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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SO CARLOS

    CENTRO DE CINCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIADEPARTAMENTO DE MATEMTICA

    Ttulo: Matemtica e Msica

    Disciplina: Trabalho de Graduao A e BResponsvel: Prof. Dr. Artur Darezzo Filho

    Aluna: Juliana Pimentel Juliani

    Orientador: Prof. Dr. Pedro Luiz A. Malagutti

    So Carlos

    Dezembro de 2003

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    Matemtica e Msica

    Juliana Pimentel Juliani

    Orientador: Prof. Dr. Pedro Luiz A. Malagutti

    Trabalho de Graduao A e B

    Prof. Responsvel: Prof. Dr. Artur Darezzo Filho

    So CarlosDezembro de 2003

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    RESUMO

    Neste trabalho sero abordadas as vrias relaes existentes entre a

    matemtica e a msica desde nveis fundamentais como razes entre comprimentos

    de cordas e entre freqncias das notas, relaes entre comprimentos de cordas e

    mdias, as freqncias relacionadas as exponenciais e aos logaritmos, funesinversas entre comprimentos e freqncias, o som como ondas e comportamento

    logartmico dos trastes, alm disso, a partir de conhecimentos fsicos, estudaremos o

    comportamento de uma onda por meio da modelagem de um problema especfico em

    uma corda elstica, resultando em sries de senos ou co-senos, conhecidas como

    sries de Fourier e as ondas sob duas dimenses membrana elstica (bumbo) -, o

    qual nos leva aos problemas de Sturn-Liouville e equaes de Bessel. Podemos

    perceber que os elementos que unem a matemtica msica so muitos apesar dedispersos. Seriam vrios os experimentos que poderiam uni-los, se estes no viessem

    a contrariar o principio de materiais baratos para poderem ser usados principalmente

    nas escolas da rede pblicas de ensino. Refiro-me a matrias como osciloscpio,

    freqncimetro e conjunto de diapases, os quais no so encontrados na maioria das

    escolas. De qualquer maneira, com o material mencionado neste trabalho, j

    possvel fazer uma belssima introduo ao estudo destas reas.

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    SUMRIO

    Introduo................................................................................................................... 5

    Captulo 1: Uma Introduo as Origens das Relaes entre a Matemtica e a Msica......................................................................................................................................8

    Captulo 2: Entendendo um pouco sobre Teoria Musical.........................................11

    Captulo 3: As Razes na Msica............................................................................. 13

    Captulo 4: A Freqncia sob um Novo ngulo ..................................................... 18

    Captulo 5: As Ondas na Msica .............................................................................. 22

    Captulo 6: Os Logartmos no Dimensionamento de Trastes................................... 29

    Captulo 7: Analisando os Logartmos nos Instrumentos Musicais ......................... 33Captulo 8: O Nautilus e as Freqncais Musicais ................................................... 36

    Captulo 9: A Descoberta dos Gregos....................................................................... 38

    Captulo 10: Analisando o Som em uma Corda Elstica.......................................... 40

    10. 1. Deduo da Equao Da Onda .................................................................40

    10. 2. As Sries de Fourier ................................................................................... 44

    10. 2. 1. Propriedades das Funes Seno e Co-Seno ......................................... 44

    10. 2. 2. Funes Pares e mpares ......................................................................46

    10. 2 .3. As Frmulas de Euler Fourier.............................................................. 47

    10.3. Teorema de Fourier .................................................................................... 49

    10.4. Um Problema Particular ............................................................................ 51

    10.5. Corda Elstica com Deslocamento Inicial No Nulo ............................... 53

    10.6. Justificativa da Soluo .............................................................................. 57

    10.7. Problema Geral da Corda Elstica............................................................ 59

    Captulo 11: Analisando o Som em uma Membrana Elstica .................................. 61

    11.1 Equaes de Bessel de Ordem Zero......................................................... 61

    11.2 Problemas de Valor de Contorno Homogneos e Lineares: Autovalores

    e Autofunes............................................................................................................ 64

    11.3 Problemas de Valor de Contorno de Sturn-Liouville ............................ 66

    11.4 - Problemas de Sturn-Liouville Singulares ................................................ 70

    11.5: Vibraes de uma Membrana Elstica ..................................................... 77

    Concluses: ...............................................................................................................81

    Bibliografia ...............................................................................................................82

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    INTRODUO

    Nem todo mundo toca um instrumento, mas todos gostam de msica.

    Mesmo quem no toca, sabe que a seqncia das notas musicais d, r, mi, f, sol,

    l, si. praticamente a partir destas sete notas fundamentais, e mais cinco auxiliares

    (os bemis e sustenidos) que as melodias da msica ocidental so compostas.

    Sabe-se que a msica j estava presente desde as primeiras

    civilizaes mas as notas diferiam de um instrumento para o outro pois no existiam

    regras para produzi-los. Foi ento, segundo conta a lenda, que Pitgoras, ao passar

    em frente a uma oficina de ferreiro percebeu que as batidas dos martelos, os quais

    diferiam por suas massas, eram agradveis ao ouvido e se combinavam muito bem.

    Figura (1): a lenda dos martelos

    Para pesquisar estes sons, construiu um instrumento,

    mais tarde chamado monocrdio (mono = um e crdio = corda),

    o qual se assemelha a um violo de uma corda e trabalhando

    com fraes desta, descobriu relaes muito interessantes entre

    uma nota e outra. Apesar de no estarmos certos sobre sua

    existncia, o resultado que se segue tambm foi atribudo

    Pitgoras.Figura(2): Pitgoras

    Ele provou que ao dividir a vibrao bem no meio da corda, a

    tonalidade do som era a mesma da produzida com a corda solta, mas uma oitava

    acima, ou seja, com o som mais agudo. Ao fazer as outras divises, descobriu que as

    principais consonncias, as combinaes de sons mais agradveis, eram as oitavas, as

    quartas e as quintas, as quais correspondem s divises exatas de uma corda esticada

    entre dois suportes fixos e so base da harmonia para instrumentos de cordas. Ele

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    associou nmeros inteiros ao comprimento da corda; com a corda solta associada ao

    nmero 1, a metade da corda equivalente a 1/2 e assim por diante.

    A partir desta experincia, as relaes entre matemtica e msica

    ficaram muito mais prximas; passou a ser uma forma de descrever a natureza e de

    desenvolvimento da cincia.

    O primeiro algoritmo que apareceu baseava-se no alfabeto: as sete

    primeiras letras representavam os sete sons da escala, comeando pela nota l.

    Depois, criaram-se os neumas, sinais oriundos dos acentos grave, agudo, circunflexo,

    e do ponto. Porm, a notao neumtica tinha o defeito de no indicar a altura nem a

    durao dos sons. Melhor que ela, era o mtodo do monge Guido d'Arezzo (995-

    1050), que adotou uma pauta de quatro linhas e definiu as claves de f e d para

    registrar a altura dos sons. Alm disso, Guido d'Arezzo deu nome s notas, tirando as

    slabas iniciais de um hino a So Joo Batista; o qual era aplicado no canto

    eclesistico:

    HINO DE SO JOO BATISTA

    Ut queant laxis Para que possam

    REsonare fibris ressoar as maravilhasMIra gestorum de teus feitos

    FAmuli tuorum com largos cantos

    SOLve polluti apaga os erros

    LAbii reatum dos lbios manchados

    Sancte Ioannes. So Joo.

    C = d D = r E = mi F = f G = sol A = l B = siFigura (3): algoritmo de Guido dArezzo

    As claves, mencionadas acima, so sinais colocados no inicio da pauta

    e servem para dar nomes s notas. No exemplo abaixo, temos a clave de sol algumas

    notas musicais, as quais esto ou contidas entre duas linhas (F, A e C) ou cortando-as

    (E, G e B). Alm destas, possvel reparar que existem notas abaixo das

    mencionadas e espaos acima do ltimo C, isto acontece devido ao fato de podermos

    tocar notas tanto acima quanto abaixo das relacionadas na figura. Estas podem ser

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    facilmente representadas nas pautas ou prximas a eles, basta apenas seguirmos

    certas regras de posicionamento e tempo, as quais no sero explicitadas em

    maiores detalhes neste trabalho.

    Figura (4): Clave de Sol e a escala central de C no piano: C, D, E, F, G, A, B, C.

    Para determinarmos as notas na clave de F basta contarmos duasnotas acima da qual esta representa na clave de sol. Por exemplo, se a clave anterior

    fosse de F, as notas representadas seriam respectivamente: E, F, G, A, B, C, D, E;

    duas oitavas abaixo.

    Na figura abaixo representamos um pequeno trecho, na clave de F,

    da ltima pgina da Arte da Fuga de Bach, nele podemos perceber o nome dele

    inserido no meio da msica. Podemos estar nos perguntando como isto pode

    acontecer se as notas vo de d a si e no temos nenhuma nota representada por H. Oque acontece que na Alemanha, terra do prprio Bach, a nota si representada por

    H e a nota sib que representada por B.

    Figura(5): Trecho da fuga de Bach

    Com relao ao que foi falado, sobre o posicionamento das notas,

    temos que em um piano, por exemplo, a nota C representada na parte inferior da

    figura (4) clave de sol e a nota C representada na parte superior da figura (5)

    clave de F representam exatamente a mesma tecla.

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    CAPTULO 1: UMA INTRODUO S ORIGENS DAS RELAES ENTRE A

    MATEMTICA E A MSICA

    Neste captulo, faremos um apanhado geral sobre as relaes existenteentre a matemtica e a msica no mundo ocidental desde a Grcia Antiga.

    Provavelmente o incio da manifestao perde-se ao longo da histria

    uma vez que em quase todos os povos da antiguidade era possvel encontrar

    manifestaes destas reas em separado. Por exemplo, na mitologia Grega,

    encontramos Orfeu, cujo canto acompanhado da Lira sustava rios, amansava feras e

    levantava pedras. A matemtica tambm estava presente desde os tempos mais

    remotos, por exemplo, na contagem de objetos. J a manifestao destassimultaneamente ocorre a partir da necessidade de equacionar e solucionar o

    problema da consonncia1 no sentido de buscar fundamentos cientficos capazes de

    justificar tal conceito.

    No que diz respeito organizao das escalas musicais, esta ocorreu

    de diversas maneiras, em diferentes povos e pocas, porm com alguns aspectos em

    comum. Os gregos desenvolveram os tetracordes e depois a escala com sete tons.

    Alguns tericos musicais como Pitgoras2, Arquitas, Aristoxeno, Eratstenes

    dedicaram-se construo de escalas desenvolvendo critrios diferentes de

    afinidade. Por exemplo, Pitgoras estabeleceu uma afinao utilizando percursos de

    quinta para a obteno das notas da escala valorizando os intervalos de quinta

    perfeitas3 alm da utilizao somente dos nmeros de 1 a 4 na obteno das fraes

    da corda para gerar as notas da escala. Arquitas construiu sua escala baseada em

    fraes da corda resultantes de mdias harmnicas e aritmticas daquelas

    encontradas por Pitgoras no experimento do monocrdio. J Erasttenes elaborou a

    diferenciao entre intervalos calculados aritmeticamente maneira de Aristoxeno,

    de intervalos calculados pela razo. (Abdounur, 2002; Weber,1995).

