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A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro
Geograficidade | v.2, Número Especial, Primavera 2012
A FOTO-SEQUÊNCIA NO AUXÍLIO AO ENSINO DE GEOGRAFIA: UM OLHAR SOBRE A INCLUSÃO EDUCACIONALThe photo sequence as a support for teaching geography: a view on inclusión in education
Roberto Souza Ribeiro1
1 Geógrafo,educadoremestrandodoProgramadePós-GraduaçãoemGeografia,UniversidadeFederaldeSantaCatarina(UFSC)[email protected]. DepartamentodeGeociências,CentrodeFilosofiaeCiênciasHumanas,UniversidadeFederaldeSantaCatarina(UFSC)CampusUniversitário,Trindade.88040-900.
Florianópolis,SC.
Resumo
O intuito deste artigo é a descrição e a análise de um processo deestudodesenvolvidonoEstágio-DocênciaemníveldeMestradoemGeografia,daUniversidadeFederaldeSantaCatarina,disciplinaGCN-CartografiaEscolar,oferecidapeloCursodeGraduaçãoemGeografia,cujo focoéa temáticada imagem,especificamentea fotografiaeafoto-sequência.Alémdeapoiar-senapesquisabibliográficaefetuada,esse estudo fundamentou-se numa pesquisa em nível demestradodirecionada ao uso da foto-sequência como recurso metodológiconageografiaescolar, tendocomoumdeseusflancosa temáticadainclusão educacional em geografia. Também buscou subsídios emumestudorealizadopelogrupodepesquisadaUniversidadeFederaldo Rio de Janeiro (UFRJ) concernente a metodologias visuais emgeografia,mais especificamente o uso da foto-sequência.O estudodiscuteaimportânciadautilizaçãodaimagemnumageografiaquesequerinclusivaeconcluipelanecessidadedeatribuirodevidostatus às imagensnoâmbitodaciênciageográfica.
Palavras-chave: Ensino de Geografia. Metodologias visuais emGeografia.Inclusãoeducacional.
Abstract
The present paper describes and analyses the study processesdeveloped during a teaching internship (Master’s Program inGeography, University of the Santa Catarina, seminar on scholarcartography)whosefocuswastheimage,specificallyphotographsandphotosequences.Thisstudywas inspiredbyaspecificbibliographicframeworkandbasedonaresearchprojectthataimedtostudytheutilizationofthephotosequenceasamethodologicaltoolforschoolgeography,with the thematic focus on the educational inclusion ingeography.Wealsoleanedonastudy,carriedoutbyaresearchgroupattheFederalUniversityofRiodeJaneiroUniversity(UFRJ)thatdealtwithvisualmethodology ingeography, specifically theuseofphotosequences.Thisstudydiscussestheimportanceoftheutilizationoftheimageinaformofgeographythatoughttobeinclusive,concludingthat there is anecessity toassigna specific status to images in thescopeofthegeographicscience.
Keywords:TeachingGeography.VisualmethodologiesinGeography.Educationalinclusion.
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A foto-sequência no auxilio ao ensino de geografia: um olhar sobre a inclusão educacionalRoberto Souza Ribeiro
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Introdução
Incursionandopelatemáticadainclusãoeducacionaldialogaremos,neste artigo, com as potencialidades da imagem sequencial noensinodegeografiaescolar,bemcomodebateremossobrealgumasquestõespertinentesàimagemquandotrabalhadageograficamente,esperando contribuir com os profissionais da área que necessitamde uma metodologia diferenciada na educação geográfica. Otrabalho analisa um processo de estudo desenvolvido no Estágio-Docência em nível de Mestrado pelo Programa de Pós-GraduaçãoemGeografiadaUniversidadeFederaldeSantaCatarina(UFSC),nadisciplinadeCartografiaEscolaroferecidapeloCursodeGraduaçãoem Geografia relativo à quinta fase. Apresentando conceitos epensadoresquedialogamcientificamentecomtalcampodeestudo,terá como foco o tema da imagem no campo da geografia, maisespecificamente a fotografia e a foto-sequência. Serão discutidosconceitos, características e interpretações desse objeto de estudo,correlacionado à geografia inclusiva. Também é objetivo destetrabalho debater sobre as diferentes demandas concernentes aoensinodegeografiaparatodos,dialogarsobrecomoosprocessosdeensinoestãosendoutilizadoscomsujeitosportadoresdenecessidadesespeciais,visandoàconquistadaindividualidadesocial.EmbasadoemestudoselaboradospeloProgramadePós-GraduaçãoemGeografiada Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que desenvolvepesquisas relativas às metodologias visuais aplicadas à geografia,entendemosatemáticadafotografiacomoumcampoespecíficodaimagememseusentidoamploe,portanto,neleincluso.Assimsendo,afotografiaserádescritacomoumprocessometodológico.Poressemotivoacontribuiçãodestetrabalhoseráadeapresentarageografiacomocampointimamentevinculadoàproduçãodeimagensdomundo,
dialogandosobreosprincipaiselementosenvolvidosnainterpretaçãoeproduçãodeimagenscombasenumaabordagemgeográfica.Caberessaltarquebuscamossempreumareflexãoacercadanecessidadedeinclusãoescolaratodosaquelesqueademandarem.Ainda pretendemos discutir sobre como a imagem atual pode
servir de método de estudo no âmbito da geografia escolar, masparaefetivarmosnossapropostadeutilizaçãodafoto-sequênciaemsala de aula pela perspectiva da inclusão social. Para a consecuçãodosobjetivosaquenospropomos,necessitamosdeantemãodeumembasamentoteóricorelativoaoconceitodeimagemedesuaanálise.Porém, antes da descrição teórico-metodológica faz-se necessáriofocalizarotermoemseusaspectosetimológicos.
Imago, Imagināre, Imagem e a Geografia
Na busca conceitual relativa à palavra imagem, deparamo-noscom um amplo campo de abordagens, quase que inacessível dadaà abrangência e sua complexidade, algumas semelhantes entre si,outrasnemtanto.Nocampodaetimologia,apalavraimagemsofrenovamente distintas denominações entre diferentes civilizações eperíodoshistóricos.Aquinosembasaremosnoconceitodescritopelodicionárioetimológicoda línguaportuguesa,deAntonioGeraldodaCunha,noqualencontramos:
Imagemsf.‘Representaçãodeumobjetopelodesenho,pintura,esculturaetc.’‘Reproduçãomentaldeumasensaçãonaausênciada causaqueaproduziu’ ‘reflexodeumobjetonoespelhoounaágua’ ‘figura, comparação, semelhança’ |XIII,ymagen,XIII,omagen XIII, imagêeXIVetc.|Dolat.Imago-ginis||imaginação XIV.Do lat. Imaginatto- ōnis || imaginante 1881 || imaginar |emaginarXIV,enmaginarXIVetc.Dolat.Imaginãre||imaginário XVI.Dolat.Imaginārius||imaginativasf.‘artedefazerimagens’
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XVI. Do lat. Imaginōsus || imagismoXX. Do ing.Magism, de image‘imagem’deriv,dofr.Image e,este,dolat.Imago- ginis || imagistaXX.Doing. Imagisit || imagoXX.(CUNHA,2007,p.425).
Comovemos,otermoimagempossuisuagênesenoLatim(imago-
ginis). Observemos que o termo expressa a capacidade de formar
uma imagemmental de algo, já peladerivaçãode Imago “imagem
representação”damesmaraizdeimitari,“copiar,fazersemelhante”.
