addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

56

Upload: isabela-correia

Post on 16-Mar-2016

213 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

 

TRANSCRIPT

Page 1: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington
Page 2: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

O grupo Friends Addicted to Books (F.A.B.) escolheu esta obra para traduzir, por não haver previsão de lançamento no Brasil.

Somos um grupo de amigas virtuais, unidas pela mesma paixão:

Livros. Sendo assim, a disponibilização de nossas traduções é ausente de

qualquer obtenção de lucro, direta ou indiretamente. Nossos objetivos são

estimular a foram publicados em português.

Após sua leitura, considere a possibilidade de adquirir a versão

original, pois assim, você estará incentivando os autores e a publicação de

novas obras.

Tradutora: Bonnie

Revisão Inicial: Taci

Revisão Final: Suhan

Leitura Final: Bruh

Formatação: Bonnie

Relentlessly Reckless (Addicted To You, #6)

Lucy Covington

Page 3: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Sinopse

Lindsay Cramer, como uma boa menina, mantêm sua vida completamente em ordem, e ela têm todos os seus objetivos listados para verificação - obter bolsa de estudos para Ivy League University, acabar a graduação, e passar para a escola de medicina. Ela trabalhou duro para chegar onde está, e ela está determinada a não deixar nada - nem ninguém - entrar em seu caminho.

Até que ela conhece Justin Brown. JB é lindo e do tipo de cara que é completamente errado para Lindsay - o tipo de cara que é completamente errado para qualquer uma. Ele bebe, luta e possui um passado secreto que Lindsay não tem certeza se quer conhecer.

Mas, quando os dois estão juntos, Lindsay não pode deixar de perder-se nele. É a maneira que olhos dele ardem quando olha para ela. A forma como o seu sorriso a deixa tonta. A maneira como suas mãos tocam seu corpo.

Rapidamente, Lindsay e Justin estão completamente viciados um no outro. Mas quando o seu jogo perigoso culmina com Lindsay tendo que fazer uma escolha chocante, ela vai ser capaz de manter JB em sua vida? E, se assim for, ela vai perder tudo que conquistou no processo?

Relentlessly Reckless é o sexto episódio da série Addicted To You.

Page 4: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Lindsay

Era assim que

se sentia com um coração partido?

Fazia duas semanas que eu tinha falado com Justin, e elas pareciam as duas semanas mais difíceis da minha vida. Sabia que a minha reação ao estar longe dele era ridícula e imatura. Eu nem conhecia Justin há tanto tempo, e no geral, duas semanas não era nada.

Mas este sentimento dentro de mim era apenas... Horrível.

Não conseguia parar de pensar nele. Meu coração disparava toda vez que o imaginei perto de mim, me segurando, com as mãos no meu corpo. Quando eu fechava os olhos, ainda podia senti-lo dormindo ao meu lado, seu peito subindo e descendo em um ritmo suave, de sua respiração.

Sentia falta dele. Sentia falta de tudo relacionado a ele.

A cada cinco segundos, eu pensava em ligar para ele. Era uma tortura completa. Uma noite, fiquei tão perto de discar o seu número que tive que levar meu telefone para o meu armário da academia e trancá-lo a noite, apenas para que eu não fosse tentada. Queria lhe perguntar o que aconteceu, por que ele simplesmente desapareceu da minha vida sem nenhum aviso. Nós tivemos uma briga, mas mesmo assim.

Ele tinha deixado àqueles filmes fora do meu dormitório, e veio quando Rachel precisou de ajuda.

Então como pode apenas me deixar assim, sem nem mesmo dizer adeus?

Não conseguia entender.

Claro, eu realmente não entendia nada sobre Justin.

E, com o passar dos dias, comecei a me convencer de que talvez ele fosse apenas um garoto, e não o grande romance de faculdade que eu estava destinada a ter. Talvez ele estivesse certo em ficar longe de mim. Talvez fôssemos muito diferentes.

Page 5: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Era isso o que eu estava pensando enquanto caminhava para o Centro Médico da Universidade de Cambridge para o meu primeiro dia de trabalho como assistente de pesquisa do Dr. Klaxton. Era para eu encontrar Carter lá ao meio dia. Nós tínhamos tentado nos reunir nas últimas semanas, mas parecia que sempre que achava um bom momento para nos encontrarmos, ele tinha que cancelar por algum motivo.

Isso estava me deixando meio ansiosa. Sentia que tudo que envolvia o Dr. Klaxton era tão imprevisível, e eu não queria que nada sobre esta nova posição fosse estranho ou instável. Mas, então, Carter ligou esta manhã e me perguntou se eu poderia encontrá-lo hoje para começar.

É claro que eu disse que sim. E ainda fiz questão de chegar 15 minutos mais cedo do que eu precisava, só por via das dúvidas.

O Centro Médico da Universidade de Cambridge foi um dos primeiros em todo o país, e, enquanto passava pelas portas, senti uma pontada familiar de excitação. Isso era o que eu estava destinada a fazer. Era para isso que eu tinha estudado toda a minha vida. E ninguém, especialmente Justin Brown, ia me distrair disso.

Segui as indicações para a clínica de pesquisa, em seguida, dei a recepcionista o meu nome.

Ela me disse que Carter estava no escritório. Passei pelo corredor das salas de exames, seguindo suas instruções, e virei à direita.

A porta do escritório estava entreaberta, e eu podia ver Carter lá dentro, de costas para mim, jogando papéis em um triturador.

— Ei. — disse, inclinando-me contra o batente da porta.

Carter deu um pulo e se virou. — Oh. — ele disse, claramente assustado. — O que você está fazendo aqui?

Sorri. — Você me pediu para encontrá-lo aqui, lembra? Não me diga que você esqueceu Carter, isso foi apenas há algumas horas atrás.

— Sim, eu sei. Mas você está 15 minutos adiantada. — ele parecia um pouco irritado, e quase acusador.

O que não fazia sentido. Por que ele iria ficar chateado que eu estava aqui um pouco mais cedo?

Dei de ombros. — É melhor chegar cedo do que tarde, certo? Você sabe que aprendi minha lição sobre isso.

Carter sorriu, e seu comportamento agradável retornou. — Sem problema. — disse ele. — Estou feliz por você estar aqui.

Page 6: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Sou a primeira? — perguntei, reajustando a minha bolsa no meu ombro.

— A primeira?

— Sim. Estou supondo que os outros assistentes de pesquisa ainda não chegaram? — eu não tinha sequer conhecido os outros assistentes de pesquisa. Eles estavam em uma seção diferente na classe do Dr. Klaxton.

Mas sabia que seus nomes eram Levi Folsom e Michael Schwartz. Eles haviam sido incluídos nos e-mails comuns que tinham sido enviados.

— Oh, eles não vêm. — disse Carter. Ele colocou outro pedaço de papel no triturador. — Pensei que seria bom para você ter alguma experiência antes de realmente começar. Sabe ver a clínica, esse tipo de coisa. — ele desligou o triturador, se virou e me deu um sorriso. — Então, somos só eu e você.

— Parece bom. — meu estômago se agitou. Teria Carter me convidado aqui para que pudéssemos passar algum tempo juntos sozinhos? Não. Isso seria ridículo. Desde que Justin fez esse comentário sobre todos os caras terem segundas intenções, não conseguia parar de pensar que todo cara queria algo de mim. O que era estúpido.

Carter era um estudante de graduação, mais velho, mais maduro. Ele estava apenas sendo gentil. Na verdade, ele provavelmente vai convidar os outros assistentes para vir aqui em algum momento para ter sua própria sessão individual.

— Vamos até a mesa da recepcionista para que eu possa lhe mostrar a nossa agenda. — disse ele.

O segui pelo corredor em direção a recepção.

— Ei, Carter. — a recepcionista disse quando chegamos lá. Ela estava em seus vinte e poucos anos, era bonita, com cabelo loiro e olhos verdes. — Trabalhando duro ou mal trabalhando?

— Sempre trabalhando duro, você sabe disso, Jenna.

Carter nos apresentou, e Jenna me deu um sorriso caloroso. — Você tem sorte de trabalhar com Carter. — ela disse. — Ele é o melhor.

— Estou ansiosa por isso. — disse eu. Era óbvio que essa garota tinha uma queda por ele.

E, honestamente, quem não teria? Carter era inteligente, legal, bonito.

Justin. Seu rosto me veio à cabeça, e o empurrei para fora, irritada com a intrusão.

Page 7: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Estava prestes a ir almoçar. — disse Jenna. — Você pode segurar as pontas?

— Segurar as pontas é a minha especialidade. — disse Carter.

Jenna sorriu e pegou sua bolsa. — Prazer em conhecê-la, Lindsay. — disse ela.

— Prazer em conhecê-la também.

Quando ela saiu, percebi que Carter e eu estávamos sozinhos. Tipo, realmente sozinhos. Perguntei-me novamente se ele tinha feito isso de propósito. E então me perguntei se iria ficar desapontada ou não se descobrisse que ele não tinha.

Carter pegou seu iPad. — Então, você leu a descrição geral do estudo que lhe enviei? — ele perguntou quando puxou a programação do paciente.

Assenti. Ele me enviou um artigo explicando o estudo que o Dr. Klaxon estava desenvolvendo.

Aparentemente, Dr. Klaxton tinha conseguido uma concessão do governo para ajudar a desenvolver uma nova droga para a perda de peso. Eles estavam em fase de testes agora, dando o medicamento para os pacientes para ver se eles tinham algum efeito significante em ajudá-los a perder peso.

— Bom. — disse Carter. Ele virou o iPad na minha direção e me mostrou a agenda para o dia. — Então nós vamos ver cinco pacientes diferentes hoje, perguntando-lhes como eles estão lidando com o medicamento, administrando os seus remédios, registrando seus pesos, esse tipo de coisa.

— Legal. — meu coração disparou. Sim, era um monte de papelada e medições de rotina. Algumas pessoas achariam chato. Mas eu não. Estava trabalhando com os pacientes, que era a única coisa que eu queria fazer na minha vida.

De repente, houve um grande barulho da sala de espera.

— Estou aqui! — alguém chamou. — Pessoal! Estou aqui!

— Oh, Deus. — disse Carter. Ele se inclinou para perto de mim, tão perto que eu podia sentir seu shampoo. — Prepare-se.

— Preparar-me?

— Sim. — Carter sorriu. — Devorah está aqui.

Uma mulher apareceu na janela de recepção. Ela estava usando batom rosa brilhante, camisa limão apertada e segurando uma criança, que não parava quieta tentando descer. — Pare com isso, Frederick. — ela o repreendeu.

Page 8: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Frederick se mexeu mais um pouco e, em seguida, estendeu a mão para a cesta de pirulitos que estava colocada no parapeito da janela da recepção. — Frederick! — disse a mulher. — Você sabe que só ganha os pirulitos no final, e somente se você for um bom garoto!

— Ahh, está tudo bem, amigo. — disse Carter, dando à criança um sorriso caloroso. —Você pode ter um pirulito agora.

Frederick sorriu. — E, então, um depois também, certo, Carter? Dois pirulitos, certo?

— Certo, amigo.

Devorah balançou a cabeça. — Eu juro, esse garoto não tem autocontrole. — ela mordeu o lábio e pensou sobre isso. — Embora ache que realmente não posso falar nada! — ela deu uma grande gargalhada que ecoou por toda a sala de espera.

— Preste atenção, Devorah. — disse Carter. —Você sabe o que nós já conversamos. Comida e excessos pode ser um vício. Isso não significa que você não tem autocontrole.

— Eu sei, Carter. — ela disse, e suspirou. — Você sempre sabe exatamente o que dizer para me fazer sentir melhor.

Ela estava olhando para ele como se estivesse apaixonada por ele. Não de uma forma romântica ou algo assim. Era mais como se ela pensasse que talvez ele fosse o único que iria salvá-la. Fiquei impressionada. Queria que alguém me olhasse assim, saber que eu estava tendo esse tipo de impacto em alguém que estava lutando.

— É claro. — disse Carter. — Agora, por que você não vai para a sala de exame, vou enviar a enfermeira para tirar um pouco de sangue e começar.

Devorah passou pela porta, seu filho ainda no colo, comendo seu pirulito alegremente.

— Essa é Devorah. — disse Carter. — Ela é uma mulher muito legal, mas ela gosta de me contar tudo o que está acontecendo em sua vida.

— A maioria dos pacientes faz isso?

Ele deu de ombros. — Isso depende. Alguns deles falam sem parar, outros ficam calados meio que fora do ar. Acho que depende de quão nervosos estão. Tento apenas dar a minha sugestão, e deixa-los à vontade, combinando a energia deles, sabe?

Concordei, assimilando tudo o que ele me disse. Obviamente, sabia que eu ia aprender muito sobre ciência e medicina na faculdade, mas esse tipo de

Page 9: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

informação - sobre como lidar com pacientes e, na verdade, estar em um ambiente médico - eram as coisas pelas quais eu estava mais ansiosa.

Esperamos alguns minutos para que a enfermeira pudesse pegar os sinais vitais de Devorah, e então fomos para a sala de exame.

