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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS HISTÓRIA MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA HISTÓRIAS NA ÁFRICA CENTRO-OCIDENTAL: CONGO E DONGO NA ESCOLA FLORIANÓPOLIS 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

HISTÓRIA

MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

HISTÓRIAS NA ÁFRICA CENTRO-OCIDENTAL:

CONGO E DONGO NA ESCOLA

FLORIANÓPOLIS

2010

- 2 -

MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

HISTÓRIAS NA ÁFRICA CENTRO-OCIDENTAL:

CONGO E DONGO NA ESCOLA

Relatório de Estágio Supersisionado

do curso de História da Universidade

Federal de Santa Catarina.

Orientadora: Dra. Andréa Ferreira

Delgado

Co-orientador: Me. Fernando Leocino

da Silva

FLORIANÓPOLIS

2010

- 3 -

SUMÁRIO

1. Projeto de ensino:

1.1 Histórias na África na África Centro-Ocidental:

Congo e Dongo na escola..........................................................................................04

2.Planos de aula:

2.1 Aula 1...................................................................................................................15

2.2 Aulas 2 e 3...........................................................................................................29

2.3 Aula 4..................................................................................................................47

2.4 Aula 5 e 6............................................................................................................61

2.5 Aula 7..................................................................................................................78

3. Currículo em ação:

3.1 Currículo em ação e histórias no continente africano:

uma experiência de estágio em história da África.....................................................89

4. Cronogramas............................................................................................................104

- 4 -

1. CONGO E DONGO NA ESCOLA:

HISTÓRIAS NA ÁFRICA CENTRO-OCIDENTAL

Maysa Espíndola Souza

Os motivos defendidos para se estudar a história do continente africano

convergem para pontos comuns, estudá-la por ser fundamental à compreensão não só do

Brasil, mas do restante do mundo. O debate é intenso e profícuo há muito tempo na

historiografia, no âmbito da educação, sobretudo, após a promulgação da Lei 10.639, de

9 de janeiro de 2003, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,1

tornando obrigatório no currículo oficial de estabelecimentos de ensino o “estudo da

história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira

e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro

nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil”.2

A partir disto, instaurou-se uma corrida editorial buscando responder à procura

pela história da África a ser ensinada nas escolas, o momento favorece o

desenvolvimento de muitas pesquisas sobre temas que anteriormente não tinham

visibilidade, no entanto, também contribui para a divulgação grande quantidade de

material vulgar. Publicações recentes citam a promulgação da lei como justificativa de

sua existência, apenas a lei, quando, assim como afirma Alberto da Costa e Silva:

A História da África é importante para nós, brasileiros, porque ajuda a

explicar-nos. Mas é importante também por seu valor próprio e porque nos

explica o grande continente que fica em nossa fronteira leste e de onde

proveio quase metade de nossos antepassados. Não pode continuar o seu

estudo afastado de nossos currículos, como se ela fosse matéria exótica. O

obá do Benin ou o angola a quiluanje estão mais próximos de nós do que os

reis da França. 3

E de acordo Anderson Ribeiro Oliva:

(...) temos que reconhecer a relevância de estudar a História da África,

independente de qualquer outra motivação. Não é assim que fazemos com a

Mesopotâmia, a Grécia, a Roma ou ainda a Reforma Religiosa e as

1 LEI 9.394. Disponível em <<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>> Acesso em. 08.

maio 2010. 2 LEI 10.639. Disponível em <<www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.639.htm>> Acesso em

08. maio 2010. 3 SILVA, Alberto da Costa e. Os estudos de história da África e sua importância para o Brasil.

Palavras na abertura da II Reunião Internacional de História de África. 1997. Disponível em

<<www.casadasafricas.org.br/site/img/upload/732820.pdf>> acesso até 20 de mar. 2010.

- 5 -

Revoluções Liberais? Muitos irão reagir à minha afirmação, dizendo que o

estudo dos citados assuntos muito explica nossas realidades ou alguns

momentos de nossa História. Nada a discordar. Agora, e a África, não nos

explica? Não somos (brasileiros) frutos do encontro ou desencontro de

diversos grupos étnicos ameríndios, europeus e africanos? Aí está a dupla

responsabilidade. A História da África e a História do Brasil estão mais

próximas do que alguns gostariam.4

Este projeto de ensino tem por objetivo apresentar algumas considerações sobre

a prática docente em História à luz de questões próprias do ensino de história e de

natureza historiográfica acerca do tema, compondo uma das atividades dos Estágio

Supervisionado em História II realizado no Colégio de Aplicação da Universidade

Federal de Santa Catarina. O tema escolhido para as aulas foi a história dos reinos do

Congo e Dongo, que se situam no macro-tema „história da África anterior ao século

XV‟, destinado a 7ª série do ensino fundamental. Tendo como eixo de abordagem uma

reflexão sobre a diversidade africana do referido recorte temporal. E por problemática a

seguinte questão, como uma abordagem específica pode contribuir na reflexão sobre a

diversidade?

Os colégios de aplicação têm a particularidade de constituírem os campos de

estágio das universidades das quais fazem parte e, entre outras funções, de serem

escolas experimentais no desenvolvimento de experiências pedagógicas, seguindo as

exigências da LDB.5 De acordo com o Projeto Político Pedagógico do Colégio de

Aplicação da UFSC, os conteúdos programados na disciplina de História para a 7ª série

são a queda do Império Romano do Ocidente, Alta Idade Média, Feudalismo, Império

Bizantino e a expansão islâmica, a cultura medieval européia e a Baixa Idade Média.6 E

para 8ª série são a questão do poder na colônia, a questão da terra no Brasil, escravidão,

a queda do Antigo Regime e o mundo contemporâneo. Um dos itens da unidade

escravidão é “o início do martírio: a “captura” dos africanos pelos africanos

(compreensão da criação de um comércio que envolvia nações africanas rivais e

interesses mercantilistas europeus); o transporte pelo Atlântico; a chegada no Brasil”7

Mas como trabalhar de acordo com a Lei 10.639 se a história da África e dos africanos

4 OLIVA, Anderson Ribeiro. A História da África nos bancos escolares: representações e imprecisões na

literatura didática. Estudos Afro-Asiáticos. Rio de Janeiro, v. 25, n. 3, 2003 . Disponível em

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101546X2003000300003&lng=en&nr=iso>.

Acesso em 07 abr. 2010. 5 Projeto político pedagógico. Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina.

6 Ibidem. p. 48

7 Ibidem. p. 60

- 6 -

só surge para explicar a escravidão atlântica? A solução encontrada pelo professor

Fernando Leocino Silva foi a de dedicar um momento durante a explicação da Idade

Média, portanto na 7ª série, para explicar outros espaços no mesmo recorte temporal,

onde foi possível inserir o continente africano.Vê-se que aplicação efetiva da lei tem

dependido muito dos esforços individuais de professores, principalmente da área de

História da rede pública de ensino, resta saber como isso ocorre em instituições

privadas. Ainda que grande parte dos itens das unidades esteja em ressonância com o os

atuais debates historiográficos, a bibliografia indicada pelo Projeto Político Pedagógico

não traz obras que dêem conta da especificidade da história do continente africano a ser

ensinada na escola.

Diante do recorte temporal estabelecido pelo professor Fernando, era preciso

escolher o que seria trabalhado na regência do estágio supervisionado. Além disto,

optou-se pela terminologia „África anterior ao século XV‟, em detrimento de “África

Tradicional” ou “África Pré-Colonial”. Pois estas remetem a imprecisões ou escolhas

interpretativas que discordam das tomadas neste estudo. Por motivos semelhantes

descartou-se também a opção de uma abordagem panorâmica, sem desconsiderar os

motivos daqueles que optam por fazê-la, acredito que insistir no geral reforçaria o senso

comum da existência de uma África homogênea, sem especificidades espaciais. Com

isto tenta-se matizar a noção de uma “História da África”, compreender que os jalofo se

organizam diferentemente dos xona, dos tuaregues, dos ibos, dos hotentotes, e se a

denominação de „africano‟ diz pouco sobre eles hoje, sequer antes do século XV. Isto é

importante para reforçar a existência da diversidade cultural do continente.

Assim, a opção feita pelo recorte espacial, Reino do Congo e Reino do Dongo,

deu-se em virtude da importância de se considerar abordagens mais pormenorizadas,

mas também em função dos conteúdos que serão trabalhados posteriormente, as

relações euro-africanas durante a dispersão atlântica de escravizados. Os reinos

supracitados são fundamentais para compreender a história do Brasil não como

prolongamento da história européia, mas como parte integrante do mundo atlântico.

Grande parte dos livros didáticos desconsidera tal importância não trazendo em seus

livros, ou trazendo de maneira bastante resumida, os povos da região da África Centro-

Ocidental, macro-região dos reinos do Congo e Dongo.

O livro didático distribuído para a 7ª série do Colégio de Aplicação, Projeto

Araribá História (6ª série), Editora Moderna, de 2006, faz uma abordagem panorâmica

do continente africano. O livro traz pequenas explicações sobre os maiores

- 7 -

estados/reinos do continente entre os séculos VII e XV. Assim, no capítulo „África dos

reinos‟, são apresentados Gana, Mali, Zimbábue, Kush e Aksum, a abordagem enfatiza

relações políticas e econômicas, uma caixa de texto que apresenta informações sobre a

Universidade de Sankore é a única seção que apresenta aspectos diferentes. No capítulo

seguinte, „a África das sociedades tribais‟, é uma tentativa de demonstrar como viviam

os povos não organizados em estados. A abordagem panorâmica dissolveu importantes

diferenças entre os grupos, favorecendo a noção de um continente homogêneo

culturalmente, mas organizado em estados independentes. Faltou também uma

diferenciação dos conceitos de reino e tribo.

Outro problema dos capítulos referentes ao continente africano diz respeito às

imagens, o livro traz exemplos de cultura material e suas legendas citam o país no qual

a imagem, escultura, ruína, templo, pintura, etc. pertence atualmente, mas não há um

mapa político atual pra localizar os países citados nas legendas. A coleção propõe

seções de análise de mapas ou de imagens e a trabalhar com fontes históricas, “a seleção

de fontes, escritas e não-escritas, permite que você exercite, aos poucos e de maneira

bem simples, o método da investigação, essencial no ofício do historiador”.8 Mas nos

dois capítulos destinados a história da África não há nenhum dos trabalhos anunciados

na proposta. Somente nas atividades, onde aparecem trechos da obra Filosofia da

história universal, de Georg. F. Hegel, e A enxada e a lança: a África antes dos

portugueses, de Alberto da Costa e Silva, o exercício de análise aparece.

O capítulo dedicado para a história do continente africano anterior ao século XV,

o volume único, História, de Gislane Seriacopi e Reinaldo Seriacopi, de 2005, aborda a

divisão do continente em África setentrional e África subsaariana. Trabalha o conteúdo

de forma panorâmica enfatizando aspectos políticos, há nesta obra uma tentativa de

apresentar aspectos culturais. No entanto, ao tratar das religiões, por exemplo, fazem-no

de forma genérica. A caixa de texto „Religiões Africanas‟, tenta dar conta da totalidade

das religiões fazendo inúmeras simplificações que contribuem para a noção de uma

homogeneidade cultural.

Neste livro detalhou-se também aspectos dos reinos Axum, Gana e Mali, um

outro sub-item, „A expansão dos bantos‟, menciona as organizações tribais e os reinos

Grande Zimbábue e do Congo, mas também sem fazer qualquer diferenciação

conceitual de „tribo‟ e „reino‟. O mapa utilizado para localizar os principais reinos

8 Projeto Araribá. São Paulo: Moderna, 2006. p. 6

- 8 -

africanos entre os séculos VII a. C. e XV d. C., contém a divisão política dos atuais

países, a delimitação dos desertos do Saara e do Sahel, o entorno extra-continental e a

delimitação dos principais reinos. O livro apresenta a trajetória do viajante marroquino

Ibn Battuta e a importância de seus relatos de viagem para a escrita da História, mas a

atividade proposta não sugere análise de fontes. Assim como não acontece com a

atividade proposta a partir da imagem do Reino do Mali de um dos oito painéis de

madeira que compõem o Altlas Catalão, de 1375.9

Os autores do livro orientam aos professores paraque formulem perguntas como

“Qual a natureza do documento? Quem o produziu? Quando? Com qual objetivo foi

produzido? Como chegou até nós? Qual a questão central desse documento? (...) Em sua

opinião, existe algo que esteja subentendido na leitura do documento? (...).”10

Mas o

trabalho com documentos não é incorporado ao desenvolvimento do livro didático nem

corroboram os objetivos mencionados pelos autores. Este livro não é utilizado pelos

professores do Colégio de Aplicação, mas inúmeros exemplares estão disponíveis na

biblioteca da escola para consulta.

A coleção Vontade de saber História, dos historiadores Marco César Pellegrini,

Adriana Macho Dias e Keila Grinberg, apresenta significativa abordagem de história da

África. Os conteúdos programados são pensados também de forma panorâmica, mas

diferencia-se dos demais livros analisados por fazer uma divisão temporal naquilo que

chamamos de África anterior ao século XV. Com isto, para a 6ª série, destina-se o

capítulo denominado de „A África Antiga: uma diversidade de povos‟, no qual são

trabalhados os reinos Cuxe, Axum, de Garamantes e o povo Nok. O mapa não apresenta

as atuais divisões territoriais, mas dialoga concretamente com o texto. A abordagem

apresenta além dos aspectos políticos e econômicos, aspectos da organização social nos

reinos trabalhados. Na seção “enquanto isso...” aparecem textos sobre outros recortes

geográficos no mesmo período que contribuem para pensar a diversidade intra e extra-

continental. Esta coleção, tal como a coleção da historiadora Gislane e do jornalista

Reinaldo Seriacopi, consegue trabalhar a história do continente africano e dos africanos

em diversas seções das obras, como determina a Lei 10.639.

O volume da 7ª série, da coleção Vontade de Saber História, apresenta os

„Reinos e impérios africanos‟, contemplando os reinos de Gana, Congo e os impérios do

9 SERIACOPI, Gislane Campos Azevedo; SERIACOPI, Reinaldo. História. vol. único. São Paulo: Ática,

2005. p. 96

10 Ibidem. Manual do professor. p. 6

- 9 -

Mali e Songai. Apresenta também a influência islâmica, os griots e a importância da

tradição oral, dos livros analisados é o único que detalha o Reino do Congo. Os

capítulos da coleção que trabalham o continente africano anterior a comercialização

atlântica de escravos contém imagens da cultura material satisfatoriamente

referenciadas e mapas que dialogam com os textos, no entanto, um mapa político atual

contribuiria para a localização dos países mencionados nas legendas. Os exercícios e a

disposição do conteúdo contribuem para efetivar a proposição de trabalho com

documento histórico de diferentes naturezas anunciada por seus autores. “(...)

procuramos fazer uma seleção de conteúdos históricos relevantes, compostos de textos

acessíveis para os alunos e com a presença de um grande número de fontes históricas,

principalmente imagéticas.”11

Diante disto, observa-se que livros optam por tratar dos grandes reinos, numa

abordagem panorâmica e linear de aspectos políticos, econômicos e, às vezes, culturais,

em detrimento de formas menores de organização. Como fazia parte da proposta do

estágio supervisionado a de produção de material didático, foi preciso buscar elementos

na historiografia para confeccionar os textos e mapas didáticos, uma vez que os livros

didáticos dispunham de pouca ou nenhuma informação e, apesar de fazer uma

abordagem não-panorâmica, a diversidade cultural constitui o eixo das aulas.

A confecção dos textos deu-se no decorrer das observações das aulas do

professor Fernando, que iniciaram no dia 20 de maio na 7ª série C. E de maneira geral, a

turma é bastante participativa e curiosa, fazendo inúmeras perguntas e mostram-se

sempre atentos nos questionamentos dos outros e nas respostas do professor. Em muitos

momentos as perguntas foram tantas que o professor não conseguiu avançar o conteúdo.

