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Studying the Value of Library and Information Services. Part I. Establishing a Theoretical Framework SARACEVIC, T. KANTOR, P. B. Studying the value of library and information services: establishing a theoretical framework. Parte I. Journal of the American Society for Information Science. 48(6):527–542, 1997. Estudando o valor da Biblioteca e Serviços de Informação. Parte 1. Estabelecendo um Quadro Teórico Tefko Saracevic e Paul. B. Kantor Escola de Estudos de Comunicação, Informação e Livraria, Rutgers University, 4 Huntington St., New Brunswick, NJ 08903. E-mail: [email protected] and [email protected] De tudo que possuímos existem dois valores. Ambos pertencem à coisa tanto quanto, mas não da mesma maneira ... Por exemplo, um sapato é usado para vestir e é usado para troca. Ambos são usos do sapato. A palavra VALOR tem dois diferentes significados: algumas vezes expressa a utilidade de algum objeto particular e algumas vezes expressa o poder de compra que a posse do objeto transmite. Um pode ser chamado de “valor em uso” e o outro de “valor de troca”. Adam Smith. “ Uma investigação da natureza e das causas da riqueza nas nações”. Este relatório é derivado de um extenso estudo patrocinado pelo Conselho de Recursos Bibliotecários. Os dois dos objetivos do estudo foram: desenvolvimento da taxonomia do valor de uso da biblioteca e serviços de informação baseados nos acessos dos usuários e a proposição de métodos e instrumentos para estudos similares de biblioteca e serviços de informação em geral. Os resultados correspondentes são relatados em duas partes. Nesta primeira parte nós discutimos conceitos subjacentes relacionados ao valor que precisam ser clareados a fim de desenvolver qualquer estudo de valor e nós estabelecemos uma teoria do valor de uso da informação e de serviços de informação. Nós examinamos a noção do valor na filosofia e economia em relação aos serviços de informação e às bibliotecas, assim como a relação entre valor e relevância. Nós desenvolvemos dois modelos: um

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Page 1: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

Studying the Value of Library and Information Services.

Part I. Establishing a Theoretical Framework

SARACEVIC, T. KANTOR, P. B. Studying the value of library and information

services: establishing a theoretical framework. Parte I. Journal of the American

Society for Information Science. 48(6):527–542, 1997.

Estudando o valor da Biblioteca e Serviços de Informação.

Parte 1. Estabelecendo um Quadro Teórico

Tefko Saracevic e Paul. B. Kantor

Escola de Estudos de Comunicação, Informação e Livraria, Rutgers

University, 4 Huntington St., New Brunswick, NJ 08903. E-mail:

[email protected] and [email protected]

De tudo que possuímos existem dois valores. Ambos pertencem à coisa tanto quanto,

mas não da mesma maneira ... Por exemplo, um sapato é usado para vestir e é usado

para troca. Ambos são usos do sapato.

A palavra VALOR tem dois diferentes significados: algumas vezes expressa a utilidade

de algum objeto particular e algumas vezes expressa o poder de compra que a posse

do objeto transmite.

Um pode ser chamado de “valor em uso” e o outro de “valor de troca”. Adam Smith. “

Uma investigação da natureza e das causas da riqueza nas nações”.

Este relatório é derivado de um extenso estudo patrocinado pelo Conselho de

Recursos Bibliotecários. Os dois dos objetivos do estudo foram: desenvolvimento da

taxonomia do valor de uso da biblioteca e serviços de informação baseados nos

acessos dos usuários e a proposição de métodos e instrumentos para estudos

similares de biblioteca e serviços de informação em geral. Os resultados

correspondentes são relatados em duas partes. Nesta primeira parte nós discutimos

conceitos subjacentes relacionados ao valor que precisam ser clareados a fim de

desenvolver qualquer estudo de valor e nós estabelecemos uma teoria do valor de uso

da informação e de serviços de informação. Nós examinamos a noção do valor na

filosofia e economia em relação aos serviços de informação e às bibliotecas, assim

como a relação entre valor e relevância. Nós desenvolvemos dois modelos: um

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relacionado ao uso da informação e outro ao uso das bibliotecas e serviços de

informação. Eles são uma estrutura teórica para estudo pragmático do valor e um guia

para o desenvolvimento de uma Taxonomia Derivada de Valor no Uso de Bibliotecas e

de Serviços de Informação. Na segunda parte deste relatório, nós apresentamos a

metodologia empregada no desenvolvimento da Taxonomia, a taxonomia por ela

mesma, e os resultados dos testes da Taxonomia. Nós acreditamos que a taxonomia

cobre a maioria das dimensões de valor relacionadas ao uso de bibliotecas e de

serviços de informação.

1- Introdução

Organização do relatório.

Nós relatamos um estudo empírico de valor das bibliotecas e dos serviços de

informação, os quais resultam em uma Taxonomia Derivada de Valor no Uso de

Bibliotecas e de Serviços de Informação. O termo “derivado” no nome da Taxonomia

reflete o fato que ela é derivada do que os usuários tinham que dizer sobre o valor dos

serviços recebidos. Para providenciar a estrutura para estudo nós também

endereçamos algumas perguntas que imediatamente vinham a mente:

Por que é importante o estudo de valor de bibliotecas e de serviços de

informação?

O que é “valor”, afinal?

O que constitui valor em relação à informação e aos serviços de informação?

Existe um arcabouço teórico prolífico/fértil e de aproximação para o estudo de

valor de tais serviços?

Na parte 1 deste relato, nós nos focamos nas questões acima. A primeira questão,

sobre importância, é enfocada diretamente na Introdução e indiretamente através de

muitas outras seções. A segunda questão é discutida na Secção 2, onde nós refletimos

sobre o tratamento ao termo “valor” na filosofia e na economia. A terceira questão,

dirigida com valor de informação e desenvolvimento de um modelo de uso de

informação, nós enfocamos na Seção 3, enquanto na Seção 4 nós refletimos sobre

valor e relevância. Na Seção 5, nós descrevemos alguns trabalhos relacionados que

estudaram o valor de biblioteca e serviços de informação. Na seção 6, nós tratamos de

questões relacionadas ao estabelecimento de definições e um modelo de uso de

bibliotecas e de serviços de informação. Juntos, os conceitos e os modelos elaborados

servem como uma estrutura para uma teoria de valor orientada ao uso de bibliotecas e

serviços de informação.

A parte II é devotada ao estudo propriamente dito: importância da Taxonomia,

metodologia de coleta e análise de dados, apresentação de resultados Taxonômicos;

testes estatísticos de Taxonomia e implicações práticas e teóricas. Na parte 1, nós

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oferecemos uma variedade de dimensões de valor de uso de bibliotecas e de serviços

de informação. A Taxonomia apresentada na Parte II mostra essas dimensões ou

facetas em detalhes.

A clarificação do valor de uso de bibliotecas e de serviços de informação exige três

passos. No primeiro passo, atributos ou dimensões de valor precisam ser identificados

e organizados em alguma estrutura racional. No segundo passo, procedimentos para

cálculo/avaliação do valor de acordo com cada dessas dimensões precisam ser

desenvolvidos. Finalmente, no 3º passo, dados precisam ser coletados e analisados de

acordo de acordo com as dimensões e procedimentos identificados nos passos

precedentes. Ambas as partes deste estudo se focaram profundamente apenas na

primeira ao mesmo tempo em que algumas sugestões são oferecidas para a segunda e

o terceira. Nós acreditamos que o conceito teórico presente na parte I e os aspectos

pragmáticos, a taxonomia, em particular, presente na Parte II, podem ser

generalizadas. Eles fornecem uma fundamentação para o segundo e terceiro passos,

denominados para o desenvolvimento e condução de estudos pragmáticos do valor

das bibliotecas e dos serviços de informação.

1.2 Importância do estudo de valor

Comumentemente, bibliotecas e sistemas de valor e os serviços que eles fornecem

têm sido avaliados por um longo tempo. Eles foram apoiados pela sociedade,

comunidades, organizações, instituições e usuários porque havia uma crença implícita

ou afirmação explícita que eles forneciam um valor único, mais frequentemente

intangível ou mesmo simbólico, mais do que monetário. Recentemente, a importância

e a urgência de determinar o valor da biblioteca e dos serviços de informação de uma

maneira mais utilitária, explícita e específica, tem aumentado por um número de

razões.

Primeiro, o papel social da informação está mudando representado pela evolução da

“sociedade de informação”. Informação está assumindo um papel mais central em

muitos aspectos da vida. Como consequência, a função e as expectativas em relação à

biblioteca e aos serviços de informação estão também mudando.

Segundo, bibliotecas e centros de informação estão em transição ao longo de muitas

dimensões. Eles estão substituindo o modelo de coleção completa para o modelo “just

in time” e “just in case” para fornecer acesso aos recursos de informação localizados

em qualquer lugar. Recursos de informação eletrônicos e de rede estão fornecendo

novas maneiras de acesso e uso.

Terceiro, muitos dos “players” envolvidos habilitaram-se com modernas tecnologias de

informação e redes e estão começando a fornecer serviços de informação – e eles

estão competindo diretamente com bibliotecas e centros de informação. Essa

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crescente competição pelos consumidores e recursos confronta bibliotecas e sistemas

de informação com aumentada necessidade de justificação e avaliação.

Isso significa que devemos focar explicitamente o assunto de valor fornecido pelos

serviços oferecidos. De modo crescente, serviços têm que ser justificados com dados

concretos. Justificações às instituições, organizações e comunidades patrocinadoras

têm que incluir demonstrações plausíveis e acreditáveis do valor que a biblioteca e

serviços de informação fornecem.

Sendo o valor uma proposição complexa, é difícil lidar com ambas, teoria e prática. É

difícil especificar o significado de valor nas bibliotecas e nos serviços de informação.

Apesar de uma ampla literatura sobre o assunto, nenhum acordo nos conceitos

básicos tem emergido e nenhuma teoria adequada de valor para tais serviços foi

desenvolvida. É muito mais difícil desenvolver e aplicar uma base teórica metodológica

para uma coleção pragmática de dados concretos. Não é surpreendente, então, que

apenas alguns estudos têm enfocado o valor da biblioteca e dos serviços de

informação.

