as vanguardas europeias
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Vanguarda (do francês avant-garde
(“proteção frontal”) em sentido literal faz
referência ao batalhão militar que precede as
tropas em ataque durante uma batalha. Daí
deduz-se que vanguarda é aquilo que está à
frente.
As vanguardas europeias foram os
movimentos culturais que começaram na Europa
no início do século XX, os quais iniciaram um
tempo de ruptura com as estéticas precedentes,
como o Simbolismo
Pode-se afirmar que as Vanguardas Europeias
foram movimentos literários estéticos e radicais,
cujos principais objetivos eram promover uma
ruptura com a tradição e abertura a novas
possibilidades artísticas, como as oferecidas pela
vida urbana moderna e pela exploração do
irracionalismo e do inconsciente.
Retratar paisagens bucólicas, imagens de
ninfas, cupidos e outros seres mitológicos não
fazia mais sentido algum em um mundo marcado
cada vez mais pelo progresso e pela urbanização.
Da mesma forma, os ideais de equilíbrio e
harmonia (Belle Époque) não se justificavam em
uma época marcada pela velocidade e pelas
transformações constantes. Até a reprodução fiel
da realidade havia perdido a sua importância no
campo artístico, pois as reproduções exatas
poderiam ser obtidas, com melhor efeito, por
meio da recém-criada fotografia. O artista estava
livre para representar o mundo de forma
subjetiva, conforme sua ótica e interpretação
pessoais.
O Modernismo, na Europa, surgiu em um
momento de plena transformação na sociedade.
Nesse período, a Europa estava em clima de
contentamento diante dos progressos industriais,
dos avanços tecnológicos, das descobertas
científicas e médicas, como: eletricidade,
telefone, rádio, telégrafo, vacina antirrábica, os
tipos sanguíneos, cinema, RX, submarino,
produção do fósforo. Ao mesmo tempo, a disputa
pelos mercados financeiros (fornecedores e
compradores) ocasionou a I Guerra Mundial.
O clima estava propício para o surgimento
das novas concepções artísticas sobre a realidade.
Surgiram inúmeras tendências na arte,
principalmente manifestos advindos do contraste
social: de um lado a burguesia eufórica pela
emergente economia industrial e, de outro lado,
a marginalização e descontentamento da classe
proletária e a intensificação do desemprego .
O Brasil, por sua vez, passou de escravocrata para
mão de obra livre, da Monarquia para República.
Atentos às mudanças de seu tempo, os
vanguardistas perceberam que a arte vinculada
aos padrões clássicos estava ultrapassada,
descontextualizada, pois não refletia as inovações
tecnológicas e as transformações históricas em
curso. Em outras palavras, a arte então produzida
não representava a sociedade e o espírito da
época. Houve uma negação da cultura europeia
tradicional e de busca de novos valores morais e
estéticos, fazendo surgir as Vanguardas Europeias.
Higiene do mundo
Imagem em movimento
Sem pontuação
Frases nominais
versos livres
desprezo ao passado
O italiano Filippo Tommaso
Marinetti (1876-1944),
considerado o fundador do
Futurismo, publicou em 20 de
fevereiro de 1909 no jornal
parisiense Le Figaro o
Manifesto futurista, no qual
propôs a exaltação da vida
moderna, o culto da máquina
e da velocidade, a destruição
do passado e dos meios
tradicionais da expressão
literária.
Após o primeiro manifesto, que define o perfil
ideológico do movimento, Marinetti lança, em 1912, o
Manifesto Técnico da Literatura Futurista, cujas
propostas representam uma verdadeira revolução
literária. Entre elas, destacam-se:
A destruição da sintaxe e a disposição das “palavras
em liberdade”;
O emprego dos verbos no infinitivo, com vistas à
substantivação da linguagem;
Abolição dos adjetivos e dos advérbios;
O emprego do substantivo duplo (praça-funil, mulher-
golfo) em lugar do substantivo acompanhado de
adjetivo;
Abolição da pontuação que seria substituída por sinais
da Matemática ( + , - , : , = , < , > );
A destruição do eu psicologizante.
