a arte de reciclar: o beneficiamento de pet em blumenau
DESCRIPTION
Grande reportagem fotográfica apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) à disciplina de Projetos Experimentais, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social - Jornalismo, da Universidade do Vale do Itajaí.TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
JANAINA SALSI
A arte de reciclar: o beneficiamento de PET em Blumenau
Itajaí 2010
JANAINA SALSI
A arte de reciclar: o beneficiamento de PET em Blumenau
Livro reportagem fotográfico apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) à disciplina Projetos Experimentais, sob a responsabilidade da Prof.ª MSc. Vera Lucia Sommer, como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), orientado pelo Prof. MSc. Robson Souza dos Santos.
Itajaí 2010
AGRADECIMENTOS
Há tantos a agradecer, mas em primeiro lugar, transmito com simples palavras, minha
maior gratidão aos meus pais, Arno e Marlene. Pelos conselhos nas mais difíceis decisões,
pela dedicação e paciência com que me educaram e, principalmente, pelo amor que me têm. A
eles, meus heróis, serei eternamente agradecida.
Ao meu irmão, Jailson, sou imensamente grata. Com orgulho de tê-lo como irmão, o
agradeço por ter cedido, sem hesitar, seu equipamento fotográfico para que eu pudesse
produzir as imagens deste trabalho. Sem a parceria dele, esta grande reportagem fotográfica
não existiria.
À minha irmã de coração, Amanda, que me presenteia há mais de quatro anos com sua
doce amizade. E à Quadroplus Comunicação, Amanda, Cláudio e Ramon, pelo empenho
dedicado na diagramação do livro e pelo ótimo resultado obtido.
Aos grandes amigos que sempre estiveram presentes. Ana Paula de Sousa e Tatiane
Deschamps, pela agradável companhia nas idas e vindas de Blumenau-Itajaí. Ana Cláudia e
Ana Paula Beppler, por dividir com orgulho o nosso status de solteiras e Leandro da Costa,
pelas risadas que sempre proporciona.
Também não poderia deixar de agradecer a todos os profissionais que possibilitaram o
desenvolvimento deste trabalho. Ao presidente da Fujiro Ecotêxtil, Bruno Sedrez, por ter me
recebido, gentilmente, as inúmeras vezes que o procurei. Ao educador ambiental, José C.
Sommer, pela atenção e comprometimento ao responder às minhas questões. E à presidente da
Reciblu, Joana Krüguer, e aos demais associados da cooperativa, pela simplicidade e carinho
com que me receberam, demonstrando a importância que este trabalho representa pra eles.
Por fim, à eterna amiga Karina, que deixa saudades de sua marcante passagem pela
terra e que, enquanto esteve presente entre nós, dedicou-se à nossa amizade, sendo uma
companheira inseparável. Obrigada por ter feito parte da minha vida.
RESUMO
A arte de reciclar: o beneficiamento de PET em Blumenau é uma grande reportagem fotográfica sobre o desenvolvimento sustentável, a reciclagem e responsabilidade social na cidade de Blumenau. O município tem cerca de 300 mil habitantes e produz em média seis mil toneladas de lixo domiciliar por mês. O que pode ser feito para minimizar os danos que esses rejeitos causam ao ambiente? Este trabalho apresenta algumas sugestões. Blumenau é reconhecida como pólo têxtil, fator determinante na importância da reciclagem do plástico PET, uma vez que o produto pode ser transformado em fibra de poliéster para a produção de material ecologicamente correto. Desta forma, esta grande reportagem fotográfica defende a integração da reciclagem à produção têxtil da cidade, e, ainda, evitar prejuízos ao meio onde vivemos. As fotografias registram o dia a dia de quem faz o processo de reciclagem acontecer – o catador de lixo – e do beneficiamento do plástico PET até sua transformação final, realizada pela empresa blumenauense, Fujiro Ecotêxtil. A arte de reciclar: o beneficiamento de PET em Blumenau constitui uma reportagem diferenciada na compreensão da importante questão ecológica na atualidade.
