artigo multissensorialidade em ensino de ciências

25
SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros NARDI, R. org. Ensino de ciências e matemática, I: temas sobre a formação de professores [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. 258 p. ISBN 978-85-7983-004-4. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org >. All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution-Non Commercial-ShareAlike 3.0 Unported. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não adaptada. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported. Inclusão no ensino de física: materiais e metodologia adequados ao ensino de alunos com e sem deficiência visual Eder Pires de Camargo Roberto Nardi

Upload: michel-alberton-lovizoto

Post on 17-Dec-2015

11 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Multissensorialidade em Ensino de Ciências em conjunto com o professor Eder Pires de Camargo, professor doutor da Unesp de Ilha Solteira. Trazendo informações sobre a multissensorialidade voltada a pessoas com algum tipo de deficiência que inibe o uso de alguns sentidos na aprendizagem de ciências e não uma didática para deficientes visuais e cegos.

TRANSCRIPT

  • SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros

    NARDI, R. org. Ensino de cincias e matemtica, I: temas sobre a formao de professores [online]. So Paulo: Editora UNESP; So Paulo: Cultura Acadmica, 2009. 258 p. ISBN 978-85-7983-004-4. Available from SciELO Books .

    All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution-Non Commercial-ShareAlike 3.0 Unported.

    Todo o contedo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, publicado sob a licena Creative Commons Atribuio - Uso No Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 No adaptada.

    Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, est bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported.

    Incluso no ensino de fsica: materiais e metodologia adequados ao ensino de alunos com e sem deficincia visual

    Eder Pires de Camargo Roberto Nardi

  • 7INCLUSO NO ENSINO DE FSICA: MATERIAIS E METODOLOGIA ADEQUADOS AO ENSINO DE

    ALUNOS COM E SEM DEFICINCIA VISUALEder Pires de Camargo1

    Roberto Nardi2

    Consideraes iniciais

    Apresentamos maquetes e estratgias metodolgicas de ensino de fsi-ca adequadas participao de alunos com e sem de cincia visual. Essas maquetes e estratgias podem ser classi cadas em dois grupos, a saber: (1) materiais e mtodos para o ensino de conceitos pticos e (2) materiais e m-todos para o ensino do conceito de acelerao da gravidade. Dessa forma, alm de temas ligados mecnica, buscamos apresentar subsdios tericos e prticos para a abordagem de temas pticos por parte de professores de fsi-ca que trabalhem com alunos com de cincia visual. Fazemos esta ressalva, pois, a ptica, devido ao tratamento de fenmenos luminosos, evidencia um maior nmero de di culdades e receios no contexto do ensino de fsica e da de cincia visual. Como mostraremos, os materiais desenvolvidos so ade-quados no apenas para o ensino dos alunos com de cincia visual, como tambm dos alunos videntes. Assim, pretendemos que possveis receios se-jam superados pelos professores e que as di culdades transformem-se em alternativas de ensino para todos os alunos.

    Os materiais e mtodos resultam de pesquisas de mestrado, doutorado e ps-doutorado sobre a incluso de alunos com de cincia visual em aulas

    1 Professor-adjunto, Departamento de Fsica e Qumica, Faculdade de Engenharia, campus de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (Unesp).

    2 Professor-adjunto, Departamento de Educao, Faculdade de Cincias, campus de Bauru. Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (Unesp). Grupo de Pesquisa em Ensino de Cincias, Programa de Ps-Graduao em Educao para a Cincia.

  • 110 ROBERTO NARDI

    de fsica. Em nosso mestrado, estudamos concepes alternativas de pes-soas cegas sobre repouso e movimento (Camargo, 2000). Este estudo trou-xe subsdios indispensveis para a elaborao e conduo de atividades de ensino de fsica para alunos cegos e com baixa viso, investigao esta que caracterizou nosso doutorado (Camargo, 2005). Por m, a problemtica oriunda da relao aluno com de cincia visual/docente de Fsica motivou nossa pesquisa de ps-doutorado (Camargo, 2006). Nesta pesquisa, estu-damos as di culdades e alternativas enfrentadas por futuros professores ao lecionarem Fsica em uma sala de aula com 35 alunos videntes e dois com de cincia visual total.

    As investigaes mencionadas surgiram, portanto, do contexto edu-cacional atual, isto , o signi cativo aumento da presena de alunos com de cincias no ensino bsico regular. Para se ter uma ideia, entre os anos de 1998 e 2003, a matrcula de alunos com de cincias junto ao ensino re-gular cresceu aproximadamente 249%. Esse signi cativo aumento foi con-sequncia direta das orientaes da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei 9394/96), que em seu artigo 4o inciso III, recomenda que o atendimento educacional dos alunos com necessidades especiais seja feito, preferencialmente, na rede regular de ensino (Brasil, 1996). Tal recomen-dao, se por um lado corrige problemas histricos ligados segregao social de pessoas, por outro pega despreparado grande parte dos docentes, que nunca discutiram em sua formao acadmica temas ligados ao ensino de alunos com de cincias.

