the photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela...

19
ARTIGOS 64 ISSN 2238-0205 Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012 A FOTO-SEQUÊNCIA NO AUXÍLIO AO ENSINO DE GEOGRAFIA: UM OLHAR SOBRE A INCLUSÃO EDUCACIONAL The photo sequence as a support for teaching geography: a view on inclusión in education Roberto Souza Ribeiro 1 1 Geógrafo, educador e mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). [email protected]. Departamento de Geociências, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Campus Universitário, Trindade. 88040-900. Florianópolis, SC. Resumo O intuito deste artigo é a descrição e a análise de um processo de estudo desenvolvido no Estágio-Docência em nível de Mestrado em Geografia, da Universidade Federal de Santa Catarina, disciplina GCN - Cartografia Escolar, oferecida pelo Curso de Graduação em Geografia, cujo foco é a temática da imagem, especificamente a fotografia e a foto-sequência. Além de apoiar-se na pesquisa bibliográfica efetuada, esse estudo fundamentou-se numa pesquisa em nível de mestrado direcionada ao uso da foto-sequência como recurso metodológico na geografia escolar, tendo como um de seus flancos a temática da inclusão educacional em geografia. Também buscou subsídios em um estudo realizado pelo grupo de pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) concernente a metodologias visuais em geografia, mais especificamente o uso da foto-sequência. O estudo discute a importância da utilização da imagem numa geografia que se quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica. Palavras-chave: Ensino de Geografia. Metodologias visuais em Geografia. Inclusão educacional. Abstract The present paper describes and analyses the study processes developed during a teaching internship (Master’s Program in Geography, University of the Santa Catarina, seminar on scholar cartography) whose focus was the image, specifically photographs and photo sequences. This study was inspired by a specific bibliographic framework and based on a research project that aimed to study the utilization of the photo sequence as a methodological tool for school geography, with the thematic focus on the educational inclusion in geography. We also leaned on a study, carried out by a research group at the Federal University of Rio de Janeiro University (UFRJ) that dealt with visual methodology in geography, specifically the use of photo sequences. This study discusses the importance of the utilization of the image in a form of geography that ought to be inclusive, concluding that there is a necessity to assign a specific status to images in the scope of the geographic science. Keywords: Teaching Geography.Visual methodologies in Geography. Educational inclusion.

Upload: others

Post on 26-Oct-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

64

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

A FOTO-SEQUÊNCIA NO AUXÍLIO AO ENSINO DE GEOGRAFIA: UM OLHAR SOBRE A INCLUSÃO EDUCACIONALThe photo sequence as a support for teaching geography: a view on inclusión in education

Roberto Souza Ribeiro1

1 Geógrafo,educadoremestrandodoProgramadePós-GraduaçãoemGeografia,UniversidadeFederaldeSantaCatarina(UFSC)[email protected]. DepartamentodeGeociências,CentrodeFilosofiaeCiênciasHumanas,UniversidadeFederaldeSantaCatarina(UFSC)CampusUniversitário,Trindade.88040-900.

Florianópolis,SC.

Resumo

O intuito deste artigo é a descrição e a análise de um processo deestudodesenvolvidonoEstágio-DocênciaemníveldeMestradoemGeografia,daUniversidadeFederaldeSantaCatarina,disciplinaGCN-CartografiaEscolar,oferecidapeloCursodeGraduaçãoemGeografia,cujo focoéa temáticada imagem,especificamentea fotografiaeafoto-sequência.Alémdeapoiar-senapesquisabibliográficaefetuada,esse estudo fundamentou-se numa pesquisa em nível demestradodirecionada ao uso da foto-sequência como recurso metodológiconageografiaescolar, tendocomoumdeseusflancosa temáticadainclusão educacional em geografia. Também buscou subsídios emumestudorealizadopelogrupodepesquisadaUniversidadeFederaldo Rio de Janeiro (UFRJ) concernente a metodologias visuais emgeografia,mais especificamente o uso da foto-sequência.O estudodiscuteaimportânciadautilizaçãodaimagemnumageografiaquesequerinclusivaeconcluipelanecessidadedeatribuirodevidostatus às imagensnoâmbitodaciênciageográfica.

Palavras-chave: Ensino de Geografia. Metodologias visuais emGeografia.Inclusãoeducacional.

Abstract

The present paper describes and analyses the study processesdeveloped during a teaching internship (Master’s Program inGeography, University of the Santa Catarina, seminar on scholarcartography)whosefocuswastheimage,specificallyphotographsandphotosequences.Thisstudywas inspiredbyaspecificbibliographicframeworkandbasedonaresearchprojectthataimedtostudytheutilizationofthephotosequenceasamethodologicaltoolforschoolgeography,with the thematic focus on the educational inclusion ingeography.Wealsoleanedonastudy,carriedoutbyaresearchgroupattheFederalUniversityofRiodeJaneiroUniversity(UFRJ)thatdealtwithvisualmethodology ingeography, specifically theuseofphotosequences.Thisstudydiscussestheimportanceoftheutilizationoftheimageinaformofgeographythatoughttobeinclusive,concludingthat there is anecessity toassigna specific status to images in thescopeofthegeographicscience.

Keywords:TeachingGeography.VisualmethodologiesinGeography.Educationalinclusion.

Page 2: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

65

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

Introdução

Incursionandopelatemáticadainclusãoeducacionaldialogaremos,neste artigo, com as potencialidades da imagem sequencial noensinodegeografiaescolar,bemcomodebateremossobrealgumasquestõespertinentesàimagemquandotrabalhadageograficamente,esperando contribuir com os profissionais da área que necessitamde uma metodologia diferenciada na educação geográfica. Otrabalho analisa um processo de estudo desenvolvido no Estágio-Docência em nível de Mestrado pelo Programa de Pós-GraduaçãoemGeografiadaUniversidadeFederaldeSantaCatarina(UFSC),nadisciplinadeCartografiaEscolaroferecidapeloCursodeGraduaçãoem Geografia relativo à quinta fase. Apresentando conceitos epensadoresquedialogamcientificamentecomtalcampodeestudo,terá como foco o tema da imagem no campo da geografia, maisespecificamente a fotografia e a foto-sequência. Serão discutidosconceitos, características e interpretações desse objeto de estudo,correlacionado à geografia inclusiva. Também é objetivo destetrabalho debater sobre as diferentes demandas concernentes aoensinodegeografiaparatodos,dialogarsobrecomoosprocessosdeensinoestãosendoutilizadoscomsujeitosportadoresdenecessidadesespeciais,visandoàconquistadaindividualidadesocial.EmbasadoemestudoselaboradospeloProgramadePós-GraduaçãoemGeografiada Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que desenvolvepesquisas relativas às metodologias visuais aplicadas à geografia,entendemosatemáticadafotografiacomoumcampoespecíficodaimagememseusentidoamploe,portanto,neleincluso.Assimsendo,afotografiaserádescritacomoumprocessometodológico.Poressemotivoacontribuiçãodestetrabalhoseráadeapresentarageografiacomocampointimamentevinculadoàproduçãodeimagensdomundo,

dialogandosobreosprincipaiselementosenvolvidosnainterpretaçãoeproduçãodeimagenscombasenumaabordagemgeográfica.Caberessaltarquebuscamossempreumareflexãoacercadanecessidadedeinclusãoescolaratodosaquelesqueademandarem.Ainda pretendemos discutir sobre como a imagem atual pode

servir de método de estudo no âmbito da geografia escolar, masparaefetivarmosnossapropostadeutilizaçãodafoto-sequênciaemsala de aula pela perspectiva da inclusão social. Para a consecuçãodosobjetivosaquenospropomos,necessitamosdeantemãodeumembasamentoteóricorelativoaoconceitodeimagemedesuaanálise.Porém, antes da descrição teórico-metodológica faz-se necessáriofocalizarotermoemseusaspectosetimológicos.

Imago, Imagināre, Imagem e a Geografia

Na busca conceitual relativa à palavra imagem, deparamo-noscom um amplo campo de abordagens, quase que inacessível dadaà abrangência e sua complexidade, algumas semelhantes entre si,outrasnemtanto.Nocampodaetimologia,apalavraimagemsofrenovamente distintas denominações entre diferentes civilizações eperíodoshistóricos.Aquinosembasaremosnoconceitodescritopelodicionárioetimológicoda línguaportuguesa,deAntonioGeraldodaCunha,noqualencontramos:

Imagemsf.‘Representaçãodeumobjetopelodesenho,pintura,esculturaetc.’‘Reproduçãomentaldeumasensaçãonaausênciada causaqueaproduziu’ ‘reflexodeumobjetonoespelhoounaágua’ ‘figura, comparação, semelhança’ |XIII,ymagen,XIII,omagen XIII, imagêeXIVetc.|Dolat.Imago-ginis||imaginação XIV.Do lat. Imaginatto- ōnis || imaginante 1881 || imaginar |emaginarXIV,enmaginarXIVetc.Dolat.Imaginãre||imaginário XVI.Dolat.Imaginārius||imaginativasf.‘artedefazerimagens’

Page 3: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

66

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

XVI. Do lat. Imaginōsus || imagismoXX. Do ing.Magism, de image‘imagem’deriv,dofr.Image e,este,dolat.Imago- ginis || imagistaXX.Doing. Imagisit || imagoXX.(CUNHA,2007,p.425).