1.3- Objetivos do estudo

Esta seção aparece em ambas às partes do artigo a fim de torná-las (ambas as partes)

uniformes. Este artigo é o resultado de um estudo de 15 meses patrocinado em larga

parte pelo Conselho em Pesquisas Bibliotecárias. O objetivo do estudo foi focar o

problema de desenvolvimento de modelos e métodos para estudo de valor e custo das

bibliotecas e dos serviços de informação de um modo que possa ser pragmaticamente

generalizado e aplicado para serviços, possibilitando conduzir semelhante estudo. O

objetivo prático do estudo foi fornecer às bibliotecas e sistemas de informação em

geral, e aqueles orientados em direção ao estudo tal como em grandes bibliotecas de

pesquisa, em particular, com métodos para coletar informação a respeito do valor e

custo de seus serviços – informação que irá ajudar na justificação e tomada de decisão.

No processo, nós também trabalhamos no desenvolvimento de um quadro teórico

para avaliar as biblioteca e os serviços de informação. Os objetivos do estudo eram

desenvolver e testar uma taxonomia de valor das bibliotecas e dos serviços informação

baseada na avaliação do usuário, determinar o custo associado com serviços

específicos, desenvolver métodos para combinar e correlacionar custo e dados de

valor e fornecer descrição detalhada e manuais que permitiriam a replicação desses

tipos de estudo.

Este artigo é um de uma série de artigos sobre esse estudo. O artigo é dirigido e

restringido para relatar apenas o primeiro objetivo, isto é, o artigo lida apenas com

quadro e descrição de valor. Na sequencia, artigos relacionados tratam de custo e da

correlação de custo e valor (Abels, Kantor, & Saracevic, 1996; outros artigos estão em

Page 5: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

preparação). Um relato do estudo em progresso que pode ser considerado o precursor

deste artigo foi apresentado em uma conferência (Kantor & Saracevic, 1995).

A realização desses objetivos exigiu um projeto e estudo empírico envolvendo a coleta

e análise de uma grande quantidade de dados de um número diferente de serviços de

muitas bibliotecas como descrito na Parte II ( incluindo lógica, método e resultados,

mais apêndices apresentando instrumentos, procedimentos e manuais para uso de

replicação) são apresentados no relatório final (Kantor, Saracevic, & D’Esposito-

Wachtmann, 1995) . Um manual orientando à aplicação da taxonomia é apresentado

separadamente (Huttenlock, Dawson, Saracevic & Kantor, 1995).

2. O que é “valor”?

A dificuldade de tratar com valor de biblioteca e serviços de informação pode ser

comparada aos problemas e às ambiguidades no tratamento de valor aos outros

campos e em situações pragmáticas. Valor tem muitas dimensões, atributos ou

predicados. Lidar com valor é um desafio em qualquer campo. Ainda, em qualquer

consideração ou modelo de comportamento individual, organizacional, ou social

baseado na intencionalidade humana, valor é um conceito intermediador

indispensável para estabelecer e guiar ações, relações, prioridades e mudanças. Nós

nos reportamos à filosofia e economia para clarear o significado de valor. Nós

sintetizamos algumas das maiores visões desses dois campos que parecem mais

relevantes e úteis para estabelecer um arcabouço teórico para o estudo de valor nas

bibliotecas e serviços de informação.

2.1 Visões da filosofia

Como uma noção fundamental humana, o conceito de valor tem desafiado filósofos da

antiguidade até hoje. Filósofos consideram valor como mérito de algo e o processo de

avaliação como uma estimativa, apreciação ou medida de seu mérito. Nos seus

trabalhos, mérito parece ser um termo primitivo indefinido. Eles consideram que valor

Page 6: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

está relacionado a, mas não é sinônimo de “bom”, “desejável” ou “que vale a pena” e

que pode ser positivo ou negativo. A teoria de valor, ou axiologia, é uma ramo da

filosofia que lida com a natureza e avaliação de valor.

Uma preocupação persistente tem sido distinguir vários tipos de dimensões de valor,

como exemplificado pelas aspas nesta parte por Aristóteles e Adam Smith. A

classificação deles, distinguindo entre valor de uso e valor de troca, é ainda válida.

Porém, classificações mais elaboradas têm emergido, as quais incluem investigação de

predicados de diferentes tipos de valor( Attfield, 1987;Perry, 1954). Na filosofia, é

comum a distinção entre:

Valor intrínseco, ser bom ou digno dele mesmo. É básico para todas as outras.

Experiências boas ou saudáveis podem ser consideradas como valores

intrínsecos.

Valor extrínseco ou instrumental, o qual é um meio/recurso para, ou contribui

para algo que é intrinsicamente valoroso. Frequentemente relacionado a uma

atividade. Um exemplo poder ser um exercício que contribui com uma boa

saúde.

Valor inerente, alguma coisa cuja experiência, contemplação ou entendimento

contribuem para valor intrínseco. Frequentemente relaciona-se com uma

entidade. Um exemplo pode ser um valor estético de um trabalho de arte que

contribui para boas experiências.

Valor contributivo, alguma coisa que contribui para o valor total no qual é uma

parte e no qual pode ser um contingente na existência de outras partes ou

atividades. Frequentemente relaciona-se a um constituinte/elemento.

Vantagem ou utilidade de um produto usado para um dado propósito pode ser

um exemplo.

Vamos agora estender esses conceitos para informação ou serviços de informação:

Se “ser informado” tem valor intrínseco, similar a experiências saudáveis e

boas, então nós podemos considerar que informação pode ter valor extrínseco

ou instrumental porque pode contribuir para ou avançar um estado de uma

pessoa de “ser informada” (ou melhor informada).

Page 7: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

Um serviço de informação tem um valor contributivo se ele fornece tal

informação. Em particular, ele pode ter valor contributivo de valor se a

informação fornecida serve para alguma aplicação ou decisão por uma pessoa

informada.

Finalmente, alguma coisa que pode “conter” informação, tal qual um objeto de

informação (ex. um objeto com potencial de conter informação) um artigo bem

escrito ou um livro bem desenhado podem ter valor inerente/próprio.

Em outras palavras, o valor de ser informado é intrínseco. O valor da informação é

extrínseco ou instrumental. O valor de um serviço de informação é contributivo. O

valor de um objeto de informação pode ser inerente/próprio dele mesmo. Enquanto

essas não são as mesmas, elas são aproximadamente relacionadas. As sutis diferenças

e relações são uma fonte de dificuldades sem fim/intermináveis, até mesmo confusas.

Nós, além disso, discutimos sobre o valor da informação na Seção 3 e sobre valor dos

serviços de informação na Seção 6.

É difícil mostrar o valor intrínseco de ser informado ou o valor inerente de um objeto

de informação. É um tanto mais fácil observar o valor extrínseco ou instrumental da

informação e o valor contributivo de um serviço de informação quando ele fornece

informação ao usuário que torna-se melhor informado. É um tanto mais fácil observar

o valor contributivo de um serviço de informação quando a informação fornecida serve

para um dado fim, e está sendo relatada para um fim - tal como informação de

utilidade na tomada de decisão. Esse último aspecto de valor contributivo é o mais

importante conceito quando estuda-se o valor da biblioteca e serviços de informação.

A importância de estabelecer o contexto de valor e o estudo de valor envolvendo

pessoas tem também sido considerada na teoria social por Nobel Laureate, Gunnar

Myrdal:

Uma premissa de valor não deveria ser dada arbitrariamente: ela

precisa ser relevante e significativa em relação à sociedade na

qual nós vivemos. Pode, por isso, apenas ser apurada por um

exame do que as pessoas efetivamente desejam.

Page 8: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

Essas considerações contribuem para nosso quadro, como elaborado abaixo. Nós

fazemos distinções entre valor de informação e valor de serviços de informação, e com

base nisso nós estabelecemos modelos de uso de informação e uso de serviço de

informação. Nós consideramos valor em relação ao contexto. Nós estudamos o que os

usuários tinham para dizer sobre valor e nós construímos um modelo facetado no qual

a estrutura da taxonomia é baseada.

2.2 VISÕES DA ECONOMIA

Os economistas consideram valor como mérito/merecimento de algo que contribui

para a riqueza. É um conceito base dos economistas. A classificação de Adam Smith de

valor de troca e valor de uso permanece válida com, é claro, alguma elaboração

moderna do tema. Lidando com medida de valor de troca em economia é

consideravelmente mais fácil do que em outros campos porque (como explicado pelo

Nobel laureado Coase em uma conversa em 1975 visando atingir os bibliotecários).

A grande vantagem que a economia possui é que os economistas podem usar a

“medição pelo viés do dinheiro”.

Infelizmente, se considerar valor de informação e serviços de informação esse viés de

medição não pode ser facilmente aplicado. Para a maioria das bibliotecas e dos

serviços de informação, não há mercado no sentido econômico onde dinheiro é

trocado diretamente e por isso não podemos usar a medição pelo viés do dinheiro.

Outras formas de medidas são necessárias. Na maior parte, ao invés, nós precisamos

lidar com o valor de uso.

VALOR DE TROCA. Dois conjuntos distintos das teorias econômicas que estão em

utilização relacionados ao valor têm emergido seguindo a classificação do valor de

troca e do valor de uso. No primeiro conjunto, existem um número de elaborações,

alguns com considerável sofisticação resultando de uma interação de uma economia

de mercado. Em um tratamento formal clássico o Nobel laureado G. Debreu (1950,

p.1) chama isso de “teoria de valor”, enquanto lidando com:

Page 9: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

...sistema de preço ou função de valor definida no espaço da

mercadoria:

(1) explicação dos preços das mercadorias resultando da interação de

agentes econômicos de uma propriedade privada através de mercados

(2) e a explicação do papel dos preços de um estado ideal de economia.

Heilbroner (1988) comentou que tais teorias de valor orientadas ao preço são de fato

teorias de preço. A força delas está na concentração na troca em termos de preços, e

tal qual, essas teorias foram com sucesso aplicadas em relação a numerosas

mercadorias e análise de mercado. Relacionada a essas teorias está frequentemente

aplicada a técnica de análise custo benefício, “a qual é essencialmente aplicada a

teoria de preço, tendo como seu objetivo o valor monetário que é ganho e que é

perdido seguindo um curso particular de ação” (Coase, 1994, p.40). Pragmaticamente,

em um sentido mais restrito, porém muito importante sentido de despesas ou de

investimentos, o valor de troca é medido em termos de retorno de investimentos,

significando trocas e retornos financeiros (equivalentes). A fraqueza da teoria do valor

de troca (ou de preço) é, primeira, que ela não envolve o segundo tipo de valor

denominando valor de uso que tem também grande significância econômica, e

segundo, que ela não pode ser aplicadas no mercado que não envolva preços e trocas

monetária, como nos casos de muitos serviços de informação.