Palavras-chave: grande reportagem fotográfica – reciclagem – PET – meio ambiente – Blumenau
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA ...........................................................................................6
1. OBJETIVOS...........................................................................................................................8
1.1. Geral ....................................................................................................................................8
1.2. Específicos...........................................................................................................................8
2. REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................................9
3. PROCEDIMENTOS/MÉTODOS ........................................................................................13
3.1. Descrição da linguagem.....................................................................................................13
3.2. Divisão do conteúdo ..........................................................................................................14
3.3. Aproveitamento das fontes ................................................................................................15
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................20
ANEXOS
APÊNDICE
AUTORIZAÇÃO
6
INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA
O homem tem sido responsável por grandes e rápidas transformações, principalmente
a partir do avanço tecnológico proporcionado pela Revolução Industrial e a crescente
urbanização ocorrida após a Segunda Guerra Mundial. A população rural deixou o campo
para tentar a vida na cidade e exigiu um aumento no abastecimento de alimentos e bens de
consumo. A produção acentuada de embalagens cada vez mais resistentes, por exemplo,
garantiam aos bens um transporte seguro.
Por outro lado, o desenvolvimento tecnológico não mediu seus níveis de agressão ao
meio ambiente, e procurou satisfazer apenas as exigências do homem, resultando numa série
de problemas ambientais. A superlotação dos grandes centros, o hábito alimentar e o poder
aquisitivo, também são considerados propulsores no crescimento de rejeitos.
O lixo é um material que está presente em toda a parte, e que, naturalmente é
inevitável não produzi-lo. Diante da necessidade de implantar projetos para solucionar o
problema, pesquisadores e ambientalistas elaboraram modelos de controle ambiental a partir
da teoria do Desenvolvimento Sustentável. A reciclagem foi um dos projetos criados para
contribuir no controle, evitando uma maior extração de matéria-prima, prolongando a vida útil
dos aterros e dos recursos naturais.
A reciclagem, portanto, surgiu para oferecer soluções no controle da produção e
reaproveitamento do lixo. O processo pode ser entendido, de maneira simples, como a
conversão do lixo em algo utilizável e que possa ser comercializado. Assim, os resíduos são
coletados, separados e processados para serem usados como matéria-prima na fabricação de
novos produtos. Do ponto de vista sustentável, a reciclagem é um método eficiente e
ecologicamente responsável. A criação desse projeto é uma das mais importantes histórias de
sucesso econômico e tecnológico do século XX e é, certamente, a melhor forma de agregar
valor ao lixo.
No Brasil, a quantidade de rejeitos produzida semanalmente por um ser humano é de
aproximadamente cinco quilos. Por dia, o país produz em média 240 mil toneladas de lixo,
mas apenas 2% desse total são reciclados. A cada ano, o Brasil desperdiça cerca de R$5
bilhões porque não recicla tudo o que poderia. No entanto, é possível observar que este
número está crescendo e o processo de reciclagem está a caminho do desenvolvimento.
Segundo o estudo Panorama dos resíduos sólidos no Brasil, realizado em 2009, pela
Associação brasileira de empresas de limpeza pública e resíduos especiais (Abrelpe), houve
7
um crescimento na coleta seletiva, que é a primeira fase do processo de reciclagem. Os dados
apontam que ela já é feita em 56,6% dos 5.565 municípios brasileiros. As regiões Sul e
Sudeste são as que apresentam maior índice de coleta seletiva, passando dos 70% de
abrangência. Ver anexo A.
A reciclagem é um tema atual e constantemente pautado nos meios de comunicação,
porém, grande parte da população brasileira não sabe como funciona e quais os seus
verdadeiros benefícios. Alguns materiais são 100% recicláveis, como é o caso do plástico
PET, produzido a partir de tereftalato de etileno. O PET é muito resistente e por isso é
frequentemente utilizado na fabricação de embalagens. Além disso, sua composição química
favorece o processo de reciclagem, pois não libera nenhum produto tóxico.
A produção de garrafas PET aumenta a cada ano, assim como a sua reciclagem. De
acordo com o levantamento da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), realizado
em 2008, neste mesmo ano foram produzidas aproximadamente 465 mil toneladas de garrafas
PET, em torno de 7% a mais que em 2007. E, segundo dados do Compromisso Empresarial
para Reciclagem, em 2008, (Cempre), são reciclados, em média, 53% do total de PET
produzido anualmente.