Essacapacidadedeformarumaimagemmentaldealgooudecopiar,
fazersemelhante,contemplaumidealpeculiaràGeografia.Voltando-
nosàepistemologiadaGeografia,aimagemsempreestevepresente
nosmétodos de análise geográfica. Na geografiamoderna de Karl
RittereAlexandervonHumboldtdentretantosoutros,porexemplo,
pensarageografiacomociênciasedeupeloestudodosistemanatural
das relações espaciais como objeto da geografia - a imagem vista
ougrafadapassouaintegrarumprocessoempíricodecorroboração
de seus métodos de análise. Pensando a imagem por um prisma
geográfico, recorremos aos estudos deMartine Joly para obtermos
maior entendimento dos conceitos e significados pertinentes, sua
diversidadeesignificaçãoquandoseousaanalisar.Jolyescreveque
Otermoimagemétãoutilizado,comtantostiposdesignificaçãosemvínculoaparente,queparecebemdifícildarumadefiniçãosimplesdele,querecubratodosseusempregos.Defato,oquehádecomum,emprimeirolugar,entreumdesenhoinfantil,umfilme,umapinturamuralou impressionista, grafites, cartazes,umaimagemmental,umlogotipo,“falarporimagens”etc.?Omaisimpressionanteéque,apesardadiversidadedesignificaçõesdapalavra,consigamoscompreendê-las.Compreendemosqueindica algo que, embora nem sempre remeta ao visível, tomaalguns traços emprestados do visual e, de qualquer modo,dependedaproduçãodeumsujeito:imagináriaouconcreta,a
imagempassapor alguémqueaproduzou reconhece. (JOLY,1996,p.13).
Diante de tanta diversidade, como “reconhecemos” as imagens
trabalhadaspelageografia?Osmapas,cartas,paisagens,sejaqualfor
aimagememanálise,têmafunçãodedarsuporteaoentendimentodo
espaçogeográfico,masnemsempreaimagemqueamparaaanálise
doespaçoépertinenteaotempohistóricoemestudo.
ÉcomoanalisaJacquesAumont:
Se a imagem contém sentido, este deve ser lido por seudestinatário, por seu espectador: é todo o problema dainterpretaçãodaimagem.Todossabem,porexperiênciadireta,que as imagens, visíveis de modo aparentemente imediato einato,nemporissosãocompreendidascomfacilidade,sobretudose foram produzidas em um contexto afastado do nosso (noespaçoounotempo,as imagensdopassadocostumamexigirmaisinterpretação).(AUMONT,1993,p.262).
Entãoquaissãoosprocedimentosdeanálisedeumaimagempela
geografia?
De antemação, podemos afirmar que, ao levarmos em conta um
determinadoespaçogeográfico,estamosnosamparandoemalgum
tipodeimagemrealounão,tecnológicaouartística.
Noestudoemquestão,paraefetuarumaanálisedaimagemnocampo
dageografiafoinecessáriorefletiracercadosalunosqueparticiparam
da foto-sequência como espectadores de um espaço geográfico
temporal.Tivemosquepensarnaaplicaçãodafoto-sequênciacomo
um método pedagógico em sala de aula. Buscamos referências a
respeitodaspotencialidadesdasimagens,sobresuasespecialidadese
temporalidades,tantocognitivasquantoaplicativas.Essasreferências
nosderamsuporteparaacompreensãodequãovastoéo ramodo
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conhecimentonoquedizrespeitoàsimagens,eoquantoosestudos
quetratamdotemadizemrespeitotambémàgeografia.Noâmbito
dageografia,osestudosfocalizadosnacontribuiçãodasimagensemgeral,emboranãotãovastosassim,atualmenteestãoganhandomaiorvisibilidade.Buscandoembasamentosobreasdiferentesutilizaçõesdaimagemnosmétodosgeográficos,recorremosaWenceslaoMachadodeOliveira Jr. que realiza uma abordagem relativa às imagens e àgeografiadeformabemesclarecedora:
Vertentesmaisrecentes,comoaGeografiaCulturaleaGeografiaHumanística, passaram a tomar para si as imagens comfenômenodeinteressegeográfico,partindodoprincípiodequeelas atuam fortementena atual partilhado sensível, realizadatambémnasnarrativasem imagensacercadomundonoqualvivemos(OLIVEIRAJR.,2009,p.18).
Compreenderomundoaoqualpertencemosébuscardefiniçõese
explicaçõesgeográficassobrenossasmaneirasdenosrelacionarmoscomoespaço,entendermosasformasdeorganizaçãosocialaolongodo tempo e do espaço. Por sermos uma sociedade em constantereorganização, transformação e adaptação, o espaço geográficotambémoé,assim,recorreràanálisedaimagemnoâmbitogeográficofaz-senecessárioparaobtermosmaiorcompreensãosobreemqueecomoestamosnosmodificandoenquantosociedade.As transformações espaciais ocorrem constantemente - neste
momentodesualeituraébemprovávelqueestejaocorrendoalgoemalgumespaçomundial,transformandoalgumaestruturasócio-espacial.Dessemodo,é importantesabermoscomopodemosestruturar tais
conceitos geográficos, estáticos ou não, em um contexto histórico
atual. Recorrer às imagens pode ser um auxilio; as representações
emformadeimagenspodemnosfornecerumembasamentoprévio
de diferentes realidades com as quais não possuímos afinidade,ou até mesmo das quais ainda nós não possuímos conhecimento.Nós, geógrafos, somos espectadores desta grande peça teatralque é omundo – seja ela física ou social - e buscar respostas paranossas vivências não é nenhuma novidade no campo da geografia.Para um maior entendimento dessas questões faz-se pertinente ocomentáriodeMariaHelenaBragaeVaz.V.daCosta:“[...]oespaçode representação tem o potencial de estruturar geograficamente apaisagemeaexperiênciadospersonagense,porextensão,avivênciadoespectador”(COSTA,2009,p.113).Ao dialogarmos com a temática imagem também estamos de
algumamaneira,abordandoaquestãodarepresentação,poiscomoespectadoresdeumaimagem,cadaumdenósainterpretapelasuavivência.Estamosinseridosemumarepresentaçãoespacial,assim,faz-senecessáriocompreendermosmelhoroquesignifica“representar”umavezqueoconceitoderepresentaçãopossuiumaessênciadifusa,e recebe diferentes denominações em diferentes áreas da ciência.Utilizaremosapalavra representaçãodeacordo comadefiniçãodeAumont em que observamos estreita relação com a representaçãonecessáriaparaumaanálisegeográfica.Aumont(1993,p.104)afirmaque
De fato,anoçãode“representação”eaprópriapalavraestãocarregadasdetantosestratosdesignificaçãoacumuladospelahistória,queédifícilatribuir-lhesumúnicosentido,universaleeterno.Entreumarepresentaçãoteatral,osrepresentantesdospovos na câmara, a representação fotográfica e pictórica, háenormesdiferençasdestatusedeintenção.Masdetodosessesusosdapalavra,pode-sereterumpontocomum:arepresentaçãoéumprocessopeloqual se instituium representanteque,emcerto contexto limitado, tomará o lugar do que representa(AUMONT,1993,p.104).
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Tomarolugardoqueserepresentanãoparecenenhumanovidade
paraageografia,masobteressaaptidãocomasimagenstrabalhadas
no processo de ensino e aprendizagem faz parte de um avanço
que diz respeito a um tempo não tão pretérito assim.Ao pensar a
representaçãoporumprismamaisgeográfico,oumelhor,aotomar
o lugar da imagem como uma representação geográfica, importa
fundamentar-senadescriçãofeitaporOliveiraJr.aorefletiracercado
queseriaarepresentaçãodecomo estar no lugar de:
Representaraqui,estánosentidodeestar- no- lugar-de e não de ser- o -mesmo-que.Noentanto,notadamentenoqueserefereàs fotografias, aos filmes e às obras televisivas, esta distinçãoé quase sempre apagada, um sentido tornando-se outro...(OLIVEIRAJR.,2009,p.21,grifosdoautor).
Essa descrição do significado de representação vai ser útil ao
começarmos a prática de nossa proposta da aplicação da foto-
sequência. Não teremos a ambição de discutir sobre as funções
cognitivasepsicológicaspertinentesao tema,mas sim sobre como
umaanáliserepresentativadeumaimagempodefornecerpotenciais
para um estudo geográfico espacial. Poderíamos, neste artigo,
aprofundarmaisadiscussãosobrearelaçãoentreimagemegeografia,
masestenãoéofocodotrabalho.Mesmoassim,cabesalientarqueao
fazerusodasimagens–sejaempesquisas,emaulas,ouconsultorias
–faz-senecessáriocompreenderalgunsdispositivosdeinterpretação
eaplicaçãodeumaimagem,independentementedesuametodologia
ou função. Assim, partiremos agora para uma breve descrição da
relação entre fotografia e ensino de geografia, que corresponde ao
nossofocodeestudo.
