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Solos contaminados por metais pesados – Chumbo (Pb) 1/22
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Solos contaminados com metais pesados
Chumbo (Pb)
Projeto FEUP 2018/2019 - MIEA
Coordenadores gerais: Professor Doutor Manuel Firmino e Professora Doutora Sara Ferreira
Coordenador do curso: Margarida Bastos
Equipa MIEA102_3:
Supervisor: Margarida Bastos Monitor: Mariana Sá, Octávia Vieira e Sara Pinto
Estudantes & Autores:
Beatriz Barbosa [email protected] Carolina Fraga [email protected]
Inês Martins [email protected] Sara Sousa [email protected]
Sara Mesquita [email protected] Tiago Moreira [email protected]
Solos contaminados por metais pesados – Chumbo (Pb) 2/22
Resumo
No âmbito da unidade curricular Projeto FEUP, foi atribuído o tema “Solos contaminados
com metais pesados”, ficando o grupo 3 da turma 2, encarregue de abordar o subtema
contaminação por chumbo. Deste modo, analisou-se a concentração de chumbo em três
amostras de solo que foram fornecidas aos alunos, para que estes, pelo método da
espetrofotometria, concluíssem se o solo em causa estava ou não contaminado. Como a
média dos valores das concentrações do chumbo nas três amostras estava acima do ideal,
apesar de ser inferior ao valor de intervenção, foi possível concluir que o solo encontrava-se
contaminado.
A problemática apresentada no documento, como fator influenciador, tanto a nível global
como individual, torna o relatório alvo de leitura extremamente recomendada ao público em
geral, de modo a que este seja capaz de adquirir conhecimentos de natureza primordial
acerca do tema e dos respetivos subtemas. Ao realizar este relatório, percebeu-se a
importância da remediação dos solos para que todos os seres vivos tenham condições de
habitar na Terra sem estarem expostos a concentrações elevadas de compostos tóxicos.
É possível a toda a comunidade escolar a leitura do presente relatório sem necessidade
de possuir qualquer conhecimento relacionado com a engenharia do ambiente.
Palavras-Chave
Chumbo; Contaminação; solos contaminados; metais pesados; saúde ambiental;
remediação de solos;
Solos contaminados por metais pesados – Chumbo (Pb) 3/22
Índice Geral
1. Glossário ........................................................................................................................ 5
2. Introdução ...................................................................................................................... 6
3. Contaminação dos solos.............................................................................................. 7
3.1. Origem das contaminações .................................................................................... 7
3.2. Contaminação por chumbo ...................................................................................... 7
3.3. Efeitos negativos nos seres vivos .......................................................................... 8
3.3.1. Plantas ............................................................................................................. 8
3.3.2. Animais e seres humanos ................................................................................ 8
3.4. Meios de descontaminação dos solos ..................................................................... 9
4. Atividade prática ......................................................................................................... 11
4.1. Determinação da concentração de chumbo……….…………………..……………11
4.2. Protocolo da atividade prática…………………………………………………….…..12
4.3. Resultados…………………………………………………………………………..….12
4.4. Discussão dos resultados ……………………………………………………….........14
5. Conclusões .................................................................................................................. 15
6. Referências bibliográficas ......................................................................................... 16
7. Anexos........................................................................................................................19
7.1. Anexo 1 - Protocolo da atividade prática.............................................................20
7.2. Anexo 2 - Fragmento da legislação holandesa....................................................22
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Índice de Figuras e Índice de Tabelas
Índice de Figuras
Figura 1. Luz e o seu comportamento em campos elétricos ..........................................11
Figura 2. Curva de calibração do chumbo pelo método espetrofotometria de absorção