Na 7ª B a maioria dos estudantes faz poucas perguntas e são bastante distraídos.

Na primeira aula desenvolver-se-há uma avaliação diagnóstica a fim de

apreender as representações que os estudantes têm do continente africano. A atividade

se constitui de seis séries com quatro imagens dispostas a partir dos temas, arquitetura

antiga, natureza, características das pessoas, crianças, centro urbano, e habitações, os

estudantes deverão assinalar quais as imagens acreditarem pertencer ao continente

africano e justificar sua resposta. Semelhante à atividade desenvolvida pelo professor

11

DIAS, Adriana Machado. GRINBERG, Keila. PELLEGRINI, Marco. Vontade de saber Historia. 6°

Ano. Livro para análise do professor. São Paulo: FTD, 2009. [Manual do professor] p. 16

- 10 -

Fernando nas 7ª série do ano anterior, onde cada estudante deveria escrever uma palavra

que definisse os temas ditados pelo docente. Esta atividade não constará no conjunto

das notas, visto que será somente uma tentativa de compreender aquilo que os

estudantes relacionam ao continente africano.

Na segunda atividade está prevista uma leitura do mapa político atual do

continente africano. O objetivo desta atividade é estabelecer um primeiro contato dos

estudantes com o mapa da África, percebendo que se trata de um território composto

por mais de cinqüenta países diferentes, contribuindo para pensar a diversidade cultural.

A correção desta atividade considerará se os estudantes conseguem responder aos itens

solicitados, como „Por quais oceanos/mares é banhado o continente africano?‟, „Quais

os continentes vizinhos do continente africano?‟, „Quantos países o existem no

continente?‟ e etc. Uma breve pesquisa em sites ou enciclopédias é suficiente para

responder às questões, ainda que não acertem o número do total de países, a simples

constatação de que se trata de um continente com mais de cinco dezenas de países, e

não de um único país, será importante para internalizar a existência da diversidade.

O terceiro exercício chama a atenção para as fontes e para o trabalho do

historiador, voltado para a História da África. A partir de trechos da obra História da

África Negra, de Joseph Ki-zerbo, os estudantes devem apresentar e discutir trechos dos

argumentos do filósofo Hegel e do historiador Reginald Coupland mencionados por

Joseph Ki-zerbo, compreendendo que a História é campo de disputas e transformações.

No quarto e no sexto exercício os estudantes elaborarão quadros síntese, com a

finalidade de definir aspectos socioculturais como linhagens, regimes de descendência,

arranjos matrimoniais, divisão sexual do trabalho, dentre outros, na região da África

Centro-ocidental, e sobre os habitantes, idiomas, organização política e provincial,

atividades econômicas nos reinos do Congo e Dongo. Será considerado na correção a

capacidade dos estudantes em distinguir e descrever com suas palavras os aspectos

socioculturais dos quadros.

A quinta atividade trata-se de uma análise de fonte histórica, um mapa do

continente africano do início do século XVIII, elaborado por John Harris, datado de

1744-48. A atividade enseja que os estudantes descrevam o documento, interpretem-no,

e comparam-no com o mapa dos reinos antigos, o mesmo da coleção História,

atentando para as regiões em destaque. E ao final, deverão levantar hipóteses sobre sua

utilidade, “o documento foi produzido numa época em que os europeus e africanos

- 11 -

comercializavam escravos, qual pode ter sido a relação entre o documento e o comércio

de escravos?”

As atividades exigem o exercício da interpretação, portanto, na correção será

considerada a elaboração das respostas a partir das palavras deles demonstrando

compreensão do enunciado da questão. Nas atividades com quadros síntese, se os

estudantes além de completarem os elementos solicitados, responderem às questões de

interpretativas do mesmo.

O termo „África anterior ao século XV‟ é muito vago e utilizar Idade Média

Africana seria incorreto, sobre a periodização própria do continente Carlos Moore

Wedderburn afirma que a historiografia africana tem divido sua história em cinco

grandes períodos, “respectivamente denominados como „clássico‟, „neoclássico‟,

„ressurgente‟, „colonial‟ e „contemporâneo‟”. Assim os reinos do Congo e Dongo

floresceram no Período Ressurgente (1500-1870), “marcado pelo apogeu e declínio dos

Estados agro-burocráticos ressurgentes nos diferentes espaços geo-civilizatórios” 12

A

periodização proposta pelo africanista não será utilizada no decorrer das aulas, no

entanto, o debate historiográfico foi incorporado quando a periodização tradicional,

História Antiga, História Medieval, História Moderna e História Contemporânea, será

problematizada em atividade. Fazer-se-há exercício ao trabalhar a divisão História e

Pré-História, problematizando a relevância da sistematização de uma escrita para os

povos que têm a oralidade por tradição.

Considerações Finais

Há inúmeras possibilidades de trabalhar as histórias do continente africano na

escola. Com este projeto objetiva-se que os estudantes, da 7ª série do ensino

fundamental, se aproximem de aspectos cotidianos de espaços geográficos específicos,

diferentemente da abordagem proposta por muitos livros didáticos. Estas, abordagens

panorâmicas, muitas vezes, não conseguem apresentar as especificidades locais, fazendo

com que a história do continente africano tenha aparecido nos livros didáticos de forma

genérica. Assim, o conceito de diversidade não se efetiva por falta de elementos que

12

MOORE, Carlos Wedderburn. Novas bases para o ensino de História da África no Brasil.

(Considerações preliminares). Disponível em <<www.forumafrica. com.br/NOVAS%20BA

SES%20PARA%20O%20ENSINO%20_DEFINITIVO%20para%20MEC_11%20abril_1_.pdf>> Acesso

em 17. abr. 2010. p. 22

- 12 -

somente abordagens mais pormenorizadas poderiam fornecer. Não se trata de

desconsiderar tal possibilidade, mas de fazê-lo considerando ao menos um recorte

geográfico ou temático a ser trabalhado em sala de aula.

Acredita-se que estudar alguns aspectos da vida cotidiana contribuirá para a

construção de uma visão crítica das representações que aparecem nos meios de

comunicação sobre o continente africano. Outro objetivo é mostrar que os aspectos

socioculturais de alguns povos são específicos da região onde se inserem isto favorece

que os estudantes compreendam o conceito de diversidade. Desta forma, compreender

similaridades e diferenças nos reinos do Congo e Dongo ajudam a refletir sobre a

diversidade dentre povos da mesma região, tal como de outras, por saberem que há

especificidades diferentes daquelas estudadas. Saber que o regime de descendência e os

arranjos matrimoniais seguem uma lógica no Congo e que seguem outra no Daomé, ou

que o soberano do Dongo é o ngola e não o manikongo, contribui fundamentalmente

para internalizar o conceito de diversidade. No entanto, tal como ratifica a lei,

informações críticas acerca da África devem fazer-se presentes não só na disciplina de

História, mas nas demais disciplinas e atividades escolares contemplando diferentes

momentos da trajetória discente.

- 13 -

Referências Bibliográficas

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- 15 -

2.1 Planos de aula. 7ª C – aula 1

Tema da Aula:

A pluralidade cultural no continente africano.

Conteúdos:

- Representações do continente africano;

- Aspectos socioculturais de diferentes grupos étnicos contemporâneos;

- Aspectos geoeconômicos do continente africano.

Objetivos gerais:

Apreender a existência da diversidade de povos presentes no continente

africano.

Objetivos específicos:

- Refletir sobre as representações do continente africano considerando a

diversidade dos povos;

- Compreender o conceito de diversidade étnica;

- Perceber a macro distribuição espacial de alguns povos;

- Valorizar a existência da multiplicidade de povos.

Conceitos:

- Pluralidade cultural;

- Diversidade étnica.

Metodologia e estratégias didáticas:

- Leitura da primeira atividade a realizar-se em sala;

- Exposição das fotografias durante a realização da atividade com auxílio do

aparelho data show;

- Aula expositiva utilizando as fotografias da atividade como ilustração;

- Exposição do mapa político com auxílio do aparelho data show para fazer a

localização dos povos citados na aula;

- Leitura do mapa político desenvolvida oralmente durante a aula;

- Recolhimento da atividade;

- 16 -

- Entrega e leitura da atividade para casa.

Material e recursos didáticos:

- Atividade 1; (Anexo 1)

- Fotografias de povos contemporâneos;

- Mapa do mundo; (Anexo 2)

- Mapa político do continente africano; (Anexo 3)

- Mapa físico; ( Anexo 4)

- Atividade 1; (Anexo 5)

- Apresentação – atividade diagnóstica (anexo 6)

- Data show.

Atividade:

- Atividade acerca das representações que os estudantes têm sobre o continente

africano. (Anexo 1.)

- Atividade sobre o mapa político do continente africano. (Anexo 5)

Referências Bibliográficas

ARAÚJO, Kelly Cristina. Áfricas no Brasil. São Paulo: Scipione, 2004.

IMAGENS. Acervo digital da Casa das Áfricas Disponível em<<www.casadasafricas.

org.br>> Acesso em. 03 março de 2010.

SILVA, Alberto da Costa e. A África ensinada para meus filhos. Rio de Janeiro: Agir,

2008.

SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2007.

- 17 -

(Anexo 1)

COLÉGIO DE APLICAÇÃO / UFSC

DISCIPLINA: HISTÓRIA 7ª série

PROFESSOR: FERNANDO LEOCINO DA SILVA

PROFESSORA ESTAGIÁRIA: MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

ALUNO(A): TURMA:

ATIVIDADE

1.Sabemos muito sobre a África, diariamente vemos imagens e/ou vídeos na televisão e

internet, dificilmente os jornais passam um dia sem trazer ao menos alguma notícia.

Com estas informações construímos representações sobre esse continente. A partir do

que você conhece, em cada uma das linhas, assinale uma ou mais fotografias que você

acredita ser do continente africano.

Natureza

□ □ □ □

Arquitetura antiga:

□ □ □ □

- 18 -

As características das pessoas:

□ □ □ □

Crianças:

□ □ □ □

Centro urbano:

□ □ □ □

Habitações:

□ □ □ □

- 19 -

(Anexo 2)

Mapa do mundo

Referências

Mapa político do mundo, 2003/2004. Disponível em <<http://centros3.pntic.mec.es/cp.

los.alumbres/mapa-planisferio-politico.gif>> Acesso em 29. Abr. 2010.

- 20 -

(Anexo 3)

Mapa da divisão política atual

Referências Bibliográficas

Divisão política da África (atual). SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano.

2ª ed. São Paulo: Ática, 2007. p. 17

- 21 -

(Anexo 4)

Continente africano: mapa físico/político

Referências

Continente africano: mapa físico e mapa político. Google Earth. 2010.

- 22 -

(Anexo 5)

COLÉGIO DE APLICAÇÃO / UFSC

DISCIPLINA: HISTÓRIA 7ª série C

PROFESSOR: FERNANDO LEOCINO DA SILVA

PROFESSORA ESTAGIÁRIA: MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

ALUNO(A): TURMA:

Referências Bibliográficas

Divisão política da África (atual). SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano.

2ª ed. São Paulo: Ática, 2007. p. 17.

- 23 -

ATIVIDADE 1

LEITURA DE MAPA

Observe atentamente o mapa político do continente

africano e responda as questões abaixo:

a) Por quais oceanos/mares é banhado o continente

africano?

b) Quais os continentes vizinhos do continente

africano?

c) Quantos países o existem no continente?

d) O que significa dizer que o mapa é „político‟?

e) O que significa dizer que o mapa é „físico‟?

f) As divisões territoriais interferem na vida

cotidiana das pessoas?

- 24 -

(anexo 6)

Apresentação – atividade diagnóstica

- 25 -

- 26 -

- 27 -

- 28 -

Alterações realizadas durante a regência – 7ª C

(Aula 1 – 11/05 – terça-feira)

- O mapa do mundo (anexo 2) não foi utilizado nesta aula;

- Após observar a aplicação da atividade dignóstica na 7ª A, turma da minha colega

Angela, considerei que seria fundamental, para fazer a análise da atividade

posteriormente, que os estudantes justificassem as fotografias assinaladas. Mas como as

cópias já estavam prontas, tive de solicitar que os estudantes escrevessem, na

continuação do enunciado, a seguinte frase: “A partir dos temas justifique sua(s)

resposta(s)”.

- 29 -

2.2 Planos de aula – 7ª C – aulas 2 e 3

Tema da Aula:

- A questão das fontes para a história da África e as subdivisões de análise.

Conteúdos:

- Fontes escritas;

- Fontes orais;

- Fontes materiais;

- Fontes iconográficas;

- Divisões da história;

- Construção das subdivisões estatísticas: África Ocidental, África Central,

África Central, África Oriental, África Austral e África do Norte;

- Construção das subdivisões analíticas África Negra e África Branca.

Objetivos Gerais:

- Compreender a construção das subdivisões estatísticas e as diferentes fontes

que se deve considerar para o estudo do continente africano, com ênfase na

região Centro-Ocidental, região de onde provém grande parte dos indivíduos

escravizados no Brasil.

Objetivos específicos:

- Compreender a importância de estudar a história da África para entender não

só Brasil, mas o mundo;

- Refletir sobre a construção das subdivisões estatísticas e suas implicações;

- Compreender que a concepção que separa Pré-história e História a partir da

invenção de uma escrita não se aplica para estudar povos ágrafos;

- Perceber que a divisão quatripartida da História é uma concepção eurocêntrica;

- 30 -

- Reconhecer que as fontes arqueológicas e orais são tão importantes quanto as

fontes escritas;

- Considerar a influência dos quatro grandes grupos lingüísticos do continente

africano - niger-congo; nilo-saariano; coisan e afro-asiático - para o

estabelecimento de relações inter-sociais;

- Compreender que as fontes históricas são múltiplas e que o são por critérios de

quem escreve a história.

Conceitos:

- Fonte histórica;

- História;

- Eurocentrismo.

Metodologia e estratégias didáticas:

- Aula expositiva a partir da leitura do texto didático;

- Leitura do texto didático: “História da África e as fontes históricas”;

- Escrever no quadro as informações complementares ao esquema do texto

didático;

- Mapa lingüístico para ilustração;

- Mapa das subdivisões estatísticas;

- Leitura do mapa da macro-região analítica: África Central Ocidental.

- Utilização da gravura Griot, de Leroy Campbell, para ilustração;

- Entrega e leitura da atividade 3.

Material e recursos didáticos:

- Data show;

- Mapa político; (Anexo 1)

- Mapa lingüístico; (Anexo 2)

- Mapa da divisão África Setentrional; (Anexo 3)

- 31 -

- África Subsaariana; (Anexo 4)

- Mapa das subdivisões estatísticas; (Anexo 5)

- Mapa da macro-região analítica: África Central Ocidental; (Anexo 6)

- Texto didático: “História da África e as fontes históricas”; (Anexo 7)

- Atividade 3. (Anexo 8)

Atividade:

- Atividade. (Anexo 8)

Referências Bibliográficas

APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura. Rio

de Janeiro: Contraponto, 1997.

GRIOT. Leroy Campbell. Disponível em<< http://heritagesart.com/>> Acesso em 21.

abr. 2010.

KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra I. Paris: Europa-América, 1972.

SILVA, Alberto da Costa e. A África ensinada para meus filhos. Rio de Janeiro: Agir,

2008.

SLENES, Robert. Malungu N'goma Vem. A África coberta e descoberta no Brasil. In.:

WEFFORT, Francisco.(et alli.) (orgs). Para nunca esquecer: negras

memórias/memórias de negros. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2002.

THOMPSON, E. P. A miséria da teoria ou um planetário de erros: uma crítica ao

pensamento de Althusser. Trad. Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

- 32 -

(Anexo 1)

Continente africano: mapa político

Referências Bibliográficas

Divisão política da África (atual). SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil

africano. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2007. p. 17

- 33 -

(Anexo 2)

COLÉGIO DE APLICAÇÃO / UFSC

DISCIPLINA: HISTÓRIA 7ª série

PROFESSOR: FERNANDO LEOCINO DA SILVA

PROFESSORA ESTAGIÁRIA: MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

ALUNO(A): TURMA:

Continente africano: mapa lingüístico

Referências Bibliográficas

Grupos lingüísticos da África. SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. 2ª

ed. São Paulo: Ática, 2007.p. 20.

