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Saurin; Formoso & Guimarães
60 Revista Produção v. 12 n. 1 2002
Safety and production:
an integrated planning and control model
Abstract
This paper presents a safety planning and control model (SPC) that has been integrated to the production planning
and control process. The model was developed through two action research empirical studies in industrial
construction projects. Safety requirements are integrated into three hierarchical levels of planning and control
process. At the long-term level, safety planning is featured by preliminary hazard analysis of construction
processes. These plans are updated and detailed through its integration into both medium-term and short-term
planning levels.
Key words
Safety, Production planning and control, Performance measurement, Construction.
TARCISIO A. SAURIN, M.SC.
Doutorando do LOPP/UFRGS.
E-mail: [email protected]
CARLOS T. FORMOSO, PH.D.
Professor e pesquisador do NORIE/UFRGS.
E-mail: [email protected]
LIA B. M. GUIMARÃES, PH.D.
Professora e pesquisadora do LOPP/UFRGS.
E-mail: [email protected]
Resumo
Este artigo apresenta um modelo de planejamento e controle da segurança no trabalho (PCS) integrado ao processo
de planejamento e controle da produção (PCP). O modelo foi desenvolvido por meio de dois estudos empíricos em
obras industriais, adotando-se a pesquisa ação como estratégia de pesquisa. Os requisitos de segurança são
integrados ao PCP em três níveis hierárquicos deste processo. No nível de longo prazo, o planejamento da segurança
é configurado pelo desenvolvimento de análises preliminares de risco dos processos construtivos. A atualização e
detalhamento da implantação destes planos é então feita por meio de sua integração aos níveis de médio e curto
prazo do PCP.
Palavras-chave
Segurança no trabalho, Planejamento e controle da produção, Medição de desempenho, Construção civil.
Segurança e produção: um modelo
para o planejamento e controle integrado
Segurança e produção: um modelo para o planejamento e controle integrado
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INTRODUÇÃO
Embora os custos econômicos e sociais dos acidentesde trabalho sejam altos, muitas empresas adotam comoúnica estratégia de gestão da segurança a tentativa de estarem conformidade com as legislações vigentes. No Brasil,a principal norma de interesse do setor da construção civilé a NR-18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho naIndústria da Construção), cuja nova versão foi promulga-da em 1995. O planejamento da segurança é um requisitochave na NR-18, a qual requer um plano de segurança esaúde denominado PCMAT (Plano de Condições e MeioAmbiente de Tra-balho na Indústriada Construção), oqual tem um esco-po obrigatório mí-nimo. Desde que anova NR-18 foi es-tabelecida, a maio-ria das empresastem produzido oPCMAT com o objetivo principal de evitar multas dafiscalização governamental, não utilizando o mesmocomo um instrumento prático para a gestão da segurança.As principais limitações do PCMAT são apresentadasabaixo:
a) sua implementação é normalmente considerada uma ati-vidade extra para os gerentes, uma vez que o mesmo nãoé integrado às atividades rotineiras de gestão da produ-ção. A NR-18 não requer a integração do PCMAT aoutros planos, com exceção do planejamento de layoutdo canteiro;
b) o PCMAT é normalmente realizado por especialistasexternos à empresa, havendo pouco ou nenhum envolvi-mento de gerentes de produção, subempreiteiros e traba-lhadores;
c) o PCMAT geralmente não leva em conta a incertezainerente aos empreendimentos de construção. Um planoàs vezes excessivamente detalhado, outras vezes genéri-co demais, é produzido no início da etapa de produção enão é mais atualizado;
d) não há controle formal da implantação do PCMAT, oque é um dos motivos que dificultam sua atualização;
e) o PCMAT enfatiza as proteções físicas contra aciden-tes, normalmente negligenciando as ações gerenciaisnecessárias (por exemplo, implementar indicadores dedesempenho pró-ativos) para a obtenção de um ambientede trabalho seguro; e
f) o PCMAT não induz à eliminação de riscos na ori-gem.
Em nível internacional, a Diretiva Européia 92/57/CEE (Prescrições Mínimas de Segurança e de Saúde aAplicar em Canteiros Móveis e Temporários), exige umplano de segurança e saúde similar ao PCMAT e, damesma forma, não trata o planejamento como um proces-so gerencial. Além disso, embora a diretiva estimule ocombate aos riscos na origem (principalmente através deintervenções no projeto do produto), os profissionaisestão encontrando dificuldades para implementar essaabordagem (MACKENZIE et al., 2000). Este problemadeve-se, em parte, à falta de ferramentas e subsídios aosprojetistas e planejadores.
Tais deficiências na concepção e implementação dosplanos obrigatórios indicam que é necessário aperfeiçoar osmétodos de planejamento e controle da segurança (PCS),indo além das exigências da legislação. Alguns estudos quetêm investigado as causas dos acidentes e boas práticas paraevitá-los apóiam esse argumento. Suraji e Duff (2001) porexemplo, identificaram, por meio da análise de cerca dequinhentos registros de acidentes, que deficiências no pla-nejamento e controle foram fatores contribuintes em 45,4 %dos casos. De outra parte, duas pesquisas desenvolvidaspelo Construction Industry Institute (HINZE, 2002; LISKAet al., 1993) concluíram que, dentre várias medidas preven-tivas que têm sido usadas pela indústria da construção nosEUA, o planejamento da segurança antes do ínicio da obrae antes do ínicio de cada serviço é uma das mais eficientespara atingir a meta “zero acidente”. Contudo, aqueles auto-res limitam-se a descrever sucintamente a forma de implan-tação do planejamento e não fazem uma análise crítica domesmo.
