antirreabsortivos: relato de caso

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ABORDAGEM CIRÚRGICA ODONTOLÓGICA EM PACIENTES USUÁRIOS DE MEDICAMENTOS ANTIRREABSORTIVOS: RELATO DE CASO ] u rJ /' ( Relato de Caso Clíníco Dental surgical approach in patients under antiresorptive therapy: Case Report FELIPE ALVES MESQUITA Cirurgião Dentista - Especialista ení Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo Faciais (Odontoclínica Central da Marinha - OCM) FABIANO MENEGAT CapC]O de CO(veta ICD) - EspecialiSfa em Cirurgia e Traumaíologia Buco-Maxilo-Fai:iais pela Odontoclinica Central da Marinha - OCM Mesíre em CliniCa Odontológica (Area de Concentíação. Cirurgla e TraumajolOqia BuCC)-MaxilO-FaciaiS) pela Faculdade de Odontologia de Piíacicaba - Universidade Estadual de Campinas F(P/UNICAMP Resumo: Os bisfosfonatos são drogas antirreabsortivas capazes de inibir a reabsorção óssea. Algumas patologias osteometabólicas como a osteogênese imperfeita, osteoporose, doença óssea de Paget e, principalmente, as metástases ósseas provenientes de complicaçôes de neoplasias malignas têm indicação de uso destes medicamentos. Uma condição conhecida como osteonecrose dos maxilares induzida por medicamentos é uma complicação subsequente ao uso destas drogas O objetivo deste trabalho é apresentar um caso clínico no qual foi executada uma exodontia em uma pacieote que havia utilizado medicamento à base de bisfosfonato previameríte e que havia sido tratada de osteonecrose induzida por medicamentos (OMIM) e cujo everíto precipitante foi uma exodontia executada cerca de 4 anos antes. O acompanhamento longitudinal mostrou que a abordagem utilizando profilaxia antibiótica prêvía por 2 dias, o uso de um retalho mucoperiosteal, seguido da exodontia, curetagem do alvéolo, remoção das espículas ósseas e sutura do retalho por primeira intenção, bem como a prescrição de enxaguatórios orais a base de clorexidina O,12%, no pré e pós-operatório, para esta paciente, mostrou-se eficaz. Palavras-chave:Osteonecrose Cirurgia bucal. Alendronato. Como citaí este artigo: Mesquita FA, Menegat. F Aboídaqem cn uígica odoníológica em pacien{es íisuáíios de medicameníos anuíi'eabsoí-tivos: Relaío de Caso. RevNavOdoíítol.20l7,44(1)'16-22 Submetido: 13 de maio de 2016 Revisado e aceito:16 de maio de 2017 Endereço de contato: Ptaça F3ar'ao de Ladmio - s/nº ? Odoníoclinica C entíal da Maíníha - Ceníío - Rio de laneiío - Rl - C E P - -' 1910-000 E-mail:felipeamsqta@gmail coín OS autO(eS nãO (elatarrl IníereSSe COITle{Clàl. ílnanCelíO ou de píopí-iedade IxlS píOduíOS (lu elllplesaS deSCí'lfüS Ileste altlgO Revista Naval de Odontologia - 2017, 44 m - Pàgina 16 -

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Page 1: ANTIRREABSORTIVOS: RELATO DE CASO

ABORDAGEM CIRÚRGICA ODONTOLÓGICA EMPACIENTES USUÁRIOS DE MEDICAMENTOS

ANTIRREABSORTIVOS: RELATO DE CASO

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Relato de

Caso Clíníco

Dental surgical approach inpatients under

antiresorptive therapy: Case Report

FELIPE ALVES MESQUITACirurgião Dentista - Especialista ení Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo Faciais (Odontoclínica Central da Marinha - OCM)

FABIANO MENEGAT

CapC]O de CO(veta ICD) - EspecialiSfa em Cirurgia e Traumaíologia Buco-Maxilo-Fai:iais pela Odontoclinica Central da Marinha - OCMMesíre em CliniCa Odontológica (Area de Concentíação. Cirurgla e TraumajolOqia BuCC)-MaxilO-FaciaiS)pela Faculdade de Odontologia de Piíacicaba - Universidade Estadual de Campinas F(P/UNICAMP