Fotografia: representação de uma Geografia
A imagem fotográfica, como traço do real, sucinta fenômenos de crença inéditos até o momento de sua
invenção. Mas Barthes vai mais longe: não apenas acreditamos na foto, na realidade do que a foto
representa, mas esta última produz uma verdadeira relação sobre o objeto representado. A “foto do
fotógrafo” implica encenação significativa que tem de ser decodificada pelo espectador de modo cognitivo; mas a foto do espectador acrescenta a essa primeira
relação uma relação plenamente subjetiva, em que cada espectador se investirá de formas singulares ao
apropriar-se de certos elementos da foto que serão, para eles, como pequenos pedaços destacados do
real.
JacquesAumont,1993.
Não pretendemos aqui questionar se uma imagem fotográficarepresentaounãoarealidade–poisexistemmuitascontrovérsiasemdiferentesorientaçõesteóricas–mas,sim,comoaimagemfotográficapodeserumelementodeintervençãonosestudosgeográficos,comocadaindivíduoapropria-sedeelementosdeseucotidianoaoanalisaruma imagem.Esse reconhecimentopréviodeumespectador sobreuma imagem representa nosso objetivo de estudo ao aplicarmos afoto-sequênciaemsaladeaula.Masantestorna-seimperativoexporoqueentendemoscomofoto-sequência.O uso aplicativo didático que aqui explanaremos sobre a foto-
sequência fundamentou-se em parte na oficina: “MetodologiasVisuaisAplicadasàPesquisadosEspaçosPúblicos”,ministradapeloGrupoTerritórioeCidadaniadaUFRJepromovidapeloProgramadePós-Graduação emGeografia daUFSC, no ano de 2011. No campoconceitual não há uma definição teórica relativa ao processo de
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utilizaçãodasfotografiassequenciais,porémautilizaçãodadaàfoto-sequêncianeste trabalhocorrespondeaumaadaptaçãodométodoidealizadonocursopormeiodoqualtivemosacessoaesseprocesso.Entendemos como foto-sequência a utilização sequencial de
fotografias em um roteiro linear ou não, em que as sequênciasimagéticasirãodarsuporteaoconhecimentodeconceitosedemandastrabalhadaspelageografiaescolar.Emnossaproposta trabalhamoscomas fotografias comopartedeumprocessodidático, focadonoaprendizadodaGeografiaescolar,sendoqueachavedesseprocessoédequecadaalunoproduzasuaprópriafoto-sequência.Acreditamosqueaoproduzirumaimagemfotográficasequencial,
sejaquemfor,estará fazendouma leituradeumespaçogeográficopela utilização de seus conhecimentos prévios.No que diz respeitoaos conhecimentos prévios do espectador em relação à imagem,existeumagamadeestudospertinentesemquesedestacamautorescomoSusanSontag,MartineJoly,RenéGardies,GillesDeleuze,masnocampogeográficoasreferênciasaindanãosãotãovastasassim.Propondoumavisãogeográficadaquestão,recorremosnovamenteaOliveiraJr.queabordaaimportânciarelativaaomododepensarmosarealidade,amparando-nosnasimagens,que,noespaçogeográfico,tanto podem ser entendidas como uma linguagem como objetosculturais:
Apresençadasimagensédegrandeimportâncianomodocomopensamoseagimosna realidade,noespaçogeográfico.Essasimagens podem ser tomadas tanto como parte das práticasdiscursivas–signosdeumalinguagem-,quantocomoobjetosdomundo–obrasda/nacultura(OLIVEIRAJR.,2009,p.18).
Entendemosquetantonopapeldesignodelinguagemtantocomoobjetodeumacultura,a imagemdependerádavisãodemundode
cada espectador, colhida de sua realidade circundante. Quandoadentramos,porexemplo,emumasaladeaulaeperguntarmosparanossosalunoscomoéosertãonordestino,recebemosquasesempreas mesmas respostas: “é seco, tem pobreza, não há água, não tem nada”.Comoeles adquiriramesses conhecimentos?Podemosdizerquegrandepartedesseconhecimentovemde imagensfotográficasutilizadas pelos professores de geografia, cujas representações daspaisagenseespaçossedãoporcenáriosestereotipados.Sim,nosertãopodehaverfaltadeágua,masésóisso?Tentandoinibiressetipodeimagem geográfica estereotipada, acreditamos que a utilização dafoto-sequênciapode servir comomais umametodologiadeensino,emqueopróprioalunorepresentaeapresentaoespaçogeográficoporsuavisãoqueprecisaseralargadaparaalémdaquiloqueaimagemrepresenta.Oalunoaosaberqueafotografiaenquadraalgoeexcluimuitosoutroselementos,játeráanoçãodequenemtudorepresentadoemumaimagemrepresentaotododaquilofotografado.OliveiraJR.observaque
Podemos concluir que o grau de credibilidade das imagens -bemcomooconteúdoconfiáveldecadaimagem-éresultadode um processo complexo, no qual perpassam a natureza daimagem obtida por procedimentos mecânicos ou eletrônicos;a característica de representação da atualidade das imagens:e o compromisso com a verdade, assumido pelo contextode comunicação onde essas imagens aparecem, seja numaconversa entre amigos, um telejornal, um livro didático, umartigo científico. Mas a credibilidade não se ampara somentenessetripé:penetraapróprialinguagemcomaqualasimagenssão criadas ou postas narrativamente. (OLIVEIRA JR., 2009,p.22).
Acitaçãoacimanospermite refletiracercada“verdade” impostapelaimagem,emvirtudedapropostacarregadadeintencionalidadese
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muitasvezestendenciosaporpartedequemarepassa.Acredibilidade
deumaimagemnãoestásomentenoselementosquedelafazemparte,
mastambémnocontexto,nofocareexcluirdoscenários.Justificamos
nossapropostadeaplicaçãodafoto-sequência-logoadiantedescrita
em seu processometodológico pelo anseio de que fomos tomados
por não concordarmos com grande parte das imagens fotográficas
apresentadas nos livros didáticos de geografia. Estas, entendemos,
possuemumacredibilidadeumtantoquantoquestionável,oscenários
focalizados nessas representações estão generalizando e excluindo
grandepartedasculturaslocaisbrasileiras.Aimagemdeumespaço
geográficonormalmenteapresentadaé“real”,masnãocontemplaa
realidadeespacialcomoumtodo,eistoéapeçachavedesteestudo.
Atém-se ainda em demonstrar como podemos representar aquilo
quefocamos,eatémais,emumaanálisedeimagem,comopodemos
“visualizar” elementos ausentes nela, buscando refletir sobre a
construção das memórias presentes nas imagens, enfim, buscar
refletirsobreaconstruçãodessasrepresentações.Jolyrelata,abaixo,
deformabemesclarecedoracomoascrenças,realidadesememórias
presentesnasimagens,nosservemdeauxilionoestudodasimagens
emumâmbitogeográfico:
Consideraraimagemcomoumamensagemvisualcompostadediversostiposdesignosequivale,comojádissemos,aconsiderá-lacomoumalinguageme,portanto,comoumaferramentadeexpressãoecomunicação.Sejaelaexpressivaoucomunicativa,é possível admitir que uma imagem sempre constitua umamensagem para o outro, mesmo quando esse outro somos nós mesmos. Por isso, uma das precauções necessárias paracompreenderdamelhorformapossívelumamensagemvisualébuscarparaquemelafoiproduzida.(JOLY,1996,p.55,grifodoautor).
Comovemos,nãoé simplesbuscaro entendimentoda realidadedentrodeumaanáliseimagética,etalvezissosetornecadavezmaisdifusoem razãoda complexidadedomundomoderno,mesmoqueaspossibilidadesdeobtençãodeimagensaumentememdecorrênciados avanços tecnológicos. Por outro lado, a imagem nos fornecediferentes eixos de interpretação e análise do espaço geográfico,fornecendo-nosnovosolhareseconsequentementenovasconclusõessobre diferentes demandas. Sobre essa relação entre realidade ereal,buscamososdizeresdaValériaCazettaparatermosumamaiorelucidaçãodaquestãoabordada:
As imagens materializam e congelam momentos de nossaimaginação acercadomundo. Elas nosdizemcomopodemoscapturá-lo,aindaqueparcialmente,pormeiodeaparelhos.Nosdiasatuais, aspossibilidadesdeobtençãode imagens sobreoreal,sejamdequetiposforem,aumentaramsobremaneirase,por conseguinte, tambémosdizeres sobreo realou realidade(CAZETTA,2009,p.72).
