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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL JOSÉ GRACIANO DIAS JÚNIOR ANÁLISE DAS DESCONTINUIDADES EM PROCESSOS REPETITIVOS DE OBRA COM UMA VISÃO EM UM AMBIENTE LEAN FORTALEZA 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

JOSÉ GRACIANO DIAS JÚNIOR

ANÁLISE DAS DESCONTINUIDADES EM PROCESSOS REPETITIV OS DE OBRA COM UMA VISÃO EM UM AMBIENTE LEAN

FORTALEZA 2010

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JOSÉ GRACIANO DIAS JÚNIOR

ANÁLISE DAS DESCONTINUIDADES EM PROCESSOS REPETITIV OS DE OBRA COM UMA VISÃO EM UM AMBIENTE LEAN

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. Orientador: Prof. Luiz Fernando Mählmann Heineck

FORTALEZA 2010

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D53a Dias Júnior, José Graciano Análise das descontinuidades em processos repetitivos de obra com uma visão em um ambiente LEAN / José Graciano Dias Júnior. -- Fortaleza, 2010.

50 f. ; il. color. enc. Orientador: Prof. PhD. Luiz Fernando Mahlmann Heineck Área de concentração: Construção Civil

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Depto. de Engenharia Estrutural e Construção Civil, Fortaleza, 2010.

1. Construção enxuta. 2. Construção Civil. I. Heineck, Luiz Fernando Mahlmann (Orient.). II. Universidade Federal do Ceará – Graduação em Engenharia Civil. III. Título.

CDD 620

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JOSÉ GRACIANO DIAS JÚNIOR

ANÁLISE DAS DESCONTINUIDADES EM PROCESSOS REPETITIV OS DE OBRA COM UMA VISÃO EM UM AMBIENTE LEAN

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Aprovada em: 19/10/2010

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________ Prof. Luiz Fernando Mählmann Heineck

Universidade Federal do Ceará (Orientador)

_________________________________________ Hudson Silva Oliveira

Fibra Construções Ltda.

_________________________________________ Roberto Hiluy Moreira

Blokus Engenharia Ltda.

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RESUMO

Esta monografia objetiva estudar as descontinuidades observadas em um ambiente onde estavam presente alguns dos princípios da Lean Construction, buscando compreender as causas dessas interrupções e o quanto estas interferem nas atividades seguintes, bem como sugerir medidas para que tais descontinuidades sejam reduzidas ou eliminadas. Para a realização do estudo, foram analisados os planejamentos semanais de uma etapa de um empreendimento, por meio de diagramas de seqüência, dos quais foram extraídas as interrupções existentes e suas respectivas causas. Como suporte para essa análise, desenvolveu-se um método de avaliação para identificar, em três níveis (alta, média e baixa), a importância das atividades dentro da etapa e em relação à etapa seguinte. Em um quadro resumiram-se: a ocorrência de interrupções, com a causa correspondente; a atividade que foi prejudicada; e a importância dessa atividade para a etapa analisada e sobre a seguinte. Ao final, pôde-se concluir que as descontinuidades ocorrem em um ambiente que utiliza alguns dos conceitos da construção enxuta com uma freqüência significativa e sob atividades importantes para a completa e contínua realização da etapa em análise, como para a etapa seguinte.

Palavras-chaves: Construção enxuta, descontinuidade e método de avaliação.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1. Planta do apartamento tipo 00 e 02 ..................................................................... 11

Figura 3.2. Planta do apartamento tipo 01 ............................................................................ 12

Figura 3.3. Diagrama semanal de uma célula de trabalho ..................................................... 15

Figura 4. Ciclo de atividades da Etapa 3 ............................................................................... 18

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LISTA DE QUADROS Quadro 3.1. Seqüência de atividades dentro de um apartamento ........................................... 17

Quadro 3.2. Divisão dos diagramas de seqüência por equipes .............................................. 20

Quadro 3.3. Quadro de importâncias das atividades ............................................................. 22

Quadro 3.4. Respostas para importância da atividade ........................................................... 23

Quadro 3.5. Resposta geral para a importância da atividade ................................................. 24

Quadro 3.6. Quadro resumo das importâncias das atividades ................................................ 25

Quadro 3.7. Relação entre interrupções, causas e importância das atividades ....................... 29

Quadro 3.8. Motivos principais das causas ........................................................................... 33

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1 1.1 Justificativa ................................................................................................................ 1 1.2 Caracterização do tema ............................................................................................... 1 1.3 Objetivos .................................................................................................................... 2

1.3.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 2 1.3.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 2

1.4 Metodologia ............................................................................................................... 2 1.5 Estrutura do trabalho .................................................................................................. 3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 4

2.1 Descontinuidade no sistema da Lean Construction ..................................................... 4

2.2 Ciclos de atividades .................................................................................................... 6 2.3 Descontinuidade nos processos ................................................................................... 7 2.4 Relação entre elementos de uma obra ......................................................................... 8

3. ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................. 11

3.1 Apresentação do empreendimento ............................................................................ 11 3.2 Caracterização do ambiente Lean da construtora ....................................................... 12 3.3 Etapas do empreendimento ....................................................................................... 13 3.4 Ciclo da Etapa 3 ....................................................................................................... 14 3.5 Diagramas coletados da Etapa 3 ................................................................................ 19 3.6 Análise das Descontinuidades ................................................................................... 20

3.6.1 Descontinuidades e causas ................................................................................. 20 3.6.2 Importância das atividades ................................................................................. 21 3.6.3 Relação entre interrupções, causas e importância das atividades ........................ 28

3.6.4 Detalhamento das causas ................................................................................... 33 4 DISCUSSÕES ............................................................................................................. 34 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS........ 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 39

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Justificativa

A filosofia do Lean Construction vem aplicando ao setor da construção civil

métodos e teorias desenvolvidos inicialmente para a indústria de produção de automóveis.

Nesses princípios estão envolvidos vários aspectos como desenvolvimento de fluxos

contínuos, redução do desperdício de materiais e do tempo e o conceito de cooperação mútua

entre equipes de trabalho.

A realização das atividades dentro da filosofia da construção enxuta segue

principalmente o princípio do fluxo contínuo, o qual prioriza a realização das atividades sem

interrupções e de uma maneira seqüencial no seu devido tempo dentro da programação da

obra.

Entretanto um dos problemas que os princípios de construção enxuta não possuem

totalmente dominado é o de descontinuidade de atividades. Estes podem ainda seguir desta

forma um fluxo não contínuo. É, portanto de importante relevância a abordagem do tema uma

vez que depois de dominado esse problema pontual o sistema de Lean Construction poderia

ter um avanço maior na sua aplicação no ramo da construção civil o que acarreta menores

tempos de realização das atividades, melhor gerenciamento da obra e consequentemente

melhor retorno em produtividade para os construtores.

1.2 Caracterização do tema

A análise da descontinuidade de serviços em obras correntes no geral já foi

estudada, sendo inclusive avaliado o impacto dessas interrupções sobre o andamento geral da

obra, como pode ser observado através dos trabalhos de Heineck (1983) e Piggot (1974). Uma

interrupção diz respeito a tudo o que quebra a seqüência de determinada atividade podendo

ela ser reiniciada imediatamente depois ou não. As descontinuidades trazem impactos

negativos sobre a obra. Segundo Piggot (1974), por exemplo, o grande volume de

interrupções principalmente no começo das atividades é um problema que pode ser resolvido

através de um controle melhor do planejamento das atividades.

Apesar do conhecimento da existência da descontinuidade de serviços, muitos

usuários da filosofia da Lean Construction não atentam para um estudo mais detalhado da

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mesma, como causas, conseqüências e impactos dessas descontinuidades sobre a obra, sendo,

portanto, o assunto pouco explorado.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

O principal objetivo desse trabalho é avaliar o impacto da descontinuidade sobre

as atividades de uma das etapas do processo de produção enxuto em uma obra de construção

civil.

1.3.2 Objetivos Específicos

− Realizar um estudo de caso de como são dispostas as equipes nos espaços

físicos de trabalho na realização de determinadas atividades de uma das etapas construtivas do

empreendimento;

− Estudar as causas das descontinuidades encontradas através da ferramenta de

controle da produção denominada de Diagrama de Seqüência;

− Avaliar o impacto dessas descontinuidades encontradas nessa etapa da obra

sobre o andamento da mesma tentando apresentar o quanto essa descontinuidade impactou

sobre a obra;

− Sugerir medidas para diminuir ou eliminar as descontinuidades sobre essa

etapa da obra de maneira que elas possam ser generalizadas paras as demais etapas.