Comovemos,otermoimagempossuisuagênesenoLatim(imago-

ginis). Observemos que o termo expressa a capacidade de formar

uma imagemmental de algo, já peladerivaçãode Imago “imagem

representação”damesmaraizdeimitari,“copiar,fazersemelhante”.

Essacapacidadedeformarumaimagemmentaldealgooudecopiar,

fazersemelhante,contemplaumidealpeculiaràGeografia.Voltando-

nosàepistemologiadaGeografia,aimagemsempreestevepresente

nosmétodos de análise geográfica. Na geografiamoderna de Karl

RittereAlexandervonHumboldtdentretantosoutros,porexemplo,

pensarageografiacomociênciasedeupeloestudodosistemanatural

das relações espaciais como objeto da geografia - a imagem vista

ougrafadapassouaintegrarumprocessoempíricodecorroboração

de seus métodos de análise. Pensando a imagem por um prisma

geográfico, recorremos aos estudos deMartine Joly para obtermos

maior entendimento dos conceitos e significados pertinentes, sua

diversidadeesignificaçãoquandoseousaanalisar.Jolyescreveque

Otermoimagemétãoutilizado,comtantostiposdesignificaçãosemvínculoaparente,queparecebemdifícildarumadefiniçãosimplesdele,querecubratodosseusempregos.Defato,oquehádecomum,emprimeirolugar,entreumdesenhoinfantil,umfilme,umapinturamuralou impressionista, grafites, cartazes,umaimagemmental,umlogotipo,“falarporimagens”etc.?Omaisimpressionanteéque,apesardadiversidadedesignificaçõesdapalavra,consigamoscompreendê-las.Compreendemosqueindica algo que, embora nem sempre remeta ao visível, tomaalguns traços emprestados do visual e, de qualquer modo,dependedaproduçãodeumsujeito:imagináriaouconcreta,a

imagempassapor alguémqueaproduzou reconhece. (JOLY,1996,p.13).

Diante de tanta diversidade, como “reconhecemos” as imagens

trabalhadaspelageografia?Osmapas,cartas,paisagens,sejaqualfor

aimagememanálise,têmafunçãodedarsuporteaoentendimentodo

espaçogeográfico,masnemsempreaimagemqueamparaaanálise

doespaçoépertinenteaotempohistóricoemestudo.

ÉcomoanalisaJacquesAumont:

Se a imagem contém sentido, este deve ser lido por seudestinatário, por seu espectador: é todo o problema dainterpretaçãodaimagem.Todossabem,porexperiênciadireta,que as imagens, visíveis de modo aparentemente imediato einato,nemporissosãocompreendidascomfacilidade,sobretudose foram produzidas em um contexto afastado do nosso (noespaçoounotempo,as imagensdopassadocostumamexigirmaisinterpretação).(AUMONT,1993,p.262).

Entãoquaissãoosprocedimentosdeanálisedeumaimagempela

geografia?

De antemação, podemos afirmar que, ao levarmos em conta um

determinadoespaçogeográfico,estamosnosamparandoemalgum

tipodeimagemrealounão,tecnológicaouartística.

Noestudoemquestão,paraefetuarumaanálisedaimagemnocampo

dageografiafoinecessáriorefletiracercadosalunosqueparticiparam

da foto-sequência como espectadores de um espaço geográfico

temporal.Tivemosquepensarnaaplicaçãodafoto-sequênciacomo

um método pedagógico em sala de aula. Buscamos referências a

respeitodaspotencialidadesdasimagens,sobresuasespecialidadese

temporalidades,tantocognitivasquantoaplicativas.Essasreferências

nosderamsuporteparaacompreensãodequãovastoéo ramodo

Page 4: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

67

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

conhecimentonoquedizrespeitoàsimagens,eoquantoosestudos

quetratamdotemadizemrespeitotambémàgeografia.Noâmbito

dageografia,osestudosfocalizadosnacontribuiçãodasimagensemgeral,emboranãotãovastosassim,atualmenteestãoganhandomaiorvisibilidade.Buscandoembasamentosobreasdiferentesutilizaçõesdaimagemnosmétodosgeográficos,recorremosaWenceslaoMachadodeOliveira Jr. que realiza uma abordagem relativa às imagens e àgeografiadeformabemesclarecedora:

Vertentesmaisrecentes,comoaGeografiaCulturaleaGeografiaHumanística, passaram a tomar para si as imagens comfenômenodeinteressegeográfico,partindodoprincípiodequeelas atuam fortementena atual partilhado sensível, realizadatambémnasnarrativasem imagensacercadomundonoqualvivemos(OLIVEIRAJR.,2009,p.18).

Compreenderomundoaoqualpertencemosébuscardefiniçõese

explicaçõesgeográficassobrenossasmaneirasdenosrelacionarmoscomoespaço,entendermosasformasdeorganizaçãosocialaolongodo tempo e do espaço. Por sermos uma sociedade em constantereorganização, transformação e adaptação, o espaço geográficotambémoé,assim,recorreràanálisedaimagemnoâmbitogeográficofaz-senecessárioparaobtermosmaiorcompreensãosobreemqueecomoestamosnosmodificandoenquantosociedade.As transformações espaciais ocorrem constantemente - neste

momentodesualeituraébemprovávelqueestejaocorrendoalgoemalgumespaçomundial,transformandoalgumaestruturasócio-espacial.Dessemodo,é importantesabermoscomopodemosestruturar tais

conceitos geográficos, estáticos ou não, em um contexto histórico

atual. Recorrer às imagens pode ser um auxilio; as representações

emformadeimagenspodemnosfornecerumembasamentoprévio

de diferentes realidades com as quais não possuímos afinidade,ou até mesmo das quais ainda nós não possuímos conhecimento.Nós, geógrafos, somos espectadores desta grande peça teatralque é omundo – seja ela física ou social - e buscar respostas paranossas vivências não é nenhuma novidade no campo da geografia.Para um maior entendimento dessas questões faz-se pertinente ocomentáriodeMariaHelenaBragaeVaz.V.daCosta:“[...]oespaçode representação tem o potencial de estruturar geograficamente apaisagemeaexperiênciadospersonagense,porextensão,avivênciadoespectador”(COSTA,2009,p.113).Ao dialogarmos com a temática imagem também estamos de

algumamaneira,abordandoaquestãodarepresentação,poiscomoespectadoresdeumaimagem,cadaumdenósainterpretapelasuavivência.Estamosinseridosemumarepresentaçãoespacial,assim,faz-senecessáriocompreendermosmelhoroquesignifica“representar”umavezqueoconceitoderepresentaçãopossuiumaessênciadifusa,e recebe diferentes denominações em diferentes áreas da ciência.Utilizaremosapalavra representaçãodeacordo comadefiniçãodeAumont em que observamos estreita relação com a representaçãonecessáriaparaumaanálisegeográfica.Aumont(1993,p.104)afirmaque

De fato,anoçãode“representação”eaprópriapalavraestãocarregadasdetantosestratosdesignificaçãoacumuladospelahistória,queédifícilatribuir-lhesumúnicosentido,universaleeterno.Entreumarepresentaçãoteatral,osrepresentantesdospovos na câmara, a representação fotográfica e pictórica, háenormesdiferençasdestatusedeintenção.Masdetodosessesusosdapalavra,pode-sereterumpontocomum:arepresentaçãoéumprocessopeloqual se instituium representanteque,emcerto contexto limitado, tomará o lugar do que representa(AUMONT,1993,p.104).

Page 5: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

68

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

Tomarolugardoqueserepresentanãoparecenenhumanovidade

paraageografia,masobteressaaptidãocomasimagenstrabalhadas

no processo de ensino e aprendizagem faz parte de um avanço

que diz respeito a um tempo não tão pretérito assim.Ao pensar a

representaçãoporumprismamaisgeográfico,oumelhor,aotomar

o lugar da imagem como uma representação geográfica, importa

fundamentar-senadescriçãofeitaporOliveiraJr.aorefletiracercado

queseriaarepresentaçãodecomo estar no lugar de:

Representaraqui,estánosentidodeestar- no- lugar-de e não de ser- o -mesmo-que.Noentanto,notadamentenoqueserefereàs fotografias, aos filmes e às obras televisivas, esta distinçãoé quase sempre apagada, um sentido tornando-se outro...(OLIVEIRAJR.,2009,p.21,grifosdoautor).

