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e-magazine feita na disciplina de tipografia digital na ESPM-RS em 2009.2TRANSCRIPT
17 MILHÕES DE TONELADAS DE CO2 POR EMAIL!4
Google x Blackle6
TMDG - TRimarchiDG10
Ecodesign como futuro do design convencional12
Os cartazes russos e a comunicação com as massas16Hemp é Trend22
Novos Talentos - Bruno Góes24
MILHÕES DE TONELADAS DE CO2 POR EMAIL!
O estudo feito pela IFC Internacional, McAfee e o analista in-
dependente de spam Richi Jennings, estimou que diariamente
são enviados 62 trilhões de emails em todo o mundo, o que
acarreta uma emissão de 17 milhões de toneladas de carbono.
O estudo mostra ainda que um profissional gera 131 kg de
CO2/ano e 22% deste número é relacionado a spam. Sendo
80% do uso de energia usados na busca por emails legítimos
e no apagar do considerado indevido. De acordo com a IFC,
o uso de filtros anti-spam poderia reduziria emails indeseja-
dos em até 75%, o equivalente a deixar 2,3 milhões de carros
fora das ruas e consequentemente o gasto de energia. Segundo
Richi Jennings, que ajudou na produção do relatório, os va-
lores são baseados no uso extra de energia utilizada para cuidar
dos emails spam.
Primeiramente que nós consumimos demais.
De tudo! Vivemos e crescemos incentivados
pela compra e aquisição de bens assim como
o acúmulo de informações. Procuramos de
tudo, pesquisamos, imprimimos, salvamos e
baixamos coisas demais. Muitas vezes além
daquilo que podemos consumir.
Tenho claro que não vamos deixar de pes-
quisar no Google pensando nos créditos de
carbono ou se os processadores da Goo-
gle Inc. estarão sobrecarregados ou fer-
vendo, mas pensando mais a fundo deixo
4 possíveis idéias para reduzirmos um pouco
esses números.
MILHÕES DE TONELADAS DE CO2 POR EMAIL!O QUE ISSO ME
FEZ PENSAR?
O assunto começou quando
Alex Wissner-Gross, físico
da universidade de Harvard,
disse ao site CNET que uma
busca no Google a partir de um
computador pessoal gastaria
o equivalente a 7 gramas de
CO2, ou seja, duas buscas dar-
iam para ferver uma chaleira
de água. Tudo isso foi baseado
no consumo de energia e no
gasto de usuários comuns.
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1) SEO e W3C
Pode parecer papo de avarento, mas otimizan-
do nossos sites e adaptando-os aos padrões do
W3C, além de conseguirmos melhor posiciona-
mento de um site em uma página de resultados
e tornarmos o projeto multiplataforma, reduzir-
mos drasticamente o peso total em kb, facilita-
mos as buscas, o carregamento do site, e conse-
quentemente, gastamos menos energia, ou seja,
os tais créditos de carbono.
2) Tratamento de imagens
Por incrível que pareça vejo muitos sites com
imagens extremamente pesadas ou fora dos pa-
drões web, como: lineatura – dpi – acima de
72, imagens enomes redimensionadas, etc. A
maioria dos desenvolvedores web sabem destes
padrões mas acaba que o bicho pega quando
os famosos “sobrinhos” vulgo “profissionais de-
spreparados” se metem a fazer os websites dos
“clientes”. E é uma enxurrada de erros.
3) Evite informação desnecessária
Quem nunca entrou naquele site que tem uma animação pesadíssima em flash ou
várias imagens lindas que não agregam nada (nada mesmo!) ao projeto? Mesmo
com a internet de banda larga, dia vejo cada vez menos o uso das famosas aber-
turas em flash que eram um porre para a funcionalidade que buscamos (acesso à
informação) e pareciam comemoração de final de Copa do Mundo: após passar
o frenesi so restava sujeira e gastos. Não que eu esteja recrimindo o design e nem
impondo sites onde apague-se o CSS, mas vale a pena pensar a cada projeto, se é
realmente necessário que a marca do cliente venha embutida dentro de um vídeo
de 5 mb que mostra apenas um brilho de aço escovado.