1.4 Metodologia

Para a realização do estudo deste trabalho foi escolhida uma construtora que

aplicava os conceitos da Lean Construction bem com as suas ferramentas de acordo com as

suas necessidades, como andon, kanbam, quadro heijunka e outras.

Foram coletados desta empresa os diagramas de seqüência, que correspondem à

programação semanal das atividades para as células de trabalho. A programação coletada

corresponde a Etapa 3 do empreendimento.

Foram avaliados todos os diagramas coletados buscando-se identificar as

descontinuidades através das marcações feitas sobre o próprio diagrama da data de realização

da atividade, bem como as causas e motivos dessas ocorrências.

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Após a análise dos dados desenvolveu-se inicialmente uma forma de identificação

da importância das atividades sobre outras atividades dentro da Etapa 3 e sobre atividades da

etapa seguinte, a Etapa 4. Essa identificação foi feita através da classificação da importância

de uma atividade sobre a outra através de uma escala de avaliação, a qual possuía três

respostas possíveis: alta, média ou baixa influência sobre a atividade seguinte. Em seguida,

mostrou-se como as descontinuidades influenciaram sobre as atividades da Etapa 3 e Etapa 4,

as quais foram classificadas conforme descrito anteriormente.

A partir dessa análise das causas e das influências dessas descontinuidades sobre

as atividades, foram elaboradas algumas sugestões para que as descontinuidades pudessem ser

sanadas ou evitadas.

1.5 Estrutura do trabalho

O trabalho está dividido em cinco capítulos. O primeiro trata da introdução do

tema abordado, expondo a justificativa para o estudo e seu desenvolvimento, a caracterização

do assunto que explica o contexto no qual esse se insere, o objetivo geral e os específicos

deste trabalho, e por fim a metodologia empregada para o desenvolvimento do trabalho. O

segundo capítulo traz o levantamento bibliográfico realizado. Este capítulo é bastante direto e

objetivo, não tendo como intuito explorar com mais detalhes os assuntos referentes à Lean

Construction. O terceiro capítulo mostra os fatos que foram obtidos a partir da análise feita

sobre os dados fornecidos pela empresa, bem como o tratamento empregado nesses dados e a

obtenção dos resultados sobre descontinuidades. Este capítulo também apresenta de maneira

mais detalhada a metodologia empregada para a análise dos dados. O quarto capítulo expõe as

discussões sobre os resultados obtidos no capítulo anterior a esse, as quais, com base nos fatos

observados, propõem medidas para que as descontinuidades não ocorram dentro da seqüência

de atividades. O quinto capítulo expõe a conclusão deste trabalho e sugere opções de

trabalhos futuros sobre o tema abordado.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Descontinuidade no sistema da Lean Construction

Segundo Koskela (1992) o Lean Construction, denominação para a construção

enxuta, possui dois princípios fundamentais: Just In Time (JIT) e a autonomação. O primeiro

está baseado na produção automotiva de carros da Toyota em que há uma diminuição no

tamanho de lotes trabalhados, reconfiguração do layout de trabalho, ajuda mútua entre os

envolvidos na atividade e diminuição do tempo de execução. A diminuição dos lotes de

trabalho é uma das principais diferenças em relação ao modelo de produção tradicional

baseado nos modelos desenvolvidos por Frederick Taylor e Henry Ford no início do século

XX. Esse modelo era conhecido como de produção em massa, em que se buscava reduzir os

custos unitários de produção através do trabalho com estoques de materiais e ritmo de

produção elevada. A diminuição das quantidades de produtos finais tem como objetivo

também a busca contínua da satisfação dos consumidores, pois como afirma Ohno (1988):

Os valores sociais mudaram. Agora, não podemos vender nossos produtos a não ser

que nos coloquemos dentro dos corações de nossos consumidores, cada um dos

quais tem conceitos e gostos diferentes. Hoje, o mundo industrial foi forçado a

dominar de verdade o sistema de produção múltiplo, em pequenas quantidades.

No modelo JIT, o desperdício é o princípio fundamental, de maneira que se busca

sempre a eliminação do elemento fundamental que é o tempo, o qual não pode ser recuperado

após perdido, ao contrário de um determinado material ou insumo. O tempo é aqui tratado de

maneira geral como tempo de espera, tempo de descarregamento ou qualquer outro tipo que

não agrega valor ao produto final. Todos esses itens referentes ao tempo que não agregam

valor podem ser entendidos também como itens que comprometem a continuidade da

realização das atividades, pois, por exemplo, um tempo de espera a mais para a produção de

uma argamassa compromete a realização de uma atividade de assentamento de tijolo que

podia ser realizada dentro de um ritmo definido.

Além do tempo, os itens seguintes também são tidos como objetivos a serem

alcançados por meio da sua total eliminação ou redução:

− Superprodução;

− Transporte;

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− Processamento;

− Estoque;

− Movimentação;

− Defeitos.

Observa-se também que há influência da ocorrência desses elementos citados

anteriormente sobre a ocorrência de descontinuidades. A superprodução pode influenciar

diretamente sobre o fluxo de atividades, uma vez que, ocorrendo um excesso de realização de

atividades e geração de produtos com valor agregado quebra-se a seqüência de realização das

atividades. Embora seja visto como um adiantamento, a superprodução é tida sob um aspecto

negativo. O transporte também interfere na ocorrência da continuidade das atividades, pois

basta que um determinado insumo ou mão-de-obra não chegue ao seu local de emprego para

que a atividade fique prejudicada. O processamento pode gerar descontinuidades, pois durante

a junção de insumos e mão-de-obra empregada para a obtenção de um produto com valor

agregado para o cliente final podem ocorrer falhas ou imperfeições as quais podem resultar

em paradas da atividade para definição de como o processamento deve ser executado de

maneira correta, gerando um novo recomeço da atividade.

O estoque interfere na continuidade das atividades de maneira indireta, pois como

exemplo uma escassez de estoque pode acarretar na interrupção de uma atividade devido à

falta de um determinado material ou insumo básico. A movimentação influencia o fluxo

contínuo através, por exemplo, da interferência entre atividades, o que pode trazer como

conseqüência também a parada de uma determinada tarefa. Como exemplo prático pode-se

citar a movimentação de materiais por meio de uma grua externa, a qual pode impedir a

realização de serviços na fachada com o balancim devido ao risco de acidentes. Os defeitos

encontrados interferem sobre as atividades uma vez que será necessário ser refeito um serviço

o qual será realizado em detrimento de outro que poderia estar sendo realizado dentro de uma

seqüência predefinida de atividades. Desta maneira, pode-se perceber que os elementos a

serem eliminados propostos pelo Lean Construction podem interferir sobre a continuidade das

atividades de alguma maneira direta ou indireta.

Tendo conhecimento desses conceitos explanados, apresenta-se aqui o conceito de

JIT que é, num fluxo de processos, a simples disposição dos recursos, qual seja a sua

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natureza, no tempo certo, no local certo e na quantidade necessária. Para Kliemann Neto e

Antunes Júnior (1993) o JIT é:

A filosofia JIT constitui-se em uma estratégia de competição industrial,

desenvolvida inicialmente no Japão, e que objetiva fundamentalmente dar uma

resposta rápida e flexível às flutuações do mercado (orientado para o consumidor), e

isto associado a um elevado nível de qualidade e custos reduzidos para os produtos.

Ou seja, trata-se de uma estratégia que dá ênfase à redução da quantidade de

produtos em processo, de matérias-primas e de produtos acabados, o que acaba

proporcionando uma maior circulação do capital.

Para Lubber (1989) a definição de JIT é um “termo que pretende transmitir a ideia

de que os três principais elementos da manufatura – recursos financeiros, equipamento e mão-

de-obra são colocados somente na quantidade necessária e no tempo requerido para o

trabalho”. Entende-se, portanto, que o emprego do JIT dentro de um ambiente de construção

civil é totalmente propenso a ocorrência de continuidade nos processos, uma vez que com o

emprego do JIT há a realização das atividades dentro de um ritmo bem definido sem

interrupções.

2.2 Ciclos de atividades

No sistema da Lean Production as atividades acontecem em um fluxo contínuo

dos processos. Esse conceito é então trazido para a Lean Construction de maneira que é

possível se identificar a melhor maneira que determinada tarefa pode ser realizada e a geração

de ciclos das atividades para que haja uma maior repetição.

Esse ciclo de atividades pode ser expresso em uma escala de curto prazo, sendo o

planejamento realizado de acordo com cada situação. O ciclo de planejamento de curto prazo

vai depender do tipo de obra que se está trabalhando, podendo, caso esta tenha um tempo de

duração muito pequeno, por exemplo, esse planejamento pode ser diário. (FORMOSO, 2000).

