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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Ciências Médicas Renata Barbosa Avaliação estrutural e bioquímica por imagem de ressonância magnética em modelo de epilepsia do lobo temporal em ratos com estado de mal epiléptico Structural and biochemical evaluation by magnetic resonance imaging in temporal lobe epilepsy model in rats with status epilepticus CAMPINAS 2020

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Ciências Médicas

Renata Barbosa

Avaliação estrutural e bioquímica por imagem de ressonância

magnética em modelo de epilepsia do lobo temporal em ratos com estado de

mal epiléptico

Structural and biochemical evaluation by magnetic resonance

imaging in temporal lobe epilepsy model in rats with status epilepticus

CAMPINAS

2020

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Renata Barbosa

Avaliação estrutural e bioquímica por imagem de ressonância

magnética em modelo de epilepsia do lobo temporal em ratos com estado de

mal epiléptico

Structural and biochemical evaluation by magnetic resonance

imaging in temporal lobe epilepsy model in rats with status epilepticus

Tese apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade

Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção

do título de Doutora em Ciências.

Thesis presented to the Faculty of Medical Sciences of the University of

Campinas in partial fulfilment of the requirements for the degree of

Doctor in Science.

ORIENTADOR: FERNANDO CENDES

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA

RENATA BARBOSA E ORIENTADA PELO PROF.

DR. FERNANDO CENDES

CAMPINAS

2020

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Agência(s) de fomento e n°(s) de processo(s): FAPESP e CAPES, processo FAPESP n°:

((2014/11277-6) / (2017/25029-2)), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

(FAPESP).

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COMISSÃO EXAMINADORA DA DEFESA DE DOUTORADO

RENATA BARBOSA

ORIENTADOR: PROF. DR. FERNANDO CENDES

MEMBROS:

1. PROF. DR. FERNANDO CENDES

2. PROF. DR. FÁBIO ROGERIO

3. PROF. DR. ENRICO GHIZONI

4. PROF. DR. MARINO MUXFELDT BIANCHIN

ATA]caso haja

5. PROF. DRA. CARLA ALESSANDRA SCORZA BAHI

Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia Médica da Faculdade de Ciências Médicas

da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema

de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da FCM.

Data da Defesa: 20/02/2020

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DEDICATÓRIA

A minha tão querida e amada avó Ilza (in memorian) por toda demonstração de

amor em vida. Te amarei eternamente.

A minha família por toda paciência e compreensão em tantos momentos de minha

ausência.

A todos os meus colegas de profissão, profissionais de saúde, que neste momento

estão na linha de frente no combate da pandemia da doença respiratória COVID-19.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador o Prof. Dr. Fernando Cendes pelo exemplo admirável e

inspirador de pesquisador e pela oportunidade e confiança em poder realizar este projeto

pioneiro e desafiador. Obrigada por todos os ensinamentos e por contribuir nesse meu processo

de amadurecimento.

Aos meus colaboradores por todo o esforço e empenho. A Mônica, a Juliana, ao

Raphael e ao Brunno por toda a dedicação nas aquisições das imagens cerebrais dos ratos, pelas

noites que deixaram suas famílias e estiveram ao meu lado repetindo inúmeras vezes os

protocolos para que pudéssemos obter as melhores imagens possíveis e claro; por todas as

caronas após os nossos experimentos noturnos.

A Luciana Ramalho por toda colaboração e amizade durante todo o

desenvolvimento deste projeto.

Ao Alexandre e ao André por compartilharem suas experiências com modelos

animais e contribuírem significativamente para o desenvolvimento deste projeto.

Ao Laboratório de Controle de Qualidade Sanitária do Centro Multidisciplinar para

Investigação Biológica na Área da Ciência em Animais de Laboratório (CEMIB) da Unicamp

por disponibilizarem o espaço para que pudéssemos alojar nossos animais e realizarmos todos

os experimentos necessários.

A Elayne Vieira por toda colaboração e amizade, meu exemplo de humildade,

inteligência e amor pela ciência.

A minha tão querida amiga Tânia, por me ensinar todos os dias o verdadeiro

significado de amizade e estar ao meu lado em todos os momentos da minha vida. Nesse

momento, sempre me amparando e se fazendo presente nos momentos de angústia e cansaço

extremo durante essa jornada.

Ao Prof. Dr. Luiz Concha Loyola do Laboratório de Conectividade Cerebral

(Universidad Nacional Autónoma de México – Campus Juriquilla) e ao seu aluno Omar por

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todo o conhecimento compartilhado e auxílio durante todos os meses em que estive em seu

laboratório realizando as análises das imagens.

Ao Hospital São Francisco de Americana, em especial, a Márcia e a Lucilene, por

compreenderem este momento difícil de conclusão de um doutorado e facilitarem para que eu

pudesse finalizar essa etapa da minha trajetória profissional.

A todas as pessoas que eu conheci e convivi no laboratório de neuroimagem da

Unicamp, vocês fazem parte desta história.

A Deus por permitir que mais esse sonho se tornasse realidade e por ser o meu

alicerce hoje e sempre.

O presente trabalho foi realizado com auxílio financeiro da Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) (Processos: (2014/11277-6) / (2017/25029-2)) e

com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES)

– Código de Financiamento 001.

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EPÍGRAFE

“Tudo posso naquele que me fortalece.”

Filipenses 4:13

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RESUMO

O hipocampo é a região cerebral mais investigada em pacientes e modelos experimentais de

epilepsia. A esclerose hipocampal está particularmente associada com a epilepsia do lobo

temporal e compõe um conjunto de alterações que ocorrem durante o processo epileptogênico

em consequência de um insulto precipitante e ainda discutido no sistema nervoso central. De

fato, os mecanismos fisiopatológicos envolvidos neste processo seguem não totalmente

esclarecidos. O presente estudo teve como objetivo avaliar alterações estruturais e metabólicas

no hipocampo dorsal de ratos Wistar através de técnicas de neuroimagem antes e após a indução

de status epilepticus com pilocarpina. Os animais foram divididos em dois grupos: grupo sham

(n=13) e grupo pilocarpina (n=25). Foram adquiridas imagens basais e posteriormente nos

períodos de 48 horas, 15 dias e 30 dias pós-tratamento utilizando um aparelho de 3 Tesla da

Philips e uma bobina dedicada para ratos. Imagens ponderadas em T2, por tensor de difusão

(DTI) e metabólicas e bioquímicas (espectroscopia de prótons) foram adquiridas. A taxa de

mortalidade após indução de status epilepticus foi de 41,67%. Os dados de neuroimagem

demonstraram dano no hipocampo dorsal pós-tratamento com pilocarpina. Esses danos foram

caracterizados por redução do volume hipocampal, diminuição de anisotropia fracionada 15

dias pós-tratamento e aumento da difusividade radial 15 e 30 dias pós-tratamento sugerindo

dano neuronal; desmielinização e dano axonal. Os níveis metabólitos de N-acetil-aspartato +

N-acetil-aspartil-glutamato/Creatina e Glumato + Glutamina/Creatina estiveram reduzidos em

48 horas pós-tratamento podendo indicar dano neuronal e/ou disfunção do metabolismo

energético. Portanto, nossos achados demonstraram danos significativos no hipocampo dorsal;

evidenciando alterações longitudinais estruturais e metabólicas pós-tratamento com

pilocarpina.

Palavras-chave: epilepsia do lobo temporal; neuroimagem; modelo animal.

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ABSTRACT

The hippocampus is the brain region most investigated in patients and experimental models of

epilepsy. Hippocampal sclerosis is particularly associated with temporal lobe epilepsy and

comprises a set of changes that occur during the epileptogenic process as a result of an initial

insult and still discussed in the central nervous system. Indeed, the pathophysiological

mechanisms involved in this process remain unclear. The present study aimed to evaluate

strucutural and metabolic changes in the dorsal hippocampus of Wistar rats using neuroimaging

techniques before and after induction status epilepticus with pilocarpine. The animals were

divided into two groups: sham group (n=13) and pilocarpine group (n=25). Baseline and

subsequent images were acquired at 48 hours, 15- and 30-days post-treatment using a 3 Tesla

scanner (Philips) and a special coil for rats. T2-weighted, diffusion tensor (DTI), and metabolic

and biochemical (proton magnetic resonance spectroscopy) images were acquired. The

mortality rate after pilocarpine-induced status epilepticus was 41.67%. Neuroimaging data

demonstrated damage to the dorsal hippocampus after pilocarpine-treatment. These damages

were characterized by hippocampal volume reduction, decreased in fractional anisotropy 15

days post-treatment and increased in radial diffusivity 15- and 30-days post- treatment

suggesting neuronal damage, demyelination and axonal damage. Metabolic levels of N-acetyl-

aspartate + N-acetyl-aspartyl-glutamate/Creatine and Glutamate + Glutamine/Creatine were

reduced at 48 hours post-treatment, which may indicate neuronal damage and/or dysfunction of

energy metabolism. Therefore, our findings demonstrated significant damage in the dorsal

hippocampus; showing longitudinal structural and metabolic changes after pilocarpine-

treatment.

Key-words: temporal lobe epilepsy; neuroimaging; animal model.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ILAE: do inglês, International League Against Epilepsy, ou Liga Internacional Contra Epilepsia

SE: status epilepticus

ELT: epilepsia do lobo temporal

CA: Cornu Ammonis

GABA: do inglês, Gamma-AminoButyric Acid, ou ácido gama-aminobutírico

ELTM: epilepsia do lobo temporal mesial

EEG: eletroencefalograma

RM: ressonância magnética

DTI: do inglês, diffusion tensor imaging, ou imagem por tensor de difusão

ADC: do inglês, apparent diffusion coefficient, ou coeficiente de difusão aparente

FA: do inglês, fractional anisotropy, ou anisotropia fracionada

MD: do inglês, mean diffusivity, ou difusividade média

AD: do inglês, axial diffusivity, ou difusividade axial

RD: do inglês, radial diffusivity, ou difusividade radial

ROI: do inglês, region of interest, ou região de interesse

ERM: espectroscopia por ressonância magnética

NAA: N-acetil-aspartato

ppm: partes por milhão

Cr: creatina

PCr: fosfocreatina

Cho: colina

Glu: glutamato

Gln: glutamina

TE: tempo de eco

ms: milissegundo

NAAG: N-acetil-aspartil-glutamato

GPC: glicerofosfocolina

PCh: fosfocolina

Glx: glutamato mais glutamina

FOV: field of view, campo de visão

TR: tempo de repetição

TSE: turbo spin eco

VOI: voxel of interest

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FWHM: do inglês, full width at half maximum, ou largura à meia altura do pico

PFA: paraformaldeído

vs: versus

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SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 15

1.1 EPILEPSIA.................................................................................................................. 15

1.2 EPILEPTOGÊNESE.................................................................................................... 17

1.3 EPILEPSIA DO LOBO TEMPORAL E ESCLEROSE HIPOCAMPAL................... 19

1.4 MODELO EXPERIMENTAL DE EPILEPSIA DO LOBO TEMPORAL

INDUZIDO PELA PILOCARPINA.................................................................................

21

1.5 EPILEPSIA E NEUROIMAGEM............................................................................... 23

1.6 JUSTIFICATIVA........................................................................................................ 31

1.7 OBJETIVOS................................................................................................................ 32

1.7.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................. 32

1.7.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................... 32

2.0 METODOLOGIA........................................................................................................ 32

2.1 INDUÇÃO DE STATUS EPILEPTICUS COM PILOCARPINA............................... 34

2.2 AQUISIÇÃO DAS IMAGENS CEREBRAIS POR RESSONÂNCIA

MAGNÉTICA....................................................................................................................

35

2.3 ANÁLISES DAS IMAGENS CEREBRAIS POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 35

2.4 ALTERAÇÃO DE VOLUME VENTRICULAR DE RATOS DA LINHAGEM

WISTAR..............................................................................................................................

39

2.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA.......................................................................................... 39

3.0 RESULTADOS........................................................................................................... 40

3.1 VOLUMETRIA HIPOCAMPAL DORSAL............................................................... 42

3.2 DADOS DO TENSOR DE DIFUSÃO........................................................................ 44

3.3 DADOS METABÓLICOS.......................................................................................... 47

4.0 DISCUSSÃO GERAL................................................................................................. 53

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5.0 LIMITAÇÕES DO ESTUDO E PERSPECTIVAS FUTURAS................................. 60

6.0 CONCLUSÃO............................................................................................................. 61

7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................

8.0 ANEXO........................................................................................................................

62

77

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1.0 INTRODUÇÃO

1.1 EPILEPSIA

A epilepsia é caracterizada por uma predisposição persistente a gerar crises

epilépticas espontâneas, com impacto neurobiológico, cognitivo, psicológico e social. É

importante ressaltar que a epilepsia não é uma condição única, mas pode corresponder a

transtornos de etiologias diversas e que compartilham um aumento anormal da predisposição

às crises epilépticas [1].

As crises epilépticas são eventos clínicos determinados por sinais e/ou sintomas

característicos devido à atividade neuronal síncrona ou excessiva no cérebro. A apresentação

das crises depende do foco de início no cérebro, padrões de propagação, maturidade cerebral,

tratamento farmacológico e uma diversidade de outros aspectos. A função sensorial, motora e

autonômica, nível de consciência, estado emocional, memória, cognição e comportamento

podem ser comprometidos [1].