atómica (EAA) por chama ..............................................................................13
Índice de Tabelas
Tabela 1. Técnicas de remediação passivas e ativas ....................................................10
Tabela 2. Valores de absorvância de um conjunto de soluções padrão e respetivos
valores de concentração de chumbo ..............................................................13
Tabela 3. Valores de absorvância de uma amostra de solo (em triplicado).....................13
Tabela 4. Apresentação dos valores de massa, absorvância, e concentração das
respetivas amostras........................................................................................14
Tabela 5. Valores de referência à presença de chumbo no solo segundo a legislação
holandesa.......................................................................................................14
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1. Glossário
Tetraetilchumbo – Tetraetilchumbo é um aditivo para gasolina cuja fórmula é Pb(C2H5)4. Faz
com que a octanagem da gasolina seja elevada, pois é resistente à pressão, porém é tóxico
e libera partículas de chumbo no ar. [1]
Meteorização – Alterações causadas, nas rochas, pelos agentes de meteorização (agua e
vento, por exemplo). A meteorização pode ser física ou química dependendo dos produtos
que originam, ou seja, se altera a forma ou a composição. [2]
Ação antropogénica – Ações antropogénicas são aqueles causados pela ação do homem,
do ser humano, contrapondo-se às ações naturais no planeta, sem interferência humana. [3]
Agente antidetonante – Uma substância adicionada ao combustível de motores de
combustão interna para reduzir ou eliminar o ruído resultante da combustão explosiva
demasiado rápida. [4]
Ácidos húmicos ou fúlvicos – O ácido húmico é o principal componente das substâncias
húmicas, que por sua vez é o principal constituinte orgânico do solo, turfa e carvão. É além
disso o principal componente orgânico de diversos corpos de água, lagos distróficos e
também dos oceanos. [5]
Hidróxido de chumbo – Pb (OH)4, uma base insolúvel. [6]
Lixiviação – É a extração ou solubilização dos constituintes químicos de uma rocha, mineral,
solo, depósito sedimentar e etc. pela ação de um fluido percolante. [7]
Sudorese – É o ato de produzir e libertar suor. [8]
Quelação – A terapia de quelação é um tratamento intravenoso destinado a eliminar os
metais pesados do corpo”; “Consiste em um protocolo de administração de agentes
queladores, produtos capazes de se agregarem a minerais tóxicos e excretá-los do organismo
através das fezes e urina. [9] [10]
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2. Introdução
Uma das mais importantes áreas de atuação de um engenheiro de ambiente é a avaliação
dos solos e intervenção nos mesmos, quando contaminados. Para a ação do profissional,
porém, é crucial o conhecimento dos vários processos de tratamento e de descontaminação
do objeto de estudo. Neste relatório, então, pretende-se a realização de um estudo sobre o
tema “solos contaminados por metais pesados”, com enfoque no chumbo, para que seja
possível melhor entende-lo.
Assim, neste documento são citadas as causas do processo de contaminação do solo
pelo chumbo e as suas formas de descontaminação, além da descrição de uma atividade
prática que permite saber a concentração desse metal pesado no solo através da técnica de
espectrofotometria de absorção atómica (EAA) por chama.
O chumbo é um dos metais pesados mais problemáticos e em maior concentração nos
solos atualmente. Ele é raramente encontrado no seu estado elementar, sendo encontrado
com mais frequência na forma de ião Pb2+ e, no seu estado fundamental, apresenta brilho
metálico, alta densidade e uma textura macia. A elevada concentração do metal no solo
provoca contaminação deste e, consequentemente, aumenta o perigo para a saúde pública e
ambiental. [11] [12]
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3. Contaminação dos solos
3.1. Origem das contaminações
Em geral, os metais pesados estão naturalmente presentes em solos e em sistemas
aquáticos mesmo que não exista interferéncia humana no ambiente. A sua concentração no
solo pode aumentar quer por processos naturais (meteorização de rochas e a lixiviação no
perfil do solo, por exemplo) como por atividades humanas. Destas últimas, destacam-se a
utilização de fertilizantes e pesticidas, a combustão de carvão e de outros combustíveis
fósseis e a inceneração de resíduos urbanos e industriais (que gera a deposição atmosférica).
