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A era do capitalismo criativoe sustentvel 1
objetiv
os
AULA
Meta da aula
Apresentar a evoluo do paradigma do capitalismo tradicional para o capitalismo
criativo e de base sustentvel.
Ao final desta aula, voc dever ser capaz de:
identificar como as empresas compatibilizam as prticas e estratgias socioambientaiscom as prticas e estratgias empresariais;
reconhecer quais empresas adotam prticasde capitalismo criativo e sustentvel;
definir o conceito de negcio ambientalmente responsvel e reconhecer as suas principais caractersticas.
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LA 1O capitalismo chegou a uma nova etapa. Seu modelo tradicional, de espoliao,
de propaganda enganosa, de maquiagem de produtos, de estmulo ao
consumo desenfreado, de gerador de desigualdades crescentes e de apologia
incomum s virtudes do mercado, esgotou-se. Atingiu seu limite. Seu fim j
est declarado.
Em seu livro A corporao, Joel Bakan (2008, p. 172) afirma que a crise do
capitalismo vem sendo diagnosticada pelos maiores e mais conhecidos gurus
do mundo empresarial.
Koyaanisqatsi: uma vida fora de equilbrio um documentrio sobre a vida capitalista moderna, seus problemas e suas conseqn-cias danosas para o planeta e para o homem. Uma viso realista do declnio do capitalismo industrial do sculo passado.Segundo o diretor do filme, Godfrey Reggio, Koyaanisqatsi como uma sntese da existncia do mundo, desde quando o homem era apenas um elementar ser vivo, quando no havia a preocupao ou a ganncia da conquista de territrios, distante da ambio
material e da mesquinhez que resultou no caos em que vivemos.
Fonte: http://recantodasletras.uol.com.br/resenhasdefilmes/86601Fonte da imagem:http://www.geocities.com/projetoperiferia6Koyaanisqatsi.htm
Michael Porter, o guru das estratgias empresariais, apresenta o novo
paradigma empresarial do mundo atual: a unio entre dois conceitos e
modelos responsabilidade socioambiental e negcio antes vistos como
fatores opostos.
Os investimentos sociais e ambientais eram vistos como prticas filantrpicas ou
custos necessrios e irrecuperveis que afetavam a lucratividade do negcio.
Porter assim analisou a relao da responsabilidade social e ambiental com a
vantagem competitiva: No se trata de uma coisa ou outra. Estamos no mundo
do e ou seja, crescimento e responsabilidade. A empresa pode e deve fazer
os dois, porque ela se torna melhor quando faz os dois."
O novo capitalismo tem uma forte vertente socioambiental, pois utiliza os inves-
timentos em aes sustentveis como estratgia de negcio e fator de vantagem
competitiva da empresa. As empresas que vinculam suas aes socioambientais
s suas estratgias empresariais reforam suas marcas, posicionam-se melhor em
INTRODUO
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LA 1seus mercados, diferenciam-se dos seus concorrentes, motivam seus empregados
e parceiros, ganham espao na mdia, conquistam e fidelizam clientes, conseguem
a simpatia do pblico, obtm a adeso e o apoio dos seus acionistas e estreitam
seus relacionamentos com o governo e a sociedade.
Ray Anderson presidente da InterfaceFloor, uma fbrica de tapetes sediada nos Estados Unidos. Como participante da Conferncia Internacional Empresas e Responsabilidade Social, realizada em maio de 2008, em So Paulo, o dirigente fez um depoimento esclarecedor: O capitalismo convencional est por esgotar os recursos naturais do planeta. urgente uma substituio de modelos mentais. Os negcios, mais do que gerar lucros, podem e devem resultar em valor para a sociedade e para o planeta."
Fonte: www.ideiasocioambiental.com.br
A era do capitalismo criativo tambm pode ser denominada era do capitalismo
responsvel e tambm sustentvel. Isso porque no deve prevalecer a idia do
negcio em si, a primazia do lucro em detrimento de outros fatores, como a
preservao do meio ambiente, o bom relacionamento com a comunidade, a
tica, a boa imagem, o respeito e a admirao dos clientes, a satisfao dos
acionistas, o atendimento das necessidades dos empregados, a aprovao de
toda a sociedade e a colaborao com o governo.