De acordo com a Liga Internacional Contra Epilepsia (International League Against

Epilepsy – ILAE), a epilepsia pode ser definida pela presença de pelo menos uma das seguintes

condições clínicas: (a) duas crises epilépticas espontâneas (ou reflexas) ocorrendo num

intervalo maior que 24 horas; (b) uma crise espontânea (ou reflexa) e probabilidade de novas

crises semelhantes ao risco de recorrência (ao menos 60%) após duas crises espontâneas,

ocorrendo nos 10 anos seguintes e (c) diagnóstico de uma síndrome epiléptica [2]. Contudo,

com o intuito de coordenar estudos populacionais, a Comissão de Epidemiologia da ILAE

sugere que a epilepsia seja definida como duas ou mais crises epilépticas espontâneas que

ocorram com pelo menos 24 horas de intervalo [3].

Ainda nesta nova classificação proposta pela ILAE, a epilepsia pode ser

considerada como resolvida em pacientes que tiveram uma síndrome epiléptica idade-

dependente, mas que agora ultrapassaram a faixa etária vulnerável ou que não apresentaram

crises nos últimos 10 anos e não utilizaram drogas antiepilépticas nos últimos 5 anos [2].

A etiologia da epilepsia é dividida em idiopática, adquirida (sintomática) e

criptogênica (presumida sintomática) [4-6]. A epilepsia idiopática é caracterizada pela ausência

de lesão estrutural subjacente no cérebro ou outro sinal ou sintoma neurológico, no qual

acredita-se ser de origem genética e geralmente tem seu início na infância. A epilepsia adquirida

apresenta crises epilépticas como uma consequência de uma ou mais lesões estruturais

visualizadas no cérebro. Já a epilepsia criptogênica refere-se a epilepsia que se acredita ser

sintomática, porém com causa não identificada [4-5].

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As crises, por sua vez, segundo seu foco de início, de maneira simplificada podem

ser divididas em focal, generalizada e de origem desconhecida. As crises focais são originadas

em um hemisfério do cérebro, enquanto as crises generalizadas envolvem os dois hemisférios

cerebrais simultaneamente [7].

O status epilepticus (SE) é considerado a forma mais extrema de uma crise. Em

2015 uma nova definição conceitual foi proposta pela Comissão de Classificação e

Terminologia e a Comissão de Epidemiologia da ILAE, onde o SE foi definido como uma

condição decorrente da falha dos mecanismos responsáveis por cessar uma crise convulsiva ou

do início de mecanismos que desencadeiam crises irregularmente prolongadas (mais que 5

minutos). Tal condição pode ter consequências após longa duração (após 30 minutos), como

morte e lesão neuronal, alteração nas redes neuronais dependendo do tipo e duração das crises

[8].

A epilepsia é um transtorno cerebral frequente que afeta cerca de 46 milhões de

pessoas ao redor do mundo [9]. Sua prevalência diferencia-se entre os países conforme aspectos

considerados, como fatores de risco e etiológicos, número de crises ao diagnóstico, epilepsia

ativa ou casos de remissão.

A epilepsia ativa é estabelecida pelo tratamento medicamentoso regular com drogas

antiepilépticas ou quando a última crise epiléptica ocorreu nos últimos 5 anos [3].

Em uma revisão sistemática e meta-análise de estudos internacionais a prevalência

da epilepsia ativa foi de 6,38 por 1000 indivíduos, ao passo, que a prevalência ao longo da vida

foi de 7,60 por 1000 indivíduos. A incidência cumulativa anual de epilepsia foi de 67,77 por

100.000 indivíduos e a taxa de incidência foi de 61,44 por 100.000 indivíduos/ano. A idade, o

sexo ou a qualidade do estudo não divergiram na prevalência da epilepsia entre os trabalhos.

As epilepsias idiopáticas e aquelas com crises generalizadas foram as mais prevalentes. Os

países de baixa e média renda demonstraram maior prevalência e incidência. [10].

Estudos epidemiológicos brasileiros determinaram a prevalência de epilepsia em

diferentes cidades brasileiras no país. Em São Paulo, a prevalência foi de 11,9 para cada 1000

indivíduos, todavia esse estudo não determinou dados epidemiológicos distintos de epilepsia

ativa e inativa [11]. Em Porto Alegre, a taxa foi de 16,5 para cada 1000 indivíduos para a

epilepsia ativa e 20,3 para cada 1000 indivíduos para epilepsia inativa [12]. Já em São José do

Rio Preto a prevalência foi de 18,6 para cada 1000 indivíduos, sendo 8,2 para epilepsia ativa

(ao menos uma crise nos últimos dois anos) [13].

Apesar da alta prevalência e do impacto decorrente da epilepsia, até o presente

momento, o mecanismo da epileptogênese segue apenas parcialmente compreendido e a falta

de biomarcadores confiáveis são fatores limitantes para intervenções efetivas [14-15].

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17

1.2 EPILEPTOGÊNESE

A epileptogênese é caracterizada por um processo complexo que pode transcorrer

de meses a anos. Um cérebro normal torna-se funcionalmente alterado e passa a gerar atividade

elétrica que desencadeia crises epilépticas crônicas, como na epilepsia do lobo temporal (ELT)

[16].

Esse processo é dividido em três fases: o insulto inicial precipitante, o período

latente (ausência de crises) e o desenvolvimento da ELT caracterizada por episódios de crises

espontâneas recorrentes.

A fase inicial da lesão é caracterizada por um insulto ao cérebro, como por exemplo:

uma lesão traumática cerebral, um processo infeccioso, exposição à neurotoxina, acidente

vascular cerebral, entre outros. Esses insultos ativam cascatas celulares, como inflamação,

oxidação, apoptose, neurogênese e plasticidade sináptica, levando a alterações estruturais e

funcionais nos neurônios, desencadeando a epileptogênese [17].

A fase latente é representada por um subsequente rearranjo do circuito sináptico,

dano neuronal, neurogênese e hiperexcitabilidade sincronizada. Essa fase tem duração variável,

ausência de manifestações clínicas e é considerada a principal oportunidade para uma

intervenção preventiva [17-18]. Estudos evidenciam que alterações neurobiológicas que

ocorrem na fase latente são progressivas mesmo após o diagnóstico de epilepsia [19-20].

Alterações latentes acabam resultando em atividade convulsiva espontânea,

marcando o início da fase crônica [17]. A fase crônica é estabelecida como o estado de

hiperexcitabilidade neuronal crônica e hipersincronia. É indicada por crises focais complexas

espontâneas recorrentes com ou sem generalização secundária [21] e está associada com

reorganização sináptica, brotamento axonal, inflamação, perda celular variável nas regiões de

Cornu Ammonis (CA) 1, CA3 e astrocitose reativa [22].

A epileptogênese segue como alvo de investigação. Os modelos experimentais têm

contribuindo fortemente ao longo dos anos para uma melhor compreensão dos seus

mecanismos. Em uma revisão sobre a patogênese da epilepsia, Hui e colaboradores (2013)

descreveram sobre as diversas vias biológicas e moleculares e alterações estruturais e funcionais

envolvidas na epileptogênese [23].

A hiperexcitabilidade neuronal na epilepsia é decorrente do desequilíbrio entre a

excitação mediada pelo neurotransmissor glutamato e a inibição mediada pelo neurotransmissor

ácido gama-aminobutírico (Gamma-AminoButyric Acid - GABA) [23-24].

O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório no cérebro, gera potenciais

pós-sinápticos excitatórios despolarizando os neurônios [23,25-26].

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18

A regulação dos receptores do glutamato [23,27-29], elevação da sua concentração

extracelular [23,30-31], anormalidades no transporte glutamatérgico [23,31-32] e mecanismo

autoimune [23,33] são processos moleculares envolvidos no início e na progressão da epilepsia.

Esses processos cooperam para a atividade glutamatérgica excessiva que desencadeia a

hiperexcitabilidade na epilepsia [23,24].

Em contrapartida, O GABA é o principal neurotransmissor inibitório; gera

potenciais pós-sinápticos inibitórios hiperpolarizando os neurônios [23,34-35].

O sistema GABAérgico tem um papel marcante em suprimir as descargas

epileptiformes [23,34]. Supõe-se que, com a redução ou perda da inibição GABAérgica haja

um aumento da possibilidade de geração de potenciais de ação favorecendo a epileptogênese

[23-24,36].

Os processos GABAérgicos sugeridos incluem: comprometimento na liberação do

GABA [23,37], alterações nos receptores GABAérgicos [23,38-39], comprometimento na

síntese do GABA [23,40-41] e perda neuronal [23,42-43].

A neurogênese hipocampal aberrante também foi proposta como importante na

patogênese da epilepsia [23,44-45]. Inúmeras alterações estruturais, neuroquímicas e celulares

podem ocorrer após crises agudas [23,46].

A perda dos neurônios do hilo do giro denteado e dos neurônios piramidais em CA1

e CA3, o brotamento axonal aberrante e sinaptogênese das fibras musgosas e a perda de

interneurônios GABAérgicos inibitórios são descritos após as crises agudas [23,46].

O brotamento das fibras musgosas, que são axônios das células granulares do giro

denteado, abrange sua reorganização sináptica para formar novos contatos sinápticos com

localização anormal, a terceira camada molecular do giro denteado ou região supra granular

[47-48]. Essa reorganização estrutural seria atribuída à eliminação de sinapses devido a morte

neuronal das células musgosas, que são os principais neurônios excitatórios no hilo denteado

[23,48-49].

Como resultado do brotamento axonal e da sinaptogênese na via das fibras

musgosas, os novos circuitos neuronais passam a integrar um circuito excitatório recorrente nas

células granulares denteadas que aumenta o impulso (entrada) excitatório e promove a

epileptogênese [23,48-49].

Alterações celulares também estão presentes no hipocampo após crises agudas,

como aumento da neurogênese, migração anormal das células granulares recém-geradas para o

hilo denteado e a camada molecular denteada, e também a ocorrência de dendritos basais hilares

recém-adicionados nas células granulares [23,44-46]. Essas alterações podem criar um circuito

aberrante que favorece a geração da atividade epileptiforme [23].

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19

A apoptose é um processo de morte celular programada para manter a homeostase

celular [23,50]. Estudos experimentais e clínicos sugerem que a perda neuronal ocorre após

insultos cerebrais e a via apoptótica, além de outros mecanismos como a neurotoxicidade

mediada pelo glutamato, pode estar envolvida nessa perda celular [23,51-54].

1.3 EPILEPSIA DO LOBO TEMPORAL E ESCLEROSE HIPOCAMPAL

A ELT pode ser classificada de acordo com a origem anatômica do foco epiléptico,

sendo dividida em epilepsia do lobo temporal mesial (ELTM) e epilepsia do lobo temporal

lateral (neocortical). A ELTM envolve as estruturas anatômicas mais internas do lobo temporal

como o hipocampo, o giro para-hipocampal e a amígdala. Essa é a forma mais comum de crises

no lobo temporal e frequentemente é secundária à esclerose hipocampal [55].

As epilepsias de origem focal correspondem a uma taxa de 60% de todas as

epilepsias, sendo a originada no lobo temporal o tipo mais frequente. Em torno de 48 a 56%

desses casos ocorrem bilateralmente [55-56].

As causas mais comuns das crises no lobo temporal são: a esclerose hipocampal,

processos infecciosos, tumores, lesão traumática no cérebro, anomalias vasculares, fatores

genéticos e fatores desconhecidos [55].

A ELTM é o tipo mais frequente de epilepsia focal, tendo a esclerose hipocampal o

achado neuropatológico mais frequente na maioria dos pacientes. Crises febris prolongadas, um

período sem crises, crises com início na metade para o fim da infância, auras que podem

inicialmente ocorrer isoladas, períodos de remissão de crises durante a adolescência e início da

vida adulta são rotineiramente descritos na ELTM com esclerose hipocampal. Com esse

processo em curso, crises epilépticas estão associadas a uma grande parcela de refratariedade

ao tratamento medicamentoso e alterações cognitivas [57].

Como já descrito na epileptogênese, toda essa condição neurológica desordenada,

particularmente em consequência de um desequilíbrio de neurotransmissores excitatórios e

inibitórios, com foco primário no lobo temporal, desencadeia a epileptogênese [23].

Alguns estudos demonstraram que a taxa de remissão de crises está em torno de

60% a 80% nos pacientes pós-cirúrgicos com ELT e esclerose hipocampal [58-61]. Todavia,

alguns pacientes não são submetidos a cirurgia devido a critérios clínicos, como por exemplo,

foco bilateral, ou até mesmo pela vontade do paciente em não querer realizar a cirurgia.

Em roedores, o hipocampo é subdividido em dorsal (septal) e ventral (temporal)

correspondendo em humanos aos eixos posterior e anterior [62-63]. De maneira generalizada,

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a porção dorsal do hipocampo está localizada próxima ao córtex retrosplenial e a porção ventral

está localizada próxima ao complexo amigdaloide [64].

A esclerose hipocampal é o achado neuropatológico mais frequentemente

observado e mais investigado ao longo dos anos e apresenta uma variedade de subtipos. A perda

neuronal predominantemente em CA1, CA3, CA4 e giro denteado, brotamento de fibras

musgosas e gliose são comumente observados nos espécimes cirúrgicos [55,65].

Em 2013 uma nova classificação histopatológica baseada nos achados de perda

neuronal e gliose da esclerose hipocampal foi proposta pela ILAE. Esta classificação é dividida

em três subtipos: a) tipo 1: compromete os setores de CA1 e CA4; b) tipo 2: compromete

predominantemente CA 1 e c) tipo 3: compromete predominantemente CA4. Essa

categorização pode contribuir na classificação de resultados pós-cirúrgicos e no controle de

crises epilépticas. Um tipo 4 adicional foi descrito sendo identificada gliose, mas não perda

neuronal [66].

A incidência de esclerose hipocampal ou ELTM não está definida na população em

geral devido a maior parte dos estudos serem baseados em dados pós-cirúrgicos [67]. A

porcentagem de pacientes com ELTM com esclerose hipocampal com poucas crises ou crises

controladas também é desconhecida [68]. Todavia, crises relacionadas com esclerose

hipocampal geralmente são resistentes ao tratamento farmacológico [69-70].