A utilização destes metais em larga escala, principalmente no meio industrial, faz destes
compostos poluentes ambientais cada vez mais comuns e, consequentemente, mais
alarmantes. [13] [14]
3.2 Contaminação por chumbo
Os produtos contendo chumbo (metal tóxico) têm, tal com outros metais, um vasto uso
industrial como em baterias, tintas, equipamentos médicos, ligas metálicas e cerâmicas. Após
o aumento do processo de industrialização e da exploração mineira a exposição ambiental
ao composto também aumentou consideravelmente. Assim, atualmente a ação
antropogénica é a maior responsável pela contaminação por chumbo comparativamente com
alguns processos naturais (emissões vulcânicas e meteorização química, por exemplo).
Globalmente, calcula-se que cerca de 300 milhões de toneladas de chumbo já foram
expostas no meio ambiente durante os últimos cinco milénios, especialmente nos últimos 500
anos. Após o aumento do automobilismo, no início do século XX, a exposição ambiental ao
chumbo e a concentração de chumbo atmosférico aumentaram significativamente,
principalmente em países em desenvolvimento, devido ao seu uso juntamente com a gasolina
(na forma Tetraetilchumbo) como agente antidetonante para melhorar a performance do
motor. Este composto atmosférico proveniente dos automóveis espalhou-se pelo planeta e
depositou-se nos solos e oceanos, deixando-os mais contaminados.
O metal pode ser imobilizado pela complexação com ácidos húmicos ou fúlvicos dos
solos ou pela troca iónica com óxidos hidratados ou argila e podem apresentar maior
afinidade para absorver Pb que outros argilo-minerais. O Pb é altamente dependente do tipo
de ligante envolvido na formação de hidróxido de chumbo. A libertação do chumbo de
complexos orgânicos para formas solúveis está intimamente relacionada com o pH. Solos
com pH 5 e pelo menos 5% de matéria orgânica retêm o chumbo atmosférico na camada
superior (entre 2 e 5 cm); em solos com pH entre 6 e 8 e alto teor de matéria orgânica, o
chumbo pode formar compostos insolúveis, no entanto, para os mesmos valores de pH, mas
menor teor de matéria orgânica pode haver formação de óxidos -hidróxidos de chumbo
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hidratados e precipitação na forma de carbonatos ou fosfatos; nos solos com pH entre 4 e 6
os complexos orgânicos do chumbo tornam-se solúveis e sofrem lixiviação ou são absorvidos
pelas plantas. [15] [16] [17]
3.3 Efeitos negativos nos seres vivos
Ao longo de décadas de história e grandes acontecimentos, o ser humano esforça-se por
ter um melhor nível de vida, com mais conforto e facilidades, porém essa busca trouxe consigo
enormes consequências ambientais, como por exemplo a contaminação dos solos.
O chumbo, embora muito presente no dia-a-dia de uma grande parcela da população
terrestre, uma vez que se encontra em diversos lugares em diversas formas, causa grandes
efeitos na saúde e bem-estar dos seres vivos, afetando desde plantas a seres humanos. Este
metal pesado, tendo grande capacidade de acumulação nos organismos, causa inúmeros
males e consequências naqueles que o tem em grande quantidade no corpo ou que estão em
contacto frequente com ele. [18]
3.3.1. Plantas
Os solos, quando contaminados, afetam diretamente uma grande quantidade de
espécies do Reino Plantae. Uma vez que o chumbo é absorvido, distribui-se pela planta e
pode ser encontrado em diferentes tecidos, mesmo que em maior concentração nas raízes,
causando distúrbios moleculares e bioquímicos.
Tendo tendência a permanecer alocado em raízes, o Pb afeta a entrada de água e a
nutrição da planta. Essa pode ainda apresentar efeitos bioquímicos, fisiológicos e estruturais,
tais como inibição da fotossíntese e a diminuição da germinação de sementes, mudanças na
permeabilidade da membrana e alterações no balanço hídrico e hormonal. Dessa forma, é
induzido um stress oxidativo devido a danos percetíveis, como a inibição do crescimento do
organismo.
Dessa forma, a presença do metal pesado no organismo vegetal afeta negativamente a
sua vida, podendo, ainda, afetar muitos outros seres vivos. Um processo chamado
bioacumulação, por exemplo, mostra como a contaminação da planta influencia outros seres.