AS FORMAS ASSUMIDAS PELO CAPITALISMO CRIATIVO
O capitalismo criativo assume diferentes formatos, os quais enu-
meramos a seguir:
a criao de negcios voltados para o mercado das classes menos
favorecidas (so as empresas que lanam produtos voltados para a base
da pirmide);
o desenvolvimento de produtos e servios que visam melhoria
das condies de vida das populaes mais pobres;
os negcios sustentveis ou responsveis, direcionados para a
preservao ambiental e a promoo do desenvolvimento das comu-
nidades locais;
as empresas que fomentam as atividades de empreendedorismo
local, com nfase na concesso de microcrdito.
bom lembrar que esse novo capitalismo mudou completamente o
modo de gerenciar uma empresa e seu negcio. Sendo algo recente, algumas
perguntas ainda so feitas em busca de novos caminhos: o que vem no lugar
do capitalismo tradicional? Quais os seus novos princpios e prticas?
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LA 1A resposta veio com uma declarao do megaempresrio Bill
Gates, fundador da Microsoft e um dos maiores baluartes das mudanas
recentes no mundo dos negcios:
Temos de encontrar uma maneira de fazer com que os aspectos
do capitalismo que servem aos mais ricos tambm sirvam aos mais
pobres. (...) O gnio do capitalismo est em sua capacidade de
fazer o auto-interesse servir a interesses mais amplos (TEIXEIRA
JNIOR, 2008).
E quais as caractersticas desse novo capitalismo criativo? Mantm
alguns traos do capitalismo tradicional financeiro, industrial, mono-
polista, global, como, por exemplo, a busca incessante dos lucros ,
porm utiliza um outro vetor importante: a busca da eficcia no combate
pobreza e o uso do poder inovador empresarial para preservar o meio
ambiente, assim como a promoo de um desenvolvimento sustentvel
e a melhoria da qualidade de vida das populaes ameaadas pela
excluso social.
, portanto, um capitalismo diferente, mais humano, criativo,
responsvel por inovaes que promovam a incluso social, a cidadania
plena, a maior participao, o bem comum. Muito distante daquele
capitalismo humanitrio, que prega o assistencialismo incuo, a filan-
tropia demaggica, por meio do qual o rico empresrio e as empresas
prsperas transferem uma pequena parte dos seus lucros para aes sociais
minimamente compensatrias. So prticas empresariais que buscam
redimir os mais ricos empresrios dos seus truques e artimanhas, que
conduzem obsesso pelo lucro e defesa de seus prprios interesses.
Essa mudana do capitalismo humano e filantrpico para o
capitalismo criativo ocorreu com o prprio Bill Gates. Sua trajetria
comeou com a criao da sua fundao, com um aporte inicial de 70
bilhes de dlares aplicado em programas e projetos sociais.
Mais recentemente, Gates tornou-se o novo paladino das idias e
vantagens do capitalismo criativo. Suas palestras proferidas nos fruns
econmicos, megarreunies e encontros empresariais internacionais, focalizam
a necessidade dessa evoluo para um novo tipo de capitalismo.
A idia defendida por Gates promover um novo tipo de capi-
talismo com foco na base da pirmide onde esto os menos favore-
cidos , que ele denomina capitalismo criativo.
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Figura 1.1: Bill Gates, o pai do capitalismo criativo, fundador da Bill & Melinda Gates Foundation, empresa sem fins lucrativos que tem como objetivos centrais a melhoria das condies de vida e a luta contra a pobreza.
OS NEGCIOS NA BASE DA PIRMIDE
A base da pirmide constituda pelas classes mais pobres (clas-
ses C, D e E), as menos favorecidas. A proposta de C. K. Prahalad, pro-
fessor de estratgia empresarial, autor de diversos livros e vencedor
do Prmio McKinsey de melhor artigo publicado na Harvard Business
Review (revista de negcios da Universidade de Harvard EUA) por
dois anos consecutivos, :
Se pararmos de pensar nos pobres como vtimas ou como um fardo
e comearmos a reconhec-los como empreendedores incansveis
e criativos e consumidores conscientes de valor, um mundo
totalmente novo de oportunidades se abrir (VIEIRA, 2007).