    Entretanto, no defendemos a ideia de que a implantao da educao inclusiva deva dar-se somente aps a preparao de todos os professores, mesmo porque o referido pr-requisito representaria uma justi cativa existncia de espaos educacionais segregativos. Todavia, concordamos com uma relao dialtica entre aceitao dos alunos com de cincias na rede regular de ensino e busca de solues problemtica que se estabelece. Por outro lado, entendemos que uma abordagem terico-prtica por parte de futuros professores nos cursos de licenciatura, bem como de professores ativos em cursos de formao continuada acerca da temtica ensino e alu-nos com de cincias pode in uir nas atuaes desses docentes e, conse-quentemente, na relao de aceitao e busca de solues anteriormente mencionada. Como apontam os Parmetros Curriculares Nacionais, a incluso escolar impe-se como uma perspectiva a ser pesquisada e expe-

  • ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA I 111

    rimentada na realidade brasileira (Brasil, 1998). Neste sentido, o presente texto representa resultados de pesquisas como as indicadas pelos PCN.

    Na sequncia, discutiremos resumidamente o conceito de incluso esco-lar de alunos com necessidades educacionais especiais, deixando claro que o conceito da incluso no se reduz ao ambiente da escola e de cincia, sendo portanto, mais amplo, isto , aplicvel ao contexto social e de grupos excludos. Apresentaremos tambm uma metodologia inclusiva de ensino, metodologia esta que fundamenta a elaborao e aplicao prtica dos ma-teriais anteriormente mencionados. Destacaramos nalmente que, tendo em vista as especi cidades educacionais inerentes de cincia visual, como entrar em contato com o contedo fsico de ensino sem o auxlio da viso, participar de procedimentos de avaliao sem o auxlio da viso, observar fe-nmenos sem o auxlio da viso, fazer registros em sala de aula sem o auxlio da viso, etc. este texto limita seu enfoque ao ensino de fsica e de cincia visual. Entendemos, contudo, que o tema da incluso escolar de alunos com de cincias estabelece relaes de proporcionalidade direta entre amplitu-de, importncia e complexidade, e merece urgentemente ser investigado.

    Referencial terico

    A incluso escolar

    Discutiremos agora o conceito de incluso. Entendemos que esta discus-so necessria para que o professor compreenda suas funes, bem como as dos alunos com e sem de cincia visual, no ambiente da sala de aula.

    Conceitua-se incluso educacional o processo por meio do qual as institui-es de ensino se adaptam para poderem incluir, em seus ambientes, pessoas com de cincias e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus pa-pis nestes ambientes (Sassaki, 1999). De acordo com a conceitualizao apre-sentada, para incluir os alunos com de cincias no ambiente social da sala de aula, as prticas educacionais devem ser alteradas no sentido da valorizao da heterogeneidade humana, o que implica a aceitao individual de todos os alunos de acordo com suas condies pessoais (Carvalho e Monte, 1995).

    A incluso contempla trs aspectos centrais: (a) a aceitao da pessoa com de cincia no ambiente educacional; (b) a adequao do ambiente

  • 112 ROBERTO NARDI

    educacional s caractersticas de todos os seus participantes; (c) a adequa-o, mediante o fornecimento de condies, dos participantes do ambiente s caractersticas deste. Para Sassaki (1999), a incluso constitui um pro-cesso bilateral no qual as pessoas com de cincias e o ambiente social bus-cam, em parceria, equacionar problemas, decidir sobre solues e efetivar a equiparao de oportunidades para todos. Em outras palavras, a incluso escolar bem sucedida implica na aceitao de todos os alunos, independen-temente de condies sensoriais, cognitivas, fsicas, e requer sistemas edu-cacionais organizados que ofeream respostas adequadas s diversas carac-tersticas e necessidades (Carvalho, 1994). A partir do exposto, destacamos que os materiais e mtodos apresentados se fundamentam em princpios inclusivistas, ou seja, a aceitao das diferenas individuais, a valorizao de cada pessoa, a convivncia dentro da diversidade humana e a aprendiza-gem atravs da cooperao (Sassaki, 1999, p.42).

    Aps de nirmos incluso educacional, passaremos a discutir aspectos tericos da metodologia de ensino que voc pode utilizar durante suas au-las. Na sequncia, tais caractersticas sero explicitadas.

    Metodologia de ensino de acordo com preceitos inclusivistas

    A metodologia de ensino adequada contextos inclusivos fundamenta-se em dois referenciais indissociveis: (1) dar condies para que os alunos com e sem de cincia visual observem o fenmeno ou representaes do fenmeno a ser estudado; e (2) dar condies para que os alunos com e sem de cincia visual participem de um ambiente de aprendizagem de Fsica. Nesta perspectiva, estamos interpretando que o aprendizado um subpro-duto de um processo de realizao intencional de aes de explorar, obser-var, discutir, propor, reformular, processo este realizado nas interaes en-tre os alunos e com o objeto de estudo. esse ambiente que a prtica de sala de aula buscar proporcionar aos seus participantes, isto , docentes, alunos com de cincia visual e videntes.