Os metais pesados não sendo metabolizados acumulam-se ao longo do tempo no organismo
que servirá de alimento para outro futuramente. Esse, ingerirá e acumulará no próprio corpo
esse metal e, assim, a concentração do chumbo, por exemplo, aumentará ao longo da cadeia
alimentar, ou seja, prejudica ainda mais os animais do topo da cadeia. [19]
3.3.2. Animais e seres humanos
A intoxicação por chumbo - conhecida também por saturnismo ou por plumbismo - de
seres humanos assemelha-se muito com a de outros animais em diversos aspetos, desde os
meios de contaminação às suas consequências e sintomas. Ela é geralmente gradual e lenta,
já que é normal uma exposição em baixas quantidades mesmo que frequente. Dessa maneira,
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acumula-se no corpo ao longo do tempo, sendo difícil sua eliminação.
As principais vias de absorção são a respiratória (partículas depositam-se no sistema
respiratório, onde podem ser eliminadas ou absorvidas) e a digestiva (sendo a absorção
dependente de fatores como a ingestão de proteínas e a presença de alguns nutrientes (Ca,
Fe e P principalmente), já que ocorre uma certa competição pelos meios de transporte com
esses nutrientes. Há ainda, estudos que relacionam as concentrações de vitamina D e as de
chumbo nos ossos tal como as concentrações de vitamina C com as de chumbo no sangue,
sendo ambas inversamente proporcionais.
No contexto dos seres humanos, quando o chumbo é absorvido, espalha-se facilmente
pelo corpo, sendo armazenado em tecidos moles, ossos, dentes, fios de cabelo, na tiroide, no
fígado, no cérebro, no jejuno, e noutros em menores quantidades. Nos animais, espalha-se
igualmente fácil pelo corpo, concentrando-se pricipalmente em tecidos moles e ossos.
Uma vez acumulada em grandes quantidades no organismo, produz uma série de
sintomas e consequências ao seu portador: em animais, gera anemias, efeitos nos eletrólitos
(afetam sinapses), no metabolismo, na produção de algumas hormonas, desvios de
comportamento, irritabilidade, depressão, fadiga, vómito, entre outros. Já em animais,ocorre,
como nos humanos, os mesmos efeitos além de, em aves, a paresia das asas, cegueira,
convulsões e ataxia, e nos répteis a flacidez dos membros. Outro problema causado pelo
chumbo é que em organismos placentários (animais mamíferos, incluindo seres humanos), o
metal ultrapassa a barreira placentária, igualando os níveis de concentração com o feto.
Para sua eliminação do organismo, existem certas rotas de excreção, como a urina, as
fezes, o leite materno e, em humanos, a pele (descamação e suor), a queda de cabelos e das
unhas, que retiram do corpo a parte não fixada ou armazenada pelos tecidos do corpo. Porém,
uma vez fixadas ou armazenadas, a eliminação é lenta, com meias-vidas do metal variando
de acordo com o local em que se encontram: no sangue calcula-se por volta de 2 ou 3
semanas, nos tecidos moles em torno de 3 ou mais semanas e nos ossos e dentes cerca de
20 anos. É necessário lembrar, porém, que há uma exposição frequente ao chumbo, tornando
muito difícil a eliminação total desse do organismo.
O tratamento do saturnismo inclui o consumo de vitaminas, minerais e aminoácidos
sulfurados, a sudorese induzida e a quelação. Além destes, para um tratamento eficiente,
inclui-se a constante monitorização de níveis de concentração do metal na urina e no sangue
e recomenda-se evitar completamente ou quase completamente locais que possam oferecer
contacto com o metal, uma vez que os sintomas podem voltar a aparecer após nova exposição
ao chumbo. [20] [21] [22] [23]
3.4. Meios de descontaminação dos solos
Numa tentativa de evitar problemas de saúde pública e ambiental foram criados vários
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processos para recuperação de solos contaminados. Existem quatro formas de classificar os
métodos de tratamento/remediação dos solos contaminados:
1. Remediação "in-situ"- neste tipo de tratamento o solo contaminado é tratado no
local de origem sem que seja necessária a sua mobilização e, por isso, é uma
remediação que evita poluição acrescida derivada dos transportes;
2. Remediação "ex-situ" – tal como o nome indica, trata-se da descontaminação
realizada fora do local; esta é realizada através da escavação (dos solos) e da
bombagem (águas), bem como o respetivo transporte para a unidade de
tratamento, como por exemplo, CIRVER ECODEAL situado no distrito de
Santarém;
3. Remediação ativa – um tratamento que recebe intervenção humana;
4. Remediação passiva – um tratamento que não recebe intervenção humana.
As características dos dois últimos podem ser observadas na tabela 1.
