À espera do noivo - pe. casemiro campos

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Admoest ador, confidente, amigo. conse

Iheiro e guia tern sido 0 Padre Casennro

Campos para milhares de jovens. em sua

vida de educador, conferencista e diretor

espir itual . A Iida com essa s almas m6r;as Ihe

ensinou 0 segredo do corar;ao da juventude.

o que ele escreveu aqui. ensinou centenas

de vezes na sua vida de missionario da mo

cidade. Fala com a autoridade da experi

encia.

o Iivro foi escrito para fazer 0 bern.

Ve-se que nao tern outro fito nem outros

cuidados. 0 autor escreve COil' os olhos nas

almas. Os seus leitores 0 compre·enderao.

porque sentem que sao compreendidos. Oeste

reciproco entendimento vira na certa 0 exito

deste livro - 0 bern espiritual. 0 lar feliz,

unico alvo a que ele- visa.

(Do prefacio

do Mons. A Negromonte.)

*

~ ~ t . , ; ; . ~ / v - ~

; 1 . ~ l JJ \I \,,);'-rJ ~ l Y

V '1Jv

:A ESPERA DO NOIVO

1

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OBRAS DO A UTOR :

EDUCAQAO SEXUAL

HIST6RIAS PARA SEU LAR

UM BRASILEIRO NA EUROPA

Publicadas pela EditOra 0 Lutador"

'*

LIVRARIA JOSf; OLYMPIO EDIT6RAE S ~ D O DA G U A N A B A R A : Av. Nilo Peganha, 12 , 6.° and., RIO DE .JANEIRo

Fil iais :

SAO PA U L O : Rua dos Gusmoes, 100 SAO PAULO

PERNAMBUCO: Rua do Hosp!cio, 155 RECIFE

MINAS GERAIS: Rua Sao Paulo, 684 BELa HORIZONTE

RIO GRANDE DO SUL: Rua dos Andradas, 717 P{)RTO ALEGRE

P E CASEMIRO CAMPOS, S. D N.

-

ESPERA

DO NOIVO

PREF cIO DE

Mons lvaro Negromonte

LIVllARIA JOSE: OLYMPIO EDIT6RA

l;HO DE JANEIRO - 1960

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NIHIL OBSTA T

Manhumirim Mo Go

poe Paschoal Rangel

Censor

20/8/59

SoDoNo

Impr imatur

Manhumirim Mo Go 20/8/59f Jose EugenioDispo Diocesano

COMO PREFACIO

Vida flagrante espont£mea n t u ~

ral refrataria a artificios porque q u o t i ~

diana e diuturna 0 lar revela os r ~

teres com forfa insuperavel. Nao he..

mascaras que the resistam. Resis tem aosencontros fortuitos mas caem fulminadas

na convivencia diaria. A i nos m n i f e s t ~

mos como somos em fidelissimos retratosd alma sem retoques e aformoseamentosoutros alem dos que nos legou a naturezaou nos acrescentou a educaf;ao.

P O I isso deve vir de mais longe apreparafao do lar feliz. u g m ~ nas r i n ~

cinhas no leite materno g r v m ~ nas r e t i ~

nas inocentes dos pequeninoss e n t e m ~ n

osfilhos nas doces e tolerante·s atitudes dospais. Como tudo na educafao rebenta de

fundas raizes escondidas no berfo: de m o ~

destos cuidados na formafao de habitos: desolicitudes impondere..veis como graos deareia que como ele·s se ligam para 0 l i ~

cerce e 0 revestimento do edificio domestico.

v

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Na criancinha voluntariosa. ditatorialou caprichosa. j podemos divisar 0 m a ~

rido autoritario ou a esposa exigente e i m ~

perativa. Ambos talhados para a i n f e l i ~

cidade conjugal.Mais do que na adolescencia ou na

mocidade. e no j r d i m ~ d e ~ i n f n c ie namamadeira que se aprende a boa c o n v i ~

vencia domestica. que. afinal. e mere frutoda boa e d u c a ~ a o

a b e ~ o muito bem 0 Padre CasemiroCampos. que e um educador. Mas sabeigualmente que nao e possivel abandonaros que ai estao enfrentando os problemaspreparatorios do matrimonio. sem 0 n e c e s ~

sario equipamento. Adolesc entes que s e n ~

tem os primeiros apelos do sexo ou morosque escolhem 0 futuro conjuge reclamamuma palavra de alerta. um grito de a d v e r ~

tencia. urn conselho de prudencia. umaatitude compreensiva e amiga. em que elesconfiem e que possam seguir com seguranc;a.

Admoestador. confidente. amigo. c o n ~

selheiro e guia tem sido 0 Padre CasemiroCampos para milhares de jovens em suavida de educador. conferencista e diretorespiritual. A l ida com essas almas mo ;aslhe ensinou 0 segredo do OrafaO da j u v e n ~

tude. que €le escr.eveu aqui. ensinou

VI

centenas de vezes na sua vida de m i s s i o n ~

rio da mocidade. Fala com a autoridadeda experiencia.

o livro fOi escrito para fazer 0 bem.e ~ s e que nao tem outro fito nem outros

cuidados. 0 autor escrelJe com os olhos nasalmas. Os seus leitores 0 compreenderao.porque sentem que sao compreendidos.Deste reciproco entendimento vira na certao exito deste litJro 0 bem espiritual. 0

lar feliz. iinico alvo a que ele visa.

k ~

V

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JOVEM LEITORA

o fato de voce abrir este livro prova talvez queseu o r ~ o ja despertou para os misterios inquietantesdo amor.

Se voce ja se perturba na p r e s e n ~real ou i m ~

ginada de um jovem: se seu coras:ao j escolheudentre os m o ~ o s de suas rel foes 0 eleito de seussonhos: se voce j ama ou deseja amar, e para voceque esse livro foi escrito. Nao e propriamente um

livro de formas:ao da jovem. Nem mesmo uma o r i e n ~

tafao completa sobre 0 am or NEw, n o foi e·sta a

pretensao do autor.

o alvo destas paginas e antes de tudo indicarao barquinho trefego de seu coras:ao alguns rochedosquase- flor dagua onde 0 seu amor poderia naufragar.Por isto mesmo alguns paragrafos sao antes negativosque positivos. e u ~ s e · de proposito muifa atens:aoaos perigos do amor . T alvez porque quem escreveu

estas paginas nao e um homem de gabinete. S alguemque freqiientou, por muitos anos, os meios juvenis,

s divertimentos juvenis.

V

o que ai vai escrito sabre as naufragios do amore os meios de evita-los nao foi bebido nos fivros masna vida real. Se alguma vez 0 autor the parecer umpouco rigoroso, mormente o tratar do beijo , doflerte , do namaro, etc., veja nisto ape-nas a s i n c e r i ~

dade, 0 desejo de ver seu coras:ao singrar 0 mararriscado do amor sem a derrota de um naufragio.

Voce, menina, como adiante diremos, nao podemudar a psicologia dos rapaze'S. as pode ensinalos a se contmlar, a respeitar 0 amor.

tisse· livro quer a j u d a ~ l a0 fivro e seu.

D

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,A E S P E R A

DO N O I V O

SONHOS DE M6<;A

Abrigada entre montanhas. a vila solitaria viviabern sossegada . Ali nao chegara ainda 0 trope da

civiliza<;ao. promovendo 0 progresso. ampliando m ~

bi<;6es. No fundo do vale passava 0 corrego. As

aguas limpas de:sciam em busca do mar, gemendomon6tonas na boca de pedra das cascatas. Urn dia.f e z ~ s e uma represa, p t o u ~ s e a energia do c6rrego.m o n t o u ~ s e uma usina eletrica.

Tudo ali mudou. A placidez antiga suceden 0

bulicio ofegante, a vida tumultuosa das cidades c i v i ~

lizadas.Aquela cidade e voce, jovem leitora. Anos atriis

i'ieu cora<;ao dormia. Sua alma sonhava sonhos i n f n ~

tis que nao the turbavam a qUietude intima. For<;asllcultas invadiram, Iii pelos 14: anos, todas as ce1ulastil seu corpo, com ressonancias poderosas em sua

alma de adolescente. Sao os hormonios. 1 Glandulas.

illativas na infancia. segregam, a partir da adoles-I hH'ia as subsUincias hormonicas. Elas condicionam.. IwrKidem a transforma.;;ao da menina em mo<;a, e111.1 II dramatismo psicol6gico dessa quadra da exis-

I Id 1 fcminina.

1 '("'fltnmos apenas dos hormonios determinantes dosO... I ' l l l l ~ l x u i s secundarios e estimulantes das fungoes

II vIt iL procriagao.

1

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As mulheres. disse alguem, gostarn dos extremos.Particularmente a mocinha. Em certos momentos,otimista, corajosa, euf6rica. Outras horas, sem saber

por que, abatida. desanimada. triste, pessimista. n ~

tern meiga, hoje, uma pilha eletrica. Nao se admire.nao desanime. t assim mesmo.

. . *

"Do teu principe' ali te respondiamAs mem6rias que na alma Ihe moravam.De noite em doces sonhos que mentiamDe dia em pensamentos que voavam."

Voce pensa no seu principe, sonha com ele

acordada ou dormindo. E n g r a n d e c e ~ l os u b l i m a ~ l oa m a ~ l o e s e n t i r ~ s e amada por ele.

"Voar, varrer 0 ceu com as asas poderosasS6-bre as nuvens correr mar das nebulosasOs continentes de ouro, 0 fogo da amplidao."

Voar, mas com ele. ao lado dele. E por isso que

a mocinha delira com as novelas. Sua i m a g i n a ~ a o

fantastica vive por vezes num mundo falso. n x s ~

tente, sempre .prestes a d e s m o r o n a r ~ s esob os golpesda realidade. "Chegara a essa idade das quimeras,dos sonhos. dos enlevos os mais ternos. "2

Salvo as exce<;5es, e mais ou menos assim todamocinha.

2 Guerra Junqueiro, Bat i smo do Amar

2

AMOR

A gruta era escura e fria. Mas alguem abriu umaclarab6ia no teto. 0 sol a pino i n u n d o u ~ a de luz e

calor. A gruta t r a n s £ i g u r o u ~ s e de repente. Assimo coraC;;ao. a alma, todo 0 ser de uma jovem d e s ~

lumbrada pelo seu primeiro amor. Uma seiva nova

e fulgurante a envolve. Refolhos d' alma ate entao

ignorados surgem a tona da consciencia como bando

alvissareiro de passaros chilreantes e inquietos. Ela

se sente transportada ao Ceu, consoante a frase de

Geibel: 0 am or e a escada de aura por onde 0

cora<;;ao se eleva ao Ceu". Cuidado. menina, que

esta escada costuma q u e b r a r ~ s e pelo meio antes de

se atingir 0 topo!

E i ~ l o 0 principe encantado com quem ela s o ~

nhava dormindo e sonhava acordada. 0 cinzel dai Illagina<;ao 0 talhou de acordo com seus sonhos de

.1I11or. Mais que llunca, na adolescencia feminina evl'rdade que, visto com alTIor, 0 corvo e branco.

1 l1 1 1 : AMO

1':lllevada, delirante de ventura, ouve, a vez p r i ~

1111 I I . . ;1 jovenzinha estas palavras dos labios a n g e ~

IJ'WI do amado: "AMORI A que abismos nao1'1' 111 11.1:: () cora<;;ao humano"!3

1!'lllllo.

3

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Na sua inexperiencia candida, quase infantil.jamais suspeita a mocinha que aquelas palavras talvezsejam mentiras.

QUE 'f: 0 AMOR?

Nao podemos entrar em profundezas filos6ficassabre a natureza do amor, 0 que em geral interes saa mac a nao e a teoria exaustiva do amor, mas t a o ~

somente 0 sentido emocional. seu aspecto pratico,suas pOSSibilidades,

Todo amor e. em ultima analise, uma i n c I i n a ~

c;ao daquele que ama para 0 que e amado. P o d e ~ s e

amar a si mesmo, amar outras pessoas ou coisas,amar a Deus.

Nosso objetivo nao comporta amplas c o n s i d e r a ~

c;6es sabre as multifarias tendencias e manifestac;6esda grande paixao humana.

L i m i t e m o ~ n o spois, a tres facet as do amor, 0

bastante para analisarmos e penetrarmos bern 0 sen-

tido da inclinac;ao de urn sexo para 0 outro, tendencianatural, querida por Deus, mas espantosamente degra-

dada pelo sensualismo burgues.

TRBS AM6RES:

a) Amor sexual

b) Amor espiritualc) Amor cristao

i

a) Amor sexual e aquele que busca no parceiroapenas a satisfac;ao carnal, do desejo meramentesensual, visando t a o ~ s m e n t e 0 pmzer. A m a ~ s e aoutra pessoa enquanto ela proporcionar g zo er6tico,prazer meramente animal. Cessada a esperanc;a desseprazer, ou saciado 0 desejo da posse, 0 amor sexual

esfria, e morre. Nao raro, se transforma em 6dio.

Sao diarios as casas de urn rapaz transpor ceuse terra par "amor" de uma donzela e depois de p o s ~

s u i ~ l a a b a n d o n a ~ l ad e s p r e z a ~ l ao d i a ~ l a 0 amor

sexual, e, pois, a morte do amor, a animalizac;ao 00homem, a degradac;ao da pessoa humana.

Sao do Dr. Carnot estas reflex6es: Quando

d ' 10: eu gosto de carneiro, quero dizer apenas que

1111 aurada 0 prazer que me da ao paladar a carne de

•drlll'iro. Na realidade, e de mim que gosto. A provat 'Ji ' aceito que a carneiro seja degolado para me11I1l1'Ilrdonar este prazer.

IlIh'(izmente a literatura moderna, alta e1 I . , I ~ . , dcntifica e popular; os divertimentos mun- tIll..... "111 suma. todos os centros de interesse da11 ' ' I l I l l l d l ' I'stilo saturados da ideia de que amor e sexo

I 11'1'11111:. I:quivalentes.

l.dll".lI(o a reac;ao construtora de luminares da

lit lIloi l .1;1 Psicologia, de livl OS como os do p.eII 111111 1111 Il . .II JLilia Payot, Dr. Carnot, Dr. Irineu

I • 1111 • . - l i I I , 1 1 1:. etc., as mac as nao tenham ilus6es.I 11111111/ 1.1 dl' I1()SSOS rapazes, estudantes e o p e ~

I l l 4' p l l i l / · l ~ ; . ignorantes e letrados, amar eII,m.,iII. Isto nao e amor, e paixao.

s

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,ltl'"

I ,

Ii ' , o l l l l

1111

Nao atinge os c o r a ~ e s fica nos instintos. Nao

estreita as almas une apenas os corpos. Nao eisto amor. Se isto Fosse amor, os bichos tambem se

amariam. Mas nao se amam . . . 4

o mo<;;o a quem voce tern dado confian<;a, p e r m i ~

tindo intimidades que recusaria em presenc;;a de p e s ~

soas serias, e talvez urn desses animalizadores da

mulher e do homem. urn caricaturista do amor.

Se voce, leitora, conhecesse melhor os resultados

tragicos das falsificac;;5es do amor, saberia ao certo

que muitas vezes: Eu te amo, significa: eu te odeio.E n a m o r a r ~ s e nao significa amar. Pode alguem e n a ~

morar-se e odiar. Quantas infelizes, hoje d e s i J u ~

didas, ouviram de labios sorridentes. entre promessas

e juras de amor eterno, a expressao: eu te amo. Sepudessem voltar a vida feliz de moc;;a para elas e t e r ~

namente perdida, com que prudencia se aproximariam

dos homens

Voce leva consigo urn tesouro. Sua candura de

virgem vale mais que a prata e 0 ouro. Sua pureza

e dote natural que the possibilita a conquista de urn

Hmor que the alcance a ventura com que voce vive asonhar. Nao esquec;;a que muitas vezes 0 tumulo do

amor e da felicidade foi a doce ilusao de que' aquela

paixao momentanea seria eterna.

b) Amor espirituaJ (na definic;;ao de Lortie, na

sua F iloso[ia Cristi ana) enquanto natural. e aquela

incIina<;ao que procura 0 amado de modo raciona1.

.....4 Pe. Negromonte. Noiv08 e Esposos

6

Procurar 0 amado de modo radonal e b u s c a ~ l onao

para saciar instintos t o ~ s o m e n t emas para realizar

com ele uma troca de bens, como no caso de amizade,

au ainda para d r ~ s e totalmente urn ao outro, comono matrimonio verdadeiro. E buscar no amado urn

<:omplemento de si,d r ~ s e

a ele parac o m p l e t a ~ l o

semegoismo, sem calculos mesqu inho s. :Este amor pode

chef:jar aos mais belos desprendimentos, levando 0

amante a buscar apenas 0 bern do amado. com r e n u n ~

cia de troca. como no caso do amor materno.

Amar e querer bern.Urn ~ J T a n d e amor: Foi na revolu<;ao de trinta.

Susana e l'v'Iario estavam noivos. Mario foi para 0

) I llllt. Meses depois, voltava. Susana que 0 esperava

IIII'ssurosa f o i ~ l h e ao encontro. Do jovem garboso

' j i l l ' p,ll'tira, nada quase restava. Vinha cego de urn\1111 . () rosto deformado por urn estilhac;;o de granada,

H I l i 1 . 1 Jo bra< ;o direito e da perna esquerda. Suas

lilllllliJ'.ls palavras ao ver Susana foram: Desfeito 0

i'l. II11ivado. Sou apenas uma ruina de homem.I ) L < I ,de casar com outro.

'11'1.111.1 respondeu: Eu era noiva de urn simples111I11'1I1 Iloj( ' sou noiva e serei esp6sa de urn heroi.

\'lIlj1rcstou-lhe suas asas. cairam todos os

' i I ' l I l if tao longe. encontramos em toda

III II nil i:0I110 anonimo de vidas ocuItas, v e r ~

"111,1/, . I I ' esp6sas e noivas capazes de e s p n ~

I l f 11• .111 . I l l :.\Iundo,

4'IIt,u.t', 11 01,/ot.

7

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Amar. define Carnot, e querer nao a propria

satisfac:.;ao. . . nem mesmo 0 prazer ou satisfac;ao de

outrem. E querer 0 bern do ser que amamos, semrenuncia a reciprocidade. Portanto 0 verdadeiro amor

tende a doac;ao de si. Nesta acepc;ao de amor, eu te

amo. significa: quero a tua felicidade, como desejoque queiras a minha; quero u n i r ~ m e a ti, quero dar-te

tudo 0 que htl de born em mim; r ~ m e a ti para

engrandecer-te, para f a z e r ~ t e feliz, definitivamentefeli'z. Quero que possamos juntos transmitir a vida aoutros e realizar a nossa missao na familia; quero quepossamos juntos exercer nossa influencia s6bre os que

nos cercam e realizar a nossa missao na sociedade. 6

A p l i c a ~ s e a este amor a Palavra do Santo Padre

Pio XI: Urn amor fundado, nao ja somente na inclinac;ao dos sentidos, que em breve se desvanece. nemtambem so nas palavras afetuosas, mas no intimoafeto da alma, manifestado ainda exteriormente, por

que 0 amor prova-se com obras."7

c) Amor cristao. 0 erro basico do genero hu

mano foi considerar que apenas dois elementos saOnecessarios ao amor: tu e eu, a humanidade e eu.

Na verdade, sao necessarios tres elementos: a pessoa,

o proximo e Deus; tu. eu e Deus."8No am or sensual ho3 somente urn objeto amado: 0

sujeito egoista que procurando no parceiro a propria

satisfac;ao, ama-se apenas a si mesmo. No arnor na

A Se rv i90 do Anto l . Edic;ao Feminina.7 Encic l i ca Casti Conubii .

8 Fulton Sheen, Mistth io lo AmOl·.

8

tural sao dois os seres arnados. Duas pessoas seamam. uma e objeto do amor da outra.

Mas 0 amor tern asas para subir aos ceus e firmar-se em Deus. Fonte de todo amor. Deus e 0 ver

dadeiro objeto do corac;ao humano."9

Eis 0 amor cristao. E aquele que tern por objetoo proprio Deus.

Deus pode ser amado diretamente em si mesmoou indiretamente nas criaturas. Os esposos cristaos;lInam a Deus atraves de si mesmos sem deixarem dem ~ amar urn ao outro. Urn ve no outro uma do3divado Ceu. urn meio de realizar sua voca<;ao crista. No

/II.1I l imonio cristao 0 amor se torna triplice, sao tres osI 'I ' , ·S amados: 0 esposo ama a esp6sa, ela ama 0

Plll;(), os dois amam a Deus atraves de si mesmos.I;, d :lSCenSao do am or humano, longe de limito3- o,\ ,11 .d,ll'qar-lhe os horizontes, solidifico3-lo e eternizo3-lo.;,,11,1 ( :i1rlota dizia ao rnarido: Amei-te com a mais

1. 1 LI .I rl'iC50 possivel s6bre a terra, pois 0 meu amor

.11 Ill" ,'ristao e eterno. I

111111"111'(: 0 amor cristao. forte como a morte

IlIp.IVido a certos embates da desventura. A1\ .. , 1111 v em seu noivo apenas urn complemento

101 11l"",·iollnlidade. urn born companheiro, sera, . I l l l l t l l l l t o enquanto €Je corresponder a sua

Itll lVII, 1I:1I1do, porem. 0 que e tao freqilente,dl"\ ' I ' / ' I l ' s , 0 corac;;ao esfria, definha e morre

1\1" 1 II ( I , II io, a esp6sa crista que ama a

. 11, I d n ~

9

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Deus no mar ido. cont inua a m ~ l o na desventura.

mesmo s e n d o ~ s e traida pOl' ele. ela responde com

o poeta: "Quando se ama, ha que s a c r i f i c a r ~ s e

proprio amor."

"Se em meio a adversidade. Persevera 0 corac;ao Sereno, alegre e feliz:

I s to e amor. ou t ro naOo" 10

VOCES SE AMAM?

Muitas vezes uma jovem sena. depois de varios

encontros com 0 mo<;;o, come<;;a a duvidar se de fato

existe amor entre os dois. Outras vezes eIa j a es ta

apaixonada pOl' ele, mas duvida se e realmente c o r r e s ~

pond ida. E urn momento perigoso. talvez decisivo.

Cuidado! Quando amamos, pensamos e julgamos

com 0 corac;ao e nao com a cabe<;a. Ora. 0 cora<;3.o,disse Alencar. e sempre crian<;a. mesmo debaixo da

casa dos oitenta anos. Crian<;;a nao tern juizo . E de

Shakespeare este conselho de auro: "Nao tomes por

verdadeiro fogo esses cIar6es que dao mais luz que

calor. Eles perdem ao mesmo tempo calor e lu,z, apa

gam-se tao rapidos como nasceram." l1

Algumas refIex6es muito simples. mas que podem

ser nestes casas excelente guia:

a) A convivencia de voces e moralmente boa?