Uma das áreas onde este conceito de preço de valor de troca e análise de custo

benefício em geral, e as derivações pragmáticas de ROI em particular, não têm sido

ainda aplicadas com sucesso é na informação e nos serviços de informação. Enquanto

que as organizações, instituições e comunidades financiadoras gostariam ter um custo

benefício direto ou nas respostas às perguntas do tipo ROI sobre o valor recebido nos

investimentos de tais serviços, isso não pode ser alcançado diretamente (REPO, 1989).

A razão encontra-se nas particularidades que fazem a informação um fenômeno único.

As noções de ROI e de troca medidas em termos monetários por si só não estão

apenas limitando, mas também inadequando e enganando quando considerados os

serviços baseados em informação ou mesmos outros intangíveis envolvendo valores

intrínsecos, tais como educação e instituição relacionadas como universidades, que

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fornecem valor contributivo. A questão geral está levantada: em que medida pode o

valor intrínseco tal qual está sendo informado e o subsequentemente valor extrínseco,

tal como informação, e o relacionado valor contributivo de serviços de informação ser

endereçados pelos valores de troca econômicos? Até agora, não muito bem.

VALOR DE USO. Para direcionar sobre as limitações das teorias do valor de troca ou as

teorias de valor de preço, um segundo grupo de teorias econômicas emergiu baseado

no valor de uso. Isso foi feito para estender o tratamento de valor econômico para as

dimensões de valor intrínsecas, tais como exigências, necessidades, utilidades,

satisfações, prazer, dores e preferência. O conceito de economia unificada chamado

“utilidade” emergiu e as teorias resultantes são chamadas de teorias utilitárias.

Algumas delas são formais e muito especializadas, tais como a teoria da diminuição da

utilidade marginal. Até agora, as teorias utilitárias, enquanto populares, orientadas por

muitos economistas e acadêmicos, têm tido resultados mistos de análise de mercado

ou explicação de atividades econômicas ( ex. Coase, 1994 p.43 diz “até o presente ela [

teoria utilitária] tem sido largamente estéril). Ainda assim, ela é uma teoria utilitarista

e, correspondentemente ao valor de uso, em relação à teoria de troca e de valor de

troca, a informação e os serviços de informação podem ser frutuosamente ligados,

como discutido em algum detalhe mais tarde.

PROBLEMA DE VALOR. A questão de endereçar a alguma forma unificada as várias

concepções de valor (tais como aqueles representados nas teorias de troca e teorias

utilitárias) é a proposição mais difícil, como é a mesma questão em todas as áreas.

Heilbroner (1988. P.105, 107) discutiu o “problema do uso”.

Há uma problemática geral de valor- uma questão central que pode ser

discernida dentro do amplo espectro, definições e concepções que o

sujeito abraça? .....

A problemática geral do valor, como eu a vejo, é o esforço de ligar a

superfície do fenômeno da vida econômica a alguma estrutura interior

ou ordem... O valor da teoria é... à busca por processos ou estruturas

que transmitem configuração ordenada ao mundo empírico

Page 11: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

aparentando arcos em preenchimentos de ferro sob a influência de um

magneto. (Ênfase no original)

A mesma dificuldade é experimentada quando na investigação do valor de serviços de

informação. Nosso estudo é de fato restrito à superfície do fenômeno do uso da

informação. Entretanto, especificando uma estrutura e derivando uma Taxonomia, nós

estamos fornecendo uma ferramenta para possibilitar ir debaixo da superfície.

O que cria valor? Passando de atributos específicos à preocupações mais amplas de

consequências externas visíveis nós vimos que o valor da economia é relacionado à

criação de riqueza. A questão que os economistas buscaram em Adam Smith é : a

resposta tradicional a essa questão foi que o valor é criado pela terra (recursos

naturais), trabalho e capital, depois foi adicionada a gestão. Algumas teorias

sublinharam/ressaltaram o trabalho (ex. Marx), outras capital, mais atualmente as

teorias capitalistas incluem uma combinação de todas. Com a evolução da ordem

social para uma sociedade pós-industrial (Bell,1973), ou sociedade “pós-capitalista”

(Drucker,1994) ou o que nós comumente chamamos de “sociedade de informação) um

grupo diferente de fatores contributivos tem emergido.

Os recursos econômicos básicos,- ‘os meios de produção’, para usar o termo dos economistas – não são mais o capital, nem os recursos naturais ( a ‘terra’ do economista), nem ‘trabalho’. É e será conhecimento ... Valor é agora criado por ‘produtividade’ e ‘inovação’ ambas aplicações do conhecimento no trabalho. O principal grupo social da sociedade do conhecimento será o dos ‘trabalhadores do conhecimento’ – executivos do conhecimento que sabem como alocar conhecimento para uso produtivo, assim como os capitalistas sabiam como alocar capital para uso produtivo; profissionais do conhecimento, empregados do conhecimento... O desafio da economia da sociedade pós- capitalista será, portanto, a produtividade do trabalho do conhecimento e o trabalhador do conhecimento. (Ênfase no original)(Drucker, 1994,p.5).

A frase pós alguma coisa sugere transição. Pós-industrial e pós-capitalista denota uma

sociedade em transição. O pensamento econômico a respeito do valor está também

Page 12: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

em transição. Respostas, as quais, também constituem valor estão sendo modificadas -

isso está incluído no desafio emitido por Drucker. Se nós aceitamos a premissa de Bell

e Drucker que o conhecimento (e por extensão a informação) está se tornando central

na ordem econômica, então isso segue que o valor da informação está crescendo e

aumentando significantemente. Isso tem implicações enormes para biblioteca e

serviços de informação. Contudo, isso não significa que eles estão subitamente e na

presente configuração sendo impulsionados para um papel central. Não mesmo. Isso

significa que eles estão encarando muitos desafios, como fazem outras instituições em

transição. Definir seu próprio valor é um deles.

3. VALOR DE INFORMAÇÃO

Nesta seção, nós consideramos essas abordagens ao estudo de valor da informação.

Nós sintetizamos a abordagem aos estudos de valor de informação na economia e

adaptamo-las à informação como obtido pelos usuários da biblioteca e serviços de

informação. Para fazer isso, nós desenvolvemos um modelo de uso de informação e

então fornecemos uma lógica para aplicação desse modelo. Nós fazemos uma

distinção entre valor de informação e o modelo de uso de informação como

apresentado nesta seção, e o valor dos serviços de informação e o modelo de uso dos

serviços de informação como apresentado na Seção 6. A razão para desenvolver um

modelo de uso de informação e mais tarde do uso do serviço de informação é simples

e direto: a fim de lidar com valor de uso da informação e dos serviços de informação

nós primeiro temos que estabelecer os elementos ou dimensões de uso. Nós

assumimos que o valor é relacionado ao uso. Essa é a nossa premissa central.

3.1 – O QUE É INFORMAÇÃO?

Primeiro, é claro, nós temos que refletir sobre o significado da informação. Um

número de interpretações existem, as quais são assumidas em um dado tratamento

do valor da informação. Nós podemos apresenta-las em uma escala na qual a

informação está relacionada em três sentidos. No primeiro e mais restritivo fim da

escala, informação é considerada exclusivamente como proprietária de ou contendo

Page 13: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

uma mensagem (texto, gravação, documento...). Como um exemplo, a teoria de

Shannon de informação assumiu essa interpretação.

Mais adiante, em uma interpretação mais ampla, informação é considerada em

relação à cognição. Isso resulta da interação de duas estruturas cognitivas, uma

“mente” e (ampliadamente) um “texto”. Informação é o que afeta ou muda o estado

de uma mente. Em casos de serviços de informação, informação é mais

frequentemente relacionada à transmissão por meio de um texto, documento ou

gravação , ex., o que um leitor pode entender de um texto ou documento. A

interpretação por Tague-Suitcliff (1995,p. 11-12) encaixa-se:

Informação é um intangível que depende da conceituação e do

entendimento de um ser humano. Registros contêm palavras ou

figuras (tangíveis) absolutamente, mas elas contêm informação

relativas somente ao próprio usuário...Informação é associada

com uma transação entre texto e leitor, entre uma gravação e

um usuário.

Ainda mais adiante, em um sentido mais amplo de informação, ela é relacionada não

apenas às estruturas cognitivas, mas também à motivação ou intencionalidade, e por

isso é relacionada ao contexto social ou horizonte mais amplo, como cultura, trabalho

ou problema em questão. Do ponto de considerar o valor da biblioteca e serviços de

informação, nós precisamos também incluir o contexto e assim tratar a informação em

uma interpretação mais ampla.

Na definição de nossa estrutura para o estudo do valor, nós consideramos ambos, o

segundo, baseada na concepção interativa e cognitiva de informação e a terceira

concepção de informação inserida em um contexto representado pela

intencionalidade em relação a alguma razão, tarefa, ou problema em questão. Em

outras palavras, nós sugerimos que no estudo de valor dos serviços de informação nós

não podemos tratar “a mensagem isolada”, nós precisamos considerar a informação

no seu sentido cognitivo e contextual.

Page 14: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

3.2 ABORDAGENS PARA O ESTUDO DO VALOR DA INFORMAÇÃO

A questão do valor da informação tem sido enfocada em poucos campos, mas

primariamente nos trabalhos relacionados a economia da informação. Seguindo a

classificação de Ahituv e Neuman, (1986,cap.3), as abordagens do valor da informação

podem ser distinguidas em :

Abordagem do valor normativo : aplicação do modelos formal e rigoroso

envolvendo informação e incerteza e/ou utilidade em relação à tomada de

decisão. A abordagem é baseada em um número de suposições subjacentes

que tomam restrição significativa no tipo de informação considerada e tipo de

aplicação em situações reais.