Atualmente essa é uma das coisas mais difíceis a se fazer. A internet substituiu a
televisão, o jornal, o telefone, as conversas, os filmes na locadora, as horas sentado
ouvindo e apreciando uma boa música e outras atividades que antes nos faziam
espairecer e nos divertir. Pegue sua bicicleita e faça mais exercícios, arrume o seu
quarto, vá passear, pegue uma prainha, ande pela rua, converse com pessoas. A
informação continua nas ruas, nos livros, na cabeça das outras pessoas e em várias
fontes analógicas. Mexa-se! Gaste sua própria energia ao invés de gastar a elétrica.
É bom para você e para o meio ambiente.
4) Pare de pesquisar na internet e saia da frente do computador.
5
Blackle foi criado pela Heap Media para nos fazer lembrar da necessidade de poupar enw-ergia com os pequenos gestos de nossas vidas. As buscas do Blackle são baseadas na busca personalizada do Google.w
Blackle poupa energia porqueo écran do mon-itor é predominantemente negro. Cientifica-mente o monitor requer mais potência para exi-bir uma janela branca do que ma janela negra.
Em janeiro de 2007 uma rtigo de um blog com o título "Um Google Negro Salvaria 750 Mega-Watts/hora Por Ano", propunha a teoria de que uma versão negra do Google poderia salvar muita energia devido à popularidade dessa fer-ramenta de busca.
1. Materiais de baixo impacto
A base do google é alimentada por
diversos computadores do mundo
inteiro, enquanto o Blackle reuti-
liza estas informações.
2. Redução da quanti-dade de material
Para um website existir, ele pre-
cisa estar hospedado em um
servidor. O Google utiliza mui-
tos servidores em todo o mun-
do, enquanto o Blackle utiliza
apenas um.
3. Otimização das técnicas de produção
Com relação à quantidade de energia utilizada. Sendo assim, o
Google com uma equipe superior a 100 pessoas e por estar em
constante desenvolviemnto, utiliza muito mais recursos do que o
Blackle, que utiliza um código cedido pelo próprio Google e que
pode ser personalizado em poucos instantes.
Google x Blackle!
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4. Otimização do sistema de distribuição
Para estar disponível em países como a China, o
Google trabalha com diferentes servidores, já o
Blackle possui um único servidor que executa
esta mesma função.
5. Redução do impacto durante o uso
O Blcakle afirma que a predominância do projeto
ajuda a reduzir a quantidade de energia utilizada
pelos monitores. O Google tem uma nota sobre
o Blackle e não concorda com esta afirmação.
As versões mais antidas do Microsoft Windows,
utilizavam a cor cinza em suas janelas para re-
duzir a quantidade de luz emitida e consequent-
emente provocavam menos males a visão.
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@ Desenvolvimento de um novo conceito
O Google é uma empresa muito inovadora, criada para organi-
zar as informações do mundo e possibilitar aos usários conecta-
dos a rede mundial o acesso a estas informações. O Blackle sur-
giu de uma nova teoria de economia de energia, reutilizando a
ferramenta do Google.
ConclusãoO Google economiza o tempo do usuário, enquanto o Blackle economiza a energia consumida. Então…
Que tal juntarmos os dois?Até a data de hoje, 03 de outubro de 2008, o Blackle ajudou a poupar 855,720.959 Mega Watts de energia.
6. Otimização do uso
O tempo de resposta do Google é mais rápido, pois o Black-
le a cada nova pesquisa consulta o Goole para responder ao
usuário, gerando assim um pequeno atraso na resposta. O
Google também tem uma legibilidade melhor, tornando fácil a
localização de informação no browser e otimizando o tempo
que o usuário permanece no site.
7. Otimização do desuso
Como vimos, O Google utiliza muito mais computadores para
viabilizar sua existência . Um site deixa de existir quando a em-
presa desiste de sua existência ou mesmo por falência. Sendo as-
sim, O Google ao deixar de existir causaria muito mais produção
de lixo (máquinas inutilizadas, mobiliário, etc.) do que o Blackle.
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O TRimarchiDG ou TMDG, é um dos encontros
de design mais importantes da América Latina e
um dos que contam com um dos maiores públi-
cos do mundo, mais de 5.000 profissionais e es-
tudantes vindos de diversos países, lotam o Está-
dio Poliesportivo na cidade litorânea de Mar del
Plata, Argentina. Criado por dois amigos Seba
Acampante e Pablo Pacheco, o evento se tornou
passagem obrigatória para quem quer conhecer
de perto o que existe de melhor da profissão e
quer conhecer pessoas de outros lugares e cul-
turas que compartilham os mesmos sentimentos
e vivência no design.
