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FACULDADE MERIDIONAL – IMED
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
Claudete Batistella
Fatores influenciadores na adoção de atitudes preventivas no uso
de máquinas na agricultura familiar
Passo Fundo
2017
Claudete Batistella
Fatores influenciadores na adoção de atitudes preventivas no uso
de máquinas na agricultura familiar
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração da Escola de
Administração da Faculdade Meridional –
IMED, como requisito parcial para a obtenção
do grau de Mestre em Administração, sob a
orientação do Prof. Dr. Jandir Pauli
Passo Fundo
2017
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CIP – Catalogação na Publicação
B333f Batistella, Claudete
Fatores influenciadores na adoção de atitudes preventivas no uso de máquinas
na agricultura familiar / Claudete Batistella. – 2017.
87 f.: il.; 30 cm.
Dissertação (Mestrado em Administração) – Faculdade IMED, Passo Fundo,
2017.
Orientador: Prof. Dr. Jandir Pauli.
1. Agricultura familiar. 2. Saúde do trabalhador. 3. Acidentes de trabalho. I.
Pauli, Jandir, orientador. II. Título.
CDU: 631
Catalogação: Bibliotecária Angela Saadi Machado - CRB 10/1857
Este trabalho dedico à minha filha Isadora,
dedicando a ela, esse se estende a todas as
pessoas que me ajudaram nesta caminhada.
AGRADECIMENTOS
Faço questão de nominar meus agradecimentos:
Primeiramente não teria cursado o Mestrado em administração se a BRF não me
liberasse para o estudo, no nome de Jader Vieira e Jarbas Ghion, meus gestores diretos, quero
agradecer à Empresa pela meritocracia recebida e espero retribuir a confiança depositada.
Ao meu professor e orientador, Jandir Pauli, pela ajuda incondicional para a realização
deste trabalho, bem como por compartilhado comigo o seu entendimento do pensamento
avançado para com a filosofia de vida.
À professora Shalimar Gallon, pela compreensão rizomática da administração.
À professora Janaina Macke, por todas as suas formas de conhecimento.
À professora Eliane Severo e ao professor Júlio Ferro de Guimarães, que me
entrevistaram e contribuíram com minha didática e metodologias de passagem.
Ao professor/ex-coordenador Kenny Basso pela sua paixão pelos métodos de
experimentos e interpretações estatísticas, que acabaram me influenciando.
Ao professor Carlos Costa, professor com o “dom” de extrair o melhor do seu aluno,
mesmo que esse melhor, seja o mínimo para ele.
Ao professor Zanelli, que como aluna especial, me despertou a vontade de querer
beber da fonte do conhecimento.
Ao professor/coordenador Vitor Dalla Corte sempre atento e à disposição.
À ex-secretária do mestrado Danubia Rech, por realizar as suas atividades sempre com
muito zelo, amor e carinho, sempre dando o melhor de si, sendo seus retornos sempre em
tempo recordes e com delicadeza.
À bibliotecária Ângela e aos demais auxiliares, sempre a dispor para sanar nossas
dúvidas.
Ao IMED Language Center (ILC) que me oportunizou a proficiência.
Enfim, a todo o corpo funcional da IMED, pelo profissionalismo que é adotado com a
educação e a formação social daqueles que ali estudam.
À Irmã Viviam Anese, que iluminou o meu caminho, sem me conhecer, me ajudou.
À minha colega Magela Duarte Just, hoje minha amiga, a qual recorri inúmera vezes,
em busca de ajuda que sempre tive com muito carinho e dedicação.
À minha irmã Genicler e sua família, que incondicionalmente me apoiaram e me
ajudaram.
Ao meu Pai, Teodoro, e minha Mãe, Irma, que sempre me deram base e suporte para a
vida em todas as esferas, agradeço também pelo carinho e o amor que sempre tive.
Ao meu marido Higor, que sempre entendeu a minha ausência e deu o seu melhor para
supri-la com nossa filha Isadora.
À minha Filha Isadora, por ser uma criança compreensiva, companheira, iluminada e
que sempre foi o meu ponto de força.
Enfim, ao meu Pai maior, que me deu a graça de estar entre essas pessoas que citei e
por me ajudar e me transformar em uma pessoa e uma profissional melhor.
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Talvez não tenha conseguido fazer o melhor,
mas lutei para que o melhor fosse feito. Não
sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não
sou o que era antes.
Marthin Luther King.
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RESUMO
A segurança no trabalho na agricultura merece ser explorada pela importância econômica do
setor e pelas recentes transformações tecnológicas que marcaram sua expansão. Anualmente
muitos trabalhadores rurais se acidentam, adoecem ou chegam a óbito devido as condições e
fatores de riscos em seus locais de trabalho. No caso específico da agricultura familiar, a
temática torna-se especialmente relevante pela recente intensificação da utilização de
máquinas e equipamentos, incentivados, especialmente, por linhas de crédito governamentais.
Nesse sentido, este estudo tem a pretensão de demonstrar que essa ocupação possui muitos
riscos de acidentes e que a discussão é importante para a adoção de melhores práticas de
segurança por esses trabalhadores. Assim sendo, o objetivo geral deste trabalho é descrever os
fatores de crenças em saúde influenciadores na adoção de práticas de segurança no trabalho
para o uso de máquinas agrícolas na agricultura familiar. O método utilizado consistiu em
uma pesquisa empírica de natureza quantitativa e descritiva. Para a coleta de dados foi
elaborado questionário de tipo Survey com escala Likert de sete pontos. Participaram 513
trabalhadores da AF (as) da região norte do Estado do Rio do Rio Grande do Sul, onde a
agricultura familiar é bastante expressiva em razão do processo histórico de colonização
europeia. A literatura que suporta os objetivos tem base no Health Belief Model (HBM) para
analisar comportamentos preventivos e de risco e exposição à acidentes de trabalho, bem
como identificar as barreiras e estímulos à adoção de práticas de segurança no trabalho. Os
resultados mostram que 37,4% dos participantes já se acidentaram no desenvolvimento de
suas atividades laborais. Entre as razões estão a realização de manutenções com maquinários
ligados e a operação de equipamentos mesmo com ausência de dispositivos essenciais como
iluminação e freios, entre outros. Apoiado no modelo HBM, o estudo mostrou uma relação
significativa entre a ameaça percebida “considero a atividade agrícola perigosa” e a
possibilidade de adoção de práticas de segurança. Além disso, as instruções de segurança
recebidas da revenda no momento da compra, a discussão do assunto em família, a
disponibilidade de equipamentos de proteção individual (EPI) e do cinto de segurança no
equipamento servem de estímulos para a adoção de práticas seguras. Entre os benefícios
percebidos, o estudo mostrou uma relação positiva e significativa do investimento financeiro
na ampliação da segurança das máquinas agrícolas com a possibilidade de adoção de práticas
de segurança.
Palavras-chaves: Saúde do Trabalhador. Modelo de Crenças em Saúde. Agricultura Familiar.
Mecanização. Acidentes de Trabalho.
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ABSTRACT
Work safety in agriculture deserves to be explored because of the economic importance of the
sector and the recent technological transformations that marked its expansion. Annually,
many rural workers get injured, fall ill or even die due to the conditions and risk factors in
their workplaces. In the specific case of familiar agriculture, the theme is especially relevant
due to the recent intensification of the use of machinery and equipment, especially
encouraged by government credit lines. In this sense, this study intends to demonstrate that
this occupation has many risks of accidents and that the discussion is important for the
adoption of better safety practices by these workers. Therefore, the general objective of this
paper is to describe the factors of health beliefs that influences the adoption of safety practices
at work for the use of agricultural machinery by family farmers. The method used consisted of
an empirical research of quantitative and descriptive nature. For the data collection, a Survey
form with a seven-point Likert scale was elaborated. 513 farmers took part from the northern
region of Rio Grande do Sul State, where familiar agriculture is very significant due to the
historical process of European colonization. The literature that supports the objectives is
based on the Health Belief Model (HBM) to analyze preventive and risk behaviors and
exposure to occupational accidents, as well as to identify the barriers and stimuli to the
adoption of safety practices at work. The results show that 37.4% of the participants already
had an accident in the development of their work activities. Among the reasons are the
realization of maintenance of machinery connected and the operation of equipment even
without essential devices such as lighting and brakes, among others. Based on the HBM
model, the study showed a significant relationship between the perceived threat "I consider
the agricultural activity dangerous" and the possibility of adopting safety practices. In
addition, the safety instructions received from resale at the time of purchase, the discussion of
the subject in the family, the availability of personal protective equipment (PPE) and the
safety belt in the equipment serve as incentives for the adoption of safe practices. Among the
perceived benefits, the study showed a positive and significant relation of the financial
investment in the extension of the safety of agricultural machines with the possibility of
adopting safety practices.
Keywords: Worker's Health. Health Belief Model. Familiar Agriculture. Mechanization.
Occupational Accidents.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AF Agricultura/Agricultores Familiar
AT Acidente de Trabalho
CAT Comunicação Acidente de Trabalho
CTN Centro Técnico Nacional
FUNDACENTRO Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho
DO Doença Ocupacional
EPC Equipamentos de Proteção Coletiva
EPI Equipamento de Proteção Individual
ha hectares
HBM Health Belief Model (Modelo de Crenças da Saúde)
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INSS Instituto Nacional da Seguridade Social
LCT IMED Language Center
MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário
MPAS Ministério da Previdência Social
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
n° Número
NR Normas Regulamentadoras
OIT Organização Internacional do Trabalho
PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
RS Rio Grande do Sul
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Acidentes de trabalho no Brasil no ano de 2013 segundo dados da OIT ........ 24
Figura 2: Variáveis de influenciam a percepção individual dos riscos de acidentes de
trabalho com maquinas agrícolas, segundo o modelo HBM ........................................... 31
Figura 3: Jornada de trabalho dos trabalhadores da AF na safra e entre safra ................ 41
Figura 4: Principais sintomas dos trabalhadores da AF durante a
operação dos equipamentos ............................................................................................. 43
Figura 5: Periculosidade percebida pelos trabalhadores da AF em relação aos
maquinários ..................................................................................................................... 44
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Local do corpo mais afetados por acidente de trabalho ..................................24
Tabela 2: Susceptibilidade e gravidade percebidas em relação à ocorrência de
acidentes .......................................................................................................................... 45
Tabela 3: Ameaças percebidas em relação à ocorrência de acidentes ............................ 46
Tabela 4: Barreiras percebidas em relação à ocorrência de acidentes ............................. 48
Tabela 5: Benefícios percebidos em relação à ocorrência de acidentes .......................... 49
Tabela 6: Estímulos percebidos pelos trabalhadores da AF visando à diminuição de
acidentes .......................................................................................................................... 49
Tabela 7: Conhecimento dos riscos de acidentes de trabalho pelos trabalhadores da AF
Tabela 8: Hipóteses da pesquisa ...................................................................................... 51
Tabela 9: Verificação da possível relação de ameaça percebida com a adoção de
atitudes ou práticas seguras ............................................................................................. 52
Tabela 10: Verificação da possível relação de estímulos percebidos com a adoção de
atitudes ou práticas seguras ............................................................................................ 52
Tabela 11: Verificação da possível relação de benefícios percebidos na adoção de
atitudes ou práticas seguras ............................................................................................. 54
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 15
1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA ................................ 17
1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 19
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................. 19
1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................. 19
1.3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 20
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ........................................................................ 22
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................. 23
2.1 ACIDENTES DE TRABALHO ............................................................................... 23
2.2 ATO E CONDIÇÃO INSEGURA ............................................................................ 26
2.3 MECANIZAÇÃO DA AGRICULTURA E AS NORMATIVAS DE
SEGURANÇA ................................................................................................................ 26
2.4 HBM ......................................................................................................................... 28
3 MÉTODO ......................................................................................................... 32
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ......................................................................... 32
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ................................................................................... 34
3.3 TÉCNICAS DE COLETAS DE DADOS ................................................................ 35
3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISES DE DADOS ................................................................ 36
3.5 HIPÓTESES DA PESQUISA ................................................................................... 37
4 RESULTADOS ........................................................................................................... 40
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .................................................................. 40
4.2 ANÁLISES DE FREQUÊNCIA DOS FATORES DO HBM .................................. 45
4.2 ANÁLISE DE REGRESSÃO DOS FATORES DO HBM ....................................... 51
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................. 55
6 CONCLUSÕES ................................................................................................. 62
6.1 IMPLICAÇÕES TEÓRICAS E GERENCIAIS ........................................................ 63
6.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES DE ESTUDOS FUTUROS ........ 63
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 65
APÊNDICE A: Questionário para coleta de dados primários da pesquisa ............. 73
APÊNDICE B: Análise descritiva ................................................................................ 76
APÊNDICE C: Análises de médias e desvio padrão .................................................. 83
14
APÊNDICE D: Análises de regressão linear ............................................................... 85
15
1 INTRODUÇÃO
A modernização do meio rural, através da mecanização, acarretou impactos
significativos em relação à saúde e segurança dos trabalhadores envolvidos (SCHLOSSER et
al., 2002; DEBIASI; SCHLOSSER; WILLES, 2004). Destaca-se que os Acidentes de
Trabalho (AT) na agricultura sempre existiram, porém, a partir da década de 40, os AT se
intensificaram e agravaram, devido a inúmeras e intensas modificações que alteraram o
ambiente do trabalho rural (DREBES et al., 2014). Passados mais de 70 anos da revolução da
modernização e mecanização da agricultura brasileira, ainda hoje os AT no meio rural são
considerados um problema social relevante, embora não estejam sendo registrados
corretamente e informações sobre acidentes nesse setor da economia são escassos (DREBES
et al., 2014).
A agricultura, de um modo geral, emprega cerca de um bilhão de trabalhadores em
todo o mundo, ou mais de um terço da força de trabalho mundial (ILO, 2017). A agricultura e
a pecuária sempre foram um dos pilares mais importantes da economia brasileira. Nesse
contexto, a Agricultura Familiar (AF) no Brasil concentra a maior parte de produtores rurais,
sendo composta por pequenas e médias propriedades (GUANZIROLI, 2007). Possui grande
importância econômica, gerando empregos diretos e indiretos. Diretamente, em função de
prover meios financeiros à família, indiretamente, sendo responsável por inúmeros empregos
no comércio e nos serviços prestados nas pequenas cidades (GUANZIROLI, 2007). Assim,
esse modelo torna-se estratégico para a manutenção da agricultura, visto que sua inserção no
mercado tem impacto positivo, em nível local e até mesmo nas exportações (PORTUGAL,
2004).
Visando apoiar e desenvolver a AF, foi lançado o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), sancionando em 1996 por meio do
Decreto nº. 1.946, de 28 de junho de 1996. Com a Lei, surge um novo ator econômico, o
agricultor familiar, que não mais se enxerga como camponês ou produtor de subsistência, mas
como um ator integrado ao mercado e ao sistema financeiro através do acesso ao crédito
(ABRAMOVAY, 1992). Com esse objetivo, o PRONAF visou apoiar aos trabalhadores da
AF e às suas famílias a permanecerem na agricultura e produzirem alimentos para sustentar o
mercado, minimizando os fatores que dificultavam a permanência e a geração de dividendos
para viabilidade econômica e social da AF (GUANZIROLI, 2007; VAN DER PLOEG, 2014).
16
As diretrizes do PRONAF brasileiro, são baseadas em modelos europeus, especialmente os da
França (CARNEIRO, 2013).
A identidade econômica e social do agricultor familiar pode ser definida em
diferenciação ao campesinato tradicional, uma vez que esse, historicamente, utilizou a
propriedade para a agricultura de subsistência, com poucas relações com o mercado. No
contexto da criação do PRONAF, a AF é entendida como um setor econômico que se
relaciona com o mercado através do acesso ao crédito, permitindo a aquisição de insumos,
agregação de valor e comercialização da produção. Nas palavras de Abramovay (1992, p. 22),
“uma agricultura familiar altamente integrada ao mercado, capaz de incorporar os principais
avanços técnicos e de responder às políticas governamentais não pode ser nem de longe
caracterizada como camponesa”. Em outros termos, a AF trata-se de uma definição
“fabricada” através da relação entre movimentos sociais e o Estado para definir um segmento
econômico em constituição a partir da pauta dos movimentos sociais e da constituição de uma
política pública que reconhecia sua importância econômica e social.
O trabalhador da AF desenvolve uma relação particular e especial com a terra, seu
local de trabalho e moradia, essa ocorre pela diversidade de itens plantados e trabalhados na
propriedade e por sua própria moradia (MDA, 2017). Nessa direção, a Lei nº. 11.326, de 24
de julho de 2006, no artigo 3 estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional
da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Para efeitos dessa Lei,
considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades
no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: possuir até quatro
módulos fiscais; trabalharem na propriedade os próprios membros da família; a renda dessa
ser oriunda das atividades da propriedade; ainda, que sejam os próprios membros da família a
administrarem a propriedade, corroborando com a definição de familiar, Wanderley, (2004,
p. 45), descreve “caráter familiar se expressa nas práticas sociais que implicam uma
associação entre patrimônio, trabalho e consumo, no interior da família, e que orientam uma
lógica de funcionamento específica”.
Entre os anos de 1975 a 2010, a área plantada de grãos pela AF teve um acréscimo de
45,6%, a produção dessa área representou 268%, quase seis vezes a mais de área de cultivo.
Esses dados representam um acréscimo da produtividade, isso também se deve ao maior uso
de tecnologias e maquinários agrícolas (OTERO et al., 2015). Assim, a AF tem conquistado
segurança, respeito e autonomia, especialmente por meio de políticas públicas. Assim, ela
desempenha um papel central para o abastecimento de alimentos. Almeida (2017) sugere, no
17
entanto, que as políticas públicas adotadas ainda privilegiam os latifundiários, citando como
exemplo o plano de safra 2011/2012, em que R$ 107 bilhões foram destinados à agricultura
empresarial, enquanto apenas R$ 16 bilhões foram destinados à AF.
No Rio Grande do Sul (RS) 22% da área territorial é ocupada por estabelecimentos da
AF (GUANZIROLI; BUAINAIN; DI SABBATO, 2012). O Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), nos censos agropecuários de 1996 para 2006 mostra que o número de
trabalhadores da AF teve um aumento de 4.139.000 para 4.551.855, dentre o total de
estabelecimentos agropecuários do Brasil. O Valor Bruto da Produção da AF em 2006 foi de
R$ 59,2 bilhões, o que representa 36,11% da produção agropecuária total, 32% da área total
dos estabelecimentos, totalizando 107 milhões de hectares ocupados por esse modelo de
produção. Em relação ao emprego a AF absorvia, em 2006, 13,04 milhões de trabalhadores,
correspondendo a 78,75% do total da mão de obra no campo (GUANZIROLI; BUAINAIN;
DI SABBATO, 2012). A região Sul do Brasil, segundo dados do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA, 2017) relativo ao censo agropecuário de 2006, possui
849.693 trabalhadores da AF.