Embora seja sugerida por diversos autores (HINZE,1998; KARTAM, 1997), a integração de requisitos de segu-rança ao PCP tem sido relativamente pouco estudada,salientando-se pesquisas como as de Ciribini e Rigamonti(1999) e Kartam (1997). Entretanto, tais trabalhos têm serestringido a integrar a segurança a técnicas de planeja-mento, como o CPM (método do caminho crítico) ou alinha de balanço. Essa abordagem tende a apresentar efici-ência limitada, uma vez que tem sido constatado que aênfase do planejamento não deve ser na aplicação detécnicas e na elaboração de planos, mas sim no desenvol-
Tais deficiências na concepção e implementação
dos planos obrigatórios indicam que é necessário
aperfeiçoar os métodos de planejamento e controle da
segurança (PCS), indo além das exigências da legislação.
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vimento do planejamento como um processo gerencial,constituído por diversas etapas que ocorrem ciclicamenteao longo da execução da obra (LAUFER e TUCKER,1987). Desta forma, a integração da segurança ao PCPdeve ser desenvolvida sob um enfoque mais amplo, inde-pendente de técnicas específicas de planejamento.
Cabe observar que diversos requisitos do processo dePCP, como, por exemplo, a hierarquização da tomada dedecisões, a continuidade, a cooperação e a visão sistêmica(LAUFER et al., 1994) parecem também ser requisitosnecessários ao processo de PCS. Isso indica que ambos osprocessos são da mesma natureza e, em conseqüência,podem ser integrados com base em princípios comuns.Deste modo, parece haver uma oportunidade para o aperfei-çoamento dos métodos de PCS com base em conceitos eprincípios que têm sido aplicados com sucesso no PCP(BALLARD, 2000; LAUFER et al., 1994; LAUFER eTUCKER, 1987). Neste contexto, o presente artigo apre-senta um modelo de PCS integrado ao processo de PCP,assumindo princípios comuns na estruturação dos dois pro-cessos.
MÉTODO DE PESQUISA
A Figura 1 apresenta as etapas seguidas nesta pesquisa.A revisão bibliográfica ocorreu ao longo de todo o
período da pesquisa, estabelecendo a base teórica quefundamenta o modelo. Com esse objetivo, três áreasforam focalizadas: gestão da segurança, gerenciamentode riscos e PCP. O desenvolvimento empírico do modeloiniciou com um estudo de caso exploratório, no qual foi
estabelecido um esboço de sua estrutura lógica e foramtestadas algumas de suas ferramentas operacionais(SAURIN et al., 2001). A partir disso, foi conduzido oestudo empírico 1 (de janeiro a junho de 2001), o qualteve como resultado uma nova versão do modelo. Nestaetapa, sua lógica organizacional estava razoavelmentebem definida. A seguir, no estudo empírico 2 (de julhoaté novembro de 2001), esta lógica foi refinada e asferramentas operacionais do modelo foram adicional-mente avaliadas em outro contexto. Cada estudo empíri-co foi dividido em seis etapas: a) integração da segurançaao nível de longo prazo do PCP; b) integração da segu-rança aos níveis de médio e curto prazo do PCP; c)implementação de um ciclo de identificação e controlede riscos baseado nas percepções dos trabalhadores; d)desenvolvimento e implementação de indicadores de de-sempenho em segurança; e) introdução de reuniões men-sais de avaliação do desempenho em segurança; f) umseminário para discussão dos resultados do estudo.
A pesquisa ação foi a estratégia de pesquisa adotadanos estudos 1 e 2, tendo sido escolhida uma vez que ameta era desenvolver e testar um modelo de PCS em umambiente real. De acordo com Eden e Huxham (1996), apesquisa ação caracteriza-se por ser um processo cíclico,envolvendo o diagnóstico do problema, planejamento,ação e avaliação de resultados. Nesta abordagem, o prin-cipal foco da investigação é o resultado de uma interven-ção no objeto que está sendo investigado.
Os resultados dos estudos empíricos foram avaliadossegundo dois critérios, estabelecidos ainda antes do estudoinicial: utilidade do modelo e sua facilidade de uso. A
Figura 1: Delineamento da pesquisa.
Desenvolvimento empírico do modelo
Revisão bibliográfica
Estudo
exploratório
Avaliação e
discussão dos
resultados
Estudo
empírico 2
1. versão
do modelo
2. versão
do modelo
Proposição da
versão final do
modelo de PCS
Estudo
empírico 1
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avaliação ocorreu com base em múltiplas evidências, comvistas a estabelecer um referencial consistente para as con-clusões. A maior parte das evidências foi obtida a partir dasdiversas ações implantadas na empresa, tais como entrevis-tas com trabalhadores e coleta de indicadores. Contudo,outras duas fontes de evidência não são relacionadas aelementos do modelo: entrevistas realizadas com os princi-pais intervenientes ao final de cada estudo (técnico emsegurança, gerente da qualidade, representante do cliente egerente de produção); observação participante, realizada aolongo de todo o período dos estudos empíricos. Finalmente,a partir da avaliação dos resultados, foi proposta a versãofinal do modelo de PCS.
ESTRUTURA DO MODELO DE PCS
A Figura 2 apresenta a estrutura do modelo de PCSdesenvolvido por meio dos estudos empíricos. O planeja-mento e controle integrado, da segurança e da produção,ocorre em três níveis hierárquicos. O planejamento de lon-go prazo é desenvolvido antes do início da construção,sendo detalhado e atualizado nos níveis de médio e curto
prazo. O controle da segurança envolve um conjunto deindicadores pró-ativos e reativos de desempenho, cujosresultados são discutidos em uma reunião mensal, que contacom a participação de um diretor da empresa. As opiniõesdos trabalhadores são levadas em conta por meio do cicloparticipatório de identificação e controle de riscos. Tal ciclofornece informações relevantes para o PCS, indicando pro-blemas que dificilmente seriam identificados pelos outroselementos do modelo. A difusão do planejamento da segu-rança aos trabalhadores é feita, basicamente, por meio desessões de treinamento com base nos planos, antes do íniciodas respectivas atividades. Além de serem analisados nasreuniões mensais de avaliação, os indicadores são tambémdivulgados por meio de sua discussão nas reuniões sema-nais de planejamento.
