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AS VIVÊNCIAS DO LUTO SIMBÓLICO EM MULHERES MASTECTOMIZADAS: AS INTERVENIÊNCIAS PSICOSSOCIAIS DECORRENTES DESTA OCORRÊNCIA THE LIVES OF SYMBOLIC FIGHTING IN MASTECTOMIZED WOMEN: THE PSYCHOSOCIAL INTERVENTIONS ARISING FROM THIS OCCURRENCE Fernanda de Cássia do Nascimento Alves- [email protected] Graziele Fernanda Ribeiro [email protected] Pastora Inês do [email protected] Graduando/ Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Profº. Me. Rodrigo Feliciano Caputo Titulação: Mestre em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo – USP [email protected] Autores–e-mail dos autores Titulação e Instituição Prof.Orientado – Instituição – e-mail RESUMO Este trabalho propôs a investigar as vivências o luto simbólico em mulheres mastectomizadas e as interveniências psicossociais decorrente desta nova condição. Participaram do presente estudo cinco mulheres com idades entre 35 a 70 anos, que tiveram o câncer de mama e passaram pelo procedimento cirúrgico em um tempo de no máximo dois anos. Utilizou-se como meios para fundamentar o estudo, os tipos de pesquisas: exploratória,e a descritiva. Para isso, foram realizados três encontros, sendo os dois primeiros para o fortalecimento do vínculo e o último encontro foi procedido uma entrevista semiestruturada. Os dados coletados foram tratados por meio da história oral em que utilizamos apenas dois passos: transcrição e a textualização. Como referencial teórico para a compreensão do luto simbólico, baseou-se em Klüber-Ross. Os 1

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AS VIVÊNCIAS DO LUTO SIMBÓLICO EM MULHERES MASTECTOMIZADAS: AS INTERVENIÊNCIAS PSICOSSOCIAIS DECORRENTES DESTA OCORRÊNCIA

THE LIVES OF SYMBOLIC FIGHTING IN MASTECTOMIZED WOMEN: THE PSYCHOSOCIAL INTERVENTIONS ARISING FROM THIS OCCURRENCE

Fernanda de Cássia do Nascimento [email protected]

Graziele Fernanda Ribeiro [email protected]

Pastora Inês do [email protected]

Graduando/ Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Profº. Me. Rodrigo Feliciano Caputo

Titulação: Mestre em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo – USP

[email protected]

Autores–e-mail dos autoresTitulação e Instituição

Prof.Orientado – Instituição – e-mail

RESUMO

Este trabalho propôs a investigar as vivências o luto simbólico em mulheres mastectomizadas e as interveniências psicossociais decorrente desta nova condição. Participaram do presente estudo cinco mulheres com idades entre 35 a 70 anos, que tiveram o câncer de mama e passaram pelo procedimento cirúrgico em um tempo de no máximo dois anos. Utilizou-se como meios para fundamentar o estudo, os tipos de pesquisas: exploratória,e a descritiva. Para isso, foram realizados três encontros, sendo os dois primeiros para o fortalecimento do vínculo e o último encontro foi procedido uma entrevista semiestruturada. Os dados coletados foram tratados por meio da história oral em que utilizamos apenas dois passos: transcrição e a textualização. Como referencial teórico para a compreensão do luto simbólico, baseou-se em Klüber-Ross. Os dados coletados, portanto, foram analisados sob a luz da Psicologia Social.

A pesquisa realizada nos possibilitou compreender como que as mulheres participantes lidam com o luto simbólico após a cirurgia de mastectomia e vivência dessa experiência. As leituras nos possibilitou chegar as seguintes categorias para análise: o medo da morte concreta, o luto simbólico: as mortes em vida, o apoio familiar no enfretamento da doença e a fé como artifício de superação, tendo como sub-categoria do luto simbólico, a perda dos papéis sociais e as limitações.

Permitindo compreender os modos de enfrentamento da doença, as mudanças em seu contexto social e psicológico, considerando a família e a religiosidade como forte aliado na luta contra a doença, possibilitando essas mulheres participantes novas vivências em função da nova condição, de ser mastectomizada.

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Palavras-chave: Câncer de Mama. Mastectomia. Luto Simbólico.

ABSTRACT

This work proposed to investigate the experiences of symbolic mourning in mastectomized women and the psychosocial interventions resulting from this new condition. Five women between the ages of 35 and 70, who had breast cancer and underwent surgery for a maximum of two years, participated in the present study. The types of research, exploratory, and descriptive, were used as the basis for the study. For this, three meetings were held, the first two to strengthen the bond and the last meeting was a semi-structured interview. The collected data were treated through oral history in which we used only two steps: transcription and textualization. As a theoretical reference for the understanding of symbolic mourning, it was based on Klüber-Ross. The collected data, therefore, were analyzed under the light of Social Psychology.

