do Ábaco ao easy: mediando novas formas de aprendizado do deficiente visual

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    FUNDAO VISCONDE DE CAIRUFACULDADE DE CINCIAS CONTBEIS

    CENTRO DE PS-GRADUAO E PESQUISA VISCONDE DE CAIRU - CEPPEVMESTRADO INTERDISCIPLINAR EM MODELAGEM COMPUTACIONAL

    DO BACO AO EASY: MEDIANDO NOVAS FORMASDE APRENDIZADO DO DEFICIENTE VISUAL

    ANDR LUIZ ANDRADE REZENDE

    SALVADOR - BA

    12/2005

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    ANDR LUIZ ANDRADE REZENDE

    DO BACO AO EASY: MEDIANDO NOVAS FORMASDE APRENDIZADO DO DEFICIENTE VISUAL

    SALVADOR - BA12/2005

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    Copyright (C) 2005 Andr Luiz Andrade Rezende. permitida a cpia, distribuio e/ou modificao deste documento sob os termos da Licenade Documentao Livre GNU, Verso 1.2 ou qualquer verso posterior publicada pela FreeSoftware Foundation; sem Seo Invariante, textos da capa e contra-capa. Uma cpia da

    licena est includa na seo intitulada "GNU Free Documentation License"

    Permission is granted to copy, distribute and/or modify this document under the terms of theGNU Free Documentation License, Version 1.2 or any 1.2 or any later version published byFree Software Foundation; with no Invariant Sections, no Front-Cover Texts, and no Back-Cover Texts. A copy of the license is included in the section entitled "GNU FreeDocumentation License".

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    Rezende, Andr Luiz AndradeDo baco ao Easy: mediando novas formas de aprendizado do

    deficiente visual [manuscrito] / Andr Luiz AndradeRezende. Salvador, 2005.

    201 f.: il. color ; 30 cm

    Dissertao (mestrado) Fundao Visconde de Cairu, 2005.Orientadora: Prof. Dra. Lynn Rosalina Gama Alves,

    Co-orientador: Prof. Dr. Jos Garcia Vivas Miranda

    1. Educao a Distncia. 2. Tecnologias Assistivas.3. Deficincia Visual. I. Ttulo. II. Ttulo: mediando novas formas de

    aprendizado do deficiente visual.CDU 004.4:376.32

    R467d

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    Andr Luiz Andrade Rezende

    DO BACO AO EASY: MEDIANDO NOVASFORMAS DE APRENDIZADO DO DEFICIENTE

    VISUAL

    Dissertao apresentada Coordenao de

    Mestrado Interdisciplinar em Modelagem

    Computacional da Fundao Visconde de

    Cairu para a obteno do ttulo de Mestre em

    Modelagem Computacional.

    Orientador:Prof. Dra. Lynn Rosalina Gama Alves

    Co-orientador:Prof. Dr. Jos Garcia Vivas Miranda

    Mestrado Interdisciplinar em Modelagem ComputacionalCentro de Ps-graduao e Pesquisa Visconde de Cairu

    Fundao Visconde de Cairu

    Salvador BA12/2005

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    RESUMO

    A presena cada vez mais intensa dos recursos computacionais na sociedade contempornea

    faz da informtica e da telemtica elementos importantes no processo de incluso social doindivduo. Assim, concebe-se a tecnologia como um elemento que pode promover a incluso. nesse contexto que a presente dissertao buscou trs objetivos. O primeiro consistiu emdesenvolver uma tecnologia em coerncia com o conceito do desenho universal,possibilitando a interao dos limitados visuais com os ambientes virtuais de aprendizagem. Osegundo objetivo foi possibilitar a criao de novos espaos para a formao profissional dosno videntes, atravs da participao em cursos a distncia. E, por ltimo, criar novos canaisde comunicao e acessibilidade, contribuindo para a integrao social e independncia dosno videntes. Na definio do processo metodolgico para o desenvolvimento da pesquisa,foram utilizadas tcnicas exploratrias e de observao dos indivduos na interao com aferramenta EASY, com o objetivo de alcanar os resultados anteriormente mencionados;

    dentre eles, pode-se destacar a construo de um software baseado nos padres deacessibilidade, que tem como caracterstica principal prover facilidade de acesso ao contedodos AVAs.

    Palavras-chave: Deficincia Visual, Educao a Distncia e Tecnologias Assistivas.

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    ABSTRACT

    With the increasing presence of computer resources in todays society, information

    technology knowledge has become more and more important for each individual. Thereafter,technology is conceived as an important element for social inclusion. It is in this context thatthis paper has three objectives. The first objective is to develop technology coherent to theconcept of universal picture, enabling the interaction of those who have visual deficiencieswith virtual learning environments. The second objective is to enable the development of newoptions for professional education, through long-distance participation courses. Finally, thelast objective is to create new communication channels, contributing for social integration andindependence of those without easy access to professional schooling. To achieve thepreviously mentioned results, exploratory and observatory techniques of individualsinteracting with the EASY tool were used in the definition of the process for development ofthe research. Among these techniques, one worth mentioning was the development of

    software based on accessibility standards whose main characteristic is to provide easy accessto information on AVAs.

    Key-words: Visual deficiency, Education in the distance and Assistivas Technologies.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Total de indivduos com algum tipo de deficincia no Brasil. ............................22Figura 2. Total de indivduos por tipo de deficincia no Brasil. ........................................23Figura 3. Indivduos matriculados por tipo de deficincia entre 1996 e 1999 ..................27Figura 4. Total de indivduos por tipo de deficincia matriculados em escolas . .............27Figura 5. Bengala utilizada por no videntes.......................................................................33Figura 6. baco ou soroban. .................................................................................................34Figura 7. Impressora Braille. ................................................................................................35Figura 8. Terminal Braille. ....................................................................................................36Figura 9. Braille Falado. ........................................................................................................37Figura 10. Funcionamento do EASY no processo de extrao do contedo do AVA ......60Figura 11. Diagrama que representa a diviso lgica dos mdulos. ..................................66Figura 12. Interface que disponibiliza o acesso aos mdulos do EASY. ...........................67

    Figura 13. Aplicao do padro de projeto Factory Method. ............................................69Figura 14. Interface que disponibiliza o acesso funcionalidade Alterar curso. .........72Figura 15. Interface que disponibiliza o acesso funcionalidade Alterar senha..........73Figura 16. Interface que disponibiliza o acesso funcionalidade Arquivos disponveis.

    ..........................................................................................................................................74Figura 17. Interface que disponibiliza o acesso funcionalidade Perfil do participante.

    ..........................................................................................................................................75Figura 18. Diagrama de casos de uso do mdulo de configuraes bsicas. .....................76Figura 19. Interface que disponibiliza o acesso funcionalidade para extrair a

    Dinmica do curso. .....................................................................................................77Figura 20. Interface que disponibiliza o acesso funcionalidade para extrair os Eventos

    do curso..........................................................................................................................78Figura 21. Interface que disponibiliza o acesso funcionalidade para extrair as Tarefasdo curso..........................................................................................................................79

    Figura 22. Interface que disponibiliza o acesso funcionalidade para extrair os Frunsde discusso. ..................................................................................................................80

    Figura 23. Diagrama de casos de uso do mdulo de extrao do contedo. .....................81Figura 24. Interface que disponibiliza o envio de mensagens funcionalidade Tarefas

    do curso..........................................................................................................................82Figura 25. Interface que disponibiliza o envio de mensagens funcionalidade Frum de

    discusso. .......................................................................................................................83Figura 26. Interface que disponibiliza o envio de mensagens funcionalidade Dirio de

    novidades. ......................................................................................................................84Figura 27. Diagrama de casos de uso do mdulo de envio de mensagens. ........................85Figura 28. Pontos de verificao utilizados pelo padro WCAG 1.0 para validar a

    acessibilidade das interfaces. ......................................................................................195Figura 29. Pontos de verificao utilizados pelo padro e-MAG para validar a

    acessibilidade das interfaces. .......................................................................................200

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Lista de algumas ferramentas de auxlio informtica para o limitado visual...........................................................................................................................................40

    Tabela 2. Levantamento realizado sobre a acessibilidade de alguns ambientes gratuitos...........................................................................................................................................52

    Tabela 3. Requisitos funcionais definidos para a ferramenta EASY. ...............................61Tabela 4. Recomendaes de acessibilidade ao contedo Web ..........................................70

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    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1. Anlise da acessibilidade e usabilidade nas interaes de Antnio Carlos. ....93

    Quadro 2. Anlise da acessibilidade e usabilidade nas interaes de Jos Carlos. ..........94Quadro 3. Anlise da acessibilidade e usabilidade nas interaes de Roberto Acedir. ...94Quadro 4. Anlise da acessibilidade e usabilidade nas interaes de Roberto Acedir. ...95Quadro 5. Anlise da acessibilidade e usabilidade nas interaes de Andr Shawn. ......95Quadro 6. Anlise da interatividade com AVA atravs do EASY nas interaes de Luiz

    Braz. .................................................................................................................................96Quadro 7. Anlise da interatividade com AVA atravs do EASY nas interaes de Jos

    Carlos. ..............................................................................................................................97Quadro 8. Anlise da interatividade com AVA atravs do EASY nas interaes de Maria

