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USO DO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM PARA
EDUCAÇÃO EM ODONTOLOGIA: experiência no ensino da cirurgia e
traumatologia buco-maxilo-facial
Janaina Andrade Lima Salmos de Brito¹, Polyanna Ataíde Soares, Emmanuella Araujo de Oliveira,
Lenilda Austrilino, Ricardo Viana Bessa-Nogueira
Resumo
O projeto propôs-se utilizar o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da Plataforma
Moodle para habilitar os alunos matriculados nas disciplinas de Cirurgia e Traumatologia Buco-
Maxilo-Facial e Clínica Integrada IV, com ênfase em cirurgia, da Faculdade de Odontologia da
UFAL (FOUFAL) a discutirem estratégias para tratamento de casos clínicos de pacientes, com
base na melhor evidência científica disponível na literatura. Tendo como alicerce o processo
formativo de profissionais de Odontologia, esta iniciativa representa uma relevante atitude
inovadora e transformadora para ampliar e fortalecer a integração entre os eixos: ensino,
pesquisa e extensão. A modalidade de educação à distância, via internet, é uma ferramenta
estratégica importante, pois traz como vantagens a diminuição de custos, a ausência de
deslocamento, flexibilização dos horários e uma proposta colaborativa dos participantes. No
contexto do ensino da Odontologia na FOUFAL, a interação entre o ensino tradicional, em
ambiente físico, vinculado ao uso do AVA, procura suprir as deficiências em ambos,
equilibrando o processo de ensino e aprendizagem, proporcionando aos alunos novas atitudes
para a aquisição do conhecimento. Essa ferramenta também permite o acesso direto e aberto ao
público em geral e pode ser usado por profissionais de outras áreas que tenham interesse de
atualizar seus conhecimentos sobre assuntos relacionados à área de cirurgia.
Palavras chaves: Ensino. Educação superior. Cirurgia Maxilofacial.
Abstract
The project aimed to use the Virtual Learning Environment (VLE) Moodle platform to train
students enrolled in Oral and Maxillofacial Surgery disciplines of the Federal University of
Alagoas, Dental School (FOUFAL) to discuss strategies for treating clinical cases of patients,
based on the best scientific evidence available in the literature. The background is the dental
professional formation process; this initiative represents a significant innovative and
transformative attitude to expand and strengthen integration between the three axes: teaching,
research and community services. The modality of distance education online is an important
strategic tool because it brings the advantages of lower costs, no commute need, flexible
working hours and a collaborative work proposal. In the context of the dental teaching at
FOUFAL, the interaction between traditional teaching, in physical environment, and online
study using VLE, seeking to reduce shortcomings in both, balancing teaching and learning
process, provides students with new attitudes to knowledge acquisition. This tool also allows
open and direct access to the general public and can be used by other healthy care professionals,
who are interested to update their knowledge related to this surgical area.
Keywords: Teaching. Education, Higher. Surgery, Oral.
Introdução
A Educação à distância (EAD), por vezes designada erradamente por ensino à distância, é a
modalidade de ensino que permite que o aprendiz não esteja fisicamente presente em um
ambiente formal de ensino-aprendizagem, assim como, permite também que faça seu auto
estudo em tempo distinto. Diz respeito também à separação temporal ou espacial entre o
professor e o aprendiz. A relação entre o professor e o aluno se dá por meio das TIC (tecnologias
de Informação e Comunicação), principalmente as telemáticas, como a internet, em especial as
hipermídias, mas também pode ser utilizado o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o telefone,
o fax, o celular, o computador (desktop e notebooks), entre outras tecnologias semelhantes. Os
cursos oferecidos através da EAD são realizados através do Ambiente Virtual de Aprendizagem
(AVA) que permite que outras tecnologias sejam adicionadas conforme as características e
necessidades de cada curso e do público alvo a que se destina, possibilitando cada vez mais
qualidade e consistência neste tipo de aprendizado.
O art. 1º, e seus capítulos, da Portaria nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004, estabeleceu que as
instituições de ensino superior possam introduzir, na organização pedagógica e curricular de
seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de disciplinas integrantes do currículo que
utilizem modalidade semipresencial de forma integral ou parcial, com base no art. 81 da Lei n.