10 Santa Teresa. 11 Hamle t .

10

Voce acha que os dois se ajudam mutuamente na

pratica da virtude. e se tornam melhores? Reflita neste

pensamento de Cervantes: "Onde falta 0 desejo do

melhor nao ha amor mas ape,hte sem freio." Se tal

namoro esta sendo ocasiao de pecado: se nos e n c o n ~

t ros de voces tern havido palavras ou ac;oes de que seenvergcnhariam ou de que voces tern remorsos. c u i ~

dado! Amor que nao e casto e desatino comec;;ado.'. luxuria, nao e amor. E a "luxuria separada do amor.

diz Chester ton, perecera" .

b) Existe entre voces u ma b as e g en ui na de

I cordia7

o amor se funda numa harmoniosa concordancia

d,· dl.l<ls almas. Concordancia que pOl' sua vez requer

I h p I I I I : l semeIhan<;;a; nos gostos, pontos de vista. aspi

t ol, . t l l ' ; I . etc. Noutras palavras: 0 motivo pelo qua l

' " t ' I ~ I ( ) ; t . a m de estar juntos e alguma rea Iidade capaz

Ii- 1 101 los pOl' verdadeira amizade? Se for apenas ah I ,I ti,) rosto. a eIegancia do porte, ou de maneiras,

II ~ ' d l J I I l T outro predicado passageiro, podem ser os

';11,,,' 1 1 1 ~ I : l n o s o s de q ue f al a Shakespeare, jamais.

"'11 \. 1',J:II1 iro amor.

,"', 'S dois sao capazes de sacrificio urn pdo

Illlhhcs quando escreveu: "Amar e sentiI'' I i ' , ' : cternidade impoe a vida." E que

I .Ill ~ i ; l c r j f i c i o

inl I I I . l/\Inndo voce ne 'da a ele alguma

nd. ' 1,1. , I.· , ' ~ a b e renunciar?

11

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E muito claro que estas normas nao sao absolutas.

Nem e possivel em pouco tempo a m6<;a descobrir t6das

estas qualidades, nos seus encontros com um rapaz.

Sao, porem, excelentes avisos. Em materia de

amor. mais que noutro qualquer terreno, e melhor pre

venir que curar.

TRIUNFOS DO AMOR

Pelo am or procuramos fora de nos um com ple

mento a nossa pessoa. Podemos busca-lo num ser

I\Il1al a nos. numa troca de bens que nao atinge 0 corpo:c a amizade. Por uma entrega mutua, abrangendo

'lpirito e corpo, temos 0 amor conjugal.Finalmente, podemos b u s c a ~ l o em Deus. e a l i ~

limos en tao a caridade que e 0 grau mais elevado do

l l l l o r

12

SUBLIMADO

N.ill pretendemos dar a esta ex pressao apenas 0I l l l d l l streito que the atribui Freud. Sublimar uma

11111 111 101 C r e a l i z a ~ l asatisfaze-la. n o ~ l h e urnIII 111011:1 clevado. Sublimar 0 arnor. na acep<;ao

d.lIl\os a palavra, e arnar nao apenas umal o ~ sair das criaturas ao Criador e de 1 3

1111'01: dl' amar t6das as criaturas.

I l l l l l l r :H1blimado. uma assimila<;ao amorosa ao

d( f ~ Todos os discipulos e esp6sas de.1 . .,11':1111 n estado de virgindade. di·z Sao

p o l l 1 ...1( ' conformarem com Cristo, seu

1111 111 II 1I11'1i1l10 estado torna as virgens s e m e ~

13

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Virgem no seculo

matrimonio (como veremos adiante), coloca a virgin

dade acima do casamento; A virgem cuida das coisasque sao do Senhor, para ser santa no corpo e no espi-rito. lYlas a que e casada cuida das coisas que sao

do mundo (como agradar 0 marido) ,13 Aquele que

casa sua filha. faz hem. Quem nao a casa fazmelhor 14

5

:14.:111

II\ I I

Com sua autoridade de Vigario de J. Cristo assimI I'xprime 0 Santo Padre Pio XII: Apraz-nos con5i-

,11'1'.11' especialmente que 0 fruto mais suave da virgin 1 It I.· esta em as virgens manifestarem. s6 pela sua exis-I {III. 1 1 a virgindade perfeita da mae delas, a Igreja,

I ·,.anhdade da uniao intima que tem com Cristo.

I l o i ' l rIa consagraC;ao das virgens. 0 Bispo pede aI I I II.:.. lJue haja almas mais elevadas a quem nao

III I al'rativo das relac;6es carnais, mas aspirem

l I j I n i n que elas representam. nao imitando 0 que

1 I .a 110 matrimonio mas amando 0 que ele sig \ lU;lior g16ria das virgens esta em serem

I t l i I' 11': vivas da perfeita integridade que une a

I ' ' ' ' ' 'a'u Esposo Divino; e esta sociedade funi l l l l ( ' I I / - i l o alegra-se 0 mais possivel ao ver que

II :;jual maravilhoso da sua santidade eespiritual, como escreve tao bem

II,U, :;.10 fIor nascida da Igreja, be:leza e

Se os sacerdotes. as religiosas e os religiosos. setodos aqueles que dum modo ou de outro se consa

gram ao servic;o de Deus. observam a castidade per

feita, e afinal porque 0 Divino Mestre foi virgem atea morte. 12

Sponsa Christi

12 Pia XI, Enciclica 8acm Virgini tas .

A virgem que renuncia ao matrimonio para dar

se a Deus na abnegac;ao do Convento pratica urnato de amor muito mais eleva do do que aquele da

virgem que se casa. Cresce 0 objeto do amor que

entao e Deus, diretamente Deus, com desapego da

criatura. No matrimonio, mesmo cristao, ha uma

posse que humanamente falando compensa 0 despojamento da entrega. Na virgindade, e Deus 0 tinicoobjeto do corac;ao desapegado dos atrativos do sexo.Por isso cresce tambem em si mesma a doac;ao. poisa integridade virginal firmada pelo voto representa

uma entrega pessoal, um despojamento maior que 0

do matrimonio.

Na pratica, marido e filhos exigem mais sacrificiosda casada que 0 Senhor reclama de suas Esposas.

Mas ninguem afirmaria seriamente que uma nolva seaproxime das nupcias com 0 mesmo espirito de doac;aocom que uma novic;a se apresenta a profissao religiosa.

Os Santos tem feito os mais entusiasticos encomi05as virgens do Senhor. E S. Paulo. um entusiasta do

14

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-esplendor da gra<;a espiritual, alegria da natureza.

obra perfeita e merecedora de toda a h o m a e louvor.imagem divina em que se reflete a santidade do S e ~

nhor. a mais ilustre por<;ao do rebanho de Cristo.o m p r a z ~ s e nelas a Igreja e nelas floresce exuberante

a sua gloriosa fecundidade; de modo que. quantamais aumenta 0 ntimero de virgens, tanto mais crescea alegria da mae.

o l o c a n d o ~ s e a Virgindade acima do matrimonio,nao se considera apenas a vida do claustro. A pri

mazia da virgindade abrange tambem as mo<;as que.sem se fazerem religiosas. vivem na sociedade. con

servando voluntariamente 0 seu estado de virgem.IguaImente estas podem sublimar 0 amor.

Como?

Ser mae e a grande missao da mulher. A mater ..

nidade nao eXclui nenhuma jovem. A voca<;ao a vir

gindade. quer no claustro. quer no seculo. fecha as

portas a maternidade fisica. biol6gica, mas nao des ..

tr6i na alma feminina a capacidade para a maternidade

psicol6gica. espiritual. Ate pelo contrario. A inte ..gridade virginal amplia 0 espirito. dilata 0 cora<;ao.

A maternidade espiritual e. pois, a escada luminosapor onde a virgem sublima 0 amor. Ela se torna Mae

'espiritualmente quando suas a ~ e s se exercem no sentido maternal. de abnega<;ao. de entrega ao servi<;o do

pr6ximo no exercicio da caridade. nas obras de apos

tolado. na pratica da virtude. na imita<;ao da Rainha

das Virgens. Maria Santissirna.l s

A mo<;a que nao casa so tern dois carninhos a escolher: ou imitar a pureza e caridade da Virgem, f z n ~

do-se Mae de rnuitos filhos espirituais. ou n i q u i l r ~ s

I'smagada pela virgindade for<;ada. condenando-se allIna vida inutil, fracassada, infeliz.

Voce tern dtivida sobre sua voca<;ao? Feche este

hvl'o. Nao foi escrito para voce. Leia N a Escolha doh,I///'o do p.e Geraldo Pires.

S e n t e ~ s e atraida pela virgindade? Seu livro deve

1'1' \ Virgem Crista escrito por Maria Luiza Chaveut.

J; conhece a Enciclica do Santo Padre Pio XII.,III,' n Sacra Virgindade?

Nnise momentoso docurnento 0 Papa eleva as rnaisIllollllll' alturas 0 estado de Virgindade: A Sagrada

Illpllcl,lI c e a perfeita castidade consagrada ao s r ~

l l ,h' Delis c o n t a m ~ s e sem dtivida entre os maisI 111'111 h':,oiros deixados como heran<;a a Igreja pelo

hlluLllle)r,

III 'AI.IZADO

.. Uma simples mulher existe. que pela.I . 'WII 11III or. tern um pouco de Deus; e pela

.I., · , l Id dcdica<;;ao. tem muito de anjo; que

' lI lI 'W 1'c)1l10 uma ancia. e sen do velha age111.111,'1 da juventude.

l i t j'II11111 IlIoI':lldo, A M1tlher no Seculo XX

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Quando ignorante. melhor que qualquer sabio.desvenda os segredos da vida. e, quando sabia, assume

a simplicidade das crianc;as. Pobre, sabe n r i q u ~

eer-se com a felicidade dos que ama, e, rica. n t r ~

tanto se alteia com a bravura dos le6es. Viva. nao

Ihe sabemos dar valor porque a sua sombra todasas dores se apagam; e morta, tudo 0 que somos, etudo 0 que ternos dariamos para v ~ l de novo e dela

receber urn aperto de seus bracos, uma palavra deseus labios.

Nao exijam de mim que diga 0 nome desta mulher

se nao quiserem que ensope de lagrimas 0 papel; r ~

que eu a vi passar pe10 meu caminho. M I N H AMAE."16

A func;ao primordial da mulher. diz 0 SantoPadre Pio XII. a sua inclina<;ao mais inata e a m t r ~

nidade.

Sonhcs de lzira

Adolescente ainda. Alzira sentiu desejo de amar

I ,",1,':

I I I 11.\

It,llllt:\--Se'1"'-

, _1111111'

I

e ser amada. Durante anos. sonhou com 0 seu p r i n ~

eipe encantado. Numa tarde de domingo encontra-se

com Teofilo. jovem congregado mariano. modestoeomerciante. em Belo Horizonte.

Amaram-se. noivaram. Durante urn ana de noivado fizeram atraves de boas leituras e sob a dire(;)iode urn sacerdote, verdadeiro curso de preparac;ao a

16 Don Ramon Angel, num album.

18

Matrimonio. Aprenderam que somente vinculado peloamor de Deus, pode 0 amor humano ser eterno; que 0

amor dos esposos so resiste aos embates da vida, se

f6r amparado peio am or divino. Compreenderam que

a missao de cada urn deles era ajudar 0 outre a r ~

lizar sua vocac;;ao crista, sua ascensao do amor fin ito,to Amor infinito.

Aproximaram-se do Matrimonio com aquele afeto

,lIhlimado, que sobe ao impulso de suas asas, da terra

' t'imo da montanha, para perder-se em Deus .

Em todos os doming os daquele ano de sonhos eIWI :tIl<;;as, comungavam, na companhia de uma das

11111.1'1 de Teofilo.

(';':('imulado pela presenc;a de Alzira em sua vida,1 1 I I Il'sdobrou seus esforc;;os, ampliou os neg6cios,

'111'111 'I , em breve economicamente independente.

I 11'1.1 l i1l1l-se, faz 19 anos. Comec;;am quase a enve

sell amor nao envelhece. Amam-se ainda

11I:I-de-mel porque sua afeic;;ao baseada no

nas renuncias, torna-se mais forte aIH: rorpos enfraquecem.

I):tseado s6 na carne e freigH e corruti

1"1'lll'ia carne. 0 amor espiritual participaIIld 1I1I:\dt: do espirito " S6 ele merece 0

I I 1'"11'1l tudo consome.I, .Ill l'I'dra ° lctreiro,I II \JlIlll iI neln consome

t I ,, ,/11,· e vcrdadeiro.

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Tiveram oito filhos. o mais veiho, congregado

mariano, cursa atualmente o terceiro ano cientifico no

Colegio Arnaldo,

Duas mocinhas, brilhantes alunas do ColegioScnta Maria. sao membros entusiastas da J. E . C. F .

o ca<;ula tern seis ano s. E 0 unico membro da familiaque nao comunga todos os domingos. O s outros cincosao estudantes, alegres, aplicados, felizes,

Sempre se adaptando as circunstancias, e mais oumenos este 0 horario da casa de Teofilo:

As badaladas matinais dos Angelus ja encontram

quase todos de pet Ate que 0 ultimo dos filhos saia

para 0 colegio, e grande a luta em casa. Tudo, porem,num ambiente de serenidade sob 0 contrale energicoe bondoso da dona cia casa.

Ao m e i o ~ d i atodos de volta, s e n t a m ~ s e a mesapresidida pelo pai, mineiro da gema, bondoso, s o r r i ~

dente. falando pouco mas sempre pronto a uma r e s ~

posta bondosa as perguntas da meninada.

Entre eles, anjo do lar, alma viva de tacias' as

alegrias de famJ ia D. Alzira a todos atende, como umaespecie de divindade presente em todos e em cad

urn. A mulher faz a casa ,

Ali se concretiza a palavra do Espirito Santo:

Tua esposa sera a parreira carregada no interior dtua casa. Teus filhos como mudas de oliveiras, esta

rao ao redor de tua mesa." E seu marido e feliz, poiditoso aquele que vive com uma mulher de bo

senso."17

17 Eel. XXVII.

20

Aos domingos, tada familia vai a Missa das sete. 'na Igreja paroquial. Ali no sacramento da unidade

apertam-se, a medida que os filhos vao crescendo, os

elos de amor de todos os membros daquela faml1iaditosa. De volta da Missa os mocinhos vao para 0

l'rimpo de esporte, para a pisdna. As meninas Hearn( I l l casa ajudando a mae nos arranjos domesticos.1,/1 para uma hora s e r v e ~ s e 0 a l m 6 ~ apos 0 qual os

IIIh05 maiores vao a reuniao das Associar;6es a que111Ill'ncem, as menores vao a rnatine se a cota<;;ao moral

I 111 a e boa. J \ noitinha, os maiores vao a primeira

.10 do cinema. s menores quase sempre ficamIII (d::a com 0 pal ou a mae, a nao ser que uma festa

I.lIl1ilin os leve a todos a alguma casa amiga. Em

r,d .I ' t nove horas tada a familia reza 0 terr;o diante

l l oIl,;C>es de Jesus e de Maria. Aquele lar e uma... tI,· paraiso terrestre. urn pequeno reino de paz

'111111'01. Teda a familia ama, porquanto 0 p r i ~

I tllolli 10 de felicidade domestica e 0 amor do Lar.

I 1111\ .1 " felicidade.I a doce rainha, anjo da guarda de

almas felizes. Amada pelo espaso,pI h,'. filhos, ela se sente agora plenamente

l ' ' ' ' IIf ' l lI l l l . l . , I l l : ;

sacrlficiosde espesa

eMae.

~ r jl " plcnamente feliz. Seus sonhos deI, ilii

I: Il iI compreendem por feliz expe

l' . I l , . l l l para 0 casamento e uma v o c a ~

, l l l l I 'd ~ l d a atraves da piedade e da

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Ser Mae Eis 0 sentido profundo desse tumuItuar

de vozes, que regurgitam numa alma de m6<;a.

Voce, leitora, sente por vezes, palpita<;6es m i s t e ~

riosas em presen<;;a de urn jovem que the parece

atraente, fascinante

o mar que, enquanto escrevo, ruge fremente aos

beijos frios do vento suI, nao e mais impetuoso que 0

seu cora<;ao de m6<;a em certos momentos. Outras

ve·zes 0 amor the penetra todo 0 ser feminino com asuavidade das brisas matinais. Porem sua grande

finalidade e sempre il mesma: preparar essa criatura

divinal que chamamos: Mamae.

A mulher e tacla, corpo e alma, feita para 0 domde si mesma, para 0 amor. 0 instinto maternal lheenvolve 0 ser e transfigura a intensidade misteriosa.

"A maternidade e 0 rnais alto tituloda mulher."18

18 Mantegazza.

RELIGIAO E AMOR

o Evangelho nao veio aniquilar as paix6es do

t i l II;,io humano, mas ao inves, dirigi-las, s u b l i m ~ l s

, I l l b i a ~ l a s para a conquista da verdadeira liberdade,

I Ir iddade humana. A revolu<;ao do Evangelho foipn I.dmente profunda e benefica no que toea ao amor

d 1IllIlher.

d'Jlldes seculos medonhos que precederam a.10 (:risto. a mulher foi somente urn joguete das

t ,I,) hornem.

111'\ entre os povos de mais requintada c i v i l i ~

011 '1 ' , t ) : i cgipcios e babil6nios. gregos e romanos,'hri ' ~ pnssava de escrava do hornem, N a

,. Mlbia, os fil6sofos duvidavam que aI .lIl1ln.

a mulher. Deu-lhe emHi ' I I I «1:; Illesmos direitos. u ~ l h tambem

1111011'

I II I \ lr I \HLl

11I'!;';o;l!ll1ente participar de uma

2322

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0 Matrimonio foi instituido por Deus no

paraiso terrestre, quando abenc;;oou nossos piimeiros

pais e lhes conferiu a sagrada missao de perpetuarem

o genero humano sobre a terra, educando seus filhos

para a vida presente e para a gl6ria eterna."19Mas 0 pecado original. transtornando tudo, v u l ~

nerou 0 amor, degradou a uniao do homem e da mulher.destruiu a sacralidade da familia,

Cristo veio reabilitar a humanidade. reformar

tudo 0 que 0 pecado arruinara. 0 am or fora talveza maior vitima do pecado.

o Salvador 0 remiu elevando 0 matrimonio

sublime dignidade de sacramento,Ao se casarem, os esposos cristaos recebem

grac;a do sacramento, Esta grac;;a tern duas func;;6es

a) Santifica 0 amor conjugal. tornan do merit6riosatos de si naturais; abenc;;oa os conjuges, f z e n d o ~

cooperadores de Deus na propagac;;ao e santificac;da especie humana; b) Da forc;;as especiais que ajdarao os casados a serem fieis ao compromisso feia suportarem mtituamente os defeitos, a cumprifielmente a grande missao de cooperadores de D

o Matrimonio Sacramento e, pois, a consagrat;o amparo. a garantia d0 amor.

19 Ri tua l Romano,

A SANTA IGREJA E 0 AM OR CONJUGAL

~ t d o e Perfeir;ao

Vimos linhas atras que a virgindade em si mesma

:;llperior ao estado matrimonial. A integridade da

"'1"111, ao mesmo tempo que simboliza a perfeic;;ao,.Idol a entrega total a Deus. Aquela que e casada,

\1 I':spirito Santo, cuida de como agradar 0 esposo.' \II'm s6 se preocupa em como agradar a Deus.

lII' isso a Santa Igreja exige a virgindade b s o ~

\ 1' 1'.1 ('\s esposas do Senhor. as religiosas. S6

1"III'I'ss6es especiais certas Congregac;;6es r ~

nao inclui nenhum menosprezo ao

iiI f,11I1J)OUCO sup6e a Santa Igreja que uma1'..111 l.d·o de ser virgem, no seculo ou no

.. /.1 IlInis santa que outra casada. Sera

111,11 dllil-mio urn estado de perfeic;;ao?

1'"l1d,' () Padre Kelley. S, ], Deus naoII \ I ' , I ' , Quando Cristo ordena: Sede

1 '1 r 'ito C 0 vosso Pai Celeste, nao

I , I h I lTistao, em razao do Batismo,d 'W II VI liver. na pratica das virtudes

nil' ,,\, :lill'ltidade depositada em sua

1I_III.d Noutras palavras: Somos' Batismo, 0 que equivale a

24 25

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Ora, se (} mesmo EvangeIho quer que todos s e ~

jam perfeitos e quer tambem 0 matrimonio. e 'muitoclaro que em bora sejam 0 Episcopado e a vida r e l i ~

giosa Estados de perfeic;ao POl' excelencia, 0 M a t r i ~

monio e tambem urn Estado de Perfei<;:ao.20

e 20a

rande e este Misterio

Falando do matrimonio. S. Paulo disse aos E f e ~

sios: .. Grande e este Misterio: digo-o em vista da

relac;:ao com Cristo e a Igreja," No pensamento paulino

a uniao dos esposos simboliza a uniao de Cristo coma Igreja. A vocac;ao ao Matrimonio e urn convite .colaborac;ao na grande obra de Deus.

As crianc;as devem nascer, 0 paraiso clevevoar-se, os assuntos terrestres devem continual'curso. Mas e aos casados que Deus entrega a espan

tosa e sublime tare fa de prepara r cidadaos para

patria e eleitos para 0 Ceu.

Grande e, pois, este misterio

Urge port anto pensar nele com seriedade. coresponsabilidade.

20 Confira Pe. Geraldo Kelley, J u v e n t 1 ~ d e ) Sexo 1 1111

20-a E m Direito Canonico a expressao "es tados de pfeigao" tern urn sentido tecnico e se refere somente ao ,copado e a vida re lig iosa. Aqui nao empregamos a eXJlsao com es te sent ido tecnico. 0 que queremos dizer eo matrimonio nao se op6e aG,uela perfeigao que 0 Pa.lCeu q u e r p a r a todos o s s e us fUllos.