Quando chegamos lá, Devorah estava sentada em cima da maca, com as pernas penduradas para o lado. A enfermeira estava limpando o interior de seu braço com o álcool, e Frederick estava sentado no chão, brincando com uma espátula.

— Frederick. — Devorah estava dizendo. — Por favor, não coloque a espátula de volta em sua boca depois de tê-la colocado no chão.

— Germes, germes, germes. — Frederick disse alegremente. Ele arrastou a espátula pelo chão e, então, prontamente a colocou na boca.

— Frederick! — Devorah gritou.

Carter se ajoelhou e gentilmente tomou a espátula de Frederick. — Ei, Frederick. — disse ele. — Você não gostaria de brincar com o caminhão de bombeiros em vez disso? — ele abriu o armário ao lado da porta e tirou um pequeno caminhão de bombeiros.

Os olhos de Frederick iluminaram. — Você se lembrou!

— Claro.

Frederick pegou o caminhão e começou a fazer barulhos de vruummm.

— Obrigada. — disse Devorah. — Não sei o que deu nele. Ultimamente ele tem estado fora de controle. — ela balançou a cabeça enquanto a enfermeira limpava a parte interior de seu cotovelo com uma bola de algodão, se preparando para tirar sangue. — Definitivamente ele está agindo assim por causa do divórcio. E, claro, não ajuda que o meu ex-marido esteja desfilando com todas as suas novas namoradas. — ela balançou a cabeça e levantou as mãos.

A enfermeira teve que pegar o braço dela e segurar firme novamente. —Não sei o que fazer.

Carter estava balançando a cabeça em simpatia, mas, em seguida, Devorah virou para mim. — Seus pais são divorciados? — ela exigiu.

— Meus? Não.

— Bem, você tem sorte. — ela olhou para Frederick, que estava batendo com o caminhão de bombeiros na perna de uma cadeira. — Só me preocupo com o que isso vai fazer a sua frágil cabecinha.

Page 10: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Frederick não parecia ter uma frágil cabecinha. Na verdade, parecia que Frederick era qualquer coisa, menos frágil. Só balancei a cabeça, então percebi Carter me dando um olhar de expectativa, e percebi que ele queria que eu dissesse alguma coisa.

— Oh, não me preocuparia com ele. — disse a Devorah. — As crianças são muito resistentes. E um monte de estudos hoje em dia mostra que ficar em um casamento problemático é muito pior para as crianças a longo prazo, do que ter pais divorciados.

— Sério? — Devorah olhou para mim com admiração, como se eu fosse algum tipo de especialista em divórcio, e não apenas uma assistente de pesquisa.

— Realmente. Li na edição de Psicologia deste mês.

Ela sorriu para mim e Carter me deu um olhar de aprovação. Senti orgulho e emoção fluindo através de mim. Era para isso que eu tinha vindo para Boston. Para que eu pudesse ajudar as pessoas, estudar e fazer as coisas. Não para que eu ficasse presa a um badboy tatuado. Era para eu estar recebendo uma educação, não vagando em partes ruins da cidade e limpando o corte de um cara qualquer. Isso era loucura.

— Bem, acho que você está definitivamente certa. — disse Devorah. Ela estendeu o braço e a enfermeira começou a tirar sangue. — Acho que Frederick vai ficar bem.

— Cuidado, bombeiros! — Frederick gritou quando ele bateu o carro de bombeiro na parede. — Vai explodir, vai explodir, vai explodir seus troncos!

— Olha como ele é esperto. — disse Carter. — Ele sabe o que é um tronco. — ele sorriu e tirou a sua prancheta. — Agora, me diga como você está se sentindo. Algum problema?

— Não realmente. — disse Devorah, sacudindo a cabeça. — Oh! Aconteceu uma coisa, no entanto.

A enfermeira tinha terminado de limpá-la com álcool, e começou a aplicar um torniquete no braço de Devorah. As veias incharam, e a enfermeira tirou a agulha e espetou.

— Ah, é? — perguntou Carter. — Que tipo de coisa?

— Bem, foi estranho. — disse Devorah. — Tomei minha pílula, e cerca de uma hora mais tarde, estava subindo as escadas, e comecei a sentir um aperto estranho no meu peito.

Assim que ela disse essas palavras, uma coisa muito estranha começou a acontecer. Eu comecei a sentir um aperto em meu peito. No começo pensei que

Page 11: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

era apenas minha imaginação, algum tipo de estranha reação simpática ao que Devorah estava dizendo. Mas, então, meu rosto começou a ficar quente e comecei a ficar tonta. Meu estômago deu uma cambalhota, então percebi que era o sangue. Ver o sangue de Devorah no frasco estava me deixando enjoada.

Desviei os olhos, mas não ajudou muito. Vou desmaiar, pensei. Vou

desmaiar aqui nesta sala. Tudo começou a se desvanecer em um segundo, como se eu estivesse olhando através de um túnel ou uma lente.

Minhas pernas vacilaram, como se eu estivesse de pé sobre uma plataforma que não estava presa ao chão. Era uma sensação muito estranha, quase como se eu estivesse em um trampolim, prestes a mergulhar.

Então senti os braços de Carter me segurando, e ele estava dizendo: — Está tudo bem, você está bem.

Então Devorah estava se movendo para fora da maca e a ouvi dizendo para Frederick ir com ela e com a enfermeira. Eles se encaminharam para fora e Carter me deitou onde Devorah estava sentada.

— Respire fundo. — ele disse.

Fiz como me foi instruído. Por um momento horrível, pensei que ia vomitar, mas depois, sem mais nem menos, o sentimento passou, e comecei a me sentir um pouco melhor.

— Não sei o que aconteceu. — eu disse. Ainda me sentia trêmula e instável, mas eu também estava começando a me sentir envergonhada.

— Vou te dizer o que aconteceu. — disse Carter, dando-me um sorriso. — Você quase desmaiou.

— Não, eu sei disso. — disse. — É só que simplesmente não costumo desmaiar. — Era verdade. Eu tinha um estômago de ferro. Assisti horas de vídeos de cirurgia na internet, e não tinha sequer piscado quando Adam cortou a perna no outro dia. Nunca me apavorei com a visão de sangue.

— Ei, isso pode acontecer com qualquer um a qualquer momento. Sério, não se envergonhe disso.

— Sim. — estava tentando soar indiferente, mas eu estava realmente muito chateada.

— Você vai ficar bem aqui por um segundo? — perguntou. — Vou lá terminar com Devorah e volto logo em seguida.

Assenti. Fisicamente, estava começando a me sentir muito melhor. Era emocionalmente que eu estava começando a entrar uma pouco em pânico.

Page 12: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Como poderia ser uma médica se eu não podia nem mesmo assistir a uma simples coleta de sangue?

Fechei os olhos e respirei fundo até que Carter voltou.

Ele estava segurando um bolinho de açúcar e um Dixie Cup1 cheio de suco de laranja. — Aqui. — ele disse, entregando-me. — Nós mantemos estes aqui para quando as pessoas ficam tontas.

— Obrigada. — disse. Tomei um pequeno gole do suco.

Carter deve ter notado que eu estava chateada, porque ele apertou meu ombro. — Ei, — disse ele. — Não fique para baixo com isso.

— Eu não estou.

Ele me olhou com ceticismo.

— Ok, estou. — consegui um sorriso. — É só que eu nunca tive esse tipo de reação antes. E eu não sou... Quer dizer, não quero que isso acabe se tornando um hábito.

— Não vai.

— Como você sabe?

— Sabendo. — ele deu de ombros. — Um monte de gente desmaia algumas vezes, e isso, não significa que se torna um hábito.

— Tem certeza?

— Sim. A primeira vez que tive que trabalhar em um cadáver, o cheiro me deixou tão enjoado que corri para fora e vomitei em uma lata de lixo.

— Você não fez isso!

— Eu fiz.

— E então o que aconteceu?

— Tomei um pouco de água, voltei para a sala, e nunca mais aconteceu de novo. E isso não vai acontecer com você novamente, também.

Balancei minha cabeça. — Mas e se acontecer?

Ele sorriu e inclinou a cabeça. — Mas e se não? Lindsay, você vai ficar bem, eu prometo.

1 Marca de uma linha de copos descartáveis de papel que foram desenvolvidos no EUA em 1907

por Lawrence Luellen.

Page 13: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Alguma coisa na maneira como ele disse, me fez acreditar. Ele era tão seguro de si mesmo, tão constante. A partir do momento que escorreguei meu trabalho debaixo da porta do Dr. Klaxton, ele me fez sentir como se o que eu estava passando não era grande coisa. Era agradável.

— Obrigada. — eu disse.

— De nada.

Foi quando percebi que ele estava segurando minha mão. Ele deve ter percebido isso também, mas ele esperou um segundo a mais antes de soltá-la. Foi de propósito? Como tantas outras coisas que tinham acontecido ultimamente, eu não sabia o que significava. Será que ele gosta de mim? Ou era totalmente inocente? E se Carter estava interessado em mim, como que me sentia sobre isso?

Justin.

Não tinha pensado sobre ele provavelmente em meia hora, que deve ter sido algum tipo de recorde. Eu não tinha ficado muito tempo sem ao menos ter um pensamento sobre ele desde aquela noite na casa da fraternidade. Mas lá estava ele de novo, aparecendo na minha cabeça no exato momento em que eu estava pensando sobre a possibilidade de estar com outro cara.

— Você consegue se levantar? — perguntou Carter.

Assenti.

Ele me estendeu a mão, e a segurei na minha. Seu aperto era forte e constante, e me segurou, quando dei alguns passos.

— Está vendo? — ele disse alegremente. — Você vai ficar bem.

Concordei com a cabeça.

— Agora vamos lá. — disse ele. — Vamos voltar ao trabalho.

Ele foi buscar a prancheta com o nome e as informações de sua paciente quando a pegou, aconteceu de eu olhar rapidamente para a página. Notei que em 'Eventos Adversos', ele não tinha escrito nada.

— Ei. — eu disse. — Você esqueceu de anotar o efeito colateral que Devorah relatou.

Ele franziu o cenho. — Ela não tem quaisquer efeitos colaterais.

— Sim, ela tem. O aperto no peito lembra?

Page 14: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Isso não é realmente um efeito colateral. Nós não sabemos o que está relacionado com o medicamento. Poderia ter sido causado por uma série de coisas.

— Mas seria um evento adverso, não seria? — continuei, não querendo irritá-lo, mas ainda assim bastante certa de que eu tinha razão.

Ele sorriu para mim. — Isso é verdade, escorregou da minha mente, eu estava tão distraído com seu pequeno... Feitiço. — ele rabiscou no formulário de Devorah. — Boa percepção. Especialmente por você estar tão tonta.

Meu coração se encheu de orgulho. Ele estava certo. Era uma boa percepção. Ciência, medicina, pesquisa – isso era o que eu deveria estar fazendo.

Mas, quando Carter me levou para fora de volta ao trabalho, não pude deixar de pensar no quanto eu sentia a falta de Justin. E se isso era o que eu queria fazer, por que meu coração ainda se sentia tão quebrado?

Page 15: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Justin

— Puta

merda. — disse, quando fiz meu caminho da academia para o vestiário depois do treino. Eu estava pingando suor, sem fôlego e dolorido.

— Você continua pensando que vai se acostumar com isso, não é?— Jimbo disse um pouco atrás de mim.

— Sim. — Olhei por cima do ombro para ele. Ele tinha chegado pior do que eu. Um de seus olhos já estava inchado e com hematoma.

— Bem, você nunca o faz. Pelo menos, eu nunca me acostumei, e olha que tenho treinado com Quarry por mais de dois anos.

— Você já pensou que poderia ser... — hesitei em terminar o pensamento.

— Muito? — perguntou.

— Sim.

Jimbo riu. — Nós estamos num negócio que fere. — disse ele. — Se eu ficar mais forte, mais cruel e capaz de tolerar o sofrimento melhor do que o meu concorrente, é bom para mim.

— É verdade. — parei na frente dos chuveiros e puxei minha camisa. Meu ombro esquerdo estava me matando e tive um pouco de dificuldade em levantar meu braço acima da cabeça. — Mas você já não se perguntou se indo tão duro todos os dias, estamos usando nossos corpos muito rapidamente?

Jimbo balançou a cabeça. — Sou o tipo de cara que quer viver rápido, morrer jovem e chutar alguns traseiros ao longo do caminho. Não me preocupo muito em proteger o meu corpo para os meus anos de aposentadoria. E se fizesse, eu não acho que iria querer ficar neste jogo por muito tempo de qualquer maneira.

Suspirei. — Tudo bem. Bem, vou tomar um banho.

— Até mais tarde, JB.

Um momento depois, eu estava em um dos cubículos, deixando a água fumegante, bater na minha cabeça e ombros, aliviando um pouco a dor. Todos

Page 16: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

os dias, nas últimas semanas, tinha sido o mesmo. Horas e horas de treinamento rigoroso, brutal — culminando nas diárias sessões de sparring2, que eram nada mais do que uma série de lutas completas na academia, que deixava todo mundo em vários estados de lesões e dor física.