Abordagem de valor realista. Uma abordagem anterior e posterior medindo o

efeito da informação fornecida pelos novos (ou dado tipo de) serviços de

informação no resultado de decisões e/ou performance dos tomadores de

decisão. Junto com a abordagem normativa, essa abordagem assume a

informação como uma exclusiva, identificável variabilidade e compartilha a

dificuldade de resolvê-la de outra ou variáveis intervenientes que também

afetam o complexo processo da tomada de decisão.

Abordagem de valor percebido. Avaliação subjetiva pelos usuários de

informação, do valor ou benefícios de dada informação. Isso assume que os

usuários podem reconhecer o valor da informação (os benefícios

ganhos/perdidos). Se escalas forem usadas, assume-se que eles podem colocar

o valor em alguma posição ou, se termos monetários forem usados, que eles

possam traduzir o valor em unidades monetárias.

As três abordagens formam uma escala em termos de restrição. A primeira

abordagem, a abordagem normativa de valor, é até agora a mais rigorosa; ela alcança

o rigor por ser mais restritiva. A medida da informação por necessidade, toma a mais

estreita visão de informação. Isto é, a estreita visão restringe da medida os atributos

de informação e o contexto, pela exclusão de atributos e aspectos mais amplos ( como

discutido acima). Em contraste, nós acreditamos que a informação, em respeito ao seu

uso no contexto real (em oposição ao abstrato) de tomada de decisão e como

Page 15: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

fornecido pelos serviços de informação, incorpora aspectos mais amplos. Como

desejável que esse rigor é, a abordagem normativa não tem sido aplicada com sucesso

na teoria ou prática relacionada ao valor da biblioteca e serviços de informação (REPO,

1989).

A abordagem de valor realística tem menos restrições no tipo de informação e serviços

de informação aplicados e menos rigor. Ela tem sido aplicada em um número de

variações na avaliação da biblioteca e serviços de informação. Essas são revisadas em

pesquisas de estudos na economia e e/ou o valor da biblioteca e serviços de

informação por King, Roderer, and Olsen (1982), Cummings ( 1986), Koenig (1990), and

Feeney and Grieves (1994); Repo(1989), conduz compreensivamente e criticamente

com uma variedade de abordagens e estudos de valor da informação em uma

economia peculiar.

Quando nós vamos para o outro fim de escala, para a abordagem de valor percebido,

nós afrouxamos o rigor e a precisão e, acima de tudo, nós temos grande dificuldade de

lidar com o que tem sido chamado de “coleção unida (untidy) de atributos de

dissimulação”. Porém, nós ganhamos por admitir os julgamentos dos usuários, os

quais, afinal, são os principais receptores de um serviço de informação. Usando essa

abordagem, diversos estudos (revisados acima) envolveram usuários na avaliação de

biblioteca e serviços de informação. O nosso continua nessa linha de pesquisa.

Contanto que os pressupostos e as subsequentes limitações dai decorrentes,

vantagens e desvantagens de todas as abordagens, são compreendidas e não

ignoradas pode-se proceder com qualquer abordagem e / ou interpretar os resultados

de um estudo tendo os pressupostos de uma determinada abordagem em questão.

Mas, para sublinhar: a suposição de que se entende por informação, e as restrições de

uma determinada abordagem têm que ser reconhecidas.

3.3 ABORDAGEM NORMATIVA

Page 16: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

Devido ao rigor e à sua conveniência, vamos revisar a abordagem normativa em

detalhe para ver o que podemos adaptar dos conceitos e do rigor. Os avanços nas

teorias da incerteza e informação, uma área da economia da informação tem sido

pesquisada por Hirshleifer and Riley (1992). Ela pode ter um potencial para o

desenvolvimento de um quadro teórico para estudo do valor da informação. A teoria

fornece:

Uma rigorosa fundamentação para análise da tomada de decisão individual e do equilíbrio de mercado sob condições onde agentes econômicos estão incertos sobre sua própria situação e/ou sobre as oportunidades oferecidas para eles pelas relações de mercado... Uma primeira distinção fundamental é entre as economias da incerteza e as economias de informação. Na economia da incerteza cada pessoa adapta para sua ou seu dado estado de limitada informação por escolher a melhor ‘possibilidade’ de ação disponível. Na economia de informação, em contraste, os indivíduos podem tentar superar a sua ignorância pela ação “informacional” operacionais designados para gerar, ou caso contrário, adquirir novo conhecimento antes que uma decisão final seja tomada. (Ênfase no original) (ibid p.1-2)

Os autores fornecem os seguintes exemplos. Na economia da incerteza, um indivíduo

precisa agir com base nas atuais crenças ex., decidindo ou não carregar um guarda-

chuva baseada na estimativa presente de uma chance de chover; enquanto na

economia da informação uma pessoa está tipicamente tentando chegar em crenças

improváveis, ex., analisando um relatório do clima antes de pegar o guarda-chuva.

Uma informação pode ser considerada como causando a diferença entre as crenças

fixas e as melhoradas/aperfeiçoadas ou, em termos cognitivos, entre diferentes

estados de conhecimento do tomador de decisão. O valor da informação é calculado

como a diferença entre a expectativa do (tomador da decisão) e a utilidade da decisão

tomada sem a informação e a expectativa da melhor escolha possível na decisão

tomada após receber e analisar a informação. Em outras palavras, o valor da

informação repousa no melhoramento das decisões tomadas. Indivíduos podem, em

alguma extensão, superar a “ignorância” deles ou incerteza por alguma ação

informacional, tal como usando um serviço de informação. Essa abordagem da teoria

da decisão tem sido aplicada para análise da distribuição/co-participação de preços,

Page 17: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

receitas de vendas, medidas de prevenção de acidentes, e situações similares onde a

informação tinha atributos reduzidos/limitados e utilidade definida.

As medidas da “utilidade esperada” usada nesse tratado para expressar o valor da

informação são baseadas nas probabilidades e na razão formal probabilística. Essas são

ferramentas poderosas usadas em muitas áreas com grande sucesso. Porém, o uso de

tais ferramentas exige dois pressupostos chave, raramente discutidos. Primeiro,

assume-se que o tomador de decisão pode, de fato, selecionar a melhor decisão, com

ou sem informação. Como mencionado, isso restringe o tipo de “informação” que

pode ser negociada com e exclui outros aspectos de cognição e da razão e outras

variáveis que entram na tomada de decisão, ex., assumindo uma conexão linear direta

entre informação e decisão, como no relatório sobre o clima e na decisão sobre o

guarda-chuva. Segundo, assume-se/isso pressupõe que o tomador de decisão pode, de

fato, atribuir/especificar/fixar utilidades e probabilidades.

A teoria fornece uma distinção entre uma “mensagem” e um “serviço de mensagem”

ou, na nossa linguagem, entre informação e serviço de informação. “Uma vez que você

não pode nunca saber antecipadamente o que você aprenderá, você nunca pode

comprar uma mensagem, mas apenas um serviço de mensagem - um grupo de

possíveis alternativas de mensagens. (ibid p.168) Vamos agora explorar o valor da

informação com uma visão de alguma adaptação de conceitos elaborados nesta

seção em um quadro teórico. Mas primeiro, nós expandimos uma relação importante

e frequentemente confusa .

3.4 RELAÇÃO ENTRE INFORMAÇÃO E SERVIÇO DE INFORMAÇÃO.

A relação entre informação e serviço de informação é complexa como é a relação

entre valor de informação e valor de serviços de informação. O serviço de informação

é o mecanismo ou organização que fornece a informação (sobre o estado do mundo

ou conhecimento público) para um usuário. No caso no qual o usuário usa a

informação para tomar decisões, nós podemos pensar no usuário como um tomador

de decisão. Quando a informação é disseminada, o serviço de informação tem

Page 18: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

completado seu papel no processo. Mas o usuário não tem realizado ainda a atividade

cognitiva, (ex., revisando a avaliação do estado do mundo ou aumentando o estado

dele/dela de conhecimento) e, certamente, não realizado alguma aplicação baseada na

atividade cognitiva. No caso do tomador de decisão, a aplicação é selecionar a melhor

decisão possível com algum valor correspondente esperado.

Para reconhecer a distinção e a conexão entre valor informação e valor de serviços de

informação, nós temos desenvolvido dois distintos, mas relacionados modelos: um de

uso de informação, elaborado depois e outro do uso de serviços de informação,

elaborado na Seção 6.

3.5 AQUISIÇÃO - COGNIÇÃO - APLICAÇÃO DO MODELO DE USO DE INFORMAÇÃO

Nós assumimos que os usuários dos serviços de informação estão engajados em

alguma tarefa ou estão lidando com um problema em questão que fornece as razões

para a busca de informação e por conseguinte usar o serviço. Em outras palavras,

tomamos a terceira, a mais ampla concepção de informação, onde não apenas os

aspectos cognitivos e interativos são refletidos, mas a intencionalidade está envolvida

também. Nós então postulamos um modelo de uso da informação. Nós chamamos isso

de aquisição -cognição- aplicação, ou modelo A-C-A. É o nosso modelo básico ou de

início de nosso estudo. O modelo envolve três atividades ou fases em um ciclo relatado

à informação obtida de um serviço de informação:

1-Aquisição: o processo de aquisição de informação ou objetos potencialmente

transmissores de informação, relacionado à alguma intenção.

2-Cognição: o processo de absorção, entendimento e integração da informação.

3-Aplicação: o processo de uso (potencial) da nova informação entendida de modo

novo ou cognitivamente processada.

Nós fazemos uma diferença entre esse modelo A-C-A do uso de informação e um

modelo apresentado mais tarde (Seção 6.4) de uso de serviços de informação, que nós

chamamos de modelo Razão – Interação - Resultados- ou modelo R-I-R. Como já

mencionado, mas elaborado depois, há uma conexão, mas também uma importante

Page 19: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

diferença entre o uso da informação e uso de serviços de informação, o qual é

refletido em avaliação de valor e chama por diferentes modelos. Cada modelo

representa através de seus elementos as dimensões ou facetas envolvidas na avaliação

de valor. O primeiro modelo (A-C-A) reflete as facetas envolvidas no valor da

informação e o segundo, modelo (R-I-R) e aquele envolvido no valor dos serviços de

informação.