    De forma mais espec ca, trs componentes prticos e trs elementos de estrutura podem ser destacados como caractersticas da metodologia inclu-siva. So eles: tarefas, grupos e debates (componentes prticos); interao com o objeto de estudo, resoluo de problemas e confronto de modelos (elementos de estrutura). Os componentes prticos e os elementos de es-

  • ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA I 113

    trutura se articularo durante o processo de ensino da seguinte maneira: (a) interao com o objeto de estudo (tarefas), (b) resoluo de problemas (grupos) e (c) confronto de modelos (debates) (Wheatley, 1991 e Peres et al. 1999). Dessa forma, tanto os componentes prticos quanto os elementos de estrutura objetivam proporcionar aos alunos: (1) condies de observar o fenmeno estudado, (2) condies para anlises (qualitativas e quantita-tivas) de situaes problemas, (3) condies para elaborar estratgias e hi-pteses para a resoluo dos problemas propostos e confrontar as hipteses elaboradas com a de outros grupos e colegas.

    Durante a conduo das atividades, o professor dever orientar a forma-o dos grupos de alunos, apresentar as questes iniciais e nais, ler textos que levem os alunos re exo, organizar o debate por meio de snteses, lanamentos de questes e contra-exemplos, alm de defender o modelo cient co. Defendendo o modelo cient co, o professor representar a voz da cincia durante a discusso. A partir do exposto, atendimentos particu-larizados sero comuns a todos os alunos, e no apenas aos com de cincia visual. Outro aspecto importante refere-se a atitudes colaborativas entre os alunos. De acordo com o modelo metodolgico apresentado, essa colabora-o poder partir de ambos os lados, ou seja, tanto do aluno vidente para o com de cincia visual quanto no sentido contrrio. A tendncia a de no focar a de cincia visual como algo di cultador, como um problema, como fragilidade. A tendncia colocar todos os alunos em iguais condies edu-cacionais, ou seja, todos esto sujeitos a ter dvidas, di culdades, ideias, todos tem condies de prestar ajuda ou ser ajudados.

    Na sequncia, apresentamos os materiais e mtodos de ensino ante-riormente mencionados. Disponibilizaremos sete maquetes cujo objeti-vo ser o ensino dos temas: raio de luz, re exo, disperso e refrao da luz, bem como acelerao da gravidade. Junto com os materiais, apresen-tamos algumas questes que podem ser utilizadas durante os momentos de debate. Seguindo a proposta metodolgica descrita anteriormente, voc poder elaborar outras questes e utiliz-las durante a aula. Por isto, seja criativo em suas aes. Temos certeza que gerando canais de comunicao entre voc e os alunos com de cincia visual, bem como entre os alunos com e sem a mencionada de cincia, a incluso representar uma viabili-dade educacional, um crescimento na qualidade da aprendizagem de todos os alunos.

  • 114 ROBERTO NARDI

    Materiais e mtodos inclusivos

    Maquete 1: raio de luz

    A Figura 1 traz representaes tteis e visuais sobre raio de luz e suas combinaes, paralelos, convergentes e divergentes. Pode ser utilizada jun-to a alunos com e sem de cincia visual durante o estudo da ptica geom-trica. Na sequncia, apresentamos uma foto da maquete mencionada.

    Figura 1 Representao ttil-visual de raio de luz e suas combinaes, paralelos, conver-gentes e divergentes.

    Para a construo da maquete 1, os seguintes materiais devem ser utilizados:

    1) Placa de papelo de 40 cm por 40 cm de lado. 2) Cartolina preta de 40 cm por 40 cm de lado. 3) Quatro metros de barbante.4) Cola para colar papel, uma folha sul te, rgua e lpis.

  • ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA I 115

    De posse dos materiais descritos, voc poder construir a maquete 1 da seguinte maneira:

    1) Cole a cartolina preta sobre o papelo e em seguida divida-os em quatro partes (estrutura de papelo) iguais.

    2) Recorte tas do papel sul te de 3 cm por 18 cm de lado e escreva nes-sas tas os seguintes dizeres: feixe de raios paralelos, raio de luz, feixe convergente, feixe divergente. Se possvel, escreva os dizeres men-cionados em tinta e em braile. Para isto, procure a sala de recurso de sua escola ou a diretoria de ensino. Geralmente, nas salas de recurso trabalham pro ssionais que sabem escrever em braile e que podero lhe auxiliar nesta tarefa.

    3) Cole uma ta com os mencionados dizeres em cada estrutura de pa-pelo recortado.

    4) Recorte 20 pedaos de barbante com 20 cm de comprimento cada. 5) Com o auxlio da rgua e do lpis, trace nas estruturas de papelo

    esquemas dos feixes paralelos, convergentes, divergentes e do raio de luz.

    6) Com o auxlio da cola, xe os pedaos de barbante sobre os esquemas dos feixes paralelos, convergentes, divergentes e do raio de luz

    Essa maquete til para voc trabalhar as de nies de raios paralelos, convergentes e divergentes. Por fundamentar-se em representaes tteis e visuais, cria um canal de comunicao para que voc explique ao aluno com de cincia visual que a reta que representa o raio de luz indica a direo de sua trajetria de propagao. Porm, antes de voc apresentar as de nies, conveniente que os alunos exponham suas ideias e conceitos sobre luz. Para os alunos com de cincia visual, tal exposio importante, visto que o conhecimento deles sobre luz in uenciado principalmente pelas des-cries das pessoas que enxergam (Almeida et al. 2005). Por outro lado, importante que voc conhea algumas das ideias dos alunos com e sem de cincia visual sobre luz. O conhecimento dessas ideias pode orientar as explicaes que voc apresentar. Para isto, organize um debate entre os alunos com e sem de cincia e, nesse debate, discuta questes relacionadas luz. Apresentaremos na sequncia algumas dessas questes. claro que voc poder elaborar outras.

