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C AD . S AÚDE C OLET ., R IO DE J ANEIRO , 15 (2): 169 - 182, 2007 – 169 FATORES QUE INTERFEREM NA UTILIZAÇÃO DE ALIMENTOS REGIONAIS NA CIDADE DE MARANGUAPE, CEARÁ Factors that interfere in the use of regional foods at Maranguape city, Ceará, Brazil Mariana Cavalcante Martins 1 , Mirna Albuquerque Frota 2 RESUMO Os alimentos regionais possuem alto valor nutritivo e sua utilização pode contribuir para a prevenção da desnutrição infantil. O objetivo do presente trabalho foi identificar os fatores que interferem na utilização dos alimentos regionais e nos hábitos alimentares de crianças de baixo peso e/ou desnutridas. Estudo do tipo pesquisa-ação, desenvolvido em uma Unidade Básica de Saúde da Família, no município de Maranguape, Ceará – Brasil. A coleta de dados ocorreu durante oficinas educativas nas quais 15 mães participaram, tendo sido utilizada observação participante e entrevistas semi- estruturadas. Identificaram-se as seguintes categorias relacionadas à utilização de alimentos regionais: come o que tem, gosta de comer bagulho, alimentação de baixo custo e fácil acesso. Os resultados mostram que a situação econômica desfavorável da mãe compromete a alimentação dos filhos. A realização das oficinas educativas possibilitou práticas alternativas com a utilização de alimentos de baixo custo, alto valor nutritivo e fácil acesso para as famílias em situação de desigualdade social. Conclui-se que há necessidade dos profissionais de saúde de promover práticas alimentares saudáveis, enfatizando a importância dos alimentos regionais, com a finalidade de reduzir a desnutrição e, conseqüentemente, a mortalidade infantil. PALAVRAS-CHAVE Desnutrição infantil, segurança alimentar e nutricional, economia dos alimentos, educação alimentar e nutricional, educação em saúde ABSTRACT Regional foods have high nutritional value and its use tends to contribute to the prevention of childhood malnutrition. The objective of this study was to identify factors that affect the use of regional foods and the food habits of undernourished and/or low weight children. This is an “action research” type of study developed in a Primary Care Health Unit in the City of Maranguape - Ceará, involving 15 mothers. We used a semi-structured questionnaire and participant observation. Results showed the following categories related to the use of regional foods: eats what they have, likes to eat junk food, low cost food and easy access. We identified that unfavorable economic situation is related to inadequate feeding practices. The educational workshops made possible the use of alternatives practices with the display of low cost foods with high nutritional 1 Mestre em Saúde Coletiva. Endereço: Rua Desembargador Praxedes, 515 Bl. A Apto. 104, Montese. CEP: 60416-530 - Fortaleza - CE – E-mail: [email protected] 2 Doutora em Enfermagem. Professora do Curso de Enfermagem da Universidade de Fortaleza.

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Page 1: F QUE INTERFEREM NA UTILIZAÇÃO DE ALIMENTOS REGIONAIS … · As receitas, baseadas no livro Alimentos Regionais Brasileiros (Brasil, 2002) e no Manual de Nutrição, desenvolvido

CA D. S A Ú D E C O L E T . , R I O D E JA N E I R O , 15 (2 ) : 169 - 182, 2007 – 169

FATORES QUE INTERFEREM NA UTILIZAÇÃO DE ALIMENTOS REGIONAIS NA CIDADE DE

MARANGUAPE, CEARÁ

Factors that interfere in the use of regional foods at Maranguape city,Ceará, Brazi l

Mariana Cavalcante Martins1, Mirna Albuquerque Frota2

RESUMO

Os alimentos regionais possuem alto valor nutritivo e sua utilização pode contribuirpara a prevenção da desnutrição infantil. O objetivo do presente trabalho foi identificaros fatores que interferem na utilização dos alimentos regionais e nos hábitos alimentaresde crianças de baixo peso e/ou desnutridas. Estudo do tipo pesquisa-ação, desenvolvidoem uma Unidade Básica de Saúde da Família, no município de Maranguape, Ceará– Brasil. A coleta de dados ocorreu durante oficinas educativas nas quais 15 mãesparticiparam, tendo sido utilizada observação participante e entrevistas semi-estruturadas. Identificaram-se as seguintes categorias relacionadas à utilização dealimentos regionais: come o que tem, gosta de comer bagulho, alimentação de baixo custo e fácil

acesso. Os resultados mostram que a situação econômica desfavorável da mãecompromete a alimentação dos filhos. A realização das oficinas educativas possibilitoupráticas alternativas com a utilização de alimentos de baixo custo, alto valor nutritivoe fácil acesso para as famílias em situação de desigualdade social. Conclui-se que hánecessidade dos profissionais de saúde de promover práticas alimentares saudáveis,enfatizando a importância dos alimentos regionais, com a finalidade de reduzir adesnutrição e, conseqüentemente, a mortalidade infantil.