    Na China, os povos orientais desenvolveram, a desde a Antiguidade,

    as seqnciaspentatnicas contendo, por exemplo, a partir da nota d, o r, o mi, o

    1 Consonncia a reunio de sons harmnicos.2

    Consideramos aqui Pitgoras em lugar de um pitagricos apesar de no termos a certeza de suaexistncia.3 Quinta perfeitos o intervalo produzido pela frao da corda correspondente a 2/3.

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    sol e o l correspondendo as cinco primeiras notas do ciclo das quintas, comparadas

    aos cinco elementos da filosofia natural: gua, fogo, madeira, metal e terra.

    Figura (1.1): Escala pentatnica chinesa

    J os rabes elaboraram escalas contendo 17 notas musicais e os

    hindus com 22 (Abdounur, 2002 ; Helmoholtz, 1954).

    A descoberta de Pitgoras com seu monocrdio efetua uma das mais

    belas descobertas, que d a luz, na poca ao quarto ramo da matemtica: a msica.

    Os Pitagricos foram os nicos at Aristteles a fundamentar cientificamente a

    msica, comeando a desenvolv-la e tornando-se aqueles mais preocupados por este

    assunto.

    Posteriormente, um dos mais importantes tericos musicais do perodo

    clssico grego, Arquitas de Tarento (430 360a.C.) colaborou de maneira

    significativa no somente para o desenvolvimento da msica mas para o desvendar

    de seus fundamentos racionais. Ele atribuiu mais ateno a tal arte do que a maioria

    dos seus predecessores, acreditando que a msica deveria assumir um papel mais

    importante que a literatura na educao das crianas. Para os pitagricos, a teoria

    musical dividia-se no estudo da natureza das propriedades dos sons, noestabelecimento e no clculo respectivamente dos intervalos musicais e propores

    musicais. Segundo Ptolomeu, Arquitas escreveu trabalhos cientficos principalmente

    relacionados ao ltimo tema, sem deixar de dedicar-se aos dois primeiros,

    especialmente no que concerne consonncia. Entre suas contribuies, h

    evidncias de que ele possivelmente tenha modificado a denominao da mdia

    subcontrria para mdia harmnica provavelmente pelo fato do comprimento relativo

    ao intervalo de quinta - 2/3 da corda inteira ser de grande valor harmnico.

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    Na idade mdia, temos uma forte contribuio do cidado romano e

    escrito Boetius 9480 524d.C) para a sistematizao da msica ocidental escrevendo

    sobre as disciplinas matemticas aritmtica, msica, geometria e astronomia -,

    lgica, teologia e filosofia. Neste perodo at o Renascimento, a msica ocidental

    sofre mudanas substancias que partem de uma concepo exclusivamente meldica

    rumo a um carter principalmente harmnico. a partir do Renascimento que as

    interaes entre a matemtica e msica se tornam ainda mais fortes com Gioseffe

    Zarlino (1517 1590) e Marin Mersenne (1588 1648).

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    CAPTULO 2: ENTENDENDO UM POUCO SOBRE TEORIA MUSICAL

    Como vimos, o italiano Guido dArezzo desenvolveu um algoritmo

    correspondendo as notas musicais letras do alfabeto as quais esto indicadas no

    teclado que segue

    F G A B C D E F G A B C D E F G A B C D E F G A

    Figura(2.1): teclado de um piano

    Repare que entre as teclas B e C ou entre E e F no existem teclas

    pretas. O intervalo entre estas notas ir diferir de um semitom enquanto que as

    demais, as quais possuem as teclas pretas, diferem de um tom. As teclas pretas

    podem ser chamadas tanto bemis quanto sustenidos, depender apenas da escala a

    que ela pertencer.

    As escalas so uma seqncia de notas que obedecem a determinados

    padres e compreendem o espao que vai de uma nota de determinada freqncia

    outra com o dobro desta. Na escala musical h sete notas diferentes, repetindo-se a

    primeira com a ltima, embora esta tenha o dobro da freqncia da primeira (ou

    metade do comprimento de corda), e esteja uma oitava acima, ou seja, direita. A

    oitava significa, portanto, que uma nota se torna a oitava a contar da primeira.

    Como foi falado, a razo 1 para 2 chama-se oitava e na escala

    temperada, uma oitava dividida em 12 partes iguais. Logo, altura de cada semitom

    ir diferir do anterior de 1212 e o tom de 1222 .

    A notao musical da escala maior baseada na escala de d maior ou

    simplesmente C. Na escala maior h cinco tons e dois semitons os quais obedecem a

    seqncia tom, tom, semitom, tom, tom, tom e semitom. Subindo um semitom da

    terceira, da sexta e da stima nota da escala maior forma-se a escala menor natural.

    Sua seqncia tom, semitom, tom, tom, semitom, tom e tom. As escalas maiores so

    representadas apenas pelas letras maisculas enquanto que as escalas menores

    possuem suas letras maisculas acompanhadas de um m minsculo e subscrito.

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    Alm disso, ambas podem vir acompanhadas de bemis ou sustenidos, os quais sero

    melhor explicados nos prximos pargrafos.

    Repare que quando utilizamos a escala de C, trabalhamos apenas com

    as teclas brancas (C, D, E, F, G, A, B, C) assim como quando produzimos a escala de

    Am (A, B, C, D, E, F ,G, A).

    Como para notao em msica usamos apenas sete notas musicais, o

    sinal # (sustenido) colocado na frente da nota para indicar as de semitom acima e b

    (bemol) para indicar as de semitom abaixo. Estes sinais so chamados acidentes. O

    semitom acima do C o C# (l-se d sustenido) e o semitom abaixo do D o Db (l-

    se r bemol); na escala temperada, estes sons so idnticos e diferem de C por 121

    2 .

    Estas notas com nomes diferentes, mas com freqncias iguais, so chamadasenarmnicas.Uma maneira prtica de decidirmos qual nome usar nas escalas : use

    C# se o C no aparecer na escala e Db se quem no aparecer for o D.

    Vejamos por exemplo que para tocarmos a escala de D (l-se r

    maior) devemos tocar D, E, F#, G, A, B, C#, D. Repare que F# igual Gb, mas como

    o G aparece nesta escala optamos pela nota anterior. O mesmo ocorre com o C#.

    Um intervalo musical entre duas notas determinado por nmeros

    ordinais que relacionam a posio entre a nota e a primeira da escala a que esta

    pertence. Assim, o intervalo C-E uma tera maior, pois E a terceira nota da escala

    de C maior(figura 3). O intervalo C-F uma quarta tanto maior quanto menor pois F

    a quarta nota tanto da escala de C quanto de Cm, o intervalo F-C uma quinta (C

    refere-se ao primeiro C depois do F).

    Figura(2.2): determinao dos intervalos musicais.

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    CAPTULO 3: AS RAZES NA MSICA

    Os pitagricos foram os primeiros a registrar a descoberta de que

    estando dois fios esticados, se estes fossem tocados simultaneamente o som seria

    agradvel se as razes entre os seus comprimentos fossem formadas por um conjunto

    de nmeros simples. Eles observaram que as relaes existentes entre os

    comprimentos dos fios sempre obedeciam a determinadas razes em certos

    intervalos.

    Tabela(3.1): Relao entre os intervalos e comprimentos de corda

    segundo os pitagricos

    IntervaloRazo entre

    o comprimento das cordasOitava 2:1Quinta 3:2Quarta 4:3Sexta 27:16Tera 81:64

    Segunda 9:8Stima 243:128

    Devido a algumas razes serem um tanto quanto complicadas, Zarlino

    props algumas simplificaes, as quais foram facilmente aceitas por realmente

    serem mais simples.

    Figura(3.1): Zarlino

    Tais razes se resumiam da seguinte forma:

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    Tabela(3.2): Relao entre os intervalos e comprimentos de corda

    segundo aproximao de Zarlino

    IntervaloRazo entre

    o comprimento das cordasOitava 2:1Quinta 3:2Quarta 4:3Sexta 5:3Tera 5:4

    Segunda 9:8Stima 15:8

    Para melhor visualizarmos o que acontece com os comprimentos,

    podemos pensar em uma determinada corda de comprimento 12 u.m; a qual

    chamaremos de C nos prximos exemplos. Tomando metade do seu tamanho (6

    u.m.), encontraremos o C (ou C oitava acima), uma vez que o comprimento da

    primeira ser duas vezes maior que o da segunda e portanto o intervalo considerado

    a oitava. Se a dividirmos em trs partes iguais e tomando quatro (12 u.m. ou 8 u. m.

    se quisermos considerar apenas o intervalo de uma oitava), obteremos desta vez anota F, a qual forma um intervalo de quarta com o C considerado.

    Figura(3.2): intervalo de quarta

    Procedendo desta maneira, possvel determinar os demais

    comprimentos deste intervalo musical, como na tabela 3.3. Repare que os

    comprimentos de corda das notas esto relacionadas segundo regras de trs simples,

    levando sempre em considerao as razes obtidas na tabela 3.2. e as posies na

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    oitava a que pertencem. Nos prximos exemplos iremos considerar apenas as escalas

    maiores embora os clculos realizados sejam vlidos para os dois casos.

    Tabela(3.3): Relao entre notas e seus comprimentos de corda

    Notas Com rimento u.m.C 24

    D 21,3E 19,2F 18G 16A 14,4B 12,8

    C 12D 10,6E 9,6F 9G 8A 7,2B 6,4C 6

    O matemtico francs Marin Mersenne (1588 1648) fez a coneco

    entre o comprimento de uma corda esticada e a freqncia da nota por ela produzida.

    Ele fez uma srie de experimentos que resultou na frmula

    m

    T

    L2

    nf = (1)

    onde f a freqncia da nota em vibraes (ou ciclos) por segundo (hertz), L o

    comprimento dado em centmetros da corda, T a tenso ou fora que age sobre a

    corda, medida em Newton (N), n um nmero inteiro e m a massa, em g/cm de

    corda. Note que a freqncia inversamente proporcional ao comprimento da corda;

    logo, quanto maior for o comprimento da corda, menor ser a freqncia, ou seja, o

    som ser mais grave; e quanto menor for o comprimento da corda, maior ser a

    freqncia e o som ser mais agudo.

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    Figura(3.2): Marin Mersenne

    Atendo-nos apenas a relao existente entre a freqncia e o

    comprimento da corda, podemos escrever uma nova tabela, relacionando-as:

    Tabela(3.4): Relao entre as razes das freqncias e dos comprimentos de corda

    IntervaloRazo entre o comp.

    das cordas

    Razo entre as

    freqncias

    Oitava 2:1 1:2Quinta 3:2 2:3Quarta 4:3 3:4Sexta 5:3 3:5

    Terceira 5:4 4:5Segunda 9:8 8:9Stima 15:8 8:15

    Sabendo que a freqncia da nota A da oitava mediana de um piano

    440 htz4, podemos, por meio da tabela3.3, escrever a relao entre as freqncias da

    notas de forma semelhantes usada nos clculos dos comprimentos das cordas.

    Devemos apenas estar atentos aos intervalos, os quais esto diretamente relacionados

    com a posio na escala a que a nota pertence.

    Tabela(3.5): Relao entre notas e freqncias

    Notas Fre nciaA 220B 247,5

    4 A nota A com freqncia de 440 htz muito utilizada na afinao de pianos.

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    C 264D 297E 330F 352G 396

    A 440B 495C 528

    D 594E 660F 704G 783A 880

    Podemos perceber que a razo entre os comprimentos das cordas e a

    razo entre as freqncias das notas de oitavas diferentes, so apenas prximas nesta

    escala formada. Isto ocasionava problemas no desenvolvimento dos teclados e alguns

    instrumentos de corda uma vez que as melodias acabavam sendo modificadas de uma

    oitava para outra. Para tocar em claves5 diferentes e com intervalos que soem direito,

    seria necessrio afinar os instrumentos a cada mudana fundamental como fazem

    alguns violinistas e flautistas, o que praticamente impossvel para um pianista por

    exemplo.