As três fases do ciclo podem ser empacotadas juntas em uma sequência curta ou

podem ser algum período de tempo que passa entre eles. Aquisição pode envolver

algum serviço de informação que forneça algum material de informação ou

informação. Cognição envolve algumas mudanças no estado de conhecimento dos

usuários- nós não especificamos a natureza dessas mudanças, se existirem. Poderá

haver um número de tipos de usos da Aplicação ,uma delas pode ser a tomada de

decisão. A abordagem da teoria de decisão assume a tomada de decisão como

Aplicação. Tipicamente, o ciclo pode ser repetido muitas vezes pela mesma tarefa ou

problema, ex., um usuário pode usar um serviço várias vezes em respeito ao mesmo

ou à evolução do problema.

3.7 APLICAÇÃO DO MODELO A-C-A.

A fim de mostrar que o ciclo de Aquisição, Cognição e Aplicação estabelecem valor da

informação mesmo sem referência à concepção probabilística (como na teoria de

decisão, na perspectiva da incerteza e informação revisada acima), nós consideramos

um evento típico do uso da biblioteca em uma pesquisa na biblioteca. (O exemplo

poderia ser estendido para outros tipos de bibliotecas e centros de informação).

Um estudante vai a uma biblioteca a fim de consultar algum livro ou artigo para

informar-se melhor sobre o estado de conhecimento dele ou de algum campo de

interesse antes de uma tarefa de escrever um artigo - tal qual esta. Ele pode ler o livro

ou artigo, emprestá-lo, ou copiar certas páginas ou transcrever passagens ou frases à

mão. Ir para a biblioteca e pegar alguns artigos ou livros representa a fase do ciclo

denominada Aquisição.

Page 20: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

Na fase Cognitiva, o processo cognitivo toma lugar, em parte durante a leitura ou

cópia, e continua por algum tempo depois. No fim, quando o estudante compromete-

se ele mesmo com a fase de Aplicação, que é a tarefa de escrita, ele escreve

pensamentos particulares expressados em dadas palavras, e não outras. A

introspecção revela que as decisões para escrever palavras em um papel é uma tarefa

muito complexa, influenciada por muitos fatores. Há, certamente, nenhuma maneira

em muitas situações para traçar o impacto específico desse evento específico de uso

de biblioteca na formulação de um artigo. Assim, podemos argumentar que não houve

nenhum uso considerando a perspectiva da teoria de decisão na tentativa de

derivar/obter valor.

Não obstante, nós discutiremos que é sensível considerar a abordagem de tomada de

decisão em consideração do valor, mas sem as probabilidades e razões probabilísticas.

Para ajudar a clarear o nosso raciocínio, nós podemos pensar nas decisões possíveis,

como colocando em algum espaço abstrato de possíveis decisões, representadas na

figura 1.

Os conjuntos da figura 1 são suposições para representar todos os possíveis artigos

que esse estudante pode escrever sobre seu tema. Nós podemos pensar neles como

os artigos que o estudante poderia ter escrito sobre seu tema e os que ele poderia ter

rejeitado. Um conjunto de possíveis artigos, são os artigos que o estudante poderia ter

escrito se ele nunca tivesse ido à biblioteca e nem emprestado aqueles livros e os

artigos em particular (opções disponíveis “sem biblioteca”). O outro conjunto são os

artigos que o aluno poderia ou pode escrever depois que visitou a biblioteca. [Existem

algumas citações lidas nos livros que também são visíveis agora, mas não eram visíveis

para ele anteriormente. Esses são itens representados no segundo grupo e não no

primeiro]. Agora, a curva pode sugerir que a segunda curva simplesmente cerca a

primeira. Isso é, tendo lido mais, o estudante poderia certamente escrever o mesmo

artigo que ele poderia escrever sem ter lido ou ele poderia escrever um diferente. No

entanto, recorrendo novamente à introspecção, afirmamos que após exposto a

determinadas informações, certas linhas de expressão escrita tornaram-se

Page 21: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

inaceitáveis para ele. Em outras palavras, existe uma região (opção ''não viável após

uso da biblioteca'') que está contido no primeiro grupo e não é mais contida no

segundo, porque ele ficaria constrangido ou se sentiria que ele estava correndo o risco

de erro caso ele o escrevesse. Do mesmo modo, há um conjunto de expressões

alternativas (incluindo as cotações mínimas de ou referências a novos materiais

recolhidos) que está disponível para ele agora e não estava disponível antes. Estes

representam os itens que estão no segundo grupo, mas não estão no primeiro grupo.

[ou seja, o estudante tem duas opções: poderia ter escrito um texto como se ele não

tivesse aprendido algo a mais, ou poderia ter escrito um bom texto, visto que ele

adquiriu novos conhecimentos].

Para ser de alguma forma mais rigorosos sobre isso, supomos que todos os itens que

estão disponíveis são, em última instância, tão bons como qualquer uma das

alternativas que ele agora constatou/julgou inaceitável, então nos sentimos

confortáveis em afirmar que a visita à biblioteca aumentou o valor do artigo que será

escrito por esse estudante. [Para ser de alguma forma mais rigorosos sobre isso, pode-

Opção

disponível

após o uso

da

biblioteca

Estas opções

são

disponíveis

com ou sem o

uso da

biblioteca

Esta opção é disponível com

o uso da biblioteca

Esta opção não é viável

depois do uso da biblioteca

Esta curva contém opções em

o uso da biblioteca

Page 22: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

se supor que todos os itens agora disponíveis para o estudante após a visita à

biblioteca, aumentaram bastante o valor do seu artigo]. Nós não necessitamos uma

complexa estrutura probabilística, mas simples razões como as apontadas nesse

parágrafo.

Um novo artigo pode ser escrito devido as novas alternativas adquiridas. E,

correspondentemente, ele não é escrito do grupo de alternativas agora consideradas

inaceitáveis. Em uma comparação de pares, não importa qual desse incontável número

de alternativas é escolhido, o artigo será melhor escrito por ele ter visitado a biblioteca

do que se ele não tivesse visitado. Por um lado, o novo artigo poderá ser escrito entre

a gama de possibilidades que pertencem à ambos os grupos. Nesse caso, a visita à

biblioteca talvez não tenha nenhum efeito.

Assim, sem recorrer ao cálculo explícito de qualquer tipo de medida de utilidade,

podemos, não obstante, dizer que informação adquirida a partir de uma biblioteca

exibe o seu valor na Aplicação e o produto final (nesse caso o artigo escrito) mesmo

que não podemos especificar como a ação foi uma decisão escolhida em alguma lista

finita pequena.

Assim, nós podemos separar o serviço de informação da informação e considerar o

problema do valor do serviço de informação ele mesmo/ a si mesmo sem avaliar a

informação independentemente dos usuários e dos serviços para eles. É útil considerar

outros. Por exemplo, os serviços de saúde são avaliados de maneira que não nos

obrigam a atribuir valor para a própria saúde. Serviços financeiros são avaliados de

suas próprias complexas maneiras sem recorrer a valores de finanças. Essa é a

justificativa para a abordagem tomada nesse estudo.

4. RELEVÂNCIA E VALOR DE INFORMAÇÃO

Relevância é uma noção chave na ciência de informação porque é central no projeto e

avaliação dos sistemas e técnicas de recuperação da informação (IR). É também um

Page 23: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

fenômeno complexo com uma longa e turbulenta história da ciência da informação,

voltando aos anos de 1950. (para uma revisão, veja Saracevic, 1975 e Schamber,1994).

Em geral, relevância, segundo Webster, significa ser significante tendo um assunto em

questão. Como muitos outros conceitos, relevância assume significado mais específico

relacionado em contextos mais específicos e aplicações. No contexto da comunicação

humana, relevância é o critério ou atributo que reflete a efetividade da troca de

informação entre as pessoas (ou pessoas e objetos) nos contatos comunicativos. Essa

eficácia envolve cognição e estruturas cognitivas e comunicação como um processo

interativo. Em aplicações relacionadas a sistemas de informação e IR, relevância é o

atributo ou critério que reflete a efetividade da troca de informação entre pessoas (ex.,

usuários) e sistemas de informação em contatos de comunicação baseados na

avaliação das pessoas. Dada à dinâmica natural da troca de informação e comunicação

em geral, a relevância torna-se... “um conceito dinâmico que depende do julgamento

do usuário, da qualidade do relacionamento entre informação e a necessidade de

informação em um certo ponto de tempo” (Schamber, Eisenberg & Nilan,1990)

Relevância como um critério e julgamento humano de relevância de objetos

recuperados (tais como documentos, textos, dados, imagens) como um instrumento

de medida, as medidas de precisão e de revocação são amplamente usadas na

avaliação de sistemas de recuperação da informação. A força dessa medida é que ela

envolve pessoas – usuários- os julgadores da efetividade da performance. A ameaça é

a mesma: envolve julgamento de pessoas, com todos os perigos da subjetividade e

variabilidade.

Relevância indica uma relação e o mesmo acontece com VALOR como discutido acima.

Na relevância, algumas relações tem sido estudadas/investigadas. Um (UNEASY)

consenso tem emergido na CI que operacionalmente nós podemos distinguir três

relações entre três facetas (algumas vezes chamados tipos) de relevância:

Relevância topical- Relação (grau de correspondência) entre um tópico

expresso na consulta representada em um sistema de informação e nos tópicos

cobertos nos objetivos recuperados.

Page 24: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

Relevância cognitiva- Relação entre o estado de conhecimento e informação

cognitiva necessária de um usuário e os objetos fornecidos pelo arquivo do

sistema.

Relevância situacional ou utilidade - relação entre a atividade ou problema em

questão e os objetivos recuperados (ou arquivos). Relaciona a eficácia da

utilidade na tomada de decisão.