As propostas técnicas do Futurismo italiano
tiveram adeptos em todo o mundo, entre os quais o
escritor norte-americano Walt Withman, o poeta
português Fernando Pessoa e os poetas brasileiros
Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Veja, por
exemplo, como nos seguintes versos do poema
“Ode Triunfal”, de Fernando Pessoa, manifestam-se
certos traços da poesia futurista, como o tom
exaltado e exclamativo, a negação do passado e a
exaltação das máquinas. Oswald de Andrade foi o
escritor responsável pela introdução do ideário
futurista no Brasil, porém, com uma denotação
mais suave do que o original europeu.
Ode TriunfalFernando Pessoa
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
[...]
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável.
Historicamente o Cubismo
originou-se na obra de Paul
Cézanne, pois para ele a pintura
deveria tratar as formas da
natureza como se fossem cones,
esferas e cilindros. Entretanto,
os cubistas foram mais longe do
que Cézanne. Passaram a
representar os objetos com
todas as suas partes num mesmo
plano.
O Cubismo estendeu-se de 1907 a 1914,
tendo na pintura seus principais
representantes: Pablo Picasso, Fernand
Léger, André de Lothe, Juan Gris e Georges
Braque. Na literatura figuram-se
Apollinaire e Cendras.
O propósito da arte cubista era
promover a decomposição, a fragmentação
e a geometrização das formas. Os artistas
apostaram na simultaneidade de
visualizações permitidas a partir da análise
de um objeto, isto é, o mesmo poderia ser
visto sob vários ângulos, embora sua
totalidade pudesse ser inteiramente
preservada
Tarsila Amaral Rego Monteiro
Na literatura o Cubismo nasceu com o manifesto-
síntese assinado pelo francês Guillaume Apollinaire
(1880-1918), publicado em 1913, influenciando toda a
poesia cubista contemporânea. Seus versos, em linhas
curvas, torna-o precursor do concretismo.
A literatura cubista valorizava a proposta da
vanguarda europeia: aproximar ao máximo as várias
manifestações artísticas como a pintura, a música, a
literatura e a escultura. Daí, a preocupação dos poetas
cubistas com a construção do texto. Os versos eram
compostos em linhas curvas, os espaços brancos entre
as palavras eram usados de tal maneira a criar (com
formas geométricas, tipo poema figurado) imagens.
POESIA CONCRETA OU CONCRETISMO
Apollinaire defendia a liberdade das palavras e a
invenção de palavras, O resultado são palavras
soltas, escritas tanto na vertical, como na horizontal,
sem a continuidade tradicional. Propunha a
destruição das sintaxes já condenadas pelo uso
criando um texto de substantivos desprendidos, em
desordem, jogados de forma anárquica no texto.
Incentivava o menosprezo por verbos, adjetivo e
pontuação. Pregava a utilização dos versos livres, ou
seja, sem a necessidade da estrofe, da rima e da
harmonia. Assim, como na pintura, as colagens
passaram a ser incorporadas pelos textos poéticos.
O Cubismo no Brasil só ressoa após a Semana de
Arte Moderna (1922). Mesmo assim, é considerado
apenas um exercício técnico. Portanto, não tivemos
cubistas brasileiros, embora quase todos os
modernistas recebessem influencia do movimento. É
o caso de Osvaldo de Andrade, Tarsila do Amaral,
Anita Malfatti e Di Cavalcanti. Em 1918 o arquiteto
francês Le Corbusier e o pintor francês Ozenfant
(1886-1966)decretam o fim do movimento com a
publicação do manifesto Depois do Cubismo
"O Grito" é uma das obras mais
importantes do movimento expressionista. No
quadro há uma figura andrógina (não é
possível afirmar se é homem ou mulher),
num momento de desespero e angústia. Ao
fundo, está a doca de Oslofjord (em Oslo,
Noruega) durante o pôr-do-sol.