  • 116 ROBERTO NARDI

    1) Na sua opinio, o que a luz? 2) Para voc, a luz se movimenta? Como? 3) Para voc, o que a viso? 4) Para voc, como ocorre a viso?

    Maquete 2: re exo regular

    A Figura 2 visa auxiliar o professor em atividades de ensino que abor-dem o fenmeno da re exo da luz. Essa maquete, por disponibilizar repre-sentaes tteis e visuais, pode ser utilizada junto a alunos com e sem de -cincia visual. Na sequncia, apresentamos uma foto da referida maquete.

    Figura 2 Representao ttil-visual do fenmeno re exo regular.

    Para construir a maquete 2, utilize os seguintes materiais:

    1) Placa de papelo (fundo branco) de 40 cm por 40 cm de lados. 2) 80 cm de barbante.3) Fita adesiva. 4) Cola para colar papel, uma folha sul te, rgua, lpis e estilete.

    Monte a maquete 2 da seguinte forma:

    1) Com o auxlio da rgua e do lpis, trace na parte inferior da estrutura de papelo uma margem de 5 cm.

    2) Sobre essa margem, cole a ta adesiva. 3) Utilizando a rgua e o lpis e obedecendo s leis da re exo regular

    (ngulo de incidncia igual ao de re exo), trace os raios incidente e re etido sobre a ta colada

    4) Cole os pedaos de barbante sobre esses traos.

  • ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA I 117

    Voc poder utilizar a maquete 2 no seguinte contexto educacional:

    1) Organize grupos de alunos. importante que os grupos sejam for-mados por alunos com e sem de cincia visual.

    2) Apresente um espelho plano aos alunos videntes e solicite para que eles olhem o espelho de frente e de lado.

    3) Apresente aos alunos videntes a seguinte questo: Por que quando voc olha de frente para o espelho voc v seu rosto e de lado no?

    4) Apresente aos alunos com de cincia visual as seguintes questes: 4.1) O que voc acha que um espelho? 4.2) Por que voc acha que as pessoas usam o espelho? 4.3) Para voc, o que acontece no espelho quando as pessoas olham

    para ele? Por que acontece isso? 4.4) O que , para voc, uma imagem?

    Para explicar aos alunos com e sem de cincia visual o fenmeno da re- exo, utilize a maquete 2. Para o caso dos alunos com de cincia visual, fa-a-os tocar na estrutura ttil da maquete. Esse material, em conjunto com as questes e a atividade em grupo, daro condies para que voc trabalhe os fenmenos da re exo regular e da formao de imagem em espelhos planos junto aos alunos com e sem de cincia visual. Atente-se ao fato de que os alunos com de cincia visual estaro abordando um fenmeno no observa-do diretamente por eles. Por isto, valorize e utilize as opinies desses alunos durante o processo de ensino. Valorize tambm as descries apresentadas pelos alunos videntes. Esse processo descritivo importante, pois pela via social que o fenmeno inerente re exo chegar aos alunos com de cincia visual. Para nalizar, organize na sala de aula um debate geral entre os gru-pos de alunos. Durante esse debate, voc poder trazer informaes sobre os fenmenos da re exo e da formao de imagem, seguro de que os alu-nos com de cincia visual no estaro abordando algo desconhecido deles.

    Maquete 3: refrao da luz

    A Figura 3 traz representaes tteis e visuais do fenmeno da refrao da luz. Por este motivo, adequada para ser utilizada junto a alunos com e sem de cincia visual. Na sequncia, apresentamos uma foto da menciona-da maquete.

  • 118 ROBERTO NARDI

    Figura 3 Representao ttil-visual do fenmeno da refrao da luz.

    Para construir a maquete 3, utilize os materiais listados na sequncia: 1) Placa de papelo (fundo branco) de 40 cm por 40 cm de lado. 2) 40 cm de barbante.3) Uma folha de papel celofane azul.4) Fitas adesivas coloridas (3 cores distintas para confeccionar faixas

    estreitas).5) Rgua, cola, lpis e folha de papel sul te.

    Para montar a maquete 3, siga os procedimentos descritos abaixo:

    1) Divida o papelo ao meio, marcando com o lpis uma linha divisria. 2) Sobre essa linha, cole uma ta de 1 cm de largura e 40 cm de compri-

    mento. Essa ta representar o diptro plano (superfcie de separa-o entre os meios).

    3) De forma aleatria, escolha uma das metades para ser o meio mais refringente, e a outra, o menos refringente.

    4) Utilizando lpis e rgua, trace a normal superfcie de separao dos meios, o raio incidente, o raio refratado, bem como o prolongamento da trajetria do raio de luz incidente aps a refrao.

  • ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA I 119

    5) Sobre o traado da reta normal, cole uma ta de largura menor e de cor diferente da utilizada como diptro plano.

    6) Sobre o traado do prolongamento do raio incidente, cole uma ta adesiva de cor diferente das tas utilizadas para representar a reta normal e o diptro plano.

    7) Sobre os traados dos raios incidentes e refratados, cole pedaos de barbante.