Resumo: Os bisfosfonatos são drogas antirreabsortivas capazes de inibir a reabsorção óssea. Algumas patologiasosteometabólicas como a osteogênese imperfeita, osteoporose, doença óssea de Paget e, principalmente, asmetástases ósseas provenientes de complicaçôes de neoplasias malignas têm indicação de uso destesmedicamentos. Uma condição conhecida como osteonecrose dos maxilares induzida por medicamentos é umacomplicação subsequente ao uso destas drogas O objetivo deste trabalho é apresentar um caso clínico no qual foiexecutada uma exodontia em uma pacieote que havia utilizado medicamento à base de bisfosfonato previamerítee que havia sido tratada de osteonecrose induzida por medicamentos (OMIM) e cujo everíto precipitante foi umaexodontia executada cerca de 4 anos antes. O acompanhamento longitudinal mostrou que a abordagemutilizando profilaxia antibiótica prêvía por 2 dias, o uso de um retalho mucoperiosteal, seguido da exodontia,curetagem do alvéolo, remoção das espículas ósseas e sutura do retalho por primeira intenção, bem como aprescrição de enxaguatórios orais a base de clorexidina O,12%, no pré e pós-operatório, para esta paciente,mostrou-se eficaz.

Palavras-chave:Osteonecrose Cirurgia bucal. Alendronato.

Como citaí este artigo: Mesquita FA, Menegat. F Aboídaqem cn uígica odoníológica em pacien{es íisuáíios de medicameníos anuíi'eabsoí-tivos: Relaío de Caso.RevNavOdoíítol.20l7,44(1)'16-22Submetido: 13 de maio de 2016

Revisado e aceito:16 de maio de 2017

Endereço de contato: Ptaça F3ar'ao de Ladmio - s/nº ? Odoníoclinica C entíal da Maíníha - Ceníío - Rio de laneiío - Rl - C E P - -' 1910-000E-mail:felipeamsqta@gmail coínOS autO(eS nãO (elatarrl IníereSSe COITle{Clàl. ílnanCelíO ou de píopí-iedade IxlS píOduíOS (lu elllplesaS deSCí'lfüS Ileste altlgO

Revista Naval de Odontologia - 2017, 44 m - Pàgina 16 -

Page 2: ANTIRREABSORTIVOS: RELATO DE CASO

Abordagem cirúrgica odontológica empacientes usuários de medicamentos antirreabsortivos: Relato de Caso

Dental surgical approach inpatients under antiresorptive therapy: Case Report

INTRODUÇÃOCompostos conhecidos como bisfosfonatos,

vêm sendo utilizados a partir da década de 60 e têmsido estudados para aplicação clínica. Estas drogas sãoindicadas no tratamento de doenças como ahipercalcemia maligna, complicações ósseasassociadas a metástases ósseas no contexto de

tumores sólidos como câncer de mama, próstata epulmão, mieloma múltiplo e osteoporose. ESSeSmedicamentos têm sido usados de forma off-label

(uso ríão aprovado pela Food and DrugAdministration - FDA) em pacientes com osteoperíia eem condições menos comuns como a doença ósseade Paget e a osteogênese imperfeita. Sua eficácia éinegável, sobretudo no controle da dor e aumento dasobrevida dos pacientes portadores de doençasmalignas (1)

Embora a complicação subsequente ao usodestas drogas. conhecida como ostenecrose dosmaxilares induzida por medicamentos possa sedesenvolveí de íorma espontânea, 80% dos casosestão íelacionados com procedimentos cirúrgicosmais invasivos como a exodontia, em pacientes comhistórico de uso de bisfosfonatos ou outras drogasantirreabsortivas ou antiangiogênicas (l-8)

A avaliação odontológica prévia ao inicio dotíatamento com esta classe de medicamentos é de

extrema importância Porém. conforme parte dospacientes se erícontra em condição clínica qrave.muitos são instruídos sob indicação médica ainiciarem o uso destas droqas o quanto antes, adiandootratamentoodontológico

É sabido que a odontologia preventiva é oúnico método de minimizar a possibilidade do

desenvolvimento da OMIM. porém, devido à elevada

meia vida destas drogas. alguns procedimentosodontológicos mais invasivos como exodontias einstalações de implantes realizados inadvertidamentenestes pacientes. podem acarretat um atraso na

cicatrização local, exposií;ão ôssea e doí. sendo

consideraaos os principais fatores locais para odesenvolvimento da OMIM (1)

O ob3etivo deste trabalho é apreserítaí um casoclínico no qual foi executada uma exodontia em íirnapaciente que havia utilizado medicamento a base debisfosfonato previamente e que havia sido tratarja deosteonecrose induzida por medicamentos (OMIM) ecujo evento precipitante foi uma exodontia executadacercade4aríosarítes

RELATO DE CASO CLÍNICO

Paciente do qêríero feminino, 68 anos,leucoderma, compareceu à clinica de Cirurgia daOdontodínica Central da Marinha (OCM). relatando

ªqueda da coroa de um dente" (sid. com indicaçào de

exodontia de raizes residuais do elemento 46 (Figs 1 e2).

