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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA USO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM NO APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE INCUBATÓRIO E OUTROS DE ORIGEM AGROINDUSTRIAL FRANCIELI HELENA BERNARDI CASCAVEL – PARANÁ – BRASIL FEVEREIRO DE 2011

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

    CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA

    USO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM NO APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE

    INCUBATÓRIO E OUTROS DE ORIGEM AGROINDUSTRIAL

    FRANCIELI HELENA BERNARDI

    CASCAVEL – PARANÁ – BRASIL

    FEVEREIRO DE 2011

  • FRANCIELI HELENA BERNARDI

    USO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM NO APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE

    INCUBATÓRIO E OUTROS DE ORIGEM AGROINDUSTRIAL

    Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola em cumprimento parcial aos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Agrícola, área de concentração em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental.

    Orientadora: Profa. Dra. Mônica Sarolli Silva de Mendonça Costa

    CASCAVEL - PARANÁ - BRASIL

    FEVEREIRO DE 2011

  • FRANCIELI HELENA BERNARDI

    USO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM NO APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE

    INCUBATÓRIO E OUTROS DE ORIGEM AGROINDUSTRIAL

    Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola

    em cumprimento parcial aos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia

    Agrícola, área de concentração Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, para

    aprovação pela seguinte banca examinadora:

    Orientadora: Profa. Dra. Mônica Sarolli Silva de Mendonça Costa

    Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, UNIOESTE

    Prof. Dr. Luiz Antônio de Mendonça Costa

    Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, UNIOESTE

    Prof. Dr. Jorge de Lucas Junior

    Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, FCAV/UNESP

    Profa. Dra. Maritane Prior Centro de Ciências Agrárias, UNIOESTE

    CASCAVEL - PARANÁ - BRASIL

    FEVEREIRO DE 2011

  • ii

    BIOGRAFIA

    FRANCIELI HELENA BERNARDI – Filha de Olice Antônio Bernardi e Renilde Maria

    Bernardi, nascida em 14 de junho de 1986, natural da cidade de Palotina, estado do Paraná.

    Em 2008 graduou-se em Tecnologia em Meio Ambiente pela Universidade Estadual de

    Maringá – UEM – Campus de Umuarama - PR. Em 2009, concluiu o curso de pós-

    graduação (lato sensu) pela Faculdade Assis Gurgacz – FAG – Cascavel – PR e no mesmo

    ano ingressou no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da UNIOESTE,

    área de concentração em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental.

  • iii

    Dedico esta dissertação aos meus pais Olice e Renilde Bernardi,

    ao meu irmão Anderson Bernardi

    pelo carinho, companheirismo e apoio

    à realização deste trabalho.

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    A Deus pelo dom da vida, pela inspiração e conforto em todos os momentos desta

    caminhada;

    À minha família, meus queridos pais Renilde e Olice, e meu irmão Anderson, que

    sempre acreditaram na minha capacidade de vencer e que sempre me auxiliaram em tudo,

    obrigada por todo carinho e pelo apoio, por proporcionarem a realização deste sonho,

    agradeço o amor e o esforço de cada dia, tudo que consegui devo a vocês;

    À minha orientadora querida Mônica Sarolli Silva de Mendonça Costa pela dedicação

    constante, ajuda e compreensão no desenvolvimento deste trabalho e principalmente pelas

    orientações que foram essenciais para o meu crescimento;

    Ao Professor Luiz Antônio de Mendonça Costa, pelo apoio e dedicação sempre e

    pelo auxílio no desenvolvimento deste trabalho;

    Ao Professor Jorge de Lucas Júnior, pelo auxílio sempre que necessário e pela

    oportunidade de aprimorar meus conhecimentos em estágio realizado sob sua supervisão;

    Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola e aos seus professores e

    funcionários;

    À CAPES, pelo auxílio financeiro na concessão da bolsa de estudos;

    À COPACOL, pelo fornecimento dos resíduos e pelo apoio financeiro;

    Aos meus colegas e estagiários que me auxiliaram na condução do experimento e

    nas análises laboratoriais;

    Ao meu colega de mestrado Dércio, pelo apoio e ajuda sempre;

    Às minhas amigas Natássia Jersak Cosmann e Carla Limberger Lopes, que sempre

    estiveram prontas para me auxiliar, principalmente nos momentos mais difíceis, obrigada por

    tudo e pelo companheirismo;

    Aos colegas do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola;

    Ao campus da UNIOESTE de Cascavel e aos seus funcionários pela colaboração,

    em especial ao Ciro e Edison;

    A todos os professores que contribuíram de uma ou outra forma na minha formação;

    A todos aqueles que de alguma forma contribuíram para minha formação.

  • v

    COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS: INCUBATÓRIO

    RESUMO

    O objetivo deste trabalho foi avaliar o processo de compostagem com diferentes porcentagens de resíduos agroindustriais, identificando a mistura que proporciona o melhor desempenho do processo. O experimento foi conduzido no Núcleo Experimental de Engenharia Agrícola (NEEA) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Todos os resíduos do processo de compostagem foram oriundos das atividades desenvolvidas pela Cooperativa Agrícola Consolata - COPACOL. Foram utilizados como substratos os seguintes resíduos: resíduo de incubatório, lodo de flotador, cinza remanescente da caldeira, resíduos da máquina de pré-limpeza (cereais), composto de carcaça de aves, carvão remanescente da caldeira, fração sólida de dejeto de suíno, invólucro de embutidos (tripa celulósica), fração sólida do resíduo da lavagem de caminhões, bagaço de cana e cama de matrizeiro. O experimento foi composto por dois ensaios: no primeiro ensaio, foram montadas leiras de compostagem variando-se as proporções dos resíduos, com a finalidade de testar as misturas dos resíduos observando o comportamento do método, sendo quatro misturas com duas repetições, em que o resíduo de incubatório foi o principal, num total de oito leiras. No segundo ensaio, de posse das quantidades de resíduos gerados e da sazonalidade de sua produção, foram confeccionadas outras quatro leiras, sendo quatro composições sem repetições variando-se as fontes de carbono. O primeiro ensaio foi implantado nos dias 22 e 23 de dezembro de 2009. Os resíduos foram inicialmente pesados, dispostos em camadas, sendo que cada leira teve como peso inicial 500 kg de massa fresca. A temperatura da leira foi monitorada diariamente. A massa e o volume das leiras foram monitorados semanalmente, a cada revolvimento, bem como sólidos totais e sólidos voláteis, pH, condutividade elétrica, carbono orgânico e nitrogênio total. Caracterizou-se quimicamente os resíduos “in natura” e os compostos orgânicos no início e ao final do processo, determinando os macro e micronutrientes. O segundo ensaio foi implantado no dia 4 de setembro de 2010 e foram monitorados os mesmos parâmetros anteriormente citados. A temperatura atingiu picos acima de 60 °C durante o processo de compostagem em todos os tratamentos nos dois ensaios. O tempo médio de compostagem foi de 67 dias nos dois ensaios. As maiores reduções de massa foram observadas no segundo ensaio (50,5%). As maiores reduções de volume ocorreram no segundo ensaio (68%). O pH apresentou aumento até o final do processo e a CE diminuiu para todos os tratamentos do primeiro ensaio, enquanto que no segundo ensaio aumentou apenas em um tratamento. Os compostos orgânicos obtidos a partir da compostagem de resíduos agroindustriais apresentam valor fertilizante significativo, podendo ser utilizados no solo como fonte de nutrientes para as plantas. Sendo assim, a compostagem mostrou-se uma alternativa eficiente para o tratamento dos resíduos agroindustriais, promovendo o saneamento ambiental.

    Palavras Chaves: temperatura; redução volume e peso; macro e micronutrientes.

  • vi

    COMPOSTING OF AGROINDUSTRIAL SOLID WASTE: HATCHERY

    ABSTRACT

    The objective of this study was to evaluate the composting processes with different percentages of organic residues, identifying the mix that gives the best performance of the process. The experiment was conducted at the Experimental Center of Agricultural Engineering (NEEA) of the Western Paraná State University (UNIOESTE). All waste from the composting process was drawn from the activities of the Agricultural Cooperative Consolata–COPACOL. The following wastes were used as substrates: waste hatchery, flotation sludge, ash remaining boiler, waste machine pre-cleaning (cereals), composed of poultry carcasses, remaining coal boiler, solid fraction of pig manure, sausage casing (cellulose casings), solid fraction of the waste from washing of trucks, bagasse and Breeders bed. The experiment consisted of two tests: the first test, were mounted compost piles varying the proportions of waste, in order to test the waste mixtures by observing the behavior of the method, four mixtures with two replications in the hatchery was the principal for a total of eight piles. In the second trial, in possession of quantities of waste generated and the seasonality of their production, others were made four piles, with four replications compositions without varying the carbon sources. The first experiment was installed on December 22nd and 23rd, 2009. The residues were individually weighed on digital scales and packed in cartons, layered, and each windrow initial weight was 500 kg of weight. The temperature of the windrow was monitored daily. The weight and volume of the windrows were monitored weekly, every tillage and total solids and volatile solids, pH, conductivity, total organic carbon and nitrogen. Characterized the chemical waste "in nature” and organic compounds at the beginning and end of the process by determining the macro-and micronutrients. The second test was implemented on September 4th, 2010, and were monitored the same parameters mentioned above. The temperature reached highs above 60°C during the composting process in all treatments in both trials. The average time of composting was of 67 days in two trials. The largest reductions in weight were observed in the second test (50,5%). The largest reductions in volume occurred on the second test (68%). The pH showed an increase until the end of the process and the EC decreased for all treatments in the first test, while the second test increased only in one treatment. The organic compounds obtained from the composting of organic residues have significant fertilizer value and can be used in soil as a nutrient source for plants, so the composting proved to be an efficient alternative for the treatment of industrial residues, promoting environmental sanitation.