    8) Na parte da maquete que representar o meio gua, cole o papel celofane azul. Para que tanto o barbante quanto as tas adesivas pos-sam ser percebidas tatilmente, tome o cuidado de esticar bem o papel celofane.

    9) Escreva em fragmentos da folha sul te as palavras: ar e gua. Cole esses fragmentos nas partes que representam os meios ar e gua. Isso identi car visualmente os referidos meios. Preferencialmente, es-creva essas palavras em tinta e em braile. Isto facilitar a identi cao dos meios pelo aluno com de cincia visual.

    Voc poder utilizar essa maquete no seguinte contexto educacional:

    1) Apresente aos alunos videntes um copo com gua com um lpis colo-cado de forma inclinada em seu interior.

    2) Pea aos alunos videntes para que descrevam como aparenta estar o lpis, ou seja, reto ou torto.

    3) Pergunte a eles, bem como aos alunos com de cincia visual: Na opi-nio de vocs, o lpis realmente entorta quando imerso em gua, ou apenas aparenta estar torto. Por qu? conveniente mostrar aos alu-nos o lpis antes de ter sido colocado dentro do copo. Para o caso dos alunos com de cincia visual, deixe-os tocar o lpis.

    4) Promova entre os alunos um debate sobre suas opinies acerca do lpis torto ou reto. Tome o cuidado de fazer com que os alunos com de cincia visual externizem suas opinies e dvidas. Como esses alunos estaro discutindo um fenmeno no observado por eles, muito importante que eles conheam os relatos dos alunos videntes. Na mesma medida, muito importante que suas interpretaes ve-nham tona, a m de que voc tenha subsdios para o tratamento de tais interpretaes.

  • 120 ROBERTO NARDI

    5) Utilize a maquete 3 para explicar aos alunos o motivo de o lpis pare-cer torto dentro do copo. Faa os alunos com de cincia visual toca-rem a maquete e perceberem a mudana de direo do raio de luz ao passar da gua para o ar.

    6) Utilize a maquete 3 para explicar aos alunos que a luz pode afastar-se ou aproximar-se da normal, dependendo do sentido de propagao dos raios de luz (do meio mais para o menos refringente ou do meio menos para o mais refringente). Para tanto, voc pode apresentar a maquete 3 na posio conveniente. Para nalizar, explique aos alu-nos que, na refrao, somente ocorre desvio da luz quando esta in-cide obliquamente na superfcie de separao de dois meios fsicos. Quando a luz incide perpendicularmente superfcie, ocorre a refra-o, contudo, sem desvio, apenas com variao de sua velocidade de propagao.

    Maquete 4: disperso da luz

    Esse material traz representaes tteis e visuais do fenmeno da dis-perso da luz em um prisma. Por este motivo, pode ser utilizado com os alunos com e sem de cincia visual. Apresentamos abaixo uma foto dessa maquete.

    Figura 4 Representao ttil-visual da disperso da luz branca em um prisma.

  • ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA I 121

    Para construir a maquete 4, utilize os seguintes materiais:

    1) 2 metros quadrados de chapa de acrlico de 1 mm (ou material seme-lhante).

    2) Cola de silicone (cola quente).

    3) 4 metros de barbante.

    4) Trs tubos de guache nas cores primrias.

    A m de montar a maquete 4, siga os procedimentos descritos:

    1) Recorte no acrlico dois tringulos equilteros com aresta de 16 cm, dois retngulos de 16 cm por 10 cm de lados, um retngulo de 20 cm por 8 cm de lado, e outro retngulo de 45 cm por 8 cm de lado.

    2) Corte sete barbantes de 70 cm de comprimento.

    3) Cole com a cola de silicone os acrlicos triangulares aos retangulares de 16 cm por 10 cm, de modo que formem um prisma sem o fundo.

    4) Depois de colados, fure um dos retngulos em seu centro (o furo deve ser su ciente para a passagem de sete barbantes entrelaa-dos). No outro retngulo, faa sete furos equidistantes, de forma que passe por eles apenas um barbante.

    5) Enrole os barbantes e passe pelo furo maior. Os barbantes enrola-dos representaro o raio de luz branca.

    6) Cole no prisma, do lado onde h apenas um furo, o retngulo de acrlico de 20 cm por 8 cm. Faa um outro furo, prximo a uma das pontas, para a passagem dos sete barbantes tranados.

    7) Passe os barbantes por esse furo e cole-os de modo que quem xos nas duas pontas. Est pronto o feixe de raio incidente.

    8) Dentro do prisma (sem fundo), separe os barbantes e utilize o gua-che com as cores primrias para produzir as sete cores do arco-ris (vermelho, alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta).

    9) Pinte o restante dos barbantes, cada um com uma cor.

    10) Passe os barbantes pelos furos do outro lado do prisma seguindo a ordem do arco-ris, ou seja, o violeta na parte inferior e o vermelho na parte superior.

  • 122 ROBERTO NARDI

    11) Cole do lado do prisma onde esto os sete furos o retngulo maior (45 cm por 8 cm) e dobre-o ao meio, formando um L.

    12) Na parte do L que cou para cima, faa novamente sete furos equi-distantes, tomando o cuidado de espa-los mais que os contidos no interior do prisma.