Essa descrição do significado de representação vai ser útil ao

começarmos a prática de nossa proposta da aplicação da foto-

sequência. Não teremos a ambição de discutir sobre as funções

cognitivasepsicológicaspertinentesao tema,mas sim sobre como

umaanáliserepresentativadeumaimagempodefornecerpotenciais

para um estudo geográfico espacial. Poderíamos, neste artigo,

aprofundarmaisadiscussãosobrearelaçãoentreimagemegeografia,

masestenãoéofocodotrabalho.Mesmoassim,cabesalientarqueao

fazerusodasimagens–sejaempesquisas,emaulas,ouconsultorias

–faz-senecessáriocompreenderalgunsdispositivosdeinterpretação

eaplicaçãodeumaimagem,independentementedesuametodologia

ou função. Assim, partiremos agora para uma breve descrição da

relação entre fotografia e ensino de geografia, que corresponde ao

nossofocodeestudo.

Fotografia: representação de uma Geografia

A imagem fotográfica, como traço do real, sucinta fenômenos de crença inéditos até o momento de sua

invenção. Mas Barthes vai mais longe: não apenas acreditamos na foto, na realidade do que a foto

representa, mas esta última produz uma verdadeira relação sobre o objeto representado. A “foto do

fotógrafo” implica encenação significativa que tem de ser decodificada pelo espectador de modo cognitivo; mas a foto do espectador acrescenta a essa primeira

relação uma relação plenamente subjetiva, em que cada espectador se investirá de formas singulares ao

apropriar-se de certos elementos da foto que serão, para eles, como pequenos pedaços destacados do

real.

JacquesAumont,1993.

Não pretendemos aqui questionar se uma imagem fotográficarepresentaounãoarealidade–poisexistemmuitascontrovérsiasemdiferentesorientaçõesteóricas–mas,sim,comoaimagemfotográficapodeserumelementodeintervençãonosestudosgeográficos,comocadaindivíduoapropria-sedeelementosdeseucotidianoaoanalisaruma imagem.Esse reconhecimentopréviodeumespectador sobreuma imagem representa nosso objetivo de estudo ao aplicarmos afoto-sequênciaemsaladeaula.Masantestorna-seimperativoexporoqueentendemoscomofoto-sequência.O uso aplicativo didático que aqui explanaremos sobre a foto-

sequência fundamentou-se em parte na oficina: “MetodologiasVisuaisAplicadasàPesquisadosEspaçosPúblicos”,ministradapeloGrupoTerritórioeCidadaniadaUFRJepromovidapeloProgramadePós-Graduação emGeografia daUFSC, no ano de 2011. No campoconceitual não há uma definição teórica relativa ao processo de

Page 6: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

69

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

utilizaçãodasfotografiassequenciais,porémautilizaçãodadaàfoto-sequêncianeste trabalhocorrespondeaumaadaptaçãodométodoidealizadonocursopormeiodoqualtivemosacessoaesseprocesso.Entendemos como foto-sequência a utilização sequencial de

fotografias em um roteiro linear ou não, em que as sequênciasimagéticasirãodarsuporteaoconhecimentodeconceitosedemandastrabalhadaspelageografiaescolar.Emnossaproposta trabalhamoscomas fotografias comopartedeumprocessodidático, focadonoaprendizadodaGeografiaescolar,sendoqueachavedesseprocessoédequecadaalunoproduzasuaprópriafoto-sequência.Acreditamosqueaoproduzirumaimagemfotográficasequencial,

sejaquemfor,estará fazendouma leituradeumespaçogeográficopela utilização de seus conhecimentos prévios.No que diz respeitoaos conhecimentos prévios do espectador em relação à imagem,existeumagamadeestudospertinentesemquesedestacamautorescomoSusanSontag,MartineJoly,RenéGardies,GillesDeleuze,masnocampogeográficoasreferênciasaindanãosãotãovastasassim.Propondoumavisãogeográficadaquestão,recorremosnovamenteaOliveiraJr.queabordaaimportânciarelativaaomododepensarmosarealidade,amparando-nosnasimagens,que,noespaçogeográfico,tanto podem ser entendidas como uma linguagem como objetosculturais:

Apresençadasimagensédegrandeimportâncianomodocomopensamoseagimosna realidade,noespaçogeográfico.Essasimagens podem ser tomadas tanto como parte das práticasdiscursivas–signosdeumalinguagem-,quantocomoobjetosdomundo–obrasda/nacultura(OLIVEIRAJR.,2009,p.18).

Entendemosquetantonopapeldesignodelinguagemtantocomoobjetodeumacultura,a imagemdependerádavisãodemundode

cada espectador, colhida de sua realidade circundante. Quandoadentramos,porexemplo,emumasaladeaulaeperguntarmosparanossosalunoscomoéosertãonordestino,recebemosquasesempreas mesmas respostas: “é seco, tem pobreza, não há água, não tem nada”.Comoeles adquiriramesses conhecimentos?Podemosdizerquegrandepartedesseconhecimentovemde imagensfotográficasutilizadas pelos professores de geografia, cujas representações daspaisagenseespaçossedãoporcenáriosestereotipados.Sim,nosertãopodehaverfaltadeágua,masésóisso?Tentandoinibiressetipodeimagem geográfica estereotipada, acreditamos que a utilização dafoto-sequênciapode servir comomais umametodologiadeensino,emqueopróprioalunorepresentaeapresentaoespaçogeográficoporsuavisãoqueprecisaseralargadaparaalémdaquiloqueaimagemrepresenta.Oalunoaosaberqueafotografiaenquadraalgoeexcluimuitosoutroselementos,játeráanoçãodequenemtudorepresentadoemumaimagemrepresentaotododaquilofotografado.OliveiraJR.observaque

Podemos concluir que o grau de credibilidade das imagens -bemcomooconteúdoconfiáveldecadaimagem-éresultadode um processo complexo, no qual perpassam a natureza daimagem obtida por procedimentos mecânicos ou eletrônicos;a característica de representação da atualidade das imagens:e o compromisso com a verdade, assumido pelo contextode comunicação onde essas imagens aparecem, seja numaconversa entre amigos, um telejornal, um livro didático, umartigo científico. Mas a credibilidade não se ampara somentenessetripé:penetraapróprialinguagemcomaqualasimagenssão criadas ou postas narrativamente. (OLIVEIRA JR., 2009,p.22).

Acitaçãoacimanospermite refletiracercada“verdade” impostapelaimagem,emvirtudedapropostacarregadadeintencionalidadese

Page 7: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

70

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

muitasvezestendenciosaporpartedequemarepassa.Acredibilidade

deumaimagemnãoestásomentenoselementosquedelafazemparte,

mastambémnocontexto,nofocareexcluirdoscenários.Justificamos

nossapropostadeaplicaçãodafoto-sequência-logoadiantedescrita

em seu processometodológico pelo anseio de que fomos tomados

por não concordarmos com grande parte das imagens fotográficas

apresentadas nos livros didáticos de geografia. Estas, entendemos,

possuemumacredibilidadeumtantoquantoquestionável,oscenários

focalizados nessas representações estão generalizando e excluindo

grandepartedasculturaslocaisbrasileiras.Aimagemdeumespaço

geográficonormalmenteapresentadaé“real”,masnãocontemplaa

realidadeespacialcomoumtodo,eistoéapeçachavedesteestudo.

Atém-se ainda em demonstrar como podemos representar aquilo

quefocamos,eatémais,emumaanálisedeimagem,comopodemos

“visualizar” elementos ausentes nela, buscando refletir sobre a

construção das memórias presentes nas imagens, enfim, buscar

refletirsobreaconstruçãodessasrepresentações.Jolyrelata,abaixo,

deformabemesclarecedoracomoascrenças,realidadesememórias

presentesnasimagens,nosservemdeauxilionoestudodasimagens

emumâmbitogeográfico:

Consideraraimagemcomoumamensagemvisualcompostadediversostiposdesignosequivale,comojádissemos,aconsiderá-lacomoumalinguageme,portanto,comoumaferramentadeexpressãoecomunicação.Sejaelaexpressivaoucomunicativa,é possível admitir que uma imagem sempre constitua umamensagem para o outro, mesmo quando esse outro somos nós mesmos. Por isso, uma das precauções necessárias paracompreenderdamelhorformapossívelumamensagemvisualébuscarparaquemelafoiproduzida.(JOLY,1996,p.55,grifodoautor).

Comovemos,nãoé simplesbuscaro entendimentoda realidadedentrodeumaanáliseimagética,etalvezissosetornecadavezmaisdifusoem razãoda complexidadedomundomoderno,mesmoqueaspossibilidadesdeobtençãodeimagensaumentememdecorrênciados avanços tecnológicos. Por outro lado, a imagem nos fornecediferentes eixos de interpretação e análise do espaço geográfico,fornecendo-nosnovosolhareseconsequentementenovasconclusõessobre diferentes demandas. Sobre essa relação entre realidade ereal,buscamososdizeresdaValériaCazettaparatermosumamaiorelucidaçãodaquestãoabordada:

As imagens materializam e congelam momentos de nossaimaginação acercadomundo. Elas nosdizemcomopodemoscapturá-lo,aindaqueparcialmente,pormeiodeaparelhos.Nosdiasatuais, aspossibilidadesdeobtençãode imagens sobreoreal,sejamdequetiposforem,aumentaramsobremaneirase,por conseguinte, tambémosdizeres sobreo realou realidade(CAZETTA,2009,p.72).