Em seu livro A riqueza na base da pirmide, editora Bookman, 2005, Prahalad identifica e analisa o potencial dos mercados de baixa renda e aponta essa estratgia como a soluo para erradicar a pobreza no mundo. Prahalad analisa trs casos de empresas brasileiras bem-sucedidas na adoo dessa estratgia as Casas Bahia, o Habibs e a Gol.O livro A riqueza na base da pirmide mostra todo o potencial dos mercados de baixa renda, situados em pases pobres e de grande populao,
e as imensas oportunidades empreendedoras representadas por bilhes de pessoas. possvel criar, a partir de aes do setor privado, meios para reduzir os problemas crnicos da pobreza e da desigualdade social, sem necessariamente esquecer os objetivos corporativos da obteno de resultados e de sobrevivncia empresarial. Fonte: http://www.administradores.com.br/livros/a_riqueza_na_base_da_piramide/240/ Fonte da imagem:http://www.geocities.com/projetoperiferia6Koyaanisqatsi.htm
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LA 1As empresas que atuam na base da pirmide utilizam uma
abordagem criativa dos seus modelos de negcio. Um dos setores que
mais cresce com esse modelo de capitalismo criativo o de telefonia
celular. De acordo com o relatrio Market Size and Business Strategy at
the Base of the Pyramid (Tamanho do Mercado e Estratgia de Negcios
na Base da Pirmide), divulgado pelo Instituto Internacional de Finanas
Corporativas e Recursos Mundiais, mais de 2,5 bilhes de pessoas
utilizam hoje telefones celulares pr-pagos.
Muitas das experincias capitalistas ligadas base
da pirmide so recentes demais e no permitem tirar concluses sobre a
efetiva melhoria de vida das populaes beneficiadas (Exame CEO, abril 2008,
p. 98).!!Na Amrica Latina, o mercado Base of the Pyramid BOP (Base
da Pirmide) compreende 360 milhes de pessoas, representando 70%
da populao regional um mercado de 509 bilhes de dlares.
Economista americano de renome mundial que se dedicou ao
estudo de modelos econmicos, com nfase nas questes do desemprego
e do emprego, dos salrios e do crescimento, o professor Edmund Phelps,
vencedor do Prmio Nobel de Economia de 2006, esteve no Brasil como
participante do XX Frum Nacional do Instituto Nacional de Altos
Estudos, realizado em maio de 2008. Em sua palestra, props um novo
conceito de incluso como parte essencial do dinamismo econmico
de um pas e que se baseia no estmulo participao das pessoas nos
negcios. Segundo Phelps: a possibilidade de as pessoas poderem
participar dos negcios dessa economia(PHELPS; AMERICANO;
LORENZI, 2008, p. A8).
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Figura 1.2: Edmund Phelps na cerimnia do Prmio Nobel de Economia. Criou os fundamentos da moderna poltica monetria e provou que era errada uma tese que reinou por anos: a de que a inflao podia reduzir o desemprego.
Para o professor Phelps, no existe desenvolvimento sem incluso.
A entrada no mercado de membros das classes C, D e E (de menor
poder aquisitivo) um exemplo tpico de desenvolvimento com incluso.
As empresas que incentivam o consumo e geram emprego para essas
classes so socialmente responsveis porque promovem tal incluso e
adotam como paradigma o capitalismo criativo.
A indstria automobilstica est aderindo nova tendncia de lanar produtos baratos, visando expandir o consumo s classes que at ento no tinham capacidade financeira de consumo do produto.
A Renault-Nissan e a montadora indiana Baja anunciaram, em maio de 2008, uma parceria para desenvolver, produzir e vender um carro popular, o ULC, no valor de US$ 2.500, que dever concorrer com o Nano da montadora indiana Tata Motors. O ULC ser produzido na ndia e chegar ao mercado em 2011 (OLIVEIRA, 2008, p. 25).
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LA 1
Mineiro chega quieto
A empresa mineira Ricardo Eletro chegou ao Rio de Janeiro, com a aberturade 13 lojas na cidade e na regio do Grande Rio. Para o presidente da empresa, Ricardo Nunes, o segredo do sucesso do seu negcio pode ser assim resumido: vender com preos, em mdia, 15% mais baixos que os da concorrncia e a oferta de parcelamento em at 12 vezes. A previso de faturamento de R$ 400 milhes, no final de 2008. O total de investimentos foi de R$ 20 milhes. A empresa possui 240 lojas no pas e faturamento de R$ 2,2 bilhes (estimativa para 2008).A histria da Ricardo Eletro teve incio em 1989, quando foi aberta a primeira loja em Divinpolis (MG) (RIBEIRO, 2008, p. 14).
possvel afirmar que a Ricardo Eletro, ao cobrar preos mais baixos e parcelar as compras para os clientes, cumpre uma funo social relevante e compatibiliza as estratgias sociais e empresariais? Justifique sua resposta.
