universitári@ - unisalesiano - centro … · web viewthe approach used was clinical-qualitative,...
TRANSCRIPT
1
A VIDA DEPOIS DA UTIN: EXPECTATIVAS DE MÃES COM FILHOS
INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL QUANTO AO SEU FUTURO.
LIFE AFTER THE UTIN: EXPECTATIONS OF MOTHERS WITH CHILDREN IN A NEONATAL INTENSIVE THERAPY UNIT FOR THEIR FUTURE.
Adriana Keila [email protected] Gomes [email protected]
Victória Caroline Alves da [email protected] do UNISALESIANO
Prof. Dr. José Ricardo Lopes [email protected]
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo identificar quais são as expectativas que uma mãe tem em relação ao filho que se encontra internado em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), buscando analisar e compreender quais são as reações psicológicas dessas mães quanto à perspectiva de alta hospitalar, frente ao impacto da hospitalização. O método de abordagem utilizado foi clínico-qualitativo, com aplicação de entrevistas semi-estruturadas como instrumento de coleta de dados, obtidas através da gravação de áudio e posteriormente transcritas na íntegra. As entrevistas foram realizadas com sete mães, cujos filhos encontravam-se hospitalizados em UTIN na Associação Hospitalar Santa Casa de Lins (AHSCL). Considerando que o processo de hospitalização de um bebê pode causar impactos traumáticos na vida dos pais, gerando conflitos internos e alterações quanto aos sentimentos vivenciados, já que os mesmos lidam com o medo da perda e também com as expectativas de como será a vida após a alta hospitalar e ao futuro de seu filho, ficou evidenciando a importância de uma assistência de qualidade não só com os neonatos, como também para com os pais ou responsáveis, podendo ser realizada por uma equipe multiprofissional, que deve estar atenta a todos os acontecimentos, visando prestar principalmente uma assistência psicológica adequada, devido aos traumas de que foram acometidos.
ABSTRACT
This research aimed to identify the expectations that a mother has regarding the child who is hospitalized in a Neonatal Intensive Care Unit (NICU), seeking to analyze and understand what are the psychological reactions of these mothers regarding the prospect of hospital discharge, against the impact of hospitalization.
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
2
The approach used was clinical-qualitative, with the application of semi-structured interviews as an instrument for data collection, obtained through audio recording and later transcribed in full. The interviews were carried out with seven mothers, whose children were hospitalized in NICU at the Hospital Association Santa Casa of Lins (HASCL). Considering that the hospitalization process of a baby can cause traumatic impacts on the life of the parents generating internal conflicts and changes in the feelings experienced, since they deal with the fear of loss and also with the expectations of what life will be like after Hospital discharge and the future of his son, showed the importance of quality care not only with newborns, but also with parents or guardians, and can be performed by a multiprofessional team that must be attentive to all events, Aiming mainly to give adequate psychological assistance due to the traumas of which they were affected.
Palavras-chave: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Expectativa. Maternidade.
Keywords: Neonatal Intensive Care Unit. Expectancy. Maternity
INTRODUÇÃO
O nascimento de um bebê é considerado um momento de muita alegria para
a família, que nutre as melhores expectativas com sua chegada, porém em alguns
casos quando ocorrem intercorrências no nascimento este momento de alegria
acaba sendo transformado em momentos que geram medo, angústia e tristeza.
Pois, quando ocorre um nascimento prematuro devido alguma intercorrência no
parto ou alguma patologia, o Recém-nascido (RN) é encaminhado para internação
em uma UTIN.
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um local destinado ao atendimento
especializado a pacientes que se encontram em estado crítico e que necessitam de
acompanhamento contínuo dos parâmetros vitais em conjunto com a assistência de
enfermagem. O ambiente é preparado para atender qualquer tipo de emergência
através de equipamentos com tecnologia avançada que fornecem suporte adequado
para o atendimento com alta complexidade e de maneira reservada. A equipe
profissional deve ser habilitada para trabalhar em sintonia, visando um só objetivo,
devendo sempre discutir ações a serem tomadas para uma conclusão em comum.
(BOLELA; JERICÓ, 2006).
Levando em consideração os altos índices de morbimortalidade no período
neonatal, com o mesmo objetivo de uma UTI habitual surgiu a Unidade de Terapia
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
3
Intensiva Neonatal (UTIN), destinada a atender especificamente recém-nascidos
prematuros que por alguma patologia correm algum risco de vida ou que tiveram
problemas ao nascimento, necessitando assim de cuidados 24 horas por dia.