O fatoéquenãoestamosdandovezparaaspotencialidadesdasimagens,nemaosalunosparaproduziremsuasimagensgeográficas.No âmbito da fotografia ocorre o mesmo. Quando um aluno vêrepetidamenteimagensrelativasàpoluiçãoambiental,aosriossujos,aotentarreproduzirtalimagemrelativaàgeografia,seufocoseráomesmoriosujo,aindaquenolugarondeelevivaorionãosejapoluídoounãohajarioalgum.Nestecaso,ondeficaapurezadapercepçãolocal?Ondeoucomoosalunosrepresentamseucotidiano?Portanto,podemosnosbasearnadescriçãofeitaporSusanSontagquequestionaapureza,oumelhor,acredibilidadedeumafotografiapararefletirmossobreoquantoaindaasfotografiasganhamstatusdeverdade:“Ofatodeumafotografiaserlouvadaporsuapurezaehonestidadeindicaquequasetodafotografia,certamente,nãoépura”(SONTAG,1981,p84).
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O procedimento da Foto-Sequência
Nestapropostadeaulautilizamos comometodologiaoprocessodeensinodegeografiaaoqual tivemoscontatoao cursaraoficina,conforme já mencionado, coordenada pelo professor doutor PauloCésardaCostaGomes (daUFRJ) que seutilizadeestudos relativosàsimagensvinculadasaosconceitosgeográficos,tendocomofocoaquestãodosespaçosurbanos.NoQuadro1apresentamosoquadrorelativoaoprocessometodológicodesenvolvidonodecorrerdaoficinaministrada.Cabe destacar que também seguimos esta estrutura aoaplicarmosametodologianoEstágio-Docênciaaquiempauta.
Quadro1-Interpretaçãoeproduçãodeimagens:oolhargeográficoApresentação:elementosgeraisdalinguagemaudiovisualExercício1:InterpretaçãodeimagensfixasExercício2:Interpretaçãodefoto-sequênciasExercício3:Produçãodefoto-sequênciasDiscussãodoExercício3Fonte:GrupodePesquisadaUFRJ:MetodologiasvisuaisemGeografia,2011
Ressaltamos que apesar de seguirmos a estrutura metodológicaapresentada, configuramos novos formatos para aplicarmos nossapropostadetrabalho,algoaceitáveleatérecomendáveldidaticamente,pois se tratadeadaptarmetodologias à realidadede cada situaçãoeducacional.Durantenossapropostadeaplicaçãodafoto-sequência,propusemos
aos alunos participantes o desafio de elaborarem suas própriasfotografias-sequências. Não indicamos uma temática obrigatóriaparaaconfecçãodasfotografias,massugerimoscomotemacentrala inclusão educacional no âmbito da Geografia. Percebemos asdificuldades pelas quais os alunos de Licenciatura em Geografia
passaram ao serem expostos a tal desafio e concluímos o quão éimportantelevantaressasdiscussõesnoespaçoacadêmico.Buscamos discorrer sobre novas metodologias no ensino de
geografia,acreditandonanecessidadedeconstruirmosumainclusãoescolar. Essas novas linguagens, maneiras, jeitos de trabalharpodemcontemplargrandepartedasdificuldadesqueosprofessorestendemaencontrarnomomentoderealizarseusplanejamentosdeaula,sobretudonoquedizrespeitoàtentativadesuprirasdistintasdificuldadespessoaisdecadaeducando.Apoiamo-nosnafotografiaparaestapropostadeensinoporacreditar
queatualmentegrandepartedasfotografiasquesãotrabalhadasnoâmbito do ensino de geografia possui um caráter estereotipado deanálise.Eque,paraselecionarumaimagemparaonossoplanejamentodeaula,faz-senecessáriopensarmossobrecomoiremosaplicaresterecurso, analisá-lo e contemplá-lo. Para visualizarmos melhor essaanálise de uma imagem recorremos novamente a Joly, que trata oassuntodeformabemesclarecedora:
[...] a análise da imagem, inclusive da imagem artística, podedesempenhar funções tão diferentes quanto dar prazer aoanalista,aumentarseusconhecimentos,ensinar,permitirlerouconcebercommaioreficáciamensagensvisuais(JOLY,1996,p.47).
As imagens-sequências já fazem parte de todo individuo quepertence ao sistema global de consumo, através da propaganda,dos quadrinhos e da TV, entre outras modalidades. Na escola, asimagens produzidas pelos próprios alunos quase nunca fazemparte de um processometodológico de ensino.Acreditamos que oaluno, tendoaoportunidadededebater conceitos geográficos combase em sua produção imagética pormeio de uma foto-sequência,
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poderá representar e representar-se diante do espaço geográficoque está focando e, assim, ampliar sua capacidade pela análisede outras linguagens, consequentemente, desenvolvendo novosconhecimentos.UtilizamosareferênciadescritanosPCNdegeografiaparamostraralgumasdaspossibilidadesdeutilizaçãodaimagemnageografiaescolar.
A Geografia trabalha com imagens, recorre a diferenteslinguagensnabuscadeinformaçõesecomoformadeexpressarsuas interpretações, hipóteses e conceitos. Na escola, fotoscomuns,fotosaéreas,filmesegravuras,evídeostambémpodemserutilizadoscomofontesdeinformaçãoedeleituradoespaçoedapaisagem.Éprecisoqueoprofessoranaliseasimagensnasua totalidadeeprocurecontextualizá-lasemseuprocessodeprodução, e tomar esses dados como referência na leitura deinformações mais particularizadas, ensinando aos alunos queas imagens são produtos de trabalho humano, localizáveis notempoenoespaço,cujos significadospodemserencontradosdeformaexplícitaouimplícita(BRASIL,1998,p.78).
Confiamosqueafoto-sequênciacomoprocedimentometodológico
podepropiciaraoalunoocontatocomnovas linguagensaoestudar
Geografia.Oalunoaoobterautonomiaemconfeccionarsuasequência,
certamente já estará exercitando novos meios de interpretar o
espaço geográfico.Uma potencialidade da imagem sequencial que
podemosdescreveréadelevaroalunoarelacionarovisualcomseus
conhecimentos escolares geográficos, representar-se diante de um
espaçocotidiano,abordandotemáticasdedistintasordens,do local
ao global, comomenciona Sontag: “A fotografia implica, de nossa
parte,umconhecimentoeumaaceitaçãodomundotalcomoacâmara
registra.Oque,porém,éocontráriodoentendimentoquejácomeça
pornãoaceitaromundotalcomoeleé”(SONTAG,1981,p.22).
Esta proposta pode ser trabalhada com conceitos geográficosemdiferenciadas escalas de análise - local ou global - na leitura depaisagens,massempreoalunoexpondoseufoco,trazendosuavisãodo conteúdoabordado, representandoomundo combaseem seusconhecimentosculturaispertinentesaoconteúdotrabalhado.Assim,a fotografiaaqui sugeridacomomeioenãoumfimemsi
mesma,reveste-sedeumcaráterdecontribuiçãoàcompreensãoeàtolerânciaaoespaço,levandoàpossibilidadedeinvestigardeterminadoinstanteapreendidopelaslentesdofotógrafo,trabalhandoimpulsosdas pretensões cognitivas da visão.O trecho abaixo é esclarecedornessesentido:
A fotografia não reproduz simplesmente o real, recicla-o, umprocesso-chave na sociedademoderna.Na forma de imagensfotográficas, novos usos são atribuídos às coisas e eventos,novossignificadoslhesãodados,osquaisvãoalémdadistinçãoentreobeloeofeio,verdadeiroefalso,útileinútil,bomgostoemaugosto.Afotografiaéumdosprincipaisinstrumentosparaaobtençãodaquelaqualidade,queapagataisdiferenças,adstritaàscoisasesituações(SONTAG,1981,p.167).