Do ponto de vista industrial, a reciclagem de PET é uma atividade em crescimento no
Brasil. Em Santa Catarina existem inúmeras empresas que defendem a ideia e que veem neste
processo, não só a viabilidade econômica e a geração de lucros, mas também, a importância e
os benefícios ambientais. A cidade de Blumenau, conhecida como pólo da indústria têxtil, é
pioneira no setor de beneficiamento de PET e, desde 2005, abriga uma das maiores indústrias
de beneficiamento de PET do país, a Fujiro Ecotêxtil. A empresa encontrou um nicho no
mercado e confecciona produtos com malha reciclada, feitas a partir de fibras do plástico
PET.
Desde modo, trabalhar este tema diante de sua significativa relevância ambiental e
econômica é refletir sobre futuro do desenvolvimento sustentável. Visando não apenas a
preservação do planeta, mas estimular uma mudança cultural por parte da sociedade, que nem
sempre se preocupa com o que está comprando, a forma como é produzido e quais os danos
que pode causar ao ambiente se descartado de forma inadequada.
8
1. OBJETIVOS
1.1 Geral
Apresentar, por meio de uma grande reportagem fotográfica, o processo e a
importância da reciclagem de garrafas PET, realizada pela Fujiro Ecotêxtil, uma empresa
instalada na cidade de Blumenau, Santa Catarina.
1.2 Específicos
• Contextualizar os dados de produção e consumo em Blumenau;
• Apresentar o processo de coleta seletiva no município;
• Registrar a rotina de um catador de lixo;
• Registrar as fases do processo de beneficiamento do PET;
• Apresentar a empresa Fujiro Ecotêxtil, beneficiadora de PET em Blumenau;
• Sustentar a importância da reciclagem de PET em Blumenau;
9
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Desenvolvimento sustentável, sustentabilidade e outros termos correspondentes têm se
tornado comuns nos mais diferentes meios, sendo utilizados por militantes sociais, políticos,
acadêmicos, trabalhadores e empresários. Evidentemente, as ênfases e interpretações são as
mais variáveis, gerando um conceito bastante amplo. O princípio de sustentabilidade, segundo
Ribeiro (2000, p.101) “[...] baseia-se na necessidade de reduzir o desequilíbrio entre o grau de
exploração dos recursos naturais e a capacidade de regenerar-se, num quadro de alto consumo
de recursos não renováveis”.
Mudanças de valores, mentalidade e comportamento são, hoje, fundamentais para o
futuro da espécie humana, no limite de uma situação em que o consumismo e os valores
materialistas exercem pressão sobre os recursos naturais e as matérias-primas. Transformadas
em bens de consumo, elas são usadas e em seguida descartadas como lixo e resíduos.
Atualmente, é possível observar uma crescente percepção da necessidade de alterações
dos padrões de produção e consumo, como forma de compatibilizar a sociedade com os
ecossistemas. As políticas ambientais, por exemplo, baseiam-se nos chamados “mecanismos
de comandos e controle” como forma de equilibrar essa relação. Essas organizações apóiam-
se na aplicação das leis vigentes, como licenciamento ambiental, a fiscalização e instituição
de padrões de emissão de poluentes.
Embora os mecanismos de comando e controle sejam essenciais hoje, e certamente
continuarão a ser no futuro, é cada vez mais claro que o fundamental é construir
progressivamente novas formas de organizar a sociedade. É preciso uma mudança cultural e
de comportamento baseada em valores preservacionistas.
Considerando os limites que o ambiente natural oferece, somente com uma profunda reflexão sobre os tipos de bens produzidos, na forma de sua comercialização e nos estilos de vida, é que será possível construir uma sociedade sustentável. (MERICO, 2008, p. 17)
Na década de 60, os movimentos alternativos questionavam a sociedade consumista e,
em 1972, ocorria a Conferência de Estocolmo sobre o Ambiente Humano e o tema ambiental
foi colocado em pauta. Desde então, evoluiu o pensamento e a ação global no que se refere ao
ambiente e á consciência ecológica. Vinte anos após, em 1992, realizou-se a Conferência das
Nações Unidades para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Para Ribeiro (2000, p. 35)
10
“nesse período o Brasil foi colocado no banco dos réus [...], acusado de fechar os olhos às
condições ambientais”. O autor ainda acrescenta que, por outro lado, multiplicaram-se
movimentos e associações ambientalistas, expandiu-se a consciência ecológica, colocaram-se
em questão, ainda que de modo tímido, temas antes insuspeitados.