Praticamente, os sistemas IR acessam apenas a relevância topical – eles respondem a

todas as perguntas - esperando que os objetos recuperados possam ter também

relevância cognitiva e mesmo mais utilidade. Contudo, um usuário pode julgar um

objeto por qualquer ou por todas as outras facetas ou tipos de relevância– para um

usuário pode ter três facetas dinamicamente. Dificuldades aparecem quando um

objeto é de relevância topical, mas não tem relevância cognitiva ou de utilidade, ou

inversamente. Se os itens são de relevância cognitiva ou de utilidade, mas não são

refletidos na questão, eles não são ou não podem ser recuperados. A variedade de

tratamento da questão (modelando usuário, expansão da pergunta baseado em

relevância de feedback) foram iniciadas para superar essas dificuldades com o objeto

para ter a consulta correspondente, tanto quanto possível da relevância cognitiva e /

ou relevância situacional ou utilidade. Por exemplo, um número de técnicas de IR

(revisadas por Kantor, 1994) tem sido desenvolvidas com o objetivo de fornecer

sistemas de IR com alguma chance de discernir o estado cognitivo e/o estado

situacional do usuário.

Nós podemos conectar as três facetas de relevância em IR para uma perspectiva mais

ampla. Na Filosofia, Schutz (1970) lidou extensivamente com relevância como uma

propriedade que determina as conexões e relações em nosso mundo social. Ele sugere

que uma pessoa em algum momento tem um “tema” – o objeto presente ou aspecto

de concentração – e um “horizonte” – espaço físico, experiências próprias, prática

social (social background) que são potencialmente relevantes para o tema.

Subsequentemente, ele definiu três tipos básicos e independentes de relevância, as

quais estão em interação dinâmica em um “sistema de relevâncias”.

Page 25: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

Relevância topical - Percepção de algo problemático que é separado do

horizonte para formar um tema, ex. do ponto de vista de um leitor, a parte do

livro que o leitor decide ler tem relevância topical.

Relevância interpretativa- Envolve o horizonte, o estoque de conhecimentos,

experiências passadas e similares, na compreensão do significado para que o

tema possa ser relacionado.

Relevância motivacional- Envolve seleção. Quais das muitas interpretações

alternativas são selecionadas? Refere-se ao curso da ação a ser adaptado.

Enquanto Schutz lida com uma arena maior do que a ciência da informação e

concentra nas pessoas e sua relações com o mundo social em que vivem, as categorias

que ele sugeriu correspondem bem às facetas operacionais de relevância distinguidas

da ciência de informação. Eles representam uma seleção do tópico ou problema em

questão, a cognição na interpretação, e a consequente seleção de interpretação e ou

ação.

Na última faceta ou tipo de relevância, a saber, relevância situacional ou utilidade na CI

corresponde à relevância motivacional que para Shcutz diz respeito ao valor de uso da

informação, como discutido na seção anterior. Num certo número de aspectos, eles

são os mesmos. Contudo, valor de uso tem uma variedade de dimensões que a

relevância não cobre, e, além disso, ele não parte dos pressupostos de relevância.

Entretanto, nós podemos argumentar o seguinte: nenhuma (informação ou objeto

potencialmente coberto de informação) fornecido pela biblioteca ou pelo serviço de

informação pode ser relevante sem ter valor. Em outras palavras, relevância e valor

estão relacionados. Assim, questões de relevância precisam ser levantadas quando se

refletir sobre valor. Contudo, relevância, mesmo envolvendo usuários é muito mais

operacional e ligada ao sistema, enquanto valor envolve muito mais dimensões

relacionadas com intenção do usuário, experiências, interação com o sistema e

utilidade, e utilização do resultado.

Para sublinhar, enquanto valor e relevância são distintos, eles também são

relacionados. Essa relação motiva um número de questões sobre relevância que

Page 26: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

perguntamos nas entrevistas de usuários enquanto exploramos suas percepções de

valor. Isso também motiva um número de categorias específicas na nossa Taxonomias

apresentadas na Parte II. Mas o fato de que a relevância não é equivalente ao valor

motiva perguntas adicionais em entrevistas de usuários e dimensões adicionais ou

facetas na Taxonomia que não são relacionadas à relevância.

5. VALOR DA BIBLIOTECA E SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO.

5.1 Critério de avaliação. Suas relações na dimensão de valor.

Bibliotecários têm uma grande tradição de avaliação, as quais começaram com a

emergência da biblioteconomia no fim do século 19 e concentraram-se por um longo

tempo depois na avaliação como observação dos padrões estabelecidos e melhores

práticas, relacionadas a participações, representações, arranjos, espaço, quadro de

funcionários, operações, etc. critérios derivados dos padrões e boas práticas não

refletem dimensões de valor. Avaliação dos sistemas de RI iniciaram nos anos de 1950

e concentraram-se mais na relevância. No fim dos anos 70, um número de estudos

emergiu e usou diferentes perspectivas e critérios de avaliação para bibliotecas e

serviços de informação (King,1978). A abordagem para avaliação de biblioteca e de

serviços de informação tem sido frequentemente dicotomizada/bifurcada na

abordagem centrada no sistema e centrada no usuário. (Dervin & Nilan, 1978). Embora

não haja e não deve haver qualquer conflito entre os dois - são muito relacionados -

há uma forte escola de advocacia para a necessidade de avaliação centrada no usuário,

como articulado por Orr (1973) e, mais recentemente, por Bawden (1991).

ESTUDOS CENTRADOS NOS USUÁRIOS. Tais estudos têm sido conduzidos usando uma

variedade de critérios e medidas associadas: satisfação, sucesso, utilidade, relevância,

plenitude, especificidade, precisão, oportunidade, impacto, esforço, dificuldade,

fracasso, frustação e similares (Baker &Lancaster,1991; Kantor, 1994; Robertson &

Hancock-Beaulieu,1992; Saracevic, 1995;Saracevic & Kantor, 1988). Um número desses

critérios e medidas associadas reflete uma ou outra dimensão de valor, mas múltiplas

Page 27: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

dimensões são necessárias para capturar a riqueza do valor de uso. Nesses estudos nós

estamos interessados na avaliação do uso dos usuários no acesso a sistemas, serviços e

resultados, envolvendo um número de dimensões, como refletido na Taxonomia

apresentada na parte II.

Mais recentemente, Tague-Suitcliff (1995) isolou os aspectos cognitivos e usou o

critério de informatividade (INFORMATIVENESS) como uma base para a avaliação

formal dos serviços de informação. Para derivar uma medida de avaliação, ela

concentrou-se no registro ou fontes de informação e considerou sua informatividade,

isto é, sua habilidade para prover informação ao usuário:

Nós dizemos que um texto contém mais informação, é mais informativo

para um leitor do que outro texto... Nós consideramos que, em certo

sentido, um texto nos ensinou mais sobre um assunto do que o outro.

Informatividade é outra dimensão relacionada a valor. Informatividade tem um maior

apelo para ser considerada não somente em uma dimensão, mas uma maior dimensão

quando consideramos o valor de registros ou documentos fornecidos pelos serviços de

informação. Se alguém pudesse operacionalizar a estrutura formal que ela

desenvolveu para medir a informatividade, isso poderia ser uma significativa

contribuição para medir a dimensão do valor que é refletida na informatividade.

Estudos centrados nos sistemas- O modelo de adição de valor. Como

mencionado, as bibliotecas têm sido avaliadas na perspectiva do sistema com

base em padrões e melhores práticas, mas o critério usado não tem relação

com valor. Porém, o valor das bibliotecas e de sistemas de informação têm

também sido tratados na perspectiva do sistema por considerar o critério do

valor agregado, o qual é melhor desenvolvido na economia. Nós necessitamos

esclarecer a distinção e relação entre valor agregado e a abordagem de valor

de uso.

“Taylor” (1986) têm proposto que as bibliotecas e centros de informação têm

“adicionado/agregado valor” às informações e aos recursos de informações. Esse

Page 28: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

aspecto do valor está relacionado diretamente às operações das bibliotecas e

sistemas de informação em vez de aos usuários. Bibliotecas relacionam valor pela

variedade de operações que podem ser convenientemente agrupadas em uma

coleção (desenvolvendo uma coleção de registros ou arquivos) descrição

(classificação, indexação e outras identificações), acesso (incluindo provisões para

a busca e recuperação) e apresentação e disseminação. A ênfase é tentar estimar o

valor que é adicionado à informação e aos objetos da informação pelas bibliotecas

e sistemas de informação. Isto é uma noção útil/vantajosa para resolver atividades

das bibliotecas dentro de diversas funções. Mas, valor considerado nos termos de

valor agregado assume e implica usos e usuários potenciais, mas não

concentra/transforma em valor as experiências dos usuários. Os processos ou

funções das bibliotecas e sistemas de informação entram apenas diretamente na

percepção dos usuários e dimensões de valor e usuários podem raramente

discerni-los. Usuários não são um bom foco de estudo para o estudo do processo

de valor agregado. Assim, outras construções teóricas e outros critérios de medida

de valor são necessários se nós queremos considerar usuários e usos.

O modelo de valor agregado não é rejeitado aqui; suas aplicações relacionadas às

bibliotecas são consideradas apropriadas. Contudo, o modelo é simplesmente

considerado inapropriado quando considerar usuários como nós aqui fizemos. No

Modelo de Aquisição-Cognição- Aplicação de uso da informação esses processos

de valor agregado servem para facilitar a Aquisição pelo usuário (necessidade e

busca) da informação e dos objetos da informação. Infelizmente, não

obstante/apesar de uma substancial literatura dos processos de valor agregado das

bibliotecas e sistemas de informação, não tem havido muito progresso na medição

baseada em experiências empíricas.

5.2 ESTUDOS REPRESENTATIVOS.

Nós não fornecemos uma compreensiva revisão aqui, por causa das restrições de

espaço. O leitor é convidado para revisar o que já foi citado na Seção 3.2. Nós

Page 29: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

devemos mencionar aqui apenas poucos estudos que (a) contém dados e (b)

diretamente relatam nosso trabalho.

Um de nossos poucos estudos de valor de uso de um serviço de informação que

incluiu substancial evidência empírica relacionado com a descrição de valor foi o

estudo de impacto usando MEDLINE por clínicos (Lindberg et al.,1993; Wilson et

al,1989). Baseado na técnica de incidentes críticos a análise resultou em três

taxonomias: razões porque indivíduos necessitam de informação da MEDLINE,

impacto de informação obtido na tomada de decisão sobre medicamentos e

impacto de resultados de atividades profissionais. Esse é o estudo mais fechado

relacionado com nossos esforços da taxonomia e foi um importante estímulo para

nosso próprio trabalho.