- 34 -

(Anexo 3).

África Setentrional, África do Norte, Norte da África ou África Branca.

Referências Bibliográficas

Mapa elaborado pela estagiária. Cf. Composition of macro geographical (continental)

regions, geographical sub-regions, and selected economic and other groupings.

Disponível em: <http://millenniumindicators.un.org/unsd/methods/m49/m49regin.htm

- 35 -

(Anexo 4)

África Subsaariana ou África Negra.

Referências

Mapa elaborado pela estagiária. Cf. Composition of macro geographical (continental)

regions, geographical sub-regions, and selected economic and other groupings.

Disponível em: <http://millenniumindicators.un.org/unsd/methods/m49/m49regin.htm

- 36 -

(Anexo 5)

Continente africano: mapa das subdivisões estatísticas

Referências

Mapa elaborado pela estagiária. Cf. Composition of macro geographical (continental)

regions, geographical sub-regions, and selected economic and other groupings.

Disponível em: <http://millenniumindicators.un.org/unsd/methods/m49/m49regin.htm

- 37 -

(Anexo 6)

Continente africano: África Central Ocidental

Referências

Mapa elaborado pela estagiária. Cf. Composition of macro geographical (continental)

regions, geographical sub-regions, and selected economic and other groupings.

Disponível em: <http://millenniumindicators.un.org/unsd/methods/m49/m49regin.htm

- 38 -

(anexo 7)

COLÉGIO DE APLICAÇÃO / UFSC

DISCIPLINA: HISTÓRIA 7ª série

PROFESSOR: FERNANDO LEOCINO DA SILVA

PROFESSORA ESTAGIÁRIA: MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

ALUNO(A): TURMA:

História da África e as fontes históricas. A partir de agora, estudaremos alguns temas da história do continente africano

antes do século XV. Durante muito tempo a história da África não esteve presente nos

conteúdos trabalhados em sala de aula e

nos livros de História. Você sabe o por

quê? As respostas para esta questão

podem ser bastante variadas. No entanto,

para tentarmos responder devemos

discutir a maneira como o historiador

trabalha com suas fontes para escrever a

história.

Fontes históricas

Por mais fontes históricas que o

historiador disponha nunca será possível

recuperar o passado tal como aconteceu.

Aquilo que se sabe sobre os processos e

os fatos passados serão sempre resultado

do trabalho do historiador, que seleciona

temas de investigação, pesquisa para

encontrar as fontes, analisa essas fontes e

constrói suas interpretações. Em resumo,

as fontes históricas são fundamentais para

a construção do conhecimento histórico

pelo historiador.

Fontes históricas são os vestígios da

atividade humana utilizados, de acordo

com os critérios do historiador, para a

construção do conhecimento histórico.

As fontes podem ser classificadas de várias

formas, mas sobretudo em escritas, orais,

materiais e iconográficas.

- Fontes escritas: diários, relatos de

viajantes, cartas de alforria, mapas,

inventários, cartas particulares,, jornais,

legislações, etc.

- Fontes orais: relatos pessoais ou

coletivos, entrevistas, e depoimentos

(gravações).

- Fontes materiais: instrumentos de

trabalho, monumentos, objetos religiosos,

moedas, ornamentos, vestimentas, armas,

habitações, templos, entre outros.

Fontes iconográficas: mapas, fotografias,

filmes, gravura, pinturas, pinturas

rupestres, entre outros.

- 39 -

Mas que relação podemos estabelecer entre o conceito de fontes históricas e a

omissão da história da África do currículo escolar? Temas relativos à história da África

ficaram muito tempo ausentes da

escola e do foco dos

historiadores porque, no caso de

muitos povos, suas formas de

transmissão da memória,

representação de si e formas de

organização eram feitas

oralmente. Ou seja, eram povos

ágrafos.

Como as concepções de

História se pautavam apenas nas

fontes escritas, considerava-se

que povos ágrafos não possuíam

história e, além disto, que o fato

de não terem desenvolvido uma

escrita os tornava inferiores aos demais povos.

Atualmente costuma-se pensar estas questões de outra forma, considerando que

as sociedades se organizam de formas diferentes e de acordo com sua própria percepção

de mundo. Assim, constituíram-se sociedades nas quais o estabelecimento da escrita não

era importante, não só na África.

Todos os povos do continente africano eram ágrafos? Não, muitos povos

legaram uma série de registros escritos sobre suas representações de mundo,

organização social e outros aspectos de sua história. Os egípcios, por exemplo,

desenvolveram os hieróglifos que atualmente são decifrados por especialistas e nos

informam muito sobre as experiências daquelas sociedades.

Os povos ágrafos não deixam registro de sua história? Deixam sim, só que

constroem esses registros de acordo com sua própria cultura. Um exemplo disto são os

griots, da região da África Ocidental. Os griots são figuras importantes em suas

sociedades, eles são os portadores da história. O griot é também o guardião do

Griot - Leroy Campbell. 2008.

- 40 -

conhecimento sobre a ascendência de seu povo e das tradições. Como estas histórias não

são escritas, o griot é crucial para manter os registros do passado. Esta função social

pode ser hereditária ou não, exigindo muito daqueles a exercerão. São necessários

muitos anos de preparação para se tornar um griot, exige-se de muitos que aprendam a

tocar instrumentos musicais e que conheçam as variações dos idiomas. É importante

lembrar que, assim como os textos escritos, os textos orais também devem ser

analisados e decifrados, cada um com seus métodos específicos. Pois todos eles são

produtos de alguém e têm objetivos particulares em sua construção.

Períodos da História

O esquema acima ilustra a maneira como se tradicionalmente divide a história:

Atividade oral:

- Quais informações sobre a História que o esquema acima fornece?

- Onde podemos situar os povos ágrafos no esquema?

- Atualmente muitos grupos não fazem uso da cultura escrita e, de acordo com o

esquema, são denominados de pré-históricos. O que significa dizer que um povo é pré-

histórico?

- Você concorda com essa idéia?

- Quais são os marcos da passagem de um período para o outro? E onde eles ocorreram?

- 41 -

- Essa divisão ajuda a compreender qualquer parte do mundo? E os marcos da divisão

são importantes para todos os lugares?

História da África

Mas afinal, por que devemos estudar o continente africano? Desde janeiro de

2003 foi estabelecido por lei a obrigatoriedade de se estudar a história e a cultura da

África, dos africanos e dos afro-descendentes nas escolas. Este pode ser por si só

poderia ser um motivo lógico, mas para além deste devemos estudar estes conteúdos

porque eles ajudam a compreender não só o Brasil, mas também o mundo. Não estudá-

los seria equivalente a montar um quebra-cabeça sem uma de suas peças.

Sabemos que a diversidade presente no continente africano é muito grande,

então foi preciso estabelecer alguns critérios e selecionar um ou mais grupos que nos

ajudassem a iniciar o estudo. Assim, optou-se por um recorte espacial, os Reinos do

Congo e do Dongo, que se situavam nos atuais territórios de Angola e Congo. É

importante estudarmos alguns aspectos cotidianos destes reinos porque a partir do

século XV os portugueses chegam na África, via rotas marítimas, e estabelecem

relações afim de comercializar escravos. Com isto, grande parte do volume das pessoas

escravizadas no Brasil embarcaram em navios negreiros na região destes dois reinos da

África Centro-ocidental.

Subdivisões do continente africano

Podemos subdividir espaços geográficos para diferentes fins da maneira que

melhor nos interessar. A Organização das Nações Unidas (ONU) para fins estatísticos

subdivide o continente africano em África Ocidental, África Central, África Central,

África Oriental, África Austral e África do Norte. Estas subdivisões ajudam a analisar

questões como densidade demográfica, mortalidade infantil, renda per capita,

analfabetismo, expectativa de vida e etc. Mas contribuem pouco ao trabalho dos

historiadores.

Criou-se também a subdivisão África Branca e África Negra, levando em

consideração a predominância da cor da pele de suas populações. É corriqueira também

a oposição „Bantos‟ e „Sudaneses‟. Os bantos são povos de origem comum, falantes de

- 42 -

línguas semelhantes, e religiões e maneiras de organização parecidas. Muitos

pesquisadores afirmam que os bantos teriam saído do atual Camarões, de onde se

espalharam por toda a África subsaariana. Estes povos eram nômades, sabiam trabalhar

o ferro, viviam da agricultura itinerante, caça e coleta de alimentos. E no processo

migratório incorporaram, expulsaram ou eliminaram os povos onde se instalaram. Esse

processo pode ter durado cerca de 2500 anos.

Os sudaneses são povos migrantes da Península Arábica que se miscigenaram

com os povos autóctones da África do Norte, região ao norte do deserto do Saara. Ainda

hoje predominam na região a língua árabe, a religião islâmica e características físicas

dos povos árabes.

Troncos lingüísticos

Podemos subdividir o continente africano a partir de seus quatro grandes troncos

lingüísticos, afro-asiático, níger-congo, nilo-saariana e cóisan.

Os falantes de línguas afro-asiáticas habitam a região do Saara e do Sael,

formados pelas misturas entre povos

locais e as levas de migrantes do Oriente.

Os caçadores e coletores que não se

misturaram aos bantos espalhados pela

África central se fixaram no sudoeste do

continente, e são falantes de línguas

cóisan. Os falantes de línguas níger-

congo habitavam o sul do Sael, este

grupo lingüístico se subdivide em mais

em cinco outros grupos. Dois deles, as

línguas banto e zande, se ligam a

expansão banto. Os outros quatro grupos

existentes na África Ocidental são o

kwa, o mande, o voltaico e o atlântico

ocidental. Os falantes de línguas nilo-saarianas, eram nômades do Saara e do Sael,

criadores de gado, alguns dos quais disputaram com os bantos a ocupação dos lagos

Troncos lingüísticos. SOUZA, Marina de Mello e. África

e Brasil africano. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2007.

- 43 -

Vitória e Tanganica. Mas entre eles existiam também artesãos, produtores de grãos e

moradores das cidades saelianas que floresceram à sombra do comércio.

Referências Bibliográficas

GRIOT. Leroy Campbell. Disponível em<< http://heritagesart.com/>> Acesso em 21.

abr. 2010.

KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra I. Paris: Europa-América, 1972.

SILVA, Alberto da Costa e. A África ensinada para meus filhos. Rio de Janeiro: Agir,

2008.

SLENES, Robert. Malungu N'goma Vem. A África coberta e descoberta no Brasil. In.:

WEFFORT, Francisco. et alli. (orgs). Para nunca esquecer: negras

memórias/memórias de negros. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2002.

SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2007.

THOMPSON, E. P. A miséria da teoria ou um planetário de erros: uma crítica ao

pensamento de Althusser. Trad. Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

(Anexo 8)

- 44 -

COLÉGIO DE APLICAÇÃO / UFSC

DISCIPLINA: HISTÓRIA 7ª série

PROFESSOR: FERNANDO LEOCINO DA SILVA

PROFESSORA ESTAGIÁRIA: MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

ALUNO(A): TURMA:

Atividade 2

O historiador Joseph Ki-zerbo, natural de Burkina Faso, em seu livro “História

da África Negra” discute as concepções de história que orientaram muitos estudos sobre

o continente africano. Na primeira parte do texto, o autor chama de “barragem dos

mitos” a idéia de que não havia história da África para se fazer em virtude da falta de

registros escritos e apresenta os argumentos de dois autores defensores desta concepção.

Depois, se contrapondo a esses historiadores, Ki-zerbo demonstra o valor das

fontes orais para a escrita da história de povos em que não predominavam ou não

existiam os registros escritos. Mas sem desconsiderar as limitações destas fontes e a

importância de jamais se utilizar de uma única fonte na interpretação histórica.

TRABALHO COM TEXTO HISTORIOGRÁFICO

Leia atentamente os trechos do livro do historiador Joseph Ki-zerbo, na página seguinte,

e responda as questões:

1.. Com o subtítulo “A barragem dos mitos”, o historiador Joseph Ki-Zerbo

apresenta concepções que influenciaram a construção história da África. Com suas

palavras, apresente e discuta os argumentos de Hegel e Coupland sobre a história da

África.

2. Com o subtítulo “A tradição oral”, o historiador Joseph Ki-zerbo defende a

importância das fontes orais para o estudo da história da África. A partir das idéias

desse historiador e do que estudamos no texto didático “História da África e as fontes

históricas”, elabore um pequeno texto sobre a questão das fontes no estudo da história

da África.

- 45 -

KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra I. Paris: Europa-América, 1972.

A barragem dos mitos

“A posição mais radical a este respeito é a que consiste em dizer que a

história da África (Negra) não existe. No seu “Curso sobre a filosofia da

História”, em 1830, declarava Hegel: “A África não é uma parte da histórica

do mundo europeu ou asiático. Aquilo que entendemos precisamente pela

África é o espírito a-histórico, o espírito não desenvolvido, ainda envolto em

condições de natural e que deve ser aqui apresentado apenas no limiar da

história do mundo.

Coupland, no seu manual “L’Histoire de l’Afrique Orientale”, escrevia

(...): “Até David Livingstone pode-se dizer que a África propriamente dita

não tivera história. A maior parte dos seus habitantes tinha permanecido,

durante tempos imemoriais, mergulhados na barbárie. Tal fora, ao que

parece, o desígnio da natureza. Eles permaneciam no estagnamento, sem

avançar nem recuar.” p. 10

A tradição oral

“A tradição oral é ainda muito discutida como fonte histórica, embora cada

vez menos. (...). A maior parte dos historiadores da África admite agora,

porém, a validade da tradição, mesmo se muitos a consideram menos

consistentes do que as fontes escritas ou exigem que ela seja escorada por

uma outra fonte. Ora nem os próprios documentos escritos escapam a esta

famosa regra do testis unus testis nullos. Em contrapartida, numerosos

autores, (...) consideram a tradição oral como uma fonte tão respeitável como

os escritos, embora em geral menos precisa.” p. 19/20

- 46 -

Alterações realizadas durante a Regência – 7ª C

(Aulas 2 e 3 – 12/05 – quarta-feira)

- Cerca de dez minutos foram utilizados para realizar a explicação da atividade 1,

porque na terça-feira o sinal bateu antes que eu conseguisse terminá-la. Depois que

finalizei a explicação desta atividade sobre as diferenças entre mapas político e físico do

continente africano, pedi que guardassem o exercício e iniciei o plano de aula proposto

para a segunda e terceira aula.

Alterações realizadas durante a Regência – 7ª B

(Aulas 1 e 2 – 12/05 – quarta-feira)

- A 7ª série B iniciou com aula dupla, portanto, foi possível, ao retornar do intervalo,

iniciar a aula com texto neste mesmo dia. No entanto, como era previsto, não consegui

terminar a leitura do texto. Acredito que por ter planejado as aulas pensando nos

horários da 7ª C, esqueci de passar a atividade 1, sobre as diferenças entre os mapas

político e físico do continente africano. Portanto, ao retornar do intervalo entreguei os

textos e iniciei sua leitura, esquecendo do exercício. Não deu tempo de terminar o texto

didático, mas sabíamos que isso iria acontecer porque a aula prevista para o „exercício

diagnóstico‟ era simples, não dupla.

Alterações realizadas durante a regência – 7ª B

(Aula 3 – 13/05 – quinta-feira)

- Nesta aula continuamos o plano anterior. Terminamos a leitura do texto e fiz uma

rápida explicação da atividade 2.

- 47 -

2.3 Planos de aula – 7ª C – aula 4

Tema da aula:

Aspectos da vida cotidiana na região da África Centro-ocidental.

Conteúdos:

- Organização social;

- Hábitos alimentares;

- Relações de trabalho dependente;

- Regimes de descendência e de residência.

