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15 Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 27, n. 1, p. 15-33, jan./jun. 2006 Desigualdade da renda e as “aposentadorias e pensões” no Brasil, na Região Sul e no Estado do Paraná Desigualdade da renda e as “aposentadorias e pensões” no Brasil, na Região Sul e no Estado do Paraná Inequality of the income and the ‘retirements and pension’ in Brazil, southern region and State of Paraná Carlos Roberto Ferreira 1 ; Solange de Cássia Inforzato de Souza 2 Resumo Este trabalho tem como objetivo avaliar a contribuição do componente do rendimento domiciliar “aposentadorias e pensões” para a desigualdade da distribuição do rendimento domiciliar per capita no Brasil, Região Sul e Estado do Paraná, nos meios rural e urbano, em 1999, 2001 e 2002. Para isso, utilizou-se a estratificação do rendimento domiciliar per capita e a metodologia de decomposição do índice de Gini dos seguintes componentes: rendimento do trabalho principal, rendimento de outros trabalhos, aposentadorias e pensões, doações, rendimentos de aluguel e outros rendimentos (juros, dividendos, etc.). Salienta-se, nos resultados, a substancial contribuição das aposentadorias e pensões para a desigualdade da distribuição da renda no Brasil e na região sul. Na Região Sul rural e Paraná rural essa situação não se efetiva, com exceção do ano de 2002, contrariando a tendência brasileira. A estratificação dos rendimentos domiciliares permitiu a verificação de que, para todas as regiões rurais analisadas, há uma melhor distribuição dos rendimentos das aposentadorias e pensões localizados nos estratos inferiores da renda. Palavras-chave: Previdência social. Aposentadorias e pensões. Distribuição de renda. Abstract The purpose of this work is to evaluate the component of the household revenue “retirements and pensions” contribution for the inequality of the household revenue distribution per capita in Brazil, southern region and State of Paraná, in the rural and urban environments, in 1999, 2001 and 2002. As for this, the household revenue per capita and the decomposition methodology of Gini’s index of the following components were used: revenue of the main work, revenue of other works, retirements and pensions, donations, rent revenues and other revenues (interests, dividends, etc.). It is highlighted in the results, the substantial contribution of the retirements and pensions for the inequality of the income distribution in Brazil and in the southern region. In the rural southern region and rural Paraná that situation does not happen, except for the year 2002, refuting the Brazilian tendency. The stratification of the household revenues enabled us to verify that, for all the analyzed rural areas, there is a better distribution of the revenues of retirements and pensions located in the inferior strata of the income. Key words: Social welfare. Retirements and pensions. Distribution of income. 1 Professor Adjunto da Universidade Estadual de Londrina, Londrina-Pr. E-mail: [email protected]. 2 Professora Adjunta da Universidade Estadual de Londrina, Londrina-Pr. E-mail: [email protected]

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15Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 27, n. 1, p. 15-33, jan./jun. 2006

Desigualdade da renda e as “aposentadorias e pensões” no Brasil, na Região Sul e no Estado do Paraná

Desigualdade da renda e as “aposentadorias e pensões” no Brasil,

na Região Sul e no Estado do Paraná

Inequality of the income and the ‘retirements and pension’ in Brazil,

southern region and State of Paraná

Carlos Roberto Ferreira1; Solange de Cássia Inforzato de Souza2

Resumo

Este trabalho tem como objetivo avaliar a contribuição do componente do rendimento domiciliar“aposentadorias e pensões” para a desigualdade da distribuição do rendimento domiciliar percapita no Brasil, Região Sul e Estado do Paraná, nos meios rural e urbano, em 1999, 2001 e2002. Para isso, utilizou-se a estratificação do rendimento domiciliar per capita e a metodologiade decomposição do índice de Gini dos seguintes componentes: rendimento do trabalho principal,rendimento de outros trabalhos, aposentadorias e pensões, doações, rendimentos de aluguel eoutros rendimentos (juros, dividendos, etc.). Salienta-se, nos resultados, a substancial contribuiçãodas aposentadorias e pensões para a desigualdade da distribuição da renda no Brasil e na regiãosul. Na Região Sul rural e Paraná rural essa situação não se efetiva, com exceção do ano de2002, contrariando a tendência brasileira. A estratificação dos rendimentos domiciliares permitiua verificação de que, para todas as regiões rurais analisadas, há uma melhor distribuição dosrendimentos das aposentadorias e pensões localizados nos estratos inferiores da renda.Palavras-chave: Previdência social. Aposentadorias e pensões. Distribuição de renda.

Abstract

The purpose of this work is to evaluate the component of the household revenue “retirementsand pensions” contribution for the inequality of the household revenue distribution per capita inBrazil, southern region and State of Paraná, in the rural and urban environments, in 1999, 2001and 2002. As for this, the household revenue per capita and the decomposition methodology ofGini’s index of the following components were used: revenue of the main work, revenue ofother works, retirements and pensions, donations, rent revenues and other revenues (interests,dividends, etc.). It is highlighted in the results, the substantial contribution of the retirements andpensions for the inequality of the income distribution in Brazil and in the southern region. In therural southern region and rural Paraná that situation does not happen, except for the year 2002,refuting the Brazilian tendency. The stratification of the household revenues enabled us to verifythat, for all the analyzed rural areas, there is a better distribution of the revenues of retirementsand pensions located in the inferior strata of the income.Key words: Social welfare. Retirements and pensions. Distribution of income.

1 Professor Adjunto da Universidade Estadual de Londrina, Londrina-Pr. E-mail: [email protected] Professora Adjunta da Universidade Estadual de Londrina, Londrina-Pr. E-mail: [email protected]

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Ferreira, C. R; Souza, S. C. I.