    KEY-WORDS: temperature; weight and volume reduction; macro and micronutrients.

  • vii

    SUMÁRIO

    LISTA DE TABELAS.................................................................................................IX

    LISTA DE FIGURAS .................................................................................................XI

    1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14

    2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 16

    2.1 CENÁRIO DA AVICULTURA PARANAENSE ........................................................... 16

    2.2 RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................................................ 16

    2.3 COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................................ 18

    2.4 FATORES QUE INFLUENCIAM NA COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS ............. 19

    2.4.1 PH ............................................................................................................. 20

    2.4.2 AERAÇÃO ...................................................................................................... 21

    2.4.3 UMIDADE ....................................................................................................... 21

    2.4.4 TEMPERATURA............................................................................................... 22

    2.4.5 MICRORGANISMOS ......................................................................................... 23

    2.4.6 RELAÇÃO CARBONO: NITROGÊNIO .................................................................. 24

    2.4.7 TAMANHO DE PARTÍCULAS .............................................................................. 25

    2.5 COMPOSTOS ORGÂNICOS .................................................................................. 25

    3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 28

    3.1 CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA ÁREA DA PESQUISA ..................................... 28

    3.2 ORIGEM E DESCRIÇÃO DOS RESÍDUOS .............................................................. 29

    3.2.1 RESÍDUO DE INCUBATÓRIO ............................................................................. 29

    3.2.2 LODO DE FLOTADOR ................................................................................... 30

    3.2.3 CINZA REMANESCENTE DA CALDEIRA ............................................................ 31

    3.2.4 RESÍDUOS DA MÁQUINA DE PRÉ-LIMPEZA (CEREAIS) ...................................... 32

    3.2.5 COMPOSTO DA CARCAÇA DE AVES PROVENIENTE DOS MATRIZEIROS .............. 33

    3.2.6 CARVÃO REMANESCENTE DA CALDEIRA ........................................................ 34

    3.2.7 FRAÇÃO SÓLIDA DE DEJETO DE SUÍNO .......................................................... 35

    3.2.8 INVÓLUCRO DE EMBUTIDOS (TRIPA CELULÓSICA) ........................................... 35

    3.2.9 FRAÇÃO SÓLIDA DOS RESÍDUOS DA LAVAGEM DE CAMINHÕES ........................ 36

    3.2.10 BAGAÇO DA CANA DE AÇÚCAR ..................................................................... 37

    3.2.11 CAMA DE MATRIZEIRO ................................................................................. 38

    3.3 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS RESÍDUOS ......................................................... 39

    3.4 CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO ......................................................................... 41

    3.5 PARÂMETROS AVALIADOS ............................................................................ 44

  • viii

    3.6 METODOLOGIAS EMPREGADAS ........................................................................... 45

    3.6.1 DETERMINAÇÕES DOS TEORES DE SÓLIDOS TOTAIS E SÓLIDOS VOLÁTEIS ...... 45

    3.6.2 DIGESTÃO SULFÚRICA PARA A QUANTIFICAÇÃO DE NITROGÊNIO ........................ 45

    3.6.3 DETERMINAÇÃO DO CARBONO (C), MATÉRIA ORGÂNICA COMPOSTÁVEL (MOC),

    MATÉRIA ORGÂNICA RESISTENTE À COMPOSTAGEM (MORC) E DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO

    (DQO). ............................................................................................................................. 46

    3.6.4 DETERMINAÇÃO DOS MINERAIS ....................................................................... 46

    4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 47

    4.1 MONITORAMENTO DA TEMPERATURA ................................................................ 47

    4.2 CONDUÇÃO DAS LEIRAS DE COMPOSTAGEM ...................................................... 53

    4.3 ESTIMATIVA DE REDUÇÃO DE VOLUME DURANTE O PROCESSO DE COMPOSTAGEM55

    4.4 MONITORAMENTO DA QUANTIDADE DE CARBONO, NITROGÊNIO, C:N, MOC,

    MORC E DQO .................................................................................................................. 60

    4.5 AVALIAÇÃO DOS ÍNDICES DE PH E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DURANTE O

    PROCESSO 65

    4.6 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO COMPOSTO ............................................................. 69

    5 CONCLUSÕES ................................................................................................ 72

    6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 73

    7 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 74

  • ix

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS RESÍDUOS UTILIZADOS COMO SUBSTRATOS NO PRIMEIRO

    ENSAIO ............................................................................................................. 39

    TABELA 2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS RESÍDUOS UTILIZADOS COMO SUBSTRATOS NO SEGUNDO

    ENSAIO ............................................................................................................. 40

    TABELA 3 QUANTIDADE DE MATERIAL QUE FOI UTILIZADO EM CADA TRATAMENTO NO PRIMEIRO

    ENSAIO ............................................................................................................. 42

    TABELA 4 QUANTIDADE DE MATERIAL QUE FOI UTILIZADO EM CADA TRATAMENTO NO SEGUNDO

    ENSAIO ............................................................................................................. 43

    TABELA 5 TEMPERATURAS MÉDIAS SEMANAIS REGISTRADAS (°C), MÁXIMAS OBSERVADAS

    DURANTE O EXPERIMENTO, DIAS DE OCORRÊNCIA E TEMPO DE COMPOSTAGEM

    OBTIDAS NO PRIMEIRO ENSAIO ............................................................................ 47

    TABELA 6 TEMPERATURAS MÉDIAS SEMANAIS REGISTRADAS (°C), MÁXIMAS OBSERVADAS

    DURANTE O EXPERIMENTO, DIAS DE OCORRÊNCIA E TEMPO DE COMPOSTAGEM

    OBTIDAS NO SEGUNDO ENSAIO ........................................................................... 48

    TABELA 7 QUANTIDADE DO MATERIAL ENLEIRADO (MATÉRIA NATURAL E MATÉRIA SECA),

    TEORES DE SÓLIDOS TOTAIS E VOLÁTEIS E PORCENTAGEM DE REDUÇÃO OBSERVADA

    NO PRIMEIRO ENSAIO DO EXPERIMENTO .............................................................. 53

    TABELA 8 QUANTIDADE DO MATERIAL ENLEIRADO (MATÉRIA NATURAL E MATÉRIA SECA),

    TEORES DE SÓLIDOS TOTAIS E VOLÁTEIS E PORCENTAGEM DE REDUÇÃO OBSERVADA

    NO SEGUNDO ENSAIO DO EXPERIMENTO .............................................................. 54

    TABELA 9 VOLUME (M3) NO INÍCIO, DURANTE E AO FINAL DO PROCESSO DO PRIMEIRO ENSAIO

    DE COMPOSTAGEM E RESPECTIVAS % DE REDUÇÕES ........................................... 55

    TABELA 10 VOLUME (M3) NO INÍCIO, DURANTE E AO FINAL DO SEGUNDO ENSAIO DO PROCESSO

    DE COMPOSTAGEM E RESPECTIVAS % DE REDUÇÕES ........................................... 55

    TABELA 11 QUANTIDADE DOS TEORES DE CARBONO (C), NITROGÊNIO (N), RELAÇÃO C:N,

    MOC, MORC, DQO E PORCENTAGEM DE REDUÇÃO NO INÍCIO E NO FINAL DO

    PROCESSO ........................................................................................................ 60

    TABELA 12 QUANTIDADE DOS TEORES DE CARBONO (C), NITROGÊNIO (N), RELAÇÃO C:N,

    MOC, MORC, DQO E PORCENTAGEM DE REDUÇÃO NO INÍCIO E NO FINAL DO

    PROCESSO OBSERVADOS NO SEGUNDO ENSAIO DE COMPOSTAGEM ...................... 61

    TABELA 13 VALORES DE PH E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA (CE) EM MS/CM NO INÍCIO E AO FINAL

    DO PRIMEIRO ENSAIO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM, NOS TRATAMENTOS

    ESTUDADOS ...................................................................................................... 65

  • x

    TABELA 14 VALORES DE PH E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA (CE) EM MS/CM NO INÍCIO E AO FINAL

    DO SEGUNDO ENSAIO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM, NOS TRATAMENTOS

    ESTUDADOS ...................................................................................................... 65

    TABELA 15 QUANTIDADES MÉDIAS DE MACRO E MICRONUTRIENTES (MG/KG) NOS PERÍODOS

    INICIAL E FINAL E % DE VARIAÇÃO DOS NUTRIENTES DURANTE A COMPOSTAGEM, NOS

    4 TRATAMENTOS DO PRIMEIRO ENSAIO ................................................................ 69

    TABELA 16 QUANTIDADES MÉDIAS DE MACRO E MICRONUTRIENTES (MG/KG) NOS PERÍODOS

    INICIAL E FINAL E % DE VARIAÇÃO DOS NUTRIENTES DURANTE O SEGUNDO ENSAIO

    DE COMPOSTAGEM, NOS 4 TRATAMENTOS ........................................................... 70

  • xi

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO MUNICÍPIO DE CASCAVEL/PR E DA ÁREA DO NEEA ..... 28