O ciclo pode ser realizado também semanalmente sendo que através deste pode-se detalhar

todas as atividades que serão realizadas, distribuindo-as ao longo da semana. Como também

apresentar o detalhamento dos recursos físicos como equipamentos, ferramentas e mão-de-

obra.

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Faz-se necessário dentro de um ambiente que emprega esse ciclo de atividades um

melhoramento contínuo para que o ciclo possa ser otimizado. Uma das possibilidades para o

desenvolvimento desse aperfeiçoamento é a redução da variabilidade. Koskela (1992) afirma

que o processo de produção por si só é variável e que existem duas razões para que essa

variabilidade seja reduzida. Primeiro, porque sob a visão do consumidor final um produto

uniforme é melhor. Isso é confirmado por Bendell et al. (1989) que propõe através dos

métodos de Taguchi que qualquer desvio do objetivo final produz uma perda quadrática em

função do desvio. Segundo, porque a variação não agrega valor ao produto final, apenas

perdas para quem está executado o serviço. Para Formoso (2000) a redução da variabilidade

envolve também o próprio processo, sendo desejada uma maior uniformidade na duração da

execução de uma determinada atividade, ao longo de vários ciclos.

2.3 Descontinuidade nos processos

As descontinuidades dizem respeito às interrupções que são geradas dentro dos

ciclos das atividades que estão sendo realizadas de maneira contínua. Heineck (1983) afirma

de maneira geral que, sem importar a causa do problema ou até mesmo a combinação dela

com outros fatores, a descontinuidade do trabalho é prejudicial ao andamento da obra.

As interrupções nos processos ocorrem de maneira significativa em relação ao que

se planeja para a realização da obra. Pigott (1974) quantificou, sendo o precursor, essas

interrupções nas atividades dentro do canteiro de obras. Ele chegou à conclusão que o número

médio de interrupções foi no mínimo duas vezes, sendo o número máximo quatro vezes o

número mínimo.

Pigott (1974) apresenta um resultado quantitativo para as causas das interrupções

bastante significativo que é: 10% do número total de interrupções observado por ele durante

uma pesquisa realizada na construção de três unidades residenciais estão relacionados com a

falta de material ou problemas relacionados ao projeto. O restante, 88% das interrupções é

devido a retrabalho.

O retrabalho consiste na execução repetida vezes de determinada atividade que

inicialmente foi realizada de maneira incorreta por motivos vários, percorrendo desde

problemas relacionados à falta de comunicação até erros de projeto. É de senso comum que

todo retrabalho produz perda associadas e segundo Alarcon (1997), perdas são todas as

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atividades que exigem tempo e dinheiro de maneira que não acrescentam valor ao produto

final.

Tendo como base o constante retrabalho, foi então instituída a oitava categoria de

perda, conhecida como Making-do. Segundo Koskela (2004), Making-do é a situação em que

uma atividade foi iniciada sem possuir todos os seus itens de entrada para a sua completa e

correta realização, que pode ser um material, uma máquina, uma ferramenta ou qualquer outro

elemento a ser empregado na atividade. Ainda segundo Koskela (2004) isso ocorre

principalmente devido a persistência por parte dos administradores da obra para que

determinada atividade ocorra o mais rápido possível, desta maneira, a atividade pode até ser

iniciada, porém será realizada incompletamente ou de maneira errada o que resultará em

retrabalho e paralelamente estará gerando também descontinuidade nos processos. Assim

pode-se observar que a oitava perda também pode gerar interrupções nas atividades.

Koskela (1992) recomenda como boas práticas para melhorar a qualidade dos

processos, projetar e preferir processos que tenham pouca variabilidade e medidas para

detectar e corrigir defeitos rapidamente, o que deve ser compreendido como práticas para

diminuir ou evitar qualquer tipo de interrupção durante a ocorrência do fluxo contínuo de

atividades.

2.4 Relação entre elementos de uma obra

O método desenvolvido neste trabalho para a importância entre atividades de uma

obra teve como base a análise de interferência desenvolvida por Thomaz (2001). O método

proposto por Thomaz (2001) apresenta os exemplos de interferências que podem ocorrer entre

projetos ou elementos de uma obra através de um quadro que mostra a relação existente entre

as atividades. O intuito final desse estudo de interferência seria a elaboração de um sistema

automatizado que pudesse visualizar as incompatibilidades existentes entre projetos e

atividades. (THOMAZ, 2001). A seguir uma extração do quadro proposto por Thomaz (2001)

para os exemplos de interferências.

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Tabela 2.1. Exemplos de interferências entre projetos ou elementos de uma obra (FONTE: Thomaz, 2001)

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ad

o

Terraplanagem 1 2, 3,

4, 5 6

Contenções 9 10, 11

Fundações 16, 17 18, 19

Estrutura de concreto

armado 24, 25

Onde:

1. Empuxo ou solicitação dinâmica do rolo compactador sobre as contenções;

2. Consolidação de aterros, gerando atrito negativo em estacas, tubulões etc;

3. Sobrecarga, eventuais impactos dos equipamentos de terraplanagem nos

elementos das fundações;

4. Instabilidade de taludes, gerando solicitações horizontais em elementos das

fundações;

5. Interferências com fossas, poços ou obstáculos presentes no terreno;

6. Vibrações transmitidas à estrutura e alvenarias por rolo compactador;

9. Interferências com contenções vizinhas;

10. Danos introduzidos nas contenções pelas vibrações resultantes da cravação de

estacas;

11. Interferências geométricas entre contenções e sapatas ou blocos de divisa;

16. Interferências com fundações vizinhas;

17. Recalques diferenciados entre diferentes sistemas de fundação numa mesma

obra;

18. Previsão de recalques para dimensionamento da superestrutura em concreto

armado, e para adoção de detalhes visando prevenir fissuração de alvenarias ou

deformação de caixilhos;

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19. Atuação de momentos fletores nas fundações decorrentes da ação do vento

sobre a superestrutura, excentricidade de pilares etc;

24. Escoramento residual de andares superiores;

25. Limitação de embaciamentos de lajes, para prevenir enchimentos excessivos e

sobrecarga da estrutura.

Observa-se que nessa exemplificação dada por Thomaz (2001) as possíveis

interferências entre os projetos ou elementos de uma obra são detalhadas. Desta maneira,

obtém-se um quadro que elenca as possíveis causas de interferência entre atividades, o qual

pode ser alimentado à medida que novas interferências são descobertas.

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3. ANÁLISE DOS DADOS

3.1 Apresentação do empreendimento

O planejamento de curto prazo que será analisado aqui é de uma obra de

construção de um edifício de múltiplos pavimentos localizado na cidade de Fortaleza-CE no

bairro Meireles. Este empreendimento é composto por 22 pavimentos tipos e um andar de

cobertura duplex totalizando 24 pavimentos.

As unidades básicas de trabalho são os apartamentos, sendo estes de três tipos

diferentes denominados de:

− Apartamento 00, com 56.35 m²;

− Apartamento 01, com 61.47 m²; e

− Apartamento 02, com 56.35m².

A seguir é apresentado a planta dos apartamentos tipo 00 e 02 do

empreendimento.

Figura 3.1. Planta do apartamento tipo 00 e 02 (FONTE: a construtora)

Os apartamentos tipo 00 e 02 são espelhados, ou seja, possuem as mesmas

divisões internas e mesma área, porém com disposições espelhadas. Esses apartamentos estão

localizados nas extremidades, tendo o apartamento tipo 01 localizado entre esses dois tipos.

Para as atividades internas aos apartamentos realizadas dentro da etapa 3, os apartamentos

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tipo 00 e 02 são considerados idênticos. A seguir está uma visualização da planta do

apartamento tipo 01.

Figura 3.2. Planta do apartamento tipo 01 (FONTE: a construtora)

A diferença básica entre o apartamento tipo 01 e os outros é a prolongação da

varanda desse, sendo, portanto percebido uma pequena alteração nas atividades a serem

realizadas nesse cômodo da unidade em relação aos outros dois tipos.

3.2 Caracterização do ambiente Lean da construtora

A construtora em análise adota uma filosofia Lean e consequentemente o emprego

de ferramentas de acordo com as dificuldades encontradas. A seguir estão listadas algumas

das ferramentas empregadas pela construtora:

− Andon;

− Kanbans;

− Quadro heijunka;

− First run;

− Diagrama de causas;

− Contabilização do percentual de planos concluídos;

− Diagramas de seqüência;

− Planejamento de médio prazo;

− Lista de restrições;

− Planejamento de longo prazo;

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− Linha de balanço;

− 5S;

− Reuniões semanais com a participação de: profissionais representantes das

células de trabalho, representantes dos terceirizados, engenheiro, mestre e

estagiários.