    Jos...................................................................................................................................97Quadro 9. Anlise da interatividade com AVA atravs do EASY nas interaes de Jos

    Carlos. ..............................................................................................................................98Quadro 10. Anlise da interatividade com AVA atravs do EASY nas interaes de

    Carlos Pimentel...............................................................................................................98Quadro 11. Anlise dos leitores de tela utilizados nas interaes de Andr Shawn. ........99Quadro 12. Anlise dos leitores de tela utilizados nas interaes de Luiz Braz. ..............99Quadro 13. Anlise dos leitores de tela utilizados nas interaes de Jos Carlos. ........100Quadro 14. Anlise dos leitores de tela utilizados nas interaes de Jos Carlos. .........100Quadro 15. Anlise dos leitores de tela utilizados nas interaes de Mrio Carlo.........101

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    SUMRIO

    Captulo I - Introduo ..........................................................................................................13

    1.1. Objetivo da Dissertao............................................................................................131.2. Contexto da Pesquisa................................................................................................131.3. Justificativa da Pesquisa ...........................................................................................141.4. Resultados Obtidos...................................................................................................141.5. Organizao da Dissertao......................................................................................15

    Captulo II - O deficiente visual ............................................................................................172.1. A deficincia visual no Brasil atravs dos tempos ...................................................172.2. Caracterizando o no vidente no Brasil....................................................................222.3. Educao para cegos.................................................................................................26

    Captulo III - As tecnologias assistivas .................................................................................303.1. Incluindo o no vidente no contexto social ..............................................................30

    3.2. A evoluo das tecnologias para os no videntes.....................................................323.3. A informtica para os limitados visuais ...................................................................393.4. A problemtica do uso da informtica como interface para o aprendizado do novidente .................................................................................................................................403.5. As metodologias existentes para utilizar a informtica como ferramenta demediao pedaggica............................................................................................................42

    Captulo IV Recursos tecnolgicos na Educao a Distncia..........................................444.1. Conceituando a Educao a Distncia......................................................................444.2. As Mdias no contexto da Educao a Distncia......................................................474.3. Geraes das mdias ................................................................................................484.4. Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) ............................................................504.4.1. Usabilidade e acessibilidade em ambientes virtuais de aprendizagem...............514.4.2. Problemtica no acesso ao contedo do AVA......................................................534.4.2.1. Histrico do padro de acessibilidade ..............................................................544.4.2.2. Nveis de acessibilidade para avaliar um contedo Web .................................574.4.2.3. Validao de um contedo acessvel................................................................58

    Captulo V - A Ferramenta Easy ..........................................................................................595.1. Requisitos da ferramenta ..........................................................................................615.2. Delineando o desenvolvimento da ferramenta .........................................................625.3. Arquitetura da ferramenta.........................................................................................655.3.1. Portabilidade entre ambientes virtuais de aprendizagem .....................................67

    5.3.2. O EASY quanto acessibilidade das informaes...............................................695.4. Mdulo de configuraes bsicas.............................................................................715.4.1. Alterar curso .........................................................................................................725.4.2. Alterar senha.........................................................................................................735.4.3. Arquivos disponveis ............................................................................................745.4.4. Perfil do participante ............................................................................................755.5. Mdulo de extrao do contedo..............................................................................765.5.1. Dinmica do curso................................................................................................775.5.2. Eventos do curso...................................................................................................785.5.3. Tarefas do curso....................................................................................................795.5.4. Frum de discusso ..............................................................................................80

    5.6. Mdulo de envio de mensagens ...............................................................................815.6.1. Tarefas do curso....................................................................................................825.6.2. Frum de discusso ..............................................................................................83

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    5.6.3. Dirio de novidades..............................................................................................84Captulo VI Processos Metodolgicos ................................................................................86

    6.1. Abordagens metodolgicas.......................................................................................866.2. Definindo o ambiente ...............................................................................................86

    6.3. Universo da pesquisa................................................................................................896.4. Amostra da pesquisa.................................................................................................906.5. Instrumentos de coleta..............................................................................................90

    Captulo VII Anlise dos dados ..........................................................................................927.1. Delimitando elementos.............................................................................................927.2. Itens avaliados ..........................................................................................................93

    Concluso ..............................................................................................................................102Contribuies......................................................................................................................102Implementaes futuras......................................................................................................102Problemas encontrados.......................................................................................................103Resultados do EASY ..........................................................................................................103

    Referncias ............................................................................................................................105Apndice A Histrico da EAD no Brasil .........................................................................109Apndice B Exemplo do Factory Method aplicado ao EASY .......................................116Apndice C Manual do Usurio .......................................................................................119Apndice D Acessibilidade no Teleduc ............................................................................126Apndice E Recurso de Navegabilidade da Interface ....................................................129Apndice F Anlise das Interfaces do EASY ..................................................................131Apndice G Mapa do EASY .............................................................................................184Apndice H Manual do programador .............................................................................186Anexo A Pontos de Verificao WCAG ..........................................................................191Anexo B Pontos de Verificao e-MAG...........................................................................196Glossrio ................................................................................................................................201

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    Captulo I - Introduo

    Com a revoluo das Tecnologias de Informao e Comunicao (TICs), a informticase apresenta como um elemento essencial para o desenvolvimento humano. Ao longo do

    tempo, os computadores tornaram-se mais poderosos, ampliando sua capacidade de

    processamento e armazenamento, as interfaces dos softwaresficaram mais rebuscadas e ricas

    em detalhes grficos, o conceito de janelas e a noo de navegao por entre elas,

    principalmente com o mouse, acabaram por estabelecer um padro para a construo. Devido

    a esse forte apelo visual, encontrou-se dificuldade na integrao do limitado visual com esse

    novo conceito de informtica.

    1.1.Objetivo da Dissertao

    O objetivo desta dissertao apontar as possibilidades de interao do no vidente

    com a Educao a Distncia (EAD), principalmente pela utilizao das mdias relacionadas

    informtica, como os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). Para tanto, foi

    implementada uma ferramenta que permite a mediao entre o limitado visual e o AVA,

    baseada nas diretrizes de acessibilidade ao contedo Web. Nesse contexto, a principal

    contribuio deste trabalho foi o desenvolvimento de um software em coerncia com o

    conceito do desenho universal, possibilitando a interao dos no videntes com o AVA.

    Este softwarechama-se EASY, e foi projetado por Andr Luiz Andrade Rezende, sob

    a orientao da professora Doutora Lynn Rosalina Gama Alves e do co-orientador professor

    Doutor Jos Garcia Vivas Miranda.

    1.2.Contexto da Pesquisa

    Esta dissertao foi desenvolvida com base em informaes coletadas durante a

    pesquisa exploratria realizada no Instituto de Cegos da Bahia. Os dados extrados so fruto

    de entrevistas com o gerente de informtica, onde foi possvel detectar a carncia por

    instrutores para ministrar cursos de microinformtica para no videntes, problema que,

    possivelmente, poderia ser minimizado com a utilizao da Educao a Distncia. Nesse

    contexto, foi percebida uma lacuna na utilizao dos ambientes virtuais direcionados para

    limitados visuais.

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    1.3.Justificativa da Pesquisa

    A discusso em torno da incluso social e, conseqentemente, digital, vem ganhando

    corpo no cenrio brasileiro pelas aes das instituies de ensino e pesquisa, dasOrganizaes No-Governamentais (ONGs) e, em alguns momentos, do apoio

    governamental. Essas aes, contudo, ainda caminham lentamente no que se refere aos

    portadores de necessidades especiais, que se encontram excludos tambm do universo das

    tecnologias digitais e telemticas.

    As barreiras encontradas no acesso s informaes divulgadas na rede mundial de

    computadores so uma realidade para os deficientes visuais. Em se tratando dos ambientes

    virtuais de aprendizagem, essa dificuldade tambm persiste, principalmente por no adotarem

    o padro de acessibilidade na construo das interfaces.

    Desta forma, ratifica-se a necessidade de pensar as tecnologias digitais e telemticas

    enquanto elementos que podem viabilizar formas de incluso social e digital das Pessoas

    Portadoras de Necessidades Especiais, (PPNEs) permitindo canais diferenciados de

    comunicao, cooperao e colaborao e potencializando a construo coletiva,

    independentemente da necessidade dos sujeitos envolvidos nesse processo. Assim, surgem os

    seguintes questionamentos: Como desenvolver uma tecnologia dentro do padro de

    acessibilidade que possibilite a interao do limitado visual com os ambientes virtuais de

    aprendizagem? Como se pode maximizar o acesso dos no videntes ao contedo dos

    ambientes virtuais de aprendizagem? De que forma a Educao a Distncia pode auxiliar o

    limitado visual no processo de incluso digital?

    A investigao dessas indagaes estar contribuindo para o aprofundamento terico

    acerca dos diferentes nveis de interao do no vidente com as tecnologias digitais, propondo

    alternativas pedaggicas que efetivem essa relao, alm de verificar a viabilidade da

    utilizao de ambientes de Educao a Distncia como forma de incluso social e digital para

    portadores de limitao visual.