    Foi ento que Mersenne, em 1635, props um sistema de afinao

    suave, tambm conhecido como torneamento igual-suave ou escala temperada,

    pois requer que as relaes de freqncia de quaisquer meios-tons adjacentes sejam

    constantes.

    Tal sugesto s comeou a ser aceita aps as composies de O

    Cravo Bem Temperado de Bach em 1722 e 1744.

    Figura(3.4): Johann Sebastian Bach

    5 Clave um sinal que serve para indicar o nome das notas e a altura dos sons.

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    CAPTULO 4: A FREQNCIA SOB UM NOVO NGULO

    Para que possamos calcular tais intervalos de freqncia entre as notas

    em uma escala temperada, basta pensar que o intervalo i entre as notas igual, ou

    seja, cada nota obtida pela multiplicao desse valor sucessivas vezes at que

    resulte na nota esperada.

    Se pensarmos com relao a uma oitava, a qual possui 12 intervalos

    ento a relao i12 = 2 seria verdadeira uma vez que aps 12 intervalos a freqncia

    da nota dobra. Desta forma possvel determinar qual ser o intervalo i que nos

    fornece a escala proposta por Mersenne em 1635, da seguinte maneira: se i12 = 2

    ento i = 12 2 logo i = 1,0594631.

    Logo, podemos verificar que os dados obtidos segundo a tabela 4.1

    so bem prximos na escala temperada, no proporcionando assim grande diferena

    ao resultado final das obras apresentadas.

    Tabela(4.1): Diferena entre freqncias das escalas

    Notas Freqncia (htz)

    escala de Zarlino

    Freq. (htz) na escala

    logartmica

    A 220 220B 247,5 246,9C 264 261,6

    D 297 296,6E 330 329,6F 352 349,2G 396 391,9A 440 440

    B 495 493,8C 528 523,2

    D 594 593,2E 660 658,4F 704 698,4G 783 783,8A 880 880

    Ao estabelecermos a relao entre as notas e suas respectivas

    freqncias podemos perceber que tal comportamento se dar de maneira

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    exponencial enquanto que os comprimentos das cordas que produzem estas

    freqncias crescero inversamente, segundo Mersenne, ou seja, quanto mais alta for

    a freqncia, menor ser o comprimento da corda que a produz e conseqentemente

    menor ser o comprimento de onda.

    Figura(4.1): relao entre as freqncias das notas

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    0 20 40 60 80 100

    posio da nota

    freqncia

    (htz

    Figura(4.2):

    comportamento das freqncias

    0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1

    1,2

    0 20 40 60 80 1

    pos io da nota

    comprimentoda

    corda(u.m.

    00

    Figura(4.3): comportamento dos comprimentos de corda

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    Alm dessas propriedades, a freqncia nos fornece o nmero de

    intervalos entre oitavas, o qual dado por uma relao entre a freqncia inicial e a

    freqncia final da seguinte maneira

    finicial= (21/12)0 = 20 = 1 = 0 (1)inicial2 flog

    ffinal= (21/12)1 = 21 = 2 = 1 (2)final2 flog

    Desta forma podemos perceber que ao relacionarmos estas duas

    propriedades segundo uma razo, encontraremos o nmero de intervalos procurados,

    que, no caso do exemplo exatamente uma oitava.

    112log

    flog

    flog2

    final2

    inicial2 == (3)

    Se considerarmos a faixa audvel ao homem, que de 20 a 20.000 htz,

    podemos verificar que tal intervalo entre as freqncias inferior a 10 oitavas.

    oitavas9657841,9x1000log2logxx20log

    20000log2

    2 === (4)

    Tais relaes so muito utilizadas, principalmente por fabricantes de

    instrumentos, que apesar de muitas vezes no saberem os por qus do uso de tais

    relaes, sabem que so de fundamental importncia principalmente no fabrico dos

    instrumentos com trastes como violo, bandolim entre outros.

    Analisando o comportamento das freqncias audveis distribudas ao

    longo de 10 oitavas

    Figura(4.4): distribuio de freqncias ao longo 10 oitavas.

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    Tabela(4.2): distribuio das freqncias ao longo de 10 oitavas.

    Oitava Freqncia1 20-402 40-803 80-1604 160-3205 320-6406 640-12807 1280-25608 2560-102409 5120-10240

    10 10240-20480

    Podemos perceber que como seus intervalos so logartmicos, as

    variaes das freqncias variam ao longo das oitavas, por exemplo na primeira

    oitava temos a freqncia variando de 20 40 Hz, j na dcima oitava a freqncia

    se encontra variando entre 10240 e 20480 Hz. Apesar da figura (4.4) nos induzir a

    pensar que o meio de nossa faixa de udio 10240 Hz devido a maneira como est

    disposto devemos prestar ateno pois a 5 oitava, a qual tem intervalo defreqncia variando entre 320 640 Hz.

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    CAPTULO 5: AS ONDAS NA MSICA

    Quando dedilhamos a corda esticada de um violo, ela vibra e produz

    sons que podem ou no ser agradveis aos nossos ouvidos. Tais vibraes se

    projetam por meio de ondas que podem facilmente ser identificadas com as funes

    seno ou co-seno, quando os sons forem puros, ou como uma sobreposio de ambas

    quando os sons forem compostos.

    Figura(5.1): Superposio de trs sons simples resultando num som composto.

    Quanto ao efeito sobre o ouvido, os sons so classificados em sons

    musicais e rudos. Subjetivamente esta classificao deixa muito a desejar, pois h

    quem considere por exemplo o rock'n rol como um rudo e outros como um som

    musical.

    Figura(5.2): representao de um som simples e de um rudo.

    isicamente, devemos entender um som musical como o resultado da

    superposio d

    caractersticas.

    F

    e ondas sonoras peridicas ou aproximadamente peridicas e rudos

    como ondas sonoras no-peridicas e breves, que mudam imprevisivelmente suas

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    Analisando uma onda, possvel determinarmos a amplitude a, o

    comprimento de onda , os ventres e os vales.

    altura

    timbre

    Figura(5.4): Amplitude das Vibraes

    Figura(5.3): Elementos de uma onda

    -1,5

    -1

    -0,5

    0

    0,5

    1

    0 2 4 6 8 10 12 14

    x

    sen(x) a

    a

    ns

    1,5

    Os sons os pela intensidade e

    enquanto que os sons compostos, alm destas diferenciam-se tambm pelo

    .

    pela qual um som forte (grande amplitude) se distingue de um som fraco(pequena ampl

    simples distinguem-se uns dos outr

    A intensidade do som esta ligada amplitude das vibraes; ela a

    qualidadeitude).

    -1,5

    -1

    -0,50

    0,5

    1

    1,5

    0 1 2 3 4 5 6 7

    x

    cosSOM FRACO

    SOM FORTE

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    Tabela(5.1): Relao entre som forte e som fraco por meio de funes

    intensidade do som captada pelo ouvido corresponde sensao

    do que se den

    anto ao fato de ser agudo ou

    grave, e est l

    X

    Som Forte Som Fraco

    trigonomtricas.

    cos (x) cos (x)/40 1 0,25

    0,785398 0,707107 0,1767771,047198 0,5 0,1251,570796 6,13E-17 1,53E-172,094395 -0,5 -0,1252,356194 -0, 17071 -0,176782,617994 -0,86603 -0,216513,141593 -1 -0,253,665191 -0,86603 -0,216513,926991 -0,70711 -0,176784,18879 -0,5 -0,125

    4,712389 -1,8E-16 -4,6E-175,235988 0,5 0,1255,497787 0,707107 0,1767775,759587 0,866025 0,2165066,283185 1 0,25

    0,523599 0,866025 0,216506

    A

    omina popularmente por volume do som. Quando o som tem uma

    determinada intensidade mnima (freqncia inferior a 20 Hz), o ouvido humano

    no o capta. Quando a intensidade elevada (freqncia superior a 20.000 Hz), o

    som provoca uma sensao dolorosa e at inaudvel.

    A altura do som ir diferenciar-se qu

    igada unicamente sua freqncia. Ela determina a qualidade pela

    qual um som grave (som baixo - freqncia baixa) se distingue de um som agudo

    (som alto - freqncia alta).

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    SOM AGUDO

    SOM GRAVE

    cos

    x

    76543210

    1,51

    0,50

    -0,5

    -1-1,5

    Figura(5.5): Freqncia das Vibraes

    Tabela(5.2): Relao entre som grave e agudo por meio de funes trigonomtricas.

    x cos (x) cos (4x)0 1 1

    0,523599 0,866025 -0,50,785398 0,707107 -11,047198 0,5 -0,51,570796 6,13E-17 12,094395 -0,5 -0,52,356194 -0,70711 -12,617994 -0,86603 -0,53,141593 -1 13,665191 -0,86603 -0,53,926991 -0,70711 -14,18879 -0,5 -0,5

    4,712389 -1,8E-16 15,235988 0,5 -0,55,497787 0,707107 -15,759587 0,866025 -0,56,283185 1 1

    O timbre nos permite distinguir dois sons de mesma altura emitidos

    por diferentes fontes sonoras. Ele depende dos harmnicos associados ao som

    fundamental e as ondas superposta no caso dos sons compostos.Por exemplo,

    podemos considerar uma determinada nota d sendo emitida por dois instrumentos

    diferentes: uma flauta e um violino e ver como estes se comportam graficamente.

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    Figura(5.6): ondas representado o timbre de uma nota L

    A fim de explorarmos os conceitos trabalhados anteriormente,

    podemos utilizar alguns softwares como Sonic Foundy Sound Forge XP,

    Construindo Sons e Sinewave:

    Sonic Foundy Sound Forge XP

    Figura (5.7): Tela do software Sound Forge

    Nos utilizando deste

    software possvel termos uma noo

    maior sobre o comportamento de um

    determinado som. Podemos, por

    exemplo, gravar diferentes sons

    produzidos pelos alunos e verificar as

    diferenas entre um som forte e um

    fraco, o som grave e o agudo.

    Construindo Sons

    Este software explora as propriedades das ondas como freqncia,

    amplitude, perodo e sobreposio destas oscilaes. Por meio deste possvel

    explorar uma oscilao simples, a qual descrita por uma equao do tipo:

    G(t) = A sen (2f t), (1)

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    Figura(5.8): Tela do software Construindo

    Sons

    Estao Cincia da Universidade

    de So Paulo.

    Sine Wave

    consiste em

    explorar algum

    Figura(5.9): Tela do software Sine Wave

    onde G(t) a grandeza que oscila,

    A a amplitude da oscilao, f a

    freqncia da oscilao = 3.14159...

    e t o tempo. Alm desta, podemos

    encontrar vrias outras definies

    disponveis em Ajuda, as quais

    podem ser de grande utilidade a um

    professor interessado no assunto.

    Tal software di desenvolvido pela

    Este um software desenvolvido pela

    Electronics Lab Sine Wave Generator - 3.0, ele

    gerar freqncias a partir de 4 Hz e

    segue at ser superior a 4.000 Hz.