Tabela 1 Técnicas de remediação passivas e ativas [24]
Dentro os vários métodos de descontaminaçao e remediação do solo por metais pesados,
os mais conhecidos e aplicados atualmente são a fitorremediação e a vermicompostagem
(ambas remediações passivas). Na vermicompostagem usam-se organismos vivos para a
retirada do metal do solo de forma natural e sem interferéncias (o metal pesado é imobilizado
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pela complexação com ácidos húmicos). Já na fitorremediação, usam-se plantas para
remover os metais contaminantes, sendo essas plantas não danificadas ou prejudicadas.
Esse último método inclui técnicas como a fitoextração (baseia-se em plantas
hiperacumuladoras e no acúmulo do metal na sua parte aérea) , a fitoestabilização (utilização
de associações de plantas com fungos que imobilizam o metal nas raízes e no solo), a
fitodegradação (degradação do metal através do anabolismo e catabolismo por enzimas), a
fitovolatilização (volatização do metal, degradando-o e liberando-o para a atmosfera) e a
rizodegradação (absorção, concentração e precipitação do metal pelas raízes da planta).
Assim, aproveitam-se os processos naturais da planta para o tratamento do solo de forma
eficaz. [24] [25] [26] [19]
4. Atividade prática
4.1 Determinação da concentração de chumbo
Para a atividade prática proposta foi utilizada uma técnica de determinação de chumbo
no solo conhecida por: Espectrofotometria de absorção atómica por chama.
A espectrofotometria pode ser definida como toda técnica analítica que usa a luz para
medir as concentrações das soluções, através da interação da luz com a matéria.
A luz de uma maneira geral é mais bem descrita como sendo uma radiação
eletromagnética em virtude de sua natureza dualística. Ou seja, ela existe e tem um
comportamento de campos elétricos e magnéticos oscilantes como a Figura 1 representa.
Figura 1:Luz e o seu comportamento em campos elétricos [27]
Onde:
O comprimento de onda (λ) é distancia em metros, de um pico ao outro da onda;
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A frequência (v) é o grau de oscilação das ondas, em função da velocidade da luz no
vácuo que é representada pela constante c (c=2, 998x108m. s-1). Expressa na equação (1):
λ . v = c (1)
[27]
4.2 Protocolo da atividade prática
Método: Espetrofotometria de absorção atómica (EAA) por chama
Num gobelé de 250 mL pesou-se numa balança analítica (± 0,0001g) aproximadamente
0,5 g de amostra e foi registrada a massa. Este processo foi realizado para três amostras.
Na hotte, foi adicionada cerca de 10 mL de água destilada e 12 mL de água régia (mistura
de 9 mL de ácido clorídrico concentrado e 3 mL de ácido nítrico concentrado) e tapou-se com
um vidro de relógio.
O gobelé de 250 mL foi colocado sobre a placa de aquecimento e e a solução ficou a
reagir durante aproximadamente 15 minutos.
Em segida procedeu-se à filtragem da solução para um balão volumétrico de 100 mL
completando o volume com água destilada.
Já numa segunda fase, verificau-se o correto funcionamento do equipamento (ajustou-se
o zero de Absorvância com água destilada e o valor de Absorvância da solução de otimização
para o valor recomendado.)
Efetuou-se, então, a leitura de Absorvância da amostra (triplicada). [28]
4.3. Resultados
De modo a poder quantificar o teor de chumbo no solo disponibilizado, houve a
necessidade de se obter a reta de calibração (figura 2) que relaciona as concentrações de
metal (mg/L) com a absorvância correspondente, também expressas na tabela 2.