A relação entre a esclerose hipocampal e ELTM refratária tem sido bastante

abordada ao longo dos anos, no entanto, sua etiologia e os mecanismos responsáveis pelos

quais a esclerose hipocampal influencia nas crises epilépticas ainda são obscuros [71].

Existem várias hipóteses fisiopatológicas sobre a esclerose hipocampal, já que o

hipocampo é frequentemente envolvido em crises epilépticas, mesmo que essas crises não

sejam geradas nessa estrutura. Se a esclerose hipocampal é uma causa ou efeito das crises, é

algo discutível na literatura [72], no entanto, acredita-se que sua causa seja multifatorial; a

contribuição de crises febris, predisposição genética, fatores inflamatórios e neurológicos são

discutidos [73]. A inibição GABAérgica comprometida, a neurotoxicidade do glutamato,

disfunção mitocondrial, excitação sináptica via brotamento axonal, alterações na função ou

distribuição dos canais iônicos também são discutidos [74-75].

A neuroimagem e o eletroencefalograma (EEG) são instrumentos extremamente

relevantes para o diagnóstico de ELT, pois podem contribuir para a identificação do foco

epiléptico e possivelmente desvendar possíveis redes epilépticas.

A atrofia cerebral na esclerose hipocampal pode afetar as redes anatômicas e

funcionalmente conectadas ao hipocampo [76-77]. Devido as crises convulsivas estarem

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associadas a redes neurais sincronizadas, outras regiões corticais e subcorticais, tanto ipsi

quanto contralaterais ao foco epileptogênico podem ser comprometidas [78-79].

1.4 MODELO EXPERIMENTAL DE EPILEPSIA DO LOBO TEMPORAL INDUZIDO

PELA PILOCARPINA

Como um modelo experimental de ELT, o modelo induzido pela pilocarpina, droga

extraída do Pilocarpus jaborandi foi proposto inicialmente há 36 anos por Turski e

colaboradores (1983) e tem sido amplamente utilizado para investigar os mecanismos

fisiopatológicos da ELT. A pilocarpina atua nos receptores colinérgicos muscarínicos como um

agonista parcial, induzindo uma atividade epiléptica de longa duração seguida de dano cerebral

[80]. A epileptogênese é desencadeada pelo SE induzido pela administração da pilocarpina [80-

81].

A administração da pilocarpina para indução de SE pode ser por via intraperitoneal

ou intra-hipocampal. A via intra-hipocampal tem a vantagem de uma redução significativa na

taxa de mortalidade, em torno de 71% [82]. O uso do lítio tem sido amplamente aceito e

viabiliza diminuir a dose de pilocarpina necessária para indução de SE em ratos, isso, porque

ele parece elevar a sensibilidade da pilocarpina em ratos pré-tratados [83].

Esse modelo experimental reproduz várias características da ELT em humanos,

desde similaridades com a patologia, alterações comportamentais e a ocorrência de crises

parciais e generalizadas. Danos neuronais na formação hipocampal, córtex piriforme e

entorrinal, tálamo, neocórtex e substância nigra foram descritos [84].

É importante ressaltar algumas características deste modelo: a indução de SE por

administração intraperitoneal de pilocarpina é mais rápida do que no modelo de ácido caínico.

É também caracterizado pela presença de um período latente seguido pelo aparecimento de

crises espontâneas recorrentes (fase crônica) [85] e pela ocorrência de lesões generalizadas em

áreas cerebrais semelhantes à de pacientes com ELT. A reorganização das redes neuronais nas

regiões hipocampal e para-hipocampal (brotamento das fibras musgosas, perda neuronal e

proliferação ectópica de células granulares denteadas) é um fenômeno observado em pacientes

com ELT e em animais tratados com pilocarpina [86]. Essa droga também induz uma elevação

na concentração de glutamato no hipocampo após o surgimento de crises epilépticas [87].

O SE neste modelo pode desencadear um insulto excitotóxico resultando em danos

celulares imediatos que transcorrem dentro de minutos a algumas horas e também em um

processo prolongado de neurodegeneração que pode se desenvolver de semanas a meses após

o insulto inicial [80-81,85,88]. As taxas de mortalidade estão entre 30-40% para ratos Wistar

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machos tratados com 300-400mg/kg de pilocarpina [80,84,89].

As alterações comportamentais e eletroencefalográficas podem ser divididas em

três fases: o período agudo que evolui gradualmente para um SE límbico que dura até 24 horas,

o período latente que pode variar de 4 a 44 dias e o período crônico com a presença de crises

espontâneas recorrentes [88].

Devido a diferentes dosagens de pilocarpina administradas para indução de SE, a

duração do período latente pode variar dependendo do protocolo utilizado. Em ratos Wistar

tratados com 380mg/kg de pilocarpina, o período latente pode durar de 1 a 6 semanas, com um

intervalo de tempo médio de 14,8 dias [89]. As doses de 380-400mg/kg induzem pequenas

diferenças no tempo de início das crises espontâneas [90]. Contudo, é importante ressaltar

também que a duração de SE influencia na duração do período latente. Os ratos submetidos a

SE por 30 minutos e tratados com uma única injeção intraperitoneal de diazepam (10mg/kg) e

pentobarbital (30mg/kg) não desenvolveram crises espontâneas. Em contrapartida, os animais

que foram submetidos a SE por uma, duas, seis ou várias horas, o período latente foi bastante

variado (entre 14 a 52 dias) [90].

As alterações neuropatológicas também podem variar de acordo com a dose de

pilocarpina administrada. As doses mais altas de pilocarpina podem aumentar a chance de

indução da síndrome completa e redução do período latente para SE, porém aumentam a taxa

de mortalidade [83].

No período latente, os animais que recebem pilocarpina geralmente não apresentam

alterações comportamentais e eletroencefalográficas [89]. Todavia, acredita-se que durante o

período latente fenômenos fisiopatológicos relacionados a epileptogênese podem ocorrer, como

o brotamento das fibras musgosas, perda neuronal, religação dos circuitos sinápticos, ativação

de células da glia e proliferação celular ectópica [19,91].

Salami e colaboradores (2014) descobriram que a transição da fase latente para a

fase crônica é paralela a mudanças dinâmicas no pico inter-ictal e na expressão de oscilações

de alta frequência no córtex entorrinal e CA3 [92].

As crises espontâneas, caracterizando a fase crônica, são semelhantes às crises

parciais complexas em humanos, com frequência geralmente de 2 a 3 vezes por semana [88].

Entretanto, a frequência destas crises também pode variar de acordo com a metodologia

utilizada para o monitoramento destes animais (inspeção visual, monitoramento por vídeo ou

EEG) e o tipo de crises (parciais ou generalizadas) [89-90].

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1.5 EPILEPSIA E NEUROIMAGEM

A ressonância magnética (RM) é uma ferramenta de imagem com a capacidade de

identificar alterações estruturais e funcionais no cérebro. Ao gerar um campo magnético, pulsos

de radiofrequência e gradientes de campo, uma máquina de RM pode fornecer imagens

radiológicas do cérebro e de outros órgãos do corpo [17].

As imagens anatômicas geralmente são obtidas por tempos de relaxamento únicos

(T1 e T2). Os tempos de relaxamento podem ser obtidos regulando os parâmetros da sequência

de pulso na RM [17]. Imagens ponderadas em T1 são rotineiramente utilizadas em humanos

para avaliar detalhes anatômicos e as imagens ponderadas em T2 para investigar lesões

patológicas. Os tempos de relaxamento de T1 e T2 são baseados no tempo de relaxamento da

água em diferentes tecidos. Os tecidos com maior quantidade de água têm um tempo maior de

relaxamento [17].

Em modelos animais de SE, o tempo de relaxamento em imagens ponderadas em

T1 e T2 aumenta após o início de SE e atinge o pico em 24 horas [93-94], com normalização

do contraste dentro de 48 a 72 horas.

Com o avanço tecnológico e ferramentas de neuroimagem cada vez mais eficientes

nos processos clínicos de investigação na epilepsia, a RM tem sido considerada a ferramenta

padrão-ouro para essas avaliações, pode revelar sinais de esclerose hipocampal, caracterizada

por uma redução volumétrica, perda da estrutura interna e hipersinal (T2) no hipocampo [95],

além de outras alterações subjacentes, como tumores e malformações corticais [95-97]. Ainda

assim, a RM qualitativa e quantitativa pode não detectar a esclerose hipocampal leve, observada

em análises histopatológicas [98].

A atrofia hipocampal em humanos é descrita em quase 90 a 95% dos pacientes

quando técnicas volumétricas são utilizadas [99], podendo ser simétrica bilateralmente, mas é

frequentemente unilateral ou assimétrica [98]. Em torno de 80 a 85% dos pacientes apresentam

aumento do sinal em T2, 10 a 95% apresentam sinal em T1 diminuídos e a perda da estrutura

interna é observada em 60 a 95% dos casos [98].

As alterações no sinal em T2 na RM tem sido rotineiramente descritas em várias

fases do processo epileptogênico em modelos animais, tendo o edema, a gliose e a perda celular

as alterações patológicas mais comuns [93,100-101]. Alterações na volumetria e morfologia do

hipocampo e outras estruturas límbicas também são descritas em modelos de SE [102-105]. As

imagens ponderadas em T2 são altamente eficazes para identificar edema, micro hemorragias,

extensão de lesão e atrofia microestrutural em modelos animais de epilepsia [102,106-108].

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O desenvolvimento progressivo de atrofia pode ser observado com aumento

ventricular, diminuição no tamanho do hipocampo e afinamento cortical dentro de semanas a

meses após indução de SE em animais [102,108-109].

Uma outra modalidade de imagem de RM, a imagem por tensor de difusão

(Diffusion Tensor Imaging – DTI) foi apresentada por Basser e colaboradores (1994) e tornou-

se umas das técnicas de RM mais utilizadas em estudos do cérebro e na prática clínica [110].

O DTI calcula a magnitude e a direção da difusão da água ao longo de três auto

vetores principais (direções x, y e z) e permite a quantificação não invasiva sobre a

microestrutura da substância cinzenta e branca no cérebro [111]. Observou-se que o movimento

ou difusão das moléculas de água é mais rápido ao longo das fibras da substância branca do que

perpendicular a elas. A diferença entre esses dois movimentos (paralelo e perpendicular às

fibras, denominado anisotropia por difusão) é a base do DTI [110,112]. A difusão da água é

restrita perpendicularmente aos axônios mielinizados e propaga-se mais livremente

paralelamente aos feixes de fibras mielinizadas, fornecendo o método pelo qual a substância

branca é caracterizada [113].

Estudos prévios com modelos experimentais de ELT induzido por pilocarpina ou

ácido caínico ressaltaram a sensibilidade de imagens por difusão na constatação de dano

cerebral precoce [114-116].

A integridade axonal pode ser propriamente avaliada por essa técnica que é baseada

na difusão da água e em sua direcionalidade em três dimensões. Devido a organização paralela

das fibras nervosas, a difusão da água é prejudicada perpendicularmente pelas membranas ao

eixo principal (anisotrópico) [117-119]. Em contrapartida, em um meio que não possui barreiras

ao movimento da água, como o líquido cefalorraquidiano, a difusão da água é isotrópica.

O DTI proporciona estrutura para aquisição, análise e quantificação da difusão na

substância branca [112]. Ele quantifica a difusão em várias direções e usando a decomposição

do tensor, obtém as difusividades paralela e perpendicular às fibras [110,112,120]. Essas

difusividades são utilizadas, por exemplo, para o cálculo do coeficiente de difusão aparente

(Apparent Diffusion Coefficient – ADC) ou a anisotropia fracionada (Fractional Anisotropy –

FA) [112].

Uma das principais vantagens do DTI é que ele pode mensurar as principais

difusividades independente do posicionamento das fibras. Existe um esquema de cores

rotineiramente utilizado para avaliar a orientação das fibras. Neste esquema, a cor vermelha

indica as fibras que cruzam da esquerda para a direita; cor verde: as fibras que cruzam antero-

posteriormente e cor azul: as fibras estão cruzadas infero-superiormente (Figura 1) [121].

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Figura 1: Imagem ilustrativa do presente estudo, sequência coronal de cérebro de rato Wistar

por mapa de cores. A orientação das fibras é representada frequentemente pelas cores

vermelha, verde e azul, outras cores visualizadas são decorrentes da junção entre essas cores.

Cores intensas expressam maior difusão local.

A anisotropia pode ser quantificada por voxel usando a FA, variando de 0

(totalmente anisotrópico) a 1 (a difusão é favorecida em um eixo e dificultada nos outros dois)

[112,117]. O índice de FA é alto quando os tratos das fibras estão normais, a difusão da água é

anisotrópica. Já o índice diminuído de FA está relacionado com fibras degeneradas [117,122-

123].

A difusividade média (Mean Diffusivity – MD) é composta pela difusividade axial

(Axial Diffusivity – AD) e difusividade radial (Radial Diffusivity – RD) que correspondem a

difusividade paralela e perpendicular [124-125]. O aumento da MD é indicativo de uma

desorganização na estrutura, a RD é um bom indicador de dano na mielina e AD é um indicador

de dano axonal, como inchaço axonal, degeneração walleriana e dano axonal [126].

O edema citotóxico e extracelular pode alterar a difusão da água em processos

patológicos subjacentes à epilepsia. Estudos experimentais demonstraram que o edema

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citotóxico diminui inicialmente a difusão e é decorrente da inabilidade em manter uma alta

concentração de sódio extracelular e uma baixa concentração de sódio intracelular. O gradiente

de osmolaridade transfere a água para as células, desencadeando em inchaço celular. Uma

diminuição no ADC é inicialmente observada, seguida posteriormente por um aumento que é

específico para a resolução do edema citotóxico. As alterações no ADC estão correlacionadas

com hiperexcitabilidade crônica nos modelos de epilepsia pós-trauma cerebral e pilocarpina

[127-128]. Além disso, alterações no ADC foram descritas em ratos que desenvolveram crises

límbicas espontâneas no modelo de epilepsia de estimulação elétrica hipocampal [129].