    FIGURA 2 RESÍDUO GERADO NO INCUBATÓRIO UTILIZADO COMO SUBSTRATO NO PRIMEIRO ENSAIO30

    FIGURA 3 RESÍDUO GERADO NO INCUBATÓRIO APÓS SECAGEM E TRITURAÇÃO UTILIZADO NO

    SEGUNDO ENSAIO DO EXPERIMENTO ................................................................... 30

    FIGURA 4 LODO DE FLOTADOR DO ABATEDOURO DE AVES ........................................................ 31

    FIGURA 5 RESÍDUO DA CINZA REMANESCENTE DA CALDEIRA ..................................................... 32

    FIGURA 6 RESÍDUO DA MÁQUINA DE PRÉ-LIMPEZA UTILIZADO NO PRIMEIRO ENSAIO (TRIGO) ........ 32

    FIGURA 7 RESÍDUO DA MÁQUINA DE PRÉ-LIMPEZA UTILIZADO COMO SUBSTRATO NO SEGUNDO

    ENSAIO (MILHO) ................................................................................................. 33

    FIGURA 8 RESÍDUO DA MÁQUINA DE PRÉ-LIMPEZA UTILIZADO NO SEGUNDO ENSAIO (CASCA DE

    TRIGO) .............................................................................................................. 33

    FIGURA 9 RESÍDUO DO COMPOSTO DA CARCAÇA DE AVES PROVENIENTE DOS MATRIZEIROS ....... 34

    FIGURA 10 RESÍDUO DO CARVÃO REMANESCENTE DA CALDEIRA ............................................... 34

    FIGURA 11 RESÍDUO DE DEJETO DE SUÍNOS PROVENIENTE DA UNIDADE PRODUTORA DE LEITÕES35

    FIGURA 12 RESÍDUO DE INVÓLUCRO DE EMBUTIDOS ................................................................ 36

    FIGURA 13 RESÍDUO DA LAVAGEM DE CAMINHÕES ................................................................... 37

    FIGURA 14 BAGAÇO DE CANA DE AÇÚCAR ............................................................................... 37

    FIGURA 15 CAMA DE MATRIZEIRO ........................................................................................... 38

    FIGURA 16 LEIRA DE COMPOSTAGEM COM DISTRIBUIÇÃO DAS CAMADAS NO INÍCIO DO PROCESSO41

    FIGURA 17 PÁTIO DE COMPOSTAGEM ...................................................................................... 41

    FIGURA 18 BALANÇA UTILIZADA NA PESAGEM DO MATERIAL ENLEIRADO .................................... 42

    FIGURA 19 REVOLVIMENTOS REALIZADOS SEMANALMENTE ...................................................... 43

    FIGURA 20 CAIXA DE MADEIRA UTILIZADA PARA MEDIÇÃO DO VOLUME ....................................... 44

    FIGURA 21 MONITORAMENTO DIÁRIO DAS TEMPERATURAS NO INTERIOR DAS LEIRAS E NO

    AMBIENTE DURANTE O PRIMEIRO ENSAIO DA COMPOSTAGEM ................................ 51

    FIGURA 22 MONITORAMENTO DIÁRIO DAS TEMPERATURAS NO INTERIOR DAS LEIRAS E NO

    AMBIENTE DURANTE O SEGUNDO ENSAIO DA COMPOSTAGEM ................................ 52

    FIGURA 23 TENDÊNCIAS E EQUAÇÕES DE REDUÇÃO DE VOLUME EM LEIRAS DE COMPOSTAGEM DO

    PRIMEIRO ENSAIO NOS QUATRO TRATAMENTOS ................................................... 56

    FIGURA 24 TENDÊNCIAS E EQUAÇÕES DE REDUÇÃO DE VOLUME EM LEIRAS DE COMPOSTAGEM NO

    SEGUNDO ENSAIO NOS QUATRO TRATAMENTOS ................................................... 57

    FIGURA 25 MONITORAMENTO SEMANAL DO NITROGÊNIO (%N) NOS QUATRO TRATAMENTOS

    DURANTE O PRIMEIRO ENSAIO ............................................................................ 62

  • xii

    FIGURA 26 MONITORAMENTO SEMANAL DO NITROGÊNIO (%N) NOS QUATRO TRATAMENTOS

    DURANTE O SEGUNDO ENSAIO ............................................................................ 63

    FIGURA 27 MONITORAMENTO SEMANAL DO CARBONO (%C) NOS QUATRO TRATAMENTOS

    DURANTE O PRIMEIRO ENSAIO ............................................................................ 63

    FIGURA 28 MONITORAMENTO SEMANAL DO CARBONO (%C) NOS QUATRO TRATAMENTOS

    DURANTE O SEGUNDO ENSAIO ............................................................................ 64

    FIGURA 29 VARIAÇÃO DO PH DURANTE O PRIMEIRO ENSAIO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM NOS

    QUATRO TRATAMENTOS ..................................................................................... 66

    FIGURA 30 VARIAÇÃO DO PH DURANTE O SEGUNDO ENSAIO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM

    NOS QUATRO TRATAMENTOS .............................................................................. 66

    FIGURA 31 VARIAÇÃO DO CE DURANTE O PRIMEIRO ENSAIO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM

    NOS QUATRO TRATAMENTOS .............................................................................. 68

    FIGURA 32 VARIAÇÃO DO CE DURANTE O SEGUNDO ENSAIO DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM

    NOS QUATRO TRATAMENTOS .............................................................................. 68

  • xiii

  • 14

    1 INTRODUÇÃO

    O setor agroindustrial brasileiro vem contribuindo nos últimos anos para o

    crescimento econômico do país, expandindo-se cada vez mais para atender a crescente

    demanda populacional por alimentos, aumentando a produção e a produtividade para o

    mercado interno e externo através da exportação. As atividades agroindustriais transformam

    matérias-primas agropecuárias em produtos industrializados, adicionando valor ao produto.

    Com o setor em franco desenvolvimento, destacando-se a produção e exportação,

    toda a cadeia produtiva tende a aumentar, gerando além do produto, outros materiais, como

    os subprodutos e, consequentemente, quantidades significativas de resíduos.

    O termo resíduo é utilizado em sentido amplo, englobando não somente sólidos

    como também os efluentes líquidos e os materiais presentes nas emissões atmosféricas. As

    principais fontes de geração de resíduos da cadeia produtiva da avicultura são: o

    incubatório, matrizeiro, aviário (cama de aviário e mortalidade) e frigorífico.

    O resíduo industrial, depois de gerado, necessita de destino adequado, pois não

    pode ser acumulado indefinidamente no local em que foi produzido. A disposição dos

    resíduos no ambiente, por emissões de matéria e de energia lançados na atmosfera, nas

    águas ou no solo deve ocorrer após os resíduos sofrerem tratamento para não causarem

    poluição (PELIZER; PONTIERI; MORAES, 2007).

    Como alternativa para minimizar os impactos causados pela grande geração de

    resíduos e o aproveitamento dos elementos químicos dos resíduos agroindustriais, estão os

    processos biológicos de tratamento, como a compostagem, que é uma das técnicas mais

    antigas aplicadas.

    A compostagem é um processo biológico aeróbio de transformação da matéria

    orgânica crua em substâncias húmicas, estabilizadas, com propriedades e características

    completamente diferentes do material que lhe deu origem, sendo uma técnica idealizada

    para se obter mais rapidamente e em melhores condições a desejada estabilização da

    matéria orgânica (KIEHL,1985).

    A compostagem é uma das tecnologias mais promissoras para o tratamento de

    resíduos sólidos (ZENG et al., 2007). Para Costa et al. (2005a), apresenta-se como

    alternativa para disposição ambiental adequada de resíduos provenientes das distintas

    atividades agrícolas, agroindustriais e industriais.

    A grande demanda por insumos químicos, como os fertilizantes, está aumentando os

    gastos na produção agrícola e, sendo assim, o uso de adubos orgânicos, além da sua

    correta destinação, ocasionará a diminuição no custo da produção e auxiliará na

    recuperação do solo, já que os compostos orgânicos possuem grandes quantidades de

  • 15

    nutrientes necessárias às plantas e ao solo, proporcionando o aproveitamento destes

    resíduos.

    Quando destinados de maneira incorreta no ambiente, eles podem representar

    passivos ambientais de grandes proporções. Por isso, a produção de um composto final

    com qualidade e passível de utilização em solo agrícola, atendendo aos requisitos legais é

    uma forma de reduzir ou até mesmo eliminar a incidência de passivos e agregar maior valor

    ao composto produzido. Porém, para a produção deste composto faz-se necessário o

    controle de todos os fatores que podem interferir no procedimento, bem como na qualidade

    final do produto (SILVA, 2007).

    A utilização do composto como adubo orgânico propicia reciclagem de nutrientes e

    melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo.

    Objetivou-se neste trabalho avaliar o processo de compostagem com diferentes

    porcentagens de resíduos agroindustriais, identificando a mistura que proporciona o melhor

    desempenho do processo no que diz respeito a redução de peso e volume, tempo de

    compostagem, temperatura, relação C:N e composição química do composto.

  • 16

    2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

    2.1 Cenário da avicultura Paranaense

    Na região oeste do Paraná a principal atividade econômica é a agricultura, com uma

    das maiores produtividades de grãos do Brasil, os principais produtos são a soja, milho e

    trigo. Com o crescimento da produtividade agrícola surgiram as agroindústrias, uma das

    mais desenvolvidas é a de processamento de carne, de aves e suínos (SORDI, SOUZA,

    OLIVEIRA, 2002).

    Nesse contexto, o estado do Paraná vem se destacando na produção e exportação

    de frangos de corte. Quanto à exportação, o Brasil lidera o ranking mundial. De acordo com

    o SINDIAVIPAR, no acumulado janeiro-março deste ano as indústrias paranaenses

    faturaram 345.958.652 dólares em exportação de frangos. Segundo dados do Sindicato das

    Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (SINDIAVIPAR), o Paraná respondeu

    por 28,02% de toda a produção de frango de corte (cabeças abatidas) do Brasil no ano de

    2009. O Brasil encontra-se em terceiro lugar na produção mundial de carne de frango,

    liderado pelos EUA e China. Atualmente, o consumo per capita é de 39 quilos anuais,

    consumo considerado alto (ABEF, 2010).