Tem havido um número de estudos tentando chegar ao valor de troca das

bibliotecas e serviços de informação sem depender do rigor da teoria econômica

do valor da informação, como discutido na seção 3.3. Possivelmente o mais

representativo e mais conhecido desses é o estudo de coleta de dados empíricos

em uma variedade de tipos de bibliotecas de Griffith e King. O capítulo de Griffith

and King (1994) é uma boa síntese do trabalho deles com dados extraídos de um

número de estudos, cujas referências podem ser encontradas na bibliografia deste

artigo. Nesses estudos eles relatam valor para uma variedade de medidas e

concepções, entre elas: o “preço” que os usuários pagam pelo serviço de

biblioteca, relação custo-eficácia das entradas e saídas; valor e características dos

usuários, resultados, ex: impactos ou consequências do uso e valor em relaçaõ às

características do domínio, (ex organizações, sujeitos). Alguns deles refletem valor

de troca e, outros, valor de uso. Um número de características específicas de nossa

taxonomia remete para um número de aspectos estudados por Griffith e King.

5.3 NÍVEIS DE ESTUDO DE VALOR.

O valor de bibliotecas e de serviços de informação pode ser abordado a partir de

um número de níveis. Nós podemos dividi-los em nível social,

Page 30: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

institucional/organizacional e individual. Cada nível tem diferentes dimensões de

valor e apelam por diferentes abordagens.

NÍVEL SOCIAL - esse nível ocupa-se do valor que um serviço fornece para a

sociedade ou comunidade. Assim, ele é válido para perguntar sobre o valor [avaliar

o valor] de uma biblioteca nacional, como o valor da Biblioteca National de

Medicina para execução das atividades que s erelacionam com saúde ou o valor

que uma biblioteca pública tem para sua comunidade. É amplamente acordado

que as bibliotecas preservem, organizem e disseminem registros/memória d euma

cultura ou sociedade; assim elas têm um valor social, cultural e educacional

comprovada ao longo de milênios. Na sciências, boas bibliotecas e serviços d

einformação são consideradas indispensáveis para a pesquisa. Valor no nível social

tem sido observado e justificado a longo prazo experiências e realizações culturais

e sociais associadas. Contudo, recentemente abordagens mais específica para

estudar o valor social tem sido solicitadas. As abordagens se concentram no

levantamento de uma amostra representativa de instituições afetadas na área de

interesse e ou indivíduos servidos pelos serviços. Por exemplo, no caso do estudo

envolvendo o impacto da MEDLINE fornecido pela Biblioteca Nacional de Medicina

(citada acima), envolveu um exame de uma amostar de clínicas nos EUA, derivando

amplas conclusões do valor dos serviços de saúde praticados no país.

NÍVEL INSTITUCIONAL/ORGANIZACIONAL – nesse nível nós podemos explorar o

valor de um serviço (interno ou externo) para instituições ou organizações que

seus fundadores ou a casa e em alguma outra maneira, o suportam. Valor deve ser

relacionado com a missão e progresso da instituição (tais como educação,

pesquisa, lucros de alguns produtos ou serviços). Por exemplo, bibliotecas

acadêmicas são consideradas indispensáveis para a pesquisa e educação em

universidades, assim elas têm um valor para a universidade. Centros de informação

corporativos e bibliotecas especializadas fornecem informações consideradas

essenciais para a pesquisa, administração, condução dos negócios, posição

competitiva e similares. Assim, elas têm valor para a organização como um todo.

Habitualmente (tradicionalmente), as universidades têm alocado recursos para as

Page 31: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

bibliotecas e serviços de (pela tradição ou fórmulas) com base em experiências de

longo prazo e com base na crença dos valores que tais serviços fornecem para a

realização de sua missão. Agora eles pedem uma demonstração mais específica

de valor. Esta nova realidade chama por abordagens utilizando ferramentas de

custos e análise do custo – benefício, entrevistas focadas em grupos, análise de

gestão e estudos de usuários.

NÍVEL INDIVIDUAL – no nível individual, usuários e usuários potenciais são

convidados a manifestarem sua percepção de valor em relação aos serviços

recebidos e usados. Abordagens incluem análise de incidentes críticos,

levantamento e interação com usuários no momento do uso para avaliar o valor

recebido. Nosso estudo é um exemplo.

CONEXÃO – os níveis não são isolados, eles são interdependentes. Existe uma

relação entre o contexto de valor social ou organizacional e o contexto individual.

No final, as bibliotecas atingem o valor social ou institucional através das pessoas

que servem. Essa relação intrincada foi capturada por Shera (1972, p 48.):

A Biblioteca está contribuindo para o sistema de comunicação

total na sociedade. . . . Embora a biblioteca é um instrumento

criado para maximizar a utilidade dos registos gráficos para os

benefícios da sociedade, ela alcança esse objetivo trabalhando

com o indivíduo e é através do indivíduo que ela atinja a

sociedade.

Shera falou sobre o valor da biblioteca (ou na nossa concepção de serviços de

biblioteca e informação) a partir da perspectiva de benefícios para a sociedade,

mas ao mesmo tempo em que reconhece explicitamente a perspectiva individual e,

implicitamente, das instituições. Estes três contextos são interdependentes, mas

eles começam com o nível individual.

Se uma biblioteca ou um serviço de informação não fornecem valor para o

indivíduo em algum período ou contexto histórico, ela não pode e não fornece valor

no nível social e institucional.

Page 32: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

Voltemo-nos para as universidades. Tradicionalmente, as universidades e outras

instituições educacionais foram avaliadas em termos gerais de valor para a

sociedade. No entanto, nesta era de transição e nova realidade econômica, elas

estão sendo chamadas para oferecer diferentes e mais específicos

contabilidades/prestação de contas do seu valor. Consequentemente, as

universidades pedem que seus elementos constitutivos, incluindo as bibliotecas,

explicações de forma diferente e mais especiícas. Todos nós temos um tempo

muito difícil para fazer isto. As universidades não concebem-se em termos de

produção de lucros ou com divisões de fabricação ou linhas de produtos. Então,

métodos econômicos padrões para determinar valor não são apropriados,

tampouco para a universidade como um todo ou para suas partes. É quase

impossível especificar ser específico para responder à pergunta: quanto a

biblioteca beneficia a universidade? Como desejável que seja, acreditamos que as

respostas não podem ser abordadas no nível institucional, com algum grau de

especificidade.

Contudo, nós acreditamos que a questão do valor de uso possa ser

produtivamente explorada no nível individual. Em seguida, uma extensão para o

contexto institucional pode ser tentada. Assim, nossa decisão básica é se

concentrar unicamente na perspectiva individual. Em particular, nós acreditamos

que uma abordagem mais efetiva para avaliar o valor das bibliotecas e dos serviços

de informação como tomadas neste estudo é para:

Focar a atenção nas tarefas específicas e nas razões que trouxeram o usuário

para o serviço;

Fazer perguntas sobre o valor do uso no contexto específico;

Expressar valor na linguagem dos usuários.

6 VALOR DOS SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO

Nós discutimos o valor da informação e apresentamos o modelo de Aquisição -

Cognição - Aplicação (A-C-A) de uso da informação na Seção 3. Partimos do

Page 33: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

princípio de que o uso e valor da informação diferem do uso e valor dos serviços de

informação. Aqui nós refletimos sobre as diferenças e relações.

Nesta seção nós apresentamos outro modelo chamado modelo de Razões-

Interação-Resultados (R-I-R) que representa o uso dos serviços de informação. Os

elementos do modelo refletem as facetas usadas no estabelecimento do valor dos

serviços de informação. O modelo R-I-R é derivado do modelo A-C-A, mas isso

reflete em um domínio diferente. R-I-R é um modelo especialmente envolvendo

aspectos de um serviço que o modelo A-C-A não faz. R-I-R é um modelo específico

de uso dos serviços de informação que nós desenvolvemos para um estudo

pragmático do valor do acesso do usuário (ou valor de uso) e para o

desenvolvimento de uma Taxonomia Derivada de Valor no Uso da Biblioteca e nos

Serviços de Informação, como apresentado na parte II deste estudo. Nós derivamos

os pressupostos e premissas para o modelo R-I-R dos conceitos incorporados no

modelo A-C-A e mais do que isso, da análise de um processo do uso da biblioteca e,

além disso, de uma análise do processo de uso de biblioteca e serviços de

informação pelos usuários.

6.1 PROCESSO DE USO

Para decompor as relações envolvidas nos componentes servindo como base para

o desenvolvimento do modelo R-I-R, nós usamos as seguintes três premissas para

refletir sobre o processo:

(1) Usuários interagem com uma biblioteca e serviços de informação para uso ou

na tentativa de usar um serviço por alguma razão. Durante a interação as razões

podem ser alteradas ou mudadas, mas essas são sempre as razões.

(2) Como resultado da interação, usuários obtêm respostas e resultados, sejam

eles positivos ou negativos.

(3) Usuários avaliam ou acessam a interação e as respostas ou resultados em

relação à suas razões para o uso do serviço da biblioteca.

Page 34: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

Na avaliação de valor, os motivos e as interações podem ser considerada como

uma causa e os resultados ou respostas como um efeito. Quando examinadas em

maior detalhe, contudo, todas elas são construtos complexos e involvem vários

distintos componentes conceituais, dimensões ou facetas. Assim, nós adotamos a

abordagem facetada para desenvolver uma taxonomia de valor de uso.

Na procura e uso do serviço, o usuário se engaja na interação com uma biblioteca

ou serviço de informação. Tradicionalmente, a interação tem sido no local,

envolvendo uma proximidade física ao serviço. Com o advento das tecnologias de

informação e de comunicação e de rede, há um significativo aumento na interação

fora do local. Nós não podemos medir o valor simplesmente pelo uso de livros e

outros materiais nas visitas locais. Assim, nós temos que incluir ambas interações:

locais e fora dos locais.

6.2 DEFINIÇÕES

Agora nós estamos prontos para propor definições. Nós começamos com uma

definição geral de valor relacionada ao estudo de serviços como considerado aqui.

Enquanto os tipos de valor como elucidados na filosofia (intrínseca, instrumental,

inerente e contributiva) não são incompatíveis com os tipos na economia (de troca

e de uso), por razões pragmáticas nós preferimos nos ocupar com o valor dos

serviços de informação em termos de troca e de uso, em vez de em termos dos

tipos propostos na filosofia.

