revista_fitos v4 n1 - 2009
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Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009 �Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
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ISS
N 1
808-
9569
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Índice
Tópicos em DebateO Conhecimento do Estudante e do Pesquisador Brasileiro sobre a Legislação do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético – CGEN.Mendes, F. R.; Duarte-Almeida, J. M.; Mattos, P. E. O.; Pires, J. M.; Carlini, E. A.
6
Artigo Original
Simpósios de Plantas Medicinais do Brasil: 40 anos de História.Alves, L. F.
18
Artigo OriginalDrogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia. Boorhem, R. L.; Lage, E. B.
37
Artigo OriginalElaboração de uma Cartilha Direcionada aos Profi ssionais da Área da Saúde, Contendo Informações sobre Interações Medicamentosas Envolvendo Fitoterápicos e Alopáticos.Cardoso, C. M. Z.; Silva, C. P.; Yamagami, K.; Lopes, R. P.; Santos, F.; Bonassi, I.; Jesuíno, I.; Geres, F.; Martorie Jr., T.; Graça, M.; Kaneko, B.; Pavani, E.; Inowe, C.
56
Artigo OriginalNovo Paradigma Produtivo: Utilização Racional dos Recursos Naturais para Obtenção de Fitoterápicos.Oliveira, M. B. S. C.; Frutuoso, V. S.
70
Artigo OriginalAtividades Antimicrobiana e Antioxidante da Própolis do Estado do Ceará.Gutierrez-Gonçalves, M. E. J.; Marcucci, M. C.
81
Estado da Arte
Produtos Naturais Inibidores da Transcriptase Reversa do Vírus HIV. Gonçalves, R. S. B.; Barreto, M. B.; Gomes, C. R. B.; Souza, M. V. N.
87
Estado da ArteInibidores de Proteases Oriundas de Plantas: Uma Abordagem Útil para o Desenvolvimento de Novos Fármacos.Silva-Lopez, R. E.
108
Estado da ArtePlantas Medicinais Brasileiras. .I. Achyrocline satureioides (Lam.) DC. (Macela).Barata, L. E. S.; Alencar, A. A. J.; Tascone, M.; Tamashiro, J.
120
Estado da Arte
Plantas Medicinais Brasileiras. II. Portulaca pilosa L. (Amor-crescido).Barata, L. E. S.; Alencar, A. A. J.; Tascone, M.; Tamashiro, J.
Estado da ArtePlantas Medicinas Brasileiras. III. Heteropterys aphrodisiaca Machado (Nó-de-cachorro).Barata, L. E. S.; Alencar, A. A. J.; Tascone, M.; Tamashiro, J.
Estado da Arte
Plantas Medicinais Brasileiras. IV. Annona muricata L. (Graviola).Barata, L. E. S.; Alencar, A. A. J.; Tascone, M.; Tamashiro, J.
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Contents
DebateThe Knowledge of Brazilian Students and Researchers About the Legislation of Conselho de Gestão do Patrimônio Genético – CGEN-Mendes, F. R.; Duarte-Almeida, J. M.; Mattos, P. E. O.; Pires, J. M.; Carlini, E. A.
6
Original Article
The Symposium on Brazilian Medicinal Plants: 40 years of History.Alves, L. F.
18
Original ArticleHerbal Drugs and Extracts Used in Phytoterapy. Boorhem, R. L.; Lage, E. B.
37
Original ArticleElaboration of a Primer for all Health Professionals, Containing Information on Interaction Between Drugs and Phytoterapics.Cardoso, C. M. Z.; Silva, C. P.; Yamagami, K.; Lopes, R. P.; Santos, F.; Bonassi, I.; Jesuíno, I.; Geres, F.; Martorie Jr., T.; Graça, M.; Kaneko, B.; Pavani, E.; Inowe, C.
56
Original ArticleNew Productive Paradigm: The Rational Use of Natural Resourc-es in Order to Obtain Phytotherapics.Oliveira, M. B. S. C.; Frutuoso, V. S.
70
Original ArticleAntimicrobial and Antioxidant Activities of Própolis from Ceará State.Gutierrez-Gonçalves, M. E. J.; Marcucci, M. C.
81
State of the ArtNatural Products as HIV Reverse Transcriptase Inhibitors.Gonçalves, R. S. B.; Barreto, M. B.; Gomes, C. R. B.; Souza, M. V. N.
87
State of the ArtProteases Inhibitors originated from Plants: Useful Approach for Development of New Drug.Silva-Lopez, R. E.
108
State of the ArtBrazilian Medicinal Plants. I. Achyrocline satureioides (Lam.) DC. (Macela).Barata, L. E. S.; Alencar, A. A. J.; Tascone, M.; Tamashiro, J.
120
State of the Art
Brazilian Medicinal Plants. II. Portulaca pilosa L. (Amor-crescido).Barata, L. E. S.; Alencar, A. A. J.; Tascone, M.; Tamashiro, J.
State of the ArtBrazilian Medicinal Plants. III. Heteropterys aphrodisiaca Machado (Nó-de-cachorro).Barata, L. E. S.; Alencar, A. A. J.; Tascone, M.; Tamashiro, J.
State of the Art
Brazilian Medicinal Plants. IV. Annona muricata L. (Graviola).Barata, L. E. S.; Alencar, A. A. J.; Tascone, M.; Tamashiro, J.
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O Conhecimento do Estudante e do Pesquisador Brasileiro sobre a Legislaçãoileiro sobre a Legislação do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético – CGEN
The Knowledge of Brazilian Students and Re-searchers About the Legislation of Conselho de Gestão do Patrimônio Genético – CGEN
Resumo
A Convenção sobre a Diversidade Biológica estabeleceu que cada país deveria elaborar leis e mecanismos de conservação de sua biodiversida-de, assim como regular o acesso e repartição de benefícios advindos de sua exploração industrial. A MP 2.186 estabeleceu normas para acesso aos recursos genéticos e conhecimento tradicional associado, porém sob altas custas da comunidade científica, devido ao grande número de exigências burocráticas para aprovação de projetos no Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN). O objetivo deste trabalho foi verificar entre os autores de trabalhos apresentados no XX Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, o grau de conhecimento sobre a legislação; quantos destes trabalhos foram submetidos ao CGEN, e se obtiveram ou não autorização oficial. Dos 449 questionários respondidos, a gran-de maioria dos autores (84%) trabalhou com planta nativa. Metade dos trabalhos envolveu o acesso ao conhecimento tradicional (50%), sendo que a obtenção das plantas foi feita por coleta em 68% dos estudos. Por outro lado, apenas 9,6% dos trabalhos possuíam autorização do CGEN e 5,1% aguardavam autorização do órgão. Entre os graduandos, 54,7% declararam sequer conhecer o CGEN (número que cai para 27,3% dos pós-graduandos e 13,1% dos pesquisadores). Esta pesquisa confirma o grande desconhecimento da comunidade científica sobre a legislação brasileira de acesso aos recursos genéticos e conhecimento tradicional, especialmente entre estudantes de graduação.
Abstract
The Convention on Biological Diversity established that each coun-try should create laws and mechanisms to preserve its biodiversi-ty, as well as regulate the access to it and the sharing of benefits that result from its industrial exploration. The MP 2.186 established norms for the access to the genetic resources and the associa-ted traditional knowledge. However, this law had high fees to the scientific community due to the large number of bureaucratic requi-rements to pass projects in the Conselho de Gestão do Patrimônio Genético - CGEN (Council of Management of Genetic Resources). The objective of the present work was to evaluate, among the au-thors of posters presented in the XX Symposium of Brazilian Medi-cinal Plants, the level of knowledge they have regarding legislation.
Mendes, F. R.; Duarte-Almeida, J. M.; Mattos, P. E. O.; Pires, J. M.;
*Carlini, E. A.
Centro Brasileiro de Informações so-bre Drogas Psicotrópicas (CEBRID),
Departamento de Psicobiologia, Universidade Federal de São PauloRua Napoleão de Barros, 925, Vila
Clementino, 04024-002, São Paulo, SP, Brasil.
* Correspondência: E-mail: [email protected]
Unitermos: CGEN; Conhecimento Tradicional,
MP 2.186, Legislação de Fitoterápicos, Patrimônio Genético,
Pesquisa da Biodiversidade.
Key Words: CGEN, Traditional knowledge, MP
2186, Legislation on Phytotherapics, Genetic Resources, Biodiversity
Research.
Tópicos em Debate/Debate
Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009 �Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Tópicos em Debate/DebateO Conhecimento do Estudante e do Pesquisador Brasileiro sobre a Legislação do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético – CGEN
We also aimed at assessing how many of those works were submitted to the CGEN, and whether they were approved. Out of the 449 authors who answered the questionnaire, the great majority (84%) had worked with native plants. Half of the works (50%) involved access to traditional know-ledge, and the plants were obtained by collection in 68% of the studies. On the other hand, only 9.6% of the works had been authorized by the CGEN, and 5.1% were waiting for authorization. Among the graduate students, 54.7% declared not even knowing the CGEN (a number that dropped to 27.3% among post graduates and to 13.1% among the researchers). This survey corroborates the tho-rough lack of knowledge the scientific community has on the Brazilian legislation regarding the ac-cess to genetic resources and traditional knowled-ge, mainly among graduate students.
Introdução
O Brasil é um dos países com maior biodiversidade no mundo, possuindo pelo menos 5 grandes biomas definidos que, somados à sua diversidade cultural, contribuem com um enorme potencial para a des-coberta de novos medicamentos de origem natural (CARLINI et al., 2007). Ainda hoje, cerca de ¼ dos medicamentos modernos são desenvolvidos a partir de plantas (LIU; WANG, 2008); um mercado de mais de 60 bilhões de dólares ao ano, com taxa de cres-cimento de 5 a 15% (KARTAL, 2007). Cerca de 80% da população dos países em desenvolvimento recor-re ao uso de plantas medicinais para o tratamento de problemas primários de saúde, muitos possuindo apenas esta alternativa (VIGO, 2008). Diante des-te quadro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece o uso de plantas medicinais como prática complementar ou alternativa nos cuidados básicos de saúde e tenta incentivar políticas para regulação e registro de plantas medicinais assegurando a qua-lidade destes produtos (WHO, 1998). Uma recente valorização das plantas medicinais tem sido obser-vada em todo o mundo seja o vegetal in natura, na forma de fitoterápicos tradicionais, ou como matéria prima e protótipo para o desenvolvimento de novas drogas. A Comunidade Européia é exemplo disto, com uma política que procura simplificar o registro de produtos tradicionais, dentro das garantias de eficácia e segurança (SILANO et al., 2004).
A Convenção sobre a Biodiversidade Biológica (CDB) prevê que os seus países signatários de-vem elaborar normas e leis como mecanismos de
conservação de sua biodiversidade, bem como regular sobre seu acesso e repartição de benefí-cios advindos de sua exploração industrial (LAIRD, 2002; VAN OVERWALLE, 2005; FERRO, 2006). A proposta da CDB era diminuir a exploração preda-tória das riquezas naturais, especialmente nos pa-íses megadiversos, estimulando o uso sustentável da biodiversidade, com benefícios diretos para as comunidades tradicionais.
No Brasil, a proteção legal pertinente ao patrimônio genético já constava no artigo 225 da constituição de 1988, no entanto restava fazer uma lei definindo regras para instrumentar a proteção, a fiscalização e o uso da biodiversidade no país. Esta regulamen-tação foi primeiramente realizada por medida provi-sória (MP 2.052 de 29/06/2000) após a celeuma ocasionada por políticos e ambientalistas por causa das cláusulas do contrato firmado entre uma empre-sa farmacêutica estrangeira com uma associação local para fins de bioprospecção (BENTES, 2006). Em 2001 o Brasil editou uma nova medida provisória (MP 2.186 de 23 de agosto de 2001) estabelecendo normas para o acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento tradicional associado, e criando o Con-selho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) como órgão encarregado de análise das solicitações de acesso. Esta MP foi elaborada basicamente no âmbito restrito do Ministério do Meio Ambiente (MMA), sem contar praticamente com a participa-ção dos setores acadêmico e produtivo. O resultado desta ausência de diálogo foi uma legislação extre-mamente restritiva e impositiva; contendo normas praticamente impossíveis de serem seguidas.
A MP 2.186 prevê que todo acesso a componente do patrimônio genético nacional ou conhecimento tradi-cional associado para fins de pesquisa científica, bio-prospecção e desenvolvimento tecnológico, deverá ser previamente encaminhado ao CGEN para obten-ção de autorização (uma norma geral posteriormen-te flexibilizado por resoluções internas do CGEN). A MP 2.186 e as resoluções posteriormente publi-cadas pelo CGEN tentam definir os critérios para classificação de cada tipo de acesso, assim como os trâmites para solicitação de licença; contudo o gran-de problema persiste no excesso de exigências para aprovação dos pedidos. Azevedo (2005) e Ferro et al. (2006) destacam que entre as principais críticas da comunidade científica sobre a MP 2.186 estão:
• o período para análise dos projetos, que pode ser demasiadamente longo, com idas e vindas até que todas as exigências sejam cumpridas,
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Tópicos em Debate/DebateO Conhecimento do Estudante e do Pesquisador Brasileiro sobre a Legislação do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético – CGEN
o que termina por inviabilizar a realização de teses e projetos com cronogramas definidos;• a definição precisa de alguns termos, como acesso ao patrimônio genético e bioprospec-ção, entre outros;• a necessidade de indicar antecipadamente o local de coleta, o que nem sempre é possível prever, já que isto leva ao encarecimento da pesquisa, pela necessidade de idas adicionais ao campo (para certificar-se da existência da planta);• a necessidade de anuência prévia do titular da área de coleta, dado a dificuldade tanto em definir o local como seu titular e comprovação de posse (muitas vezes a autorização é verbal, dada por voto de confiança);• a exigência de depósito de amostra em insti-tuição fiel depositária, embora muitas institui-ções não estejam preparadas para exercer esta função, e muitas vezes sequer demonstrem qualquer interesse em receber este material;• o contrato de repartição de benefícios com o proprietário ou detentor do conhecimento tradicional. Este é ponto crítico, pois embora a comunidade científica reconheça a importân-cia de garantir benefícios para as comunidades tradicionais, raramente a pesquisa reverterá em benefícios financeiros; além disso, há um desconhecimento da comunidade científica so-bre os moldes de um contrato de repartição de benefícios; este mais um ônus burocrático ao pesquisador, pois demanda tempo e recursos para tal.
Quanto a este último ponto, pode-se ainda acres-centar como um evidente obstáculo a dificuldade que muitas vezes existe para definir o detentor do conhecimento tradicional, já que este conhecimento muitas vezes tem um caráter difuso. Mesmo quando uma pesquisa etnofarmacológica aponta uma comu-nidade tradicional como detentora de um conheci-mento ainda não publicado (por exemplo, o uso de um chá de uma determinada planta para uma enfer-midade), não se pode descartar que outros povos não pesquisados façam o mesmo uso, sendo, por-tanto, co-detentores tradicionais nos direitos de re-partição de benefícios. Um dos grandes obstáculos para a legitimação destes direitos é que o conheci-mento tradicional, diferentemente do conhecimento científico, é transmitido verbalmente de geração em geração, não existindo, portanto prova documental que ateste sua propriedade intelectual, como fazem a comunidade científica e o setor industrial. Vascon-celos et al. (2002) discutem que este é o proces-
so pelo qual ocorre apropriação do conhecimento tradicional pela comunidade médico-científica e in-dustrial. Classicamente, o conhecimento tradicional tem sido investigado e traduzido para a linguagem científica, sendo revalidado para obtenção de legi-timidade. Em seguida, o conhecimento tradicional passa a ser marginalizado, transmitindo-se a idéia de que o produto industrial é puro, seguro, validado, enquanto a preparação popular é impura, insegura e ineficaz. Esse embate – conhecimento acadêmico x conhecimento popular – é conhecido pela sigla DIA, onde: D – Desqualificação do uso popular (“coisa de ignorante”); I – Ilegalização (torna ilegal o exercício da medicina popular); e finalmente A – Apropriação do conhecimento popular, isolando e agora comer-cializando um princípio ativo.
Como se pode observar, a necessidade de políticas de valorização e proteção ao conhecimento tradi-cional é inquestionável. A questão que deve ser colocada é: como chegar a este objetivo sem pre-judicar a pesquisa científica? Está claro para toda a academia, e mesmo para o governo, que os meca-nismos de proteção do conhecimento tradicional e de repartição de benefícios previstos na MP 2.186 são ineficientes e equivocados. O fato é que a MP, ao exigir autorização de acesso e contrato de re-partição de benefícios para a pesquisa acadêmica, ainda que o potencial econômico seja uma possi-bilidade remota, age como entrave e desestímulo para o estudo da nossa biodiversidade. Tanto isso é verdade, que novas resoluções têm sido publica-das seguidamente, no sentido de flexibilizar e des-burocratizar as exigências para coleta de material biológico, especialmente nos casos onde não existe acesso ao conhecimento tradicional. Portanto, a re-gulamentação dos estudos envolvendo acesso ao conhecimento tradicional continua sendo o ponto crítico. Questões como o indivíduo ou a comunida-de detentora de um conhecimento tradicional, ou quem deveria ser o favorecido de eventuais bene-fícios advindos de exploração econômica, têm sido amplamente debatidos sem que se observem opi-niões consensuais para estes pontos. A carência de modelos adequados ou mesmo suporte legal para contrato de repartição de benefícios e pagamento de royalties para comunidades tradicionais, espe-cialmente indígenas, são outros pontos cruciais a serem considerados. Há inclusive uma corrente, apoiada por boa parte da comunidade científica, que é favorável ao pagamento de royalties, quando cabível, a um “fundo administrado pelo governo” e que seria especificamente utilizado para projetos de valorização e preservação do conhecimento tra-
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Tópicos em Debate/DebateO Conhecimento do Estudante e do Pesquisador Brasileiro sobre a Legislação do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético – CGEN
dicional, investimento em educação, saúde e me-lhorias da condição de vida destas comunidades.
À parte de toda esta discussão conceitual, o Brasil possui corpo científico e competência para estu-dar sua biodiversidade, faltando, entretanto apoio e “know-how” para o desenvolvimento de produtos (CALIXTO, 2005; VIGO, 2008). As políticas públicas brasileiras são contraditórias, pois ao mesmo tempo em que se desenvolvem programas de incentivo ao uso e pesquisa de plantas medicinais, como a Polí-tica Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), o mesmo governo que a instituiu amor-daça a própria pesquisa neste campo utilizando a ferramenta da MP 2.186. Criada para tentar coibir a biopirataria no país, esta MP acabou por trans-formar o cientista brasileiro em biopirata, uma vez que sua extrema burocracia tem levado os pesqui-sadores a trabalhar na clandestinidade. A legislação brasileira deveria ter postura justamente contrária, incentivando e valorizando a pesquisa de sua bio-diversidade, como procura fazer o PNPMF, pois é sabido que só se pode proteger o que se conhece.
Infelizmente, o que tem sido notado nos congres-sos, palestras e cursos na área de plantas medici-nais, é que poucos estudantes, e mesmo pesqui-sadores, possuem conhecimento suficiente sobre a legislação em vigor e suas exigências para o es-tudo de plantas medicinais e conhecimentos tradi-cionais. O objetivo deste trabalho foi avaliar, entre os participantes que apresentaram seus trabalhos em painéis (pôsteres), no XX Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, realizado em 2008, o grau de conhecimento sobre o CGEN e a legislação vigen-te; pela medida inicial de quantos destes trabalhos foram submetidos ao CGEN e se obtiveram ou não autorização para pesquisa.
Material e Métodos
Aplicação dos questionários
Foram entregues questionários impressos com per-guntas de múltipla escolha (Quadro 1) aos autores de painéis presentes no local de exposição do tra-balho, durante a sessão de painéis do XX Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil (SPMB), nos dias 17, 18 e 19 de setembro de 2008. A pesquisa foi realizada apenas com congressistas brasileiros. Os autores recebiam os questionários com a instrução de responder anonimamente às perguntas, em rela-ção ao trabalho que estavam apresentando. Autores
com dois ou mais trabalhos sendo apresentados re-ceberam um questionário por painel, desde que es-tivessem presentes no local. Os questionários foram recolhidos depois de 10-30 minutos e foram separa-dos de acordo com o setor onde foi feita a pesquisa, correspondendo aos setores do XX SPMB: 1. Agro-nomia; 2. Botânica / Etnobotânica; 3. Etnofarmaco-logia; 4. Saúde Pública; 5. Química de Produtos Na-turais; 6. Farmacologia / Toxicologia; 7. Tecnologia Farmacêutica; 8. Registro, Legislação e Patentes. Não houve separação por dia de apresentação.
Tabulação dos resultados
Os dados obtidos nos questionários foram tabula-dos e analisados no programa Microsoft® Excel, uti-lizando-se códigos numéricos para cada resposta. Questionários com rasuras e aqueles cuja questão número 4 estava em branco foram eliminados (ao todo 12 questionários), já que o principal objetivo da pesquisa era avaliar a resposta dos participantes a esta questão (autorização do CGEN). Ao final da tabulação, foram contados os números de respostas de cada alternativa e em seguida cruzados os dados das principais questões. Os dados foram expressos em números absolutos ou porcentagem de resposta, dentro de cada categoria.
Limitações da pesquisa
Os questionários foram distribuídos durante as ses-sões de painéis do XX SPMB e recolhidos até o fim da sessão. Devido à curta duração destas sessões frente ao volume de trabalhos apresentados, não foi possível aplicar os questionários individualmente e tampouco responder as dúvidas dos participantes. Por se tratar de questionários de autopreenchimen-to, é possível que alguns participantes não tenham entendido algumas questões ou as tenham interpre-tado erroneamente. Ainda assim, espera-se que o resultado da pesquisa reflita, de maneira geral, o grau de conhecimento da população estudada quan-to ao CGEN, servindo de amostragem quanto aos pedidos solicitados e aprovados naquele órgão.
Resultados e Discussão
Foram entregues 449 questionários, sendo 192 res-pondidos por graduandos, 183 por pós-graduandos, 61 por pesquisadores ou profissionais e 13 por parti-cipantes que se declararam como “outra categoria” ou não responderam a questão. Do total de partici-pantes, aproximadamente 80 % se declararam vin-
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culados a instituições públicas e 20% a instituições privadas. Estes números, embora surpreendentes pelo grande número de graduandos, refletem a parti-cipação da comunidade científica nos congressos da área básica, onde há um nítido predomínio de estu-dantes (graduação e pós-graduação), especialmen-te aqueles ligados a instituições públicas de ensino. Dado o seu caráter multidisciplinar, o tema “plantas medicinais” costuma ser abordado nos programas de pós-graduação das áreas de botânica, química, farmacologia, entre outras.
A Tabela 1 traz um apanhado geral dos principais re-sultados obtidos, separados de acordo com o setor do Simpósio. A tabela mostra os setores com maior número de questionários respondidos, forma de ob-tenção do material botânico para os estudos, se uti-lizou planta nativa brasileira e se houve acesso ao conhecimento tradicional. Houve maior número de questionários respondidos nos setores de Química de Produtos Naturais e Farmacologia / Toxicologia, justamente por serem os dois maiores setores do SPMB. Do total de participantes pesquisados (úl-tima linha da tabela), a grande maioria dos autores
(84%) trabalhou com planta nativa, e metade dos trabalhos envolveu acesso ao conhecimento tradi-cional (50%); porcentagem que foi maior no setor de Etnofarmacologia (75%), e menor no setor de Agronomia (35%). A forma predominante de obten-ção das plantas (entre todos os setores) foi por co-leta (68%), número que sobe para 81% no setor de Química de Produtos Naturais. A segunda principal forma de obtenção entre os trabalhos dos setores de agronomia, botânica e química foi por cultivo, en-quanto no setor de farmacologia recorreu-se ao co-mércio. Cinco entrevistados do setor de etnofarma-cologia (21%) responderam “não se aplica” à forma de obtenção do material botânico, provavelmente porque estes trabalhos não envolveram coleta.
A Figura 1 mostra a relação entre o total de traba-lhos apresentados no SPMB e a obtenção ou não de autorização do CGEN. Pode-se observar que ape-nas 9,6% dos trabalhos apresentados no SPMB pos-suem autorização do CGEN, enquanto 5,1% aguar-dam resposta à solicitação, ou seja, apenas 14,7% estão em situação legal. Ao se excluir da pesquisa os trabalhos cujos autores declararam que seu trabalho
Tabela 1 - Número de trabalhos (e respectivas porcentagens) que acessou ou não o conhecimento tradicional, utilizou planta nativa ou exótica, e forma de obtenção do material botânico, segundo os autores, entre os setores do SPMB com mais trabalhos.
Setor e número de questionários
Agronomia (51)
Botânica / Etnobotânica (34)
Etnofarmacologia (24)
Química de produtos naturais (127)
Farmacologia / Toxicologia (169)
Total (inclui setores não mostrados)1
Houve acesso ao conhecimento
tradicional?
Estudo com planta nativa?
Sim
18 (35%)
20 (59%)
18 (75%)
68 (53%)
79 (47%)
224 (50%)
Não
33 (65%)
14 (41%)
6 (25%)
59 (47%)
90 (53%)
225 (50%)
Sim
38 (75%)
32 (94%)
18 (75%)
114 (91%)
142 (84%)
377 (84%)
Não
13 (25%)
2 (6%)
6 (25%)
12 (9%)
27 (16%)
71 (16%)
Forma de obtenção do material botânico:
Coteta
34 (69%)
24 (73%)
17 (71%)
102 (81%)
104 (63%)
297 (67%)
Cutivo
10 (20%)
4 (12%)
1 (4%)
19 (15%)
17 (10%)
58 (13%)
Comércio
4 (8%)
3 (9%)
1 (4%)
4 (3%)
39 (24%)
65 (15%)
Não sabe / não se aplica
1 (3%)
2 (6%)
5 (21%)
1 (1%)
5 (3%)
20 (5%)
1Demais setores não mostrados: Saúde pública (12 questionários); Tecnologia Farmacêutica (18 questionários); Registro, Legislação e Patentes (3 questionários). O total inclui também 11 questionários onde o setor não foi especificado. Porcentagens (arredondamento) calculadas considerando cada questão do questionário (ver Quadro 1), descontadas as respostas em branco de cada questão.
Tópicos em Debate/DebateO conhecimento do estudante e do pesquisador brasileiro sobre a legislação do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético – CGEN
Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009 11Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
não envolvia o estudo de planta brasileira observam-se números semelhantes, com apenas 16,2% de tra-balhos com autorização ou aguardando autorização do CGEN, segundo informação dos autores (dado não mostrado). No outro extremo, 36,8% dos parti-cipantes desconhecem o CGEN ou nem sabem do que se trata o assunto (Figura 1). Quando a cate-goria do entrevistado é levada em consideração (Ta-bela 2), observa-se que o desconhecimento sobre a legislação e o CGEN é maior entre os graduandos e pós-graduandos (54,7% e 27,3%, respectivamente; contra 13,1% entre os pesquisadores). Entretanto, o número de autores que conhece o órgão e não so-licitou autorização possui freqüência inversa: 55,7% (pesquisadores / profissionais), 48,1% (pós-gradu-andos) e 21,9% (graduandos).
Estes resultados mostram que apesar da MP 2.186 ter sido criada em 2001, regulamentando as normas de acesso ao patrimônio genético e conhecimento tradicional, ela continua desconhecida por boa parte da comunidade científica envolvida com a pesquisa de plantas medicinais. Mais gritante é o fato de que mesmo entre os que conhecem a legislação, o nú-mero de trabalhos apresentados sem autorização do CGEN é enorme. Foram considerados nesta catego-ria os trabalhos cujos autores responderam a alter-nativa 3 da questão 4 da pesquisa (não obteve li-cença ou não submeteu o projeto), já que as alterna-tivas 4 e 5 deveriam ser respondidas por quem não conhecesse a legislação do CGEN ou cuja questão não se aplicasse ao seu trabalho (ver Quadro 1).
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Tabela 2 – Solicitações de licenças ao CGEN, de acordo com a categoria acadêmica. Os valores representam o número de trabalhos com as respectivas porcentagens entre parênteses
Licença do CGEN
Obteve
Solicitou e está aguardando
Não solicitou / Não obteve
Não sabe do que se trata / Desconhece o CGEN
Não se aplica ao trabalho
Total
Graduando
20(10,4%)
6(3,1%)
42(21,9%)
105(54,7%)
19(9,9%)
192
Pós-graduando
16(8,7%)
10(5,5%)
88(48,1%)
50(27,3%)
19(10,4%)
183
Pesquisador ou Profi ssional
5(8,2%)
6(9,8%)
34(55,7%)
8(13,1%)
8(13,1%)
61
Outra categoria
2(20,0%)
1(10,0%)
1(10,0%)
4(40,0%)
2(20,0%)
10
Dois entrevistados não assinalaram a categoria.
Figura 1 – Total de trabalhos apresentados no SPMB e a autorização do CGEN
Figura 1: Situação dos trabalhos apresen-tados no XX SPMB quanto à obtenção de autorização do CGEN para o estudo em questão (em porcentagem).
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Oficialmente, os trabalhos com plantas brasileiras ou conhecimento tradicional sem autorização do CGEN (cerca de 77% do total) estão sendo conduzidos na ilegalidade, conforme protesta a comunidade cien-tífica desde a criação da MP 2.186 (RODRIGUES; CARLINI, 2005; MENDES et al., 2007). A ilegalida-de dos trabalhos e o desconhecimento sobre a exis-tência do CGEN e da legislação de acesso ao recur-so genético mantém-se elevada, independente do setor do SPMB onde o trabalho foi apresentado. A
Tabela 3 mostra que mesmo entre os trabalhos apre-sentados no setor de Etnofarmacologia, que propor-cionalmente são os que mais envolveram o acesso ao conhecimento tradicional, o número de autores que declarou não conhecer o CGEN é bastante ele-vado (41,7%). Agronomia foi o setor com a maior proporção de trabalhos com autorização do CGEN: 15,7%. Uma possível explicação é que neste setor muitos trabalhos são realizados em fazendas expe-rimentais, sem a necessidade de coleta de campo
SETOR DO PAINEL: __________________________________________________________________
1) O trabalho que você está apresentando envolveu acesso ao conhecimento tradicional (pesquisa com população tradicional)
- SIM - NÃO
2) O trabalho que você está apresentando envolve o estudo de planta brasileira?
- SIM - NÃO
3) Como você obteve o material para seu estudo?
- Coletado por mim ou terceiros.- Proveniente de fonte cultivada.- Adquirido do comércio ou empresa fornecedora.- Não sei.- Não se aplica / não houve coleta neste estudo.
4) Você obteve autorização do CGEN (Conselho de Gestão do Patrimônio Genético) para acesso ao patrimônio genético (planta coletada) ou ao conhecimento tradicional referentes ao trabalho que está apresentando no Simpósio?
- Sim, obtive licença para meu projeto de pesquisa.- Solicitei licença e estou aguardando a licença.- Não, não obtive licença / não submeti meu projeto de pesquisa.- Não sei do que se trata este assunto / desconheço o CGEN.- Não se aplica ao meu trabalho / não trabalho com plantas medicinais.
5) Assinale as opções que melhor se referem a você.
5.1 – Categoria: 5.2 – Instituição:
- graduando - Pública- pós-graduando - Privada- pesquisador / profissional-outro
Quadro 1 – Pesquisa realizada com os autores de painéis no XX Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil
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em áreas particulares ou da União, o que facilitaria a obtenção de licenças. Tal suposição é reforçada pelos resultados apresentados na Tabela 1 (maior cultivo e menos acesso ao conhecimento tradicional nos tra-balhos de agronomia) e na Tabela 4, onde se verifica a maior porcentagem de trabalhos com autorização do CGEN justamente no grupo onde o material botâ-nico foi obtido de cultivo. Por outro lado, os dados da Tabela 4 também mostram que dos trabalhos onde houve coleta pelo autor do trabalho ou por terceiros apenas 10,4% possuem licença do CGEN, enquanto 5,4% aguardam resposta à solicitação. Este dado re-vela que, a coletas de plantas no território nacional e o acesso ao patrimônio genético estão ocorrendo à revelia da legislação, já que, em teoria, deveriam ser realizadas apenas após autorização do CGEN ou de órgão ambiental competente integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA).
Há, na realidade, muita confusão, principalmente en-tre os estudantes, no que se refere às definições de coleta e acesso ao patrimônio genético, e que órgão autoriza o quê. Segundo orientação técnica número 01 do CGEN, coleta é a obtenção de amostras de espécimes silvestres, seja pela remoção do indivíduo do seu habitat natural, seja pela co-lheita de amostras biológicas, enquanto o aces-
so é a atividade realizada com o objetivo de isolar, identificar ou utilizar informação de ori-gem genética ou moléculas e substâncias pro-venientes do metabolismo dos seres vivos e de extratos obtidos destes organismos. De início, o CGEN era o órgão responsável por toda autorização de acesso ao patrimônio genético, enquanto cabia ao órgão ambiental competente integrante do SIS-NAMA emitir autorização de coleta. Posteriormente, foram editadas algumas resoluções na tentativa de facilitar o processo, prevendo que o próprio IBAMA autorizasse tanto a coleta como o acesso (pesquisa) de material botânico para fins de pesquisa científica sem potencial econômico. A coleta e o acesso ao patrimônio genético devem ainda distinguir-se do acesso ao conhecimento tradicional, sendo o co-nhecimento tradicional definido como informa-ção ou prática individual ou coletiva de comu-nidade indígena ou de comunidade local, com valor real ou potencial, associada ao patrimô-nio genético. Segundo a legislação vigente, este acesso somente pode se dar após anuência prévia da comunidade tradicional e autorização do CGEN (http://www.mma.gov.br).
Na presente pesquisa, observam-se porcentagens levemente superiores de autorizações do CGEN
Tabela 3 – Solicitações de licenças ao CGEN, de acordo com o setor onde o trabalho foi apresenta-do no XX SPMB. Os valores representam o número de trabalhos com as respectivas porcentagens entre parênteses.
Licença do CGEN
Obteve
Solicitou e está aguardando
Não solicitou / Não obteve
Não sabe do que se trata / Desconhece o CGEN
Não se aplica ao trabalho
Total
Agr
8(15,7%)
3(5,9%)
11(21,6%)
19(37,3%)
10(19,6%)
51
Bot
3(8,8%)
2(5,9%)
17(50,0%)
10(29,4%)
2(5,9%)
34
Etn
3(12,5%)
2(8,3%)
6(25,0%)
10(41,7%)
3(12,5%)
24
SP
1(8,3%)
2(16,7%)
1(8,3%)
4(33,3%)
4(33,3%)
12
QPN
17(13,4%)
9(7,1%)
49(38,6%)
38(29,9%)
14(11,0%)
127
Far
9(5,3%)
4(2,4%)
66(39,1%)
78(46,2%)
12(7,1%)
169
TF
0(0,0%)
1(5,6%)
11(61,1%)
4(22,2%)
2(11,1%)
18
Setor do Simpósio1
1 Setor: Agr (Agronomia); Bot (Botânica / Etnobotânica); Etn (Etnofarmacologia); SP (Saúde Pública) QPN (Química de Produtos Naturais); Far (Farmacologia / Toxicologia); TF (Tecnologia Farmacêutica). O setor de Registro, Legislação e Patentes não foi incluído, pois só teve três questionários. Outros 11 questionários não especificaram o setor.
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para os trabalhos que acessaram conhecimento tradicional (Tabela 5), quando comparados aos tra-balhos que não acessaram conhecimento tradicio-nal (11,6% contra 7,6%, respectivamente). Mesmo assim a proporção de trabalhos sem autorização do CGEN ou cujos autores desconhecem o órgão se mantém semelhantes. Os resultados desta pesqui-sa mostram que a atual legislação brasileira é ine-
ficiente em atingir seus objetivos, já que uma gran-de parcela da comunidade científica envolvida com a pesquisa de plantas medicinais desconhece sua existência, e mesmo entre os que a conhecem, ape-nas uma fração tem submetido seus projetos para aprovação pelo CGEN. Fica evidente, portanto, que o caminho escolhido pelo governo não tem sido o mais adequado.
Licença do CGEN
Obteve
Solicitou e está aguardando
Não solicitou / Não obteve
Não sabe do que se trata / Desconhece o CGEN
Não se aplica ao trabalho
Total
Coleta (própria ou terceiros)
31(10,4%)
16(5,4%)
117(39,4%)
111(37,4%)
22(7,4%)
297
Cultivo
9(15,5%)
3(5,2%)
16(27,6%)
22(37,9%)
8(13,8%)
58
Comércio / empresa
1(1,5%)
3(4,6%)
22(33,8%)
28(43,1%)
11(16,9%)
65
Não se aplica / Não houve
coleta
1(5,6%)
1(5,6%)
4(22,2%)
4(22,2%)
8(44,4%)
18Dois entrevistados responderam não saber a origem do material estudado e nove não assinalaram nenhu-ma alternativa nesta questão.
Tabela 4 – Solicitações de licenças ao CGEN, de acordo com a forma de obtenção do material botânico. Os valores representam o número de trabalhos com as respectivas porcentagens entre parênteses.
Tabela 5 – Solicitações de licenças ao CGEN, entre os trabalhos que envolveram ou não o acesso ao conhecimento tradicional.
Licença do CGEN
Obteve
Solicitou e está aguardando
Não solicitou / Não obteve
Não sabe do que se trata / Desconhece o CGEN
Não se aplica ao trabalho
Total
Acessou conhecimento tradicional
26 (11,6%)
13 (5,8%)
82 (36,6%)
82 (36,6%)
21 (9,4%)
224
Não envolveu acesso ao conhecimento tradicional
17 (7,6%)
10 (4,4%)
83 (36,9%)
86 (38,2%)
29 (12,9%)
225
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Discussões sobre a necessidade de se controlar o acesso aos recursos genéticos e proteger o conhe-cimento tradicional vêm sendo recorrentes em todo o mundo, especialmente após a convenção da biodi-versidade biológica (KING et al., 1996; AGUILAR, 2001; LAIRD, 2002; TIMMERMANS, 2003; VAN OVERWALLE, 2005; KARTAL, 2007). Além do Bra-sil, vários países já adotaram leis para regulamentar o acesso à sua biodiversidade e conhecimento tra-dicional. Entretanto, os mecanismos hoje adotados são pouco eficientes para reverter benefícios às co-munidades tradicionais e para a conservação destes ecossistemas, apresentando ainda, como desvanta-gem, o risco de desestimular a pesquisa científica e o investimento de indústrias para o desenvolvimento de produtos relacionados com a biodiversidade e o conhecimento tradicional. É pertinente se lembrar do fato que a colocação de um bioproduto no mercado é uma tarefa extremamente complexa e demorada, e somente com muito incentivo, desde a bioprospec-ção até a produção e circulação é que essa via terá sucesso.
Se por um lado hoje se aceita plenamente a proposta de que as comunidades detentoras de conhecimento tradicional devam receber benefícios pelas informa-ções oferecidas, quando houver desenvolvimento de produto comercial; por outro lado, há obstáculos evidentes para se identificar o que é uma pesquisa com potencial econômico e qual a comunidade a ser beneficiada, assim como mecanismos apropriados de repartição. A exata separação do que é conhe-cimento tradicional e o que se tornou conhecimen-to difuso é um empecilho para determinar em que casos caberiam repartição de benefícios. Também é fundamental que sejam diferenciadas a pesquisa básica (acadêmica) da pesquisa aplicada (com in-teresse no desenvolvimento de um produto) (MAR-QUES et al., 2007; MENDES et al., 2007). Ainda assim, não se pode ignorar que uma pesquisa com potencial econômico que vise o desenvolvimento de um novo produto farmacêutico possa fracassar na geração de um produto final e, por conseguinte, não caberia repartição de benefícios neste caso. Espera-se, portanto, que a nova legislação, considere estes casos, prevendo a possibilidade de contratos de re-partição de benefícios darem em nada.
Um dos maiores impasses para separar a pesqui-sa científica da bioprospecção ou pesquisa com po-tencial econômico é definir o ponto a partir do qual passa a existir uma viabilidade econômica, já que os estudos de química e farmacologia quase sem-pre apresentam potencial econômico. A exigência
do contrato de anuência prévia e da repartição de benefícios, nestes casos, desestimula a realização do estudo. No caso das pesquisas visando o de-senvolvimento de novos fármacos, talvez o início da pesquisa clínica fosse o ponto de corte, onde já existem dados pré-clínicos suficientes que apóiam a viabilidade do estudo clínico, e há um inegável inte-resse pelo desenvolvimento do produto final (caso contrário; não seriam conduzidas pesquisas clínicas, devido ao alto custo desta etapa).
Outro problema continuamente levantado refe-re-se às dificuldades legais para garantir os direi-tos de propriedade intelectual do conhecimento tradicional associado. A lei de patentes não pre-vê mecanismos de proteção para o conhecimento tradicional, e mesmo os medicamentos tradicionais (preparações herbáticas) raramente são passíveis de patenteamento, já que é difícil atribuir a eles os conceitos de novidade, originalidade e utilida-de industrial, que são os requerimentos básicos e condições para propriedade intelectual (KARTAL, 2007). Entretanto, existe a possibilidade de paten-te para diversos processos, tais como os métodos de extração, purificação, concentração, isolamen-to, ou modificação da formulação (dose, composi-ção, etc.), assim como a obtenção de fórmulas com maior segurança ou eficácia, ou ainda para novas indicações (KARTAL, 2007).
Após a CDB, alguns países, blocos ou organizações internacionais passaram a propor novas formas de garantir a propriedade intelectual e a geração de benefícios para os detentores de conhecimento tra-dicional. Entre estas propostas, destaca-se o cha-mado “sistema sui generis” que funcionaria como uma alternativa ao atual sistema de propriedade in-telectual (AGUILAR, 2001; TIMMERMANS, 2003). Os mecanismos de proteção e geração de benefí-cios para o conhecimento tradicional poderiam se dar, entre outras formas, por (1) segredo comercial; (2) registro de direitos comunitários; (3) bancos de dados; (4) contratos; (5) licenças de conhecimento (para detalhes ver AGUILAR, 2001). Kartal (2007) sugere que cada país deveria ter seu banco de da-dos e o ideal seria que eles fossem interligados para que servissem como uma eficiente ferramenta para o exame de patentes sobre os produtos da biodiver-sidade, advindos do conhecimento tradicional.
Neste contexto, é fundamental separar a pesquisa científica da exploração industrial e criar ferramen-tas para que o saber científico produzido pela aca-demia não seja utilizado pela indústria como forma
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de apropriação do conhecimento tradicional ou da biodiversidade, sem retorno para as nações ou po-vos detentores do conhecimento tradicional. Mas não se deve penalizar justamente o cientista brasi-leiro, criando burocracias incompatíveis com a rea-lidade acadêmica, prejudicando o desenvolvimento de teses e o estudo de nossa flora. É importante considerar que o estudo acadêmico pode, antes de tudo, resgatar e preservar um conhecimento em risco de extinção. Di Stasi (2005) observa que o estudo etnofarmacológico pode contribuir para a recuperação e preservação do conhecimento tra-dicional sobre plantas medicinais, melhorando as condições econômicas e de saúde da população local, ao retornar informações e orientações sobre o valor medicinal e melhor forma de uso, extração, cultivo e comercialização destes produtos. Em lon-go prazo, o estudo científico de componentes da biodiversidade brasileira, principalmente aqueles associados ao conhecimento tradicional e um his-tórico de uso, pode levar ao desenvolvimento de novos produtos, tais como medicamentos, insetici-das e cosméticos, ajudando no desenvolvimento do país. Este modelo se apóia no triângulo dourado de Mashelkar, segundo o qual o conhecimento tradi-cional, a medicina e a ciência moderna convergem como uma eficiente ferramenta para a descoberta de novas terapias, mais seguras e efetivas (KAR-TAL, 2007; LIU; WANG, 2008).
Como conclusão, esta pesquisa confirma o grande desconhecimento da comunidade científica sobre a legislação brasileira de acesso aos recursos gené-ticos e conhecimento tradicional, especialmente de estudantes de graduação, e mostra que a maioria dos estudos está sendo conduzida sem autoriza-ção dos órgãos competentes. Espera-se que a(s) nova(s) legislação(ões) contemple(m) os anseios da comunidade científica, facilitando a pesquisa da biodiversidade e do conhecimento das populações tradicionais brasileiras, e ao mesmo tempo garan-tindo mecanismos de proteção ao conhecimento tradicional. Espera-se ainda que a legislação pos-sua uma linguagem simples e fácil de ser interpre-tada, que possa ser assimilada pelos profissionais e estudantes envolvidos com a pesquisa de plantas medicinais no Brasil.
Agradecimentos
Os autores desta pesquisa agradecem aos estagi-ários e pós-graduandos do CEBRID, que ajudaram na aplicação dos questionários, e aos congressis-tas que participaram da pesquisa.
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1� Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Simpósios de Plantas Medicinais do Brasil: 40 anos de História.
The Symposium on Brazilian Medicinal Plants: 40 years of History.
Resumo
O valor terapêutico das as plantas medicinais nativas e aclimatadas no Brasil tem sido o tema de discussão em diversos Congressos científi-cos nacionais e internacionais. Dentre esses, destaca-se o Simpósio Brasileiro de Planta Medicinal, cuja ocorrência bi-anual. Nos últimos 40 anos, este Simpósio se consolidou como o mais importante encon-tro científico nacional nessa área. O objetivo deste trabalho é traçar um pouco da sua história, a partir, principalmente, de uma análise dos seus livros de resumos das comunicações ali apresentadas.
Abstract
Therapeutic value of Brazilian medicinal plants has been discussed in many international and national congresses. Among them, The Brazil-ian Symposium of Medicinal Plants deserves special attention. In the last 40 years they have consolidated of the most important scientific national meeting in this area. The goal of this article is to trace a little of its history, through an analysis of the abstract on the subjects, pub-lished thereafter.
Introdução
Para o cientista atuando em qualquer aspecto da pesquisa com plantas medicinais, a oportunidade mais adequada para a troca de informações é durante a realização dos Simpósios de Plantas Medicinais do Brasil (SPMB). A sua história já foi tema de uma tese de doutorado, na qual FERNANDES (2004) analisou detalhadamente cada um dos Simpósios realizados no período 1967-2002, avaliando o número de comunicações em cada encontro, as instituições presentes em cada um deles e pro-duzindo uma série de entrevistas com 17 pesquisadores atuantes na área de plantas medicinais. Mais recentemente, Carlini e Siani (2007) relembraram o primeiro desses Simpósios. Assim, abordo algumas questões não levantadas naquele minucioso trabalho, como a presença das instituições estrangeiras, as atividades terapêuticas das plantas estudadas, e a questão da colaboração entre os pesquisadores das diferentes áreas que fazem parte do estudo das plantas medicinais.
O 1º SPMB ocorreu em 1967, na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Organizado pelos profes-sores J. R. Magalhães, E. A. Carlini e A. Kraemer, o Simpósio reuniu 103 pesquisadores, dos quais 12 apresentaram trabalhos nas áreas de
*Alves, L. F.
Programa de Pós-Graduação e História da Ciência e das Técnicas Epistemológicas,
Cidade Universitária, Centro de Tecnologia, Bloco G,
Ilha do Fundão, Caixa postal 68501, 21945-970,
Rio de Janeiro, RJ, Brasil
*Correspondência: E-mail: [email protected]
Unitermos: Plantas Medicinais Brasileiras,
História.
Key Words: Brazilian Medicinal Plants, History.
Revista Fitos Vol.3 Nº02 junho 20071�
Artigo Original / Original Article
Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009 1�Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Elaboração de uma Cartilha Direcionada aos Profissionais da Área da Saúde, Contendo Informações sobre Interações Medicamentosas Envolvendo Fitoterápicos e Alopáticos
Artigo Original/Original Article Simpósios de Plantas Medicinais do Brasil: 40 anos de HistóriaArtigo Original/Original Article
1�Revista Fitos Vol.3 Nº02 junho 2007
farmacologia, fitoquímica e botânica. Esses 12 pro-fissionais representavam oito instituições: a Escola Paulista de Medicina, o Instituto Biológico, o Insti-tuto de Botânica e o Instituo Butantã, no estado de São Paulo, o Jardim Botânico, o Centro (atual Nú-cleo) de Pesquisas de Produtos Naturais da UFRJ e o Departamento de Química da UFRRJ, no Rio de Janeiro e o Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da UFCE. Apesar de ter contado com apenas 7 trabalhos, 3 em farmacologia, 2 em botâ-nica, 1 em fitoquímica e 1 misto (fitoquimica e far-macologia), esse primeiro encontro foi o ponto de partida para outros que vêm ocorrendo a cada dois anos em diferentes cidades do Brasil.