Diante de tais dados e desse contexto que revela a AF como um importante setor da
economia mundial, brasileira e gaúcha, afirma-se que o trabalho na agropecuária abrange a
agricultura, a pecuária, a pesca, a aquicultura e, ainda, a silvicultura e é considerado de alto
risco para Acidentes de Trabalho (AT) em todo o mundo (FERREIRA-DE-SOUSA;
SANTANA, 2016). Assim sendo, na tentativa de compreender os acontecimentos relacionado
aos AT este trabalho emprega a Teoria Health Belief Model (HBM)1 - Modelo de Crenças da
Saúde para buscar compreender a ocorrência dos AT na AF, com a pretensão de aprofundar o
conhecimento quanto aos riscos que tais acidentes representam aos trabalhadores da AF em
suas jornadas de trabalho. Diante de tais perspectivas, apresenta-se na sequência a delimitação
do problema, os objetivos e a justificativa da pesquisa realizada.
1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA
Pode-se considerar que o PRONAF, como já comentado, representou um marco para o
processo de mecanização na AF. Isso, pois o trabalhador da AF passou a contar com linhas de
1 O HBM é um modelo de estudos que se baseou na teoria do comportamento da saúde e tem sido amplamente
utilizado e aplicado para explicar tais comportamentos, bem como para projetar programas de intervenção. Foi
elaborado por Irwin M. Rosenstock, na década de 60, e vem sendo adaptado, explorando uma gama de
comportamentos ligados à saúde, no curto e médio prazo, visando compreender a reação dos indivíduos frente
aos sintomas ou a doenças diagnosticadas (ROSENSTOCK; STRECHER; BECKER, 1994).
18
créditos específicas destinadas que o encorajou a investir na compra de máquinas e demais
equipamentos agrícolas para o ajudar na execução das atividades agrícolas.
Por outro lado, esse avanço também influenciou no aumento de AT com maquinários
agrícolas. Alguns dos principais fatores que contribuíram para esse avanço foram:
analfabetismo ou semianalfabetismo dos agricultores usuários das máquinas, não permitindo a
leitura ou entendimento de manuais de instrução; o despreparo ou a falta de treinamento e/ou
informações sobre tais maquinários ou ferramental; e, ainda, o excesso de confiança pelo
poder da máquina (TORREIRA, 1997).
No ano de 2015, foram registrados no Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS)
cerca de 612,6 mil AT, de um modo geral sem distinção por atividade econômica.
Comparando-se esse número com os de 2014, teve-se um decréscimo de 13,99% no total de
acidentes registrados com Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). No ano de 2016,
dos AT registrados com CAT nesse Instituto, 76,28% representavam os acidentes típicos2,
21,08% acidentes de trajeto3 e 2,63% doenças ocupacionais (DO)4. Observe-se que o maior
percentual se concentra em acidentes típicos, os quais são focados neste trabalho (INSS,
2017).
O sexo masculino representou 70,32% do total de registro de AT, no mesmo ano.
Quanto à faixa etária, a maior incidência (71,06%) recaiu sobre a faixa de 25 a 34 anos, em
ambos os sexos, para acidente típico e de trajeto, para as DO, por sua vez, a faixa de idade
prevalente (28,94%) foi a de 30 a 39, em razão, muito provavelmente, de que as DO são
diagnosticadas após um certo período de exposição à atividade (INSS, 2017).
Ainda de acordo com dados produzidos pelo INSS (2017), em relação à classificação
por setor de atividade econômica, o setor ‘Agropecuária’ participou com 3,23% do total de
AT registrados com CAT, o setor ‘Indústria’ com 41,09% e o setor ‘Serviços’ com 55,68%,
excluídos os dados de atividade ‘ignorada’.
Particularizando-se a realidade da AF, importa considerar, resultados de várias
investigações científicas frente a diferentes realidades sociais e utilizando diferentes
metodologias de investigação, que o trator é a máquina responsável pela maioria dos
acidentes no meio rural no Brasil (SILVA; FURLANI NETO, 1999; SCHLOSSER et al.,
2 Acidentes típicos são aqueles decorrentes da característica da atividade profissional desempenhada pelo
acidentado (INSS, 2017). Por exemplo, na agropecuária, acidentes com tratores. 3 Acidentes de Trajeto são os que ocorrem no caminho entre a residência e o local de trabalho do segurado e
vice-versa (INSS, 2017). 4 Doença do Trabalho ou Doenças Ocupacional (DO), são aquelas ocasionadas por qualquer por fatores
peculiares a determinado ramo de atividade constante na tabela da Previdência Social (INSS, 2017).
19
2002; DEBIASI; SCHLOSSER; WILLES, 2004). Ferreira-de-Sousa e Santana (2016), em
seus achados, relatam que o aumento das aquisições de maquinários agrícolas no país
contribuiu, entre outros fatores, para o aumento de acidentes em 53,4% entre 2002 e 2011.
Destarte os dados apresentados, revelando que os AT no setor agropecuário
representam o menor percentual de total de AT registrados com CAT, frente aos demais
setores, se tais dados forem tomados em números absolutos, a quantidade de AT nas
atividades agropecuárias impressionam. No entanto, é revelador, também, a falta de dados
específicos sobre esse setor em particular e sobre a AF em especial. É na direção de produzir
tais dados que o presente estudo procura descrever os fatores influenciadores da adoção de
práticas de segurança pelos trabalhadores da AF. Sua inovação está em procurar investigar
como aspectos culturais, especialmente crenças em saúde, podem influenciar na adoção de
práticas seguras. Assim, baseado na teoria HBM, o problema de pesquisa define-se pela
seguinte interrogação: quais ameaças, estímulos e benefícios percebidos influenciam os
trabalhadores da AF na adoção de práticas de segurança no trabalho?
1.2 OBJETIVOS
Para aproximar respostas ao problema de pesquisa, traçou-se um objetivo geral e
alguns objetivos específicos que seguem descritos.
1.2.1 Objetivo geral
Compreender os fatores de crenças em saúde influenciadores na adoção de práticas de
segurança no trabalho para o uso de máquinas agrícolas na agricultura familiar .
1.2.2 Objetivos específicos
1) Identificar a influência das ameaças percebidas na adoção de práticas seguras;
2) Avaliar a influência dos estímulos para adoção de práticas seguras na operação de
máquinas agrícolas;
3) Compreender a influência dos benefícios percebidos para adoção de práticas
seguras na operação de máquinas agrícolas.
20
1.3 JUSTIFICATIVA
O HBM é reconhecido como um dos principais modelos teóricos para compreender ou
avaliar o comportamento dos indivíduos e suas atitudes em processos de prevenção ou
tratamento de doença (SILK et al., 2006; DOWNING-MATIBAG; GEISINGER, 2009). As
crenças, conforme sustenta o HBM, são condicionadas por um conjunto de variáveis
psicológicas que avaliam a percepção dos indivíduos em relação à susceptibilidade e
gravidade de determinada questão de saúde (doença), bem como avaliam os benefícios de
determinadas ações ou barreiras para estas ações (GLANZ; BISHOP, 2010). Essas variáveis
atuam na formação do comportamento e funcionam como “disposição para ação”, revelando
uma complementaridade entre essa disposição e a importância atribuída à saúde.
Segundo Rosenstock (1974b), o HBM está estruturado sob dois estímulos e quatro
dimensões. Os estímulos podem ser subjetivos, por exemplo, resultados do aparecimento de
um sintoma, ou “externos”, quando o sujeito sofre influência social. As quatro dimensões do
HBM, por sua vez, são a suscetibilidade percebida, a gravidade percebida, os benefícios
percebidos e, por fim, as barreiras percebidas.
A partir das pesquisas realizadas previamente à construção deste trabalho, não foram
evidenciados estudos acadêmicos relacionando o uso da HBM ao público de AF. Na mesma
direção dessa lacuna, retoma-se o aspecto da falta de dados específicos relacionados ao
número de AT entre trabalhadores da AF , como abordado na problemática do estudo e
ratificado por Alessi e Navarro (1997), quando dizem que há escassez de trabalhos que
exploram e ou evidenciam a temática de AT ocorridos na AF.
No Brasil, segundo Fehlberg, Santos e Tomasi (2001), a não existência de informações
precisas sobre o número real de AT, deve-se, entre outras possíveis condições, ao fato de a
metade da população economicamente ativa não estar registrada na previdência social –
estimativas apontam que anualmente ocorrem cerca de três milhões de AT com trabalhadores
no País. Na área rural, a situação é ainda mais preocupante, pois os indivíduos trabalham por
conta própria e sem carteira assinada, na maior parte das vezes, não ocorrendo o registro do
AT junto ao INSS.
Observa-se, nesse contexto, que também são inexpressivas as pesquisas da área da
saúde com enfoque na população rural (SANTOS; HENNINGTON, 2013). Os referidos
autores relatam que os AT são o que mais acometem a saúde dos trabalhadores brasileiros, ao
contrário do que é sugerido pelo nome, eles não são eventos acidentais ou fortuitos, mas
21
propiciados por algum fenômeno ou mesmo por atitudes inseguras. No Brasil, nos últimos 20
anos, foram registrados mais de 25 milhões de AT na população entre urbana e rural,
amparados pela Previdência Social (MPAS, 2017a), no entanto, não se especificam dados
relativos à realidade rural em específico e da AF em particular.
Conforme De Lucca e Favero (1994), no Brasil, são escassas as informações sobre o
número de AT que ocorrem no ambiente de trabalho rural, isso decorre da falta de
informações por parte dos agricultores. A falta de dados não ocorre somente no Brasil,
conforme dados do Centers For Disease Control And Prevention (2011) e International
Labour Organization (2012), parece ainda não fazer parte da agenda dos pesquisadores do
campo a saúde e a segurança no trabalho desse importante setor econômico, embora o
trabalho na agricultura seja apontado como uma das atividades de maior risco entre diferentes
setores da economia.
Assim, acrescenta-se a essas lacunas de falta de dados sobre os AT no Brasil e no
mundo para a realidade do campo, a também escassez de informações específicas sobre a AF.
Dados da Fundacentro/BA e Centro Técnico Nacional (CTN) (2009) relatam não existir
estudos sobre AT com equipamentos utilizados pela AF, e essa falta de dados inibe o estudo
das causas específicas desses, exigindo uma consolidação em bases de dados que poderia
auxiliar na compreensão das causas e frequências com que os AT em AF ocorrem. De Lucca e
Favero (1994) dizem que essa falta de dados, em especial para a AF, deve-se ao fato de tais
trabalhadores procederem conforme seus pais os instruíram, também esses com carência de
conhecimentos.
O estudo de Gruponi e Santos (2015), referente a AT rurais no segmento familiar,
indicando que são escassos, ou em suas palavras “limitados”, os dados sobre a saúde e a
segurança dessa classe trabalhadora. Tais dados seriam essenciais, segundo os autores,
especialmente em função da alta mecanização das lavouras. Corroborando com os demais
autores sobre a escassez de informações e registros e ou ocorrências de AT com AF, Alves e
Guimarães (2014) enfatizam a carência de pesquisas no meio rural concernentes à saúde e à
segurança.
Com tais apontamentos, justifica-se a escolha do tema de trabalho e de sua condução
teórica. Assim, espera-se contribuir com um avanço na literatura, explorando o tema e
ajudando a disseminar práticas seguras nesses ambientes de trabalho, reduzindo o número de
AT e demais lesões correlacionadas que afetam essa classe de trabalhadores. A escolha da
teoria HBM ocorre pela motivação de compreender quais sãos os benefícios, barreiras
22
estímulos além das crenças que os AF demonstram para adoção de atitudes seguras, bem
como identificar o quanto eles são susceptíveis e percebem a gravidade de suas atividades.
Neste contexto é inserido o HBM, pela primeira vez no contexto de acidentes com maquinas e
equipamentos agrícolas.
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
A dissertação está estruturada em seis capítulos, sendo o primeiro constituído por esta
introdução que contextualiza o trabalho, apresentando problema, objetivos e justificativa. No
segundo capítulo encontra-se a referencial teórico, subdividido em: I) acidentes de trabalho,
II) ato e condição insegura, III) mecanização da agricultura e as normativas de segurança, IV)
teoria HBM. Em seguida, ao Capítulo 3, é apresentado o método da pesquisa, com o
detalhamento das etapas: I) delineamento da pesquisa, II) população e amostra, III) técnica de
coleta de amostra, IV) técnica de análise da amostra com duas subdivisões: a) depuração dos
dados, b) análise estatística empregada, V) hipóteses da pesquisa. No Capítulo 4, descreve-se
os resultados: I) caracterização da amostra, II) análises estatísticas. No quinto capítulo é
apresentada a discussões dos dados, por fim, no sexto e último capítulo tece-se a conclusão do
trabalho subdividida em: I) implicações teóricas e gerenciais, II) limitações da pesquisa e
sugestões de estudos futuros.
23
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo objetiva-se embasar teoricamente o trabalho, conceituando e
considerando sobre os descritores base da pesquisa, quais sejam 2.1) acidentes de trabalho,
2.2) ato e condição insegura, 2.3) mecanização da agricultura e as normativas de segurança, e,
2.4) teoria HBM.
2.1 ACIDENTES DE TRABALHO
Segurança no trabalho, para Benite (2004), refere-se ao estado de estar livre de riscos
inaceitáveis que causem danos ao trabalhador no ambiente laboral. Nessa direção, os serviços
de Medicina e Segurança do Trabalho em instituições organizacionais diversas atuam, dentre
outras dimensões, sobre os AT.
O artigo 19, da Lei nº. 8.213, publicada em 24 de julho de 1991, traz a definição de
AT como sendo “o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou pelo
exercício do trabalho do segurado especial, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional, de caráter temporário ou permanente” (BRASIL, 1991, s/p). Também pode ser
encontrada a definição de AT dada pelo Ministério da Previdência Social (MPAS), de que AT
é o acidente ocorrido no exercício da atividade profissional a serviço da empresa ou no
deslocamento residência / trabalho / residência, e que provoque lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a perda ou redução – permanente ou temporária – da capacidade para o
trabalho ou, em último caso, a morte (MPAS, 2017a).
Os AT são classificados por tal órgão e em diversas normativas legais como: acidentes
típicos, acidentes de trajeto e DO, como já brevemente abordado no capítulo introdutório. Os
acidentes típicos são aqueles ocorrido no exercício da atividade profissional a serviço da
empresa e que provoque lesão corporal ou perturbação funcional que cause a perda ou
redução (permanente ou temporária) da capacidade para o trabalho ou, em último caso, a
morte.
Os acidentes de trajeto, por sua vez, são aqueles ocorridos no deslocamento
residência/trabalho/residência e que provoque lesão corporal ou perturbação funcional que
cause a perda ou redução (permanente ou temporária) da capacidade para o trabalho ou, em
último caso, a morte (MPAS, 2017a). Por fim, as DO são aquelas produzidas ou
desencadeadas “pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da
24
respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social” (MPAS,
2017a, s/p).
Considerando os AT de um modo geral, quanto à parte atingida do corpo do
acidentado, os dados disponibilizados pelo INSS demonstram, conforme a Tabela 1, que são
dedos (29,34%), seguidos de ombro e dorso (19,93%), dentre outras partes.
Tabela 1: Local do corpo mais afetados por acidente de trabalho
Acidentes típicos – local afetado %
Dedo 29,34
Mão (exceto punho ou dedos) 8,48
Pé (exceto artelhos) 7,79
Acidentes de trajeto – local afetado
Partes Múltiplas, 12,03
Pé (exceto artelhos) 8,64
8,58
DO – Local afetado
Ombro, o dorso (inclusive músculos dorsais, coluna e medula espinhal) 19,93
Membros superiores 13,04
Não informado 9.37 Fonte: Adaptado pela autora dos dados do INSS (2017).
Os dados divulgados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 2013,
referente ao ranking dos eventos relacionados aos AT, colocam o Brasil como quarto
colocado mundial em número de acidentes fatais de trabalho (Figura 1).
Figura 1: Acidentes de trabalho no Brasil no ano de 2013 segundo dados da OIT
Fonte: Elaborado pela autora (2017) a partir de OIT (2013).
A principal fonte de dados estatísticos sobre AT no Brasil são as informações
fornecidas pelo INSS. A Previdência Social é o órgão onde são registrados os AT, esse
2,02 milhões de
pessoas morrem a cada ano devido a
enfermidades
relacionadas com o trabalho
321 mil pessoas
morrem a cada ano
como consequên
cia de acidentes
no trabalho.
160 milhões de
pessoas sofrem de doenças
não letais relacionadas com o trabalho
317 milhões de acidentes laborais
não mortais
ocorrem a cada ano.
A cada 15 segundos,
um trabalhador morre de acidentes
ou doenças relacionadas com o trabalho.
A cada 15 segundos,
115 trabalhadores sofrem
um acidente laboral.
25
proverá os benefícios de pagamento de auxílio ao contribuinte pelo período que perdurar seu
afastamento, ou em caso de óbito, o pagamento de benefício a um familiar. Ainda, é função
do INSS o registro da CAT emitido pelo empregador (ou afins) em caso de AT (RIOS et al.,
2015).
A CAT é um documento emitido para reconhecer tanto um AT, típico ou de trajeto,
bem como uma DO. O empregador é obrigado a informar à Previdência Social todos os AT
ocorridos com seus empregados, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência; em caso de
ocorrer morte, a comunicação deverá ser imediata. O não cumprimento de prazos ocorre a
incidência de multas (MPAS, 2017b).
Além disso, caso o empregador não realizar o registro da CAT, ele próprio, os
dependentes, o sindicato da categoria, o médico ou a autoridade pública (magistrados,
membros do Ministério Público e dos serviços jurídicos da União e dos estados ou do Distrito
Federal e comandantes de unidades do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, do Corpo de
Bombeiros e da Polícia Militar) poderão efetivar a qualquer tempo o registro desse
instrumento junto à Previdência Social, o que não exclui a possibilidade da aplicação da multa
para o empregador (MPAS, 2017b).
Partindo-se às especificidades do contexto de AT, passa-se a considerar sobre os
trabalhadores rurais. Esses, desenvolvem suas atividades, muitas vezes arriscadas e
insalubres, com riscos ocupacionais físicos, químicos, mecânicos e/ou de acidentes
biológicos, ergonômicos e psicossociais (TEIXEIRA; FREITAS, 2003), no meio rural. A OIT
afirma que o trabalhador rural, no desenvolver de suas atividades está mais exposto que em
outros ramos de atividades e estima que milhões de trabalhadores rurais sofram sérios
problemas de saúde (OIT, 2013).