    Com o setor em franco desenvolvimento, toda a cadeia produtiva tende a aumentar,

    desde a produção de ovos até o abate das aves para comercialização, justificado pelo

    aumento do consumo interno e o crescente aumento das exportações, gerando uma

    preocupação ambiental com relação à produção e disposição correta dos resíduos. No caso

    específico dos resíduos da cadeia produtiva da avicultura, têm-se como principais fontes de

    geração o incubatório, o matrizeiro, o aviário e o frigorífico.

    2.2 Resíduos Sólidos

    Os resíduos sólidos apresentam grande diversidade e complexidade. As suas

    características físicas, químicas e biológicas variam de acordo com a sua fonte ou atividade

    geradora. Fatores econômicos, sociais, geográficos, educacionais, culturais, tecnológicos e

    legais afetam o processo de geração dos resíduos sólidos, tanto em relação à quantidade

    gerada quanto a sua composição qualitativa. Uma vez gerado o resíduo, a forma como é

  • 17

    manejado, tratado e destinado pode alterar suas características de maneira, que em certos

    casos, os riscos à saúde e ao ambiente são potencializados (CASTILHOS JUNIOR, 2006).

    A ABNT, através da Norma Regulamentadora Brasileira (NBR) – 10.004 (2004) define

    resíduos sólidos como: “Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de

    atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de

    varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento

    de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem

    como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na

    rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e

    economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível”.

    A inadequada deposição dos resíduos sólidos pode acarretar problemas ambientais,

    provocando contaminação da água, solo e atmosfera.

    Segundo Laufenberg et al. (2003), os resíduos podem conter muitas substâncias de

    alto valor. Se for empregada uma tecnologia adequada, este material pode ser convertido

    em produtos comerciais ou matérias-primas para processos secundários.

    Os resíduos agroindustriais são originados no beneficiamento de produtos

    agropecuários e possuem uma alta instabilidade de geração que irá variar de acordo com a

    matéria-prima produzida.

    As atividades agrícolas e industriais são responsáveis pela geração de grandes

    quantidades de resíduos. Resíduos provenientes da indústria de aves incluem uma mistura

    de fezes (esterco), material de cama (por exemplo, aparas de madeira ou palha), resíduos

    de alimentação, aves mortas, ovos quebrados e penas removidas de aviários. Os

    componentes destes resíduos têm um alto valor nutricional e são utilizados como adubo

    orgânico, na reciclagem de nutrientes, assim como o nitrogênio, fósforo e potássio

    (KELLEHER et al., 2002).

    Por serem os resíduos sólidos agroindustriais ricos em nutrientes, toda e qualquer

    técnica que vislumbre seu aproveitamento na alimentação animal ou agrícola torna-se

    interessante, tendo em vista que a reciclagem desses nutrientes é recomendável. No caso

    de não ser possível ou recomendável o aproveitamento desses resíduos “in natura”,

    técnicas de tratamento devem ser aplicadas com o fim de proporcionar transformações

    vantajosas em suas características químicas ou físicas (MATOS, 2005).

    A reciclagem ou reutilização dos resíduos representa uma alternativa capaz de

    contribuir para a utilização de matérias-primas alternativas, diminuindo os custos finais dos

    setores industriais geradores e consumidores dos resíduos, além de preservar o meio

    ambiente (GIFFONI; LANGE, 2005).

  • 18

    Considerando a quantidade e composição de resíduos gerada diariamente numa

    indústria, uma alternativa ambientalmente correta para a disposição destes resíduos seria a

    compostagem.

    2.3 Compostagem de resíduos sólidos

    A compostagem tem sido apresentada como uma alternativa sustentável do meio

    ambiente, de gestão e reciclagem de resíduos sólidos orgânicos, com o objetivo de obter um

    produto orgânico de qualidade, conhecido como composto para ser utilizado como

    adubação orgânica na agricultura (PAGANS et al., 2006).

    Para Kiehl (1985), a compostagem é um processo biológico de transformação da

    matéria orgânica crua em substâncias húmicas, estabilizadas, com propriedades e

    características completamente diferentes do material que lhe deu origem.

    Magalhães et al. (2006) definiram compostagem como um processo biológico,

    aeróbio, controlado, por meio do qual se consegue a humificação do material orgânico

    obtendo-se, como produto final, o “composto orgânico”.

    O processo de compostagem da matéria orgânica pode ser dividido em duas fases

    principais: a fase da degradação e a fase de maturação ou humificação, resultando o

    composto orgânico, mineralizado e apropriado para uso agrícola.

    No início da compostagem, a matéria orgânica, partindo da temperatura ambiente,

    passa rapidamente pela fase de temperatura mesófila, subindo para a termofila onde se

    mantém por um espaço de tempo. Ao prosseguir o processo, a temperatura baixará e

    retornará a fase mesófila. A fase termófila, na qual a temperatura aumenta até o máximo

    valor, é a fase onde ocorre a destruição dos organismos patogênicos e as sementes de

    ervas daninhas é mais efetiva, pois são pouco resistentes a temperaturas em torno de 50 a

    60°C. Após essa fase, vem a de maturação, onde a temperatura decresce até a fase

    mesofilica e permanecerá por tempo geralmente mais longo que a fase anterior. Finalmente,

    após 100 a 120 dias, dificilmente em menor prazo, com a cura completa do composto

    quando a matéria orgânica estará humificada, a temperatura baixará mais ainda, mantendo-

    se próxima ou igual à ambiente; nesse ponto atingiu-se a cura completa do composto,

    estando a matéria orgânica humificada (KIEHL,1985).

    A passagem por essas fases é fundamental para a decomposição e transformação

    do material orgânico e original (CORRÊA; FONSECA; CORRÊA, 2007).

    Para Orrico Junior e Orrico; Lucas Junior (2009), a compostagem é uma forma de

    acelerar a decomposição da matéria orgânica em relação ao que ocorreria no meio

    ambiente, melhorando as condições de atividade dos microrganismos (bactérias e fungos).

  • 19

    Nesse processo, na fase termofílica ativa, há proliferação de microrganismos exotérmicos

    (aumento da temperatura da massa).

    A compostagem se tem constituído como alternativa viável, de baixo custo e

    sanitariamente eficiente na eliminação de patógenos de resíduos sólidos submetidos a este

    método (COSTA et al., 2009), também implica na redução do volume dos resíduos

    (BERNAL; ALBURQUERQUE; MORAL, 2009).

    Encontram-se na literatura nacional, vários relatos sobre a utilização da

    compostagem como sistema de reciclagem de resíduos provenientes de diferentes origens.

    Veras e Povinelli (2004) estudaram a vermicompostagem de lodo industrial,

    resultante do processamento de frutas, consorciado com composto de lixo urbano. Amorim,

    Lucas Junior e Resende (2005) pesquisaram a compostagem e vermicompostagem de

    dejetos de caprinos nas diferentes estações do ano. Pereira et al. (2005) avaliaram

    diferentes proporções de esterco bovino e palha de carnaúba como substrato na produção

    de vermicomposto. Costa et al. (2005a) analisaram o processo de compostagem de

    resíduos da indústria de desfibrilação de algodão utilizando esterco de bovino diluído em

    água (1:10), esterco fresco de bovino e conteúdo ruminal com e sem aeração forçada. Costa

    et al. (2005b) avaliaram o desempenho de sistemas para compostagem de carcaça de aves

    (com e sem aeração forçada) para a produção de adubo orgânico. Magalhães et al. (2006)

    estudaram o processo de compostagem de bagaço de cana-de-açúcar triturado, utilizado

    como material filtrante para águas residuárias da suinocultura. Orrico, Lucas Junior e Orrico

    Junior (2007a) estudaram o processo de compostagem dos dejetos de cabras. Loureiro et

    al. (2007) realizaram a compostagem e vermicompostagem de resíduos domiciliares, com e

    sem adição de esterco bovino. Sotero et al. (2006) utilizaram no processo de compostagem

    material foliáceo (poda e capina) e resto de comida. Brito et al. (2008) avaliaram a

    compostagem da fração sólida do chorume bovino, recolhidas em fossa aberta e fechada.

    Silva et al. (2008) avaliaram a eficiência do processo de compostagem aeróbia de lodo de

    tanque séptico e resíduos sólidos vegetais. Costa et al. (2009) avaliaram o processo de

    compostagem em resíduos sólidos de frigorífico (abate de bovinos e suinos) e palha. Fialho

    et al. (2010) testaram o processo de compostagem de poda de árvores, poda de árvore +

    esterco bovino fresco, poda de árvores + bagaço de laranja triturado.

    2.4 Fatores que influenciam na compostagem de resíduos sólidos

    O desempenho do processo de compostagem de resíduos será determinado pela

    influência de diversos fatores como: pH, aeração, umidade, temperatura, microrganismos,

    relação C:N, tamanho das partículas. Esses fatores irão influenciar diretamente na qualidade

  • 20

    final do composto, bem como no tempo necessário para a estabilização do mesmo. A

    qualidade do composto, bem como o tempo, dependerá dos tipos de resíduos que estarão

    sendo compostados (SILVA, 2007), Yue et al. (2008) menciona que a biodegradabilidade

    dos materiais pode afetar diretamente o processo de compostagem.

    Para Fialho et al. (2010), o processo de compostagem pode ser obtido por meio do

    fornecimento de condições favoráveis (como temperatura, umidade, pH e aeração) à

    atividade microbiana. A decomposição biológica depende ainda da razão de degradação

    dos compostos de carbono presentes na amostra (carboidratos, aminoácidos, ácidos

    graxos, celulose, lignina, etc), bem como seu conteúdo de nutrientes.

    Para se obter um composto de boa qualidade em menos tempo é necessário que os

    resíduos apresentem uma adequada relação de nutrientes, carbono/nitrogênio,

    proporcionando condições favoráveis ao crescimento e metabolismo das colônias de

    microrganismos (FIORI; SCHOENHALS; FOLLADOR, 2008).