Em alguns casos, a palavra ‘palestra’ talvez seja mais adequada do que ‘trabalho’ para explicar o que houve naquela reunião histórica, há quarenta anos, pois quatro deles estavam relacionados com os problemas enfrentados pelos pesquisadores de cada uma das áreas presentes. Assim, o professor Carlos Rizzini, do Jardim Botânico do Rio de Janei-ro, e Luiz Fernando Labouriau, do Instituto de Bo-tânica de São Paulo, falaram, separadamente, so-bre as dificuldades do ponto de vista da botânica. O primeiro se manifestou sobre a importância da identificação do material vegetal e sobre a ‘falta de interesse da juventude para esse trabalho’ (RIZZI-NI, 1968), enquanto que o segundo expôs a ques-tão da cultura de plantas de interesse farmacológico (LABOURIAU, 1968). O professor Otto Gottlieb, do Instituto de Química da USP discursou sobre os problemas da química como a manutenção, a ope-ração e a manutenção do equipamento necessário para o isolamento e a identificação das substâncias químicas de origem vegetal (GOTTLIEB, 1968). Os problemas enfrentados pelos farmacólogos foram apresentados pelo professor José Ribeiro do Vale, do Departamento de Farmacologia da Escola Paulis-ta de Medicina (RIBEIRO DO VALE, 1968). Em sua palestra, ele lembrou do tempo em que trabalhava no Instituto Butantã (em 1936), que era, nas suas palavras: ‘um laboratório de química e farmacologia que causaria inveja mesmo aos pesquisadores de 1967’. Esse laboratório, entretanto, foi desmante-lado ‘e transformado em laboratório de química do tempo de Lavoisier’ (RIBEIRO DO VALE, 1968, p. 37). Finalmente, o professor Raymond Zelnick, da Seção de Química do Instituto Butantã, proferiu uma palestra sobre as plantas utilizadas na medicina e nos rituais pelos índios da Amazônia (ZELNICK, 1968). O objetivo principal do Simpósio era ‘estabe-lecer um real espírito de colaboração entre os vários pesquisadores, nesse campo de pesquisa [plantas
medicinais], um dos únicos talvez capaz de apre-sentar para a Indústria Brasileira conseqüências de monta, mesmo a curto prazo’ (MAGALHÃES et al., 1968, p. 7). Este ponto foi ressaltado por vários dos palestrantes. Por exemplo, no discurso de abertura o professor Moussatché, do Instituto Oswaldo Cruz disse (MOUSSATCHÉ, 1968, p. 9):
“Temos uma flora tão vasta que o que resta ainda por fazer é quase tudo. Desse modo, é bastante oportuna a idéia de promover essa reunião, com o fim de coordenar os diversos núcleos já existen-tes e trabalhando isoladamente. Sabemos muito bem das dificuldades existentes para promover algum estudo coordenado, multidisciplinar. O ob-jetivo principal desse Simpósio é exatamente o levantamento dessas dificuldades”
Para o professor Gottlieb. ‘nós os químicos orgâni-cos vivemos sós dentro do nosso campo, enquanto o farmacológo não sai do dele. Nós não sabemos o que o farmacólogo faz e publica, e o farmacólogo não sabe o que nós fazemos. Essa situação, é claro, precisa mudar e já está mudando’. Entretanto, ele continua afirmando: ‘É minha opinião que a diferen-ça de mentalidade entre o farmacólogo e o químico hoje, ainda é profunda demais para que uma medi-da oficial possa resultar em uma colaboração eficaz’ (GOTTLIEB, 1968, p. 19). Para ele, os esforços in-dividuais deveriam ser tentados em primeiro lugar; pois em seguida, viria o apoio oficial. O professor Ribeiro do Vale referiu-se à qualidade dois traba-lhos desenvolvidos pelos fitoquímicos, mas ‘a parte farmacológica é, ou falha, ou deficiente, ou mesmo inexistente’. E conclui: ‘tem que haver uma relação mais estreita entre o químico e o farmacologista, se possível até next-door’ (RIBEIRO DO VALE, 1968, p. 38; grifo no original). Os participantes do Simpó-sio adotaram as seguintes recomendações:
1. Publicação dos trabalhos do Simpósio.2. Envio de sugestões e/ou planejamento para pesquisas específicas em Produtos Naturais de Interesse Farmacológico para a Comissão de Estudo de Produtos Naturais do CNPq e da FA-PESP.3. Levantamento das linhas de trabalho e das possibilidades imediatas de cooperação dos vá-rios laboratórios, em equipamentos e pessoal.4. Divulgação deste cadastro ainda em 1967.5. Envio, pelos pesquisadores, à Comissão de Estudo de Produtos Naturais do CNPq, de to-dos os resultados de trabalhos, passados e futuros, que a Comissão deverá divulgar perio-
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dicamente, a todos os interessados no uso dos resultados.6. Estudar a possibilidade de agrupamento re-gional dos laboratórios.7. Preocupação com a carência de núcleos au-tênticos de pesquisa em Farmacologia Clínica.8. Estímulo à formação interdisciplinar de pes-quisadores nesse campo.9. Realização de um novo Simpósio, na sexta-feira e sábado anteriores à XX Reunião anual da SBPC, em São Paulo, em local a ser determi-nado.
As primeira e última recomendações se concretiza-ram já no ano seguinte. Um relatório, com as conclu-sões do Simpósio, também foi enviado ao CNPq. As outras recomendações ficaram no papel.
Na discussão final, ‘Planejamento para a formação de futuros núcleos de pesquisa dedicados ao estu-do da flora medicinal brasileira’, o Dr Walter Mors (1968), apresentou uma lista de 22 instituições pú-blicas dedicadas ao estudo das plantas medicinais, opinando sobre a inconveniência da criação de novos grupos, por considerar aquele número suficiente. Os grupos mencionados foram os seguintes:
1. Departamento de Química da UFRRJ2. Departamento de Química da UFMG3. Centro de Pesquisa de Produtos Naturais da UFRJ4. Instituto de Química da UFPE5. Seção de química do Instituto Butantã6. Instituto de Química e Tecnologia da UFCE7. Instituto Biológico de São Paulo8. Divisão de Química do INT-RJ9. Cadeira de Química Orgânica da Faculdade de Farmácia e Bioquímica da USP10. Instituto de Antibióticos da UFPE11. Departamento de Ciências Fisiológicas da Faculdade de Ciências Médicas da USP12. Departamento de Farmacologia da Escola Paulista de Medicina13. Cadeira de Farmacologia da Faculdade de Medicina da UFRJ14. Instituto de Biofísica da UFRJ15. Jardim Botânico do Rio de Janeiro16. Instituto de Botânica de São Paulo17. Faculdade de Farmácia de Araraquara18. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto19. Seção de Farmacologia do Instituto Oswaldo Cruz20. Laboratório Central de Controle de Drogas e Medicamentos - RJ
21. Instituto de Biologia da UFMG22. Instituto Nacional de Endemias Rurais – MG
A predominância absoluta do eixo Rio-São Paulo, com 16 grupos é gritante. O professor Labouriau (DISCUSSÃO FINAL, 1968, p. 59) chamou a aten-ção sobre esse fato, salientando o problema da dis-tância entre os laboratórios responsáveis pela pu-blicação dos resultados das pesquisas com plantas medicinais, na sua maioria situados na região sudes-te, e a matéria prima, que está a mil quilômetros de distância. Outra característica é o domínio das áreas de química e farmacologia. O professor J. R. Maga-lhães ressaltou o fato do ‘número irrisório, absoluta-mente ridículo de grupos de botânicos, atuando na área’ e ‘a falta acentuada de núcleos de pesquisa em Farmacologia Clínica, nem um grupo sequer figura na relação’ (DISCUSSÃO FINAL, 1968, p. 55). Na época em que o documento foi discutido e publicado (1968), a região nordeste compareceu com apenas uma instituição, o Instituo de Química da UFCE, que apresentou um único trabalho. Nesses quaren-ta anos a situação mudou quase que radicalmente. Foram criados diversos centros de pesquisa e pós-graduação em diversas cidades do país. A região su-deste (e São Paulo, em particular) continua à frente, mas o salto registrado com a presença dos grupos que foram sendo criados, é um fato indiscutível, em todos os congressos examinados neste trabalho.
O II Simpósio ocorreu, como previsto no evento an-terior, em 1968, no mesmo local, isto é, na Facul-dade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Os professores J. R. Magalhães, E. Carlini e A. Kraemer foram mais uma vez os seus organiza-dores. Foram apresentados 20 trabalhos nas áreas de farmacologia, botânica, fitoquímica e toxicologia. Paulo Nóbrega, do Laboratório Central do Controle de Drogas e Medicamentos, proferiu uma palestra sobre a importância do controle de qualidade para a produção de fitoterápicos (NÓBREGA, 1970). Foram ainda apresentados Relatórios das Atividades do en-tão CPPN (BROWN, 1970), do Laboratório de Pro-dutos Naturais mantidos pela FAPESP no Conjunto das Químicas da USP (BRAZ FILHO, 1970a), do Ins-tituto de Tecnologia Agrícola e Alimentar do Ministé-rio da Agricultura (MORS, 1970a), do Departamento de Química da UFMG (ALVES, 1970) e da Escola de Pós-Graduação em Química da UFRRJ (BRAZ FILHO, 1970b). No seu relatório, Herbert Magalhães Alves, da UFMG observou que ‘não poderia tratar de plantas medicinais’, pois esta ‘não era a sua área principal de trabalho’. Ao mesmo tempo, segundo ele,
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‘o termo planta medicinal é um tanto vago, porque potencialmente toda planta pode ser usada em me-dicina’. Deste modo, os seus objetivos eram naquele momento ‘inicialmente e acima de tudo a formação de pesquisadores em química orgânica’. Entretanto, logo em seguida ele conclui: ‘nenhum dos nossos objetivos pode ser considerado secundário’ (ALVES, 1970, p. 30). Inexplicavelmente, não foi feito qualquer comentário a essas declarações. O tema da coope-ração entre os cientistas foi novamente abordado, na longa conferência proferida por Luiz Gouveia La-bouriau. Segundo ele, ‘há pouca cooperação porque há pouca gente’. Este fato levava as seguintes con-seqüências: a) muitos trabalhos de fitoquímica e de farmacologia não são reproduzidos por falta de apoio botânico sólido; b) muitos trabalhos de botânica não alcançam maior precisão por falta de apoio da quími-ca; c) muitos trabalhos de farmacologia com plantas medicinais não são realizados por falta da droga em quantidades suficientes (LABOURIAU, 1970, p. 49). Ainda durante esse II encontro, na Discussão Final, Bernardo Guertzenstein propôs a instituição de um prêmio (na época no valor de NCr$ 10.000,00) para o melhor trabalho de fitoterapia. Foram feitas várias sugestões sobre a maneira de escolha do vencedor, mas o assunto não foi adiante.
O III Simpósio teve lugar na Academia Brasileira de Ciências, no Rio de Janeiro em 1969, como um apêndice ao Simpósio sobre Produtos Naturais da América Tropical. O Simpósio foi dividido em quatro seções: fitoquímica, química de animais invertebra-dos, farmacologia de produtos naturais e plantas medicinais com 26, 9, 12 e novamente 12 trabalhos respectivamente, além de três conferências. Esta última seção, plantas medicinais, constituiu o SPMB propriamente dito, com trabalhos em botânica, far-macologia e fitoquímica. À parte a seção ‘química de animais invertebrados’, é difícil, senão impossí-vel saber porque os trabalhos não fizeram parte do SPMB como um todo. Em Plantas Medicinais: Me-mória da Ciência no Brasil, FERNANDES (2004, p. 75), sugere ter se tratado de um encontro técnico científico, não havendo no programa a previsão de discussões plenárias com temas de política institu-cional’, fugindo assim, às propostas que haviam sido discutidas nos encontros anteriores.
No discurso de abertura, o professor Walter Mors lembrou os nomes de diversos naturalistas que con-tribuíram para o conhecimento da história natural brasileira, tais como Piso, Marcgrave, Saint-Hilaire, Martius, Frei Velloso, Arruda Câmara, Frei Leandro do Sacramento, Peckolt, Domingos Freire, Wihelm
Michler, João Batista de Lacerda, Rodolpho Albino, Adolpho Ducke, Carlos Hoehne João Geraldo Kuhl-man, além, é claro, da importância do Instituto de Química Agrícola para o desenvolvimento da fitoquí-mica no Brasil (MORS, 1970b). Pela primeira vez, houve a participação de instituições estrangeiras; fato que viria a se repetir ao longo dos anos.
O IV Simpósio, organizado por Carlini e Ribeiro do Vale, voltou a ser realizado em São Paulo, em 1972, e a partir daí a cada dois anos. Dos 29 trabalhos apresentados, 14 se referiam à química, botânica e farmacologia da Cannabis sativa. Como parte da Mesa Redonda sobre Drogas Alucinógenas de Ori-gem Vegetal, parte integrante do encontro, o pro-fessor Richard Evans Schultes, do Jardim Botânico de Kew, apresentou uma longa palestra sobre dro-gas alucinógenas da América Tropical (SCHULTES, 1973), enquanto o professor Ribeiro do Vale rela-tou a excursão farmacológica ao Parque Nacional do Xingu, realizada no ano anterior (RIBEIRO DO VALE, 1972). O Simpósio seguinte só se realizou seis anos após, em 1978, e, mais uma vez, São Pau-lo foi a sede do encontro. Ao final foram aprovadas as seguintes propostas (DISCUSSÃO DAS RECO-MENDAÇÕES, 1978):
1. a concretização efetiva e prioritária do Projeto FLORA do CNPq, inclusive com levantamento de linhas de trabalho e possibilidades imediatas de cooperação entre vários centros de pesqui-sas nacionais; 2. a realização, a cada dois anos, de simpósio sobre plantas medicinais do Brasil, de preferên-cia na Semana da Pátria, em local a ser definido no simpósio anterior; 3. o apoio e o estímulo prioritários dos órgãos de amparo à pesquisa sobre plantas medicinais e produtos naturais para grupos que abordem o problema, de preferência de forma integrada;4. o apoio prioritário à realização de convênios interinstituições a fim de estimular projetos mul-tidisciplinares em plantas medicinais e produtos naturais;5. que seja reiterada aos poderes públicos a re-comendação nº 7 do I Simpósio de Plantas Me-dicinais, em 1967, que diz o seguinte: “preocu-pação com a carência de núcleos autênticos de pesquisa em farmacologia clínica”; 6. apoiar a formação de grupos muldisciplinares capacitados a realizar estudos pré-clínicos de inocuidade e eficácia de medicamentos;7. que se faça veemente apelo aos poderes pú-blicos a fim de permitir a reintegração às institui-
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ções científicas brasileiras dos cientistas afasta-dos por atos de exceção;8. apoio aos grupos de investigação sobre plan-tas medicinais destinadas a resolver os proble-mas de saúde da população;9. interesse em se reeditar, revistas e ampliadas, obras úteis sobre plantas medicinais do Brasil.
Como se vê; muitas dessas propostas são uma mera repetição daquelas que foram feitas no I Simpósio 11 anos antes. A palavra ‘nacionais’, referente ao Projeto Flora, não constava da proposta original, tendo sido introduzida na discussão final por propos-ta do professor Carlini, como forma de se excluir a cooperação com instituições estrangeiras. O Projeto foi realmente implantado para atuar em três áreas distintas, herbários, bibliotecas e campo, com os se-guintes objetivos (TEIXEIRA e SPIGUEL, 1978):
1. Estabelecer competentes centros científicos no país sobre inventário e avaliação dos recur-sos naturais vegetais, sobre a utilização desses recursos, assim como sobre problemas ecológi-cos e de conservação dos recursos naturais e meio ambiente; 2. Produzir um inventário, o mais completo pos-sível, dos recursos naturais vegetais do Brasil, estabelecendo os meios eficientes de consulta a esse inventário, de modo a tornar disponíveis as informações concretas sobre plantas nativas;3. Promover treinamento e aperfeiçoamento científico de pessoal nas áreas de botânica e de sistemas de tratamento de dados botânicos, através de estágios intensivos e cursos de pós-graduação em níveis de mestrado e doutorado.
Assim, o Projeto visava privilegiar a área de Botâni-ca. Entretanto, estava também em fase de estudo um formulário para levantamento de informações sobre plantas tóxicas e medicinais, para a formação de um Banco Satélite de Dados sobre farmacologia de produtos naturais. Os representantes do CNPq afirmaram que até o final de 1978 o Banco de Da-dos do Projeto teria armazenado informações de 170.000 plantas da Amazônia e do Cerrado, e que num prazo de cinco anos esse número seria superior a 2.000.000 (TEIXEIRA e SPIGUEL, 1978). Durante a discussão que se seguiu, o professor Walter Mors defendeu a associação dos pesquisadores brasilei-ros com o professor Farnsworth, da Universidade de Chicago, responsável por um programa computado-rizado de química e farmacologia de produtos natu-rais, uma vez que ‘o argumento contra isso é que há entrega de informações a um outro país’ (TEIXEIRA;
SPIGUEL, 1978, p. 56). Para ele, esse argumento era improcedente, pois só entrariam nesta coletânea as informações publicadas. Desta maneira o próprio Farnswoth não teria informação sobre uma planta se o autor não publicasse a respeito. O professor W. Ladosky, da Universidade Federal de Pernambuco, aceitou essa idéia, observando que o projeto era fi-nanciado e mantido pela OMS, e não por Chicago, assim ‘nós só temos a ganhar’ (TEIXEIRA; SPIGUEL, 1978, p. 57). O professor Carlini, por outro lado, se opôs, e perguntou: ‘quantos milhões o CNPq gas-ta neste projeto? Então, repentinamente, depois de tudo organizado, nós darmos isso em troca de outras informações!’, de mão beijada?’ (TEIXEIRA; SPIGUEL, 1978, p. 57).
O Projeto Flora foi dividido em cinco áreas, de acor-do com a região geográfica do país. No período 1976-1986, o projeto permitiu a contratação de 52 botânicos iniciantes que, sob a orientação de profis-sionais experientes proporcionaram a modernização dos herbários dessas regiões (FERNANDES, 2004; TEIXEIRA, 1984). Infelizmente, da mesma maneira do que a CEME, que o financiou, e como o IQA, o Projeto foi desativado. Quanto ao apoio à pesquisa com plantas medicinais de forma integrada (itens 3 e 4 das Recomendações), o professor Ladosky dis-se textualmente: “Temos o nosso Departamento e o Grupo de Antibióticos, de altíssima categoria. Ago-ra, é difícil estabelecer um entrosamento entre estes dois grupos, pois nos dois casos há interesses espe-cíficos de pesquisa que não se misturam” (DISCUS-SÃO DAS RECOMENDAÇÕES, 1978, p. 231). De acordo com Fernandes (2004), uma desavença no interior da Faculdade de Farmácia da UFCE, fez com que o grupo de pesquisas em plantas medicinais, coordenado pelo professor Francisco José de Abreu Matos, migrasse para o Departamento de Química, apesar de a sua proposta estar mais próxima da área da saúde e, portanto da Faculdade de Farmácia. Se esses problemas ocorrem entre os departamentos de uma mesma instituição, é possível imaginar os que pode ocorrer entre Universidades diferentes.
O item 7 pedia a reintegração dos cientistas cas-sados pelo regime militar (ainda em vigor naque-la época), A proposta original fazia menção direta às universidades e, especificamente, ao Dr. Haity Moussatché, que se encontrava na Venezuela. Fran-cisco Paumgarten, da Escola Paulista de Medicina, sugeriu que a moção fosse de anistia ampla, geral e irrestrita, uma vez que ‘não foram apenas os cientis-tas atingidos pelos atos de exceção. Foi toda a so-ciedade brasileira’. Carlini disse que ‘como cidadão,
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eu até apoio muito do que foi dito’, mas ‘nós esta-mos em um ambiente científico e temos um caso es-pecífico que é o do Professor Moussatché. Eu acho que para não dar um tom carregado, político a este documento, eu sou contra a proposição do colega’ (DISCUSSÃO DAS RECOMENDAÇÕES, 1978, p. 232). A discussão se tornou acalorada, para dizer o mínimo, quando o Dr Orlando Gonçalves, represen-tante da CEME, votou contra a proposta, fosse ela irrestrita ou não, pois ‘como funcionário do gover-no’ não poderia prejulgar os atos que levaram esse mesmo governo a adotá-los. Assim, ‘eu, infelizmen-te, embora aceitando em tese qualquer apelo nes-se sentido, não posso subscrevê-lo’ (DISCUSSÃO DAS RECOMENDAÇÕES, 1978, p. 232). É claro que, como bem lembrou o professor Jorge Guima-rães, da UFF, todos eram funcionários do governo. Entretanto, eles só poderiam ser afastados de suas funções por um ato de exceção, o que naquela épo-ca não era tão difícil assim, enquanto o Dr Orlando poderia ser dispensado a qualquer momento, qual-quer que fosse o regime. O representante da CEME, sem o microfone, protestou, pois ‘fui convidado para tratar de plantas medicinais. Não vim tratar de ide-ologia’. Carlini lançou ‘um protesto em cima do pro-testo’, e instalou-se uma pequena discussão entre os dois (DISCUSSÃO DAS RECOMENDAÇÕES, 1978, p. 234). A proposta acabou sendo aprovada, com exceção do voto do representante da CEME, com a substituição da palavra ‘universidade’ por ‘instituições científicas brasileiras’, e com a retirada do nome do Professor Moussatché. A última reco-mendação dizia respeito sobre a reedição de obras úteis de plantas medicinais do Brasil. A única obra mencionada foi o Dicionário de Plantas Úteis do Brasil, de Pio Correa, mas não saiu do papel. Assim, passados 30 anos desde aquele encontro, a única recomendação realmente posta em prática foi a de que os Simpósios se realizariam a cada dois anos.
O VI Simpósio teve lugar em Fortaleza onde, em tom de brincadeira, o professor Ribeiro do Vale disse que poderia passar 15 dias, em vez dos 3 ou 4 previstos para cada encontro. O XIII Simpósio também ocorreu naquela cidade. O Nordeste viria ainda a sediar mais quatro Simpósios; o XI em João Pessoa, em 1990, o XVI em Recife, em 2000 e o XIX, em Salvador, em 2006. Durante o II Simpósio, em 1968, o professor Herbert Magalhães Alves sugeriu Belo Horizonte como sede do IV encontro. Contudo, isso só veio a acontecer em 1982, quando a UFMG recebeu os in-tegrantes do VII Simpósio. O Rio de Janeiro foi pela segunda vez o anfitrião de um desses Simpósios, o IX, realizado nas dependências do Núcleo de Pes-
quisa de Produtos Naturais da UFRJ, em 1986. Os Departamentos de Farmacologia e Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina promoveram o X Encon-tro, realizado em 1988. O XV Simpósio também teve lugar em São Paulo; desta vez em Águas de Lindóia, dez anos depois. Deste modo, a região sudeste abri-gou 9 Simpósios, dos 19 realizados até agora, sendo 6 no Estado de São Paulo (cinco na capital), 2 no Rio de Janeiro e 1 em Belo Horizonte. Apesar da biodi-versidade da região Amazônica, foi apenas em 1984, treze anos após o I Simpósio, que ali ocorreu um en-contro dessa natureza, que foi o VIII, realizado em Manaus. A cidade receberia novamente os partici-pantes do XVIII Simpósio em 2004. Os Simpósios só chegaram ao Sul do país em 1992. Curitiba foi o local escolhido. Quatro anos mais seria a vez de outra ci-dade do Sul, Florianópolis, sediar o XIV. A realização desses Simpósios só ocorreu na região centro-oeste uma única vez, foi o XVII, em Cuiabá, em 2002. A partir de uma sugestão realizada já nos dois simpó-sios iniciais (e constantemente iterada posteriormen-te), pelo principal idealizador do SPMB, Dr E. Carlini, a comunidade acadêmica acatou o compromisso da realização do evento no Estado de São Paulo, a cada ciclo de dez anos (ou seja, cada 5 simpósios), o que vem acontecendo regularmente (ver: http://www.plantasmedicinais.unifesp.br/hist.htm).
Na Sessão de Abertura do VII Simpósio, ocorrido em Belo Horizonte em 1982, a professora Alaíde Braga referiu-se ao ‘pequeno número de projetos integrados em andamento no Brasil’ e à ‘falta de uma coordena-ção nacional que se faz necessária, sobretudo para evitar a duplicação de trabalhos’ (BRAGA, 1982) e, no seu discurso proferido na mesma ocasião, o pro-fessor Ribeiro do Vale lembrou como ele, Walter Mors e Elisaldo Carlini apresentaram, em 1977, ao CNPq, um projeto de estudo integrado das plantas brasilei-ras, com o objetivo de estimular a indispensável cola-boração entre botânicos, químicos e farmacologistas, e lamentou que o projeto não tivesse ido adiante (RI-BEIRO DO VALE, 1982). Os dados levantados neste trabalho mostram que as colaborações entre os de-partamentos e/ou institutos de uma mesma institui-ção foram, quando ocorreram, em número superior ao de colaborações entre instituições diferentes. O mesmo vale para a relação das colaborações entre as mesmas regiões ou regiões diferentes.
Os textos dos trabalhos apresentados nos sete pri-meiros Simpósios foram publicados na íntegra nos Arquivos do Instituto Biológico (I e II), Anais da Aca-demia Brasileira de Ciências (III), Ciência e Cultura (IV, V, e VI) e na revista Oreades (Revista do De-
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partamento de Botânica da UFMG) (VII). Parte dos trabalhos do VIII Simpósio foi publicada em Acta Amazônica. Do X ao XVI e o XVIII, os trabalhos apa-receram em livros de resumos e os dos XVII e XIX em forma de CDs. O XX Simpósio apresentou um livro apenas com os títulos das comunicações,e um CD com o resumo das mesmas. Em algumas ocasiões, como por exemplo durante os VIII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XX foram organizadas conferências plenas, mini-conferências, mini-cursos, mesas-redondas e simpósios-satélites. Como também ocorreu com as reuniões da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), a presença de pesquisadores estrangeiros nas pa-lestras e nos simpósios-satélite tem sido relevante:
• Ethnopharmacological conservation of Ama-zonian indians. VIII Simpósio. Richard Schultes, Museu Botânico da Universidade Harvard – Es-tados Unidos.• General aspects of phytopharmaceuticals use by pacients. VIII Simpósio. Helmut Sauer, Uni-versidade de Colônia – Alemanha.• Ethnobotanicals studies of Amazonian indians. VIII Simpósio. Ghillean Prance. New York Bota-nical Garden Estados Unidos.• Why new studies of Brazilian Strychnos? VIII Simpósio. Luc Angenot – Faculdade de Medici-na, Universidade de Liège Bélgica.• Botanical, chemical and pharmacological as-pects of curare. VIII Simpósio. Norman Bissert – Departamento de Farmácia, Chelsea College – Universidade de Londres – Inglaterra.• The use of plant products as tools to study mechanisms of drug action. XIII Simpósio. F. J. Evans, Faculdade de Farmácia, Universidade de Londres – Inglaterra. • The use of plant products as tools to study me-chanisms of drug action. XIII Simpósio. Charles Quiron, Universidade René Descartes – França.• Asymetric synthesis of biologically reactive substituted piperidines. XIII Simpósio. Micha-el Boyd, National Institute of Health – Estados Unidos. O programa CYTED para obtenção de fitoterá-picos na Ibero-america. XIII Simpósio. Ceferino Sanchez, CYTED – Panamá. • Natural products drug Discovery: a systematic approach. XIII Simpósio. James D. McChesney, Universidade do Mississipi – Estados Unidos. • Production and marketing of phytomedicines in Europe. Possibilities for cooperation with Bra-zil. XIV Simpósio. Joerg Grunwald, Institut für Phytopharmaceuticals – Alemanha.• Present and future of phytopharmaceuticals in USA. XIV Simpósio. Michael Tempesta, LAREX
Inc. – Estados Unidos. • Efficacy and safety assessment of phytome-dicines from published scientific literature. XIV Simpósio. Peter R. Bradley, Whitehall Labs. – In-glaterra.• Natural products for development of new dru-gs. XIV Simpósio. Franco delle Monache, Uni-versitá Catolica Del Sacro Cuore – Itália. • Metabolic engeneering: new ways to biologi-cally active compounds. XIV Simpósio. R. Verpo-orte, Universidade de Leiden – Holanda.• Ginkgo biloba extracts: technology and quality control. XIV Simpósio. Reinhardt Neubert, Uni-versidade Martin Luther – Alemanha. • Biodiversity in drug Discovery. The key role of Brazil and the importance of collaboration. XVI Simpósio. Gordon Gragg, Instituto Nacional do Câncer – Estados Unidos.• Approaching a new generation of novel phyto-therapeuticals. XX Simpósio. Hildebert Wagner, Universidade de Munique – Alemanha.• Compuestos polifenolicos em la colitis ulcero-sa. XX Simpósio. Julio Galvez, Universidade de Granada – Espanha.• Uses and abuses of in vitro test in ethnophar-macology and medicinal plant research. XX Sim-pósio. Peter Houghton, King’s College – Ingla-terra.• The ethnopharmacology of south-Asian mi-grants in Northern XX Simpósio, Andrea Pieroni. Universidade de Bradford – England. • Urban ethnobotany of the Andean community in London: A reflection on cross-cultural adapta-tion. XX Simpósio. Melissa Ceuterick, Universi-dade de Bradford – England.• Can we identify metabolic diseases in ethno-pharmacological field studies? XX Simpósio. Mi-chael Heinrich, Universidade de Londres – En-gland • Vision of the future of medicinal plants of the high plateau and central valleys of the Andes. Ricardo Seidl da Fonseca. XX Simpósio. Orga-nização das Nações Unidas para o Desenvolvi-mento Industrial – Áustria. • Phyto-meaning: How the meaning of a plant might might influence its effectiveness. XX Sim-pósio. Daniel Moerman, Universidade de Michi-gan – Estados Unidos.• Comparative analysis in ethnopharmacology. XX Simpósio. Marco Leonti, Universidade de Cagliari – Itália. • Medicinal and food plants as modulators of the enocannabinoids system – evolution of an adaptomimetic mechanism. XX Simpósio. Juerg
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Elaboração de uma Cartilha Direcionada aos Profissionais da Área da Saúde, Contendo Informações sobre Interações Medicamentosas Envolvendo Fitoterápicos e Alopáticos
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Gertsch, ETH Suíça.• Targeting inflammation by traditional phyto-chemical agents for prevention and therapy of cancer. XX Simpósio. Universidade do Texas – Estados Unidos. • The phytotherapy in Cuba. XX Simpósio. Mila-gros Garcia Mesa, Instituto Nacional de Angio-logia e Cardiologia Vascular – Cuba.• The application of emerging Technologies to the analysis of plant extracts. Is this a way of accounting for synergism? XX Simpósio. Peter Hyland, Kiung’s College – Inglaterra.• The European experience with the use of Cra-etageus for the treatment of chroniuc heart fai-lure. Hildebert Wagner, Universidade de Muni-que – Alemanha.• Traditional medicine in the public health dis-course. XX Simpósio. Janna Weiss, Universida-de do Tibet – China.• Education, ethnobotany, food habits and heal-th in Cavilla-La Mancha (Spain). XX Simpósio. Jose Fajardo Rodriguez, Jardim Botânico de Ca-villa-La Mancha – Espanha.• A public health research agenda for tradiutio-nal medicine. XX Simpósio. Gerald Bodecker, Universidade de Oxford – Inglaterra.• The use of plant extracts to replace antibiotic feed additives in poultry production. XX Simpó-sio. Kobus Eloff, Universidade de Pretória – Áfri-ca do Sul. • Production, protection and profit: How can local livestock keep benefits from their ethno-veterinary knowledge? XX Simpósio. Evelyn Mathias, League for Pastoral Peoples and Endo-
genous Livestock Development – Alemanha.• The use of plants in control of gastrointestinal nematode parasites of small ruminants. XX Sim-pósio. John Githiori, ILRI Biotechnology -– Qu-ênia.• A unique issue in the standartization of Chi-nese Matéria Medica: Processing. XX Simpósio. Zhonhzhen Zhao, Zhitao Liang e Guanghua Lu, Universidade Batista de Hong-Kong China.• Controlling obesity and metabolic disorders witn traditional medicine and life style. XX Sim-pósio. Anwar Gilani, Universidade Aga Khan Pa-quistão.
Todas essas palestras foram importantes para con-solidar os Simpósios. A questão constantemente levantada durante os eventos foi a sobre a colabo-ração entre os pesquisadores das diferentes áreas. Apesar de a cooperação entre as diversas discipli-nas ser fundamental nas pesquisas multidisciplina-res, como é o caso das plantas medicinais, as difi-culdades em estabelecê-la tem sido mais exceção do que a regra. Prance (1991) relatou que, quando ele tentou estabelecer um programa de colaboração com o antropólogo Robert Carneiro para um estudo etnobotânico dos índios Kuikuru, o projeto foi recu-sado pela seção de biologia sistemática da Funda-ção Nacional de Ciências dos Estados Unidos por ser muito antropológico. Ao mesmo tempo, a seção de antropologia o considerou muito botânico. Nos Simpósios aqui analisados, esse panorama tantas vezes debatido, tem se mantido e as comunicações envolvendo uma única instituição e/ou área têm pre-valecido, como ilustra a Tabela 1.
SIMPÓSIO
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
1 INST
6
19
6
22
28
17
42
67
2 INST
1
3
3
6
11
17
19
43
3 INST
0
0
1
1
2
2
5
10
4 INST
0
0
2
0
1
0
0
1
5 INST
0
0
0
0
0
0
0
0
6 INST
0
0
0
0
0
0
0
0
TOTAL
7
22
12
29
46
38
67
121
Tabela 1 - Número de trabalhos apresentados em colaboração nos SPMB
2� Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
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Artigo Original/Original Article Simpósios de Plantas Medicinais do Brasil: 40 anos de HistóriaArtigo Original/Original Article
SIMPÓSIO
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
XIX
XX
1 INST
58
106
130
163
200
299
270
307
*
200
*
445
2 INST
39
37
85
103
144
213
209
286
*
186
*
499
3 INST
7
17
17
27
26
68
97
130
*
105
*
238
4 INST
2
3
3
3
4
16
24
33
*
29
*
84
5 INST
0
0
0
0
3
0
3
1
*
3
*
21
6 INST
0
0
0
0
0
0
0
1
*
1
*
3
TOTAL
106
166
235
296
377
596
604
759
870
531
766
1294
* Indisponível. Em alguns casos (V, VI, VII, X, XV, XVI e XVIII Simpósios) existem trabalhos sem a menção a qualquer instituição. Daí a discordância com o número total de comunicações. No XX Simpósio houve uma comunicação com a participação de 7 institutos ou departamentos
A Tabela 1 mostra claramente que o número de comunicações isoladas tem sido sistematicamen-te superior àquelas apresentadas em colaboração em todos os Simpósios realizados até o momento. Deve-se notar ainda que essas colaborações fo-ram com bastante freqüência realizadas entre áre-as idênticas de instituições diferentes. A partir do VIII Simpósio, os livros de resumos foram divididos em diversas seções como farmacologia, fitoquímica, botânica, agronomia etnofarmacologia, toxicologia e farmacognosia, embora essas separações nem sempre tenham sido observadas. Além disso, não raro, essas áreas estão superpostas em uma mesma seção, como botânica junto com etnofarmacologia (XIV Simpósio) ou etnofarmacologia junto com far-macologia (XII Simpósio). A farmacognosia só teve a sua própria divisão em 3 simpósios (XVI, XVII, XIX), apesar de ter estado presente em vários outros sim-pósios, com resumos espalhadas pelas demais áre-as. O mesmo pode ser dito para a toxicologia e para a etnofarmacologia. No XIV, XVI e XVII Simpósios, as seções de agronomia e botânica estão separa-das, mas no XIX elas estão agrupadas na única área de ‘Agronomia’. No Livro de Resumos do XI Simpó-sio, os trabalhos de ‘síntese de produtos naturais’ e ‘quimiossistemática’ estão colocados à parte da-
queles referentes à ‘química de produtos naturais’. Existem ainda as comunicações abrangendo mais de uma área, aqui incluídos na coluna ‘multidiscipli-nar’, e aquelas que não puderam ser agrupadas em nenhuma dessas áreas, como controle de praga em plantas medicinais, algas, liquens, química de orquí-deas, banco de dados, padronização, produção de fitoterápícos, aromas de frutas tropicais, a possível utilização de plantas medicinais por primatas, bio-tecnologia e plantas utilizadas em doenças de ani-mais. É interessante, e surpreendente observar, que durante o XVIII Simpósio foi apresentado um traba-lho sobre a ‘Arte do Pêndulo’. No Livro de Resumos correspondente ao XX Simpósio, realizado em 1008, em São Paulo, as comunicações de agronomia, botâ-nica e etnofarmacologia foram separadas em áreas distintas e a toxicologia foi novamente incorporada à farmacologia. Tudo isso dificulta uma avaliação pre-cisa sobre o número de comunicações apresentadas em cada sessão. Todavia, independente do critério utilizado na classificação dos trabalhos, o fato é que a área de farmacologia, seguida pela de química de produtos naturais, superaram, de maneira constan-te, as outras áreas, como pode ser visto na Tabela 2, na qual a coluna ‘outros’ engloba botânica, agrono-mia, etnofarmacologia, toxicologia, controle de qua-
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lidade, padronização, biotecnologia, saúde pública, legislação, tecnologia farmacêutica, produção de fitoterápicos, etc. Este dado foi também constatado no trabalho de Fernandes (2004), e se repetiu nos XVIII, XIX e XX Simpósios.
Seguindo o mesmo esquema adotado nos dois ca-pítulos anteriores, a Tabela 3 mostra as instituições públicas de ensino e/ou pesquisas, com seus res-pectivos Departamentos ou Institutos e que parti-ciparam de pelo menos 50% dos 20 Encontros aqui considerados. Estão incluídos o CPQBA, a UENF, A EMBRAPA, o Instituto de Química e a Faculdade de
Ciências Farmacêuticas da UNESPAR, a UENF e a UNVALI/NIQFAR (a única instituição de caráter pri-vado na relação) por terem comparecido à metade dos Simpósios a partir das suas próprias fundações.
A instituição com maior número de comunicações foi o Laboratório de Tecnologia Farmacêutica da Univer-sidade Federal da Paraíba, seguida pelo Departamen-to de Química Orgânica e Inorgânica da Universidade Federal do Ceará. Entretanto, o Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pioneiro na área, foi o único a estar presente em todos esses Simpósios (Tabela 3).
Tabela 2 – Número de Trabalhos apresentados nos SPMB (por área)
SIMPÓSIO
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
XIX
XX
TOTAL
FARMACOLOGIA
3
6
2
14
14
17
23
66
54
101
86
98
157
225
255
322
414
219
365
472
2406
FITOQUÍMICA
1
4
3
3
9
7
13
31
35
24
89
96
71
117
166
122
133
60
237
372
1564
OUTROS
3
12
7
12
23
14
29
24
17
41
60
102
149
254
183
315
323
252
287
450
2498
TOTAL
7
22
12
29
46
38
67
121
106
166
235
296
377
596
604
759
870
531
766
1294
6468
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INSTITUIÇÃO*
1. FOC/CPRR
2. IBIO
3. IBOT
4. UENF/SQPN
5. UFBA/FF
6. UFCE/DF
7. UFCE/DFISIOLFCO
8. UFCE/DQOI
9. UFJF/ICB
10. UFMG /DQ
11. UFPA/DQ
12. UFPB/LTF
13. UFPE/DA
14. UFPE/DFISIOLFCO
15. UFPI/NPPM
16. UFPR/DF
17. UFRJ/DFCO
18. UFRJ/NPPN
19. UFRRJ/DQ
20. UFRS/FF
21. UFSC/DFCO
22. UFSC/DQ
23. UFSCAR/DQ
24. UNESPBOT/IBIOC
25. UNICAMP/CPQBA
26. UNICAMP/IB
27. UNICAMP/IQ
28. UNIFESP/DFCO
29. UNIFESP/DPSICOB
30. UNIVALI/NIQFAR
31. USP/FCF
32. USP/IQ
TOTAL
I
0
1
1
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
6
II
0
11
5
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
02
0
19
III
0
2
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
01
1
7
IV
0
2
4
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
1
0
4
1
0
0
0
0
0
0
0
0
11
2
0
0
0
26
V
0
5
2
0
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
0
0
6
2
0
0
0
0
0
0
2
2
4
5
0
2
7
39
VI
0
2
0
0
0
0
3
4
0
1
0
6
0
1
0
1
6
6
1
0
0
0
0
0
0
0
0
4
2
0
0
0
37
VII
1
0
0
0
1
1
5
4
2
4
1
3
4
2
0
0
1
2
1
1
2
1
2
1
0
1
0
3
1
0
0
2
46
VIII
2
1
1
0
0
2
7
11
2
1
2
6
14
1
2
0
3
1
2
5
6
4
2
0
0
3
2
20
0
0
1
6
108
X
0
1
1
0
2
1
10
13
4
0
1
17
16
0
2
3
2
1
1
1
18
13
0
1
0
2
2
11
8
0
2
4
137
XI
6
1
0
0
1
0
6
15
0
1
0
25
13
2
6
2
0
8
3
1
5
7
4
3
0
0
0
4
0
0
4
11
136
XII
6
2
1
0
3
0
10
27
2
7
4
8
14
3
2
14
0
27
6
24
13
12
3
2
11
1
2
15
0
0
11
0
248
XIII
2
2
0
0
2
2
29
42
0
9
2
21
11
4
3
2
3
21
4
7
17
14
5
2
16
7
2
12
1
0
16
5
277
XIV
0
3
5
6
2
5
23
30
4
11
6
27
15
9
0
11
5
31
4
25
18
35
1
8
13
12
4
15
7
31
16
9
412
XV
6
4
5
10
2
5
15
34
4
16
9
25
16
12
1
7
11
41
6
22
18
35
5
5
15
15
10
23
7
47
9
6
468
XVI
6
1
0
14
11
16
37
30
9
14
7
60
16
13
9
4
9
35
10
6
11
12
2
7
17
18
6
11
12
11
11
2
456
XVIII
1
6
5
0
4
8
21
16
8
5
2
31
6
9
7
19
0
8
7
6
5
8
5
4
23
6
4
9
1
4
9
10
257
XX
02
02
21
9
03
04
36
15
13
07
05
67
17
12
10
03
04
26
06
31
04
16
09
51
28
15
08
06
15
29
17
20
641
Total
33
49
56
39
34
45
210
255
50
79
42
312
148
68
43
70
45
226
58
135
123
160
39
85
123
82
43
156
62
122
101
90
OBS: Os dados referentes aos XVII e XIX Simpósio não estão disponíveis
Tabela 3 – Instituições que participaram de pelo menos 50% dos SPMB com o respectivo nº de trabalhos (1967-2008)
IX
1
3
5
0
3
1
8
12
2
1
3
16
6
0
1
3
1
5
2
6
6
3
1
1
0
0
1
8
0
0
0
7
106
* Instituições que participaram de pelo menos 50% dos SPMB após suas criações.
Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009 2�Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
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A análise geográfica dos dados da Tabela 3 é mos-trada nas Tabelas 4 e 5 e nos gráficos das Figuras 1 e 2. Entretanto, essa situação deve ser vista com cautela, quando se considera o número de Institutos ou Departamentos envolvidos nesse processo. A re-gião Sudeste foi responsável por 1384 distribuídos por 20 Departamentos e/ou Institutos, enquanto a região Nordeste apresentou 114 comunicações, distribuídas por 8 Institutos e/ou Departamentos. Vale ainda notar que a região Norte, apesar de toda a riqueza da sua biodiversidade, se fez representar, nessas tabelas, apenas pelo Departamento de Quí-mica da Universidade Federal do Pará.
A título de comparação, alguns dos Departamentos
ou Institutos listados na Tabela 3 também participa-ram de pelo menos a metade das Reuniões da SBPC e da SBQ, na área de química de Produtos Naturais, apesar da grande diferença no número de comu-nicações apresentadas em cada uma delas, como mostra a Tabela 6. A participação do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da Universidade Federal do Ceará foi bastante equilibrada nos três Encontros analisados. Por outro lado, para os de-mais exemplos mencionados, houve uma tendência em se privilegiar um Encontro sobre os demais. Este fato é mais notável nos trabalhos apresentados pelo Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos, com apenas 30 comunicações nos SPMB, mas 376 nas Reuniões da SBQ.
Tabela 4 – Número de trabalhos apresentados em pelo menos 50% do SPMB (por Estado)
ESTADO
SP
CE
SC
RJ
PB
PE
MG
RS
PR
PA
PI
BA
TOTAL
NÚMERO DE TRABALHOS
884
510
405
340
312
216
160
166
70
42
43
33
3181
NÚMERO INSTITUIÇÕES
13
3
3
4
1
2
3
2
1
1
1
1
35
Tabela 5 – Número de trabalhos apresentados em pelo menos 50% do SPMB (por região)
REGIÃO
SE
NE
S
NO
TOTAL
NÚMERO DE TRABALHOS
1384
1114
641
42
3181
NÚMERO DE INSTITUIÇÕES
20
8
6
1
35
�0 Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
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Figura 1 – Variação no número de trabalhos apresentados em pelo menos 50% do SPMB (por Estado)
Figura 2 – Variação no número de trabalhos apresentados em pelo menos 50% do SPMB (por Região)
Tabela 6 – Total de trabalhos em Química de Produtos Naturais nas Reuniões da SBPC, SBQ e SPMB
INSTITUIÇÃO
UFCE/DQOI
UFMG/DQ
UFPA/DQ
UFPB/LTF
UFRJ/NPPN
UFRRJ/DQ
UFSCAR/DQ
UNICAMP/IB
UNICAMP/IQ
UNIVALI/NIQFAR
USP/FCF
USP/IQ
SPBC
247
224
40
55
219
185
55
31
102
0
12
538
SBQ
312
153
173
101
122
209
402
129
167
21
27
311
SPMB
255
79
42
312
226
58
39
82
43
122
101
90
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Tabela 7 – Instituições estrangeiras com participação nos SPMB
CENTRO DE INVESTIGAÇÕES BIOLÓGICAS
CENTRO NACIONAL DE PESQUISAS CIENTÍFICAS
FACHHOCHSCHULE/COLONIA XIII
FACULDADE DE CIENCIAS EXATAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS MEDICAS PINAR DEL RIO
FACULDADE DE FARMÁCIA CHATENAY-MALABRY
INSTITUTO DE QUÍMICA DE SARRIÁ
INSTITUTO DE QUÍMICA ORGÂNICA DE SHANGAI
INSTITUTO MEXICANO DE SEGURO SOCIAL
INSTITUTO NACIONAL DE SAÚDE
INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER
INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS MEDICINAIS
INSTITUTO RECURSOS NATURALES
INSTITUTO SUPERIOR DE SANITÁ
INSTITUTO VENEZUALANO DE INVESTIGAÇÕES CIENTÍFICAS
INSTITUTO WEISSMAN
INSTITUTO DE FARMÁCIA BIOLÓGICA X
ISNTITUTO POLITÉCNICO DA VIRGÍNIA
KEW BOTANICAL GARDEN
KING’S COLLEGE
MOUNTSINAI SCHOOL MEDICINE
MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL
NEW YORK BOTANICAL GARDEN
PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA
QUEEN MARY COLLEGE
TIERARZTLICH HOCHSCHULE
UINIVERSIDADE DE LA LAGUNA
UNIVERSIDADE AUTONOMA DO MEXICO
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SAGRADO CORAÇÃO
UNIVERSIDADE COMPLUTENSE DE MADRI
UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA BERKELEY
UNIVERSIDADE DA COSTARICA
REPÚBLICA DOMINICANA
FRANÇA
ALEMANHA
ARGENTINA
CUBA
FRANÇA
ESPANHA
CHINA
MEXICO
JAPÃO
ESTADOS UNIDOS
CHINA
CHILE
ITALIA
VENEZUELA
ISRAEL
ALEMANHA
ESTADOS UNIDOS
INGLATERRA
INGLATERRA
ISRAEL
FRANÇA
ESTADOS UNIDOS
CHILE
INGLATERRA
ALEMANHA
ESPANHA
MEXICO
ITÁLIA
ESPANHA
ESTADOS UNIDOS
COSTA RICA
Os Simpósios de Plantas Medicinais do Brasil tam-bém têm contado com a presença de instituições das três Américas, Europa, Ásia e Oceania, como
ilustra a Tabela 7, o que evidencia o seu grau de internacionalização.