As modificações específicas na camada do hipocampo após vários insultos

cerebrais epileptogênicos podem ser evidenciadas com DTI de alta resolução. O aumento de

FA no giro denteado de ratos vários meses após indução de SE foi associado com brotamento

de fibras musgosas e reorganização axonal na camada molecular externa. Sugerindo desta

forma a potencialidade do DTI em identificar a plasticidade estrutural no nível axonal no

processo epileptogênico [130].

Estudos em humanos utilizando regiões de interesse (Region Of Interest – ROI)

demonstraram alterações no hipocampo unilateral na ELTM com esclerose hipocampal.

Geralmente o índice de FA está reduzido e o índice de MD aumentado no foco ipsilateral, mas

alterações contralaterais também são descritas [131-135]. As mudanças no DTI também podem

ser evidenciadas em outras estruturas, além do hipocampo ipsilateral, como cápsula externa,

corpo caloso, entre outras [136-137]. Além disso, sugere-se que o DTI pode auxiliar na

localização do foco das crises na ELT [131-132,138-139].

A espectroscopia por ressonância magnética (ERM) de prótons é uma outra técnica

de neuroimagem que se diferencia por sua capacidade de quantificar metabólitos cerebrais de

forma não invasiva. É um método que pode ser adicionado ao protocolo tradicional de aquisição

de imagens de RM convencional. Por meio da ERM é possível comparar metabólitos

provenientes de tecidos patológicos e normais e identificar alterações que geralmente precedam

as alterações anatômicas. É utilizada para auxílio em diagnósticos, monitorar e investigar a

progressão e patogênese da doença e tratamentos terapêuticos [140].

Quanto aos metabólitos quantificados por essa técnica, em um cérebro normal os

principais metabólitos são: o N-acetil-aspartato (NAA) que representa o pico mais proeminente

na posição 2.0 partes por milhão (ppm), a creatina (Cr)/fosfocreatina (PCr) na posição 3.0ppm,

compostos contendo colina (Cho) na posição 3.2ppm e glutamato (Glu)/glutamina (Gln) na

posição aproximada de 2.4ppm (Figura 2). Na Figura 3 é possível visualizar os metabólitos

cerebrais em cérebro de rato Wistar após indução de SE com administração de pilocarpina

intraperitoneal.

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Figura 2: Imagem ilustrativa do presente estudo. Espectroscopia de voxel único de cérebro de

rato Wistar de ressonância magnética basal com tempo de eco (TE) longo (135 milissegundo

(ms)) analisado pelo programa LCModel.

Figura 3: Imagem ilustrativa do presente estudo. Espectroscopia de voxel único de cérebro de

rato Wistar de ressonância magnética 15 dias após indução de status epilepticus com tempo de

eco (TE) longo (135 milissegundo (ms)) analisado pelo programa LCModel.

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O metabólito mio-inositol geralmente é quantificado em TE curto e está localizado

aproximadamente na porção 3.5ppm do espectro. Em condições cerebrais normais, um outro

metabólito, o lactato, não pode ser visualizado, devido a sua concentração baixa em um cérebro

adulto [140].

A importância desta técnica na epilepsia se deu devido a possibilidade de uma

melhor compreensão da fisiopatologia metabólica das redes hiperexcitáveis e da necessidade

de melhor identificar o foco epiléptico, visto que muitos pacientes com epilepsia podem

apresentar imagens estruturais de RM sem alterações. Na epilepsia, a escolha do voxel único é

priorizada em especial quando o foco epiléptico já foi determinado [141]. O tamanho e o

posicionamento adequado do voxel para obter as informações da região específica de interesse

sem contaminação das áreas adjacentes podem fornecer dados valiosíssimos.

A força da intensidade do sinal depende da concentração dos metabólitos. Por

exemplo, metabólitos como o NAA tem cerca de 1/10.000 de intensidade do sinal de água nos

espectros de prótons. A presença de um grande sinal de água, em especial, na ERM de prótons,

é um problema, porque dificulta na detecção de sinais espectroscópicos menores. Desta forma,

para que a intensidade do sinal da água seja reduzida é necessário utilizar técnicas para a

supressão da água. Um pulso de pré-saturação seletivo de deslocamento químico é comumente

utilizado [142].

O NAA é um aminoácido encontrado em altas concentrações no sistema nervoso

central e periférico. Sua função não está totalmente esclarecida, todavia, acredita-se que atue

como um osmólito, uma forma de armazenamento de aspartato e seja um precursor do N-acetil-

aspartil-glutamato (NAAG). Também é considerado um marcador de densidade e

viabiabilidade neuronal [140-141]. Sua síntese ocorre apenas nas mitocôndrias neuronais e está

vigorosamente correlacionada com o metabolismo oxidativo [141]. Por outro lado, o NAAG

tem como função modular a transmissão glutamatérgica e parece ter um papel de neuroproteção

e plasticidade sináptica [143].

A creatina como um elemento chave da fosfocreatina é altamente adequada como

um fator de normalização para parâmetros energéticos. Também é encontrado nos neurônios,

mas sua maior concentração está nos astrócitos. Além disso, é sugestiva na identificação de

regiões com disfunção energética e neuronal [141].

O pico da colina surge do sinal de vários componentes, principalmente da

glicerofosfocolina (GPC), fosfocolina (PCh) e colina [140,142]. A colina está sobretudo

relacionada com a síntese e decomposição das membranas celulares, degradação da mielina ou

gliose. Níveis aumentados de colina e creatina também estão correlacionados com astrócitos e

oligodendrócitos [142].

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O mio-inositol usualmente elevado em edema leve, o glutamato, como o principal

neurotransmissor excitatório e o GABA como o principal neurotransmissor inibitório são outros

metabólitos quantificados pela ERM e investigados na epilepsia. Muitos estudos em epilepsia

consideram a creatina, o NAA e a colina os principais compostos químicos relevantes para

investigação [141].

A função do mio-inositol também não está totalmente compreendida. Considera-se

que ele seja essencial para o crescimento celular, um osmólito e uma fonte de armazenamento

de glicose. Está localizado principalmente na glia e o seu aumento pode ser considerado como

um marcador de gliose [140].

O excesso de glutamato nas células neurais pode ser tóxico e desencadear morte

neuronal. A glutamina é uma forma precursora e de armazenamento do glutamato e está

localizada principalmente nos astrócitos. A glutamina e o glutamato são muito semelhantes e

difícil de serem separados em campo magnético de baixa intensidade [140].

Para identificar o metabólito GABA é necessário um campo magnético de 3 Tesla

ou superior. Os picos pequenos dos espectros interligados ao GABA estão localizados na porção

3.02ppm, sobrepostos pelo NAA, creatina e glutamato + glutamina (Glx), lamentavelmente,

dificultando seu estudo na ERM de prótons in vivo pela sobreposição destes metabólitos.

Algumas sequências especiais foram elaboradas ao longo dos anos para evitar a sobreposição

de sinal, mesmo assim, a implementação técnica permanece difícil. A concentração do GABA

na substância cinzenta cortical é muito baixa, sendo extremamente difícil uma quantificação

fidedigna. O GABA é um neurotransmissor inibitório que previne e finaliza as crises

epilépticas. O GABA e Glx seguramente determinam o foco epiléptico em termos bioquímicos

[142].

Um estudo realizado por Hugg e colaboradores (1993) já evidenciava a capacidade

da ERM de prótons em localizar corretamente o foco epiléptico na ELT em humanos. Este

estudo demonstrou níveis reduzidos de NAA na formação do hipocampo afetado. Esse achado

corroborrou com os dados histopatológicos de esclerose mesial temporal, caracterizada com

perda neuronal seletiva e gliose no foco epileptogênico. Comparativamente, a ERM identificou

corretamente o foco das crises epilépticas em todos os oito pacientes investigados, em

contrapartida, a RM localizou corretamente sete dos oito pacientes investigados e a tomografia

computadorizada detectou corretamente dois de cinco pacientes investigados [144].

Níveis reduzidos de NAA podem ser um marcador precoce de tecido cerebral

cronicamente epileptogênico em humanos e de morte neuronal. A concentração de colina é duas

a três vezes maior nas células da glia do que nos neurônios [143].

Na epilepsia, o achado mais descrito é a redução de NAA nas regiões

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hipocampal/temporal. Reduções de NAA/Cr, NAA/Cho e NAA/(Cr+Cho) expressam disfunção

ou perda neuronal e gliose reativa de astrócitos [146-148].

O NAA geralmente está reduzido na região de esclerose hipocampal e ELTM

[147,149], mas também pode estar reduzido em regiões distantes dos focos epileptogênicos

[149] e no hipocampo contralateral normal [150-152]. O pico reduzido de NAA na ELTM,

especialmente na esclerose hipocampal pode também ser decorrente de disfunção mitocondrial,

não correlacionada com perda de células neuronais [153].

Não existe um consenso sobre os picos de colina e creatina na literatura. Há relatos

de níveis aumentados e níveis reduzidos na ELTM [150-151,154-155].

Níveis aumentados de Glx na ELT considera-se que seja reflexo de

hiperexcitabilidade do foco epiléptico [156].

Considera-se que picos significativamente elevados de mio-inositol na ELTM estão

associados com gliose no hipocampo [147].

Quanto aos modelos animais, estudos com o modelo animal de ácido caínico

demonstraram redução de NAA no córtex piriforme, amígdala e hipocampo [157], aumento

significativo no período ictal e posteriormente diminuição na fase inter-ictal e pós-ictal. O

aumento de lactato também foi evidenciado [158]. No modelo da pilocarpina, estudos também

demonstraram diminuição do NAA na fase aguda [159], latente [160] e crônica [161]. Níveis

aumentados de lactato e diminuição da colina também são descritos no modelo da pilocarpina.

É possível que a diminuição da colina seja decorrente da depleção do sistema colinérgico [100].

Em uma revisão sobre distúrbios nas interações astrócitos-neurônio na fase aguda,

latente e crônica de modelos animais de ELT, Hadera e colaboradores (2015) descreveram sobre

o potencial do glutamato, glutamina e NAA como marcadores da epileptogênese. Esta revisão

expõe dados analisados por ERM de tecidos cerebrais que receberam glicose (um substrato para

neurônios e astrócitos) e acetato (um substrato apenas para astrócitos) [162].

Alterações metabólicas não foram observadas imediatamente após SE no modelo

de pentilenotetrazol, porém a rotatitivade do glutamato diminuiu. No modelo de ácido caínico,

um dia após SE os níveis metabólitos não foram alterados, mas os astrócitos estavam reagindo,

aumentando a rotavidade da Gln, resultando em mais rotulagem do glutamato e GABA. Neste

modelo, o NAA estava diminuído na fase latente [162].

Uma diminuição progressiva de NAA/Cr após SE foi observada no modelo da

pilocarpina, atingindo um platô no segundo dia após SE (25% abaixo do controle). Essa redução

foi mantida durante a epileptogênese em ratos epilépticos [162].

No modelo de ácido caínico, os astrócitos normalizaram o metabolismo quando os

níveis de NAA não estavam alterados e o metabolismo neuronal aumentou, mas o metabolismo

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diminuiu quando os níveis de NAA também diminuiram na formação hipocampal e o glutamato

aumentou no neocórtex [162].

Na fase crônica, nos modelos de pilocarpina e ácido caínico, o metabolismo

neuronal esteve extremamente diminuido, como resultado da morte neuronal evidenciada pela

redução de NAA, mas o metabolismo dos astrócitos parecia normal [162].

A função dos astrócitos na epileptogênese está longe de ser compreendida. Sabe-se

que os astrócitos podem exercer uma função compensatória nas fases iniciais em resposta ao

sofrimento neuronal. A fase latente parece ser o momento primordial para uma intervenção para

prevenir morte neuronal e hipermetabolismo astrocitário [162].

Os distúrbios neurológicos estão cada vez mais sendo descritos como os principais

motivos de morte e incapacidade ao redor do mundo. Com a prevalência de distúrbios

neurológicos incapacitantes aumentando com o envelhecimento progressivo da população

mundial, sistemas que visam o tratamento, reabilitação e apoio a distúrbios neurológicos serão

cada vez mais necessários. Na epilepsia, uma melhor compreensão dos mecanismos

fisiopatológicos da epileptogênese e consequentemente a elaboração de estratégias eficazes de

prevenção e tratamento serão cada vez mais necessárias ao longo dos anos.

Um biomarcador de epilepsia pode mensurar características de um processo

epileptogênico patológico ou normal. O diagnóstico e tratamento na epilepsia sofrem a falta de

biomarcadores. A identificação de biomarcadores confiáveis poderia facilitar o diagnóstico,

contribuir com ajustes de doses de medicações em uso, auxiliar nas avaliações pré-cirúrgicas e

melhorar o custo-efetividade de novos medicamentos e ensaios clínicos para tratamento,

prevenção e controle da epilepsia [163].

Estudos longitudinais de neuroimagem em modelos animais são essencialmente

úteis, pois permitem a possibilidade de induzir, avaliar e monitorar processos patológicos ao

longo do tempo. Desta forma, esses estudos podem contribuir para a descoberta de

biomarcadores confiáveis para epileptogênese através da neuroimagem.

