrotóxico pode causar em quem a consome. É o típico caso do barato que sai caro. Já os orgânicos têm o valor agregado de não agredir o meio ambiente e também garantir uma alimentação sadia.
No Brasil, algumas medidas importantes vêm sendo tomadas para incentivar a produção e o consumo de orgânicos. A agricul-
a hora e a vez dos orgânicos
tura livre de agrotóxicos foi, por exemplo, regulamentada no final de 2007 para garantir incentivos oficiais à produção, distribuição e consumo desse tipo de alimento no país. Projetos de lei têm sido apresentados em diversas cidades, como Porto Alegre e Fortaleza, dando prioridade a alimentos orgânicos na merenda de escolas públicas municipais.
“Os orgânicos estão conquis-tando cada vez mais espaço na sociedade, que se mostra pre-ocupada não apenas com sua alimentação, mas também com o meio ambiente”, afirma Rafael Cruz, coordenador da campanha de transgênicos. “E tem um lado educativo importante porque coloca a comunidade em contato com um sistema de produção que busca manejar de forma sustentá-vel os recursos naturais.”
© A
nton
io C
ruz/
AB
ror
gâni
cos
| 15
Voluntários e captadores do Diálogo Direto do Greenpeace participaram du-rante 10 dias, no Rio de Janeiro, do evento Proteção dos Oceanos, Entre Nessa Onda, que contou com exposições fotográficas e exibições de filmes documentários den-tro de um túnel sensorial de 5 metros de comprimento. Do lado de fora, monitores deram palestras sobre a importância de se preservar os oceanos e a biodiversidade marinha. Uma baleia inflável de 15 metros de comprimento, réplica da espécie jubarte, foi também atração do evento realizado no Shopping NorteShopping.
A atividade fez parte do calendário do Greenpeace durante o mês em que se co-memora o Dia Mundial do Meio Ambiente (5/6) e nos ajudou a coletar mais assinaturas para a carta que exige do presidente Lula uma posição mais firme em relação ao combate às mudanças climáticas durante a reunião da ONU sobre clima em dezembro, em Copenhague.
Os processos de seleção de novos voluntá-rios são abertos periodicamente. Todos os colaboradores são convidados a participar.
A agricultura orgânica movimentou US$ 300 milhões no Brasil em 2007 e medidas vêm sendo tomadas no país para incentivar a produção e o consumo de produtos livres de agrotóxicos.
O arroz orgânico vem conquistando agricultores na região sul do Brasil, a maior produtora desse tipo de grão no país.
© G
reen
pea
ce
© G
reen
pea
ce
16 | abril-maio-junho 2009
Qualquer país com cerca de oito mil quilômetros de costa, fartura de ventos e um mercado consumidor de energia praticamente todo con-centrado no litoral, como o Brasil, já teria planos de investir seriamen-te no desenvolvimento da gera-ção de eletricidade por meio de turbinas eólicas instaladas no mar. Infelizmente estamos longe disso. Apesar do privilégio de termos os recursos naturais e técnicos, ainda engatinhamos nesse mercado. Para se ter uma idéia, só a costa da região sul do país tem um potencial
de geração de energia de mais de 100 mil megawatts (MW) – com-parável ao consumo de energia de todo o país! Mas o máximo que conseguimos foi gerar 341 MW de energia, no final de 2008, por meio das 31 fazendas eólicas instaladas em terra, nas regiões sul e nordeste.
“O potencial ‘offshore’ para toda a costa brasileira ainda está por ser estimado, mas com certeza deve colocar o Brasil na categoria de ‘potência eólica’ devido à exten-são do mar territorial que temos”, afirma o pesquisador brasileiro
Felipe Mendonça Pimenta que desenvolveu um estudo inédito na Universidade de Delaware (EUA) para avaliar esse mercado brasileiro para a geração de energia.
No momento, ele é irrisório. Pimenta diz que estamos bem atra-sados em relação a outras regiões como Europa e América do Norte. Geramos hoje menos de 1% da ca-pacidade instalada no mundo que chega a mais 120 mil MW (dados de 2008), apesar de termos ventos em profusão, matéria-prima para construção de turbinas e parques
Bons ventos que vêm do mar
© P
aul L
angr
ock/
Zen
it/G
reen
pea
ce
Áreas marinhas protegidas como a de Abrolhos (BA) são importantes para a recuperação da biodiversidade e dos estoques pesqueiros, além de ajudar no combate aos impactos do aquecimento global nos oceanos.
ener
gia
| 17
Green no mundo
Sob nova direçãoO Greenpeace Internacional contará com um novo diretor-executivo a partir de novembro. Após nove anos à frente do Greenpeace, Gerd Leipold passará suas atribuições a Kumi Naidoo. Ativista no esforço anti-apartheid desde os 15 anos, foi preso em 1986 e exilado no Reino Unido em 1989. Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Oxford, nos últimos dez anos foi Secretário Geral do CIVICUS (Aliança Mundial para a Participação Cidadã) e membro do conselho do Greenpeace África.