Nessa direção, a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho (FUNDACENTRO), considera que AT rural são aqueles que ocorrem pelo exercício
do trabalho rural, provocando lesão corporal e limitação ou que causem a perda ou a redução,
mesmo que temporária bem como permanente, da capacidade para o trabalho. De acordo com
Fehlberg, Santos e Tomasi (2001), os trabalhadores rurais estão expostos a uma gama variada
de agentes causadores de acidentes, como máquinas e implementos agrícolas, ferramentas
manuais, agrotóxicos, animais domésticos, animais peçonhentos, entre outros. No intuito de
melhor compreender as causas e os motivos dos AT com o agricultor, em específico o
familiar, passa-se a consideração do ato inseguro e da condição insegura, tema da seção
seguinte.
26
O acesso a benefícios da Previdência Social, o trabalhador rural tem a necessidade de
comprovar que é segurado especial, a comprovação é realizada partir da apresentação do
bloco de produtor rural ou comumente chamado de “bloco modelo quinze”. Deste modo terá
acesso aos benefícios como a aposentadoria, salário-maternidade, auxílios em casos de
doenças e acidentes ou morte (DAL CASTEL SCHLINDWEIN, 2011)
2.2 ATO E CONDIÇÃO INSEGURA
Nos estudos desenvolvidos por Seo (2005), aponta-se que diversos autores entre 1971
e 1996 demostram que a maior parte (90%) das causas dos AT está relacionada ao
comportamento inseguro no trabalho ou comumente denominados com falha humana. Na
mesma linha de pesquisa, Oliver et al. (2002) observaram afinidades entre fatores
psicológicos individuais, variáveis relacionadas ao ambiente de trabalho e à organização,
como causas de AT.
A definição de ato e condição insegura no Brasil ocorre através da NBR 14280
Cadastro de acidente do trabalho Procedimento e classificação, da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) em seu item 2.8, sustentando as causas da ocorrência de acidentes:
No item 2.8.1 sustenta o fator pessoal de insegurança, sendo a causa relativa ao
comportamento humano, que pode levar à ocorrência do acidente ou à prática do ato inseguro.
Já no item 2.8.2 refere-se ao ato inseguro, sendo ação ou omissão que, contrariando preceito
de segurança, pode causar ou favorecer a ocorrência de acidente. E no item 2.8.3 enfatiza a
condição ambiente de insegurança, sendo o meio que causou o acidente ou contribuiu para a
sua ocorrência.
Assim considerado, para a realidade da agricultura e para as especificidades da AF,
gerir a segurança do trabalhador pressupõe considerar, o ambiente (especialmente os
processos de mecanização da agricultura) e as indivíduos (com seus conhecimentos,
habilidades e condutas). Tarefa que, teoricamente, se principia a seguir.
2.3 MECANIZAÇÃO DA AGRICULTURA E AS NORMATIVAS DE SEGURANÇA
Na metade do século XX teve início o processo de modernização da agricultura,
através de inovações científicas que originaram novas tecnologias como a da mecanização
agrícola com o uso de tratores e colheitadeiras, fazendo a transição do trabalho manual para
27
trabalho mecanizado (BRUM, 1988; ZAMBERLAM; FRONCHETI, 2000). A mecanização
agrícola, nesse sentido, foi decisiva para o desenvolvimento rural, aumentando a
produtividade e facilitando o trabalho da mão de obra. O uso de máquinas agrícolas e demais
implementos, tanto para o preparo do solo quanto para a colheita, foi essencial para a
agricultura, aumentando a produtividade do trabalho e baixando os custos.
No entanto, a mecanização da agricultura também representa um aumento no risco ao
trabalhador do setor. Segundo estudo desenvolvido pela Word Health Organization, em 1995,
a atividade agrícola é notada como uma das mais perigosas em relação à saúde e segurança do
trabalhador. Outros estudos, como por exemplo o de Myers (1997), Meyers et al. (1997),
Alves Filho (2001), Frank et al. (2004) e Wünsch Filho (2004), têm evidenciado o caráter
insalubre das atividades rurais. Tais trabalhos evidenciam que essas atividades têm
contribuído significativamente para o aumento no número de AT, lesões e doenças de todas as
grandezas.
Como já dito, um dos fatores que contribuem significativamente para o aumento dos
AT é o processo de modernização tecnológica, trazendo mudanças profundas nas práticas
agrícolas, gerando alterações ambientais nas cargas de trabalho e, por consequência, sobre a
segurança e a saúde dos trabalhadores rurais que ficam mais expostos a riscos de se
acidentarem (JURZA, 2001; SILVA, 2006).
Outros dois fatores que são decisivos para a ocorrência de AT no meio rural são o
baixo nível de qualificação da mão de obra e o fato de os trabalhadores possuírem baixo nível
de escolaridade ou até mesmo serem analfabetos (FUNDACENTRO, 1979; MEIRELES,
2000; ALVES FILHO, 2001; WEDEKIN, 2005). Contribuindo com esta visão, Wedekin
(2005) relata que 80% dos analfabetos brasileiros residem no campo. Guimarães et al. (2015)
sugerem que a principal causa dos AT é a falta de treinamentos em segurança do trabalho
rural, bem como o desconhecimento da importância dos equipamentos de proteção individual
(EPI) no cotidiano do trabalho no campo, necessitando adoção de ações educativas e de
inspeções sobre a saúde e segurança do trabalho no meio rural.
Nessa direção está a Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978 (BRASIL, 1978), que
disponibiliza as Normas Regulamentadoras (NR). Para esse contexto e para os contornos
deste trabalho de pesquisa, salienta-se a NR31 referente à Segurança e Saúde no Trabalho na
Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura (BRASIL, 2013), bem
como a NR12 que delega sobre a Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos
(BRASIL, 2016), ambas fundamentais como diretrizes para a execução das atividades
28
desenvolvidas no meio rural. Jurza (2001) e Silva (2006) elencam, no entanto, que existem
dificuldades de adesão a tais NR, pelos trabalhadores rurais. Na mesma direção, Alessi e
Navarro (1997) relatam o descaso de órgãos competentes com a fiscalização em termos de
segurança do trabalho rural no setor primário da economia, sendo que o foco das fiscalizações
são os setores secundários ou terciários.
2.4 HBM
O HBM foi originalmente desenvolvido na década de 1950 por psicólogos sociais
trabalhando para explicar porque muitas pessoas não participaram de programas de saúde
pública como a tuberculose ou a triagem do cancro do colo do útero (ROSENSTOCK,
1974a). Segundo o citado autor, a adoção de um comportamento para prevenção de uma
doença ou ameaça à vida, necessita que a pessoa se considere susceptível a algum problema
de saúde e acredite que ele possa de fato afetá-lo. Assim, o modelo HBM elaborado por Irwin
M. Rosenstock, na década de 60, apresenta-se como uma ferramenta de relação frente ao
conhecimento dos trabalhadores e a adesão às medidas preventivas, consentindo a analisar e
reavaliar seus comportamentos diante à exposição ocupacional.
O referido modelo recebeu influência de duas teorias da aprendizagem: behaviorista e
cognitivista. Os behavioristas defendem que a aprendizagem é originada de acontecimentos,
os indivíduos se comportam de modo a conseguir gratificações ou para desviar-se de
repreensões. As teorias cognitivistas, por sua vez, exploram a compreensão de como os
indivíduos conhecem e processam a informação, compreendem e dão significados a ela
(JANZ; CHAMPION; STRECHER, 2002). Ainda, o projeto do HBM foi influenciado pela
teoria de Kurt Lewin, que afirma que as percepções da realidade e não a realidade objetiva,
influenciam o comportamento (HOCHBAUM, 1958).
O HBM foi um marco na pesquisa sistemática 5 baseada na teoria sobre o
comportamento da saúde, tem sido amplamente utilizado e aplicado para explicar os
comportamentos de saúde, bem como usada para projetar programas de intervenção. O HBM
vem sendo adaptado para explorar uma vasta gama de condutas ligadas à saúde a curto e
médio prazos, compreendendo a reação das pessoas aos sintomas ou a doenças diagnosticadas
(ROSENSTOCK; STRECHER; BECKER, 1994). Na segunda metade da década de 80
5 A pesquisa sistemática caracteriza-se pelo seu rigor, contribui para o desenvolvimento de uma base sólida de
conhecimento, facilitando o desenvolvimento da teoria em áreas onde já existem pesquisas e, também,
identificando áreas onde há oportunidades para novas pesquisas (WEBSTER; WATSON, 2002).
29
começa a despontar aplicação do HBM em vários trabalhos e em diversas áreas, como
medicina, enfermagem, psicologia, mas sempre voltadas a área da saúde (DELA COLETA,
1995).
De acordo com seu idealizador (ROSENSTOCK, 1974a) o HBM apresenta quatro
percepções:
1) Susceptibilidade percebida: refere-se à percepção de risco ou vulnerabilidade à
saúde de um indivíduo frente a uma ameaça, por exemplo, contrair uma doença ou, no caso
dos trabalhadores da AF, a possibilidade de um AT em seu ramo da atividade. A aceitação
dessa susceptibilidade é influenciada por três fatores sociodemográficos. O primeiro
corresponde à não aceitação da possibilidade de vir a desenvolver determinada doença; o
segundo refere-se à probabilidade estatística do desenvolvimento da doença, findando, o
terceiro diz respeito à indivíduos estarem em situação real de contrair a doença ou sofrer o
acidente (ROSENSTOCK, 1974a).
2) Gravidade percebida: é a percepção da gravidade da ameaça à saúde avaliada, tanto
pelo grau de perturbação emocional criada ao pensar na doença, quanto pelos tipos de
consequências que a doença pode acarretar, como, por exemplo, dor, morte, gasto material,
entre outros. Isso, em função de que o medo de contrair as doenças e suas consequências
permeiam as crenças dos indivíduos, interferindo no seu estado de saúde (ROSENSTOCK,
1974a). Resumindo, a severidade percebida está diretamente relacionada à percepção do
perigo, ao medo de desenvolver ou adquirir doenças e suas possíveis consequências. Entre as
possíveis consequências pode-se elencar a redução da capacidade física ou mental, sendo que
a incapacidade pode ser permanente ou temporária ou, ainda, chegar à fatalidade. Também
são consequências importantes as de cunho social, familiar, de trabalho, entre outras
(ROSENSTOCK, 1974a; DELA COLETA, 2010).
3) Benefícios percebidos: consiste na eficácia de uma ação concebida para prevenir ou
reduzir a ameaça de doença e se refere às crenças na efetividade da ação para a saúde, ainda,
na percepção de suas consequências positivas, a partir da percepção de que determinada
atitude é adequada. O indivíduo é influenciado pelas crenças que têm em relação à efetividade
das opções, as quais podem ser negociadas socialmente, visando amortizar a ameaça à qual
30
sente-se submetido (ROSENSTOCK, 1974a). Essa dimensão está associada diretamente ao
indivíduo e depende do que ele acredita ou não para que ações sejam efetivas para si.
4) Barreiras percebidas: refere-se à avaliação, ou seja, os aspectos negativos da ação
são avaliados em uma análise do tipo custo benefício, considerando possíveis custos de
tempo, dinheiro, esforço, aborrecimentos, entre outros (ROSENSTOCK, 1974a). Nessa
situação o indivíduo acredita que um determinado ato seja efetivo na redução da ameaça à doença,
por outro lado, percebe que essa escolha o remeterá a aspectos negativos que poderiam impedir ou
impulsionar a sua tomada de decisão (ROSENSTOCK, 1974a). Em outras palavras, essa
dimensão está associada a fazer atalhos para economizar tempo ou dinheiro com o custo da
segurança.
Diante do exposto, quanto maior for a percepção do indivíduo no entendimento da
susceptibilidade e severidade dos riscos, bem como dos benefícios e das barreiras a esses,
menor será sua oposição para com a aderência às medidas preventivas, assim, serão maiores
as probabilidades de o indivíduo empreender o comportamento preventivo. Nota-se, então,
que o HBM sugere que uma determinada ação ou comportamento em saúde vai depender da
percepção da susceptibilidade e da severidade do indivíduo frente a uma ameaça à saúde,
associada à sua crença em uma determinada recomendação ou ação percebida como benefício
ou barreira (ROSESNTOCK, 1974a). Associadas as dimensões, alguns estímulos
desencadeiam nos indivíduos atitudes que os norteiam na tomada de decisão para adoção de
medidas preventivas (DELA COLETA, 1995).
Compreendendo tais concepções, o HBM apresenta-se com a finalidade de elucidar
relações entre a adesão dos trabalhadores às medidas preventivas e suas vivências e métodos
laborais cotidianos (DELA COLETA, 2010). Nesse sentido, o modelo é uma ferramenta que
permite observar o conhecimento dos trabalhadores e a adesão às medidas preventivas,
admitindo analisar e reavaliar comportamentos frente à exposição do pesquisado ao risco
(ROSENSTOCK, 1974a). Todavia, esses comportamentos preventivos podem ter obstáculos,
dificuldades ou outros aspectos negativos. Desse modo, os benefícios alcançados pela ação
são avaliados de acordo com a sua capacidade individual de se sobressair às barreiras,
adquirindo novas atitudes (ROSENSTOCK, 1974a; SANTOS et al., 2010).
Destacam-se pesquisas utilizando o modelo HBM entre trabalhadores da saúde ou
relacionadas ao campo da saúde com objetivo de compreender seu comportamento. Nos
trabalhos pesquisados para esta pesquisa, a teoria HBM de Rosenstock (1974) é utilizada,
31
essencialmente, para mensurar o comportamento de indivíduos em relação à sua saúde ou à
percepção dessa. Em direção diferente, neste estudo se teve a pretensão de demonstrar que a
mesma teoria pode ser aplicada e/ou demonstrada para outras áreas, como por exemplo, a
percepção de trabalhadores da AF mediante o risco de AT, durante a realização de suas
atividades. A Figura 2, nessa direção, mostra o desenho da pesquisa, segundo o modelo do
HBM (ROSENSTOCK, 1974a), seguido por este trabalho.
Figura 2: Variáveis que influenciam a percepção individual aos riscos de acidentes de trabalho
com maquinas agrícolas, segundo o modelo HBM
Fonte: Adaptado de Rosenstock (1974) por Dela Coleta (1995).
32
3 MÉTODO
Nesta seção será feito o detalhamento do método, expondo o tipo de pesquisa, a
população amostral, o instrumento e a forma de coleta de dados, bem como, as técnicas
empregadas para análise estatística. O contexto empírico deste projeto é a AF e os AT,
objetivando conhecer as principais questões que formam a percepção dos trabalhadores da AF
em relação aos riscos de AT no meio em que laboram. A realização deste trabalho foi
articulada de forma estratégica e foram levados em consideração alguns fatores: a linha de
pesquisa da instituição ou do orientador, a facilidade de acesso aos dados e o benchmarking
de metodologias utilizadas na pesquisa (REMENYI et al., 1998).
Selltiz, Edrich e Cook (1965) defendem a ideia de que a aplicação dos métodos são de
extrema importância para a pesquisa, porém nem sempre esses resultados são satisfatórios ao
pesquisador, mas com certeza são fidedignos. Richardson (1989) e Diehl e Tatim (2004)
definem que a escolha do método ocorre pelo tipo de problema e também pelo nível de
aprofundamento que se tem a pretensão de chegar. O método faz a delimitação da ordem para
alcançar o objetivo ou o resultado desejado (CERVO; BERVIAN, 2007). Assim considerado,
apresenta-se na sequência: 3.1 delineamentos da pesquisa, 3.2 população e amostra, 3.3
técnicas de coleta de amostra, 3.4 técnicas de análise da amostra com duas subdivisões: a)
depuração dos dados, b) análise estatística empregada, e, por fim, 3.5 hipóteses da pesquisa.
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
O delineamento da pesquisa se dá em função da forma como essa foi realizada (GIL,
2002; CALAIS, 2010). Para Calais (2010, p.82) “a justificativa da importância do
delineamento é que um mau início pode redundar em uma pesquisa enviesada”, em outras
palavras se a pesquisa começar de forma errônea, grandes são as chances de a mesma tome
33
destino diferente de seu planejado. Assim, quanto ao percurso metodológico empregado, essa
pesquisa se delineia como quantitativa, descritiva e empírica. Esse direcionamento é comum
para estudos que pretendem descrever os fatos e fenômenos de determinada realidade
(TRIVIÑOS, 1987).
Para Demo (1995, p. 133), em termos quantitativos, “as ciências sociais já dispõem de
bagagem apreciável de pesquisa empírica e, por mais que existam vícios, limitações e também
mistificações, é um produto de particular significado metodológico”. As pesquisas
quantitativas visam responder ‘quanto’ (REMENYI et al., 1998), tanto na coleta quanto no
tratamento das informações, utilizando-se de técnicas estatísticas que minimizam distorções
de análise e interpretação, permitindo ter maior margem de segurança dos dados (DIEHL;
TATIM, 2004). Acrescentando, Harwell (2011, p. 149) aponta que “métodos de pesquisa
quantitativos tentam maximizar a objetividade, aplicabilidade, e generalização de resultados, e
são tipicamente interessados em previsão”. Ainda, a pesquisa quantitativa é uma metodologia
que permite ao pesquisador generalizar resultados, replicar a pesquisa, objetividade, realidade,
características comuns do grupo pesquisado, entre outros (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO,
2013).
A pesquisa descritiva tem por finalidade delinear o que está acontecendo em relação a
determinados fatores ou fenômenos. Hymann (1967) afirma que esse tipo de pesquisa
descreve um fenômeno e registra a maneira como ocorre a partir de interpretações e
avaliações da aplicação de determinados fatores ou resultados já existentes Gil (1999)
corrobora elencando que a pesquisa descritiva visa retratar as características ou fenômenos
acerca de determinada população ou situação. Neste trabalho descreve-se as situações de
riscos as quais os trabalhadores da AF estão expostos, qualificando este estudo como
descritivo.
Por fim, a pesquisa empírica implica na experimentação ou observação do que está
acontecendo e a partir das evidências coletadas, gerar conclusões que introduzam um novo
conhecimento na linha do objeto estudado (REMENYI et al., 1998).
No que concerne ao delineamento teórico, o presente trabalho tem sustentação no HBM,
considerando suas quatro dimensões, já descritas no capítulo anterior: 1) suscetibilidade
percebida, 2) severidade percebida, 3) benefícios percebidos, 4) barreiras percebidas, e, por
fim, 5) crenças, conforme define Rosenstock (1974a), que são percepções que norteiam e
interferem sobre todas as outras dimensões. Foi adotado o modelo HBM como referencial
teórico-metodológico por ser considerado de grande relevância para aclarar a adoção de
34
comportamentos que os indivíduos possam adotar para com a prevenção e controle das
doenças, também para a aceitação de sugestões sobre cuidados para si.
Quanto a estrutura de delineamento desta pesquisa, trata-se de uma pesquisa
quantitativa, de corte transversal, tipo survey com a utilização de questionários estruturados.