Eu não estava acostumado a isso.

O treinador Jansen usava o sparring de uma forma muito diferente de Quarry. Jansen costumava ter-nos treinando a meia velocidade, contato leve com os devidos protetores, e, então, mais intensidade durante o treino para uma próxima luta específica.

Mas no novo mundo do The Slaughterhouse, todos os dias eram cem por cento, potência máxima em lutas de alta intensidade. A hierarquia na academia era determinada por quem poderia bater a merda fora de todo mundo e quem poderia levar a maior punição sem reclamar.

A água quente continuava a bater no meu corpo cansado. Depois de algum tempo, desliguei a água e agarrei minha toalha, enrolando-a em volta da minha cintura.

Caminhando de volta para o vestiário para vestir minhas roupas, fiquei surpreso ao encontrar Virgil segurando uma seringa na mão, sacudindo-a com o dedo. Ao lado de Virgil, estava Tim em sua boxers, de costas.

Alguns outros caras estavam andando despreocupadamente nas proximidades, e ninguém parecia muito preocupado.

Virgil deve ter notado minha surpresa, mesmo que eu tentasse escondê-la.

— Qual é o problema, JB? Você nunca viu uma injeção de B123 antes?

Andei por ele e fui para o meu armário. — Acho que não.

— Talvez eles não usassem B12 em sua antiga academia. — disse Tim — E é por isso que ninguém que vale uma merda nunca veio daquele lugar.

Virgil gargalhou, assentindo. — Tem razão, cara. Bom ponto. — ele rapidamente enfiou a seringa na parte superior da coxa de Tim e a pressionou.

— Gostoso. — disse Tim. — Já posso sentir isso funcionar. — ele olhou para mim e piscou.

2 Geralmente, o sparring consiste numa forma livre de combate, com o mínimo de regras ou

arranjos formais.

3 Vitamina que aumenta a energia, aumentando assim, sua performance.

Page 17: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Enquanto isso, eu estava puxando minha calça e fazendo o meu melhor para ignorar suas provocações. Tornou-se claro para mim que os dois rapazes não gostavam de mim, e eu estava bem com isso.

— O que você diz, JB? Vou te dar a sua primeira injeção de graça. — Virgil sorriu amplamente.

— Não, obrigado. Acho que vou continuar com minha dieta limpa4.

— Certo, porque todo mundo sabe como esses vegetarianos filhos da puta estão ocupando MMA como uma tropa. — ele riu.

— Não disse que eu era vegetariano. — respondi, puxando uma camisa limpa. — Mas, até onde sei, independente de qualquer coisa que eu esteja comendo, eu ainda acabei com você, porra, como se fosse da conta de ninguém.

O sorriso de Virgil desapareceu. — Vamos fazer isso de novo agora, então, miserável. Veja se você pode me pegar duas vezes.

Tim estendeu a mão e impediu Virgil de avançar.

Nem sequer agi como se fosse lutar. Virgil não me preocupava remotamente, e eu sabia que ele não queria correr o risco de que eu o nocauteasse uma segunda vez. Ele já tinha sido humilhado e isto era apenas barulho para tentar inchar seu ego desinflado.

— Acalme-se, Virg. — disse Tim suavemente. — O cara é apenas fogo de palha. Já os vi antes. Casos de Burnout5. — Tim olhou para mim. Seus olhos estavam frios e planos.

— Aproveite seus B12. — respondi, saindo do vestiário, quase batendo em seus ombros quando saí. Eu não estava com medo desses caras e certamente não estava interessado em tomar os seus suplementos também.

Atirei minha mochila sobre o ombro e saí da academia. Ainda havia um pequeno punhado de caras malhando, lutando no centro dos tapetes azuis espalhados por todo o piso principal. Enquanto isso, Quarry estava na gaiola com grandes almofadas amarradas a suas mãos.

Um cara que eu não conhecia muito bem estava socando e chutando as luvas em uma sequência de números que Quarry dizia em uma voz rouca. —Um, três, um!

4 Eat Clean – comer o mais natural possível

5 Caso ou Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de um

esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional.

Page 18: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Uma série de ‘pops’ ecoavam pela academia quando o cara socava e chutava as almofadas.

Quarry olhou para cima e me viu. — Ei, licença JB – não saia. Preciso falar com você.

Parei perto da porta da frente. Z estava sentado em uma cadeira que parecia minúscula sob seu enorme corpo. Ele estava lendo EUA Weekly6.

Tive que rir.

Ele olhou para mim com falsa, mas ainda intimidante, ameaça. — Você tem um problema com a minha escolha de material de leitura?

— Nem um pouco. Mas estou surpreso que você tenha coragem de trazer essa revista aqui com todos esses animais. Eles não pegam no seu pé sobre isso?

— Eu gosto de ler EUA Weekly. Às vezes eu até entro em contato. Qual a porra do problema?

Dei de ombros. — Ei, não me importo. Cada um na sua.

Z assentiu. — Você está fazendo um bom trabalho desde que chegou aqui, cara. Estou te observando. — ele virou preguiçosamente algumas páginas de sua revista. Duvido que ele possa ler tão rápido, mas, novamente, Z era um enigma. Talvez ele fosse um leitor veloz também.

— Obrigado por notar. Estive ralando.

— Só mantenha o foco e não se deixe ser puxado em várias direções. Este jogo vai comê-lo vivo se você não tomar cuidado.

— O que você quer dizer?— perguntei, genuinamente curioso.

Mas então Z olhou para cima e viu Quarry vindo em nossa direção.

— Basta lembrar o que eu disse. — Z respondeu, e depois voltou a ler sua revista sério.

Quarry mostrou um grande sorriso cheio de dentes enquanto se aproximava. Ele estava vestindo uma camisa do The Slaughterhouse e calções pretos. Seu corpo magro estava banhado em um leve brilho de suor, e seu rosto de pedra estava tão intenso como sempre, apesar do sorriso. — O Bárbaro em repouso. — disse Quarry, me batendo no ombro e apertando até quase machucar.

— Sou eu. — disse, me sentindo um pouco estranho.

6 Revista de celebridades.

Page 19: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Acabei de receber uma notícia. — disse Quarry, sua expressão ficando séria — E eu queria falar com você agora mesmo.

— Ok...

— Você está familiarizado com Uriah Burns? — disse ele. — Aparentemente, ele treina em sua antiga academia.

— Sim, eu o conheço.

— Você acha que pode vencê-lo?

Hesitei por uma fração de segundo. — Sim.

Os olhos de Quarry procuraram os meus. — Tem certeza?

— Eu tenho certeza. — A verdade é que eu sentia uma pequena rixa sobre Uriah, e eu não tinha certeza do por quê.

— Ótimo. Porque ele deveria ter uma luta neste sábado e seu oponente desistiu devido a uma lesão. Drew Ellis me ligou e perguntou se você estaria disposto a assumir a luta em tão pouco tempo.

— Este sábado? Nossa, isso é em cima da hora.

— Mas você vai fazer isso. — foi mais uma afirmação do que uma pergunta.

— Sim, eu vou fazê-lo.

— Bom. — ele acenou com a cabeça, satisfeito. — Drew Ellis virá assistir a luta, e ele me prometeu que vai dar um contrato de três lutas para quem ganhar. Estou apostando que será você, JB.

— Essa é uma boa aposta. — sorri, mas dentro meu estômago estava se agitando um pouco.

Quarry jogou o braço sobre meu ombro e me guiou para longe de Z, que parecia estar muito interessado em EUA Weekly para se incomodar em ouvir a nossa conversa.

— Agora que está resolvido, há outra coisa que eu queria falar com você. — Sua voz caiu para um volume mais baixo, quase um sussurro, enquanto ele me acompanhava em direção ao canto da academia, longe de todo mundo. — Ouvi de alguns caras que você não está tomando qualquer suplemento.

Olhei para ele. Seu rosto estava muito perto do meu e eu realmente não gostava disso. Podia sentir seu hálito, uma mistura de hortelã, café e algo mais. Algo podre.

Page 20: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Eu não tomo quaisquer suplementos, só como uma dieta limpa.

Quarry retirou seu braço e deu a volta para me encarar. — Dieta limpa? Com toda a bebida e o fast food que você consome?

Dei de ombros. — Tem funcionado bem para mim até agora.

Ele cruzou os braços e olhou para mim, seu rosto áspero ficando cada vez mais severo. — Se funcionou para você até agora, é porque você é jovem, talentoso e vem enfrentando adversários de merda. Agora você está se movendo para cima para as grandes ligas. Você acha que os melhores lutadores na UFF bebem cinco cervejas por noite e comem sanduíches Egg McMuffin todas as manhãs?

— Provavelmente não.

— E eles fazem outras coisas, também, coisas que os leva para o próximo nível. Eles tomam suplementos.

— Que tipo de suplementos?

— Qualquer tipo, recomendamos aqui no The Slaughterhouse, o lugar que você assinou contrato para treinar.

— E o que você recomenda, treinador?

Ele sorriu. — Não fique irritado comigo, JB. Estou lhe dizendo como é aqui. Você não é diferente de ninguém. Seja um bom soldado, e entre na porra do programa.

Pensei por um longo momento. Quarry estava me olhando com uma expressão cautelosa. A tensão entre nós foi crescendo, e eu sabia que se eu continuasse a desafiar o seu programa, algo ia explodir. E eu não queria ter que ir embora do The Slaughterhouse - eu apenas comecei a treinar aqui. — Ok. — disse, em voz baixa.

— Vou começar com o programa, então.

Sua expressão se transformou em uma das de orgulho quando ele acenou com a cabeça para mim. — Isso é o que gosto de ouvir, JB. Você está assumindo uma dura luta a curto prazo, deixando seu ego e aceitando o programa. Acho você vai ir muito longe neste esporte.

— Obrigado, treinador.

— Meu nome ainda é Quarry. — ele riu. — Agora dê o fora daqui.

Virei-me e deixei a academia, uma tempestade de emoções e pensamentos passando pela minha mente. Meu primeiro pensamento enquanto eu caminhava para fora, era de que não havia nenhuma maneira no inferno que

Page 21: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

eu ia começar a tomar esteroides para tentar obter uma vantagem sobre um concorrente. Mas ninguém precisava saber ainda. Fingiria jogar junto até que eu começasse a lutar na UFF.

A próxima coisa que pesava sobre meus ombros era que eu estava aceitando uma luta com apenas alguns dias de antecedência — e ainda por cima, contra Uriah. Ele não ia ser uma luta fácil para mim.

Claro que pensava que poderia vencê-lo, e eu, definitivamente, queria lutar com ele em algum momento. Mas teria sido bom ter algum tempo para treinar e preparar uma estratégia para os seus pontos fortes e fracos.

Não gostava da ideia de ficar na gaiola com um oponente tão difícil sem saber se eu estava em condições de ganha-lo.

Mas, às vezes, neste jogo, você tinha que aproveitar a sua chance e eu não podia recusar uma oportunidade que poderia me levar a uma carreira profissional.

Teria sido bom, pensei, falar com alguém sobre tudo o que eu estava passando. Por alguma razão, Lindsay apareceu na minha mente. Isso era ridículo por várias razões. Primeiro de tudo, Lindsay sabia menos sobre luta do que qualquer pessoa no planeta. Em segundo lugar, não tínhamos nos falado nas últimas semanas. E eu tinha experimentado noites em claro para provar isso.

Parei a poucos metros de distância da academia e peguei meu celular, checando para ver se havia quaisquer chamadas ou mensagens.

Admita, você está verificando para ver se ela ligou.

Ok, talvez eu estivesse esperando que ela tentasse entrar em contato comigo. E talvez eu estivesse ficando louco com a falta de sono. Cada noite, subia na cama um pouco mais cansado do que eu tinha estado na noite anterior. E cada noite, estava convencido de que estava exausto o suficiente para cair no sono, apesar da insônia que eu estava tendo desde que parei de falar com Lindsay.

Mas, até agora, não estava melhorando. Tinha certeza de que eu estaria pensando nela cada vez menos, mas o inverso parece ser verdadeiro. Ela estava em meus pensamentos mais do que nunca. Sentia falta dela. Queria falar com ela.

Ligue para ela.

Não podia fazê-lo. Percebi que essa era a pior parte. Este era o início, e, se eu pudesse passar por esses primeiros dias, eventualmente, a dor iria diminuir e

Page 22: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

eu aceitaria o simples fato de que Lindsay e eu simplesmente não formos feitos para ficar juntos.

— Olá, terra para JB? Que planeta você está, afinal? — uma voz chamou.

Recobrei meus sentidos e vi Brooklyn sorridente enquanto caminhava em minha direção.

Ela estava vestindo calça jeans apertada, uma blusa rosa reveladora, e um par de óculos empoleirados em cima de sua cabeça. Ela poderia ser uma modelo ou uma estrela de cinema, se eu não a conhecesse melhor.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei, pego de surpresa. Não a tinha visto desde a noite da festa de Quarry.