Batatas ciclistasNa Holanda, um protesto bem-humorado em defesa da agricultura orgânica: ativistas vestidos de batatas andaram de bicicleta pela cidade para alertar sobre a importância de se plantar com segurança.
Para saber mais sobre essas atividades, confira o website de cada país em www.greenpeace.org
industriais e universidades a altura das demandas do setor. O que falta, então? “O desenvolvimento de recursos tecnológicos pelas univer-sidades e empresas, e a criação de novos programas de estímulo pelo governo federal, seriam importantes fatores para mudança desse cená-rio”, diz o pesquisador.
Felipe Pimenta não tem dúvidas de que a energia eólica obtida no mar é viável economicamente. Segundo ele, os preços estão cada vez mais competitivos, principal-mente devido a incentivos governa-
mentais – como acontece na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, secretários estaduais de Energia as-sinaram em junho deste ano a Carta dos Ventos, indicando ações para a promoção do desenvolvimento da indústria eólica no país. Querem a criação de um programa de incen-tivo financeiro, fiscal e tributário que atenda à cadeia produtiva do mercado eólico e a definição de um calendário anual de leilões exclusi-vos de energia eólica.
Parece que os bons ventos co-meçaram, enfim, a soprar.
© G
reen
pea
ce/B
iolo
gica
/Pet
erse
n©
Gre
enp
eace
/Mar
co O
khui
zen
18 | abril-maio-junho 2009
O que os quase 135 mil desabrigados pelas enchentes no Norte e Nordeste do Brasil em maio deste ano têm a ver com os prejuízos milio-nários contabilizados no mesmo mês pelos agricultores do sul, vítimas de uma rigorosa seca? Bem mais do que os céticos querem fazer crer. Esses são exemplos do que está por vir se os governantes do mundo insistirem em não tratar o assunto mudanças climáticas com a urgência que o tema exige.
É o que vem acontecendo nas negociações preparatórias para a Convenção de Clima da ONU, em Copenhague (Dinamarca) , que reu-nirá no final do ano lideranças de todo o mundo para definir o acordo que sucederá o Protocolo de Kyoto. Países como Japão, Rússia e Estados Unidos ainda estão longe de se comprometerem com metas de redução de emissão dos gases do efeito estufa que garantam que o aquecimento global não ultrapasse 2º C.
Essa redução tem que ser de no mínimo 40% até 2020 e 95% até 2050, em relação aos níveis de 1990. Caso contrário as mudanças cli-máticas se tornarão irreversíveis.
Na última rodada de negociação, realizada em Bonn (Alemanha) agora em junho, o Japão, por exemplo, apresentou meta de apenas 8% até 2020.
“Na rota em que estamos, rumamos para um aquecimento de no mínimo 3ºC. Isso significa dizer adeus para metade da Amazônia, ver bilhões de pessoas sem casa por conta do aumento no nível do mar, lidar com o aumento de doenças como a malária e enfrentar secas, enchentes e furacões imprevisíveis”, diz o coordenador da campanha de Clima, João Talocchi. Para recuperar o tempo perdido, o presidente Lula e os demais chefes de estado têm que assumir pessoalmente a responsa-bilidade pelo sucesso das negociações climáticas que acontecerão em Copenhague. É agora ou agora!
“Sou colaboradora há muitos anos e tive a oportunidade de conhecer o Arctic Sunrise. Queria agradecer imensamen-te pela oportunidade e compartilhar a emoção que senti ao entrar no navio e conhecer um pouco do cotidiano dos voluntários. Fico muito orgulhosa e contente por saber que temos pessoas engajadas e corajosas para embarcar no navio - literalmente- dos seu sonhos!!! Parabéns pelo trabalho! Eu daqui da terra continuarei com meu trabalho de formiguinha por um mundo melhor!”
Carla Dray Marassi, por e-mail
Você também pode mandar seu
comentário, dúvida ou sugestão.