    Com este software possvel

    as propriedades das ondas

    sabendo por exemplo que cada modo de

    vibrao (n) meio comprimento de onda (/2),

    ento se uma corda possui n modos de vibrao,

    ento:

    L = n. /2 (2)

    Alm disso, sabendo que a velocidade de propagao (V) do som

    constante (366 m/s) e dada por

    V = .fn (3)

    podemos verificar algumas importantes propriedades das ondas.

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    Figura(5.10): Aparato para ser utilizado junto os Sinewave

    Com este aparato podemos explorar quantidade de ns que sero

    produzidos dependendo do comprimento e da tenso que est sendo aplicada ao fio,

    entre outros, ou melhor, determinamos o nmero de harmnicos6 existentes em um

    determinado intervalo.

    6 Harmnicos refere-se ao nmero de /2 existentes em um determinado intervalo.

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    CAPTULO 6: OS LOGARTMOS NO DIMENSIONAMENTO DE TRASTES

    Ao considerarmos um violo, por exemplo, precisamos primeiramente

    conhecer como as notas esto dispostas sobre seu brao. Para isso, devemos ter

    sempre em mente que este formado por seis cordas as quais soltas produzem as

    notas E (164,8Hz), A (220Hz), D (293,7), G (392 Hz), B (493,9 Hz) e E (659,3 Hz)

    respectivamente. A partir destas cordas podemos tocar as demais notas apenas

    aumentando e/ou diminuindo o tamanho de suas cordas pressionado sobre os trastes.

    Figura(6.1): parte do brao de um violo com as respectivas notas produzidas

    Para determinarmos qual a melhor posio para um

    determinado traste, devemos lembrar que as freqncias das notas so inversamente

    proporcionais aos comprimentos de corda, ou seja, fazendo (21/12) X . 1 / (21/12) X = 1.

    As relaes entre a freqncia emitida e o comprimento da corda deve ser constante

    e igual a 1. Logo, para descobrirmos qual o melhor lugar para posicionarmos um

    determinado traste entre apestana e o cavalete, devemos fazer 1 / (21/12) X onde x a

    ordem do traste. Por exemplo, ao considerarmos o 12 traste do brao de um violo

    teremos 1 / (21/12) 12 = , ou seja, o traste de ordem 12 fica exatamente na metade do

    comprimento da corda livre (ou escala).

    Figura(6.2): Posicionamento dos trastes de um violo

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    Como vimos, as freqncias crescem exponencialmente enquanto o

    comprimento das cordas que produzem estas freqncias cresce inversamente, ou

    seja, quanto mais alta for a freqncia menor o comprimento da corda que a

    produz estas freqncias, e menor o comprimento de onda produzido. Assim,

    podemos escrever a expresso que nos permite calcular as distncias dos trastes que

    produziro as freqncias que queremos gerar. Para isso, devemos considerar

    tn = ce (1 / 21/12) n (1)

    onde

    n: ordem do traste;

    tn : distncia do traste de ordem n;

    ce : comprimento da escala (corda solta ou distncia entre os suportes fixos);

    Podemos tomar vrios exemplos de instrumentos de corda e verificar

    como tal conceito pode ser trabalhado. No caso analisaremos um baixo (de quatro

    cordas) e a distncia entre os trastes at a ordem 20, ou seja, t20. Tal procedimento

    poder ser verificado por meio da visualizao no instrumento e da tabela.

    Figura (6.3): distncia dos trastes de um baixo at o cavalete

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    Tabela (6.1): relao entre a ordem do traste e a distncia deste at o cavalete.

    Ordemdo traste

    Distnciado traste

    1 8642 815,50743 769,73654 726,53455 685,75736 647,26877 610,94038 576,6508

    9 544,285910 513,737511 484,903612 457,688113 43214 407,753715 384,868216 363,267317 342,878618 323,6343

    19 305,470120 288,3254

    Tal conceito tambm pode ser explorado em alguns instrumentos de

    trastes como bandolim, violo, viola caipira, guitarra, entre outros; basta apenas que

    conheamos os comprimentos de corda de cada instrumento.

    Figura (6.4): Instrumentos de traste: Bandolim, violo, guitarra

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    Figura (6.5.): instrumentos de traste: contrabaixo, cavaquinho e viola caipira

    Para explorar alguns dos conceitos mencionados acima podemos fazer uso do

    experimento dos pitagricos, o monocrdio, e trabalhar com atividades que

    relacionam, por exemplo, um determinado comprimento L aos intervalos produzidos

    por 4L/9; ou ento, sabendo que L corresponde a uma determinada nota ento qual

    dever ser o comprimento que produziro duas quartas acima, ou uma quinta acima.

    Como estas, vrias outras questes podem ser exploradas de modo a explorar os

    conceitos de razo com o uso do monocrdio, o qual pode ser facilmente construdo

    com dois cavaletes fixos um pedao de madeira, um fio ligando estes e um outro

    cavalete mvel para deslizar sobre a madeira e determinar os intervalos

    correspondentes.

    Figura(6.6): monocrdio

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    CAPTULO 7: ANALISANDO OS LOGARTMOS NOS INSTRUMENTOS

    MUSICAIS

    Podemos ainda perceber o comportamento logartmico mais aparentedas notas em outros instrumentos musicais, que no os de trastes. o caso por

    exemplo da flauta, do xilofone, da lira, do piano de cauda, entre outros.

    Figura(7.2): Lira,Harpa e Piano

    O motivo capaz de tornar instrumentos destes tipos ainda mais

    interessantes,

    ino, passaremos a seguir, a

    to de tubo que reproduza od de 256 Hz. Seja 344 m/s a velocidade do som se propagando no ar a uma presso

    Figura(7.1): Flauta e Xilofone

    o fato de por meio destes, podermos utilizar estratgias palpveis e

    interessantes que abordam contedos no s matemticos e fsicos por meio da

    msica, mas tambm outras ligaes interdisciplinares.

    A fim de buscar tais estratgias de ens

    descrever e comentar a construo de uma flauta semelhante figura (7.1) com tubos

    de PVC de polegadas. Precisamos construir um conjunto de treze tubos que

    reproduzam uma oitava da escala logartmica. Precisamos partir do menor tubo, o

    qual reproduz a nota mais aguda da escala e determinar o comprimento dos 12 tubos

    subseqentes, numa progresso geomtrica de razo 21/2.

    Escolhemos, por exemplo, um comprimen

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    de 1 atm a temperatura de 20. Se V = . f, onde v a velocidade de propagao

    do som, o comprimento de onda ef a freqncia ento temos que:

    344 = 256. = 344/256 = 1,34375

    e um

    (1)

    Consideran

    rma, o comprimento do tubo ser:

    4375/4 L = 0,3359 (2)

    Poderespectivamente:

    ensionamento dos 13 tubos, considerando a progresso geomtrica

    de razo 21/12 1,05946

    Nota Termo s rimento do Tubo (m)

    do um tubo fechado de comprimento L, temos que = 4 L. Desta

    fo

    = 4L L = 1,3

    mos ento verificar que os comprimentos do demais tubos sero

    Tabela(7.1): dim

    da Progres o Comp

    C a1 0,3359C# / Db a 2 = a1 . r

    1 = 0,3359 . (21/12)1 0,355873653

    D a3 = a1 . r2 = 359 . (21/12)2 0,3770350020,3

    D# / Eb a4 = a1 . r3 = 0,3359 . (21/12)3 0,39945467

    E a5 = a1 . r4 = 0,3359 . (21/12)4 0,423207481

    F a6 = a1 . r5 = 0,3359 . (21/12)5 0,448372707

    F# / Gb a7 = a1 . r6 = 0,3359 . (21/12)6 0,475034336

    G a8 = a1 . r7 = 0,3359 . (21/12)7 0,503281347

    G# / Ab a9 = a1 . r8 = 0,3359 . (21/12)8 0,533208013

    A a10 = a1 . r9 = 0,3359 . (21/12)9 0,564914212

    A# / Bb a 11 = a1 . r10 = 0,3359 . (21/12)10 0,598505759

    B a12 = a1 . r11 = 0,3359 . (21/12)11 0,634094763

    C a13 = a1 . r12 = 0,3359 . (21/12)12 0,6718

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    Ao final deste experimento possvel perceber que enquanto a altura

    do som cresce linearmente, o comprimento dos tubos crescem numa progresso

    Figura(7.3): Relao logartmica e

    geometria de razo 21/12 de uma nota para outra.

    ntre os tamanhos dos tubos

    tilizando o mesmo princpio, poderamos ter trabalhado com pedao

    de ferro de d

    0

    0,1

    0,2

    0,3

    0,4

    0,5

    0,6

    0,7

    0,8

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

    nmero do tubo

    alturadotubo(m)

    #/b#/b

    #/b#/b

    #/b

    CB

    A

    GFED

    C

    U

    iferentes tamanhos - respeitando, claro, o princpio logartmico

    adotado acima e simular um instrumento como o xilofone, ou ainda, simular as

    cordas de uma harpa ou um piano, embora esta necessite de materiais maiselaborados para poder medir as tenses na corda para que estas sejam constantes.

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    CAPTULO 8: O NAUTILUS E OS E AS FREQNCAIS MUSICAIS

    Observando a natureza, Galileu percebeu que a matemtica est

    presente em todas as partes e afirmou que a matemtica a linguagem da Fsica.

    Podemos verificar um destes fenmenos matemticos na concha do Nautilus e

    verificar que o raio foge logaritmicamente do centro .

    Figura(8.1): Concha do Nautilus

    Devido ao comportamento logartmico que pode ser observado nos

    instrumentos musicais, podemos verificar que ao montar uma espiral com estes

    valores; comeando do comprimento 1, obedecendo a razo geomtrica 21/12

    , eterminado em 2; verificamos que esta se assemelha a concha do Nautilus.

    Figura(8.2): Concha das notas musicais

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    Para uma melhor visualizao de como tal concha foi construda

    podemos nos utilizar a tabela onde especificamos quais so as notas, a razo de

    progresso que est envolvida e o comprimento resultante. Podemos perceber pela

    tabela (8.1) que o primeiro tringulo da figura (8.2) possui catetos 1 (o C) e

    1,0594630 (o C#), j o segundo tem com um dos catetos hipotenusa do anterior e

    outro cateto a medida 1,122462 (o D), e assim por diante.

    Tabela (8.1): Representao das notas e comprimentos dos catetos

    Nota Termo da Progresso Comprimento dos catetos

    C a1 = (21/12)0 1

    C# / Db a2 = a1 . r1 = 1 . (21/12)1 1,059463

    D a3 = a1 . r2 = 1 . (21/12)2 1,122462

    D# / Eb a4 = a1 . r3 = 1 . (21/12)3 1,189207

    E a5 = a1 . r4 = 1 . (21/12)4 1,259921

    F a6 = a1 . r5 = 1 . (21/12)5 1,33484

    F# / Gb a7 = a1 . r6 = 1 . (21/12)6 1,414214

    G a8 = a1 . r7 = 1 . (21/12)7 1,498307

    G# / Ab a9 = a1 . r8 = 1 . (21/12)8 1,587401

    A a10 = a1 . r9 = 1 . (21/12)9 1,681793

    A# / Bb a11 = a1 . r10 = 1 . (21/12)10 1,781797

    B a12 = a1 . r11 = 1 . (21/12)11 1,887749

    C a13 = a1 . r12 = 1 . (21/12)12 2

    Podemos perceber que alm das vrias outras aplicaes, a msica

    tambm est presente na natureza por meio de suas relaes matemticas.