Como sempre, grandes nomes do design são
chamados e esse não poderia ser diferente! Nomes
como Alex Trochut, David Carson e The President
estarão presentes…
10
Confira o cronograma e tudo o que você precisa saber para não deixar um evento desses passar…
Datas: 2, 3 e 4 de outubro de 2009
Local: Mar del Plata
Palestrantes:
Alex Trochut | Area 3 | Colletivo
Grandpeople | Juan Pablo Cambariere | István Orosz
The President | Zalma Halluf
Workshop:
Tipografia com Alex Trochut
Projetos Selecionados:
IDN | Out Of Register | Patricio Oliver
Até 20/09
Arquibancada $480 (+- R$250)
Pista $540 (+- R$280)
Depois de 20/09
Arquibancada $550 (+- R$290)
Pista $610 (+- R$ 320)
1111
Ecodesign como futuro do design convencional
Pensar em produtos, serviços e pontos-de-venda que minimizem o
impacto ambiental ou reduzam o uso de recursos não-renováveis
é uma preocupação cada vez mais constante nas empresas e entre
consumidores. Em tempos de crise econômica e sustentabilidade
em foco, o conceito de Ecodesign ganha mais espaço.
A principal proposta do conceito é produzir embalagens e produ-
tos que utilizem princípios e materiais recicláveis. Especialistas
ouvidos pelo Mundo do Marketing acreditam que o design con-
vencional e a indústria são causadores dos problemas ambientais.
Por isso, o Ecodesign se preocupa em garantir um futuro melhor
para as próximas gerações.
Uma empresa que uniu com sucesso o design à sustentabilidade foi
a Spirit. Desde o lançamento de sua linha de ventiladores de teto,
em 2001, a empresa se preocupa em investir em produtos ecologi-
camente corretos. Os ventiladores – assinados pelo designer Guto
Índio da Costa – foram inspirados nas hélices dos aviões.
Design ecologicamente correto:
O resultado foi um design minimalista que logo tornou o produto popular entre designers, arquitetos e decora-
dores, o que ajudou a divulgar a marca. Mas as inovações não pararam por aí.
Os ventiladores Spirit são feitos de policarbonato e, além de totalmente recicláveis, foram os primeiros a permitir
o uso de lâmpadas eletrônicas que economizam até 80% de energia. A leveza do produto ainda gera uma ca-
pacidade de ventilação 30% superior à média.
“Desde a concepção dos ventiladores (foto) sempre nos preocupamos com o fator ecológico. Além de re-
ciclável, o policarbonato não permite o uso de agentes químicos na limpeza, o que advertimos nas embala-
gens”, explica a gerente de produtos da Spirit, Gilca Carneiro (foto), em entrevista ao Mundo do Marketing.
12
Princípios da natureza
A Tátil Design foi pioneira no Brasil – e até mesmo no exterior – no uso
de materiais recicláveis. A agência nasceu com foco na natureza e sem-
pre buscou inspiração em princípios básicos presentes nela – como as
cascas das frutas ou a barriga da mãe – para projetar suas embalagens.
Quando criou a Tátil, há 20 anos, Fred Gelli já sabia da importância
em valorizar os recursos naturais. Hoje, o sócio-diretor de criação
da agência é o maior especialista da área e enxerga o reconhecimen-
to do seu esforço para encontrar soluções sustentáveis ainda quando
ninguém falava de ecologia a serviço da indústria.
“Até 1992 (ano em que aconteceu a Eco-92 no Rio de Janeiro), ninguém
pensava em ecologia. Não existiam
fornecedores que trabalhassem
com estes materiais. Tivemos que
desenvolver uma pequena fábrica
para fazer produtos e embalagens
alinhados a esses princípios”, co-
menta Gelli em entrevista ao
Mundo do Marketing.
Produtos verdes
Seguindo os passos da Tátil, a
Chelles & Hayashi também investe
no Ecodesign. Há cinco anos a
empresa realiza trabalhos sob este
conceito, reduzindo a quantidade
de material e de energia utilizados
na fabricação de produtos e em-
balagens. Hoje, 90% dos clientes da
agência se interessam em desenvolv-
er produtos que tenham o Ecodesign
como uma de suas características.