Hoje é possível afirmar que o conceito de desenvolvimento sustentável já se
consolidou o bastante para incorporar as dimensões econômicas, ambientais e sociais das
ações humanas e suas consequências sobre o planeta e os seres que o habitam. Toda atividade
humana provoca efeitos ou impactos ambientais e, diante disso, a sustentabilidade exige uma
postura preventiva.
Para Almeida (2002, p.76) “os avanços tecnológicos que o homem foi capaz de obter
tornaram cada vez mais curto o tempo para que um impacto seja plenamente sentido”. O
aumento do consumo de matéria-prima e de energia foi consequência do aumento do nível de
vida. Exploram-se cada vez mais os recursos naturais, em um ritmo mais rápido do que o que
a terra pode produzir.
Para minimizar os impactos, existem duas alternativas: redimensionar o
comportamento de consumo, e a reciclagem. Ambos são elementos participantes do ciclo
sustentável. No entanto, a reciclagem transformou-se em um fenômeno, salvadora do excesso
de consumo de embalagens. E o que antes era um problema, tornou-se solução.
Reciclagem é um termo usado desde os anos 70, quando se tornou maior a preocupação ambiental [...]. Reciclagem significa retornar ao ciclo de produção de materiais que foram usados e descartados [...]. É uma exigência do mundo moderno, convencido de que não é mais possível desperdiçar e acumular de forma poluente materiais recuperáveis. (KUHNEN, 1995, p. 31)
Os ganhos proporcionados pela reciclagem do lixo decorrem do fato de que é mais
econômica a produção a partir da reciclagem do que a partir de matérias virgens. Isso se dá
porque utilizam menos energia, matéria-prima virgem, recursos hídricos e reduz os custos de
controle ambiental e também a disposição final do lixo. Consultar infográfico disponível no
anexo D.
O processo de reciclagem envolve, primeiramente, a coleta seletiva de lixo. O segundo
passo é a triagem, realizada em galpões. Após, o material passa por um processo de
beneficiamento e é, então, enfardado. Na última etapa, é vendido ou distribuído para as
indústrias recicladoras, onde são transformados novamente em bens de consumo.
11
Entre os materiais passíveis de reciclagem, se encontra o plástico, cujo elemento
essencial da composição é o petróleo. Segundo Valt (2007, p.43),
para a produção de plásticos são destinados cerca de 4% da produção mundial de petróleo. No entanto, antes de se transformar em plásticos, o petróleo é transformado em resina plástica. Estas podem ter sua composição química modificada e dar origem a diferentes plásticos, como o PET.
O PET, por sua vez, é feito a partir do polietileno tereflatalo, e, assim como os demais
plásticos, é produzido através de um processo químico chamado de polimerização. Segundo
dados do Compromisso empresarial para reciclagem (Cempre, 2010), o PET foi desenvolvido
em 1941, mas as garrafas produzidas com este polímero só começaram a ser fabricadas na
década de 70. Em 2008, foram produzidas 462 mil toneladas de PET no Brasil. Destes, 54,8%
foram reciclados. Ver anexo B.
No Brasil, o PET é utilizado para 55% de embalagens de refrigerante, 28% de óleo comestível, 7% de água mineral, e 10% outras embalagens. Portanto, é possível observar que as embalagens de refrigerantes são responsáveis pela maior porcentagem de utilização de PET. (VALT, 2007, p.47)
No Brasil, o maior mercado para o pós-consumo do PET é a produção de fibra
poliéster para a indústria têxtil. Ver gráfico no anexo C. No entanto, esse segmento já é
antigo. De acordo com informações retiradas do site do Compromisso empresarial para
reciclagem (Cempre, 2010),
no começo dos anos 80, os EUA e o Canadá iniciaram a coleta dessas garrafas, reciclando-as inicialmente para fazer enchimento de almofadas. Com a melhoria da qualidade do PET reciclado, surgiram aplicações importantes, como tecidos, lâminas e garrafas para produtos não alimentícios.