    13) Passe os barbantes por esses furos na mesma ordem que os que sa-ram do prisma, xando-os ao acrlico.

    Essa maquete poder ser utilizada no seguinte contexto educacional:

    1) Coloque um prisma de gua sobre um retroprojetor ligado e pea para os alunos videntes observarem as caractersticas da luz emitida pelo retro. Nessas condies, a luz do retro, ao passar pelo prisma, ser decomposta, e as cores do arco-ris aparecero na tela de projeo.

    2) Pea aos alunos videntes para que descrevam suas observaes.

    3) Pea aos alunos videntes para que relacionem suas observaes a algo conhecido deles. Muito provavelmente, eles relacionaro suas obser-vaes ao fenmeno do arco-ris.

    4) Pergunte a todos os alunos o que o arco-ris, o porqu de suas cores, de sua forma, quando ele aparece etc.

    Essas questes so muito importantes por dois motivos: (a) como os alunos com de cincia visual estaro abordando um fenmeno no observado por eles, as declaraes dos alunos videntes estaro des-crevendo caractersticas inerentes a tal fenmeno. Isto importante para que os alunos com de cincia visual elaborem representaes iniciais acerca do tema tratado; (b) voc ter acesso s ideias prvias dos alunos, e isto fundamental qualidade das orientaes que voc prestar a eles.

    5) Utilize a maquete 4 para a explicao do fenmeno da disperso da luz. Note que essa maquete, por trazer representaes tteis e vi-suais, poder ser utilizada para a orientao de todos os alunos, com ou sem de cincia visual. Explore junto aos alunos o referencial ttil oferecido pela maquete. Temos notado que o tato um sentido mui-to importante para a construo de conhecimento cient co, j que potencialmente analtico e detalhista (Soler,1999). Dessa forma, as

  • ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA I 123

    ideias geomtricas do fenmeno da disperso seriam mais adequada-mente abordadas pela via ttil do que pela visual. Dentre tais ideias, destacaramos: (a) a luz branca policromtica, e (b) a luz branca decomposta ao passar pelo prisma. Veri camos que quando o aluno toca em representaes tteis das ideias mencionadas, cria signi ca-dos melhores estruturados do que os in uenciado pelas observaes visuais, que, em geral, so mais sintticas.

    Maquete 5: plano inclinado com interface auditiva

    A Figura 5 apresenta um referencial auditivo para o movimento de um carrinho em um plano inclinado. Dessa forma, pode ser utilizada junto a alunos com e sem de cincia visual.

    Figura 5 Plano inclinado com interface sonora.

  • 124 ROBERTO NARDI

    Figura 6 Carrinho com os os de ligao expostos.

    Figura 7 Carrinho sobre o plano inclinado.

  • ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA I 125

    Para a construo da maquete 5, utilize os seguintes materiais:

    1) Superfcie de madeira de 2 m de comprimento por 15 cm de largura.2) Fitas de papel alumnio de aproximadamente 15 cm de comprimento

    por 1 cm de largura.3) Carrinho de brinquedo com os os do circuito eltrico expostos. 4) Duas baterias de 1,5 v para alimentar o carrinho. 5) Alguns blocos de madeira para variar a inclinao da superfcie de

    madeira.

    A construo da maquete 5 obedece aos seguintes procedimentos:

    1) Construo do plano inclinado: a superfcie do plano inclinado deve variar espaos condutores ( tas de papel alumnio), e espaos isolan-tes (madeira). A dimenso dos espaos deve ser a mesma, ou seja, 19 cm de superfcie isolante seguido de 1 cm de superfcie conduto-ra. De acordo com as medidas dispostas, haver aproximadamente 10 espaos isolantes e 10 espaos condutores (ver gura 5).

    2) Adaptao do carrinho: adaptamos um carrinho de brinquedo de tal forma que o circuito eltrico constitudo pela sirene do carrinho e as baterias ca aberto, com os os de ligao expostos (ver gura 6). Desse modo, a sirene do carrinho emitir um som quando os os de ligao tocarem a parte condutora do plano inclinado (papel alum-nio), e deixar de emitir som quando os os condutores tocarem a parte isolante do referido plano (madeira).

    Esse material pode ser utilizado para o estudo do movimento do car-rinho sobre o plano inclinado. Para tanto, voc pode seguir as sugestes listadas na sequncia.

    1) Com um impulso dado pelas mos, fazer com que o carrinho suba o plano inclinado. O aluno poder observar auditivamente a diminui-o da velocidade do carrinho por meio do aumento do intervalo de tempo entre um sinal e outro da sirene.

    2) Deixe o carrinho descer o plano inclinado. O aluno poder observar auditivamente o aumento da velocidade do carrinho, por meio da di-minuio do intervalo de tempo entre um sinal e outro da sirene.

    3) Com o apoio de blocos de madeira, o ngulo do plano inclinado po-der ser variado e, dessa forma, o aluno poder fazer outras compa-raes entre os intervalos de tempo de emisso do som da sirene e a variao da velocidade do carrinho.

  • 126 ROBERTO NARDI

    4) Em grupo, solicite aos alunos para que discutam e apresentem suas explicaes para a variao do intervalo de tempo dos sinais emitidos pela sirene.