É o caso da lavadora Superpop, da Mueller Eletrodomésticos. O produ-
to ganhou em 2009 o prêmio alemão “iF Product Design Award”, que
elege os melhores produtos de 16 categorias diferentes. A lavadora
permite que o sabão em pó entre em contato diretamente com as
fibras do vestuário, limpando as peças sem a necessidade do uso de
grande quantidade de água.
Outro exemplo de projeto desenvolvido pela Chelles & Hayashi é o
apontador Splash, da Faber-Castell. Apesar de usar materiais diferen-
tes, o produto tem peças facilmente separáveis para a reciclagem.
13
Natura – bem estar bem
Empresas preocupadas com o Ecodesign abordam todo o ciclo que
envolve a produção, desde a matéria-prima, o transporte, a forma
como o consumidor utilizará o produto, sua duração e até o seu des-
carte. A Natura é um exemplo disto.
Com projetos desenvolvidos pela Tátil e pela Chelles & Hayashi, a
marca aparece como uma das principais empresas brasileiras alinha-
das ao Ecodesign. A empresa trabalha com embalagens recicláveis
e refis de produtos que chegam a consumir até 50% menos matéria-
prima do que as embalagens convencionais.
De acordo com o designer e sócio da Chelles & Hayashi, Gustavo
Chelles, a Natura resolveu não utilizar uma resina de cana-de-açúcar
recém-lançada por não ter conseguido rastrear a origem do produto.
O papel do consumidor
O papel do consumidor tam-
bém é essencial para redesenhar
o mercado diante deste novo
cenário. “O Ecodesign não pode
ser usado como justificativa para
cobrar mais caro. Quanwdo os
produtos têm preços parecidos,
o Ecodesign entra como valor
agregado percebido pelo con-
sumidor”, diz Chelles (foto).
O impacto gerado na econo-
mia com a crise também levou
o consumidor a adotar outra
postura. De acordo com Gelli,
as pessoas estão cada vez mais
interessadas em consumir produtos sustentáveis, mas ainda demon-
stram desconfiança sobre o posicionamento das marcas.
Por isso, é necessário que as marcas desempenhem um trabalho sério,
sem tentar simplesmente se vender como “marca verde”. O desafio
para as empresas agora é criar produtos de baixo impacto ambiental,
mas que sejam interessantes, que levem experiências ao consumidor.
Branding e sustentabilidade
Mas a economia de matérias-pri-
mas e energia ou o uso de materi-
ais recicláveis não são suficientes
para o Ecodesign. É necessário
juntar o design ao conhecimento
para promover inovação.
Pensando nisso, há cinco anos a
Tátil começou a investir na área
de Branding. Hoje, a agência pos-
sui um núcleo de “ecoinovação”
para aliar o alto impacto senso-
rial que os produtos e embala-
gens devem causar a soluções de
baixo impacto ambiental.
Para a Natura, é importante que
o cliente reconheça o trabalho
realizado pela empresa. “Temos
utilizado muitos refis e dividi-
mos com o nosso cliente qual
é o propósito da embalagem.
Procuramos oferecer uma em-
balagem adequada, mas com
um custo menor”, explica o di-
retor comercial da Natura, Arnô
Araújo, em entrevista ao Mundo
do Marketing.
14
Branding 3.0
Cada marca deve ter um caminho próprio para buscar sustentabili-
dade. Baseado nisso, Fred Gelli (foto) apresenta o conceito de Brand-
ing 3.0. Para o executivo, o Ecodesign entrará em extinção em breve
porque não será mais diferencial, mas sim obrigação. “No futuro,
o bom design será eco. O design que desconsiderar estes aspectos
básicos não terá espaço”, explica.
O Branding 3.0 significa uma mudança de postura das marcas para aten-
derem a nova lógica de relacionamento com o consumo. Segundo o
conceito, cada marca deve contribuir com o que tem de melhor. A ideia
é que a sociedade se baseie no modelo de negócio feito pela natureza,
em que cada ser dá um poucto de si e recebe um pouco dos outros.
O Wal-Mart inaugurou no fim de abril, em São Paulo, uma loja sob o conceito do Branding 3.0. Para desen-
volver o projeto de comunicação que fala de sustentabilidade, a Tátil mergulhou no universo da marca e de
seus consumidores. Com o conceito “Bom para o seu bolso. Bom para o planeta”, a Tátil desenvolveu uma
nova marca e uma estratégia de apontar para o consumidor quais são as iniciativas sustentáveis adotadas pela
loja e como elas se revertem em benefícios.