— Hum, caso você não tenha percebido, esta academia é do meu pai. — ela parou um pé ou dois longe de mim. Eu podia sentir seu perfume.

— Sim, eu sei disso.

— Você não parece tão ciente de nada agora. — disse Brooklyn, lançando seu cabelo. — Estive te observando nos últimos dois minutos e você estava apenas olhando para o nada o tempo todo.

— Me persegue tanto?

— Usa tantas drogas?

— Eu não uso drogas. — disse. Ao contrário de algumas pessoas na

academia do seu pai, eu queria acrescentar.

Brooklyn suspirou. — Talvez você devesse. Acho que você precisa para relaxar.

— Você está certa sobre isso.

Ela inclinou a cabeça para mim e deu um sorriso enigmático. — Talvez nós dois precisemos relaxar. Você quer tomar uma bebida ou algo assim?

Pensei sobre isso. Brooklyn estava apertando os olhos para mim, enquanto o sol brilhava em seu rosto. Não havia dúvida de que ela era incrivelmente atraente, sexy até. E tinha certeza que ela era inteligente, mas ela também era a filha do patrão.

E então pensei de novo em Lindsay. Por um momento, uma dor gigante dominou tudo, e senti que faria qualquer coisa para ter Lindsay comigo agora, em vez de Brooklyn.

De repente, sabia que tinha que fazer alguma coisa para acabar com a Lindsay de uma vez por todas, passar a insônia, os desejos e o arrependimento

Page 23: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

de nunca sequer tê-la beijado. — Claro que sim, vamos tomar uma cerveja. — disse. — E sei exatamente aonde ir.

***

O'Doyle quase nunca estava lotado, e hoje não foi exceção.

Encontramos Big Timmy na frente, pronto para nos receber — um abraço, para mim, um aperto de mão suave para Brooklyn. Enquanto caminhávamos para dentro, ele me deu um polegar para cima pela minha escolha de companhia.

Uma vez lá dentro, me perguntava se devíamos sentar no bar ou não. Taryn era a bartender, e supus que ela poderia ficar irritada comigo por trazer competição feminina.

Mas Taryn geralmente não era assim, então optei por assumir o risco e me sentar no bar.

Surpreendentemente, Brooklyn e Taryn se deram bem quase que imediatamente, e Brooklyn estava completamente em casa em O'Doyle, observando o Red Sox, bebendo uma cerveja e reclamando sobre a merda que apenas os moradores locais se preocupavam.

Quando estávamos em nossas segundas cervejas, as coisas foram se soltando entre nós.

Brooklyn tomou um gole de sua bebida e percebeu que eu estava olhando para ela. Ela engoliu em seco e me encarou.

— Por que você está me olhando assim, Brown?

— Só estou surpreso.

— Surpreso? Por quê?

— Primeiro de tudo, você bebe quase tão rápido quanto eu e isso é meio que impressionante. Ou assustador. Eu não sei qual.

— O que é assustador é a lentidão que você bebe Brown. De onde eu venho, você é um peso leve.

Eu ri, não tinha certeza se ela estava falando sério. — Você apenas... parece que seu lugar é aqui. E não acho que uma garota como você pertence a um lugar como este.

— Uma garota como eu? Você não me conhece mesmo.

Page 24: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Não, mas... Quer dizer, você é bonita e ainda é inteligente. Você parece ser o tipo de garota que gostaria de ser levada para um bom jantar ou talvez a um jogo dos Celtics. Não a uma merda de bar com má reputação.

Taryn estalou sua toalha enquanto passava. — Que maneira é essa de falar de sua segunda casa?

— Sim, Brown. — disse Brooklyn, sorrindo enquanto tomava outro gole de sua cerveja. — Onde está sua educação?

— Desculpe. Estou tentando entendê-la.

— Não parece isso. — ela se inclinou para frente, as sobrancelhas levantadas, boca aberta. — Acho que você está com medo de mim, Brown.

— Por que eu teria medo de você?

— Porque você sabe que eu não sou influenciável. — de repente, ela levantou-se da banqueta e ficou ao meu lado, com os seios praticamente empurrando-se contra mim enquanto fiquei no meu lugar.

— Nunca pensei que você fosse influenciável.

— Aposto que você está acostumado a essas groupies de luta burras. Aquelas que só querem transar com qualquer cara com uma tatuagem e um par de calções de MMA.

— Eu não mexo com groupies.

— Claro. Isso é o que todos dizem. Eu cresci em torno de lutadores, não se esqueça. Meu pai era o mais cruel, o mais cheio de merda de todos eles. Então, desculpe-me se eu não comprar o ato de cara legal.

Olhei para ela, tentando ler sua expressão. Eu não tinha certeza se ela estava jogando ou não, mas parecia que ela poderia estar. — Papai muito problemático? — respondi, colocando a garrafa de cerveja nos lábios.

Ela me deu um leve tapa no rosto. Pareceu mais alto e mais forte do que era, e parte da cerveja espirrou no meu queixo. — Ei. Mas que porra?

Taryn gritou do outro lado do bar e começou a bater palmas. — Muito bem, irmã.

Brooklyn assentiu. — Eu te disse, não sou como as outras garotas. Eu não aturo esse tipo de merda.

— Alguém já lhe disse que talvez você seja um pouco estressada? — perguntei, levantando-me e me inclinando sobre ela agora.

— Alguns caras já disseram isso antes.

Page 25: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Eu não duvido disso.

— Mas eles param de reclamar quando lhes dou o melhor boquete que já tiveram na vida.

Tinha que admitir, ela estava me excitando. Talvez tenha sido a combinação de bebida e paquera, e o fato de que ela era bonita como o inferno e estava dando em cima de mim. Ao mesmo tempo, não tinha certeza se eu realmente queria ir por esse caminho com ela. Ela era filha de Quarry.

Um cara baixinho com um boné do Bruins7 e uma barba vermelha encaracolada, parou ao meu lado e pediu o jogo de dardos.

Taryn o alcançou sob o bar e pegou a caixa, entregando-o a ele. — Certifique-se de trazer todos eles de volta. Vou conta-los e, se estiver faltando algum, você tem que comprar todo o conjunto.

— Com certeza. — o homem barbudo sorriu.

Brooklyn estava olhando para ele com ceticismo. — Aposto que meu namorado e eu, podemos chutar o seu rabo nos dardos. — disse ela.

Eu só olhava. Não podia acreditar que ela na verdade se referiu a mim como seu namorado.

O cara olhou para ela. — Desculpe-me?

Brooklyn apontou para o outro cara de pé a poucos metros de distância. — Esse é o seu amigo?

— Sim.

— E vocês dois vão jogar dardos?

— Sim. — ele pegou a caixa e apoiou na cintura. — E daí? Você está dizendo que vocês dois podem nos vencer?

— Foda-se, sim.

Balancei minha cabeça. — Brooklyn, você nunca os viu jogar.

— Não... Mas sei que eu sou muito boa. Acho que sou melhor do que eles.

— Você nunca me viu jogar, também.

Ela olhou para mim. — Medo de perder, Brown?

— Não. Mas, caramba, você realmente fala um monte de merda.

7 Equipe profissional de hóquei no gelo, com sede em Boston, EUA.

Page 26: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

O cara barbudo estendeu a mão para mim. — Sou Neil, e o nome do meu amigo é Tyson.

— Oooh, Tyson, soa assustador. — Brooklyn riu.

Neil se inclinou mais perto. — A sua namorada está bêbada ou apenas é idiota? — ele sussurrou.

— Hum, sinceramente, não tenho certeza. — respondi. — Talvez os dois. — E ela não é minha namorada, queria acrescentar, mas decidi não me preocupar. Ela provavelmente estava bêbada e brincando comigo.

Ele assentiu como se isso fizesse sentido total. — De qualquer forma, vamos acabar com vocês. Quer colocar algum dinheiro nisso?

Brooklyn já estava caminhando em direção ao alvo. Ela estava carregando sua cerveja quase vazia em uma mão, e seus quadris balançavam provocativamente conforme andava.

Suspirei. — Claro. Digamos, dez dólares por jogo?

Ele sorriu. — Eu amo um homem de apostas. Vamos lá.

***

Outra cerveja e duas rodadas de dardos mais tarde, e estávamos a ponto de perder o jogo contra Neil e Tyson.

Brooklyn estava gritando, importunando Neil enquanto ele estava confiante na linha, marcada por um pedaço de fita preta no chão, e segurando seu dardo final, no alto.

— Estamos prestes a acabar com esses idiotas. — disse Tyson. — Mantenha-se focado, mano.

— É, mano. — Brooklyn gritou. — Não perca o foco, ou você pode ter que começar a questionar sua masculinidade. Uma menina está prestes a chutar o seu traseiro, mano. E, em seguida, fazer com que você raspe essa grande barba vermelha, Paul Bunyan8.

O punhado de clientes no bar riu. Todo mundo estava curtindo o show de Brooklyn, que vinha acontecendo há mais de meia hora.

Eu não tinha tanta certeza de que estava gostando tanto quanto todos os outros. Metade do tempo ela importunava nossos adversários, mas a outra metade ela estava me importunando.

8 Um lendário lenhador barbudo gigantesco que aparece em alguns relatos tradicionais do

folclore dos EUA.

Page 27: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Finalmente, Neil lançou o dardo. Foi em um arco perfeito e bateu o número final que precisava para fechar o jogo.

Brooklyn se inclinou e bateu seu punho uma vez no chão. — Droga! — em seguida, ela se endireitou e balançou a cabeça para mim. — Se você não tivesse se atrapalhado em sua última rodada, teríamos vencido.

Tirei dez dólares da minha carteira e entreguei a Tyson, que me deu um encolher de ombros simpático.

— Foi um prazer jogar com vocês.

— Sim, o mesmo.

— Não foi bom jogar com vocês. — disse Brooklyn, revirando os olhos.

Neil empurrou a caixa de dardos contra meu peito. — Você pode tê-lo. — ele se inclinou mais perto da minha orelha. — Continuaria a jogar, mas, pessoalmente, não suporto o som da voz dela.

Peguei a caixa, apontando o meu entendimento. — Obrigado.

— Como unhas num quadro. — ele murmurou, e, em seguida, os dois deixaram o bar.

Brooklyn estava me observando, com os olhos transformados em fendas. — Você entregou sua última chance. — disse ela sombriamente. — Eu sei.

— Não entreguei o jogo, Brooklyn. Acho que você precisa ir mais devagar com a cerveja.

— Foda-se, Brown.

— Provavelmente não.

Ela arregalou os olhos por um momento. — O que você disse?

Sorri, apreciando o fato de que eu tinha ficado sob sua pele. — Você me ouviu. Qual é o problema, você pode responder, mas não pode aguentar?

Ela bebeu o último gole de cerveja e, em seguida, colocou-a sobre a mesinha ao lado dela.

Então, rápido como um gato, ela estendeu a mão e pegou a caixa de dardos de minhas mãos. — Oh, eu posso aguentar muito bem. Eu acho que você é o único que não pode aguentar, Brown. Você não pode aguentar a pressão.

— Realmente. — cruzei os braços e sorri para ela. — Você acha que eu tenho medo de você.

— Oh, eu sei que você está com medo de mim, e eu vou provar isso.

Page 28: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Vá em frente.

— Cada um de nós tem uma chance. — disse ela, em seguida, levantou um dedo. — Um lançamento só. Quem conseguir a maior pontuação ganha.

— Uau, isso é realmente assustador. — suspirei. — Você se lembra de que eu ganho a vida lutando, né?

— Mas ainda não se sabe se você tem o que é preciso, quando tudo está em jogo, Brown. Um lançamento. Se Eu ganhar, você me beija.

Eu ri. — Você acha que tenho medo de te beijar, Brooklyn?

— Sim. Porque eu sou uma mulher forte de verdade e não uma daquelas groupies de luta que você pensa tanto.

— Você não tem ideia do que eu estou pensando.

Minha mente foi para Lindsay. Ela estava tão longe de uma groupie de luta quanto você poderia imaginar.

Sim, mas Lindsay não está aqui, não é? Porque ela não pertence a este

lugar e você sim.

— Prove que você é tudo isso então, Brown. Mostre-me o que você tem.

— E se eu ganhar, você tem que beijar... Meus pés.

— Seus pés? — ela fez uma careta.

— Dois grandes beijos. Um para cada pé. De joelhos.

— Oh, eu aposto que você gostaria disso, não é? De mim, de joelhos?

Apenas ri. — Vá em frente, Brooklyn. Arremesse primeiro. Chega de conversa.

Ela olhou para mim, mas depois, colocou a caixa de dardos sobre a mesa ao lado de sua cerveja vazia, tirou um dardo amarelo da caixa, e foi até a linha. Ela estava concentrada, como se isso fosse a Olimpíada e ela estivesse indo para uma medalha de ouro.

Decidi que Brooklyn podia ser a garota mais competitiva – não, a pessoa mais competitiva – que eu já conheci na minha vida.

Ela mirou e arremessou. O dardo desembarcou no círculo externo do olho de Bulls9.