Um dos princípios bastante empregado dentro do ambiente de trabalho da

construtora é o Kaizen. Este tem como objetivo a melhoria contínua sob vários aspectos,

como por exemplo, o aperfeiçoamento para a realização de determinada atividade buscando

melhorar a qualidade do produto final.

3.3 Etapas do empreendimento

Todas as atividades referentes à construção dos apartamentos foram dividas em 12

(doze) grandes etapas. O detalhamento de cada etapa é apresentado no Anexo. As atividades

apresentadas a seguir constituem apenas a Etapa 3:

− Alvenaria interna com colocação das vergas e contra-vergas;

− Instalações elétricas, telefônicas e gás com colocação de caixas e quadros;

− Instalações hidráulicas e sanitárias;

− Colocação de contra-marcos;

− Execução de portadas;

− Assentamento de peitoris;

− Instalação de dutos de ar-condicionado;

− Instalação de armadores;

− Execução de emboço;

− Revisão de cimentado;

− Execução do cimentado de regularização somente em áreas molhadas

(varanda, banheiros e área de serviço);

− Execução de impermeabilizações com manta;

− Execução do cimentado de nivelamento;

− Forramento.

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14

3.4 Ciclo da Etapa 3

Esta etapa apresentou, a princípio, uma duração estimada, com base na realização

de outras obras executadas pela construtora, de 30 (trinta) dias por pavimento, ou seja, 10

(dez) dias por apartamento. A realização desta etapa ocorreu através de um grupo de trabalho

composto por 4 (quatro) equipes (ou células de trabalho). Em cada equipe havia 2 (dois)

profissionais (pedreiro) e 1 (um) auxiliar (servente). Uma das características dos profissionais

dessa equipe é que eles tiveram que se adaptar a realização de atividades que eles não estavam

habituados a desenvolver, tornando a célula hábil a desenvolver todas as atividades dentro da

Etapa 3 excetuando as que eram realizadas pelos terceirizados, bombeiro e eletricista, as quais

eram: aplicação de manta, instalação da tubulação de ar-condicionado, instalação das

tubulações hidráulicas, forramento e colocação das caixas de passagem de instalação elétrica.

As atividades pertencentes à Etapa 3, apresentadas anteriormente, não se

encontram na ordem de execução, sendo a ordem de execução definida através da

participação dos trabalhadores envolvidos na etapa, os quais a partir da execução das

primeiras unidades sugeriam qual seria a melhor ordem para que pudessem ser atacadas as

unidades posteriores. A determinação da melhor ordem das atividades envolvia também

outros fatores além das sugestões dos operários, como disponibilidade de materiais,

fornecedores e cronograma previsto para a realização de atividades que envolviam a presença

dos terceirizados. As sugestões propostas pelos terceirizados também eram válidas e

dependendo das condições e situações avaliadas pelo gestor da obra podiam também ser

aceitas. A seguir é apresentado o ciclo que foi utilizado e entregue semanalmente as células de

trabalho após o aprimoramento da execução dos primeiros apartamentos.

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Figura 3.3. Diagrama semanal de uma célula de trabalho (FONTE: a construtora)

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O diagrama contém na primeira coluna a relação das atividades a serem

executadas, sendo apresentado superiormente a estas o apartamento em que as atividades

ocorrerão. As colunas seguintes representam os dias da semana sendo, de acordo com a

legenda apresentada, marcados os dias em que as atividades foram previstas para serem

realizadas com o seu respectivo profissional. Diariamente as células de trabalhos eram

visitadas por qualquer integrante do gerenciamento da obra que realizavam o controle através

da marcação de um “X” no dia em que a atividade foi realmente executada. Desta maneira

podia-se comparar quando o ciclo previsto foi realmente executado ou não. Como exemplo,

ver na Figura 3.3 as atividades:

− alvenaria interna e colocação de tufos, realizada na data prevista dentro do

ciclo;

− colocação de vergas, realizada um dia após a data prevista.

O ciclo acordado por todos os profissionais envolvidos na realização das

atividades da Etapa 3 é este apresentado na Figura 3.3. Semanalmente era entregue a cada

equipe de trabalho um diagrama da Etapa 3, impresso em papel A3, com as atividades que

seriam desenvolvidas no decorrer daquela semana. O diagrama entregue às equipes de

trabalho, como pode ser observado na Figura 3.3, contém a programação dos serviços para

duas semanas de trabalho para que pudesse se observar quais as futuras atividades.

Ao final de cada semana, ocorriam reuniões com os profissionais da

administração geral da obra (engenheiro, mestre e estagiários), um representante de cada

equipe de trabalho, os profissionais dos serviços de eletricidade e instalações, e quando

possível com algum representante das empresas terceirizadas. Discutia-se as atividades

desenvolvidas durante a semana através do cumprimento do diagrama e programação das

atividades da semana seguinte. Quando era dado início a etapa seguinte a Etapa 3, também se

faziam presentes nas reuniões os profissionais dessa etapa para que eles pudesse deixar o seu

parecer com relação aos acabamentos deixados pela equipe da etapa anterior. Esse contato

entre equipes de uma etapa anterior e posterior era importante para que houvesse um processo

interativo entre as atividades de maneira que não houvesse posteriormente retrabalho ou

interrupção das atividades por causa das etapas anteriores que poderiam não ter liberado uma

frente de serviço de maneira completa ou adequada para a realização dos serviços posteriores.

No decorrer da semana, diariamente, e durante as reuniões semanais eram

anotados no próprio diagrama, impresso em papel A3 observações de caráter diverso que

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17

pudesse servir como detalhes e, ou explicações para as atividades seguintes a serem realizadas

ou como causas para o atraso de uma atividade ou sua não ocorrência da mesma.

O ciclo de atividades da Etapa 3 pode, resumidamente, ser representado, através

de um esquema para um apartamento, ao longo dos dias de trabalho conforme apresentado a

seguir.

Quadro 3.1. Seqüência de atividades dentro de um apartamento

O esquema apresentado no Quadro 3.1 mostra na primeira coluna a seqüência de

ocorrência das atividades. Na segunda coluna apresenta-se a descrição da atividade

desenvolvida e na terceira coluna os profissionais envolvidos na execução sendo utilizada a

indicação por cores (a mesma empregada na Figura 3.3). Na quarta coluna, é marcado em

negrito o dia de realização da atividade considerando todos os dias de serviço da Etapa 3

dentro da unidade básica de repetição, que é o apartamento, sendo, em destaque, preenchido

os dias que os profissionais básicos da equipe de trabalho (os dois pedreiros e um servente)

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não se encontram dentro da unidade. Este quadro apresentado anteriormente tem como

intuito visualizar a seqüência de atividades e a duração da mesma para apenas uma unidade e

não com mais de uma unidade como apresentado na Figura 3.3. A seguir um resumo

ilustrativo do ciclo de atividades dentro de uma unidade com o início das tarefas representado

pela seta.

Figura 4. Ciclo de atividades da Etapa 3

Como pode ser observado o ciclo desta etapa se inicia no assentamento da 1ª fiada

e conclui-se no cimentado de nivelamento da varanda e WC passando por outras treze etapas

intermediárias. Durante os dias 2, 3 e 4 do ciclo (destacados no Quadro 3.1), dias da aplicação

da manta de imperbealização pelos terceirizados, a equipe de dois profissionais e um auxiliar

encontram-se realizando atividades no andar inferior em três pavimentos ao que estavam

anteriormente como apresentado na Figura 3.3. Nestes três dias eles realizam atividades de

emboço, reboco, cimentado de nivelamento e assentamento do peitoril. Desta maneira o ciclo

de atividades envolve não somente um pavimento, mas dois pavimentos fazendo com que

haja liberação de frente de serviço para os terceirizados e ao mesmo tempo o ataque de outras

unidades pela equipe de trabalho.

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O ciclo de uma equipe de trabalho envolve o trabalho em um andar e em três

acima, pois assim as quatro equipes de trabalho podem trabalhar sem interferências sendo

essa também uma característica desse ciclo da Etapa 3.