The research carried out allowed us to understand how the participating women deal with the symbolic mourning after the mastectomy surgery and experience of this experience. The readings enabled us to arrive at the following categories for analysis: the fear of concrete death, symbolic mourning: deaths in life, family support in dealing with illness, and faith as an artifice of overcoming, having as a subcategory of symbolic mourning, the loss of social roles and limitations.

Allowing the understanding of the ways of coping with the disease, the changes in their social and psychological context, considering the family and religiosity as a strong ally in the fight against the disease, enabling these women to participate in new experiences in order to be mastectomized.

Keywordos: Breast cancer. Mastectomy, Symbolic Grief.

INTRODUÇÃO

A palavra câncer tem origem grega karkínos, foi nomeada a primeira vez por

Hipócrates, considerado o pai da medicina. O câncer são células anormais no corpo

humano que crescem de formas desordenadas e se espalham pelo corpo atingindo

outras células saudáveis, tornando uma doença extremamente maligna (INCA,

2011).

Dentro os vários tipos e classificação do câncer, o câncer de mama é o mais

comum entre as mulheres. Após a descoberta do nódulo, o tipo de cirurgia e

tratamento irá depender do estágio em que a doença se encontra. A cirurgia de

mastectomia, geralmente é a mais indicada, justamente por haver a remoção da

doença, seguido de um tratamento agressivo e doloroso para a mulher. Mas, dentro

de todo esse processo, a mastectomia vai muito além de um procedimento cirúrgico,

e consequentemente, essa experiência envolve os mais diversos sentimentos

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negativos, e exige que a mesma vivencie e elabore um sentimento de luto pelas

perdas sofridas em decorrência de todo o processo de tratamento, para ressignificar

e aceitar a imagem do novo corpo.

Para Cavalcanti, Samczuk e Bonfim (2013), o luto não está ligado apenas à

morte de um ente querido, mas as possíveis perdas reais e concretas que

acontecem ao decorrer do desenvolvimento humano, sendo vivenciadas essas

perdas no campo psíquico e físico, e que tenha uma ligação significativa tanto de

aspectos pessoais, sociais, profissionais e familiares.

O presente trabalho foi construído a fim de investigar “Como a mulher

mastectomizada lida com os lutos simbólicos e as vivências psicossociais

decorrentes desta nova condição”? Visto que, a mulher mastectomizada entra num

processo de sofrimento, decorrente à perda da mama e o simbolismo que esta

detém, além de outros fatores que implicam tal ocorrência, o que gera o

desencadeamento do luto simbólico e os modos de enfrentamento do mesmo, cuja

elaboração ou não, dependerão dos recursos psicossociais que cada mulher possui.

Estudar sobre a mulher mastectomizada é um tema complexo e temido na

vida da mulher por envolver um processo de luto simbólico, que está ligada a sua

identidade feminina e as vivências psicossociais decorrentes desta nova condição.

O câncer de mama é muito temido no universo feminino, pois esta

relacionada em nossa cultura a um símbolo da identidade feminina, de sua

sensualidade, sexualidade e autoestima, ligado a uma possível mutilação do seio,

remetendo ao sentimento de morte pelo estigma que a doença carrega, permeando

a vida de angústia e sofrimento.

Todos têm direito à vida, mas nem todos gozam desse direito. Vivemos em

um mundo com grande disparidade socioeconômica, onde muitos morrem por falta

de acesso a cuidados médicos e por não ter uma boa qualidade de vida, antes

mesmo de passar pelo curso natural da vida.

Está na essência do ser humano em se preocupar com a morte e essa

consciência, faz com que o homem repugna ou tenta adiar a morte, uma vez que

todos passam por este processo. Entrar em contato com esse sentimento remete-se

à desvinculação dos entes queridos, sonhos e desejos, e isso causa muito

sofrimento, tendo presente o temor da morte.

O diagnóstico de uma doença severa, muitas vezes remete ao estigma da

morte. Porém, o câncer não é o fim e sim uma chance de encontrar em meio ao

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sofrimento, um sentido maior da existência, vivenciado entre as fases do luto

simbólico, encontrando um alívio na imensa sede de plenificação humana.

