63329005 arqueologia do velho test amen to merril f unger

102
n1Jl MERRIL F. UNGER

Upload: marcos-rafael-pasa

Post on 25-Oct-2015

420 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

n~~~..,~ ~ 1-:;.-r:.~~ -.-(1'l'~

n1Jl

MERRIL F. UNGER

Page 2: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Capitulo I

0 PAPEL DA ARQUEOLOGIA

NO ESTUDO DO VELHO TESTAMENTO

A arqueologia geral. como cienci!l baseada na escava9ao, decifra~ao e avalia9ao cr1tica dos registros do _passado, e assunto perenemente fascinante. De maior interesse ainda eo campo mais restrito da arqueologia b1blica. Lidando com a escava~ao decifra¥io e avalia~ao cri­tica de registros antigos que tern a ver direta ou indiretamtmte com a Biblia e sua mensagem, a arqueologia btblica t-ern atraido a aten~o cada vez mais de maior numero de investigadores entu­siasticos, estudioso.s e leitores da Biblia em geral.

A razao para o crescente entusiasmo pela arqueologia biblica, nao e dificil de ser encontrada. Reside na suprema importancia da mensagem e significado da Blblia em s:i mesma. As Escrituras~ em virtude do carater que tern, como a revelayao inspirada de Deus ao homem, satisfazendo as mais prementes necessidades humanas, hoje, como no passado, alcan~aram, inevi­tavelmente, urna posi~ao de su.premacia nos interesses e nas afeiy6es da humanidade. Nenhum ou­tro livro se pode comparar aos Escritos Sagrados no chamar a aten~o do homem, ou em minis­trar as suas necessidades.

A arqueologia biblica,lan~ando luz sabre o panorama hlst6rico e ·a-vida contem· poninea da epoca em que as Escrituyas Sagradas foram produzidas, bern como ilominando e ilUs­ttando as suas p3ginas com as suas verdadeiramente notaveis descobertas, necessariamente deve mui­to ao interesse que a ela se presta, a sua conexio com a B:iblia. De fato, uma forma segura de fi· car famoso como arque6logo, e fazer alguma descoberta que sirva de apoio significativo para estu­dos b1'blicos.

Nenhum campo de pesquisa tern oferecido maiores de~os e promessas do que a arqueolog.ia veTho-testamentaria. Ate o com~o do seculo dezenove, muito pouco era conhecido a respeito dos tempos bfblicos, exceto o que aparecia nas paginas das pr6pr:ias Escrituras, ou o que, casualrnente, fora preservado nos escritos da antiguidade cbissica. Esse material era consi· deravel em rela~ao a era neo-testamentcir~ mas praticamente nulo no que concemta ao Vellio Tes· tamento, visto que os historiadores gregos e latinos naviam catalogado muito poucas informayoes ae epocas anterioies ao quinto seculo A. C. Cons:eqtientemente, o que se sabia a respeito do pe­riodo velho-testamentano era confinado a propria BCblia, e ainda isso, ~gundo o ponto de vista da hist6ria secular contemporanea, era bern esparso. 0 resultado era que, antes do advento da arqueologia modema praticamente nao havia nada disporuvel para ilustrar a hist6ria e a literatu· ra do Velho Testamento.

Pode-se imaginar 0 fervor suscitado entre OS estudantes seriosdaBfbtia,pelasilUJ[li­nadoras descobertas feitas nas tetras bfblicas, especialmente desde o ano 1800 ate agora. Pode.ge di· zer que a arqueologia moderna teve o seu in{cio em 1798, quando as ricas antiguidades do Vale do Nilo foram abertas para estudo cient{fico pela Expediyao de Napoleao. Os tesouros da Assi­ria e da Babilonia, todavia, nao foram descobertos ate pouco antes da metade do seculo ~ como resultado do trabalbo de Paul Emile Botta~ Austin Henry Layard, Henry C. Rawlinson e outros. Com a decifra~tao da Pedra da Rosetta, que revelou os hier6glifos e_g{pcios, e a decifra~o da fus..

-1-

Page 3: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

cricao de Beh.istun, que fo.rneceu a chave para a compreensao dos catactercs cuneifoones asSI­rio-babilonicos, foi liberada abundante c6pia de material c-onc.emente ao VeU1o T estamento. A descobetta da Pedr.a Moabita. em 1868, criou verdadeira sensa~ao, devido a sua Intima re.Ia~ao com a hlsto.ria do Velbo Testamento, excitando interesse generalizado pelas escava'toes palestinas.

No entanto, a maior parte das notaveis descobertas que tinham conexao com a J}fbjja., e ~iculll!mente o Velho Testament~ nao foram teitas ate mais ou menos rneio seculo atnis. Achados tais como o C6digo de .Hamtirabi (1901), o Papiro Elefantino (1903), os monu­m~ntos hititas em Bogazquem (1906), o tumulo de Tutankhamun (1922), o Sarc6fago de Abirio de Biblos (1923), os textos de Ras Shamra (1929-193 7), as Cartas de Mari, o Ostraco de Laquis ll935-1938) cOS "Rolos do Mar MCirtO" (1947), sao famosos, em grande parte, devido a sua in­tima conexao com a literatu.ta e a hist6rla do Velho Testamento. Sendo isto verdade, alguem po­ae perguntar : o que e que ha no caniter e no significado do Velho Testamento, que assegurou a sua · preserva~o atraves dos seculos, e o entesourou no cora~ao da human.idade com interesse com que e comu.nicado a pessoa ou a cousa, que serve de ajuda para expor e aclarar a sua mcnsagem perpetuamente atualizada e tao net:essana para a humanjdade?

I. 0 SlGNlFICADO DO VELHO TESTAMENTO

0 que e o Velllo Testamento , eo que ele reaijza no seu ministerio para com a hu­manidade, e o segredo do seu per.manente interesse. Mui freqiientemente, o erudito eo arque61o­go profissional focalizam a sua aten¢o de rnaneira tao absorvcnte sohre os fundamentos e a estru­tura do VeU1o Testamento, e se ocuparn tao detalhadarnente em cxaminar, individualmente, as pedras que compoem a sua constru<;io . que perdem de v:isia ou faU1am completamente em ve-lo como um todo , e como o mo.gnificente templo da veruade espiritual que ele e.

Embora o estudo de alguns eruditos bt'blicos esteja por detrds ao ioves ae estar no Velho Testamento (e a importancia e a necessidade de tal pesquisa nao pode ser negada por urn momento sequer), esse tlpo de investiga~ao, que coloca o significado e a mensagem do Vellto Tes­tamento na periferia ou complctamentc fora do ciroulo de interesse. e sempre sujeito a perigos. FreqUentemente, e muito desvinculado da mensagem do Velho Testamento, e se torna, em si mesmo. um objetivo esteril. Ainda mais frequentemente, devido a faTha em vera natureza do Velho Testamento como uma unidade. fatos e descobertas trazidos a luz pelo investigador, sao anall­zados e interpretados erradamente, e usados como base para cr1ticas destrutivas.

A combina~o ideal sera sempre o investigador cuidadoso, bern informado tecni­ca e cientificamente, que tenha tambCm opinmo adequada a respeito do ~ignificado do Ve.lbo Tes­tamento para o Israel de outtora, para a lgreja Cristae para a humanidade em geral. Na verdade, a arqueolog~a s6 pode pre$tar a sua mell1or contribui~o ao estudo do Velho Testamento, a medida em que o estudante comum , bem como o tecnico ou erudito, tiverem em mente, de maneira clara, o que e o Velho Testa.mento.

1. 0 Vefho Testamento t a Revela(;tlo ltttpirada de Deus ao Homcm. 0 testemu­nho clara do Novo Testamento em relacao ao Velho , e de que "todo" ele e ••tn~'Pirado" ou "dado poli Deus" e "util" (II Tirn6teo 3 :16), e que veio a existir "nao por vontade hum ana," mas ao es­oreve-lo, "homens falaram da parte de Deus movidos pelo Esptrito Santo" (IT Pedro 1: ,21). Uma exegcse cuidadosa dessas passagens-chavcs do Novo Testamento, revela que elas nao ensinam ape-

1 nas que a fnsplia9a0 ~e estenae ~ualmente a todas as partes das Santas Escrituras, mas que inc!ui tambem cada palavra . Esta opiniao "verbal plemlria" e quase universalmente negada pelos crfti(}os hodiernos, a despeito das claras ai.lrmavoes da Biblia.

Contudo, ·por toda a parte, no Velho T~_stamento, ha abundantes evidencia:s que con­ftrmam asdeclara~·es do Novo. de que as antigas Escrituras Hebuicas tiveram origem divina, foram inspbadas verbalmente in totum, c sao a revela~o de Deus ao homem. Os escdto.res sa-grados foram profetas no sentido mais enfatico da palavra. Receberam a palavra divina dir~tamente de Deus c a falaram ao povo. Vezes seguidas antecedem as su;u; monsagens com expressO'e-s autoritanas como: "Assim diz o Senhot" c;Exodo 4 : 2.2) ou "Ouvi a pa1avra do Senl10.r-' ' (Isaias l: 10). F reqticute-

- 2-

mente era-D1es ordenado q ~e escrevessem os seus oraculos (Exodo 17: 14 ; 24 : 4 , 7; Jeremias 30: l, 2). Profetas como ls:uas, Jeremias e Daniel, que falaram de aconteoimentos futuros, tiveram as suas previooes autenticadas pelo tempo.

Prova corolaria de que o Velho testamento e a revela&3o insp.irada de Deus ao homem, e a sua preserv81(lio miraculosa. atraves dos seculos. Este fato e singular entre OS fatos a rcspeito de livros em geral. Ev:identemente, entre uma literatura substancial de alta q ualidade na quallill ecos da antiguidade israelita (Josue 10: 13; Numeros 21; 14; Ecl~iastes l2: 12). foi ieita u'ma sele~;ao. ao se confrontarem escritos humanos com documentos inspirados. Todas essas obras israelitas antigas pereceram, exceto OS oraculos inspirados, que foram m.iraculosantente preserva­dos do fogo, da espada, e dasvicissitudes dos secolos.

Obras posterlores de grande qualidade, mas nao inspiradas, sobreviveram em escri­tos agora conheoidos como os Ap6crlfos e os Pseudo-ep(grafos. Divina interposi~iio fo1 manifesta­da, nao apenas na preservayao dos oraculos divinos da destmi~o. mas tarnbem da contamina~ao da inclusao de escdtos nao inspirados no ''canon•' judeu-<:ristao.

No i:ntanto, o Velho Testamento nao e apenas urn livro divino. E, da mesma forma , urn livro llumano, pois, como todas· as Escrituras, foi dado pelo Espirito Santo por instru­rnentalidade humans, a_ h~mens ~JT10 eles erarn , e o~deq_uer ~e ~sti~essem. Sendo o livro de Deus para o homem, satfsfaz as mats profundas necessJdades da ·alma humana, e como tal, posstu as qua­lldades de universalidade e. onitemporalidade. Contudo, a falha em apreciar OS aspectos divtno-hu­mano da Bt'blia tern resultado, mujtas vezes, no fato de ser focalizada, erradamente, a tuz valiosa laJJ-yada sabre as suas paginas pela ltist.6ria e a arqueologia, de fo:rma que os dados hist6ricos e ar­queol6gicos tern sido mal interpretados e mal aplicados.

2. 0 Velho Tesramento e a Introdufllo Indfspensdvel a Reveltz¢o do Novo Tes· tamento. Embora consistindo de dois testamentos e sessenta e seis livros, a Biblla e urn s6 livro. Os dois testamentos nao quebram a sua unidade mais do que os sessenta e seis Livros diferentes dos CfUllls ela e composta. 0 Velho Testamento e parte essencia1 e insepW'avel da Bfblia. I! 0 alicerce sobrc o qual toda a estrutura das verdades do Novo Testamento e erguida. ~a prepara~o par.t Ludo o que e revelado no Novo Testamento . f. a introdu~-lio provida pelo Juda(s.mo para a com-pletn e final reve la~ao do Cristianismo. '

Sem o Velho Testamento, nao seria possfvel haver Novo Testrunento. Sem Ele () Novo Testamento niio t-eria significado. Urn e a compleme.ntay§Q do outro. Separar OS dois e mnneja-los como unidades isoladas c desconexas, tesultatia em dano irrepaxavel, nao apenas re­Jlgloso, mas hist6rico e arqueologicarnente tarnbem. Religiosamente, urn sistema como o Judais­mo t'cm sido perpetuado pclo erro de rejeitar o Novo Testamento.llist6:rica e arquelogicamente a rnlha em compreender o relaciooamento exato do Velho Testamento com a Bfblia como um todo ,4 il causa prollfica de serias interpretayoes e aplica~es erradas de desaobertas hlst6ricas e arqueo: l6fUOJ.lS,

3. 0 Vel7to Testamento e uma flistoria Altamence Especiolizada da RedenffiO llumana. Embora contenllam todos os tipos de litcratura com ensi.nos e caracteres diversos, as Es­~rituras Hebraicas sao, em g,rande parte, classiticadas comumente como hist6.cia. Porem, essas ~e90cs chamadas historicas niio sao hist6ria, na ac.ep~o geralmente aceita da palavra, como o n·~ lstro sistem~tico de acontecimentos pa~sados. Devem ser definidas amplamente como a his­l(u•lu <lltamente especializada da redencriio humaoa. Nuin sentido mais elevado, elas sao, ma.is preci­IUUWJOt~ u~a filo~fia da hist~~· interpretando os :ventos seletivos na Historia da redenyao, do JlliHto de vtsta da lln.ba genealogJca prometida. atraves da qual deveria vir o Messias, e mais tarde, ~h.1 ponlo de vista da rela9ao da nacrao de Israel com Jcova e o seu program.a de reden¥ao para o 111 u tulo.

Contudo. as poryoes "hist6ricas'' do Velho Testamento sao mai~ do que uma h11116s-lt1 <:spcelollzada do rcdcn~!io , otJ do que umu filosofia daquela hht6ria. J1 hlst6ria rcdcntom llln~clutJo com pxofeclu.. Umboro haju., scm duvlc:L,, por.ljoes ptof6t1ca.s distlntas nas EscritUl'!LS He.­tmalcuH, urn conlruJI.U \'Qrtl "" ~~c~~CK hlril6rloG.$, o prQfuctll, em sou. lrrtportootei cJumunto de pr~:·

3

Page 4: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

dl~es messlinicas atraves de promessas, tipos e simbolos, esta ligada tao intlmamentc a tessitura da hist6ria da xeden~o apresentada pelo Velho Testamento, que 6 imposs{vel sepani-la daquela hist6ria. Falha em compreender o Velho Testamento em seu preciso caniter, como h.ist6da cen­tralizada no Messias, Ugada a profecia centralizada tambem no Messias, e falha em compreender o seu prop6sito impar, de preparar o caminho para a vinda do Redentor, tern Ievado muitos cr{. ticos a aplicar erradamente as descobertas arqueol6gicas, e a depreciar o valoi hist6rico do Velho Testamento.

U. CONTRIBUI<;OES DA ARQUEOLOGIA AO I!STUDO DO VELHO TES· TAMENTO

A arqueologia, nas maos do estudioso da Blblia, pode set de grande utilidade, ou motivo de abuso. 0 resultado sera determinado, e.m grande parte, pela atitude do investigador com respeito ao significado do Velho Testamento em si. Se ele for somente urn tecnico clenti­fioo, despido de equipamento espiritual, e rejeitar os aspectos que fazcm da Blblia um Uvro divino· -humano, aceitando apenas as caracten'sticas humanas, os dados arqueol6gicos, nas suas maos, es­tao em constaote perigo de set mal interpretados e usados como base de teorlas erroneas. quando ele tcntar aplica-las ao Velho Testamento. Se, por outro lado, como tecnico cientifico, o investi· gador tern uma compreensao do significado espiritual e esta de aoordo com a mensagem do Velho Testamento, aplica~ao que ele fizer das descobertas arqueologicas prestara enonne bencf{. cio a ilustra~o e elucida~lio dos oraculos antigos para urn mundo moderno, Legitlmamente ma­nuseada, as contrlbui~ocs que a arqueologia esta fazendo ao estudo do Velho Testamento sao vastas e do Iongo alcance.

1. A Arqueologia A utentica a Blblia. 0 estudo dos despojos materals do passa­do remoto e muitas vczes util para "provar" que a BJ'blla e verdadeira e exata. Mui freqUent~ mente o emprcgo apologetico dos dados arqueol6gicos e necessano, especialmente ao Udar-se com o ceticismo racionalista e a alta cdtlca. Contudot e um euo considera-lo como a utitidade maior da arqueologia, ou, para o estudloso, toma-lo o objetivo principal da sua pesquisa. A natureza subor­dinada do ministerio da arqueologia na autenti~o da Btblia, provar-se-a em virtude de v:irias consideraqoes.

Em primci.ro lugar, a Bfblia, quando julgada com sinceridade, nao necessita de ser "provada" pela arqueologia, pela geologia, ou por qualquer outra crencia. Sendo a revela<?o de Deus para o homem, a sua propria mensagem e signillcaqao, as suas pr6prias declara90es de ins­pi.ra~o e de evidencia interna, os pr6prios frutos e resultados que eJa produz na vida da humanida· de, sao as suas melhores provas de autenticidade. Ela demonstra, por si propria, ser o que declara ser, para aqueles que creem na sua mensagem. Visto que Deus determinou a realizac?"o da vida espiri· tual a percep~ao da verda de espiritual, na base da fe e nao do que vcmos (11 Cor( ntios 5: 7; flebreus 11: 6), seja qual for a contribuiyao que a arqueologia ou outra ciencia qualquer fa~a pa­ra coaoborar a vcracidade da Blblia, nunca isso pdeci tomar o Iugar da fe. A autentica~ao cient(­fica pode atuar como uma ajuda para a fe , mas Deus fez tudo de forma que a simples fe (que 0 glorifica) ser:i scm pre necess3.ria nas nossas rela~o~s para com Ele ou para com a Sua verdade re­velada.

Por csta razao, muitos eruditos desprovidos de fe ainda rcjcitam o significado c a mensagem rcvelada do VeLho Testamento, a despeito de im1meros fatos arqueol6glcos que provam a sua autenticidade. Pela mesma razao, e totalmente inscnsato algucm procrastinar a sua fe na Bf­btia ate que todos os problemas que ela contem sejam resolvidos. £tao impossivel que Deus ccsse de agir para com o homem na base da fe como e possiveJ que a arqueologia ou outra ciencia qual­quer resolva jamais todos os problemas biblicos. Ao lidar com a Blblia , a fee tao essencial ao eru­dite., sc cle dcsejar interprctar c aval.iar os resultados da sua pesquisa correntemente, como ao selvagem analfabeto, se ele desejar encontrar regeoera~o espiritual atraves da Palavra de Deus pregada pelo missionario.

0 papel da arqueologia, de conftrmar a Biblia corretamente, e sccundano, visto que os benef{cios cspirituais da verdade bt'blica nao podem scr apropriados pclo mero conheci-

-4-

mNtlo a pclu provas externas de vcraoidade, rna$ Sabre a base da fe nas suas declara~es Internes l l no cvldonola que eta up;c~enta de ser a Palavra de Deus. Nao obstante, a arqueologia, ao confu­ltlllr a Ot'bJJ.a , tem dosempunhado uma importante fun~o desfe:rindo um golpe fatal nas teorlas rJtdJc:wR da nlta crhlca. quo tern infcstado espec.ialmente o estudo do Velho Testamento.

, ~tes _do progresso que a pe~uisa experimentou nas teaas bfblicas, especiaJ­mrntc ncstes ultunos cmcoenta anos, uma. quanttdade muito grande de absurdos que, subseqUen­ll'lm:nte, foram provados pela arq_ueologUl como il6gicos, foram escritos por eruditos que con­•itlerovam a Bt'blia como lenda, mtto, ou quando muito, est6ria que nao era digna de crooito. 1\Bindo como urn corretivo e como expurgadora, a arqueologia fez em peda~os muitas dessas h•urius crroneas e suposi9oes falsas que costumavam desfllar nos cfrculos escotasticos como fa­In' us tabelecidos: A alta crlti~a nao pode ~1ais, por exemplo, n~ar o fato de que Moises podia n t"rovcr ou cons.tderar os patnarcas como sunples figuras legendarias. A arqueologia demonstrou 11 rnl5idodc destas duas c de numerosas out.ros controversias. Evidencia meridiana e agora conheci­tlll, llc q~c Abraao, lsaque e Jac6 foram personagens hist6ricas, como o Genesis os descreve. Quan­ltl n M~1~s, . pode ser. que ele t~nJ1~ cscrito documentos nao apenas em hier6glifos eg:~'pcios, como a ~•u• resJdencta no Egrto nos prun,euos anos da sua vida fazem presumir, mas tamb6m em Acadlo, unno as Cartas de Amarna, do seculo XIV A. C. o demonstram, e ainda em hebraico arcaico tam­h6an como o prova a descoberta da literatura ugan'tica, em Ras Shamra ao norte da Slria 1929-l 9:17). •

Com respcito o autentica~ao da B.lblia, tal oonitrma~o pode ser gexaJ ou espe­o({1ca. E:xempJos de confirma~ao geral sao inumeraveis. Por exemplo, escava~oes em Silo, Gibei, ~h:gido, _Samaria e outros Jugares paJestinianos, tem coaoborado plenamente as citaQC)es bt'bUcas ~te.11sas CJdades. Casas de conf"trmayao especifica, embora sejam, como era de se csperar, menos numcrosos dos de confuma9ao geral, sao, no entanto , mais .imptessionantes.

. 0 caso. de Belsaz.ar, ultimo rei de Babil?~· e caracter{stico. Por muito tempo o f11to de o LJvro d~ Dame! ap~esc;ntar Bel~ como re~ a epoca da qoeda de Babilonia (Daniel 5), em vcz de Nabomdo, como mdtcam os reg~stros c uneiforrnes, era considerado uma forte eviden­ola contra a historicidade dos registros sagrados. A solu<?o desta pseudo-discrepancia ficou paten­to qua_ndo fo.ram desenterradas evidencias indicando nao apenas a associa~o de Belsazar com Nnbomdo no trono, mas demonstrando tambem que durante a ultima parte do seu rcinado este ms.lctiu na Anibia, e deixou a dir~o do re.ino da Babilonia nas r:rutos do seu f"tlho mais ;elho ll~lsazar. '

Semelhante ao caso de Belsazar em Daniel 5, e o que parecia uma referenda clt~mattca a um ccrto "Sargao, rei da Assfria", em Isaias 20: l. Antes do advento da modema IUqueologia, com a sua. notavelreconstitu.iyao da civiliza~o da antjga Babilooia·Assfria, que esta­VIl sep~tada _sob as ?olinas de escombros arqueol6gicos das cidades mesopotam icas,o nome de Sar­"110 nao havta ocorrado em nenhuma foote de referencias, exceto nesta Unit:a passagcm de Isaias. Como resultado, a rofercnoia babuca era considerada, em geral, como completament.e desprovida de vnlor hist6tico.

A descoberta do pallicio de Sargao, em Corsabade C:Our..Sh.arrulcin ou Sargombur-1{0) em 1843, por Paul Emile Botta, e ulteriores explora~es do local em anos mais recentes pulu Jnstituto Oriental da Universidade de Chicago, mud·aram o quadro completamente. Com ~ u•t:onstituiQ.io do palncio, dos anais renis e outros rcgistros do reino de Sargao (722-705 A. C.) hojc e le e urn dos m.ais bern conhccidos monarcas asslrios, particularmente como o rei que fmal: mente invadiu Samaria em 722-721 A. C., depois de urn assCdio de tres anos Jevado a efeito por RoJmaneser V, resultando assim na queda ao Reino do Norte, de Israel. (Veja quadro nl! 1.)

Outro exemplo de conf"trma~o minuciosa e exuaordinaria dos registros sagrados 6 encontrado em cerca de trezentas tabuas (NOTA DO TRADUfOR: Tcibuas de ba.rro mole~ llUO se imprimiam os caracteres cuneiformes, ap6s o que e:ram levadas ao fomo.) desenterradas perlo da Porta de l star, na BabilOnia de Nabucodonosor ll, datadas de 595 a 570 A. C. Nas llstas tlu raQ\)es pagas a artifices e cativos que viviam na capital ou perto dela, naquele tempo, ocorre o

-5-

Page 5: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

nome de "Yaukin, rei da tena de Yahud" - que nao pode ser outro senao "Jcoaquim. rei de Ju~" (D Reis 25: 27-30), que fora levado cativo para a Babilonia, depois da primeira conquista de Je­rusalem, efetuada por Nabucodonos(u. Fora tirado do confinamento cetular peJo suoessor de Na­bucodonosor. Evil MerodaQue. e agraciado com um suprimento dllirio de aUmentos. por todos os dias da sua vida. Os cinco filhos de Yaokin sao mencionados tres vezes nas placas, sendo dito que estavam sob os cuidados de urn servente que tinha o nome judaico de Qoenafas. Sem duvida, Vlirios ou todos esses filhos viveram o bastante para ser incluidos na listn dos sete fa.lhos de Jeoa­quim, dada em T Cronicas 3: 17, 18.

2. A Arqueologio lluslra e Ex plica a BfbliiJ. Fazer as Escrituras Sagradas mais com­pletamente intelig{vois para a mente humana , ~ sem duvida a fun~o real da arqueologia. Do pon­to de vista divino, no entantol a Bl'blia, sendo revelaQio de Deus. nao precisa de Luz arqueol6gi­ca para se tomar compreensi'vel c espiritualmente esscncial, oomo tambem nao precisa provar­-se como autentica ou verdadei.ro. Mulfidoes foram espiritualmeote regeneradas e se apropriaram plenamente dos tesouros de sabedoria divina contidos nas Escrituras, muito antes do advento da arqueologia moderna. Contudo, devemos lembrar que a B{blfu niio 6 apenas urn livro divino, mas tambem 6 um livro humano.

Como produto da revela~o de Deus comunicada ao homem atraves de homens, do ponto de vista humnno, a Bfbtia pode ser feita mais plenamente compreensivel como resultado da luz que jorra sobrc eta provinda de fo ntes exte.rnas - sejllm elas a hist6ri.a antiga, a arqueolo­gia moderna, ou qualquer outro ramo do saber. E qualquer pessoa que desejar compreender a 8(­blia tanto qua.nto possivel, nao tem direito de negligenciar a loz que pode ser obtida de fontes extr.l·bl'blicas. Como, bern a prop6sito, observa W. F. Albright : •<£ s6 entio que com~amos a apreciar a suagrandeza como a revela~ao inspirada do Esp(rito Ete.mo do universo". 1

Excmplos em Uustra~o e dn explana~o arqueol6gica do VeUto Testamento sao assaz numerosos. e estao aumentando constantemente em numero, a medida que sao feitas novas descobertas arqueolOgicas. Urn caso peculiar 6 a longevidade dos patriarcas aotidiluvianos, regis­trada em Genesis S. Tern sido costumeiro o fato dos criticos tratal'em esse trecho da narrativa b(blica como obviamente Jendario ou mito16gico de acordo com o alcgado carater fictfcio dos cap{tulos 1 a J 1 de Genesis.

0 problema em foco, no entanto, e cncarado em luz compJetamente difcrente, quando se fica sabendo que a grande dwa~o para a vida das celebridades antidUuvi.a.nas, e revelada pela ru-queologia como assunto familiar nas tmdic;Qes remotas do Oriente Proximo. 0 que e mesmo surpreendente, e que a longevidade atribulda aos patriarcas anteriores ao diluvio na Biblia He­brajca e excessivamente modesta em comparayao com a dos reis babilonicos do mesmo periodo, que reinavam em cidades da antiguidade .remota tals como Eridu. Laraque. Sipar e Oturupaque, e cu­jo per(odo de reinado medio era de trinta mil a quarenta e cinco mil anos. Em contmste, o mais velho descendente da linhagcm de Sete, M.atusatem, viveu apenas 969 anos, e a dura~io media da vida, contando-se Enoque, que foi transladado sem ter mouido. com a idadc de 365 anos. foi de pouco mais de 857 anos.

dades Uterais. Nio ha ra'i:ao decisiva para crer que as represeota9oes das Escrituras nio sejam ver-

Aque/e . .. que ficar nwito impresslor.ado com a excellncia do esrado original do homem, nffo terti di/iculdades para aceit11r a exp/iazfao comum de que, mesmo sob a maldifOO do pecado, a constitui¢o [fnca do homem dispunha de tal vitalidade, que a princfpio nao se submeteu a a¢o deleth'la do tempo antes que se passtlssem muiros se­culos. A /em disso - e faro estabelecido por descobertas f6ssels - h4 amp/as indica¢es de um clima mais st~lubre nos dias antidiluvianos. Tambem nao devemos esquecer que os anfidlluvionos eram a rafa dos filhos de Deus que viviam racionalmenu e com tempe­ranfa.2

0 vaJor da evidencia arqueol6gica, no caso da longevidade original, nio reside na conclusao de que os hebraicos tra.nsmitiram com mais precisio do que os babilOnicos, as tradi~es prlmitivas a respeito da ra9a original da qual ambos os povos eram descendentes. Nio hirazio va­lida para que agissem assim. A manifests seriedade do registro hebraico e uma indi~o da sua

- 6-

lru.pl.ru9fo como vcrdodc divinn. As Ustas babU6nicas sao oscJarccedoras, potS ropresentam uma tra· ,u~o lndopondcntc c confirmantc, cmbora gxandcmente exagerada, do que aparecc om GGncsis S eomo foto hist6rico autentico dado por dlvina revela~o.

Outro exemplo de elucidayaO e dado pela referencia a urn "tel" ou "outeiro" (ft'l em hebraico) em Josue 11: 13 :

'Tao somente nao queimaram os israclitas as cidades que estavam sobre os outei­•u , cxceto a Bazor, a qual Josue queimou". A propria palavxa "tel", hoje empregada tao arnpla­mcnte em nomes arabes de lugares no Oriente Proximo e Medio, e no Egito, e a usada aqul e t1'3-!luzlda como •·outeiro". Exemplos de lugares com esse nome sao numerosos. Na Palestina, por e"Xc:mplo, ocorrem Tel en Nosbe, Tel el Pul (Gibea), et Tel (Ai), Tel Gezer, Tel ed Duweir (La­quls), e outros. No Egito ocorre a conhecida Tel el Amarna. Na Mesopotamia sao encontrados l'cl Ablb, Tel Mela, Tel Arpachia, e numerosos outros.

Alem di.sso, a ~eferencia correta as cidades cananitas •·que est.avarn sobrc os outei­ros" tern adquirido nova sjgnificaQio devido a descoberta do processo pelo qual 0 antigo "tel" era lonnado. (Veja quadro nO 2)

Quando um lugar tern sido ocupado por muitOS seculos, OS despojos dos pe.riodos ~ucessivos da sua ocupa98o se acumulam uns sobre os outros "de maneira tal que sw:ge urn gigan­lcsco bolo de camadas ... 3 A escavayao estratigratica., que e a base da modema escavnQio cien­t a'rica. significa a escava~ao de tal manera que os ruveis ocupacio03is superpostos se conservem dis­tmtos. Os despojos encontrados em cada camada, particulannente, precisam ser rcgistrados exata e meliculosamente, de forma que urn estudo comparativo com niveis similares em outros luga.res, proporcionara localiz.nQio cronol6gica coneta, e conclusoes exatns.

A edifica~o dos varios nfveis ocupacionais n.:io foi simplesmente uma questao de ocumulayao gradual de escombros. Isto foi urn dos fatores, mas urn desastre como, por exem· plo, a guerra, urn ten emoto, ou fogo, era tambem necessario. Estas catastrofes destrufam a cidade, e quando ela era reconstru(da, os novos ocupantes simplesmente uivelavam os cscombros c cons­trulam sobre ele. Dcssa forma, o n.lvel do solo da nova cidade era virios dec{ metros mais elevado do que o da antiga, e os despojos da primeira jaziam sobre a segunda. Este processo continuou a rcpeti:r-se ate que numerosos estratos se forma.ram, e o " tel" gradualmente se foi eJeva.ndo, e a sua lire.a se tomou menor.

Depois do abandono fmal do Lugar:, se esse era abandonado finalmente, os ventos c as chuvas de muitos anos nlvelavam o cume e promoviam a erosao das duas bordas, exceto onde o processo era confmado por um mwo de cidade. Por isto, a forma comum de urn outeiro e u de um cone truncado, e quase·todos os lugares importuntes nas terms bJbticas tern essa forma caracterlstica. Contudo, a escava~o estratignlfica nao 6 apenas de descobrir carnada sob camada de hist6ria ocupacional. 0 escavador fteqUentemente 6 levado a cnfrentar o problema da lntro­~o de objetos de urn nivel no outro, seja para baixo, para urn nivel anterior. ou para cima, para urn nivel posterior. "A regra que precisanlos ter sempre em mente", lembra Cyrus Gordon "e 'que uma ondorinha s6 nao faz verao' e que o fato de urn objeto isolado ser encontJ:ado em certo n{vel signi­fica pouco oo nada, em si mesmo. Inferencias de objetos individuais pLecisam ser feitas com a maio.r cautela, e apenas quando muitos fatos conoboram-se uns aos outros., podemos just.ificarmo­·nos em tirar conclus6es do seu contexto".4

3. A ArqueologiiJ Suplemenra a BtbJIIJ. VIsto que os auto res humanos que escr«7 vc.ram as Escrlturas sob inspira~ao divina ruio estavam interessados na hist6ria, geogtaf'ta., etnologia humanas, ou outros campos do conhecimento humano, exceto incidentalmeote, quando por acaso ttnham aJgo que ver com a h1st6ria da reden~o. era natural que do ponto de vista de um erudito moderno houvesse, no Velho Testamento, g:randes lacunas nesses ramos a saber. Contudo, do poo­to de vista divino, concernente a compreensao da mensagem divina, nio houve occessidade de co­nhecimento suplementa.r dessas materias ou outras relacionadas. Mas do ponto de vista humano, a luz que estas esferas de pesquisa propiciam, C de Valor incalcul3.veJ para se estende.r OS horizontes blblicos, incrementando o conhecimento do meio ambiente em que a Bfbtia foi escrita, e permi-

- 7-

Page 6: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

tindo compreeosao mais ampla da mensagem e do significado do Velho Testamento.

Exemplo interessante de suplementa¢o, e a dcst:rw~o de Silo, primeiro santua­rjo de lsr,acl na Palestina. onde o Tabem:iculo foi cstabeleeido. e a area do Senhor Coi tomada dunmte o Iongo periodo dos Juizes. A queda 011 cidade nao e naaada em parte alguma da Biblia, embora Je­:rentias se refJia ao Lug-.u como tendo sido destruido (Jerentias 7: 12-15; 26: 6,7). Escavayoes feitas pela Expedi~o Dinamarquesa dcscobrira.ru cenimica e outras evidencias, demonstrando que essa destrui9ao ocoueu por volta de 1050 A. C., possivelmente pelas mios dos filisteus. Na eiB dos cintaros de argotas ricamente bordejados, tipo de lou~a caractedstica de toda a Palcstina central no duodecimo c no com~o do undecimo seculos a ntes de Cristo, houve um extensivo ruvel ocupa­cionaJ em Silo. Este teve fim antes da introdu9ao de urn novo cstilo de jarro de argo las, caractcristi­co do periodo depois da metade do seculo onze A. C., encontrado em Gibea de Saul e dep6sitos contempoclneos em BeteL Os escavadores descobrimm tambem evidencia de uma conflagrac;ao.

E clara a conclusao de que Silo deve t er sido destruida pelos fillsteus depois da bataUta de Ebenezer, ou um pouco depois, por volta de 1050 A. C., visto que o Tabem:iculo foi, depois disso, mudado para Nobe, e mals tarde, para Quiriate-Jeatim. A referencia de Jeremias a destruiyiio de Silo, mais de quatro seculos e meio depois do acootecimcnto. perde qualquer moti­vo para cstranheza, a luz do fato que Silo era considerado pelos israelitas como o seu grande pon­to focal inter-tribal, no Iongo pedodo antes da sua qucda (Jufzes 21: 19; I Samuel 1; 3). A sua destrui~[O, apresentava lliDO especial advcrtcncia divina, CUj3 SOlcnidado OS seculos naO pode.riam apagar.

Oulratl na~ocs do anttgo Oriente J:lr6ximo tmnam os seus grandes santuanos centrais, aos quais eram realizadas peregrina9oes. Nipur eta a Meca reljgiosa da Babilonia, c Nl­nive o era na Assuia, durante o terceiro quartel do segundo milcnio A. C. Os templos de Sin em Ha.ra, e de Belit-ecali em Qatoa, sao rovelados pelas Cartas de Marl como lugares de grande aflucncia religiosa no decimo~itavo seculo A. C. 0 ~mplo de Baaltis, em Gebal (Biblus). recebia ofertas votivas do longinquo Egito. durante todo o segundo milenio A. C. A imagem cuUuada de Aseca, deusa tiria, era distribuida abundantemcntc em Ionna de amuleto, no per(odo de 1500 a 1200 A. C. Silo, em Israel, modesto e despretencioso em compara~o com os grandes saotuirios pagcios, era, nao obstante, distintivo como ponto de concentra~o religiosa das tribos israelitas, que pos~'U{am o conltecimento do unico Deus ve.rdadeiro.

Semelhante ao exemplo de Silo, a importante cidadc fortificada de Bete-Sea, que comandava a entrada oriental para a planjcie de Esdrelon, e guardava a estrada para a S(­ria e a Transjordania, oferece oulro excmplo da capacidade da arqucolog.ia para suplementar a narrativa blblica, suprindo detaU1es elucidativos que o reglstro sagxado passa pot alto. Escavactoes feitas na nntiga cidadela, revelam que cia foi dcstrulda nao muito dcpois de Silo. Visto que apare­cc em conexao com a mo.rte e o ignominioso tratamento dispensado ao Rei Saul (1 Samuel 3 1: 10, 12; II Samuel 21: 12), a sua destruiyao foi, certamente, obra de Davi, como vingan~a contra a cidade pclo ultraje feito ao seu antecessor.

A eluclda~o do Velho Testamento, todavia, nao 6 de forma alguma confinada aos ptimeiros per lodos da hist6ria hebreia. A arqueologia fe~ jocra.r, igualmente, multa luz sobre per{odos posteriores. Por exemplo, registros contemporineos da Ass(ria do nono e oitavo secu­los A. C., preenchcm muitas lacunag das narrativas historicas bcbraicas, e enriquecem gmnde­mcnte o nosso conhecimento de rels israeUtas como Acabe e Jeu . 0 primei.ro, chamado em ass{rio Ahabu, aparece proeminentemente na lnscrl~o Monolitica do grdnde conquistador ass!rio Salmaneser Ill (858-824 A. C.), como urn dos import.antes membros de uma alian~ mililar que forncceu duas mil ca.rruagens e dez mil soldados para resistir ao avanyo assirio em Carcar, sobre o rio Orontes, em 853 A. C. Jeu, o usurpador e cruel exterminador da casa de Onri, realmen­te apa.rece no Obellsco Negro que Austen Layard encontrou em 1846. no palacio de Salma­neser ll, em Ninrode. Jeu e mostrado de joelhos diante do monarca assfrio, e as scguintes palavras acompanham o desenho : "Tributo de laua (Jcu) fllho de Onri (mar Humrt). Prata, ouro ... , chumbo, cetros para a mao do rei. lancas, eu recebi dete•·.5

0 aparecimento do nome de Onri nos rcgistros ass(rios em concxio com Jeu, que nao cntrou na cena Jtist6rica ate mais de urn seeulo depois da morte do fundador da importante

- 8-

1lhwtlll oorltu, em Israel, Uunru a rcputo~fo pol(tlca quo Orul ganltou , pclo menos entre os au(­& los. oousa que 6, acm duvld.a, dosprezada lntoncionalmeote no VelhoTestamento , devido a ncga­llvll lnfluenci.tt rellglosa do rei (cf. 1 Rois 16 : 23-28; Miqueias 6: 16). A Pedra Moabita, eligjda pdo Rei Mesa do Moabe ( 11 Reis 3: 4) cerca de 830 A. C., e descoberta em 1868, confiiDlll da mu rna forma o fa to de que Onri desfrutou de grande prestigio politico. 0 proprio testemunho do rei Monbc a este fato, e dado a seguir : •'Quanto a Onri, rei de Israel, ele humilhou a Moabe muitos nnoR (li teratmente, dias)" e "ocupou a terra de Medeba, e (Israel) habitou all, no seu tempo, e na mctolic do tempo de scu .fJ.lho (Acabe) ... " 6

Alem de Pedra Moabita, o Ostracode Laquis tam bern e de grande importanoia uoll\} us inscri¢es palestinas. Descobertas em 1?35 e 1938_, nas ru(nas da ultima ocupaxao .israeli­tit do Tel-ed-Duweir (Laquis), ao sul da Palestma, essas vmte e uma cartas possuem significado fllol6gico extraordi.nirio, visto que fora.rn 0 unico g.rupo de documentos conhecido em hebra.ico chhslco, cscritos em prosa. Alem disso, fazem joaar uma luz valiosa sobre o per{odo de Jerenuas. pouco antes da queda de Jerusa16m ( 587 A. C.), sendo geralmente datados do outono de 589 ou 588 A. C., pouco antes do com~o do assedio caldeu a Laquis.

A capacidade da arqueologia do escla.recer um per!odo de hist6ria bfblica muito mal compreendido, e demonstrado pela descoberta do Mon6lito que Ben-Hadade 1, de Ari, eri­Jdu em cerca de 850 A. C., descoberto em 1941 pouco ao norte de Alepo, na S(ria. A inscri~ao ri:lll aramaica feita no Mon6Uto indica o fato de Ben-Hadade l , contemporaneo de Asa e de Baasa, sur o mesmo indlv{duo que e chamado Ben.fladade II , contemporaneo de Elias e Eliseu. Esta im· portante pot~O de informa~aO remove urn dos mais serios embarayOS a COIJeta compteensao de todo o per!odo da lllst6ria do Reino do Norte, desde a divisao da Monarquia por volta de 922· A. C., ate a ascensao de Jeu em 842 A. C., e ao mesmo tempo, autentica a llsta dinastica de reis ll.f1lmeus. que reinaram em Damasco, da maneira como e apresentada em I Reis 15 : 18.

Alcm do mais, e oponuno adiclonar que a a.rqueologia tern, da maneira mais surpreendente, descoberto nay<ies inteiras, e ressuscitado povos importantes da antiguldade, conhe­cidos, ate entao, apenas por obscun..s referenciu bfblic·M.

Nao e exagero dizer que, quanto a compreensao humana. e quanto ao que concet­ne aos aspectos hist6ricos e lingiHsticos, o Velho Testamento se t em tornado urn livro novo a me­dlda em que a arqueologia tern-no tornado mais comprcensivel, colocando-o diante do iluminador pfiJlo de fundo das clrcunstancias em que foi escrito, relacionando-o com a vida e os costumes. do qual emergiu. Este e 0 papel mais lmportaote da arqueologia DO estudo do Velho Testamento. Eta tern aJcanyado resultados notaveis ate o presente, e apresenta grandcs promessas de a.inda maiores conuibuiyaes no futuro , a medida que a pesquisa das te.rras biblicas continuar.

- 9-

Page 7: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Capitulo II

NARRATIVAS DA CRIACAO: BIBLICA E BABILONICA

Como livro semitico antigo, o Velho Testamento tem, oaturalmente, Intima re­la¢o com o meio ambiente no qual foi escrito. A cena dos primeiros onze cap(tulos de Genesis, que registra a hist6ria primitiva da humanidade, se desenrola no ber~ da civilizat;ao. o vale do Ti­gre-Eufrates. Ali come~u a vida bumana. e se desenvotveu a mais antiga cultura sedentana. Dati se originam as primeiras ttadj~oes do come~o do mundo e da humanidade que, como era de St>

csperar, tern muita scmelhan~a com a BJblia.

I. DESCOBERT A DAS TABU AS DA CRIA~AO

A recuperat;ao de grande c6pia de documentos da antiguidade mesopotamia, preservada em caracte.res cuneifonnes (literalmente, em forma de cunha) da llnguagem babiloni­ca-assiria, e escrltos em tabuas de barro, tern sido urn dos triunfos da uqueolOgia modema. Antes da descoberta da lnscri~o llehistun, txilingUe, em 1835 por um jovem oficial ing!es do Exercito Pe.rsa, inscri98o que demonstrou ser a chave que. tornou compreens(vel a estranlla e!lcrita cunei­forme, o vale assi'rio·babilonico era urn vasto cemiterio de na~es e antigas civilizaQ()es eoterradas. Contudo, com a decifra98o da I.inguagem e conseqilente zelo renovado em cavar cidades e cuJturas por muito tempo esquecidas, que ali estavam enterradas, a regiao do Tigre-Eufrates, onde nasceu a llist6ria hurnana, tornou·se uma das regioes mais dramatica.s da superf(cie terreste.

A dccifra98o dos cuneiformes babilonicos•asslrios, e o fato de as antiguidades daquelas regioes onde coroeQou a Mst6ria b{bUca prlmitiva se terem tornado acessiveis, produziram ardente expecta~o "ntre os estudiosos do Velho Testamento , porque a escava~o de cidades so­terradas revelou registros contendo significativos paralelos a Blblla. As suas esperanyas ruio fomm frustradas.

1. Achados em Ninive. Entre os anos de 1848 e 1876, como resultado das esca­va~es em Nlnivc, antiga capital do Imperio Assirio, Austen H. Layard, Hormu.zd Rassam eGeorge Smith recuperatam , da bibliot eca de Assurbanipal (668 · 626 A. C.), as primeiras tabuas e fragmen­tos de tabuas da grande Epopeia da Cria~o coohecida entre os babilonicos e ass(rios. Devido a sua rela~o com os prirneiros capitulos do Genesis, poucas inscri~es Semlticas suscitaram maior interesse. A epop6ia, rcg.ist:rada em cuneiformos em sete tabuas de barro, consiste de apro~.ada­mente millinhas, e er a conhecida de seus antigos leitores pelas duas palavras com que se uucmva: Enuma elisli C'Quando das alturas").

2. Outros Fragmentos Rellztivos a C'riafO'O. Como resultado de outras descobertas de novas tabuas e partes de tabuas, desde 1876, a epopeia fol quase completamente restaurada. A (mica parte consideravel que ainda esta faltando ocotte na Tabua V.

3. Data das Tdbuas. Apesar de a ma1or parte da epopeia ser origin&ria da b ibliote· ca de Assurbanfpal, na sua presente fonna ela e posterior (seculo Vll A. C.). mas foi compollta muito antes, isto e, nos dias do grande Hamurabi (1728-16?6 A. C.). Foi n_e.ssa epocaquea.Babi­lonia ascendeu a supremacia politica, e M.arduque, o hetoi da EnumA EliJh, tornou-se deus na-

- 10-

clonal. Um doa objclivos pdnalpals da epopela da criaQI'o 6 mostrar a supremacia da Babilania so­bre todaa u out.ru cldades do pals, e especialmente a supremacia de Marduq11e sobre todos os ou­tn>~ deu~ea babMrucos.

Sendo assim apresentado o caratet de propaganda poutica em que deveria ser oattada pelos mil anos segulntes, ela chegou ate n6s nesta versio. Todavia, o poema em si, embora 1endo uma das obras primas da literatura dos Semitas Babilonicos, e de epocas muito mais remo­tas. Esta olaramente baseado nas anteriores t.rad46es dos swnerios, OS precu.rsores nao semitas dos semltas baboonicos, na Baboonia inferior. Esses povos adentraram a pl.an(cie de Sinea.r, nn tul da BabilOnia em epocas muito remotas (talvez tao remotas como 4 .000 A. C.), e desenvol­vutanl uma civ~o adiantada, inclusive a escrita cuneifoone, como aperfei~oamento da picto· IV'i1Jca. Os babllOnios se tomaram herdeiros da religiio e da cultura dos somerios.

II. NARRATIV A BABJLQNICA DA CRIA~AO

A Tabua I, na cena de abertura, apresenta a era primitiva quando exist.ia apenas um mundo fonnado de materia viva incriada, personificada por dois seres mitol6gicos: - Apsu (nusculino), representando o oceano primitivo de agua doce, e Tiamate (feminina), o oceano pri­mitlvo de 8gua salgada. Este par original se tomou progenitor dos deuses.

Quando nos illr..tras OB c~us (ainda) noo tin ham nomes, (E) embaixo a tem (ainda) nao existia como tal, (Quando) apeT~~~s o primitivo Apsu. progenitor de/es (existkl), (E) mile (mummu) TID mAte, que deu tl luz todos eles, (QUIIndo) as suas dguas (aindlz) misturlldlzs, (E) nenhuma terra seca havla mo fonnoda (e) nem (Mesmo) um pdntllno podill w vislo,· Quando nenhum dos deu&es havla sido gerado, Enttfo os deuses fort~m crlodos no melo deles (Apsu e Tiarrwte). Lahmu e Laluzmu (deldades) ele$ (Apsu e Tiamate) procrlaram. 1

A descendencia de deuses que Apsu e Tiamate tiveram tomou-se tio molesta om sua conduta, que o seu pa.i, Apsu, propOs em sua mente acabar com eles. Nessa decisao, contu· do, ele foi £rustrado pelo grande deus Ea, "que tudo sonda" 2 e que descobriu o plano, podendo assim aprlsionar e matar Apsu. Entio, Ea gerou Marduque, deus da cldade de Babilonia, e her6i ~cal do mito. Nesse interim, Tiamate, pot instiga~o dos deuses, se prepara para vingar a morte 1le seu marido Apsu. Cria monstros homveis e indica Kingu, urn de seus ftlltos, como comandan· to-chefe de JI!US exercttos.

As Tibuas 0 e Ul contam como Ma.rduque foi escolhido por seu pai Ea como ~peio , para lutar cont.ra a irada Tiamate e como os deuses se reuniram em urn banquete para n conselho de guerra. para equipa-lo e envili·lo a batallia. Na Tabua JV, Marduque e elevado a •upremacia entre os deuses, tendo o poder para destruir e ~. a base da sua exalta~o. E le des­tr6i e cria vestimentJt, £ decl.arado rei, e se dqe a batalha contra Tiamate, com arco, flecha e clava. A detrota fonnal do caos, e a vit6ria da ordem, sao descritas graficamente na grande dispu ta:

Tiamate e Marduque, o mAis sdbio dos deu~es, torrwram Iugar, opondo-~e mutuamente, A Vtln;aram para a /Jqtalha, e no combate aproximaram-se um do outro. 0 senhor abriu a sua rede e a envolveu, 0 mAU vento, seguindo-se-lhe, fez soprtlr na sua face. Quando TiamAte abriu a boca ptJra devord-lo, Ele fez soprar 0 m4U vento, de formA que e/Jz nao pode fechar OS ldbios. A medlda que os ventos uivantes encheram o seu ventre, Este foi destendido, e eliz abriu bema boca; Ele llln;ou umA flecha, esta Nsgou o seu ventre, Cortou as suos entranluzs. e trasptJssou·lhe o coraftio. Quando ele a havia subjugado, desrruiu a sua vida.

- 11 -

Page 8: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Jogou a sua carca~a por teffa .e se. cc/ocou de pe sobre ela. 3

Os aliados de Tiamate tentam fugir, mas sao capturados e lanyados na prisao. Nesse interim, Marduque volta para Ttamatc., a fun de criar o cosmos, usando o seu cadaver.

0 senhor repos.ou, para observar o seu corpo inanimado (Para ver) como ele pede.ria .divldir o co/ossa (e) criar cousas maravilhoSiJS (com ele). A briu-a em duos partes como um mexilhffo: Mecade dela, cofocou no Iugar e for moll o ctu, Fixou os limires e postou guardas.4

Eutao Marduque baixou uma ordem para n.ao deixar escapa.r a "agua" que esta­va na metade .do corpo de Tiamate, e que ele usou na construr,;ao tlo ceu. Em scgulda, estabeleceu a terra, designada poeticamente Esha.rra. na fonna. de um.a grande can6pia. e coJocou-a sobre Apsu, o oceano de agua doce qoc cstd sob a te.rra. 0 deus Anu, ele colocou no ceu, o deus EnW no ar, e Ea no oceano debaixo da terra.

Ele ordenou-lhes que nao deixassem escapar a sua dgua, Ele atravessou os ceus e examinou as (suns) regwes. Colocou-se em posi¢'o oposta a Apsu .. . 0 senhor mediu as dimens6es de A psu, E uma grande estrutura, coffe.YpOndenre dele. ele estabeleceu: Esharra, A grande estrurura Esharra, que elefez como uma can6pia. • Anu. Enlil e Ea, ele {enrtfo) fez com que estabelecessem a s.Ja restderwill . .J

Na T~bua V. que e fragmentarla1 Marduque csrabelece as conste1ayO'es e.in?Jca os dias emeses do ano. fazendo com que a lua. 1JrilJ1e em suas varias fases, para marca.r a prmc1pal unldade de tempo da Bnbilonfa.

A Tabua VI e importante devido ao iato de descrevc.c a cria~o do bomem. Marduque dcclara:

Sat1g11e {ormarei, e farei com que haia osso: J::ncffo estabelecerei hill.u,"' "Homem' · serd o seu nome, Sim, aiaret lullu; Homem! {Sobre ele) o trabalho dos deuses sera imposto, para que estes possam descansar . .. 6

Na assembleia dos deuses a culpa pela rebeliao de Tiamate e colocada em Kingu, comandante-chefe das foryas de Tiamate. Em virtude disto , Kingu e morto , eo deus Ea, segulntlo instru.;.Oes do scu filJ1o Marduque, cria o bomem do sangue derramado das arterias de Kingu.

A marram-no (e) conservam-no preso dillnce de Ea; /nflingiram-lhe puni¢o, cortando (as arteriasdo) seu sangue: Com o seu sangue formaram a humanidade; Ele (Ea) imp6s o trabalho dos dwses (sobre o homem) e libertou (dele) os deuses. Depois que Sa, o sabio, havia eriQdo o homem {E) havia imposto o trabalho dos deuses sobre ele, Aquela obta ullrapassou a compreenstlo (humana). 7

Depots da crja<;ao do homem, os Anunaque (deuses) ttabalhuam dl.llllnte urn ano, queimando t.ijolos para construir Esagila, a torre-templo de Marduque em Babilonia. Em seguida os dcuses se reunitam em banquete festivo em hon.ra de Marduque. A Tabua V1J relata como Ma.rdu­que e promovido de principal de>lS da Babilonia. para liderar todo 0 panteao. Sao-llle conferidos cincoenta nomes representando 0 pOder e OS attibufos das vanas divindades babilonlcaS.

*P·alavra sum.eria que significa ''homem''.

- 12-

Na hi~l6rlu tlu crinyii'O uc .Eridu. desoobmtn po.t llormudz Russam em 1882, uus l'll (n Qlt du Utt1\g;t Slpn.r. lUI parte norte dn Babilonia. c.hamada Acadia, u cria~ao do homcm e politicu ue Emuna elisll, jwdificanclo a posi~o de Marduquc como n:i entre os deuses babilonicos:

1!.'/c (Marduque; criou a lmmanidade. (ll deusa) Arum criou a semen.te da huma1tid4de juntamente com ele. Ele criou a besta do campo (e) as cousas vivasda estepe Criou o Tigre eo Eufra!es, e {o$) colocou em seus /ugares. Os seus nomes ele proclamou convenientemente. Cri011 a grarrw, o /llnco do piimono, o bambu, e os boSQtles. Criou a verde erva do campo. 8

Outros fragmcnto:: da cria~o. com v3.rias versoes da mesma, tern sido encontrn­thls, o mais importante do$ quays relata que os deu.~~s fomla.ram a humanidade com o sangue de t~ uLros de.uses. Em outras nanauvas a carne eo sa.ngue de um deus morto foram rnisturados com hauo para forma.r o homem.

ill. COMPARACAO DAS NARRATIV AS BlBLICA E BABllONlCA

E gcnllmente reconl1ecido -pelos estudiosos que ha numerosos parale los intercs­~unlcs entre o relato da cria~o feita na literatura babilonica, particulannente na Enurna elish, c u rci la em Genesis 1.: L ~ 2: 3. Em bora essas semelhan~as sejam geoufnas, sao gera.Lmente exagera­uu.:., c conclus5es erroneas sao frequentememc til'adas delas.

J. As Semelhan9as: (1) Ambas as norrafivas reconhecem uma epoca em que a te"a era sem

fimrw e vazia. Em ambas ha uma equiValcncia ctimoL6gica nas palavras usadas para deter­minar a escu.ridao e o caos aquoso que foi mais tarde sepamdo em ceus e terra. Na Enwna elf$11 113 um nome proprio, a personalidade mitol6gicu Tiama:te. Em Genesis 1! 2 ha tehom substanti­vo ,com~m q~e ~ao te'? conota¢es mitol6gicas. mas dcscreve a ~asta massa aquosa da q~al as aguas qu~: . esta~ nc~a do fi11Tlam ento foram -;eparadas no segundo dm, c da qual a terra seca emergiu no t_erceu? d1a. Porl!m, enqunnto guc a palavra hebraica tehom .representa toda a massa aquosa ~u6ttca, TiamaJe represents apenas patte d~)a, scndo a outra parte rep.resentad:J por Ap>u.

, . ?~bora ~ !iama:e ~abilonica . e a_ hebraltoa tehom scjam palavras cognatas, nas duas linguas semlttcas, a uJtuna nao e uma detlva~ao da primeira 0 que indica.r.ia uma depend~n­clil da n~rati~a heb.raiea da babilonica. Como o lndicam o gener~ diferente da.~ palavra.s. e outros futon~s. e maJS ce.rto que. ambas proven}lam de urna toillla oomum proto·semltica. Por outro la~o, a pa~~ hebr~i9t _~ue significa frrmamento •. raqia, ~nifica "o que se espalha" e correspon­d~; A crua 1deta babllomca de que a metade de TJamate feu usada por Marduque para construir a 11b6bada celeste.

(2) A mbas as tl4ffativas rem uma ordem semelham€ de aconcecimentos FlO cria{tao. J\ rn'bas iniciam com a exist.encia. do esp(rito divino. Na Enuma elish o esp!rlto divino consiste das

I divindades p.dmitivas d.e Apsu e Tiamate, que geraram os primeiros deuses. Em Genesis eo unico l1eus etcrno. As nanativas come~am taJllbem com um caos aquo~, e tcrminam com os deuses ou P Senhor descansando. Na seqUencia dos atos criadores, ba nota vel semelhan9a entre as duas na.rr.a­livus, em bora a lu~ seja cruda, em Genesis, de roan~ira clara. c na vcrsao babilonica siroplesmeote umana dos dcuscs. A cria~o 1o fttmamento por Marduque, a terra seca, as lumin:itias celestia.is ll o ltomem, seguem a mesma ordem da ctia!i!3o por Deus em Genesis.

(3) Ambas as llarrativas mostram uma predilegao peJo numero sece. A cpopeia l.lrtbilonica e dividida em sete t:ibuas ou cantos. Os eventos c.riadores hebraicos sao agrupados em ~tc pcrlodos chamados dias. Essa scmelhan9a, que a prlmeir;i Vista pode parecer singula.r, e na rea­lhlutle~ ~'ll~er~~- ~bS?Iutamente ~ao ha ev~dencia aJgu,ma para se atribuir os sete dias eta cria~ao em Genesis a Lt1fluencta das sete tabuas da cna~ao de Enuma elii/J. 0 numero sete tinl1a urn signifi. r·.pdo comum no antigo pensamento semita, tefletido na literatur.! babilonic.a bern c.omo por to­do o Velho Testamento. Alem disso, ha pequena conespondencia entre as sete tabuas e os scte dias du oria~.:io, em Genesis. As Tabuas II e lfi nao tratam de nenhuma fase da criayao nem ao menos liS T:ibuas I e IV. Em Genesis, no cotretanto, a atividade. oriadora ocupa todos os seis dias, 110 passo

- 13-

Page 9: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

que o setimo e dedicado ao descanso de Deus.

Reunindo todos os fatores sob nossa considerayao, pode-se concluir que as seme­lhen~s entre a Enuma elisch e o re!3to da cria~o feito em Genesis, sao, sob alguns aspectos surpreendentes. Mas no aspecto geral, as semelhan~s servem para acentuar as diferen~as que sao muito mais radicais e significativas. '

2. As Diferenfos: (1) Uma na"ativa e intenSilmente polilelsra; a ourra, extritamente mono­

teisra. 0 mito babilonico comeca com u:ma plurhlidade de deuses, Ap u e Tiamate que. como divindade masculina e femlnina geraram os primeiros deuses. Genesis come~ com a.quela incomparavel palavra : "No princi pio Deus ... " (Genesis 1: l ). Como resultado dcsta fla­grante diferen~ no conccito b3.sico de divindade, as irleias religiosas das duas nauativas sao L'Om­pletamento divergentes. A hist6ria babilonica e contada em urn baixo nlvcl mitol6gico. com uma s6rdida concep~o de divindadc. Os dcscendentes de Apsu e Ti.amate procederam tao maJ que seu pai pJaneja destro(-los. Os grandes deuses, eles m~mos, conspiram e lutam uns cont1a os outros. Ea se choca contra Apsu. Marduque luta. contra Tiamate e seus seguidores, c triunfa s6 depois de ardua batalha.

Genesis, em flagrante contraste, e imponcnte e subUme. 0 unico Deus, sublline e onipotente, detem controle grandioso d e todas as criaturas e elementos do univcrso . Como Criador, bU uma grande diferenga entre Ele e a criatura ou a criacao. Embora haja rcbellio entre as cdatu­ras angeUcai~. revclada em outros Iugares nas Escrituras (lsa(as L4 : 12-17; Ezequicl 28: 12-19), e uma quean da humanidade (Genesis 3), mio obstante Deus detcm contiole perfeito, sendo prevls­ta a ma.nifcsta9io do mal, e providenciado um remedlo (Genesis 3: 15).

0 .rude polite{smo das est6rias babilonicas da cria¢o, mancha a narrativa com sucessivas gera~es de divindades de ambos os sexos, procedendo de Apsu e Tiamatc, e produz uma confusa e contradit6ria plwalidade de crindores. lsto e verdadeiro porquc Apsu c Tiamate niio sao apenas os progenitores de scrcs divinos; porem, visto que esses seres d ivinos, por sua vez, perso­nificam Vlirios espavos c6srnicos e foryas narurais, os pais dos deuses participam, igualmcnte, de maneinl dircta do papel de criadores.

Porem, outros criadores adentram o confuso quadro. Na guerra entre os deuses, Ea, pai de Marduque, mata Apsu c. da carca~. dele. forma o mar subtcuineo. sobre o qual repousa a tefra. Marduque, por sua vcz. no conflito contra Tiamate, do caos faz surgir o cosmos, e como o criador principal, fonna OS ctUS e a teHa, OS corpos celestiais, cereais e legumes, e juntamcnle com Ea, e-lbe atribuido 0 credito da forma~o do hom em.

Outras inscri~es fragmenta.rias adjcionarn elementos contradit6tios n desoricnta­dora n.anaUva de Enuma e/ish. Uma delas. enoontrada por George Smith em N(nive, fala dos "deuses em sua totalidade" como tendo crlado o mundo eo seu conteUdo. Outra, da antiga cidade capital da Assiria, Assur, relaciona "os grandes deuses" Anu, Enm, Shamash e Ea como criadores do universo, e, juntamentc com as divindades cl:tamadas os Allunaque, como tendo formado os dois primeiros seres humanos, chnmados UUgarra (o instrutor da abundincia) e Zalgara (a instrutora da fartum). Outra tabua da Babilonia au: que Anu criou OS ceus e que Ea criou varias divindades menores, e a humanidade. Outra inscri~ao atribui a cria~o do sol e da lua a Anu, Enlil e Ea. A cst6ria da crla~o de Eridu, alribui a cria~o da humanidade 3 Marduque, ajudado por uma deusa, ao passo que uma tabua mutilada e castigada pelas intemperies, da Primeira Dinastin de BabiJo­nia, atribui a cria((io do homem a urna deusa que misturou barro com o sangue de urn deus morto.

No maior contraste possiveJ a confusio e contradi~o destas narrativas poUte(stas, a narrayao do Genesis, com beleza pura e simplicidade,apresenta o unico Deus Etemo como Criadore Conservador de todas as cousas. Ele cria todas as cousas do nada. Pela Sua palavra onipolente, faz com que os mundos venham a existir. Como Criador, exerce supremo controle sobre todos os elementos do unive.rso.

(2) Uma na"ativa confunde espfrito e materia, a outra faz cuidadoso dislinfti'O entre estes dois conceitos. A versao babilonica nao e apenas reJjgiosamentc heterodoxa. pelo fato

- 14-

tlu !ICC IJOUtu(m!l ern Vel. U\1 monoto{sta, totlovm, COU:>a que e lntlmamente rclacionada a isto; eta tllmMm 6 hoterodoxa fllosoficamcntc. Confunde irrcmedinvelmente csp(rito divino c materia c>O~mlca , I>Or umo ldentiflca~o Lrracional e mito16gica de ambos. Apsu e Tiamate, pais dos deuses, •lru pcrsonific:a~o de materia c6smlca (os primitivos oceanos de agua salgada e doce, respectiva­mcntc). e a sua dcsccndencia, por sua vcz, personifies espa~os e fo.ryas natu.rais. lsto leva a hip6tese 1\ak;t, latente no pensamento babilonico, de que o esp{rito divino e a materia c6srnica sao coexis­lontcs e co-eternos.

A ideia babilonica da eternidade da materia e, sem duvida, estranha ao pcnsa­monlo velho-testamentario, c em dcsacordo com a ideia de um Criador lnfinito que faz com que o u.nivcno vcnha a existir do nada, q uaJ seja a clara conclusao de Genesis 1: 1. 0 conceito subUme t' nJosoficamente sadio de um Espirito Etcrno in.fwito, criando a materia c6smica e exlstindo tndependentemente dela, como 3 narrativa de Genesis o apre~nta, esti inteiramente fora do aJcan­~<e du capacidade do pensamento politeisto. e da razao bumana que nao conta com revcla~o divi­na.

Um dos aspectos mais sublimes da narrativa do Genesis, e o poder da palavra rnluda do Criador. ·•E Deus disse" (Genesis 1:3, 6, 9,11, 14 , 20, 24, 26); eo divino "f1.0t"que etc contem (cf. Hcbrcus 11: 3). Um paralelo sugestivo, embora em plano muito mcnos elevado, e a palnvra falada por Marduque, que atesta o seu poder criativo diante do{l deuses:

Eleordenou com a sua boca, ea l'estimenra{oidestruida, De novo ordenou, e a vestfmenta [oi restaurada. Quando os deuses, seus pais. notaram a e[icdciJJ das suas pa/Jnlras, Regozijaram-se (e) prestaram (-/he) homenagem, (dizendo.j "Marduque e reil" 9

Porcm, estc excmplo de atividade criadora pela eficicia da paJnvra falada, e unico na literatura babilonlca da cria¢o. Os douses sao sempre _retratados como a.rt(fices que criam .nraves do trabalho flsico, como em oi'vel bumano.

IV. EXPLlCAc;A.o DOS PARALELOS BIBLICOS

Uma comparar;io entre a epopeia babilonica da cria~o e os primeiros capltulos \Jc Genesis, revela que as scmelhan~ do todo mio sao muito not3veis, se considerarmos a Intima u~cia~ao. d~ hebreus e babilonlos durante o cursos da sua historia. As diferen~as sao, de fato, mutto ID3JS unportantcs, e as semethan~s eram de se esperar. naturalmente, em duas narrativas \111 cria~o mais ou menos completas. Ambas tern o mecsmo fenomeno para narrar; e visto que os homens em geral pensam de maneira semelllante, ruio e necessaria pretender nenhuma depen­dcncia de uma a OUtia.

Contudo, em urn aspecto a semelllan~ e de tal natureza que difiallmente pode­~~~~ ser acidental. I! no caso da seqUencia dos eventus, na cria~ao. A ordcm facilmente poderia Jur alterada em rela~cfo a criayao do fum amen to, da teaa seca. das l'Umin3..rlas e do hom em. Pare­oe claro que M atguma oonex.ao entre as duas nauativas. Quatro possibilidades ex:istem: a nana­tlvn do Genesis prove.io da tradi~o babilonica; esta e provenlente da narrativa do Genesis· essas t tadf9oes surgiram espon taneamente;as duas narrativas provem de uma fonte comum. '

1. A Narrativa do Genesis proveio da Tradi¢o Babilonica. Embora esta opl­n.lao tenha conseguido apoio generalizado, e tenha certos fatores hist6ricos, arqucol6gicos e reli­ilosos em scu favor, a simplicidade e sublimidade da .narrativa b1blica, em contraste com a com­plexidade e rudeza da versao babilonica, apresentam razoes ponderaveis contra eta. 0 registro sa­arodo apresenta os autcnticos fatos da cria11ao por inspirayao, em toda a sua pureza. Moises, indu­bl.tavelm_ent;. devia estar famill~iz~do com .aquelas tradi~es. Se o esta.va, a inspira11ao capacitou· -o a rcgtstr.Has como falos autent1cos, purificadas de todas as incrustra~es de polite1 smo gros­sciro, e apresenta.das de fonna a onquadrar-se no elevado modelo de verdade e monote(smo puro. Sc niio estava, o Esplrito Santo pOde ter-Ibe dado a revela~o daqueles acontecimentos sem nece~ sidade alguma de f~>J~tes orais ?u cscritas: Em qualquer caso, a inspira~o era tao necessaria para pu­rtficar o relato onginal c refmli-Io, a fun de se ajusta.r ao padrao do monote(smo, como para

- 15-

Page 10: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

apresentar a hist6ria original auten tica sem a ajuda de fontes de re(erencia ora is ou oscritas.

0 uso de fontes de referenda escritas ou orais nao esta em dcsacordo com a ins­pir~o btotica, como c evidente no pr6logo do terceiro Evangelho (Lucas 1: 1-3). Sobretudo, alguns dos escritores do Velho Testamento estavam familiariz.ados com a litcraturo das na~oes vi­zinhas, e modelaram aJgumas das suas composi~oes iospiradas segundo as obras primos da sua Literatura. Este fa to e demonstrodo claramente, por exemplo, pelas surpreendentes semelhan~as entre alguns dos prlmeiros salmos, e a literaturo epica descoberta em Ras Shamra (1929-1937). Alem disso, as Cartas de Amarna, do Egito, e os documentos hititas de Bogaz.queui. na Asia Me­nor, mostram que o comercio havia disseminado amplamente a escrita e literaturo babilonicas, por volta de 1400 A. C., de forma que era bern possivel que Mo isis, que fora "educado em toda a ciencla dos eglpcios" (Atos 7 : 22), conhecesse as obras prim as da literatura babUonica, tais como os mitos de Adapa e Ereshldgal, que eram conhecidos no Egit o da sua epoca.

Da mesma forma , nao e poss(vel, do ponto de vista hist6rico e arqueol6gico, ou do ponto de vista da inspirayao blblica, admitir que o Genesis possa, ate certo ponto, tcr dependi­do du Enuma £ 1ish. rsto, no cntanto, nao e a verdadeira explica¢o das semelhan~as, cremos n6s. e embom a doutrina da inspira~ao btolica nao exclua a possibiJidade dessa dependencia cia nann­tiva do Genesis, e manifesto que tal dependencia e inteiramente desnecessaria. Parece inconceb(­vel que o Esplrlto Santo preoisassc usar uma epopeia tao contaminada com rtlosofJa paga como follle de verdade espirituol. 0 emprego de uma forma poetica, ou de um ccrto tipo de metrica, como veiculo de expressao da verdade espiritual, de que ba claxos exemplos no Velllo Testamento, tirados de litoratura contemporanea, 6 materia completamente difcrcnte.

2. A Narrativa BabilOnica e Proveniente do Genesis. Esta opiniio e extremamente impossfvel, se nao historicamente irnposs(vel. A Enumo elish antecedc o Genesis em quase quatro seculos, visto ser quase certo que a epopeia recebeu a forma em que foi descoberta , cerca de um milenio mnis tarde nos dins de Hamurcl.bi de Babilonia (1728-1686 A.C.), e grande parte do seu pensamento data dos prirnitivos tempos surnerios. Contudo, ha possibllidadc de que a narrativa hebralca, em uma ou outra forma , tenha existido virios seculos antes.

3. EsStJs tradi¢es surgiram esponraneomente. Elas sao tendencias naturois da men­te humana em urn proceso de evolu-?o, argwnenta-se. Maneiras semelhantes c.le pensar e de coosi­derar o universo e o hom em, prod112i.tam-nas espontaneamentc. Mas isto nao e uma explica!¥io; simplesmente, recusa-se a considerar ps fatos de fo.rma racionaL

4. As Duas Narrativas Provem de Fonte Comum. As inscri~oes bnbilonicas e os registros do Genesis nos apresentam, evidentemente, duas fo rmas de lradi¢es primitivas e de fatos cooccroentes ao principia do universo e do homem . Nao sao tradi90es peculiares aos povos e as rellgioes sem(ticas, que desenvolveram-se de caracter{sticas comuns. Sao tradi~oes comuns a todos os povos civilil.ados da antiguidade. Seus elementos comuns apontam para. urna epoca em que a ra~a humana ocupa.va uma patria comum e tinha uma fe comum. Suas semelhan9as sao devidas a uma heranc;a comum, e cada ra9a de homens foi t.ransmitindo , de gera~ao em gcra9io, os registros orais ou escritos da hlst6ria primitiva da ra9a.

As r~as humanas primitivas, por onde vnguearam, lcvaram com clas essas prirni­tivas tradi¢cs d a human.idade, e nas diferenles latitudes e climas, modU'icaram-nas de acordo com a sua rcligiao e modo de pensar. As modifica9oes. como passar do tempo, resultaram oa corrup9ii'0 da tradilt<io original pura. A narrativa do Genesis e nno apenas a rnais pura, como tambem apre­senta, em todos os pontos, a autentica<(Uo inequ(voca da inspirartao divina, quando comparada com as extravagancias e corrupQ(>es de ou tras narrativas. A narrativa btbtica, podemos concluir, represents a forma original que essas tradiy()es devem t er tido.

- 16-

Capitulo Ill

TRADICOES PRIMITIVAS E PRIMQRDIOS BfBLICOS

Os ooze primeiros capltulos de Genesis, que tratam da cria<(Uo do mundo, da vtda prirnitiva do homem sobre a terra, do grande d illivio e da vida pre-patriarcal ap6s o dUuvio, ll>ttlcm material de antiguidadc muito remota. Atualmente. est8 provado que grande parte dessc mutcrial foi Lcvado da Mesopotamia pelos ancestrais dos bebreus. Pode tambem ser mostrado que tern autenHco colorido local, e e intciramente livre de analogias egipcias. Ha umas poucas seme­lhun~as cana nitas, que no entanto sao, qunse todas, de natureza verbal, consistindo no emprego \.Ins mesmas palav(as, o u de outras intirnamentc relacionadas. Por outro ' lado, lui grande numero de surprecndcntes semclhant;as babilonicas, embora nio tao gr-.mdes como se tern propalado.

Scmelhanctas tais como o sabado e a queda do homem, tern sido freqi.ientemente c ·ageradas. Embora o setimo d ia eo numero sete em geraJ tenham significado especial no pensa­nlcnto oriental antigo, tanto na Bfblla como nos monumentos, criticos radicais tern labutado em viio para provar que 0 setimo dia de descanso bt'bllco e a sua santific~o (Genesis 2: 3) deri­V!U'am-se dos babilonicos. A falta de urn paralelo claro paro a queda do homem rcgistrada em G~nesis 3, seni demonstrada mais adianle. Todavia, urn detalhe como o dos "querubins" coloca­dos "ao oriente do jardirn do ~en" (Genesis 3: 24) e abundantemente ilusuado pela iconogra­lw do Oriente PrOximo, referente a epocas remotas, como urn leao alado com cabe~ humana, ou uma esfinge.

I. AS TRADI<;OES PRIMJTIV AS E A QUEDA

0 terceiro capftulo de Genesis, que retrata a tenta~o e a queda do homem , 0 qual e descrito vivendo feliz e inocentemente em logar delicioso, tern grande importincia teo16-ttJca. Prove a base e supre a necessidade de uma atividade redentora do Criador em favor da ra­(;a humana. ConseqUentemente, supostas semelltan~as desta passagem fundamental, na litcratu­m babilonica, ao lado de freqilentes afirma~oes de plllg.io por parte do reglstro sagrado, exigem cuidadosa considera~o.

1. Locollza¢o do Jardim do Eden. As informar;Qes que a Blblia nos d a, loca­Jizrun o Jardlm do ~den, onde ocorreram a tenta~iio e a queda, em algum Iugar na regiao do Ti­grc-Eufrates, evidentcmcnte na ter~ta parte mais oriental do Crescente Fertil. "E sa{a um rio do l'!den para regar o jardim, e daU se dividia, repartindo-se em quatro bra9os. 0 primeiro chama-se rtsom ... 0 segundo rio chanta-se Giom ... 0 nome do terceiro rio e Tigre . .. E o quarto e o Eufrates (Gn. 2: 10-14). 0 Pisom e o Giom sao, possivelmeote. canais (chamados rios na Babilo­nia) que ligavam o T igre e o Eufrates, a guisa de aotigos leitos de rios.

Embora Friedrich Delitzch Localize o e den logo ao norte da Babilonla, onde o Eufrates e o Tigre correm bern perto urn do o utro, e A. H. Sayee e outros LocaUzem o e den pcrto de Eridu, antigamente no Golfo Persico, e debalde q ue se t enta detenninar, agora, a sua loca­l~~o ex.ata. A mudan~ta dos leitos dos rios, e a mu~vel confagwa(jio daquela reglio, no curso de milenios, como resul tado da acumuJal/io de enormes depOsitos de sedimentos fluviais. tomam ~:ssa tarefa virtualmente imposs{vel. A causa importante e que o Genesis localiza o princ{pio da vida bumana na mesma regiao que a pesquisa arqueol6gica tern demonstrado ser o ber-ro cia civili­za~o. W. F. Albright dlz:

-17~

Page 11: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Desra forma, a pesquisa arqueoldgica tern estabelecido, sem sombra de duvida, que nao lui centro de civiliza~ao, na terra, que possa nem de Ionge cornpetir, em antiguiilade e atividade, com a bacia do Meditemineo Oriental e a regiifo imediotamente ao leste de/a - 0 Cresceme Ferri/. 1

2. 0 Milo de Adapa. Esta antiga lenda, que tern s.ido geralmeote interpretada como o couespondente babilonico a qucda do homem narrada em Genesis 3, foi descoberta em quatro fragmentos cuneiformes, tres na biblioteca do Rei Assurban.lpal, em Ninive (seculo VII A. C.) e o quarto nos arquivos dos rei.s egfpcios Amenotepe lli e IV, em Ama.rnn (p.rimei­ra metade do seculo XIV A. C.). £ uma cstoria., como a Epopeia de Gilgamesh, contando a falha do hom em em aproveitar a oportunidade de ganhar a vida eterna.

Adapa era urn homem a quem o deus Ea havia dado sabedoria, mas ruio vida eterna. Como adminlstrador do templo de Ea em Eridu, ele estava ao sul, pescando no Golfo Pe.r· slcot quando o vento setentrional, soprando de repente, virou o seu barco, e o lanctou no mar. Ele. irado, quebrou "a asa do vento sui", pintado como uma especie de passaro. AJeijado, o ven­to setentrional nao podia sopra.r brisas frescas sabre a terra abrasada.

Por esta a¢o violenta, Adapa e chamado a dar contas a Anu, o gmnde deus dos ceus. Antes de subir as rcgioes etereas, Ea, seu pai, instrui Adapa para vestir-se de luto, como si­nal de reverencia aos dois guardas do portao, que haviam recentemente deixado o pais dos vjvos, e a ruio comer a com ida da morte, nem beber a agua da morte que Ute seria oferecida. 0 seu lu· to pelos guardas do portao assegura a sua boa vontade. Eles intercedem por ele com tanto su­cesso que, em vez de puni-lo, Anu decide abenctoa-lo, e assim ordena::

•· ... A comida da vida Trazei-llle para que e/e coma''. A comida da vida Trouxeram·lhe, mas ele nao comeu. A dgua da vida Trouxeram·lhe. mas ele nao bebeu. Um vestido Trouxeram-lhe, e ele se JJestiu (com ele). Oleo Trouxeram-lhe, e ele se ungiu (com ele). A nu oUrou para ele, e riu. ''Ven/111 Cti, Adapa! Porque voce naocomeu nem bebeu? Agora, voce niio viverd. Ai (da) .. . hunuznidade. Ea, Meu senhor, Disse: "Niio conlll, nlio beba!" "Levem-no de volta para a sua terral" 2

Lcvado de volta a terra, para morrer como todos OS outros homens, Adapa petdeu a oportunidade de obter vida etema. Contudo, segundo o fragmento IV, e claro que ele e urn representanle da humanidade, pais a sua recusa de participar do pao e da agua da vida nao apenas frustrou-llle a vida eterna, como envolveu a humanidadc em doen~ e enfermidade, e evidente­mcnte, frustrou da mesma forma a possibilidade da imortaUdade para a ra~ humana tambem.

. . . E seja qWII for a doenfa que ele tenha ocasionado aos homens E a doenfa que ele tenha trazido aos corpos dos homens Estas a deuSD fda cura) Nitrcarra suavisara.3

3. 0 Mito de Adapa e Genesis 3. Sejam quais forem as conespondencias entre o mito de Adapa e o terceiro capftulo de Geoesjs, a lenda babilonica evidentemente ruio ofcrece urn paralelo a nanativa bfblica da queda do homem, e OS estudiOSOS nio tern motivo oara fazez tal aplica~o. Da mesma forma, a qucda ruio e descrita, como freqUentemente tern sido declarado, no chamado ''-selo da teota~o", que retratn doas pessoas assentadas ao lado de uma arvore frut{­fera, e por detras de uma de las, a torma e.rcta de uma setpente. Ambas as ftguras estao vestidas, ao passo que a inooencia do primeiro casal e descrita pela declaractao que introduz a cena da tentactio: ''Ora, um e outro. o homem e sua mulber, estavam nus, e nao se envergonbavam" (Genesis 2: 25).

AJem disso, nio ha a menor razao para procurar pela queda na literatura dos babi-

- 18-

1•\nl~li. poi!'l cia discordu de todo o seu sistemo de espcculll«;ao polite! ta. £m Genesis, o ho­rt1Qnt e crindo o lmagcm de urn Deus santo . Mas os babilonios, como outros povos pagaos, espe­lhalnu.:ntu os grcgos e romanos, crlaram os seus deuses maus e bons, a imagem do homem. Nao se J}{}dlll ~sperar que esses dcuses, que oonspiravam, odi.Gvam, lutavam e matavam uns aos outros, crias­lli)lfl rugo que fosse moralmeote pe.rfcito. Da mesma forma, urn homem que fosse formado como san­I' IIC dussas divindades, nao poderia possuir outra cousa senao uma natureza ma. Nao teria sido poss{­Yt•l ttucd~ alguma, porque o homem teria sido criado mau, e nao teria um estado de inocencia de o nd c cair.

Todavia, certos elementos na Leoda de Adapa sao surpreendcntes pela scmelhan­~-~ ou pelo contraste que apresentam. A "comida da vida" conesponde ao "fruto" da "arvore da vltlu" (GSnesi.s 3: 3, 22). As duas narrativas concordam no pensamento de que a vida eterna

lloucrill ser obtida comendo-se uma certa qualidade de comida ou f:ruto. Porem, Adao perdeu a rrmrlalidade dcvido a urn desejo errado de ser "como Deus". (Genesis 3: 5). Par esta razao, foi

, pulso do jardim, para que mio comesse "da arvore da vida. .. e viva eternan1ente" (Genesis I• 22). Adapa ja havia .recebido sabedoria dos deuses, e falhou em tornar-se imortal, ruio devido a 1h·~obcdiCncia ou a presunct3o, como Adao, mas devido a obedrencia ao seu criador. Ea, que o enga­uulJ .

Da mesma forma como a nanativa b{blica da queda, a cst6ria de Adapa toea na •tue~'Uio crucial da razao por que o homem devia softer e morrer. Em contraste, no entanto, a res­rnsta nio e que 0 homem caiu da sua integridade mora1, e que 0 pecado om que ele caiu produ­lliU morte, mas que o homcm perdeu a oportunidade de obter a vida eterna pelo fato de ter sido I lll-;'1103dO pOI UITI dOS deuses. 0 pecadO humanO Original naO e. absalutamente, levado em COnside­fll \oiO na est6ria de Adapa., ao passo que e oosico no relata do Genesis. As duas na.rrativas, portan­lu, a dcspeito de semelhan~ns superficiais. sao polos opostos.

II. AS MODERNAS I!SCAV ~COES E A CIVlL~ACAO PRIMITIV A

A Bt'blia liga o comevo da civiliza~o humana com Caim e Abel, os dais flU10s ch: Adao . .Em bora um born paralclo entre a hist6rla btblica e os monumcntos csteja alnda faltando , c;untlnuas escavavoes oa Mesopotamia, e a publica~ao de antigas tabuas, es~9i.GJ]nentc os rcgis­tros dos antjgos sumerios, revelara, sem duvida, pontos de contato elucidativos. ·.

1. 0 Come~ da Vida Agricola. 0 homem, precisando tornar-se, desdc bern ce­llo , urn produtor de alimentos, cornec;:ou a controlar a nat ureza pelo amnnho da terrae cria~o de l(hdo. Ambas as atividades, sao lntimamente Ielacionadas, e s[o indubitavel e p.raticamente coevas HQ sc-u desenvolvimento. Enquaoto alguns grupos humanos comeyaram a cultivar o solo, outros t·~I IIVam domosticando animals. Esta opiniao, a luz. do quarto capitulo do Genesis, parece prefer(­Yl'l a de que 0 cultivo do solo e anterior a cria~ao de gada. "Abel foi pastor de ovelhas, e Cairn, btvrodor" (Genesis 4: 2). t posslvel que o fazendeiro Cairn fosse bem mais velbo do que o pas­tor Abe~ e sc for assim. a agricultwa deve ter precedido a pecwUia. Contudo, e mcUtor pensarrnos ttne cssas atividades se desenvolvetam !ado a !ado. Os homens estavam cultivando cevada e trigo 110 mcsmo tempo em que come~aram a domcstlcar animois .

2. 0 Comefo do Vida Urbana. A linhagom de Calm e rolacionada com o estabe­ll•l'intcnto da primeira cidade, e com o desenvolvimonto das artes e oflcios da vida urbana (Genesis 4 16-24). Jabal est3 vinculado a vida pastoril e nomade (Genesis 4 : 20). Scu irmao Jubal e asso­el:ldo a arte da musica e a invenyao dos pr.imeiros instrumeotos musicais - a harpa e a fiauta (r.Sncsi.s 4: 21}. Tubalcaim e mencionado em rela\;io com a ciencia da metalurgia e ao artesanato 11 ferro e bronze (Genesis 4 : 22).

Esca.va~oes modernas tevelam a prescn~a de vida urbana em pen'odo mul remoto, I'UIII cvidencias das artes e of!cios mencionados em Genesis 4 : 16·24. As vilas mah antigasja dcsoo­l.lcrl!ls situam-se na regiao norte da MesopotamJa, em Tel Hassuna, no sui da moderna Mossul, e ••tn N(n.ive (o niveJ mais baixo)_. e em Tepe Gaura, ''0 Grande Outeiro", a noroeste de Nlnive. I 'ISilS localidades pertencem 3 ldade Neolitica. cerca de 5.000 A. C. ou antes, e mostram feY­IiJllcntas e armas de pedta, cerimica e ediftcios rusticos. 0 Esttato XIII, em Tepe Gaura, por exem-

- 19-

Page 12: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

plo, que data centenas de anos antes da descoberta de utensilios de metal, contem ceramica de grande beleza e delicadeza, bern como restos arquitetonicos que demonstram grande habilidade. Essas descobertas "nao mais permitem que consideremos o hom em da ldade da Pedru como selva­gem".4

Perto de 4.500 A. C., o cobre comC9,ou a ser usado juntarnente com a pedra, e cerc.a de 3.000 A. C., tornou-se. o material principal para a manufatura de ferramentas e annas. A esta ld.ade Calcol{tica, ou de "pedra e cobre", pertencem alugares como TelHalaf,ao noroeste da M~sopotauua, onde urn majestoso tipo de cer.irnica foi descobetto, demonsttando elevado grau de civiliza~o por volta de 4.000 A. C. ou antes. Restos da mesma cultura te.m sido encontrados tambem no Tel Chagar Bazar, a 80 qullometros ao leste do Tel Halafe, eo Tel Arpachia, a 275 quilometros a oeste.

0 Tel Obeide, a pequena distincia a noroeste de Ur, revela a mais antiga cultura claramente deflnida, na Babilonia inferior. mostrando que cerca de 4.000 A. C., as terras panta· nosas da regiio do baixo Tigre-Eufrates estavam sendo drenadas e ocupadas. A cultura do Tel Obeide antecede qua$e todas as antigas cidades da regiao, como Ur, Ereque, Lagas ·e Eridu, e pare­ce estar ligada a civilizaf%o. contemporanea do Planalto lrnniano ao leste de Susa (Eia), um dos mais antigos centros de ctvilizaf%o.

Se a civiliza~o cam ita se originou ao norte ou ao leste (Elao) e se espall1ou para o norte e para 0 leste, e ·cousa ince.rta. Mas OS resultados das escava¢es modemas elucidam a sucessao das culturas primitivas na epoca-pre-hist6rica, e a representa~o biblica do progresso das artes e offcios e bem sustentada pela arqueologia. A roda do olciio, o ba.rco de pesca com velas, veiculos de roda. produr;io e uso de cobre e bronze, tijolos e selos ciliodricos, cst.ao enue as descobertas do homem, COJllO tern sido .revelado pela escava~o dos lugares mais antigos.

Minerios de feuo era.m fundidos ocasionalmente na Mesopo~mia, em data muito remota. Henri Frankfort, em escava~es no Tel Asrnar (a antjga Esnuna), descobriu evidencias de um~ lamina de ferro, em urn o{vel que datava, de cerca de 2.700 A. C. Outros objetos de ferro tern sido encontrados tambem. tais como o pequeno machad.o de ferro em Ur. A descoberta do ferro por alguma razao, oio foi ut,llizada persisteotemente, e niio foi usada generalizadamente, em esca­~ industrial. ate depols de 1.200 A. C. 0 periodo de 1.200 - 3'00 A. C, e conhecido em arqueolo­g.ta como a ldade do Ferro. Mas as escava¢es indicam algum conhecimento de metais em tempos rna is remotos, como o indica Genesis 4: 22.

- 20-

Capitulo IV

0 DILOVIO NA TRADI<;AO SUMI:RIA E BABILONICA

0 per(odo que se estende da cria~ao do homem ate o Dlluvio No•Hco, e descri­'' ' l10 rn breves palavras no registro bibtico. Exceto porum resumo generalizado da primeil:a civi­Ut,u\ fto, pcovinda dos descendentes de Caim (Genesis 4 : 16·24), a narrativa, at.e o tempo do Dilu· Vl t.' . consiste apenas de uma relaf%o genea16gioa que apresenta os desoendenies de Adao de· Sete ate N•ld (Genesis~ : 1-31). Tao nipida foi a degenerescencia moral da ra~a . que tinha pouco valor, no llllll concerne a h1st6ria da reden¢'o, regi~ra:r algo relarjyo ao mundo antidilUYiano. 0 julgamento llo Jlluvio, porem, tanto historica, como uma advertencia instrutiva para a human.i<blde, como llt)IComente. como .uma figura do p.lano de Deus para a reden~o em Cristo, tinha enomle impor­tlud a, e por isso e extensamente tratado (Genesis 6-9), na medida do seu significado espiiitual.

I. 0 DlLOVlO E A LISTA DOS RElS SUMERTOS

Alem de prover grande abundancia de material parcllelo que trata do Diluvio . a rmtucologia langa luz sobre o pouco conhccido periodo antid.ituviano, que o Iegistro biblico I Mr"J quase totalmente. De acordo com a Lista dos Reis Sumerios, preservada no prlsma de \Vuld-.Blundell, oito ~berano~ antiuiluvianos reinaram nas cldades da Mesopotamia inferior de Eri· du , BadtJl>ira , Laraque, Slpar e Churupaque, por perfodos tao longos (o reinado mais cu.rto e de Ut600 anos, o mais longo, de 49.200) que o per.i'odo da sua soma totaliza ... 241.200 anos. l\f'FOssus, um sacerdote babiloruco que escrevcu multo posteriormente (seculo 11 A. C.) cita dcz rtu111eS ao todo, em vez de oito, e exagera a1nda majs a durayao dos seus rcinados.

Falliar.am as tcntativas para estabeleccr conexao autentlca entre os de.z reis anti· 'UJuvianos de Berossus e o registro hebraico de dez pattilucas de Adao ate Noe. Porem, os nomes ~p•c sao ptescrvados pela Lista dos Rcis Surnerios e por Berossus, :representam, evidentcmente, urnu tradi~ao corrompida dos fatos hist6ricos que sao preservados no quinto cap1tulo do Genesis, llll'm de constituir indica~ao extraO!blica da grande du:rayao da vjda luunana antes do diluvio.

A tradl~o do Diluvio, propriamente dito , era constante entre os povos dos 11110is os hebrew; desceoderam. Na Mesopotfuni;l inferior anterionnente conhecida como Sumeria • A c:ldia, lar ancestral de Abraao, o Diluvio era lemhrado como urn a grande ctise nl) hlst6ria huma­llil., e preservada atraves de trad1~o oral e em placas cuneiformes. A Lista dos Rels Sum6rios llct>Ois de registrar os oito .reis anticlliu.vianos, interrompe a sequencia com a significativa declata: o,:Ju scguiote, que antccede a cita~o dos governantes posdlluvianos: "(Entio) o Diluvio varreu I u terra). Depois que o Diluvio varreu. (a terra) (e) quando a realez.a foi (outra vez) batxada do c6u, " rca lcza estava (primeiramenie) em Quis".

Nos tempos antigos, as inunday()es eram comuns no Vale do Tigre--Eufrates. Os 1lms grandes rios, cujo$ leitos foram gradualmente se levantando mais c ma.is, muitas vezes trans· burll.avam .nas epocas de cl1eias, e freqtientemente escavavam para si novos canais. Evidencias de Lrrun inunda~o assim foi encon:trada pot C. Leonard Wooley em Ur, em urn estrato de 2

1 40m.

rlt' barro limpo, que interromlleu os ni'vejs ocupaCionais do local, e que ele identificou erradamen­h• (..'Omo urn deposito deixado pelo Diluyjo Noeico. 0 Capit.ao £. Mackay, e Stephen Langdon, •·~euvando a localiza~o da antiga Quis, eneontmram uma camada semelhante que, da mesma fnnna, interpretaram como um deposito do Diluvio Blblico.

- 21-

Page 13: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Porem. como George Barton anota conctamente:

"Niio hd, rea/mente, evidencta a/guma de que esses dep6sitoa de detrllos lignir14uem mais do que o fato de o Eufrates eo Tigre terem, em cena tpoca, mudado seus feitos, e corrido, durante certo tempo, sobre partes de Ur e de Quis que eram, anteriormente, desabitadas . .. Na realidade, Henri Frankforte jd havill demonstrado anteriormente que, segundo a evidencill do cerrimica encontrada acima e ababco do estrato de detn'tos flu­vials dos do is lugares, as duos inum.:.:¢es rufo ocorreram ao mesm.o tempo, e nem se de­ram no mesmo seculo! Portanto, ntfo podiam ter W:Jo o di/Uvio bfb/ico. Siio eviderrcias de uma submersiio temportirltl dos dois hJgares. devido a mudanfaS do /eito dos rios".l

II. NARRATIVA SUMeRiA DO DlUJvlO

Os mais notaveis paralelos entre o Velho Testamento e todo o corpo de inscri­~es cuneiformes da Mesopotamia, ocoaeram em conexao com a hist6ria do Diluvio, prese:rvada na Uter.uurn recuperada dos antjgos habjtantes dessa regiao , os surmhjos nao semlt icos, e os suces­sores dn sua cultura e t radi~o, os babilonicos e assirios semlticos, que ali bnbitamm posterionnen­te. Sc o Velho Testamento dependesse de fontes babilonicas. aqui, como em outras partes, era de se espcrar que se cncontrassem evidencias que pwvassem tal a.rgumentay;io. Devido as grandes semelhanyas, urn est udo dos registros cunelformes do Diluvio c dos registto-s bJblicos, e de especial interesse.

A hist6ria do diluvio era bern conhecida oa Mesopotamia, e gozava de grande popularidade, como o indicam as duas diferenles Connas, quer sozinhas. quer l.igndas a outras composi9oes literarias que sobrevivcram. ''Pclo menos uma edifica~o sumeria o quatro acidias (assirio-babilonicas) sao-nos conhecidas, se incluinnos a narrativa grega de Berossus entre as ulti· mas.••2

A mais ant iga versao do Dlluvio e a sumthill , regist rnda no fragmento de uma pla­ca dcscoberta na antiga Nipur, a meio caminho entre Quis eChurupaque. na Babllonia norte-central Data, mais provavelmente, de antes de 2.000 A. C., e e inscrita em ambos os !ados, com tres co­lunas de cada lado. A primcira coluna fala de uma destrul~o antcrim da humanidJlde, e como a hurnanidade e os animais foram criados. A segunda coh1na relata como uma divindade fundou cinco cidades, inclusive Eridu, $ipar c Churopaque. indlcando para carla u111a urn deus tutelar, e estabclecendo canals de irrigat;ao. A terceita colona apresenta o Diluvio, que fez a deusa l star (Ninhursngue) sofrer pelo scu povo. Naqueta cpoca, Ziusudra (Ziusudu) era rei-sacerdote. Me­dl3nte as horriveis not(cias do Diluvio, Ziusud.Ia fez urn !dolo de madeira, representando a divinda­de principal, e adorava~ dlariamente.

Na coluna seguinte, Zjusudra recebe instru~es para ficar pcrto de uma parede onde dcveria receber uma comurucay;io divina a respeito do desasu e iminente. Dessn forma o pro­p6sito dos deuses de destruir a humarudadc lhc e revelado.

Na quinta coluna, o Diluvio come¥ou, e Ziusudra esta Lutando pam sobrevive.r em um grande ba.rco, quando a placa quebrada interrompe a nacraliva:

As chuvas tempestuosrzs, ventos fortes, todos, mandam eles Os Diluvios caem sobre a . . . Quando por sere dills e sere noites 0 Diluvio havill assolado a Te"a Eo enornu: barco havill sido agitado sobre as grandes dguas, pelas tempestades, 0 deus sollevantou-se, fazendo bri/har a luz nos Ceus e sobre a Terra. Ziusudra [e'Z 11ma abertura no lado do grande navio. Ziusudra, o rei, Dillnte do deus-sol curvou a face ate o chilo. 0 rei sacrificou um touro, ovelhas ele mcri[icou em grande numero.3

- 22-

Tendo passndo 11 lemfvcllempcslade, u colunll tc:nnina com Ziu ·udta rcccbcndo o dom da imortalldade, e scndo levado a uma semeU1Pn~a de habltn~o paradls(a~. ehomada "a

1 montaoha de DUm urn". para vlvcr paru sempre

Ziurudra, o rei, Diomede Enlil curvou a [ace an! o clulo : Este deu-lhe vida como a de um deus, Uma alma eterna como a de um deus, ele /he outorgoJJ. Naquefe tempo, Ziurudra, o rei, Chamado ' 'Salvador dos viventes e semente da humattidade" Eles Ftzeram com que habitasse 1111 montanha inacessfvel, montanha de Dilmum. 4

m. NARRATJVA BABR.ONICA DO DlLOVJO

Baseada na tndi9io sumeria, sua antecessora, porem muito mais ampla, .a·vcr­wo babilonica do Diluvio constitui o decimo-primeiro livro da famosa Epopeia assfrio-babilonica de Gilgamesh. 0 texto, na forma existente, vern da biblioteca do rei assirio Assurbaoipal (669-926 A. C.), mas fora transcrito de originals muito mais antigos. As placas do DUuvio foram dcsenterra­das em Cuiunjique (Nlnive) por Honnuzd Rassnm em 1853, mas nao foram identificadas ate 1872, quando George Smith, que entao se dedicava em estudar e classificar as dcscobertas cunei­forJnes de Cuiunjique, examinou-as novamente e as identificou.