26

A Missa Nupcial

Para garantir a felicidade dos esposos e dosFilhos, a Santa Igre ja cercou 0 matrimonio de leispl'otetoras. Leis que salvaguardam 0 arnor contra

.I tirania dos instintos.Reservou em sua liturgia uma missa especial para

a, llllpcias.o Concilio plen{Hio brasiIeiro exige que 0 s ~

1111'111'0 seja celebrado pela manha, e que recebam osIlll:;W5 a Benc;ao solene da Missa N upciaI. Esta

I I I I ' , ' . d come<;:a peIas palavras: " 0 Deus de Israel r e ~

'Illisa uniao:'

'\ ',:;istindo a IV'Iissa e comungando nela. os n u e n ~

II1f's1l10 tempo que renovam sua entrega batismal

,1 ,1" entregam-se urn ao outro em Cristo. C o n ~

i I I I Christo:

pilrticularidade d igna de nota. A ben<;aool II1i5sa nupcial r e f e r e ~ s e particularmente a

'111110 se a Santa Igreja afirmasse que a m u ~

lillI, .linda que 0 homem e beneficiada pelo11',11" ,. que ela mais que 0 homem deve areal'

III . I l l matrimonio que etimologicamente1 1 \ I ' ' lit' Mile: "0 Deus, pOl' quem a mulher

I 1\111111'111, olhai para esta vossa se rva que,II I I' 11I:1I11'( io marital. implora 0 socorro de

( ;110;\' e1a os dons do amor e cia paz;I 1,111'\' n matrimonio em Cristo e imite

.I111'.lS mulheres; seja amavel para

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com seu marido, Como Raquel, prudente como Rebeca;longeva e fiel como Sara. 0 autor da p r e v a r i c a ~ a o

nao tenha poder algum nela enos seus atos. E n c o n ~

tre ela na fe e n o s mandamentos constante arrimo;unida a seu marido. fUja de todo comercio carnal ~

cito. Fortalec;a a sua fraqueza com 0 vigor da d i s c i ~

plina. Seja grave pela sua modestia. veneravel peloseu pudor. instruida na doutrina do Ceu. fecunda na

prole, honrada e inocente. e alcance a paz dos b e m ~

aventurados e 0 gazo do Reino Celestial. "21

Benc ao do leita nupci l

A uniao dos esposos numa s6 carne, sendo q u e ~

rida por Deus. DaO e apenas permitida.

tambem pela Igreja.

A Santa Igreja acompanha os jovens esposos ao

novo lar. Reserva uma benc;;ao particular para 0 leito:nupcial: A b e n ~ o a i6 Deus. este leito a fim de quaqueles que nele vao deitar-se possam r e i n t e g r a r ~

na vossa paz e perseverar na VOssa Vontade. possa

envelhecer e m u l t i p l i c a r ~ s e por muitos anos. e a l c a n ~ o reino dos ceus."

Quando 0 amor santificado pela g r a ~ a do mat

manio transforma o s es po so s em colaboradores

Deus a Igreja vern ao encontro da Mae crista, com ben<;;ao da mulher gravida: "Senhor. Deus. Autor

universo. poderoso e temivel. justo e misericordio.

21 Ritual Romano, Bengiio NupciaJ.

28

V6s que livrastes a Israel do erro, tornando os nossos

antepassados dignos de V6s e s a n t i f i c a n d o ~ o s pela

mao do Espirito Santo, V6s que, com a colaborac;aodo Espirito Santo preparastes 0 corpo e alma da g l o ~

riosa Virgem Maria. a Eim de que se tornasse urntabernaculo digno de vosso Filho; V6s que inspirastes

;1 Joao Batista com 0 E. Santo e 0 fizestes exultar

I l l ) ventre de sua Mae, aceitai 0 oferecimento de um"I'ac;ao contrito e a prece ardente de vossa serva

(1IIhma) que humildemente vos implora pela vida do

11I1I1l que concebeu por vossa Vontade. r o t e g e i ~ o

1101 hma da provac;ao e d e f e n d e i ~ o contra os ataques

II lIIimigo t r a i ~ o e i r oCom 0 auxilio da vossa m s ~

1'111'.1 ia possa 0 seu filho ver a luz do dia na a l e ~

1,.. ,

lima vez renascido pelo Santo Batismop r o ~

IIf,11' p ~ r p e t u a m e n t e os vossos caminhos e aIcanc;ar 1.1 dc-rna. Pelo mesmo Jesus Cristo que vive e

1 \ 1 1 1 1 1 V l l ~ C O em uniao com 0 Espirito Santo Deus,

fH.1.1 "cternidade. Amem,"

"/, , ,'1 0 parto

I. pnrto, se a venturosa mae se apresenta

'.11111111 110 templo. ainda a Igreja a abenc;oaI 11111 \!\;rimania que termina por esta prece:

1. ...." 1'1111',,1 1111' C Eterno. que pelo parto da e m ~

I h f l f l l l ' l d \'1''.)1'111 Maria. transformastes em alegria

IUIII1,:I",; IJIIC se tornam Maes. olhai vossa

I I I . I , l l ' VllS g r a ~ a no Templo sagrado e

29

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.1111

"A

PcloE aDa

11 \ no Norte

fazei que. pelos meritos e intercessao da B e m ~ v e n -

turada Virgem. merec;a ap6s esta vida. chegar com

seus filhos as alegrias celestes. Por Jesus Cristo

Nosso Senhor. Amem."

Longe. portanto, de ser contra 0 amor humano,a Santa Igreja 0 cerca de todo carinho e amparo.Suas exigencias juridicas em relac;ao ao matrimoniotern por fim nao apenas as observancias das leis v ~

nas. mas tambem defender a mulher contra a volupiado homem, e salvaguardar os direitos sagrados do

amor.

30

FRACASSO DO AMOR

o amor e a maior das paixoes humanas. Guiado

pl'1as luzes da razao e da fe, ele enobrece, eleva e.llitifica. Mas quando posto a servic;o das paixoes

1I11 . l iores, deixa de ser amor, degrada e aniquila a

I' . i l l ;1 humana. E 0 fracasso.

I':xaminemos de passagem os varios tipos de m u ~

Ihi. II·: fracassadas.

I I \ \ IlERREADA

a seguinte quadrinha:

pior das v o c a ~ e s

demo foi criadatremenda voca<;ao

titia aperreada."

pOl em. as titias aperreadas? Todas

Nfio. nao! Ja vimos que muitas m u ~

plenamente como solteiras s u l ~

l l ; l I \ d o ~ s e Maes espiritualmente dos: l l ' l IS alunos. de todos aqueles que

,.ll'inhos maternais.

3

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Titias aperreadas sao as que ficando solteirascontra vontade. em vez de superar a situac;ao pelavirtude, pela dedicac;ao, t r n c m ~ s e no seu egoismo,insatisfeitas, inconformadas.

Querem a t6da f6rc;a parecer jovens. Escondem as vezes ridiculamente a idade. correm de quando

em quando, inquietas, nervosas ao instituto de beleza,pintam-se, maquilam-se, e n f e i t m ~ s eetc. etc.

Arrancam furiosas 0 primeiro cabelo branco encontrado na cabec;a.

Nao perdem festas nem bailes. Quando algumrapaz, mesmo crianc;ola, lhes da confianc;a, atiram-secontra ele semiloucas,. furiosas, ridiculas.

Outras procuram um derivativo na Religiao,aquilo e forc;ado. CoraC;;ao egoista nao tempara os sentimentos sublimes do Cristianismo.

Ainda que exteriormente se dediquem a causade Deus continuam mesquinhas, teimosas, maledicentes, invejosas, ciumentas, irritadic;as, autoritarias,rancorosas, perigosas, desedificantes.

IMPERIA E D. JOAO

Conheceram-se num baile de carnaval. Amaram-sDe principio Imperia amou D. Joao com

ingenuo de donzela inexperiente e pura.

Amou-o depois com amor ardente, louco.

D. Joao depois de possui-la desprezou-a.rou com ela a vergonha das sarjetas.

() golpe foi medonho. 0 maior que urn corac;aofeminino pode receber neste mundo.

Passados alguns meses, Imperia tentou r e c u p e ~

rar-se.

Afinal de contas, ainda era jovem e formosa.

No corac;ao ferido ainda the ficaram algumas gotas de;1l110r. Derramou- as s6bre outro amante. Novo n ~

de)Uo cortou-lhe em breve tada a esperanc;a de ser

.1I',:lda e apagou-lhe no corac;ao infeliz as uItimas c e n ~

t,.Jltas de amor. Oh! alma enlameada que lut ando.,.1 /1 libertar-se cada 'vez mais se afundaJ22

Desilusao . . .NEio creria mais nos homens. Ama-los? Jamais!

:;j ' lI corac;ao, sua alma de mulher tinham m o r r i ~

I' .1.1 as doc;uras do amor. Restava-l he contu do,I I ' .1 fisica.

. ... ...

.1I10S depois.

III "lIvclhecida, mendiga, enferma, a procurasaira breve para 0 terceiro plano

.1.-,1;,,11 iiI lima rua. a miseravel encontrou D.I II P. I hills pas urn grande poeta esta quadra

3332

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I" pt"lrto . . .

1111· com

I :\.1

IIIP ,I'

H i I

1 01

1111.-"1

lin,. I f l l l l I t l : :

mulherespor

profunda

desiIu-etern

6 desgra.;ada Imperia! Quem me diria outrora

Que eu tinha de te vel' c st a misel'ia, Em que te encontro agora?"

Num rieto de odio impotente e imenso. respondeImperia:

"POI' ti, D . J0<30, abandonamos tudo! A flor da primavera , as gra .;as mat inais, As alegrias do amor, doccs COmo veludo, Partiu-se-nos da fe 0 cristalino escudo. Dcixamos para sempre os lei tos virginais , Por ti, D. J050, abandonamos tudo.

Dos teus olhos febris as doces plinhaJadas, Mataram-nos da alma os sonhos cristal inos . Andamos pelo mundo exaustas, desgrenhadas,

Lan.;ando no abandono, a beira dos caminhos, Do teu It:iorico amor os frlltos pcqueninos.

Maldito sejas tu, pOl' tada a eternidade, Em nome da jllsti.;a, em nome da orfandade'. Em nome da miser ia , em nome da inocencia , Em nome de Jesus, do Ceu , da Providenc ia Maldito sejas tu POI tada a eternidade." 23

Mas quem e Imperia? Sao todas astraidas no seu amor pela volup ia do homem e sua propria leviandade. Dali por diante,

mente infe1izes, impotentemente revoltadas,

didas, aguardando a morte prematura e 0

esquecimento num tumulo sem cruz, sem nome.

23 Guerra Junqueiro, A MO ·te de D Joao

34

E D. JOao?E todo homem capaz de zombar da mulher que

excessivamente conEia nele.

13 0 seu namorado ou 0 seu noivo que Ihe falta

com 0 respeito no cinema, no banco do jardim . . .

Se voce cometeu nesse terreno as primeiras levian

dades, e tempo de recuar. Depois talvez seja tarde

demais.

{VIAL CASADAS

o born casamento e urn porto contra os ternporais1.1 vida. Porern, 0 mali casamento e uma tempestade

O. Alice Pontes e professora. Casou-se ha doze

funcioniuio publiCO.

se arrependeu. Afirma sempre que toda mu

nrrepende de ter casado. Para ela 0 casa

lima fortaleza de guerra: quem esta fora quer

quem esta dentro quer sair.

; I s a e uma antecamara do inferno. S6 tive-1'1I1Ios, Jai ro e Nel i. Pobres c r i n ~ s

I i.dl1lente falando nada Ihes falta. Mas ia

h<tstante a desventura dos pais. Presen

discuss6es cheias de fel. Reconhe' II l'l!timo la<;o que ainda traz amarrado 0

I, /:1 come<;aram a sofrer. Sua forma<;;aoI ;J'Ufilf: I i la.

. 1 <

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Sao numerosas as Dona Alice. O s advogados,

os medicos e os Sacerdotes freqiientemente ouvem as

queixas tardias das esposas arrependidas. infelizes.Das que abandonaram 0 marido; das que foram por

ele abandonadas; das que vivem com ele sem amor,presas somente por motivos economicos. c o n v e n i e n ~ cias sociais ou pelos filhos.

G r a ~ a s as conquistas da tecnica, apesar da crisede habitac;ao das cidades grandes, mais que outrora

se consegue hoje conforto material nos lares.

Mas adianta 0 b e m ~ e s t a r externo quando pordentro fervem os corar;6es7

Sempre houve casamentos infeHzes.

Inegavelmente, porem, 0 mal cresceu em nossosdias tumultuos os. A filosofia burguesa da vida s u b s ~

tituiu 0 amor pelo contato ardente de duas epidermes.o ozo dos sentidos tornou-se a grande lei da vida.B r u t i f i c o u ~ s e 0 amor. 0 hedonismo, divulg ado por

mil modos, invadiu todos os setores da atividade h u ~ mana. privada e social.

E s q u e c e u ~ s e a ideia de pecado,

Freud reduziu 0 homem a um poc o de libido, avida human a a uma luta pela consecu<;ao do prazesensual, 0 amor humane a pura carnalidade.

Ainda nao bastava ao delirio sensual deste secul,libidinoso. A Franr;a nos deu a rnais requintad

expressao do sensualismo burgues: 0 existencialisrno.Nada e imoraI. desde que de prazer. Para Sartre so

tern valor 0 fato. Homens e mulheres sendo fim de simesmos podem buscar 0 prazer do modo que e n t e n ~

derem.

Mas a sociedade burguesa cobre essa podridao

"om 0 manto dourado de um belo eufemismo:IIlllclernismo.

E a torrente ululante vai diariamente acachoando1111': inditosos lares preparados e fundados sob a n ~

ra escarlate do rnodernismo.

J ai 0 aumento surpreendente dos rnaus c s r n e n ~

dos dramas conjugais, das tragedias amorosas.

\1' rimes passionais.V d ~ , leitora. e jovern. tem na,sua fronte 0 facho

e no corac;ao 0 fogo do entusiasmo, as

amor.

V[ e x t i n g u i ~ l o s na masmorra fria de um

I "'IIIIlI('nto.

I 1II,'lrim6nio infeliz tern duas portas: a rna p r e ~

ili escolha.

11111 1 Incalizar e examinar estas portas paral I l I l ( l ~ a s . voce fUja ainda a tempo da c o r ~

1 11i1 .I,. IITII matrimonio frustrado.

336

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MA P R P R ~ O

- Percorramos POl miudo as fontes perigosas, doude

nasce para a mulher todo fracasso do amor.

a drama cia solteirona inconformada e as t r ~

gedias passionais s i t l l m ~ squase sempre na falsa p r e ~

.para<;ao para 0 casamento.

POl sua vez, os matrimonios desastrosos dependem

geralmente da rna prepara<;;ao e (como depoisv r ~

mos). da ma escolha.

Parece exagero. Se, porem, se considera quea preparac;ao ao matrimonio cleve i n i c i r ~ s equand

nao mais cedo, pelo menos no momento em que a ado

lescente comec;a a experimental atra<;;ao pelo outrsexo, entao se compreendera 0 sentido que damospalavra preparac;ao ao casamento, e 0 alcance espilllto so do ccmportamento de muitas mocinhas.

Alguns romances (nem sempre aconselhaveismocidade) ministram as jovens inexperientes li<;;5es famidaveis. Ali pOl vezes se pinta muito ao vivo a t

gicomedia da burguesia. Semelhante ao Tantalo

fabula, a familia aburguesada em vao procura saciarnos prazeres fiiteis, t o r n n d o ~ s e cada vez mais itisfeita, mais infeiiz.

a amor e 0 grande mutilado na derrocada morala que assistimos. A mulher, a primeira vitima do s e n ~

sualismo desenfreado.

Passemos, agora, ao exame pormenorizado de

tlguns erros femininos conducentes ao fracasso do

Imor.

• III(;ULHOSAS

Mulheres, obedecei a vossos maridos. E 0 c o n ~

11Il de Sao Paulo.

:; muito facil obedecer ao noivo. Depois do c s ~

\ l ' \ l i " , Hnda a l u a ~ d e ~ m e Im u d a ~ s e 0 quadro. Aquela

II 1\l1I1('C do noivo diminuiu muito. Tornou-se ele

i l ,"k. A mulher orgulhosa, altiva, n130 se conformafII l ,il il ude dele.

N l romec;o n.3o era nada. Mas 0 orgulho dal i l t I 11;10 se curvou. Brigaram. Poi a primeira

I I incendio nao tardou. Depois a separa<;ao.

pcrigos se exp5e a m6c;a orgulhosa. s ~

I ' ; l r j i l l llm rapaz mais altamente colocado que

I . 1 .ldo sera sempre desastroso. Mal casada

II t i l l 1 I r;Il,;3ssada sempre.11111111 , label se voce e orgulhosa? Examine

' " , I I I , , ' : , sellS devaneios, seus atos. a b e ~

11.11111111, a O i pais? Como trata as d o m e s ~

' I ' l l [1,,,111, 1, os rapazes <:Ie condi<;;ao mais

11.1 Cede facilmente a urn parecerI JII IIlOO contrariada, volta logo ao

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normal ou permanece horas e ate dias melindrada,

amuada? Procura ser amiga e indulgente para seus

irmaos ou nao sabe sllportar as grosserias naturaisdeles?

A estes qllesitos voce pode juntar muitos outros

e fazer freqiientes exames de cOl1sciencia para fugir doorgulho que the pode assassinar 0 corac;;ao.

EGOfSTAS E AMBICIOSAS

Sao outras infelizes, S6 pensam em siNos seus divertimentos, nas suas j6ias,vestidos.

Ninguem espere delas um POlACO de dedicac;;ao.

Nunca lhes sobra tempo para sair de seu narcisismo;o bem da comunidade social nao lhes interessa.

Nao lhes falte dinheiro para seus caprichospouco se importam que 0 pobre nao tenha pao; quas pr6prias domestic as a seu servic;;o passem fomNada disto cabe no mesquinho ambito de suas pre,cupac;;6es. :E:sse tipo de moc;a ve 0 casamento tasomente sob 0 prisma da ambiC;ao.

Uma delas namora simultaneamente dois mo

Queria, naturalmente, um s6, Tarcisio e mais ccado. Ate um pouco idealista, Mais atraente, en

Roberto tem 0 rosto estragado por espinhas;semblante marcado pelo vicio. COl1versas leviapalestra incomparavelmente inferior a de Tarcisio.

Mas Roberto traja com mais elegfmcia.dos dois 0 mais rico?

Certa noite parou a porta de Alice deslumbrante

Cadillac. Era de Roberto. o m p r a r a ~ o naquele dia.Vinha c o n v i d a ~ l a para 0 cinema.

Estava decidida a escolha. Alice rompeu no dia

l'Huinte com Tarcisio, na esperanc;a de casar comIlllnerto. Mas nao casou. Coitada

E quando esse tipo de mulher se casa, que d e s ~

1.1<;<1 irremediavel! Sao inimigas dos sagrados deveres

Mite e de dona de casa. Se encontram um marido

1101 imagem, mergulham os dois no mesmo inferno

I vitia. Em pouco tempo brigam, s e p a r a m ~ s ePiorId lJuando quem cai na armadilha e um homem

I I pie antevia no casamento uma vida de amor e

0\ .lIll',

dol olllolescente normal e sonhadora. E ate urn

J l . lU 30 com que se entregam aos romances,,I radio, Sao distrac;6es aparentemente

11101', cujas conseqiiencias podem ser fatais.

lIIales nesse jogo perigoso; 1) Osou das novelas sao imaginarios,

111,1111 Modelos falsos, portanto. 2) AI , I ve ali tambem e geralmente falsa.

II.lhndo de romances da vida real.I'IJI'IHIl de f o l i z r e m ~ s e quadros nao

Iii :, l'lI'III;I(,;ao da donze!a. 3) a r i c a ~

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tUfa do amor. Chegamos ao principal escolho doromance e da novela.

Nada mais perigoso na forma\=ao da mocidade!que a mutila\=ao, a falsifica\=ao do amor. Ora, a maioria

dos romances trucida 0 amor, reduzindo-o a mere sen

sualismo, Oll a exalta\=oes passionais.

Muitos deles encerram trai\=oes, adulterios, dramas c-onjugais, desquites, nao raro doirados pela fantasia do escritor, de modo a impressionar fortementee mesmo, a entusiasmar pelo erro uma jovem inteligente mas pouco avisada. "Dize-me com queandas e te direi quem es." H a muita verdade nessproverbio. Ora, os personagens dos romances e dnovelas nem sempre servem de modelo a juventud

A mo\=a ledora habitual de romance e a ouvinte ap

xonada de nove)as de radio COlT em 0 risco de vivpsicologicamente na companhia de homens e mulhepouco recomendaveis.

Acresce que nem sempre 0 autor do romancenovela tem criterio filos6fico e moral segura. Don

pode acontecer que 0 conjuge infiel seja apresent

aos olhos, aos ouvidos e a inteligencia da jovem c

her6i, ou martir envolvido num halo de simpatia cde verdadeiro fascinio.

A novela de radio oferece mais umvoz meliflua dos locutores, a tonalidade

inflamam a fantasia feminina, contribuem para

a moc;:a num muncIo imaginario, ficticio, desviada prepara\=ao para as realidades serias do amor.

A esta altura voce ja interrompeu a leitura para

replicar: Mas entao seremos crianc,;as? Nao s e ~

remos distinguir 0 bem do mal? Nao teremos con

I role?Calma. senhorita. Crianc,;a nas coisas do amor

I'llc!emos ser todos n6s, pois nesses dominios quem11I,lllda 0 mais das vezes e 0 corac,;ao; e este meninoI v,ldo jamais cria juizo.

Controle, se voce de fato 0 possui, use dele para

q rn r suas leituras, seu programa de radio. Dis

1l1',I ir 0 bem do mal e muito facil quando a coisa nao

" 1I11'eressa. Mas se 0 cora\=ao apaixonado, a i m ~

11,1I Il) incendiada, abrem caminho, os mais x p r i ~

'1",los fracasslm, tomam por bem 0 mal. E hoje

,I., dllvida que 0 nosso comportamento, nossa m e n ~

llll,', e em boa parte condicionada por imagens

110 inconsciente. De la, do fun do escuro do

l I , onde nao chega a luz da razao, 0 faroi11'10 1I'llcia, aquelas imagens nos impelem, r r s ~

" 1111 j l1am nossos pontos de vista, nossos gostos,,I II 11. IS nossa interpretac;:ao da vida.

que cenas e personagens do romance eIll, "Illlipletamente esquecidos influem na sua

I·ul.. 1I11 slIa conquista do Principe encantado.J O J ~ Idl: imita\=ao cia adole scencia? E a forc;a

" , j " l . ~ c l l l p l o ?

II( lO se conformam com a condi<;;ao111111 I:, lllllas inferiores. So 0 homem

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tudo pode, so no homem nada pega. Por que nos

mulheres nao temos os mesmos direitos do homem?'"

Reflita mais, menina Conhece a historia dos

membros que se revoltam contra 0 estomago?

Certa vez, nos diz Menemio Agripa, os ~

bros do corpo o m e ~ r m a considerar: Nos t1'a

balhamos, cansamo-nos a busca dos alimentos, enquanto 0 est6mago vive a nossa custa, ocioso. inertFizeram greve. Por tres dias nao deram nada a,

estomago. No fim do terceiro dia estavam os membra

desfalecidos. Compreenderam: eram todos, estomago

membros, orgaos do mesmo corpo. Cada quaL porecom fun<;ao diversa.

Fato analogo se passa em rela<;ao aos direitoshomem e da mulher.

Voces nao sao inferiores a nos homens. Nem esi mesmas. nem perante a lei no Direito ocidentaldemo. Se a sociedade paganizada afirma quehomem, em rela<;ao ao outro sexo, tern rnais direique a mulher, e t o ~ s o m e n t e para encobrir as fraqudo sexo forte. A sa filosofia, porem, combateu semsemelhante monstruosidade.