Essa passagem nos faz pensar sobre a importância de projetarnovasdidáticaspertinentesaosprocessosdeensinoeaprendizagemda Geografia escolar, pela utilização dos recursos tecnológicosdisponíveis,afimdeminimizaraexclusãodoconhecimento.TomamoscomoreferênciaumtrechodeOliveiraJr.buscandodaràimagemnãosóumadimensãopedagógica,mastambéminclusiva:
NocampodaEducação,desdeComênio,asimagensaparecemcomo tendo potência educativa. Nos tempos atuais, elas nãomais aparecem apenas como partícipes da criatividade e daeficiência das ações didáticas,mas também, sobretudo tendoem si mesmas uma dimensão pedagógica, uma potênciasubjetivadora e de pensamento, como o afirmam autores tão
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díspares e tão próximos quantoDeleuze e Pasolini (OLIVEIRAJR.,2009,p.18).
Interpretandoas ideiasacimapelaperspectivadeumaGeografia Inclusiva, e diante de todas as dificuldades que temos ao nosespacializarmosemnossodiaadia,caberessaltarqueainclusãoaquipretendida não diz respeito somente aos alunos com necessidadesespeciais, mas também aos que não possuem oportunidades deconcluirsuaformaçãonoensinofundamentalnoprazoestabelecidopelo Ministério da Educação (MEC), ou aos que não conseguemdesenvolversuashabilidadesdeleiturasobreumaimagemporfaltadeorientaçãoeoportunidade.Nopróximoitemnosdistanciaremosumpoucodaquestãodasimagensparaexplicarmosmelhoroconceitodeinclusãoaquiproposto.
Um olhar da Geografia para a inclusão
Cabem, pelo menos, duas perguntas em um país onde a figura do cidadão é tão esquecida. Quantos habitantes, no Brasil, são cidadãos? Quantos nem
sequer sabem que não o são?
MiltonSantos,1987
Às interrogaçõesdeMiltonSantosnãoháoqueresponder,esimquestionar ou responder comoutras interrogações: de quemodo aGeografiacomociênciapodeservirparaatenuarasdesiguaiscondiçõessociais?Comocontribuirparaminimizarmosa realidadecitadapeloautor?UmolhardaGeografiapelaperspectivadaInclusãopodeestarmaisdeacordocomumapergunta,doquecomumaafirmação.Comisso buscamos responsabilizar a Geografia como ciência, a fim dequeseempenhenabuscaderespostas frenteàsdesigualdadesque
vivenciamos, sejam elas espaciais, sejam elas sociais ou culturais.Conhecer geografia é saber orientar-se no espaço; é compreenderas ações que nele ocorrem, os protagonistas dessas ações e qual anossa posição diante dessa produção do espaço; é reconhecer asindividualidadesfrenteàsdemandassociais.A ciência geográfica em sua essência possui responsabilidades
relativas à liberdade espacial de qualquer indivíduo inserido numdeterminadoespaçosociogeográfico.Saber“geografizar”nomeioemquevivemosépodercumprirnossodeverdecidadãocomo,abaixo,descrito:
A educação de crianças especiais é um problema educativocomoétambémodaeducaçãodeclassespopulares,aeducaçãorural, a das crianças da rua, a dos presos, dos indígenas, dosanalfabetos,etc.Écertoqueemtodososgruposquemencionoexiste uma especificidade que os diferencia (SKLIAR, 1997, p.14).
Ageografiaperpassaportodososlados,representa-seemdistintoscampos, nosso dia a dia está permeado pela geografia, quer dissotenhamos consciência ou não. No âmbito da inclusão, buscamosentender a geografia como um balizador na concepção de valoresigualitários.Aoconsiderarasresponsabilidadesdageografiaperanteasdiversasdesigualdadessociaisqueencontramos,devemosentendê-la comouma ciência disponível a todos, assim comoa educação, enãoprivilégiodeumaminoria.Énecessário levaroconhecimentoatodosqueodesejaremter.Arelaçãoentreaconcepçãodeespaçoea de inclusão do serminoritário aqui defendida pode sermais bemcompreendidapelaanálisedaconcepçãodeDoreenMassey:
Conceber o espaço como recorte estático através do tempo,como representação, como um sistema fechado, e assim por
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diante, são todososmodosde subjugá-lo. Eles nospermitemignorarsuaverdadeirarelevância:asmultiplicidadescoetâneasdeoutrastrajetóriaseanecessáriamentalidadeabertadeumasubjetividadeespecializada.(MASSEY,2009,p.94).
Seotempodeveserabertoparaumfuturonovo,entãooespaçonãopodeserequiparadocomosfechamentosehorizontalidadesdarepresentação.Deummodomaisgeral,seotempodeveseraberto,entãooespaçotemdeserabertotambém.Conceituaro espaço como aberto, múltiplo e relacional, não acabado esempre em devir, é um pré-requisito para que a história sejaabertae,assim,umpré-requisito,também,paraapossibilidadedapolítica.(MASSEY,2009,p.95).
Apoiamo-nosnoconceitodeespaçoabertodefendidopelaautorapara termos uma visão de Geografia aberta, que contemple asmultiplicidadespessoais,quesejacontempladaportodose,portanto,não entendida como um sistema fechado e estático. A Geografiatambémnecessitaexpandirseuscompromissosperanteosindivíduosqueainda fazempartedesteespaçosufocado;necessitamosdeumolharmaisgeral,sempreemdevir,comocitado.Seoespaçogeográficoainda se amparamuitas vezes em noções de representação de umsistema fechado, aGeografia, como ciência fundamental, ainda sesustentasobreessanoção.Faz-senecessáriobuscarformasdesuperaresseparadigmadoserinclusoemumespaço.Questionarumespaçofechadoesuascaracterísticaséquestionar
tambéma formade inclusãodegruposminoritárioseseusdireitos.Nestaperspectiva,observamosqueaGeografiatendeanãodiscutirsua necessidade de conhecimento como ciência para todos. NãoestamosfazendoumaGeografiaaberta,nossaspropostasdeestudosnãocontemplamatodos,nãoestamospensandoumconhecimentoem devir, e sim trabalhando com as Geografias em seus sistemasfechados,nãopermeáveis,excluindomuitoseincluindopoucos.
AindapensandonanoçãodeespaçoabertodeMassey,seumespaçocom essa característica leva a uma concepção de história aberta,consequentementeabreapossibilidadedeumapolíticaaberta.Então,podemos indagar: por que não tentamos novas possibilidades de“geografizar”?Essasnovaspossibilidadesrepresentamoeixocentraldestetrabalho,peloqualsebuscanovasformasdepensaraGeografia,novosmétodosdeensino,novasabordagenssobreasimagens,eumadelasésaberqualéafunçãodessaciênciafrenteàinclusãosocialdetodos,paratodos.Acreditar que a desigualdade social é natural nos parece uma
concepção equivocada, ainda que dominante. Igualmente, pensarquetodossãoiguaispareceserumaconcepçãoequivocada,mesmodo ponto de vista das leis, pois existem aquelas às quais estamossubmetidos, porémnão estão a serviço de todos e nem se aplicamigualitariamente.Propondoumareflexãonabuscadasuperaçãodessadesigualdade,
amparamo-nosemMantoanaoabordararelaçãoentredesigualdadeeescalabiológica:
As desigualdades naturais são benéficas porque revelam asmarcasdenovospossíveisnanossaespécie.Elesnoslivramdauniformidadeeconferemaossereshumanosumapeculiaridadequenosdistingueinternaeexternamenteedeoutrosseres,pormaisqueelesseaproximemdetodosnós,nasescalasbiológicasde comparação. Já as desigualdades sociais são produzidas edecorrentes de fatores que envolvem diretamente o controlee a interferência humana e, portanto, passíveis de seremmoralmenteconsideradas(MANTOAN,2006,p.77).