9 Pequeno círculo central sobre um alvo.

Page 29: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Não foi ruim. — disse a ela.

— Não foi ruim? Não foi ruim? Brown, você está frito e não sabe ainda.

Peguei um dardo da caixa e me movi rapidamente para a linha. Concentrei-me no olho de Bulls. Eu sabia que poderia atingi-lo. Já tinha feito isso algumas vezes naquele dia. Mas a questão era, eu realmente queria ganhar?

Claro, que seria engraçado ter Brooklyn beijando os meus pés. Seria gratificante vencê-la e fechar sua boca por um segundo.

Por outro lado, estava começando a me sentir como se estivesse em areia movediça. Eu não conseguia parar de pensar em Lindsay. Eu não tinha sido capaz de dormir, e ela se arrastava continuamente por minha mente nos piores momentos. Talvez o que eu precisava era de um choque no sistema.

Talvez o que eu precisava era de alguém para tirar a minha mente dela.

— Você vai jogá-lo ou o quê? — Brooklyn exigia.

Olhei para ela. Ela era linda. Ela era quente. Talvez ela não fosse Lindsay, mas ela era parecia boa pra cacete. E ela agia como se gostasse de manter as coisas interessantes no quarto. Havia maneiras piores de passar a noite do que com uma garota como Brooklyn. E talvez... talvez mais tarde, eu fosse capaz de dormir.

Sorri para Brooklyn e lancei o dardo sem sequer olhar para onde o estava jogando.

— Você perdeu de propósito. — disse ela.

— E se eu fiz? — Virei-me para encará-la. — Isso é ruim?

— Eu não sei. Nós ainda não respondemos a pergunta sobre você. Quando há pressão, você pode realmente aguentar? Ou você está vai apenas sufocar?

— Ok, vamos responder-lhe, então. — andei em direção a ela, e ela parecia um pouco surpresa.

— O que você está fazendo, Brown?

— Você fez o melhor, Brooklyn. Está com medo de ir até o fim?

— Não. — mas seus olhos estavam nervosos. Ela olhou para mim.

— Acho que você pode estar. Só um pouquinho.

— Foda-se.

— Vamos ver. — e então me inclinei e a beijei.

Page 30: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Nós nos beijamos por mais tempo do que o necessário.

E, então, interrompemos. O rosto de Brooklyn estava corado. Ela sorriu. —Porra, você é um grande beijador.

— Acho que fizemos o nosso ponto e agora é hora de ir.

— Ir para onde?

— Vamos. — eu disse. — Vamos para sua casa.

Page 31: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Lindsay

— Oh meu

Deus! — Rachel exclamou. — É Justin!

— O quê? — estávamos estudando na biblioteca, me virei e olhei para trás, meu pulso acelerado, meio que esperando vê-lo caminhar através da porta.

— Não, não aqui, aqui. — disse Rachel. — Aqui. — ela virou o laptop e me mostrou a tela.

Estava aberto em uma página no Boston.com, e, com certeza, havia uma foto de Justin. — DOIS LUTADORES LOCAIS DEFINIDOS PARA CONFRONTO — a manchete dizia.

Li as primeiras linhas.

Dois lutadores locais, Justin Brown e Uriah Burns, vão lutar na gaiola

no sábado para tentar determinar qual cara da cidade vai levar a melhor e

uma chance de estrelato na UFF.

Rapidamente parei de ler. — Não me importo. — disse.

Rachel me olhou com ceticismo. — Sério? Você não se importa?

— Não. — menti, desejando que fosse verdade, que realmente não me importasse.

A imagem de Justin na tela me fazia ansiar por ele. Não sabia onde eles tinham tirado aquela foto, mas ele estava com as mãos para cima em uma posição de combate, e seu olhar era intenso e sexy. Você só podia vê-lo da cintura para cima, mas ainda era óbvio como completamente perfeito seu corpo era. O visual que eu tinha dele na minha mente foi o suficiente para me deixar excitada - Eu não preciso de uma foto para me lembrar.

— Você se importa. — disse Rachel. — Você se importa e muito, eu aposto.

Page 32: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Se importa com o quê? — perguntou Adam. Ele veio estudar com a gente, mas tinha saído para buscar cafés. Agora, ele os colocou em cima da mesa e deslizou de volta em seu lugar.

— Nada. — disse, e dei um olhar para Rachel. Era um olhar que dizia — não traga isso à tona na frente de Adam — mas ou ela não entendeu, ou ela simplesmente não ligou.

— Justin. — disse ela. — aparentemente, ele vai estar em alguma grande luta.

— A luta não me interessa. — virei o laptop de volta para Rachel e Adam inclinou-se e olhou para a tela.

— Oh, Deus. — disse ele. — Por favor, não me diga que ainda está saindo com esse babaca.

— Não estou. — disse.

— Mas ela quer. — informou Rachel.

— Não, não quero!

— Me pergunto se ele vai vencer. — disse Rachel, envolvendo um pedaço de seu cabelo em torno de seu dedo em contemplação. — Eles estão dizendo que é uma grande luta, que Drew Ellis vai estar lá e tudo mais.

— Quem é de Drew Ellis? — perguntou a Adam.

— O chefe da UFF. — disse Rachel.

Olhei para ela, levantando as sobrancelhas. — Como você sabe tudo isso?

— Esta nos comentários! — ela disse.

— Você leu os comentários?

— Sim, estou lendo-os agora. — seus olhos estavam de volta à tela, com seus dedos percorrendo sobre o mouse. — Uau, um monte de meninas acha que Justin é quente.

Adam balançou a cabeça em desgosto. — Esse cara não é quente. Esse cara é um bandido. Isso é como dizer que Chris Brown é quente.

— Acho que Justin é legal. — disse Rachel, com os olhos ainda na tela. — Acho que vou a essa luta.

— Você não vai! — estendi minha mão e agarrei meu café, principalmente para que eu tivesse algo em minhas mãos. Meu corpo se encheu de energia nervosa, e minha perna começou bater de cima para baixo.

Page 33: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Por que não? — Rachel perguntou, como se ela ir para uma luta de Justin fosse à coisa mais normal do mundo. — Eu nunca vi uma luta de MMA antes.

— Eles são violentos. — eu disse.

— Você já viu?

— Não, quer dizer, eu os vi na TV antes. — Não mencionei que depois que eu conheci Justin passei um bom tempo vendo vídeos de lutas da UFF no YouTube. Não era um detalhe importante.

— Deveríamos ir. — disse Rachel. — Vai ser divertido! — os olhos dela estavam brilhando, como se ela tivesse acabado de chegar a alguma grande ideia como um dia no parque aquático ou algo assim, e não sugerindo que eu fosse para algum lugar em que o cara que tinha quebrado o meu coração iria estar.

— De jeito nenhum. — balancei minha cabeça.

— De jeito nenhum. — Adam concordou. — Esse cara é problema. Ele é um perseguidor. Ele persegue a Lindsay.

Rachel deu de ombros. — Bem, que seja. Ainda vou.

— Você não vai! — o pensamento dela indo a essa luta era quase insuportável.

— Por que não? Não tenho quaisquer outros planos. — ela começou a escrever algo em seu laptop.

O que eu ia fazer, sabendo que ela estaria no mesmo local que Justin? Imaginei-a voltando para casa depois da luta, e eu fazendo milhões de perguntas, deixando-a louca com tudo, desde se ele tinha ganhado, o que ele estava usando e mesmo se quaisquer outras meninas estavam tentando falar com ele.

— Você não vai falar com ele, não é? — pedi desesperadamente.

— Por favor. — Adam zombou. — Boa sorte tentando ter uma conversa com esse cara. Ele mal pode se expressar.

Rachel não disse nada. Ela ainda estava digitando.

— Olá! — Disse. — Não me ignore.

— Oh, desculpe. — disse ela. — Estava escrevendo um comentário.

— Um comentário?

Page 34: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Sim, sabe, sobre o artigo? Há um monte de pessoas falando sobre o quão épico essa luta vai ser.

— O que seu comentário diz?

— Só que conheço o JB, e que eu tenho certeza que ele vai ganhar.

— Você não o deixou com o seu nome verdadeiro, não é? — eu tinha uma imagem mental de Justin lendo o artigo e rolando para baixo para os comentários, reconhecendo o nome de Rachel e pensando que eu tinha colocado para ele.

— Espero que não. — disse Adam. — Esse cara é perigoso, você realmente precisa ficar longe dele.

— Claro que não o deixei com o meu nome real. — disse Rachel, e revirou os olhos como se ela não pudesse acreditar que eu pudesse insinuar uma coisa dessas. — Eu estou usando meu nome de tela, GoddessAthena99.

— Você tem um nome de tela para Boston.com? — perguntei.

— De que outra forma eu vou fazer um comentário? — Rachel respondeu.

— Por que você tem que comentar em tudo? — perguntou Adam. Ele balançou a cabeça em desgosto e olhou para baixo em seu livro.

— Porque algumas pessoas aqui estão me incomodando. — disse Rachel. — Como nos artigos políticos.

— Você não deve discutir com as pessoas na internet. — disse Adam. — É uma perda de tempo.

— Não mais desperdício de tempo do que você falando sobre o quão bandido Justin é.

— Isso não é perda de tempo. — disse Adam. — É apenas a verdade.

Rachel revirou os olhos. — Tanto faz. Se você não quer que eu vá, Lindsay, eu não vou.

Fiquei surpresa ao descobrir que, quando ela disse isso, me senti um pouco decepcionada. O que era estranho. Eu não queria que ela fosse para a luta de Justin. Nada de bom poderia vir disso. Mas agora que ela estava dizendo que não iria, de repente, queria que ela fosse. Queria que ela fosse lá, de modo que, quando ela chegasse em casa, poderia me contar tudo. Talvez ele até a visse no meio da multidão, ou falasse depois, e talvez ele desse alguma indicação do motivo pelo qual ele não tinha me ligado.

— Está tudo bem. — disse, tentando parecer indiferente. — Você deve ir.

Page 35: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Lindsay! — Adam exclamou.

— O quê? — Disse. — Não é como se eu fosse.

— Você deveria vir. — disse Rachel.

—D e jeito nenhum. — balancei minha cabeça.

— Vamos lá. — disse ela. — Você não tem pelo menos um pouco de curiosidade? Você não quer vê-lo lutar?

— Não. — tecnicamente era verdade. Eu particularmente não queria vê-lo lutar.

Mas queria vê-lo.

— Vamos lá. — disse ela. — Vem.

Não disse nada. Agora que a ideia tinha ficado na minha cabeça, eu não podia tirá-la. Queria ir, mesmo que eu soubesse que era uma horrível, má ideia. Eu ia acabar chateada depois, apenas sabia disso. Mas a ideia era tão tentadora que não pude resistir.

— Tudo bem. — disse. —Eu vou.

— Isso! — Rachel arremessou seu punho no ar.

— Não. — Adam balançou a cabeça. — Isso é loucura. Vocês não vão para uma luta de MMA.

— Por que não? — perguntou Rachel.

— Porque vocês são garotas! Vocês sequer sabem o que se passa nessas coisas?

Nós encolhemos os ombros e lhe demos um olhar vazio.

— É uma loucura! — disse ele. — As pessoas ficam bebendo e gritando e há todo tipo de sangue voando.

— Parece divertido. — disse Rachel.

— Lindsay? — Adam implorou. — Por favor, diga-lhe que você não vai.

Dei de ombros, estava fora das minhas mãos.

— Tudo bem. — disse Adam, balançando a cabeça como se não pudesse acreditar em quão ridículas estávamos sendo. — Mas, se você for eu vou com você.

Page 36: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Justin

Eu não estava

acostumado a ficar tão nervoso assim.

Meu estômago estava embrulhado e eu não conseguia me soltar ou quebrar em suor.

— Vamos lá, JB. Vamos bater as almofadas um pouco. — Quarry instruiu.

Ainda havia mais de meia hora antes da minha luta com Uriah. Eu estava usando meu equipamento de aquecimento sobre meus calções de luta, e estava quente. O camarim estava quente demais, me senti sufocado e com um pouco de frio, de alguma forma.

Eu dançava, pulava no lugar, querendo que meu corpo conseguisse alguma energia. Por que eu estava tão malditamente letárgico? Era a falta de sono?

Quarry me estudou, seus olhos intensos me julgando, como se já estivesse vendo falhas na minha linguagem corporal. Ele ergueu as mãos, que estavam cobertas por grandes luvas. — Dê-me alguns golpes e um cruzado direito — disse ele. — Faça-os bem e limpos, JB.

Coloquei minhas luvas e fiz o que me foi dito, batendo nas luvas com a minha melhor técnica.

— A mesma coisa. Faça-o novamente. — Quarry ordenou.

Fiz, mas minha mente estava em outro lugar. Eu estava pensando novamente naquela noite que passei com Brooklyn. Ela tinha sido um erro. Eu sabia agora, mas era tarde demais.

Ela estava no camarim, me olhando do outro lado da sala, enquanto, ocasionalmente, enviava mensagens de texto em seu telefone. Gostaria que ela não tivesse sido permitida, mas é claro que ela foi - Quarry era seu pai e ela o ajudava na comercialização de sua equipe.