    Os fatores que afetam o processo de compostagem podem ser divididos em dois

    grupos: equilíbrio de nutrientes, pH, tamanho de partículas, porosidade total e umidade; e

    aqueles que dependem da gestão de processos, tais como a concentração de O2,

    temperatura e teor de água. O equilíbrio nutricional é definido principalmente pela relação

    C:N. Microrganismos necessitam de uma fonte de energia (C orgânico degradável) e N para

    o seu desenvolvimento e atividade (BERNAL; ALBURQUERQUE; MORAL, 2009).

    Para Gao et al. (2010), para alcançar uma compostagem bem-sucedida, os fatores

    que influenciam, como temperatura, umidade, taxa de aeração, pH, relação C:N devem ser

    devidamente controlados.

    A compostagem é desenvolvida por colônias de microrganismos, ela é afetada por

    qualquer fator que atinja a atividade microbiológica, podendo-se citar dentre os mais

    importantes a aeração, a temperatura, o teor de umidade e a concentração de nutrientes

    (VERAS; POVINELLI, 2004).

    2.4.1 pH

    O pH não é um fator chave para a compostagem. No entanto, este fator é muito

    relevante para controlar as perdas de N por volatilização de amônia, que pode ser

    particularmente elevada em pH> 7,5 (BERNAL; ALBURQUERQUE; MORAL, 2009).

    O pH fornece informações sobre o estado de decomposição da matéria orgânica que

    foi submetida a um processo de fermentação, no qual a matéria-prima crua terá reação

    ácida; quando neutra ou quase neutra, o composto está estabilizado; e reação alcalina

    quando o composto estará humificado (KIEHL,1985).

  • 21

    Para Andreoli, Backes e Cherubini (2002), valores de pH muito baixos ou muito altos

    podem reduzir ou até inibir a atividade microbiana.

    2.4.2 Aeração

    A aeração é um fator chave para a compostagem. A aeração adequada controla a

    temperatura, remove o excesso de umidade e CO2 e fornece O2 para os processos

    biológicos (BERNAL; ALBURQUERQUE; MORAL, 2009).

    A compostagem deve ser feita em ambiente aeróbio, pois com abundância de ar a

    decomposição, além de mais rápida e melhor conduzida, não produz mau cheiro nem

    proliferação de moscas, o que constitui um fator estético para o local e recomendável para a

    saúde pública (KIEHL, 1985).

    A presença de oxigênio na compostagem confere ao processo duas características

    importantes do ponto de vista da biossegurança: a elevação da temperatura e a aceleração

    da decomposição (COSTA et al., 2005a).

    O oxigênio presente no meio é necessário para a atividade biológica e irá atuar de

    forma determinante sobre a velocidade de decomposição da matéria orgânica. A aeração

    depende da granulometria e da umidade dos resíduos. Se o teor de oxigênio baixar

    demasiadamente, a decomposição da matéria orgânica será feita pelos microrganismos

    anaeróbios, os quais atuam com lentidão, produzindo maus odores e atraindo moscas, além

    de não conseguirem a plena estabilização da matéria orgânica (AMORIM, 2002).

    Segundo Bidone e Povinelli (1999), a aeração pode ocorrer por revolvimento manual

    ou por meios mecânicos.

    2.4.3 Umidade

    A presença de água é fundamental para o bom desenvolvimento do processo de

    compostagem, pois se trata de um processo biológico de decomposição da matéria orgânica

    em que a presença de água é imprescindível para as necessidades fisiológicas dos

    microrganismos. No entanto, este parâmetro deve estar em equilíbrio, pois a escassez ou o

    excesso de água podem retardar a compostagem (SILVA, 2007).

    A umidade ótima do material a ser compostado deve ser inicialmente de 60 a 65%

    para granulometria grosseira e de 55 a 60% para granulometria fina; a umidade mínima

    deve ser de 40%, uma vez que com 35% de água a atividade microbiana será afetada, o

  • 22

    controle da umidade consistirá em manter este parâmetro dentro dos limites recomendados

    (KIEHL,1985).

    A presença de água afeta sensivelmente e de maneira acentuada a temperatura das

    leiras (COSTA et al., 2009).

    2.4.4 Temperatura

    Esse parâmetro é considerado como fator determinante na eficiência do processo

    sobre redução das características poluentes do resíduo e, por isso, tradicionalmente,

    utilizado como indicador do desempenho da compostagem (ORRICO JUNIOR; ORRICO;

    LUCAS JUNIOR, 2009).

    A temperatura em um processo de compostagem é um indicador de atividade

    biológica (PAGANS et al., 2006).

    O valor de temperatura e pH elevados durante o processo de compostagem podem

    condicionar o balanço NH3/NH4 e a emissão de NH3 (BRITO et al., 2008),

    O metabolismo dos microrganismos é exotérmico na fermentação aeróbia,

    principalmente, desenvolve-se um natural e rápido aquecimento da massa com a

    multiplicação da população microbiana. De maneira geral, certos grupos de organismos têm

    uma faixa de temperatura ótima de desenvolvimento; é tão importante a manutenção da

    temperatura ótima para os microrganismos, que uma variação para mais ou para menos,

    provoca uma redução da população e da atividade metabólica. As altas temperaturas são

    consideradas desejáveis pelo fato de destruírem sementes de ervas daninhas e organismos

    patogênicos, os quais são pouco resistentes a temperaturas em torno de 50 a 60 °C por

    certo período de tempo, pois quanto maior o calor mais rápida se torna a decomposição

    (KIEHL,1985).

    A manutenção de temperaturas termofílicas (45-65°C) controladas, na fase de

    degradação ativa (1ª. Fase do processo), é um dos requisitos básicos, uma vez que

    somente por meio desse controle é que se pode conseguir o aumento da eficiência do

    processo, ou seja, o aumento da velocidade de degradação e a eliminação dos

    microrganismos patogênicos (COSTA et al., 2005a).

    Um dos fatores que mais afetam a eficiência da compostagem além da umidade é a

    temperatura das leiras, que podem facilmente passar de 70 °C e desta forma inviabilizar a

    ação microbiológica existente no composto orgânico e vital para a transformação do resíduo

    em adubo (SOTERO et al., 2006).

  • 23

    A pilha de compostagem deve registrar temperaturas de 40 a 60 °C dentro do

    segundo ao quarto dia, como indicador de condições satisfatórias de equilíbrio no seu

    ecossistema (FIORI; SCHOENHALS; FOLLADOR, 2008).

    O desenvolvimento da temperatura está relacionado com vários fatores; materiais

    ricos em proteínas, com relação C:N baixa, aquecem-se mais rapidamente e alcançam

    maior temperatura que os celulósicos, com elevada relação C:N; materiais moídos e

    peneirados, com granulometria fina e maior homogeneidade, formam montes com melhor

    distribuição e menor perda de calor; montes com material grosseiro, proporcionando boa

    aeração, alcançam altas temperaturas, mas são mais sujeitos a perdas de calor que os

    anteriores (KIEHL,1985).

    O controle da faixa ideal de temperatura é realizado por meio de revolvimento do

    material em processamento, ou de sua irrigação ou de ambos; baixas temperaturas são

    indicativos de alta umidade, e temperaturas elevadas indicam baixa umidade (BIDONE;

    POVINELLI, 1999)

    2.4.5 Microrganismos

    No processo de compostagem, a matéria orgânica é decomposta principalmente

    através da ação de microrganismos e enzimas, resultando na fragmentação gradual e

    oxidação de detritos (FIORI; SCHOENHALS; FOLLADOR, 2008).

    Durante a compostagem, a atividade metabólica da população microbiana resulta na

    produção de calor e no aumento da temperatura. O aquecimento e o arrefecimento do

    material orgânico fornecem informação sobre sua atividade biológica e seu grau de

    decomposição (BRITO et al., 2008).

    Os principais microrganismos responsáveis pelo processo de compostagem são as

    bactérias, os fungos e os actinomicetes (BIDONE; POVINELLI,1999).

    Durante a primeira fase do processo, compostos de carbono orgânico simples são

    facilmente mineralizados e metabolizados pelos microrganismos, produzindo CO2, NH3,

    H2O, ácidos orgânicos e calor (BERNAL; ALBURQUERQUE; MORAL, 2009).

    No início da decomposição de restos orgânicos, na fase mesófila, predominam

    bactérias e fungos mesófilos produtores de ácidos; a seguir, com a elevação da temperatura

    caminhando para a fase termófila, a população dominante será actinomicetos, bactérias e

    fungos termófilos ou termotolerantes. Esta elevação de temperatura e consequente

    alteração da flora microbiana é influenciada, em grande parte, pelo aumento da

    disponibilidade de oxigênio; as pilhas de composto mais intensamente revolvidas no inicio

    do processo devem alcançar temperaturas mais elevadas, até 75°C, enquanto os menos

  • 24

    arejados não chegam a ultrapassar 55 a 60°C. Bactérias formadoras de esporos se

    desenvolverão em temperaturas acima de 70°C. Passada a fase termófila, o composto vai

    perdendo calor e retornando à fase mesófila, porém, agora com outra composição química,

    pois os açucares e o amido já devem ter sido consumidos pelos microrganismos; fungos e

    bactérias caracteristicamente mesófilos reaparecem; esta segunda fase mesofílica é

    geralmente mais longa, em relação a termófila; o processo termina com a fase criófila,

    quando a temperatura do composto se torna próxima ou igual à ambiente. Nessa fase final,

    em que a temperatura diminui, podem ser encontrados protozoários, nematóides, formigas,

    miriópodes, vermes e insetos diversos. Os microrganismos encontrados em um composto,

    quer vivos ou mortos, podem constituir até 25% do seu peso (KIEHL, 1985).