(BRASIL, 2011).
O surgimento da UTIN mudou todo o contexto de assistência ao recém-
nascido, trazendo um universo mais amplo, onde aqueles bebês que não tinham
chances de sobrevivência passam a ter novas expectativas de vida, com cuidados
especializados e com técnicas e equipamentos sofisticados. (REICHERT; LINS;
COLLET, 2007).
Além de todo atendimento prestado, na UTIN é necessário uma
sistematização estruturada que deve dar suporte ao recém-nascido e família, onde
eles são o foco principal das ações assistenciais do setor. (BOTTOSSO; ORMOND,
2006).
A notícia da chegada de um bebê determina mudanças importantes tanto nos
diferentes membros da família como no grupo social dos pais, avós e irmãos.
Surgem expectativas, planos e projetos junto a novas exigências de tarefas e de
funções para cada uma dessas pessoas, provocando a reorganização desse grupo
que possui a familiaridade como seu grande elo. (BRASIL, 2000).
A falta de oportunidade onde a mãe não consegue interagir afetivamente com
seu filho hospitalizado pode levar a um prejuízo do apego e ocasionar desordens no
relacionamento futuro de ambos. Podendo até mesmo alterar suas expectativas em
relação à alta hospitalar, onde o futuro do bebê ainda é incerto.
Com isso o objetivo desse trabalho foi o de identificar e analisar quais as
expectativas que as mães têm quanto ao futuro de seus filhos que se encontram
hospitalizados em UTIN.
Através da coleta de dados surgiu o questionamento quanto à expectativa
que envolve a mãe durante a possibilidade de saída de seu filho da UTIN, o que
envolverá uma série de mudanças que foram ocasionadas pela hospitalização.
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
4
AS EXPECTATIVAS DA MATERNIDADE E O DESEJO DE CUIDAR
1 Expectativas maternas
Quando a mãe descobre a gravidez, já há nela e no pai muitas dúvidas,
fantasias e grandes expectativas ligadas ao desenvolvimento da criança. Isso ocorre
(RAPPAPORT; FIORI; HERZBERG, 2015).
Pode-se observar que ocorrem, também, grandes fantasias dos pais em
relação aos seus filhos, acarretando preocupações exacerbadas possibilitando
prejudicar a gestação e influenciando no crescimento dessa criança. A maternidade
pode ser uma experiência única com muitas novidades em meio a todas as
emoções, positivas e negativas.
Em todo período de gestação podem emergir uma série de conflitos que
devem refletir no período do nascimento de um bebê. Como, por exemplo, o medo
da morte e de. Mas, o desejo de ser mãe e formar uma família pode falar mais forte.
(PRATA; BARROS, 2012).
A chegada do bebê faz com que os pais se reúnam em sua própria história e
revisitem suas próprias identificações: a ansiedade em saber como será o rosto de
seu filho se nascerá perfeito e, a partir desse momento, para o resto de sua vida,
como será ao crescer. Uma ansiedade e preocupação que não se cessam jamais
(PRATA; BARROS, 2012).
A chegada do bebê é um marco na vida de uma mãe, pois o nascimento é o
momento onde mãe e filho se veem pela primeira vez. Para a mãe é o momento de
idealizar o que tanto sonhou e esperou por meses, um presente gerado por si,
dentro do seu corpo real. A partir desse momento, a mãe se torna cada vez mais
forte, capaz de resistir a todos os obstáculos. A mulher passa, então, ao papel de
mãe e não mais filha. Começa, então, a entender toda a mistura de sentimentos que
a acomete. (LOPES et al., 2005).
1.1 As mudanças na vida da gestante
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
5
A gravidez é um momento de mudanças na vida da mulher e nos papéis que
esta exerce. Durante esse período ela tem que passar da condição de filha para a
de mãe também, e reviver experiências anteriores, as já vividas com sua mãe, além
de adequar todas as outras funções esperadas de mulher, esposa e suas atividades
profissionais.
Ocorrem junto com essas mudanças as situações biológicas, somáticas,
psicológicas e sociais, representando uma experiência única e intensa que influencia
tanto a dinâmica psíquica individual como as demais relações sociais da mulher.