Nos dias 5, 6, 7 e 8 a equipe de trabalho retorna a unidade e desenvolvem as

atividades conforme apresentadas no Quadro 3.1. Essas atividades, novamente, liberarão

frentes de serviço desta vez para a colocação das caixas de passagem, forramento, instalações

hidráulicas e instalação de dutos de ar-condicionado. No dia 9 em que ocorrem todas essas

atividades simultaneamente, a equipe de trabalho encontra-se iniciando o primeiro dia de

atividades no apartamento seguinte, ou seja, realizando atividades de assentamento da 1ª

fiada, emestramento da 1ª fiada e cimentado de regularização. Os dias 10 e 11 são os últimos

de atividades dentro da unidade sendo realizadas as atividades de emboço, reboco e

cimentado. Após a realização das atividades desse ciclo a unidade estava apta ao recebimento

da próxima etapa (revestimento das paredes com reboco em gesso).

O ciclo de atividades detalhado e apresentado no Quadro 3.1 trata da seqüência

realizada nos apartamentos do tipo 00 e 02. Nas unidades do tipo 01 o ciclo sofre uma

alteração apenas na atividade de emboço do banheiro e da cozinha, assim como no reboco da

varanda, pois como apresentado anteriormente, a varanda do apartamento do tipo 01 é maior

em relação aos outros dois tipos. Essas atividades no tipo 01 duram dois dias, portanto o ciclo

de atividades no apartamento 01 acaba no 12º dia de trabalho dentro dessa unidade.

3.5 Diagramas coletados da Etapa 3

Foram analisados para o estudo das descontinuidades, 84 (oitenta e quatro)

diagramas de seqüência empregados na Etapa 3 deste empreendimento. Esses diagramas

foram disponibilizados pela construtora e podem ser encontrados para consulta apenas com a

construtora, não tendo os mesmos sido copiados fisicamente ou digitalmente por se tratar de

uma propriedade pertencente à mesma.

Esses diagramas, para efeito de identificação, foram separados por equipes de

trabalho como pode ser observado no Quadro 3.2 a seguir.

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Quadro 3.2. Divisão dos diagramas de seqüência por equipes

Equipe 1 Equipe 2 Equipe 3 Equipe 4 Total

Quantidade de

diagramas

analisados

30 26 18 10 84

Como pode ser observado no Quadro 3.1 acima, a quantidade de diagramas não é

igual para cada equipe, pois não foi possível obter todos os diagramas desde o início da Etapa

3. Isso ocorreu devido à ausência do emprego do diagrama de seqüência bem definido deste o

início da etapa, pois, como já foi discutido anteriormente, para a obtenção do diagrama que

serviria como seqüência ideal para a ocorrência do ciclo, foi necessária a execução das

atividades da Etapa 3 nos primeiros pavimentos. Ocorre também uma diferença da quantidade

de diagramas entre as equipes, pois tanto no início quanto no fim da etapa a quantidade de

equipes de trabalho não era a mesma, apresentando a quantidade igual a quatro equipes

durante a maior parte da realização da Etapa 3, que ocorreu quando houve uma grande

liberação de frentes de serviço para esta etapa.

As células de trabalho ao longo da execução da etapa sofreram alteração também

dos profissionais constituintes da equipe. Assim a divisão apresentada no Quadro 3.1 foi feita

pelo local de trabalho da equipe e não pela formação dos integrantes da equipe.

3.6 Análise das Descontinuidades

3.6.1 Descontinuidades e causas

A partir dos diagramas coletados foram analisadas as descontinuidades dos ciclos

programados a partir da não realização das atividades dentro da data programada. As causas

para a ocorrência das interrupções foram classificadas de acordo com as descrições

apresentadas no próprio diagrama as quais foram anotadas a partir da observação real dos

fatos.

Foram observadas no total 93 (noventa e três) interrupções do ciclo programado

tendo cada interrupção uma das seguintes causas:

− Falha na programação;

− Atraso na tarefa antecedente;

− Falta de algum insumo ou equipamento para a realização da atividade;

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− Falta de mão-de-obra pertencente a própria construtora;

− Falta de mão-de-obra terceirizada;

− Baixa produtividade da equipe;

− Ausência de detalhamento ou erro de projeto;

− Retrabalho;

− Erros de etapas anteriores;

− Excesso de programação, ou seja, muitas atividades planejadas para o

período de realização;

− Interferência de outras atividades;

− Adiantamento de atividade.

3.6.2 Importância das atividades

Sabe-se que cada uma das 93 (noventa e três) interrupções observadas interferiram

em alguma atividade do ciclo apresentado anteriormente para a Etapa 3. Porém dentro das

atividades dessa etapa existem algumas cuja ocorrência é mais importante, pois ela servirá

para a liberação de uma atividade seguinte, sendo que caso ela não seja realizada o ciclo fica

prejudicado. Por outro lado existem atividades dentro do ciclo da Etapa 3 que caso sua

execução não ocorra o ciclo não será prejudicado significativamente.

Diante deste fato desenvolveu-se um quadro que demonstra o quanto uma

atividade dentro do ciclo da Etapa 3 é realmente importante para que as atividades seguintes

ocorram. Foi realizado também essa verificação da importância de atividades em relação às

atividades dentro da Etapa 3 para a atividade imediatamente seguinte dentro da Etapa 4, que

era a execução do reboco em gesso das paredes. A seguir apresenta-se o quadro referente a

essa avaliação e em seguida uma explicação de como ele foi elaborado.

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Quadro 3.3. Quadro de importâncias das atividades

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23

Para a elaboração do Quadro 3.3, foram tidas as seguintes perguntas como

premissas:

− Qual a importância da atividade n para a realização da atividade n+1, n+2,

n+3, até a última atividade do ciclo?;

− Ou de uma maneira mais simplificada: como a atividade seguinte fica

prejudicada caso uma atividade anterior não seja realizada?

As respostas possíveis para essas perguntas foram classificadas em três tipos

básicos como apresentado no Quadro 3.4 a seguir.

Quadro 3.4. Respostas para importância da atividade

Resposta Sigla Valor atribuído

Alta A 10

Média M 5

Baixa B 0

O significado para cada resposta é o seguinte:

− Alta: a atividade seguinte fica impossibilitada de ser realizada;

− Média: a atividade seguinte pode ser realizada, porém com dificuldade;

− Baixa: a atividade seguinte pode ser realizada sem dificuldade.

Considerando a escala de pontuação de zero a dez, foram atribuídos os valores 0

(zero), 5 (cinco) e 10 (dez) para cada uma das respostas apenas como facilitador da

visualização do grau de importância, ou seja, ao ser atribuído um 0 (zero) sabe-se

imediatamente que a importância da atividade para a seguinte é nula ou nenhuma, ao ser

atribuído um 5 (cinco) sabe-se que a importância é média, e ao observar um 10 (dez) sabe-se

que essa atividade é extremamente importante. Essa escala decimal foi utilizada para a

elaboração do quadro.

A primeira coluna apresenta a seqüência em que a atividade, mostrada na segunda

coluna, é realizada dentro do ciclo. Por exemplo, a atividade de colocação de contra marco é a

sétima atividade do ciclo da Etapa 3. A terceira coluna apresenta as atividades seguintes do

ciclo em relação a apresentada na segunda coluna, sendo essas atividades identificadas pelo

seu número correspondente apresentado na primeira coluna, ou seja, ao ver na coluna de

atividades seguinte a atividade número 10, por exemplo, sabe-se que essa é a atividade de

colocação das caixas de passagem. Desta maneira atribui-se uma das respostas possíveis

apresentadas no Quadro 3.4 para a relação existente entre a atividade e a atividade seguinte.

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Por exemplo, a atividade de emboço dos banheiros e da cozinha e o reboco da varanda

(décima quarta na seqüência, ver coluna das atividades seguintes) é uma atividade que fica

impossibilitada de ser realizada caso a atividade de aplicação da manta (quarta na seqüência,

ver coluna das atividades) não seja realizada, ou seja, foi atribuído o valor 10 (dez) que

representa uma alta importância para a atividade de aplicação da manta em relação à atividade

de emboço e reboco. Desta maneira foram classificadas as relações entre todas as atividades

do ciclo da Etapa 3.

Observa-se que existe uma área do quadro denominada de “Atividades

dependentes das anteriores” na qual não existe nenhum valor atribuído. Isso ocorre devido ao

fato de as atividades estarem dispostas em ordem de realização, ou seja, não faz sentido

realizar a pergunta básica de elaboração do quadro entre uma atividade posterior e as

atividades anteriores. Por exemplo, qual a importância da instalação do forramento para a

execução da portada? Ou ainda: a execução da portada fica impossibilitada de ser realizada

caso o forramento não seja executado? Porém a pergunta inversa faz sentido: o forramento

pode ficar impossibilitado de ser realizado caso a portada não seja realizada?