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Com os resultados obtidos foi possível determinar a partir da equação da reta de
calibração (equação (2)) a concentração em ml/L, de cada amostra (tabela 3).
𝐴𝑏𝑠 = 0,0461 × 𝐶 + 0,0011 (2)
Os resultados da concentração em ml/L, expressos na tabela 3, foram convertidos para
mg/kg, utilizando a equação (3).
[𝑃𝑏] (𝑚𝑔 𝐾𝑔)⁄ = 0,1 × [𝑃𝑏]𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑥
𝑚𝑠𝑜𝑙𝑜, 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑥 × 103 (3)
Os resultados dos cálculos referidos anteriormente estão expressos na tabela seguinte
(tabela 4) assim com os valores de massa e absorvância relativos a cada amostra.
c(mg/L) Abs
0,20 0,004
1,00 0,043
2,00 0,093
4,00 0,189
6,00 0,278
10,0 0,456
Abs
Amostra_1 0,086
Amostra_2 0,106
Amostra_3 0,101
y = 0.0461x - 0.0011
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
0.4
0.45
0.5
0 2 4 6 8 10 12
Figura 2- Curva de calibração do chumbo pelo método espetrofotometria de absorção atómica (EAA) por chama
Tabela 2- Valores de absorvância de um conjunto de soluções padrão e respetivos valores de concentração de chumbo
Tabela 3- Valores de absorvância de uma amostra de
solo (em triplicado).
Ab
s
c (mg/L)
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Tabela 4- apresentação dos valores de massa, absorvância, e concentração das respetivas amostras
Massa da amostra de
solo (g) Absorvância
Concentração de chumbo na
amostra(mg/L)
Concentração de chumbo na
amostra(mg/Kg)
Amostra 1 0,5185 0,086 1,889 364,32
Amostra 2 0,4970 0,106 2,275 417,505
Amostra 3 0,5016 0,101 2,148 428,130
Para facilitar a discussão dos resultados procedeu-se ao cálculo da concentração média
das 3 amostras, como está representado na equação (4).
𝑐̅ =𝑐1+𝑐2+𝑐3
3⇔ 𝑐̅ =
364,32+417,505+428,130
3 ⇔ 𝑐̅ = 403,32 𝑚𝑔/𝐾𝑔 (4)
Foi efetuado o cálculo do desvio padrão através da equação (5) e o resultado obtido foi
±34,188 mg/kg.
𝑠 = √∑(𝑥𝑖−�̅�)2
𝑛−1 (5)
4.4. Discussão dos resultados
Atualmente, em Portugal e na União Europeia, não está estipulada uma legislação que
defina os limites aconselhados da concentração de metais pesados no solo. Por outro lado,
em alguns países da Europa, como é o caso da Holanda, já existe essa legislação, o que
permite ao país controlar os níveis de chumbo, por exemplo, e agir caso os níveis de
concentração estejam acima dos ideais.
Observando os valores alvo (“target value”), 85 mg/kg, e os valores a partir do qual é
importante que ocorra uma intervenção de descontaminação (“Intervention Value”), 530
mg/kg, considerados na Holanda (tabela 3), é possível inferir que os valor da concentração
de chumbo no solo fornecido, 403.32 ± 34,188 mg/kg (cálculos apresentados anteriormente),
está acima do ideal, apesar de ser inferior ao valor de intervenção. Assim, é possível concluir
que o solo da amostra estava contaminado por chumbo.
Tabela 5- Valores de referência à presença de chumbo no solo segundo a legislação holandesa [29]
Composto Target Value Intervention value
Chumbo 85 mg/kg 530mg/kg
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5. Conclusão
Neste relatório foi abordado o tema “solos contaminados com metais pesados” e, a partir
desse, desenvolveu-se inúmeros conceitos essenciais a qualquer profissional da área
ambiental e em especial a qualquer engenheiro do ambiente, dos quais destacam-se os
subtemas: a origem da contaminação, a contaminação por chumbo, os efeitos negativos nos
seres vivos e os meios de descontaminação dos solos.