Conseguir expressar toda essa angústia
por meio de pinceladas, como no quadro
acima, com fundo distorcido e cores "irreais"
são algumas características do
expressionismo.
Esse movimento teve força
principalmente na Alemanha, no início do
século XX. Pretendia realizar uma pintura
dramática, angustiante, com sensações
dolorosas sobre o destino do homem.
Edvard Munch
Características da pintura
expressionista:
Deformação da imagem visual e
cores resplandecentes, vibrantes,
fundidas ou separadas.
O pintor recusa o aprendizado
técnico e pinta conforme as
exigências de sua sensibilidade. O
pincel (ou a espátula) vai e vem,
fazendo e refazendo, empastando
ou provocando explosões.
Preferência pelo patético, trágico
e sombrio. O artista vive não
apenas o drama do homem, mas
também da sociedade. A Família Enferma, de
Lasar Segall
O expressionismo na literatura
O movimento é marcado por
subjetividade do escritor, análise minuciosa
do subconsciente dos personagens e
metáforas exageradas ou grotescas. Em
geral, a linguagem é direta, com frases
curtas. O estilo é abstrato, simbólico e
associativo.
Durante e depois da Primeira Guerra
Mundial, o Expressionismo assumiu um
caráter mais social e combativo,
denunciando os horrores da guerra, as
condições de vida desumanas das
populações carentes, etc.
O Dadaísmo foi um movimento
originado, entre 1915 e 1916, em
Zurique, Suíca.
O movimento promovia o
"terrorismo cultural", pois negava
todas as tradições sociais e artísticas.
Tinha como base o niilismo
(descrença absoluta), o ilogismo
(ausência de lógica ou de regras) e o
slogan "a destruição também é
criação".
Na arte, havia grande admiração
pela arte abstrata e cultuava a
realidade mágica da infância: "Mona
Lisa com bigodes, de Marcel
Duchamp"
Características principais do dadaísmo:
- Objetos comuns do cotidiano são
apresentados de uma nova forma e dentro
de um contexto artístico;
- Irreverência artística;
- Combate às formas de arte
institucionalizadas;
- Crítica ao capitalismo e ao consumismo;
- Ênfase no absurdo e nos temas e
conteúdos sem lógica;
- Uso de vários formatos de expressão
(objetos do cotidiano, sons, fotografias,
poesias, músicas, jornais, etc) na
composição das obras de artes plásticas;
- Forte caráter pessimista e irônico,
principalmente com relação aos
acontecimentos políticos do mundo
O Surrealismo foi um movimento
artístico e literário surgido
primariamente em Paris no início do
século XX, inserido no contexto das
vanguardas que viriam a definir o
modernismo, reunindo artistas
anteriormente ligados ao Dadaísmo e
posteriormente expandido para
outros países. Fortemente
influenciado pelas teorias
psicanalíticas de Sigmund Freud
(1856-1939), o surrealismo enfatiza o
papel do inconsciente na atividade
criativa.
Características do estilo:
Uma combinação do representativo, do
abstrato, e do psicológico. Segundo os
surrealistas, a arte deve se libertar das
exigências da lógica e da razão e ir além da
consciência cotidiana, expressando o
inconsciente e os sonhos. O principal
teórico e líder do movimento é o poeta,
escritor e crítico francês André Breton
(1896-1966), que em 1924 publica o
primeiro Manifesto Surrealista.
No manifesto e nos textos escritos
posteriores, os surrealistas rejeitam a
chamada ditadura da razão e os
valores burgueses como pátria,
família, religião, trabalho e honra.
Humor, sonho e a contra lógica são
recursos a serem utilizados para
libertar o homem da existência
utilitária. Segundo a nova ordem, as
ideias de bom gosto e decoro devem
ser subvertidas.
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