A próxima coluna apresenta a quantidade de respostas para cada tipo (alta, média

ou baixa). A última atividade como não possui atividades posteriores a ela dentro da Etapa 3

também não apresenta respostas as perguntas acima. A coluna seguinte apresenta uma

avaliação geral da importância da atividade dentro da Etapa 3, onde esse resultado foi obtido

através das considerações apresentadas no Quadro 3.5 a seguir.

Quadro 3.5. Resposta geral para a importância da atividade

Número Condição Resposta Motivo

1

Se a atividade apresentar uma

importância alta para qualquer

atividade seguinte…

A

Esta atividade torna inapta a

realização de alguma atividade

dentro do ciclo, logo a sua

realização é considerada de

importância alta.

2

Se a atividade não apresentar

nenhuma importância alta, porém

uma média para qualquer

atividade seguinte…

M

Esta atividade não possui

importância alta, porém dificulta

a realização de alguma atividade

posterior dentro do ciclo.

3

Se a atividade não apresentar

nenhuma importância alta e

nenhuma importância média,

porém uma importância baixa para

qualquer atividade seguinte…

B

Essa atividade não interfere na

realização de nenhuma atividade

seguinte, porém deve ser

realizada para conclusão do ciclo.

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O mesmo procedimento para as atividades da Etapa 3 foi realizado para a

atividade imediatamente seguinte da Etapa 4. Esta era compreendida pela execução do reboco

em gesso das paredes internas do apartamento. Desta maneira obtém-se a importância da

realização das atividades da Etapa 3 em relação ao reboco de gesso, sendo isso importante

devido ao fato do início da Etapa 4 não ocorrer apenas ao findar a Etapa 3 e sim

concomitantemente. Assim, a interrupção de um ciclo poderia não somente prejudicar a sua

etapa de realização, mas também a imediatamente posterior.

A seguir obtém-se um quadro resumo com a importância das atividades dentro do

ciclo e em relação à próxima etapa.

Quadro 3.6. Quadro resumo das importâncias das atividades

Seq.

(n) Atividade

Importância para…

Etapa 3 Etapa 4

1 Assentamento da 1ª fiada A A

2 Emestramento da 1ª fiada A A

3 Cimentado de regularização A B

4 Aplicação de manta A B

5 Alvenaria interna/colocação de vergas A A

6 Portada A A

7 Colocação de contra-marco M A

8 Emestramento da 9ª fiada A A

9 Colocação de ponto de split M M

10 Colocação das caixas de passagem A A

11 Forramento M A

12 Instalações hidráulicas A A

13 Instalação de dutos do ar-condicionado B A

14 Emboço (WC e cozinha) e reboco varanda B B

15 Cimentado de nivelamento da varanda e WC - B

O Quadro 3.6 apresenta para cada atividade a sua importância para a Etapa 3 e

Etapa 4 o qual será utilizado mais adiante para se observar a interferência das interrupções

sobre o ciclo de atividades. Pode-se então corroborar o resultado desse quadro resumo com a

constatação dos fatos que eram observados em campo:

− O assentamento da primeira fiada era essencial tanto para a Etapa 3 como

para a Etapa 4, pois sem ele não haveria como iniciar a elevação da

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alvenaria, uma das principais atividades da etapa avaliada. Sem alvenaria

não haveria como rebocá-la com gesso;

− O emestramento da primeira fiada era importante, pois no momento de

realização do emestramento da nona fiada era necessário que esse tivesse

sido realizado, bem como para a execução do reboco em gesso, pois o

profissional da Etapa 4 era encarregado apenas de rebocar a parede, sendo

que caso a parede não estivesse com o emestramento não haveria como ele

iniciar as suas atividades;

− O cimentado de regularização era importante principalmente para a

aplicação da manta como para a o cimentado do banheiro e da varanda,

porém não era tão importante para a execução do reboco em gesso,

podendo este ser realizado;

− A aplicação da manta era necessária para a realização do cimentado,

porém não interferia que a parede fosse rebocada com gesso, até mesmo

porque as regiões molhadas eram rebocadas ou emboçadas com

argamassa;

− A execução da alvenaria juntamente com a colocação das vergas pré-

moldadas era extremamente importante para a realização das atividades

das duas etapas, pois sem a alvenaria não tinha como ser iniciada grande

parte das atividades das etapas em questão;

− A portada, feita ao término da alvenaria, era importante para a Etapa 3,

pois receberia o forramento que por sua vez seria importante para o reboco

em gesso das paredes, devido ao fato de ser necessário realizar um bom

acabamento entre o forramento e o reboco com gesso;

− A colocação do contra-marco tem uma importância média para a Etapa 3,

pois ele poderia ser assentado depois da realização de algumas atividades

seguintes, porém deveria ser assentado antes da Etapa 4, pois, assim como

o forramento. Isto permitia um bom acabamento entre o contra marco e o

reboco.

− O emestramento da nona fiada tem uma importância alta para as duas

etapas, pois para a realização do reboco da varanda e do reboco com gesso

é necessário que as paredes estejam emestradas;

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− A colocação do ponto de split possui uma importância média para as duas

etapas, pois a instalação dos dutos de ar condicionado poderia ser realizada

mesmo sem a presença da caixa do ponto e a ausência da mesma também

não impossibilitava que a parede começasse a ser rebocada com gesso;

− As caixas de passagem têm uma importância alta para as duas etapas, pois

para a Etapa 3 era necessário que elas estivessem posicionadas para a

realização do reboco da cozinha com argamassa e na Etapa 4 também por

ser necessário ser feito um bom acabamento entre o reboco de gesso e as

caixas de passagem;

− O forramento dentro da Etapa 3 possui uma importância média para as

etapas seguintes pois estas não necessitam da presença do forramento,

porém para a Etapa 4, devido ao motivo apresentado anteriormente, o

forramento é necessário;

− As instalações hidráulicas tem uma importância alta para a Etapa 3 por

causa do reboco da cozinha e para a Etapa 4 por causa do reboco em gesso

que só poderia ser iniciado se as instalações hidráulicas estivessem

colocadas;

− A instalação dos dutos de ar-condicionado dentro da Etapa 3 não possui

uma grande importância, pois por onde os dutos eram instalados não era

necessário depois ser realizada nenhuma atividade da Etapa 3, apenas a

atividade da etapa seguinte. Por isso para a Etapa 4 a instalação possui

uma importância alta;

− O emboço do banheiro e da cozinha assim como o reboco da varanda não

interferiam em nenhuma atividade seguinte tanta na Etapa 3 como na

Etapa 4;

− O cimentado de nivelamento não interferia na realização das duas etapas,

podendo ser iniciado o reboco com gesso sem estar realizado o cimentado

de nivelamento.

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3.6.3 Relação entre interrupções, causas e importância das atividades

A elaboração da importância das atividades foi idealizada e desenvolvida com o

intuito de se ter uma noção do quanto a interrupção prejudicou o ciclo de atividades dentro da

etapa de realização das mesmas e a etapa imediatamente seguinte. Com base nesse intuito foi

elaborado o Quadro 3.7 que apresenta todas as 93 (noventa e três) interrupções observadas

nos diagramas de seqüência, sendo cada uma classificada de acordo com a causa que levou a

sua ocorrência, bem como a atividade que a interrupção prejudicou.

O Quadro 3.7 a seguir apresenta na primeira e na segunda coluna a seqüência da

atividade e a descrição da atividade respectivamente. A segunda coluna apresenta a

importância das atividades para a Etapa 3 e para a Etapa 4. A próxima coluna lista todas as

causas observada dentro da Etapa 3, as quais foram apresentadas anteriormente. Isto permite

identificar a causa da interrupção e a atividade que sofreu influência direta. Por exemplo, ao

observar a coluna de causa devido a falta de mão-de-obra própria vê-se que houve uma

interrupção (primeiro valor) devido a esta causa tendo influenciado a execução da atividade

de cimentado de regularização que por sua fez tem importância alta (A) e baixa (B) para as

Etapa 3 e Etapa 4, respectivamente. Ou seja, a interrupção nessa atividade fez com que

alguma atividade dentro da Etapa 3 ficasse impossibilitada de ser realizada. A segunda

observação para essa mesma causa é que ela interferiu três vezes sobre a execução da

alvenaria interna e colocação de vergas, que é uma atividade de alta importância de execução

tanto para a Etapa 3 com para a Etapa 4. Por último, essa mesma causa interferiu sobre o

cimentado de nivelamento duas vezes o qual não possui nenhuma interferência sobre as

atividades da Etapa 3 e uma interferência baixa sobre a Etapa 4. Logo abaixo da causa é

apresentado o valor do somatório da coluna, em negrito, mostrando quantas vezes no geral

essa causa interrompeu o ciclo de atividades. Em negrito a direita ou acima, está o somatório

de interrupções que cada atividade sofreu.