    1.4.Resultados Obtidos

    As linhas tericas desenvolvidas ao longo deste trabalho, envolvendo o processo de

    acessibilidade s informaes existentes no AVA, foram comprovadas no estudo de caso

    realizado. Alm de maximizar a acessibilidade e promover a interatividade entre os no

    videntes e o ambiente virtual de aprendizagem pelo uso do EASY, foi possvel incentivar aincluso digital dos limitados visuais, no acesso no apenas aos aplicativos, mas aos

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    ambientes virtuais, que se constituem hoje em lcus de aprendizagem nos cursos presenciais

    ou a distncia.

    1.5.Organizao da DissertaoOs trs captulos aps a Introduo contm a fundamentao terica e a reviso da

    literatura relacionada ao tema. A descrio do trabalho desenvolvido nesta dissertao

    encontra-se nos prximos trs captulos. Aps o tpico reservado concluso, so

    apresentadas as referncias utilizadas neste trabalho, os apndices e anexos contendo material

    suplementar utilizado no processo de desenvolvimento da ferramenta. Desta forma, esta

    dissertao est dividida da seguinte maneira:

    Captulo I - descreve os objetivos, os resultados, a justificativa e a organizao

    da dissertao;

    Captulo II - delineia o histrico da deficincia visual no Brasil, bem como a

    definio de cegueira;

    Captulo III - apresenta uma anlise das diversas tecnologias assistivas

    existentes, cujo objetivo minimizar a problemtica na interao do no

    vidente com o computador, maximizando as potencialidades desse indivduo;

    Captulo IV - conceitua as geraes da Educao a Distncia, sempre

    relacionando os diversos tipos de mdias encontrados em cada gerao,

    investigando, tambm, os padres de acessibilidade para informaes

    disponibilizadas na rede mundial de computadores;

    Captulo V - descreve a modelagem da ferramenta e todo o referencial tcnico

    acerca do desenvolvimento do EASY;

    Captulo VI - exibe os processos metodolgicos que contriburam para odesenvolvimento da pesquisa e busca das percepes de um grupo de pessoas

    portadoras de limitao visual em interao com o EASY;

    Captulo VII - demonstra os resultados da validao da ferramenta,

    identificando os pontos positivos e os passveis de ateno, com o objetivo de

    subsidiar, na concluso desta pesquisa, as futuras implementaes dosoftware;

    Concluso apresenta-se as contribuies deste trabalho provenientes dos

    resultados coletados das interaes e das validaes realizadas pelos

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    deficientes visuais, bem como as perspectivas para o aperfeioamento e

    evoluo da ferramenta;

    Apndice A delineia o histrico da EAD no Brasil;

    Apndice B exibe um exemplo do Factory Method, aplicado ao EASY;

    Apndice C apresenta o manual do usurio para o EASY ;

    Apndice D contm a troca de e-mails informando sobre o problema na

    acessibilidade do Teleduc;

    Apndice E mostra-se o recurso de navegabilidade existente nas interfaces

    desenvolvidas;

    Apndice F descreve a anlise das interfaces do EASY pela ferramenta Da

    Silva;

    Apndice G apresenta o mapa de navegao do EASY;

    Anexo A mostrar-se a lista dos pontos de verificao WCAG;

    Anexos B expem a lista dos de verificao e-MAG;

    Glossrio contm a lista de palavras com significado tcnico.

    No captulo a seguir, ser apresentado breve histrico da deficincia visual no Brasil,

    com a abordagem da problemtica na educao para os no videntes, alm da conceituao

    dos diferentes tipos de limitao visual.

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    Captulo II - O deficiente visual

    O objetivo inicial deste captulo caracterizar o no vidente

    1

    no Brasil, apresentandouma gama de conceitos e fatos histricos, que, de alguma forma, influenciaram nas conquistas

    e no desenvolvimento desses indivduos. Essas informaes tm como principal caracterstica

    criar uma base de conhecimento para os demais captulos desta dissertao.

    Como esta pesquisa trata de deficincia visual no cenrio educacional, tendo como

    foco a Educao a Distncia, o no vidente ser caracterizado sob os enfoques pedaggico e

    clnico.

    Alm das informaes acima mencionadas, sero apresentados dados estatsticos sobre

    a deficincia visual no Brasil.

    2.1.A deficincia visual no Brasil atravs dos tempos2

    A evoluo das idias sobre deficincia visual foi impulsionada por constantes

    mudanas na sociedade, que resultaram da emergncia de novos ideais e transformaes

    sociais ocorridas em diferentes momentos. Portanto, o Brasil no poderia ser diferente, suas

    modificaes foram ocorrendo com o passar do tempo, sempre em paralelo s conquistas

    obtidas pelos no videntes.

    Inicialmente, houve preocupao no sentido de prestar assistncia ao no vidente, sem

    nenhum carter pedaggico, que, posteriormente, evoluiu para o atendimento educacional em

    instituies, as quais, na sua grande maioria, atendem exclusivamente a indivduos cegos,

    convergindo para um processo natural de excluso desse aluno da sociedade dita normal.

    Uma breve insero no contexto histrico em que se encontrava a deficincia visual

    aponta prticas e atitudes que determinaram a evoluo dos direitos desse grupo.Em 1835, foi apresentado Assemblia Geral Legislativa um projeto de autoria do

    Deputado Cornlio Ferreira Frana, com o objetivo de alfabetizar no videntes e surdos.

    1Nessa dissertao,alm das designaes cego e deficiente visual,ser utilizado o termo no vidente oulimitado visual para tratar dos indivduos que possuem cegueira parcial ou total.2 Este histrico foi construdo a partir da interlocuo com SILVA, Graziela Santos Fernandes. Deficincia: Aincluso do cego nas classes comuns. Disponvel em:http://www.educacaoonline.pro.br/art_deficiencia_a_inclusao_do_cego.asp. Acesso em: 28 mar. 2005.

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    forte impulso inclusivo, desencadeado, principalmente, pela maior preocupao com os no

    videntes, que, na grande maioria, eram feridos de guerra.

    Diante desse panorama, o mundo comeava a acreditar na capacidade das pessoas

    com deficincia (WERNECK, 2000, p.49).

    Em 1946, houve outro marco relevante na educao das pessoas cegas. A criao da

    Fundao para o Livro do Cego, que, mais tarde, passou a se chamar Fundao Dorina Nowil,

    cujo principal objetivo foi divulgar os livros do sistema Braille.

    importante ressaltar que, at aquele momento, apenas a Fundao Dorina Nowil e o

    Instituto Benjamin Constant (IBC) produziam livros em Braille no pas.

    Em So Paulo (1950) e no Rio de Janeiro (1957), foram criadas, nas escolas comuns

    da rede regular de ensino, o ensino integrado, com o objetivo de fornecer educao parapessoas cegas. Ainda na dcada de 50, que foi considerada tambm como um marco na

    independncia do no vidente, o Conselho Federal de Educao (CNE) foi favorvel ao

    ingresso de estudantes portadores de limitao visual nas Faculdades de Filosofia,

    propiciando uma oportunidade profissional em nvel superior.

    A partir de 1960, o Ministro de Estado da Educao e Cultura lana a Campanha

    Nacional de Educao dos Cegos.

    Como se pode constatar, ao longo do curso histrico apresentado, foram criadas asbases para a educao e o desenvolvimento do indivduo no vidente no Brasil, dando incio

    ao investimento em tecnologia e qualificao atravs da criao de instituies especiais.

    Ainda assim, porm, o cego era tratado de forma diferente. Diferena enfatizada com a

    criao de cursos, onde no existia a interao com alunos ditos normais, o que representa

    uma forma clara de excluso social, dificultando o processo de incluso na sociedade.

    Mazzotta (1996) refere-se existncia de dois perodos na evoluo da Educao

    Especial no Brasil: de 1854 a 1956, foi um perodo marcado por iniciativas oficiais eparticulares; e de 1957 a 1993, caracterizado por aes governamentais de mbito nacional.

    Na dcada de 60, com o apoio e incentivo do governo federal, houve um crescimento

    nos servios de reabilitao. Aps a homologao da Lei de Diretrizes e Bases 4024/61

    (LDB) foi integrada rede regular de ensino a educao de pessoas no videntes, porm,

    ficou apenas no papel, pois, na prtica, o atendimento educacional continuava a cargo das

    instituies particulares ligadas ao governo.

    Em 1971, lanada a LDB 5692, que, de maneira tmida, estimula a ajuda aos

    portadores de deficincia, porm, no definida de forma clara a atuao do Estado na

    incluso desses indivduos.

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    cegueira parcial quando a pessoa enxerga sombras e contornos, sendoindependente atravs da viso (2001, p.34).

    J o Ministrio da Educao e Cultura (MEC) apresenta a seguinte caracterizao:

    Baixa Viso. a alterao da capacidade funcional da viso, decorrente deinmeros fatores isolados ou associados, tais como: baixa acuidade visualsignificativa, reduo importante do campo visual, alteraes corticais e / oude sensibilidade aos contrastes que interferem ou limitam o desempenhovisual do indivduo. A perda da funo visual pode ser em nvel severomoderado ou leve, podendo ser influenciada tambm por fatores ambientaisinadequados. Cegueira. a perda total da viso at a ausncia de projeode luz (BRASIL, 2001, p.33).

    Na maioria dos casos, o limitado visual no totalmente cego, ou seja, no vive na

    total ausncia da luz. Em grande parte dos casos, consegue distinguir entre o claro e o escuro

    visualizando e contando os dedos a uma distncia pequena.