15
Os CARTAZES RUSSOS E AcOMUNICACAO COM AS MASSASOs maestros dos cartazes políticos russos
O cartaz passou por um período de testes desde meados do século
XIX, após sua intensa utilização nos meios comerciais e culturais.
Nesse período, provou ser um eficaz meio de persuasão, mais que
isso, se estabeleceu como um inestimável recurso sensorial capaz
de produzir uma catarse coletiva - necessária para dar uma energia
irreal à guerra e aos problemas sociais que o século XX trouxe já
nos seus primeiros anos. O cartaz era um excelente meio para dar
um ar otimista aos sentimentos dos povos, que vislumbravam na
trajetória dos conflitos um futuro de catástrofes. Assim, as mensa-
gens transmitiam a exaltação do patriotismo, o fortalecimento dos
pensamentos de igualdade e da vitória e, até mesmo, um desprezo
por idéias ou inimigos. A evolução dos cartazes como meio de co-
municação e persuasão caminha paralelamente com a evolução
dos meios de impressão, os quais começaram a possibilitar a
produção de cartazes coloridos de ótima qualidade.
A Rússia do início do século XX, sem dúvida, foi uma das mais
importantes escolas na utilização das artes gráficas ou das artes
em geral como meio de persuasão política. Na Idade Média, os
artistas já colaboravam com a divulgação dos preceitos da Igreja
e na persuasão do povo por meio de suas obras, porém de forma involuntária. Na
Rússia, contudo, os mais importantes nomes das artes estavam realmente engajados
em um ideal. O autor italiano Giulio Carlo Argan explica que “a crescente identifica-
ção com as idéias revolucionárias
e os fundamentos da nova socie-
dade correm junto com o desejo
de converter a arte em uma arma
para construir, para transformar
a sociedade, a realidade que ha-
viam se apoderado”.
Até perto de 1917, existia uma
grande influência francesa nas artes
gráficas comerciais russas, somente
após esta data é que o estilo russo
encontra um caminho próprio, in-
fluenciado pelos artistas ligados
ao processo revolucionário. Não
se sabe ao certo o motivo, mas
a Rússia foi um dos mais impor-
16
tantes celeiros de artistas grá-
ficos e fotógrafos do início do
século XX. Até mesmo nomes
que não tiveram participa-
ção no engajamento revolu-
cionário, tais como Vladimir
Bobritzky, Sacha Stone e Alexei
Brodivitch - assunto de artigo
na abcDesign número 9 - pos-
suem um trabalho singular. Es-
sas personalidades emigraram
e desenvolveram um impor-
tante trabalho de vanguarda
nos Estados Unidos, sendo
que Brodovitch exerceu im-
portante influência no desen-
volvimento de alguns alunos,
como Irving Penn, Richard
Avedon, Art Kane. Além disso,
Brodovitch possui o mérito de
lançar ao mercado editorial
de moda nomes como Mann
Ray e Henry Cartier-Bresson.
O design gráfico e a revolução
A revolução colocou em movimento não apenas uma nova for-
ma de perceber a sociedade, mas também um questionamento e
uma proposta de ruptura com os modelos que estavam em vigor.
Acima de tudo, ela propõe uma remodelação da sociedade e,
naturalmente, as artes gráficas não ficavam de fora, já que os
artistas eram peça fundamental nesse processo. Esse impulso co-
letivo de diversas vanguardas rechaçava o estabelecido, ou seja,
rompia totalmente com o passado recente, inclusive como for-
ma de negar o czarismo. Os construtivistas diziam que haviam
recuperado a tarefa da arte de todos os tempos que é construir,
alguns artistas inclusive colocavam a renúncia à própria arte em
favor da “construção de um novo ideal”. A nova estética propos-
ta utilizava diferentes meios, como a fotografia, a tipografia e,
ainda, o incipiente cinema da época. O próprio Lênin apostava
no cinema como um poderoso meio de persuasão das massas,
já que na época 76% da população era analfabeta.
Acima de tudo, todo o meio artístico estava engajado na construção
de uma nova sociedade, a sociedade coletiva e “igualitária social-
ista”. Talvez este engajamento que aglutinou a nata do meio artístico
russo é que tornou esta vanguarda russa, sem dúvida um dos mais
importantes - se não o mais importante, segundo o meu ponto de
vista - movimentos estéticos, ligados ao design gráfico do século XX.