De todas as tradi-roes antigas que se relacionam com o Velho Testamento, a est6-ria do Diluvlo Babilonico, incorporada a Epope.ia de Gilgamesh, manifests a mais impressionante e minuciosn semelhanya com a Bl'blia. 0 Noe sumeria, Ziusudra, aparece na tradi~o babilonica com o nome de Utnapistim, "Dia da Vida". As emocionantes aveoturas de Gilgamesh, e a sua busca ftnaJ da vida eterna, levam·no, por fim, a Utnapistim, o imortal. Este, ao expllcar a Gilgamesh a mnneitn pelo qual obtivera a irnortalidade, faz urn relato completo do Diluvio. ~ este aspecto da Epopeia de G ilgamesh, ao !ado da opiniio que eJa ap.resenta a crenya ant iga em uma vida depois da morte, que a torna de interesse especial para os estudiosos da Bl'blia .

Na Epopeia, que e reconhecida como o mais Iongo e mais belo dent:re os poemas babil.Onicos. embora tenha sido desenterrado na Mesopotfunia, o grande her6i Gilga.mesh aparece como o lendario e semi -divino rei de Uruque, a Ereque bl'blica (Genesis 10 : 10), e moderna Warka, ao sndoeste da Sumeria. Gilgamesh tern urn amigo chamado Enquidu, q ue e seu companhciro fie! em numcrosas aventuras e dificuldades. Quando Enquidu mone, Gilgamesh ca1 num estado de desconsolo uro desesperador que empreende uma viagem arriscada atraves de montanhas jam a is lranspostas e perigosas nguas mort{feras, para encontrar Utnapistun, o lrnOrta.l, a fun de aprender dele a natureza da vida alem da morte, e a possibllidade de obter a imonalidade.

No undecimo livro da epopeia , Utnapistirn explica a Gilgamesb a sua imortalidade, fazendo-lhe uma oana.tiva do Diluvio. Nesta noclvel est6ria, o chamado "Noe Babilonico" rela­dona a sua posse da vida eterna com a dadiva de um dos deuses ap6s a catasuofe, quando ele foi conduzido para fo.ra do nnvio. As circunstancias deram ocasiao a narrativa ma.is completa e mais impressionante do Diluvio, que p()de ser encontruda fora da Biblia.

Utnapistim disse a ele, a Gi/gamesh: "Eu te revelarei, Gilgamesh, um fato oculco E um segredo dos deuses eu te contarei: Cluuupaque - cidade que conheces. (E) que (ds margens do) Eufrates esta -Aquela cidade era ant/ga, (bem como) os deuses denrro de/a, Quando o coraftZO deles levou os grandees deuses a proauzir o diluvio ". 5

Depois que os deuses resolveram mandar o Diluvio sobrc a terra. urn aviso foi despachado pn.ra Utnapistim atraves de Ea, deus da sabedoria. 0 her6i do dilllvio e avisado, possi­velmente atraves das paredes dn sua casa, qoe sao consideradas como uma barreira entre ele e a voz da divindade :

-23-

Page 14: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Cho~rpana de bambui Chouparta de bambui Parede, Parede! Choupoflil de bambu, escuta ! Parade, reflet~l Homem de Churupat[ue. filho de Ub.ar-Tutu. Derruba (esta) casa, constroi um navio .! Desiste das propriedades, busca a vida, Despreza as possess6es e conserva a alma viva! A bordo do navio recolhe a sementede rodas as cousus vh•as. 6

De acordo com as instru~oes divinas. Utnapistim construiu o enorme ban;o em forma de uma cuba, que m·ed.ia 120 ct1bitos em cada d.ire<cao, e tinha seis andares. No exterior , ele o dividiu em sete partes, e no interior em nove partes, calafetando-o por dentro e por fora com betu- • me. Poi embarc;ldo oleo p·ara a alimentaviio e para: as libal(oes. Ele tambem levou ouro, pmta, a sua familia, artifices e animals do campo .

Observe! a aparenciJJ do tempo. 0 tempo era pavoroso de sever. Embarquei no navio e preguei a porta. Para reprega~ (todo) o navio, a Puzur-A murri, ? barqueiro, Eu enrreguez a estrnrura com tudo o que contmha. 7

A bravia tormenla se formou "com o pdmeiro clarao da aurora'', ao mesmo Lem· po que uma nuvem Mgra se levan.tou no horizonte. A dade. deus da tempestade e da chuva, rugiu. Os deuses Anunaftu.e levantaram os seus arcbote.s, "deixando o mundo em charnas" com rel§mpa­gos.

Os deuses estavam temerosos com o diltlvio, E recuanilo. ascenderam aos ceus de A nu. * Os de uses agacharam-se como c5es. 8

Jstar, a soberana dos deuses, que tinha voz doce. deplora espec.ialmente a sua c-ul­pa por ter concordado com .a destrui¢o da humartidade pelo Diluvio:

Os d ias antigos, a f. tornaram-se barro, Porque eu advoguei o maltw A ssembleio dos deuses. Como pude eu advogar o mal na Assembteio dos·deuses, Ordenando batalha para a destn4if'l"o do meu povo! Quando sou eu quem dd a luz ao meu povo Como as ovas dos peixes eles enchem o mar! " 9

Diante da horrfvel destrui9io, todas a~ divindades se lamentam:

Os deu,ses, todo~ lwmllhados. assentam-se e choram, Os seus ldbios estiiO aperrados - todos eles. 10

A cessayaO da breve mas destruidora tmmenta e descrita graficamente:

Selsdias e seis noites Sopra o vento da inundarao. da forma como o vento tempestuoso do sul11arre a terra. QIUlnilO chegou 0 setimo dio, 0 vento sui (que carregqva) o diluvio cessou a batalha Que JuwiJJ rravado como um exercito. 0 1f/.al' /icou quieta, a tempestade amainou, a fnunda¢0 cessou''.

Utnapistim avalia, entao, a cena melanc6lica:

* 0 mais elevado dos vdrios ceus, na opbtiilo mesopotdmica do munda. Anu era o deus do ceu central.

- 24-

Ohscrval o tempo: a boNtllifO cotucrara. E toda a hw,umldade havla se transftmnado em barro.

A paisotem era tao plana como um telhado homomal. A bri uma escotilha , e a luz cafu sobre a. minha face. 12

Utnapi~im olha em todas as direl(o.es, para ver se acha teua por entre as ilimitadas 1 roureh:as do m1U. Por fun, consegue ver usna ex ten sao de terra, ao mesruo tempo que o navio en­c~ilha em urn a montanha :

Procurei litorais IU1 expansao do rrurr.: Em coda uma dentre catorze (reg foes) Emergio uma regiffo (momanha). No monte Nisir -o navio por ji'm parou.l 3

Quando o Monte Nisir segurou o n,avio , Utnapistim soltou uma pomba no setimo diu., Esta foi seguida por uma andorinha e urn corvo.

QUtmdo chegou 0 sethno dio, Mandei e soltei rmra pomba. A pOmba se. foi, rrurs voltou; Niio havio fu.gar para pousar, e e/a retomou:. Entao tiUJndei e soltei uma andorinha; A andorinha se foi, mas volrou: Nao havio Iugar para p.ousar, e ela retomou. Entao mandei e soltei um corvo. 0 corvo sefoi e. vendo que as tiguas ha11iom diminuldo, Come, 11oa em cfrculos, croclta, e nao retorno. Iintiio soltei (rodos os animals) para os quatro ventos e ofereci um Sl1criffcio. l4

Os deuses respondem da maneira mals lnd.igna ao sacrificio de gni.tidao ofereci· do por Utnapistim:

Derramei urrurliba¢'o no cume diJ montanha. Sete e sere vasos culruais eu levantei, SoiJre a sua platlbanda amontoeijtmco, cedro e muna. Os deuses aspiraram o odor, Os deuses aopiraram o doce odor, Os de uses se aglomeraram como moscas ao redor do que sacrt[icava.l5

Dai comccta uma discussao entre os deuses, a cespeito da responsabllidade pelo Diluvio. Corl'tradi.zendo, aparentemente, a sua confissao anterior de gue ela cooperara com os outros dcuses em mandar a catastrofe sobre a humanfdade, lstar agora lan'rl a culpa em Enlil, urn dos outros grandes douses.

"Que os de_uses venham ao Jflcriffcio; (Porbn) Enli/ niio venha ao sacrifi'cio, Po is ele, sem razao. ocasionou o dlluvio E meu povo destinou d destruiftlO! " 16

Ea, deus da sabedoria, Jan~a tambem a culpa em Enlil:

"Tu, a mais sdbio dos deuses, tu (que es) heroi, Como pudesre, sem razao, causa.r o dil.Uvio ? Ao pecador atribui o seu pecado,

*Geralmente identificado como modemo Pir Omar Gudrum, situado ao sul do Rio Zab Inferior, no territorio ao leste do antiga Assiria, tendo a altitude cerca d_e 2. 700 metros (E. A. Speiser, no Anual ofthe American Schools of Oriental Research, VJJI (1928) , pp.l7,18 . 31).

-25-

Page 15: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Ao transgres$0r atribrli a sua transgressoo ! (Por~m) si clemenre. para que ele nao perefa, Sl paciente, para que ele ntfo seja desorraigado 1"1 7 "Niio fui eu quem desvendou o segredo dos grandes deuses. Fiz com que Atrahasis* Hvesse um S!mho E ele perscruto.u o segredo dos deuses. Agora, romai consellto a respeiro dele!''

lmpressionad.i'ssimo, segundo as aparencias, com a repreen~o de Ea, e a sua .ex­pUca~o da sobrevivencia de Utnapistim, EnUJ passa por uma mudan<;a de atttude. E le. que est~va en.ra.Jvecido por ocasiao da sua chegada ao sacrificio,! ao ver que uns poocos scres humanos havaam escapado do Dihhio, cuja destriu~o for:t d.ecretada ~a extmgilir a ra~a, ago~, em vez de des­ttuir Utnapistim, toma-o e a sua esposa, coloca-os no naV1o e U1es outorg~ tmortaltdade:

Asgim, En/a embarcou no navio. Levando-me pela mJfo, me embarcou. Embarcou a minlw esposa e fez com que {e/a) se ajoelllasse ao meu IDdo. De p4 entre n6s, ele tocou nossas frontes para aben~oar-nos: "Ate agora Urnapistim rem sido apenas humano. De agora em diante Utnapistim e sua esposrz ser~o c~mo os deuses. Utnapistim habitartl muito Ionge, fill boca dos nos! 18

Assim tertJlina a narrativa babilonica do Diluvio, entrcla~da com a Epopeia

de Gilgamcsh.

- 26-

Capitulo V

NARRATIVAS DO DILOVIO: BfBLICA E BABILONICA

E evidente, para o estudioso do Velho Testamento que esta fumiliarizado com ,, £popeia de Gilgamesh, que a narrativa hebraica do Diluvio tern muito em comum com a versao hnbilonica. Numerosos aspectos das min6cias aprcsentallas sao realmcnte ootaveis. Quando as tnbua foram decifradas, a semelhanya parecia simplesmente maravilllOSlL De fato , mesmo hoj;. 11cpots de decadas do estudo das tabuas. e da adl~io de numerosas outras descobertas arqueolo­•·lctts do mundo antigo , a um conjunto sempre crescente de mater ial que, ter!l fntlm~ rcla t;:a'o C?n.! a H{blla. ainda pode ser dito que das muitas ttadi~'Ocs que chcgaram ate nos atraves de lnscr~<;oes ouoeifonnes, e que se asseme.lham intirnamente com a Bfbtia, 3 mais impresslonantc e a narra­t 1vu babilonica do Diluvio.

Um registro dessc grande aC'ontecimento c feito nas obras de Josefo e Eusebio, 1)1US em mater ia de vigore detalhes, 0 tela to babilonico e superjor, depois da Bib .lin.

I. AS SEMELHAN<;AS

Tradi~es de acontecimentos tao cstupendos. como um diluvio que inundou o mundo inteiro, seriam naturalmente de se esperar que fossem criadas na ra<;a humana , e que ti· vcsscm alguma aflnidade com o rcgistro inspi.rado da Bfblia, como acontece com a narratlva l>a­h•lonka.

I. Ambos as Narrat ivas Sustentam que o Diluvio Foi DiViflllmente Plan.ejado. A vurlltio babUonica declara que o dccreto dos ·•grandes douses" fora a causa do OiJuvio. Menciona­•lo~ cspecificamentc como tendo particip3do dcssa decisao para destruir a humanidade, sao Anu, 11al dos deuses, Enill, consell1eiro deles, Ninurta, representante deles, Ennugi, seu mensageiro, e Ea, \1 s:ibio benfeitor da humanidadc. Contudo, outras d ivindades, evidentementc, participaram d3 ctectsao. pois lstar, deusa da propagagao, lamentou espccificamente n parte que tomou em mandar Q "mal oa Assembleia dos deuses" quando vlu a destruigio que fora causada pelo desastre.l Depois ,Jo calamidade, Ea e lstar negam ter responsabilidade nela, e culpam Enlil como aotor real do que ronsideravarn uma catast.rofe injustificada. Da m~ma forma. a narrativa sumeria representa o Dilu­vlo como tendo sido decretado pela asoombleia dos deuscs. e evidentemente, aprovado por todos, ruas apenas formalmente e nao sinccramente por alguns dos membros do panteio.

Da mesma fQima, o Jivro de Genesis atril>ui o Diluvio a intcrven~o divina. Po­n·m . de acordo com o seu estrito monoteismo , e em resultado da deciSlto do unico e verdadeiro Deus, agindo de acordo com a Sua infinita santidade, sabcdoria c poder. "Porque estou para der­lllrnal' liguas em dlluvio sobre a terra pard consumir toda a carne em que h3 folego de vida debai­"o dos ceus: tudo o que ha na terra perecera" (Genesis 6 : 17). Embora as narralivas mesopotfimi­l . concordem com 3 B(blia que 3 cauS3 do diluvio fora d ivina. nao ha, no relato do Genesis, o mcnor tra~o da confusao e da contradl~o ocasionadas pelas numerosas djvindades preocupadas l~Ol ocasiooar aqucle teu(vel cataclisma.

• "Excessivamente Stibio", epfteto de UtMpistim.

- 27-

Page 16: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

2. Ambas as Narrativas Concordam que a Catdsrrofe lminente Fora Divi,wmente Reveloda ao Heroi do Dilllvio. Na Epopeia de GUgamesh. Ea, deus da sabedoria. avisa Utnapistim do pengo que se aproximava, por meio de urn sonho. Por essa forma o deus sc dirigiu a~ heroi, que clormia em suu cabana de junco, ordenando-lhe que derrubasse a sua casa c con.st rt11 sse um navio. Da mcsmu fom1a, na versao sumeria, Ziusudm tern urn sonho. Em sua prcocupa~.lio de alma para compreender o seu significado, ele ouve uma voz que. ordenando-lhe que fiqueem pe diante de uma parodc, fala-lhe do cataclisma iminente.

Embora Noc seja, da mesma forma, notiflcado divinarnente accrca do Diluvio, a maneira pela qual c avisado do de~stre amea~dor difere amplamente do que se cont6m nas ver­s6es mcsopotamicas. No relata b1blico conta-se que Noe "andava com Deus" (Genesis 6: 9) e "achou gra~a diante do Senhor" (Genesis 6: 8). Nesse estado de {ntima comunhlio com a Divin­dade. ele reccbe uma comunica~o direta do prop6sito divino. sem a agencia de um sonho ou qual­quer outro intormedinrio. 0 proprio Jeova revelou o plano ao Seu servo ftel, inf~rmando·o da des­trui~ao vindoura, e ordenou-<> que construisse uma area. "En tao d issc Deus a No6: R~solvi dar. cabo de toda a carne. porque a terra esta cheia da violencia dos homens: eis que os farc1 percccr JUnta­mente com a teua. Faze tlm:l area de t:ibuas de cipreste ... "(Genesis 6: 13-14 ).

J. Ambas as Narrativas Relllcionnm o Dlllivi'o Com a Corrupct!o da Raca Huma,w. Na Epopcia de Gllgamesh. cmbora um elemento moral mio aparec;;a como a causa do Dlluvio, ela ~ tiio obscura que a lgu6m, a prJmeira v.ista, pod era concluir que 0 cataclismo foi ditado por Sinl­ples capricllo "quando o sou cora~ao lcvou os grande~ dcuscs a produzir o dlluvio''.2 Que esse niio e 0 caso, e plonamcntc dcmonstrado por uma ci.{cunstincia po$terior , na est6ria, que e em si mcsma rcsultado da fraq ucza moral. Os deuses, que na primeira parte do pocma sc diz tcrcm dc­crctado o Oiluvio, depols que a sua tremenda destruiviio se faz. sentir. nao apcnas ncgnm tor res· ponsabllidudc c tl!ntam lanc;;ar a culp:l doles qm Enlil, consclheiro dos deuses,como cntram em com­pleto desacordo com respeito da nccessidade ou justi~ do Diluvio. A mesma confu~o e cnc:ontra­da na tentativa de dctcrminar a responsabiliciadc humana. 0 pecado do homcm e mcnctonado como a razao para o Diluvio, mas a natureza ou a extcnsao da ofensa e deixada completamente obscura. 0 que e mai scrio, a catastrofc era destinada a todos, justos e injustos igualmente. sem exccssao alguma. Se Ea nao tivesse intervido, e insistido em que "sobrc o tra ngressor ca{a a sua transgressao. sobre o pcc:~do. o scu pecado".3 Enlil teria liqUid<~do com toda a ra~. sem c.liscri­mina~o.

A rcsposta a questao refercnte a natureza da corrupqao do homem, dada na cha­mada Epopeia de Atrahasis, que e fragment:iria, dificilmente sera mais aceitavel, moralrnente. do que a referencia da Epopeia de Gilgamesh, e bern pode ser uma explica~o mitologica ~ost~­rior desta ultima. jApenas quatro pequenos fragmentos dessa Ieoda foram achados. Os dOlS pn­meiros datam do relnado de Amizaduga, decimo rei da Primeira Dinastin da Babilonia ; os dois ultimos pertencem a restaura93o ass{ria, e foi:lm encontrados nas ruinas da biblioteca de ,Assur­banipal (seculo VII A. C.). 0 nome Atrahasis (que significa "Excessivamente Sabio"). embora seja associado corn outros her6is da literatura epica da Mesopotamia, tals como Etana e Adapa, refere-se, mais cspecificamente, a Utnapistim (Epopeia de Gilgamesh, XI. 196). eo "ciclo corJ ~s­pondente ao pecado do hom em e a sua conseqiiente puniyao atraves de pragas e do diluvio "I 4 De acordo com esta nacraLiva, Enlil mandou o Dllihrto para extern~inar a humanidade, porquc o povo sc estava multiplicando muJto rapidamente, e as suas tuidosas como9oes. que pertubavam o descanso dos deuses, niio podiam ·cr exlintas com puni~oes mais leves.

Embora a narrativa do Genesis tambem relacione o Oiluvio com o pccado do ho mem, nao hu a menor evidcncia, oa narrativa. da ambigllidadc moral que cmacteriza de maneira tao gritante a tradi~o babilonica. 0 episOdio btblico possui o mais elevodo valor didatico e espiri­tual, devido a sua integridade etica. Deus, de acordo com a sua infinita santidade, envia o Oiluvlo como justa retribui~ao ao abusivo pecado dos lmpios. Apenas os maus sao destruidos. 0 justo Noe, que era ''lntegro entre os seus contemporiineos" e "andava com Deus" (Genesis 6: 9). e poupado. Por outro lado, em bora seja verdade que o her6i do diluvio babilonico seja salvo por uma d ivindade amiga devido a sua piedade, iSSO e levado a cabo em decorrencia de uma tradi~O contra OS decrctOS que os deuses hnviam baixado em conclUo.

-28-

No apr1.1~cnln({lio do Oiluv1o como um ju lgamanto moral clos {mplo~. no quul llll jUNlOS s.lfo poupadOS, 0 no. Opinl.iio seria QUC tern a rcspcito da dcpravayao dtt ra<;a ant idiluviuno U.rU nl.l~ls 6: S, 12, 13). u nnrrutiva blbllca ex poe o. sua grandeza etica. Magoa ncn.huma e d cmonstra­t.la pclo que forom dcstru{dos no cataclisma, em contraste com as tagrimas das narrativas cunei· lurm\.:S. 0 castigo daquelcs, era urn castigo justo e mcrecido. Tao pronunciada e a motiva~o ~;lieu da narrativa bfblica, que Ionge de ficar triste por causa do·cataclisma diluviano. como e o rnso de praticamente todas as djvindades da narrntiva babilonica, Deus e descrito como a.rrcpendi­do ate da cria93'o do homem (Genesis 6: 6).

4. Ambas as Narralivas Fa/am t1a Libenafiio do Het'Oi e Sua Famflia. Utnapis­lnn , na Epopeia de Gilgamesh, c uma tradu~ao livre do Ziusudra da narrativa sumeria anterior. Iondo este Ultimo 0 significado aproximado de alguem ''que tomou posse da vida em epocas ft'lnOtas", s refcriodo-se a imortalidade que foi outorgada ao her6i depojs do Diluvio. Em Gene­liS, o nome do her6i do Diluvio e No6, que signiflca "rcpouso", que, no entanto, niio tern conexiio ,·tlmol6gica com os nomes babilonicos, nem rela~o evidente nenhuma com as circunstancias tlb narrativa b1olica.

As tradigoes diluvianas da. Mesopotamia sao, em geral, semelliantes a narrativa hfblica quanto n seres humanos, animais, aves e provisoes levadas a bordo do navio. Utnapistim, par exemplo, carregou a embarca¢o com ouro, prata, ''todos os seres vivos'', "famflia, parentcs , h?~tas ao camp~~ ~datura~ sel~agens:·. "todos ?S artifices" (tccnicos)6 e um barquciro. A principal tlllcron~a na histona b(blicn, e o numero muJto menor de pessoas salvas - apenas oito pessoas: NoeS. sua esposa, e trcs tilltos com suas csposas (Genesis 7: 1, 7 ; I Pedro 3: 20).

5. Ambas as Norrativas A/irmam que o Heroi do Diluvio Fora lnstrufdo Divina· mente para Construir Um Enorme Barco para Preservar a Vklll. Os antigos sumcrios charnaram u uarco magurgur, que significa "um barco gigantesco",8 tenno que corresponde 30 termo t~lippq rabitu, "um grande nuvio", que ocorre no fragmento babilonico do Diluvio encontrado c·m Nipur. A versao de Gilgamesh chama-<> simplemente de elippu. ''navio" ou "barco". uma vez 1'('(]1/U, que significa "casa grande" OU "palacio". sendo csta Ultima "uma indicay:io", como J as­lrOW nota corretarnente, "do scu tamanho, com seus muitos andares e compartimentos". 10

, _ E~bor~ .a narrativa HebraiC~:! apresentc ideia semelhante de urn enorme barco, nlto ha ~ne~o et~~IO~Jca entre teba, que Sl8;nifica "area" ou "ba6" (G6ncsis 6: 14; 7: 1, etc.) c ?s ~eStgna~es babilomcas para o mesmo nav10. A palavra hebraica pode ser relacionada com 3 egtpcta db 'at,, que significa "bau ", "~aixa ' ' ou caixao. aplicada geralmcnte a area da alian~a (Exo­tiC> .15: 1 0; Numer~s 3: 31, etc.). Ev1dentementc o escritor hebreu queria enfatizar "o car:iter pe­i1Uhar da contru~o em que Noe sc refugiou c, portanto, deliberadamente cvitou o vocabulo na­vlo". ll

A compara¢o entre as narrativas bi'blica e babilonica, revela uma controversi.a IJmmetralmente oposta entre as form as e d imenoos da embarca!riio. A area era uma constme<Ko de fundo chato, retangular; "de trezentos oovados sera 0 comprimento , de cincoenta a largurn , e ll ILLlura, de trinta" (Genesis 6 : 15). 0 cub ito ou oovado mencionado, e provavelmente a mcdi­dll bebraica de Cerc3. de 50 Centintetros (a distanciJt aprox.imada entre a ponta do dedo med lo 0 0 CO· toveJo). Por esses calculos, a area tinha 150 metros de eomprimento, 25 de largura , c 15 de a ltura, duslocando cerca de 43 .300 toncladas.

0 navio de Utnapistim , por outro !ado. era uma con truyao cubica, modlndo a llltgura, comprirnento e altwa, 120 covudos. Visto que a unidade de medida era o covado babilo­rtJco, maior (mais de cincoenta centimetros), o navio deslocava cerca de 228.500 toneladas, ccrca de nnco vezes mais do que a :uca. Mais do que isso. tinha sete andares e era dividido verticalmente em (nove) partes, con~endo assim sessenta e trcs compartirnentos. Tinha tambem uma porta (portao) 11 pclo menos uma Janela.

A. area, peJo contr.irio, s6 tinha tres andares, e consist in de urn numcro nio esp~ rllieado de compartimentos (em hebraico. " nests') ou celas (Genesis 6: 14). Tinha uma porta

- 29-

Page 17: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

ao !ado (Genesis 6 : 16). e urn a '1anela" (do hebrajco, ha/lon, Genesis 8: 6) para ilumina93o c ven· tila~o, o que e evidentementc uma parte da abertu.ra maior mcncionada em Genesis 6: 16, ai chamada sohar. Este ultimo tenno dificilrnente pode ser uma rcfcrcncia ao " teto .. do navio, mas uma abertura para ilumina~o e ventila¢o, construlda nos lados, rodeando toda a area.

Tanto no relata babilonico como no hebraico, figura proeminentemente o betume ou piche para calafetar o barco, tornando~ estanqne. Utnapistim derramou piche c asfallo na for· nalha ou panela de piche, naturalmente para derrete-lo e assim tapn.r as cmendas das tabu as do na­vio. Da mesma forma , Noe caJafeto u a area "com betume por dcntro e por fora" (Genesis 6: 14). I! interessante que a palavra usada para piche ou beh.lme nesta passagem , e kofer, que corrosponde a palavra babilonica e asslrin kupru, ao passo que em todas as outras pas~gens do Velho Testa· mento, e usada oma palavra diferente (hemar em Genesis J 1: 3; 14 : 10; Exodo 2: 3; zeferll em Exodo 2 : 3; lsaia 34: 9}.

A explicayao parece ser que a industria do betumc se or:iginoo na Babilonia. onde sc encontravarn os depositos mais importantes desta substancia conhecidos na antiguidadc, e espa­lhou-se por outr.1s partes do mundo antigo, espalhando-se o nome da subsmncia com o seu uso. Como diz Heidel:

Se o 1betume fosse citado mais freqUentemente no Velho Testame~tto (apen.as em cinco pasSilgens), ou se tivbsemos mais pefas Jitertfrias do perl'odo do Velho Testamento, tal· vez pud~ssemos encomrar a palavra kofer em numeroSils passagens sem sera hist6ria do ulltivio. e absolutamente sem nenhum.a relacao com ele. Se a llll"ativa bt'blica tivesse sido deri11ada da Babilonica, eo tenno em questifo nao fosse conhecido pelos hebreusatrov~s de nenhuma outra fonte, eles, com toda a certeza. teriam substitufdo a palavra kupru por uma palavra com a qual eslivessem familiarizados. escoUzendo para isso, ou hemar ou zefeth.l2

6. Am bas as Narrativas lndicam as Cau:lls Ffsicas do Diluvio. A Epop6ia de GUga­mesh cita chuvas torrenciais e ventos destruidores acompanhados por rellimpagos e trovoes, como causas naturais do Diluvio. Alem disso, o rompiJnento de diques, canais e roservat6rlos, como resullado da tromba de agua de sete dias, tambem e ci1ado. A cst6ria sumeria, da mesma forma, cita chuvas violentas c vcntos, como causas do Diluvio.

As notas bi'blicas que descrevem as causas f{sicas do Diluvio, embora breves, sao muito mais compreensivels do que as babilonicas, e sogerem urn cataclisma mundial, causando nao apenas uma transforma~o completa oas condiy(;es climaterlcas e atmosfcricas que produzir.tm urn aguaceiro de quarenta dias de dura~o. ininterruptameote, mas incluindo tambem grnndes trans­fonna~es geologicas. Gigantescos enrugamentos da supcrflcie da terra (Conforrne S. R. Driver, que diz que a expressao hebraica "se racha.ram'' implica em "alguma convul.sio terrestre".) l 3 e movi­mentos da sua crosta cvidentemente reduziram o nivel das montanhas, levantararn o leito dos oceanos. e flZeram jouar os grandes reservatorios de aguas subtert.ineas (0 eminente goologo Eduard Suess incluiu o terremoto como urn importante fator do diluvio) 14 que ex.istiam, de for­ma que areas secas foram violentamente inundadas, e toda a estrutura do mundo antldiluviano foi radicalmente alterada. Nada menos do que um desastre catacusmico assim pode sat.isfazer os requi­sitos dn passagem do Genesis. "Romperam-se todas as fontes do grande abisrno, e as comportas dos ceqs se abrlram" (Genesis 7: 11).

A expressao "as fontes do grande abismo", oomo Dillman observa corretamente, se refcre :iquela "parte da ~gua primitiva juntad.a em baixo" (Genesis 1: 2, 9), de forma que esta debalxo da terra, e supre de agua, atraves de fontes secretas, a terra s6Uda e o mar ... Com o rompi­mento dessas fontes, que outrora haviam estado f echadas, ou Ouiam apeoas moderadamente, as agilas primitivas se derramaram, c aumcntaram imodemdamente o volume dos oceanos, rios, etc., como se o caos se tivcsse instawado outra vez". 15

0 deslocamento de grandes aguas subterrinea.s (certamente atraves de terremoto), resultando nutomaticamente na submersao dos nfveis da terra e na elevayao do fondo dos mares, e mencionado em primeiro Iugar na passagem do Genesis, e por isso, scm duvida, d.eve ser conside-

-30-

fMio romn o prhtt"'pnl cnu~ do Oi16vio. Violent a (Hl'CiJlita¢o , da mo\mU formu, f'ol apcm1s uma fnnlc acc,...Oriu dn~ VU!!tall quaJJlJtladcs de 4gua ncccssartn . c fol ocasionada pclus rodicnls mudan~lll> cUnH1tcncllb. A t6 cntiio a term havia sido. no que pllii!C¢, regada por cssas fonte ubtcrraneas. c por umn nebhnu que ~ubia (Genesis 2: 5, 6), de fonna que as condiyoes atmos.fericas para produ­Lir chuva ou arco-iris alnda ni.io ex.istiam (cf. Gcnesi3 9: 13), como no mundo p6s-diluviano, ja tllllm.mtc.

George McCready Price descrcve o clima antidiluviano da forma seguinte:

Para as pessoas que esttfo fami/iarizadas com os fatos geolOgicos, tltfo h4 necessidade de apresentar evitJencias em favor (/0 faro que a tetra outrora gozou um clima ideal de polo a polo. Os corais e OS dep6sitos de carvao n.as regiOes iirticas, sao evidencia objetiva que contom uma hist6ria compleca que llllO pode ser mal-entendida.l6

Que a era antidiluviana. descrita por Pedro como "o mundo daquele tempo", era nhviamentc diferente em materia de clima, bern como geologicamentc, dos ''ceus" e ·•a tena ... que agoca ex.istem .. ( II Pedro J: 7) - csui claramenrc visivel na severa advcrtencia do Ap6stolo nos ~Licos naturalistns. que zombam da ideill do Segundo Advento sobrenatural de Cristo, alegando •we " todas as cou~s permancccm como desdc o princlpio da cria~o·· (ll Pedro 3 :4). Contra essa 1'.1 lsn tcorin naturaHstica de unjformidade, o Ap6stolo cita a verdade do catastrofismo sobrenatural, cc,mo c evidcnciado pclo Diluvio Noeico:

Porque deliberadamente esquecem que, de Iongo tempo. lroUI•e c~us bem como re"a. a qual surgiu da dgua e atroves da dgua pela palavro de Deus, pelas quais veio a perecer o mundo daquele tempo, o[ogodo em dgua (fl Pedro 3: 5. 6) A ccnclustio de Price a respei­to da teoria da uniformidade versus o do carastrofismn em geologia, t assim apresentada: "Descobertas futuras p<xleroo emendar e c/arificar alguns dos detaUtes desto hip(Jtese do C4touro[ismo. Ntfo ~ provdvel que eles requeiram nenhurll/1 mudan~a material MS suas apresento¢es essenciois':

7. Ambos as Narrativas Especificam a Durafllo do Diltivlo. Na Epopeia de Gilga­tnesh, a violonta chuva c tempastade de vento duraram apenas seis dias c noires. No s6timo dia, o l)llUvio cessou. Oepois de um perlodo nao especificado, Utnapistim e seus companheiros deix.aram 1> btuco. A versao sum6ria declara que o Diluvio nssolou dwantc sete d ias e noites.

. Embora ambas as narrativas cspecifiquem a dura~o do Diluvio, esta e muito "'ats longa no rolato b1'blico do que o indicado na est6ria babilonica, e e muito mais consoan­lc COJlL.9 fnto da univer~adc da cata trofe. A critica moderna considcra a na.rrativa blblica romplcxa c contradltona, particularmcnte na -durat;ao que ela atribm ao Diluvlo. No entanto w :l ,nauativa for c?nsiderada como urn todo, as lndica~cs numerkas-sao sucetiveis de explica~~ rn.Loavel e ha.rmon10sa, c contam como tendo Sido de urn ano e onzc dins (371 dias) .a duia~o Iota! do Diluvio.

. . Os quarenro dias e quarenta noites d{) Genesis 7: 11 descrevem o per(odo de agua-Cie tro VJOlento, chamado urn mabbul ou diluvio" (7: 17). Mas em nenhum outro luga.r ha inferencia Je que dewis desse per(odo de quarenta dlas a chuva p<Uou de uma vez_ Pe lo contrarlo, sem du­vida como resultado das novas condiyt)es atmosfericas criadas pcla dissolu'?lo do envolt6rio protelor de agua. que era responsavel pelo clima unifonne e ideal de antes do diluvio, e que apar~n· h:rncnte forneceu a grande quantidade de agua para 0 aguaceiro de quarcnta dias, a evapora~o e 11 condcnsa¢o, bern como chuva comum. continuarorn ateo cente~imo quinquagcsimo dja (Genesis 7 : 24). Durante esse tempo as aguas do diluvio contmuaram subindo, ou pelo menos conservaram I:J ~cu mais elevado n(vel Depois disso, come~aram a descer. Primeiramente devldo ao fato de urn

b , •

vcnto ter soprado so re as aguas, aumentando grandemente a cvapora~o. Entao. "fccharam-sc llS eomportas dos ccus", o que impediu que as aguas evapo.radas se precipitassem de novo. Fi· lllllmente, "fecharam-se as fontes do abismo" (Genesis 8: 1·3), o que ''pode slgnlficar apenas uma rousa : o relevo tenestre foi outm vez sacudido, de fonna que o mar voltou para o seu lugnr ante­I'U)[. ou aproximadamente".

-31-

Page 18: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

8. Ambas as Narrativas Citam o Lugar Onde o Bat:co Encalhou. Na Epopeia de Gllgamesh, o navio do Utnapi.stim encalhou. no MOJlte Nisit, geralmente ideJ1tificado com o Pir Omar Gudrum, a leste do Tigre e ao sui do Rio Zab rnfetior, cerca de se.iscentos e quarenta quiJo­menos do Golfo Persico. 0 Genesis, menciona a1go mais indefinidamente, o fundeadoUio "sobre tum a de) as montanhas de Ararate" (Genesis 8: 4 )- 0 nome e identico ao asslrio Urartu, e signi· fica o territ6rio geralrnente montanhoso da Armenia (cf. ll Reis 19: 37; Jeremias 51: 27 ; lsa(as 37: 38), a oeste do Mar Olspio e a sudeste do Mar Negro.

9. Ambas As Narrativaslncluem Surpreendentes Detalhes Semelhantes. Especial­mente notavel e o epis6dio da soltura das aves, para c~rtjficar-se da diminui!(ao das aguas. Na narra­tiva cuneifonne, uma pornba e solta no setimo dla depois que o .navio tundeou no Monte Nisit. Nao encontrando Iugar para pousa.r, ela volta. Uma a.ndorinha, da mesma fo rma, e solta, mas volta. Finalmente urn corvo e solto, mas nao volta.

No .registro b(blico nio ha andorinha, mas um co.rvo e solto primeiro, quarenta elias depois que os cwnes dos montes se h.aviarn tornado vis{veis (Ge.nesis 8: 6. 7). Depois uma pom~a .e solta em tres ocasi<5es, perfazendo quatr;o tentativas, ern vez de tres, como na t£adic,;iio babi!Omca. 0 fato do corvo voar de volta para a area, c mio ter voltado da segunda vez, foi Util para mostrar que, embora as aguas tivcssetn baixado ate certo ponto, eo mundo exterior nao era inospito demais para uma forte ave de .rapina, mas ainda era impr6prio para os demais ocupantes da area. Na estoria babilonica, o envio de corvos em ultimo Iugar, em vez de em primeiro, e .scm sentido.

_ _ 0 envio de tres pombas em intervalos de sete dias mostrou que as aguas estavam mmgua.ndo rap1damente. A pomba, sendo urn pas'Safo delicado e tfmido, que ruio se alimenta de cadav&es, e que oao gosta das montanhas mas se compraz nos vales (Ezequiel 7 : 16), era uma ave Ideal para cumprir o pbjetivo .colimado. A volta da prlmeira mostrou que as planfcies estavam ainda submersas. A volta da segunda, com urn ramo de ollveira oolhido recentemente, mostrou que os _yates, onde as oliveiras e.r.escem, esta:varo quase ~cos, mas q__ue a pomba ainda preferia a hospi­tabdade que a area propiciava. 0 fato da terceira pomba nao voltar, mostTou que ela eneontrou urn abdgo confortavcl para passar a noite nas p lanicies, e que a hora de desembargue dos ocupantes da area se aproximava.

10. Ambas as Narrativos Descrevem Atos de Adora~o Praticados Pe'lo Heroi f.epois do Seu Livramento. Utnapistim ofereceu sacriflcio, derramou uma liba\ao, e queimou

cana (de aQucar), cedro e m urta" tdepois que abandonou o barco. 0 objetivo aparente era, em parte, aplacar a ira daqueles deuses que haviarn decretado o completo exterrn1)lio da bumanl­dade, e em parte express:u a sua gratidio a Ea, que, apesar de tudo , o havia poupado. Da mesma forma. N.oe dfcreceu "hotocaustos -sobre o altar" que hav:ia constru(do (Genesis 8: 20) com o obje­tivo principal, todavia, n;io de propicJa.r uma divindade irada, viSJO que ele e figura do filho de Deus redinudo, mas de adorar ngradecidamente ao Amado que o havia salvo e a sua fanulia. Acentando a sua bumilde gratidao, J eova "aspirou o suave cheiro" (Genesis 8: 21).

_ 11. Ambos A.s Narrativas Aludem A 014torga de Bbz¢'os Espe.ciais Ao Her(fi, Depois do Desastre. Na Epope:ia de Gilgamesh, sao conferidos a Ut.na.pistim e sua esposa divin­d~de e iroortalida~e, e el~s. sa,o levados para haoitar :•em Lugar distante, na boca dos rios",l8 :Segundo a nauativa sumena, :lrusud.ra. imortallzado, e transportado para uma longinqua habita­~ao , que ali e chamada Dilmum ' (ldentificada com a praia ocidental do Golfo Persico. W. F Al­bright relaciona-a com as Ilhas Bahrein no Golfo Persico)_ 18

A nar:rativa biblica tambem Jala de benyao dada ao h er6i do dihivio. Contudo o benclicio feito e de natureza completamente diferentc. A capacldade para multiplicar-se e encbe; a_ terra, e para exercer dominio sobre os animais, que originalmente fora dada na cria~o. e confe­nda de novo a Noe e a sua posteridade, junta mente com a permissao P:l.Pl comer carne sem sangue (Genesis 9: 1-5). Alem dissot a lei de puni~o capital e formulada para proteger a vida do homem e o a.rco-{ris colocado nos ceus como urn sinal da alianya de Deus de q11e nunca mais um diluvk. destruiria. a terra (Genesrs 9 : 5-17).

- 32-

Jl. A.S DL11ftR£N<;AS

A ucspetto do fato de exls.ti.rem numerosas semelhan~.as entre as narrativas babilo­ui\!UII c bt"bllca a respelto do Diluvio, ·em alguns casos, surpreendentes mesmo, a&divergencias entre lltl!hns siio muito slgnifLcativas e fundamentais. Essas diferen~as sao mais aparentes, sobretudo IJVJ() llO colocadAs em relevo ousado, devido a sua cone~o com as semelhan<;as, Mesmo onde esta~ -lln muis nobfveis, as radicais diferen~;as subjacentes, em materia de teologia, moralidade, e JUo-nim du. rellgiao, pcrmanecem saUentes no !ado das semeU1an<;as que, embora nu~erosas como

vltnos, sao bern superficiais. Sera pJenamente suficiente, portanto, a tuz das mwtas diferen¥as qnP jU foram notadas na discussao das semeUlanctas, su)Tlarizar os ehocantes contrastes sob tres tnvtcos: teologicos, morais e filoooficos.

1, As Duas Narrativas Estao em Diametral Contraste, Quanto ds Suas Concepf6es l't·u/Ogieas. A ideia que apresentam a rcspeito. da divindade c completamente divergente. Esta e

Jl ronstdera~ao 'Qasica que coloca 3$ duas narrativas em polos oposto,s, A nanativa hebra.ica e im· hn(tla de ·casto monotelsmo, que refiJla e enobrece cada aspecto da hist6ria do Diluvio, ao passo 'luc us vers6es cuneiform.es sao .minadas por grossciro c descarado pollte{smo que, de maneira 1.1unl rastante, vicia e degrada a narrativa em to <los os pontos. seja na questao da causa do Dilu­vto, ou na da rea~;ao d ivina ao sacr.iflcio do beroi, depois dele.

Por exemplo, em VCZ de lltribuir 0 Diluvio ao infinit;lme.nte Santo, sabio e to­Ll~·f)Oderoso Deus, como o faz a hist6ria do Genesis, a narraUva babilonica lnclul uma tUiba !It• divindades djscordantes, bdguentas, acusando-as umas as outras, que, acocoradas de medo, .. como caes", eriquanto o cat.aclisma se processava, negam infantilmente tcrem responsabilidadc 1111 terrivel destruictffo quando ela termina, e tentam lan~ar a culpa umas nas outras. A divlndade twldon temene mais culpada pela oatast.rofe, embora zangada porque alguns seres bumanos haviam t•H~:apado, caprichosamente rnuda <te atitude, para uma disposi<;ao de grande amabilidade para com tJinaplstim e sua esposa, sem ncnhuma.razao suficicnte, e lhcs ofercce a vida eterna.

Outro exemplo notavel da degrada9ao da est6ria babilonica, devido ao seu pofi­h' (~mo crasso , ocorre na rea~o das d!vindades babilonicas aos sacriflcios aprescntados pelo h~r6i do Diluvio, ap6s a catastrofe. Essa rea~ao esta contundentemente em conttaste com a rea~ao dr Deus em relaQaO a oferta de Noe. Embora o correspondente biblico seja, em verdade, confessa­m!.)ntc antropom6rfico. e, nao obstante, elevado, e completamente consoante com o monotels-11\0 lrebraico. "Eo Senhor aspirou o suave clleiro" e det.e.rminou-se a tolerar os pecados da huma­Hidade e nunca mais visitar a terra com o diluvio universal, oq quebrar as leis naturais, enquanto tt terra existir (Genesis 8 : 21 , 22).

A narrativa babilonica, por outro !ado, "esUi embebida no mais tolo poUteis­lilo". 20 c apresenta uma cena repugnante. Quando "os deuses aspiram o doce odor", "agrupa­rum-se em tomo do que sacriflcava como moscas". 21 famintos pelo resultado de prolongado fl'jilm, iiisto qu"c devido a. des-truj~oda humanidade todos QS sacrificios haviamcessado, 'com exce ­t.lro dos feltos pelos _OCU1Jantcs do barc.o 1 eles agora se aglomeravam ao redor da comida sacrificia tlu maneira mais indecorosa. Diante da perspectiva de se banquetearem uma vez mais, eles depres­"'' C..<;queC'em as magoas que tinllam contra a humanidade pecadora, e se alegram bastante porque l ltnapistim sobX"eviv~ra. Fosse acoeorados de medo "como caes" QU enxameando gananciosamente "~omo moscas", a baixa concepgao das divindades estabelece um abismo intransponivel entre as nurrntivas polite(stas cuneiformes e a imponente nan:ativa monotelsta da B{blia.

2, As DUlls Narrativas Esttio Em Diametral Conrrasre, Quanro tis Suas Concep­ft!es Morais. ~ inevitavel que uma ideia assim tao vU da divindade produza uma ideia erronea a l ll$poito da mora1idade. Esta e a razao para o elemento etico completamente obscuro, nas estorias ounoiformes. Com padroes misticos de conduta, por parte das divindades, e uma oplnliio duvido­uaccrca do pecado, a narrativa babiJonica confunde mui natu:ralmente.as cam~as mom.is do Diluvio, (Ompromete a justi~ dele. e apresenta-o mais como resultado do capricho do.s deuses do que uma punigao necessaria de grandes pecados. Como consequencia, as est6rias do Diluvio Babilo­nlco sao de valor etico e didatico muito duvidoso.

-33-

Page 19: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

A narrat iva bfblica, por ourro /ado apresenta o Diluvio claramenJe como um julgamento moral enviado pelo ur~ico Deus onipotente, que e justo em todas as suas rela¢es para com os filhos dos homens, que pune o pecador impenitence, mesmo que isw signifrql!l! a demui¢"o do murulo, mas salva o justo com sua mtro poderosa e de forma divi1111.22

0 resultado e uma nanat1va com objetivos didiitlcos e espirituais os mai!l eleva· dos, que e perenemcnte eficiente para despertar a conscie ncin do mundo, advertindo o (mpio dos malefhios e dando esperan~ e conforto aos que tern em a Deus.

3. As Duas Na"ativas Escao Em Diametral Contrasre, Quanto as Suas Concep­¢es Filost>ficas. 0 pensamento babilonico era nio apen.as viciado por uma te<Mogia incorreta, mas tambem pelo que e intiroamente relacionado com uma t eologia incorreta - uma mosofia falsa. Nao scndo capaz de conceber uma di'vindade inHnita e transcendental, que ja existia quando ainda nada mais havia, a especula9ao babilonica confunde irremediavelmente esplrito e materia, e torna ambos ctemos. Falha, assirn em diferenciar espuito de materia, e o esp(rito finito do Espfrito infinito, e mais do que isso, demo nstra ignorincia dos primciros princ{pios causais. Em vez de pressupor urn Esplrito Eterno que criou e controla toda a materia, (;} usa as forvas natura is da Sua criayao para efetuar os seus objetivos. como no Genesis. a vcrsao babil.Onica atribui ingenuasneote OS vanos fenomenos fisicos do diluvio a causas diversas, em forma de divindades. Assim c Adade, deus da tormenta e da chuva, que troveja. :£ Ninurta, deus dos poyos e da irriga~o. que "causa a abertura dos diques". Sao os Anunaques,ju(zes do muodo subtenllneo, que e.rgucm as scus a.rcho· tes Uuminando a terra como seu brilho" . 23

No registto biblico, em v(vido contrastc, e somente Deus, como Criador e Con· seiVador de toda a Sua cria~o. que dlrige e orienta o fenomeno natural do Seu universo. para cum· prir o Sea prop6sito sapientfssimo. Tendo punldo o pccado do homem com o uso de forvas na· turais da Sua cr.1ayao, e ao mesmo tempo tendo posto de lado , temporariamente, as leis q ue Ele mesmo bavia o rdenado para o mundo que criara, fa.z urn concerto consigo mesmo, dlzendo que "ruio to rnaxei a amaldifVoa r a ter:ra poe causa do homem .. . nem tornare i a fcrir todo vivente" (Genesis 8: 21), nem q uebra.r de novo o ritmo normal de urn unlverso que estli em ordem (Ge· nesis s~ 22).

m. A EXPUCA<;AO DAS SEMELHAN«;;AS

1! 6bvio que bli alguma relayao de origem entre as vers()es cuncifonnes e a nar· rativa do Genesis, em vista dos oumerosos paralelos. Como no caso das est6rias da crla~o, aqul tambem ha tres possibilidades genus. Ou os babil()nicos se apropriaxam da narrativa hebraica, ou vice-versa~ os bebreus se npropriaram da narrativa babilonica, ou, o que cremos sera opiniao certa, ambas provem de uma fonte comum de fa to, que se originou de uma ocorrencia ver(dica.

1. Os Babilonicos Se Aproprlaram j)(J Narrativa HPhraica. Esta expUcayaO e ex tre­mamente improvavel, e encontra pequeno apoio nos quarteis erudi tos. visto que as placas maiue­motas que se conhecem sao consideravelmcnte mais antigas do que o Livro de Genesis, em relayao a data deste. Os escritos babiJonicos mais antlgos relatando o Diluvio, datam possivelmentc doter· ceiro milenio A. C. ~ possivel por outro !ado, que a venao do dUuvio que agora constitui a narrati­va hebraica possa ter existido em outra for ma, secolos antes Cle t e.r: assumido a fo rma presente.

2. Os Hebraicas Se Apropriaram da N(["ativa Bablllmica. Presentemente, esta e a explicayao mais amplamente aceita, mas e pouca atrnente para o s estudantes conservadores da 8(­blia. COnseios da sublirnidade da nauativa bt'blica, comparada com a extrema crueza da versao babj­lonjca, eles se dio conta da completa incongruencia de pressupor uma dependencia daq uela a esta, es­pecialmente a luz cia doutrina bJ"bJica da l.nspi.tayao (ll Tlmoteo 3: 16 ; IJ Pedro 1: 20·21). Os estudan­tes conservadores ficam a.inda menos impressionados com essas explicayaes, quando conside.ram o fa· to de que, embora plenamente plaus{vel a teoria nao podeser provada (Cf. Driver, quedizque "a nor· rat iva hebraica deve ter sido odginad». d.ll babi10nica". l<efutando est a opiniQo, veja The Gilm.agesh Epic and Old Testament Pamllels. de Heidel {Chicago, 1946). Cf A. T. Clay, que presrupife uma origem amorita para as 1tllr1'Qtivas do Dilflvio).A

-34-

(Jm tlo~ p.ri.nclptm tugumcnlll~ uvcnttulos parn olcgar que o' hcbrcu' ~ npropna· 11111 tlu h1~totlu do Olluv10 uos lmlHlomco~. co suposlo coloxWo babllo nlc.o da est6ria do Diluvio 1l ri1Httro, Nu \ IHI •·c,senciu ". tllz·se que cln · ·prcs~upde urn pai. sujeito a lnundaQocs, como a llabih)· ,,,,1" l\ C"oowcJo esso opinillo e dcstilu{da de confirmar;ao, no que tange a narrativa bl'blica. 0 Gc· ur ~~ t Ha o rompimonlo de fonlcs subterraneas e chuvas torrencia is dos c:Cus, como causas ((slcas •h' IJII(Jvlo. Mus c a Palcstlna c nao a Babilonia , que 6 uma terra de fontcs subterraneas (Deutcro­tu\mlo 8 ; 7}, cnquanto que a precipltac;ao pluviometrica media da Palestina e ccrcu de quatro vczcs 11111101 que a du Babilonia. Sobretudo, este argumenlo derivado do soposto colorido babilonico da 114 n .tUvo hcbrel3, lgnora a extens:io mundial do cataclisma , claramente indicada em varias passa· •, '" brblicas, de acordo com o que a est6ria nao pode, de forma alguma. ser nat iva da ~abilonla. l'•11l c- scr que cla tenha lido uma o rigem oriental ou amorita, como insiste Clay, e tenha s1do trans· t'"' t.tdtl uo oriente, tanto para a Palest ina como para a liabilonia.

A declara~ao de Genesis 8 : 21 : "E o Scnhor aspirou o suave cheiro" c tambcm 11, 1ulmcnlc citada como scndo , virLUalmentc, uma cila~ao "ipsis-verbis" (textual) da narrativa l~tt hllonica, c para provar uma depcndencia da narratlva hebraica a babilonica. Um exarne cuida· , , .. ,1) das passagens em questao. que indubitavelmente constituem urn pa.ralelo muito intin1o, mostra, "" culanto. q ue urn nao pode ser considerado como uma cita~o palavra·por·palavrc~ do outro, '""' ··nao ha uma (m ica corresponclencia etimoJ6gica entre os lermos e mpregados nesta versao, e '" u!illdos na oul ra".26 0 que e ainda mais importantc, o pensamento e expressao contidos na hi~ lu de Deus aspirando um cheiro suave e comum no Vclho Testamento e, de forma alguma. e , ~trttnho a ele (Cf. Le vltico 26: 31: I Samuel 26 :19: Amos 5: 21).

Da mesma forma. o argum ento baseaclo numa semelhan<ra surpreendente como a 11o· bct umar o barco "com beturne por dentro e por fora" (Genesis 6: 14), onde a palnvra cofer, ll rYIVllda da babllonica cupru, e usada em Iugar de hemar Oll zefech, pal.avras que significam I' I~ Jtc ou belumc, em outras passagens do Velho Testamento (Ge nesis 11 : 3; 14 : 10; Exodo ) '· I <;alas 34: 9), e considcrado gcralmentc como prova decisiva de derivn«(5o da oarrativa babi· 14'\nu.;u. Contudo, u bem poss(veJ que devido ao fato de a industria do betume se tor originado nu IJ11bilonia. ondc essa substancia era encontrnda e tinha largo uso na ant!guidade, e da{ sc espa· lhm1 para outras partes do mundo semltlco, o seu no me comercial original, que er-.1 babilonico, w lcnha espaU1ado com ela.

3. Tanto a Narrativa HebraiCJJ Como a Babi/Onica Provbn de uma Fonte Conwm ,,,. l'l'ato, Que Se Originou De Uma Oco"encia Veridica. Esta o piniao parece cJa:~~te s:r a .. urulu expHca¢o das afitia~es de origem entre etas. A conclusao de A. T. Clay e s.gnificat1va:

os ossiriologistas, tartro auanto eu conhefO, rem geralmenre considerodo como imp~ssl· vel o icUia de que houve uma trodi¢o semftiCJJ comum, que se desenvolveu em Isr_ael e_m um sentido e liD Babi/Onia em outro. Eles Iem declllrado sem reservas que as Just6nas bfblicas fo:am derivadas da BabiiOnia, te"a em que eram nativas. Para mim sempre tern sido perfeitamente razodve/ que umbos as narrativas Liv.eram uma origem comum entre os semitas, alguns dos quais invadiram a Bobi/Onio. enqua:nro que oucros levaram as SWlS

rradi¢es para a Palesri1111. 27

As escavayiies arqu.eol6gica.~ mio apenas tern, rev71a~o . quo a Mesopotamia tinha lrlliH~es bem popula.res de uro d iJuvio universal, mas tambem evlde.nctas. descobertas em lugar:s 1lt lo-palestinos e nas Cartas de Amarna, demonstram que, quando os waelitas entraram em Can~,. 1t1 encontramm um povo que tinha (ntima rela~ao ~m a civ~aJio babilo~~· da qual descend~a Ahro.io, seu progenitor, e que usava a e:.crita e a li ngua babilorucas como 1d1oma ~pular. Os he­lon·ut nao v1viam uma vida isolada, e seria bern estranho se eles nao possu (ssem tra<li~cs semelhan· h 11 s de outras na90es sem(ticas.

Estas tradi9oes comuns erure os hebreus sao ret1etidas nos futos au te~ticos e vu1 ~tudciros a eles entrcgues por divinn revela~o em seus escrit~s sa~ra~os. ~ be~ provave~ que Mui..Cs estivesse familiarizado com essas trndjyaes. Se ele estava, a msptra~o o capac1tou a IegiSUa· 1111 corretam ente, purgadas de todaS as incrusta90CS do SCU polite{smo gro~~O, e a adota·laS a

• k-vada estrutura de verdade e puro monote{smo. E se cle nao estava faroilianzado com elas, o

- 35-

Page 20: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Esp£rito de Deus era capaz de the dar a revela~ ~ess~s a:ontecimentos, scm ~ necessidade de q.ual quer fonte oral ou esc.rita. Em qualquer caso, a msprra~o sobrenatural era ~g~.~almente necessaria fosse para purificar a pevertida tradl~ao polltelsta e refimi-la para que eta se moldasse ao mono­tefsmo , ou para dar uma revela~o original de fatos autenticos, independentcmente de fontc5 de referencias orais ou escritas. (Veja quadro no 3)

- 36-

Capitulo VI

0 ROL DAS NACOES E POVOS JAFETITAS

Gen~sis e urn livro de inicios, nao apenas relata a origem do cosmos ffsico, inclu­~IVQ loda a vida vegetal. animal e humana, bern como o comevo do pecado humano e da reden¢o, tllll~ descreve tambem 0 surgimento de todas as lnstitui~es C rela¥i)es socials bumanas. Qu3.11t0 a ,lnogrofl.a, de mancira maravilhosa, ele cataloga o principio das na'tOes (Genesis 9: 18- 10 : 32).

Ao estudar a narrativa bt'blica da origem das na'tOcs, entretanto, e de maior hnportiincia ter-se em mente que a BtbUa, ao aprcsentar este assunto , bern como outros assontos r 111 geral, ruio esbo~a os fatos necess<irios nn forma qu~ a hist6ria o faz - regist(O sistematico ,lu ~ acontccimentos passados. Pelo contcl.rio, eta apresenta estes fatos como parte da estrutura t.h~ uma ltist6ria altamente especializada da reden~o humana. E o que e ainda mais importante lr mbrar, eta os interprcla nos moldcs de uma fllosofta da hist6ria, ou mais precisamente "a filoso· l lu ~a hist6ria de Israel" . 1

Lsto nao significa, por outro Lado. que o relato hebreu da origem das na~es nlfu scja hist6ria autentica. mas simplesmente que c mais do que hist6ria. Centralizado na reden~ao ,hvlnn e na na¢o de Israel. atraves da qual, por fim, foi cfctuada a reden9io , ele contem o clt}­lll llflLO que esta inseparavclmcnte relacionado com toda a hist6ria da reden~ao - o elcmento de !UOfccla.

Conseqiientcmentc, Genesis 9: 18-27, que deve ser inseparavelmentc ligado com 11 ltol Etnografico do Capt'tulo 10 c prove uma introdu¢o indispensavel a ele, contem tanto his­h~l.iu quanta profecia, dando a hist6ria ocasino para a profccia. A hist6rla abrange o fato de que a hmtl antidiluviana foi povoada outra vez pelos descendentes dos tres filhos de Noe: Sem cao e l~ar~ (Genesis 9: 18. 19) e inclut o cpis6dio da embriaguez de Noe. Este ultimo acontecimento, 1lclm de ensinar que o homem mais santo. se mio for vigilante, pode c:ai.r em pecado, revela o 11Hiltcr moral geral que haveria de se manifestar nos desccndentcs dos fillto de Noe (Genesis ., 20-24).

I. PROFEClA OA lflSTORlA MORAL E ESPIRITUAL DAS NAc;(jES

A profecia que irrompe da hlst6da relatada em Genesis 9: 18-24 esta contida n•lll vcrs(culos 25-27 . Est.a passagcm constitui uma das predi'tOes mais extraordiruirias encontra­tla' em todas as Escrituras. Do ponto de vista da reden¢o. eta aprcsentava urna visao panor:imlca tlr toda a carreira espirltual das na~es, em rela~o aos meios de gra~a de Deus. Noe, em momento 1h• •le:;cuido, desonrara a sua propria pessoa. Por sua vez. o scu filho Cao, rcvelando a inchnacao llt L'nclosa de seu carater, desonra a seu pal vergonhosamcnte. 0 patriarca, pclo csplrito de prQo­f••&u, prediz a opera¢o incvicivel da sua tendencia Lasciva, na maldi~o que lanya sobrc o "filho" ''" Cuo (ou melhor, "descendente"), Canaa, que represcnta o progenitor daquele ramo dos povos umltas que mais tarde ocuparam a Palestina antes da sun oonqui~ta por Israel (Genesis 10: 15-20).

A moldi~ao ruio inclui a inmc~o de uma penosa incapncidade sohre luna grande parte da raya humana, seja por Deus ou por Noe. £, isto sim, uma expressao usada tnulclicamente para descrever o resultado natural da sensuaUdade caracteristica de C5o qoe, embo-

- 37-

Page 21: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

ra manifestasse, talvez, nos varios povos camitas, desenvolveu-sc plenamente, acompanhada de seus desastrosos resultados, na posteridade de Canna. Que este e 0 ca.so' e demonstrado pelo fa to de que nem Cao, o filbo realmente culpado do vergonhoso abuso de Hberdadc, nem seus filhos Cus, Mizraim e Pute, cairam direta ou indiretamente sob a ma1di~lfo pro(etizada, mas apenas o quarto filho de cao I Canaa (Genesis 10: 6).

0 objetivo desta profecia e mostrar claramente a origem dos cananeus, c revelar a fonte da SUa impurcza momJ que OS leva.ria, seculos mais tarde, a destrui~o por Josue e escrnvi­dao por Israel. Como nota H. C. Leupold :

.. . Os descendentes de Ca1111tf, de acordo com 10: 15-20, sao os povos que mais tarde lwbilaram na Fenfl;ill e 1111 chamada terra de CanaQ, a Pa/estiiUJ. S obvio que eles se tor-1111ram raf~Js amaldlfoadas por SUD impureza moral, segundo passogens como 15: 1 6; 19: 5; Ltvftico 18 e 20 e Deuterooomio 12: 31. Nos dias de Abraao. a medida da SUD

ifliqiiidade esta.va quase completa. A tpoet~ do emrada de Israel em Catuuf, sob a d irecffo de Josue. os carumeus, que eram tambbn chamados coletivamente amoritas, estavam maduros para o julgamento divino por instnJmentalidade de Israel, Seu [kJgeto. SodQma adquiriu renome devido oos vfcios onormais que os seus hobitontes protiet~vam. Os fen{· cios e a coiOnw de Cartago surpreenderom os ro11111nos pela profundidade da SUD depra­va¢o. Bem amaldif()(ldO foi Canoo'1 2

Em materia de religiao, os cananeus eram escravizados por uma das mais terri­v~is e degradantes formas de idolatria que, em vez de rcstri.ngir, irstigava a sua imoralidade. Tern stdo amplamcnte demonstrado pela a.rqueologia que a maldi~o de Canaa er.t baMcamente reli­giosa. p~icuJarmente devido a descoberta dos textos religiosos cananeus na antiga Ugarite, ao no.r­te da Sma, em 1929-1937. Esses textos confumam integralmente o veredito de eruditos anteriores a sua descoberta, como Lenormant, que dlsse, a respeito da rellg.iao canamHa: "Nenhum povo ja­mais sc rivalidou com eles lUI mlstura de derramamento de sangue e deboche com o que pensa-vam honrar 3 Divindade".3 '

Diz W. F. Albright:

A comparafOO dos objetos de cullo .e dos cextos mito/OI{icos dos conaneus com os dos egfpcios e mesopotdmios, for~a uma {mica conclusao: de que a religiao ca1111ntia era muito mais centralizada no sexo e ~·uas 11111ni[esta¢es. Em nenhum outro pols tem si~o: relotivamente tao grande 0 numero de rlguras da deusa nua do fertilidade, algum~ dlStmtamente obscenos. que se tem encontTado. Em nenhum outro Iugar o culto da serpenre oporece ttfo fortemente. As duos deusas Astarte (~staroteJ e A1111te sao d1.011111das as grondes deusos que c:onceberam, n1.0s 11110 dtfo d luzl Corteslls sogradas e sacerdotes eunucos eram excessivomente comuns. 0 sacri[fcio flumano era comum tombem . . . 4

. Admitindo ccrta dose de beleza estetica na apresenta~o liteniria c cstetica que os cananeu~ faztam dessas deusas, Albright chega a conclusao que comprova inteiramente o quadro que a Blblia apl'esenta da religiio cananeia: "No que tinba de pior todavi.a OS aspectos eroticos do seu culto dcvem te-los mergulhado em profundjdades extrem~ente s6~idas de degradayao social". 5

Nao somcntc a a.rqueologia. como tambem o fato de que, com contraste a ben­~o de Scm era religiosa, evidenc.ia que a maldi~o de Canaa foi basicamente religiosa. "Bendito scja o Senhor (YAHWEH), l>cus de Sem ... "(Genesis 9: 26).

A fervente irruproo do a~cfo de gra fas do patriarco era uma pro[ecia dos olelutas que se haveriam de levantor a Deus, pro11indos de toda a hunlanidade, pelo 1111scimento do filho de Sem em quem codas as no~oes seriam obentoados. 6

Semclhantementc, Jafe tam bern recebeu uma ben~o de cunho religioso. "Engran­de~ Deus a Jafe, e habite ele nas tendas de Sem ... " (Genesis 9: 27). "Habitar nas tendas de alguem ' ' significa pa.rticipa~o amiglivel da hospitalidade de sse a.lguem, bern como das sua ben~os.

- 38-

Or jafctltas virram agora a partie/par das blnrttos de Scm em Rronde mimero. pols como gcntfos. [oram tmxtrtados M boa olfveiro. A heranc:o espirltual de Sem t! nosso. A braao ~c tontou nosso pal no!~. e n6s somos seus [i/110.~. em verdode. 7

. . .Jaf~ sign (fico engrandecimento: a grofo de Deus ~stendeu-se, e a plenitude dos penso­memos de Deus manifestou-se em conexo-o com os gentios: ··em ci sercfo l>enditos todas as fomtlios da terra'', foi dito a Abraijp, e Deus estd persuadindo ou engran­tlecendo Jafe agora, levando-o para as tendas de Sem; ntfo h6 ben~o em nenhum outro Iugar . .. toda a ben¢o ~ ligada a Cristo 8

A abjeta servidao de Cana3 a Sem, e mals tarde a Jafe, tresvezes repetida na pro­l cct~ de Noe (Genesis 9 : 25 , 26, 27), foi cumprida nao apenas na parcial extermina~:io dos ca­rhtnous por Josue e a sujci~o dos remanescentes a escravidao, pot exemplo, por Salomio (I Reis 1) 20, 21 ), mas tambem em acontecimcntos tao postcriores quanta a tomada de Tiro por Ale­l<ltr1dre , o Grande, e a conquista de Cartago pelos romanos.

Contudo, e verdade. a maldiyao profetica foi expressamente pronunclada contra {'una!i apcnas; no entanto. como notam Keil e DeHtzch, .. o fato de que cao nao teve participa~o nn~ ben((Oas de Noe, fosse pessoalmente, ou na pcssoa de seus filhos e uma prova suficiente de r)ue toda a sua faml1ia estava inclulda na maldi~ao, por implica~o". 9 .Em mcnor grau, a torpe­'~' moral, a degenerescencia religiosa e a escravida:o socia1 que caracterlzavam os cananeus em sen­Lido procminentc, ca.ractcriza.riam tambem as na~oes camitas em geral. A religiao eg(pcia. por rxcmplo, embora nao evidenclasse 3 rudeza moral dos cultos cananeus, ruio obsta nte era um ~ rllt cma confuso, complctamente selvagem, do mais cru politeismo, tao irracional, fllosoficamente. quanta 30 paganismo africano hodierno, com seus feiticeiros e m6rbido temor de demonios.

A profecia da bistoria moral e cspiritual da na~oes, em GC.nesjs capitulo 9, pro· vi:. uma intl'odu~ao indispcnsavel para o principia que sublinha o Rol das Na~es, no Capftulo 10 . 0 princlpio ~ que, na atua9clo divina, o caniter moral de uma cousa nao pode ser compreendi· da, a menos que a sua fontc seja conhccida. Israel era, na mente de Deus, o instrumento de ben­~iTu redentota para o mundo; assirn. era necessirio que a na~ao tivesse uma compreensao da foote dJ qual haviam surgido varias na~oes que a rodeavam, a fim de que ela pudesse te.r discernimento tlu scu ca.rater, para. dessa forma moldar a sua atitudc c conduta o. respeito delas. Estc princfpio mural e espirituaJ que sublinha Genesis 10, torna-o singular.

Porem, este documento antigo que descreve a distribui~o das na~oesesingular, tumbem. do ponto de vista li ter:irio. W. F. Albright declata :

Ele se levanto absolutamenre solicdrio 1111 remota literaturo, sem o 11111is leve paralelo entre os gregofi, onde encontromos a no"otiva r1111is pareCI'da com uma distribuifllO de po­vos em uma estmtura genea!Ogica. Porem entre os gregos a estrutUT4 e mitologico, e os povos todos mo lrlbos gregas OLI egtias_l 0 .

Comcntando a sua exatidiio, Albright diz:

Em vista da fnextrincdvel con[usilo dos lafOS raciois e Mcio1111is do antigo Oriente Fr6xi· mo, serw compleromente imposstvel delinear um esque11111 simples que sotisfizesse a to­dos os eruditos; nenhum sistenlQ poderio sotisfazer a todas as declara¢es feitas segundo a base da predomlntincia etnico, da difusilo etnogrdfica, da ltngua, do tipo jfsfco, da cul­tura, da rrodi;ao hist6rico. 0 Rol das Not;iies se levanta como um documento assombrosa­mente exato ".

(Eie) demonstro umo compreensilo tao notovelmente "moderna" da situa~ao etnica e ling(lfsrictz do mundo antigo, a despeito de toda a complexidode dele, que os eruditos nunca deixam de ficllr impresslonodos com a compreenstfo do assunto que o autor de­monstra fer. 12

Embora numerosos nomes de Jugares e de povos inclusos no Rol fossem conhe· oldos atraves de fontes Uteradas antigas, especialmente gregas e romanas, muitos foram descober-

-39-

Page 22: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

tos, pela primeira vez, pela arqueolosia moderna. ~o~e em d~! quase todos os nomes desse capl· tulo podem ser elucidados pelas descobert·as arqueologtcas do seculo passado.

ll. AS NA<;OES JAFETIT AS

Os descendentes de Jafe, fillw mais novo de Noe, sao apresentados em primeiro Iugar os de Cao em seguida, e os de Sem, fllho mais velho, por ultimo. l sto esta de acordo como plan~ do liV.to de Genesis, no qual as farm1ias que desccndiam do. tronco principal sao cit~a~ em primciro Iugar. Quando estas acabam de ser [elacionadas, o escntor rctoma ao ttonco prmcJpal, a fim de descreve-lo mais minuciosamente, e seguir o fio da historia da reden<;ao.

Os povps jafetitas ou n6rdicos, que sao catotze na'Yoes, concentram-se orlgina­riame.nte na regiao do Caucaso, entre o Mar Negro eo Mar Caspio, e da{ se disseminaram para leste e para oeste, para formar a grande familia indo-germanica. (Veja quadro n° 4)

1. Descendentes de Jafe. Gomer, em asslrio Gimirrai(l, r epresenta OS cnnerios da antiguidade cbisssica 13. Com Togarma, Gomer e relacionado por 'Ezequiel co"lo residente "nos ulti.rnos confins do norte'' (Ezequiel 38: 6, Tradu~o. Brasile.ita). Adentrando a Asia, provin· dos das regioes alem do Caucaso, os cimerios se estabeleceram na regi.ao da capad6cia, e sao conh~ cidos pclos :registros assirios como Gtml"ai. Esar·Hadom (681~68 A . C:·) os de~otou. Assurbaru~ pal (668~25 A. C.) mencio.na a invasao que efetuou do xeino da L(dJa, nos dills do famoso reJ Gugu (Giges), cujo nome-e talvez. preservado nas ,Escrituras como Gogue (Ezequiel 38: 2).

Magogtle e uma terra e um povo " nos Ultimo,s confins do norte" cujo tci Gogue. principe de "Meseque e Tubal"} tern Gomer e Togarma entre os sells aliados (Ezequief 38: 2; 39: 6). Josef'o 14 os !dcntifica com os citas, contudo e mais provavel que este termo compreenda a$ hordas barba1as do norte.

Madai representa os medos, que povoaram a regiilo montanhosa a Jeste da Ass{· ria c ao sui do Mar Caspio. Estes sao bem conhecidos no Velho Testamento (11 Reis 17 : 6; 18: ll; Isafas ~1: 2, etc.) e a sua hist6ria e ulteriormente elucidada pelas lnscri\:<)es Asslrias do seculo lX A. C., ate a queda do Imperio Asslrio, no flm do seculo Vf1 A. G .. Foi Cia:xares, o Medo, alidado a Nabopolassar da Babilonia, que sitiou e destruiu Ninive em 612 A. C.

Java era o nome dos gregos, mai.s exatamente os jonios de Homero, e mais parti· cularmente os jonios asUiticos que habitavam os litorais da Lidia e da Caria, cujas cidades eram imponantes emp6rios comerciais, dois seculos antes dos emp6rios do Peloponeso, Java era o nome pelo qual os hebreus remotamente conheceram os gregos. Continua sendo o nome pelo qual sao conhecidos no VeU1o Testamento (E.zequlel 27: 13; lsa{as 66 : 19; Joel 3: 6; Zacarias 9 : 13; Da· niel 8: 21; 10: 20). Nos reglstros asst'rios, eles ~o mencionados pela ptimeira vez por Sargao n (721-705 A. C.), q1,1e teve um encontro oom eles em uma batallla naval. Eles sao proentinentes na hist6ria judaica dos seculos subseqi.ientes.

Tuba7eMeseque(EzequieJ27:13; 32:26; 38:2; 39:1; Lsa{as66:19)~o os Tabali e Musque dos registros ass!rios. Os Tabali sao mencionados pela primeira vez nas campa· nhas fronteirictas de l'ig!ate-Pileser 1 (c. 1100 A. C.) e os MUSque por Salmaneser Ul (860-82-5 A. C.); ambos- os nomes oyonem acentuadamente mais tarde. A s cita9'3Qs a oles feitas no periodo assirio, local.izam o seu lar ao norte cbl Cilfcia (Hilacu) e a leste da Capad6cia (Gimirr:ai), mas ao tempo de Herodoto eles se haviam mudado bern para o norte, pam a regiao montanhosa a sudeste do Mar Negro.

Tiras talvez rep.resente os Tursenoi, povo que Vivla. antigamente nas praias e ilhas setentrionais ao largo do Mar Egeu, mui temidos _peJos gregos por s.erem pi,ratas.

2. Descendentes de Gomer. Asquenaz e equivalente ao assitio Ascuz, referen­t e nos citas. No tempo de Jeremias eles habitavam nas vizin.han9as do Araratc e de Mini (o Manai d~s inscri~oes asslrias a sudeste do Lago Van). Erarn rudes e primitivos em sua civilizayao. Peri.o­d(camente devas:tavam extensos tenit6rios, de forma que chegaram a ser identificados como batbaros.

- 40-

Rl/acc ouotrc em l Cr6nlcas I ; 6 como Oliate. o que sc cx.pUca polo ,fato de 114 •htas LctrJU hcbraicas resll (r) e daleth (d) terem forma bern semelhante em c~os estagios do ~111 1 dosenvolvlmcnto e terem sido mul facilmente conf1mdidas quando eram escntas culdadosa­•Mnte. 0 nome e pre~nado, evidentemente, no das Montal!Ms Rifeanas, que OS an~igos supunham mofglnor 11 praia mais set.entrionaJ do mundo . Josefo identifica Rifate com os Paflagonios.

Togarma e a Tegar,una ao sudoeste da Armenia. Segundo antigas autoridades MJIIIJUS, DUlmann identifica esse pais setentrional com OS armenios (cf. Ezcquiel 27: 14 ; 38: 6).

3. Os Descendentes de Java. Estes, em numero de quatro, incluem OS povos mais iiQ ~ul e mais ao oeste, do grupo jafetita que ocupou os lugares de comeicio, imponante no Mar Mr.d ltemiJ1eo.

Elisa e Quitirn ou Chipre, a Alashia das Cartas de Antarna. Em ttzequiel 27: 7, dlt •sc que toldos e purpuia fo.ram trazidos a Tiro das ilhas (ou litorais) de Ellsa que, da ~esma lul'rna que o Peloponeso e as ilbas e lit~rais do ~ar. Eg~u, cram ri~~ e"} con~has de purpu~. Utllman, porem por isso relaciona Elisa com a Stcflia, VJsto que Qwtl{l'l e reJac10nada com Chi· Jlt(l ,

Torsis aparentemente representa o nome do centro metal\ugico feru'oio situado uv Tartesso, ao sui da Espanha, perto de Gibraltar, e menos ~rovavelmeote o situado na Sardenha. 1· rn um rico i:li.strito mineiro e uma rica cidade, de onde os titos receblliro prata, ferro, estanho e ~·humbo (Ezequiel 27: 12). Marcava o limite ocidental permitido para a.s embarca9i)es tfricas.

Quitim denota OS qu{tios, 0 poVO de Kit OU ltiti, como sao chamados 0!1! ins-1 dvocs Cenlcias. 0 nome e relacionado defin.itivarnente com Chlpre, especialmente atraves de Klllon , uma antiga cidade no litoral Sui da ilha, atualmente chamada Larnaca.

Dodanim pode ser Dardana (dardanos) da A:.ia Mt}nor. Todavia, a Septuaginta e L1 texto samaritano de Genesis 10: 4 , bern como o texto massoretico de I Ctonicas 1: 7, grafam Rooanim, que e, aparentemente, a graflll corr~ta, espec!31mente em vista da for~a semelhante 110 "d'' e do "r;" hebrai.cos. facil:mentc co.nfundtveis. Se e ess~ o caso, o povo cia ilha de Rodes e tluy Uhas adjacentes no .Mar Egeu sao indicados.

-41-

Page 23: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Capitulo VII

OS CAMITAS E 0 IMP~RIO PRIMITIVO

Os descendentes de Cao compreendem os povos orientals c meridionals que sees­tabeleceram or:iginariamente na Mesopotamia inferior, e subseqi.lentemente na Ambia do sui, na Eti6pia. no Eglto, e em Canaii (Genesis 10: 6-L4). Sendo o fllho ma.is novo de Noe, Clio c consJde­rado como o ancestral eponimico dos povos afrioanos. da mesma forma como Jafe, seu irm«o, o e dos indo-europeus, e Scm dos semitas.

Dentro da linhagem camita e trayada a ascensao do poder do prirncir.o imperio rnundial, prirne.iramente sob o domfnio de Ninrode na Babilonia, e depois ern sedes de imperios antigos, tais como Assure Ninive, no Tigre superior. 0 Egito, da mesma forma, fundado por esse povo, bern cedo se tomou um centro de poderosa autoridade concentrada.

l. AS NAQOES CAMITAS

Embora o rcgistro da linllagem camita permane~ repleta de muitos problemas dif{ceis, ainda nao resolvidos, a arqueologia modema tern esclarecido as circunstincias que cercam muitos dos nomes e dos lugares mencionados na passagem. (Veja quadro n° 6)

1. Os Descendentes de Cao. Cuxe e mencionado em primeiro Iugar, e original­mente era reJacionado com a Babilonia (Genesis 10: 8-12), e somente mals tarde com a COs egipcia ou Nubia. A conexao com a Babilonia, muito provavelmente, deve ser procurada na mui remota cidade-reino de Quis, na Mesopotamia inferior, ressoscitada pela arqueologia modema. De Quis. os irnperadores babilonicos do terceiro milenio A. C. apropriararn·se do seu titulo real de reis do mun­do. A terra natal dos primitivos cusitas era, indubitaveJmente, no baixo Tigre-Eufrates, onde Nin· rode OS elevou a posi¢o de grande poder. Da!, eles se espalharam em dirc~o a pen(nsula meridio­nal da Arabia, e posteriormcnte cruza.rarn o Mar Vermelho, colonizaram a Nubia Africana e a Abiss(nia. 0 Cuxe Asi3tico original, po:rta.nto, era regado pelo rio Giom, na Babllonia (Genesis 2: 13).

Mizralm e o antigo Egito. A sua esplendida civillza~o data dos perlodos Primei· ro e Pr6-diruistico (c. 5000-'C. 2.900 A. C.). Porem, espeCialmente do periodo da uniao das partes Superior e Inferior do pals, durante a Primeira Dinastia Eglpcia, sob o reinado de Menes (c.2.900 A. C.), a arqueologia moderna tern ressuscitado as glorias passadas do antigo Egito, dessa forma dando a luz uma nova cienc.ia : a Egiptologia. 0 Periodo Protodirulstlco, que cobre as duas pri­meiras dinastlas, se estende de c. 2.900-c. 2.100 A. C. 0 poderoso Relno Antigo, ao qual per­tencem as colossais p.inirnides e os famosos textos nelas contidos, se estende de c. 2.700 -c. 2.200 A. C. Depois do Per{odo lntermediS.rio (da setima a undecima dioastia c.2.200 ~. 1989 A. C.), o poderoso Reino do Melo (duodecima dinastia) se estabeleceu (c. 1.989 -<:. 1.776 A. C.). 0 Pe­r{odo do Hicsos, de domina~o estrangeira[(decima-terceira a decima-setima dinastia) se estende de c. 1.776 A. C. ate a ascensao do resplendente Reino Novo, quando o Egito domioou o Oriente (da decirna-oitava a vjgesima dinastia, de c. 1.570-<:. 1.150 A. C.). Este grande per{odo de poder e influencia cgi'pcios foi seguido por urn declinio (vigesima·primeira a trigt}sima dinastia, c. 1.150--332 A. C.)].

-42-

Oc acordo com a~ Tdbuas de Amarna , os cananeus chamavam o Egito de Mizrl. t' nome hcbralc.o Murolm, que tcm a mcsma raiz, 6 expllcado f!Ormalmen~c como. urn dual, 1,11 ~rvundo as antlgas divlsOos do pals, Egito Superior (acirna de Menfts) e Eg1to lnfenor (o Del· hi) (NOTA DO TRADUTOR : 0 suflXo ltebruico ' ' irn" designa plural)

Pute tern sido indentificado geralmente com a antiga Punta, local.izada ao sul ,,11 41 sudeste de Cuxe africano, e coaesponde a moderna Somalia. Porem. Pute ocorre .co~o r 111 ( 1) nas inscdy()es do monarca persa Dario I , o Grande (522-486 A. ~.), ~a sua localiza~o 1~ c 'nenaica, regiio em torno de Cirene, na Africa do Nor te, a oeste do EgJto, e agora dada como I f>lll

CantJ5 designa os descendentes de Cio (Gen~sis 9: 18, 22), que se e~t~belece~m 111 tr rrn mais tarde conhecida como Palestina, e de quem, o pals tomou o seu nome ongJnal. Assun, wmlo or.iginalmente camitas, de acordo com o Rot das Nayoes. ?S cana.neus, estan_do ~~abeleci~os flllt tun ntinusculo pals. que consist1a em uma ponte entre o EgJto e os gr_and~s unpe~tos sern•t!s ''"'• floresciam no Crescente Fert:il, e~ data r emota devem ~e~ sucu!ll~tdo a pre,ssao da ,f~sao 1,u 1al e llngulstica oom os semitas, ate a perd~ da sua predonunancta. etmca. Esta e , sem duvtda, • , ~pllca~o correta porque as ciencias de antropologia e etnograf1a, baseadas em escavayoes 11111 nsivas. apresentam evidencias de que os cananeus tinham origem predominantemente. sem (. IIlii om vez de camita. Niio slio satisfat6rlos os resultados dos esfor~os para resolver cssa dificul­tl•d~ com a argumenta~o de que tal nomenclatura, d.a maneira como e usada em Genesis 10. "lhl(11'(lSS8 ru'i'o a raya, mas 0 imperio ou a civiliza~o '', 1 ou de que Canali e chamado fJ.lho de Cao ''•I• vltlo a. longa dominayio da terra de Canaa Levada a efeito pelo Egito", 2 especlalmcnte em •.uto do enfase colocada na origem carnita de Canaii (Genesis 9: 22-27).

Como designa~o geografica, Canaa, nome hebraico, e provavelment~ derivado !111 1/urtla, que sjgnifica "pertencente a terra de purpu.ra veonelha", e no fun do seculo XIV A ( '. cJ1egou a ser empregado para desigoar o pals em que os comerciantes .. cananeus' ' ou fen{­c>k•~ trocavam a sua mais importante mercadoria - pt1rpwa-vennelha, derivada de conchas de •urt'lx, encontradiyas nas praias mar{tirnas - por outras mercadorias.

2 Os Descendentes de Cw:e. Seba 6 menciooado em primeiro Iugar, c esta rela­,1unndo como sui da Ar.ibia atraves da migra~o dos cusitas originais da MCS?po~ inf<;r~or , "a t•r• de Sinear" (Genesis 10: 8-12), em dire¢o ao sudoeste. De acordo com~ ms~t~es ~s'!~s, es-111 povo havia irnigrado para o noroeste da Aribia_, no oitavo sec~o A. C. Seba, vanayao dtale~tca de lhrhu. esta intimamente associada com a Arao~a como urn ~3ls rem~to do .sui (Salmo ~2. 10_} ~ t•ulbem como o Egito e a Eti6pia na Africa, para aonde muttos cus.ttas emtgrara~ (Isaias 43. 3, .. , 14). Estrabo, nod.vel ge6grafo e viajante gr~o (c. ~3 A.C.- c.21 A. D.), localizou urn porto 1 ~11f11udo Saba e uma cidade chamada Sabai, no litorul octdental do Mar Vennelho.

Havi/IJ 6 uma reglio da Arabia central ou meridional, povoada em parte por cusitas e 11111111rtc porjoctanitas, urn povo semita (Genesis 10 : 7. 29;1 C:Wni~s ~: 9, 23). Sabtd egeraJm:~te ldNitlficado como Shabwat, a antiga mctr6pole de Hazarmave (GeneSlS 10; 26~ , ao suJ da Arabt.a, quo 6 ainda charnada Hadramaut pelos arabes, e que corresponde etimolog1camente ao nome 1ntljJo. ltue sjgnifica .. aldeia da morte".

Raamd, Sabtecd e os descende.ntes de Raarna, Sebd e DedQ, todos rep~esentarn frllki s cusitas da Perunsula Arabica. Seba, especialm;.nte, situ!v~-se a sudoeste da Ar.ibta, e era b11111 conhecida pelos seus pr6prios registros e por geografos classtcos. Os sebanos ;r?ID urn grande rc•vo comerciante, e se espalhararn amplarnente, aparecendo no noroeste ~.a Anibm nos t~mpos ... lr&os e no deserto setentrional juntamente com os nabateanos. Co~uentemente, nustura~ ram·~ 'com outras tnbos e sao tambem c~a~ifi~dos como poyo semtta, ~escend~nte de Jocta ft•ltnesis 19: 28). Como Deda, com quem sao mtimamente assoctados, eles sao menctonados como daawndcntes de Abraio atruves de Jocsa (Genesis 25 : 3).

Tendo relacionado os povos camitas descendentes de Cuxe (vv. 6. 1), o Rol

-43-

Page 24: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

das Na¢es intenompe quase abruptamente as enumera~oes pol{tico-geogrO!icas estereotipadas, para centralizar·se em um descendente not6rio de Cio, atraves de Cuxe: "~s fllhos de Ccto: Cuxe ... Cuxe gerou a Ninrode, o qual comeyou a ser poderoso na teaa. Fo1 Valente cayador diante do Senhor ... 0 princ{pio do seu reino foj Babel, Ereque, Acade e Caine, na tena de Si· near'' (Genesis 10 : 6-10). Em urn sentido e uma digressao, mas em outro sentido, Ligado vital· mente com o contexto irnediato, e com todo o quadro etnol6gico do mundo antigo, em que a na¢o escolhida, Israel, estava colocada, esta passagem e de imensa importancia religiosa, tanto quanto histories.

0 . 0 PODER IMPERIAL CAMIT A

Religiosamente Genesis 10 : 8·10 rettata o canitcr em que o poder imperial leiiestre aparece pela primeira ~ez na hlst6ria bu~ana . Que esse carat~ e. mau, e sugerido po! varias consideray<5es. Primeiro, o reina~o-teo:est!~ e encontrado pela p~eua ve: e~tre os ~~~­tas em ramo sobre o qual havia mald1yao profet1ca, e em toda a familia a ausenC13 da benyao divhta <Genesis 9 : 25-27). Em segundo Iugar, Ninrode e o fundador do reinado da Babilonl11 (Genesis 10: 8, 9), que e geralmente mau, tanto na tipologia escritur(stica como ~ protecta (lsa1as21:9; Jereml.as50 :24; 5.1:64;Apocalipsel6 : 19 ; 17 :5; 18 :3,etc.).Terceuo,onome Ninrode "scm duvida sugeria para os israelitas a ideia de 'rebelde'. . . contra Deus••) Descre­vendo o carater desse primelro edificadorde um imperio roundinl,o nome Ninrode tern o objeti­vo de indicar, certamente, este conceito, no relato sagrado, a despelto do fato de que o nome original, na L(ngua camlta, nao tinha esse significado.

f. interessante no tar que o nome Ninrode tern sido expllcado de maneira plaus£­vel como sendo o sumeria (da primitiva Babilonia niio semita) Nin-Ma.rada, "Senhor de Maradda", uma cidade a sudoeste de Quis. Se, por outro 1ado a origem de Cuxe babilonica for tra~ada ate a antiqu(ssima cidade-relno de Quis, fundada em cerca de 3.200-3.000 f!'· C., ~e onde os impera­dores babilonicos do terceiro milenio A. C. tomatam seus tftulos reaJS de rc1s do mundo, a luz arqueol6gica ilumina este primitjvo perfodo imp,etial,_ pr~servad.o o~ nome de Ninro~e. Sobr~ tudo e significativo que a rel.a~o dos Reis Suroerios md1ca a dinastta de Quis com vmte e tres reis ~m primeiro Iugar, na enumera~o das dinastias mesopotimicas que rcinaram ap6s o Dilu­vio.

Que 0 carater do poder imperial terresue, da maneira como e apresentado pelo ramo camita da familia humana, e mau. demonstra-se por outra considera~o. Diz.se de Ninrodc que fora "'Valente ca!fador diante do Senhor", (Genesis 10 : 9). 0 simples significado desta passagem geralmente tao mal interpretada, e 0 que Jeova tomou nota do seu carater real como o de um' "cayador", que era o extrema oposto do divino ideal para urn rei - o de seu pastor (cf. If Samuel 5 : 2; 7: 7 ; Apocalipse 2: 27; 19 : 15). "Urn ca~dor se satisfaz as expensas dJl sua vitima, mas urn pastor se desgasta para o bern dos suditos que estao ao seu cuidado."4

0 inicio do rclno de Ninrode foi "Babel, Ereque, Acade e Caine, na terra de Sinear" (Genesis 10: 10).

As c.id.adcs de Babel, Ereque e Acade sao, hoje em dja , bern conhecidas em virtude de descobertas arqueologicas, sendo colocadas entre as grandes capitais primltivas do mundo civilizado . Estes antlgos centros de populayao e imperio, citados como "o prlnc(pio" do reino de Ninrode, sao localizados " rta tern d~ Sinear" 0 termo , da maneira que e aqui empre­gado na Ba'blla Hebrajca, designa toda a p~lanfcie de aluv:iao da Babilonia eo~ o Tiy~ eo Eufra· tes nos ultimos trezentos e vinte quilometros do curso desses_gxaodes nos, aproXJJDadamen· te 'considerando-se o seu leito primitivo, na remota antiguidade. '"Nas incric5es cuneiformes, a reiiao 6 divklida em uma por~o setentrionat chamaaa Acade em que as cidades de Babel (Babi-

* 0 Tigre e o Eufrates nlio apenas des/ocqram seus leitos no curso dos seculos. mtJs tambem construfram, com o seu sedimento, uma pllrnfcie de aluvitz-o detJPTOVida de pedras. Er idu, Ur e Lagds, outrora no Golfo Nrslco, estiio 4g0ra bem mais de duzentos quilometros p4ra o intt· rior. Pinegan, op. cit, pp 9 f.

-44-

IOnlll) e de Awdu (Al!~!le) urum :Hluodus, um umo porgao mcuidlonal clmmada Sum6rio., ern que I •titUC {notlgu Uruquc) c.ra locaUzada.

Babel (em addio. bab-flu, signifioando "portao de Deus'' data dos tempo:

lm« hlst6ricos. Contudo, ela mesma nao se tornou capital de um grande imperio ate c 'I:I(odo Babilonico (c. 1.830-c. 1.550 A. C.). Sob o dominio de Hamurabi (1.728-1689 A. C.), da t'•IJuoi.ra dinastia da Babilonia. a cidade se tornou a senhora de toda a BabUonia. em dir~o no nor h I nt6 OS limites da poderosa cidade de Ma.ri, no medio Eufrates. Porem, a sua hist6ria data de untllo antes desse perlodo, da era prirnitiva pre-sernita , no Vale do Tigre-Eufrates inferior.

Ereque, a acadia Uruquc, e representada pela moderrta Wark.a, situada a cerca de I Ml oui!Ometros a sudeste da Babilonia, em regiao pantanosa a teste do E11frates. A{ foi dcsco­lulfiO o pruneiro zigurate, ou templo-torre sagrado, e evtdeocia dos primeuos selos cillndricos.

A code era o nome dado a Babi18nia setent:rional, a partir da cidade de Agadc, 'I"" Sargao levou a grande proeminencia como a capital de urn novo imperio semita, que dorru­II~HI o mundo mesopotamia de cerca de 2360-c. 2180 A. C.

Caine nao tern sido cln.ramcnte elucidada pela arqueologia. Tern sido feitas tentati· ~ull para ldentifica-la com N ipur, uma das mais antigas cidades da Babil8nia central. Alguns ainda

lll1nsam que seja un1a forma resumida de Hursagcalama (Calama). cidade gemea de Quis. Outros tlr nllficam-na com a Calno de lsa{as 10:9, baseando-se no texto da Septuaginta.

Uma nanativa da funda~o da Asslria pelos cusitas camitas da Babilo nia 6 anexa· 1111 1\ declara~o do estabelecimcnto do poder imperial deles na Babilonia. Oa Babilonia , esta escrito, Nmrode "saiu pam a AssCria, e edificou Nlnive. Reobote-lr e Cam, entre Ninive e Cala, a grande Lliludede Resem" (Genesis 10: ll, 12).

... Que BabiiOnill foi o mais an.tlgo berfo de civiliza~o Tlil grande planfncie dos dois rios, e que Nfnive foi (por assim dlzer) colonizada a part iT daque/a epoca estd em llarmo11il1 com o que apredemos dos monumentos: politicamente, bem como em toda a sua civili­za{!tlo escrlta e religliio . A Assfrill , nos tempos primitivos, dependia da &bilfmitz. 5

Porem, o fato de qu-: esses versfculos de Genesis aparentemente atrlbuem a funda­\fo da civilizayao babilonica e a sua Gll.1ensao a Assiria a urn uoico homcm, e associam as quatro 'ldndes babilorucas (Babel, Ereque, Acade e Calm~) com quatro cidades assfrias (N{ruve, Rebo­h• l.r, CaJa e Resem) ainda permanece sem clucidayao por parte dos monumentos.

Todavia, os monumcntos babilonicos c assirios ilustram quase completamcnte • cronologia geogra.fica desta passagem. A cidade.de Assur, estrategicameote Jocalizada na margem mcdeotal do Tigre, a montante do tributirio do Pequeno Zab , e a c.erca de cern quilomettos ao sul •I N (Dive era a mais antiga capital, e centro de podedo asslrlo. A cidade, que deu o nome ao pa1s • 11os imperios posteriores de que consistiu o nucleo, tomoo a sua propria designa~ao do seu III'U~ nacional, Assur. A locnliza~o da antiga cldade. hoje chamada Qalat Sharquat, foi escavado JHtr uma expedl~o germanica sob a dlre¢o de Walter Andrae em 1903-1914 e mostrou cviden· clu de ocupa~o desde o comelio do tercelro milenio A. C.

Nfnive (modcrna Cuiunjique) foi a grande capital do ultimo Imperio Assirio, hu.•ulizada a cerca de 100 quilometros ao norte de Assur, na margem oriental do Tigre. Ela foi uhllterada tao completameote, de acordo com a profecia da sua destrui~ao feita pelos videnles hrhreus, que a cidade morta se tornou verdadeiro rnito, :ue a sua ressurrei9ao efetuaLla por Sir hyn_rd e outros, no seculo dezenove. Com ru'veis de ocupayao indo para tras, tio remoto como tempos pte-hist6ricos, a cidadc real murada, tern sido trayada para indicar uma area de quatro mil e oitoceotos metros de compri.mento por meoos de dois 'luilometros e meio. Porem, os be· htcu11 (e talvez outros estrangeiros tambem) estavam :tcostumados a incluir o nome de N(nive Cnmco complexo de cidades que formam a Grande Sao Paulo), CaM, a 29 quUometros ao sui, lflldm, entre Cata e a propria Nlnive, e Reobote-lr, "que deve ter sido Rebit-Ninua, a oeste d• <'apitaJ. visto que os nomes nao sao apenas rel:.cionados etimologicamente. rna« tern o mesmo

-45-

Page 25: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

sjgnificado''. 6 Estes sao os quatro Luga.res que sao enumerados em Genesis lu : 11, 12, como compondo "a grande cidade". Porem, outras cidades, como Tarbisu, Dur.Shuuakin ou aldeia de Sargio, foram adicionadas ao agregado da .. Gunde Ninive", no apQgeu do imperio assttio,

Embora Resem fosse um subllrbio de Nlnive, e parte do complexo de cidades conhecldas como "a grande cidade", permanece obscura nos monumentos. Calli, por outro lado, foi dc~<:oberta e escavada no outciro do Ninrooe . e oroduziu uma rica safr.a ri£' e.sculturas. bai• ~os-relevos e inscri~es. De aco:rdo com Assurnasirpal ) II (885·860 A. C.), Cala foi constru{daou reconstruida, erobel~zada e fortificada por Salmaneser I (.1280-1260 A. C.). Ao tempo ae A.ssur­nasirpal, ela havia caldo em decadSncia. Este famoso conquistador restaurou~-a como residencia .real e ela permaneceu como residencia dos reis assfrlos por mais de 150 anos.

m. OUTR.AS NA~OES CAMITAS

Depois da digressio (Genesis 10: 8·10), o Rol das Na~oes continua a enumera~o da linhagem camita.

_1. Os Descendentes de Mizraim. Ludim, em outros lugares, ocorre mais no singu• lar Lude, mencionados como arq ueit:os ~o exercito egipcia ou tiro (Jeremias 46 : 9: Ezeqojel 27: 10; 30: 5) e como povo temoto (lsaJas 66 : L9). Embora nio tcnJtam sido identificados indu­bita~eJmente sao uma tribo fronteiri~a com o Egito. Albright pensa que Ludim seja um e~o de copJSta, sendo o exaw Lubim, os Libios, tribos a oeste do Delta do r:io Nilo, no Egito.

. Na qualidade de tnbos que se limitavam com o Egito, os Anamim, Lehailim, Naftuhtm e Casluhtm continuam obscuros. Os Patrusim, no entanto, foram jdentificados clan• me~te como os habitantes de Patros, a egfpcia Ptores, no Egito Superior. Os Caftorlm sao os bab1tantes de Caftor, agora identificada com a recente descoberta do vocabulo cuneiforme Capra. rQ, ou Creta.

. Os fllisteus (heb. Pelistim) 6Uio mencionados como tendo vindo de Caftor (Amos 9 : 7~. ~erenu_as 47: 4; of. Dcuteronomio 2: 23). Por esta ramo a c.lliusula "de onde $o'lltam os fi:lis­teus e cons1derada geralmente como tendo sido coJocada fora de lugar por um copista devendo vir . logo .ap6s_ a pala~ "caftotim'' em Genesis 10: 14. Os monumentos indicam q~e Peleste (~steus) mvadiu a Paleruna com outros "pov.os maritimos", durante o reinado de Ramses 111 do Egtto (1195-1164 ~- C.), l!lUC ?S expulsou em varios encontros. Contudo, alguns dos invasoreJ permanecesam na Suu, e posteuormente alcan~aram o sudeste da Palestina, onde se estabeleceram, e possivelrnente de:ram o ~eu nome ao pals - FiHstia ·(Joel 3: 4), do qual. por sua vez, proveio o voca·bulo grego Palestlna thePalaistine) .

No entanto, 'listo que os !ilisteus estavam na regiio em torno de Gerar e de Berse• ba tlio remotamente quanto a era patciarcal (Genesis 21: 32; 26: 1), e antes da Era Mosaica colo­niz·adores viodos de Creta haviam destru(do os habitantes originaisda regiio de Gaza e se estabel~ ~do ali (Deutero.nomio 2: 23), grupos esparsos desses povos exi$tiam, aparentemente, durante seculos, na Palestma do sudoeste, antes da chegada do corpo principal de .fili$ieus, no primeiro quartel do seculo XII A. C. Depois desse periodo, porem o seu -poderio desenvolveu-se rapidamen· te, de forma que a epoca de Samuel e Saul, constitulram sena ameacta para a vida nacional de Israel. (Veja quadro no 5)

. 2. Os De$cendentes- de Carzati. Sidom, u mais antiga cjdade ferucia, por esse mo-t~vo chamada a "primo~enita" de Canaa, era toc;alizada no litoral do Mediterraneo, a trinta qui· IOmetros ao nont- de Tuo. EJa represents os femcios, que foram chamados Stdonios do Xl ao VIH secutos A. C. A -sua. importincia ptimitiva e atestada poe Homero, que freqtientemente menciona Sidom, mas nunca Tim, e que emprega os nomes como sinonlmos de Fenlcia e fenicios. Mais tarde, ent.r~~~o, ela f~i eclipsada por Tiro~ mas os fenioios continuaram a ser cbamados geral· mente de Sidoruos (1 Rets 5: 6; 16: 31), como se fosse ·em homenagem a antiga proeminencia de Sidom.