Mas homem e homem e mulher e mulher.qual com os mesmos direitos mas g o z n d o ~ o s de

neira diversa. 0 homem nasceu para ser 0 chef,familia, 0 dirigente das empresas. Cooperador,Providencia. complemento do homem, a mulhergra<;a, a beleza, a espiritualizadora da familia, 0 c'

clos lares, 0 am or personificado.

Se 0 homem e um mundo abreviaclo. disse um p o e ~

ta, a mulher e 0 ceu deste mundo. Nos metais g r o s s e i ~

ros e menos chocante a mancha da ferrugem. A j6iamareada perde 0 vale .'. 0 homem e ferro, a mulher ej6ia prec iosa e cobi<;ada. 0 homem sabe disto.

Negando-sea

mulher certas p s e u d o ~ r e g l i s

t \ l l l ~ e apenas em vista p r e s e r v r ~ l h e 0 valor.

Afinal de contas voces sao muito poderosas.

kncar nao errou quando escreveu na sua Guerra, I ' ; Mascates H a quem pense que nada se move'11'1.: mundo sem licen<;a da mulber. Do mais nao

f mas de guerra posso afirmar que nunca as houve,\"111 ... possivel haver quando nElO 0 queira a soberana

11 1

() mal entrou no mundo pela porta de uma mulher.)).I1'a consolo de voces, foi pe1a mulher que e n ~

11.1 terra a salva<;ao.

NIHl , pois, de pessimismos. Voces valem tanto11111 II homem, podem tanto quanto ele. Mas cada

I I l l l: II terreno.

5

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A PROCURA DE UM NOIVO

Nao ha exagero em resumir as grandes causas

dos disparates, das loucuras, mesmo das desgrac;as demuitas moc;as nessas duas:

a) Procura de urn noivo.

b) Medo de p e r d e ~ l ose encontrado.

Moc;a que namora, quer casar, diz 0 adagio.~ ate urn direito da moc;a, que sente vocaC;ao para

o casamento, tomar medidas conducentes a descobertado noivo. Nao ha mal nisto. 0 mal esta no caminherrado e perigoso que muitas seguem pr o cur ando urnnoivo. Terminam por nao h ~ l o jamais.

Perlustremos esse caminho, suas encruzilhadasseus precipicios.

SEDE DE AGRADAR

Quando a meninota comec;a a trocar os brinqued

pelos adornos e sinai que Cupido ja acordou. Quparecer sedutora aos olh os dos moc;os. Comec;asentir vergonha deles, fica verme1ha a certas alusque pouco antes Ihe eram indiferentes.

Em breve s e n t i r ~ s e a dominada peio desejoagradar, de conquistar os rapazes. Nada de mal nilllE somente urn aviso da natureza.

Muito diversas as reac;6es das moc;as a essedesejo natural.

RECLAMOS MODERNOS

H a tempos conhecida revista brasileira publica vaiuteress2nte serie de retratos de trajo de banho de

I ~ a nossos dias.A involUl;;ao das roupas de banho e impression ante.

1 ;lltretanto, ultimamente, 0 nudismo das praias ep,·,tinas vai se tornando t o comum que parece em

•.. :; de plena aceitac;ao.

Ja nao causa aquele espanto de alguns anos atnls.

I 1I11 smo possivel (e as casas multiplicam-se) moc;as

oIpoIzes bern formados freqiientarem as mais ruidosasI" 1101 ; sem prejuizo moral mormente se os rapa::es

1 ,lhituados aqUila e as m o ~ a s se comportam d e c e n ~

1 1110 .

vestido indecente na rua, na Igreja au numai I lode causar mais pecados que 0 maio na praia1111 holt em lugares de veraneio.

I I I' que pode e deve haver mesmo na prai.a, , ' ,do que a moc;a ajuizada sabe guardar e 0

Ih:;fo apreciar. Como tambem htl muita atitudei I ( j I l l ' escandaliza os rapazes e Ihes diminui a

ii i ,:;('irna que a moc;a honesta Ihes inspira.

ill, II I ' aluno de uma Escola rv Iilitar e s r e ~

I I i irmao rnais velho se exprimiu assim:

,I, III .1 Praia de Copacabana, onde multidoesI f l1Ctoradas exp6em suas carnes na espe-

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Ian<;a de com semelhante rec1ame conseguirem umauniao que certamente sera efemera. E pena que as

mo<;as ignorem os sentimentos de muitos jovens nesteparticular!

Nao e s6 nas praias essa exposi<;ao provocante

·de corp os. l'/Ias nos gramados das piscinas, no footingnoturno, nas festas familiares, nos teatros, nas boites.nos c1ubes, ate nas igrejas.24

Tais moc;as desconhecem a psicologia do homem.o rapaz bern intencionado nao se fascina com corposimpudicos, vistos por todo mundo. Embora seja p s o ~

g ica mente certo que no principio 0 corpo possa servirde caminho para 0 encontro das almas, a verdade e quea exposi<;ao l1ibrica do corpo feminino nao desperta

no moc;o verdadeiro amor capaz de se concretizar nummatrimonio ditoso.

Em geral 0 nudismo feminino repele 0 amorprovoca 0 sensualismo. Pobres 10ucas! Servem dpasto a sensualidade baixa dos homens, of en d emmoral, semeiam por toda parte a morte do espirito,para mais tarde se aniquilarem nas bombas do amfracassado.

CORPOS SEM ALMA

Ja foi superada a ideia de que 0 esporte nao cvinha a mulher. Hoje as verdadeiras educadoras en

24 Teve repercussao nacional a Circular doDivisao de E. Fisica do Rio, proibindo os trajesnas paradas civicas, em face do escandalo dasna. parada de 7-9-953.

48

lieas 0 promovem entre as alunas. Recentemente

colegios de Irmas aderiram a olimpiada dos estudantes

secundarios.Pela sua pr6pria psicologia a mocinha tende ao

cxagero. Neste caso, esquece que nem todo 0 x ~

cicio que os moc;os praticam convern as mo<;as.Demos a palavra a maior autoridade brasileira

110 assunto:

P r e g a ~ s e ainda, infelizmente, a perigo sa teoria

dol igualdade dos sexos. Nada mais falso. E pOl' ela

'1"" as mocinhas se atiram a tudo 0 que fazem os rapa,..como se os direitos fossem iguais, como se os

1I11dliismos fossem identicos. Claro que nao falamosI ponto de vista moral. Neste sao perfeitamente~ 11I1,;,(;moS os direitos. 0 que pode fazer um rapaz,

IIlIh '1I1 0 pode a m6<;a; e se esta nao puder e' I.llilbem aquele nao pode. Em face da lei moral

" lll('('iramente iguais. 0 mesmo nao se da HsioI .1I11ente. Ja vimos que ha uma diferenc;a tao p r o ~

11.111 "lItre homem e mulher que atinge a todo 0jillll · . llIO, a cada celula.

I ,b tim tern de se tratar de acordo com a p r ~

" ' I I I I I ' I ' U I , sem reforma-la. Dissemos acima, queI I I I I I nu funcionfuia precisa, em rigor de 4 a 5

11"l'i;ls todos os meses. inguem ira dizer aI I I : dos homens, porque 0 seu organismo e

I ':111 face da fisiologia nao e apenas ridiculo'1"1)'.11'01' os sexos, e perigosissimo. P r e c i s a ~

I I ' , ' 1 ' Jisto as nossas meninas e m6<;as. Sao

insensatas neste particular que difi,..

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eis ~ o que p a n ~ c ea p r e o c u p a ~ a o das m6s;as modernas.

Este sonho na realidade nao passa de urn precoce

desvirginamento". Maurois, num dos seus livros,26chama as d a n ~ a s : "Urn artificio da conserva<;ao da

especie." Isto di·z muito a quem souber en tender O s que quiserem saber ate onde pode chegar a d e s ~ truis;ao moral dos bailes. leiam 0 que diz Jeanel numescrito objetivo do ponto de vista h i s t 6 r i c o ~ m o r a l .

s6bre a maior degrada<;;ao dos homens e das mulheresP

"As excitas;6es ali vao alem do que conseguemas leituras. as conversas e os cinemas. Nao i m p r e s ~

sionam apenas a imaginas;ao, nao criam somente f a n ~

tasmas, mas atingem diretamente os sentidos comprovocac;6es da sensualidade. 28

Inditosas m 6 ~ a sInquietas, pressurosas em buscade urn noivo, vao p r o c u r a ~ l o exatamente onde nao 0

encontram. Nos bailes. na fabrica espantosa de f r a ~

cassadas no amor.

o m 6 ~ 0 bern intencionado, em geral nao casa

Com dan<;adeira. Rui Barbosa dizia que uma m 6 ~ a

depois de dan<;ar uma noite com urn rapaz, no diaseguinte s6 era digna de casar com ele.

Claro que tudo isto nao pode ser rigorosamect

tornado ao pe cia letra. 0 ambiente. a formaS;ao drapaz com quem voce d a n ~ a , a sua firmeza de mulheseu recato de m6<;;a podem tornar '0 baile moderad

mente freqiientado. para voce, dan<;a honesta.

26 L ' rt de Vivre .

27 J. Jeanel, L a Pros t i tu t ion .

28 Pe. Negromonte, op c i t .

52

Eis por que nao se poderia de modo absoluto o n ~

denar indistintamente a freqi.iencia moderada e modesta

de uma jovem moderna aos bailes atuais apesar dos

inegitveis perigos que eles of erecern a juventude.

Seu caso pessoal. e s t u d e ~ o com 0 confessor ou 0diretor de sua consciencia.

MERCADORIA DE VITRINA

Pitagoras. hit vinte e cinco seculos, aconselhava

m6<;;as usarem de tal modo os seus encantos que

Illpre ficasse alguma cousa por descobrir.

Ainda conservam aquelas palavras a mesma

111'&;.1. 0 jovem moderno. como a antigo, gosta de ir11- 11obrindo pouco a pouco as g r ~ s femininas da

11.1<1.,. Quando determinada m6s;a, por sua falta de

lin d a ~ l h e a impressao de coisa corriqueira, eleII'· lima especie de desilusao. e n t e d i a ~ s e , a f a s t a ~ s e .

\ vida moderna abriu a mulher as portas da casa.

l m 1 os principais divertimentos eram os saraus

IIlh.III·S. Hoje 0 cinema, a piscina, a praia, a baiteI ll Of , () footing arrastam as jovens para 0 meio dos

l i t It

I l i l . l : ; descambam no exagero. 0 lar domestico,I. I I'dno da mulher, nao lhes oferece encanto.

II I I I O : l . r a r ~ s e constantemente aos homens naI · . t , . descobrirem 0 seu.

,llIlIr'lIlcnte falaremos n a competic;;a.o das mulhe-10""11'11:1 no trabalho.

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Coitadas Nao sabem que a atrac;ao da moc;as6bre 0 homem diminui a medida em que ela seoferecem o s t r a n d o ~ s e "facil".

'0 L ~ R T

Esse barbarismo po de signiEicar uma procura, urnencontro de olhares que ajuda a verificar se existe

atra<;ao especial de urn rapaz por uma moc;a. Nada

de mal. con tanto que se fac;a com prudencia, m o d e s ~

tia e moderac;ao.Flerte significa tambem namorico, Galanteios a

torto e a direito, ora com urn ora com outro,

de brinquedo arriscado.

Ecertamente a es se t ipo de galanteio que serefere Lamair: "Amarrotando a estima mutua, como

as petalas aveludadas da rosa se amarrotam a umcontacto indelicado, 0 flerte contemporaneo, caricatura irris6ria do verdadeiro amor, despoja do brilhdo respeito a afeic;ao do homem pela mulher

. . " 0 flerte americano desenvolve 110 homeuma predisposic;ao para.estimar menos e entao a am

menos aquela que sera a companheira de sua vidnSabre os perigos do flerte na adolescencia, esc]'

o p.e Negromonte em seu imenso livro A E d u c i l ~

Sexual n g a n a m ~ s e os que reputam esses err

inofensivos, como os que os tern na conta de inevitflnesta idade. Precisamente por serem nessa idade cserem flertes sao interditos e perigosos."

Para as mocinhas 0 flerte e perigoso. moc;as e perigoso e ridiculo.

Uma dessas mariposas viajava de onibus, viu urn

passageiro jovem, l r t o u ~ o e entabulou animada c o n ~

versa. Os demais passageiros gozavam aquela comedia.Moravam em bairros diferentes, na mesma cidade.

Ao se separarem, ele d e i x o u ~ l h e 0 enderec;o. N a

Illesma tarde ela foi sozinha a casa dele. Ali chegando,,.Ie, que ja prevenira a esp6sa, e s c o n d e u ~ s eA mulher

II'cebeu a levian a que a tomara por irma do "brotinho".

Ii s6 depois de troc;ar bastante de semelhante s t u l ~

< 1.:, d e c l a r o u ~ s e casada com ele.

o flerte, com homens casados, tern levado aos

I',\lltanos da luxuria e da perdic;ao milhares de m6c;asIII1J 11'lldentes. E com solteiros tambem. Muitas gostam

11''',1110 de variar. G a b a m ~ s e de conquistadoras, n a m o ~

Illdo dois ou tres moc;os ao mesmo tempo.II'fio chorar lagrimas inuteis mais tarde.

II ,LA

fI wande sonho de t6da moc;a. Suspirando por

Illlild;1, a moc;a julga que a beleza fisica e condic;aoI f dun fo no amor.

11 11111 111 de experiencia, afirma Afranio Peixoto

1 '1'. :icmpre as feias sao as mais amaveis, pois as.II Ie, sabem mais amar e i sto e sempre a

I 'lIIdi\;£io para ser amada. 30

\'11 1.1111'1> nao ha mal em procurar a moc;a c a s a ~

1",,\ i1parencia. 0 erro esta sempre nos

'I ·1111 8 - poeta e 0 p o e 7 l ~ a

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excessos, nos meios inadequados na ansia doentia de

parecer bonita a custa de artificios, de indec6ro, nas

modas.

A pintura discreta, mormente para as palidas e,mesmo no conceito de muitos jovens, necessaria. E x ~

cessiva, e ridiculo, Num inquerito entre rapazes 80%'detestaram os supercilios rapados A seminudez do

trajo diverte a lubricidade masculina, mas nao seduz 0:

m 6 ~ que ande a procura da futura esp6sa,

Nao se enganem as mocinhas: a s e d u ~ o0 fascinio de voces esta num conjunto de fat6res fisicospsiquicos e espirituais que podem existir sem grand,beleza fisica. Por outro lado, pode a m 6 ~ a boniser destituida de atrativos reais para os rapazes.

Noutro lugar veremos que a verdadeira belfeminina esta na Virtude. Em todo caso, a mulhque levar ao casamento como principal dote a be1ez,

em breve sera detestada.

o PASSARO NO AL<;APJ\O

Sob 0 calao de urn titulo vulgar: garre eu

I/omem d i v u l g o u ~ s e ha anos entre n6s urn livro para

11Ilheres. Teve saida surpreendente. E natural que

IIlulher procure conservar em seu poder 0 homem a1It I I l ama. A mulher casada deve p r e o c u p a r ~ s e em'linter, intensificar 0 amor do marido. Claro porem,11l.lIldo os verdadeiros meios.

Falando porem, am 6 ~ a s

s6 nos ocuparemos dessaIIIrMcia feminina, em r e l ~ o ao namorado e ao noivo.

/\traves de palestras em congressos, inqueritos,II. 'lIcias epistolares e orais, tenho ouvido sob esteiii 111.11 muitos jovens de quase todo 0 Brasil:

r-hll;os das nossas principais capitais, de cidades

It · c pequenas dos lugarejos do interior de

I·:·ifndos.

desses jovens afirma que as m 6 ~ a s

intimidades torpes, contatos indecorosos,qnl'ixam de que se quiserem m a n t e r ~ s e nos

.1,\ decencia, a namorada os despreza e vai

oI h':; com outros.

que nao raro estas d e c I a r a ~ 6 e s deles sao

Mas as tenho ouvido muito de

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jovens serios, que sucumbem entre os brac;os da m o c i ~

nha elegante.Ontem mesmo urn rapazinho serio declarou que

foi coagido a cortar r e l ~ e s com uma jovem bonita

e r i c a pelo con stante perigo daqueles encontros

levianos.Para muitas leitoras este assunto e velharia c o r r i ~

queira. Elas estao plenamente convencidas que estee 0 grande meio de la<;ar 0 rapaz e conquistar urnnoivo.

Algumas lerao isto durante 0 dia ese entregar a Iubricidade do namorado.

para elas.E nao sao apenas m6c;as criadas em

amorais, naoFilhas de familias catolicas, e x ~ a l u n a s (e aluna

tambem) de ..colegios de F reira , cometem semlhantes atentados contra a propria homa, a proprlfelicidade. Nao lhes Faria mal meditar estas palav r

de Mauriac: 0 amor fortifica-se nos obstaculque se op5em ao desejo. Mas quantos rapazesque nem mesmo tern a oportunidade de desejar

sentir sua sede H a b i t u a m ~ s e a desprezar aquiloencontram no chao, apenas ao se abaixarem."31

PSICOLOGIA DOS SEXOS

Como explicar que m ~ a s suspirosas pelomento se tornem as assassinas do proprio cor.

31 Apud Desmarais, 0 A m o r na E r a At6mica.

8

Nao e urn contra-senso naufragarem na procura de umcasamento exatamente aquelas que tanto se preocupam

com ele?

A estas se aplica 0 que Seneca dizia a respeito

da felicidade:

Com quanto maior afa correm atras do seu

Hoivo" mais se distancia m dele. E que erraram 0 c a m i ~

nho, seguem no sentido inverso." 3

Ricardo de S. Vitor colocava a ignorancia comoI I primeiro dos males que afligem a humanidade. 33

Penso que a ignorancia da psicologia do sexo

IIoI.'icuJino e a causa principal dessa escandalosa i m ~

111I,II'ncia de muita m ~ a

11111 0 Sexual

1\ m ~ a 0 experimenta mas the desconhece a n t u ~

Antes, pois, de entrarmos pormenorizadamente

1'\'ri 'Jos a que elas se expoem, urgem Iigeiras con

esse poderoso movel do atrativo entre

l ~ t i n t o sexualcompreende tres tendencias

tcndencia fisica, desejo de executar 0 ate

Il'ndencia da alma. ou seja desejo de serI l l . , pessoa amada; e finalmente 0 desejo de

Illite

II' I. ni t B"evidade da Vida.1 .1,, t l / ts Excursoes.

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Deixemos de lade a tendencia a r p r o u z i r ~ s

nos filhos. Ao nosso estudo s6 as outras duas

importam.

A Moc;a: Na moc;a principalmente enquanto

pura, predomina a tendencia da alma. Sao os afetos.

Toda vida de mulher, disse Irvins, e a historia dosseus afetos . H a mesmo ainda em nossos dias casosde m6c;as atravessarem 0 noivado e chegarem ao casa

mento ignorando as realidades do sexo.

o Rapaz: Muito diversas as manifestac;;6es desse

instinto no rapaz. Nele pre domina a tendencia fisica,o desejo de posse.

Nao 0 satisfazem as caricias da namorada.

pulsos formidaveis de sua nature·za. do seu propri

organismo, 0 impelem a satisfac;ao completa. Mesmrapazes de boas intenc;6es experimentam perante cert

intimidades inocentes para a m6c;a, cIamorosa invetida de f6rc;as instintivas.

o resultado. 0 mais das vezes imediato de simpJpegar na mao . costuma ser tal. que nao se p

mencionar num livro escrito para m6c;as. 0 delegao medico, 0 Sacerdote ja ouviram deles apos alg

desastres. comec;ados por urn pegar na mao :

nao pretendia ir tao longe . Mas foi.E que dizer das liberdades. quando sabemos

a maioria dos rapazes sao mal-intencionados?Muitas m6c;;as ao lerem isto encolhem os om

dao urn mux6xo. Nao creem ou nao temem.0S milh6es de vitimas do sensualismo. essas ina quem as intimidades desgrac;;aram. essas

Conduamos este paragrafo com a mais terrive1das oposic;6es psicologicas entre 0 rapaz e a moc;;a:

A mulher, depois de fisicamente possuida, ama l o u ~

mente 0 homem que a possuiu. No homem costumad r ~ s e inteiramente 0 cont rari o. A atrac;;ao diminui,

rostuma ate desaparecer depois da posse."34D. Joao lamenta-se angustiado ante as recusas da

.Imante esquiva:

Eu a adoro. talvez pOl nao tel' sido rninha.Porque ainda nao provei corn doido desejoo calor de seus litbios e 0 g6sto de Se'U beijo'" 35

Voce, leitora, ja pensou que, ap6s 0 desastre, no

lI,d n moc;a perde para sempre a virgindade, 0 rapaz

procurar uma noiva pura. enquanto a pobrezinhaI definhar e n i q u i l r ~ s e na solidao desiludida?

'·I·:speranc;a. ventura. Iibel'dade.IllItrrgou-lhe ern vao . . . nao se fartou.Iii. CJuis rnais. . . Fatal voracidade!

I tll dentes, rneu arnor despedac;ou.\1 tl'iste que sou vencida.

I I' vale tel' corac;ac?!" 36

Ilhll:)MO E AMERICANISMO

,I cnpa esburacada com que muitas moC;;as

Ill'lt!tar seus descalabros. Na linguagem

Dr. Hortensio de' Medeiros, Psicologia dO

l d Picchia. Angus t i a de D Joao

" lVI'S.

60 6

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vulgar. e atual, modern ismo significa repudio a t rad i ~ orompimento com as formas do passado, desprezo

sistematico das conven\;oes familiares, do recato femi':nino. Ser mo\;a moderna significa fazer 0 que entende.

nao obedecer aos pais, andar sozinha, ser livre de

qualquer £reio social ou familiar.De par com 0 modernismo, diverso na origem mas

identico na cria\;ao de uma mentalidade futil e peri

gosa, 0 americanismo.Neste paragrafo analisaremos atitudes do namaro

decorrentes da mentalidade burguesa, parte monstruosodo comercio do modernismo com 0 americanismo.Impoem-se antes, porem, ligeiras considera\;oes sabreo americanismo. 37

Terao fundamento as justificativas baseadas11

slogan Americanismo?

Amoroso Lima nos manda distinguir entre amricanismo e ianquismo. 0 verdadeiro

consiste numa especie de juventude perene:

Americano e naturalmente jovem tada a vida."38'E urn espirito jovial, otimista, lutador. 0 im

quismo, em bora nao rejeitando essas qualidades bopraticamente as destr6i. Para ele s6 vale 0 fato.

exito,0

sucesso. Mas tudo a servi\;o dos instinE nao e precisamente isto 0 que nos vern da Arica do Norte, no cinema erotizado, na literaturaquadrinho, nos super-homens das historietas?

37 Dizendo a mentalidade burguesa filha do mol!mo e americanismo ficamos apenas no terreno do nNada afirmamos sabre as origens da mentalidade !Inem geraI.