As contaminações, em grande parte dos casos, têm origem industrial e em ações do
nosso quotidiano. O chumbo, como metal pesado, é um exemplo de um composto que pode
contaminar extensas áreas e que, devido ao seu carácter tóxico, pode lesar múltiplas
populações de seres vivos, em especial o homem por se apresentar no topo da cadeia
alimentar. Todavia, felizmente, nos dias de hoje já existem métodos/técnicas que procuram
resolver esse problema que o desenvolvimento industrial trouxe.
Neste documento, encontra-se, ainda, a descrição de uma atividade laboratorial que
permitiu a determinação da concentração de chumbo numa amostra de solo fornecida e
também a sua conclusão: a amostra de solo analisada estava contaminada.
Assim sendo, foi possível concluir que, para combater este distúrbio ambiental, é
necessário evitar a transmissão destes compostos perigosos para o ecossistema, de maneira
a que, ao descontaminar os solos, a sua concentração diminua e torne propícia a melhoria
da saúde dos seres vivos em geral.
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6. Referências bibliográficas
[1] Previdello, Thiago Carlos. (2013). Tetraetilchumbo. Acedido a 16 de outubro de
2018. https://www.dicionarioinformal.com.br/tetraetilchumbo/
[2] Artigos de apoio Infopédia. (2003). Meteorização. Acedido a 17 de outubro de 2018.
https://www.infopedia.pt/$meteorizacao
[3] Silva, Admar Marcos. (2011). Antropogênico. Acedido a 17 de outubro 2018.
https://www.dicionarioinformal.com.br/antropog%C3%AAnico/
[4] Portal São Francisco. Antidetonantes. Acedido a 17 de outubro de 2018.
https://www.portalsaofrancisco.com.br/quimica/antidetonantes
[5] Wikipédia. (2016). Ácido Húmico. Acedido a 16 de outubro de 2018.
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81cido_h%C3%BAmico
[6] Souza, Líria Alves. Classificação das Bases. Acedido a 17 de outubro de 2018.
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/classificacao-das-bases.htm
[7] Faria, Caroline. Lixiviação. Acedido a 17 de outubro de 2018.
https://www.infoescola.com/geologia/lixiviacao/
[8] Significados. (2014). Sudorese. Acedido a 18 de outubro de 2018.
https://www.significados.com.br/sudorese/
[9] Saúde Dicas. Prós E Contras Da Terapia De Quelação. Acedido a 17 de outubro de
2018. https://www.saudedicas.com.br/saude-geral/pros-e-contras-da-terapia-de-
quelacao-2047275
[10] Colunista Portal Educação. A terapia por quelação. Acedido a 17 de outubro de 2018.
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/a-terapia-por-
quelacao/39181
[11] Pedrolo, Caroline. Chumbo - elemento químico chumbo. Acedido a 16 de outubro de
2018. https://www.infoescola.com/elementos-quimicos/chumbo/
[12] Magalhães, Lana. (2018). Chumbo: elemento químico, características e aplicações.
Acedido a 15 de outubro de 2018. https://www.todamateria.com.br/chumbo/
[13] Cruz, Nathalia Rother. (2012). Exposição ambiental ao chumbo: um problema de
áreas contaminadas próximas a fábricas de baterias. Acedido a 15 de outubro de
2018. https://repositorio.unesp.br/handle/11449/118807
[14] Duarte, Rogéria P. Saez; Paqual, Antenor. (2000). Avaliação do cádmio (Cd),
chumbo (Pb), níquel (Ni) e zinco (Zn) em solos, plantas e cabelos humanos. Acedido
a 16 de outubro de 2018. http://files.engenharia-
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Solos contaminados por metais pesados – Chumbo (Pb) 17/22
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[28] U. Porto – Projeto FEUP. (2018). Determinação de metais pesados num solo
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[29] EUROPEAN COMMISSION - JOINT RESEARCH CENTRE. NETHERLAND.
Acedido a 14 de outubro de 2018. Em “7.2. Anexo 2”
Solos contaminados por metais pesados – Chumbo (Pb) 20/22
7.1. Anexo 1 – Protocolo da atividade prática