a expansão do cavalo crioulo

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A expansão do Cavalo Crioulo The expansion of the Crioulo horse Por/ Text Roberto Arruda de Souza Lima 44_Animal Business-Brasil

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A expansão do Cavalo CriouloThe expansion of the Crioulo horsePor/Text Roberto Arruda de Souza Lima

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Sumário2�&DYDOR�&ULRXOR��KLVWRULFDPHQWH��IRL�LPSRUWDQWH�SDUD�América do Sul, em especial para o Brasil e sua rele-YkQFLD�WHP�DXPHQWDGR�QRV�~OWLPRV�DQRV��FRP�IRUWH�expansão da quantidade e qualidade do plantel. Nes-te artigo, iniciando com um breve resgate de sua his-WyULD��VmR�DSUHVHQWDGDV�DOJXPDV�HVWDWtVWLFDV�H�IDWRV�que demonstram sua importância, não apenas para R�%UDVLO��PDV�XOWUDSDVVDQGR�DV�IURQWHLUDV�GR�SDtV�

SummaryHistorically the Crioulo horse was important for South America, especially for Brazil and its relevance has been increasing during the last years, with strong expansion in quantity and quality of the herd. In this article, starting with a brief rescue of its history, a few statistics and facts which show its importance, not only for Brazil but surpassing the country’s borders will be presented.

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Nos países de colonização espanhola, a introdu-ção do cavalo ocorreu principalmente pela sua IXQomR�FRPR�DUPD�GH�JXHUUD��-i�HP�VXD�VHJXQGD�YLDJHP�j�$PpULFD��HP�������&ULVWyYmR�&RORPER�trouxe alguns exemplares para a Ilha de São Do-mingo. Cortez, em 1519, utilizou cavalos trazidos da Europa nas suas expedições pelo México. Na América do Sul, a introdução do cavalo ocorreu em 1532, quando Pizarro utilizou cavalos na sua LQFXUVmR�QR�3HUX��1R�PHVPR�DQR��R�FDYDOR�IRL�WUD-]LGR�SDUD�&RO{PELD��'RLV�DQRV�PDLV�WDUGH��3HGUR�de Mendoza introduziu 100 cavalos na Argentina. Em 1535, Diogo de Almagro, no Chile e Ojeda, na Venezuela, trouxeram mais cavalos para o conti-nente americano. Cabeça de Vaca (D. Alvar Nuñes Cabeza de Vaca) em 1541 levou uma tropa de ca-YDORV�SDUD�DV�FRO{QLDV�HVSDQKRODV��DWUDYHVVDQGR�R� WHUULWyULR� EUDVLOHLUR� �3DUDQi� H� 6DQWD� &DWDULQD���Juntamente com os animais trazidos por Mendo-za para Argentina, parte desses animais contri-buiu para o inicio da tropa no sul do Brasil. 2EVHUYD�VH�� SHOR� H[SRVWR� QR� SDUiJUDIR� DQWHULRU��TXH�ÀVLFDPHQWH��R�FDYDOR�FKHJRX�DR�H[WUHPR�VXO�do Brasil ainda no século XVI, originário dos pa-tVHV� YL]LQKRV��0DV�� FRP� LPSRUWkQFLD� HFRQ{PLFD�distinta dos demais países (sua introdução não

IRL�SDUD�XVR�PLOLWDU���Vy�VH�GHVWDFDQGR�PDLV�WDUGH��na segunda metade do século XVIII, com a indús-tria do charque (carne-seca), na região entre o Rio Pelotas e São Gonçalo. A partir de então, rapida-mente, a criação de cavalos no Rio Grande do Sul JDQKRX�LPSRUWkQFLD��WUDQVIRUPDQGR�VH�HP�IRUQH-cedor de equídeos para as demais regiões. Prado Jr (1962) estima que, no início do século XIX, as exportações anuais do Rio Grande do Sul, para as demais regiões, eram de 4 a 5 mil cavalos. A importância do cavalo no Rio Grande do Sul (e VXD� FRQWULEXLomR� SDUD� IRUPDomR� HFRQ{PLFD� GR�Brasil) surgiu de sua utilização com o gado bovi-no. Foi o comércio de gado (incluindo o de cava-los) que contribuiu para ligar as regiões entre si, PDQWHQGR�R�SDtV� QXP�EORFR� FRHVR�� FRQIRUPH� Mi�assinalava Simonsen (1969).Neste contexto, associado ao gado e com laços com os países vizinhos, que surgiu o Cavalo Criou-lo no Brasil. A padronização da raça iniciou-se em 1931, com alguns criadores no Rio Grande do Sul, um ano antes da criação da Associação de Criadores desta raça. O vínculo com os países YL]LQKRV� SHUPDQHFHX�� WDQWR� TXH� HP� ������ IRL�IXQGDGD�D�),&&&�²�)HGHUDomR�,QWHUDPHULFDQD�GH�Criadores de Cavalos Crioulos, congregando as