�2 Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Elaboração de uma Cartilha Direcionada aos Profissionais da Área da Saúde, Contendo Informações sobre Interações Medicamentosas Envolvendo Fitoterápicos e Alopáticos
Artigo Original/Original Article Simpósios de Plantas Medicinais do Brasil: 40 anos de HistóriaArtigo Original/Original Article
UNIVERSIDADE DA FLÓRIDA
UNIVERSIDADE DE BERNA
UNIVERSIDADE DE BUENOSAIRES
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
UNIVERSIDADE DE CONCEPCIÓN
UNIVERSIDADE DE CÓRDOBA
UNIVERSIDADE DE DUBLIN
UNIVERSIDADE DE FRANKFURT
UNIVERSIDADE DE GENEBRA
UNIVERSIDADE DE GIESSEN
UNIVERSIDADE DE GIFU
UNIVERSIDADE DE GRANADA
UNIVERSIDADE DE HANNOVER
UNIVERSIDADE DE HAVANA
UNIVERSIDADE DE IBADAN
UNIVERSIDADE DE ILLINOIS
UNIVERSIDADE DE KENTUCKY
UNIVERSIDADE DE KIOTO
UNIVERSIDADE DE LA PLATA
UNIVERSIDADE DE LA REPUBLICA
UNIVERSIDADE DE LAUSANNE
UNIVERSIDADE DE LEIDEN
UNIVERSIDADE DE LIÈGE
UNIVERSIDADE DE LISBOA
UNIVERSIDADE DE LONDRES
UNIVERSIDADE DE LYON
UNIVERSIDADE DE MANCHESTER
UNIVERSIDADE DE MASSACHUSSETTS
UNIVERSIDADE DE MISSOURI
UNIVERSIDADE DE MODENA
UNIVERSIDADE DE MONTIVIDÉU
UNIVERSIDADE DE MONTPELLIER
UNIVERSIDADE DE MUNIQUE
UNIVERSIDADE DE MUNSTER
UNIVERSIDADE DE MYSORE
UNIVERSIDADE DE NAPOLES
ESTADOS UNIDOS
SUIÇA
ARGENTINA
PORTUGAL
CHILE
ARGENTINA
IRLANDA
ALEMANHA
SUIÇA
ALEMANHA
JAPÃO
ESPANHA
ALEMANHA
CUBA
NIGÉRIA
ESTADOS UNIDOS
INGLATERRA
JAPÃO
ARGENTINA
URUGUAI
SUIÇA
HOLANDA
BÉGICA
PORTUGAL
INGLATERRA
FRANÇA
INGLATERRA
ESTADOS UNIDOS
ESTADOS UNIDOS
ITÁLIA
URUGUAI
FRANÇA
ALEMANHA
ALEMANHA
ÍNDIA
ITALIA
Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009 ��Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
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UNIVERSIDADE DE OHIO
UNIVERSIDADE DE OKLAHOMA
UNIVERSIDADE DE PARIS
UNIVERSIDADE DE PAUA NOVA GUINÉ
UNIVERSIDADE DE PINAR DEL RIO
UNIVERSIDADE DE PISA
UNIVERSIDADE DE PURDUE
UNIVERSIDADE DE PUTRA
UNIVERSIDADE DE RAJASTHAN
UNIVERSIDADE DE REMNES
UNIVERSIDADE DE RHODE ISLAND
UNIVERSIDADE DE ROCHESTER
UNIVERSIDADE DE ROSARIO
UNIVERSIDADE DE ROUEN
UNIVERSIDADE DE SALAMANCA
UNIVERSIDADE DE SALERNO
UNIVERSIDADE DE SEVILHA
UNIVERSIDADE DE SHERBROKE
UNIVERSIDADE DE STRATHCLYDE
UNIVERSIDADE DE TEHERAN
UNIVERSIDADE DE TOKUSHIMA
UNIVERSIDADE DE UPPSALA
UNIVERSIDADE DE VALPARAISO
UNIVERSIDADE DE YAOUNDÉ
UNIVERSIDADE DEE GENOVA
UNIVERSIDADE DO MISSISSIPI
UNIVERSIDADE DO PACIIFICO
UNIVERSIDADE DO PORTO
UNIVERSIDADE ERLANGEN
UNIVERSIDADE HEBRAICA DE JERUSALÉM
UNIVERSIDADE JADAVIPUR
UNIVERSIDADE JOSEPH FOURIER
UNIVERSIDADE KOLKATA
UNIVERSIDADE MCGILL
UNIVERSIDADE NACIONAL DE ASUNCIÓN
UNIVERSIDADE NACIONAL DE COLOMBIA
UNIVERSIDADE NACIONAL DE CORDOBA
UNIVERSIDADE NACIONAL DE COSTA RICA
ESTADOS UNIDOS
ESTADOS UNIDOS
FRANÇA
PAPUA NOVA GUINÉ
CUBA
ITALIA
ESTADOS UNIDOS
MALÁSIA
ÍNDIA
FRANÇA
ESTADOS UNIDOS
ÍNDIA
ARGENTINA
FRANÇA
ESPANHA
ITÁLIA
ESPANHA
CANADA
ESCÓCIA
IRAN
JAPÃO
SUÉCIA
CHILE
CAMARÕES
ITÁLIA
ESTADOS UNIDOS
ESTADOS UNIDOS
PORTUGAL
ALEMANHA
ISRAEL
ÍNDIA
FRANÇA
ÍNDIA
CANADÁ
PARAGUAI
COLOMBIA
ARGENTINA
COSTA RICA
�4 Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Elaboração de uma Cartilha Direcionada aos Profissionais da Área da Saúde, Contendo Informações sobre Interações Medicamentosas Envolvendo Fitoterápicos e Alopáticos
Artigo Original/Original Article Simpósios de Plantas Medicinais do Brasil: 40 anos de HistóriaArtigo Original/Original Article
UNIVERSIDADE NACIONAL DE JUJUY
UNIVERSIDADE NACIONAL DE LUJAN
UNIVERSIDADE NACIONAL DE ROSARIO
UNIVERSIDADE NACIONAL DE SAN LUIS
UNIVERSIDADE NACIONAL DO URUGUAI
UNIVERSIDADE NELSON MANDELA
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
UNIVERSIDADE PERUANA CAYETANO HEREDIA
UNIVERSIDADE PRAVARANAGAR
UNIVERSIDADE RANDAZAD
UNIVERSIDADE RENE DESCARTES
UNIVERSIDADE SAN CARLOS
UNIVERSIDADE SHAHED
UNIVERSIDADE SZEGED
UNIVERSIDADE TARBIAT MODARES
UNIVERSIDADE TECNICA DA DINAMARCA
ARGENTINA
ARGENTINA
ARGENTINA
ARGENTINA
URUGUAI
ÁFRICA DO SUL
PORTUGAL
PERU
ÍNDIA
IRAN
FRANÇA
GUATEMALA
IRAN
HUNGRIA
IRAN
DINAMARCA
A Tabela 8 e o gráfico da Figura 3 mostram de manei-ra resumida o vertiginoso, e quase constante, cresci-
Total = 122 instituições estrangeiras
Tabela 8 – Resumo histórico dos dezenove SPMB analisados neste trabalho
mento do número de trabalhos apresentados nos Sim-pósios de Plantas MedIcinais ao longo de 40 anos.
SIMPÓSIO
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
ANO
1967
1968
1969
1972
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
LOCAL
SÃO PAULO
SÃO PAULO
SÃO PAULO
RIO DE JANEIRO
SÃO PAULO
FORTALEZA
BELO HORIZONTE
MANUAS
RIO DE JANEIRO
SÃO PAULO
JOÃO PESSOA
CURITIBA
Nº TRABALHOS
7
22
12
29
46
38
67
121
106
166
235
296
ORGANIZADOR
J.R.MAGALHÃES, A.KRAMER, E.CARLINI
J.R.MAGALHÃES, A.KRAMER, E.CARLINI
J.R.MAGALHÃES, A.KRAMER, E.CARLINI
E.CARLINI, J.R.VALLE
E.CARLINI, J.R.VALLE
AFRÂNIO CARVALHO
ALAÍDE BRAGA DE OLIVEIRA
JOSÉ GUILHEREME S. MAIA
AFONSO PRADO SEABRA
E.CARLINI
DELBY F. MONTEIRO
EDUARDO A. MOREIRA
Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009 ��Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Elaboração de uma Cartilha Direcionada aos Profi ssionais da Área da Saúde, Contendo Informações sobre Interações Medicamentosas Envolvendo Fitoterápicos e Alopáticos
Artigo Original/Original Article Simpósios de Plantas Medicinais do Brasil: 40 anos de HistóriaArtigo Original/Original Article
SIMPÓSIO
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
XIX
XX
TOTAL
ANO
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
LOCAL
FORTALEZA
FLORIANÓPOLIS
ÁGUAS DE LINDÓIA
RECIFE
CUIABÁ
MANAUS
SALVADOR
SÃO PAULO
ORGANIZADOR
GLAUCE S. B. VIANA
JOÃO B. CALIXTO
ANTÔNIO JOSÉ LAPA
MARIA BERNADETE S. MAIA
DOMINGOS T.O. MARTINS
JUAN REVILLA
JUCENI PEREIRA DAVID
ELISALDO CARLINI (PRESIDENTE)
Nº TRABALHOS
377
596
604
759
863
531
766
1294
6935
Figura 3 - variação no número de comunicações apresentadas nos SPMB
Pode-se constatar portanto, que, com exceção da queda no número de comunicações do XVII para o XVIII Simpósio, o seu aumento foi constante nas quatro décadas aqui consideradas. O crescimento é evidente sob qualquer ponto de vista. As 7 comu-nicações lidas em 1967, transformaram-se em 766 em 2006. Em praticamente 40 anos, a realização bi-anual do Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil consolidou a sua importância. E, mais do que isso, a exemplo do que ocorreu com a SBQ, o interesse dos cientistas em conhecer o mecanismo de ação do princípio ativo responsável por uma determinada ação farmacológica também se tem tornado mais constante a partir do XIV Simpósio.
Referências
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�� Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Elaboração de uma Cartilha Direcionada aos Profissionais da Área da Saúde, Contendo Informações sobre Interações Medicamentosas Envolvendo Fitoterápicos e Alopáticos
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CARLINI, E.L.A.; SIANI, A.C. Memória do I Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil. Revista Fitos, v.2, n.3, p.6-23, 2007.
DISCUSSÃO FINAL. Planejamento para a formação de futuros núcleos de pesquisa dedicados ao estudo da flo-ra medicinal brasileira. Arquivos do Instituto Biológico, v.35. p.53-67, 1968.
DISCUSSÃO DAS RECOMENDAÇÕES. Ciência e Cultura, Supl. p.228-236, 1978.
FERNANDES, T.M. Plantas Medicinais: Memórias da Ciência no Brasil. Rio de Janeiro, Editora da Fundação Oswaldo Cruz, 2004.
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MORS, W. Prefácio. Simpósio sobre Produtos Naturais da América Tropical. Rio de Janeiro, Academia Brasilei-ra de Ciências, 1970b.
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SCHULTS, R.E. Tropical American hallucinogens: where are we and where are we going? Ciência e Cultura, v.25, p.543-560, 1973. TEIXEIRA, A.R. Banco de dados do Programa Flora do CNPq sobre plantas medicinais e farmacologia de pro-dutos naturais. Ciência e Cultura, Supl. p.48-55, 1978.
TEIXEIRA, A.R.; SPIGUEL, C.P. O “Programa Flora” do Brasil – História e situação atual. Acta Amazonica, v.14, p.31-47, 1984.
ZELNICK, R. Plantas utilizadas na medicina e nos ritu-ais dos indígenas da Amazônia. I Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil. Arquivos do Instituto Biológico, v.35, p.31-35, 1968.
�� Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009��Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Artigo Original / Original Article
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia
Herbal Drugs and Extracts Used in Phytoterapy
*1Boorhem, R. L.; 2Lage, E. B.
1Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais, IBPM, Rua General
Urquiza 128, 22431-040, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
2Rua Vice-Governador Rubens Berardo 65, Bloco 2, ap. 604,
22451-070, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
*Correspondência: E-mail: [email protected]
Unitermos: Drogas Vegetais, Extratos, Farmacologia,Dose Diaria,
Fitoterapia.
Key Words: Vegetal Drugs, Extracts,
Pharmacology, Daily Dosage, Phytotherapy.
Resumo
A fitoterapia é uma prática normalmente dificultada pela insuficiên-cia de informações confiáveis sobre diversas drogas vegetais e seus respectivos extratos que estão disponíveis no mercado brasileiro. No sentido de orientar os prescritores na formulação e prescrição de re-ceitas, foi realizado um levantamento das informações úteis a esta prática, contidas em dois bancos de dados informatizados e em fontes bibliográficas especializadas e organizadas em tabelas para consultas rápidas e imediatas.
Abstract
Phytotherapy is a therapeutic practice which is usually obstructed due to the insufficiency of reliable information on diverse vegetal drugs and their respective extracts that are available in the Brazilian market. In order to help the correct driving of the receipts formulation and prescription by the physicians, a compilation of useful information on this theme, by collecting data in two data base and in specialized bib-liographic sources, were accomplished and organized aiming quick and immediate accesses.
Introdução
Com a crescente utilização da fitoterapia por profissionais de saúde, impulsionada pela grande produção científica, principalmente nas duas ultimas décadas, a cada dia mais drogas e extratos vegetais são colo-cados no mercado e introduzidos na terapêutica. Nesse processo de validação de inúmeras drogas vegetais de uso tradicional, nem sempre se dispõem de ensaios clínicos para definição das doses seguras e efi-cazes, obrigando freqüentemente o profissional prescritor a levantar os dados sobre o uso tradicional das espécies, tanto no que diz respeito às indicações quanto às doses, que, nesse caso, são sempre definidas como dosagens diárias. Neste aspecto, as informações costumam ser dispersas e discrepantes nas diversas fontes disponíveis, não só no que diz respeito à posologia, mas também na confirmação das ativida-des atribuídas ao uso tradicional. A essas indefinições ainda se somam as diferenças de padronização dos diferentes extratos desenvolvidos e disponíveis, dificultando sobremaneira o trabalho de farmacêuticos e prescritores na manipulação e utilização daqueles, acarretando erros de dosagem, com resultados negativos para os pacientes e para a cre-dibilidade da fitoterapia como terapêutica.
��
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
�� Revista Fitos Vol.4 Nº01 junho 2009
Material e Métodos
Foram selecionadas 138 drogas vegetais disponíveis no mercado farmacêutico brasileiro, nas formas far-macêuticas mais comumente utilizadas na prática clínica dos médicos ligados ao Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais (IBPM), na cidade do Rio de Ja-neiro. Desse elenco foram compiladas as informações consideradas mais relevantes para a caracterização e utilização dos produtos, iniciando pela revisão da nomenclatura botânica das espécies medicinais das quais derivam, respectivas partes utilizadas, padro-nizações, dosagens diárias, principais ações farma-
cológicas, indicações, efeitos adversos, precauções e contra-indicações. Foram escolhidas 17 fontes de informação, incluindo literaturas nacionais e inter-nacionais de autores de reconhecido valor, além de duas bases de dados informatizadas internacionais, listadas ao final do trabalho. As informações foram referenciadas para permitir o rastreamento; e orga-nizadas em tabelas, para facilitar a consulta.
Resultados e Discussão
As informações selecionadas e respectivas refe-rências estão listadas nas Tabela 1.
Nome científico /Farmacêutico / vulgar
Achillea millefolium
Herba Achillea Millefolii
Mil-folhas
Aquileia
AchyroclineSatureoides
Flos Achyrocline Satureoides
Marcela
Aesculus hippocastanum
Semen Aesculi Hippocastani
Castanha da Índia
Agaricus blazei
Cogumelo do Sol
Allium sativum
Bulbus Allii Sativi
Alho
Forma farmacêutica
Tintura 20%
Rasurado
Rasurado
Tintura 20%
Ext. seco pad. em 20 a 22% de saponinas
(aescina)
Tintura 10%Uso ext.: Creme ou gel c/ 20% de extrato fluido
ou glicólico
Rasurado
Planta fresca
Pó
Óleo em cáps
Tintura 20%
Dosagem diária
2,5 a 7,5 mL (1)
4 a 15 g (1)
3 a 6 g (2)
(1) a 2 mL (2)
200 a 600 mg (1)
2,5 a 15 mL (1)
Recomenda-se o con-sumo de 5 g diárias como prevenção.
Recomenda-se o consumo de
20 a 40 g para pa-cientes com câncer
(SRC).
4 a 6 g (11)(17)
0,5 a 1 g (1)
(Eq. a 6 a 10 mg de aliina) (8)
0,1 a 0,4 mL (11)
4 a 15 mL (1)
Ações farmacológicas / indicações
Antitérmica, analgésica, expectorante,
antidiarréica, anti-hipertensi-va, antiinflamatória, hemostá-
tica e cicatrizante (1)
Antiespasmódica, carminati-va, sedativa (1),(2)
Venotônica, adstringente, hemostática. Indicada para varizes, insuficiencia venosa
dos membros inferiores e hemorróidas (1),(14)
Imunoestimulante, anti-mu-tagênico,
antitumoral, reduz a resis-tencia a insulina. Indicado na prevenção e como auxiliar no tratamento da diabete tipo 2
e do câncer (9)
Expectorante, anti-séptica, hipotensora e hipocolestero-lêmica, antioxidante, parasiti-
cida (oxiuros e trichiuros)Indicado em gripes, res-
friados, verminoses, como antioxidante em dislipidemias
e arteriosclerose (1)(17)
Efeitos adversos/ Precauções/
Contra-indicações
Contra-indicada na gravidez e em dispepsias
hipersecretoras.Pode causar dermatite de contato, cefaleia e
vertigem (1)
Não relatadas
Não é recomendado o uso em crianças com idade inferior a 10 anos, em
gastrite, insuficiência renal ou hepática, gravidez e
lactação, e tratamento com anticoagulantes (1),(3)
Pode ocorrer diarréia temporária no início do
tratamento.Como todo imunoestimu-
lante não deve ser utilizado em patologias autoimunes
ou em tratamento com imuno-supressores. Pode interagir com drogas hipo-
glicemiantes (9)
Contra-indicado em gastri-te, úlcera gastroduodenale na lactação. Potencializa a ação da varfarina e ou-tros anticoagulantes (1)(17)
Tabela 1 – Relação de fitoterápicos compilados
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
��Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Aloe vera
Herba Aloe
Babosa
Alpinia zerumbet
Follium Alpiniaezerumbet
Colônia
Amorphophallus konjac
Rhizoma
Amorphophalli
Glucomanan
Anacardium occidentale
Cortex Anacardii Occidentale
Cajueiro
Anemopaegma arvense
Radix AnemopaegmaeArvenseCatuaba
Angelica archangelica
Radix Angelicae Archangelicae
Angélica
Angelica sinensis
Radix Angelicae Sinensis
Dong quai ou Angelica chinesa
Arctium lappa
Radix Arctii Lappae
Bardana
Arctostaphylos urva ursi
Folium Arctostaphyli
Uvae Ursii
Uva Ursi
Pó
Gel mucilaginoso (uso externo)
Rasurado
Tintura
Pó
Rasurado
Tintura 20%
Rasurado
Tintura 20%
Rasurado
Tintura 10%
Ext. seco pad.mín. 1% de ligustilídeo
Rasurado
Rasurado
Tintura 10%
Rasurado
Extratos pad. em arbutina
20 a 100 mg como carminativo,
100 a 500 mg/dia como laxativo
500 a 1500mg/dia como purgativo (4)
4 a 6 g (5)
20 a 30 mL (5)
0,5 a 1,5 gTomar meia hora
antes das refeições com 2 copos de
água (1)
2 a 5g (4)
5 a 25 mL (4)
2 a 10 g (4)
10 a 50mL (4)
1 a 3 g (1)
4 a 8 mL (1)
450 a 900 mg(SRC)
4,5 a 9 g (7)
2 a 10 g (4)
10 a 50 mL (4)
4,5 a 12 g (3)
Equiv. a 400 a 840 mg de arbutina (8)
Carminativa, laxativa e purgativa em uso interno,
dependendo da doseGel mucilaginoso é indicado para queimaduras dérmicas de varias etiologias em uso
externo (1)(3)(14)
Hipotensora, diurética, expectorante, sedativa.
Indicada para hipertensão leve a moderada (5)
Efeito sequestrante, retarda a absorção de lipídeos e
glicídeos, produz sensação de saciedade gástrica; reduz níveis de colesterol e triglice-
rídeos, laxante (1)
Adstringente, antidiarreico,anti-inflamatório,
hipoglicemiante, anti-hemor-rágico(4)
Vasodilatadora, estimulante do SNC, atividade muscarí-
nica(4),(6)
Tônica, emenagoga, carmina-tiva e antiespasmódica, emo-
liente, anti-reumática (1),(14)
Antiespasmódica uterina, reguladora da menstruação e antidismenorreica. Ações no metabolismo lipídico e na
aterogênese.Antianêmica, anti-inflamató-
ria e sedativa suave (13)
Antiinflamatória, antibac-teriana, hipoglicemiante e
diurética (3),(4)
Anti-séptica urinária, anti-bacteriana e
antiinflamatória (1)
Uso interno contra-indica-do na gravidez e lactação, durante a menstruação, hemorróidas, doenças
renais, obstrução intestinal e em crianças menores de
10 anos (3)
Não relatadas
Contra-indicada em estenose esofágica ou
pilórica (1)
Cuidado com super dosa-gem devido ao alto teor de
taninos (5)
Não relatadas
Contra-indicada na gravi-dez e diabetes.
Pode causar fotossensi-bilidade e interagir com
anticoagulantes (1),(14)
Gravidez e lactaçãoUso cuidadoso em pacien-tes com fluxo menstrual abundante e utilizando
medicação anticoagulante e antiplaquetária (13)
Evitar uso na gravidez, lactação e em crianças, por
insuficiencia de informa-ções. Pode causar reações
alérgicas e sintomas anticolinérgicos (9)
Gravidez, lactação.Não utilizar por períodos
prolongados devido ao alto teor de taninos (3)
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
40 Revista Fitos Vol.4 Nº01 junho 2009
Arnica montana
Flos Arnicae Montanae
Arnica
Artemisia vulgaris
Folium Artemisae Vulgaris
Artemísia
Astragalus membranaceus
Radix Astragali
Astrágalo
Bacharis trimera
Herba Bacharis
Carqueja
Bauhinia forficata
Folium Bauhiniae Forficatae
Pata de Vaca
Bidens pilosa
Herba Bidens Pilosae
Picão preto
Boswelia serrata
Bosvelia
Bupleurum sinensis
Radix Bupleuri
Chai Hu
Calendula officinalisFlos Calendulae
Calendula
Camellia sinensis
Folium Camelliae Sinensis
Chá verde
Uso externo
Infuso
Tintura 10%
Rasurado
Tintura 10%
Rasurado
Rasurado
Tintura 20%
Rasurado
Rasurado
Ext. seco pad. mín. de 60% de ácidos
boswelicos
Creme
Rasurado
Tintura 20%
Ext. seco pad.Polifenóis totais 50 a
97%
2-4 % em forma de compressas embebi-
das (1)
5 a 25% em água,cremes, géis (1)
1 a 6 g (4)
5 a 30 mL (4)
9 a 30 g (7)
4 a 7 g (1)
1 a 5 g (4)
5 a 25mL (4)
5 a 20 g (6)
(SRC)
600 a 1200mg
Uso tópico: 5 a 8%
3 a 9 g (7)
2 a 10 % em gel, creme ou pomada (11)
240 a 320 mg de polifenóis (9)
Antiinflamatoria, analgésica, cicatrizante, antiséptica,
antimicrobiana antifúngica, antihistamínica (1)
Emenagoga, carminativa, antiespasmódica, anti-hel-
míntica, adstringente (1)
Imunoestimulante, adap-togênica, antibacteriana,
hepatoprotetora, aumenta o débito cardíaco.
Coadjuvante no tratamento do cancer, insuficiencia cardíaca e hepatopatias
crônicas (9)
Colagoga, hepato e gastro-protetora, hipoglicemiante e
diurética (6)
Hipoglicemiante, diurética (4)
Antiinflamatoria,hepatoprotetoraantibacteriana (6)
Antiinflamatória, analgésica, imunomoduladora
Indicada no tratamento da artrite reumatóide, artrites crônicas, asma e condições
broncoconstritivas (9)
Hepatoprotetora, hipocoles-terolemiante,
antitérmica, analgésica, antiinflamatoria, colagoga, colerética, gastroprotetora,
sedativa (10)
Uso externo: antinflamato-ria, reepitelizante, cicatri-
zante (1)(9)
Antioxidante, antineoplási-ca, gastroprotetora, hipoli-
pemiante, termogênica(12)
Uso externo pode produzir reações alérgicas cutâneas.Contra-indicada para uso in-terno devido a toxicidade (1)
Contra-indicada na gravi-dez, lactação e em
crianças (1)
Não está determinada a segurança na gravidez e
lactaçãoContra-indicado em pacien-tes transplantados em uso
de imunossupressorese em patologias autoimu-
nes (1)
Contra-indicada na gravi-dez (14)
Não relatadas.
Não relatadas
Não relatadas
Não relatadas
Não relatadas
Evitar uso noturno.Pode causar constipação intestinal em consumi-
dores habituais. Reduz a absorção de ferro e outros
nutrientes (6),(14)
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
41Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Casearia sylvestris
Folium Caseariae Sylvestris
Guaçatonga
Cassia angustifolia
C. Senna
Folium Sennae
Sene
Cassia nomame
Fructus Cassiae Nomame
Cassiolamina
Cecropia sp
Folium Cecropiae
Embaúba
Cervus nippon
Colla Cornu Cervi
Gelatina de chifre de cervo
Centella asiatica
Herba Centellae Asiaticae
Centela
Chlorella sp
Alga Chlorellae
Clorela
Cimifuga racemosa
Rhizoma Cimicifugae Racemosae
Black Cohosh
Cinnamomum cassia
C. zeylanicum
Cortex Cinnamomii
canela da China e canela do Ceilão
Rasurado
Ext. seco5,5 a 8 % de senosídeos
Rasurado
Extrato pad. mín. 8% de fenóis
Rasurado
Pó
Ext. seco pad. 5% de asiaticosideos
Rasurado
Creme ou pomada
Pó
Ext. seco pad. mín. 2,5% de glicosídeos
triterpênicosexpressos como 27
– deoxiacteínaRasurado
Tintura 10%
Rasurado
Pó
Tintura 20%
1 colher de chá fol-has secas duas vezes
ao dia (6)
250 a 500 mg(15 a 30 mg de seno-
sídeos) (9)
0,5 a 2 g (3)
200mg a 600mg divi-didos em 3 tomadas antes das refeições
(SRC)
7 a 20 g (6)
3 a 6 g (7)
130 a 270 mg (11)
0,6 g a 1,8 g (3)
Preparações1 a 2 % do extrato (11)
1 a 10 g (14)
40 a 320 mg, cor-resp. a 1 a 8 mg do
marcador (8)
0,3 a 2 g (3)
2 a 4 mL (3)
1 a 4,5 g (7)
250 a 1500 mg (1)
5 a 20 mL (SRC)
Gastroprotetora. Cicatrizan-te e hemostática em traumas
(uso local) (6)
Ação laxativa ou purgativa conforme a dose (1),(14)
Ação inibidora da enzima lipase com redução da absorção de gorduras.
Auxiliar nas dietas de perda de peso. Reduz a pressão arterial e os niveis séricos de colesterol e ácido úrico
(SRC)
Hipotensora, diurética, antiinflamatória (6)
Tônico tradicional da MTCPromove a regeneração
tecidual e estimula a libido, a disposição geral (13)
Uso externo: reepitelizante, adstringente, antiséptica e
antipruriginosaUso interno: venotônica,
ativadora da microcirculação (1),(14)
Suplemento nutricional esti-mulante do sistema imuneAuxilia controlar o peso ao produzir plenitude gástrica
(14)
Age na hipófise reduzindo os picos de LH (14), antiin-flamatória (14), auxiliar na
osteopenia. Indicada em Síndrome Cli-
matérica (9)
Antibacteriana, antifungica, antialérgica, antitérmica, carminativa, analgésica e antiespasmódica (3), (9), (14)
Não relatadas.
Uso prolongado pode cau-sar dependência; lesões no IG; dor abdominal, diarréia. Contra-indicada em obstru-ção intestinal, enterites e
hemorroidas (1),(14)
Contra-indicada na gravidez e lactação.
Pode inibir a absorção das vitaminas lipossolúveis
como A, E, betacaroteno e outras. Recomenda-se uma suplementação das mes-
mas, incluindo a vitamina DTomar pelo menos duas ho-ras antes ou após o uso dos inibidores da lipase (SRC)
Não relatadas
Não relatadas
Contra-indicada na gravidez e lactação
Uso cuidadoso em gastrite, úlcera gastroduodenal (1),(14)
Hipersensibilidade ao produto (14)
Evitar o uso em crianças menores de 12 anos, na gravidez e lactação (14)
Uso cuidadoso por tempo prolongado (9)
Gravidez (14)
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
42 Revista Fitos Vol.4 Nº01 junho 2009
Citrus aurantium
Folium Citri Aurantii
Fructus Citri Aurantii Imaturus
Laranja da terra ou laranja amarga
Coix lachryma- jobi
Semen Coicis
Lágrima de Nossa Senhora
Coleus barbatus
Folium Coleus Barbati
Falso Boldo
Commiphora wightii
Guggul
Cordia verbenacea
Herba Cordiae Verbenaceae
Erva Baleeira
Coriandrum sativum
Fructus Coriandri Sativi
Coentro
Costus spp
Folium Costi Spicati
Cana do brejo
Crataegus laevigataC. monogyna
Folium, Fructus e Flos Crataegi
Crataego
Cuphea carthagenensis
Herba Cupheae Carthagenensis
Sete sangrias
2 a 8 g (4)
10 a 40 mL (4)
400mg a 1200mg (SRC)
9 a 30 g (7)
500 mg *src
3 a 9 g (5)
2 a 6 g (9)
3 a 9 g (6)
15 a 45 mL (SRC)
3 a 5 g (1),(14)
4,5 a 7,5 mL dividi-dos em 3 tomadas após refeições (1),(14)
2,5 a 10 g (4)
10 a 50 mL (4)
250 a 900 mg (9),(11)
3 a 6 mL (11)
1 a 3 g, divididas em 3 tomadas (6)
Expectorante, antibacte-riana, antiviral, antifúngica, antialérgica, carminativa (1)
Ação adrenérgica e termo-gênica.
Promove perda de peso pelo aumento da lipólise (9)
Diurética, antiinflamatória, in-dicada em edema e artrite (7)
Ativa a adenilato-ciclase, AMP cíclico e os canais de calcio, com efeitos cardio-
tônicos e relaxantes da musculatura lisa (9)
Reduz a secreção gáastri-ca, ação antidispéptica e
antiúlcera (5)
Inibe a sintese de coleste-rol, anti-lipoperoxidante,
antiinflamatoria, indicada em hipercolesterolemia e acne
nódulo-cística (9)
Antiinflamatória, gastropro-tetora, cicatrizante (6)
Carminativa, antiespasmódi-ca, antiflatulenta, estrogê-
nica (1),(14)
Tradicionalmente proprie-dades atribuídas: diurética, tônica, depurativa, adstrin-
gente (6)
Cardiotônica, vasodilatadora coronariana, antiarrítmica, hipotensora, hipocoleste-rolemiante, antioxidante,
sedativa leve (9)
Tradicionalmente considera-da hipotensora, antiateros-
clerótica; anticolinesterásica e hipo-
tensora (6)
O extrato é contra-indicado para pacientes hipertensos, grávidas, lactantes, diabé-ticos e em tratamento com
inibidores da MAO (9)
Não relatadas
Possível interação com drogas vasoativas (9)
Não relatadas
Pode causar cefaleia, nausea, vômitos, diarreia e
dermatite.Possível interação com
drogas antiadesivas pla-quetárias (9)
Não relatados
Contra-indicada na gravi-dez, lactação e crianças abaixo de 2 anos (1),(14)
Não relatadas
Disturbios gastro-intesti-nais, palpitações, cefaleia e
vertigens (9)
Não relatadas
RasuradoTintura 20%
Ext. seco mínimo 6% de sinefrina
Rasurado
Ext. seco pad. 10% forskolin
Rasurado
Ext. seco pad. min. 2,5% de gugulsterois
Rasurado
Tintura 20%
PóTintura 20%
RasuradoTintura 20%
Ext. seco pad. 2% de vitexina e 20% de
procianidinas
Tintura 10%
Rasurado
Obs. Pericarpium Citri Reticulatae, casca de tangerina, é utilizada na MTC para os mesmos fins que Folium Citri Aurantii, com componentes e atividades similares e dosagem diária de 3 a 9 g (7),(13)
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
4�Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Curcuma longa
Rhizoma Curcumae Longae
Curcuma
Curcuma zedoaria
Rhizoma Curcumae Zedoariae
Zedoária
Cyamopsis tetragonolobus
Gomma Cyamopsis Tetragonolobi
Goma guar
Cymbopogum citratus
Folium Cymbopogonis
Capim-limão
Cynara scolymus
Folium Cynarae
Alcachofra
Cyperus rotundus
Rhizoma Cyperi Rotundi
Tiririca
Dioscorea villosa
Rizoma Dioscoreae Villosae
Inhame mexicano
Echinacea purpurea
Herba Echinaceae Purpureae
Equinácea
Echinodorus macrophyllus
Herba Echinodori Macrophylli
Chapéu de couro
Eclipta alba
Herba Elipta AlbaeErva botão
Pó
PóTintura
Pó
Rasurado das folhas frescas
Ext. seco pad.2% de cinarina
Rasurado
Rasurado
Ext. seco pad.
mín. 6% de diosgenina
Rasurado
Ext. seco pad. 4% ac. chicórico
Rasurado
Rasurado
3 a 9 g (7)
500 a 3000mg (9)
1 a 5 g (4)
5 a 25mL (4)
0,5 a 5 g meia hora antes de cada refeição com 1 a 2 copos de água (1)
7 a 30 g (15)
375 a 625 mg (11)
3 a 12 g (3)
6 a 9 g (7)
250 a 750 mg (SRC)
1 a 5 g (16)
250 a 750 mg (11)
2 a 10 g (4)
6 a 12 g (7)
Antiinflamatória, antiagre-gante plaquetária, antio-xidante, hepatoprotetora,
hipocolesterolemiante, anti-dispéptica, antitumoral (9)
Carminativa, colagoga, colerética, anti-inflamatoria,
citotóxica, antifungica (9)
Dimimue a absorção de lipídeos e glicideos, prolonga a sensação de saciedade e
laxante suave (1)
Expectorante, antiespasmó-dica, sedativa leve, antimi-crobiana, diurética leve (15)
Colerética, colagoga, reduto-ra do colesterol e trigliceríde-os, hepatoprotetora, laxativa,
diurética (3)
Relaxante da musculatura uterina, estrogênica; carmi-nativa, estimula a secreção gástrica e salivar; indicada em dismenorreia e cólicas
menstruais (13)
Sensibiliza positivamente os receptores estrogênicos.Eficácia na Síndrome Cli-matérica não comprovada
clinicamente (9)
Imunoestimulante em resfria-dos e infecções respiratórias;
bacteriostática, antiviral (3)
Diurética, depurativa, antiinflamatória, hepatopro-
tetora (4)
Imunomoduladorahepatoprotetora (4)
Contra-indicada na gravidez e lactação.
Cuidado na associação com anticoagulantes e na litíase
biliar (1),(9)
Contra-indicada na gravidez e lactação (6)
Contra-indicada para crian-ças até 10 anos, gravidez e lactação e nas esteno-ses esofágica, pilórica e intestinal. Reduz em 25%
absorção intestinal de glibenclamida, fenoximetil-
peni-cilina e igoxina (1)
Ausência de efeitos muta-gênicos e carcinogênicos. Pode bloquear o efeito do
retinol (Vit. A) (15)
Gravidez e lactação(reduz a secreção do leite).
Uso contra-indicado em obs-trução das vias biliares. (11)
Contra-indicado em metror-ragias, gravidez e mioma
uterino devido a ação estrogênica (13)
Contra-indicada na gravidez e lactação (9)
Contra-indicada na gravi-dez, lactação e hepatopa-
tias,tuberculose, colagenopa-tias, esclerose múltipla,
síndrome de imunodefici-ência adquirida e outras
desordens imunológicas, e em uso prolongado (8),(17)
Não relatadas
Não relatadas
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
44 Revista Fitos Vol.4 Nº01 junho 2009
Ephedra sinica
Herba Ephedrae
Efedra
Equisetum arvensis
Herba Equiseti Arvensi
Cavalinha
Erythrina mulungu
Cortex Erythrinae
Mulungu
Mulungu
Eucalyptus globulus
Folium Eucalypti Globuli
Eucalipto
Foeniculum vulgaris
Fructus Foeniculi Vulgari
Funcho
Fucus vesiculosus
Alga Fuci Vesiculosi
Fucus
Garcinia camboja
Fructus Garciniae
Cambojae
Garcínia
Gimnema sylvestris
Folium Gymnemae
Sylvestris
Gimnema
Ginkgo biloba
Folium Ginkgo Bilobae
Ginko biloba
Rasurado
Rasurado
Rasurado
Rasurado
Rasurado
Rasurado
Ext. seco pad. mín. 50% de AHC (ácido
hidroxicítrico)
Ext. seco pad. 75% de ácidos gimnêmicos
Ext. pad. mín. 24% de glico-flavonóides e 6%
de terpenos
1,5 a 9 g (7)
2 a 4 g (1)
1 a 4 g (4)
1 a 5 g (4)
1 a 2 g (4)
10 a 20 g (1)
1 a 3 g (9)
150 a 400 mg (9)
80 a 240mg (1),(9)
Sudorífica, antitérmica, antiviral, diurética, agonista adrenérgica, vasoconstritora periférica, hipertensora, bron-codilatadora, cardiotônica (13)
Diurética, remineralizante, adstringente (13)
Sedativa, hipotensora, antiarrítmica, indicada em insônia, ansiedade e palpi-
tações (6)
Expectorante e mucolítica, anti-séptica, antitérmica 1,6
Antiespasmódica, carminati-va, galactagoga, estrogêni-ca, indicada em amenorreia
e dismenorreias (1),(14)
Remineralizante, diurética, estimulante da tireoide. Pro-duz sensação de plenitude
gástrica, hipolipemiante (1),(3)
Teoricamente reduz a síntese de gorduras (9)
Hipoglicemiante, reduz a ab-sorção intestinal de glicose e estimula as cels. beta e a
secreção de insulina (9)
Neuroprotetora, vasodilata-dora periférica, protetora ca-pilar (aumenta a resistencia e diminui a permeabilidade), venotônica, antiagregante
plaquetaria (1),(9)
Contra-indicada em hiper-tensão arterial, cardiopatias,
diabetes, hipertiroidismo, glaucoma, gravidez, lacta-
ção, HBPNão associar com cardiotô-nicos, simpaticomiméticos,
simpaticolíticos e IMAO (13),(14)
Contra-indicada na gravidez e lactação, gastrite e úlcera
gastro-duaodenal (1),(13)
Não relatadas.Não utilizar as sementes,
pois são tóxicas (6)
Contra-indicada na gravi-dez, lactação e crianças menores de 2 anos (1),(14)
Contra-indicada na gravi-dez (1)
Hipertiroidismo, gravidez, lactação (3)
Pode causar náusea, des-conforto gastro-intestinal e
cefaleia. Não há dados seguros
sobre o uso na gravidez e lactação (9)
GravidezUso cuidadoso com hipogli-
cemiantes (9)
Contra-indicada na gravidez e lactação
Evitar uso concomitante com vasodilatadores,
aspirina, varfarina,diuréticos tiazídicos, trazo-
dona.Pode reduzir a ação de
diversas drogas, devido a indução hepática. (1),(9)
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
4�Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Glicyne max
Semen Glycine Max
Soja
Glycyrrhiza glabra ou G. uralensis
Radix Glycyrrhizae
Alcaçuz
Gelidium amansii
Agar-Agar
Harpagophytum procumbens
Bulbus Harpagophyti Procumbi
Garra do diabo
Humulus lupulus
Strobulus Lupuli
Lúpulo
Huperzia serrata
Radix Huperziae Serratae
Huperzia
Hypericum perforatum
Herba Hyperici Perforati
Hipérico
Illicium verum
Fructus Illicii Verae
Anis estrelado
Leonurus sp.
Herba Leonuri
Erva Macaé
Ext. seco pad. 40% deisoflavonas
Rasurado
Pó
Ext. seco pad. 5% de harpagosídeos
(iridóides glicosilados)
Pó
Ext. pad. mín. 1% dehuperzine A
Ext. seco pad.min. 0,3% de hipericina
Rasurado
Rasurado
100 a 250mgDeve ser tomado pela manhã, em jejum; ou
entre refeições (9)
1,5 a 9 g (7)
2 a 30 g dependendo da fonte pesquisada. Deve ser tomada com
2 copos de água (9)
1 a 2 g (correspon-dente a 50 a 100 mg de harpagosídeos) (9)
500 a 1500mg (1),(3)
40 mg divididos em 2 tomadas (9)
600 a 900mgdivididos em 2 a 3
tomadas (11)
1 a 2 g (1)
2 a 6g (9),(17)
Moduladora de estrogênio, antioxidante, antiproliferativa e antimutagênica. Protetora
vascular e óssea. Imuno-estimulante, redutora do
colesterol (9)
Imunomoduladora,adaptogênica, antialérgica, antitussígena. Estrogênica
suave, antiinflamatória, gastro e hepatoprotetora,
antitóxica (1),(3),(13)
Laxante suave, absorve água para a luz intestinal, estimula
a peristalse (9)
Antiinflamatória e analgésica leve
Utilizado na osteoartrite e outras condições inflamató-
rias (9)
Sedativa e anafrodisíaca.Indicado em insônia, inquietu-de, cefaléia tensional, colite mucosa, priapismo, ejacu-lação precoce, ansiedade
(1),(3),(14)
Potente inibidor da acetilco-linesterase; melhora a me-
mória e a cognição. Indicado para quadros de demência (9)
Antidepressiva, levemente ansiolítica e reguladora do
sonoAntiviral
Ativadora de sistemas hepáticos de metabolização de drogas (citocromo P450)
(3),(11)
Carminativa, eupéptica, an-tiespasmódica e galactagoga
(1)
Tônica, reguladora uterina, antiagregante plaquetária e
antitumoral, cardiotônica(9),(17)
Evitar o uso em pacientes utilizando tamoxifeno (9)
Uso prolongado em altas doses pode aumentar a
pressão arterial, e causar efeitos adversos semelhan-
tes aos dos corticóides.Gravidez e lactação.
Uso cuidadoso em hiperten-são arterial, hiperestroge-nis-mo, diabetes (1),(3),(13)
Contra-indicada em obstru-ção intestinal (9)
Contra-indicada na gravi-dez, lactação.
Pode causar diarréia, náu-sea, vômitos, dor abdominal e reações alérgicas na pele
(9),(14)
Contra indicado na gravi-dez, lactação e depressão
(3),(14)
Pode ter efeito aditivo com drogas inibidoras da coli-
nesterase e antagônico com drogas anticolinérgicas(9)
Contra-indicado na gravidez e lactação.
Pode reduzir as concen-trações plasmáticas de
varfarina, ciclosporina, teo-filina, contraceptivos orais, antidepressivos tricíclicos,
anti-retrovirais e outras drogas metabolizadas por
essa via (11)
Contra-indicada na gravi-dez, lactação e hiperestro-
genismo (1)
Usar cautelosamente em pacientes com alterações
cardiovasculares. Pode inte-ragir com cardiotônicos.
Contra-indicada na gravidez e lactação (9),(17)
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
4� Revista Fitos Vol.4 Nº01 junho 2009
Lepidium meyenii
Radix Lepidii Meyenii
Maca
Linum usitatissimum
Semen Lini Usitatissimi
Oleum Lini
Linhaça
Malpighia glabra
Fructus Malpighia Glabrae
Acerola
Malva sylvestris
Folium Malvae
Flos Malvae
Malva
Matricaria chamomilla
Flos Matricariae Chamomillae
Camomila
Maytenus ilicifoliaM. aquifolium
Folium MayteniEspinheira Santa
Melissa officinalis
Herba Melissae Officinalis
Melissa
Mentha piperita
Herba Menthae Piperitae
Hortelã-pimenta
Pó
Semente
Óleo da semente
Ext. seco 26,5% de Vit. C
Rasurado
Decocção p/ uso externo
Rasurado
Infuso p/ uso externo
Tintura 20%
Ext. seco pad. em % de taninos
Rasurado
Ext. seco 5:1
Rasurado
Rasurado
Tintura 20%
Óleo essencial
1,5 a 3g (9)
10 a 40 g (9)
15 a 30 mL (9)
De acordo com as doses usuais de vit.C
5 g (17)
30 a 50 g/L em com-pressas e cataplas-
mas (1)
3 a 12 g (4), (11)
50 a 60 g/l em com-pressas e cataplas-
mas (1)
10 a 30 mL (4)
60 a 90 mg de taninos (8),(11)
5 a 20 g (4)
330 a 900 mg (14)
1,5 a 4,5 p/ xícara, de 1 a 3 x/dia (17)
3 a 6 g (17)
2-3 mL, 3 x/dia (1)
Uso int. 0,2-0,4 mL3 x/dia- Síndrome
de intestino irritável: 0,2-0,4 mL, 3 x/dia, cáps ou comprimidos entéricos (1). Uso ext. 3 a 4 gotas do O.E.
em água fervente p/ inalação (1)
Preparações líquidas ou semisólidas: 0,1-
1% do O.E. (1)
Tônica e afrodisíaca (9)
Reduz os níveis sanguíneos de colesterol e trigliceríde-os. Hipoglicemiante leve.
Antioxidante.Leve atividade estrogênica,
indicada para Sindrome Climatérica e osteoporose.Constipação intestinal (1),(9)
Fonte natural de vitamina C, antioxidante (6)
Demulcente, antiinflamató-ria das mucosas, antitussí-
gena (1)
Carminativa, antiespas-modica, sedativa leve,
ansiolítica, antiinflamatória, gastroprotetora. Indicada em dispepsias, patologias inflamatorias e espasmódi-cas do sistema digestório,
ansiedade (1),(6),(8),(11)
Antiulcerogênica, antibacte-riana, antitumoral, analgé-sica, aumenta o volume e o
ph do suco gástrico (6)
Carminativa, eupéptica,espasmolítica, antiséptica, sedativa, anti-herpes em
uso tópico (11),(17)
Antiséptica, espasmolíti-ca, colerética, colagoga, carminativa, mucolítica,
expectorante, desconges-tionante (1)
Uso tópico: analgésica, antipruriginosa (1)
Não relatadas
Em altas doses pode cau-sar diarréia.
Contra-inidcada em este-nose esofágica e pilórica ou obstrução intestinal e
abdome agudo. (1),(9)
Não relatadas.
Não relatadas
Deve ser usada com cau-tela por gestantes, possui
ação emenagoga.Em indivíduos sensíveis
pode causar náuseas e der-matite de contato (1),(3),(11)
Contra-indicada na gravi-dez, lactação e crianças menores de 6 anos (11)
Contra-indicada no hipoti-roidismo,
gravidez e lactação (11)
Contra-indicada na gravi-dez, lactação e em
crianças menores de 6 anos.
Pode causar transtornos digestivos em indivíduos sensíveis e portadores de
dispepsias.Em uso tópico pode causar
dermatite de contato (1)
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
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Mentha pulegium
Herba Menthae Pulegii
Poejo
Mikania glomerata
Folium Mikaniae Glome-ratae
Guaco
Monascus purpureus
Red Yeast Rice
Nasturtium officinalis
Herba Nasturtii Officinalis
Ocimum basilicumO. gratissimum
O. selloiHerba Ocimi
Alfavaca
Oenothera biennis
Oleum OenotheraeBiennis
Prímula
Orthosiphon spicatus
Folium Orthosiphonis
Chá de Java
Ostrea spConcha Ostreae in Pulvis
Pó de ostras
Panax ginseng
Radix Ginseng
Ginseng
Rasurado
Tintura 10%
Rasurado
Tintura 20%
Ext.seco pad. a 0,4% de monacolinas
Planta fresca
Planta secaSumo
Rasurado
Óleo pad. 8% de GLA
Rasurado
Pó
Ext. seco pad.mín. 5% de
ginsenosídeos
Rasurado (decocto)
Tintura 20%
500mg a 2g (4)
1 a 10 mL (4)
1 a 4 g (4)
5 a 20mL (4),(15)
2,4 a 3,2 g (12)
20 a 30 g (17)
4 a 6 g (17)
60 a 150 g (17)
1 colher de so-bremesa das folhas
e inflorescencias frescas p/ 1 xícara 2
a 3 x/dia (6)
3 a 8 g p/ adultos2 a 4 g p/ crianças (3)
6 a 12 g (17)
1 a 2 g em caps. src9 a 30 g em decocção
(7)
100 a 600mg (8)
3 a 9 g (7)
1 a 2 g (17)
2,5 a 10 mL (1)
Expectorante, antigripal, an-tibacteriana, antifúngica (1),(6)
Broncodilatadora, expecto-rante, antitussígena, antinfla-matória, antibacteriana (6),(15)
Reduz as concentrações totais de colesterol.