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    CAPTULO 9: A DESCOBERTA DOS GREGOS

    Para os gregos, a relao existente entre a matemtica e a msica era

    to forte que descreviam a msica como sendo nmeros em movimento.

    A escala bsica Grega era o tetracorde, a qual consistia de apenas

    quatro notas. Dois tetracordes eram algumas vezes colocados juntos, em diferentes

    situaes, para formar as grandes escalas; que nada mais era que a oitava da

    msica ocidental, tanto na sua forma maior quanto menor.

    Os matemticos desta regio eram particularmente interessados nos

    diferentes significados existentes entre os nmeros. Uma de suas descobertas mais

    interessantes foi com relao as mdia. Eles perceberam que tais mdias tinham umaforte relao com a msica, ou mais especificamente, com os comprimentos das

    cordas que determinavam as notas.

    Perceberam que a mdia aritmtica entre os comprimentos de corda

    de duas notas em oitava x e y, dada por a e definida como x a = a y,

    determinavam o tamanho de corda da nota que forma um intervalo de quarta com a

    primeira. Se considerarmos os Fs da figura 6, cujos comprimentos so 18 e 9,

    podermos determinar o comprimento de corda da nota que faz um intervalo de quartacom o primeiro F, ou seja, Bb cujo comprimento ser 13,5.

    Conhecendo os tamanhos de duas notas consecutivas em oitava x e

    y, viram que era possvel determinar o comprimento de corda da nota que fazia um

    intervalo de quinta com a primeira por meio da mdia harmnica h, a qual

    definida por 1/x 1/h = 1/h 1/y. Tomando, por exemplo, os comprimentos de

    corda de dois Es consecutivos cujas medidas so 19,2 e 9,6 podemos verificar que a

    mdia harmnica destes ser 12,8, que nada mais que o B, o qual possui umintervalo de quinta com o primeiro.

    Viram ainda que tendo trs notas consecutivas em oitava, mdia

    geomtrica g entre o tamanho da superior x e da inferior y, definida por x/g =

    g/y, resultam exatamente no comprimento de corda da nota central. Considerando

    os trs Cs cujos comprimentos de corda das notas das extremidades so 24 e 6

    teremos, aplicando na relao descrita, que o C central, dado por g, ter

    comprimento 12, exatamente como foi verificado.

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    Pensando desta forma e conhecendo apenas um dos tamanhos,

    possvel determinar os demais comprimentos de corda da escala musical utilizando

    tambm as mdias apresentadas.

    Tal fato possvel pois as notas musicais possuem um

    comportamento modular ou seja elas seguem sempre o mesmo ciclo, ou seqncia.

    Podemos tocar qualquer escala similar as j apresentadas comeando

    por qualquer outra nota e usando a combinao de teclas brancas e pretas que

    respeitem os padres de intervalos entre tons e semitons mencionado. Vejamos que

    estas notas podem ser consideradas como um exemplo de aritmtica modular (mod

    12),uma vez que o padro das teclas brancas e pretas se repetem a cada doze notas.

    Desta forma, para formar qualquer escala, devemos escolher a nota, seguir a lei de

    formao das escalas e sem grandes dificuldades perceber que as notas sempre se

    repetem aps determinado perodo, diferindo apenas quanto a freqncia.

    Figura(9.1): seqncia de notas segundo o mdulo

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    CAPTULO 10: ANALISANDO O SOM EM UMA CORDA ELSTICA

    A partir de conhecimentos fsicos trataremos o som de maneira mais

    especfica. Faremos a modelagem de um problema de ondas em uma corda elstica

    de comprimento e espessura determinados.

    10. 1. DEDUO DA EQUAO DA ONDA

    Para que possamos deduzir tal equao, devemos primeiramente fazer

    algumas consideraes importantes. Consideremos uma corda flexvel e

    perfeitamente elstica de comprimento L e espessura , cujas extremidades estofortemente presas por suportes verticais de tal forma que a corda esteja ao longo de

    um eixo x. Se a corda for posta em movimento por um movimento de tangncia em

    um certo instante inicial t=0 e ficar livres de agentes externos de amortecimento

    como por exemplo a resistncia do ar, ela vibrar livremente em um plano vertical. A

    fim de determinarmos a equao diferencial que descreve tal movimento, devemos

    considerar as foras que atuam sobre um pequeno elemento da corda de

    comprimento x, situado entre os pontos x e x+x. Devemos admitir ainda que talmovimento seja pequeno e por isso, cada ponto da corda s se desloque em um

    segmento de reta vertical o qual denotaremos por u(x,t). Temos que a tenso na

    corda, a qual sempre atua na direo tangencial ser denotada porT(x,t) e a massa

    por unidade de comprimento da corda ser denotada por (densidade linear).

    Figura(10.1): corda elstica sob tenso

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    T V=T.sen

    H=T.cos

    Figura(10.2): decomposio da tenso na corda

    T

    +

    T x x x +x

    Figura(10.3): elemento deslocado da corda elstica

    Pela segunda Lei de Newton, temos que a resultante das foras, queatuam em virtude de uma tenso nas extremidades do elemento, deve ser igual ao

    produto da massa do elemento pela acelerao do centro de massa do mesmo. Uma

    vez que no temos uma acelerao horizontal, as componentes horizontais devem

    obedecer:

    T(x+x,t) . cos(+) - T(x,t) . cos() = 0 (1)

    Se representarmos a componente horizontal da tenso por H, como na

    figura 13, ento a equao (1) diz que H independe de x.

    Por outro lado, a componente vertical obedece:

    )t,x(xu)sen()t,x(T)sen()t,xx( tt =++T (2)

    onde x a coordenada do centro de massa do elemento da corda que est sendo

    analisado. Como claro, x est no intervalo x < x < x+x. Devemos ainda

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    considerar que o peso da corda atuando na vertical para baixo seja desprezvel e por

    isso no aparece na equao (2).

    Se a tenso for representada por sua componente vertical a equao

    (2) pode ser escrita como:

    ),(),(),(

    txux

    txVtxxVuu=

    +(3)

    Passando o limite, com x 0 temos:

    Vx(x,t) = . utt (4)

    Para que possamos escrever a equao inteiramente em termos de u,

    devemos observar que multiplicando o segundo membro da componente vertical (V

    = T.sen )porcos / cos, obtemos:

    V(x, t) = H(t) . tan = H(t) . ux(x,t) (5)

    Logo, a equao (4) fica da seguinte forma:

    (H . ux)x = . utt (6)

    mas, uma vez que H independe de x podemos escrever a equao (6) como sendo:

    H . uxx = . utt (7)

    Para pequenos movimentos, possvel substituirmosH = T . cos por

    T, para que assim, a equao (7) assuma sua forma usual:

    a2 . uxx = utt (8)

    onde:

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    a2 = T/ (9)

    A equao (8) a equao de onda do espao unidimensional. Alm

    disso, uma vez que T tem a dimenso de fora e a de massa por comprimento,

    temos que a constante a tem a dimenso de velocidade. De acordo com a equao(9), a velocidade da onda diretamente proporcional a tenso e inversamente com a

    densidade linear do material da corda.

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    10. 2. AS SRIES DE FOURIER

    Para resolvermos um problema de valor de contorno como este,

    necessrio que consigamos exprimir uma funo dada, definida em um intervalo 0

    x L como uma srie de senos e/ou co-senos. Principiamos por analisar sries um

    tanto mais gerais com a forma

    =

    ++1

    0 cos2 n

    mm L

    xmsenb

    L

    xma

    a (1)

    onde no conjunto de pontos em que a srie da equao (1) for convergente, ela

    define uma funofcujo valor, em cada ponto a soma da srie para este valor de x.

    Neste caso ela conhecida como Srie de Fourier da funo f. Precisamos

    determinar, a princpio, quais so as funes que podem ser representadas como a

    soma de uma Srie de Fourier e achar um processo para calcular os coeficientes na

    srie.

    Alm de sua associao ao mtodo de separao de variveis, as

    sries de Fourier tm vrias outras utilidades como por exemplo na anlise de

    sistemas mecnicos ou eltricos excitados por agentes externos peridicos.

    10. 2. 1. PROPRIEDADES DAS FUNES SENO E CO-SENO

    Para discutirmos sobre as sries de Fourier, necessrio deduzirmos

    algumas propriedades das funes sen(mx/L) e cos(mx/L), onde m um inteiro

    positivo:

    Periodicidade: uma funo dita peridica, com perodo T > 0, se e s se

    o domnio defcontiver x + T sempre que x estiver nele contido e se

    f (x+T) = f(x) (2)

    para qualquer valor de x. Devemos observar que se T for o perodo de uma

    funof, ento todos os mltiplos de T tambm o sero e alm disso temos que

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    o menor valor de T da funo f representa o chamado perodo fundamental.

    Devemos observar que uma funo constante, apesar de peridica, no possui o

    perodo fundamental.

    Ortogonalidade: a fim de descrevermos uma segunda propriedade,

    generalizamos o conceito de ortogonalidade de vetores. O produto interno

    padro (u,v) de duas funes reais u e v no intervalo x , definido por

    =

    dx)x(v)x(u)v,u( (3)

    so ortogonais neste intervalo se o respectivo produto interno for nulo, isto

    0dx)x(v)x(u =

    (4)

    As funes sen(mx/L) e cos(mx/L), m=1,2,..., constituem um

    conjunto de funes mutuamente ortogonais, ou seja, todos os pares de

    funes do conjunto so ortogonais, no intervalo L x L. Na realidadeelas satisfazem s seguintes relaes de ortogonalidade que podem ser

    facilmente comprovados por integrao direta:

    =

    =

    L

    L nm,L

    nm,0dx

    L

    xncos

    L

    xmcos

    (5)

    =LL

    n,mquaiquer,0dxL

    xnsenL

    xmcos (6)

    =

    =

    L

    Lnm,L

    nm,0dx

    L

    xnsen

    L

    xmsen

    (7)

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    10. 2. 2. FUNES PARES E MPARES

    til ainda que distingamos duas importantes classes de funes onde

    as frmulas de Euler-Fourier, a qual veremos em seguida, podem ser simplificadas:

    as funes pares e mpares, as quais caracterizam-se geometricamente pelas

    propriedades de simetria em relao ao eixo y e em relao origem

    respectivamente.

    1. Uma funo par se o seu domnio contiver o ponto x sempre que o x

    estiver presente e se f(x) = f(-x).

    Figura(10.4): funo co-seno, simtrica com relao ao eixo y

    2. Uma funo mparse o seu domnio contiver o ponto x sempre que o x

    estiver presente e se f(-x) = -f(x).

    Figura(10.5): funo seno, simtrica em relao origem

    Dentre as propriedades elementares das funes pares e mpares,podemos citar:

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    a soma/diferena e o produto/quociente de duas funes pares uma

    funo par;

    a soma/diferena de duas funes mpares mpar e o produto/quociente

    de duas funes mpares par;

    a soma/diferena de uma funo mpar e uma funo par, no par nem

    mpar; o produto/quociente de duas destas funes mpar.

    Seffor uma funo par, ento =L

    L

    L

    0;dx)x(f2dx)x(f

    Seffor uma funo mpar, ento =L

    L;0dx)x(f

    Estas funes so intuitivamente evidentes pela interpretao das

    reas subentendidas pelas curvas e tambm decorrem imediatamente da definio.