8 MeditaQao sabre Mundo Moderno pag. 191.

62

o que entre n6s se batiza com 0 nome SOl1oro

de americanismo e nada mais que ianquismo a pro

p6sito do qual nos diz Amoroso Lima: "Nao fechemos os olhos ao veneno que de la nos vem." 39

Ja no seu tempo Humberto de Campos lamentava

a influencia dissolvente do ianquismo numa sociedade"adolescente como a nossa."40

Ha, porem, nisto urn aspecto perigoso que ainda

Ilao vi tratado em nenhum livro para ma<;;as. Mi

Ihoes de galas ianques sao orientados, dirigidos por

homens como 0 famoso Dr. CludweiI.Dr. Cludwell e seus partidarios cOllsideram 0 que

11 S chamam "tabu da virgindade" preconceito uItra1 1 i ~ a d oE assim que 0 ianquista facilmente se casa

111111 a ma\;a profanada.Nao acontece 0 mesmo com rapaz brasileiro.

t "adora" a mo\;a americanizada, para se divertir com

1 1 Mas s6 quer para espasa uma virgem.I'; quando casa enganado, devolve ao pai a

1111 1.\.

1'\'& que as girls brasileiras de short e cigarrete1"'II'i:lram nisto?

I I I COSTO D LE

r I 11111110ro constitui melindroso capitulo do livroE necessario aquelas que aspiram

'" , 1 / .. pag. 217.11111101 ,,.1.0 de Campos, Vultos e Fatos.

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Por outro lado, e tambern perigoso. tem sido aperdi<;ao de muita mo<;a.

JiI aludimos aos perigos do namoro ao tratarmos

do flerte. Este entretanto diz respeito propriamente

a procura de urn namorado, enquanto 0 namoro sup5e

a existencia dele.o namorado faz parte integrante da vida afetiva

da mo<;a. Nao precisa i z e r ~ s e que 0 namoro pertenceit prepara<;ao do casamento. Toda jovem sabe disto.o que urge e abrir os olhos da inexperiencia f e m i ~

nina para S escolhos do namoro.0 namoro e ja, a seu modo, uma missao de Deus

aos dois que convers am. Missilo de ambos, mas muitoespecialmente da m6<;a; obriga<;ao de fazer 0 bem

aqueles com quem conversa. Nao e obrigada a acertarde uma vez por todas com determinado namorado.

Podemos passar sucessivamente por varios rapazes

acertar no fim ou nao acertar nunca. Mas todo:levarao uma marca de nos mesmas, alguma coisa dque tivermos sido para com eles nesta ajuda de compreensao das coisas que sempre ocorrem na trocaideias. Responsabilidade enorme a nossa de mulhque influi senslvelmente na alma masculina."41

E 0 BElJO?

Quem orienta a juventude topa

com a pergunta: e pecado beijar?

41 M a r i a da C o n c e i ~ a o s s u n ~ a o MOQa d i n t e dzimo.

Escrevemos para mo<;as inteligentes. E misterr ~ l h e s compreensao real do sentido do beijo.

o beijo e grande sinal externo de amor. M a n i ~

festa<;ao corporal de entrega mutua de duas almas.sopro de vida, sinal de adesao incondicional de uma

pessoa a outra. Exige 0 beijo que duas almas secompreendam, que ten ham uma em rela<;ao a outra os

Illesmos sentimentos, as mesmas inten<;5es de se u n i ~

rcm indissoluvelmente.

Sera facil a mo<;a averiguar esta igualdade de s e n ~

lllllentos entre ela e 0 namorado?

:Nao, senhorita. Se voce nao se quer c o m p r o ~

Illdcr, guarde seus beijos para seu esposo.

Quanto a ser pecado ou nao, isto depende muito1 1 lIatureza do beijo, do grau de atrac;;ao sexual que

1 1 · entre os dois.

'I'cnho feito numerosos inqueri tosentre rapazes.

afirmam terem pecado gravemente com esses

honit6es sao urn perigo. Alguns tern maldaCieSo procuram as mo<;as para explora-las e

I h: I I I o n a ~las.

I,·s particularmente se aplica 0 pensamento

Ilrllyere: Fingem pela mulher uma paixao

1 111 IplI}fe de sentir "42

01, / 1 l 8 cl es e'mmes,

64 65

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OLTIMO AMOR DE CASTRO ALVES

A ultima paixao do poeta foi Agnese Trinci.

uma jovem pianista italiana.Nenhuma mulher, diz Afranio Peixoto, p o d e ~

ria ter resistido a tanto talento, a esse genio s o b r e n a ~

tural, afora a sua heleza &,lsica.

Agnese, depois de velha, declarou numa carta:

Eu 0 confesso, tambem 0 amei e de urn infinito amor.

Mas castigando 0 meu pobre corac;;ao d i s s e ~ l h e :

C a l a ~ t eesconde esse teu sentir, a n i q u i l a ~ t edespe

dac;;a-te. . . E assim foi que mandei e obedeceu. Masso Deus sabe 0 quanto sofreu.

Castro Alves insistia em que ela lhemenos urn beijo. Agnese recusava sempre.ele acusou-a de fria. de bronze, gesso, marmore f l o ~

rentino. Em vao the suplicava ao entregar-ihe poesiallapaixonadas dedicadas a ela em versos lisonjeiros:

"Ela? Bela a fazer a terra inteira ouca,Alma feita de um astro' e corpo de jasmim.

Ivias esse amor se manteve respeitoso e puro l

oHm. Outra mais leviana ou mais fragi teria cedidAgnese resistiu. Hoje a posteridade a exalta.

Se houvesse fraquejado, seu nome apesar de em

vido pela gloria do poeta, ficaria na historia enl,

meado como 0 da repugnante Eugenia Camara, a l U

certamente devemos a morte prematura do 1\

maior genio literario.

66

ENGANOS FATAIS

ChampIon dizia que a mulher tem uma celula de

menos no' cerebro e uma fibra a mais no corac;;ao.Inegavelmente a m6c;;a a p a i x o n a ~ s e mais f i l ~

mente que 0 rapaz. E a paixao e cegaUm grande analista da alma humana escreveu:

0 amor porque e cego impede os amantes de verem'\s divertidas loucuras que cometem "43 A cegueira do

:lmor e uma causa das ciladas fatais em que sucumbemlantas jovens.

a) Sail', 56, com eleNo seu interessante livro 0 rnor na Era t ~

,ica 0 p.e Desmarais conta 0 caso de Sansaozinho e

I \rbndina. Sairam juntos de carro. Quando v o l ~

"H,lm Eglandina estava perdida. E eram primos.Muitas chegam de fato a tolices divertidas. Num

'lid IllS viajava urn rapaz com duas m6c;;as. D i r i g i a m ~ s e

(ll'acinha onde a mocidade local faz 0 footing11/11'11'110.

I :m tom a ser Quvida por muitos passageiros, umaLl/lIl1'las m6c;;as se queixava ao rapaz de jamais ter

Irlll :illzinho com ela. ~ l e costumava levar aos diver

11['11111.'; uma irma sua ou alguma amiga da namoradaI·dida de prudencia. Que triste ideia formaram

1I11\ J111 es daquela maluca.1IIIII1tivamente 0 homem sente que. como dizia1111"'1, muita desenvoltura e sinal de pouco amor.

hld 'lIpeare, 0 Mercador de Veneza

. I,fll i,,:o le.

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Hoje 0 autom6vel exerce poderoso fascinio. 0namorado s6, num Cadillac, t o r n ~ smais insinuante.E de s u p o r ~ sque uma senhorita de cIasse nao saia

sozinha com urn rapaz no carro. Mas sai. . . Muitas

tern volta do bern arrependidas.

b) Caprichos masculinos0 homem aspira sempre a ser 0 primeiro amor

de uma mulher. Tal e sua estranha vaidade.

Ha muita verdade neste pensamento. Muitos

rapazes chegam ao ciimulo de dizer que estao criando

a pequena para depois casarem com ela. E urn modo

jocoso de afirmar que preferem uma noiva que nunca

namorou outro.

Naturalmente as moc;as nao gostarn de ouvir isto.Paciencia

Voces nao podem mudar a psicologia dos homens.Mas podem ter mais juizo. Muitas se ufanam do

niimero elevado de namorados que tiveram. Achamque semelhante aventura e prova de personalidade.poder de seduc;ao. Com semelhan te ingenuidade s6conseguem afastar de si 0 jovem de boas intenc;6es.

c) Caminho err ado e escorregadio

Ja vimos acima que muitas moc;as tentam 0rapazes. As vezes 0 rapaz toma a dianteira. De inida moc;a nao quer aquilo. :me insiste. Diz que se d

recusa, nao 0 ama. Promete ate casamento. Ela t

mina cedendo, ansiosa, tremula. Esta rompidafortaleza do pudor. Dali por dianteo sedutor f

dela 0 que quiser.

Mas estao s6s, ningu em ve. Coitadinh a Aquilo

sera divulgado nas rodas de homens a mesa dos

bares, no bufete dos cIubes, ou da boite

Fizemos paciente inquerito entre rapazes de

cIasse media e mais elevada. do interior e da capital.Cento por cento deles afirma que nao casara commoc;a que tenha tido tais intimidades com outros. 0argumento: .. Se voce me amasse nao recusava es e m p r ~ mentiroso. :Ele parte de duas sortes de moc;os:dos m a l ~ i n t e n c i o n a d o scorrutores das namoradas e dos·que andam a procura da futura esposa.

No primeiro caso, ou seja dos que se aproximamda moc;a com intenc;6es indecorosas, uma resposta

decisiva. pronta e energica, logo i primeira tentativa.

basta para afasta-Ios.r a t a n d o ~ s e do rapaz honesto que pretendia expe-

Illllentar a seriedade da jovem, uma replica imediataI :dt'iva, longe de desgosta-Io. s6 serve para aumentar-IIIl :l estima, a atrac;ao. 0 amor.

Em qualquer hip6tese a moc;a que cede e ven-

1.1 1 t a que reage triunfa.

( INEMA

n .1 magna diversao da moc;a brasileira atual. 0II .. di;caiu, as festas de salao do seculo passado.

1111111 01111.

plateia escura do cinema e 0 lugar prediletoll.ulIllrados modernos.

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Nao se pode condenar 0 cinema em si mesmo.E uma conquista magnifica da tecnica. Nem tampouco

negar que ele e urn dos maiores responsaveis pelo

fracasso, pela desgrar;a definitiva de milhares de

mar;as.

A maioria dos filmes sao portadores da maisbrutal caracteristica do ianquismo: a vida erotica de

individuos imaginarios, ou mesmo reais, 0 lenocinio,° adulterio, 0 divorcio, 0 nudismo sao os temas f v o r i ~

tos das peliculas. Na tela fascinante, ao som de

musica lasciva, a mocinha contempla extasiada nao

-os dramas de amor, porem a tragicomedia do s e n s u ~

lismo, glorificada, erigida em norma de conduta.

o grande psicologo Laburu, S. J. faz no tar 0

poder de sugestao e imitar;ao do cinema, advertindoque os atares foram escolhidos para atares e x t ~

mente por sua capacidade de realizarem os p e r s o ~

nagens. 45

A jovem inexperiente mesmo contra sua vontad

· fortemente influenciada pelos maus exemplos atua

lizados insinuantemente no fascinio das cenas impressinantes.

m g i n e m ~ s e dois namorados na plateia esc II r,

abrar;ados, ante os quadros vivos da pornografia 11111

carada de amor sob a volupia da musica sensualcompreender-se-a que 0 cinema e usina de pJ'O

tuir;ao, sala de espera do adulterio.

45 P. Laburu, S. J., Psicologia Medica

70,

Urn inquerito efetuado num instituto correcionalde decaidas revelou dados alarmantes sobre as o n ~

.seqiiencias morais do cinema.

Meditem as nossas inteligentes jovens sabre

.algumas conc1us6es daquele inquerito:

Eram 78. Setenta e duas dec1araram que 0 i n e ~

.ma havia influenciado sabre sua desgrac;;a.

Palavras textuais daquelas infelizes: Muitas

vezes ainda aquelas cenas imorais me enchem a i m ~

ginar;ao." As danr;as indecentes que vi me p e r s e ~

uem dia e noite." Desde entao nunea mais tiveasto pelo que e puro.

Mais fatal ainda que a !ubricidade da tela e a

vnlupia da plateia.Our;amos ainda as mesmas testemunhas: Uma

I ~ despertada a sensualidade, excitados os baixos

IIl:jl'intos, ja nao e dificil a mar;a d e i x r ~ s e seduzir.\ I i . na escuridao, ja se permitem muitas ousadias!"46

Algumas chegam a torpe·zas ineriveis durante 0

I ("Iculo.

I ),Ira as h bituees do cinema, certos filmes espan

'I', nilo of erecern novidade. Mas as mocinhas quelIi"I:a1ll os primeiros passos por esses caminhos

I h , Ios, podem tirar da desgrar;a alheia lic;;6es p r ~

.I11{·CS do primeiro escorrego a beira ingreme

11110 escuro.

I / Pc. Lacroix, Problema Sexual

71

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SEDUTORES PROFISSIONAIS

Eles se encontram por toda parte, Solteir6es uns,

outros casados. GraAinos, bonit6es . endinheirados.

insinuantes. Mestres consumados da seduc;;ao. elesconhecem os mais variados meios de enganar as j o ~

vens incautas, Uma de suas taticas consiste em pedir

a moc a em casamento para entrar na intimidade da

familia. gozar das regalias que para infelicidade de

muitas moc as se concedem atualmente aos noivos.Satisfeito 0 perverso instinto. eles desaparecem a b a n ~

donando a vitima.

Nunca e demais a reserva da jovem perante 0

homem. Deve ser. porem. mais rigorosa quando se

trata de gente cujo passado se ignora.

H a poucos anos uma de nossas capitais foi aba

lada por um crime singular, Em plena avenida centra

uma jovem abate com tres tiros um homem. ant

que os transeuntes atonitos 0 socorram. T r a t a v a ~ s

de um desses gavi6es . Era a terceira noiva qIJ

ele corrompia,

E pena que aqUela coragem nao tivesse levado

jovem a reagir ainda em tempo de fugir a desonsem t o r n r ~ s e homicida.

A MbC A POBRE

Nas grandes cidades a situac;;ao da moc a

e muitas vezes dramatica. Nao raro. tragica.

se trata aqui da operaria de fabrica. mas da mocinha do comercio, da repartic;;ao, So em ganhar menosque as da fabrica, tendo um padrao de vida muitomais elevado.

Pe l a manha. ela deixa na humildade do seu

barraco a mae descalc;;a. os irmaozinhos sUjos em l ~

trapilhos, e se dirige ao trabalho, nos ambientes b u r ~

guesados.

o contraste e brutal. Destituida de formac;;aoprofissional, moral e religiosa, a jovenzinha vai para.1 batalha. desarmada.

N aturalmente d adquire uma concepc;;ao falsa

da vida. Odeia em breve sua condic;;ao. t o r n ~ s e a r t i ~

ricial, inquieta, infeliz. Passa fome, muita fome para

l Ilnseguir um trajo que the oculte a situac;;ao finan-I ira e social.

Quando 0 coraC ao desperta. ela afasta da f n ~

p ~ i a 0 jovem de sua condic;;ao. Vai procurar 0

p'lI-fino perfumado. de Cadillac ou PelO menos 0

IIl11crciario. 0 bancario. 0 pequeno burocrata. g u ~

1I00 j vivem num continuo sobressalto, temendo que 0

'llIllII'ado descubra 0 tugurio onde elas moram.( ) 5 homens perversos conhecem a fundo estas

t h , l i , Eles sabem por experiencia que nesses casos a11111; facilmente cai na armadilha da seduc;;ao. sob111I1 lIto de um matrimonio rico, ou ate de alguns

/I,dI ':; de cruzeiros.111 e somente a moc a de favela que esta nesse

A jovem. de condic;;ao modesta, tambem pode 'I' i\ dos galas H aentac;;ao d o m ~ j u n e s c o s

7 73

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jovens fortes que superam a situa<;ao brilhantemente.c o n s e r v a n d o ~ s e honestas em meio dos perigos.

H a tempos no Rio, a vendedora de uma loja r e c l a ~

maya do burgues aumento do miseravel salario comque sustentava a mae invalida e 0 irmaozinho. Uma

tarde ele respondeu: Venha ao escritario no fim dotrabalho. Vou ver 0 que poderei fazer. Ela entrou

no escritorio quando ja se retiravam os ultimos e m ~

pregados.

Cinco minutos depois, 0 patrao l e v a n t o u ~ s efechoua porta, s e n t o u ~ s e e sorridente fez as mais vantajosas

propostas financeiras, inclusive alugar urn apartamento

no centro para ela com a mae. E concluia: Estamos

sQzinhos

F o r m a l i z a n d o ~ s eAIda cravou no monstro um

olhar faiscante de calera e f u l m i n o u ~ o

vras: "Miseravel Abre a porta "

Tremulo e ofegante, estarrecido peIoo devasso abriu a porta a AIda que

pressurosa.

ATRAS DA CORTINA

Todo problema humano, di,z algures Maritain

um problema teol6gico. E que 0 homem, vivendobora envolvido nas mundanidades, possui urn ch' ltl

superior. Seus atos bons ou maus nao se perdl'II1espa<;o e no tempo. Cada urn deles tern r e s s o n ~

eternas.

Trairia sua missao quem, mostrando a juventude

os e,scolhos das leviandades, nao the apontasse as c o n ~

seqiiencias da impureza.

* * *

Deus e 0 Senhor. Para bern da humanidade eleamparou 0 amor com 0 preceito imutaveI: nao pecaras

contra a castidade. Lei irredutivel e eterna como 0

proprio Deus. Todas essas trucida<;6es do am or sao

pecados graves; toques em partes por si mesmas e x c i ~

tantes, feitos com inten<;ao libidinosa, abra<,;os e beijosdemorados, cheios de sensualidade, sao verdadeiros

pecados de impureza. Ora, Deus disse pelo Ap6stoloo Paulo: S a b e i ~ o bern: nenhum fornicador, nenhum

IIllpudico tera heran<;a no reino dos Ceus. 4i

Urn missionario frances narra 0 seguinte fato:Havia em Paris urn jovem casal de noivos. Pouco

lIdes do dia marcado para 0 casamento, a no iva',tI,·cet . 0 rapaz ficou alucinado. Era catalico e tinha

,'I.I<;oes de amizade com 0 superior de um convento.'111::efluiu hospedagem na casa religiosa, a v e r se"ollll,:aVa urn lenitivo a dor sem nome, num r e c o l h i ~

~ l I l q de oito dias.

Na noite seguinte do primeiro dia as 22 horas 0

IIl1o,lor despertou por urn grito angustiado. Correu

III < cmde partira a voz. Bateu a porta de modo a. I l l cnm 0 ruido outros sacerdotes. 0 jovem nao

111111. C h a m o u ~ s e urn guarda, c o m u n i c o u ~ s e 0

1 lf ll i1nH, V 5

74

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caso a policia, arrombaram a porta. encontra ram-nocomo morto sobre 0 lei to.

Uma hora depois a vista dos padres, de algumasautoridades policiais e do medico, ele acordava g r i ~

tando: Padre, quero confessar-me. Minha noiva

acaba de visitar-me. Veio envolvida numa nuvemsulfurosa de fogo e fumac;a Eis 0 sinal que eladeixou. Apontava para urn genuflex6rio onde a condenada pusera a mao em brasa. Os dedos incendidospenetraram na madeira, deixando sinal carbonizado.

Suas palavras em voz triste e aterradora foram'estas: 0 miseravel Ve minha desgrac;a. Mald itahora em que te conheci Maldi tos encontros que meatiraram no inferno eternol Tu terias a mesma sorte

se nao tivesses buscado esta casa santa "Foi neste momento que ele gritando desfalecera.

Aquele moc;o ordenou-se Sacerdote e foi para amiss6es da Africa. Fez penitencia. Estava salvo, rna

nada pode conseguir para a infeliz a quem as intimidades precipitaram no fogo eterno.

De Deus nao se zomba. Agora 0 prazer, mtarde a amargura."

MA ESCOLHA

Ja apontamos longamente a falsa procura de um

noivo e a ma preparaC;ao do Matrimonio como grandesresponsaveis pelos fracassos no amor.

Urn mau casamento e sempre uma d e s g r a ~ a

Porem, quando a moc;a se prepara bern ao matrimonioe casa mal porque nao soube estolher, que fatolamentavel

Banal mas expressiva a quadrinha popular:

,"Sao Soubera nilo e SantoNunca valeu a ninguem.Depois de tudo perdidoSlIo Soubera logo vem".

Vamos portanto, cara jovem, examinar s e r a ~

t111 1I1 c todas as portas douradas que levam a masmorra1Il1l1bre de um mau casamento antes que voce diga

1I11clida: Ah se eu soubesse dissol

1\1)0 A JATO

I: p,1SS0U a categoria dos lugares-comuns dizer-selall10S num seculo relampago. 0 aviao a jato,

1111 II televisao, engoliram as distancias.

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Nem por isto 0 cora<;ao humano abriu mao de"N di d d t

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sua profunda exigencia em materia de amor.Ate pelo contrario, a u m e n t o u ~ aNo tempo em

que a mulher vivia incondicionalmente para 0 lar.o c u p a n d o ~ s e apenas em profissoes caracteristicamentefemininas, j u l g a n d o ~ s e inferior ao homem, era de fa tomais facil superar os imprevistos, as conseqiienciasde uma escolha errada do que atualmente.

Hoje a esposa pode ter situa<;ao de igualdade em

rela<;ao ao marido, como socia e colaboradora num

empreendimento qualquer.J u n t e m ~ s e a isto os exageros femininos, a i n ~

gavel baixa da moralidade e c o m p r e e n d e ~ s e que hoje

o problema da escolha e de maior relevancia que

outrora.

Mesmo naqueles tempos em que nossos avcf>s

sustentavam que a mulher era escrava do homem, nemtudo se passava a maravilha nos casamentos em que 0

pai ou as cortes determinavam a mo<;a casadoura aescolha do noivo. Haja vista 0 que entre nos sofreuD. Leopoldina, a nobre austriaca que nunca chegoufalar a lingua do marido. Muito menos D. Pedro

falou alemao.A precipita<;ao na escolha. 0 noivado relampa

figuram sem duvida como a primeira causa do errotao momentosa empresa.

Julieta conheceu Paulo num mes, no outro noiv,no terceiro c a s a r a m ~ s eCinco meses depoisseparavam.

Alguem Ihe perguntou: "Que foi feito do grltamor que voce tinha a Paulo?"

"No dia do casamento. quando nos entravamoscpela porta, 0 amor saItou pela janela."

UM NOIVO BONITO

Em materia de beleza sao as mo<;as menos x i ~

gentes que os rapazes.

Algumas entretanto se apaixonam por urn homemt a o ~ s o m e n t e por descobrirem nele atrativos f i s i o s ~

Veem no amado uma divindade em carne e osso ou

urn anjo do Ceu em figura humana.a s a m ~ s eOs sentidos se habituam com a tal

beleza. A divindade vira gente, as asas do anjo caem.o que se julgava amor eterno era paixao o n ~

tanea, tao rapida em seus assaltos como em suas

I'ctiradas.Num drama de Espronceda, 0 marido arrependido

dl urn desses casamentos, diz a esposa desprezada:

"Quem pensaria jamais, minha Teresa.