Comovemos,nãopodemosconceberasdisparidadessociaiscomoumfenômenonatural,jáqueédecorrênciadeinterferênciashumanas.São noções estereotipadas que necessitam ser desconstruídas por
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todos os que almejam uma geografia da inclusão. Se quisermoslevar a geografia a ser um campo do conhecimento necessário aocumprimentodedevereseleisétambémimperativoqueobservemosoquantoseusobjetivosdeestudoestãodeixandodeladoosgrupossociaismais desamparados. Fornecer o conhecimento geográfico atodosouaomenosaosqueodesejarem,passaaserumdeveremdevir.Essa concepção de sociedade comprometida com suas obrigaçõespara uma formaçãomais igualitária diz respeito mais a um direitohumanodoquesimplesmenteàscaracterísticassociais.Nós, como indivíduos, pensamos diferente uns dos outros e
apresentamosnecessidadesdistintas,masaGeografiacomociência,oucampodoconhecimentotemodeverdeforneceraigualdadedeoportunidadedeconhecimentoatodos.Assim,pormeiodaGeografiapodemoscontemplaralgumasfunçõessociaisqueantesnãonoseramacessíveis.TendocomoreferênciaolivrodeJosuédeCastro“AGeografiada
Fome”,podemosrefletirsobresituaçõesdedesigualdadeeexclusão,em que milhões de pessoas ainda estão vivendo, com inúmerasbarreirasequasenenhumacessoaosbensculturaisesociais,enfim,pessoas desprovidas de suas necessidades básicas de subsistência.Diante dessa realidade, uma inclusão geográfica não representaapenasdistribuirmelhoroalimentosobreomundo,masdesvendarasdemandasprioritáriasparao“desenvolvimento”deumadeterminadaregião.Como podemos pensar umaGeografia para a construção de um
mundo em que as relações de poder, sobretudo as econômicas,não se sobreponham às demandas sociais? Josué de Castro jános relatava de forma muita clara, como a fome no Brasil é maisrelativaàsconsequênciashumanashistóricasdoquediretamenteàsdesigualdadesditasnaturais:
Afome,noBrasil,éconsequência,antesdetudo,doseupassadohistórico,comosseusgruposhumanossempreemlutaequasenuncaemharmoniacomosquadrosnaturais.Luta,emcertoscasos,provocadaeporculpa,portantodaagressividadedomeio,queiniciouabertamenteashostilidades,masquasesempreporinabilidadedoelementocolonizador,indiferenteatudoquenãosignificassevantagemdiretaeimediataparaosseusplanosdeaventuramercantil.Aventuradesdobradaemciclos sucessivosdeeconomiadestrutiva,oupelomenosdesequilibrantedasaúdeeconômicadanação(CASTRO,1984,p.16).
EsseentendimentodoautoramparanossodiscursoemrelaçãoàsresponsabilidadesdaGeografiaedosgeógrafosnoquedizrespeitoàinclusão.AtéaquianalisamosaGeografiacomodisciplinacientífica,como campo do conhecimento, atribuindo-lhe, como tal, algumasresponsabilidades; discutimos pensamentos de ordem espacialgeográfica,paraadentrarmosmaisespecificamentenarelaçãoentreinclusãoescolareinclusãogeográfica.Acreditamos que uma maneira de minimizarmos as diferentes
disparidadesdoconhecere fazerGeografiaedoconhecere fazeromundo, estána reformulaçãodosprincípiosque regema formaçãoescolarbásica,naqualumavisãodeGeografiaAbertadeveriaestarcadavezmaispresente,enãomaisembasadaemquestõesestereotipadasda“GeografiaTradicional”,“Teorética”,“Cultural”ou“Crítica”.Assim,poderíamos projetar novas metodologias, novos métodos e meiosdecontemplarmosumasociedade“alfabetizada”geograficamenteeinclusiva,sejaqualforavertentegeográfica.
Propondo a Foto-sequência como metodologia em aula
Comojámencionamos,estapesquisafoiefetuadanaUniversidadeFederaldeSantaCatarinano cursodeGraduaçãoemGeografia,na
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disciplinadeCartografiaEscolar,tendocomoministranteaprofessoradoutoraRosemyNascimento.Nopapeldealuno-estagiárioministreiasaulasrelativasaoestágio-docêncianosdias23e30deNovembrode2011,àsquartas-feiras,das18h30às22h00,numtotaldeoitoaulas.Noprimeirodiadeaula iniciamoscomalgunsquestionamentosa
respeitodoconhecimentopréviodosalunosdegraduaçãoemrelaçãoaos diferentes conceitos de imagem. Apresentamos duas imagens(Figuras1e2),umadecadavezequestionamos:“O que vocês veem?”;“O que esta imagem apresenta?”; “Qual é a sua percepção sobre esta imagem?”.Paraentendermosmelhoressaquestãodapercepçãoeseusefeitos,
transcrevemos,abaixo,oquepensaAumontarespeito:
[...]umaimagempodecriarumailusão,pelomenosparcial,semseraréplicaexatadoobjeto,semconstituir-senumduplodesseobjeto.Demodogeral, oduploperfeitonãoexistenomundo
psíquicotalcomooconhecemos(donde,talvez,a importânciafantasmáticaemíticadotemaduplo,assimcomoseapresentana literatura, por exemplo), mesmo em nossa época dereprodução automática generalizada. Entre duas fotocópiasdomesmodocumento,porexemplo,hásemprediferenças,àsvezesínfimas,quepermitemdistingui-lasquandosedesejar.A fortiori,afotografiadeumquadronãopodeserconfundidacomessequadro,nemumapinturacomarealidade.Oproblemadailusão é outro bem diferente: trata-se não de criar um objetoquesejaaréplicadeoutro,masdeumobjeto–aimagem–quedupliqueasaparênciasdoprimeiro(AUMONT,1993,p.102).
A interpretação das imagens apresentadas acima tende a teruma característica contraditória em sua representação. Podemospensar que isso ocorre, entre outrosmotivos, pela sua insuficiênciainformativa e pela sua linguagem ambígua. Tais insuficiências ouproblemaspodemcomprometernosso sistemaperceptivo, jáqueé
Figura1-Aambiguidadedeimagens:patooucoelhoFonte:Disponívelem<http://sinalizando.blogspot.com/2009/05>.Acessoem:29/08/2012.
Figura2-OcachimbodeMagritteFonte:Disponívelem<http://anyblogiwant.blogspot.com/2010/08>.Acessoem:29/08/2012.
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basicamentepormeiodele,conformeAumont,queelaboramosnossainterpretaçãoimagética.EconformenosensinaAumont:
Reconhecer alguma coisa em uma imagem é identificar, pelomenosemparte,oquenelaévistocomalgumacoisaquesevêousepodevernoreal.É,poisumprocesso,umtrabalho,queempregaaspropriedadesdosistemavisual(AUMONT,1993,p.83).
VoltandoàsFiguras1e2,duranteoquestionamentopercebemosos anseios dos graduandos em relatar o que interpretavam sobre aFigura 1, certamente por sua ambiguidade. Muitos falaram ser umpato, outros um coelho, outros ainda um pato ou um coelho. NaFigura2quasetodosfalaram:“umcachimbo”.Quandointerferiapósdeixá-los ver as imagens em silêncio, perguntei: se aquela imagemfosse um cachimbo conseguiríamos, então, fumar nele?Após essequestionamentoeoentendimentodequenãopodemosfumarnestecachimbo,jáquesetratadeumarepresentação,surgiramintervençõesrelativasà representaçãodeuma imagem:elaéoquequerser?Ourepresentaoqueé?Paramaiorclarezadesseângulodeinterpretaçãodaimagemesuascaracterísticas,suadubiedadeantearepresentaçãodorealamparamo-nosnotrecho,abaixo:“Jáinsistimos,noscapítulosprecedentes,nofatodequeolharumaimageméentraremcontato,a partir do interior de um espaço real que é o do nosso universocotidiano,comumespaçodenaturezabemdiferente,odasuperfíciedaimagem”(AUMONT,1993,p.140).AodiscutirmossobreaFigura1,seelarepresenta um pato ou um
coelho,ouosdois,osgraduandoscomeçaramaabordaraquestãodailusão, das representações e significados inclusos emuma imagem.Percebemos que essa reflexão foi útil antes de iniciarmos nossaproposta da foto-sequência. A descrição a seguir nos auxiliou naexplanaçãosobreilusão:
Apossibilidadeda ilusãoéde fatodeterminadapelasprópriascapacidades do sistema perceptivo, na definição extensivaque lhedamos.Sópodehaver ilusãoseduascondições foremsatisfeitas:a)Condiçãoperceptiva:osistemavisualdeveser,nascondiçõesemqueestácolocado,incapazdedistinguirentredoisoumaisperceptos.b)Condiçõespsicológicas:comotambémjáfoivistoosistemavisual,colocadodiantedeumacenaespacialmaiscomplexa,entrega-seaumaverdadeira interpretaçãodoquepercebe(AUMONT,1993,p.98).