    Segundo Gonalves11, para a Organizao Mundial de Sade (OMS):

    O deficiente visual, pelo menos fisicamente falando, aquele que apresenta

    acuidade visual de 0 a 0,1 grau, no melhor olho, aps correo mxima(enxergam a 06 metros de distncia aquilo que o sujeito de viso normalenxerga a 60 metros), ou que tenham um ngulo visual restrito 20 deamplitude.

    Pode-se identificar que o termo cegueira no absoluto, ou seja, o indivduo cego, ou

    portador de cegueira parcial, classificado a partir de duas escalas oftalmolgicas: acuidade

    visual e campo visual que representam tudo aquilo que se pode enxergar a uma determinada

    distncia e a rea alcanada pela viso.

    Em 1966, a Organizao Mundial de Sade (OMS) registrou 66 diferentesdefinies de cegueira, utilizadas para fins estatsticos em diversos pases.Para simplificar o assunto, um grupo de estudos sobre a Preveno daCegueira da OMS, em 1972, props normas para a definio de cegueira epara uniformizar as anotaes dos valores de acuidade visual comfinalidades estatsticas. De um trabalho conjunto entre a AmericanAcademy of Ophthalmology e o Conselho Internacional de Oftalmologia,

    11 GONALVES, Lgia Bacelo. Deficientes visuais: uma experincia clnica. Artigo (Boletim Clinica nmero 7). So Paulo, 1999. Disponvel em: http://www.pucsp.br/clinica/boletim07_07.htm. Acesso em: 16ago. 2005.

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    Pode-se constatar, na Figura 04, que h uma certa preocupao com os portadores de

    necessidades especiais, porm, ainda h um longo caminho a ser percorrido no sentido de se

    ter uma sociedade alicerada nos ideais da incluso. Contudo, apesar da aparente evoluo,

    principalmente em relao aos no videntes, necessrio lembrar que 80% da populao de

    portadores de limitao visual no esto nas salas de aula, ainda que existam indicadores

    expressivos (Figura 4); mesmo assim, no refletem uma melhora na qualidade do

    atendimento, uma vez que no existe uma unanimidade sobre a prtica pedaggica adequada

    s suas reais necessidades e, sim, a utilizao de uma metodologia de ensino para a pessoa

    dita normal, com adaptaes (Informao verbal16).

    Aliada a esse problema, encontra-se a segregao das turmas, com a formao das

    classes ditas especiais, conseqentemente, criando um forte afastamento do movimento de

    incluso social.

    A poltica educacional do MEC, dirigida aos portadores de necessidade especiais, no

    est clara e cria margens para interpretaes ambguas, como na Lei n 9394/96, artigo 4, no

    qual est evidente o enfoque de incluso, estabelecendo que o portador de qualquer tipo de

    deficincia deve ser atendido na rede regular de ensino, ou seja, a incluso nas classes que

    possuem alunos normais. O artigo 58, porm, considera que o aluno tambm poder ser

    tratado nas entidades exclusivas para especiais, caracterizando um retrocesso nas polticas

    de incluso.

    Para solucionar os problemas da poltica dirigida aos portadores de deficincia,

    necessrio adotar uma medida que teria um forte impacto na atual conjuntura do sistema

    educacional brasileiro. A soluo passaria pela reformulao das leis, de modo que fiquem

    mais claras, a fim de evitar ambigidades e dbias interpretaes, alm de fazer com que elas

    sejam cumpridas. preciso que haja incentivo por parte do governo em todas as esferas -federais, estaduais e municipais - de forma a criar uma infra-estrutura nas redes regulares de

    ensino para receber os alunos ditos normais e os portadores de qualquer tipo de deficincia,

    o que, numa perspectiva inclusiva, seria de extrema relevncia para o desenvolvimento desses

    alunos.

    16 Entrevista realizada com o gerente de informtica do Instituto de Cegos da Bahia, onde atua tambmministrando cursos de informtica para portadores de limitao visual. Tem como preferncia o leitor de telaJaws.

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    Captulo III - As tecnologias assistivas

    A proposta deste captulo caracterizar a tecnologia assistiva, de forma a apresentar ohistrico sobre a evoluo desse recurso interativo, abordando, principalmente, o uso da

    informtica como ferramenta para o aprendizado, bem como os problemas e as metodologias

    encontrados para a interao com o no vidente.

    importante ressaltar a necessidade de uma reflexo mais profunda sobre os suportes

    tecnolgicos relacionados rea de informtica, pois so de extrema relevncia para esta

    pesquisa, uma vez que ser utilizada, juntamente com um ambiente virtual de aprendizado,

    para proporcionar, alm da viabilidade da interao, a incluso digital do limitado visual.

    3.1.Incluindo o no vidente no contexto social

    A tecnologia tem avanado de forma veloz, principalmente, no sentido de criar meios

    para que pessoas que possuem determinadas limitaes sejam integradas sociedade de forma

    menos traumtica. Pode-se representar esse avano, atravs do termo Tecnologias Assistivas

    / Adaptativas, que pode ser traduzido, de forma simples, como qualquer ferramenta ou

    aparato tecnolgico com a finalidade de potencializar as habilidades de pessoas que possuem

    limitaes sensoriais ou fsicas, promovendo, portanto, uma maior independncia do

    indivduo. Essa ferramenta pode ser um software, hardware, um equipamento desenvolvido

    de forma caseira ou em srie, com o intuito de melhorar a interface dessas integraes.

    Estas ferramentas adaptativas referem-se ao conjunto de recursos que, de alguma

    maneira, contribuem para proporcionar s PNEEs maior independncia, qualidade de vida e

    incluso na vida social atravs do suplemento, manuteno ou devoluo de suas capacidades

    funcionais (HOGETOP e SANTAROSA, 2002, p. 24).Lvy define interface como sendo todos os aparatos materiais que permitem a

    interao entre o universo da informao digital e o mundo ordinrio (1999, p. 37).

    De acordo com esse autor, qualquer instrumento que possibilite integrar a realidade ao

    mundo digital pode ser considerado uma interface, portanto, estas ferramentas ou suportes

    tecnolgicos podem se constituir, na perspectiva de Lvy (1993), como tecnologias da

    inteligncia.

    O principal objetivo da tecnologia assistiva / adaptativa :

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    Adaptaes de softwareso aplicativos utilizados por portadores de deficincia que

    auxiliam na interao com o computador. So exemplos desse tipo de tecnologia os

    simuladores de mousee leitores de telas.

    Simuladores de mouse so aplicativos que utilizam o teclado numrico para simular

    sua movimentao (mouse).

    Leitores de telas so aplicativos que interpretam todas as informaes existentes na

    tela do computador e as enviam para a caixa de som em forma de udio. O Jaws 19, DosVox20

    e o Virtual Vision21so exemplos desse tipo de software.

    A introduo das tecnologias assistivas / adaptativas no ambiente educacional algo

    de extrema relevncia, principalmente, como forma de minimizar as barreiras de acesso ao

    conhecimento, na expectativa de democratizar a informao para o limitado visual. Asferramentas apresentadas podem ser utilizadas como interfaces no processo de aprendizagem,

    resultando numa maior interao do aluno em sala de aula. Estimula-se, portanto, o processo

    de independncia do indivduo, facilitando o desenvolvimento do aprendizado.

    3.2.A evoluo das tecnologias para os no videntes

    As tecnologias so aqui compreendidas na perspectiva de Lvy (1993), enquantotecnologias intelectuais que ampliam e modificam as funes cognitivas dos sujeitos, e devem

    favorecer a criao e a inveno de problemas, indo alm da concepo de tcnica como

    extenso ou prolongamento dos rgos ou das aes do organismo, vistas apenas como

    soluo de problemas, de acordo com Kastrup (2000).

    Dentro dessa perspectiva, a concepo de tecnologias assistivas se pauta no

    reconhecimento e valorao das potencialidades humanas, em contraposio lgica de um

    modelo de interveno centrado nas deficincias, restries e incapacidades 22.

    Nesse contexto, sero apresentadas as diversas tecnologias encontradas no processo de

    transposio das barreiras, criadas por uma sociedade pedagogicamente preparada para os

    ditos normais.

    19Jaws Software for Blind.Disponvel em: http://www.freedomcientific.com/. Acesso em: 03 set. 2005.20Download do DOSVOX. Disponvel em: http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/download.htm. Acesso em: 03 set.2005.21Virtual Vision 5.Disponvel em: http://www.micropower.com.br. Acesso em: 03 set. 2005.22 S, Elisabete Dias. Tecnologas Asistivas y Material Pedaggico. Disponvel em:http://www.cnotinfor.pt/inclusiva/report_material_pedagogico_e_tecnologias_assitivas_es.html. Acesso em: 07

    jun. 2005.

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    A evoluo dos diversos elementos tecnolgicos no cotidiano do no vidente teve

    como ponto de partida a bengala, e hoje, com os avanos proporcionados pela informtica,

    abrange tecnologias bastante conhecidas como: Escrita Braille, baco, Impressora Braille,

    Leitores de tela, Computadores de mo,Mousespara cegos, Teclados especiais etc.

