gralha azul no. 15 - sobrames paraná - setembro 2011

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Tionem Consuetudium BOLETIM MENSAL - No. 15 SETEMBRO 2011 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES - SOBRAMES - PR GRALHA AZUL GRALHA AZUL 1 BOLETIM MENSAL - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 15 - SETEMBRO -2011 PRIMAVERA A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega. Cecília Meireles

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Page 1: Gralha Azul no. 15 - Sobrames Paraná - Setembro 2011

Tionem Consuetudium Lecotrum Mirum

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BOLETIM MENSAL - No. 15 SETEMBRO 2011 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES - SOBRAMES - PR

GRALHA AZUL GRALHA AZUL

1BOLETIM MENSAL - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 15 - SETEMBRO -2011

PRIMAVERA

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Cecília Meireles

Page 2: Gralha Azul no. 15 - Sobrames Paraná - Setembro 2011

2BOLETIM MENSAL - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 15 - SETEMBRO - 2011

Primavera

Vinicius de Moraes

O meu amor sozinhoÉ assim como um jardim sem flor

Só queria poder ir dizer a elaComo é triste se sentir saudade

É que eu gosto tanto delaQue é capaz dela gostar de mimE acontece que eu estou mais

longe delaQue da estrela a reluzir na tarde

Estrela, eu lhe diriaDesce à terra, o amor existe

E a poesia só espera verNascer a primavera

Para não morrerNão há amor sozinho

É juntinho que ele fica bomEu queria dar-lhe todo o meu

carinhoEu queria ter felicidade

É que o meu amor é tantoUm encanto que não tem mais

fimE no entanto ele nem sabe que

isso existeÉ tão triste se sentir saudade

Amor, eu lhe direiAmor que eu tanto procurei

Ah, quem me dera eu pudesse serA tua primavera E depois morrer

Primavera

Olavo Bilac

Ah! quem nos dera que isso, como outrora, inda nos comovesse! Ah! quem nos dera que inda juntos pudessemos agora ver o desabrochar da primavera! Saíamos com os passaros e a aurora, e, no chão, sobre os troncos cheios de hera, sentavas-te sorrindo, de hora em hora: "Beijemo-nos! amemo-nos! espera!" E esse corpo de rosa recendia, e aos meus beijos de fogo palpitava, alquebrado de amor e de cansaco.... A alma da terra gorjeava e ria... Nascia a primavera...E eu te levava, primavera de carne, pelo braço!

Primavera

Florbela Espanca

É Primavera agora, meu Amor!O campo despe a veste de estamenha;Não há árvore nenhuma que não tenha

O coração aberto, todo em flor!.

Ah! Deixa-te vogar, calmo, ao saborDa vida... não há bem que nos não venha

Dum mal que o nosso orgulho em vão desdenha!Não há bem que não possa ser melhor!

.Também despi meu triste burel pardo,E agora cheiro a rosmaninho e a nardo

E ando agora tonta, à tua espera.... 

Pus rosas cor-de-rosa em meus cabelos...Parecem um rosal! Vem desprendê-los!Meu Amor, meu Amor, é Primavera!...

Page 3: Gralha Azul no. 15 - Sobrames Paraná - Setembro 2011

3BOLETIM MENSAL - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 15 - SETEMBRO 2011

Primavera

Adélia Prado

Podei a roseira no momento certoe viajei muitos dias,aprendendo de vez

que se deve esperar biblicamentepela hora das coisas.

Quando abri a janela, vi-a,como nunca a vira

constelada,os botões,

Alguns já com rosa-pálidoespiando entre as sépalas,

jóias vivas em pencas.

Minha dor nas costas,meu desaponto com os limites do

tempo,o grande esforço para que me

entendampulverizam-se

diante do recorrente milagre.

Maravilhosas faziam-seas cíclicas perecíveis rosas.

Ninguém me demoverádo que de repente soube

à margem dos edifícios da razão:

A misericórdia está intacta,vagalhões de cobiça,

punhos fechados,altissonantes iras,

nada impede ouro de corolase acreditai: perfumes.

Só porque é setembro.

Quando vier a Primavera.

Fernando Pessoa - Alberto Caeiro

Quando vier a Primavera, Se eu já estiver morto, As flores florirão da mesma maneira E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada. A realidade não precisa de mim. Sinto uma alegria enorme Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma. Se soubesse que amanhã morria E a Primavera era depois de amanhã, Morreria contente, porque ela era depois de amanhã. Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. Por isso, se morrer agora, morro contente, Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. O que for, quando for, é que será o que é.

Page 4: Gralha Azul no. 15 - Sobrames Paraná - Setembro 2011

Primavera Alberto Caeiro

Quando tornar a vir a Primavera

Talvez já não me encontre no mundo.

Gostava agora de poder julgar que a

Primavera é gente

Para poder supor que ela choraria,

Vendo que perdera o seu único amigo.

Mas a Primavera nem sequer é uma cousa:

É uma maneira de dizer.

Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas

verdes.

Há novas flores, novas folhas verdes.

Há outros dias suaves.

Nada torna, nada se repete,

porque tudo é real.

Primavera

Sérgio Pitaki

Do inverno ao verão a balançaCresce a primavera como fiel

Estamos entre o chão e o céu,A seiva viva, como criança

No começo da primavera em florEsvazio-me em você e me completo,

Seduz me as estrelas sobre o teu teto,Ainda inverno, despe-me de todo torpor!

A primavera insiste em inverno permanecer

O gozo prematuro ou tardio, de chuva fria

Transforma o todo em poesiaE permite à flor naturalmente florescer.

BOLETIM MENSAL - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 15 - SETEMBRO 2011 4

EXPEDIENTE: Editor Responsável e Presidente Sobrames Paraná: Sérgio Pitaki ;Vice-Presidentes: Fahed Daher e Sonia Braga; Secretários: Paulo Maurício Piá de Adrade e Maurício Norberto Friedrich; Tesoureiros: Maria Fernanda Caboclo Ribeiro e Edival Perrini. contacto: [email protected] , fones:41-30131133; 41-99691233

Pra Não Dizer que

Das Flores não falei

S. Pitaki