PALAVRAS-CHAVE

Desnutrição infantil, segurança alimentar e nutricional, economia dos alimentos,educação alimentar e nutricional, educação em saúde

ABSTRACT

Regional foods have high nutritional value and its use tends to contribute to theprevention of childhood malnutrition. The objective of this study was to identify factorsthat affect the use of regional foods and the food habits of undernourished and/or lowweight children. This is an “action research” type of study developed in a PrimaryCare Health Unit in the City of Maranguape - Ceará, involving 15 mothers. We useda semi-structured questionnaire and participant observation. Results showed the followingcategories related to the use of regional foods: eats what they have, likes to eat junkfood, low cost food and easy access. We identified that unfavorable economic situationis related to inadequate feeding practices. The educational workshops made possiblethe use of alternatives practices with the display of low cost foods with high nutritional

1 Mestre em Saúde Coletiva. Endereço: Rua Desembargador Praxedes, 515 Bl. A Apto. 104, Montese.CEP: 60416-530 - Fortaleza - CE – E-mail: [email protected]

2 Doutora em Enfermagem. Professora do Curso de Enfermagem da Universidade de Fortaleza.

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value and easy access for the families who live in a social unequal context. Weconclude that health professionals need to engage in promoting healthier food practices,emphasizing the importance of regional foods, with the objective to reduce malnutritionand, consequently childhood mortality.

KEY WORDS

Child malnutrition, food security, food economics, food and nutrition education,health education

1. INTRODUÇÃO

A desnutrição infantil é um problema grave de saúde pública, sendo consideradauma doença de origem multicausal, tendo como principal determinante as máscondições de vida (Lopes & Vieira, 2005; UNICEF, 2003).

De acordo com o documento base da III Conferência Nacional de SegurançaAlimentar e Nutricional (Brasil, 2007), a desnutrição infantil tem diminuído nosúltimos anos, mas a fome e a desnutrição ainda subsistem e ocorrem essencial-mente devido à desigualdade de acesso aos alimentos, apesar da produçãosuficiente para atender à população.

É válido ressaltar que a pobreza aponta sinais de que as necessidades básicaspara a sobrevivência não estão sendo atingidas. A renda insuficiente para cobrircondições mínimas de subsistência de uma família não deve ser considerada comoo único indicativo da pobreza, mas também a saúde frágil, a baixa escolaridade, adiscriminação e a marginalização (Ministério da Saúde, 2003; Betto, 2003).

Portanto, a contagem do contingente de pobres no Brasil, mesmo que apoiadaem indicadores sociais ou econômicos deve ser vista apenas como referência doesforço que toda sociedade brasileira deverá fazer, ao lado das instituições cons-tituídas e do Estado, para dar dignidade, respeito e condições de trabalho e vidaaos que não têm acesso aos padrões sociais mínimos de cidadania (PMN, 2002).

Neste contexto, estudos verificam que as comunidades da zona rural têmcerca de um ou dois alimentos básicos principais, isto é, alimentos de baixo custoe de fácil acesso em uma determinada região, e que podem se configurar numaexcelente base para o preparo das primeiras refeições por ocasião do desmamedos bebês, pois fornece a maioria dos carboidratos e, freqüentemente, traz outrosnutrientes necessários ao crescimento (Carvalho, 1994).

Precisa-se compreender, entretanto, como ocorrem os hábitos alimentaresinfantis no âmbito familiar, embasado nos fatores que podem comprometer essaalimentação, mesmo diante do fato que as crianças precisam de quantidades dealimentos menores do que os adultos. As normas e recomendações para aalimentação na infância, entretanto, não devem se restringir às necessidadesnutricionais, sendo o alimento, nos primeiros anos de vida, também uma das

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principais formas de contato com o mundo externo, devendo ser feitas orientaçõesvisando o bem-estar da criança (Spyrides et al., 2005; Lopez & Brasil, 2004).