O ciclo de reciclagem do PET envolve três etapas. Recuperação, onde as embalagens
são separadas por cor e prensadas. Revalorização, onde as garrafas são moídas, gerando
flocos. E, por fim, a transformação, onde os flocos são transformados em um novo produto,
fechando o ciclo.
As garrafas PET são totalmente inertes, ou seja, mesmo que sejam indevidamente
descartadas, não causam nenhum tipo de contaminação ao solo. No entanto, o descarte
12
adequado destas embalagens e seu encaminhamento para a reciclagem são fundamentais para
que o ambiente seja poupado.
13
3. PROCEDIMENTOS/MÉTODOS
3.1. Descrição da Linguagem
Este trabalho de conclusão de curso é uma grande reportagem fotográfica, modalidade
escolhida devido aos inúmeros recursos que o gênero permite utilizar. Segundo Lima (1995,
p. 24), a grande reportagem “é aquela que possibilita um mergulho de fôlego no contexto,
oferecendo, a seu autor ou a seus autores, uma dose ponderável de liberdade [...]”. Portanto,
Compreende desde a simples complementação de uma notícia – uma expansão que situa o fato e suas relações mais óbvias com outros fatos antecedentes, consequentes ou correlatos – até o ensaio capaz de revelar, a partir da prática histórica, conteúdos de interesse permanente. (LAGE, 2001, p.115)
A fotografia, por sua vez, considerada como a única forma de comunicação que
transcende as barreiras lingüísticas da suporte à constituição desta grande reportagem. Este
estilo recorre ao uso do fotojornalismo para informar e narrar de forma visual. Para Kossoy
(1989, p. 14), “a fotografia tem papel fundamental enquanto possibilidade inovadora de
informação e conhecimento, além de instrumento de apoio à pesquisa nos diferentes campos
da ciência”. Sousa (2004, p.11) acrescenta que
o fotojornalismo é, na realidade uma atividade sem fronteiras claramente delimitadas. O termo pode abranger quer as fotografias de notícias, quer as fotografias dos grandes projetos documentais, passando pelas ilustrações fotográficas e pelos features (as fotografias intemporais de situações peculiares com que o fotógrafo se depara), entre outras. De qualquer modo, como nos restantes tipos de jornalismo, a finalidade primeira do fotojornalismo é informar.
Para a realização dessa grande reportagem fotográfica também foi necessário,
primeiramente, o levantamento de dados através de pesquisa documental e bibliográfica, além
da leitura de todo o material encontrado sobre ambiente, sustentabilidade e reciclagem, entre
eles, livros, revistas, jornais, sites e relatórios fornecidos pelos órgãos competentes do
município. A investigação direta foi realizada através de pesquisa de campo e entrevista, que
envolve aplicação de procedimentos técnicos para a obtenção de dados.
14
A produção das imagens foi realizada durante os meses de março e abril de 2010 e
foram capturadas aproximadamente 500 imagens. Foi utilizado equipamento digital
profissional, câmera Canon EOS Rebel XT e lente Sigma 24-70mm f2.8, seguindo as três
características mais importantes da natureza fotográfica segundo Peter (1999, p.26):
• Autenticidade
• Velocidade de registro
• Definição de linhas e exatidão
O uso adequado do equipamento, os enquadramentos, os ângulos e os efeitos
produzidos com o obturador e o diafragma, também foram levados em consideração. Além do
momento oportuno para a captura das imagens, que deram ênfase ao fator humano. Todos
esses detalhes constituíram a personalidade e um enfoque diferenciado para o tema.
É importante ressaltar que este é um trabalho que envolve diretamente a participação
humana, e por isso, a maior parte das fotografias utilizadas expõe a figura de algumas
pessoas. Estas por sua vez, estão de acordo com a utilização do uso de suas imagens.
Autorização disponível no apêndice A.
A essência fotográfica está diretamente ligada a uma sociedade cada vez mais
globalizada, veloz e tecnológica. Nela as pessoas convivem com a necessidade de preservar o
presente e a incerteza sobre o futuro e a esperança de construção de um mundo bem sucedido.