Introdução

As transformações manifestadas no perfildemográfico da população e no mercado de trabalholevaram a constrangimentos nas contas daPrevidência Social e fizeram com que, a partir demeados da década de noventa do século XX, fosseintensificado o debate acerca dessa instituição. Asinformações são as de que, no ano de 2002, o paístinha 16.022.231 pessoas com mais de 60 anos, 9,3%da população. Desse montante, 12.445.563 eramaposentados ou pensionistas, ou seja, 77,7% do totalde idosos. (INSTITUTO BRASILEIRO DEGEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2003)

Demograficamente, a população mundial ebrasileira tem apresentado baixas taxas defecundidade, aumento da longevidade e urbanizaçãoacelerada, e a interação desses fatores resulta emum maior crescimento da população idosa em relaçãoaos demais grupos. A pesquisa de Camarano (2002)mostra que a participação da população maior de 60anos na população brasileira mais do que dobrou noúltimo meio século, passando de 4% em 1940 para8% em 1996. A autora estima que em 2020aproximadamente 15% da população será compostapor idosos.

Os impactos da dinâmica demográfica comrespeito à Previdência Social refletem-se tanto nasdespesas com benefícios, quanto no lado das receitas.Para manter o equilíbrio no sistema de repartiçãosimples, o elemento fundamental, considerando-sesomente as variáveis demográficas, é a estruturaetária da população em cada momento, pois é elaque define a relação entre beneficiários econtribuintes.(STEPHANES, 1999)

Segundo Stephanes (1999), a relação decontribuintes ativos por beneficiário na década de1950 era de oito, enquanto para as décadas de 1970e 1980 essa relação foi de 4,2 e 3,2, respectivamente.Para Ornélas (2002), essa mesma relação caiu de2,4 em 1991 para 1,7 em 1997. Essa queda implicousucessivos aumentos das alíquotas de contribuição,redução no valor real dos benefícios e utilização dereceita de impostos para cobrir o déficit da

Previdência Social. E mais, Ornélas e Vieira (2002)salientam que a base de contribuintes da previdênciano Brasil esteve sempre abaixo do seu potencial. Em1997, cerca de 62% da população ocupada nãocontribuía para o Regime Geral de Previdência Social(RGPS) e 56% não contribuía para nenhum tipo deprevidência.

Com relação à composição do mercado formal,Najberg e Ikeda (1999) observam uma tendência deredução da participação de salários no total deprodução, especialmente no setor industrial, no qualessa participação é mais expressiva. O setor industrialtem perdido posição em favor do setor de comércioe de serviços, que empregam cada vez maistrabalhadores, mas com elevado grau deinformalidade. Além disso, verifica-se uma tendênciade remunerar o trabalhador formal com menor salárioe com participação nos lucros através de gratificação,bônus ou dividendos, sem que haja incidência decontribuição, tanto do empregado, quanto doempregador. Essas novas tendências contribuem paraintensificar a problemática da Previdência Social noBrasil.

Por outro lado, o efeito distributivo dos gastossociais é reduzido, sendo seu perfil desfavorávelmesmo aos contingentes mais pobres da população.Estimativas do Banco Mundial, referentes a 1990,indicam que o valor per capita dos gastos sociais,sem incluir os benefícios pagos pela Previdência,relativos aos 20% mais pobres da população, era 13%inferior à cifra correspondente aos 80% restantes.Esse diferencial aumenta quando se consideram osbenefícios pagos pela Previdência. O valor per capitados gastos sociais referentes aos 20% mais pobresera 40% menor do que o valor relativo aos outros80% da população. Esses dados mostram que, quandose consideram os benefícios pagos pela Previdência,o perfil da distribuição é ainda mais desfavorável aossegmentos mais pobres. IPEA (1996)

A literatura econômica mostra que os gastos comaposentadorias e pensões em geral são distribuídosde forma inadequada, quando considerados comogastos sociais destinados a combater a pobreza. Neste

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Desigualdade da renda e as “aposentadorias e pensões” no Brasil, na Região Sul e no Estado do Paraná

aspecto, trabalhos como os de Ferreira e Souza(2004a), Ferreira e Souza (2004b), Ferreira (2003),Amsberg, Lanjouw e Nead (2000) e Barros e Foguel(2000), entre outros, retratam essa situação para opaís.

Diante disso, este artigo tem como objetivo principalmedir e analisar a contribuição das aposentadorias epensões na desigualdade da distribuição dorendimento domiciliar per capita no Brasil, RegiãoSul e Paraná, nos meios urbano e rural, nos anos de1999, 2001 e 2002. A mensuração foi efetuada pormeio da estratificação do rendimento domiciliar percapita e da decomposição do índice de Gini.

O trabalho segue com os antecedentes daprevidência social rural no Brasil, e, nas seções 3 e 4,explicitando a base de dados e a metodologia aplicada.Na seção 5, discute-se a concentração da rendadomiciliar per capita por diferentes estratos edecompõe o índice de Gini, avaliando a magnitude dacontribuição dos componentes do rendimentodomiciliar per capita no Brasil, na Região Sul e noEstado do Paraná. Ao final, as conclusões sãoapresentadas.

Previdência Social e sua Expressão Rural noBrasil: os antecedentes

A dificuldade de sustentação do sistema deproteção social do Brasil eleva-se a partir daaprovação da Constituição de 1988, cujos impactosno Regime Geral de Previdência Social e no Regimede Servidores Públicos são percebidos.