1.6 JUSTIFICATIVA

A epilepsia é uma das condições neurológicas mais frequente e desafiadora ao redor

do mundo. O tratamento geralmente é farmacológico e/ou cirúrgico, mas as drogas

antiepilépticas costumam desencadear efeitos colaterais adversos, e em torno de 30% dos

pacientes não respondem ao tratamento farmacológico. Mesmo em caso de resposta ao

tratamento, esses medicamentos podem não interromper ou interferir no processo da

epileptogênese [14,164]. Desta maneira, terapias que possam prevenir ou reverter a

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epileptogênese são necessárias. Nesse sentido, os modelos animais de epilepsia têm contribuído

de forma significativa na expansão do conhecimento dos mecanismos e desafios propostos pela

doença, pois oferecem a possibilidade de investigar diferentes estágios da epileptogênese, algo

que até o momento ainda não é possível em seres humanos.

1.7 OBJETIVOS

1.7.1 OBJETIVO GERAL:

Determinar alterações de neuroimagem no hipocampo dorsal antes e durante os

primeiros trinta dias após indução de status epilepticus e comparar com o grupo sham, a fim de

procurar um possível marcador de neuroimagem para avaliar alterações estruturais e

metabólicas relacionadas com a epileptogênese e consequentemente uma melhor compreensão

das suas fases progressivas.

1.7.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

✓ Quantificar a volumetria do hipocampo dorsal bilateral para identificar atrofia

hipocampal;

✓ Avaliar os valores de anisotropia fracionada (FA), difusividade radial (RD) e

difusividade axial (AD) para verificar alterações microestruturais no hipocampo dorsal;

✓ Mensurar os valores de N-acetil-aspartato+ N-acetil-aspartil-glutamato (NAA+NAAG),

Glutamato+Glutamina (Glx) e Glicerofosfocolina+Fosfocolina (GPC+PCh) in vivo para

caracterizar alterações metabólicas no hipocampo dorsal.

2.0 METODOLOGIA

Este projeto foi avaliado e aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da

Universidade Estadual de Campinas – CEUA/Unicamp (Protocolo n° 3620-1). O projeto está

de acordo com os princípios éticos na experimentação animal adotados pela Sociedade

Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório (SBCAL) e com a legislação vigente, lei n°

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11.794 de 8 de outubro de 2008, que estabelece procedimentos para o uso científico de animais

e o decreto n° 6899 de 15 de julho de 2009.

Trata-se de um estudo longitudinal e experimental com ratos Wistar adultos jovens,

machos e livres de agentes patogênicos específicos (Specific Pathogen Free (SPF)) oriundos

do Biotério do Centro Multidisciplinar para Investigação Biológica na Área da Ciência em

Animais de Laboratório (CEMIB) da UNICAMP e do Centro de Inovação e Ensaios Pré-

clínicos (CIEnP) de Florianópolis -SC e mantidos no Laboratório de Controle de Qualidade

Sanitária (CEMIB) com condições controladas de iluminação (ciclos de 12 horas (luz/escuro),

alojados em gaiolas de acrílico (um animal por gaiola) para observação e com acesso a comida

e água durante todo o processo experimental.

O hipocampo dorsal foi definido como a estrutura cerebral de interesse para

investigação devido a sua maior facilidade para visualização em imagens estruturais de

ressonância magnética e posteriormente a quantificação dos dados de neuroimagem,

principalmente após danos induzidos pela administração da pilocarpina intraperitoneal.

Todos os animais foram submetidos aos exames de RM (antes e após indução de

SE) para aquisições de imagens com uma bobina volumétrica especial de 8 canais (Rapid

Biomedical GmbH, Würzburg, Alemanha) integrada com recursos para posicionamento,

fixação e anestesia desses animais, utilizando um scanner de 3 Tesla Intera Achieva Scanner

(Philips, Best, Netherlands) (Figura 4).

As aquisições das imagens foram adquiridas em quatro pontos temporais: no

primeiro momento sem nenhuma intervenção (com média de idade de 8 semanas do animal) e

posteriormente 48 horas, 15 dias e 30 dias após a indução de SE com administração de

pilocarpina intraperitoneal.

Existem poucos estudos em neuroimagem com modelos animais. Estes pontos

temporais foram definidos por meio de uma revisão na literatura de estudos científicos

longitudinais com neuroimagem e modelos animais de epilepsia e também por um estudo piloto

(dados não mostrados) do grupo de neurogenética da Faculdade de Ciências Médicas/Unicamp

que identificou que ratos da linhagem Wistar apresentaram crises epilépticas espontâneas em

torno de 13-15 dias após indução de SE com administração de pilocarpina intraperitoneal (dose

similar ao presente estudo).

Após a aquisição da primeira RM sem intervenção (RM basal), todos os animais

foram induzidos SE com pilocarpina em uma data aproximadamente de uma semana após a

aquisição da imagem cerebral basal.

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Figura 4: Bobina especial de 8 canais específica para ratos, integrada com recursos para

posicionamento, fixação e anestesia (Rapid Biomedical GmbH, Würzburg, Alemanha).

2.1 INDUÇÃO DE STATUS EPILEPTICUS COM PILOCARPINA

Para indução de SE, os animais foram pré-tratados com brometo de metil-

escopolamina (1mg/kg; intraperitoneal; Sigma) para limitar os efeitos colinérgicos periféricos,

possibilitando a ação da pilocarpina somente no sistema nervoso central, especificamente nos

receptores muscarínicos. Trinta minutos após, estes animais receberam uma injeção sistêmica

de hidrocloreto de pilocarpina (320mg/kg; intraperitoneal; Merck) diluída em 0,9% de solução

salina estéril em temperatura ambiente (17°C) e 4 horas após o SE, 4mg/kg de diazepam

(intraperitoneal) foram injetados para interrupção das crises com normalização da temperatura

ambiente em 22°C. Animais que não desenvolveram SE foram excluídos do nosso estudo.

Imediatamente, após a administração de diazepam e nas primeiras 48 horas após

indução de SE, todos os animais sobreviventes receberam solução salina por via subcutânea e

também quando isso se fez necessário no decorrer do acompanhamento desses animais com o

objetivo de auxiliar na recuperação do animal.

O mesmo protocolo foi realizado para o grupo controle (sham), no entanto, esses

animais receberam solução salina estéril ao invés de pilocarpina.

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2.2 AQUISIÇÕES DAS IMAGENS CEREBRAIS POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

Os animais foram pré-anestesiados inicialmente em um suporte de acrílico por uma

mistura gasosa de isofluorano/oxigênio (4%/96%) administrados a um fluxo de 2 litros por

minuto. Em seguida, estes foram posicionados em posição prona na bobina dedicada para ratos

com máscara adaptada e redução da mistura gasosa de isoflurano/oxigênio (2%/98%)

administrado a um fluxo de 2 litros por minuto até o final das aquisições das imagens cerebrais.

O tempo total para aquisição de todos os protocolos foi de 25 minutos, porém,

algumas vezes houve a necessidade de repetir o protocolo de ERM de prótons pela má qualidade

visual dos espectros decorrente de artefatos de movimento do animal (dispneia) e pela limitação

do equipamento (máquina de RM não ser dedicada para roedores e ser uma bobina adaptada).

O protocolo final seguiu os seguintes parâmetros para aquisições:

Imagem T2 Turbo Spin Echo (TSE): utilizando os parâmetros de tamanho do

voxel (aquisição): 0.3 x 0.3 x 1mm3; tamanho do voxel (reconstruído): 0.1 x 0.1 x 1 mm; Field

of View (FOV) englobando todo o encéfalo do animal: 40 x 40 x 28 mm; número de fatias: 28;

TR (tempo de repetição): 645 ms; TE (tempo de Eco): 138 ms; Fator TSE: 23.

DTI: Tamanho do voxel (aquisição): 0.8 x 0.8 x 1.5mm; Tamanho do voxel

(reconstruído): 0.7 x 0.7 x 1.5 mm; FOV: 55 x 38 x 40 mm; Número de fatias: 27; TR: 3988

ms; TE: 58 ms; max b-factor: 1000; Número de direções: 16; Número de médias: 7.

ERM de prótons: (voxel único com o centro posicionado sobre a posição central

da formação hipocampal): Tamanho do VOI (Voxel of Interest): 5 x 8.5 x 9 mm3; TE = 135;

TR = 2000; Número de médias: 96.

2.3 ANÁLISES DAS IMAGENS CEREBRAIS POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

As análises das imagens ponderadas em T2 e por tensor de difusão foram realizadas

utilizando os programas MRtrix 3.0 (Brain Research Institute, Melbourne, Australia) e FSL

5.0.6 em sistema Linux no Laboratório de Conectividade Cerebral da Universidad Nacional

Autónoma de México (UNAM) sob supervisão do Prof. Dr. Luis Concha Loyola.

As imagens por tensor de difusão foram convertidas em formato mif com o objetivo

de habilitar as funções do MRtrix e também foram alinhadas a uma imagem b0 de referência e

as transformações lineares resultantes das matrizes foram aplicadas a essas imagens seguindo

cada imagem b0 inicial. Todas as imagens foram corrigidas quanto à presença de

irregularidades e/ou artefatos.

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Foi utilizada a ferramenta eddy correct para correção de movimento com o objetivo

de unir todas as imagens por tensor de difusão em uma única posição e posteriormente três

repetições foram calculadas para melhorar a relação sinal-ruído.

Uma máscara binária permitiu a diferenciação entre o cérebro e a calota craniana.

As regiões de interesse (ROIs) dos hipocampos dorsais direito e esquerdo foram manualmente

delineadas nas imagens ponderadas em T2 após um corregistro com o atlas de cérebro de rato

BRAIN Imaging Resources (Instituto de Desenvolvimento, Envelhecimento e Câncer,

Universidade de Tohoku) (Figura 5).

Posteriormente, um novo corregistro foi realizado a partir da imagem T2 delineada

com as ROIs na imagem DTI. Após esse corregistro a matriz de transformação foi utilizada

para que as ROIs estivessem no mesmo espaço nas duas imagens cerebrais.

Todavia, correções manuais foram necessárias nas ROIs nas imagens por tensor de

difusão. O mapa vetorial de cores do corpo caloso foi utilizado como ponto de referência para

uma delimitação mais precisa dos hipocampos dorsais.

A volumetria do hipocampo foi determinada pelo número total de voxels nas ROIs

em três fatias do hipocampo dorsal (uma ROI por fatia) pelo programa MRtrix. A anisotropia

fracionada (FA), assim como os outros valores do tensor de difusão, difusividade radial (RD) e

difusividade axial (AD) foram gerados de duas ROIs (uma ROI por fatia).

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Figura 5: Comparação do hipocampo dorsal do mesmo rato antes e após indução de status

epilepticus com pilocarpina em sequência coronal ponderada em T2. (A): Região de interesse

do animal antes da indução (B): Região de interesse do animal 48 horas após a indução. (C):

Região de interesse do animal 15 dias após a indução. (D): Região de interesse do animal 30

dias após a indução.

Para a aquisição, quantificação e análise dos metabólitos cerebrais in vivo foram

adquiridos espectros oriundos de voxel único com o centro posicionado sobre a posição central

da formação hipocampal (Figura 6) utilizando a sequência PRESS (Point Resolved

Spectroscopy) para supressão do sinal da água. Para a análise dos espectros foi utilizado o

programa LCModel – Versão 6.3-0D & LCM-gui-2012 onde o laboratório de Física Médica/

Unicamp adquiriu a licença para as análises. O LCModel é um programa de quantificação

automática que tem como parâmetro uma combinação linear entre a concentração real

quantificada dos metabólitos e um banco de dados com os mesmos metabólitos quantificados

em condições ideais com o mesmo TE. Foi utilizado um script em Matlab com o intuito de

analisar e extrair os dados metabólicos oriundos dos espectros e organizá-los em um único

arquivo automaticamente.

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Figura 6: Visualização do sistema de aquisição de ressonância magnética basal mostrando a

espectroscopia de voxel único realizada no hipocampo de rato. Na porção superior da figura

está indicada, em corte coronal e sagital do encéfalo, a localização do voxel em que foi realizada

a espectroscopia. O maior pico indica o metabólito N-acetil-aspartato (NAA) no nível 2.0 ppm.

Como critérios de confiabilidade e qualidade foram considerados os metabólitos em

que apresentaram valores com erro padrão expressos em porcentagens <15% (limite inferior de

Cramer - Rao Lower Bounds) conforme orientação do programa LCModel e sua proporção em

relação à Creatina + Fosfocreatina (Cr). A normalização dos metabólitos pela creatina diminui

a falta de correção entre o dado bruto e a força de magnetização que gera esses dados, já que

não existe um fator de escala em sistemas de aquisição de corpo inteiro.

A largura da linha do espectro in vivo, o sinal ruído e o FWHM (largura à meia

altura do pico, do inglês, full width at half maximum) também foram considerados como

critérios de qualidade. Quanto maior o sinal ruído e menor o valor de FWHM (picos mais

estreitos), os espectros são obtidos com melhor qualidade. Picos mais estreitos separam os

metabólitos compostos de forma mais segura. Não existe um valor de referência para esses

parâmetros. Frequentemente valores de FWHM < 0,1 HZ são considerados. O LCModel

concede esses valores de forma única para cada espectro como um todo e não valores para cada

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metabólito. Uma análise visual de todos os espectros também foi realizada por dois

pesquisadores distintos para controle de qualidade. Posteriormente foram selecionados os

metabólitos N-acetil-aspartato + N-acetil-aspartil-glutamato (NAA+NAAG), Glutamato +

Glutamina (Glx) e Glicerofosfocolina + Fosfocolina (GPC+PCh) seguindo os critérios de

qualidade e confiabilidade descritos.

