tempo de repensar
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8/3/2019 Tempo de Repensar
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Tempo de repensar
Marcos Gouvêa de Souza ([email protected]), diretor-geral daGS&MD – Gouvêa de Souza
Ao aproximar-se o final do ano, as empresas refazem seus projetos a
partir de visões, perspectivas e dos cenários possíveis para os próximos
períodos. O exercício de revisão de Planejamento Estratégico deve conter
uma visão de mais longo prazo e, necessariamente, deve ser muito mais
do que um conjunto de ações que serão adotadas em continuidade aos
esforços habituais de expansão do negócio.
Essa prática cresceu de importância nos últimos tempos, de economia e
mercado estáveis e razoavelmente previsíveis, em contraponto a um
período anterior, quando esse exercício havia perdido sua razão de ser,
por conta das grandes flutuações derivadas dos problemas inflacionários;
das crises globais afetando de forma mais direta o mercado; e pelas
reações dos governos buscando formas heterodoxas de ajustes.
Nos exercícios de Planejamento Estratégico, necessariamente deve-se
partir de uma visão de fora para dentro da organização, ao mesmo tempo
em que se faz uma reflexão profunda do momento do negócio, suas
virtudes e fraquezas, suas características e perspectivas.
Mas é fundamental o exercício isento de olhar o negócio com a visão mais
independente possível, buscando enxergar tendências e perspectivas doambiente (incluindo concorrência) e como tais elementos podem impactar
a realidade da empresa, seus produtos, serviços, canais de distribuição,
preços praticados, estrutura de distribuição, comunicação com o mercado,
etc.
A análise de cenários é um dos instrumentos habitualmente utilizados
para esse exercício, sendo seu maior mérito identificar e antecipar
situações e reações passíveis de serem adotadas.
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Algumas questões básicas envolvem as profundas transformações de
cenário que ocorrem no Brasil e deveriam estar presentes em qualquer
exercício de Revisão Estratégica para empresas ligadas aos setores de
consumo.
* Como a evolução do nível de emprego, renda, crédito e confiança do
consumidor podem afetar os negócios nos próximos anos;
* Como deverá ser a participação das diferentes classes sócio econômicas
no futuro do consumo dos produtos e serviços;
* Como irá variar a participação de cada região e Estado no potencial de
consumo de produtos e serviços nos próximos anos;
* Como a crescente atratividade do mercado brasileiro poderá trazer
aumento do número de competidores globais e qual será o impacto no
negócio direto;
* Como os novos comportamentos emergentes de segmentos mais jovens
de mercado, cada vez mais digitais em suas atitudes e referências, podem
impactar a percepção das marcas, produtos, formatos e canais nos
próximos anos;
* Como a pressão pela redução da informalidade irá afetar a capacidade
competitiva de algumas marcas e negócios;
* Como os novos canais digitais de relacionamento, promoção e vendas
irão alterar a matriz de distribuição de produtos e serviços;
* Como o aumento da massa de crédito poderá afetar a incorporação de
novos segmentos consumidores. Qual é o eventual impacto de umaumento da inadimplência;
* Como o aumento da pressão competitiva poderá afetar os preços e as
condições praticadas;
* Como desenvolver alternativas para incorporar os novos potenciais de
consumo nos segmentos emergentes de mercado, como as classes B/C e
em especial nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país;
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* Como enfrentar a tendência à concentração dos mais diversos
segmentos de negócios, inerente ao aumento do nível de competitividade,
pressão sobre informalidade e relevância do crédito e dos instrumentos
de relacionamento, reposicionando o cenário competitivo.
A lista de questões é ampla e vamos prosseguir nas próximas edições, mas
o fato central é que o conjunto de transformações que o cenário global e
local determina no ambiente gera uma profunda necessidade de revisão
de tudo que se faz e do que se pretende fazer para que oportunidades
possam ser capitalizadas e ameaças neutralizadas, sob o risco de se
imaginar a condução de negócios de forma independente da realidadeexterna.
Algo tão inconsequente quanto entregar o comando isolado de um avião a
um piloto exclusivamente formado em simuladores de voo, por mais
aperfeiçoados que possam ser.