    10. 2 .3. AS FRMULAS DE EULER FOURIER

    Suponhamos que a srie da equao (1) da seo 10.2 seja

    convergente e sua soma sejaf(x)

    =

    ++=1n

    mm0

    L

    xmsenb

    L

    xmcosa

    2

    a)x(f

    (8)

    Os coeficientes am e bm podem ser relacionados a f(x) de maneira

    muito simples devido s condies de ortogonalidade determinadas nas equaes (3)

    e (4) da seo 10.2.1., para isso, basta que multipliquemos os dois membros da

    equao (8) porcos(nx/L), onde n um inteiro fixo, e integremos termo a termosem relao a x no intervalo de L a L. Apesar de nem sempre ser possvel

    integrarmos, termo a termo, uma srie convergente com termos variveis, o caso

    especial das Sries de Fourier sempre nos permite justificar tal integrao. Logo a

    equao (8) pode ser escrita da seguinte forma

    dxL

    xncos)x(f

    L

    L

    = ++

    =

    dxL

    xncos

    L

    xmcosadx

    L

    xncos

    2

    a LL

    1nm

    L

    L

    0

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    dxL

    xncos

    L

    xmsenb

    L

    L1m

    m

    =

    (9)

    Como n fixo e m cobre todo o domnio dos inteiros positivos,

    podemos deduzir das relaes de ortogonalidade das equaes (5), (6) e (7) da seo

    10.2.1, que o nico termo no-nulo no segundo membro da equao (9) aquele

    onde m = n. Logo

    ,...2,1n,LadxL

    xncos)x(f n

    L

    L==

    (10)

    Para determinarmos a0, podemos integrar a equao (8) de L a L e

    obter

    dxL

    xmsenbdx

    L

    xmcosadx

    2

    adx)x(f

    L

    L1m

    m

    L

    L1n

    m

    L

    L

    0L

    L

    =

    =

    ++=

    (11)

    uma vez que todas as integrais que envolvem funes trigonomtricas so

    nulas.Logo

    ,...;2,1,0n,dxL

    xncos)x(f

    L

    1a

    L

    Ln==

    (12)

    ,...;2,1n,dxL

    xnsen)x(f

    L

    1b

    L

    Ln==

    (13)

    Estas ltimas equaes (12) e (13) so conhecidas como as frmulasde Euler-Fourier para coeficientes de uma srie de Fourier. Portanto se a equao (8)

    for convergente para f(x), se a srie puder ser integrada termo a termo, ento os

    coeficientes devem ser dados pelas equaes (12) e (13).

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    10.3. TEOREMA DE FOURIER

    Vimos que se a srie

    =

    ++1n

    mm0

    L

    xmsenb

    L

    xmcosa

    2

    a for

    convergente e definir uma funo f, ento a funo peridica com perodo 2L e os

    coeficientes am e bm esto relacionadas afpelas frmulas de Euler-Fourier

    ,...;2,1,0m,dxL

    xmcos)x(f

    L

    1a

    L

    Lm==

    (1)

    ,...;2,1m,dxL

    xmsen)x(f

    L

    1b

    L

    Lm

    ==

    (2)

    Agora, adotaremos uma postura um pouco diferente. Suponhamos que

    seja dada uma funo f. Se esta for peridica, com perodo 2L e integrvel no

    intervalo[-L, L] ento pode-se determinar um conjunto de coeficientes am e bm pelas

    equaes (1) e (2) e construir formalmente a srie de Fourier. Ainda temos que saber

    se esta srie convergente para cada valor de x e se for, se sua soma f(x).

    Para garantirmos a convergncia da srie de Fourier para uma dadafuno, com a qual calculamos seus coeficientes essencial impormos condies que

    devem ser suficientemente gerais, para cobrir todas as situaes de interesse, mas ao

    mesmo tempo devem ser suficientemente simples para que possam ser verificadas

    com cada funo particular.

    Antes de enunciarmos o teorema necessrio que saibamos que

    funof seccionalmente dominante em um intervalo a x b se o intervalo puder

    ser dividido por um nmero finito de pontos a = x0 x1 ... xn = b de modo que:

    1. fseja contnua em cada subintervalo aberto x i-1 x xi;

    2. ftende a um limite finito nas extremidades de cada subintervalo, quando

    estas extremidades forem aproximadas por dentro do intervalo.

    Observemos ainda que no essencial que fseja definida em x, assim

    como, que o intervalo seja fechado em pelo menos uma das extremidades.

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    Teorema 1:Suponhamos f e f sejam contnuas no intervalo L x < L. Alm

    disso, suponhamos que f seja definida fora do intervalo L x < L, de modo

    a ser peridica com perodo 2L. Ento f tem a srie de Fourier

    =

    ++=1n

    mm0

    L

    xmsenb

    L

    xmcosa

    2

    a)x(f

    (3)

    cujos coeficientes so dados pelas equaes de Euler-Fourier equaes (2) e

    (3). A srie de Fourier converge para f(x) em todos os pontos onde f for

    contnua, e para [f(x+)+f(x-)]/2 em todos os pontos onde f for descontnua.

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    10.4. UM PROBLEMA PARTICULAR

    Queremos agora resolver a equao de onda, a qual foi um dos

    maiores problemas da matemtica nos meados do sculo XVIII. A equao de onda

    foi deduzida e estudada, pela primeira vez por DAlembert, em 1746, atraiu tambm

    a ateno de Euler em 1748, Daniel Bernoulli (1753) e de Lagrange (1759).

    Para resolvermos tal problema, consideremos uma corda elstica de

    comprimentoL, fortemente esticada entre dois suportes fixos, em um mesmo nvel

    horizontal, de modo que o eixo x seja coincidente com a corda. Suponhamos que a

    corda seja movimentada, por exemplo, tangendo-a de modo que esta vibre num plano

    vertical e seja u(x,t) o deslocamento vertical da corda no ponto x e instante t. Se

    forem desprezados os efeitos de amortecimento como por exemplo a resistncia do

    ar, e se a amplitude no for muito grande, ento u(x,t) obedece equao de onda

    a2 . uxx = utt (1)

    com 0 < x < L, t > 0 e a2 = T/, onde T a tenso e a massa por unidade de

    comprimento da corda.

    Para que possamos resolver tal E.D.P. preciso especificar

    apropriadamente as condies iniciais e de contorno para o deslocamento u(x,t).

    Como as extremidades esto fixas, temos que as condies de contorno so:

    u(0,t) = 0 u(L,t) = 0, t 0 (2)

    Uma vez que a equao diferencial (1) de segunda ordem em

    relao a t, razovel que se devam explicitar duas condies iniciais:

    posio inicial da corda

    u(x,0) = f(x), 0 x L (3)

    e velocidade inicial

    ut(x,0) = g(x), 0 x L (4)

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    onde f e g so funes conhecidas. Afim de que as equaes (2), (3) e (4) sejam

    coerentes, tambm necessrio que

    f(0) = f(L) = 0, g(0) = g(L) = 0. (5)

    Nosso problema resume-se em determinarmos a soluo da equao

    de onda (1), de forma que esta satisfaa as condies de contorno (2) e condies

    iniciais (3) e (4). Como podemos perceber, este um problema de valor inicial na

    varivel tempo t, e um problema de valor de contorno na faixa semi-infinita do plano

    xt, 0 < x < L, t > 0. Alm disso, temos uma condio imposta em cada ponto dos

    lados da faixa semi-infinita, e duas esto impostas em cada ponto da base finita.

    Vejamos agora, com resolver alguns problemas tpicos de valor de

    contorno com uma equao de onda unidimensional.

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    10.5. CORDA ELSTICA COM DESLOCAMENTO INICIAL NO NULO

    Suponhamos que a corda seja perturbada da sua posio de equilbrio

    e depois libertada com velocidade nula no instante t = 0, a fim de vibrar livremente.

    Assim, o deslocamento vertical u(x,t) deve obedecer a equao de onda (1), as

    condies de contorno (2) da seo 10.4 e as condies iniciais

    u(x,0) = f(x), ut(x,0) = 0, 0 x L; (1)

    ondef uma funo dada que descreve a configurao da corda em t=0.

    Para conseguirmos a soluo das equaes (1), (2) da seo 10.4 e (1)

    desta, podemos utilizar o mtodo de separao de variveis. Com a hiptese

    u(x,t) = X(x ). T(t); (2)

    com a substituio de u na equao (1) da seco 10.4 temos

    ;''1''

    2==

    T

    T

    aX

    X (3)

    onde - uma constante uma vez que variando x o segundo membro permanece

    constante e vice-versa. Encontramos assim que X(x) e T(t) devem obedecer s

    equaes diferenciais ordinrias

    X + . X = 0; (4)T + a2..T = 0; (5)

    Precisamos determinar agora, quais so os possveis valores da

    constante pelas condies de contorno. Com a substituio de u(x,t), da equao

    (2), nas condies de contorno (2) da seo 10.4, temos que

    u(0,t) = X(0).T(t) = 0 X(0) = 0 (6)

    u(L,t) = X(L).T(t) = 0 X(L) = 0

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    uma vez que T(t) 0.

    Para que possamos resolver o problema da equao diferencial (4),

    sujeita s condies de contorno (2) da seo 10.4, precisamos determinar e para

    verificar se existem solues no triviais devemos estudar os casos onde > 0, < 0e = 0:

    = 0:

    Como uma EDO de segunda ordem temos que se = 0, a soluo

    dever ser linear da forma:

    X(x) = k1.x+k2 (7)

    A fim de satisfazer a 1 condio de contorno (6),devemos terk2 = 0.

    Sendo k2 = 0 e a fim se satisfazer2 condio de contorno (6),devemos ter

    k1= 0.

    Logo X(x) = 0; x; portanto existem apenas solues triviais para =

    0.

    < 0:

    Para evitarmos o aparecimento de sinais nas razes no raciocnio que

    se segue, conveniente substituirmos por -2, onde >0 um novo

    parmetro.

    Procuramos soluo do tipo X(x) = erx para a equao (4), logo,

    derivando X(x) e substituindo na equao (4), obtemos:

    r2erx - 2erx = 0 r = +/- (8)

    logo temos que as solues do problema sero:

    X1 = (ex + e-x)/2 = cosh x eX2 = (e

    x - e-x)/2 = senh x (9)

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    fazendo uma combinao linear das solues encontradas temos que

    X(x) = c1 cosh x + c2 senh x (10)

    Aplicando a 1 condio de contorno obtemos que c1 = 0; segue ento

    que X(x) = c2 senh x. Com a 2 condio de contorno obtemos que X(L) =

    c2 senh L = 0, mas como e L so positivos, senh L > 0 ento c2 = 0.

    > 0:

    = n

    2

    2

    /L

    2

    , n = 1,2,... (11)

    e as solues correspondentes paraX(x) so proporcionais asen(nx/L). Com

    os valores de , dados pela equao (11), na equao (5), temos que T(t)

    uma combinao linear de sen(nat/L) e cos(nat/L). Ento, funes com a

    forma

    ,...2,1n,LatnsenLxnsen)t,x(u n == (12)

    ,...2,1n,L

    atncos

    L

    xnsen)t,x(v n ==

    (13)

    satisfazem equao diferencial parcial (1) e tambm s condies de

    contorno (2), ambas da seo 10.4. Estas funes so solues fundamentais

    do problema dado.