É neste contexto que se efetua esta grande reportagem fotográfica, sobretudo, pela
necessidade de documentar a reciclagem de PET através de imagens, captar aspectos
singulares, e, principalmente, complementar o suporte textual.
3.2. Divisão do conteúdo
De acordo com o desenvolvimento das pautas e das 53 imagens selecionadas para
compor o trabalho, optou-se por dividir a grande reportagem em sete tópicos. São objetos
independentes, mas que ao final se completam. Sendo todos elaborados a partir da união de
imagem e suporte textual.
Cidadania, o primeiro capítulo, inicia o livro com os registros obtidos durante o dia de
um catador de lixo, remetendo o leitor à primeira fase do processo de reciclagem. O catador
15
em questão é a personagem principal da grande reportagem e é a partir dela que se obtém o
fio condutor da história.
O segundo capítulo, cidade de produção e consumo, apresenta a contextualização dos
dados sobre população, produção e consumo na cidade de Blumenau. Além disso, também é
abordado o aspecto industrial da região, justificando a escolha do tema.
O terceiro capítulo recebe o título de “desenvolvimento sustentável” por abordar,
principalmente, o processo e ampliação da coleta seletiva no município de Blumenau. O
trabalho é realizado por uma associação que, além de encaminhar os materiais para o devido
beneficiamento, interfere positivamente no âmbito ambiental.
O lixo reciclável, capítulo central, apresenta brevemente dados sobre a reciclagem de
alguns materiais e introduz dados sobre o PET, material de estudo desta grande reportagem
fotográfica. Além disso, também se justifica a importância da reciclagem deste material em
Blumenau, por se tratar de uma cidade com elevada produção têxtil.
O processo, quinto capítulo, é o tópico considerado mais técnico, pois registra as fases
do processo de beneficiamento do PET.
O sexto capítulo, Fujiro Ecotêxtil, aborda exclusivamente da apresentação da empresa
pioneira neste setor em Blumenau. São destacados alguns dados que dão suporte as imagens.
O sétimo e último capítulo, complete o ciclo, é devido ao programa criado pela
empresa Fujiro Ecotêxtil, onde é estimulada a reciclagem. É apresentado o produto final,
obtido através do beneficiamento do PET, onde é possível sustentar a importância da
reciclagem deste material, principalmente, em Blumenau.
Outro elemento opcional empregado nesta grande reportagem fotográfica foi a
epígrafe. Com a pretensão de indicar de forma sucinta o tema que seguiria nas próximas
páginas, utilizou-se uma frase do geólogo Luiz Fernando Krieger Merico, extraída do livro
Economia e sustentabilidade: o que é e como se faz.
3.3. Aproveitamento das fontes
Para garantir a coerência à realidade no processo de contextualização desta grande
reportagem fotográfica, foi realizada pesquisa documental em relatórios fornecidos pelo
Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), pela Blumeterra Engenharia,
16
empresa responsável pela coleta de lixo domiciliar em Blumenau e também pela Prefeitura
Municipal de Blumenau.
A obtenção de dados referentes a reciclagem de PET foi obtida a partir da leitura em
sites especializados, como o Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) -
http://www.cempre.org.br; Portal da sustentabilidade - http://www.sustentabilidade.org.br e
Associação Brasileira da Indústria do PET – http://www.abipet.org.br.
Durante a produção desta grande reportagem fotográfica foram realidades seis pautas,
entre os meses de fevereiro e abril de 2010. Além disso, também se fez necessário realizar
saídas de campo extras a fim de capturar imagens do dia a dia na cidade de Blumenau.
Abaixo segue o encaminhamento de três importantes entrevistas realizadas para a
concretização desta grande reportagem fotográfica.
3.2.1. Educação Ambiental
A Fundação Municipal do Meio Ambiente (Faema) é um órgão do município de
Blumenau e está diretamente relacionado com o movimento ambientalista no Brasil. Seu
maior objetivo é defender e preservar o meio ambiente em Blumenau. Para isso, também
desenvolve projetos e realiza programas de educação ambiental.