9.394, de 1996, e no disposto nesta Portaria. Ela também caracteriza a modalidade
semipresencial como quaisquer atividades didáticas, módulos ou unidades de ensino-
aprendizagem centradas na autoaprendizagem e com a mediação de recursos didáticos
organizados em diferentes suportes de informação que utilizem tecnologias de comunicação
remota; desde que esta oferta não ultrapasse 20 % (vinte por cento) da carga horária total do
curso.
A utilização da internet na educação tem se difundido rapidamente como um meio estratégico
importante por ser uma opção de aquisição de novos conhecimentos sem a necessidade de
locomoção a grandes distâncias, ou mesmo uma forma de minimizar dificuldade e custos de
deslocamento e a flexibilidade dos horários, permitindo o uso de espaços ociosos da agenda.
Não diferente a outras áreas, a Odontologia necessita de atualização permanente, mas os
obstáculos alinhados a alguns aspectos inerentes à profissão inibem o processo de formação.
Dessa maneira o AVA apresenta-se como uma maneira viável, promissora e de baixo custo para
resolver todas essas demandas da prática clínica, além de otimizar o tempo do profissional e do
paciente.
Em linhas gerais, a Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-facial é uma das especialidades da
Odontologia que requer conhecimentos de outras disciplinas para subsidiar uma efetiva
assistência à saúde que gerem resultados clínicos satisfatórios. Esta abordagem permitirá aos
alunos avaliar criticamente os dados clínicos, radiográficos e laboratoriais dos pacientes
atendidos pelas clínicas e gerar a melhor terapêutica; além de permitir a busca do conhecimento
através de diferentes fontes de informação a fim de identificar corretamente o problema clínico,
aplicar a intervenção de mais alta qualidade e reavaliar o desfecho para melhorias futuras.
A demanda por qualidade máxima do cuidado em saúde, combinada com a necessidade de uso
racional de recursos tanto público quanto privado, tem contribuído para aumentar a pressão
sobre os profissionais da área no sentido de assegurar a implementação de uma prática baseada
em evidências científicas. A prática clínica baseada em evidências objetiva fornecer assistência
à saúde guiada por uma integração consciente do melhor conhecimento científico disponível
com competência clínica. Esta abordagem permite ao clínico avaliar criticamente os dados de
pesquisa, orientações clínicas e outras fontes de informação a fim de identificar corretamente o
problema clínico, aplicar a intervenção de mais alta qualidade, e reavaliar o desfecho para
melhorias futuras (MAJOR, MAJOR e FLORES-MIR, 2007).
Dessa forma, uma solução para o problema anteriormente apresentado é realizar o ensino na
modalidade da educação à distância (EAD). Para isso, utilizou-se a estrutura do AVA já
estabelecida da UFAL visando habilitar os estudantes matriculados para buscar a melhor
evidência para resolver as demandas encontradas nas clínicas da FOUFAL.
Um curso com o foco de utilizar a EAD e a Odontologia Baseada em Evidências (OBE) pode
proporcionar vantagens a todos os envolvidos no processo: aos estudantes, proporcionaria uma
ampliação de seus conhecimentos técnicos aliado aos avanços científicos descritos na literatura
de uma maneira objetiva e voltado para resultados; aos pacientes, um atendimento clínico de
qualidade agregado ao que há de mais atual sobre o poder de resolutividade de suas demandas
do processo saúde-doença; aos professores, formarem uma equipe capacitada a atender às
demandas clínicas, gerando resultados com maior eficiência e menor empreendimento de
dinheiro público com economia de recursos, abrangência do atendimento e resolutividade das
doenças acometidas pelo complexo buco-maxilo-facial; e, à instituição de ensino superior seria
reconhecida como um centro formador de referência e contra referência no que tange ao
desenvolvimento técnico-científico.