Neste processo, ocorrem mudanças inconscientes que podem se tornar conscientes
ou aparecer disfarçados sob a forma de sonhos e sintomas, fazendo com que a
identidade da mulher passe por transformações (PICCININI et al., 2008).
Diante de todas estas mudanças psíquicas, a mulher se torna mais sensível,
seus sentimentos ficam mais aflorados suscetíveis a vários distúrbios emocionais.
Assim, a gravidez pode tanto desencadear uma crise emocional para as gestantes
como inaugurar um potencial de adaptação e resolução de conflitos até então
desconhecidos.
Todas essas mudanças que ocorrem com a mulher podem influenciar o futuro
da criança. Por isso, deve-se cuidar de todo esse processo gestacional. É
importante que se busque compreender a dinâmica psíquica desse momento e sua
contribuição para a constituição da maternidade (PICCININI et al., 2008).
As gestantes mostraram-se, também, insatisfeitas diante das mudanças
corporais. Pois, a mudança não é só interna, mas visivelmente externa.
1.2 A mulher que vai se tornar mãe
Tem-se observado a tendência em interpretar-se a vivência da gravidez como
um acontecimento privado, focando na família e os fatos emocionais (PEDREIRA;
LEAL, 2015).
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
6
O que era tratado como uma questão familiar passou a ser vivido mais
facilmente após novas experiências e conquistas da mulher tornando-a menos
vulnerável a novos desafios.
Pedreira e Leal (2015) complementam ainda dizendo que mesmo que a
mulher tenha uma gestação bem-sucedida, não há garantias de que se evite um
elevado nível de ansiedade. A ansiedade centra-se no receio de não ser capaz de
identificar antecipadamente os primeiros sinais de trabalho de parto e, assim,
colocar em risco a vida do bebê. Deste modo, a ansiedade vivenciada reflete a
pressão sentida em confirmar a sua competência feminina de gerar, de cuidar e de
nutrir outro ser.
Podemos observar quando a mãe passa por conflitos em sua gestação pode
ser prejudicial ao seu bebê ao longo da gravides e trazendo problemas futuros para
a mãe.
Contudo, o medo vivenciado, também, é direcionado para si própria. Pode
existir com isso o medo de castração, o medo de, após o parto, proporcionar um
vazio interno e o medo da morte. Tudo a sua volta reflete nesses sentimentos e o
que outras mães falam de suas vivências e experiências também a influenciam.
Todos estes medos não são resultado apenas da experiência presente, podem
refletir, também, experiências passadas, interpretadas como eventos negativos,
caso tenha ocorrido uma perda na família ou próximo de si (PEDREIRA; LEAL,
2015).
No entanto a gestação deve ser bem acompanhada com profissionais da
área. Ter o apoio familiar é de suma importância, principalmente, o pai. Não deixar
que os conflitos internos e do passado venham à tona prejudicando o bebê, nem
deixando que os medos que são normais de uma gestação tornem-se maiores do
que o desejo de se tornar mãe, embora algumas situações sejam inevitáveis.
1.3 A perspectiva da mulher na infância em relação à maternidade
As mulheres apresentam-se condicionadas a esse papel desde a infância,
mas não somente nela, todo seu desenvolvimento é norteado para esse
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
7
condicionamento, mesmo que ela nunca chegue a ser mãe. O que ocorre é que, na
infância, tendem a se estruturar bases sólidas de construção e diferenciação de
gênero a serem reforçadas no decorrer da vida.
A partir da infância, nota-se que as intervenções mostram-se mais sutis, mas
nem por isso menos acirrada, em nível de cobranças quanto à execução desse
papel da infância. As mulheres cuidam de seus irmãos mais novos, trabalham como
babás, com isso fica então determinado o futuro papel a desempenhar (PEDREIRA;
LEAL, 2015).
Com todas as experiências da infância se dá a aprendizagem de tornar-se
mãe. No entanto, enquanto processo, surge relegado ao esquecimento em suas
vidas adultas, prevalecendo apenas o conteúdo que ele transmite de que ser mãe é
uma condição natural. Essa é uma possibilidade explicativa ao fato das mulheres
atribuírem ao nascimento de seus filhos uma causa mágica, como consequência de
algo não localizável, ou a crença numa vontade eterna de serem mães, seguida da
necessidade do cumprimento de um dever para com a vida que extrapola sua
própria existência (PEDREIRA, LEAL, 2015).