Reduz os níveis de colesterol LDL e triacilglicerol.
Eleva o nível de colesterol HDL (12)
Antioxidante, inibe carcino-gênicos do tabaco (6)
Tradicionalmente indicado para afecções catarrrais do
trato respiratorio (6), (17)
Antiespasmódica, carminati-va, galactogênica, anti-sépti-
ca pulmonar (6), (14)
Tensão pré-menstrual, mas-talgia cíclica, endometriose, eczema atópico, neuropatia diabética, hiperatividade em
crianças (3)
Diurética, antiespasmódi-ca. Indicada em processos inflamatórios e infecciosos
do sistema urinário. Aumenta eliminação de acido úrico (1),(17)
Fonte de sais de cálcio, anti-ácida (inibidora da secreção
gástrica) (13)
Adaptôgenica, tônica, regu-ladora do SNC, aumenta a resistencia inespecífica às
enfermidades.Levemente hipoglicemiante e hipocolesterolemiante, esti-mulante dos sistemas imune e hematopoiético, antianê-
mica, antifadiga, anti-cancer, antienvelhecimento, eleva o numero e a motilidade dos
espermatozóides (13)
Contra-inidicada na gravi-dez, lactação, e crianças
menores de 6 anos.Contra-indicada a inalação e o uso prolongado, devido a toxicidade da pulegona (1),(6)
Não relatadas
Pode causar irritação gástri-ca, desconforto abdominal
e elevação das enzimas hepáticas.
Teoricamente pode causar os mesmos efeitos adversos que a lovastatina (dor, fraqueza muscular); contra-indicada na gravidez, hepatopatias e
menores de 18 anos (12)
Excesso pode causar irritação do estomago e vias
urinárias (1);contra-indicado em úlceras
gástricas e intestinais e para crianças abaixo de 4 anos (17)
Contra-indicada na gesta-ção (17)
Contra-indicado em epilép-ticos.
Uso cuidadoso durante a gravidez (3)
Contra-inndicado em insu-ficiencia renal ou cardíaca (17)
Não relatadas
Evitar o uso na gravidez e lactação por falta de dados (3)
Uso cuidadoso em pacientes com disturbios cardiovascula-res, usuários de IMAO e em casos de antecedentes de
úlcera gastroduodenal. Interage com hipoglicemian-tes, anticoagulantes (aumen-ta o TP e o TPT), imunossu-
pressores, diuréticos (9)
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
4� Revista Fitos Vol.4 Nº01 junho 2009
Passiflora incarnataP. alata
Folium Passiflorae
Passiflora
Paullinia cupana
Semen PaulliniaeCupanae
Guaraná
Persea americana
Folium Persae Americanae
Abacateiro
Peumus boldus
Folium Peumi Boldi
Boldo do Chile
Pfaffia paniculataP. glomerata
Radix Pfaffiae
Fafia, Ginsng Brasileiro
Phaseolus vulgaris
Faseolamina
Phyllantus spp.P. niruri, P. Amarus, P. Tenellus, P. urinaria
Herba Phyllanthi
Quebra pedra
Piper methysticum
Rizoma Piperis Methystici
Kava kava
Ext. seco pad. a 3,5% de isovitexina
Rasurado
Tintura (1:8 em alcool 45%)
Pó
Ext. seco pad. em cafeína
Tintura 10%
Rasurado
Ext. seco pad.em alcalóides totais
expressos como boldina
Rasurado
Tintura 20%
Rasurado
Ext. seco
Rasurado (infusão)
Planta fresca (Infusão)
Tintura 20%
Ext. seco pad. 30% de kavalactonas
200 a 300mg (11)
4 a 8 g p/ P. Incarnata (17)
1,5 a 6 mL em 3 tomadas (3),(11)
0,5 a 2 g (8)
15 a 70 mg de cafeína (8)
2,5 a 10 mL (8)
2 a 10 g (4)
Correspondente a 2 a 5 mg de boldina (8)
3 g (17)
.
1,5 a 6 mL (3),(9)
1 a 2 colheres de sobremesa (6)
250mg a 1000mg/dia de faseolamina, sem-pre 30 minutos antes das refeições (SRC)
10 a 20g/ lt(6),(15)
30 a 40g/ lt (6),(15)
5 a 20 mL (4)
200 a 700mg, dividi-dos em 3 x ao dia
(9)
Sedativa,ansiolítica, hipnótica suave, miorrelaxante e espasmo-
lítica,estabilizadora do SNC (3),(12)
Estimulante do sistema nervoso central, antioxi-
dante, relaxante muscular, antiagregante plaquetaria,
antidiarreica (6)
Diurética, colagoga e eme-nagoga (4)
Colerética, colagoga, antiespasmódica, aumenta a
secreção gástrica (3),(17)
Tônica, adaptogênica, imuno-estimulante, antitumoral (9)
Inibe a enzima alfa-amilase bloqueando a absorção
de parte dos carboidratos ingeridos na dieta, na forma de glicose. Reduz a absorção
de gorduras. Levemente hipolipemiante e hipoglice-
miante (9)
Tem ação diurética, antibac-teriana, analgésica, relaxante
dos ureteres, antiinflama-tória. Aumenta a filtração glomerular e a eliminação de ácido úrico, antiviral p/
hepatite B (6),(15)
Sedativa, ansiolitica, anal-gésica, antinflamatoria e
antiespasmódica. Reduz o quadro de abstinen-cia de benzodiazepínicos (9)
Evitar o uso na gravidez e lactação e a associação com
depressores do SNC (3)
Pode causar insônia, nervo-sismo, inquietude, irritação gástrica, náuseas, vômitos, taquicardia, tremores, delí-rios, convulsões, e diurese, bem como potencializar a
ação de drogas estimulantes do SNC e simpaticomimé-
ticas (9)
Contra-indicada em hiperten-são arterial, gastrite, úlcera péptica, hiper-tireoidismo (1)
Não relatadas
Contra-indicado em hepatites,obstrução das vias biliares, gestação, lactação, crianças e uso contínuo e prolongado.Devido a ação antiplaquetária,pode interagir com varfarina.Pode potencializar drogas he-patotóxicas e, em altas doses
ser nefrotóxico por conter ascaridol no O.E. (3),(9),(17)
Não relatadas.Não está estabelecido o uso seguro na gravidez e
lactação.
Pode interagir com hipogli-cemiantes (9)
Uso cuidadoso na gravidez devido às ações purgativa e abortiva em altas doses (15)
Contra-indicada na gravidez e lactação e hepatopatias.
Interações com álcool, benzodiazepínicos e outros
depressores do SNC (9)
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
4�Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Plantago majorP. lanceolata
Herba Plantaginis
Tanchagem
Plantago psyllium
Semen PlantaginisPsyllii
Psyllium
Psidium guajava
Folium Psidii Guajavae
Goiabeira
Ptycopetalum olacoides
Radix Ptycopetali
Marapuama
Punica granatum
Pericarpum Punicae Granatii
Romã
Pygeum africanum
Cortex Pruni AfricanaePigeum
Rehmannia glutinosa
Radix Rehmanniae Preparatae
Shu Di Huang
Rhamnus purshiana
Cortex Rhamni Purshianae
Cáscara Sagrada
Rhamus frangula
Cortex Frangulae
Frangula
Rasurado
Tintura 20%
Pó
Rasurado
Tintura
Rasurado
Tintura 20%
Rasurado
Ext. seco pad.mín. de 13% de es-
teróis
Rasurado
Ext. seco pad.mín. 8% de hetero-sídeos antracênicos
(cascarosideo A)
Pó
Pó
3 a 6 g (15)
6 a 12 mL (3)
10 a 30 g divididos em 2 ou 3 doses com
bastante líquido (9)
5 a 10g (15)
10 a 50mL (4)
0,5 a 2 g (4)
2,5 a 10mL (4)
15 a 20 g (1)
Uso ext. em gar-garejos, bochechos e compressas – 1
colher de sopa p/ 1 xícara em decocção (6)
75 a 200mg (15)
9 a 15 g (7)
250 a 375mg20 a 30 mg de casca-
rosídeo A (8),(17)
250 a 750 mg (1)
0,5 a 2,5 g ao dia, como laxante, e 4 a 5 g como purgante (1),(3)
Antimicrobiana, antiviral, antiinflamatória, analgésica, hepatoprotetora, imunoesti-
mulante (15)
Laxativo mecânico suave, emoliente e demulcente.
Levemente hipoglicemiante e hipolipemiante, pois reduz
a absorção de glicídeos e lipídeos (9)
Antidiarréica, espasmolítica, antimicrobiana, antiviral,
hemostática, hipoglicemian-te, antiinflamatória analgé-sica, protetora da mucosa
intestinal (15)
Estimulante da libido e da ereção (6)
Adstringente, antidiarréica, antibacteriana (6)
Atividade antiinflamatória antiproliferativa, estimulante
da secreção prostática (9)
Hipoglicemiante, imunoes-timulante, antitumoral, he-
patoprotetora, cardiotônica, diurética, antiinflamatória,
antianêmica, antibacteriana (13)
Laxante em doses baixas, purgante em altas doses (1)
Laxante ou purgante (1),(3)
Uso cuidadoso na gravidez. Podem ocorrer efeitos
laxativo e hipotensivo em doses elevadas e reações
alérgicas devido a elevação da IgE (15)
Pode causar flatulência, po-tencializar a ação de hipogli-cemi-antes orais, e reduzir a absorção de lítio; ferro,
carbamazepina e digoxina; contra-indicado em cólicas
abdominais de origens desconhecidas, estenose esofágica ou intestinal (9)
Não utilizar por mais de 30 dias, nem na gravidez e
lactação (15)
Não relatados
Contra-indicada na gravidez e lactação em uso interno. Doses equivalentes a 80
g ou mais produzem grave intoxicação do SNC, com
parada respiratoria (6)
Evitar o uso na gravidez e lactação.
Pode causar náuseas e dores abdominais (15)
Não está estabelecido o uso seguro na gravidez e
lactação
Gestantes, lactantes e crianças menores de 12 anos
e na obstrução intestinal. Não utilizar em períodos prolongados, mais de 1 a 2 semanas, nem para
tratamento de constipação intestinal crônica. Uso pro-longado pode causar lesões
no intestino grosso (1),(17)
Mesmos efeitos adversos, precauções e contra-indica-ções da cáscara sagrada, apesar de ser considerada
um pouco menos tóxica (1),(17)
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
�0 Revista Fitos Vol.4 Nº01 junho 2009
Em doses acima de 300 mg apresenta os mesmos efeitos adversos dos la-
xantes com antraquinonas. Administração crônica pode causar alterações no fígado,
tireoide e estômago (1),(13)
Uso cuidadoso na gravidez devido a suposta ação
emenagoga.Em uso externo, prepara-ções tópicas contendo o
óleo essencial podem cau-sar irritação da pele (3),(17)
Não relatadas
Hipersensibilidade aos salicilatos.
Evitar a prescrição a pacien-tes com úlceras gastroduo-denais, , hemorragias ativas
ou em tratamento com derivados do ácido acetil
salicílico ou outros anticoa-gulantes (1),(9)
Pode causar trombocitope-nia desconforto gástrico,
prurido e redução do apetite (9)
Contra-indicada na gravidez e lactação, insuficiência
renal e tumores mamários estrógeno-dependentes(14).
Pode causar nauseas, vomitos, dor abdominal,
tonteiras, agitação.Pode elevar a PA em
pacientes hipertensos. Por conter tujona e cânfora pode ser neurotóxica e
hepatotóxica e causar con-vulsões em altas doses (9)
Contra-indicada na gravidez e lactação (13)
Em doses baixas(30 a 300 mg) predomi-na a ação adstringente e
antidiarreica dos taninos; e em doses mais altas, a ação purgativa das antraquino-nas. Efeitos: hipotensor e
hipolipemiante, indicado para Síndrome Metabólica (1),(13)
Carminativa, antiespasmódica,antioxidante, anti-inflama-toria, bactericida e fungicida. Estimula a circulação perifé-
rica em uso externo (3),(17)
Orexígena, digestiva, rege-neradora da flora bacteriana intestinal; indicado após o
tratamento com antibióticos; utilizado tradicionalmente para acne e furunculoses
(1),(17)
Analgésica, antitérmica, antiinflamatória (3)
Vasodilatadora coronariana, protetora do miocárdio,
antianginosa, hipolipemiante, antiagregante plaquetaria, fibrinolítica e anticoagulan-te, sedativa, antitumoral. Indicada em aterosclerose
cerebral, obstrução das coro-narias, insônia, irritabilidade e síndrome pré-menstrual (13)
Carminativa, antisudorífica, antioxidante, hipoglicemian-te, estrogênica, antibacte-riana, anticolinesterásica,
ativadora da memória (3),(17)
Adstringente, antioxidante, anti-PAF, cardiotônica, hepa-toprotetora, detoxificante,
interfere com a metabolização hepática de drogas Combi-nada ao Ginseng beneficia a consolidação da memo-ria, estimulante do centro
Adstringentetônico e digestivo: 30
a 300 mg/doseLaxante: 200-500
mg/dose.Purgante: 1-4 g/dose
(1),(13)
4 a 6 g (17)
4 a 10 g (1)
3 a 9 g (3)
60 a 120 mg de sal-icina (17)
9 a 15 g (7)
4 a 6 g (17)
1,5 a 6 g (7)
Pó
Rasurado
Pó
Rasurado(decocto)
Extratos pad.
Rasurado
Rasurado
Rasurado
Rheum palmatumR. officinale
Radix et Rhizoma Rhei
Ruibarbo
Rosmarinus officinalis
Folium Rosmarinii Officinali
Alecrim
Saccharomices cerevisiae
Levedo de cerveja
Salix alba
Cortex Salicis Albae
Salgueiro branco
Salvia miltiorrhiza
Radix Salviae Miltiorrhizae
Salvia vermelha, Salvia chinesa, Dan Shen
Salvia officinalis
Folium Salviae Officinalis
Salvia
Schisandra sinensis
Fructus Schisandrae Chinensis
Wu Wei Zi
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
�1Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Scutellaria baicalensis
Radix Scutellariae Baicalensis
Huang Qin
Escutelaria
Serenoa repens
Fructus Serenoae Repens
Saw palmetto
Sesamum indicum
Semen Sesami Nigrum
Gergelim preto
Silybum marianum
Fructus Cardui Marianae
Cardo-mariano
Smilax japicanga, S. brasiliensis, S. cam-
pestris, S. fluminensis e Herreria salsaparilha (6)
Radix Smilacis
Salsaparrilha
Solanum paniculatum
Radix, Folium e Fructus Solani Paniculatae
Jurubeba
Spirulina sp
Alga Spirulinae
Espirulina
Rasurado
Ext. lipofílico pad. 80 a 90% de acidos graxos(9)
Sementes tostadas e rasuradas (7)
Rasurado
Rasurado
Rasurado
Pó
3 a 9 g (7)
320 mg, em dose única ou 160 mg
2x/dia (9)
9 a 15 g (7)
12 a 15 g ou prepa-rações equivalentes a 200 a 400 mg de
silimarina, calculada como silibinina (17)
3 a 12 g (9)
1 a 4 g (raiz) (4)
3 a 5 g (9)
respiratorio, antitussígena e expectorante. Estimula a contração uterina e a pro-
dução do esperma. Indicada para hepatites crônicas e
tradicionalmente para tosse, gripe, neurastenia, disenteria, dispepsia e fraturas ósseas (13)
Antibacteriana, antitérmica, detoxicante, antinflamatória, antitumoral, anti-HIV-1, antio-
xidante, diurética, hipoten-sora, antialérgica. Indicada
em infecções das vias aéreas superiores, como amigdalites e laringo-faringites, escarlati-na, hepatites virais, nefrites e
anexites (13)
Antiandrogênica, antiproli-ferativa, anti-inflamatoria,
inhibitoria das 5 alpha-redu-tases 1 e 2 e preventiva da conversão da testosterona para dihidrotestosterona
(DHT) in vitro (9)
Indicado para tonteiras, visão turva, acúfenos e cons-
tipação intestinal (7)
Hepatoprotetora, detoxican-te, colagoga.
Indicada para hepatites tóxicas (6),(14)
Antibiótica, anti-sifilítica,
anti-lepromatosa, diurética, laxativa, antinflamatoria,
hepatoprotetora (6),(9)
Afecções do figado: icterícia, hepatite, insuficiência
hepática (4)
Nutritiva, redutora do apeti-te, rica em proteínas e ferro biodisponível, antioxidante (9)
Contra-indicada na gravidez (13)
Contra-inidcada na gravidez e lactação.
Tonteiras, cefaleia, e alterações gastrointestinais
como nauseas, vômitos, constipação e diarreia, são os efeitos adversos mais
frequentes (9)
Sem relatos de efeitos ad-versos e contra-indicações na literatura consultada.
Contra-indicado com IMAO(14)
Contra-indicada para crianças, na gravidez e
lactação (9)
Não relatadas.
Normalmente bem tolerada. Quando contaminada por especies tóxicas de outras
algas azuis, como Microcys-tis aeruginosa, pode causar
forte hepatotoxicidade devido a microcistinas, com
icterícia, dor e distensão abdominal, nauseas, vomitos,
astenia, sede excessiva, pulso fraco e rápido, choque
e morte (9)
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
�2 Revista Fitos Vol.4 Nº01 junho 2009
Stevia rebaudiana
Folium Steviae Rebaudianae
Estévia
Styphnodendron adstringens
Cortex Styphnodendri AdstringensBarbatimão
Symphytum officinale
Folium Synphyti Officinale
Confrei
Tabebuia avellanedae
Cortex Tabebuiae
Ipê roxo
Tanacetum parthenium
Herba Tanaceti Parthenii
Tanaceto
Taraxacum officinalis
Herba Taraxaci cun Radici
Dente de leão
Thuja occidentalisRamulus Thujae
OccidentalisTuia
Tilia cordataFlos Tilia Cordata
Tília
Tribullus terrestrisFructus Tribuli Terrestris
Tribulus
Trifollium pratensis
Folium Triflori Pratensi
Trevo vermelho, Red clover
Turnera difusa
Herba Turnera DifusaeDamiana
Rasurado
Pó ou rasurado
Tintura 20%
Tintura 10%
Rasurado
Tintura 10%Obs. Diluir a 50% com água para uso externo
Ext. seco pad. a0,2% de partenolídeo
Rasurado
Tintura 10%
Tintura 20%
Rasurado
Ext. seco pad. a 40% de saponinas esteroidais
Ext. seco pad. mín. de 8% de isoflavonas
totais
Rasurado
3 a 6 g ou prepara-ções contendo 250 a500 mg de estevio-sídeo 3 vezes ao dia
(6),(9)
1 a 5 g (4)
5 a 25 mL (4)
Exclusiva-mente para uso externo.
10 a 15% em po-madas, 2 a 3 aplica-
ções/ dia (1),(6)
1 a 4 g (9)
1 a 3 colheres de sopa (6)
100 a 500 mg como preventivo das enx-
aquecas (8)
2 a 10 g (1),(4)
2,5 a 15 mL (1)
Aplicar 2 vezes ao dia sobre as lesões (11)
2 a 4 g (3)
750 a 1500 mg (SRC)
40 a 80 mg de isofla-vonas (9)
6 a 12 g (3)
Edulcorante . Ligeiramente hipoglicemiante e hipotenso-
ra, diurética (6),(9)
Adstringente, antidiarréica, hemostática, cicatrizante e anti-séptica. Indicado em leucoreias, hemorragias, inflamações e feridas (4),(6)
Cicatrizante, reepilizante, hidratante, antiinflamatória,
antibacteriana (6)
Lapachol possui atividade antiinflamatória,
antimalárica, antibacteriana, antifúngica, antiparasitária e
imunomoduladora (9)
Analgésica, antiinflamatória,inibidora da PAF, da pro-dução de leucotrienos e
tromboxano, antigregante plaquetária (3)
Colerético, orexígeno, anti-dispéptico. Laxante suave e diurético. Indicado tradicio-nalmente para furunculos, abscessos, psoríase (1),(3)
Uso externo, hemorroidas, condilomas, papilomas,
verrugas (11),(14)
Diaforética, antiespasmódi-ca, sedativa (3)
Estudos clínicos não demonstraram ações hormo-
nais ou adaptogênicas (9)
Estrogênica, antioxidante, utilizada na Síndrome Cli-matérica para controle dos
fogachos e sudorese (11)
Anti-séptica urinaria, anties-pasmódica,
Antibacteriana (3),(14)
Esteviosídeo pode causar efeitos adversos como
plenitude abdominal e nau-seas, cefaleias, tonteiras, mialgia e parestesias (9)
Cuidado no uso interno devido ao alto teor de
taninos (4),(6)
Hepatotóxico em uso interno, Proibida no Brasil a utilização por via interna (6)
Contra-indicada na gravidez e lactação e em tratamentos prolongados. Evitar a utilização de altas doses devido ao risco de
sangramentos (9)
Contra-indicada na gravidezUso cuidadoso em pacientes em uso de anticoagulantes.
Pode causar ulceras bucais e dores abdominais (3),(11)
Oclusão das vias biliares (1)
Deve ser utilizada preferen-cialmente por via externa,
devido ao alto teor de tuionas (11)
Contra-indicada na gravidez e lactação e em doenças
cardíacas (3)
Contra-indicada na gravidez e lactação (9)
Contra-indicada na gravi-dez, lactação e em crianças pacientes que fazem uso de
anticoagulantesUsar com cautela durante
a terapia de reposição hormonal (9),(11)
Contra-indicada na gravidez e lactação.
Dosagens acima das recomendadas podem ser
tóxicas.Pode inteferir com hipoglice-miantes e com absorção de ferro e outros minerais (3),(14)
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
��Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Uncaria tomentosaU. guianensis
Cortex Uncariae
Unha de gato
Urtica dioica
Radix Urticae Dioicae
Herba Urticae Dioicae
Urtiga
Vaccinium myrtillusFructus Vaccinii
MyrtilliMirtilo
Valeriana officinalis
Radix Valerianae Offcinalis
Valeriana
Vernonia polyanthes
Folium Vernoniae Polyanthi
Assa-Peixe
Vitex agnus castus
Fructus Viticis Agni-Casti
Agnus castus
Vitis vinifera sp.
Semen Vitis ViniferaeSemente de uva
Zea mays
Stigma Maydis
Cabelo de milho
Zingiber officinalis
Rhizoma Zingiberis Officinale
Gengibre
Ext. seco pad. min.de 1,3% de alcaloides
totais
Rasurado (Herba)
Rasurado (Radix)
Ext. seco pad. min. de 22 % de antocianidinas
Rasurado
Ext seco pad. 0,8 a 1% de ac. valerênico
Tintura 20%
Rasurado
Rasurado
Ext. seco pad. em agnusídeos
Ext. seco pad. em pro-antocianidinas
Rasurado
Rasurado
750 a 3000 mg (11)
8 a 12 g (17)
4 a 6 g (17)
12,5 a 20 mg de anto-ciani-dinas (SRC)
1 a 3 g (3)
200 a 800mg (11)
3 a 12 mL (17)
3 a 9 g (6)
1,5 a 3 g (3)
de 1 a 2 mg de agnu-sídeos (3)
150 a300 mg de proanto-
cini-dinas (9)
12 a 24 g (3)
2 a 4 g (17)
Doses de 250 a 1000 mg da droga pulver-
izada têm sido utiliza-das para nauseas da
gravidez (9)
Ação antiinflamatória, antioxidante, imunomodula-dora antiviral, antitumoral. Indicada para o tratamento de osteoartrites, incluindo artrite reumatoide e outras
colagenoses (11),(15)
Ação antiproliferativa, antiinflamatória. Indicada
em associação com outros fitoterápicos na HBP (9)
Antioxidante, vasculoprote-tora, protetora da retina (14)
Sedativa, hipotensora, anticonvulsivante, antiespas-
módica (9), (14)
Expectorante empregada nas tosses, gripes, bronqui-
tes e pneumonias (6)
Redutora da secreção de prolactina, dopaminérgica.
Indicada em hiperprolactine-mia, mastalgia e Síndrome de Tensão Pré-menstrual (9)
Antioxidante, antilipoperoxi-dante, antiadesiva plaquetá-ria, vasoprotetora, antiinfla-
matória (9)
Diurético e hipotensor leve
(13)
Carminativa, estimulante da secreção gástrica e da digestão, gastroprotetora, colagoga, espasmolítica,
antioxidante, antinflamatoria, hipolipemiante, hipogli-cemiante, cardiotônica,
expectorante, antitussígena, antipirética, antiemética (3) (9)
Contra-indicada na gravi-dez, lactação e em crianças menores de 3 anos, e em pacientes candidatos a ou transplantados ou em uso
de imunossupressores (11),(15)
Pode causar distúrbios gastrintestinais ocasionais e
rash cutâneo (9),(14)
Não relatadas
Gravidez e lactação.Não administrar em con-junto com álcool e outros depressores do SNC por potencialização dos seus
efeitos (9),(14)
Não relatadas
Contra-indicado na gravidez e lactação. Pode causar
nausea, cefaleia, disturbios gastrointestinais, desordens menstruais, acne, prurido e
eritema (9)
Não relatadas
Não deve ser utilizado na gravidez e lactação, por
provável ação ocitócica (3),(14)
Pode ocorrer desconforto abdominal, pirose, diarrhea, irritação da mucosa da boca
e faringe, principalmente em doses acima das reco-
mendadas (9)
Os (números) na tabela referem-se às: (1) GARCÍA, 1998; (2) MATOS, 1994; (3) NEWALL et al., 1996; (4) COIMBRA, 1958; (5) MA-TOS, 2000; (6) LORENZI; MATOS, 2002; (7) FARMACOPÉIA CHINESA, 1992; (8) BRASIL, 2004; (9) MEDICINA NATURAL, 2007; (10) OFFERMANN, et al., 1996; (11) ROCHA et al., 2005; (12) HANSEL et al., 2002; (13) HUANG, 1999; (14) ALONSO, 1998; (15) GILBERT et al., 2005; (16) ROTBLATT; ZIMENT, 2002; (17) BLUMENTHAL et al., 1998. [ver seção ‘Referências’]. SRC = Sem Refe-rencias Científicas.
Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
�4 Revista Fitos Vol.4 Nº01 junho 2009
Dentre as 138 drogas abordadas, 45 (32,6%) delas dispunham de extratos padronizados, e somente 30 (21,7%) possuíam posologias definidas em ensaios clínicos. É freqüente o fato dos extratos utilizados nos estudos pré-clínicos e clínicos não estarem pa-dronizados; além do que, muitas vezes, a padroni-zação de extratos disponíveis no mercado difere da utilizada nos estudos. Para a maior parte das amos-tras pesquisadas, foi necessário recorrer ao cruza-mento de informações de duas ou mais fontes utili-zadas na pesquisa para seleção das informações e inclusões na tabela. As maiores dificuldades foram encontradas com as drogas derivadas de espécies nativas do Brasil, devido à escassez de informa-ções científicas sistematizadas, obrigando a utili-zação freqüente de informações de uso tradicional, alem do reduzido numero de extratos disponíveis, principalmente os secos padronizados.
Na definição das apresentações, foram privilegia-das as amostras representadas pelo maior nível de validação científica, e com padronização quantitati-va de marcadores; enquanto que, para aquelas que não dispunham de extratos padronizados, optou-se pela droga vegetal e respectivas doses, permitindo o calculo das doses dos diferentes extratos dispo-níveis através da relação extrato:droga (E:D). De forma geral, as apresentações em forma de tintura não foram incluídas no trabalho, devido às freqüen-tes incoerências na posologia, quando comparadas às das drogas vegetais correspondentes. A consul-ta a alguns laudos de qualidade dos extratos forne-cidos pelos fabricantes resulta geralmente insufi-ciente em informações relevantes, como por exem-plo, quanto ao método de extração utilizado e à re-lação E:D, que influenciam diretamente a atividade, e que, quando presentes, contribuem para orientar a manipulação e a prescrição dos mesmos.
Apesar dos inúmeros recursos terapêuticos à dis-posição para a fitoterapia, as dúvidas e incoerên-cias permanecem, principalmente naquelas drogas e extratos com processo de validação científica in-completo para as diversas formas farmacêuticas e indicações propostas.
Adicionalmente, não há estudos suficientes sobre biodisponibilidade para as diferentes formas far-macêuticas de fitoterápicos, principalmente nas di-ferenças entre infusão/decocção, formas mais tra-dicionais de uso, e drogas pulverizadas e tinturas. Por outro lado, o cruzamento de informações tradi-cionais e científicas acerca das drogas vegetais em
diferentes fontes, de forma geral, apresenta alto índice de coerência quanto à segurança e eficácia das mesmas, propiciando sua utilização racional, desde que respeitados os limites internacionalmen-te aceitos para drogas vegetais de uso tradicional.
Referências
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Drogas e Extratos Vegetais Utilizados em Fitoterapia Artigo Original/Original Article
��Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
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�� Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Elaboração de uma Cartilha Direcionada aos Profissionais da Área da Saúde, Contendo Informações sobre Interações Medicamentosas envolvendo Fitoterápicos e Alopáticos
Elaboration of a Primer for all Health Professionals, Containing Information on Interaction Between Drugs and Phytoterapics
*Cardoso, C. M. Z.; Silva, C. P.; Yamagami, K.; Lopes, R. P.; San-
tos, F.; Bonassi, I.; Jesuíno, I.; Ge-res, F.; Martorie Jr., T.; Graça, M.; Kaneko, B.; Pavani, E.; Inowe, C.
Projeto Farmácia Verde, Facul-dade de Ciências Farmacêuticas
e Bioquímicas Oswaldo Cruz, Rua Brigadeiro Galvão 540, 01151-000,
São Paulo, SP, Brasil.
* Correspondência: E-mail: [email protected]
Unitermos: Interações Medicamentosas; Fito-
terápicos; Plantas Medicinais; Chás.
Key Words:
Drug Interaction; Phytomedicines; Medicinal Plants; Teas.
Resumo
O uso de medicamentos fitoterápicos sem orientação adequada de um profissional da área da saúde pode ser um risco. Esses medi-camentos podem sofrer interação com outros fitoterápicos e/ou alopáticos. O objetivo desta cartilha é disponibilizar aos profissio-nais da área da saúde e à população, um material com as possíveis interações medicamentosas entre fitoterápicos e alopáticos. O le-vantamento bibliográfico foi realizado no Chemical Abstracts des-de 1986, nos anais de eventos sobre plantas medicinais, Scielo, Bireme, Google Acadêmico e na Base EBSCO. Observou-se que existem poucos estudos (apenas 38 citados nesse trabalho) rela-cionados à interação medicamentosa envolvendo fitoterápicos.
Abstract
The use of phytomedicines whithout medical orientation can be a health risk. These medicines can interact with other phytomedi-cines and/or drugs. The objective of this primer is to dispose to all health professional information of possible medicine interaction be-tween drugs and phytomedicines. The data were organized based on Chemical Abstracts since 1986, and in Scielo, Bireme Library, Academic Google, EBSCO. There were not many papers (about 38 only) related to medicine interaction with phytoterapics.
Introdução
Fitoterápicos são medicamentos obtidos a partir de plantas medi-cinais. Eles são obtidos empregando-se exclusivamente derivados de droga vegetal (extrato, tintura, óleo, cera, exsudato, suco, e ou-tros) (ANVISA, 2004). Estes, assim como todos os medicamentos,
Revista Fitos Vol.3 Nº02 junho 2007��
Artigo Original / Original Article
Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009 ��Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Elaboração de uma Cartilha Direcionada aos Profissionais da Área da Saúde, Contendo Informações sobre Interações Medicamentosas Envolvendo Fitoterápicos e Alopáticos
Artigo Original/Original Article
��
devem oferecer garantia de qualidade, ter efeitos terapêuticos comprovados, composição padro-nizada e segurança de uso para a população. A qualidade deve ser alcançada mediante o controle das matérias-primas, do produto acabado, mate-riais de embalagem, formulação farmacêutica e estudos de estabilidade (ANVISA, 2003a; 2003b; PDAMED, 2007)
Erroneamente acredita-se que um fitoterápico ou uma planta medicinal, por ser natural e não ter sido industrializado está livre de componentes químicos e efeitos colaterais. Isto faz com que as pessoas adotem a automedicação. No entanto estes compostos, como outros quaisquer, produ-zem reações no organismo, positivas ou negativas (ZANCANARO, 2007). Usar medicamentos fito-terápicos sem orientação adequada de um profis-sional da área da saúde, principalmente os médi-cos, pode ser um risco. Isto ocorre porque esses medicamentos podem sofrer interações com ou-tros fitoterápicos e/ou alopáticos. Esta interação pode ocorrer de três formas: um pode potenciali-zar a ação de outro, pode ocorrer também perda de efeitos por ações opostas, ou ainda, a ação de um medicamento pode alterar a absorção, trans-formação no organismo ou a excreção de outro fármaco (FUTURO et al., 2004).
O presente trabalho procurou como objetivo listar as possíveis interações medicamentosas encon-tradas na literatura com a finalidade de informar e conscientizar, principalmente os médicos, das conseqüências da administração e uso concomi-tantes de diferentes fitoterápicos ou destes com medicamentos alopáticos
Metodologia
Os levantamentos bibliográficos foram realizados nas bases de dados do Chemical Abstracts (des-de 1986), Scielo, Bireme, Google Acadêmico e na Base EBSCO, assim como nos anais de eventos sobre plantas medicinais. Os resultados encon-trados foram organizados numa tabela com cinco colunas: a primeira destinada ao nome popular, a segunda ao nome científico, a terceira com as substâncias com as quais ocorrem interações, a quarta coluna cita os efeitos e a última está desti-nada a observações complementares (Tabela 1).
Resultados
Como resultado, a Cartilha constitui-se das se-guintes seções: Título, Introdução, Apresenta-ção, Perguntas e Respostas simples e de fácil entendimento, finalizando com a Tabela 1, que apresenta os dados objetivos relativos às plantas medicinais e interações entre elas e outros fár-macos, conforme transcritos a seguir. Observa-se que existem poucos estudos (apenas 32 citados nesse trabalho) relacionados à interação medi-camentosa envolvendo fitoterápicos. Em seguida apresenta-se a Cartilha, na forma como se pre-tende sua divulgação.
TÍTULO
“Interações Medicamentosas Com Fitoterápi-cos E Plantas Medicinais”
INTRODUÇÃO
Nesta seção, a Cartilha reproduzirá as informa-ções contidas na Introdução do presente artigo, conforme acima exposta.
APRESENTAÇÃO
Segundo a OMS, 80% da população mundial fize-ram ou fazem uso de medicamentos derivados de plantas medicinais (NICOLETTI et al., 2007). No Brasil, pesquisas demonstram que 91,9% da popu-lação já fizeram uso de alguma planta medicinal, sendo que 46% da população mantêm um culti-vo caseiro dessas plantas (VEIGA JÚNIOR et al., 2005). A partir dessas estatísticas, os integrantes do projeto Farmácia Verde da Faculdade de Ciên-cias Farmacêuticas e Bioquímicas das Faculdades Oswaldo Cruz elaboraram a presente cartilha “In-terações Medicamentosas com Fitoterápicos e Plantas Medicinais”.
O objetivo dessa apresentação é disponibilizar aos profissionais da área da saúde as possíveis interações medicamentosas entre fitoterápicos e alopáticos (medicamentos sintéticos), visando evitar complicações geradas a partir do uso in-correto e concomitante dos mesmos, uma vez que como qualquer outro medicamento, o fitoterápico apresenta efeitos curativos e colaterais (NICO-
�� Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
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Artigo Original/Original Article
LETTI et al., 2007). O papel do profissional da área da saúde é orientar o paciente e a popula-ção quanto às possíveis interações e riscos que os fitoterápicos possam oferecer, e a Cartilha é uma ferramenta de fácil entendimento e rápida consulta, e ainda, a parte anterior à tabela pode ser distribuída à população.
As interações medicamentosas são apresentadas em forma de tabela, para facilitar o esclarecimen-to do conteúdo, e essa contém o nome da planta (popular e científico), interações, forma farmacêu-tica, efeitos relatados e algumas observações. Es-pera-se que o uso dessa cartilha possa contribuir significativamente no tratamento dos pacientes que fazem uso de fitoterápicos a partir das infor-mações aqui apresentadas.
PERGUNTAS MAIS FREQUENTES
1. O que é um fitoterápico?São medicamentos obtidos a partir de plantas me-dicinais, empregando-se exclusivamente deriva-dos de droga vegetal (extrato, tintura, óleo, cera, exsudato , suco e outros) (VEIGA JÚNIOR et al., 2005).
2. Chá é fitoterápico?Erroneamente acredita-se que um chá, por ser na-tural e não ter sido industrializado esta livre de componentes químicos e efeitos colaterais, po-rém, muitos deles apresentam princípios ativos com ação farmacológica que produzem reações no organismo, positivas ou negativas. Existe uma certa confusão quando se fala a respeito de chá, já que são encontrados facilmente em mercados, estes são considerados alimentos que através do processo de industrialização já não mais apresen-tam ação farmacológica. Entretanto, chás prepa-rados a partir da planta seca (droga vegetal) ou fresca, continuam com seus princípios ativos inal-terados (VEIGA JÚNIOR, 2005).
3. Produto fitoterápico é diferente de produto homeopático?A fitoterapia é a terapêutica baseada em plantas medicinais. Ela tem o mesmo principio da alopa-tia, no qual usa-se a droga para a cura da do-ença. A homeopatia é outra modalidade médica baseada nos postulados de Hahnemann, médico alemão do século XVIII, que desenvolveu um sis-
tema médico completamente diferente daquele alopático ou fitoterápico que conhecemos. Ele estabeleceu a teoria em que a energia vital dos indivíduos poderia ser recuperada, por diluições homeopáticas, a partir de substâncias que cau-sassem os mesmos sintomas no homem (SILVA, 2007).
4. Medicamento natural não faz mal?O uso indiscriminado de plantas no tratamento de doenças deve ser visto com mais atenção pelas pessoas. Plantas aparentemente inofensivas e utilizadas como medicamento são comprovada-mente perigosas dependendo da forma com que são administradas. Esse perigo está mais presen-te quando a pessoa concilia o uso com remédio indicado pelo médico para tratamento de doen-ças (FUTURO et al., 2004; VEIGA JÚNIOR et al., 2005; LONDRINA, 2006).
5. Vantagens do uso do fitoterápico.Os fitoterápicos podem apresentar efeitos tera-pêuticos, às vezes, melhores aos dos medicamen-tos alopáticos, podendo ter seus efeitos colaterais minimizados, quando administrados corretamente. Tem um custo mais acessível à população e aos serviços públicos de saúde, por serem obtidos de fontes naturais e não precisarem ser industriali-zados, o que acaba por encarecer o medicamento (FUTURO et al., 2004).
6. O que é interação medicamentosa?Interações medicamentosas são respostas far-macológicas, em que os efeitos de um ou mais medicamentos, são alterados pela sua adminis-tração concomitante. Essas interações não são observadas somente com substâncias químicas sintetizadas (medicamentos alopáticos), mas também com aquelas presentes em plantas que são empregadas na preparação de chás, xaropes caseiros e medicamentos fitoterápicos (FUTU-RO, 2004).
7. Interação de fitoterápicos com drogas con-vencionais (alopáticas) afeta o tratamento?Sim, as respostas decorrentes destas interações podem resultar na potencialização do efeito te-rapêutico, redução de sua eficácia ou ainda apa-recimento de reações adversas (IZZO; ERNST, 2001; FUTURO et al., 2004; VEIGA JÚNIOR et al., 2005; LONDRINA, 2006).
Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009 ��Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
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Tabela 1 – Drogas vegetais e interações medicamentosas entre si e com outros alopáticos
Nome popular (Ref.)*
Acônito crua (9)
Agrimonia (9)
Alcaçuz (3,9,10,12,30,22)
Alcachofra (22)
Nome científico
Aconitum napelus L.
Agrimonia eupatoria L.
Glycyrrhiza glabra L.
Cynara scolymus L.
Interação
Pinellia crua
Varfarina
Espironolactonas
Sargassum
Anestésicos
Varfarina sódica cristalina
Hortelã-pimenta
Anti-hipertensivos
Contraceptivos orais
Laxantes
Insulina
Corticosteroides
Digoxina
Aspirina
Inibidores da ECA e diuréticos (não poupadores de potássio)
Diuréticos de alça e tiazídicos
Efeitos
Reações tóxicas / efeitos colaterais
Propriedades coagulantes da agrimonia neutralizam a
varfarina
Antagonismo de efeito diurético
Reações tóxicas / efeitos colaterais
Extrato do rizoma pode provocar hipertensão arterial, edema, hipocalemia e altera-
ção plaquetária
Aumenta as propriedades antiplaquetárias.
Óleo de hortelã interfere no sistema enzimático hepático
citocromo P450.
Alterações cardiovasculares
Aumento da pressão arterial e diminui os níveis de potássio
Causa perda de potássio
Aumenta os efeitos adversos da insulina
Aumenta os efeitos dos corticosteroides
Aumenta perigosamente o risco dos efeitos tóxicos da
digoxina
Reduz irritações estomacais, assim como o risco de ulceras
no estômago.
Interferem na efetividade da medicação
O volume sanguíneo poderá diminuir drasticamente,
gerando queda de pressão arterial por hipovolemia, in-
cluindo a grande excreção de potássio (alcachofra também
é diurético)
Observações
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-
-
-
Os efeitos ocorrem por inibição do metabolismo do cortisol e da aldosterona
-
Como conseqüência, a concentração do alcaçuz uti-lizado concomitantemente, poderá se elevar no sangue promovendo intensificação
dos efeitos ou potencializan-do reações adversas sérias.
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Deve–se ter cuidados ao ingerir quaisquer tóxicos/esteróides concomitante-
mente ao alcaçuz.
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Nome popular (Ref.)*
Alecrim-pimenta (23)
Alho (9,20,16,22,30)
Aloe (9)
Angélica chinesa (30)
Aristolochia (18,30)
Astragalus (9)
Babosa (18)
Nome científico
Lippia sidoides Cham.
Allium sativum L.
Aloe ferax Miller
Angelica sinensis Avé-Lall.
Aristolochia fangchi Y. C. Wu ex L. D. Chow &
S. M. Hwang
Astragalus membrana-ceus Moench.
Aloe barbadensis Miller
Interação
Antibióticos (Ampicilina, Cefalotina e Cloranfenicol)
Anticoagulantes orais como a varfarina; e antiplaquetários
Clorpropamida
Expectorantes
Hipoglicemiantes (Insulina e Glipizida)
Saquinavir (empregado no tratamento de infecção por
HIV) e outros anti-retrovirais
(Aprenavir, Nelfinavir, Rito-navir)
Medicamentos para proble-mas de tireóide/ disfunção
na tireóide
Varfarina
Paracetamol
Glicosídeos cardioativos e agentes antiarrítmicos
Varfarina e outros inibidores da agregação plaquetária
Fitoterápicos
Ciclosporina, Azathioprine, Methotrexate
Glicosídeos cardioativos (Digoxina)
Medicamentos que provocam perda de potássio (esteroi-
des e diuréticos)
Efeitos
Ação potencializadora pelo óleo essencial do efeito
antibacteriano
Aumento do tempo de san-gramento
Hipoglicemia
Potencializa efeitos dos expectorantes
Intensificação do efeito - diminuição excessiva dos níveis de açúcar no sangue
Diminui os níveis plasmáticos daquela droga tornando seu
efeito terapêutico menos eficaz (tanto o alho quanto os inibidores de proteases atuam na mesma via meta-bólica do citocromo P450)
Afeta a tireóide
Sangramento
-
Potencialização pela redução dos níveis de potássio ia
laxativa
Aumento da protombina e dos valores internacionais
normalizados (INR), aumento de hemorragias
Nefropatia intestinal suba-guda, neoplasmas no rim e na uretra (Existem pelo
menos 14 diferentes ácidos aristolóquicos, que são po-tentes agentes nefrotóxicos e carcinogênicos: câncer na
uretra)
Enfraquece os efeitos imuno-supressores
Por provocar a perda de potássio pode aumentar a
toxicidade do medicamento
Aumenta o potencial a perda de potássio
Observações
Destaca-se o efeito sinér-gico exercido pelo óleo es-
sencial de L. sidoides sobre cefalotina na interação com S. aureus. (bactéria Gram
positiva)
Dose: medicamentos con-tendo alho
-
Dose: maceração dos bulbos em água, infusão ou
in natura
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Dose: suplementos com alho
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Nome popular (Ref.)*
Boldo do Chile (22)
Bupleurum (9)
Buva (13)
Camomila (3,9,18,22)
Cáscara sagrada (22)
Castanha da índia (22)
Nome científico
Peumus boldus Molina
Bupleurum falcatum L.
Conyza bonariensis L.
Matricaria chamomilla L.
Chamomilla recutita L.
Rhamnus prushiana DC.
Aesculus hippocasta-num L.
Interação
Anticoagulantes
Sedativos
Antibióticos
Antiplaquetário e anticoagu-lantes
Aspirina
Ferro
Lítio
Sedativos (benzodiazepina, álcool, entre outros)
Têucrio (Teucrium chamae-drys)
Tratamentos hormonais
Varfarina e outros inibidores da agregação plaquetária
Diuréticos tiazídicos
Glicosídeos cardiotônicos
Medicamentos administrados por via oral
Ácido acetilsalicílico, Varfa-rina, Heparina, Clopidogrel e antiinflamatórios com Ibupro-
feno ou Nanoproxeno
Antiácidos
Insulina
Efeitos
Boldina causa inibição da agregação plaquetária
Potencialização
Efeito sinérgico com o óleo essencial
Aumento do risco de hemor-ragia
Aumento do risco de hemor-ragias
A camomila pode interferir com a absorção de ferro
durante tratamentos orais comeste mineral, ou mesmo
na alimentação
Redução dos níveis do mineral
Aumenta o efeito sedativo dos medicamentos
Hepatite (a origem do efeito tóxico foi atribuída a
diterpenos do tipo neo-clerodano, transformados pelo citocromo P450 em
metabólitos hepatotóxicos, que apresentavam uma
subunidade epóxido)
Efeito antiestrogênico
Aumento do risco de he-morragias por aumento da pró-trombina e dos valores internacionais normalizados
(INR)
Perda excessiva de potássio, podendo causar hipocalemia
Potencializarão do efeito do medicamento, devido a desequilíbrio de eletrólitos
Afeta a absorção por inten-sificar o transito gastrin-
testinal
Aumenta o risco de sangra-mento
Diminuir a eficácia já que essa planta é irritante do TGI
Hipoglicemiante
Observações
-
-
A alcoolatura desta planta tem sido usada topicamente
no tratamento de dermatoses
Chá das folhas contém constituintes derivados de
cumarina.
Chá das folhas
Chá das folhas
Chá das folhas
Chá das folhas
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Essa interação foi sugerida a partir de pesquisas em
animais
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Chá ou cápsulas
Chá ou cápsulas
Chá ou cápsulas
Não mencionada
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Nome popular (Ref.)*
Centela (22)
Chá verde (11,13,18,21,25)
Cimicifuga (22)
Cravo-da-Índia (9)
Nome científico
Centalla asiatica L.
Camellia sinensis (L.) O. Kuntz
Cimicifuga racemosa L.
Syzygium aromaticum (L.) Merr. et Perry
Interação
Dexametasona
Salvia miltiorrhiza
Varfarina
Teofilina e derivados da xantana
Lítio
Adenosina
Antibióticos beta-lactâmicos
Benzodiazepínicos
Propranolol e Metoprolol, bloqueadores beta 2
Efedrina
Inibidores do monoamino oxidase (IMAOs)
Contraceptivos orais
Fenilpropanolamina
Estrógeno e contraceptivos orais
Anti-hipertensivos (Tamoxi-feno)
Dissulfiram ou Metronizadol
Cúrcuma
Efeitos
Efeitos antagônicos (a dexametasona exerce função de agente supressor no pro-
cesso de cicatrização)
Antitumoral; associada também com baicalin, age inibindo a proliferação do
câncer de mama
Antagonista do efeito antico-agulante
Aumentam os efeitos esti-mulantes
Pode diminuir os níveis de lítio
Inibição da produção de adenosina
Aumento da efetividade
Reduz os efeitos sedativos dos benzodiazepínicos
Aumenta a pressão sanguí-nea
Causa agitação, tremores, insônia e perda de peso
Aumento severo de pressão (chamada de “crise hiperten-siva”); exemplos de IMAOs incluem fenelzina e tranil-cipromina, são usados no tratamento de depressão
Pode prolongar a quantidade de cafeína no sangue circu-lante, e portanto aumentar
os efeitos estimulantes.