Referencial Teórico
Atualmente, os sistemas educativos encontram-se hoje submetidos novos desafios no que diz
respeito à quantidade, diversidade e velocidade de evolução dos saberes. Existe um
desequilíbrio na balança que equilibra a demanda por educação e a oferta de educação pelos
canais formais (escolas, universidades), onde existe uma carência muito maior por educação do
que os órgãos formais podem ofertar. Alguns autores evidenciam o fato de que não será possível
aumentar o número de professores proporcionalmente à demanda de formação que é, em todos
os países do mundo, cada vez maior e mais diversa. Quase metade da sociedade está, ou gostaria
de estar, na escola e como a população mundial será de cerca de 9 bilhões de pessoas em 2050,
podemos ter uma noção do tamanho do desafio. Uma possível solução é adotar técnicas e
tecnologias de educação em massa mediada pelos mais diversos tipos de interatividade e
métodos audiovisuais (FORMIGA, 2004).
A educação à distância (EAD), em sua forma empírica, é conhecida desde o século XIX.
Entretanto, somente nas últimas décadas passou a fazer parte das atenções pedagógicas. Ela
surgiu da necessidade do preparo profissional e cultural de milhões de pessoas que, por vários
motivos, não podiam frequentar um estabelecimento de ensino presencial, e evoluiu com as
tecnologias disponíveis em cada momento histórico, as quais influenciam o ambiente educativo
e a sociedade. A EAD caracteriza-se pelo estabelecimento de uma comunicação de múltiplas
vias, suas possibilidades ampliaram-se em meio às mudanças tecnológicas como uma
modalidade alternativa para superar limites de tempo e espaço. Seus referenciais são
fundamentados nos quatro pilares da Educação do Século XXI publicados pela UNESCO, que
são aprender: a conhecer, a fazer, a viver juntos e a ser (UNESCO, 2003).
Dentro de uma linha de ação, o termo Educação On-line faz menção a uma proposta onde existe
a: separação física professor-aluno, comunicação em dois sentidos e pautada na colaboração ou
aprendizagem cooperativa, e a confecção/medicação/distribuição de conteúdo educacional
utilizando-se computadores. Esse tipo de educação possibilita uma renovação de valores e
métodos educacionais que podem resolver questões tanto da educação presencial, como da
EAD, como maior acesso, menor custo, mais interatividade, flexibilidade e continuidade
(FORMIGA, 2004).
A educação à distância foi utilizada inicialmente como recurso para superação de deficiências
educacionais, para a qualificação profissional e aperfeiçoamento ou atualização de
conhecimentos. Hoje, cada vez mais foi também usada em programas que complementam
outras formas tradicionais, face a face, de interação, e é vista por muitos como uma modalidade
de ensino alternativo que pode complementar parte do sistema regular de ensino presencial
(LITTO e FORMIGA, 2004).
O governo brasileiro criou leis e estabeleceu normas para a modalidade de educação à distância
no país. Em 1994, teve início a expansão da internet no ambiente universitário. Dois anos
depois, surgiu a primeira legislação específica para educação à distância no ensino superior. As
bases legais para essa modalidade foram estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases na
Educação Nacional n°9.394, de 20 de dezembro de 1996, regulamentada pelo decreto n°5.622
de 20 de dezembro de 2005, que revogou os decretos n°2.494 de 10/02/98, e n°2.561 de
27/04/98, com normatização definida na Portaria Ministerial n°4.361 de 2004. No decreto
n°5.622 dita que, ficam obrigatórios os momentos presenciais para avaliação, estágios, defesas
de trabalhos e conclusão de curso; classifica os níveis de modalidades educacionais em
educação básica, de jovens e adultos, especial, profissional e superior, onde os cursos deverão
ter a mesma duração definida para os cursos na modalidade presencial; os cursos poderão
aceitar transferência e aproveitar estudos realizados em cursos presenciais, da mesma forma
que cursos presenciais poderão aproveitar estudos realizados em cursos à distância; e, regulariza
o credenciamento de instituições para oferta de cursos e programas na modalidade à distância
(ALVES JR., 1994).
Didaticamente, o momento de aprendizagem pode ser didaticamente dividido em a educação
presencial, semipresencial (parte presencial e parte virtual ou a distância), e educação à
distância (ou virtual). A presencial é a dos cursos regulares, em qualquer nível, onde professores
e alunos se encontram sempre num local físico chamado sala de aula. É o ensino convencional.
A semipresencial acontece em parte na sala de aula e outra parte a distância, através de
tecnologias (MAIA e MATTAR, 2007).