Objetivos gerais:

- Compreender aspectos socioculturais da África Centro Ocidental.

Objetivos específicos:

- Articular a maneira como se organizava a sociedade em relação aos aspectos

da divisão sexual do trabalho;

- Elaborar quadro de síntese que represente as semelhanças dos povos da África

Centro-ocidental;

- Compreender que os europeus não instauram a escravidão e a diferenciação

social na África.

Conceitos:

- Regime de descendência;

- Divisão sexual do trabalho;

- Relações de trabalho dependente;

- Regime de residência.

Metodologia e estratégias didáticas:

- Aula expositiva;

- Leitura do texto didático: “Sociedades da África Centro-Ocidental”;

- 48 -

- Leitura do texto didático: “Relações de trabalho na África Centro-Ocidental”;

- Utilização do datashow para exibição do mapa para localização: “Continente

africano: mapa com reinos e cidades antigas”;

- Utilização do quadro negro para explicar termos dos textos didáticos.

Material e recursos didáticos:

- Texto didático “Sociedades da África Centro-Ocidental”; (Anexo 1)

- Texto didático “Relações de trabalho na África Centro-Ocidental”; (Anexo 2)

- Mapa; (Anexo3)

- Datashow;

- Quadro negro e giz;

- Atividade. (Anexo 4)

Atividade:

- Atividade 4. Elaboração de quadro síntese.

- 49 -

Referências Bibliográficas

AMARAL, Ilídio do. O reino do Congo, os Mlundu (ou ambundos), o reino dos

"ngola" (ou de Angola) e a presença portuguesa, de finais do século XV a meados

do século XVI. Lisboa: Instituto de Investigação Cientifica Tropical, 1996.

APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura. Rio

de Janeiro: Contraponto, 1997.

DIAS, Adriana Machado. GRINBERG, Keila. PELLEGRINI, Marco. Vontade de

saber Historia. 7° Ano. Livro para analise do professor. São Paulo: FTD, 2009.

SILVA, Alberto da Costa e. A África ensinada para meus filhos. Rio de Janeiro: Agir,

2008.

SLENES, Robert. Malungu N'goma Vem. A África coberta e descoberta no Brasil. In.:

WEFFORT, Francisco. et alli. (orgs). Para nunca esquecer: negras

memórias/memórias de negros. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2002.

SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2007.

- 50 -

(Anexo 1)

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DISCIPLINA: HISTÓRIA 7ª série

PROFESSOR: FERNANDO LEOCINO DA SILVA

PROFESSORA ESTAGIÁRIA: MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

ALUNO(A): TURMA:

Sociedades da África Centro-ocidental

É bastante difícil demarcar uma periodização precisa para o passado da África

Subsaariana, as fontes materiais e orais

fornecem periodizações mais amplas,

mas nunca precisas. Estudaremos

aspectos socioculturais dos séculos XII

e ao início do XV, no entanto, sem

precisar datas, pois o que nos interessa

aqui são os processos.

Sabe-se através das fontes

arqueológicas e pinturas rupestres que a

região da África Centro-ocidental era

inicialmente habitada pelos

bosquímanos. Estes povos viviam em

pequenos grupos, habitando as florestas,

vivendo da caça e coleta de alimentos, isolados e nômades, possuíam línguas próprias.

Eles foram gradualmente deslocados pelas migrações bantu para o sul do que hoje é o

país denominado de Angola.

Pesquisas arqueológicas afirmam que os bantu estabeleceram-se ao

longo dos principais rios (Zaire, Kwango, Zambese, Kasai, Kunune,

Kubango). Eles pescavam, caçavam e comerciavam, introduziram a

metalurgia e agricultura itinerante na região. Esta

última atividade fazia com que vivessem sempre em

busca de novas terras. Com o contato, os bosquímanos sofreram

influência lingüística dos bantos, mas estes tiveram que aprender

Inhame

Sorgo

África. John Carter Brown. Aproximadamente 1698.

- 51 -

técnicas de caça com os caçadores

especializados para sobreviver em

épocas de calamidades climáticas.

A atividade agrícola na

África Central era baseada na

cultura do inhame, cujo cozimento

empregava-se óleo de palmeiras

cultivadas nas zonas de florestas. A

cultura de cereais se deu

basicamente nas savanas, enquanto

a cultura de tubérculos ocorreu na

floresta. A introdução do uso do

ferro na agricultura teve um efeito

explosivo, com a população

agrícola crescendo e se expandindo

para os lados das savanas e dos

lagos. A difusão da metalurgia

facilitava a abertura de clareiras nas

florestas úmidas, área ideal para a

plantação da banana, essencial para

a dieta alimentar dos bantos.

O plantio de cereais se

inicia com a domesticação de grãos

como o sorgo, além disto, a África Central foi pioneira na domesticação de animais,

como galinhas, cabras, carneiros e gado bovino feita em regiões mais áridas, porque

em regiões mais úmidas era comum a infestação da mosca tsé-tsé.

Com o aumento na prática da agricultura de cereais e o constante uso ferro a

densidade demográfica aumentou e complexificou a estruturação das sociedades. A

maioria dos povos da região vivia em aldeias e organizavam-se em linhagens

matrilineares, patrilineares ou com regime de descendência dupla organizadas pelo

regime de residência virilocal, regra de residência pela qual o casal vive com a família

do marido.

Mosca Tsé-tsé, nome científico Glossina

Palpalis.

Mosca Tsé-tsé é a

transmissora Tripanossoma

Brucei, causador da doença do

sono. Ao ser picada por uma

mosca infectada a pessoa passa a

ter febre, dores de cabeça,

sudorese e ataques de fraqueza,

desenvolvendo sonolência durante

o dia e insônia à noite. O sono

torna-se incontrolável à medida

que a doença progride até que o

paciente entre em estado de coma

permanente. Ainda hoje as

populações da África Centro-

ocidental, principalmente nas

regiões mais úmidas sofrem com

os ataques das moscas Tsé-Tsé.

- 52 -

A formação de excedente na

produção garantia que o patriarca se afastasse

do processo produtivo para dedicar-se somente

à sua organização. Com o passar do tempo, um

excedente cada vez maior possibilitava não só

ao patriarca como também aos conselheiros

manterem-se fora do processo produtivo.

A complexidade do sistema político de

alguns grupos levou à construção de estados

organizados em confederações de linhagens,

nas quais todos deveriam aceitar o governo

dos mais velhos e ter laços de parentesco, uma

vez, que descenderiam de um ancestral

comum, um fundador. É muito importante compreendermos a organização das

linhagens na região da África Centro-Ocidental, porque é através delas que

conseguimos entender as relações de trabalho nos Reinos do Congo e do Dongo.

***

Referências bibliográficas

KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra I. Lisboa: Europa-América, 1972.

M'BOKOLO, Elikia. África Negra: história e civilizações. Salvador: Edufba; São Paulo:

Casa das Áfricas, 2009.

PANTOJA, Selma Alves. Nzinga Mbandi: Mulher, guerra e escravidão. Brasília: Thesaurus,

2000.

SILVA, Alberto da Costa e. A África ensinada para meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008.

__________. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 2006.

__________ A manilha e o libambo: a África e a escravidão, de 1500 a 1700. Rio de Janeiro:

Nova Fronteira, 2002.

Linhagens: As linhagens compreendem

a descendência de uma família, toda

linhagem tem um antepassado comum e

todos são parentes de um dos fundadores

da região, neste caso os primeiros

habitantes bantu a se estabelecerem ao

longo do Rio Kwanza. A partir das

linhagens formava-se uma linha de

descendência direta que contribuía para

determinar o status social das pessoas

dentro do grupo.

- 53 -

(Anexo 2)

COLÉGIO DE APLICAÇÃO / UFSC

DISCIPLINA: HISTÓRIA 7ª série

PROFESSOR: FERNANDO LEOCINO DA SILVA

PROFESSORA ESTAGIÁRIA: MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

ALUNO(A): TURMA:

Relações de trabalho dependente na África Centro-Ocidental

Existem interpretações diferentes para as relações de trabalho na África, uma

contribuição importante foi dada pela historiadora

Selma Pantoja, hoje professora de História da África da

Universidade de Brasília. Em seu livro Nzinga Mbandi:

mulher, guerra e escravidão, ao apresentar a história da

Ngola Nzinga Mbandi que lutou contra os portugueses

durante o século XVII, a historiadora afirma que a

escravidão é apenas uma das diversas dimensões

de trabalho dependente existente da África Centro-

Ocidental.

A maioria dos costumes possibilitava que os

escravos constituíssem pecúlio, tudo aquilo que o

escravo acumula podendo ser usado para se auto-

resgatar da escravidão; aos escravos perpétuos de se

tornarem-se livres com a morte do proprietário e

também que a condição de escravo não seria herdada aos

seus descendentes, que deveriam ser incorporados à

família do proprietário.

Geralmente a condição de escravo exigia a

ausência de parentesco, uma vez que era importante que

os indivíduos estivessem destituídos de suas linhagens e

distantes de seus locais de origem para serem

escravizados, pois eram passíveis de escravização

Códigos culturais:

características próprias de

uma cultura que permitem

diferenciá-la de outras. Os

códigos culturais se

manifestam através dos

rituais religiosos, dos

arranjos matrimoniais, na

organização política, nos

trajes utilizados, entre

outros, de uma sociedade.

Relação de trabalho

dependente: relação na qual

o trabalhador não recebe

nenhum ou uma porção

ínfima dos frutos de seu

trabalho, que acabam sendo

explorados por outra pessoa.

- 54 -

somente aqueles que não compartilhassem dos códigos culturais de determinada

sociedade.

E ser escravizado poderia significar uma das maneiras pelas quais os indivíduos

seriam introduzidos no novo meio social, no entanto, poderia ser também uma maneira

de negar aos estrangeiros direitos e privilégios de modo que eles pudessem ser

explorados com objetivos

econômicos e sociais. Não se pode

pensar a as sociedades da África

Centro-Ocidental apenas sob a

oposição das condições jurídicas

„escravidão‟ e „liberdade‟, existiam

outras condições entre elas.

Não estar na condição de

escravizado não significava que o

indivíduo fosse plenamente livre,

ele poderia ter sua força de trabalho

explorada por parentes mais velhos.

Desta forma, devemos

utilizar cautelosamente o termo

'escravo' para identificar o cativo na

África, pois, o que determina a

escravização é a ausência de

parentesco, e esta condição poderia

ser efêmera, advinda de sanção

social (feitiçaria, adultério, dívida,

roubo, entre outras violações.). É

importante enfatizar que nestas

sociedades a escravidão era apenas

uma das dimensões de trabalho

dependente, antes e depois do

contato com os portugueses.

Arranjo matrimonial poligâmico ou

poligamia – os homens podiam ter várias

esposas tantas quantas pudessem sustentar e

é assim até hoje, exceto entre aquelas

sociedades que seguem zelosamente o

cristianismo. Ter muitas mulheres era tanto

um sinal de riqueza quanto uma fonte de

riqueza. Na maioria das sociedades africanas,

a prosperidade de um chefe de família

dependia do número de dependentes –

mulheres, filhos, noras, demais parentes,

agregados e escravos – que tivesse para

trabalhar para ele. Às mulheres cabia o grosso

das labutas agrícolas. Os homens derrubavam

as matas, mas eram as mulheres que

preparavam os campos com suas enxadas,

semeavam, regavam e colhiam. Eram elas que

cuidavam das criações das aves e cabras.

Fiavam, teciam, moldavam no barro potes,

pratos e travessas. E levavam para vender nos

mercados. Além disso, faziam todas as tarefas

de casa: cozinhar, varrer, ocupar-se das

crianças. Daí o valor que tinham dentro da

família, que cobrava caro para cedê-las em

casamento.

- 55 -

Os arranjos matrimoniais, uma forma de captação da força de trabalho feminino

Além da escravização, uma outra forma de

incorporar pessoas a uma sociedade poderia ser

através dos casamentos. Em diversas sociedades o

arranjo matrimonial era poligâmico e isto servia

como um canal de apropriação do trabalho

feminino, no qual, o pagamento do 'dote' significava

a transferência da capacidade produtiva de uma

mulher (força de trabalho e reprodução biológica) e

o rompimento com sua linhagem, mas não de seus

descendentes, pois predominavam os regimes de

descendência matrilineares.

Era comum que o trabalho fosse

sexualmente dividido, ou seja, existiam tarefas

específicas de homens e de mulheres. Os homens

derrubavam as matas para abrir espaço para as

roças, construíam casas e lhes reformavam tetos e

paredes, antes da estação das chuvas. Escavavam

barcos nos grandes troncos de árvores, remavam,

caçavam e cuidavam do gado bovino.

As mulheres, os jovens e os cativos eram os

principais responsáveis pelas tarefas agrícolas, produziam inhame, banana, cereais e

óleo de palma. O status das mulheres pertencentes ao reino, se não estivessem sofrendo

sanção social, não era igual ao dos escravos, mas elas deviam obediência aos seus

maridos ou pais. Isto não impedia que ocupassem altos cargos políticos, muitos

soberanos tinham mulheres fazendo parte do seu corpo de conselheiros, por exemplo.

Os escravos e poderiam exercer diversas funções, servindo como intérpretes,

guardiões, contadores de histórias, artesões, conselheiros, músicos, amas de leite,

pescadores, entre outros. De acordo com os costumes os escravos deveriam ser

libertados, em algum momento, e incorporados a linhagem do proprietário. Mas nem

Regimes de descendência

matrilineares: Na maioria dos

povos matrilineares a mulher

morava com a família do marido

e seus filhos quando chegavam

aos cinco ou seis anos de idade,

se separavam dos país e

passavam a viver na casa de um

irmão da mãe, para se integrar

à sua verdadeira família. Eles

seriam criados, portanto, pelas

mulheres desse tio materno. Os

filhos de escravas eram

incorporados a linhagem do pai,

portanto, permaneciam no

convívio com os pais.

- 56 -

sempre isto acontecia e muitos eram mantidos nesta condição durante toda e vida e/ou

sofrendo com os castigos recebidos.

Ainda a respeito da escravidão, ao contrário do que ocorreu no Brasil e no resto

das Américas, a procura por mulheres foi sempre maior do que a de homens no mercado

interno de escravos. Historiadores como John Thornton buscaram explicar tal situação

pela condição feminina de procriação. Em grande parte da África é comum o trabalho

físico pesado, como tarefa feminina, ao contrário do mundo Ocidental Cristão, em que a

imagem de fragilidade feminina foi sempre incompatível com trabalhos pesados e

atividades guerreiras. Assim, obter um número significativo de dependentes (crianças,

mulheres, prisioneiros de guerra, endividados, condenados por crimes, penhorados) era

a garantia de controle da mão-de-obra.

No entanto, a escravidão sempre exigiu certa negociação entre senhores e

escravos, pois eles poderiam resistir ao cativeiro através das fugas ou do assassinato do

proprietário e sua família, mas também agindo de forma mais velada, trabalhando em

ritmo desacelerado, buscando feitiços para “amansar o dono”, matando animais,

estragando produções e simulando moléstias.

***

Referências Bibliográficas

LOVEJOY, Paul. A escravidão na África. Uma história e suas transformações, tradução

Regina Bhering e Luiz Guilherme Chaves, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2002.

PANTOJA, Selma Alves. Nzinga Mbandi: Mulher, guerra e escravidão. Brasília: Thesaurus,

2000.

SILVA, Alberto da Costa e. A África ensinada para meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008.

________. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 2006.

________. A manilha e o libambo: a África e a escravidão, de 1500 a 1700. Rio de Janeiro:

Nova Fronteira, 2002.

THORNTON, John Kelly. A África e os africanos na formação do Mundo Atlântico, 1400-

1800. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

- 57 -

(Anexo 3)

Continente africano com cidades e reinos antigos:

“Os reinos e as cidades do passado são indicados em sua localização aproximada”.

Referências Bibliográficas

África com cidades e reinos antigos.In.: SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil

africano. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2007. p. 15.