O fatoéquenãoestamosdandovezparaaspotencialidadesdasimagens,nemaosalunosparaproduziremsuasimagensgeográficas.No âmbito da fotografia ocorre o mesmo. Quando um aluno vêrepetidamenteimagensrelativasàpoluiçãoambiental,aosriossujos,aotentarreproduzirtalimagemrelativaàgeografia,seufocoseráomesmoriosujo,aindaquenolugarondeelevivaorionãosejapoluídoounãohajarioalgum.Nestecaso,ondeficaapurezadapercepçãolocal?Ondeoucomoosalunosrepresentamseucotidiano?Portanto,podemosnosbasearnadescriçãofeitaporSusanSontagquequestionaapureza,oumelhor,acredibilidadedeumafotografiapararefletirmossobreoquantoaindaasfotografiasganhamstatusdeverdade:“Ofatodeumafotografiaserlouvadaporsuapurezaehonestidadeindicaquequasetodafotografia,certamente,nãoépura”(SONTAG,1981,p84).

Page 8: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

71

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

O procedimento da Foto-Sequência

Nestapropostadeaulautilizamos comometodologiaoprocessodeensinodegeografiaaoqual tivemoscontatoao cursaraoficina,conforme já mencionado, coordenada pelo professor doutor PauloCésardaCostaGomes (daUFRJ) que seutilizadeestudos relativosàsimagensvinculadasaosconceitosgeográficos,tendocomofocoaquestãodosespaçosurbanos.NoQuadro1apresentamosoquadrorelativoaoprocessometodológicodesenvolvidonodecorrerdaoficinaministrada.Cabe destacar que também seguimos esta estrutura aoaplicarmosametodologianoEstágio-Docênciaaquiempauta.

Quadro1-Interpretaçãoeproduçãodeimagens:oolhargeográficoApresentação:elementosgeraisdalinguagemaudiovisualExercício1:InterpretaçãodeimagensfixasExercício2:Interpretaçãodefoto-sequênciasExercício3:Produçãodefoto-sequênciasDiscussãodoExercício3Fonte:GrupodePesquisadaUFRJ:MetodologiasvisuaisemGeografia,2011

Ressaltamos que apesar de seguirmos a estrutura metodológicaapresentada, configuramos novos formatos para aplicarmos nossapropostadetrabalho,algoaceitáveleatérecomendáveldidaticamente,pois se tratadeadaptarmetodologias à realidadede cada situaçãoeducacional.Durantenossapropostadeaplicaçãodafoto-sequência,propusemos

aos alunos participantes o desafio de elaborarem suas própriasfotografias-sequências. Não indicamos uma temática obrigatóriaparaaconfecçãodasfotografias,massugerimoscomotemacentrala inclusão educacional no âmbito da Geografia. Percebemos asdificuldades pelas quais os alunos de Licenciatura em Geografia

passaram ao serem expostos a tal desafio e concluímos o quão éimportantelevantaressasdiscussõesnoespaçoacadêmico.Buscamos discorrer sobre novas metodologias no ensino de

geografia,acreditandonanecessidadedeconstruirmosumainclusãoescolar. Essas novas linguagens, maneiras, jeitos de trabalharpodemcontemplargrandepartedasdificuldadesqueosprofessorestendemaencontrarnomomentoderealizarseusplanejamentosdeaula,sobretudonoquedizrespeitoàtentativadesuprirasdistintasdificuldadespessoaisdecadaeducando.Apoiamo-nosnafotografiaparaestapropostadeensinoporacreditar

queatualmentegrandepartedasfotografiasquesãotrabalhadasnoâmbito do ensino de geografia possui um caráter estereotipado deanálise.Eque,paraselecionarumaimagemparaonossoplanejamentodeaula,faz-senecessáriopensarmossobrecomoiremosaplicaresterecurso, analisá-lo e contemplá-lo. Para visualizarmos melhor essaanálise de uma imagem recorremos novamente a Joly, que trata oassuntodeformabemesclarecedora:

[...] a análise da imagem, inclusive da imagem artística, podedesempenhar funções tão diferentes quanto dar prazer aoanalista,aumentarseusconhecimentos,ensinar,permitirlerouconcebercommaioreficáciamensagensvisuais(JOLY,1996,p.47).

As imagens-sequências já fazem parte de todo individuo quepertence ao sistema global de consumo, através da propaganda,dos quadrinhos e da TV, entre outras modalidades. Na escola, asimagens produzidas pelos próprios alunos quase nunca fazemparte de um processometodológico de ensino.Acreditamos que oaluno, tendoaoportunidadededebater conceitos geográficos combase em sua produção imagética pormeio de uma foto-sequência,

Page 9: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

72

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

poderá representar e representar-se diante do espaço geográficoque está focando e, assim, ampliar sua capacidade pela análisede outras linguagens, consequentemente, desenvolvendo novosconhecimentos.UtilizamosareferênciadescritanosPCNdegeografiaparamostraralgumasdaspossibilidadesdeutilizaçãodaimagemnageografiaescolar.

A Geografia trabalha com imagens, recorre a diferenteslinguagensnabuscadeinformaçõesecomoformadeexpressarsuas interpretações, hipóteses e conceitos. Na escola, fotoscomuns,fotosaéreas,filmesegravuras,evídeostambémpodemserutilizadoscomofontesdeinformaçãoedeleituradoespaçoedapaisagem.Éprecisoqueoprofessoranaliseasimagensnasua totalidadeeprocurecontextualizá-lasemseuprocessodeprodução, e tomar esses dados como referência na leitura deinformações mais particularizadas, ensinando aos alunos queas imagens são produtos de trabalho humano, localizáveis notempoenoespaço,cujos significadospodemserencontradosdeformaexplícitaouimplícita(BRASIL,1998,p.78).

Confiamosqueafoto-sequênciacomoprocedimentometodológico

podepropiciaraoalunoocontatocomnovas linguagensaoestudar

Geografia.Oalunoaoobterautonomiaemconfeccionarsuasequência,

certamente já estará exercitando novos meios de interpretar o

espaço geográfico.Uma potencialidade da imagem sequencial que

podemosdescreveréadelevaroalunoarelacionarovisualcomseus

conhecimentos escolares geográficos, representar-se diante de um

espaçocotidiano,abordandotemáticasdedistintasordens,do local

ao global, comomenciona Sontag: “A fotografia implica, de nossa

parte,umconhecimentoeumaaceitaçãodomundotalcomoacâmara

registra.Oque,porém,éocontráriodoentendimentoquejácomeça

pornãoaceitaromundotalcomoeleé”(SONTAG,1981,p.22).

Esta proposta pode ser trabalhada com conceitos geográficosemdiferenciadas escalas de análise - local ou global - na leitura depaisagens,massempreoalunoexpondoseufoco,trazendosuavisãodo conteúdoabordado, representandoomundo combaseem seusconhecimentosculturaispertinentesaoconteúdotrabalhado.Assim,a fotografiaaqui sugeridacomomeioenãoumfimemsi

mesma,reveste-sedeumcaráterdecontribuiçãoàcompreensãoeàtolerânciaaoespaço,levandoàpossibilidadedeinvestigardeterminadoinstanteapreendidopelaslentesdofotógrafo,trabalhandoimpulsosdas pretensões cognitivas da visão.O trecho abaixo é esclarecedornessesentido:

A fotografia não reproduz simplesmente o real, recicla-o, umprocesso-chave na sociedademoderna.Na forma de imagensfotográficas, novos usos são atribuídos às coisas e eventos,novossignificadoslhesãodados,osquaisvãoalémdadistinçãoentreobeloeofeio,verdadeiroefalso,útileinútil,bomgostoemaugosto.Afotografiaéumdosprincipaisinstrumentosparaaobtençãodaquelaqualidade,queapagataisdiferenças,adstritaàscoisasesituações(SONTAG,1981,p.167).

Essa passagem nos faz pensar sobre a importância de projetarnovasdidáticaspertinentesaosprocessosdeensinoeaprendizagemda Geografia escolar, pela utilização dos recursos tecnológicosdisponíveis,afimdeminimizaraexclusãodoconhecimento.TomamoscomoreferênciaumtrechodeOliveiraJr.buscandodaràimagemnãosóumadimensãopedagógica,mastambéminclusiva:

NocampodaEducação,desdeComênio,asimagensaparecemcomo tendo potência educativa. Nos tempos atuais, elas nãomais aparecem apenas como partícipes da criatividade e daeficiência das ações didáticas,mas também, sobretudo tendoem si mesmas uma dimensão pedagógica, uma potênciasubjetivadora e de pensamento, como o afirmam autores tão

Page 10: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

73

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

díspares e tão próximos quantoDeleuze e Pasolini (OLIVEIRAJR.,2009,p.18).