As práticas alimentares estão além do ato de comer, não podendo serabordadas sob uma perspectiva unidirecional, devendo considerar que o ato denutrir ultrapassa a simples ação de ingerir. Logo, as práticas educativas devemcontemplar a elaboração compartilhada de saberes que fundamentam as visõesde mundo das pessoas e dos sujeitos sociais. Assim, estratégias para educação emsaúde necessitam estar fundamentadas em práticas baseadas no diálogo e na escutaativa, visando o desenvolvimento da consciência crítica, promovendo troca deconhecimentos, entre profissionais e os usuários do serviço de saúde (Rotenberg& Vargas, 2004; Silva et al., 2004).

Segundo a Carta de Ottawa, 1986, a Promoção da Saúde se refere às açõesdestinadas a melhorar e aprimorar a saúde das pessoas não doentes e, nestesentido, tem como enfoque uma visão holística do processo saúde-doença,mediante a capacitação da comunidade, atuando na melhoria da qualidade devida e saúde. Logo, a Educação em Saúde precisa ser repensada sob a perspectivada participação social, compreendendo as práticas educativas como estratégiaspara a constituição de sujeitos ativos (Czeresnia & Freitas, 2003).

Sabe-se, porém, que a não utilização dos alimentos regionais em decorrênciade tabus e/ou mau uso destes é um elemento central na alimentação de crianças,pois estes poderiam ser priorizados na prevenção de carências nutricionais,contribuindo para a redução nos índices de desnutrição infantil.

A estratégia global preconiza a análise de políticas agrícolas quanto a seusefeitos na saúde, promovendo a disponibilidade e acessibilidade a alimentos saudáveis,assim como capacitando profissionais da saúde, especialmente da atenção básica,para a promoção de práticas alimentares saudáveis (Ministério da Saúde, 2004).

Assim, torna-se importante o desenvolvimento de ações educativas com aparticipação efetiva da comunidade, enfatizando a utilização dos alimentosregionais como alternativa de uma alimentação mais saudável e nutritiva.

Considerando esses aspectos, este estudo objetiva identificar os fatores queinterferem na utilização dos alimentos regionais e nos hábitos alimentares decrianças de baixo peso e/ou desnutridas.

2. METODOLOGIA

Trata-se de uma abordagem qualitativa relacionada à investigação realistadas expressões humanas, sendo holística e naturalista (Polit & Hungler, 1995).É um estudo do tipo pesquisa-ação, o qual exige o envolvimento ativo dopesquisador e a ação por parte da clientela. Caracteriza-se como uma pesquisasocial com base empírica, com princípio de processo educativo, no qual pesquisa

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e ação podem e devem caminhar juntas na transformação da prática, pararesolução de um problema coletivo (Polit & Hungler, 1995; Thiollent, 2003;Barbier, 2002; Franco, 2005).

A investigação foi desenvolvida na comunidade assistida por uma UBASF(Unidade Básica de Saúde da Família), situada no Distrito de Tabatinga – zonarural, Município de Maranguape, aproximadamente a 30 quilômetros da capital,Fortaleza – Ceará, Brasil, abrangendo em torno de 900 famílias, que possuemprecárias condições de vida, difícil acesso à alimentação e altos níveis de desemprego.

A seleção envolveu 15 mães de crianças que têm ou que tiveram filhos emsituação de risco nutricional (baixo peso e/ou desnutridas), as quais estavamno percentil menor do que 10 considerando o indicador peso/idade, segundoo padrão de referência do National Center for Health Statistic (NCHS), recomendadopelo Centro de Referência de Alimentação e Nutrição, vinculado ao Ministérioda Saúde (Engstrom, 1998).

A coleta dos dados ocorreu no período de fevereiro a maio de 2005, em trêsetapas. Inicialmente, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, que foramgravadas, contendo dados de identificação e dos hábitos alimentares do dia-a-dia.Posteriormente, foi realizada explanação dos valores nutricionais de cada alimentoque seria utilizado, comparando-os com a alimentação relatada pelas informantese, em seguida, foram realizadas as oficinas educativas, nas quais as mães eramparticipantes ativas no desenvolvimento de receitas.