Eu realmente estraguei tudo.

Page 37: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Vamos lá, vamos ver um pouco de paixão. — disse Quarry, segurando as almofadas em uma posição ligeiramente diferente para me forçar a mover minhas mãos. —Me dê um soco triplo, gancho de direita, e uma combinação de gancho de esquerda.

Os socos voaram, mas meus braços ainda estavam tensos e não havia qualquer pressão sobre os golpes. Sabia que parecia como se eu estivesse disparando a todo vapor, mas isso definitivamente não estava acontecendo.

Por que eu tinha sido tão estúpido? Depois que tinha ido para o apartamento de Brooklyn, as coisas tinham progredido rapidamente e nós transamos. Tinha sido bom. Ela parecia mais do que feliz com isso, mas, logo depois, eu tive um sentimento esmagador de arrependimento.

Ela queria que ficássemos juntos mais de uma vez desde então, mas consegui dar desculpas por causa da luta próxima com Uriah. Ainda assim, Brooklyn estava claramente com intenção de me ver novamente. Poderia dizer pela forma como ela tentou chamar minha atenção o tempo todo, sorrindo para mim, querendo a confirmação de que eu compartilhava os sentimentos dela.

Desejei que pudesse ter sido tão fácil, mas eu não compartilhava nenhum deles.

Eu estava pensando sobre Lindsay mais do que nunca agora. Provavelmente dormi menos nas duas últimas noites do que em todos os dias da semana anterior.

Não admira que eu não tenha nenhuma energia no momento. E o fato de que esta era a maior luta da minha vida não estava ajudando em nada.

— Onde está sua cabeça agora? — perguntou Quarry.

Olhei para Brooklyn e ela olhou para baixo, sorrindo timidamente. Quarry seguiu meu olhar. Quando ele olhou para mim, sua expressão havia crescido consideravelmente mais desfavorável. — Onde quer que sua cabeça esteja no momento, é melhor você perceber bem rápido que você precisa estar aqui comigo.

— Eu entendo.

— Entende? Então, bata nessas malditas almofadas com vontade.

Retomamos o nosso treino. Estava começando a me soltar um pouco e o suor começou a fluir. Poucos minutos depois, Drew Ellis entrou no camarim. Ele estava vestindo um terno escuro e camisa branca de botão sem gravata. Ele sorriu, olhando-me a dar socos e chutes difíceis nas almofadas de Quarry.

— Olhe para esse garoto. Ele é uma porra de um animal. — disse Drew.

Page 38: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Quarry olhou para ele. —Isso é a mesma coisa que você disse no outro camarim?

Drew riu. — Então, e se eu fiz? Não posso ser parcial.

— Foda-se. Nosso cara é dez vezes melhor do que a outra criança.

— Talvez. Espero que sim. — Drew virou para mim. — Nós temos grandes esperanças para você, Justin. Como você está se sentindo?

— Bem. — menti.

— Ótimo. — Drew sorriu para todos. — Esta vai ser uma luta incrível. Nunca ouvi tanta agitação em torno de uma luta amadora como neste caso. Você pensaria que nós estávamos no evento principal de um card da UFF, de tão louco que está. Vá lá fora e dê um show, amigo.

— Obrigado. — disse, balançando a cabeça quando ele saiu.

Poucos minutos depois, o árbitro para a luta entrou e me sentei, começou a despejar as instruções de luta e regras básicas. Havia sempre pequenas diferenças de uma organização para outra e de um estado para o outro. À medida que falava, senti minha pulsação subindo quando a realidade me bateu. Estávamos a poucos minutos da luta começar.

***

E então o rugido da multidão se elevou enquanto eu estava na gaiola em frente à Uriah. O apresentador do ringue estava no centro da gaiola com um microfone, divulgando o registro de Uriah de seis lutas, cinco vitórias por nocaute e nenhuma derrota. A multidão enlouqueceu e Uriah levantou um braço, parecendo relaxado e confiante. Seu corpo estava coberto por um brilho de suor, que me disse que ele tinha se aquecido corretamente.

Eu, por outro lado, estava seco como um osso. Eu tinha esfriado depois do meu aquecimento, e não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso. Meu estômago ainda estava agitado e minha frequência cardíaca estava alta. Isso não era eu. Tudo estava fora de lugar, tudo parecia errado.

A voz do locutor se tornou mais energética, falando sobre as minhas dez vitórias seguidas. Eu tinha parado todos os adversários e nunca perdi uma luta. Na verdade, nunca perdi nenhum round até agora.

Eu deveria estar me sentindo ótimo, do jeito que eu normalmente me sentia antes de uma luta.

Esta era a minha chance.

Page 39: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Não conseguia entender o que havia acontecido comigo. Tentei me concentrar, persuadir a mim mesmo, mas nada parecia funcionar.

Voltamos aos nossos cantos, pouco antes da luta começar. Quarry foi para fora da gaiola, pressionado contra ela, conversando. — Lembre-se de fechar a distância com seu soco. Estabeleça seu ritmo, assuma o controle. Assuma o controle! Trabalhe, trabalhe, trabalhe.

Balancei a cabeça, observando Uriah enquanto ele estava do outro lado da tela, observando-me com foco intenso. Ele, pelo menos, estava pronto.

— Vamos lá! — o árbitro gritou, e fez sinal para nós lutarmos.

Minhas pernas eram como chumbo quando fui para frente, tentando aplicar imediatamente pressão contra Uriah. Ele circulou para longe de mim, com as mãos para cima, seus pés ágeis. Fiquei imaginando como seria sua abordagem. Será que ele me pressionaria e tentaria entrar, torná-lo uma briga de cão? Tentar me trazer para o chão? Será que ele pensa que poderia ganhar se nós ficássemos em nossos pés, dando socos e pontapés?

Eu não sabia. O que eu sabia, era que logo atrás dele, à direita fora da gaiola, estava o meu antigo treinador. O treinador Jansen me conhecia melhor do que ninguém, sabia meus pontos fortes, fraquezas, medos, desconfortos. Com toda a probabilidade, ele tinha dito a Uriah todas essas coisas agora.

Mas o que isso significa, em termos práticos?

Estava pensando muito. Isto ficou óbvio quando Uriah de repente avançou para mim inesperadamente, lançando uma saraivada de socos em linha reta. Os dois primeiros me pegaram no queixo e bochecha, atirando minha cabeça para trás, enquanto a multidão rugiu.

Uriah bateu muito forte. Sabia que ele batia duro, tínhamos lutado juntos e eu o tinha visto bater nas pessoas.

Felizmente, eu tinha um queixo bom. Após os dois primeiros socos, recuei, colocando-me fora do caminho dos próximos socos. Não estava ferido, mas eu estava assustado.

Depois que ele viu que eu recuperei minha compostura, ele se afastou e começou a circular a gaiola novamente.

— Assuma o controle, assuma o controle! — Quarry gritou do lado de fora da gaiola. — Trabalhe, precisamos trabalhar!

Eu queria trabalhar, mas meu corpo não estava respondendo. Avancei lentamente, tentando deliberadamente colocar pressão sobre Uriah, já que ele estava se movendo muito. Se ele pretendia usar as pernas para correr, ele podia se cansar lá pelo terceiro round.

Page 40: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Quando cheguei mais perto, joguei um chute forte que pousou em sua coxa.

— Isso é o que precisamos! — Quarry gritou. Mal podia ouvi-lo sobre o rugido da multidão.

Quando cheguei mais perto de Uriah no canto da gaiola, ele, de repente, jogou um chute alto. Ele pousou no meu ouvido, e eu parcialmente o bloqueei com meu ombro. Caso contrário, poderia ter sido colocado para fora da gaiola como um capacho.

A multidão deu seu ooh de aprovação pelo chute de artes marciais.

Uriah tinha um grande sorriso em seu rosto quando dei um passo ou dois para atrás.

— Você gosta disso, JB? — disse ele.

Deixei cair minhas mãos e empinei meu queixo para ele, brincando um pouco. Os fãs aplaudiram alegremente e o sorriso de Uriah voltou-se para uma careta de raiva. Ele tentou me bater, mas eu facilmente evitei seus golpes e, em seguida, voltei com um contra-ataque agudo de minha autoria, atirando a cabeça para trás.

A rodada terminou e o juiz se colocou entre nós.

Voltei para o meu canto, e sentei-me no banco, respirando pesadamente.

Quarry e Z estavam dentro da gaiola comigo.

— Dê-me água. — Quarry estalou.

Z rapidamente tirou uma garrafa de plástico e o colocou em minha boca, deixou-me tomar um gole ou dois, e então jogou um pouco dela sobre a minha cabeça.

— Olhe para mim. — disse Quarry, tentando chamar minha atenção. — Que diabos foi isso?

— O quê?

Ele balançou a cabeça. — Você estava lento lá. Você mal fez nada até o final do round. E que besteira foi aquela? Você não é Roy Jones Jr.10 amigo. Sem mais jogar conversa fora. Preciso que você vá lá e triture esse garoto. Você perdeu o round.

Balancei a cabeça. Ele estava certo.

10

Boxeador americano

Page 41: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Meu corpo estava finalmente aquecido, e, embora eu definitivamente não me sentisse cem por cento, eu sabia que tinha outra velocidade em mim.

Levantei-me quando o árbitro nos deu sinal para começar a lutar novamente.

O segundo round foi diferente. Pressionei fortemente Uriah. Ele tentou se manter em movimento de um lado para o outro, mas reduzi seu espaço. Finalmente, o encurralei em um canto e empurrei suas costas contra a tela. A partir daí, comecei a trabalhar, acabando com ele como Quarry me disse para fazer.

Bati nele com golpes duros no corpo, joelhos, cotovelos. Tentei levá-lo para baixo.

Ele estava lutando de volta, mas eu sabia que estava gastando muita energia para me manter à distância. Agora estávamos em um duelo, e essa era a minha especialidade.

Gostava da dor. Eu gostava de dar e receber. Carreguei e lancei três socos fortes no estômago e nas costelas de Uriah, e ele jogou dois. Se eu rolasse e os levasse corretamente, eles não me machucariam tanto assim. E se ele me pegava com um bom soco, eu sorria e voltava com mais força.

Quando o round estava no fim, o senti começar a enfraquecer. Senti o cheiro de sangue.

Algo em seus olhos, a forma como sua boca estava começando a abrir para tomar grandes goles de ar, o jeito que ele não estava respondendo tão rapidamente aos meus socos e pontapés.

Eu estava tomando conta.

Nos últimos trinta segundos, eu abri e joguei combinações cruéis e pegou-lhe no queixo. Suas pernas fraquejaram e ele quase caiu.

O árbitro estava assistindo de perto agora, e eu sabia que ele estava a ponto de intervir.

Joguei uma joelhada mais dura que bateu contra seu plexo solar e ele cambaleou para longe de mim, com as pernas como gelatina. Vim para frente dando socos precisos que o acertaram em cheio.

A multidão estava em de pé e eu estava dominado pela fúria e sede de sangue.

Só mais alguns segundos, isso é tudo que eu preciso. Ele vai cair.

Page 42: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Mas quando eu me mudei para nocauteá-lo, o round terminou e o árbitro ficou entre nós mais uma vez.

De volta ao meu canto, Quarry estava animado, sorridente, mas ainda intenso. — Você está matando-o. Você está moendo-o em pó. Ele não tem mais nada. Continue aplicando essa pressão. Você está bem?

— Eu me sinto incrível.

— Bom. Você vai conseguir esse contrato. Agora, vai lá.

Levantei-me, olhando para Uriah. Ele ainda estava em seu banco, parecendo ferido e apático.

Por um momento, ouvi alguém chamar meu nome da multidão. Soou tão familiar, e eu não pude deixar de olhar lá para fora.

Mas antes que eu pudesse ver quem era, o round começou.

Uriah avançou rapidamente para mim, um guerreiro disposto a sair de seu escudo. Nós nos encontramos no centro da gaiola, porque ele não tinha pernas para correr mais.

Comecei a buscá-lo, atingindo-o com um soco violento e um bom golpe de mão esquerda.

Ele cambaleou para trás.

Naquele momento, justamente por cima do seu ombro, eu a vi perto à frente da multidão.

Lindsay.

Não podia acreditar em meus olhos. Ela estava aqui. Ela veio me ver.

Tal alívio inundou meu corpo. Eu queria correr para fora da gaiola e abraçá-la, beijá-la, dizer-lhe tudo...

O soco me pegou completamente de surpresa.

Tinha tirado os olhos de Uriah por apenas um segundo ou dois, mas tinha sido o suficiente.

Eu não vi isso, mas eu senti. A lona correu em minha direção quando minhas pernas fraquejaram incontrolavelmente. Ao longe, ouvi a multidão rugir mais uma vez, só que desta vez foi às minhas custas.

Uriah estava em cima de mim em um flash, dando socos fortes. Eu estava atordoado, mas ainda consciente dos meus arredores. Cobri minha cabeça o melhor que pude para que eu não sofresse muito dano.