No tocante à população rural, os benefíciosprevidenciários tornam-se mais visíveis em respostaao conteúdo favorável da Constituição de 1988 paraa seguridade social dos idosos do meio rural. Comisso, aumentaram expressivamente a quantidade debenefícios e o seu valor médio, principalmente paraos benefícios rurais, que passaram de meio para umsalário mínimo. De acordo com Delgado e CardosoJúnior (2002), a previdência rural pagou, em 1998,6,91 milhões de aposentadorias, pensões, rendasmensais vitalícias e amparos previdenciários aos seussegurados. Conforme Brant (2001a), entre 1988 e

2000, o número de benefícios pagos pelo sistemaaumentou 71,6%, passando de 11,6 milhões em 1988para 19,9 milhões em 2000. O aumento da quantidadee do valor médio dos benefícios fez com que a despesacom benefícios pagos pela previdência mais do queduplicasse, passando de 2,6% do PIB em 1988 para6,1% em 2000.

Institucionalmente, a previdência social brasileira,que teve seu marco legal estabelecido pela lei EloyChaves, em 1923, pôde constituir sua face rural apartir da criação do Funrural (Fundo de Assistênciae Previdência do Trabalhador Rural), em 1963, comoparte do Estatuto do Trabalhador Rural. Os esforçosanteriores para a proteção social dos trabalhadoresrurais podem ser resumidos na criação do Institutode Serviços Sociais do Brasil (ISSP), de 1945, quenão chegou a ser implementado, e do Serviço SocialRural, em 1955.

Da origem do Funrural até a sua extinção, em1977, iniciativas governamentais foram tomadas nocampo da previdência social rural, com a finalidadede prover o amparo previdenciário a trabalhadores eempregadores rurais, por meio da assistência médicae social e benefícios financeiros. Essas medidastambém visavam a organizar a estrutura administrativae financeira por meio do Funrural e do InstitutoNacional de Previdência Social (INPS).

Os anos imediatamente após 1977 vão representarpara a Previdência Social, sob um sistema único, oinício de uma universalização da seguridade socialno Brasil, ainda que com planos de benefícios distintospara trabalhadores urbanos e rurais. O Sinpas (SistemaNacional de Previdência e Assistência Social),inaugurado em 1977, foi a materialização da unidadedo sistema previdenciário. A obtenção do benefíciorural de aposentadoria atingia o cabeça do casal, aos65 anos de idade, com valores de meio a ¾ do saláriomínimo.

Todavia, a Constituição Federal de 1988, em seuartigo 194, veio instituir a “uniformidade e equivalênciados benefícios e serviços às populações urbanas erurais”, regulamentadas a partir de 1992, dandoigualdade de acesso a homens e mulheres com idadede 60 anos(homens) e 55 anos(mulheres), com

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Ferreira, C. R; Souza, S. C. I.

benefícios de aposentadorias e pensões de um saláriomínimo. Em seu parágrafo oitavo, cita-se o produtor,parceiro, meeiro e arrendatário rurais e seus cônjuges,cujas atividades se enquadram no regime de economiafamiliar, sem empregados permanentes.

Se se adiciona aos produtores em regime deeconomia familiar o trabalhador rural formal protegidosocialmente, percebe-se a relevância da PrevidênciaSocial Rural, realizada com a ampliação da coberturado sistema e o incremento da renda familiar. Daí que,no contexto de sobrevivência econômica das famíliasno meio rural, o idoso rural tem seu papel econômicoe social transformado: de assistidos para assistentesda família.(DELGADO; CARDOSO JÚNIOR,1999).

Base de Dados

O presente estudo tem por base as informaçõescoletadas na Pesquisa Nacional por Amostra deDomicílios (PNAD), em 1999, 2001 e 2002. A PNADtem sido realizada anualmente desde 1971 e éinterrompida por ocasião dos Censos Demográficos(1970, 1980, 1991 e 2000). Trata-se de umlevantamento anual realizado por meio de umaamostra dos domicílios que abrange todo o país,exceto a área rural de quase todos os Estados daRegião Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará,Rondônia e Roraima). Para as pesquisas da décadade 90, essa abrangência geográfica foi mantida, ouseja, a PNAD continuou a cobrir todo o país, comexceção da área rural dessas seis unidades daFederação.

O procedimento metodológico adotado pelo IBGEimplica que cada pessoa da amostra representa umdeterminado número de pessoas da população. Osdados individuais são fornecidos com o peso ou fatorde expansão de cada indivíduo. Isso permite que oscálculos sejam elaborados, ponderando-se cadaobservação pelo respectivo peso. Todos os cálculos,neste trabalho, foram feitos considerando o peso oufator de expansão de cada domicílio da amostra daPNAD, fornecido pelo IBGE.

As informações das PNADs são de boa qualidade,mas é preciso observar algumas características danatureza desses dados, as quais são restrições queprecisam ser levadas em consideração na análise dosresultados, conforme alerta Hoffmann (1988) eHoffmann (2002).

De acordo com as notas metodológicas do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (2001),“considerou-se como rendimento mensal domiciliara soma dos rendimentos mensais dos moradores dodomicílio, exclusive os das pessoas cuja condição nodomicílio fosse pensionista, empregado doméstico ouparente do empregado doméstico”. Para se obter orendimento domiciliar per capita, dividiu-se orendimento mensal domiciliar pelo número de pessoasdo domicílio, excluindo pensionistas, empregadosdomésticos e seus parentes.

Os componentes do rendimento domiciliar são osprovenientes do trabalho principal, de outros trabalhos,de aposentadorias e pensões, dos aluguéis, doações,juros, etc., apresentados para as pessoas de dez anosou mais de idade. Consideram-se rendimentos detrabalho os decorrentes dos pagamentos brutosmensais aos empregados, empregadores e contaprópria, sejam advindos do trabalho principal ou dosdemais trabalhos. O trabalho principal é o únicotrabalho que a pessoa teve no período da pesquisa(semana de referência da PNAD), impondo-se outroscritérios para casos especiais.