Todo esse processo vivenciado por essas mulheres acometidas pelo câncer

de mama, seguido da mastectomia e das outras perdas referentes, a mulher começa

a passar por um processo de elaboração do luto, extremamente necessário,

acarretando deste uma tristeza a uma profunda depressão, sendo vivenciado de

maneira individual para cada mulher. Essas perdas estão relacionadas à essência

da feminilidade, a uma simbologia criada e imposta por nossa sociedade,

influenciando em seus papéis complementares, e principalmente, o de ser mulher

(MALUF; MORI; BARROS, 2005; SILVA, 2010).

A mulher submetida à mastectomia vivência crises e alterações internas e

externas, ligadas aos seus sentimentos e a própria percepção de si no decorrer do

processo da doença. Na busca de adaptar-se a essa nova condição, a busca por

auxilio psicológico é muito importante, pois o profissional da psicologia pode auxiliar

durante todo esse processo de forma a acolher, dando o suporte necessário para

uma vivência menos sofrida para poder ressignificar essa perda da mama (ALVES,

2016).

1 ITENS DO DESENVOLVIMENTO

Público-alvo

A pesquisa será restringida a mulheres moradoras de Lins-SP e região, com

idades entre 35 anos e 70 anos e que realizaram a cirurgia de mastectomia em um

período máximo de dois anos em decorrência ao câncer de mama. Esse período

está relacionado às principais vivências que a mulher enfrentara após a cirurgia,

ligada às recorrentes perdas simbólicas e reais, e como ela irá lidar com isso em seu

cotidiano. Visto que após a cirurgia, segue-se um tratamento agressivo no que diz

respeito ao câncer de mama e que exige da mulher uma reabilitação física,

emocional e psicossocial, para que a mesma venha a reorganizar e ressignificar

todo esse processo de elaboração do luto, de acordo com a vivência de cada

mulher.

Recrutamento e seleção do público-alvo

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Para o recrutamento das participantes, o primeiro contato ocorreu na Clínica

de Fisioterapia – Unisalesiano – Lins, com a responsável pelo setor “Saúde da

Mulher”, para obter informações sobre as mulheres que estiveram ou estão em

processo de reabilitação após serem submetidas à cirurgia de mastectomia.

Após as informações colhidas, esse contato com as participantes ocorreu por

telefone através da responsável do setor, em que esclareceu a finalidade da

pesquisa, marcando o primeiro encontro para esclarecer os objetivos e as possíveis

dúvidas que surjam.

A partir da adesão dessas mulheres, foi entregue o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) e Carta de Informação ao Participante, onde marcou-se

um segundo encontro para fortalecer o vínculo antes da entrevista individual.

Procedimentos metodológicos: revisão bibliográfica e pesquisa de campo

A revisão bibliográfica é um meio de acrescentar à pesquisa conhecimento

sobre o tema estudado, acrescentando novas obras e artigos publicados para

melhor desenvolvimento teórico da pesquisa (MARCONI; LAKATOS, 2010).

O levantamento de dados é necessário para adquirir conhecimento sobre

determinado assunto a ser estudado, saindo de uma visão geral para dar

direcionamento a um foco em meio a tantas informações obtidas.

As pesquisas por meio de fontes bibliográficas permitiram que

comtemplássemos o devido assunto a ser estudado: mastectomia, luto simbólico e o

enfrentamento psicossocial da mulher após a cirurgia, impulsionando e dando

amparo teórico para sanar as dúvidas que surgiram do tema pesquisado, ampliando

o conhecimento no enfoque abordado.

Também foi realizada a pesquisa de campo, que consiste em buscar

informações e conhecimentos de um problema, procurando uma resposta ou uma

hipótese, a fim de comprovar, ou até mesmo descobrir novos fenômenos ou as

relações existentes entre elas, formados por meio de observações de fatos ocorridos

espontaneamente dentro desse grupo de mulheres pesquisadas (TRUJILLO, 1982

apud MARCONI; LAKATOS, 2010).

Observação

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Para os encontros com as participantes, foram utilizadas técnicas como a

observação, a fim de aprofundar sobre os respectivos assuntos abordados. Por meio

da observação, os fatos podem ser percebidos diretamente como ocorrem de modo

natural, sem qualquer intervenção, sendo também utilizado para obtenção de dados,

como um meio de investigação (GIL, 2008).

Entrevistas

Bosi (2003, p.60) que: “a entrevista ideal é aquela que permite a formação de

laços de amizade; tenhamos sempre na lembrança que a relação não deveria ser

efêmera”. Portanto, o envolvimento e a responsabilidade pelo outro deverá ser

mantido enquanto durar esses laços. A qualidade da entrevista dependerá da

qualidade de vínculo que será criado com as participantes.