A combinação de fenilpropa-nolamina com cafeína pode
causar obsessão e um severo aumento de pressão
Seus princípios ativos ocu-pam receptores estrogêni-cos, onde, seletivamente,
suprimem a secreção de LH
Potencializa a ação
Pode causar náusea ou vômito
Reduz o efeito da Cúrcuma
Observações
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O FDA publicou em no-vembro de 2000 um artigo
para informar as pessoas do risco ao cérebro que essa medicação pode causar;
exigindo que as indústrias os retirassem das prateleiras
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Nome popular (Ref.)*
Dente-de-Leão (30)
Echinacea (18,22)
Efedra (9,29)
Espinheira-santa (30)
Eucalipto-citriodora (23)
Eucalipto (22)
Funcho (20)
Gengibre (16,18,22)
Nome científico
Taraxacum officinale G. Weber ex. Wigg
Echinacea sp.
Efedra sinica Stapf.
Maytenus ilicifolia Mart. ex. Reiss.
Eucalyptus citriodora Hook.
Eucalyptus globulus Labill.
Foeniculum vulgare Mill.
Zingiber officinalle Roscoe
Interação
Diuréticos sintéticos
Imunossupressores (ciclospo-rina, azatioprina e tacrolimus)
Esteróides anabolizantes
Teofilina e derivados de xantana
Glicosídeos cardioativos
Inibidor da MAO
Cafeína
Fenotiazidas
Agentes hipertensivos
Esteróides anabólicos, metotrextrato, amiodarona,
cetoconazol
Imunossupressores
Agentes hipoglicêmicos
Ampicilina, Cloranfenicol
Ampicilina, Cloranfenicol e Gentamicina
Tetraciclina
Medicamentos que atuam no SNC
Barbitúricos
Agentes hiperglicêmicos
Antiplaquetária e anticoagu-lante (Aspirina, Heparina, an-
tiinflamatórios não esteroidais, Clopidogrel, Eptifibatide, Tirofi-ban, Ticlopidine, Dipyridamole
e inibidores da COX-2)
Efeitos
Potencializa a atividade de diuréticos
Reduz efeitos imunossupres-sores: mecanismo desco-
nhecido
Risco aumentado de hepato-toxicidade
Aumenta efeitos estimulantes do sistema nervoso
Arritimia cardíaca
Hipertensão
Intensifica efeitos colaterais cardiovasculares
hipotensão e aumento dos batimentos cardíacos diminui
a estimulação e energia.
Aumento potencial para a pressão sanguínea
Hepatotoxicidade
Efeitos antagonistas
“Controlam” o nível glicê-mico, diminuindo níveis de
glicose
Efeito sinérgico com o óleo essencial da planta para S.
epidermidis
O óleo essencial diminui da atividade inibitória quando
usado para S. aureus
Sinergismo com o óleo essen-cial da planta nas interações
com bactérias
Pode intensificar os efeitos
Pode potencializar o sono induzido por barbitúricos
-
Contém constituintes da cumarina, que aumenta po-
tencial para hemorragia
Observações
-
-
-
Efedrina, um componente da Efedra, pode causar
estimulação
-
-
Fenotiazinas podem bloquear os efeitos estimulantes alfa
da Efedra.
Efedrina pode opor os efeitos farmacológicos dos beta-
bloqueadores
-
-
Pode interagir com fármacos administrado por via oral que são agentes hipoglicemiantes
e insulinas
-
-
Bactérias onde a associação foi sinérgica: Gram positivas
(S. aureus e S. epidermi-dis) e Gram negativas (P.
aeruginosa)
-
Infusão das folhas ou decoc-ção das sementes
-
-
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Elaboração de uma Cartilha Direcionada aos Profissionais da Área da Saúde, Contendo Informações sobre Interações Medicamentosas Envolvendo Fitoterápicos e Alopáticos
Artigo Original/Original Article
Nome popular (Ref.)*
Gingko (16,22,30)
Ginseng (9,17,30,22)
Nome científico
Gingko biloba L.
Panax ginseng C.A. Meyer
Interação
Sedativos (benzodiazepina, álcool, barbitúricos, nonben-
zodiazepina)
Insulina administrada via oral
Sucralfato, Ranitidina ou Lansoprazol
Sulfaguanidina
Varfarina e outros inibidores da agregação plaquetária
Tiazida
Trazodona
Varfarina e outros inibidores da agregação plaquetária
Ibuprofeno e Naproxeno
Anticonvulsionantes
Antidepressivos
Agentes hipoglicemiantes e insulinas
Analgésicos eAnticoagulantes
Fenilzina
Estrogênio e corticoesterói-des
Insulinas, sulfaniluréias
Antidepressivos inibidores da MaO
Morfina
Pteropus
Raphanus
Sargassus
Varfarina
Efeitos
Aumenta o efeito sedativo por mecanismo desconhecido
Causa diminuição dos níveis de açúcar
Estimula a produção de ácido clorídrico estomacal, comprometendo determina-
dos medicamentos
Potencializa absorção
Aumento da pró-trombina e dos valores internacionais
normalizados (INR)
diurético
Pode causar estado de coma
Aumento da pró-trombina e pode causar hemorragia
Ativa a ação desses medi-camentos
Diminui a ação
Intensifica a ação farmaco-lógica, além de intensificar
seus efeitos colaterais
Sinergismo
Potencializa a ação de analgésicos e anticoagulan-tes aumentando o risco de
sangramento
Cefaléia, tremores
Efeitos aditivos
Alteração dos níveis de glicose sangüínea
Pode causar tremores, cefa-léias e insônia
Inibe a ação do ginseng
Reduz os efeitos da planta Pteropus
Inibe os efeitos do ginseng
Efeitos tóxicos ou colaterais
O anticoagulante diminui os níveis de INR sanguineos e aumenta a ação psicoativa do ginseng, causando insô-
nia e dores de cabeça.O ginseng pode interagir com a cafeína causando
hipertensão. Isso pode dimi-nuir a eficácia da varfarina
Observações
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Trimetilxantinas (cafeína) [dose diária: 15 a 70 mg de
cafeína]
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009 ��Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Elaboração de uma Cartilha Direcionada aos Profissionais da Área da Saúde, Contendo Informações sobre Interações Medicamentosas Envolvendo Fitoterápicos e Alopáticos
Artigo Original/Original Article
Nome popular (Ref.)*
Guaraná (22)
Hidraste (18)
Hipérico (1,4,5,6,7,8,9,14,15,16,
17,24,27, 28,29,31,32)
Nome científico
Paulinia cupana Mart.
Hydrastis canadensis L.
Hypericum perforatum L.
Interação
Marapuama, catuaba e fáfia
Analgésicos
Anticoagulantes
Varfarina, aspirina, heparina, HSAIDS, clopidogrel, dipiri-damol, ticlopidina, inibidores da COX-2, Benzodiazepina,
álcool, entre outros, (digoxina).
Imipramina
Benzodiazepínicos;cetamina
Nomifensine e Fluoxetina
Varfarina, Digoxina, Teofilina, contraceptivos orais, nevira-
pina e indinavir
Digoxina, nifedipina, digito-xina diltiazem e beta-bloque-
adores
Ciclosporina, Rapamicina E Tacrolimus
Etil-estradiol
Inibidores da MAO
Ciclofosfamida, Tamoxifen, Taxol e Etoposídeo
Imipramina, Amoxapina E Amitriptilina
Antidepressivos triciclicos (amitriptilina), contraceptivos orais (etinilestradiol e deso-
gestrel) e loperamida
Ciclosporina
Antitumorais
Amitriptilina, ciclosporina, digoxina, fexofinadine, indi-navir, metadona, midazolam, nevirapina, fenoprocumon, sinvastatina, tracolimos,
teofilina, varfarina
Efeitos
A associação destes apresen-ta atividade antidepressiva
Potencializa sua ação
Aumenta o risco de sangra-mentos
Diminui efeito anticoagulan-te; aumenta efeito sedativo; pode aumentar ou reduzir
pressão sanguínea; aumenta ou diminui efeitos cardíacos
Sistema dopaminérgico
Inibe o flumazenil
Hiperforina inibe a captação de dopamina, serotonina e
noradrenalina;
Potencializa certas subenzi-mas do citocromo P450
Redução dos níveis sanguí-neos da droga com possível perda da supressão do HIV
São metabolizados na mes-ma via de metabolização
Redução dos níveis sanguí-neos da droga com risco
para a perda do controle do ritmo cardíaco
Inibem paroxetina e nefa-zodona
Produz queda dos níveis plasmáticos, causando rejei-
ção dos tecidos
Antiproliferativa sobre os efeitos destes fármacos
Diminui a concentração do sangue
Observações
-
-
-
-
-
-
Hiperforin atua como duplo inibidor de 5-LO e COX-1
A nevirapina aumenta depu-ração oral e o indinavir inibe protease que combate o HIV
(vacina contra HIV possui aminoácidos de Hypericum
perforatum)
-
-
possui interações farmaco-dinâmicas com a seletiva
serotonina
-
a varfarina aumenta a ten-dência de hipoglicemia
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Artigo Original/Original Article
Nome popular (Ref.)*
Kava-kava (16,30)
Licorice (9)
Malvarisco (23)
Maracujá (30)
Marapuama (19)
Nome científico
Piper methysticum G. Forst.
Glycyrrhiza uralensis Fisch.
Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng
Passiflora incarnata L.
Ptychopetalum olacoi-des Bentham.
Interação
Inibidores de transcripase reversa não-nucleosídicos (Delavirdina, Efavirenze E
Nevirapine)
Varfarina
Anestésicos
Anfetaminas
Anticonvulsivantes(Carbamazepina, Fenobarbi-
tal, Fenitoína)
Contraceptivos orais
Digitoxina, Teofilina e contra-ceptivos orais (Etil-estradiol/
Desogestrel)
Fotossensíveis
Inibidores de antivirais, ativos da recapturação de seroto-nina e de loperamida e de
proteases
Sedativos
Alho, antiagregantes plaque-tários, simbastina, estatina,
anti-hiperglicemiantes
Levodopa
Alprazolam, benzodiazepí-nicos
Antibióticos
Corticoesteróides e diuréti-cos de tiazida
Glicosídeos cardioativos
Antibióticos (ampicilina, cefa-lotina e cloranfenicol)
Hipnóticos e ansiolíticos
Anfetamina
Efeitos
Perda da resposta viroló-gica, desenvolvimento de resistência ou resistência-cruzada, pois ambos são
metabolizados na mesma via de metabolização
Diminuição dos níveis plasmáticos de varfarina e do efeito anti-goagulante por in-dução de enzimas hepáticas
Prolonga os efeitos anesté-sicos
Aumentam a biodisponibi-lidade
Redução dos níveis do fármaco, podendo gerar
ataques convulsivos
Reduz os níveis da droga
Diminui biodisponibilidade, interrupção do sangramento
menstrual por indução de enzimas hepáticas
Aumenta sua biodisponibi-lidade
-
Aumenta sua biodisponibi-lidade
-
Aumenta biodisponibilidade deste fármaco
Pode causar estado de semi-coma
Diminui absorção
Potencialização
Aumenta sensibilidade
Efeito sinérgico
A combinação entre ambas aumentaria a toxicidade da
anfetamina
Observações
-
-
-
-
-
Pode ocasionar gravidez
Teofilina - Redução dos níveis sanguíneos da droga com perda do controle da
asma
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Sinergia observada, princi-palmente, na interação com
S. epidermidis
-
-
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Artigo Original/Original Article
Nome científico
Vaccinium myrtillus L.
Phyllantus niruri L
Salix alba L.
Salvia miltiorrhiza Bunge
Rheum rhabarbarum L.
Valeriana officinalis L
Veratro album L.
Nome popular (Ref.)*
Mirtilo (9)
Quebra pedra (20)
Salgueiro (30)
Sálvia (9,18)
Ruibarbo (9)
Valeriana (18)
Veratro (9)
Interação
Guaraná, catuaba e fáfia
Antiplaquetários e anticoa-gulantes (varfarina, aspirina, heparina, HSAIDS, inibidores
da COX-2, entre outros)
Diuréticos
Varfarina
Varfarina e outros inibidores da agregação plaquetária
Mirabilitum
Glicosídeos cardioativos e agentes antiarrítmicos
Hipnóticos e ansiolíticos; sedativos (ex: benzodiazepi-na, barbitúricos, álcool, entre
outros)
Barbitúricos
Scrophularia
Efeitos
A associação destes apresen-ta atividade antidepressiva.
Anticianosídeos podem re-duzir a excessiva agregação plaquetária, potencializando
hemorragias
Potencializa efeitos dos diuréticos
Como o AAS, potencializa o efeito anticoagulante
Aumento da protombina e dos valores internacionais
normalizados (INR)
Aumenta efeito purgativo por natureza similar da droga
Potencialização por reduzir os níveis de potássio por causa dos efeitos laxativo
Potencializa o efeito dos sedativos
Sedação excessiva
Reações tóxicas / efeitos colaterais
Observações
-
-
O quebra-pedra é indicado para litíases do trato uriná-
rio, auxiliar nas cistites
-
-
-
O ácido valerênico atua no receptor GABA, responsá-vel pelo efeito hipnótico e
ansiolítico
-
-
Referências
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ANVISA: AGÊNCIA NACINAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Bulário eletrônico da ANVISA, 2003b. Disponível em http://www.anvisa.gov.br/medica-mentos/bulas/index.htm
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 48, de 16 de março de 2004. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterá-picos. Disponível em http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=10230.
ARAÚJO, E.C.; OLIVEIRA, R.A.G.; CORIOLANO, A.T.; ARAÚJO, E.C. Uso de plantas medicinais pelos pacientes com câncer de hospitais da rede pública de saúde em João Pessoa (PB). Revista Es-paço para a Saúde, v. 8, n. 2, p. 44-52, Jun. 2007. Disponível em: <http://www.ccs.uel.br/espaco-parasaude/v8n2/Art%207%20_v8%20n2_.pdf>. Acesso em 22/10/2007.
BAUREITHEL, K.H.; BÜTER, K.B.; ENGESSER,
Os (números) na tabela referem-se às referências: (1) ALBERT, 2002; (3) ARAÚJO et al., 2007; (4) BAUREITHEL et al., 2007; (5) BIFFIGNANDI et al., 2000; (6) BUTTERWECK et al., 1997; (7) BUTTERWECK et al., 2001; (8) DE MAAT et al., 2001; (9) DHARMA-NANDA, 2000; (10) ERNEST , 2008; (11) FRANECK et al., 2005; (12) FUTURO et al., 2004; (13) HECK et al., 2000; (14) HENDER-SON et al., 2002; (15) IOANNIDES, 2002; (16) IZZO; ERNST, 2001; (17) JENSEN et al., 2001; (18) LAMBRECHT et al., 2000; (19) LIMA et al., 2005; (20) LONDRINA, 2006; (21) MARYLAND; 2008; (22) NICOLETTI, 2007; (23) OLIVEIRA et al., 2006; (24) RODRI-GUEZ et al., 2003; (25) SANTANA, 2006; (27) SINGH, 2005; (28) SPARREBOOM et al., 2004; (29) VALE, 2002; (30) JUNIOR et al., 2005; (31) WADA, 2002; (32) WINTERHOFF et al., 1995.
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Elaboração de uma Cartilha Direcionada aos Profissionais da Área da Saúde, Contendo Informações sobre Interações Medicamentosas Envolvendo Fitoterápicos e Alopáticos
Artigo Original/Original Article
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Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009 ��Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Elaboração de uma Cartilha Direcionada aos Profissionais da Área da Saúde, Contendo Informações sobre Interações Medicamentosas Envolvendo Fitoterápicos e Alopáticos
Artigo Original/Original Article
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�0 Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Novo Paradigma Produtivo: Utilização Racional dos Recursos Naturais para Obtenção de Fitoterápicos
New Productive Paradigm: The Rational Use of Natural Resources in Order to Obtain Phytotherapics
Resumo
A utilização das plantas como alimentos, medicamentos e cosméticos está relacionada à própria existência humana. O presente trabalho discute como um país que detém quase um terço da flora mundial, com atividade medicinal presente em inúmeras plantas, pode utilizar esse arsenal terapêutico para produção de medicamentos fitoterápi-cos, dentro da filosofia do desenvolvimento sustentável. Através de levantamento bibliográfico foram identificados os diversos passos da produção deste tipo de medicamento com o objetivo de analisar o fluxograma, utilizando como ferramenta a Produção mais Limpa. Dessa forma, postula-se que a utilização racional dos recursos natu-rais passa pela necessidade de se evitar o desperdício, melhorar o aproveitamento, e diminuir a geração de resíduos.
Abstract
The use of plants as food, medicine and cosmetics is related to the human existence itself. Our project lies on how a country that holds nearly one-third of the world’s natural resources, with medicine ap-plication present in a great variety of plants, can use this therapeuti-cal arsenal to produce phytotherapical drugs, within the sustainable development philosophy. Throughout the bibliographical research, many different steps to produce this type of drug were identified in order to analyse the fluxograma itself, using cleaner production as a tool. By doing so, we believe that the rational use of natural re-sources lies on the need to avoid disposals, excel improvement and diminish the generation of waste.
Introdução
Bases Conceituais
Ao longo de toda história, percebe-se que, através da intuição e da observação, o homem se apropriou dos princípios ativos das plantas e passou esse conhecimento de geração em geração. Após a desco-berta dos antibióticos e seus derivados sintéticos, e com o avanço do desenvolvimento tecnológico, principalmente na indústria farmacêuti-ca, o uso de plantas como medicamentos foi delegado a um segundo
1Oliveira, M. B. S. C.; 2*Frutuoso, V. S.
Laboratório de Educação Profissional em Saúde (LATEC), Escola Politéc-
nica de Saúde Joaquim Venâncio, Fundação Oswaldo Cruz, Avenida
Brasil 4365, Manguinhos, 21040-900, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
2Departamento de Imunofarmacolo-gia, Instituto Oswaldo Cruz, Fundação
Oswaldo Cruz, Avenida Brasil 4365, Manguinhos, 21040-900, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil
Correspondência. E-mail: [email protected]
Unitermos: Medicamentos Fitoterápicos,
Produção mais Limpa, Desenvolvimento Sustentável.
Key Words: Phytotherapic, Cleaner Production,
Sustainable Development
Artigo Original/Original Article
Novo Paradigma Produtivo: Utilização Racional dos Recursos Naturais para Obtenção de Fitoterápicos
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plano, mas começou a ser recuperado na década de 70. Isso se deu, por vários motivos, mas podemos destacar dois pontos importantes. O primeiro foi o surgimento de uma tendência popular em substituir os remédios alopáticos, que produzem muitos efei-tos colaterais, por medicamentos mais “naturais”; e o segundo foram as iniciativas institucionais e os incentivos governamentais na área da fitoterapia, o que induziu a um aumento da confiança dos usuá-rios, dado o suporte científico oferecido pela ciência e tecnologia, principalmente aquele voltado para o controle de qualidade das drogas e medicamentos de origem vegetal (MIGUEL; MIGUEL, 2004).
Planta medicinal, segundo definição de Ferreira (1998) é qualquer vegetal que tem atividade bio-lógica possuindo um ou mais princípios ativos úteis à saúde humana. Fitoterápicos são medicamentos que só podem ter vegetais em sua composição, como substância ativa à qual pode ser, entretan-to, adicionado um corante, solvente ou adoçante, mas nunca poderá estar misturado com princípios ativos sintéticos, conforme a Resolução 17 da An-visa (ANVISA, 2006). Nesse contexto, em junho de 2006, o Governo Federal lançou a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF, De-creto 5.813) (BRASIL, 2006) que estabeleceu dire-trizes e linhas prioritárias para o desenvolvimento de ações pelos diversos parceiros envolvidos na garantia do acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos no país.
Segundo o Decreto, pouco se investe nas potencia-lidades do uso das plantas medicinais, o que é um descompasso dentro da filosofia produtiva baseada nos novos paradigmas de desenvolvimento econô-mico e social sustentado. Villas Boas e Gadelha (2007) vão além, apontando que o Brasil possui quase um terço da flora mundial apresentada em dez diferentes biomas, sendo o detentor da maior parcela da biodiversidade, em torno de 15 a 20% do total mundial e pouco tem sido feito para transfor-mar esse potencial em vantagem competitiva, uma vez que esse desenvolvimento poderia gerar uma forma de proteção e manutenção desses ecossis-temas.
O documento do Ministério da Saúde ressalta que a implementação desta política transcende os limi-tes do setor saúde, e depende de uma articulação intersetorial “em virtude da abrangência da cadeia produtiva de plantas medicinas e fitoterápicos” (MS Decreto 5.813/2006, p.33). Entre as Instituições que fazem parte desta rede, estão: a Casa Civil da
Presidência da República; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ministério da Ciência e Tecnologia; Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Ministério da Integração Na-cional; Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Saúde. Ao Ministério do Meio Ambiente caberia como responsabilidade principal a elaboração de parcerias com o Ministério da Agricultura, Pecuá-ria e Abastecimento, tendo como foco o cultivo e o manejo sustentável das plantas medicinais. Ao mesmo tempo, colaboraria com outros órgãos afins, no sentido de subsidiar a elaboração de regras e regulamentos relacionados ao manejo sustentável de plantas medicinais nativas da flora brasileira e estabelecer ações conjuntas, visando promover o uso sustentável da agrobiodiversidade.O Minis-tério da Saúde, além de coordenar o processo de acompanhamento e avaliação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, deve promo-ver a articulação intersetorial e interinstitucional para o fomento à pesquisa e ao desenvolvimento de plantas medicinais e fitoterápicos; assim como a criação de redes de pesquisa desenvolvimento tec-nológico, produção de bens e serviços, com vistas à incorporação de novas tecnologias.
Diante dessas ações, é necessário ressaltar que a industrialização e comercialização de diversas es-pécies de plantas devem obedecer a critérios téc-nicos baseados principalmente nos teores quanti-tativo e qualitativo de princípio(s) ativo(s). Nesse aspecto, convém mencionar que, dada a dimensão territorial do nosso país, a diversidade de sua flora sofre diretamente os efeitos das “variáveis edafo-climáticas” (MIGUEL; MIGUEL, 2004); o que obri-ga, no processo de desenvolvimento de produtos a partir de matéria-prima vegetal, que haja uma pa-dronização e normalização das tecnologias envolvi-das no plantio de espécies medicinais, assim como na produção de fitoterápicos. Nesse sentido, para que um princípio ativo extraído de um vegetal seja transformado em fitoterápico são necessárias vá-rias etapas. O presente estudo procurou detalhar cada uma delas, desde o plantio, passando pela comprovação da bioatividade, até a produção do medicamento observando-se neste fluxograma de atividades, a proposta de se utilizar a ferramenta da Produção mais Limpa.
A Produção mais Limpa (P+L) é definida como sen-do a utilização contínua de uma estratégia técnica, ambiental e econômica integrada aos processos,
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produtos e serviços, com a finalidade de aumentar a eficiência no uso de matérias primas e recursos naturais, reduzir a geração de resíduos, promoven-do a produção de benefícios ao meio ambiente, à área da saúde e, finalmente, para a economia do país. A P+L passa pelo conceito de ecoeficiência, que significa “a real necessidade de produzir mais com menos recursos, ou seja, o importante não é apenas re-utilizar ou reciclar, e sim reduzir o con-sumo dos produtos naturais de origem extrativista, e assim, o impacto negativo ao meio ambiente ex-terno” (BARATA, 2006). Segundo Silva e Medei-ros (2006) a P+L pode ser implantada em qual-quer setor de produção e constitui uma importante ferramenta para uma análise técnica, econômica e ambiental do processo produtivo com vistas a iden-tificar oportunidades que possibilitem melhorar a eficiência, sem aumentar os custos para a em-presa. Sendo assim, a P+L embute basicamente uma abordagem preventiva de gestão ambiental, evitando o desperdício, melhorando o aproveita-mento, e impedindo ou minimizando os impactos ao meio ambiente.
Metodologia
O estudo proposto é uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, apoiada em estudos teóri-cos da produção de fitoterápicos, desde o plantio até a produção do medicamento, e foi realizado através de levantamento bibliográfico e documen-tal e está fundamentado no conhecimento apro-fundado do que já se produziu a respeito do tema da pesquisa. A pesquisa descritiva tem como ca-racterística o levantamento de componentes de um processo e elementos já conhecidos. Guba e Lincoln (1981 apud LUDKE; ANDRÉ, 1986) des-tacam como vantagens do uso de documentos na pesquisa, o fato de que esses constituem uma fon-te estável e rica, além de poderem ser consulta-dos várias vezes, inclusive servindo de base para diferentes estudos, o que segundo os autores dá mais estabilidade aos resultados obtidos.
Para a projeção dos resultados, utilizou-se um fluxograma do processo de produção de medi-camento fitoterápico, detalhando as matérias primas e recursos naturais utilizados, resíduos e geração de poluentes emitidos; e por fim, o im-pacto que cada etapa do processo, teoricamente, pode causar ao meio ambiente. A subseqüente e detalhada análise técnica, econômica e ambien-
tal deste encadeamento do processo produtivo, foi realizada, à luz dos parâmetros que definem a Produção mais Limpa (P+L). Os resultados foram discutidos à luz do referencial teórico, utilizando a análise de conteúdo que, segundo Triviños (1987, p.162), trata-se de aprofundar a análise desven-dando o “conteúdo latente” que os documentos possuem. O autor coloca ainda, a importância de se ter presente na análise, o contexto e o momen-to político e econômico, em que os documentos foram produzidos.
Resultados e Discussão
Como toda atividade produtiva, a produção de medicamentos fitoterápicas passa por um conjun-to de atividades que envolvem diferentes profis-sionais, que vão desde técnicos de nível médio até profissionais altamente especializados da esfera acadêmico-científica. Entretanto, a presente pro-posta não visa abordar a rede de trabalhadores que participa de todas as etapas do processo pro-dutivo, mas sim se limitar a analisar o fluxograma da produção, tendo como enfoque o sistema de P+L, detalhando as etapas com seus desdobra-mentos, e os possíveis impactos ambientais por eles produzidos.
Figura 1 – Quadro que aponta as três Áreas Mestras disciplinares envolvidas no desenvolvi-mento e produção de fitoterápicos
Botânico-agronômicaLevantamento
ColetaManejo
Química
Formulação
Químico-farmacêutica
BiomédicaFarmacologia
TecnologiaClínica
ProdutoFonte: Siani, 2003.
B
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1. Área Mestra: BOTÂNICO-AGRONÔMICA
1.1. Levantamento
A primeira etapa para a produção de um medica-mento fitoterápico é obter e garantir a identidade botânica da matéria prima vegetal. Nesse processo, o pesquisador lança mão da confecção de uma exsi-cata, feita em uma cartolina de tamanho padrão (45 x 30 cm), onde a parte do vegetal é de preferência costurada (podendo ser, também, colada) acompa-nhada de uma etiqueta com dados sobre o nome científico (nomenclatura binária de Lineu); descrição da planta; local e ambiente de coleta; coletor e data de coleta (OLIVEIRA; AKISSE,1989). Dessa forma, podemos dizer que a exsicata é a unidade básica de coleção de um herbário, pois constitui material tes-temunho referencial para futuros estudos. Ela deve ser registrada e numerada antes de ser incorporada ao acervo e é preciso ter cuidados especiais em ter-mos de uniformidade de secagem como a perfeita exposição das folhas, frutos e/ou flores porque des-te procedimento vai depender a qualidade da futura exsicata. Esta etapa pode gerar resíduos, como pa-pelão, cartolina, barbante que, no entanto, podem ser reduzidos quase a zero, se um trabalho bem re-alizado utilizar a filosofia do reaproveitamento e da reciclagem. Deve-se evitar a utilização de plásticos, optando sempre por produtos biodegradáveis.
Figura 1 – Esquema para herborização de mate-rial vegetal (preparação de exsicata)
A coleta inclui várias etapas. São elas a coleta para herborização, para propagação, coleta de amostra e coleta para material genético (SIANI, 2003), ob-servando-se ainda que alguns autores incluem a co-leta dentro da etapa de levantamento. Entretanto, ressaltando a importância de se fazer um inventário de plantas medicinais utilizados em todo país, e op-tando pelo esquema de Siani (2003) na coleta para propagação é importante avaliar as informações provenientes do ecozoneamento da espécie e de bancos de germoplasma, enquanto na coleta para material genético a ferramenta utilizada é a identi-ficação por marcadores genéticos. A atividade que Siani (2003) denomina de Manejo Sustentado prio-riza a preocupação com o meio ambiente, ao mesmo tempo em que promove importantes estudos sobre a freqüência e intensidade das espécies, além das relações ecológicas dos vegetais. Isso vai se refle-tir de maneira direta na domesticação e cultivo, de maneira a não ferir as exigências legais relativas à exploração da biodiversidade e obter matéria prima vegetal de qualidade. Dessa forma, segundo Sia-ni (2003, p.38) “as informações históricas, a con-dição cultural e os hábitos ambientais dessas co-munidades, integrados aos dados de fenologia, das características morfológicas e da possibilidade de manejo das espécies são extremamente relevantes, quando se objetiva a obtenção de matéria prima de qualidade uniforme”.
1.2. Plantio
Como atividade subseqüente, o plantio é um ponto nevrálgico na produção de medicamentos à base de princípios ativos vegetais. Como já foi ressaltado anteriormente, existe a necessidade de se obter uma matéria prima de qualidade e sob essa ótica, as condições do solo, boa disponibilidade de água, necessidade de luz solar, umidade e outros fatores agronômicos devem ser avaliados segundo o tipo e a espécie de planta. Na agricultura, devem ser considerados diversos aspectos do plantio, como a maneira de cultivar, a época correta para o cultivo, a adequabilidade do vegetal ao clima e solo da região e a própria vegetação vizinha ao plantio da espécie em questão. Miguel e Miguel (2004) advertem de que nada adiantaria conhecer os efeitos farmacoló-gicos de uma planta, se não se detêm as suas tec-nologias de cultivo.
Nesse ponto, o que causaria menos impacto am-biental, seria o aproveitamento natural do habitat do vegetal, de forma racional e ecoeficiente. Segun-Fonte: Di Stasi, 1996 apud Pascarelli, Rocha e Frutuoso, 2006
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do esses autores (ibid, 2004, p.30) à luz da ética e valorização moral, não seria possível admitir “estilos e formas de desenvolvimento que prejudiquem seg-mentos sociais e ou áreas geográficas, no intuito de exploração e esgotamento de recursos naturais”. Para se evitar o menor impacto possível ao meio ambiente, seguimos o modelo de cultivo de Matos (1998).
• O solo deve ser revolvido de modo que possi-bilite a penetração de uma vareta de madeira em aproximadamente 40 cm de profundidade. O espaçamento utilizado normalmente é de 20 cm entre as plantas de espécies de porte baixo e de 30 cm entre sulcos. Para plantas mais altas, que atinjam 1 m de altura, deve-se usar 35 cm entre as plantas e 50 cm entre as linhas. Para as plantas que chegam a 2 m de altura, usar 50 cm entre as mesmas e 70 cm entre sulcos.
• Antes do plantio, cada m2 solo deve ser tra-tado com uma xícara (tipo de chá) de calcário agrícola, uma colher (do tamanho das de sopa) de NPK, e um quilo de esterco bem curtido e solto ou húmus de minhoca. Molha-se toda terra tratada, sem precisar encharcar, o sufi-ciente para umedecer toda terra e depois de um dia, faz-se o plantio.
• Deve-se manter o horto bem regado e livre de ervas daninhas, de formigas cortadeiras e de lagartas. É importante fazer um cultivo orgâni-co, evitando-se agrotóxico e, periodicamente, adubar com esterco curtido ou, preferencial-mente, com húmus de minhoca ou composto vegetal preparado no próprio horto.
O solo é a base do trabalho orgânico e é preciso ter cuidado, uma vez que vários resíduos vão ser reinte-grados ao solo. Esterco, restos de verduras, folhas, aparas, etc., são devolvidos aos canteiros para que sejam decompostos e transformados em nutrientes para as plantas. Essa fertilização ativará a vida no solo e os microorganismos além de transformar a matéria orgânica em alimento para as plantas, tor-narão a terra porosa, solta, e permeável à água e ao ar. O grande valor da horticultura orgânica é pro-mover a melhoria do solo. Ao invés de mero supor-te para a planta, o solo será sua fonte de nutrição. Utilizando a Produção mais Limpa, o plantio deve priorizar os procedimentos mais próximos daqueles que ocorrem naturalmente evitando-se o adubo ar-tificial, os agrotóxicos e os ambientes artificialmen-te construídos.
Segundo Scheffer (1992 apud MIGUEL; MIGUEL, 2004) na etapa do plantio alguns fatores são funda-mentais e requerem monitoramento constante, den-tre eles, destacam-se as necessidades nutricionais do vegetal, a ocorrência de pragas e enfermidades, a densidade das plantas e interações específicas en-tre elas. O plantio orgânico implica na não utilização de agrotóxicos e fertilizantes químicos. São utiliza-dos fertilizantes naturais, como o adubo orgânico, e pode ser feita uma cobertura de palha sobre os can-teiros, para evitar que a luz solar chegue até as ervas invasoras, impedindo assim, o seu desenvolvimento excessivo. É uma preocupação atual a contaminação das substâncias químicas provenientes da agricultu-ra que, do solo, migram para rios e mares, causando sérios prejuízos tanto para os ecossistemas quanto para o homem. Em pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2002), o uso de agrotóxicos e fertilizantes é apontado como a segunda causa de contaminação da água no país. Na pesquisa sobre o perfil dos municípios brasilei-ros (IBGE, 2002) a poluição dos rios e enseadas já foi detectada em 38% das cidades brasileiras e em 77% das do Rio de Janeiro, o estado mais atingido. A P+L considera então, a preocupação com os re-cursos naturais utilizados, a redução de resíduos e a minimização dos impactos ambientais, objetivando, nesse contexto, atender o paradigma do desenvolvi-mento sustentável.
1.3. Coleta e Manejo
O cuidado com o manejo na hora da colheita pos-sui relação direta com a qualidade do medicamento fitoterápico (MIGUEL; MIGUEL, 2004). O manejo inadequado dos vegetais, freqüentemente carreia contaminantes como fragmentos de madeira, restos de outros vegetais e insetos. Dessa forma, deve-se fazer desde o momento da coleta, a triagem dos fragmentos que possam proceder de outras plantas e não coletar plantas ou partes de plantas que não estejam rigorosamente limpas. Outra preocupação é o treinamento básico periódico dos operadores quanto à higiene pessoal (op. cit., 2004), e o cuida-do de não permitir a entrada de animais no horto. Pode-se coletar como matéria prima de uma planta as raízes, o caule e/ou folhas. Todas as espécies devem ser identificadas por canteiros, para que não haja o risco de se coletar outra planta, uma vez que existem muitas plantas tóxicas que são nocivas ao homem. Outro cuidado é o de coletar dentro do pe-ríodo cíclico do vegetal, sendo assim uma colheita das folhas é feita antes da fase de floração, as flo-
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res ou as sumidades floridas devem ser recolhidas no início da floração; e as raízes devem ser retiradas do solo quando o talo murchar, ou no começo da primavera, antes que haja rebrotado. Um cuidado relativo a minimizar o impacto ambiental produzi-do por este procedimento é o de não retirar todas as folhas de um mesmo ramo para permitir que a planta continue seu crescimento e nem retirar a raiz principal, para não comprometer a sobrevida do ve-getal (GONSALVES, 1989).
Após a coleta é feita a secagem que tem por ob-jetivo retirar água do vegetal, sem modificar as propriedades farmacológicas da planta. A secagem pode ser feita de maneira natural, quando o vegetal é secado sem utilização de nenhum equipamento, podendo ser feito no sol ou na sombra e de maneira artificial, utilizando estufas. Entretanto, quando o processo é feito de maneira natural, deve-se cuidar para que não aconteça em presença de calor ex-cessivo e nem de umidade muito alta. Em relação à secagem em estufas, Melo e colaboradores (2004) postulavam como paradigma de temperatura ideal, valores até 40o C, entretanto no mesmo trabalho (ibid, 2004, p.8) os autores concluíram que as “tem-peraturas do ar de secagem entre 50 e 60oC mos-tram-se viáveis para secagem de grande numero de plantas medicinais estudadas”. Nesse ponto, vale a pena observar se realmente há necessidade de se elevar a temperatura de 40o C para 60o C, uma vez que esse procedimento aumentará o gasto de energia, no caso de se manter o mesmo tempo para a secagem do mesmo material.
Uma preocupação válida, nessa etapa é que, uma vez coletados, folhas, caules e raízes devem ser dessecados separadamente. O processo de seca-gem deve ser feito com muita atenção, pois se for feito de maneira imprópria, a matéria prima pode perder qualidade ou ser contaminada por fungos, prejudicando dessa maneira a qualidade do medi-camento fitoterápico. Dentro dessa fase, ainda há poucos estudos sobre a relação da velocidade do ar de secagem com o princípio ativo. Na pesquisa de Melo (2004), os autores recomendam o valor de 0,5 ms-1 como valor de partida em dimensionamento de secadores. Numa produção dentro da filosofia P+L procura-se, dentro do possível, utilizar a se-cagem natural com intuito de economizar recursos naturais, aproveitando a energia solar. Outro ponto importante é o cuidado com o meio ambiente, evi-tando, assim, que se espalhem pedaços de vegetais para outros locais, impedindo o crescimento de no-
vos vegetais em canteiros de espécies diferentes ou que se alastrem pragas por conta de excesso de restos de folhas.
2. Área Mestra: QUÍMICO-FARMACÊUTICA
2.1. Química
A primeira análise a ser feita visa à comprovação da matéria prima, isto é, verifica-se se houve troca de mercadoria na remessa. A análise morfológica é feita pelas caracterizações macroscópica, micros-cópica, e organoléptica (propriedade que pode ser percebida com os sentidos humanos) (MIGUEL; MIGUEL, 2004). Analisa-se também a presença de contaminantes, como bactérias, fungos, ovos de helmintos e resíduos de inseticidas. Existem limites estabelecidos para contaminantes, dentro das nor-mas internacionais para testar o material botânico. Caso este limite seja excedido, o lote da planta é descartado. Aqui, deve-se cuidar para que amostras vegetais não se tornem lixo, impactando o meio am-biente, e sejam corretamente descartadas. Dessa forma, o reaproveitamento deve estar previsto, in-clusive utilizando-o como adubo orgânico. A utiliza-ção de meios de cultura para cultivo de bactérias e fungos deve ser feita de maneira racional, evitando desperdícios e geração de resíduos para descarte. Após o período de incubação, havendo crescimento de bactérias patogênicas ao homem, o lote deve ser descartado (MIGUEL; MIGUEL, 2004). Outra preo-cupação é com o material contaminado proveniente das técnicas, que deve seguir o procedimento de descarte de resíduos, proposto e validado pela Ins-tituição.
Depois de aprovado pela análise, o material vegetal é moído para o processo subseqüente de extração do(s) princípio(s) ativo(s). Nessa fase são levados em consideração as características do material ve-getal, o seu grau de divisão, o meio extrator (sol-vente) e a metodologia (SIMÕES, 2000). As princi-pais técnicas de extração são: maceração, infusão, decocção, percolação, soxhlet e microondas. Todas elas utilizam solventes, sendo que, em algumas de-las, o único usado é a água. A escolha do solvente está relacionada à sua seletividade já que o poder de penetração do solvente depende, principalmen-te, da consistência dos tecidos que formam o mate-rial vegetal a ser extraído devendo possuir a capa-cidade de retirar apenas a(s) substância(s) que se procura, e na maior quantidade possível (SIMÕES,
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2000). Em outros testes, as extrações de princípios ativos estão associadas a um gradiente de polarida-de, e de um modo geral, são utilizados solventes de baixa polaridade, como o hexano. Já as substâncias polares são extraídas mais facilmente com solven-tes, como o metanol (PARCARELLI, 2006).
Segundo Simões (2000, p.167), na escolha de um solvente, além da disponibilidade e do custo do sol-vente, existem outros fatores relacionados a uma boa qualidade do processo extrativo. Ainda devem ser considerados “a toxicidade e/ou riscos que seu manuseio representa, e a estabilidade das substân-cias extraídas”. Em relação à toxicidade e/ou riscos do solvente devem-se observar o problema por três ângulos. O primeiro se refere ao produto, que deve cumprir os critérios científicos e metodológicos para assegurar a qualidade das preparações. O segundo tem como foco o trabalhador que o manipula, e está relacionado aos fatores de riscos e toxicidade que desencadeiam as doenças ocupacionais. Por último, mas não menos importante, existe a preocupação com o meio ambiente, uma vez que resíduos e po-luentes provenientes da fase de extração podem ocasionar contaminações no solo, na água e no ar, às vezes de maneira irreversível. No processo de extração através da Produção mais Limpa, este úl-timo item deve ser levado em consideração, além do custo dos solventes, e a utilização racional de recursos naturais.
2.2. Formulação
Após o processamento de extração, começa-se a fase de isolamento e purificação do princípio ativo. Nesta fase são utilizadas metodologias complexas, com equipamentos de última geração, tais como cromatografia gasosa, HPLC (High Performance Liquid Cromatograph) e Cromatografia Líquida acoplada ao Espectrômetro de Massas. Em relação a essas metodologias, devem-se avaliar dois pon-tos importantes: o preço e o impacto ambiental. No trabalho de Rodrigues e colaboradores (2006) os autores apontam as preocupações nas etapas de extração e separação por cromatografia em co-luna, concluindo que algumas técnicas de extração e purificação, descritas em literatura, são simples, contudo utilizam solventes caros (como acetonitri-la), ou agressivos ao meio ambiente (como diclo-rometano). Nesse sentido para se determinar o melhor solvente, testaram os seguintes solventes: tolueno, diclorometano, tetracloroetileno, metanol, hexano e etanol, e afirmaram que, quando se levam
em conta “os aspectos de segurança, eficiência extrativa, toxicidade, agressão ao meio ambiente e seletividade, constata-se que o poder extrati-vo varia muito pouco de um solvente para outro” (ibid, 2006, p.370). Ainda nesse trabalho, sobre a otimização do processo de extração e isolamento do princípio antimalárico artemisinina, os autores concluem que o hexano empregado para extração do princípio ativo eleva em muito o conteúdo de impurezas apolares; e por isso o substituem por etanol, uma vez que, este se revelou ter um poder extrativo comparável aos demais, porém com me-nor toxicidade e custo. Também foi testado o em-prego da tradicional sílica gel para purificação dos extratos, e o resultado mostrou que esta utilização se tornou incompatível pelo custo, uma vez que se visava à escala industrial. Uma solução encontrada neste estudo foi a aplicação do Zeosil em substitui-ção à sílica gel tradicional. Dentro desse raciocínio, verifica-se que os autores fizeram uma avaliação simultânea entre a obtenção de matéria prima de qualidade, custo e impacto ambiental. Este exem-plo ilustra como a P+L deve ser utilizada, apontan-do que dentro de cada etapa, esses três parâme-tros devem ser identificados e avaliados de modo a evitar o desperdício, melhorar o aproveitamento e impedir ou minimizar os impactos ao meio am-biente. Outro ponto importante, a ser abordado na etapa de isolamento e purificação é o do consumo de recursos naturais, uma vez que a maioria dos equipamentos utiliza energia elétrica. Segundo Di Stasi (1996) não existe uma técnica única capaz de resolver todos os problemas envolvidos durante a separação de componentes de uma mistura e, por isso, deve-se combinar duas ou mais técnicas cro-matográficas para se obter um melhor resultado.
3. Área Mestra: BIOMÉDICA
3.1- Farmacologia
Os estudos toxicológicos e farmacológicos com-põem o estudo de verificação da atividade, aplica-bilidade terapêutica e grau de toxicidade do vegetal (MIGUEL; MIGUEL, 2004). Isso é muito importan-te, uma vez que muitas plantas medicinais apresen-tam substâncias que podem desencadear reações adversas, seja por seus próprios componentes, seja pela presença de contaminantes nas preparações fitoterápicas, exigindo um rigoroso controle de qua-lidade desde o cultivo, coleta da planta, extração de seus constituintes, até a elaboração do medi-
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camento final (TUROLLA; NASCIMENTO, 2006). Sendo assim, quando chega nessa fase, já foram realizados estudos farmacológicos e toxicológicos de extratos brutos e de substâncias ativas isola-das e purificadas. Aqui, deve-se proceder segun-do os protocolos listados pela Portaria nº 116 da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS, 1996) e pela Resolução nº 90 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2004 – Anexo 1) para os ensaios pré-clínicos. Os bioensaios farma-cológicos e toxicológicos realizados in vivo e in vitro vão definir a eficácia, mecanismos de ação e po-tencial toxicológico de determinado medicamento fitoterápico objetivando contribuir para a validação da droga vegetal e do fármaco. “A etapa pré-clíni-ca deve ser realizada em três espécies de animais de laboratório, uma das quais não deve ser roedor” (MIGUEL; MIGUEL, 2004, p.37). Nesse contexto, a equipe desempenha um papel fundamental, visto que, mesmo seguindo a Legislação Sanitária e a Farmacopéia Brasileira existe sempre a possibilida-de de se escolher a melhor alternativa em termos de custo e cuidado com o meio ambiente (RODRI-GUES, 2006) sem perder o rigor técnico e conse-quentemente a qualidade do produto. Outro ponto importante diz respeito ao uso de animais em expe-rimentações científicas, que ora suscita um debate ético, onde se apregoa a substituição por testes in vitro, sempre que possível, sem perder a qualidade e descumprir a legislação sanitária vigente.
As plantas medicinais são muito importantes como fonte natural de fármacos, pois contêm o complexo fitoterápico, que é um aglomerado de substâncias naturais que atuarão em conjunto, desta maneira existirá uma grande chance de obter-se uma molé-cula protótipo devido à diversidade de constituintes presentes nestas (NOLDIN, 2003). No entanto, inúmeras plantas que são usadas em preparações fitoterápicas precisam “de um maior controle de qualidade, uma vez que a literatura científica indica que muitas destas podem apresentar substâncias tóxicas ou composição química variável” (ibid, 2003, p.332). Para isso, são feitos testes de bioatividade e toxicidade em laboratórios de farmacologia, com a finalidade de avaliar a atividade biológica do prin-cípio ativo vegetal e identificar e avaliar os efeitos tóxicos relacionando-os com a dosagem utilizada, respectivamente. Sendo assim, “os testes de toxi-cidade geral devem guardar relação dose-efeito sa-tisfatória e permitir estabelecer relação causa-efei-to” (SIMÕES, 2000, p. 189). Outros fatores que os autores (Ibid, 2000) consideram extremamente
relevantes são, a experiência da equipe executora, as condições dos laboratórios, a qualidade dos ani-mais e a definição clara dos objetivos dos testes.
Para a avaliação de bioatividade são utilizados dois tipos de testes. O primeiro conhecido como bioen-saio faz uma análise comparativa através de siste-mas-teste com a atividade biológica de uma subs-tância já conhecida, que é denominada de padrão. A utilização de bioensaios para o monitoramento da bioatividade de extratos, frações e compostos isolados de plantas tem sido frequentemente in-corporada à pesquisa fitoquímica (NOLDIN, 2003). O outro tipo é o ensaio clínico; que representa a eficácia em seres humanos, e onde se compara, de maneira objetiva, os resultados de um grupo teste com os do grupo controle, sendo que neste tipo de teste não se pode quantificar a potência da substância e nem obter um gráfico em relação à dose-resposta (PASCARELLI, 2006). Nessa etapa do fluxograma, a preocupação em relação a P+L é em relação aos produtos químicos utilizados. A equipe deve listar todo procedimento dos testes de bioatividade com o objetivo de substituir, dentro das normas da farmacopéia, os solventes e reagen-tes que apresentam comprovado efeito de poluição ambiental. Caso isso não seja possível, deve-se proceder corretamente o ou verificar a possibilida-de de reciclagem dos solventes. Para isso, o depar-tamento ou a Instituição deve instituir Normas de Coleta e Tratamento de Resíduos, dentro de proto-colos devidamente padronizados e validados. Den-tro dessa visão, Calia e Guerrini (2006) concluíram em seu trabalho, que o líder de projeto, juntamente com a sua e equipe, devem fazer um diagnóstico das causas da poluição e dos desperdícios, visando definir soluções e novos procedimentos.
Em relação aos testes de toxicidade, estes com-plementam a eficácia do fitoterápico, e devem dar aos experimentadores as provas sobre a segurança das doses a serem administradas, para o sucesso na terapêutica sem riscos de danos aos pacientes. Estes estudos podem ser divididos em: Dose Letal 50% (DL50); Toxicidade aguda – doses simples; To-xicidade aguda – doses repetidas; Toxicidade sub-crônica e Toxicidade Crônica (Di Stasi, 1996). Vale ressaltar que os testes de toxicidade são feitos in vitro e in vivo, o que acarreta, logo de início, dois problemas. O primeiro está relacionado aos testes em animais e, conseqüentemente, aos problemas levantados pelos Comitês de Ética em Experimen-tação Animal; e o segundo envolve a percepção das
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indústrias do setor farmacêutico no que se refere à gestão ambiental, os problemas com efluentes e resíduos gerados no desenvolvimento, e a produ-ção dos medicamentos. Apresentam-se assim os temas que, na atualidade, constituem os maiores desafios para o setor farmacêutico, a substituição do modelo animal nos testes farmacológicos e a minimização do impacto ambiental, gerado pelos produtos químicos envolvidos nas análises.