CONTEXTO DOS ESTUDOS EMPÍRICOS
A empresa e os canteiros estudados
Os estudos empíricos ocorreram em uma mesma em-presa construtora de médio porte, escolhida devido a doismotivos: a existência de um sistema de PCP razoavelmen-
Figura 2: Estrutura do modelo de PCS.
Ciclo participatório
Planejamento da segurança Controle da segurança
Planejamento integrado
de longo prazo Indicadores
pró-ativos:
PPS, INR-18,
IT, quase
acidentes
Indicadores
relativos:
acidentes, paradas
de produção por
falta de segurança
Reuniões de
avaliação mensais
Difusão do planejamento e controle
Planejamento integrado
de médio prazo
Planejamento integrado
de curto prazo
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te bem estruturado; o fato de que a empresa tinha particularinteresse em implantar o modelo com sucesso, uma vez quemuitos de seus clientes impõem rígidas exigências de segu-rança aos subcontratados. Os três canteiros estudados eramlocalizados na região metropolitana de Porto Alegre (RS).
No estudo 1, a obra escolhida foi a reforma do prédio deuma aciaria, setor de uma siderúrgica dedicado ao derreti-mento de sucata em altos fornos. Neste artigo, este empre-endimento é denominado de obra A. Embora a construçãotenha durado aproximadamente seis meses, o estudo ocor-reu ao longo dos seus quatro meses iniciais. Similarmenteao que ocorre em muitas obras de manutenção industrial, aprodução da aciaria não foi interrompida em função dostrabalhos de construção. Assim, os riscos ambientais daaciaria também afetaram os trabalhadores da obra, tornandoa mesma um empreendimento de alto risco em termos desegurança no trabalho. O estudo 2 foi conduzido na constru-ção de dois laboratórios em uma planta petroquímica, deno-minados obras B1 e B2. A obra B1 consistia de uma
edificação de um pavimento (área de 190 m2) e foi finaliza-da em três meses. A obra B2 era um prédio de três pavimen-tos, com 2.430 m2 de área. Similarmente ao que aconteceuna obra A, o estudo empírico ocorreu ao longo dos quatroprimeiros meses da obra B2, cujo prazo contratual era deseis meses. Novamente, o elevado risco de acidentes foi omotivo da escolha destas obras, especialmente a B2, cujaexecução envolvia uso de estruturas metálicas e pré-molda-das de grande porte. Os três canteiros estudados contavamcom um técnico de segurança, da construtora, em tempointegral.
Procedimentos existentes de
planejamento e controle da produção
Em ambos os estudos empíricos, o processo de PCPexistente tinha a mesma configuração e era baseado nométodo Last Planner de controle da produção (BALLARD,2000). Existiam três níveis de planejamento e controle,diferenciados segundo o horizonte de planejamento: cur-to, médio e longo prazo. No nível de curto prazo, ospacotes de trabalho eram alocados preliminarmente paraas diferentes equipes em reuniões semanais. Contudo,devido à variabilidade do ambiente de trabalho, os planossemanais necessitavam ser reavaliados em reuniões diári-as, nas quais era feita a definição final das áreas de
trabalho para cada equipe. O indicador PPC – Percentualde Planos Concluídos (BALLARD, 2000) – era calculadocom periodicidade diária e semanal. No que diz respeito aoplanejamento de médio prazo, sua principal função eraapoiar a remoção das restrições relacionadas aos pacotesde trabalho. Assim, um plano com horizonte de três sema-nas era produzido semanalmente, contendo uma lista derestrições (por exemplo, espaço, materiais, mão-de-obra eequipamentos) e a data limite para sua remoção. Final-mente, o plano de longo prazo, que levava em conta todo operíodo de construção, era atualizado mensalmente.
DESENVOLVIMENTO
DOS ESTUDOS EMPÍRICOS
Integração da segurança
ao nível de longo prazo do PCP
O planejamento da segurança no nível de longo prazoconsidera as grandes etapas de construção estabelecidas nos
planos de longo prazode produção. Paracada etapa (por exem-plo, troca do telhadoou troca de janelas)um plano de seguran-ça foi desenvolvidousando a técnica da
Análise Preliminar de Riscos (APR). Tal técnica é lar-gamente utilizada para o planejamento da segurança(KOLLURU et al., 1996) uma vez que ela abrange asprincipais etapas do ciclo de gerenciamento de riscos. Deacordo com a lógica do modelo, os planos de segurança sãocategorizados em dois grupos:
a) o primeiro envolve atividades cujos riscos nem semprepodem ser claramente associados a pacotes de trabalhoespecíficos. Como exemplo, no estudo empírico 2, seisplanos foram enquadrados nesta categoria: áreas de vi-vência, riscos das áreas de circulação comuns, equipa-mentos fixos de transporte vertical, central de armação,central de fôrmas, central de produção de concreto eargamassa. Ilustrando o princípio adotado, os riscos dasáreas de circulação comuns não podem ser alocados a umpacote em particular, pois na verdade esses riscos intera-gem com todos os pacotes;
b) o segundo envolve atividades cujos riscos sempre podemser claramente associados a pacotes de trabalho especí-ficos. Nos dois estudos, a maioria dos planos foi incluídanesta categoria, tais como: pinturas, coberturas, monta-gem e trabalho sobre andaimes fachadeiros. Além disso,este grupo inclui planos específicos para atividades que serepetem em várias etapas da obra. Como exemplo, os
Desta forma, a integração da segurança ao PCP
deve ser desenvolvida sob um enfoque mais amplo,
independente de técnicas específicas de planejamento.