Outro ponto importante é que a demanda de formação não apenas conhece um enorme
crescimento quantitativo, ela sofre também uma profunda mutação qualitativa no sentido de
uma necessidade crescente de diversificação e de personalização. Uma via para um acesso ao
conhecimento ao mesmo tempo massificado e personalizado pode ser considerada como sendo
um novo paradigma da navegação que se desenvolve nas práticas de levantamento de
informações e de aprendizagem cooperativa no centro da cibercultura. A EAD colaborativa
caracteriza-se pelo estabelecimento de uma comunicação de múltiplas vias com a formação de
um ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Suas possibilidades ampliaram-se em meio às
mudanças tecnológicas – advento das redes sociais, e-mails, ferramentas de comunicação
instantânea – como uma modalidade alternativa para superar limites de tempo e espaço. Nela
as partes integrantes (docentes e estudantes) se relacionam de maneira a trocar informações e
conhecimentos, baseados tanto na literatura científica quanto na experiência profissional, sendo
esta troca gerida pelo docente em questão, o qual tem em seu papel direcionar o ensino e garantir
aprendizagem a todos os integrantes do grupo (DOTTA, 2011).
Conceitos atuais na literatura da área da saúde sugerem que decisões clínicas deveriam, sempre
que possível, ser tomadas com base em evidências científicas. Dessa forma, a decisão clínica
baseada em evidências tem estado em destaque nos congressos e editoriais dos últimos anos,
como sinônimo de uma Odontologia baseada numa abordagem na qual a tomada de decisão na
área de saúde está baseada na melhor evidência disponível, em sintonia com os anseios do
paciente, para decidir qual é a melhor alternativa de tratamento para aquele indivíduo
(ANDERSON, 2002; SAKAGUCHI, 2010; HINTON et al., 2011; KAO, 2011).
A proposta da odontologia baseada em evidências é que cirurgiões-dentistas e pacientes tomem
decisões em conjunto, ao invés de simplesmente seguir convenções, preferências, hábitos ou
opiniões de colegas. E essa prática consiste em, sistematicamente, acessar as melhores fontes
de estudos odontológicos científicos relevantes, para as dúvidas específicas, avaliando os
resultados e agindo de acordo com eles (BADER, ISMAIL e CLARKSON, 1999;
NIEDERMAN e RICHARDS, 2005; FEINBERG, 2010; KAO, 2011).
Na perspectiva que os pacientes merecem um alto nível de cuidado, que somente é alcançado
por meio do uso judicioso das melhores informações disponíveis, o profissional deve estar apto
a realizar uma leitura crítica dos artigos científicos, decidindo, com segurança, qual
conhecimento será incorporado à sua prática clínica. Nesse cenário, entendemos que a prática
baseada em evidências é uma abordagem que incentiva o cirurgião-dentista a buscar
conhecimento científico por meio do desenvolvimento de pesquisas ou aplicação na sua prática
profissional dos resultados encontrados na literatura (BADER, ISMAIL e CLARKSON, 1999;
MARINHO, RICHARDS e NIEDERMAN, 2001; NIEDERMAN e RICHARDS, 2005;
MOSKOWITZ, 2009).
Metodologia
O desenho metodológico escolhido foi um estudo observacional analítico quali-quantitativo na
modalidade de educação à distância (EAD). A escolha foi pautada na necessidade de se
identificar na população de discentes as potencialidades e habilidades tecnológicas pré-
existente, quais são os anseios relacionados ao método de aprendizagem, qual a melhor forma
de abordar o assunto por meio da EAD, e avaliar o desempenho da modalidade na perspectiva
dos discentes.
A amostra/população foi composta pelos discentes do curso de odontologia da FOUFAL
regularmente matriculados nas disciplinas que ministram conteúdos referentes à cirurgia e
traumatologia buco-maxilo-facial. O período do estudo foi cem dias do semestre 2015-1, o
conteúdo teórico foi baseado nas ementas das disciplinas e o AVA foi o Moodle formatado para
uso na UFAL que pode ser acessado em qualquer computador ou smartphone com internet. Foi
fornecido um login e senha de acesso pessoal à plataforma, onde encontraram uma sala de aula
virtual, que permitiu que o discente ter acesso aos conteúdos disponibilizados pelos docentes.
Eles foram acompanhados e realizaram atividades do curso pela internet, como debate em
fóruns de discussão, tira-dúvidas, entre outros.