17
El Lissitski, o maestro da comunicação
Um dos principais nomes do design gráfico russo, ou talvez, o principal foi o de El Lissitzky. Ele acredi-
tava na necessidade de propostas de novos modos de utilização para os códigos já convencionados
pela retina, prioritariamente a tipografia, não afetando apenas o desenho das letras, mas seu compor-
tamento visual impresso e o vínculo com a nova proposta política. Uma prova disso é o manifesto
tipográfico “A topografia da tipografia” escrita por ele. El Lissitsky, sem dúvida, foi o grande maestro
da propaganda russa, atuando tanto na concepção gráfica quanto textual, já que era também poeta e
literato, primeiramente reconhecido por essas atividades, apesar de acreditar que texto e imagem fa-
zem parte de um mesmo processo. Ele atuou na área do design gráfico, principalmente, na produção
de livros e cartazes e também na área do design tridimensional, além de trabalhar como pintor. Junto
com o poeta Maiakovski, desenvolveu uma nova estra-
tégia de comunicação, na qual a tipografia era um dos
principais valores. Tanto El Lissitzky, quanto Maiakovsky
estavam empenhados em um projeto de alfabetização
estética das massas. El Lissitski produziu uma imensa
quantidade de cartazes, revistas, livros, logomarcas e
anúncios publicitários, alguns em co-autoria com Alex-
ander Rodchenko. O fato de ter estudado na Alemanha,
passando também um longo período na Suiça, com
certeza, imprimiu um caráter internacional ao seu tra-
balho, tanto por receber influências quanto por levá-las
a importantes nomes do design gráfico, como Moholy-
Nagy, Kurt Scwitters, Gerrit Rietveld, Theo Van Doesburg,
além de dadaístas. Em 1919, quando lecionava desenho
em Vitebsk, na Rússia, foi cole-
ga de outro grande “gênio” do
construtivismo, o importante
artista Malevitch, que sem
dúvida influenciou seu trab-
alho gráfico com o suprema-
tismo. El Lissitski desenvolveu
importantes trabalhos gráficos
utilizando colagens e uma
aprimorada técnica de foto-
montagem, mesclada a uma
estética tipográfica renovada.
Segundo Tchichold, tipógrafo
e teórico suiço, autor do livro
Die neue tipographie, “Lis-
sitki aproveitou seu tempo na
Europa para transformar seus
projetos gráficos de livros em
autênticas maravilhas tipográfi-
cas, para expor suas teorias em
revistas, para divulgar sua obra
e de seus colegas empenhados
na educação das massas”.
18
Alexander Rodchenko
É oportuna e inteligentíssima a citação do autor espanhol Enric Satué,
que diz que a ligacão de Lissitski e Rodchenko com o design não se
deve somente a grande quantidade de trabalhos gráficos desenvolvidos
na trajetória profissional, mas, acima de tudo, a um compromisso que
assumiram com uma comunicação dirigida que possuía, por trás, obje-
tivos muito claros e destinados a um público específico. Desse modo,
as concepções formais precisavam ser rápidas e eficazes, por isso, o par
renunciou ao título de artistas, já que deveriam transmitir informações
de maneira rápida. Rodchenko fazia parte dos construtivistas, os quais
aderiram a Wladimir Tatlin e ao manifesto Produtivista e que pregavam
um engajamento doutrinário e totalmente revolucionário, passando pelo
campo da arte ligada à produção.
Rodchenko começou a trabalhar com o poeta Maiakovski, em 1923,
desenvolvendo, em aproximadamente dois anos, uma significativa
produção de design e publicidade. Contabilizam-se mais de 50 cartazes,
cerca de 100 logomarcas, anúncios e diversos outros produtos. Provavel-
mente, Maiakovski foi um dos primeiros redatores publicitários, uma vez
que somente por volta dos anos de 1950 surgiria nos Estados Unidos o
“copywriter” - profissional responsável pela produção de textos e slo-
gans dentro das agências de publicidades.