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serviços de soldagem ocorriam nas etapas de estruturametálica, de instalações hidráulicas e de impermeabiliza-ções. Assim, foi mais simples elaborar um plano específi-co para soldagem e, quando pertinente, apenas referenciartal plano no texto dos restantes.
A versão inicial de todos os planos foi elaborada por ummembro da equipe de pesquisadores, sendo que, a partirdisso, ocorreram reuniões individuais com o técnico emsegurança, o gerente de produção e representantes de su-bempreiteiros e do cliente. Além disso, os planos tambémforam discutidosem reuniões daCIPA (ComissãoInterna de Preven-ção de Acidentes),propiciando a ob-tenção das contri-buições de mes-tres-de-obras. Os procedimentos adotados para elaborar osplanos de segurança foram os seguintes:
a) estabelecer os passos necessários para executar a ativi-dade: considerar as atividades de conversão (por exem-plo, colocar tijolos na parede) e as atividades de fluxo (porexemplo, transportar ou armazenar materiais);
b) identificar os riscos: tal etapa inclui identificar riscos dequalquer natureza em cada passo do processo, ou seja,choques elétricos, quedas de materiais, etc. O esforço paraidentificar riscos envolveu, basicamente, visitas aos cantei-ros, consulta à literatura, análise dos projetos e as já citadasreuniões de discussão dos planos. A fim de estabelecer umalinguagem comum para todos os planos, também foi adota-da uma classificação de riscos nesta etapa (por exemplo,soterramentos, quedas de materiais, etc.);
c) definir como cada risco será controlado: consideran-do que o controle é baseado no que está escrito nosplanos, é importante não prescrever controles quandonão há recursos para implementá-los ou quando não seacredita que eles são realmente necessários. Embora ameta seja eliminar todos os riscos, tal objetivo é rara-mente possível e riscos residuais são retidos pela em-presa. Assim, a solução é manter os riscos residuaisdentro de um nível tolerável, cabendo aos planejadoresdefinir o que é tolerável ou não. Nesta pesquisa, não foifeita uma avaliação de riscos formal – calcular severi-dade versus probabilidade para cada perigo e decidir seo risco resultante é aceitável ou não – para estabelecer-se a magnitude das medidas de segurança. Tendo emvista a subjetividade das avaliações de risco (TAH,1997), assim como as restrições de prazo para conclu-são da pesquisa, considerou-se que o custo-benefício
desta atividade não justificaria sua realização para cadaplano de segurança.
Os planos de longo prazo são a referência para a integra-ção da segurança aos níveis de médio e curto prazo do PCP.Devido à menor incerteza, dois objetivos são viáveis deserem cumpridos nestes níveis:
a) atualizar os planos de longo prazo, uma vez que, ao longoda excução da obra, novos riscos podem ser identifica-dos, assim como riscos já previstos podem ser melhorcompreendidos;
b) detalhar a implementação dos planos de longo prazo.Mesmo para riscos usuais e amplamente conhecidos,muitas vezes é necessário detalhar como as medidas decontrole serão implementadas.
Integração da segurança
ao nível de médio prazo do PCP
As reuniões de planejamento no nível de médio prazoocorriam semanalmente, envolvendo os seguintes interve-nientes: gerente de produção, gerente de qualidade, técnicoem segurança, representantes de subempreiteiros e ummembro da equipe de pesquisa. O nível de médio prazocumpre a importante função de programação de recursosrelacionados à seguranca, atividade que faz parte da análisede restrições realizada para cada pacote de trabalho. Deacordo com a proposta do modelo, as restrições de seguran-ça incluem tanto a aquisição de recursos, quanto a implan-tação das medidas preventivas.
Ao longo da pesquisa, verificou-se que as restrições (eos respectivos recursos) relacionadas à segurança podemser de cinco tipos: proteções coletivas, treinamento, proje-to de instalações de segurança, equipamentos de proteçãoindividual (EPI) e espaço. A tabela 1 apresenta exemplosde recursos para cada uma das categorias. Cada um destesrecursos pode estar associado a uma ou mais restrições.Como exemplo, restrições relacionadas à sinalização desegurança, tanto podem ser a fabricação das placas, quantoa sua implantação ou realocação no canteiro.
No nível de médio prazo ainda começa a ser detalhado ométodo de execução de cada pacote. Tal atividade develevar em conta as necessidades de segurança e assumemaior relevância, para aquela finalidade, quando os méto-dos são discutidos ao nível das operações desempenhadas
O principal indicador usado para avaliar o desempenho
em segurança é similar ao PPC, sendo denominado
PPS (Percentual de Pacotes de Trabalho Seguros).
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pelos trabalhadores. Ao longo das reuniões, percebeu-seque esse último aspecto era normalmente negligenciadopelos planejadores, os quais assumiam que as equipessaberiam como executar suas atividades. Assim, comvistas a induzir a discussão dos métodos sob a ótica dasegurança, sistematicamente foram introduzidas ques-tões como as seguintes: onde serão fixados os cintos deseguranca? Como os trabalhadores acessarão o posto detrabalho? Uma vez que a incerteza ainda é relativamentealta neste nível, tornava-se difícil chegar a uma propostadefinitiva a respeito dos métodos. Normalmente, duas outrês alternativas potencialmente seguras eram levantadase a decisão final era tomada no nível de curto prazo. Oteste prático das alternativas também contribuía para adecisão final.