As receitas, baseadas no livro Alimentos Regionais Brasileiros (Brasil, 2002) eno Manual de Nutrição, desenvolvido pelo Instituto de Prevenção da Desnutriçãoe da Excepcionalidade (IPREDE) (Fernandes, 1992), foram as seguintes: suco dafolha da sirigüela, arroz enriquecido com casca do jerimum, baião-de-dois fortificadocom casca de banana, “carne” de soja, “carne” de caju, batata doce frita, purê dejerimum, mingau com flocos de milho, dentre outros, havendo degustação edistribuição das receitas ao término de cada oficina. Na terceira e última fase,foram realizadas entrevistas (questões norteadoras), abordando a contribuiçãodas oficinas para alimentação da criança.

A análise dos dados iniciou-se pela descrição e documentação das falas dosinformantes, seguida da identificação e categorização, posteriormente a saturaçãode idéias e, por último, a síntese do pensamento, interpretação dos achados eformulação criativa dos achados (Minayo, 2001).

De acordo com a ética exigida em pesquisas com seres humanos, as mãesparticipantes foram informadas sobre o consentimento e assinaram um termo, deacordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional da Saúde, com a finalidadede preservar o anonimato. Receberam um símbolo diferenciado para resguardaro sigilo de seus nomes. Foi-lhes esclarecido que poderiam ou não participar da

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pesquisa, sem sofrerem qualquer prejuízo. Para descrição das falas, as mães foramdesignadas pelas letras do alfabeto português (até o nº 16). O estudo foi aprovadopelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Fortaleza (UNIFOR),conforme Parecer de nº: 512/2004, de 20 de dezembro de 2004.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA AMOSTRA

A faixa etária das mães variou entre 23 e 53 anos. Eram mulheres participantesde famílias nucleares e que residiam com o companheiro e familiares. Três dessasfamílias tinham um quantitativo elevado (variando entre dez a dezoito) de pessoasno domicílio, e um número máximo de seis filhos. Enfocando o grau de instrução,somente uma tinha o ensino fundamental completo, oito com ensino médio,quatro escrevem somente o nome e duas são analfabetas. Quanto à ocupação,apenas uma realizava trabalho externo, havendo, portanto, predominância dostrabalhos domésticos, sendo evidenciado o cuidado com os filhos. A maioria dasmães possuía renda familiar de um salário mínimo, chegando até dois, e duas nãopossuíam renda fixa, pois viviam como trabalhadoras autônomas.

Os filhos das informantes (n=16), tinham idade variando de 1 a 5 anos e combaixo peso, todos se enquadrando abaixo do percentil 10. Em relação à gestaçãoda mãe, não foi relatada nenhuma intercorrência; duas não realizaram pré-natale metade apresentou baixo peso. Foi questionada a prática da amamentação,percebendo-se a interrupção precoce, antes do filho completar quatro meses,evidenciando, como justificativa, a necessidade de ausentar-se em busca de trabalho.

3.2. CATEGORIAS RELACIONADAS À UTILIZAÇÃO DE ALIMENTOS REGIONAIS

3.2.1. COME O QUE TEM

As mães viviam em condições subumanas de vida, com baixo nívelsocioeconômico, relacionando a alimentação do filho com a falta de renda. Nestesentido, o hábito alimentar do filho está interligado com o alimento disponívelno domicílio, assim como está relacionado com a incerteza do que pode vir asurgir como alimento em seu cotidiano, já que as condições não proporcionampossibilidades quanto à oferta de uma alimentação saudável, muitas vezes com-prometendo o estado nutricional da criança.

“Meus filhos comem arroz, feijão, mas eles sabem que eu não tenho condição de

comprar nada, frutas essas coisas, só quando o povo me dá, no almoço quando tem ovo

eu dou e assim vai”. (A).

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As associações entre fatores socioeconômicas e ambientais com estadonutricional de crianças menores de cinco anos são relatadas desde a década de1970. A pobreza é expressa em situações insalubres de moradia, decorrentes daselevadas taxas de desemprego rural, em virtude da mecanização das atividadesagrícolas, inadequação ou ausência de acesso às ações básicas de saúde edesconhecimento das práticas de promoção e proteção à saúde, condicionadas ataxas elevadas de morbidade nas populações de baixa renda, determinando adesnutrição (Carvalho, 1994; Neder & Silva, 2004).

Outro aspecto apontado foi quanto à alimentação de maior consumo noâmbito familiar, salientando-se o pão com café e o mingau de “arrozina”, referindoseu uso em função do baixo custo e praticidade no preparo.