Rodchenko pregava a produção de peças simples, com mensagens
muito claras, visto que a maioria das pessoas que viam a obra, prin-
cipalmente os cartazes, eram analfabetas. Por isso, ele valorizava
a tipografia, utilizando tipos sem serifa e em grande dimensão, os
quais junto com elementos da fotomontagem tornavam seus trabal-
hos gráficos um encontro entre sinais, imagens e significados, que
ao mesmo tempo, se convertiam em algo atrativo. Também esteve
ligado ao design editorial, sendo responsável pelas revistas Kino-fot,
Novii Lef e mais tarde a URSS em construção. Além destas revistas,
Alexander Rodchenko trabalhou na maioria das editoras de Moscou
desenhando capas de livros das mais diversas áreas.
19
Os irmãos Stenberg
Os irmãos Vladimir e Georgy Stenberg não tiveram o status de El Lissitski e Rodchenko. A
produção dos dois, entretanto, justifica a colocação deles em um local de extrema importância
na produção de cartazes políticos russos. Eles possuíam experiência na produção cenográfica
para teatros, meio no qual também trabalharam El Lissitski e Rodchenko. A grande contribuição
estética dos irmãos está no fato de que, diferente de outros designers gráficos do construtiv-
ismo, eles não trabalhavam com a fotografia, mas utilizavam as fotografias e os fotogramas cin-
ematográficos como referência para seu trabalho. Batizado de “realismo mágico”, essa técnica
se baseava na ilusão tridimensional. A empresa durou cerca de dez anos e acabou após a trágica
morte de Georgi Stenberg em um acidente de carro.
Provavelmente, a maior contribuição para o design gráfico do século XX foi a vanguarda russa.
Porém, o grande paradoxo é que, ao mesmo tempo em que na Rússia os “artistas gráficos” bus-
cavam uma linguagem estética que servia de forma eficaz a um público com pouca instrução
ou das massas operárias e camponesas, na
Europa esses mesmos trabalhos eram cul-
tuados nos mais importantes meios intelec-
tuais do design, como a própria Bauhaus. O
fato é que eles, descompromissadamente,
desenvolveram algo próprio que influen-
ciou não apenas uma época, mas todas as
gerações que vieram nas décadas seguintes.
20
Hemp é TrendO mundo anda rápido mesmo! A abcDesign 29, nem chegou às
bancas ainda, e uma de nossas matérias já perdeu algumas novi-
dades. O Christian Ullmann, por causa do Ano Internacional das
Fibras, falou sobre a mais polêmica delas: o cânhamo.
No texto ele explica porque essa fibra é tão bacana, o que se está
fazendo com ela, e uma breve reflexão sobre seu uso industrial.
Pois duas novidades nos chamaram a atenção nesse quesito. Uma
delas foi o Hemcrete®, um concreto, que é feito cânhamo, cal e
água. Ele é sustentável não só porque é reciclável, como ainda se-
questra carbono do ambiente. Isso porque o cânhamo durante seu
crescimento absorve CO2. O cimento além de manter todas as car-
22
acterísticas do cimento normal, ainda tem todas
as qualidades dessa planta, que você pode con-
hecer lendo o texto do Christian.
No texto, ele ainda comenta que o produto feito
de hemp vendido em maior escala até hoje tinha
sido o modelo Gazelle da Adidas. Novidade boa!
O modelo está sendo reeditado agora.
Fonte e fotos: Inhabitat, SneakersBr e BlendUP
2323
O designer artista Bruno Góes de 24 anos nasceu no interior de
São Paulo, mais precisamente na cidade Araraquara a 270 km da
capital. Ingressou na faculdade de design gráfico em 2004 na Es-
cola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) em São Paulo.
Sempre teve gosto por ilustrações, mas foi na faculdade onde
conheceu pessoas que faziam daquilo uma forma de trabalho
e começaram a incetivá-lo a tal prática e com isso começou a
aplicar conceitos e práticas do design na ilustração.
Mas foi no ano de 2008 em conversa com uma de suas profes-
soras que o fizeram seguir o rumo do qual ele tomou e vive
hoje. Decidiu vir para Porto Alegre a indicação da mesma pro-
fessora e hoje divide seu tempo estudando na mesma institu-
ição que estudava em São Paulo e se dedicando em práticas
artísticas como a ilustração.
Busca inspiração na música e nas formas orgânicas, comporta-
mento e texturas da natureza, sendo essa que o acompanha en-
quanto está produzindo. Bruno Góes possui um endereço virtual
onde ele posta seus trabalhos. O endereço para conhecer mais
sobre o trabalho de Bruno Góes é: www.flickr.com/rasta14
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