À anamnese, relatou seí portadoía de diabetemellirus tipo II e osteopenia, fazendo uso requlaí de

glidazida, metformina e que há aproximadamente 3anos não faz uso de alendronato de sódio (Fosamax"),porém tendo feito uso deste medicamento por cercade 7 anos. Tabaqista há mais de 50 anos, negouetilismo e alergia medicamentosa.

Foi solicitado exame de dosagem do CTXplasmático. obtendo-se o resultado de 76 pg/mL, oque. de acordo com MARX (10) a colocou na faixa dealto risco para o desenvolvimento da OMIM após aintervenção cirúrgica Foram dadas orientações eesclatecimeíítos sobre o procedimento de exodontiade raizes residuais do elemento 46, prescritoamoxicilina 1 g com clavulanato de potássio 250 mg aser tomado 1 hora antes da cirurgia, bem comobochechos com digluconato de clorexidina 0,12ºA. acada 12 l'íoras, iniciando nas 24 horas anteriores. e o

procedimento cirúrgico foi agendadoA paciente compareceu para a realização da

exodontia das taizes residuais do elemento 46 à

retalho com alveoloplastia limitada e fechamentoprimário (Figs. 3,4,5. 6 e 7). Foi prescrito amoxicilina500 mg com clavulanato de potássio 125 mg. a cada 8horas. pelos 7 dias seguintes. ibuprofeno 400 mg. acada 6 horas, poí 3 dias. e bochechos comdigluconato de clorexidina O12º*. a cada 12 horas,poí 7 diaS.

Após 72 horas da exodonha de raizes residuaisdo elemento 46. foi observada «icatrizaç;ao

compativel com o procedimento cirúrgico e completo

selamento alveolaí pelo coàgulo. ausência de sinaisflogísticos e suturas iotegías A paciente foi oíientadaa retomaí após 7 dias para reavaliação

Após 10 dias da exodontia das raizes residuaisdo elemento 46. a paciente comparer?eu paía cormole(Fig. 8). Não relaíoíi queixas àlgicas e não toíamobservados sinais flogishcos associados ao localopprado. Re(eriu desconforto (paresíesia) relacioríadaao lado esquerdo da mandíbula, onde havia sidoexecutada seçvestrectomia em sitio de osleoner?rosecícomaa após exodontia do 36 hà dois anos. íendosido orientada a obsetvaí a sintomatologia Foirealizada a remo(ão daS SutuíaS e oíientada retornar

em 30 dias para a realização de iima nova íadiogíafiapanoi'âmica

COíTl aproximadamente 1 mês de pós-opetatôrio de exodontia das i-aizes íesiduais doelemento z+6 a pacien+e «ompareceti para o cí:ínírolee nâo relatoíi queixas àlçv:as na àtea opeíada. aperíasdisestesia e paíestesia nü temtóíio do neívo alveolaíirííerioí esqueído. Ao exame ii'ítraoial. obsersiori-se amucosa na àtea do elemento exííaido

completamente ci<atnzada e sem sinais flogisticos.Não relatoti febre e nâo foi observaóa liiifadenopaíia.Foi solicitada raóiograíia panoíâmica de r?rxdíc»le (Fig.9í e encaminhada paía a Clinica cle Odoniogeíiatriapara a r?onfe«gao de novas píóteses paíciaisremovÍveis

D[SCUSSÃO

Embora a OMIM possa se desenvolver de formaespontânea, 80% dos casos estão relacionados comprocedimentos cirúrgicos mais invasivos como ainstalação de implantes, cirurgia periodontal eprincipalmente exodontias em pacientes com históricode uso de bisfosfonatos ou outras drogasantirreabsortivas ou antiangiogênicas. No presentecaso clínico, a paciente relatou que foi submetida àexodontia de dois elementos há 4 anos desde sua

primeira apresentação, conoborando o fato de que aOMIM pode estar relacionada após a realização deprocedimentos cirúrgicos orais como a exodontia (1-9)