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Quadro 3.7. Relação entre interrupções, causas e importância das atividades

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A partir do Quadro 3.7 pode-se também obter facilmente uma relação entre a

quantidade de descontinuidades e as atividades interferidas, bem como uma relação entre as

causas e as quantidades de descontinuidades geradas. O Gráfico 3.1 a seguir apresenta as

quantidades e os percentuais de descontinuidades que interferiram em cada atividade do ciclo.

O Gráfico 3.2 apresenta as quantidades e os percentuais das causas que ocasionaram as

descontinuidades encontradas.

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Gráfico 3.1. Quantidade e porcentagem de descontinuidades nas atividades da Etapa 3

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Gráfico 3.2 - Quantidade e porcentagem de descontinuidades devido as causas encontradas

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3.6.4 Detalhamento das causas

As causas apresentadas anteriormente foram classificadas em grupos gerais de

assuntos, porém existem as razões mais específicas para que o problema tenha ocorrido e

interrompido o ciclo de atividades. A partir dos registros nos diagramas de seqüência foram

levantados os motivos que foram classificados dentro das causas apresentadas. Nem todas as

causas podem ser associadas a um real motivo como mostrado no Quadro 3.8 a seguir.

Quadro 3.8. Motivos principais das causas

Causa Motivos Principais Atividade prejudicada

falha na programação

atraso na tarefa antecedente

falta de insumo/equipamento

faltou água, faltou azulejo Emestramento da 9ª fiada

faltou contramarco Colocação de contra marco

faltou ralo, faltou cano, faltou massa,

andon com problema Cimentado de regularização

betoneira quebrou, faltou contramarco,

guincho parado com problema

Emboço (WC e cozinha) e reboco

varanda

faltou forramento Forramento

guincho parado com problema Cimentado de nivelamento da varanda e

WC

guincho parado com problema, faltou tijolo Alvenaria interna/colocação de vergas

falta de mão-de-obra própria

curso de especialização para o operário Cimentado de regularização

motivo de saúde Alvenaria interna/colocação de vergas

motivo pessoal Cimentado de nivelamento da varanda e

WC

falta de mão-de-obra terceirizada

empresa de instalação dos dutos faltou Instalação de dutos de ar-condicionado

carpinteiro faltou Forramento

empresa de aplicação de manta faltou Aplicação de manta

baixa produtividade da equipe

ausência de detalhamento/erro de projeto

Retrabalho revisão de apartamento

Assentamento da 1ª fiada

Emestramento da 1ª fiada

Cimentado de regularização

Aplicação de manta

erro de etapa anterior quebra de concreto excedente nas lajes

Assentamento da 1ª fiada

Emestramento da 1ª fiada

Cimentado de regularização

excesso de programação

interferência de outras atividade balança utilizada na fachada interferindo

em atividades na varanda

Aplicação de manta

Cimentado de nivelamento da varanda e

WC

adiantamento de atividade produção acelerada Cimentado de nivelamento da varanda e

WC

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4 DISCUSSÕES

Observa-se primeiramente que mesmo a construtora tendo adotado a filosofia

Lean na obra em questão ainda assim ocorreram descontinuidades nas atividades. Isso

caracteriza as descontinuidades como um problema que ocorre sobre ambientes mais diversos

e não somente como algo particular ao Lean Construction.

Consultando o Quadro 3.7 observa-se que a causa que provocou o maior número

de interrupções foi justamente a falta de insumos ou equipamentos, sendo observadas 31

(trinta e uma) interrupções. Essa causa também foi a que prejudicou não somente em

quantidade, mas a que prejudicou de maneira mais variada as atividades, pois no total foram

oito atividades prejudicadas, sendo seis delas com uma importância alta tanto para a Etapa 3,

como para a Etapa 4. Os motivos para a ocorrência dessa falta de insumos ou equipamentos

estão apresentados no Quadro 3.8. São colocadas a seguir algumas sugestões propostas pelo

autor que poderiam ter evitado a ocorrência dessas interrupções:

− Prover o sistema de abastecimento de água da obra com um sistema

auxiliar que pudesse trabalhar durante uma eventual e temporária escassez

desse insumo de natureza básica para algumas atividades;

− Mudar o fornecedor de insumos como contra marco e forramento, ou caso

seja produzido na própria obra, colocar trabalhadores em horários ociosos

para a confecção desse insumo para a Etapa 3;

− Mudar o fornecedor de materiais hidrossanitários como ralo, cano e outros,

caso não seja possível, ter em obra um pequeno estoque para eventuais

emergências, tomando medidas para que esse estoque não venha a ser

utilizado novamente;

− Realizar manutenções preventivas em equipamentos fundamentais ao

fluxo de materiais e de comunicação da obra, como, por exemplo, o

guincho e o andon. O guincho, desta obra em particular, deveria ter uma

manutenção ainda mais controlada, pois havia apenas um equipamento

desse tipo para o fornecimento de material e movimentação de operários

para toda a obra;

− Realizar as reuniões de planejamento semanal ou mensal com a presença

do profissional do setor de compras da obras.

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O Quadro 3.7 mostra também que outro problema freqüente foi à falta de mão-de-

obra terceirizada. Esse problema ocorreu principalmente devido a ausência da empresa de

instalação das tubulações de ar-condicionado nos dias programados dentro do ciclo, sendo

observadas 21 (vinte e um) interrupções e todas elas devido ao não comparecimento da

empresa terceirizada. O motivo apresentado pela empresa de instalação para a sua periódica

ausência era que, como o serviço era relativamente rápido de ser executado, não era favorável

a eles que houvesse uma mobilização e desmobilização de equipe e material para a execução

da instalação de uma unidade. Assim a empresa terceirizada esperava que houvesse a

liberação de no mínimo três unidades para que então eles pudessem vir e executar as

instalações. Algumas sugestões para que a causa desse problema fosse sanada ou diminuída

são:

− Realizar uma mudança na programação do ciclo da Etapa 3 caso a empresa

terceirizada continuasse errática no cumprimento do planejamento

elaborada pela construtora, tentando elaborar uma programação que fosse

favorável tanto para a empresa terceirizada como para a contratante;

− Estabelecer com as outras terceirizadas que essas mantivessem uma equipe

ou material reserva caso houvesse a ausência de um desses, podendo então

ser utilizados em eventuais situações de descontinuidade.

As outras causas apresentaram incidências inferiores em relação às duas

abordadas anteriormente, porém devem ser tratadas também com atenção. A falha na

programação interrompeu apenas duas atividades sendo uma de importância baixa e outra

alta, porém seria necessário que houvesse uma revisão por parte da sala técnica de toda a

programação feita para a semana seguinte, mesmo após a reunião tentando identificar

possíveis conflitos de atividades, falta de insumo, fluxo de insumos ou qualquer aspecto que

pudesse interferir na programação realizada.

O atraso na tarefa antecedente também não teve um impacto significativo sobre as

quantidades de interrupções, porém interferiu uma vez sobre uma atividade que tem

importância elevada tanto para a Etapa 3 como para a Etapa 4. Logo sugere-se que todas as

atividades anteriores sejam controladas e exigido o ritmo de produção as quais a equipes estão

habituadas a realizar.

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A falta de mão-de-obra própria ocorreu devido a motivos de saúde, o qual não se

pode controlar diretamente e devido a cursos de especialização realizados com os

profissionais da equipe. A seguir algumas sugestões para o combate a essas causas:

− Uma maneira indireta de controlar a saúde dos operadores seria a

realização de avaliações médicas periódicas com os profissionais tentando

prevenir futuras indisposições ao trabalho por esse motivo;

− Estabelecer profissionais que pudesse substituir um componente da equipe

em eventuais situações, principalmente identificando se a atividade que o

ausente deixará de realizar terá um impacto muito grande sobre o ciclo de

atividades da etapa ou não;

A utilização do item baixa produtividade era usado como causa da interrupção

quando todos os recursos estavam disponíveis para a equipe, porém ela não conseguia

cumprir o que havia sido planejado. Como sugestão para a manutenção da produtividade

recomenda-se o uso efetivo de sistemas de premiação que a construtora já utilizava, porém

com intervalos de tempo menor entre uma premiação e outra para que o profissional possa

perceber que a premiação está tendo um efeito positivo para ele e também para a construtora.