Que de amargo pranto f6sse eterna fonte,Tao inocente amor, tanta alegria,Tantas delicias e delirio tanto?Quem pensara jamais chegasse 0 dia,Em que pel'dido 0 celeste encanto

E descoberta a venda a nossos olhosTudo 0 que dera prazer causasse nojo?"

r l< IIVO RICO

"Virgem Santa do Rosario,] lazei-me urn favor inteiro;I Jai-me logo urn maridinhoC),uc tenha multo dinheiro'"

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Ilusao E vulgar na linguagem burguesa d i z e r ~ s e b l id l

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Ilusao. E vulgar na linguagem burguesa d i z e r s e

fulana casou bern" pelo fato de ela ter casado comurn mo<;o rico.

A felicidade do casamento nao se prende b s o ~

lutamente ao dinheiro. Ate pelo contrario. p r i n i ~

palmente na cIasse media, nas familias de situa<;aomodesta, que encontramos os esposos mais ditosos.

As qualidades do noivo sao muito outras comoveremos depois. Quem coloca a felicidade do s ~

mento no dinheiro, termina ficando sem dinheiro nemfelicidade.

Fato semelhante e a escolha baseada na alta p o s i ~

~ o do noivo.A grande superioridade social de urn dos c o n ~

juges sobre outro tern desfeito em sangue muito

casamento.A mo<;a ou 0 rapaz de condi<;ao modesta que se

casa na alta sociedade, logo no dia das bodas s e n t e ~ s

humilhado entre pessoas de nivel cultural e social muit<

superior ao seu. Talvez naquela festa se encontrepela primeira vez as duas familias dos noivos. M

nao se misturam. Tern cada qual sua linguagem, centros de interesses diversos.

Em Fortaleza faz alguns anos, tema favorito

anedotas era a filha de um fa·zendeiro casada compresidente do Estado.

DOENTE

Erram aqueles que desprezam 0 espirito emria de amor,

Tambem se enganaria quem olvidasse 0 valor

do corpo no casamento. 0 matrimonio une os e s p i ~

ritos mas atraves dos corpos.

Para 0 cristao, nao existe no casamento uma

escolha entre corpo e alma, ou entre sexo e amor.

Ele tern que escolher ambos e juntos:'

Casar com homem sem saude ainda que seja bome fazer urn casamento doente. Ele precisa mais de

enfermeira que de esposa.

. Meditem estes conselhos profundos e sabios de

urn grande Mestre:

Principalmente as mo<;as se acautelem; de muitas

sei eu que com 0 casamento se ataram a cadaveres e

em pouco tinham nas veias e transmitiam aos filhos aputrefa<;ao que contrairam.

Em face de semelhantes perigos, pensem m d u r ~

lII\:nte os que ainda po d em recuar. Nao trepidem

/Iwsmo em fazer uma violencia ao cora<;ao. certos das

1"I'!las recompensas que Ihes trara 0 futuro. Os que

11')0 recuarem terao muito de que se arrepender. Ni'io

l I I ( n t6da a vida por um momenta de irreflexao ou

Ipl iCho.Ni io basta nao ser doente. e q u e r ~ s e uma boa

11.1,•• " 18

1 /1. Negromonte, oivos e Esposos Livro nunca bas- lIl11oHclhado aos noivos e esposas jovens.

81

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CORROMPIDO

E comum 0 homem depravado, enjoado pelos pra

zeres torpes, procurar no casamento um derivativo,um refttgio.

Sem diivida muitos se regeneram. Por outro lado,e certo que a maioria deles, dissipado 0 enlevo dalua-de-mel, ou mesmo da espera e chegada do pri

meiro ho retornam ao vicio.E palavra do Papa: Aqueles que, antes do

casamento, costumavam condescender com seus dese

jos, mesmo torpes, chegados depois ao Matrimonio,

serao tais quais foram antes de contrai-Io, 49Sacerdotes e medicos conhecem bern a tragedia das

esposas ludibriadas pelo marido devasso.~ l s

as temvisitado no leito de dores atrozes em conseqiienciade molestias ign6beis que 0 esposo lhes trouxe dos

antros de perdiC;ao.Dr. Carnot conta 0 seguinte fato: Uma jovem

de boa familia sonhara com 0 casamento. r e p a r o u ~

para ele seriamente. Aos 18 anos casou-se, pura, virtuosa, idealista. Empreenderam longa viagem cI

niipcias. Tempos depois, Dr. Carnot a encontrav,p.ilida, cadaverica, irreconhecivel.

Perguntou-Ihe pelo marido. A desditosa mul

desatou em convulso pranto. Depois disse, solw;;allMeu marido e Um monstro. Contagiou-me

doenc;a vergonhosa. Abandonei-o.

49 Pio XI, Cast Connubii.

8

CASAR COM VIOVO

Entre nos ninguem tom aria a serio 0 proverbiopopular: nao me caso com viiivo, que e sobejo de

aefunto.

Em geral 0 viiivo precisa de casar-se. H.i mesmo~ x l n t s matrimonios de moc;as com viiivos tantoricos como pobres.

Para aconse1har ou desaprovar tais casamentos,

algumas distinc;6es se imp6em:

a) ViulJO sem [ilhos

Equipara-se ao solteiro. Portanto a ele se aplicaludo 0 que se diz sobre a escolha daquele.

b ViulJO com [ilha mOfa

E urn perigo. A filha que por morte da mae

I'lsumiu 0 governo da casa nao ve com bons olhos a1I11dher que the parece uma intrusa.

Nao se conforma. A esp6sa, por sua vez, nao se

ri llqna ao pape1 de subalterna da enteada.

a s conflitos sao inevitaveis. Salvo 0 caso, muito1 I I I I l i m atualmente sobretudo no interior, em que 0

111\ 1) tern duas residencias distintas: a da fazenda ei ,I. cidade.

, ViUl O com [ilhos pequenos:>1 ele em si mesmo tern qualidades do noivo ideal;

1I1[ c;;a esta, depois de pareceres de pessoas idoI bern informadas e de longa reflexao, dis posta

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aos sacrificios reclamados pela educac;ao dos enteados E t m6c;a t l

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aos sacrificios reclamados pela educac;ao dos enteados,

ha probabilidade de "dar certo."

d Viuvo com filhos rapazes

E bern mais facil para a madrasta desde que elaprocure ser amiga deles suprindo em parte a falta

da mae. Resta ainda 0 perigo de 0 viuvo ser muitis-simo idoso em relac;ao a m6c;a.

AM GO DE INFANCIA?

Parece que seria 0 ideal a m6r;;a casar com 0 col ega,

o amiguinho de outrora. Entretanto nem sempre. e ~

jamos: As semelhanc;as que os ligavam na infanciapodem ter desap arec ido. A educac;ao de ambos talvez

tenha sido muito diversa. 0 rapaz certamente ao longoda vida tern frequentado ambientes que a m6c;a s ~

conhece. Nesse corac;ao de vinte e tantos anos 0

mundo ja tern introduzido muita coisa que nao haviaali nos ingenuos dias da infancia distante. Pelo con-trario, a vida ja roubou aquele corac;aozinhoperolas que the exornavam a manha cia vida.

Casimiro de Abreu certamente pensava

esbulho da alma quando cantou:

"Oh que saudades que tenhoDa aurora da minha Vida.Da minha infancia queridaQue os anos nao trazem mais'" S

50 Casimiro de Abreu, Primaveras

84

Enquanto a m6c;a se conservou pura talvez. por

on de nao tera passado nesses 18 ou 20 an os seu amigo

de outros tempos?

Portanto 0 fato de se tratar de urn amigo de i n ~

fancia nao oferece por si mesmo garantias de uma

uniao feliz.Isto, porem, nao quer dizer que se encontrando

num m6r;;o as condir;;6es exigidas para 0 noivo devat m r ~ spor se tratar de amigo da infancia, mast a c ~ s o m e n t e aIirmamos que nao constitui no caso, cri-

terio de valor.

MAIS NOVO OU MAIS VELHO?

Nao se pode omitir 0 problema da idade, em facedo casamento.

A grande desigualdade e quase sempre desas-Il'Osa. A primeira finalidade do matrim6nio sao osIlIlIos.

Ora, e muito sabido que a capacidade entre 0

h"lIlem e a mulher quanta a gerac;ao dos filhos e bernII'-'·I' a.

l\ mulher po de assumir os encargos maternos aos

dIlOS.

Ninguem considera apto para responsabiliciade1I ·fe de familia urn mocinho de 16 anos. Ja se

,11111. jocosamente, que D. Pedro II foi considerado

' ' ' ' ' ' p,ll'a governar 0 Brasil aos 15 anos. MasI IJ"Vl'rnar uma mulher s6 0 julgaram aos 18 anos.

8

Outra diferenc;a 0 homem po de ser pai ate instante; 0 velho nao permite a menina sair sozinha

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Outra diferenc;a. 0 homem po de ser pai ate

muito avanc;ada idade.

A capacidade procriadora da mulher nao vaialem dos 5 anos. 51

Sem descermos a certos motivos de ordem i o p s i ~

cologica ja podemos tirar destas rapidas considerac,;oes-duas conclusoes:

a) marido nao deve ser mais novo que amulher. Todos nos conhecemos os pungentes r e s u l ~

tados desses casamentos.

b) Deve ser mais velho que a consorte. Nao

demais, e claro.

N a sua filosofia. banal na aparencia mas as vezes

profunda, 0 folclore cearense canta:

M6c;:a que casa com velhoEsta tomada do maldito.N1io cre na religi1io,Ja perdeu a fe de Cristo,"

Deixem as velhas casar com os velhos, que

melhor.

Nao nos furtamos a citar a palavra sempre r

do nosso Mestre:

.. A grande diferenc,;a de idade e clima proplas ciumeiras. A veihota nao deixa 0

51 Deus tudo fez muito bern feito. 0 peso dos ~ \ l l t

com bebe recai quase todo sabre a Mae, Imagin('senhora de 70 anos com urn bebe nos b r ~ o s

86

; p ait janda. E a vida se torna urn inferno."S2

PARENTE?

Desde a aurora do cristianismo, ha vinte seculos, a Santa Igreja reprovou 0 casamento entre c o n s n ~

giiineos. De tal modo, que sem uma dispensa, que ela

so concede se houver motivos serios, e nulo 0 c s ~

mento de parentes ate 0 terceiro grau.

As mais recentes descobertas biologicas (como;l1ias sucede noutros ramos do saber humano), os

l'lltimos estudos sabre a hereditariedade, vem confirmar

.1 sabedoria dessa Igreja que Payot chamava "grande

('ducadora dos povos."

Embora a hereditariedade ainda encerre muitoscw:edos, ja nos ministra lic,;6es magistrais, confirmadas

"l'1a evidencia dos fatos.

Acham os biologos modernos que a transmissao1 '1 caracteres dos pais aos filhos se faz atraves deIi 'f'Jc.ulas microscopicas denominadas genes.

Esclarec;amos com 0 seguinte exemplo: paiI 1 II rn, transmite a cor branca ao Who. veiculo

1

cor branca e um gene. Se a mae do menino era1111 .1, fatalmente este tambem sera branco .

:11 , porem, um dos progenitores for bran co e outro

Ill, q!l dois genes, portadores de cores diversas, I l l l filho.

I l l , A. Negromonte, No ivoll e E.posos.

87

Mas neste caso uma das qualidades do que e Exemplo: loaD e descendente de uma familia

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Mas neste caso uma das qualidades do que eportador do gene perman eceu oculta. 0 menino nasce

branco ou preto. Porem a qualidade oculta fica nele

e vai aparecer depois nos seus descendentes. 53

Deste modo, os descendentes de urn homem tem.

claros ou ocultos genes desse homem. E podem t r n s ~

m i t i ~ l o s a seus filhos, tanto os caracteres claros omo

os ocultos.

Outra conclusao: quanta mais perto estiver 0 s ~

cendente de um tronco portador de determinada qua ..

lidade, tanto mais probabilidade existe de herdar ess.qualidade. 54

Passemos agora a transmissaodicados ou defeitos.

Baseados nas leis de heranc;;a, a partir de Galtono fim do seculo passado, os sabios tern sistematizauma Nova Ciencia denominada Eugenia. Ela t

por fim aperfeic;;oar a familia humana. 55

O s eugenistas deram 0 nome de gene negro

gene portador de qualquer enfermidade biologica.

Se 0 pai transmite ao filho 0 gene condutor

qualquer molestia, mas a mae the da urn gene S

contrario a tal molestia, 0 filho pode nascer per

53 Nosso objetivo nao comporta mais amplas expllsabre as leis de Mendel. E bom notar que em se tr,de ragas mistas, h a misturas dos caracteres, : aRIdfilhos de pai preto (nao legitimo) e mae branca, podmorenos, nem totalmente da cor do pai ou da mac.

54 A razao e que em cada geragiio pode darfluencia dos genes de urn progenitor sabre os do out

55 Conf. Tihamer Toth - Eugenia atolioflf

88

Exemplo: loaD e descendente de uma familiade pulmoes fracos, predisposto a tuberculose. Sua

esp6sa tern "pulmoes de ferro". E provavel que os

genes de insuficiencia pulmonar que }oao transmite ao

filho sejam contrabalanc;;ados pelo gene contrario da

mulher.

Imagine agora que voce case com urn seu primo.Como voce e ele descendem de um so tronco, av6

ou avo, transmitirao aos filhos alguns genes identicos.

Se urn desses genes era negro? Negro mais negro

• igual a negro. 0 menino sera doente. Poderia ser

I'obusto com a condic;;ao de ambos os pais nao terem\Icnes negros.

Mas como a rac;;a humana e cheia de mazelas,Il'ontece que filhos de parentes estao sUjeitos a taras

{'nfermidades que poderiam ter sido evitadas se osltll s houvessem casado noutras familias.

Os fatos nesse terreno sao patentes e numerosos.f\lllcnte a cegueira do amor ainda leva parentes a se

I,II'cm entre si, pondo em cheque a saude dos filhos epropria felicidade.

,,,MENTO E RELIGli\O

Ill.:<llculavel a importancia do problema religiosoEm nossa patria, hoje i n f l u n ~

Iwlo renascimento espiritual modemo, mesmo osfora da Igreja confessam a influencia da

II 111\ .lmor, na familia.

9

Ja vimos acima, que s6 0 amor cristao subsiste ao os seus sentimentos mais profundos sua fe os i n t e ~

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embate dos imprevistos da vida conjugal. 0 s ~

mento nao visa apenas ao encontro efemero de doiscorpos. mas a uniao indissoh'ivel de duas almas.

Ora. pergunta Desmarais, porventura poderao as

almas se unir quando nao participam dos mesmos p o n ~

tos de vista em rela<;ao ao sentido da vida?56

Sao tres as possiveis posi<;6es de tao momentosoproblema:

a Noivo ateu

b Indiferente

c De outra religiao

Examinemos a situa<;aouma dessas hip6teses.

a marido ateu

Jamais entendera 0 sentido profundo do amconjugal. Busca no Matrimonio apenas a s t i s f ~

dos sentidos, ou qualquer outro objetivo egoista.

Talvez nos primeiros tempos de casado chemesmo a ir a Missa com a esposa. Mas nao tard

a disc6rdia. E a pobre esposa que esperavat e ~ l o v e r ~ s e ~convertida em uma escrava.

b Indiferente

PrMicamente e mais ou me nos a mesmaSle despreza aquilo que a mulher tern de mais sag

56 Embora se de t ambem 0 caso de rapaz cat6111com mc)(;a nilo catolica, limitamo-nos s6 ao problema. d

90

os seus sentimentos mais profundos, sua fe, os i n t e

resses da alma. E a educa<;;ao dos filhos?

Qualquer Sacerdote poderia citar as centenas os

desastres, as tragedias oriundas do casamento da

m6<;;a cat6lica com rapa,z indiferente em materia de

religiao.

c eregeSao bern conhecidos os casos de m6<;;as cat6licas.

ate filhas de Maria casarem com herege. A Igreja

op6e dificuldades. Em ultima instancia cdebra 0 s ~

mento sem nenhuma solenidade.

Nenhuma gra<;;a recebe 0 m6<;;0. A Igreja exigepelo menos 0 compromisso de os £ilhos serem e d u ~

.oldos na religiao cat6lica. Compromisso que em geralI

violado.Di£lcilmente 0 marido herege deixara de atacar a

l'liniao da mulher, Esta por sua vez nao 0 perdoa.

l I S £ilhos educados nesse ambiente de d e s e n t e n d i ~

1111 111 0 e brigas?M6<;;a protestante case com rapaz protestante;

.I cat61ica, com rapaz cat61ico.I\.s m6<;;as costumam apelar para a conversao

11111101 do marido ateu, indiferente. ou de outra religiao.1 0:

certo que 0 homem e bern mais domavel que a111111 1 , A dedica<;;ao compreensiva e carinhosa de

I p6S3, consegue 0 que nao logram argumentosI l i l k o s e morais.

: ~ \ hip6tese, e bern mais seguro ten tar a c o n ~

do mo<;;o antes do noivado. Pelo menos antes

,o',IIlI,'nto. Depois talvez seja tarde demais.

9

o plano da presente obra nao permite maior exten Duas almas assim dHkilmente combinam. As

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o plano da presente obra nao permite maior extensao deste assunto. Remetemos, pois, nossas jovensleitoras ao nunca assaz elogiado livro do nosso Padre

Negromonte: oivos e Esposos. Em doze paginas

vibrantes e profundas 0 insigne mestre analisa sob

todos os angulos 0 drama angustiante do casamentoentre pessoas de religiao diversa, com uma f6rc;a de

argumentos que nao encontrei em nenhuma outra obra.

DESIGUAIS EM CULTURA E I N T E L I G ~ N I

Nem sempre e possive a mac;a encontrar urn noivcorn uma cultura igual a deja. Na mesma classsodal e comum as jovens serem mais cultas. N

cIasse media sao mais numerosos os rapazes que vtrabalhar aos quinze anos, enquanto as irmas pr'seguem os estudos, "formando-se". No interior. pcipalmente. A filha de fazendeiro e muito mais adtavel ao internat o. rapaz (corrompido muitas vantes de terminar 0 curso primario) nao suporinternato. Volta para a fa,zenda, salta no jipe ouna cidade odoso e, adeus estudos.

Daqui 0 ser muito freqiiente casar-se adiplomada com 0 fazendeiro, 0 bancario, 0 comede poucas letras.

Tais maridos em geral nao dao valorda mulher. Sao capazes de dizer corn Eu

Oxala nao entrasse em minha casa mulher q ~

mais do que uma mulher deve saber."

ideias sao diversas. Ela gosta de musica. de literatura. de poesia. marido s6 entende de lavoura. de<:riac;ao ou das atividades bancarias, de compras- evendas, etc.

No comec;o tudo azul. noivo ou 0 jovem'esp6so resume aos olhos des lumbrante s da amada

t6da a poesia dos tr6picos, t6da a beleza das artes.Os sentidos cansam. A monotonia enfada . maridoda amiga e inteligente, culto, alinhado.. . Decep-

l ;ao . . . desilusao, vacuo. Ela experimenta necessidadeinvencive de alguem que a entenda. Ha mulheresher6icas que s uperam semelhan te situac;ao. Mas muitasIIcumbem vencidas. pessimistas, mortas em vida.

Outras vezes e 0 homem culto que se casa com al k a ignorante.

Que suplicio para ele Fora de casa, os amigos, as

" las a falar de operetas, musicas, de livros e autores;ultimo best selle c, da situac;ao mundiaI. etc. EmI a mulher tasca, inepta, incapaz de entende-lo.

\1111 caso recente. Brilhante advogado casou com1.1 1110<;a rica mas inculta. Logo na viagem de

I ~ I ele passou vexames sem conta. A mulherjllt'npaz de falar sabre qualquer assunto cultural.

11 l 1 ; ) I muitas vezes nas palestras com pessoas1.1 1.

939

Durante anos ele trabalhara, burilara 0 seu pri a) A m6<;a encontra urn partido Que the parece

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meiro livro. Urn dia volta a casa. radiante. Oferece aeSpOsa urn exemplar do primeiro filho de sua inteligencia. Ela abriu canhestramente 0 volume, viroualgumas paginas sem IeI e depondo-o s6bre a mesa

foi dizendo: Fernando, nos tern os que ir hoje no

parque; tern p l ~ o bacana. Todo mundo ja foi."Dada a diferen<;a entre a psicologia masculina

e a feminina, ainda e pi or a situa<;ao de casal cultural

mente diverso quando 0 c6njuge ignorante e a mulher.A mulher e mais afetiva que 0 homem, tern mais

facilidade em adaptar-se a urn marido de cultura

inferior a sua que 0 marido culto de se ajustar aesp6sa ignorante.

o homem, nas circunstancias em que se encontrClFernando, instintivamente suspira pOl uma alma feminina capaz de pensar e sentiI' com ele.

Esta aberto 0 caminho tragico para desarmoniadefinitivas.

INTERVEN(:AO DOS PAIS

Em neg6cio capital como a escolha do

se deve menosprezar a influencia dos Pais. ],;:les p

suem direitos sagrados sabre a filha. Gozamprestigio da experiencia.

De dois modos podem os pais influir aqui:

a) Opondo-se a escolha feita pela filha.

b) Procurando impor-lhe determinado candid

Examinemos separadamente essas duas ati

excelente. Os pais nao querem 0 casamento. Algu

mas se irritam, cometem loucuras, chegam mesmo afugir com 0 rapaz. Costumam ser infelizes.

Antes de tudo humildade. Calma. Pode ser

mero capricho paterno. Mas pode existir motivosuficiente para a oposi<;;ao.

A m6c:.;a, nesta situa<;ao, pe<;;a humildemente expli

ca<;6es aos pais, aconselhe-se com pesso as id6neas.

Se puder convencer-se prudentemente de erro, de

injusti<;;a, da parte dos pais, entao podera continual'.

Mesmo em se tratando de oposi<;ao injusta dospais, Santo Afonso, Doutor da Igreja, acha que entao,

ante as conseqiiencias que podem advir da atitude

dos pais injustos, e melhor a m6<;a retroceder,sujeitar-se.

b) Os pais, pOl qualquer motivo, querem for<;ar.1 filha a casar com urn m6<;0 que ela nao ama. Recor

rem aos mais variados subterfugios para sujeita-la.-) cora<;ao alheio e fortaleza que nao se conquista al lI <;;a. Impomos leis aos sentidos, ao sensualismo, a'l,lera. a demonstra<;5es externas de afeto, etc.

o cora<;ao, porem, e invenciveI. Perante 0 supli

II,. ,I tortura, a morte, a vontade pode curvar-se, mas.II mra<;ao responde altivo: Nao YOU, me levam .