Interpretandoas ideiasacimapelaperspectivadeumaGeografia Inclusiva, e diante de todas as dificuldades que temos ao nosespacializarmosemnossodiaadia,caberessaltarqueainclusãoaquipretendida não diz respeito somente aos alunos com necessidadesespeciais, mas também aos que não possuem oportunidades deconcluirsuaformaçãonoensinofundamentalnoprazoestabelecidopelo Ministério da Educação (MEC), ou aos que não conseguemdesenvolversuashabilidadesdeleiturasobreumaimagemporfaltadeorientaçãoeoportunidade.Nopróximoitemnosdistanciaremosumpoucodaquestãodasimagensparaexplicarmosmelhoroconceitodeinclusãoaquiproposto.

Um olhar da Geografia para a inclusão

Cabem, pelo menos, duas perguntas em um país onde a figura do cidadão é tão esquecida. Quantos habitantes, no Brasil, são cidadãos? Quantos nem

sequer sabem que não o são?

MiltonSantos,1987

Às interrogaçõesdeMiltonSantosnãoháoqueresponder,esimquestionar ou responder comoutras interrogações: de quemodo aGeografiacomociênciapodeservirparaatenuarasdesiguaiscondiçõessociais?Comocontribuirparaminimizarmosa realidadecitadapeloautor?UmolhardaGeografiapelaperspectivadaInclusãopodeestarmaisdeacordocomumapergunta,doquecomumaafirmação.Comisso buscamos responsabilizar a Geografia como ciência, a fim dequeseempenhenabuscaderespostas frenteàsdesigualdadesque

vivenciamos, sejam elas espaciais, sejam elas sociais ou culturais.Conhecer geografia é saber orientar-se no espaço; é compreenderas ações que nele ocorrem, os protagonistas dessas ações e qual anossa posição diante dessa produção do espaço; é reconhecer asindividualidadesfrenteàsdemandassociais.A ciência geográfica em sua essência possui responsabilidades

relativas à liberdade espacial de qualquer indivíduo inserido numdeterminadoespaçosociogeográfico.Saber“geografizar”nomeioemquevivemosépodercumprirnossodeverdecidadãocomo,abaixo,descrito:

A educação de crianças especiais é um problema educativocomoétambémodaeducaçãodeclassespopulares,aeducaçãorural, a das crianças da rua, a dos presos, dos indígenas, dosanalfabetos,etc.Écertoqueemtodososgruposquemencionoexiste uma especificidade que os diferencia (SKLIAR, 1997, p.14).

Ageografiaperpassaportodososlados,representa-seemdistintoscampos, nosso dia a dia está permeado pela geografia, quer dissotenhamos consciência ou não. No âmbito da inclusão, buscamosentender a geografia como um balizador na concepção de valoresigualitários.Aoconsiderarasresponsabilidadesdageografiaperanteasdiversasdesigualdadessociaisqueencontramos,devemosentendê-la comouma ciência disponível a todos, assim comoa educação, enãoprivilégiodeumaminoria.Énecessário levaroconhecimentoatodosqueodesejaremter.Arelaçãoentreaconcepçãodeespaçoea de inclusão do serminoritário aqui defendida pode sermais bemcompreendidapelaanálisedaconcepçãodeDoreenMassey:

Conceber o espaço como recorte estático através do tempo,como representação, como um sistema fechado, e assim por

Page 11: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

74

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

diante, são todososmodosde subjugá-lo. Eles nospermitemignorarsuaverdadeirarelevância:asmultiplicidadescoetâneasdeoutrastrajetóriaseanecessáriamentalidadeabertadeumasubjetividadeespecializada.(MASSEY,2009,p.94).

Seotempodeveserabertoparaumfuturonovo,entãooespaçonãopodeserequiparadocomosfechamentosehorizontalidadesdarepresentação.Deummodomaisgeral,seotempodeveseraberto,entãooespaçotemdeserabertotambém.Conceituaro espaço como aberto, múltiplo e relacional, não acabado esempre em devir, é um pré-requisito para que a história sejaabertae,assim,umpré-requisito,também,paraapossibilidadedapolítica.(MASSEY,2009,p.95).

Apoiamo-nosnoconceitodeespaçoabertodefendidopelaautorapara termos uma visão de Geografia aberta, que contemple asmultiplicidadespessoais,quesejacontempladaportodose,portanto,não entendida como um sistema fechado e estático. A Geografiatambémnecessitaexpandirseuscompromissosperanteosindivíduosqueainda fazempartedesteespaçosufocado;necessitamosdeumolharmaisgeral,sempreemdevir,comocitado.Seoespaçogeográficoainda se amparamuitas vezes em noções de representação de umsistema fechado, aGeografia, como ciência fundamental, ainda sesustentasobreessanoção.Faz-senecessáriobuscarformasdesuperaresseparadigmadoserinclusoemumespaço.Questionarumespaçofechadoesuascaracterísticaséquestionar

tambéma formade inclusãodegruposminoritárioseseusdireitos.Nestaperspectiva,observamosqueaGeografiatendeanãodiscutirsua necessidade de conhecimento como ciência para todos. NãoestamosfazendoumaGeografiaaberta,nossaspropostasdeestudosnãocontemplamatodos,nãoestamospensandoumconhecimentoem devir, e sim trabalhando com as Geografias em seus sistemasfechados,nãopermeáveis,excluindomuitoseincluindopoucos.

AindapensandonanoçãodeespaçoabertodeMassey,seumespaçocom essa característica leva a uma concepção de história aberta,consequentementeabreapossibilidadedeumapolíticaaberta.Então,podemos indagar: por que não tentamos novas possibilidades de“geografizar”?Essasnovaspossibilidadesrepresentamoeixocentraldestetrabalho,peloqualsebuscanovasformasdepensaraGeografia,novosmétodosdeensino,novasabordagenssobreasimagens,eumadelasésaberqualéafunçãodessaciênciafrenteàinclusãosocialdetodos,paratodos.Acreditar que a desigualdade social é natural nos parece uma

concepção equivocada, ainda que dominante. Igualmente, pensarquetodossãoiguaispareceserumaconcepçãoequivocada,mesmodo ponto de vista das leis, pois existem aquelas às quais estamossubmetidos, porémnão estão a serviço de todos e nem se aplicamigualitariamente.Propondoumareflexãonabuscadasuperaçãodessadesigualdade,

amparamo-nosemMantoanaoabordararelaçãoentredesigualdadeeescalabiológica:

As desigualdades naturais são benéficas porque revelam asmarcasdenovospossíveisnanossaespécie.Elesnoslivramdauniformidadeeconferemaossereshumanosumapeculiaridadequenosdistingueinternaeexternamenteedeoutrosseres,pormaisqueelesseaproximemdetodosnós,nasescalasbiológicasde comparação. Já as desigualdades sociais são produzidas edecorrentes de fatores que envolvem diretamente o controlee a interferência humana e, portanto, passíveis de seremmoralmenteconsideradas(MANTOAN,2006,p.77).

Comovemos,nãopodemosconceberasdisparidadessociaiscomoumfenômenonatural,jáqueédecorrênciadeinterferênciashumanas.São noções estereotipadas que necessitam ser desconstruídas por

Page 12: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

75

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

todos os que almejam uma geografia da inclusão. Se quisermoslevar a geografia a ser um campo do conhecimento necessário aocumprimentodedevereseleisétambémimperativoqueobservemosoquantoseusobjetivosdeestudoestãodeixandodeladoosgrupossociaismais desamparados. Fornecer o conhecimento geográfico atodosouaomenosaosqueodesejarem,passaaserumdeveremdevir.Essa concepção de sociedade comprometida com suas obrigaçõespara uma formaçãomais igualitária diz respeito mais a um direitohumanodoquesimplesmenteàscaracterísticassociais.Nós, como indivíduos, pensamos diferente uns dos outros e

apresentamosnecessidadesdistintas,masaGeografiacomociência,oucampodoconhecimentotemodeverdeforneceraigualdadedeoportunidadedeconhecimentoatodos.Assim,pormeiodaGeografiapodemoscontemplaralgumasfunçõessociaisqueantesnãonoseramacessíveis.TendocomoreferênciaolivrodeJosuédeCastro“AGeografiada

Fome”,podemosrefletirsobresituaçõesdedesigualdadeeexclusão,em que milhões de pessoas ainda estão vivendo, com inúmerasbarreirasequasenenhumacessoaosbensculturaisesociais,enfim,pessoas desprovidas de suas necessidades básicas de subsistência.Diante dessa realidade, uma inclusão geográfica não representaapenasdistribuirmelhoroalimentosobreomundo,masdesvendarasdemandasprioritáriasparao“desenvolvimento”deumadeterminadaregião.Como podemos pensar umaGeografia para a construção de um

mundo em que as relações de poder, sobretudo as econômicas,não se sobreponham às demandas sociais? Josué de Castro jános relatava de forma muita clara, como a fome no Brasil é maisrelativaàsconsequênciashumanashistóricasdoquediretamenteàsdesigualdadesditasnaturais:

Afome,noBrasil,éconsequência,antesdetudo,doseupassadohistórico,comosseusgruposhumanossempreemlutaequasenuncaemharmoniacomosquadrosnaturais.Luta,emcertoscasos,provocadaeporculpa,portantodaagressividadedomeio,queiniciouabertamenteashostilidades,masquasesempreporinabilidadedoelementocolonizador,indiferenteatudoquenãosignificassevantagemdiretaeimediataparaosseusplanosdeaventuramercantil.Aventuradesdobradaemciclos sucessivosdeeconomiadestrutiva,oupelomenosdesequilibrantedasaúdeeconômicadanação(CASTRO,1984,p.16).