Os rendimentos de aposentadorias e pensões sãoaqueles pagos pelo Governo Federal ou por institutode previdência, entidades seguradoras ou fundos depensão; e finalmente, juros, etc.Esses rendimentossão decorrentes de aplicações financeiras em ativosfinanceiros de renda fixa, caderneta de poupança, eoutros. (INSTITUTO BRASILEIRO DEGEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2001).

Metodologia da PesquisaOs procedimentos da pesquisa contemplaram a

estratificação do rendimento domiciliar per capita ea decomposição do índice de Gini. Tais procedimentosforam realizados, inicialmente, para o Brasil e a

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Desigualdade da renda e as “aposentadorias e pensões” no Brasil, na Região Sul e no Estado do Paraná

Região Sul, e permitiram uma contextualizaçãoreferente ao Estado do Paraná, no qual foramsalientadas as diferenças entre os meios urbano e rural.

Para a estratificação do rendimento domiciliar percapita, consideram-se 11 estratos de renda,ressaltando-se que, para todo o período analisado,foram construídas tabelas que mostram a distribuiçãodos domicílios, do rendimento total, e do rendimentodomiciliar de aposentadorias e pensões.

O primeiro estrato inclui os domicílios cujorendimento declarado é igual a zero. O segundo incluios domicílios cujo rendimento declarado é igual atémeio salário mínimo corrente3 (SM); o terceiro incluirendimento entre meio SM e um SM; o quarto incluirendimento entre um SM e um e meio SM; o quintoinclui rendimento entre um e meio SM e dois SM; osexto inclui rendimento entre dois SM e dois e meioSM; o sétimo inclui rendimento entre dois e meio SMe três SM; o oitavo inclui rendimento entre três SM equatro SM; o nono inclui rendimento entre quatro eoito SM; o décimo inclui rendimento entre oito e quinzeSM; e o décimo primeiro inclui rendimentos maioresque quinze SM. Ressalte-se que os domicílios comrendimentos não-declarados foram eliminados daanálise.

Na decomposição do índice de Gini, o texto dePyatt, Chen e Fei (1980) mostra de forma clara comoo índice de Gini pode ser decomposto quando seconsidera a divisão do rendimento analisado em várioscomponentes4.

Seja zi o rendimento da i-ésima pessoa. Neste

trabalho, considera-se o rendimento domiciliar percapita, considerando que ele é o resultado da somade k parcelas:

∑=

=k

hhii zz

1 (1)

Vamos admitir que os rendimentos iz estãoordenados de maneira que ,...21 nzzz ≤≤≤ sendon o tamanho da população. Então i é a posição deordem do rendimento iz .

Pode-se verificar que o índice de Gini (G) dadistribuição de iz é

( )izn

G i ,cov2

µ=

(2)onde µ é a média dos iz .

Pyatt, Chen e Fei (1980) definem a razão deconcentração do componente hiz como

( )izn

C hih

h ,cov2

µ= (3)

onde hµ é a média dos hiz .

A participação do h-ésimo componente norendimento total é

µµ

φ hh = (4)

Pode-se deduzir que

∑=

=k

hhhCG

1

φ (5)

Vamos indicar por hi os números de ordemassociados aos valores de hiz , como se eles fossemcolocados em ordem crescente. Os hi , da mesmamaneira que i, variam de 1 a n. Note-se, entretanto,que, para determinar hiz , o respectivo valor de i ( onúmero de ordem do correspondente iz ) não vai,em geral, coincidir com hi (a posição desse hiz naordenação dos valores desse componente).Analogamente a (2), o índice de Gini de hiz é:

( )hhih

h izn

G ,cov2

µ= (6)

De (3) e (6) obtém-se:

( )( )hhi

hi

h

hh iz

iz

G

CR

,cov

,cov== (7)

3 Em termos nominais, o valor do salário mínimo em 1999, 2001 e 2002 foi de R$ 136,00; R$ 180,00 e R$ 200,00 respectivamente

4 Ver, também, Shorrocks (1982). No Brasil essa metodologia já foi utilizada por Ferreira (2003), Neder (2001) e Mariano e Lima (1998).

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Ferreira, C. R; Souza, S. C. I.

Pyatt, Chen e Fei (1980) denominaram hR de“razão de correlação de ordem”, ressaltando que elanão constitui um coeficiente de correlação de ordem.Eles mostram que

1≤hRDe (5) e (7) segue-se que

∑=

=k

hhhh GRG

1

φ (8)

Essa expressão mostra como o índice de Gini de

iz está associado com os índices de Gini de cadacomponente.

Note-se, na expressão (5), que se todas as razõesde concentração hC tivessem o mesmo valor, esseseria, também, o valor de G. Dessa forma, pode-seconsiderar que um componente hiz contribui paraaumentar a desigualdade (medida pelo índice de Gini)quando GCh > .

Tabela 1. Distribuição percentual dos domicílios, das pessoas, do rendimento total e do rendimento domiciliar de aposentadorias epensões, em estratos de rendimento domiciliar per capita. Brasil, 1999, 2001 e 2002.

Essa expressão mostra como o índice de Gini de

iz está associado com os índices de Gini de cada

componente.

Resultados da Pesquisa

Estratos de rendimento domiciliar per capita

As tabelas 1 a 9 mostram a distribuição percentualdos domicílios particulares permanentes e das pessoasnesses estratos, o percentual do rendimento total edo rendimento de aposentadorias e pensões para oBrasil, Região Sul e Paraná, assim como os dadosreferentes às esferas urbana e rural, nos anos de 1999,2001 e 2002.