Humberto de Campos nos conta urn desses dral id ' . Urn noivo the escreve angustiado. Casara com

11111.\ jovem pOl quem se apaixonara. Ela a principioI . 1I' , .IV'l . Compelida pelos pais, aceitara. Agora,_

94

eao inicio de viagem de nupcias, the diz melanc6lica.

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semos

Mais

berc;o.

(·t!ucar,;ao,

,,(,

III 11lI, If

hI.

que entender.

infelizes!

penetrais

humildementeele. Nao

energica: 0 corpo e seu. Far,;a dele 0

A alma e 0 corar,;ao jamais serao seus."

Duas vidas frustradas invenclvelmente

o dominio paterno nao atinge esses PREP ARAR-SE DE LONGEmisteriosos do corar,;ao. Seja a mor,;a

franca: Nao 0 amo. Nao devo casar comcasarei. Tratamos longamente das loucuras cometidas

pelas jovens na falsa preparar,;ao ao Casamento. Pasa verdadeira preparar,;ao.

Nao basta evitar as leviandades comprometedoras.importante ainda, e preparar-se bern para 0

casamento.

Quando deve comer,;ar essa preparar,;ao? No

Tudo0

quese Eizer

pela educar,;aodesde 0

alvorecer da vida vai repercutir no problema do amor.

Entretanto tratamos aqui do trabalho pessoaI. D a

reeducar,;ao.

E voce que por uma luta seria deve completar sua

sua preparar,;ao para a felicidade conjugal.

Sao muitos os livros modernos de Formar,;ao para

lI1or,;a.

Alguns 6timos. Temos indicado. ao longo destas

IHI finCls, obras s6lidas nas quais voce, leitora, encon

motivos de estimulos e auxilios no trabalho

I Ih l nifico de edificar a sua personalidade feminina.

Entretanto convem lembrarmos aqu i algumas

indispensaveis a preparar,;ao cia mo<;a para a

969

A mulher virtuosa e uma sorte excelente e umi d D 0 l

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UM DOTE PARA 0 NOIVO

Procurai primeiro 0 reino de Deus e c resto vira

por acrescimo." E 0 grande conselho de Jesus Cristo

aos que suspiram pela felicidade. Especialmente amocinha que deseja a conquista de urn grande amor.

Os rapazes em geral exigem muito de sua futuraesposa. Sonham por vezes com uma noiva tao v ~

tuosa, que a gente duvida que tal ideal se encontrecentre as mortais. .

R e f e r i n d o ~ s e a sua futura noiva, z a n a m e s c r e v e ~

Desejo que ela traga consigo quanta se pode exigir

de gra<;as exteriores, para assim me evitar 0 minimo

sinal de pena; mas 0 que sobretudo desejo e que tragaforte cabedal de virtude, que seja melhor, muito melhorque eu . . . que me ajude numa continua ascensao doespirito e depois, que seja tambem condescendente.Nao va eu e n v e r g o n h a r ~ m e da minha inferioridade . . . "

E mais ou menos isto 0 que todo mo<;o exige ci

noiva.

Os mais complacentes consigo mesmos

os mais severos em rela<;ao a companheira.Mesmo sem saber eles confirmam a palavr<1

Divino Espirito Santo: Ditoso 0 homem que 1( 1

uma mulher virtuosa, porque sera dobrado 0 num('rnseus anos. A mulher forte e a alegria de seu maridlhe fara passar em paz os anos de sua vida.

premio dos que temem a Deus. 0 que e 0 sol para 0

mundo, quando nasce nas alturas de Deus, assim e abondade duma mulher virtuosa para ornamento de sua

<casa. S7

Ou a mo<;a leva ao casamento magnifico dote de

virtudes ou sera infeliz, e fara infeliz 0 marido. E osfilhos!

A esta altura a leitora ja pensou: Mas que e avirtude? Como saber se sou virtuosa?

Virtude e 0 habito de agir honestamente de acordo

com normas retas de conduta.

SER LIVRE

So e realmente livre quem sabe d o m i n a r ~ s eAm6<;a virtuosa e livre. Controla a afetividade, reprimel'nergicamente os impulsos passionais: declara<;oes i m ~

pJ'udentes de amor, caricias extempodineas, explosoestil' colera, numa palavra toda a impetuosidade irracional

10 temperamento, dos instintos inferiores.Os instintos sao cegos. 0 temperamento, tambem.

; l I i o r ~ s e pelo temperamento, pelos instintos e ser1 Il I'i:lVO de um cego. i z e r ~ s e que alguem e t e m p e r a ~

rl Ecles. XXVI 1-2-3-21.

98 99

mental equivale a afirmar que tal pessoa nao tem v i r ~

tude, que e dominada pelo seu psiquismo inferior.multidao de obras e que apesar de fita azul, de seus

i ti t l ti t li

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tude, que e dominada pelo seu psiquismo inferior.

A vit6ria sabre 0 psiquismo inferior nao se consegue sem esfarc;o generoso e diuturno.

Agora que voce pensa no problema grandioso de

seu amor, e tempo de tomar a peito 0 vencer-se. 0

trabalho interior de contrale do espirito sabre os d e s e ~

jos da afetividade e dos instintos e absolutamenteindispensavel, e mesmo urgente para quem busca afelicidade. Sobret udo no casamento.

No livro do p.e Geraldo Pires: a Escolha do

Futuro voce encontra norm as praticas sabre a aquisi< ;ao das virtudes ou noutros termos sabre a ciencia docontrale pessoaI.

Somente a virtudeda

rnulher conquista 0ver-

dadei ro amor do homem. A mulher bonita, diz Amelot,amamos por inclinac;ao natural; as feias por interesse;as virtuosas arnarnos par reflexao."

A ausencia de virtudes torna detestavelbela. A virtude faz amaveis as feias.

UM CONSELHO DE S. PAULO

A piedade e util para tudo.Se voce for piedosa sera virtuosa,

zando a liberdade dos filhos de Deus.

i ~ d d e verdadeira! Nao bastaigreja. Ha nurnerosas moc;as que freqiientCligreja, que sao filhas de Maria ou zeladoras c

rosarios e seus canticos nao tem real sentimento religioso. Desconhecem as verdad eiras fontes de piedade.Sua religiosidade n50 se funda num amor real de Deus.

Resumamos as interessantes reflexoes de E.

Montier sobre as qualidades que deve ter a piedade

da futura esposa:

a) Piedade bondosa.

Isto e cheia de tato e bom senso. Ditoso aquele:que vive com uma mulher de bom senso. uS8

b) Piedade seria.

Isenta de certas leviandades indignas de uma jo -vern crista.

c) Piedade ama\;eI.Alegre, bondosa, cativante, que rnostre por sua

presenc;a, seus modos, suas palavras, 0 carater atraenteda religiao.

0 que possui uma mulher bondosa comec;a aformar sua fortuna:' 59

d) Piedade -=onsoladora.

E a piedade da mulher forte da Sagrada Escri-

1111'.\: Ela e mais preciosa que as riquezas vindas.d l l confins da terra. 0 corac;ao do seu marido poe111·1.1 a sua confianc;a e ele nao necessitara de s ~

llll Ecles. x x - 11.\ Provo XXXI - 10 - 12.

11 1

I

pojos. Ela the dara 0 bern e nao 0 mal, em todos osdias de sua vida."60

Impossivel algumas vezes reagir contra as situa

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dias de sua vida. 60

'TRABALHO E CULTURA

A vida, dizia Weber, e uma arte e a vida matri

monial e a parte mais delicada e dificil dessa arte.

de

ser

do

dos

em

voce

I I I :Ir

II'

A felicidade da mulher casada e de fato arte difjcilima. Reclama energia s que s6 se adquirem nos diasrisonhos e otimistas da mocidade. As grandes renun

cias da vida da esposa her6ica sao 0 resultado_pequenes nadas colhidos ao longo do caminho floridoda juventude.

Especialmente em nosso seculo de valoriza<;ao do

trabalho, nao bastaa

futura esposa 0 esfor<;o espiritual para a conquista de si mesma. Ela tern que

habilidosa, trabalhadora. Nao se trata de encarecer 0

trabalho como meio de tornar-se independente

marido.

E urn erro do feminismo. Mas do trabalho da

mulher forte. indispensavel a uma dona de casa

nossos dias. E nao falamos aqui da necessidade de

habilitar-se para ajudar 0 marido, na manuten<;ao d

familia. principalmente nos grandes centros.tampouco de preparar-se para substitui-lo quando f,

mister. Era de desejar-se que 0 campo de a<;ao d

mulher fosse apenas 0 lar. Mas os tempos mudara

6 Ecles. XXXV - 26.

1 2

<;5es sociais. E contudo muito importa nte que voceesteja convencida de que 0 seu noivo exige de vccelima excelente dona de casa.

*

* *

A democratiza<;ao atual do ensino secundarioaumentou as possibilidades de a mo<;a instruir-se.Cresceu tambem nesse ponto a exigencia masculina.

A inteligencia e maravilhoso dom divino. Urge

desenvolve-la pelo conhecimento da verda de. E grande

obriga<;ao da jovem aperfei<;oar seus conhecimentos,ampliar suas ideias. E nao apenas com fito mer a

Juente intelectual mas com vistasa

cultura.

o estudo das ciencias, 0 conhecimento das artes,Idturas meSIllO recreativas, numa palavra: tudo 0 que

aprender deve enriquecer a inteligencia, fortia vontade, purif icar cora<;ao.

Convens;a-se dessa verdade: cada nova ideia boan "hida e assimilada, representa um aumento de valor

t!o-':ua personalidade.

CORPO SAGRADO

Nao sabeis que vossos corpos sao templo do

,df l ) Santo?", diz S. Paulo.

() carpo do cristao participa da santidade que 0

11I Il i l l produz na alma.

1 3

Seu destine e ressuscitar glorificado para e t e r n i ~

C j d fidas alc06licas, banhos frios e outros exercicios nos

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zar-se no Ceu numa juventude sem fim.Longe de condenar 0 culto do corpo. a doutrina

cat6lica 0 inculca. S6 e condenavel 0 colocar-se 0 cor[-oacima da alma quando e certo que e do espirito que 0corpo tira a sua dignidade.

SAuDE

Sem saude e impossivel 0 born desempenho daso b r i g a ~ 6 e s de esp6sa e Mae.

De duas maneiras deve a jovem cuidar da saude

fisica: afastando tudo 0 que Ihe parece nocivo e b t s ~

cando os meios de conservar ou readqllirir a robustez.Ja nos referimos amplamente aos maleficios d

certas praticas muito boas para rapazes mas altament,nocivas as m ~ a s

Se condenamos 0 excesso recomendamos 0 usracional do esporte:

a s esportes moderados estao ao alcancetodas e trazem apreciaveis resultados.

A marcha a p e , 0 tenis, a n a t a ~ a o fortificamorganismo e ajudam a disp6-lo para as f u n ~ 6 e s sagdas e dificeis da maternidade. 61

Nao insistimos noutros meios praticos de consa ~ a u d e e avigorar 0 organismo. Teda moconhece. De passagem todavia lembramos a lII il

da absten<;;ao de certas extravagancias comovigilias prolongadas. excessQos na a l i m e n t a ~ 5 ) ,

61 Fe. Negromonte. op cit

104

dias do mes em que 0 corpo feminino exige cuidadosespeciais.

UMA RECEITA PRATICA

No dia em que minha avo paterna ,-ompletou,hil pouco, 100 anos, gozando de absoluta Iucidez de

cspirito, foi entrevistada peIos jornais.P e r g u n t a r a m ~ l h e pelo segredo da saudilvel l o n ~

iJevidade daquela centenilria que criara e amamentara

18 filhos. Ela respondeu, sorridente e energica:

Nunca me alimentei em excesso; nunca fiquei ociosa;1I11nCa me deitei tarde; nunca amanheci dormindo.

11I :LEZA FISICA

E preocupa<;ao envoIvente da mocinha, parecer

·Ia. Nao hil mal nessa tendencia, desde que se p r o ~

11 ' \ 1 ; \ racionalmente, cristamente.

A formosura da muIher diz a Biblia Sagrada.

' Irra 0 rosto do marido e produz neIe urn afeto

l' .... ior a todos os desejos do homem. 62

Sozinha nada vale a beleza. Unida ao pudor eI" llldade, e dote apreciaveI.

I\quele grande pregador que foi S. Bernardino

St'II;;} repreendia com veemencia as mulheres casadas

II ' n;io se ornavam para agradar aos maridos.

I J ~ c l c s . XXXVI, 24.

105

Muita uniao conjugal se arruina peto desleixo da

esposa para com sua pessoa Ora como cuidara dande se el1contrarem?

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esposa para com sua pessoa. Ora, como cuidara da

boa aparencia depois de casada, a jovem que em s o l ~

teira nao cuida de sua beleza?

Dai 0 direito que assiste a moc;a de t r j n d o ~ s e

modestamente, seguir com born gosto a moda de seutempo.

o maL como sempre, nao esta no usc, mas noabuso.

a NAMORADO

]a vimos exaustivamente 0 perigo do namoro.

Entretanto ele e necessa rio. 0 namora do, m ~

bora nao deva assim acontecer, e a preocupar;;ao c e n ~ tral da mor;;a.

i m i t e m o ~ n o s a ligeiras indicar;6esproceder nesse terreno perigosissimo.

MOfO pur

A medida que cresce nalguns meios, infelizmcnmuito restritos, a formac;ao integral dos adolescentVaG surgindo entre n6s os mor;;cs puros.

Sao os namorados ideais.

que amam. eles se consideram 0 seu cavalheiro. 0

defensor. Ditosa a jovem que ao longo do calliem busca do matrimonio s6 namora moc;os PUfU h

A moc;a virtuosa nao procura, nao aceita n o n ~

tros com 0 namorado em luga res escuros. E no claro,

a vista de todos, que ela conversa com rapazes. Os

moc;os honestos gostam dessa meclida de pruden cia.

R espeito e energia

A virgem pura deve ser timida. Receia qualqu ercontato menos honesto. Nem sempre Ihe sera possivenamorar somente moc;os pmos. Encontrara mesmoquem a procure com intenc;6es perversas.

Mas se voce repelir com energia a primeira t e n ~

1.Itiva a vit6ria e certa.

).-; il 1naos rapazes

A moc;a que tem um irmao compreensivo e amigol I ~ l J t l i urn born Anjo da Guarda.

Muito melhor que a jovem, 0 irmao m6c;;o conheceI·"pazes. Sabe por experiencia viva 0 que eles

11I I I i l , 0 que eles fazem, 0 que eles pensam da mo<;a.llIa e da seria.

A.s vezes e dificil comhinar com 0 irmao nesse\ \ II l l io de namoro. gle costuma ser demais zeloso

1.1 honra da irma. Por isso ela prefere afasta-Io1\ :.etor de sua vida.

1061 7

Voce, leitora. procure se apoiar na experienciade seu irmao. Com jeito e carinho conquiste a m i ~

d d l

o fato mesmo de uma jovem ter sido beijada umavez por outro, repele de muitos rapazes a ideia de

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zade dele.

Mesmo ele sendo muito mais novo que voce. na

qualiclade de rapaz, tem dessa materia conhecimentosque voce s6 podera adquirir depois de muito tempo decasada.

A jovem ajudada em seus amores pelo irmao ;

uma fortaleza invencivel.

VIRGEM CRISTA

Onde estiver uma Virgem, hil um templo d,;Deus."63

o sentido de virgindade na Iinguagem burgues:latual deve ser reformado. porque e falso. e d u z ~ s

a virgin dade ao plan-o materi al somente. :Este er1 aabre portas a muito desvario de conseqiiencias funest.,para as jovens modernas. :E dupla a virginclade:

A virgindade material, a virgindade espiritui11

A primeira pelo fato de ser materialsensivel.

Porem a virgindade espiritual e maisE mais fflcil de ser perdida. :E j6ia de fino quiJat,

que se mancha ao rnais ligeiro cantato de n

impuras.

o seu noivo futuro nao quer apenas 0 seuvirgem. £Ie quer tambem a virgindade de sua

63 S. Agostlnho. De Virgo

1 8

faze-la esp6sa.e m ~ v e n t u r d o s os puros porque verao a Deus,

diz 0 Divino Mestre.

A donzela crista deve sentir-se na sociedade atual

como 0 portador de grande tesouro em terra de salteadores.

Sua coroa branca s6 se mantem imaculada em meiopoeira do seculo se ela souber cobri-Ia com 0 veu

das virtudes. estribada na ideia grande do seu valorde virgem crista e alimentfl-Ia pela gra<;a divina, nas

Fontes dos Sacramentos que a Igreja oferece a seusfiIhos.

o espa<;o cia presente obra nao comporta urn t1 a-tado sobre os grandes meios de forma<;ao da virgemcrista.

A mo<;a desejosa de forma<;ao nao se contenta(om a leitura de um s6 livro. Voce conhece a Forma< ao

In onzela do P. Jose Baetman, e lvIinha Filha Entra

I {J Vida da autoria de Soares de Azevedo? Sao livrosprcciosos. Pode pedi-Ios na Livraria U. P. c. Av.

l'Cll1S0 Pena. Caixa Postal 552, Belo Horizonte,1111<1S.

1 9

Lancemos alguma luz nesse caminho escuro.

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ESCOLHER QUEM?

A escolha do marido e um plano de guerra. Quemerra esta perdido e sem remedio.

No rigor dos termos, a mo\;a nao escolhe: espera.aceita. a l a ~ s e entretanto de escolha, porquanto elatem que eleger urn dos pretendentes encontrados.

Os antigos romanos representavam Cupido, 0

deus do arnor, cego de ambas as vistas.Um poeta nosso exprimiu a cegueira do amor

nesses versinhos populares:

Quem ama julga que a vidaNeste mundo sempre duraJulga ser inquebrantavelA eoluna da ventura.Zomba do tempo e da morteDuvida da sepultura.

Faz da edatura amada,Um deus. urn sagrado tronaa florao da primavera,o esplendor do outono,Nao ere que exlsta a morte,Irma do pesado sono.

E assim mesmo a pessoa apaixonada. POl ' j, tl

antes de a p a i x o n a r ~ s ea mo\;a deve formar umracional e cristao sobre a escolha do noivo.

11

UM S6 CORACAO, UMA S6 ALMA

e z ~ s e dos primcims cristaos este dogio. ~ l e s

viviam unidos em Cristo uns para a felicidade dosoutros. nles tinham um s6 cora<;ao, uma s6 alma.

Uma jovem da A\;ao Cat6Jica colocou no seu o ~

vite de casamento esta expressao crista: Unidos emCristo.

Que os dois se amero, e a primeira condic;ao docasamento feliz, dessa uniao em Cristo.

Ja se disse que Matrimonio sem amor leva aoamor sem matrimonio, 0 que alias nao e arnor.

Somente cora\;oes e almas que se amam vivemfelizes no casamento.

No primeiro capitulo ja examinamos, a luz da

psicologia, a atrac;ao pessoal, a conc6rdia, pilares do<lmor.

Tambem ja vimos quem nao se deve escolher.Vejamos agora: quem escolher.

11M BOM AMIGO

Escclha para esp6so aquele que voce escolheria11;ll a sua amiga, se ele fosse mulher.

nste pensamento de J Joubert encerra 0 grande

I'wedo do matrimonio venturoso.0 amigo fieI e uma forte protec;ao: quem 0 e n ~

• lIJ1trou, achou um tesouro.

111

0 amigo fiel e urn balsamo de vida e de imortali dade e as que tern em 0 Senhor acharao urn tal

garantindo que ela sabia cozinhar, c0sturar, fazer

meia, bordaI'. Boa medida.

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amigo."64

Urn amigo e algwbn que pensa, e sente conosco;que nos ajuda a sermos melhores. a sermos maisfelizes.

E uma alma que vibra com a nossa em face dabeleza, diante da vida.

Antes de voce comprometer-se com urn m6<;;0,

examine se de fato ele e capaz de ser urn born amigo,de todas as horas, das horas doces e dos lancesamargos.

SADIO

"Urn pobre sao e cheio de for<;;as vale mais queurn rico Fraco e atormentado de doenc;as."

"Urn corpo robusto vale mais que imensos bens."h

A m6c;a casa-se para constituir familia. Dcvcuidar da sallde futura dos filhos. S6 deve, pois, [\ 1-'tar como esposo urn homem capaz de ser Pai de \1111

prole robusta e numerosa.

BOM PROFISSIONAL

Ha tempos sala uma lei na NOI'urr n (lhl lq,IIHI

moc;a que queria casar-se a "present';,,· 11111

64 Ecles. VI-11-16.65 EcJ<o". XXX I Jil HI.

Com maior 1'a·zao deve a m ~ exigir do seu pre

tendente um comprovante de que ele podera manter

dignameme 0 lar futuro.

Pe<;;a-se ao homem uma situa<;;ao definida, pelo

11enos a garantia suficiente de pOl' sua inteligencia,~ t atividade, sua coragem, ante os reveses da vida,adqllirir no momento oportunc, a situac;ao que tem 0

direito de ambicionar."66

Luis Pasteur Iecionava para custear os estudos.Depois de l1omeado assistente da Universidade, indo

visitar 0 Reitor cia Academia, apaixonou-se pOl' uma

filha dele.

Quando foi pedi-Ia em casamento declarou ao

futuro sogro:

"Meu pai e tanoeiro. Haveres nao tenho. Todaminha riqueza consiste numa boa saltde, num corac;aovalente e no meu Iugar na Universidade. Sou pro

fessor agregado de Ciencias Fisicas." Casaram-se.

B sabida a contribui<;;ao que aque a esp6sa trouxe

fll6ria de Pasteur.

Conc1uamos este paragrafo com as judiciosasralavras de

umgrande

amigo dosjovens: "Quando

.\ jovem esposa sabe poupar. tratar cia sua cozinha,filzer mil coisas por sua mao; quando 0 marido sabeIl'oIbalhar com inteligencia e esfor<;;o, atrair lealmente,

lPI' suas boas qualidades, concursos llteis e seguras

(I( l Raul Plus, A Gaminho o Mat7 im6nio.

3

promessas de coloca<;ao pr6xima e compensadora,pOl ' que nao hao de eles tentar a serte, ou melhor,

que nil o h de confiat serenamente no auxilio de

As primeiras e£us6es de urn cora<;ao intato qUE:

ele oferece a sua jovem esposa sao para esta 0 mais

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por que nil o hao de confiat serenamente no auxilio deDeus? Pruden cia, sim, mas alegre coIifianc;a."67

OS MELHORES MARIDOS

Urn acadernico de Medicina, r e f e r i n d o ~ s e a urnc01ega valentemente puro, fazia a seguinte reflexao:

Em nosso meio ja admiramos 0 jovem controlado, 0

~ que vai ao casamento completamente puro.Sao os melhores maridos."

Ou<;amos a proposito Edith Camot: Nao sera

de desejar que 0 jovem ao qual vai uma noiva entregar

o cora<;ao. ao qual ela se confia. para a vida inteira.seja capaz de d e d i c r ~ l h e urn amor digno do que lhevern ao encontro?