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Resposta ComentadaDentro da nova lgica do capitalismo criativo, a Ricardo Eletro, ao adotar esse modelo
de gesto com a venda focada na populao das classes C, D e E, cumpre uma funo
social relevante agindo de forma socialmente responsvel, pois permite o acesso dessa
populao a bens de consumo que vo permitir melhorias em suas vidas. E, atravs
de crdito, cria facilidades de compra. um exemplo tpico de estratgia focada na
base da pirmide e no crescimento do mercado Base of the Pyramid BOP (Base
da Pirmide) compatibilizando estratgias sociais e empresariais.
Atividade 11
Vejamos, a seguir, alguns exemplos que ilustram melhor a atuao
das empresas nos diferentes formatos que caracterizam o exerccio do
capitalismo criativo, social e economicamente responsvel e de base
sustentvel.
Seguindo os novos conselhos de Gates e atendendo s suas
proposies de mudanas ou, at mesmo, antecipando-se a elas, diversas
empresas tornaram-se exemplos de prtica do capitalismo criativo no
sculo XX.
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LA 1O CAPITALISMO CRIATIVO A SERVIO DAS COMUNIDADES
CARENTES
Uma das vertentes da prtica do capitalismo criativo a produo
e comercializao de produtos que contribuem para a melhoria da
qualidade de vida das populaes carentes. o caso da empresa dina-
marquesa Vestergaard Frandsen, especializada na produo e comer-
cializao de uniformes nos anos 1990.
A empresa comeou a vender cobertores para organizaes
humanitrias atuantes no continente africano. Em pouco tempo, j
produzia redes e plsticos com proteo contra insetos e que se mostraram
extremamente eficazes na preveno contra a malria.
Em 2005, em parceria com a Fundao Carter, do ex-presidente
americano Jimmy Carter, desenvolveu o LifeStraw, um canudo que
filtra partculas e parasitas comuns, permitindo que populaes pobres,
residentes em pases e regies sem as condies mnimas de saneamento,
pudessem beber gua limpa e tratada.
Figura 1.3: LifeStraw, produto que permitiu a populaes pobres, sem gua potvel, ter maior acesso a esse bem. Fonte: http://www.vestergaard-frandsen.com/lifestraw.htm
Os produtos Frandsen geram lucros e contribuem para a erradicao
de doenas e promovem melhorias considerveis na qualidade de vida de
comunidades pobres. No so vendidos diretamente para essa populao,
mas para organizaes e governos que assistem tais comunidades.
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LA 1Um outro exemplo de prtica do capitalismo criativo bem-
sucedido a produo e a distribuio de equipamentos que facilitam
a vida dessas populaes. o caso da empresa inglesa Freeplay Energy,
fundada por Rory Stear, especializada na produo de rdios, lanternas,
carregadores de celular e geradores movidos manivela ou energia
solar. Seu objetivo levar luz a lugares onde no existe rede eltrica.
A empresa distribui gratuitamente parte de seus produtos em convnios
com organizaes humanitrias.
Figura 1.4: Produtos da Freeplay Energy que propiciaram a reduo de consumo de energia em pases pobres.Fonte: http://www.freeplayenergy.com/
Mas voc deve estar pensando na verdadeira dimenso capitalista
dessas empresas ela existe? Essas empresas so lucrativas? Como elas
sobrevivem?
Por serem empresas capitalistas, elas buscam lucros. E os obtm.
O faturamento da Frandsen atingiu o patamar de 50 milhes de dlares
em 2005. A Freeplay faturou 26 milhes de dlares, em 2006, com a
venda de mais de 4,5 milhes de aparelhos em todo o mundo.
O CAPITALISMO CRIATIVO VOLTADO PARA O TRINMIO NEGCIO AMBIENTE COMUNIDADE
Uma outra vertente do capitalismo criativo a preservao am-
biental e o fomento do desenvolvimento da comunidade onde se localiza
a empresa. Existem negcios que, pela sua natureza, causam danos
inevitveis ao meio ambiente. o que caracteriza a indstria extrativa
minrios e petrleo so bons exemplos. As atividades de explorao
dos recursos locais promovem desmatamento, destroem os ecossistemas,
poluem o ambiente. H tambm aqueles negcios que tm incio e fim;
cessada a explorao, a empresa retira-se do local e vai em busca de
novas reas de explorao.
Rdio Flash Lanterna
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LA 1A pergunta simples: o que fazer para restaurar os danos cau-
sados ao ambiente? E como a empresa vai devolver comunidade
local os servios por ela prestados empresa? Como compens-la por
isso? Qual a contribuio da empresa para o desenvolvimento daquela
comunidade?