Poder-se-ia listar diversos ensaios toxicológicos, entretanto cada estudo possui várias possibilida-des de métodos. Por exemplo, Noldin (2003) utiliza a técnica de Meyer 17, onde 2mg/ml dos extra-tos hexânico, diclorometano, butanólico, acetato de etila, e também dos compostos cinarosídio e cinaropicrina e do controle positivo (sulfato de qui-nidina), preparados em solução aquosa de sal ma-rinho sintético (38g/L) com 1% DMSO (v/v), são incubados em placas “multiwell” durante 48 h com Artemia salina (n=10) a 30o C. Os solventes or-gânicos de baixa polaridade como o diclorometano e o acetato de etila apresentam um alto índice de impacto ambiental, uma vez que não são miscíveis em água e não são biodegradáveis. Por sua vez, por serem facilmente dissolvidos em gordura, são altamente tóxicos, pois ultrapassam a membrama plasmática. A maioria é neuro-tóxica. Em relação ao ensaio in vivo, o uso da Artemia salina apresen-ta um problema irreversível ao meio ambiente, uma vez que é uma espécie em vias de extinção.
Não há aqui a pretensão de entrar no mérito e detalhamento de cada técnica, nosso objetivo ao colocar esse exemplo é apresentar a dificuldade e complexidade que uma equipe vai enfrentar ao uti-lizar a ferramenta da P+L nessa etapa do processo produtivo. Essa constatação, não deve ser encara-da como um obstáculo ou uma visão pessimista na implantação dessa filosofia de produção, mas sim, como um desafio e principalmente um olhar de es-perança, na possibilidade de se obter medicamen-tos de qualidade que causem menos impactos ao meio ambiente.
Os ensaios clínicos constituem uma ferramen-ta importante para a avaliação de produtos para a saúde. Todo medicamento que vai ser colocado no mercado passa por diversas etapas de pesqui-sa, produção e testes, até ser aprovado pelo ór-gão competente do país de origem do fabricante que, no caso do Brasil, é o Ministério da Saúde. A avaliação clínica é a ponta final do fluxograma,
como abordado ao longo do trabalho, e o processo produtivo de qualquer medicamento é complexo, rigoroso e tecnicamente muito especializado. Os ensaios clínicos têm como objetivo identificar efei-tos colaterais e caracterizar toxicidade dos produ-tos fitoterápicos, assim como de quaisquer outros medicamentos. Segundo Miguel e Miguel (2004, p.43) “o protocolo clínico deve atender a Resolução 08/88 do Conselho Nacional de Saúde (CIPLAN, 1988), bem como ao princípio ético, científico, com padrões internacionais de aceitação para ensaios desta natureza”. Os ensaios devem seguir as Di-retrizes Internacionais Ética e Pesquisa em Seres Humanos (WHO, 1993), que apresentam os prin-cípios gerais – condensados em quinze diretrizes – com a finalidade de proteger os direitos e o bem estar dos voluntários que participam da pesquisa (MIGUEL; MIGUEL, 2004). Segundo os mesmos autores (ibid, 2004, p 48) está prevista ainda no protocolo, a execução de “dois tipos de ensaios, definidos como ensaios agudos e ensaios subagu-dos ou crônicos. Todos os produtos fitoterápicos serão testados no mínimo em ensaios agudos”. Em relação, aos testes laboratoriais adotados, a mes-ma filosofia da Produção mais Limpa, discutida ao longo do trabalho, deve ser seguida.
Considerações Finais
O presente estudo não inclui a parte final do flu-xograma, denominada Produto, devido à comple-xidade das atividades realizadas nessa etapa, tais como: tratamento e purificação de água para inje-táveis; lavagem, secagem e esterilização dos fras-cos e rolhas utilizados para envase; envasamento (líquido ou comprimido); liofilização (quando ne-cessário), recravação, rotulagem e acondiciona-mento do produto final. A aplicação da P+L nessa etapa, merece considerações aprofundadas, prin-cipalmente no uso de recursos naturais e na pro-dução de resíduos e poluentes. Estes temas serão abordados num trabalho posterior.
Outro ponto a ser destacado é a falta da práxis nesta pesquisa, que se propôs a ser um estudo basicamente teórico dos procedimentos, técnicas e testes aplicados neste processo produtivo. En-tretanto, nesse momento impõe-se uma reflexão sobre a necessidade de se incluir aspectos prá-ticos da rotina de produção, com o objetivo de enriquecer as discussões em relação à Produção mais Limpa. E finalmente, mais do que apresentar
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soluções, este estudo procurou levantar questões visando à sensibilização dos envolvidos com a pesquisa e desenvolvimento de fitoterápicos com este problema. Nesse sentido, o medicamento fi-toterápico não é uma novidade; entretanto, sua produção industrial abriga ainda o um desafio de alinhar-se com os preceitos de desenvolvimento sustentável e proteger o meio ambiente, manten-do-se compatível com a legislação ambiental vi-gente, e alcançando qualidade internacional para os produtos.
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Atividades Antimicrobiana e Antioxidante da Própolis do Estado do Ceará
Antimicrobial and Antioxidant Activities of Própolis from Ceará State
Resumo
A própolis de Apis mellifera L. é um produto da colméia, elaborado a partir de exsudatos de resinas que as abelhas recolhem de deter-minadas plantas. A composição química da própolis é complexa e relacionada à diversidade vegetal encontrada em torno da colméia. Embora a própolis seja utilizada em medicina popular por milhares de anos, a falta de padrões que avaliem de maneira precisa suas atividades farmacológicas, dificulta a padronização de produtos co-merciais que garanta sua eficácia e segurança terapêutica para hu-manos e outros animais. No presente trabalho, avaliamos a compo-sição química e a atividade antimicrobiana e antioxidante de própolis do Estado do Ceará. Os conteúdos de flavonóides e de fenóis totais foram mensurados empregando-se cloreto de alumínio e o reagente de Folin-Ciocalteau, respectivamente. Os resultados encontrados indicam que existe uma correlação entre o conteúdo fenólico e a atividade antioxidante. Uma das amostras apresentou atividade anti-microbiana contra S. aureus e C. albicans.
Abstract
Propolis from Apis mellifera L. is a product of the beehive, elaborated from exudates of resins that bees collect from different plants. The chemical composition of propolis is complex and is related to the vegetal source around the beehive. Although the propolis is used in popular medicine for thousand years, the lack of standards to eva-luate its quality control is necessary and its pharmacology activities, turn to be difficult the standardization of commercial products that guarantees its effectiveness and therapeutic security for human and animal uses. In the present work, we evaluated the chemical com-position and the antimicrobial and antioxidant activities of propolis from Ceará State. The content of flavonoids and total phenols was measured using aluminum chloride and Folin-Ciocalteau reagent, respectively. The results indicated that there is a correlation betwe-en phenolic content and the antioxidant activity. One of the samples showed antimicrobial activity against S. aureus and C. albicans.
Introdução
O consumidor tem se tornado cada vez mais exigente e mais criterioso com a qualidade do produto que consome. É crescente a sua preocu-
Gutierrez-Gonçalves, M. E. J.; *Marcucci, M. C.
Programa de Mestrado Profissional em Farmácia, Universidade
Bandeirante de São Paulo, UNIBAN, Rua Maria Cândida 1813, 02071-013,
São Paulo, SP, Brasil
*Correspondência: E-mail: [email protected]
Unitermos: Própolis do Ceará, Fenóis, Fla-
vonóides, Atividade Antioxidante.
Key Words: Propolis from Ceará State, Phenols,
Flavonoids, Antioxidant Activity.
Artigo Original / Original Article
Tópicos em Debate/Debate Atividades Antimicrobiana e Antioxidante da Própolis do Estado do Ceará
�2 Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
pação em fazer uso de produtos menos agressivos, de origem natural, ou o mais próximo possível des-ta origem. Por tal motivo, remete-se à pesquisa de produtos extraídos de plantas medicinais e outros produtos naturais com valor conhecido, comprova-do ou não, que são ofertados à indústria. Um dos melhores exemplos, são produtos que contenham em seus constituintes, flavonóides, como é o caso das própolis (BURDOCK, 1998). Os flavonóides são compostos polifenólicos naturais largamente distribuídos principalmente nos vegetais superiores (angiospermas). Muitos deles apresentam ativida-de biológica como, por exemplo, podem-se citar as atividades antioxidante, antiinflamatória, antibac-teriana que têm um grande potencial de exploração na área cosmética (PIETTA, 2000).
A própolis é utilizada popularmente no tratamen-to de infecções, em problemas de pele e, também, como antiviral e antiúlcera (DOBROWOLSKI et al., 1991). Estimula o sistema imunológico, é cica-trizante em escaras de decúbito e apresenta ativi-dade antibiótica frente às bactérias gram positivas (MIORIN et al., 2003). A própolis possui também atividades, como anti-séptica, antifúngica, antipi-rética, adstringente e antiinflamatória; e também possui ação comprovada frente ao Bacillus subti-lis e Candida albicans (SALOMÃO et al., 2008). Foi descrita a sua ação contra bactérias endodôn-ticas (FERREIRA et al., 2007). Krol e colaborado-res (1993) relataram o efeito sinérgico da própolis associada a antibióticos, contra Staphylococcus aureus.
Tais informações serviram como estímulo para de-senvolver um processo de controle de qualidade deste produto, já que o melhor indicador da origem botânica da própolis é a análise da sua composição química comparada com a provável fonte vegetal. A determinação da origem geográfica e, principalmen-te, a origem vegetal aliada às suas características fisico-químicas, se faz importante no controle de qualidade e até mesmo na padronização das amos-tras de própolis para uma efetiva aplicação terapêu-tica (MARCUCCI, 1995). Recentemente, Marcucci (2006a) mostrou a tipificação da própolis brasileira. A principal característica desta tipificação é que possibilitará a agilização do mercado deste produto apícola, desde o campo até à indústria farmacêutica e cosmética, favorecendo a estas utilizarem a tipifi-cação para a confecção dos seus medicamentos e cosméticos, com controle de qualidade estabeleci-do, já que os marcadores principais dos diferentes
tipos foram separados, identificados e quantificados por faixas de concentração. Isto é, a classificação é quantitativa. Todos os dados relatados sobre o teor dos marcadores empregando-se a cromatografia lí-quida de alta eficiência (CLAE), foram comprovados por CLAE-EM (espectrometria de massas) empre-gando-se também uma análise por fingerprint de massas (SAWAYA et al., 2004). O outro fator impor-tante da tipificação é que será possível confeccionar produtos farmacêuticos, cosméticos e de higiene oral, conhecendo-se o tipo de própolis empregada e as quantidades dos componentes bioativos presen-tes, características não relatadas anteriormente em publicações e patentes sobre própolis.
O objetivo deste estudo foi o de verificar a ativida-de antimicrobiana e antioxidante, e analisar a com-posição das própolis coletadas nos municípios de Beberibe, Crato e Parambú, localizados no Estado do Ceará, região nordeste do Brasil, nunca antes estudadas para a sua inclusão na tipificação.
Material e métodos
Própolis
As amostras de própolis utilizadas neste trabalho foram coletadas em três diferentes regiões do es-tado do Ceará, a saber: Beberibe, Crato e Param-bú localizadas, respectivamente nas microrregiões: Litoral de Fortaleza, Cariri e Inhamuns. As amos-tras cedidas pelo SEBRAE/Ceará e foram armaze-nadas em sacos plásticos na geladeira.
Processo de extração
A própolis em estado bruto foi extraída em soxhlet, acoplado a manta aquecedora para balão de fundo redondo, contendo 250 mL de álcool etílico (Eci-bra). Um cartucho de papel de filtro foi preparado e pesado, onde foram adicionados 8 g da amostra, que por sua vez permaneceu no soxhlet até sua total extração pelo solvente. Após esta etapa foi realizada uma filtração simples para a retirada da cera. As amostras foram transferidas para rotae-vaporador, até que todo solvente se evaporasse, restando apenas a própolis pura, denominada de “extrato mole”. Em seguida, foram preparados ex-tratos etanólicos na concentração de 10% (m/V).
Determinação do teor de sólidos solúveis
Para cada um dos extratos, foi determinado o teor de sólidos solúveis, pesando-se um becker e no-
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tando-se o seu peso. Foram pipetados 5 mL do extrato obtido em soxhlet no becker levando-o à estufa a 60 ºC até a secura. Retirou-se o becker, deixando-o atingir a temperatura ambiente em dessecador. Em seguida, este foi pesado, repetin-do-se a operação até se obter um peso constante. Desta forma, foi possível calcular a quantidade de sólidos solúveis no extrato. O procedimento foi re-alizado em triplicata.
Atividade antioxidante
A atividade antioxidante foi analisada pelo método de seqüestro de radicais de DPPH (radical dife-nilpicrilidrazila) (HATANO et al., 1989; BANSKO-TA et al., 2000) que se baseia em uma reação de óxido-redução. Os extratos etanólicos de própolis foram diluídos a 0,01% (V/V). Em seguida, 8 tubos foram enumerados de 0 até 7. Adicionaram-se os volumes de etanol (Ecibra), correspondentes às diluições do teste. Em seguida, foram adiciona-dos os volumes de própolis para se obter as con-centrações finais desejadas. Um volume de 1000 μL de DPPH (radical difenilpicrilidrazila, Sigma, St.Louis, USA a 60 mM) foi adicionado no 1º tubo e o cronômetro ligado, desligando-o depois de um minuto. O mesmo volume de DPPH foi adicionado nos outros tubos a cada 1 minuto. A leitura foi re-alizada em espectrofotômetro (Cary 50 da Varian, EUA) em 517 nm após 30 minutos da adição do DPPH no 1º tubo. Foi construído um gráfico (em %) de DPPH versus concentração de própolis (mg/mL) e calculada a CE50 (concentração de própolis que elimina 50% dos radicais livres) pela planilha, empregando-se o método dos mínimos quadrados.
A figura 1 mostra um exemplo de cinética de des-coloração do DPPH, empregando-se a própolis de Beberibe.
Análise de fenóis totais em própolis bruta
Foram pesados 0,1 g do extrato seco (mole) de própolis obtida na determinação de teor de sólidos solúveis. Dissolveu-se com um pouco de etanol, em seguida, transferiu-se para um balão volumé-trico de 50mL, completando-se o volume com água destilada (solução estoque). A partir deste ponto o procedimento foi realizado em triplicata.
Transferiu-se uma alíquota de 200 mL da solução estoque de própolis, para um balão volumétrico de 10mL, contendo aproximadamente 5mL de água destilada. Foram adicionados 800 mL do reagente Folin-Ciocalteau (Merck, Darmstadt, Alemanha) agitando-se o balão por alguns segundos em um intervalo de 1 a 8 minutos. Em seguida, foram acrescentados 1,2 mL da solução de Carbonato-tartarato de sódio (Carbonato de sódio e Tartarato de sódio da Ecibra) completando-se o volume com água destilada até próximo ao menisco. A solução foi mantida em banho-maria a 20 °C por 2 horas. Decorrido este tempo, acertou-se o volume final. A leitura foi realizada em espectrofotômetro em 760nm. Este método foi validado pela empresa Na-tural Labor (2007a).
Análise de fl avonóides na amostra bruta pró-polis
Foram utilizados 0,05 g do extrato mole de própo-lis, onde se adicionou uma pequena quantidade de
Figura 1 – Cinética da atividade antioxidante da amostra de própolis de Beberibe empregando-se o radical DPPH.
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metanol em um balão volumétrico, acertando-se o volume final para 25 mL. A partir deste ponto, o procedimento foi realizado em triplicata. Foram pipetados 200 mL desta solução em um balão de 10 mL, com aproximadamente 5 mL de metanol. Em seguida, acrescentaram-se 200 mL da solução a 5% de cloreto de alumínio (AlCl3 Reagen), comple-tando os 10 mL do balão volumétrico com metanol até próximo ao menisco, agitando-se por alguns se-gundos. A solução foi mantida a 15 °C por 30 min. Decorrido este tempo, o menisco foi acertado e a leitura da absorbância efetuada em 425 nm. Este método foi validado pela empresa Natural Labor (2007b).
Padronização do inóculo
Inóculos dos microrganismos Staphylococus au-reus (S. aureus; ATCC 29213), Escherichia coli (E. coli, ATCC 25922) e Candida albicans (C. albicans, ATCC 10231) foram preparados atra-vés da suspensão direta de colônias em 5,0 mL de solução salina a 0,85%, com turvação equiva-lente a 0,5 da escala de McFarland. Em seguida, diluiu-se à proporção de 1/10 para se obter uma concentração de 107 UFC/mL. Cada inóculo (1 μL) foi distribuído na superfície do ágar, sendo que a concentração final foi de aproximadamente 104 UFC/mL.
Atividade antimicrobiana-difusão em disco
Os extratos obtidos na análise de sólidos solúveis foram empregados na preparação de soluções di-luídas a 2% para ser usada no teste de difusão em disco. Foram utilizados os meios de cultura Ágar Nu-triente e Agar Saboraud (ambos da Merck, Darms-tadt, Alemanha, este último especificamente para C. albicans). Os microrganismos testados foram: E. coli (ATCC 25922) S. aureus (ATCC 29213) Ba-cillus cereus (B. cereus, ATCC 11778), Staphylo-coccus epidermidis (S. epidermidis, ATCC 12228) e C. albicans (ATCC 10231). Para cada disco do teste antimicrobiano, foram impregnados 30 μL da concentração de 2% das própolis.
Atividade antimicrobiana empregando a dilui-ção em ágar
A atividade antimicrobiana foi avaliada pelo método de diluição em ágar, conforme o procedimento des-crito a seguir: em um erlenmeyer foram pesados 0,68 g de ágar Müller Hinton (Merck, Darmstadt, Alemanha), aos quais foram adicionados 20 mL de água destilada. Em seguida, o meio foi aquecido com uma manta elétrica. Após total solubilização, o meio foi esterilizado em autoclave por 20 minutos a 121 °C. Em seguida, foram pipetados os volumes respectivos das amostras de própolis, no meio de cultivo distribuído em placas de Petri, conforme as diluições desejadas. Todas as placas foram incu-badas a 37 °C por 24 h. A concentração inibitó-ria mínima (CIM) foi determinada a partir da placa em que não se observou crescimento bacteriano. Como controle, foram utilizadas placas, contendo apenas o meio de cultura e os inóculos bacterianos. O procedimento foi realizado em triplicata.
Resultados e Discussão
Embora muitos esforços estejam sendo realizados para os estudos da atividade biológica da própolis tipificada, muito pouco ou quase nada se sabe so-bre a própolis do Ceará. A própolis denominada de verde (BRP, Marcucci, 2006a) foi exaustivamente estudada e muitas de suas propriedades biológi-cas e farmacológicas foram estabelecidas. Com respeito à própolis do Ceará, foram realizados estudos preliminares mostrando um potencial de amostras de algumas regiões como antioxidantes e antimicrobianas (MARCUCCI, 2006b) Os resul-tados apresentados a seguir mostram um perfil do teor de flavonóides, fenóis, atividade antioxidante e antimicrobiana das própolis analisadas. A tabela 1 mostra os resultados obtidos na análise de fenóis e flavonóides totais. A legislação vigente (MAPA, 1998) indica que o padrão de qualidade requer um teor mínimo de flavonóides e fenóis totais para a própolis bruta com valores de 0,5 % (m/m) e 5,0% (m/m) respectivamente.
Tabela 1 – Concentração de fenóis e flavonóides totais (% m/m) e atividade antioxidante (DPPH, CE50 mg/mL) para as própolis estudadas.
Própolis
Beberibe
Crato
Parambú
Fenóis totais % (m/m)
5,17 0,18
9,49 0,26
3,71 0,03
Flavonóides totais % (m/m)
8,09 0,30
6,68 0,23
1,17 0,05
DPPH (CE50 mg/mL)
14,83
15,53
56,29
Tópicos em Debate/Debate Atividades Antimicrobiana e Antioxidante da Própolis do Estado do Ceará
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Figura 2 – Parâmetros analisados para as três própolis do Ceará.
Figura 3 – Correlação entre a atividade antioxidan-te e o teor de fl avonóides nas própolis do Ceará.
Tabela 2 - Concentração inibitória mínima (CIM) em mg/mL das própolis estudadas.
Própolis
Beberibe
Crato
Parambú
S. aureus CIM (mg/mL)
400
-
-
E.coli CIM (mg/mL)
600
-
-
C. albicans CIM (mg/mL)
550
-
-
Tabela 3 - Halos de inibição (mm) para as amostras de própolis.
Própolis
Beberibe
Crato
Parambú
S. aureus
-
9 mm
-
E.coli -
-
-
C. albicans-
-
-
(-) não houve inibição
B. Cereus9 mm
8 mm
-
S. epidermidis-
-
-
A própolis Beberibe apresentou uma CIM (con-centração inibitória mínima) de 400 μg/mL con-tra S. aureus e de 550 μg/mL para C. albicans. A bactéria E. coli não foi inibida por nenhuma própolis, como já constatado na literatura (FER-NANDES JR. et al., 1995). A própolis não tem ação antimicrobiana sobre bactérias Gram ne-gativas. As própolis de Crato e Parambú não inibiram os microrganismos em nenhuma das concentrações. Todos os resultados foram nega-tivos.
A própolis de Beberibe apresentou os melhores re-sultados para a atividade antioxidante e a antimi-crobiana, inibindo S. aureus e C. albicans. Portanto,
os apicultores do Estado do Ceará, podem agregar valor a essas própolis, investindo em aplicações de melhores técnicas de manejo, de tal forma a produ-zi-las em escala comercial, conquistando mercado nacional e internacional, gerando aumento no nú-mero de empregos e melhoria na qualidade de vida da população cearense.
Agradecimentos
As autoras agradecem ao SEBRAE-CE na pes-soa do Sr Vandi Matias Gadelha pelo envio das amostras e aos apicultures do projeto Apis-CE (SEBRAE).
Tópicos em Debate/Debate Atividades Antimicrobiana e Antioxidante da Própolis do Estado do Ceará
�� Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
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Produtos Naturais Inibidores da Transcriptase Reversa do Vírus HIV
Natural Products as HIV Reverse Transcriptase Inhibitors
Resumo
Atualmente, os fármacos disponíveis no combate ao vírus da AIDS podem ser classificados em seis categorias: (a) inibidores da trans-criptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRNs), (b) inibidores da transcriptase reversa não nucleosídeos (ITRNNs), (c) inibidores de protease (IPs), (d) inibidores de fusão (IFs), (e) inibidores de entrada (IEs) e (f) inibidores da integrase (IIs). Devido à rápida disseminação do vírus HIV resistente aos diversos fármacos disponíveis no merca-do, é necessário e urgente o desenvolvimento de novos fármacos na luta contra a AIDS. Neste contexto, o objetivo desse artigo é desta-car promissores produtos naturais capazes de atuar na enzima tras-criptase reversa, a qual é essencial para a replicação do vírus HIV.
Abstract
Currently available anti-HIV drugs can be classified into six categories: (a) nucleoside analogue reverse transcriptase inhibitors (NRTIs), (b) non-nucleoside reverse transcriptase inhibitors (NNRTIs), (c) protea-se inhibitors (PIs), (d) fusion inhibitors (IFs), (e) entry inhibitors (EIs) and (f) integrase inhibitors (IIs). Due to the rapid spread of HIV strains resistant to all the major anti-HIV drugs on the market, we urgently need to develop new drugs to fight against AIDS. In this context, due to the importance of nature in the development of new drugs, the aim of the present review is to highlight a series of new and promising anti-HIV agents derived from natural products virus acting on reverse transcriptase enzyme, which are essential for HIV replication.
Introdução
A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS, em inglês) é uma doença infecciosa que tem como agente etiológico o vírus da imu-nodeficiência humana (HIV, em inglês), pertencente à classe dos re-trovírus (vírus que contêm RNA, sendo esse material convertido em DNA no interior da célula do hospedeiro). A infecção com este vírus resulta em debilidade do sistema imunológico do organismo, pois ele ataca especialmente um grupo de células sanguíneas, os linfócitos T (ou células T). Como o número dessas células no organismo diminui, a pessoa se torna suscetível a uma série de infecções oportunistas, como a pneumonia e a tuberculose (UNAIDS, 2008).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), esti-ma-se que 33 milhões de pessoas estejam infectadas pelo vírus
Gonçalves, R. S. B.; Barreto, M. B.; Gomes, C. R. B.; *Souza, M. V. N.
Instituto de Tecnologia em Fármacos, Far-Manguinhos, Fundação Oswaldo
Cruz, Rua Sizenando Nabuco 100, Manguinhos, 21041-250, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
*Correspondência : E-mail: [email protected]
Estado da Arte / State of the Art
Estado da Arte/State of the Art Produtos Naturais Inibidores da Transcriptase Reversa do Vírus HIV
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HIV em todo o mundo (WHO, 2008). No Brasil, desde a identificação do primeiro caso de AIDS em 1980, até junho de 2007, já foram identifica-dos aproximadamente 474 mil casos da doença (DST/AIDS, 2008). Atualmente, esta síndrome alcançou proporções epidêmicas, especialmente na África Subsaariana, onde o número de infec-tados chega a 22 milhões, e no Sul e Sudeste da Ásia, com cerca de 4 milhões de casos (WHO, 2008).
O quadro mundial da AIDS torna-se ainda mais complexo quando levamos em consideração as al-tas taxas de mutação do vírus HIV, produzindo em média um mutante a cada três gerações (CHEN et al., 2004), bem como as dificuldades que os pacientes encontram no tratamento atualmente utilizado. Na maioria das vezes, essa terapia é agressiva e apresenta uma série de efeitos cola-terais como hepatotoxicidade, efeitos gastrintes-tinais, alterações pancreáticas e cardíacas, dentre outras (GIR et al., 2005). Diante desses fatos, o desenvolvimento de novas terapias anti-retrovi-rais é uma necessidade premente.
O presente artigo tem como objetivo apresentar produtos naturais relatados na literatura, que possam auxiliar no desenvolvimento de novos fármacos contra a AIDS, por serem capazes de inibir a atividade da transcriptase reversa (TR); uma importante enzima do ciclo de replicação do HIV.
A Terapia Anti-Retroviral
O tratamento da AIDS baseia-se na terapia anti-re-troviral combinada (TARV), aprovada desde 1996. Essa terapia consiste na utilização de diferentes classes terapêuticas para o tratamento da doença e tem como principais objetivos (i) a redução da morbidade relacionada ao HIV, (ii) o aumento do tempo de sobrevida dos pacientes, (iii) melhorias na qualidade de vida dos mesmos, (iv) a restaura-ção e preservação das funções imunológicas e (v) a prevenção da transmissão vertical do HIV.
Em geral, o início da terapia é recomendado para pacientes sintomáticos ou assintomáticos que apre-sentem uma contagem de células CD4 abaixo de 200 células/mm3. O esquema preferencialmente aplicado para terapia inicial em adultos e adolescen-tes utiliza dois nucleosídeos inibidores da TR e um não-nucleosídeo inibidor da TR; embora as recomen-dações possam variar em função do perfil e do histó-rico do paciente, como por exemplo, para crianças e mulheres grávidas (WHO, 2008; DST/AIDS, 2008). Atualmente, existem 24 medicamentos aprovados pela Food and Drug Administration (FDA, 2008) que podem ser utilizados no combate ao HIV. Es-ses são divididos em 6 subclasses e atuam inibindo etapas específicas do ciclo viral, suprimindo assim a replicação do vírus e impedindo a infecção de no-vas células (FDA, 2008). A Tabela 1 ilustra as subs-tâncias atualmente utilizadas na TARV e os seus respectivos alvos farmacológicos.
Tabela 1 – Fármacos atualmente utilizados no combate ao HIV
Classe terapêutica Nome Data de Aprovação pelo FDA
03/1987
10/1991
06/1992
06/1994
11/1995
12/1998
10/2001
06/2003
06/1996
04/1997
09/1998
Inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRNs)
Zidovudina, AZT
Didanosina, ddI
Zalcitabina, ddC
Stavudina, d4T
Lamivudina, 3TC
Abacavir, ABC
Tenofovir, TDF
Emtricitabina, FTC
Nevirapina
Delavirdina
Efavirenz
Nome Comercial
Retrovir
Videx
Hivid
Zerit
Epivir
Ziagen
Viread
Emtriva
Viramune
Rescriptor
Sustiva
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Classe terapêutica
Inibidores da protease (IP)
Inibidores de fusão (IF)
Inibidores de entrada (IE)
Inibidores da integrase (II)
Nome
Mesilato de saquinavir
Indinavir
Ritonavir
Nelfinavir
Saquinavir
Amprenavir
Fosamprenavir cálcico
Atazanavir
Tipranavir
Darunavir
Enfuvirtida, T-20
Maraviroc
Raltegravir
Nome Comercial
Invirase
Crixivian
Norvir
Viracept
Fortovase (no longer marketed)
Agenerase
Lexiva
Reyataz
Aptivus
Prezista
Fuzeon
Selzentry
Isentress
Data de Aprovação pelo FDA
12/1995
03/1996
03/1996
03/1997
11/1997
04/1999
10/2003
06/2003
06/2005
06/2006
03/2003
08/2007
10/2007
Produtos Naturais no Desenvolvimento de Fármacos
Durante milhares de anos, as plantas vêm sendo utilizadas pelo homem com fins medicinais, alivian-do sintomas e auxiliando no tratamento de doenças. Relatos históricos mostram que nos primórdios de nossa civilização, no antigo Egito, doenças de pele já eram tratadas com a ingestão de macerados de plantas seguida por exposição ao sol (GALINIS et al., 1996). Hoje, sabe-se que a substância ativa trata-se de um psoraleno (Figura 1), uma furanocumarina que ainda é utilizada no combate a doenças de pele como a psoríase e o vitiligo. A psoríase é uma doença bastante freqüente, ocorrendo na mesma proporção em homens e mulheres e caracterizada pelo apa-recimento de lesões avermelhadas e descamativas na pele (CESTATI et al., 2001). Já o vitiligo é uma doença não contagiosa que atinge de 0,5% a 2,0% da população mundial e caracteriza-se pela perda da pigmentação da pele (STEINER et al., 2004).
Figura 1 – Esqueleto básico dos psoralenos para o combate às doenças de pele
Até o início do século XX, 80% dos medicamentos utilizados eram obtidos a partir de raízes, folhas e sementes (McCHESNEYet al., 2007), e ainda hoje esses produtos representam uma das prin-cipais ferramentas no desenvolvimento de novas moléculas bioativas. Isso é devido à imensa diver-sidade estrutural e a enorme variedade de grupos funcionais e centros estereogênicos presentes nestas moléculas, bem como pela capacidade de interagir com diferentes alvos terapêuticos (VIE-GAS et al., 2006; PINTO et al., 2002). O plane-jamento de novos fármacos a partir de produtos naturais pode ser feito de diferentes maneiras. Essas substâncias podem ser utilizadas direta-mente, como são encontrados na natureza, como é o caso da daunorubicina (Figura 2), uma naf-toquinona que apresenta atividade antineoplási-ca, extraída do fungo Streptomyces peucenticus (FERREIRA et al., 2003). Também podem servir como protótipos, como os exemplos dos nucleo-sídeos espongouridina, espongotimidina, de ori-gem marinha (Figura 3), isolados a partir da es-ponja Cryptotethya crypta (=Tectitethia crypta) (BERGMANN; BURKE, 1955), que resultaram em fármacos de grande importância clínica, para o tratamento de infecções virais, tais como Ara-A (vidarabina), Ara-C (citarabina), ACV (aciclo-vir) e AZT (zidovudina) (Figura 4) (DE CLERCQ,
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Figura 2 – Daunorubicina, naftoquinona utilizada no combate ao câncer
Figura 3 – Substâncias de origem marinha que contribuíram como protótipos para o desenvolvimento do AZT
Figura 4 – Fármacos de grande importância clínica
Figura 5 – Estrutura da Penicilina G
2001a). Outra abordagem é a identificação de grupos farmacofóricos nas moléculas de origem natural, como é caso da penicilina G (Figura 5), extraída do fungo Penicillum nonatum, que teve sua ação antibacteriana descoberta em 1930 por Sir. Alexander Fleming. O anel β-lactâmico presente nessa substância é o responsável pela atividade dos antibióticos sintéticos contendo o mesmo anel. Os produtos naturais podem ainda dar origem a derivados semi-sintéticos, como por exemplo, o irinotecan e o topotecan, derivados da camptotecina (Figura 6), um alcalóide quino-línico extraído da Camptotheca acuminata por Wall e colaboradores em meados da década de 60, e que teve seus primeiros registros de ati-vidade antineoplásica no início da década de 70 (WALL et al., 1966).
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Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009 �1Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Figura 6 – Irinotecan e topotecan, derivados semi-sintéticos da camptotecina
No trabalho publicado por Newman, Cragg e Snader (2003), é possível verificar a relevância do estudo de produtos naturais para a descoberta de novos fárma-cos. Dentre as substâncias lançadas no mercado no período entre 1981 e 2002, mais da metade eram de origem natural ou derivaram dessas fontes de algu-ma forma. Desses, 5% eram produtos naturais sem sofrer nenhuma modificação, 23% eram derivados semi-sintéticos, 4% sintéticos, mas com grupos far-macofóricos baseados em produtos naturais, e 20% eram produtos naturais “mimetizados” (BUTLER, 2004) . No ranking dos 35 fármacos comercializados sob prescrição médica em 2000, 40% eram produtos
naturais; já em 2001 houve uma queda para 24%, e em 2002 este patamar se manteve em 26%. Apesar da queda nesses dois últimos anos, o primeiro e o terceiro lugares foram ocupados por derivados de produtos naturais em 2001, sendo esses a atorvas-tatina e a sinvastatina (Figura 7) (BUTLER, 2004), utilizadas no combate ao colesterol (AINSWORTH, 2007). Já em 2002, a atorvastatina manteve-se na primeira posição e a sinvastatina ocupou o segundo lugar. Em 2007, a atorvastatina continuou a liderar o ranking, gerando um lucro de 13,5 bilhões de dóla-res para a empresa que detém sua patente (FORTI; DIAMENT, 2004).
Figura 7 – Atorvastatina e sinvastatina, fármacos utilizados no combate ao colesterol, desenhados a partir de protótipos naturais
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O desenvolvimento de novas tecnologias vem con-tribuindo ainda mais para o destaque da química de produtos naturais no âmbito farmacêutico. Es-tas permitem contornar determinadas dificuldades como a de obter produtos puros, altos rendimen-tos, e suficiência para atender à demanda do mer-cado. Alguns exemplos de avanços nesta área são listados abaixo:
• O desenvolvimento de técnicas analíticas como a cromatografia líquida de alta eficiên-cia (CLAE), que permite a separação de subs-tâncias orgânicas com rapidez e eficiência;• Os avanços nas técnicas espectroscópi-cas, como a ressonância magnética nucle-ar (RMN) uni e bidimensional, que permite a elucidação estrutural em curto espaço de tempo;• O aperfeiçoamento das fontes utilizadas para a obtenção de novos produtos naturais, como por exemplo os microorganismos, os quais são fontes renováveis e podem ser cul-tivados mais facilmente, quando comparados a plantas e animais;• O avanço da síntese orgânica, que permi-te a síntese de substâncias complexas com altos rendimentos e em um número reduzido de etapas;• Desenvolvimento da biossíntese combina-torial, que permite a modificação estrutural de substâncias obtidas a partir de microorga-nismos e a introdução de novos grupos fun-cionais a essas substâncias, que normalmen-te não é possível a partir da síntese orgânica tradicional;• Inovações no seqüenciamento de molécu-las de DNA e em tecnologias de bioinfomá-tica, que auxiliam na identificação de genes responsáveis pela produção de substâncias bioativas. Dessa forma, é possível identificar espécies com o potencial de produzir subs-tâncias de interesse farmacológico e predi-zer a estrutura de determinadas substâncias (McCHESNEY et al., 2007; LAM, 1007).
Produtos Naturais Inibidores da Transcriptase Reversa
Como qualquer retrovírus, o HIV replica-se trans-formando seu material genético, uma fita simples de RNA, em uma fita dupla de DNA, que poste-riormente é incorporada ao genoma da célula hos-pedeira. Esse processo, denominado transcrição reversa, é catalisado pela enzima viral conhecida como transcriptase reversa (TR), um heterodímero,
formado por duas subunidades: a p66, onde estão localizados os sítios responsáveis pela atividade enzimática; e a p51, que não contribui diretamen-te para as funções catalíticas. Essas subunidades juntas são semelhantes a uma mão direita e seus diferentes subdomínios são conhecidos como de-dos, palma e polegar (SALA; VARTANIAN, 1998; GÖTTE; WAINBERG, 2000).
A transcrição reversa é o primeiro passo do ciclo de replicação do HIV após o conteúdo do capsídeo vi-ral ser liberado na célula hospedeira. Durante esse processo, a TR realiza diferentes funções. Inicial-mente, essa enzima atua como uma DNA-polime-rase dependente de RNA. A TR utiliza o RNA viral como molde para a síntese de uma fita de DNA, chamada de fita “menos” e o primer utilizado pela enzima para a síntese dessa fita é uma seqüên-cia de RNA transportador da célula hospedeira. Na segunda etapa, a TR desempenha a função de RNAse H, degradando a fita molde de RNA. Entre-tanto, determinados segmentos conhecidos como segmentos de polipurina (PPT da sigla em inglês) são mantidos. Esses segmentos apresentam uma seqüência não usual que os protege da degrada-ção, e servem como primer na etapa seguinte do processo, onde a TR funciona como uma DNA-polimerase DNA-dependente, então sintetizando uma segunda fita de DNA - a fita “mais”, que tem como molde a fita “menos” (Figura 8). Por fim, a dupla fita de DNA é incorporada ao genoma da cé-lula hospedeira a partir da ação de outras enzimas virais (DE CLERCQ, 2001b; ARNALD; SARAFIA-NOS, 2008).
A importância da TR no ciclo de replicação do HIV tornou essa enzima um dos principais alvos far-macológicos explorados no combate a esse vírus. Dentre os 24 anti-retrovirais disponíveis no mer-cado, 11 são inibidores da TR, dentre eles o AZT, um análogo de nucleosídeo descoberto na década de 60, que foi o primeiro fármaco aprovado para o combate à AIDS. O desenvolvimento desse com-posto foi uma importante contribuição da natureza que forneceu o protótipo utilizado para o seu de-senho (BERGMANN; BURKE, 1955; ARNOLD; SARAFIANOS, 2008). Atualmente inúmeras subs-tâncias isoladas de plantas, fungos e organismos marinhos que apresentam atividade anti-retroviral são descritas na literatura. Muitas delas ainda são pouco exploradas, demonstrando que a química de produtos naturais tem muito a contribuir para o desenvolvimento de novas terapias contra essa doença. A seguir, são listadas diferentes classes de
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metabólitos secundários que apresentaram resul-tados expressivos frente ao HIV e foram capazes de inibir a atividade da TR em ensaios in vitro.
Flavonóides: Constituem uma classe de compos-tos naturais amplamente encontrados em todo o reino vegetal, principalmente em angiospermas. Esses compostos são bastante conhecidos por suas propriedades antioxidantes, e comumente en-contrados em inúmeros alimentos consumidos pelo homem; dentre eles frutas, chás e vinhos. A estru-tura básica dos flavonóides consiste em um núcleo flavano, constituído de quinze átomos de carbono arranjados em três anéis (C6-C3-C6), sendo dois fenólicos substituídos (A e C) e um pirano (cadeira heterocíclica B) acoplado ao anel A. (DI CARLO et al., 1999). De acordo com a posição do anel B, 2 ou 3, e o estado de oxidação da unidade C3 na molécu-la, podem-se ter diferentes subclasses, como flavo-na, isoflavona, flavanona, chalcona, diidrochalcona, flavanonol, flavan-4-ol, aurona (Figura 9).
Figura 8 – (a) Síntese da fi ta “menos” de DNA tendo como molde a fi ta de RNA viral. (b) A TR atua como RNAse H degradando a fi ta molde de RNA, porém, os segmentos de polipurina (PPT) são mantidos. (c) Síntese da fi ta “mais” de DNA. A enzima utiliza os PPTs como primer
O xantohumol (Figura 10) é uma prenilchalcona, iso-lada do Humulus lúpulos, constituinte presente na cerveja, que contém uma vasta fonte de flavonóides. Além de apresentar atividade antineoplásica em linha-gens de células de câncer de mama, colum e ovário; antioxidante e inibitória frente à proliferação dos vírus HSV-1 e HSV-2, causadores do herpes, o xantohumol demonstrou resultados bastante sugestivos em con-centrações não-tóxicas em relação ao HIV-1, com um EC50 igual a 3,21 μM e inibindo a produção de TR em linfócitos C8166 com um EC50 de 1,22 μM (WANG et al., 1994).
Isolados da Rhus Succedanea, os compostos amen-toflavona, agatisflavona, robustaflavona e hinokiflavo-na, apresentaram os repectivos IC50 de 119, 100, 65 e 62 μg/mL. Já o composto moreloflavona, isolado da Garcinia multiflora, apresentou o resultado mais ex-pressivo frente ao vírus, com um EC50 igual a 6,9 μM, entretanto sua atividade em relação à TR foi modera-da com um IC50 igual a 116 μg/Ml (LIN et al., 1997) (Figura 10).
A baicalina (Figura 10), extraída da Scutellariae ra-dix, é um inibidor competitivo da trascriptase reversa (TR), interferindo na ligação da enzima com o RNA viral. Esse composto inibiu a replicação do HIV-1 em células mononucleares periféricas do sangue com um IC50 igual a 2 μg/mL. Uma importante característica que difere a baicalina de outros flavonóides inibidores da TR é o fato de esse composto não inibir as DNAs polimerases humanas (KITAMURA, 1998). A Chama-esyce hyssopifolia é uma erva utilizada em países da América Central como diurético (LIM, 1997). A partir dessa planta, isolou-se a 3-O-β-D-glicopiranosídeo-quercetina (Figura 10), que inibiu a atividade da TR com um IC50 referente a 50 μM (PADUCH, 2007).
Terpenóides: Constituem uma classe variada de hi-drocarbonetos produzidos por uma diversidade de plantas e de alguns animais e encontrados abundan-temente em frutas, verdura e flores. São substâncias biossinteticamente derivadas do ácido mevalônico, e constituídas de unidades de isopreno com a fórmula molecular (C5H8)n, em que “n” é o número de unida-des de isopreno ligadas. De acordo com o número de carbonos presentes na molécula, os terpenóides são classificados em: monoterpenóides, que consistem em dez átomos de carbonos (duas unidades de iso-preno), podendo ser lineares, como o mirceno, o ge-raniol ou podem conter anéis como o timol, o mentol, que atuam na atração de polinizadores; sesquiterpe-nóides, que consistem em quinze átomos de carbonos (três unidades de isopreno), podendo ser acíclicos,
Figura 9 – Anel cromano
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Figura 10 – Flavonóides capazes de inibir a TR.
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como o farnesol ou conter anéis, que apresentam atividade antimicrobiana. Os diterpenos consistem em vinte átomos de carbonos (quatro unidades de isopreno) como o cembreno e o retinal, que dão ori-gem aos hormônios de crescimento vegetal, e os tri-terpenos consistem em trinta átomos de carbonos (seis unidades de isopreno), como os esteróides, e apresentando inúmeras funções biológicas. O áci-do nigranóico (Figura 11) é um triterpeno isolado da Schisandra sphaerandra, uma planta distribuída pelo sul da China utilizada pela medicina tradicio-nal chinesa no tratamento de distúrbios estomacais, seu IC50 foi igual a 99,4 μg/ml frente ao HIV-1 e 76,7 μg/mL frente ao HIV-2 (SUN et al., 1996). O gênero Excoecaria é conhecido pela produção de metabólicos tóxicos. Dados históricos reportam a utilização de suas folhas e látex como veneno de flechas utilizadas para a pesca por povos da Ma-lásia, da Caledônia, uma possessão francesa na Oceania, e de Goa, um estado da Índia na Costa do Mar da Arábia. No Paquistão, plantas desse gênero eram utilizadas como purgativo, abortivo e no tra-tamento de úlceras, reumatismo e lepra. O 13-(3E, 5E-decadianoato)-12-deoxiforbol (Figura 11), extra-
ído da planta E. agallocha, mostrou-se um potente inibidor da TR com IC50 igual a 6 μM (ERICKSON et al., 1995). Obtidos a partir do extrato da raiz da Maprounea africana, os triterpenos pentacíclicos: ácido 1-β-hidroximaprounico 3-p-hidroxibenzoato e o ácido 2α-hidroximaprounico 2,3-bis-p-hidroxiben-zoato exibiram IC50 igual a 3,7μM (PENGSUPARP, 1994), já os triterpenos ácido betulínico, lup-20(29)-ene-3β,30-diol e o ácido-3β -hidroxi-up-20(29)-en-30-óico (Figura 11), isolados das folhas e galhos de Cratoxylum arborescens, apresentaram valores de IC50 8,7 e 8,9 μg/mL (REUTRAKUL et al., 2006). Diferentes sesquiterpenos inibidores da TR foram isolados a partir do Eucalyptus globulus. Essas substâncias são denominadas como macrocarpais, e caracterizam-se pela presença de unidades floroglu-cinol em sua estrutura. O macrocarpal B apresentou o resultado mais expressivo, com um IC50 de 5,3 μM. Os macrocarpais A, C, D e E (Figura 11) apresenta-ram os respectivos IC50 de 10, 8, 12 e 8 μM (NISHI-ZAWA et al., 1992). Os garciosaterpenos A e C (Fi-gura 11), triterpenos isolados da Garcinia speciosa, apresentaram os significantes IC50 de 15,5 e 12,2 mg/mL (RUKACHAISIRIKUL et. al, 2003).
Figura 11 – Terpenos inibidores da Transcriptase Reversa
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Xantonas: As xantonas (dibenzo-γ-pironas) (Fi-gura 12) são heterociclos oxigenados, encon-tradas na natureza em fungos, liquens e plantas superiores, sendo amplamente distribuídos na flora brasileira. Na literatura, é possível obser-var inúmeros efeitos biológicos associados a xantonas, entre os quais destacam-se os efeitos hipertensivos, vasodilatadores, antioxidantes e antiinflamatórios.
Fenólicos: Os compostos fenólicos possuem em comum um anel aromático rodeado por um ou mais grupos hidroxila. A maioria é solúvel em água e ocorrem na forma de glicosídeos. Eles são origina-dos a partir da via do ácido chiquímico e acumulam-se nos vacúolos das células vegetais. Isolados do Mallotus japonicus, os compostos malotojaponin e malotocromeno (Figura 14) são inibidores não competitivos da TR. No estudo realizado com es-ses compostos, o primeiro inibiu 67% da atividade dessa enzima com uma concentração de 10 μg/mL
Figura 12 – Estrutura básica das xantonas
Swertifrancheside (Figura 13), uma flavona-xan-tona isolada da Swertia franchetiana, apresentou inibição da TR com EC50 referente a 30,9 μg/mL. Seu modo de ação se caracteriza pela ligação a sítios do DNA, inibindo também outras enzimas como a DNA polimerase. As plantas do gênero Swertia são bastante usadas na medicina tra-dicional chinesa para o tratamento de doenças hepáticas, cólera e inflamações (WANG et al., 1994).
Figura 13 – Xantona inibidora da Transcripace Reversa
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e o segundo inibiu 75% na mesma concentração (NAKANE et al., 1991). Os compostos corilagina e o 1,3,4,6-tetra-O-galoil-β-D-glicopiranose (Figura 14), isolados da Chamaesyce hyssopifolia, inibiram a ati-vidade da TR com os respectivos IC50 de 20 e 86 μM, respectivamente. Ao serem testados frente a DNA polimerase I, ambos mostraram-se inativos, mesmo em altas concentrações (LIM et. al., 1997).
Alcalóides: A principal característica dos alcalóides é a presença de um nitrogênio como heteroátomo. Esses compostos correspondem aos principais agen-tes terapêuticos naturais, com ações anestésica, analgésica, psicoestimulante e neurodepressoras, destacando-se como componentes ativos de inúme-ras drogas, como a cafeína, a nicotina, a cocaína e a morfina (Figura 15).
Figura 14 – Fenólicos inibidores da Transcriptase Reversa
Figura 15 – Exemplos de alcalóides
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A michelamina B extraída da Ancistrocladus abbre-viatus, uma planta nativa do parque nacional de Ko-rup, no Camarões, demonstrou atividade inibitória da TR com IC50 igual a 1 μM (MANFREDI et al., 1991); já a nitidina (Figura 16), extraída da Toddalia asiática, apresentou IC50 igual a 10 μM (TAN et. al., 1991).