Os dados primários foram coletados em oito cidades de pequeno e médio porte no norte do
estado do RS, sendo eles: Marau, Vila Maria, Passo Fundo, Ibirapuitã, Nicolau Vergueiro,
Gentil, São Domingos do Sul, Vanini. A escolha das cidades se deu por conveniência,
especialmente pela proximidade física da residência da pesquisadora. Para essa pesquisa não
previu-se anteriormente o número de respondentes, portanto, o tamanho da amostra não foi
definido previamente (FLICK, 2009). A distribuição dos questionários foi feita pela
pesquisadora que buscou agricultores em suas residências, em palestras e eventos formativos
promovidos pelas instituições de apoio dos agricultores, bem como o envio por e-mail e redes
sociais visando acessar, especialmente o público jovem. O critério de inclusão observado foi
de que deveriam ser trabalhadores na agricultura familiar com até 80 hectares que é o que
preconiza o PRONAF, forem inclusos também 23 respondentes pois estes possuíam menos de
96 hectares, conforme assinalados pelos respondentes, porque as características
socioeconômicas são muito parecidas e as características não se alterariam, além da idade
acima de 18 anos. Com este delineamento, a coleta ocorreu em quatro meses, de maio a
setembro de 2017, e obteve-se um retorno de 536 questionários, sendo considerados válidos
513. Os 23 questionários descartados apresentavam-se incompletos ou com grande parte das
questões sem marcação. Sendo o proposito deste estudo é estudar os acidentes causado por
maquinários agrícolas.
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população é a soma de todos os elementos que possuem alguma característica
semelhante de acordo com o fenômento que ser quer estudar (MALHOTRA, 2012). Nesse
caso, a população é formada pelos trabalhadores da AF . No entanto, nem sempre é possível
que se pesquise a população em seu todo, surgindo a possibilidade, como diz o referido autor,
de uma pesquisa amostral. Nessa perspectiva, este trabalho de pesquisa definiu-se como de
amostragem não probabilística por conveniência, pesquisando uma amostra de trabalhadores
da AF da região norte do estado do RS, sendo contabilizados para esta pesquisa 513
respondentes trabalhadores da AF, demais detalhamento esta citado no item 3.1.
35
3.3 TÉCNICAS DE COLETAS DE DADOS
A coleta de dados primários foi realizada, para este estudo, através de um questionário
estruturado adaptando-se os construtos do modelo de Dela Coleta (1999), sendo as perguntas
validadas por especialistas6, com o propósito de colher informações sobre seus conhecimentos
em segurança do trabalho, além dos dados demográficos e demais variáveis, este pode ser
visto no apêndice A. Elege-se o questionário, devido à possibilidade da racionalização do
tempo de preenchimento, por favorecer a aplicação simultânea em vários locais de coleta,
além de garantir o sigilo e oferecer privacidade para os respondentes (ANDRIETTA;
MIGUEL, 2007).
O questionário é tipo survey de caráter transversal, considerado como um modelo de
pesquisa convencional, dessa forma, se mostra adequado a perguntas de pesquisas dos tipos
“quantos” ou “quais”, podendo ser coletado através de questionário , contendo informações
referentes a opinião ou crenças relacionadas a comportamentos, atitudes e experiências
(REMENYI et al., 1998). O survey é utilizado nas pesquisas quantitativas conclusivas, de
caráter descritivo, sendo o principal propósito delinear um fenômeno relativo ao objeto de
pesquisa (MALHOTRA, 2006, 2012; GIL, 2008). Também Hair Júnior et al. (2005)
corroboram com os demais autores, enfatizando que as pesquisas do tipo descritiva
necessitam de uma quantidade relativamente grande de dados acolhidos através de surveys de
questionário , desse modo justifica-se a escolha da modelagem de pesquisa.
Nessa direção, o referido questionário foi elaborado com redação clara e objetiva
contendo 54 questões, em sua maioria fechadas, pela facilidade de resposta e de tabulação,
como pode ser visualizadas no apêndice A. Procurou-se não empregar siglas, sendo que as
existentes, na sua primeira escrita são apresentadas por extenso. Houve, um cuidado com as
instruções buscando um correto preenchimento, de modo a minimizar as chances de
questionários descartados por erros de preenchimento e/ou entendimento.
Assim concebido, o questionário contempla em sua primeira parte os dados
demográficos do respondente, como idade, sexo, faixa etária, descendência, escolaridade. Na
6 Os especialistas que foram consultados para auxiliar na elaboração e validação do questionário desta pesquisa
foram: Kenny Basso, Doutor em Administração, professor e pesquisador de Marketing no Programa de Pós-
Graduação em Administração da IMED Business School, da Faculdade Meridional - IMED. Atua com pesquisas
na área de comportamento do consumidor, marketing de serviços e varejo. Ainda, Vitor Francisco Dalla Corte,
Doutor em Administração, professor do Mestrado Acadêmico em Administração e Graduação da Faculdade
Meridional - IMED/RS. Tem experiência na área de Economia Aplicada, Agronegócios e em temas relacionados
a gestão e estratégia empresarial.
36
sequência, traz questões referentes às variáveis de controle: conhecimento que os
trabalhadores da AF possuem sobre o risco de AT; gravidade e susceptibilidades percebidas
na ocorrência de AT; estímulos e/ou benefícios que tendenciam a ações preventivas ou à
tomada de ação para evitar os AT; barreiras ao comportamento humano; crenças. Organizadas
dessa forma, as perguntas foram respondidas por escala Likert de sete pontos.
Após elaborado e validado o questionário foi aplicado o pré-teste com 12 indivíduos,
quando a pesquisadora esteve presente para perceber as reações e realizar anotações de
comentários realizados, para possíveis melhorias. “O pré-teste é realizado mediante a
aplicação de alguns questionários de 10 a 20 a elementos que pertence à população
pesquisada” (GIL, 2010, p. 134). A aplicação do pré-teste tem a pretensão de evidenciar
falhas ou erros que podem estar no questionário , bem como melhorar a descrição do mesmo a
fim de que os respondentes tenham o entendimento total do assunto.
Utilizou-se questionário, devido o pré teste identificar que os respondentes, mesmo
com uma certa dificuldade na leitura entendiam o que era perguntado e após a análise das
repostas do pré teste confirmou-se este entendimento.
Realizadas as adequações necessárias, o questionário foi distribuído para a amostra da
população definida como escopo desta pesquisa, sendo que no próprio questionário a autora
deixa claro o objetivo da pesquisa e que os dados serão meramente utilizados para este fim.
3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISES DE DADOS
O avanço da tecnologia possibilita que pesquisadores explorem os frutos de sua
pesquisa de forma ampla e diversificada, além de processar grandes quantidades de dados e,
ao mesmo tempo, permitir que esses sejam fidedignos, com isso ampliando as condições de
desenvolver e avaliar novos modelos teóricos (HAIR JÚNIOR et al., 2005). Os dados
coletados não representam por si só uma análise, essa, em sequência à coleta, tem a pretensão
de extrair sentido desses achados, exigindo o preparo dos dados e, em seguida sim, o
aprofundamento na compreensão por meio de análises diversas, estatísticas ou não
(CRESWELL, 2010).
Assim, o objetivo da análise de dados para pesquisas diversas é encontrar um conjunto
de fatores subjacentes num grupo de variáveis (PESTANA; GAGEIRO, 2000; HAIR
JÚNIOR. et al., 2005). Os referidos autores revelam que é fundamental que a amostra seja
suficientemente grande, devendo ter no mínimo cinco sujeitos por variável. A presente
37
pesquisa possui 54 variáveis escalares que foram analisadas e 513 indivíduos que
compuseram a amostra de pesquisa, possuindo, assim, 9,5 respondentes por variável, o que
demonstra a adequação para a análise fatorial.
Desse modo, após a obtenção, a tabulação e a interpretação dos dados, os mesmos
foram organizados de forma condizente com as categorias de análise pré-estabelecidas,
seguindo-se as quatro dimensões do HBM (ROSENSTOCK, 1974a), susceptibilidade
percebida, severidade percebida, barreiras percebidas, benefícios percebidos, mais as crenças.
Os dados primários obtidos foram analisados por meio do software Statistical Package for the
Social Sciences (SPSS), versão 18, recurso utilizado para análise estatística de dados em ciên-
cias sociais (BRUNI, 2009), as analises estatísticas realizadas podem ser conferidas nos
apêndices B e C.
As análises estatísticas representam os construtos que resumem e explicam o conjunto
de variáveis observadas (FÁVERO et al., 2009; HAIR JÚNIOR et al., 2009). Para os
contornos deste estudo, as análises estatísticas realizadas foram análise de frequências, média
e desvio padrão além da análise de regressão para testar as hipóteses. A média é uma medida
de tendência central, representa a posição da maioria da amostra pesquisada. O desvio padrão,
em complemento, afere o quanto as observações variam em torno da média, ou seja,
representa a medida da variância adotada (HAIR JÚNIOR et al., 2009).
A análise de regressão múltipla é utilizada quando os estudos têm o objetivo de
explicar como variáveis dependentes respondem a mudanças em variáveis independentes
(HAIR JÚNIOR et al., 2009). Assim, os dados apresentados no Capítulo 4 referem-se à
média e desvio padrão (Apêndice C), bem como à regressão linear (Apêndice D) calculados a
partir das variáveis influenciadoras à variável geral. Ou seja, a análise de dá no sentido de
verificar como o comportamento de uma(s) variável(is) pode mudar o comportamento de
outra, quanto a significância estatística for considerada quando p<0,05.
3.5 HIPÓTESES DA PESQUISA
Para Gil (2010) hipótese é uma proposição que pode ser testável representando a
dissolução de um problema. O pesquisador observa os fatos e procura explicar sua ocorrência,
apoiado em determinada teoria, neste caso o HBM. Assim, o presente estudo tem por objetivo
geral descrever os fatores de crenças em saúde influenciadores na adoção de práticas de
38
segurança no trabalho para o uso de máquinas agrícolas na agricultura familiar. Para tanto
foram construídas as seguintes hipóteses:
H1: A ameaça percebida “considero minhas atividades agrícolas perigosas” influencia
na adoção de práticas seguras.
H2a: A disponibilidade do cinto de segurança em máquinas agrícolas funciona como
estímulo para adoção de práticas seguras na operação de máquinas agrícolas.
H2b: As instruções de segurança recebidas no momento da compra da máquina
funcionam como estímulos que influenciam a adoção de práticas seguras de operação de
máquinas agrícolas.
H2c: A discussão da temática AT em família funciona como estímulo para adoção de
práticas seguras na operação de máquinas agrícolas.
H2d: A disponibilidade de EPIs, como óculos, botas, luvas, capas impermeáveis,
protetor auditivos, servem de estímulo para adoção de práticas seguras na operação de
máquinas agrícolas.
H3: O investimento financeiro na segurança das máquinas agrícolas é percebido como
benefício para adoção de práticas seguras na operação dessas máquinas.
Conforme apresentado anteriormente, as hipóteses estão fundamentadas no HBM.
Assim, a hipótese H1 procura avaliar a ameaça percebida. Segundo o HBM, a combinação
entre suscetibilidade e gravidade percebida é denominada ameaça percebida. A ameaça
percebida tem um componente cognitivo e é influenciada pela informação. Ela cria uma
pressão para agir, mas não determina como a pessoa vai agir. Isso é influenciado pelo
equilíbrio entre a eficácia percebida e o custo dos cursos de ação alternativos
(ROSENSTOCK, 1974a).
Na esfera dos estímulos, as hipóteses H2a, H2b, H2c e H2d têm a pretensão de
relacionar a percepção dos estímulos recebidos para adoção de práticas seguras na realização
da atividade, verificando a ocorrência de relação ou não. O HBM avalia a presença de
estímulos, fator decisivo para despertar as percepções de suscetibilidade e severidade e
motivar a pessoa à ação (ROSENSTOCK, 1974a). Os estímulos podem ser internos ou
externos, neste trabalho considerou-se os dois. Assim, a tomada de decisão pressupõe que os
indivíduos adotem medidas de proteção se eles entenderem a sua vulnerabilidade à ameaça,
sendo conhecedores das medidas preventivas e considerando-as efetivas (ROSENSTOCK,
1974a).
39
Por fim, a hipótese H3 descreve a influência dos benefícios percebidos pelos
trabalhadores da agricultura familiar para adoção de práticas seguras na operação das
máquinas. Segundo o HBM, os benefícios percebidos de uma ação correspondem à ação proposta e se
essa será eficaz na redução do risco, são as crenças dos indivíduos, e não as evidências reais, que são
influentes. As crenças refletirão influências sociais e culturais (ROSENSTOCK, 1974a).
Diante de tais delineamentos e a partir dessas hipóteses apresenta-se, ao Capítulo 4, os
resultados da pesquisa, por meio da caracterização da amostra, e das análises estatísticas
(média, desvio padrão e regressão linear) de fatores em consonância com o modelo HBM e a
realidade da AF de municípios da região norte do estado do RS.
40
4 RESULTADOS
Após a análise das respostas dos 513 trabalhadores da AF situados ao norte do estado
do RS , os resultados são apresentados nesta seção, dividida em subsecções, conforme prevê o
modelo HBM. Primeiro serão apresentadas as variáveis demográficas e estruturais que
caracterizam a amostra de pesquisa. Na sequência, aponta-se os dados sobre a gravidade e a
susceptibilidade percebida, benefícios, ameaças, estímulos, conhecimento, crenças e as
barreiras frente a possível risco de um AT, refletidas por meio de análises estatísticas (média,
desvio padrão e regressão linear).
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Os dados na íntegra da caracterização da amostra encontram-se no Apêndice B, de
onde depreende-se que dos 513 trabalhadores da AF respondentes, 71,7% são do gênero
masculino, enquanto menor parte, 28,3% são do gênero feminino. Quanto à descendência,
predominou italianos, característica da região norte do estado de RS, representando 90,1% da
amostra pesquisada. Em relação ao número de pessoas que residem na propriedade dos
respondentes, a maioria revelou ser de quatro a seis pessoas, essa média corresponde à
realidade de 55,9% dos pesquisados.
A atividade agrícola principal da propriedade, 35,1% é a produção de cereais, 29,2% a
produção de leite, essas duas atividades juntas equivalem à prática de 64,3% dos
trabalhadores da AF pesquisados, atividades características da região norte do estado do RS.
A idade dos pesquisados, o maior percentual (73,1%) dos respondentes encontra-se na
faixa entre 25 e 54. Os trabalhadores da AF mais jovens - idade dos 18 aos 24 anos -
representam 14,8% e os com idade igual ou superior aos 55 anos representam 12,1%. Quanto
à a escolaridade, a maior parte dos respondentes (45,8%) tem apenas o 1° grau ou o chamado
ensino fundamental hoje, o 2° grau ou o ensino médio é o nível de escolaridade de 39,2% dos
trabalhadores da AF , enquanto, 14,8% deles possuem o ensino superior completo.
O tamanho da propriedade, 31,2% dos trabalhadores da AF pesquisados possuem área
de 0 a 20 hectares (ha); 21 a 40 ha é a quantidade de terras de 31,4% dos respondentes; 41 a
60 ha representa a propriedade de 20,9% dos trabalhadores da AF em foco; enquanto 61 a 80
ha é o que possuem 12% desses. Considerando o preconizado pelo PRONAF de que
caracteriza-se na AF aquele produtor que possui até quatro módulos fiscais de terra, o que
41
corresponde a até 80 ha (GUANZIROLI; BUAINAIN; DI SABBATO, 2012), 428
respondentes (83,43%) se enquadram como trabalhadores da AF . Entre os que possuem mais
de 81 ha estão apenas 4,5% dos pesquisados.
Quanto a linhas de crédito, os entrevistados relataram que acessam recursos públicos
através de programas de incentivo à AF, sendo que a maioria deles (41,9%) utiliza-se do
PRONAF; 23,4% do Programa Mais Alimento; 3,5% de créditos cedidos à Agroindústria
Familiar; 0,8% não acessam linhas de crédito e 0,6% acessam outros créditos. Também 29,8%
dos entrevistados acessam mais de uma linha de crédito, neste caso o PRONAF, associado ao
Programa Mais Alimento.
Segundo as normativas do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), são aceitáveis
10 horas de trabalho diárias (MTE, 2015). Assim, no que se refere à organização do trabalho,
a análise descritiva demonstrou que 74% dos entrevistados excedem à jornada de trabalho de
dez horas em períodos sazonais, trabalhando, geralmente, quase o dobro do número de horas
aceitáveis, como mostra a Figura 3.
Figura 3: Jornada de trabalho dos trabalhadores da agricultura familiar na safra e entre safra
Fonte: Dados primários (2017).
Teve-se a pretensão de extrair o maior nível de informações referente às percepções de
gravidade e susceptibilidade de risco ocupacionais relacionados ao trabalho que os
trabalhadores da AF desenvolvem. Assim, ao ser perguntado “Você já sofreu acidente
enquanto trabalhava? ”, obteve-se como resposta que, dos 513 respondentes, 192 ou 37,4% já
haviam sido vítimas de AT. Quanto à necessidade de ir ao hospital, 17,2% precisaram de
socorro e médico e 20,3% dos que se acidentaram não precisaram do socorro médico.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 a 6 horastrabalhadas %
7 a 10 horastrabalhadas %
11 a 14 horastrabalhadas %
15 a 20 horastrabalhadas %
Safra
Entre safra
42
Em relação ao maquinário ou equipamento causador do acidente, dos 192
respondentes (37,4%) que manifestaram já terem sofrido AT, 9,9% manifestaram ter ocorrido
com trator, 9,4% com motosserra, 2,5% com colheitadeira. Os 15,6% restantes relataram ter
ocorrido AT com esmerilhadeira, máquina de solda, classificador, pulverizador, mola de
ração, lixadeira, plantadeira e serra circular. Tais dados permitem inferir que muitos dos AT
que acometeram a amostra não tiveram tratativa hospitalar e, consequentemente, ocorreu
carência de registros dessas lesões. Ainda, compreende-se que dentre as tantas tecnologias
que caracterizam a mecanização da agricultura, motosserra e trator são os equipamentos que,
para essa amostra, representam os maiores perigos de AT.
Buscando-se evidenciar se a amostra pesquisada possui informação sobre a ocorrência
de AT com seus colegas trabalhadores rurais, foi perguntado: “Você já presenciou ou ouviu
falar de AT fatal ou grave com produtores rurais?”. De forma unânime os 513 respondentes,
assinalaram afirmativamente, manifestando ter o conhecimento da existência e ocorrência de
AT graves ou fatais em sua classe trabalhadora.