Participe! Para nos contatar:
REVISTA DO GREENPEACERua Alvarenga, 2331
Cep: 05509 006São Paulo SP
atENDIMENtO
telefone 11 3035 1151
e-mail [email protected]
PresidenteConselheiros
Diretor executivo Diretor de campanhasDiretor de campanha
da Amazônia Diretor de comunicação
Diretora de marketinge captação de recursos
Editor
Editora de fotografiaRedatores
Designer gráfico Impressão
aSSOCIaÇÃO CIVIL GrEENPEaCE
Conselho diretor Marcelo Sodré Eduardo M. Ehlers Marcelo Takaoka Pedro Leitão Raquel Biderman Furriela
Marcelo Furtado Sérgio Leitão Paulo Adario Manoel F. Brito
Clélia Maury
rEVISta DO GrEENPEaCEÉ uma publicação trimestral do Greenpeace
Jorge Henrique Cordeiro (mtb 15251/97) Danielle Bambace Tica Minami Caroline Donatti Vânia Alves Danielle Bambace Gabi Juns D’lippi
Este periódico foi impresso em papel reciclado em processo livre de cloro. Tiragem: 34 mil exemplares.
www.greenpeace.org.br
clim
acartas e e-mails
Mais de 80% da cidade de Trizidela do Vale, no Maranhão, ficou submersa por conta das fortes chuvas que caíram nos meses de maio e junho deste ano.
Urgência climática
© G
reen
pea
ce/L
unaé
Par
rach
o
O selo FSC garante que este produto foi impresso em papel FSC.
| 19
© G
reen
pea
ce/F
elip
e B
arra
Ativistas do Greenpeace foram ao Senado entregar uma faixa de Miss Desmatamento para a sena-dora Kátia Abreu (DEM/TO), em homenagem à sua contribuição para a destruição da Amazônia. O protesto conseguiu adiar por um dia a votação da Medida Provisória 458, a MP da Grilagem, que trata da questão fundiária na Amazônia. A MP, no entanto, voltou à pauta do Senado. No dia seguin-te, infelizmente, foi aprovada. Kátia Abreu é uma das líderes da bancada ruralista no Congresso e ferrenha defensora da atuação do agronegócio na região amazônica, que tantos problemas causam à floresta e seus habitantes.
cartas e e-mails
20 | abril-maio-junho 2009
Os navios e b
otes são plataform
as fund
amentais p
ara o trabalho d
o G
reenpeace. E
ssa frota verde viaja
pelos q
uatro cantos do m
undo e
funciona como um
verdad
eiro escritório m
óvel – seja para exp
or e confrontar os resp
onsáveis pelos
crimes am
bientais, seja p
ara d
ocumentar as agressões à natureza
em áreas rem
otas do p
laneta.
© Greenpeace/JJ Candan
© Greenpeace/Nick Cobbing
© Greenpeace/Paul Hilton
17 de setem
bro d
e 2009 Rarotanga, Ilhas Cook
O m
aior navio do G
reenpeace está
em R
arotonga, nas Ilhas Cook, no sul
do O
ceano Pacífico, p
ara apoiar a
camp
anha de com
bate ao aq
uecimento
global. O
Esp
eranza retorna à região ond
e desenvolveu, no ano p
assado, em
conjunto com
vários pesq
uisadores, o
projeto A
Trilha das G
randes B
aleias, para
conhecer o movim
ento migratório d
as jub
artes pelos oceanos.
1 de julho d
e 2009 Groenlândia D
epois d
e encerrar uma visita
pela A
mérica Latina q
ue incluiu a exp
edição b
rasileira S
alvar o Planeta. É
Agora ou
Agora, o navio segue agora
para o Á
rtico, onde registrará
os imp
actos das m
udanças
climáticas na região. O
Arctic
Sunrise já havia p
articipad
o d
e camp
anhas no Pólo
Norte, contra o p
rojeto inglês N
orthstar de extração d
e p
etróleo.
28 de m
aio de 2009
Ilha de Arousa, Espanha E
stá em exp
edição p
ela proteção d
os oceanos no M
editerrâneo. A
Esp
anha fez um
a atividad
e subaq
uática clássica e ab
riu uma faixa p
róximo à Ilha d
e A
rousa, para exp
or os efeitos das
mud
anças climáticas na b
iodiversid
ade
marinha. O
Rainb
ow W
arrior é um veleiro
inglês construído em
1957.
Para acom
panhar o p
aradeiro d
os navios em im
agens ao vivo acesse:http://w
ww
.greenpeace.org/international/photosvideos/ship-webcam
s
ESPERANZA
ARCTIC SUNRISE
RAINBOW W
ARRIOR