    A seguir, sero apresentadas vrias tecnologias assistivas, utilizadas para proporcionar

    uma maior independncia do limitado visual. Os valores apresentados so fruto da pesquisa

    nos sitesdos fabricantes ou de empresas que trabalham com a venda desses produtos.

    A bengala pode ser considerada como uma das primeiras tecnologias utilizadas pelo

    limitado visual. Foi introduzida em substituio ao basto (bordo) e ao guia do deficiente,

    tornando-se uma ferramenta indispensvel para a locomoo do no vidente, por localizar

    determinados obstculos durante o seu trajeto, proporcionando, dessa forma, uma maiorindependncia desse indivduo. Pode-se caracterizar essa tecnologia como sendo uma

    adaptao fsica, ou rtese, e seu valor aproximado R$ 80,00 (oitenta reais).

    Figura 5. Bengala utilizada por no videntes23.

    J a leitura e a escrita em Braille se constituem num marco relevante para assegurar

    uma maior autonomia dos no videntes, possibilitando ascenso na sociedade e maior

    desenvolvimento intelectual.

    A escrita Braille foi criada em 1815, perodo em que a Frana estava envolvida em

    vrios conflitos, e as mensagens que circulavam noite no podiam ser lidas com a utilizao

    23Fonte: Equipamento Pessoal. Disponvel em: http://www.fenixmac.hpgvip.ig.com.br/pessoal.htm. Acessoem: 22 jan. 2005.

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    da luz, uma vez que esta chamaria a ateno do inimigo. A soluo encontrada pelo oficial de

    artilharia Charles Barbier foi desenvolver um sistema de escrita noturna, baseada em alto

    relevo, que pudesse ser lida com os dedos, conhecida como escrita nocturna. Luiz Braille

    interessou-se pelo sistema e aperfeioou-o, passando a se chamar escrita Braille.

    Alm do Braille, outro instrumento foi imprescindvel, principalmente para o estudo

    da matemtica: o baco ou soroban. medida que os clculos foram evoluindo em

    complexidade e tamanho, sentiu-se a necessidade de um instrumento que pudesse ajudar o

    limitado visual na resoluo dos problemas matemticos. A soluo encontrada foi a

    utilizao do baco, que pode ser caracterizado como uma adaptao de hardware,

    largamente utilizado pelos chineses e manuseado com grande eficincia pelo no vidente. Seu

    valor aproximado de R$ 50,00 (cinqenta reais).Uma pessoa treinada pode efetuar operaes de soma, subtrao, multiplicao,

    diviso e radiciao com velocidades comparveis de uma mquina de calcular, sem a

    necessidade do auxlio de outra pessoa.

    Figura 6. baco ou soroban. 24

    Continuando no processo evolutivo, tem-se o gravador, usado pelos indivduos com

    limitao visual tanto no ensino mdio quanto no superior, com o intuito de gravar as aulas,

    proporcionando, dessa forma, uma grande autonomia, principalmente pela possibilidade de

    repetio das aulas inmeras vezes. Com a utilizao da mquina de escrever, o no vidente

    tambm encontrou um outro aliado no processo de independncia, uma vez que as aulas eram

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    datilografadas e depois transcritas para o Braille. Podem-se classificar ambas as tecnologias

    como sendo adaptaes de hardware.

    Com o surgimento da informtica, pouco a pouco a velha mquina de escrever tornou-

    se obsoleta, cedendo lugar para os novos equipamentos, que esto melhorando

    consideravelmente a qualidade de vida do no vidente. o caso do Braille Falado, das

    impressoras Braille, dos computadores (lap top) munidos de avanados sintetizadores de voz,

    dos scanners, entre outros. A seguir, a descrio de algumas ferramentas:

    Impressora Braille

    Pode-se qualific-la como uma adaptao de hardware. Existem diversosmodelos, tanto para uso individual, como para grandes e mdias empresas. Seu

    valor varia entre R$ 11.000,00 (onze mil reais) e R$ 22.000,00 (vinte e dois mil

    reais), aproximadamente. O objetivo desse hardware imprimir no formato

    Braille, ou seja, em alto relevo, as informaes contidas em qualquer documento

    no formato digital.

    .

    Figura 7. Impressora Braille. 25

    24Fonte: Disponvel em: http://www.bengalabranca.com.br/soroba.html. Acesso em: 27 abr. 2005.25Fonte: Disponvel em: http:://www.bengalabranca.com.br/impressoras.html. Acesso em: 27 abr. 2005.

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    Terminal Braille (Display Braille)

    Pode ser caracterizado como uma adaptao de hardware. O display

    representado por uma ou duas linhas, compostas por caracteres Braille.

    responsvel por reproduzir os dados grficos exibidos na tela do computador,

    permitindo que a informao possa ser lida pelo tato, facilitando a navegao,

    sem frustrar o no vidente por no enxergar o design das figuras que esto na

    Internet. Seu valor aproximado varia entre R$ 3.900,00 (trs mil e novecentos

    reais) e R$ 30.000,00 (trinta mil reais)

    Figura 8. Terminal Braille26.

    Braille Falado

    Uma adaptao de hardwareque pesa, em mdia, 450g, e possui sete teclasque podem ser utilizadas para edio de textos. O Braille Falado pode assumir a

    funcionalidade de um sintetizador de voz quando acoplado a um computador ou

    ainda ser utilizado para transferir e receber arquivos. Pode funcionar como uma

    calculadora, agenda eletrnica e cronmetro. Preo aproximado: R$ 7.900,00 (sete

    mil e novecentos reais).

    26Fonte: Disponvel em: http://www.nanopac.com/Focus%20Braille%20Display.htm. Acesso em: 27 abr. 2005.

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    Figura 9. Braille Falado27.

    Com o avano das tecnologias, surgiram vrios softwaresque se propem a auxiliar os

    limitados visuais; dentre eles, podem-se citar alguns como:

    Tactus

    Definido como uma adaptao de software, este programa utilizado para

    realizar a transcrio, para o Braille, de textos editados no editor de texto do

    Windows. Valor aproximado: R$ 300,00 (trezentos reais).

    Zoom Text

    Este programa representa uma categoria de software muito utilizada pelosindivduos portadores de baixa viso; foi criado para aumentar o tamanho das

    letras do computador, permitindo seu uso por pessoas de viso reduzida. Pela

    prpria definio, pode-se caracteriz-lo como uma adaptao de software. Valor

    aproximado: R$ 1.100,00 (mil e cem reais).

    27Fonte: Disponvel em: http://bengalabranca.com.br/brailefalado.htm. Acesso em: 24 jan. 2005.

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    3.4.A problemtica do uso da informtica como interface para oaprendizado do no vidente

    No incio, a difuso da tecnologia como ferramenta educacional interao doslimitados visuais com a informtica era bem mais simples. As limitaes tcnicas existentes

    restringiam as interfaces dos softwares,criando aplicativos mais simples, sem muita riqueza

    de detalhes grficos, portanto, com um fraco apelo visual (sem botes, janelas, mouse etc.).

    Com o avano da tecnologia, surgiram diversas linguagens de programao, a exemplo

    da Java, Delphi, Visual Basic, entre outras. A insero dessas ferramentas no meio

    tecnolgico permite o desenvolvimento de interfaces cada vez mais rebuscadas, logo, com a

    possibilidade de se criar aplicativos com um forte apelo visual; isso aumenta a complexidade

    da interao dos no videntes, que, obrigatoriamente, passaram a necessitar de softwares

    especiais ou suportes tecnolgicos, os chamados leitores de telas ou sintetizadores de voz. So

    programas conectados a um computador, que permite a leitura de informaes exibidas no

    monitor, enviando-as para as caixas de som, em forma de udio, o que proporciona s pessoas

    cegas grandes facilidades para acesso informao (Internet e aplicativos: editores de texto,

    planilhas eletrnicas e etc.).

    A utilizao da informtica como ferramenta para o aprendizado, porm, dificultada

    financeiramente, pelo fato da maioria dos leitores de tela serem pagos.

    Na Tabela 1, listam-se algumas ferramentas com diferentes funcionalidades que

    auxiliam esses indivduos na interao com o computador. Essa lista foi fruto de uma pesquisa

    realizada nas referncias bibliogrficas apresentadas neste trabalho e nos sites dos

    fornecedores desses produtos.

    Tabela 1. Lista de algumas ferramentas de auxlio informtica para o limitado visual.29

    Nome Descrio Preo

    Jaws

    Considerado atualmente o leitor de tela mais popular do mundo, oJaws for Windows, da norte-americana Freedom Scientific,possui umsoftwarede sintetizador de voz que utiliza a prpria placa de som docomputador.

    R$ 2.631,00

    VirtualVision

    O Virtual Vision um leitor de tela e foi desenvolvido pelaMicroPower. O Virtual Vision totalmente adaptado para o uso dosistema operacional Windows e seus aplicativos e no requersintetizador de voz externo. O programa utiliza o Delta Talk, atecnologia de sntese de voz que garante, segundo o seu fabricante, aqualidade de udio como o melhor sintetizador de voz em portugus.

    R$ 699,00

    29Os preos foram convertidos em real, com a cotao (27/05/2005) do dlar no valor de R$ 2,530.

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    compostas exclusivamente por limitados visuais, excluindo o no vidente do convvio social,

    tornando-o diferente para toda a sociedade.