EsseentendimentodoautoramparanossodiscursoemrelaçãoàsresponsabilidadesdaGeografiaedosgeógrafosnoquedizrespeitoàinclusão.AtéaquianalisamosaGeografiacomodisciplinacientífica,como campo do conhecimento, atribuindo-lhe, como tal, algumasresponsabilidades; discutimos pensamentos de ordem espacialgeográfica,paraadentrarmosmaisespecificamentenarelaçãoentreinclusãoescolareinclusãogeográfica.Acreditamos que uma maneira de minimizarmos as diferentes

disparidadesdoconhecere fazerGeografiaedoconhecere fazeromundo, estána reformulaçãodosprincípiosque regema formaçãoescolarbásica,naqualumavisãodeGeografiaAbertadeveriaestarcadavezmaispresente,enãomaisembasadaemquestõesestereotipadasda“GeografiaTradicional”,“Teorética”,“Cultural”ou“Crítica”.Assim,poderíamos projetar novas metodologias, novos métodos e meiosdecontemplarmosumasociedade“alfabetizada”geograficamenteeinclusiva,sejaqualforavertentegeográfica.

Propondo a Foto-sequência como metodologia em aula

Comojámencionamos,estapesquisafoiefetuadanaUniversidadeFederaldeSantaCatarinano cursodeGraduaçãoemGeografia,na

Page 13: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

76

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

disciplinadeCartografiaEscolar,tendocomoministranteaprofessoradoutoraRosemyNascimento.Nopapeldealuno-estagiárioministreiasaulasrelativasaoestágio-docêncianosdias23e30deNovembrode2011,àsquartas-feiras,das18h30às22h00,numtotaldeoitoaulas.Noprimeirodiadeaula iniciamoscomalgunsquestionamentosa

respeitodoconhecimentopréviodosalunosdegraduaçãoemrelaçãoaos diferentes conceitos de imagem. Apresentamos duas imagens(Figuras1e2),umadecadavezequestionamos:“O que vocês veem?”;“O que esta imagem apresenta?”; “Qual é a sua percepção sobre esta imagem?”.Paraentendermosmelhoressaquestãodapercepçãoeseusefeitos,

transcrevemos,abaixo,oquepensaAumontarespeito:

[...]umaimagempodecriarumailusão,pelomenosparcial,semseraréplicaexatadoobjeto,semconstituir-senumduplodesseobjeto.Demodogeral, oduploperfeitonãoexistenomundo

psíquicotalcomooconhecemos(donde,talvez,a importânciafantasmáticaemíticadotemaduplo,assimcomoseapresentana literatura, por exemplo), mesmo em nossa época dereprodução automática generalizada. Entre duas fotocópiasdomesmodocumento,porexemplo,hásemprediferenças,àsvezesínfimas,quepermitemdistingui-lasquandosedesejar.A fortiori,afotografiadeumquadronãopodeserconfundidacomessequadro,nemumapinturacomarealidade.Oproblemadailusão é outro bem diferente: trata-se não de criar um objetoquesejaaréplicadeoutro,masdeumobjeto–aimagem–quedupliqueasaparênciasdoprimeiro(AUMONT,1993,p.102).

A interpretação das imagens apresentadas acima tende a teruma característica contraditória em sua representação. Podemospensar que isso ocorre, entre outrosmotivos, pela sua insuficiênciainformativa e pela sua linguagem ambígua. Tais insuficiências ouproblemaspodemcomprometernosso sistemaperceptivo, jáqueé

Figura1-Aambiguidadedeimagens:patooucoelhoFonte:Disponívelem<http://sinalizando.blogspot.com/2009/05>.Acessoem:29/08/2012.

Figura2-OcachimbodeMagritteFonte:Disponívelem<http://anyblogiwant.blogspot.com/2010/08>.Acessoem:29/08/2012.

Page 14: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

77

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

basicamentepormeiodele,conformeAumont,queelaboramosnossainterpretaçãoimagética.EconformenosensinaAumont:

Reconhecer alguma coisa em uma imagem é identificar, pelomenosemparte,oquenelaévistocomalgumacoisaquesevêousepodevernoreal.É,poisumprocesso,umtrabalho,queempregaaspropriedadesdosistemavisual(AUMONT,1993,p.83).

VoltandoàsFiguras1e2,duranteoquestionamentopercebemosos anseios dos graduandos em relatar o que interpretavam sobre aFigura 1, certamente por sua ambiguidade. Muitos falaram ser umpato, outros um coelho, outros ainda um pato ou um coelho. NaFigura2quasetodosfalaram:“umcachimbo”.Quandointerferiapósdeixá-los ver as imagens em silêncio, perguntei: se aquela imagemfosse um cachimbo conseguiríamos, então, fumar nele?Após essequestionamentoeoentendimentodequenãopodemosfumarnestecachimbo,jáquesetratadeumarepresentação,surgiramintervençõesrelativasà representaçãodeuma imagem:elaéoquequerser?Ourepresentaoqueé?Paramaiorclarezadesseângulodeinterpretaçãodaimagemesuascaracterísticas,suadubiedadeantearepresentaçãodorealamparamo-nosnotrecho,abaixo:“Jáinsistimos,noscapítulosprecedentes,nofatodequeolharumaimageméentraremcontato,a partir do interior de um espaço real que é o do nosso universocotidiano,comumespaçodenaturezabemdiferente,odasuperfíciedaimagem”(AUMONT,1993,p.140).AodiscutirmossobreaFigura1,seelarepresenta um pato ou um

coelho,ouosdois,osgraduandoscomeçaramaabordaraquestãodailusão, das representações e significados inclusos emuma imagem.Percebemos que essa reflexão foi útil antes de iniciarmos nossaproposta da foto-sequência. A descrição a seguir nos auxiliou naexplanaçãosobreilusão:

Apossibilidadeda ilusãoéde fatodeterminadapelasprópriascapacidades do sistema perceptivo, na definição extensivaque lhedamos.Sópodehaver ilusãoseduascondições foremsatisfeitas:a)Condiçãoperceptiva:osistemavisualdeveser,nascondiçõesemqueestácolocado,incapazdedistinguirentredoisoumaisperceptos.b)Condiçõespsicológicas:comotambémjáfoivistoosistemavisual,colocadodiantedeumacenaespacialmaiscomplexa,entrega-seaumaverdadeira interpretaçãodoquepercebe(AUMONT,1993,p.98).

Acrescentaríamos que a possibilidade de ilusão é tambémdeterminadapelascaracterísticasdaprópriaimagemquepermiteseranalisadaporângulosdediferentespontosdevista.NocasodaFigura1, por exemplo, conforme o prisma de visão adotado, houve quemafirmasseserumpatoequemafirmasseserumcoelho.Após debatermos sobre essas imagens, apresentamos aos

graduandosumasequênciade imagensnaturaisquerepresentavamo fenômeno do mimetismo de insetos, plantas e animais.Algumasdelas foram muito questionadas pelos alunos, relatando que nãoacreditavamcomotalfenômenopodesertãoilusório.Aopropormosas imagens caracterizadas pelo mimetismo, esclarecemos quealgumas delas podem ser facilmente perceptíveis como não sendoilusórias,masqueparaoseremquestãoelaéilusóriaosuficienteparasuasobrevivênciananatureza.Aumontéesclarecedorquandoabordaarelaçãoentreimagememimetismo:

Háváriasespéciesdeilusões“naturais”quenãoforamproduzidaspela mão do homem. Citemos o exemplo muito conhecidode insetos cujas capacidades miméticas são surpreendentes:aranhas que imitam formigas, borboletas que possuem umasegunda“cabeça”atrás,insetosqueseconfundemcomgalhosondeestãopousadosetc.Essasilusõesservemparacorroboraro que acabamos de dizer: à eventual perfeição da imitaçãopuramente visual, acrescenta-se quase sempre a perfeita

Page 15: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

78

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

contextualização dessa imitação, que completa o embuste(AUMONT,1993,p.99).