2.4 ALTERAÇÃO DE VOLUME VENTRICULAR DE RATOS DA LINHAGEM

WISTAR

O aumento dos ventrículos cerebrais e eventualmente dos espaços subaracnóideos

pode ser resultado do fluxo alterado de líquido cefalorraquidiano e consequentemente pode

desencadear uma hidrocefalia. [165-166].

Ratos da linhagem Wistar são frequentemente utilizados em estudos experimentais

em doenças neurológicas e pressupõe que esses animais não apresentam alterações cerebrais

basais. Todavia, em seu estudo, Tu e colaboradores (2014) identificaram um aumento

ventricular leve de origem espontânea em 43% de ratos Wistar [165] utilizando técnicas de

neuroimagem. Esses animais apresentaram padrões de dilatação ventricular leve a moderada.

Em geral, o aumento ventricular leve não manifesta alterações externas visíveis, como o

aumento do crânio do animal, porém, é possível identificá-lo em imagens estruturais de RM

[165].

Alterações neuropatológicas como malformações arteriovenosas; aneurismas;

cistos; necrose tecidual; lesões de substância branca e astrogliose em torno dos ventrículos e

vasos sanguíneos foram associadas com o aumento dos ventrículos. Contudo, nenhuma análise

foi realizada na formação hipocampal [165].

O presente estudo encontrou alterações visuais no tamanho dos ventrículos laterais

(vide resultados) na RM basal, todavia, a análise de alteração ventricular espontânea neste

momento foge do escopo do presente trabalho, desta forma, foram analisadas apenas a

frequência estatística somente para garantir que esse achado não fosse um fator confundidor.

2.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os programas SPSS (Statistical Package for the Social Science, SPSS, Inc.,

Chicago, IL) (Versão 21) e R (Versão 3.6.2) https://www.r-project.org/ foram utilizados para

tabular e analisar todos os dados de neuroimagem.

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O teste de Qui-quadrado foi utilizado para comparar as imagens dos animais com e

sem alterações ventriculares espontâneas evidenciadas na RM basal.

O teste ANOVA de medidas repetidas com delineamento misto foi utilizado para

as análises longitudinais intra-grupos e inter-grupos (sham versus (vs.) pilocarpina) dos dados

das imagens T2 e DTI.

Considerando que os níveis dos metabólitos cerebrais quantificados ao longo dos

tempos pela espectroscopia de prótons (RM basal, 48 horas, 15 dias e 30 dias pós-tratamento)

sofreram variações, sendo que em muitos casos não houve a quantificação em determinados

momentos, optou-se pelo teste de Wilcoxon-signed rank a fim de comparar diferenças nos

valores dos metabólitos cerebrais ao longo dos quatro momentos do experimento de cada grupo

separadamente, e o teste de Wilcoxon rank sum foi utilizado para comparar a coorte dos grupos

pilocarpina e sham em cada tempo separadamente.

Os resultados estatísticos foram corrigidos por Bonferroni considerando 6 testes

para a análise longitudinal (intra-grupos) e quatro testes para a análise de coorte (inter-grupos).

Os valores corrigidos de p ≤ 0,05 foram considerados resultados que evidenciam diferenças

entre os grupos que estão além do acaso e podem estar relacionadas com a indução de SE com

pilocarpina.

3.0 RESULTADOS

Os animais foram divididos em dois grupos: grupo sham (n=13) e grupo pilocarpina

(n=25). Nós incluímos nesse estudo somente os animais que apresentaram dados de

neuroimagem com qualidade ao menos em dois pontos temporais para efeito de comparações.

A taxa de mortalidade após indução de SE foi de 41,67%.

Por meio de uma análise visual prévia nas imagens cerebrais ponderadas em T2 na

RM basal, nós identificamos que 14 de 38 ratos apresentaram alterações espontâneas no

tamanho dos ventrículos laterais, conforme ilustrado (Figura 7).

Todavia, os nossos dados de neuroimagem dos animais com alteração ventricular

espontânea não apresentaram diferença estatística (p=1,000; Qui-quadrado de Pearson: 0,022)

quando comparado com os animais sem alteração ventricular espontânea (Tabela 1). Desta

forma, todos os trinta e oito animais foram incluídos neste estudo.

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Figura 7: Alteração ventricular espontânea em ventrículos laterais (setas) em rato da linhagem

Wistar com 8 semanas de idade. Sequência coronal de imagem ponderada em T2.

Tabela 1: Comparação de alterações ventriculares espontâneas entre o grupo sham e o grupo

pilocarpina.

Grupo Com Alteração Sem Alteração Total Qui-Quadrado Valor de p

Sham 5 8 13 0,022 1,000

Pilocarpina 9 16 25

Total 14 24 38

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3.1 VOLUMETRIA HIPOCAMPAL DORSAL

Na análise intra -grupos do grupo sham não houve diferença significativa do volume

hipocampal ao longo do tempo, tanto para o hipocampo direito (p=1,000), quanto para o

hipocampo esquerdo (p=1,000) (Figura 8A e Figura 9A).

Já na análise do grupo pilocarpina (intra-grupos), no hipocampo direito, todos os

pontos temporais após indução de SE apresentaram menor volume quando comparado com a

RM basal (Figura 8B e Tabela 2). Todavia, no hipocampo esquerdo, houve uma diferença

significativa somente com 48 horas e 15 dias pós-tratamento que apresentaram menores

volumes quando comparados com a RM basal (Figura 9B e Tabela 2).

Figura 8: Comparação longitudinal do volume hipocampal dorsal direito entre o grupo sham

(A) e o grupo pilocarpina (B).

Figura 9: Comparação longitudinal do volume hipocampal dorsal esquerdo entre o grupo sham

(A) e o grupo pilocarpina (B).

A B

A B

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Tabela 2: Resultados estatísticos da comparação longitudinal do volume hipocampal dorsal

direito e esquerdo no grupo pilocarpina entre os quatro pontos temporais de aquisição das

imagens ponderadas em T2 (RM).

Comparação

(RM)

Hipocampo

Direito

(Valor de p

nominal)

Hipocampo

Direito

(Valor de p

corrigido)

Hipocampo

Esquerdo

(Valor de p

nominal)

Hipocampo

Esquerdo

(Valor de p

corrigido)

Basal vs. 48 horas 0,000 0,000 0,000 0,000

Basal vs. 15 dias 0,000 0,000 0,001 0,006

Basal vs. 30 dias 0,006 0,036 0,027 0,162

48 horas vs. 15 dias 0,417 1,000 0,898 1,000

48 horas vs. 30 dias 0,010 0,060 0,101 0,606

15 dias vs. 30 dias 0,012 0,072 0,025 0,150

Na comparação entre os grupos sham e pilocarpina (análise inter-grupos), o grupo

pilocarpina apresentou um volume do hipocampo dorsal reduzido em relação ao grupo sham

nos tempos 48 horas, 15 dias e 30 dias pós-tratamento em ambos os hipocampos (Figura 8 e

Figura 9, Tabela 3).

Tabela 3: Resultados estatísticos da comparação longitudinal do volume hipocampal dorsal

direito e esquerdo entre o grupo sham e o grupo pilocarpina entre os quatro pontos temporais

de aquisição das imagens ponderadas em T2 (RM).

Comparação

(RM)

Hipocampo

Direito

(Valor de p

nominal)

Hipocampo

Direito

(Valor de p

corrigido)

Hipocampo

Esquerdo

(Valor de p

nominal)

Hipocampo

Esquerdo

(Valor de p

corrigido)

Basal 0,581 1,000 0,068 0,272

48 horas 0,001 0,004 0,000 0,000

15 dias 0,000 0,000 0,000 0,000

30 dias 0,003 0,012 0,001 0,004

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3.2 DADOS DO TENSOR DE DIFUSÃO

Anisotropia Fracionada (FA):

A análise intra-grupos do grupo sham não apresentou diferença estatística de FA ao

longo dos quatro pontos temporais (p=1,000) em ambos os hipocampos (Figura 10A).

No entanto, o grupo pilocarpina (análise intra-grupos) apresentou valores reduzidos

de FA 15 dias pós-tratamento quando comparado com 48 horas (p=0,042) e 30 dias (p=0,030)

em ambos os hipocampos (Figura 10B).

Não houve diferença significativa dos valores de FA, entre os grupos sham e

pilocarpina (análise inter-grupos) entre todos os pontos temporais: RM basal (p=0,592); 48

horas (p=0,112), 15 dias (p=0,124) e 30 dias (p=1,000) em ambos os hipocampos (Figura 10).

Figura 10: Comparação longitudinal de anisotropia fracionada (FA) entre o grupo sham (A) e

o grupo pilocarpina em ambos os hipocampos dorsais (B).

A B

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Difusividade Axial (AD):

A análise intra-grupos do grupo sham não apresentou diferença estatística de AD

nos quatro pontos temporais (p=1,000) em ambos os hipocampos (Figura 11A).

Todavia, no grupo pilocarpina (análise intra-grupos) apresentou menores valores de

AD na RM basal quando comparado com 30 dias pós-tratamento (p=0,006) em ambos os

hipocampos (Figura 11B).

Figura 11: Comparação longitudinal de difusividade axial (AD) entre o grupo sham (A) e o

grupo pilocarpina em ambos os hipocampos dorsais (B).

A B

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Difusividade Radial (RD):

Na análise intra-grupos do grupo sham não houve diferença estatística de RD ao

longo do tempo, tanto para o hipocampo direito (p=1,000) quanto para o hipocampo esquerdo

(p=1,000) (Figura 12A e Figura 13A).

Já na análise do grupo pilocarpina (intra-grupos) foi observado maiores valores de

RD 15 dias e 30 dias pós-tratamento quando comparado com a RM basal (Figura 12B e Figura

13B, Tabela 4). Quando comparado com 48 horas; 15 dias e 30 dias pós-tratamento também

apresentaram maiores valores de RD. Esses resultados foram observados em ambos os

hipocampos (Figura 12B e 13B, Tabela 4).

Figura 12: Comparação longitudinal da difusividade radial (RD) no hipocampo dorsal direito

entre o grupo sham (A) e o grupo pilocarpina (B).

Figura 13: Comparação longitudinal da difusividade radial (RD) no hipocampo dorsal

esquerdo entre o grupo sham (A) e o grupo pilocarpina (B).

A B

A B

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Tabela 4: Resultados estatísticos da comparação longitudinal dos valores de RD no hipocampo

dorsal direito e esquerdo no grupo pilocarpina entre os quatro pontos temporais de aquisição

das imagens DTI (RM).

Comparação

(RM)

Hipocampo

Direito

(Valor de p

nominal)

Hipocampo

Direito

(Valor de p

corrigido)

Hipocampo

Esquerdo

(Valor de p

nominal)

Hipocampo

Esquerdo

(Valor de p

corrigido)

Basal vs. 48 horas 0,148 0,888 0,073 0,438

Basal vs. 15 dias 0,003 0,018 0,001 0,006

Basal vs. 30 dias 0,001 0,006 0,004 0,024

48 horas vs. 15 dias 0,007 0,042 0,002 0,012

48 horas vs. 30 dias 0,002 0,012 0,001 0,006

15 dias vs. 30 dias 1,000 1,000 0,914 1,000

Na comparação entre os grupos sham e pilocarpina (análise inter-grupos) para o

hipocampo direito, os valores de RD estiveram maiores na RM basal (p=0,000) no grupo sham,

em contrapartida, 30 dias (p=0,024) apresentou maiores valores de RD no grupo pilocarpina

(Figura 12). Para o hipocampo esquerdo, os valores de RD estiveram significativamente

maiores somente na RM basal (p=0,02) no grupo sham (Figura 13).

3.3 DADOS METABÓLICOS

NAA+NAAG/Cr:

Na análise longitudinal intra-grupos não houve diferença estatística no grupo sham

ao longo de todos os pontos temporais (Figura 14A, Tabela 5). No grupo pilocarpina foi

observada uma redução do metabólito NAA+NAAG/Cr em 48 horas pós-tratamento quando

comparado com a RM basal (p=0,018) (Figura 14B, Tabela 5).

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Figura 14: Comparação longitudinal da concentração dos metabólitos N-acetil-aspartato+N-

acetil-aspartil-glutamato (NAA+NAAG/Cr) entre o grupo sham (A) e o grupo pilocarpina (B)

no hipocampo dorsal.

Tabela 5: Resultados estatísticos da comparação longitudinal da concentração dos metabólitos

N-acetil-aspartato+N-acetil-aspartil-glutamato (NAA+NAAG/Cr) do grupo sham e pilocarpina

(análise intra-grupos) no hipocampo dorsal.

Grupo Comparação

(RM)

Valor de p

nominal corrigido

Sham

Basal vs. 48 horas 0,375 1,000

Basal vs. 15 dias 0,187 1,000

Basal vs. 30 dias 0,312 1,000

48 horas vs. 15 dias 0,625 1,000

48 horas vs. 30 dias 0,156 0,936

15 dias vs. 30 dias 0,078 0,468

Pilocarpina

Basal vs. 48 horas 0,003 0,018

Basal vs. 15 dias 0,375 1,000

Basal vs. 30 dias 0,437 1,000

48 horas vs. 15 dias 0,125 0,750

48 horas vs. 30 dias 0,250 1,000

15 dias vs. 30 dias 0,937 1,000

A B

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49

Na análise inter-grupos, apesar dos valores de NAA+NAAG/Cr no grupo

pilocarpina estarem menores do que no grupo sham (Figura 14), esta redução se mostrou

significativa somente 48 horas pós-tratamento no grupo pilocarpina (p=0,004) (Tabela 6).

Tabela 6: Resultados estatísticos da comparação longitudinal da concentração dos metabólitos

N-acetil-aspartato+N-acetil-aspartil-glutamato (NAA+NAAG/Cr) entre o grupo sham e o

grupo pilocarpina, incluindo o tamanho amostral disponível para comparação no hipocampo

dorsal.