Page 43: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Sabia que podia sobreviver ao ataque e me recuperar, mas eu tinha que tomar cuidado pelo próximo minuto ou dois. Meu corpo não estava respondendo corretamente depois de ser atingido e momentaneamente derrubado por um golpe.

Quando ele não conseguiu me nocautear, Uriah começou a lutar por uma posição. Eu ainda estava tentando recuperar minhas faculdades e, nesse curto período de tempo, ele foi capaz de ir para as minhas costas e envolver seu braço em volta do meu pescoço.

Eu estava lutando para sobreviver agora, quando seu braço apertou ao redor do meu pescoço. Suas pernas travaram em torno da minha cintura como uma cobra enquanto ele apertava mais e mais.

Eu tinha estado aqui antes, na prática. Um bom lutador praticava essas posições, esses momentos. Eu sabia que se ficasse calmo, iria sair dessa situação.

Eu mal conseguia respirar e estava vendo pontos na frente dos meus olhos.

Um pouco mais de pressão na minha traqueia e eu poderia perder todo o oxigênio e a consciência junto com ele.

Lentamente, manobrei minha mão para cima, serpenteando meus dedos debaixo de seu bíceps para criar alguma separação. A pequena diferença permitiu um pouco mais de ar em meus pulmões.

Mas parecia ruim. Eu sabia que parecia ruim.

O que eu não sabia — o quê eu não poderia ter planejado — aconteceu.

De repente, o árbitro apitou. Uriah ficou saltando em pé, pulando e comemorando.

Sentei-me, chocado. — O que foi isso? — perguntei ao árbitro.

—Você estava fora, filho.

— Eu não bati. Eu estava bem. Eu estava respirando.

O juiz balançou a cabeça tristemente. — Tive que fazer isso. Você não estava se defendendo de forma inteligente ou respondendo às suas ações.

Queria discutir, mas eu sabia que era inútil. Metade da multidão estava vaiando a decisão de parar a luta, a outra metade estava torcendo para Uriah.

Levantei-me e fiz meu caminho para o lado da gaiola, onde Z e Quarry estavam recolhendo o equipamento. Nenhum deles parecia feliz. Quarry nem sequer olhou para mim.

Page 44: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Z se aproximou e atirou um braço enorme sobre meu ombro. —Essa foi uma paralisação de merda. — disse ele.

— Foi minha culpa, acabei lá.

— Sim... Foi. — ele sorriu com tristeza.

Alguns momentos depois, fizemos a habitual felicitação à outra equipe.

Isto não era o que eu queria fazer. Eu ainda não me tinha permitido pensar no fato de que eu tinha perdido. Eu nunca tinha perdido uma luta. Nunca.

O treinador Jansen veio e apertou minha mão calorosamente. — Você está bem?

— Sim. — eu mal podia olhá-lo agora. — Boa luta. Parabéns.

— Eu não queria que fosse assim, JB.

— Tudo bem. Parabéns. — disse a ele, indo embora. Senti um toque no meu ombro e me virei. Uriah estava ali, seus olhos brilhando de alegria.

— Grande luta, cara. Você quase me deixou numa fria num segundo.

— Você tem uma tonelada de coração, Uriah. Parabéns. Você vai se dar bem na UFF.

— Você pertence lá também, cara.

— Eu não acho.

— Não faça assim. — disse ele. — Nós dois sabemos que isso vai acontecer novamente. Todo mundo vai querer nos ver lutar. Só que na próxima vez, provavelmente vai ser pelo cinturão.

Eu ri. — Desfrute da sua vitória. — disse. — Vai comemorar.

E então saí da gaiola e fui para o vestiário.

Meu camarim estava quase vazio.

Se eu tivesse ganhado, teria havido duas dúzias de pessoas ali beijando a minha bunda, mas, agora, havia apenas Quarry, Z e Brooklyn. E ninguém queria dizer uma palavra.

Vesti minha roupa de aquecimento enquanto Quarry continuou arrumando os últimos equipamentos.

Finalmente, ele olhou para mim, quando ele não se conteve mais. — Você estragou tudo. — disse ele.

Page 45: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Sim, acho que estraguei.

— Isso é tudo que você tem a dizer em sua defesa?

— O que você quer que eu diga?

— Eu não sei. — ele olhou para Brooklyn brevemente, depois de volta para mim. —Talvez você não estivesse com sua mente na luta. Talvez você foi pego em alguma merda estúpida e agora você está me fazendo parecer um bobo junto com você.

Minha mandíbula se apertou. — Você quer que eu rasteje ou algo assim?

— Quero ver se você se importe. Você acabou de perder a maior luta de sua vida e você está agindo como se tivesse perdido um jogo de damas.

— Desculpe, eu não estou chorando e implorando perdão, Quarry. Perdi uma luta. Isso acontece.

— Isso não acontece. Você deixa isso acontecer.

— Eu não preciso ouvir essa merda agora. Deixe-me em paz, cara.

—V ocê quer ser deixado em paz? Você conseguiu. Tenho que ir e tentar suavizar isso com Drew Ellis, de qualquer maneira. — ele se virou e saiu. Z o seguiu, dando-me um aceno indiferente e um olhar de desculpas quando ele foi.

Eu ri um pouco, não muito surpreso ou triste de vê-los ir.

Brooklyn ficou ali, perto da porta.

— Vá em frente. — disse a ela. — Diga o que você quer dizer.

— Eu não sei o que aconteceu esta noite. — disse ela. — Mas acho que concordo com meu pai. — e então ela foi embora também.

Boa viagem, pensei. Pendurei minha bolsa sobre meu ombro e fiz meu caminho para a saída. A última coisa que eu precisava agora era ver ou falar com alguém. Eu só queria sair dali.

Page 46: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Lindsay

Quando a

luta acabou, eu só fiquei lá por um segundo, atordoada. Então, antes mesmo que eu percebesse o que estava fazendo, eu estava em pé, fora do meu assento.

— Lindsay. — disse Adam da cadeira ao meu lado. — Onde você está indo?

— Tenho que encontrar Justin. — disse.

Adam se levantou. — Lindsay, não. — ele balançou a cabeça. — Você não pode. Ele não vai querer falar com você.

Rachel empurrou-o para fora do caminho. — Linds... — ela começou, mas a interrompi.

— Rachel. — disse — Por favor.

Ela mordeu o lábio. — Você não pode simplesmente ligar para ele mais tarde ou algo assim?

Neguei com a cabeça.

— Isso é ridículo. — disse Adam. — Se você sair, não vamos esperar por você.

— Não esperava que você o fizesse. — olhei para Rachel. Eu estava indo encontrar Justin não importava o que, mas eu queria que ela, pelo menos, fosse solidária com a minha decisão.

— Tudo bem. — disse ela depois de um momento, suspirando. Ela pareceu pensar sobre isso e tornando-se ainda mais convencida. — Você deveria ir. Eu entendo.

Adam se mudou para me parar novamente, mas Rachel entrou na frente dele. — Não. — eu a ouvi dizendo. — Deixe-a ir, Adam.

Virei-me e empurrei através da multidão. A luta tinha acabado, mas todos ainda estavam agitados, ainda animados de ver o que tinha acontecido. As pessoas estavam falando animadamente, e eu ouvi trechos de conversas enquanto encontrava meu caminho até a porta.

Page 47: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

—... Melhor luta que já vi em muito tempo...

—... Não sei o que aconteceu, ele apenas surtou...

—... Quase bateu para fora...

—... Eles têm que ter uma revanche...

Quando saí da arena, fui para o longo corredor que envolvia todo o perímetro interior do edifício, segui os sinais que apontavam para o vestiário.

Havia alguns caras pendurados do lado de fora do vestiário. Eles estavam vestindo camisetas vermelhas que diziam ‘The Slaughterhouse’ na frente.

—Com licença. — disse eu. — É aqui que Justin Brown está?

Eles trocaram olhares. — Quem é você? — um deles perguntou, olhando-me de cima a baixo. Poderia dizer que ele achava que eu era uma groupie.

— Sou uma amiga dele.

— Sim, eu aposto. — disse o outro.

O primeiro lhe deu um soco no ombro. — Ignore-o.

— Então Justin vai vir para esse vestiário? — perguntei impaciente.

— Não, ele vai entrar no túnel. — disse o segundo cara. — E quando ele sair, aposto que ele vai para trás do edifício, para não ter que falar com ninguém.

— Obrigada. — disse. Eu já estava indo para frente do edifício.

Lutei meu caminho até passar pela porta da frente e, em seguida, rapidamente dei a volta para a parte de trás da arena. Havia apenas uma porta visível ali – uma porta de metal verde escuro com as palavras — VESTIÁRIO — estampado em letras pretas. Alguns carros estavam estacionados contra o prédio, e uma cerca corria ao longo do outro lado do estacionamento, mas era isso. Não havia mais ninguém aqui fora.

Eu não me importava. Nem estava com medo de que era, basicamente, em um beco deserto. Iria esperar por ele, não importa quanto tempo levasse.

Esperei por cima do muro, saltando para trás e para frente de um pé para o outro para me impedir de ficar com muito frio.

Eu podia ouvir o ruído da parte da frente do edifício, gritos, carros, buzinas. Mas onde eu estava à espera, não havia praticamente ninguém e nada acontecendo.

Page 48: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Havia uma lixeira ali atrás, e o cheiro era muito ruim, mas eu não me importei.

Não me importava com nada, exceto Justin.

Passaram-se mais quinze minutos, e eu estava começando a pensar que talvez eu o tivesse perdido, que talvez esses caras estivessem errados, que talvez ele tivesse saído por outra porta ou saiu de alguma outra forma.

Mas, de repente, a porta de metal verde abriu e alguém saiu. Quando ele surgiu, pensei que eu poderia estar alucinando - só que eu não estava tendo alucinações, porque claramente era Justin.

Meu coração começou a acelerar e tentei me equilibrar.

Ele estava vestindo um moletom cinza e um par de calças de faixa pretas soltas. Seu cabelo escuro estava molhado do chuveiro. Nossos olhos se encontraram, e eu juro que ele parou de respirar por um momento. Esperei que ele dissesse alguma coisa, qualquer coisa que me deixasse saber que ele sentia minha falta tanto quanto eu sentia falta dele.

Mas, quando ele me viu ali, sua expressão instantaneamente endureceu.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou.

Agora que ele estava me perguntando, eu não estava completamente certa. — Queria ter certeza de que você estava bem.

— Eu estou bem. — disse ele.

— Tem certeza?

— Absolutamente.

— Tudo bem. — meu coração estava batendo forte no meu peito e emoção estava vibrando pelo meu corpo. Não sabia mais o que dizer. Mas eu não queria sair. Agora que ele estava aqui, na minha frente, todos os sentimentos que eu tinha por ele, todas as emoções distorcidas e confusas voltaram correndo. Foi esmagador. E, antes que eu percebesse, eu estava fazendo a ele a pergunta que tinha estado em minha mente por semanas. — Por que você não me ligou?

Ele balançou a cabeça. — Vá para casa, Lindsay. — disse ele. — Você não deveria estar aqui.

— Por que não?

— Porque este não é o lugar para você. — ele disse com tanta naturalidade, como se estivesse menosprezando nossa conversa. Como se ele estivesse me dispensando.

Page 49: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Minha excitação nervosa se transformou em raiva. — Realmente, Justin? — perguntei. — Então, qual é o lugar para mim?

— Em qualquer lugar, mas não aqui. — ele murmurou quando se virou e começou a se afastar.

— Em qualquer lugar, mas não perto de mim.

Segui-o. — O que isso quer dizer?

— Eu acho que é bastante autoexplicativo, Lindsay.

— Não para mim, não é.

Ele se virou e olhou para mim. — Não é meio óbvio que nós não pertencemos um ao outro? Você está tentando ser uma médica e eu estou tentando quebrar os ossos das pessoas. Além de eu mantê-la no negócio, nós não parecemos levar vidas complementares.

— Não me importo com o seu estilo de vida, Justin. Eu me importo com você.

Justin riu amargamente. — Você é ingênua, Lindsay. Basta ir para casa.

Meus olhos ardiam com lágrimas. Eu estava com raiva e envergonhada, e naquele momento, eu o odiava. — Bem, desculpe. — disse. — Desculpe por querer vir aqui e ter certeza de que você estava bem. Desculpe, se tentei ser sua amiga.

— Nós não podemos ser amigos. Você não percebeu isso ainda?

Minha boca abriu e fechou. Talvez eu tenha descoberto, mas ainda doía ouvi-lo dizer isso. — Pelo menos estou disposta a tentar.

Sua mandíbula apertou. — Não consigo me concentrar quando você está na minha vida. E quando você perde o foco no trabalho, isto é o que acontece. — ele abriu os braços. — Este é o resultado final.

— Não é minha culpa que você não consiga se concentrar.

— Sei disso. Eu disse que é minha culpa. — ele olhou para baixo e balançou a cabeça. — Você nunca deveria ter vindo aqui hoje à noite.