-46-

1/rtu 6 o \~posto ottbc~a dos hltltas, povo munolonndo e~poradicameMe no Velho yl cst.umcnt.o. At0 a maravtlhosa dcscoberta da eivlllzaQiiO hitita pela arqueologia moderna) as rcle· rcncias blblicas a esse. povo que era desconhecido de outr.ts fontes, eram geralmcnte cnca.rada~ com suspeita. William Wright, mlssiontirio em Damasco, eo professor A. H. Sayee, estavam entre os prlmeiros que reconstruiram os esbo~os da hist6rla do antigo imperio hitita . Entao, em 1906· - t90? e 1911-1912, o professor Hugo Wiockler, de Berlim, descobriu cerca de dez ntil placas de l>ILITo em Bogazqueui, localizayao da antiga Hatuxach, importante capital hitita. Estc vasto supri· mc.:nto de material escrito rcvelou os hititas como urn povo do mundo antigo que nao era ape­nas [mportante, mas que possuia vasto imperio.

Dois perfodos principais do poderio hitita podem ser distingilidos: o primeiro, com~ando em cerca de 1900 A. C., e o segundo se estendendo de L400 a 1200 A. C .. era do novo reinado ltitita na Asia Menor e na SUia. 0 ultimo imperio foi conoolidado ern Bogazqueui polo poderoso Imperador Subllulioma (c. 1395-1350 A. C.). 0 poderio lrltita e citado procmi· ncntemente nas Cmtas de Amama, na conespondencia de Subiluliuma com Amenotepe rv (Acnatom) por volta de 137 5 A. C. Depois da queda do poderio imperial hitita, em cerca de 1200 A. C., continuaram a el{istir pcquenos reinos hltitas em Carquemis, SenjirU e Hamate, bem como em outros centros do norte da S(tia. De fato. a tradi~ao hitita sobreviveu por mais tempo na Sf· ria do que na Asia Menor, que era o centro do U:uperio hitita 1 e os ass1rios tinham o costume de chamar a Si'r.ia-Palestina mat Cali, "a terra dos hititas".7

Os Jebuseus estabeleceram-se em Jebus, nome da cidade de Jerusalem durante a sua ocupayao por esta trlbo palestina (Josue 1.5 : 36; Juizes 19: 10, 11 ; 1 Cronicas 11 : 4), tanto antes como depois da Conquista. 0 seu rei foi morlo por Josue (Josue 20 : 23-26), o seu t erritO. rio dado a tribo de Benjamim (Josue 18 : 28); n1ais tarde a sua cidade foj tomada pelos homens de J uda (Josue 15 : 8 ; J wzes 1 ; 8). Todavia, ou OS jebuseus jamais perderam a for1laleza , ou reto­~mUam a cidade no todo ou em parte, visto que ainda possulam a fortaleza de Siao, sendo dela expulsos no com ego do reinado de Davi (11 Samuel 5: 6. 1 ). Salomao sujeitou os jebuseus.rema· nescentes a scrvi!(O escravo (L R eis 9: 20).

Nas Canas de Amarnn, Jerusalem e suas redondezas sao rnencionadas p,elo seu rei Abdi-Hiba, como "a tena da cida.de de Ursalim". ~ Mercer diz : "Est e cum idiom-a hjtita, e como tal, ind ica uma origem hiti.ta para o povo de Jerusalem ... " 9 Albri&ht pressupoe a eviden­cia das Placas de Amarna pru:a chegar a conclusao de que OS jebu~eu~ procediom de Anat6Lia {Asia Menor).

A Amorita, logo depois da hitita, era a ra~a ma.is poderosa da Palestina, domi­nando a regiiio montanhosa de Juda , onde tinha cinco reis {Jo~1.16 10: 5) e uma grande possessao na matgcm o.rlental do Jordao (Deuteronomio 3: 8; Julzes 11 : 22). Devido a sua impiedade, foram destinados a destruiyio , mas um forte remancsoonte pormaneceu na terra depois da Con· quista (Juizes 1: 35 ; 3: S; I San1ucl 7: 14), tendo sido, como todos osoutros habitantes primiti:· vos, fettos escravos por Salomao (1 Reis 9 : 20, 21 ).

A palavra "amorita" e babllonjca, e significa "()Cidentaln. Era usada para a S!ria­-Palestina, tendo o sentido de "alienigeno" ( do ponto de vista ba.biJooico). Este nome chegou a set aplicado a esses povos da mesma forma como "welsh" e hoje em dia, aplicada aos habitantes do "Pais de Gales, embora ''welsh ", em anglo-saxao e em i.ngles antigo, significasse sirnplesmente "estrangeiro". 0 idfoma dos amorreos en urn cruzamento entre hebraico e aramaico. Rapalmente, o povo era um misto de elementos semitas noroestinos, combinadas com elementos buritas (Hurria:).

Os Girgaseus, como tribo de Canaa (Genesis 15: 21; Deuteronomio 7: l ; Josoe 3: 10; 24: ll ; Neemias 9: 8), permanecem arqueologicamente obscuros, be:m como Heveu {Genesis 10: 17; Exodo 3: 17 ; Josue 9~ 1 , e.tc.), em bora em varios casos (p. ex. Genesis 34: 2 ~ :Josue 9: 7) o u ltimo nome seja citado como "horita" naSeptuaginta,eoseruditos se i,nclinem a aceitaresta g.rafla. Os horitas roram redescobertos pela arqueo1ogia durante as ultimas tres decadas, da mesma forma como os hititas o forarn durante os ultimos setenta e cinco anos, e chegaram a ser conside­rados UIJl ·dos povos mais 'importll{ltes da Asia Ocidental durante urn perfodo de mais de urn mile-

-47-

Page 26: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

nlo e meio, e como tendo descmpcnhado papel decisivo como intermediarios de cultura entre os babllonicos ao teste e os hititas e cananitas a oeste.

0 Arqueu c rcpresentado pelo atual Tel Area, a cerca de 125 quilometros ao nor­te de Sidom, aos pes do Libano. A Arcantu. mencionada por Tutm6sis Ill (seculo XV A. C.) pode ser o mesmo Iugar. £ chamada 1rcata nas Cartas de Amama, e foi capturada por Tiglate·Pile­ser Ill, da Assiria, em 738 A. C.

0 Sineu e tambem elucidado pelos monumentos. Sin, ao norte da Fenicia (a asslria Sianu), e mencionada por Tiglatc-Pileser Ill como uma cidade do Utoral. 0 Arvadeu designa os habitantes de Arvade, a cerca de quarenta quilometros ao norte de Area, cidade situ ada no ponto mais extremo ao norte. dentrc todas as cidades fen(cias. Ocoue como Arvada nas Cartas de Ama.r­na. e tam bern mencionada frcqilentemente nos anais dos reis assfrios. 0 Semareu sc ref ere ao povo da cidade fortlficada de Simura (simuros), a dez quilomctros ao sui de Arvade, Iugar tambcm mencionado mui frequentemente na conespondeocia de Amarna, como nome de Sumur.

0 Hamateu representa os habitantes da cidade-estado de Hamate sobre o Oron­tes. ou Epifaneia do Perlodo Grego , a atua! Hama, mene:ionada amiude no Velhb Testamento c nos monumentos egfpcios e assfrios. A escavayao da cidadc feita poe Harold lngholt e por uma el(­pediyao dinamarquesa (1932--1939) trouxe a luz uma historia que apresenta imensa gama de va­ria((oes, e revclou particu larmente 0 carater hitita primitivo do local. demonstrado pcla dcscobcr­ta de grande numero de inscri((Ocs hit itas.

-48-

Capftulo VIII

OS SEMITAS E OS CONSTRUTORES DE BABEL

Os povos semitas ocuparam Iugar tao distinto no sudoeste da Asia, e desempenha­mm pepel tao proemlnente na historia da redenyao, que gozarn de atenyao especial no Rol das NnQ<)es. Ocupando o territ6rio geral ao sui da Cordillieita do Taurus. o pais da Armenia e a regiiio 11 oeste do moderno lra, constituem urn grupo tingi.i{stico defutido e, ate certo ponto, uma unidade uidal. (Veja quadro nO 6)

Ao teste, os semitas falavam o acldio (babilonio e assJrio); ao norte, aramaico ,. ~lriaco; no noroeste, fenicio. ugarltico, hebraico e moabita: ao sui, anibico. mineano, sabcano e etl6pico.

1. AS NA(,;6ES SEMIT AS

A import5ncia especial dos filhos de Sem na hlst6rla da reden¢o, e revclada Jlliln dupla introdu<(lio a sec9fio do Rol das Na¢cs que trata da sua genealogia, c pelo tom cmctc­rhticamente solene e enfatico da tinguagcm usada nessa passagem (Genesis 10 : 21, 22). Curiosa· mente, esta parte do rol politico-geogcifico aprescnu mais nomes arqucologicamente obscuros do que as outras duas.

Scm e mencionado como "pai de todos os ftl.hos de tber" (v.21). Esta expressao lrlclui, sem duvida, todas as tribos aclbicas (w. 25-30), bern como os descendentes de Abraio, I~LO e, israclitas "(lJ: 16-26), ismaelitas, mldianitas (25: 2) e edomitas. I! evidente, contudo, que 11 cscritor ooloca a sua propria nayiio no foco de interesse, como sendo a linhagem do Redentor l' tometido . l!ber, ancestral dos hebrcus, significa "do outro lado, atravessando'', c geralmente e ~xpllcado como designando os que haviam vindo "do outro lado do Rio" (Eufrates), isto c, de Har.i (Josue 24: 2, 3) . A conexao, se cxistir. dos hebrcus com os Hablru ('Apiru), que desempenham ~'IHioso papel em documentos cunciformes dos seculos XIX e XVlll A. C., bern como em docu­I!ICntos ouzianos, hititas e de A marna dos seculos XV e XIV A. C., ainda permanece oQscura.

1. Os Descendentes de Sem. Elao e Susiana, a terra, eo povo a leste da Babiloni.a, t.l11 qual a capital era Susa (em hebraico, Susa: Neemias 1: 1; E~ter 2: 8; 3: 15, etc.), que tern ~lc.Io escavada, e cujos pri.meiros nlveis ocupacio11ais remontam a cerca de 4.000 A. C. Era ainda umn grande cidade no seculo XU A. D. Foicxploradapor uma expediyao franccsa em 1884-1886 . .\II Jacques de Morgan descobriu o C6digo de Hamlll"llbi. em 1901.

Os elamitas cram racialmente distlntos dos semitas, mas em tempos mui remotos, l<llfo fora povoada por ra~ scmita; porem, elamitas posteri.ores. ruio-semitas. exerceram dominio .obre o pafs.

Assure a grande na((io dos assirios. Eles cram semitas. e a sua linguagem pertcnce •o ramo oriental da mesma fan:u'lia semit.a a quaJ pertencem 0 hebraico. 0 arumaico. 0 ug<u{tico r o fenlcio, a oeste, co ar.ibico e o etiope, ao suL Assur e N(nive foram fundadas por camitas !Genesis 10: 11 ), porem os semitas, que se haviam estabelecido anteriormente no Vale do Tigrt>

- 49-

Page 27: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

-Eufrate , conq uistaram, finalmcntc, o pais todo.

Arfaxade continua arqucologicam cnte um enigma, Por multo tempo fo l idcnHfi­cado com a regiiio montanhosa e o povo do Rio Zab superior, ao norte c noroeste de Nlnive, chamada pelos ge6grafos gregos, Arrapachltis.

l.ude. acredita-se designar os lidio , ocupando entret:lnto, territ6rio maior do qui! a Udia da A~ia Menor. A conexao semlta parcce cert.a pOI uma dmastia de prlncipes acadios de Assur, que foram elevado.s no poder dcpois da queda de Ur (c. 2000 A. C.) e fun_da.ram colo­nias na regiao ocidental da Asia Menor. Dos decendentc~ desses colo nlzndores, provu~ro.m ns Ta­buas Capad6cias (c. 1920-1870 A. C.). que consistem de varios milharc .~c docu~entos e cart_as comerciai, cscrito em ass{rio antigo, fazendo pane do arqu1vo· mercant1s dn colonia comerc~al ass{ ria de C3n!s (a moderna KuJ-tepe), a Jcstc da Asia Menor. De acordo com Her6doto (l : 7), o primeiro rei desses colo nos fOI urn filho de Ninus. neto de Bclus, jsto e. descendente dos assirios.

Aro- e o nome do grande povo arameu que se espalhou grandemonte na Suia e nn Mesopotfunia. 0 pape1 irnportante que de empenha no Vclho Testamento e ilustrado muito bem lJelos monumcnto ·. Abraao im.igrou para a PaJestina, vindo da regiiio circ~o~izUW: a Ha.r:i, na " Ara dos dois Rios" na regiao do Rio Habur, na pane nordeste da Mcsopotamlll. Ara-Damas­co se tornou poderosa ;edc do poderio aramcu, e temido inimlgo de l srael dcsde cerca de 900 ate 750 A. C. Estados amarcus como Zoba, Maaca, Gesur e Bete-Reobe foratn conqull.tados por Oav,i.

A lingua arn.maica fmalmcntc se tornou a Uoguagcm internacional de comer­doe diplomacia (ll Reis 18: 26). 0 Imperio Persico empreg:ava o aramalco como "lingua franca" na admim~t.ra~ao dos seus tcrritorlos semitas, dcsdc o Oriente ate o Egito. Os documentos ofJ­clais traoscritos no livro de E dras apa.rcoem em aramaioo, e o hebralco rapldamente dcu Iugar ao aramaioo, depots do iermino do poriodo canonico da5 Esc.ritu.ras do Velho Testamento.

2. Os Dtscendentes de Ara-. Uz e uma terra c seu povo, localizados algures no d e­scrto da Slria, entre as lat itudes de Damasco ao no rte. c Edom ao sui. A terrae meUlor Jembrada como o lar de J6 (1: 1 ), que sofrcu ataques do~o caldeus c uos sabeus (J : 1 5-17). Nos di.as de J ere­mias, os edomitas habicavrun all (Lamcnta¢es 4: 2 l ).

Nul c Geter siio desconhl!cido . Mds e ob~curo, mas evidentemente se refere a alguma pane do grande dc~erlo siro-arabico, VISIO que f/101 Moslt (pais de Mas) e usado nesse <~Cntido nos reg1str0s assirios.

3. Os Descenderrtes de A rfaxade. Sala e mcncionado como filho de Arfaxade, que gcrou a ~ber. progenitor do hcb:r:ous atravcs de seu filho Pelegue, e de treze tribos a rabicas :t lrcivcs de JocUi (A rabia).

4. Os Descendenres de Jocta. Almodd e Solefe sao inccrtos. Quase todos OS

nomes dos decendentes tr ibais de Joctff sao arcaicos. nao tendo sido encontrado por isso, nas inscri~oes do primeiro milonlo no su.l da Arabia. "Sobretudo". diz Albright. " vanos dos nomes pertencem a tipos conhecidos como nomos pessoais somonte no come~o do segundo milenio, em bora possam ter continuado como nomes tribais por muitos seculos depois d isso ". 1

Hazarmav~ ocorrc nas inscric;oes sabeias, e atualmentc e conhecido como Ra· d ramaut, distrito do sui da Arabia, urn tanto a leste de Aden. Estrabo mcnciona como uma das quatro principo.is tribos do su i da Anibia. Jero, Adorao c Die/a nao puderam ser identiflcados. Obal e incerto, eAbimael e de genu.IJto tipo sabeu, mas alem disso nada se sa be dele.

Sabti e mencionado freqilentemente no Vclho Testamento como urn povo dis­ta nto de grande prosperidade, mercadejando com ouro, incenso, pedras preciosas e perfumes (l Reis 10: J , 2, 10; Jeremias 6 : 20; Ezequicl 27: 22 ; lsa(as 60:6;Salmo 72: IO). lnscri9oes sabeias q ue foram descobertas, mostram que esse povo habitava o sudoeste da Arabia, e.ra muito civiliza­do e estava bern estabelecido com capital em Mariaba (Saba) a ccrca de trezentos qullomctros ao none da modcma Aden.

- 50-

orv ~ fnmo~ no Vclho 1 esuunonto, como rog!io prudutor3 de ouro (J6 22:24; ) .olmo 45 : 9 : hnin~ 13: 12) e como Iugar dlstunte aonde o Rei Salom:ro e 1-Jir:To de Tiro enviaram 1h ~cu~ nuvlos COf\1>tt\J {dos em Ezlom..Ccbcr (I Rejs 9 : 28) para buscar madeira de siindaJo, ouro, !H.llll , nwrflm e ou lras espcciaria.s. Todovia, a looaliza~o de Ofit e inc:erta. E. feita no (ndia ou na ''"tu nl ncunu .

Havild e sem duvida diferente dado vers(cuJo 7. Seas duns sao a mcsma. entao '" \.Urnt l:h ,c huvinm apossndo desse pa[s antes dosjoctanitas semitas.

II. OS CONSTRUTORES l:>E BABEL

Sea breve narrativa da humarudade p6s-diluviana (Genesis 9: 18 - 10: 32) tivcsse que scr suf1cicn temente completa para precncher o seu prop6sito ro hist6ria da reden~o humana, h•1ut que mcncionar todos os fatores mais imponantcs que ajudam a expUcar o presentc estado "" lf)UOdQ. A origem e d istribui,ao das varias na<;Qes da antiguidade tendo sido esbo9ada e prefa. , l.l<lo. com uma rapida visao profetica da~ rcla~oes gerais dcsses povos com o prop6sito divino da mlcn<,-"30, uma considera~ao necessaria ainda permanecc: Como e por que se originaram as muitas hl lftUO.S c d ialctos que se cncontram no mundo? Quando esse item de comprova~o es encial for , tl!lStderado, o au tor do Genesis ficara livre para abandonar a hjst6ria gcral d a humanidade, a '1\1•11, para o scu prop6sito e. sem duvida , apenas incidental, esc concentrar na Hnhagem da promes­~ , il!~olo.:ntora em Sem.

I. A Co11[uslio de Unguas. E evidente que era da intensao do autor, em todo o lnupo. tratar dcsse assunto, como e ev1deote em Genesis 10: 25 onde, em conexao com Pelegue. rtU10 de ~ber, e dito que "em seus di.as se rcparuu a terra". Esta divisio da tena em diferentes c vutios id io mas e dialetos e contada de novo no capitulo 11, e cronologicamente dcve ser colocada IWIU~ da distTibuiQao das nayoes. A razao pela qual e colocada depois deste acontecimcnto e que a ,un inservao antes do Ro l das Na~oes tcrin obscurccido a apresenta~o daquele Rol (Genesis 'I L8-27) e a sua inser~o no proprio Rol teria desfigurndo a sua simetria.

Se todos OS habitantes do mundo p6s-<llluviano sao descendentes de Noe, devem 11·r. ncccssariamente, possuldo uma s6 e a mesma linguagem. 0 e~critor do Genesis estabeleco 1l0tamcnt e estc fato. "Ora, em toda a terra havia apenas uma Jinguagem e uma s6 maneira de fa­litr" (Genesis 11: I). A familia de Noe e seus descendentcs sao, aJcm d lsso, apresentados movendo-

• nomadcmente em dircfi[o ao ocidentc. ate que "deram com uma plan{cie nn terra de Sinear: ,. hubitar.lm a li" (Genesis 11 : 2). Visto que ''do oriente" inclui o sudeste, c que a planlcie aluvial 1lu llabilo nia (Sinear) fica a sudeste ''das montanhas de Ararate" (Genesis 8: 4) na Armenia era 1\ul~ral que aqucles bcdu(nos se estabelecessem nas " ricas planioles", famosas na antlguidade reln sun extrema fertilidade, ' 'que se prestavam admiravelmente para a irriga~o".2

Depois de mais de urn scculo , talvez, depois do seu estabelecimento na Babi-11 oia. que deve ter ocorrldo antes de 4.000 A. C., a ra~ humana sc havia multiplicado suficien­ll'II1Cntc c desenvo1vido industrias e artes num grnu tao elevado que aventou-se a possibllidade de , nn!itruir uma cidade, e cspecialmentc uma tone cujo topo alcanyarta "ate aos ceus" (Gene&iS I I : 4). A Crase " uma torre cujo topo chegue ate aos ceus" nao e uma simples hiperbole, mas uma l''<prcssao do orgulho e da rebeliao manifestados pelos constru tores de Babel. Tanto os reis babilo­ntcos como os ass£rios se orgulhavam muito da altura de seus templos e se jactavam de terem feito II SCUS tOpOS tao altos COmO OS OOUS.

0 desafio t\ autoridade divina aparcce mio 3!)eJ13.~ na to la imaginO~O dos CQOS·

lntLores de Babel de que OS ceus poderiam ser alcanyndos de urn salta (cf. Isaias 14: 12-14), a n11:nos com um esforyo audacioso, mas e tarnoom patente no desejo de se auto-glorificarem, e no '"" esforc;o de conseguirem uma unldade humana para tomarem o Iugar da uniao que haviam JII'Id ido ao abandonar 0 tern or de Deus ...... E tOIJlemos celebre 0 nosso nome, pua que nao se­Jamos espalhados por toda a terra" (Genesis 11: 4). Desejavam tomar-se farnosos pelas suas pr6-JU IM obras. Nenhum esfor~o seria poupado. Se nao havia pedras disponfveis, eles fariam tijolos

t.lo ,,arro. A cidarte e sua famosa torre deveriam fotmar o centro ao seu cmpreena1111ento auto-gJo­rlhcador. o ponto ae concentrayio de uma confederacao ateia aue conservaria a humamdade

- 51-

Page 28: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

reunida. 0 mandamento divino havia sido para que se espalhassem ; "Sede fecundos, mullipllcaf. -vos e enchei a terra" (Genesis 9 ; 1). A sua resolu<;ao humana fora concentrarem·sc e forwlecercm· -se, em oposir;;ao ao programa de Deus.

Tal rebeliao contra a autoridade divina. e a pretent?o de poder imperinl, que per­tence s6 a Deus, e o espfrito de .idolatria. Es~e elemento, abundantemente ilustrado na titerc~.tura cuneifonne grosseiramente politeista dos antigos habitantes pre-scmitas da Babilonia inferior, os sumerios e seus succssores semitas, iniclou-se com o.s construtore.s de Babel (Josue 24: 2). e se tor­nou desde eotao um fator essencial, nao apell;lls da Babilonia hist6rica, mas tambem daquela que tern a hist6ria como tipo - a Babilonia politica e rel.igiosa como sistema mallgno. apresentada tao abundantemente por toda a Escritura (cf. Apocalipse 17-18).

Tal apostasia do homem, logo depois do diluvio, requeria ju{gamento divino. Este tomou a forma de algo que frustou os pianos dos construtores de Babel, e ocasionou a .sua disseminat;iio pela face da terra - a confusio da sua linguagem. Visto que este foi urn ato dJvioo, e que O.S detalhes de como foi realizado nao sao fornecidos, e futiJ especular. Parece razoavel concluir-se, .no entanto. que os semitas, jafctitas e camitas que, da mesma forma que as tribos de Israel no deserto , devem ter preservado a sua jdentidade, sendo dado a cada grupo ra.cial uma nova e distinta lfngua ou linguas, ou cntao cada grupo ficou em completa confusao, espalhando­·Se imediatamcnte, e comec;ou o laborioso processo de desenvolver a sua propria linguagem com as suas varia~es dialeticas.

f: pelo menos injus<tifioavel concluir com.S. R. Driver que a narrativa b1bllca

pode conrer urn relato da origem das diferentes linguagens que ruio e cieruJfico ou histo­ritamente verdadeiro . .. pois a ntrrrativa. embora explique ostensivamente a diversida· de cle linguagens nao apresenta explicayao para a. diversidade de ra9as. A tem disso, a di· versidade de finguagem . . . depende da diversidad.e de ra~}

0 capitulo LO, que trata da diversi.dade de ra~s. nao pode ser separ.tdo do capi­tulo 11. Os acontecirnentos do capitulo 11: 1-9 sio rouito mais remotos do que os crfticos geral­mente sup()em; e remontam a mais antiga civiliza¢o o6made e sedentaria da BabUonla, muito antes de 250l A. C. (8eptuaginta 3066 A. C.) , que Ddver alega ser a data bCblica do Dilllvio, protestando correntemente que o sumeria pro-semita, o babilonico e o eg{pcio sao tres id iomas dife· rentes que antecedem a esse perlodo.

Contudo, a Bfblia hebraica localiza o Diluvio em 2501 A. C. ou epoca aproxi­mada? 86 se as genealogias de Genesis 5 e 11 sao usadas injustificadamente para os propositos cronoJ6gicos. Estas genealogias sao obviamente abrcviadas .• e nao podem ser usadas para calcular. seja a idade da r~a humana, seja a data do Diluvio . 0 Diluvio certamente aconteceu rouito antes de 4.000 A. C., e a cena antiga pintada em Genesis 11 : 1-9, scm duvida pertence a um periodo nao roaior do que urn seculo e meio depois daquclc evento que submergiu 0 mundo .

Pode-se adiantar que a narrativa b t"bllca da origem dos idiomas. na confusao das linguas em Babel, permanece absolutamente sem paralclos na literatura cuneiforme antiga. Supos1os paralelos sao todos muito posteriores, depois do termino do perlodo do Vell10 Testa­mento, e .POt isso, sem valor. No entanto, ... visto que BabllO"nia era, provavclmertte, uma das cidades mats poliglotas do mundo. na maior parte dos per{odos da sua historia , a Localiza~ao da confusao das Lfnguas ali e bem fundamentada ... 4 lncidentalmente, e isto e importante do ponto de vista arqueologico, Genesis 1 1 localiza corretamentc o ber~o da oiviliza~ao na Mesopo­tamia, em vez de faze-to em qu.atquer ovtro do.s primitivos centros conheddos de cultura , (Omo o Egito.

2. A Torre de Babel. A estrutura que os construtores de Babel tentaram erigir, e qu.e se tornou o s{mbolo da su~~.c desobediencia e orgulho que desatw.vam a Deus. e btilhantemen­te llust:tada pelos edif(cios mesopotamicos, particular.mente as torres-templos sagrudos chamados zigurutes. A palavra ass1ria-babilonia ziqquaratu designa urn "piruiculo" ou "tope de montanha"; os zigurates eram 11gigantesoas montanhas urtificiais de tijolos cozidos ao sol" 5 0 .zigurate mais antigo ja deseoberto e o situado na antiga Uruque, cham ada Ereque na Btblia (Genesis I 0 : lOl.

-52-

l111lo uhumndo WIU'Iro t que duw dn ultima purtc do ~oulo IV A. C.

Por6m, iS preci so que scja notado cuidadosamente que, no relato btbllco. nuda tttt ii Llll qui! .a torre descdta em Genesis 1 I :4 fosse uma torre·1emplo. Ela nao e cham ada urn Zlqqu­' " '"· mus stmplesmente uma "torre .. (migdalj.

Al~m disso, tudo parece indicar que esta e a primeiTa torre que jti se teniou erlgir. Pode parecer, entao, que todas essas torres poster/ores. a despeito do julgamento divino promm­ciodo sabre a primeira, sao imitaf5es da primeira, em um sentido; contudo, ao mesmo tempo elas parecem constituir umo tenrativa de eximir-se de qualquer possibilidade de punifao d!vina, consagratuio-as a divindade guardia da cidade. 6

Ern Ur, terra natal de Abraao, essa divindade era Nanar, de1.1s lua, e o seu mais Important~ san~uario era locallzado na mais alta elevayao. Em Borsippa (Birs-N1rruud), a cerca '' "' dczcsse1S qu11ometros a sudoeste da Babilonia, a divindadc era Nebo. deus do conJ1ecimento " do literatura.

Como toue, e mais tarde como torre·templo, o zigurate se espalhou pela Babi­lftnlu. e se tornou apresenta~o caracter{stica de arquitetura eclesiastica na Mesopotamia, de tal rvrma que OS lugares,t ; mais de duas duzias,dessas estruturas, sao conhecidos hoje. De cores v.,rlegadas, e construldos com virios pavimentos, em forma de degraus. o mais elevado zigurute f'{l ksuia sete andarcs. A forma mais comum era de tres andares.

Nilo eram codos os templos que tinham uma dessas to"es, zigurates ou piruiculos, CPmo eram conhecidas, mas havia um numero suficitmte para colocd-los em grande eviden­cio por toda a plan(cie bab·ilonica, e as suas rut'nas ainda pemumecem, algumas vezes visfveis a dist4ncio de um dio de ;ornada, geralmenre com o aspeeto de grandes masfi1ls de tijolos na-o queimodos. 7

0 zigurute de Uruque era uma enorme massa de barro, muito bern socada e refor­~nda , exteriormente, com camadas de tijolo e asfalto. Estruturas semelhantes em Ur: Babilonia Uorsipa e outras localidades r:nesopotamicas, alicer~am as palavras dos antigos co.nslrutores de Ba~ b11l, be01 como enfatizam o contraste entre os metodos de construyao familiarcs aos i:;raelitas nn plato rochoso ao centro da Palest ina, c os usados na plan (cie aluvial da Babilonia, que mio tinh; fl~dras:

Vinde, faftJmos tijolos. e queimemo-los bem. Os tijolos serviram-1/Jes de pedras eo be· tume, de argamasSil.. Disseram: Vinde, edifiquemos para rzos uma cidade e u:na torre cujo ropo chegue ate os ceus, e tornemos celebres o nosso nome, para qu~ nao sejamos espallzados por todfl a terra (Genesis 1 J: 3, 4).

Era, como ja foi ob'servado , em (mpia oposigiio a or:dem dlvina de "encher a ter­tii' ' , q.ue os de~itad~res edificadores de Babel decidiram estabelece_r-se na fertil pJani'cie aluvial tilt bacta do baiXo. T1g1e-E~tes, e construir uma civilizayao auto~lorificadora, permitindo-se l.'t1niorto e prospendade. 81! Leonard Woolley, todavia, interpret a a atitude deles ·como sendo 1lt: "piedade". que, insiste ele, "e mal representada co.mo amea~a contra os deuses - mas a falsa flltlfesenta~o", completa ele, ''e eloqUente, pois repousa n.a rna compreensao do significado do nome do zigurate babilonio: "elo entre a terra 0 0 ceu".8

Porern, a naaativa do Genesis nao representa falsamente a atitude dos edificado­r ~:r~ da torrc, nem d.emonstra rna compr:eensao do nome da torte, pela simples razao de que a torrc tuprcsentada nao era um desenvolvirnento ulterior - uma torre-templo ou "Iugar alto" chamado ''11 co tina do ceu" ou "a montanJUI de Deus", em cujo Ultimo pavimento eram adorado~ o santwi­tlu e a imagem da divindad~ padroei.ra da cidade. Pelo contrado , como e indicado, ela foi a pri­n\clt'c~ torre que se tentou ediftcar e, como tal, o s{mbolo da revolta do homem contra Deus e Sua tlutcrminacao de promover e g]orificar somcnte a si mesmo. 0 uso politelsta de torres. mais tarde, indubitavelmente copiadas dela, foi o resultado da mais completa apostasia eo produto daquele llfJ Uiho e rebeliao contra Deus, que eram tao manifestos no esp£rito que motivou a torre meso­j)Qtiim:ica original.

-53-

Page 29: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Capitulo IX

AB RAAO E SUA EPOCA

A Ogura de Abraiio emerge do antigo mundo mesopotimico de sua epoca com brilho tao notavel, e dcscmpenha um pape1 de tanta. importancia na ltist6ria da redcn~ao, que nem mesmo Moises lhe faz sombra, e robora tenha sido o grande emancipador e legislador de Israel. Alraves do Velho Testamento , o nome de Abrtlao e aprcseotado para fdcntificar urn homem de fe (cf. Romanos 4: l -25). Scni que a Blblia deix.ou a epoca em quo Abraio vivcu sem q ue possa ser cro nologicamente identificada, ou seni que ele pode ser colocado precisnmente no ambicnte hist6rico geral em que viveu ?

1. ABRAAO NO CONTEXTO DA HIST6RIA CONTEMPORANE.A

A despeito da descoberta de num~rosas pe~as de material inscrito, que etucida fato.s a respeito da cpoca patri:ucal, ate agora nffo apareceu uma evidencia decisiva que estabe.­l~a um elo preciso da vida dos patriarcas com a hist6ria extra-b(blica. Con seq iientemente, crl­ticos qut> nao levam a serio os algarismos que sublinhrun a cronologia b{blica, consideram as datas do per1odo patriarcal como sendo extremamente flexiveis, e localizam a emigra~o de Abraao de Or por volta de 1900 ou 1750 A. C., eo proprio perfodo patriarcal, provavclmente entre l7SO e 1500 A. C. Por outro lado, a cronologia biblica, que a arqueolog:ia nffo pode provar ser coneta ou incoueta, pcrmite que a localiza~ao croool6gica da epoca patriarcal po sa ser fLxada razoavel­mente dentro de limites exatos.

I . A Epoca Bfblica do Emigrarao de Abroao de Ur. De acordo com notas cro nol6-gicas esparsas, dadas cspecialmcnte nos livros de Genesis e Exodo, Abraao deixou a Mesopotamia (Hara}. em caminho para a Palest ina. 645 ano antes que os israelitas dcixassem o Egito. Esse cat· culo e composto do pcr{odo patriarcal em si, constitu(do de 1 15 anos, mais a jornada no Egito, que durou 430 a nos. (Veja quadro n° 7)

0 pcr(odo de 2 15 ancs como o da dun<;ao do perlodo patriarcal na Palestina, e a conclusao do computo dos scguintes dados- bt'blicos: d e acol'do com Genesis 12: 4, Abraao tinha sctenta e cinco a nos quando dcixou Ham. e de acordo com Genesis 2l : 5 , " tinha A braio cern anos, quando lhe nasoeu lsaque, seu filho ". Vi.sto que l saque era "de sesscnta a nos'' quando Jac6 nasceu . (Genesis 25: 26) c J ac6 tinha "cento e trinta anos" quando se aprcsentou diantc do Fara6 do Egito (Genesis 47: 9), o total pode ser computado omando-se 25 anos de Abraiio, 60 anos de lsnque e IJO anos de Jac6, dando 215 anos como a dura~o do perlodo que vai desde a chegada de Abraao a Cana[ ate a safda de Jac6.

De acordo com l!xodo L 2: 40, 41, o per(odo integral das jornadas de Israel no Egito foi de 4 30 a nos.

Ora o tempo que os filhos de Israel hJJbitaram no Egito foi de quatrocentos e trinta anos. A conreceu que, ao cabo de qwurocentos e trinta anos, nerse mesmo dill, todas as hostes do Senhor safram do te"a do Egilo.

Cootudo, a versao Septuaginta de Exodo 12: 40 da apenas 215 anos para a jor· na.da cgipcia: "Ora o tempo que os fill1os de Israel habitaram no Egito e na terra de Canai foi de

- 54-

•jhult(J('cnlOli c trtnw a not.". Mil!> 0 ruxto Ma~so(6t ICO c q__uc e dig no tlc connan~. I} nno II trn .ll~iln Scptua.glnru, como 6 claro du llnguug~m cnfatlt:.a de Bxodo 12: 41, cos numoro~ rodondos 11 '' pt·r{udo om que a oprcs~lio realmf!llte com(!((OU) de 400 a noS-, dados em Genesis 15 : t 3 c A tos I t.

Se, assim, accitarmos os algansmos blbUcos da maueira como nos sao apresen­hlllm, os patriarca~ passaram 2 15 ano:. em Canas. e os israclitas 430 anos no Egito. Portanto, Al1JtuTo cntrou em Canna 645 anos antes do exodo. Ah~m d isso, aceitando o sincronismo de I ltN~ 6: L que Localiza o exodo 480 anos antes do quarto ano do reino de Salomao (c. 961 A. C.), ~ IIIIIU tlo exodo e 1441 A. c. Somando-sc 645 a 144 l , a data de 2086 A. C. marca a entrada de \1•111 o em Canai, e 2161 A. C. a data do eu nascimento, vi.sto que cle tinha setenta e cinco '''" quando deixou Ham em dire~o a Canaa (Genesis 12 : 4 ). 0 periodo patriarcal, portanto,

tt r11tenderia de 2086 A. C. ate 1871 A. C., e a percgrina¢o no Egito , de 187 J a 144 1 A. C.

A cronologia bCblica, assim, coloca Abraao, em relacao as suas antigas cooexoes nn•,upotamicas, na epoca do novo imperio sumerio-acadio de Ur-Namu, fuodador dn famosa ter­" lru dinastia de Ur ( C. 2135-2025 A. C.). que assumiu o novo titulo de •<Rei de Sumer e Acade", • t>lljtt obra mais portentosa foi a edifica~:Uo do grande zigurate de Ur , que e, felizmente, o monu­tn uto mais betn conservado dentre todos os desse tipo, e por isso mais apropriado para apresen­'"' uma imprcssao do caclter de1cs. Dessa forma , o patriarca hebreu deve ter emigrado da fantosa

lll11tlc quiUldo eta estava come9ando a entrar no apogeu do seu poder e prestigio, sob o govcrno till uma forte dinaslia, que dirigiu·a por mals de um seculo. De.ve, sobretudo, ter trocado Haru lltl' Canaa, quando a sua cidadc natal havia alcan9ndo o auge da sua influencia na Mesopotamia do •Ill, A 6poca patriarcal na l)alestina deve tcr sido contemporanea, por outro lado. dl.) numerosos ••hulos elamitas e amontas da Mesopotamia, com os prfncipes elamitas em lsim e Larsa, cos amo-1111111 em Esmwa, os quais, entre 2 l00 e 1800 A. C. tomuam posse da heran9a da Terceira Dinas· I IIi d~: Ur. depois do scu colapso, c cmpreendetam a d•·strui~o da cidade capital. Ur.

Quanto ao Egito, o per(odo patriarcal na Palestina foi coevo do rortc Reino Mklio do Egito, sob a d uodecima dinastia (2000-1780 A. C.). Jose tomou-se primeiro ministro t• tUtLdos poderosos Fara6s dessa dinastia, diant c de quem Jac6 se aprescntou (Amenemai I

IV ou senuosret I • !II). Alem disso, Israel esteve no Egito diirante o periodo dos Hicsos, o u dt lomion~o estrangeira ( 1 nW-1546 A.C.), foi oprimido pelo grande T utm6sis III ( 1482·1450 A. C.'

du Novo Reino (decima~itava dinastia) e deixou o pais sob o goveroo de Amcnotcpc ll (1450~ 14 25 A. C.).

2. Ur No EpoCti Abraamica. 0 Vclho Testamento c bem claro ao dJZcr que o I•• de Abra.ii'o era, originalmentc. na Mesopotamia inferio r, especificamente na cidade de Ur , e •111 1!1 ele subscqucntcmcntc emigrou para Hara. na Mesopotamia Superior. a caminho de Canan (f .~nesi.s 11 : 28-31; 12: 1-4; 15 : 7; Neemias 9: 7). E singular que a cidade natal de Abraao seja m~ncionada no Velho Testamento, nao somcnte como Ur (Genesis 11: 31, etc.) mas c~omo "Ur da~ Caldeus". A frase qualificadora "'dos caldcus'' nao e um anaCJ:onismo, como muitos crfttcos lnORJderam, mas da mcsma rorma como no caso de nume.rosos nomes a.rcakos de lugare • e urn co­numttfrio do escriba, para expUcar a uma gera~ao subscquente. quando ja Ur c a sua localiza~iio hq,vulm desa.parecido complctumcntc, que a ddade era localizada ap sul da Babilonia. Ali, dcpols ch1 1000 A. C., a ra~a dos ca ldeus se tornou dominante, e Cinalmcnte estabeleceu o Imperio Neo-ltubdonico ou Caldaico: era. scm duvkla, mui!o natural que o. cscriba hebraico definissse o nome

fqtrfltlgeiro que era, entao . incompreens(vel, porum t(tulo co~>tumeiro em scus dias.

Os anceslrais politeistas oricntais dos hebreus sao descritos em Josue 24 : 2 : '"An-11&111mcntc vossos pais, Tcril, pni de Abraao e de Naor, habitaram dalem do Eufratcs. e ~crviram a uutro~ deuses''. Esse ambicnte id61atra do qnal <;a{ram os patriarcas hcbreus, tern sldo brilhante· tmmlc ilumlnados pclas cscava~ocs de Ur. Ate 1854 esse lug:u era completamente desconhecido. 1fllilnto ii locatiza~o da an ttga cidadc de Or. 0.; :habcs chamaVaJn-no al Muqaiar ... outeiro de bctu­nw" . Naquele ano, J . E. Taylo r empreendeu algumas simples escavar;oes, que deram como re~ul­udu cilindros cuneiformes. os quais decl:uavam que Nabonldo de Babilonia (556-539 A. C.) ha­•IM rc~'taurado ali o ziguratc de Or-Namu . Escava~-Oes posteriores. feitas por H. R. Hall em 1918. c '""' cspecialmente pol G. L. WooUey (1922-1934), tomacam Ur um dos lugares antigo:; mats bern ,uuhecidos no sui da Babilonia , e revelararn que esta era uma das maiore~ e mais pr6speras cidades

- 55-

Page 30: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

daquela regiao, particuJarmente a epoca em que a cronologia biblica indica que Abraao dcla s:du em obediencia a ordem divina.

0 zigurate de Ur-Nnmu, pertencente a epocn de Abraao, foi erigido, prOvavelmcn­te, no topo de uma estrutura menor que pode ter sido tao antiga quanto o reinado de Mes-Ane-Pa· da, da Ptimeira Dinastia de Ur (c. 2800 - c.2.600 A. C.), porcm a sua parte superior fo i obra do Nabonido. A parte principal da grande montanha artificial, contudo , foi construlda por Ur-Namu. eo eu nome e seu titulo foram descobertos estampados nos tijolos. A torre era uma s6lida massa de lijolos, com 66 metros de comprimento, 50 de largura e cerca de 23 metros de altura. 0 rebo­co, cobrindo as paredes de hjolos crus, consistia de tijolos cozidos assentados com betumc, de qua· se tres metros de espessura.

Desta forma, o zigurete era um monte edificado como obra de alvenaria, urn " lugar alto'' ou col_ina artificial feita pelos homens, que antcriormente haviam adorado os seus deuses no cume das montanhas. Nao tendo encontrado nada semelhante ncsta mon6tona planicie de aJuviao, resolveram construi.r uma. Chamaram-na "o outeiro do ceu" ou "montanha de Deus". Plantaram lirvores e arbustos nos seus dcgraus. imitando as colinas reais da sua terra natal 0 desenho de toda a estrutura era uma obra prima; as linhas c. mu_ros haviarn sido constru{das em curvas caJculadas, de forma a dar a aparencia de leveza e robustez.

0 santmir lo de Nanar, deus lua, estava or iginalmente no ultimo pavimento , pols Ur era dedicada a cssa divindade. Numerosos outros deuses cram adorados na Babilonia, mas em Ur, Nanar era supremo. Out:ras dlvindades podiam tee os seus templos., mas em Ur um quarto da cidade era dedicndo a cle. Era chamado "o senhor Exelso' ', "Coroa do Ceu e da Terra", "Ma· ravilhoso Senhor que Bruha no ceu", c outros ep(tetos semelhantes.

Os muros da cidade formavam um oval imperfeito, compreendcndo uma area de cerca de quatro quiJometros de peri metro. Dentro dcssa area, na parte noroeste, havia urn outro rccinto cercado, consistindo de urn c.spn9o rctaogular de quase quatrocentos metros de compri· rncnto. e aproximadamcnte duzentos metros de largu.ra. Isro era o temenos, ou terra santa de! Nanar. Or,igjnalmente. era uma plataforma que se elevava acima do nivel geraJ da cidade. Contudo, esse nivel foi gradualmente igualado pehl elev:u;ao constante da zona resideocial, onde a dilapida· ~o e a reconst.ru¢o sobre os escombros antcriores e as rufnas, eram muito ma.is comuns do que nos limiles do cercado do templo, que era cuidadosamente guardado.

0 grande muro que rodeava o reciilto sagrado se levaotava bern acima de todu as constru~es vizinhas, e separava o teml'lnos como urn Iugar sagrado. A cidade intcira era mab ou menos semelhante a urn castelo medieval. 0 velho muro era scmelh.ante a muialha exterior do castelo, e o temenos, a muralhn interior. Dentro daquilo , no canto a noroeste, estava a guarda, ultima linha de defesa em tempos de dcsastre. Ali se levantava uma plataforma mais alta, rodeada por urn muro duplo ainda mais resistente, cujas cimaras murais cram depositos de armas de defe­sa, e cujo topo chato servia como posi~o de vantagem pam os defensores das (tltimas trincheiras. (Yeja quadro no 8)

Nanar nao era apenas o deus de Ur, mas tambem o seu rei. Assirn, era 16gioo que a sua casa fosse a ult ima fortaleza da cidade. Ela era realmonte, desenhada como uma forta­leza interior mas era, nao obstante. o templo do deus lua. Alem disso, a plataforma murada, ou tc· monos. et:a. a sacada do deus Lua, onde ficnva o z.igurate - o maior esplendo1 na cidade, e centro do seu culto. No seu ultimo andat estava o santuario de Nan:u, contcndo a estatua do deus, e o seu donnlt6rio. Abraao deve ter olliado muitas vezes para esse zigurate, da mesma forma. como, mais tarde, Jose admirou as grandes pirdmides do 'Egito.

Em frente ao zigurate, colocados entre as suas escadarias, havia tcmplos gemcos: as casas em que o deu s lua e a sua consorte, a deusa Nin-Gal, ficavam durante o dia, oode tambem eswvam os santuarios dos deuses menores que fonnavam o seu s6quito. Ao lado desses templos, estavam as cozinhas sagradas, onde a comida diana dos deuses era preparada, e oferecida em co­ncxao com a sua adora~o.

- 56-

bm rrcnte ao 1.tgurate, om nivcllnrcrlor, havia urn grande patco, aberto, rodoado 1~1r muilos cub(culo~. que era umo cspecle dt> mercado aonde o povo da cldade e da regmo circunvi­llnliu Lmzia us suas ofcrtas clpagavu as taxas ao deus lua, pois Nanar era o grande senhor feudal lit• scl.l povo. Delu oram ns faz.endas, as lojas e toda a riqueza. As ofertas e os pagamentos do povo l t lill'l fbitos em esp6oie, e eram registrados ern uibuas de barro mole, depositadas nos arquivos 1111 tcmplo.

0 zigurate e 0 pateo abeno abaixo dele, todavia, nao ocupavam toda a area do lt•mcnos. De urn lado do pateo se levantava urn outro templo cbamado ''Casa da Grande Abundiin· ~~· ··. Esse era o suposto harem do deus lua. Ali, em santuarios gemeos. urn dedicado a Nanar e 11 outro a sua esposa, urn ritua l secreto era observado , adequado com a intimidade de um harem. I m apartamentos adjacentes cram alojadas as sacerdotizas-prostitutas. A Casada Grande Abundan­du ficavn em frcntc a Via Sacra, largo caminl1o que atravessava o temenos do nordeste a sudeste.

0 templo sumeria era muito mais do que urn Iugar de adocayao. A area sagrada 1lt Ur, com su.as muitas alividades, era como urn monasterio da ldade Media. Em volta de urn ''lhficio chamado "Grande Casa das Tabuas" havia fabcicas. oficinas e escrit6dos. Em um reino IMccitioo, o deus lua era rei bem como deus. Ele precisava de servos civis bern como de sacerdotes. A maior parte da atividade no temenos era devotada aos negocios seculares do sacerd6cio c. scm lli•vida, a adoracao de Nanar em Ur. como a adoracao de cesar Augusto em Roma , era uma ~lcmonstra¢o de lealdade ao estado, em vez de sera expressao de uma neccss.idade de reUgiao. Mas 1 ,~0 nab din1inuia a sua importiincia. "Somos levados a pensar na Ur dos tempos de Abralio como tlomlnada por urn culto cuja essencia era a sua magniflcencia matedal, urn culto absolutamente lllscpanivel da cidade" 1

U. ABRAAO EM tlARA E EM CANAA

A despeito das notaveis descobertas feitas no curso das cscavacoes s.istemtiticas de l lr, cspecialmente clos tUmulos reais, nenhuma evidencia direta da residencia de Abiaao ali pOde wr encontrada. ~ verdade que nao era de se espcrar tal evidencia, vlsto que Ur era uma cidade 11\Uito grande, c que Tcni e seus filhos eram cidadaos insignificantes que emigraram de hi. Contudo. ~ bern diferente o caso na regiio de Hara, para onde o patriarca se dirigiu. Nessa regiio do noroes• ll' da Mesopotamia, ha ineludlvel evidencia da tonga permanencia dos hebreus, nas vizinhan~as do rlos Ballquc c Habur, dois tnoutarlos do Eufrntes a teste da sua grande curva, ao sul da antiga ('urqueJois.

l. Peregrina¢'o de Abraao em HarO. A cidade de Hara (Genesis 11 : 31; 12 :5) uinda existe nas ma:rgeos do rio Balique, a cern quilomctros do Tel Halafe. Nos secuJos XIX e XVUI A. C., era uma cidade floresccnte, segundo as freqOentes referoncias a ela feitas por fontes cunciformes. 0 nome aparece em documentos assirios como Harranu ("estrada"), provavelmente rorque all a estrada comercial de Damasco se l!"-ia ao caminho de N(nive a Carqoemis. £ curioso uuservar-se que, da mesma forma como Ur. terra nntaJ de Abraio, Bara tambem era sede de adora­\iO do deus lua, desde epocas mui rcmotas. Seja porque Tera tenha escoU1 ido Hara para se estabe· lccer devido ao fato de nao Ute ser preciso ali abandonar completamente a idolatria da sua mocida· 1lc. ou seja por razoes comerciai.s, ambas podem ser aeeitas.

A cidade de Naor, que era o lar de Rebeca (Genesis 24 : 10). oco.rre freqUente­lllcnte como Nacur, nas tabuas de Marl, descobertas em 1935, e pen encentes ao seculo XVI II A.C. Lc¥3ndo em conta as referencias de Marl. e os registros ass.irios do sEkulo Yil A. C., onde Naor uparece com Til-Naquiri ("outeiro de 'Naor"), parece que ele se estabelcceu no Yale Balique 11baixo de Ham. Alem da localiza~ao definida das cidades patriarcais de Naor e Hara, ao norOeste da Mesopotamia, dificilmcote aparecem indicayoes menos cJaras da permaoencia hebreia nessa re­gUto, nos nomes dos antepassados de Abraao, que correspondem aos nomes de cidades proximas a flara: Serugue (do assirio Sarugui), Naor e Tera (TU Turaqui, "Outeiro de Teni", na epoca ass{­rla). Outros ancestrais imediatos e parentes de Abraao relacionados em G~nesis lL 10-30, deixa­rum pegadas nesse territ6rio, chamado Pada-Ara (ern a.rarnaico, padana, "campo ou planfcie" de Ara). Em Genesis (25 : 20; 26: 6,7, etc). Reu tarnbem corresponde a nomes posteriores de cida­dos no vale do mectio-Eufmtes. Pelegue, por exemplo , lembra a Paliga posterior, as margens do l!ufrotes, logo acima da foz do Habur.

-57-

Page 31: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Alem dos la~os geograficos definidos entre os patriarcas hebrcus e o sua porma­nencia anterior no noroeste da Mesopotamia, a lgumas dns narrativas patria.rcais untigas indieam uma influcncia plasmadora que eles sofreram nessa regiao. Tern nao apenas faleceu em Hara (Gene­sis 11 : 31, 32), cidade da qual Abraao emigrou, pouco dcpoi~, para Canaa (Gcn~is 12_: 4 ), mas cs~ mandou vir uma esposa para lsaque da ''cidadc de Naor" (Genesis 2A: 10). Jaoo fugtu para Hara (Genesis 27: 43) para escapar da ira de Esau, e peregrlnou em Pad a-Ani pelo menos vinte a nos, enquanto cstava servindo a Labao (Genesis 29 : 1-3 L: 55).

2. Abraao em Caruui. Com a idade de sctenta c cinco anos, ap6s a morte de Tera, Abraao saiu de Uar.1 e entrou em Canaa (Genesis 12 : 4 , 5). Nessa epoca, a Palestina era ainda povoada escassameote. A maioria dos setL~ habitantes pertencia, lingtiisticamente, a mesma fami­Ua dos hebreus, embora a sua origem racial e suas tradi~oes culturais fos.sem d iferentes. Todas as cidades cananitas. virtualmente, eram entao localizadas na Planlcie Litoranea , na Planlcie de Es­dtt lom, no Vale do J ordao e do Mar Morto.

A regilfo montonllosa, em sua maior parte, ainda ntio fora ocupada por um.a popul.a~tro se­dentdrl.a ; porlOniO, a tradi¢0 bfb/ico e abso/utamente CO"eta 00 dizer que OS patri.arCOS

vaguetUam pelos montes da Palestina central e das terras seC4s ao sui. onde ailula havia bastante e$pafO para eles.2

Essa situa9io geral que prevuleceu durante a I dade de Bronze Media (2000·J 500 A. C.) na Palestina , esta em pleno acordo com a vida semi-nomadedos patriarcas, como e des~rita no relato do Genesis. Por outro lado , estli completamentc fora de pcr spectiva em urn pcnodo posterior. especialrnente depois de 1200 A. C., e a sua origem como fabula ulterior seria muito diflcil de ser explicada.

Na !dade do Bronze, as montanhas da Palestina eram d onsamento arborizadas na cordilheira div:isora de uguas e oa vcrtente ocidental, de forma que havia pouca terra aravel. Alem disso as cisternas n!io haviam, ate cntlio, se tornado comuns. Conseqilcntemente nao bav1a Iugar propfcio para se estabelecer residenci.a, exceto onde boas fontes eram locali:zadas pr6 ximas a uma colina baixa, apropriada para a defesa, com pastos ou vales pr~xu:nos, de fn~il a·cesso, ~ara assegura_r suprimento d e comlda. Entre essas cldades fortificadas. a mat~~ das qualS_era ~o:Sli~da no diVI­sor de aguas OU perto dele, havia muito espa~ para tribOS serni•OOffi!ldeS, CUJa CXlSlenCJa e Ute;rt3da pelos restos de ce.nlmica da ldade de Bronte Med~a e Posterior. em ccmiterios que eram Ionge demai~ das cidades, para podecem tee sido usados p ela popula¥{o sedenciria.

J:; slgnlficante ainda. nesta conexao. que as a.tusoes topognificas n3S hi~t6rias patriar­cais coincidem exatamente com as indica~cs arqueol6gica.~ da ldadc d¢ Bronze M&l1a (2000-1500 A. C.). De fato, tantas confmna90es de detalhes tern vindo a luz nas ~ lt~as decadas,_que "o! mais competentus cruditos dcsistiram da teoria critlca, segundo 3 qual as luston as dos ~atna.rcas sao, em grande parte, re trogressoes da epoca na Mon.a.rquia 0\Jpla (s6_culos [)(_:VJ~I A. c:.). '' Por ex,cmp_lo, lu­gares que apatecem em conexao como~ m<;lVImentos ,dos patnarcas, nao sao a~ cidades e Lugares sa~tos de perfodos posteriores, t:us como Mispa ou Gibea, mas quase todos se te~ tornad<;> c~nhcc1dos, devido a recentes escava~es. como tendo sido habitados na era pat.rlarcal trus como S1quem, Betel, Ooti, (.;erar, Jerusalem tSalem) e provavelmcnte Berseba. Hebrom, no entanto , como cldade, nao existia na epoca de Abraao. S6 foi fu ndllda "~te anos antes de Zoa no Egito" (Numcros 13: 22), is to e. cerca de L 700 A. C Antes disso. o Iugar se chamava Marue, e a men~o de Hebrom (G€nesis 13: 18; 23: 19) c uma nota explicatlva para indicar onde se localizava Manre.

As cinco cidades da plaru'cie tcircuJar) do Jo rdao: Sodoma, Gomorra.. Adma, Zeboim e Zoar, pertencem tambem ao prlnclpio da epoca patriarcaJ. A informa~iio btbUca de que a regiao do J ordao onde se localizavam ~ssas cidades era muito fenU e bern povonda por vol ta de 2065 A. C., mas que mio multo depois foi abandonada, esta de pleno acordo com o s fatos ar­quco16gicos. Agora se snbe que essas cidades se situavam no VaJe de Sid im (Genesis 14 : 3) , e que essa era a regilio ao ext.remo sul do Mar Morto, agora coberta de agua. (Veja quad.ro n° 9)

A grande loC4lidade de Bab ed-Dra. ds margens do Mar Morro, possivelmente perttnce d tpoca de Sodom.a e Gomo"a: as sua& rul1l11s datam oproximadamente do ultimo ter~:o do terceiro milenio, quando a ocupa{:Jlo dessu regwo ceve urn Jim abrupto 4

- 58-

Em algum l~mpo, por volta da metadc tlo seculo XXI A. C., o Vale de Sidlm llllll 11\lfl ~ cid(ldes 1'01 HU\>vertido por Ull:Ul g,rnnde contlag.rayao tGenesls 19• 23-28). l!ssa rcgiio e m~<ndonntlu como ''chcia de po~os de betume'' (Genesis 14 : 1 0), e dep6sitos de petroleo pod em llfmJu scr cncontn'1d0s nela. Toda a regiao esta na tonga Unha quebrada que formava o Vale do Jor­'' o, o Mur Morto e o Arab( Atraves da hist6ria , ela tern sido palco de t erremo tos, e embora. a mmullva bfb Uca r egistre apenas os elementos rniraculosos, a atividade geologica foi , sem duvida, Ulll t'ul.or part(cipe. 0 sal e 0 enxofre nativo ncssn area, q ue e agora uma reg.i:io queimada d e 61eo r u~alto. foram mlsturados porum teuemoto , resultando em violcnta explosao. 0 sale o enxofre IINCCflderam aos ceus, tornando-o rubro com 0 seu calor , de forma que Uteralmente, choveu fogo " cn.xo£re sobre toda a planlcie (Genesis 19: 24, 28). A narrativa da mulher de L6 ter sido tra ns· lormada em uma estatua d e sal pode certamcntc ser relacionada com a gxande massa de sal exis­luutc no vale Jebel Usdum (" Montanha de Sodoma"). monte de uns oito quUometros de com­prlmcnto. que se estende de norte a su!, na extremidade sudoeste do Mar Morto. Em atgum Iugar <.nb as aguas do lago cujo nlvel sobe lentamentc, ao sui , nas vlzinhan~ d esse monte, poderao c1 CLlCOntradas as Cidades da Planfcie. Nas epocas classicas e nco~testamentaria , as suas ndnns

1alnda cram vis{veis' nlio tendo sjdo ainda coberta s pelas tiguas.

0 capftulo mais imponante das naaativas patria.rcais, do ponto d e vista hist6rico, 1• pelo fa to de fomecer uma Liga~o potencial de vida de Abraao como a hist6ria secular contempo-14n~. e Genesis 14. Considerando a veracidade do relato da invasao do Vale do Jordao pela 1<:>alisao de quatro reis mesopotamicos, e a sua derrota infling1da pot AbJ:aao, pode dizer-se que a •1J U\.'Oiogia esta continuamcnte acumulando evidencias que indicam a hist oricidade essencial deste

111pltulo que, ate anos bem recentes era considerado quasc universalmente como pul'3 lenda, do fll'>nto de visUl critico. A gr-ande antiguidade deste documento, e a ex.atidao dos nome.s citados nele, suio sendo constante.mente corroborados a medida em q ue novo material de referencia se faz

dlspon(vel. Urn fato mui notavcl a respeito deste capitulo, que demonstra a sua grande antiguida­•h.l c 3utenticidade, eo oso que nele se faz de palavras e nomes de lug:ues arcaicos, frequeotemente

rompanhados de uma explica~ao do cscriba, para lorna-los compreensiveis a uma gera~ao paste­nor, no caso em que o nome tivesse mudado. Exemplos disso sao " Beta (este e Zoar)" no versi­~1! 10 2; "vale de Sidim (que eo Mar Salgado)" flO versiculo 3; "En-Mispate (que 6 Cades)" no vers(­··ulo 7; ''vale de Save, que eo vale do R ei", no versi culo 17. (Veja quadro nO 10)

Excmplos interessa11tes d a confuma~o d e nomes de lugnres ocorre em conexao tOill 0 inJ'cio da campanha do cxercito invasor . " Ao deciroo quarto 300 VeJO QuedOtlaomer, 0 OS

1t1is que estavam com ele, e feriram aos ref;tins em Astcrote-Carmum, e aos tuzins em Ha . . . '' !Uencsis 14 : 5). As cidades de Haura (l3asd). Astarote e Carnaim, foram invadidas nesse remoto pc.rlodo, como o tern dcmonstrado o exame arqueo16gico das suas localizay()es. Imaglnou-5e primei­mmente que Hi fosse identica 3 urn lugar com o mesmo nome a estc de GUeade . .Entre 1925 e l929, A. Jitko e W. F. Albright investigaram as antiguidades do Iugar, e dascobriram um outeiro pcqueno, mas multo antigo, que .remontava a ldade de Bronze. 0 no me estti tambem citado entre II\ cidadcs conquistadas pelo grande imperio eg(pcio de Tutmosis Ill. no prirnelro quartel do seculo 1(V A. C.

Outra p.rova interessante da hlstoricidade de Genesis 14, e a autentica~o da linha l(l'nerica de rnarcha scguida pelos reis invasores. 0 fa to de que o relato representa os invasores mar­L'hando de Hama atraves de Gileade e Moabc. a. lcste. para a parte sudeste da Paiestina, costumava M.:C considerado como a rnelhor prova do car.iter esscncialmente legendano da narrativa. Contudo, " descoberta de uma sequencia de outeiros da ldade de Bronze Pruniliva e Media , alguns de tama­nho considenivel, ma.cginando a cxtremidade oriental de G ileade, entre o deserto e as Oorestas de t":itcade, e prossegulndo pelo oriente de Moabc, ondc fo i d cscoberta em 1924 a cldade de Adcr, da l!lade de Bronze P:rimitiva-MCdia, tem mostrado como teria sido natural essa rota, naquela epoca. Chnmada rnais tarde " A Estrada do Rei", essa rota nao parece, contudo , ter sido usada porum u &cito invasor nos tempos ulteriores da ocupa~?Io israelita, d epois de 1200 A. C. Considerando flue a presa almejada pelos reis orientais era , sem duvida, o importante cobre, manganez e outros llgp6sitos minerais de Edom e Mtdia, e ta lvez o asfalto da regia<> do Mar Morto, que era produto 1lo grande procura na Babilonia , a narrativa demonstta set auteotica em todos os pontos.

Apesar do faro de que a urqueologin tern provldo muita evideocia adicional,

- 59-

Page 32: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

conf1rmando a historicidade geral de GeneslS 14 e das narrativas patriarcais comb um todo, ela nao tern produzido evidenci.a referente a ~toricidade do conteudo dessas hist6rias, p,roptiamente dito , e nem consegriiu estabclecer, ate agor~ nenhum elo deflnido com a cena historica contem­poranea. Se, por exemplo os quatro reis invasores pudessem ser identifioados com personagens hist6ricas, a cronologia da epoca patriarcalpoderia ser estabelecida imediatamente. Da forma como o assun.to esta, atualmente, es.~e periodo oscila do fim do seculo XVll ao secuJo XX ou XlX A. C.

MateriaJ novo, por outro Jado, esta estreitando, em certo sentido, a margem possivel de oscila~o. A s dc.scobertas em Mari, peJo menos, e-xcJuem o periodo entre cerca de 1750 e 1680 A. C. (baixa cronologia). Todav'ia, a cronologia blbllca indica um petfodo ao redor da metade do seculo XXI A. c., e a menos que OS algarismos dados tenham sofrido seria corru}>93'o ao nos serem transmitidos, cremos que essa data sera confu:mada quando achaiios presentes ou futuros forem corretamente analisados e interpretados.

-60-

Capitulo X

A HISTORICIDADE DOS PATRIARCAS

Sob a influenci.a. da Escola Wclll\auscn de critica a Jll'blia, era muilo cornurn , (lllt(fe OS estudio~'OS da priroeira ptu:te do seculo atual, negar a .historicidade dos patriarcas hebraicos. v,tclas teo..rias foram aventadas para dissolver esses caracteres biblicos em cria~es mltiea.~ ou le· a~nddrias. Eram algumas vczes conside.rados co,mo figuras Lunares o u astrais, outras vezes como ~ul!gas d ivindades cananeias. As vezes como her6is mlticos ou personifica~oes de etas e t.ribos ou lllt\ciH outras, como caracteres ficticios em coleyoc,~ de lendas. Julius Wellhausen estava incllnado a 'vusiderar Abraao "como criayio livre de arte inconsciente ". 1

I. OPINIAO CRitiCADAS NARRATIVAS PATRlARCAIS

As narrativas patr.iarcais niio tinham melhm sort e do que os pr6prios pat.riru:cas. n vcredito de Wellhausen era docllmente endossado pela maioria dos criticos eruditos:

"E impossf"el obter das narrativas patriarcats qua/quer infonna¢o hfstorica com rela~ao aos Patrklrcas; apen~~s podemos aprender algo a respeito da epoca em que as histori4s acercp d eles foram contadas pela primeira vez pelo povo israelita. Esse 11/timo perfodo •. . foi desintencioMlmente projetado para verusta antiguid.ade, e e refletido 10 como mira­gem transfigurada".l

Esse "ultimo periodo" que Wellhauscn c seus disc{pulos imaginaram fosse projp.­lnlio nas nauativas patriarcais, era o dos seculos £X e VUl A. C., q uando, alegavam eles, essas narru­IIYns haviam sido compostas. Porem, se a descri~o btblica da vida dos patriarcas fosse uma invcn· ~ltQ posterior, haveria grande dificuldade em encontrar explica~ao adequada para a sua origem. vhto que de forma alguma ela se coaduna com as condli(Oes, em qualquer pane da Pa lestlna de 1200 a 900 A. C., para nao dizer de per(odo ulterior. "Wellhausen e seus seguidores ruio reconhc· <~ ru.m nero meSJll'o esta dlficuldade, devido a ~ua ignorancia a respeito da Palestina moderna o dal! fr tras adjacentes". 3

Emborn tenham persistido ate bern recentemente as teorias radic-als obstlr•ndns, IICOando ao ceticlsmo de Wellhausen, as descobertas feitas, especialmente no ultimo quartc.l do ted~:ulo , ocasionaram der.r.ota fata.l as opiniO~ cxtremas. ' 'Pode-se dizer com segur.tnca que o cfoito lr.tUI das descobertas da ultima deoada tern sido confirmar a exatidao substancial do quadr.o dO widu em Canaa no segundo mi!Cnio A. C .• da forma como e descrito nas narrativas patrlurcais do (,oncsjs". 4 0 grande servi~o q ue a pesqulsa arqueol6gica tern prestado a esse periodo prlmitJvo ti ll hist6ria btblica, e demostrar que 0 quadro dos patriarcas. da maneira como e apresQntado no lt3nes:is, se justapoe exatamente ao contexto da vida contcmpoxanea; que o p.apel impo.rtnntc <IUc tlt'sQmpenharn (do ponto de vista da hi.st6ria da reden~o) se enqoa4,ra jostamente oo mals amplo 1lrnma da hlst6ria secular. Hoje, a arqueologia demanda urn respeito maior pela quaUdtHJc hl!tl6• 1lou das narrativas patriarcais.

D. AS NARRATfVAS PATRIARCAIS B AS RECENTES DF .. SCOUER1'A .. ARQUEOL0G1CAS

-61-

Page 33: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Como resultado da pesquisa arqueoJ6gica, particularmentc da realizada na~ mas tres decadas, grande quantidade de inscri~es esta agora disponivel para os estudiosos, cionadas de manoira importante com a epoca patriarcal. E sto material 6 de malar impon:9ncia. maiOI parte dele mio fo t, ate agora. pubUcada, mas a parte que ja fo i analizada e ioterpretada, desempenhado papel significativo no objetivo de ioflingir derrota fatal :is teorias c:rllicas raol~;:&l~ e no de compelir a urn grande respeito pelo valor hist6rico das nauativas patriarcais. lsto signjfica, todavia, que o novo material provou a exatidao das narrativas do Velho de maneira direta, porem , 0 que e taJvez mals expressivo, significa que forneceu grande de evidenclas indirctas, mostrando que as hist6rias se enquadram no pano de fundo da cpoca, que aquela epoca pode agora s~r TCstaurada. baseando-se nas novas (ontes de conhecimento d poniveis e que os costumes que sao mencionados nas hist6rias vigoravam no mundo em que pattiarcas viveram. Ate aaora, nao foi descoberta nenhuma referencia aos patriarcas, ditos, e razoavelme nte nenbuma poderia ser esperada, considerando a situa~o como urn todo. mcsma forma, nao ocorreu nenhuma alusao clara, nas fo ntes, a nenhum acontecim~nto mencio do nas narrntivas pat:riareais. "Que as cvlde ncias se referem ao ambiente em que as tlistOI:ia~ desenrolaram , e nlio ao seu conteudo, nio as torna menos significativas". 5 Como diz

Estd se tonwndo cada vez mais claro, agora, que as rradi+(ies da Epoca Patriarca/, vadas no /ivro de Genesis, r.efletem com nottivel exacidao as condi¢es enteio rei.natJtt!l rut !dade do Bronze Media , e especialmeme no perfodo entre 1800 e I 500 A. C. 6

1. Abrtufo e as Descobertas em Nuzu. Escavada entre 1925 e 1941 , este antigo a :.udeste de Ninive, oao distante da moderna Quircuque, produziu milhares de docu de importancia primord ial para o estudantc do Velbo Tes1amento. Essas tabuas apre~"'ntam rosas ilustra9i)es dos costumes que fJ~Suiam nas narrativas patriarcais. (Veja quadro n° __ )

Ado¢o. Em Nuzu, oonjuges sem itlhos f_r¢qUentemente adotavam uma liv:re ou escrava para que tomasse conta deles quando cnvelhecessem, os sepuJtassem morressem e herdasse as sua propticdades. Abr:uio, que nao tinha mais esperan¥3s de ter urn refete-se a Eliezer como seu herdeiro, e chama-o " hcrdciro da minha casa ". isto e. scu hPrriP.im

presuntivo (G~nesis 1 S: 2). Possivelmente Abraio havia adotado esse escravo de confianQa, de do com o costume vigente. para vantagcm do ambos. Mas a paJavra dlvina paxa o patriarca "Niio seni esse o teu herdeiro " (Genesis 15: 4). Se ele era urn herdeiro lcgalmente adotado, poderiam esses d ircitos serem postos de !ado , conquanto que ele cumprisse os seus deve(es Os lextos de Nuzu dao a resposta. Ai, h3 uma clausuJu que diz que se o adotante gerasse urn posteriormente, o fLlho adollvo ccderia o Iugar ao herdeiro principal.

Outm. tabua compara. ate ccrto ponto, a rcJa¢o que existiu entre Jac6 e (Genesis 29-31). embora o elemento de ado~ao, q ue se faz presente no documento Nuzu, ausente na hist6.tia blblica. Nesse e:xcmplo , um homem adota outro como seu filho, u;s 1uu,,.w ..

sua ftlha como esposa, e fazendo-o e a scus ftlhos, herdeiros, exceto se o adotante gerasse, tarde, urn filho, caso em que o fitho adotivo dcveria r eceber quinhiio de prioridade igual ao que f.ilho legit uno reccbesse. Contudo , os filhos do fllho adotivo, nesta c.ircunstancia, perdcriam d.os os d ireitos. 12 estipulado tambem que o filho adotivo nao poderia to mar uma o utra aJem da filha do seu pai adotivo.

Leis T111Jtrimoniais. Os costumes conjugais Nuzu ilustram a ayio de Sara, dando seu marido a serva eg1 pcia Hagar como sua substituta, quando se desesperou de se to mar (Genesis 16: 1· 16). M:lis tarde, Raquel faz o mcsmo com sua serva llila , e seu exemplo e por Lia, mas por diferente razao. (Genesis 30: 3-9). As Jels matrimoniais Nuzu est ipulavam que urna esposa fossc esteril, devia providenciar oma esposa escrava para seu marido . l! que os documentos Nuzu cspecificam que a escrava dcveria vir da Lululindia, nas m do norte, onde as melhores escravas (chamadas lUlias) eram obtidas. No caso de Hagar a era egfpcia.

Ma is tarde, quando Sara hovia, pessoal.rnente, dado a iuz Isaque, e exigiu Hagar e seu fllho fossem expulsos e deserdados, a telutli:ncio do pat.riarca ern consentir com Ia sotici[aga'o c facilmente compreensivel a luz do costume comum em Nuzu. Ali, a lei Cle<:larava

- 62-

• cl ' 11111 110 CIISO om qltu n u~JlOSII ~-sert\vlt dltsMl u luz um filho , c~te mio pod iii !ief cX"puls~. E • ~o~ a hJ.c du coml)arur;O~ · de N ttl'.u , porq u" A c>raiio estava rclu tao do em conc~rda.r co~ a •l~aJ extgeo·

1 lu tlu Sru-n, e sem dovida tcria se negado u cumpd·la, ntto houvesse umadtspensa~aod!Vlnaanulado

•• kl. Direiros de Prtmogenirura. A venda da pri.mogenitura, efctuada por Esau (Genesis

· ~ ~ 27·34) tambem e ilustrada. Em Nuzu existia urn preccito legal para 0 qual OS privUegios do pri­UIOl\Cnllo ~ram transferldos a outrem. Houve urn caso em que estes .ror: m ttansferidos pa.ra ~lgu~m •Ill,; nao era realmente urn irmao , mas que fora adotado como lltllaO. Em outro caso, umaos lrsit lroos estavam envolvidos, e aquele que cedeu os direitos recebeu tres ovelhas como com­I'L' llllll¢0 - recompensa material comparavel a refeiyio que £sao rccebeu.

0 Terafim .. 0 roubo dos idolos do lar de Labiio levado a efeito por Raquel (G~ nr~tR 31: 34) e muito melhor compreendido a Juz da cvidencia Nuzu. Evidentemente , n posse.ssao •h>ll~~~$ deuses familiares implicava na lideru.n~a da fanu'lia, e no caso de uma filhn casada, tuse~­I •IVI' para o seu marido o direito da propriedade do seu pai. Vista que, evidentemcnte, Laba? 11u11a filhos quando Jac6 viajou para Ca.rutff. somente eles tirutam o direl to aos deuscs de seu pat. ,. o roubo desscs idolos do Jar por Raquel era urna seria ofensa tGencsis 31: 19, 30. 35), causada IIUflt preservar. para seu marido, 0 titulo principal as possess6es de Labao.

1!: de malor importancia nota:r que, nesscs casos sao apresentados, nas narrativas, LOhlurnes q ue nao voltam a ocorret no Velho Testumenlo , em perfodos poster.iores. No que con· P tn!! as hist6rias patriarca.is. diz H. R. Rowley :

As narrativas patriarcais apresentam um surpreenderrte e extJtO ref}ex_o das condi¢~s socials vigentes fill epoca patriarcal e em algumas panes da Mesopouzmm, de onde se d1z que ~s patriarcas vi11eram, muitos seoulos antes de serem compostos os presentes documen· tos.

Contudo , o fato de que as nauativas patriarcais reflelem conetamente que logo depotS se tornariam obsolclOS na epoca em que OS criticos SUpOCffi que esses doC\Imentos foram, f'da prirneira vez, rcduzidos a forma cscrita (seculos IX e Vlli A. C.), c "surpreendentc" apenas r\ lu.z. dessa teoria artificial a respeito da sua composi~ao. Considerando-os como docwnento!) lllllcndcos. escritos na Era Mosaics (seculo XV A. C.). essa autentlcldade de cot local e de detalhes

parfeltamente natural, c ~ra de se esper.ar. nonnal.m~ntc. Apesar das t~rias artific~is de co~po~­\' o Liteniria , que ainda sao quase que unwersalmente mSJnuadas a res pet to das nanahvas patlia.IcatS, u sua defesa arqueol6gica crescente esta for~ando os eruditos a trati-las com mais respeito do que I"O:~tumavam, ate b~m recentcmente.

2. Abratio e as Descoberras em Marl E ta antiga cidade do mecHo Eufrates e re-1,r~ntada hoje pelo Tel Hariri, a cerca de dcz qui~ometros ~o nort~ da.moder~ Abo.u Qu~al. I• scuva~oes empreendidas ali, desde 1933 , por Andre Parrot, tom traztdo a L~ m:us de vmte rml ta· tmas dos a:rquivos do palicio real. e descoberto urn tcmplo de l star em ZJgUrate. Na epoca de Abraao (c. 2100 A. C.) Ma.ri era uma das mais florcscentes e brilhanles cldades do mundo mesopo­tdmico ; o. Patriarca e seu pai, TerS, d(wem let passado par essa metr6pole, em seu caminllO para I lura.

Grande parte das tabuas descobertas representa C\)rrespondencia diplomatiC3 ~nue Zimri-Lim, Ultimo rei de Marl, e cus embaixadores e a.gentes e Hamur.ibi. rei da BabilOnia (c. 1728-1676 A. C.), ptonmlgador do famoso c6digo de leJs q ue t ern o seu nome.

A emlgr:l~tao de Abraao de Ur, de acordo com a cronologia bl'blicn aconteceu, todavia, ce.rca de quatrocentos anos antes do periodo das cartas de Marl, e do reirlado de Zim­•I·Lim. Por cssa epoca, "a regiao das cercanias de Had estava provavelmente, sob o oontrole de Mari". 8 A cidade de Naor (Genesis 24 : I 0) e mencionada froqiientemente nas cartas de Ma.ri. Uma c.arta de Nao.r foi enviada ao rei por uma senl10ra daqu.ela cidade, e diz o seguinte:

Ao meu senhor, diz lnib-Sarrim, tu11 serva. Por quanco tempo preciso eu ficar em Naor?

-63-

Page 34: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

A paz foi estabelecida, e a esrrada estd desobstrulda. Que o meu sen/lor escreva, e que eu seja levada, para que possa ver a face do meu senhor. de quem estou seponzda. Sobre· tudo, que o meu senhor mande uma resposta a minha tdbua. 9

A luz do iato interessante de que Abraao e a primeiia personagem bJ1HiCil3 usar o nome hebreu, Ibri (Genesis 14: 13), 6 signiflcativa a ocorrencia do termo "Habiru" nas cartas de Marl (seculo XVUI A. C.) e anterionncnte. em textos capad6cios (seculo XIX A. C.) bern como ulteriorcs textos de nuzu, amama, hititas e ugar{ticos (seculos XV e XIV A. C.), visto que a equa­~o ntol6gica hebreu = habiru parece oomprovada. A grande ocorrencia do termo habiru (o Apiru de fontes eg{pcias) mostra que ele

vel

nlfo e uma designotifo etnica, pois 0 habiru desses vdrios textos e de .origem racial mist a, in· ctusive elementos semitas e nffo-semitalii contudo, o seu signifiCildo fundamental parece ser .. viajante ", "os que mudam de lltgar para Iugar". 10

Em bora a soluc;:cio definitiva dos problemas em foco ainda nao seja vis( vel, e poss(-

ver nos movimentos patriarcals do Genesis. e na conquista hebraiCil de Canaa, partes daqueles movimentos moiores refletidos nos registros arqueologtcos - movimerztos gen~· ricos dos vdrios gruposde significados pelo termo habint (Idem). u Jl

Colo car os habiru em contexto muito mais amplo , como i:esultado das descobertas arqueo16gicas. nio e um embara~o as representa<t<>es bt'blicas. ~ber. como ancestral dos hebreus (Genesis 11 : 16 ss), tinha outJ:os descendentes alem de Abraao e ~ ~steridadc, atr;aves. de lsaque e Jac6. Parte de seus p6steros foi, evidentemente, deixada na 8abl10ma , quando Tera emtgroo com sua fanu1ia, e outla parte foi deixada ao norte da Mesopotamia. quando Abraao em.igrou de Har.i.

0 encontro interessante de urn nome btblico nas cartas de Marl, dificilmente ted referencia a :St'blia. Ocorre como &mu·famina, benjamitas, "Filhos da Direita", o que signi· fica "Filhos dos Sui''. Essa era uma feroz tribo nomade que, originalmente, considcrando-se o seu nome, perarnbulava pelos limites do deserto ao sul do Eufrates, ponSm, mui remotnm~nte, havia dirigido seus passos para as .regioes be~ ao norte-. Em_bora algu~s sejan;t te~tados ~ relactonar esses bcdulnos com os benjam.itas da Bt'bha - e cronoJogtcamente JSSO sena unposstvel - por outras raz<Ses isso seria improvavel.

0 nome de Oenjamim, "Filho do SuJ", ocorriu provavehnentc em varios lugarcs, especialmente em Mari, onde se encontra o tcrmo correspond en to "Filltos da Esquerda", que .sjgni· fica "Filhos do Norte". Sobretudo , na hist6ria b1'blica Benjamim nasceu na Palestina, depotS que Jac6 voltou da casa de Labao, e nunca, absolut.amentc, havia cstado na Mosopotamia. A caracteri­za~o de Benjam.im, como "lobo que despeda¥3" (Genesis 49 : 27), satisfaz muito bern a descri~o da tribo citada nas cartas de Mari, mas qualqucr conexao e exatamcnte duvidosa.

Interessante esclarecimento aoess6rio encontrado no relato feito a respeito dos bcnjamitas nas cartas de Mari, e a nova luz lanr;ada sobrc a ctimologia ~~ n~~c .. de Davi, f3fllo.so em epocas posteriores da hlstoria de Israol. A palavra traduzida como ca~1tao , nas referenClas aos benjamitas saqueadores, e davidum ("llder"), que parecc sera forma origirlal do nome do mais famoso rei de Israel.

A referenda que as cartas de Marl fazem ao costume comum no Oriente, de fazar um tratado entre duas pessoas ou .nar;oe "matando urn asno", elucida de maneira importante cos· tumes que vigora.ram na epoca patriarcal, c em epocas posteriores. A expressao ''matar um asno", CIJiaram qatalum nao e acadia, absolutamente, mas am bas as palavras ocorrem,no hebraico, e indicam o sacrificio que acompanhava o juramento da alianr;a. Dessa forma , urn oficial cscreve a Zlm· ri-Lim :

Enviei aquela menmgem a Bina·fstar, (e) Bina·fstar respondeu o seguinte: "Matei o asno com Tarni-Lim, e disse a Tarni·Lim, sob o juramenta dos deuses: 'Se voce menoYprezor (?) Zimri·Lim e seus ex~rcitos, eu me pas.wrei para o lodo dos seus adversdrios". 12

-64-

A conuxlio entre o !'iacrificio de urn asno ca. conclusao de um pacto pa.rece ter si­•hJ ptlJscrvodu pclos siqucmitas, com quem Jac6 e seu mhos tiveram rela~es tao desagradJiveis (l.~ r~u~a s 33: 19; 34: 1-31). Chamndos Bene Hamor, "ftlhos do asno" (Josue 24: 32), a sua divin­•l•ulu tribal ora Baai·Berite, "Senhor do concerto .. (Juizes 9: 4). Posteriormente, a epoca da Con­IIHistn, OS Bcno Hamor de Siquem cram, assim parcce, semelhantes as quatro cidades da confcdera­\(ill!;lbconlta (Josue 9:1 ss.), unidos a Israel atraves de urn tratado , segundo as evidencias encontra-

1114 !) tO tufcrencias varias a eles feitas anterior mente, bem como ao seu deus Baal-Oerite.

Outra apresenta-;io interessante da vida em Mari, em contraste com a dos patriar-1.. monoteistas, mas em perfeita concordincia com os habitantes polite(st.as de Canaa era a pcltica 111 nornli.zada da adivinha-;io. Em Mari, o adivinhador desempenhava papel importante em todas l&t Jtl~us da vida diliria. As tecnicas usadas para predizer acontecimentos futuios eram reduzidas a IIIII sistema empfrico de colecionar e preservar de vniias maneiras OS pressagios que haviam prece­tlilto gramles acontecimentos do passado, de forma que os adivinhadores do futum podiam saber u •1ue cspemr sc encontrassem prcssagios semelhantes. De importancia especial eram os aug{lrios r lacionados com os movimentos militares. Cada sc~o de tropas tinha o seu adivinho: "0 adivi­lthn csta reunindo os agouros", diz eerto texto. ''Quando eles forem favoraveis, ISO tJ:opas ataca­rtln, c LSO tropas retirariio ... 13

Os patriarcas, percgrinando no meio do politeismo com a sua adivinha~ao e outras luunos de ocultismo, estavam constaoteme~te em perjgo de corrup9io. Os deusesdo 1ar de Raquel u,6ocsis 31: 19) , os "deuses estranhos" que Jac6 ordenou fossem lan~dos fora da sua casa (Ge­"' m 35 : 2) e escondidos debaixo de urn carvalho em Sique.m (v. 4). sao indica~es de contamloa­,«u. Contudo , OS patriarcas eram notavelmente isentos dos metodos adivinhat6rios dos povos Plltl-1os circunvizinhos.

3. A bralfo e Outras Descoberras Arqueo/Ogicas. Os chamados "Textos de Execra­\-40'' contribuom com sua cvidencia para atestar a autenticidade do ambiente patriarca1, da forma lltlltlO e apresentado do Genesis. Esses curiosos documentos sao estatuetas e vasos com inscrl~oes rrllus em escrita hleratica eg:{pcia, com os nomes dos inimigos potenciais do Fara6. Se amea~ado pur rcbelliio, o rei eg(pcio precisa apcnas quebrar os fnigeis objetos em que estavam escritos os no­Inc~. e a f6rmula m;igica correspondente, com o acompanhamento de uma cerimonia m3gica, para u rcbeldes ca{rem em grande afli~ao. 0 grupo de vasos de Berlim, publicados por Kurt Sethc 11')26}, data provavelmente do f"un do seculo XX A. C., ao passo que a col~o de estatuetas de Jtruxelas, publicadas por G. Ponsener (1940) data do fim do seculo XIX A. C. Esses textos de­monbtram que ''a Palestina Oriental e Ocidental cram ocupadas em grande escala por tribos noma­drti no fzm do seculo XX A. C." 14 bern como anteriormente, corroborando dessa forrna o cani­lat gcral das narrativas patriarcais do Genesis.

Mais do que isso, o nome de Abralio foi encontrado na Mesopotamia oo segundo Rtllcnio A. C., com as formas de A·ba-am-ra-ma, A·ba.ra·ma e A·ba-am-ra-am. Isto mostra que eru rca lmente urn nome que estava em uso em epoca remota. 0 nome de Jac6, que aparece como /11'qub '-el, ''Possa. El Proteger", ocorre nao apenas como nome de Iugar palestino no seculo XV A. C. (lista de Tutm6sis Ill), mas tambem como Ja-ah-qu.ub·il em tabuas do seculo XVIII A. C., d~:~ Chagar Bazar, ao norte da mesopotamia. Tanto lsaque como Jac6 sao nomes a.breviados cuja furrna completa seria ltshaq· 'el e Ia 'qub·'el, e pertencem a tipos conhecidos no meio ambieote ''" 11ual os primitivos hebreU!< haviam vindo. Da mesma foona, nomes que se assemelham muito ~~tun as formas abreviadas de Lablfo e Jose, apareccm em documentos do seculo XIX A. C.

Por outro lado, tentativas teceotes para enconuar nomcs patriarcais nos impor­lltHes textosdescobertosem RasShamara(a antiga Ugarite), ao norte da Siria (1929-1937), foram lflf'(llt(feras. A declaracao de que o Deus hebraico, Yahweh, f~gura nesse texto e que Tera, pa.i de Al,truio, ali aparece como urn deus lua, e totalmente desamparada de fatos que possam prova-ta. U• rnesma forma, uma tribo proto·israetita de Zebulom ou de Aser ruio aparece nesses poemas rtlliiosos do secuJo XIV A. C., como se pensou.

-65-

Page 35: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Capitulo XI

A EST ADA DE ISRAEL NO EGITO

A ca.lma vida pastonl dos patri:lrcas em Canaa chegou a urn fun, devido as cunstincias que scguiram a venda de Jose aos ismaelitas e a sua subseqUentc cxalta~o no De acordo com a cronologia b(blica, proscrvada, no tex to massoretico da Bfblia hebra e sua famllia cmigrararn para o Egito por volta de 1871 A. C., $0b a Duodccima Dinastia do Reina Media (2000-1780 A. C.) . Esse governo forte ccntralizado, tinha capitais 6lll

e no Faurim, e mantinha comercio intenso com a Asia Oriental.

Em per!odo anterior da hist6ria dessa csplendida djnastia, Abraao havia ao Egiro em urn perfodo de fame (Genesis 12: 10-20), da mesma foima como o idoso Jac6 e l1lhos o fJZeram em pcriodo posterior, em circunstincias semelhantcmente d iff ceis (Genesis 46 : Sobretudo, rela~ocs mcrcantis dos asillticos cQm os egt'pcios como as dos ismaelitas aos os irmaos de Jose o venderam, e como a dos pr6prios irmaos do Jose. quando procuraram no Egito, durante o per{odo de escassez, c~am comuns no Reina Medjo, Os ismaclitas sao d tos como " uma ca.ravu.rui ... vinl1a de Gllcndo; seus camelos traziam aromatas, bcUsamo e que levavam para o Egito'' (Genesis 37 : 25). Alem do dioheiro (prata nao cunhada) como obj de troca, OS filhos de Jao6 COmetcitilizaram 0 "mais precioso fruto" da terra de C:lnni, que e sentado como balsamo, mel, aromatas c minu, oozes de pistacia e amendoas (Genesis 43: 11).

Um 6timo paraleJo arqueologico e a represents~ da entrada de um grupo ;~s...semfticQs ocidentais no Egito Medio, cerca de 1900 A. C. A cena aparec.e na

.(Je uma eseultura no tumuJo de urn ot1cial egfpcio de Sen uosret n chamado Cnunhotepe. em Bcni Hasi. Trazendo, a.parentemente, os produtos de seu pals para trocar pelo cereal do Bgjto, o consist e de trinta e s~te si'rios, homens, mullieres e crianyas, sob a d.ireyao de seu capitlio, que urn nome hem habraico: "Xeque dos Altiplanos, [bse". As suas faces sao transparentemente tas. Seu cabelo grosso e negro caHhes ate o pesooyo c suas barbas sao ponteagudas. Vestem mantas e empunhnm lao~, areas, Oechas, e paos. A inscri~o correspondente rcza: "A gada, trazendo pintura para os olbos, que trinta e sete asiaticos trazem para elc''. l

I. EVIDENCIAS DA EST ADA DE lSRAEL NO EGITO

Apesar de tentativas csporadicas feitas por alguns criticos mais radicais, de que os hcbreus tcnham estado no Egito, a cxperiencia da pexegrinayao pelo Egito c da se.rvidao terra do Nilo csui tao cntrelayada no registro bist6rico do antigo povo de Deus, que c te inextrincavel. Essa epoca inesquec!vel do. com~o da vida do Povo Escolhido faz parte tao portantc da sua perspectiva h.ist6rica que ··nao pode ser eliminada sem deixar uma lacuna ene1xvl:k cave!". 2 Ademais. lui inumeras cvidencias do contrato de l srael com a terra do Nilo. encru nas narrativas eg(pcias em Genesis e Exodo . (Veja quadro no 12 e 13)

1. Nomes Pessoais Egfpcios ptUa os Levitas. Talve'l o mais irrepUcavel testemunho de que parte de Israel (pelo meoos a tribo de Levi) residiu no Egjto por Iongo tempo,e o surpre­endente nu.mero de names pessoais egipcios nas genealogias levi'tlcas. Por exemplo : .Moisis, Assir, Passur, Bo.fni, Fmeias, Merari e Putiel (este, em seu primeiro elemento, P6ti), sio todos "inquestio·

- 66-

nurlnlrnto caftlCJOS, I Samuel 2: 27 oorrobor:~. com estc fa to: "Veio um homcm de Deus a Eli e lit Ul'lw. Asllbn diz 0 Senhor: N[o me manifestci, na vcrdade, a casa de leu pai, estando OS lsra~li-1• ~•ndn no l!:g1to. na casa de Fara6'!" A "casa de teu pai" nao podc ser outra senao a casa de I ('lf l , t'Ortcluslio em que concordam todos os eruditos.

Se era umtZ nova tradi¢o que o autor e6•tava inicilmdo aqui, ele teria sido mais explfcito em sua referenda e citarill Levi nomina/mente, mas ele estd expressando c/aramente um faro geralmente aceito, e por isso nao prectsava ser tao expUcito 3

Muitos criticos eruditos con cordam em que a propor¢o de nomes egipcios entre ,., h.whus e sw:prccndentementc grande, e dificilmente poderia ser acidental. Da mesma forma , con­' ut tlllffi scm reservas em que a tribo de Levl, oo to do ou em parte, esteve no Egito par varias gera­\4\~'• · Alguns d~les, todavlli,, b_ase~ndo-se no fato de que os nomes cgipcios sao aparentemente con­nn"uos ao ICVltas, negam UIJUStificavelmente que 38 OUtras ooze tribos tenham estado na terra t1tt NJ1o. Porem , so reahncnte e verdade que names egipcios nao sao enconi.rados fora da tribo de lo v1 , Mo de forma alguma prova que as outras trlbos ruio residiram no Egito. Sobretudo , a persis­'""h! Jradi~ao de que todas as tribos haviam estado J.d deve ter tido alguma base s6lida em fatos, 'cwlras cvidencias o sustentam.

2. Autentico Colorido Egipcio, Alem do mais, l1a nurnerosos detalhes antiquaries lo1c!Us couetos na$ narrativas eg(pcias do Genesis e do Exodo que, como o fato geral da estada

,j,,\ lloze fiU1os de Jac6 e de sua posteridade na terra do Nilo, seriam incxpUcaveis t.:omo inven~ocs tll•~lcrtores. A hisl6ria de Jose, que e uma das mais bclas e dramiiticas em toda a Uteratura, for­llllt • urn exemplo. Nessa comovente narrativa ha "muitas por~oes de co lorida egipcio ... que tem tillo plenamente ilustradas por descol>ertas egipto16gicas". 4 Quando o escritor, por exemplo, tern "u11illo de mencionar os tftulos de oficials egipcios. "emprega o correto titulo em uso, e exata­MIMte da mancinl como era empregado no pedodo refcrido, e onde nao ha cquivalentehebraico, Ulllfllcsmente adota a palavra eg(pcia e faz a sua translitera~o para o hcbraico" . 5 Os titulos de ".opu.iro-chefe" e ')>adeiro-chcfe'' (Genesis 40: 2), sao os de oficiais palacianos mencionados em ll••r.1.11nentos cgipcios.

Quando Potiia.r colocou Jose como "mordomo de sua casa•· (Genesis 39: 4), o lllulo empregado na narrativa e uma tradu¢o direta de uma posiyao oficial cxistcnte nas casas da ''"breza egt'pcia. Alem do mais, Fara6 deu a Jose um cargo, na administra~ao do reino, que tinha ttluto semclhante (Genesis 41 : 40), que cou esponde exatamente ao oficio de primeiro minlstro ou •l11r do Egito, que era o de principal administrador do pais, seodo o segundo em poder, depois tlu f.nra6. No Egito havia tamb6m um oficio de "supcrintendente do~ celelros". Isto tinha urn -.nificado especial, vista que a cstabilidade do pals dependia da sua colheita, c: Jose pode tcr cxcr­ddu csta fun~o. em vista da fome que se aproximava, altSm de seus deveres de primeuo minis­ltn, 0 prescntes de Fara6 a Jose, par ocasiiio da passagem deste ao sou cargo, estao bern de acor­lhl como costume eg.lpcio :

En tao tirou Farao o seu ane/ de sinete da mao e p6s na mao de Jose . fe-lo vestir roupas de linho fino e /he pas ao peSCOfO urn colar de Ouro. E )e·lo subir ao seu segundo cam>. e c/amava dillnte dele: lnclinai-vos (Genesis 41 : 4243).

Outros exemplos llfPTeendentes de autentica cor Loca l na historia de Jose, sao RU01crosos. Pa r cxemplo, ha ampla evidencia de fames no Egito (cf. Genesis 41). Pe lo me nos tl•11 oficiais eg{pcios. ao dar uma sinopse de seus feitos importantes, nau>arcd£~ de seus ttln!!llos cllum o fato de terem distribu ido oom.ida aos necessitados -em cada ano de cscassez". Uma ins \ l'll\li'o. escrita cerca de 100 A.C., conta realmente de uma fame de sete anos, no <lias do Fara6 lrn.w:. de Terceira Dinastia (c. 2700 A. C.).

A oarrativa de Jose e comparada, embora n\ui limitadamcnte, com a Est6ria t(t'cia dos Do is lnnaos, Anubis- e B(tis. Este romance faz parte do Papiro d'Orbincy , eo epis6dio

IDill que a est6ria com~, a tentativa de sedu~o de B{tis pela esposa de seu irrmto , tern vaga se­~n•Umnca com a historia de Jose e a esposa de Potifar. Tanto Jose como Bitis rcsistem a tentadora, toiiom ~gnomlnia, e no caso ae Bltis, mut.ila~ao ffs1ca. 0 res to <1a cst6ria, obviamente mitot6gica

- 67-

Page 36: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

c am flclgrante oontraste com a hist6ria de Jose, no entanto suscita algumas !eves r emlohcenclus da vida de Jose. 0 canto pertence ao periodo de Seti 11 , perto do ftm do decimo-terceiro scculo A.C., multo depols da epoca de Jose.

Os sonhos eram considerados pelos egipcios como extremamente importante&, como no relata blblico. Os monumentos tambem indicam que os magicos desempenhavam um pa· pel importante nos neg6cios eg{pcios ( cf. Genesis 41: 8), que na verdade os past ores asill ticos cram "abominayao para os eg{pclos" (Genesis 43: 32: 46 : 34), que a durayao da vida de Jose, de 110 a nos (Genesis 50: 22), era a dura~ao tradicional de uma vida feliz e prospera no Egito. e que 1 mumifica¢o de Jac6 e de Jose (Genesis 50: 2, 26) estava de acordo com o costume cg(pcio, ao prcparar os corpos de pessoas distlntas para o funeral.

A familia de J ac6, em numero de setenta pessoas {Genesis 46: 26, 27), esta· beleceu-se na terta de Goson (Genesis 46 : 26-34), idendficada com a rcgiio em torno do Vadl Tumilate, na parte oriental do delta do Nilo. E se vale estrcito , com cerca de trinta e cinco milhOJ de comprirnento, liga o rio Nilo com o !ago Tinsa. Tanto nos tempos antigos oomo nos moder­nos, a regilio em tomo desse Vadl, especialmente ao norte, tern sido uma das partes mais ricas do Egito, o "melhoJ da terra" (Genesis 47 : 11). Alem da p~a de escultura mostrando a entrada da famJ1ia de lbse no Egito, cerca de 1900 A. C., outra inscriyao eg(pcia indica que era costume dot oficiais de fronteira, deixar pessoas da Palestina e do Sinai entrarcm nessa parte do Egito, em dos de seca. Datando de cerca de 1350 A. C., este documento e escrito por oficiais de Fara6, contando-lhe que urn grupo assim "que nao sabia como poderia viver, chegou im]plorara-< CIO abngo nos domfnlos de Fara6 ... segundo o costume do pai (do Fara6) do teu pai, principia ... "6

3. Nomes de Lugdres Cananeus, No Delta. Uma longa ocupat;.ao semita ao nor­deste do Delta, anteriormente ao Novo Imperio Eg{pcio (1546-1085 A. C.), e certa, nos names ca:naneus de lugares aU encontrados no Novo imperio, que incluem Sucote 12: 37), Baal-Zefom o::sodo 14 : 2), Migdal (Exodo 14 : 2), Zilu (Tel Abu Seifah) e mui provavel­mente a propria Go sen (Exodo 8 : 22; 9: 26).