As fases do projeto comtemplaram: (1) verificação das habilidades tecnológicas prévias com
uso do AVA; (2) criação do AVA; (3) Importação do material didático; (4) aplicação do projeto
com os alunos da FOUFAL e (5) avaliação do projeto.
Resultados
Na primeira fase foi utilizado um questionário estruturado (20 questões de múltiplas escolhas e
06 questões abertas) para colher dados referentes às habilidades tecnológicas, abordando dentre
outros, a forma de acesso à internet, o tempo e tipo de conexão de dados, realização de trabalhos
em grupo, fatores que contribuem para melhorar ou facilitar o aprendizado do aluno, avaliação
do rendimento do estudo na perspectiva do aluno.
Na segunda fase, foi criado o AVA, utilizando a ferramenta SICAM (http://sicam.ead.ufal.br).
Dessa forma, os dados que constam no banco de dados de matrícula dos alunos foram
importados diretamente para o AVA.
Na terceira fase, o material pedagógico (artigos científicos, dados clínicos de pacientes, e
exames complementares de diagnóstico) foi produzido, reunido e importado no AVA. O termo
de consentimento de cada paciente foi colhido para disponibilização dos dados. Todos os casos
foram relativos à área de cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial e afins. O material foi
organizado objetivando disponibilizar para o aluno um aumento crescente de complexidade de
casos clínicos e de tomadas de decisões. Foram propostas atividades que desenvolvessem nos
alunos as seguintes capacidades e habilidades: pró-atividade, colaboração, autonomia e
pesquisa no periódico da CAPES (www.periodicos.capes.gov.br) de artigos com base em
evidências científicas.
Na quarta fase, um bolsista foi capacitado para utilizar o AVA e colaborar como o professor
durante a aplicação do projeto. Os alunos foram submetidos a três momentos: imersão na
utilização do AVA, discussão dos casos e produção de conteúdo colaborativo. No AVA
utilizaram-se as seguintes atividades: fórum, chat, wiki e pesquisa de avaliação.
Na ultima fase, o projeto foi avaliado utilizando as ferramentas disponíveis no AVA e pela
aplicação de uma atividade escrita presencial. Os tópicos abordados foram: conhecimento dos
alunos sobre a estrutura e funcionamento do AVA, capacidade de colaboração dos alunos,
frequência no uso do AVA, conhecimentos específicos sobre os casos e nível de satisfação com
o uso do AVA. Os dados foram tabulados, analisados (qualitativamente e quantitativamente) e
apresentados na forma de tabelas e gráficos. Para a análise quantitativa foi utilizados teste
paramétricos e não paramétricos e a significância estatística foi fixada em 5%.
Considerações Finais
O desenvolvimento do EAD moderno ocorreu conforme os avanços e recursos tecnológicos e
de comunicação. A fase dos ambientes interativos, com comunicação síncrona e assíncrona,
com a eliminação do tempo fixo para o acesso à educação, e a possibilidade de se ter
informações armazenadas e acessadas em tempos diferentes, proporcionou um significativo
avanço no acesso ao conhecimento e na aprendizagem significativa. A educação deixa de ser
concebida como mera transferência de informações e passa a ser norteada pela contextualização
de conhecimentos úteis ao aluno. No AVA, o aluno é desafiado a pesquisar e entender o
conteúdo, de forma a participar da disciplina e compartilhar seus conhecimentos com
interatividade. Essa é assegurada por meio de ferramentas, tais como: webconferência, chat,
fóruns de discussão, correio eletrônico, blogues, navegação web compartilhada, espaços wiki,
agenda, gestão de turmas, gestão de grupos, gestão de usuários, sistema de avaliação,
questionários e banco de questões tarefas, etc., que possibilitaram interação multidirecional
entre alunos e tutores culminando com aprendizagem e fixação de conhecimentos em sólidas
bases científicas, além de formar profissionais com competência a atender as necessidades de
seus pacientes. Esse projeto vem a enfatizar que essa experiência deve ser ampliada para outras
especialidades, bem como para outros públicos e que as dificuldades encontradas dizem
respeito à lentidão da conexão da internet e ainda uma parcela não possui seu próprio
equipamento eletrônico.
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