Tempo Tamanho da amostra Valor de p

Sham Pilocarpina Nominal corrigido

Basal 7 13 0,096 0,384

48 horas 7 12 0,001 0,004

15 dias 10 11 0,062 0,248

30 dias 10 9 0,093 0,372

Glu+Gln/Cr:

Na análise longitudinal intra-grupos, apesar de uma redução visual nos valores do

Glu+Gln/Cr no grupo pilocarpina em relação a RM basal (Figura 15B), não foi observado uma

redução significativa em ambos os grupos (Figura 15, Tabela 7). Na análise inter-grupos foi

observada uma redução nos valores do Glu+Gln/Cr no grupo pilocarpina 48 horas (p=0,004)

pós-tratamento em relação ao grupo sham (Figura 15; Tabela 8)

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Figura 15: Comparação longitudinal da concentração dos metabólitos Glutamato+Glutamina (

Glu+Gln/Cr) entre o grupo sham (A) e o grupo pilocarpina no hipocampo dorsal (B).

Tabela 7: Resultados estatísticos da comparação longitudinal da concentração dos metabólitos

Glutamato+Glutamina (Glu+Gln/Cr) do grupo sham e pilocarpina (análise intra-grupos) no

hipocampo dorsal.

Grupo Comparação Valor de p

nominal corrigido

Sham

Basal vs. 48 horas 0,250 1,000

Basal vs. 15 dias 0,187 1,000

Basal vs. 30 dias 0,097 0,582

48h vs. 15 dias 0,125 0,750

48h vs. 30 dias 0,062 0,372

15 dias vs. 30 dias 0,562 1,000

Pilocarpina

Basal vs. 48 horas 0,023 0,138

Basal vs. 15 dias 0,625 1,000

Basal vs. 30 dias 0,125 0,750

48h vs. 15 dias 0,125 0,750

48h vs. 30 dias 0,500 1,000

15 dias vs. 30 dias 0,625 1,000

A B

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Tabela 8: Resultados estatísticos da comparação longitudinal da concentração dos metabólitos

Glutamato+Glutamina (Glu+Gln/Cr) entre o grupo sham e o grupo pilocarpina, incluindo o

tamanho amostral disponível para comparação no hipocampo dorsal.

Tempo Tamanho da amostra Valor de p

Sham Pilocarpina Nominal corrigido

Basal 7 13 0,067 0,268

48 horas 6 11 0,001 0,004

15 dias 9 9 1,000 1,000

30 dias 10 6 1,000 1,000

GPC+PCh/Cr:

Não foram encontradas diferenças significativas nos valores de GPC+PCh/Cr tanto

nas análises intra-grupos, quanto nas análises inter-grupos para os quatro pontos temporais

avaliados (Figura 16, Tabela 9 e Tabela 10).

Figura 16: Comparação longitudinal da concentração dos metabólitos Glicerofosfocolina +

Fosfocolina (GPC+PCh/Cr) entre o grupo sham (A) e o grupo pilocarpina no hipocampo dorsal

(B).

A B

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Tabela 9: Resultados estatísticos da comparação longitudinal da concentração dos metabólitos

Glicerofosfocolina + Fosfocolina (GPC+PCh/Cr) do grupo sham e pilocarpina (análise intra-

grupos) no hipocampo dorsal.

Grupo Comparação

(RM)

Valor de p

nominal corrigido

Sham

Basal vs. 48 horas 0,875 1,000

Basal vs. 15 dias 0,100 0,600

Basal vs. 30 dias 1,000 1,000

48 horas vs. 15 dias 1,000 1,000

48 horas vs. 30 dias 1,000 1,000

15 dias vs. 30 dias 0,050 0,300

Pilocarpina

Basal vs. 48 horas 1,000 1,000

Basal vs. 15 dias 0,500 1,000

Basal vs. 30 dias 0,125 0,750

48 horas vs. 15 dias 0,812 1,000

48 horas vs. 30 dias 0,750 1,000

15 dias vs. 30 dias 0,687 1,000

Tabela 10: Resultados estatísticos da comparação longitudinal da concentração dos metabólitos

Glicerofosfocolina + Fosfocolina (GPC+PCh/Cr) entre o grupo sham e o grupo pilocarpina,

incluindo o tamanho amostral disponível para comparação no hipocampo dorsal.

Tempo Tamanho da amostra Valor de p

Sham Pilocarpina Nominal corrigido

Basal 7 12 0,340 1,000

48 horas 7 12 0,150 0,600

15 dias 10 10 0,089 0,356

30 dias 10 8 0,247 0,988

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4.0 DISCUSSÃO GERAL

Neste estudo, identificamos alterações estruturais e metabólicas nas imagens de RM

no hipocampo dorsal de ratos após indução de SE com pilocarpina, um modelo experimental

da ELTM humana.

A epilepsia em humanos é diagnosticada após o início de crises recorrentes

espontâneas, correspondendo ao período em que todos ou parte dos eventos essenciais da

epileptogênese já teriam ocorrido, implicando assim na dificuldade em compreender o processo

epileptogênico precoce no contexto clínico [96]. O SE é uma emergência neurológica médica

frequente e está associado com lesão hipocampal e subsequente desenvolvimento de epilepsia.

Todavia, os mecanismos fisiopatológicos subjacentes à lesão seguem não totalmente

esclarecidos [104].

A neuroimagem é capaz de identificar biomarcadores precoces envolvidos na

epilepsia e monitorar a progressão da doença de forma longitudinal [96]. Além do mais, análises

quantitativas utilizando várias técnicas de neuroimagem podem contribuir para aprimorar a

eficácia preditiva na RM no que diz respeito a esclerose temporal mesial [104].

Os modelos animais de epilepsia proporcionam a possibilidade de explorar

minuciosamente todas as fases da epileptogênese e podem contribuir para a identificação de

mecanismos ainda não totalmente esclarecidos e biomarcadores precoces da doença. O modelo

da pilocarpina é um dos modelos mais utilizado e validado na literatura científica na ELT,

especialmente pela semelhança fisiopatológica com a ELT em seres humanos.

A análise volumétrica do hipocampo utilizando a RM estrutural é amplamente

utilizada para identificar atrofia hipocampal em pacientes com epilepsia. Todavia faltam

estudos comparativos de RM em modelos animais para investigarmos os mecanismos

patológicos progressivos no hipocampo.

Em nosso estudo, o volume do hipocampo dorsal esteve reduzido no grupo

pilocarpina quando comparado ao grupo sham em todos os pontos temporais após indução de

SE em ambos os hipocampos. Além disso, houve uma diferença estatística no volume do

hipocampo direito, em que 48 horas, 15 dias e 30 dias pós-tratamento com pilocarpina

apresentaram menor volume hipocampal quando comparados com a RM basal. Contudo, no

hipocampo esquerdo, essa diferença significativa foi observada somente com 48 horas e 15 dias

após indução de SE quando comparados também com a RM basal. Alterações na volumetria e

morfologia do hipocampo e outras estruturas límbicas são descritas em modelos de SE [102-

105,167].

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Diferentes metodologias são empregadas em estudos experimentais e isso pode

refletir nos resultados obtidos. Os estudos transversais e longitudinais com modelos animais de

ELT demonstraram redução volumétrica do hipocampo em diferentes períodos do processo

epileptogênico [102,104-105,109].

Um estudo longitudinal no modelo de lítio-pilocarpina com ratos que foram

submetidos por um período de 21 dias a aquisição de imagens de RM nos tempos 0 (iniciando

1 hora após administração de diazepam), 1, 2, 3, 7, 14 e 21 dias após SE demonstrou alterações

transitórias em várias estruturas cerebrais e o tempo para o pico de alteração variou dependendo

da região cerebral. No geral, o volume hipocampal esteve significativamente reduzido 21 dias

após SE e esteve relacionado com dano neuronal, respectivamente, maior dano em CA1 e CA3

[104]. Embora não tenhamos quantificado a intensidade do sinal em nosso estudo para efeito

de comparações, Choy e colaboradores (2010) descreveram que as alterações na intensidade do

sinal observadas na RM suportam a hipótese de poderem predizer a gravidade da lesão no

hipocampo observada em 21 dias após SE [104].

O volume hipocampal obtido por imagens de RM reforçam a hipótese de que, este,

pode ser um bom indicador de dano neuronal no hipocampo de modelos animais [104]. Roch e

colaboradores (2002) descreveram que o aumento progressivo da intensidade do sinal no

hipocampo em imagens em T2 estava correlacionado com dano neuronal progressivo no

hipocampo. O dano neuronal em CA1 e CA3 tornou-se significativo 14 dias após SE com lítio-

pilocarpina. Alterações do sinal em T2 correspondem a atrofia progressiva e gliose hipocampal

[106].

Jupp e colaboradores (2012) por meio de um estudo longitudinal, porém no modelo

de ácido caínico, adquiriram imagens cerebrais durante um período de seis semanas, sendo ele:

uma semana após implantação dos eletrodos bipolares (para confirmação de SE e crises

espontâneas recorrentes posteriores pelo EEG) antes de SE, 24 horas, 7 dias, 21 dias e 35 dias

após SE. Foi observada uma diminuição do volume hipocampal significativa a partir de 7 dias

após SE com dano progressivo nas quatro semanas seguintes quando comparado ao grupo

controle. Além disso, o aumento do volume ventricular esteve relacionado com a diminuição

da região límbica [105].

Apesar de não termos mensurado o volume ventricular em nossas imagens de RM,

nossos achados sugerem um aumento do volume ventricular. Parece que a atrofia hipocampal

geralmente está correlacionada com o aumento de ventrículos [103,105-106].

Wolf e colaboradores (2002) através de um estudo transversal de RM in vivo com

o modelo de ácido caínico demonstraram uma redução significativa no volume do hipocampo

ventral de ratos 10 dias após injeção de ácido caínico. O hipocampo dorsal apresentou somente

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uma tendência na redução de volume [102]. Outros estudos histológicos vão de encontro com

esses resultados, sendo o hipocampo ventral mais afetado nesse modelo experimental [102,168-

169]. A hiperintensidade visualizadas nas imagens em T2 com 10 dias após indução de SE com

ácido caínico correspondiam ao padrão de ativação microglial no hipocampo, podendo refletir

em parte alteração na ativação da micróglia e edema associados [102]. Foi identificado uma

perda neuronal substancial no hipocampo nas camadas piramidais de CA3 e CA1 e hilo

denteado, indicando que mesmo após 10 dias de injeção de ácido caínico o processo

epileptogênico segue em desenvolvimento [102].

Por fim, Polli e colaboradores (2014) compararam RM in vivo entre os modelos

experimentais de ácido caínico, pilocarpina e o grupo controle no período de três a nove meses

após indução de SE e também demonstraram atrofia hipocampal entre os grupos [109]. Nesse

estudo, a atrofia hipocampal esteve em torno de 90% nos animais do modelo de ácido caínico

e em torno de 70% no modelo de pilocarpina, três meses após SE. Em seis meses após SE essa

diferença foi reduzida, a atrofia hipocampal permaneceu em torno de 90% no modelo de ácido

caínico, todavia houve um aumento para 82% no modelo da pilocarpina. Em nove meses após

SE, os volumes hipocampais entre os grupos foram relativamente semelhantes. O aumento da

intensidade do sinal foi descrito nos dois grupos, porém ocorreu inicialmente no modelo da

pilocarpina. As camadas piramidais de CA1 e CA3 foram danificadas nos dois grupos. O

modelo de ácido caínico apresentou maior dano em 6 e 9 meses após indução de SE [109].

O grupo pilocarpina demonstrou necessitar de um tempo maior para detecção de

alteração no volume hipocampal. Talvez o modelo da pilocarpina possa desencadear níveis

mais elevados de liberação de água (edema) do que no modelo de ácido caínico, resultando em

um aumento do volume hipocampal e da intensidade do sinal, justificando essa diferença inicial

nos três primeiros meses após SE [109].

Em modelos animais, o aumento dos ventrículos, a diminuição do volume

hipocampal e o afinamento cortical que podem variar de semanas a meses após indução de SE

são característicos de desenvolvimento progressivo de atrofia [102,108-109].

Duarte e colaboradores (2018) em seu estudo retrospectivo em humanos

demonstraram que a duração da epilepsia pode comprometer o hipocampo e outras estruturas

cerebrais. A atrofia hipocampal ipsilateral progressiva foi identificada em pacientes com maior

tempo de doença. Dados da volumetria hipocampal e histopatológicos sugerem que a redução

volumétrica hipocampal esteja associada com perda neuronal [170].

Com base na atrofia hipocampal, a RM volumétrica não invasiva foi eficaz em

identificar alterações no volume hipocampal dorsal em nossos animais, sugerindo lesão como

consequência do SE. Esse achado reforça a hipótese de anos de que o SE desencadeia uma lesão

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aguda no hipocampo e que posteriormente uma esclerose temporal mesial associada à epilepsia

pode ocorrer [171].

Com a metodologia utilizada em nosso estudo, nosso modelo experimental de

pilocarpina parece necessitar de um tempo maior para manifestar uma atrofia hipocampal mais

acentuada.

Seria interessante um estudo longitudinal com mais pontos temporais com a

finalidade de novas comparações. Uma investigação minuciosa dos dados volumétricos dos

hipocampos, correlacionados com a análise da intensidade do sinal, mensurações do volume

ventricular (que parece ter relação importante com a atrofia hipocampal), análises

histopatológicas em todos os pontos temporais de aquisição das imagens cerebrais de RM e

identificação do início da fase crônica pelas análises de videomonitoramento das crises

epilépticas poderiam possibilitar uma melhor compreensão dos mecanismos da epileptogênese

em suas respectivas fases (aguda, latente e crônica) manifestadas nas alterações estruturais e

volumétricas evidenciadas na RM dos nossos animais e consequentemente contribuir para

novas descobertas sobre a esclerose hipocampal, o achado mais frequente em pacientes com

ELTM pós-cirúrgicos.