- 58 -

(Anexo 4)

Atividade 3

A partir da leitura dos textos “Sociedades da África Centro-

ocidental” e “Relações de trabalho dependente na África

Centro-Ocidental” copie o quadro abaixo e, com suas palavras,

escreva sobre as características comuns dos povos da África

Centro-Ocidental:

Temas Características comuns das

sociedades da África Centro-

Ocidental Atividades

econômicas

Características

da escravidão

Arranjos

matrimoniais

Divisão sexual

do trabalho

Linhagens

Regimes de

descendência

↑ Nesta última linha escolha um tema abordado em sala, que não apareça

na atividade, e escreva sobre ele.

- 59 -

Alterações realizadas durante a regência – 7ª C

(Aula 4 – 18/05 – terça-feira)

- O plano designado para esta aula não foi cumprido em virtude das inúmeras questões

elaboradas pelos estudantes. Como constatado durante a observação, a „curiosidade‟ é

uma das características desta turma e ainda que o planejamento tenha buscado levar isto

em consideração, a quantidade de questionamentos esgotou o tempo da aula. Enquanto

realizávamos a leitura do texto os estudantes faziam as perguntas, a maioria delas muito

relevantes por isso não foi possível “contorná-las”. Quanto àquelas que não pareciam

tão relevantes foi possível utilizá-las para problematizar, com base no conteúdo, o senso

comum implícito.

Alterações realizadas durante a regência – 7ª C

(Aulas 5 e 6 – 19/05 – quarta-feira)

- Nesta aula realizou-se a continuação do texto sobre as relações de trabalho dependente

na África Centro-Ocidental da aula anterior. Mas não houve tempo hábil para entregar e

explicar a atividade do quadro comparativo.

Alterações realizadas durante a regência – 7ª B

(Aulas 4 e 5 – 19/05 – quarta-feira)

- Nesta aula, durante 20 ou 30 minutos, terminei a explicação da atividade com texto

historiográfico, depois a Angela iniciou a sua aula. A Professora Andréa considerou que

a atividade deveria ser re-explicada, uma vez que se tratava de um importante exercício

de descrição e interpretação de trechos de obras repletas de significados e posições

políticas que o texto didático fazia dialogar com os motivos de se estudar a história do

continente africano atualmente. Assim, a atividade foi detalhadamente explicada antes

da Angela iniciar o plano de aula proposto.

Alterações realizadas durante a regência – 7ª C

(Aula 7 – 25/05 – terça-feira)

- O Professor Fernando, em reunião, nos disse que era importante enfatizar os elementos

que exemplificassem a diversidade existente no continente africano. E que isto deveria

ser feito na pensando nas questões próprias da abordagem, panorâmica no caso da

- 60 -

Angela e específica no meu. Retomei questões das aulas anteriores, lancei questões

acerca dos mapas e tirei dúvidas dos conteúdos trabalhados.

- Ainda em reunião, o Professor Fernando nos falou sobre a importância de realizar ao

menos uma atividade em sala. Durante a observação vimos que é neste momento que o

professor consegue tirar dúvidas individualmente, conversar melhor com aqueles que

demonstram dificuldades, ou ainda, é neste momento que ele reforça os incentivos

positivos àqueles que apresentam melhoras no desenvolvimento cognitivo. Assim, a

atividade do quadro comparativo foi realizada em sala, aproveitando o momento para

tentar estabelecer um diálogo mais próximo com cada estudante.

- 61 -

2.4 Planos de aula – 7ª C – aulas 5 e 6

Tema da aula:

As manifestações religiosas na África Centro-ocidental e os aspectos da vida

cotidiana no Reino do Congo.

Conteúdos:

- Cosmovisões na África Centro-ocidental;

- Estruturação das crenças;

- Organização política no Reino do Congo;

- Aspectos cotidianos no Reino do Congo.

Objetivos gerais:

Compreender que existia organização na estruturação do Reino do Congo.

Objetivos específicos:

- Compreender a maneira como se organizava a sociedade;

- Estabelecer paralelos entre a organização do Reino do Congo e outros

contextos;

- Descaracterizar o senso comum de que os “povos tradicionais” não se

organizavam em estados.

Conceitos:

- Cosmovisão;

- Crença;

- Organização político-estatal.

Metodologia e estratégias didáticas:

- Aula expositiva;

- 62 -

- Leitura do texto didático: “Manifestações religiosos na África Centro-

ocidental”;

- Leitura do texto didático: “O Reino do Congo”;

- Mapa para localização: “O Reino do Congo”;

- Leitura e entrega da atividade pra casa: análise de fonte iconográfica.

Material e recursos didáticos:

- Aula expositiva;

- Data show;

- Texto didático: “Manifestações religiosos na África Centro-ocidental”;

(Anexo1)

- Texto didático: “O Reino do Congo”; (Anexo 2)

- Mapa para localização; (Anexo 3)

- Atividade 3. (Anexo 4)

Atividade:

- Atividade 3. Análise de fonte iconográfica: “África, do início do século 18”.

- 63 -

Referências Bibliográficas

AMARAL, Ilídio do. O reino do Congo, os Mlundu (ou ambundos), o reino dos

"ngola" (ou de Angola) e a presença portuguesa, de finais do século XV a meados

do século XVI. Lisboa: Instituto de Investigação Cientifica Tropical, 1996.

APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura. Rio

de Janeiro: Contraponto, 1997.

DIAS, Adriana Machado. GRINBERG, Keila. PELLEGRINI, Marco. Vontade de

saber Historia. 7° Ano. Livro para analise do professor. São Paulo: FTD, 2009.

SILVA, Alberto da Costa e. A África ensinada para meus filhos. Rio de Janeiro: Agir,

2008.

SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2007.

- 64 -

(Anexo1)

COLÉGIO DE APLICAÇÃO / UFSC

DISCIPLINA: HISTÓRIA 7ª série

PROFESSOR: FERNANDO LEOCINO DA SILVA

PROFESSORA ESTAGIÁRIA: MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

ALUNO(A): TURMA:

Manifestações Religiosas na África Centro-Ocidental

Na região da África Ocidental existiam inúmeras crenças, no entanto a maioria

delas baseava-se na idéia de que o mundo esta cortado em duas partes antitéticas, mas

complementares, corte concebido como sendo o de duas montanhas separadas por uma

grande extensão de água, a kalunga.

O historiador congolês Elikia M‟Bokolo em seu livro recente, África Negra

chama a atenção para o fato que a kalunga remete também a concepção de que o

mundo é simbolizado pelo antagonismo de duas cores: o preto, cor dos vivos, da vida e

deste mundo; o branco, associado à morte, aos antepassados já mortos e ao mundo

invisível. Neste sistema de pensamento, tudo que acontecia de bem ou de mal neste

mundo, era fruto da vontade e da ação das forças regendo o outro mundo.

Desta visão do mundo surgiram três grandes corpos de crenças, comportando

cada um a sua organização própria de cultos apropriados:

● Havia crenças associadas aos mortos que eram regularmente invocados

e dos quais se temia que viessem perturbar os vivos. Para garantir que isto não

ocorresse os nganga atombola, corpo de especialistas, eram encarregados de

levar para o outro mundo estes mortos descontentes e impedir que o seu espírito

entrasse no corpo dos vivos, que seriam transformados em ndoki, ou seja,

feiticeiros, propagadores da doença e da morte. Novos pais e crianças deveriam

visitar os túmulos, conservá-los e depositar materiais luxuosos em todas as luas

novas.

● Um outro grupo de crenças também baseado na kalunga estava ligado

aos mbumba e à fertilidade. O termo mbumba tem diversos significados, em

alguns lugares poderia ser identificado com uma serpente gigantesca,

designando os espíritos da água e da terra em outros, referia-se principalmente

- 65 -

aos espíritos e gênios das águas. Todos estes espíritos eram responsáveis pela

fecundidade das mulheres e pela fertilidade das terras e por este motivo era

preciso práticas assíduas de veneração, a fim de manter harmônicas as relações

entre os humanos e a natureza. Comumente pendurava-se nkisi,objetos rituais de

criação humana, em árvores como mostra de respeito e adoração.

Acreditava-se também que os mbumba poderiam adquirir formas

visíveis, manifestando-se em objetos naturais encontrados próximos dos cursos

de água (pedras, pedaços de madeira) ou encarnando em alguns seres humanos,

tais como crianças nascidas com os pés para frente do útero, albinos, gêmeos,

anões, deficientes e etc. Estes eram adorados como os próprios mbumba e

estreitamente associados ao seu culto.

● O terceiro corpo de crenças diz respeito exclusivamente às relações

entre indivíduo e a sociedade, com estes cultos se buscava o desempenho e o

êxito individuais, a riqueza material, o prestígio social, a força, a vontade de

proteger-se e até mesmo de prejudicar os outros. O culto aos nkadi mpemba,

espíritos malignos, recorriam a um grande número de nkisi manipulados pelo

nganga, homem especialista no ritual, para fins de proteção ou agressão. Em

certas regiões, os nganga vendiam estes nkisi aos notáveis para lhes assegurar a

saúde, a força e a prosperidade; em outras, eles vendiam numerosas espécies de

nkisi para proteger as casas e os campos, defender as mulheres e crianças de

agressões, afastar raios, garantir fortunas entre outros.

Estruturação das crenças e a organização política

A maneira como se estruturaram as crenças servia como suporte de

legitimidade às diferentes formações políticas e sociais que se tinha constituído

antes do reino do Congo.

Uma das primeiras formas de organização política correspondia aos

kanda, estruturação do poder fundamentado em redes de parentesco. Baseando-

se no parentesco, o culto kanda, estruturava o poder extraindo sua legitimidade

do parentesco com antepassados. Apoiando-se em genealogias rigorosas e, na

maior parte dos casos, arranjadas em função das necessidades, esta legitimidade,

ao mesmo tempo que privilegiava laços de sangue, tornava-se, de certa maneira,

histórica. As genealogias faziam a ligação entre os vivos e os antepassados e a

- 66 -

partir das genealogias estabeleciam-se os direitos das pessoas dentro da

sociedade. Conseguir provar sua ligação com os primeiros ascendentes que se

estabeleceram na região era importante porque garantia o condição de pessoa

livre, o direito de trabalhar a terra e de explorar a força de trabalho dos outros.

Portanto, as crenças baseadas nos kanda serviram como fundamento da

organização política.

Referências Bibliográficas

KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra. Lisboa: Europa-América, 1972.

M'BOKOLO, Elikia. África Negra I: história e civilizações. Salvador: Edufba; São

Paulo: Casa das Áfricas, 2009.

- 67 -

(Anexo 2)

COLÉGIO DE APLICAÇÃO / UFSC

DISCIPLINA: HISTÓRIA 7ª série

PROFESSOR: FERNANDO LEOCINO DA SILVA

PROFESSORA ESTAGIÁRIA: MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

ALUNO(A): TURMA:

O Reino do Congo

O Reino do Congo, situado na parte norte da atual Angola, limitava-se ao norte

pelo Rio Congo, a leste pelo baixo Kuango, ao sul a fronteira era o rio Loge e a oeste o

Oceano. Dotado de uma complexa organização

administrativa, dividido em seis províncias, Nsoyo,

Mbamba, Nsundi, Mpango, Mbata e Mpemba, cada

uma com um chefe local nomeado pelo soberano,

que era chamado de Manikongo.

Manikongo era considerado o soberano

supremo, pois se pensava que era a pessoa que fazia

a ligação entre os vivos e os antepassados, ele era

também o guardião das insígnias sagradas, amuletos

de ferro que representavam a conexão com os

fundadores das linhagens.

A principal função administrativa do

Manikongo e dos chefes locais era a coleta das taxas

em diferentes níveis da sociedade. Além das

províncias, alguns estados independentes pagavam

tributo ao Manikongo, como era o caso do Dongo.

Na sua organização interna, o Congo

apresentava uma distinta separação quanto à

produção e à organização social. Os habitantes das mbanza (cidades) eram aqueles que

não participavam da produção, viviam separados da população das aldeias e constituíam

as elites locais. Em Mbanzakongo, situada na província de Mpemba, residia o soberano.

Os chefes locais pagavam suas taxas em produtos regionais, como tecidos,

marfim, cativos, sal e couros. A inspeção fiscal ficava a cargo de funcionários,

Zimbos: serviam de moeda na

em algumas partes da África

Centro-ocidental. No Reino do

Congo eles eram monopólio do

Manikongo e vinham da ilha

de Luanda. Os portugueses ao

descobrirem isto começaram a

levar zimbos da Bahia e

introduzir comércio para

obtenção de escravos o que

levou a desvalorização do

valor monetário das conchas.

- 68 -

nomeados e destituídos de acordo com o grau de satisfação do soberano, que

aproveitava para isto, a cerimônia anual de prestação de contas. Era importante para as

províncias pertencerem a um reino, que representava segurança em caso de invasão a

uma grande e segura comunidade e a maneira

de garantir esses laços era pagando os tributos

ao Manikongo, de forma pública, através de

uma grande festa realizada na capital,

Mbanzakongo.

Todos os chefes locais eram

denominados mani; alguns tinham funções

específicas como, por exemplo, o manivangu,

juiz em adultério e governador de

Mbanzakogo. Os mani formavam um

segmento privilegiado na estrutura do Congo.

Mas não a sucessão do manikongo não era

feita entre os mani. Em princípio todos os

descendentes homens dos manikongo

poderiam reinvindicar a sucessão. Algumas

vezes o sucessor era eleito por uma espécie de

colegiado composto de nove membros, dos

quais o mais importante era aquele que

detinha o direito de

veto.

Não havia exército permanente, embora o Manikongo

dispusesse de uma guarda composta de estrangeiros, talvez

escravos, afirmam alguns historiadores. Em casos de guerra,

o exército era convocado pelos chefes de aldeias quando

assim ordenassem os funcionários reais.

Através de relatos de viajantes dos séculos XV e XVI

sabemos que no Reino do Congo os homens bakongo

usavam principalmente peles de animais como roupa e as

mulheres raspavam seus cabelos e enfeitavam-se com panos

coloridos na cabeça. As pessoas não livres podiam cultivar a

Comércio: no comércio um dos

produtos mais importantes era

o sal. A palmeira era uma

mercadoria valiosa nas

transações: dele se extraía o

óleo para cozinhar, se fazia

bebidas alcoólicas e de suas

folhas fabrica-se fibras para

tecer as roupas. Além da

colheita da palma cultivavam o

inhame,amendoins, feijão, café,

cacau, a banana, batata-doce e

a pimenta, igualmente valiosos.

no comércio.

Bakongo: são os habitantes

do Reino do Congo. Os

bakongo são falantes de

variações do idioma

Kikongo, idioma muito

conhecido atualmente ao

norte de Angola, Congo e na

República Democrática do

Congo, apesar de ter sofrido

inúmeras transformações

ao longo dos séculos.

- 69 -

terra ou prestar serviços para outros. Um homem poderoso sempre tinha numerosos

escravos que capturava nas guerras, os quais podiam estar alocados em tarefas como

transações comerciais, ou prestar serviços em mercados distantes para seus senhores.

***

Referências bibliográficas

PANTOJA, Selma Alves. Nzinga Mbandi: Mulher, guerra e escravidão. Brasília:

Thesaurus, 2000.

SILVA, Alberto da Costa e. A África ensinada para meus filhos. Rio de Janeiro: Agir,

2008.

_________. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. 3. ed. Rio de Janeiro:

Nova Fronteira, 2006.

_________. A manilha e o libambo: a África e a escravidão, de 1500 a 1700. Rio de

Janeiro: Nova Fronteira, 2002.

- 70 -

(Anexo 3)

COLÉGIO DE APLICAÇÃO / UFSC

DISCIPLINA: HISTÓRIA 7ª série

PROFESSOR: FERNANDO LEOCINO DA SILVA

PROFESSORA ESTAGIÁRIA: MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

ALUNO(A): TURMA:

O Reino do Congo

Os limites do Reino do Congo no século XVII e a distribuição de suas províncias são

reconstruídos a partir das narrativas portuguesas.