“Eles comem de tudo quando tem mais come mesmo é pão com café que é mais barato, o

mingau de arrozina. No almoço é o que aparece não tem muito que escolher”. (C).

“Eles comem café com pão, bananada todo dia, pois tem muita e eu não posso dar outra

coisa; tem que comer o que tem”. (E).

A alimentação complementar da criança muitas vezes é inadequada, conside-rando o baixo teor energético dos farináceos na preparação do mingau, como oda marca “arrozina”. Não foi relatada a utilização de vegetais, tendo sido referidopouco consumo de frutas e alimentos regionais (característicos e de fácil acesso nazona rural), na alimentação diária dos filhos.

O estímulo ao consumo dos alimentos regionais por parte dos profissionais desaúde se faz necessário, enfatizando o fácil acesso, o alto valor nutritivo e, princi-palmente, o baixo custo destes alimentos, muitas vezes não considerados prioritáriospela população da zona rural, talvez relacionado ao próprio desconhecimentosobre sua utilização. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome(2004) enfatiza a importância dos alimentos regionais em virtude da riqueza doseu valor nutricional, revelando, portanto, uma alternativa no combate a desnutriçãoe a várias doenças ligadas a hábitos alimentares inadequados, como a obesidade,dentre outras. Mais acessíveis e de menor custo, compõem boa parte da segundalistagem de alimentos da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO).

3.2.2. GOSTA DE COMER BAGULHO

O crescimento e desenvolvimento favorável da criança está proporcionalmenterelacionado a uma alimentação adequada, rica em nutrientes. Entretanto, nemsempre esta escolha depende exclusivamente da família, haja vista as influênciasexternas, como a propaganda televisiva, que influencia o gosto alimentar da

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população, particularmente das crianças. Portanto, uma alimentação saudávelnão se caracteriza como uma alimentação de alto custo, mas rica em vitaminas,proteínas, dentre outras substâncias que possam satisfazer a criança, prevenindopatologias difíceis de reversão. Em relação ao tipo de alimentação, os relatosforam similares, evidenciando a preferência alimentar do filho pelos chamados“bagulhos”, que, segundo Ferreira (1997), é conceituado como objeto sem valor,que no estudo foram os “xilito”, biscoito, “miojo”.

“Esse aqui adora bagulho mesmo como xilito, biscoito, refrigerante, miojo, eu pelejo para

tirar isso dele mais ele sempre chora”. (B).

“Os meninos comem mingau, de manhã, à tarde o que aparecer para eles almoçar e a tarde

dou xilito, miojo, biscoito essas coisas, o que tiver”. (F).

A incerteza do alimento insere-se como algo de rotina no cotidiano das mãesque lutam por um destino para os filhos que não seja o da desnutrição infantil,que, segundo Lopez e Brasil (2004), é conceituada como uma deficiência danatureza predominantemente calórica, embora deficiências de minerais e vitamínicasestejam comumente associadas.

Um dos diversos fatores que pode desencadear a desnutrição infantil é aintrodução inadequada da alimentação complementar, particularmente umaalimentação com deficiências calóricas. Alguns alimentos considerados como debaixo valor nutritivo podem ser relativamente dispendiosos para uma família quetem condição econômica desfavorável, porém assim mesmo são consumidos, sejapor influências da mídia ou por consciência imatura. Nos Estados Unidos, predominamos chamados junk food e fast food, o primeiro considerado como alimento sem valornutritivo e o segundo como alimentação rápida, que são os conhecidos salgadinhos,sanduíches e outros que estão muitas vezes ligados à cultura, como tambémestimulados pelo marketing das indústrias, incentivando a compra dos iogurtes, leitesem pó, macarrão instantâneo e os conhecidos “xilitos”, que conseguem se manterem boas vendas atualmente (Rotenberg & Vargas, 2004; Frota & Barroso, 2003).

As mães identificam a importância dos alimentos e seus valores nutricionais,mas justificam a alimentação oferecida, relacionando com o choro da criança e oincômodo; logo, estas mães optam pela vontade do filho, não por sofrerem com ador, mas objetivando a resolução do problema, externalizado pelo choro da criança.

“O que ela mais gosta é de sorvete, de xilito, mortadela, refrigerante e aqueles miojos,

Mais eu não gosto que eles comam não é por que eles ficam direto chorando ai para me ver

livre eu dou”. (N).