Apósdebatersobreaquestãodomimetismoeimagem,passamosmaisumasequênciade imagenscomrepresentaçõesdistintas,mascom valores semelhantes, imagens estas quemostravam a rupturadageografiacomomedieval,períodoemqueageografiacomeçoua desenvolver-se como ciência empírica. Observamos o caráterdescritivodepaisagensdemuitasdelas,maspercebemos,emgrandepartedasobrasdearteanalisadas,apresençadohomemnaimagem.Grandepartedosgraduandosrelatouqueessasimagens–namaioriaquadros dos séculos XVII e XVII – eram imagens prazerosas, comdetalhes perfeitos. Esse comentário propiciou um diálogo sobre oquantoasimagensgeográficasevoluíramatéostemposatuais.

A imagem em geral costuma ser vista como uma espécie deextensãoda imagemartística.Oprazerqueelaproporcionaé,pois,damesmaordem,emborasejaemoutroregistro(paródico,irônico, lúdico como na imagem publicitária, por exemplo).Atéa imagemdocumentária,quedeve seuvaloraoprazerdainvenção:osgrandesfotógrafosoucineastasdedocumentários,deFlahertyaDeparton,sãoosquemostramseuolharaomesmotempoemquemostramomundo.Porqualquerânguloquesejaconsiderado,oprazerdaimagemésempre,emúltimainstância,oprazerdeteracrescentadoumobjetoaosobjetosdomundo(AUMONT,1993,p.327).

Passados esses diálogos sobre a epistemologia da geografia e asimagens, lançamosmais trêsquestionamentosaosgraduandos:emqueocasiãoageografiaampara-senasimagens?Emqualsituaçãovocêseutilizadeumaimagememsuaanálisegeográfica?Ageografiaexistesemaimagem?Duranteessaetapatodosconcordaramqueageografiaé uma ciência visual, que nos amparamos em distintas análises de

imagens,queosmapas,cartasefotografiasaéreassãocadavezmaiscaracterizadoscomopertencentesàgeografia.Chegamosàconclusãodequeas imagensutilizadasnageografiapossuemdois valores: asditascomoreaisincontestáveis-mapas,fotografiasaéreas-easquevêmganhandocadavezmaisprestígio–internet,filmes,fotografiascomuns–emboraemambososcasosaindasejamtidascomomeroauxilioàsdiferentesproblemáticaspertencentesàgeografia.Quiçá,oaprofundamentodosestudosnaáreapossapermitirareavaliaçãodessalinguagemeatribuir-lheseurealvalor.

Nos últimos anos, tem se ampliado o número de pesquisase trabalhos envolvendo as muitas linguagens nas qual oconhecimento geográfico é produzido. Tanto imagenstradicionalmenteutilizadaspelosgeógrafos–mapas,fotografiasaéreas,imagensdesatélite–quantooutrasmenoscomunsnostrabalhosgeográficos–desenhos,fotografias,pinturas,cinema,televisão–passarama serobjetodeestudodeprofissionaiseprofessoresdeGeografia(OLIVEIRAJR.,2009,p.19).

Aplicando o método da foto-sequência

Uma das funções primordiais da análise é sua função pedagógica. Embora possa se exercer em um

contexto institucional como a escola e a universidade, a análise com objetivo pedagógico não se atém a ele. Pode ser feita nos locais de trabalho, na qualidade da extensão cultural, mas também na própria mídia que

utiliza a imagem. O que pode ser uma boa maneira de o espectador escapar à impressão de manipulação,

aliás, tão temida.

MartineJoly,1996.

ApropostadeEstágio-Docênciaaquiempautatevecomoobjetivosprincipaisapresentarageografiacomocampointimamentevinculadoàproduçãodeimagensdomundoediscutirosprincipaiselementos

Page 16: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

79

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

envolvidosnainterpretaçãoeproduçãodeimagensporumaabordagemgeográfica,refletindoacercadosmétodosdeensinosobreaproduçãoimagética.Tomandocomoembasamentoacitaçãoabaixo,podemospensarumpoucomaisemnossosobjetivospropostosemrelaçãoaosolhosdoobservador,aquinossoaluno,representadocomofotógrafo.

Educarosolhosnãoésomentefazê-losvercertascoisas,valorarcertostemasecoreseformas,masé,sobretudo,construirumpensamento sobre o que é ver; sobre o que são nossos olhoscomo instrumentos condutores do ato de conhecer, levando-nosmesmoaacreditarqueveréconheceroreal,éteresserealdiantedenós(OLIVEIRAJR.2009,p.19).

O desenvolvimento do processo de diálogo e a apresentação dedistintas fotografias respectivas à geografia e à inclusão instigaramos graduandos em geografia ao desafio de produzirem sua própria

conhecimento relativo à cartografia escolar, em uma perspectivainclusiva.

Nessa proposta formaram-se grupos de dois ou três alunos, e

cada grupo teria que produzir de três a cinco imagens fotográficas

sequenciais,ouseja,umafoto-sequência.Astemáticasdasfotografias

deveriamrelacionar-seàgeografia.Apósaprodução,cadagrupoas

apresentariaparatodaaturma.Foramproduzidas13fotos-sequênciascomosmaisdiversostítulos.

Tivemos abordagens relativas à mobilidade urbana, ao ensino de

geografia,orientação,culturalocal,poluiçãoambiental,territorialidade,

planejamentourbano,cotidiano,einclusãoeducacional.Dentreessas

13 fotos-sequências, três abordarama temáticageográficaemumaperspectiva inclusiva.Paraospropósitosdestaabordagem,uma foiselecionadapormelhoraproximar-sedosobjetivosdestapesquisa.

A Foto-sequência: o trabalho docente e a inclusão

Figura3–OtrabalhodocenteeainclusãoFonte:Foto-sequênciadeLeandroA.ZanluchieRafaelB.Silveira,2011foto-sequência. Pelo fato de a disciplina ser na área de licenciatura

em geografia, mas especificamente de cartografia escolar, nãofizemos imposições sobre a temática relativa às fotos sequenciais,apenasorientamos sobre a possibilidadedepensaremnageografiaporumprismainclusivo,poisosalunosdessaturmajáestavamtendo

A foto-sequência apresentada acima (Figura 3), com o título “Otrabalho docente e a inclusão”, foi elaborada pelos graduandosLeandroA.ZanluchieRafaelB.Silveira.

Page 17: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

80

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

Aopropormosessaatividademetodológica,deixamosbemclaroque

asimagenscaptadasouproduzidasnãonecessariamenteprecisariam

serdefenômenosreais,poderiamsersimulaçõesdeacontecimentos,

induzidas ou não. Cada grupo poderia livremente formar cenários,

situações e acontecimentos que levariam a um questionamento no

âmbitodageografia,emalgumsentido.

Nesta foto-sequência os alunos simularam um professor de

geografiadeparando-se comumalunocomnecessidadesespeciais,

maisespecificamenteacegueira.Semsaberoquefazerparalevaro

alunoàcompreensãodacartografia–leiturademapas–oprofessor

tevequevoltarapensarnovasmetodologias.Frenteaessasituação

o professor recorreu ao Laboratório de Cartografia Tátil e Escolar

pertencenteàUFSCondesãodesenvolvidasmetodologiaserecursos

didáticosparaalunoscomnecessidadesespeciaisvisuais.Nessecaso,

o professor “representado” teve que desenvolver um novo tipo de

mapa,comlimitesem“relevo”,afimdequeoalunocegopudesseter

uma“visualização”tátilmentalsobreaquestãoabordadaemaula.

Não iremos aqui detalhar os acontecimentos ocorridos em aula

durantenossosdebateseexposiçõesfotográficas;destacamoscomo

asutilizaçõesdaimagememdiferentescontextospodemnosauxiliar

emnossadocência.Osdebates,apontamentosesugestõespertinentes

às 13 apresentações foram demuita relevância.Observamos novos

olhares,questionamoscenáriosedescrevemosconceitosgeográficos.

Esperamos que esse processo aqui proposto forneça subsídios para

aquelesqueanseiamdesenvolverouconhecermelhorarelaçãoentre

imagemegeografia.

Considerações Finais

A leitura geográfica de imagens exige uma metodologia visual, não necessariamente limitada a

aportes geográficos.

JörnSeemann,2009

Durantenossoprocessodeestudopercebemosoquantopodemos

eprecisamosevoluirnossaspercepçõessobreaanálisedasimagens.

Acreditamos que com esta pesquisa tivemos a oportunidade de

dialogar com as potencialidades da imagem sequencial no ensino

de geografia escolar, debater sobre alguns problemas pertinentes

à imagemquando trabalhada geograficamente e contribuir comos

profissionaisdoensinodageografiaquesentemanecessidadedeuma

metodologiadiferenciadaparaensinargeografia.