Ora, quem sera mais apto para tanto? Sera

aquele que, por ter "percorrido as mulheres" julgaconhecer a mulher quando seu egoismo gozador 0 deixana ignofEl cia quase total do cora<;ao feminino. ou ser[\aquele que teve por hilbito respeitar a rnulher e res-peitar 0 arnor?

Para 0 jovem pura , a mulher nao mero lnstl'u

mento de gozo, mas sua companheira e sua iguaI.Tern para com ela toda sorte de aten<;6es.

Sabe que 0 amor e urn dom mlltuo em que c;ldqual se consagra a felicidade do outro.

67 Raul Plus. O. C ..

4

ele oferece a sua jovem esposa sao para esta 0 maisbelo testemunho de amor.

Desejais, por certo, encontrar no vosso esposo asmais belas qualidades morais

Pois bern A cast idade , guardia do amor, etambem 0 mais poderoso meio de aperfei<;oamentopessoal."68

BOM CATOLICO

A mo<;a cat6lica deve aspirar a urn marido Queparticipe com ela as mesmas ideias sobre a santidade

do matrimonio. a sacralidade do amor. a educa<;aodos filhos. etc. etc.

Ora. se voce e cat6lica. quem melhor que 0 jovemcat6lico podera convir com voce em pontos tao essen-dais a felicidade conjugal?

liM NOIVO IDEAL

Ha multo voce esculpiu na sua fantasia 0 retrato

do seu noivo ideal. t mais ou menos 0 tipo daquelejovem que conheceu nurn momento de enleva, na

vida real, no teatro. ou no cinema.Urn belo dia the aparece outro diverso dele. r i ~

vado talvez dos predicados do jovem com quem vocesonhava.

68 Edith Carnot e Dr. Carnot. Bervivo do m o r -

Edigao Feminina.

5

Sem saber como nem por que, voce come<;a a s e n ~

tir-se pres a por ele.Em meio as provac;6es, s e l t i a m ~ s e plena mente

venturosos. 0 amor humano santificado pela caridade

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A seu lado Ihe parece que se todos os jovens cio

mundo morrerem nao the fariam falta. Perto delevoce experimenta algo de misterioso.

Procure saber se realmente ele possui as q u l ~

dades que voce lhe atribui. Se prudentemente acha

que passui, prossiga. E 0 seu noivo ideal. Sera felizcom ele.

ONDE1

o jovem Ozanam acabava de < : o n v e n c e r ~ g e de

sua voca<;ao ao matrimonio. A vida idealista. her6ica e

pura que levara da adolescencia a juventude 0 d i s p u ~

sera plenamente para a feHcidade conjugal.

Gnde encontraria uma jovem capaz de c o m ~

preende-Io?

Uma tarde 0 grande jovem foi a casa de urn p r o ~

ressor amigo, que p05suia urn Who inval ido, A en cr

meira do pobre rapa·z era uma filha do professor.

o quarto do doente ficava ao lade da sal

Ozanam observou enlevado a bOl1dade angelicaPI

que a jovem servia 0 pobre irmao.

Numa segunda visita, r e p e t i u ~ s e a mesma

Frederico Ozanam a m o u ~ aCasaram-se.

ram urn para 0 outro. ambos para os filhos.pobres, para a bumanidade, para Deus.

lhes dava a fortaleza suficiente a sublimac;ao de tadas

as dores.

Nao e geralmente no ambiente artificial das festas

mundanas que se trava 0 conhecimento necessario ao

desabrochar de urn verdadeiro amor.o Padre Negromonte escreveu com aquela m e s ~

tria que s6 ele possui: "S6 na familia pode urn c n ~

didato ser devidamente observado. Meio natural, c o n ~

tinuo. pr6prio, obriga a pessoa a m o s t r r ~ g e como v e r ~

dadeiramente e expondo suas ideias, revelando seus

sentimentos, vivendo suas tendencias.

E inutil fingir: todos 0 conhecem, a s s i s t i r a m ~ l h e ao

desenvolvimento, c o m p n h r m ~ l h e a formac;ao, o u v i ~

r m ~ l h e dezenas, centenas de vezes, os projetos, as

ambic;6es, os ideais.

Uma atitude afivelada nada the adianta, antes lheatrai 0 ridiculo, porque ninguem conserva nas c o n ~

dic;6es normais e diuturnas do lar maneiras ou ideiasde emprestimo.

Ficando a vontade. v o l t a ~ s e instintivamente ao

natural. 0 espirito se cansa das posic;5es fOr<;adas,

tao rapidamente como 0 corpo.As m a n i f e s t a ~ 5 e s de temperamento e de carater

nao tern as conveniencias das salas de Festa nem osinteresses do escrit6rio.

A m c;a ou 0 rapaz m o s t r r ~ s e o entre irmaos.tais como sao: autoritario e desr otico, ou c o m o d ~

6 7

tido e compIacente, exigente e implicante, ou tolerante

e conformado, razoavd e compreensivo ou injusto e

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desarrazoado, confiante e largo, ou ciumento e m e s ~

qUinho, egoista ou generoso, franco ou reticente,perdulario ou avarento, impetuoso ou moderado. t r ~

balhador ou preguic;;oso, etc.

No lar ha muito pouco lugar para esconderijosmorais. Ali todos estao marcados com a devida t ~

queta. Se 0 m6;o egoista e preguic;;oso m o s t r ~ s e

desinteressado e trabalhador ante a moc;;a de sua

escolha. as irmas logo chacoteiam: "Gente Que

milagre foi ester ' As mascaras nao resistem.

E na vida de familiase

ante

que

mais

que os candidatos devemser observados. Como vivem com os seus. comoadaptam ao ambiente domestico. como reagemos inevitaveis atritos de uma con.v.ivencia diuturna.

como tratam os pais. irmaos, e parentes. Nao pode

haver ilusao. Assim se portarao eles no lar

fundarem.

S6 na vida de familia somos naturais: ai devemosser estudados pelos que nos quiserem como realmentesomos. Os pretendentes que nao fizerem esta expe·

riencia farao outra muito mais difkil e muitoperigosa."69

69 Pe. A. Negromonte, op cit

U8

NOIVADO

E pois tempo de vermos de perto a preparar;;ao

pr6xima do casamento.Imaginemos que voce tern h a a l g u m tempo urn

namorado firme".Encontraram.se muitas vezes. Voce comec;;a a e s ~

cobrir nele as qualidades basicas para uma uniao

feliz.Querem casar·se. Nao ha, porem, ainda uma

certeza sabre tais qualidades, sobre a concorMll1cia

entre voces dois.Casar na duvida seria urn jogo arriscado. Nao

se pode fazer duvidando urn compromisso que s6 a

morte desfaz.Dai a necessidade do noivado. Tempo de serie·

dade. de observac;;ao, tempo de orac;;ao.O s futuros esposos apresentem.se ao matrimonio

bern dispostos e bern preparados a fim de que possammutuamente confortar.se nas alegrias e triste,zas cia

vida e mais fcki mente conseguir a ':illvac;;an eterna. 70

A.s moc;;as rezam para achar urn noivo. Todas as

noivas devem rezar a fim de saber se 0 noivo e n o n ~

trado e realmente 0 SEU noivo ideal.

70 Pio XI.

9

PERIGOS DO NOIVADON a enfermaria feminina, duas pessoas velam: a

irma enfermeira e uma jovem mae, internada na tarde

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Tudo 0 que atras dissemos s6bre as ciladas do

namoro se aplica tambem ao noivado. Este nao muda

a natureza do homem.

Pelo contrario, cresce para amo<;a 0

perigo.A roupagem do noivado tern servido de mortalha

a muita m6<;a inexperiente.

Assombrosa percentagem das mulheres decaidas

foram vitimas dos noivos.

Se quiserem ver os documentos vejam os o m u n i ~

cados oficiais da policia do Rio s6bre os crimes sexuais.

o que tenho em maos e de 1935 e da urn total de

654 crimes. Pois bern; desses criminosos III eram

noivos e 422 namorados. Viram? N em podia ser deoutra maneira. Dificilmente urn estranho ou e s o ~

nhecido teria oportunidade para urn crime desta

natureza. 7 )

Nestes pecados do noivado tiveram muitas vezesorigem certas rupturas estranhas entre casais das

classes elevadas. 0 mau noivado preparou muitocasamento infeliz, muito aduIterio, muita desgra<;a,muita lagrima tardia.

Argumentemos com a voz concreta dos fatos.

0 velho rel6gio da enfermaria feminina soavaduas horas da madrugada. Silenc io em tudo. Nilrua, nas casas, no hospital.

71 Pe. A. Negromonte, op cit

120

anterior.A doente sofre, medita. Rele as paginas de fogo

de urn livro sombrio, come<;ado numa tarde venturosa

de mar<;o e que vai terminar sinistramente em breve.

Pensa na maldade humana, na ingratidao dealguem que ela amou e agora odeia com toda aveemencia colerica de urn grande am or desprezado,

Pensa na inocente criancinha que a tarde ela beijou avez primeira e que nunca mais ha de ver.

Calcinada pela febre sua imagina<;ao valve ao

passado: Os dias venturosos da infancia distante; avida colegial; os primeiros sonhos de amor da o l e s ~

cencia, 0 seu primeiro amor, aquele mocinho de 15

anos, ingenuo, e puro; as festas de familia, as ferias;a mocidade faustosa, os bailes no clube, 0 verao na

praia; 0 primeiro encontro com ele.

Eram paginas candentes que a enferma sorvia d E i ~

rantemente.

1He Como the amargava hoje aquele nome t o

doce outrora: Paulino

Ah, se ao menos ela pudesse varrer da memoriaaquele homem, aquele amor, aguele drama, aquele 6dio

A primeira vez que sairam os dois sozinhos, na

tarde radiante do noivado, nao Ihe prometera Paulino

tilIlta felicidade?

S6 the restava agora a dor A dor sem nome, fatal,IIprema, assassina Cinco anos de incertezas, de fd

h' a fli<;6es.

121

E agora?

Urn gemido pungente chamou a aten<;au da Reli

C a l o u ~ s e a enferma. A Irma' corre ao telefone.Dez minutos depois. chega 0 Padre Capelao.

Sabre a cama vinte ele encontrou urn cadaver de

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giosa para a cama viIite.

Que e, minha blha?

Irma. sofro. mfro. mais do cora<;ao que do

corpo. Preciso falar. quero escrever uma carta. Irma,por caridade. escreva!

e ~

papai cada

ignora.anos.

if! tereiestara

cemiquart

d

Sim, diz a Irma: Vai a secretaria e voli:a como papeL

0 endere<;o. Nao, Irma!

E ditou:

Minha mae! Mamae! L e m b r a ~ e ainda do dia

do noivado de sua filha mais nova. a Celina?corda-se das discuss6es que tivemos com 0

vez que eu queria sair sQzinha com 0 Paulino?

o resto a senhora sabe. Mas 0 queMamae. e 0 que eu tenho padecido nestes cinco

Ah, mama-e. quantas amarguras! A senhora di:daque me queria ver feliz! Por que nao me matou quando

eu era pequena?

Quando esta carta the chegar as maos eumarrido. Meu corpo sem carne e sem vida.esquecido numa sepultura do terceiro plano doterio. Mas tudo nao estarii. terminado. 0fruto daquele amor infeliz, 0 unico que 0 pai m<J.lcl:t

permitiu nascer vivo, porque ele iii. andava longeviagem de nUpcias. me havia detinitiv amente ab<lo

dona do : al fica. Fica para lembrar senho·raCrime, a minha desgra<;a ou

22

Sabre a cama vinte. ele encontrou urn cadaver de

mulher em cujos restos macilentos brilhava a d e r r a ~

deira lii.grima.Romantismo? Novela?

Nao! Fatos da vida real.

ASSUNTOS DE PALESTRA ENTRE NOIVOS

"Ha entre nos absoluta incompatibilidade de

genio."E a freqi.iente desculpa dos casais que nao se

toleram. Se hi! de fato tal incompatibilidade de geniodepois do casamento, iii. existia anles. Por que nao

foi descoberti:! a tempo de se obstar a catii.strof::?Noivado mal feito.

Por que nao se discutirem nas longa8 conversa

<;6es de noivado uma multidao de assuntes dos quaisdepende mais tarde a boa convivencia?

iversoes

E preciso que pelt) menos nalguns pontos possam

chegar a um acardo nessa materia. r a t a n d o ~ s e depessoas cultas. cleve haver l ; m m:nimo de semelhaDl;anos gostos artisticos. D:::- contrario, pragramas cle

rildio, filmes. teatros. e Ieituras tudo isto escolhido..ob criterios opestos em breve desfarao a harmonia

conjugal.

23

lergiasAMOR E SACRIFtCIO

Sem sacrificio nao ha amor 0 noivado tern pOl

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:E:sse neologismo substitui 0 velho termo i d i o s s i n ~

crasia. E com a vanta gem de p o p u l r i z r ~ s ePassou

da Medicina Psicologia: tenho alergia pOl isto, tenho

alergia pOl aquilo, sao express6es corriqueiras dalinguagem burguesa.

POl que nao se falar durante 0 noivado em r e p u g ~

nancias naturais ou adquiridas capazes de originalm l ~ e n t e n d i d o s no casamento?

CHOQUES TEMPERAMENTAIS

M uitos termos psicol6gicos passaram quase s e m ~

pre deturpados linguagem vulgar.

Ha mac;;as que se blasonam de serem t e m p e r ~

mentais.

Ser temperamental equivale a nao tel carater

pois 0 carater resuIta do triunfo da razao e da vontade

sabre 0 temperamento.

De fato 0 temperamento mal disciplinado o c ~

siona atritos.

Entre casados sao preludios sombrios de

disc6rdia.

Entre noivos, podem ser excelente indicio de queos dois nao nasceram urn para 0 outre.

24

Sem sacrificio nao ha amor. 0 noivado tern pOlfim provar a existencia do amor entre duas vidas que

pretendem unir-se.Exige portanto uma sequencia de renuncias que

simultaneamente sao sinal de amor e meios de p u r i ~

ficac,;ao do amor.A principal fonte de sacrificio dos noivos deve

ser 0 o n s e r v r e m ~ s e nos limites da moral crista

durante esses meses que decidirao talvez de sua l i ~

cidade ou de sua desgrac,;a.Nao sera facil para a moc;;a deter as investidas

sensuais do noivo.

Ela tern que r m r ~ s e de coragem e mesmo de

heroismo para o n s e r v r ~ s e pura.

s motivos fortes que Ihe assistem para d e f e n ~

d e r ~ s e devem ser tambem assunto embora rapido mascateg6rico das repetidas palestras do noivado.

Procure convencer 0 sell noivo que voces estao se

preparando para um ate sa grado 0 sacramento; devemr e s p e i t r ~ s e mutuamente antes de contrail urn o m ~

promisso tao serio.

Ambos terao que procurar na freqtiencia dos

sacramentos a fonte necessaria ao sacrificio de urnnoivado puro.

Felizes os noivos que sabem buscar no c o n f e s ~

sionario e na uniao com Cristo, pela comunhao e na

devoc;;ao a Maria a santificac;;ao do am or humano.

25

DllRA<;AO DO NOIV ADO NOIVOS E ESPOSOS

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Ha muito casal arrependido de noivados a jato.

Nao seja 0 noivado nem longo demais, por exemplo, de mais de urn ano, nem muito rapido.

o noivado longo traz 0 perigo de urn conhecimento excessivo dos corpos com prejuizo para aalma, para 0 amor.

No brevissimo. ha 0 risco de nao se conhecercmbastante antes de se amarrarem.

ROMPER OU CONTINUAR

Um jovem serie· comunicando 0 seu noivado me

escrevia ha dias:

Estou me preparando serenamente. Temo nao de

certo, neg6cio tao import ante. 0 noivado vai pro

longar-se por alguns meses. Se durante esse tempo eume convencer que nao vai dar certo, romperei 0 compromisso."

E difkil executar semelhante atitude.

Certas conveniencias sociais: 0 nome, a pOSiGaode familia, sao outros tantos empecilhos ao rompimentode um noivado.

Por isto, muita pruden cia c:ntes de noivar.

Entretanto e mil vezes preferivel desmanchar

a tempo 0 casamento a pretender desfaze-Io depoicom uma separa<;ao que nada conserta.

E 0 titulo do maior livro que ja se p1 1blicou 110

Brasil s6bre casamento.

Antes de voce ficar noiva, leia esta grande ohra

da maior autoridade neste dominio, 0 p.e A. Negromonte.

Durante 0 noivado n o s primeiros anos de sua

vida de casada, aquele deve ser 0 seu ivro de cabeceirZl.

Fa<;a com que seu noivo e depois seu esp6sotambem 0 leia, medite e ponha em pratica.

Noivos e Esposos atualmente ja esta na quinta

edi<;ao e seencontra na Edit6ra

Jose Olympio.Naquelas paginas vibrantes, claras e profundas,

voce e 0 seu noivo descobrirao horizontes novos e imprevistos, em materia de amor, casamento e familia.

Orientada por este guia experiente e sabio, voce

ha de aproximar-se do grande dia do casamento com

certeza de que vai ao encontro dos sonnos que voce

sonhou por tantos anos.

Sera esp6sa para ser mae.

o amor humane transfigurado pela gra<;a partj··

cipa da eternidade, do am or divino.

Voce. seu noivo, voces do is e Deus amado por

voces, Deus procurado atraves dos la<;os frageis da

2726

carne, unida pelo sacramento e santificada pela g r ~

eis 0 grande misterio do matrimonio cristao.

Duas carnes, numa s6 carne, duas almas, num" INDICE GERAL

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, , ,s6 alma, a voarem nas asas do amor humano embusca daquelas nupcias eternas onde todos n6s seremosuma s6 criatura com Cristo e por Cristo.

INDICE GERAL

PAG.

OMO PR.EFACIO . VJOVEM LEITORA: .. VIII

I M S O N H O S D E MO<;A .AMOR .

1

3EU TE AMO , . 3QU E E 0 AMOR? .TRE.S AMORES: ..v o c e s SE AMAM?

11

10

T R I U N F O S D O M O R .. 13

AMOR SUBLIMADO . 13

Sponsa Christi . 11

Virgem no seculo . 15Como? , . 16

AMOR REALIZADO . 17

Sonhos de Alzira , . 18

R E L I G I O E AM O R .. 23

AMOR E MATRIMoNIO . 23A SANTA IGREJA E 0 AMOR CONJU-

GAL . 25

Estado de Perlei980 . 25Grande e este Misterio - . - . 26

A Missa Nupcial , . 27Benl;ao do leito nupcial . 28

Benl;ao ' 29artopos0

.F R C S S O D O A M O R 31

T ~ T APERREADA 31

IMPERIA E D. JOAO 32

MAL CASADAS 35

M P R E P A R A A 0 38ORGULHOSAS . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . 39

128

PAG.

EGOlSTAS E AMBICIOSAS 40FANTASISTAS 41REVOLTADAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

PAG.

MAIS NOVO OU MAIS VELHO? 85PA R E N T E ? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . l}7

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REVOLTADAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

A FR O C U R A D E U M N 0 I V 0 46

Sf-Dr;: DE Ar:RJI D I\R 46RECLAMOS MODERNOS 47CORPOS SEM ALMA 48BAILARINAS 50MERCADORIA DE VITRINA 53o FLERTE 54SER B E L A 55

o P A S S A R O N 0 A L < A P A 0 57

PSICOLOGIA DOS SEXOS 58lnstinto Sexual 59

MODERNISMO E AMERICANISMO .. , 61

MAS EU GOSTO Df:.LE 63E 0 BEIJO? 64lIL TIMO AMOR DE CASTRO ALVES .. 66ENG1\NOS FATAIS 67

Sair, ,,:S, com ele 67CQprichos masculinos 68Caminho crrado e escorregE dio 68

NO CINEMA 69SED;JTORES PROFISSIONAIS 72A MO<;;:A POBRE 72ATRAS DA CORTINA 74

MA E S C O L H A . 77

NOIVADO A JATO 77UM NOIVO BONITO 79o NOTVO RICO 79

DOENTE 80CORROMPIDO . .. .. .. . . . . . . .. .. . . . . . . 82CASAR COM VllIVO 83

Fiuvo sem filhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . 83Fiuvo com fillla m ~ 1\1Fiuvo com lilhos pequenos 83Viuvo com [ilhos rapazes l\1

AMIGO DE INFANCIA? 8 1

CAS AM E N T O E R E L I G I A 0 89

marido ateu 90lndiferente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90Hcrege 91

D2SIGUAIS EM CULTURA E I N T L I ~

GENCIA 92

INTERVENC:I\O DOS P A I S 94

P R E PAR A R - S E D E L O N G E 97

UM DOTE PARA 0 NOIVO 98SER LIVRE 99UM CONSELHO DE S. PAULO 100TRABALHO E CULTURA 102UM CORPO SAGRADO 103SAuDE 104UMA RECEITA PRATICA 105BELEZA FlSICA : 105

o NAMORADO 106M ~ o pure 106Onde se encontrtlcem? • 107Respeito e energia 1070 ; irmaos rapazes 107

VIRGEM CRISTA 108

E S C O L H E R Q U E M ? 110

UM So CORA<;;:AO. UMA S 6 ALMA .. 111

UM DOM AMIGO 111

SADIO 112COM PROFISSIONAL 112

OS MELHORES MARIDOS 114BOM CATOLICO 115

UM NOIVO IDEAL 115

ONDE? ,. 116

N O I V ADO 119

PERIGOS DO NOIVADO 120ASSUNTOS DE PALESTRA ENTRE

NOIVOS 123

DiversoesAlergias

C OQ S A S

PAG.

2324

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CHOQUES TEMPERAMENT AISAMOR E SACRIFICIO

DO NOIV ADO

. 24

. 25

DURA :J..O , . 26

ROMPER OU CONTINUAR . . . . 26

NOIVOS E ESPOSOS . 27

~ e L]VRO FO] CON J ~ E ] O N ADO NAS

Ol'ICINAS

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OS SANTOS QUE ABALARAM

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8/19/2019 À Espera Do Noivo - Pe. Casemiro Campos

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o MUNDO

RENE F i . i L C P ~ M I L L E R

T r a d u ~ i i o de Oscar Mendes)'.

A historia de cinco santos que, em suai m i t a ~ a o de Cristo, procuraram reproduziro perfei to ideal de humanidade :

1 - S. Antao, 0 Santo da Renune ia ;2 - S. Ag'ostInho, 0 Santo do Intelecto;3 - S. Fra.ncisco.. 0 Santo do ArnoI';

4 - S. Inacio, 0 Santo do Poder da

Vontade;5 - S. Teresa. a Santa do Extase.

*. E M I L I O MIRA y LOPEZ

QUATRO GIGANTES DA ALMA

o Medo

o mor

ra

o Dever

(6 edi<;ao

Um estudo das for<;as pelas quais

homem age.

*Edi<;6es da

LIVIV'IRIII JOSE OLYMPIO E " r r O I I I \