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“Esse aqui por ele passava o dia comendo besteira, eu não digo nada, eu dou xilito,

biscoito, bombom, por que eu não quero vê ninguém chorando perto de mim”. (D).

Algumas mães não evidenciaram a presença do “bagulho” na alimentação dofilho, mas fizeram relação com a idade, estando em uma fase da infância em queainda não desenvolveram uma autonomia de escolha em relação à alimentação.Ressalta-se que seis crianças compreenderam a faixa etária entre 1 e 2 anos eonze crianças na faixa entre 2 e 6 anos.

“O que mais a minha filha gosta mesmo é de mingau, pois só dou isso para ela, porque ela

é muito pequena ainda”. (M).

“O que ela mais gosta é de sopinha de verdura e leite feito mingau, aindanão come outras coisas”. (P).

É preciso haver políticas de saúde, estratégias e programas de governo quegarantam a produção e comercialização de alimentos acessíveis para as classessociais em geral, juntamente com empregos e remuneração adequada, assegurandoa possibilidade de consumo suficiente de alimentos saudáveis.

3.2.3. ALIMENTAÇÃO DE BAIXO CUSTO E FÁCIL ACESSO

A promoção de práticas alimentares saudáveis, inserida no contexto da adoçãode estilo de vida adequado, é um componente importante para a melhoria daqualidade de vida, assim como o compartilhamento do conhecimento sobre osalimentos e seus valores nutritivos, como também acerca da prevenção dos problemasnutricionais, desde a desnutrição até a obesidade (Ministério da Saúde, 2004).

As oficinas foram desenvolvidas com alimentos aos quais as mães possuíamfácil acesso, cujo custo financeiro era mínimo, evidenciando satisfação naparticipação pela adequação à realidade vivenciada no âmbito familiar.

“Fiquei muito satisfeita em aprender estas receitas, pois os alimentos que foram usados a

gente encontra fácil e é barato, pois lá em casa o dinheiro quase não tem.” (B).

“Eu achei que valeu muito à pena, porque os meus filhos estão gostando da comida e para

quem não tem dinheiro veio em boa hora e podemos encontrar em vários locais”. (F).

Parcela significativa da população brasileira, particularmente das classespopulares, está promovendo ou utilizando alimentação complementar – alimentosregionais em sua dieta cotidiana. Para muitos, trata-se de um resgate da alimentação

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popular, compreendendo-a como solução para os problemas de saúde e nutrição,quando “o melhor do alimento é jogado fora” (Santos, 2001).

Portanto, é notável a importância da inserção dos alimentos regionais naalimentação de crianças com déficits nutricionais, inseridas em uma parcela dasociedade que vive na miséria. De acordo com Santos (2002), a população dazona rural sofre o descaso do poder público devido à precariedade de estratégiasvoltadas para políticas públicas e, conseqüentemente, afeta a comunidade demaneira holística.

Evidenciou-se a importância de uma alimentação saudável com alimentosregionais para a criança, a partir dos relatos das mães que desconhecem determi-nados alimentos que poderiam ser utilizados como fonte de nutrição.

“As oficinas foram boas por que aprendemos coisas que não sabia que poderia usar, valeu à

pena. Sem falar que a comida é bastante barata e rende, os meus filhos estão adorando”. (D).

“Eles estão adorando, estas oficinas contribuiu para a alimentação do próprio filho por que

tem coisas que a gente pensa que é certo e não é. E além de tudo é barato, e eles mesmos

pedem para comer os alimentos”. (I).

Após as oficinas educativas, as mães estão disseminando o conhecimento apre-endido, mediante o repasse das informações para outras famílias da comunidade,despertando o processo de conscientização que muitas vezes torna-se mais significativoquando proveniente de relatos das companheiras do que dos profissionais de saúde.

Sabe-se, portanto, que a influência ocorre em todas as classes sociais, porém,de maneira considerável nas classes desfavoráveis economicamente. Na maioriadas vezes, as influências decorrem de características da região, fazendo-se necessá-ria uma orientação com ênfase nos tabus, preservando a cultura individual,valores, crenças, viabilizando opções de alimentação decorrentes destes mitos.Logo, a promoção de práticas saudáveis por meio de estratégias educativas emsaúde significa um investimento numa autonomia crítica absoluta, desde que emtodos os processos de aprendizagem estejam implicados fatores de influênciasrecíprocas entre o educador e o educando (Frota & Barroso, 2003; Santos, 2005).