Acrescentaríamos que a possibilidade de ilusão é tambémdeterminadapelascaracterísticasdaprópriaimagemquepermiteseranalisadaporângulosdediferentespontosdevista.NocasodaFigura1, por exemplo, conforme o prisma de visão adotado, houve quemafirmasseserumpatoequemafirmasseserumcoelho.Após debatermos sobre essas imagens, apresentamos aos
graduandosumasequênciade imagensnaturaisquerepresentavamo fenômeno do mimetismo de insetos, plantas e animais.Algumasdelas foram muito questionadas pelos alunos, relatando que nãoacreditavamcomotalfenômenopodesertãoilusório.Aopropormosas imagens caracterizadas pelo mimetismo, esclarecemos quealgumas delas podem ser facilmente perceptíveis como não sendoilusórias,masqueparaoseremquestãoelaéilusóriaosuficienteparasuasobrevivênciananatureza.Aumontéesclarecedorquandoabordaarelaçãoentreimagememimetismo:
Háváriasespéciesdeilusões“naturais”quenãoforamproduzidaspela mão do homem. Citemos o exemplo muito conhecidode insetos cujas capacidades miméticas são surpreendentes:aranhas que imitam formigas, borboletas que possuem umasegunda“cabeça”atrás,insetosqueseconfundemcomgalhosondeestãopousadosetc.Essasilusõesservemparacorroboraro que acabamos de dizer: à eventual perfeição da imitaçãopuramente visual, acrescenta-se quase sempre a perfeita
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contextualização dessa imitação, que completa o embuste(AUMONT,1993,p.99).
Apósdebatersobreaquestãodomimetismoeimagem,passamosmaisumasequênciade imagenscomrepresentaçõesdistintas,mascom valores semelhantes, imagens estas quemostravam a rupturadageografiacomomedieval,períodoemqueageografiacomeçoua desenvolver-se como ciência empírica. Observamos o caráterdescritivodepaisagensdemuitasdelas,maspercebemos,emgrandepartedasobrasdearteanalisadas,apresençadohomemnaimagem.Grandepartedosgraduandosrelatouqueessasimagens–namaioriaquadros dos séculos XVII e XVII – eram imagens prazerosas, comdetalhes perfeitos. Esse comentário propiciou um diálogo sobre oquantoasimagensgeográficasevoluíramatéostemposatuais.
A imagem em geral costuma ser vista como uma espécie deextensãoda imagemartística.Oprazerqueelaproporcionaé,pois,damesmaordem,emborasejaemoutroregistro(paródico,irônico, lúdico como na imagem publicitária, por exemplo).Atéa imagemdocumentária,quedeve seuvaloraoprazerdainvenção:osgrandesfotógrafosoucineastasdedocumentários,deFlahertyaDeparton,sãoosquemostramseuolharaomesmotempoemquemostramomundo.Porqualquerânguloquesejaconsiderado,oprazerdaimagemésempre,emúltimainstância,oprazerdeteracrescentadoumobjetoaosobjetosdomundo(AUMONT,1993,p.327).
Passados esses diálogos sobre a epistemologia da geografia e asimagens, lançamosmais trêsquestionamentosaosgraduandos:emqueocasiãoageografiaampara-senasimagens?Emqualsituaçãovocêseutilizadeumaimagememsuaanálisegeográfica?Ageografiaexistesemaimagem?Duranteessaetapatodosconcordaramqueageografiaé uma ciência visual, que nos amparamos em distintas análises de
imagens,queosmapas,cartasefotografiasaéreassãocadavezmaiscaracterizadoscomopertencentesàgeografia.Chegamosàconclusãodequeas imagensutilizadasnageografiapossuemdois valores: asditascomoreaisincontestáveis-mapas,fotografiasaéreas-easquevêmganhandocadavezmaisprestígio–internet,filmes,fotografiascomuns–emboraemambososcasosaindasejamtidascomomeroauxilioàsdiferentesproblemáticaspertencentesàgeografia.Quiçá,oaprofundamentodosestudosnaáreapossapermitirareavaliaçãodessalinguagemeatribuir-lheseurealvalor.
Nos últimos anos, tem se ampliado o número de pesquisase trabalhos envolvendo as muitas linguagens nas qual oconhecimento geográfico é produzido. Tanto imagenstradicionalmenteutilizadaspelosgeógrafos–mapas,fotografiasaéreas,imagensdesatélite–quantooutrasmenoscomunsnostrabalhosgeográficos–desenhos,fotografias,pinturas,cinema,televisão–passarama serobjetodeestudodeprofissionaiseprofessoresdeGeografia(OLIVEIRAJR.,2009,p.19).
Aplicando o método da foto-sequência
Uma das funções primordiais da análise é sua função pedagógica. Embora possa se exercer em um
contexto institucional como a escola e a universidade, a análise com objetivo pedagógico não se atém a ele. Pode ser feita nos locais de trabalho, na qualidade da extensão cultural, mas também na própria mídia que
utiliza a imagem. O que pode ser uma boa maneira de o espectador escapar à impressão de manipulação,
aliás, tão temida.
MartineJoly,1996.
ApropostadeEstágio-Docênciaaquiempautatevecomoobjetivosprincipaisapresentarageografiacomocampointimamentevinculadoàproduçãodeimagensdomundoediscutirosprincipaiselementos
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envolvidosnainterpretaçãoeproduçãodeimagensporumaabordagemgeográfica,refletindoacercadosmétodosdeensinosobreaproduçãoimagética.Tomandocomoembasamentoacitaçãoabaixo,podemospensarumpoucomaisemnossosobjetivospropostosemrelaçãoaosolhosdoobservador,aquinossoaluno,representadocomofotógrafo.
Educarosolhosnãoésomentefazê-losvercertascoisas,valorarcertostemasecoreseformas,masé,sobretudo,construirumpensamento sobre o que é ver; sobre o que são nossos olhoscomo instrumentos condutores do ato de conhecer, levando-nosmesmoaacreditarqueveréconheceroreal,éteresserealdiantedenós(OLIVEIRAJR.2009,p.19).
O desenvolvimento do processo de diálogo e a apresentação dedistintas fotografias respectivas à geografia e à inclusão instigaramos graduandos em geografia ao desafio de produzirem sua própria
conhecimento relativo à cartografia escolar, em uma perspectivainclusiva.
Nessa proposta formaram-se grupos de dois ou três alunos, e
cada grupo teria que produzir de três a cinco imagens fotográficas
sequenciais,ouseja,umafoto-sequência.Astemáticasdasfotografias
deveriamrelacionar-seàgeografia.Apósaprodução,cadagrupoas
apresentariaparatodaaturma.Foramproduzidas13fotos-sequênciascomosmaisdiversostítulos.
Tivemos abordagens relativas à mobilidade urbana, ao ensino de
geografia,orientação,culturalocal,poluiçãoambiental,territorialidade,
planejamentourbano,cotidiano,einclusãoeducacional.Dentreessas
13 fotos-sequências, três abordarama temáticageográficaemumaperspectiva inclusiva.Paraospropósitosdestaabordagem,uma foiselecionadapormelhoraproximar-sedosobjetivosdestapesquisa.
A Foto-sequência: o trabalho docente e a inclusão
Figura3–OtrabalhodocenteeainclusãoFonte:Foto-sequênciadeLeandroA.ZanluchieRafaelB.Silveira,2011foto-sequência. Pelo fato de a disciplina ser na área de licenciatura
em geografia, mas especificamente de cartografia escolar, nãofizemos imposições sobre a temática relativa às fotos sequenciais,apenasorientamos sobre a possibilidadedepensaremnageografiaporumprismainclusivo,poisosalunosdessaturmajáestavamtendo
A foto-sequência apresentada acima (Figura 3), com o título “Otrabalho docente e a inclusão”, foi elaborada pelos graduandosLeandroA.ZanluchieRafaelB.Silveira.