4. Israel e os Hicsos. A hist6ri3 de Jose, de acordo co.m a cronolog.ia bJblica, de­ve ser localizada nas vizinhan~as de 1871 A. C., isto e, durante a Duodecima Dinastia. Muitos eruditos locallzam a asceosao de Jose ao poder , durante o p:riodo dos ~~~sos, cerca d~ 1,?~ A. C. Contudo, esta localizayao e feita devido a uma ~posl~o desnecessann de que sena rna intcrpretac;ao hist6rica" imaginar que um jovem esuangeuo semlta fosse e levado a tal au1torJaa.ao1 em dinastias nativas egipcias tais como a vigesima ou a decima-oitava, mas que tal evento improvavel durante a ocupa¢o dos conquistadores semitas do Egito, chan:tados lu~s. mente, 0 per(odo de 1780-1546 A. c. e muito obscuro, no Egito, e a conqulsta dos hlCSOS e com­preendida mui imperfeitamente. (Veja quadro n° 14)

Embora a hist6ria de Jose, conseqilentemente, nao po.ssa ainda .ser colocada precisamente no contexte da hist6ria eg{pci.a conhecida, nem ~r dete~mada prectsame~te que conexoes possam ter as peregrina~oes dos .i.s.raelitas com a ln~a~o ~os Wcsos, ~~a cousa e :erta: Israel esteve no Egito durante esse periodo de confusao e dtsturbt?, e _a notJ.caa da coroa~o do urn Para6 opressor, chamado " novo rei ... que ruio conbecer~ a Jose•:,o~xodo 1: 8), .ref~e-se ,a dos Fara6s do Novo Imperio, depois d:l expulsao dos odJados asJat1Cos do tcm~6no Com isso concorda o fato de que os israelitas estavarn estabelecidos ao redor da capital dos no Egito, na planincle de Tanis", chamada "campo de Zoa" (Salmo 78: 12).

fi. MOISl!s, 0 LffiERTADOR

0 relato da estada de q uatrooentos e trinta anos de Israel no Egito e, em parte, conservada em sllencio pclo registro bi'blico, cxceto a narrativa dos. acontecimeotos da de Jose e seus irmaos e do perfodo de severo cativeiro, no run. 0 Iongo mtervalo entre esses tecirneotos e resumido em um unico versioulo que sublinha 0 crescimento nu.merico dos tas no Egito: "Mas os fllhos de Israel for.am fecundos, aumentaram muito e se UJl .aiJu .... w ..... u.,:

- 68-

IIJUnd.,mcntc: sc fortaJcccr~m: de manc.l.ra ctue n terra sc cnclteu deles" (Exodo 1 : 7).

. I . A 1rqueo~ogfo e o Nascimento de Moi~s. ? nome de Moises, o grande l.iber-lu~ohH e lcgtslador. ~omtna o~ u.lumos quarenta anos de permanencia dos hebreus no Egito. A his­t~( ln do. como a pnncesa ~·p:1a o ~ncontrou na area d«: papiro entre o carri~al, a maxgem do rio, h1rn muuos pam!elos na trad.i~o ant:iga. Aos cxemplos classioos de Romulo e Remo Baco e Perseu '\tu uilo f da Acadia (c. 2400 A. C.), podem ser acrescentados. Uma lcnda cuneif~rme do secul~ I X A. C. faJa assim a repetl~ao de Sargao:

Minha humilde rruie m~ concebeu ; teve·me em segredo, colocou-me em uma area de junco, fechou a tampa co~n p!che~ e entregou-fl!e ao rio, que tufo me submergiu. 0 rio me levan­lou e .levo

7u·me a Aqw, o 117'/gador . .. Aqui, o irrlgador, tirou-me . .. fez·me seu filho e

mecnou.

Como diz Caigcr:

Nao lut necessidad~ de JJO_Stular u~ o~;gem co1?um para ronumces tao simples e natutalS, m.as s: algu~m Qtmer faze-to, o epts6dto de Mo1ses (seculo XVI A. C.) pode ter sido a ins­pll'afOO de rodos eles. 1J

2. 0 Nome Egtpcio de Moises. Que Moises foi nascido no Egito e criado sob torte influencia eglpcia, f· ~test ado independentemente por seu nome evidentement~ eg{pcio, con­lllmado pelos .no~es eg~pc~OS que ocorrem entre OS seus _varentes araorucos, durante do is seculos. 0 nome em Sl. nada m31S e aparentement.e, do que o eg1pcio Mase, pronunciado Mose depois do ~culo Xll A. C., e signifies '

1a crian~", palavra preservada em composto como A·mose ( 44fllho

~e A", deus daluz), Tutm6sis (''filho de Totc•').9

. . De fato , e be!" provavel que a filha de Fara6 nao tenha dado urn nome especial JJilra aquelc infante desconhectdo , filho de uma ra~a difercnte, e que eta se tenha lirnitado a charmi­lo Si?t~le~ente de '.'a crian~·· . A interpceta¢o dada pelo escrito r sacra, por outro lado, por uma

c olnetdenclll extraordUlaria de som, e unaa circunstanciil na sua hist6ria e Ugada com a raiz hebreia masha. ~'tirar, arrancar", porquc a filha de F:ua6 havia tirado o menfuo das ~guas (£xodo 2 ; 10).

, Outro fat? ~ vida de Moises, alem do seu nascimento c educa~o no Egito, I'JUC C atc_qa~o f,elo SeU prop~o DO~e e pelo de SC~S parentes, e a presen~a de um elemento nubjo na sua fam~Ua .. · Falaram Mum c Arao contra Moiscs, por causa da mulher etiope (ou nubia) que l ornurd :. po~s tinlla ~o~nado ~. mulher cusita (ou nubia)" (Numeros 12: 1). o nome do neto de Aarao, amao de M~tses, _!i~etas, tarnbem e egfpcio , e significa "o nubio", e e interessante porque ••rHesenta uma confLrmayao mdcpcndente (e de·absoluta conf18n~a)" desta circunstancia. lO

. 3. As ~ragas do Eg~o. A na.rrat~v~ das dez pragas, como a hist6ria de Jose, abunda ~~Ill. colond? l.ocal au tentico. Os miJagres conslstltam em acontecimcntos que eram naturais no lig1to, conSlstmdo o elemento sobrenatural no grande aumento da s•ta intensidade normal e a sua 11prcsenta~ ~m uma seqUencia incomum. Em ou.tras paJavras, nio h8 impona~o de fe~~ llllturais de paues remotos para o Vale do Nilo. omenos

. 4 .. A Rota do Exodo. A sa(da de Israel do Egito, da maneira como e esboyada pc~ narr~t!va bfbltca, antlgamente suscJtava urn grande ceticismo e debate entre os estudiosos. Mwto.s dtzuun que a ro~a. descdta no livro de Exodo era impossfvel, e que, da mesma forma, 0 l)r6pn o Exodo era lendan~, ou pelo menos ~istoricamente incerto. Outros insistiam na passagem ~to norte, ao Iongo do Medtterrineo, a despetto de perempt6rias declaraooes btblicas om oontrano t.n,x?do 13: 17, 18). Os que advogavam a rota sui conseguiram vantagem decisiva, e as fileiras dos cehcos rarearam serlamente pela retra~ao do seu mais notavel representante, o celebre egjptologis­tu Alan Gardner.

Os per{odos irUcia.is do Exodo sao descritos da maneira segujnte:

Assim partiram os filho~ de Israel de Rams~s para Sucote (Exodo 12: 37). Tendo f 'Orao

- 69-

Page 37: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

deb:ado ir o povo, Deus noo os levou pelo caminho da terra dos [ilisteus, posto que mais perto, pots dtsse: Para que porpentura o povo lll'lo se arrependa, vendo a guerra, t tornem ao Egito. Porem Deus fez o povo rodear pelo camfnho do deserto perto do Mtir Vermelho . .. Tendo, pois, partido de Sucote, acamparam-se em Etif. a entrada do deser· to (Exodo 13: I 7, 18, 20}. Disse o Senhor a Moises: Fala aos filhos de Israel que retro­cedam e se acampem defronte de Pi-Hairote. entre Migdol e o mar, d iante de JJaai-Ze[on; em /rente dele vos acampareis junro ao mar (Exodo 14: I , 2).

Ao tra~ar cste intinerario do mapa, (Veja quad.ro nO 15) e importante primeira· mente observar que a tradu~ao da palavra hebraica Yam Suph como "Mar Vermelho" e intei.ra· mente incorreta, pois a palavm, obvlarnente, significa .. Mar de Junco'' ou ''Pantarull". Que isto di· ficilmente pode i.ndiC1lt o Mar Vennelho. ou mesmo o seu bra~o noroeste (o Golfo de Suez), e indicado pelo fato de que nao tla junco no Mar Vermelho , e que a extensiio de agua que cles reaJ· mente atravesswam, formava uma b:ureirn natUial entre o Egito e o Deserto do Sinal, enquanto que os isiaelitas nao teriam necessidade de atravessar uma grande extensao do deserto se fosse para chegarero ao Mar VenneUJo ou seu brai(O, o G-olfo de Suez. Pelo contrario, a narrativ~ denota. inquestionavelmente, a prox.imidade do Mar de Junco a Sucote. a moderna Tel el-Mascuta, a cerca de cincoenta quilometros a sudeste do seu ponto de partida, em Ramses (Exodo 12: 37).

0 Mar de Junco ou de Papiro, que os israelitas atravessaram de maneira mllagrosa, supije-se, razoavelmente ser o Lago de Papiro ou Pantanal de Papiro, conhecido por urn documento eg.ipcio do seculo XIU, como sendo localizado perto de Tliols". A topografia dessa regiao mudou ate certo ponto, dcsde que foi cavado o Canal de Sue~. Pelo rncnos uma extensiio de 3gua de.sa­pareceu: 0 Lago BaJa. No seculo XV A. C., a regiao nas vizinhan~as do Lago Tinsa, entre o lago Bala e os Lagos Amargos, pode tcr sido mais pantanosa do que atualmentc, c a travessia do "Mar de Junco" foi, sem duvida, feita na regiil"o em tomo do lago Tinsa, ou pouco ao sui dele.

A localiza~ao de Ramses (antetiormente, A varis-Zoii; posterlormente, Tanis), tern proporcionado urn ponto de partidD. p:ua us geogra(os blblicos, para verificar a cxatidao da rota b{blica do £xodo. Dci.;'(ando Ramses-Tanis. os israelitas que fugiram oome\aram a sua jomada circular em dir~o a Canaa. A estrada miUtar direta que estava diante deles, passava pela fonale­za eg(pcia de fronteira em Zilu (Tel), e depois, ao longo do litaml, "pelo caminho (estrada) da ter· ta dos fiJisteus" (Exodo 13: L 7). Sendo esta a estrada mais taovimentada e mais cuidadosamente guardada par.1 o imperio Eglpcio-Asilitico da Palestina e a S!ri3 Inferior, os israelitas, ainda na ~alidade de uma twba desorganizada de escravos recem-libertados c embarae(ados por "urn mistr

"' de gente" (Exodo12:38), nao estava em condi~es de travar a _guena au~ tal itinerirlo t~i ~ precipftado quase unedlatamentc, quer do ponto de vl$ta aa organizac?o milltai, -quer- moca (Cl Exodo 13 : 17).

Deixando Sucote, que e localizada a cetca de dezesseis quilometros a leste d~ Pi­tom (Exodo 1: 1 L ), hoje identificnda com o Tel Retabc, os israelHas acamparam nos limites do "Deserto do Mar Vermelho ( de Junco)" (Exodo .13: 18. 20), isto e, na regiio do Lago Ttns:i. Pi-Hniro te, que se d iz estar "entre Migdal eo mar" e "diante de Baai-Zefom" (Exodo 14: 2), parece chuamentc ser a Pi-Hator egfpcia, nas vizinhan~as de Tanis.

Bmborn Migdal c BnaJ-Zefom tenham names semitas, o que 6 perfeitamente normal nessa parte do Egito, nomes atcstados pelas inscdyoes, a sua localizayflo exata ate agora ainda nao foi deterrninada. Por esta razao, e posst'vel que OS israelitas. em sua jornada circular, nesse ponto (Exodo 13: 18) dcvem ter vagueado muito ao norte do q uc geralmente se supoe, e atravessa.ram as aguas na rog:iao do Lago Bali. De qu3lquer forma, a rota b1blica csbo9ada em Exodo, contem todas as indlcaf1oes de autenticidade.

- 70-

Capitulo XII

A DATA DO EXODO

Ernbora ncnhuma evidencia arqueologica tenha sido encontrada , ate o presente, till cstada de Israel no Egito, a luz de consideravel testemunho indireto.! 6 praticamente i.mposs1-Yl11 negar com razao tanto a ltistoricidade de Moises como o Cato do t;xodo. Como os eruditos ttt~rulmente admltem, um acontecimento que se lmprimiu tao i.ndeleveJmentc na consciencia de urn llfWO , ao ponto de controlar todo o seu pensamento ulterior, de ser o alicerce da sua hist6ria nunonal e de r:atifjcar a sua religilio, ruio poderia, por nenhum e.sfor~o de imagfna~o. tcr: sldo uutn simples invenl(io. 0 problema teal nlio e, portanto : Aconteceu? mas: Quando aconteceu?

A data do exodo e, contudo , urn problema peculiarmente enganoso, e tern ocasio­nul,!o controversia quase infindavel. Ao lado de pontos de vista exttemados como os de Gardner, tlaU, Wr:eszmski, e outros, que oonsideram a hist6Jia do Exodo como u:ma adapta~o dasaga eg(pcia do Exputsao dos Hicsos, ou como a opiniao de Petrie, Eerdmans, Roley, e outros, que localizam-ftJ! bern depois, no rcinado de Mernepta. ou mesmo mais tarde, apenas duas opini6es principais

•MStem. A prirneira coloca o evento ao redor de 1441 A. C., no reinado de AmenotepeHda De· dma.()itava Dinastia; a sestunda coloca-o em cerca de 1290 A. C., no r:einado de Remses II. da l>fcima-Nona Dinastia.

I. A DATA BiBLICA

Embora qualquer opini3o a respeito do l!xodo seja importunada por dificuldades, 1""1.!. muitos ctiticos insistern que "a completa harmoniza¢o" da narrativa biblica "e nosso mate­tbtl cxtra-btblico 6 inteir.tmentc imposs{vcl'', 1- ruio obstante e verdade, baseando-se em muitas t'onsidera9oes, que a opiniio que advoga a data mais remota (1441 A. C.) e corroborada pela lh'blia. Muitos negarn isto, baseando-se em ~xodo 1: 11 e outn evidencia mais. Mas esta bem claro, (~cndo·se tlma verifica¢o de todas as evidencias escrituristicas, inclusive o esquema de todo o l'\l~"fodo que vai do Pentateuco c da prim.itiva historia de Israel. ate o periodo dos ju!zes e a epor.a dr. SaJomio, que o Velho Testamento ooloca Moises eo periodo do Exodo em tomo da motade tlo seculo XV A. C., em vez de seeulo e meio mais tarde, na primeira metade do seculo XJ lJ A. C. atvluencias b£bUcas e extra-blbUcas que sustentam esta opirtiio se colocam de !ado com facilldade.

J. Uma Declara¢o Bfblica Exp/(cita, LoC4Ilz4 o Jfxodo c. 1441 A. C. No wo quatrocentos e oitenta, depois de sa(rem os filhos de lsrael, Salomao, no ano quatro do seu reinado sobre Israel ... come~ou a edifiear a casa do Senhor (I Reis 6 : 1).

0 quarto ano do reinado de Salomao, embora a cronoJogia deste penodo ainda oscUe cerca de uma aecada, Cleve corresponder mais ou menos a 961 A. C. w. F. AJbright da 931 A. C .. como a data d~ mo~e de Salomao;EdwinR. Thiele, 931 A. C .• e Joachim Begrich 926 A. C. t., VISto que Salo.mao remou quarent~ anos (1 Reis 11 : 42), o quarto anode seu reinado poder:ia t~~r computado ass~m : 958 A. C. (Aibnght), 967 A. C. (Thiele) ou 962 A. C. (Begrich). Tomando o ano 961 A. C., que n!o pode estar muito errado, chegamos a 1441 A. C. como data do £xodo, • 187~ A. C. como a epoca da entrada de Israel no Egito, dado que a peregrina~o durou 430 1nos (Exodo 12: 40, 41).

- 71 -

Page 38: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Eruditos como Albrig_ht, que indica como data do J!xodo urn seculo e meio mals tarde (1290 A. C.), e H. H. Rowley, que o localiza mais de dais seculos mais tarde (1225 A.C.), sao compeUdos a rejeitar l Reis 6: 1 como atrasado e complctamente indigno de conf1an¥a, apusar do fato de que a nota crono16gica que ele contem oste nta evide ncia de autenticidade, e obviamen· tc se enquadra em todo o esquema cronol6gico subjacente ao Pentateuco c aos livros de Josue e lulzes. Os que, dessa forma, encurtam o pcrlodo dos juizes de seculo e meio ou do is seculos, que os aJgarismos biblicos colocam entre 1400 e 1050 A. C., excluem virtualrnente a possibilidade de colocar a cronologia b1"blica no contexto da hist6ria contemporinea. Co nsequentemente, sao for­~ados a reJeitar ou alterar dr.istica e intrinsecamcnte todas us numerosas notas cronol6g1cas con tidas em um livro como ode Jufzes, e encurtar o periodo, pelo menosno que concerne a estrutw~a cronol6gica bfblica.

2. A Historio ContemportinetJ Egfpcio Permite Ca/culor a Data do lxodo em Torno de 1441 A. C. Esta data cai bern provavelmente, nos primeiros anos do reinado de Ameno· tcpe II (1450-1425 A. C.), filho do' famoso conquistador c imperador 1 utm6sis1UI (1482-1450 A. C.). Urn dos mais notaveis dentre todos os Fara6s, Tutm6sis Til e a figura ideal do Fara6 d~ Opressao. De acordo com o registro blblico, Moi"S6s esperou a morte do grande opressor para voltar ao Egito, de seu refugio em Midia f~xodo 3: 23). 0 £xodo teve lu~ nao muito depois, oo reinado de Amenotepe ll, que era, evidentemente, o rei que endureceu o coract3o e nao querla deixar os fllhos de Israel sa(rem.

Nos registros contemporineos de Amenotepe n, nenhuma refel"enCia e feita a desastres nacionais como as dez pragas ou a perda do exel"cito eg{pcio no Mar Vermelho (de Jun· co). c muito menos a fuga dos hebreus, por mo\il'os 6bvios. Porem, csta circunstiincia era de se esperar. Os egipcios cram o ultimo povo a registrh os seus infortt1nios. Da mesma forma. na mil· mia de Amenotepe ll, descoberta em 1898 no Vale dos Reis. nao hi nenhum sinal que demonstre tcr ele sido afogado no .mar. £ verdade que n Biblia n:io dcclara que ele o foi, ou que ole acompa· nhara pessoalmente "os seus carros e os seus cavalarianos, ate ao meio do mar" (Exodo 14 : 23·31).

Se Amenotepe U era o Fara6 reinante por ocasiao do txodo, o seu filho mais vellto foi morto pela decima praga, que " feriu ... todos os primogenitos na terra do Egito, desde o primogenito de Fara6, que se assentava no seu trona, ate o primogenito do cativo que estava na enxovla" (Exodo 12: 29). E cvidente, seg\lfldo os monumentos, que Tutm6sis IV (1425· -1412 A. C.), que escavou a esftnge, nao era o fllho mais velho de Emenotepe U. A chamada "lns­cril(io do Sonlto de Tutm6sis IV" regjstrada em uma imensa laje de granito venneDlO perto daes­finge de Gize, declara que quando era ainda jovem, o futuro Fara6 donnira sob o famoso monu· mento, e sonhara. No sonho, a esfinge aparecera, surpreendendo-o com uma profecia de que urn dia ele se tornaria rei do Egito, e pedindo-lhc que afastasse a areia dos pes dela em sinal de gratidao.

I! claro, oomo base neste antigo registro, que Tutm6sis IV nao era o fll.ho mais vclho de Amenotepe, vista que as suas csperan~ de sucessao ao trona eram aparentemente re­motas, vista que as leis da p rimogenitura vigoravam no Egito, nesse tempo. Em suma, a poSSi"bi­tidade e que o herdeiro tenha morrido da manei.ra rcvelada na Blblia.

A situayao hist6rica geral tornou o Exodo poss(vel no inicio do reinado de Ame­notepe ll. Com a morte do grande Tutm6sis ill, todas as partes subjacentes do Imperio, na Sfria· -Palestma, revoltaram·se. 0 novo Fara6 acometeu os inconfidentes e os destruiu: bern pode se{

que os sucessos dessa campanba tenham tirado um deslocamento de atenl(io militar. de forma que Mo.ises nao se demorou em aproveitar dessa vantagem.

A descdl(io de Tutm6sis lil como o grande opressor dos israetitas, e plenamente digna de credito. Ele era urn grande construtor, e empxegava cativ-os semitas em seus vastos proje­tos de constru~es. Muitas de suas operal(oes construtoras eram supervisiooadas por seu vizfr, chamado Recmire. Este importante oficial ou primeiro m.inistro exercia autoridade t.io extensa como a do seu colega que o havia antecedido , Jose. 0 seu tumulo proximo a Tebas esta coberto de oenas que descrevem a sua caneira. Em uma dessas representa~es. Recmire se ap6ia em seu '1otdao e observa cortadores de peo:ra, escultorcs, oleiros e construtores que mowejam dliUlte dek

- 72-

UmCl pil.tlO du ceno. do tU.mulo ch: Recmlru pinta oa ohmo~. A fabrh.:11~:To d~: tijo. loa no antU;o l:!gito era um rmu:.:sso quo lnclui'a o dcstorroumcnto do bo.rro do Nilo com cnxad6es, Nl'll umcdcclmcnto com ogua. ¢ a ~ua mi!Jturn com IM"el.a u pallia plead a (itxodo s: 6~1 9). Em se­,,utt!u , ole cru moldado c co:tldo ao sol. Significantemcnte, estrangeiros semitas siio encontrados MLrc os o lelros e pedreiros do tiimulo de Recmire. A inscriyao correspondente refere-se aos "ca­t lvo" trazldos por sua majestade para a,<; obras do templo de Amum". Os pedreiros sao menciona· dull a dizer : "Ele nos supre de pao, cerveja e tudo o que e bom", enquanto que os feitores adver­tt·m os trabalhadores : " A vara esta em minha mao: nao seja pregui~oso". 2

Jose faleceu, foi embalsamado e colocado num tumulo de acordo como costume tl(l!i l-gfpclos (Genesis SO: 26). Mais tarde, "se lavantou novo rei sobre ~ EgHo que nao conhecera • Jose'' (Exodo 1: 8). De_sta _form~ comeyaram os '?~gos anos de opressao. Est~ novo rei parece ter tkto o . func:ador ou_o pnme!Io re•_da poder~sa Dec~a-Oitava Dinastia (1546-1319 A. C.). Vista IJUu_ a mn~o do Egtto levada: a eferto pelos h1csosA fo1 empreendjda por semitas, e nao por hurianos uu mdo-ar1anos, como o~ ma1s recentes est~do~ tern mostrado, parece que a expulsao dos hicsos, 11ur ~oJta _da rnetade do seculo XVI A. C., fo1 o 1mportante acontecimento que resultou na opressao 1lns tsraelitas.

A Decima-5etima Dinastia, com um reino estabelecido em Tebas, tornou-se a po­tluro~ rival dos governantes 1\.icsos, que desde cexca de 1750 A. C. se haviam entrincheirado no Del­Ill. Na gueua de IJ"berta~o. Camose (c. 1570 ~. C.) derrotou os invasores e A-mose completou a r xpulsio dos hlcsos do Egito. Provavelm.ente, sob o goveroo dos reis da Decima..Setima Dinastia IJI•c precederam a Tutm6sis lll e Amenotepe I (1546-1525 A. C.), Tutmosis 1 (1525-1508 A.C.)

'futm6sis ~I (150~-1504 A. ~.) e da Rainha Hatsepsute (1504 1482 A. C.), os hebreus foram 111da vez mw cscraVIZados. MoJSes nasceu em cerca de J.520 A. C., provavelmentc sob o reinado de lutm6sis I , cuja filha, a famosa Hatsepsu~ bern pode ter s1ao a pcrsonagem real que descobriu

I) meninO entre 0 carri~, a margem do rio lt.XOdO 2: 5-10).

Vista que Tutm6sis 1 nao deixou herdciro legftimo do sexo masculino que ocu­ptsse o trono, sua fllha Hatsepsute era herdeira presuntiva. Sendo impedida, oontudo ,devido ao seu ICXO, de sucede-lo. a unica solul(io que Ute restava era transmitir a coroa a scu marido, atraves do l' llllllmento, e assegurar a sucessao para seu filho. A fun de frustrar urn dilem.a para a dinastia, e lnipedir a perda da coroa em favor de outra famffia, Tutmosis I foi obrigado a casar sua fllha t·om seu meio-lrmao mais novo, filho de urn casamento menos importante, que assumiu o trono romo Tutm6sis n.

Mas o casa.mento legitirno de Tutm6sis U, como o de seu pai, falhou em suprir 11m herdeiro ao trona do sexo masculino. Outra ve2, medidas especiais precisaram ser tomadas Jllua salvaguardar a sobrevivencia da dinastia. Totm6sis 11. semelhantemente, nomeou como seu •UCessor um f'llho seu nascido de esposa secundaria. Apontando o garoto como co·regente, e for­talecendo OS seus direitos ao trono ao casa-lo com a sun meia-irma, f'ilha de Tutm6sis f( atraves •le Hatsepsute, o jovem prfncipe ascendeu ao trona e foi coroaClo como Totm6sis lll. Cootudo , \lurante algum tempo , ele nao estava destlnado a assumir as rooeas do governo. Hatsepsute, sua ma· drasta e sogra (devido ao scu casamento com a filha deJa, oao apenas assumiu o reinado dutante • minoridade de Tutm6sis Ill, mas recusou-se a entregar-lhe a rcgencia, mesmo dcpois da sua mnlorldade.

Logo de com~o. a energica rainha anunciou a sua inteo~o de reinar como ho­mcm. Seu brilhante rein.ado foi caracterizado por notavel prosperidade e gmndes constru~oes, e nfo chegou ao flm antes de cerca de 1486 A. C., quando , em seguid.a a sua morte, o impaciente n invejoso Tutm6sis lll subiu ao trono c. imediatamente, destruiu ou obliterou todos os mo.nu­mcntos dela. Se o reboco com que ele os cobriu .nao tivesse ca{do, muito menos se podeda saber a rcspeito da sua notavel madrasta.

A m orte de Hatsepsute e a ascensao de Tutm6sis lli inaugurou, sem duvida, a ultima e mais severa fase da opLessio de IsraeL 0 novo monarca foi urn dos maiores conquistado· res da hist6ria do Egito. Em numerosas campanhas vitoriosas n.a SCria-Palestina, ele ala.rgou as tronteiras do Egito ate o rio Eufrates. Listas das conquistas que ele empreendeu na Asia, incluem mui:tos names biblicos farni.liares como Cades, Megido , Dotii, Damasco, Hamate, LaJs, Geba,

-73-

Page 39: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Tanaque Cannelo Bete--Semes Gale, Gerar, Ecrom. Gezer e Bete-Se£ Mal sabin o podcro'IO imperad~r que 30' despojar a Palesti.na c destroyar as fortalezas dos amo~rcus!.. ele estava contrl­bulndo para a ~onquista da terra pelos humildes escrav~s hebreus. que ate ent.ao estavam moure· jando sob o feroz tatcgo de seus feitores, as margens do Nilo.

3. A contecimentos Contemporaneos na Palest ina, Sugerem uma f!ata para o Jfxodo: c. 1441 A. c. Sc os israelitas sa{ram do Egito em cerca de .1441 A. C., e Jornadearam qua.renta anos no deserto (Numeros 32: 13; Deuteron6m.io 2 : 7 ; Josue 5: 6). c~troram em Canal em corea de 1401 A. C. A questli'o importantc e se hi a~~a invasao d~ P~estm~ central e meri· dional mencionada em registros contemporaneos, que sugennam a conqu1sta ~elita sob o mando de Josue. Desde o descobrimento das famosas Cartas de Amarna, em ~886, Ja se sabe ~ue. elas narmm uma invasao de forasteiros. Esses invasores, chamados Habiru, sao rca.lme~te p~sstvelS do compara~iio etirnol6gica com os hebreus e, cmbora m~i_tos problem~ estejam mclutdo.s, ~ os melltorcs eruditos estejam divldidos quanto a essa matena, a dec~~~~o de J. W. Jack e amda pertinente especialmente a luz. das declara~es scm rodolos e das 1DSlOU~i5es ClaraS do Velbo Testament~ pertinentes 3 data do Exodo : ''Quem cram esses invasores da Palestina cent_ral e me­ridional? Quem mais poderiam sex eles, senao os hebreus do Exodo, e nao temos n6s aqu1 a versao nativa da sua entrada na lena?''. 3

Abdi-Hiba, governador de Jerusalem, escreveu muiras cartas ao Fara6 Acnatom ( 1387-1366 A. C.) soticitanto a ajuda egfpcia contra os Habiru lnvasores, para que o pa{s fosse sal~ vo em bcneflcio do Egito :

Os Bobiru saqueitun todas as terras do ref. Se os arqueiros estiverem aqui este a no entao as terras do rei, oSenho;, seroo poup11das; masse os arquefros nao esriverem oqui, entoo as terras do rei, meu senhor, estoo perdidas. 4

4. Evidencia Arqueclogfca da Queda de JericO Au.xilia a Localiz~¢o do Exodo em c. 1441 A . C. Escava~es fcitas no Iugar da antiga cidade, indicam a q~eda da CJ~e em ~e!ca de 1400 A. c. A Jeric6 do Velbo Testamento era a principal fortaleza de tmportancm estrat~ca, que comandava a entrada para Canaii a teste. Representada atu~ente pelo outelro conhectdo r.nmo Com el.SuJtiio, a antjga cidade se tevantava acima de um oam e de Fontes agora. c.hamadas Aim e1-Sult.iio, que apresentam o mais abundante sup~imento de agua em tocla ~ vu:tnhan~. Atras as muntanhas da cordilheira oriental se levantam abruptamente, e a dois qullometros de dlS· tanci~ se levanta 0 majestoso espinhaQo de qujnhentos metros de altura cbamado Jebel Curuotul. Esta era, eVluentemente, a montanha pGia a quef os espias de Josue fugira':" quando sairam ~ casa de Raabe (Josue 2: 22). Escarpada e impraticavel como parccc _a ba~erra mont~10sa onental, na realidade e cortada por desfiladeiros que diio acesso ao ptanalto mtenor da Palestma.

Como resultado da escavaQ5o de Ernst Sellin e da Deutsche Orientgesesellschaft (1907-1909), e particula.rmente das de John Garstang (1930-1936) •. a hlstori.u ocupacio~l. da antiga cidade p6de ser esboQada. 0 tocaJ fol ocupado, como se ve,ri!icott, na e~oca ~eolitlca, antes de 4500 A. c., c na epoca calcolitica (4500-3000 A. C.) uma sene de sucesswas ctdades all se estabeleceu. Cidades posteriores, que recebera.rn nomes alf'abeticos dados p elo Professor Garstang, ocuparam o Jocal . A cidade A datava de 3000 A. C. A cidade B f~i fundada em ~crca de 2500 A c., existia nos dia de Abraao, e caiu em cerca de 1700 A. C. A Cldade c, e!a mator que as S\Jal predecessoras, e eontinha urn esplendido pal3cio que era. r~d~ado por u",l solido m~ro, com uma tadeira de pedra e um fosso exterior. A cidade pettencta a epoca dos h1csos, e mu1tos camafeus desse per{odo foram desenterrados em suas ruinas. Datando de cetca de 1700 A. C., ela sofreu destrulQao em cerca de 1500 A . C. (Veja quad.ro n° 16).

A cidade D era a que foi tomada por Josue e os israelitas invasores. Fora con5-tru(da em corea de 1500 A. C. Nessa epoca, o velho palicio da cidade pre~ente fo~ recon&­truido e a nova cidade protegida por urn duplo muro de tijolos. Urn muro ma~o de dotS metros de esp~ssura foi erigido na margem do outeiro. 0 muro interior era separado dele. ~r um espa90 de cerca de quat.ro a cinco metros, e tinha quatro metros de espessura. 0 muro, ongmalmente, al·

-74-

, •lnr;nvn talvet uma altura de ccrea dll de1. metros. 0 lumunho ~a cldade era bem pequeno, co sua •'ll'a eomprecndiu apenas cerca de um alqueire (24.000 metros quadrados). A falta de espaco le­\'l!u i con~truyao de casas no espa~o entre o muro interior e o exterior. Dcsta fom1a, e registrado 'llt~· Rnubc fez os cspias desoorem ''por uma corda pela janela, porque a casn em que residia estava tonlm: o muro da cidade". (Josue 2: 15).

Os muros de Jeric6 (Cidadc D) mostram evidencias de violenta desttui¢o. 0 muro u,..tcriot tombou para fora, sobre o declive do outeiro, eo inte.rior, acompanhado pelas casas sobre 1'1· cdificadas, caiu no espa~o entre ambos os muros. Massas encarnadas de pedra e tijolo nUstura­tllll com cinzas e madeira carbonizada, mostram que uma conflagraQ5o seguiu-se a queda da ci­J.tdc. A eonclusao natural que se pode tirar das escava~oes, e qoe esta destrui~o dos muros de J eri· I 0 e a que estava descrlta graficamentc em Josue 6. Esta identifica¢o e fortalecida pelo fato de t JIIC , depols dcsta completa destrui~ao, Jeric6 permaneceu ern ru{nas, c nno fo i reconstru(da ate IICI lornpo da cidade E, que perlence a epoca de Acabe (c. 860 A. C.), quando Riel de Betelreedi­tlcou-a (T Reis 16 :34).

Garstang fixa a data da destrui¢o de Jeric6 (cidade D) em ccrca de 1400 A. C .. u que certa.rnente ooncorda com as rcpresenta¢es b1'blicas da epoca da sua queda e da Conquista J c Canna. Conrudo, e apenas natural que muita oposi~o se levante contra csta data, por parte tins que advogan1 teorias que p6s-datrun o £xodo. G. E. Wright e W. F. Albright dizem discordar oum a data de Garstang. Contudo, permanece o fa to de que muita confusao e incerteza reina entre Q~ t )UC, como Albright , localizam a destruiyao de Jcric6 em cerca de 1300 A. C. Nesse caso , esta tJ!Ila ncm da ccrto com a data que elcs atribuem para o ~xodo (seria 1280 A. C.) nem pode ser .rc· htclonada historicamente com a destr•ticao da cidade D, segund.o a narraUva de Josue 6 ; enq ua.nto 1~. Perc Vicente aoresenta uma aata (c. 1250 A. C.) que {X>deria dar cerro com a que Albright .,trlbui para o £xodo, de 1290 A. C. (agora 1280 A. C.) mas ele confessa: "parece poss{vel, cmbora o.xlremamcntc dificil''. 5 (Veja quadro no 17).

0. OB1Ec;OES 'A DATA B.ffiLJCA

Os que inescrupulosamente colocam de !ado as nota cronologicas do Velho l cstamento como sendo, freqiien tcmente, de pcqueno valor hJst6rico , objeta.riam fumemente em chamar biblica a mais antiga data do .t!xodo apre cntada (l441 A. C.). Diriam que eoloca.r o P.xodo postetio.rmente, no seculo Xlll A. C., sob a Decima·Nona Dinastia Egipcia, em vez de no e cuJo XV A. C., sob a Decirna-Oitava Dinastia Eg{pcia , est3 mals de acordo com as evidencias blblicas. Essa idep., contudo, 6 aprcsentada sem base que a sustente, fundamcntada apenas nn data 11prcsentada em Exodo 1: 11, como sera mostrado. Evidencias arqueologicas sao ainda aduzidas como subs(dio da teoria de data posterior. De acordo com esta teoria geral, Israel entrou no Egito llm cerca de 1710 A. C .• deixando-o em cerca de 1280 A. C., e entrando na Palestina em cerca lie 1240 A. C. Conseqiientemonte, as obj~oes seguintes a data mais antiga (1441 A. C.) para o P.xodo sao geralmcnte apresentadas:

I. Uma Declara¢o Bfblica Expl(cfta, Alega-se, Coloca o Jfxodo em c. 1280 em Vcz de 1441 A. C . .l!xodo 1: l L, de acordo com os iSI,'aelitas escravizados "ed ificaram a Parao us cidades-celeiros, Pitom e Ramses", e empregado como base da tcoria de data posterior. I Reis 6 : 1, po.r outro lado, que data o ~xodo em cerca de 1441 A. C., e considerada "tradi~o" contra· ~lt6ria e infe.rior, e por isso rejeitada. Contudo, se interpretada adequadamente, £xodo 1: 11 1\tio esta em desacordo com l Reis 6: 1, e se expUca satisfatoriamente segundo a data de 1441 A. C. para o ~xodo.

A arqueologia localizou .Pitom no Tel er-Retab~ e Ramses em Tanis, e ind1000 que essas cidades foram (pe1o menos a!ega-se terem sido) oonstruldas por .Ramses U (c. 1290-·1224 A. C.) Todavia. a luz do not6rio costume de Ramses ll de atribuir·se realizaV(>es de seus IUltecessores, certamente essas cidades tenha.rn sido si.mplesmente reconstruldas ou aumentadas ror ele, Alem do mais, visto que e verdade que Tanis foi cha.rnada Per-Re' emasese (casa de Ramses) llurante apenas dois seculos (c. 1300-1100 A. C.), a referencia em Exodo 1 : 11 precisa sera cidade m:tis antiga, Zoi-Avaris, onde OS ismelitas oprimidos trabalharam secuJos antes. Da mesma fonna, o nome Ramses deve ser considerado como modemiza<;io de urn nome de lugar arcaicn como Di

- 75-

Page 40: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

lPara Lafs em Genesis 14: 14). Visto que Zoa-Avaris fon outtom uroa floresceote cidade, antes da expuls3o dos hicsos (c. 1570 A. C.), houve tempo suficiente para os escravos israeUta-s terem edificado a cidade anterior, pois eles entrnram no Egito em ccrca de 1870 A. C. (Veja quadro no 18)

"£ tambem d.if(cil imnginar que conquistadores e construtores tao fnmosos como Tutm6sis ID e Amenotepe II tenham abandonado todo interesse na regiiio do Della, especial­mente na rica regi8o de G6sen, situada tao perto de seus domlnios asiliticos. Em natural, depois da expulsiio dos hicsos, que o principal centro de administra~o fosse localizado em Tebas, mas e bern provavel que a velha capital nao tenlla sido abandonada pelos Fara6s da Declma.Oitava Dinas­tia. Devido a vasta expansao da influencia eg{pcia na Asia, era necessaria que hoavesse ama sede de autorldade a nordeste do Delta. Sabe-se devido a urn camafeu, que Amenotepe ll nasc:era em Menfis, 01Io Ionge de G6seo, mostrando que a corte do Fata6 residira la durante algum tempo, durante o reinado de seu pai. Em vista deste fato , deveria haver uma residencia real e uma sede de governo nessa localidade, dOiante os reinados de Tutmosis Ill e Ameootepe fl . e c:ertamente com boas razoes que as nanativas do Exodo admite que a residencia do Fara6 nao era Ionge da terra de G6sen.

2. Alega-se que Israel Dificilmente Entrou no Egito Antes·do Perfodo dos Hicsor. A ontrada original, se ftzermos OS calculos baseados na data de cerca de 1441 A. C. para .o £xodo, admrtindo uma estada de 430 a:nos no Egito {Exodo 12: 40, 41), seria 1870 A. C .• sob o dom{nio do forte Reino do Mclo, e teria acontecido urn seculo e mcio antes do perlodo dos hicsos. que agora pode ser datado no periodo que vai de c. 1720 a c. 1 550 A. C. Em bora o movimento dos hicsos tenha sido dirigldo por semitas, e inegavelmente fosse uma oportunidade propi cia para a entrada de Israel, a suposi~o de que a sua ida para o Egito devcria ter ocorrido necessariameote dlll8nte aquele pen'odo e inteirarnente sem base. Abraao recorrera ao Egito e freqOentara livre­mente a sua alta sociodade, muito antes, no Reino do Meio (Genesis 12: 10-20), e mio hJi razao va.I.ida porque Jose nao possa ter feito o mesmo em perlodo posterior, cspccialmente quando sua humilha~o e exaJta~ao no Egito sao representadas como intciramente providencia:is. Alent disso, os detalhes da hist6ria tem intenso colorido egipcio, c n§:o hicso . Se o rei que entao gover­nava fosse hicso , os pastores hebreus niio teriam sido segregados em G6sen, e nao tcria sido citado que "to do pastor de rebanho e abomina~o para OS eg{pcios" (Genesis 46 : 34).

3. E Af/nruldo Que a /det~tiftCil¢0 dos Hebreus da Bfblia com os Habiro dill Carras de Amanw ~ Improvd1•el. Abdi-Heba representa Jerusal6m como estando em iminente perigo de ser invadida. Este e outros detalhes, dizem, nao se enquadra como panorama b1'blioo, visto que e sabido que os israetitas nao invadiram Jerusalem ate a epoca de Davi (ll Samule 5: 6-10). Embora haja dificuldades de detalhes, este, em particular, 6 uma tenue objeyao. Como se verifica no Velho Testamento. o temor dos vitoriosos invasores israelitas caiu sobre todos os ha­bitantes de Canaa tcf. Josue 6 : 27 ; 10 : 1, 2) e nao hJl razao porque Abdi-Hoba mio devia ficar inteiramente alarmado e completamente pessimista em seu rclat6rio refereote a cital(iio, escre­vendo ao Farao do Egito.

4. As Evidencias Arqueo/6gicas Supostameme Discordam da Data do D~cimo­-Quinto Seculo para o txodo. As cxploraQ3es de superffcie feltas por Nelson Glueck, oa Transjor· dania e no Araba, tentam demonstrar que houve uma lacuna na ocupagao sedentiria dcssa regiio desde c:erca de 1900 ate c:erca de 1300 A. C., de forma que se lsrael tivesse sobrevindo do Egito em cerca de 1400 A. C., nao haveria nenhum reino edomita, moabita, amanita, para resistir ao seu avanryo em direyio ao none. Teria havido apenas grupos nomades esparsos vivcndo na regiao, diz-sc, e a situal(io pressuposta em Numeros 20: 14-17 nao teria existido. Porem, nada ha na passa­gem de Numeros que dcmande uma vida urbana desenvolvida em Edom, ou rcqueira a constru­~o de s6lidas fortalezas. Alem disso, naquele tempo lsrael nao era uma na~tao errante que habita· va em tendas, ainda capaz de empreender a guerra e conqulsta? Por que os edom!tas nao podiam tambem tcr uma economia agricola simples, oesse pcriodo rcmoto da sua hJst6ria, que quase nao dei)(ou despajos materials?

Sobretudo, seria uma sabia mcdida ser extremamente cauteloso no assunto, i luz do fato de que a validade dos metodos de Glueck de explora~o da superf(cie tern sido ques-

- 76-

llt~mldo~ por Vli rlos arquo61ogos (cmbota defcndidos por Albright, o qual, mio obstante, confessa tfiiU "esse ou aquele dctalhe" dns conclusoes do Glueck " indubitavelmcnte precisam ser modi­lkullus"), e~pccialmente quando como sabiamentc adverte H. H. Rowley, "mio devc ser dada lt11hWid!l tOICVnncia 30$ calculos cronologicos dos arqueologos, visto que cles dependem em parte, tit• t]UOiqucr forma, de fatores subjctivos, como o provam as amplas divergencias existentes entre I k~". 6

0 de-sacordo entre os arque61ogos a respeito da data da queda de Jerico c uma huu Uustra£iio da p~rtpie!lcia da adver.tencia de Rowley. 0 mesmo podc ser dito a respcito da lulw:-prctae<ao das eVJdencus arqueol6g1cas da data do exodo encontradas na Patestina particular-II H.mlc ~m Laquis e Oebir (Quiriatc Sc~crJ- ~qui, outra vez, como e interpretado pelos advogados tin tuorm que p6s-data o Exodo, a ev1denc18 parcce favorecer 11 queda dessas cidades diante dos l'laclitas em fins do seculo Xlll A. C. em vez de se-lo anteriormente , no comeyo do seculo XIV A. C, Os pr~blemas, da forma como esta a situa~o arqueol6gica agora, tem-se que admltir serem ~llllldes, porem descobertas futuras e evidencias crescentcs exigir:io, sem duvida uma re-inte-ll'"'iiio de toda a sitoa~o , e resultarao em aclarar a confusio . (Veja quadro no 19) '

-77-

Page 41: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Capitulo XIII

LEIS MOSAICAS E LEIS ORIENTAlS ANTIGAS PARALELAS

Tern havido debate consklcnivel a cespcito dn dir~ao prccisa que Israel tomou depois de entrar no descrto, visto que o Monte Sinai au Rorebe (ambos os nomes lhe sao aplica· dos) alnda nao foi identificado com exatiduo. A peninsula do Sinai 6 urn enmme triangulo da 420 quitomctros de comprimento, e 240 quilometros de targurn, ao norte. No apice da pen lnsult h:i uma grande massa de montanhas gran(ticas, algumas das quais alcanyam a altura de 2. 700 metros aclma do n(vel do mar. Entr~ essas mont3nhas estavarn as antigas minas de cobre c tmqueza doe eglpcios. ~ n16 fcita a localiza¢o tradiclonal do Monte Sinai, onde Mol~s recebcu a lei, e diante do quat Israel acampou. 0 pico mais elevado e Jebel Musa, o u "Montanha de Mo i.ses" .

l. LEIS MOSAICAS £ OUTROS CODIGOS

A arqucologin tern descoberto muitas coleQOe antigas de leis, e tern lan~ado muil:l tuz sobre SUf!lCrios, babjJonicos, assfrios. hititas e cananeus. atraves de cscava~cs fci tas tres (•ltimas decadas. Como resultado, a leg isla~o mosaica aparece em uma perspectiva muito clara do que antes. Dcsde a sun dcscoberta em Susa, em 190 1·1902, o Codigo de Hamurabi tc. 1700 A. C. ) se toroou olossico no sentldo de ilustrar e elucidar as leis mosaicas. A esse c6digo, porem, devem ser adicionadas as antigas leis de Lipit-l star, rei de lsin, na Babilonla central (c 1875 A. C.). e as leis ainda ma is antigas de Esnuna. uma antiga cidadc a nordeste da moderna Bagcill.

0 famoso C6digo de Hamurlibi, dessa forma , aparece compardtivamente tardio na BabilOnia , onda o6digos legals evidcntcmcnte haviam sido pubticados 11ns ap6s os outtos, te secu los. ~ digno de nota, alem do rnais, que o C6d igo de Esnuna, que anleeede as leis de Ha rnbi em ccrca de dois seculos, contem o primeiro paralelo exato as primitivas leis biblicas. Este paralelo se refere a dMsiio dos bois dcpois de urn combale fatal entre osanima,is(Exodo 2 1:35) Esle pa.ralclo tern signifioo1do especial. conslderando-se que o Codigo de Esnuna e pclo mcnos co secutos mais antigo do que a parte da lcgislayao mosaica geralmcnte conhecida como 0 Livro do Concerto (txodo 20:23-23: 19), que os estucliosos agora rcc.onhecem que ''deve &nteceder subs­tanciaJmente a Era Mosaica". 1

0 conhecimento da jurisprudencia do antigo Oriente Proximo tern sido tambem grandemente incremeotado durante a ultima gera~o. pela escavayao c pubticayao de tabuas babl­lonicas e assfrias antigas de Oinis, na Capadocia, pertencentes ao seculo XIX A. C. Alem ha abundancia de material de jurisprudcncia do seculo XV A. C., recuperados em Nuzu , perto moderna Quircuque a partir de 1925. Os costumes legals dos asslrios tem sido elucidados poll escavayao dos tesouros cuneiformes desentcrrados pelos alemaes na cidade de Assur, as margen& do Tigre, inclusive especialmente as leis do perfodo de Tiglate-Pileser I (c. 1100 A. C.). que velmente sao baseadas em oodlgos anteriores. Elas fo~am publicadas pela primeira vez em 1920. Leis hititas, que mostram interessantes contrastes com a jurisprudencia babiloalca, datam de seculo ou dois antes das leis de Tiglatc-PUeser. Coroparando com estas vlirias leis, ' "o Livro do CCitO exibe Uffi3 Combina980 de Simpticidade na Vida CC0n0ffilC3 C hWUanitailSJDQ etiCO Da$ rCI<lLr,;US'-'

humanas, que s6 poderia ter sido manifestado no antigo l srac1".2

- 78-

II. LEIS MOSAICAS E 0 CODIGO DA HAMUR.ABI

Essa laje de diorito negro de mais de do is metros de altura e cerca de dois metros ,Jr lu.rgura, tem gravados sobre ela quase trezentos paragrafos de preceitos legais, que tratam da vida tlltllMciaJ , social, domestica e moral dos babi!Onios da epoca de Hamumbi (1728-1676 A. C.). No <~I tel dcsse mon61ito cujo topo tern fonna curva, o rei c mostrado a t eceber as leis dns maos do deus "'I Sharnas, patrono da lei e da justiya. Em certa o casiao, quando a Babilonia enfraqucceu, urn u)n~1ubtador elamlta carregou o monumento para Susa. A sua descoberta a U, efetuada por Jacques 11 Morgan, no come~o do sckulo XX, constitui um dos achados de cunho legal mals estupendos •In hl~ l6ria.

Ao companu o C6digo de H:unurabi com as leis do Pentntcuco, o fato do p_ri· llll'lfO ser anterior (por mais de tres seculos. segundo qualquer dos calculos) tern dado motivo a •lstumas teorias insustentaveis e suscitado o aparecimento de o utras. Por exemplo, a velba opiniao , , ltica que destaca o fato de que c:Odigos legais como os encontrados no Pentateuco sao 3Jlacr6ni· lfl • pois urn periodo tao remoto foi desacreditado pela descoberta das leis de Hamurabi e de c:Ocli­J''~ muito mrus antigos, na Mesopotamia. Tambem, opinioes de alta cn'tica que cotocam a origem ~~~ muitas das leis atribu{das a Moises no seculo LX, VlU 011 Vll A. C .• ou menos depois, tern tido que ser drasticarncnte rcvisadas ou inteiramcnte rejeitadas. (Veja quadro nO 20). Por outro lado , • tluscoberta de material legal ex.tra-bibUco antedor, tern levado muitas pessoas u adotar uma opi,niao lat~lllmeote errada de que a legisJ.a&ao hebraica e merarnente uma sele~ao e adaptac;ao de leis babilo· UlCUS. A posi~o valid a a que urn estudo cuidadoso das duas legjsJa~es nos lcviii"Ii. e que 0 COdifp Mo!lllico nao foi nem cmprestado, nem dependia do babilonico , mas c dado por rcvela~ao divjna., 1 amo elc mcsmo decla.ro ser . e unico quanto aos preccitos que satisfazem as nccessidades p eculia­t tl de Israel como a na~o teocr.itica eleita.

1. A s SemelhallfOS Entre As Leis Mosaicas eo COdigo de Hamurdbi Sao Clllra­mt nte Devidas a Semelluznra de A ntecedentes e da Heron~ lntelectual e Cultural Geral. e tao 111mente natural que em oodlgos feitos para povos que vlviam em condi~es urn tanto semelhan· tcs, relacionados racial e culturalmente, houvcssc alguma sem elhancra nos incidentes q ue governs­ram os litfgios e da mesma fonna as penalidades impostas por inftayao de estatutos comuns. Dife· l t ncras notaveis, contudo , rnesmo ern casos em que ha semelhan~ta no assunto tratado, demonstram que niio houve plaglo direto e que a lei mosaicn nao e dependente da babilonica. A lei biblica do lllv6reio (Deutcron5mio 24 : 1) , po( exemplo, perrnite que o hornem repudie a sua esposa, mas nao tl'itende o mesrno direito a esta, como o faz o Codigo Babilo nico.

As leis israelitas x:emotas cram claramenle divididas em dois grupos: leis civis de ijtlgem consuetudiruiria (misbpatim), q ue em sua maioria estao no Livro do Concerto (Exodo JO: 23-23: 33), e injuncriies morais e eticas. Como e naturalmente de se esperar, n maiorin das vrLmeiras se assemelllam a leis em vtgor entre OS precw :,ores e vi.zinhos de lsrael no Oriente Pr6-(lril0, enquanto que as (lltimas sao um produto distinto dos elevados padToes morais e espirituais llo Yahwehismo, que podem encontrar paralelos de o utras fontes em preceitos isolados, mas nun· 'u de maneira global.

£xodo 21 : 23-25 e D euterono mio 19: 21 declatam concisamente o mesmo prin· ~.'(pio de retalia¥30 sobrc o qual grande n6.mero de leis de Hamunibi est[o basendas: "Vida por vida, giJ)O poe olho, dente por deute, mao por mao, p6 pot pe, q ueimadura por queimadura, ferimento por ferimento , golpe por golpe". 3 Esta chamada .. lei de Tauao" e um primitivo costume semita •tuc naturalnleute era de se esperar fosse refletida em vanos c:Odigos legais semitas.

2. Os Codigos Mosaico e Hamurtzbico sao Diferentes em Seu Contetido. 0 C6digo llcbrnico contem muitas injunyijes puramente rcligiosas, e regulamentos Uturgicos. 0 C6digo de llnmuclbi e civil. Todavia, as leis sacerdotais de Levitico conrem multos pontos de contato com oouespondentes rituais sacerdotais da Asia Oriental, quer de Canna e da Fenfcia, quer da Mesopo­l4mia. Mas a lnstltui~ao dlvina da pri.Uca ritual israelita torna desnccessaria a aprQpria~o direta. tm alguns casos, algumas pniticas religiosas existentos no meio de povos circunvizinhos foram •l'lvu'lamentc outorgadas a Israel. e ao mesmo tempo revestidas de significado especial para a adora­.;lo de Yahweh.

- 79-

Page 42: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

3. Os Dois C6digos Regulam Um Ttpo Difereme de Soctedade. As leis de Ha.mu· rabi sao adaptadas para a cultura de iniga~io-agr{cola e outra urbana, altamente cometciali.zadll da Mesopotamia. As injun9oes mosaicas, por outro lado , tern em vista um simples povo agncol1 e pastoril em uma terra seca como a Palestina, muito menos desenvolvido ~ocia l e com~rcialm~~tC. mas profu ndamente consciente, em todos os prismas do seu modo de vtda, quanta a sua diVtna vocayao.

4. Os Dois C6digos Sao Diferentes em Sua Origem. 0 c6digo babilQnlco diz quo Hamuraoi o recebeu do deus sol. Sham as. Moises recebeu as suas leis diretarnente de Deus. A de .. peito de alegru te·las recebido de Shamas, Hamunibi, tanto no pr6Logo como. no ep1logo, do C6· djgo avoc-a para si o merito de te-las escrito. Ele, e niio Shamas, estabeleceu a. ordem e a equidado na terra. Pelo contr:irio, Moises e apenas urn instrumenlo. A legisla¢o e: " Assirn d.iz Yahweh".

5. Os Do is C6digos Diferem em Suo Moralidode. Do ponto de vista etico e ritual, a legis.la~tao mosaica, como era de se esperar, consiste em urn grande avan~o em rela~ao an COdigo Babilonico. Por exemplo, as leis de Hamucibi citam pelo menos dez variedades de mutila• r;oes corporais pres'c.r.ltas como penas para vauas ofensas. Se urn medico realiza uma ope.ta\(:iO que oao tern sucesso, a sua mao deve ser cortada. E. verdade que hti urn exemplo de mutila~o nas leiJ do Pentaleuco, onde a mao de uma esposa deve ser cortada (Deuteronomio 25: 11, 12). Nas tell hebraicas e dado urn valor muito maior a via a humana; uma considerat;ao multo maior a lton.ra da mulher e vislombrada, e urn tratamento mais bumano dos cscravos .e prescrito. Sobretudo, o C6d]go Babilonico nada tern que corresponda a dupla regra aurea que percorre toda a legiSla9ao mosaica­o amor a Deus e o amor ao pr6ximo (Mateus 22 : 37-4{)).

Alfred Jeremias .resume a diferen<;a essencial no esp(rito da Tora israelita e do C6digo Babilo oico, a .saber :

1. Nao hti conrrole da cob(fa. 2. Nao hd limitafi~o para o ego(smo, otraves· do altrur'smo, 3. Nao hti nenhum Iugar onde se encontre o postulado de caridade. 4. Nao pode ser contrado um mot ivo religiow que reconhefll o pecado como a destrui¢o do povo porq1.41 esui em oposi¢o ao temor de Deus. No C6digo de Hamurabi estao ausentes todos os tra­~os de pensamenro religioso; por demis da lei iJraelita levanta-se, a Ctida passo, a vontade soberana de um Deus santo; e/a ostento um cordter inteiramente relfgioro ' '.4

- 80-

Capftulo XIV

A CONOUISTA DOS CANANEUS

Os cananetls eram os habitantes de Ca.naii, a.o:tigo nome nativo da Palestina. Como thJNignuyao geografica, a forma hebraioo de "Canaa" parece ser derivada de "Huuia", que significa "purtcnce.nte a terra de purpura vermelha". Ja no seculo XIV A. C., estc termo era usado a res_peito ,t" paJs em q ue os comerciantes ''cananeus" ·ou fcoJ'cios trocavam por outras mcrcadorias o $eu uuus importante produto comercial, a tintura de purpura vermelha, que era obtida das conchas de tuurex encontradas nas pra.ias do Mediterraneo. Da mesma forma, nas Cartas de Amatna, "a Terra •II 'tt naa" e considerada a costa fenlcia , e os eg{pcios designavam toda a Siria oriental por esse no· Ill ~.

Ao tempo da Conquista, porcm, o te.rmo Canaa estava em voga como designa­~lfl) generics do te.rrit6rio mais tarde chamado Palestina. Os cnnaneus habita.vam ta nto na parte ltNh: como a oeste do pals (Josue 11: 3). De acordo com Ju(zes 1: 9 , 10 , eles estavam pra:tioa­lllt' n'lc por toda a parte, na regiiio o1o.ntanhosa, no Ncguebe, nas plan(cies e ·em Hebrom. ~'0 idioma dtt Canaii~' (Isaias 19: 18) refcrc·sc principalrnente a.o hebraico, mas inclui as linguas semitas mlcntais em geral, faJadas nesse territ6rio , das quais o fen(cio eo moabita eram tambem dialetos.

0 nome Palcstina, como tecmo geogrifico , e de origem posterior e 6 derivado de ' 1llhilistcus" (Peleste), povo que se estabeleceu. em grande numcro , ao Iongo do litotal meridional. 110 ~cuJo XU A. C. A .regiao em que eles se estabelcceram tomou-se oonhecida. como Filistia (Joel , : 4 ), da qual, por sua vez1 o nome grego (be Palasistine) se originou. A terra de Canaa (Palestina) -'fil si tuada entre os grandes imperios antigos do TJgre·Eufmt es e do Rio Halis pox urn lado, e o liiU\de Imperio Eg(pc:io do Nilo por outro. Foi grandemente providencJal que a na~ao de Israel, rmn o conhecimento do unico Deus verdadciro, e uma correspondente obriga~o de ser um tes­lt1fllllnho a esse fato , tivesse herdado urn pals que formava uma ponte geogr.ifica entre asgrandes tlvil iza\.Oes egipto-mesopotatnicas. .

f. A INV ASAO DE CANAA

Nos grandes centros pagios dos rios Nilo, T igre e Eu.frates, sempre havia urn 11flvo movimento de elementos re.ligiosos e culturais, que tinharn a tendencia de cria.r uma s(ntese •IYII~c lmperceptfvcl. Atraves dos muitos seculos que precederam a conquista israelita , esse pro· h l8SO de sintetiza~o estivera a influenciar os habitantes pre-israclitas da Si.ria-Palestina, de forma ttua ao tempo da entrada de Israel na terra, os cananeus estava.m inteiramente escra:vizados a urn Jl~artismo moralrnente degenerado (Veja quadro nO 21).

1. Oportunitklde de Perigo para Israel na Conquista. Naquela situa¢o morale 111Ugiosa com que lsrael se defrontou no limiar da Conquista, a na9ao hcbreia teve a maior opor­tuMiclade de testificar a respeito da sua distinta m,issao e voca~o , mas, ao mesmo tempo , c.orreu u nlaio·r perigo. Se a na~o permanecesse leal a sua voca9io para a separa~o, e resistisse i s inces­••nes pressaes de todos os !ados, para ceder a urn sincretismo religioso e moral com o pagarusmo cauc a rodeava, a execu~o da sua tarefa santa e elevada de aben9oar o mundo, seria assegurada (~x.odo 19:5-7).

- 81 -

Page 43: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Se, por outro .lado, a nayiio transigisse na sua separuyiio moral c csplrituol, o testemunho estava fadado ao msucesso, bem como o seu papcl de aben~oadora . Est n e a porque os israelitas foram divlnamente advertido para nao apcnas dcstrulr completamente os nane~s, que por sua idolatria abjeta e impiedade haviam perdido o direito a terta de Canaa, tambem para toma.r posse da sua terra, e oonserva.rem-se em separayao dgida e inflexfvel da ido tria, que havia levado OS seus antecessores i corrup~o e a qucda (Genesis t5 : l 6;Josue 6: 17-21 J ufzes 2: 1·3 , etc.).

. . 2. Resumo Blblico da Conquista. Depois de assin1dadas vit6rias na Traosjord sobre Ss?m, Ret dos amoneus, e Ogue, rei de Basa; depois da morte de Moises e sob a '""'"'"""' de Josue, Israel passou o Jordao e com~ou a Conquista. A hist6ria da Conquista e contnda Josue .1_a 12, e ~ ~istri?uir,ta:o ,da terra pel.a v:irias tribos e narrada em Josue 13 a 22. Depois destrus9ao de Jenco e A a (Josue 6: 1 - 8: 29), a conquistl do sul de Canaa (cap. tO) e do norte Caw (cap. 11 : 1·5) e dcscrita. Em Josue 11 : 16 a 12 : 24, a Conquista 6 resumida.

Os acontecimentos regi trados no relato b1'btico, sao evidentemente muito vos. I?eclara9i)es sum:mas (cf. 21: 43-45) aparentemente incluem outras conquistas nao d especslicamente no liv:ro. As que forarn inclusas foram con-sideradas suficieotes para alcanyar objetivo do autor, de provar a fidclidade de Deus para com o Scu povo dando-lhe a terra Canaa como sua possessao. '

11. A DATA DA CONQU ISTA

A discutida questao da data da Conquista e identica ao debatldo problema da do Exodo. Ambos ate agora contem muitas dificuldades insoluveis. e sao objeto de initndas co v~rs~ entre os estudiosos. Como diz Millar Burrows; "Tern que admitir~ que a arqucologia nlo sunplificou o problema da data da Conquista, mas pclo cootrorio introduz.iu novas complicaydes".l

1. A Natrativa Bfblica da Conquista e Ahreviada. 0 relata bern dctalhado de fases das vito.rias israelitas, particularmcnte os sucessos iniciais em Jerlc6 e Ai e a nanativa mame,nte ahrcviada de algumas das oulras campanhas, oomo , por exemplo , ; do norte de (Josue 11 : 1-5), scm menciooar algumas batalhas apa.rentemente lmportantes, se tern r-n • ..-.h.ino'""

para darem a irnpressao de simplicidade, c assim obscurccerum nte certo ponto a com1.m•·" 'u'11uu

o_rig.inal, quo por sua vez esta sendo, scm duvida, revelada pcla arqucologia. 'Nao obstante, a tiVa de Josue realmcnte indica que 0 problema e cornplicado pelo fato de a Conquista ruio ter IICOil" tocido de uma vez, mas em eta pas.

. £clara. por cxemplo, que a Transjorda nia fo1 conquistada por Moises,grande parte da Patestina onental e central por Josue, e as por9i)cs rcstantcs pctas tribos, an tes ou depois da morte de Josue (Juizes l : 1-36), ao passo que cidades. indsvidualmcnte, como Gezer (J u(zes 1: 29; 1 Reis 9: J 6), Dor, Meg.ido, Tannque e Bete-sea (Juizes 1: 27, 28) nao foram subjugadaa sen:io muito mais tarde.

2. A Cronologia Blblica e a Conquista. Sea~ narrativas bfbticas sao aceitas corno fontes dignas de fe, e a corrc~-pondcntc cronologia b1'blica Cor seguida, o Exodo como foi notado (no capitulo precedente), dcve ser colocado em oerca de L44 L A. C .. e a queda de. J'eric6 em cerca de 1401 A. C. Com isto concorda a opinlao do escavador britanico de Jeric6, Professo r John Gars­tang. As notas cronologicas dadas em J ulzes 11:26 e 1 Reis 6 : 1 o confirmam. bern romo o evidcn· te esquema cronot6gico que e subjaccnte aos livros hist6ricos vclho-testameotarios da epoca de Sa· lomao. Ademais. esta posiyao tern a grande vantagem de permitir uma idcntifica<;ao pelo menos parcial dos Habiru das Ca.rtas de A marna com OS israelitas tiderados por Josue. Esta opin iao e. scm durlda, a t>lUe e COJl'Oborada pelas Escrituras do Velho Testamento (Veja quadros nO 22 e 23).

3. Suposto Con/lito de Datos Arqueologicas em Ai. Todavia, a data de 1401 A. C. para o inicio da Conqulsta viola os resul tados seguros de achados arqueol6gioos na Palestina, nota~elmcnte em Ai, Laquis c Deblr (Qulriatc-Sefcr). 0 problema de Ai c ainda mals serio , se o outello de ct Tel for realmente a cidade blblica. A escava~ao do local feita por Mme. Judith Marquet-Krause, em 1933 e 1934, mostrou que houve urn lapso ocupaclonal na h ist6ria do outci-

- 82-

'" Jr ccr~ a de 2200 A. C. ate depois de 1200 A. C., de forma que supostarnente nao havia nadn '''"' 1Lc ru{nn~ naquelc Iugar, quando Josue e Israel sao mencionados como tendo-o capturado e '" •h u do (Jo,uc 8).

Alguns cr!ticos, como Martin Noth, tentam al'resenta.r uma soluyao para o pro­hlrnHI , colocondo de Lado, radjcalmente, a hist6ria biblica, como sendo uma Leoda etiol6gica, que •"floqumente explica como o lugar chegou a licar om ru(nas e a ser chamado "Ru{na", o signifi­l'MIIo a ~ "AJ" em hebnliCO. Urna eJq>liCa~.ao menos radical, mas que empresta bem pequeno credito lu~r6r!co a na.rrativa btblica, 6 a W. F. Albright, que supoe que a narrativa de Josue 8 se refe­''''· Miginalmente a destrulyao de Betel, no seculo XJn A. C., mas que o interesse etiol6gico na rulllttS d e Ai fizeram com que a hist6ria fosse atribu{da aquele lugar, em vez de a Betel. Mas essa •UJ\t}Si~ao . alem de scr pas!>{ vel de objeyao. pelo fnto de repercutir na gcnu(na historlcidade do re­IUIL, b(blico, e cxtremamente improvavel, vista que a narrntivn bJ'blica distingue cuidadosamente lllll r.: as duas cidades (Josue 8: 12), e nao ha a mais leve sugestao de qualquer destrui~ao de Betel Ill ~~ cpoca.

Porem, a dcstrui~o de Betel no seculo Xlll A. C., por uma tremenda contlagra­\pltu demonstrada na escava~o do local, felta em 1934 por uma expcdigao conjugada do Semina­tlii Teol6gico de Plttsbw go-Xenia e das Escolas Amcricanas de Pesquisa Oriental, sob a direyao 1111 l' rofesso r Albright, deve sem duvida ser relacio.nada com a destrulylio posterior dn cidade·, le.­VIllla u efeito pela tribo de Jose, algum tempo depois da morte de Josue (Jufzcs l : 22-26).

Mais razoavel e a explicayiio do padre Hughes Vincent, de que OS h.nbitantes 111 Ai tinham somente urn destacamento militar em Ai, de tao modestas proporyoes e natureza h·mpor.iria taJ, que niio foram deixados despojos que pudessem proporcio nar vestigios da sua ••d~tcncia, para o arque61ogo.

Quatquer que seja a explicayao, investiga~oes e escava~toes futuras, nas vizinhan­~~~'· produziri'o sem duvida a solu~o correta. Ate agora, dificilmente sera possivel provar, como lllKC1'e Vicent, que aU houvesse uma aldcia nos elias de Josue, pois nenhum tra9o que o compro­Yii p6do scr cocontrado ate agora. A nru:rativa b1'blica cnfatsza o pequeno t amanho da cidade que t~nhio existia (Josue 7: 3). que pocUa ser nada mais do que uma fortalcza guardaodo Betel. Ademais, lilrnbem deve ser lcrnbrado, como observa Sir Frederic Kenyon, ' 'que a t,ronsfcrcncia do nome de lUll local em ru{nas ou obandonado, para urn outro nas cercanias, e um fenomeno comum na. l'11lc:.tina ".2 Pesquisa futu ra pode estabelecer o verdadeiro local da cidade do fun da ldade de B.ron­' "• qu.e ca1u dlante de Josue mio em et-Tel, mas aJgures, oas redondezas imediatas ou remotas •Ill ~ antig3s rufnas, c dcscobrir que o nome da cidade mais antiga fora transferldo para ela .

4. Suposra Evidbrcio Encontrado em Laquis. Achados arqueol6gicos em Laquis ! l eU ed-Duweir), cuja captma efetuada por Josue e todo lsrael e revelada em Josue 10:31-33, 111ostram que a cidade sofreu violenta destruiyao pclo fogo , em cerca de 1230 A. C. Uma cspessa L'llmada de c.inzas, contendo urn camafeu de Ramses ll, urn vaso com inscri9<Ses e varios outros tlctaUtes, combinan1 para cstabelecer a data. Porem, tacilmente pode suscitar-se uma interrogayio : 1\ dcstruiyao deve ser atribu(da aos israelitas invasores, sob a dire~o de Josue? Advogados da teo.ria que p6s-data a conquista, depressa sup()em ser esto o caso. Contudo, alem de estar completamente luttJ de foco, em relat;ao aos acltados de Jeric6 e a cronologia bt'blica gcral, deve-se coosiderar o lulo de que os registros bfblicos nao dlzem nenhuma palavra a respeito da destruic;§'o ou do incen­lllo da cidade em si, quando invadida por Josue. Pelo contnirio, a luz de Josue 11 : 13, oonclui-se rlornmente que no caso das "cidades que estavan1 sabre os outeiros", Josue manteve urn princf­Jiio militar de nao queim3·las, com u.ma exceyiio apenas.

5. Suposta Evidencio Encontrada em Debfr. A cidade de Debir, anteriormeote 1 onhecida como Quiriate-SMer, oferece um exemplo semelhante. Atualmente identificada com ,, Tel Beit Mirsim, a vinte quilomeuos a sudoeste de Hebrom, o outeiro foi escavado em 1926 l)Qt uma expediyao conjunta do Semin:irio Tco16gico de Pittsburgo-Xe nia e Escolas Americanas tic Pesquisa Oriental de Jerusalem, sob a dire~o de Melvin Grove Kyle e W. F. Albright . A1 tam­hom, no fim da ldade de Bronze, llli uma grande camada de material queimado sobre a qual ba liOspojos israelitas. Contudo, deve esta destruiyao da cidade cananita, pouco antes de 1200 A. C.,

- 83-

Page 44: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

scr relncionada com as conquistas de Josue? Niio sc d iz que o conquistador dostruiu u cldade si (Josue 10 : 38, 39), mas apenas os seus habitantes, e ela deve tcr sido ocupado de novo pclo~ oaneus, e subsequentemente recapturada para Juda pelo genro de Calebe, Otnlel (Josu6 15: 15-1 Ju(zes 1 : 11-13), a menos que se suponha haver duas narrativas contraditorlas e dife.rentes.

6. Necessidade de Cuidado ao U$11r Datas Arqueo/Ogtcas. Dinnte disto tudo, logico que os investjgadores precisam SCI cxtremamente cuidadosos contra a tenta~ao uul.t'll'~""• de " to rcer" uma evidencia arqueologica para apoiar uma teorla. Os estudiosos tambem uuo.-uam

ser extremamente cautelosos para nao atribuir autoridade indevida aos calculos de datas pelos arque6Jogos, e sua respectivas intcrpretacoes. Que a nxa~o de datas e as conctus5es t das descobertas arqueologicas, muitas vezes dependem de fatorcs subjetivos, e amplamente monstrado pelas amplas divergencias entre competentes autoridades nessas materias (Por CXllmi)JOJ Garstang data a queda de Jeric6 em c. 1400 A. C.; Albrjght ap6ia a data de c. 1290 A. C.; Vincent, celebre arque61ogo palestino, ondossa a data de 1250 A. C. enquanto que H. fl. considera Ramses ll como o Fara6 da Opressao, e o £xodo como te~do acontecido sob o rel.nw~oj de seu sucessor , Marnipta , em cerca de 1225 A. C.)

Na questao dos problemas gemeos da datayao do £xodo e da Conquista ta de Canaa, o estudante conservador tern razao de ser vagaroso em abandonar a data de c. 1 A. C. para o primeiro e c. 1401 A. C. para a segunda. em favor de um periodo de seculo e ou mais, posteriormente, com a desculpa de que a evidencia arqueologica o cxige.

ID. A EXTENSAO DA CONQUISTA

No relato da invasao de Canaa sob 0 mando de Josue (Josue 1-12) e Uilll:iJJilHml

que embora o poder dos cananeus tivesse sido queb:rant'ldo pela destrui~o de Jeric6 e Ai 6-8?, como :esultado. das campanhas do sui (Josue 10) e do norte (Josue 11 : 1-5), ainda assim

habJtaotcs nao foram mtelramente exterminados {Ju(zes 1: 1-36).

1. A exterminafOO dos Cananeus Niio E Completa. Embora os cananeus sido completamente mnssacrados quando uma cidade era conquistada em muitos casos a cidade nao era destruida (Josue 11 : 13), e nffo poucos de seus habitantes, que haviam podido par por terem fug ido ou se terem escondido , voltaram (Josue 10: 43) para as cidades invadidas. anos mais tarde, quando as tribos de Israel sc espalharam, procurando Iugar para se estao«~le«::e.nem. encontraram resistencia espocidica. Da mesma forma, lugares o utrora conquistados como (Josue 10: 38, 39) tiveram que ser mais tarde reconquistados (Ju lzes 1: 11-15). Entre outros scmeDtantes, encontm-se Hcbrom (Josue 10: 36, 37; Jufzes 1 : 10)

2. Grros Polfticos de Josue. Tres de.sacertos politicos foram cometidos por Ele fez urn tratado com os gibeonitas (Josue 9); permitju que os jcbuseus se conservassem em rusaJem (Josue 15 : 63), e roio conseguiu desapossar os filisteus e controlar a regiao mar(tima. resuttado, Juda e Simeao ficaram separados do resto da na~o. A fortaleza dos jcbuseus em lem dontinava a principal estrada para o norte, que era ladeada, durante cerca de dezesseis metros, a oeste, por colon1as ~os gibeoni~as: Entre Jerusalem e J eric6 havia urn peda~o de terra gosa cort~da _por gargantas Uttranspomvcts, que orientavam na dire~io teste-oeste. De lem em dire~o ao oeste, para o Mar Mediterr.inco , bavia uma faixa de territorio ocupada por trange.iros :: pri.meiram~nte gibeonitas, depois cananeus em Da e dcpois filisteus, junto ao Esta Sttuayao estava desttnada a causar serias repercuss<>es na llist6ria subseqiiente de IsraeL

Contudo , Josue e lsrael nao conseguirarn expulsar os cananeus de vtirias ou part~s do pais - especi~lmente Gezer (Josue 16: 10) e de Bete--Seii, lblea, Dor, Endor, Taanaque e Megido, dentJ:o da Pla.r:'tcie de Esdrelon e em volta dela (Josue 17: 11); de Bete~Semes na campina (Ju{zes 1 : 33); da regitro de Aco, e de Sidom, no tenit6rlo litoraneo de noroest e (JuJzes 1: 3 Onde quer q ue aos cananeu.s foi permitido permanecer, eles provaram ser om la90 para os tas, de acordo com a advertcncia di'lina (Juizes 3 : 6, 7).

- 84-

Capitulo XV

A RELIGIAO DOS CANANEUS

. A ordem para cxterminar os cananeus era urn ato justificcivcl da parte de Deus, •auc o haVLa ordenado, ou dn parte do homem, que pelo menos em parte obedeceu? Seria o epis6-•IIU uma contradi~ao com o car.iter de Deus e de Seu povo? Tantas vezes se tern declarado que era umu ordem inco~sistente e injustil1cavel, tanto da parte de Deus como do homem, que uma con­•l•l eru~o do carater moral e religioso dos cananeus e questao da maior ltnportancia a ftm de 111tver as supostas dificuldades teo16gicas que sao comumcnte intcrpostas.

0 Professor H. H . Rowley, por exemplo, decla.ca que a ordem divina para des­tn•lr os cananeus em geral, ou Jeric6 c seus habitantes em partic\llar, e epis6dios semelhantes no Volho Testamento, sao contr.irios a revela~o neo-testamentAria de Deus em Cristo, e inclue mera­nu:nte os pensamentos erroneos dos e~critores ou personagens em questao , a respeito de Deus, o que agora rulo mais podemos aceitar como verdadeiros. Sobretudo, Rowley declara que esses in­c~lh:ntes de destrui9ilo coletiva contem elementos "espiritualmente insatisfat6 rios' ' e acarretam ''dcsonra a Deus".l

Feliz mente, 0 te61ogo conseiVadOr e grandemente fortalecido em sua replica a cssa 'Urte de cr(tica, pelas ootaveis contribui¢es recentes da arqueologia ao nosso conhecimento do lirdter e da religiao dos can.aneus. o que corrobora plenamente as citacoes bt'blicas da sua depra­YIQOo1 e ~e~onstram a rematada culpa~ili~de desse povo antjgo, justificando ao mesmo tempo I jusu~a dtvma no ordenar a sua extermma~o , e os motivos humanos para extermina-los.

I. VELHAS E NOV AS FONTES DE CONHECIMENTO

Apesar da suprema importancia da Moral e da religjio cananita no campo da lN>logia e dos estudos bibUcos gerais, pouco se sabia desse assunto vinte e cinco anos atras, exceto II que, por urn lado, podia ser respingado na Biblia, que no en tanto era suticientemente irandepara I (6, C por. OUtro lado, 0 que fora preservado 00$ autores greco-romanos, que era insuficiente, do ronto de VlSta dos eruditos (Veja quadro no 24).

1. Fifo de Biblos. A principal Conte de corihecimento a rcspeito da rellgiao dos t'llnaneus, antes que as novas fontes se tornassem dispon{veis, desde 1930, era Filo de Biblos, nume grego da antjga Gebal, no Meditetraneo (Josue 13 : 5 ; J Reis 5 : 18), quarentae duas milhas 10 norte de Sidom. Filo viveu em cerca de 100 A. D. Era urn erudito fcrucio que coligiu dados

llllra urn trabalho histotico chamado Phoinikiko ou "Assuntos Fenicios", chamada "Hist6ria 1cn1cia" pelos estudiosos gregos posteriores. De acordo com Pmfirio e Eusebio , Filo havia tra· du~ido OS escrltos de urn fenicio anterior, cbamado Sanchunilitom, que se SUpOe ter vivido em epo­,. bem remota, que '!'· F. Albright localiza entre 700 e 500 A. C. Sancburuatom, su{)Oe-se, deve

l '"' @r su~ vez receb1d~ o seu ma~~paJ de um_certo Hieromb~us, que vivera no reinado de Ababal 1 r~l de Bentus, que se dtz ter flo.resctdo antes da Guerra de Troia.

2. Poesia Ugar(tica. A abstra~o da mito logia fenicia, que foi preservada de F ilo atrnves de Eusebio (como as cita90es bt'bUcas a respeito do mesmo assunto), costumava ser consi­dcrada como suspeita pelos cr i ticos eruditos, e considerada em grande parte, como a inven9lio

-85-

Page 45: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

de Filo, sem valor intr(nseco na qualidade de fonte de conhecimento da religiao fcn(cla. g ta atitude oetica foj completamcnlc desaprovada por uma das maJs importantcs dcstobertas at• queol6gicas da primeira metade do secu1o XX - a cxuma~o da literatura cpica religiosa no !up~ de Ras Shamra (a antiga Ugaritc dos documento~ egipcios e h.itita , e das Cartas de Arn:trna), no litoral norte da Sf ria (l929·1937). (Veja quadro nU 25).

Esses signiflcativos tcxtos poeticos descobertos por C. F. A. Schaeffer em uma s6rie de campanhas, mostrou qu e os cleuses ac Filo tern nomes que agora sao, em grande partu1 bern conhecidos devido as fon tes ugar(ticas, bern como outras fontes cananeias contemporanea$ e postcriores. Os mitos de Filo sao caracterizados pelo mesmo abandono mora.! c bacbar\e primitiva, ao !ado da predile¢o por nomes descritivos e personificav6es, como sao enconuados em Ugaritc,

As novas fontes de conhecimento indicam pcquenn mudan~ta no contcudo da mi­tologia cananita entre c. 1400 e c. 700 A. C. Muitos detalhes da narrativa de filo, mio apenas quan· to aos nomes das divindades, mas tambem quanto a a tmosfera mitol6gica, estao em perfeita harmo­nia com os mitos ugariticos e com inscriyoes fenlcias posteriores. Os eruditos tern razao, portanto, de aceitar, pelo menos provisoriamente, todos os dados preservados por FUo , que nao incluam in· tcrpretar;ao subjetiva da parte dele.

11. 0 P ANTEAO CAN ANEU

As divindades canancias, por outro lado, apresontam nota vel tluidez de persona· lidade e funyao, de forma que muitas vezes e extremamente dif(eiJ nxar 0 dom{njo particular dos dlferen tcs deuses, ou deflnir o seu p:trentesco de uns para com 0.6 outros. Relayoes ffsicas, e mesmo mudanya de sexo, aparecem com desconcertante facilidade. Esse 6 urn dos aspectos bru irracionais da religiao canantHa, indicador da sua natrueza corrupta. Po1 O'JL"'' lado. as unan•Jat~Lm cananeias tem. quase todas, nomcs etirnologicamente transparcntes, fato que parece indicar 0

te~o cananeu como representante do mais barbara e pri.mitivo politeismo.

Fontes cpigraficas. mistas e Uteranas. revelam os nomes dos princtpais dcu.ses e deusas de numerosas cidades canancHas, em v:irios pertodos. As divindades ugariticas sao agora maia bem conllecidas devido as centenas de textos rcligiosos que datom dos seculos XV e comevo do seculo XVJ A. C., que fora m encontradas em uma biblioteca contidn em cdif(cio situado entre dois grandes templos de Ugarite, urn dedlcado a Baal eo outro a Dagom. As divindades que figuram nos textos mitol6gicos de Ugarlte nao eram, evidentemente1 peculiares a cidade, mas eran1 lares entre todos os cananeus, vlsto que tern apenas vaga rela~ao com as divindades mais popula.rca adoradas na cidadc propriarnente d ita.

1. El eo nome pelo qual a suprema divindade cnnanita e conhecida. Esto e tam­bern o nome pelo qual Deus 6 chamado no Vellio Testamento - El, o Deus (E/ohim) de ('el 'e/ohe yisrae/, Genesis 33: 20). Em prosa, ele ocorre mais amiude com adjunto - E1 ("0 Deus Altissimo", Genesis 14 : 18), El Shaddai ("Deus Forte", Genesis 17: 1). El Hai Deus vivo", Josue 3: 10) e cornu mente no majestoso plural, Elohim. Na poesi.a hebraica El e mu mais fxeqtlente, o nde aparece muitas vezes sem qualquer adjunto (Salmos 18: 3J , 33, 48; 68:21 J6 8: 3).

A paJavra e/ e nome generico de deus em semita noroestino (hebraico c tico) e como tal e tambem usado no Velho Testamento para designar djyindades ou (dolos (.£xodo 34 :14;Salmo 81: 10; lsaias44 : 10). 0 termogen6rico original era 'ilum, cujo caso tivo terminava em u, tornamlo~se 'el em hebraico. Era quasc certaroente uma foona~o ~~~;:a•'·­(partic{pio intransitivo) da ,;aiz ''ser forte, poderoso" ('wl), que significava "0 forte (poderoso)",

No paganismo cananeu, o el par excellence. era o cabe~ por cxcelencia do teao. Como o deus, Bl era, de acordo com a ilogicidade geraJ e a grosseria moral da religill:o ncia, uma frgura obscura e tenebrosa que, <liz filo , tinha tres esposas, que eram tamoom suas e que com facilidade descia da sua emlnencia. para tomar~sc protagorusta de s6rdidas escapadns crimes. FUo retrata El como urn tirana sangulmirio. cujos atos amedrontavam todos os o·utros ses; ele havia destronado seu proprio pai, Urano , assasina.ra seu ftlho favorito, e decapitara sua

- 86-

1'11.1 l l lhu. 0~ pC'I•'ffiJ'l ugar(tiCOS adiCJCI:lllr.l 0 crin1c de lUXUrta dCSCOntrolada 110 SCU car:atcr mor bi· 11{1, C U 1.1\:s~nylio cJIJ SCdU~tTo por eJc Jcvada a Cf'CllO, de duas mulhcrCS anonim3S ell. mais sensUal ,,, ltlcratuta Jo anllgo Ori~ntc Proxlmo.

Apesar dessas enormldadcs, El era considerado o exaJtado "pai dos anos' ' (abu •llrmlma), "Pat do homem" (abu adtmu) e " touro progenitor•·, isto e, o pai dos deuses, assemelha­t ltl lucitarnontc u urn touro em meio a urn rebnnho de vacas. Como o Zeus de Homero, cle era "o I'·LI dos homcns e dos dcuses".

2. Baa( era o f'llho de El. e rei dos deuses em exerc(cio, dominando o panteao • lnoncu. Como sucessor de El, ele foi entronizatlo em urn alto monte, nos tong{nquos ceus se­ll•nlrJOnois. Muitas vczes ele era consider ado como ''o Senh.or do ccSu •· (BaaJ..Shamem) ; mas as \'1'/.C) distinto destc ultimo como em Filo, Ba.al era o deus da chuva c da tempestade, cuja voz po­''''1 ser ouvida reverberando pelos oeus, no troviio. ~ pintado em urn mon6Iito de Ras Shamara. lmmdindo uma clava na mao direita e ostentanto. na csqucrda, urn relampago estilizado , que ter· 11111111 em pontu de lan~a (Veja quadro nO 26).

Na Uteratura uga.ritica, da-sc a Baal o e p(teto de AWi "aquele que prevalece''. 1 <~rno doador du cbuva e de toda a fertilldade. tigura proeminente na mitologia cananeia em sua lulu co ntra Mote (Mortc), deus da seca e da advctsidade. Em seu dcsforqo com Mote, ele e morto. ' 'umo conscq Gencia. urn pcr(odo de sete a nos de cscasse2 tern inl cio. Em ~cguida , a deusa Ana t~. 11u'11i e amante de Allil, vai em procura delll, ret()ma o scu corpo '! mata o seu inlmigo , Mote. Ana ~lilill, entao, e lraz.ido de volta a vida e colocado no trono de Mote, para <j UC possa assegurnr a 1\:Vivificar,;ao da vegeta~o durante sete nnos. Esse e o tema central da grande Epopeia Ugaritica •"-' Daal.

Alcm de rei dos deuses e deus da tempestade, Baal era o deus da jUSti¥a, o terror 1h• malfeitores. Ern tambem chamado ''filho de Dagom". deus dos cereais, que era a principal 11Lvindade de Asdode ((SamuelS: 1·7) e que tinha tribos em Ugante e Gaza (Ju(zes 16 : 23).

Em Ugarite, a consorte de Baal era sua irn1a, Anate, mas em Samaria, no sepulo IX. A. C., A sora apar~cc desempenha:ndo aquelc papcl (I Reis 18: 19J. Difercntes lugares e diferen­t e~ pcriodos organ.izam o panteiio de rn(Ulcirn um ta nto d iferente, mas o aspecto era ern grande

J'ilTtC cst.avcl. 0 nome Baal na l{ngua. scmita do noroebte (H.ebrnjco, fenlclo e ugarlticoJ e a desig­nclif?? comum para "dono" ou ·•senhor", c da mcsma fo rma que e/. "o forte' '. podia ser aplicado 11 van_?S dcuscs. P~rtanto, desde urn periodo rem~to (por volta, pclo menos. do seculo XV A. C.) u Jot'lgo deus scnuta da tempcstade. Hadade (o acadio Adade) se toroou "o senhor" par excellence.

3. Anath, (Anate) combina~o dt! irma e espo~ de Baal, era uma das tres deusas 1l\naneias, CUjOS caracteres diio urna idcia da profundeza da depraVU~O moral a qual OS CUltOS ca­nnneus mergulharam. As outras duas sao Astarte e Asera . Todas as tres cram padroeiras do sexo 1· ua guerra - o exo principalmente em seu aspecto sensual de lase( via, e a guerra nos seus pio.res '"pcctos de violencia e homiddio.

11 singular, segundo o nosso ponto de vista, que a Anatc fosse dado o ep(teto de "vtrgcm" e "a Santa" (qudshu) no scu papcl invarhivel de prostituta s,ograda - outra ilustra~o da \'Umpleta iJogicidade c indiscrimina~o moral da religiio cananeia. Combina~tiio tao contraditoria el f' virgindade e fcrtilldade nao apenas aparece nas dcusas cana.neias. mas a emascula~ao e a fecun­th\lade sc aprcscnta como manifesta9oes oontradit6rias dos deuses cananeus, e a prostitui~ao wt;r<~.da de ambos os sexos era conc.omitante ao culto das deusas s{rias e fenfcias (Veja q uadro o~ 27).

A deusa era chamada qudsllu. "a Santidade", i$to e, ''a Santa", no sentido mo­na! pervcrtido, c representa9oes dela na fo rma de muther nua, roontando urn leao com um I{ rio em uma mao e uma serpente na outra. indicam-na como uma cortes[ divina. No mesmo sentido os t•rostitutos masculinos consagrados ao culto da qudshu, c a prostitui9ao deles em honradela, eraro dtamados gadesh. geralmente traduz.idos como "sodomltas" (Deuteronomio 23: 18: l Reis 14 : 24 ; IS: 12; 22: 46). 0 feminino qedesfulh e tambem cncontrado (Peuteronomio 23: 18 ;0 seias4: 14).

- 87-

Page 46: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

0 Luio e a serpente siio caractcrristicamente cananeus. 0 Primeiro represent& a gru­ca I! " atra~o sexual c!o portador, eo segundo simboliza a sua fecundidade. No seu augc, os ~ pectos eroticos deste culto devem ter chafurdado aquele povo em profundidadc de dcgrada~o social extrcmamente s6rdidas.

Como podroeira da gueua. Anate ap:uccc em um frngmen to da Epopeia de Baal, em uma incriveJ orgia sangrenta de destrui~o. Por alguma raziio desconhccida, ela massac:ra a hu· manidade cruelmcnte. mo'iOS e velhos, colctivamente, da maneira mais horrivel, movendo~e pra· zeirosamcnte em meio a sangue humano coagulado que sobe ate seus joelhos - sim, ate o pesooc;o, de Uciada, exultando sadicamente todo o tempo.

4. Astarte, deusa da est:rela vespertina , relacionava·se, como Anate e Asera, com o sexo e a guerra, e nem sempre era distingilida clatamente de las. No Egito, Anate e Astarte cram ate fundidas em uma s6 divindade, Antarte, enquanto que na Slria, pO!Iteriormeote , o seu culto foi substituido pelo de uma divindade composta - Anatc-Aslarte (Atargalis). Como Anate, Astar· tc era tanto uma deusa mae como cortesa divina, c partieipn de toda a torpeza moral da outra.

5. Asherah, (Asera) csposa de E l na milologia ugaritica , e cl1amada Athirata· Yamml, "A Que Anda sobre o (no) Mar". Era a deusa principal de Tiro no seculo XV A. C. como apeUdo de Qudslw, "santidade". No Vellio Testamento , Asera apu.rece como deu!\8 ao lado de Baal, de quem evidentementc. sc tornou consortc, pelo menos entre os cananeus do sui. Contudo, a maioria das .referencias bibLkas ao seu nome indica, obviaroentc, algum objcto d e culto feito de madeira, que podia ser cortado c que imado , talvez a imagem da deusa (1 Reis 15 : l3; U Rei& 21: 7). Scus p.rofcta.s sao mencionados (l Reis 18: 19), c o;; vasos usndos no seu servic;o, refcridos (II Reis 23 : 4 ). A existencia de numerosos sfmbotos, sobre todos os quais se cria era d cusa ima· nente, levava a cria~o de numcrosas formas da sua pessoa, que cram descritas como A erim. 0 proprio objeto de culto, qualquer que fossc ele, era inteiramente detest:ivel aos fieis adoradores de Jeova (I Reis ! 5: 13), e era est~belecido nos luga.res altos, ao lado dos "altares de incenso" (lwmma· nim) c dos " pilares de pedra" (masseboth). A tradu¢o de Aslzerah por "bosque" segue uma tra· di~o singular, preservada na Septuaginta c na Vulgata, que aparentcmente rclacjona a imagem da deusa com o Iugar costumeiro da sua adora~o.

Outras dlvindades cananeias al6m de E l, Baal, Anate, Astarte (Asterote), eram Mote (Morte), inimigo de Baal: Resepe, deus da pestilen:c.ia c scnhor do mundo inferior: SuLmiJ: ou Salim, deus da saude ; Cosar (Hotar), deus das artes e oflcios. e outros.

lD. CARATER GERAL DOS CULTOS CANANEUS

A literatura ~pica de Ugarite ajudou a revelar a profundidadc de deprava~o que caraeterizava a religiao canan«Ha. Sendo poUteismo de tipo extremamente degradante, a pnWca de culto cananeu era barbara e inte.i.ramente licenciosa. Eln causava, inevitaveLmenre, urn efeito ret:u· dante e dcbllitaote sobre todas as fascs da vida cultural e comunilaria dos cananeus. Era inevit:ivcl que o povo gravita.sse no nfvcl moral dos s6rdidos deuses que adorava. "Tals deuses, qual sacerdo· te ; taJ sacerdote, qual povo", expresS<~ uma lei que opera infalivclmente.

1. Os Cullos Cafl/lneus Eram Inteiramente !morals. A brutandade, Lasc(via e abandono da mitologia cananeia e muito pior do que qualquer outra existentc no Oriente Pr6xirno iquela cpoca. E o carater assustador das d ivindades cananeias, ou mclhor. a falta de caritcr moral, d eve ter produzido OS piores tra~S de carater em seus dcvotos, que hcrdaram muitas das pratica.s mais desmoralizantes da epoca, tais como prostitui¢o sagrada, sacrifieio de crianyas e adora~o de serpentes.

2. Os Culros Cananeus Enfraquecem e Corrompem. Uma religiao tao esteril e oorruptn nao poderia ter outro efeito sobre a popula~o. so nao o desvitnlizador. As praticas dos cananeus se tomaram tao vis, que se diz que a terra "vomitou os seus moradores" (Levltico l 8 : 2S) e o s israeUtas foram advertidos por Jeov~ para guardarem todos os Seus estatutos e o rde· uanyas "para que a terra" em que Ele estava para faze-los entrar para que nela habitassem , ruio OS "vomitasse" tambem (Lcv(tico 20: 22). 0 carater da cetigiio cananei~ retratado na li ter.Jtura

- 88-

u~urltlcu,provc umpla base para llu~trar a exatidao destas declnra~ocs bt'blico.s na sua camctcrizat;do ,lu d llgoncrcscencia moral e retlgiosa dos habitantcs de Canna, que devido a isso deviam ser dizima· 110 ~. 1

J. 0 Cardter dos Cultos Cananeus Justifica lnteiTamente a Ordem Divina para OcNtrnir Ol' Seus Seguldores.Nao h:i base teol6gica firme para questionar a justi~n de Deus ao ordc-11111 o cxtcrminio de urn povo tao deprnvado, ou para negar a integridade de Israel como povo 1lo Deus, ao executar a ordem divina. Da mcsma forma , nada lui neste epis6dio da destina¢o de Jtdc6 a destruiyao, que consista em conflito como a revelayao neo-testamcntaria de Deus em Cristo, 1'omo lnsiste H. H. Rowley.

A infinita santidade de Deus e tao ultrajada pelo pecado no Novo Testamento • c) lfiO no Velho, e a ira divina nao e nem urn pouco mitignda cont.ra. o peeado dos que ruto aceitam o perdio ofertado em Cristo, como o tcstifieam amplamente os juJgamentos apocaJ(pticos direta· n\Cllte pronunciados contra OS homens dos ultimos tempos, que ~eitaram 3 Cristo.

0 principia de clemencia divina opera , todavia, ·em todas as cpocas, nas rela9<)es tk Deus para como o homem. Deus e longanimo, ate que a medida da iniqliidade esteja cheia, seja no caso dos amoritas (Genesis 15: 16), sejn no da raca antidiJuviana que ele destruiu pelo Diluvio !Conesis 6), ou no dos degenerados moradores de Sodoma e Gomoua, que Elc consurniu pelo fo­~o (Gene..sis 19). No caso dos cananeus, em vez de usar as foryas da natu.rezu pa.rn executar os seus (les{gnios punitivos, Ele usou os israeijtas como ministros da Sua justi9a. Os israeUtas foram infor­lllados da verdade d~ que eram os instrumentos dn justi~a divina (Josue 5: J 3, 14). A luz do qua· dro global, a extermlnayiio dos cananeus pelos israelitas era justa, e o emprego destes para a reall· zayio da obra era corrcto. Era urna qucst:io de destruir ou ser destru(do, de conservar-se separado ou ser contami nado e consumido.

4. Os Culros Caflllneus Eram Perigosamente Contagiosos. lmplicita, no reto jul· it:unento , estava a inten~o divina de proteger e bene liciar o Mundo. Quando Josue e os is.raelitas cntraram na Palestina no seculo XIV A. C., a civiliza~o cananeia estava tao decadente, que foi pequena perda para o mundo o fato de ser cla virtualmente extenninada em dcterminadas partes dn Palestina. A falha dos israelitas, em executar a ordem de Deus de manelra eompleta, foi um dos grandes erros que eles cometeram, bern como um pecado, e resultou em injUria pennanente para a nn9ao.

No julgarnento que se seguiu , a infinita santidade de Jeova o Deus de Israel de· via ser vindicada salientemente contra o negro pano de fundo de urn paganism'o inteiramente m.'oral c degradado . A atitude completamentc inflex{vcl ordenada por Jeova e seguida pelos lfderes de Israel, deve ser encarada sob a sua verdadeira luz. QuaJquer compromisso entre Deus de Israel e as vis d ivindades da religi:io eananeia. era inirnaginavcl. Jeova e BaaJ eram polos opostos. N:io podia haver transigencia sem cat:istrofe.

0 Sumario que W. f. Albright faz da situayaO e notavel, por SUa eloqtiente Vislio ..:m profundidade:

Foi bom, para o futuro do monotefrmo, que os israelitas do CofU/ulsta {ossem um tanto .selvagens, providos de energiD primitiva e n1de vontade de sobreviver, vlsto que o resul· tanle extennlnio dos cananeus evitou a completa fusllo dos dois povos aparentados, o que teria, quase que inevitavelmente, feito balxar o padrao israelita a um m'vel de onde a recupera¢"o teria sido impossfvel. Dessa fomw os cananeus, com a sua orgitistica adora­¢'o naturalfstica, seu culto da fertilidade 11a forma de uma serpente e a sua nudez sen­sual, e a sua mitologia grosseira foram substitw'das por Israel, com a sua simplicidade nomade e pureza de vida, seu elevado nwnotefsmo e seu severo c6digo de etica. De manei· ra nao rota/mente diferente, um mitenio d~pois os caTUmeus africanos, como eles ainda chamavam a si p;Oprios, ou cartagineses, como nos os chtnnamos, com a grosseira mito. logia fenfcia, que conhecemos de Ugarile e Mraves de Filo de Biblos, com sacri{(cios lrumanos e o culto do sexo, foram esmQgados pelos romanos imensamente superiores, cujo severo c6digo de moral e paganismo estranhamente elevado nos faz recordar, de muitas maneiras, o antigo Jsrae/.2

' -89-

Page 47: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Capitulo XVI

0 PERfODO DOS JUfZES

A epoca dos ju(zes, que vai desde a morte de Josue ate o tempo de Saul eo es· tabelecim cnlo da monarquia, foi um pcriodo de desordem e apostasia. As condi~oes antirquicas, que prc-vulcceram em grande parte dcsse perfodo, sao enfatizadas no relata escritudstlco: "Naque­les dias nlio havia rei em Israel: cad3 urn fazia o que achava mais reto'' (Ju(ze 17:6; 21 : 25). A 1tlolatrW cananeia, que os is.raclitas conquistadores falharam em extirpar completamente, pro· vou ser uma armadillla continua. como ja haviam Moises e Josue advertido solcncmcnte. Por isso, o povo caiu no paganismo rcpetldas vezes, e assim a adomQao no santuario central. ondc estava a :uca, tornou·se dificil pelas condt~oes confusas do pals.