A ocorrência de erros ou detalhamento de projeto também ocorreu de maneira

menos significativa, sendo observadas apenas duas interrupções. Embora todo o projeto tenha

sido detalhado, revisado e tendo sido realizado a execução de um apartamento tido como

modelo para a Etapa 3, existem detalhes que variam de andar para andar. Uma sugestão seria

a determinação de um profissional da obra que pudesse inspecionar os andares previamente

buscando identificar detalhes que fizesse com que o projeto não pudesse ser seguido.

O retrabalho observado ocorreu devido a falta da qualidade das atividades

desenvolvidas pelas próprias equipes da Etapa 3 em apartamento anteriores, fazendo com que

tivessem que ser realizadas revisões até mesmo em todo um andar executado por uma equipe.

Uma sugestão para a eliminação do problema seria a cobrança por parte da gerência da obra

da melhoria da qualidade dos serviços da equipe à medida que eles executassem mais

unidades. Assim a cobrança seria a de executar o serviço com uma qualidade superior tendo

como base a última unidade executada.

Um dos erros de etapa anterior encontrado com freqüência era a concretagem da

laje que havia sido feita sem um detalhamento da forma fazendo com que os profissionais da

Etapa 3 tivessem que quebrar a rebarba de concreto que ficava nos banheiros. Essa atividade

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de quebra do concreto excedente possui uma duração variável, em determinadas unidades o

excesso era em uma quantidade considerável, em outras não. Uma sugestão seria o estudo de

interferência das atividades entre as etapas, assim como foi realizado nesse trabalho entre as

Etapa 3 e Etapa 4, tentando identificar quais poderiam prejudicar a etapa posterior caso não

fossem realizadas, ou não fossem executadas de maneira correta.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Com base no que foi apresentado anteriormente, conclui-se primeiramente que as

descontinuidades podem ser encontradas também em um ambiente que utiliza conceitos da

filosofia da Lean Construction. É possível concluir a partir deste trabalho que as

descontinuidades podem interferir de maneira variada sobre as atividades, ou seja, elas podem

interferir em uma determinada atividade que interrompe todo o ciclo como também podem

interferir sobre uma atividade que não impede que o ciclo possa ser realizado ou que uma

etapa seguinte possa ser iniciada. Assim conclui-se que as descontinuidades impactam de

maneira diferente sobre as atividades dependendo da importância que a tarefa apresenta para

as etapas do empreendimento.

Percebe-se que a metodologia empregada aqui se limitou apenas a uma etapa da

obra e uma parte da etapa seguinte. Recomenda-se como sugestão para trabalhos futuros a

realização desse estudo de descontinuidades para todas as etapas do empreendimento tendo

como objetivo buscar um maior entendimento da complexidade que possui o assunto. Outro

estudo possível seria a avaliação dos custos envolvidos das medidas sugeridas pelo trabalho

para diminuição das descontinuidades. Sugere-se também a realização desse estudo sobre

descontinuidades em um ambiente que não emprega a filosofia Lean, a fim de se ter uma

comparação entre os dois sistemas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALARCON, L. F. Tools for the identification and reduction of waste in construction

projects. Rotterdam: A.A. Bolkema, 1997.

BENDELL, A.; DISNEY, J.; PRIDMORE, W.A. Taguchi Methods: Applications in World

Industry . IFS Publications/Springer. Bedford, 1989.

C. ROLIM ENGENHARIA. Coletânea Lean 2004-2010. IV Seminário Internacional sobre

Construção Enxuta – CONENX 2010, Fortaleza, 2010.

FORMOSO, C. T. Lean Construction: Princípios básicos e exemplos. NORIE/UFRGS,

2000.

GHINATO, P. Produção e Competitividade: Aplicações e Inovações. Recife: Editora

Universitária da UFPE, 2000.

HEINECK, Luiz Fernando M. On the Analysis of Activity Durations on Three House

Building Sites. The University of Leeds. 1983.

JONES, D.T.; WOMACK, J.P. A mentalidade enxuta nas empresas. Elimine o desperdício

e crie riqueza. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

KLIEMANN NETO, Francisco J. & ANTUNES JÚNIOR, José A.V. Proposta de um novo

processo de custeio para sistemas "just-in-time" de produção. Anais do XIII Encontro

Nacional da ANPAD, Florianópolis, 1990.

KOSKELA, Lauri. Application of the New Production Philosophy to Construction.

Technical Report Nº 72, CIFE, Stanford University, 1992.

KOSKELA, Lauri. Making-do – The Eighth Category of Waste. 12th Annual Conference

of the International Group for Lean Construction, 3-5 Agosto de 2004, Helsingor, Dinamarca.

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LUBBEN, Richard. Just-In-Time: uma estratégia avançada de produção. São Paulo:

McGraw-Hill, 1989.

OHNO, T. Toyota production system: beyond large-scale production. Productivity press,

1988.

PIGOTT, P. T. A Productivity Study of House Building. 2ª Impressão. The National

Institute for Physical Planning and Construction Research. Dublin, 1974.

THOMAZ, Ercio. Tecnologia, gerenciamento e qualidade na construção. 1ª edição. São

Paulo: Editora Pini, 2001.

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ANEXO – ETAPAS DO EMPREENDIMENTO

ETAPA 1

1. Estrutura (fôrma, aço e concreto)

2. Contra-piso nas áreas secas

3. Marcação de alvenaria riscada no piso

4. Escada pronta

5. Desforma e limpeza

Ritmo: 11 dias/pavimento

ETAPA 2

1. Alvenaria externa dos apartamentos e hall

2. Tiros com amarração da alvenaria

3. Colocação de vergas

4. Colocação de tubulação elétrica embutida na alvenaria

5. Proteção do poço do elevador com painel e tela

6. Laje limpa

Ritmo: 9 dias/pavimento

ETAPA 2.1

1. Alvenaria externa da escada e ante-câmara

2. Tiros com amarração da alvenaria

3. Colocação de vergas

4. Colocação de tubulação elétrica embutida na alvenaria

5. Instalação de tanques e pontos elétricos na ante-câmara

6. Banheiro provisório

Ritmo: 2 dias/pavimento

FONTE: a construtora.

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ANEXO A – ETAPAS DO EMPREENDIMENTO

ETAPA 3

1. Alvenaria interna com vergas e contra-vergas

2. Instalações elétricas, telefônica e gás com caixa e quadros

3. Instalações hidráulicas e sanitárias

4. Contra-marcos

5. Portadas

6. Peitoril

7. Instalação de ar-condicionado

8. Armador

9. Emboço

10. Revisão de cimentado

11. Cimentado de regularização em áreas molhadas

12. Impermeabilização

13. Cimentado de nivelamento

14. Forramento

Ritmo: 30 dias/pavimento

ETAPA 4

1. Reboco de parede com gesso

Ritmo: (sem estimativa)

ETAPA 5

1. Fiação (internet, tv a cabo e antena coletiva)

2. Disjuntores

3. Forro de gesso

Ritmo: (sem estimativa)

FONTE: a construtora.

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ANEXO A – ETAPAS DO EMPREENDIMENTO

ETAPA 6

1. Cerâmica de todo o apartamento

2. Bancadas e cachorros

3. Rejuntamento

4. Quadro elétrico da cozinha

5. Proteção da cerâmica

6. Balcão de granito da cozinha

Ritmo: 20 dias/pavimento

ETAPA 7

1. Portas de abrir e prendedor

2. Colocação de rodapés

3. Colocação de alisares

4. Repasse de massa em paredes e teto

Ritmo: 7 dias/pavimento

ETAPA 8

1. Pintura 1ª demão (parede e teto)

2. Pintura 2ª demão (teto)

3. Fundo branco e emassamento de forramento

Ritmo: 15 dias/pavimento

FONTE: a construtora.

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ANEXO A – ETAPAS DO EMPREENDIMENTO

ETAPA 9

1. Louças e metais

2. Sifões e válvulas

3. Tampa de ralos

4. Esquadrias de alumínio

5. Vidros

Ritmo: 3 dias/pavimento

ETAPA 10

1. Receptáculos e lâmpada de emergência

2. Interruptores e tomadas

3. Testes

Ritmo: 3 dias/pavimento

ETAPA 11

1. Pintura de esmalte em portas

2. Pintura de esmalte em alisares

3. Pintura 2ª demão (parede)

4. Textura da varanda

Ritmo: 9 dias/pavimento

ETAPA 12

1. Limpeza final

2. Placas dos apartamentos

3. Revisão final para entrega

Ritmo: 5 dias/pavimento

FONTE: a construtora.