Em contrapartida, foi perguntado sobre o objetivo da realização de manutenções nos
maquinários qual, oferecendo-se duas alternativas de repostas: a primeira, “pensando em sua
segurança”, e a segunda, “para não parar durante a safra”. Observou-se, assim, que 60% dos
respondentes elencaram a segunda opção, isso demonstra que, mesmo sabendo que os AT
ocorrem, o pensamento está voltado ao recurso econômico e produtivo e não à valorização e
ao cuidado a vida.
Também, foi de interesse da pesquisa entender sobre os desconfortos que os
trabalhadores da AF sentem ao desenvolver suas atividades, solicitando-se que elencassem
manifestações sentidas durante a operação de seus maquinários. Observa-se na Figura 4 que
59% da amostra de pesquisa sente cansaço nas atividades de operação de trator e
colheitadeira, 41,7% relatam o desconforto do tipo zumbido no ouvido enquanto operam a
motosserra e a serra circular. Em menor percentual manifestaram sentir dor de cabeça ao
operar a roçadeira costal (13,5%) e irritação ao manipular com o trator com pulverizador
(16,8%).
43
Figura 4: Principais sintomas dos trabalhadores da Agricultura familiar durante a operação
dos equipamentos
Fonte: Dados primários (2017).
Quanto ao maquinário presente nas propriedades dos pesquisados, a pesquisa
identificou que 274 trabalhadores da AF (53,4%) possuem trator, colheitadeira, motosserra,
roçadeira costal, pulverizador e serra circular, ou seja, todos os equipamentos pré-
determinados na pesquisa. É relevante o número de trabalhadores da AF que possuem entre os
seus maquinários ao menos o trator, 490 (95,51%).
Após saber quais maquinários a amostra de trabalhadores da AF possuía, perguntou-se
sobre a periculosidade que os equipamentos oferecem, discriminando-a em uma escala de 1 a
7, sendo: 1 nenhum risco, 2 muito baixo risco, 3 baixo risco, 4 médio risco, 5 elevado risco, 6
muito elevado risco, 7 elevadíssimo risco. Observa-se no Figura 5 que 40,7% da amostra de
pesquisa consideram risco médio para operar o trator outros 32,90% consideram risco médio a
operação com colheitadeira. Elevado risco foi citado por 34,70% em função do uso da
motosserra, 27,90% manifestou elevado risco no manuseio da roçadeira costal, ainda, 35,7%
indicou ter elevado risco o uso da serra circular. O risco muito elevado foi considerado por
outros 35,7% dos trabalhadores da AF, relacionando-o ao uso do trator pulverizador.
0%
10%
20%
30%
40%
Trator Colheitadeira Motosserra Roçadeira costal Trator compulverizador
Serra circular
Cansaço Dor de cabeça Irritação Zumbido no ouvido
44
Figura 5: Periculosidade percebida pelos trabalhadores da agricultura familiar em relação aos
maquinários
Fonte: Dados primários (2017).
Mesmo com índices de 37,4% de acidentados nesta pesquisa por motivo de trabalho, e
desses 9,9% tendo como fonte geradora o trator e 2,5% a colheitadeira, a amostra atribui a
esses dois equipamentos um risco médio de acidentes, como observa-se no . Esses dados vão
ao encontro do que diversos autores afirmam de que a atividade agrícola é um dos segmentos
mais perigosos no campo ocupacional (MEYERS et al., 1997; ALVES FILHO, 2001;
FRANK et al., 2004; WÜNSCH FILHO, 2004).
Também se questionou sobre o uso de EPI (óculos, luvas, calçado de segurança e
protetor auricular), para a realização das atividades do campo. Obteve-se como resultado que
4,01% dos trabalhadores da AF pesquisados utilizam EPI ao operar o trator; cerca de 4,56%
para operar a colheitadeira, 5,33% para operação da motosserra, 4,86% para uso da roçadeira
costal, 4,28% usam EPI para manusear a serra circular e, por fim, 5,52% os utilizam para o
trator com pulverizador.
Em relação ao treinamento de segurança ofertado por parte das revendas de
maquinários agrícolas, 63,5% dos trabalhadores da AF responderam de forma negativa, ou
seja, a maior parte deles não receberam treinamento de segurança quando da aquisição de seu
maquinário agrícola.
Corroborando com o impacto que representam os AT no meio rural a pergunta 13
questionou sobre o fato de o respondente já ter visto ou presenciado um AT com agricultor
familiar. A resposta foi unânime, 100% dos pesquisados responderam de modo afirmativo.
Em contrapartida, apenas 4,14% desses respondentes manifestaram ter participado de
palestras sobre o tema AT.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Trator Colheitadeira Motosserra Roçadeira costal Trator compulverizador
Serra circular
Médio risco Elevado risco Muito elevado risco
45
4.2 ANÁLISES DE FREQUÊNCIA DOS FATORES DO HBM
O modelo HBM, proposto por Dela Coleta (1995) a partir de Rosenstock (1974a), foi,
como amplamente descrito, o modelo teórico e metodologico adotado neste estudo. Assim, as
análises de média e desvio padrão que agora se apresenta, referem-se ao número de respostas
dadas a cada uma das sete escalas (1 discordo totalmente, 2 discordo, 3 discordo parcialmente,
4 nem concordo nem discordo, 5 concordo parcialmente, 6 concordo, 7 concordo totalmente)
do questionário aplicado à amostra de 513 trabalhadores da AF da região norte do estado do
RS, considerando-se as quatro dimensões do HBM (gravidade e susceptibilidade percebida,
ameaças percebidas, barreiras, benefícios) e, ainda, crenças.
Na esfera da susceptibilidade e gravidade percebida, enquadram-se aquelas que
podem ser chamadas de situações em que os trabalhadores encontram-se expostos ao risco
sem, no entanto, ter a capacidade de percebê-lo. Representa a falta de percepção de
susceptibilidade, a dificuldade em perceber a gravidade dos riscos a que estão expostos, bem
como suas consequências. Essa dificuldade de percepção pode ser caracterizada como
severidade percebida, que se refere às consequências ou ao impacto que uma dada ameaça
representa na vida de indivíduos. Assim compreendendo, a Tabela 2 traz a média e o desvio
padrão da frequência de respostas dadas pelos trabalhadores da AF às questões que se
referiam à susceptibilidade e gravidade e percebida em relação à ocorrência de acidentes.
Tabela 2: Susceptibilidade e gravidade percebidas em relação à ocorrência de acidentes
Questão Média Desvio padrão
18) Quando meus maquinários agrícolas possuem cinto de segurança
eu os uso. 3,76 1,838
20) Substitui meus maquinário ou ferramental nos últimos 5 anos. 4,41 1,882
21) O trator é um meio de locomoção seguro para oferecer carona. 2,62 1,671
22) Quando faço manutenções em minhas máquinas agrícolas, sempre
as deixo desligadas, e bloqueadas. 4,64 1,879
23) Já operei maquinários apresentando falhas, como por exemplo
falta de freio ou iluminação, entre outros. 4,54 1,604
24) Quando o equipamento ou maquinário agrícola apresentar
falhas/panes/quebrar, sempre chamo ou levo até a revenda ou oficina
especializada.
4,28 1,750
25) Opero meu maquinário agrícola com uma criança ou adolescente
ao seu lado. 4,17 2,078
26) Opero máquinas agrícolas sobre efeitos de medicação. 3,77 1,918
27) Opero uma máquina agrícola, sem prévio conhecimento. 3,84 1,857
31) Quando quebra uma peça faço algum tipo de gambiarra para
intermediar o concerto. 3,47 1,883
46
38) Me preocupo com a minha saúde e segurança bem como com a de
meus familiares. 5,70 1,568
Média susceptibilidade e gravidade percebidas 4,10 Fonte: Dados primários (2017).
A partir dos dados apontados pela pesquisa e apresentados à Tabela 2, pode-se
observar que os AF possuem sim o conhecimento dos riscos que a atividade agrícola
proporciona, uma vez que as médias das perguntas classificadas como variáveis de
susceptibilidade e gravidade ao risco demonstram isso. Por exemplo, na pergunta 21, quando
a média encontrada é 2,62 ao se perguntar se o trator é um meio seguro de locomoção.
Porém, é preocupante a média de 4,64 e 4,54 das perguntas 22 e 23 respectivamente,
evidenciando que não é habitual que os maquinários estejam desligados e
bloqueados/travados para que os mesmos não avancem sobre o agricultor ou o
prendam/atinjam durante a realização das atividades agrícolas. Ainda, admitem que, por
vezes, operam o maquinário sem o mesmo estar adequado aos itens de segurança, inquietante
é este dado, pois, como já destacado, 37,4% da amostra já sofreu AT durante a realização de
suas atividades agrícolas, sendo 9,9% em função do uso de trator.
Também é notória a média de 3,47 da pergunta 31, referente à realização de
gambiarras para intermediar um conserto, pois conforme o dicionário a expressão gambiarra
está associada à “solução improvisada para resolver um problema ou para remediar uma
situação de emergência; remendo” (AURÉLIO, 2017, s/p). Desse modo, permite-se fazer a
associação ao risco de AT que esta classe está exposta, pois intermediam defeitos no
equipamento através de atitudes (improviso) que não conduzem à operação ou manuseio de
equipamentos/maquinários com segurança.
Através deda média geral do construto 4,10, pode se dizer que os respondentes
percebem o quão estão expostos ao risco de acidentar-se bem como de suas possíveis
consequências.
Em relação às ameaças percebidas pelos trabalhadores da AF pesquisados, a Tabela 3
demonstra como a amostra as percebe em relação ao risco de AT no meio onde vivem e
laboram.
Tabela 3: Ameaças percebidas em relação à ocorrência de acidentes
Questões Média Desvio padrão
44) É importante inspecionar as máquinas antes de iniciar uma
atividade. 4,97 1,928
45) Os acidentes só acontecem com os outros. 3,75 2,052
47
47) Quando estou preocupado ou com problemas de saúde, familiar,
financeiro, tenho maior chance de me acidentar. 4,89 1,575
48) Me considero melhor que meus colegas trabalhadores rurais,
devido a minha experiência e habilidade com maquinários. 4,01 1,701
50) Considero minhas atividades agrícolas perigosas. 4,74 1,438
Média ameaças percebidas 4,47 Fonte: Dados primários (2017).
Os trabalhadores da AF acreditam que podem ser vítimas de AT, uma vez que a média
encontrada para essa pergunta foi de 3,75, o que permite concluir que a amostra sabe que se
não adotar um comportamento seguro o tempo todo em sua atividade é passível que ocorra
acidentes e/ou lesões. Reforça essa afirmativa a resposta dada quando perguntado na questão
50 se consideram as suas atividades agrícolas perigosas, obtendo-se uma média de 4,74,
tendência positiva para que, uma vez admitido que podem ocorrer os acidentes bem como
considerando a atividade perigosa, adotem um comportamento seguro em relação à sua vida.
Na pergunta 44 os respondentes expressam um tendência positiva à inspecionar as
máquinas e equipamentos antes de iniciar a atividade, com média de 4,97. Em contrapartida,
em momento anterior 60% dos respondestes manifestaram realizar manutenções no
maquinário para não parar durante safra, e não como um modo de prevenir AT, evidenciando
que o valor ainda continua sendo maior para as questões relacionadas à produtividade e lucro
do que em relação à própria vida do agricultor.
Quanto a média geral da esfera das ameaças percebidas 4,47, visualiza-se que
levemente tendênciam de forma positiva a admitir que suas atividades ofertam riscos de
acidentes.
Explorando-se a terceira dimensão do HBM, foram realizadas perguntas sobre
possíveis barreiras que possam expor os trabalhadores da AF à ocorrência de AT. Essas são
representadas pelos fatores negativos, dificultosos ou impeditivos de uma ação como, por
exemplo, aumento de despesas ou a própria falta de conhecimento. O modelo HBM
considera, ainda, que existem fortes barreiras psicológicas, são capazes de impedir que o
indivíduo tome ações relacionadas à prevenção (ROSENTOCK, 1990). Nessa direção, a
Tabela 4 apresenta as respostas dadas pelos trabalhadores da AF em relação às barreiras que
os mesmos percebem como impeditivos para que aumentem a sua segurança evitando AT.
48
Tabela 4: Barreiras percebidas em relação à ocorrência de acidentes
Questão Média Desvio padrão
19) Sei onde comprar os EPI´s, como por exemplos, bota, óculos,
creme de proteção, luvas, capas, roupas impermeáveis, entre
outros.
5,59 1,292
28) Considero o custo dos EPI’s elevado. 3,69 1,895
29) Possuo conhecimento das Normas Regulamentadoras NR 12 e
NR 31. 2,72 1,899
30) O custo financeiro dos EPI´s está associado ao benefício
oferecido. 4,32 1,819
32) Quando preciso de informações/orientações sobre segurança do
trabalho encontro facilmente com a
empresa/revenda/concessionária que vendeu a máquina agrícola.
3,80 1,868
Média barreiras percebidas 4,02 Fonte: Dados primários (2017).
A média de 2,72 para o conhecimento dos conteúdos das NR12 e 31 merece destaque,
uma vez que essas duas NR possuem relação direta com a atividade desenvolvida pela classe
pesquisada. A NR12 enfatiza o trabalho com máquinas e equipamentos com suas devidas
proteções e meios para a diminuição das exposições das partes móveis que podem gerar o
aprisionamento dos trabalhadores gerando as lesões. Do mesmo modo, a NR31 é direcionada
à atividade agrícola, abordando mecanismos que devem ser adotados para que lesões não
venham a ocorrer durante o exercício da atividade no campo.
Outra barreira apontada pela amostra refere-se à dificuldade de obter informações de
segurança por parte da revenda ou concessionária, com média de 3,8, percebendo-se que essas
informações não são de fácil acesso ao agricultor familiar, podendo, por vezes, levar a formas
inseguras de operar maquinários.
Nas barreiras percebidas a média geral deste construto, expressada por 4,02 configura-
se que tem-se sim as barreiras e que estas são impeditivas da adoção de atitudes seguras frente
aos riscos de acidentes, com a classe pesquisada.
No que tange à quarta dimensão do HBM, que refere-se aos benefícios percebidos pelo
trabalhadores da AF da região norte do RS na adoção de práticas seguras ou uma determinada
ação para a redução do risco de AT, a Tabela 5 é esclarecedora. O modelo HBM considera
como benefícios toda a forma de diminuição de exposição a fontes geradoras de acidentes e
ou lesões. Em outras palavras, os benefícios percebidos estão atrelados às crenças na
efetividade da ação e na percepção de seus resultados positivos (ROSENTOCK, 1990).
49
Tabela 5: Benefícios percebidos em relação à ocorrência de acidentes
Questão Média Desvio Padrão
33) Já participei de palestras de segurança em operação de
máquinas agrícola. 4,14 1,973
34) Sempre utilizo EPI’s nas atividades que se faz necessário. 4,34 1,779
35) Ao operar um maquinário agrícola sinto orgulho da
profissão de agricultor. 5,52 1,671
51) Invisto em segurança em minhas máquinas agrícolas. 4,99 1,39
53) Pretendo adotar práticas seguras na realização das minhas
atividades agrícolas. 5,50 0,983
Média benefícios percebidos 4,89 Fonte: Dados primários (2017).
A análise da Tabela 5 permite identificar que ao ser perguntado se eles se sentem
orgulhosos de serem trabalhadores da AF, a média foi de 5,52, verificando-se, positivamente,
que a AF, apesar das dificuldades, é motivo de orgulho. Na pergunta 53, percebe-se que os
pesquisados possuem forte tendência à adoção de práticas seguras na realização de suas
atividades, demonstrado pela média de 5,5. Do mesmo modo, na pergunta 51, quando
perguntado sobre o investimento em segurança, a média 4,99 revelou a tendência positiva de
realizar uma ação benéfica à segurança do referido trabalhador.
A média geral dos benefícios percebidos representam 4,89, podemos inferir dizendo
que se os trabalhadores da AF tiveram o conhecimento de praticas e atitudes seguras para
realizar suas atividades, eles passaram a adotar e desta forma ocorre a diminuição de chances
de acidentar-se.
Estímulos são, segundo a modelo HBM, as motivações que os trabalhadores da AF
recebem ou percebem de agentes externos, em relação à sua segurança, considerados como
um fator categórico para despertar as percepções de suscetibilidade e severidade e motivar a
ação (ROSENTOCK, 1990). Assim sendo, a Tabela 6 apresenta as respostas dos sujeitos de
pesquisa investigados quanto aos estímulos percebidos no meio externo em geral (mídia,
governo, família, concessionárias) para contribuir com sua segurança no trabalho.
Tabela 6: Estímulos percebidos pelos trabalhadores da agricultura familiar visando à
diminuição de acidentes
Questões Média Desvio Padrão
36) Percebi nos meios de comunicação campanhas que orientam
sobre os cuidados referente a saúde e a segurança individual do
produtor rural
4,34 1,908
37) O governo está preocupado com a segurança e a saúde do
trabalhador rural. 3,28 2,072
50
39) Em minha família é discutido o tema acidentes de trabalho. 4,81 1,665
41) No momento da compra de máquinas ou equipamentos, recebi
instruções de segurança, para prevenir acidentes. 4,13 1,903
42) Após a compra a concessionária/revenda, ofereceu suporte
quanto a segurança individual do operador. 4,02 1,985
43) Leio os manuais de instruções de uso dos maquinários que
adquiro. 4,77 1,594
46) Acredito que o óculos, bota, luvas, capas impermeáveis,
protetor auditivos entre outros são importantes para preservar
minha saúde e segurança.
5,21 1,695
Média estímulos percebidos 4,36 Fonte: Dados primários (2017).
Nota-se que as questões elaboradas dentro da esfera dos estímulos, tiveram as médias
baixas, (tabela 6) . É percebível o descontentamento dos trabalhadores da AF com o governo
no que se refere à saúde e à segurança, pois a média encontrada foi de 3,28, evidenciando que
não se veem acolhidos por programas e incentivos governamentais. A média fica um pouco
mais alta, porém ainda muito próxima à mediana, quando perguntado se perceberam nos
meios de comunicação campanhas de orientação voltadas à classe, com média de 4,34. Nesse
sentido, eles podem ter associado tanto o governo quanto outros órgãos civis e privados que
realizam campanhas de informação ou disseminação de cuidados sobre saúde e segurança
para a AF.
Quanto à compra e pós-compra de maquinários, foi perguntado quanto ao
recebimento de informações e/ou orientação de segurança por parte das revendas, nas
questões 41 e 42. Ambas as médias, de 4,13 e 4,02 respectivamente, são consideradas baixas
revelando que as empresas revendedoras de equipamentos agrícolas não fornecem instrução e
suporte de segurança aos seus clientes no momento da venda de maquinários. Em
complemento, na questão 11 foi perguntado sobre a questão de treinamento oferecido pelas
revendas, onde apurou-se que 63,5% da amostra pesquisada respondeu não ter recebidos
qualquer treinamento por parte da revenda.