Figura 16 – Alcalóides inibidores da Transcriptase Reversa
Figura 17 – Esqueleto dibenzilbutano, estrutura básica das lignanas
Lignanas: As lignanas descrevem um grupo de dímeros de fenilpropanóides, em que as unidades de fenilpropano estão ligadas por um átomo de carbono central (C8) do propil de suas cadeias laterais (UMEZAWA, 2003). São derivadas da fenilalanina, por meio de uma reação catalisada por enzimas oxidativas, onde ocorre a dimeriza-ção de álcoois cinâmicos substituídos, conheci-dos como monolignóis, levando à formação do esqueleto dibenzilbutano (Figura 17). Na dieta humana, as lignanas podem ser encontradas em sementes de abóbora, centeio, grãos de soja, brócolis, feijão e em diversas frutas.
As anolignanas A e B (Figura 18), isoladas da Ano-geissus acuminata, demonstraram atividade inibitória da TR com os respectivos IC50 de 64,4 μg/mL e 1072 μg/mL. Quando testados juntos, esses compostos demonstraram agir em sinergismo. A anolignana A apresentou atividade frente a TR do HIV-2, com um IC50 de 156,9 μg/mL e frente a TR de formas resis-tentes do HIV 1, com IC50 de 106 μg/mL (RIMANDO et al., 1994). Isolada das raízes e rizomas de Ligularia kanaitzensis (Asteraceae), a lignana do tipo pinore-sinol, 9α-angeloiloxipinoresinol (Figura 18), apresen-tou atividade inibitória da RT (LI et al., 2005).
Figura 18 – Lignanas inibidoras da Transcriptase Reversa
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Cumarinas: São substâncias caracterizadas pela presença de anéis 1,2-benzopironas. Esses com-postos podem ser obtidos a partir de diferentes fontes naturais como bactérias e fungos, porém a ocorrência é mais freqüente nas espécies vege-tais, destacando-se as famílias das Apiaceae, Ru-taceae, Fabaceae e Hyppocastanaceae. São pro-duzidas na forma de metabólitos secundários que desempenham importantes funções fisiológicas na planta, como a regulação de seu crescimento, a absorção de radiação ultravioleta protegendo as plantas jovens, ação antioxidante e a proteção desses vegetais contra distúrbios causados por ví-rus. As cumarinas podem dividir-se em cumarinas simples, que incluem a cumarina e seus derivados hidroxilados e metoxilados; as furanocumarinas, que possuem um anel diidrofurano ligado ao anel benzênico; e as piranocumarinas (HOULT; PAYÁ, 1996; XU et al., 2004) (Figura 19).
A calanolida A e seu isômero calanolida B (Figura 20) foram isolados pela primeira vez em 1992, a partir da Callophyllum lanigerum. Ao serem tes-tadas contra o HIV-1, apresentaram excelentes resultados; a primeira com EC50 igual a 0,1 μM e a segunda 0,4 μM. Em outros estudos realizados, as duas substâncias inibiram vários tipos de HIV-1 adaptados em laboratório. Atualmente, a Sarawak MediChem Pharmaceuticals, na Malásia, possui a licença da classe de compostos da calanolida. Estudos em fase I/II com a calanolida A em tera-pia combinada foram completados com sucesso, verificando-se que o aumento da quantidade de calanolida no sangue de voluntários humanos não levou a efeitos adversos sérios. Estudos em fase II já foram iniciados, com o objetivo de avaliar a ati-vidade da calanolida A em combinação com outros agentes anti-HIV (AIDSINFO, 2008; BUCKHEIT et. al., 1999; McKEE et. al., 1998; KASHMAN et. al, 1992; SOUZA et. al, 2008).
Derivados de Quinolonas: As quinolonas cons-tituem uma importante classe de antibióticos uti-lizados no combate às infecções causadas por bactérias Gram-positivas. O mecanismo de ação baseia-se na inibição da síntese do DNA bacte-riano, promovendo a quebra do DNA no complexo DNA-enzima com a DNA girase e a topoisomera-se, levando à morte da bactéria. A primeira qui-nolona, o ácido nalidíxico (Figura 21) , foi introdu-zido no mercado em 1962, e atualmente existem 4 gerações de quinolonas, destacando-se as fluo-roquinolonas utilizadas no combate às diferentes bactérias resistentes (WANG et al., 2007).
Figura 19 – Diferentes classes de cumarinas
Figura 20 – Cumarinas inibidoras da Transcriptase Reversa
A calanolida A e seu isômero calanolida B (Figura
Figura 21 – Ácido nalidíxico, primeira quinolo-na introduzida no mercado farmacêutico
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A buchapina e a 3-(3-metil-2-butenil)-4-[(3-metil-2-butenil)-oxi]-2(1H)-quinolinona, extraídas da Euodia roxburghiana, são derivadas de quinolona que apre-sentaram atividade anti-HIV (Figura 22) . A primeira apresentou um EC50 igual a 0,94 μM e a segunda 1,64 μM. Quanto à inibição da TR os respectivos IC50 foram 12 μM e 8 μM (McCORMICK et. al., 1996).
Proteínas e Peptídeos: Purificados a partir de extra-tos da Vigna sesquipedalis, o sesquin, um peptídeo com massa molecular de aproximadamente 7 KDa, e uma lectina com massa molecular de aproximada-mente 60 KDa apresentaram capacidade de inibir a TR. O primeiro apresentou um IC50 igual a 100 μM. Já o IC50 do segundo foi de 73 μM (WONG; NG, 2005; H-REVES et. al.; 2004). Isolado do cogumelo Rus-sula paludosa, o SU2, um peptídeo com uma massa molecular de aproximadamente 4,5 KDa, apresentou um expressivo IC50 de 11 μM (WONG; NG, 2003). Uma lectina com massa molecular igual a 62 KDa, isolada do feijão-pinto (Phaseolus vulgaris), inibiu a TR do HIV-1 com um IC50 igual a 3 μM (WANG; WANG; NG, 2007). A partir do cogumelo Pleurotus citrinopileatus, foi isolada uma lectina homodiméri-ca com massa molecular 32,4 KDa. Seu IC50 frente a TR foi de 0,93 μM (WONG; WONG; NG, 2006). A Rosa rugosa é uma espécie nativa da Ásia, cujas flores são utilizadas na medicina tradicional chinesa para o tratamento de diferentes perturbações, como
Figura 22 – Quinolonas inibidoras da Transcriptase Reversa
diarréias e gastrites. A partir do seu extrato aquoso, isolou-se um peptídeo complexado a um polissacarí-deo, que apresentou uma potente atividade frente a TR, inibindo a atividade dessa enzima com um IC50 referente a 23,7 μg/mL (LI et. al, 2008). A MAP30 é uma proteína isolada da Momordica charantia, po-pularmente conhecida como melão amargo (FU et.al, 2006). Além de inibir a atividade da TR com um EC50 de 0,3 nM, essa proteína apresentou a habilidade de converter o DNA viral em formas topologicamente inativas, interrompendo a função do DNA. Outra pro-priedade importante da MAP30 é a capacidade de inibir a atividade da HIV-1 integrase (BASCH et al., 2003). Outra proteína, também isolada da M. cha-rantia, é a MRK29, que inibiu 50% da atividade da TR em uma concentração de 18 mg/mL (HUANG et. al., 1995). Um peptídeo antifúngico isolado de plantas do gênero Fagopyrum, com a massa molecular de aproximadamente 4 kDa, inibiu a TR com um IC50 de 5,5 μM. Esse peptídeo também inibiu o crescimento micelial em Fusarium oxysporum e Mycosphaerella arachidicola (JIRATCHARIYAKUL et. al., 2001).
Extratos: Mais recentemente, a literatura vem re-portando a capacidade de alguns extratos de plantas de inibir a atividade da TR. Entretanto, as substân-cias ativas não tiveram suas estruturas determina-das. Em um estudo realizado com diferentes plantas da região de Venda na África do Sul, os extratos em n-butanol de 6 diferentes plantas foram capazes de inibir a TR do HIV-1. Dentre elas destacaram-se a Mucana coriacea com um IC50 igual a 12,6 μg/mL e a Bridelia micrantha, que apresentou o resulta-do mais expressivo, com um IC50 igual a 7,3 μg/mL (LEUNG; NG, 2007). O extrato em hexano da Ca-lophyllum brasiliense apresentou um IC50 referen-te a 29,6 μg/mL, e o extrato em CH2Cl2-metanol, da Clusia quadrangula inibiu a atividade da TR com IC50 igual a 42 μg/mL (H-REVES et. al., 2004).
Inibidores da TR obtidos a partir de organismos marinhos
Cerca de 2/3 da crosta terrestre é recoberta pelo mar, abrigando uma variedade de plantas e animais que produzem inúmeras substâncias utilizadas em sua comunicação, defesa, predação, inibição do desenvolvimento de competidores, reprodução, ou simplesmente como produto de seu metabolismo. Desde seu início na década de 60, época em que houve um maior investimento por parte das indús-trias farmacêuticas nesse setor; cerca de 10.000 substâncias já foram isoladas, muitas delas com atividade farmacológica (PINTO et. al., 2002), indi-cando o potencial dos produtos naturais marinhos no desenvolvimento de novos fármacos.
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Os florotaninos, oligômeros formados de unida-des floroglocinol (Figura 23), ligadas através de ligações carbono-carbono ou carbono-oxigênio, apresentam inúmeras atividades biológicas: como antibacteriana, antialgal, antilarval e antifitológica (CARVALHO; ROQUE, 2000). O 8,8’- bieckol e o 8,4’’’-dieckol (Figura 24), derivados de florotaninos, extraídos da alga Ecklonia cava, mostraram-se for-te inibidores da TR, o primeiro com IC50 igual a 0,51 μM e o segundo 5,31 μM (AHN et. al.; 2002).
Figura 24 – Produtos naturais marinhos inibidores da Transcriptase Reversa
O poliacetilenotriol, isolado da esponja Petrosia sp., é um potente inibidor da TR do HIV e de DNAs polimerases, apresentando um IC50 igual a 0,95 μM (LOYA et. al, 2002). Diversos derivados de avaróis e avaronas isolados da espoja ver-melha Dysidea cinereia apresentaram atividade inibitória da TR, destacando-se a avarona A com IC50 igual a 6,8 μg/mL e o avarol F, com IC50 igual a 7,0 μg/mL (LOYA; HIZI, 1990). A illimaquino-na, isolada da esponja Smenospongia sp., inibiu a atividade da RNase H, associada a TR em con-centrações de 5-10 mg/mL (LOYA; KASHMAN; HIZI, 1990). O clathesterol, é um esterol sulfa-tado obtido a partir da esponja Clathria sp. Essa substância inibiu a atividade da TR em concen-trações próximas a 10 μM (RUDI et. al.; 2001) (Figura 24) .
Figura 23 – Estrutura do fl oroglucinol
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Conclusão
Desde que foi reconhecida pelo CDC (Centers for Disease Control and Prevetion – Centro de Pre-venção e Controle de Doenças), de Atlanta, EUA, em 1981, a AIDS se espalhou rapidamente, sen-do considerada uma epidemia mundial já no final da década de 1980. Infelizmente, em nossos dias, essa doença infecciosa continua ceifando a vida de milhares de pessoas no mundo, sendo conside-rada como uma das doenças que mais matam no mundo. Neste contexto, a busca por novos fárma-cos, estratégias e tratamentos que apresentem maior potência, menores efeitos colaterais, amplo espectro de ação contra diferentes variações do vírus e custo reduzido, faz-se necessário. Tendo em vista a importância dos produtos naturais no desenvolvimento de novas terapias e a quantida-de de produtos naturais com atividade anti-retro-viral que vêm sendo isolados e estudados, essas substâncias podem ser consideradas como pro-missores candidatos na descoberta de novos tra-tamentos para a AIDS.
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10� Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Inibidores de Proteases Oriundas de Plantas: Uma Abordagem Útil para o Desenvolvimento de Novos Fármacos
Proteases Inhibitors Originated from Plants: Useful Approach for Development of New Drug
Resumo
As proteases e seus inibidores estão amplamente distribuídos em todos os organismos vivos. São enzimas que desempenham fun-ções crucias para a manutenção da vida e sua atividade é mantida sob estrito controle por mecanismos que incluem os inibidores e, se esta atividade não for controlada, pode acarretar doenças e até mesmo a morte do organismo. Os inibidores de ocorrência natural são peptídeos de tamanho variável e são classificados de acordo com o tipo de proteases que inibem. Os inibidores de serino-protea-ses são os mais importantes da natureza e também os mais expres-sos em plantas, e será o foco desta revisão. São classificados como inibidores canônicos, não-canônicos e Serpinas, de acordo com a estrutura e mecanismo de ação. As plantas expressam estes inibi-dores constitutivamente ou são induzidos por algum agente externo. Estes inibidores aumentam a resistência da planta a parasitos, in-setos, larvas, microorganismos, pragas e patógenos em geral. São expressos geralmente nas sementes e grãos e levam a morte ou repelem o organismo invasor. Diversas pesquisas estão sendo con-duzidas para purificar, caracterizar e avaliar o efeito de inibidores de serino-proteases em plantas no tratamento de diversas patologias humanas, inclusive alguns inibidores, como no caso dos inibidores de BBI de soja, já estão em estudos clínicos de fase II.
Abstract
Proteases and their inhibitors are found in all living organisms. The-se enzymes have crucial functions and their activities are regulated by many mechanisms, including inhibitors, but if their activities are not under control they can develop diseases and ultimately death. Natural inhibitors are variable sized peptides and are classified by the inhibited protease type. Serine protease inhibitors are among the major and most important inhibitors expressed in plants, and will be the focus of this revision. They are classified as: canonical inhi-bitors, non-canonical and Serpins, according to their structure and mechanism of action. Plants can express inhibitors constitutively or are induced by external stimuli and they confer resistance against parasites, insects, larval, microorganisms, plagues and pathogens. They are mainly expressed in seeds and grains, killing or repelling invader organisms. Many investigations are been conducted in or-
*Silva-Lopez, R. E.
Laboratório de Química de Produtos Naturais, Instituto de Tecnologia de
Fármacos, Far-Manguinhos, Fiocruz, Rua Sizenando Nabuco 100,21042-250, Manguinhos, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
*Correspondência: Email : [email protected]
Unitermos: Inibidores de Proteases de Plantas;
Peptídeos; Serino-Proteases
Key Words: Protease Inhibitors; Peptides,
Serine Protease
Estado da Arte / State of the Art
Estado da Arte/State of the Art Inibidores de Proteases Oriundas de Plantas: Uma Abordagem Útil para o Desenvolvimento de Novos Fármacos
Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009 10�Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
der to purify, characterize the plant serine prote-ase inhibitors and to evaluate their effects on the treatment of a large number of human pathologies. In addition, some inhibitors have already been tes-ted in phase II clinical studies, such as soybean BBI.
Introdução
As proteases, melhor denominadas de peptida-ses, catalisam reações de hidrólise de diferentes ligações peptídicas em proteínas e em peptídeos de todos os organismos vivos. Tais reações estão envolvidas em processos fisiológicos de extrema importância para a sobrevivência destes organis-mos, tais funções incluem: digestão e assimilação das moléculas alimentares, degradação de protéi-nas nos lisosomas e nos proteasomas, cascatas de coagulação, complemento e as de sinalização intracelular, fibrinólise, degradação de moléculas da matriz extracelular, dentre outros processos (NEURATH, 1989). Além da sua relevância fisio-lógica, as proteases podem ser potencialmente nocivas para o ambiente protéico de uma célula ou de um organismo, logo suas atividades requerem um controle preciso, visto que a hidrólise de uma ligação peptídica é um evento irreversível. Quando a atividade das proteases torna-se descontrolada ou esta controlada de maneira inapropriada, pro-cessos patológicos podem se instalar num orga-nismo e até mesmo levá-lo à morte. Enfermidades como enfisema pulmonar, epilepsia, síndrome de Netherton, doenças hepáticas, cânceres, doen-ças reumáticas, doenças degenerativas, doenças auto-imunes, dentre outras estão relacionadas a um descontrole da atividade das enzimas prote-olíticas (BERG, 2008; HEAL et al., 2008; KUES-TER et al., 2008). O nível básico de controle da atividade de uma protease é a regulação da sua expressão gênica, da sua secreção, da sua sínte-se sob forma de zimogênio – que é um precursor inativo com maior massa molecular do que a pro-tease ativa - ou ainda, o direcionamento da enzi-ma para sua degradação. Já o segundo nível de regulação, e o mais importante, é a inibição da atividade através da interação direta da protease com inibidores específicos (KROWARSCH et al., 2003). Estes inibidores, sintéticos ou naturais, têm sido utilizados, por administração oral, com grande êxito no tratamento de algumas enfermidades. A excessiva proteólise observada em um número de condições, como as citadas anteriormente, pode ser tratada por terapia gênica, introduzindo-se a
maquinaria gênica para a síntese do inibidor da re-ferida atividade proteolítica. No campo da agricul-tura, algumas plantas geneticamente modificadas, expressando inibidores de enzimas proteolíticas digestivas de insetos, pragas e pestes, têm sido introduzidas em culturas; e os resultados obtidos apontam para um aumento considerável na resis-tência destas plantas aos agentes agressores em questão (RAWLINGS et al., 2004).
Inibidores de Proteases
Os inibidores de proteases podem ser generica-mente classificados de acordo com sua estrutura em dois grandes grupos: inibidores de baixo peso molecular e inibidores peptídicos com uma ou mais cadeias polipeptídicas. Quase todos os inibidores de proteases de ocorrência natural são polipeptíde-os; apenas alguns microorganismos secretam pe-quenos compostos não-peptídicos que bloqueiam a atividade das proteases de seus hospedeiros (POWERS ET AL., 2002). Estes inibidores ainda podem ser classificados de acordo com o tipo de protease que inibem: inibidores de serino, cisteí-no, aspártico, treonino e metaloproteases. É bem verdade que alguns inibidores interferem com mais de um tipo catalíco de protease com diferentes afinidades de ligação, ou seja, possuem distintos valores de constantes de inibição (Ki) para os dife-rentes tipos de proteases (FEAR et al., 2007). Um exemplo deste comportamento é observado para o inibidor do tipo Kunitz encontrado em anêmonas do mar da espécie Stichodactyla helianthus, que é um potentíssimo inibidor da atividade de serino-prote-ases, com valores de Ki entre 10-9 a 10-7M, em-bora iniba outros tipos de peptidases com menor afinidade de ligação, ou seja, apresentam maiores valores de Ki do que aqueles observados para as serino-proteases (DELFÍN et al., 1996). Este inibi-dor demonstrou expressivo efeito inibitório na ati-vidade das serino-proteases de Leishmania ama-zonensis, e em promastigotas de cultura induziu importantes alterações morfológicas e a formação de vacúolos autofágicos, o que levou o parasita à morte, fazendo deste peptídeo uma molécula com grande potencial na terapêutica anti-Leishmania e atribuindo às suas serino-proteases importantes alvos terapêuticos (SILVA-LOPEZ et al., 2007).
As maneiras pelas quais os inibidores interagem com suas enzimas-alvo variam enormemente, mas existem dois mecanismos gerais e distintos de ini-bição enzimática representados pela inibição irre-versível e pela inibição reversível de forte ligação.
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110 Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
A inibição irreversível é específica para as endo-peptidases, pois é dependente da clivagem enzi-mática de uma ligação peptídica no interior da ca-deia do inibidor. Este então se liga covalentemente à enzima, disparando uma importante alteração na sua estrutura tridimensional, que leva ao desali-nhamento dos aminoácidos catalíticos do sítio ati-vo da peptidase levando assim a sua desnaturação (LASKOWSKI; KATO, 1980). Este tipo de cinética, ou seja, a clivagem de uma ligação peptídica do inibidor, é exclusiva para os inibidores peptídicos, que é o grupo mais importante, mas existem tam-bém aqueles inibidores de baixo peso molecular que não sofrem hidrólise e se ligam a diferentes sítios da enzima levando a desnaturação da mes-ma. As três famílias de inibidores que exibem este tipo de cinética de inibição são I4, I39 e I50 (Tabela 1). A maioria dos inibidores de ocorrência natural utiliza o mecanismo de inibição reversível de forte ligação, pois interagem com grande afinidade com o sítio ativo da protease de um modo semelhante ao da ligação enzima-substrato. Este inibidor pode ser clivado ou não durante o processo de inibição, e ser liberado do sítio ativo da enzima não modifi-cado ou íntegro. Este mecanismo padrão de inibi-ção tem sido demonstrado conclusivamente ape-nas para as serino-proteases. Foram reconhecidas 19 famílias de inibidores de acordo com este pa-drão de inibição (LASKOWSKI; QASIM, 2000). A figura 1 esquematiza a interação dos aminoácidos catalíticos (S) do sítio ativo da enzima com os ami-noácidos que sofrerão hidrólise no peptídeo (P). É importante ressaltar que a clivagem da ligação peptídica ocorre entre os aminoácidos P1 e P1´ (SCHECHTER; BERGER, 1967).
Figura 1 – Diagrama esquemático de um modelo de interação entre um inibidor (cinza escuro) e sua serino-protease alvo (cinza claro) de acordo com a nomenclatura de Schechter e Berger (SCHECHTER; BERGER, 1967).
A importância dos inibidores de protease
As pesquisas na área de inibidores de proteases têm gerado um grande e rápido fluxo de informações, mas o grande problema de lidar com tais informa-ções reside na enorme dificuldade de nomenclatura deste grupo tão diversificado de substâncias. Tais inibidores são geralmente descobertos pela sua atividade inibitória contra enzimas que estão dispo-níveis no mercado. Entre elas, as mais comuns são tripsina, quimiotripsina ou subtilisina, que são seri-no-proteases; e com isso os inibidores passam a de-nominar-se de acordo com o organismo ou o tecido de origem, como por exemplo: inibidor de subtilina de Streptomyces ou inibidor de tripsina pancreático. Tais denominações não oferecem informações rele-vantes sobre a relação entre os inibidores e ainda torna difícil o esclarecimento sobre os aspectos do seu mecanismo de ação. Portanto, as informações sobre a estrutura destes inibidores é essencial para entender melhor sua atividade, bem como para sua classificação.
Através de um estudo minucioso e inovador, com o objetivo de melhor organizar os inibidores de protea-ses e propor uma nomenclatura mais adequada, Ra-wlings e colaboradores utilizaram bancos de dados de estruturas primárias – seqüências de aminoáci-dos e a localização das pontes de enxofre de prote-ínas e peptídeos – apoiados em algoritmos compu-tacionais. Por intermédio deste estudo, os inibidores foram agrupados em 48 famílias, de acordo com a similaridade de sequência, estrutura tridimensional, bem como do mecanismo específico de inibição. Atu-almente, esta lista foi aumentada para 68 famílias
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segundo o banco de dados MEROPS (versão 7.6), contém informações de proteases, suas estruturas, características cinéticas e bioquímicas; assim como seus inibidores (RAWLINGS; MORTON, 2008). A Tabela 1 é uma compilação de todas as famílias de inibidores de proteases com seqüências peptídicas depositadas em bancos de dados, como SWISS-PROT, TrEMBL e PDB.
Uma família é um conjunto de inibidores com se-quências homólogas e esta é dada por uma signi-ficante similaridade da estrutura primária com um exemplar de uma família. Uma família pode conter um ou vários inibidores, e um simples produto gêni-co pode possuir diversos domínios inibitórios. Cada família é denominada pela letra “I” e pode ainda ser dividida em subfamílias quando existir ances-tral divergente na família. O representante mais
característico de cada família é o que dá o nome a ela; este inibidor é via de regra o melhor carac-terizado bioquímica, cinética e estruturalmente, e geralmente é o primeiro membro descoberto (RA-WLINGS; MORTON, 2008). Estas famílias são ain-da agrupadas em grandes clãs. O clã designa uma linha evolucionária de inibidores que é definida pelo tipo de enovelamento. Um clã contém uma ou mais famílias completas, desde que todos os membros destas famílias assumam o mesmo tipo de estrutu-ra tridimensional (RAWLINGS; BARRET, 1993). A maior família de inibidores são as Serpinas (I4) com mais de 500 inibidores com sequências determina-das, resolvidas e depositadas em banco de dados, Por outro lado existem famílias como I5, I24, I34, I36, I40, I44 e I46, que são representadas por ape-nas um único inibidor (RAWLINGS et al., 2004).
Tabela 1 - Famílias dos inibidores de peptidases
Família
I1
I2
I3A§
I3B
I4
I5
I6
I7
I8
I9
I10
I11
I12
I13
I14
I15
Nome
Kazal
Kunitz (animal)
Kunitz (vegetal)
Serpina
Ascidiana
Cereal
Squash
Ascaris
YIB
Marinostatina
Ecotina
Bowman-Birk
Pot 1
Hirudina
Antistatina
Inibidor representante típico
Unidade 3 ovomucóide (Meleagris gallopavo)
Aprotinina (Bos taurus)
Inibidor triptico da soja (Glycine max)
Inibidor de protease B (Sagitaria sagittilolia)
α 1-antitripsina (Homo sapiens)
Inibidor tríptico de ascidia (Halocynthia roretzi)
Inibidor de α amilase (Eleusine coracana)
MCTI-1 inibidor tríptico (Momordica charantia)
Inibidor anticoagulante nematoda (Ascaris suum)
Inibidor de protease B (Saccharomyces cerevisiae)
Marinostatina (Alteromonas sp)
Ecotina (Escherichia coli)
Inibidor tríptico de planta (Glycine max)
Eglina C (Hirudo medicinalis)
Hirudina (Hirudo medicinalis)
Antistatina unidade 1 (Haementeria officinalis)
Família de peptidase inibida*
S1
S1
S1, C1 e A1
S1
S1, S8, C1 e C14
S1,
S1
S1
S1 e M4
S8
S1
S1
S1 e C1
S1 e S8
S1
S1
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Família
I16
I17
I18
I19
I20
I21
I24
I25A
I25B
I25C
I27
I29
I31
I32
I33
I34
I35
I36
I37
Nome
SSI
Elafina
Mostarda
Pacifascina
Pot2
7B2
pinA
Cistatina 1
Cistaina 2
Cistatina 3
Calpastatina
Tiropina
IAP
Ascaris PI3
IA3
Timp
SMI
PCI
Inibidor representante típico
Inibidor subtilisina (Streptomyces albogriseolus)
Inibidor de proteinase do muco (Homo sapiens)
Inibidor tríptico da mustarda (Sinapis alba)
Inibidor de proteinase LCMI (Locusta migratoria)
Inibidor de proteinase II (Solanum tuberosum)
Secretogranina V (Homo sapiens)
Inibidor de endopeptidase La (bacteriofago T4)
Cistanina A (Homo sapiens)
Ovocistatina (Gallus gallus)
Inibidor de metaloproteases (Bothropus jararaca)
Calpastatina 1 (Homo sapiens)
Antígeno α2 T citotóxico (Mus musculus)
Equistatina (Actinia equina)
Proteína BIRC (Homo sapiens)
Inibidor PI3 de pepsina (Ascaris suum)
Inibidor sacaropepsina (Saccharomyces cerevisiae)
Timp-1 (Homo sapiens)
Inibidor de metaloprotease (Streptomyces nigrescens)
Inibidor de carboxipeptidase do tomate (Solanum tuberosum)
Inibidor de metaloprotease (Erwinia chrysanthemi)
α2-macroglobulina (Homo sapiens)
Inibidor de subtilisina bombyx (bombyx mori)
Chagasina (Trypanosoma cruzi)
Oprina (Didelphis marsupialis)
Inibidor de carboxipeptidaseA (Ascaris suum)
Família de peptidase inibida*
S1
S1
S1
S1
S1
S8
S16
C1
C1 e C13
M12 e S8
C2
C1
C14
A1
A1
M10 e M12
M4
M14
Aprina
α2M
Bombyx
Chagasina
Oprina
ICA
I38
I39
I40
I42
I43
I44
M10
Várias S, C, M e A
S8
C1
M12
M14
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Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009 11�Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Família
I46
I47
I48
I49
I50
I51
Nome
LCI
Latexina
Clitocipina
proSAAS
p35
IC
Inibidor representante típico
Inibidor de carboxipeptidase (Hirudo medicinalis)
Latexina (Homo sapiens)
Clitocipina (Lepista nebularis)
proSAAS (Homo sapiens)
Inibidor de caspase p53 (Spodoptera litura)
Inibidor de carboxipeptidase Y (Saccharomyces cerevisiae)
Peptídeo anticoagulante (Ornithodonus moubata)
Madanina 1 (Haemaphysalis longicornis)
Estafostatina B (Staphylococcus aureus)
Estafostatina A (Staphylococcus aureus)
Triabina (Triatoma pallidipennis)
Proteína básica de eosinófilo (Homo sapiens)
Trombostasina (Haematobia irritans)
Bromeína (Ananas comosus)
Inibidor de Carboxypeptidase (Rhipicephalus bursa)
Falstatina (Plasmodium falciparum)
Chimadanina (Haemaphysalis longicornis)
Inibidor tríptico de Veronica (Veronica hederifolia)
Variegina (Amblyomma variegatum)
Proteína CIII (“bacteriophage lambda”)
Inibidor de Trombin (Glossina morsitans)
Anofelina (Anopheles albimanus)
Inibitor de elastase (Aspergillus fumigatus)
Família de peptidase inibida*
M14
M14
C1
S8
C14
S10
TAP
Madanina
Triabina
Trombostasina
Bromeina
Falstatina
Chimadanina
Anofelina
I52
I53
I57
I58
I59
I63
I64
I67
I68
I71
I72
I73
I74
I75
I76
I77
I78
S1
S11
C1
C1
S1
S3
S1
C1
M10
C13
S1
S1
S8
A1
S1
S1
S1
*As famílias S referem-se às serino-proteases, C cisteíno-proteases, A aspártico-proteases e M metalo-proteases. As linhas sombreadas correspondem aos inibidores de proteases provenientes de plantas.
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114 Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Inibidores de proteases de plantas
Os inibidores de proteases de plantas são polipep-tídeos de baixo peso molecular, com a capacidade de inibir uma grande variedade de enzimas prote-olíticas, incluindo proteases digestivas de mamífe-ros, insetos, bactérias e fungos, e estão também envolvidos na regulação do metabolismo de pro-teínas endógenas das plantas (CLEMENTE; DO-MONEY, 2006). Os inibidores de proteases exibem importantes funções na regulação da proteólise em diversos organismos e em plantas de modo es-pecial, constituindo importantes estratégias de de-fesa contra predadores e patógenos, visto que as plantas não possuem um sistema imune (ZHANG et al., 2008). Tais inibidores podem ser sintetiza-dos constitutivamente ou a síntese ser induzida em resposta ao ataque de agentes externos. Estes inibidores peptídicos de proteases são encontra-dos em plantas de vários grupos sistemáticos, com particular ênfase nas espécies da família Fabaceae (uma das maiores famílias botânicas e mais conhe-cidas como Leguminosae). A maioria dos inibido-res é estável à variação de temperatura e de pH; e além de sua função biológica natural, podem ser utilizados no tratamento de determinadas patolo-gias (YOSHIZAKI et al., 2007).
Inibidores de serino-proteases
É importante chamar atenção sobre o fato das serino-proteases serem as mais abundantes e as mais bem estudadas enzimas proteolíticas da natureza; conseqüentemente seus inibidores também o são. Como se pode observar na Ta-bela 1, aproximadamente 57 % das famílias de inibidores atuam positivamente sobre as serino-proteases. Tais inibidores peptídicos apresentam estruturas distintas e podem inibir suas enzimas alvo tanto por inibição reversível, que é o meca-nismo mais comum observado; quanto por inibi-ção irreversível, e são ainda classificados como inibidores canônicos, não-canônicos e Serpinas (KROWARSCH et al., 2003). Os inibidores de plantas de outras classes de proteases não são menos importantes, mas aparentemente são menos numerosos e não estão tão bem carac-terizados quanto os inibidores de serino-protea-ses. De um modo geral, as plantas expressam de maneira significativa quantidades muito maiores de inibidores de serino-proteases do que os ou-tros inibidores, e por este motivo os inibidores de outras classes de proteases não serão discu-tidos nesta revisão.
Os inibidores canônicos representam o maior gru-po de inibidores de serino-proteases e estão dis-tribuídos essencialmente em todos os grupos de organismos, compreendendo polipeptídeos de 14 a 200 aminoácidos. Não formam um simples grupo de moléculas, mas são dividos em várias famílias, ou seja, várias famílias constituem inibidores do tipo canônico. Em plantas, eles se acumulam em grandes quantidades nas sementes. Estes inibido-res apresentam como característica cinética mar-cante uma ligação forte, mas não covalente com o sítio ativo da protease, não induzindo alteração na estrutura tridimensional da enzima. Esta ligação se assemelha ao complexo de Michaelis na interação enzima-substrato (OTLEWSKI, et al, 2005). O sítio reativo do inibidor tem a ligação peptídica P1-P1’ localizada numa curvatura externa (loop) do peptí-deo, denominado de RCL (Reactive Center Loop), e a reação de inibição se processa em pH alcalino, que é o pH ótimo das serino-proteases. Embora a estrutura tridimensional dos inibidores como um todo seja diferente, a região de ligação com a enzi-ma (ou seja, a região de inibição) é quase idêntica e, portanto, o mecanismo de ação é muitíssimo pa-recido. As famílias de inibidores de serino-protea-ses canônicos de plantas incluem: Kazal, Tomate 1 e 2, Cereal, Inibidor de tripsina da soja, Squash, Bowman-Birk, Batata 1 e 2, Semente de Colza (KROWARSCH et al., 2003). Existem inibidores de plantas que por conta da sua estrutura primária e tridimensional podem estar alocados em famílias juntamente com inibidores de outros organismos.
Inibidores da família Bowman-Birk (BBI) podem ser encontrados em muitas famílias botânicas, mas são particularmente abundantes nas sementes de leguminosas, quando comparados com os outros orgãos do legume e também com outras famílias de plantas (CLEMENTE; DOMONEY, 2006). São também abundantes na família Poaceae (gramíne-as como trigo, aveia, cevada, arroz, milho e cana-de-açúcar) (QI et al., 2005). Seus representantes mais importantes e mais bem estudados são en-contrados nas sementes de soja (Glycine max) e de ervilha (Pisum sativum) e inibem fortemente a atividade de diversas tripsinas e quimiotripsinas (LOSSO, 2008). A síntese destes é induzida por infecções ou por lesões, sugerindo um amplo pa-pel na defesa e na resistência nas plantas contra pestes e patógenos. Estes inibidores são estáveis à temperatura de cozimento e também aos valores de pH do sistema digestivo humano e de outros animais. Isto se deve à presença das sete pontes
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de enxofre na sua estrutura primária (Figura 2) e, por conta desta grande estabilidade, os BBI de-monstram possuir grande potencial de aplicação clínica (QI et al., 2005). São utilizados em plantas transgênicas para conferir defesa contra insetos e para o tratamento de enfermidades humanas. As larvas de Diatraea saccharalis alimentam-se das folhas de cana-de-açúcar e crescem sobre ela. Experimentalmente, quando se introduzem os genes do BBI e Kunitz da soja nesta gramínea, o crescimento da larva é drasticamente reduzido, e a produção de cana bastante aumentada (FALCO; SILVA-FILHO, 2003).
Figura 2 – Estrutura primária do inibidor Bowman-Birk da soja. A estrutura primária mostra as sete pontes de enxofre em preto. Os dois “loops” reativos com nove resíduos cada e os respec-tivos aminoácidos que se ligam ao sítio ativo das serino-proteases estão ressaltados em cinza claro e cinza escuro respectivamente. (QI ET AL., 2005)
Os BBI de leguminosas possuem uma importan-te atividade anticarcinogênica e radioprotetora. Adicionalmente, tem sido observado que as po-pulações com dietas ricas em leguminosas e em gramíneas apresentam baixa incidência de cânce-res de cólon, próstata, orofarígeo, mama e pele (KENNEDY, 1998). Este efeito possivelmente é resultante da inibição da proteólise provocada pelas células transformadas já que necessitam das proteases para os eventos de metástase, angiogênese, crescimento tumoral e proliferação (DELL’AICA, 2007). Estudos in vitro têm demons-trado que os BBI, em concentrações nanomolares, são capazes de suprimir a transformação de célu-las malignas induzidas por raios-X, de inibir a pro-dução do radical livre ânion superóxido por células humanas leucêmicas de linhagem de pro-mielóci-to, de potencializar a morte induzida por radiação e cisplatina em vários cânceres humanos como de
mama, cérvix, cabeça, pescoço, pulmão, de su-primir o crescimento de tumores enxertados em camundongos, de bloquear a tumorigênese indu-zida por estrogênios em células de mama, dentre outros efeitos em outras linhagens tumorias e em tumores sólidos (CLEMENTE; DOMONEY, 2006). Estudos in vivo mostraram que os BBI previnem e suprimem o desenvolvimento de cânceres como adenocarcinoma anal e de cólon, esôfago, pulmão, linfosarcoma e carcinoma oral, em diferentes mo-delos animais induzidos por distintos agentes car-cinogênicos (LOSSO, 2008). É importante ressal-tar que muitos BBI naturais ou modificados como
seqüências ativas do BBI, resultantes da hidrólise da sua estrutura primária, como os loops que se ligam diretamente à enzima, já se encontram em estudos clínicos de Fase I e II para o tratamento de vários tipos de neoplasias (CLEMENTE; DO-MONEY, 2006; LOSSO, 2008). Os BBIs também demonstraram grande potencial de aplicação em dengue, pois foi reportado um importante efeito inibitório na protease viral NS3, essencial na repli-cação do vírus do Dengue (SAMPATH; PADMA-NABLAN, 2008). Além disso, os BBIs e seus res-pectivos esqueletos canônicos (porção estrutural do inibidor responsável pela inibição; ver Figura 2) são inibidores potentíssimos da atividade das serino-proteases humanas Triptase, Matriptase e Elastase leucocitária – que são enzimas envolvi-das em várias desordens inflamatórias, alérgicas e degenerativas como asma, esclerose múltipla, artrite reumatóide, enfisema pulmonar, fibrose
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cística, bronquite e síndromes respiratórias (QI et al., 2005).
Outra importante família de inibidores canônicos de plantas, isolados inicialmente em espécies da família Cucurbitaceae e com promissor potencial terapêutico é a família de inibidores Squash. São polipeptídeos pequenos, com 27 a 34 aminoácidos e seis resíduos de cisteínas envolvidas em três pontes de enxofre, formando três alças peptídicas de tamanhos variados, resultando assim numa es-trutura tridimensional com aspecto de laços (Figu-ra 3). É importante destacar que existem peque-nas proteínas denominadas knotinas ou ciclotinas que compartilham semelhanças estruturais com os inibidores squash devido à topologia das suas pontes de enxofre e sua estrutura tridimensional em laços, e é bem provável que em plantas, es-tes inibidores sejam provenientes do metabolismo destas knotinas (CHICHE et al., 2004). Os inibi-dores Squash apresentam constantes de associa-ção com várias serino-proteases na ordem de 10-12
M e, portanto, são considerados os mais potentes inibidores de proteases da natureza. Na planta, estes inibidores participam de mecanismos envol-vidos na defesa conferindo resistência a pragas e pestes (OTLEWSKI; KROWARSCH, 1996). A estrutura “macrociclitizada”, por conta das pontes de enxofre, confere a estes inibidores uma grande resistência à ação das exopeptidases e também a altas temperaturas, possibilitando assim, sua administração oral e a permanência de suas ati-vidades inibidoras de proteases (GÖRANSSON et al., 2004). São potentes inibidores de serino-proteases de interesse médico como a Elastase de neutrófilo envolvida na patogênese de diversas enfermidades como enfisema, fibrose cística e ar-trite reumatóide, a Trombina também denominada de Fator II da cascata de coagulação, e a enzi-ma Matriptase, envolvida na destruição tecidual observada em vários tipos de neoplasias (CRAIK et al., 2004). Os representantes mais estudados desta família são MCoTI-I e II, ambos isolados das sementes de Monocardia cochinchinensis, uma Cucurbitaceae comum do Vietnã. Diversos estu-dos estão sendo conduzidos no sentido de mo-dificar a estrutura primária destes inibidores por mutagênese induzida e, por modelagem molecular induzir a obtenção de inibidores mais potentes e mais específicos, reforçando assim a idéia de que estes peptídeos são moléculas promissoras no de-senvolvimento racional de fármacos para o trata-mento de inúmeras patologias humanas (CHICHE ET AL., 2004).
Figura 3 – Modelo da estrutura tridimensional do inibidor de tripsina II de Ecballium elaterium (Curcubitaceae vulgarmente denominado de pepino-selvagem), da família Squash. As setas representam as β-hélices e em preto as três pontes de enxofre. A sequência de aminoáci-dos e as pontes de enxofre estão representa-das abaixo do modelo (CHRISTMANN ET AL., 1999).
Os inibidores não-canônicos exibem uma estrita especificidade para uma determinada protease, pois, além da ligação do inibidor com a enzima as-semelhar-se ao complexo enzima-substrato (como observado para os inibidores canônicos), o inibidor também se liga a um sítio na superfície da prote-ase, aumentado muitíssimo a seletividade da ini-bição (FARADY et al., 2008). Este tipo de inibidor está envolvido na regulação de mecanismos como apoptose, sinalização intracelular, embriogênese, angiogênese, neurogênese e em eventos relacio-nados à resposta imune (WOODS et al., 2008). Até o momento, ainda não foi reportado nenhum tipo de inibidores não-canônicos em plantas; con-tudo as investigações sobre estes peptídeos são bastante recentes. É importante destacar que os inibidores não-canônicos apresentam um enorme potencial de aplicabilidade no tratamento de de-terminadas patologias devido à altíssima especifi-cidade que demonstram.
As Serpinas compreendem uma superfamília de proteínas com estruturas muito semelhantes, e são inibidoras de serino-proteases, de onde seu nome deriva (serine protease inhibitors). Os primeiros representantes estudados foram a antitrombina
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e a antitripsina, que são proteínas plasmáticas es-senciais na regulação das cascatas de coagulação e de inflamação e suas deficiências resultam em tromboses e em enfisema pulmonar, respectiva-mente (RAWLINGS et al., 2004). Enquanto que a grande maioria das Serpinas controla cascatas proteolíticas, outras não inibem a atividade enzi-mática, mas exercem uma diversidade de funções. São armazenadoras de proteínas, como a ovalbu-mina; proteínas de transporte de hôrmonios, como as globulinas de ligação da tiroxina e do cortisol; ou são supressoras de genes tumorais com a maspina (ROBERTS; HEJGAARD, 2008). São proteínas de médio tamanho (cerca de 400 aminoácidos), cuja estrutura terciária consiste de três β-hélices (A, B e C), nove α-hélices e um loop central reativo que é exposto na superfície do inibidor (RCL), com cerca de 25 resíduos entre as A e C (Figura 4). Ao rea-gir irreversivelmente com o sítio ativo da enzima através do RCL, a enzima cliva o inibidor e esta clivagem induz uma profunda alteração conforma-cional tanto do inibidor quanto da enzima. De um modo geral, as Serpinas são inibidoras irreversíveis das serino-proteases da família quimiotripsina, mas outras enzimas são também inibidas como tripsina, trombina, elastase, fatores da coagulação, e tam-bém algumas cisteíno-proteases (OTLEWSKI et al., 2005).
As Serpinas estão distribuídas em animais, plantas, bactérias, archaea, e em certos vírus, e constitui a maior família de inibidores de proteases. A primeira Serpina estudada em plantas, foi uma proteína de 43 kDa, denominada de proteína Z, obtida de grãos de cevada. Diversas Serpinas foram purificadas de outras gramíneas como aveia, arroz, trigo, milho, cana e bambu. Embora sejam expressas principal-mente em gramíneas, são também encontradas na soja, algodão, tomate, maça dentre outros (RO-BERTS; HEJGAARD, 2008). Como são particular-mente abundantes nas sementes, aparentemente desempenham um importante papel na defesa do estoque protéico contra as enzimas digestivas de insetos e fungos. Genes que codificam Serpinas têm sido introduzidos em culturas de alfafa, batata, algodão e tabaco, aumentando significativamente a resistência destes ao ataque de insetos e pre-dadores (CHRISTELLER; LAING, 2005). Estes inibidores garantem a integridade de peptídeos si-nalizadores envolvidos na apoptose, que é a morte celular não seguida de autólise que ocorre de forma ordenada e demanda energia para a sua execução. Está relacionada ao equilíbrio interno dos orga-nismos e com sua regulação fisiológica. O termo
é derivado do grego, que se referia à queda das folhas das árvores no outono - um exemplo de mor-te programada fisiológica (WILLIAMS; DICKMAN, 2008). É importante destacar que a apoptose parti-cipa da diferenciação dos órgãos da planta, desde a senescência à resposta ao estresse como hipóxia, temperaturas extremas e oxidação (ROBERTS; HE-JGAARD, 2008). As Serpinas de origem humana e de outros animais têm sido utilizadas com grande sucesso na terapêutica de muitas patologias. Plan-tas transgênicas que carregam genes que codificam Serpinas são amplamente utilizadas na agricultura, mas apenas recentemente os estudos de Serpinas de plantas apontam para uma aplicabilidade clínica. Um exemplo disto é a expressão de um Serpina de um arroz trangênico que se mostrou bastante efe-tiva na redução e no controle da pressão arterial (YANG et al., 2006).
Figura 4 – Modelo de estrutura tridimensional de uma Serpina. O inibidores são formado por três β-hélices (em setas), nove α-hélices (espi-ral) e um “loop” na porção superior que é a RCL (OTLEWSKI J et al., 2005).
Considerações fi nais
As proteases desempenham funções vitais nas plantas e seus inibidores também participam des-tes processos regulando suas atividades. Além dis-so, estes inibidores protegem as plantas de modo bastante eficiente do ataque de agentes externos, como parasitos, insetos, larvas e microorganismos, inibindo preferencialmente suas enzimas digesti-vas. Devido à alta especificidade, estabilidade aos extremos de pH, temperatura e alta hidrossolubili-
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dade, estes inibidores são facilmente administra-dos oralmente. A observação de que são eficien-tes contra microorganismos e parasitos, apontam estes inibidores de proteases de plantas com um enorme potencial para o desenvolvimento de novos fármacos, sugerindo uma maior eficiência e efeitos adversos menos agressivos para o hospedeiro. No entanto, as pesquisas sobre os inibidores de pro-teases provenientes de plantas são relativamente recentes, e é necessário que as investigações nes-ta área sejam intensificadas para a melhor com-preensão destas estruturas. O entendimento do funcionamento destas moléculas com certeza tem muito a contribuir com o desenvolvimento racional de medicamento.
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Plantas Medicinais Brasileiras. I. Achyrocline satureioides (Lam.) DC. (Macela)
Brazilian Medicinal Plants. I. Achyrocline satureioides (Lam.) DC. (Macela)
Resumo
Este estudo se baseia na literatura científica convencional, e nas fontes dos principais congressos e simpósios brasileiros na área de plantas medicinais e aromáticas. Fez-se a revisão da literatura nos aspectos botânicos da composição química, seus principais usos populares e experimentos científicos para a espécie Achyrocline sa-tureioides (macela). Os principais aspectos científicos desta espécie foram compilados com o objetivo de evidenciar seu potencial como matéria-prima para as indústrias farmacêuticas e de cosméticos.
Abstract
This study presents a literature review on the botanical aspects, chemi-cal composition, and the main popular as well as experimentally proven uses up to now, on the species Achyrocline satureioides (macela). The main scientific aspects on the species were compiled aiming to bring about its potential as raw material for the pharmaceutical and cosme-tic industries. Moreover the conventional scientific journals there were included the information collected from the main Brazilian congresses and symposiums, in the field of medicinal and aromatic plants.
Família: Asteraceae.
Botânica: Planta herbácea de aproximadamente 1 m de altura; caule, ramos e folhas cobertos por pelos esbranquiçados; folhas lineares com largura de até 1,5 cm e 10 a 15 cm de comprimento; flores em número de 5 a 10, reunidas em inflorescência do tipo capítulo, de coloração ama-rela-clara; e estes estão reunidos nos ápices dos ramos. Fruto do tipo aquênio de aproximadamente 0,5 cm (BAKER, 1967; PRUSKI, 1997; LORENZI , 2000). É planta invasora comum em terrenos baldios, pastos e campos agrícolas abandonados. As inflorescências secas são utilizadas na medicina caseira e também no enchimento de travesseiros almofadas e colchões (LORENZI , 2000) pelo aroma suave e agradável.
Distribuição Geográfica: América tropical.