    Vamos agora procurar a superposio das solues fundamentais (12)

    e (13) que tambm satisfaz s condies iniciais (1). Admitamos que u(x,t) seja dado

    por

    [ ]

    =

    +=1n

    nnnn )t,x(uvk)t,x(uuc)t,x(u

    +=

    = L

    atncosk

    L

    atnsenc

    L

    xnsen nn

    1n

    (14)

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    onde cn e knso constantes a serem determinadas pelas condies iniciais.

    Aplicando a condio inicial u(x,0) =f(x) temos:

    )x(fLxnsenk)0,x(u 1nn ==

    = (15)

    Logo temos que os kn devem ser os coeficientes de uma srie de Fourier para

    f, com perodo 2L, e so dados por

    ,...2,1n,dxL

    xnsen)x(f

    L

    2k

    L

    0n==

    (16)

    Admitamos agora que a srie (14) possa ser derivada termo a termo em

    relao t. A condio inicial u(x,t) = 0 nos d

    ,0L

    xnsen

    L

    anc)0,x(u

    1nnt ==

    =

    (17)

    Portanto, os coeficientes cn(na/L) devem ser os coeficientes de uma srie deFourier de uma funo que identicamente nula, com o perodo 2L. Pelas formulas

    de Euler-Fourier, vem que cn = 0, para qualquer n. Ento, a soluo do problema das

    equaes (1), (2) da seo 10.4e (1) desta,

    ,L

    atncos

    L

    xnsenk)t,x(u

    1nn

    =

    =

    (18)

    com os coeficientes kndados pela equao (16).

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    10.6. JUSTIFICATIVA DA SOLUO

    Esta apenas uma soluo formal das equaes (1), (2) da seo 10.4

    e (1) da seo 10.5. A fim de termos certeza de que a equao (18) da seo 10.5

    pode representar realmente a soluo do problema da conduo de calor, tentador

    mostrar a correo da soluo pela substituio direta de u(x,t) dada pela equao

    (18) da seo 10.5 nas equaes (1),(2) da seo 10.4 e (1) da seo 10.5. No

    entanto, ao fazermos o calculo formal de uxx, por exemplo, obtemos

    =

    =

    1n

    2

    nxx ;L

    atncosL

    xnsenL

    nk)t,x(u

    (1)

    o que em virtude do n2 no numerador da srie pode no ser convergente. Isto no

    significa necessariamente, que a srie (18) da seo 10.5 para u(x,t) seja incorreta,

    mas apenas que ela no pode ser usada para calcularuxxe utt. Mas, nas equaes de

    onda, as solues em sries da equao de onda s contm termos oscilatrios que

    no decaem quando n aumenta.

    H, no entanto, uma outra forma de estabelecermos a validade da

    equao (18) da seo 10.5 de maneira indireta. O que nos permitir, tambm,

    conseguir informaes adicionais sobre a estrutura da soluo. Inicialmente,

    mostremos que a equao (18) equivalente a

    u(x,t) = [h(x-at)+h(x+at)] (2)

    onde h a funo que se obtm estendendo-se os dados iniciaisfno intervalo (-L,0),

    como uma funo mpar, e aos outros valore de x como funo peridica de perodo

    2L. Isto

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    A fim de demonstrar a equao (2), observamos que h tem a srie de

    Fourier

    .L

    xnsenk)x(h

    1nn

    ==

    (4)

    Ento, com as identidades trigonomtricas para o seno da soma, ou da

    diferena, de dois argumentos, obtermos

    ;L

    atnsen

    L

    xncos

    L

    atncos

    L

    xnsenk)atx(h

    1nn

    =

    =

    (5)

    ;L

    atnsen

    L

    xncos

    L

    atncos

    L

    xnsenk)atx(h

    1nn

    +=+

    =

    (6)

    e consegue-se imediatamente a equao (2), pela soma das duas ltimas equaes.

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    10.7. PROBLEMA GERAL DA CORDA ELSTICA

    Suponhamos que a corda seja excitada a partir de uma posio inicial

    especificada, com uma velocidade dada.Ento, o deslocamento vertical u(x,t) deve

    obedecer equao de onda (1) da seo 10.4.

    a2 . uxx = utt, 0 < x < L, t > 0;

    s condies de contorno (2) da seo 10.4,

    u(0,t) = 0 u(L,t) = 0, t 0;

    e as condies iniciais (3) e (4) da seo 10.4 respectivamente

    u(x,0) = f(x), ut(x,0) = g(x), 0 x L

    ondefegso funes dadas que definem a posio inicial e a velocidade inicial da

    corda, respectivamente.

    Lembremos que as solues fundamentais dadas pelas

    equaes (12) e (13) da seo 10.5, obedecem equao diferencial (1) e s

    condies de contorno (2) e vamos admitir que u(x,t) seja dada, tambm pela

    equao (14), ambas da seo 10.4. Os coeficientes cn e kn devem agora ser

    determinados pelas condies iniciais (3) e (4) da seo 10.5. Aplicando a condio

    u(x,0) = f(x) conseguimos

    )x(fL

    xnsenk)0,x(u

    1nn ==

    =

    (1)

    Portanto,os coeficientes kn so outra vez coeficientes de uma srie de

    Fourier paraf, com perodo 2L, e exprime-se pela equao (16) da seo 10.5.

    ,...2,1n,dxL

    xnsen)x(fL2k L

    0n==

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    Derivando a equao (14) da seo 10.5em relao a te aplicando a

    segunda condio inicial ut(x,0) = g(x) nos d

    )x(gL

    xnsencL

    an)0,x(u n

    1nt ==

    =

    (2)

    Portanto os coeficientes (nat/L)cn so os coeficientes da srie de

    senos de Fourier parag, com perodo 2L; logo

    ,...2,1n,dxL

    xnsen)x(g

    L

    2c

    L

    an Lon

    ==

    (3)

    Desta forma, a equao (14) com os coeficientes dados pelas

    equaes (16) e (17) da seo 10.5, constitui uma soluo formal do problema das

    equaes (1), (2), (3) e (4) da seo 10.4. A validade da soluo formal pode ser

    estabelecida mediante argumentos semelhantes aos que foram indicados, em

    passagem anterior, para a resoluo das equaes (1), (2) da seo 10.4 e (1) da

    seo 10.5.

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    CAPTULO 11: ANALISANDO O SOM EM UMA MEMBRANA ELSTICA

    Estamos interessados em estender o mtodo de separao de

    variveis, desenvolvido anteriormente em uma corda elstica, uma classe mais

    ampla de problemas, os seja, problemas que envolvem equaes diferenciais mais

    gerais, com condies de contorno mais gerais ou regies geomtricas diferentes.

    Neste captulo veremos um exemplo que envolve o desenvolvimento de uma

    equao de onda bidimensional em uma srie de funes de Bessel; embora antes

    tenhamos que lembrar alguns pontos importantes para solucionar a mesma.

    11.1 EQUAES DE BESSEL DE ORDEM ZERO

    Consideremos um dos casos especiais da equao de Bessel

    x2 y + x y + (x2 v2)y = 0 (1)

    onde v uma constante. fcil mostrar que x = 0 um ponto singular regular. Para

    ter simplicidade, vamos analisar somente o caso x > 0.

    Em uma equao de Bessel de ordem zero, podemos ilustrar a situao

    onde as razes da equao inicial so iguais. Fazendo v = 0 na equao (1) obtemos

    L[y] = x2 y + x y + (x2 v2)y = 0 (2)

    Admitindo

    =

    ++==1n

    mrn

    r0 ,xaxa)x,r(y (3)

    obtemos

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    =

    =

    +++ +++++=0n 0n

    2nrn

    nrn xax)]nr()1nr)(nr[(a)x,r]([L

    1r

    1

    r

    0 x)]1r(r)1r[(ax]r)1r(r[a+

    +++++=

    =++++++ + 0x}a)]nr()1nr)(nr[(a{ nr2nn (4)

    As razes da equao inicial F(r) = r (r-1) + r = 0 so r1 = 0 e r2 = 0,

    ento temos o caso de razes iguais. A relao de recorrncia

    2n,)nr()r(a

    )nr()1nr)(nr()r(a)r(a

    22n2n

    n +=

    ++++= (5)

    A fim de encontrarmos y (x), devemos fazer r = 0, logo, pela equao

    (4) temos que para o coeficiente de xr+1 se nulo devemos escolher a1=0. Ento, pela

    equao (5), a3 = a5 = a7 = ... = 0. Alm disso

    ...8,6,4,2n,n

    )0(a)0(a 22n

    n == (6)

    ou fazendo n = 2m, temos

    ...7,5,3,1m,)m2(

    )0(a)0(a

    22m2

    m2 == (7)

    Assim,

    ,)2.3(2

    a)0(a,

    22

    a)0(a,

    2

    a)0(a

    260

    6240

    420

    2 ===

    e em geral

  • 8/22/2019 TGMatematicaMusica

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    ...4,3,2,1m,)!m(2

    a)1()0(a

    2m0

    m

    m2 =

    = (6)

    Portanto

    0x,)!m(2

    x)1(1a)x(y

    1m2m2

    m2m

    01 >

    +=

    =

    (7)

    onde a funo entre colchetes a funo de Bessel de primeira espcie e de ordem

    zero, e simboliza-se por J0(x). Esta srie convergente para todo x e J0 analtico em

    x = 0.

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    11.2 PROBLEMAS DE VALOR DE CONTORNO HOMOGNEOS E

    LINEARES: AUTOVALORES E AUTOFUNES

    Considerando o problema de valor de contorno constitudo pela

    equao diferencial

    y + p(x) y+ q(x) y = 0, 0 < x < 1 (1)

    e as condies de contorno

    a1 y(0) + a2 y(0) = 0 e b1y(1) + b2 y(1) = 0 (2)

    temos que este um problema de valor inicial que tem soluo nica em qualquer

    intervalo nas proximidades do ponto inicial, no qual as funes p e q seja contnuas.

    No se pode fazer uma afirmao to abrangente a propsito do problema de valor de

    contorno (1) e (2). Em primeiro lugar, todos os problemas homogneos tm a soluo

    y = 0. Esta soluo trivial no tem, em geral, interesse e a questo importante saber

    se existem ou no solues no triviais. Com a hiptese de y = (x) ser uma destas

    solues, vem da natureza homognea e linear do problema, que y = k (x) tambm

    soluo para qualquer valor da constante k. Assim, correspondendo a uma soluo

    no trivial h uma famlia infinita de solues no triviais. Nos problemas de valor

    de contorno de segunda ordem, mais gerais, porm, podem existir duas famlias de

    solues, correspondendo a duas solues linearmente independentes 1 e 2.

    Consideremos a equao diferencial

    y + p(x,) y+ q(x,) y = 0, 0 < x < 1 (3)

    cujos coeficientes dependem de um parmetro , com as condies de contorno (2).

    Para quais valores de , se existem estes valores, o problema de valor de contorno

    tem solues no triviais? Admitamos que as funes p e q sejam contnuas em 0 x

    1, e para todos os valores de .