Através da média geral dos estímulos percebidos 4,36, argumenta-se que os
trabalhadores da AF necessitam sim de informações precisas e voltadas para suas atividades,
assim o auxiliando na identificação dos riscos para possíveis adoção de controles.
Outro enfoque abordado nesta pesquisa foi o conhecimento que o agricultor possui
quanto à ocorrência de AT com trabalhadores, como mostra-se à Tabela 7.
51
Tabela 7: Conhecimento dos riscos de acidentes de trabalho pelos trabalhadores da AF
Questão Média Desvio padrão
40) Ao saber de um acidente em outra propriedade, procuro saber
do ocorrido e tomo ações para que o mesmo não ocorra em minha
propriedade.
5,16 1,561
49) Já imaginei ser vítima de um acidente de trabalho. 4,47 1,578
Média conhecimento dos riscos 4,81 Fonte: Dados primários (2017).
Com média de 5,16 para a questão 40, permite-se concluir que a amostra adota ações,
quando da ocorrência de acidentes em outras propriedades, para que os mesmos não venham a
ocorrer em sua propriedade. Porém, a pergunta 49 permite considerar-se, pela média
encontrada de 4,47, que a segurança ainda não é um valor para os trabalhadores da AF, pois
não se enxergam como acidentados e ou lesionados, mesmo tendo a consciência que os AT
podem ocorrer. A média geral sobre o conhecimento de riscos de 4,81 revela que, ainda de
forma tímida, porem tendência positivamente ao conhecimento dos riscos que a atividade
agrícola possui.
4.2 ANÁLISE DE REGRESSÃO DOS FATORES DO HBM
Para a análise de regressão linear foram testadas seis hipóteses, conforme mostra-se na
Tabela 8 a seguir:
Tabela 8: Hipóteses da pesquisa
Hipótese Variáveis independentes Variável dependente
H1 Ameaça percebida Adoção de práticas seguras na operação de
máquinas agrícolas.
H2a, H2b,
H2c, H2d
Estímulos percebidos Adoção de práticas seguras na operação de
máquinas agrícolas.
H3 Benefícios percebidos Adoção de práticas seguras na operação de
máquinas agrícolas. Fonte: Dados primários (2017).
Para Hair Júnior et al. (2005) e Malhotra (2012) alguns testes devem ser realizados
para verificar as suposições inerentes à análise multivariada de dados, tais como a regressão
linear. É necessário descrever que as variáveis independentes e dependentes empregadas nos
modelos de regressão foram alcançadas através dos fatores gerados pela análise fatorial.
Assim, as hipóteses serão expostas em tabelas a fim de facilitar o entendimento da relação
entre as variáveis dependente e independente, bem como seus valores de referência.
52
A formulação da hipótese dependente originou-se da questão de número 53)
Influência na adoção de práticas seguras na operação de máquinas agrícolas.
A hipótese H1 testa a variável independente de ameaças percebidas - H1: A ameaça
percebida “considero minhas atividades agrícolas perigosas” - influencia na adoção de
práticas seguras (variável dependente), como mostra a Tabela 9.
Tabela 9: Verificação da possível relação de ameaça percebida com a adoção de atitudes ou
práticas seguras
Variável dependente Variável independente Beta t Significância
53) Influência na
adoção de práticas
seguras na operação de
máquinas agrícolas.
50) Considero minhas atividades
agrícolas perigosas.
0,13 3,15 0,002
Fonte: Dados primários (2017).
Para a hipótese formulada H1, com valores (β = 0,13, t = 3,15, p < 0,002), pode-se
concluir que a ameaça é percebidas pelos trabalhadores da AF da amostra pesquisada, pois
acreditam que suas atividades são perigosas. Tal fato é relevante, pois a partir desse
conhecimento os sujeitos adotam uma postura prevencionista em relação à sua vida.
Na variável independente de estímulos formulou-se as seguintes hipóteses: H2a: A
disponibilidade do cinto de segurança em máquinas agrícolas funciona como estímulo para a
adoção de práticas seguras na operação de máquinas agrícolas; H2b: As instruções de
segurança recebidas no momento da compra da máquina funcionam como estímulos que
influenciam a adoção de práticas seguras de operação de máquinas agrícolas; H2c: A
discussão da temática AT em família funciona como estímulo para a adoção de práticas
seguras na operação de máquinas agrícolas; e, H2d: A disponibilidade de EPI, como óculos,
botas, luvas, capas impermeáveis, protetor auditivos, servem de estímulo para adoção de
práticas seguras na operação de máquinas agrícolas. A partir dessa formulação a análise
estatística de regressão apresenta-se à Tabela 10.
Tabela 10: Verificação da possível relação de estímulos percebidos com a adoção de atitudes
ou práticas seguras
Variável dependente Variável independente Beta t Significância
53) Influencia na
adoção de práticas
segura na operação de
máquinas agrícolas.
18) Quando meus maquinários agrícolas
possuem cinto de segurança eu os uso. 0,13 3,07 0,002
41) No momento da compra de
equipamentos ou máquinas ou, recebi
instruções de segurança, para prevenir
0,32 6,77 0,001
53
acidentes.
39) Em minha família é discutido o tema
acidentes de trabalho. 0,17 3,52 0,001
46) Acredito que o óculos, bota, luvas,
capas impermeáveis, protetor auditivos
entre outros são importantes para
preservar minha saúde e segurança.
0,11 2,31 0,021
Fonte: Dados primários (2017).
Analisando-se o coeficiente beta é possível constatar que, entre as quatro variáveis de
estímulos percebidos, as variáveis independentes “Em minha família é discutido o tema AT” e
“No momento da compra de equipamentos ou máquinas, recebi instruções de segurança, para
prevenir acidente” são as que mais “influenciam na adoção de práticas segura na operação de
máquinas agrícolas”.
A primeira hipótese a ser discutida refere-se à esfera dos estímulos, denominada H2a,
trata da disponibilidade do cinto de segurança em máquinas agrícolas como estímulo para a
adoção de práticas seguras na operação de tais equipamentos. Os resultados demonstram um
impacto positivo de “quando meus maquinários agrícolas possuem cinto de segurança eu os
uso” sobre “influencia na adoção de práticas segura na operação de máquinas agrícolas” (β =
0,13; t = 3,07; p < 0,002). Tais números permitem concluir que quando os maquinários
possuem o cinto de segurança este é usado a fim de garantir uma maior segurança dos
trabalhadores da AF durante a operação do maquinário. Esses resultados sustentam a Hipótese
H2a.
A hipótese H2b testada dentro da esfera dos estímulos, identificada como H2b, referiu-
se às instruções de segurança recebidas no momento da compra da máquina como estímulos
que influenciam a adoção de práticas seguras de operação de tais equipamentos. Conforme
resultados da Tabela 10, (β = 0,32, t = 6,77; p < 0,001), permite-se concluir que quanto mais
instruções de segurança o agricultor receber no momento da compra maior será a sua adesão a
práticas seguras no decorrer de suas atividades. Esse resultado oferece suporte à Hipótese
H2b.
Na hipótese H2c, ainda na esfera dos estímulos, teve-se a pretensão de explorar o
âmbito familiar como estímulo para adoção de práticas seguras na operação de máquinas
agrícolas pelos trabalhadores da AF . Através dos resultados demonstrados na Tabela 10 nota-
se um impacto positivo da discussão do tema AT na família dos sujeitos da pesquisa. A
regressão mostrou que o hábito de discutir a segurança no trabalho em família influencia na
54
adoção de práticas seguras quando da operação de máquinas agrícolas (β = 0,17; t = 3,52; p <
0,001). Esse resultado oferece suporte à Hipótese H2c.
A hipótese H2d, que também relaciona estímulos, explorou se a disponibilidade de
EPIs como óculos, botas, luvas, capas impermeáveis, protetor auditivos, servem de estímulo
para adoção de práticas seguras na operação de máquinas agrícolas. Os resultados mostram
que os trabalhadores da AF percebem que o uso de EPI contribui para segurança no trabalho
(β = 0,11; t = 2,31; p < 0,021). Esse resultado oferece suporte à Hipótese H2d.
Por fim, o teste da hipótese relacionada aos benefícios percebidos quando da adoção
de uma prática segura, H3: O investimento financeiro na segurança das máquinas agrícolas é
percebido como benefício para adoção de práticas seguras na operação dessas, é apresentada
com sua análise de regressão estatística à Tabela 11.
Tabela 11: Verificação da possível relação de benefícios percebidos na adoção de atitudes ou
práticas seguras
Variável dependente Variável independente Beta t Significância
53) Influencia na
adoção de práticas
segura na operação de
máquinas agrícolas.
51) Invisto em segurança em
minhas máquinas agrícolas.
0,20 4,49 0,001
Fonte: dados da pesquisa, 2017.
Através dos dados encontrados (β = 0,20; t = 4,49; p < 0,001), é possível concluir que
os trabalhadores da AF percebem que os investimentos em segurança de suas máquinas
agrícolas as tornam mais seguras e, consequentemente, eles sentem-se mais protegidos. Esse
resultado oferece suporte à Hipótese H3.
55
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os resultados encontrados permitem uma aproximação e debate com a literatura sobre
o assunto. Em primeiro lugar, confirmou-se o perfil sociodemográfico dos trabalhadores da
AF , no que se refere à operação de máquinas agrícolas. A amostra abrangeu 513
trabalhadores da AF e desse total, 71,7% são do sexo masculino. Contexto semelhante foi
encontrado nos estudos de Fehlberg, Santos e Tomasi (2001) e Drebes et al. (2014) ao
relataram que o trabalho rural tem por característica a prevalência do sexo masculino, pois as
atividades agrícolas demandam maior resistência e vigor, por serem trabalhados mais pesados
e braçais. Ambrosi e Moggi (2013) relatam em seus achados que a prevalência de lesões
relacionadas à maquinaria agrícola no sexo masculino corresponde a 96% dos acidentes.
Ainda em relação ao perfil sociodemográfico, pode-se observar que a maioria dos
trabalhadores da AF possui escolaridade até o primeiro grau completo (45,8%) e a minoria
(14,8%) possui ensino superior. Os dados se assemelham aos achados de Ambrosi e Moggi
(2013), ao relatarem que 42% dos agricultores de sua pesquisa tinham ensino fundamental,
34% ensino médio e o nível superior completo e incompleto era realidade para apenas 10% do
mesmo público pesquisados, agricultores.
Quanto à linha de crédito, com maior ênfase destaca-se na pesquisa o PRONAF, que
beneficia a 41,9% dos trabalhadores da AFrespondentes, na mesma direção dos achados de
Grisa, Wesz Junior e Buchweitz (2014), que relatam ser o PRONAF, no período de 1999 a
2012 a linha de crédito de maior prevalência do RS, representando quase 20% da tomada de
linhas de crédito. Mattei (2017) reforça que a região Sul do Brasil é aquela que está mais bem
posicionada no âmbito da AF brasileira, através das linhas de financiamento do PRONAF.
Os resultados encontrados mostram, também, que durante o período da safra, 76,4%
dos trabalhadores da AF amostrados ultrapassam as 10 horas de trabalhadas. Chae et al.
(2014) relatam que a média de horas por dia de trabalho na agricultura foi significativamente
associada a lesões agrícolas. Uehli et al. (2014) evidenciaram que o sono tem influência em
relação aos AT e indivíduos que apresentaram problemas com o sono tem 1,62% de chances a
mais de se acidentar daqueles indivíduos que não tinham problemas com o sono. Desse modo,
aproximadamente 13% das lesões no trabalho podem ser atribuídas aos problemas do sono.
Embora a questão do sono não tenha sido questionada nesta pesquisa, ele pode estar associado
à jornada de trabalho que reduz o período de descanso e consequentemente o de sono.
56
Também se observou que 59% dos trabalhadores da AF sentem-se cansados devido a
realização das atividades com trator e colheitadeira. Maia e Rodrigues (2012), no trabalho de
“Associação entre a carga de trabalho agrícola e as dores relacionadas” apontaram que as
cargas de trabalho oriundas do processo de trabalho agrícola exercem influências na saúde e
podem levar ao desgaste físico e emocional do agricultor, ocasionando dores e possíveis
distúrbios e doenças relacionadas ao trabalho.
Esta pesquisa revelou, ainda, que 16,8% dos entrevistados relatam irritação ao operar
o trator com o pulverizador, corroborando com os achados de Baesso et al. (2015), de que
41,7% dos pesquisados dizem sentir desconforto nas atividades de uso de máquinas agrícolas.
Um dos motivos, conforme os autores, é o ruído, aumentando a exposição e criando uma
relação direta com a possibilidade de AT, uma vez que ruído excessivo pode causar irritação e
perda da concentração. Aplicando o modelo HBM, Pursley e Saunders (2016) concluem que a
exposição de trabalhadores de bares ao ruído, por falta de conhecimento sobre prevenção de
perda auditiva, baixos benefícios e susceptibilidades, agregado à falta de conhecimento e
barreiras, pode ser interpretado como uma indicação positiva de que os indivíduos estariam
receptivos a informações que lhes favorecessem a adoção de comportamentos seguros ou
saudáveis.
A base amostral desta pesquisa demonstrou, ainda, que 37,4% dos participantes foram
vítimas de AT. Nos achados de Ambrosi e Moggi (2013), 74% dos trabalhadores sofreram
algum tipo de AT nos últimos três anos na propriedade. Assim, a hipótese H1, referente à
ameaça percebida “considero minhas atividades agrícolas perigosas” influencia na adoção de
práticas seguras”, e se justifica a partir da significância a ela atribuída. Aplicando o modelo de
crenças em saúde HBM, Khan et al. (2013) descreveram que no trabalho com pesticidas,
agricultores relataram que a admissão do risco pelo indivíduo causa a percepção dos danos,
esse ponto foi elencado como fator importante para convencer os agricultores a terem mais
proteção.
Dos 37,4% dos participantes que foram vítimas de AT no meio rural, 17,2%
necessitaram ir ao hospital para intervenção médica, mas, por outro lado, 20,3% não procuram
atendimento médico. Essa não procura pode ser interpretada de duas maneiras: ou por terem
sido pequenas lesões, ou porque foram adotadas tratativas caseiras por não terem condições
ou recurso para procurar o serviço médico. Esses dados vão ao encontro dos achados de
Cavalcante et al. (2014) para quem somente 30% dos AT ocorridos no Brasil são notificados,
contribuindo, assim, com a falta de informações sobre AT, como reforça os estudos de
57
Robert, Elisabeth e Josef (2015). Douphrate et al. (2013) evidenciaram a falta de material
com informações sobre AT com AF, realidade que se apresenta em todos os países. Os
resultados também corroboram com os achados de Fehlberg, Santos e Tomasi (2001),
Douphrate et al. (2013) e Robert, Elisabeth e Josef (2015) ao enfatizarem que a escassez de
dados relacionados com AT no meio rural é transversal a muitas realidades, não só porque
muitos dos pequenos produtores atuam em mercado informal, mas também porque muitos AT
não são comunicados.
A pesquisa de tipo de maquinário em posse dos agricultores familiares pesquisados
revelou que a maioria possui trator, na mesma direção o trabalho de Ambrosi e Moggi (2013)
elencou que 98% dos trabalhadores rurais pesquisados possuem trator, dentre outros
maquinários. Em decorrência dessa prevalência, do total de acidentados desta pesquisa, 9,9%
informou ser a fonte geradora o trator, o que vem ao encontro dos dados encontrados por
Márquez (1986) e Silva e Furlani Neto (1999) que, em seus achados, afirmam que o trator é a
máquina responsável por 20% dos AT relacionados à atividade agrícola. Compreende-se,
assim, que passados mais de trinta anos do início de seu processo de mecanização, a
ocorrência de AT na agricultura ainda impressiona e tem forte relação com o uso do trator.
Também em relação aos AT causados pelo trator, Ambrosi e Moggi (2013) relatam em seu
trabalho “AT’s relacionados às atividades agrícolas” que os tipos de AT mais frequentes
foram com máquinas (45%) e ferramentas manuais (33%). Esses dados vêm ao encontro dos
encontrados nesta pesquisa que dentre os trabalhadores da AF que já sofreram AT, 9,9%
manifestaram ter ocorrido com trator e 9,4% com motosserra.
Os benefícios percebidos ocorrem em função da avaliação individual das
consequências positivas de adotar o comportamento seguro na prevenção de acidentes
(ROSENSTOCK, 1974a). Desse modo, a confirmação da hipótese H2a de que “a
disponibilidade do cinto de segurança em máquinas agrícolas funciona como estímulo para
adoção de práticas seguras na operação de máquinas agrícolas”, vai ao encontro da literatura
encontrada sobre o assunto. Khan et al. (2013) aplicaram o modelo HBM no uso de pesticidas
e encontraram uma forte ligação entre efeitos adversos para a saúde e comportamento de
segurança e/ou a gravidade de um risco para a saúde é um fator importante na formação do
indivíduo para um comportamento preventivo. Dessa forma, percebe-se que os trabalhadores
da AF da região norte do estado do RS pesquisados neste estudo se receberem estímulos para
usar o cinto de segurança o fariam e, dessa forma, estariam menos propensos à ocorrência de
AT.
58
Quanto ao treinamento de segurança na operação de máquinas e equipamentos
agrícolas no momento da compra do maquinário, nesta amostra de trabalhadores da AF foi
identificado que 63,5% não o receberam. Isso mostra que a fonte de conhecimento sobre o uso
de máquinas agrícolas são os aprendizados que são passados de geração para geração, isto é, o
filho aprende com o pai que aprendeu com o avô. Essa prática leva a perpetuação de saberes e
práticas, por vezes, defasados e até inseguros, considerados possíveis geradores de riscos
ocupacionais que desamparam o trabalhador rural, podendo vir a ocasionar acidentes e lesões
(DREBES et al., 2014). Posto isso, revela-se a importância da hipótese H2b sobre as
instruções de segurança recebidas no momento da compra da máquina, que funcionam como
estímulos que influenciam a adoção de práticas seguras de operação de máquinas agrícolas.
Em termos práticos, elas representam a possibilidade de “atualizar” a percepção cultural da
segurança. Adotando o HBM, Raksanam et al. (2012), associando a falta de segurança ao uso
de pesticidas no cultivo do arroz, relatam que as informações de segurança básicas devem ser
acessíveis para os agricultores, e seus hábitos errados precisam ser revistos e adequados.
Também usando o modelo HBM, Khan, et al 2013 enfatiza em seu trabalho que o
treinamento de manipulação segura de pesticidas relatou alta significância para seus
agricultores, vindo ao encontro de nossa hipótese que quando os AF possuem as instruções de
segurança eles tendem a segui-las e, consequentemente, suas atividades serão desenvolvidas
com maior segurança.