“Foi bom porque agora ele está comendo tudo que eu aprendi, e é tudo mais barato e fácil

de encontrar, já estou ensinando para quem eu vejo, pois as minhas crianças estão adorando

e eu também”. (N).

“As crianças estão comendo tudo, e adorando, pois são comidas diferentes e gostosas e que podemos

comprar porque é barato e fácil de encontrar, estou ensinando para toda a minha família”. (O).

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Foi significativo o discurso das mães sobre a contribuição das oficinas para oconhecimento acerca do crescimento e desenvolvimento do filho, sendo consideradaa justificativa relevante para sua ausência no trabalho.

“Foi maravilhoso, valeu à pena faltar dois dias do meu trabalho porque estou adorando

fazer essas comidas, como a doutora falou e mostrou é bastante nutritivo e é barato, as

crianças agora engorda porque o farelo é muito forte e estou usando em toda alimentação;

no meu trabalho todas querem aprender já ensinei e tiraram cópia das receitas”. (L).

A consciência que a mãe adquiriu durante o desenvolvimento das oficinaspossibilitou um aprendizado sobre novas sugestões de alimentação que podemfavorecer o crescimento e desenvolvimento do filho, encontrando meios parasuprir as dificuldades enfrentadas na busca do alimento diário da família.

Os alimentos revelados como mais utilizados foi o farelo de trigo, tendocomo propósito seu rico valor nutricional. Em seguida, foi mencionado o sucocom a folha da sirigüela (fonte de vitaminas A, B e C), e, por último, o jerimum esua casca. Constatamos, ainda, um índice satisfatório na utilização dos alimentosregionais pelas mães, observando os questionamentos emergidos quanto ao acessoe ao custo do alimento.

As oficinas educativas despertaram nas informantes o interesse na utilizaçãode receitas com alimentos regionais que, até então, eram desconhecidas; portanto,beneficiando toda a família, incluindo o principal alvo: a criança que possui déficitnutricional. É nesse contexto que emerge a importância de promover práticasalimentares saudáveis, podendo-se enfatizar a educação alimentar e nutricionalcomo uma das estratégias para a promoção da saúde de crianças desnutridasda zona rural.

4. CONCLUSÃO

Os achados deste estudo sustentam a relevância da utilização dos alimentosregionais como forma de uma nova alimentação saudável, principalmente para asfamílias carentes que necessitam de alimentos, sendo esta uma ação básicaindisponível de forma eqüitativa.

Notamos que a alimentação utilizada pelas crianças antes das oficinas educativasera deficiente em nutrientes, por ser uma alimentação baseada em condimentos,portanto, relacionada à precária situação econômica em que estas estão inseridas.Ressaltamos, ainda, que os alimentos regionais são fontes de vários nutrientesnecessários para o crescimento e desenvolvimento favoráveis das crianças, consi-derada uma alimentação acessível e de baixo custo, possibilitando o consumo porfamílias que residem em zona rural.

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F A T O R E S Q U E I N T E R F E R E M N A U T I L I Z A Ç Ã O D E

A L I M E N T O S R E G I O N A I S N A C I D A D E D E M A R A N G U A P E , C E A R Á

Por conseguinte, a realização das oficinas educativas direcionadas às mães decrianças com baixo peso e/ou desnutridas pode auxiliar na compreensão dasnecessidades individuais, revelando as dificuldades e complexidades no âmbitodessas famílias.

A educação nutricional deve incluir em seus efeitos sociais uma meta,englobando três campos: a política, o ensino e a comunidade, visando à questãonutricional e de saúde, lembrando-se que racionalizar a dieta já é uma estratégiade sobrevivência adotada por famílias da zona rural.

As equipes de saúde devem despertar sua criatividade e sensibilidade nabusca de melhorias da qualidade de vida da comunidade, atuando na cura ereabilitação do indivíduo, mas, principalmente, na prevenção de doenças pormeio de ações que evidenciem e reconheçam a capacidade de análise crítica e demobilização popular.

O estudo possibilitou uma reflexão ampliada sobre as famílias, como mãescarentes, mas, também como clientes, com necessidades comuns a pessoas quevivem em igual situação desfavorável. Logo, promover mudanças, mediante aintervenção educativa, incorporando a utilização dos alimentos regionais, podecontribuir para as políticas de segurança alimentar e erradicação da fome emnosso país.

R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S

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