Não podia acreditar que ele estava dizendo essas coisas. Eu não podia acreditar que ele fosse tão mau para mim. Mas, acima de tudo, não podia acreditar que eu tinha esperado aqui só para ser submetida a isso. —Você é um babaca. — eu disse, e então mexi meus pés e comecei a correr novamente. Queria ficar o mais longe possível dele.

Mas ele me alcançou, me agarrou pela cintura e me puxou para ele.

Page 50: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Deixe-me ir. — disse, e tentei afastá-lo. Mas foi inútil. Ele era muito mais forte do que eu.

— Você quer saber por que eu estou sendo um babaca? — ele exigiu. Puxou-me para mais perto dele, pressionando seu corpo contra o meu. — Porque eu não consigo parar de pensar em você, porra, Lindsay, é por isso. Eu não consigo parar de pensar em você, e desejar que eu pudesse estar com você, e desejar que estivéssemos juntos, isso é o porquê.

Meus olhos se encheram de lágrimas, e um choque quente de eletricidade se moveu pelo meu corpo.

Antes que eu percebesse o que estava acontecendo, ele me empurrou contra o muro, minhas costas contra ele quando ele entrelaçou seus dedos com os meus.

— Eu não consigo dormir. — disse ele, olhando no fundo dos meus olhos. —Eu não posso comer, e, aparentemente, agora eu não posso lutar. Eu preciso de você. Eu quero você.

Meu coração estava batendo rápido, e minha respiração estava curta e ofegante. — Eu quero que você também. — sussurrei.

Ele passou os braços em volta de mim e me puxou para perto, e eu descansei minha cabeça em seu ombro. Ficamos assim por um bom tempo, meu rosto enterrado em seu pescoço, até que finalmente ele se afastou e olhou para mim. Podia ver o desejo e a necessidade em seus olhos.

Ele passou o dedo para baixo ao longo da minha mandíbula e sobre os meus lábios. — Venha para casa comigo. — sussurrou.

Meu corpo inteiro estava em chamas. Eu o queria tanto, e eu tive um flash de nós em sua cama, nus, nossos membros emaranhados enquanto ele me beijava toda. Mas a outra parte de mim estava cheia de confusão e ansiedade. Eu o queria. Todo ele. Não apenas o que tínhamos feito no passado, onde dormimos na mesma cama e nada aconteceu.

— Eu não posso fazer isso.

— Por que não?

Balancei minha cabeça. — Eu não vou voltar para casa com você, se tudo o que vamos fazer é dormir.

Seus olhos se estreitaram e queimaram ainda mais intensamente. Ele me puxou para perto dele mais uma vez, senti a sua mão na minha nuca, empurrando meu cabelo para o lado.

Inclinei a cabeça, e ele baixou os lábios para o meu pescoço.

Page 51: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Ele beijou logo acima da minha clavícula, seus lábios traçando uma trilha ardente na minha pele.

Quando ele chegou ao meu ouvido, ele sussurrou. — Nós não vamos apenas dormir.

E eu podia dizer que ele estava falando sério. Eu tinha certeza que ele ia me dar o que eu queria.

Ele puxou de volta, com as mãos ainda presas em volta da minha cintura. Ele me olhou nos olhos, como se estivesse pedindo a minha permissão, e eu assenti.

Meu coração disparou.

E então, de repente, a porta dos fundos da arena abriu com um rangido alto.

— Ei, JB. — alguém gritou. — O treinador quer falar com você.

Justin se afastou de mim e me virei. — Foda-se. — disse ele.

— Estou cheio dessa merda por essa noite.

— Não, cara, você tem que vir. — disse o garoto. Ele parecia animado. —Drew Ellis está com ele. É um grande negócio, cara.

Drew Ellis. O cara da UFF, o que era supostamente um figurão.

— Está tudo bem. — disse a Justin. — Vá. Vou esperar por você.

Ele hesitou. — Tem certeza?

— Tenho certeza.

Ele apertou minha mão. — Eu já volto. Dez minutos, no máximo.

Assenti, vendo quando ele se virou e caminhou em direção à porta do vestiário.

Quando chegou lá, ele deslizou para dentro, e a porta estava prestes a fechar, mas antes que ela pudesse, alguém a empurrou de volta aberta.

Uma garota caminhou para fora.

Ela estava vestindo uma camisa preta apertada e jeans skinny enfiadas em botas pretas.

Ela parecia familiar.

— Ei. — ela disse calmamente, enquanto se aproximava de mim. Ela me deu um sorriso amigável. — Acho que vi você na casa do meu pai na outra noite.

Page 52: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Na casa do seu pai? — perguntei hesitante.

— Sim, era uma festa. Tenho certeza de que você estava lá.

— Oh. — disse, balançando a cabeça lentamente. Eu ainda estava agitada pela proximidade de Justin, e eu respirei fundo, em um esforço para me acalmar.

— Quarry é o meu pai. Sabe, o treinador? — ela disse como se estivesse acostumada a receber tratamento especial. Automaticamente, não gostei dela. Não podia explicar exatamente o porquê - ela estava sendo perfeitamente legal comigo, mas havia algo nela que fez o alarme começar a tocar na minha cabeça.

— Oh, sim. — disse. Nos duas ficamos sem jeito por um momento, sem dizer nada. Eu estava esperando que ela tomasse a dica e voltasse para dentro.

— Você está esperando pelo JB? — ela perguntou, finalmente.

— Sim. — disse. — Ele me pediu que esperasse aqui fora por ele.

— Você é amiga dele?

— Sim.

— Bem, eu também. — disse ela. Seu sorriso ficou maior. — Mas tenho a sensação de que eu e ele estamos ainda mais próximos do que vocês dois.

Levantei meu queixo. — O que isso quer dizer?

Ela encolheu os ombros. — Olha, isso não é surpreendente. É isso o que esses caras fazem, certo? Estes lutadores? Eu já vi isso um milhão de vezes. Eles dormem com uma garota, e depois com outra. — ela suspirou. — Basta ter cuidado, ok? Você parece muito boa, e eu não quero que você se machuque.

Ela se virou, em seguida, começou a andar em direção à porta do vestiário, o cabelo balançando atrás dela. A assisti ir, sentindo como se eu tivesse levado um soco no estômago.

Seria verdade? Justin tinha dormido com ela?

Meus olhos se encheram de lágrimas e meu estômago apertou.

E então eu me virei e comecei a correr.

Page 53: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Justin

Enquanto eu

caminhava de volta para dentro, Brooklyn estava de pé na porta, me observando de perto. Ela tinha um olhar estranho em seu rosto. Por um momento, me perguntei se ela tinha me visto falando com Lindsay lá fora. Mas então percebi que eu realmente não dava a mínima para o que Brooklyn viu ou o que ela achava de mim. No meu pior momento, ela virou as costas para mim e ficou do lado de seu pai idiota.

Passei por ela e caminhei pelo corredor, querendo nada mais do que acabar com isso para que eu pudesse ir para fora e ver Lindsay novamente.

Ocorreu-me que eu ia ter que dizer sobre Brooklyn e o que tinha acontecido na outra noite a Lindsay. Meu estômago doía apenas por imaginar isso, mas eu não queria esconder algo assim dela.

Eu não me importava em falar com Drew Ellis, que provavelmente só queria uma explicação sobre o porquê eu tinha apanhado e caído de Uriah.

Eles estavam esperando por mim no vestiário. Não apenas Z e Quarry, mas também Drew Ellis e, provavelmente, quinze ou vinte outras pessoas.

— Aqui está ele! — Drew gritou, e alguns flashes dispararam, quase me cegando, quando os aplausos irromperam.

Pisquei, olhando para a cena bizarra. Isto era algum tipo de piada? Eu não entendia.

— O que está acontecendo? — Perguntei.

— O que está acontecendo? — Drew repetiu, rindo. — O que está acontecendo é que você e Uriah fizeram um inferno de uma luta. Foi tão incrível e a multidão gostou tanto, que eu não podia dar o contrato apenas para Uriah.

Meu coração quase parou de bater. — O quê?

Quarry orgulhosamente me entregou um contrato e uma caneta. Peguei, incapaz de sequer olhar em seus olhos quando fiz isso.

Page 54: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

— Agora, não podemos lhe três lutas, como fizemos com Uriah. Mas este é um contrato de duas lutas, e essencialmente é muito bom. Você está oficialmente na UFF, uma vez que você assine o maldito contrato.

Olhei para ele, a descrença, a felicidade, a ansiedade e todas as outras emoções lavando sobre mim. Isso era o que eu estava querendo, trabalhando para – e finalmente aconteceu.

Comecei a ler o contrato. Não conseguia lembrar quem me disse isso, talvez fosse o treinador Jansen, mas lembrei-me de ouvir que você nunca deve assinar qualquer coisa, a menos que você o tenha lido em primeiro lugar, não importa o quê. O problema era que o contrato tinha um monte de fala de advogado e eu não estava totalmente certo de que eles estavam dizendo.

— Jesus, nós vamos estar aqui à noite toda neste este ritmo. — Drew brincou, recebendo uma risada dos espectadores.

— Você já vai assinar ou o quê? — Quarry gritou, atraindo mais risos.

— Claro que vou assinar. — ri e, em seguida, agarrei a caneta e assinei meu nome com um floreio.

Mais fotos foram tiradas. Drew queria conversar um pouco comigo e com meu treinador. —Isso vai estar no site amanhã. — ele me disse. — Você vai ser grande, JB. Nós ainda acreditamos em você. Todo mundo perde de vez em quando, e vamos combinar, aquela paralisação foi pura besteira.

— Obrigado por perceber. — disse a ele.

Todos queriam festejar agora. Caras da academia estavam falando, tentando chamar minha atenção. Mas a verdade é que eu não me importava com qualquer um deles agora. Então, me desculpei e rapidamente tentei fugir para a parte de trás novamente para encontrar Lindsay.

Mas quando abri a porta para o exterior, ela estava longe de ser vista. Olhei em volta, imaginando que ela poderia apenas ter acabado de ir para outro local para me esperar.

— Lindsay? — chamei. — Ei, Lindsay! — minha voz ecoou.

E se ela ficou com raiva que eu a tinha deixado por alguns minutos? Peguei meu celular e mandei uma mensagem para ela.

Onde vc está?

À espera de uma resposta, fiquei surpreso ao ouvir a porta se abrir atrás de mim. — Você está procurando a menina que estava aqui?

Page 55: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Virei-me e vi Brooklyn, e meu coração afundou. — Na verdade, sim. Você sabe onde ela foi?

Brooklyn saiu, cruzando os braços e tremendo um pouco com a brisa. —Depois que você entrou, ela começou a ficar toda impaciente. Então ela me disse para dizer-lhe que ela precisava ir, e foi isso. Decolou como um morcego fora do inferno.

Eu não podia acreditar. Por que ela tinha acabado de sair assim? E se eu tivesse feito alguma coisa? Verificando meu telefone novamente, mandei outra mensagem para Lindsay, mais uma vez, perguntando-lhe o que estava errado.

— Por que você não vem para casa comigo, Justin? — Brooklyn perguntou, passando a mão pelo meu braço. —Pensei que nós nos divertimos juntos.

Eu me virei. — Não chamo o que você disse para mim de uma noite divertida, Brooklyn.

— Eu sei. Realmente sinto muito sobre isso, JB. Acabei... Eu me senti mal por você e minhas emoções levaram o melhor sobre mim.

— É assim que você fica quando se sente mal por alguém? Lembre-me de não te irritar, então.

— Sinto muito. — disse ela novamente. — Por favor, JB. Deixe-me fazer as pazes com você, esta noite. Na minha casa.

Eu sabia o que ela estava oferecendo, mas não tinha interesse.

Foi realmente muito irônico – o que devia ter sido a noite mais feliz da minha vida, me senti mais sozinho do que nunca. Tudo o que eu conseguia pensar era por que Lindsay tinha saído.

Comecei a escrever outra mensagem.

— Ei. — a voz familiar ecoou.

Minha cabeça se levantou de olhar para o meu celular, e eu a vi.

Lindsay. Ela estava em pé a poucos metros de distância de nós.

— Onde você foi? — Perguntei.

— Será que isso importa? Estou de volta agora. — ela olhou desafiadoramente para Brooklyn.

— Brown, não vá com aquela garota. Ela é completamente louca. — disse Brooklyn.

Page 56: Addicted to you 06 relentlessly reckless lucy covington

Nem sequer olhei para ela. — Brooklyn. Volte para dentro. — e então fui em direção a Lindsay. E peguei a mão dela.

— Vamos. — disse. — Vamos.

Nós começamos a caminhar juntos. Nossas mãos entrelaçadas, e eu podia sentir o calor de sua pele contra a minha. Tudo nela parecia certo.

Meu corpo inteiro estava vibrando com a necessidade e com certeza. Apesar de todas as minhas dúvidas e toda a resistência, não podia me segurar. Não conseguia parar o que ia acontecer a seguir, e eu não queria nem tentar.

Hoje à noite nós estávamos finalmente ficando juntos, da forma como deveria ter sido desde o começo.

Fim do livro 6