A tabela 1 indica que a maior concentraçãopercentual de domicílios na população do Brasil estáno estrato 3, enquanto a maior concentração percentualde pessoas na população está no estrato 2.

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD(1999; 2001; 2002)

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en

tod

om

icili

ar

pe

r ca

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Desigualdade da renda e as “aposentadorias e pensões” no Brasil, na Região Sul e no Estado do Paraná

Ambos estão concentrados nos estratos inferioresda distribuição, ou seja, nos estratos onde estãolocalizados os relativamente pobres. O mesmo nãoacontece com a concentração percentual dorendimento total e do rendimento domiciliar deaposentadorias e pensões, que ocorrem no estrato 9,no qual estão localizados os relativamente ricos.

No Brasil rural, a maior concentração percentualde domicílios e pessoas na população está no estrato2, e ainda, 87,4% dos domicílios obtém rendimentosde até um salário mínimo e meio. O percentual derendimento total e do rendimento domiciliar deaposentadorias e pensões também está em maior

Tabela 2. Distribuição percentual dos domicílios, das pessoas, do rendimento total e do rendimento domiciliar de aposentadorias epensões, em estratos de rendimento domiciliar per capita. Brasil rural, 1999, 2001 e 2002.

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD (1999; 2001; 2002)

proporção no estrato 3, ou seja, onde estão localizadosos relativamente pobres. Se considerarmos o intervaloaté um salário mínimo e meio os dados indicam quea concentração dos rendimentos domiciliares dasaposentadorias e pensões é alta e crescente, já que,em 2002, 73,6% desse rendimento estavam nessesestratos, contra 67,1% de 1999.

A tabela 3 evidencia que o estrato 3 contém omaior percentual de domicílios na população do Brasilurbano. Observa-se que o percentual de pessoas na

população está crescendo nos estratos 2 e 3, ou seja,nos relativamente pobres. Com relação ao percentualdo rendimento total e rendimento domiciliar deaposentadorias e pensões, a maior concentração,ainda que decrescente, está no estrato 9. O estrato10 apresenta a segunda maior concentração derendimentos, mas também decrescente. O estrato 3absorve a terceira maior concentração derendimentos.

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Ferreira, C. R; Souza, S. C. I.

Tabela 3. Distribuição percentual dos domicílios, das pessoas, do rendimento total e do rendimento domiciliar de aposentadorias epensões, em estratos de rendimento domiciliar per capita. Brasil urbano, 1999, 2001 e 2002.

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD(1999; 2001; 2002)

A tabela 4 aponta que a maior concentraçãopercentual de domicílios na população e pessoas napopulação da Região Sul está no estrato 3, enquanto

a maior concentração percentual do rendimento totale rendimento domiciliar de aposentadorias e pensõesestão nos estratos superiores, a partir do estrato 9.

Tabela 4. Distribuição percentual dos domicílios, das pessoas, do rendimento total e do rendimento domiciliar de aposentadorias epensões, em estratos de rendimento domiciliar per capita. Região sul, 1999, 2001 e 2002.

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD(1999; 2001; 2002)

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Desigualdade da renda e as “aposentadorias e pensões” no Brasil, na Região Sul e no Estado do Paraná

Para a Região Sul rural, as informações são asde que a maior concentração de domicílios e pessoasna população está nos estratos inferiores, ou seja,nos estratos 2,3, e 4. Observa-se, também, que opercentual dos rendimentos total e de aposentadoriase pensões está concentrado nos estratos inferioresda distribuição, coincidindo com o comportamento

do Brasil rural, verificado na tabela 2. Na Região Sulrural, 67,2% dos rendimentos domiciliares dasaposentadorias e pensões estavam, em 2002,localizados nos estratos 3, 4 e 5, isto é, no intervalode meio a dois salários mínimos. Em 1999, essepercentual era de 65,5%.

Tabela 5. Distribuição percentual dos domicílios, das pessoas, do rendimento total e do rendimento domiciliar de aposentadorias epensões, em estratos de rendimento domiciliar per capita. Região sul rural, 1999, 2001 e 2002.

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD(1999; 2001; 2002)

A tabela 6 indica que a maior concentraçãopercentual de domicílios na população e pessoas napopulação da Região Sul urbano está no estrato 3,enquanto a maior concentração percentual do

rendimento total e rendimento domiciliar deaposentadorias e pensões está nos estratos superiores,a partir do estrato 9.

Tabela 6. Distribuição percentual dos domicílios, das pessoas, do rendimento total e do rendimento domiciliar de aposentadorias epensões, em estratos de rendimento domiciliar per capita. Região sul urbano, 1999, 2001 e 2002.

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD(1999; 2001; 2002)

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Ferreira, C. R; Souza, S. C. I.

A tabela 7 mostra que o percentual de domicíliose de pessoas na população do Paraná, estão em maiorquantidade no estrato 3, enquanto o percentual de

rendimento total e de aposentadorias e pensões estãoconcentrados no estrato 9, coincidindo com o Brasil,Brasil urbano, Região Sul e Região Sul urbana.

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD(1999; 2001; 2002)

Tabela 7. Distribuição percentual dos domicílios, das pessoas, do rendimento total e do rendimento domiciliar de aposentadorias epensões, em estratos de rendimento domiciliar per capita. Paraná, 1999, 2001 e 2002.