Para o professor Ricardo Abramovay, da Faculdade de Economia
e Administrao (FEA) da Universidade de So Paulo, o ambientalismo
empresarial representa a tendncia das corporaes com preocupao
com as questes ambientais. "Os temas de natureza ambiental deixam
de ser abordados pelas firmas como um limite, como algo exterior aos
seus interesses..."(ABRAMOVAY, 2007, p. 21).
O autor identifica quatro momentos na histria do ambientalismo
empresarial: nos anos 1960, o tema aparece com os agrotxicos e a
poluio do ar; nos anos 1970, surgem os conflitos entre as empresas e as
agncias de proteo ambiental; a partir dos anos 1980, a preservao do
meio ambiente torna-se tema de responsabilidade social; nos anos 1990,
a preservao ambiental torna-se uma das estratgias empresariais.
Mas o ambientalismo ainda est na vanguarda dos movimentos
sociais e das ONGs mais atuantes.
Figura 1.5: ONGs e movimentos ambientalistas mais atuantes.
No incio do sculo XXI, comeam a surgir os modelos produtivos
ambientalmente responsveis. Alm do foco na preservao ambiental, as
empresas priorizam o desenvolvimento econmico e o desenvolvimento
social. o que denominamos trip da sustentabilidade empresarial.
Fonte: http://www.anbio.org.br/ Fonte: http://www.wwf.org/
Fonte: http://www.sosmatatlantica.org.br/ Fonte: www.greenpeace.org/international
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LA 1
Um negcio ambientalmente responsvel
A minerao uma atividade por si predatria, pois provoca desmatamento. Como transformar um negcio ambientalmente destrutivo, embora altamente lucrativo para seus gestores, num negcio sustentvel?Tomemos por exemplo a empresa SAMARCO, uma das maiores mineradoras do pas.A empresa tem um projeto de recuperao da cava, que a mina exaurida que resta aps o trmino da atividade extrativa do minrio. A recuperao se faz atravs do reflorestamento. No lugar da mina exaurida, surge uma rea verde.O presidente da empresa, Jos Tadeu de Moraes, assim resume a adoo desse princpio bsico: No tem jeito, preciso desmatar. Mas precisamos recuperar esta rea desmatada. Mas no apenas o reflorestamento, outras providncias so tomadas pela empresa, quando se extingue a atividade mineradora.
Ns restauramos o lugar e tambm propiciamos algumas atividades econmicas que do emprego s pessoas. o que ele denomina minerao responsvel: Ela precisa comear no fim, ou seja, pensando nesse aporte financeiro para permitir o fechamento da mina sem prejuzo para a comunidade"
(GONZALEZ, 2008, p. 4-5).
Com base no exemplo da empresa SAMARCO, defina o conceito de negcio ambien-talmente responsvel?
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Resposta Comentada
Um negcio ambientalmente responsvel fruto de um processo de gesto
ambiental, social e economicamente sustentvel. Tal processo tpico das empresas
que atuam no trinmio negcio sociedade ambiente. Suas aes no priorizam
apenas o crescimento do negcio, mas tambm a preservao ou restaurao do
ambiente e o desenvolvimento da comunidade.
Sua resposta termina aqui; alguns especialistas utilizam os conceitos de empresas-
cidads para definir tais empresas e de negcios sustentveis, para explicar a
natureza da gesto do negcio colocada em prtica por tais empresas.
Atividade 23
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LA 1O CAPITALISMO CRIATIVO VOLTADO PARA O FOMENTO
DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Existe uma outra forma de praticar o capitalismo criativo, o
que faz a Fundao Google.org, que j aplicou 75 milhes de dlares
em projetos de empreendedorismo social. A fundao identifica talentos
nas comunidades que tm idias criativas de empreendimentos locais e,
aprovados seus planos de negcios, estes recebem financiamentos para
desenvolverem seus prprios negcios.
Figura 1.6: O Google o site de busca com o maior nmero de acesso em todo mundo.Fonte: http://www.google.com.br/webhp?hl=pt-BR
Empreendedores sociais so pessoas comuns, conhecedoras da
realidade socioeconmica onde vivem, que tm idias criativas de negcios
sustentveis e buscam fontes de financiamento para seus projetos.