Pretendemosmostrarcomoafotografiapodeserumelementode

intervençãonosestudosgeográficos,comocadaindivíduoapropria-se

deelementosdeseucotidianoaoanalisarumaimagem.Acreditamos

naevoluçãogeográficaqueobtivemosaoapresentarageografiacomo

campo intimamente vinculado à produção de imagens do mundo,

dialogandocomoselementosenvolvidosnainterpretaçãoeprodução

deimagens.

Observamos que uma análise imagética nos fornece diferentes

eixos de interpretação e análise do espaço geográfico, provendo-

nos novas formas de visão e linguagens, consequentemente novas

conclusões sobre diferentes demandas. Esta abordagem sobre as

imagens pode nos fornecer respostas frente à nossa relação como

espaçogeográfico.Compreenderaspotencialidadesda imageméo

mesmoqueseralfabetizadoemoutralinguagem.

Page 18: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

81

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

Recorrer às imagens pode ser um valioso subsídio, porque asrepresentações em forma de imagens podem nos fornecer umembasamentopréviodediferentesrealidadescomasquaisnãotemosafinidade,ouatémesmodasquaisaindanão temosconhecimento.Defendemos o resgate da transcendência da imagem de que falaAumont,abaixo.Se,conformeoautor,estamosaindanacivilizaçãoda linguagem, que a esta seja incorporada a poderosa linguagemimagéticacomo importantecomponentenametodologiadoensinodaGeografia.

Assim,averdadeirarevoluçãodasimagens,sehouveralguma,está distante, atrás de nós, na época em que, ao reduzirem-seprogressivamenteamero registro (pormaisexpressivoquefosse)dasaparências,perderamaforçatranscendentequehaviapossuído. Pode perceber-se hoje uma retomada da imagematravés da multiplicação das imagens: mesmo assim, nossacivilização ainda continua a ser, quer se queira ou não, umacivilizaçãodalinguagem(AUMONT,1993,p.328).

Acreditamos que a academia necessita voltar mais seus olharespara as abordagens atuais da imagem, e aGeografia como ciênciaoucampodoconhecimentonãopodeficardesatentoaestaquestão.Somos formadores de cidadãos e de opiniões, necessitamos geraruma compreensão de mundo mais ampla e um mundo adepto anovasleituras.Essapretensãodeatribuirodevidostatusàsimagensnageografiaéumprocessoárduo,dinâmicoedesafiador,masestaaplicaçãopensadade umpontode vista pedagógico pode fornecergrandeauxílioaoensinodegeografia.Entendemos que este estudo nos permite afirmar que uma boa

análise de imagens precisa primeiramente de um objetivo bemdefinido, esclarecido e conhecido. Preenchida essa premissa,partiremos para nossas diferentes formas de execução, utilizando

nossasprópriasferramentasparaalcançá-lo,quesãopartesintrínsecasparaaconclusãoeoresultadoesperado.Defato,aanáliseporsisónãocontemplaopotencialcontidoemumaimagem,oobjetivodeveservirdeorientação,umaformadeprojeçãoparaelaborarmosnossametodologia,eistofoioqueaplicamosnestaexperiênciadeensino.Nosso objetivo era fazer com que os alunos interpretassem de

diferentes formas a relação entre imagem e inclusão educacional.Obtivemosresultadospositivosnãosóaotérminodasapresentações,masdurantetodooprocessodedesenvolvimentodotrabalho,desdea análise das imagens, passando pelo planejamento e roteiro daconfecçãodelas,atéaapresentaçãodotrabalhofinal.Concluímosqueopontocomumentreasdiversassignificaçõesda

palavra“imagem”éodaanalogia.Visualounão,naturalouartificial,uma“imagem”é,antesdetudo,algoqueseassemelhaaoutracoisa.Aidealizaçãodesuacompreensãoestánanecessidadedelevaremcontaalguns contextos da comunicação, da história de sua interpretaçãoe de suas especificidades culturais. Querer analisar a imagem porum viés geográfico e pedagógico pode ser bemmais eficaz do quenossosobjetivosiniciaisdeixavamentrever,portanto,tentardecifrar,analisareentenderoespaçopelasimagenspodenosfornecergrandesresultadosnoâmbitodaciênciageográfica.Aimagempodenosfornecerinstrumentosdeintercessãoentreo

homemeoprópriomundo,desvendarasdiversasproduçõeshumanasqueestabelecemumarelaçãocomomundovisual,servindoparaveroprópriomundoeinterpretá-lo.“Palavraseimagenssãocomocadeiraemesa: se você quiser se sentar àmesa, precisa de ambas” (JOLY,1996,p.115).Sabemos que durante um processo de docência diferentes

potencialidades surgirão em diferentes lugares. Afirmar o quantofoiproveitosoemnossapropostanãoquerdizerquetodasasoutrastambém serão, mas podemos ressaltar o quanto as análises das

Page 19: The photo sequence as a support for teaching geography: a ... · quer inclusiva e conclui pela necessidade de atribuir o devido status às imagens no âmbito da ciência geográfica

Art

igo

s

82

ISSN 2238-0205

A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro

Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012

imagens,trabalhadasemsaladeaula,podemfornecernovasvisõesemaneirasdepensarerefletirsobreoespaçogeográfico.Oobjetivoaqui perseguido foi o de mostrar como o ramo das imagens podeser utilizado na educação geográfica. Desse enfoque, diferentesproblemáticassurgiramequesónosdemoscontaaodesenvolverotrabalho,poisnosdeparamoscomdiferentesinterpretaçõeseanálisedeimagensquenosforampropiciadasporessapráticaeducativa.Esperamosqueaofinaldesteprocesso,possamostercontribuído

com o vasto campo do ensino e com as diferentes metodologias,seja essa contribuição em forma de produção teórica ou prática.Acreditamos fazer-se necessário darmos vez a essa temática empesquisas acadêmicas nacionais, porque “uma educação que temcomoobjetivoaautonomiadosujeitopassapormuniciaroalunodeinstrumentosquelhepermitampensar,sercriativoeterinformaçõesarespeitodomundoemquevive”(CALLAI,2002,p.103).

Referências

AUMONT,Jacques.A imagem. TraduçãodeEsteladosSantosAbreu.Campinas:Papirus,1993.320p.

BRASIL,SecretariadaEducaçãoFundamental.Parâmetroscurricularesnacionais:Geografia(5ªa8ªséries).Brasília:MEC/SEF,1998.

CALLAI, Maria H. C. Estudar o lugar para compreender o mundo.In: CASTROGIOVANNI,AntonioC.Ensino de Geografia: práticas e textualizações no cotidiano.PortoAlegre:EditoraMediação,2002,p.83-134.

CASTRO,Josué.Geografia da Fome: OdilemaBrasileiro,pãoouaço?RiodeJaneiro:EdiçõesAntares,1984.318p.

CAZETTA,Valéria.Ostatusderealidadedasfotografiasaéreasverticaisnocontextodosestudosgeográficos. Pro-Posições,Campinas,v.20,n.3,set./dez.2009,p.62-71.

COSTA,MariaH.B.V.da.Espaçosdesubjetividadeetransgressãonaspaisagensfílmicas. Pro-Posições,Campinas,v.20,n.3,set./dez.2009,p.88-109.

CUNHA,AntônioG.Dicionário etimológico da Língua Portuguesa.RiodeJaneiro:LexikonEditoraDigital,2007.712p.

DELEUZE,Gilles.A imagem-tempo. Tradução de Eloísa deAraújoRibeiro.SãoPaulo:Brasiliense,2007.340p.

JOLY,Martine.Introdução à análise da imagem. TraduçãodeMarinaAppenzeller.Campinas:Papirus,1996.152p.

MANTOAN,MariaT.E.Inclusão Escolar: pontosecontrapontos.SãoPaulo:Summus,2006.104p.

MASSEY,Doreen.Pelo Espaço: uma novapolíticadaespacialidade.TraduçãodeHildaParetoMacieleRogérioHaesbaert.RiodeJaneiro:BertrandBrasil,2009.312p.

OLIVEIRA JR,Wenceslao M. de. Grafar o espaço, educar os olhos.Rumoageografiasmenores. Pro-Posições,Campinas,v.20,n.3,set./dez.2009,p.17-28.

SANTOS,Milton.O espaço do cidadão.SãoPaulo:Nobel,1987.176p.

SEEMANN,Jörn.Arte,conhecimentogeógrafoeleituradeimagens. Pro-Posições,Campinas,v.20,n.3,set./dez.2009,p.30-43.

SKLIAR,Carlos.Educação & exclusão:abordagenssócioantropológicas emeducaçãoespecial.PortoAlegre:EditoraMediação.1997.156p.

SONTAG, Susan. Ensaios sobre fotografia. Tradução de JoaquimPaiva.RiodeJaneiro:Arbor,1981.178p.

SubmetidoemAbrilde2012.RevisadoemJunhode2012.AceitoemSetembrode2012.