    Durante o processo de compostagem, aeróbica, bactérias termofílicas decompõem

    materiais orgânicos e utilizam os nutrientes disponíveis para a produção de biomassa

    microbiana (LIANG et al., 2006).

    Segundo Kiehl (1985), os microrganismos absorvem os elementos em uma

    proporção de 30 partes de carbono para 1 parte de nitrogênio; o carbono é utilizado como

    fonte de energia, sendo 10 partes incorporadas ao protoplasma celular e 20 partes

    eliminadas como gás carbônico. Cada parte de nitrogênio é assimilada na proporção de 10

    partes de carbono, daí a razão do húmus ter uma relação C:N próxima de 10/1. De acordo

    com a hierarquia básica de decomposição, os compostos de carbono mais simples e com

    menor peso molecular, como açúcares solúveis e ácidos orgânicos, serão atacados na fase

    inicial de decomposição e haverá a geração de energia. A seguir, serão degradados

    hemicelulose e celulose. A lignina é extremamente resistente ao ataque de microrganismos

    e no caso de sofrer alguma degradação, será em última instância.

    2.4.6 Relação Carbono: Nitrogênio

    As principais causas da perda de nitrogênio como amônia na compostagem aeróbia

    estão ligadas aos seguintes fatores: relação C:N, índice pH, conteúdo de umidade, aeração,

    temperatura, formas dos compostos nitrogenados e capacidade de troca catiônica

    (KIEHL,1985).

    A relação C:N é o parâmetro tradicionalmente considerado para se determinar o grau

    de maturidade do composto e definir sua qualidade agronômica (LOUREIRO et al., 2007).

    O carbono orgânico serve de fonte de energia para os microrganismos, resultando a

    liberação de CO2, vapor de água e calor (SILVA et al., 2009).

    Para uma ação eficaz dos microrganismos, a relação ideal de C:N deve ficar em

    torno de 30:1 (FIORI; SCHOENHALS; FOLLADOR, 2008).

  • 25

    À medida em que os microrganismos vão consumindo o C, e liberando CO2, a

    relação C:N diminui (AQUINO et al., 2005).

    Durante a fase ativa do processo de compostagem o C-orgânico diminui no material

    devido à decomposição da matéria orgânica (MO) pelos microrganismos. Esta perda de MO

    reduz o peso da pilha e diminui a relação C:N. A taxa de degradação da MO diminui

    gradualmente à medida que avança a compostagem, devido à redução das fontes de

    carbono disponíveis, e as reações de síntese de novos complexos e polimerizados

    compostos orgânicos (humificação) prevalece sobre a mineralização durante a fase de

    maturação. Este processo conduz à estabilização final de produtos que agem como

    fertilizantes de liberação lenta para fins agrícolas (BERNAL; ALBURQUERQUE; MORAL,

    2009).

    A emissão de amônia ocorre frequentemente durante a fase termofílica da

    decomposição aeróbia e tende a ser elevada com baixa relação C:N (LIANG et al., 2006).

    2.4.7 Tamanho de partículas

    Os materiais a serem compostados geralmente apresentam-se com tamanhos de

    partículas completamente irregulares. A sua redução favorece o aumento da atividade

    bioquímica durante o processo de compostagem. Quanto mais fragmentado for o material,

    maior será a área superficial sujeita à ataques microbiológicos. Entretanto, a redução

    excessiva desse tamanho pode acarretar em falta de espaço para a entrada de ar,

    ocupação dos espaços vazios pela água e consequente anaerobiose indesejada. Em geral,

    as partículas do material inicial devem estar entre 25 e 75 mm (KIEHL, 1985).

    Tamanho de partícula e distribuição são fundamentais para o equilíbrio da superfície

    para o crescimento de microrganismos e a manutenção da porosidade adequada para

    aeração. Quanto maior o tamanho da partícula, menor a área de superfície e a relação de

    massa. No entanto, as partículas que são muito pequenas podem comprimir a massa,

    reduzindo a porosidade (BERNAL; ALBURQUERQUE; MORAL, 2009).

    2.5 Compostos orgânicos

    O composto orgânico é um material bioestabilizado, homogêneo, de odor não

    agressivo, coloração escura, rico em matéria orgânica, isento de microrganismos

    patogênicos e o teor de nutrientes presentes no composto orgânico é determinado pelas

  • 26

    matérias-primas que foram utilizadas no processo. Tem capacidade de liberação lenta de

    macro e micronutrientes e excelente estruturador do solo, favorecendo o rápido

    enraizamento das plantas e aumentando a capacidade de infiltração de água, reduzindo a

    erosão (KIEHL, 1985).

    Denomina-se composto orgânico à matéria orgânica humificada resultante da

    decomposição microbiológica de resíduos e restos vegetais. A matéria orgânica tem um

    papel importante na fertilização do solo; esse papel é complexo e exercido por mecanismos

    diversos, agindo de um lado nas propriedades físicas, químicas, fisico-químicas e biológicas

    do solo e, de outro, diretamente na fisiologia vegetal (KIEHL, 1993).

    A utilização de produtos alternativos, como estercos e outros compostos orgânicos

    apresentam-se como alternativas promissoras, principalmente em sistemas orgânicos de

    produção, que impedem o uso de fertilizantes sintéticos de elevada solubilidade (DELIZA,

    2007).

    O adubo orgânico é obtido pela fermentação adequada de restos vegetais e esterco

    animal, que são humificados, obtendo-se o denominado composto orgânico. O princípio

    básico é colocar em estreito contato restos vegetais, de decomposição lenta, com esterco

    ou cama de animais, ricos em N e em microrganismos e, portanto, facilmente fermentável

    (FILGUEIRA, 1972).

    O composto é usado frequentemente como um corretor do solo e os nutrientes

    encontrados no composto tem valor agronômico (LIANG et al.,2006).

    A vantagem do uso de adubo orgânico em relação à aplicação de fertilizantes

    minerais é a liberação gradual dos nutrientes à medida em que são demandados para o

    crescimento da planta. Se os nutrientes forem imediatamente disponibilizados no solo, como

    ocorre com os fertilizantes químicos, podem ser perdidos por volatilização (principalmente o

    nitrogênio), fixação (fósforo) ou lixiviação (principalmente o potássio). Por outro lado, a

    mineralização de alguns materiais orgânicos pode ser excessivamente lenta, como ocorre

    com o bagaço de cana, de forma que os nutrientes não são disponibilizados em quantidade

    suficiente e o crescimento da planta é limitado por carência nutricional (SEVERINO et al.,

    2004).

    Os melhores substratos devem apresentar, entre outras importantes características,

    disponibilidade de aquisição e transporte, ausência de patógenos, riqueza em nutrientes

    essenciais, pH adequado, textura e estrutura (SILVA; PEIXOTO; JUNQUEIRA, 2001).

    A eficácia do composto com relação aos efeitos benéficos sobre as propriedades

    físicas, químicas e biológicas no solo, bem como constituir uma fonte de nutrientes, depende

    da qualidade do composto. Os critérios de qualidade para o composto são estabelecidos em

    termos de: teor de nutrientes, MO humificada e estabilizada, o grau de maturidade, a

  • 27

    higienização e a presença de alguns compostos tóxicos, como metais pesados, sais

    solúveis e xenobióticos (BERNAL; ALBURQUERQUE; MORAL, 2009).

  • 28

    3 MATERIAL E MÉTODOS

    3.1 Caracterização geográfica da área da pesquisa

    O experimento foi conduzido no Núcleo Experimental de Engenharia Agrícola

    (NEEA) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). O NEEA localiza-se na

    BR 467, Km 16, sentido Cascavel-Toledo no município de Cascavel, e está pontuado

    geograficamente pelas coordenadas 24° 48´ latitude sul e 53° 26´ longitude oeste, com

    altitude média de 760 metros.

    O município situa-se no Terceiro Planalto Paranaense, na Região Oeste do Estado.

    O clima da região é Cfa segundo a classificação de KÖPPEN e do tipo subtropical

    mesotérmico superúmido, com precipitação média anual de 1800 mm, verões quentes,

    geadas pouco frequentes e tendência de concentração das chuvas nos meses de verão,

    contudo, sem estação seca definida. A temperatura média do município é de 20 °C e a

    umidade relativa do ar média é de 75% (IAPAR, 1998). Na Figura 1 é demonstrada a

    localização geográfica do município de Cascavel e do NEEA.

    Figura 1 Localização geográfica do município de Cascavel/PR e da área do NEEA Fonte: Google Earth (2009).

    Os resíduos utilizados neste experimento foram fornecidos pela COPACOL –

    Cooperativa Agrícola Consolata, localizada no município de Cafelândia – PR. Dentre as

    atividades desenvolvidas pela cooperativa, estão: matrizeiro, incubatório de aves para a

    produção de pintainhos comerciais, frigorífico de aves, produção de embutidos, unidade de

    beneficiamento de grãos, entre outras.

  • 29

    3.2 Origem e descrição dos resíduos

    Todos os resíduos do processo de compostagem foram oriundos das atividades

    desenvolvidas pela cooperativa.

    Foram utilizados como substratos os seguintes resíduos:

    • Resíduo de incubatório;

    • Lodo de flotador;

    • Cinza remanescente da caldeira;

    • Resíduos da máquina de pré-limpeza (cereais);

    • Composto da carcaça de aves;

    • Carvão remanescente da caldeira;

    • Fração sólida de dejeto de suíno;

    • Invólucro de embutidos (Tripa celulósica);

    • Fração sólida do resíduo da lavagem de caminhões;

    • Bagaço da cana de açúcar;

    • Cama de matrizeiro.

    3.2.1 Resíduo de Incubatório

    O local onde incubam-se os ovos chama-se incubatório. Após 21 dias, os pintainhos

    nascem e são examinados, classificados e vacinados. Os pintainhos com um dia de vida

    são colocados em caixas e transportados em caminhões climatizados, para as granjas dos

    integrados, produtores rurais parceiros, que criam as aves sob supervisão veterinária e

    técnica da empresa até o ponto de abate.