Durante esse !ongo per{odo em que as tribos se estabclecernm nas suas por¢es des®ladas na terra p.rometida , foram levantados llderes espcciais por comissao divina, capacitados para libertar os i~raelitas oprimidos. quando o afastamento do judalsmo mosaico os levara a serem castig;Jdo~ na fonna de dominat;ao por parte de alguma for~a estrangeira invasora. EsSes libertado· res pseudo-cansma ttoos ou especiabnente dotados. eram intitulados julzes, shophetim. 0 nome shopher o u "ju\z" c uma antiga pa1avra cananeia, encontrada posteriom1entc entre o s cartagine­scs com o significado de " magistrados", chamado em 1atim rufes (plural, sufetes), e corrcsponden· do ao oonsul romano. Tendo libertado a nayao ou parte deJa, e desta fonna tendo demonstrado a sua voca~ao divma. o libcrtador era considerado, pelo povo, como o campeao de seus direitos legai.o; c JXlliticos.

A list a dos julzes enume:rn doze, excluindo-se Abimeleque. fllho de Gideio, que foi urn pequcno ret. I! bern clnro, segundo a narrativa bfblica. que os juizes nao ~nstitu!ram uma lin.ha continua de gov:cmantes, mas aparecetam esporadicamentc, segundo a ocasmo sc ofercccu. Alem do mais, muitas vczes eram apenas her6is locai.'i, realizando proezas em r egides restritas ou em cer· tas tribos. Tambcm e c.:crto que alguns dos que sao relaciooados governaram, pelo menos em parte, em difer~ntes partes do pais SllllUltaneam~nte.

I. A CRONOLOGIA DO PER!OOO

A data dcsignada para o perfodo dos J u(zes depende, e claro, da data atribufda ao Exotlo do Eg1to e a Conquista da Palestina. Segundo a data mais primitiva de 1441 A. C. para o Exodo c 1401 A. C. para a queda de Jeric6 , e dando trinta anos para Josue e dez para os anciaos que the sobreviveram, o per(odo devc ter-se estendido de cerca de 1361 ate cerca de 1020 A. C., epoca de Saul. Segundo as teorias posteriores, o periodo deveria scr colocado entre 1200·1020 A. C. Esta datn98o posterior, em bora oonsiderada inescapavel a luz de certas supostas dcscobertas :uqueol6gjcas, nao obStante e repleta de ~aves problemas e de mu~ta. confusao,_c nao sc co.aduna com a data~o b lblica. Eta nao a pen as co tide como esquema cronolog~co do penodo postenor, de Abraiio a MoiSe , mas tambem precisa esticar a epoca dos Ju{zes, se se deseja observar as notas cronol6gicas b (blicas <l:Ontidas no livro em pauta, mesmo que seja de maneria gene rica.

1. Subsldios Cronol6gicos Detafhados no Relato Bfbfico. Embora as oumerosas ind 1~oes croool6gicas encontradas no Livro dos Juizes na~ per:mitam datar esse _p~r{odo da his­toria is.raelita pot esse melo, uma co1ocayao culdadosa dos vanos elementos cronolog1cos encontra· tlos no tiVTo, c uma comparagao com outros elementos cronologicos pert inentes em outros Livros

- 90-

{;Q Volho ·ru.~huncuto , mostrliJTl quo 0 esquema de lcntpo subjacent~ a n:urotlva bll•ll· I) e,; b lilll

ror•tenuinco com a dJtaiOio mais remota, ou seja. de 1441 A. C. para l!xodo . de acordo com tRot~ () I, segundo o que~ quarto ano de SaJomao. em que ele come~;ou a cooslruir o tcmplo, era 480 uno, depois que os fill1os do Israel sa(ram do £gito. No entanto, esse plano cronol6gico subjacente no Uvro de Ju(zcs e inteir.a'!lente irteco~ciliavel com as teor:ia.s que p6s-datam o Exodo, que prccl· ~u11 scr completameote rejettadas ou mwto bern cxplicadas pelo~ que as advogam.

, As notas cronol6gicas que tratam da d ura~o da~ diversas opresS()e . JUiZados c JH:,rrodos de "Paz. dadas ~o l~vro de Ju{zes, sao .as seguinles: Israel serve Cusii-Rasataam durante 8 ~~~os ,<3: 8); a J.ibertac;ao e efetuada por Otruel, e a terra deseansa em paz 40 ano'! (3 : ll); lvocl e escravizado por EgJom de Moabe durante 18 anos (3: 14); Eude qucbra o jugo, c a terra Ilea em paz. durante 80 anos (3: 30); Jabim , da cananita Hazor oprime Israel durante 20 tH\OS

14 ~ 3) ; Debora Ubcrta lsrael, e a terra descansa 40 anos; as midianitas oprimem Israel 7 a nos (6 : 1) • Gidcio expulsa os ~vasores, e inicia·sc um perlodo pac(fico de 40 anos (8 : 28); Abimelcque re~ como o pequeno ret, p<>r 3 anos (9: 22) ; Tola julga Israel 23 anos (10: 2); Jair julga lqae1 durante 22 anos ( l 0 : 3); os ~onitGS oprimem a Transjordan.ia por L 8 a nos (lO: 8) ; Jefte julga hrael duran­~ ~ 6 anos (12: 7); lbsa 7 anos (12: 9) ; Elom 10 anos (1 2: ll );Abdom 8 a nos ( 12 : 14); os filisteus u prirnem Jsracl40 a nos (13: 1) ; San sao julga Israel 20 a nos OS: 20 ; 16 : 31).

, Se o total de_sses algarl.~mos for computado, 410 anos eo re~u!tado . duracao do plTIQdo dos Ju(zes. Porcm. esse intervale e grande demais. obviamente, pois 0 per{odo multo mais extenso desde o Exod~ (1441 A. C.) ate o quarto ano de Salomao , eo1 .cerca de 962 A. C., ~ npe~s d.e.480_ anos (I Rets 6: 1). A resposta para esse problema e evidente na proprin n.arrativa JuJZes mdiVtdurus, como Sangar, que niio tem nenhuma anota~o crono16gica rclacmnada 00111 0 on n?me (3 : 3 1 ). Tol? 00?), .Jair (10: 3\ lbsa (12: 9), Elom (12 : 11) e Abdom (1 l; 14), que sao

menc1o.nados. da ~an~tra mrus sunpJes posstvel, sem qua1que.r detalhe, e talvez outros cuja carrcira ~ descnta mw mmuctosamente, foram apenas capitaes Locais cuja atividade era extritan.cnte confi· uada a alguma regiio limitada, e sem duvida governaram simultaneamente com outro,ju{zes pl}lo menos em pa.rte da sua reg~ncia. P?r e~e!llplo, o pcr!~do de opressao ~moruta (J 8 anos) t'oi ~uase w mpletamente confinado a Transjordama, c sem dliv1da .se sobrcptls a epoca da agrcssao ftlisteia llurante o Iongo juizado de Sansao, que durou duas decadas ( 1 S: 20; 16: 31).

~· ['Iotas Crono/6gtcas G'erais no Reloto 8(/)lico. Em adl~o a esses minuclosos olemcnJos oronol6g 1c~s, o_corre uma cooota~o get:al de tempo muito importante, que da 11 dura~lio tlo pertodo da pCl'egnoa~o de Israel em Hesbom, pouoo antes da invasao de Carma ate cerca do ~~Cgundo ano do juizado de Jefte, como sendo de 300 a nos. As ra.J.avras sao de Jefre' aos amonit.as anvasores: ''Enquanto Israel habitou trezentos anos em Hesbom e nas sua vilas, e em Aroc.r 6 nus ~uas vilas, em todas as cldades que estao ao Ionge do At nom, por que, v6s, amonitas. Olio as recupe­lliSles durante esse tempo'! <!ulzes 11 : 26). [Os criticos gcralmente consideram esta passagem (lla mesma forma ~mo l R~lS 6 : 1) como posterior c indigna de COnJial)!f8. C. F. Burney consi· tlera·a como inser~ao postcnor de redator sacerdotal, computadn artiflcia.lmente (The Book of Judges (Lof!dres, 1918, p . 304). J. Garstang concorda que as pa.lavms sao uma inser~o. mas dtt que fo~ mserldas antes, nao de~is da reda~ao pre-exl1io, "se n:to for no seculo VII A. C." . quando dtz ele, as fontes documentarias antigas foram combinadas]!

. . ~ Urn_ exame de Numeros 21: 25 reveJa que a peregrinayao em Hesbom precede o mdt;a~o de Jos~: de um aoo ou do is, no mi.ximo. Se, en tao. se concede 40 ano para Josue c o peno~o dos an~aos, 8 anos para a opressao de Cusa-Risataim (3: 8) : 40 anos para a libcrtayao ..ob_ Otmel e ,a era de p~ (3 : ll) i 18 anos para a opressao de Eglom (3: l4) j 80 a nos para a libcr­!nc;ao sob Eudc eo penodo de calma que se seguiu (3: 30) ; 20 anos para a opressao sob Jab!m (4 : 3): 40 anos p:ua Debora e urn intervalo paclfico (5 : 31); 7 anos para a opressao midianita C6 : 1) : 40 anos para o j uizado de Gideio (8 : 28); 3 anos para Abimeleque (9 : 22) e 1 ano para a opressao amonita na epoca de Jefte, urn total de 198 anos se pcrfa.z o que conconla bem com os JOO anos especificados em Julzes 11:26. ' ·

, A:lem do. mnis. c bern :Vidente que Juizes 11 :26, genericamente, concorda com o rsquema cronologtco subJacente a Josuc-Juhes, e tambem com os 480 anos de J Rcis 6: 1 e com a data mais antiga (1441 A.C.) para ~xodo. Se a computa¢o for lcvada adiante ate o quarto ano

- 91-

Page 48: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

de Salomao este fato se lorna aparente. Atribuindo 5 anos para o resto do julzado de Jefte (12 ;7); 40 anos p~a Sansao e os filisteus (13 : 1; _15: ~0): 20 anos pa;a ~ juiz.ado ~e EU (cf. 1 Sa.muol 4 : 18, que menciona 40 anos onde a Septuagmt.a c1ta 20 anos, atnbumdo-se a dtferenya ao perCodo de dominavao fllisteia)· 20 anos para Samuel (l Samuel 7:2, 3); 15 anos (estimatlva) pt'llll Saul; 40 anos para Davi (J R~is 2: 11) e 4 anos para Salomao l1 Reis 6: 1}, esse c8.1culo se aproxima de 144 anos. Quando a esse per{odo 6 adicionado o d~ 38 ano~ do Exodo a Hesbom, : o ,de 300 de Hesbom a Jefte, um pcr{odo total de 482 anos do Exodo ate o quarto anode Salomao eo resutta­do, comp:mivel aos 480 anos de r Reis 6: 1.

U. EVENTOS DO PERfODO FIXADOS NA CRONOLOCIA

Ao colocar a epoca dos Juizcs (inclusive Josue e o_ per{odo dos. :mciios) em cerca de 1401 a 1020 A. C., e posslv~l colocar os a~ntccimentos reg1~d?s_ no Ltv~o de Josue e no Livro de Ju12'cs na larga cena historica contemporanea, scm esforyo, reJel~ao col~ttva de notas cronol6gicas. ou distor(fi'o ger,al da perspectiva bibllca, ~m~ inevitavelm~nte prec1sa a<:<>~ltecer, se adotannos as teorias que pos-datam o I!xodo. A localiza~o de acontecune~tos ~sp~cLftcos no contexto da hist6ria extra~bibtica deve, contudo, pela natureza dos dados dispomveJS, ~~ ape­nas aproximada e ate certo ponto, experimental. Por outr~ ~do, essa ano.ta~o d~ acontecunentos em sequencia e valiosa para demonstrar a f1tmeza cronologtca da narranva bfblica, e para forne­cer uma perspectiva apropriada a epoca toda.

1. Era de Josue (30 anos) e dos Anciaos (10 anos) (c. 1401-136! A . C.). Os acontecimentos import antes deste periodo sio a invasao de Canaa com a queda de Jerico, Ai, a derro· ta da Col.igayao de Jerusalem, e cooquistas ao sui e ao norte da Palestina, co cstabelecimento das tribos. No Egito, Amenotepe ill (c. 1412-1375 A. C.) estava apat~co ~evido :1 idade, e contentou· -se em deixar os neg6cios da Sl.ria ao cargo de vassalos, e sob a direyao de seu f'llho Amenofis IV, Acnatom (c. 1387-1366 A. C., co-regencia). 0 Imperio Egipcio na Siria-Palestina estava tempo­rariamente perdido, eo pais caiu diante dos Habiru , como o indicam as Cartas de ~ama. A se· gunda metade do pcrlodo coincide com o avanyo dos hititas vindos do norte, o que 3Judol1 a neu­tralizar a influencia eg{pcia.

2. Opres91io por Custl-RiStJtaim durante Oito anos (c. 1361-1353 A. C.). Esta e a invasio de um obscuro conquistador hllita, que tendo anexado a Mesopotarnia (Mitani), penetrou em direcrao ao sui e entrou na Palestina (Ju{zes 3: 7-10), deixando rastros em Bete..Sea, que ~oman­dava a entrada oriental para o Vale de Jezreel, bern como por outras partes. o.a~ntecunento situa-se na ultima parte do reinado de T u tancamum (c. 1366-1357 A. C.) enos prunettos anos do regjme do seu general Harmabe, que reinou em seguida (c. 1350-1314 A. C.) durante longo I» r{odo, quando a influencia eglpcia na Palestina..S{ria era desprez{veL

3. Liberta~ao por Otniel e Perfodo de Quarenta A nos de Paz (c. 1353-1313 A. C.). No Egito , Hannabe estabelecia f1tme autoridade, ~eorganizav~ _o governo ~ mantinha ~fl. cientemente a supremacia egipcia, de forma que foi posstvel a estabilidade pol(tlca na Palestma (Ju(zes 3: 11).

4. Opres91io sob Eglom de Moabe Dumnte Dezoito Anos (c. 1313-1295 A. C.). Este aconteciroento enquadla-se em grande parte no reinado de Seti 1 (c. 1314-1295 A. C.) e sincroniza·se com uma coalizao efetuada pelos bedu(nos asi3tioos, de quem se disse estarem conse­guindo uma base de opera~es na Palestina. Depois dessas turbulencias, expedi9oes punitivas visitaram Aco no litoral fenicio, Bete..Sei na Esdrelom oriental, perto do Jordao, ao norte, em regiio corresi>ondente a Hamate, no Orontes, e a leste em dir~o a Pael (Fail) alem do Jordio, restaurando a ordem.

5. EradePaz Depois de Eude, Durante Oitenta Anos (c. 1295-1215 A. C.). Este penodo (cf. Juizes 3: 12-30) compreende a Ultima parte do reinado de Seti l : que restabele~u a ordem na Transjordinia e na Palestina, e cobre completamente o Iongo remado de Ramses 0 (c. 1295-1223 A. C.). Este Ultimo grande Fara.O manteve a sua autoridade ao sul da S(ria, a~ves de um tratado com os hltitas, e de admioistra9'1o eficiente. Seu filho e sucessor. Memepta Ja era avan9ado na idade quando subiu ao trono. Houve uma pcquena revolta na Palestlna, que ele sufo-

-92-

··ou co!n pcqucno dlficuldade. lsto 6 comomorado por urna can¢o de vit6ria em que 0

podcr do ' 'UI.t6 t! elog.ia_do , e sc jacta que "Israel ja.z devastado e nao tern semente". E~b e a unleu rcfcrcn­\ iJ1 uo Vllrdado11o oome de lsrael, em todas as inscri~oes eg{pcias (Veja quadro no 28}

A pane da triunfal ode, que menciona Jsrael, diz o scguinte:

Os prfnctpes estao prostrados, enquamo dizem: "Paz!'' Nao hd ninguem que levame a sua cabefo entre os Nove Arcos. A Ubia esrd arruiMda, Cdti estd pacificada; A terra C111wnita estd despojada, sofrendo todos os tn~~les. Ascalom e levado catii!O, Gezer e conquistada; lanoam tornou-se como se trffo existisse. 0 po110 de iSI'ael estd desolado, ele ntfo tern descendencia: A Palestina (Curu) se tomou uma vitiva para o Egito. Todas as terras esttio unidas; etas esttlo paci[lcadas; Todos os que siio turbulentos estao subfugados pelo Rei Merenpta A quem~ dada vida como Re, codos os dias.L '

, , .. 6. Op~esSil?_ por Jabim Dumme Vittte Anos (1215-1195 A. C.). Depois de Me 11.mpta, uma sene de rets efcmeros no trono do Egito foi muito fraca pa.ra manter urn estado

0•

~\roso. Ent~c esses ~stavam Amen!llose, _Sipta e Setl II. Por volta de 1200 A. c .. estourou a gu!ra l U.? pe~1~do era 1deal para Jabun, ret de Hazor , capital de urn reino cananeu ao norte eta Pales­

lma, tdentif1cada por J. Garstang com El Queda, seis quilometros a oest e do Lago Bule e do Jor­aao, e cle devastou algumas das tribos de Israel (J u(zes 4 : 1-24).

7. Libena{!lio por D~bora. e E~a. de !az Durance Quarenta A nos (1195-1155 A. C.). Pur volta de 1200 A .. c., uma nova dtnastm founlCJada no £gito e Ramses 111 (1198 _ 1167 A c) Cilho do fundador, fo1 um rei forte que manteve a ordem oa As~ e t · • · · ' ll~ttabilldade na Palestina, sob uma ltder como Debora. ' ornou possJvel urn pertodo de

Debo~ era profetiza, e a quarta na ordem dos Juizes. Dcla se diz que julgou a l~orael sob _un;a ~almelCa ''entre Ram~ e Betel, ~ regiio montanJ1osa de Efraim" (Juizes 4 : 5). Com a assJSte~cm de Baraque, de Que?es-Naftalt, localidade situada a cerca de seis quilometros a noroeste das aguas de Merom, urn exercito de dez mil homens de Naftali c Zebulom foi re

11njdo

nns en costas do ~~nte Tabor, o nde o_s ~·novecentos carros de ferro" de Jabim (J uizes 4: 13), sob o comando de S1sera, e~avam em pos1yao desvantajosa para o ataquc. Uma pesada chuva (Juizes S: 21) tornou a cavafar1a cananeia urn~ deficieocia em vez de um rrunto e resultou na compte-In deuota dos cananeus. '

. • ~· Opresmo pel~s Midia."itas Dumnre Sete Anos (c. 1155-1148 A. C.). o dccl{nio do pode'!o egt pcto sob os Faraos Ramses IV e V, foi o que se seguiu ao reinado de Remses rn ~~~~. p~nodo de f:raqueza eg{~cia era ideal para a irrupyao de beduinos do deser tQ, tais como 0~ nlldJarutas camcleJios que hab1tavam em tendas que invadiram o Vale de Jezreel d t

• d · d · - , ' e evas aram ~ pats nos tns ~ G1de~o . (Jlllzes 6, _7). Be~c..Sea, que guardava a cntroda oriental do Vale de l.~e~om, ~ao mws co~tia ~m barreua efic1ente como fortaleza, visto que nenhuma guarni~o ~&!~ma havta s~do man~1d~ ali d_esde o re.inado de Ramses Ill. Aproveitaodo a vantagem do de­d truo da autondade ~~p~.ta , os mvasores mundaram as ferteis regiOes do sul particularmente em torno de Ofra, no temtono de Manasses. '

, , . 9. Era _de Paz Sob G.ideao, Durante Quarenta Anos (c. 1148-1108 A . C.). 0 de­vllruo do poderlo eg(pcJo, e a ~nseqtiente perda da sua influe.ncia estabill.zadora na Palestina, co­me~a agora a encontrar e:q>ressao na crescente necessidade de urn reinado.

. _ 10. Abimeleque Rei em Siquem Durante Tres A.nos (c. J 108-J 105 A C) Filho 11e Gideao co~ uma :oncubm;n. Abimeleque tentou assegu.ca.r a sucessao da posiyao singuiar ~cupa­llu por seu pa1 Cidcao (Josue 9), na regiao de Siquem. Esta regiao era localizada no agrad~vel vale entr~ ~ Monte Ebal eo .Mo,nte Gerez~, no local da moderna Nablus. Era protegida por uma torre fortiftcada. a tone de S1quem, que Abnneleque destruiu. 0 rei pre.~Uf!tivo teve fim prematuro,

-93-

Page 49: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

infl ~ · dill- ilm. e"te ·poder.ia ter-se estendido alem da parte orientaL de Manasses. e a sua uencta c ....

1 J Opres&ilo pelos A monitas (c. 1105 A. C.) e o Ju~zad~ ~f! Je{t~ D_urangir~ Sl'll · C) A .. - de lsracl comcctou na Tran:.JordaiUa, em CuJa re o o•

Anos ,rc. 110~·~099 A._.. lita;~::;:~e dezoito anos (Juizes 10: 8). Este periodo se sobrc~o amonttas oprururam os tSiaC talv d 1105 A C os amonitas atravessaram o Jordao na cronologia, e apenas no fun , ez em cerca e _ . · ·• t d apenas um ano, para atormentar todo IsraeL 0 perlodo de opressao naotonal, po~ o , urou · t mlnado aparentemente no segundo ano da lideran~a de Jefte (Jurzes 10 : 5; 11 : 4,5 , 32, 33), er . . 1'> . 7) que julgou Israel durante sets anos (J m z.es -. .

12 A Ascendencia Filist~ia Durante Quarcnt1l Anos (c. 1099·1059 A.c_.) e 0

· · ( J085 1065 A C) A nanativa consecuhva do Juizado de Samtfo Durante Vmte Anos c. . . . , . . .d. S -o (Jwzes 13·16).

• · com a conhectda histona c ansa Livro de s JuJZCS termdmaalgum"• das proezas de Sansao e reconhecido hoje em dia no Vadi 0 Vale de oreque cena e "" ' · •· d · tee cinco el ~~irar (Ju(zes lG: 4)j 0 va~i (riachoh":l~:s 0m:;~:~:~d: !::~ ~:;:da~a~lha cidada quilometros a oeste de erusa m, e se 18 a ao norte ara uma pequena plan(cie, onde u cananeia dedBezte-S~meEs gutaarold!:taavoampa~~ca~i~~:; e que pod:m ser reconhecidas hoje em dia nas localidades e ora c s ~;., , viLas de Sura e Esua.

EU 0

Juiz (c. 1065· l045 A. C.) seguiu os eventos catalogados em Ju{zes. Depola S uel 0 Ultimo d~s J uizes. e 0 prlmeiro dos prof etas cntrou ern ceo a por _volta de 1~45 A. ~··

am • cerca de 1020 A C ou urn pouco antes, para lanyar os alicerces da onarqwa. e Saul :pJUece em 'odo dos Juizes. at6 Saul pode ser datado de cerca de 1401 ate 1020 A. C., o Dessa .orma, o pen ~ se enquadra bern no contexto da hist6ria contcmporanea.

-94-

Capitulo XVII

ISRAEL NO LIMIAR DA MONAROUIA

Durante todo o penodo dos Julzes houve grande desordem e fraqueza em Israel. A lcaldade a Jeova e is instiruiyees mosaicas que teria rcsultado no uojEo das tribos, e em urn la· ~o cornmn de unidade e for~a nao aconteccu. Pelo cootrarjo, lapsos intermitentes de queda na li­' ~·nctos:l adora~o da natureza praticada pelo cananeus. com o conseqiiente castigo divino, tor­nou a na~o fn.co e dividida, e amerce de urn invasor estrangeiro depois do outro.

Nesse Interim, ambiciosas ~ocs vizinhas estavam se tornando fortes e consti· luindo cada vez mais uma grande ameaya a frouxa confederayao de tribos israelenses. cujo unico lu.qo real era de cunho teocratico, do qual eles estavam constantlilmente esquecendo o significado l•~scncial e OS rcquisitos. Nao era de admira.r-<Se que parecia que o unico caminho paro sair daquela lriste condiyio vigeote nos wtimos tres seculos e meio era ter um rei , como os povos circuoviz:i­uhos.

I. CONTRASTE ENTRE ISRAEL E AS NA<;OES ADJACENTES

Havla. chocante diferen~a em organizayao po!Itica entre Israel e OS vanos povos ,ta Palestina e do sui da S{rla, no seculo X1 A. C. 0 elevado ideal de um governo teocmtico puro, com o povo esperando somente em Deus para gum·lo, provou ser impraticavel devido a fraqueza 1.10 elemento humano, manifesta na freqilente apostasia e nas quedas na idolat.ria, durante o pe· riodo dos Juizes.

1. Israel, Uma Frouxa Anficrionia. Enquanto nayees vizinllas como Edom, Moabe r Amom eram reinos bern orgonizados, Israel era uma simples confcderayao ou anfictionia mal t'rganizada, dependendo da lideran\!11 de homens que se levantavam espontaneameote, e mantendo urn la~o de unidade nacional em tomo de urn santuirio central. Esta institui~o religiosa central de urn saotwirio em torno do qu~ estavam agrupadas as Doze Tribos, tern paralelos aproximados om outras terras mediternineas.

Numerosas anfictionias e agrupamentos de anfictlonias sao mencionados por auto­res classicos, tanto da Grecia quanto da ltalia. Grande numero delassao explicitamente mencionadas 1.'0mO contendo doze tribos. A mais famosa e anfictionia pileana ou delfica, do seculo VIII A. C. Os etruscos tam bern tin ham uma coliga((io relig.iosa, que se centralizava ao redor do templo da deu-111 Voltumna, ii qual representantes da comunidade etrusca se reuniam artualmente na primavera, pMl disputar jogos em honra da deusa.

2. 0 Santudrlo Central de Israel. Silo, na regiio montanhosa de Efraim, aparcce tcgularmente como o p.rimeiro santuario central de Israel, embora houvessc santuanos locais li m Jugarcs como Betel, Gilgal, Gibeom, oa., Hcbrom, e outros. Considerando todos os fato.res,Silo c.t11 uma sabin cscolha, pelo menos do ponto de vista da localiza((io central. Repetidamente tern sldo tHto ter sido esse ~ lugar onde Josue estabeleceu o Tabernaculo, e onde os israelitas tiveram designado o seu futuro tar (Josue 19: 51). Para lli, uma vez. por ano, as fam11ias se dirigiram para 11elebrar uma lmportante festa de Jeova, na epoca da coLheita (J u{z.es 21: 19). Ali Ana, mae de SBmuel, veio para adorar (I Sarnuell : 3). Para esse santu8.rio central ela e seu marido trouxeram o seu ftl.hinho para ser treinado para o sacerdocio, por Eli

- 95-

Page 50: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Alem do mais, Istae1 nao era o 6nico pais do antigo drient(l Proximo que tittl-. o seu grande santuario central ao qual eram feltas pe.regrinar;Qes. Nipur na Babilonia e Ninlvo na Assiria (no comeQO do segundo milenio A. C.) serviram a esse p.rop6sito em se11s tespectl~o• paises, como se depreeode de documentos contemporineos, Em Hari, o templo de Sim; em Qatna, o santwirio de Belit-Ecali, e em Biblos, o santuario de Baalitis exe.rciam func;ao semeU1ante.

Enquanto que o santmlrio de Silo era o ponto de conv~rgencia da anfictionla, o sumo saoe,rdote desfrutava de importante influencia polftica, tanto quanto religiosa. Fin6tas, filho de Arao, c Eli, foram tideres sa.cerdotais que detiveram essa lnfloencia. Depois do estabc· lecimento da Monarqu.ia, entretanto , a influencia pol:ftica do sacerd6cio declinou.

3. Na¢es Vizinhas Sao Reinos Poderosos. Por outto lado , na(foes adjacentet ofereciam urn contraste chocante com a frouxa anfictionia tribal de hrael. Edom, Moabe e Amom eram govemadas pot .reis que eram muito mais do que tribais, como e evidente de monumentoa como o rnon61ito de Bab.ui, do seculo XII A. C., e a pedra de Mesa, do IX A. C., ambas de Moabo, Cidades-estados litoniJiea:s, fronteirl~as com Israel, como Tiro, Sidom e .Biblos, haviam crescido muito devido ao comercio em expansao, e tinham poderosa auto.ridade, centralizada na pessoa de urn rei. Os progress1stas estados arameus ao norte e nordeste tinham governos fortes, e estavam se tomando uma amea~a. Os filisteus eram governados por "senhores" (seranim), que aparent~ mente eram tiranos segundo o modelo da regiao do mar Egeu.

Esses vizinhos bem organizados estavam se tornando urn perigo crescente.niente amca~ador para as tribos israelitas mais ou rnenos desorgan.izadas. Nao podia ser esperada, dos anti· gos imperios do Oriente Proximo, nenhuma ajuda contra as suas invaooes. A influencia eg(pcia na Asia havia diminu(do ate ser quase nula na metade do seculo XI A. c .. e o Imperio Assirio, depois de Tiglate-Pileser 1 (1113-1074 A. C.), que durante curto espa.QO de tempo havia subjuga. do o norte da Sfria e o litoral fenicio, bavja se retirado uma vez mais para o Vale do Eufrales.

11. VIZINHOS DE ISRAEL NO Se<;ULO X1 A. C.

Tivessem a Ass{ria ou o Egito o predonu'nio no periodo pre-monarquico de Israel, o lmperio Davidico-Salomonico ruio teria sido possfvel. Mas o que aconteceu foi que as triboa an.fictionicas, em vez de terem que se defrontar com um poder maior, enfrentaram numerosoa reinos pequenos, mas perjgosos, que as rodearam, e come~aram a demonstta.r hostilidade quando Israel come~u a consolidar-se e a expandir-se sob a lideranrva de urn rei. Um estudo desses povoa varios e essencial para a compreensao dos fundamentos do estabelecimento da Monarquia (Veja quadro n° 29).

1. Os Amonitas, descendentes de L6 (Genesis 19: 38), babitavam no tenit6rlo entre o Arnom e o Jaboque, ao norte de Moabe' e a leste das tribos transjordinicas de Rubem, Gade, e da me.ia ttibo de Manasses. Demonstraram a sua hostilidade ferrenha contra Israel dutante • epoCll dos Jufzes ao ajudar Eglom, rei de Moabe, a subjugar uma parte de Israel, e peJa opressao que exerceram sobre as ttibos este-jord.:inicas na epoca de Jefte (Jufzes 10:6, 9). Tinha.m grande podeno pouco antes do estabelecimento do reino i.sraelita, e foram de.rrotados por Saul (1 Samuel 11: 1·11). Davi denotou OS s(rios e amonitas oonfl!derados (II Samuel10), e rnais tarde 0 seu exer· cito tomou a capital amonita (H Samuell2: 27).

2. Os Moabitas, intimamente aparentados com os amonitas, e tarobem desoen· dentes de L6 (Geneis 19 : 37). ocupavam o territorio ao sul de Amom e ao norte de Edom, entre o ribeiro Zerede eo rio Amom. Moabe at'ligiu Israel nos primeiros dias dosJuizes (Juizes 3: 12-30), e Saul teve que guenear contra eles, a fim de lanf¥ar os fundamentos do reino (I Samuell4 ~ 47). Davi venoeu-{)s e mandou executar urn grande ntimero deles (II SamuelS: 2).

3. Os Edomitas. desoendentes de Edom ou Esau (Genesis 36: 1-19), habitavam a regiao ao ~1 de Moabe e do Mar Morto. Governados a principia por capities tribai$1 qpe eram evidentemente da ordem dos xeques arabes (Geneis 36: 15-19, 4043), mais tarde, antes da ascen· sao da Monarquia bebraica, fonun govemados por reis (Geneis 36: 31-39). Seu odio aos is.raelitas foi manifesto .na. sua reausa em permitir a sua passagem atrav~s do seu pa{s. quando aqueles safram

- 96-

eh1 £a1to (Numeros 20: L4-21). Saul foi compelldo a da.r-lhes batnlha (1 Samuel 14: 47) e Dav1 mmtulstou c colocou guarnivi5es no seu pa(s (ll SamuelS: 13, 14).

4. Os Filisteus, de quem se diz terem vindo de Caftor ou Creta ( Cf. George A. lhu lon 1 que apresenta a possibilidade de que Caftor possa significar Asia Menox)l (Jeremias· 47 : 4 · Amds 9: 7), oresceram em poderio de maneira tao grande, que a epoca de Sa·ul eles tentaram redu~ Jlr Israel a uma servidao desesperada. Ocupando a fertil Ptan{cie Marltima a sudoeste de Canaa~ 'fu' Cica entre Jope e Gaza, com cerca de oitenta quilometros de comprimento e vinte e quatto I n ll\lg\lia, a maior parte. de1es chegou ao primeiro quartel do seculo XII A. c., durante uma gran­lie\ lnvasao de povos maritimos efetuada contra o re.inado de Ramses Ill do Egito. Contudo, gru­JaUS csparsos deles, evidentemente como resultado de emigrat;io muito a.nterior e menor, haViam 'H upl\do a regiao ao .redor de Gerar, no litoral sul da Palestina,ja na epoca patriarcal (Geneis 26 : 1, I 4, 18). (A maiotia dos criticos entretanto considera esta referencia como um anacronismo e li tct'crencia quanto as evidencias ex:tra-b,'blicas, ate agora, urn problema sem solu9io.)2 '

A fenomenal expansao do podetio flliBteu no seculo XI A. C. resulton na destrui· \llo do santulirio central de Israel, em Silo, que havia sido o ponto de concentrayao dns tribos lvoelitas dwante quase tres seculos e meio . Esse acontecimento que marcou epoca, ao lado da ~~~ptu.ra da area do concerto, que tomou lugar em cerca de 1050 A. C. (cf. I Samuel4: 1-21), I'OfllO most:raram as escava~es dinamarquezas em Silo, soaram como o toque de 1mados· peta ~\ilJia organiza9io anfictionica, e pode ter feito com que a instituj~o do reinado parecesse abso-1\Humente imperativa para todos os israeUtas, que nao podiam ver praticamente nada, no antigo ltl11ul teocratico de dependenci.a apenas da lideran(fa de 1eova (I San1uel8 : 19-22).

Depois do desastre em Afeque e em Ebenezer, as guarnir;Qes ftlisteias sao men­l'lonaoas na propria regiio montanhosa (I Samuel 13: 3). 0 que e a:inda mais indicador da bravura tlos tllisteus, enquanto 0 jovem reino israelita lutava para sobreviver, e 0 fato de que a estiategi­l ll fortaleza de Bete-Sea estava nas maos dos .filisteus, e tronicamente, eJn seus muros os corpos dl) Saul e de seus illhos foranl ignominiosamente pregados, depois da humilhante derrota de Israel nq Monte Gilboa 0 Samuel 31: 10·12). Davi, quando rei, repeliu inva.sOes dos filisteus e tambe"m Jutou contra eles em seu proprio pais, sobjugando-{)s eficientemente (II Samuel 3: 18; 5: 17-25; ft : l, etc.) (Veja quadro no 30).

5. Or A rameus, povo semita (Genesis 10 : 22, 23), um seoulo ou do is antes do esta­bolecimento da Monarquia Hebraica, havia ocupado gradualmente a plan(cle que se estendia desde o norte da Mesopotamia nos anedores de Hara, ate as montanhas do Lfbano, a oeste, e ate as montanhas do Taurus ao norte, e aJem de Damasco ao sul. Por todo o ultimo quartel do ped'odo llos Jwzes, a influencia arameana se espalhou ao sul, pela SiJia, ate as pr6prias fronteiras de Israel de f~rma que quando Saul e Davi com~aram a recuperar a heran9a israelita, colidiram quase lmcdwtamente com os arameus estabelecidos em vanos reinos ao norte e ao nordeste da Palestina. Vdr.ias regiOes diferentes devem ser notadas.

. Afli Naaraim ou "Arii. dos (Dois) lUos" pode ser que se ref:u-a ao territ6rio entre u Tigre eo Eufrates, mas e mais provaveJ que o seja a regiio geral da Mesopot3.mia com centro na regiio do Eufrates-Cabu.r. Nessa area se localizavam Pad[-Ani ou "Campo de Ari" (Genesis 24: 10 · 18: 5) . e a c:idade de Harii, onde os patriarcas mo.raram antes- de emigrar para Canai. A de~na~o' Ara Naaraim era predominantemente geogrifica, e sem duVida se estendia em dire~ao ao oeste ~er.avebnente aJem do Eufrates, ate ponto correspondente a Alepo, e para o sullalvez ate Q Iugar que corresponda a Cades sobre o Orontes. Deste territ6rio os arameus ~e espalharam aos ~9ucos para o sul , a I11Il de formar posteriormente reinos que surgiram quase concomitantemente .:om o estabelecimento do reino hebraico.

Ara Zobd deve se.r localizada ao norte de Damasco, e rnui provavelmente inolu{a a cidade, ate que Rezom negou-se a obedecer Zoba ao tempo da conquista de pais efetuada por I)Avi (I Reis 11: 23-25). Dessa forma, parece que Fried:tich Delitzscll, que lui muito t·empo susten­l llva que Zoba era urn lugar nos limites do dcserto ao norte de Damasco, na regiao de Hums e do Antilibano, estav-a correto ao rebater a argumenta~ao de Hugo Winckler e Hermann Guthe, que a lt;>calizavam na tena de Hauri, a Basi bfblica ao sui de Damasco , ou de Sina Schiffer e Emil Krae-

-97-

Page 51: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

ling, que a nxavam minuciosamcntc na Celesiria, territ6rio entre o Lfbano eo Antlllbano. Ot tudos posteriores da organizarrao provincial asslria, que fora feita sobre alicerccs ainda mals a provam conclusivarnente que a posic;3o original de Delitzsch cstava coueta. e que Zobd, a Subatu, estava situada ao norte de Damasco e nao ao sui.

Nos d.1as de Saul e de Davi, Zobci era o mais poderoso dos estados arameu!l S{ria. A situa~o geral no Oriente Proximo, como decunio do poderio eg{pcio e ass(rlo, eo mino da influcncia hitita, tao prop{cio para a ascensao do imperio Davldico, nao podia ser oportuno para a expansao do reino de Hadadezer e Zoba. Seus dom{nios cram extcnsos. No apogeu, estcndiam-se ate o Rio Eufrates (ll Samuel 8 : 3), c devem ter dominado Damasco ao pois dos arameus daquela cidade nao se diz que tivessem seu pToprio rei, como era o caso Hamate, bern ao norte (II Samuel 8: 5, 9) , e consequcntemente deviam estar subordinadoa Zoba. AJem do mais, e facil verificar como o poderio de liadadezer se desenvolveu a uma ex sao tal a ponto de aJcanvar a regiao a Jeste do Jordao, onde se chocou com as ambi((6c.s de (1 Samuel 14: 47, Septuaginta). Com a derrota de Hadadezer diante de Davi. e significativo Zoba desaparece do palco da hist6Tia hebraica, sendo o seu lugar ocupado por Damasco.

Varios outros cstados arameus a sudeste de Damasco, os quais haviam adq consideravel poderio a epoca do fast(gio de Davi, sao mcncionados tambem em per{odo um posterior. Sao eles Maaca, Gesur e Tobe, localizados nos lltorais none e nordeste da Palest inn. mostram a cxtensao da penetra~o uramcana em dire9ao ao sul, no seculo e meio que nrP . .......,,..

a Mo.narquia Hebraica.

MaaC4 fica a Lcste do Jordio, dentro das fronteiras prosuntivas de israel, pT6ximo ao Monte l:lermon ao norte (Josue 12: 15; L3 : ll). Perto de Maaca fica Gesur lvt;uu:IQIII nomio 3: 14; Josue 12 : 5; 13: 11 ), evidentemente ao sul confrontando-se com Rule , ate a midade sui do Mar da Galileia. Oeste reino Dnvi obteve uma esposa, e foi para essa dite~o que seu fllho Absa.liio fugiu , depois do assassinato de Amnom (II Samuel 3:3; J 3 : 37).

Tobe estava tambem a leste do Jordiio , e provavelment.e e identificavel et-Taiibe, a dezesseis quilo metros ao sul de Gadara. De Ia Hanum, rei de Amom, conseguiu dos para lutar conua Davi (1l Samuell 0 : 6 ).

Desta forma, e claro que a expressao arameana em dixe~o ao oeste e ao durante os s6culos X11 e XI A. C. continuou inalterada durante o per(odo dos Ju(zes. Ao daquele oerlodo, os fortes estados arameanos de Zoba, Bcte-Reobe, Maaca. GCSUJ' e Tobe se desenvolvido ao none e ao leste da Palestina, formando urn forte muro , que impedia expansio subita da parte das tribos israetilas. Parece que nao havia ncnhuma pressao forte soble os pr6prios hebreus, exceto em regioes como a de .Basa a leste e ao nordeste do da Galileia, e a de Naftali ao norte e ao noroeste deJa1 que foram assoladas durante este per Havill pequeno per.igo de choque entre Israel e Arli, eoquanto Israel nao tinha um governo forte, nem urn lider agressivo. Mas com a asccnsao de Davi ao trono , a situa~o mudou . A ~o e inco1p0ra~o desses povos ao estado israelita foi urn d.os fatores principais que possiveis os imperios de Davi e Salom.ao.

6. Os Fenfcios ou canaoeus estavam fonnando estados maritimos ao ao loogo da costa do Meditenaneo, cnquanto que os estados arameus estavam se -..u~wa..u.·~~~~·u

norte e ao nordeste. A epoca de Davi (1000 A. C.), os cananeus da regiio de Tiro..Sidom se h unido em urn estado forte com capital em Tiro. Este ofereceu pequena oposi~o a constru~o imperio de Davi, por uma ra.z.io def.inida: Em vez de tentar expandir os seus territ6rios pela fot~ das armas, procurou espaJhar a sua influencia e as sua materias primas por todo Mediterriineo atraves do com.ercio e de tratados com outras na~es. Davi encontrou-se com o rei de Tiro, 1 (c. 969-936 A. C.), que aparece nos reglstros fenicios tanto como conquistador como corlrtr1lto

tor, responsavel por suas aberturas de amizade, e fez dele um valioso allado, continuando os da sua amizade durante o rcinado de SaJomao (1 Reis 9 : 10·14).

-98-

Capitulo XVIII

SAUL E A MONAROUIA

Alem da ameaQa que os vizinhos de Israel constilu{am, especiaJmente os fllisteus, "uja., vit6rias haviam resultado na destrui~io do santllirio central em Silo e na desintegra~ao da orga­n~a~o anfictionica, houve outra forte pressao, que ocasionou a mudanya da fonna de governo em l••oL Embora Samuel, como Jwz c profcta, se houvesse d istingilido notavelmente, agora estava ~l'llm. e os seus fllhos nao p3.rtivipavam da sua honestidade nem da sua competencia (I Samuel M l -9). Assim sendo, os ancilios de Israel se achegatam ao idoso profeta-juiz, c solicitararn q ue ft~aSe apontado u:m rei vis{vel, para que eles pudessem ser como as bern organizadas nal{clcs que 0' rodeavam, e para que pudessem ter urn lider que OS pudesse conduzir a Vit6ria robre OS ini­llligOS que os pressionavam.

Embora a organizayao fmaJ do reir1o hebraico com um moOlUca teueno como tepresentante de Jeova jti de ha multo tivesse sido prevista profeticamente e atTaves da prescien­~111 divina (G8nesis 17:6 , 16 ; 35: 11 ; Deuteronomio 17: 14-20), o povo ruio era completamente 1-.:nto de culpa pelo fato de requerer urn rei nessa oportunidade. 0 espirito com que o fJZerarn t tu completarnente irreligioso. Falharam em manifestar a fe ern Deus, sem a qual o governo de Jeova lomo rei teocratico era im.poss.i'vel. Nas circunstancias da epoca. o fato de terem pedido urn

'

Qvernante humano era equivalente a virar as costas a fe no Deus invis(vel, voltando~e para a con­lun~a de urn lfder vis( vel. 0 problema moral inclu.ldo no que eles fJZeram nno pode, oonseqUente­

lll.,nte, ser cx.plicado como resultado de fatores divergentes e contradit6rios, que indiquem a Wlmposi~o do carater de I Samuel, pols cada fonte tern uma "atitude diametralmente oposta ~ulll respeito a monarquia " . l Qualquer aprova~o ou permissao divina na sua escolha como rei, era Ul113 simples acomoda~O a fraqueza e 30 pecado humanos.

I. PROSPERlDADE INICIAL DO REINO

Saul, o benjamita (c. 1020~1000 A. C.), foi escolhido como o prirneiro goveman-1 de Israel Como rei, ele foi incapaz de ir alem de uma frouxa confedera~o polltica, especial­nu:nte devido a sua inata fraqueza de ca.r.iter' c deixou uma tarefa inacabada para ser completada polo seu brilhante sucessor, Davi. que tantos exitos conseguiu.

1. Primevas Proezas de Saul. A vit6rla inicial de Saul, em Jabes Gileade, sobre os 1111onitas (I Sa.muelll : 1-4) foi de grande im.portancia para conf'trma-lo na mente do povo como " lider escolh1do de Deus, como alguem "capaz de assumir o manto dos antigos Ju{zes, aJguem ltUphado pelo Espirito, que podia travar e veneer batalhas por lsraet"2

Saul nao apenas fez retroceder os amonitas na Transjordania, mas atraves de suas flt6ri.as SObl e OS fllisteuS, principalmente COmo decorreocia da briJhante vitoria alcanyada por Jooa· 111 sobre a guarni~ filisteia em Micmlis (I Samuel14 : 146), quebrou tainrem o monop6lio fi­llateu sobre 0 ferro. Os filistcus haviam feito 0 que podiam para que OS israelitas nao aprendessem 1 ro.rjar esse novo metaL "Ora em toda a terra de Israel nem urn ferreira se achava, porque os filis­ttus tinharn dito: Para que os hebreus nao fayam espada nem ~a. Pelo que todo o Israel tinha da descer aos fillsteus para amolar a relha do seu arado, e a sua enxada, eo seu machado, e a sua rotoo" (I SamueJ 13: 19 , 20).

-99-

Page 52: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

No seculo XI A. C., o ferro mal estava com~ando a ser usado comumcnte nt lestina, como as escava~oes tern mostiado, e o monop6lio do feno nao era apenas um incalcu!aveJ para a superioridade filisteia nas armas, mastambcm uma valiosa mercadoria , como hititas, que pnrece terem iniciado 0 monop6lio, haviam descoberto dois seculos antes. [ ferro era conhecido muito antes de se tornar comum na chamada ldade de Ferro (1200-300 e demonstrado por uma adaga de ferro de Tutancamum (c. 1360 A. C.) e uma machadin guerra feita de ferro encontrada em Ras Shamra (c. 1400 A. C.). Rastros do ferto sao bern ant na Mesopotimia, no Tel Asmar o em Ur, mas comumente considera-se que se tenha orlginado meteoritos.]3 0 fato de OS israelitas te~em que ira Filistiapam fazer ou repar:u as ferrament &l ferro era bern lnconveniente, mas p.ior e que era ainda mais dispendioso. Menciona·se que era brado para amolar a relha de a.rado e a enxada, urn ''pim" (I Samuel 13 : 21). 0 peso em o vocabuJo hebraioo " pim ". um termo que "foi usado, mas oompletamente esquecido, mesmo na guJdade. Antes do eXJUO judaico OS pesos eram estampados com 0 vocabulo "pim", isto e, ter~os de um ciclo". Nao Jut necessidade de dizer que dois ter~os de urn ciclo de prata era urn ~ bern dif{cil de se pagar por uma simples ponta de arado (nao 'picareta' como dizem tradu¢es) de menos de trinta ccntimetros de comprimento " 4

Durante o perlodo dos Ju(zes, os israelitas conscrvaram-se comparativamente bres, devido a falta de feuo para a manufatura de implementos ag:r(colas, pregos e armas de ra. Foram incapazes de expulsar os cananeus das pl.an(cies, porque estes possuiam ferro (Josue 17: 18; Julzes 1: L9; 4: 2 , 3) e, certamente, annas de ferro. As escava9oes tern do que os fillsteus possuiam annas e joalheria de ferro , enquanto que os israelitas rAntP.n,~ml nao as tinham. Mesmo bern depols, na epoca de Saul, ressalta-se que "no dia da achou nem espada, nem lanes na mao de nenhum do povo que estava com Saul e com porem se acharam com Saul e com Jonatas. seu fillto ·• (l Sa mule 13 : 22).

Quando Saul e Davi quebraram o jugo dos filisteus, a formula de fundi~o de se tornou propriedade publica, e o metal popularlzou-sc em Israel. 0 resultado foi uma yao economJca, tornando possfvel urn nlvel de vida mais elevado. Portanto, a gueua contra os tcus era uma gueua de sobrevivencia,justamente celebrada nas ocupa~oes e na hist6ria.

2. A Fortaleza de Saul em Gibed. De interesse particular e a cidadc natal de Gibea de Denjamim, que fJgUra proeminentemente nas nauaUvas do seu reinado , em I Localizava-se na ragiao mootanJtosa, a oerca de seis quilomctros ao norte de Jerusalem, e cerca tres ao sui de Rama. Hodiernamente, o locale chamado Tel el-Ful, que ja ha muito tempo identificado com a cidade de Saul. pelo brilhante explorador p.ioneiro da Palestina, Edward son, e foi escavado por W. F . Albright, em 1922 e 1933.

Na base do outeiro foi encontrada a prirnei.ra fortalez.a de Gibea, que rastros de uma destrui~ao por fogo, provavelmente a mencionada em Jufzes 20: 40. Logo dessa fortaleza estavarn os restos de uma segunda, a mais elaborada estiutura encontrada no seu muro exterior tinha cerca de dois metros de espessura, e era defendido por urn dectiveou lnclinada. Tinha dois andares, e continha uma escadaria. imponente feita de pedra. ~ como a forta1eza de Saul A estrutura, medindo 56 metros por 52, possuindo rnuros proV1do1 casamatas e tones de esquina l.igadas separadamente, ilustra a contru~o desse penodo.

No topo da estrutura de Saul havia uma tetceira fortalez.a, um tanto caracterizada poi uma serie de Pilares de pedra. Esses pilares a associam com a epoca da CUUilAI \IUI

Alguns estudiosos associam-na com a atividade construtora de Asa em Geba de Benjamim 15: 22). Mas, a luz de Isaias 10 : 29 , Geba de Saul e Gibea nao sao identicas. De qualquer essa cidadela sofreu destrui~o atraves do fogo , talvez na Gueaa Siro-Efraimita (cf. fsafas Depois de urn lapso de tempo ulterior. outra fortaleza foi construida sobre as rufnas de todu anteriores. Esta deve sec datada da epoca dos Macabeus, como o demonstra a oerimica.

3. A Natureza Rustica do Reinado de Saul. 0 principal ediffcio da epoca Saul, em Gibea, com rnaci~;a constru~o em pedr:a e paredes resistentes, "e como urn clrcere vez de parecer com uma residencia real, em oompara~o com a alvenaria cananeia com que mao mais tarde ornamentou Jerusalem". S 0 Lastro de cultura geral de Saul e da mesma

-100-

avAIIIldo por Albright: "Saul era apenas urn capitao rustico, no que conccrnia a arquitetur.a e ou· 1111• llmenidades da vida". 6 Sobretudo, o que era verdadeiro a respeito de Saul era, de modo geral. eullnrolmen~e vcrdad~lro .a r~speito de todas .~s t~ibos isra~litas durante todo o per(odo dos Juizes, •td o nor~s.c1mento da. tnd~s~ e das arte~ e CJenc13s, na prospera era dav1dica-sa.Jomonica. A pobre· Ill ~ TU llOJdade .da VIda J.Sraelita QO penodo pre·moruirqUiCO sao pJenamcnte demonstradas pelas .... rtvn~es palesnnas.

U. FRACASSO DE SAUL COMO REI

_ ~illiam A. Irwin catacteriza muito bern o Rei Saul como "do cspirito indepen· •h u te . que nao ~na servll a nenbum sacerdote·profeta, conquanto reverenciado ". 7 Essa dlsposi~, •ontud.o, era dwnetralmente oposta ao conceito oriental do rei como representante da divinda­th• rlnctonal (no caso de Israel, de Yahweh , o unico e verdadeiro Deus).

1. A Teimosia de Saul. Como uder, a prime.ira preocupayao de Saul devia ser I "''!ficar-se da von tad~ de Yahweh atraves dos metodos ordenados pelo scu honrado pro[eta, Samuel, " lcndo-o compreendJdo com clareza, executa-to plenamente. Foi precisamente isto que Saul rlotxou de fazer, demonstrando dessa fonna, claramente, a sua incapacidadc para ser 0 rc ta • I" tic Deus. presen n

. 0 prim~iro exemplo de teimosia do rei foi a sua introm.issao no oflcio de sacer· Ill It:.' Severamente Pl?SSIOnado pelos fllisteus , impaciente devido a demora de Samuel em encon­IIIU sc com ele em Giigal, e amea~do pela dcser~ao de um grande nUmero de seus seguidores ltllul cometeu uma ofensa muito. grave ao fazer urna oferta queirnada , 0 gue apcnas urn sacerdot~ !"HHn f~~, _de acordo com a le1 de De~s. E~se flagrante a to de desobediencia foi o primeiro passo •• rua reJeJyao como fundador de uma dmastia (I Samuell3: 13,14).

A Bern depo~ da vit6ria de Saul sobre os filisteus, que foi alcan~da pela assinalada turugem de Jona~ em M1crn~s (I Sam~el t3 : 15-14 : 46), Samuel orientou Saul a travar uma 1uerra ~~ e:ctermlniO contra os amalequ1tas. Saul empreendeu a guerra, mas falhou em extermi-llllr o mtnlJgo. P?r esse segun~o a to de. desobediencia, pelo qual provou segunda vez que nao po-ll ill merecer confmn~a para agu como tnstrumento de Deus mas era dominado po ' · wuntade 1 r . r t' . . • r sua p.ropna

, e e ~01 en~a 1cam ente reJeltado como rei (I Samuel 15: 1-35), e Samuel fo i enviado a B W111 para ungu Dav1 (I Samuel 16: J ·13). e-

. 2. 0 Recurso de Saul ao Oculrismo. 0 Ultimo passo na quooa do rei foi 0 ter ele trro~k!o a pseudo·advinha ~medium) ~e E~-Dor (1 Samuel 28: 3-25). A gravidade desse a to, q ue tf!J\SJS~IU ~ .salto final do re1 para a rulna, c manifesta no fato de que ele e~tava recorrendo a om "'"'o tlegJtuno para cert.ificar-se do futuro, caracter(stico das naQ<)es poUteistas que rodeavam lullel .• e e~ completo desacoido com o Yahwehismo. Como tal, o ocultismo esta;a sob 0 mais se· "to mterdlto em IsraeL. e ~ra.puruvel com a morte (Levitico 19: 31; 20 : 6, 27; OeuteronomJo I R • I 0' 11) · 0 fa~o de o prop no Saul tor deolarado as pmticas ocultas como fora da lei. e de ele 411ll"mo ter recomdo a elas quando perdeu a comunhio com Deus (1 Samuel 28: 6). indicam cla­ramcnte a sua condena~o.

_ . ~ . d.ecifra~io e a interpreta~o dos textos hititas descobertos por Hugo Winckler lin cscava9<;>es mt~Jadas em 1?~6, em Bogazqueui. local da antiga capital hJtita situada na grande l'Urva ~o Rio Halis, a 144 quilomet.ros a leste de Angora, tern lanyado lllZ sobre este interessante I}JlsOdJo b1'blio.o~ ~ora sabe-se, s~ndo esses textos cuneifonnes, que na antlga Asia Menor dn ~~egund~ . milemo A. c .. (e postenormente), os rituals m~icos e pciticas ocultas cram prerroga· Uvu . especuus d~mU!-heres 1dosa~. Diz·se terem sido registrado grande numero de rituau magicos lnl'dmnte ~s oraculos des~~ sibilas ou videntes. Varios seculos mais tarde, muJheres velhas apare­teiD tambCm. entre ?S assu1os como instiumentos de or.lculos. Entre os cananeus de Ugarite ao nurto da s.~·. no secul~ XIV A. C., a palavr.a traduzida como "esp!rito familiar" evidentem~nte JIO!I.SU{a o Significado de • espfrito de mortos''. ts

Pniticas _de ocu!~mo, aAo lado de cren9a generatizada em dcmonios ou maus manutencao de vanos fenomenos demonol6g.lcos tais como adivinha~o. magia e

- 101 -

Page 53: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

necromiincia (consulta de supostos espiritos de monos) cram caracteri:;ticas na rcdondew~ do tigo lsmel, e coosistiam em perlgo perpetuo de comunica9ao dos fieis scguidores d~ Yahweh.

0 ''feiticeiro" velho-testamentario (Exodo 22 : 18; Deuteronomio 18: l 0), c teono usado para descrevet mulhercs que traficavam com prabcas ocultas em gcraL A cnrTI'tJIIIil

mente cbamada "medium" c dcsc.rita como "aJguem que tenha um osp(rito familiar ('ob)". e, "algu6m em quem haja (OU se pensava haver) urn dcmonio adivinhador" (cr. Lev{tico 19: J I 20: 6; 20 : 27). A mulher a quem Saul consultou c mcncionada como sendo "uma Mulher seja medium" (I Samuel 28: 7). isto e, uma antiga necromante (o mesmo que o atual medium rita"), que promctia dar informagoelt clandestinas vindas de esplritos de mortos.

De acordo com a narrativa, a sentcnl(8 de Saul e anunciada por Samuel a de uma npari~o "p6s-morte'' do veneravel profeta, na fonna de um espirito; porem, instrumentalidade da medium de En-Dor, mas por interposi~o especial do prop do Deus 0 el 28: 11·25). 0 rato do monarca ter recorrido a uma fonte de inform.a~oes que agia por maligna, ant!tese do q ue secia orlent.ado por Yahweh, era um a nega~o tao complcta como se-lo, das prerrogativ:n presumlveis de um rei hebraico na qualidade de reprcsentante cia de divina, e por isso mereceu a destrui~o do rei no campo de batalha de Gilboa.

- 102-

Capitulo XIX

0 REINO DE DAVI

A hist6ria hebraica posterior c:onSirlera Davi como o rei ideal, e con..sid'era o seu ••'11'0 . e o de seu rillto Salomao, como a idade aurea do reino hebraico. Na estima da nac;ao, esa •I.e do a Davi um Iugar de prim asia, s6 · supcrado pelo proprio MoisCs. Enquanto que este havia Jlnudo as t:ribos para fora da escravldlio e as moldara em uma na<;ao no Sinai, dando-lhcs uma fe , •lJl1Urn e estabeleccndo-lhes as leis civis e eclcsi:isticas, aquele era o verdadoiro fundador da Mon.ar­quirt Hebralca. Fora ele quem "levam a efeito todo o sistema civU e eclesilistico que havia sido p1cfigurado no Sinru".

Alcm do mais, em contr:aste com Saul que. embora nobre na<; suas a~piracoes ntritameotc nacionais, era rude e repulsivo, Davi possuia uma pcrsona.lidade siogulanncnte genW t lllraente, e demonst.rava um notivel dom para atrair amij;os_ Esse clemento proeminente do scu ·Muter nao apenas ganhou para cle. mais tarde, o reinado que ele nao procurara. mas as~urou­lh~ o mteiro sucesso nele, uma vez que foi escol.hido para o elevado oficio. t certo que J8natas, "'ndo hcrdeiro do trono como succssor de Saul, nao teria ido urn amigo e pa.Lrocinador tio 1lttlcnte de Davi em tudo e por tudo, se este tivesse conspindo dcsde o princ1p1o para ocasionar u queda de Saul, e tivessc planos cgo{sticos de assumir o t(tulo .teal.

A magnanirnidade de Davi foi notavelmente demonstiada para com Saul em numerosas. ocasioes. Depois de sc ter feito rei de Juda, semclhantes taticas de pacienc1a e de rr:ode­~~~~o n~s n~gocios , nactonais, ganharam para cle a submissao de todo o Israel. e nos ncg6cios 1nLcrnac1onats capaCJtaram-no para formar um subsrancial imperio , que legoua seu flllto SaJomao. A fa~·Ulha de co':'struir . urn imperio. ele era capaz de realizar, em grande parte, o;cm rccorrcr a auerms de conqwsta. Stmplemente l~tando em defesa da na~o isr:lclita, quando ela era amea~a. •Ia pelos que :rccusavam os seus oferecuncntos de amizadc. e pelos que tinham invcja do seu poderio Gnl expansiio, ele fol oapaz de entcnder seus do"m{nios sem agressao militar propriamente cUta.

A poUtica de Davi como rei parcec ter sido claramente a de "scr forte em casa mas viv~ Jado a l~d_o co~ out.r~s na¢es como suas atiadas". 2 La~os de ami.za.de foram, ass~ "~ta~eleetdos com Hirao: re1 de Tuo (11 SamuelS : 11) c Toi, rei de Hamate (n Samuel 8:9, 10). A alian~a com os amoruta.s, propostn. por Uavi, po!i outro lado. fo i rcjeitada desdcnllosamente ( IJ Samuel LO: 1-6). Esta afronta nao apenas o competiu a gu:errear contra Amom como levou~ • um choque inevitavel com os siros, a quem os amonitas contrataram como m~ceruirios para lutar contra israel (ll Samuel 10 : 6-19).

• . Da ~esma forma, o avanc;o guerreiro dos fillsteus, quando ouviram que Davi hovJ~_stdo ungtdo re1 sobrc Israel, tornou um enteodirnento paclfico com eles impossivel e deu ocas1ao, como ?o caso de o~ tros inim.ig~s seus. para a sua subju~o (11 SamuelS : 17-25). oa mes· uta ~onna, a ~titude d~ D~vt co":' respett? nos !Doabitas e edomitas (cf.l Samuel22 : 3,4) a quem •lc concedeu mdepcndenClll t:cla.tlva depoJs de te·los vencido, sngere a mesma polftica.

L PRIMEIRAS ATrviDADES DE DAVJ COMO REl

A morte de Saul precipitou uma ciise na hist6r:ia poJftica de Israel. e segiu-se urn

- 103-

Page 54: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

pcrlodo de guerra civil. Ncsse Interim. Oavi subira para a cidade de Hcbrom, siluada na rcglao montanhosa de Juda, a cerca de trinta quilometros de Jurusalem, em dire~o ao sudo~tc. Ucm conhecida na hist6ria biblica desdc os dias dos patriarcas. Ucbrom cstava agor-.1 para alcan&;ar procminencia especial como cidade real.

Nao muito dcpois que Oavi e os homens que estavam com cle estabeleceram rc:,l· den cia em Hebrom, cle foi unt,rido rei sobre a casa de Jucta, c reinou setc a nose meio sobre aqucll tribo (II Samuel 2: 1-1 J ). Enq uanto isso, a longa guerra civil entre a casa de Saul e·a casu de D11¥l tcrminou com o enfraquecimento gradual c l1naJ extermina9ao da cusa de Saul. e com a uno,;lo de Davi como rei sobre todo o Israel (II Samuel 2: 8-5: 5).

1. Captura de Jerusalem. Tao logo foi cscolh.ido rei sobre todas as tribos. Ouvt imp6s·se a tarefa de estabelecer o reino. Uma de suas primeiras e mais importantes realiza~c5ot foi a conquJsta da fortaleza jebusita de Jerusalem, que cle transformou em sua nova capital. Situada num planalto de altura imponente a oitocentos metros acima do Meditcmineo e a mil duzentoa e cincoenta metros acima do Mar Morto, a fortaleza dos jebuseus, com rocha.s escarpadas como defesa. com Muralhas, portas e torres muito resistentes. era considerada incxpugnavel. Os nativoa jebuseus se consideravam tao seguros na sua posi9io de dcfcsa, que insultavam os isra~litas atacan· tes com estas palavras: "N:io entraras aqui, porque os cegos e os coxos te rcpclinro, como quem diz : Davi n:lo entrara neste Iugar" (11 Samuel 5: 6).

Apt:sar das formiduveis defesas do Iugar, Oavl tomou a fortaleza. No dia Clll que a cidudcla caiu. Davi disse : "Todo o que esta djsposto a fcrir o:. jcbuseus suba pelo canal subterruneo c fira o·s ccgos e os coxos, a quem a alma de Oavi abocrece'' (IJ Samuel 5: 8). E~tl intrigante passagem, a luz de evidcncias mais recentes, pode ser tradu~ida assirn: "Todo o SUbir (hiphll, nao qa{) com 0 gancho (C nao 'canal sublt:rninco' OU 'csgoto ') C fcrir OS jebuseus ... " Como observa Albr:ight :

Est a palavro agora e conhccida conw sendo tipicamente canon ita. e o sig-nificado dl ''gaftcho ., foi transmitido a troves do aromaico paro o tfrabe moderno. 0 ganclto em questtTD era tlsado paro ajudar os sitiadores a escalar as rampas.3

A interprctacao correotc da p:ililvra agora Lruduzicla como "gancho" tern sido de que eta const.itui uma referencla aos antigos aquedutos da Fonte da Virgem, em Jerusalem. Con· tudo , cssa opini.io nao e mais sustentiivel. Pesquisas do Fundo de ExploraQ:lo da l>alestina em Je­rusalem, sob a dire9ao do Sir Charles Warren, produziram conhecimentos importantes a respetto do sistema de aguas jebuseu. A cidade era naturalmente dcficicnte no suprimento de agua. Todl agua precisava ser captada em cisternas durante a estayao chuvosa, ou tmzida de longas distan­cias por aquedutos, visto que ruio havia fontcs na montanJ1a. Ouas fontes do vale proviam 3gua. Uma. situada ao p6 da colina orientaJ , no VaJe do Cedrom abaixo de Ofel, a colina, ao sul da area do Templo , era antigamente chamada Giom (I Reis 1: 40-45; ll Cronicas 32: 30) e e men· cionada por J osefo. Boje em dia, ela c conhecida como Po9o de Santa M;uia ou Fonte da Virgem, A outra fonte, Enroget, ILoje chamada Poyo de J6, localiza-se a sudcste da cidade , em local pouco abaixo da jun9ao dos vales de Hinom c do Cedrom (Josue 15 : J ; ll Samuel 17 : 17) (Veja quadro nO 31).

Como resultado das cscavayijes que faz, Wacren descobriu que o s habjtantes de Jerusalem em cerca de 2000 A. C. haviam feito uma passagem cortada na rocba viva, semelhante as cxistcntcs em Gcz.er e em Megido, para permitir·lhes assegurarem o suprimento de agua da fon· te de Giom , sem ter que safrem fora dos mwos da cidade. Oa caverns em que a fonte de Giom penetrava, havia sido fejto um tunel horizontal em dire~o a montanha, a cerca de 12 metros ao oeste e o ito metros ao norte. Esse aqueduto fazia com que a agua se dirigisse para uma velha caverna, que dessa forma servia como reservat6rio. Ocsse rescrvat6rio, em sentido vertical, havia urn tune! de treze metros de altura (hojc conhecido como Cisterna de Warren), no alto do qual havia uma plataforma onde as mulheres podiam ficar, e de onde podlam baix:ar os seus baldes e tirar agua. Dessa plataforma sa/a uma passagem inclinada , cuja entrada ficava dentro dos muros da cidad~.

- 104-

Emho ru oa homons ti l.) Oavi ~Y1denternentc lenha.m escaludo os muros de Junl­wl6m e otTo ten hom entrada na fortalcza jcbu~ita. como anterlormentc se pensava, atravet~ do sisle­mo subtcrr:inoo de agua da cidade, a arqueologia demonstrou, de maneiru conclusiva, que a anti· l(•t eidadelB quo Davi tomou, chamada "a fortaleza de Siilo ·• e subseqiientementca "cidade de Davi" (II Samuel 5 : 7), que o rei construiu. estavam localizadas na montanha oriental, acirna da Fonte ~c Giom, e nao na chamada montanba ociderual de Siao, separada pelo Vale Tiropenano. I.sto e chuo de escava90es, c do fato que 0 suprimento de agua determinava a ocupa~o anterior de Je­rusalem.

Nos tempos velho-testamentli.rios, a montanha oriental era consideravelmentc mais alta e mo.is irnponento em sua aparencia, do que em epocas posteriores. Os hasmoneus do seculo 11 A. C. removeram·lhe o cumc. para que eJa niio rivalizasse como Templo em altura. lsto acentuou 11 altitude do monte ocidental, que era naturalmente maior e mais elevado. Como resultado, desde o come~o da era crista, a antiga J erusalem jebusita tern sido associada popular mas erroneamente com a parte sui do monte ocidental, t radivio que fo i corrigida apenas por mais de tres quar­tos de seculo de pesquisa arqueologica, estendendo-se desde a primeira pesqulsa de De Saulcey, para encontrar os rumulos de Davi e seus succssorcs em I 850, ate a descoberta da Jocalizagao e dos limites da Cidade de Davi, em 1927.

A descoberta da Cidadc de Davi proprlame11te dita, embora tcnha sidp poss{vel dev:ido aos trabaU1os previos de homens como Sir Charles Warren, Clermont-Ganneau, He.rmann Guthe, Frederick Bliss e Capitao Raymond Weill, deveu-se a pesquisa de John Garstl\ng e seus colegas, juntamente corn seu sucessor, J . W. Crowfoot, que estendeu-se pelos anos de 1922 a 1927. Como resultado dcssas frutiferas pcsquisas, os modestos limites da Cldade de Oavi foram determioados. Po.rQoes do muro da cidade e da fortifica~o da cidade dos jebuseus foram desco­bertos, inclusive o grande portio ocidental.

Evidencias vindas a luz mostraro que a cidade que Oavi capturou tinha a forma de uma gigantesca pegada humana, de cerca de 415 metros de comprimento c J 30 metros de Jar· gura, e situava-se a alguma distancia ao sui da area do tempJo. Ao ma>li mo, o seu espaco total mwado nio podla exceder 32.000 m2. podendo ser comparJ.da a mosma area que existia dentro dos muros de Tel ei-Nasbe, os 24.000m2 da J erloo cananeia, e os t20.000m2 de Mcgido, oa mes· ma epoca. Contudo os seus fortes muros a sua elevada posiyao tornavam-na.vi.rtualmente inexpug· navel contra os inlmigos. Nao obstante, pela coragem sobre-humana de seus homons. Davi tomou-a de assalto.

2. Jerusalem E Feita Capital Nacional. A conquista de Jerusalem por Davi foi urn acontecimento muito importante, tornando possfvel a escolha da cidade como sua capital. Alem do mals, ele demonstrou grande sabedoria em selecionar a cidade conquistada como ponto focal do seu novo governo. Comprecndeu a sua imporuincia estrategica, e sem duvida, antes de conquista-la. ele ja peosava nela como sua nova capital. A cidade ficava nos limites entre Juda e lsrael, e a sua posi~o neutra prestava-se para debelar os ciumes pro ventura existentes entre as poryoes norte e sui do seu reino A sua Jibertar;ao dos cananeus abriu a estrada entre Juda eo Norte, acelerou o inteclmbio comer cial e socia.l, ulteriormente, a unir o reino.

3. Subjuga¢o dos Estados Vizinlzos. 0 estabelecimento de Oavi como rei sobre urn Israel unido, provocou o temor e o s ciumes dos fili)1eus, que por duns vezes invadiram o terri­t6rio js;raelita para atacar Oavi, sendo por duas vezes derrotados de manciro dccisiva perto de Jeru­salem (ll Samuel 5: 17-25). Davi sabiamente scguiu essas vit6rias d e invasio da Fwst.ia. A captura de Gate (I Cronicas US : 1) c conquistas adicionais em breves campanhas subscqiientes (fl Samuel 2 1: 15-22) subjugaram os filisteus de mancira tao completa, que o podcrio desse invetcrado ini­migo de Israel, que havia continuamentc amea~ado subjugar o jovem reino hebreu desde o s dias de Saul , foi anulado eficientemente.

De forma semelbante, para rovidar ataques, vingar insultos, ga.rantir a seguran~ da nayao e guarda-la de contaminayiio idoilltrica, Davi empteendeu guerras contra outras na¢es circunvi.zinhas. inclusive os moabitas, arameus, amonitas, edomitas e amalequitas (11 Samuel 8; 10 ; 12 : 26-31 ). A traves dessas conquistas c de habit di:plomacia, ele pode construir urn substan-

- 105-

Page 55: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

ci.a.l tmperlo p ara 0 scu filho Salornilo, que sc cstendia de Eziom-Geber, no Golfo de Acaba uo 11ul. ate a rcgi.ao de Hums, no~ limites de Hamate, ao norte.

U.INOV A<;OES 1"0\..l'rlCAS £ RELIGIOSAS DE DAVl

Apesac da colonda personalidade ~o rei-past?r: sua. habil diplomacia e sua bri· lhante estrategia militar fizenm sombra a sua capactdade admmtstrat~va, e asp~to do seu .~~to nlio deve sex esquecido. 0 seu nome, evidentemen.te derivado do. ti tulo da11.idum .. que Sl~tca "lider' ', encontrado seculos antes nas cartas de Man do Tel el Hariri, no rnedto Eufrates. (ala dos not:iveis dons de lideran~ e administra~o que o grande rei f.le lsraelpossufa.

1. Organiza¢o do :Reino. Que suas realizs~es ad~strativ~ for;un extensas em contraste com as de Saul 0 qual era pouco mitis do que om rustteo ~pttao , e clara.mente reOetido no reino forte qLLe ele deixou atr:is de si , e na preserva~tao dos regtStros ~a sua ef~clente org:u\lza<;lio (cf. 1 c[onjcas 22: 17-27: 34). A oficialidado de Davi , sobret~do.' tern :ndo m~nctonada como tendo sido organizada, pelo menos em parte, segundo modelos egtpctos. Entre. as mstruc;<!es oficiais eg(pclas que clc copiou, scm duvi~a ruio diretam~nte,. mas a~aves .?os f?nl';!os ou ~e ou­Lro lntcnnedi;h\os havia 8 divisao de func;oes entre o rcg1strador ou croniSta , mazku. e o "escriba" ou "secr~tario " . 190phe1 (11 SamuelS: 16, 17) eo conc11io de trinta (cf. 1 Cronicas ~7: 61. Seu exctcito era uma bern oxgani.z.ada e eftciente m:iquina de guerra (II ~amuel .s: .~6) e tnclU!a uma seleta guardD pessoal de mercenartos estra:ngeiros, evidentementc de ongcm ftlistel.(l. chamados cheretitas e peletitas (IL SamuelS: 18).

2. lndicaftZO de Cidades Levi/as. Urn ou~o. el~mcnto ~po~'.'tc ~a org~iza~o pol(tica do r eino , que muitos estudiosos. atribucrn a Dav1, e, !1~atmc~tc, a tndtcar'o d,as ~dades: dos lcvitas. Embora essas cidadcs, lnclustve a.s cidades de refugto (Numero ,35). t~vessem s1do. es tabelccldas pot MoisCs antes da entrada na terra, e apontadas por Josue . depo1s da conqu~sta (Josue 20: 1, 2; 21: 12), fora imposs(vel, antes da epoca de Saul e de DaVI, entregar aos leVItas muJtos dess.cs lugaxcs, rais como Gezer, fblea. Tanaque, Reobe ~e Aser, Jocneao c Naa.lul (cf. Jo· sue 21), visto que elas n:io cram lnteiramente ismeUtas autes dessa epoca.

Outras cldudcs como Elleque e G1betom cstiveram sob controte filistcu are a epoca de Davi, c aldcias pequenas como Anatole e AJemote, na tribo de B?njamlm, nao P_!Jde~m tornar­-se cidades leviticas ate a rem~o do tabernacul~ para No~~· na ~poea de ~aut r. mals prov~vel que elas tcnJ1am sido outoxgadas aos levitas, depots ~ue DaVI mvad~u Jerusalem ~fez_ dela a ~~1tal de lsraol. posto que nno h:i duvida de que ele planoJara uma espccte de reorgaruznvao adrntnlstra· tiva da confcdera~tiio tsraelita.

J. lndica¢o de Cid_ades de Refugio. I! c~o que a~ seis cidades d.c re_!ilglo, b~m como II\ qua.rcnta e oito cidadcs leVIticas, ~iguraran; proemmentemen~e ~a r.e~rgamzac;ao do re~ empreendidn por Davi. Em seu tempo haVla necesSJdade real de uma mstttwc;ao que provesse asilo para 11 pessoa que, acusada injustamente de urn crime, pudesse para e~a fugir, como. Loehr tern fe~t? notar. A idtHa, cornum entre as antigas naQoes meditenaneas, havens de contribuu para a estabili· dade da Mon3rquia, e oao seria descLLr3da por urn administrador sabio como DavL

Durante o pert'odo dos Ju{zes, Ooreciam vingnnc;as particular.es, fnmillares e tri­bais. e geralmente eram moito destruidoras, como e ilust.rado pelo ciume manifesto por Efraim por causa das vitorias de Gideao sobre os amalequintas (Juizes 8: l-4), os sucessos de Jefte sobre os amonitas, e a triste guerra CIVil entre as varias tribos e a de Benjamim devido a morte da concumbina de um levita (Josue 19: 1-21 : 25). Como sabio estadista, D:tvl sabia bem que uma monarquia estlivel nao podia tolerar feudos consangUineos, e ele depressa descobrlu a vantagem de empregar a lei mo­saica de sei.s cidades para os levitas, tres de cada lado do Jordao , como prop6sito de ajudar a conso­lidar o seu rei no, e de conttibuir para a sua tranq Uilidade.

4. RemoftZ'i> da Area para JeruStllem. Tao logo restabeleceu o reino, como leal ado­rado.r de Jeovti. Davi voltou a aten~o para as necessidades mota.is e espiiituais do seu povo, e pro· curou fa.zet de sua nova capital, Jerusalem alem de centro politico, tambem o centro religioso de ·cu Imperio em expansao.

- 106-

0 IJ<~u nllliS lmpnrtunh.• ulo nu!ISC sunltdo foi n f\)n•0¢0 da w-ca de Quirlate-Je:~rJm p:aru Juruwt!m. (ldcnt11Jcada ~:om Quiriale-8ul ou ''clclado de Baal" (Josue 15 : 60), antigo centro lie udora~ao cannncu. Slluado na pllrtu ocidootal da frontcira entre Juda e Oenjanilin (Josue IS: 9; 18: 24, 1 S). hojc tdcntif&cnda com Tel el-Aza:r, a cerca de nove quilometros a noroeste de Jerusa­Jcm.)4 Naquela localidade a area sagrada de Israel havi.a permanecido, exceto por urn breve pe­rlodo em Bete..Semes, depois que os ftlisteus, em cujo territorio cia ltavia ~ido conservada dcsde a uu c.IJ)1Uia na batalba de Ebenezer (c. 1050 A. C.), havill.m-na devolvido a IsraeL

Contudo, a primeira tentativa de Davi de trazer a area para Jerusah!m $CSultou o_bortiva em virtude da sua negligencia involunbiria. mas seria, de seguir as divinas instruy0cs con­cernentes no transpOrte do objeto sagrado (U Samuel 6 : 1-l5; 1 Cronicas l 5 : L3). Em vez de fazer com que primeiramente a area fosse coberta pelos saccrdotes, dcpois carregada pelos levitas, de ucordo com o que prescrevi.am os regulamentos mosaicos (Nilmeros 4 : S, 15, 19), o fato de ele rccorrer ao expediente f.tlisteu de LLm carro novo de bois ( cf. I Samuel 6 ; 7, 8), ocasionou a morte de Uza, que estendeu a miio para o qual a lei estipulava a morte (Numeros 4 : 15).

Como resultado desso infortunio , a area permaneccu em Perex-Uza durjlllte tres rncses, depois do que Davi, com grandes celebra90"s rcligiosas, trouxe-a para a Cidade de Oavi (II S~uel 6: 12-15). Durante as complicadas cerimonias de musica, pompa e sacriffcios, Davie rnenctonado como tendo dan~ado ''com ~das as ~as for~ diante do Senhor ; c estava cingldo

' com uma estola5acerdotal de Unho" ({I Samuel6 : 14). '

A arqueologia tern iluminado consideravelmente o tabermiculo e a area, bem CO·

mo o sacerd6cio e o ritual israelita. Antigas placas ass(das cuneiformes do seculo XIX A. C., e os textos ugau'~icos do ,seculo XV A, C., por exemplo , mostram que um "efode" (estola sacerdotal, epadu), tal como a que Davl usou quando trouxe a area, com que menciona-se que Samuel csta­va "cingido" como menino-sacerdote em Silo (I Samuel 2: 18), e como a que e mencionsda no Pentatcuco como .Parte importante da vestime.nta sagrada do sacerd6cio lcvita, era prlmitivamente uma vcstimenta simples, u~da especialmente, ao que parece , por mulheres. So em seculos poste­riores o "efode" veio a ser restringido ao uso xeligioso, e subscqiientemente ao uso sacerdotaL Con­tudo, em Israel, ele a princfpio chegou a ser parte importante da vestimenta sagrada do sacerd6cio lev{tico. 0 fato de Davi te·la usado na ocasiio em que trouxc a area para Jerusalem, deve-se eviden­temente a sua condlr;ao de rei ungido de Israel, pois como tal era um representante especial de Jcova.

A area do Sc1thor que Davi trouxe a Jerusalem, "puser.un-na no seu lugu, na ten­da que lhe armara Davi, e este trouxe holocaustos e ofertas pac{ficas pe.rante o Senhor" (U Samuel 6; 17). A construcrao de urn novo tabemaculo para abrigor a area do Scnboc1 quando ela foi tra-7.ida pata Jerusalem, era necessaria devido a destruir;ao dn tenda mosaica original, possivelmente quando os flli.steus invndimru SUo em cerca de I 050 A. C., e capturaram a area (Josue 18: 10; r Samuel 3: 3; 4 : 10, 11 ).

Existira em Nobe, scm dllvida, uma esltUtura a qual aparentemente os saccrdo­Les fogiram com o e rode (1 Samuel 21 : 1, 9), depois que a area foi tomada pelos ftlisteus. Porem, scm a uca, o tabemaculo bavia perdido o seu valor e a sua gl6rla (Salmo 78: 60), ate que Dsvi construiu uma nova t.enda para abrigar o sfmbolo sagrado do concerto da presenr;a de Deus como Seu p<lVO.

A cr{tica mode.rna demon~tm tendenoia para ncgar a hlstoricidade do taberna­culo original, descrito no Pentatcueo e no LiVl'o de Josue, e minimi.za-lo, rcduzind.o-o a cond.lcrio de rcflexao do supostamente mais ornamentado e cornplexo tabernaculo de Davi, ou uma invenyao de escritores sacerdotais da epoca do extllo e de depois dele. A cri'tica moderna supoe que a com­plicada construgiio e portences da institui~ao mosaica eram impr6prios para a vida dos imigr.mtes. Contudo, a arqueologia tern dernonstrado qLLe a desc~ da conslru~ do tabernaculo nada ofe ­recc que teria sido dificil 80S antfices da epoea mosai.ea fazerern, e OS tetmOS teCniCOS emprega­dOS a. respeito do ta'berruioulo e de sua. partes, recentemente foram encontrados em registros q ue datam dos seaulos XlV a XI A.C. A tends que Davi erigiu para a area, dessa fonna, pode ser com toda a certeza considerada como replica fie! da tenda mosaics, e nio uma inovayao dav(di.ca.

- 107-

Page 56: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Sobretudo. sabe-se, de acordo com a tradi~o da anriga Ar.ibia cas pratlcM bedulnas modernas, que as ttibos nomades do deserto costumavam carregar com etas os seu~ santuanos·tendas, a manelra de israel no descrto. Em fragnlentos da hist6ria fenicia de Sanchunithom (c. 650 A. C.), h3 uma t:eferencia a urn santuat:io portatil em epoca muito anterior. que era. trans­portado por bois. Diodorus, historiador grcgo do seculo I A. D. rata de uma tenda sagrada :rrmadn no ·centro de urn campo de batalha cartagines, tendo urn altar ao seu lado .

De particular significayiO , para a arqueologia, 6 a miniatura antiga en tenda feita de couro vermelho, com teto abobadado , ohamada ,qubbah. No per(odo pre·islimico, algumas dessas tendas erarn apropriadas para serem transportadas em lombo de camelo. Outras eram malo· res. A tenda muitas vezes continha os (do los locais (betiles) e era considerada capaz.de guiar em seu vaguear, e em virtude de sua presenQa no campo de batalha, era considerada como eficiente para protegee do lnimigo e dar vit6ria. Assim, era geraltnente armada perto da tenda do capitao. Como objeto sagrado peculiar, a qubbah era u.m paladino, que proporcionava prote¢'o geraL Era tam· bem urn Iugar de adora~o , onde os sacerdotes pronunciavam oraculos.

Visto que tendas negras eram caracteristicas desde epocas muito remotas. o couro encarnado de que etas cram feitas c extraordim1rio, visto que a cor tendia a revelar o acampamen· to e a Iocaliza~o do capitao. Este estranllo costume, demonstra uma pratica rel.igiosa profunda· mente anaigada, e e ilustrado por grande numero de representa~es do qubbah na Slria. e refcren· cias espec!ficas a institui~tao em uma inscriyao arama.ica. 0 templo de Be1. em Palmira, que data do s6culo m ao 1 A: C. retrata o qubbah de maneira interessante. em baixo relevo , com restos

de pintura ainda aderentes a ele.

0 qubbah e meocionado em Numeros 25: 8, etn conoxao com Fin6ias que foi "ate o interior da tenda" (qubbah) e matou "ao homem israeUta" e a mulher mldianita com quem se havia casado. A passagem e geralroente considerada como uma referencia ao tabermtculo ou

ao rccinto sagrado.

E ses antigos paralelos semitas emprestam impressionante confumagao ao fato de que o tabernaculo de Moises tinha uma cobertura ' 'de peles de carneiros tintas de vermeUto'' {Exodo 26: 14 ; 36: 19), c a institui~ao da qubboll entre os antigos semitas sem duvida elucida a origem do taberrui.culo . A tenda portatil de couro vennelho parecc soz urn dos motivos ma.is antigos da religiio semita, e apresenta evidencia adicional de que o tubernaculo e a lUCa israelitas tem conexoes hist6ricas com seu passado semlta. Os paralelos nao dcvcm scr for9ados indevida· mete, como alguns eruditos tern feito ; contudo , deve ser guardado em mente o fa to de que os costumes religiosos lsraeUtas cstavam alicetc;ados em pr.S.ticas semitas gerais que, no entanto, sob a divina revelat;ao atraves de Moi.ses, forarn transformadas para alcan~ os objetivos do Juda1s-

mo. Da mesma forma como a tenda-santuario fo i radicalmente re·intorpretada pOt

Maome em epoca muito posterior, sem duvida tambem foi transformada, em epoca anterior por Moises, para preLncher a necessidade do monote(smo israetita. Alcm do mais, a tenda de Davi foi feita segundo c modelo mosaico embora sem duvida teoha aperfeiyoado a sua aparencia, como

foi certamente o caso do templo de Salomiio. 5. Orgoniza~o da MusiCil Sacra. Tern havido marcada tendencia da parte da cr{~

tica modclll3., para nega.r ou minimizar drasticamente a atividade de Davi ao organizar a musica sacra hebraica. A teo ria com urn e que o estabelecimento formal de classe de musicos no templo, e extritamente posterior ao ex(lio. Alegam que a funyaO do per(odo moruirquico (1 Crooicas 16 : 4-6, 37-43) era etiol6gico ou intencional, atnouindo o cronista (400 A. C.) a Davi (cerca de 990 A. A.) a organizaQio da corporac?o musical do templo , devido ao fa to de querer magnificar o papel dos cantores e porteiros, cujas corporac;;Ocs estavam pleiteando uma posi~o de mai.s honra

(l Cronlcas 23-25).