Integração da segurança
ao nível de curto prazo do PCP
Neste nível, as medidas de segurança eram discutidas emreuniões com periodicidade diária e semanal. As últimaseram as mais importantes em termos de tomada de decisão,uma vez que, além dos mesmos intervenientes já presentesnas reuniões de médio prazo, também estavam presentesrepresentantes do cliente. Além disso, os indicadores dedesempenho de PCS e PCP eram apresentados e discutidosnestas reuniões. Em relação às reuniões diárias, as mesmastinham como objetivo reavaliar o planejamento semanal e,a partir disso, obter permissões de trabalho fornecidas pelocliente. Seguindo a lógica do método Last Planner, asreuniões no nível de curto prazo tinham caráter de compro-metimento, o que, nesse caso, incluía tanto as metas deprodução quanto as metas de segurança.
No nível de curto prazo, o planejamento da segurançapode requerer a tomada de decisões com periodicidadediária, mesmo que não existam reuniões formais. Isso énecessário, uma vez que um pacote de trabalho que sedesenvolve ao longo de vários dias, possivelmente vaienvolver atividades em diferentes alturas e locais. Em con-seqüência, proteções como guarda-corpos e cabos guia parafixar cintos, exemplos identificados nos estudos 1 e 2,
devem ser continuamente ajustadas conforme a movimen-tação física das equipes. O planejamento de curto prazotambém oportunizou a extensão do conceito de produçãoprotegida, uma das principais técnicas do método LastPlanner. Tal conceito sugere que um pacote de trabalhosomente deve ser alocado para execução se ele atende acinco requisitos: definição, seqüenciamento, quantidade,aprendizagem e disponibilidade (BALLARD, 2000). Nestapesquisa, a segurança foi considerada como parte do requi-sito disponibilidade.
Controle da segurança
Percentual de Pacotes de Trabalho Seguros (PPS)O principal indicador usado para avaliar o desempenho
em segurança é similar ao PPC, sendo denominado PPS(Percentual de Pacotes de Trabalho Seguros). O PPSindica a percentagem de pacotes de trabalho que foramexecutados de modo seguro. Um pacote é consideradoseguro quando todas as medidas preventivas planejadasforam implementadas e quando não ocorreu nenhum aci-dente, quase-acidente ou outro evento imprevisto. A fórmu-la usada para calcular o PPS é apresentada abaixo:
PPS = (1)
A Figura 3 ilustra o formulário usado para a coleta doPPS nos estudos empíricos. O formulário é dividido emduas seções, de acordo com a já apresentada classificaçãodos planos de longo prazo. Novamente de modo similar aométodo Last Planner, as causas para o não cumprimentodos planos são identificadas. Um check-list de problemasusuais é usado como referência para esta análise.
Embora seja similar ao PPC, a coleta de dados para oPPS é mais difícil, uma vez que alguns problemas somentepodem ser identificados por meio da observação de todasas atividades durante todo o tempo. Assim, um modoviável de coleta é através de observações diretas amostrais
∑ pacotes de trabalho seguros
∑ total de pacotes de trabalho
Tabela 1: Exemplos de recursos relacionados à segurança.
treinamento de integração de novos funcionários, treinamento nos planos de segurança, vídeos de treinamento.
guarda-corpos, sinalização de segurança, plataformas de proteção, extintores de incêndio, telas de segurança.
capacetes, luvas, botinas, máscaras, óculos de segurança, protetores auriculares, cintos de segurança.
detalhamentos da execução de andaimes, anotações de responsabilidade técnica dos projetos destas instalações.
áreas para estoque de materiais, negociação de áreas de trabalho livres de interferência das operações do cliente.
Treinamento
Proteções coletivas
EPI
Projeto
Espaço
Categoria Exemplos de recursos
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de todas as atividades. A tabulação em nível diário épreferível, uma vez que a tabulação em nível semanal,para maior confiabilidade, exige dados de todos os diasda semana. Uma vez que os procedimentos de coletaainda não estavam suficientemente maduros na época doestudo 1, naquele caso a coleta foi feita apenas pormembros da equipe de pesquisa. De outra parte, noestudo 2 o técnico em segurança contribuiu com 21,5 %dos dados coletados. Enquanto o técnico não alocava umperíodo de tempo específico para a coleta, os pesquisado-res costumavam gastar entre uma e duas horas por dianesta atividade.
Outras medidas de controleAlém do PPS, outros dados de desempenho foram
coletados. Dois deles eram de natureza reativa: o númerode acidentes e o número de paradas de produção decor-rentes de falta de segurança. Em relação aos dados pró-ativos, três foram coletados: (a) índice de adequação àNR-18 (INR-18), avaliado por meio de um check-list danorma; (b) índice de treinamento (IT), calculado pormeio da relação entre o número de homens-hora treina-dos e o número total de homens-hora trabalhadas; (c)documentação e investigação dos quase-acidentes, osquais foram relatados pelos técnicos em segurança epelos responsáveis pela coleta do PPS. Os resultados detodos os indicadores eram compilados em um relatório,cujo conteúdo era discutido em uma reunião de avaliaçãomensal. Ao longo dos dois estudos, ocorreram sete destasreuniões, envolvendo, no mínimo, um membro da dire-ção da empresa, o gerente de produção, o técnico emsegurança, o gerente de qualidade e um membro daequipe de pesquisa, responsável por produzir o relatórioe coordenar a reunião.
Participação dos trabalhadores
Os trabalhadores devem ser envolvidos no processo dePCS, uma vez que eles são os usuários finais e principaisbeneficiários dos planos. Tendo isso em vista, o modelopropõe um ciclo de identificação e controle de riscosbaseado nas percepções dos trabalhadores, ilustrado naFigura 4.