MARX (10) nomeou a complicaçãosubsequente do uso dos bisfosfonatos comoosteoríecrose dos maxilares mduzidas I:)Oíbisfosfonatos (OMIB). Condição descrita como timaexposição óssea na mandíbula ou maxila, persistentepor mais de 8 semanas. em pacientes que fizeram usode bisfosfonatos e sem histórico de tratamento

raaioteràpico em reçiao maxilofacial. AGHALOO et al(2014) tela{atam que outros medicamentos

antirreabsortivos. além dos bisfosfonatos, poderiamseí desencadeadores para a OMIM e que a exposiçãoóssea não seria necessariamente um achado para

caracterizaí tal condição, fazendo com que a American

Associahon of Oral and Maxillofacial Surgeons

íAAOMS) em 2C)14, renomeasse a condição paraos{eoííecío?;e dos maxilaíes induzida pormedicamentos (OMIM) (1, 5, 10. 11)

Emboía a OMIM tenha sido observada apenasem ossos maxilares e mandibulares devido ao

constaíWe píocesso de íemodelaçãú/ real:»sorí;'ao e

renovar,ao óssea, pelo menos um caso deosteor'?e«rose foi desírito após um procedimento

cinjrgico na oíelha (Pizolatto. 2006 apud MADRiD eSANZ. 2009) (12).

O leste do telopeptídeo carboxiterminal do

colàgeno tipo l sé?ri«o. oti CTX. é um teste í:omíimente

utilizado e deíermina a taxa do fürnoveí ôsseo. agindoCOíTIO maícadoí biológico pata a atividadeosleoclàstica (7, 11. 13, 14).

Apesar de seu uso ser bastante difundido empacientes que fazem uso do bisfosfonato pot via oral.de acoído com MARX. em 2011. o CTX é apenas umguia que óeveíá seí «onelacioríaclo com a históriaclinica do pacieííte. uso de díogas concomitantes eexame clinico Resultados acima de 150 pg,/ml SãOassociados a baixo íisco valoí limite em que a funçãodos osíeoclastos reíorna aos niveis íazoàveis e a

cicatrizaçao óssea é mais previsivel e considerado

seguro paía a realizar,;ao de procedirnentos cinjrgicosmais invasivos No caso clini«o exposto a paciente

apreseíítava 76 pg/mL, o qíie a colocava no grupo dealto risco çaía o desenvolvimento da OMIM (7. 10. 12).

Com íelar,ao ao díug holiday, periodopíogramado de suspensão tempoíària do LISO do

medicamenío. a razíao principal para a interrupção nouso dos bisfosfonatos inicialmente de acordo com

Revista Naval de Odontologia - 2017, 44 (1) - Página 17 -

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Abordagem cirúrgica odontológica empacientes usuários de medicamentos antirreabsortivos: Relato de Caso

Dental surgícal approach inpatients under antiresorptive therapy: Case Report

FIGURA 1 - Radrogra-fra perraprcal rnrcialonde se observüm as

mízes do dente 46.

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FIGURA 2 - Aspectorlrnrco intraoral

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Page 4: ANTIRREABSORTIVOS: RELATO DE CASO

Abordagem cirúrgica odontológica empacientes usuários de medicamentos antirreabsortivos: Relato de Caso

Dental surgical approach inpatients under antiresorptive therapy: Case Report

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FIGURA 6 - Sutum e

fechamento primárrodü ferrda operatória.

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Abordagem cirúrgica odontológica empacientes usuários de medicamentos antirreabsortivos: Relato de Caso

Dental surgical approach inpatients under antiresorptive therapy: Case Report

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1 FIGURA 8 - Aspectodinico rntraoml após10 dras da exodontia

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FIGURA 9 - Radiogm-fra panon5micü após30 dias da exodontia

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Revista Naval de Odontologia - 2017, 44 (1) - Página 20 -

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Abordagem cirúrgica odontolí'gica empacientes usuários de medicamentos antirreabsortivos: Relato de Caso

Dental surgical approach inpatients under antiresorptive therapy: Case Report

MAPX et al. (10) estava baseado na capacidade dedeterminar níveis séricos do CTX pata avaliar o risco dedesenvolver a OMIM.