Em relação a hipótese H2d sobre “a disponibilidade de EPI como óculos, botas, luvas,
capas impermeáveis, protetor auditivos, servem de estímulo para adoção de práticas seguras
na operação de máquinas agrícolas”, os resultados apresentados pela amostra quanto ao uso
de EPI apresenta médias baixas atreladas ao trator e à colheitadeira. Enquanto médias mais
altas foram atribuídas aos maquinários/equipamentos, motosserra, roçadeira costal, cerra
circular, trator com pulverizador. A não admissão ou reconhecimento dos riscos no uso do
trator pode implicar na maior vulnerabilidade devido à autoconfiança adquirida com a
experiência, indo na direção dos achados de Magagnini, Rocha e Ayres (2011).
Ambrosi e Moggi (2013) mostraram que as principais causas de AT envolvendo
máquinas e ferramentas manuais são a distração/brincadeira, excesso de confiança e ausência
de EPI e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC). Ainda nos achados de Siqueira et al.
(2013), 27,7% de sua amostra faz a aplicação de defensivos agrícolas sem EPI e 3,8%
desconhece o que vem a ser tais equipamentos. Mesmo em um contexto diferente ao dos
acidentes com máquinas agrícolas, os resultados ajudam na compreensão dos achados desta
59
pesquisa, confirmando que os trabalhadores da AF pouco zelam pelas suas vidas através da
adoção de atitudes como o uso de EPI.
Também foi perguntado sobre a preocupação que o respondente possui consigo e a sua
família em relação à adoção de práticas seguras na operação do maquinário (H2c). Nesse
aspecto, a média da amostra que se diz preocupada subiu consideravelmente, evidenciando
que quando o assunto é discutido em família, os trabalhadores da AF são mais propensos a
adotar práticas seguras, pois passam a pensar nos demais membros da prole. Uma das
conclusões possíveis é de que para o agricultor familiar a família é um aspecto central, sendo
que a propriedade está organizada para garantir o seu sustento e sua reprodução social e
cultural.
Diante dessa constatação, a confirmação da hipótese H2c, de que a discussão da
temática AT em família funciona como estímulo para adoção de práticas seguras na operação
de máquinas agrícolas, leva à conclusão de que a AF possui dinâmicas e características
distintas do modelo normalmente definido com agronegócio. Na AF a gestão da propriedade é
compartilhada pela família e a atividade produtiva agropecuária é a principal fonte geradora
de renda, associado a isso, o agricultor familiar tem uma relação particular com a terra, seu
local de trabalho e moradia. A diversificação de produtos, cultivados ou produzidos na
propriedade, também é uma notável característica desse setor, exigindo o desempenho de
todos os membros da família, criando, assim, uma gestão compartilhada (GUANZIROLI,
2007; MDA, 2017).
Várias atitudes que negligenciam a prevenção da vida como, é o caso da manutenção
das máquinas agrícolas apenas para se preparar para a safra e, ainda, a operação de
maquinários apresentando falhas, como falta de freios, iluminação entre outros, revelando
baixas médias, permitem concluir que os trabalhadores da AF não priorizam a sua vida. Os
dados vão ao encontro do trabalho realizado por Veiga et al. (2017), mostrando que em 42%
dos acidentes relatados ocorreram por atitudes inseguras do trabalhador.
Nessa direção, também utilizando-se do modelo HBM, Raksanam et al. (2012)
elencaram os fatores de risco, como falta de atenção para precauções de segurança, uso de
equipamentos de pulverização defeituosos pela falta de manutenção adequada e, ainda,
utilização de equipamentos de proteção inadequados. Relataram os referidos autores, ainda,
que mesmo os trabalhadores da AF estando cientes dos perigos de pesticidas e conhecendo os
benefícios de algumas ações para se proteger desses, eles raramente usavam equipamentos de
proteção pessoal adequados e/ou tomavam ações proativa em prol de sua segurança.
60
Khan et al. (2013) afirmam que medidas de controle envolve a sociedade como um
todo são efetivas. Dentre essas, intervenções em programas de mídia, seminários organizados
por organizações não governamentais (ONG) e a comunidade em geral para a promoção da
conscientização sobre questões de riscos. Tais ações podem incluir, ainda, instituições sociais
e líderes comunitários. Estas ajudariam a melhorar o conhecimento do agricultor em relação
aos riscos, atitudes e comportamentos de sua atividade, dado que a educação formal não é o
suficiente para resolver esse problema, exigindo de todos os envolvidos na cadeia produtiva
um maior envolvimento e comprometimento com atitudes que promovam a saúde e qualidade
de vida do agricultor.
As falhas humanas, segundo Seo (2005), são a causa de mais de 90% dos acidentes,
sendo que o comportamento pessoal possui relação e esteve presente pelo menos como uma
das causas dos referidos acidentes. Passados 58 anos, os dados encontrados por Henrich
revelam semelhança com os achados desta pesquisa, pois 60% dos trabalhadores da AF
responderam que realizam as manutenções para não parar durante a safra e apenas os 40%
restantes realizam manutenções para a sua segurança. A percepção da susceptibilidade, nesse
caso, está voltada à produção de bens e valores e não prioriza a vida do agricultor em primeiro
lugar.
Assim analisado, o modelo HBM despontou como uma ferramenta eficaz para
identificar e compreender as crenças e os comportamentos dos trabalhadores em relação à
segurança. O modelo foi capaz de prever a vontade dos trabalhadores da AF em adotar
comportamentos e práticas seguras, como é o caso da hipótese H3 (“O investimento
financeiro na segurança das máquinas agrícolas é percebido como benefício para adoção de
práticas seguras na operação destas máquinas”). Na esfera dos benefícios, esses incentivam o
agricultor familiar a praticar ou desenvolver ações em direção a práticas seguras em suas
atividades.
Em um estudo sobre biocombustíveis, Bakhtiyari et al. (2017) aplicaram a HBM e
relatam que os benefícios percebidos são determinantes para adoções de comportamentos de
uso desses combustíveis. Mesmo sendo em um campo de estudos divergente ao desta
pesquisa, os achados mostram que quando os indivíduos percebem os benefícios, esses
tendenciam a desenvolvê-los os praticá-los em causa própria. Também usando o HBM,
Yazdanpanah, Forouzani e Hojjati (2015) relatam que sua amostra elencou que os benefícios
percebidos foram os maiores preditores para que ingerissem produtos orgânicos. Segundo os
61
autores, isto se deve às crenças de um indivíduo na eficácia relativa de uma ação para reduzir
uma ameaça à doença.
Em fins de conclusão, neste trabalho fica evidenciado, em vários momentos, que os
trabalhadores da AF carecem de muitas informações para que seja mudada a cultura em prol
da segurança desses. Os resultados sugerem, ainda, que as intervenções de políticas públicas
devem ser alvo de redução de barreiras. Essas questões serão consideradas a seguir, nas
conclusões do estudo.
62
6 CONCLUSÕES
A adoção do modelo HBM mostrou-se satisfatória, pois retratou a forma como os
trabalhadores da AF percebem suas atividades, bem como a visão deles em relação à sua
saúde e segurança. Assim, foi possível averiguar os preditores da adoção de atitudes seguras
em seus ambientes de trabalho. O modelo HBM contribuiu, nesse sentido, para a percepção
dos benefícios, barreiras e estímulos, bem como da suscetibilidade e da gravidade percebida
em relação aos riscos de AT no setor econômico da AF.
Nessa direção, foram evidenciadas as variáveis que influenciam a adoção de práticas
de segurança para os trabalhadores da AF. Essas constatações estão amparadas nos dados
quantitativos encontrados na pesquisa, uma vez que um percentual considerável sofreu lesões
e/ou acidentes e, ao mesmo tempo, não percebeu a necessidade do uso do EPI nos
equipamentos que mais causaram lesões. Ainda, quando admitiram ter operado máquinas
agrícolas mesmo faltando dispositivos de segurança, ou com outra pessoa sob o maquinário,
quando realizam manutenções prévia, de modo a não perder tempo durante a safra, não
priorizando sua vida em primeiro lugar.
Toda a base amostral admite ter conhecimento da ocorrência de acidentes em seus
ramo de atividade. Elencam também que procuram realizar melhorias em suas propriedades, a
partir do conhecimento da origem ou causalidade da ocorrência do AT.
Além disso, constatou-se que os trabalhadores da AF trabalham em períodos sazonais
mais de dez horas por dia, o que causa cansaço e aumenta a chance da ocorrência de
acidentes. Por fim, observou-se que os sujeitos da pesquisa recebem poucas informações
sobre segurança quando compram maquinários. Os estudos citados mostram que o acesso à
informação é necessário para que o indivíduo passe a mudar suas crenças e,
consequentemente, sua cultura. Nesse caso, em detrimento à valorização dos bens materiais, a
cultura de segurança, que deve ser adotada de forma integral, se tornando um hábito de vida e
atribuindo maior valor à integridade física e emocional dos trabalhadores da AF .
A grande parte dos trabalhadores da AF, acessam linhas de crédito, tendo destaque a
linha de crédito PRONAF, lança-se um questionamento, como notória parte dos entrevistados
acessam a esta linha de credito, poderia-se elaborar clausulas que estes antes, teriam o acesso
a linhas de credito se antes passassem por treinamentos ofertados pelo governos ou
terceirizados habilitados para tal.
63
Com esses resultados, esta pesquisa alcançou seus objetivos na medida em que as
hipóteses foram testadas e confirmadas. Neste plano, a aplicação do modelo HBM foi de
fundamental importância para embasar e explicar os resultados encontrados.
6.1 IMPLICAÇÕES TEÓRICAS E GERENCIAIS
A contribuição teórica deste trabalho está, primeiramente, associada à aplicação do
modelo HBM na adoção de práticas seguras ou preventivas, evitando, assim, a ocorrência de
AT com trabalhadores da AF, bem como, encontra-se em entender quais as variáveis desse
modelo possuem significância. A aplicação do HBM contribuiu para a percepção dos aspectos
culturais que condicionam as atitudes de segurança dos trabalhadores. A discussão teórica
sobre o campo da AF mostrou um hiato entre a mudança cultural e o uso da tecnologia,
manifestada por meio da aquisição de máquinas agrícolas.
A teoria das crenças em saúde mostrou-se, assim, útil para analisar uma realidade
empírica marcada por valores e crenças que operam um modo de vida econômico associado
ao crescente relacionamento com o mercado e com a lógica empresarial. O estudo confirmou
que as mudanças recentes nesse setor econômico ainda não foram explicadas em relação à
segurança no trabalho, o que torna o HBM um modelo bastante adequado para a análise.
Assim, a conclusão é de que este estudo contribuiu na medida em que trouxe esse modelo
teórico para o contexto da AF.
Quanto às implicações gerenciais, sugere-se a disseminação de práticas seguras
através de órgãos governamentais e empresas privadas para reduzir a ocorrência de AT com a
classe trabalhadora da AF. Isso, fortalecendo a responsabilidade de governo e sociedade na
busca dessa prática, vindo a se tornar um hábito e um valor na vivência de trabalhadores da
AF . Também, sugere-se às empresas que prestam consultoria em saúde e segurança do
trabalho, a voltarem seus olhares a esse segmento, uma vez evidenciado que, por vezes, não
utilizam EPI como prática segura. Por fim, ainda como implicações da pesquisa, está a
sugestão de construção de políticas públicas de incentivo à adoção de práticas seguras no
âmbito do trabalho familiar, uma vez que se percebeu a carência de informações nesse
cenário.
6.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES DE ESTUDOS FUTUROS
64
O primeiro aspecto que limitou o estudo foi a carência de dados do segmento
pesquisado e a quase ausência de estudos de prevenção sobre AT com trabalhadores da AF ou
mesmo no agronegócio brasileiro. Cabe lembrar que apesar da relevância deste assunto, ainda
existem outros riscos aos quais os trabalhadores da AF encontram-se expostos, por exemplo,
acidentes por questões ergonômicas, desse modo, sugere-se pesquisas neste segmento e com
esta temática.
Para ampliação do estudo, propõe-se análises sobre a influência das variáveis
estruturais e cognitivas propostas pelo HBM, bem como um aprofundamento das ameaças
percebidas e barreiras para adoção de práticas de segurança. Outra possibilidade é comparar
grupos que receberam treinamentos de segurança no momento da compra de equipamentos,
com grupos que não receberam tais treinamentos.
Ainda, finalizando-se as limitações e sugestões para estudos futuros, infere-se que a
aplicação do modelo HBM para compreensão da classe trabalhadora da AF ainda é bastante
lacunar. Desse modo, compreende-se que novos estudos são indispensáveis para entender
melhor a essa realidade, sugerindo-se intervenções para fomentar, cada vez mais, uma atitude
positiva em relação à saúde dos trabalhadores da AF . Para qualificar a análise, sugere-se o
desenvolvimento e validação de uma escala que mensure a aplicação do modelo HBM para
AF, com a finalidade de testar os construtos.
65
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73
APÊNDICE A: Questionário para coleta de dados primários da pesquisa
Questionário de Percepção de Riscos de Acidentes em Trabalhadores Rurais
1) Idade:___________________ 2) Escolaridade:_____________ 3) Sexo: ( ) Masculino, ( )
Feminino.
4) Segmento principal da propriedade: ( ) Leite, ( ) Cereais, ( ) Hortifrútis, ( ) Processamento
de carnes. Outros __________________________
5) Descendência: ( ) Italiana, ( ) Alemã, ( ) Polonesa, Outra _________________________
6) Quantidade de pessoas que residem na propriedade_________ e que trabalham na
propriedade____________.
7) Quantas horas você trabalha por dia, na safra______entre-safra ______.
8) Você acessa as linha de credito ( ) PRONAF custeio ( ) Agroindústria ( ) Mais alimento
( )Não acessa linhas de crédito ( ) Outros___________.
9) Qual é o tamanho da sua propriedade: ( ) 0 a 20 hectares, ( ) 21 a 40 ha, ( ) de 41 a 60 ha, (
) 61 a 80 ha, mais ha____________.
10) Quais maquinários agrícolas você possui em sua propriedade. Marque com X.
Trator Colheitadeira Motosserra Roçadeira
costal
Pulverizador Serra
circular
11) Dos maquinários que você possui na propriedade, qual deles você recebeu treinamento de
segurança para a operação por parte da revenda. Marque com X.
Trator Colheitadeira Motosserra Roçadeira
costal
Pulverizador Serra
circular
Não
recebeu
treinamento
12)Você já sofreu acidente enquanto trabalhava? Sim ( ) Não ( ). Se SIM precisou ir ao
hospital Sim ( ) Não ( ). Com qual maquinário foi o acidente
___________________________________________
13) Você já presenciou ou ouviu falar de acidente de trabalho fatal ou grave com produtores
rurais ( ) Sim ( ) Não
14) Quando você realiza manutenções em seu maquinário, você pensa em: Marque somente
uma. ( ) Não parar durante a safra (plantio/colheita), ou ( ) na sua segurança.
15) Quando você opera estes equipamentos, sente alguns dos sintomas abaixo (marque
apenas um por equipamento):
Dor de cabeça Cansaço Irritação Zumbido no
ouvido
Dores nas
costas
Sem
sintomas
Trator
Colheitadeira
74
Motosserra
Roçadeira
costal
Pulverizador
Serra circular
A seguir marque de 1 a 7. Sendo: 1 nenhum risco, 2 muito baixo, 3 baixo, 4 médio, 5 elevado,
6 muito elevado, 7 elevadíssimo. Marque somente uma opção por linha.
16) Na sua opinião, quanto ou qual é a periculosidade de cada máquina ou
equipamento Trator 1 2 3 4 5 6 7
Colheitadeira 1 2 3 4 5 6 7 Motosserra 1 2 3 4 5 6 7 Roçadeira costal 1 2 3 4 5 6 7
Pulverizador 1 2 3 4 5 6 7 Serra circular 1 2 3 4 5 6 7 17) Quanto importante é o uso dos Equipamento de proteção individual - EPIS (óculos,
luvas, calçado de segurança e protetor auricular), para operar ou manusear estes abaixo: Operar trator 1 2 3 4 5 6 7 Operar colheitadeira 1 2 3 4 5 6 7 Operar motosserra 1 2 3 4 5 6 7 Operar roçadeira costal 1 2 3 4 5 6 7 Operar cerra circular 1 2 3 4 5 6 7 Operar trator com pulverizador 1 2 3 4 5 6 7
A seguir marque de 1 a 7. Marque somente uma opção por linha: 1 discordo totalmente, 2
discordo, 3 discordo parcialmente, 4 nem concordo nem discordo, 5 concordo parcialmente, 6
concordo, 7 concordo totalmente
18) Quando meus maquinários agrícolas possuem cinto de segurança eu os
uso. 1 2 3 4 5 6 7
19) Sei onde comprar os EPI, como por exemplos, bota, óculos, creme de
proteção, luvas, capas, roupas impermeáveis, entre outros. 1 2 3 4 5 6 7
20) Substitui meus maquinário ou ferramental nos últimos 5 anos. 1 2 3 4 5 6 7
21) O trator é um meio de locomoção seguro para oferecer carona. 1
2 3 4 5 6 7
22) Quando faço manutenções em suas máquinas agrícolas, sempre as
deixo desligadas, e bloqueadas. 1 2 3 4 5 6 7
23) Já operei maquinários apresentando falhas, como por exemplo falta de
freio ou iluminação, entre outros. 1 2 3 4 5 6 7
24) Quando o equipamento ou maquinário agrícola apresentar
falhas/panes/quebrar, sempre chamo ou levo até a revenda ou oficina
especializada. 1 2 3 4 5 6 7
25) Opero meu maquinário agrícola com uma criança ou adolescente ao
seu lado. 1 2 3 4 5 6 7
26) Opero máquinas agrícolas sobre efeitos de medicação. 1 2 3 4 5 6 7
27) Opero uma máquina agrícola, sem prévio conhecimento. 1 2 3 4 5 6 7
28) Considero o custo dos EPI’s elevado. 1 2 3 4 5 6 7
29) Possuo conhecimento da Normas Regulamentadoras NR 12 e NR 31. 1 2 3 4 5 6 7
30) O custo financeiro dos EPI´s está associado ao benefício oferecido. 1 2 3 4 5 6 7
75
31) Quando quebra uma peça faço algum tipo de gambiarra para
intermediar o concerto. 1 2 3 4 5 6 7
32) Quando preciso de informações/orientações sobre segurança do
trabalho encontro facilmente com a empresa/revenda/concessionária que
vendeu a máquina agrícola. 1 2 3 4 5 6 7
33) Já participei de palestras de segurança em operação de máquinas
agrícola. 1 2 3 4 5 6 7
34) Sempre utilizo EPI’s nas atividades que se faz necessário. 1 2 3 4 5 6 7
35) Ao operar um maquinário agrícola sinto orgulho da profissão de
agricultor. 1 2 3 4 5 6 7
36) Percebi nos meios de comunicação campanhas que orientam sobre os
cuidados referente a saúde e a segurança individual do produtor rural. 1 2 3 4 5 6 7
37) O governo está preocupado com a segurança e a saúde do trabalhador
rural. 1 2 3 4 5 6 7
38) Me preocupo com a minha saúde e segurança bem como com a de meus
familiares. 1 2 3 4 5 6 7
39) Em minha família é discutido o tema acidentes de trabalho. 1 2 3 4 5 6 7
40) Ao saber de um acidente em outra propriedade, procuro saber do
ocorrido e tomo ações para que o mesmo não ocorra em minha propriedade. 1 2 3 4 5 6 7
41) No momento da compra de máquinas ou equipamentos, recebi
instruções de segurança, para prevenir acidentes. 1 2 3 4 5 6 7
42) Após a compra a concessionária/revenda, ofereceu suporte quanto a
segurança individual do operador. 1 2 3 4 5 6 7
43) Leio os manuais de instruções de uso dos maquinários que adquiro. 1 2 3 4 5 6 7
44) É importante inspecionar as máquinas antes de iniciar uma atividade. 1 2 3 4 5 6 7
45) Os acidentes só acontecem com os outros. 1 2 3 4 5 6 7
46) Acredito que o óculos, bota, luvas, capas impermeáveis, protetor
auditivos entre outros são importantes para preservar minha saúde e
segurança. 1 2 3 4 5 6 7
47) Quando estou preocupado ou com problemas de saúde, familiar,
financeiro, tenho maior chance de me acidentar. 1 2 3 4 5 6 7
48) Me considero melhor que meus colegas trabalhadores rurais, devido a
minha experiência e habilidade com maquinários. 1 2 3 4 5 6 7
49) Já imaginei se fosse vítima de um acidente de trabalho. 1 2 3 4 5 6 7
50) Considero minhas atividades agrícolas perigosas. 1 2 3 4 5 6 7
51) Invisto em segurança em minhas máquinas agrícolas. 1 2 3 4 5 6 7
52) Aconselho familiares e amigos sobre a importância da prevenção de
acidentes. 1 2 3 4 5 6 7
53) Pretendo adotar práticas seguras na realização das minhas atividades
agrícolas. 1 2 3 4 5 6 7
54) Já respondi a outra pesquisa que abordasse, segurança do trabalho com
agricultores. 1 2 3 4 5 6 7 Claudete Batistella, estudante do curso de mestrado em administração da IMED – Passo Fundo. Meus contatos:
[email protected], celular (54) 9 9917 2261. Interesse pelo assunto, originado partir da incidência
de acidentes de trabalho com agricultores. Obrigada por contribuir com meu trabalho, me coloco a disposição
através de meus contatos para sanar possíveis dúvidas.