Esses autores acreditam que uma vez socializadas, essas mulheres tornam-
se socializadoras dos filhos, o que se constitui como uma de suas mais importantes
funções. Algumas mulheres com preferências por filhos homens, acreditando ser
mais fácil de serem criados, apesar de meninas serem mais apegadas e carinhosas
e o fato de que homem deve usar azul e mulher cor de rosa.
Embora, constantemente, propagado como algo dado e imutável entre as
mulheres-mães, ocorrem algumas peculiaridades a seu respeito. Ele dinamiza-se,
basicamente, de três maneiras de acordo com Pedreira e Leal (2015): amor que só
uma mãe pode sentir e é incomparável a qualquer outro sentimento já vivido; o amor
investimento; e o amor construído pela relação, que se dá no início do nascimento e
se constrói no decorrer de seu crescimento.
2. A relação mãe-bebê e a internação na UTIN
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
8
A relação da mãe com o bebê vai se constituindo desde o momento em que
ela vai observá-lo e saber como ele está no pré-natal. Essa relação é influenciada
pelas expectativas que ela tem quanto ao seu filho e pela relação que ela vai
estabelecendo com ele. Essas expectativas envolvem o sexo do bebê, a maneira
como ele se movimenta dentro e também qual será o nome à ele atribuído.
A realidade sobre como é esse bebê comparado ao imaginado, passa a existir
somente quando ocorre o nascimento.
O grande fato de a mãe poder sentir esse bebê faz com que isso seja um
marco e ela passa a senti-lo de forma mais real e personificado. E isso fortalece a
relação entre eles. (PICCININI et al., 2004).
Porém, em algumas situações de intercorrência durante o nascimento o bebê
precisa ser encaminhado para a UTIN e este fato acaba por interferir essa relação.
E para os pais, este é um ambiente que lhes representa medo e esperança. Medo
de que algo aconteça com o bebê e ele não sobreviva e esperança de que ele ficará
bem por conta de todo o cuidado que está sendo prestado a ele.
As mães, às vezes, se assustam com toda a aparelhagem da UTIN, porém,
isso não lhes tira o desejo de estar perto do seu filho. (SANTOS et al., 2013).
O bebê passa por vários procedimentos necessários enquanto estão internados
e para auxiliar na recuperação dele, o contato do mesmo com a família,
principalmente com a mãe é indispensável. (ROSO et al., 2014).
Este contato com a mãe ajudará a reestabelecer a relação e interação entre
eles, muitas vezes, interrompida pela hospitalização. Mesmo que esse contato seja
muito limitado, que é o caso dos bebês com históricos mais graves e ainda
respirando por aparelhos, ele é essencial.
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
9
CONCLUSÃO
A partir desta pesquisa foi possível evidenciar que a internação de um RN em
UTIN pode alterar os sentimentos dos pais com os filhos e muitas vezes influenciar
nas suas expectativas quanto ao futuro após a alta.
O medo da morte e de possíveis sequelas, tanto para a mãe quanto para o
RN em decorrência do parto, podem ser potencializadas quando ocorre um
nascimento prematuro ou a emergência de uma internação em unidade neonatal.
Em alguns casos o desejo de ter o filho em seus braços faz com que a mãe alimente
a esperança de uma boa recuperação, porém, outras sofrem com o impacto
causado pela hospitalização e acabam desacreditando na sobrevivência do RN.
Desde a descoberta da gestação várias mudanças começam a surgir e a
mulher ao assumir o papel de mãe convive com uma mistura de sentimentos,
desejos e expectativas. E ao se deparar com uma necessidade de internação do
filho na UTI acaba sofrendo grande frustração, levando a confusão desses
sentimentos, sendo que muitas compreendem a necessidade de hospitalização, mas
acabam se culpando ou até inventam barreiras para não alimentar sentimentos de
amor e carinho pelo filho, que pode até mesmo ser associado ao medo de perda
pelo trauma sofrido.
Após muitos estudos e observações detalhadas sobre a separação da criança
com a família diante de uma enfermidade e de uma internação em unidade
intensiva, foi constatado que o não envolvimento da mãe com o bebê a desencoraja
na prestação de cuidados e cria uma barreira afetiva entre eles, podendo até
atrapalhar no seu desenvolvimento e crescimento, e consequentemente no
tratamento de saúde, levando em conta que medidas de prevenção contra infecção
ainda são realizadas, diminuindo com isso o contato dos pais com seus filhos
internados.