A primeira etapa envolve entrevistas com grupos detrabalhadores, tipicamente oito. As entrevistas são dividi-das em duas etapas: a) uma seção aberta, na qual ostrabalhadores são encorajados a falar sobre aspectos posi-tivos e negativos do trabalho como um todo, e não apenassobre suas tarefas; b) uma seção induzida na qual ostrabalhadores são solicitados a falar sobre assuntos especí-ficos. Nessa seção é usado um check-list de questões queinclui tópicos como manuseio manual de cargas, posturasincômodas ou EPI. Quando um problema é relatado, ostrabalhadores são solicitados a apresentarem sugestõespara sua resolução. A segunda etapa é discutir os resulta-dos das entrevistas em uma reunião de nível gerencial,incluindo a participação de um membro da alta direção.Em tal reunião é estabelecido o primeiro esboço de umplano de ação para resolver os problemas relatados. Aterceira etapa é uma reunião de feedback envolvendotrabalhadores e gerentes. O plano de ação é apresentado ediscutido com os trabalhadores, sendo esclarecidos osmotivos que levaram a gerência a não atender algumademanda. Além disso, a reunião é uma oportunidade parao relato de novos problemas, para a apresentação de novassugestões e, também, para a eliminação de falhas na comu-nicação entre o nível gerencial e o operacional. Finalmen-te, a quarta etapa consiste em avaliar a satisfação dostrabalhadores com a implementação (ou falta de) dasmelhorias. A avaliação ocorre no âmbito de uma novarodada de entrevistas, na qual também é buscada a identi-ficação de novos riscos e a reavaliação dos controlesexistentes. O modelo não propõe um intervalo rígido paraa condução de uma nova rodada de entrevistas. Contudo,recomenda-se fazer novas entrevistas quando novas equi-pes se integram à obra.
Dois ciclos ocorreram em cada estudo empírico. Emambos os casos, a primeira rodada de entrevistas foi con-duzida aproximadamente três semanas após o início daobra, quando os trabalhadores estavam razoavelmente fa-miliarizados com o ambiente de trabalho. A segunda roda-da ocorreu aproximadamente quarenta dias após a primei-ra, quando novas equipes já tinham ingressado no cantei-ro. As entrevistas envolveram grupos de oito trabalhado-res, em média, e todas as discussões foram gravadas.
Figura 3: Exemplo de formulário usado para a coleta do indicador PPS.
Seguro ?
Pacotes de trabalhoEquipe No APR Sim Não Problema
Pintura
BSF
Parede externa, escritório
Planos não associados a pacotes
Áreas de circulação comuns
APR 5
APR 8
X Falta de uso de óculos
X
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PRINCIPAIS RESULTADOS
DOS ESTUDOS EMPÍRICOS
Indicadores de desempenho
Considerando ambos os estudos, foram registrados doisacidentes com afastamento e vinte e um quase-acidentes.Além disso, no estudo 1 ocorreram três paradas parciais deprodução causadas por falta de segurança. Uma destas situa-ções ilustra a importância da análise de restrições: a equipe demanutenção do guindaste não pôde entrar na siderúrgica paraconsertar aquele equipamento, uma vez que eles não tinhamassistido à palestra de integração, ministrada somente nassegundas-feiras. Assim, até que a equipe assistisse à palestra,o guindaste ficou paralisado por três dias, inviabilizando aexecução de diversas tarefas na obra. O indicador PPS foicoletado nos três canteiros estudados. Como ilustração dosresultados, a Figura 5 apresenta a evolução do PPS e do PPC naobra B1, onde foi possível coletar dados desde o ínicio até ofinal da construção.
No exemplo da Figura 5, existem oito dias em que o PPS eo PPC possuem valores acima de 80 %. Isso indica a viabilida-de de atingir bom desempenho simultaneamente nos processos
de PCS e PCP. De fato, um estudo conduzido por Hinze eParker (1978) indicou que segurança e produtividade não estãoem conflito, parecendo ter uma correlação positiva. Contudo,não foi encontrada correlação estatística entre PPS e PPC nesteestudo (p-value = 0,7 na obra A; 0,5 na obra B1 e 0,8 na obraB2). As causas para o não cumprimento dos planos, avaliadaspor ocasião da coleta do PPS, indicavam as prioridades para atomada de ações corretivas. No caso da obra A, por exemplo,as falhas no planejamento das proteções coletivas foram oprincipal problema.
Percepções dos trabalhadores
Como ilustração das percepções dos trabalhadores, aTabela 2 apresenta parte dos resultados da primeira rodadade entrevistas no estudo 1. Todas as demandas foram clas-sificadas de acordo com sua natureza, em cinco categorias:meio ambiente (MA), incluindo assuntos como níveis deruído e iluminação; projeto de processos e postos de traba-lho (PPP); recursos humanos (RH); EPI e treinamento(TRE).
Várias demandas indicaram que alguns controles derisco existentes não estavam sendo eficientes. Como exem-
Figura 4: Ciclo de identificação e controle de riscos baseado nas percepções dos trabalhadores.
Avaliação de satisfação
Entrevistas com grupos
de trabalhadores
Reunião
de feedback
Discussão dos resultados
pela gerência
Figura 5: Evolução do PPS e do PPC (obra B1).