John Elkington, que valoriza as iniciativas empreendedoras de
base social, faz uma crtica ao capitalismo que degrada o meio ambiente
e institui hbitos de consumo suprfluos. Ele chama tal fenmeno de
canibalismo corporativo, que representa tais prticas utilizadas pelas
grandes corporaes, as quais chama de predadores mundiais e aponta
um novo caminho para essas empresas: a sustentabilidade. O autor assim
resume o seu pensamento central:
Muitos executivos podem afirmar que o negcio deles no salvar
o mundo, mas cada vez mais temos visto empresas preocupadas
com o meio ambiente, com a questo social e com o mundo que
deixaremos para as prximas geraes, o que chamamos de
sustentabilidade (ELKINGTON, 2007).
Ao referir-se aos empreendedores sociais, John Elkington, autor do livro O poder das pessoas irrazoveis (The power of unreasonable people), assim os definiu: So pessoas que esto atacando os desafios sociais de maneiras profundamente diferentes das tradicionais organizaes sem fins lucrativos." Fonte: http://www.amazon.com/Power-Unreasonable-
People-Entrepreneurs-Markets/dp/1422104060
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LA 1Um exemplo de empreendedor social bem-sucedido em nosso pas
o professor de informtica Rodrigo Baggio, idealizador do processo
de criao do Comit para Democratizao da Informtica, criado em
abril de 1995. O Comit, a princpio, estava estruturado em grupos de
articulao, de manuteno e de educao, com o objetivo de montar
e sustentar escolas de informtica comunitrias, em comunidades de
baixa renda e em grupos que trabalham com portadores de necessidades
especiais. De um pequeno conjunto de voluntrios, transformou-se na
primeira ONG de informtica do pas.
Um outro belo exemplo de capitalismo criativo voltado para o
fomento do empreendedorismo social a Ashoka Empreendimentos
Sociais. A Ashoka, criada h 25 anos pelo norte-americano Bill Drayton,
uma organizao mundial, mas seu primeiro foco de atuao foi na
ndia. Presente em 60 pases, e no Brasil desde 1986, ela pioneira na
criao do conceito e na caracterizao do empreendedorismo social
como campo de trabalho. Aps identificar e selecionar o empreendedor
social, a Ashoka oferece uma bolsa mensal por trs anos, para que ele
possa se dedicar exclusivamente ao seu projeto, e contribui para a sua
profissionalizao provendo servios como seminrios e programas de
capacitao (Fonte: http://www.ashoka.org.br).
O MICROCRDITO: UMA EXPERINCIA BEM-SUCEDIDA DE CAPITALISMO CRIATIVO
importante lembrar uma experincia de capitalismo criativo que
deu certo e ganha aceitao em muitos pases, o microcrdito, uma das
expresses mais inovadoras do capitalismo criativo.
A Organizao das Naes Unidas (ONU) decretou 2005 como
o Ano Internacional do Microcrdito.
O microcrdito uma modalidade de financiamento que busca
permitir o acesso dos pequenos empreendedores ao crdito. o termo
usado hoje para designar uma variedade de emprstimos cujas carac-
tersticas comuns so: serem de pequeno valor (usualmente entre US$ 50
e US$ 5.000, dependendo do pas) e serem direcionados a um pblico
restrito, definido por sua baixa renda ou pelo seu ramo de negcios e que
usualmente no tm acesso s formas convencionais de crdito.
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Figura 1.7: Muhammad Yunus: o banqueiro dos pobres. Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Muhammad_Yunus_2.jpg
Como exemplo de microcrdito ns temos o Grameen Bank,
fundado por Muhammad Yunus. Atravs deste banco, Yunus desenvolveu
o sistema de microcrdito que beneficiou mais de 6,5 milhes de pessoas
em Bangladesh, com emprstimos na mdia de 130 dlares cada um.
Grande parte dos emprstimos concedida a mulheres empre-
endedoras, residentes na zona rural do pas. Segundo Yunus:
Os pobres so excludos de tudo, esto cercados de barreiras e
obstculos. A pobreza no uma exposio de dados estatsticos
destinados a nos abater. A pobreza no um campo de concentrao
onde as pessoas so confinadas e esquecidas at a morte. A pobreza
como ser cercado por altas muralhas. A pobreza um modo
de vida para um enorme segmento da populao que aprendeu a
aceit-la e a conviver com ela. A pobreza uma doena que tem
um efeito paralisante no corpo e na mente.