Realizar a entrevista com o biólogo e educador ambiental da Faema, José Constantino
Sommer, foi o primeiro passo para iniciar o desenvolvimento desta grande reportagem, a fim
de abordar a visão e as ações sócias ambientalistas desenvolvidas pela Faema.
O biólogo afirma que a educação ambiental deve ser multi-inter-trans disciplinar, e por
isso o maior desafio de um educador ambiental é trabalhar o conceito sócioambientalista -
usa-se sem hífen, para dar ideia de unicidade.
Para Sommer, Blumenau é uma cidade que tem muitas empresas e consequentemente
muita produção e, onde há produção, há consumo. Por isso se torna impossível dissociar o
crescimento econômico do prejuízo à qualidade de vida e do desenvolvimento social. Sommer
avalia que Blumenau produz uma economia ante ecológica. “Vivemos em um sistema sócio
consumista”. Apesar disso, a cidade ainda tem uma população com senso de preservação.
Existem muitos órgãos e pessoas envolvidas com o meio ambiente em Blumenau.
No entanto, a visão do biólogo é paradoxal. Sommer avalia que há muito para se
discutir sobre a reciclagem de PET. “Vamos produzir e consumir que a reciclagem dá conta.
Reciclar é bom, mas não produzir lixo é melhor. A indústria da reciclagem também é
17
poluidora e consumidora de insumos (energia, água). Além disso, o PET envasa
principalmente refrigerantes, que não são saudáveis”, afirma.
De modo geral, é de grande valia apresentar a julgamento profissional e também
pessoal de um consagrado educador ambiental, como o biólogo Sommer.
3.2.2. Reciblu
A Associação de Trabalhadores e Coletores de Resíduos Recicláveis de Blumenau
(Reciblu) existe há 11 anos e assumiu, em agosto de 2009, o serviço de coleta seletiva do
município, atuando no galpão fornecido pela Samae, no aterro sanitário de Blumenau, para
triagem e prensa dos materiais.
A cooperativa tem aproximadamente 84 associados, internos e externos. São pessoas
que trabalham com a coleta seletiva nos bairros, através de carrinhos e caminhões e, também
na triagem nos galpões. São em torno de 400 pessoas que dependem da renda que o trabalho
na Reciblu proporciona.
A entrevista foi realizada com a presidente da cooperativa, Joana Krüguer, 50 anos. Há
21 anos ela começou a catar papelão em Rio do Sul, por necessidade, já que apenas o trabalho
como costureira não era suficiente. Nesse período Joana esteve grávida de sua filha mais
nova, e teve graves complicações. Por isso Joana se mudou para Blumenau, única cidade da
região que oferecia o tratamento necessário para sua doença – osteomielite de crânio.
Catando lixo em Blumenau, Joana percorre cerca de 40km por dia. Mas atualmente,
como presidente da associação, ela permanece a maior parte do tempo nos galpões da
Reciblu. Joana calcula que são cerca de 50 toneladas de plásticos recolhidos por mês. Destes,
30 toneladas é plástico PET.
Para Joana, o trabalho de educação ambiental desenvolvido pela Faema é fundamental.
Além disso, Joana ainda afirma que a reciclagem de PET é importante para a cidade. A
presidente confessa que, “catar materiais recicláveis e participar da primeira etapa do processo
de reciclagem não é apenas um trabalho, é caminhar para o futuro”.
Diante disso, fica claro o valor de ter como fio condutor desta grande reportagem
fotográfica, um ser humano como Joana, que trabalha acima de tudo pensando na condição de
vida futura.
18
3.2.3. Fujiro Ecotêxtil
A Fujiro é uma empresa do setor têxtil blumenauense com foco em produtos
promocionais, como camisetas, ecobags e uniformes, cujo diferencial está no compromisso
com a sustentabilidade e de consciência ecológica. Por isso, a Fujiro fabrica seus artigos com
malhas recicladas, feitas de fibra poliéster, concebidas a partir do beneficiamento de garrafas
PET.
Todas essas ações visam poupar recursos naturais, minimizar os impactos causados ao
meio ambiente e, principalmente, estimular o engajamento com a causa ambiental. Desta
forma, além de contribuir na preservação do planeta, a empresa procura causar uma mudança
cultural na sociedade, que nem sempre se preocupa com o que está comprando e a forma
como é feito.