Referências Bibliográficas

O Reino do Congo. In.: SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. 2ª ed.

São Paulo: Ática, 2007. p. 39.

- 71 -

(Anexo 4)

COLÉGIO DE APLICAÇÃO / UFSC

DISCIPLINA: HISTÓRIA 7ª série

PROFESSOR: FERNANDO LEOCINO DA SILVA

PROFESSORA ESTAGIÁRIA: MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

ALUNO(A): TURMA:

Análise de fonte em sala de aula:

“Africa, do início do século XVIII”. John Harris, 1744-48.

Referências

Africa, early 18th cent. John Harris. Disponível em: <<http://hitchcock.itc.virginia.edu/

Slavery/detailsKeyword.php?keyword=map&recordCount=48&theRecord=29>>Acesso

em: 21. abr. 2010.

- 72 -

(Anexo 5)

COLÉGIO DE APLICAÇÃO / UFSC

DISCIPLINA: HISTÓRIA 7ª série

PROFESSOR: FERNANDO LEOCINO DA SILVA

PROFESSORA ESTAGIÁRIA: MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

ALUNO(A): TURMA:

Continente africano com cidades e reinos antigos:

Os reinos e as cidades do passado são indicados em sua localização aproximada.

Referências Bibliográficas

África com cidades e reinos antigos. SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil

africano. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2007.p. 15.

- 73 -

IDENTIFICAÇÃO

Aponte as seguintes informações, que são muito importantes para analisar as fontes

históricas:

a) Autor:

b) Data:

c) Tipo de documento:

INTERPRETAÇÃO

a) Descreva detalhadamente o documento, atentando para as regiões em destaque

no mapa.

b) Compare com o mapa dos reinos e cidades antigas do continente africano e cite

as regiões que o documento aponta mais detalhadamente.

ANÁLISE:

a) Para que pode ter servido o documento?

b) O documento foi produzido numa época em que os europeus e africanos

comercializavam escravos, qual pode ter sido a relação entre o documento e o

comércio de escravos?

- 74 -

(Anexo 6)

Mapa: Principais reinos africanos entre os séculos VII a. C. e XV d. C.

Referência Bibibliográfica

SERIACOPI, Gislane Campos Azevedo; SERIACOPI, Reinaldo. História. vol.

único. São Paulo: Ática, 2005.

- 75 -

Alterações realizadas durante a regência – 7ª C

(Aulas 8 e 9 – 26/05 – quarta-feira)

- Os mapas do Reino do Congo e dos Reinos e cidades antigas do continente africano

não foram distribuídos aos estudantes por falta de recursos para realização das cópias, o

limite mensal do Professor Fernando, disponibilizado pelo Colégio de Aplicação, é

muito inferior a quantidade necessária para realização das cópias planejadas pelo

estágio. A fim de evitar grandes transtornos no planejamento das aulas, os mapas dos

Reinos e cidades antigas e o mapa de John Harris, mapa da atividade com documento

histórico, foram exibidos em transparência.

- Em aula anterior a estagiária Angela, entregou aos seus estudantes um mapa com os

principais reinos do continente africano entre os séculos VII a. C. e XV d. C para

colorir. A atividade foi bastante importante para a dinâmica da aula como para a re-

significação do conteúdo. Através do mapa era possível visualizar os diferentes reinos e

cidades além das rotas comerciais que tinham bastante evidência nos textos dela. Para

os estudantes da 7ª C, que não tiveram uma abordagem panorâmica, o mapa foi

importante para pensar a existência de outros contextos no mesmo recorte temporal. Ao

colorir o mapa tentei fazer com que eles pensassem a existência concomitante de outros

estados dentro do continente africano e, para retomar a questão da diversidade, que

nestes outros espaços os elementos socioculturais eram outros, não superiores ou

inferiores, somente diferentes. Pensando nestas questões que durante uma parte da aula

os estudantes coloriram o mapa dos principais reinos do continente africano entre os

séculos VII a. C. e XV d. C, inserido no livro didático História, de Gislane Seriacopi e

Reinaldo Seriacopi. Nesta aula não consegui terminar a leitura do texto programado

nem explicar a atividade.

Alterações realizadas durante a regência – 7ª B

(Aula 9 – 27/05 – quinta-feira)

- Nesta aula foi ministrada o conteúdo sobre os aspectos da vida cotidiana na região da

África Centro-ocidental. Tive de fazer uma grande introdução e justificar o porquê de

estudar aquele espaço e não outro, esta é a turma que divido com a Angela. Ficaria sem

sentido misturar uma abordagem panorâmica e uma específica sem uma justificativa. O

fato da Angela já ter entregue o mapa dos principais reinos para os pintarem ajudou

bastante. Os estudantes dispuseram de um texto adaptado que não introduz o estudo dos

- 76 -

reinos, porque, de acordo com as orientações da professora, não ministrarei as aulas

sobre os reinos do Congo e do Dongo.

Alterações realizadas durante a regência – 7ª C

(Aula 10 – 01/06 – terça-feira)

- Continuação da aula anterior. Leitura do restante do texto do Congo, mas em virtude

das perguntas, dos “E se...” não foi possível entregar e explicar a atividade.

Alterações realizadas durante a regência – 7ª C

(Aula 11 e 12 – 02/06 – quarta-feira)

- Nesta aula retomei alguns elementos das aulas anteriores e os estudantes realizaram a

atividade em sala. A primeira parte da aula se estendeu por mais tempo do que eu

previa, eles fizeram muitas perguntas e, como diz o Professor Fernando, é na hora da

formulação das perguntas que eles articulam os conteúdos estudados, permiti que as

perguntas estendessem o tempo que lhes era destinado. Na segunda parte da aula eles

fizeram a atividade em sala. Após a explicacação, fui de mesa em mesa tirar dúvidas, a

Angela e o Professor Fernando fizeram o mesmo.

Alterações realizadas durante a regência – 7ª B

(Aula 10 e 11 – 02/06 – quarta-feira)

- Continuação da aula anterior sobre as relações de trabalho dependente. Retomei alguns

elementos importantes e após a leitura e explicação dos dois últimos parágrafos do texto

a Angela assumiu a turma.

Alterações realizadas durante a regência – 7ª C

(Aula 13 – 08/06 – terça-feira)

- Olimpíada de Matemática

- 77 -

2.5 Planos de Aula – 7ª C – aula 7

Tema:

Aspectos da vida cotidiana no Reino do Dongo.

Conteúdo:

- Organização social e política;

- Divisão sexual do trabalho;

- Comércio.

Objetivos gerais:

Compreender aspectos das praticas sócio-culturais no Reino do Dongo.

Objetivos específicos:

- Compreender a maneira como se organizava a sociedade;

- Refletir sobre as relações de trabalho dependente que permeiam as sociedades;

- Elaborar quadro comparativo entre o Reino do Congo e o Reino do Dongo;

- Descaracterizar o senso comum de que os “povos tradicionais” não se

organizavam em estados.

Conceitos:

- Organização social;

- Divisão sexual do trabalho;

- Relação de trabalho dependente.

Metodologias e estratégias didáticas:

- Aula expositiva;

- Utilização do mapa para localização: “Continente africano: as cidades e reinos

antigos”;

- Utilização do mapa para localização: “A costa ocidental da África Central:

principais grupos etnolingüísticos”;

- 78 -

- Leitura do texto didático: “O Reino do Dongo”;

- Utilização do quadro para explicar termos do texto didático.

Material e recursos didáticos:

- Mapa; (Anexo 1)

- Mapa; (Anexo 2)

- Texto didático; (Anexo 3)

- Atividade 4; (Anexo 4)

- Data-show;

- Quadro negro e giz.

Atividade:

- Atividade 4. Quadro síntese.

Referências bibliográficas

AMARAL, Ilídio do. O reino do Congo, os Mlundu (ou ambundos), o reino dos

"ngola" (ou de Angola) e a presença portuguesa, de finais do século XV a meados

do século XVI. Lisboa: Instituto de Investigação Cientifica Tropical, 1996.

KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra I. Lisboa: Europa-America, 1972.

M'BOKOLO, Elikia. África Negra: história e civilizações. Salvador: Edufba; São

Paulo: Casa das Áfricas, 2009.

SILVA, Alberto da Costa e. A África ensinada para meus filhos. Rio de Janeiro: Agir,

2008.

SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2007.

- 79 -

(Anexo 1)

África com cidades e reinos antigos

Os reinos e as cidades são indicados em sua localização aproximada.

Referências Bibliográficas

África com cidades e reinos antigos. SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil

africano. 2ª ed. São Paulo: Ática, 2007. p. 15.

- 80 -

(Anexo 2)

Mapa: a costa ocidental da África Central: principais grupos etnolingüísticos.

Referências Bibliográficas

Mapa: a costa ocidental da ÁfricaCentral: principais grupos etnolingüísticos. In.:

BIRMINGHAM, David; MARTIN, Phyllis. History of Central Africa. London:

Longman, 1983. p. 120

- 81 -

(Anexo 3)

COLÉGIO DE APLICAÇÃO / UFSC

DISCIPLINA: HISTÓRIA 7ª série

PROFESSOR: FERNANDO LEOCINO DA SILVA

PROFESSORA ESTAGIÁRIA: MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

ALUNO(A): TURMA:

O Reino do Dongo

Os mbundu da região da África Central Ocidental parecem ter se estabelecido

no planalto de Luanda desde o início da Idade do Ferro, ao longo do Rio Kwanza e de

seus afluentes. Foram favorecidos por encontrar solos próprios para a agricultura e o

pastoreio, embora houvesse período de escassez de chuvas e

ataques da mosca tsé-tsé. Além da coleta de conchas e da pesca,

os mbundu se dedicavam também à produção do sal.

Desde o início do século XVI já existia alguma atividade

comercial, porém direcionada para o Congo. Inicialmente o

Dongo mantinha pouco comércio com o litoral e as primeiras

formas de organização social

foram as pequenas aldeias

estruturadas em linhagens.

Os rituais eram

comandados e preservados por

um ancião e só podiam ser celebrados entre os grupos

de parentes. O culto malunga, estudado na aula

anterior, parece ter sido uma primeira tentativa de

estruturar uma unidade política entre os mbumdu. Este

culto constava de pequenas figuras de madeira que

eram colocadas nos leitos dos rios para intercederem

junto ao deus do tempo, que tinha a função de fazer

chover. Os responsáveis em preservar o culto usavam sua autoridade para cobrar tributo

e lealdade. Os cultos malunga se restringiam a alguns

locais e, com o tempo, foram substituídos ou incorporados

Mbundu: são os

habitantes do Reino do Dongo e

territórios próximos situados

ao norte do Rio Kwanza. Os

mbundus falam variações do

idioma Kimbundu, idioma

muito conhecido atualmente

em Angola, apesar de ter

sofrido inúmeras

transformações ao longo dos

séculos.

África com cidades e reinos antigos. SOUZA, Marina

de Mello e. África e Brasil africano. 2ª ed. São Paulo:

Ática, 2007.

- 82 -

a forças políticas mais poderosas.

A introdução no Dongo de um ritual mais poderoso, o ritual dos símbolos

chamados Ngola, esteve relacionada diretamente com um período de crescimento

econômico e político. Os soberanos-ferreiros eram chamados de Ngola e aparecem na

tradição mbundu, nesta época, como os guardiões dos objetos sagrados ligando este

culto ao fabrico do ferro.

A noção de autoridade entre os mbundu estava relacionada aos poderes

espirituais que se acreditava que eram conseguidos por meio da posse de objetos

considerados sagrados.

O Ngola era considerado mediador entre mortos e vivos e, além disto, protetor

das linhagens frente à invasão dos grupos étnicos estranhos. Cada aldeia buscava um

protetor para garantir sua autonomia linhageira, os Ngola eram títulos locais

conciliáveis com as redes de parentesco. Como passar do tempo, os Ngola passaram a

adquirir influência política e militar, controlando o comércio, os depósitos de ferro

situados no vale do Lucala e as rotas que levavam sal à região do interior.

No Dongo, o chefe com título mais importante era o Ngola, auxiliado por um

conjunto de poderosos senhores, cada um com funções específicas. Havia os cargos de

Ngolambole, um comandante de guerra; Moenelumba, responsável por zelar pela

residência e outros bens do Ngola; Muenequizoile, cuidavam da alimentação do Ngola e

de seus convidados; o Tendala, auxiliava nas principais decisões, tanto na época de

guerra como de paz, era o cargo de maior poder depois do Ngola. Tal como no Reino do

Congo, no Dongo existiam os chefes locais que tinham a obrigação de pagar tributos ao

soberano, neste reino eles eram chamados de sobas.

Toda a população, aparentemente, estava submetida ao poder do Ngola, mas

havia diferenças na forma de submissão. Existiam os prisioneiros de guerra eram

considerados como escravos e poderiam ser sacrificados em rituais sagrados. Os

escravos por sanção social (feitiçaria, adultério, dívida, roubo, estupro, entre outras

violações), condição que poderia ser efêmera ou perpétua. E também os órfãos que eram

vendidos como escravos.

Um escravo podia acumular bens e com isto tornar-se livre, em outras situações,

chegava a ocupar cargos de confiança do Ngola. O cativo perpétuo, com a morte do seu

- 83 -

dono, ficava completamente livre. Os cativos não deveriam estar inseridos em qualquer

relação de parentesco e, por isto mesmo, estavam no nível mais baixo da escala

hierárquica da sociedade. Juntamente com as mulheres eram encarregados das tarefas

agrícolas, feitas até o esgotamento da terra.

No Dongo também existia divisão sexual do trabalho. A pesca em alto mar era

feita pelos homens, mas a pesca do marisco zimbo, cujas conchas serviam também

serviam de moeda, era tarefa exclusivamente feminina.

O próprio Reino do Dongo era tributário do Reino do Congo e os tributos eram

pagos preferencialmente em escravos. Historiadores de relevo como John Thornton e

Paul Lovejoy afirmam que o Dongo só se torna independente após a desorganização do

Reino do Congo causada pelo comércio atlântico de escravos com os portugueses. E

que a partir da desorganização o Dongo passa a fornecer as pessoas do Congo como

escravas para os europeus.

A partir do século XVI, o Dongo recebeu inúmeros viajantes europeus, entre

eles o padre capuchinho Giovanni Antonio Cavazzi, nascido na Itália. Este deixou

relatos sobre os costumes dos povos do Reino do Dongo que nos servem como fonte

histórica, em um deles o padre fala dos homens que se vestiam de peles de animais e

das mulheres que usavam os cabelos encrespados, enquanto os homens raspavam a

cabeça. Outra testemunha, ao descrever os mbundu do Dongo, diz que os pretos

costumam raspar a cabeça deixando somente uma ponta de cabelo em cima, como uma

„coroa de bispo‟, assinalando depois que um gesto cordial, entre eles, era o bater

palmas, uns para os outros.

***

Referências Bibliográficas

PANTOJA, Selma. Nzinga Mbandi: mulher, guerra e escravidão. Brasília: Thesaurus,

2000.

- 84 -

(Anexo 4)

COLÉGIO DE APLICAÇÃO / UFSC

DISCIPLINA: HISTÓRIA 7ª série

PROFESSOR: FERNANDO LEOCINO DA SILVA

PROFESSORA ESTAGIÁRIA: MAYSA ESPÍNDOLA SOUZA

ALUNO(A): TURMA:

Com a leitura dos textos “O Reino do Congo” e o “Reino do Dongo” podemos

estabelecer comparações entre alguns aspectos sociais dos dois reinos estudados,

copie o quadro abaixo e, com suas palavras, faça as comparações a partir dos

temas.