A entrevista consiste em um encontro com duas pessoas, com o intuito de

que uma delas possa obter informações sobre determinado assunto, frente a um

colóquio de caráter profissional. Em geral, é uma técnica utilizada na investigação

social, a fim de coletar dados, obter um diagnóstico ou até mesmo no tratamento de

um problema social. Para a entrevista, mantém-se uma conversa face a face, com o

objetivo de coletar verbalmente as informações necessárias, no qual se busca para

compreender os problemas sociais. Na entrevista semiestruturada, o entrevistador

tem a autonomia para construir a direção adequada, de forma a explorar mais o

assunto abordado (LAKATOS; MARCONI, 2010). Então, para Triviños (1987), a

entrevista semiestruturada é:

(...) em geral, aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam a pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas dos informantes. Desta maneira, o informante, seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa (p. 146).

As entrevistas, assim como a observação, possibilitaram a compreensão dos

sentimentos do luto simbólico na mulher mastectomizada, e todo esse processo

ligado em suas relações psicossociais vivenciado de modo particular, mantendo o

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sigilo da identidade e a integridade das participantes dentro da pesquisa. Para isso,

usou-se nomes fictícios na entrevista para não identificar as participantes.

Tratamentos dos dados

Os dados coletados foram tratados por meio da história oral. Para Meihy

(2002), a história oral é um método de tratamento muito dinâmico e criativo, que

utiliza como material, gravações de narrativas pessoais, utilizando gravadores de

voz e vídeos. Tem sido utilizada para elaboração de documentos, arquivamento e

estudos referentes à experiência social de pessoas e de grupos. Há diversos modos

de utilização da história oral: nesta pesquisa utilizaremos a história oral temática, a

qual consiste em uma técnica, que aborda o esclarecimento, assim como

esclarecimento de determinado evento decorrente de uma situação vivida pelo

indivíduo.

Há uma diferença entre a língua falada e língua escrita, o importante na

entrevista não é a forma de como as palavras foram ditas, mas sim o seu significado

dentro da mensagem que é passada. As entrevistas coletadas foram tratadas e

inspiradas na história oral, deste modo realizamos apenas dois passos: transcrição,

a entrevista é redigida com as mesmas palavras das participantes e o segundo

passo foi a textualização é eliminado erros ortográficos, repetições e sons, deixando

a entrevista escrita de forma mais sucinta e clara. Enquanto a transcriação, é a

transposição do conteúdo, deixando de forma mais literária e a conferência feita pela

depoente, na qual após a entrevista transcriada, deve ser lida e autorizada pelas

depoentes, embora conhecêssemos a importância de tal procedimento, não

utilizamos na pesquisa (MEIHY, 2002).

Por meio das observações, entrevistas e da história oral temática, os

instrumentos utilizados foram, gravadores de voz e vídeo, para que possam ser

armazenados de forma segura para não ser esquecido nenhum detalhe.

Psicologia Social como análise de dados

A Psicologia Social é um campo de saber articulador, que trabalha em função

do sujeito e do espaço, fazendo surgir como uma ciência charneira, em que

indivíduos pensam, interage e se relacionam em determinados grupos, em um

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campo em que a Psicologia e a Sociologia não deixam de se encontrar. Para

Maisonneuve, 1988:

Sua emergência e seu crescente desenvolvimento provem da incapacidade de a sociologia, ou a psicologia, sozinhas, explicarem a integralidade das condutas humanas concretas (MAISONNEUVE, p.2, 1977).

Recorrendo concomitantemente aos conceitos psicológicos e sociológicos, a

Psicologia Social permite cingir a interação de determinações psíquicas e sociais.

Isso viabiliza a Psicologia Social realizar uma análise da realidade, na qual se

destina a estudar, em um nível geral, no que diz a respeito ao sujeito na sua

coletividade como também na individualidade (CAPUTO, 2014).

A Psicologia Social contribui dentro de um mundo de significados e

pretensões, valores e atitudes, que estão intrinsicamente ligados às relações e

fenômenos, de modo que não podem ser diminuídos, mas abarcando novos

conhecimentos dentro de uma realidade social (GIL, 2008; MINAYO, 2004).

Dentro da pesquisa a Psicologia Social possibilitou o estudo dos processos

interacionais no nível individual a interação de processos sociais e psíquicos,

permitindo investigar as condutas humanas, e no caso desta pesquisa, propiciou a

compreensão do luto das mulheres mastectomizadas e as implicações psíquicas e

sociais de tais vivências, principalmente em seu cotidiano. Os dados coletados,

portanto, foram analisados sob a luz da Psicologia Social, para assim poder

compreender melhor o processo de luto simbólico enfrentados pelas mulheres

mastectomizadas investigadas nesta pesquisa.