    Existem tambm as tentativas de incluso encontradas nos web sites, porm, a maioria

    dos endereos eletrnicos enfatiza um determinado produto ou linguagem de programao.

    Exemplo: o siteXPTA32 ensina a linguagem de programao Delphi, utilizando as teclas de

    atalho existentes na interface da ferramenta de programao; o site XPTB33 auxilia na

    construo de pginas estticas para a Internet, no formato HTML.

    Todas as tentativas de incluso apresentadas so louvveis e tm seu respectivo

    mrito, porm, se por um lado auxiliam o limitado visual a se tornar mais independente, por

    outro, podem estar restringindo o desenvolvimento do no vidente, visto que o contedo

    encontrado nos siteslimita-se apenas utilizao de certas ferramentas e teclas de atalho.Um caminho a ser a seguido para a soluo do problema apresentado anteriormente

    seria o desenvolvimento de uma metodologia que aborda questes ligadas aos deficientes

    visuais e s tecnologias assistivas, adotando como ferramenta de apoio os leitores de telas, de

    forma a facilitar as atividades relacionadas ao aprendizado mediado por suportes

    tecnolgicos.

    O captulo a seguir apresenta um histrico sobre Educao a Distncia, focando,

    principalmente, nos recursos tecnolgicos que servem como suporte para essa prticapedaggica, a exemplo dos ambientes virtuais de aprendizagem. Ser abordada tambm a

    problemtica acerca da acessibilidade que envolve esses softwares.

    32 Dicas Virtual Vision & Delphi. Disponvel em: http://www.geocities.com/vv_delphi/Dicas.html. Acesso em:

    01 mar. 2005.33 Curso de HTML para Deficientes Visuais. Disponvel em: http://www.geocities.com/aulas_html. Acessoem: 01 mar. 2005.

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    Captulo IV Recursos tecnolgicos na Educao a Distncia34

    O objetivo desse captulo abordar o conceito da Educao a Distncia (EAD),

    caracterizando as mdias empregadas nos cursos, bem como a estreita relao com as geraes

    EAD. Ser apresentada tambm a definio de ambiente virtual de aprendizagem,

    enfatizando, principalmente, as caractersticas relacionadas acessibilidade e toda a

    problemtica envolvida na construo de interfaces e no acesso ao contedo dos ambientes.

    4.1.Conceituando a Educao a Distncia

    A Educao a Distncia uma modalidade de ensino mediada por diferentes formas de

    interao e funcionalidades que auxiliam na transposio das barreiras fsicas e temporais,

    tornando-a uma possibilidade de aprendizagem de expressivo valor educativo tanto para o

    educando quanto para o educador.

    Seja devido ao avano das tecnologias da informao e comunicao, seja para atender

    demanda constante de formao, a Educao a Distncia tornou-se uma prtica pedaggica

    mais atraente, principalmente pela flexibilidade, quebra de barreiras espao-temporal e o

    dinamismo do curso, refletido diretamente numa maior quantidade de recursos

    computacionais a serem utilizados na interao entre o professor e o aluno, portanto,

    auxiliando no processo de democratizao do conhecimento.

    Em 1991, Bertrand afirmava que:

    Pode-se considerar a educao a distncia como um veculo que oportunizaa democratizao e o acesso ao conhecimento, alargando os espaos

    educacionais, estimulando a todos os cidados de um mundo em constantemudana a aprender continuamente. Do ponto de vista operacional, ela seestabelece pela existncia da tecnologia, que, no caso especfico daeducao, se constitui na Tecnologia Educacional ou Teoria Tecnolgica deEducao (p.36-175).

    34 Considerando a vastssima bibliografia que apresenta e discute o histrico e a legislao da Educao aDistncia no Brasil, optou-se por no repeti-los aqui. Maiores informaes sobre EAD, consultar Garcia (1997),Moran (1993) ou Alonso (1996).

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    Diante do exposto, possvel constatar que, apesar da versatilidade de recursos

    interativos provenientes dos avanos tecnolgicos, os fundamentos permaneceram

    inalterados. possvel, portanto, concluir que a Educao a Distncia fundamentada numa

    estrutura de aprendizado bidirecional entre o professor e o aluno, cuja interao independe de

    fatores como distncia e / ou tempo, que, atravs da evoluo das tecnologias, possibilitou

    formas diferentes de interao na tentativa de minimizar os problemas ocasionados pelo fato

    da aula no ser presencial.

    4.2.As Mdias no contexto da Educao a Distncia40

    A utilizao das mdias algo inerente Educao a Distncia, principalmente pelofato da aula no ser presencial, ou seja, professores e alunos esto afastados fisicamente.

    Dessa maneira, imprescindvel a criao de alguma forma de comunicao e justamente

    essa lacuna que as diversas mdias vieram preencher.

    Segundo Miller, at os anos 80, as tecnologias disponveis eram poucas e simples

    para produo, acesso e interao dos cursos. As instituies baseavam seus trabalhos em

    material impresso, programas em udio, vdeo ou transmisses em TVs e rdios educativas.

    (1992, p.71).Com o advento das tecnologias de informao e comunicao, houve uma revoluo

    das mdias a serem utilizadas na Educao a Distncia, principalmente aps a difuso da

    Internet, permitindo o uso de teleconferncias, videoconferncias e seminrios on-line.

    Apesar da existncia de diversas mdias, a cada momento novos recursos tecnolgicos

    esto sendo desenvolvidos e podero ser utilizados ou no como meios de interao. Caber

    ao professor estar atento s inovaes, mantendo-se sempre atualizado, pois, a escolha de

    determinadas mdias ser de responsabilidade do mediador que, de maneira direta, pode

    decidir o sucesso do curso. Ao se definir a utilizao de uma mdia especfica, deve ser levado

    em considerao o pblico-alvo, devido ao impacto no fator custo, que algo de extrema

    relevncia na criao dessa modalidade de ensino on-line.

    40 A dissertao de RODRIGUES, R. Modelo de Avaliao para Cursos no Ensino a Distncia : estrutura,aplicao e avaliao. Florianpolis, 1998. (Dissertao de Mestrado em Engenharia de Produo - Programa dePs-Graduao em Engenharia de Produo UFSC), subsidiou a sistematizao das idias apresentadas aqui.

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    Os autores Moore e Kearsley consideram que instruo baseada em computador se

    refere a programas onde os alunos estudam sozinhos em um computador pessoal. O programa

    pode ser utilizado atravs de disquetes, CD-ROM ou via Internet (1996, p. 94).

    A quarta gerao tem incio em 1995 e vai at 2005, sendo caracterizada pela

    utilizao de todos os recursos empregados nas geraes que antecederam a atual e com

    algumas variaes das tecnologias de transmisses de informaes em banda larga.

    Uma das caractersticas da quarta gerao a presena da Internet de alta velocidade,

    um meio de comunicao que apresenta um potencial gigantesco para a aproximao e

    disseminao do conhecimento. A velocidade com que as informaes se propagam o faz

    incomparvel a qualquer outro meio de comunicao.

    Atualmente, a quinta gerao pode ser identificada pelo agrupamento dos

    vrios recursos identificados nas geraes anteriores, agregando algumas funcionalidades

    tecnologicamente mais avanadas, como a comunicao via computadores com sistema de

    respostas automatizadas.

    A relao das geraes EAD com as inovaes tecnolgicas muito estreita, portanto,

    o custo de cada gerao depende do tipo de mdia empregada no processo de interao. Em se

    tratando do limitado visual, essa ligao torna-se mais evidente, dessa maneira, pode-se

    estabelecer que o valor dos suportes interativos para os no videntes depende do meioutilizado como mdia. Para amenizar os impactos causados pela dependncia tecnolgica,

    acredita-se que a utilizao dos recursos telemticos, atravs dos ambientes virtuais de

    aprendizagem, pode proporcionar um recurso acessvel a todos, se for considerado o fato de

    que a evoluo das tecnologias de informao e comunicao (TICs) influenciou a queda dos

    preos e a disseminao da sua utilizao.

    4.4.Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)

    O progresso das TICs estimulou a Educao a Distncia no sentido de diversificar as

    formas de interao e a bi-direcionalidade do conhecimento, alm de promover os avanos

    dos meios telemticos, influenciando o desenvolvimento das AVAS. nesse contexto que

    ser analisado o potencial inclusivo do ambiente virtual de aprendizagem.

    Segundo Santos, AVA como um espao fecundo de significao, onde os seres

    humanos e objetos tcnicos interagem, potencializando-se, assim, a construo do

    conhecimento, logo, aprendizagem (2002, p. 426).

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    A definio da autora sobre o AVA mescla conceitos, como pessoas, interao,

    potencializao e conhecimento, que, aliados Internet, possibilitam a transposio das

    barreiras de tempo e espao. Estas idias convergem em direo a um forte movimento de

    incluso para os limitados visuais, possibilitando a sua independncia. Para se conhecerem as

    possibilidades de incluso dos no videntes, faz-se necessrio abordar alguns aspectos da sua

    constituio. Os ambientes virtuais de aprendizagem possuem ferramentas com a finalidade

    de maximizar a interatividade e o conhecimento entre os participantes. Dentre elas, destacam-

    se a manipulao de textos e arquivos dos fruns ou listas de discusso; a comunicao em

    tempo real (sncrona) e a comunicao assncrona, em que o receptor e o emissor no

    precisam estar conectados ao mesmo tempo; administrao do ambiente, permitindo uma

    configurao prpria de cada usurio; estatsticas para averiguao sobre a assiduidade doaluno, segurana, testes e avaliao.