Nós iniciamos com a observação já realizada, que, inevitavelmente, valores são

considerados em alguns contextos e limitados a este contexto. Em ambos tipos de

valores (valor de troca e valor de uso), o contexto no qual valor é considerado é

soberano.

Partimos do pressuposto de que valor no interior de algum contexto descreve uma

relação entre um objeto ou objetos (sejam eles tangíveis como produtos ou

Page 35: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

intangíveis como ideias ou informação) e seus valores, que podem incluir: mérito,

benefício, impacto, qualidade, utilidade, desejo e/ou custo. O custo pode não ser

necessariamente monetário por natureza, ele pode ser representado pelo tempo

ou esforço. Como na filosofia, nós tratamos “valor/merecimento” como um termo

primitivo. Assim, como um ponto inicial de um nível geral, nós sugerimos que valor

representa uma relação entre um dado objeto e seu valor de troca ou de uso em

um contexto.

Baseado em uma definição e na análise sumarizada, nós podemos agora oferecer

uma definição específica usada neste estudo relacionada ao valor de uso. Nós

propomos que valor de uma biblioteca e de um serviço de informação é uma

avaliação do usuário (ou substituto) da qualidade de uma interação com o serviço e

o valor ou benefício do resultado da interação, relacionado com as razões de uso

de um determinado serviço. Um pressuposto de valor estabelece uma relação

entre a tarefa do usuário por um lado, e a qualidade da interação e o mérito/valor

dos resultados obtidos, por outro lado. O contexto são os usuários individuais e

suas razões ou tarefas dadas que os levam à busca de um serviço.

6.3 RACIOCÍNIOS PARA O MODELO

Integrando os conceitos apresentados nesta Seção e no modelo A-C-A nós

seguimos agora na construção de um modelo que pode ser usado no

desenvolvimento da Taxonomia. Nosso objetivo é descrever através de uma

aplicação da Taxonomia o valor de um serviço para os usuários que os usa e

através disso o que a instituição pode apoiá-lo. Desde que não existe um mercado

interno para isso/esse uso, o valor do serviço de informação não pode ser baseado

em troca, mas precisa ser baseado, como já mencionado, no conceito de valor de

uso. Em outras palavras, quando um usuário pega uma informação de uma

biblioteca em sua própria instituição, tal como um usuário acadêmico usando sua

própria biblioteca da universidade, o usuário não pode trocar aquela informação

por alguma coisa de valor. Em vez disso, o usuário usa aquela informação.

Page 36: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

Com respeito ao valor como classificado na filosofia, (Seção 2.1),nós pensamos em

“ser informado” como tendo valor intrínseco para um usuário e, assim, informação

como tendo valor extrínseco ou instrumental, objetos potencialmente carregados

de informação [que transmitem valor], como tendo valor inerente e um serviço de

informação como tendo valor contributivo.

Com respeito às abordagens de estudo de valor (seção 3.2) nós adotamos a

abordagem de valor percebido como uma base para o desenvolvimento do modelo

R-I-R e a taxonomia. Em outras palavras, nós baseamos nossa taxonomia nas

percepções que usuários da informação obtêm e na interação deles no seu

engajamento com o serviço, em relação aos objetivos intrínsecos e/ou sua

instrumentalidade na resolução de problemas ou realização de tarefas.

Nós concluímos, porém, que para usuários, as dimensões conceituais de valor

relacionadas aos serviços de informação estão entrelaçadas com suas próprias

percepções do processo de Aquisição. Assim, enquanto um modelo do valor da

informação poderia focar nos aspectos cognitivos e aspectos de aplicação, um

modelo do valor dos serviços de informação precisa incluir as percepções dos

usuários envolvidos na aquisição da informação de um serviço. Nós concluímos em

adição, que o motivo do usuário para o uso de uma biblioteca e dos serviços de

informação é determinante [o autor usa a expressão puts the cart first]. Essa

motivação caracteriza a aplicação pretendida como a razão para o uso da

informação.

Para dar conta disso, nós desenvolvemos um modelo R-I-R separado do uso dos

serviços de informação derivado do modelo A-I-A e relacionamos ele como

explicado no parágrafo acima. O modelo R-I-R reflete as facetas de valor de uso dos

serviços de informação.

Através desses modelos, nós agora temos respostas sobre como abordar as

questões fundamentais: em quais relações e dimensões se concentrar, em quais

contextos e quem acessará a relação? Em outras palavras: o que estabelece o valor

Page 37: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

da biblioteca e dos serviços de informação teoricamente e pragmaticamente, para

satisfazer diferentes contextos?

6.4 O MODELO RAZÕES-INTERAÇÃO- RESULTADOS

Nós sugerimos um modelo de uso do serviço de informação que nós chamamos de

Razões-Interações-Resultados. Este modelo envolve as três amplas dimensões ou

facetas que refletem o valor de uso de um serviço:

(1) Razões para uso da biblioteca e dos serviços de informação nesta ocasião.

Fornece o contexto necessário para acessar outras dimensões ou facetas. Cobre as

causas, motivos, bases, propósitos, expectativas e/ou razão subjacente ao uso da

biblioteca ou serviço de informação. Por que os usuários usam o serviço? O que

eles querem com o serviço? As razões podem ser definidas em diferentes graus de

“mal” até “bem” (FROM ILL TO WELL).

(2) Qualidades associadas de interação com um serviço enquanto usando-o para

uma dada razão. Cobre a avaliação de usuários sobre a qualidade, problemas e

conveniência de vários aspectos de um serviço. Como um usuário avalia o encontro

com a biblioteca ou sistema de informação na busca e obtendo um serviço?

(3) Subsequentes resultados de uma interação ou uso e seus méritos e benefícios.

Cobre as avaliações dos resultados dos usuários? O que fez um usuário sair do

serviço? O que um usuário realizou? A que nível foram as expectativas? Quão

relevantes foram os resultados? Quão útil? Como foram os resultados relacionados

ao aumento/expansão do tempo e/ou dinheiro?

Traduzindo essas facetas dentro de um arcabouço teórico de outras abordagens

onde valor avaliado pelo usuário tem um papel crítico (ex. Gestão Total de

Qualidade- GTQ), interação pode ser considerada “o serviço” e resultados “o

produto” da interação. Como em outras situações, e particularmente como

enfatizado pelo GTQ, o valor para o usuário (valor de uso)é composto de ambos:

qualidade de serviço e benefícios dos resultados em relação a um contexto ou

razão.

Page 38: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

Nós estruturamos a taxonomia apresentada na parte II ao longo das três principais

facetas no modelo R-I-R. Em adição, nós, além disso, resolvemos (subdividir) essas

três facetas gerais ou dimensões em subfacetas ou subclasses e cada uma dessas

dentro de categorias específicas. Essas subdivisões são uma elaboração de um

modelo específico para pesquisar bibliotecas que nós estudamos juntos, elas

representam dimensões de valor no uso de bibliotecas e serviços de informação.

7. CONCLUSÕES

Nós relatamos em duas partes um estudo amplo e pragmático do valor da

biblioteca e dos serviços de informação. Na primeira parte, nós empreendemos

uma análise das maiores questões relacionadas ao estudo de valor da biblioteca e

dos serviços de informação e desenvolvemos uma estrutural conceitual e modelos

que servem como uma ( Saracevic -Kantor ou S-K) teoria do uso orientado ao valor

da informação e dos serviços de informação. A teoria serve como um quadro que é

necessário para derivar a taxonomia discutida na parte II e o estudo de valor de tais

serviços em geral. Para revisar os maiores pontos de nossas análises:

É importante estudar o valor da biblioteca e dos serviços de informação em

termos mais específicos do que era antes, porque tais serviços estão em

transição e encaram elevada competição. Patrocinadores (ou investidores)

querem cada vez mais justificadas para os investimentos monetário.

Na filosofia, valor é tratado em termos de intrínseco, extrínseco, inerente e de

valor contributivo. Esses tipos se aplicam à informação e aos serviços de

informação. Contudo, é mais útil, para os propósitos de justificativa,

concentrar-se em valor de troca e valor de uso como tratado na economia.

Os estudos de valor de troca, tampouco, envolvendo a informação em um

sentido mais amplo ou os serviços de informação não têm sido particularmente

prósperos. Estudos do valor de uso, advindos das concepções da economia são

mais apropriados. Em termos de utilidade, refletir sobre o valor de uso de

Page 39: SARACEVIC Part I Establishing a Theoretical Framework

serviços de informação pode ser calculados/avaliados a partir da avaliação de

valor dos usuários.

Relevância é considerada um critério que reflete a efetividade da troca de

informação entre pessoas, usuários e sistemas de informação em um contato

comunicativo baseado na avaliação das pessoas. Relevância reflete algumas,

mas não todas as dimensões de valor. Contudo, para ter valor informacional ou

ser informação um objeto precisa ser relevante, antes de mais nada.

O valor é e precisa ser considerado em um contexto. Em relação à informação e

aos serviços de informação, o contexto de uso é altamente importante.

O valor da informação e dos serviços de informação diferem. Um pode tentar

avaliar o valor dos serviços de informação sem diretamente avaliar a

informação por ela mesma. Entretanto, nós precisamos de dois modelos: um

reflete o uso da informação e o outro o uso dos serviços de informação, a fim

de avaliar o valor de cada. Ao tempo que os dois modelos são relacionados,

eles são dirigidos para diferentes aspectos.

Um modelo reflete o uso da informação decomposto no ciclo do uso em :

Aquisição, Cognição e Aplicação. Esse é o modelo básico deste estudo.

Um modelo posterior e relacionado é desenvolvido e reflete o uso dos serviços

de informação e incorpora elementos de Razões, Interações e Resultados. Esses

dois modelos servem como base para desenvolver uma abordagem no nosso

estudo e para distinguir facetas de valor. Eles sugerem as questões

perguntadas dos usuários e facetas no desenvolvimento da taxonomia.

Concluimos/tomamos que o valor da biblioteca e serviços de informação é uma

avaliação realizada pelos usuários (ou usuários substitutos) sobre as qualidades

da interação com o serviço e os méritos ou benefícios dos resultados da

interação como relacionados às razões para o uso dos serviços.