RUGGIERO et al. (3) recomendaram adesí:ontinuação dos bisfosfonatos por via oral por 3meses antes e após o procedimento cirúrgico invasivo,caso condições sistêmicas permitam. Porém. é defundamental importância que o médico queacoííípanha o paciente esteja ciente desíainteírupção, e caso a condição permita, adescüntinuação é bastante interessante No entanto.não há evidências de que a interrupçãü dcibisfosfonatos altere o risco de desenvolveí a OMIM

em pacientes após exodontia (1, 3)De acorao com MARX (10), pelc? fatü de a

absoíção dos bistos+onatos orais sei baixa. seusefeitos sobre os precursores dos osteoclastos namedula óssea são menos pronunc:aaos, permitindoque a medula óssea mantenha um .zerto controle emrelaç,ão à perda Poíranto, o druç holida) nestespacientes torna-se eficaz, pois uma populaçãoresidual de células-tronco da medula e células

progeni+oras de osteoclastos preenchem novamenteos espaços de osteoclastos para retomarem àremodelação/ª renovaç:ao óssea

A susperisáo do bisfosfonatos por viaintíavenosa poí 3 meses antes da cirurgia, comoindicado pela AAOMS e pela American DentalAssociation ê controversa, pois pode não trazerbeneficios com relação a modificar ou não o risco de opaciente desenvolver OMIM. Considerando ainda quea meia-vida dessas drogas antirreabortivas é deaproximadamente 10 aííos e seu uso prolongadoresulta em acúmulo substancial da droga noesqueleto, seria oecessârio um longo período deinterrupção para eliminar o fármaco do organismo.Esta suspensão, muitas vezes, não ê possivel devidoaos benefícios que a droqa proporciona e a qtavidadeda patologia que o paciente apresenta (13)

Segundo MADRID E SANZ (12). a interrupçãono uso dos bisfosfonatos poí via oral ou denosumabainda se encontra latente com relação ao beneficio acurto prazo no que diz respeito à cicatrização ósseaou na diminuição do risco de desenvolveí a OMIM.pois há poucos dados que apoiem as reromeí'ídações

De acordo com HELLSTEIN et al. (4). empacientes com histórico de uso de bisfosfonatos poívia oral e com indicação de exodontia. a associaçãoeme drug holiday e CTX plasmático. resulta em umaresolução espontânea em SO% dos casos Adescontinuação dos bisfosfonatos pode ter umimpacto negativo no tratamento de baixa massaôssea Portanto, os riscos significativos odontolóqicospreí isam estar presentes para a avaliação médica aoconsiderar a interrupção da terapia antirreabsortivapara baixa massa óssea, pacientes oncológicos ou?nalidades off-label

MARX (10) relatou que devido à potência dosbisfosfonatos via intravenosa, com relação aos usados

por via oral, há um grande acúmulo destas óroqas noosso, portanto, a interrupção por um pequenoperiodo seria ineficaz para que o paciente nãodesenvolvesse a OMíM após a exodontia.

Segundo BROZOSKI et al. (13) em pacientescom histórico de uso de bisfosfonatos por via oral,recomenda-se a suspensão da droga poí um períodode 4 a 6 meses caso o valor do CTX se3a inferior a 150pg/mL lalto risco) E quando os valores do CTXestiverem abaixo de ?50 pg?mL e a suspensão daí:koga não íor possivel, orieí'ítar,ões e iim terrncí rleconsentimento deve ser entíegue aü paciente.ressaltando que a OMIM pode-se desenvolveí emíuríção da à indicação do procedimento rirúrgicoirivasivo

De acoído com HELLSTEIN et al. (4) amodificação no tratamento odontológico não deveocorre( pois muitos pacientes apresentam-se comindicação de exodontia durante a utilização destasaroqas e deverão ser realizadas. apesar do risco dedesenvolver a OMIM, porque caso não sejam feitas. osriscos e consequências superam os riscos dedesenvolver a doença, podendo exiíy tratamentosmais extensos e arriscados.