Temas Reino do Congo Reino do Dongo

Organização política:

- Soberano

- Função religiosa

- Sucessão

- Chefes locais

Soberano

Relação das províncias

com a capital

- Tributação

- Proteção

Atividades econômicas

- Habitantes

- Idioma

Após analisar o quadro-síntese, responda as questões abaixo com suas palavras:

1. Os soberanos exerciam funções religiosas e políticas, eram considerados a

ligação entre os vivos e os mortos e a partir desta ligação direta com os

ancestrais orientavam a vida cotidiana. Explique e exemplifique a ligação entre o

poder político e o poder religioso nos reinos do Congo e do Dongo.

2. Comente sobre as relações estabelecidas entre as províncias e o poder central

nos dois reinos.

3. Elabore um comentário relacionando os seguintes itens: atividade econômica e

divisão sexual do trabalho.

4. Muitos povos eram falantes de variações lingüísticas muito semelhantes.

Explique esta afirmação e sua influência no cotidiano das pessoas.

- 85 -

5. O Reino do Congo e o Reino do Dongo floresceram, respectivamente, ao longo

dos rios Congo e Kwanza. Disserte sobre a relação das populações com os rios

nestes dois reinos.

6. Preencha a última linha da tabela a partir de um tema de livre escolha e faça a

comparação.

- 86 -

Alterações realizadas durante a regência – 7ª C

(Aula 14 e 15 – 09/06 – quarta-feira)

- Essa aula era para trabalhar alguns aspectos cotidianos do Reino do Dongo, mas o

Professor Fernando me pediu para reforçar a idéia de diversidade e retomar algumas

questões e os motivos de estudarmos aquele espaço. Durante a leitura do texto não

precisei fazer grandes explicações porque o texto trazia muitos elementos já trabalhados

em aulas anteriores, isto fez com que eles articulassem os conteúdos. Os estudantes

fizeram muitas comparações com as aulas anteriores. Foram poucas as vezes que

precisei fazer as perguntas que tinha preparado para os parágrafos caso tivessem

dificuldade com a explicação. Mostrei a transparência dos principais rios da região dos

dois reinos e fiz questões orais sobre a importância dos rios para os povos. Mostrei o

mapa das cidades e reinos do livro A África e o Brasil Africano, da Marina de Mello e

Souza, sobre o qual também fiz questões. O professor Fernando utilizou alguns

momentos da aula para entregar a avaliação e dar alguns informes. Entreguei a atividade

do quadro, mas antes que pudesse explicá-la soou o sinal.

Alterações realizadas durante a regência – 7ª C

(Aula 16 – 15/06 – terça-feira)

- 1º Jogo do Brasil na Copa.

Alterações realizadas durante a regência – 7ª C

(Aula 17 e 18 – 16/06 – quarta-feira)

- Aulas suspensas em virtude dos concursos para professores.

Alterações realizadas durante a regência – 7ª C

(Aula 19 – 22/06 – terça-feira)

- Professor Fernando me pediu a aula para trabalhar África Contemporânea.

Alterações realizadas durante a regência – 7ª C

(Aula 20 e 21 – 23/06 – quarta-feira)

- 87 -

- Aula final, o objetivo da aula de hoje era explicar a última atividade, que eles levaram

para casa na aula anterior, e dar um tempo para que a fizessem, quando o sinal soou

pedi que recolhessem atividade e entregassem ao Professor Fernando na terça-feira.

- Na segunda aula tentei retomar alguns elementos de todo o conteúdo que eles

estudaram comigo e dar um retorno do que eu esperava do conjunto de atividades, que

eu havia terminado de corrigir no final de semana.

- Preparei uma apresentação em Power-point e ao longo de sua exibição tentei reforçar

os elementos trabalhados pensando a diversidade, por isso, a primeira frase da

apresentação era a seguinte: “Nem sempre as informações que recebemos da televisão,

da internet, dos jornais ou revistas contribuem para compreendermos a diversidade do

continente africano”, a mesma do enunciado da atividade diagnóstica. Perguntei para

eles se as imagens, vídeos e informações que recebemos do continente africano

permitiram que eles tivessem idéia da diversidade existente no continente africano. Eles

responderam que não e que, além disso, não sabiam que no continente africano

moravam pessoas brancas, que tem neve, que existem grandes cidades que nem todo

mundo é miserável (...).

- Os slides traziam uma imagem e uma frase, que era lida pelos estudantes, a partir disto

lancei questões à turma e a exibição seguiu esta dinâmica até o seu término. Mostrei o

mapa político e mapa físico do continente e perguntei a diferença entre os dois, as

subdivisões da ONU e perguntei quais eram, e sobre os motivos de fazê-las. Mostrei os

principais grupos etnolingüísticos e ao mostrar a localização no mapa pedi que

repetissem os nomes dos mesmos. Mostrei a imagem colorida do Griot, presente no

primeiro texto didático. Perguntei sobre a importância destas figuras e nas sociedades

de tradição oral. Mostrei a imagem colorida da mosca tsé-tsé, e perguntei-lhes sobre o

seu ciclo vital. Na apresentação havia um slide para a importância dos rios, sobre os

zimbos, sobre o inhame, o sorgo e imagens de nkisis. Acredito que pelas respostas dos

estudantes, durante a apresentação dos slides e nas avaliações, as aulas foram

significativas e ainda que eles não tenham tido aulas panorâmicas sobre o continente

africano o objetivo de pensar a diversidade se concretizou ao verem a existência

diferentes arranjos matrimoniais, de regimes de descendência e residência, as diferenças

entre os dois reinos, entre outros elementos. O fato de saberem que a vida se organizava

de uma forma na África Centro-Ocidental e que esta maneira diverge das demais

- 88 -

regiões contribui para pensar diversidade. Percebi que eles gostam bastante das aulas

com imagens e me arrependo de não ter trabalhado com mais delas. Ao final da aula

agradeci a colaboração dos estudantes e disse-lhes que eles fizeram a minha experiência

da regência ser bastante prazerosa, agradeci à Angela e ao Professor Fernando pela

contribuição.

- 89 -

3.1 Currículo em ação e histórias no continente africano:

algumas considerações sobre uma experiência de estágio

Maysa Espíndola Souza

A especificidade da experiência do estágio obrigatório consiste na constante

interlocução entre os sujeitos envolvidos no processo. A orientação do professor da

instituição de ensino superior somada à orientação do professor da escola é fundamental

e confere ao estágio um momento um momento ímpar de reflexão da prática docente.

Mas a maneira como algumas instituições o concebem faz com que seu caráter

intrínseco se configure em especificidade de uma ou outra instituição, ou ainda, que

esteja unicamente a cargo dos docentes, optando por realizá-lo em tudo que lhe é

inerente, ou não.

A regência do estágio supervisionado em História realizado no Colégio de

Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina, entre março e julho de 2010,

apresentou ainda outra singularidade, uma das duplas teve a oportunidade de trabalhar

temas relativos à História da África. Para muitos, talvez, isto não configure

singularidade alguma, no entanto, grande parte das escolas ainda não conseguiu

incorporar os conteúdos relativos à África e os africanos em seus currículos como

determinado por lei (BRASIL, Lei 10.639. 2003), sequer fazê-los parte integrante de

uma experiência de estágio.

Para se compreender as especificidades da prática pedagógica e do

conhecimento histórico escolar durante o estágio faz-se necessário analisar os elementos

constitutivos do currículo em ação. A maneira como os estudantes receberam e

interagiram com os conteúdos e metodologias planejadas é bastante significativa para

refletir sobre as relações ensino-aprendizagem.

Desta forma, o presente ensaio busca refletir sobre a experiência do processo de

estágio em História, partindo da interação estabelecida entre estudantes e os conteúdos e

metodologias planejadas, em outras palavras, da sala de aula, ou melhor, do currículo

em ação. Como os conhecimentos prévios relacionaram-se com temáticas da história da

África? Quais as noções que os estudantes da 7ª série do Ensino Fundamental de um

colégio federal têm acerca do continente vizinho? O quê se ensinar da história da

África? Passados sete anos da promulgação da Lei 10.639 o quê tem feito o Colégio de

Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina para aplicá-la? Assim, a partir de

- 90 -

uma experiência de estágio, objetiva-se responder estas e outras questões pertinentes ao

ensino de História.

A importância de um planejamento dialogado

A experiência de estágio distingue-se da primeira experiência de trabalho pelo

constante diálogo dos seus envolvidos estabelecida antes, durante e depois do processo

de regência. Processo que jamais deve confundir- se com o período em que as aulas são

ministradas. O processo de regência inicia no momento imediato em que os temas são

estabelecidos, com isto o estagiário passa planejar suas aulas, listando a bibliografias e

refletindo sobre as metodologias de abordagem dos conteúdos.

A regência do estágio em História da UFSC realizada, entre março e julho de

2010, sob a orientação da Professora Andréa Ferreira Delgado, contava com quatro

duplas de estudantes, ao início do semestre, que trabalhariam diferentes temas de 5ª à 8ª

série. No entanto, todos inseridos na mesma proposta de estágio, que brevemente pode

ser definida pelo trabalho com documento histórico como fundamental à especificidade

da construção do conhecimento histórico escolar, na qual se circunscreve a

fundamentação teórico-metodológica da orientadora. A temática das aulas relaciona-se

também ao projeto da Professora Delgado, Saber escolar e conhecimento histórico:

itinerários para novas configurações da história escolar, que tem por objetivo a

análise de livros didáticos e, principalmente, a produção de material didático sobre a

escravidão e o pós-emancipação no Brasil (DELGADO, Andréa. Projeto de pesquisa.

2009).

Após definidos os temas e as séries minha colega de dupla e eu partimos para a

listagem dos temas e para as reflexões sobre as características das turmas as quais fomos

reservadas. Mas o trabalho coletivo mostrou-se frustrante e antes que o planejamento

fosse afetado optamos, sob os encaminhamentos da professora, por separar os

planejamentos e dividir as turmas. Restando uma turma para cada estagiária e uma

terceira para a qual o planejamento foi híbrido. A escolha das turmas, que cada uma

ministraria aulas, foi feita criteriosamente, com base nos planejamentos e nas

características das turmas, pela professora e pelo professor Fernando Leocino Silva,

professor de História do Colégio de Aplicação. Com isto, foi possível que, desde o

primeiro dia de observação, cada estagiária soubesse a turma para a qual preparava suas

aulas.

- 91 -

Foram realizadas reuniões após algumas aulas da observação e após todas as

aulas em que as estagiárias ministraram aulas, nestas estavam presentes o professor da

escola, as estagiárias e a orientadora, professora Delgado. Nas reuniões que se deram

durante as observações o professor mencionava os significados que atribuía a cada

passo das aulas e os motivos de fazê-los diferentemente em cada uma das turmas de

sétima série. Da importância de fazer a chamada no início da aula na curiosa 7ª C à

importância de pedir que a M. V., aluna nova e muito tímida, repita suas pertinentes

perguntas em voz alta para a agitada 7ª B. Ou seja, são peculiaridades da prática e do

saber docente que não só compõe, mas que são fundamentais ao currículo em ação. E

que só o estabelecimento de um diálogo com o professor da turma pode informar o

estagiário e fazê-lo compreender que não bastam os saberes da formação profissional,

os saberes disciplinares, os saberes curriculares, mas também os saberes experienciais

ou práticos. Assim é fundamental que os estagiários tenham em mente, assim como

aponta Tardif, que o professor é “alguém que deve conhecer sua matéria, sua disciplina

e seu programa, além de possuir certos conhecimentos relativos às ciências da educação

e à pedagogia e desenvolver um saber prático baseado em sua experiência cotidiana

com os alunos” (TARDIF, M.; LESSARD, C.; LAHAYE, L. 1991, p. 39)

Planejamento e re-planejamentos

As estagiárias receberam como temática das aulas „África antes do século XV‟,

o objetivo era trabalhar durante o período que compreende a Idade Média diferentes

recortes espaciais. A primeira preocupação foi quanto às nomenclaturas, afirmar que „A

Queda do Império Romano do Ocidente‟ e a „Revolução Francesa‟ simbolizam marcos

significativos ao continente africano seria no mínimo jocoso. Ou ainda, como sustentam

alguns, que tenha existido uma Idade Média Africana tal como a européia. Estudos

revelam que muitos locais na Europa não vivenciaram os elementos que atribuímos

como característicos à Idade Média, sequer o continente africano tão diverso

internamente.

Fez-se um recorte dentro da temática, optou-se por trabalhar os Reinos do Congo

e Dongo em detrimento de uma abordagem panorâmica. A opção por trabalhar estes

dois reinos deve-se também a sua importância ao trabalhar posteriormente, na 8ª série, o

comércio de escravos. Compreender, por exemplo, que a escravidão e outras relações de

trabalho dependente existiam para além do contato moderno com os europeus colabora

- 92 -

na reflexão acerca do protagonismo de africanos e europeus no comércio de escravos.

Ainda quanto a periodização, o trabalho de Carlos Moore Wedderburn contribuiu para

definir uma periodização mais significativa ao continente africano. O autor afirma que a

historiografia africana tem divido sua história em cinco grandes períodos,

“respectivamente denominados como „clássico‟, „neoclássico‟, „ressurgente‟, „colonial‟

e „contemporâneo‟”. Assim os reinos do Congo e Dongo floresceram no Período

Ressurgente (1500-1870), “marcado pelo apogeu e declínio dos Estados agro-

burocráticos ressurgentes nos diferentes espaços geo-civilizatórios” (MOORE, Carlos

Wedderburn. p. 22). Esta reflexão sobre uma periodização propriamente africana não foi

levada à sala de aula, o que se fez foi problematizar os marcos temporais existentes.

Confeccionou-se um conjunto de composto por seis textos didáticos e quatro

mapas didáticos. Os materiais didáticos não foram alterados durante o período em que

as aulas foram ministradas, em uma das aulas na turma dividida pelas estagiárias foi

preciso adaptar o texto didático que inseria o estudo dos reinos, como a 7ª B não

estudaria os Reinos do Congo e Dongo os últimos parágrafos do texto, que os

mencionavam, foram excluídos. Os textos didáticos faziam um progressivo movimento

de detalhamento, o primeiro deles tinha por cerne discutir questões mais gerais, como os

motivos de se estudar a historia do continente africano, problematização das

periodizações e as fontes para história da África. Do segundo ao quarto a preocupação

durante a elaboração era fazer com que os estudantes compreendessem que apesar da

diversidade intra-continental há regiões na África que dispõem de algumas

similaridades em suas práticas sócio-culturais. Portanto, similaridades lingüísticas, nos

arranjos familiares, nos hábitos alimentares, nas relações de trabalho, nas manifestações

religiosas, dentre outros.

O planejamento inicial foi garantido pelos planos e materiais didáticos que

estavam prontos desde o dia em que os estagiários ministraram sua primeira aula. Mas

as metodologias de abordagem foram testadas e re-planejadas a todo momento e

garantiram o andamento interação dos estagiários com os alunos. Enquanto a estratégia

de leitura e explicação gerava bons rendimentos na 7ª A, na 7ª C os estudantes

praticamente „amotinaram-se‟ contra a metodologia de trabalho com texto didático. A

característica da 7ª C é a curiosidade, durante o conselho de classe muitos professores

reconheceram a quantidade de perguntas que a turma faz é muito superior às outras da

mesma série. Nesta turma empregou-se uma nova estratégia ao longo das aulas, após a

leitura de cada trecho do texto didático sorteavam-se dois estudantes para contribuir

- 93 -

com a explicação do parágrafo. A metodologia funcionou de tal forma que no último dia

de leitura com texto a estagiária ficou com dúvida se havia elaborado uma aula abaixo

do rendimento da turma ou se os estudantes se adequaram à metodologia. Ainda que os

estudantes desta turma travassem verdadeiras disputas uns com os outros para ter a

oportunidade de ler os parágrafos do texto, mudar a metodologia foi fundamental para

renovar o fôlego dos estudantes que não estavam acostumados a trabalhar

sistematicamente com leitura textos didáticos.