76
APÊNDICE B: Análise descritiva
1 Idade
Frequência %
1 76 14,8
2 126 24,6
3 131 25,5
4 118 23
5 62 12,1
Total 513 100
2 Escolaridade
Frequência %
1 235 45,8
2 201 39,2
3 76 14,8
4 1 0,2
Total 513 100
3 Sexo
Frequência %
1 368 71,7
2 145 28,3
Total 513 100
4 Segmento principal da propriedade
Frequência %
1 150 29,2
2 180 35,1
3 5 1
4 3 0,6
5 157 30,6
6 18 3,5
Total 513 100
5 Descendência
Frequência %
1 462 90,1
2 51 9,9
Total 513 100
6 Quantidade de pessoas que residem na sua casa
Frequência %
1 198 38,6
2 287 55,9
3 28 5,5
Total 513 100
77
7 Quantas horas você trabalha por dia, na safra
Frequência %
1 3 0,6
2 115 22,4
3 321 62,6
4 71 13,8
Total 510 99,4
Missing 99 3 0,6
Total 513 100
7,1 Entre-safra
Frequência %
1 16 3,1
2 403 78,6
4 84 16,4
5 4 0,8
Total 507 98,8
Missing 99 6 1,2
Total 513 100
8 Você acessa as linha de credito
Frequência %
1 215 41,9
2 18 3,5
4 120 23,4
5 4 0,8
6 150 29,2
7 3 0,6
8 3 0,6
Total 513 100
9 Qual é o tamanho da sua propriedade
Frequência %
1 160 31,2
2 161 31,4
3 107 20,9
4 62 12,1
5 23 4,5
Total 513 100
10 Quais maquinários agrícolas você possui em sua propriedade
Frequência %
1 24 4,7
2 6 1,2
3 23 4,5
4 111 21,6
5 75 14,6
6 274 53,4
78
Total 513 100
11 Você recebeu treinamento de segurança na operação destes equipamentos por parte
da revenda
Frequência %
1 326 63,5
2 35 6,8
3 35 6,8
4 30 5,8
5 40 7,8
6 39 7,6
Total 505 98,4
Missing 99 8 1,6
Total 513 100
12 Você já sofreu acidente enquanto trabalhava
Frequência %
1 192 37,4
2 318 62
Total 510 99,4
Missing 99 3 0,6
Total 513 100
12,1 Se SIM precisou ir ao hospital
Frequência %
1 88 17,2
2 104 20,3
Total 192 37,4
Missing System 321 62,6
Total 513 100
12,2 Com qual maquinário foi o acidente
Frequência %
1 48 9,4
2 51 9,9
3 5 1
4 13 2,5
5 13 2,5
6 10 1,9
7 7 1,4
8 45 8,8
Total 192 37,4
Missing System 321 62,6
Total 513 100
13 Você já presenciou ou ouviu falar de acidente de trabalho fatal ou grave com
produtores rurais
Frequência %
1 513 100
79
14 Quando você realiza manutenções em seu maquinário, você pensa em:
Frequência %
1 205 40
2 308 60
Total 513 100
15 Quando você opera trator sente alguns sintomas
Frequência %
1 186 36,3
2 45 8,8
3 72 14
4 28 5,5
5 18 3,5
6 120 23,4
7 20 3,9
Total 489 95,3
Missing 99 24 4,7
Total 513 100
15,1 Quando você opera colheitadeira sente alguns sintomas
Frequência %
1 118 23
2 7 1,4
3 35 6,8
4 12 2,3
5 7 1,4
6 92 17,9
7 217 42,3
Total 488 95,1
Missing 99 25 4,9
Total 513 100
15,2 Quando você opera motosserra sente alguns sintomas
Frequência %
1 49 9,6
3 102 19,9
4 43 8,4
5 157 30,6
6 85 16,6
7 56 10,9
Total 492 95,9
Missing 99 21 4,1
Total 513 100
15,3 Quando você opera roçadeira costal sente alguns sintomas
Frequência %
1 31 6
2 69 13,5
3 1 0,2
4 39 7,6
5 56 10,9
80
6 80 15,6
7 210 40,9
Total 486 94,7
Missing 99 27 5,3
Total 513 100
15,4 Quando você opera trator com pulverizador sente alguns sintomas
Frequência %
1 86 16,8
2 65 12,7
3 35 6,8
4 27 5,3
5 15 2,9
6 144 28,1
7 118 23
Total 490 95,5
Missing 99 23 4,5
Total 513 100
15,5 Quando você opera serra circular sente alguns sintomas
Frequência %
1 8 1,6
2 5 1
3 6 1,2
4 44 8,6
5 57 11,1
6 82 16
7 293 57,1
Total 495 96,5
Missing 99 18 3,5
Total 513 100
16 Na sua opinião, quanto ou qual é a periculosidade do trator
Frequência %
1 14 2,7
2 39 7,6
3 95 18,5
4 209 40,7
5 101 19,7
6 33 6,4
7 17 3,3
Total 508 99
Missing 99 5 1
Total 513 100
16,1 Na sua opinião, quanto ou qual é a periculosidade da colheitadeira
Frequência %
1 3 0,6
2 27 5,3
3 55 10,7
4 169 32,9
81
5 148 28,8
6 56 10,9
7 46 9
Total 504 98,2
Missing 99 9 1,8
Total 513 100
16,2 Na sua opinião, quanto ou qual é a periculosidade da motosserra
Frequência %
1 1 0,2
2 2 0,4
3 28 5,5
4 97 18,9
5 178 34,7
6 80 15,6
7 125 24,4
Total 511 99,6
Missing 99 2 0,4
Total 513 100
16,3 Na sua opinião, quanto ou qual é a periculosidade da roçadeira costa
Frequência %
1 2 0,4
2 13 2,5
3 62 12,1
4 129 25,1
5 143 27,9
6 102 19,9
7 62 12,1
Total 513 100
16,4 Na sua opinião, quanto ou qual é a periculosidade da serra circular
Frequência %
1 17 3,3
2 60 11,7
3 66 12,9
4 183 35,7
5 62 12,1
6 56 10,9
7 69 13,5
Total 513 100
16,5Na sua opinião, quanto ou qual é a periculosidade do trator com pulverizador
Frequência %
1 4 0,8
2 8 1,6
3 24 4,7
82
4 47 9,2
5 138 26,9
6 183 35,7
7 109 21,2
Total 513 100
83
APÊNDICE C: Análises de médias e desvio padrão
Total Média Desvio Padrão
16 Na sua opinião, quanto ou qual é a periculosidade do trator 508 4,01 1,227
16,1 Na sua opinião, quanto ou qual é a periculosidade da
colheitadeira 504 4,56 1,277
16,2 Na sua opinião, quanto ou qual é a periculosidade da motosserra 511 5,33 1,227
16,3 Na sua opinião, quanto ou qual é a periculosidade da roçadeira
costa 513 4,86 1,300
16,4 Na sua opinião, quanto ou qual é a periculosidade da serra
circular 513 4,28 1,609
16,5 Na sua opinião, quanto ou qual é a periculosidade do trator com
pulverizador 513 5,52 1,218
17 Quanto importante é o uso dos Equipamento de proteção individual
- EPIS (óculos, luvas, calçado de segurança e protetor auricular), para
operar o trator
513 3,57 1,487
17,1 Quanto importante é o uso dos Equipamento de proteção
individual - EPIS (óculos, luvas, calçado de segurança e protetor
auricular), para operar a colheitadeira
513 3,92 1,633
17,2 Quanto importante é o uso dos Equipamento de proteção
individual - EPIS (óculos, luvas, calçado de segurança e protetor
auricular), para operar a motosserra
513 5,44 1,855
17,3 Quanto importante é o uso dos Equipamento de proteção
individual - EPIS (óculos, luvas, calçado de segurança e protetor
auricular), para operar a roçadeira costal
513 5,29 1,107
17,4 Quanto importante é o uso dos Equipamento de proteção
individual - EPIS (óculos, luvas, calçado de segurança e protetor
auricular), para operar a cerra circular
513 5,54 1,185
17,5 Quanto importante é o uso dos Equipamento de proteção
individual - EPIS (óculos, luvas, calçado de segurança e protetor
auricular), para operar o trator com pulverizador
513 5,04 1,722
18) Quando meus maquinários agrícolas possuem cinto de segurança
eu os uso. 513 3,76 1,838
19) Sei onde comprar os EPI, como por exemplos, bota, óculos,
creme de proteção, luvas, capas, roupas impermeáveis, entre outros. 513 5,59 1,292
20) Substitui meus maquinário ou ferramental nos últimos 5 anos. 513 4,41 1,882
21) O trator é um meio de locomoção seguro para oferecer carona. 513 2,62 1,671
22) Quando faço manutenções em minhas máquinas agrícolas, sempre
as deixo desligadas, e bloqueadas. 513 4,64 1,879
23) Já operei maquinários apresentando falhas, como por exemplo
falta de freio ou iluminação, entre outros. 513 4,54 1,604
24) Quando o equipamento ou maquinário agrícola apresentar
falhas/panes/quebrar, sempre chamo ou levo até a revenda ou oficina
especializada.
513 4,28 1,750
25) Opero meu maquinário agrícola com uma criança ou adolescente
ao seu lado. 513 4,17 2,078
26) Opero máquinas agrícolas sobre efeitos de medicação. 513 3,77 1,918
27) Opero uma máquina agrícola, sem prévio conhecimento. 513 3,84 1,857
28) Considero o custo dos EPI’s elevado. 513 3,69 1,895
29) Possuo conhecimento das Normas Regulamentadoras NR 12 e NR
31. 513 2,72 1,899
30) O custo financeiro dos EPI´s está associado ao benefício
oferecido. 513 4,32 1,819
31) Quando quebra uma peça faço algum tipo de gambiarra para
intermediar o concerto. 513 3,47 1,883
32) Quando preciso de informações/orientações sobre segurança do
trabalho encontro facilmente com a empresa/revenda/concessionária
que vendeu a máquina agrícola.
513 3,80 1,868
84
33) Já participei de palestras de segurança em operação de máquinas
agrícola. 513 4,14 1,973
34) Sempre utilizo EPI’s nas atividades que se faz necessário. 513 4,34 1,779
35) Ao operar um maquinário agrícola sinto orgulho da profissão de
agricultor. 513 5,52 1,671
36) Percebi nos meios de comunicação campanhas que orientam sobre
os cuidados referente a saúde e a segurança individual do produtor
rural
513 4,34 1,908
37) O governo está preocupado com a segurança e a saúde do
trabalhador rural. 513 3,28 2,072
38) Me preocupo com a minha saúde e segurança bem como com a de
meus familiares. 513 5,70 1,568
39) Em minha família é discutido o tema acidentes de trabalho. 513 4,81 1,665
40) Ao saber de um acidente em outra propriedade, procuro saber do
ocorrido e tomo ações para que o mesmo não ocorra em minha
propriedade.
513 5,16 1,561
41) No momento da compra de máquinas ou equipamentos, recebi
instruções de segurança, para prevenir acidentes. 513 4,13 1,903
42) Após a compra a concessionária/revenda, ofereceu suporte quanto
a segurança individual do operador. 513 4,02 1,985
43) Leio os manuais de instruções de uso dos maquinários que
adquiro. 513 4,77 1,594
44) É importante inspecionar as máquinas antes de iniciar uma
atividade. 513 4,97 1,928
45) Os acidentes só acontecem com os outros. 513 3,75 2,052
46) Acredito que o óculos, bota, luvas, capas impermeáveis, protetor
auditivos entre outros são importantes para preservar minha saúde e
segurança.
513 5,21 1,695
47) Quando estou preocupado ou com problemas de saúde, familiar,
financeiro, tenho maior chance de me acidentar. 513 4,89 1,575
48) Me considero melhor que meus colegas trabalhadores rurais,
devido a minha experiência e habilidade com maquinários. 513 4,01 1,701
49) Já imaginei se fosse vítima de um acidente de trabalho. 513 4,47 1,578
50) Considero minhas atividades agrícolas perigosas. 513 4,74 1,438
51) Invisto em segurança em minhas máquinas agrícolas. 513 4,99 1,390
52) Aconselho familiares e amigos sobre a importância da prevenção
de acidentes.
53) Pretendo adotar práticas seguras na realização das minhas
atividades agrícolas.
513 5,03 1,323
53) Pretendo adotar práticas seguras na realização das minhas
atividades agrícolas. 513 5,50 ,983
85
APÊNDICE D: Análises de regressão linear
Variável Beta t Significância
32) Quando preciso de informações/orientações sobre segurança do
trabalho encontro facilmente com a empresa/revenda/concessionária
que vendeu a máquina agrícola. 0,032 0,625 0,532
33) Já participei de palestras de segurança em operação de máquinas
agrícola. 0,067 1,34 0,181
34) Sempre utilizo EPI nas atividades que se fazem necessários. 0,07 1,516 0,13
36) Percebi nos meios de comunicação campanhas que orientam sobre
os cuidados referente a saúde e a segurança individual do produtor rural 0,076 1,645 0,101
37) O governo está preocupado com a segurança e a saúde do
trabalhador rural. -0,212 -3,69 0
38) Me preocupo com a minha saúde e segurança bem como com a de
meus familiares. -0,03 -0,6 0,549
39) Em minha família é discutido o tema acidentes de trabalho. 0,174 3,527 0
40) Ao saber de um acidente em outra propriedade, procuro saber do
ocorrido e tomo ações para que o mesmo não ocorra em minha
propriedade.
0,094 1,869 0,062
41) No momento da compra de máquinas ou equipamentos, recebi
instruções de segurança, para prevenir acidentes. 0,325 6,77 0
42) Após a compra a concessionária/revenda, ofereceu suporte quanto a
segurança individual do operador. -0,052 -1,08 0,281
43) Leio os manuais de instruções de uso dos maquinários que adquiro. 0,111 2,625 0,009
23) Já operei maquinários apresentando falhas, como por exemplo falta
de freio ou iluminação, entre outros. -0,031 -0,69 0,488
25) Opero meu maquinário agrícola com uma criança ou adolescente
ao seu lado. 0,012 0,237 0,813
26) Opero máquinas agrícolas sobre efeitos de medicação. -0,018 -0,29 0,772
27) Opero uma máquina agrícola, sem prévio conhecimento. -0,264 -4,35 0
28) Considero o custo dos EPI elevado. -0,05 -1,13 0,26
29) Possuo conhecimento das Normas Regulamentadoras NR 12 e NR
31. -0,05 -1,17 0,244
31) Quando quebra uma peça faço algum tipo de gambiarra para
intermediar o concerto. 0,005 0,121 0,904
18) Quando meus maquinários agrícolas possuem cinto de segurança eu
os uso. 0,136 3,071 0,002
19) Sei onde comprar os EPI, como por exemplos, bota, óculos, creme
de proteção, luvas, capas, roupas impermeáveis, entre outros. 0,078 1,769 0,078
20) Substitui meus maquinário ou ferramental nos últimos 5 anos. 0,059 1,325 0,186
21) O trator é um meio de locomoção seguro para oferecer carona. -0,051 -1,15 0,25
44) É importante inspecionar as máquinas antes de iniciar uma
atividade. 0,134 2,931 0,004
45) Os acidentes só acontecem com os outros. 0,004 0,077 0,938
46) Acredito que o óculos, bota, luvas, capas impermeáveis, protetor
auditivos entre outros são importantes para preservar minha saúde e
segurança.
0,111 2,31 0,021
47) Quando estou preocupado ou com problemas de saúde, familiar,
financeiro, tenho maior chance de me acidentar. 0,051 1,168 0,243
48) Me considero melhor que meus colegas trabalhadores rurais, devido
a minha experiência e habilidade com maquinários. 0,024 0,54 0,59
86
49) Já imaginei se fosse vítima de um acidente de trabalho. -0,005 -0,11 0,912
50) Considero minhas atividades agrícolas perigosas. 0,131 3,156 0,002
51) Invisto em segurança em minhas máquinas agrícolas. 0,203 4,492 0
52) Aconselho familiares e amigos sobre a importância da prevenção de
acidentes. 0,27 5,995 0 53) Pretendo adotar práticas seguras na realização das minhas
atividades agrícolas.