E, assim, define o papel do seu banco:
O Grameen no e no ser jamais um pacote despachado para
essa priso a fim de alegrar por um dia ou dois a existncia dos
detentos. O Grameen e seus similares no mundo inteiro ajuda a
mobilizar a vontade e a energia para fornecer o esforo necessrio
derrubada dos muros que o cercam (YUNUS, 2006, p. 110).
O Grameen mudou a idia dos bancos completamente e virou o
setor bancrio pelo avesso ao emprestar dinheiro para os mais pobres,
sem quaisquer garantias. Os negcios do Grameen partem da idia de que
o crdito um direito fundamental, porque, segundo Yunus, permite
que uma pessoa mude sua prpria vida.
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LA 1No se trata de um banco de caridade, do tipo Banco da Providncia.
um banco que utiliza o enfoque empresarial ao fomentar o empreende-
dorismo social. Os beneficirios que recebem os crditos do banco desen-
volvem seus negcios e tornam-se donos do seu prprio destino.
O Grameen brasileiro: o caso do Banco Palmas
O Banco Palmas foi criado pelos moradores de uma favela em Recife (PE), com um capital inicial de R$ 2 mil. Com os recursos do banco foram criadas seis pequenas empresas comunitrias, 100 mulheres em situao de risco foram capacitadas e mais de 450 jovens encaminhados ao mercado de trabalho.
Fonte: http://www.bancopalmas.org/site.php
O MICROCRDITO NO BRASIL: ALGUMAS EXPERINCIAS MARCANTES
O Banco do Nordeste (BNB) um dos pioneiros na concesso
de microcrdito. O programa, denominado Crediamigo, que j est em
funcionamento nas regies pobres de Minas Gerais, Esprito Santo e
Distrito Federal, chegou finalmente ao Rio de Janeiro. Moradores da
Rocinha, Complexo da Mar, Rio das Pedras e Santa Cruz sero os
pioneiros a se beneficiarem.
O Crediamigo oferece financiamentos de at R$ 10 mil para ati-
vidades produtivas. O nmero de operaes j atinge o volume de quatro
mil por dia, totalizando um movimento de cerca de R$ 1 bilho, em
2008, segundo as previses dos gestores do programa.
Dentre os bancos, o ABN AMRO Real um dos que mais atua no
campo da concesso de microcrdito. Em 2007, com uma equipe de mais
de 250 agentes de crdito, atuando em mais de 200 municpios, atendeu 55
mil clientes, totalizando uma carteira de 62 milhes de reais em crdito.
O Banco Real lanou, em 2002, o Programa Real Microcrdito.
Hoje, o programa conta com 70 mil clientes e a previso chegar aos
100 mil at o final de 2008, com um volume de R$ 100 milhes em
emprstimos concedidos.
Para solucionar problemas de inadimplncia, o banco mudou sua
estratgia, que assim descrita pelo diretor do Real Microcrdito, Jos
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LA 1Giovani Anversa: A gente achava que dominava o negcio, e demos
muito crdito individual. Agora, s fazemos negcios com grupos
solidrios. Os grupos solidrios so constitudos por trs ou quatro
pessoas, geralmente membros da mesma famlia ou amigos prximos.
O emprstimo concedido em nome do grupo solidrio. No caso de
um dos membros do grupo no honrar seus compromissos, os outros
cobrem. Essa foi a frmula encontrada pelo banco para solucionar os
problemas de inadimplncia na concesso de microcrdito.
No Brasil, outros bancos atuam nesse segmento: o BNDES, o Banco
do Nordeste, o Banco do Brasil e a Caixa Econmica Federal. H quem
pense que os projetos sociais desenvolvidos pelos bancos, atravs de seus
braos sociais (Fundao Bradesco, Ita Cultural e outros), so o que existe
de melhor em exerccio da Responsabilidade Social Corporativa (RSC).
Para os mais crticos, so apenas aes de investimento social privado,
muitas de carter filantrpico, utilizadas como alavancagem da estratgia
de marketing social bancrio. No obstante a importncia de tais aes, o
que de fato configura o lado social dos bancos a sua atuao como agentes
de fomento do empreendedorismo e de alavancagem do desenvolvimento
das micro, pequenas e mdias empresas (lembre-se de que esse segmento
o responsvel pelo grande nmero de empregos gerados no pas).
O Santander lanou o carto Business, isento de tarifas, utilizado
por 150 mil firmas, com a previso de atingir 300 mil at 2010. O BNDES
atingiu a marca de 132 mil cartes emitidos desde setembro de 2002,
destinados a micro e pequenas empresas. O Banco do Brasil inovou
ao lanar uma linha de emprstimos voltada para Arranjos Produtivos
Locais (APLs), tambm conhecidos como plos de produo.