A realizaç:ao de exodontia unitària. sob o usode solução de clorexidina a O.l2º/o em pacientes comhistórico de uso de bisfosfonatos via inh avenosa patabaixa densidade de massa óssea pode a)urlaí adiminuiros ííscos No pós-opeíatório. a evofüção é«oíisiderada adeqríada pelo cirurgiãcí quando umacicatrização normal da ferida cirurgica foí cíbsetvada.O uso de agentes antissépticos poí um longo períodoestà indicado quando tot observada inflamaçào oi?iuma área eritematosa Após estabele«ióa adeqtiadacicatrização da íerida cinírgica. a tealiza<;ao deexodontias múltiplas envolvendo oi?ítros quadíaníí?spode seí consideíada 14)

Com relaçâo aa procedimento de exodontiaem pacientes fazenclo uso de bisfosfonaícis Ou oíiti asóroqas antirreabsortivas via intiavenosa. HELLSTEINet al. (4) pre«ooizavam previamente ao ptcicedimeííK+cinjígico envolvendo íecidci ósseo. a tealizaçáo debochechos reçulares ccim clorexidina até qtie a {eridacirurgica este.?a adeqíiadaíneníe ci«atrizaóa. podendosey estendido serí i.iso pcií 4 a 8 semaí'ías Iduas vezesao dia) associada à profilaxia antibiótica présila (1 dia)ao procedimento poclenrlri esía seí estendida. de :l a7 dias após a exodontia

SAIA e+ al í6) utfüzaíam a antihioticoteíapia emum ciclo de 7 dias (amoxicilina rom clavulaiia{o depotàssio ?g a cada 8 hoías poi 3 dias e após a cada12 hoías duíante â dias assoí:iado i:om me{roííidazol

500 mg a cada 8 ffotas poi 4 dias e após. 1comprimido a cada 12 hoías poí 4 dias) e. empacientes alêíoicos a penicilin,:i. lirícomiíina 500 mg acada 12 horas foi prescrita e a descontinuação dosbisfosfonatos poí 1 rnês (oi re<omeríaada

SCOLETTA el al 15) pte<oíiizayam aantibioticoterapia iniciando na nciije aoterioy' (l rirut«çia

com amoxicilina com clavulanato de potássio (?g acada 8 horas por 6 dias) ou eritromicina 600 mg namesma posologia em pacientes alérgicos à penicilina

FERLITO, PUZZO e LIARDO (15) preconizaram aprofilaxia antibiótica prévia com amoxicilina comclavulanato de potássio (?g a cada 12 horas por 2 dias),previamente ao procedimento cirúrgico.

HELLSTEIN et al (4) relataram que a exodontiadeve ser realizada da maneira mais atraurríática

possível, utilizando uma técnica cirúrgica coríservaaoracom o fechamento primàrio da ferida cirúrgica e autilização de merííbranas, caso ríão se3a possível ofechamento por primeira intenção.

SAIA ei al (6) precoríizaram o uso de um retalhoem envelope mucoperiosteal através de incisôesrelaxaüíeS bilaíeíaíS. eXtraÇão de 1 ôlJ maiS dentes,biópsia do osso alveolar, alveoloplastia cominstrumentos rotatórios e sutura de íecido mole sem

tensão, sob anestesia local ou geral, dependeníjo daspatologias de base dos pacientes e número deextraçÕes.

SCOLETTA et al (5) relataram procedimentocirúrgico realizado através da luxa(ão e avulsãoatraumáticas tanto quanto possíveis. com íim aparelhoulhassônico «itútqi«o pata realizat rmmmaalveoloplastia e evitaí espiculas ósseas qrie podemretardaí o processr? de cn?atrizaç;Íxo Posteriormente, osalvéolos (oíam preenchidos com plasma ri«o emtatOLeS de CLeSClmerítO. SeladOS COm fibrina aLltógena(as duas (ormular,ões fotam obtidas dü paciente) eSutiiradOS em fOrma dí? ?X? COm VicryP 4-O paran'ianíei a e'Aabilidade óo PRGF.

A exodontia. segcindo FERLITO PUZZO eLIARDO (15). deverá sei realizada poí meio de um[e{alhO m(1COpel'iOSteaL eXCldõntlal füretagem dOalvér?ilo iei-noí;ão de espiculas ósseas CClíTl aparelhoíiltíassónico ciíúrgiío otí alveolótomo e sutura dotetalho í:Cím fiô rle 5rituia tipo Serla 3-O. NO presenteC.3SCl clinico. a seqíiéncia de exodontia foi realizadaí:onfcirmedesoito.

SAIA e+ aL (6) obsei-vaiam que noacompanhamento de aprox:maóamente 12 meses. emuina amos{ta de 60 pa«ientes, apenas SdesenvohíeiaínaOMlM.