    Os resíduos gerados no processo industrial de incubação de ovos são compostos

    por cascas de ovos, películas, penugem, ovos não-eclodidos, pintainhos mal-formados e

    natimortos (Figura 2).

    O resíduo de incubatório utilizado no segundo ensaio do experimento passou pelo

    processo de trituração e secagem (Figura 3). A produção anual do resíduo seco é de

    aproximadamente 720 toneladas/ano.

    A destinação final do resíduo atualmente é a aplicação em área agrícola.

  • 30

    Figura 2 Resíduo gerado no incubatório utilizado como substrato no primeiro ensaio Fonte: O Autor (2009).

    Figura 3 Resíduo gerado no incubatório após secagem e trituração utilizado no segundo ensaio do experimento Fonte: O Autor (2009)

    3.2.2 Lodo de Flotador

    O lodo de flotador é resultante do processo de tratamento físico dos efluentes

    industriais da “linha vermelha”, caracterizada por efluentes que contém sangue,

    provenientes de várias áreas do abate (Figura 4).

    O lodo de flotador (Figura 4) é gerado quando o efluente passa pelo flotador. O

    sistema de tratamento é apenas físico, composto pelo sistema de microbolhas de ar, que faz

    com que as partículas sólidas contidas no efluente flotem e sejam retiradas por raspadores

  • 31

    mecânicos, que separam o material flotado, armazenado em uma caixa anexa ao flotador.

    Por meio de bombeamento, este resíduo é encaminhado para a área de processamento do

    lodo,onde, por meio do sistema de tri-decanters, são centrifugados, num processo realizado

    em uma centrifuga de 3 fases (solido/liquido/liquido), onde são separados o sólido, o óleo e

    a água. Os sólidos (lodo de flotador) são encaminhados para a agricultura, o óleo (graxa

    acida) é comercializado para queima em caldeira e a água retorna ao processo de

    tratamento de efluentes. A produção deste resíduo é de 7.500 toneladas/ano.

    Figura 4 Lodo de flotador do abatedouro de aves Fonte: O Autor (2009).

    3.2.3 Cinza remanescente da caldeira

    As cinzas de caldeiras (Figura 5) são geradas no processo de produção de vapor,

    através da queima total da madeira na fornalha. Este local é distinto da caldeira, visto que

    seu objetivo é a geração de ar quente. O volume de cinzas geradas pela empresa está

    totalmente ligado à quantidade de biomassa que é queimada e à necessidade de vapor das

    indústrias, mas em média produz 18 toneladas/ano.

  • 32

    Figura 5 Resíduo da cinza remanescente da caldeira Fonte: O Autor (2009).

    3.2.4 Resíduos da máquina de pré-limpeza (cereais)

    Os resíduos vegetais de cereais (Figuras 6, 7 e 8) são oriundos do processo de

    beneficiamento de grãos. Estes resíduos são originados, principalmente, nos processos de

    pré-limpeza. Todos estes resíduos gerados são encaminhados para a unidade de moagem

    de resíduos vegetais. Na unidade de moagem de resíduos, é feita a classificação e os

    resíduos que não podem ser comercializados “in natura” ou não proporcionam sua utilização

    em ração animal são encaminhados para a unidade de compostagem de resíduos.

    Eles são compostos por impurezas dos grãos, cascas de cereais e restos vegetais.

    Este tipo de resíduo não tem geração constante, pois depende da época da safra.

    Figura 6 Resíduo da máquina de pré-limpeza utilizado no primeiro ensaio (trigo) Fonte: O Autor (2009).

  • 33

    Figura 7 Resíduo da máquina de pré-limpeza utilizado como substrato no segundo ensaio (milho) Fonte: O Autor (2010).

    Figura 8 Resíduo da máquina de pré-limpeza utilizado no segundo ensaio (casca de trigo) Fonte: O Autor (2010).

    3.2.5 Composto da carcaça de aves proveniente dos matrizeiros

    A indústria possui um sistema de descarte de aves mortas. Durante o processo estas

    aves devem ser retiradas dos matrizeiros e avozeiros para evitar contaminações por

    patógenos, sofrendo assim um processo de decomposição parcial (Figura 9). São

    encaminhados para este processo aves de diversos tamanhos e idade. A produção deste

    resíduo é de aproximadamente 188 toneladas/ano e dependerá da mortalidade das aves.

  • 34

    Figura 9 Resíduo do composto da carcaça de aves proveniente dos matrizeiros Fonte: O Autor (2009).

    3.2.6 Carvão remanescente da caldeira

    O carvão é o resíduo da queima incompleta de cavaco (Figura 10). A exaustão da

    caldeira arrasta as partículas de carvão, os quais são removidos do fluxo gasoso por

    multiciclones. A produção média anual de carvão é 822 toneladas. O carvão é

    comercializado com indústrias de composto orgânico.

    Figura 10 Resíduo do carvão remanescente da caldeira Fonte: O Autor (2009).

  • 35

    3.2.7 Fração sólida de dejeto de suíno

    A cooperativa possui uma unidade produtora de leitões (UPL) localizada em

    Cruzeirinho. A fase sólida do dejeto bruto das pocilgas das UPLs é removida por meio de

    peneiramento e decantação. Este material é direcionado para compostagem e o líquido

    segue para tratamento posterior (Figura 11).

    A produção deste resíduo é aproximadamente 2.920 toneladas/ano.

    Figura 11 Resíduo de dejeto de suínos proveniente da Unidade Produtora de Leitões Fonte: O Autor (2009).

    3.2.8 Invólucro de embutidos (tripa celulósica)

    Este resíduo é formado pelas tripas celulósicas utilizadas no processo de cozimento

    da salsicha. Estas tripas (Figura 12) são removidas após o processo de resfriamento das

    salsichas cozidas. O processo de descascamento das salsichas utiliza água. A produção

    deste resíduo é em média 450 toneladas/ano e ocorre diariamente.

    As tripas celulósicas atualmente são destinadas ao aterro municipal de Cafelândia.

  • 36

    Figura 12 Resíduo de invólucro de embutidos Fonte: O Autor (2009).

    3.2.9 Fração sólida dos resíduos da lavagem de caminhões

    As aves retiradas dos aviários são transportadas por caminhões até o abatedouro.

    Ao chegarem ao abatedouro os caminhões são lavados, produzindo resíduo (Figura 13).

    Este material é resultante da limpeza das carrocerias dos caminhões de transporte de

    gaiolas de aves para abate. São adicionados ao esterco das carrocerias, terra e barro que

    aderem ao veículo. Todo este material é decantado em uma caixa e removido manualmente.

    O resíduo passa por uma separação de fases numa peneira, separando a parte sólida da

    parte líquida. A parte sólida será encaminhada para a compostagem.

    A produção diária deste resíduo dependerá da quantidade de caminhões que irão

    passar por este processo e a quantidade de aves que chegam ao frigorífico diariamente.

  • 37

    Figura 13 Resíduo da lavagem de caminhões Fonte: O Autor (2009).

    3.2.10 Bagaço da cana de açúcar

    A cana de açúcar passa por um processo de esmagamento para a extração do caldo

    produzindo o bagaço (Figura 14). Este resíduo é produzido durante os meses de junho a

    outubro por uma indústria de destilados em Nova Aurora. A produção média durante os 5

    meses de safra (junho a outubro) é de 5 a 10 toneladas.

    Figura 14 Bagaço de cana de açúcar Fonte: O Autor (2010).

  • 38

    3.2.11 Cama de matrizeiro

    A cama de matrizeiro (Figura 15) é composta de maravalha e fezes de aves,

    recriadas no local pelo período que compreende o intervalo de 1 a 22 dias de vida. Após o

    período de 22 semanas, as aves são encaminhadas para os matrizeiros de postura,

    retirando-se a cama. A destinação da cama é a aplicação em áreas agrícolas e tem uma

    produção anual de 37 toneladas.

    Figura 15 Cama de matrizeiro Fonte: O Autor (2010).

  • 39

    3.3

    Composição quím

    ica dos resíduos

    Os

    resí

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  • 40

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    84,6

    10

    4,4

    65,8

    8 0

    5,4

    C:N

    32

    16

    5 66

    3

    13

    9 34

    21

    10

    0

    15

    %U

    9

    59

    60

    2 19

    46

    12

    80

    85

    1

    41

  • 41

    3.4 Condução do experimento

    O experimento foi composto por dois ensaios.

    No primeiro ensaio, foram montadas leiras de compostagem variando-se as

    proporções dos resíduos, com a finalidade de testar as misturas dos resíduos

    observando o comportamento do método, sendo quatro misturas com duas repetições,

    num total de oito leiras (Figura 16).

    Figura 16 Leira de compostagem com distribuição das camadas no início do processo Fonte: O Autor (2009).

    As leiras de compostagem foram confeccionadas nos dias 22 e 23 de

    dezembro de 2009, em um pátio com piso de concreto e coberto, para proteger da

    incidência solar direta e das chuvas (Figura 17).

    Figura 17 Pátio de compostagem Fonte: O Autor (2009).

  • 42

    As composições em massa (kg) dos tratamentos (misturas) do primeiro ensaio

    são apresentadas na Tabela 3.