Na tentativa de melhorar os ânimos das aulas na 7ª B empregou-se a mesma

metodologia de sortear os estudantes para contribuir com a explicação. A metodologia

mostrou-se frustrante, muitos dos estudantes não demonstraram interesse em participar

e a metodologia que tinha por objetivo aumentar a participação deles acabou não sendo

viável de continuar. Assim, foi somente na interação dos estudantes com os conteúdos

planejados, dos estudantes com as estagiárias que foi possível „testar‟ as metodologias,

mantendo-as ou re-planejando-as. Neste(s) re-planejamento(s) feitos durante a prática, a

orientadora, o professor da escola e a outra estagiária (que embora não compusesse mais

uma dupla, assistiu a todas as aulas e fez considerações importantes para o andamento

das mesmas) têm papel fundamental, eles contribuem com reflexões críticas com o

intuito contribuir para o desenvolvimento de metodologias que favoreçam a

aprendizagem.

Em uma das aulas precisou-se explicar o conceito de linhagem e seus

significados na região da África Centro-Ocidental para os estudantes, ao fazê-lo pela

primeira vez e notou-se que a explicação havia ficado um tanto vaga. Ainda que na

reunião posterior àquela aula ninguém tenha mencionado nada sobre a explicação do

conceito a idéia de que os estudantes não tivessem apreendido a importância do

conceito era cruciante. Enquanto relia o texto didático dentro do ônibus na volta pra

casa a organização dos bancos do ônibus deu-me uma idéia. Na aula seguinte, após

retomar a aula anterior através de questões o conceito de linhagem foi re-explicado,

desta vez exemplificando as unidades familiares por meio das carteiras de cada

estudante e as linhagens por meio das filas que cada carteira alinhada forma. Com isto,

foi solicitado que os estudantes identificassem os sucessores e os antecessores de seu clã

familiar. A estratégia foi bastante salutar e fez com que os estudantes conseguissem

„visualizar‟ o arrolamento dos clãs, feito oralmente, para legitimar o direito de utilização

uma determinada porção de terra na África Centro-Ocidental. Notou-se que, nas

atividades, os estudantes conseguiram relacionar o conceito de linhagem a outras

- 94 -

questões como arranjos matrimoniais, relação de trabalho dependente e escravidão,

sucessão política, etc.. Assim, “os professores, no exercício de suas funções e na prática

de sua profissão, desenvolvem saberes específicos, baseados em seu trabalho cotidiano

e no conhecimento de seu meio. Esses saberes brotam da experiência e são por ela

validados” (TARDIF, M. Op cit.).

Atividade diagnóstica: conhecimentos prévios e a sala de aula

A primeira aula ministrada pelas estagiárias tinha por objetivo aplicar uma

atividade diagnóstica, ou seja, uma atividade que possibilite apreender as noções que os

estudantes da 7ª série do Colégio de Aplicação têm acerca do continente africano.

Esta abordagem sintoniza-se com as atuais perspectivas que têm animado

produções historiográficas e pedagógicas que consideram o sujeito que

aprende como um sujeito portador de experiências e representações

socioculturais e ativo no processo de aprendizagem. Do ponto de vista da

educação histórica importa, dentre outras questões, conhecer as

representações sociais que orientam as interpretações e ações dos alunos (nas

suas mais variadas idades) afim de torná-las objeto de problematização e

reconstrução. (SIMAN, Lana. 2005. p. 350)

A atividade elaborada pelas estagiárias eram um pouco diferentes, mas quando

analisadas atingem os mesmos objetivos. A atividade compusera-se de seis séries de

quatro imagens organizadas a parir dos temas natureza, arquitetura antiga,

características das pessoas, crianças, centros urbanos e habitações. Cabendo aos

estudantes assinalar uma ou mais imagens que acreditar pertencer ao continente

africano. Em primeiro momento, não se pensou na possibilidade de que justificassem

suas respostas, mas ao observar a aplicação da atividade da outra estagiária considerou-

se que seria fundamental obter as justificavas dos estudantes. Para tanto, solicitou-se

que os estudantes escrevessem “Justifique sua resposta” ao lado do enunciado.

1. Sabemos muito sobre a África, diariamente vemos imagens e/ou vídeos

na televisão e internet, dificilmente os jornais passam um dia sem trazer

ao menos alguma notícia. Com estas informações construímos

representações sobre esse continente. A partir do que você conhece, em

cada uma das linhas, assinale uma ou mais fotografias que você acredita

ser do continente africano.

- 95 -

O professor do colégio realizou exercício semelhante com as sétimas séries do

ano anterior. Logo após ditar as palavras África, recreação, comida, roupas, entre outras,

caberia aos estudantes escrever uma outra que correspondesse àquela ditada, devendo

expor a maneira como ela palavra teria sentido na África. Os resultados foram

extremamente significativos, a maioria das respostas demonstrou a existência de uma

noção negativa do continente. Para a palavra clima a maioria escreveu seco e quente;

para moradia, barraco, ruim, precária; para trabalho, desemprego, escravo, forçado; para

jogo, citaram futebol, sobrevivência, prostituição; na categoria países os mais citados

foram a África do Sul, Egito e Cabo Verde, mas surgiram outros como África e

Jamaica. Desta forma, observa-se que as noções que os estudantes têm sobre o

continente africano são bastante distorcidas e pejorativas. A similaridade do conjunto

das respostas demonstra que há um contato com informações obtidas previamente, fora

do âmbito de educação formal, e que estas atuam diretamente no currículo em ação.

Estas noções advindas de experiências sociais anteriores contribuem para “resistências”

e aversões aos conteúdos trabalhados em sala.

Ainda que o Projeto Político Pedagógico e o livro didático adotado pela escola

contemplem conteúdos de história da África e dos africanos na dispersão atlântica, os

estudantes continuam a expor noções homogeneizantes e, muitas vezes, preconceituosas

sobre o a África.

Com isto, é fundamental que os professores ao trabalhar com o

continente africano, ou com outros recortes espaciais que suscitem questões

semelhantes, empreender uma atividade diagnóstica. A representação que a maioria dos

estudantes apresenta é caudatária de perspectivas historiográficas eurocêntricas e

legitimadoras do colonialismo do final do século XIX e da primeira metade do XX.

Identificar as representações que os estudantes fazem a respeito de

determinados temas históricos poderá contribuir tanto para elucidar as bases

sobre a as quais vêm se estruturando seus imaginários e suas identidades

sociais, quanto para identificar as relações que essas guardam com o ensino

de História e com seus universos sócio-culturais (SIMAN, Lana. 2001. p.

151).

Estas representações quando reforçadas diariamente, pelos meios de

comunicação e/ou pelo convívio social “funcionam como verdadeiros esquemas

- 96 -

interpretativos resistentes a mudanças”.13

Ou seja, aqueles conhecimentos prévios que

os estudantes portam interferem na relação que eles estabelecem com as metodologias e

conteúdos trabalhados em sala.

Seria ingênuo pensar que as aulas de história ministradas pelas estagiárias

tenham transformado as representações que os estudantes construíram. As aulas devem

ser pensadas numa perspectiva mais ampla, na qual as aulas seriam um primeiro passo

para problematizar o senso-comum. Uma vez que, como determinado por lei, os

conteúdos relativos ao continente africano deverão ser trabalhados em inúmeros

momentos do decorrer da história escolar.

Mas, ainda que a atividade porte limitações, ela nos permitiu compreender que

as noções expressas pelos estudantes sobre o continente africano estão em ressonância

com as informações negativas, na maioria das vezes, propagadas pelos meios de

comunicação. A atividade consistiu em partir daquelas informações prévias, obtidas em

outros espaços de socialização, já que os estudantes da sétima série ainda não tinham

visto nada, até então, sobre a África na escola, problematizando-as, para depois seguir

com a exploração do conteúdo programado.

A maioria das imagens foi extraída do acervo digital do centro de pesquisa

“Casa das Áfricas” e as demais de sítios não especializados. Aos estudantes coube

assinalar uma ou mais imagens que acreditassem ser do continente africano e justificar

os motivos pelos quais a, ou as, assinalou. O que os estudantes não sabiam é que todas

as fotografias eram do continente africano. Buscamos, em cada série, mostrar imagens

de contextos bastante diversos, no entanto, contemporâneos, elas pertencem, em geral, a

última década do século XX e início do XXI.

Natureza:

Na série Natureza apareciam as imagens do Monte Kilimanjaro (Tanzânia), um

Baobá (Namíbia), um Leão (Namíbia) e a Fenda de Tundavala (Angola), sendo que

94% deles assinalou o leão e 58% o Baobá, justificando que “A África me lembra

animais; Porque na África tem muito lugar com bicho soltos; Porque é seco e na africa

é assim; Porque eu vi num filme e era assim; A árvore seca é africana pois lá tem um

13

Ibidem, p. 165.

- 97 -

ambiente muito seco; Porque eu vi num filme o safari africano, que tinha leões”. As

demais repostas têm proporções menos expressivas.

Arquitetura Antiga:

Na série Arquitetura Antiga apareciam as imagens das pirâmides (Egito),

Mesquita de Djnné (Mali), Portal de Bab Aganou (Marrocos) e o Palácio

Manjakamiadana (Madagascar). As pirâmides do Egito foram assinalas por 80% dos

estudantes enquanto as demais variam igualmente entre 20 e 24%. Sendo justificado

assim: “Porque existem piramides na Africa; Porque existem piramides na africa; Foi na

africa que moraram os egipcios; Porque a sua arquitetura é um pouco mais escura e

descascada; Porque o egito é o meu 3º país favorito, eu sei que ele fica no norte da

África”.

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Série: Natureza

1ª Imagem 14%

2ª Imagem 58 %

3ª Imagem 94%

4ª Imagem 16%

- 98 -

Características das Pessoas:

Quanto a série de imagens sobre as Características das Pessoas apareciam as

imagens de um homem wadabê (Níger), um grupo de homens massai (Tanzânia), uma

mulher (Etiópia) e um grupo de pessoas da África do Sul. A fotografia do grupo de

homens negros da etnia massai foi a mais assinalada, 86% no total, e a menos assinalada

foi a imagens de um casamento de com pessoas brancas na África do Sul. Justicando-se

assim “As pessoas são negras lá; Geralmente as pessoas são negras a africa é um paiz

pobre , muita gente pobre e com fome”.

Crianças:

Para a série Crianças apareciam fotografias de uma menina loura (África do

Sul), fotografia de Kevin Carter (Sudão), um grupo de meninas de uma escola

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Série: Arquitetura Antiga

1ª Imagem 80%

2ª Imagem 24%

3ª Imagem 24%

4ª Imagem 20%

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35

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50

Série: As características das

pessoas

1ª Imagem 58%

2ª Imagem 86%

3ª Imagem 48%

4ª Imagem 6%

- 99 -

(Marrocos) e uma outra com crianças negras vestidas com uniforme escolar (Namíbia).

A imagem mais assinalada foi a fotografia da criança próxima ao abutre de Kevin

Carter, 86%, e as menos assinaladas foram as imagens da menina da África do Sul e a

das crianças da Namíbia, com 6 e 12%.

Centros Urbanos:

Na série Centros Urbanos apareciam as imagens de uma feira em Thika

(Quênia), de Nairobi (Quênia), da Baía de Luanda (Angola) e de uma rua em Pretória

(África do Sul). As imagem da feira de Thika no Quênia que não é um centro urbano foi

assinalada por 100% dos estudantes, enquanto as demais não foram assinaladas

atingiram mais que 12% das escolhas. Os estudantes justificaram da seguinte forma

“[Assinalei este] Por ser decadente; Centros urbanos são pobres; Porque as feiras ficam

no centro; porque a áfrica é um país pobre.”

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Série: Crianças

1ª Imagem 12%

2ª Imagem 86%

3ª Imagem 48%

4ª Imagem 6%

- 100 -

Habitações:

Na última série apareciam uma habitação massai (Tanzânia), uma habitação

himba (Namíbia), casas construídas sob influência lusitana na Ilha de Maio (Cabo

Verde) e um prédio residencial em Maputo (Moçambique). O que chama atenção nesta

série é a imagem menos assinalada, enquanto as outras três foram assinalas por cerca de

21 a 25 dos estudantes, a imagem do prédio residencial foi assinalada por apenas 10%

deles. De acordo com as justificativas “Não tem prédios lá; As casas são pobres; as ocas

de palha na área rural e os sobrados na área urbana; pois como sua cultura é pobre eles

vivem amuntuados”.

Para melhor analisar os dados desta atividade seria importante conhecer alguns

aspectos cotidianos da vida dos estudantes como fez Lana Maria de Castro Siman em

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Série: Centros Urbanos

1ª Imagem 100%

2ª Imagem 12%

3ª Imagem 6%

4ª Imagem 10%

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35

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Série: Habitações

1ª Imagem 50%

2ª Imagem 44%

3ª Imagem 42%

4ª Imagem 10%

- 101 -

Pintando o descobrimento: o ensino de História e o imaginário de adolescentes. Neste

trabalho a autora conseguiu, através de um questionário listar algumas hábitos e

identificar o segmento sócio-econômico dos sujeitos participantes da pesquisa. Nesta

atividade não foi possível ir além da diferenciação de gênero e da identificação do local

onde estudam os sujeitos.

A análise da atividade diagnóstica demonstra a existência de um núcleo central

de representações acerca do continente africano. Noções deturpadas e pejorativas do

continente ainda muito próximas do discurso do colonizador do século XIX estão

presentes no imaginário de estudantes de um colégio federal. A atividade evidenciou a

incapacidade que muitos têm de associar pessoas fenotipicamente brancas ao continente

africano, a existência prédios ou de grandes centros urbanos, assim dificuldade de

relacionar a grandes obras arquitetônicas ao continente. Se mantém petrificada a noção

de que todas as pessoas são pobres, que vivem entre leões e que cenas como a da

menina ao lado do abutre são endêmicas, não epidêmicas. Não se deseja com isto

ignorar a desigualdades sociais, corrupção, guerras e etc., se pretende que os estudantes

tenham contato com conteúdos que apresentem a diversidade existente no continente

africano, ou ainda, a complexificação da realidade que as informações veiculadas pelos

meios de comunicação deixam de considerar. Com isto, “numa perspectiva

construtivista da aprendizagem, considera-se que os denominados conhecimentos

prévios desempenham um papel fundamental nos processos de aprendizagem” (IDEM).

- 102 -

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- 104 -

4. Cronogramas

4.1. Cronograma das aulas ministradas na regência – 7ª B e 7ª C

Calendário das Aulas 7ª C Calendário das Aulas 7ª B

Terça-feira Quarta-feira Quarta-feira Quinta-feira

11/05 aula 1

12/05 aulas 2 e 3

12/05 aulas 1 e 2

13/05 aulas 3

18/05 aula 3

19/05 aulas 5 e 6

19/05 aulas 4 e 5

*20/05 aulas 6

25/05 aula 7

26/05 aulas 8 e 9

*26/05 aulas 7 e 8

27/05 aulas 9

01/06 aula 10

02/06 aulas 11 e 12

02/06 aulas 10 e 11

*03/06 aulas 12

08/06 aula 13

09/06 aulas 14 e 15

*09/06 aulas 13 e 14

*10/06 aulas 15

15/06 aula 16

16/06 aulas 17 e 18

*16/06 aulas 16 e 17

*17/06 aulas 18

22/06 aula 19

23/06 aulas 20 e 21

*23/06 aulas 19 e 20

*24/06 aula 21

* Aulas ministradas pela estagiária Angela Lima na 7ª série B

4.2. Cronograma das atividades do Estágio Supervisionado II

Atividades Meses

mar. abr. maio jun jul.

Elaboração dos planos de aula x x

Elaboração da estrutura do projeto x x

Observação no Colégio de Aplicação x x

Regência no Colégio de Aplicação x x

Entrega do projeto de ensino x

4.3. Cronograma das atividades do Estágio Supervisionado III

Atividades Meses

ago. set. out. nov. dez.

Elaboração do currículo em ação x x

Elaboração da apresentação para o seminário

interno

x

Produção do capítulo do livro x

Correção do material didático x

Entrega do relatório final x