Embora tenhamos na literatura uma referência à mãe vista como sujeito da
culpa, sentindo-se a responsável pelos problemas que levaram seus filhos à
internação na UTIN, em nosso trabalho esse dado não se evidenciou. Sugere nesse
caso uma postura de distanciamento da mãe ocorra por limites na compreensão do
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
10
que estava acontecendo, seja por uma reação defensiva de distanciamento de seus
filhos nesse processo.
Outro dado relevante foi que em nosso trabalho observamos uma reação
inicial de apreensão das mães, em especial com relação ao futuro de seus filhos,
imaginando eventualmente a necessidade de rever suas expectativas com relação
ao filho imaginado.
No entanto após um período de elaboração essas mães conseguem
desenvolver um novo desdobramento de suas expectativas, ora resgatando suas
expectativas iniciais, especialmente quando percebem que seus filhos poderão viver
uma vida normal ao sair da UTIN, ora buscando uma reorientação das expectativas
quando percebe que se não vão ter o filho idealizado elas poderão reinvestir na
relação com o filho por uma nova possibilidade de cuidados. Ou seja, elas buscam
outra possibilidade de manter a relação com os filhos e viver novas expectativas
para seu futuro.
Conclui-se que o incentivo ao contato direto e ao desenvolvimento de laços
afetivos com os pais através de medidas humanizadas pode favorecer e auxiliar na
criação de expectativas positivas quanto à internação como também após a alta,
visando um futuro feliz e saudável para o RN.
Toda a análise integra os significados construídos ao longo do contexto social
e histórico das mulheres estudadas aqui nesse trabalho.
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
11
REFERÊNCIAS
BOLELA, F.; JERICÓ, M. C. Unidades de Terapia Intensiva: Considerações da
Literatura acerca das Dificuldades e Estratégias para sua Humanização. Esc Anna Nery R Enferm, 2006; 10 (2): 301-8. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/ean/v10n2/a19v10n2.pdf. Acesso em: 13 mai. 2016.
BOTTOSSO, R. M.; ORMOND, V. S. Manual do processo e sua aplicação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal – UTIN. Universidade Federal de Mato
Grosso. Hospital Universitário Júlio Müller. Cuiabá, Mato Grosso, 2006.
LOPES, R. DE C. S et al. O antes e o depois: expectativas e experiências de mães
sobre o parto. Psicologia Reflexão e Critica. P. 247-254 2005.
PEDREIRA, M; LEAL, I. Terceiro Trimestre Gravidez: Expectativas e Emoções Sobre
o Parto. Psicologia, Saúde e Doenças. Lisboa, v. 16, n.2, set 2015.
PICCININI, C. A et al. Gestação e Constituição da Maternidade. Psicologia em Estudo. Maringa, v. 13. N. 1, p. 63-72, jan/mar 2008.
PRATA, A. K. A. V; BARROS, I. P. M. Expectativas e Experiências da Maternidade
na Gestação a Termo e na Gestação Pré-termo: estudo Comparativo com Auxílio de
Técnica Projetiva. Aletheia. Canoas, n. 38-39, dez 2012.
RAPPAPORT, C. R; FIORI, W. R; HERZBERG, E. A infância inicial: o bebê e sua mãe. São Paulo: 2015, p. 38-44.
REICHERT, A. P. S.; LINS, R. N. P.; COLLET, N. Humanização do Cuidado da UTI Neonatal. Rev. Eletrônica de Enfermagem, 2007, v. 09, n. 01, p. 200-2013.
Disponível em: https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v9/n1/pdf/v9n1a16.pdf. Acesso em:
18 mai. 2016.
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016
12
SANTOS, L. M. et al. Vivências de Mães de Recém-Nascidos Prematuros na
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Revista da Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras. São Paulo, 2013, v. 13, n. 2, p. 73-81. Disponível em:
http://www.sobep.org.br/revista/component/zine/article/170-vivncias-de-mes-derecm-
nascidos-prematuros-na-unidade-de-terapia-intensiva-neonatal.html Acesso em: 18
nov. 2016.
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul-dez de 2016