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    A soluo geral da equao (3) deve depender de x e de , e podemos

    escrever

    y = c1 y1 (x,) + c2 y2 (x,) (4)

    onde y1 e y2 constituem um conjunto fundamental de solues da equao (3). Os

    valores para o qual apresenta soluo no trivial so chamados autovalores. Se

    substituirmos y nas condies de contorno (2) obtemos as equaes

    c1[a1y1(0,) + a2 y1(0,)] + c2[a1y2(0,) + a2 y2(0,)] = 0

    c1[b1y1(1,) + b2 y1(1,)] + c2[b1y2(1,) + b2 y2(1,)] = 0 (5)

    em c1 e c2. Este sistema de equaes linear homogneo ter solues no triviais se e

    somente se o determinante dos coeficientes D() for nulo, ou seja

    0),1(yb),1(yb),1(yb),1(yb

    ),0(ya),0(ya),0(ya),0(ya)(D

    22211211

    12211211 =++

    ++=

    (6)

    Os valores de que formam as razes desta equao so os autovalores do problema

    de valor de contorno (3) e (2), se estes existirem. A cada autovalor h pelo menos

    uma soluo no trivial, uma autofuno que determinada a menos de uma

    constante multiplicativa arbitrria.

    Em virtude da forma arbitrria na qual aparece na equao

    diferencial (3), difcil afirmar outras coisas sobre os autovalores e as autofunes

    do problema de valor de contorno (3), (2). Vamos nos limitar a problemas nos quaiso coeficiente p na equao (3) independente de e o coeficiente q uma funo

    linear de .

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    11.3 PROBLEMAS DE VALOR DE CONTORNO DE STURN-LIOUVILLE

    Os Problemas de Valor de Contorno de Sturn-Liouville so constitudos pela

    equao diferencial da forma

    [p(x)y]- q(x)y +r(x)y = 0 (1)

    e as condies de contorno

    a1 y(0) + a2 y(0) = 0 e b1y(1) + b2 y(1) = 0 (2)

    Utilizando o operador linear

    L[y] = -[p(x)y]- q(x)y (3)

    na equao (1), obtemos

    L[y] = r(x)y (4)

    admitindo p, q e r contnuas no intervalo 0 x 1.

    Deduzindo a identidade de Lagrange para duas funes u e v com as

    derivadas contnuas no intervalo 0 x 1 obtemos

    +=1

    0

    1

    0

    1

    0

    quvdxvdx)u(p[vdx]y[L (5)

    +=1

    0

    I

    1

    0

    quvdxvdx)pu(

    4434421

    integrando I por partes duas vezes obtemos

  • 8/22/2019 TGMatematicaMusica

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    == ])dx)pv(uupv[vpu()dxvpuvpu(1

    0

    1

    0

    1

    0

    1

    0

    +++=

    1

    0

    1

    0

    1

    0

    1

    0

    quvdxudx)pv(vpuvpu

    +++=1

    0

    1

    0

    1

    0dx]qvuu)pv[(vpuvpu

    +=++=1

    0

    1

    0

    1

    0

    1

    0

    1

    0udx]v[L]vuvu[pudx]v[Lvpuvpu

    logo

    deLagrangeIdentidade]vuvu[pudx]v[Lvdx]u[L1

    0

    1

    0

    1

    0

    =+ (6)

    Supondo que as funes u e v da equao (6) satisfaam as condies

    de contorno e admitimos que a2 0 e b2 0. Resolvendo o segundo membro de (6) e

    substituindo nas condies de contorno obtemos:

    = p(1) [u(1)v(1) u(1)v(1)] + p(0)[u(0)v(0)-u(0)v(0)]

    = p(1) [-b1/b2 u(1)v(1) + b1/b2 u(1)v(1)]

    + p(0)[-a1/a2 u(0)v(0) + a1/a2 u(0)v(0)] = 0

    logo

    (7)0udx]v[Lvdx]u[L1

    0

    1

    0

    =+

    Podemos definir o produto interno (u,v) de duas funes reais u e v,

    numa dada integral definida para 0 x 1

  • 8/22/2019 TGMatematicaMusica

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    1

    0

    dx)x(v)x(u (8)

    como sendo

    (L[u],v) (u,L[v]) = 0 (9)

    Suponhamos que dada uma funo f, que obedece as condies

    apropriadas, possa ser desenvolvidas numa srie infinita de autofunes do problema

    de Sturn-Liouville mais geral (1) e (2). Se isto puder ser feito, teremos ento

    )x(c)x(f n1n

    n

    =

    = (10)

    onde n (x) satisfaz s equaes (1) e (2) e tambm as condies de ortogonalidade

    definidas por

    =1

    0

    mnnm dx)x()x()x(r (11)

    onde mn conhecido como delta de Kronecker e definido por

    =

    =

    nmse1

    nmse,0mn (12)

    Para calcular os coeficientes cn na srie (10), multiplicamos a equao

    (10) por r(x)m(x)dx e integramos de x = 0 x = 1. Admitindo que a srie possa ser

    integrada termo a termo, obtemos:

    mn1n 1n

    n

    1

    0

    mnm

    1

    0

    cdx)x()x(rcdx)x()x(f)x(r

    =

    =

    == (13)

  • 8/22/2019 TGMatematicaMusica

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    Portanto, com a definio de mn,

    ,...2,1m),r,f(dx)x()x(f)x(rc m

    1

    0

    mm === (14)

    Os coeficientes na srie (10) forma formalmente determinados. A

    equao (14) tem a mesma estrutura das frmulas de Euler-Fourier para os

    coeficientes de uma srie de Fourier, e a srie de autofunes (10) tem propriedades

    de convergncia semelhantes s sries de Fourier.

    A partir deste momento apenas enunciaremos alguns importantes

    Teoremas que garantem a resoluo do problema que ser investigado:

    TEOREMA 11.1: Todos os autovalores do problema de Sturn-Liouville (1) e (2) so

    reais.

    TEOREMA 11.2: Se 1 e 2 forem duas autofunes do problema de Sturn-Liouville

    (1) e (2), correspondentes, respectivamente, aos autovalores 1 e 2, e se 1 2,

    ento

    =1

    0

    21 0dx)x()x()x(r

    TEOREMA 11.3: Os autovalores do problema de Sturn-Liouville (1) e (2) so todos

    simples, isto , cada autovalor corresponde somente a uma autofuno independente.

    Alm disso, os autovalores constituem uma seqncia infinita que pode ser ordenada

    crescentemente, de modo que

    1 < 2 < 3

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    11.4 - PROBLEMAS DE STURN-LIOUVILLE SINGULARES

    Admitindo que para um problema regular de valor de contorno Sturn-

    Liouville, a equao diferencial da forma

    L[y] = - [p(x)y] + q(x)y = r(x)y, 0 < x < 1 (1)

    e as condies de contorno so dadas por

    a1y(0) + a2y(0) = 0 (2)

    b1y(1) + b2y(1) = 0 (3)

    onde p uma funo derivvel, q e r so contnuas e p(x) > 0 e r(x) > 0 para todos os

    pontos de intervalo fechado.

    No entanto, existem tambm as equaes de interesse fsico nas quais

    algumas destas condies no esto cumpridas. Por exemplo, suponhamos que

    queremos investigar a equao de Bessel de ordem v no intervalo 0 < x < 1. Esta

    equao se escreve, s vezes, na forma

    xyyx

    v)xy(

    2

    =+ (4)

    onde p(x) = x, q(x) = v2/x e r(x) = x. Assim, p(0) = 0, r(0) = 0 e q(x) limitada, e

    portanto descontnua, quando x0. No entanto, as condies impostas aosproblemas de Sturn-Liouville regulares so cumpridas em todos os outros pontos de

    intervalo.

    Analogamente, com a equao de Legendre temos

    - [(1 - x2) y] = y , -1< x < 1 (5)

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    onde = (+1), p(x) = 1 x2, q(x) = 0 e r(x) = 1. Neste caso, as condies

    mencionadas sobre p, q e r so cumpridas no intervalo 0 x 1, exceto em x = 1,

    onde p nula. Identificamos como problema de Sturn-Liouville singular o de uma

    certa classe de problemas de valor de contorno da equao diferencial (1), na qual asfunes p, q e r obedecem s condies que j foram explicitadas no intervalo 0 < x

    < 1, onde pelo menos uma delas deixa de ser cumprida em um dos pontos da

    fronteira, ou ambos. Alm disso, impomos condies de contorno convenientes,

    separadas, de uma espcie a ser descrita pormenorizadamente um pouco adiante.

    Apesar de ocorrerem problemas singulares quando o intervalo bsico for ilimitado,

    por exemplo 0 x < , estes no sero considerados.

    Como exemplo de um problema singular sobre um intervalo finito,

    consideremos a equao

    x y + y+ xy = 0, (6)

    ou

    - (x y)= x y, (7)

    no intervalo 0 < x < 1, e suponhamos que > 0. Esta equao aparece na

    investigao das vibraes livres em uma membrana circular elstica, e ser

    discutida posteriormente. Se introduzirmos a varivel independente t, definida por

    xt = , ento

    .dt

    yddx

    yd,dtdy

    dxdy 2

    2

    2

    2

    ==

    Portanto, a equao (6) fica

    0yt

    dt

    dy

    dt

    ydt2

    2

    =++

    ou, cancelando-se o fator comum em cada parcela,

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    0tydt

    dy

    dt

    ydt

    2

    2

    =++ (8)

    A equao (8) uma equao de Bessel de ordem zero. A soluo geral para

    esta equao, para t > 0,

    y = c1 J0 (t)+c2 Y0 (t)

    e portanto, a soluo geral da equao (7), para x > 0

    y = c1 J0 ( x )+c2 Y0 ( x ),

    onde J0 e Y0 simbolizam as funes de Bessel de primeira espcie e de segunda

    espcie, ambas de ordem zero. Pelas equaes (7) e (13) da seo anterior, temos:

    ,0x,)!m(2

    x)1(1)x(J

    1m2m2

    m2mm

    0 >

    +=

    =

    (10)

    ,0x,)!m(2

    xH)1(x(J

    2

    xln

    2)x(Y

    1m2m2

    m2mm

    1m

    00 >

    +

    +=

    =

    +

    (11)

    onde Hm = 1 + (1/2) + ... + (1/m); e y = lim m(Hm ln m). Os grficos de y = J0 (x)

    e de y = Y0 (x) aparecem nafigura (51).

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    -0,8

    -0,3

    0,2

    0,7

    1,2

    0 2 4 6 8 10 12 14

    x

    y

    y = J0(x) (2/x)1/2 cos(x-(/4)) quando x

    y =Y0(x) (2/x)1/2 sen(x-(/4)) quando x

    Figura(11.1): Funes de Bessel de ordem zero

    Suponhamos que buscamos uma soluo da equao (5) que tambm

    satisfaa s condies de contorno

    y(0) = 0 (12)

    y(1) = 0 (13)

    que so tpicas das que encontramos em outros problemas deste captulo. Uma vez

    que J0(0) = 1 e Y0(x) - quando x 0, a condio y(0) = 0 s pode ser cumprida

    fazendo-se c1 = c2 = 0 na equao (9). Assim, o problema de valor de contorno (7),

    (12), (13) s tem a soluo trivial.

    Uma interpretao deste resultado que a condio de contorno (12)

    em x = 0 muito restritiva para a equao diferencial (7). Isto ilustra a situao geral,ou seja, em um ponto singular da fronteira necessrio considerar um tipo

    modificado da condio de contorno. No problema que estamos vendo, suponhamos

    que exigimos somente que a soluo (9) e sua derivada permaneam limitadas. Em

    outras palavras, tomamos como condio de contorno em x = 0 a exigncia

    y, ylimitadas quando x 0

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    Esta condio pode ser cumprida fazendo-se c2 = 0 a f