Ate epoca bern recente, esta opini3o enganosa nio era de facil refuta~o , devido a falta de evidencias externas. Contudo, agora a arqueologia elucidou o assunto a tal ponto, que demonstrou nio haver nadn incongruente

1 3 luz das condic;;oes existentes no antigo mundo do

Oriente Proximo, por volta de 1000 A. C., nas representaylios b1'blicas de Davl como patrono da hinologiajudla e "organizador da musica do Templo••S

- 108-

Da litcratura cpica religiosa encontrada em Ras " hamr · · · t ... ua S!Iia, sabe-se hoje em dia quo os ' 'cantores"' ( I . ) i' a, a antJga. Ugante, no nor-luneionacios do templo na uela cidade ., s lanm ?lTllavam uma cb sse especial de ( 1546·1085 A C) ' , ~ d 'JB em 1400 A. C. Os reglStros do Novo Imperio do Egito ···~cias a musica. c~·a:;:;,o e om~1~r~~e~~n~sp:end~r far:nico, ~ontem grande numero de refc· I mqulas de J uda. no seculo Vlll A C en;:ue: e m cos e Jr.St.~cnto,s .cananeu . 0 Rei '~xos, que sao mencionados como . ., . Senaqu~ribe ~a ~ssma, musicos de ambos os 1uium considera\lel reputa't3o por sc~~:e~t~~o~~~~~00 valioso , mdu:_nodo q~e esses artistas pos­l~lmado omprestado dos talentosos fenfclos vlirios intru , o\ gregos ~ menetonados como tend? vus nomes. Assini, as evid.Cncias ex.ternas dao·nos raza m en os ?'ustcaJS, bern ~omo seus respectl­"l' tcmplo remonta uma data bern antiga. o para aceltar que a instttui~o dos musicos