Segurança e produção: um modelo para o planejamento e controle integrado
Revista Produção v. 12 n. 1 2002 69
plo, os problemas 3 e 4 sugeriam que outros modelos decintos de segurança deveriam ser adquiridos. Outros pro-blemas indicaram riscos que não haviam sido identifica-dos no planejamento. Como exemplo, a equipe de recupe-ração estrutural reclamou que estava montando seus pró-prios andaimes (problema 5), embora eles não tivessemexperiência prévia nesta atividade. Se-guindo a análise das demandas, a gerênciada obra produziu um plano de ação parasua resolução. Tal plano foi apresentado ediscutido em uma reunião de feedbackenvolvendo trabalhadores e gerentes. Oprimeiro ciclo participatório encerroucom uma segunda rodada de entrevistas,na qual os trabalhadores avaliaram a implantação do planode ação. Com base nesta avaliação, uma nova tabela foiproduzida, indicando se as demandas foram totalmenteresolvidas, parcialmente resolvidas ou não resolvidas.
AVALIAÇÃO DO MODELO
Utilidade
Contribuição para aidentificação e controle de riscos
As reuniões de planejamento integrado contribuíramtanto para a sistemática identificação de riscos quanto parao melhor entendimento dos riscos já conhecidos. Notada-mente, esta contribuição manifestava-se quando da dis-cussão do método executivo e logística dos pacotes detrabalho, momentos em que os planos eram detalhados. Osriscos identificados nestas reuniões eram, na grande maio-ria, relacionados à possibilidade de acidentes causadospela ausência ou implantação inadequada das instalaçõesde segurança. Além de sua função primária de controle, acoleta dos indicadores também revelou ser outra oportuni-dade para a identificação de riscos, uma vez que o respon-sável pela coleta circulava pelo canteiro e observava criti-camente os diversos postos de trabalho. Em geral, os
riscos e controles ineficientes identificados com apoio dosindicadores tinham a mesma natureza daqueles percebidosnas reuniões de planejamento. Como resultado das reu-niões de planejamento e da coleta dos indicadores, qua-renta e dois novos riscos foram identificados ao longo dosestudos 1 e 2.
De outro lado, o ciclo participatório indicou problemasque dificilmente seriam identificados ou percebidos comorelevantes por meio das reuniões de planejamento e dacoleta dos indicadores. A natureza das demandas dos traba-lhadores explica essa particularidade, uma vez que muitasdelas envolviam assuntos de recursos humanos e treina-mento. Contudo, mesmo demandas teoricamente identificá-veis por meio de simples inspeção visual, como as relaciona-das à EPI, MA e PPP, freqüentemente requerem consultaaos trabalhadores para serem de fato compreendidas. Noâmbito das cinqüenta e nove demandas levantadas nos doisestudos, 27,1 % corresponderam a riscos que não tinhamsido identificados, enquanto que 62,9 % corresponderam acontroles ineficientes.
Contribuição para oatendimento de exigências externas
Em ambos os estudos, o cliente conduziu uma auditoriana gestão de segurança das obras. As auditorias deram umaavaliação positiva dos canteiros, considerando o modelo dePCS como um benchmark dentre as práticas adotadas pelosseus subcontratados. A satisfação dos clientes também foipercebida nas entrevistas de avaliação com seus represen-tantes. Como exemplo, em um dos relatos foi comentadoque era reconhecida a existência de um sistema permanente
Os trabalhadores devem ser envolvidos
no processo de PCS, uma vez que
eles são os usuários finais dos planos.
Tabela 2: Exemplos de problemas de acordo com as percepções dos trabalhadores (estudo 1).
TipoProblemas
1. Poeira excessiva.
2. Vestiários são desorganizados e sujos.
3. Cintos de segurança não se ajustam a diferentes tamanhos de pessoas.
4. Cintos de segurança com dois cabos são necessários para trabalhos sobre andaimes.
5. Equipe de recuperação estrutural estava montando andaimes sem experiência prévia.
6. Falta de conhecimento sobre as áreas de risco da aciaria (onde o acesso é proibido ?).
MA
RH
EPI
EPI
TRE
TRE
Saurin; Formoso & Guimarães
70 Revista Produção v. 12 n. 1 2002
de gestão da segurança e, em conseqüência, os esforços desegurança não dependiam mais de campanhas ocasionais. Onível de conformidade com a NR-18 foi avaliado nos doisestudos: 90 % dos requisitos aplicáveis eram cumpridos naobra A, enquanto que 77 % eram cumpridos nas obras B1 eB2. Além disso, o modelo inclui práticas mais avançadas doque aquelas requisitadas pelo PCMAT, como indicadorespró-ativos e procedimentos para atualizar os planos desegurança.
Integração da segurança ao PCPInicialmente, cabe enfatizar que ficou evidente a neces-
sidade de atualização dos planos de longo prazo, uma vezque vários novos riscos foram identificados após o início daetapa de produção. Apesar disso, deve-se considerar quemuitas das medidas de segurança apresentadas nos planosde longo prazo são válidas para qualquer canteiro. Assim,parece viável que tais planos sejam padronizados e apenasadaptados em função das particularidades de cada obra.Como uma oportunidade de melhoria neste nível, doisentrevistados sugeriram a inclusão de ilustrações nos pla-nos, a fim de esclarecer as medidas de segurança.
A análise de restrições, no nível de médio prazo, estabe-leceu um vínculo entre os planos de longo e os de curtoprazo. Assim, diversas restrições eram relacionadas à dis-ponibilização de recursos indicados nos planos de longoprazo, tais como andaimes e guarda-corpos, por exemplo.Dois outros fatores também indicam os vínculos entre olongo prazo e os demais níveis: nas reuniões de médio ecurto prazo não era necessário despender tempo discutindomedidas preventivas básicas, já estabelecidas no longo pra-zo; ao longo das intervenções foi verificado que todos ospacotes de trabalho podiam ser associados a um ou maisplanos de longo prazo, de modo que isso demonstra que onível de agregação adotado para estes planos foi adequado.Além disso, a coleta do PPS tem os planos de longo prazocomo referencial, existindo um forte vínculo entre estesdois elementos do modelo. Em relação aos vínculos entre omédio e o curto prazo, as duas intervenções indicaram queo método executivo deve ser discutido em ambos. Contudo,as discussões no médio prazo têm caráter mais genérico eabordam várias alternativas, proporcionando subsídios paraa decisão final no nível de curto prazo.
