diálogo de relativa grandeza

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JOSÉ JACINTO VEIGA DIÁLOGO DE RELATIVA GRANDEZA

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Page 1: Diálogo de relativa grandeza

JOSÉ JACINTO VEIGA

DIÁLOGO DE RELATIVA GRANDEZA

Page 2: Diálogo de relativa grandeza

O autor

José Jacinto Veiga é foi um dos mais importantes autores do REALISMO FANTÁSTICO, uma escola literária do início do século XX, décadas de 60 e 70, época dos regimes ditatoriais.

Mostrar o irreal ou estranho como algo cotidiano e comum.

Apesar de aparentemente desatento à realidade, o realismo mágico dá verossimilhança interna ao fantástico e ao irreal.

Page 3: Diálogo de relativa grandeza

Resumo

Doril é um garoto que observa um louva-a-deus pousado em sua mão. Logo chega Diana.

A partir da observação dessas crianças diante do pequeno animal, descobre-se a grandeza das coisas.

Ao soprar sobre o louva-a-deus, Doril percebe que, para o bichinho, aquilo equivalia a uma tempestade, mas que, para ele, não passava de uma brincadeira, pois era o garoto quem determinava a força do sopro, além de poder parar quando quisesse.

Page 4: Diálogo de relativa grandeza

Resumo

Inquieto, Doril se pergunta se ele não seria , então,o próprio Deus.

Diante dessa nova perspectiva, qual seria o verdadeiro tamanho das pessoas e das coisas no mundo?

Para ele, seria engraçado se as pessoas fossem criaturinhas miudinhas.

Page 5: Diálogo de relativa grandeza

Análise

Nesse conto há um “modelo restrito de visão” própria dos autores contemporâneos: o narrador tem a mesma visão limitada do personagem; ele vai “aprendendo” junto com o personagem e, por conseguinte, com o leitor do texto.

O narrador parcial e restrito às concepções relativas ao tamanho do mundo e de todas as coisas vai expondo as ideias à medida que Doril as lança.

O leitor acompanha o raciocínio parcial e reflete sobre ele, à medida que os conceitos vão se encadeando para construir uma idéia maior.

Page 6: Diálogo de relativa grandeza

Análise

Assim, percebemos a importância do foco narrativo para o sentido/efeito que o escritor procura alcançar, uma vez que o leitor vai assimilando e entendendo as propostas em paralelo com a personagem Diana.

O leitor consegue perceber a relativização proposta, pois a maneira de compreender o mundo demonstrada é cheia de dúvidas.

Há, em certos momentos, uma aproximação do narrador com a voz dos personagens, de modo que se torna quase impossível discernir de quem é a voz.

Page 7: Diálogo de relativa grandeza

Análise

Veja o excerto:

“Doril não disse mais nada, qualquer coisa que ele dissesse ela aproveitaria para outra acusação. Era difícil tapar a boca de Diana, ô menina renitente”.

Essa opção narratária é subsidiada:

1) pela utilização de um modelo de narrativa no formato de diálogo, o que permite a construção do pensamento desde o seu início;

2) pela escolha da personagem criança, fazendo com que os conceitos sejam explicitados e tratados de forma simples, com a inserção de uma grande série de exemplos metafóricos.

Page 8: Diálogo de relativa grandeza

Intertextualidade: Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)

http://www.youtube.com/watch?v=dezmUmCfCFw Lemuel Gulliver é um médico britânico que decide

unir sua profissão ao desejo de viajar. Em sua primeira viagem, acontece um naufrágio do

qual se salva, mas, ao despertar na beira da praia, percebe que está preso e rodeado por seres de 15 cm de altura.

Jack Black em cena do filme Viagens de Gulliver.

Page 9: Diálogo de relativa grandeza

Intertextualidade: Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)

O lugar se chama Lilipute, uma nação em guerra com a ilha vizinha de Blefuscu (uma referência a Inglaterra e França, países em conflito na época).

Nessa parte da história, Gulliver é criticado pelos liliputianos ao contar como funcionavam as questões políticas, sociais e éticas do povo inglês.

Ele ignora a opinião deles, pois sua perspectiva é de quem se sente superior aos demais, representando a arrogância do ser humano.

Page 10: Diálogo de relativa grandeza

Intertextualidade: Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)

Depois de voltar para casa, faz uma segunda viagem. Uma tempestade, no entanto, o leva a Brobningnag,

terra de gigantes onde agora ele é minúsculo, sendo exposto como um animal raro.

Aqui o personagem, por ser pequeno, nota com mais precisão as imperfeições do corpo humano, como manchas, feridas e os enormes piolhos.

Denota também o ser humano inferior frente às coisas da natureza, como a enorme águia que, pensando que a caixa onde Gulliver vivia fosse uma tartaruga, a carrega até o mar. A caixa cai e ele acaba sendo salvo.

Page 11: Diálogo de relativa grandeza

Intertextualidade: Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)

Na terceira viagem, piratas dominam o navio e o deixam em Laputa, onde a sede do governo fica em uma ilha flutuante.

Aqui o exótico fica por conta dos exageros científicos do povo, que, segundo Gulliver, se esquece das questões práticas.

Quando volta para a Europa, passa pela ilha dos magos, onde conversa com os fantasmas de celebridades históricas, como Aristóteles e Alexandre, o Grande.

Page 12: Diálogo de relativa grandeza

Intertextualidade: Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)

A quarta viagem é interrompida, dessa vez por amotinados que o deixam num bote que vai parar no país dos Houyhnhnm, onde os cavalos são os governantes e possuem racionalidade.

Já os Yahoos, criaturas semelhantes aos homens, são irracionais e puxam as carroças no lugar dos cavalos. A parte mais pessimista dos relatos, pois há uma crítica muito forte contra o ser humano.

Gulliver “concebe um horror à raça humana” e quando volta para a Inglaterra se torna um ermitão.