    Tabela 3 Quantidade de material que foi utilizado em cada tratamento no primeiro ensaio, em Kg

    RESÍDUOS T 1 (kg) T 2 (kg)

    T 3 (kg)

    T 4 (kg)

    C:N

    Resíduo de incubatório 150 200 268 305 3 Resíduo máquina de pré-limpeza (Trigo) 95,5 200 25 95 15 Invólucro embutidos (Tripa celulósica) 25 100 0 0 49

    Lodo flotador 80 0 182 0 2 Cinza remanescente caldeira 20 0 25 50 9

    Carvão remanescente caldeira 15 0 0 50 20 Fração sólida de Dejeto suíno 51,6 0 0 0 2

    Composto carcaça de aves 45,5 0 0 0 6 Fração sólida do resíduo da Lavagem dos caminhões 17,6 0 0 0 8

    Total 500 500 500 500

    Os resíduos foram inicialmente pesados em balança digital (Figura 18) e

    acondicionados em uma caixa, dispostos em camadas, sendo que cada leira teve

    peso inicial 500 kg.

    Figura 18 Balança utilizada na pesagem do material enleirado Fonte: O Autor (2009).

    Após o enleiramento dos resíduos, foram efetuados revolvimentos manuais

    (Figura 19) semanalmente seguidos de rega e coleta de material para análise.

  • 43

    Figura 19 Revolvimentos realizados semanalmente Fonte: O Autor (2009).

    No segundo ensaio, de posse das quantidades de resíduos gerados e da

    sazonalidade de sua produção, foram confeccionadas no dia 4 de setembro de 2010

    outras quatro leiras, sendo quatro composições sem repetições variando-se as fontes

    de carbono. A condução do segundo ensaio foi idêntica à do primeiro.

    As composições em peso (kg) dos tratamentos (misturas) são apresentadas na

    Tabela 4.

    Tabela 4 Quantidade de material que foi utilizado em cada tratamento no segundo ensaio RESÍDUOS T1 T2 T3 T4 C:N Res. Pré Limpeza (Farelo de milho) 145 50 0 0 32 Res. Incubatório 80 70 40 35 3 Lodo de Flotador 30 50 45 35 9 Res. Pré Limpeza (Casca de trigo) 50 50 0 0 34 Tripa celulósica 20 110 50 75 66 Fração sólida do dejeto de suíno 90 45 100 75 21 Carvão remanescente da caldeira 25 0 70 30 15 Cinza remanescente da caldeira 30 30 80 150 9

    Fração sólida do resíduo da lavagem de

    caminhões 30 45 15 15 10 Cama de matrizeiro 0 50 0 10 13 Bagaço de cana 0 0 100 75 165 Total 500 500 500 500

  • 44

    3.5 Parâmetros avaliados

    A temperatura da leira foi monitorada diariamente em seis pontos, com auxílio

    de termômetro de mercúrio. Por ocasião das medidas de temperatura das leiras, a

    temperatura ambiente também foi monitorada diariamente.

    A massa e volume das leiras foram monitorados semanalmente, a cada

    revolvimento, bem como sólidos totais e sólidos voláteis, descritos por metodologia

    proposta por APHA (1992), pH através de medidor de pH de bancada, condutividade

    elétrica através de condutivímetro de bancada. O procedimento para obtenção de

    peso e volume deu-se a cada 7 dias para proporcionar a obtenção de equações

    representativas das reduções de peso e volume da leira durante o processo. A

    redução de volume foi monitorada com o auxílio de caixa de madeira (Figura 20), com

    as seguintes dimensões: largura 1,5 m, altura de 0,60 m, e comprimento de 2,0 m,

    onde os resíduos foram acondicionados para que se processe a cubicagem da leira.

    Com o auxílio da trena, foi medido a altura atingida pelo material, determinando-se

    então, o volume de cada leira. A massa foi monitorado com o uso de balança, de 30

    kg, pesando-se o material em galões.

    Figura 20 Caixa de madeira utilizada para medição do volume Fonte: o Autor (2009).

    A caracterização química dos resíduos “in natura”, dos compostos orgânicos e

    as amostras que foram coletadas durante o desenvolvimento da compostagem foram

    pré-secadas a 50º C, em estufa de circulação forçada de ar, até massa constante, com

    a finalidade de evitar perdas, especialmente de N. Após esta secagem foram moídas

  • 45

    em moinho com peneira de 10 mm, e então utilizadas para a determinação dos

    minerais.

    3.6 Metodologias empregadas

    3.6.1 Determinações dos teores de Sólidos Totais e Sólidos Voláteis

    A determinação de sólidos totais e sólidos voláteis deu-se semanalmente. Para

    determinação de sólidos totais as amostras coletadas foram acondicionadas em

    latinhas de alumínio, anteriormente pesadas para se obter a Tara (T), o peso úmido

    (Pu) do material e em seguida levadas à estufa de circulação forçada de ar, à

    temperatura de 65 °C até peso constante. A seguir, foram resfriadas em dessecador e

    pesadas novamente em balança com precisão de 0,01 g, obtendo-se o peso seco

    (Ps). O teor de sólidos totais foi determinado segundo metodologia descrita por APHA

    (1992). Para a determinação do teor de sólidos voláteis, os materiais secos obtidos

    após a determinação do teor de sólidos totais, foram levados à mufla em cadinhos de

    porcelana, devidamente pesados e mantidos a uma temperatura de 580 °C durante

    um período de 2 horas. Após queima inicial, a mufla foi parcialmente aberta e em

    seguida, após resfriamento em dessecadores, os materiais foram pesados em balança

    com precisão de 0,0001g, obtendo-se o peso de cinzas. O teor de sólidos voláteis foi

    determinado a partir de metodologia descrita por APHA (1992).

    3.6.2 Digestão sulfúrica para a quantificação de Nitrogênio

    A determinação de nitrogênio se deu semanalmente. Para a digestão se

    utilizou o bloco digestor, que promove a digestão total da matéria orgânica à base de

    ácido sulfúrico (H2SO4) e peróxido de hidrogênio (H2O2). Com o extrato obtido da

    digestão sulfúrica foi possível efetuar a determinação dos teores de Nitrogênio através

    do Destilador de Kjedahl, segundo metodologia proposta por Malavolta et al. (1989).

  • 46

    3.6.3 Determinação do carbono (C), matéria orgânica compostável (MOC), matéria orgânica resistente à compostagem (MORC) e demanda química de oxigênio (DQO).

    A determinação do teor de Carbono (C) se deu semanalmente, por metodologia

    descrita por Walkley e Black citados por Kiehl (1985), cuja análise fundamenta-se no

    fato da matéria orgânica oxidável ser atacada pela mistura sulfocrômica, utilizando-se

    o próprio calor formado pela reação do dicromato de potássio com o ácido sulfúrico

    como fonte calorífica. O excesso de agente oxidante, que resta deste ataque, é

    determinado por titulação com sulfato ferroso. O método oferece a vantagem de não

    oxidar a fração de matéria orgânica não decomponível durante o processo de

    compostagem (WALKLEY; BLACK apud KIEHL, 1985).

    A partir do teor de Carbono e dos valores de matéria orgânica total (sólidos

    voláteis - SV), pode-se calcular os seguintes parâmetros:

    - matéria orgânica compostável - MOC: multiplicando-se o teor de carbono

    orgânico pelo fator 1,8;

    - matéria orgânica resistente à compostagem - MORC: subtraindo-se do teor de

    matéria orgânica total (SV) o valor da matéria orgânica compostável;

    - demanda química de oxigênio – DQO: o fundamento do cálculo baseia-se no

    fato de que na compostagem a matéria orgânica é oxidada pelos microrganismos

    formando gás carbônico, água e calor, como produtos primários de seus

    metabolismos; o cálculo pretende medir a oxidação biológica ocorrida no composto,

    pela determinação da oxidação química em laboratório. A DQO pode ser calculada

    pela fórmula:

    DQO mg/g = C orgânico % x 26,66

    Os conteúdos de matéria orgânica compostável (MOC), matéria orgânica

    resistente a compostagem (MORC) e demanda química de oxigênio (DQO) foram

    estimados conforme proposto por Kiehl (1985):

    3.6.4 Determinação dos minerais

    Os minerais foram determinados no início e no final do processo de

    compostagem. A determinação do Fósforo (P) foi por espectrometria, segundo

    Malavolta et al. (1989), e Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Zinco (Zn), Cobre

    (Cu), Ferro (Fe) e Manganês (Mn) em absorção atômica após digestão em ácido nitro-

    perclórico (EMBRAPA,1999).

  • 47

    4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

    4.1 Monitoramento da temperatura

    O monitoramento da temperatura das leiras de compostagem nos dois ensaios

    ocorreu diariamente. Para fins de discussão serão apresentadas as médias semanais

    da temperatura, em °C, temperatura média, a temperatura máxima atingida, o dia de

    ocorrência e os tempos de compostagem do primeiro (Tabela 5) e segundo ensaio

    (Tabela 6).

    Tabela 5 Temperaturas médias semanais registradas (°C), máximas observadas durante o experimento, dias de ocorrência e tempo de compostagem obtidas no primeiro ensaio

    SEMANAS T 1 T 2 T 3 T 4 T ambiente 1 59 61 44 57 32

    2 57 56 48 51 31 3 54 58 53 52 28 4 58 62 53 47 28 5 47 58 58 39 30 6 48 51 57 38 34

    7 41 47 56 33 28 8 34 46 54 31 29 9 30 37 39 29 26 10 34 41 30 11 49 29 12 31 29

    Temperatura média

    47 51 49 42 30

    Temperatura máxima

    67 68 66 65

    Pico de temperatura

    (dia)

    28° 14° 38° 13°

    Tempo de compostagem

    (dias)

    63 70 84 63

  • 48

    Tabela 6 Temperaturas médias semanais registradas (°C), máximas observadas durante o experimento, dias de ocorrência e tempo de compostagem obtidas no segundo ensaio

    SEMANAS T 1 T 2 T 3 T 4 T ambiente 1 53 50 38 37 25 2 60 50 56 55 27 3 66 57 54 56 26 4 55 46 41 43 23 5 58 50 45 53 24 6 58 55