As pr6prias nar:rativas cscritur£sticas por t 1 d 'mwincentes que atestam as habilidades . t ' o~ ro a o, apresentam evidencias

~~~;taa d~e:~!· e~o ~~~~~:~:~s ~~;i peta m~~ ~~%~:t~ ~~~~~:ei~e:ripa;~~d~r!r::!~~~:~~: I nmo habiJ tocador de lira (1 s~~~~ei6~e~~~31C)OS d.o temp_lo. Davie ropetidamente apresentado I 7 27) E . . e compoSitor de belos poemas (IJ Samu 1 1 .

• · .me!letonado dan9ando diante da area ( IJ Samuel 6 : 5 14) G e · O·lhe atribwcla por uma trad.i~iio pcrslstente. refletida em muitos 'ctos s~b-~f;~~/arte dos salmos

Contudo nao h:i apenas scgura . d' ..... d . . 4 •

na infanc.ia da hist6ria de I rael s m. J~a~es a CXJSJencm de musica no templo dude das pr6prias corpora~~s m~=~ ~~n~e~ ~vtd~ncms arqueologicas irrcfutaveis da antigui· ncos na musica, e o s israelitas fo.mm ~~ o d~ntc~os , -:an~neus) ~fuscaram os seus contcmpor.i-

mu~icais _dos h~breus podem ter tldo orig!m , emp~;~':~03~0~%'co~~~~s~; e}?· ~s co~pora9~es llcstgna~oes, tuls como a de Hema, o zeraita (l Cronlcas 2. 6) t mt las canancllls, cuJas tores de famOias hebraicas. · • omaram-sc parte de nomes postc-

Alem disso, termos como "Asafe" "He _,, "E ,..,, " IJICnte usados pelo cronista para designar corpora¢e 1110

• • e. ' ta ou J cdutum" sao evidente-rodem set intimamente com arados com n s musJcaJ.S, e. no caso de " Hema" e "Eta'' c em outros lugares, e sao car~ctcristicarnenl~~:rosos oomcs abrevt; dos cncontrados em Ugarite cas de nomes contemporcineos. naneus e remotos, nao aparecendo emlistashebrai·

Outros nomcs que ocorrcm em ' ,.. c Dara (I Cronicas 2: 6), que com Eta e Hema ~o::ao com ~s corpora~oes musicals sao Calcol C11nssificagao c bern aproprjada visto ue u p cern, ".a lista de sabtOS em 1 Reis 4 : 31. Essa Cronicas 15 : 5) ou profeta (I Cronicas q

25.

2m 3~~nde musJ~ ~eralmente era tambem vidente (I

tomo "filhos de Maol" ou " membros da ~o' ra ':~ como b~?6 Calcol e Dara sao designados ~·~l)ecic de flor ou planta apticado aos m, :VO ~ or<_~.uestral • e parecem ter o nome de uma mente em varias pe9as de marnm , enconr:~~~· e~ ~~;tente d;. Calc~! apli!~ce smnificativa­cll' cantor agregado ao templo de Pta 'clad . g o e na orma hlerogllflca kulkul, nome Xlll A. C. ' na C1 e canaruta de Ascalom datando de cerca do seculo

A musica rcligiosa hebra.ica e considerada · · Jlte·israelitas e, embora as evidencias ar ueo16 . - 'assun, como tendo o rtgem em fo ntes llleira mllsica rellgiosa em Israel. dem6~tram gtcas nao provem que_Da_vi_ te~a organizado a pri­tcl pastor, dessa atividade, nada contem que se·~e~~ me~os que a atrlbu~~o felta pelo cronista ao l'urdo com a ceoa hist6rica contemporanea. ~ lSCOr ante com o esplnto da epoca, ou em desa·

- 109-

Page 57: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

AJem d'isso. com .respeito a autoria david:ica <los sa.Jmos, uma conelusao semelhan· te pode ser tirada. Embora ev.idenc:ias arqueol6glcas _na~ provem quo_nenhum dos Salmos remanta a ep0Ca de Davi, demonstram por oatro lado que nao e .apena.~ posswel, mas grandomcntc pro~· vel, que muitos dcles sejam da epoca de Davi ou .de ~ca po.~or. A A?undante elucida~o p.ropiciada pcla litaratu.ra .religio$tt de Ugarite para ilummar o Saltcno Hebr1uco, mosn:a que mu"' tos dos Salmos, como os de numeros 18, 29, 45. 68, 88, 89, etc., estao satundos de p~lelot estib'sticos e liteciries cananeus, e mespto de cita96es diretas. Da mesma fonua .como os lsracli­ras haviam tornado cmprestado a sua mllsica, tom.aram emprestado dos seus prcdeoessores ca'IUlMOI a forma metrica. 0 vocabuW:io e :0 estUo dos seus poenuts sa eros.

EmbOJa 0 rmateria.l OllllllOell ancantrad~O· em mwtos dos salmos nao prove l\Ccet­sariamcnte uma data. anterior, vL~o que forte colorido c.ananeu pode ser mostraao como t"«mdo tido Iugar em dois per<iodos distiotos - OS ~CU10S XI A.~. ou 0$ seculos VI a IV A. C. -o fato e que o contexto oananeu de urn satmo como o 68, e os seus impressionantes plilalelt>S ~mum ·poema tatl antigo como o Qantico de Debora (Juizes 5) , que ruio pode ser datado , em hlp6tMG alguma. depois do come~ do seru.lo Xl A. C., mostr-a que este Salnto (e certamt;nt~ muitos Q\l• tros) bern pode ser que remonte ao tempo de Davi, Oll lUltes ·dele. D.e fat<:>, as cvidenctas.arqueol6· gicas indicam uma ,grande probabilidade de que o. ~a1teci<? ten~a sido fp.tmado d.u~t.e ~odo o perfodo da hisl6ria do Veiho Testamento , de Mo1se~ a Malaquw, camo a sua ev:idenoJR ~tema nos leva a conclU:ii, apoiando assim o papel tradicional de Davi corno musico, poet&. e organizad.or da m.Usica sacra .em Israel.

- 110-

Cap,(tulo XX

0 IMPERIO DE SAL OMAO

Davi IIavia subjugado as na~oes viz.inhas que se havt.un mosttado hostis a mo nar­Quia isra:u~·- de ~ortna que o longo reinado de qoarenta anos de Salomio na"G foi amea93do 1xu nenhum l1llJnlgO unpartante, e tomoll.JSO famoso como oma era de paz quase ininterrupta. Davi deu a sen fUbo o nome de Salomao, que slgnifica "pac{fico", prevendo a tra'nqUilidade do seu rei no.

A amplitude das ronqLListas de Oavi (II Samuel 8: 1·1'8) e a graodeza ·dg impe· rio de Salonlli:o sao enfaticamente indicadas no texto b1blico (1 ~eis 4 : 21 ). Porem considerando os g:randes Jm.penos da Assfr<ia no Eufrates, dos hititas no Halls e do Egito no Nllo, que haviato permane·cido du:rante seculos da hist6r.la do Velho Testamento, nada plUeceda mais improvavel do que um relno espleudido e tetritoiialmente extenso como o de Salomao. Mas as descobertas arqueo16gicas demonsttam meridianamente que. precisamente durante esse pmodo de oerca de 1100 a 900 A. C., o -podetio de todas essa na)Oes est:tv.a proyidencialmente ou em eclipse ou em suspensao~ de forma que Salomao pc)tle reinar com o espleodor e a sabedoria divinamente outorgttda que !lhe haviam sido ptometidos (1 Reis 3: i 3).

Salomio deolarou guerra contra a cidade-estado de Hamate, no Rio Orontes., ao norte do seu reino , cidtlde essa que tinha um podetio mu.ito ins.ignificante em comparayao com o s gr;todes imptirlos assirios, lritita ou eg{pcio. E·lo foi obrigado a faze-lo para assegunu essa parte da sua. fmot.eira. Assim, invadiu Hamate e contruiu oidades-celeiros nessa regiao (11 CrOnicas 8 : 3, 4).

Escava¢es e descobertas na antiga localiz~o d.e Hamate, a 192 qoilo metors .ao norte de Damasco, demonstruam que a ocupa~o dn cidade fora interessante e prolongada, parti­culannente como contto hitita, 0 que e evidencitldo p elo :reconslru~o de grande ml.mero d.e lnscri-90es hititas desse Iugar, ja em 1'871. To~ que eta o seu rei na epoca de Davi, e~tabeleceralaQOs de amizade com Israel, o congratulou-se com Davi por tcr- derrotado Hadadezer de Zoba, que ~r.a seu inimigo comum {II Samuel '8: 9; 1.0: 1).

Rezom de Damasco Cl R els 11 : 23-25) e Hadade, o edornita (l Re.is 11 : 14-22), eram tambem inimjgos de Salomao, mas nenbu.m deles estava suficientemente forte para causar diliculda:de ser.ia ao rico e poderoso monarca israetita. Todavia, Rezom, ao to mar Damasco e fazer dela o centro do poderio arameu, J.an~u os alioer~es de uma for~.a. que haveria de provar ser antagonist-a mortal do Reino do Norte, durante um seculo e meio depois da morte de Salomao e do r-ompimento da Mooa.rquia Unida.

Para conse.rvar Damasco em xeque, Salomio fundou Hazor, evidentemente para controlar a travessia do Jordiio superior, e contruiu ·cidades para seus cavaleiros e seus caroos, na regia'o do L1'bano (I Reis 9: 15, 19). Foi tambem compelldo a guardar a estrada peJo sul, que ia de Eliom para Eziom-Geber, para evitar a interrop~o do fiux:o de cobre e de outras materia.~ primas do seu porto cl1ave no Mar Vmmell1o, que poderia ser interposta pelo inami.stoso Radade, que havia retoroado do Egito para -importunar o monarca israellta. Afora cssas dificuldndes, as n~la~oes d e Salomao com os reis vizinhos eram amig3veis. Conseqiicntemente, ele foi capaz d e de-

- 111 -

Page 58: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

VOtar-se a organiz:J¢0 do SCU rcino, e 30 CU itivO daS artes de pnz., atividadcs qua pl"O!)OtCiOI111J'IUII

uma era de prosperidade sem precedentes para o seu reino.

LA NOTA VEL PROSPERJDADE DA £POCA DE SALOMAO

A rapida e::xpansao da vida economica de lsrael sob o governo de Salomao, dcvcu· -se a virias razoes, entre as quais a politica era uma das mais importantcs. Seja por tratados de ami· zade, scja por conq.ui.sta, Davi ltavia estandido a esfera da influencia israelita a tal ponto, que ao tempo em que Salomao subiu ao trono, a na9ao possuia um vasto potencial de comercio e de ren· da tributaria crescente. Salomao, tendo sagacidade poutica e administrativn herdada de scu put, mostrou-se igual a ele, aproveitando multo bern as itt~uahiveis oportunidades de expansao ccono· mica que sc U1c apresentaram, c "nas rcla~toes com outros povos: mantevea pouticadeseu pai"'.l

1. Diplomacw Jnternacional de Salomffo. 0 grande rei mcrcante de lsrael culti· vou cu1dadosamente os larras de amiznde entre Israel eo importante reino marltimo de Tiro , que tinha grandes vantagens economicas. Alcm di.sso, pelo menos prescrvou a lealdade aparente dos povos vassalos, exccto os de Damasco e Edom que se rebelaram na ultima parte do seu Iongo reinado , quando se estabeleceu a decactencia na sua admjnistra~o. Essa lealdade ele conseguiu em grande parte atraves de casamentos rea is, que ligaram os sous satelites a ele, mas o levaram a graves males rcligiosos (I Reis 11 : 1·8). Em primeiro Iugar, entre essas alianc;as reais, situava-se a estabc· lccida com o Egito, qu.e fora cimentada atrav6s do scu casamento com a filha do Fara6 reinante (I Reis 3: 1, 2). Esse governante possu(a considen\voJ podcr , Pois fora capaz de reclamar e par· cial.mentc impor seu domlnio sobre a Palestina. (Era sem duvida um dos ultirnos reis da vigesima -segunda dinastia, visto que Sesonque (0 Sisaque da 'Bfblia), fundador da vigesirna-segunda dinastia, famoso na arqueologia, pelas suas inscrl~oes na parede suJ do templo de Carna~ue, con· trariou a poutica de seus predecessores, e fez tudo o que pode para enfraquecer Salomao).

A importante e estrategica cidade cananit3 de Gezer, na planicie pr6xima a Pia· nicic Maritima, com historia ocupacional que remonta a cerca de 3000 A. C., e mencionada ao rcvoltar·se contra Fn.ra6, e depois de scr dcstruida, entregue a Snlomao como dote da filha de Fa· rao, quando ela foi dada em Casamento ao rei hcbrcu (I Reis 9 : 16). As ru(nas escavad.as no local confttmam a declara~o do Livro dos Reise mostram que Salomao realmente mto reconstruiu a cidadc mas erigiu uma fortaleza em local proximo (1 Reis 9: J 7).

2. Economla Domesrica de Salonufo. Dentro do seu reino, o monarca israelita tomou irnportantes medidas administrativas, tendo em vista tanto a futuro prosperidade, como a su~io de consideravcl parte da renda nacional, que fora grandemente aumentada, canalizando· -a para o tesouro oacional, a flm de financiar seu lux-uoso modo de vida e suo.s ambiciosas re4Llza­~es constru1oras e comerciais. A divisao por ele feita do pais em doze regioes, que em grande parte ignorou OS antigos limites tribai.s (I Reis 4 : 7-20). e mencionada cspccificamente e devc ter sido apenas o esbo~o de uma organiza~o muito eficiente. presidida por irnportantes oficiais, dois dos quais eram casados com filhas de Salomao.

Oma das principais fontes da imensa renda que era necassaria para sustentar o esplendido reinado de Salomao, era a taxa~o direta em fonna de dinheiro, mercadorias e labor ruio recompensados em seus vastos projetos de constru~o . Prata pesada era o ve(culo de trocas1

se e que o dinheiro era usado, visto que moedas nao entram em uso ate seculos depois. Porem, as evidenoias arqueologicas indicam o fato de que o dinheiro nao era comum, e que o israelita pagava os seus impostos em especic, na forma de produtos da terra, tais como mllho , vinho c oleo. Mesmo depois, no seculo lX A. C., o tn'buto prestado a Israel por Mesa e Moabe, arqueolo­gicamente famoso , cujo monolito doi dcscoberto em 1868, era pago em ovelbas e La, produtos de urn pals pastoral (Il Reis 3:4).

Ao lado de impostos ern dinheiro e em especie, Salomao requeria grandes doay6es de trabaU1o gratuito dos remanescentes, dos origin.ais habitantcs nio israelitas do pals, aos quais ele reduziu, praticamente, a escravidlio (I Reis 9 : 20, 21). Ele tambem criou U(Jl tributo especial "Sobre todo o lsraeJ" aparentemente para a constru~o do templo (I Reis 5: 13-18}.

- 112-

1. Rxpans4o Comcrc/al de Saloma(). Oulru lmportantc fonlc du rcnda para o te­•Hitd rani fol n notavcl c'q1an•1tio da Industria do rei. Elc 6 famoso como o "prlmeiro grande

11 1 ,·omc:rclal tlc lsrnci".J Aprovcitando plcnamente as con~i~cs espccialmentc favoravei~, q~e , 1, llum tanto em terra como no mar, ele expandiu o comerClo notavelmcnte. A domestlca~o 1j 01 .:umelo ambc n partir do seculo XJI A. C., como Albrjght no~_u . acarre,tou um grande cr~-

lmt<nto nn mobllidade dos nomades. Agora as caravanas podiam VJaJar atraves dos descrtos, CUJaS ;unto:! de agua podiam est.U separadas por dois ou tres dias de jomada. Ha amplas cvidencias "n1uool6gicas de que, a epoca de Salomao, o comercio atraves de caravanas entre o Crescente 111rl U e o sui da Arabia ja era bern desenvolvido .

0 controle exercido por Salomao sobre as regioes fronteiri~tas de Zoba, Damasco, llaurii, Amom , Moabc e Edom, significava que ele monopolizava o Mar Vermelho ate Palmira 1" f udmor", U Cr8nicas 8: 4), urn oasis a 224 quilometros a nordeste de Damasco , que ele co~~ lllliu (1 Reis 9: L8). Dessa foDJla, exercendo controlc sobre quase todas as cstradas mercantiS, tanto para leste quanto para oeste do Jordio, o monarca israelita foi capaz de aumentar substan­tlulmente a renda que eotrava nos cofres rcais, cobrando pedagio dos mercadores que passavam l'~lo, seus tcrritorios (1 Rei.s 19 : 15 ).

4. Conu!rcio em Cavalos e Carros . .Esse pr6spero empreendimento, desenvolvido

1wto monru:ca israclense, que tinlta ment~ industrial, foi posslv_.el ~evido ~o con~rolc que cle exer­t lu .obre as estradas comerciais entre a Asia Menor, a Mesopotamta c? Egrto, e c n~ado ,em urna 11 111t;matica passagem em 1 Reis 10: 28, 29: "E tiravam cavalos do Egtto para S~lomao; e as mana­""~ os recebiam os mcrca.dores do rei; cada manada por urn certo ~re~o. E sub_m e sa{a o c~o do 1• iJito por seiscentos sic los de pra1a, e o ~avalo ~~- cincocnta; e asSIDl. por meto deles, os tiravam Jluru todos os reis dos heteus e para os reiS da S(na .

Estudiosos modernos a Iuz deste trecho, confonne a arqueologia, e segundo a Sl!ptu"ainta e a Vulgata Latina estao inclinados a tradurir a expressao "as manadas", para " carla monaW: nao como um substa'ntivo comum, mas como o .nome de Iugar, Qwll. "~,tiravaro cav.a­lus do Egito c de Qwll, e os recebiam os mercadores do ret de Qwlz por um prego. 4 NoueglS­tros assirios. Cue (Qwll) coa esponde a Cilfcia, pals entre as montanhas do Tauru.s e o Mur Mediterrineo na Asia Menor, de acordo com Her6doto, famosa no Per{odo Persa .J?OI seus lliValos de ra~a . Oa mesrna fonna, Hugo Winckler corrigc Mizraim (Egi~o) do tcxto hebratco de I !~cis tO: 28, 29 para Musri, que denota a Capadoci.a •. ao no(t~ ~~ Cirulia, segundo o que tanto o.s l'llvalos quanto os carros eram imporlados da Capadocta e da Cilima.

AJbright, seguindo Winckler parcialmente em sua cor:re~o da primeira rcferen­dtl ao Egito. devido ao fato conhecido de que os eg{pcios daquela epoca eram peritos na manu­ratura de carruagens, considcra genuina a interpreta~ao de " Egito" em I Rels 10 : 29: "Os cavalos tie Salomao vinham da Cilicia · e comcrciantes do rei os recebiam da Cilicia por certo pte~o . lmpor­lova-se do Egito um carro por: .. " 5 Esta red~yio e sua respectiva interpreta~o f~~m de Salo,m~o o mtermediirio comercial entre o Egito e a Asia Menor, tendo completo monopolio do comercto de cavalos c carros trocando quatro cavalos cillclanos por uma carruagem eglpcia. Porem, visto que a intcrprcta~d repousa sobre coa~o plaus(vel, e que Salomao estava cvidentemcnte mals llreocupado com a compra de cavalos e carros para si p«?prio , C<?rn objetivos milltares, ele deve ~er trnzido os cnvalos, pelo menos a sua maior parte, do pals que tinha os mell1ores carros, como m· 1tica o texto hebraico, e como o cronista declara expressamente: ''lmportavam-se cavalos para Sulomao do Egito e de todas as teuas" (Il Crooicas 9 : 28). Pore'P~ visto ~uc Salomao controlava 1u estradas comerciais que atravessavam os seus extensos dom1ruos,_ e vtsto que ele esta"! et?' N:~ndi~ocs de suprir seus vizinhos do norte com essas cousas necessanas, transformou a industria l'gipcia de carros e cavalos em lucrativa foote de renda para si pr6pdo, bern como uma forma tic aumentar o seu poderio rnilltar.

5. Constru¢0 de Cidades para os Carros. Menciona-se o fato de Salomao ter lormado urn poderoso esquadnio de carros de guena (I Rei.s 4: 26), que tinha sua base de operaY?es em varias cidades constru(das para carros, entre as quais sao mencionadas Jerusalem, Hazor, Megido 11 Gezer (1 Rcis 9: 15-19). ''Tam bern ajuntou Salomao carros e cavaleiros, tinha mile quatrocentos cwos e doze mil cavaleiros, que d.istribuiu as cidades para os carros, e junto ao rei em Jerusalem" U Rei.s 10: 26).

- 113-

Page 59: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Escavu~es a.rqueo16gicas em Megldo , Hazor e Gezer , tl m ilustrado as inhlM .. ~es b1blicas a respeito das oonst:ni~es de Salomao naquelas cidades. E~Cilllmente em grande outeiro de 4 2.000m2 no Vale de Esdrelom, sede da quinta regilio administtativa de mao, tern sido feitas notaveis descobertas, que datam da ep oca de Salonuio. Grande numeto eslibulos, capazes de abrigu pelo mcnos 450 cavalos e cerca de 150 can:os, foram desen ali. 0 plano e a forma de constru!;ii'O desses edif{cios sao defioidamente salomonioos, bern out.ras estruturas, tais como a "Grande Casu"; que era usada pelo comandante dwanto perlodo. Ostentam forma t(rica, e bern podem ter sido descnhad~s polos arquitetos de de Tiro, bem como o te mplo de Jerusalem.

Grupos semelttantes de estabuJos pertencentes a epoca de Salomio, em e no Tel el Resi, apresentarn outras evldencias do esplendor e do poderio militar de SaJionllfG As evidencias biblicas, substanciadas pela arqueologia , sao de que Salomao foi o primeiro de f.srael a empregar cavalos e canos nas batalhas. Davi ·~arretou a todos os cavalos dos (U SamuelS; 4).

6. Expedip:Jes a oru. A marinha de Salomio e OS seus projeto.s mercantis timos em eolabora~o com Hirao de Tiro, constituem outra fonte da sua proverbJal n...-lmPrio·l!u1ia

" Fez o rei SaJornao tambem naus e m E:ziom-Geber , qu e est.i junto a E late, na praia do melho , na teaa de Edo111. Mandou Ririo com aquelas naus os seus servos, marinheiros, doros do ma.r, com os servos de Salo.mio. Chcgaram a Ofir, e totnaram de hi quatrocentose. talentos de ouro, que trouxeram ao rei Salomao" (I Reis 9 : 26·28). "De ttes em tres anos tava a frota de Ta.rsis, trazendo ouLo e prata. marfim, bugios e pavoes·~ (1 Reis 10: 22).

Ofu, que e geralmente associada com a prociu~o de ouro fmo , no Velho mento (1 Reis 10 : 11 ; 16 22: 24 ; Sal.mo 45: 9 ; Isaias 13: 12). inclu(a nio apenas a rt:giao a ~uu•ucriiiLI da Arabia {o moderno lemem), no Litoral do Mar Ve.nnellto, adjacente a Saba e Hav:na 10: 29), mas vista que se diz que as expediyijes levavam tres anos, Ofir deviB incluir tam bern ~es da Costa Africana. A expressao ''tres anos, pode indicar, todavia, apcaas urn ano e outros do is, ou cerca de om ano e meio. Segundo o costume hebraico d e datar, por "''~~''"'''1ft! urn reinado de tees anos podia significar 1calmente, apenas um a no inteiro e partes de do is Assim, provavelmente a frota zarpava em novembro oo dezembro do primeiro ano, vu1•uu:~ no oome~ da primavera do tt:rceiro ano, para evitar tanto oalor do veriio quanta the fosse nntd,LMII~ Da mesma forma, mais de um milenio antes, os BabilOnicos levav.a:m tres anos para fazer vi.age.m a M.eluca, na.s vlzinhanQaS de Ofir, aproximadamcnte a mesma distiinci.a.

Os produtos da viagem que se mencionam, sao de providencia genumamen .. africana ou possivclmente do sul da Arabia : ouro, prata, mar£un, e duas quatidades de rTUica~~ oorn nomes cg{pcios .• que devem ser traduzidos como ''bogios e babu(nos" em vez de ' 'bllgjos pavoes".6

As "naus" o u "frota de Tlirsi.s'' ('oni Tarshish) tem :.ldo larnbem eluci.dada remotas fontes orientais. Uma tradu~o melhor da marinha merca:ntc de Salomao , a Luz do cente conhecimento que se tem hoje das ariVJdades mercanbs fenicias, no Med iterraneo, "frota da refinaria" ou da ''fundic;ao", que tTazia metal das mirtas coloniais para israel. Os fenlcios cos1umavam sing.rar os mares rcguJarmente, transportando minerio das cidades da Sardenha c da Espanha. E mbora essa alividade colonizadora e comercial antes do secuJo V1 A. C. fosse negada aos fenicios pelos escritores da bist6ria e arqoeologia do mundo oellte-meG.-; tcr.rineo at e bem recentemente, j nscrlQ5es descobertas em Nora c Bosa, na Sardenha , ., .... ,.-~, que ja no secolo IX A. c. OS fen1cios estavam oolonizando e t raficando no Meditcrrineo OCiide!ntaL;

Uma dessas inscri~s de Nora. contem o nome de TirSis imediatamente antes do nome da denha, indicando evidentemente que o nome fen{cio de Nora referia-se a Tirsis, que signlfioava "a Ref"lnaria" .7

0 nome Tarsis ocorre tambern em uma inscri~o de Esar-Hadom, xei da ria no seculo Vl l A. C .• refeciodo·se a uma terra fen(cia no extremo oposto do MedltCJcr3JilCCII• ' oposto a ilha de Chipre. A luz das evidencias arqueol6gicas dispooiveis, nao lui a menonazao duvidar que no tempo de Hirao l de T iro (c. 969-936 A. C.), o comercio fenfcio ja se

- 114-

, •t~alhmlo por lodo o Mudltorronco, c qu~.: os nuuujos tMos fos.o.'em cnpazes de assistir a Salomllo l id lOtfllii~O da sua frola, c prover a per{ cia pam oper:i·la.

7. Minera~ao e Refina¢o de Cobre. A arqueologia mio s6 atcsta a possib illdade ht.t6rk~ do fato de os marinheiros e artesaos fen{cios terem ajudado a SaJonuio a forma.r e operar • auJ frota no Mar Vermelho, mas ilustra claramente um ponto adicional: tecnkos fenicios cons· 11 1riro.m o porto mar(timo d e Eziom~Geber para ele. Uma importante fundi~o de cobre descoberta 11 11 por Nelson Glueck (1938-1940), a primeira ja descobcrta, foi certamcnte obra de artifices h•nt~:ios. que tinhnrn larga experiencia na :ute e montar fomall)as e rcfinJlrias de calm~ nos estabe· h, 1m~tos fundidores da Sardenha c da Espanha (a posterior Tartessu:.), que emm chamados Tar­''' scg1.1ndo o que os navios, espcoialmente equipados.para transportar essas cargas de m.inerio , oil' m~tal, cram c.hamados "navios de Tirsls".

A construyao da r efinaria de cobre na antiga Ez.lom-Geber (modcma Tel ei­~Juc leifc) li incrivelmente boa, como Glueck teve oportunldade de notar , e ind icam um conhc­

' uncnto pratico e uma habllicmde que eram resultado de tonga experiencia. A conclusao inescapa· • 1 u que os tecnjcos de Hirffo, q ue cram pcritos no ramo, foram o s r esponsaveis peln conruuyao ~ ~~ fondi~iio ; que eta data do secuJo X A. C., e foi reconstru(da ern varios per(odo~ postcriores. 0 1 ,•I e1-Qucleife era, portanto, uma torshlsh ou refinaria de meW, como a colonias fenlcias do '" ~>~nO nome na Sardenha e na Espanha.

A descoberta de refina.ria de cobre em Tel eJ-Qileleife elucida a breve, mas irnpor· 1o~ 11h;, rcfcrencia bfbUca a fundi~o c modelagem de cobce no Vale do Jordao (1 Reis 7 : 46) e indica ut ll tu Conte prot(fica da riqucza de Salomao. Como diz Glueck, Salonuio " foi o pnmeiro que lo­•nllz.ou n industria mineira do Vadi Araba em escala vcrdadciramente nacionaJ".B' Como resultado, u tQbre tomou-se o primeiro produto de exporta¢o do rei. I! a principal mercadoria dos seus mer­~l6llore . Zarpando d e Ezjom-Geber. carregado de minerio fundido, sua frot:J trazia de volta, em tmca, o u tras vaUosas mercadorias obtidas nos. portos lirabes ou nos litorais pr6ximos d a Africa.

8. A Visita do Rainho de Sabti. Os navios de Satom[o navegavem para o Mar Vrrmelho. Suas caravanas penetravam profuncmmente na Arabia. Na sua arnpla expans:io comer· ~111 1 . ele dcve lcr feito neg6cios e, ao mesmo tempo , deve tcr competido com a famosa Rainha .Jtl Saba. Sua jomada corajosa (1 Reis 10) de carnclo ate Jerusalem. atravessando mais de miJ e niloceotos quilometros de rcgiao inospita , foi d itada , quase cenamente. por razoes comerciais. tJt,m como pelo pra.zer de ver o esp1cndor de Salomao e ouvir sua sabedoria .

A visita deve ter motivado dctimita~o de esferas de interesscs, e a assinatura de lll&ludos de comercto , q ue regulassem a lrOca cquhativa de produtos da A.r3bia por produtos da r11leS'lina, e espccialmente o cobre do Vadl Araba. A visita diptomatlca da rainlla e suas conver­•~ como rnonarca israetita tjveram.evidentem.::nte,grJnde sucesso (1 Rcis LO : 1, 2, 10 , 13).

Embora a Rainha de Sab:i da epocn sa!omonica nao tenha sido ate agoJa atcs­t•Jo pelas inscrlyaes do suJ da Arabia, nao ha razao v:Uida para n~tu a rustoricidade da sua pessoa uu da sua visita ao monarca israelita. I!. verdade que as inscri~ocs m:lis anligas, cncontradas em •b6 (Saba), remontam apenas aos seculos VU ou VUJ A. C., e as inscri¢es assfr:las nao come~am

1 meucionar nomes de reis sabeus ante.s do fim do s6cu1o Vlll A. C. Contudo, nlio h:1 justillca· Uvu para duvida.r que Saba fosse urn importante rd n o ou confedera~o tribal, dois ou tres seculos titles. Da mesma forma, nao ha razao para menosprezar toda a narrativa da visita da Rajnha, consi· C.rando-a '"um conto romantico", oom.o ge.ralmente costumava-se fazcr. Emborn ra.inhas tivessem 111na parte it:ls.ignificante na hist6ria do sui da Arabia. naquela epoca etas govemnvam grandes '"nf\:derayaes tribals ao norte da Arabia, do seculo IX ate o VII A. C., como relata.m as inscri· "'~·~ cuneifonnes.

9. AliDn~as Matrimonillis de Salomao. Para assegw:ar a paz e a seguronli3 futums t1f ~cu reino, SaJomao cedeu ao costume da epoca, e fez muitas alian~as domesticas oorn m~ e trtbos vassalas, casando-sc com muU1eres esttangeiras. Segundo as Cartas de Amama, do secuJo

IV A. C., e numcrosas out.ras fontes, rui abundante exe mplo dessa pratica de casamento entre familias reais, por razoes pollticas e o utras. O · Reis do Egito , por exemplo. davam as suas

- 115-

Page 60: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

filhas em cnsamento a reis dos hititas e pr{ncipes de Mita~i, nos ~culos XlY e XUI A. C. da casa real de Onri, casou-se com mulhcr da casa real de Tuo , no sc.culo IX A. C.

Em ve.z de firmar o reino. esse expediente mal.igno tevou ao declfnlo"'"'Ullua a idolatria total, e a conS'eqiiente corrup~o da na~ao. D~ numerosas d~vindades as quais llll esposas estrangeiras corromperam o co~ayii~ de Sa~o~a?, .!alvez. a . mru~ conll~ci~a nos antigos fosse Astarote, chamada "abomma~o ctos s1domos ( 1 Re1s lL 5, 33_)~ vtsto que o oulto fora primeiramente estabelecido entre os fen1cios. Ela era a deusa .da fer~tlidade, como Astarte entre os gregos, e como Istar na Babilonia. Virios tipos de tmoralidades e~ mitantes ao seu cui to degradante. Essa deusa do amo.r sexual, c ta.mb6m da guerra. na Bab e na Assiria, e pintada em u.m selo de irnpressao enc·ontrado em .Betel, e seu nome e em caracteros b.ieroglificos.

11. 0 TEMPW DE SALOMAO

A arqueologja tern fornecido o testemunho de que as. atividade,s . e industrials de Salomao foram alnda mais extensas do que pode concl'!rr·se do vtvtdo Livro dos Reis. I! verdade qlle l\3. evidencias abundaotes. que s~?stanctam ?~ reg.1~ros de que 0 monarca de Israel aproveitou-se grandemente da pencta dos femctos, na~ .apenas suas real.iza~es maritimas, como tambim a particularment~ na cons~~o do magmfico de Jerusalem, e outros edif(cios. Escavac;oes feitas por Albnght em G1bea (Tel eJ-Ful): '?~ pital de Saul, tem revelado a robustez, mas, por outro lado, a extr~ma rudez~ ~os edif1C10S em compara~o com a perlcia arquitetonica demonstrada na Meg1do salomomca, no no patacio real em Jerusalem.

No tempo de Davi t Salotnlio, em que ambos man~iverarn l:lgos .de com Hirao 1 de Tiro (c. 969-936 A. C.). a Fen§cia do sul cstava consolida~a ~so~ o remado de rei que governava em Tiro, mas ostentava o titulo oficial de ·:Rei dos ~t?omo~''. Desde 0 ate 0 Vll seculo A. C., Tiro e Sidom exi~tiram como uma untdade politl~~ So antes e desse petlodo, essas duas cidades foram estados sep~ados. de fo_:mll que Huao era urn ! ·o te rico e pode.roso; ao conseguir e manter a sua ~de,. ~omao 'deu ~~a demonshac;ao provetbia1 sabedoria. Alem do mais, o nome de H~rao (oogmalmente Ab:u:ao) era u~ nome real comum, como e atestado pel.as inscric;oes, ~otavelniente a enconttada no sarcofago de em Bib los ( bfblica Gebal, Salmo 83: 7~ Ezequtel27: 9), descoberta ~m 1923·L924 por uma pedi~o francesa dirigida por M. Montet, e que data p1:ovavelmente do seculo XI A. C.

J. A Planta do Templo. A despeito do fato de nenhuma ru{na encontrada em Jerusalem poder ser atribu{da a Salomao, numerosos ao~ados a.rque<>IOJitiCC)S antigo Oriente Proximo tern lan~do mu.ita Luz indireta sobre a oonstru~ao do Templo agora que a planta do ediilc1o era carac~e~isticame.nte fenicia, cO~lO era de s~ esperarse'r nellhtlll ele foi construido por um arquiteto femeto (l Re1s 7: 13·1.5). ~lantas de ~cerces tem sido exumadas ao norte da Siria, especialmen~c pe~ Umverstdade de Cru:a~o no em 1936 e os achados deroonstram que as especifica~es da estrutu.ra salomoruca esrlocam111

1 Reis 6-7, sao prbgregas, e autenticas para. o seculo, X A. C.: nio de~end~ ~r-ll)e neg~da dade hist6rica, nem ser considerada como do perrodo de influenc1a heleruca postcnor ao VI A. C., como alguns cr(ticos estao acostumados a fazer.

Da mesma fonna que. o templo de Salon\ii.o, o santuan~ ~o T~l ~ainato retangular, com tres aposentos. urn p6rtico com duas colu:nas n_a frente, llm ~tno pnnc1pal, e cela ou santuano com uma plataforma elevada. Tinha dois teryos do compnmento do Salomao, e era, provavelmeote revestido de cedro.

0 capiteu de p.ilast.ra proto~lico foi usado extensi.vamente no t~mpLo de mao , e e.xemplos desse tipo de arquitetura foram encontrados em Meg1do, em Samarm,.em S om Moabe, e perto de Jerusalem datando desde de 10~~ A. C., ou, como e~ Meg1d.o, seculo VUI A. c. As decoractoes do templo, tais como linos, palmas e querubms, caracteristicam.ente sfrio-fenicias, sendo est¢ Ultimo um leao alad~ com ~cabe~a J:U~at;~a, uma c.sfmge alada. Este animallu'brido, entretanto , mro era uma mova~o salomomca, mu

- 116-

h,•nhtdo ~o ta~orndoulo, u apnrccc. ccnt~J1Rs de vezes na iconografia da Asia ocidental entrc. l800 e bOO 1\ . C. Mml:as ropccscntu~aos Slio e.nconttadas com uma divindade ou rei a~entado em urn h:o-110 !>USl~nhtdo por do is querubins. Em Israel, a Divindade eo Seu trono - ambos i.nvis{veis _ eram ~eumclllantemente sustentados poT querubins simb6Ucos.

• ~essa iouna, a arqueolog~ elucida grandemente o significado do quembim no ~~ mplo de Salomao e no tab~r~ik'ulo ante~ tor, enos permit.e traduzir J Samuel 4: 4 desta forma: ..• a area dG Senl1or dos exercJt.os, entrontzado g)bre os querubins".

2. Jaql!im e Boaz. Da mc$11la forma como o sanluario ao norte da s' ;,.. Te l Ta' t dif' l d Sal ~ inh lTaa, no ma e, o e Jc o ~ .' omao t a duas colun~ que se situavam no portico. Esses p.ilares, f.!an~~eando a ~trada 'PrtnClpal de urn .templo, ~ra~ ~omuns n~ p~eiro milenio A. C., na Slria, I CnlCia e Chtpre. Espalhou·se esse hpo arqwtetontco em du~o ao oriente, para a Ass{ria o_?de e en.contrado nos temi:lo~ de Sargao em Corsabade (fun do seculo VIII A. C.), e em dir~ quo ao OCldente l?:U:a as coloruas fen(cias no Mediterraneo ocidental. No templo de Sa!Omiio ~gundo costume onental comum, elas tinham os nomes distintivos de ••Jaqui.m" e ''Boaz" Fol dcmo.nstrado d; mane~a _co.nvincente que os nomes das duas colu.nas ceptesentavum as pr~e.iras f.tl.lavr~s de oraculoy d1na~1cos que cram•inscritos nelas. A f6rmuJa "Joaquim" pode significar:

Jeova e~'tabe.~ecera (yakin), o teu trono para sempre'', ou cousa semclltante, eo oraculo "Boaz" rX>d.c ter s1do : Em Jeova csta a fot~a do rei". ou cousa parecida.

, 1~qu~m e Boaz tem sido freqi.ientemente intetpretadas cmno obeliscos sagrados, como os que e sttuavam ao !ado dos grandes tomplos egrpcios em Heli6polis e c T b . Judo d t t d M' I T ' L , , . m e as, ou ao _ , o cmp o e. c_ca_rte em , tro, e ~:> posstvel, em duvida, que Salomiio possa ter feito oonces-~o~s a moda arq~1teto.ruca da epoca. Algumas vezes el:ls tern sido consideradas como arvores ~:~fllizadas ou entao como pilastra.s c6smi~, c~mo ?S pilates de Hercules. A me!llor interpreta· ~ao parece. scr a dada por Robertson StTUth ha muttos anos, que as considerava como lareiras ()u a! tares g1gantescos de fogo.

. W. R. ;\lbrighl adota ~ssencialmentc a op.iniao de Robertson Smith, de que Ja-q~un e Boaz era~1 lare1tas ou alt.u:es g1gantescos de fogo, usando provas encontradas em t6mu1os pmtados em M:nsa, ao sui da Palestma, o nde aparccem foroall1as de incenso semelhantes. Evidencias conoboradas sao encontradas no Pilar de Djcde, no Egito, um emblema sagrado de Osiris, que ~stenta certas semelhan~as com ~ssas col~nas. Mais importante do que isso, Albright enfatiza o fa.to de que cada ~uste das dua.s. pilastrns e c}ararnente mencionado como sendo coroado com um gullah ou vaso de oleo pllfa castt~al. (J Reis 7: 41; cf. Zacarias 4: 3).

Assirn, o fato de seguir os modclos fen(cios e dessas imponentes colunas de i~censo, tornaram gra.cio~ e U~mlnaram a magnificeote facbada do templo em Mona. Sem du­Vld~. ao re~ber os pnmetros rruos da aurora d~ Jerusalem, ou serem envolvidas oa nevoa que du­rante a no1te se elevava do Vale do Cedrom, en.quanto os seus pavios brilbavam e fumaccavam, lc~br~varn aos ado.radores a coluna de fogo e a nuvem que outrora guiara ls.rael atraves da pere­grma~ao pelo deserto.

_ 3. 0 Mobilitirio do Templo. A :uqueologia tem eJucidado tambem grande parte do llqwparnento do templo, q.ue pelo menos foi modelado segundo oopins sl'rio-fenlcias, que pot sua vcz .remontavam a a.proprmc;B~S multo anteriores, da Mesopotamia. 0 altar de ofertas quelmadas, I)?t exemplo, segundo as medias do aJtar do !_emplo deEzequieJ (Ezequiel43: 13-17), que tinha ccrtamente a mesma forma do alt.:Jr de Salomao, se nao o mcsmo tamanho era a miniatu:ra de urn l~mplo-torre (em babilonio , tigurate), segundo o que ele foj parcialment~ desen.hado. A descri· vao que .Ezequiel faz d~e altar e importante e multo interessante do ponto de vista arqueol6gico porque preserva um pouco da terminologja em uso, que foi aplicada as suas varias partes. '

De acordo com o relato que Ezequiel faz, os alicerces sao cbamados simbolica­mente, n,~ hebraico, "o s~io da terra" (heo ha aretz, Ezequiel43: 14) e a cumieira, "~ montanha tie ~;u~ (har el, Ezequ1el 4,3: 15, 16). Estas duas express6es sfi(j traduyees literals de termos babi.IOrucos . ~~epondentes a base e ao topo de. urn templo-torre ou z.igurate oomum do antigo rnundo babiiOntco, como se sabe de placas cuneiformes. Em conexiio com isto, outro paralelo

-117-

Page 61: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

lmpressionaruc ap01ecc no fato do tope do ziqquraru (Uteralmente, .. pico c.la montanlla"}, cornu o altar habraico de ofertas queimadas (E ·odo 27 ~ 2; Ezequiel43 ~ 15}, eta tambem ornnmuntu­do com quatro "cbifres .. , como se sabc tanto poi inscri~cs como poe reprcscnt.a~es monu· menta is.

E inter~sa.nte notar , ademais, que a p:alaVI3 tr.aduzida como .. templo" em h~:brai· l-'0 (heklll) foi apropnada dos cananeus de SUmerioS nao-semitas, OS prccursores dos babiJOaiol semitas. no Vale do baixo Tigre-Eu.(rates, pelo menos urn milenio e meio antes. Tajs apropriay6cs sao comuns, como no caso do q uerubim e de outras partes. tanto do tabermiculo como do tcmplo, e nio implica nem um pottco em que os bebreus emprestass.em qualquer significado pagao a eles. De fa to, como no ta:bernaculo onde todos o~ itens da constru~o e do equipamcnto foram divina· mente ordenados., cada detalhe era ao mesmo tempo divinamente investido de urn s_ignificado con· soante com a adorat;ao do unico De\13 verdadeito, e revestido de um rico simbolismo tfpioo davin· da do futwo Redentor messianico.

Contudo, SaJomao foi multo alem da modesta s.i.mplicidade dlvinamente oJ'de· nada do tabernacolo e de seu ritual e mobiliario simb61icos. Um exemplo disto 6 niio apenas pro· vido pelos obeliscos gemeos ornamentando a entrada do templo, mas tambim pelo grande max de bronze apoiado em doze bois, o.rientado£ em dir~o dos pootos cardeals, sendo essa uma apre$M· ta¢o nova do santuario (I Rcis 7: 23-26). Essa imcnsa ba.ci:l, que substituia o lavat6rio do Labern.i· culo, era decorada com ramos de llores em alto J:elevo, e servia, como o seu simples antecessor, para as abl\l~oes cerimoniais. No nome a ela dada por Salo mao ("mar"), e em sua constru¢'o, am· bos indubitavelmente resultado da influencia siro-fen(cia. desoobre-sc urn claro significado e6s­mico,

No antigo Oriente Proximo, o " mar" era unive!S3.lrncnte rcconhecido como tendo significado <:Osouco. Em seu nome e em sua fun~o, o "mar de fundi~ao" de Salomao di· ficilmente pode ser separado do "mar" mesopotamico (apsu), termo usado tanto como design&· ¢o do oceano subterrheo de agua doce, foote de toda a vida e fertilidade , quanto o nome de uma bacia de agua sagrada ex.i$tente no te mplo. Alem do mais. estas virias fontes oosmicas do 3gua sao concebidas em termos mitol6gioos como dragoes, tanto em acadio (Apsu e Tiamate), canaceu ("mar" , yamm14 e " rios" nDiuuu.) e no hebraioo blblioo ("mar", yam, e "rios", neharoth). 0 termo " mar", significando a foote dA vida enne os s(rios e ferucios, chegou a denotllli o Me4i­terr.lneo , principal meio de vida cananeu , como na Mesopotimi.a denotou a putativa fonte subter· rfu1ea dos grandes rios viYificadoces daquela tetra.

As rela~toes do ''mar" com os lavat6rios porciteis que SaJomao fez tl Reis 7 : 38), que correspoodem as pias portiteu fcnicias encoatmdas na ilha de Chipre , era semelhante a que existia entre 0 " mar" (apsu) e as ''bacias portateis para agua" (eguble) dos templos babiJonicos.9

Pelo fato do tet ido alem da sirnplicidade do tabemaculo, modesta e divinamento ordeoada, o templo, como sua elaborada organiza~o e seu debito para com a arquitetura e pnltica lellgiosa sito-fenicia, apres.entava o perigo de urn sincretismo religioso1 que havcr.ia de maoifesta.l" •se em COnflito intermitente entre OS as.similadores e OS separatistas religiosos, OOS secuiOS subse­qiientcS. 0 pr6p.rio Salomao, evidentemente, foi o primeito que sucumblu ao perigoso precedente, pcrmitindo que a! tares e santuanos de divindAdes estrangeiras fossem construidos nas proximidades da pr6ptia Jerusalem, talvcz em parte oomo um expediente politico. Mas a prlitica, fosse qual fos.-;c o seu motivo , enoorajou a reincidencia no paganismo por parte das massas, e essas reinciden· cias e evideote na historia de Judli, ate o cativeiro babilonico.

- 118-

Capitulo XXI

ISRAEL E OS ARAMEUS

As elaboradas opera~es eonstrutoras de Salomao, e a escala pr6dlga da sua vida pcssoal, levar~ a ~abalho fo~do, unpostos pesados e outras medidas opressoras, que produzi­ram crescente anquJetude entre os seus suditos. A sua apostasia religiosa oa Ultima parte de seu ~e~~do , espalhou_ ainda mais as sementes de rebeliio interna. De espec~l significado entre os mmugos estrange«os, que for.1m divinamente levantados para castigar Salomao, menciona-se "Rezo~,- ftlho de E!i.ada" (I Reis 11 : 23). Esse ambicioso lider militar, que como jovem oficial do exerctto d e Zoba havta escapado quando Hadadezer perdera o reino p:uu Davi, subseqliente· mente havia se estabelecido na importante cidade de Dama.sco. e como fuodador de urn impor­tante reino arameu, que mais tarde evidenciar·SC·ia como invetcrado inirnlgo do Reino do Norte de Israel, pot mais de um seculo e meio, foi u_m turbulento inimigo de Salornao nos ultimo~ anos do Reino Unido (I Reis 11 : 23-25). •

0 r.lpido crcscimento dessc poderoso reino hostil nas fronteiras do none de Israel que_ em .certas oca.sio:s amoa~ara ex~logOii a sua vida nacional, tornou-se poss{vel em gr:ande part~ devldo a deslntegra~ao da MonarquJa Unida, durante o reinado do filho e su.cessor de, Salomao Roboao. A i.nsensate.z desse jovem rei , falbando em ateoder as solicita~es do povo, de rcduz:ir ~ pesado jugo que Salomao hav.a imposto sabre eles, ocasionou a divisao do reino em Siquem, onde todo o Israel sc ttavia reunido pa.ra confirmar Robocio na sucessao {I R eis 12: 1-19). Esta suprema tragedia trouxe em scu bojo muitos males internos, bern como externos, que os seculos nao puderam neut.ralizar.

t ISRAEL SOB 0 DOMINIO DE JEROBOAO I

0 homem que estava dcstinndo a sec o primeiro governante a ocup:u- 0 trono do Reino do Norte, aparece iniciaJmente nos regimos btbticos como urn chefe enfraimi:ta cncarre· gado do recrutamento de trabalhadores para oonstruir a sec~o Milo do muro de Jerusalem. Sendo hO!f1Cm de _proeminente ooragem, o~s-se a tirania de Salomao . e foi compeJido a pedir as.ilo 00

Egtto (I Re1s 11 : 2640). T~ndo o~vtdo que Salornao morrera, voltou a sua terra natal, aparente­mente prep_arado para apow o filllo de Salomao, Roboao, em suas pretens6es ao t.rono (1 Reis 12: 4). Pruem , a insensata decisao deste ultimo, em Siqucm alienou as dez tribos do norte da casa de Davi, as quais escolheram Jeroboiio como seu rei. · '

_ L As Aposiasias de_ Jerobotio. A firn de ftrma.r. a sua posi~ao polJ'tica logo depois da sua ascensao ao trooo, o novo ret deu alguos passos com o objetivo de dcsviar os seus suditos da fe . C da adorayao de SCUS pa~s. Ele temia que OS piedosos israetitas, fu.zendo pcregrinac;ocs COS· tu'!'~a.ras ao templo ~e Jerusalem, se vo~t~em pa.~ o Re.ino do Sui , niio s6 quanta aos assuntos relig~~s, mas tambem quanta aos negoctos politicos (I Reis J 2: 27). Poe isso, construiu dois san,tuanos a Yahweh - urn em Betel, na parte sui do reino, a dezcnove qnilometros ao norte de Jeru­salem, e f~oso_ como Iugar de adora~ao desde tempos patriarcais, quando Abraao constru(ra ali um _altar ~Genests 12 : 8). _e _outro no extrema norte, em Da. da mesma forma antigo centro de ado· ra~o (Jwze~ l8 : 30). Eogwdo um santuario em Di, tentoo " desenvoJve.r relayOes de maior amiza­de com as tnbos mais ao norte, que scm pre se haviam conservado mais ou menos separadas" .1 Pa· ra fazer a ador~~o mais atraen_te nos santuarios que ele construiu em Betel e em Da. desdc que es· tes templos nao podlam , obvtamente, se comparados com o majestosos templo em Jerusalem,

- 119-

Page 62: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Jcroboiio introduziu uma audaciosa e perigosa inova~o. Ele " ... fez do is bezerros de ouro; c d1SS\\ ao povo : Basta de subirdes a Jerusalem; ves aqul teus douses, 6 l srael, que te f12eram subir da tum do Egito! Pos urn em Betel, e outro em Oi" (I Reis 12:28, 29).

Em bora geralmente se tenba cons.iderado que os "bezerros de ouro '' era.m repre• senta~oes din~ta.s de Yahweh como deus-towo, e diffcil de se conceber que Jeroboa~ tivesse recottl­do a expedicnte tao baixo, que consistla a urn a~andon~ ~olento de Yahweh, ~spec~ent.equando 0 seu designio era cosolidar a autoridade :tecem-adquu;ida e .u~ tant~ precana. A!e~ dtSSO! u~a concep~o tio grosseira e, outrossim, sem paralelos na trad1Qao biblica, e se opoe as efide~c~s arqueol6gicas. Entre os viz:inhos mais pr6ximos de Israel _, cananeus, arameus e heteus -,as dtVln· dades eram "quase scmpre representadas sobre o dorso de um animal, _ou em um uono carregado po.r anlma.is - mas nunca reprcsentadas. el.as mesmas, em forma de anunaJ.2 Por exemplo, o deus da tempestade da Mesopotamia e pintado em selos cil{ndricos do segundo milenio A. C., na forma de urn relimpago vertical nas costas de um boi.

Embora haja pequena diferen~a conceitunl entre a reprcscntayao da divindade entronlzada sobre o querubim (I Samuel 4: 4; IT Reis 19: 15) ou de pe sobre urn boi, exceto os primeiros seres de mundo sobrcnatural, q~e gu~dam a santi~ade ~Genesis 3: 24) eo ~ono de Deus (Ezequicl 1: 5; Apocalipse 4 : 6·9), a mova911o de Jeroboao fot extrema mente per ago sa. As filia~es bovinas de Baal, senhor do ceu, eram mu~ int~amente relacionad3:s :om _os aspectos mais degradantes dos· cultos pagiios dos quais se dev1? fugll, e todas as con~uroes sao ~e que o Reino d,o Norte se tornon presa de uma polul~ao idollitrlca, como resuJtado dtsso. Repehdamente os escritores do Velho Testamento denunclam Jeroboao como aquele que "fez pecar a Israel". Alem disso "os bezerros associados com a adora~o de Yahweh em Betel e em Da, sao repetidamente mencionad~s como abom.ina~es"3. e Jeroboao e mencionado em conexao com outras apostasias (I Reis 12: 3 L-33) . 0 dcolinio espitituaJ subseqUente no Reino do Norte? co~ a in~roduyao de bos­ques para o culto da fertilidade (II Reis 13 : 6), ~ugares altos J?ara os. ntos ~cenctosos dos ~~uses agr{colas cananeus (I Reis 12: 31), e todos os tlpos de total tdolatca testificam dos perructosos efcitos da apostuia de Jeroboao (11 Reis 17: 7-18).

2. Guerra e /nvasao Durante o Reinado de Jerobo5o. 0 serio enfraqueclmento d.as tribos israelltas, devido a divisao da monarquia, foi ainda mais acentuada pelas guerras de desgaste entre os dois reinos separados, que comeQaram no reinado de Jeroboao e Roboiio, e continuaram intermitcntemcnte no de sucessivos governantes. Atenliao espec(fica e repetida e dada ao fato de que "houve guerra entre Roboao e Jeroboao todos os seus dias" (I Reis 14 : 30; 15 : 6). Esse triste estado dos ncg6cios exp()s ambos os ceinos ao perigo de inimigos externos comuns . . Embora. o podcrio aramcu na Stria estivesse crescendo continuamente durante esse perfodo, amda assrrn ele nio era suficientemeote fo rte para aproveitar-se da fraqueza de Israel. Contudo, Sesonque l do Egito (o Sisaque da Blblia) (c. 935-914 A. C.), fundador da Vigesima-Segunda Dinastia, pt)de valer-se das cond iQ(>es de inseguran~a na Palestina para empreender uma invasao em grande escala, no quinto ano de Roboio e apoderar-se dos escudos de ouro de Salomao, e de outros tesouros reais c do templo (1 Reis 14 : 25-28).

Os registros egi pcios nao oferecem a data da expedigao de Sisaque, e bascando­·se na cronologia inccrta clos primeiros reis da linhagem davidica, os cruditos ainda nao entrllilliii em acordo quando A data precisa. Albright data a a.scensao de Roboao em cerca de 922 A. C., e assim o quinto ano do seu reinado seria cerca de 917 A. C. Outros estudiosos variam essa Jocali· za~o cronol6gica em uma decada, mais ou menos. anteriormente.

0 corpo de Sisaque, ostentando uma mascara de ouro, foi descoberto em sua c5mara mortuaria intacta em Tanis, em 1938-1939. A sua incri¢o t:riUnfa l em Car~que (a ant1ga Tcbas) da uma tonga lista de suas conquista.s, que ip~lui cidades em toda_s a.s_reg15~s de J ~.cta, e sc estende pela p1an{cie costeira, atravessando a Plaru01e de Esdrelom em dlle~~ a Gileade, m~· tr.tndo que ele invadiu tambem o Rcino do Norte, apesar da sua amizade anten or com Jeroboao (I Reis 11: 40)". 4 tJma parte da estela (mon6lito) de Sisaq~e foi desentea ada em Megido, p~van­clo que ele realrna.nte tomou e ocupou essa imponante crd.ade, como e contado na mscn~o de Cnrnaque.

- 120-

U. ISRAEL E A ASCEN<;AO DO PODERIO ARAM AICO

A desintegrayao da Monarquia israelita, com a morte de Salomiio e as gucrras subsequentes entre os dois reinos divididos, niio s6 permitiu que Sisaque saqueassc a Palestina. mas tambem forneceu aos arameus de Damasco uma oportunidadc (mpar de consolidar o seu po­derlo, e fazer do seu reino o estado dominante na Slria. Os reinos de Israel e Juda, por outro \ado, cstavam tao envolvido~ em hostilidades mutuas, que tinham pouco tempo para se devotar a teo:{­vcl ameaQB de urn poderoso estado inamistoso e em desenvolvimento , a formar-se tao pcrigosa­mentc ao alcance da sua mao.

1. Os Primeiros Reis de Damasco. A sucessao de reis s{rios que govcrnavam em Darnasco e elevararn a eidade-c~'tado ao apogeu de seu poder, e a tornar-se o inhnigo invetera­do de Israel por urn seculo e meio, tern sido notavelmente elucidada pela a.rqueologia. Velado na obscuridade e infestado de problemas, esse per{odo e agora muito melhor compreendido como resultado do descobrimento da cstela in.scrlta de Ben-Hadade £~ descoberta ao norte da Slria. em L940. Essa irnportante inscri~o real conllrma de manei.m generica a lista dos primeiros reis sirios, como e apresentada em I Reis 15 : 18, onde Ben·Hadade e mencionado com "fllho de Tabrimom, filho de Heziom, rei da Siri.a, e que habitava em Damasco•·. De acordo com W. F. Albright, a tm­du~o do monumento de Ben-Hadade (considerando-se a restaurJ.¢o, ate certo ponto inccrta, de uma porQiiO parcialmente indecifcivel), a sequencia e identica: Bir-Hadade, filho deTab-Rama. filho de Hadiii, rei de Ali (Siria)".5 Bir-Hadade e equivalente a Bar·Hadade, em hebraico Ben-Ha­dade, e Tab-Rama e Hadia sao comparaveis ao hebraico Tabrimom e Hetlom.

Embora o nome coneto do primeiro rei de Damasco tenha sido estabelecido pelas evidencias arqueologicas, o problema da identidade de Rezom, que apossou-se de Dn.masco durante o reinado de SaLomao e aparenteme.nte governou ali (I Reis 11 : 23-25), ainda nao foi resolvido. Sera Heziom iclentico a Rezom? Se c, a forma Rezom e secuodaria, e deve ser oonsi­derada como corruptela de Heziom. Se nao for esse o caso, o que parece ser improvavel, Rczom deve ser excluido da lista dinastlca de I Reis 15 : 18, o que e im provavel em vista do fato de que ele, sem duvida, foi fund.ador do poderoso estado damasceno, tendo emprestado a ele o tempera­menlo de hostilidade contra Israel que haveria de tornar-se hereditano nos reis que se seguiram, e que toma-lo-iam urn dos mais agressivos e perigosos in.imigos.

2. Ben-Hadade I. Na epoca em que Ben-Hadade tomou parte WI sucessao dos reis sirios (c. 890 A. C.), a SLria havia cresc.ido em podcr de mancira tao grande que era o estado mals forte desta regiiio oeste da As.ia, o estava pronto a aprovcitar qualqucr oportunidade para expandir os seus dom(nios. Essa ocasiao se apresentou quando o allito A sa, rei de J uda (c. 917-876 A. C.), enviou urn apelo wgcnte a Slria para ajuda-lo contra Baasa, rei de Israel (c. 900-877 A. C.), o qual, alargando as suas fronteiras em dir~ao ao sui, ate uma distancia de. ol.to quilometros de Jerusalem, conseguiu fortificar Rama como fortaleut fronteiric;a sobranceira a capital de Juda (I Reis 15 : 17).

Em desespero, o rei de Juda mandou a Ben-Hadade o que havia sobrado do te­souto .real e do templo, pilhado tao recentemente por Sisaque, como expecliente mercenario para seduzir a Siria, levando-a a cstabelecer uma alian~a com ele contra Israel. Recon endo a esse expediente, Asa seguiu uma poliUca que seu pai Abias havia inaugurado, recorrendo a uma alian~a com Oamasco todas as vezes que uma agressao de Israel ao reino do sul se tornava imi­nente (I Reis 15:19).

A estraregia de Asa, de in{cio, teve sucesso, pois Ben-Hadade invadiu o Israel do norte, e for~ou Baasa a abandonar Rarna e a retirar-se para a sua cidade, capita! de Tirza (I Reis 15 : 20·22). Ma.s o custo foi ma.ior do que o rei pensava. Cortejando o favor de Damasco contra Israel, Asa deu uma oportunidade (rnpar para o engrandecimento daquele que e.ra , em verdade, arnea~a comum, e colocou ambos os re.inos hebraicos em uma posi~ao que realmente era de subserviencia a urn i.nimigo comum. Estando Israel e Judi em peleja mortal, a asceo~o de Da-

- 121-

Page 63: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

rnA!Ct' ao podcr foi Vlrtualmcnte de impedida.

]. Ben.Jfodode l e 11. Antes da descober t.a da estela insodw de Ben-Hadade, oa orudtrM est3vttm quase universalmente acostum.ados a distingtlir entre Ben-Hndado I, filho do ·ra­brtmom, filho de Hcziom , contcmporanco de 'Asa e Baasa ( I Rcis 15: 18) e Ben-Hadade, contcm· pt•rini'IO de Elias e Eliseu. Apenas ocasionalmente um estudioso da B(blla, como T. K. Cheyne, n•ronhec.;u a possibllidade de que o s dois pudessem ser identicos. Contudo , a maioria ndmJte que o chamado Ben·Hadade [ faleceu durante os primeiros anos do reinado de Onri ou de Acabe (c 86S A. C.), e foi suced\do por Ben-Hadnde IT.

Niio obstante, a evidencia encontrada no mon6llto de Ben-Hadade argumenta rortcmcnte em favor da identidade entre Ben-Hadade I e Ben-Hadade n. Alem disso, cuidadosu pe-qui<::ls dos debatidos problemas da cronolog~ dos reis israe~ta~ e ju.daioos deste peri~do , tern re~nltado na redu¢o dos anos de reinado, especmlmente dos rets tsraetilas, e tern removtdo qual­quer obj~o seria a equiparn~ao, baseando-5e na impossibmdade de um t einado tao Iongo de Ocn-lledade 1.

Urn argumento adicional momentoso, comu!l'ente interposto contra a ident~ fica~ode Ben-Hadade l e Ben-Hadade II, e a palavr:1 do monarca ~lrio deuotado,ao ReiAcabe.de Is­rael. depOtS da vtto ria deste 61timo em Afeque, registmda em 1 Reis 20: 34 : "Ascidades que meu pal tomou a leu pai eu tas restituirei; monta os teus bazares em Damasco, como meu paio fezemSama­r1a".

Esta refe:rencia dificilmentc pode ser corn rela~o ao pai de Acabe, Onri (c. 876-869 A. C.), que fundara a metr6pole de Samaria como capital do Reino do Norte, pois fontes <iisponiveis niio emprestam 0 m(nimo apoio a teoria de que este ultimo ~frera uma derrota em choque contra a SCria. 0 tca:oo " pai", especialrnente quando usado a respetto. da rcale.u, deve ser ueqUentemente interpretado como "predecessor". como e clatamente exemplificado pelos monu­m~nto~.

Scm duvida, ju]ga-se que foram roubadas algumas cidades de lsr:ael pot alguns do' pruneito\ reis s(rios como Heziom ou Tabrimom, durante o reinado de JeTOboao I (c. 922-901 A. C.). ou de sc-u filho Nadabe (c. 901-900 A. C.). a rcspcito do que, todavia, nao hd rcgistro blbtico. Esre {)erlodo emborn seja extremamente obscuro a respeito de acontecimentos em Da­mn co, certamcn tc f~l testemunha de uma pnnde expans:\o do poderio s{do. m muita tazio paro. roncluir·se que o allito Jeroboao teve que fazer importantcs coocessoes ii SUia, nessa epoca.

0 uso da cxpressao ''Samaria'', por Ben-Radade, era evidentcmente uma f6nnula. A cidade estava tlio bern siLuada estmtegicamcnte, e gozava de crescimento tlio grande, que logo •1tpots da. sull (unday§o por Onci, o seu no me fol populannenle transferido para todo o Reina do Norte, do quul eta era a capital, e muitos exemplos .na Asia oriental podem ser citados, onde o nome de um pals e de sua capital se tornaram identicos. 0 rei s{rio estava simplemente usando uma nova designs~ de Israel etn Iugar da antiga, e os privilegios oomerciais, aos quais alude, p<ldcm ter Mdo estabelecido) em Tirsa. Siquem ou aJguma das outras cidades do Reino do Nor­te, 'lntes que ele fosse chamado de "Samaria".

lll. ISRAEL E ARA EM CONFLITO

Oesde a invasao que empreendeu contra o reino de Baasa (c. 900-877 A. C.), do norte de lsrllL'L Ben-Hadade 1 bavia assumido conuote das ricas esuadas de caravnnas que se dirigi:lm em dlre~o ao oeste, para os portos fen(cios. 0 result:ldo foi que imcnsa prosperidade canalizou-se paro Oamasco, permitindo-lhe acumular grande for~a militar para desempeohar o. seu hnportante papcl de estado dominante na S{ria. Era natural que os mercadores arameus aproveitas­sew Csta CIICUnStanci.a para prOC\:Irat monopolizar 0 comcrcio fen{cio, e tentar captar 0 Comer· o:> do mercado israelita..

No entnnto, Ben-Hadade agora enfrentava uma situa~o diferente, depois da mor­le de Ba.asa e da funda~o de uma nova dinastla israelita por Onri. Nunca antes o monarca sfrio fflrn requil.itado a entender-se com rivals tao perigosos como Onri e seu fllho Acabe.

- 122-

I. Ben-1/adade 1 e Onrl. 0 reinado de Onri (c. 876-869 A. C.) come~u em u111a uovil era de poderio c lnfluenc.ia israclita nos neg6cios s(rio-palestinlanos. DiplomaUc-.unente Urltl dou passos para cstabelccer {ntimos la<;os de associac;ao com a f e n(cla, a fim de comperusa.: o mono polio comcrcial sirio, o que levou ao casamento de seu filho e succssor com Jczabel fllha de Etbaal, rei dos sidonjos (I Reis 18: 18). '

Em outras dir~es, Onri dcmonstrou vigor ao entendcr-se com for<;as esua:nge1-rns. A famosa pedra moabita erigida pelo Rei Mesa de Moabe, em Dibom (a moderna Dlb<I), ao nor• lc lie Atnom, em cerca de 840 A. C., descobert.a em 1868, desvenda o fato de que foi Onri quem ussumiu o oontrole do norte de Moabe, ocupando as suas cidadcs e tributando-as pesadamente. A cstela inscrita que e arqueologicarnentc de grande importancia. d iz 0 seguintc:

Eu ~u MeSil, fifllo de Chemos . .. rei de Moabe. o dibonila . .. Onri. rei de Israel oprimiu Moobe muitos diizs porque Chemos estava zangado com a sua terra. E reu fi!h; o sucedeu, e ele rambem disse: eu oprimuei a Moabe. .. Ora, Onri anexou toda 0 tma de Mande/){1, e israel ocupou-(.1, em seus dias e 110 metade dos dlas de seu Jllllo quaumta a nos, e Chemos resraurou-o em meus dias. 6 '

A escolha felta por Onri, de Samaria como novo Local estrateg1co para sua cap1tal t: as suas comp~cadas opera¢es edificadorns e de, ~ortifica~ocs, naqucl:l c1dade. fortaleooram !P'ande tneote o seu .temo, contra a crescente amcaqa SHUt. Modernas escavai;Oes no local tem venficado a grandeza cia antlga cidadc, e a cstratigmfla dos tempos israclitas mostram que os pcriodos 1 e If pertencem a Onri e o Acabe; o Lll ao tempo de Jeu (U Reis 10: 17): c os periodo~ IV a VI ao seculo VIII A. C., quando a cidade alcan90u o apogeu da sua prosperidade. Rw'nas de gro~s mu­ros e numero~s cistemas lllrgas sao muuas evidencias da capacidade de Samaria de suporuu por tonga dura~o cercos prolangados, primei.ramcnte por parte dos sirios (fl ReJs 6: 24-30) e fmal-mentc por parte dos podcrosos asslrios (rl Reis 17: 5). '

As medjdas y~on.is adotadas por Onri, para cornpetlr com o ercscento presfl­g~_o de Ben-Kadade, foram ass1St1das por um novo fator que apareccu no horizontc polittco. 0 pro­gresso da Assiria, embora tenha propiciado uma nova foote de ansi.edadc pam Israel, 3g10 como rcstri~o suplementar sobre os arameus. Scm duvida, esta e a J'l~Uo de niio haver evidencia de uma tnvasao slria de lsmel durante o reinado de Onri, ou mcsmo que o rei isrnelita fosse ncm sequer um lribut:irio de Bcn-Hadadc I.

Todavia, rosse merameote em virtude da sua reputa~o no estra11geiro como fundadot de uma nova dinastia e govemante energico, fosse de alguma form a mais dtreta evidente­mente o primeiro contato en tre l$rael c a Ass{ ria oconeu durante os dias de Onri, pol'l daQuela epo· ca em diante Israel aparece nos registros cuneiformcs como Bit-Humri ("('.a sa de Onrt"). f ste­t(tuJo oficial assi'rio foi apticado a Ass( ria, capital do relno. Alem do mats, a de:dgna~o de urn rei 1sraelita se tornou nuu-Humri ("fUho'', isto c, "sucessor real de Onn"). 7 Tiglatc-PiJe:ter 111 refere· ·se a terra de Israel mals de um seculo depois, com o nome oficial de Bit·Humrill evtden~ndo o significa¢o de Onri como governante, na hist6ria de Israel.

. , 2. Ben-Hadad~ 1 e Acabe. 0 fllh.o de Onri, Acabe (c. 869-850 A. C.), ~gull) a rtsca a. poUtica geral de seu pa1, fortalecendo o remo mterior e exteriormente, pruvcndo o di.l de urn ernbate possivel com os arameus. Com este objetivo ele continuou a desenvolver Sam.uia como bastiao imperial e resictencia real, aJem de construir e fortifica.r muitos outros lu~~ md•J· ~;ive .Jeric6 (I Reis 16: 34 ; 22 : 39)._ Empreendcu tambem o grande au men to da sua posi~ao· dtpJo­mattca. Ao scu ttatado com Trro, Ctmeotado com 0 Casamento real e a introdu~o do cuJto llfiO

de.Baal-Malcarte em Israel, ele juntou uma. a~ protetora oom o R eino do Sul, seiad• por ootra uniio xeal, quando ele deu sua fllha Atalia em casamento a Jeora.o, prCncipe herdelro de Juda (U Reis 8:18, 26).

0 ataque sirio b3 tempos ame~do, aconteccu cerca de cmco anos antes do fun do reinado de Acabe. A testa de uma coallzio de trinta e dois rcis vassalos, subitamente apareeeu o rei Ben-Hadade diante das portas de Samaria (I Rei:. 20: 1). A brilhanto estrategia de Aeabe n:io apenas venceu essa batalha, nessa ocasiao, mas ta.mbem a que se ttavou no ano ~guinte,

-113-

Page 64: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

quando clo obteve uma vit6ria ainda mais dccisiva sobrc os sfrios em Afeque, a teste do Mnr d11 Gallieia, no estrada de Damasco a Bcte.Sea (I Reis 20: 26-43).

Contudo, no ano scguinte, o aparecimento de uma poderosa. marcha asslria em dir~o a S!ria-Palestina, compeliu Acabe e seu inimigo hereditario, Ben-Hadade, a se aliarem em urna coalizao geraJ de reis vizinhos, a fim de bloqueu o ambicioso avan~o asslrio em dire¢'o ao sul. Assurnasirpal 11, (883-859 A. C.). cuja formidavel maquina de guerra havla estendido o pode­rio ass{rio at~ o Meditemineo, havia nio obstante permanccido afastado do territ6rio de Damasco e de Israel. Seu fllho Salmaneser III (859·824 A. C.), porefu, orientou o poderio assJrio em dire~o ao sudoeste, em repetidas campanhas contra a S!ria e a PaJestjna, A Inscri~o Monoutica, hoje no Museu Britanico, registra as expedi¢es militares do rei durante os prlmeiros seis anos de seu rei· nado, e inclui uma descriyao de seu choque com a coalizao s{ria dirigjda por .. Hadadezer (Ben-Ra­dade) de Ani (Damasco)" em 853 A. C. A batalha teve Iugar em Carcar, ao norte de Hamate, oo Vale do Orontes, uma estrategica cidade fortificada que guardava o accsso a toda a S£rja inferior.

Clammente menclonado ao lado de Hadadezer (Ben-Hadade), tambem chamado Adadldri nos monumentos, est:! "Acabe, o israelita". A importancia do govemante israelita e in­dicada pelo grande numero de carros de guerra que sc diz ter ele fornecido para a alian~a - dois mil, em compara~ao com apenas mile duzentos de Hadadezer, e seteccntos de "Lruleni de Hamate", mencionado em terceiro Iugar. Porem Hadadezer fomeceu duas vezes mais soldados do que Acabe, vintc mil contra os seus de7. mU.

Em termos extravagantcs, Salmaneser p.roclama uma grande vit6ria, o que bem pode ser para se duvidar, visto que ele niio os perseguiu ate Hamate, o que certamente toria feito, fosse decisiva a sua vit6ria. Tnmbem nao foi capaz de relatar oenhum sucesso posterior, e da mesma fonna nao recomevou o ataque a Hamate ou a Damasco , senao depois de meia duzia de anos.

3. Ben-Hadade e Jeorifo. De acordo com os documentos dispoo(veis, Acabe foi o Ultimo rei mencionado nos registros assirios como inimlgo de SaJmaneser. 0 rei israelita encon­trou a morte (c. 850 A. C.) em sua tentativa para recuperar dos s(rios a Rarnote, em GUeade, quando a vcJba hostilldade recrudesceu, abatendo-se a amea~ ass{ria sobre eles, depois da bata· lha de Carcar (I Reis 22: 1-15). A revolta de Moabe, ap6s a morte de Acabe, preocupou o seu fraco edoente lllho Acasias (c. 850·849 A. C.) e Jori:o (c. 849-842 A. C.).

Em 848 A. C., undecimo ano do seu reinado, SaJmaneser UI fez outro ataque a Sltia. Nessa campanha, ele foi defrontado por uma confedera~o de "doze reis do litoral", outn vez tendo a testa Ad:ldidri (Ben·Hadade 1 ) de Damasco e lruleni de Hamate. Nesta ocasi.io, porem, niio e feita nenhuma menyao a part iclpa~ao de Israel na a.lianya. 0 mesmo se verifica no decimo­-quarto ano do seu reinado (845 A. C.), quando fez um supremo esfor~ pam invadir a S(ria central e do sui, como registra a lnscriyao do Touro, (Registrado em doiB grandes colossos-bovinos, re· cuperados no centro do outeiro em Cala (N imrude). 8 A morte de Acabe as maos dos traiyoeiroa s!rios, ao ten tar recuperar Ramote de Gileade, que Ben-Hadade perfidamente deixara de devolver a Israel, 'de acordo com o tratado de Afeque (l Reis 20: 34), deu razao, possivelmente, para que seus filhos decidissem eofrentar a amea~a assiria, de preferencia a tomar parte da allan~a s!ria em 848 e 845 A. C., com Dnmasco na velha posiyao de lideranya.

4. Hozael e Jeu. 0 Iongo e energico reinado de Ben-Hadade chegou ao fim em cer· ca de 843 A. C. ou pouco depois. Em cerca de 84~ A. C. Hazael, um oficlal de in.Oueocia no servi­~o da corte de Damasco, usurpou o trono. Em uma laje do pavimento de Nimrude (Cala), Salma· neser registra o fato de ter atravessado o Rio Eufrates pela.decima-sexta ve~ no decitno-oitavo ano do seu reinado (841 A. C.), e o seu ataque a Hazael (Haza'ilu) de Damasco. Um texio de Assur descreve essa significativa muda.mta na dinasti.a de Damasco, confrrmando de maneira impressionan· tc a narrativa blblica (II Reis 8: 7-15). "Andadidri abandonou a sua terra (isto e, morreu de for· rna Yiolenta ou foi assassinado). Hazael, ftlho de ninguem, apossou-se do trono". [Evidencias da estela (mono lito) de Ben-Hadade, na rcgiio de AJepo, no norte da Siria, indicam que Ben-Hadade, no relato biblico, nao e om erro nem corruptela de Adadidri, como sup()e E. K.raeling, mas a met­rna pe.ssoal. 9

- 124-

dlnastla _, 0 Os contatos dt- l ha.-.11~1 com Jonlo, que na confusiio subseqi.ientc a mudan . do desUnado;na t:_:n~~~0~-uc~~..,N~n~~n~~s=!erou .tRamote-Gilearte (U Reis 8: 28; 9 : 14), cst:.am tado por urn novo governante israeUta urn us:u• ~s meses a~tcs quo o noyo rei sirio fosse enfren­olando urn vlolento expurgo politico ~ religiosop:mo~ co~o_e e mesmo. ~e~ (~. 842-~15 A. C.), ini­no submeter-se a Salmaneser rn em sua invasao de 8'f!~· ~correu no o~o Jmplacavel de Flazael, de resistir o avan~o assirio. · ·• em vez de Juntar.-se a Slria, no alii

palacio imperial ~mO~=~~~s:~: ~:'!nanes~r 1~1• q_ue Austen Layard en controu em 1846 no guindo o .rei prostrado, vern ~elitas caue~~0

3 ~ 0 ~e~~-se ~~nte . do, imperador assirio. Se­ft..lbo de Onri. Prata , owo, um vaso de ow o umo ceren . mscnyao dtZ: Tnbuto de laua (leu), ouro, chumbo, cetro para a mio do rei dard. opo ~de dleO ouro , tayas de ouro, cintaros de

• os eu receb1 dele".

Hazael, ent.ao maneta resistiu ao ata • · d 8 pelo monos, repelir um golpe esn do'r ~s que assmo, . e 41_ A. C., e foi capaz de, te entre OS semitas". Por vanos a: de. . !Jamasco.sofreu temvel cast~go no ataque do ''gigan-neote agressao da Asslria, mas depois d:'e~r::or!:t~el f~ preocupado c~m o perigo de iml­e do norte, no viges~mo-primeiro ano do seu reinado (8;7 A ~ese~ P;r.a subjug~r a Slria centr al as suas campanhas strias, 3 fim de atender 30 : • • e e o1 compelido a abandonar seu ftlho Samsi-Adadc V (824-815 A C) ;, problemas maJ.S prcmentes ao norte. Nem ele nom contm a Stria media e do sui. . . oram capazes de empreender uma nova campanha

. Hazael, por fim livre dos seus pr6prios ian b. . -rial, comec;;ou a molestar lsrael de modo irn 1aea I p . os am •c•osos. de expansao territo-medida que os arameus ''trilharam" . .ed P ve' especialmcnte _nn regliio Estc-Jordinica. A Reis 10 : 32 33· A-o's 1 · 3 4) . adun.pt osamente G~eade e Basa "com trilhos de ferro" (11

• , """ . . , e mv llam cada ve1. mws o t 't6 · · li · nhecido como tinha avaliado maJ a situa"aO . t .

1 e":J r•o •srae ta, Jeu deve ter reco-

.,. m ernactona , ao apaz~guar a Asslria.

. 5. Hazael e JeoaCilz. Com a morte de 1 • . 8 dos unplacaveis ataques de Hazael contra Istacl d e~ 6 '!1 15 A. C., urn recrudescimento A. C.) a urn estado de dcgradayao tao grande ueepress;a. r ~uam o sou filho Jeoacaz (815-801 partid:irio dos a:ranleus (U Reis 13 · 1-9 22, ~5) o te.ltsraeli~ .se tornou pouco maisdo que um cujo territ6rio se havi.a contraldo :He' co ' ' d · 1,?tJ>On?o ng~das restri,.:oes mi1itares a Israel Efraim, os exercitos s(rios estavam livres~~:C:O:' nao mut,to ma•s do que a regiao montanhosa d; Hazael achou-se na posse da planfcie fili t .. ~cssar~m 3 vontadc os domlnios de Jeoacaz.. Logo Jerusa.Jem. Foi afastado apenas mediante s eta. estnnndo Gate, ficou em condi~oes de atacar do-se o templo (JI Reis 12 : 1 7-18). o pagamento de uma elevada soma, conseguida despojan-

No que tange a extensao da sua movimenta.-R: . o maior dos conquistadores arameus . .,...o para o sui, Hazaet sc proJela COJno concreta de nenhuma de suas exteo~ !ue ~~am em Damasc?· Embom nao haja cvideocia potencla principal em toda a Siria e co~~~u :o no,:, s~u remado .tevou o pais 3 posiyao de reapar~clm~~to da Ass! ria a oeste, ~b o governo ~e x~~·d,;ari~I~(~O~~~~ ~ngo) le teJritoriaJ. 0 que o unpeno de Hazael constru(do ·- • d fi · , porem, provou intrfnseca. . ' a .... ves a or~a bruta e da cocr~ao, carecia do solidariedade

Considerando que uma sir· if d h · reira de Salmaneser, na epoca de Ben -Hadad~ ~no •:a~ avta enfren.tad? e ~sto _em xequc a car-rna aJguma deu a perceber tal unidade Dado qu' eDam~ de Adadnwn em due~o a oeste de for-

. · asco escapou da destrui - t o consegwu por seus recursos p~t6prios que 00 e t t _ " . . ¥30, aparen emente ,, 'b • n an o, nao LOram suf•c•entes pam sal ' •- d opress.vo trl uto. De acordo com a estela de Saba d b va-w e um

Constantino pia, Adadnirari d iz.: ' esoo eTta em 1905 • e agora :no Museu de

Para marchar contra Al-a eu dei ord M. ·• (If, 1 real; /00 talentos de oui'O, 1.000 tal:::r~s ::~rat:~~~~uer:fc:~~~~{{" Damasco, SU/1 cidode

Mesmo os paJses que se sa be terem sido anexados por HazaeJ, tais como Bit Humti

- 125-

Page 65: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

lhtncl) e Poltzsru (bli~lia ), revoluuam-sc dwante ~ ecise e eoviar,:tm tr.lboto a_ A~s(ria . On por~o ~upcrior de uma lajc eocontmdn em Nimrude (Cal:i), uma 111 scri~o de Adadf~!/elaeaonn. cnt«: outros paises, ''Tiro , Sidom, Humri (OmriJ.Sndia, l~ael) , Ed_om, Palastu .(FiliStLil) • ~~y~s que, dtz. ele, "eu pus em submlssao dcbaixo dos me us pes. Tnbutos c lll\postos eu unpus a eles .

Depois de um Iongo reinado de pelo menos quarenta anos, como Davi, Salomi?, Asn e Usias em Juda, e como Jeroboao n em Israel, Hazel morr~u. em 801 A.C. o~ pouco ~epoJJ, 0 fato de Adadnirari Ill , por volta do ano 802 A. C. (e talvez varaos anos ~tes) CJtar Mart como rei de Oamasco deve scr explicado sob a suposi~o de que esse termo seJa um sobrenome do Hazael. ou simplesmente um titulo popular dos reis de Damasco, ou provavelmente uma abre· via~o de um nome como Mari'Hadlld : ''Hndade e meu senbor".l3

De indubltavel significado nesse contexto e a inscriviio encontrada em urn m:UUm do local de Arslii Tas, ao norte d.a S{ria, que leva o nome ''no so senl.aor Hazaet" ~ data ~ epoca deste famoso rei sirio. Outros marfms semelhantes e~e;ont.r~dos c"? ~tmrude, a _ant~ga Calli, datam de epoca um tanto posterior, visto que uma placa assma de uwentano de bens cata-os como despo-jo de guerra de Oamasco. da epoca do sucessor de H.azael.

- 126-

Capit ulo XXII

ISRAEL E OS ASSfRIOS

Desde a djVisao da MonarqUla Israclita (c. 922 A. C.) ate a queda do Reino do Norte, doi siculos mais tarde, dois fa tores primordiais infiuenciaram a historia da S(ria-PaJestina. Urn . como foi discutido no cap{tulo anterior , foi a nipida ascensao dos arameus de Daroasco ao poder. 0 outro considerado oomo parcialmente concomitante ao primciro . fo i o grande avanQO de uma Assirin recem-dcspertada, cujas invasoes do oeste motivaram as transforma~es mais swpreen­dentes no est.ado dos neg6eios nacionais da S(rla. Os a.rnmeus estavam ora envolvidos em guerra cruel contra os israelitas ora allados a elcs contm os asslrios. Ora israelitas e arameus celebravam alianc;;a com a Assiria ou com outro pais contra o Reino do Sui, de Jud:i.

No perfodo imediatamente seguinte a morte de Hnzael (c. 801 A. C.), Israel foi capaz, de maneira assombrosa, nao apenas de recuperar o prestigio de outrora, e o poder que havia desfrutado sob a dinastia fundada por Onri, mas tambem de atingir o apogeu da sua prospe­ridade e do penodo da sua maioc extensao territorial. Estc feito notavel. lornou-se poss(vel em virtude de assinaladas vit6rlas sobre os arameus, e a um extenso h.iato no avanc;;o assirio para oeste. Porem, a calmaria asslrla era apcnas a booan~a que precede a tempestade, que se abateria com tanta violencia e que vao;eria tanto Damasco como Israel.

f. lS'RA.EL EO OECLlN LO DE DAMASCO

Porem, antes da demorada retiradn da Assiria do centro c do sui da Arabia, Adadoirari IH (805-782 A. C.) fo i capaz de intlingir terrivel golpe em Oamasco, que foi sufici­entemente mutilante para permitir que os israelitas arrcbentassem as algemas que os arameus haviam imposto sobte cJes, e retomassem os seus antigos limlte.s. Na estela lnscrlta deste rei. ass{ rio, descoberta em 1905, Adadoirari diz :

Contra Ani (Sfria) eu marchn. Mari'. rei de Artf, em Domllsco, sua cidtlde retzl, eu tran­quei. 0 tun1ico esplendor de Asszu (deus naciofllll dos assirios) . . . subjugou~. e ele agorrou 01 meus pes, ele tornou-se meu vas$1/Zio. 2.300 talencos de prara. 20 talentos de ouro, 3.000 talentos de cobre, 5.000 talentos de ferro, vestimentas coloridas de /If e de finho, umtJ cama de marfim • .. sua propriedade e seus bens, em quantidade incomensu­

rdvel, em Damasco, sua cidade retzl, em seu paldcto, eu recebi. J

Pelo en:igmatico oomc de Mari ' ("Meu Senhor") os ass{rios referjam-se , e.vidente­mente, a Hazael, no final de cujo reino houve decisivo cnfraquecirnento do poderio arameu, ao inves de se-to em referencia ao seu fil.ho e sucessor, Beo-Hadade 11. Em qualquer caso, nio ha base para inserir urn outro rei, Marl', seja antes ou depois de Ben-Hadade ll. Pelo contrario, esse nome deve ser i.nterpret.ado como "o titulo que havia substitu{do o nome real na linguagem comum"2 e que nesse caso era empregado por Adadnirari ill em rel~io a Hazael, visto que e dif(cillocalizar o falecimento de Hazael antes de 801 A. C.

1. Jods e Ben-Hadode II. A tarefa de restawar a sorte israelita e.rtava reservada a Jois, filho de Joacaz, duodeclmo rei de Israel (c. 80l-786 A. C.), que "retomou das mios de Oen-Badade, filho de Ha.zael, as cldades que este havia tornado das maos de Jeoacaz, seu pai, na

- 127-

Page 66: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

guerra; tres vezes Jeoas o feriu, e recuperou as cidades de Israel" (U Reis 13 : 25).

Ben-Radade 11, portanto, falhou completamente em protcger as conqulslaa slrias, que seu pai Hazael havia feito ao suJ. A vigorosa restaura~o de Israel empreendida por JcoriJ, indicada nao apenas pelos sucessos que alcan~ou contra os arameus, mas tamoom por uma lmpor· tante vit6ria conseguida em uma guerra com Amaz.ias de JucM (ll Reis 13: 12: 14: 12), colocou Ben-Hadade francamentc na defensiva, pelo menos no que dizia respeito a Israel.

2. Ben-Hadade II e Zaquir de Hamare. Embora o podcrio arameu tenha sofrl· do ao sui da Sf ria, o prest(gio de Ben-Hadade gozou de nouivel vitalldade ao norte, como e mostra· do pela importante estela de Zaquir, rei de Hamate, desooberta em 1903 na moderna Afis, 1 sudoestc de Alepo, no norte da Sfria. Esse importante monumento, publicado pelo descobridor H. Pongnon em 1907, faz significativa referencia. na.s linhas quatro c cinco, a Ben-Hadade II. Apr& sentado com a forma aramaica do nome, "Bar-Hadade, filho de Hazael, rei de Ani", 6 menciona· do como estando a testa de uma coalizao de doze a dezoito reis contr<~ ''Zaquir, rei de Hamate, e Lu'as". As opera~es da c:onfederayao, em que apenas sete dos reis tomaram parte, como Zaqulr menciona expressamente, sao dirigidas contra Hazreque (a Hadraque bt'blica de Zacarias 9: 1), capital de Lu'as, principado ao norte da SUia, a sudoeste de Alcpq -e ao norte de Hamate, sobro o Orontes.

A verdadeira causa do ataque da coalizio hostll dirigida por Ben-Hadade 11, fol a alian~a de dols estndos podcrosos c independentes, Hamate e Lu'as. Este movimonto politico descquilibrou de tal forma o poderio militar na Siria, e to! acompanhado de amea~a tao grande 8 autonom.iJl de Damasco e de outros estados .sirios, que eles se dispuseram a recorrcr ate a guerra para impedi-Lo. Ben-Hadade 11, especialmente, tinha razao de abespinhnr-se com qualqucr outn ameaca ao poderio sirio. visto que as suas perdas em favor de Israel, ao sul, haviam rcduzido seriamente a sua influcncia naquela dire~ao. Alem disso, a vit6r:ia de Zaquir sobre a coliga~o, cele· brando a qual ele erigiu a sua estcla, prove outra indica~o do declinio do poderlo arameu.

3. Jeroboiio li e a Subjuga¢o de Damasco. Os sucessos de Jeoas contra a S{ria continuaram inintorruptamentc em virtude das fa~s do seu filho Jerobono U (c. 786·746 A. C.). Esta notavcl era de expansiio e prosperidade de Israel, tornou~e poss{vel tanto pcla compa­rativa fraqueza e ina!;5o da Ass{ria no oriente, dutanle o Longo reinado de Jeroboao 11, quanto pelo ripido decl{nio de Damasc:o.

Nas breves notas do Livro de Reis, o "poder" de Jer:oboao e enfatizado, e (ll Reis 14: 28) como "reconquistou Oamasc:o e Hamate, perteocentes a Jud:i, para Israel" (II Reit 14: 28) e como " restabcleceu ele os termos de Israel, desde a entrada de Hamate ate ao mar da plan{cie" (de Araba) (11 Reis 14: 25). lsto s.ignifica a conquista de Damasco e a extensao da in­fluenc.ia israelita polo menos ate as e>etremidades mais sulinas de Hamate ao norte, chamadas "a entrada de Hamate". Desde os dias da conquista, esse ponto fora reconhccido e aceito como limite sctentrional da tena prometida (Josue 13: 5), alcan~o no pcrfodo do maior controle territorial de Israel na era davidica•salomonica (11 Samuel 8: 5-11), e restaurada como resultado das fa~tanhas militares de Jcroboao U.

No caso de Damasco, as vitorias de Jeroboao compreenderam a subjugaQio da cidade c nao apenas urna simples rela~ao de tributaria, como sup<)e Alfred Jepsen . Os subsldios b(bllcos que tratam das proezas militares de Jeroboao, dao a entender claramente cssa conquista, o que e ooofirmado por outras linhas de evldencia, provando a extraordinaria prosperidade do rei~ nado de Jeroboao.

Escava~es em Samaria tern confirmado o csplendor da capital israelita no 516-culo VUl A. C. Jeroboao U refortificou a cidade com um muro duplo que chegava a ter dez metros de espcssura em areas mais expostas, compreendendo fortifica~oes tao substanciais. que o exercjto asst'rio levou tres artos para invadir a cidade (U Reis 17 : 5). 0 palacio mais esplendido , constru(do de pedra calcarea, ostentava uma forte torrc retangular c um extenso teuayo exterior, que ate agora tem sido atribu(do a Acabe, mas que certamente pertence a epoca de Jeroboao 11. 0 selo de jaspe de "Serna, servo de Jeroboao", descoberto por Schumacher em Megldo,deve ser identifi·

-128-

l!lldo com Jcrobouo U, como agora e gcr11lmcnte aceito. 0 magn{fico leao ~avado nele, que ate II!:';Ora parece ter vida, aprcsenta cvidencias do florescimento das artes naquela epoca.

Em adi~o a arqueologia, as profecias cluci~a:m o vasto c~mercio e a prosp~!da· !Jc do reino de Jeroboao, com o consequente luxo e decltruo moral. Tnbutos de um temtorlo

11randemente aumentado aflu{am para os co [res de Samaria, e criaram uma classe muito. rica, consistindo em grande parte da oligarquia governante e dos favoritos da corte. Berraotes des~gual­dodes sodais e economicas foram alimentadas pela conduta ego1stica e inescrupuJosa dos ricos (Amos 2:6; 8: 6).

Simples habita~es de tijolos crus deram Iugar a "casas de pedra lavradas''. c

0 patacio de marftm de Acabe (o que compreende somente as decora~es) foi imitado por muitos uos abastados da terra (Amos 3: 15 ; 5: 11; I Reis 22: 39). Lux'Uosas festas estavarn na ordem do dia (Amos 6: 4-6). A religiao degenerada ate o nivel de um mcro ritualismo, vazio dejusti~a e mora­lidade(Am6s4:4 ; 5:5: 8:14).

Como havia prcdito o profcta, esta. prosperidade imoral, engendrando urn falso senti.mento de seguranya. e crigido sobre urn alic('rce fragil de injusti~a moraJ r: social, nao estava desrinada a ser permanente. A casa de Jeroboao deveria ser visitada pela espada (Amos 7: 9) e o povo haveria de ser levado ao cativeiro {Amos 5: 27), predigoes que o quartet do s6culo seguintc j ustificarla plenamente. Por volta de 746 A. C., Jeroboao faleceu de morte natural, eo seu ftlho e 11ucessor Zacarias, depois de um breve relnado de apenas seis meses, foi assassinndo por um usur­pador. Esse fato iniciou urn per{odo de agudo doclfnio. c destrujdora I uta civil.

ll. ISRAEL E A ASCENSAO DA ASSfRJA

Depois do reinado da famosa rainha Semiramis e de seu ftlho Adadn.irari Ill (8 10.783 A. C.), o poderlo da Ass(ria dcclinou. Salmaneser IV (782-773 A. C.), Asurdii lll (722-·755 A. C.) e Assurnirari V (754-745 A. C.) foram govemantes fracos e nao apresentavam perigo nenhum para o oeste. Preocupado com os problemas domesticos, Jerobo:io II de Israel (oi capaz de estender o seu poderio na Slria, de maneira quase inteiramente inconteste.

1. Me11a~m e Tiglate-Pileser Ill. Prccisamente na epoca da morte de Jeroboao 11, e do assassinio de seu filho logo em seguida, acontecimentos importantes estavam transpirando na Assf.ria.. Urn grande gueneiro e cstadista, T.iglate-Pilcser Ill (745-727 A. C.), havia usurpado o trono. Tiglate-Pilesor UJ proporcionou ao mortbundo lmperio Ass{rio urn ressu.rgimento vlgoroso, imitando a obra do seu famoso predecessor, T iglate-Pileser l (c. 1114<. 1076 A. C.), poderoso conquistador, de cujo nome ele se apropriou, e que antigamente havia levantado a Assfria a posi­yao de grande potencia.

Na Babilonia, onde elc era tam bern reconhecido como rei, o novo imper.1dor era charnado de PuJu, talvez o seu nome original antes de ter-se apropriado do t!'tulo mais pomposo de Tiglate-Plleser. Era como Pul que ele foi c:onllecido popularmente pelos israeli las. Com este nome ele e mencionado ao arrancar trlbutos de Menaem (c. 745-738 A. C.), que havia ascendido ao trono de luael depois de Salum, assassino de Zacarias, fllho de Jeroboiio II , ter reinado apenas urn mes. A narrativa bibtica diz asslm: "Entao veio Put, rei da As$t'ria, contm a terra;Menaem deu a Pul mil talentos de prata, para que cste o ajudasse a consolidar o seu reino" (11 Reis 15 : 19) (Veja quadro no 32)

E interessante notar que cstc mcsrno acontecimetno e mencionado nos anais do grande rei assirio: "Quanto a Menaem. o terror o dominou: como um passarinho. sozinho ele fugiu e se submeteu a mim. Levci-o de volta ao seu Iugar e . .. prata, vestjdos coloridos de La, vestimentas de linho ... eu recebi como seu tributo".3

2. Rezim e o Ressurgimento do Poder Arameu. A confusao civil e a fraqueza conseqiiente a morte de Jeroboiio, deu a Damasco oportunidade de sacudir o jugo i'!faclita e assumir importancia suficiente para aparccer uma vez mais nos registros contemporaoeos. Rezim (c. 750-732 A. C.), ultimo ·rei ararneu a governar em Damasco, aparece nos Anais de Tiglate-Pile-

-129-

Page 67: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

ser m como "Rasunu de A.ra'. Com .. Menilmu" (Menaem) de "Samerina (Samaria) c os .reta de Tiro, Gebal (Bihlos), Carquemis, Hamate. etc., Rez~ e me~cionado como t~~do pago tnbu· to ao seu dominador a:1sirio no come~o do reinado de Ttglate-Pileser m, sem duvtda em seu te,. ceiro ano (742 A. C.).

3. Azarias de Judd e o Perigo Assfrio. 0 av~cto de Tiglate-PUeser ~m direQio

30 ocidente, em 743 A. c., como resultado do que tanto Menae~ de lsr~:t como .Renm de Oa· masco tiveram que pagar triboto, havia propiciado ~rna nov~ ~ncta smo.-palestma para estan· car 3 inundacao . 0 tlder natural dessa aliancta foi Juda, sob a du:e~~ de Az~tas (c. J83-742 ~·C.), que eta de longe o estado mais poderoso e mais influente na S(na-Palestina na ep?ca. Alem do mais, Tiglate-Pilesel' faz clara referencia , em ~us Anais, a 1 zriau de Yaudu (gerunvo de YaudO em conexao com o qual, obviamente, aquela aliancta era menctonada.

0 desaparecimento de Azarias dos registros ass(rios, sem men~o a!guma do sou destino, exceto de que a alian~a extensa que ele dirigira fora esmagada pela per(cia militar de Tig)ao te-Pileser ill, indica que ole moneu pouco depois, provavelmente mio depois de 742 A. C .. e do qualquer forma antes que os asslrios pudessem empreender uma actlio ponitiva contra ele.

4. Guerra de Peca e Rezim Contra Acaz. A rapidez. com que os aliados denota­dos chegaram a urn acordo com os ass(rios invasores. e subsequentes acontecimeotos no reinado de Acaz (c. 735-715 A. C.), mostram que Israel e Damasco por um !ado, e Juda sob o governo de Azarias pm; o utro, haviam sido amlgos somente durante os maus tempos, como Acabe e Ben-Ha· dade I, mais de urn seculo antes. Quando os pesadissimos tributos assirios, nos anos que se segul­ram , demaodaram a forma~o de uma nova alian~ para sacudir o jogo do opressor, sob a dir~o de Pcca de Israel (c. 737-732 A. C.), o rei israelita enconb:ou um sOfrego aliado em Rezlm de Oa­masco se, pelo contr:Uio, este ultimo nao foi o verdadeiro promulgador da nova associa~o. como arguments plausivamente Alfred Jepsen.

Pennitiu-se a coalizao s£ria-palestiniana urn perfodo de tempo para que eta pude• se tomar fOlego - em outras palavras, consolidar-se. Isto fo i devido a campanha de Tiglate,.Pilescr em Urartu, na Armenia (737-.735 A. C.)_ Sofrendo pressao de Lsrael e da S!ria, estados palestinianos como a Flllstia e Edom, entraram na nova alian~. Acaz de Juda, contudo, permaneceu inflexivel P..ua toroar o Reino do Sui incapacitado como oponente efetivo, ou para for\rar Acaz a entrar na Uga anti-ass( ria, Peca e Rezim invadiram Juda e cercaram Jerusalem (II Reis 16: 5; Isaias 7: 1•9).

Reduztdo a penlu:ia extrema, e ignorando o destino iminente de Oamasco e Sa· marla, Acaz despachou uma embaixada com tributo para pedir a ajuda de Tigtate-Pileser (II Rell 16: 7, 8). Em uma inscrictio que registra o pagamento de lributos por varios estados vassalos da S{ria-Pnlestina, inclusive os reis de Hamate, Arvade, Moabe, Gaza, Ascalom, Edom e outros, ocor· re " £auaz.i (Jeoacaz, isto e, Acaz) de Jud3". 0 tributo e mencionado como sendo de "ouro, prata, chumbo, ferro , estanho, vestimentas brilhantes e coloridas de Ia e Unho, asvestesde purpum dassuat terJ"3s ... toda a sorte de cousas preeiosas, os produtos do mar e da terra seca ... o tesouro real, cavalos, mulas, cativos para 0 jugo ... n4

Jeoacaz ("possuidor do Senhor"), o mais formal dos no mes empregados pelos assfrios. era cvidentemente considerado pelos piedosos judeus como inteiramente impr6prio pata urn carater tao fraco, que se sobressaiu pela sua idolatria. Por isso, eles preferiam chamar o seu impio govemante apenas de "Acaz" (''Possuidor"). Alem disso, porque "queimou a seu fJ.lho como sacrificio'', e praticou outros ritos pagaos {11 Reis L6 : 3, 4). Acaz inclinou-se para o paganismo, como e ilustrado pela importagao que fez do tipo de altar que clo vita quando fora prestar homc­nagens a Tiglate-Pileser em Damasco (II Reis 16 : 10-16).

5. Tiglate-Pileser ID e a Queda de Damasco. 0 pedido de ajuda feito por Acu contra Israel e Damasco, d.!ve ter ido ao encontro das ambi~.Oes de Tiglatc-Pileser com respeito a Slria-Palestina. A sua resposta, certamente ditada pelo interesse proprio, teve a forma de uma campanha contra a FU{stia em 734 A. C. Foi urn movimento de t:ropas com o objetivo de dividlr OS aliados, evidentemente, isolando Damasco, aorindo urn caminho atravcs do norte de Israel ate a planlcie costeira, e estabelecendo contato com Acaz.

- 130-

Com toda a ptobabilldade, foi nesta expedic;:iio a planfcie fillsteia que Tiglatc­J>iluscr devastou Israel, tomando ''ljom, a Abei-Bete-Maaca, a Janoa, a Quedes, a Razor, a Gileade

c u Gnli16ia, a toda a terra de Naftall ... " (ll Reis 15 ~ 29), e deportou os habitanb~s da regi[o para n Asslria. Porem, o Jegistro do p.ropno imperador a respeito do acontecimento, inclue obvia­mcnte um sumano de vli.rias eampanhas, inctusive a de 734 A. C., mas deixa a data incerta. Sua declara~lio 6:

·' . .. a ampla terra de Nafta/i, em sua plenitude, eu colgquei dentro dos limites da Assf­ria. Meu oficia/ eu coloquei sobre ela como governador". 5

Novamente ele diz: "A terra de Dit-Huo:uia ... todo o seu povo. bern como os seus bens, eu traruportel para a Assiria".6

B.it-Humria, ou ·~casa de Onri", fol o nome cou ente na As.s{ria para a terra de Jsmel desde os dias do rei Onri., fundador de uma famosa dinastia mais de urn seculo antes. Uma deporta~o 13o generalizada de urn povo, para Lnpedir rebeliao ulterior, era um costume notO­rto da cruel adminlstra~o de Tig1ate-Pileser, oomo e bern sabido devido a outros registros seus ainda existentes. Em certa ocasiio elc se jactou de ter deportado "30.300 pessoas ... de suas ci­dades" e te-las colocado em outra prov{ncia. Em outra ocasiio ele di.z tcr desalojado 1.223 pessoas.

Tendo infri11gido o devido castigo a Israel, arrebatando-lhe o te.rrit6rio seten­trJonal, Tiglate-Pileser agora se voltava contra Damasco, a fim de punir o outro importante re­belde Re:l.i.m. Os acontecimentos centralizaram-se ali nos dois anos seguintes (733 c 732 A. C.), quando a acao miUt:ar punitiva e menciona.d~ "co~tra a terra de Damasco" nas L~S!as _Ep()nimas Assirias. (Esses importantes registros cronologtCO$ dao urn nome a cada ano, em sequencJa, o nome de urn oficial gnduado, e de 860 A.C. a 703 A. C. incluem tambCm um acontecimento importante de cada ano .) T

A despeito da condi¢o de mutllac;ao e fragmentac;:iio dos registros de Tiglate· , Pileser a respeito do cerco da queda de Damasco, o s fatos salientes sobressacm claramente. Os ussirios levaram a efeito a derrota da cidade e do cstado arameu do qual ela era a capital, fato que OS SCUS antecessores em vao baviam tentado reali.zar, por mais de Urn secuJO e meio. 0 choque com Rezim resultou nn dcstrui~o inemedilivel do poderio arameu.

No prolongndo cerco de Darnasco, do qual pouco se sabe, pois nem mesmo a descri~o de Titlate-Pileser foi prescrvada, o Rei Panamu de Samal, um leal tributano s!rio do monarca Assirio, sacriticou a propria vida . Esse fato consiste em uma alusiio daintensldade cle !uta. Finalm.entc a cidade caiu em 732 A. C. f 'azendo o devldo abathnento nas hiperboles do regis­teo ass(rio, a destruiyao da regiao damascena deve ter sido terrJvoL Cerca de S9l cidades das ''dezesseis regioes de Arii ", d.iz o assirio, ''eu destruf, (deixando-as) como monticulos deixados por uma inundayao. Hadaru, casa paterna de Rezim de Arli ~onde) ele nascera, eu ccrquci, eu captu­rei 800 pessoas, bem como suas posscssCies . . . eu deportei".

A nota b(blica, concisa mas compreensiva, liga intimamente a queda de Damas· eo com a solicitayao de Acaz e o pagarnento de tributo que cle fez a Tiglate-Pileser: ''0 rei da Assfria llie deu ouvidos, subiu contra Damasco, tomou-a, levou o povo para Quir. e mat ou Re­zim". (fl Rci.s 16: 9). A morte dcste ultimo dos reis arameus, que haviam reinado du.rante quase dois seculos em Oamasco, fo i relatada em un.a placa de Tiglate-Pileser encontrada e lkla por urn dos piooeiros em assiriologia, Sir Henry Rawlinson. lnfclizmente, porem, este importante docu­mento perdeu-se, sem deixar nenhum rastro do seu aestino, ao ser deixado na Asia. Com a morte de Rezim, o reino aramaico de Damasco acabou para sempre.

m. ISRAEL E 0 TRIUNFO DA ASSfRJA

As ex.tensas conquistas e a cruel administracao de Tiglate-Pileser tornaram-no senhor de todo o Ocidente. Em uma lista dos seus tributanos ocidentais, ele menciona, entre muitos outros, os reis de Gebal (posterionnente, Biblos) e Arvade, na costa mediterri.nea; os rcis lie Hamate, Amom, Moabe, Ascalom, " lauazi (Jeoacaz) de Juda, Caus-Malacu de Edom ... (e)

- 131-

Page 68: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Han;)ou {H(mO) de Gaza".':l

Tlglate-Pilcsor assumiu tambem o controle de Israel. Quando Peen foi n~sa~lnndb, 0 imperador asslrio colocou Oseias no trono (T1 Reis 15 : 30), obrigando-<> a pagar pcsado Lrlbuh1 a Assfria. lsto foi tambem devidamente registrado nas inscriyocs impcriais: ''Paean {Peen). scu tal, foi deposto e cu coloquei A us I' (Oseias) como rei sobre eles. Dez talento~ de ouro ... talcntO\ c.lt p111ta, como seu tributo, eu recebi delcs, e para a Asslria os levci".l 0

1. Salmaneser V e o Cerco de Samaria. Tiglate-Pileser Ill morreu em 727 A. C. c foi sucedido por seu fllho Salmancser V (726-722 A. C.). Em fragmento de um pequcno cllln dro que agora esta no Museu Britanico, csta registrado o unico te>eto existentc a respeito do rclna­do desse monarca. A inscri~o c evidentemente urn cilindro memorial, colocado no templo dt Nabu, na cidade de Borsipa, na Babilonia, para comemorar a restaura~ao do cdif{cio empreendlda por Salmaneser, depois que ele fora sever.amente danificado por uma inunda¢o. " ... Os scu• danos cu teparei e reforC<ll a sua cstrutura". 11

No Velho Testamento, poe outro )ado, ha dua~ refcrcnclas proemincntes a SalrnD• neser V, o ao papel que elc dcsempenhou na derrota final de Samaria, dur~!e o reinado de O~iaa. A primeira narra que "Sulmaneser, rei da Assfria", depois de prender Osetas por ter conspuado com So (S ibc), rei tltcre na fronteira oriental do Delta, "subiu a Samaria c a sitiou por UOI anos"(ll Rcis 1.7 :3-6).

A segundo anolagao b tollca relaciona como o comego do ccrco de Salmancsor a Samaria com o quarto ano de Ezequias rei de Juda : "Ao cabo de t1c anos foi tomudo; sim, no nno scxto de Ezequias ... 0 rei da Assfria trJnsportou Israel para a Assiria, e os fez habitar em Hala, junto a Habor e ao rio Goza, e nas cidades dos medos" (U Reis 18: 9·1 1). 1!. uigno de nota quo nenhuma dcssas duas passagons declara que Salmll.neser em pessoa invadiu a cidadc.

2. Sargao fi e o Colapso de Samaria. A fonaleza-capital de Israel resistiu herol­camentc por tres a nos. as implacaveis presroes dos exercitos assl,rios. Antes da jnvasao se consumar. Salmaneser havia sldo succdido no ttono por Sarruqui:m II (721·705 A. C.), usurpador, general do excrcito, que apropriou-se do ant~go e venenivel nome de Sargao. A mcn~~o feita a ~le em tsaias 20: 1. em concxao com a captura que ele empreendeu de Asdode, aeonteetmento registrado em seus anais, era, ate o advento da arqueologia moderna, o (mico Iugar na Uterntura antlga em que o seu nome aparecia.

Agora, contudo, grayas a Paul Emile Botta, o agcnte consular [ranees em Mossul, que deseobriu o pal3cio de Sa.rgao em Corsabade (Dur-Charruquim ou "SaJgonsburgo '') em 1843, e a exploraQ(les mais recentes feitas no local pelo lnstituto Oriental da Unlversidade de Chicago, Sargao U e urn dos imperadores assLrios mais reconhecidos, (Veja quadros no 33 e 34). Nos anala do seu reinado. em Corsabade, o monarca Ielaciona a queda de Samaria como o evento mais lm­portantc do primeiro a no do seu reinado.

"No infcio do meu governo, no meu pn·meiro anode reinodo, . . .. Samerfnoi (o povo ae Samaria) . .. 27.290 . .. que viviam naquele Lugar, eu deporcel . .. "12

Na chnmnda ''lnscri,.:ao de Osteota~o'' de Sargiio, em Corsabndc. quo resumo os eventos principais dos primeiros quinze anos do seu reinado, ele diz:

"Sitiei e capture/ Samaria, deporrando 2 7.290 do povo que habitava ali. 50 carros d1 guerra eu reuni de entre eles, fiz com que outros cornassem a sua (dos habitantes depor­rados) _porf(io. estabeleci meus oficiais sobre eles e impus·lhes o tributo do rei antt­rior' '. II

Com a queda de Samaria, o Reino do Norte cbegou a um fim abrupto. A Assiria triunfara no Ocidente.

-132-

Capitulo XXIII

JUDA E 0 APOG EU DA ASSfR lA

. Sargao 11, que. elevou a Ass{rin a novas alturas de prestigio, sucumbiu em bata-lha. e deJXou seus vastos donunlos para o seu filho Senaquenbe (704-681 A C) Po . d t .t • • • • • r causa os

11eus con atos com J udu, Senaquenbe flgura proeminememente no relata blblico. Os reglstros das car~panhas que fez, e das suas crueldadcs, concordam com o carater a ele atribu{do em n Reis ~ c~ lsatas.

. o.novo monatca cstabeleccu capital na famosa e antiga cidade de N(nive, nil mar-~em orrental do T1gre; no ~do oposto ao qual pertence hoje a moderna cidade de Mossul. Fortl­li~Ou gta.nd~ment.e a metr?pol7•. adornan.do-n esplendidamcote com tcmplos e palacios, fazendo J~a a .~r~ctpa.l Ct~ade do •m.per1o (11 Ret~ 19: 36): Os hebreus designavam por " Nfnive, a grand~ ('Ida de . tanto a c1dadc em Sl quanto as e1dadcs adjacentes (Genesis 10: J1 12 · J ona~ t · 2. 3. 2 ,, . 4: ll). • . . • . .....

Scnaqueribe construiu um alcntado muro de treze a dezesseis metros de altura cstendendo-~-c por qu?tro quilometros ao Iongo do Tigre, e por treze quilometros ao redor da cidad~ q.ue e.ra por .ele contlda. Os f?sso e a d_efe~ da capital podem ser ainda distingilido~. Senaquc­n~e _ construJu tam be~ urn s1stema de a~ua.~ contendo o aqueduto mais antigo da hist6ria , em Jcrva, a montante do no Gomer. que trazw ngua das monta11has, a cincoenta qwJometros da cida­de .. A~ten Henry Layard emprcendeu a primeira escavayao com real sucesso em Ninive (Moderna CUIUOJtque), em 1847, e descobriu o enorme pa.lacio de Senaqueribe. Durante a scgunda expedi~ao de l..ayard (1849-1851). aquela esplondida rcsidoncia real foi desenterrada. Tinha nada menos do que setema e um aposentos, e parede.~ azulcjadas com lajcs esculpidas. (Veja quadro no 35 ).

. As vastas proporyocs da cidade e de suas redondezas sao te~temunhos mudos do pod~rro e da glo.ria da Ass!ria. sob o ~omfnio tie Senaqueribe c seus sucessores Esar-lladom c Assur· balllp~ .. 0 outcuo de C~tUnJique nao cobrc apenas o vasto palacio de Senaqueribe, mas tambcm os ~ahictos e.~ grande btbli~~eca de AssurbanipaJ. 0 outelro vi2inho, de menores propor~oes, de Nebr lunus l Profeta Jonas ), que reccbeu o seu nome da tradjyao de que 0 profeta· hebreu f01 enterrado ao pc da sua mcsquita, contem o pal!icio do filho e sucessor de Senaqueribe Esar· ~lfadom (Veja quadro no 36). ·

I. EZEQUIAS E A CAMPANHA OCIDENTAL D£ SENAQUERfBE

. . Ezequias, duodecimo rei de Juda, herdou a amea~a assiria, e dosde 0 come~o do s~u .retnado md~pe~dcnte (c. 715 A. C) tcve que enfrentar uma serie de invas<>es assirias, q ue cons•sttram na realizagao m~ca~~c do se.u rcinado . !'lo entanto, muito antes da morte do seu paj, A_caz (c. 715 A . . C:), ~zeq~ms Ja era ~et de fato, v1sto que aquele, evidentemente, estava incapa· c1tado para a part1c1pa~o at tva nos ncgocios do estado (U Reis 18 : 9).

. . I. Preparativos de Ezequias para Defender-se. Como sabio e piedoso govcman-te, £zequ1as ~ez todos os espor~s pam prep~r. o seu p~~s, tendo em vista 0 dia em que ele ti­vesse. a capacrdade de sacu.dir de seus ombros o JUgo assmo, que seu pai havia ca.rregado c fcito o pats carregar, selando alian~a com a Assiria (11 Reis 16: 7-9). Para conseguir a Uberta¢o de

- 133-

Page 69: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Juda dos op.ressivos uibutos, e para pennlt£r que o scu .Fei:no ros.isti.~lle ao podetio a~(rio, o Jo vern rei, com aguda perspicacia, compreendeu quo a ptimeita liobu de de fesa do .seu pa(~t era o retorno a boas rel.a.~oes com Jeova. Para isso, logo no comeyo do seu reinado. imciou umo serau de refoouas avassatadoras. Reparando e limpando o templo , climlnou certos dtuaJs C.'lnanJuu da serpente-fertilidade, e outras corrupyoes idolatticas, que se havinm insinuado, particulanncnlo durante o reinado de Acaz (II Reis 18: 4). Celehrou tamMm uma g.mnde Pascoa (11 Cronaoaa 29: 1-30: 27). .

Debaixo das ben~aos divlnas, o reinado de Ezequia!; fo1 mar~a'do pela prospurl dade material da nas:ao. Sob a sua lid~:ranQa. foi restabel~~ido o controlc ct:s ~idades da plan(ei.e fl· u~teia (U Reis 18: 8), urn sistema naclonal de defesa fOI '.naugurado (Il Cr~rucas 32: ~-7), a, gnoul• tu.ra e o comercio expandiram-se em virtude do cstabelccunento de armazens e curra1s em tugare. estrategicos (11 Cronicas 32: 28, 29), e urn adequadQ ~hiema de agua em caso de cerco, na capltlal (11 Cronicas 32: 30).

Juda fora adv~rtldo muitas vezes a respeilo do perigo iminente. No quarto ano do reinaclo de Ezequias (724 A. C.) - scm duvida a referencia e fcitn a sua regencia- Salmanesill' V tinha come~ado, e oo comeQO de 721 A. C., havia completado o l>itio de Samaria (Jl Reis 18: 9-11). )'Jesse {ntcrim, os assirios se havlam aprol'imado mai.s e ~ais. N? ~erao de 711 A. C .• Sar­gao chamou a si o mtkito d~ cam~il;MU. conu_a.,Asdode, ~n_as o reg1~1ro ~/bhco de.clara.corre~m~n~ que foi o comandante-chcte assuto, "facta (em ass1no, Tfm~na. :;egu_ndo e~ 1mportaneta ) que na re:t,lidade di.rigiu a campnnha (lsa(a.s 20 : 1 ). Enqull.tlto ISSQ o proleta lsuas andava pelas ruas de JerusaJem •'nu e d.escaJt;o .. , como sinal de que a Assi~ia haveria de _conquist~t b Egito ~ a Eti6pia. e como advertencia aos que o.ram tentados ' a cont:uu ncssas na!tocs por aJuda co)lbl os ass(rios (Isaias ~0: 2-6).

2. Senaqueribe e Merodaque•Baladii. No come~o do Rclnado de Sen.aqueribc, Ezequias revoltou-se co.ntra a Asslria. A preocupn~o do ~1ovo goveroantc assfr!~ e?' d6min:U revoltas csparsas quo irromperam logo depoi~ da sua ascensao. ~e.m como n consc_Jencm. q_ue Eze­quias t inha da ~1.1a propria for~a e prosperidade, fo;am sem duvtda os fatore;~ pnmo.rdws da re­volta de Judli. As primeiras atlvidades de S"naqu¢obe, de £ato, ficaram confmadas as suns fron­tciras orientais .e meridionais, o ndc etc submeteu os if(eprimJveis caldeus das tetras do mar, gov~ nados por MerOd\l.(!Uc-B~ladii , rei de Babilonia, como ele relata:

"Em miTiha primtira campar~lta til dertotei a Merodaque-BaladO. rei da Babilonia, bem como o .exercito de Eki. seu aliado, na plaTI(cie de Quis. No meio da batalha ele aflando. nou o seu acampnmento e escapou Sbzinho; (assim) eft sall,ou a vida. Os carros. cavalo1, carro~as, mulas, que ele deixou para mis no come{:O da batalha, minha mao aga"ott. Em seu patacto, que esta em BabilcmiJJ, akgremente eu emrei' '. l

Foi esse mesmo Merodaque·Balndi quem, pretendendo congratular-se dl1m o Rei Ezequias pclo seu rcstabelecimento de sevcra enfermidade, tentou, com mcnsageiros c pcofu· sos prcsentes, levar Juda a participar de umn grande confedcra~ilo, (!Ue est~wa sendo formada SL'­

crerameote contra a Ass(ria {l s:tlas 39: 1-8)_ ES~!e Merodaque-Balada foi por duns vezcs governll• dor da BabUonia (722-710 A. C. e 703-702 A. C.), e a sua embai.xnda a Judi, aparentemen te, fol enviada na ultima parte do primeiro pcr(odo de seu governo. E tc inioiou uma polltica ambicio­sa de fortifjcar a Caldela, o que mais t arde lcvou-a a ~r o estado mais inilucnte do Imperio -Babilonico, quando o seu grande gove~nante Nabucodonosor II invad\u Jcl11S3-l<hn c levou Jp«U para o exftio. P;evendo esse desenv.o lvimento do~ a;~oteciJnentos. a insensat~ ego~stica de E zo­quias, ao mostrar todos os scus tesouros aos emJSsanos de M.erodaque-Balada mottvou da parto do profeta Isaias uma das mais pungentes ret>reensoes (Isaias 39: 5·8).

3. Senaquerlbe e Ezequias. Os ptimeiros anos de Senaqucdbe, por isso. pareceram a Ezequias propicios para se rebelar contra a Assfria, e assim o forte e piedoso governador de 1udi oao hesitou em faze-to. 0 rei assirio, em 701. in!ciou a sua grande campanha ocidental para pu· nir 'Ezequias e outros re.calcitrant es, e recondu~i-los para debaixo do jugo asslrio. Esse impo.a:tan­tc cmpreendimento e descrito graficam.cntc na Biblia, e tambem registrado nos anais de ;:>e.naClUCI"',

ribe, impressos em cilindros ou prismas de barro.

-134-

A (rlttma edi~U.o desscs an:ris e o chamado Prlsma Taylor do Museu Britani'CO, e uma c6pia d~ lllll prisrna no ln,stitut{) Oriental da Universidade de Chicago. Senaqueribe dcscrcve Ll ulnlhadamentc a sua tc:rceita campanha, que foi dirigida contra a Slrla-Pll.lestina , e incluiu o ~er­co de Jerusalem. Depois de conquistar as cidades fenicias ao Iango da costa,. as fortalezas filisteias muis ao sui e cidades moubitas, edomitas e outras, ele desc.reve oma bata1lta \'itoriosa pcrto de Alta_cu (Blteq_,ue) onde as fo1~as palestinianas foram reforQadas pelos arqueiros e pelos can:os de ttucna egipcios. Em seguida, Senaqueribe faz exte-nsa refe.rencia ao seu ataque ao reino de. Eze­(lUias:

"Quante a Ezequia!i, o judeu. que rfifo se submeteu ao meu jugo, 46 d:4S suas fo,..res cidades muradas, bem como as suas cidade~ peLfuenas nas drcunvizinltauyas, que eram inumeras, - por escalllda e pel.o uso de rruiquina.s silflldoras. por acaque e por asllllto da infantaria, por mina-s, n4neis e bfrecl1as, t{4 assediei e :omeL 200.150 pessoas, grandes e pequenos, homens e mulheres, cavalo,s, mulas. asnos, camelos, gado e ovelho$, inumera· veis, eu arrebatei-fhes e COflt(!i como despqjo. Ele mesrno. como um pdsSilro engaio.lado, eu tranquei em Jerumlem. Slta cidade real. A terros eu constru{ contra ele - qualquer que Sll(sse da porta da sua ddade e.u fazfll VQ/tar para a sua pentiria. As suas cidades. que eu havia despojado, eu r(squei da sua re"a, e aJ\1ittnti, rei de Asdode, Padi, rei de Ecrom, e Sili-bel, rei de Gaza, eu as dei. E assim t.'u subjuguei a terra. AumeTitei o tributo ante· rior, e sobre ele impus. como pagamemeo amUJl, uma taxa em forma de presem~ {Xlra a minha majestade. Quanto a Ezequias, o Ierrfvel explendor da mittha majestade o domt­nou, e os Urbi (ti'r-abes) e seus mereendrios (escolllidos), tropas que eles haviam trazido para defender JerusaMm. sua cidt~de real. abandonaram-no. Alem de JO talenr:os de ouro e 800 ta1entos de proto, havia pl!dras preciosas. antimonio, joiJJs, grandes arenitos, coches de marfim, poltronas de marfim, peles de elefonte, Jnllrfim , bordo, madeira de bucho, toda a sorte. de tesouros vafiosos. bem como' Sltas filhas, seu harem, seus musicos de ambos os sexos. que ele fez com que, me S'eguissem ate Ninille. minha cidade real. Para pagar tributo e aceitar a servidiio, ele de.spacltou os seus IJ1ensageiros •·. 2

4. Compara¢'o Entre as N(f(fativas Blblica e Asstria da f;wasao de Sellllquer;­be. Aparcnrementc, o relato da campanha ocident.tf de Senaqueribe, registr:ado JlO Prisma Taylor, eo rnesmo descrito emIl Reis L8: 13- 19:37: U Cronicas 32: 1-12 e Isaias 36: 1 - 37~38. Esse monumento ofercce lmpottante elucida~ifo para a narmtiva blblica, e h.a muitos e impressionMtcs pontos de. coinci(iencia, p.tovando que a campallha de 701 A. C. e a descrita na B[bli'a.

Por exemplo. quando Senaqueribe invadiu a Palest-ina, menciona-$e que ele Lo­mou muitas das cidades tonificadas de Juda {fi Rcis 18: 13) e ameavou JcJUsalem com. urn, grande exercito despachado de Laquis (Uma escultura descoberta em Nfnive. mostra Senaqucribc assenta­do sobre o seu trono em Laquis. e recebendo ricos despojos, enquanto infelizos prlsion,cifo:s sao tottutados.)3 para 1<1 sob o comando de "Tarta c Rabsiris c ttabsaque" ( ll Reis 18: I 7). Essas minucja.s nao apenas coincidem perfeitamenLe com a nar.rativa de Senaqucribc. mas agora sabe-se, segundo os monumentos. que Tarta li!IJl assfrio, Tartanrru, "segundo em impori.llncill''), l{absaque

(em assirio, rab-..shaqu "oficial em chefe'') e Rabe-Sa ris (em ass(rio, rabusha·reshi, originalmente, "eunuc,o chcfc'') er;un t i tulos d? elevados oficla is a.~sfrios, e de lbrma alguma nomes pessoais.

0 tributo de Ezequias e esti:mado em t.rin ta talentos de ouro, segundo ambas as fonLes, mas menciona-se llP.enas t rezentos talentos de prata em H Reis 18: 14, en.qwmto que o roi assirio declara ter recebido oitocentos talentos. ~ bem poss1vel que Senaquenbe tenha computado outros pagamentos ou vatores em seu calculo. Geor.ge Darton sugere que a divergencia c dcvida a co.rrup~o textual. Eberhard Scluades concilia as doas, ba~ando-se rr;~ dl!:cJenva entre o talento babilonico, Levee o palestino pesado.

l!mbora scja ponro _pacifico que a insc,riQio de Senaqueribe, embora difc.rindo da narraliva btblica em alguns particul.a.res, realmente conf'u:ma virtualmente cada um de seus pontos, alguns erudrtos magnificiam as dificuldades e sustentam que hou,ve duas campanhas ern vez de uma, e que o comp1lador da Bfblia ·•Juntoll duas campanhas paralelas".4 A n\en~o feita a "Trraca, rei da Eti6pia" (Jl Reis 19: 9 ; Tsa(as 37: 9) torQa suwstamen:te .necessaria uma segunda camparrha, mais para o fun do reinado de Senaqueribe (entre 689~86 A C.). Uma dinastia et(ope

- 135-

Page 70: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

1! \tava govurnando 0 ~g1to nessa epoca, na pcssoa de Sal>aco, c ruro Tltoca (Taarcu!. que ~~o suiJiu ..ao trono antes de cerca de 689 A. C. , uns doze a.nos mais tarde. Esse dctalhe. porcm , dif•c•lmcntl•

1usHrlcn a ncccssidade de uma segunda invasiio, para a qual nao ha evidcncin concrl!ta , ncm ntl nf. hlia nom nos rcgislros :lJ>s(rios.

A dificuldade nao podcra ser completamentc resolvida mediante aAs fontes de co· nhecimento atuais. A cxpllca~ao provavel, contudo. e que Taarca rcaln\ontc se opos a Senaqucrl· be em 70 l A. C. , mas como comandante militar principal sob as orde~~~ de seu tio Sabac~, q•!c c~a 0 r:arao rcinante. Sc o sobrinho tinha a posit;<i O de regent~. nnq~ela ep?ca. ou se o analis:ta JUdcu cscreveu pratican1cntc . nao se sabe. Dificuldades des c t1po sao frcq!ientCTTlente resolvidas por dcscobcrtas arqucol6gicas uJteriores.

A destruiyiiO do exercito de Senaqueribe. que estava sitiando Jerusah~m. opera· do por intcrven~o divina (II Reis 19: 35; lsa(as 37: 36) , oferece uma razao ad~uada porque o rei jamais voltou :\ regiao da Palestina. [TaJvez de uma praga. pols pestilencia e doen~11 em varlas partes da Bfblla sao consideradas como castigo de urn anjo de Deus (11 Samuel 24: 15-17 : Atos 12: 23). A historia de Her6doto, de ratos do campo d:voran.do as aljavas. arco~ e m~noplas dos escudo~ dos asslrios (ll, 141} Indica a mesma conclusao , "visto ,qu~ o s ra~os '130 o swbolo grego dl! pestilcncia, e que os rntos sao portadores de ~raga " ]5 Os prop!1os reg1stros de Sena~uc­ribe, ~>obretudo, dao a.mplas indica~es de 'que clc jama1s tomou. J.eJusalem. Houvesse conscgu1~0. ele nao silenciaria a rcspcito de fa~anha tao grande. Desde que fotmcapaz de apodcrar-se do ca~ttal de htd:i (como a B(blia Indica), "cle apresentou a hist6ria do cerco da melhor r:nan,eira possJvel, e relatou que havla lrancado o pobre Ezequias 'como um passarlnho em uma gatola . Realrnante. Ezcquju.s cstnva rcpousando bem scguro em sua 'gaiola' " .6

5. 0 Fim de Senoqueribe. Como os seus grandes anteccssores Assumaslrpal fi, do seoulo IX A. C., e Tiglate-Pilesor. do Vlll, Senaque~ib! foi governan~e c:uc.l e dcs~mano. reS}lon· save) por ter cmpalado e esfolado vivos OS SCUS inimigos, e OUtraS lOCfiVClS atroctda~es. ~or~eu como vtvcu _ vllima de violcncia e tralc;<io. A Blblia nos conta que ele tevc_ fun em Nfntve, as maos de scu~> pr6.rrios ftlhos: "Sucedcu que. estando cle a adornr na casa de Ntsroque, scu deus, Adra-1nclequc c Satezer, seus ftlhos, o feriran1 a espada, e f~giiam para a terra de Ararate : e Esar-Hadom, seu filho rcinou em scu Iugar'' (Isaias 37 : 38: cf. 11 Rcts 19: 37).

Esar-Hadom (681-668 A. C.), ft.lho e sucessor de Senaqueribe, relata esse mesmo ucontecimento em uma inscri~ao :

"No mes de Nisanu. em dia favortivel . .. eu J1z jubilosa entrada no paldcio reo!, o terrfv~l Iugar onde /!abita o destino dos reis. Uma [irme determinarao .estab~leceu·se. em meus tr· mtlos. Abandonaram os deuses e voltaram:se para os.,~rfs de l'lOlencuz, p/ane}ando o mal. ... Para ganlrar o reino mataram Senaqueribe, seu pot .

Vma interessante referenda a famosa hist6ria do seu assass{nio ocorre alguns an0s mais tarde, em uma inscri~o de Assurban(pal, filho e sucessor de E'IOI·Hadom:

"0 resto do povo, vivo, peno dos colossos entre os qu~is /laviam matado Setuzquerfbe. pai do pai que me gerou. - IUiquele tempo. eu sacrifique! aquet.as pessoas ~!l, como oferenda ao espirito dele. Com seus corpos desmembrados eu alrrnentet os caes. . . 8

6. E/ucidartfo das Co1Uluistas Assirias na Stria. Quando s:~aqueri~e, fazendo o cerco de Libna. enviou mensageiros para intimidar Ezequias, o orgulh?SO asstno refcnu--se a grande numero de cidades s(rias e mesopotam.icas que haviam sido CO_!]qu1stad~ pcla for~ das armas assirias Esses lugaccs ale bern pouco tempo obscuros, agora estao, gra~as a arqueologlll modcrna, quase t~dos identifi~dos, bern como a data da sua subjugaC(iO pela Ass! ria. ''Porventura os deuses das na~oes livraram o s povos que 1oeus pais destruiram. Go~. Ha.ri, c Rezefe;_e os ~lhos de t:..den, que estavam em T elassar? Onde esta o rei de Hamate, eo rei de Arpade, eo re1 da c1dade de Sefar­vainl, de llena e de tva?" (Isaias 37 : 12, 13).

Goza (em assfrio, Guzanu) ~ o moderno Tel Halafe, ao noroeste da Mesopotamia, s ttuado as margens do Rio Habur, a oeste de Ha.r3. 0 locale de grande importincia, a.rqueologica·

- 136-

menu~. Fol escuvuclo pclo Burilo Max Von Oppenheim 091t·19J 3 e depois em 1927 e 1929), dos· vcnda11d0 umn oulluru lnconfundrvel, que romonta ao quinto milenlo A. C. Foi uma das cidndes a qual as for~a~ oss(ria~ deportaram OS israeUtas depois da queda de Samaria (ll Reis 17:6: 18: 11 ).

Rezere e a Rasappa assirJa, por muito tempo residcncia de um governador assi­rio , e provavelmente a moderna Rusafa, a alguns quilometros a oeste do Eufratcs, no caminho de Palmira. Hara e a importante cidade comercial do norte da Mesopotamia, ns margens do Rio Balique, proerninente como centro caravaneiro desde os tempos patriatcais ate a epoca asslria, so­brevivendo ate boje como pequcna aldeia. Os umhos de £den" eram OS habitantes de Bit Adini .nos documentos assfrios, pequcno reino situado em ambos os lados do Eufrntes, no norte do Rio Balique. Telassar era uma regiiio ou uma cidade na mesrna rcgilio.

llamate e a cidade-reino sobre o Rio Orontes, a cerca de 200 quilornetros ao nor­te de Damasco, famosa no Velho Testamento desde os tempo de Davi, e bern conhecida aha­ves de monumentos assfrios. 0 seu local foi escavado e mostra uma ocupa~iio hitita caractaristi­ca. Arpade (Tel E rfade, a vinte quilometros ao norte de Alepo) e geralmente citada com Hanla­te, no Vclho Testamento. do que se depreende que nao era muito Ionge desta. Figura procmi­nentemente nos registros assfrios, sendo tomada por Tiglate-PUeser Ill (742·740 A. C.).

Sefarv:tim e a Sltabaraill asslria, perto de RJbla, na Siria. Rena e Iva nao foram identiflcadas, mas certa.menre estao localizadas na mesma regi.ao.

U. EZEQUIAS E A lNSCRI~AO DE SlLOE

0 reinado de Ezequias e arqueologicamente importa.nte, nao apenas devido a sua proeminencia nos documentos asslrios, mas tambcm em virtude da sua conexao com a pa· leografia hebralca. A inscri~ao , feita por aJgum engenhciro dosconllecido nas paredes do tune! de Siloe, nos dias de Ezequias, c da maior significa~ no estudo da escrita hebraica antiga.

1. 0 TUne/ de Siloe. Ezequ.ias nao se rcvoltou irrefletidamentc contra o rei da Asslria. Durante todo o seu reinado, o avan~o do inimigo estimulou.-o a tomar todas as medida.s poss!veis para proteger a ~ua capital de ser invadida. Da maior impoitiincia, entre esses prcparati· vos para resistlr ao cerco, siio os paSSc>s que ele deu para assegurar um suprimento de agua dentro dos muros de Jerusalem. "Fez o ayude e 0 aqucduto e trouxe agua para dentro da cidade" ( ll Reis 20: 20). 0 cronista diz mais, que ''1ambem o mesmo Ezequias ta.pou o manancial superior das aguas de Giom, e as canalizou para o ocidcnte da cidade de Davi" (II Cronicas 32: 30).

Giom, fontc intermitente, que constitu1a o mais antigo suprimento de agua de Jerusalem, situava-se no vale de Cedrom, pouco abaiXo da ingrime colina oriental (Ofel). Por isSO ela estava exposta a urn inimigo que atacasse a cidade. Essa abundante foote de agua foi completamente coberta, e d issimulada, mas fo i canalizada por um aqueduto especialmente cons· uu{do , para um poyo que ficava do lado de dentro dos muro • onde uma popula~ao sitiada po­deria buscar toda a agua que necessitassc. Dessa forma , OS atacantes forom privados de :igua, ao passo que ao mesmo tempo a cldade sitiada tinba assegurad.o um an1plo suprimento dcla. " Porque viriam os reis da Assiria. e achariam tantas aguas?'' perguntavam eles enquanto tornavanl as 3guas existontes fora dos muros inacess{vcis a um invasor (II Cronjcas 32: 2-4).

0 grande aqueduto dt' Ezequias, de 592 metros de comprimcnto, escavado em rocha viva., e " um dos artilicios mais estupendos para suprimento de agt.ul no per.lodo bll>lico. compa.r:ivel aos tun eis de Megido e de Gezer". 9 Trabalhadores, empregando picaretas. opera.n­do em forma de zigue-zague, come~ando nas extremidades, e fmalmente encontrando-se no meio, escavaram urn conduto que tern em media dois metro s de altura. e que constitue notavcl feito de engenharia.

2. 0 Tune/ de Siloe eo Sistema de AguasAnterior em Jerusalem. Escav:t¢es fei­tas ja lui muito tempo em J erusalem , pelo Fundo de Explora~ao da Palestina, sob a dirc<;iio do Slr Charles Warren (1867}, resultaram na descobcrta de um po~o cortado na rocha viva, aclma da Ponte GiQJll, medindo treze metros. Atraves desse artiflcio , agoro conhccido como "Po~o Warren", em homenagem ao seu dcscobridor nos tempos modernos, os antigos jebuseus, provavclmcnte

- 137-

Page 71: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

1 1 •·n• 2 000 A. C • pod&am obter dgua sem sair dos muros da cidade. 0 p~ pelo qual podiam , r tle\t·tdn'i bnlll~s. termmava em urn reservat6rio em forma de caverna, na qual as aguu de Giom

1 t•rrtam ntraves de Um tune! horiZontal, que penetrava na montanlta cerca de doze metros para o~·~l~ ~· oilo para o norte. Trinta e tres degraus cortados na rocha levavam a plataforma sobre o c 1111\r fnfl i!ic;~do , do qual as mullieres de Jerusalem podiam bab(.ar os scus jarros para tit~r lgua •k umii l>ueiu tosca de quatto metros quadrados.

Anleriormente, talvez na epoca dos jebuseus ou de Davie S3lomao. um canal a ~·cu aberlo, dcscoberto por Conrad Shick, em 1891. Jevava igua da Fonte Glom para o Po~ Vdho de Silo~. locallzando bem oa extrcmidade sudeste da antiga cidade. Isaias aparentemente n·r,-cin-se :h aguas que corriam suavemente por esse regato cahalizado, quando falou poeticame)'lte ,Its "~guas de Siloc que correm brandamcnte" (Isaias 8: 6).

3. 0 ReservatOrio de Silo~. Alem desse aqueduto escavado na rocha, Ezequias con~ltuiu urn reser'Vat6rio novo e maioJ, chamado " Polio de Siloe•·. 0 Po~ ao qual o tUnel levava. mcd\.' ccrca de dez metros por sete. Nos tempos de Jesus, o cego que foi curado recebeu idrtru¢~ pJra 1r " lavar-se'' nesse po~ (Joao 9: 7-J 1).

0 Iugar e o mesmo "avude de Hassela, junto ao jardim do rei" (Neemias 3: 15), ,. ,ll&umas vezes e chamado "Po9o do Rei", porque havla urn jardim real em 3.rea fertll na ooca do i ·ll~ llropeano, que era regado pclo transbordamento do rescrvat6rio (Veja quad.ro no 37).

4. A !nscrl¢o de Siloe. A cousa de malor Interesse a.rque<>loglco, no tunel de fA: •lUI>l~, e a inScri<':iO de scis linhaS feita em hebraico cJassicO, lindamcnte COrtadO na parede

• , ,,.,duto a ccrca de sc1s met[OS do fim do aqueduto, em SHoe. Essa notavel inscriyio, desco­bei111 .:cklc~talmcnte em 1880 pot um garoto que nadava no po~, comemora o tchmino da a.r. 11u:a t3r<:f:l. de escnvar " s61ida rocha, quando os ttabalbadores com picaretas, cunhas e marlelos, :.~ ndo de cxtremidades opostas. finalmente se eocontraram.

A insorl~o e traduzida assim:

"A perfuro~tlo esttf completada. Ora, esra e a historia da per[urafilo. Enquanto 01 tra· ballwdores ainda estavam leJ1antantlo picareia contra picareta. em dire¢o ao seu vizinho, e q1wndo {allavam ser cortados tre c:Ovados, Cllda um ouvlu a voz do outro, que chamiiWJ o seu companheiro. visro que IUJvia Umtl {enda na rocha, do lado dire/to . E no dia do tW· mino da per{ura¢o os canteiros golpearam a rocha, coda um para encontrar o seu com­panheiro, picareta contra picareta; e ali flufram as 6gwzs para o poro. atravessondo mil e ttuzento., c{)vados, e de cem c{)vados era a altrlra da rocha sobre a cabefa dot ctmtei· TQS''. JO

0 Professor A. H. Sayee decifrou a inscriyio primeiramente a luz de velas, assen-1 dn nil lama e oa 6gua durante horas, para reall.zar a sua tarefa. Hermann Guthe, da Associa~ Gnmnno-Palestina. removeu mais tarde OS dep6sjtos de oxido de cilcio que obscureciam a escrita, ,\),\IJlernndo plcn!lmcntc a escritura. A inscrigao foi subseqiie ntemente cintelada da rocha, eleva· I I rdo gove.rno turco para 0 Museu Otomano Lmperial de Constantenopla, hoje chamado Museu \u1urologJco Tun;o de lstambul.

5. lmportdnciiJ da Inscrl¢o de Siloe. Devido a escassez de documentos contem-1 or 11 o escritos em hebraico antigo, a inscrigao de Siloe tern valor paleogrifico inusitado. Como c1rt (\ Ml'C.own·

•·f.. notlivel que a terra que serviu de bu~ para o al{abeto, eo pqvo cufa llteratura tCH7fOu· ~,. ""' dos prlnci{JQis tesouros da civiliza¢o, tenha detxado tffo poucos docurMntor

rnnlempordneos''.

Na verdade, oao contando o mon6lito de Mesa de Moabe., que ni"o era absolJJ ta· hcltu·u, tl.!t>Hldo do seculo IX A. C., e o Calendario de Gezer, do seculo X A. C., a lnscti­:>tlo~ b o iuu\·o documento cootemporaneo. cuno ou Iongo, em hebraic~. que tenha sobre-

" I 'do olo VliJ A. C. ou antes.

- 138-

~ , . Os hebreu~t certamente escreviam em pcrgaminhos c em pariro~. que inf~ltz.mtn te uo pcrec•vctS. Aparentemen~e nao escreviam em ped.ra. Contudo, fra.gmento'> de C'Cranm'Jl c~tamad~s ost:ra~a . _contendo rec1bos, c~as e listas escritas com tmta com llma pena de junro' v1eram a luz prtnctpalmente em S~am_ana e em laquis. Alem d isso, numero~:; elo~. mprcs~oe~ de selos e de graftte sobre a ceram;ca, e outro_s poucos fxagmentos de escrira, forom SCTVmdo gradual mente para formar uma cole~ao . de mntenul suOciente, a nm de que 0 estudio:!>O do Q~sun· t? possa ra~eat? CUfSO do desenvolvtmento do hcbraico, e para da1 ao pale6gr.l.fo vallosos crite­nos de valor consideravel para datar. Porem, com matetjaj precariamente esparso . • .· 1 • antes de 700 A C · - · , • I.:Sp~:cta ment"

• • I a unportancta paleografica da lnscriyao de Siloe e 6bvia.

_ A lnscriyao de Siloe esta escrita em Hebra.ico Antlgo (cananeu), cujos caractecCJ. sao de forma um ~n,t~ denteada. .. As Escrituras origirutis dos hebreus foram escritas ne$Se mesmo alfabeto ca~e.u·feructo, que havta alcanvado uma fo.rma razoavebnente estavcl antes da Conquis­ta, mas cont.muou a sofrer a~gumas ~udan~as de estilo c de caligrafia, no curso dos sckulos. Con· seqile~temen!e• no penodo pos-exilio, as Escrlturas Sagradas foram expressas atravc!s do al!.~bcto at:uniJco antigo .. Quan~o aque~e alfabeto. assumiu forma re1angular, a B Cblla hebraica achou-se es­~1a naqu!le estilo caliJr&fico Ja caractenstico do manuscrito de Isaias dos rolos do Mar Morto, es­crito no seculo ll_ A_. C._. e descoberto na Palestina em 194 7. Esta fonna caligxlifica do alfabeto foi pres~rvada nas e~~9oes IIIIpressas atuais das Escrituras hebrajcas, visto que o texto sagrado, que 0~ eruditos massoreticos edltaram e "congelaram" no perlodo de 600 a 900 A. D., era grafarlo

110 ti­

po de letra redo.nda abert~. ~ssim, a Biblia hebraica chegou ao mundo cristiio atraves de urn proces­so de desenvoln meoto prevto, que se estendcu por mais de dois mUenios.

- 139-

Page 72: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Capitulo XXIV

OS OLTIMOS ANOS DE JUDA

Depois do rcinado de E1.equias, mro ha registro, nas inscri¢es as~lrias, d~ nenhu-a expedi~o ulterior contra Juda. Ate o fim da Assfna, em 612 A. C., ner:mum ret de Juda ou~u,

~:uentemente, desafia.r 0 grande poderio cstabelecido as' marg:ns do ~Jgre. D~ pont_? d~ ViSta

arqueol6gico, este fato c lament<ivel, pois slgnifica que d':sde entao os reg1~os assm os na~ uveram ocasiilo de mencionar os judeus. Assi.m, a importantc c~oca de _Manasses, ~mom e Jostas (687-609 A. C.} 6 urn espa~o quase completamente vaz.io, no que tange a arqueologJa.

Porem a Ass{ria teve dois de seus maJores reis depois da mone de Senaquen'be: Esar-Hadom (680-669 A. C.), mho de Senaqucribe, e Assurbanfpal (~69-633 A. C.), filho de seu filho, 0 ultimo grande monarca assfrio . .Es:u:-~adom_, .ramo~ conqutstad?r que ~errotou T~!~ Fara6 do Egito [oi 0 primeiro governante assmo a adtctonar a sua grande lista ~e htulos, ode Res

d · d E.;.to" 1 A brilhante vltoria de Esat-Hadom sobre Taa.rca fo1 celebrada com urn os relS o o · . S' . d b t 1888 por uma on61ito comemorativo, erlgido em Senjirli, ao norte da ma, e ~sco er o em , ·

:pedi9io alemii. Esar-Hadom e sem dovida o "senhor duro, e urn rei_fetoz" de fs:uas 19:4, q,ue rcalizou a maior ambi~o de todos os ass(rios - a conquista do Eg1to. Esar-Hadom 6 t~rnbem mcncionado varias vezes expucitamente no Velho Testamento. Em Esdras 4: 2 ele e mcncLonado como o rei que colonlzou Samaria.

Assurbanlpal foi tambem urn renomado conquista~~r, mas_ e mais conhecido por sua cultura. A enorme biblioteca real, que ele estabele'7u em Nm1v~, ~m descob~~ta. em 1851, contendo especialmente c6pias assfrias das estorias bab.ilonicas _da cn acao e do_ dlluv10 .. Porem, ole 6 mencionado na B(blia apenas uma vez, e mesmo asstm ~traves de u~a traduyao ~ebrruzada do seu nome, "o .grandee nobrc Osuaper", de quem se diz tambem ter colomzado Samnrw..

l. DECLlNIO DA MONARQUIA HEBRAJCA

Durante o zenite do per{odo assfrio, houvc agud~ declln.io na ~stabilil!ad~ morn:l dos ocupantes do trono de Juda. A separa~o das con~iantes p_raticas das naQoes pagas Clt~VJ­zlnhas fora sempre a gl6ria e a fortaleza da Mo.narqma Hebreta . Quando aqucla separac;:ao era interrompida, a rulno de Juda mio estava Ionge.

1. Mana$ses e a Orgia ldolatra de Judd. 0 filho de Ezeq~ias,_ Manas~s (687-642 A. C.), foi urn per feito contraste com o seu Pal: Considerando. que o prunetro hav1a pro~urado dcs:urai&ar a idolatria e fortalecet o reino de _Juda _moral e. e~pir1tualmente, o segundo dedtC?u-~ com todos os esfotyoS para introduzir um smcrettsmo re~toso. c~nsu_mad~, que pe~erteu ~tel· romente 0 judafsmo, e le-lo merecer a reputayao ~e ser o mats .' mpto ret de ! ud:i ( II Re!s. 21 1 · I 5. 11 Cronicas 33: 1-20). 0 reinado de Manasses, urn dos roa1s longos da linhagcm davl~tca. ( Ci~coenta c cinco anos de acordo com n Reis 21: 1; Albright ~nsidera-o de qu~enta e ~co

8 ) 2 escancarou a porta para o paganismo cananeu e fez mru.s para desmoralszar a nayao e :~:·s·tli-la inevitavetmente para o sorvedouro do cativeiro babilonko, do que talvez, qualquer outro fato- na historia de Judi.

- 140-

A (ltqucologw tcm clucidado gr.mdcmcnte o sincretismo religioso d.: Manasses. Raal, u quem sc diz ter cle lcv:uHado altares (II Rc1s l l : 3), 6 agoro b¢m conbccido como o princi­pal <leu~ do panteao canancu, e idcntificado como Fladade, o deus da tempestade. 0 culto de Baal indula adora~ao e dan~as lascivas e licenciosas nos cumes arborizados dos morros, chamados " lugarcs altos". Manasses "tornou a cd:ificar os altos que Ezequia~, seu pai, havia destru fdo e fez um Asera" (JI Reis 21: 3).

Como se sabe agora, segundo a literatur:l epica de Ras-Shamra, pertencente ao seculo XIV A. C., Abl'r:i era a consorte da principal divindade cananita, £1. Porem, no seculo 1 X A. C. e mats tarde, na Palest ina, ela era considernda como CJ.poi,a de Baru. 0 "Asera" (postc­·fdolo) que Manasses fez era uma imagem dcsta deusa paga. Aser~ e suas colegas, Anate c A~Utrte (Astarote), como padroeiras do sexo e da guerra, cram muitas vezes representadas como '"virgens" gr~vidas. Alcm disso. os seus templos cram centros de vlcio legalizado. e as suas representa~oes ido­latricas e seu ritual eram urn a glor ifica~o da prostituiyiio em nome da religiao.

Manasses cultivou tambem a adora,.ao planetaria e das cstrelas (II Reis 21: 3-5), e o culto de Moloque. uma divindade amonita, cuja adora~o era intimamente relacionada com adiVinha~o astral (Amos 5: 25 , 26; Atos 7: 4143) e cujo ritual era caracterizado pelo sacrifi­cio de crian~a-. feito pOe scus pais. compcJindo-as a passar por urna fomalha. Escava~oes feitas na Palestina dcsenter:ra.ram montocs de cinzas e restos de csquelelos infantis em ccmiterios pr6-ximos a alUlrcs pagiios, indicando a pnitica generaliza.da desta cruel abomina~o.

Uma referencia interessante a idolatria e a adoraylio de Moloque e IIlla conexao corn o demonismo, e encontroda no Salmo 106: 36·37. Diz que os hebreu:. '·so mesclara.m com as na~oe e lhc · aprendcram as obr:b: derom cul1o a scus idolos .. . pois lmolara.m seus filltos e ~ua:. filbas ao-. demonios •. ,"De rato, a idolatria de Manasws foi o result:ldo de uma gigantesca irrup~ao de ocultismo. ocasionado por dcmonios. Diz-se que ele prati<.:ou augurios, c usou encantamentos, e t:ratou com mediuns (que tin ham demonios adivinhadores) e com feiticeiros (que possu{am conhe­cimento oculto quando sob o controle de urn demonio adivinJ1ador) (11 Reis 21: 6; II Ctonicas 33: 6).

A argucologia tern dcscobcrto vastn quantidnde de cvid~ncias da preponderan­cia de fenomcnos dcmon(acos entre os antigos povos da~ terras bfblicas. Tabuas con tendo encan­tamento . progn6~ticos e aug(Jrios. c rituais exorcistas mostram como era comum a crencra c a escraviz.ayiio a cspiritos maus, c provam que magica, adivinhat;:io, necromancia e todas as variedades de ocullismo cram praticadas no mundo bfbUco antigo. De fato, c da Mesopotamia (cspccial­mento d.a B:lbilonia) ''que vern os ~ubs.ldios mais ricos para o estudo da magia antiga e da adivinha­~o".3

2. Mamsses e os Mormmentos Assfrios. A elucida~o proplciada pcla arqucolo­gia ao reinado de Manasses c em sua mnior parte, de natureza indlreta. Porem, ha uma refcren­cia direta ao rei judeu nas inscri~oes de Esar-Hadom. que e de consideruvel interesse, particular­mente porquc c a narrativa da d eportagao de Manasses para o cativciro na Babilonia, seu arrepcn­dimento e subscqUente restaura~o ao tron.o. De acordo com a narrativa de 11 Cronicas 33: 10-13 (omitida em II Reis e freqiicntemente rejcitada pelos crlticos), Jeova trouxe sobre o id6latra e impeoitente Manasses c seu povo "os prlncipes do ex6r cito do rei da Ass{rla, os quais pr<mde­xam M.anasses com ganchos, amarraram-no com cudclas. eo lcvaram a Babilonia''.

Na Estela Senjirli de Esar-Radom. Ba3.lu, rei de Tiro , e mostrado levantando maos algemadas em ruplica a Asslria, e ao seu lado Tiraca, rei da Etiopia, 6 retratado com urn gancho passado pelos Jabios e amarrndo com uma corda as maos de Esar-Hadom.

Quaoto ao fato do cativeiro babilonico de MIUlasses, nio ha confrrmat;:io dessc acontecimcnto mencionaao pelo c~onlsta. Mas as mscri9oes de Esar-liadom faJam da visita com­puls6ria de M'anasses a grande capital assfria, N fnive, por volta do ano 678 A. C;

" AqrJela epoC11 o pa/4czo mais antigo de Nfnive, que os refs que antes se fora m, meus pais, haiJiam construfdo ... che,gou o parecer muito pequeno para mim ... eo povo das terras que minltas annas haviam despojado eu obriguei a CIJ"egar a cesta e o cocho . .. Aquele

- 141-

Page 73: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

paldcio pequeno eu derrubei tolalmente. . • E convoquei os teis do Slrio e as do outro /ado do mar - Baa ill , rei de Tiro, MaMsses, rei de Judd, Cau~brl, rei de Ed om, Mussu,l, rei de Moabe . . . Milqui-Asapo, rei de Geboil {Bfblos), etc., etc. . . . vinte refs ao todo. Dei-ll1es ordens".4

A refercncta ao cativeiro de Manasses na Babilonia foi em certa cpoca considetl· Jn comumen te como crro da parte do cronista. devendo a referencia ~ a Ninive. Todavia, u mscri~oes provam que £-.:~r-Badom de fato reconstruiu a antiga cidade destrulda por seu pat Sen:~queribe:

" ... No comero do meu governo, no primeiro ono do meu reinado, quando tomei liSle" · to sabre o trono real, em poder, aporeceram stnais favor!Jveis nos ceus e 1W terra ... A tnr· ves dos rituais adivinhantes, or!Jculos encorajadores foram desvtndildos. e ptUQ a reooM· rru~ao de Babil6nia e a restaura'!{o de Esagi/a (templo dos deuses) eles fi2eram com qut a ordem (ordculo) fos.se escrita ·:

Esar·Hadom continua a sua descr~o da reconstrugio de Babilonia :

··convO(/Uei todos os meus arfesaos e o povo da Babilfmia em sua toralldode. Fi-los car­regar o cena e coloquei a rodillta sabre cles . . . Levanrei o cocho o minl1o cabe~, eo ca, t· guei . . . Moldei tilolo, . . Babil6nia eu reconstnJt de r1ovo, aumenrel, e/evei Dte as Dlturllr. rornei magn tfica ''. 6

Tendo em cu credito uma realiza~o tao esplendida como a reedifica¢o de Babi­lonia, nao e prov:ivel que Esar-Hadom tivesse deixado Manasses e OS outro. vatios reis que cle convocara a N{nivc, voltarcm a seus paiscs sem ver essa demonstras;ao magnifioente da sua gJb. na e grandes feitos.

J . A Refomw de Josias. Com a ldade de oito anos, Josias subiu ao trono quando scu pai Amom, liU1o de Manasses. foi assassinado, depois de breve !einado de apen3s dois anoJ (c. 64 2-640 A' C.). 0 Iongo e piedoso reinado de Josias estendeu~se de 640 a 609 A. C. 0 evento de maior projC\.11'0 do scu rcmado fo1 a descc)berta do "llvro da Lei" duro1nte 3 completa reformJ do tcmplo. A ll!itura des.~ Uvro J~ou a um grande avivamento e giande refom1a (ll Reis 22 : 3--23: 37).

Se o " llvro da lei .. era o Pentateuco ou apenas o livro de Deuleronomio, de qu3lquer foml3 a arqucologia elucida de maneira interessante a possfvel razlio para que o s t ra­balhadores cncontrasscm esse documento durante os seus trabalhos de repara~o do lemplo. A dcscoberta csta intimamentc relacionada com a aHvidade dos canteiros e carpinteiros, e e inteir.l· mente possivel que essa c6pia do Pentateuco tivesse sido colocada na pcdra fundamental do tem­plo, quando clc fora crigido por Snlomao (966 A. C.). Sem duvida a a lvena.ria sc havia danlficado a tal ponlO que Cl>Sll pedra l 0VC que ser SUbStitutda, e assim OS documenlOS ViCI:lffi B luz.

Esta c uma el\.pJicaqao muito mais ra.zoavel do que a crltica vigcnte q ue con&i· dcra o '' livto da lei" como somente o Jivro d,e Deuteronomio, e como uma trama posterior, do se. culo VII A. C., e que cle nao foi tanto "dcscobetto" como impingido a urn rei e urn povo crooulos, como scndo antigo documeJllo mosaico. A arqucologia tern demonstrado que era costume, nos tempos antigos. cotocar do l!'umentos no alicerce dos edificios, como e fcito ate os dias atuais.

Nabonillo. t ci bobilonico do secuJo VI A. C., por cxemplo. gostava de cavar os yhcorce do~ cdtfiClOS ant igO na SUa epoca. para renver documentOS ali depositados seculos ante!. J.,o;o cle fez no Lemplo de Sama~ em Sipar, oa Mesopotamia. inferior:

"Quando eu havia rrazido Somas para fora, e fi-lo habitor em ourra casa, aquela Clllill e1o1

derribei, e dei uma busca para achar o registro do seu antigo olicerce; e eu cavei ott until profundidade d e dezo iro oovados, e o regisrro do olicerce de Narll-Sim , fOlio de SorgJ[o, Sames pcrmitiu. o mim, observOI'". 7

- 142-

4. A Morte de Josllzs. A :uqueologia tem faeilitado uma lradu~o corrctu da pa~sa ­KCrn que fal:J du mortc •le J o~ta . e rcvetou a razao do avanco do Fara6-Neco em dirc~o ao Eufr.l­t.e~. "No.o; dlas de Jost:is subiu Farli6-Neco. rei do Egito , contra o rei da Assuia, ao rio Eufrates: e. tendo Sill do contra cle o rei Joslas, Neco o matou , em Megido, no primeiro cncontro" (II Reis 23 : 29). Ale :tgora. devido a ausen eia de uma chave arqueologica afrasc ''subiu Fara6-Neco, rei do .Egito, comra o rei da Assirw ", tern sido traduzida de modo errado. A tradu10ao correta deve ser "subiu Fara6-Neco ao rei d3 Assir ia". Embora scja verdade que a preposlyio hebraica ·aJ aqul em· pregada poru significar " contra ·•, o contexto hist6rico mostn que ncssa passagem cia tern urn de seus significados matS espectal.izado .

Os bistoti3dores ficavam perplexos scm saber o motivo poTquc Josias avanya "contra" Neco, quando o Fan~6 se encami.n.hava para combuer contra a Ao;s(ria, antigo inrmigo dos hcbreus. A Cronica Babilonica. publicada por C. J . Gadd em 1923. considera todo o assunto sob nova luz, e most:ra que o Fara6-Ncco de forma alguma avan~;~vn contra os asslrios, mas vinha em sua ajuda.

Depois da morte de AssurbanipaJ, em 633 A. C., o Imperio Assirio declinou raptdamente. Em 612 1\. C., Ninrve calu diante do ataque de uma 3tian~a de babilonios, mcdos e citas. Urn rc.manesoente do cxercito assi.rio fugiu em dire~ao ao ocidente, para Har:i, e fez delo sua capital tcmpor6ria. 0 rei do Egito, Rarn6-Neco, a.5Sim , veio para ajudar o remancsccnte assi· rio c SC,l) ,n;i Assun~bali1e, que pormancoeu em Calquemis durant·e varios anos. cercado pclos medos e babllonios, que o atacavam.

J osias, que n[o slmpat12.ava com a A~sfria, nao queres1do que ajuda algumn che· gasse aos assirios em apu.cos. foi a Mcgido paru interceptar Neco, mas foi morto pelo cgt'pcio. Neco. por SlJa vez, foi fragorosamente derrotado quando mais tarde cbocou-sc com Nabucodono· or em Carquemis, sobre o Eufratcs, em 605 A. C.

Com a bntolha de Carquem1s. do is antigos impenos cafram: 3 Assiria desaparcceu para sempre, e o Egito nunca mals voltou a ser potcnci:l de primeira grandcz.a. A magnificente cidade de Carquemis, tt:ndo alraves de si longa e brill1ante carreira, foi inteiramente destruida por N3bucodonosor, e pcrmaneceu cntcn.ada sob as 3Ieia:; do deserto ate que modcrnas escava~oes trouxeram OS SC U' intcrcssantCS fO OIIUffiCDl O\ a lu.z do dia.

5. A Monarquio Hebraica Sob Controle E~fpcio. Com a mortc de Josias em 609 A. C., o trono de Ju~ possou tcmpor:ariamente a scr dominado palo Egito. Jcoacaz, filho de Joslas, foi feito re1, mas governou apenas tres meses. depots do que foi deposto por Ncco ( II Reis 23 : 33), que o levou para o Egito. onde moueo CD Reis 23 : 34). Depois de destronar JcoaC'az, o Farab-Neco fez de Eli::~quim, outro filho de JMias, o novo rei, e mudoo o seo nome para Jeoaquim (609-598 A. C.). Esse rei pagou Lributo ao seu dominador eg(pcio (U Reis 23 : 35).

6. A Mo narquio Jlebtaico S,ob Controle Babili)nlco. Na gigantesca competu;:io tr(plice pela supremacia mundial, trnvada pela Ass[ria, Egjto .e Babilonia , e que car3cteriwu a ulti­ma parte do reinado de Josias. e fo l coeva do ministcrio de Jeremias em Juda, a Babi16ni3 venceu, como o grande profeta proclissera. Quando Nabucodonosor se tomou se.nhot da Pales tina, Jcoaq uim livrou-se da SlJjei~:Io a ele (H Reis 24: 1). e da{ em diantc, os reis de J uda foram vassalos do rei da BabiJOnia, c pagaram caro quando tcntaram livro.r-se do novo j ugo.

Jeoaquim, impla.cavel inimigo de Jeremias e de reformas religiosas c morais, foi urn oportunista que tentou livrar-se do conlrole babilonico da mesma forma como se livrora da sujeiyio ao Egito, quando 3 epoca Lhe pareoe.ra favoravel. Contudo. ao faze-to, foi surpreendido pelas forgas da Babilonia marchando contra a sua capital. No curso dos acontecimentos que se seguiram, ele foi certamente assassinado, e enLeuado vergonhosamente, " como se sepuJta urn ju­mento" (Jeremias 22: 18, 19).

Com a morte de Jeoaquim em 598 A. C., seu filho Joaquirn sucedcu-o no trono. Seu reinado durou apcnas tres meses, findo$ os quais ele foi levado cativo para a Babilonia. U durante lrinta e sete anos, foi urn preso politico, seodo hber tado pelo sucessor de Nabucodono-

- L43-

Page 74: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

sor II . Evil-Mcrod:~quc, que lhe deu um<l ra~ao diida de alimcntos. peto re~to da sua vida (Jl R~&• 25: 27-30). E · e detalhe interessante d.a historia btolica tem sido confumado de mancl.l'a slngular pelos regtstros babilonicos, que mencionam Yauquim, da terra de Yaude, lsto e, Joaqutm de Jud,, como uma das pessoas que recebiam pensao reaL Alem dis~. o nome de Joaquim foi autenticrado em escavagocs poi W. F. Albright e Melvin Grove Kyle no TeU 'Beite-Mirsim (Quirlatc-Sofcr) e pot Elihu Grant em Bete-Semcs.

0. A QUEDA DE JERUSAL~M

Jeremias, por meio de um Iongo e fie! min~1erio, que se estendcu pclos ultlmoa quarenta anos da agonia mortal da nayao. c do tragico f'tm de Jud3 como monarquia, tentou descsperadamenre salvor Jerusalem e Juda da destrui~o, conclamando o povo de volta para Deus. Po rem, tanto o pr{ncipe como o plebeu parecinm ter-se tornado cada vez. mais devotados, demo­neiro fanatica e irremedilivel, a idolatria. Recusando-se a dar ouvidos a advertencia incessante do profota, de que se clcs se arrependessom, havcriam de scr Ubertados da Babilonia, jul.gl!mento tcrrfvel e irnpl~avel cruu fmalrnente sobro a cidade o.p6stata.

1. ZedequiDs e o Fim do Mono.rquia. Depois de remover Joaqutm do trono de Juda, Nabucodonosor coroou rei a Matanias, tio de Joaquim, e mudou o seu nome para Zede· quias (II Reis 24 : 17). Como t!tere de Nabucodonosor, Zcdeq uias estava consta.ntemente soften­do press6es de seus conselheiros e suditos. pam buscar a ajuda do Egito em uma revolta contra u Babitonia . A despeito das olenes advcrtencins de Jeremias. contra ossa ayio insensata, Zedequia.' se voltou para o fara6 llofra (Apries) (c. 588-569 A~ C.), pcdindo ajuda e revoltou-sc contra Nabu­codonosor.

0 cxercito caldeu, conseqilentcmente, d irigiu-se para Jerusalem, abrasado com ira implacavel. c dedicou-sc a uma destruic;3o complcta. No hOYrendo sitio que se seguiu, pestilenoia, fome e mesmo canibalismo tivcram Jugar (n Reis 25:1: Jeremias 32: 24). 0 aparecl­mento do exercito eg{pcio deu apenas UJn pequeno repouso 3 cidade sitiada (Jeremias 3 7: 5). A cidadc caiu em 587 A. C. Zcdequias tontou cscapar, mas foi capturado pelos caJdcus em JericO, e trazido para ser julgado diante do rei da Babilonia em Ribla. sob.re o Orontcs, a oi1enta quilo· metros ao s-ui de Hamate (Jeremias 39: S-7).

Zedequi:ls viu os seus proprios ftlltos serem morto). Depois, os seus olltos foram vazados, e ele foi acorrcntado e Levado cativo para Babilonia, ondc foi aprisionndo ate a morte (U Reis 25 : 1-7; Jeremias 52: JJ). Jerusalem foi saqueada impiedosarnente, e arrasada ate os ali· ccrces (U Reis 24: 17 • 25: LO). Dessa fonna "o a no 587 A. C. marcou o fim nao apenas de uma dinastia, mas de uma era". 8

2. A .Spoca de Jeremias e as Cartas de Loquis. A vida e a epoca de Jeremias foram vividamentc ilustiadas pela descobena feita em 1935 por J . L. Starkey, de doz.oito ostra­cas grafndas em hcb.raico, na escrita fenicia antiga. Esses documentos inestlmavcis foram desco­bcrtos oa sala de guarda adjarente a porta exterlor da cidade ~e Laquis (Tel cd·Duwcir), an1iga fortelcza de Juda, a cerca de quarenta quilomctros a sudoeste de Jerusalem. Tres outras ostracas, elevando o total de pe\!as de cerimica inscritas para vinte e uma, foram encontradas na ultima campanha em Laquls, om I 938.

Estas ostracas sao compostas de cartas e listas de nomes do pcriodo irnediata­mcnte precedentc ii qucda fmal de Jerusalem. Quase todas etas datam aparentemente do outono de 589 A. C., vlsto que pertencem 3 uma camada de cinzas que representa a destrui~o fmaJ de L.nquis. que Nabucodonosor realizou antes do sftio final a Jerusalem.

Jeremias, em uma de suas profecias endere~adas a Zedequias, faz uma referen· p j (l tis cidades fortificadas de Juda, que e impressionantcmente elucidada pelas Cartas de Laquis, Mcnciona ... quando o cxcrcito do rei da Babilonia pelejava contra Jerusalem, e contra todas as t:h.latlcs que restavam de Juda, contra Laquis e contra Azcca; porque s6 estas ficaram das cidades fortlficadas de Juda" (Jeremias 34: 7).

-144-

A Carra Ntimc:ro IV cootem e >ta passagem: "Estamos esper.todo os slnais da cstn­._uo de Laquis, de acordo com ~odos os sinaiR que voce esta d.ando, porque nao S?mos c~~z~s tie ver os sinais de Azeca".9 E interessante que o mesmo termo empregado aqm pa.ra smats <de fogo)'' ocorre em Jeremias 6: 1: " Fugi, filltos de Benjamim, do meio de Jerusalem ; tocai u trombcta do Tecoa, e tevantal o facho sohre Botc-Haquerem, porque da banda do norte surge um grande mal, umagrande calaroidade".

Embora as Cartas de Marl do seculo XVnt A. C., tenham recentemente demons­trade que a sinalizayao com fogo era prati~da no Vale do Euf.rates doze ~cuJos antes dos tc!"~s de Je.remias, esta carta de Laquis csclarece o sistema de telegr:afia de smals usada p~o .exerctto judeu nos uttimos dias do reino de Jud:l. Atem disso, eta iluslrcl notavelmcnte a refcrenc1a de Je· ceJTiias a Laquis c Azeca como cidades fortificadas de Juda.

Esses dols lugares foram identificados. Azeca (Tel Zacaria) no Sepelli (planl­cie) foi cscavada por Frederick J. Bliss, do Fundo de Explora¢o da Palestina: em 18?8, e suas fortifica((oes resistentes foram identificadas. 0 mesmo pode ser dito da pr6~rul _!-aquJs, escava­da pela Expedi((<io Arqueol6gica WeUcome · Marston de L933 u 1938, ~b a dl.l'~ao·deJ. L . Star· key, e continuada depois de sun morre por Charles ln.ge e Lancaster HardlJlg.

A Carta NfJmero m e uma das mais significativas de toda coleyao, do ponto de vista btolico. Como a mnioria das outras, foi cscrita por um ccrlo Osafas, que ostava estacio­nado em algum posto milltar, a um hornell'\ chamado Ja6s, que nparentemonte era o oficioJ coman­dante em Laquis. 0 texto eo scguinte :

"0 servo Osalas manda in[onnar meu senhor Ja6s: Possa o Senhor Yhwh (Jeo v4) fazer com que meu sen/tor ou"o boas novas de paz! E agora. tu mand~SJe uma carto. mas meu senllor nlio esclareceu o reu servo a respeito da carra que env1ou ao teu sen.'O omem d tarde poi~ 0 cora¢o do teu servo rem estado enfc:rmo desde que escrevest~ ao t~u servo. E qt;ando ao que 0 meu senhor disse: "Voce nifo sabe! - lela (a) carra', ass1m como. t•ive 0 Senhor. ninguem cllegou a ler para mim carra alguma em tempo algum, nem e~ lL nenhuma carta que pusso rer vindo para mmt, e nem doria na_da P?r ela·! - E ~em sido elatado ao teu servo dizendo; 0 comandante do exer~ito, Comas [rlho de Elnota, desceu ~ [im de ir ao Egito, e a Odovias, filho de Abi/4 e seus homens, enviou-me ele para obter· -/he suprimentos''. - E quando li corta de Tobias, servo do rei, ( "0 rei" nlio pode ser o~­tro sen.Oo Zedequias, sempre mencionodo Of?enas pelo. tftulo nesses rexros.) que vetO Solum, filho de Joduo, atraves do profeto, d1zendo: Cuidado, teu servo a enviou oo meu senhor'·.LO

Osa(as. como varlos outros nomos nas diferentcs cartas, 6 bt'blico, e ocorrc em Je­remias 42: 1 e Neemias 12: 32. Ja6s, e uma forma abrcvillda do nome Josias. Todas as palavras e ftases sao caractcristjcamente blblicas, e Deus e mencionado peJo tetragrama Yhwh (as consoan­tes do nome Yahweh ou Jeova). M uitos dos nomes tambem sao bons compostos biblicos de Jeova.

A prolixidade da primeira parte da Carta e devida em grande parte ao uso polido e idiomatico de " meu senhor" {adorn} em lugar de "tu" e ''teu servo" em lugru de "eu" ou " mim''. A ultima parte da cpistota parece .referir-se claramente a umo. visita do oficial coman· dante do exercito judeu ao Egilo, para realizar conferencias militares com os oficiais do Fara6 Psameticus (594-588 A. C.), preparando-se para n invasao cakh~ia que se ameaQava. A for93 expe­dicionana resultante 6 mencionlldn por Jeremias. "0 excrcilo de Fara6 saila do Egito; e. quando os caldeus, que sitiavam Jerusalem, ouviram esta not(cia. refuaram-se dele". (37: 5).

Um dos detaJhes mais significativos de todos e a referencia ao "profeta". Embora nio seja impossivel que isto seja uma refereocia direta 30 proprio Jeremias, c assim e interpretado po.r algumas pessoas. visto que havia varios profetas ern atividade naqueJa epoca, "ele era talvez. urn profeta que tinha essencfalmente a mesma monsagem de Jeremias, mas que nao deixou nenhum ).ivto escrito". ll 0 que e importunte nao e a identifica~o do " profeta", mas a intima relayao aqui estaboleoida com a vida intoroa de Israel e que ''aqui pela pximeira vez fora do Velho Testa· mento, encontramo.s men~o de um 'profeta' do tipo que desempenhou papel tao importante na bistoria hebraica" .12

- 145-

Page 75: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

A Ca.na Numero V1 e esp ecialmente uma reminiseencia de JeJemiis 38: 4, ondt 0 1>tofeta, proclamando a sabedoria de se &UbJJ{~ror aos caldeuS, e pen i:SSO acuSado polos pJ{ncJpa diante do rei: "Morra este homem, visto que ele, dizendo assiJn C$taS palavras, afrouxa. u mf01 dos homeos de guerra que restam nestll cidade, e as t:ruios de todo o povo". A ca.rta em questlo cliz assim:

''Ao meu senhor Jaos, possa Yawh (Jeovd) fazer com que meu senhor vejo utfl estll¢'o •m boa saMe! Quem e o teu servo sel'llio um dio para que meu setrhor /he en vie a carta do rwl e as ctmas dos prlncipes, diz~ndo: "Por obs~uio. leia-asl ''? E eis que as palllvras dos prin• cil)es l'llio 5110 boos, a cnao ser p11ra enfraqueaer as tuas nuros e afrouxM as m49s qos hom•111 que ef/4o in{ormados a respeito dews (?} . .. E agora, (?) meu senhor, 1tlfo escrevmlr• eles dizendo: 'Porque fazes assim ate em Jerusalem? Eis que para o rei e Plllflll. s:ua caM(1) ettais fazendo i.ssol' E como ville Yawh teu Deus, desde que o teu servo leu at «1111ll, niD tem havido paz (?) para 0 leu servo . . ' u / 3

Na carta, 0 SUJ)Osto desenconjamento ve.m dos pr.!ncipes, em vez de se·lO da parte do profeta. Porem, evidentemente o patriota na fronteira tern identidade de pensamentos com o profeta em Jerusalem, compreeodendo que a conflanQa nas promessasmirabolantes do Egito, est&· va engodando a J.uda, atraindo-a para a destrui~. e que o verdadeiro patriotismo ~ra eneotajar o povo a enfrentar a certeu de uma vit6ria babilonica.

Poucos Uvros da B1'blia foram elucidados mais Vivtdatnente pe~s de.soobe.rtas ar­quoo16glcas do que o de Jererrilil.s, e poucas descobertas tem tido conexio mais direta com a II· blia do que as Cartas de Laquis. Elas fomecem, sem exagero, urn rutual "suplemento a Je,. mias••.l4

-146-

Capitulo XXV

JUDA NO EXfLIO

Juda recebeu amplas e extensas advertencias. tanto por preceito como por exem­plo, de que $e continuassc na apostasia e na idotatrla, a na~o seria destruida e exllada em urn pais estrange.® . No limiar da sua existencia nacional, Deus havia advertido o Seu povo em termos. os mais claros, que se nao observasse a Sua lei, a.~ suas cicU!des se tornariam montoes de minas, e· seus campos urn deserto. Isaias e Miqueias haviam predito o cativeiro de Juda urn seculo e meio antes da su~ o~~rrencia (Isaias 6: ll ; l 2: 11, 12)1 anunciando a Babilonia como o Lugar Osafas ll: 11; 39: 6; M1que~as 4: 10), eoquanto que o profeta Jeremias ha'V:ia declarado ~ealrnente que ele naveria de durar setenta anos (Jeremias 25: 1, ll, 1 2).

0 progressjvo cativeiro do Reino do Norte comc~ou com Tiglate-Pileser (745-·726 A. C.) e co.ntinuou com a queda de Samaria eo (iro de Israel em 721 A. C., com subsequentes deporu~es por reis assiclos posteriores, Esat-Hadom e Assurbanlpal~ assim, consi~1iu em ilustra-96es .reais dos ensinos dos profetas judeus. Mesmo a invasao de Sena.queribe e a sua del?Orta~o de 200.150 cativos de Juda (cf. II Reis 18~ 13) nao conseguiu levar o povo a dar ouvidos as adver­tencias dos profetas. A teimosa Uga~o de Juda a idolatria, a despeito da paclente iud.Ulgencia e das nefastas admoesta¢es de Jeova, deveriam motivar, mais tarde, os JigOJes do exilio na Babilo­nia.

Os eventos de raplda sucessao depois da destrui~o de N!nive e da queda da Assi­ria em 612 A. C., prepanm o palco internacional para o drama da puruc;ro de Judi na Babilonia. A ascensio do Lmperio Neo-Babilonic:o (605-5 39 A. C.) foi tao rap ida quanto a sva queda, Quando a sua d.ivina missio de castigar o povo de. Deus foi rea.lizada, ele foi rapidamente destru{do.

L NABUCODONOSOR Jl E OS CATIVOS JUD'EUS

Nabuc.odonosor Il (605·~62 A. C.), urn dos mais pocierosos e autocraticos sobera­nos antigos, adotou essencialmente a mesma poHtioa de deslocar popula~oe~ inteiras inaugurada pelos reis us{rios do seculo VIU A. C. Com respeito a deporta~ao de J uda, o plano de Nabuco­donosor ~tfnalu dois objetivos: garantiu, pelo menos durante certo tempo, a S\lbrnissao respeitosa dessa r~giio ocidental, que havja demonstrado amplamente quao recalcitrante e teimosa podia se~ a16m dtoo, suptiu o ambicioso monarca de hlibeis artesaos e operanos para a execu~ao dos grandes projetos de constru~o na Babilonia.

1. A Primeira Deportafa~o. De acordo com a narta:tiva l:H'blica, o rei babilonico fez .tres deporta~oes de Juda: uma "no terceiro ano do reinado de Jeoaquim" (605 A. C.), na qual Daniele outra.s personagens reais foram levadas (Daniell: 1-4); a segun<ia em 597 A. C .• quando o rei Joaquim e outros, inclusive EzequjeJ. foram levados (TI Reis 24: 14~16) e a terceU;a em 587 A. C., quando a cidade eo templo foram desttufdos (U Reis 25 : 9-10).

. Os crlticos nao duvidam seriamente da segunda e da terceira deportal;(ies, mas ge­raJmente consideram lenda a primeira, mencionada p<>r Daniel. Contudo, oonfmna~o eJ.C.tra·bi­blica para apoiar o testemunho de Daniel, nao e inteiramente inexistente. Josefo, historiador j udeu do primeiro seculo A. D., prese.rvou o importante testemunho do sacerdote babilonico

-147-

Page 76: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Bcrossus. do ~cculo 111 A. C .• conf'lrmnndo cssa campanhn.

Joscfo cita Berossus, quando relata que Nabopolassar, ao ouvir que o govermu.lur que cle huvin nomcado para o oeste se havia revoltado contra ele. cnvtou scu jovcm filho Nabucu­donosor contrn o rebelde, que venceu e colocou o pais de novo sob o domlruo da Babilonla. Du­r~nte cssa campanha, Nabucodonosor reccbeu noticias da morte de seu pai. Confiando os Catlvoa JUdeus, sirios e de outras nacionalidades aos cuidados de seu s oficiais, ele apressou-sc em voltar para a Uabilonia, a fim de assumtr o trooo.

A primavera ou vcrao de 605 A. C .• quando podta se evitar a esta~ao chuvou, seria a ocasilo natural para a ca.mpanha de Nabucooonosor citada por Daniel e Berossus. As evi· uenci3S babilonicas ap6iam est a data. As uJtimas duas tabuas de Nabopolassar sao datadas de maio e agosto de 605 A. C .. cnquanto que as duas primeiras de N~buc~onosor fo~m insc~tas .e~ agosto e setembro do mesmo a no. Nao hi, ponanto, nenhuma razao valida para rejettar a histon ctdade da primeira deporta~o . mencionada no Livro de Daniel, a despeito do fato de que tal campanl111 6 ignorada no Livro de Reis.

2. A Segundo e Terceira Deportafoes. As ultimas opera9oes militares de Nabuco­donosor em Jerusalem sao contadas minuciosamente nas Escrituras. No ccrco de 597 A. C .• o Rei J oaqulm sc rcndeu , eo rei Babilonico o levou, bem como os pdncipes, os guerreiros, "todos os artlOces e ferreiros, ao todo <lez mil", para a Babilonia (U Rcis 24: 10-17). Ao mesm? tempo, dca­pojou o templo do resto de seus tcsow:os ( 1 Reis 24: 13 ), parte dos quaJs havla stdo levada. na primeira dcporlaljlio (Daniel 1: 2), fez ou tra pilhagem, e colocou o llo de Joaqulm, MatanJ.as, no trono de Judd, mudando o scu nome para Zedcquias.

A rcvolta de Zedcquias, em o nono ano do sell reinado, oca.~ionou a completa destruiydo da cidadc c do tcmplo.

"No decimo-nono anode Nabucodonoscr. rei de Babilonia. NebuzaradO, chefe da guarda e servidor do rei de Babil6nia. veio a Jentsalem. E queimou a casa do Senllor e a CIJS/1 do ret, como tambem todas as C/JSIJS de JeruSillem . .. . , (D Rei11 25:8, 9).

Nebuzamda. capitao da guard.a, era o Nabu-zer-idina babilonico, padeiro-mor (ti'tulo que vi~m a nao ter nenhum significado funcional).

Todas as cousas de va.lor na cidade, foram levadas, inclusive o s ricos accss6rios do culto do templo de Salomao. Os sumos saccrdotes foram mortos, e Zedequios teve os_olhos vaza­dos sendo levado acor:rcntado para a Babilonia (I1 R eis 25: 1-21). Sobre o povo que atndo penna· n.as~u na terra, Nabucodonosor coloC'()U um gove.roador chamado Gedalias, q ue parece ser o oft· cial de alta patente "que estava sobre a casa" mencionado em urn selo deste perfodo encontrado em Laquis.

3. A Desclll~lio da Palestina. Escavai(Oes em Jerusalem e na Palestina em geral, mostrarn como foi completa a d.anificayao e a destru i¢o efetuada durante a invasao caldaica. Ncnhum sinal do templo de Salomao foi dcixado, ncm dos pal:icios dos reis dav(dlcos. Escava~et feita.s em Azeca, BetC>-Semcs e Quiri.ate-Sef'cr, e cxames de superflcie po.r toda a porte, oferecem cvldencius mudas da terr(veJ dcsolaqio. Em La.quis, duas destrui~oes ocorreram, com pequenos Hltervalos e devem scm duvida, ser relacionadas com as illvasocs de Nabucodonosor em 597 e 587 A. C.. tet\do a~ Cartas de Laquis sido recupe.radas das ru{nas da segunda dessas destrui~oes.

4. 0 Ministerio de Ezequiel. Da mesma forma que Jeremias foi um profcta para o povo de Jerusalem e Juda, Ezequiel, ~u contempo~oo rnais novo, d~semp~nh~u o,!llesmo_ papel em rcla~o aos jodeus no exJlio. Ele vtveu e profetJZOu para a comumdade JUdaJca no me1o dos ~xalados, j unto ao rio Quebar'' (Ezequiel 1: 1: ~). "0 rio Quebar". ~ a~ora conhecido em. virtude de rcglstros cuneiformes, como o cana.l babUOmco Cabar, na Babilorua central, que con1a entre Uabtlonla e a cidade de Nipu.r, cern quilometros a sudeste. A mesma paJavra indicava, para os ba· hoonios, tanto rios como canais.

-148-

. Nlpur, ~cavudu por u ma cx.pedl~o amoricann sob a direyiio de Peters, Haynes c llliprecht (1880-1900). resultou no descobrimento de vacios milhares de tab\llls de barro inclusive um<i narrativa sum6ria do dUuvio . Agorn sabe-se como Nipur ficava pcrto das colonias de judcus tlcportados, as quais Ezequiel minisuou. Porem, a residencia de E:z.equtct, Tel-Abibe (Ezequicl 3: 15). sabe-se agoro que e a babilonia til-abuhi, "outei:ro do Diluvio'', te.cmo usado em cuneifor­me acidio para desigl'l3l os outeiros baixos espalhados pela Mesopotamia. Alem disso. nomes com­postos com o eJemento ref (ou tell) , "outoiro", cram comuns oa Babilonia daquel.a epoca, durante a qual vellias cidades abandonadas estavam sendo ocupadas de novo.

Em urna terra que, economicamente, era muito mais rica que Juda, os cxilados gozaram de mujtos privi16gios, e nada havia que os impedisse de serem elevados a pos.i~oes de proeminencia e prosperidade (Daniel 2: 48: Neemias 1: 11). Os cativos que se estabcleccrarn em Nipur e suas Ledondezas goza.ram das oportunidades oferecidas por urn grande centro comercial , c mesmo durante o per{odo do cativeiro devem ter adquirido grandes riquezas. M.ais tarde, sob os reis persas Artaxerxes l (465-424 A. C.) e Dario 11 (424-405 A. C.), urn famoso mercado aU sc loca.lizava, operado por "Murachi e Filhos", com o qua.l muitos individuos que possuJam nomes judaicos estavam associados.

Contudo, nem todos os exilndos se adaptaram .ao novo ambiente. Muit.os cram pobres, desanirnados e aflitos na sua nostalgia. Por isso, Ezequiel foi cornissionado a tmer-lhes uma meq33gem de esperan~a que se projetou para o futuro, ate o tempo do reino terreno de Lsrnel, sob o governo do Messlas (cap(tulos 40-48).

5. A utenticidade das Profecills de EzequieL A arqueoJogia esta faze ndo mu ito no sentido de contraditar as toorias radicais a respcito da autoria e data do Ljvro de Ezequicl. Ate bern pouco, comparativamente, a profccia era considerado como obrn. genu(na do seculo V1 A. C., c escrita por Ezequiel, profeta aos exilados hebreus. lsto esta sendo agora nugado por crlttcos como C. C. Torrey, 9ue considera a profecia essencinlmente como uma pseudo-ep(graJe, em ~>un maior parte obra do seculo Ill A. C., e de forma alguma de Ezequiet

_ Urn dos principai.s a.rgumentos de C. C. Tor:rey contra a veracidade da profccia, e a data\r'IO de acontecimentos baseando-sc no "cativeiro do rei Joaquim". Considerando que 0

monarca reinou apenas tres moses e foi levado cativo para a Babilonia, tal procedimCllto 6 con­fessamente incomum. Contudo, a arqueologia contraditou as crtticas nessa materia e apresentou essa declara~o da profecia como ''urn argumento inexpugnavel em favor da sua veradidade" .l

Al~as de jarros descobertas em Tel Bcit Mirsim e em Betc-Semes em 1928-1930, ostentarn as palavras "Eliaquim, mordomo de Yaukim)", apresentam-se como uma evi­dencio clara de que esse Eliaquim era o mordomo cia proprledade da coroa pertencentc a Joaquim, e que o rei exilado ~ra ainda reconhecido como soberano de direito, pelo povo de Juda. Zedequias era meramente cons1derado como regente em Iugar de seu sobrinho exilado (cf. Jeremias 28: 4). Os judeus desejavam reconhecer o seu rei por direito, mas nao ousavam dalar os evcntos )Cgundo os anos do seu r einado, "visto que aqucle reinado rcalmente havia sido encerrado pelos babiJo­nicos". 2 Por outro la.do, era bern natural que os judcus na Babilonia data~sem , tendo como base a captura do scu soberano.

. . Que JoaquJm era ainda considerado "rei de Juda, meSmo pelos pr6prios babilo-mcos, foJ provado em 1940, peJa publicayao das tabu as do reinado de Nabucodonosor , cnumeran· do os destinatanos da generosidade real, e incluindo Yak:im, rei da terra de Yhawd (JucUi)". 3 Em adi~a~ a esta not~vel confumoyao da autentictdade da profec.i:l. de .tzequiel, o tivro esta repleto de " alusoes arqueologicas acuradas, que dificilmente poderiam ser expUcadas, se Torrey estivcsse com a razao".4

Caso tloico e a referencla a Persia (Paras), como pais que era suficientemcnte forte p~m dcspachar. tropas para. com bater nos_ cxercitos de Tiro e Gogue (Ezequiel 27 : l 0} e 38: 5). 'Como podeoa Ezequtel fazer esta men~ao casua.l aos persas'', diz Torrey, "antes daquele povo te.rfeito a sua apresentayio no palco da hist6ria?"5 A arquoologia dcu. semelhantemente, a resposta a esta pergunta.

- 149-

Page 77: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

En1 1930..193 1,l:.rnest Aenrcld e E. Jo . Weidner publicar-.tm in~1ca~:s. mostmmto que a P6r:;ia era urn unportante pafs indepcndcnte sob o domlnio de rei~ aqucmcnios.ju no sc~ulo VII A. C., varias gerat;oes antes do periodo de 6zequiel. Corroborando est& evid~ncio. os registrol cuneiformes assirios do secu.lo IX A. C. ja mencionam a Persia como um pais a oeste do t:ra. 1! vu­dade que eta nao ~ tornou potencia mundial ate que Ciro conquis tou Astiag\ls. rei da Media (c. 550 A. C.), pouco mals de duas dCcadas depois do cncerrJmento do ministerio de E"tequicl. Con· tudo , n refcrencia feitn pelo profeta requer npenas uma terra de relativa importancin, antes da 6pu­ca de Cito.

6. A BabiiOnia de Nabucodonosor II. Os esplendores da Babilonia de Nabuco­donosor n sao agom bem conhecidos, como resultado das modem as escavay<>es. De 1899 em dJ.an. le, a Deutsche Orielltgerellschaft , sob a direy[o de Robert Koldewcy, escavou o local da an tip cidade, e dcsenterrou rufnas dos grandes ed ificios de que muito falam as i.nscri<;oes do pr6pdo rei. 0 L ivro de Daniel registra, de maneira significativa, que o orgulhoso monarca babilon.ico • jnctava da magnifirencta da sua capital. o que merece, por parte dos monumentos, ampla eluclda· ~""o . ''Nao e csta a grande Babilonia que eu edifiq uei para a casa real, como meu grandloso pode:r, e para gloria da minha majestade?'' (Daniel4 : 30).

A urqueologia mostrc~ "que a cidade .realmentc deve a este monarca a nwor p:rrte da sua imortal reputa~o de magoificencia .. .''6 Por entre as vastas ruinas, Jcvanta·se a Poru de Istar, que se abre num muro duplo maci~o com fortifica~es, ornamentado com towo,S e d.m· goes fcitos com t ijolos esmaltadoR color:idos. A Porta de I star davn acesso a grande rua processional da cidade, cujas parcdes eram tambcm adornadas com leoes esmaltados, como o er11 tambem a sala do trono do palacio de Nabucodooosox.

Na area do tcmplo resta apenas o solo plano onde se levantava o ~lgurate de Nabu­codonosor, mas de acordo com Her6doto, cle se elevava a uma altura d~: o ito aodarcs. Niio muito Ionge estava o templo de Marduque, que o rei havia restaurado, construido com varlos andares, como OS ar.ranha-ceus modernos. Na area geraJ, que agoro ruio mnis C idcntificave.l, estavam at mais famosas de todas as corutru~oos de Nabucodonosor, os jardins uspen sos, que o rei construiu em terr.tyOS para recompensar a ua rainha med ia pela perda de suas amadas montanhas. e que os gregos consideravam como uma das sete maraviThas,do mundo (Veja quadro nO 38)

A mscri<;ao da Casa Da fndia Oriental, agora em Londres, dedica seis colunu da escritura babilonica a uma descrictio dos enormes ediffcios de Nabucodonosor, em seo zelo de au. mentar e embelezar u sua capital. Ele reconstruiu mais que vinte templos em Babilonia e em Borsi­pa, executou urn vasto sistema de fortifica¢cs, c fez. grandes estaJelros para a industria naval.

A maior parte dos [ijolos encontrados nas escava~oes da Babilonia trazem o seu selo : ''Nabucodonosor, rei de Babilorua, mantcnedor de Esagila e Ezlda, exaltado primogenito de Nabopolassa.r, rei da Babilonia".7 Esagila (,.Casa cuja cumieira e clcvada") era o nome babt.­lonico do templo de Marduque (Bel) em Babilo nia. Ezida (A Casa Pcrene) era o templo de Nebo, patrono do cultum, em Borsipa. Urn do$ tegi;)"ti:Os de Nabucod.onosor faz recordar a sua j actincia mencionada em Daniel 4 : 30: " As fortificay()es de Esagila e Babilonia cu reforcei e estabeleci o oome do meu rei no para sempre". 8

A alusao f~ita por Daniel as atividades construtoras de Nabucodonosor. e impor­taote e m raln¥io ao ponto de vista crftico que geralmente sc tern do tiVTO, que atribul-lhe uma dati no per fodo dos macabeus (c. 167 A. C.). Mas o problema e: Como o suposto escritor posterior do Uvro poderia saber que as gl6rias de Babilonia cram dev\das as opera~es de engenharia civil deNa· bucodonosor? R . H. Pfeiffer,~. embora defendendo o ponto de vista ccitico , confessa que posslveJ­mcnte nunca o saberemos")l' Mas se alguem aceita a veracida.de do Livro de Daniel, nesse caso poiado de maneira noHtvel pela arqueologia, o problema dos cr1ticos se desvanece.

7. Evidencill do Ex(lio Judaico. A questao interessante para o arque6logo bl­btioo 6 se existe alguma evidencia arqueol6gica p.rovando que realmente os judeus foram cativos na Babilonia, ou niio. A descoberta de cerca de trezentas tabuas cuneifonnes em urn edificio t1b0badado perto da Porta de lstar, na Babilonia, torna possivel agora uma resposta positivaa esa

- 150-

tli•vida. cssas tli.buns, depom do cuidndoso cstudo. descobriu-se dalllrem de 595 a 570 A. C., pe· dodo vlrtualmentc contem p omneo ao ministerio de Ezequiel aos exiJados, e oonterem listns de .CII!fOCS allmentares pagas a artifices e cativos que residiam em Biibilonia ou perto dela, nesse perio­do.

Entre os que recebiam essas ra~es estio pessoas de ruias naft(jes subjugadas tais como Egito. Pilisti.a, Fen( cia, Asia Menor, Persia e Jud.R. Os judeus enumerados tem nomes

que sao caracterfsticos, e algu.ns sio b!blicos, como Semaias. Gadiel e Selemias. ~ nessns tabuas que ocorre a men~o do Rei J oaqulm de "Yhawd", associado com cinco outros pnncipes reais, cujo no­me, como vi.mos antes oeste capitulo, tern parte importante na autenticidade do Livro de EzequieL

Joaquim, escritoYhawkin (Yawkino), e cspecificamente citado como "rei da tena de Yhawd". " Yhawd" e sunplesmente uma forma abreviada de Judi, perfeitnmente famiJiar nope~ riodo posterior ao exJlio, quando o pequeno estado judea mo1dou aJ~a.s de jauo oficiais e tam bern moedas de prata com a legenda "Yhawd" ("Juda").

Um dos documeotos menoionando Yllawkin e especifica:mente datado de 592 A.C. A esse tempo o rei judeu cativo parecin ter liberdade para anda.r pela cidade, como e suged­do pela distribuiyao de rarrao feita a ele. Apnrentemente, nao foi seniio em epoca posterior, que ele foi Jan~ado na prisao. da qual foi libertado no trigesimo setimo ano do seu eXJ1io, sendo restaura­do a um tratamento favoclvel e mesroo preferencial.

lt OLTIMOS ACONTECIMENTOS NO IMPERJO NEO·BABLLONICO

0 Novo Imperio Babilonico estava deslinado a ca1r, logo depo.4 de completa.r a tarefa de castigar o id6latra Judi. Depois de Iongo reinado c do podcrio incont.ido de Nabucodo­nosor, o declfoio verificou ·se rapidamente. 0 poderoso monarca fol sucedldo no trooo por seu filbo Amel·Marduque, em acadio, " homem de Marduque'' (562-560 A. C.), chamado EvU-Mcrodn­que em II Reis 25: 27. Confirma~o arqueol6gica dessc rei fol encontrada em urn voso de.soobcrto em Susa, no curso das cscava9oes francesas :ill realiz.adas. que truzl.a n in~cri~o : " PaJacio de Amil­Ma.rduque, Rei de Babilonia, filho de Nabucodonosor, Rel deBabilonia".

Evil-Merodaque logo foi assassi.nado por seu cunhado Nergal-sar-usur (Neriglisar), que por sua vez rcinou quatro nnos apenas (560-556) A. C.). Ero seguida o seu ftllto I.abachl-Mar­duque (Labasso-Arqucs) foi assassinado dcpois de reinar apenas alguns mescs.

1. Nobonido como R ef. Um dos conspiradores que acabou com Labachl-Manlu­que foi um nobre babilonico chamado Nabonido (em ncadlo, Nabuna.ide, "o deus Nabo, lsto e, Ncbo e exaltado "), q\le em seguida reinou como o ultimo mona.rca do Imperio Neo-BabUonico (~56-539 A. C.). Nabonido era u.m homem de grande cultura e de interesse religioso. Era nrque6· logo, bom como construtor e restau.rador de templos. P(ocu.rava lnscri~es , que me,smo nuque­la epoca e.ra antigas, e tinha nomes e listas de .rels copiadas, o que sc demonsttou sex utU para his· to.riadores.e antiquanos de epocas u.lteriores. A sua mie parece ter sido uma sacerdotiza do tem­plo do deus tua Sim , em Rami, c ele mcsmo tinha ardcntc interesse nos santuarios de Sim, tanto em Harm como em Ur.

A propria fllha de Nabonido foi dedicada ao grande templo de Sim em Ur. A de· vo~o do rei ao deus lua em detrimcnto de Marduque, sub levou evidentemente os sacerdotcs con­tra o seu ptograma religioso. Quando a Babilonia foi amea~dn por Ciro, o piedoso rei reuniu os Vlirios deuses em Babilonia, para que fossem protegidos, mas eles foram subseqUentemente de­volvidos aos seus santu8.rios, pelo conquistador.

Nabonido passou rou.itos anos do seu reinado em Tema, na Anfbia, pr6spe.ra regiio que tinha muitas vantagens comerclais e militates. Quando Cito amea~ou devast.a.r a Babi· Ionia, o rei voltou para lli, no decimo-setimo ano do seu reinado (539 A. C.). Depois da queda da Babilonla, Nabonido, foi amavelmente ttatado por Ciro, que lhe deu a Carmania, ao sui da Per· sia, para que ele a govemasse, ou talvez simplesmente con.o seu domicilio.

- 151-

Page 78: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

2. A Co-Regencia de Belsazar. De acordo com os registros contemporfincos cJa Babilonia, Belsa.zar (em acadio, Bel-sar-usur. "Bel protcja () .rei") era 0 filho maib velho u CO•I"t'•

gente de Nabonido, ultimo soberano do l.mperio Neo-Babilo nico. A scguintc pnssagcm doclan explicitamente que antes de Naborudo come~ a sua expediyao a Tema, entregou as redeas do go­vcJa1o pr6poamente dito. a Sel~ar :

'"E/e conrl()u um actimpamento ao seu r11J10 mais veUzo, primogenito; as tropas da terri ele enviou com ele. Abriu a mtio, e conrtCu-lhe o reinado. Depois ele mesmo empreendf!U uma campanha longfnqua: a forfa da te"a de A cade marchou com ele; em dire¢'o a Tl· ma, no meio da te"a Ocidenral, ele assentou a SJJa face . . . Ele mesmo estabeleceu a tu11

habita¢o em Tema . .. Aque/a cidade ele tornou gloriosa. . . . Fizeram-na como um palll· cio de Babilonio . .. "10

De acordo com o' .rcgisuos babilOnicos. Belsaz.~ tornou-se co-regente no terceiro ano do reinado de Nabonido (553 A. C.) e continuou naquela posiyao ate a queda de Babilonla 539 A. C.). A Cronica de Nabunaide relata que no setimo, nono, decimo e undecimo anos, "o rei estava na cidade de Tema. 0 filho do rei, os principes e as tropas estavam na terra de Acadc (Babilonia)." 11

Enquanto Nabonido estava ausente, em Tcma, a Cronicn de Nabunaidc dlz expressamente que o Festival do Ano Novo nao foi celebrado, mas foi observado no dccimo-~6· timo ano, quando o rei voltou para a capital. Desu fotma, e claro que Belsazar rea lmento cxerceu a co-regenoio em Babilonia, e que os rcgistros babilorucos, de maneir:a notavel, suplementarn a, B1blia (Daniel 5; 7: 1; 8: 1), que nao esta errada ao representnr Balsazar como o ultimo rei de Babilonia, como outrora a critica clestrutiva estava tao segura em negar. Nem podc dizer-se estar enado o Uvro de Oanjel, ao chamar Belsazar de " ftlho de Nabucodonosor" (Daniel 5: L). Mesmo que Belsazar oio fosse relacionado genealogicamente com Nabucodonosor, o que nno 6 de so duvldar - visto que sua mae. Nit6cris, era evidentemente filha de Nabucodonosor - o uso de "f"tlho de'' como eqwvalente ao uso scmita de "sucessor de" no caso de rcalcza, nao scria incxato oeste caso.

3. A Queda da Babi16nio. Ciro ll, "o Grande", fundador do Imperio Pcrsa, suce­deu scu pai Camblses I no ttono de Ansa (c. 559 A. C.) e dai em dia11te com~ou n conquista retampago do antigo mundo semita. Por volta de 549 A. C., ele havia conquistado os medos, e de 546 A. C., a Lidia. Em 539 A. C., a Babilonia caiu diante dele. A Cronica de Nabunaide con­ta que as for~ persas tomaram Sipar pouco antes. eque o grande conquistador entrou em BabiiO. nia logo depois:

''No mes de Tasritu, quando Ciro ataCO!l 0 exerciro de AC'ade em Opis sobre 0 Tigre, os habitantes de Acade se revoltaram. m4S ele (Nabonido) massacrou os confusos habf· tantes. No J5(J dia, Sipar foi tomada sem luta. Nabonido fugiu. No J6g dio Gobrias (Ugbaru), govemador d~ Gutim, eo exercito de Ciro. entraram em Babil6nia sem /uta. Em seguida, Nabonido foi preso em Babilt5nill , quando voltou (10) . . . No m~s de Ara!llmnu, no P. dia, C:iro entrou em Babil6nia. Ramos verdes foram espalltados em frente dele- o regime de 11Paz " (Slrulmu) {of imposto na cidade. Ciro enviou sauda¢es pora roda Babi-lonia. Gobrios, seu governador, irwalou (rub-) governadores em Babil6nill . .. No mes de Arasamnu, na noire do JJI.! dia, Gobrias morreu. No mes (Arasamnu, dia . .. o dio, a esposa do rei mo"eu. Desde o 27l? dia de Arasanmu ate o J<? dill de Nisanu, luto oficia/ foi observado em A cade, todo o povo com seu cabelo desgrenhado ". 12

A Cronica de Nabunaidc assim relata que a alegre aclamayao de Ciro pelos babi· lonios foi logo seguida pcla morte de uma importantc personagem reaL lnfelizmente. contudo, o estado de mutllu~ao do texto toma impossivel decidU: se foi "o rei" (segundo Pinches). "a ~'posa do rei" (Winckler, Scharader) ou "o filho do rei" (Hagen, Caiger).

Dougherty ap6ia a opiniao de que a referencia e n "esposa do Iei", mac de Bclsaz.ar. "A tristeza em virtudc da monc de seo f.tlho e a passagem de Babilonia a maos estran­gella.~. podem ter apressado a morte da rainha de Naborudo. Como ele, provavelmente ela tambem ern nvnn~ada em a nos". L 3

-152-

A expllcu~ilo de Dougherty empresta significado tambem ao pcrfodo de luto oJlclal por ~:lu. quu ora evidllntcmente filha de Nabucodonosor. Daniel 5 e Xenofontes ooncor­dam em quo a mortc de Bclsazar ocorreu em conexao com a captun de Babilonia. Esse cvcnto deve ter-se dado quando Gobrias, general de Cito, adentrou a cidadc sem resistencla gcral, no decimo-sexto dia domes de Tisri (outubro).

Embora nenhum documento de origem babiloruca af1rn1e que Belsazar estava presente a queda de Babilonla, por outro lado nao ha evidencia positiva contra a sua participar;ao nos acontecimentos de 539 A. C. Na verdade, "de todos os registros nao babilonioos que men­cionarn a situayao reinante no fim do fmpe.rio Neo-Babilonico, o quinto cap(tulo de Daniel situa­-se logo depois da literatura cuncifonne, em materia de exatidao, no que conceme aos acontc­cimentos mais notaveis''. 14 "A materia referente a Belsazar, Ionge de consistir em erro das Escri­turas, 6 uma das con1~rmar;Qes mais notaveis da PalaVIa de Deus que tern sido demonstradas pela arqueologia".l5

- 153-

Page 79: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Capitulo XXVI

JUDA SOB 0 DOMfNIO PERSA

Com a queda de Babilonia nas maos de Ciro, o aria.no, o caminbo para. a volta dos judeus para a sua terra natal estava aberto. 0 profeta hebreu vira p~o!~tjcamente a jubllosa restaura~o. e cantara a respeito de Ciro, como sendo o libertador q ue Jeo-va ma levantar:

"Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem zomo pelir mtio direita, para 4bater as 'w¢es ante a sua face; e descingir os lombos dos reis, para abrir dilmte dele as portils, que ntfo se fecharao. Eu. il'ei adiante de ti, endireitarei o~ t111minhos tortuosos, quebra· rei as portas de bronz~, e despedo~rei as trancas de ferro; dor-te-ei os tesouros escondi­dos, e as riquezas enconbertas, para que 5'Qibas que eu sou o Senhor, o Deus de Istael, que te clwnw pe.lo teu nome. Por amor do meu servo Joel>, e de Israel. meu escolhido, eu te chamei pelo teu nome. e te pus o sobrenome, ainda que n~ me conheces" (lsafas45: I-4).

Em bora o vidente hebraico tivesse visto o gra.nde conq ui$1ador ungido por Jeovi para a tarefa, cspeelal d e p&r em tiberdade OS cativ~ judeus e devolve-los a sua terra natal, Cjro alegou sec enviado "pelo deus Marduque. A famosa inscri_~o de vencedor, reg\sttada em urn cilin­dro de barro, relata a incrfvel bi.st6ria das suas conquistas, considerando-se como um homem de destino, elucidando vividamente a mensagem profetica do videote judeu:

"Mtmiuque . .. procurou um prlncipe reto, s-egundo o seu corafaO, a quem ele tomou pela mao. Ciro, rei de Amlf, e/e. chamou pelo nome, e para domiMr S()bre todo o mundo ele o indicou . . . Para esta cidade de Babilonia ele o fez vir, e/e o fez tomar peill estmdo da Babilfmia. indo como um amigo e companneiro, ao seu lado. Suas numerosas tropos, em numero desconhecido, como a dgua de um rio . marcharam amuzdas ao seu ltJdo. Sem batalha ou luta, efe lhe permit1i1 entrar em Babilimia. E/e poupou a sua cidade de Babifonia de uma calamidade. Nabunaide, o rei, que MOo temla , ele entregou em suas mi:fos''. 1

I. A PERSIA E A RESTAURAQAO DE JUDA

0 pocleroso Imperio Persa que se Levantou depois do colapso do Neo-Babilonico_, thnou desde a sua (unda~o por Ciro, o Grande, em 539 A. C., ate a sua cooquista por Alexandre, o Grande, em 333 A. C. No auge do seu poderio, ele se estendia desde a fndia a leste, ate o A.tqui· J>61!J8o Grego a oeste, e descle o Danul>io, o Mar Negro, o C3ucaso eo Mar Caspio ao norte, ate os desertos Arabico e Nubio ao sul (Ester 1 : 1 ; 10: 1). Tinha quase cinco mil quilometros de com­p'tlmento e de oitocentos a dois mil e quatrocentos quilometros de largura, com uma area de cerca rle tres milhOes de qllill>metros quadrados. Nesses eoormes dominic$, Jurui era um roinusculo lributll.rio, virtuabnente perdido na extensao do lmenso imperio. A impol!tancia do pequ~:~oo estado turl(lQ na hlst6ria moral e espiritwU do mu.ndo, porem, era muito maior do que a sua insignificancia ll'aitorlal poderia sugeri.r.

1. 0 Decreto de Ciro e a Historio Cont-emporaneD. 0 edito de Ciro, registrado em IJ Cronicas 36 : 22, 23 e Esdras 1 : 2, 3, permitiu que os exilados hebreus voltassem para a l'•lu, llna I) reconstrulssem o seu templo:

- 154-

"A.sslm diz Clro. rei do nrsill: 0 Senhor, deus dos ceus, me deu todos os reinosda rerra_ e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalem, que estd em Judd; quem, entre v6s. t de todo o seu fJOJ!O, que suba, e o Senllor seu Deus seta com ele . . . suba a JerustV-16m de Judd, e edifjque a casa do Senhor".

Esta proclama¢o (Cal, sep;u:ada por necess:idade do seu contexto histori.co deta­lliado, como esta oa Biblia, tern pw:ecido esttanho para rouitos aritioos e, como resultado, a sua autenticidade tern sido seriamente questiooada. Po.rem, a arqueologia demonstrou que a concessao feita por Ciro aos exiJados judeus nio foi urn ato isolado , mas a poUticageral de urn uder notavel· mente h umano, COnci.lian.do OS seus DOVOS sUditOS COm ele mesmo, atraVCS de favorecimento as suas .religioes.

Depois que Giro havia tornado a Babilooia. urn dos seu s primeiros atos foi devol.­ver todos os deuses as suas cjda.des. Enue esses estava o deus lua, de Or. Nesse local foi encontrado um portio da. clausura sagrada, que. ttavia sido refonnado com tijolos que ostentavam o nome de Ci.ro, e em uroa inscri~o quebrada, o conquistador diz: "Sim (o deus luaJ, iluminador do ceu e da terra, com os seus signos favoniveis, entre~ou nas 'm.inJ:Ul_s maos os guatro cantos do mundo , e eu devolvi o s deuses aos seus santJJanos". E· nos t ijolos do portal reforma.do, ele diz: "Os grandes deuses entxegaram todas as terras nas minhas maos; a te.rra eu .fiz habit:ar em uroa paclfica habi­t~o''. 2

0 fanroso ~ilindro de Giro, descoberto por Hormuzd Rassam no seculo XIX, tam­bern esta de pleno aco~;do com o edito real registrado na Biblia. e mostra que Ciro inverteu a pol{­tica desumana de deportar popuJa¥6es intei.ras, prat:icada pelos conquistadores assirios e babiloni­cos:

"De . . . para Assur e Susa, Agade, Asnunaqr4e, Zambtl, Merurnu, Deri com o territorio da terra dt Gutiil.m, as cidades do outro lodo do Tigr(!, aJjos loc:ais eram de fundafao antigo - O!l deuses, que habitavam neills, eu trouxe de volta aos seus /ugares, e fiz com que habitassem em uma l'a$0 ptUa sempre. Todos os seus habitantes eu reuni e os devolvi ao lugar da sua hilbitapzo . .. Possr~m todos os deuses, que eu devolvi ds suas cidades, rezar diarilzmente diante de Bel e de Nabu, pedindo longa vida p11ra mim . .. " 3

2. A Volt(l do Remane$cente. 0 decreto de Ciro e, nas Escrituras, datado do primeiro ano do conquistador (539-538 A. C.) (E$dras 1: 1), e mais ou menos em 537 A. C. o re­torno em si deve ter come~o. Mas nao houve pressa por parte da IT\a1oiia dos judeus, agora oonfortavelmente estabelecidos em prosperas profissoese no comercio da Babilo.nia de se j u.ntarem a um grupo pioneiro de exilados para enfrentar os rig ores f{s·i.co~ e cconornlcos de' reedificar a. sua desolada terra nataL A despeito de substanciais damvas para ajudar os que desejassem volt!U (Es­dtas 1: 6), e mesmo da devolu~o feita por Ciro dos vasos que Nabucodonosor hi! via pego em Jerusalem (Esdras 1 : 7, 8), urn pugilo de menos de cincoenta mil pessoas, (oi tudo o que~ disp6s a migrar de volta pan. a terra natal (Esdras 2: 64, 65).

Proeminentes entre os lideres que conduzi.raro o pugllo de exllados- de volta 8 Palestina, citaremos Sesbazar (Esdras 1: 11) e Zorobabel (Esdras 2 : 2), Este names, como se sabe agoya, segundo descobertas nessa regiao, sao boas forma~es babilonicas, como era de se esperar de homens nascidos ali. Zorobabel (zer-Bobe(J sfgnifica "prole de Babilonia'', e Sesbazar (Slin-ab­·IISIU) significa aparentemente, "6 deu s sol, portege o pai'1•

Quando algun$ dos mais importantes cabeya$ de f!Ul\{Jias chegaram ao loeal do templo em Jerusalem, e viram as rufnas da devastayoo operadn pelo excrcito de NabUCadonosot mais de meio seculo antes, deram llo tesouto dn obra "e.m oum. sessenta e uma mil dracmas, e em prata. cinco mil auateis" , para, reconstruir: a casa de Deus (Esdras 2:68, 69).

A "dracma" era uroa moeda grega. Com a 110~0 enonea de que o uso dessa moeda grega nio era -cor:rente na Palestina e em outras terms ruio gregas are depois das conquistas de Alexandre, 0 Grande (c. 3o0 A. C.), C. C. Torrey e outtos eruditos usaram esta referenda a dtacma, e tambem a de Neemias 7: 70, para refo:q;ar a teoria de q ue Esdras, N~emias e-Cronicas

- 155-

Page 80: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

fotam esoritos porum s6 homem, o "cronista", que ruio viveu antes de 250 A. C.

Mas, agora, as evidenc1as arqueologicas mostnm que a dracma atica estava em uso como moeda padrao na Palestina, desdc a metade do seculo VA. C. em diante. Nas escava«;oes do Bete-Zur, v:lrios quilometros ao suJ de Jerusalem, foram desenterradas em 1931 seis dracmall pcrtencentes ao nivel persa, e no secuJo IV A. C. a drac~a atica se tomou a mo~a of!~l d~ esta· do judea, hoje conhecida devido a varias descobertas feJtas ~eccnteme~te de antJgas tnUtactoes de moedas aticas, inscritas com a palavra "Yhawd", nome aranuuco de Juda.

3. 0 Jnfcfo da Obra do Templo. Antes que se come«;asse o trabalho no templo propriamente dito , o altar das ofertas queimadas foi levantado em JerusaLem, e pelo menos uma parte da antiga adora(jio foi reiniciada no mes setimo do primeiro ano do retorno (Esdras 3: 1-6), Nesse interim estavam sendo levantados fundos para a constru«;ao do templo. Pedreiros e cat· pinteiros for~ contratados, e "cedros do Lt'bano'', encomendados aos tirios e slc!onios, forarn transportados em jangadas no m3J' ate Jope, e transportados por terra para Jerusalem, como nos dias de Salomao (Esdras 3: 7}.

Desde eras mais remotas a regiao do L1bano supriu cedro para constru~o de tem· plos. Gudea, um rei da cidade mesopotamica de Laglis. ja no seoulo XXII A. <?·· mandou buscar nas montanhas Amanus. na reglao do L(bano, madeira de cedro para reconstrull' um templo. Em cerca de 1080 A. C. um homcm chamado Venamom foi enviado do Egito para o Lfba,!'o,. a flm de buscar madeira flna para construir uma buc39a sagrada. Nabucodono.sor 11, de .Babilorua, deixou registros da sua visita ao L!bano, e da sua impressio a respeito dos "imponentes cedros ... altos e fortes, de muavilhosa beleza, cuja aparencill escura era notavel. .. " 4

No segundo ano da volta, .foi lanyado o alicerce do templo (Esdras 3: 8-13) e as perspectivas para o termino clpido do ediffcio eram boas. Todav.ia, acontecirnentos in~perados ad.iaram 0 trabalho por cerca de quinze anos. Os problemas foram acusados pelos habttantes da terra. desceodentes dos povos deportados para a Palestina pelo imperador assirlo Esar-Hadom (680-669 A. C.), filho .e sucessor de Senaqueribe. e pelo "~de . e nobre Asnapar" (668~33 A. C.), que era, evidentemente, o famoso Assurbarupal, de CUJa biblioteca descoberta em .NWve, nos vierarn as est6rias babilonicas da Crialj3o e do Diluvio (Esdras 4 : 2, 10). (Vejn os capttulos n e IV deste livro.) Essa populalj3o meio pagli ofereceu-se para ajuda.r na construljio do templo. Quando essa ajuda foi sabiamente recusada,. sem duvida de~do ao perigo da oontam~lj3o id~ta­trica, esse povo se tomou inimigo mortal do jovem estado JUdeu, e fez tudo o que pode para un· pedir a constru~o do templo e dos muros da cidade.

4. Esdros, Neemills, e os Papiros Elefantinos. Os adversarios da terra foram tao Ionge em sua oposi«;io, a pooto de escrever cartas ao monarca persa, acusando falsame~te os judeus. Desta maneira conseguiram fazer parar temporariamente .o trab~Jho no. templo. CliO, o ga:ande benfeitor dos judeus, foi morto em batalha em 530 A. C., e fot sucedido por seu ftlho Cambises, que reinou de 530 a 522 A. C .. Foi para esse monarca (aparentemente chamado Assuero em Esdras 4 : 6 e Artaxerxes em Esdras 4:7, 11 , 23) que os oponentes de Juda e de Jerusalem es­creverarn as suas acusa«;i5es incriminadoras.

As cartas regist.radas em Esdras 4, representando a correspondencia entre os advers&rios dos judeus e o rei persa . estao escritas em aramaico, e a sua autenticidade tern sido geralmeote negada pelos estudiosos. Mas a arqueolog.ia, uma vez mais, prominciou um vere~ito con· tta a opiniio cr(tica, atraves das evidencias fomecidas pelos agora famosos papiros elefantmos .• Siio cartas em ararnaico, idioma de diplomacia e do comercio n~ asia ocide~~l, durante~ o Per~~do Per$&. Oatam do Perfodo de 500 a 400 A. C., escritos pot JUdeus que V1Vl8Dl na colonia militat exlstente na ilha Elefantina, localizada na Primeira Catarata do Nilo, no Egito, e descobertos em 1903, esses documentos eonstituem a mais importantte confmnayao arqueologica para os livros de Esdras e Neemias.

0 mais valioso resultado alcan¥ado pelo achado desses papiros no Egito, alc~m de elucldar grandemente em materia de detalhe, e de~onstrar que o aramai~o empregado em Esdras 6 caractedstico do seculo VA. C., e que as cartas regtstradas no quarto capttulo de Esdras mostram

- 156-

o mcsmo estJJo g~:ru.l, e sffo cscrltas nn mesmn Unguagem dos papiros elefantlnos c outras cartas do mesmo pCJ:i'odo descobcrtas mais recentemente.

5. Dario, o Grande. eo Ttrmino do Templo. 0 apa.recimento de Ageu e Zacarias, insistindo para que os remnnescentes que haviam voltado tenninassem o templo, obra que havia :;ido paralizada pelos inimigos dos judeus desde o lan«;amento dos alicer9es em 535 A. C., data do segundo ano de Dario (520 A. C.). Da mesma forma, o termino da casa como resposta entusiis­tica a mensagem dos prof etas, data do terceiro dla do mes de Adar, no sex to a no de Dario (12 de mar~o de 5 15 A. C.}.

Esse monarca persa e o famoso Dario 1; 0 Grande (522-486 A. CJ dos monu­mentos, cujas fa~has, conscguindo salvar o reino de Ciro de uma gueua civil destruidorn, sao graficamente retratadas na lnscri~o de Behistuo, trilingUe, urn dos mais irnportantes monu­mentos arqueoLogicos ja descoberlo~. e que consistiu na chave para a decifra«;io da escrita cunei­forme babilonica. (Veja o cap{tuJo 11 destc Livro.) Dario continuou a polfhca beneficiente em re­lac;3o aos judeus, permitlndo c encorajando-os a completar a restaurayao do templo de Jerusalem. Quando forarn feitas queixas contra o projeto , pelo governador Tateruti e outras pessons (Esdras 5: 3). Dario ordenou uma buscu nos arquivos bem con ervados de Ciro, e em Acmeta (Ecbatana), cap~tal de verao dos reis persas, foi encontrado o rolo do decreto original, autori.zando a obra (Esdras 6: 1-5). Em conseqiiencia dlsto, Dario publicou um novo edito, proibindo qualquer impe­dimento ao projeto judeu. e ordenando uma contribui~o magnanima para o seu termlno e manu­tcn!<io (Esdras 6 : 8).

6. Xerxes e o Llvro de Ester. Dario foi sucedido no trono da Persia por seu fllho Xerxes (486-465 A. C.), fom1a mais con.hecida do nome persa Hkshyarsha, traduzido em hebral­co como Assuero (E~'ter 1: 1). como o indica a decifra~o de ins.cri¢es em Persepolis, principal capital da Persia dcsde a epoca de Dario I em diante. Xerxes tentou conquistar a Grecia, mas sofreu reveses oas Term6pllas, foi dcrrotado em uma batalha naval em Salamina, e humilhado em Plaleia {479 A. C).

0 Livro de Ester comeya no terceiro a no do reinado de A ssucro (Ester 1; 3), mas Ester nio se tomou ramha senao no setirno aoo do seu reinado (Ester 2 : 16), evidentemente depois que o rei havia voltado da Grecia (279 A. C.) , s6 quando Her6doto relata especificamente que ele prestou atenctio ao seu harem. Porem, devido que acontecimentos da hist6ria e seus per­sonagens, exceto o Rei Assuero, nao sao ainda conhecidos da hlst6ria secular, numerosos criticos negam a historicidade do livro, exceto como hist6ria real entremeada de fic~o. A Bentzen, por exemplo, chama-a de "novela historlca". 5

Embora seja vcrdade que a arqueologia mto ()Ode, ate agora, provar a historici· dade do livro em si, fornece amplas evidencias elucidativas que apontam para a sua verncidade. Nele ha uma notavel ausencia de colorldo helenistico ou de palavras gregas, sugerindo uma data pelo menos anterior ao f1rn do seculo fV A. C. A despeito do seu argumento de que o llvro nada mais e do que [icyao hist6rica, A. Bentzen e obrlgado a confessar que "o historladol sabo algo a respeito da administrayao do relno persa, e espccialmente da constru~ao do patacio de Susa-.·.6

Sabe-se agora, devido a cscavayoes, qoe a "cidadela de Susa ... ' (Estor I : 2) refere· -se a acr6pole da cidade elamHa de Susa, em cujo local restam magnificentes ru{na~ do espleodor do~ reis persas. Os arque6togos dcscobriram, entre 1880 e 1890, a esplondida rtsidcncia real de XeJ;Xes, que cobria 10.000 metros quadrados. "Os achados em Susa, pertenceotes ao pedodo de Xerxes, foram tao extrafrdimirios que o Louvre, de Paris, dedicou duas grandcs sa.l:ls para a exibi· ¥io desses tesouros". De fato , ''nao ha acontecimeolo dcscrito no VcUto Testamento cujo ambiente estruturaL possa ser restaurado lao exata e vivldamet:ne atraves do escavn~oes, como o patacio de Susa".8

Embora os nomes de Vasti e Ester nao tenham sido encontrados em fontes contemporineas, ambos tern etimologia persa satisfat6ria, e nao pode haver duvida razoavel de que sejam hist6ricos. 0 nome Mordecai e babilonico Mardukai. que ocorre freqUentemente em inscri~s babilonicas do ultimo periodo, e e derivado do nome do deus Mlllduque. 0 nome dos

- 157-

Page 81: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

camareiros e de outros persas no livro, ate agora .nada puderom provar-se como outenticos. mas visto que muitos delcs sao aparentemente elamitas, a descobcrta reccnte de inlimeras placns adml· nistrativas elamitas do reinado de Artaxerxes 1 se presta bern para elucidar este problema.

llustrado especialmente pelas descobertas em Susa, foi o metodo de Hurna para flxar a data da destrui~ dos judeus lanvando dados (Ester :3: 7). M. Dieulafoy, arque6logo de SU· sa, realmente conseguiu recuperar urn desses prismas retangulares, nos quais estavam gravados o• nluneros urn, doi.s. cinco e seis. A palavra que significava "sortes" em Susa era Pur, que hoje se sa be derivar do assirio puru, com 0 mesmo significado. 1-a.nftOU Pur, isto e, sortes" (3: 7), e a expli· ca~o adicionada pelos judeus para indicar que a cerin:toniD. em Susa atendia a mesma priitica do "Lan~ar sortes" entre eles.

D. 1UDA E 0 FIM 00 PERIODO VELHO·TEST AMENT ARlO

Depois de seguir a hlst6ria da comUnldade posterior ao exilio ate o termino do templo, no principlo de 515 A. C., o Livro de Esdras passa em silencio os cincoenta e sete anot segulntes. A sequencia de acontecimentos e resumida no capitulo sete com o relato da chegada do Esdras e sua oomitiva de Babilonia (458 A. C.), no setimo ano do reinado de Artaxerxes. Este e, scm duvida, o Artaxence I Loogi:manus (465-423 A. C.). embora aJguns cruditos insistam que ele e Artaxecses u Memnon (404-359 A . C.) . (..'UjO setimo anode reinado colocaria Esdras depois de Neemias (398 A. C.). Futuras descobertas arqueologica.t conftrmario, sem duvida, a data ante­rior para Esdras, o que rcptcsentaa seqUencia escriturlstica atuaL

1. A Rt{orma Rtljgiosa de Esdras. Pertencente a uma famflia de sumos sacerdo· tes, e sendo "escriba versado na lei de Moises" (Esdras 7: 1-{)), ele e sua comitiva pertenciam llqueles ex.ilados que pensavam corn saudade no seu distante templo e nas sagradas instituiyoes e uadi~es do seu povo. Assim, estavam dispostos a deixar o conforto e a seguran~a financeira da Babilonia, para CU1prcender a perigosn viagem de quauo meses para a sua terra de origem.

Com o auxHio de lnfluentes cortesaos judeus, e a.proveitando-se da politica tolerante dos monarcas persas. Esdras foj capaz de contar com a ajuda de Aitax<:rxes. Urn edito imperill.l c a ajud& real (Esd.ral> 7: 11-26) tizeram poss{vel a aventura, que demonstrari3 ser urn ben&­f{cio incaJcuJavel para o cstado judeu restaurado.

Esdras dirigiu uma gra11de reforma e urn grande avivamento. Promoveu a sepam-9lo dos que haviarn casado com o povo da terra, requerendo que eles mandas.<iem cmbora as suas mulheres estrangeiras (Esdras 7-10). Tarnbem expOs e refor~ou as injunQC)es da leJ de Moises (Nee­mias 8: 1-10: 39). 0 resultado foi uma tremenda prepara~o moral e espiritual da comunidade pos-exiUo.

2. A Volta de Neemias a Jerusalem. Neemias, que pertencja a uma familia que origi.nalmente viera de Jerusalem. pois cle se refere aos sepulcros de seus pais naquela cidade (Neemias 2 : 3, 5 ). linha profundo arnor pela ter.ro dos seus aocest.ra is_ Na corte de Artaxerxes Loogimanus. ele chegou a o cupar a posiQao importante e de confl8Jl93 de copeiro do rei (Neemiaa 2 : 1). No invemo do ano de 445 A. C., quando a corte residla em Susa. Neemlas recebeu de alguns judeus palestinos lnformal!i5es do trlste estado das defesas de Jerusalem. Sendo um favorito do rei, foi-lhe dado o govcmo da Judcia, com garanUas de salvo conduto e credencials para autorida· des persas na S!ria, a fim de 1>rover os materials necessarios para a rcconstru(ji'o da cidade (Nee. mias 2 : 7-9).

Os papiros judeus encoutrados em Elefantma indicam que o rei persa sob o gual Neemias setviu como copeiro, e que ajudou-o na obra em favor de Jerusalem. foi Artaxerxes L. e nlio Artaxerxes II. Esses papiros, escritos oa gera~o irnediatameote seguinte a de Neemias (cerca de 40840'7 A. C.), mencionam varias personalidade$ citadas no LiV'Co de Neemias, tais como o innao de Neemio.s, Ha nani (Neemias 7 : 2), Sarnbal:l. "governador de Samaria" (Neemias 2: 10) e o sumo sacerdote Joana (Neemias 12: 22).

A menyao de Sambato e particularmeote significativa. porque ele e citado na B(·

- 158-

blia como um dos principals adversanos de Neemlas, nos pianos de restawar os muros de Jo.rusa­lcm1 tarefo a que ch1 sc dedicou logo depoi.$ de sua chegada a cidade (Neemias 2: 11· 20). Alem disso, 6 irnportante contar com esta autenti~o exua-biblica do nome do governador persa de Samaria, no ultimo quartel do secuJo V A. C., em perfeita concordincia com a inforrna~?o b{­blica de que Neemias veio para Jerusalem em 444 A. C.

E tambem interessante descobrir que, a despcito do seu nome ass)rio, Sambata era da religiio judaica, o que se sabe agora em virtude de seus dois fllhos, que sucederam ao pai, terem recebido oomes bern judeus como Dalaias e Setemias e porq ue os judeus residentes em .Eie­fantioa despachararn-lhes mensagens, solicitando a sua assistencia para reconstruir o templo de Jeova naquela localidade, que havta sido destruido pelos eg{pcios em uma perseguiyao aos judeus em cer­ca de 411 A . C ..

A carla que se .refere aos filhos de Sambahi e datada do " 179 ano de Dario, o Rei", o que significa 407 A. C., visto que o rei referido e Dario II (423-404 A. C.). Esta eviden· cia decisiva de que o proprio Sambal3 fora governado.r aJgum tempo antes, localiza-o durante o governo de Neemias, como o indica a Bt'blia.

Entre OS outros proemin.entes lideres da oposiyao a restaura~o dos muros de Jerusalem empreendida por · Neemias, a Bt'blia cita "Tobias, o amanita" , e "Gesem, o aribio" (Neemias 2: 19). Estes nomes tambem sao autenticados pela arqueologia. Urn dos chamados Papiros de Zeno, encontrados em Gena, no Faium, proveniente dos arquivos de um oficial eg{llaio chamado Zeno, da epoca de Ptolomeu U Filadelfo (285-246 A. C.), que lrata fteqilentemente de negocios palestinos, consistc de uma carta de "Tobias, govemador de Amom", sem duvida urn desccndente do mimigo de Neemias.

A Transjordania tambem apres.,ntou evidencias da farrulia de Tobias. Em Ara· que el-Emtr, perto da hodiema Ama, estao as rulnas do pal.8cio desta proeminente di.nastia am~ nita, com os sepulcros ancestrais dos Tob(ades ao seu lado. 0 nome de Tobias esta cortado profunda.mente na rocha, e escrito com caractcres a.ra.maicos arcaicos, os quais Pere Vincent Atribue a tobias 0 , do seculo Ill A. C., mas Albright di7 que podem datar de 400 A. C., e set reahnente ideotificados com Tobias J.

0 nome de "Gesem, o arabio " , terceiro .inimigo importante de Neemias (Neemi.as 6 : 1), chamado Gasmu (Necmias 6 : 6) no original, e tambem autenticado extra·bibUcamente. Sabc--se agora, devido a uma inscrl¢o lilinica, que Gesem, o arabio, era o govemador persa do noroeste d:1 Ambia.

3. A Restauf'Q¢0 dos Muros Feita por NeemitJs.. Depois de inspecionar o estado lamentavel das defesas de Jerusalem em urn cirCuito realizado a nOite, tres dias depois da sua Chl'p· da a Jerusalem, Neemias recomendou ao povo que construisse os muros, com urn apclo persua..l­vo de grande sucesso. 0 seu evidente oolihecimento do engen.haria fol acoplado a um grande tlno administrativo. A sacerdotes, comerciantes, ourives, farmaceuticos, bern como aos que cram baoeis a.rtesaos, (3: 15), foi confiada wna por~o do muro. As Mulheres tambem ajuduam no t.rabalho (3: 12).

Tao grande fol a motiva¢'o patri6tica deste pr0joto , que trabaUuu.loros volun­tarios, vindos das circunvizinhanyas e cidades como Jeric6, Gibeon c Mlzp&, dei.xarum a~ suas coll1eitas de vcrao para trabalhar nos muros de Jerusalem. Depots de cincocnta e dols dias de esfor~o conjugado, os muros foram terminados, e coosagrados com gnande pompa e .cerimonia (12 : 27-43).

0 muros atuais de Jerusalem, com seu c.ircuito de quotro quilometros de alv&­naria, contendo oito portas e trinta e quatro tones e varicgada construQio, nos contarn muita cousa a respeito de mais de tres mllenios da hist6ria da cidade. Os mutos nlnda transmitem muito da atmosfera da cidade mu.rada tipica do antigo Oriente Proximo e dos dlas de Necmias, a despeito do fa to de que a maior parte do que em agora de pe, fol constru(do por mussulmanos no l!iculo XVl.

- 159-

Page 82: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

0 muro que ~eemias rcstaurou tlnha, parece, nove porus importantcs: u porta tlos Ovollias. ao noroeste (Neemms 3: 1); a porta do Peixe, ao norte (3 : 3); a porta Velha, a noroeste (3 : 6 ); algu.rcs chamada porta de Esquina, a porta do Vale. a sudoeste (3: 13); a porta do Monturo

1 uo sui (3: l3) ; a porta da Fonte,, a sudeste (3: 15); a porta das Aguas, a leste (3: 26); a porta doa Cavalos. a leste, dando para o palacio real (3: 28), e a porta da Guarda, a nordeste (3: 31).

. 4. As Ultln_w_s Re{ormas de Neemios. Neemias nao ficou em Jerusalem indefinl· dnmcn.te, depots ~as suas atJVidades em conc~o com a cdifica~o dos muros. Colocou seu irmao, Ha~a":',_ e Hanaruas, encarregados de Jerusalem (7: 2), e voltou para assumir suas importante! alnbu!~toes na corte per~ de Susa_. ~~s, no trigesimo segundo ano de Attaxcrxes ( 433-43 2 A. C.), Nccmm~ voltou a Jerusalem para tntctar algumas urgentes reformas que se haviam tornado ncces:i­rlas (VeJa qoadro no 39).

. 0 sum~ sacerdote: Eljasibe havia c?metido uma grave falta ao fonnar uma es¢· ele de aJjan11a com Tob~: o amoruta, ~ ao colocar a disposiyao deste provado inimigo dosjudeus, Pru:a seu uso 9uando v1s1tasse ~erosa l~~· um dos sagrados apartamentos do templo (Neemlas 13. 4-7). ~ee~as expulsou TobJ~, purifrcau o templo, acertou algumas outras irregularidades do templo, e _!rUCJou rc~onnas necessanas .c<>m respeito a observancia do sabado e ao casamento com povos pagaos (Neemtas 13: 15·28).

. Porem, ~e si8nillcado muito maior, foi a descoberta de que um dos netos do sumo sacer~ote EUasrbe . se h~vJa casado ~om a fillt~ de Sambala, governador de Samaria, o antagonL~ta ,rna.ls tmporta~te da obra de Neemms (Neemt.as 13: 28). Este expulsou imcdiatamente o ofonsor. Este a~nte.c,unen!o aparentemente levou ao rompimento fmal entre os judeus e samaritanos. ~s tensoes Ja haVIllm estado a se tomar insuport~veis, ate que chegou a este ciCmax du.rante as v~gorosas reform as de Esdus e Neem.ias.

. C~ncordam geralmentc, hoje, os eruditos, em que este incidente fomece 0 base hist6nca para o c1sma samaritano. Josefo, que erra, colocando a historja urn seculo mais rude na epoca de Alexandre, o Grande, menciona o sacerdote expulso como sendo Manasses e adielon~ que ele ~omou com ele u.ma c6pia da Tora, quando fugiu para Samaria, e dirigiu 0 'culto rival estabelecido no templo, constru(do no Monte Gerezirn.

, . A historia d_e Josefo se'?l duvida reflete uma tradi~tao corrcta, que e a base para o aspec!o rel.igioso da host!lldade judaJco-samaritana, tao grande nos tempos nco-testamenta· rios ~Joao 4: 9, 20). t tam~em a explicaC[o da origem do Pentateuco Samar:itano, e do fato quase lncn~el de q~c este texto tndependente dos cinco livros de Moises tenha tido a sua transmlssio pr6~na, atraves de escrlbas do seculo V A. C., ate a sua descoberta, nos tempos modernos, sem ter lido nenhum contato tconhecido como texto hebraico transmitido.

• 5. A Men~gem de ~alaquiiJs eo Fim do Vellzo Testamento. 0 ultimo Uvro do Vclho. Testamento se localiza no penodo de Necmias, ou pouco depois. 0 pcriodo da ausencia de Necm1as, '!ue fora o~ a c?rte persa. pouco antes da sua volta e refonna final em 432 A. c .. t~una uma epoca prov~vel ~IS os "!esmos abusos corrigidos por Esdras e Neemias sao mvectivaaos outro vez por Mal.aqw.as. £ improvavel, em qualquer caso, que o livro data de depois de 400 A. C.

Com a Prc;'fecia de Malaquias, o Velho Testamento cbega. ao nm em cerca de 400 A. C. ~ura~t~ os quatro seculos que se passaram entre o VcU1o eo Novo Testamentos, quando a nwulafYao dJVma em seu aspecto canonico estava em silencio, escritos sagrados npareceram, chama­do& Ap6crlfos ~seudo-ep(gr~as. Esses escritos, contuao, nio sao divinamente inspirados no mesmo ~~rntluo oas escnturas canorucas, e consequentemente nunca foram considerados canonicos.

Durante esse extenso lntervalo, algumas vezes chamado "Perr'odo lntertestamen­tAriO", ou ''Quat.roeentos Anos Selenciosos'·, o lmpetio Persa seguiu o seo curso, caindo com a lllt'enllo de Alexandre e seu Grande Lmperio Grego, em 333 A. C. Varios reinos helenicos eme.r­au .. n do Imperio de Alexandre, especialmente 0 Egiio, sob OS Ptolomeus e a Slria sob OS Seleu­lltda• (~ 323-QJ A. C.). Em cerca de 63 A. C., Roma assumiu a ascendencia no mundo, e dominou • 0.011 durante e depois dos tempos neo-testamentanos. Mas a voz da profecia inspirada foi silen-

- 160-

drtda, depols que o c§non do Vcmo Testamento foi encerrado no fun do seeulo VA. C.

Numerosas .cazoes de peso ap6iam a opiniao tradicional e conservadora de que o Velho Testamento foi oompletado antes de 400 A. C. Quanto os escritos antigos sao aceitos pelo l}UC clos sao c pelo que declaram ser, esta posi9io aprescnta-se razoavel e consoante com as eviden· clas internas dos pr6prios Livros. Sobrctudo. a tradiyio atribul a conclusio do canon do VeU1o Testamento ao ped'odo de Esdras; o carater do grande reformador e "escriba versado na lei de Mo•-es" (Esdras 7 : 6) e a natureza da sua epoca e do scu ministerio, fazem dele a figura ideal para

coligir os Uvtos sagrados do seu povo. Alcm disso, Josefo da urn testemunho ponderavel, que nio pode ser desprezado facilmente, de que o canon da Uteratura sagrada judaica foi completado

durante o reinado de Artaxerxes Longr'manus (465-423 A. C.).

5. Testemunlzo da Arqueo/ogia a Respeito da Conclusrfo do Canon do Velho Testamento. Numerosos criticos tern afirmado que varios livros do Velho Testamento foram escri­tos depois de 400 A. C. Robert Pfeiffer, scguindo Bernhard Duhm e Paul Haupt, e represeotando muitos cruditos modernos, sustentam que a grande maioria dos Salmos foi esc.rita entre 400 e 100 A. C., e expressam duvidas de que qualquer parte do Salterio seja pre·ex{tica. Esdras, Neemias e Cronicas, sao cronologicamente localizados em cerca de 250 A. C., Daniel em cerca de 167 A. C., e Ester em cerca de 125 A. C .

Com referencia aos Salmos, material comparativo da poesia ugaritica do seculo XIV A. C. e de outms fontes, mostram que "nao ha a menor razao valida para datar qualquer dos Saimos de ap6s o seculo IV no maximo".9 Aposar do fatQ de que a arqueologia tenha justifi­cado a data anterior c a historicidade dos livros de Daniele de Estct ern numerosos pontos impor­tantes, o grande elemento de milagre e de mic.uciosa profecia do futuro no prime.iro,jamais sofreri, talvez, por parte dos estudiosos liberais, a atribui~o de uma data que Ute facra justiya, dando-lhe a plena extensao profeUca que ele estabelece para si proprio .

Contudo, ha pe,rspectivas aJviyareiras de que as dcscobertas continuar.To u eluci­dar a epoca de Esdras e Neemias, e anularao opinioes radicais como as de C. C. Toney, Stanley Cook e Robert Pfeiffer. que julgam que o autor destes livros e do de Cronicas, conhecido tccni­camenlc como "o cronista'', viveu em epoca posterior, em cerca de 250 A. C.

£ verdadc que inumeras descobertas recentes, alem do material mais antigo encontrado em Elefarrtina, estao liqilidando rapidamente com essas hip6teses radicais, aumentando grandemente o conhecimento do aramaico dos tempos de Esdras c da vida d11 Diaspora durante o perlodo da .restaura~o de J ud:i.

Uma carta aramaica do Rei Adorn de Ascalom, escrita ao FaraO..Neco do Egito, em cerca de 600 A. C., demonstra que o aramaico ja se bavia tornado a lingua franca da Palesti­na, antes dn conqui.sta caldeia, como se depreende de IT Reis 18: 26. Alem disto, ha nuroerosos achados recentes de papiros por G. R. Driver, bern como inumeros papiros de Elefantina, que estio no Museu de Brooklin, publicados porE. G. Kraeling. Varlas centenas de ostracas de Elefantina, escavadas hli mujto tempo por Clermont-Ganneau, dar.io a sua contribuicrio para compreendermos melhor o pedodo de Esdras e Neemias.

Estas e descobertas arquel6gicas futums, sem duvida, terio urn ministerio bene­fico e de longo alcance, para ilumlnar a narmtiva sagrada, como os achados do passado o fizeram. 0 que e mais importante, talvez, e que elas continuamo a prestar inestimavel SCMyO em anular opinioes extravagantes e teorias radicais, que tern impedido tao seriamente o progresso da erudicrao velho-testamentiria sadia e construtiva, nos tempos modernos. Este traballio corretivo a arqueolo­gia esta capacitada a rcallzar, e constitui um dos pontos mais brilhantes dos futwos estudos a respeito do Velho Testamento.

- 161-

Page 83: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

fNDICE DAS CITACOES DO CONTEODO CAPITULO I

1. "'The Old Testament and Archeology"~ no Testament Commentary (Philadelphia, 1948), p.168 . .

2. H. C. Leupold, Exposition of GeneSis (Grand Raptds, 1950), Vol. 1, p. 234. 3. Millu Burrows, What Mean These Stones? (New Haven, 1941), p. 12. 4. Cyrus H. Gordon, The Living Past (New York, 1941), p. 92. . . 5. Daniel David Luckenbill, Ancient Records of Assyria and Babylon111 (Chicago, 1927), Vol.

I , sec. 590. 6. W. F. Albright no Ancient Near Eastern Texts RelaTing to the Old Testament, cd . por James

B. Pritchett (Princeton, 1950), p . 320 .

CAPfTULOil

t. Enuma e/ish, Tabua l, tinhas 1-10. 2. Ibid ., linha 60. 3. Tabua TV, linhas 93-104. 4 . lbid .• linhas 135-139. 5. lbid .. linhas 140-146. 6. Tabua VI, lin has 5-8. 7. lbid .. linhas 31-37. 8. Linhas 20-26, cf. Alexander Heidel, The Babylonian Genesis (2nd ed., Chicago, 1951). p. 63. 9. Tabua IV, linhas 25-28.

CAPITULO ill

1. From The Stone Age to Christianity (Baltimore, 1940), p. 6. 2 Fragmento 11, linhas 60-70 . Cf. Alexander Heidel. op. ci t., p. 15 1. 3. Fragmento IV,Iinhas 15-17 . 4. George A. Barton, Archeology and the Bible (7th ed ., Philadelphja , 1946), p. 47.

CAPITULO TV

1. Barton, op. cit., Cf. Millar Bunows, o p. cit., pp. 26, 27. 2. W. F. Albright, ' 'The Old Testament and Archeology" no Old Testament Commentary (Phila­

delphia, 1948), p.137. 3. Jack Finegan. Light from the Ancient Past (Princeton , 1946), p. 27. 4 . Cf. S. N. K.nuner , Sumerian Mythology (1944). pp. 97f.; S. Langdon, Semitic My thology

(193l) , pp. 206-208. 5. The Epic of Gilgamesh, Livro Xl , linhas 8-14, da traduyao de E. A. Speiser , Ancient Neu

Eastern Texts.ed. por James B. Pritchard (Princeton, 1950). 6. Livro Xl ,linhas 21·27 . 7. Ibid., linhas 91-95. 8. lbid., linhas 113-115. 9. Ibid., linhas 118-123.

I 0. Ibid ., Jinhus 125-126. l l. Ibid., HnJlas 127-131.

- 162-

12. Ibid., llnhas 13~1 37. 13. lbid .. linhas 138-140. 14. !bid .• linhas 145-155. lS. Ibid ., linhas 156-161. 16. lbid., linhas 166-169. 17. £bid., linhas 178-182. 18. Ibid., linhas 189-195.

1. £bid., linhas 118-121. 2. Ibid ., linha 14. 3. Ibid., linha 180. 4 . Pritchard. op. cit., p . 104. 5. Heidel, op. cit., p . 227.

CAP(l'ULOV

6. Pritchard, op. cit., Livro XI, linhas 80-85. 7. Ibid., linhas 94-95 . . 8. A':no Poebel, Jl~stori~al Texts (Philadelphia, 1914), p. 58. 9. Pntchud, op. c1t., L1vro XI,linha 95.

10. M~rris Jastrow, Jr., Hebrew and Babylonian Traditions New York, l91<4), p. 330, n. 1. 11. IbJd., p. 360, n. 2 12. Heidel, op. cit., p. 267. 13. Edward Suess, The Face of the Earth (English version, Oxford* 1904}, Vol I, pp. 17-22. 14. S. R. Driver, The Book of Genesis (New York, 1904), p. 90. 15. August Dillman11, Genesis (Edinburgh, 1897), Vol I, p. 278. 16. ''The New Geology'' (Mountain View, California, 1923), p . 682. 17. 1m Price, The Monuments and the Old Testame111 (Philadelphia, 1925), p. 692. J 8. Pritchard , op. cit., Livro XL linhas .193-195. 19. S. N. Kramer, Bulletin of the American Schools of Oriental Research XCVI (Dec. 1944),

pp. 18-28. 20. DUlmann, op. cit., p. 262. 21. Pritchard, op. cit., Livro XJ, linhas 159-161. 22. Heidel, op. cit., p. 269. 23. Pritchard , op. cit., Livro XJ, linhas 98-106. 24. Tbid., 107. 25. Driver, op. cit., p. 107. 26. Heidel, The Gilgamesh Epic and Old Testament Parallels (Chicago, 1946}, p. 265. 27. Clay, The Origin of Biblical Traditions, Yale Oriental Series XII (1923), p. 164.

CAPITULO VI

1. Herbert C. AUeman, "The Book of Genesis" in Old Testament Commentary (Phlladelphia, 1948) , p. 171.

2. H. C. Leupold, Exposition of Genesis (Grand Rapids, 1950), Vol J pp. 350 f. 3. Manual of the Ancient History of the East, Vol. 11, p. 219. 4. "Recent Discoveries in Bible Lands", in Young's Analytical Concordance to the Bible (20th

ed., New York, 1936), p. 29. 5. Archeology and the Religion of Israel (Baltimore, 1942), p. 77. 6 . R . Payne Smith in A Bible Commentary for English Re11ders, ed. by C. 1. EUicott (New Yolk,

n. d .), Vol. I, p. 47 . 7. Leupold, op. cit ., p. 353. 8. C. A. Coates, A11 Outline of the Book of Genesis (K.ingston-on-Tilarnes, n . d .), p. 84. 9. Bible Commentary on the Old Testament, Vol 1: The Pentateucll (reprint; Grand Rapids,

1949). p. 158.

- 163-

Page 84: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

10. YouJl3 'S AMI:ytical Concordance to the Blble, p. 25. 11. lbkl. 12. "The Old Testament and Archeology", in Old Testament Commentary (Philadelphla, 19<48),

p. 138. 13. Odf&seia (llornero), XI: 14, Vol, II, pp. 212, 217. 14. Antiquitiet, 1:6: l.

CAP(tULO VII

1. J . A. Montgomery, R ecord and R evelation (Oxford, 1938), p. 2. 2. H. S. Gehman, The Westminirter Dictionary of the .Bible (Philadelphia, 1944), p. 89 . 3. Dillman, op. cit. , p. 350. 4 . Coates, op. cit., p. 86. 5. Driver, op. cit., p. 122. 6. Albright, in Old Testament Commentary, p. 138. 7. Ibid., p.l38. 8. S. A. B. Mercer, Tile Tell EI.Amarna Tablets (Toronto, 1939), VoL ll, p. 287, linha 25, p. 711. 9. Ibid., p. 711.

CAPITuLOVlll

L Driver, op. cit., pp. 129f. 2 . Madeleine S. and J . Lane Miller, Encyclopedia of Bible Life (New York, 1944), p. 421. 3. Driver, op. cit., p. 133. 4 . W. F. Albrjght, "Recent Discoveries in Bible Lands" in Young'sAnalytiCill Concordance (20th

ed., New York, 1936), p. 25. 5. Thotkild Jacobsen in The Intellectual Adventwe of Ancient Man by H. and H. A . Ftankfort,

John A. Wilson, Thorkild Jacobsen and W. A. Irwin (Chicago, 1946), p. 129. 6 . Leupold. op. cit., p. 385. 7. John Peters, Bible and Spade (Edinbuxgh,1922), p. 74. 8. Ibid., p . 163.

CAPlTULO IX

l. Woolley, Abraham, p. 95. 2. Albright, "The Old Testament and Archeology" in Old Telltament Commentary (Philadelphia,

1948). p. 140. 3. Albright ,From Stone Age to Christianity, p. 183. 4 . Albright, in Young 's A nalytiCill Concordance, p. 27a.

CAP(TULOX

1. PrologomeTlll to the Hisrory of Israel (tradu~o inglesa , 1885), p. 320. 2. Ibid., (3rd ed.), p. 331. 3. Albright, The Archeology of Palestine and the Bible (New York, 1935), pp. 131. 4 . S. H. Hooke, "Archeology and the Old Testament" in Record and Revelation, ed. by H. W.

Robinson (Oxford, 1938), p. 372 . .5 . 11. H. Roley, "Recent Discoveries and the Patriarchal Age", Bulletin of the John Ryland't

Library (Manchester), XXXI1 (Sept. 1949), p. 79. ~ . C"f. Proceedings of the American Philosophical Society, LXIX (1930), pp. 446 f.

- 164-

7 . RomJ.o~, op. olt. , p. 7b. 8. Ci. 'E. McndoohaU, "Marl", In the 81bUC11l Arclreologid, Xl (Feb. 1948), p . 15. 9. lbkl .• p. 16.

10. Hooke, op. cit., p. 359. 11 . Ibid. 12. Georges Dossin, Syria (1938), p. 108. 13. Mendenhall, op. cit., p. 18. 14. Albright, The Archeology of Palemne (1949), p. 82.

CAPlTULOXJ

1. Albright, Ftom the Stone Age to Chrisitanily, pp. 183 f. 2. Jack Finegan, op. cit., p. 83. 3. Theophile Meek, Hebrew Origins (rev. ed., New York,l950), p. 32. 4. Albright, in Young' s A M iytical Concordance, p. 27. 5. Garrow Duncan, New Light on He.brew Origins (London,1936), pp. 174 f . 6. G. Wright and F . Filson, The Westiminster Historical Atlas to the Bible (Philadelphia. 1945),

p. 29a. 7. H~o Gressmann, Altorientalische Texte und Bilder zumA/ten Testament (1909), Vol. I, p. 79. 8. C;uger, Stephen L., Bible and Spade (Oxford, 1936), p . 68. 9. Cf. Alan H. Gatdner,JournalofEgyptlanArcheology, V (1918), p. 221.

10. Albright, From Stone Age to Christianity, p. 193. 11. Albright, "The Old Testament and Archeology" in Old Testament Commentary p. 142.

CAPI~ULO Xli

1. H. H. Rowley , .. Israel's Sojourn in Egypt", The Bullet in of tile John Ryland's Librttry, XXII (1938), pp. 258.

2, P. E, Newberry. The life of Rekhmlll'tl (1900), p. 38. 3. James HelltY Breasted, A ncient RecordsofEgypt, Vol. I sec. 402. 4. Samuel A. B. Mercer, op. cit: • Vol. n, No. 287 , linhas 56.()0. 5. The Old Testament and Modern Study, p . 11. 6. Ibid., p . 4.

CAPfrULO XIU

~: 1~f~~t, in The Old Testament and Modern Study, ed . by H. H. Rowley (0xford.l951), p. 39.

3. W. W. Davies, The C~es of Hammurobi and Moses (1905). 4 .. The Old Testtrment ur the Light of the Ancient Eart (New Yorlc, 1911), Vol. n. p. 112.

CAPfTULO XIV

1. What M,eon These S tones? (New Haven, 1941), p. 79. 2. The Bible and Archeology (New York, 1940), p. 190.

CAP(TULOXV

1. ReleV1lnee ofthe Bible, (New Yorlc, l944), p . 32. 2. From the Stone Age to Chrisrianily, p. 214.

- 165-

Page 85: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

CAPt'rULo XVI

1. Gvstans, JoJhuD.Judges (London, 1931), p. 59. 2. James Breasted, Ancnnt Records of Egypt, (Vol. m, sec. 167).

CAP1'rULO XVII

1. George A. Barton, A rcheology and the Bible (7th ed., Philadelphia, 1946), p. 156. 2. J. Garsta.ng, Joshua.Judges (London, 1931), p. 287.

CAPITuLo xvm

1. Robert H. Pfeiffer, Introduction to the Old Testame11t (New Yodc, 1941), p. 341. 2. Theodore H. Robinson, A History of Israel (Oxford, 1948), p. 181. 3. George Ernest Wright, AmerlcllnJouTnlllofArcheology, XLIU (1939), pp. 458-563. 4. W. F. Albright, "The Old Testament and Archeology", in Oki Testament / Commentary (Phila-

delphia, 1948), p. 149. 5. Medeleine S & J. Lane Miller, Encycloptdia of Bible Life (New York, 1944), p. 176. 6. Albright, From the Sto11e Age to Christimily, p. 224. 7. Ibid., p . 223. 8. Albright, in Old Testament Commentary, p. 149.

CAP(TUWXIX

1. Theodore H. Robin90n,A History of [gael (Oxford, 1932), Vol 1, p . 201. 2. Frederic Thieberger, Xing Solomon (London, 1947), p. 78. 3. Albright , ' 'The Old Test.ament & Archeology" in Old Te!tament Commentary, p.149. 4. Cf. G. E. Wright & F. V. Filson, Westminster HistoriC/If Atl1zs to the Bible, p. 42, Plate VI; p. 110. 5. Cf. M.S. & J. L. Miller, Harper's Bible Dictioruzry, p. 467. 6. Albright, Archeology and the ReUgion of Israel, p.127.

CAPITULO XX

1. Robinson, op. cit., p . 246. 2. Ibid., e I Rels 14: 25, 26. 3. Ibid., p. 256. 4 . Cf. Millar Bunows, What Mean These Stones? (New Haven, 1941), p. 39. S. Archeology and the Religion of Israel, p. 135. 6. Albright in Old Testament Commentary, p. 150. 7. Albright, Bulletin of the A merican Schools of Oriental Reset~rch, LXXXIII (oct. 1941), p. 21. 8. Nelson Glueck, The Other Side of the Jordan (New Haven, 1940), p. 98. 9. Albright, A rcheology and the Religion of Jnel, pp. l48 f, p. 217, N. 67.

CAPITuLO XXI

1. Paul Heinisch, History of the Old Testament (Collegeville, Minnesota, 1952), p . 224. 2. Albright, From the Stone Age to Christianity p. 229. 3. Cyrus H. Gordon, Introduction to Old Testament Times (Ventnor, N. J. 1953), p. 180. 4. Albright, "The Old Testament a.nd Archeology", in Old Testament Commentary, p. 15 1.

- 166-

5. Albright, Bulletin fo the A merican Schools of Oriental RettJIIrch. LXXXVII (Oct. 1942). pp. 23-29, XC (April, 1943), pp. 32-34.

6. Finegao, op. cit., pp. 157 f. 7. A. T . Olmstead, History of Assyria (New York, 1923), p. 77 8. Cf. Luckenbill, op. cit., se. 590 9. Ibid., sec. 658 f.

10. Aram and Israel, p .· 77, Albright, Bulletin of the American Schools, LXXXVll, p. 26). 11. Lucke.nbill, op. cit., sec. 590. 12. Ibid., sec. 735. 13. lbid., sec. 739. 14. Albright, Bulletin of the American Schools, LXXXVIl, p. 28, note 16 .

CAPfTULO XXII

1. Luckenbill, op. cit., sees. 735, 740. 2. James A. Montgomery, The Book of Kings in International Critical Commentary (New York:,

1951), p. 437. 3. Luckenbill, op. cit., sec. 816. 4. Ibid., sec. 801. 5. Ibid., sec. 815 . 6. Ibid., sec 816 . 7. lbid.,sec.777. 8. Ibid., sec. 801. 9. Ibid., sec. 816.

10. Ibid., sec. 830. 11. Luckenbill, op. cit., Vol. ll, sec. 4 12. Ibid., sec. 55 .

CAPfTULO XXIll

1. Luckenbill. The Annals of Sennacherfb (Chicago, 1924), p . 24. Oriental Prism Inscription, Col. 1, Linhs 20·28.

2. Luckenbill, Ancielll Records of Assyria and Babylonia (Chicago, 1927). Vol. 11, sec. 240. 3. Layard, Discoveries Among the Ruim of Nineveh and Babylon. pp. 126-128. 4 . Albright. Bulletin of the American Schools of Oriental Reset~rch, CXXX (Apr. 1953),pp. 8-ll. 5. Finegan, op. cit., pp. 178 f . 6. J.P. Free, Archeology and Bible History (Wheaton, lll., 1950), p. 209. 7. Luckenb.ill, Ancielll Record$ of Assyria and BabyloniD, sees. 501 , 502. 8. Ibid ., sec. 795. 9. M.S. &J. L. Miller, op. cit., p. 683.

10 . lbid., p. 683. 11. Ibid., p. 116.

CAPITULO XXIV

l. Lickenbill, Ancient Records of Assyria and Babylonia, sees. 577,583 . 2. Bulletin of the American Schools of Oriental Reset~rch, C, p. 22, note 30 . 3. G. Ernest Wright, The Old Testament Against Its Environment (C1ticago, 1950), p. 80. 4. Lickenbill, op. cit., sec. 690 . 5. Ibid., sec. 646. 6. Ibid., sec. 647. 7. Price, op. cit., p. 364 .

- L67-

Page 86: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

" · M. S. & J. L. MWer. op. ell., p. 838 .• 9. lhrry Tora.yntt, Laohish I. The Lochuh Letren: (Oxford, 1938).

tO. ,\lbriJht in Bu/Nrln of the Ameriazn Schools, LXXXII, pp. 20f. 11. Gordon, op dt., p, 189. t 2 CaiJtt, op cit .. p. 194. 13 ,\lbriJht. Old TUI•ment CommmtiU)I, p. 164. 14: R. s. !Uuben, "LochUJ>.Frontio' Forness of Judah", BlbUet~l ArchtolcJKist (l)ec., 1938), P·

30.

CAPl'rULO XXV

1. Albritlht, op. cU .. p. 164. 2. I'IMegon, op. ell., p. 189. J, Albright, Oiblleall\rcheologisr. V. 4 (Dec. 1942), pp. 49·55 . 4. Albright in Old Tertament Commentary, p . 165. s. Torrey. op. cit .. p, 84. 6. Stephen Calier. 8/blt and Spt1dt (Oxford, 194 7), p. 172. 7. Price, op. ell., Figwc I 02, p. 358. 8. Free, op. clr., p. 228. 9. PfciO'cr, Old Tettament Jnti'/XJuction (New Yorlt, 1941). pp. 758 f.

IO. I'inq;an, up, cit .. pp. 189 r. II . Ibid .. p. 190. 12. U>o Opptnhoim in AncitnJ Nttzr &stern Tats. cd. by J. Pritchard (Princeton, 1950), p. 306. 13. R. P. Dc:ntch<rly, N•bonldcu•nd Belshazur (New Havtn, 1929), p. 174 f . 14. Ibid., p. 200. IS. Frc<o, op. at .. p. 23S.

CAPI'rULO XXVI

1. Robort W. Rogers, Crm•lform Parotitis to the Old Testament {New York, 1912), p. 381. 2. Sir J'rcdoria Kenyon, The Bible and Arch eo/of)' (New York, I 940), p. 141. 3. Rogers, op. dl., p. 383. 4. Geo. llarton, Archeology and the Bible (7 rh ed., PhUadclphla, 1937), pp. 449-4S3. s. Aagc Benrr.en , bmoduction to the Old Testament (Copenhagen, 1948), Vol II , p. 192. 6. Ibid. 7, Free, op. cit .. p. 245. 8. Prloe, op. d r .. p. 408. 9. Albright, Old Test•m•nt CommMtiU)I, p. 158.

-168-

rNDICE DOS NOMES PROPRIOS DO CONTEODO A ·deusda lw:·69 ,\babal . 85 ,\bdi·Heba • 47, 74, 76 Abdom · 91 Abel·19 AbeJ.Bete-Muca· 131 Abias ·l21 Ablmael· SO Ablmel<que · 90,91 Ablrilo. 2, 116 Ablss(na. 42 Abou Quemal • 63 Abral!o • S, 21, 35 , 38, 39. 49,

S4,SS , 6S Acaba ·106 Acabe · 8, 116, 123,124 A code· 44, 45, ISS A-'dia • 13, 21, 44, 69. 152 ,\<:6dio • s, 49 Acasias . 124 -'c:u. 130, 131 Aaneta· 157 Acnaton • 47,74 Adade • 24, 34, 89 Adadidri • 124 Adadnlnari Ill· 125. 127, 129 Mlo. 19, 21 Mapa ·16,18, 19,28 Men· SO Ader ·59 Adorn doAscaJom ·161 Ado rio . SO Adromeleque • 136 AOs · 128 A no Novo, l'estiVlll do • J 52 J\ladc • ver Acadc A$Jicultura · 19 J.auas de Me.om · 93 Aguas de Siloe • 138 AJUi · 69 AJ. 7.82 Alashia · 41 Alepo · 9 Alexandte. o Grande· 39, 1S4

ISS Alill · B.tal-87 Alm~ · SO Amalequitas ·101 A mama· S, 16, 3S, 43, 47, 49

74.1 15 Amonomai I a IV . SS Amenotcpe I· 73 Amenotope II • SS, 7 I , 72, 76 Amonotepe 01 • 18, '12 Amenotepe IV· 18 Amlzaduga· 28

Amonltas • 94. 98 Amorita · 35, 38, 47 Am6s · 129 Amum ·73 Amooe - 69. 73 Aoa· 9S Aruais de Ti&lete Plleser Ul·l29 A nate · 38. 87. 88. 141 Anatole· 106 Andorinlta • 32 Anfietionla • 95, 96 Ansorri ·!OJ Ansi· IS2, .IS4 A$1arte • 88 Antllfbe.no · 97, 98 Anllopologla • 43 Anu • 12, 14, 18, 24,27 AnubiJ • 67 Anunaquc • 12, 14, 24,34 Ap6c:rlfos • 3, 160 A pries· 144 Apsu ·II, 13, 118 l<ti. so Ar1W · S9, 76 .\tibia. 41, 43. so l<tibico-49 Anmaico·49 Arlmcu ·SO, 97 1<ti Domuco • SO 1\rl Naamlm • 91 Arf Zob' • 96, 97 Anoque • el Emir· I S9 Atarate . 32, 40, Sl, 136 Arartl • 13 Arosamnu • 152 Atca • 29, 30 Area - Tel· 48 Aroo-(ru . 31 Mctntu • 48 Arfaxado ·SO Arnom · 98 Arpade· 136 Arqueolop • Otf'tnl~o · I Arqueo~la • Bfbli<a, Moder·

na · I, 2 Arqueolcs!a • Autenll .. a

Bfblla · 4 , 6 ArqueolosJa • llustn. e £xplica

aBfbUa · 6.7 1\rqueologia • Suplementa a

Bfblio • 7, 9 Arqueu • 48 ArrapachiUs · SO Arsll Ta• . 126 Anaxcrxcsl· 149, 156. 158 Arvada · 48 Arvade · 48

- 169-

Arvadeu • 48 Arrore da Vida • 19 A$a. 121 Asafe • 109 Mcuz · 40 Asdode • 87. 134 Ascri • 8, 88, 141 Aserim-88 Asnapar • 1S6 Asnanuque • iSS A"!UOM% . 40 Assembl.oia dos douses · 24, 27 Asslr • 66 Msfrio · 4S AJsCria, Imperio· 40, 4S, 46,

96 Mslria, lnscrl~lo • 43 Assiri2. Linaua • 49 ~.$!{ria, Leis. 78 l.$siriolcs!a • 3 s Assw · 14 , 4S, 78, ISS Asswboniptl· 10. 18, 23, 28,

40.136, 14 0. 14 7 Assurbanip31 0 • 46, I 24 Assumirar • 129 Astarote • 38, 88, 116 <\surote · C:un:um • S9 t Astarte · 38. 88. 116, l~ I , AsHag<> · I SO • Asurdil ill · 129 Abil.m ·123 A tAiga tis· 88 Athlrota·Yamml • 88 Atrahasis • 26 Atrobasis, Epop!la · 28 Atarias · L30 Azeca . 144, 145, 148

Baal· 87 BoaJ. Bente. 6S BaaJ.Slwnem • 87 BuJ.kfom · 70 BaaL Cui to· 141 BoaJ. Epopeia Upr(tlea, 87 Boalitis • 8, 96 8aalu . 141 Baasa·121 Bad cd·Dn · S8 B•bel·44, Sl, 53 BobUoniA, Cidade • s, 10. 153 llabilonia. Croniea • 143 Babi16nia, lmperio • 10, 42, 4S llabUonia, Noe • 23 Babilona, Primelra Dinastla da

14 ,28 Bab-ilu • 4S

Page 87: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Uubu (nos- 114 Caldaico, Imperio - S5 Cipreste, Madeira do- 22 Deusa da Fcrtilldadc - 38 Elom- 91 Faurlm- 61 Onco- 69 Caldeus · 50, 55, 134 Cirenaica -~ 3 Dous-Lua- 56, 57 En Dor -101 Fe -4 J.lodtibira - 21 Caine- -44, 45 Cirene - 43 Deus..Sol - 22 Enlil- 12, 14, 23-27 Fen1cia- 38, 46 Buglda - 78 CaJno - 45 Ciro- 150-155 Deuteronomio -142 Ennugi- 27 Fenfcia, Lingua -49 Bohreim, llhas - 32 Cambises I - 152, 156 Ciro, Decretos de - 154 Dwspora - 161 Enoque- 6 Fenicias,lnscri~es- 41 Bnhui. Mon61ito · 96 Camitas, Na~es - 42 Citas - 40 Dibom - 123 Enuma Elish - 10 Fenfcios-38,46 , 98 Bani-Hasa - 109 Camose- 73 CMlizaryiio, Ber~ da - 1 7 Dicta - 50 Epifaneia- 48 Fcnicios, Comerciantes- 43 , Donu-lamina - 64 Canis- 50, 78 Cnunhotepe - 66 Difate -41 Ep()nirnas- Listas Ass{rias- 81 Baroque- 93 Cana- 25,32 Cobre, Mineraryao de • 115 Dilmum- 23, 32 131 Ferro -19, 20, 100 Oar-Hadade- Bir-Hadadc · Canaa-35,37,39,81,84 Com el..SuJtio -74 Diluvio, as Semelhangas das Ereque- 20, 23, 4.4, 45, 52 Ferro, 1dade do- 100

121 Canal de Suez - 70 Comida da Vida - 18 Nanativas Babilonica e Bf- Ereshldgal-16 Fertilidade, Culto da - 120 nasa- 98 Cananeus - 38 Concerto - 65 blica- 27-32 Eridu • 6, 18, 20, 21 Fertilidade, Figura da Deusa -Beduinos - 51 , 64 Cananeus, Culto dos - 88, 89 Confusiio das L{nguas- 51, 52 Diluvio, As Diferengas - 33, 34 Eridu, Hist6ria da Criagao - 38 Bchistun, lnscriglio- 2, 157 Cananeus, M6sica dos- 109 Conquista- 47, 81,84 Diluvio, Narrativa Sumeria - 13, 14 Figuras da Deusa da Fertillda-Bel, Templo - 108, 150, 155 Cananeus, Panteao dos - 86 Corsabade - 5,117, 132 22 Esagila -12, 142, 150 de- 38 Beta· Zoar- 59 Cananeus, Religiao dos - 38. Cortesas Sagradas - 87 Diluvio, Explicagao das Seme- Esar-Hadom- 40, 144, 133, Filistia- 46, 81 Belsazar- 5, 152, 155 85, 89 Corvo- 32 lhanyas- 34, 36 140, 142, 147 Fillsteus- 8, 64, 81, 84, 97 Belus- 50 Canon- 3, 161 Cosar - hotar - 88 Dinamuqueza, Expedi~o -8 Esdras- 158 Filo de Biblos - 85 Bene Hamor - 65 Cantioo de Debora -110 C6s-42 Diodorus - 108 Esflnge • t 7, 12, 116 Fin6ias - 66, 69. 96 Ben-Hadade I- 9,121, 125 Cao, Filho de Noe -35 Ctescente FertU -17, 43, 113 Djede, Pilar de - 177 Esnuma- 20, 55, 78 Fogo, Altares de -1 L 7 Ben-Hadade II - 9, 122, L 27, Capadocia- 40, 113 Criayao, Tabuas da- 10, 16. Dodanim - 41 Espfrito - 34 Fonte da Virgem - 10-4

L28 Capadoc~.Tabua - 50, 78 Criangas, Sacrif{cios de - 88 Dor • 82 Esp{rito Familiar - 101 Fonte do Grande Abismo -Bei\Jamitas- 64 Captara -46 Cristianjsmo- 3 Dotii- 58, 73 Estaol- 94 3, 30 Berlim- 65 CMcar - 8, 124 Cronista- 156, 161 Dtacma - 156 Ester - 157, 158 Frota de Reflnaria- 11-4 Berltus - 85 Carman~- 151 Cue- 113 Duod6cima Dinastia Eg{pcia- Est6ria Eglpcia dos Dois Berossus- 21, 22, 148 Carmeto - 74 Cujunjique- 23 , 45, 133 66,68 lrmaos- 67 Gadlal-151 Berseba - 46, 58 Carnaque - 112, 121 Culto, Objetos de - 38 Dur·Sharrukin • 5 Estrabo- 43,50 Gate -74 Bete-Haraquem • 145 Carquemis-47, 57, 143 Culto, Vasos de - 25 Esttada do Rei • 59 Gaza -46 Betel - 8, 95, 119 Carro- 113 Cuneiforme-2, 10,21 Ea- 11~ 14, 18, 23, 26, 32 Estrclas, Adora~o de- 141 Geba -73 Be1e-Reobe- SO Cartagineses - 90 Curu- 95 Ebal, Monte- 93 Estrat:ignifica, Escavayio - 7 Gebal- 8, 85 Dete-Sea- 8, 74, 82, 92 Cartago - 38, 39 Cus- 38,43 ~ber - 49, 51, 64 Esua- 94 Gedalias- 148 Bete-8emes- 74, 144 Casada Grande Abundincia - Cusa-Risataim- 91, 92 Ecallu- 29 Eti -70. 109 Genesis- 35, 37 Bete-Zur - 156 51 Cusitas - 42 Ecbatana - 157 Etana • 28 Gerar - 46, 58. 74, 97 Betume- 24, 30, 35, 53 Casa de Onri • 123 Ecrom -74 Etbaal- 123 Gerezim, Monte- 93 Bezeuos de Ouro - 120 Casluhlm - 46 oa - 75 , 95, u9 Edom- 50, 59 Eti6pia- 43 Gesem, o Anlbio- 159 Biblos- 2, 96 Oispio. Mar- 32, ~0. 154 Dalai as- 159 Edomita- 49, 96 l.:tiopico -49 Gesur - SO. 98 Bina-lstar - 64 cati- 9s Dagom- 87 Efode - 107 Etnologia - 43 Geter- SO Birs-Ninrud ·53 Caucaso • 40, 154 Darnasco- 50, 57, 73, 111, Eg{pcia, Dinastia - 42 Etrusca, Anfictionia - 95 Geza -159 Bit-Adini • 137 Caw-Malson de Edom -131 113,119, 121 ,126 Egfpda. Kellguio - 3!1 Et Tel - 7, 82 Gezer- 74, 82, 93, 106, 112, Bit-Bunria - 123, 131 Causgabri de Edom- 142 Damasco, Queda de- 130, 131 Eglpcio, Exercito- 46 Eufrates- 17, 42, ~4, 49, 73 114 Bltis - 67 Cavalos e Carros, Comercio de Daniel- 147 Egiptologia- 42- Eunucos, Sacerdotes - 38 Gibea -5, 7,8,58, 100, 116 Bogazqueui-2,16, 47.101 113 Daniel, Livro de - 5, 150, 152 Egito - 42, 43 Eusebio - 27, 85 Gibeom- 95 Boaz - 117 Cedro- 25, 32, 156 Dara -109 Egito Superior- 43, 46 Evil Merodaque- 6, 1~4. 15J Gibeorutas - ~ Borslppa ·53, 132, LSO Cedros do Lfbano- 156 Dardana- 4 1 Eglom- 91, 92 Execre~io de Textos- 65 Gibetom - 106 llosa - 114 Cedrom, Vale de- 104 Dario I· 43, 157 El - 86,87 £xodo- 55 Gibraltar - -41 Dovlnos de Baal - 120 Celesiria - 98 Dario U- 149 Elio- 20, 49 £xodo, Data do- 71, 75 Gideao- 91 lltonze • 19 Cesar Augusto - 57 Davi • 8, 64 Elate- 114 txodo, Obje~es a Data Bi- Glges- 40 Ur011Ze, ldade -58, 59 Chalcol· 109 Davi, lmperio de - 98 Elefantino, Papiro - 2, 156 bUa -77 Gilboa, Monte - 97 , 102 aruxelas - 65 Chemos - 123 Davi, Seu Reino -103, 110; El Ha.i- 86 £xodo, Rota do- 69, 70 Gileade- 59

Cheretitas - 106 Davidum - 64, 106 Eli - 94, 96 £xodo, Varios Pontos de Vista Gilgal- 95, 101 C'ni.I$I, Canal de- 1-47 Chipre -41 Debir- 82, 83 Ellaquim- 143, 149 71 Gilgarnech, Europeia de - 18, Cadc5 - 59, 73, 97 Churupaque - 6, 21, 22, 24 Debora- 91, 93 Ellasibe - 160 Exorcist&$, Rituals - 71 23 Caftor - 46,97 Ciaxares - 40 Delfica, Anfictionia- 95 ElElyon- 86 Ezequ~-133, 134, 137,138 Gi.mirraia • -40 l 'altorim- 46 Cidade de Davi- 105 Delta - 43, 46, 68 El Quedl- 93 Ezequiel- 40 148 Giom - 17, 42, 104, 137 Ezequiel, As Profecias de - 149 Calm • 19, 21 Cidade da Pl.anicie- 59 Demonios - 101 El Shaddai - 86 Eziom-Geber- 51,114, 115 Gi.lgasew - 47

"••' . 44, 124 Cidade de Refugio - 106 Demonismo -141 Elteque- 106, 135 Gobrias- 152 ralama - 45 Cilicia- 40 Deportaryio de Juda -147, 148 Ellsi • 41 Farao- Neco- 142, 161 Gogue- 40 ( 'tlrollUca, ldade- 20 Cimerios - 40 Deri -155 Elohim- 86 Fauim- 66 Golfo de Suez -70

-170- - 171-

Page 88: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

C6roer · 40 68, 73, 74, 76 Jaf6. 37.41 Kulkul-109 Mar Negro • 32, 40, 154 Mote- 87 Garner, Rio de - 133 Hiel de Betel- 15 Jafetitas, Povos • 38 · 41 Kul-tepe ·50 Mar Salgado ·59 Museu Arqueol6gico Turco-

Gomorra- 58 Hieroglifos - 5 Jair - 91 Mar Vennelho- 42, 43, 70 138 (?)

Gosem • 68 Heirombalus · 85 Janoa • 131 Labachi-Marduque- 151 Mas-50 Museu Britinico -124,132,

Gozi · 132, 136 Hilacu- 40 Ja6s - 1~ .3 Labao - 62 Matanias • 144, 148 135

Grego- 39. 40 Hititas - 4 7, 111 Jaquim-1!7 Lagas- 62 Mat.Cati- 4 7 Museu Otamano Imperial de

Cudea - 156 H.inlo de Tiro· 51, 103, 114, Jardins Suspensos da Babllonia Lago Beta • 70 Medos • 40, 152 Constantinopla - 139 (?)

Gugu, Rio· 40 116 150 Lago Tinsa - 68, 70 Megido- 5, 73. 82, 105, 114 Musica Sacra -108

Gutium - 152, 155 Hititas, Documentos • 49, 101 Java -40,41 Lago Uan - 40 Megido, Estabulos em -114 Hitita, Imperio · 47 Jebel Curuntul- 74 Lagos Amargos • 70 Megldo , Marfim encontrado Nabateaoos • 43

H{, Cidade ·59 Hititas, Leis - 78 Jebel Musa- 78 Lahamu -11 em - 109 Nablus- 93 Habiru · 49, 64 , 74 Hititas, Monumentos- 1 Jebel Usdum - 59 Lah.mu - 11 Melcarte - 117 Nabonido · 5, 55, 142, 151, Habur, Rio ·50, 57 Hofni • 66 Jebus-47 La!s -73, 76 Me1uca - 114 152 Had.ade- 87 Hofra, Fara6 -144 Jebuseus- 47,&4, 104,105 Laraque- 6, 21 Mena6m · 129 Nabopolassar -148, 150 Hadade, o Edonita · 111 Romero - 40, 46, 87 Jedutum · l 09 Larnaca- 41 Menes • 42 Nabu - 132, 151 , 155 Hadadezer • 111, 119 Horebe, Monte - 78 Jefte -91 Larsa ·55 Menfis- 43, 66 Nabucodonosor II- 6, 134, Radadezer de Zoba - 111 Hoiita- 47 Jeorao - 123, 124 Lehabim • 46 Merari- 66 147, 151 Hadaru -131 Hur ·50 Jeoacaz- 125, 130, 143 Lei de Taliao • 79 Memepta- 71,92 Nabunaide- 151, 152 Hadramaut- 43, 50, &4 Hums- 96 ('?), 106 Jeoaquim • 6, 143, 147,148 Leis Matrimoniais de Nuzei - Mernep(a, Ode Triun[aJ de - Nabunalde, Cr8nicas de- 152 Hadraque - 128 (2517) Hurrlli - 47 Jeni- 50 62 93 Nncur -57 Hagar· 62 Hursagcalama- 45 Jeterti.IU • 8, 9, 40 Levit. -66 Memodaque·.Balnd:a • 134 Nedabe -122 Hala - 132 Jeric6 • 74, 75, 123 LeviU•!i, Cidade dos -106 Mesa (Mesha) • 9, J 12, 123 NaftaU • 131 Halaf, Cemmica - 20 Iahud- 6, 144 Jeroboao I- 119- 122 Libna -136 Mes-Ane-Pada- 56 Naftuhlm · 46 Ralls, Rio · 81, 101, 111 lblei - 106 Jeroboao u 128, 129 Udla -40, SO, 152 Meseque - 40 Nalal- 106 Ha ma - 48 £bsa. 91 JerusalCm · 47, 58 Udios- 50 Mesopotamia · 35 Naner · 53, 56, 57 Hamate · 47, 48, 73, 92, 128, £bse- 66,68 J erusatem, Capital de Israel - Lipit-Istar • 7 8 Messiinica, Prediyio - 4 Nnor-55, 57,63

137 ldade da Pedra - 20 lOS Livro do Concerto- 78, 79 Metemu -155 Napoleio. Expedl~io do· 1 Hamurabi- 10, 16, 45, 63 ldade do Bronze Media -58 Jerusalem Capturada por Davi L6 - 98 (7) Matusatem • 6 Nar.t-Sirn · 142 Hamurabl, C6digo de· 2 , 49, 1emem ·114 104, 105 ('?) Lu'as -128 Micmas- 99 Naus de Tarsis.- 1 14

78,79,80 ljom -131 Jerusalem, Co)iga~o de • 92 Lode- 46 , 50 Midia- 59, 72 Nebi Junus • 133 Hanani - 158 lndo•ariano • 73 Jezabel • 123 Ludim -46 Midlanitas- 49, 91,93 Nebo- 53, 150, 151 Hanan.ias • 160 lndo~wopeu - 42 Jezreel - 92, 93 Lullu -12 Migdal- 53 Nebuzarada - 148 Hanum • 92 lndo-germanico - 40 Jo -so Lululindia • 6 2 Migdol-68, 70 Necromancia -102, 141 Hara -s. 49, 50, 54,63 , 137 lnib..Sarrim · 63 Joas -127 Milo - 119 Neemias • 158 -160 Harmabe • 92 lnspirayiio • 2, 3, 6, 15, 35 Joaoii • 158 Maaca- 50, 98 (?) Milqui • Asapa de Gcbail - 142 Neguebe · 81 Harranu - Estrada - 57 lnstituto Oriental da Univeni- J ocneao • l 06 Mabbul - 31 Mineano -49 Neo-Babilonico,lmperio- 55, Hasmoneus · 105 dade de Chicago - 5, 13 2, Jocsi - 43 Madei -40 Mini- 40 147 Hatsepsute- 73 135 Jocti • 43 , 50 Magia -101,141 Mispa- 58 NeoHtlaa, ldade- 19 Hatuxacb • 4 7 lonios - 40 J octanitas- 43, 51 Magicos- 68 Mitan.i • 92, 116 Neriglisar • 151 Hauri- 59, 96 (?) lri - 49 Jonatas- 99, 103 Magogue- 40 Mitintl - 135 NUo, Rio-68 Havita • 43,51, 114 lrcata- 48 J6, Po~o de· 104 Magurgur - 2 9 Miuaim- 38, 42, 46, 113 Nilo, Vale do- 69 Razae1 -124,125 lrriga~o Agiicola, Cultura de Jope - 156 M.alaquias- 160 Mizri. 43 Nlncarra- 18 Hazarmave - 43, 50 80 Jordao, Vale do- 59 Manai · 40 Moabe - 9 Ninhursague • 22 Hazar - 91,1 11, 113, 114 lruleni de Hamate - 124 Josefo • 41, 104, 148, 160 Manass6s -140, 142, 160 Moabita, Pedra- 2, 9, 96 (?), N(nlve • 8,10, 14, 19, 23, 45, HIWeque -128 lsin- 55,78 Josias- 142, 143 Marue- 58 123 46.96,133,147 Hebraica. Blblia- 52 lsraelitas - 49 Josue · 38, 39 Maol, Filhos de· 109 Mo~s-5, 15,35,66 Ninrode • 8, 42, 44, 45 1--lobraico, Texto- 160 lsraelitas - 49 Jubal- 19, 109 Marada - 44 Moises Comparado com Davi - Nin.Cal- 56 tlebreus • 49, 64 lsraelltas, Leis • 7 8 Judafsmo · 3 Ma.rduque -10 • 15, 151, 154, 103 Nin-Maradda- 4-4 Hebrom - 58, 81, 95 , 104 lstar- 25, 27, 63 , 116 Juda no Egito -147 157 Moises. Significado do Seu Ninurta • 27, 34 HeU6polis - 117 lsta.r. Porta de-S, ISO Juda Sob o Dominio Persa - Mardoque, Templo de - 150 Nome - 69 Nlpur - 8, 22, 96, 149 llcmi, o Zera.lta- 109 Iva -136 154- 161 Mar-Humri . 123 Moloque -141 Nisanu -136 llena - 136 Ju{zes, Eventos Fixados na Mari - 45, 60, 63-65,125, 127 Monol!tica, lnscriyio - 124 Nisir, Moote • 25, 32 Jlcr6doto- 40, 50, 113, 150 Jabal- 19,109 Cronologia - 92, 94 Marl, Cartas de- 2, 8, 57, 145 Monte Gerizim- 160 Nlsroque · 136 llb•bom - 91 Jabes Gileade • 99 Ju{zes, Per{odo dos- 8, 90 Mariaba- 50 Monte Heanom- 98 (7) Nit6cris- 152 llct~ - 47 Jabim -91, 93 Marisa, Tumulo de - 117 Mordecai - 157 Noe- 21 , 28, 29, 32 llrYNJ • 4 7 Jaboque - 98 (?) Kingu - 11 , 12 Mar Mediterraneo • 41 Mosaica, Era · 63 Noe, Profecia de- 37, 39 llri.IOII • 121, 122 Jac6 -55, 62 Kit (J(iti) - 41 Mar Morto- 58, 59 Mosaicas Instituiyijes · Nobe- 8,106 llh ~s. Per!odo dos - 41, 55, Jac6- Nome em Cuneiforme- Kitiom - 41 Mar Morto, Rolos do • 2 Mossul-19, 132, 133 Nora -114

65

- 172- - 173-

Page 89: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Numrudc - 124, 125, 126 Pi-Hator -70 Ramses o · 71, ~. 97 Salmancser V • S. 132 Slbilas -101 Tarti (fartannu)- 134, 135 Nubia · 42, 69 Pilares de Hercules - 117 Rams~s IV e V- 93 Saltulo - 11 o Sicilia- 41 Tatenai - 157 Nuzu • 62, 63 Pileana, Anfictionia- 95 Ras Sham.ra, Toxtos de- 2, S. Salterio, Autoria Dav(dica do - Sldom- 46 Taurus, Cordilheira do - 49 Nuzu, Tabuas de- 78 Pim ·100 16, 65, 86, Hl 110 Sidonios- 46, 116, 156 Taxa~o- 112

Puamide - 42 Re- 93 Salterio, Data da Composi~o Sill-bel- 135 Taylor, Pl'isma de - 135 Obal- SO Pidmide, Textos- 42 Rebit-Ninua - 46 do - 161 SUo- 5, 8, 95, 97 Tebas-72, 73, 76, 117,120 Obelisco Negro - 8. 125 Pisom -17 Reden~o • 3, 51 Salterio, lnfluencia Cananeia Siloe, lnscri¢o de-137, 138 Tecoa • 145 ObcUscos - 117 Pitom • 70, 75 Recmire-73 do - 110 Siloe, Tiinel de - 137 Tegarama - 41 Ocultismo -101 , 102, 141 Planlcie de Esdrelom- 58 Refains- 59 Salum - 129 Sim • 96, 151, 155 Tehom -13 Ofcl- 104, 137 Planicie Mar(tima - 97 Reino Antigo- 42 Samaria- S, 122 Sina Schiffer- 96 (?) Tel (Thel) - 7 . 70 Oftr- 51, 114 Plateia - 157 Reino do Norte • 147 Samaria, Cerco de -132 Sinai · 68, 78 Tel Abib -7, 149 Ofra - 93 Po~ de Santa Maria -104 Reino Medio do Egito- 42, SS Samaria Escavayoes ern - 123, Sinai, Peninsula do - 78 Tel Abu Seifah - 68 Ogue- 82 Poyo de Siloe • 138 66 129 Sinear -11,43, 44, 51 Tel Area- 48 Opis - 152 Po~o do Rei ·138 Reino Novo do Egito- 42, 55 Samaria, Q ueda. de • 13 2 Slneu -48 Tel Arpachia·- 7, 20 Orontos, Rio - 8 Polite(smo - 33 Remo-69 Samaritano, Cisma -160 Siom - 82 Tel Asmar • 20, 100 Orontos, Vale do • 124 Porurio • 85 Reobe de Aser - 106 Samaritano, Pentateuco -160 Sipar- 6, 13, 22, 142, 152 Tel Beite Misrim • 144 Osaias - 145 Porta das Aguas - 160 Reobote-lr • 45 Samballi- 158 Sipta • 93 Tel Chagar Bazar • 20 Oseias -132 Porta dos Cavalos -160 Res6m -45 Samsi-Adade V - 125 Siquem - 58, 93 Tel ed-Duweir - 20 Osiris - 117 Pol'ta das Ovelhas - 160 Resepe- 88 Sanchuniatom • 85 Siquemitas- 65 Tel El-Azar- 107 Osnapar • 1~0 Porta do Peixe - 160 Reu- 57 Sangar- 91 Sfria- 47 Tel el-Queleife · 115 Otnlel- 91,92 .Porta Velha- 160 Re~fe-137 Santuario Central - 95 S lria·Palestina -4 7 Tel el·Mascuti - 70 Outeiro- 7 Potifar- 67 Rezim • 129, 130 Santuario Portatil - 108 Sirio-Penicia, Afte e Al'quite- Tel el-Nasbe -105

Povos Marltimos- 46 Rezom- 96 (7), 111, 119 Sara- 62 tura • 116, 117 Tel ei-Armana - 7 Pada-Ari - 97 Primogcnitura., Dl:reito de · 63 Ribla -137, 144 Sarc6fago de Auao -1 16 Sisaque- 112, 120, 121 Tel el Ful - 7, 100. 116 Padi ·135 Profecia • 37 Rifate- 41 Sardenha- 41 Slsera- 93 Tel el Hesi - 114 Pael- 92 Profeta· 146 Rlfeanas, Montanhas - 41 Sarezer -136 So (Sibe) - 132 Tel Erfade - 13 7 Pafladonios - 41 Psameticus - 145 Rio Pequeno lab • 45 Sargio I da Acadia • 69 Sodoma • 38, 58 Tel Gez.er • 7 Pals de Gales - o4 7 Pseudo-adlvinha de En-D or - Rio Quebar • 148 Sargio II- S, 40, 132 Sodomitas · 87 Tel Halafe- 20,. 51, L 36 Palestina- 38, 43, 46, 81 101, 102 Roboao -119 Sargomburgo - 5 Somalia - 43 Tel Hariri - 63, 106 Palestlna, Fundo de E~plora· Pseudo-ep(grafos- 3, 160 Rodanim • 41 Sansao - 91,94 Subotu • 98 Tel Hassuna • 19

~o da -104, 137, 145 Pta- 109 Rodes -41 Saul- 8, 46, 99, 102 Subiluliuma -47 Tel Meta -7 Paliga - 51 Ptolomeu • 160 Rorna -160 Seba- 43 Sucote- 68, 70 Tel Obeide- 20 Palmira -108, 113, 137 Ptolomeu 11 Filadelfo - 159 Romanos, 38 Sebanos - 43 Sulmi- 88 Tel er·Retabe- 70, 75 Pananu de Samal - 131 PtOl'CS- ~6 Romulo- 69 Sefarvaim -136, 137 Sumeria- 21, 45 Tel TaiDate -116 Papiro, Mar de - 70 Pul-129 Rosetta, Pedra • 1 SaJefe- SO Sumeria, Llsta dos Rels - 21 , Tel Zacaria - 145 Papiro d'Orbineu • 67 Pulu - 129 Rusafa -137 Selemias - 15 L, 159 44 Telassar -136 Papiro, Pantanal de- 70 Pur -158 Seleucidas- 160 Sumerio, Templo - 57 Tema - 151, 152 Passur • 66 Pute- 38, 43 Sab~- 43,50,114, 115 Selo da Tenta~o -18 Sumerios ·11,19, 52 Temenos- 56, 57 Patros- 46 Putiel- 66 Saba, Estela de- 125 Sem · 37 Sumerio·Acadlo, fm perio ·55 Templo, Musicos do · 109 Patriarcas, Longevidade dos - 6 Puzur-Amurri • 24 Sabaca · 136 Serna, Servo de Jeroboao · 128 Sumur- 48 Tenda-santuirio - I 08 Patriarcas, Periodo dos · 54 ,

Qalat Sharquat- 45 Sabado -17 Serna( as - 151 Sura- 94 Tepe Gaura -19 55 Sabai -43 Semareu -48 Susa-20, 49, 78, 151 , 155, Tera- 55, 58, 63, 65

Patrussim- 46 Qatna- 8, 96 Sabcana, Ungua - 49 Sernfrarnis • 129 160 Terafim- 63 Peca - 130 Qubbah -108 Sabeus ·50 Sernitas- 49- 51 Susa- 49, 157 Terceira Dinastia de Ur - 55 Pclegue - 50, 51, 57 Quenaias -6 Sabta- 43 Senaqueribe -133-136,147 Susiana - 49 Term6pilas - 157 Poleste- 46 Quircuque • 62, 78 Sabteca • 43 Senjirli • 4 7 Tetragrama • 145 Pclotita - 106 Quiriate-Baal· 107 Sa.ta- 50 Sel\Jirli. Mon61ito- 141 Taru:ca- 140 Tiamate - 11, 15 Pcllstlm- 46 Quiriate.Jearim- 8, 107 Salamina - 157 Senuosret l-UI- 55, 66 Tabali- 40 Tiglate·Plleser ill · 48, 123, rotoponeso • 40, 41 Quirlate.Sefer- 82, 1-48 Salim· 88 Seranim- 96 Tabor. Monte • 93 129,137.147 Pontateuco, Leis do -79 Quis- 21, 22, 42. 44 Salomao -111 , 116 Serugue - 51 Tabrimom (fab-Rarna}- 121, Tiglate-Pileser I - 40, 78, 96 , Peres-Usa -107 Quitim. 41 Salomao, o Mar de ·118 Sesbazar -155 122 129 , 130 Potlodo lnterteatamenWio •

Raabe -74 Salomio, 0 Templo de - 116 - Sete • 6 , 21 Tadmor -113 T~e - 17,22,32,42 160 Raarna • 43 -118 Sete, 0 Numero- 13 Tanaque-74 , 82, 106 Tigre-Eufrates, Vale do - 45,

Hrala - 149 Rabe.Saru - 135 Salomio, Prosperldade da seti 1 -92 Tarus-68,70, 15, 120 49 P'ralco, Golfo· 32 Rabsaque - 135 tpoca de· 112, 116 5eti II • 68, 93 Tarbi:su- 46 Tijolos, Fabrica~o de- 73 Per-'polis -157 Rainha de Saba - 115 Salmaneser I • 46 Siio-47,105 Tami-Lim - 64 Til·Maquiri - 57 PuHu - 69 Ram-' -100 Salmaneser m- 8,124,140 Siao, A Fortaleza de- 105 Tarsis- 41, 114, us Til Turaqui ·57 Pl-ltalrote - 70 Ramses- 69 , 10, 7S Salmaneser IV· 129 Sianu - 48 Tarsis, Navios de· 114 Tiraca (Taarca) - 136,141

- 174- - 175-

Page 90: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

fl.rlls • 40 T£rios • 41, 46 Til'o, Exeroito de· 46 Ttropenano, Vale· 105 Tina - 121 , 122 Tisrl· 153 Tiro· 39, 41 , 46, 88,97 To be - 98 (?) Tobias, o Amanita· 159. 160 Togarma- 40, 41 Tof, Rei de Hamate -103, 111 Tola • 91 Tora - 80, 160 Torre de Babel ·52 Touro, Deus- 120 fouro, lnscti~o de- 124 fransjordania- 76, 82, 91 Trlbuto • 112 Troia, Guerra de - 85 Tusenoi • 40 T uba1 · 19, 109 Tfunulo dos Reis de Dave ·

105

Uba.r-Tutu- 24 Ugarite- 38, 65, 101 Ugaritica · 5, 49 Ugar(tica, Poesla • 85, 86 Ugbaru - 152 Uliga.aa . 14 Ur - 20,21,50,53,55,57,

100, 151 Urano • 86

Urartu -130 Urbi · 135 Ur-Namu -56 Ursallm- 47 Uruque • 23, 45, 52 Utnapistim - 23, 33 Uz - 50 Uzli- 107

Vadi e\ Sei(ar · 94 Vadi Tumllate · 68 Vadi Arab:i - ll5 Vale do Himom - 104 Vale do Save ·59 Vale do lordiio -58 Vale do Rei - 59 Vale Sidim • 59 Vale de Soreque • 94 Vasti • 157 Velho Testamento , ContribuJ­

y5es da Arqueologia ao Estudo do · 4- 9

Velho Testamento, Significado do · 2 - 4

Voltumna • 95

Wa.rka - 23 , 45, S3 Warren, Cisterna de· HM Weld·Biundell, Ptisma • 21 Welcome-Maston, ExpedJ~o

Arqueol6gica- 145 WeiBh -47

Xenofontes • 153

- 176-

Xerxes- 157

Yahweh -143, 151 Yahwehjsmo - 79,101,140 Yam Suph -70 Yansam • 93 Yauk.im. · 6, 151 Yhwh-HS

Zab, Rio- SO Zacar ias - 129 Zalgara - 14 Zamba-155 Zaqulr de Hamate - 128 Zeboirn ·58 Zebulom • 65 Zedequias- 144, 148, 1-49 Zeno, Papilo de · 159 Zeus- 87 Zigurate - 45, 52, 53 , 118 Zigurate de Nabucodonosor ·

150 Zigurate de Ur ·55 Zigurate de Ur-Namu ·56 Zilu - 68 Zi.m.ri· lim - 63 Ziuzudra • 22, 28, 29 , 32 Zoa . 58, 68, 75 Zoar ·58 Zoba - so. 96, u9 Zot3 • 94 Zorobabel· 155 Zozer · 67 Zuzins ·59

SECAO DE MAPAS, ESOUEMAS E ILUSTRACOES

N9 1

Touro em tijolos vitrificados, do palacio de Sa.rgao II (722 · 70SA. C.) . (DeN{nive, de Vietof Place, placa 30.)

MAIS NOVE NIVEIS: XII c.2000 A.f:. XV1 c.3000 A.C.

XVIU c.3500 A.C.

Uustta~ao dos niveis ocupacionais (estratos) de uma cotina formada por escombros arqucol6gjcos ( tel). liste eo Tel Beisan, antiga cidade fortificada de Bete-Sea 0 Samuel 31 : 10). que guardava a tmtrada oriental para o Vale de Esdrclon. (Cortesia de J. Free, Archeology and Bible Histozy, p. 8)

Page 91: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

EUROPA

0 ROL OAS NA<;OES OUil.OMETROS O

160 480

(") )> ~ -4 )>

m C)

v (")

0 -

~ .

z -4

~

GOMFK

--

~~ ASQUENAZ.

JOCTA MAR

'' VERM ELHO

~JAR VARAL

ASIA

\

HAV ILA \l"' Of'IR • SABA HARZARMAUit \ . . .

.

)> 3: 0 ::0 ::0 m c

"T1

r-c;; -4 m c

z •o w

'Z •o

""

Page 92: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

• BOGAz.QUEUI • ALISAR

t •DAMASCO

. HAZOR

. mwt .stQU!l.M •

• • • AloiA

E · PETRA

15' • ag h · •.,. g- .. . . " -a •• 8.., >5" nc ;..-il ~c ga ~" e-~· g. t!,. -1 !2. .,.o .. .,. ... :: u ~i!. (l.o

S" i; :;...-g N:l . " f1c ·'!!. ~].

0 -ll. ?'

DESERTO DA

ARABIA

z •o

"'

ARARATE ARMEN IA