Facilidade de uso
Eficiência do processo de PCSDe acordo com as entrevistas, a inclusão de requisitos de
segurança a procedimentos já existentes na empresa tendeu afacilitar a implantação do modelo. Nas seguintes situações omodelo foi integrado às rotinas existentes, evitando a deman-da de tempo adicional dos gerentes: nas reuniões de planeja-mento, que passaram a incluir PCP e PCS; nas reuniões
semanais do sistemada qualidade, no âm-bito das quais ocorre-ram três reuniõesmensais de avaliaçãodo PCS das obras es-tudadas; nas sessõesde treinamento, que apartir do estudo 2 in-cluíram procedimen-
tos de segurança e execução de forma integrada; nas reuniõesda CIPA, utilizadas duas vezes para discussão dos planos delongo prazo. Similarmente, a implantação do modelo foiintegrada às atividades do técnico em segurança, levando aoenriquecimento e ao alargamento de suas atividades.
A eficiência do processo pode ainda ser avaliada emfunção da demanda de recursos para implementar o modelo.Como exemplo, as duas intervenções indicaram que a coletae análise dos indicadores demanda dois requisitos básicos: oresponsável pela coleta, seja externo ou interno à obra, deveter tempo disponível para circular pelo canteiro e observartodos os postos de trabalho (de uma a duas horas por dia); oresponsável deve ter tempo disponível para analisar os dadose produzir gráficos e tabelas com os resultados, tipicamente,cinco horas por mês nesta pesquisa. A implementação dociclo participatório também tem seus pré-requisitos: o res-ponsável pela condução das entrevistas preferencialmentenão deve ter relação de chefia com os trabalhadores; oentrevistador deve conhecer as regras básicas do processo deentrevistas, tais como não induzir os entrevistados e usar umroteiro de perguntas; o responsável deve ter tempo disponívelpara analisar as entrevistas e produzir tabelas com os resulta-dos, tipicamente, quatro horas por rodada de entrevista nestapesquisa; o canteiro deve possuir um local onde os trabalha-dores possam ser entrevistados com privacidade e o mínimode conforto.
Compreensão do modelo pelos intervenientesEm ambos os estudos, os entrevistados salientaram que a
experiência contribuiu para o amadurecimento do sensocrítico em relação à prevenção de acidentes, indicando queforam sensibilizados pela busca da visão sistêmica do pro-cesso, em detrimento da busca de culpados pelas falhas. De
Em nível mais genérico, os requisitos-chave do
processo de PCP foram incorporados ao modelo
de PCS: hierarquização dos planos, continuidade, visão
sistêmica e participação dos diferentes intervenientes.
Segurança e produção: um modelo para o planejamento e controle integrado
Revista Produção v. 12 n. 1 2002 71
certo modo, pode-se dizer que os participantes pareceramter assimilado que, além do combate aos erros humanos, háuma série de procedimentos de planejamento e controle quetem importância decisiva para a prevenção dos acidentes.Outras evidências também indicaram que o modelo foisatisfatoriamente compreendido. Sem envolvimento daequipe de pesquisa, o modelo foi implementado em umterceiro empreendimento, sob a coordenação do gerente daqualidade e com o apoio dos técnicos de segurança envolvi-dos nos estudos 1 e 2. Além disso, nas entrevistas deavaliação, nenhum entrevistado apontou dificuldades paracompreender o modelo, embora tenham enfatizado a neces-sidade de um treinamento básico para esclarecer sua lógica.
CONCLUSÕES
Este artigo apresentou um modelo de planejamento econtrole da segurança (PCS) o qual foi desenvolvido pormeio de dois estudos empíricos em obras industriais. Osresultados indicaram que vários conceitos e métodos quetêm sido usados com sucesso no PCP (tais como análise derestrições, análise de causas para o não cumprimento deplanos e produção protegida) podem ser estendidos para agestão da segurança. Em nível mais genérico, os requisitos-
chave do processo de PCP foram incorporados ao modelode PCS: hierarquização da tomada de decisões, continuida-de, visão sistêmica e participação dos diferentes interve-nientes. Assim, foi estabelecido um processo hierárquicode tomada de decisão a respeito das medidas de segurança:a técnica da Análise Preliminar de Riscos (APR) foi usadapara produzir planos de longo prazo, os quais foram conti-nuamente detalhados e atualizados por meio da sua integra-ção aos níveis de médio e curto prazo do PCP. Devido àintegração nesses níveis, o PCS ocorre de modo sistemáticoe contínuo ao longo de toda a etapa de produção. Considera-se que a visão sistêmica do PCS foi obtida, uma vez que asferramentas de identificação e controle de riscos dão visibi-lidade a uma ampla gama de riscos de diversas naturezas. Omodelo de PCS também tem caráter participativo, uma vezque há mecanismos para envolvimento dos principais inter-venientes.
Embora seja amplamente aceito que a segurança deveser integrada em praticamente todos os processos geren-ciais, é necessário ampliar os esforços de pesquisa nessesentido. A integração da segurança à etapa de desenvolvi-mento do produto seria uma continuidade natural destapesquisa, podendo-se desenvolver um modelo de PCS queinclua as etapas de projeto e produção.
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����� Referências bibliográficas
Os autores agradecem à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e à FAPERGS(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul) pelo financiamento concedido à realização desta pesquisa.
����� Agradecimentos