SCOLETTA e{ al (5') instr+iiian'í OS pacientes nopos-opeíatório entteqaiiclci otienía<ões prxlrão comapenas a íessalva de não esr?ovarem sobre o localopeiaclo e lazeyem a higiene cuidadosamente ccimuma gaze com peróxido de hidrogénio 3%. a «ada 8hoias díííaníe 2 semaíias. Uma dieía semiliquida nopíiíneiío dia foi sugerida e a higiene oral seriates{aLíeleciaa apenas após 3íjias

D+iíaníe O acompanhamentcí pôs-operató:irio. acicatrizar,:çr> da mucosa oral em 62 pacientes foiobseívada Os pacientes não apreseríTaram sinais deinflamaí,ão e uma TC apreserítou cir?atrizaç;ao alveolarííotmal Potêm. uma pa«ierí{e. com histórico de uso deácidü zoledíónií:o (12 administíaçí5es) paía tratamentode r?;aríceí de mama, desenvolveu a OMIM em 2 sítios

Revista Naval de Odontologia - 2017. 44 (] ) - Pàqina 21

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Abordagem cirúrgíca odontológíca empacientes usuários de medicamentos antirreabsortivos: Relato de Caso

Dental surgical aípproach inpatients under antiresorptive therapy: Case Report

após a exodontia em maxila (5)FERLITO, PUZZO e LIARDO (15) preconizaram

o uso de enxaguatórios orais antimicrobianos(clorexidina O,2% ou iodo-povidona 10%). As suturasforam removidas após 7 dias e um acompanhamentofoi realizado diariamente na primeira semana,semanalmente no próximo mês, e mensalmente nospróximos meses por 1 ano. Durante oacompanhamento de 12 meses, não foramobservados sinais de tecido inflamado ou ossoexposto necrótico Não foram observados sinaisradioqráíicos de OMIM após o procedimentocirúrgico. Nesse caso clínico, não +oram obseívadossinais clínicos de tecido inflamaao Ou OSSO expostonecrótico e os sinais radiográficos apontaram nadireção da remodelagem óssea riabitual

VESCOVI eí al. (9) observaíam que 05pacientes apresentam uma cicatrização da feridacirúrgica completa em aproximadamente 2 semanas eem apenas 2 casos foi observada dificuldade nofechamento da mucosa após 8 semanas doproceaimento. Nesíes casos, houve cicatrização daferida cirúrgica apos terapia antibiótica comamoxicilina (rh cada 8 horas) associada commeír0nldí:l;'Ol 500 mg e laserterapia seguida de umtratamento miííimamente invasivo com vaporizaçãocom Eí YAG laser.

CONCLUSÃO

Pela descrição do caso exposto e ao discutir asdifeíentes abordagens em pacientes com histórico deusü de droqas arítirreabsottivas ou portadotes deosleonecrose dos maxilares induzida pormecicamentos com indicação de cirurgia oral aaboídagem utilizando profilaxia antibiótica prêvia por

2 dias, o uso de um retalho mucoperiosteal, seguidada exodontia, curetagem do alvéolo, remoção dasespículas ósseas e sutura primária do retalhoassociada à prescrição de enxaguatório bucal à basede clorexidína mostrou-se efi«az quando empreqadano caso clínico apresentado. em que a pacientepossuia histórico de uso de alendíonato de sódio porvia oral e foi submetida à exodontia das raízesresiduais

ABSTRACT

Bisphosphonates are anti-íesorptive driigs rhaíinhibit bone resorp'?oo. Some usteometabolicdiseases such as osteogenesis imperfecta,osteoporosis, Paget's disease and especially bonemetastases from complications of malignancies haveindication for use of these drugs A condition known asmedication-related osteonecrosis of the 3aws is afurther complication ío the use of these drugs. The aimof this sTudy is to present a clinical case in wich a dentalextraction was performed to a patient previouslytreated with biSphOSphonate and tíeated foíbisphosphonate-related osteonecrosis of the )avv(BRONI) due íO anoíheí' dental eXííaCíiOn performedabout 4 years eaí-lieí: Follow up showed thaíprophylactic antibiotic prescription 2 days before, useof mucoperiosteal flap followed by dental extíactionsocket curettage, removal of boiie spurs and primai'ysuturing of the ílap. as well as clorhexi«:line O L2%mouthrinses pre and postopeíatively. foí this patieíííwas effective. Key worós: Osteone«rosis Oral Suigei y.Alendronate.

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