No Paraná rural, a maior concentração dedomicílios e população está nos estratos inferiores, eos percentuais dos rendimentos total e deaposentadorias e pensões também estãoconcentrados nos estratos inferiores da distribuição.Repete-se, assim, o que já havia sido verificado no

Brasil rural e Região Sul rural. Se considerarmos ointervalo até um e meio a dois salários mínimos, osdados indicam que a concentração dos rendimentosdomiciliares das aposentadorias e pensões é alta,concentrando, em média, 77,8%

Tabela 8. Distribuição percentual dos domicílios, das pessoas, do rendimento total e do rendimento domiciliar de aposentadorias epensões, em estratos de rendimento domiciliar per capita. Paraná rural, 1999, 2001 e 2002.

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD(1999; 2001; 2002)

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Desigualdade da renda e as “aposentadorias e pensões” no Brasil, na Região Sul e no Estado do Paraná

A tabela 9 mostra que o percentual de domicíliose de pessoas na população estão em maior quantidadeno estrato 3, enquanto o percentual de rendimento

total e de aposentadorias e pensões estãoconcentrados no estrato 9, coincidindo com o Brasil,Brasil urbano, Região Sul e Região Sul urbana.

Tabela 9. Distribuição percentual dos domicílios, das pessoas, do rendimento total e do rendimento domiciliar de aposentadorias epensões, em estratos de rendimento domiciliar per capita. Paraná urbano, 1999, 2001 e 2002.

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD(1999; 2001; 2002)

Por meio da estratificação do percentual dorendimento total e do rendimento domiciliar deaposentadorias e pensões, nota-se que essesrendimentos estão sempre concentrados, seja nosestratos inferiores, para o meio rural, ou nos estratossuperiores para os demais.

Nota-se que no Brasil, Brasil Urbano, Sul, SulUrbano, Paraná, e Paraná Urbano, os estratos queconcentram o maior número de domicílios não detêmo maior percentual de renda total e rendimento deaposentadorias e pensões. A renda total estáconcentrada nos estratos superiores, nos quais estãoos relativamente ricos. Esse comportamento édiferente na esfera rural brasileira, pois no Brasilrural, região sul rural e Paraná rural, apresentam omaior número de domicílios e renda total nos estratosinferiores, nos quais estão os relativamente pobres.

Analisando somente os rendimentos deaposentadorias e pensões, observa-se que estão nosestratos superiores (relativamente ricos) apredominância desse tipo de rendimento. Essa relaçãoé diferenciada se analisarmos o Brasil rural, Região

sul rural e Paraná rural, nos quais esse rendimentoestá concentrado nos estratos inferiores. De formageral, verifica-se um descompasso entre os estratosque concentram mais domicílios e consequentemente,mais pessoas, e a distribuição do rendimento total edas aposentadorias e pensões. Além disso, cabeacrescentar que essa tendência não se verifica nomeio rural estratificado .

Resultados da Decomposição do Índice de Gini

A tabela 10 mostra os resultados da decomposiçãodo índice de Gini da distribuição do rendimentodomiciliar per capita no Brasil, nos anos de 1999,2001 e 2002, considerando seis componentes:rendimento do trabalho principal das pessoasocupadas, rendimento de outros trabalhos,aposentadorias e pensões, doações, aluguéis e umaparcela constituída por juros, dividendos e outrosrendimentos. Em 1999, apenas o rendimento dotrabalho principal e as doações têm razão deconcentração (C

h) menor do que o índice de Gini

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global. Embora a razão de concentração das doaçõesseja a mais baixa para os três anos analisados, elaainda é positiva, indicando que o valor das doaçõesper capita tende a crescer com o rendimentodomiciliar per capita.

Nota-se, também, que os rendimentos do trabalhoprincipal, para o período analisado, devido à suagrande participação no total, dão origem à maiorparcela do índice de Gini.

Entre os demais componentes do rendimento, asaposentadorias e pensões têm papel de realce. Em1999 representava 17,8% do rendimento total, dandoorigem a 18,1% do índice de Gini. Em 2002, significou18,7% do rendimento total, participando com 18,9%do índice de Gini, evidenciando um crescimento de0,9% na participação da renda total e 0,8% naformação do índice de Gini global. A esses

Tabela 10. Decomposição do índice de Gini do rendimento domiciliar per capita no Brasil, em 1999, 2001 e 2002: participação docomponente no rendimento total (hφ ), razão de concentração (hC ) e parcela do componente no índice de Gini geral (hhCφ ).

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD (1999, 2001 e 2002)

Tabela 11. Decomposição do índice de Gini do rendimento domiciliar per capita no Brasil urbano, em 1999, 2001 e 2002: participaçãodo componente no rendimento total (hφ ), razão de concentração (hC ) e parcela do componente no índice de Gini geral (hhCφ ).

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD (1999, 2001 e 2002)

incrementos observados pelas aposentadorias epensões contrapõe-se um movimento de decréscimotanto das participações dessa parcela no total dosrendimentos, quanto das suas participações no índice

de Gini para o componente trabalho principal.

Nas áreas urbanas (tabela 11), a participação dorendimento das aposentadorias e pensões também écrescente. Em 1999, esse rendimento representou17,5% do rendimento total e originou 17,5% do índice

de Gini. Em 2001 e 2002, houve um crescimento daparticipação, passando de 18,1% para 18,3% dorendimento total, contribuindo com 18,2% e 18,4%do índice de Gini. No período, o crescimento daparticipação das aposentadorias e pensões na rendatotal foi de 0,8% e 0,9% na formação do índice deGini. Observa-se que a razão de concentração deaposentadorias e pensões para esses anos é superiorao índice de Gini.