CONCLUSÃO

O ser humano é o único ser que tem a consciência da própria finitude e essa

consciência faz com que o homem tente driblar a própria morte, sendo inevitável

esse processo. Diante do diagnóstico de uma doença maligna como o câncer, e que

tem fortemente o estigma de ser mutiladora, incurável e mortal, os mais diversos

sentimentos negativos e lutos simbólicos (reais ou concretos) serão vivenciados.

Neste contexto, buscou compreender como a mulher lida com o luto simbólico

e suas vivências psicossociais após a mastectomia, ocasionada pelo câncer de

mama, de modo que nem todas as fases podem vir a ser vivenciadas.

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A vivência do luto se inicia após o diagnóstico preciso de um médico,

permanecendo ao longo do tratamento, devido às várias perdas que são

ocasionadas. Os mais diversos sentimentos frente às incertezas de uma possível

cura são experienciados por essa mulher, entre eles, a negação após o impacto da

notícia. Sendo, a negação uma poderosa “arma” usada como defesa no

enfretamento da doença para que essa mulher venha a se reestabelecer no decorrer

do tempo.

Assim, o modo de lidar com esse luto simbólico e as vivências psicossociais,

estão relacionadas à personalidade, bem como o meio em que está inserida e a fase

em que cada mulher encontra-se na vida, levando em conta esses fatores: idade,

estado civil e se tem filhos. Esses fatores vão influenciar a mulher no decorrer de

todo esse processo da doença, nas mudanças significativas em seu cotidiano e nos

aspectos tanto físico, emocional e social.

O apoio familiar, como de pessoas próximas também são essências nesse

momento, visto que elas atribuíram o carinho recebido como fundamental para a

superação da doença. Assim, como a fé e crença em Deus, tornam essas mulheres

mais resilientes, a religiosidade é um poderoso meio de enfrentamento e na busca

pela possível cura.

A pesquisa realizada nos possibilitou compreender como que as mulheres

participantes lidam com o luto simbólico após a cirurgia de mastectomia e vivência

dessa experiência. Para isso, foram entrevistas 5 mulheres e realizados 3 encontros.

Os dois primeiros encontros que antecederam a entrevista individual foram

realizados em grupo, visando o fortalecimento dos vínculos, esclarecendo os termos

e as possíveis dúvidas que surgissem. Enquanto que as entrevistas individuais, após

serem realizadas, passaram pelo processo de transcrição, e foram lidas

exaustivamente.

As leituras nos possibilitou chegar as seguintes categorias para análise: o

medo da morte concreta, o luto simbólico: as mortes em vida, o apoio familiar no

enfretamento da doença e a fé como artifício de superação, tendo como sub-

categoria do luto simbólico, a perda dos papéis sociais e as limitações.

Assim, permitindo compreender os modos de enfrentamento da doença, as

mudanças em seu contexto social e psicológico, considerando a família e a

religiosidade como forte aliado na luta contra a doença, possibilitando essas

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mulheres participantes novas vivências em função da nova condição, de ser

mastectomizada.

REFERÊNCIAS

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BOSI, E. O tempo vivo na memoria: ensaios de psicologia social. São Paulo: Atêlie editorial, 2003

CAPUTO, R. F. A morte e os vivos: um estudo comparativo dos Sistemas TanatológicosLinense e Bororo e suas interveniências nas interações sociais nestes dois grupos sociais. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

CAVALCANTI, A. K. S.; SAMCZUK, M. L.; BONFIM, T. E. O conceito psicanalítico do luto: uma perspectiva a partir de Freud e Klein. Psicólogo inFormação, ano 17, n.17, jan./dez., 2013. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoinfo/v17n17/v17n17a07.pdf>. Acesso em 06 julho 2017.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa.4.ed. São Paulo: Atlas, 2007.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2011.

MAISONNEUVE, J. Introdução a psicossociologia. São Paulo: Nacional, 1977.MALUF, M. F. M.; MORI, L. J.; BARROS, A. C. S. D. O impacto psicológico do câncer de mama. Revista Brasileira de Cancerologia. São Paulo, v.51, n.2, p. 149-154, 2005. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/rbc/n_51/v02/pdf/revisao1.pdf>. Acesso em: 01 junho 2017.

MEIHY, J. C. S. B. Manual de história oral.4.ed. São Paulo: Loyola, 2002.

TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

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