    4.4.1. Usabilidade e acessibilidade em ambientes virtuais deaprendizagem

    Para Bevan42, o termo usabilidade descreve a qualidade do uso de uma interface,

    enquanto que Nielsen (1993) acredita que uma interface mais usvel deve preencher alguns

    requisitos, como facilidade no aprendizado e na execuo de tarefas, memorizao,

    velocidade nas interaes com o ambiente, e apresentar uma quantidade mnima de

    problemas.

    Estas caractersticas citadas anteriormente so fundamentais para o desenvolvimento

    de uma interface usvel, principalmente em se tratando dos ambientes virtuais de

    aprendizagem, que exigem a bi-direcionalidade da comunicao entre os sujeitos do processo

    de ensinar e aprender.

    Os ambientes virtuais de aprendizagem se constituem em espaos que promovem a

    construo do conhecimento, mediado pelas ferramentas sncronas e assncronas, e esto

    sendo desenvolvidos em software livre (Moodle, Teleduc, entre outros) ou proprietrio

    (WebCT, Blackboard, entre outros).

    Com a evoluo dos recursos computacionais, houve o surgimento e o acrscimo de

    diversas tecnologias na construo das interfaces. Este avano trouxe um forte apelo visual no

    42 BEVAN, Nigel. (1995) Usability is quality of use. In: Anzai & Ogawa (eds) Proc. 6th InternationalConference on Human Computer Interaction, July. Elsevier. Disponvel em:http://www.usability.serco.com/papers/usabis95.pdf. Acesso em: 11 abr. 2005.

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    sentido de possibilitar uma maior interatividade com o usurio. Em se tratando dos ambientes

    virtuais, esse apelo , sem dvida, uma ferramenta estratgica para aprofundar as relaes

    pedaggicas. As mesmas inovaes tecnolgicas, contudo, podem estar de alguma forma

    inviabilizando a navegao pela dificuldade de encontrar a informao desejada,

    comprometendo o acesso ao contedo pela utilizao inadequada de recursos multimdias. O

    uso de tecnologias diversas pode implicar a incompatibilidade de hardware ou software

    (browser), podendo criar obstculos para o desenvolvimento de suas atividades rotineiras, de

    acordo com Winckler & Pimenta (2002).

    Na sociedade atual, o termo acessibilidade encontrado, na maioria das vezes,

    ligado a indivduos com algum grau de deficincia, como afirmam Pimenta et al. (2002). No

    mundo digital, essa afirmao tambm verdadeira; a construo de pginas Webcada vezmais acessveis o alvo da maioria das grandes instituies governamentais e privadas. Isso

    repercute positivamente por uma maior preocupao no desenvolvimento de ambientes que

    sigam os padres de acessibilidade, como forma de estimular a incluso, principalmente dos

    deficientes visuais, uma vez que estes pertencem maior parcela de pessoas com algum tipo

    de deficincia fsica, sensorial e / ou cognitivas.

    Apesar das intensas discusses em torno da acessibilidade das informaes

    disponibilizadas na Internet, identificou-se a mesma problemtica direcionada ao AVA. ATabela 2 mostra uma lista de ambientes gratuitos que no so acessveis ou que contemplam

    alguns requisitos para facilitar o acesso.

    Tabela 2. Levantamento realizado sobre a acessibilidade de alguns ambientes gratuitos43.

    AVA AcessibilidadeATutor Esta ferramenta possui o selo de acessibilidade parcialBolinos No contempla

    CHEF El

    Existe a possibilidade em disponibilizar o contedosomente em texto, podendo ser lido pela maioria dosleitores de tela

    Claroline No contemplaCOSE No contemplaEledge No contemplaFle3 No contemplaIlias No contempla

    Lon-CAPA Este software possibilita disponibilizar a informao sem

    43 Fonte: CEJUDO, Sebastin Delgado. Elearning. Anlisis de Plataformas Gratuitas. 2003. 118 f.Monografia (Concluso de curso) - Universitat de Valncia, Valncia - Espanha. Disponvel emhttp://www.edebedigital.com/proyectos/adjunts/2452/18336/mem-sedelcetrabajo%20de%20valencia.pdf. Acessoem: 02 ago. 2005.

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    satisfao desse tipo de pontos promover a remoo de barreirassignificativas ao acesso a documentos disponveis na Web.Prioridade 3.Pontos que os criadores de contedo Web podemsatisfazer.Se no o fizerem, um ou mais grupos podero se deparar com algumasdificuldades em acessar informaes contidas nos documentos. A satisfaodeste tipo de ponto ir melhorar o acesso a documentos armazenados naWeb.54

    nesse contexto recente da WCAG que Portugal torna-se o primeiro pas da Europa e

    o quarto do mundo a legislar sobre acessibilidade na Web, aps aprovar uma lei,

    regulamentando que todas as informaes disponibilizadas via Internet nos rgos pblicos

    deveriam ser padronizadas no formato WAI.

    Seguindo esse movimento iniciado por Portugal, o Conselho Europeu aprovou, em2000, a e-Europe, na qual o padro de acessibilidade W3C deveria ser adotado para todos os

    sitesgovernamentais, estendendo essa iniciativa a quinze pases da unio Europia.

    No final de 2004, iniciou-se o processo para o desenvolvimento de uma nova verso

    sobre as normas de acessibilidade. O WCAG 2.055tem como principal novidade a definio

    de padres para aplicaes a diferentes tecnologias da Web, com o objetivo de facilitar seu

    uso, entendimento e a sua validao.

    No Brasil, podem-se destacar as seguintes iniciativas:

    O Decreto nmero 5296, de 2 de dezembro de 2004, queregulamenta as leis ns 10.048, de 8 de novembro de 2000, cujoobjetivo priorizar o atendimento s pessoas com necessidadesespecficas, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelecenormas gerais e critrios bsicos para a promoo da acessibilidade.

    O Comit CB-40, da ABNT, que se dedica normatizao no campo deacessibilidade, atendendo aos preceitos de desenho universal. O Comit

    possui diversas comisses, definindo normas de acessibilidade em todosos nveis, desde o espao fsico at o virtual.

    Diversas leis estaduais e municipais sobre o assunto.56

    54Prioridades. Disponvel em: http://www.maujor.com/w3c/clistcpointac.html. Acesso em: 16 ago. 2005.55Web Content Accessibility Guidelines 2.0. Disponvel em: http://www.w3.org/TR/WCAG20/. Acesso em:01 abr. 200556 BRASIL. Departamento de Governo eletrnico. Recomendaes de Acessibilidade para a Construo eAdaptao de Contedos do Governo Brasileiro na Internet Modelo de Acessibilidade . Braslia:Secretaria de Logstica e Tecnologia da Informao. 2005. Disponvel em:http://www.governoeletronico.gov.br/consultas/dsp_dadosconsulta.wsp. Acesso em: 16 ago. 2005.

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    4.Frum de discussoEnviar as informaes para o ambiente virtual deaprendizado

    5.Dirio de novidades

    6.Frum de discusso

    7.Tarefas do cursoManuteno das informaes comuns ao ambientevirtual de aprendizado e ao EASY

    8.Senha do usurio

    9.Perfil do usurio10.Curso no qual o

    participante estmatriculado

    11.Bibliografia utilizadadurantes os cursos

    Portabilidade para outros ambientes virtuais comarquitetura semelhante ao Moodle

    12.Todas citadasanteriormente

    5.2.Delineando o desenvolvimento da ferramenta

    No processo de maturao desta pesquisa, surgiram alguns questionamentos tcnicos,

    tais como: que possveis sistemas operacionais essa ferramenta deve abranger? Que ambiente

    virtual de aprendizado ser utilizado em conjunto com o EASY? Em que linguagem de

    programao ser desenvolvida a ferramenta? Sobre a compatibilidade dos leitores de tela,

    quais sero indicados para a utilizao, em conjunto com a ferramenta? Qual o custo para

    adoo dessa tecnologia?

    A respeito das questes levantadas anteriormente, apresentam-se a seguir as solues

    que nortearam o desenvolvimento do EASY. Sobre a possibilidade de atender a diversos

    sistemas operacionais, esse requisito foi preenchido ao se disponibilizar a ferramenta na

    plataforma Internet. Ter-se-, portanto, um aplicativo que pode ser executado em qualquer

    sistema computacional, para isso, basta acessar, via browser, a endereo especificado.

    Para a escolha do ambiente virtual de aprendizagem, pautou-se em algumas

    consideraes como: o nmero de ferramentas disponveis, as formas de interao (sncrona e

    / ou assncrona) e que ofeream a condio de gratuidade. Todos esses itens possuem relao

    direta com o AVA.

    O ambiente selecionado para a ferramenta EASY no necessita de uma interface

    grfica rebuscada e rica em detalhes grficos, visto que o limitado visual no far acesso

    diretamente ao ambiente, portanto, a diversidade de ferramentas fornecidas para interao

    deve ser considerada como fundamental para a aproximao do usurio, criando um ambiente

    interativo e confortvel. Alm dessas caractersticas, existe a necessidade de que o AVA seja

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    desenvolvido numa plataforma baseada em cdigo aberto, utilizando a linguagem de

    programao PHP, acessando o repositrio de dados MySQL71.