    5) Proporcionar um debate entre os grupos, para que eles possam apre-sentar suas concluses sobre o fenmeno observado. No estamos limitando a ideia de observao ao aspecto puramente visual. Pelo contrrio, estamos estendendo esse conceito aos referenciais auditi-vos, tteis, etc.

    6) Durante esse debate, o professor poder apresentar os argumentos cient cos sobre o tema em questo, funcionando, dessa forma, como mais um grupo participante da discusso.

    Maquete 6: equipamento para anlises qualitativas e quantitativas do movimento de queda de um objeto

    Esse equipamento apresenta um referencial auditivo da queda de um objeto. Como os anteriores, pode ser utilizado junto a alunos com e sem de cincia visual.

    Figura 8 Tubo de PVC: estrutura para a queda do disco.

  • ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA I 127

    Figura 9 Fita de papel presa ao disco.

    Figura 10 Fita de papel passando pelo vibrador (marcador de tempo).

  • 128 ROBERTO NARDI

    Figura 11 Fita de papel com as marcas do vibrador.

    Para a construo da maquete 6, os seguintes materiais devero ser uti-lizados:

    1) Tubo de PVC de 1,8 m de altura com 102 mm de dimetro interno.2) Sensores magnticos para alarme.3) Um disco metlico e um im.4) Chapa dobrada.5) Bobina, oscilador e potencimetro.6) Rolo de ta de papel para marcador de tempo. Utilizamos um pedao de ta de papel de aproximadamente 2 m de

    comprimento com marcaes em alto relevo de 1 cm. Essas marca-es, feitas ao longo de toda ta, tm por objetivo proporcionar ao aluno com de cincia visual as condies para que ele obtenha as dis-tncias entre os pontos marcados na ta de papel pelo marcador de tempo. Um outro aspecto a ser ressaltado refere-se utilizao da ta de papel solta, e no em forma de rolo. A disposio da ta de papel da maneira citada acima mostrou-se mais e caz, j que a utilizao

  • ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA I 129

    dessa ta na forma de um rolo fazia com que durante a queda do ob-jeto o papel se rompesse, coisa que no ocorreu com a ta solta.

    7) Um o de nylon de aproximadamente 3 m de comprimento. Esse o tem por objetivo retirar o disco de dentro do tubo aps a queda do disco. Alm disso, ele pode ser utilizado para controlar com as mos, a velocidade de queda do disco e para proporcionar uma percepo ttil da atrao gravitacional.

    Para montar o equipamento de interface sonora para queda dos objetos, siga os procedimentos listados na sequncia:

    1) Perfure o tubo de PVC a cada 15 cm e, nesses furos, coloque os sen-sores magnticos para alarme.

    2) Coloque o im junto ao disco. Quando abandonado da extremidade do tubo, o disco desliza dentro deste com um im, e ao passar pelos sensores, o im ativa o alarme.

    3) No topo do tubo, coloque uma chapa dobrada por onde o papel ( ta para marcador de tempo) alimentado e preso ao disco.

    4) No topo da estrutura, coloque tambm a bobina com um oscilador e um potencimetro que permitam ajustar a frequncia mais adequada de impacto para a agulha que perfura o papel enquanto o disco cai dentro do tubo.

    Com esse equipamento, alunos com e sem de cincia visual podem ob-servar auditivamente a queda do objeto dentro do tubo por meio do som emitido pelo alarme e, por meio das marcas deixadas no papel, fazer anli-ses quantitativas.

    Para utilizar o equipamento de interface sonora para queda dos objetos, voc poder utilizar os seguintes procedimentos:

    1) Separe os alunos em grupos de no mximo trs participantes. Cada grupo de alunos dever realizar o experimento de deixar cair o obje-to dentro do tubo, observando assim, de maneira auditiva, a queda do objeto. Aqui existe um espao para que o professor possa intervir com explicaes acerca do fenmeno observado.

    2) Em seguida, os grupos com a posse da ta de papel podero escolher a unidade de tempo (cinco tiques, por exemplo) para a realizao de clculos de velocidade e acelerao. Um tique corresponde ao inter-

  • 130 ROBERTO NARDI

    valo de tempo entre duas marcas consecutivas do vibrador na ta de papel.

    3) Os grupos devero numerar a ta de papel com intervalos inteiros de unidade de tempo. Para tanto, o professor ou um colega vidente de-ver reforar, com a ajuda de um instrumento pontiagudo, as marcas escolhidas e deixadas na ta de papel pelo marcador de tempo. Aqui existe uma outra oportunidade de interveno por parte do profes-sor, j que os alunos estaro observando por meio do tato, as marcas deixadas no papel pelo marcador de tempo.

    4) Solicite aos alunos que, com o auxlio das marcas de 1 cm em relevo, meam o comprimento de cada intervalo numerado na ta de papel. Interveno do professor: Esses comprimentos so iguais? Por qu? A diferena entre cada intervalo consecutivo constante? Qual o signi cado fsico desses comprimentos? As velocidades em cada in-tervalo tm o mesmo valor? Por qu?

    5) Oriente os alunos para que calculem a variao da velocidade, sub-traindo o valor da velocidade mdia em um intervalo de tempo pelo valor da velocidade mdia no intervalo anterior. Repita este procedi-mento em vrios intervalos e compare os resultados. Interveno do professor: A variao da velocidade foi constante?