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associações de crioulistas do Brasil, Argentina, 8UXJXDL�H�&KLOH��-i�QR�DQR�VHJXLQWH�IRL�UHDOL]DGD�a primeira Exposição Internacional de Equinos Crioulos (Coelho, s/d).Enquanto os países vizinhos apresentaram gran-GH�HYROXomR�HP�RXWUDV�UDoDV�²�IDWR�LOXVWUDGR�SHOD�incomparável qualidade do cavalo de polo argen-tino – o Cavalo Crioulo desenvolveu-se mais no Brasil, atingindo qualidade superior à encontrada QRV�GHPDLV�SDtVHV��$SHVDU�GDV�GLIHUHQoDV�HQWUH�

os países, não apenas em qualidade, mas tam-bém na quantidade (o plantel de cavalos crioulos na Argentina é de 14.000 animais, cerca de 30 vezes menor que o brasileiro), as transações in-ternacionais têm apresentado evolução positiva.O comércio entre o Brasil e o resto do mundo apresentou, neste século, elevada taxa de cresci-mento, tanto nas exportações quanto nas impor-tações, exceto em 2010 (mas com recuperação já HP��������FRQIRUPH�PRVWUD�D�)LJXUD���

Figura 1 – Brasil: Exportações e importações de Cavalos Criou-los, 1990 a 2011.Nota: Corrente de comércio re-presenta a soma das exporta-ções com as importações.Fonte: ABCCC (2012)

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Este maior relacionamento internacional pode ser observado, não apenas no comércio internacional, mas também na realização de eventos. No calen-GiULR�RÀ�FLDO�GD�$%&&&� �$VVRFLDomR�%UDVLOHLUD�GRV�Criadores de Cavalos Crioulos) de provas realiza-GDV�HP�������TXH�DSUHVHQWRX����HYHQWRV�IRUD�GR�Brasil, como Buenos Aires, Pellegrini e Montevidéu. $LQGD� FRP� UHIHUrQFLD� j� LQWHUQDFLRQDOL]DomR� GD�criação brasileira, merece destaque a recente in-FLDWLYD�GH�IRFDU�WDPEpP�R�PHUFDGR�HXURSHX��HP�especial a Alemanha, país que já possui cerca de mil cavalos crioulos. Para introdução do cavalo brasileiro na Europa houve, neste ano, importan-WH� GLYXOJDomR� QR� WUDGLFLRQDO� IHVWLYDO� GH� $DFKHQ�

(Alemanha), com material de divulgação em es-WDQGHV� H� GHVÀ�OHV� HP� WRGRV� RV� GLDV� GR� IHVWLYDO�mostrando a raça ao público europeu.A internacionalização ocorre não apenas com as exportações e importações, inclusive as temporá-rias, mas também na prestação de serviços e ati-vidades relacionadas com a raça. Exemplo disso, técnico da ABCCC participou na equipe julgadora da Exposição de Palermo (Argentina), organizada pela associação argentina da raça, assim como a apresentação de trabalhos acadêmicos sobre o Cavalo Crioulo, em eventos internacionais.A expansão da raça também ocorre internamen-te, nas diversas regiões brasileiras. Nos últimos

Figura 2 – Brasil: Evolução dos re-gistros na ABCCC, 1990 a 2011.Fonte: ABCCC (2012)

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Figura 3 – Evolução dos leilões de Cavalos Crioulos, de 1998 a 2011.Fonte: DBO (2012)

dez anos, Brasília já se consolidou como um im-SRUWDQWH� Q~FOHR� FULDWyULR�� LOXVWUDQGR� D� SUHVHQoD�na Região Centro-Oeste. O Nordeste também tem sido bem receptivo aos animais, com o Cavalo Crioulo também participando da vaquejada, mo-GDOLGDGH� GH� JUDQGH� LPSRUWkQFLD� HFRQ{PLFD� QR�equibusiness, com inúmeros e concorridos even-tos nos diversos estados brasileiros. 2V�Q~PHURV�GR�VHUYLoR�GH�UHJLVWUR�JHQHDOyJLFR�GD�$%&&&�FRQÀ�UPDP�R�IRUWH�FUHVFLPHQWR�GD�FULDomR�QRV�~OWLPRV�DQRV��FRQIRUPH�SRGH�VHU�REVHUYDGR�na Figura 2.2V�OHLO}HV�WrP�VLGR�XPD�LPSRUWDQWH�IHUUDPHQWD�GH�comercialização da raça, apresentando rendas e

lotes em quantidades crescentes (Figura 3). Em ������IRUDP�UHDOL]DGRV�����OHLO}HV��GH�DFRUGR�FRP�D�SXEOLFDomR�'%2���1R�WRWDO��������ORWHV�IRUDP�DU�UHPDWDGRV� FRP�DUUHFDGDomR�GH�5���������������2�YDORU�PpGLR�GRV�ORWHV�IRL�GH�5�������������

Pelo exposto, observa-se que a criação do Cavalo Crioulo tem apresentado importante evolução nos últimos anos. Atualmente, esta raça já é uma das três principais criadas no Brasil. Estima-se que a PRYLPHQWDomR� À�QDQFHLUD� UHSUHVHQWDGD� SHOR� &D�YDOR�&ULRXOR�DWLQJH�R�VLJQLÀ�FDWLYR�PRQWDQWH�GH�5��1,28 bilhões / ano no Brasil, gerando um total de 238 mil postos de trabalho.

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