O principal motivo pelo qual o DTI tem sido utilizado é a sua alta capacidade

através da difusão da água em detectar diferenças na arquitetura microestrutural tecidual. A

interpretação dos parâmetros de DTI no âmbito clínico é complexa e deve ser realizada com

muita cautela [124].

É recomendada a análise de vários parâmetros como FA, MD, RD e AD. Somente

a FA pode não ser suficiente para caracterizar alterações no tecido. A MD pode contribuir para

uma melhor compreensão sobre as alterações no tensor de difusão [124]. Na ausência de dados

adicionais, a FA é considerada um biomarcador sensível, porém inespecífico para alterações

microestruturais e neuropatológicas. A FA reduzida é tradicionalmente descrita como um

marcador de perda da integridade da fibra, mas isso está longe de ser definido [124]. Valores

de AD podem ser um marcador mais específico para dano axonal. A AD e RD podem fornecer

informações mais específicas sobre mudanças ou diferenças no tensor de difusão. A

mielinização pode exercer uma função moduladora na RD [124].

Nós encontramos no grupo pilocarpina valores de FA diminuídos 15 dias pós-

tratamento quando comparados com 48 horas e 30 dias em ambos os hipocampos. Além disso,

índices de AD estavam menores na RM basal quando comparados com 30 dias pós-tratamento

em ambos os hipocampos dorsais.

Diferente de nós, Jiang e colaboradores (2020) em um estudo transversal com o

modelo de lítio-pilocarpina demonstraram valores de FA aumentados no hipocampo dorsal e

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diminuídos na amígdala e córtex entorrinal quando comparado com os ratos controles, em torno

de oito semanas após indução de SE [172].

Salo e colaboradores (2017) em um estudo longitudinal de DTI com o modelo de

ácido caínico e pilocarpina observaram dano progressivo no giro denteado e CA3 após SE.

Inesperadamente, não houve diferença entres os parâmetros de DTI e histológicos entre esses

dois grupos. Valores aumentados de FA e AD foram detectados inicialmente em 34 dias após

SE, com aumento progressivo. O giro denteado se tornou mais anisotrópico após SE. Mudanças

nos valores de MD não foram identificadas [173].

Os valores aumentados de RD 15 dias e 30 dias pós-tratamento quando comparado

com a RM basal também foram identificados em nossos animais. Valores de RD 15 dias e 30

dias também estiveram maiores quando comparados com 48 horas pós-tratamento com

pilocarpina em ambos os hipocampos.

Quando comparamos o grupo pilocarpina com o grupo sham verificamos que no

hipocampo dorsal direito os valores de RD estiveram maiores na RM basal no grupo sham,

porém 30 dias apresentou maiores valores no grupo pilocarpina. No hipocampo dorsal

esquerdo, os valores de RD estiveram maiores somente na RM basal no grupo sham.

Estudos em pacientes com ELT vão de encontro com os nossos resultados. Em seu

estudo com pacientes com esclerose temporal mesial unilateral, Corrêa e colaboradores (2018)

identificaram valores de FA reduzidos e valores de RD e MD aumentados em comparação com

o grupo controle. Valores de FA reduzidos foram encontrados no lobo temporal e extra

temporal, incluindo o hipocampo unilateral comprometido. Índices de MD e RD estiveram

aumentados, porém tal resultado não foi observado no hipocampo, somente em outras estruturas

cerebrais avaliadas. Já alterações nos valores de AD também não foram identificadas entre o

grupo com esclerose hipocampal e o grupo controle. Esses resultados corroboram com a

hipótese de que a epilepsia é um fenômeno de rede [174].

Em um outro estudo, Sanches e colaboradores (2017) também evidenciaram com

uma investigação baseada em voxel os parâmetros de FA e RD com maiores anormalidades em

pacientes com ELT. Desta forma, esses valores devem ser utilizados frequentemente em estudos

para investigação dos parâmetros de difusão na ELT [175].

Esses achados corroboram com os nossos resultados, em nosso estudo após a

indução de SE também encontramos índices diminuídos de FA e valores de RD aumentados.

A densidade axonal e a mielinização diminuídas podem levar ao aumento de RD e

diminuição de FA [174,176-177], representando num maior volume extracelular e menor

densidade da membrana devida à perda de mielina e axônio e aumento do espaço axonal

[174,177-178] e redução na tortuosidade extracelular [174,177,179].Valores de AD não

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significativamente diminuídos podem ser decorrentes de remoção de detritos celulares pela

micróglia fagocítica que restabelece a difusão paralela aos axônios restantes [174].

Com base nesses resultados, demonstramos que o DTI pode ser mais sensível para

detectar alterações microestruturais progressivas cerebrais quando comparado com a análise

volumétrica das imagens anatômicas ponderadas em T2 em nossos animais.

O NAA é um dos metabólitos mais estudados na epilepsia. Níveis reduzidos de

NAA é a anormalidade mais comum observada em pacientes com epilepsia e podem ser

resultados de perda neuronal ou axonal, bem como comprometimento do metabolismo

mitocondrial [146-148,153]. Pacientes cuja a RM parece ser normal podem, também, apresentar

disfunção neuronal no hipocampo [149,156].

Por isso, avaliamos os níves de NAA+NAAG e verificamos que estavam

reduzidos 48 horas pós-tratamento no grupo pilocarpina quando comparado com a RM basal e

também em comparação com o grupo sham. Os metabólitos Glu+Gln/Cr também estiveram

diminuídos em 48 horas pós-tratamento no grupo pilocarpina quando comparado ao grupo

sham.

Anormalidades no metabólito NAA tem sido observada em pacientes com ELTM

com ou sem atrofia hipocampal [147,149-152,180]. Estudos anteriores com modelos

experimentais de epilepsia também evidenciam déficits de NAA no hipocampo [157,160,181].

Ebisu e colaboradores (1994) em seu estudo transversal com o modelo de ácido

caínico demonstraram três dias após indução de SE níveis reduzidos de NAA no hipocampo e

em outras estruturas cerebrais. Essa redução de NAA esteve correlacionada com dados

histopatológicos confirmando lesão neuronal. A ERM demonstrou maior sensibilidade sob as

condições estudadas na identificação de dano no hipocampo, quando comparada com imagens

ponderadas em T2. Os resultados deste estudo sugerem que o NAA é sintetizado nas

mitocôndrias neuronais e seus níveis reduzidos são decorrentes de lesão ou perda neuronal

[157].

Gomes e colaboradores (2007) com o mesmo modelo experimental que o nosso

evidenciaram um declínio significativo de NAA/Cr em dois e sete dias após uma hora de SE

induzido. Para determinar se esses níveis eram decorrentes apenas de perda neuronal, uma

estimativa quantitativa do número de neurônios sete dias após indução de SE foi realizada nos

ratos mais severamente afetados e comparados com o grupo controle, porém uma pequena perda

neuronal foi identificada em CA1 e CA4. A diminuição persistente dos níveis de NAA/Cr em

sete dias após SE provavelmente foi reflexo do comprometimento persistente da síntese

neuronal do NAA [160]. O comprometimento na síntese do NAA está correlacionado com

comprometimento do metabolismo oxidativo e reduções na síntese de adenosina trifosfato

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(Adenosine Triphosphate (ATP)) [182]. Desta forma, este estudo sugere que em seus animais

os níveis reduzidos de NAA foi decorrente do metabolismo alterado do NAA e não de perda

neuronal [160].

Um estudo longitudinal com o modelo experimental de ácido caínico demonstrou

resultados similares com os encontrados em nosso estudo. Níveis reduzidos de NAA e também

de glutamato três dias após indução de SE no hipocampo dorsal foram encontrados. Foi

observado uma recuperação de 50% nos níveis de NAA no grupo de animais que apresentou

crises epilépticas no período de um mês em comparação com os níveis de três dias após o SE

[181].

Nosso estudo demonstra níveis reduzidos de NAA+NAAG/Cr em 48 horas após

SE, com aparente recuperação desses níveis ao longo do tempo, porém essa recuperação não é

estatisticamente significativa.

Zahr e colaboradores (2009) demonstraram uma diminuição de NAA entre a RM

basal e três dias após atividade convulsiva significativa, como também, uma recuperação dos

níveis de NAA entre três dias e vinte e oito a trinta e dois dias após as crises epilépticas [181].

Acredita-se que seja improvável que a neurogênese seja responsável pelo restabelecimento dos

níveis de NAA [183].

Os níveis de NAA podem estar reduzidos em resposta a crises, mesmo com poucas

evidências histopatológicas de perda neuronal [184]. A definição de NAA somente como um

marcador de viabilidade neuronal é insuficiente. Níveis reduzidos, porém, transitórios em três

dias após SE podem ser decorrentes de disfunção mitocondrial ou comprometimento na síntese

de ATP na fase aguda [185].

Em nosso estudo tal achado parece sugerir que a maior parte de morte celular

neuronal ocorre em 48 horas em nossos animais. Todavia, crises epilépticas recorrentes também

podem causar dano progressivo [186]. Essa diminuição transitória de NAA pode ser resultado

de morte neuronal, disfunção mitocondrial ou comprometimento na síntese de ATP. Dados

histopatológicos poderiam contribuir para maiores esclarecimentos. Índices reduzidos, todavia,

transitórios, não esclarecem se essas alterações observadas ocorrem somente durante a lesão

inicial induzida por SE ou se são progressivas com a presença de crises epilépticas recorrentes.

Aquisições de novos espectros em um tempo maior após SE poderia determinar se há novas

reduções desses níveis a longo prazo em nossos animais.

Zahr e colaboradores (2009) evidenciaram níveis reduzidos de glutamato três dias

após indução de SE quando comparado com a RM basal. Esses índices permaneceram mais

baixos após um mês quando comparados com a RM basal [181].

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60

Em nosso estudo os metabólitos Glu+Gln/Cr estiveram diminuídos em 48 horas

pós-tratamento no grupo pilocarpina quando comparado ao grupo sham.

Índices reduzidos de glutamato foram observados em regiões glióticas de

hipocampo humano [187], tal achado pode refletir em perda neuronal e gliose. O glutamato

reduzido pode refletir em perda de neurônios glutamatérgicos do hipocampo ou disfunção

mitocondrial dos neurônios restantes [188].

Em seu estudo, Alvestad e colaboradores (2011) retratam que a disfunção

metabólica e energética dos neurotransmissores antecede a ocorrência de crises espontâneas no

modelo de ácido caínico. Uma redução do glutamato, glutamina e GABA no hipocampo e

outras áreas cerebrais foi observada na fase latente. A rotatividade do glutamato foi reduzida

antes e após a ocorrência de crises espontâneas, cooperando possivelmente para o

desenvolvimento e manutenção das crises epilépticas. Alterações metabólicas na zona

epileptogênica podem ser elucidadas por processos complexos e interconectados; glicólise

prejudicada, perda de células neuronais, disfunção nos neurônios e astrócitos, bem como o

comprometimento do ciclo de glutamato/glutamina-GABA. No hipocampo, a síntese reduzida

do glutamato pode ser resultado da diminuição da atividade glicolítica e degradação reduzida

do glutamato. Contudo, a síntese reduzida do glutamato também pode ser decorrente de

disfunção mitocondrial, indicado por níveis reduzidos de NAA. Os astrócitos foram

relativamente responsáveis por alterações metabólicas do glutamato e do GABA,

provavelmente devido ao transporte de nitrogênio e o fornecimento de glutamina

comprometidos. Um erro nesses mecanismos pode implicar na mudança de estágio latente para

o estágio crônico na epileptogênese [189].

A ERM de prótons demonstrou ser eficiente para identificar disfunção metabólica

precoce no hipocampo.

Investigações sobre a mensuração volumétrica do hipocampo, dados metabólicos

da ERM e DTI proporcionam informações que se complementam. Os resultados deste estudo

foram associados a vários processos fisiopatológicos da doença.

5.0 LIMITAÇÕES DO ESTUDO E PERSPECTIVAS FUTURAS

Neste estudo, as alterações ventriculares identificadas nas imagens cerebrais basais

dos animais foram obtidas ao acaso. Estudos futuros devem focar no aumento do tamanho

amostral e análises adicionais para determinar a contribuição deste achado no processo da

epileptogênese.

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A análise detalhada quantitativa das crises epilépticas por videomonitoramento não

foi realizada, foi observado apenas que os animais induzidos SE com pilocarpina apresentaram

crises espontâneas. Estudos futuros de neuroimagem correlacionados com a frequência de crises

em modelos experimentais podem ajudar a entender o processo envolvido no desenvolvimento

da epilepsia.

Análises histopatológicas correlacionadas com os dados de RM podem auxiliar para

uma melhor caracterização das fases da epileptogênese e assim permitir uma melhor

compreensão das alterações evidenciadas em neuroimagem.

Com a adaptação de uma bobina dedicada para roedores em máquina de RM clínica,

foi possível obter dados de neuroimagem confiáveis que proporcionam direcionamento para

estudos futuros. Contudo, uma máquina de ressonância magnética dedicada para animais

poderá obter dados otimizados para pesquisas com modelos experimentais de epilepsia.

6.0 CONCLUSÃO

Em conclusão, nossos achados de neuroimagem demonstraram danos significativos

no hipocampo dorsal:

- Alterações estruturais e metabólicas longitudinais até trinta dias pós-indução de

SE com pilocarpina;

- As imagens de ERM e DTI demonstraram serem ferramentas eficazes e mais

sensíveis para identificar dano precoce na região hipocampal.

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8.0 ANEXO (Documentos da Comissão de Ética no Uso de Animais)

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