~~~0 £l.L.AGO VA"' ~RUMIA .T£Pit GAURA

.JEB£L6,~~EBU ORIENTE MEDIO OUIW\II:.'Tli.OS o SO 160 140

MAR CASPIO . ~ ' '"

-..........

z '0

<:1>

Page 93: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Ceramica do Tel ei-Obeide, per:to dn cidade de Ab!"AiO, Ur, Da Mesopota­mia inferior. Desenho. (Cortesia do Mu­seu da Unlvorsidade da Pensilvinia.)

ZONA RESIDENCLA.L

Ur na £poca Abr:Wnica, mosttando a area dO Temenos. OS ponos (!o movimenta.­do emp6rio do Rio Euf r•tes. (De 1\ntient Times, por Jnme~ B.reasted, oonesta de Ginn &c~

Corte tmnsvcrsal do Vale do Jordao, moStrando o Mar Motto. (Conesia de John Garstang, The Story or Jericho ( londres. 1948), fig_ 1)

Page 94: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

N9 10

........... ,

MASADA •

• RABA TE MOAB£

Mapa do R~o do Mar Mono Interior, moruando as cidades da .. p lan( de do Jor­dao" (Genem 13:10).

N9 11

Vaso hodUL de Nuz.u . Os nuzu eram hunlanos, os horitas do VeU\o Testamen­to, he multo pordidos. Estc e urn bom exemplo da sua ar­ce. Os stu$ arqulvos revelam (ntima rchu;iu com os co,nu .. mc.s patria.rcais catalogados em G~nesi!. (Cortcsia de n1e BibUcal Archoolosist, Ill , I , (lg. l.)

N9 12

OlSOO do Sol alado, do Egito, simbolo do deus-sol, ostentando Uttus, a tcrpcnte -da, de ambos os lados das asas de fillcao.

Page 95: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

I . . .

N? 13

Camafeus do seculo XVII A. C. Estes omamentos ou nmuletos em forma de be­souro (Scambaeus sacer), trazendo o nome de urn deus ou de um rei. cram comuns en­tre os ant igos cgipcios. Pensava-se que elcs proporcionavam protc¢o c boa sorte.

Exemplo da arte dos hicsos em Jeri­oo. Cidade 111. (Cortesia de l . e J. B. E. Garstang, The Story of Jerico, rtg. 15.)

ROTA DO l:XODO KM o-==-~~::::~~...a ... o

N'! 16

Esquerda: 0 Fam6 arqueiro. De um carnafeu. Dlreita: exemplo de ane hlcso em Jeric6. Cidade 111. (Cortesia de J. Garstans. tho

Story or lertcho, faguras 22 e 15. respectivamente.)

Page 96: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

N9 17

Sinetes .reais eg{pcios em forma de camafeu, dos ultimos rcis de Je.ric6. (De J. e J . B. E. Garstaog, T he Story of Je£icho, f'.tg . 18.)

N9 18

0

fJ == .,....

Cartucho de Ramses II (Ramses-Merlamom, ''Ramses, o amado de Amom"), o grande con· quistadOI do 13 seculo A.C. , muitos imaginaram que esse f6sse o fara6 do Bgtto. F. Champollion, o un tlgo egipot6logo frances, dcu o nome "cartucho" a cl\lo$ ovais que contem os nomos ou tftulos de reis.

Urn vaso pintado da ci­dade de Uquis em Pales­tina. (Cortesia do The Biblical Archeologist, U, 1, fsg. 2.)

OET. AM M U RA Bl Nome de Hamunibi em escrita cuneifo rme. 0 primeiro sinal e um demonstrativo,

denotando nome de homem.

Descnho de um vaso de guerra e mcrcantc fenicio , coplado de uma representa~iio existente na paredc do Palacio de Senaque ribe em Nlniv¢ (700 A. C.). Este tipo de navio era comum ap6s 1000 A. C. Para subs(d io quanta a amptitud6 e prospcridade do comcrcio fenfcio , veja Czequiel 17. (Cortcsia de The Biblical Archeologist r 2 [tg, 10.) J > I

Camafeus reais egfpcios que serviam de sine­tcs para OS ultiroos reis de Jerico . (De J. Garstnng, T he Story of Iericho, f&g. I 8.)

Page 97: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Tipos de cerlimica da [dade de Bro.nze Posterior, em uso a cpoca da conquista de Jeric6, feita pelos israel.itas. De Jerioo, Cidade IV: ca. 1425 A. C. 0 vaso a csquorda , achado com camafeus de Amenotepe , provem do tumulo 4 . (Cortesia de J. o J . B. E. Garstang, The Story of Jericho, fig. 20.)

Esqucrda: Urn fenicio diante do candelabro sag:rado.

Dileita: Urn deus fenicio no t:rono angelico.

Dtsenho a.rtistico da cena de urn leao atacando uma gazela, gravada em um copo de ouro de Ras Shamra - Uga­rite. Encontrado oas rufnas a sudoeste do templo de Baal. A cena ilustra o cstl­lo rnisto de arte em Ugarite, composta de elementos miceoeanos, egipcios e si­rios. (Co.rtesia de Claude F. A. Schaeffer, The Cuneiform Tex ts of R.as Sha.mra -Uga.rit, p . 22, f~g. 6.)

it JJlt+t-lTJH'to-rH>-m t-fH"~ ~ y d n d n . 1& I m n t .

i* ~ ..y<r f~~r lf ~ Pf Y t p 't.· !Pt. Y t tn

Exemplo de escn ta ugaritica em alf:tbcto cunei forme: "Ele decide a cau11a dn viuva, Etc julg<l o podido do 6r0io ", - Tbe Legend of Daniel,

n. V, 7b - 8. (Cortesiu de The 8ibUo.at Archi!Oiogist. U. 7. n~. 5)

Esquelda: Mon6lito de Baal. deus cana.neu da tempestade, brand.indo uma clava e empunhando urn relimpago estilizado.

Direita: Mon6lilo de Ras Shamra, com o grande deus cananeu El recebendo home-0agem do Rei de Ugarite (seculo XIV A. A .). (Desenbado segundo as placas XXXll e XXI, respectivamente, dos Cuneiform Texts of R.as ShamD - Ugarit. Cortesia de Oaude F . Schaffer.

Page 98: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Esqucrda: Desenho artfstico de um peodente de ouro da dcusa da fertilidadc nun. de Ras Shamra. A prost1tuto sagrada csta de pc sobre um leiio. As scrpcntes sim­bollzam a sua fecundldadc. Seus lufos de cabelos em espiial, c a postura geral. idcn­ti.ficam o scu culto.

Direlra: Outro desenho de urn pendente de ouro da deusa da fcrtiHdadc. Os ca.r­neiros, evldentemente, simbotizam vigor sexWIL {Cortcsill de Claude r. A. Schaeffer.

Cartucho de coroa~ao de Ramses ll, contendo o t(tulo de Usermare - Setepncre "Forte na verdade, o Escolhi­do de Re"

PALESTINA Km 0 8 16 ~0

... -.. .....,....

DESERTO DE PARA

• CADE8-BARN.I!IA

SEIR EDOM

~BANO DtufASCO

0 MT. HERMOM

Page 99: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Guerreiros filisteus poSlcriores u cpoca de Senaquerib.e. (De A. H. Layard, Monuments of Nineveh, Vol ll, 33.)

= MURO DA EPOCA DE DAVI

--- MURO PROVAVEL, £POCA DE SALOM.AO r---, I I

r----------1 : I t t I 1 I I ' r-- •GlOM \ I ' r--.J \ J ,,_ .... ', ----- .... __ _

o EN ROGEL

Mapa de Jerusalem na ~poca da conquista de Dovi.

~ 0 cr

0 I.I.J (..)

0 0

I

Exemplo de arte asslr!a. Touro alado com cabe9a bumana; em parte homem, em parte leao ou tou.ro, em parte aguia.. Esta criatura era oolocada pclos reis asslrios e hiti· tas para proteger cntradas. (De Perrot c Chipiez, llhtoi.rc de I' Art dans I' Antiquite, To­rno U. op .. pagina 542.)

E'squerda: A.rvote em t1jolo vitrificado, do palacio de Sargao ll. Direita: Corvo em tijolo vitrlficado, do patacio de Sargao 11. (Placas 31 e 30 res·

pectivamente, de Ninive, por V. Place.)

Page 100: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

Gcnio alado em tijolo vitrificado, do pa.hicio de Sargao. (De V. Place, Ninive pla-ca 16.) '

v~~ PORTADEJIAT AMTI ~,.. . .... ~~

0 0 o'b~ ~" ~ ~.0

~\:) ~PORTA DE AMBASI

PORT A DO JAROIM

NfNIVE

LJma das mator...- , ent~ 3~ ctdad~' anttga~. por mul to tempo c:tp tta l do pou...-rt\)"0 lmp~no A-.~lno . 0 o ulciro (de de~pOJO' arqucologico~) continha O\ pal:icio .. de Sen:~que­noe c de A '~urb:~nipal. A cidadc e i mport:.nt~· no Vi.'U10 Tt'stamento . C'ompau :I profecta d~ :-.laum ~: o Ltvro de Jonas.

Arado assi rio em tijolo vitrificado, da parede do palacio de Sargao ll. (De V. Place, Nfnlve, placa 31.)

Page 101: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

AREA DO ....... =::a::.-=~=--1 T EMPLO

AQU EDUTO DE EZEQUIAS

VAlE DE HI NO~ POGO DE SllOE

GlOM

Je rusalem no Lrmpo de Ezl!quia~ (ca. 700 A.C.). A Babllonia nn cpooa dos caldeus cmno rt.:nln ~I T111d l1 das ~~C..IV:t~,~~ ~· R)I&J'Il.!l fill !

tabu liS de barro descobertas nas ruinall du~l.u p;mml~ mctr6poli.' rlepois do p·. Ungl."ll (James Breasted, Ancient Times, corte~is tic Ginn c Co.)

Page 102: 63329005 Arqueologia Do Velho Test Amen to Merril F Unger

PORTA PORTA 00 PEIXE DAS

b

' OVELHAS

PORTA DE PORTA

F.SQlJINA nos· CAVALOS

PORTA DE

EFRAIM PORTA DAS

r AGUAS ~

'\J 0 ~

~

' c.;

I 0 I Q

PORTA PORTA f.:.J DO ,.. DA ~ VALE r FONTE

PORTA DO

V MONTlJRO ALE DE lllNOM

Planta de Je£tlsalem no tempo da restauragao dos muros por Nee.mias (444 A.C.).