    O AVA dever conter algumas ferramentas assncronas, como dirio, agenda, tarefas,

    frum de discusso, e ferramentas sncronas, como chat ou bate-papos, entre outros, a

    exemplo das propostas existentes nos diferentes ambientes de aprendizagem on-line, como o

    Teleduc72e Moodle73.

    Aps relacionar os possveis ambientes virtuais de aprendizagem que pudessem

    interagir com o software de acessibilidade, levando em considerao todos os pontos

    apresentados anteriormente, optou-se pela utilizao do Moodle, um ambiente que possui

    ferramentas de interatividade sncronas e assncronas, gratuito e desenvolvido em PHP,

    utilizando, como banco de dados, o MySQL, adequando-se perfeitamente aos padresinicialmente definidos e simplificando a possibilidade de integrao entre as aplicaes.

    importante destacar que, apesar de escolhido um determinado AVA, o EASY foi

    desenvolvido visando portabilidade para diversos ambientes virtuais de aprendizagem,

    desde que sejam preservados os requisitos tecnolgicos definidos anteriormente. As

    funcionalidades existentes no EASY foram baseadas no mapeamento de ferramentas

    semelhantes dos ambientes Moodle e Teleduc. Esta estratgia foi utilizada como forma de

    facilitar a integrao com os diferentes AVAs, possibilitando, dessa maneira, maximizar asua utilizao como suporte pedaggico direcionado aos no videntes.

    No processo de escolha da linguagem de programao, foi considerada a estrutura

    existente no ambiente Teleduc e Moodle. Dessa maneira, est-se utilizando a linguagem PHP,

    que embasada na teoria de orientao a objetos, na reutilizao de cdigo e na possibilidade

    de operar em mltiplas plataformas operacionais.

    Ao analisar as possibilidades de interao entre as tecnologias assistivas, representadas

    pelos leitores de tela e o EASY, verificou-se, com ateno, a integrao dos diversos leitoresde telas existentes no mercado com os sistemas operacionais, especialmente o Linux. Pode-se

    concluir que existe uma carncia desse tipo especfico de produto que atenda necessidade de

    leitura da tela dos computadores que faam uso do ambiente Linux. Com a massificao desse

    software, ter-se- um fator limitante para a sua utilizao, porm, necessrio indicar que, no

    ambiente Windows, existe a possibilidade de integrao com os mais diversos leitores de tela.

    71 Apesar de existir a estrutura necessria para prover a portabilidade para outros ambientes virtuais de

    aprendizagem, no houve a implementao de uma camada para abstrair o acesso a diferentes arquiteturas debanco de dados,a exemplo do Oracle, SqlServer e Db2.72Disponvel em: http://teleduc.nied.unicamp.br/teleduc/. Acesso em: 03 ago. 2005.

    73Disponvel em: http://www.moodle.org. Acesso em: 03 jun 2005.

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    Com o objetivo de verificar a acessibilidade do contedo extrado do ambiente virtual

    de aprendizagem, foram realizados testes no softwareem trs nveis. Esta estratgia utilizada

    para avaliar a acessibilidade est de acordo com as normas definidas pelo Governo Federal84

    sobre validao de contedos digitais.

    A primeira etapa caracterizou-se pela utilizao do validador de interfaces Web Da

    Silva85. Na segunda etapa,houve a participao de usurios videntes,que utilizaram o leitor

    de tela Jaws. Esta validao ocorreu atravs da utilizao do EASY,seguindo um roteiro de

    teste elaborado para simular as possveis situaes de interatividade com a ferramenta. O

    ltimo nvel dos testes foi realizado com os no videntes; nessa etapa, foi criada uma

    comunidade no ambiente Moodle denominada Comunidade Virtual86. O objetivo foi verificar,

    junto aos vrios sujeitos,a real acessibilidade da ferramenta que serviria como um mediadorentre o leitor de tela e o AVA.

    A seguir,sero apresentadas as interfaces responsveis pela interao com o ambiente

    virtual de aprendizagem, bem como as funcionalidades associadas.

    5.4.Mdulo de configuraes bsicas

    Este mdulo responsvel pela manuteno das variveis de ambiente da ferramentaEASY. Sero apresentadas as funcionalidades: alterar curso, alterar senha, listar arquivos e

    perfil do participante.

    84 BRASIL. Departamento de Governo eletrnico. Recomendaes de Acessibilidade para a Construo eAdaptao de Contedos do Governo Brasileiro na Internet Modelo de Acessibilidade . Braslia:Secretaria de Logstica e Tecnologia da Informao. 2005. Disponvel em:http://www.governoeletronico.gov.br/consultas/dsp_dadosconsulta.wsp. Acesso em: 16 ago. 2005.85Os resultados da anlise sobre a acessibilidade nas interfaces do Easy encontram-se no Apndice F Anlisedas Interfaces do EASY.86 As datas de acesso ao ambiente so antigas, o provvel motivo que , aps o perodo de validao daferramenta, foi enviado um e-mailagradecendo a participao de todos e informando que a equipe do EASY norealizaria mais nenhuma interao no ambiente, porm, a comunidade continuaria em plena atividade.Disponvel em: http://www.easy.pro.br/index1.php. Acesso em: 27 jul. 2005. Para acessar como convidado,utilizar o login - convidado e a senha convidado.

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    5.4.2. Alterar senha

    O principal objetivo dessa funcionalidade possibilitar que o usurio realize a

    alterao da senha.A interface desenvolvida para atender a esse requisito composta por cinco

    elementos: duas caixas de texto para digitao da senha antiga e da senha nova, um boto

    Alterar, que tem como objetivo validar a alterao solicitada, um boto Cancelar, que

    cancela a tentativa de alterao da senha e,no final da pgina,um linkchamado Voltar,que

    retorna tela anterior.

    A Figura 15 exibe a tela responsvel pela execuo dessa operao. Para realizar a

    troca,basta digitar a senha antiga, a nova e clicar no boto Alterar.

    Figura 15. Interface que disponibiliza o acesso funcionalidade Alterar senha.

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    5.4.4. Perfil do participante

    A funcionalidade do perfil exibe as informaes bsicas sobre o indivduo,permitindo

    que seu contedo seja alterado.A interface desenvolvida para atender a esse requisito composta por onze elementos:

    oito caixas de texto para digitao do nome, sobrenome, e-mail, pas (apenas dois caracteres),

    cidade / Estado, endereo, telefone, informaes complementares, um boto Alterar, que

    tem como objetivo validar a alterao solicitada, um boto Cancelar,que cancela a tentativa

    de alterao do perfil e, no final da pgina, um link chamado Voltar, que retorna tela

    anterior.

    A Figura 17 exibe a tela responsvel pela execuo dessa operao. Para realizar aalterao do perfil,basta digitar as informaes necessrias nos campos citados anteriormente

    e clicar no boto Alterar.

    Figura 17. Interface que disponibiliza o acesso funcionalidade Perfil do participante.

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    Na Figura 18, ser apresentado, atravs da UML, diagrama de casos de uso que

    visualiza o comportamento do sistema para as interfaces apresentadas anteriormente,relativo

    ao mdulo Configuraes Bsicas. Essa figura composta por quatro crculos: Alterar

    curso, Alterar senha, Arquivos disponveis e Perfil do participante,que representam as

    interaes do EASY no mdulo acima mencionado.

    Figura 18. Diagrama de casos de uso do mdulo de configuraes bsicas.

    5.5.Mdulo de extrao do contedo

    Este mdulo permite que as informaes trafeguem, de forma unidirecional, do

    ambiente virtual de aprendizagem para o EASY. Esses dados representam o contedo

    capturado em ferramentas mapeadas do AVA. Dentre elas, destacamos: Dinmica do curso,

    Tarefas do curso, Eventos do curso e Frum de discusso.

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    5.5.1. Dinmica do curso

    Esta funcionalidade responsvel por capturar os dados existentes na ferramenta

    Dinmica do Curso. As informaes extradas explicam o funcionamento do curso em queo indivduo est cadastrado.

    A tela, desenvolvida para atender a esse requisito, composta por dois elementos: uma

    listagem, contendo a dinmica do curso e, no final da pgina, um linkchamado Voltar, que

    retorna tela anterior. A Figura 19 exibe o contedo extrado do ambiente virtual de

    aprendizagem.

    Figura 19. Interface que disponibiliza o acesso funcionalidade para extrair a

    Dinmica do curso.

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    5.5.2. Eventos do curso

    O objetivo dessa funcionalidade extrair as informaes existentes na ferramenta

    Eventos do Curso. O contedo extrado exibe os eventos que acontecero ao longo docurso.

    A tela desenvolvida para atender a esse requisito composta por dois elementos: uma

    listagem, contendo os eventos agendados para o curso e, no final da pgina, um linkchamado

    Voltar, que retorna tela anterior. Pode-se observar o resultado dessa consulta na Figura 20.

    Figura 20. Interface que disponibiliza o acesso funcionalidade para extrair osEventos do curso.

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    5.5.3. Tarefas do curso

    A funcionalidade Tarefas do Curso fornece as informaes sobre as tarefas que

    se