A entrevista realizada com o proprietário da empresa, Bruno Sedrez, auxiliou no
esclarecimento das dúvidas relacionadas ao beneficiamento do PET e, principalmente a
fomentar a importância da reciclagem do PET em Blumenau, cidade considerada pólo
industrial têxtil em Santa Catarina.
19
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A reciclagem é, naturalmente, um assunto simples de ser estudado, porém, quando o
dever é informar sobre o tema, a tarefa se torna desafiadora. É necessário ter, acima de tudo,
consciência de que nós, seres humanos, somos os únicos responsáveis pela degradação
ambiental. E por isso, também somos os únicos seres possíveis de criar projetos que
minimizem as nossas próprias agressões ao ambiente.
Ao realizar esta grande reportagem fotográfica, pude compreender com mais
naturalidade a importância de desenvolver a reciclagem de PET em Blumenau. A fim de
estimular a produção têxtil do município e, principalmente, agregar valor a um produto que
antes não teria outro fim, senão ser descartado em aterros e lixões. Ou pior, nas vias públicas,
córregos e rios.
Ao reciclar o PET, poupamos a produção de materiais que demandariam uma grande
extração de matéria-prima da natureza. As vantagens da reciclagem de resíduos urbanos, que
começa na coleta seletiva, são inúmeras e abrangem toda a população. Aumentam a vida útil
dos aterros sanitários, diminuem a poluição ambiental e a agressão visual.
Neste contexto, ganham também a saúde pública e a limpeza das cidades,
conquistando qualidade de vida. Também recompensam a economia local, aquecida pelo
aporte de novas atividades e recursos industriais, que abrem postos de trabalho e geram renda.
Esta grande reportagem fotográfica tem a capacidade de disseminar este tema entre
crianças e adultos. Podendo ser, posteriormente, transformada em um guia ambiental onde
possam ser abordados outros tópicos referentes ao assunto e o processo de outros materiais
recicláveis.
Ao produzir esta grande reportagem fotográfica foi possível desenvolver muito mais
que técnicas jornalísticas. Como ser humano, foi uma oportunidade de realizar um grande
envolvimento com as causas ambientais e sociais.
20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRELPE - Associação brasileira de empresas de limpeza pública e resíduos especiais. Disponível em <http://www.abrelpe.org.br>. Acesso em 11 de maio 2010. ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem. Disponível em <http://www.cempre.org.br>. Acesso em 11 de maio 2010.
KOSSOY, Boris. Fotografia e história. São Paulo: Ática, 1989.
KUHNEN, Ariane. Reciclando o cotidiano: representações sociais do lixo. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1995.
LAGE, Nilson. Ideologia e técnica da notícia. Florianópolis: Insular, 2001.
LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas ampliadas: o livro reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. 2. ed. Campinas: Unicamp/Cesop, 1995.
MERICO, Luiz Fernando Krieger. Economia e sustentabilidade: o que é e como se faz. São Paulo: Loyola, 2008.
PETER, Jorge. Um curso de fotografia na sua essência. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.
RIBEIRO, Maurício Andrés. Ecologizar: pensando o ambiente humano. 2. ed. Belo Horizonte: Rona, 2000.
SOUSA, Jorge. P. Fotojornalismo: introdução à história, às técnicas e à linguagem da fotografia na imprensa. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004.
VALT, Renata Bachmann Guimarães. Ciclo de vida de embalagens para bebidas no Brasil. Brasília: Thesaurus, 2007.
ANEXOS
ANEXO A
ANEXO B
ANEXO C
ANEXO D
ANEXO E
APÊNDICE
APÊNDICE A
AUTORIZAÇÃO
Eu, Janaina Salsi, autorizo a Universidade do Vale do Itajaí – Univali, a utilizar este Trabalho
de Conclusão de Curso – TCC exclusivamente para fins didático-pedagógicos.
Itajaí, julho de 2010.
________________________________________
Janaina Salsi
ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS
________________________________________ Janaina Salsi
Acadêmica
________________________________________ Robson Souza dos Santos
Orientador