Atuando em parceria com o BNDES, o Banco do Brasil, o Bradesco
e a Caixa Econmica Federal concedem emprstimos atravs do carto.
Se voc deseja ser um micro ou pequeno empresrio, no deixe de consultar o site www.cartaobndes.gov.br e conhea melhor a oferta de emprstimos e programas de financiamento linhas de crdito.
As recentes transformaes ocorridas em toda a sociedade levaram as
empresas a repensar seus modelos e prticas de gesto. A atuao de movimentos
sociais, o desenvolvimento das ONGs, a maior vigilncia do governo, o exerccio
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LA 1da cidadania, a maior conscincia ecolgica dos clientes, fornecedores e
parceiros do negcio, a atuao da mdia e o surgimento das novas tecno-
logias so os principais fatores responsveis por essa mudana.
Tais fatos nos levam a uma nica certeza: o capitalismo de hoje no
similar ao capitalismo selvagem de outrora. Sua face mais humana, o
que no significa filantrpica. Seus propsitos vo alm da maximizao
dos lucros e encantamento dos clientes.
A empresa social, econmica e ambientalmente responsvel adota o
modelo de negcios sustentveis, que visa assegurar o crescimento do seu
negcio e contribuir para o desenvolvimento da comunidade onde atua.
Em uma de suas colunas semanais publicadas no Jornal do Brasil, o jornalista
Mauro Santayana fez uma anlise da atuao social das grandes empresas e, mais
especificamente, dos bancos:
Grandes empresas industriais, mercantis e bancrias se servem de isenes fiscais, a fim de custear entidades algumas criadas por elas mesmas que se identificam como altrustas. Com isso, tentam construir a imagem de instituies preocupadas com o bem-estar social. Os bancos, por exemplo, serviriam melhor sociedade se cobrassem tarifas honestas e juros menos cruis de seus clientes e pagassem todos os seus impostos ao Estado e melhores salrios para seus empregados. O que os bancos destinam a tais entidades nfima parcela de seus lucros imensos (JORNAL DO BRASIL, 2007, p. A2).
Em quais aspectos tais prticas diferem daquelas que so implementadas pelas empresas
socialmente responsveis adeptas do novo capitalismo criativo?
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2Atividade Final
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LA 1
Resposta ComentadaTais prticas constituem o que denominamos capitalismo filantrpico. As empresas adeptas
dessa modalidade utilizam o social como meio de obter vantagens do governo (isenes
fiscais, dedues de impostos), de auferir ganhos de imagem (o posicionamento e o
reconhecimento como empresas-cidads) e seus investimentos so irrisrios se comparados
com seus faturamentos. Para elas, o social um disfarce, uma fonte de vantagens
competitivas, um atributo e valor a serem agregados a seus produtos e marcas.
Ao contrrio, as empresas que praticam o capitalismo social criativo e inovador so aquelas que
promovem o desenvolvimento sustentvel, lanam produtos que contribuem para a melhoria
das condies de vida das populaes mais carentes, atuam tambm na base da pirmide
e cooperam com outras entidades e o governo na busca de solues para os problemas
sociais, ambientais, econmicos, culturais, territoriais, poltico-institucionais, locais, regionais
e globais. Isso tudo sem perder de vista a aferio de resultados lucrativos.
As mazelas do capitalismo industrial (desigualdades sociais crescentes, poluio
e degradao do meio ambiente, consumo suprfluo, corrupo, violncia
urbana e conflitos diversos) trouxeram novos desafios para as empresas e
governos, tais como reduzir esses problemas e como desenvolver novas aes
voltadas para a construo de um mundo e de uma vida melhor.
A resposta veio com o novo modelo do capitalismo criativo, com o foco na
responsabilidade socioambiental empresarial. Atuando como agentes de um
novo modelo de desenvolvimento mais humano, mais social e ambientalmente
responsvel e focado na busca de solues inovadoras que beneficiam as
camadas mais pobres das populaes, algumas empresas inauguraram essa
nova fase do capitalismo cujas expresses mais conhecidas so o fomento
do empreendedorismo social, a ampliao das ofertas de microcrdito, o
crescimento do varejo popular e os investimentos socioambientais.
R E S U M O
INFORMAO SOBRE A PRXIMA AULA
Na prxima aula, vamos estudar o relacionamento das empresas com seus
diversos pblicos-alvo.