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Desigualdade da renda e as “aposentadorias e pensões” no Brasil, na Região Sul e no Estado do Paraná

O papel das aposentadorias e pensões é maissalientado na formação do rendimento domiciliar percapita no Brasil rural, conforme se pode ver na tabela12. Em 1999, o rendimento de aposentadorias epensões representou 17,4% do rendimento total eoriginou 17,5% do índice de Gini. Em 2001, esserendimento representou 21,7% e em 2002 suaparticipação foi de 22,7% do rendimento total eoriginou 25,1% do índice de Gini. De 1999 a 2002, asaposentadorias e pensões na área rural em 7,6% asua participação no índice de Gini para a área rural,quando esse valor para o Brasil foi de 0,8%. Asrazões de concentração para os três anos analisadossão maiores do que o índice de Gini, indicando que asaposentadorias e pensões contribuem para aconcentração de renda no meio rural do Brasil.

No espaço rural do Brasil, identifica-se maisfortemente a participação das aposentadorias e

Tabela 12. Decomposição do índice de Gini do rendimento domiciliar per capita no Brasil rural, em 1999, 2001 e 2002: participaçãodo componente no rendimento total (hφ ), razão de concentração (hC ) e parcela do componente no índice de Gini geral (hhCφ ).

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD (1999, 2001 e 2002)

pensões no rendimento total per capita dosdomicílios. O valor das aposentadoria e pensões foi,em média, de 20,6% no triênio estudado, ao passoque para o Brasil, foi de 18,3%. Ademais, a taxa decrescimento da participação desse componente norendimento total foi de 30,46% de 1999 a 2002 nosetor rural, enquanto no Brasil como um todo esse

incremento foi de 5,06%.

A tabela 13 mostra a decomposição do rendimentodomiciliar per capita para a Região Sul. O rendimentodo trabalho principal e as doações têm razão deconcentração menor do que o índice de Gini globalpara os três anos analisados, e que, em 2002, aparcela “juros, etc.”. também apresenta menor razãode concentração. Evidencia-se que os rendimentosdo trabalho principal têm a maior participação norendimento total e originam a maior parcela do índicede Gini.

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Ferreira, C. R; Souza, S. C. I.

Tabela 13. Decomposição do índice de Gini do rendimento domiciliar per capita na região sul, em 1999, 2001 e 2002: participação docomponente no rendimento total (hφ ), razão de concentração (hC ) e parcela do componente no índice de Gini geral (hhCφ ).

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD (1999, 2001 e 2002)

Com relação à participação do rendimento dasaposentadorias e pensões no rendimento total, noperíodo analisado, houve um crescimento de 2,3%. Aparticipação desse componente no índice de Gini totaltambém cresceu 2,9%, enquanto esse índice mostraum crescimento de 0,8% para o Brasil em seu conjunto.

Nas áreas urbanas da Região Sul, conforme sepode ver na tabela 5, as razões de concentração dasaposentadorias e pensões de 2001 e 2002 sãosuperiores ao índice de Gini global. Vê-se que houveum aumento de 2,5% na participação desse rendimentono total, e de 3,0% na formação do índice de Gini.

Tabela 14. Decomposição do índice de Gini do rendimento domiciliar per capita na região sul urbano, em 1999, 2001 e 2002: participaçãodo componente no rendimento total (hφ ), razão de concentração (hC ) e parcela do componente no índice de Gini geral (hhCφ ).

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD (1999, 2001 e 2002)

Na Região Sul, as razões de concentração deaposentadorias e pensões são, nos três anosanalisados, superiores aos índice de Gini global porém,nas suas áreas rurais (tabela 15), elas são inferiores

aos respectivos índices de Gini global, para os anosde 1999 e 2001. Observa-se que houve umcrescimento de 2,6% na participação da renda totale 4,3% na formação do índice de Gini.

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Desigualdade da renda e as “aposentadorias e pensões” no Brasil, na Região Sul e no Estado do Paraná

Tabela 15. Decomposição do índice de Gini do rendimento domiciliar per capita na região sul rural, em 1999, 2001 e 2002: participaçãodo componente no rendimento total (hφ ), razão de concentração (hC ) e parcela do componente no índice de Gini geral (hhCφ ).

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD (1999, 2001 e 2002)

A tabela 16 mostra a decomposição do rendimentodomiciliar per capita para o Estado do Paraná.Verifica-se que o rendimento do trabalho principalparticipa com o maior percentual do rendimento total,dando origem às maiores parcelas do índice de Gini.Essa mesma tendência pode ser observada para oParaná rural (tabela 17) e Paraná urbano (tabela 18).

Os dados indicam, entretanto, uma queda naparticipação percentual dos rendimentos do trabalhoprincipal e um aumento na participação percentualdo rendimento das aposentadorias e pensões entre1999 e 2002, evento que ocorre de forma mais intensano Estado do Paraná do que no Brasil como um todo.

Tabela 16. Decomposição do índice de Gini do rendimento domiciliar per capita no Estado do Paraná, em 1999, 2001 e 2002: participaçãodo componente no rendimento total (hφ ), razão de concentração (hC ) e parcela do componente no índice de Gini geral (hhCφ ).

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD (1999, 2001 e 2002).

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Ferreira, C. R; Souza, S. C. I.

Tabela 17. Decomposição do índice de Gini do rendimento domiciliar per capita no Estado do Paraná urbano, em 1999, 2001 e 2002:participação do componente no rendimento total (hφ ), razão de concentração (hC ) e parcela do componente no índice de Gini geral (hhCφ ).

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD (1999, 2001 e 2002)

Entre os demais componentes do rendimento, asaposentadorias e pensões são relevantes naparticipação do rendimento total e na origem doíndice de Gini, para o Paraná, Paraná rural e Paranáurbano.

No Paraná urbano, a razão de concentração dostrês anos analisados são inferiores ao índice de Gini.Na região Sul urbana e no Brasil urbano, a razão deconcentração é superior ao índice de Gini, comexceção de 1999 para a região sul urbana.