Uso etnomédico: As inflorescências secas são utilizadas na medici-na caseira e também no enchimento de travesseiros almofadas e col-chões (LORENZI , 2000) pelo aroma suave e agradável. A infusão das inflorescências da macela (Achyrocline satureioides) é popularmente
*1Barata, L. E. S.; 2Alencar, A. A. J.; 2Tascone, M.; 3Tamashiro, J.
1Laboratório de Pesquisa e Desenvolvi-mento de Produtos Naturais, Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Cidade Univer-sitária Zeferino Vaz, C.P. 6154, 13083-
970, Campinas, SP, Brasil.
2Curso de Farmácia, Instituto de Química, Universidade Estadual de
Campinas, UNICAMP, Cidade Univer-sitária Zeferino Vaz, C.P. 6154, 13083-
970, Campinas, SP, Brasil.
3Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de
Campinas, UNICAMP, Cidade Universi-tária Zeferino Vaz, Rua Monteiro Lobato
255, 13083-862, Campinas, SP, Brasil.
*Correspondência: E-mail: [email protected]
Unitermos: Achyrocline satureioides, Asteraceae, Produtos Naturais, Planta Medicinal,
Cosméticos.
Key Words: Achyrocline satureioides, Asteraceae,
Natural Products, Medicinal Plant, Cos-metics, Macela, Marcela.
Estado da Arte / State of the Art
Estado da Arte/State of the Art Plantas Medicinais Brasileiras. I. Achyrocline satureioides (Lam.) DC. (Macela)
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empregada como sedativa, antiinflamatória, anties-pasmódica e contra desordens intestinais (LOREN-ZI , 2000; ROCHA et al., 1989). Na forma de chá, as inflorescências também são utilizadas contra náuseas, cólicas e dores epigástricas (LANGELOH; SCHENKEL, 1982). O extrato das flores apresen-ta atividade antibacteriana e analgésica (POLI et al., 1988). A planta tem ações anti-séptica, diges-tiva (SONAGLIO et al., 1992) e é usada em casos de bronquite, dor de barriga e para facilitar o parto (MARQUESINI, 1996). No Paraguai é utilizada como agente antiinfeccioso (LIMA et al., 1990). O extrato aquoso de folhas e caules de Achyrocline satureioi-des é usado na medicina popular para o tratamento de distúrbios gastrointestinais (KREIN et al., 1996; MORS et al., 2000), epilepsia, reumatismo, nevral-gias, dores articulares e musculares (LORENZI; MA-TOS, 2002). As partes aéreas da macela produzem um chá aromático e amargo, estomáquico e antide-sentérico, muito usado para má digestão e gastrites (MORS et al., 2000).
Uso em cosméticos: Pedidos de patentes suge-rem que Achyrocline satureioides tem potencial para diferentes usos em cosméticos. A planta pos-sui propriedades que permitem sua utilização como clareador vegetal para cabelos em formulações cosméticas (MARQUES, 2005). O extrato das fo-lhas, galhos, raízes, sementes ou da planta inteira, é utilizado para prevenir a oxidação dos componentes lipídicos e para desordens oxidativas da pele, atu-ando como um agente antioxidante na composição de preparações de uso tópico. Essa extração pode ser feita utilizando um álcool de baixo peso mole-cular (WADA et al., 1998). A macela é utilizada em formulações para os cabelos. A empresa Ecologie Cosméticos utiliza a planta em xampus, visando o seu poder de redução da fragilidade dos fios (ECO-LOGIE COSMÉTICOS, 2008). A sua capacidade de clareamento de cabelos é aproveitada pela Amend Cosméticos em formulações de complexos ilumina-dores da cor (AMEND COSMÉTICOS, 2008). Já a sua ação antiinflamatória e calmante é utilizada em tônicos capilares da Daasz Cosméticos Orgânicos (DAASZ COSMÉTICOS, 2008).
Farmacologia e Atividade biológica: O interesse clínico da macela é recente, seus usos na medici-na natural têm sido avaliados desde 1980. Estudos da macela em animais demonstraram propriedades analgésicas, antiinflamatórias e relaxantes, poden-do explicar seu uso em problemas gastrointestinais, e problemas respiratórios como a asma (LORENZI; MATOS, 2002). O extrato aquoso das folhas e cau-
les (SIMÕES et al., 1984) e alcoólico das inflores-cências (LANGELOH; SCHENKEL, 1982) apresen-tam atividade antiespasmódica, que pode justificar seu uso no tratamento de certos distúrbios do trato gastrointestinal (SIMÕES et al., 1984; LANGELOH; SCHENKEL, 1982). Esta característica pode ser atri-buída, pelo menos em parte, à presença de querceti-na (II) e 3-metoxiquercetina (SIMÕES et al., 1986). A quercetina também é um dos componentes majo-ritários nos extratos hidroetanólicos de comprovada ação antiinflamatória (SONAGLIO et al., 1986). O extrato etanólico de suas folhas e flores promove a lise das formas sanguíneas do Trypanosoma cruzi (ROJAS DE ARIAS et al., 1995). Sua propriedade antitumoral foi verificada, mostrando que o extrato de flores de macela inibe in vitro o crescimento de células carcinogênicas em 67% (LORENZI; MA-TOS, 2002). A atividade antiviral dos flavonóides da Achyrocline satureioides pode ser identificada frente à replicação do poliovírus e de alguns vírus herpéti-cos. Já outros compostos similares aos flavonóides são inibidores da replicação do vírus da influenza (gri-pe), do vírus do HIV, do citomegalovírius e do rinovírus (SIMÕES et al., 1990; AMOROS et al., 1992; CHE, 1991). Pesquisadores americanos demonstraram que o extrato aquoso quente de suas flores secas apre-sentou propriedades antivirais in vitro contra célu-las T-linfoblastóides infectadas com HIV(13). Estudos realizados revelaram que o extrato etanólico da se-mente de Achyrocline satureioides apresenta capa-cidade inibitória significativa contra Bacillus subtilis e Staphylococcus aureus (MARTINS et al., 1988). O extrato diclorometano da folhas de A. satureioides apresentou também componentes bioativos distintos contra Bacillus subtilis (UCHIMA et al. 1999), já o óleo volátil obtido das sumidades floridas por arraste a vapor, apresenta ausência de atividade antimicro-biana contra Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Candida albicans, sugerindo que as atividades antissépticas e antibióticas observadas pelo uso po-pular e em testes farmacológicos, seja proveniente de outros compostos presentes nas partes aéreas das plantas e que não são destiladas por arraste à vapor (SONAGLIO et al., 1992). O extrato de suas flores apresenta significativa atividade repelente (98,5%), sugerindo, segundo os autores, possibilidades de seu uso como repelente de insetos (DAL MAGRO et al., 1998). Outras pesquisas corroboram o uso do extra-to de A. satureioides como inseticida (ROJAS DE ARIAS et al., 1995). Extratos aquosos apresentam atividade genotóxica em organismos procarióticos. Essa atividade está relacionada com a presença de quercetina e ácido cafeico no extrato (VARGAS et al., 1990; FACHINETTO et al., 2007). O extrato metanó-
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lico revelou atividade contra carcinoma hepatocelular humano, porém há necessidade de estudos comple-mentares (RUFFA et al., 2002). Diferentes extratos, com diferentes composições de ativos, obtidos das inflorescências da A. satureioides, apresentam gran-de potencial antioxidante, porém extratos com altas concentrações de flavonóides revelaram um efeito pró-oxidante em estudos realizados com culturas de células de Sertoli, induzindo aumento na peroxidação de lipídeos (efeito citotóxico) (POLYDORO et al., 2004). Na investigação da propriedade sedativa da macela em camundongos, usando o extrato aquoso (chá) de macela, verificou-se a redução da locomoção dos camundongos e o aumento da porcentagem de quedas, sugerindo que o extrato de macela apresenta efeitos característicos de substâncias depressoras do sistema nervoso central (POLI et al., 1988). Foram isoladas frações polissacarídicas de extratos aquosos ou alcalinos aquosos de A. satureioides que conforme testes em granulócitos (WAGNER et al., 1984), apre-sentaram uma significante atividade imunoestimula-dora (MORS et al., 2000; WAGNER et al., 1984), po-rém, de acordo com outros estudos, o extrato aquoso da Achyrocline satureioides apresentou propriedades inibidoras da ativação linfocitária, sendo demonstra-da pela diminuição da secreção de IL-2 (SANTOS et al., 1996). Estudos farmacológicos de A. satureioides mostraram que os extratos aquosos a frio e a quente e o extrato etanólico a frio, apresentam atividade an-tiinflamatória, reduzindo significativamente o edema da pata do rato induzido por carragenina. Este efeito antiinflamatório poderia estar vinculado à presença de compostos flavonoídicos (SIMÕES; BAUE, 1984). Dados pré-clínicos indicam que a planta possui poten-cial no controle de condições associadas à obesidade, como altos níveis de glicose sangüínea, indicando uma possível utilidade para o tratamento de certas obesi-dades, contudo, os dados científicos encontrados são insuficientes para garantir a eficácia e segurança da
planta no tratamento da obesidade, merecendo então estudos posteriores (DICKEL et al., 2007). Extratos aquosos da A. satureioides têm um potente efeito contra a oxidação do LDL humano in vitro. A capaci-dade antioxidante é dependente da concentração do extrato, indicada como 4 μg/ml. Até agora a hipóte-se é de que esse efeito antioxidante ocorreria in vivo (GUGLIUCCI; MENINI, 2002). Segundo um pedido de patente, o extrato da A. satureioides possui efei-to neuroprotetor in vivo que é obtido principalmente por mecanismos antiapoptóticos. O extrato pode ser usado na prevenção e no tratamento de isquemia vascular, doenças neurodegenerativas e lesões cere-brais causadas devido ao envelhecimento (HEIZEN; DAJAS, 2003). A macela pode ainda servir como “bioindicador” revelando contaminação ambiental por metais pesados, como o zinco e chumbo (PIVA; POR-TO, 1998).
Composição química: A análise fitoquímica da macela mostra que é fonte rica de flavonóides sin-gulares. Muitas de suas atividades são atribuídas aos flavonóides, assim como aos terpenos (mono e sesquiterpenos) isolados da planta (LORENZI; MATOS, 2002). As partes aéreas da planta contêm óleo essencial com alfa e beta-pineno, flavonóides e outros compostos fenólicos, além de polissacarídios (MORS et al., 2000). Os extratos são também ricos em compostos fenólicos não flavonóicos como o áci-do caféico e ácido clorogênico e flavonóides como flavonas, luteolina (I) e quercetina (II) (GUGLIUC-CI; MENINI, 2002; SAITO et al., 2005). Do extrato acetônico das folhas secas de A. satureioides, foram isolados três flavonóides, que já haviam sido obtidos de fontes naturais ou de síntese (LIMA et al., 1990) (Figura 1). Os componentes responsáveis pelo gosto amargo e pela adstringência característica do chá da marcela são os glicosídeos e os flavonóides (FER-NANDES et al., 1996).
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Figura 1 - Flavonóides isolados de extratos de Achyrocline satureioides (marcela).
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Plantas Medicinais Brasileiras. II. Portulaca pilosa L. (Amor-crescido)
Brazilian Medicinal Plants II. Portulaca pilosa L. (Amor-crescido)
Resumo
Este estudo se baseia na literatura científica convencional, e nas fontes dos principais congressos e simpósios brasileiros na área de plantas medicinais e aromáticas. Fez-se a revisão da literatura nos aspectos botânicos da composição química, seus principais usos populares e experimentos científicos para a espécie Portulaca pilosa L. (amor-crescido). Os principais aspectos científicos desta espécie foram compilados com o objetivo de evidenciar seu potencial como matéria-prima para as indústrias farmacêuticas e de cosméticos.
Abstract
This study presents a literature review on the botanical aspects, chemi-cal composition, and the main popular as well as experimentally proven uses up to now, on the species Portulaca pilosa L. (amor-crescido). The main scientific aspects on the species were compiled aiming to bring about its potential as raw material for the pharmaceutical and cosme-tic industries. Moreover the conventional scientific journals there were included the information collected from the main Brazilian congresses and symposiums, in the field of medicinal and aromatic plants.
Família: Portulacaceae. Botânica: Erva com muitos ramos prostrados com pêlos longos e es-branquiçados. Folhas cilíndricas, suculentas de aproximadamente 2 cm. Flores localizadas nos ápices de ramos, rodeadas por pêlos longos. As pétalas são de coloração púrpura à amarelada. Frutos maduros arre-dondados de cor marrom, abrindo-se por uma fenda circuncisa e com muitas sementes (BAILEY, 1949; STEYEMARK, 2004). Espécie com muitas subespécies, variedades e formas devido a sua plasticidade fe-notípica. Utilizada também como ornamental (BAILEY, 1949).
Distribuição Geográfica: América tropical e subtropical (STEYEMA-RK, 2004).
Introdução
A Indústria Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos apresentou um crescimento médio deflacionado de 8,2% nos últimos 5
*1Barata, L. E. S.; 2Alencar, A. A. J.; 2Tascone, M.; 3Tamashiro, J.
1Laboratório de Pesquisa e Desenvolvi-mento de Produtos Naturais, Instituto de Química, Universidade Estadual de
Campinas, Cidade Universitária Zeferino Vaz, UNICAMP, C.P. 6154, 13083-970,
Campinas, SP, Brasil.
2Curso de Farmácia, Faculdade de Ciên-cias Médicas, Universidade Estadual de
Campinas, Cidade Universitária Zeferino Vaz, UNICAMP, Rua Tessália Vieira de Camargo, 126, 13083-887, Campinas,
SP. Brasil.
3Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de
Campinas, Cidade Universitária Zeferino Vaz, UNICAMP, Rua Monteiro Lobato 255, 13083-862, Campinas, SP, Brasil.
*Correspondência: E-mail: [email protected]
Unitermos: Portulaca pilosa, Portulacaceae, Produ-tos Naturais, Planta Medicinal, Cosmé-
ticos, Amor-crescido
Key Words: Portulaca pilosa, Portulacaceae,
Natural Products, Medicinal Plant, Cosmetics, Amor- crescido.
Estado da Arte / State of the Art
Estado da Arte/State of the Art Plantas Medicinais Brasileiras. II. Portulaca pilosa L. (Amor-crescido)
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anos, tendo passado de um faturamento líquido de impostos sobre vendas de R$ 6,6 bilhões em 1999 para R$ 13,1 bilhões em 2004 e US$ 8,1 bilhões em 2006. Entre as quase 1.500 indústrias de Cosméticos apenas 15 são consideradas grandes, na sua maioria empresas multinacionais que faturam 2/3 de todo o mercado, as outras, 1.485 empresas são médias, pe-quenas e, sobretudo micro empresas. São nestas pe-quenas e micro-empresas, principalmente aquelas do Norte e Nordeste, que as plantas brasileiras, muitas delas medicinais, têm sido crescentemente utilizadas, e que as tornam competitivas. Outros fatores têm contribuído para o excelente crescimento do setor de cosméticos, principalmente, a participação crescente da mulher brasileira no mercado de trabalho e o au-mento da expectativa de vida, que traz a necessidade de conservar uma impressão de juventude.
Uso Etnomédico: O amor-crescido (Portulaca pi-losa) é uma planta utilizada popularmente por todo o Brasil, principalmente no Norte, como estomáqui-ca, diurética, cicatrizante, analgésica, em casos de doenças hepáticas, malária, úlceras (DA SILVA et al., 1998), diarréia, disenteria, cólica, nas hemopti-ses, nefrites e como vermífugo (REVILLA, 2002). As folhas são usadas em compressas para serem aplicadas topicamente no tratamento de queima-duras, erisipelas (MORS et al. 2000), feridas, erite-mas e icterícia (REVILLA, 2002). O chá das folhas de amor-crescido pode ser usado para desinfetar chagas e fortalecer o sangue (MORS et al. 2000). Seu uso tópico como cicatrizante, no tratamento de queimaduras, em erisipelas, feridas e eritemas, e desinfetante tópico, lhe indica como candidata ao uso em Cosmética.
Uso em cosméticos: No norte do Brasil esta planta é empregada em xampus para queda de cabelo e como fortalecedor de crescimento capilar (MORS
et al. 2000) e por isso encontrado nas boticas e feira do Ver-o-Peso em Belém na forma de cremes e loções. Segundo o fabricante Artesanato Juruá, o xampu de Amor-crescido apresenta propriedades para o fortalecimento das raízes do cabelo, esti-mulando seu crescimento, além de conferir brilho e maciez ao cabelo, o que facilita a escovação (NA-TURELE COSMÉTICOS, 2008). A Universidade Federal do Pará possui uma formulação de xampu contendo Amor-crescido, produto utilizado como tônico capilar, e o condicionador com extratos des-ta planta, utilizado para desembaraçar os cabelos (UFPA, 2008). O extrato da Portulaca pilosa pro-move a inibição in vitro da tirosinase de cogumelo a níveis acima de 90%. Esta característica pode di-recionar o desenvolvimento de agentes para o cla-reamento da pele e preparações antiescurecimen-to, sendo necessário porém estabelecer testes em melanócitos humanos (BAURIN et al., 2002).
Farmacologia e Atividade Biológica: A Portulaca pilosa é usada pela medicina popular como diuréti-co. Entretanto, estudos verificaram que os extratos hidroalcoólicos desta planta possuem efeitos re-nais, aumentando a excreção de potássio, mas não apresentam ação diurética ou mudança na excreção de sódio como acreditado pela população (ROCHA et al., 1994). A atividade de inibição da tirosinase de cogumelo in vitro pode vir a ser aplicada contra melanomas, se realizados os testes em melanóci-tos humanos para a confirmação dessa atividade (BAURIN et al., 2002).
Composição Química: Foram isolados da parte aérea da Potulaca pilosa os diterpenos majoritários pilosanona A, B (OHSAKI et al. 1987), e o diterpe-no minoritário pilosanona C (OHSAKI et al. 1995). Da raiz foram isolados pilosanol A, B, C (OHSAKI et al., 1991).
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Estado da Arte / State of the Art
Plantas Medicinas Brasileiras. III. Heteropterys aphrodisiaca Machado (Nó-de-cachorro)
Brazilian Medicinal Plants.III. Heteropterys aphrodisiaca Machado (Nó-de-cachorro)
Resumo
Este estudo se baseia na literatura científica convencional, e nas fontes dos principais congressos e simpósios brasileiros na área de plantas medicinais e aromáticas. Fez-se a revisão da literatura nos aspectos botânicos da composição química, seus principais usos populares e experimentos científicos para a espécie Hete-ropterys aphrodisiaca Machado (nó-de-cachorro). Os principais aspectos científicos desta espécie foram compilados com o ob-jetivo de evidenciar seu potencial como matéria-prima para as indústrias farmacêuticas e de cosméticos.
Abstract
This study presents a literature review on the botanical aspects, chemical composition, and the main popular as well as experimen-tally proven uses up to now, on the species Heteropterys aphro-disiaca Machado (nó-de-cachorro). The main scientific aspects on the species were compiled aiming to bring about its potential as raw material for the pharmaceutical and cosmetic industries. Moreover the conventional scientific journals there were included the information collected from the main Brazilian congresses and symposiums, in the field of medicinal and aromatic plants.
Família: Malpighiaceae.
Botânica: Arbusto com ramos longos e pendentes, folhas com disposição opostas, flores dispostas em inflorescências terminais. Suas pétalas amarelas tornam-se vermelhas quando velhas. Fru-tos arranjados geralmente em três frutículos, com a semente na porção basal e uma asa na terminal. O nome popular é proveniente de suas raízes que são engrossadas e semelhantes a um colar ou pênis canino (POTT; POTT, 1994)
Distribuição Geográfica: Ocorre nos cerradões de Mato Grosso e Goiás em solos distróficos.
Uso etnomédico: As raízes da Heteropteris aphrodisiaca são
*1Barata, L. E. S.; 2Alencar, A. A. J.; 2Tascone, M.; 3Tamashiro, J.
1Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos
Naturais, Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas,
Cidade Universitária Zeferino Vaz, UNICAMP, C.P. 6154, 13083-970,
Campinas, SP, Brasil.
2Curso de Farmácia, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade
Estadual de Campinas, Cidade Universitária Zeferino Vaz, UNICAMP, Rua Tessália Vieira de Camargo, 126,
13083-887, Campinas, SP. Brasil.
3Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, Universidade
Estadual de Campinas, Cidade Uni-versitária Zeferino Vaz,
UNICAMP, Rua Monteiro Lobato 255, 13083-862, Campinas, SP, Brasil.
*Correspondência: E-mail: [email protected]
Unitermos: Heteropterys aphrodisiaca,
Malpighiaceae, Produtos Naturais, Planta Medicinal, Cosméticos,
Nó-de-cachorro.
Key Words: Heteropterys aphrodisiaca,
Malpighiaceae, Natural Products, Medicinal Plant, Cosmetics,
Nó-de-cachorro.
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utilizadas pela população matogrossense ten-do, como veículo, bebidas alcóolicas. A planta é usada no tratamento de ácido úrico, debilidades nervosas, doenças venéreas, males uterinos, antidisentérica, tônico e como afrodisíaco (AR-RUDA; CAMARGO, 2000a; 200b). Benzedeiras, parteiras e raizeiras utilizam partes desta planta, como as folhas, em chás e banhos. Estas formas de uso são indicadas para males e enfermidades como: depurativo do sangue, diarréia, reumatis-mo, estimulante sexual (MACEDO; FERREIRA, 2000; NETO et al., 2000), estimulante do SNC e energético. No cerrado do Mato Grosso, a raiz e folhas jovens da planta são utilizadas para irritação e inflamação ocular, assim como para agravos da catarata (MACEDO et al., 2004). Utiliza-se o cálice das flores na forma de chás, e estes tem ação antiespasmódica, diurética, di-gestiva, laxante suave e aromatizante. A planta é também empregada na indústria alimentícia; para a fabricação de geléias, licores, vinhos e molhos picantes (GALVÃO et al., 1998). A plan-ta é sobretudo utilizada com fins medicinais e a sua importância é refletida pelas três patentes solicitadas ao INPI (CARLINI, 2003; BIOSIN-TETICA; UNIFESP, 2000) duas sobre processos de obtenção, uma delas por uma empresa far-macêutica e outra que indica suas propriedades farmacológicas de ação virucida, antifúngica e antibacteriana
Farmacologia e Atividade Biológica: Foi ve-rificado que H. aphrodisiaca, após tratamento agudo em camundongos, apresentou efeito es-timulante por via oral, não alterando a coorde-
nação motora e o tempo de sono, demonstrando uma possível ausência de efeito tóxico (GALVÃO et al., 1998). Estudos mostraram que o extrato das raízes de H. aphrodisiaca apresenta proprie-dade antioxidante cerebral, sendo usada como protetora de lesões oxidativas em cérebros de ratos jovens, por inibir a interação dos radicais livres com as biomoléculas presentes no cérebro (MATTEI et al., 2001). Este mesmo extrato foi capaz de melhorar a memória e o aprendizado de ratos idosos (GALVÃO et al., 2002). Pesquisas revelaram que o nitrocomposto 2,3,4,6-tetra-O-(3-nitropropanoil)-ß-D-glicopiranose obtido do extrato BST-0402 das raízes de H. aphrodisiaca, possui atividade antibacteriana contra Staphylo-coccus aureus e Bacillus subtilis, atividade an-tifúngica contra Candida albicans, C. parapslo-sis, C. krusei e C. tropicalis e atividade antiviral contra o Poliovírus Hep2 (ROMAN JR., 2003; DE MELLO et al., 2005). A partir do extrato BST-0298 também se obteve um nitrocomposto com atividade antiviral contra o Poliovírus e contra o BHV-1 (herpes bovino tipo 1), além de uma fra-ção aquosa com atividade virucida, por inibir a formação de plaques (MELLO, 2004).
Composição Química: Em H. aphrodisiaca foi detectada a presença de flavonóides, antracenos, polifenóis, taninos e cardiotônicos. O isolamento de substâncias fenólicas do extrato total de H. aprodisiaca foi feito por cromatografia em colu-na, onde foram isoladas três substâncias identi-ficadas como sendo dihidroflavonóides astilbina, neoastiobina e isoastiobina (Tabela 1) (PIERI et al., 2000; MARQUES et al., 2007).
Tabela 1 – Diidrofl avonóides de Heteropterys aphrodisiaca
Estado da Arte/State of the Art Plantas Medicinas Brasileiras. III. Heteropterys aphrodisiaca Machado (Nó-de-cachorro)
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1�2 Revista Fitos Vol.4 Nº01 março 2009
Plantas Medicinais Brasileiras. IV. Annona muricata L. (Graviola)
Brazilian Medicinal Plants. IV. Annona muricata L. (Graviola)
Resumo
Este estudo se baseia na literatura científica convencional, e nas fontes dos principais congressos e simpósios brasileiros na área de plantas medicinais e aromáticas. Fez-se a revisão da literatura nos aspectos botânicos da composição química, seus principais usos populares e experimentos científicos para a espécie Annona muri-cata L. (graviola). Os principais aspectos científicos desta espécie foram compilados com o objetivo de evidenciar seu potencial como matéria-prima para as indústrias farmacêuticas e de cosméticos.
Abstract
This study presents a literature review on the botanical aspects, che-mical composition, and the main popular as well as experimentally proven uses up to now, on the species Annona muricata L. (graviola). The main scientific aspects on the species were compiled aiming to bring about its potential as raw material for the pharmaceutical and cosmetic industries. Moreover the conventional scientific journals there were included the information collected from the main Brazilian congresses and symposiums, in the field of medicinal and aromatic plants.
Família: Annonaceae. Botânica: Árvore de aproximadamente 6 m de altura, copa peque-na e poucos ramos, folhas com disposição alternada, e arranjadas em um único plano (filotaxia alterna dística) de tamanho 12-16 de comprimento por 4-8cm de largura, com presença de pêlos de cor ferrugíneos e brilhantes. Flores de aproximadamente 6 cm, de cor amarelada, sépalas em número de três e pétalas disposta em duas séries de três de coloração amarelada. Os estames e os carpelos nu-merosos dispostos em um receptáculo hemisférico, sendo os estames localizados na porção basal e os carpelos na apical (PRANCE; SILVA, 1976; CAVALCANTE, 1976; STEYEMARK et al., 1997). Frutos gran-des, normalmente chegando a pesar até 8 kg (CAVALCANTE, 1976). É consumido in natura e também é muito apreciado na forma de sor-vete, sucos e compotas.
Distribuição Geográfica: Antilhas como sendo sua origem e atual-mente cultivada na região amazônica (STEYEMARK et al., 1997).
*1Barata, L. E. S.; 2Alencar, A. A. J.; 2Tascone, M.; 3Tamashiro, J.
1Laboratório de Pesquisa e Desenvolvi-mento de Produtos Naturais, Instituto de Química, Universidade Estadual de
Campinas, Cidade Universitária Zeferino Vaz, UNICAMP, C.P. 6154, 13083-970,
Campinas, SP, Brasil.
2Curso de Farmácia, Faculdade de Ciên-cias Médicas, Universidade Estadual de
Campinas, Cidade Universitária Zeferino Vaz, UNICAMP, Rua Tessália Vieira de Camargo, 126, 13083-887, Campinas,
SP. Brasil.
3Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de
Campinas, Cidade Universitária Zeferino Vaz, UNICAMP, Rua Monteiro Lobato 255, 13083-862, Campinas, SP, Brasil.
*Correspondência: E-mail: [email protected]
Unitermos: Annona muricata, Annonaceae, Produ-
tos Naturais, Planta Medicinal, Cosméticos, Graviola.
Key Words: Annona muricata, Annonaceae, Natural
Products, Medicinal Plant, Cosmetics, Graviola.
Estado da Arte / State of the Art
Estado da Arte/State of the Art Plantas Medicinais Brasileiras. IV. Annona muricata L. (Graviola)
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Uso etnomédico: A eficácia e segurança das pre-parações populares com a Annona muricata não fo-ram ainda comprovadas cientificamente, apesar das folhas, ao contrário da fruta, serem consideradas potencialmente tóxicas para o homem. O decoto das folhas é muito utilizado contra diarréia e espasmos, e o chá é empregado como agente emagrecedor e como medicação contra alguns tipos de câncer. Suas sementes são usadas com função emética e adstrin-gente, e suas cascas como antidiabéticas e espasmo-líticas (LORENZI; MATOS, 2002). As flores e tam-bém as folhas são utilizadas para tosse e problemas no trato respiratório inferior (MORS et al., 2000). As folhas da A. muricata são utilizadas na medicina po-pular por possuírem ações parasiticida, anti-reumáti-ca, antinevrálgica, adstringente e emética (DE CAR-VALHO et al., 2000). O chá das folhas de graviola é utilizado como sedativo, expectorante e broncodilata-dor (QUEIROZ et al., 1988). Emprega-se a fruta na indústria alimentícia para a elaboração de sucos, sor-vetes e doces (MAUL et al., 2000). O suco da fruta é utilizado como diurético. Acredita-se que ele melhora males do fígado e lepra. Seus frutos imaturos, por se-rem adstringentes, são utilizados contra disenteria. A raiz da planta é utilizada como vermífugo (MORTON, 1987). Na América Central é utilizada pela medici-na tradicional como anti-séptico, cicatrizante, contra dermatose e febre da malária (WÉLÉ et al., 2004).
Uso em cosméticos: Pedidos de patentes sugerem que a Annona muricata tenha uso em cosméticos. A graviola foi selecionada, juntamente com outras plantas como Calophyllum brasiliense Cambess., Cleome hassleriana Chodat e Myrcia sphaerocarpa DC, para a obtenção de um produto que previna a degeneração e diminuição do colágeno, ou seja, um produto com atividade inibidora da colagenase, en-zima esta que influencia no envelhecimento da pele (KOBAYASHI; UMISHIO, 2001). Outra formulação cosmética, baseada nesta mesma ação biológica da planta (inibição da atividade da colagenase) su-gere uso contra o envelhecimento da pele atuando na diminuição das rugas e no aumento da firmeza da pele (NONOGAWA, 2001). Pesquisas também revelam que um produto de uso externo, obtido da mistura de Annona muricata com outras plantas como Calophyllum brasiliense Cambess., Quas-sia amara L., Fleurya aestuans (L.) Gaud., Myrcia sphaerocarpa DC e Hyptis crenata Pohl ex Benth, possuem atividade inibidora da gelatinase, promo-vendo também a prevenção do envelhecimento da pele (KOBAYASHI; UMISHIO, 2001).
Farmacologia e Atividade Biológica: A Annona
muricata é rica em compostos bioativos que apresen-tam atividades antitumoral, antifúngica, antiviral e de inibição de enzimas, cujas funções estão intimamente relacionadas com a conformação molecular destes ci-clopeptídeos (WU et al., 2007); além de outras ativi-dades como antibacteriana, antiparasitária, antiespas-módica, citotóxica, hipotensiva, vasodilatadora (DE CARVALHO et al., 2000), imunossupressora (KIM et al., 1998) e pesticida (KIM et al., 1998; ABDULLAH; SINA, 2003). A lectina, uma glicoproteína isolada das sementes da A. muricata, é capaz de aglutinar eritrócitos humanos e inibir o crescimento de alguns fungos, como Fusarium oxysporum, Fusarium sola-ni e Colletotrichum musae (DAMICO et al., 2003). O extrato etanólico das folhas da Annona muricata possui uma potente atividade antioxidante in vitro, o que lhe confere um importante papel na captação de radicais livres, aumentando o seu efeito terapêutico (BASKAR et al., 2007). Em experimentos realizados com camundongos e suínos, avaliou-se o efeito tó-xico do chá das folhas de graviola, administrado por via oral, sobre parâmetros sanguíneos, urinários e histopatológicos. No que se refere ao hemograma, constatou-se um grande aumento na porcentagem de linfócitos nos animais, o que poderia sugerir a pre-sença de substâncias capazes de induzir a síntese ou inibir a degradação de hormônios tireoidianos ou ainda deprimir a produção hormonal da adrenal. Nos camundongos os resultados ainda revelaram uma diminuição significativa dos níveis séricos de proteí-nas, diminuição do volume de urina e diminuição da eliminação de creatinina (QUEIROZ et al., 1988). A. muricata apresenta atividade citotóxica sobre células tumorais de diversos tipos de câncer, demonstrando um efeito citotóxico 10.000 vezes maior que a adria-micina, usada como fármaco de referência. O extrato da A. muricata foi capaz de produzir supressão dose-dependente no crescimento de colônias de precurso-res hematopoéticos para granulócitos/macrófagos, o que permite sugerir que a A. muricata possui poten-cial mielotóxico in vitro (MINAMI et al., 2004). São principalmente as acetogeninas que possuem este potencial antineoplásico (YU et al., 1997; LI et al., 2001). As acetogeninas, muricoreacina e murihexo-cina C, ambas isoladas das folhas, mostraram-se ci-totóxicas contra adenocarcinoma de próstata. A mu-rihexocina C também revelou citotoxidade contra o carcinoma pancreático (KIM et al., 1998). Já as ace-togeninas anocatacina A, anocatacina B (CHANG et al., 2003), anocatalina, muricina I (LIAW et al., 2002), muricinas (A-G), longifolicina, corossolina, corossolo-na e uma mistura de muricatetrocina A e B (CHANG; WU, 2001) apresentaram citotoxidade seletiva in vi-tro frente ao hepatoma celular humano (CHANG et
Estado da Arte/State of the Art Plantas Medicinais Brasileiras. IV. Annona muricata L. (Graviola)
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al., 2003; LIAW et al., 2002; CHANG; WU, 2001). Algumas patentes solicitadas requerem as acetoge-ninas isoladas da A. muricata como citotóxicas para várias linhagens de células tumorigênicas humanas (WU, 2003). A anonacina, uma acetogenina contida na A. muricata, é um inibidor lipofílico do complexo I da cadeia respiratória mitocondrial. Em estudos reali-zados em camundongos, esta acetogenina provocou lesões cerebrais similares às lesões presentes em pa-cientes com o Mal de Parkinson atípico. Estes dados são compatíveis com a teoria de que acetogeninas de anonáceos podem implicar na etiologia do Mal de Parkinson de Guadalupe e suportar a hipótese de que algumas formas desta doença podem ser indu-zidas por toxinas ambientais (CHAMPY et al., 2004; CHAMPY et al., 2005). Como indicação do potencial de toxicidade, um adulto que consuma uma fruta de Graviola por dia, em um ano ingere uma quantidade de anonacina equivalente à que foi capaz de induzir lesões cerebrais em camundongos que receberam esta substância por via intravenosa (CHAMPY et al., 2005). Outro estudo realizado demonstra que a anonacina promove a morte de neurônios dopaminér-gicos, por diminuição da produção de energia, sendo também ressaltado neste artigo seu possível papel na etiologia de algumas formas do Mal de Parkinson atípico de Guadalupe (LANNUZEL et al., 2003; LAN-NUZEL et al., 2003).
O pedido de patente relativo à obtenção de um ex-trato útil para o tratamento de insuficiência cardíaca com alta segurança, devido à sua baixa influência na pressão sanguínea, por extração das folhas da A. muricata L, sugere sua utilidade em problemas cardí-acos (KOUBOU; NIIJIMA, 1981).
O extrato de acetato de etila do pericarpo da Anno-na muricata revelou uma interessante atividade anti-leishmania, sendo mais efetivo que a Glucantime®, usada como fármaco de referência (JARAMILLO et al., 2000).O extrato etanólico possui capacidade para inibir o efeito citopático do HSV-1 (Herpes sim-
plex vírus-1) em células vero (linhagem de células experimentais de rim de macaco), em uma concen-tração mínima de 1 mg/mL (PADMA et al., 1998). Extratos etanólicos das folhas de Annona muricata foram ensaiados com o caramujo Biomphalaria gla-brata adulto e sua desova. A atividade moluscicida apresentada pelo extrato foi bastante significativa, com DL50 11,86 (DE CARVALHO et al., 2000; DOS SANTOS et al., 1998a) e de DL90 inferior a 20 ppm para o molusco adulto, indicando a faixa de atividade dentro do preconizado pelas normas da Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995) (DOS SANTOS et al., 2000). Esta atividade é devida às seguintes acetogeninas: anonacina (90 %), isoanonacina (6%) e goniotalamicina (4%) encontradas no extrato (LUNA et al., 2006). O extrato etanólico bruto das folhas de Annona muricata também se revelou tóxico para lar-vas do mosquito Aedes aegypti (LUNA et al., 2003) e efetiva nos bioensaios com larvas de Artemia sa-lina (LUNA et al., 2006; LUNA et al., 2003; DOS SANTOS et al., 1998b).
Composição Química: No fruto da A. muricata são encontrados açúcares, taninos, ácido ascórbico (vita-mina C), pectinas e vitaminas A (beta-caroteno) e do complexo B. O óleo obtido do fruto contém ésteres e compostos nitrogenados como as substâncias res-ponsáveis pelo aroma. Estudos fitoquímicos revelam que as folhas contêm até 1,8% de óleo essencial rico em gama-cadineno e alfa-elemeno (LORENZI; MA-TOS, 2002). Foram identificados como componentes voláteis liberados pelos frutos da graviola três éste-res: hexanoato de metila, 2-hexenoato de metila e 2-hexenoato de etila (SILVA et al., 1997). Nas folhas, casca e raiz; encontram-se diversos alcalóides como reticulinas, coreximina, coclarina e anomurina. Nas sementes são encontrados ciclopeptídeos como ano-muricatina B (LI et al., 1998), hexapeptídeos cíclicos como anomuricatina A (WU et al., 2007) e C (WÉLÉ et al., 2004) e diversas acetogeninas que também são encontradas nas folhas, casca e raízes (LOREN-ZI; MATOS, 2002).
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As acetogeninas são uma série de derivados de ácidos graxos C35/C37. Essas são classificadas em cinco tipos principais de acordo com a posição dos anéis tetrahidrofurano (THF), como non-THF, mono-THF, adjacente bis-THF, non-adjacente bis-THF e tri-THF (WU et al., 2007). A anonacina é a acetogenina majoritária (CHAMPY et al., 2004) e também a mais ativa presente na planta (LOREN-ZI; MATOS, 2002). Além disso, as sementes da graviola são ricas em ácidos graxos neutros, o que
dificulta a extração de acetogeninas e outros prin-cípios ativos pelo processo clássico de extração por solventes. A extração por CO2 supercrítico pode ser uma alternativa para a obtenção de extratos li-pídicos de acetogeninas das sementes de graviola, porém estudos ainda estão sendo realizados para que esta extração tenha aplicabilidade farmacoló-gica (MAUL et al., 2000). As estruturas químicas das acetogeninas farmacologicamente ativas estão na Figura 1 (*).
(*) Desenhos de estruturas: fontes utilizadas (Acesso em 13/02/2008):http://dnp.chemnetbase.com/dictionary-search.do;jsessionid=58ABBE26762E1CFF591FC69D5F648B4B?method=view&id=631101 http://books.google.com/books?id=U_Mdo_NjAHUC&pg=PA409&lpg=PA409&dq=muricatetrocin+A+structure&source=web&ots=MOjuqdNmjw&sig=d1ZMD1ysIM3bMBGi-VXpLW3IeJg
Figura 1 – Acetogeninas que apresentam atividade farmacológica
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• A muricina B é 4-epímero da muricina A.• A anocatacina B é 18,19-diepímero da anocatacina A.• A murehexocina C é diasteroisômero da murihexocina A.• A longifolicina é 4-deoxi-goniothalamicina.• A corossolona é 4-deoxi-10-cetona-anonacina.• A corossolina é 4-deoxi-anonacina.• A isoanonacina é 20-epímero da isoanonacina A.
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Instruções para os autores
A Revista FITOS é um periódico dedicado à publicação de trabalhos científicos originais, e artigos de divulgação, revisão e atualização, de trabalhos científicos em Fitoterapia com aproveitamento da biodiversidade brasileira. A Revista custeará integralmente os trabalhos de até 15 páginas, incluindo tabelas e figuras. Acima deste número de páginas, as despesas correrão por conta do(s) autor(es). Não serão aceitas fotografias coloridas, a não ser que o(s) autor(es) custeiem sua publicação, independente do número de páginas do trabalho.
1. Normas Gerais
1.1 Os trabalhos enviados deverão ser inéditos, não sendo permitida a apresentação simultânea para outros periódicos. Reservam-se os direitos de publicação, inclusive de tradução, permitindo-se publicações posteriores com transcrição e a devida citação da fonte.
1.2 A Revista FITOS receberá para publicação trabalhos científicos originais e artigos de divulgação, revisão e atual-ização, redigidos em Língua Portuguesa. O conteúdo dos tex-tos é de inteira responsabilidade dos autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião do Editor-chefe e dos membros do Conselho Editorial.
1.3 A Revista FITOS reserva o direito de submeter todos os manuscritos à apreciação de consultores ad hoc, cujos nomes permanecerão em sigilo absoluto, e que dispõem de plena autoridade para decidir sobre a pertinência de sua aceitação, podendo, inclusive, reapresentá-Ios aos autores com sug-estões para que sejam feitas as alterações necessárias e/ou para que os mesmos sejam adequados às normas editoriais da Revista. Os trabalhos que não forem selecionados para publicação serão devolvidos aos autores.
1.4 Qualquer conceito emitido nos trabalhos publicados serão de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião do Editor-chefe e do Conselho Editorial.
1.5 Todos os trabalhos que envolvam estudos em humanos ou animais deverão estar acompanhados dos Pareceres dos Comitês de Ética de Pesquisa em Seres Humanos ou em Animais das instituições a que pertencem os autores, autori-zando tais estudos.
2. Normas para Elaboração das Contribuições
2.1 Os autores deverão manter uma cópia dos manuscritos em seu poder, em caso de eventual extravio daquele enviado à revista.
2.2 As figuras (fotografias, gráficos, desenhos etc.) deverão ser apresentadas em folhas separadas e numeradas consec-utivamente em algarismos arábicos. As respectivas legendas deverão ser claras, concisas, sem abreviaturas e localizadas abaixo das figuras. Deverão ser indicados os locais aproxima-dos no texto, onde as figuras serão intercaladas, preferente-mente, logo após sua citação no corpo do trabalho. No caso
de fotografias ou desenhos feitos a mão livre, estes deverão ser colocados em envelopes à parte, em perfeito estado e devidamente identificados no verso, a lápis.
2.3 As tabelas e os quadros deverão ser apresentados em folhas separadas e numerados consecutivamente em algar-ismos arábicos. As tabelas (dados numéricos) não podem ser fechadas por linhas laterais. As respectivas legendas de-verão ser claras, concisas, sem abreviaturas e localizadas na parte superior dos mesmos. Deverão ser indicados os locais aproximados no texto, onde as tabelas e os quadros serão in-tercalados, preferentemente, logo após sua citação no corpo do trabalho.
3. Formatação do Texto e Conteúdo do Trabalho
3.1 Os originais deverão ser redigidos na ortografia oficial e digitados em folhas de papel tamanho A4, espaço duplo, fonte tipo Times New Roman, tamanho 12, com texto jus-tificado, margem de 2 cm em cada um dos quatro lados, e perfazendo o total de, no máximo, 15 e, no mínimo, 5 pági-nas, incluindo figuras, tabelas e quadros.
3.2 Título e subtítulo: deverão estar de acordo com o con-teúdo do trabalho, levando em conta o âmbito da Revista. Estes deverão estar escritos em caixa alta, negritados, fonte tipo Times New Roman, tamanho 14. Providenciar também versão do título para a língua inglesa.
3.3 Autores: os nomes dos autores devem vir abaixo do títu-lo, centralizados. O sobrenome deve ser por extenso seguido de todas as iniciais dos outros nomes (ex. Pereira, L.N.A.). No caso de vários autores, seus nomes deverão ser separa-dos por ponto e vírgula.
3.4 Filiação dos autores: após o nome de cada autor deverá constar um número arábico, sobrescrito, que indica seu lo-cal de procedência, e deverá aparecer logo abaixo da nomi-nata dos autores, também centralizado. Deve-se assinalar o nome do autor principal com um asterisco sobrescrito, para o qual toda correspondência deverá ser enviada. O endereço completo (com CEP e endereço eletrônico) do autor principal deverá vir no final do artigo.
3.5 Resumo em português: deverá apresentar concisa-mente o trabalho, destacando as informações de maior importância, expondo metodologia, resultados e con-clusões. Permitirá avaliar o interesse pelo artigo, pre-scindin
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do de sua leitura na íntegra. Dever-se-á dar destaque ao Re-sumo como tópico do trabalho, (máximo de 200 palavras).
3.6 Unitermos: deverão identificar/representar o conteúdo do artigo. Observar o limite máximo de 6 (seis). São impor-tantes para levantamentos em banco de dados, com o obje-tivo de localizar e valorizar o artigo em questão. Deverão vir separados por ponto e vírgula.
3.7 Abstract: versão do resumo para a Língua Inglesa. Evitar traduções literais. Quando não houver domínio deste idioma, consultar pessoas qualificadas. Providenciar também versão do título para a língua inglesa.
3.8 Key words: unitermos em inglês. Também em número de 6 (seis) e separados por ponto e vírgula.
3.9 Introdução: deverá estabelecer com clareza o objetivo do trabalho e sua relação com outros trabalhos na mesma área. Extensas revisões da literatura deverão ser substituí-das por referências à publicações mais recentes, onde estas revisões tenham sido apresentadas.
3.10 Materiais e Métodos: a descrição dos materiais e dos métodos usados deverá ser breve, porém suficientemente clara para possibilitar a perfeita compreensão e a reprodução do trabalho. Processos e técnicas já publicados, amenos que tenham sido extensamente modificados, deverão ser refer-enciados por citação.
3.11 Resultados: deverão ser apresentados com o mínimo possível de discussão ou interpretação pessoal e, sempre que possível, ser acompanhados de tabelas e figuras ade-quadas. Os dados, quando pertinentes, deverão ser submeti-dos a uma análise estatística.
3.12 Discussão: deverá ser restrita ao significado dos dados obtidos e resultados alcançados, evitando-se inferências não baseadas nos mesmos.Obs.: Eventualmente, Resultados e Discussão poderão ser apresentados num único item.
3.13 Agradecimentos: este item é opcional e deverá vir an-tes das Referências.
4. Referêcias
4.1 Referência dentro do texto:
No início da citação: autor em caixa baixa, seguido do ano entre parênteses. Ex. Pereira (1999)
No final da citação: autor em caixa alta e ano -ambos entre parênteses. Ex. (SILVA, 1999) ou (SILVA; SOUZA, 1998) ou (SILVA; SOUZA; DIAS, 2000) ou (SILVA et al., 1999) ou (SILVA et al., 1995a,b)
Citação textual: colocar, também, a página. Ex. (SILVA, 1999, p.24)
4.2 As Referências seguirão as normas da ABNT (NBR 6023/agosto de 2002), e serão ordenadas alfabeticamente pelo sobrenome do primeiro autor, em caixa alta e em ordem crescente de data de publicação. Deve-se levar em consid-eração as seguintes ocorrências:
4.2.1 Livro com um autor (nome do livro em itálico):COSTA, A.F. Farmacognosia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996.
4.2.2 Livro com dois autores (nome do livro em itálico):SANTOS, I.F.; PEREIRA, F.L. Criando um novo mundo. São Paulo: Atheneu, 1995.
4.2.3 Capítulo de livro (nome do livro em itálico):FARIAS, C.R.M.; OURINHO, E.P. Restauração dentária.ln: GOLDAMAN, G.T. (org.) A nova odontologia. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p.95-112, 1999.
4.2.4 Tese ou Dissertação (nome da tese ou da dissertação em itálico):LIMA, N. Influência da ação dos raios solares na germina-ção do nabo selvagem. Campinas, 755p. Tese (Doutorado) - Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Campinas, 1991.
4.2.5 Artigo de periódico (nome do periódico em itálico):VARGAS, T.O.H. Fatores climáticos responsáveis pela morte de borboletas na região sul do Brasil. Revista Brasileira da Associação de Entomologistas, v.11, n.4, p.100-105,1996.4.2.6 Citação de citação (nome das fontes em itálico, por extenso):WAX, E. T. Antimicrobial activity of Brazilian medicinal plants. Journal of Brazilian Biological Research, v.41, p. 77-82, 1977 apud Natural Products Abstracts v.23, n.8, p.588- 593, Aug., 1978.
5. Encaminhamento dos Artigos
Os trabalhos deverão ser enviados, inicialmente, em duas có-pias impressas, utilizando-se o programa Word for Windows. Quando da aceitação do trabalho, após as devidas correções, deverão ser enviados um disquete contendo o arquivo do tra-balho e uma cópia impressa. Toda correspondência deverá ser enviada ao Coordenador de Edição, cujo endereço en-contra-se na primeira página.
6. Encaminhamento dos Gráficos e Imagens
Gráficos e imagens devem ser enviados desvinculados do ar-quivo do artigo, nos formatos TIFF ou JPEG com resolução de 300 dpi. Porém, os mesmos devem compor o arquivo no programa Word for Windows, na resolução de 96 dpi, para que seja feita a leitura completa do trabalho.
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