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Aopropormosessaatividademetodológica,deixamosbemclaroque
asimagenscaptadasouproduzidasnãonecessariamenteprecisariam
serdefenômenosreais,poderiamsersimulaçõesdeacontecimentos,
induzidas ou não. Cada grupo poderia livremente formar cenários,
situações e acontecimentos que levariam a um questionamento no
âmbitodageografia,emalgumsentido.
Nesta foto-sequência os alunos simularam um professor de
geografiadeparando-se comumalunocomnecessidadesespeciais,
maisespecificamenteacegueira.Semsaberoquefazerparalevaro
alunoàcompreensãodacartografia–leiturademapas–oprofessor
tevequevoltarapensarnovasmetodologias.Frenteaessasituação
o professor recorreu ao Laboratório de Cartografia Tátil e Escolar
pertencenteàUFSCondesãodesenvolvidasmetodologiaserecursos
didáticosparaalunoscomnecessidadesespeciaisvisuais.Nessecaso,
o professor “representado” teve que desenvolver um novo tipo de
mapa,comlimitesem“relevo”,afimdequeoalunocegopudesseter
uma“visualização”tátilmentalsobreaquestãoabordadaemaula.
Não iremos aqui detalhar os acontecimentos ocorridos em aula
durantenossosdebateseexposiçõesfotográficas;destacamoscomo
asutilizaçõesdaimagememdiferentescontextospodemnosauxiliar
emnossadocência.Osdebates,apontamentosesugestõespertinentes
às 13 apresentações foram demuita relevância.Observamos novos
olhares,questionamoscenáriosedescrevemosconceitosgeográficos.
Esperamos que esse processo aqui proposto forneça subsídios para
aquelesqueanseiamdesenvolverouconhecermelhorarelaçãoentre
imagemegeografia.
Considerações Finais
A leitura geográfica de imagens exige uma metodologia visual, não necessariamente limitada a
aportes geográficos.
JörnSeemann,2009
Durantenossoprocessodeestudopercebemosoquantopodemos
eprecisamosevoluirnossaspercepçõessobreaanálisedasimagens.
Acreditamos que com esta pesquisa tivemos a oportunidade de
dialogar com as potencialidades da imagem sequencial no ensino
de geografia escolar, debater sobre alguns problemas pertinentes
à imagemquando trabalhada geograficamente e contribuir comos
profissionaisdoensinodageografiaquesentemanecessidadedeuma
metodologiadiferenciadaparaensinargeografia.
Pretendemosmostrarcomoafotografiapodeserumelementode
intervençãonosestudosgeográficos,comocadaindivíduoapropria-se
deelementosdeseucotidianoaoanalisarumaimagem.Acreditamos
naevoluçãogeográficaqueobtivemosaoapresentarageografiacomo
campo intimamente vinculado à produção de imagens do mundo,
dialogandocomoselementosenvolvidosnainterpretaçãoeprodução
deimagens.
Observamos que uma análise imagética nos fornece diferentes
eixos de interpretação e análise do espaço geográfico, provendo-
nos novas formas de visão e linguagens, consequentemente novas
conclusões sobre diferentes demandas. Esta abordagem sobre as
imagens pode nos fornecer respostas frente à nossa relação como
espaçogeográfico.Compreenderaspotencialidadesda imageméo
mesmoqueseralfabetizadoemoutralinguagem.
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Recorrer às imagens pode ser um valioso subsídio, porque asrepresentações em forma de imagens podem nos fornecer umembasamentopréviodediferentesrealidadescomasquaisnãotemosafinidade,ouatémesmodasquaisaindanão temosconhecimento.Defendemos o resgate da transcendência da imagem de que falaAumont,abaixo.Se,conformeoautor,estamosaindanacivilizaçãoda linguagem, que a esta seja incorporada a poderosa linguagemimagéticacomo importantecomponentenametodologiadoensinodaGeografia.
Assim,averdadeirarevoluçãodasimagens,sehouveralguma,está distante, atrás de nós, na época em que, ao reduzirem-seprogressivamenteamero registro (pormaisexpressivoquefosse)dasaparências,perderamaforçatranscendentequehaviapossuído. Pode perceber-se hoje uma retomada da imagematravés da multiplicação das imagens: mesmo assim, nossacivilização ainda continua a ser, quer se queira ou não, umacivilizaçãodalinguagem(AUMONT,1993,p.328).
Acreditamos que a academia necessita voltar mais seus olharespara as abordagens atuais da imagem, e aGeografia como ciênciaoucampodoconhecimentonãopodeficardesatentoaestaquestão.Somos formadores de cidadãos e de opiniões, necessitamos geraruma compreensão de mundo mais ampla e um mundo adepto anovasleituras.Essapretensãodeatribuirodevidostatusàsimagensnageografiaéumprocessoárduo,dinâmicoedesafiador,masestaaplicaçãopensadade umpontode vista pedagógico pode fornecergrandeauxílioaoensinodegeografia.Entendemos que este estudo nos permite afirmar que uma boa
análise de imagens precisa primeiramente de um objetivo bemdefinido, esclarecido e conhecido. Preenchida essa premissa,partiremos para nossas diferentes formas de execução, utilizando
nossasprópriasferramentasparaalcançá-lo,quesãopartesintrínsecasparaaconclusãoeoresultadoesperado.Defato,aanáliseporsisónãocontemplaopotencialcontidoemumaimagem,oobjetivodeveservirdeorientação,umaformadeprojeçãoparaelaborarmosnossametodologia,eistofoioqueaplicamosnestaexperiênciadeensino.Nosso objetivo era fazer com que os alunos interpretassem de
diferentes formas a relação entre imagem e inclusão educacional.Obtivemosresultadospositivosnãosóaotérminodasapresentações,masdurantetodooprocessodedesenvolvimentodotrabalho,desdea análise das imagens, passando pelo planejamento e roteiro daconfecçãodelas,atéaapresentaçãodotrabalhofinal.Concluímosqueopontocomumentreasdiversassignificaçõesda
palavra“imagem”éodaanalogia.Visualounão,naturalouartificial,uma“imagem”é,antesdetudo,algoqueseassemelhaaoutracoisa.Aidealizaçãodesuacompreensãoestánanecessidadedelevaremcontaalguns contextos da comunicação, da história de sua interpretaçãoe de suas especificidades culturais. Querer analisar a imagem porum viés geográfico e pedagógico pode ser bemmais eficaz do quenossosobjetivosiniciaisdeixavamentrever,portanto,tentardecifrar,analisareentenderoespaçopelasimagenspodenosfornecergrandesresultadosnoâmbitodaciênciageográfica.Aimagempodenosfornecerinstrumentosdeintercessãoentreo
homemeoprópriomundo,desvendarasdiversasproduçõeshumanasqueestabelecemumarelaçãocomomundovisual,servindoparaveroprópriomundoeinterpretá-lo.“Palavraseimagenssãocomocadeiraemesa: se você quiser se sentar àmesa, precisa de ambas” (JOLY,1996,p.115).Sabemos que durante um processo de docência diferentes
potencialidades surgirão em diferentes lugares. Afirmar o quantofoiproveitosoemnossapropostanãoquerdizerquetodasasoutrastambém serão, mas podemos ressaltar o quanto as análises das
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imagens,trabalhadasemsaladeaula,podemfornecernovasvisõesemaneirasdepensarerefletirsobreoespaçogeográfico.Oobjetivoaqui perseguido foi o de mostrar como o ramo das imagens podeser utilizado na educação geográfica. Desse enfoque, diferentesproblemáticassurgiramequesónosdemoscontaaodesenvolverotrabalho,poisnosdeparamoscomdiferentesinterpretaçõeseanálisedeimagensquenosforampropiciadasporessapráticaeducativa.Esperamosqueaofinaldesteprocesso,possamostercontribuído
com o vasto campo do ensino e com as diferentes metodologias,seja essa contribuição em forma de produção teórica ou prática.Acreditamos fazer-se necessário darmos vez a essa temática empesquisas acadêmicas nacionais, porque “uma educação que temcomoobjetivoaautonomiadosujeitopassapormuniciaroalunodeinstrumentosquelhepermitampensar,sercriativoeterinformaçõesarespeitodomundoemquevive”(CALLAI,2002,p.103).
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SubmetidoemAbrilde2012.RevisadoemJunhode2012.AceitoemSetembrode2012.