Para o Paraná, somente em 2002 a razão deconcentração é superior ao índice de Gini global,

enquanto na região Sul e Brasil, aqueles indicadoressão superiores ao Gini global nos três anosanalisados.

A participação do rendimento de aposentadoriase pensões no rendimento total, para o Paraná ruralcresceu 2,8%, assim como a da região sul foi de2,6%. Se comparadas às do Brasil rural (5,3%), elasse mostram inferiores, apesar disso, essaparticipação é significativa. Em 2001, a parcela dorendimento de aposentadorias e pensões rural foisuperior ao Paraná e ao Paraná urbano, enquantoem 2002 essa parcela foi superior ao Paraná urbano.

A crescente relevância dos benefíciosprevidenciários rurais é um dos elementos queindicam semelhanças aos mais diversos países, esegundo Schwarzer (2000), deverá aprofundar-se em

decorrência do processo de envelhecimento dapopulação e da restrição dos mercados de trabalho,particularmente do trabalho rural.

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Desigualdade da renda e as “aposentadorias e pensões” no Brasil, na Região Sul e no Estado do Paraná

Tabela 18. Decomposição do índice de Gini do rendimento domiciliar per capita no Estado do Paraná rural, em 1999, 2001 e 2002: participaçãodo componente no rendimento total (hφ ), razão de concentração (hC ) e parcela do componente no índice de Gini geral (hhCφ ).

Fonte: Elaboração própria a partir de PNAD (1999, 2001 e 2002)

No Paraná rural, a razão de concentração ésuperior ao índice de Gini global somente em 2002,coincidindo com o comportamento da região Sul rural,enquanto no Brasil rural esse índice é superior aoíndice de Gini global, nos três anos analisados.

Um indicador interessante para o Paraná e Paranárural, que coincide com o comportamento do setorrural da Região Sul, é que o componente trabalhoprincipal não tem colaborado para a concentraçãode renda, ou seja, a razão de concentração é menordo que o índice de Gini, mas as aposentadorias epensões invertem seus papeis de concentradoras derenda nos anos 1999 e 2001.

A participação das aposentadorias e pensões naformação do índice de Gini para o Paraná, Paranáurbano e Paraná rural cresceu no período analisado.Salienta-se, que no Paraná rural, o crescimento foide 5,6%, entre 1999 e 2002. Esse crescimento ficouacima das avaliações feitas para o Paraná e Paranáurbano, que tiveram um crescimento de 3,9% e 2,5%,respectivamente. Esse percentual de crescimento dasaposentadorias e pensões na participação do índicede Gini para o Paraná rural também é superior àparticipação do Brasil (0,8%), Brasil urbano (0,9%),Sul (2,9%), Sul urbano (3,0%) e Sul rural (4,3%),sendo superado apenas pelo Brasil rural, que cresceu7,6%.

Considerações Finais

A distribuição do rendimento domiciliar per capitaem 11 estratos mostrou que no Brasil como um todoe no meio urbano, em particular, o maior percentualde domicílios e de pessoas recebe até um saláriomínimo e meio, e, portanto, fazem parte dosrelativamente pobres. Por outro lado, o maiorpercentual do rendimento total e do rendimento deaposentadorias e pensões está concentrado nosestratos superiores, nos quais estão localizados osrelativamente ricos. No meio rural, verificou-se queo maior percentual de domicílios e de pessoas tambémrecebe até um salário mínimo e meio, mas ficam comos maiores percentuais do rendimento total e dorendimento domiciliar de aposentadorias e pensões.

A decomposição do rendimento domiciliar percapita nos seus vários componentes, permite avaliara magnitude da sua contribuição para a desigualdadeno país, e, por meio dela verifica-se que é crescenteo percentual de rendimento domiciliar médio no Brasiladvindo das aposentadorias e pensões. Em 1999, orendimento das aposentadorias e pensões participavacom 17,8% da renda total, e, em 2002, esse valor foide 18,7%. Os resultados obtidos para o Paranáindicam, nos anos selecionados, que as aposentadoriase pensões são uma das duas parcelas mais

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Ferreira, C. R; Souza, S. C. I.

significativas no rendimento domiciliar e, seguindo atendência brasileira, mas em ritmo intensificado, essecomponente tem elevado sua participação na renda.Se, para o Brasil, os dados apontam 0,9% decrescimento, para a Região Sul é de 2,3% e para oParaná foi de 2,7%.

No tocante ao rendimento domiciliar per capita,no Brasil rural verifica-se que a participação dorendimento das aposentadorias e pensões norendimento total é ainda mais acentuado, crescendo5,3%. Na Região Sul, esse crescimento foi de 2,6%e no Paraná rural de 2,8%. Esse crescimento naparcela de rendimento das aposentadorias e pensõesé bem vindo ao setor rural, que, de forma geral, écarente de recursos.

No espaço rural, a razão de concentração para oBrasil rural, no período analisado, é maior que o valordo índice de Gini global, e isso indica que, nesseâmbito, há contribuição das aposentadorias para adesigualdade de renda. Já na região sul rural e Paranárural, a razão de concentração nos anos de 1999 e2001 indica a não contribuição da parcela paraaumentar a desigualdade na região, com exceção doano de 2002. Por outro lado, a estratificação dosrendimentos domiciliares permitiu verificar que, paratodas as regiões rurais analisadas, a concentraçãodos rendimentos total e de aposentadorias e pensões

localiza-se nos estratos inferiores de renda.

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33Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 27, n. 1, p. 15-33, jan./jun. 2006

Desigualdade da renda e as “aposentadorias e pensões” no Brasil, na Região Sul e no Estado do Paraná

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