    6) Oriente os alunos para que calculem a acelerao em cada inter-valo, dividindo a variao da velocidade pelo intervalo de tempo correspondente a essa variao (cinco tiques).

    Concluses

    Elaboramos um texto que apresenta materiais e mtodos adequados a um ambiente de ensino de Fsica que contemple a presena de alunos com e sem de cincia visual. Os materiais, por proporcionarem referenciais t-teis, auditivos e visuais dos fenmenos estudados, criam um canal de co-municao entre docente e discente com de cincia visual, bem como en-tre discentes com e sem de cincia visual. Dessa forma, a ideia geratriz da elaborao dos materiais pode ser utilizada pelo professor de Fsica para a construo de outros materiais de ensino para alunos com e sem de cincia visual, ou seja, a insero, durante a elaborao de um material de ensino de

  • ENSINO DE CINCIAS E MATEMTICA I 131

    Fsica, de referenciais no visuais para a observao do fenmeno estuda-do. Por outro lado, a metodologia sugerida no presente texto fundamenta-se em dar condies para que todos os alunos participem de um ambiente educacional que favorea a troca de ideias entre os alunos. Esta metodologia busca proporcionar condies para que o ambiente social da sala de aula seja descritivo, argumentativo, questionador e, dessa forma, constitua-se em um contexto de aprendizagem. Em tal contexto, alunos com de cin-cia visual no representaro anormalidades educacionais, pois as diferenas sensoriais e de formas de pensamento atuaro como um ponto positivo en-tre os alunos, e no como um fator excludente.

    Agradecimentos

    s instituies: Colgio Tcnico Industrial Prof. Isaac Portal Roldn (CTI) e Lar Escola Santa Luzia para Cegos, que abriram suas portas para a realizao das investigaes educacionais. Estas instituies localizam-se na cidade de Bauru SP.

    Aos formandos do curso de licenciatura em fsica da Unesp de Bauru do ano de 2005.

    Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo (Fapesp) pelo apoio nanceiro.

    Referncias bibliogr cas

    ALMEIDA D. R. V.; MACIEL FILHO R. P.; CAMARGO E. P.; NARDI, R. Ensino de ptica para alunos com de cincia visual: anlise de concepes al-ternativas: In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCA-O EM CINCIAS, 5, 2005, Bauru. Atas... Bauru, 26 de novembro a 03 de dezembro de 2005. CD-ROM.

    BRASIL, MEC. Parmetros Curriculares Nacionais, adaptaes curriculares, 1998. Disponvel em: http://www.educacaoonline.pro.br/adaptacoes_curriculares.asp Acesso em: 10 maio 2005.

    . Congresso Nacional. Lei no 9.394, de 20/12/1996. Fixa diretrizes e bases da educao nacional. Dirio O cial da Repblica Federativa do Brasil. Bras-lia, no 248, de 23/12/1996.

  • 132 ROBERTO NARDI

    CAMARGO, E. P. Um estudo das concepes alternativas sobre repouso e movi-mento de pessoas cegas. 2000, 218 p. Dissertao (Mestrado em Educao para a Cincia) Faculdade de Cincias, campus de Bauru, Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho, 2000.

    . O ensino de Fsica no contexto da de cincia visual: elaborao e conduo de atividades de ensino de Fsica para alunos cegos e com baixa viso. 2005. Tese (Doutorado em Educao). Faculdade de Educao, Universidade Estadual de Campinas, 2005.

    . A formao de professores de fsica no contexto das necessidades educacionais especiais de alunos com de cincia visual: o planejamento de atividades de ensino de fsica. Bauru: Unesp/FC, 2006. (Projeto de pesquisa de ps-doutorado vin-culado ao programa de Educao para a Cincia, rea de Concentrao: Ensino de Cincias Processo Fapesp no 04/13339-7 Faculdade de Cincias, Univer-sidade Estadual Paulista, Bauru).

    CARVALHO, E. N. S. Escola integradora: uma alternativa para a integrao es-colar do aluno portador de necessidades educativas especiais. In: SORIANO, E. M. L. A. Tendncias e desa os da educao especial. Braslia: MEC, 1994.

    CARVALHO, E. N. S.; MONTE, F.R.F. A educao inclusiva de portadores de de cincias em escolas pblicas do DF. Temas em Educao Especial III. So Paulo:Universidade de So Carlos, 1995.

    PREZ, D. G.; ALS, J. C.; DUMAS-CARR, A.; MAS C. F., GALLEGO, R.; DUCH, A. G.; GONZLEZ, E.; GUISASOLA, J.; MARTNEZ-TORRE-GROSSA, J.; CARVALHO, A. M. P.; SALINAS, J.; TRICRIO, H.; VAL-DS, P. Puede hablarse de consenso constructivista en la educacin cient ca? Enseanza de la ciencia, v.18, n.1, 1999.

    SASSAKI, R. K. Incluso: construindo uma sociedade para todos, WVA editora, 5. ed., Rio de Janeiro, 1999.

    SOLER, M. A. Didctica multisensorial de las ciencias. Ediciones Paids Ibrica, S.A, Barcelona, 1999, 237p.

    WHEATLEY, G. H. Construtivist Perspectives on Science and Mathematics Learning, Science Education, v.75, n.1, pp.9-21, 1991.